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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Por: Daiane Domingues Pinto Orientador Prof. Dayse Serra Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou Distúrbio/Transtorno de Déficit de Atenção DDA/TDA -

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Por: Daiane Domingues Pinto

Orientador

Prof. Dayse Serra

Rio de Janeiro

2010

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A importância educacional do Psicopedagogo na vida acadêmica

de um portador de TDAH

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre

– Universidade Candido Mendes como requisito parcial

para obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia.

Por: Daiane Domingues Pinto

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me impulsionaram,

acreditaram e contribuíram para que mais

essa etapa da minha vida fosse cumprida.

4

DEDICATÓRIA

Dedico essa minha conquista aos meus pais e

meu marido que sempre estiveram ao meu

lado, caminhando comigo no decorrer dessa

jornada.

Ao meu filho amado e querido, que me faz ir

além e almejar um futuro em que ele possa se

orgulhar da sua mãe e da sua dedicação ao

seu trabalho.

5

INTRODUÇÃO

Este estudo tem por objetivo relatar a importância educacional do

psicopedagogo na vida acadêmica de um portador de Transtorno do Déficit de

Atenção e Hiperatividade (TDAH), e desmistificar a ideia de que crianças

consideradas “mal educadas”,podem, muitas vezes, serem portadoras de TDAH,

uma doença reconhecida e amplamente investigada no âmbito científico em

diferentes partes do mundo por profissionais de diferentes áreas, oficialmente

reconhecida na Classificação da Estatística Internacional de Doenças Relacionadas

à Saúde (CID 10) da Organização Mundial da Saúde.

Nesse contexto, deseja-se deixar claro que o TDAH não é um transtorno da

“moda”, como já foram considerados o Autismo e a Depressão, e sim um problema

clínico que, se não for diagnosticado e tratado será um forte empecilho na vida

acadêmica e pessoal do indivíduo portador desse transtorno e enfatizar o papel

fundamental do psicopedagogo no trabalho com esses indivíduos.

6

METODOLOGIA

Para realizar a pesquisa, foi feito, primeiramente, levantamento bibliográfico

referente ao tema, conceituando o distúrbio, sua etiologia, incidência e prevalência,

quadro clínico. Em seguida, mostrou-se o aluno o portador de TDAH e, finalmente, a

importância do psicopedagogo nas intervenções acadêmicas dos portadores de

TDAH.

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, realizada em material já publicado em

livros, artigos e teses e na rede eletrônica.

O estudo foi dividido em três capítulos. No primeiro, definiu-se o transtorno.

No segundo, tratou-se do aluno, portador de TDAH na escola e, finalmente,

no terceiro, buscou-se evidenciar a importância do psicopedagogo na vida

acadêmica desses pacientes.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 05

CAPÍTULO I - O que é TDAH? 08

CAPÍTULO II - O portador de TDAH e a escola 22

CAPÍTULO III- Intervenções psicopedagógicas

na vida acadêmica do portador do Transtorno

do Déficit de Atenção e Hiperatividade. 30

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 45

8

CAPÍTULO I

O QUE É TDAH

1.1. TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO CONCEITO

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou

Distúrbio/Transtorno de Déficit de Atenção DDA/TDA - (com ou sem hiperativade)

vem sendo objeto de estudo na área de psicopatologia infantojuvenil e, segundo

Goldstein (2006), trata-se de uma desordem biopsicossocial, pois fatores biológicos,

sociais e psicológicos contribuem para a manifestação e extensão do problema.

Outros autores descrevem o TDAH como “uma desordem biológica, onde a

hereditariedade desempenha importante papel, e que pode ser exacerbado por

fatores sociais” (BALLARD, 1997, p.1).

O DSM IV, Manual de Estatístico e Diagnóstico, publicado pela Associação

Americana de Psiquiatria, define o TDAH como um problema de saúde mental, um

distúrbio bidimensional, que envolve a atenção e a hiperatividade/impulsividade

(DSM-IV, 1994).

A Academia Americana de Pediatria (AAP) o descreve como o transtorno

neurocomportamental mais frequente na infância. (ACADEMIA AMERICANA DE

PEDIATRIA, 2000) e desenvolveu dois Guias Clínicos Práticos sobre TDAH, sendo

um sobre Diagnóstico e Acompanhamento de Crianças (2000) e o outro sobre

Tratamento (2001).

A AAP, através de seu Comitê de Melhorias na Qualidade e sob a supervisão

da Agência de Pesquisa e Qualidade na Saúde, selecionou um grupo, não vinculado

diretamente à Academia, composto por profissionais pediatras, médicos de família e

especialistas nas áreas da neurologia, psicologia, psiquiatria infantil, epidemiologia e

educação para fazer recomendações, após uma revisão sistemática das evidências

sobre prevalência, condições coexistentes, e testes diagnósticos. As decisões desse

Comitê foram tomadas por consenso, pois as evidências definitivas ainda não

estavam disponíveis.

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De acordo com o Guia Prático de Diagnóstico e Avaliação de Crianças com

TDAH (AAP, 2000), os critérios do DSM-IV se baseiam na experiência clinica e em

extenso trabalho de pesquisa dessa fundação.

O TDAH pode provocar grande impacto na vida familiar, escolar e social da

criança, e, provavelmente por isso, tem despertado interesse no meio acadêmico-

científico.

Os critérios de diagnóstico e tratamento, de acordo com a AAP (2000), foram

revisados em múltiplas ocasiões nos últimos 20 anos. Nesse contexto, Rohde e

Halpern (2004) referem que os primeiros relatos sobre hiperatividade na literatura

científica datam da segunda metade do século XIX, e afirmam que, 1902, George

Still, médico inglês, descreveu esse transtorno no Lancet, como um defeito na

conduta moral, segundo o qual a criança possuía uma inabilidade para internalizar

regras e limites, associado a uma manifestação de sintomas de inquietação,

desatenção e impaciência.

Stevenson e Wolraich (1989) mostram que Charles Bradley, em 1937,

notificou os efeitos benéficos da Benzadrina no comportamento e no desempenho

escolar de quatorze entre trinta crianças com problemas comportamentais.

Convém ressaltar que a nomenclatura desse transtorno vem sofrendo

alterações contínuas. Na década de 40, foi chamado de “Lesão Cerebral Mínima”.

Em 1962, o distúrbio passou a ser conhecido como “Disfunção Cerebral Mínima”,

referindo-se a crianças com inteligência na faixa de normalidade que possuíam

várias combinações de comprometimentos na percepção, formação de conceitos,

linguagem, memória e controle de atenção, impulso ou atividade motora, geralmente

associados com pequenas anormalidades neuromotoras. Posteriormente, porém, foi

reconhecido que as alterações características da síndrome relacionavam-se mais a

disfunções em vias nervosas do que propriamente a lesões nas mesmas

(GOLFETO; BARBOSA, 2003).

Também, na década de 60, o DSM-II utilizou a denominação “Reação

Hipercinética” para descrever a síndrome. Na década de 70, a Classificação

Internacional das Doenças - CID-9 - classificou-o como “Síndrome Hipercinética”,

englobando um grupo de transtornos caracterizados iniciados durante os cinco

primeiros anos de vida, com falta de perseverança nas atividades que exigem um

envolvimento cognitivo e tendência a passar de uma atividade à outra, sem concluir

nenhuma, associadas à atividade global desorganizada, incoordenada e excessiva.

10

As crianças hipercinéticas, ainda, são frequentemente imprudentes e impulsivas,

sujeitas a acidentes e incorrendo em problemas disciplinares, mais por infrações não

premeditadas de regras do que por desafio deliberado.

As relações com os adultos são frequentemente marcadas por uma ausência

de inibição social, com falta de cautela e reserva normais. Além disso, são

impopulares com as outras crianças e podem se tornar socialmente isoladas. Estes

transtornos são acompanhados, na maioria das vezes, de déficit cognitivo e de

retardo especifico no desenvolvimento da motricidade e da linguagem.

O DSM-III, de 1980, alterou a denominação para “Distúrbio do Déficit de

Atenção” e a revisão de 1987 enfatizou a hiperatividade, modificando a

denominação do transtorno para “Distúrbio de Hiperatividade com Déficit de

Atenção”.

Em 1993, o CID-10 manteve a nomenclatura de “Transtorno Hipercinético” e,

em 1994, o “Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais - DSM-IV”, o

denominou de “Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade”.

Nesse contexto, observa-se que, apesar de utilizarem nomenclaturas

diferentes, esses sistemas classificatórios utilizados em Psiquiatria, CID-10 e DSM-

IV, apresentam mais similaridades do que diferenças nas diretrizes diagnósticas

para o TDAH.

1.2. ETIOLOGIA

A etiologia do transtorno é multifatorial, ou seja, o TDAH resulta da interação

de vários fatores ambientais e genéticos que atuam na manifestação de seus

diversos quadros clínicos (ROMAN et al., 2003).

A heterogeneidade clínica evidencia a complexidade dos processos biológicos

envolvidos no TDAH. As bases neurobiológicas do TDAH assentam-se em “um tripé

formado por: a) imaturidade cerebral (visão neuromaturacional); b) sistemas

atencionais anterior e posterior (visão anatomofuncional1); c)

neurotransmissores envolvidos (visão neuroquímica2)” (RIESGO; ROHDE, 2004,

p.338).

1A visão anatomofuncional inclui um circuito neural com dois sistemas atencionais, um anterior e um posterior. O primeiro é mais encarregado das funções executivas, estas incluem uma classe de atividades altamente sofisticadas que compreendem os processos responsáveis “por focalizar, direcionar, regular, gerenciar e integrar

11

No que se refere à imaturidade emocional, alguns eventos pré- ou perinatais

como o baixo peso ao nascer e a exposição a álcool ou cigarro durante a gestação,

aumentam o risco para o desenvolvimento do TDAH.

Riesgo; Rohde (2002, p.338) acrescentam, ainda, evidências de que o TDAH

pode estar associado “a uma permanência de imaturidade, ou melhor, de “ilhas de

imaturidade”, em um curso maturacional normal e progressivo, mas um pouco mais

lento em determinados setores”.

1.3. CAUSAS E PREVALÊNCIA DO TDAH

1.3.1. Causas

De acordo com a literatura pesquisada, as causas precisas do TDAH ainda

não são conhecidas (ROHDE; HALPERN, 2004). Entretanto, a influência de fatores

genéticos no desenvolvimento dessa patologia tem sido ressaltada.

Para Silva (2004), o TDAH é de origem genética e causado pela pouca

produção de catecolominas (adrenalina e noradrenalina, neurotransmissores de

diversos controles neurais do cérebro, incluindo aqueles responsáveis pela a

atenção, comportamento motor e a motivação).

Borges (1997) considera que a hereditariedade pode ser relacionada à

hiperatividade. Para ele, a primeira ligação foi estabelecida pelo estudo de parentes

de uma criança hiperativa que apresentou probabilidade quatro vezes maior de

possuir outros membros da família com o mesmo problema. Aponta, ainda, que o

relacionamento entre esses indivíduos e suas famílias engloba também fatores

ambientais.

Goldstein e Goldstein (1996) discordam dessa assertiva no que se refere ao

ambiente e enfatizam que o ambiente não tem muita relação e interferência na

hiperatividade. Para esses autores, a hiperatividade está relacionada com a

hereditariedade, o que é comprovado por estudos com gêmeos idênticos em

comparação com gêmeos fraternos.

funções cognitivas, emoções e comportamentos, visando à realização de tarefas simples de rotina e também, principalmente, à solução ativa de problemas novos” (MATTOS et al, 2003). 2 A maioria das estruturas recebe influência concomitante de mais de um neurotransmissor. As primeiras teorias referentes à neuroquímica do TDAH apontavam para o metabolismo das catecolaminas (SZOBOT; STONE, 2003).

12

Para Knapp et al. (2003), uma disfunção no córtex pré-frontal pode ser

causadora dos sintomas comportamentais do TDAH. Outros autores, como

Vasconcelos et al. (2005), ainda, consideram que a interação entre os fatores

ambientais com os genéticos, como as desavenças conjugais dos pais, baixo nível

socioeconômico, família grande (quatro ou mais filhos), criminalidade paterna,

transtorno mental materno podem causar a TDAH.

Durante parte da segunda metade do século XX (décadas de 60 e 70),

pensava-se que a hiperatividade decorria de lesões ocorridas durante o parto. Essa

noção perdurou por muito tempo, quando se buscou determinar até que ponto

problemas durante o trabalho de parto e o nascimento poderiam ser causadores da

hiperatividade. Crianças que sofriam de epilepsia ou paralisia cerebral corriam risco

cinco vezes maior de desenvolver o distúrbio, mas não ficou provado que o distúrbio

tinha sua origem na lesão (GOLDSTEIN; GOLDSTEIN, 1996).

A literatura cita, ainda, que a intoxicação por chumbo, que causa uma

encefalopatia e ocasiona, na fase de recuperação, certas dificuldades como agitação

e desatenção. Quando crianças comiam pedacinhos de placas contendo chumbo

das paredes de casas e apartamentos mais antigos, ocorria envenenamento por

chumbo, doença muitas vezes, fatal, que provocava edema cerebral. No entanto, as

que sobreviviam aos graves episódios iniciais desenvolviam problemas de

aprendizagem e comportamento (GOLDSTEIN; GOLDSTEIN, 1996).

Borges (1996) afirma que as crianças hiperativas, apesar da inquietação,

teimosia e agressividade dão sempre a impressão de imaturas e frágeis, apresentam

sinais neurológicos menores, considerados como sinais de retardo de maturação

neurológica. Trata-se de crianças desajeitadas ou incapazes de segurar uma bola ou

amarrar os sapatos, abotoar uma camisa ou segurar um lápis.

Silva (2004) diz que, nos anos 30, drogas estimulantes (metilfenidato e

permolina) aumentavam o nível de catecolaminas no cérebro, normalizando

temporariamente o comportamento de crianças hiperativas e com fraco controle de

impulsos.

1.3.2. Prevalência

13

A prevalência do TDAH difere, dependendo das desigualdades metodológicas

entre os estudos. Cramer et al. (2002) relatam que a revisão dos critérios

diagnósticos do TDAH, em 1994 pelo DSM-IV, incluindo o tipo com predomínio da

desatenção, tem sido associada ao aumento importante de prevalência entre as

crianças escolares. Nesse sentido, os estudos que utilizam os critérios plenos do

DSM-IV tendem a encontrar prevalências ao redor de 3-6% em crianças escolares

(ROHDE; HALPERN, 2004),

A variação dos índices de 4% a 12% foi demonstrada pela APP, em uma

revisão de taxa de prevalência em amostras comunitárias de crianças escolares

(KESSLER et al., 2005).

A proporção entre meninos e meninas afetados varia de aproximadamente

2:1 em estudos populacionais e, até 9:1, em estudos clínicos (ROHDE; HALPERN,

2004). Os autores não mencionam as razões dessa diferença entre os dois tipos de

estudos. No entanto, Biederman et al.(2002) consideram que, embora as razões

para a aparente subidentificação em meninas não estejam claras, as diferenças de

gênero na expressão do transtorno podem estar levando ao encaminhamento de

mais meninos do que meninas.

No mesmo sentido, Rohde e Halpern (2004) ressaltam que o fato de as

meninas apresentarem mais a forma desatenta do TDAH e de não incomodarem

tanto na escola e na família, possa fazer com que sejam menos encaminhadas para

avaliação e tratamento.

1.4. CARACTERÍSTICAS DA HIPERATIVIDADE

As características do TDAH aparecem logo na primeira infância para a

maioria das pessoas, pois o distúrbio é caracterizado por comportamentos crônicos,

com duração de, no mínimo seis meses, que se instalam definitivamente antes dos

sete anos.

Segundo o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-

IV)”, da Associação Americana de Psiquiatria (APP, 1994), o indivíduo com TDAH

apresenta: seis ou mais os principais sintomas de desatenção; seis ou mais

sintomas de hiperatividade/ Impulsividade como se pode observar no Quadro 1, a

seguir:

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QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS DO INDIVÍDUO COM TDAH SINTOMAS DE DESATENÇÃO

SINTOMAS DE HIPERATIVIDADE

SINTOMAS DE IMPULSIVIDADE

Frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras.

Frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.

Frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas.

Dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.

Abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado.

Tem dificuldade para aguardar a sua vez.

Parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.

Corre ou escala em demasia, em situações nas quais isso é inapropriado.

Interrompe ou intromete-se em assuntos de outros.

Não segue instruções, nem termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais.

Tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer.

Dificuldade para organizar tarefas e atividades.

Está frequentemente “a mil” ou “a todo vapor”.

Evita envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante.

Fala demais.

Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades.

É frequentemente distraído por estímulos alheios à tarefa.

Apresenta esquecimento em atividades diárias

Fonte: A Autora a partir do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) (1994).

O DSM-IV (1994) subdivide o TDAH em três tipos: TDAH com predomínio de

sintomas de desatenção; TDAH com predomínio de sintomas de

hiperatividade/impulsividade; TDAH combinado.

No sexo feminino predominam os sintomas de desatenção, e juntamente com

o tipo combinado, apresentam uma taxa mais elevada de prejuízo acadêmico. As

crianças com TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade

são mais agressivas e impulsivas do que as crianças com os outros dois tipos,

ocorrendo com maior frequência nos pré-escolares. Na adolescência, se acentuam

os sintomas de desatenção e de impulsividade. (ROHDE et al., 2000).

O Guia Prático de Diagnóstico e Acompanhamento (AAP, 2000) aponta que

as crianças com sintomas comportamentais de hiperatividade e impulsividade são

mais comumente identificadas pelos professores, pois frequentemente interferem na

aula. Entretanto, as crianças com o subtipo de desatenção, sem hiperatividade ou

15

impulsividade, podem passar despercebidas pelos professores, mesmo

apresentando baixo rendimento escolar.

Os critérios atuais do DSM-IV requerem evidências de sintomas antes dos 07

anos de idade. Há casos em que os sintomas de TDAH podem não ser

reconhecidos pelos pais e professores até o momento em que os compromissos

escolares se tornam mais desafiadores, o que ocorre, em geral,

a partir de 07 anos de idade (AAP, 2000).

Vale lembrar que crianças desatentas têm dificuldades de se concentrarem

em tarefas e prestar atenção e, se comparadas com os colegas, em sala de aula

têm grandes dificuldades de focalizar e manter a atenção de forma apropriada

comprometendo, assim, o aprendizado.

1.5. QUADRO CLÍNICO

O aparecimento dos sintomas se dá comumente entre 03 e 07 anos de idade,

mas os sintomas podem surgir antes, embora normalmente o distúrbio não seja

diagnosticado até o momento que a criança entra na escola. Não há características

físicas específicas no TDAH.

Para Lewis & Wolkmar (1993), a criança é inquieta e incapaz de permanecer

sentada. Às vezes, mãos e pés podem estar em movimento constante. A criança é

facilmente distraída por estímulos transitórios, tem dificuldades de esperar sua vez,

parece ser desorganizada e frequentemente tem dificuldades de completar uma

tarefa e podem ser falantes, porém com dificuldade de modelar sua voz.

O exposto permite inferir que a desatenção, hiperatividade e impulsividade

são marcos dessas crianças, que podem, ainda, apresentar dificuldades na conduta

e ou/ problemas de aprendizado associados a discretos desvios de funcionamento

do sistema nervoso.

Dessa forma, Independentemente do sistema classificatório utilizado, as

crianças portadoras do distúrbio são facilmente reconhecidas em clínicas, escolas e

em casa. Convém salientar que a desatenção, a hiperatividade ou a impulsividade,

como sintomas isolados, podem resultar de muitos problemas na vida de relação

das crianças (com pais e/ou colegas e amigos) de sistemas educacionais

inadequados, ou podem estar associados a outros transtornos comumente

16

encontrados na infância e adolescência. Assim, para o diagnóstico do TDAH, torna-

se necessário contextualizar os sintomas na história de vida da criança.

A presença do distúrbio pode ser identificada por:

§ Duração dos sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade.

Normalmente, crianças com TDAH apresentam uma história de vida desde a

idade pré-escolar com a presença de sintomas.

§ Frequência e intensidade dos sintomas.

§ Persistência dos sintomas em vários locais e ao longo do tempo.

§ Prejuízo clinicamente significativo na vida da criança, pois sintomas de

hiperatividade e sem prejuízo na vida da criança podem traduzir muito mais

estilos de funcionamento ou temperamento do que um transtorno psiquiátrico.

Convém verificar se a criança não segue as instruções por não conseguir

manter a atenção durante a explicação das mesmas, pois a apresentação clínica

pode variar de acordo com o estágio de desenvolvimento. Nessa linha, sintomas

relacionados à hiperatividade/impulsividade são mais frequentes do que sintomas de

desatenção em pré- escolares com TDAH.

Há, ainda:

§ Problemas de conduta, através de explosões de cólera e passagem rápida do

riso às lágrimas. Humor e desempenho varáveis e imprevisíveis. Podem

apresentar características de forte oposição.

§ Implicações emocionais, como hipersensibilidade baixa auto-estima baixa

tolerância a frustrações. O autoconceito negativo a as reações de

agressividade da criança são agravados pela percepção de não estar sendo

aceita.

§ Problemas de socialização, dificuldade nos relacionamentos interpessoais,

não aceitação de crítica, conselho ou ajuda.

§ Problemas familiares, em consequência das insatisfações e pressões por

parte do adulto, pela inadequação do comportamento da criança. Além disso,

as dificuldades escolares ou de aprendizagem são fatos que, normalmente,

provocam frustrações trazem nos pais, podendo tornar a criança ponto de

discórdia familiar.

§ Comportamento das habilidades cognitivas, manifestando-se em dificuldade

de organização, de resolução de problemas, retardo do desenvolvimento da

linguagem, na disgrafia, na dislexia, na ortografia, e na discalculia.

17

§ Problema neurológico. A criança, em geral, tem falta de coordenação motora

(é desajeitada), tem impersistência (incapacidade de manter determinada

postura ou posição por algum tempo), apresenta sincinesias frequentes,

distúrbios da fala (dislalia).

1.6. DIAGNÓSTICO

O diagnóstico do TDAH é um processo de múltiplas facetas, pois como se

pôde observar, diversos problemas biológicos e psicológicos podem contribuir para a

manifestação dos sintomas similares apresentados por pessoas com o distúrbio.

O diagnóstico pede uma avaliação ampla e atenção à presença de distúrbio

concomitante. O aspecto mais importante do processo do diagnóstico é um

cuidadoso histórico clínico e desenvolvimento. A avaliação do TDAH inclui um

levantamento do funcionamento intelectual, acadêmico, social e emocional. O

exame médico é de extrema importância para esclarecer possíveis causas

semelhantes.

O processo diagnóstico deve incluir dados recolhidos com professores e

outros adultos que, de alguma forma, interagem, de maneira rotineira, com a pessoa

avaliada.

Para fazer um diagnóstico, é necessário um psiquiatra, que deverá fazer um

rol de perguntas com os pais e pessoas do seu convívio como professores,

empregados e outros que mantêm contato com o suposto hiperativo.

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA),

Eletroencefalograma, Mapeamento Cerebral, Tomografia Computadorizada,

Ressonância Magnética evocada não podem fornecer este diagnóstico.

Goldstein (1994) entende que um diagnóstico minucioso da hiperatividade na

infância deve incluir um histórico da família e do desenvolvimento da criança. Para o

diagnóstico, são fundamentais as informações do histórico relativas a outros

problemas que a família teve, os métodos para impor a disciplina, ou sinais precoces

de temperamento difícil, as lembranças dos pais sobre os acontecimentos da vida da

criança. Essa coleta de dados deve incluir: Histórico, Inteligência, Personalidade

Desempenho escolar, Amigos, Disciplina e comportamento em casa e em sala de

18

aula. É importante que os pais entendam que não há resultado ou observação

isolada para confirmar ou excluir o diagnóstico de hiperatividade em uma criança.

Durante o processo de avaliação da criança, os pais têm o direito à

explicação em relação a natureza do problema e sua solução (GOLDSTEIN, 1994).

O mesmo Goldstein (1994) ressalta, ainda, que o objetivo da avaliação não é

classificar a criança ou decidir sobre o tratamento em particular. Para ele, o

diagnóstico de hiperatividade não implica que qualquer tratamento isolado pode

solucionar todas as dificuldades da criança em todas as situações, pois a maioria

dos problemas vivenciados por uma criança hiperativa não pode ser evitada, mas

pode ser administrada.

Segundo Borges (1997), crianças com todas as características da

hiperatividade são comumente avaliadas como tendo um comportamento normal por

alguns médicos pediatras, quando não são observados traçados anormais no

encefalograma, descartando-se, assim, a presença da hiperatividade. Para o

referido autor, essa conduta pode ocasionar muitos equívocos, pois se perde tempo

precioso de atendimento a muitas crianças que poderiam estar sendo devidamente

acompanhados, evitando-se que comportamentos inadequados instalem-se de

forma definitiva.

Goldstein & Goldstein (1994) consideram que ignorar esses primeiros sinais

de hiperatividade representa um erro por parte dos pais e da comunidade médica e

clínica. Apesar de que uma intervenção precoce não possa curar a hiperatividade ou

temperamento difícil, ela pode representar um grande passo no sentido de minimizar

a extensa lista de problemas secundários desenvolvidos por uma criança hiperativa.

A avaliação da hiperatividade deve incluir cinco etapas:

§ Primeira: aplicação de um questionário bem elaborado para os pais e

professores.

§ Segunda: coleta de informações objetivas e científicas relativas ao

comportamento e as deficiências de habilidades da criança; observação do

comportamento em sala de aula e um teste direto com a criança.

§ Terceira: avaliação cuidadosa da criança em vários ambientes.

§ Quarta: considerar se os sintomas refletem ou não algum distúrbio emocional,

de aprendizagem ou clínico.

19

Tem-se observado, também, que muitas crianças, com alguma das

características da síndrome, são consideradas e tratadas como hiperativas,

enquanto crianças com hiperatividade não são tratadas.

A literatura especializada aponta que, para ser considerada hiperativa uma

criança deve manifestar oito tipos de informações: histórico, inteligência,

personalidade, desempenho escolar, amigos, comportamento na sala de aula,

consulta médica (GOLDSTEIN, 1992).

Patt (1991) afirma que a criança hiperativa é sempre candidata ao fracasso

escolar, devido ao seu comportamento e às suas dificuldades de aprendizagem que

a afastam das normas esperadas.

Wallon (1971) considera a necessidade de compreender que, por trás da

descarga impulsiva, há a expressão das necessidades múltiplas da criança que

demanda afeto, ajuda e compreensão.

Silva (2004) acredita que as escolas, ao confundirem TDAH com indisciplina,

deixam a desejar e destaca que a sala de aula deve ser organizada e estruturada, e

o professor preparado para receber uma criança portadora de TDAH e promover

avaliação imediata, na busca de valorizar o potencial e a habilidades da criança.

Melvin (1990) entende que o quadro de hiperatividade é mais frequente em

crianças primogênitas e que o estresse e transtornos psiquiátricos na família

aumentam o risco do aparecimento dos sintomas do TDAH.

1.7. TRATAMENTO

O tratamento do TDAH envolve abordagem múltipla, com intervenções

psicossociais e psicofarmológicas, no âmbito das intervenções psicossociais.

O primeiro passo deve ser educacional, através de informações claras e

precisas à família a respeito do distúrbio. Muitas vezes, é preciso um programa de

treinamento para os pais, para que eles – pais - aprendam a manejar os sintomas

dos filhos e conheçam as melhores estratégias para o auxilio de seus filhos na

organização e no planejamento das atividades.

Também, são importantes as intervenções escolares que devem ter como

foco o desempenho escolar. Os professores deveriam ser orientados para a

necessidade de uma sala de aula bem estruturada, com poucos alunos, rotinas

20

diárias consistentes e ambiente escolar previsível. São fundamentais estratégias de

ensino ativo que incorporem a atividade física com o processo de aprendizagem. As

tarefas propostas não devem ser longas e necessitam ser explicadas passo a passo.

O aluno com TDAH deve receber o máximo possível de atendimento

individualizado, sendo colocado na primeira fila da sala de aula, próximo à

professora em local onde ele tenha menor probabilidade de distrair-se. Muitas vezes,

as crianças com TDAH precisam de reforço de conteúdo em determinadas

disciplinas.

Há medicamentos que podem ajudar a melhorar os sintomas do TDAH, que

atuam corrigindo o desequilíbrio químico nos neurotransmissores, responsáveis pela

regulação do humor da atenção e do controle do impulso.

Bradley, em 1913, descobriu casualmente o efeito das anfetaminas, em um

grupo heterogêneo de crianças internadas em um centro de tratamento, utilizando o

estimulante benzedrina (WENDER, 1980). Wender (1980) afirma que algumas

dessas crianças tinham desordens de comportamentos como desabilidades

educacionais específicas, problemas agressivos. Com essa medicação, houve uma

melhora significativa no desempenho escolar em metade das crianças, sendo que

muitas se tornaram emocionalmente controladas.

Desde a década de 40 do século passado, muitos tipos de medicamentos têm

sido experimentados no tratamento do TDAH. Dentre eles, destacam-se os

estimulantes como as anfetaminas (Benzedrina e Dexedrina) metilofenidrato

(Ritalina), o permolina (Cylert), a cafeína e o deanol. Atualmente, prescreve-se o

metilofenidato ou ritalina em 90% dos casos.

Segundo Goldstein e Goldstein (1994), se a ritalina é ingerida às oito horas,

às dez horas da manhã, o efeito então diminui durante as quatro hortas seguintes e

maior parte de sua capacidade de melhorar o comportamento hiperativo desaparece

entre o meio dia e as duas da tarde.

Para Goldstein (1994), crianças hiperativas em uso de ritalina obtêm uma

melhora com redução dos sintomas, pois a droga melhora o grau de atenção e reduz

o comportamento impulsivo hiperativo, diminuindo problemas em casa, na escola e

na comunidade.

Sukiennik et al (2000), por sua vez, consideram que as drogas, nesses

pacientes, provocam tranquilidade, aumento no período de atenção e, às vezes,

sonolência. Ressaltam, porém, que essa resposta positiva não é observada em

21

todos os pacientes, e que alguns deles se tornam mais excitados e agressivos.

Nesse contexto, sugerem que as doses empregadas deverão ser tituladas

individualmente até que se encontre a dose ideal, que deverá ser mantida utilizando-

se um dos esquemas abaixo.

§ A medicação é administrada de segunda a sexta-feira, interrompendo-se nos

finais de semana.

§ A medicação é administrada durante todo o semestre letivo e interrompida

nas férias. Se o paciente voltar a ficar hiperativo, torna a receber a dose que

vinha sendo dada. Caso fique bem sem a medicação, pode-se tentar deixá-lo

sem a droga.

Goldstein (1994) alerta que a decisão de adotar medicação deve ser tomada

apenas após cuidadosa consideração dos riscos e dos benefícios da medicação,

pois, embora a ritalina seja altamente eficaz, existem efeitos colaterais brandos,

como perda de sono ou apetite, além de efeitos colaterais graves como psicose ou

convulsões, que não resultam em danos permanentes.

Borges (1997) alerta que a adaptação e ajustamento da criança hiperativa

necessita de uma intervenção terapêutica. Para tanto, dois tipos de medidas têm

sido adotadas: as terapias comportamentais (que incluem terapias de modificação e

terapias cognitivas) e os estimulantes.

Borges (1997), ainda, chama a atenção de que, antes de se iniciar qualquer

terapia comportamental, é necessário conhecer certos princípios e condições, ou

seja, promover uma análise completa dos comportamentos problemáticos, seus

componentes, os eventos que os acompanham ou desencadeiam, o contexto no

qual aparecem. Os pais e professores são os principais responsáveis na aplicação

do programa. O programa de modificação de comportamento traduz um processo

longo e difícil e deve ser planejado rigorosamente, com o estabelecimento de

objetivos realistas, sem visar necessariamente o desaparecimento completo do

comportamento desviante.

22

CAPÍTULO 2

O PORTADOR DE TDAH E A ESCOLA

2.1. CARACTERÍSTICAS QUE SE SOLIDIFICAM NA ESCOLA

A criança portadora de TDAH enfrenta, na escola, seus maiores problemas.

Dessa forma, desde a Educação Infantil, precisa aprender a lidar com as regras, a

estrutura e os limites de uma educação organizada, o que demanda entendimento

de pais e professores dos motivos que levam esse aluno a não responder ao que se

espera dele.

Em casa, a primeira dúvida surge na hora de escolher a escola, que deve

defender valores semelhantes aos defendidos pela família e seguir o mesmo

caminho que ela pretende trilhar, para que a educação da escola complemente à da

casa, já que esse aluno necessita de apoio e intervenção acadêmica mais intensiva

do que os colegas normais. Além disso, a escola deve oferecer acomodações, que

respeitem a especificidade das necessidades de cada um, o que exige

conhecimento da direção e dos professores acerca do distúrbio.

Professores que conhecem realmente as dificuldades vividas pelas famílias

de crianças com TDAH, compreendem as atitudes dos pais, que, por sua vez,

podem se sensibilizar com a situação dos professores, quando percebem as reais

dificuldades de seus filhos encontram na sala de aula.

De acordo com a literatura visitada, os professores são, frequentemente, os

que mais facilmente percebem quando o aluno apresenta problemas de atenção,

aprendizagem, comportamento ou emocionais/afetivos e sociais (BORGES, 1997;

GOLDSTEIN; GOLDSTEIN, 1996).

E, à escola, compete procurar esclarecer as causas dos problemas,

promovendo uma primeira avaliação por um grupo interno; depois, as preocupações

são transmitidas aos pais, mostrando-se opções para um diagnóstico correto, que

pede a avaliação de profissionais de outras áreas. Uma vez detectado o problema,

pais, professores e terapeutas planejam juntos as estratégias e intervenções a

serem implementadas (modificação do ambiente, adaptação do currículo,

adequação do tempo de atividade, acompanhamento de medicação etc.)

(GOLDSTEIN; GOLDSTEIN, 1996).

23

Vale lembrar que, dentre os vários fatores que afetam positivamente o

desempenho de um aluno com TDAH está a estruturação, na sala de aula e durante

o tempo de estudo em casa. Uma sala de aula estruturada não significa um

ambiente rígido, tradicional. Ao contrário, pode ser criativa, colorida, ativa e

estimulante. A estrutura se estabelece através de comunicação clara e precisa,

regras bem definidas, expectativas bem explicadas, recompensas e conseqüências

coerentes e um acompanhamento constante. A rotina de atividades deve ser

programada (com períodos de descanso definidos) e os alunos devem ser

supervisionados e ajudados na organização do lugar de trabalho, do material, das

escolhas e do tempo (BORGES, 1997).

A tarefa de casa é, atualmente, uma das grandes dificuldades enfrentadas

pelo aluno com TDAH e sua família. Para que o problema desapareça, necessário

se faz que os professores se conscientizem de que um estudante com TDAH (e/ou

com problemas de aprendizagem) leva 3 a 4 vezes mais tempo para fazer uma lição

do que seus colegas e, nessa linha, fazer adequações para que a quantidade de

trabalho não exceda o limite da possibilidade, sem permitir que o dever de casa se

transforme em castigo ou consequência de comportamento inadequado na escola

(BORGES, 1997).

Na maioria das vezes, professores de crianças com TDAH sentem tanta

frustração quanto seus pais, pois professores e alunos são seres humanos únicos,

com características específicas, e nenhum conjunto isolado de sugestões e

estratégias funciona na inter-relação de todos os professores com todos os alunos,

sendo necessários ajustes de ambas as partes.

Assim, o sucesso escolar de crianças com TDAH exige uma combinação de

intervenções terapêuticas, cognitivas e de acompanhamento. Com esse apoio, a

maioria pode, perfeitamente, acompanhar classes regulares (BORGES, 1997).

Nesse contexto, pode-se considerar que crianças que desde bebê

demonstram estar sempre em alerta, choram com frequência são difíceis de

acalmar, têm sono perturbado, vivem sempre irritadas e, aos dois anos têm

dificuldade de parar, escutar ou atender, quando chegam na pré-escola têm essas

características tendendo a se agravar, pois começam a conviver com pessoas fora

do seu círculo familiar, passando a ser percebidas como importunas, dominadoras e

inconsequentes. Esse comportamento torna-se motivo de exigências e

discriminações por seus professores e seus companheiros. E, ao irem para a

24

alfabetização, demoram mais do que as outras a ler e escrever, pois seu esquema

corporal é alterado pela inquietação e agitação motora. Para essas crianças,

manterem-se sentadas, permanecer caladas, atentas e concentradas são condições

impossíveis de atender. Dessa forma, em geral, não escrevem na linha e quebram

seguidamente a ponta do lápis, levantando-se constantemente para ir ao cesto

apontá-lo (BORGES, 1997).

O exposto leva à conclusão de que a maioria das crianças com

hiperatividade, ao começar a frequentar a escola, torna-se candidata a sucessivas

repetências. A escola a obriga a se adaptar a um grupo maior, a cooperar com os

colegas em atividades estruturadas, a ficar longo tempo sentada, exigências

angustiantes para crianças hiperativas (BORGES, 1997; GOLDSTEIN; GOLDSTEIN,

1996).

Ao adentrar na escola, a criança hiperativa começa a se aventurar no mundo

e a família não mais pode agir como amortecedor. O comportamento, antes aceito,

deixa de ser tolerado. Ela precisa agora aprender a lidar com regras, a estrutura e os

limites de uma educação organizada e, para desespero de todos, seu temperamento

não se ajusta às expectativas da escola (GOLDSTEIN; GOLDSTEIN, 1996).

Ainda, os mesmos Goldstein; Goldstein (1996) afirmam que, muitas crianças

hiperativas, também, vivenciam comportamentais ou emocionais secundários na

escola como consequência de sua incapacidade de satisfazer as exigências da sala

de aula. Esses problemas, muitas vezes, se desenvolvem em resposta a fracassos

frequentes e repetidos, e podem levar à depressão e ao retraimento. E, na primeira

ou segunda série, as outras crianças tornam-se cada vez mais cientes das

incapacidades das crianças hiperativas na sala de aula, o que as torna irritadas e

mal-humoradas.

25

2.2. A SALA DE AULA [...] a reabilitação daquelas crianças cujo diagnóstico cuidadoso afirma a configuração de um quadro de TDAH., pode ser vista sob novas perspectivas, entendendo-se que a atenção e o controle voluntário do comportamento não se limitam às determinações biológicas, destaca-se a utilização tanto da linguagem quanto da mediação de outros signos, visando auxiliar no desenvolvimentos dessas funções psicológicas. Com isso pretende-se que a criança adquira maior consciência de seu próprio comportamento (EIDT, 2004).

A sala de aula eficiente para crianças desatentas e hiperativas deve ser

organizada e estruturada, com professores preparados para receber crianças

portadoras de TDAH (BORGES, 1997).

Nesse contexto, um programa de reforço baseado em ganhos e perdas, deve

ser parte integrante do trabalho de classe. A avaliação deve ser frequente e imediata

e pequenos incidentes devem ser ignorados. O material didático deve ser adequado

às habilidades da criança, as estratégias devem facilitar a autocorreção e melhorar o

comportamento nas tarefas.

As tarefas devem ser interessantes e variadas, os horários de transição, bem

como os intervalos e reuniões especiais devem ser supervisionadas. Pais e

professores devem se comunicar com frequência e os professores precisam estar

atentos à qualidade do reforço negativo do seu comportamento.

O professor deve criar facilidades para que a criança com TDAH adquira

novas amizades, pois os amigos são essenciais para o desenvolvimento dessa

criança. A instabilidade comportamental, a ansiedade e a falta de concentração em

algumas crianças hiperativas fazem com que as outras crianças se afastem delas,

por não as considerarem inconvenientes. Nesse sentido, algumas vezes, as crianças

hiperativas acabam sendo excluídas pelos colegas, o que poderá provocar alguns

transtornos emocionais, e trazer, para algumas delas, sentimentos de solidão e

ansiedade (LOPES, 2000).

Existe grande variedade de intervenções específicas que o professor pode

fazer para ajudar a criança com TDAH e se ajustar melhor à sala de aula. Dentre

elas, Goldstein (1996) destaca:

26

§ Proporcionar estrutura, organização e constância, arrumação das cadeiras,

programas diários, regras claramente definidas.

§ Colocar a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do

professor, na parte de fora do grupo.

§ Encorajar frequentemente, elogiar a ser afetuoso, porque essas crianças

desanimam facilmente.

§ Dar responsabilidades que elas possam cumprir faz com que se sintam

necessárias e valorizadas.

§ Começar com tarefas simples e gradualmente mudar para mais complexas.

§ Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor físico e se possível

fazer os colegas terem a mesma atitude.

§ Nunca provocar constrangimento ou menosprezar o aluno.

§ Comunicar-se com os pais. Geralmente, eles sabem o que funciona melhor

para seu filho.

§ Favorecer oportunidades para movimentos monitorados, como ida a

secretaria, levantar para apontar o lápis, levar um bilhete a outro

professor,regar as plantas ou dar de comer ao mascote da classe.

§ Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento bem sucedido

ou bem planejado.

§ Favorecer frequentemente contato aluno/professor, isto permite um controle

extra sobre a criança com TDAH. Isto permite um “controle” extra sobre a

criança com TDAH, ajuda-a a começar e continuar a tarefa, permite um

auxílio adicional e mais significativo, além de possibilitar oportunidades de

reforço positivo e incentivo para um comportamento mais adequado.

§ Ir devagar com o trabalho. Doze tarefas de 5 minutos cada uma traz melhores

resultados do que duas tarefas de meia hora. Mudar o ritmo ou o tipo de

tarefa com frequência elimina a necessidade de ficar enfrentando a

inabilidade de sustentar a atenção, e isso vai ajudar a autopercepção.

§ Adaptar suas expectativas quanto à criança, levando em consideração as

deficiências e inabilidades decorrentes do TDAH. Por exemplo, se o aluno

tem um tempo de atenção muito curto, não esperar que ele se concentre em

apenas uma tarefa durante todo o período da aula.

27

§ Proporcionar exercícios de consciência e treinamento dos hábitos sociais da

comunidade. Avaliação frequente sobre o impacto do comportamento da

criança sobre ela mesma e sobre os outros.

§ Colocar limites claros e objetivos; ter uma atitude disciplinar equilibrada e

proporcionar avaliação frequente, com sugestões concretas e que ajudem a

desenvolver um comportamento adequado.

§ Assegurar-se de que as instruções sejam claras, simples e dadas uma de

cada vez, com um mínimo de distrações.

§ Evitar segregar a criança que talvez precise de um canto isolado com biombo

para diminuir o apelo das distrações.

§ Fazer do canto um lugar de recompensa para atividades bem feitas e não

lugar de castigo.

§ Desenvolver um repertório de atividades físicas para a turma toda, como

exercícios de alongamento ou isométricos.

§ Estabelecer intervalos previsíveis de períodos sem trabalho que a criança

pode ganhar como recompensa por esforço feito. Isso ajuda a aumentar o

tempo da atenção concentrada e o controle da impulsividade através de um

processo gradual de treinamento.

§ Observar se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso

pode ser um sinal de dificuldades de coordenação ou auditivas que exigem

uma intervenção adicional.

§ Preparar com antecedência a criança para as novas situações. Ela é muito

sensível em relação às suas deficiências e facilmente se assusta ou se

desencoraja.

§ Desenvolver métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som,

visão, tato) para ser bem sucedido ao ensinar uma criança com TDAH. No

entanto, quando as novas experiências envolvem uma miríade de sensações

(sons múltiplos, movimentos, emoções ou cores), esse aluno provavelmente

irá precisar de tempo extra para completar sua tarefa.

§ Não ser mártir! Reconhecer os limites da sua tolerância e modificar o

programa da criança com TDAH até o ponto de se sentir confortável. O fato

de fazer mais do que realmente quer fazer traz ressentimento e frustração.

§ Permanecer em comunicação constante com o psicólogo ou orientador da

escola. Ele é a melhor ligação entre a escola, os pais e o médico.

28

De acordo com Goldstein (2006), crianças com TDAH estão sujeitas ao

fracasso escolar, a dificuldades emocionais e a um desempenho significativamente

negativo como adultas, quando comparadas a seus colegas. No entanto, a

identificação precoce do problema, seguida de tratamento adequado, tem

demonstrado que essas crianças podem vencer os obstáculos.

No mesmo contexto, acredita-se que a maioria destas crianças pode

permanecer na classe regular, com essas pequenas intervenções no ambiente

estrutural da escola, modificação de currículo e estratégias adequadas à situação.

No Brasil, segundo Belintane (2010), em uma pesquisa financiada pela

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), uma equipe

da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), coordenada por

ele, acompanhou duas séries iniciais de uma escola pública de São Paulo, na busca

de dar conta das diferenças e singularidades na sala de aula.

De acordo com o referido autor, baseada em diagnósticos de oralidade dos

alunos, a equipe procurou distinguir, nesse conceito, duas modalidades de uso da

língua: a fala cotidiana, com sua fragmentação e dependência do contexto e os

gêneros de origem oral que as crianças tinham na memória (cantigas, parlendas,

narrativas).

As crianças cujas atitudes não favoreciam uma atenção mais concentrada

foram diagnosticas com mais detalhes e atendidas individualmente por um semestre.

O trabalho constatou a possibilidade de obter mais sucesso com a

alfabetização de crianças portadoras de déficit de atenção, a partir de um trabalho

em equipe na fase inicial da alfabetização, desde que exista “uma política especial,

disposta a despender mais esforços e verbas e a romper com a tradição do modelo

‘1 para 30’ (ou 40)” (BELINTANE, 2010, p. 59).

Segundo o autor:

(...) a equipe de trabalho deve reunir várias especialidades; relegar a alfabetização e o ensino da leitura nas fases iniciais apenas ao pedagogo é uma ação que está dentro de uma perspectiva ideológica que podemos nomear como “reserva de mercado” – há profissionais importantes que poderiam compor uma boa equipe para o início da escolarização. (...) Uma equipe capaz de diagnosticar e acompanhar alunos com dificuldades, mesmo que, para isso se tenha de repensar o modelo tradicional de sala de aula, talvez seja um dos caminhos possíveis nesse quadro de modernização do discurso escolar (BELINTANE, 2010, p. 61).

29

Finalmente, Belintane conclui que:

(...) cabe ao educador, reconhecendo ou não essa nosologia contemporânea (TDAH grifo meu), levar em conta que a boa educação é uma das vias possíveis, se não a mais importante para lidar com o problema. Se a criança corre o risco de se tornar dependente de psicofármacos, caso isso venha a acontecer com as artes, literatura e ciências, ela será muito bem recebida nas nossas estatísticas (BELINTANE, 2010, p. 61).

30

CAPÍTULO 3

INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS NA VIDA ACADÊMICA DO

PORTADOR DE TDAH

3.1. AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados, em 1946, na

Europa, por J. Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica e

reuniam conhecimentos das áreas de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na busca

de readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou

em casa e atender aquelas que, embora inteligentes, apresentavam dificuldades de

aprendizagem (BOSSA, 2000).

As ideias sobre psicopedagogia advêm da literatura francesa, onde George

Mauco, fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França, realiza as

primeiras tentativas de articulação entre Medicina, Psicologia, Psicanálise e

Pedagogia, na solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (

BOSSA, 2000, p. 37)

Visca (1987) diz que a psicopedagogia foi, inicialmente, uma ação subsidiada

da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como conhecimento

independente e complementar, possuindo como objeto de estudo, a aprendizagem,

e de recursos diagnóstico, corretores e preventivos próprios.

A psicopedagogia ocupa-se do aprendiz em seu processo de aprender e de

ensinar, levando em consideração, as realidades objetivas e subjetivas que habitam

o entorno da criança e do adolescente. Considera, também, o conhecimento em sua

complexidade e em uma dinâmica em que os aspectos afetivos, cognitivos e sociais

se completam. Para essa ciência, não interessa apenas o desempenho escolar,

mas todas as relações de aprendizagem que a criança estabelece. Isto significa que

uma avaliação diagnóstica do Psicopedagogo não se satisfaz em conhecer em que

patologia, o aprendiz foi enquadrado, mas como ele se comporta e se desenvolve ao

longo da vida, qual o significado desses sintomas em sua família, como a escola

entende e acolhe as manifestações da criança e, finalmente, se a família e a escola

estão mobilizadas para acabar ou amenizar as queixas.

31

Nesse sentido, o objetivo da psicopedagogia é ajudar na adequação da

realidade da criança à sua possibilidade de aprendizagem, promovendo uma ponte

entre a criança e o conhecimento. Investigar como ela aprende, o que ela não

aprende e, também, seu prazer em aprender. Para Fernández:

Entre ensinante e o aprendente abre-se um campo de diferenças onde se situa o prazer de aprender. O ensinante entrega algo, mas para poder apropria-se daquilo o aprendente necessita inventa-lo de novo. È uma experiência de alegria, que facilita ou perturba, conforme se posiciona o ensinante. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os avós e demais integrantes da família, como também os professores e os companheiros na escola (FERNÁNDEz, 2001, p, 29).

Para tanto, é importante analisar o que a família exatamente pretende ao

procurar um psicopedagogo, pois, ela – a família- pode vir ao consultório porque

está exausta e precisa de ajuda, ou porque a escola pediu uma avaliação, ou porque

a psicóloga quer uma visão psicopedagógica para traçar uma estratégia de

abordagem junto à escola, ou, ainda, porque o neurologista mandou. Para cada

demanda, há uma necessidade diferente e uma possibilidade de envolvimento mais

ou menos comprometida com a criança e seu desenvolvimento.

Nos consultórios de psicopedagogia, tem-se tornado corriqueira a queixa de

pais que, verdadeiramente desabam, denunciando exaustão com a rotina

estressante que seus filhos lhes impõem, depois de várias tentativas de atendê-los

em sua necessidades e agitação. Os pais ficam perplexos diante do tumulto que

causam em suas famílias. À medida que se estabelece a anamnese, é comum se

referirem ao distúrbio do Déficit de Atenção/ Hiperatividade (TDAH).

Os professores, por sua vez, quando procurados para saber o motivo pelo

qual encaminharam ou deram apoio para procura de um diagnóstico

psicopedagógico de determinado aluno, revelam dúvida entre um distúrbio do TDAH

e o perfil de preguiçoso e agitado ou indisciplinado. Alguns reclamam que esses

alunos são terríveis, não param, porém sabem todas as regras do futebol, faltando,

apenas, interesse para os estudos regulares

Vasconcelos (2002) diz que a avaliação visa reorganizar a vida escolar e

doméstica da criança portadora do distúrbio TDAH e, para avaliar, o psicopedagogo

deve ter claro o quê está avaliando, o que exige conhecer o objeto do diagnóstico a

ser estabelecido, ou seja, o psicopedagogo avalia, sobretudo, a aprendizagem.

32

Também, deve ter clareza quando é realmente indicada a realização e uma

avaliação psicopedagógica.

Bossa (1996) aponta que o estabelecimento do diagnóstico é de fundamental

importância para o profissional que vai trabalhar com TDAH aprendizagem, pois o

diagnóstico norteia os procedimentos de intervenção adequada a cada caso. Nessa

linha, o psicopedagogo poderá, através da livre observação, e de conversa informal,

de entrevista, de brincadeiras, desenhos e testes, diagnosticar o problema da

aprendizagem.

Weiss (1999) afirma que, para intervenção junto à criança com TDAH deve

ser realizado um diagnóstico clínico, porém, o primeiro passo será entender o

conceito de diagnóstico, terminologia associada à doença.

O processo de diagnóstico se inicia ao primeiro contato com alguém vinculado

à criança, no qual o profissional deverá procurar obter informações relacionadas a

sua vida pessoal familiar social e escolar, quem solicitou a avaliação e qual o motivo

da solicitação. É importante esclarecer à criança o motivo dela estar sendo avaliada,

sem deixar de observar o nível de ansiedade do informante, como expressa sua fala

sobre o sintoma e quais suas expectativas em relação à cura.

Este primeiro contato é de extrema importância no trabalho e nele devem ser

colhidos dados históricos e emocionais, para um breve conhecimento da estrutura

social em que a criança está inserida. Para tanto, o terapeuta deve ter sensibilidade

e competência para acolher com serenidade a multiplicidade dos pontos de vista em

cada situação, seja na clinica durante o atendimento, seja em contato com a família.

Weiss (1999), Fernandes (1991) e Visca (1995) apontam a criação de um

modelo que coleta um conjunto de informações suficientes para se chegar a um

resultado seguro, embora possam ocorrer modificações como qualquer

planejamento.

A proposta de intervenção elaborada inicia-se pela visita dos pais da criança à

clínica, encontro agendado anteriormente. Ali, o terapeuta apresentará a clínica,

outros profissionais e as especialidades e o funcionamento do sistema de

atendimento. Esse procedimento proporciona uma adaptação e diminui o nível de

tensão, ficando todos mais próximos e familiarizados com o ambiente, promovendo,

assim, uma maior confiança. Ao terminar a visita, se realizará uma entrevista, para

coleta de dados cadastrais com informações pessoais da criança dos pais e da

família. Em seguida, será feito o contrato de trabalho e o enquadramento entre a

33

família e a clinica. São aspectos importantes das constantes do enquadramento que

englobam também o contrato:

§ Esclarecimento de papéis: Função do terapeuta, participação dos pais e de

outros membros da família, anamnese, sessões familiares, contato com a

escola e com outros profissionais que atendam ou já atenderam a criança.

§ Definição de horário, dias e duração das sessões.

§ Previsão do número aproximado de sessões e forma de encerramento do

trabalho.

§ Definição dos locais de atendimento: consultório ou sala de testes.

Nas duas sessões seguintes, aplica-se a Entrevista Operativa Centrada na

Aprendizagem (E.O.C.A), proposta por Jorge Visca (!995), embasado teoricamente

na Epistemologia Convergente e inspirada na psicologia social de Pichon Riviere

(1982), além da hora do jogo, idealizado por Sara Pain (1987). A esse trabalho

conjunto, Weiss (1999) chamou se Sessão Lúdica Centrada na Aprendizagem. É o

momento de observar alterações na criança, objetivando e oportunizando a criança

a expressar-se de forma lúdica através de materiais escolares, jogos, brinquedos e

brincadeiras, podendo desenhar colorir, recortar, construir, jogar com o terapeuta.

Durante a sessão, o terapeuta deverá estar observar e registrar aspectos como:

§ A escolha de material e brincadeira: verifica se se identifica com o material

escolar para produzir desenhos, escrever textos, ou outras produções que

possam expressar seus anseios, verdades e desejos.

§ O modo como a criança brinca: dado relevante podendo ser observado se as

brincadeiras são estruturadas tendo começo, meio e fim, se manuseia

somente objetos fáceis rejeitando os que exigem mais raciocínio ou atenção,

tem flexibilidade na funcionalidade do brinquedo, faz atividades variadas,

criativas ou repetitivas, deixa atividades incompletas, qual o nível de

concentração quando faz algo que lhe dá prazer, faz mais uso de ações de

destruir, dividir, cortar, separar, ou de juntar; como ela se apresenta no jogo

dramático; como resolve desafios; como reage emocionalmente diante de

situações novas.

§ A relação com o terapeuta: no relacionamento criança e terapeuta está

inserida uma atitude de cooperação, dependência, esse vínculo deve ser feito

34

de forma espontânea, ambos devem estar sempre refletindo sobre suas

ações.

§ Verificar o nível pedagógico da criança: avaliar tanto na leitura (silabada ou

não, retrocessos, omissões, entonação , compreensão de texto), como na

escrita (se troca, inverte, omite letras, se faz relação diferenciada da fala e da

escrita usando os níveis de Emilia Ferreiro, proposto no livro “Psicogênese da

Língua Escrita” e como se encontra conceito lógico matemático) (o raciocínio,

o cálculo mental e escrito, a estruturação gráfica dos símbolos) observando

assim os vínculos positivos e negativos que a criança tem com a

aprendizagem.

§ O perfil psicomotor: é de grande importância perceber quais suas habilidades

motoras, coordenação motora fina e a ampla e óculo-manual, sua capacidade

perceptiva e noção espaço temporal.

Na quarta sessão, realiza-se a entrevista de anamnese que visa obter dados

sobre a realidade histórica de vida da criança. As perguntas devem ser claras para

que os pais compreendam e que se estabeleça uma boa comunicação entre

terapeuta, família e escola. Através dessa entrevista, devem-se levantar novas

hipóteses diagnósticas, excluir ou confirmar com segurança as já suspeitadas.

Para Lemos e Damaris (2008), as etapas passo a passo para uma anamnese

são:

Primeira: História das primeiras aprendizagens:

§ Importantes aprendizagens não escolares ou informais.

§ Investigar a possibilidade de desenvolvimento cognitivo.

§ Equilíbrio entre assimilação e acomodação.

Segunda: Evolução Geral:

§ Desenvolvimento, controle, aquisição de hábitos, interiorização de normas,

aquisição da fala, a alimentação, o sono, a sexualidade.

§ Evolução psicomotora (aspectos qualitativo: engatinhar, andar,movimentos

finos, postura).

Terceira: Concepção:

§ Desejada.

§ Pré–natal, perinatal: má oxigenação, lesões ...

Quarta: História Clínica:

35

§ Problemas e soluções em ambiente familiar quando o paciente tinha doença

infantil.

§ Cirurgias e internações.

§ Tratamento realizados (fonoaudiológico, psicológico) – laudos.

§ Traumatismo e doenças ligadas à atividade nervosa superior, existência ou

não de sequelas - parecer neurológico.

§ Problemas auditivos e visuais.

Quinta; História da Família:

§ Fatos marcantes dos pais e irmãos antes, durante e depois da entrada do

paciente na família.

§ As famílias provenientes de novos casamentos.

§ Perspectiva socioeconômica.

§ Estimulação do raciocínio, memória, antecipação, brinquedos, jogos,

atividades.

§ Atividades particulares – música, dança, esporte.

§ Situações negativas (nascimento de irmão, mudanças, mortes, desemprego,

separação).

Sexta: História da família ampliada:

§ Famílias materna e paterna suas influencias passado e presente sobre os

pais e o paciente.

§ Quadros patológicos existentes.

Sétima: História Escolar:

§ Ver como se deu a entrada e os aspectos positivos e negativos de sua

passagem pelas instituições (creches, pré-escola, escolas regulares, curso de

inglês, escolinha de futebol).

§ Entrada na escola precoce ou tardia/ trocas constante sem causa evidente.

§ Avaliar como se processou a alfabetização, qual a metodologia, a exigência

dos pais nesse momento, qual foi a reação do paciente.

Na quinta sessão se complementaria o processo de coleta de dados e

informações para o início do diagnóstico com provas operatórias de Piaget, através

das quais é possível avaliar como estão as estruturas de pensamento, para que não

se exija além da capacidade da criança ou que se subestime seu potencial. O

material para essa prova é variado e vai permitir que o psicopedagogo observe as

36

noções de conservação, aspectos lógico- matemático, observando, dessa forma, o

nível do pensamento cognoscente da criança

Weiss (1999) afirma que as provas seguem uma ordem na aquisição das

noções, variando as idades e essa variação de idade terá influência do meio

socioeconômico, das condições orgânicas e do equilíbrio emocional. O registro

dessas respostas, as falas, a arrumação do material, e as soluções, enfim, todas as

atitudes da criança diante das provas é fundamental. A avaliação está

esquematizada em níveis de construção operatória:

§ Nível 1: quando a criança tem ausência total da noção em questão, não tem

domínio, age muito empiricamente, não faz nenhuma conservação consciente

e, algumas vezes, não compreende a proposta da atividade.

§ Nível 2: expressa instabilidade, vacilações, são respostas incompletas.

§ Nível 3: a variação já tem condutas conservativas, as repostas demonstram a

aquisição da noção, sem vacilação, ela utiliza de vários argumentos para

confirmar suas respostas.

Na sexta sessão, busca-se avaliar a área emocional, através do grafismo e

desenhos a fim de se obterem dados afetividade da criança e, para isso, o

psicopedagogo usam as provas dos vínculos educativos.

Primeiro: Vínculo com a Aprendizagem

§ Par Educativo: onde se pede que a criança desenhe duas pessoas (uma que

ensina e outra que aprende) e que ela dê um título para o desenho e relatar o

que esta se passando na cena.

§ Eu com meus companheiros: vínculos com os companheiros de classe.

§ A planta baixa da sala de aula.

Segundo: Vínculo Familiar:

§ A planta baixa da minha casa: a representação geográfica do lugar em que se

habita e a localização real dentro da mesma.

37

Terceiro: Vínculo consigo mesmo

§ Representação que tem de si e do contexto físico e sociodinâmico de

transição de uma idade à outra.

Ao final, concluir o diagnóstico, o psicopedagogo deverá repassar para a

criança, a família e a escola. A conclusão devolutiva deverá conter como o problema

foi instalado, quais os encaminhamentos, caso seja necessário, e quais as

intervenções necessárias.

De posse do material, o psicopedagógico elabora um plano de trabalho para

apresentar a família. Se a família estiver de acordo, será efetivado um novo contrato

terapêutico, explicitando-se: o tempo para emergirem as mudanças atitudinais e

comportamentais, as resistências às mudanças, a atuação da família, enfim, todos

os requisitos para que a intervenção psicopedagógica aconteça.

3.2. UMA ALTERNATIVA DE INTERVENÇÃO

Dentre as alternativas de intervenção, destacam-se as atividades lúdicas que,

além de facilitarem a aprendizagem, atendem a determinados interesses e

necessidades sociais, favorecendo a socialização e a cooperação entre os alunos.

Nesse sentido, cabe à escola promover situações significativas de

aprendizagem, propondo atividades desafiadoras que possibilitem a construção de

conhecimentos, dando oportunidades ao aluno de ser mais criativo, participativo e

ativo, tornando-se um ser com iniciativa pessoal e autonomia, levando-o a adquirir

atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade.

Nesse contexto, o professor deve elaborar aulas interessantes e

diversificadas, saindo da rotina para explorar diferentes habilidades nos aprendizes,

o que trará benefícios significativos para suas vidas.

Barros (2002) considera que, no que se refere ao lúdico, o comportamento da

criança hiperativa, em relação às crianças normais, se mostra muito deficitário

devido à grande dificuldade de atenção, concentração e impulsividade causada pelo

o distúrbio.

Dessa forma, ao utilizar os jogos como estratégias pedagógicas, o professor

deve levar em considerações as características da criança com TDAH, bem como as

38

condições sob as quais deverá realizar as atividades, objetivando auxiliar o aluno a

desenvolver as habilidades necessárias para um desempenho social, emocional e

cognitivo. Ainda, o mesmo Barros (2002), afirma que a hiperatividade dificulta o

desenvolvimento de um comportamento social adequado em uma criança hiperativa,

mas, através dos jogos, ela pode aprimorar seu senso de respeito às normas

grupais e sociais.

Lopes (2000), psicopedagoga clínica, reporta os resultados positivos em sua

clínica através de confecção e aplicação de jogos no tratamento de crianças

hiperativas, encaminhadas pela instituição escolar com queixas de hiperatividade e

dificuldade em acompanhar o desenvolvimento geral da classe.

Em relação aos aspectos comportamentais, apresentavam um nível de

ansiedade muito alto e dificuldades em concentração, coordenação visomotora e

aceitação de regras. Após os trabalhos, os resultados começaram a aparecer e, ao

final, a autora pôde perceber que, a partir da vivência com jogos, as crianças criaram

novos hábitos e desenvolveram potencialidades e habilidades.

Como é sabido, o jogo é uma ferramenta criativa, atraente e interativa que

pode auxiliar o professor a minimizar os problemas de desatenção e de

comportamento social nas crianças hiperativas, melhorando-lhe, assim, a

aprendizagem e o desenvolvimento, pois através do jogo, a criança reproduz

experimentações e vivências que percebe do mundo exterior, e, descobre ainda, que

se pode relacionar com outras crianças.

Lopes (2000) também destacou que o brincar nem sempre é considerada

uma atividade que dá prazer à criança; outras atividades também poderão ser

prazerosa, no que reproduz as idéias de Vygotsky (1991) que destacou a

importância do brincar para os processos de aprendizagem e desenvolvimento da

criança, pois, através desse ato, a criança reproduz as experiências e vivências que

percebe do mundo exterior, e, ainda, se pode relacionar com outras crianças.

Vygotsky (2004) aponta que a aprendizagem é um processo social,

possibilitado através das áreas de desenvolvimento proximal, isto é, da distância

entre a zona de desenvolvimento real, que se costuma determinar através das

soluções independentes de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, ou

seja, o que a criança ainda não sabe, mas que pode aprender. A zona de

desenvolvimento proximal pode ser ilustrada através do que a criança faz hoje com

39

auxílio de adultos, ou mesmo de crianças mais hábeis, mas poderá fazer por si

mesma.

Dessa forma, para Vygotsky (2004), no processo de aprendizagem e

desenvolvimento, para cada passo que a criança dá adiante no aprendizado, avança

dois no desenvolvimento.

Nesse contexto, cabe ao professor estimular constantemente a atenção da

criança com TDAH, para que ela não se perca a qualquer novo estímulo do

ambiente, possibilitando que a criança fixe atenção em um único brinquedo ou

brincadeira por um tempo suficiente para o máximo aproveitamento, na busca de

uma melhor interação com aquele objeto e mesmo com os colegas.

40

CONCULSÃO

A presente revisão permite afirmar que o psicopedagogo tem importância

fundamental na educação de um portador de Transtorno do Déficit de Atenção e

Hiperatividade (TDAH).

Nesse contexto, o psicopedagogo assume papel crucial ao ajudar na

adequação da realidade da criança à sua possibilidade de aprendizagem,

promovendo uma ponte entre a criança e o conhecimento. Investigar como ela

aprende, o que ela não aprende e, também, seu prazer em aprender.

No entanto, a literatura apontou que, para chegar a um diagnóstico

satisfatório, este profissional precisa tipificar a dinâmica familiar da criança: a

qualidade das relações parentais e filiais, o exercício da autoridade, a divisão de

tarefas domésticas, a circulação do conhecimento, o lugar de cada um na família,

assim como é imprescindível conhecer o seu contexto educacional: o colégio e a

metodologia adotada por ele, as exigências acadêmicas, o tipo de atividades

propostas pelos professores, como trabalham os conteúdos, o tempo destinado a

cada aula, como lidam com a indisciplina e o tipo de avaliação de desempenho

escolar.

Além disso, é necessário que o psicopedagogo avalie a situação sob o ponto

de vista biológico, social e acadêmico, pois o TDAH tende a perdurar ao longo da

vida.

Nessa perspectiva, ouso finalizar esta revisão reafirmando a importância do

psicopedagogo não apenas no diagnóstico do distúrbio, mas também no

acompanhamento do aluno, pois, muitas vezes, pais e professores estão cansados e

duvidam que o aluno, tão ágil e inteligente, não conseguem prestar atenção e

desenvolver, com sucesso, atividades corriqueiras do dia-a-dia, propostas tanto pela

família quanto pela escola.

A incapacidade de prestar atenção ou de ficar quieto leva os adultos a

considerar essas crianças a considerá-las malandras, irresponsáveis, malcriadas,

endiabradas e até mesmo, pouco inteligentes.

Cabe, pois, ao psicopedagogo alertar a escola e a família para que passem a

perceber o esforço que o portador de TDAH faz para obter sucesso em suas tarefas

41

e a necessidade constante de estímulos de que necessitam para realizar tarefas

com aparente facilidade.

42

BIBLIOGRAFIA

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45

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 05 CAPÍTULO I O QUE É TDAH

08

1.1. TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO CONCEITO 08 1.2. ETIOLOGIA 10 1.3. CAUSAS E PREVALÊNCIA DO TDAH 11 1.3.1. Causas 12 1.3.2. Prevalência 12 1.4. CARACTERÍSTICAS DA HIPERATIVIDADE 13 1.5. QUADRO CLÍNICO 15 1.6. DIAGNÓSTICO 17 1.7. TRATAMENTO 19 CAPÍTULO II O PORTADOR DE TDAH E A ESCOLA

22

2.1. CARACTERÍSTICAS QUE SE SOLIDIFICAM NA ESCOLA 22 2.2. A SALA DE AULA 25 CAPÍTULO III INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS NA VIDA ACADÊMICA DO PORTADOR DE TDAH

30

3.1. AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 30 3.2. UMA ALTERNATIVA DE INTERVENÇÃO 37 CONCULSÃO 40 BIBLIOGRAFIA 41 ÍNDICE 45

46

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: A importância educacional do Psicopedagogo na vida

acadêmica de um portador de TDAH

Autor: Daiane Domingues Pinto

Data da entrega: 30 de abril de 2010

Avaliado por: Conceito: