63
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A COMUNICAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE ALAVANCAGEM DA REPUTAÇÃO CORPORATIVA Por: Rosilene Sacani Orientador Prof. Fernando Alves Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ...atuação nos fundamentos da lógica e da coerência: falar o que faz e fazer o que fala. Por conta desse contexto é crescente nos

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A COMUNICAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE COMO

FERRAMENTA DE ALAVANCAGEM DA REPUTAÇÃO

CORPORATIVA

Por: Rosilene Sacani

Orientador

Prof. Fernando Alves

Rio de Janeiro

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A COMUNICAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE COMO

FERRAMENTA DE ALAVANCAGEM DA REPUTAÇÃO

CORPORATIVA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Comunicação

Empresarial

Por: Rosilene Sacani

3

AGRADECIMENTOS

A todos os meus amigos e família, pelo

apoio recebido e a Deus, pela força na

realização deste trabalho.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às futuras gerações

deste Planeta. Que sejam parte de uma

Sociedade amadurecida e realmente

preocupada com a sustentabilidade do

nosso mundo.

5

RESUMO

O presente trabalho pretende mostrar a importância da comunicação

das ações de sustentabilidade de uma organização como forma de auxiliar a

alavancar sua reputação. O tema sugerido é de fundamental relevância, pois

atuar sob os preceitos da sustentabilidade é, cada vez mais, garantia de vida

de um negócio. E é através da plataforma de comunicação destas iniciativas

que as empresas conseguem obter ganhos de imagem e reputação

corporativa.

6

METODOLOGIA

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica e faz uma análise de

dados de autores como Wilson da Costa Bueno, Rivaldo Chinem, Paulo

Nassar e Rubens Figueiredo.

Baseia-se na análise qualitativa de dados do Reputation Institute e

CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento

Sustentável.

A pesquisa baseia-se ainda em análise de dados de pesquisas sobre

reputação corporativa.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 11

CAPÍTULO II - A COMUNICAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE E A

REPUTAÇÃO CORPORATIVA 20

CAPÍTULO III – SUSTENTABILIDADE E IMAGEM CORPORATIVA 35

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 43

ANEXOS 48

ÍNDICE 59

FOLHA DE AVALIAÇÃO 61

8

9

INTRODUÇÃO

Cada vez mais se percebe a comunicação como fator estratégico do

mundo corporativo. Com a globalização e a intensificação do uso da internet e

outras formas de mídia, houve a abertura de um universo para os discursos

empresariais, que tiveram que se adaptar, tornando-se mais intensos e

provocando ecos mais longínquos. As novas tecnologias alteram o modo de

comunicar das organizações e exigem cada vez mais que a comunicação seja

direta com seus públicos estratégicos.

A função da comunicação empresarial é promover e gerenciar a

relação de uma empresa com todos os seus públicos, mediante um conjunto

de ações que visam divulgar a atuação da organização.

Neste mesmo contexto insere-se a questão da sustentabilidade. Atuar

sob os preceitos da sustentabilidade é, cada vez mais, garantia de vida de um

negócio. Não há como pensar em ser competitivo no mercado sem uma

postura preocupada com aspectos sociais, econômicos e ambientais.

As mudanças no ambiente das empresas são tão aceleradas quanto

as que estão ocorrendo com o clima e o planeta Terra, fatos que alterarão o

modo do ser humano pertencer a este mundo.

A tomada de consciência dos consumidores, que obriga a adaptação

das empresas, também se reflete na maneira de comunicar. Enquanto o tema

se torna fundamental para as marcas, oferece uma oportunidade de atuação

aos profissionais de comunicação e marketing, que, para tirarem proveito

disso, precisam inovar.

As empresas geram lucros por seus resultados operacionais e

melhoram suas condições de crescimento e de sustentabilidade por seus

resultados institucionais. A comunicação empresarial é o meio através do qual

a empresa sustenta sua plataforma de reputação.

Após as mudanças ocorridas no mundo dos negócios nos últimos cinco

anos, com um cenário global permeado por incertezas econômicas e

10

ambientais, intensificação dos processos de fusões, aquisições e

internacionalização, crescimento das mídias sociais e do papel das ONGs,

intensificou-se o questionamento do papel dos governos e principalmente das

empresas passando a existir maior pressão da sociedade por uma atuação

mais responsável por parte das organizações, que deveriam pautar sua

atuação nos fundamentos da lógica e da coerência: falar o que faz e fazer o

que fala.

Por conta desse contexto é crescente nos últimos anos a publicação

de estudos nacionais e internacionais sobre reputação corporativa. O tema

saiu da esfera das discussões acadêmicas e de forma definitiva integrou-se à

agenda das empresas, priorizando direcionamentos estratégicos e a forma

como as organizações desenvolvem e gerenciam o relacionamento com os

seus diversos públicos de interesse.

O tema desta monografia pretende pesquisar como a comunicação da

sustentabilidade pode auxiliar uma organização na formação de sua reputação.

A questão central deste trabalho é mostrar como a comunicação das

ações de Sustentabilidade de uma organização pode auxiliar a alavancar sua

reputação. O tema sugerido é de fundamental relevância, pois a

sustentabilidade vem ganhando importância para as organizações que

objetivam a perenidade de seus negócios, além de ser objeto de estudos ao

redor do mundo e influenciador de políticas públicas e assuntos regulatórios.

Além disto, Governos, investidores e a Sociedade têm cobrado cada vez mais

transparência e ética das organizações, incluindo suas ações para minimizar

os impactos socioambientais que ocasionam ao longo de sua existência. Deste

modo, pretende-se pesquisar como a comunicação da Sustentabilidade pode

ser uma ferramenta de gestão para auxiliar na reputação corporativa.

São, portanto, objetivos desta pesquisa: a identificação da importância

do tema Sustentabilidade para as empresas, a definição da abrangência da

comunicação da Sustentabilidade no mundo corporativo e a identificação dos

fatores determinantes da reputação corporativa; e

Este trabalho divide-se em três capítulos: No primeiro capítulo é

apresentada o histórico da comunicação e a importância e abrangência da

11

comunicação empresarial; aborda também como a ética se relaciona no

contexto da comunicação e mais precisamente na comunicação empresarial. O

segundo capítulo trata do conceito de sustentabilidade e a comunicação do

tema pelas organizações e o conceito de reputação corporativa e como esta se

relaciona com a comunicação. Mostra ainda, o resultado de estudos

promovidos pelo Reputation Institute, que mede a reputação de organizações

no Brasil e no mundo. Por fim, o terceiro capítulo demonstra a importância das

práticas da sustentabilidade para as organizações e o impacto desta na

imagem corporativa.

12

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

“A Terra pode oferecer o suficiente para satisfazer as necessidades de todos

os homens, mas não a ganância de todos os homens.”

Mahatma Gandhi

1.1 - Histórico da Comunicação

Pode-se definir a comunicação de acordo com os dicionários como

sendo: “1.Ação, efeito ou meio de comunicar. 2 Sociol Processo pelo qual

idéias e sentimentos se transmitem de indivíduo para indivíduo, tornando

possível a interação social” .(DICIONÁRIO MICHAELIS)

Porém, essa descrição é insuficiente para traduzir todo o fenônemo

que se constitui um processo de comunicação.

No que concerne a sua complexidade e percepção, PERLES apud

BAITELO JUNIOR adverte para o aspecto multifacetado do processo

comunicativo afirmando que não apenas houve e está havendo uma explosão

informacional na sociedade humana de nosso tempo, como também se pode

dizer que a investigação da comunicação humana passa por uma explosão

similar, compreendendo que apenas uma visão transdisciplinar poderá

enxergar o objeto plurifacetado que é o processo comunicativo do homem.

Todo sistema de comunicação é constituído por um conjunto de

elementos, que entra em jogo em cada ato de comunicação para assegurar a

troca de informações. De acordo com AMARAL (2009) esses elementos, na

Teoria de Comunicação são: o emissor ou destinador: alguém que emite a

mensagem; o receptor ou destinatário: a quem se destina a mensagem; o

código: a maneira pela qual a mensagem se organiza; o canal de

13

comunicação: meio físico ou virtual, que assegura a circulação da mensagem;

a mensagem: é o objeto da comunicação, é constituída pelo conteúdo das

informações transmitidas e o referente: o contexto, a situação aos quais a

mensagem se refere.

A comunicação humana desenvolve-se em diversos campos de

diferentes naturezas, e pode ser em pequena escala e a comunicação de

massa. Em ambos os casos, o homem utiliza ferramentas para auxiliar e

potencializar o processo de comunicação. A tecnologia passou a fazer parte da

comunicação humana, que está sempre em movimento.

A comunicação permeia os atos administrativos, sendo uma parte

essencial na existência das organizações e para fins de utilização no presente

trabalho definiremos a diferença entre a comunicação empresarial,

comunicação pública e comunicação institucional.

TORQUATO (1986) defende que a comunicação institucional pode

ser praticada por qualquer tipo de organização possível e se faz entre direção,

gerência da organização e seus funcionários, acionistas e representantes, no

âmbito interno e; entre a organização e a sociedade, formada por clientes,

fornecedores e cidadãos, representando o âmbito externo.

Para NASSAR E FIGUEIREDO (2006) os objetivos da comunicação

institucional devem permitir que a empresa fale de si, de seus planos, de seus

objetivos, que crie ações voltadas para a comunidade, que defina o seu papel

social e demonstre capacidade de entender as necessidades ou circunstâncias

do meio em que esteja inserida. Uma nova relação entre a empresa e o mundo

se torna inerente ao contexto atual, à contingência, numa postura holística, em

que o mais importante é gerar uma humanização da empresa.

A comunicação institucional representa um fator estratégico, pois

através da informação, rompem-se fronteiras, derrubam-se mitos empresariais,

além de agregar valor à organização na busca de seus objetivos.

“A comunicação institucional pode ser definida como “a

responsável direta, por meio da gestão estratégica das

relações públicas, pela construção e formatação de uma

14

imagem e identidade corporativas fortes e positivas de

uma organização” (KUNSCH, 2003, p.164)

Cabe à Comunicação Institucional empreender esforços para valorizar

a identidade da organização, de modo que os públicos a percebam de modo

forte e positivo.

De acordo com BUENO (2003) a comunicação empresarial está

voltada à gestão da comunicação dentro das organizações, administrando os

problemas de comunicação e promovendo um clima favorável entre a empresa

e os seus públicos de interesse, possibilitando um posicionamento estratégico.

Já a Comunicação Pública é um conceito que tem origem na noção de

comunicação governamental.

Para DUARTE a Comunicação Pública ocorre no espaço formado

pelos fluxos de informação e de interação entre agentes públicos e atores

sociais (governo, Estado e sociedade civil – inclusive partidos, empresas,

terceiro setor e cada cidadão individualmente) em temas de interesse público:

“Ela trata de compartilhamento, negociações, conflitos e

acordos na busca do atendimento de interesses

referentes a temas de relevância coletiva. A Comunicação

Pública ocupa-se da viabilização do direito social coletivo

e individual ao diálogo, à informação e expressão. Assim,

fazer comunicação pública é assumir a perspectiva cidadã

na comunicação envolvendo temas de interesse coletivo.”

(p.2)

Comunicação pública é diferente de comunicação governamental e de

comunicação política.

A comunicação governamental é a praticada por um determinado

governo, visando a prestação de contas, uma forma legítima do governo se

fazer presente perante a população. Já a comunicação política é uma forma de

15

divulgação de um político ou de um partido político, com foco no processo

eleitoral.

Tanto a comunicação governamental como a política buscam atingir a

opinião pública.

1.2 - A Comunicação Empresarial

De acordo com CHINEM (2010) a atividade de comunicação

empresarial chegou a o Brasil com as indústrias e agências de publicidade dos

Estados Unidos, atraídas pelo Governo Juscelino Kubitschek, que investiu no

ramo industrial.

COSTA (2009) considera cinco grandes momentos da comunicação

empresarial brasileira, a saber: antes da década de 70, as atividades de

comunicação desenvolvidas pelas empresas eram fragmentadas. A partir

desta década, algumas mudanças surgem com relação à implantação de uma

cultura de comunicação nas empresas, através da chegada de profissionais de

comunicação nas mesmas. A década de 80 deu um impulso à comunicação

empresarial, que ganhou status nas organizações, abordando o jornalismo

empresarial e as atividades de relações públicas. Na segunda metade da

década de 80 empresas começaram a sistematizar suas políticas de

comunicação social. Já na década de 90 o conceito foi refinado e a

comunicação empresarial deixou de ser um mero conjunto de atividades

fragmentadas e constituiu-se num projeto integrado que orienta o

relacionamento da empresa com todos os seus públicos de interesse. Nos dias

atuais, a comunicação constitui-se num importante elemento do processo de

inteligência empresarial.

Segundo COSTA (2009):

“Comunicação empresarial é o conjunto integrado de

ações, estratégias, planos, políticas e produtos

planejados e desenvolvidos por uma organização para

16

estabelecer a relação permanente e sistemática com

todos os seus públicos de interesse.” (p. 3)

A comunicação empresarial é uma somatória das ações integradas das

várias áreas de comunicação de uma empresa, definindo o apoio às

estratégias de mercado e conduzindo os objetivos organizacionais.

“Comunicação empresarial é o conjunto de métodos e técnicas de

comunicação dentro de uma empresa dirigida aos públicos internos

(funcionários) e externo (clientes, fornecedores e consumidores).” (CHINEM,

2010, p.31)

Num contexto de grande competitividade entre as empresas e uma

cobrança cada vez maior da sociedade por transparência, percebe-se a

importância da comunicação com os diversos públicos.

Segundo CHINEM (2010) a comunicação faz parte da estratégia de

negócios das empresas e das políticas das instituições. As companhias que

ainda não perceberam essa inevitabilidade estão perdendo oportunidades ou

sendo ameaçadas de serem surpreendidas pela concorrência.

Ainda segundo CHINEM (2010) a comunicação deve considerar a

coordenação da integração das ações, programas e projetos, bem como

buscar a otimização dos resultados. Deve também integrar a comunicação com

o marketing institucional e comercial e, além disso, unificar o discurso,

utilizando as mesmas mensagens para todos os públicos.

A comunicação empresarial é um processo de integração entre a

organização e a sociedade. Deve analisar os elementos da identidade

institucional que ajudam a construir e a fortalecer percepções no público.

As empresas precisam mostrar que atuam com práticas de

Sustentabilidade, precisam manter e conquistar novos clientes, comunicar seu

público interno, reger as relações da organização com o Governo e promover

seus produtos.

Segundo BURGUER (2010) na era do marketing 1.0, as empresas

definiam, por meio de suas campanhas publicitárias, como as pessoas

deveriam pensar e agir. Os consumidores não tinham voz ativa. Com o

17

advento das novas tecnologias e a popularização das mídias sociais, o

comportamento desses clientes mudou radicalmente. As pessoas conversam,

criticam, acessam, produzem e trocam conteúdo na web de forma fácil e livre.

Como consequência, as empresas tiveram que mudar também sua forma de

atuação e adotar uma comunicação de mão dupla.

No mundo corporativo, comunicação é importante para obter

excelência e conquistar eficácia maior na tecnologia empresarial. Não é por

acaso que a marca de um produto vale muitas vezes mais do que todo o

arsenal usado para a sua produção. (CHINEM, 2010)

A comunicação empresarial tornou-se um instrumento indispensável à

conquista de resultados e ao sucesso das organizações e, deste modo, estas

incluem a comunicação interna e externa entre suas prioridades. Ela não deve

ser identificada com marketing somente. É uma função de gestão e deve

permear toda a organização.

É fundamental que a comunicação interna e externa estejam

integradas com o planejamento estratégico da empresa, auxiliando no

planejamento das estratégias. Dentro destas, se constrói a imagem

institucional, que alcança os públicos externos e internos.

Para CHINEM (2010) comunicar-se adequadamente na era da

globalização e da informação é um requisito de sobrevivência tão decisivo

quanto à prática da qualidade, da redução dos custos, do aumento de ganhos

e do acesso à tecnologia de ponta.

1.3 - Ética na Comunicação

O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma

pessoa). Há inúmeras definições para tal, mas adotaremos aqui o conceito do

Instituto Ethos:

“Ética é um conjunto de valores morais e princípios que

norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve

18

para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social,

possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste

sentido, a ética, embora não possa ser confundida com

as leis, está relacionada com o sentimento de justiça

social.”

A comunicação não está isenta das preocupações éticas. Isso porque

os amplos processos de comunicação são capazes de movimentar culturas.

Isto tem valor para as culturas onde a mídia de massa tem forte influência

através de seus principais meios como a televisão e mais ultimamente pela

internet.

Deste modo, é importante a presença da ética na comunicação.

Para MATOS, a comunicação tem o poder de impor o medo e

disseminar a paz. Ela tanto pode construir como destruir. Por isso,

comunicação tem estreita relação com ética e responsabilidade social. Todo

indivíduo, família, organização ou sociedade que reprima o diálogo, a

conversação e a liberdade de expressão, estará conspirando contra a saudável

formação das personalidades e o pleno desenvolvimento de competências e

talentos humanos.

A ética na comunicação não deve permear somente o que se refere

aos meios de comunicação de massa. A dimensão ética está relacionada não

somente ao conteúdo da comunicação (a mensagem) e o modo de comunicar,

mas nas questões das estruturas e sistemas de comunicação. Nestas áreas, o

princípio ético é fundamental, a comunicação deve ser feita de pessoa para

pessoa, visando o desenvolvimento integral das mesmas.

De acordo com GREGORIO (2007) ocorre na comunicação hoje um

procedimento de cunho pragmático: o valor moral não depende da ação em si,

mas sim dos efeitos produzidos. Um conflito, onde “os fins justificam os meios”.

Ainda para GREGORIO (2007):

“Os meios de comunicação de massa exercem um

procedimento de leitura da realidade onde a linha entre o

19

ético e o cínico encontram uma tênue divisão. Isso pode

ser explicado na medida em que analisamos os

procedimentos jornalísticos vigentes nos dias atuais”.

1.4 – Ética na Comunicação Empresarial

A informação é um direito de todo cidadão e o ato de se comunicar é

dever de toda pessoa ou empresa que vive e se relaciona numa sociedade. A

ética não pode ser entendida como teoria, mas essencialmente como prática

de cidadania e comunicação.

Para MATOS é dentro dessa perspectiva que se consolida o conceito

de Empresa Ética e Cidadã, ou seja, a organização que promove a

democratização da informação e a abertura para a comunicação com os seus

públicos interno (funcionários e colaboradores) e externo (clientes,

fornecedores, sociedade, sindicatos e governo).

SILVA apud MOREIRA (p.2) define a ética empresarial como "o

comportamento da empresa - entidade lucrativa - quando ela age de

conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas

pela coletividade (regras éticas)".

Uma empresa tem que ser percebida com um elemento ativo do

contexto social e esse fato remete, obrigatoriamente, a compromissos e

responsabilidades que ela deve ter com a sociedade como um todo.

O conceito de ética empresarial ou organizacional tem a ver com

este processo de inserção. A empresa deve estar presente de forma

transparente e buscando sempre contribuir para o desenvolvimento da

sociedade na qual está inserida, praticando a cidadania.

Ainda de acordo com MATOS, a comunicação empresarial deve

pautar-se pelo compromisso ético de construir canais de diálogo e pelo

exercício pleno da responsabilidade social e ambiental da empresa. A

comunicação deve caracterizar-se pela verdade, pelo respeito à diversidade

dos públicos internos e externos, pela eliminação do preconceito de qualquer

20

ordem e pela manutenção de um clima favorável ao compartilhamento de

informações, idéias e conhecimentos.

“As empresas que melhor se espelham na ética são

aquelas que se comunicam e promovem a comunicação

interna e externa como uma extensão dos seus princípios

e valores. São as empresas que reconhecem a função

estratégica da comunicação para o estabelecimento de

uma gestão empresarial socialmente responsável. Apesar

de intangível, a comunicação é uma das bases concretas

que expressa a maneira de ser da empresa e, por isso,

tem muito a ver com a sua cultura.” (MATOS)

De acordo com o Instituo Ethos:

“A ética não é um valor acrescentado, mas intrínseco da

atividade econômica e empresarial, pois esta atrai para si

uma grande quantidade de fatores humanos e os seres

humanos conferem ao que realizam, inevitavelmente, uma

dimensão ética. A empresa, enquanto instituição capaz de

tomar decisões e como conjunto de relações humanas

com uma finalidade determinada, já tem desde seu início

uma dimensão ética.”

Uma ética empresarial não consiste somente no conhecimento da ética,

mas na sua prática. E este praticar deve acontecer diariamente.

21

CAPÍTULO II

A COMUNICAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE E A

REPUTAÇÃO CORPORATIVA

2.1 – Conceito de Sustentabilidade

A busca das empresas pelo equilíbrio de suas ações nas áreas

econômica, ambiental e social, visando sua sustentabilidade e uma

contribuição cada vez mais efetiva à sociedade é um fato.

Ela incorpora uma perspectiva ampla, considerando o triple bottom

line, ou seja, a abordagem dos aspectos econômicos, sociais e ambientais. O

que pode ser enfatizado por TRIGUEIRO (2007, p. 82):

“Estamos falando de um processo dinâmico que sugere

uma visão menos imediatista e mais consequente dos

impactos gerados pelo crescimento econômico, em

beneficio da qualidade de vida dos que estão aqui e das

futuras gerações de brasileiros. É perfeitamente possível

gerar emprego e renda sem descuidar da variável

ambiental, o que significa compatibilizar desenvolvimento

com qualidade de vida na sua acepção mais ampla. Isto

requer coragem, pois estamos falando de uma nova

cultura política, de um novo modelo de gestão e novos

parâmetros para o desenvolvimento.”

22

De acordo com LOUETTE (2007) a sustentabilidade é muito mais

ampla e profunda e incorpora aspectos do conhecimento, compreensão dos

processos socioambientais, culturais, organizacionais, além de incluir também

os valores humanos e históricos.

De acordo com GRAJEW apud BUENO (2009, p.126):

“Estamos agora assistindo ao surgimento de um novo

patamar no entendimento e na cultura da

responsabilidade empresarial. À medida em que as

empresas tomam consciência de sua responsabilidade

diante da comunidade, balizando suas ações sociais em

princípios e valores éticos, ganha força o conceito de que

a empresa deveria dotar a mesma postura em relação a

todos os públicos com os quais a empresa se relaciona e

em todas as suas práticas e políticas(...) A

responsabilidade empresarial, por exigência de coerência

e ética, pela elevação do padrão de consciência da

sociedade será a base cultural de uma nova, moderna e

promissora forma de gestão empresarial.”

De acordo com o CEBDS a sustentabilidade é entendida no ambiente

corporativo como fator estratégico para a sobrevivência dos negócios, sendo

bem mais que um princípio de gestão ou uma nova onda de conceitos

abstratos. Representa um conjunto de valores e práticas que deve ser

incorporado ao posicionamento estratégico das empresas para definir

posturas, permear relações e orientar escolhas. Só depois se espera que

esteja presente nos discursos proferidos pelos porta-vozes.

Pode-se constatar deste modo que há um envolvimento por parte das

empresas com a questão da sustentabilidade, fazendo crescer assim, uma

cultura de Sustentabilidade, mesmo que não de forma espontânea, mas pela

23

pressão da Sociedade e Governos, trazendo a prática no lugar do discurso.

Para ALMEIDA (2007, p. 102):

“(...) as demandas da sociedade forçarão o setor privado

até mudar modelos de negócios, ou mesmo extingui-los.

As pressões para isso poderão estar relacionadas à

prestação de contas por passivos sociais ou ambientais;

ou à responsabilidade sobre toda a cadeia produtiva, isto

é, a responsabilização da empresa pelo comportamento

de seus clientes e fornecedores. Os negócios serão

também pressionados pela tendência ao chamado

comercio justo (fair trade). Trata-se de um movimento

destinado a promover negócios que levem em conta a

sustentabilidade de pequenas comunidades, condições

de trabalho decentes e remuneração justa para

trabalhadores e fornecedores.”

Essa relação mais estreita com a Sociedade redimensiona o papel da

sustentabilidade das empresas.

“O desenvolvimento não pode, pois, ser pensado apenas

como uma abstração de caráter quantitativo, resultado de

cálculos sofisticados que privilegiam exportações de

commodities, substituição acelerada de bens de consumo

com menos tecnologia por outros mais modernos

descartados os conceitos de contabilidade ambiental, de

desenvolvimento humano, de empoderamento,

protagonismo ou cidadania, ou mesmo de comunicação

transparente, dialógica, democrática.” (COSTA, 2009, p.

276)

24

Segundo GARDBERG e FOMBRUN (2006) a cidadania corporativa,

parte do conceito de sustentabilidade pode contribuir para aumentar o valor

dos ativos intangíveis de uma companhia, afetando sua performance financeira

e até mesmo sua sobrevivência. Ela cria também capital reputacional e

contribui para o relacionamento da organização com seus stakeholders. A

performance em cidadania corporativa pode melhorar a reputação da empresa,

tornando a mesma um atrativo para recrutamento de talentos. As empresas

com práticas de sustentabilidade têm seus produtos percebidos de modo mais

positivo por seus consumidores.

Investir em Sustentabilidade contribui para assegurar a perenidade do

negócio, atrair investimentos e captar recursos, atender as exigências dos

órgãos reguladores, atrair e reter talentos, facilitar a entrada no mercado

internacional e auxiliar na boa reputação.

2.2 – Comunicação e Sustentabilidade

É fundamental que seja destacado neste trabalho o papel da

comunicação para a sustentabilidade empresarial.

Segundo Nassar & Figueiredo (2006) a comunicação que as empresas

fazem sobre seu relacionamento com o meio ambiente e a importância que dá

à sociedade na qual está inserida, é algo que deve estar sempre ao alcance

das mãos, dos olhos e de todos os sentidos da sociedade.

As empresas têm se tornado mais sensíveis às demandas sociais e

cada vez mais também estão sendo cobradas por seus clientes, investidores e

pela Sociedade por esta postura, que deixa de ser assistencialista e foca na

responsabilidade social, base da sustentabilidade.

“A comunicação competente e democrática está

associada ao processo global de responsabilidade social

das organizações e assume atributos valorizados da

sociedade moderna como a ética, o respeito à

25

divergência de idéias e opiniões, o incentivo ao debate de

questões de interesse dos públicos das organizações, a

criação de um clima saudável e a disposição para um

dialogo permanente.” (COSTA, 2009, p.285)

A sustentabilidade pressupõe uma nova cultura de comunicação para

empresas, tanto interna quanto externamente. Essa cultura deve ser moldada

com base no relacionamento com todos os públicos de interesse

(stakeholders) da empresa. Ou seja, a comunicação para a sustentabilidade

deve conhecer o perfil destes públicos, considerando suas diferentes

demandas.

Esta cultura deve considerar ainda os diferentes públicos

consumidores, e dar atenção ao processo de consumo consciente, fator que

altera os padrões atuais de consumo.

Para o CEBDS na atual era da informação globalizada e compartilhada

em tempo real, a sustentabilidade não pode representar um paliativo para

campanhas e ações de “esverdeamento” da imagem empresarial, diante das

críticas crescentes e públicas. Ela, ao contrário, pode ser um direcionamento

para as empresas, um caminho para a atuação ética, coerente, rentável e

justa, que, por si, potencialize relacionamentos, gere percepção e ganhos em

imagem e reputação, contando com essencial suporte das estratégias e

ferramentas de comunicação. A escolha pela sustentabilidade deve estar

explícita nas campanhas e nas mensagens-chave, ou seja, no posicionamento

de cada empresa.

Para CECCATO (2010) um processo de comunicação da

sustentabilidade envolve fazer alianças internas, buscando áreas que sejam

nossas aliadas e canais para a discussão do tema; aliar comunicação da

sustentabilidade aos desafios do próprio negócio, sempre buscando sinergias

na comunicação; mapear os públicos, principalmente aqueles que possam ser,

além de multiplicadores, nossos aliados; mapear e influenciar canais de

comunicação interna, sugerindo pautas para todos os veículos dirigidos aos

diversos níveis da organização; desenvolver conteúdos pertinentes, buscando

26

sinergia das ações desenvolvidas com as estratégias do negócio,

exemplificando casos práticos para tornar o tema mais palatável; criar canais

colaborativos para troca de experiências; blogs, por exemplo, tanto interno

quanto externo, são ótimas ferramentas para criar redes e incentivar o

relacionamento e troca contínuos e; mensurar resultados, avaliando mudança

de cultura e potencial de desenvolvimento.

Para MARCHIORI (2011):

“Debater sustentabilidade no cenário contemporâneo

requer novos desafios às organizações, os quais

impactam nos processos de gestão, o que naturalmente

exige o redimensionamento das práticas de comunicação.

Por outro lado, há processos que o contrário também

ocorre, ou seja, a comunicação redimensiona os

processos de sustentabilidade. Seja de uma forma ou de

outra, a comunicação se faz presente não somente no

nível informacional, como por exemplo, ao comunicar os

stakeholders as práticas sustentáveis da organização,

mas também no processo de criação das ideias, seja pela

conversação e o diálogo entre interlocutores, para gerar

os fatos que tenham sentido para as pessoas que dele

participam.”

Segundo BITTENCOURT (2010) a comunicação e as novas

tecnologias são importantes meios para estimular a conscientização sobre o

conceito de sustentabilidade, tendo em vista que o engajamento é o caminho

para o desenvolvimento sustentável e as práticas de engajamento podem

inovar no uso das novas tecnologias de comunicação para criar relevância e/ou

estímulo.

Ainda de acordo com BITTENCOURT (2010) a preocupação do

consumidor com o tema da sustentabilidade é um caminho sem volta. As

marcas que tiverem iniciativa e produtos sustentáveis conquistarão maior

27

parcela do mercado, ao mesmo tempo em que as empresas precisam se

reinventar para se destacarem da concorrência, a comunicação e marketing

devem inovar.

Sobretudo, a comunicação deve ter compromisso com a ética e

transparência, e não mascarar a realidade.

De acordo com o CEBDS a comunicação é, portanto, área-chave no

suporte a outras áreas e a diferentes processos, necessários às empresas em

busca da sustentabilidade. É preciso ressaltar que o fato de a sobrevivência

das empresas estar ligada à sua reputação torna a comunicação ainda mais

importante. Não se pode esquecer de que os comunicadores não são os

únicos responsáveis pela construção da imagem de cada empresa. Diante

disso, pode-se concluir que o papel do comunicador, dentro das empresas em

busca da sustentabilidade, é aglutinador, estratégico e, se forem empresas de

capital aberto, fundamental, porque, além de venderem seus produtos ou

serviços, vendem-se a si mesmas nos mercados, tornando-se mais vulneráveis

ainda à opinião pública e à imagem projetada diante dos investidores.

Há claramente um papel fundamental na comunicação das

organizações para a evolução da Sustentabilidade nas organizações. É

necessária a convergência de várias ferramentas de comunicação para inspirar

modelos e ações que permitam aprender o conceito de sustentabilidade, para

que possa ser utilizado em benefícios das práticas de gestão empresarial e de

seus stakeholders.

Quanto mais as ferramentas de comunicação forem aplicadas e

estendidas, mais condições terão as empresas de avaliar os riscos e

oportunidades, aperfeiçoando os modelos propostos.

Deste modo, a comunicação permeia todo o processo do discurso à

prática da sustentabilidade das organizações.

Segundo MARCHIORI (2010) por meio dos fluxos informacionais –

ações e instrumentos utilizados para veicular as informações do discurso e as

orientações para as práticas sustentáveis – e dos fluxos relacionais - as

oportunidades de interação e encontro entre a organização e seus

stakeholders que permitem a construção de sentido e significado para o

28

discurso e as práticas sustentáveis - que se mantêm a dinâmica

organizacional.

Ainda de acordo com MARCHIORI (2010):

“Nesse cenário, a comunicação se apresenta de maneira

estratégica na adaptação das organizações diante das

exigências da sustentabilidade, pois demonstra seu poder

em promover a construção e o entendimento em torno de

determinadas visões de mundo, de determinados ideais,

como a sustentabilidade.”

2.3 – Reputação Corporativa

Para COSTA (2009) a força da marca, a imagem, a reputação, a

inovação, o capital humano, a cultura organizacional, o relacionamento com os

stakeholders, a responsabilidade social, entre outros, são hoje, atributos

constituintes do valor de uma organização.

A imagem e a reputação são ativos absolutamente fundamentais e

conseguir gerenciá-los é questão de sobrevivência para uma empresa.

De acordo com MENEZES (2010) a reputação corporativa é um ativo

valioso que se constrói por meio de ações e relacionamentos consistentes,

transparentes e coerentes ao longo dos anos, reduzindo conflitos, ajudando a

empresa a tratar com eficiência a diversidade, gerando valor e benefícios

mútuos para os seus públicos de interesse, estabelecendo uma nova

dimensão para a gestão da empresa. O primeiro passo é construir o

alinhamento da visão estratégica, da cultura e das percepções dos

stakeholders. O segundo passo é estabelecer uma estratégia de comunicação

transparente com os seus públicos e de forma coerente e consistente com os

valores da organização.

29

O Reputation Institute, organização especializada em gestão da

reputação, com sede em Nova York, trabalha com o conceito de que reputação

corresponde ao grau de estima, confiança, admiração e simpatia que

stakeholders sentem em relação a uma organização. Ter uma reputação

corporativa forte significa ser respeitado por estes stakeholders. São eles que

ajudam a construir e sustentar esse apelo emocional ao longo do tempo, o que

contribui para tornar a reputação de uma instituição um de seus ativos mais

valiosos e também dos mais complexos de gerir.

Para CAMPOS (2010) a reputação é uma construção feita no dia a dia.

Ela é o cerne da sobrevivência de uma empresa. Uma prática diária que passa

pela inovação, que pode ser um fator de reputação. Ao mesmo tempo deve-se

dar bastante atenção a essa questão, pois é muito demorada a construção de

uma imagem que pode ser destruída a qualquer momento.

Ainda segundo CAMPOS (2010):

“É preciso tomar muito cuidado com todos os aspectos

da empresa: seja em produtos; seja em processos

internos ou na relação com stakeholders. É preciso estar

muito atento, possuir equipes participativas e verdadeiras

e tentar sempre passar ao mercado os valores

construídos dentro da organização. Deve-se viver os

valores internamente e passar os valores externamente.”

O tema reputação passou a assumir uma importância cada vez maior,

principalmente para as empresas, e deixou de ser sinônimo de apenas perda

financeira. Pode significar uma incerteza da permanência no mercado a longo

prazo, de relações marcadas pela desconfiança e finalmente, pela perda de

credibilidade.

A perda da confiança dos públicos estratégicos de uma empresa pode

ter um efeito devastador.

A percepção da comunicação como fator estratégico, vem crescendo

constantemente, em função das mudanças provocadas na sociedade.

30

Com isto as empresas vão construindo suas imagens institucionais.

Segundo o Reputation Institute, nos negócios de hoje e com os

consumidores cada vez mais cientes de seus direitos, qualquer rumor com

relação à empresa pode afetar seriamente sua credibilidade, afetando assim

sua reputação. Mesmo que a empresa seja inocente, seus negócios e toda a

construção de uma reputação positiva podem ser afetados. Isto define porque

o risco de reputação continua sendo um dos mais apontados em pesquisas de

gerenciamento de riscos.

De acordo com a BusinessWeek (2007) a reputação de uma empresa

define muitas vezes seu crescimento, atraindo talentos e enfatizando os

princípios éticos, e pode representam uma margem entre 30% e 70% entre o

valor de sua marca e a capitalização de mercado.

Para JOHNDROW (2010) a reputação corporativa se tornou um fator

decisivo no cenário competitivo das organizações que mobiliza o conhecimento

de quem são estas organizações e como elas se preparam para dominar seus

espaços ao longo dos anos. Seus executivos já compreendem e agem, pois

nesta oportunidade emergirão os líderes da economia da reputação.

Segundo Nassar & Figueiredo (2006) a imagem institucional de uma

empresa é um ser vivo, podendo ser modificada rapidamente, a depender das

ações no presente.

Manter a própria imagem é um esforço diário para as companhias.

“A imagem de uma organização é o amálgama de um

grupo diversificado de elementos. Mesmo que alguns

comunicadores empresariais resistem a aceitar a idéia, a

imagem de uma empresa também é dependente da

qualidade dos produtos e serviços e da excelência do

atendimento, que, tradicionalmente, são assumidas pelo

marketing. Da mesma forma, a comercialização de

produtos e serviços pode ser profundamente afetada, em

particular nos dias atuais em que se cultiva a

responsabilidade social, se a empresa, por exemplo, tem

31

um passivo social ou ambiental repudiado pela

sociedade.” (COSTA, 2009, p.13).

Segundo CHINEM (2010) a imagem institucional de uma companhia é

o que garante e sustenta as bases de seu permanente progresso e

desenvolvimento. Um dos maiores desafios das empresas é criar, desenvolver

e aperfeiçoar um conceito de credibilidade, o que leva tempo.

A boa imagem de uma empresa depende diretamente da qualidade de

sua comunicação.

Para COSTA (2009) é mais fácil modificar a imagem de uma

organização do que sua reputação. A reputação é construída através de

vivências, conhecimentos e experiências mais fortes.

A reputação estabelece entre a organização e os públicos ou pessoas

um vínculo difícil de ser rompido.

“O comprometimento é maior na reputação que na imagem, portanto,

ela tem um peso maior. O trabalho da comunicação empresarial é fortalecer a

marca para obter maior credibilidade.” (COSTA, 2009, p. 191)

Segundo LIMA (2010) a reputação corporativa pertence à esfera dos

ativos intangíveis, e muitas vezes seu conceito é confundido com o de imagem,

que é muito mais transitório, além de ser complicado de gerir e avaliar. Com as

mídias sociais e maior educação para o consumo consciente, o risco de afetar

a reputação de uma empresa cresce e a capacidade de monitoramento não

evolui na mesma proporção.

A gestão da reputação é fundamental para todos os tamanhos e

segmentos de empresa – Independente do seu tamanho, segmento de

mercado e região geográfica de atuação, todas as empresas são avaliadas

pela qualidade do relacionamento com os seus stakeholders e principalmente

pelo nível de estima, admiração e confiança gerados a partir desses

relacionamentos. É relevante perceber que à medida que a empresa se

estrutura gerando essas novas formas de relacionamento e diálogos, elas por

sua vez irão agir sobre a teia social e cultural dos seus diversos públicos,

transformando-a de forma considerável. (MENEZES, 2010)

32

De acordo com LIMA (2010) a gestão da reputação é ainda mais

importante e delicada em tempos de tendência ao ativismo em movimentos

anticorporativos, em que grupos têm cada vez mais poder para propagar

justamente o que uma “empresa não é”.

2.4 – Reputação e Comunicação

A comunicação na era da economia atual tem um papel fundamental

na construção da imagem de uma organização. As fronteiras tradicionais entre

as empresas e seus públicos foram ampliadas e do mesmo modo, a estrutura

física vem perdendo importância para os ativos intangíveis, como a imagem e

reputação da empresa, o valor das marcas, recursos humanos e a

responsabilidade social. Esta chamada economia digital vem oferecendo

outros parâmetros que estão revolucionando o modelo de gestão e fazendo

com que as empresas, cada vez mais repensem o modo como comunicam

suas atividades, produtos e serviços.

Não é mais possível falar da reputação de uma organização sem

abordar as mídias sociais. A atuação de consumidores e outros stakeholders

nesses ambientes de relacionamento pode afetar, positiva ou negativamente, a

imagem das companhias.

De acordo com COSTA (2009, p. 114):

“a comunicação neste contexto assume uma função

completamente nova e está a serviço não da construção

lenta e sistemática da imagem empresarial, mas da

explosão de um conceito, algo como uma arma biológica,

que contamina clientes e, sobretudo investidores,

fazendo-os aderir cegamente a um novo negócio.”

As empresas que entram nas mídias sociais devem estabelecer uma

presença oficial nesses canais, usando-os não apenas como marketing para

33

divulgar seus produtos e serviços, mas, principalmente, para estabelecer

pontes sólidas com os stakeholders.

Segundo BURGER (2010):

“as mídias sociais são uma oportunidade para as

organizações proporcionarem experiências para os

públicos e engajamento com as marcas, gerando um

“barulho” positivo. Mas o mesmo “barulho” que gera valor

e visibilidade para a marca pode manchar a reputação de

uma empresa se não for bem gerenciado. E, portanto, é

importante prestar total atenção ao conteúdo que é

divulgado.”

Pouco a pouco, as empresas estão atentas que os ativos intangíveis,

onde pode ser posicionada a reputação corporativa, têm um valor crescente no

mundo dos negócios e, gradativamente, passam a dedicar a estes, maior

atenção.

A reputação é construída num prazo maior que a imagem, decorrentes

das percepções dos diversos públicos. Ela tem maior consistência e

intensidade, ela é o resultado de um processo mais longo de interação.

Para COSTA (2009) a consolidação da comunicação empresarial como

processo de inteligência passa pela utilização da pesquisa como ferramenta

básica, já que apenas ela pode contribuir para qualificar as informações e

conhecimentos de que as organizações dispõem sobre o comportamento dos

seus públicos, eficácia de seus produtos e sobre aspectos críticos envolvidos

com situações de crise de imagem ou de relacionamento com a mídia.

De acordo com matéria na Revista Exame alguns fatores podem pesar

na formação da imagem de uma empresa: investimento em qualidade de

produtos e serviços; ouvir os clientes; usar a força da tradição; investimento

maciço e consistente na marca; atrelar a reputação ao bônus dos executivos,

ampliar o relacionamento com os públicos estratégicos e criar vínculo

emocional com os consumidores.

34

ECCLES (2006) acredita que a principal lição para as organizações é

aceitar o fato de que a transparência é essencial para a reputação corporativa,

bem como agir e comunicar corretamente. Cada vez mais está se

reconhecendo a importância e os benefícios da reputação corporativa.

ALMEIDA (2007) destaca que trabalhar a gestão da marca e de

reputação demanda o entendimento e o envolvimento da organização como

um todo. Não pode ser atividade especifica de um departamento e requer mais

do que intenção e recursos. Requer compromisso com sustentabilidade, visão

de longo prazo e relacionamentos baseados em diálogo.

As empresas que permanecerão no mercado serão aquelas que

envolverem seus stakeholders, realizando o que é relevante para estes.

Funcionários procurarão por empresas que se interessam em resolver os

problemas que são relevantes para estes. Deste modo, os stakeholders

procurarão os produtos e serviços de empresas nas quais eles possam confiar,

admirar e respeitar, organizações com forte reputação corporativa.

É necessário para tanto, que as empresas tenham o fator reputação

como parte de sua estratégia corporativa. Somente deste modo, as

organizações serão capazes de elevarem sua reputação, fazendo desta, fator

para criação de valor.

2.5 - Medindo a reputação

A medição dos resultados econômico-financeiros tem sido uma das

principais preocupações das empresas, através de diversos indicadores

contábeis e financeiros, como o retorno sobre o investimento e aumentos da

margem de lucro. Porem, os ativos intangíveis contribuem decisivamente para

a formação do valor de uma empresa.

A reputação da empresa, que compõe seu valor econômico, é uma

conseqüência do conjunto de ações e da sua postura ao longo do tempo.

Estudos demonstram ainda que uma reputação forte pode aumentar o

valor de mercado de uma empresa e facilitar a recuperação desse valor após

um período de crise, como ilustram os gráficos. (Anexo 2)

35

A fim de medir a reputação de 100 grandes empresas com operação

no Brasil, o Reputation Institute, realizou um levantamento no país, a pedido da

Revista Exame, com base em entrevistas com 4.911 pessoas, distribuídas em

diversas cidades brasileiras. Foi desenvolvido um modelo baseado por

atributos de reputação organizados em sete dimensões, sendo uma delas

intitulada Cidadania Corporativa, observando os mesmos preceitos do conceito

de Sustentabilidade. O cruzamento dos dados deu origem à lista das

companhias mais conhecidas e estabeleceu um ranking de reputação.

O Instituto analisou as 200 empresas de maior faturamento do país no

anuário Exame Melhores e Maiores 2010. Dessas, apenas as 100 mais

conhecidas foram consideradas. Por meio de um questionário online, os

entrevistados deram notas de 0 a 7 à percepção que tinham das empresas em

aspectos como confiança e admiração.

As notas foram somadas em uma escala de zero a 100, formando a

pontuação final e a lista. (Anexo 1)

Anualmente, o mesmo instituto realiza a pesquisa Global Pulse – As

empresas mais respeitadas do mundo, um estudo sobre reputação corporativa

envolvendo empresas em 27 países. Este estudo fornece um mapeamento da

reputação de empresas a partir da percepção do público geral. Para isso são

realizadas mais de 60.000 entrevistas com o público geral e mais de 175.000

avaliações são usadas para gerar resultados confiáveis sobre a reputação de

cerca de 1.000 empresas. Os resultados da pesquisa são divulgados pela

revista Forbes Internaional. (Anexo 3)

É cada vez mais delicado e trabalhoso administrar a reputação de uma

companhia. Monitorar as menções à empresa e seus produtos deve acontecer

em tempo integral. Principalmente com a disseminação das redes sociais, que

multiplicam as noticias instantaneamente.

36

CAPÍTULO III

SUSTENTABILIDADE E IMAGEM CORPORATIVA

3.1 – Importância das práticas de sustentabilidade

A sustentabilidade nas empresas representa uma nova abordagem de

se fazer negócios. A viabilidade econômico-financeira é vital para uma

organização, mas deve estar alinhada com uma visão de sustentabilidade num

sentido mais amplo.

Como conseqüência, a empresa que adota práticas de

sustentabilidade melhorará a qualidade de seu capital social, respeitando a

diversidade cultural e os interesses dos diversos públicos envolvidos e

impactados no negócio, e reduzir o uso de recursos naturais e seu impacto

sobre o meio ambiente.

Deste modo, empresas atentas aos temas de sustentabilidade

desenvolvem a capacidade de se antecipar as tendências de ordem ambiental,

social e legal, podendo se beneficiar estrategicamente.

O IBGC (2007) enumera possíveis impactos nos direcionadores de

valor decorrentes de aspectos ligados à sustentabilidade com relação à receita,

custos, investimentos e custos do capital, como por exemplo, reação da base

de clientes à postura da empresa, identificação de oportunidades de mercado

a partir de um maior entendimento dos stakeholders, ecoeficiência gerando

novos produtos, eficiência no uso de recursos naturais nos processos

produtivos, retenção e produtividade da força de trabalho, facilidade ou

dificuldade no acesso ao capital, entre outros.

37

Além disso, ao considerar aspectos da sustentabilidade e interesses

dos stakeholders, a empresa permite-se estabelecer uma agenda de

questionamentos referentes ao processo de identificação de riscos e

oportunidades do negocio, associados ao seu desempenho econômico,

fomentando a inovação.

A consideração da sustentabilidade na estratégia corporativa permite o

aproveitamento de oportunidades, visando impacto no valor econômico de

longo prazo da organização. (IBGC, 2007)

O CEBDS (2009) destaca que o investimento em sustentabilidade

pode trazer inúmeros benefícios, representando avanços em: geração de valor

com novos produtos e serviços; proteção de valor com redução de passivos;

fortalecimento da imagem e reputação; aproximação de partes interessadas

através de temas de interesse; melhoria de resultados nos processos de

licença de operação; melhoria de resultados nos processo de certificação e

fortalecimento de ativos tangíveis e intangíveis.

Grandes empresas enxergam na produção focada na sustentabilidade

a melhor estratégia para manter o negocio competitivo no Século XXI. Hoje,

59% dos executivos avaliam os investimentos em biodiversidade como

oportunidade. O índice era de 29% há três anos.

Este é o caso da empresa Unilever, que, por exemplo, lançou em julho

de 2010 uma versão líquida e concentrada do sabão em pó OMO, com o dobro

do poder de limpeza. A iniciativa faz parte de um programa global com o qual a

Unilever quer dobrar de tamanho até 2020, reduzindo ao mesmo tempo seu

impacto ambiental pela metade. O novo produto é três vezes mais concentrado

do que o produto tradicional consumindo 81% menos de energia e 62% menos

de água, além de ter uma embalagem menor, que facilita o transporte,

diminuindo a emissão de gases causadores do efeito estufa. Com esta

iniciativa, a empresa além de lucrar mais, pretende mudar hábitos de seus

consumidores, investindo na educação para o conhecimento das

características do novo produto.

38

Como esta, inúmeras outras empresas já têm consciência que os

investimentos em sustentabilidade trazem ganhos para a organização, além de

influenciar na percepção que os consumidores têm sobre as mesmas.

Uma pesquisa do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, ligado ao

Instituto Ethos, revela que 28% dos consumidores preferem comprar em lojas

que promovem ações ambientais e 37% estão dispostos a pagar mais por um

produto ecologicamente correto. Essa pesquisa demonstra que a prática da

sustentabilidade é inevitável para as empresas. E ainda podem trazer vários

benefícios como diminuição de custos e riscos, redução de desperdícios e

geração de lucro e melhorias no relacionamento com os consumidores.

Grandes empresas em todo o mundo já adotam medidas socioambientais

porque já perceberam que esse tipo de iniciativa pode trazer muitas melhorias.

Atualmente, a sustentabilidade empresarial é uma necessidade real e

premente para todos os portes de empresas e é a condição mais básica para

qualquer empreendimento ter sucesso. As necessidades dos consumidores

refletem também a sua visão de mundo e a importância que dão as questões

sociais e ambientais do mundo que os cerca. E para as empresas essa visão

deve ser intrinsecamente embutida em seu planejamento e prevista em

qualquer estudo de impacto produtivo ou mercadológico. (CEBDS, 2009)

VOLTOLINI ressalta os benefícios de se implementar ações de

sustentabilidade nas empresas:

“(...) com mudanças efetivas de práticas e modelos, ela

impacta positivamente a reputação, torna a cadeia

produtiva mais eficiente, reduz os riscos inerentes à

operação, facilita os financiamentos, possibilita atrair e

manter talentos, valoriza a marca e também as ações

mercado”.

Dessa forma, uma ação sustentável torna-se uma questão de atitude,

estratégia e inovação empresarial.

39

3.2 – Sustentabilidade e o impacto na imagem corporativa

Há uma crescente atenção por parte do público sobre os temas-chave

da sustentabilidade. Quando as empresas são questionadas sobre os motivos

pelos quais preparam relatórios sobre temas da sustentabilidade, uma das

principais respostas é que é uma questão estratégica e que dessa forma, são

capazes de gerir melhor a imagem corporativa e marca de uma forma mais

qualificada.

Neste cenário sobressaem as necessidades das organizações em

atender as demandas dos diversos stakeholders, somadas ao atendimento das

crescentes demandas por práticas sustentáveis. Deste modo, a qualidade da

imagem das organizações pode contribuir para os seus resultados e da

comunidade, uma vez que as práticas de responsabilidade social e ambiental

refletem positivamente junto aos consumidores e a sociedade, além de

investidores que começam a pautar seus investimentos também na postura da

empresa nestes quesitos, em detrimento da possibilidade de geração de lucros

à expensas dos recursos naturais indiscriminadamente.

As empresas fazem um esforço gigantesco para ter uma boa imagem

institucional. Elas se preocupam com a qualidade de seus produtos, investem

em comunicação interna e externa, tomam o cuidado de não agredir o meio

ambiente, procuram fazer um lobby interessante, e assim por diante. (NASSAR

& FIGUEIREDO, 2006).

A sustentabilidade representa uma nova abordagem para se fazer

negócios, no sentido de sustentar a viabilidade econômico-financeira dos

empreendimentos e, ao mesmo tempo, preservar a integridade ambiental para

as gerações atuais e futuras e construir relacionamentos mais harmoniosos na

sociedade, resultando numa imagem corporativa positiva e sólida. (IBGC,

2007).

Dessa forma, a adoção da temática de sustentabilidade por parte das

empresas é de suma importância para a comunidade com o qual a empresa

interage, assim como com o relacionamento com seus públicos, no sentido de

40

que a partir da implantação de atividades sustentáveis há um aumento da

credibilidade, proporcionado não só uma imagem institucional favorável à

organização, como também um novo público consumidor. (PAES, 2009)

A sustentabilidade está se transformando em atributo essencial para a

construção de marcas e imagens de grandes empresas no Brasil.

Para BUENO (2003) algumas empresas querem parecer sustentáveis,

mas, apesar do investimento que fazem neste sentido, pouco conseguem

porque não há correspondência entre a sua identidade (que é afinal de contas

o seu "discurso") e a realidade. Não há verba publicitária que consiga "limpar"

a imagem de muitas organizações.

Deste modo, as empresas precisam ter muito cuidado e atuar com

transparência, comunicando o que fazem realmente, para não incorrer no risco

de ter a imagem arranhada ou dilacerada caso seja identificado casos de

“maquiagem verde”.

É crescente o número de empresas que têm sua imagem corporativa

relacionada às ações de Sustentabilidade que adotam. Exemplos como

Natura, Banco Santander, Wal Mart e Boticário são sinônimo dos impactos

positivos que uma gestão da Sustentabilidade é fator estratégico e

determinante para a permanência das organizações a longo prazo.

41

CONCLUSÃO

Hoje é essencial que as empresas reflitam sobre sua maneira de

conduzir o negócio não apenas visando ao lucro. Esta é uma das principais

premissas da sustentabilidade. Há pouco tempo não se pensava, entre os

administradores destas organizações, que questões sociais e ambientais se

impusessem como um desafio para a sobrevivência das empresas e da própria

sociedade na qual estão inseridas.

Os problemas de ordem social e ambiental não estão distantes das

empresas, mas já fazem parte da sua gestão, porque comprometem

diretamente o ambiente em que fazem seus negócios. Cada vez mais o

sucesso econômico, a reputação corporativa e a permanência de uma

empresa no mercado, são dependentes destes fatores. Por isto, o tema da

sustentabilidade tem merecido especial atenção na gestão estratégica das

suas empresas. É por meio da comunicação que as empresas pretendem

mostrar e relatar suas ações na construção de uma sociedade que poderá

atender as necessidades das gerações atuais sem prejudicar o futuro.

Os comunicadores possuem um grande desafio no mundo atual: ler

cenários e projetar situações. É através da comunicação que as organizações

conseguiram espelhar sua atuação tendo em vista a necessidade da

incorporação da Sustentabilidade em sua estratégia. Comunicar não somente

os resultados econômicos, mas a atuação da organização frente à

responsabilidade socioambiental pode auxiliar na formação da reputação

corporativa.

42

A comunicação empresarial é uma ferramenta estratégica, que pode

influenciar formação da reputação e a competitividade, criando inovação de

produtos e serviços e tornando estes, diferenciais para o mercado, mostrando

bons resultados.

A adoção de uma postura responsável pelas empresas proporciona, ao

longo do tempo, ganhos tangíveis, como por exemplo, uma maior eficiência e

eficácia de custos e produtividade.

A comunicação das práticas de sustentabilidade produz estímulos

adicionais para melhorias internas, com reflexos na qualidade, gestão e

reputação, como pode ser comprovados por pesquisas de reputação

corporativa.

Estudos apontam que a construção de uma reputação positiva, com

vistas à sustentabilidade, requer alinhamento entre o que a Administração

almeja (estratégia), as crenças dos funcionários (cultura organizacional) e o

que os stakeholders externam esperam ou desejam da empresa. Esta é a

principal abordagem que os estudos de percepção da reputação pelos

stakeholders de uma organização do Reputation Institute, são conduzidos.

A percepção que uma pessoa tem a respeito de uma organização

influencia diretamente seu comportamento em relação a essa organização e

determina de qual modo ela vai avaliá-la e admirá-la, formando sua reputação.

A reputação é uma responsabilidade de todos da empresa,

independente de ser um setor comercial, industrial ou corporativo. Não adianta

orquestrar uma excelente estratégia de comunicação da sustentabilidade se a

experiência direta dos stakeholders com a empresa for péssima. Todos da

organização devem entender e estar comprometidos com o seu papel na

construção da reputação.

É ainda uma barreira natural contra concorrentes estabelecidos e

novos entrantes, pois cria diferenciação e vantagem competitiva por derivar de

uma característica única da empresa não sendo copiada por um concorrente.

Como possibilita a comparação com competidores, promove a melhoria

organizacional contínua, identificando as melhores práticas e a importância

dada pelos stakeholders a cada uma das iniciativas organizacionais.

43

A comunicação da sustentabilidade gera conhecimento do tema e as

empresas têm cada vez mais se preocupado com isto, de modo que as

mesmas vêm ampliando suas ações, pois sabem que não existe economia

sustentável que possa sobreviver sem respeito ao ser humano e à natureza.

As conseqüências deste novo movimento estão presentes na

comunicação corporativa, no espaço cada vez maior dedicado as ações de

responsabilidade socioambiental, nas campanhas publicitárias, nas

apresentações para acionistas e investidores.

O papel da comunicação empresarial é o de informar, envolver e

sensibilizar consumidores, funcionários, fornecedores, comunidades e toda a

sociedade em torno dos princípios, valores e práticas socioambientais da

organização. É deles a complexa tarefa de transmitir informação de qualidade,

clara e precisa, que permita aos públicos de interesse formar impressões, criar

percepções e analisar a consistência dos compromissos sociais e ambientais

da empresa.

Deste modo, conclui-se que a comunicação das práticas de

sustentabilidade de uma empresa pode influenciar a formação da reputação

corporativa. Para tanto, as organizações devem estar cientes que devem

transmitir, com a maior transparência possível, de que modo agem e se

preocupam com a sobrevivência do Planeta para as próximas gerações.

A gestão da reputação corporativa requer compromisso com a

sustentabilidade, e é necessário para tanto, que as empresas tenham estes

fatores como parte de sua estratégia.

44

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Ana Luisa de Castro. Marca e Reputação. Jornal Hoje em Dia,

Belo Horizonte, 27/09/2007.

ALMEIDA, Fernando. Os desafios da sustentabilidade: uma ruptura

urgente. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

AMARAL, Suely. Emissor, mensagem e receptor.

<URL:http://www.educacao.uol.com.br> Acessado em 19/01/2011.

ARAGÃO, Marianna. Quanto Vale a Imagem de uma Empresa. Exame, São

Paulo, ed. 982, n. 23, 15/12/2010.

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação Empresarial: Políticas e

Estratégias. São Paulo: Saraiva, 2009.

_____________________. Comunicação Empresarial: teoria e pesquisa.

São Paulo: Manole, 2003.

BURGER, André. O impacto das novas mídias na gestão da reputação.

<URL:http://www.nosdacomunicacao.com.br> Acessado em 05/01/2011.

45

BITTENCOURT, Gabriela. Comunicação e marketing para um

posicionamento inovador e sustentável.

<URL:http://www.nosdacomunicacao.com.br> Acessado em 05/01/2011.

CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento

Sustentável. Guia de Comunicação e Sustentabilidade. 2009.

CECCATO, Izabela. Comunicação e Sustentabilidade.

<URL:http://www.aberje.com.br> Acessado em: 04/01/2011.

CHINEM, Rivaldo. Comunicação Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2010.

DICIONÁRIO ONLINE MICHAELIS. <URL:http://www.michaelis.uol.com.br>

DUARTE, Jorge. Comunicação Pública. <URL:http://www.jforni.jor.br>

Acessado em 22/01/2011.

FOMBRUN, Charles J. The Reputational Landscape. Corporate Reputation

Review. Volume 1 N. 1 e 2.

FUTERRA SUSTAINABILITY COMMUNICATIONS. Communicating

Sustainability <URL:http://www.futerra.net> Acessado em 07/01/2011.

GARDBERG, Naomi A., FOMBRUN, Charles J. Corporate Citizenship: creating

intangible assets across institutional environments. Academy of Management

Review, 2006, Vol. 31, No. 2, 329–346.

GREGORIO, Douglas. A ética da comunicação.

<URL:http://www.reatorama.blogspot.com> Acessado em 23/01/2011.

46

IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Guia de

Sustentabilidade para as Empresas. São Paulo: IBGC, 2007.

INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL.

<URL:http://www.ethos.org.br> Acessado em 22/01/2011.

JOHNDROW, Anthony. Making Money In The Reputation Economy.

<URL:http://www.forbes.com> Acessado em 06/01/2011.

KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações públicas na

comunicação integrada. São Paulo: Summus, 2003.

LIMA, Christina. Ana Luisa Almeida avalia a reputação em tempos de

ativismo anticorporativo. <URL://www.nosdacomunicacao.com.br> Acessado

em 05/01/2011.

LONG RANGE PLANNING. Reputation and Transparency: Lessons from a

Painful Period in Public Disclosure. <URL: HTTP:/www.lrpjournal.com>

Acessado em 04/01/2011.

LOUETTE, ANNE. Compêndio para a Sustentabilidade. São Paulo:

Antakarana Cultura Arte e Ciência, 2007.

MARCHIORI, Marlene. A comunicação nos processos de sustentabilidade

das organizações. <URL: HTTP://www.aberje.com.br> Acessado em

04/01/2011.

MATOS, Gustavo. Ética e comunicação empresarial.

<URL:http://www.aberje.com.br> Acessado em 19/01/2011.

_________________. Comunicação, ética e responsabilidade social: tem

tudo a ver. <URL:http://www.rh.com.br> Acessado em 22/01/2011

47

MENEZES, Dario. A gestão da reputação no contexto da estratégia

corporativa. <URL:http://www.nosdacomunicacao.com.br> Acessado em

05/01/2011 .

MOTTA, Sânia. Comunicação se incorpora às estratégias empresariais.

<URL:http://www.nosdacomunicacao.com.br> Acessado em 05/01/2011.

NASSAR, Paulo, FIGUEIREDO, Rubens. O que é Comunicação

Empresarial. São Paulo: Brasilense, 2006.

PAES, Amanda Cordovil Dias. A importância da sustentabilidade para a

imagem institucional. <URL:http://www.dizoquequer.blogspot.com> Acessado

em 21/01/2011.

PERLES, João Batista. Comunicação: conceitos, fundamentos e história.

<URL:http://www.bocc.uff.br> Acessado em 20/01/2011.

Reputation Institute. GLOBAL REPUTATION PULSE 2010.

_______________. Key Insights and Learning on Corporate Reputation.

2009.

SILVA, Mauro Pires Dias da Silva. Ética empresarial.

<URL:http://www.sustentare.net> Acessado em 22/01/2011.

The Changing face of Reputation Measurement. Reputation Intelligence. Vol.

2, 2010.

TORQUATO, Francisco Gaudêncio. Comunicação

Empresarial/Comunicação Institucional: conceitos, estratégias, sistemas,

estrutura, planejamento e técnicas. São Paulo: Summus, 1986

48

TRIGUEIRO, André. Mundo sustentável: abrindo espaço na mídia para um

planeta em transformação. São Paulo: Globo, 2005.

VOLTOLINI, Ricardo. Quanto vale ser sustentável?

<URL:http://www.marketing.com.br> Acessado em 21/01/2011.

What Price Reputation? BusinessWeek <URL:http://www.businessweek.com>

Acessado em 05/01/2011.

49

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Conteúdo de revista

Anexo 2 >> Gráficos

Anexo 3 >> Pesquisas

50

ANEXO 1

CONTEÚDO DE REVISTA

Revista EXAME – Nº 23 Capa

Quanto vale a imagem de uma empresa Uma pesquisa exclusiva avalia pela primeira vez o grau de reputação de 100 grandes Companhias instaladas no Brasil – e ajuda a entender o que leva uma marca às alturas Mariana Aragão

51

52

53

54

55

56

57

ANEXO 2

GRÁFICOS

Fonte: Reputation Institute

58

ANEXO 3

PESQUISAS

59

60

61

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 11

1.1 – Histórico da Comunicação 11

1.2 – A Comunicação Empresarial 14

1.3 – Ética na Comunicação 16

1.4 – Ética na Comunicação Empresarial 18

CAPÍTULO II

A COMUNICAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE E

REPUTAÇÃO CORPORATIVA 20

2.1 – Conceito de Sustentabilidade 20

2.2 – Comunicação e Sustentabilidade 23

2.3 – Reputação Corporativa 27

2.4 – Reputação e Comunicação 31

2.5 – Medindo a Reputação 33

CAPÍTULO III

SUSTENTABILIDADE E IMAGEM CORPORATIVA 35

3.1 – Importância das Práticas de Sustentabilidade 35

3.2 – Sustentabilidade e o Impacto na Imagem

Corporativa 37

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 43

62

ANEXOS 48

ÍNDICE 59

FOLHA DE AVALIAÇÃO 61

63

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: A Comunicação da Sustentabilidade como

Ferramenta de Alavancagem da Reputação Corporativa

Autor: Rosilene Sacani

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: