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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Professora: Monique Caldeira TRIADE POS GRADUAÇÃO – EXECUÇÃO - parte 2 DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA – ART. 879 DA CLT? SOB A OTICA DA REFORMA TRABALHISTA O ideal seria que todas as sentenças contivesse, o valor econômico exato do bem da vida que faz jus o autor. Contudo, por inúmeras razões as sentenças não são liquidas e ainda, geralmente temos a cumulação objetiva de pedidos o que dificulta a liquidação. O CPC prevê a possibilidade de liquidação de sentença por arbitramento e por meio de procedimento comum. No processo do trabalho a lógica é outra, Não há similitude com o processo civil, ocorrendo três modalidades de liquidação: artigos, arbitramento e por cálculos, conforme artigo 879 da CLT. ARTIGO 879 DA CLT - Sendo líquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou artigos. ARTIGO 509 DO CPC- Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação; II – pelo procedimento comum quando houver necessidade de alegar e provar fato novo. PARÁGRAFO PRIMEIRO – Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é licito promover simultaneamente a execução daquela, e em autos apartados, a liquidação desta. PARÁGRAFO SEGUNDO – Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor promoverá, desde logo o cumprimento da sentença. ... PARÁGRAFO QUARTO – Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou. O Novo CPC aduz se precisar provar fato novo será pelo procedimento comum aboliu a expressão por ARTIGOS. De outra quadra não havendo dificuldade e/ou complexibilidade para apuração dos valores, o credor promoverá a confecção de seus cálculos e quando necessário pela determinação em sentença ou natureza do objeto, será por arbitramento, ou seja, por perito. No processo do trabalho ainda continua as três modalidades: artigos, arbitramento e cálculo. Na modalidade cálculos determinará que o credor apresente sua conta ou que a contadoria da Vara a faça. Assim, pela nova sistemática após conta apresentada pela Contadoria as partes terão o prazo comum de oito dias para impugnação. Se apresentada pela parte autora, terá a parte contrária também oito dias para impugnação – observando a necessidade de indicação dos itens e valores objetos de discordância. E ainda, se não impugnar haverá preclusão. A grande questão que não veio com a lei da reforma fora a seguinte: preclusão temporal que é perda da faculdade processual na fase de liquidação ou se estende até a execução, impedindo o uso/manejo dos embargos de execução? O TST entendeu que fica restrito a fase de liquidação, todavia, matéria controvertida. Deve ser notado que a intenção do legislador que se estende a preclusão em sede de embargos a execução. Deve ser relembrado que antes tal prazo era uma faculdade para o julgador ( expressão “ poderá”) e ainda, era prazo sucessivo de 10 dias.

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Professora: Monique Caldeira

TRIADE POS GRADUAÇÃO – EXECUÇÃO - parte 2 DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA – ART. 879 DA CLT? SOB A OTICA DA REFORMA TRABALHISTA O ideal seria que todas as sentenças contivesse, o valor econômico exato do bem da vida que faz jus o autor. Contudo, por inúmeras razões as sentenças não são liquidas e ainda, geralmente temos a cumulação objetiva de pedidos o que dificulta a liquidação. O CPC prevê a possibilidade de liquidação de sentença por arbitramento e por meio de procedimento comum. No processo do trabalho a lógica é outra, Não há similitude com o processo civil, ocorrendo três modalidades de liquidação: artigos, arbitramento e por cálculos, conforme artigo 879 da CLT. ARTIGO 879 DA CLT - Sendo líquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou artigos. ARTIGO 509 DO CPC- Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação; II – pelo procedimento comum quando houver necessidade de alegar e provar fato novo. PARÁGRAFO PRIMEIRO – Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é licito promover simultaneamente a execução daquela, e em autos apartados, a liquidação desta. PARÁGRAFO SEGUNDO – Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor promoverá, desde logo o cumprimento da sentença. ... PARÁGRAFO QUARTO – Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou. O Novo CPC aduz se precisar provar fato novo será pelo procedimento comum aboliu a expressão por ARTIGOS. De outra quadra não havendo dificuldade e/ou complexibilidade para apuração dos valores, o credor promoverá a confecção de seus cálculos e quando necessário pela determinação em sentença ou natureza do objeto, será por arbitramento, ou seja, por perito. No processo do trabalho ainda continua as três modalidades: artigos, arbitramento e cálculo. Na modalidade cálculos determinará que o credor apresente sua conta ou que a contadoria da Vara a faça. Assim, pela nova sistemática após conta apresentada pela Contadoria as partes terão o prazo comum de oito dias para impugnação. Se apresentada pela parte autora, terá a parte contrária também oito dias para impugnação – observando a necessidade de indicação dos itens e valores objetos de discordância. E ainda, se não impugnar haverá preclusão. A grande questão que não veio com a lei da reforma fora a seguinte: preclusão temporal que é perda da faculdade processual na fase de liquidação ou se estende até a execução, impedindo o uso/manejo dos embargos de execução? O TST entendeu que fica restrito a fase de liquidação, todavia, matéria controvertida. Deve ser notado que a intenção do legislador que se estende a preclusão em sede de embargos a execução. Deve ser relembrado que antes tal prazo era uma faculdade para o julgador ( expressão “ poderá”) e ainda, era prazo sucessivo de 10 dias.

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ARTIGO 879 – PARÁGRAFO SEGUNDO – Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes prazo comum de oito dias para impugnação fundamentada com indicação de itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão. A intenção do legislador foi evitar que a parte devedora seja surpreendida com valores absurdos homologados sem análise prévia, e que podem gerar bloqueios de conta em valores incompatíveis com real valor do débito. O parágrafo sétimo estabeleceu que os créditos decorrentes de condenação judicial trabalhista sejam corrigidos pela TRD ( taxa referencial diária), senão vejamos: A atualização dos créditos decorrentes da condenação judicial será feita pela TR divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei 8.177/1991. Na realidade visou afastar a aplicação do índice de atualização conhecido como IPCA. A mudança está de acordo com a decisão do STF ( apesar de injusta pois não corrige a inflação). O Ministro Dias Toffoli, nos autos da Reclamação ( RCL 22.012), deferiu liminar para suspender os efeitos da decisão proferida pelo TST, que determinou a substituição dos índices de correção monetária. A intenção na decisão do TST era substituir a TRD pela adoção do IPCA- e ( índice de preço ao consumidor amplo especial). Portando a alteração consagra o entendimento do STF e pacifica as controvérsias. FIM DA EXECUÇÃO DE OFÍCIO – ARTIGO 878 DA CLT/ reforma trabalhista ARTIGO 878 - A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou presidente do tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado. . O fim da execução de ofício e dos atos executórios promovidos de ofício pelo juiz salvo quando a parte exequente estiver desacompanhada de advogado, altera radicalmente os procedimentos da execução trabalhista e o principio do inquisitório, antes impregnado ao processo de execução. Limita-se demasiadamente a proatividade do juiz do trabalho, retardando, ainda mais, a celeridade processual e efetividade de suas decisões. Dessa forma, não poderá o juiz determinar a penhora on line ( bacen jud ) de ofício, sequer efetuar a desconsideração da personalidade jurídica. E ainda, o não cumprimento de determinado ato pelo exequente ficará sujeito a prescrição intercorrente. EXECUÇÃO PROVISÓRIA No nosso sistema a Execução Provisória, depende unicamente do efeito em que é recebido o recurso interposto da sentença exequenda ( não decorre da vontade do julgador e sim da lei). Assim, tendo o efeito “ devolutivo” a execução será provisória e se houver sido concedido efeito suspensivo nenhuma execução será promovida até que o recurso seja definitivamente julgado – inteligência do art. 899, caput, da CLT. Devendo ser notado que deixando o Juízo a quo de especificar o efeito em que recebe o recurso, entende-se que foi no efeito “ devolutivo”, com a exceção dos seguintes recursos: Revista, Agravo de Instrumento e Agravo de Petição que poderão ter efeito suspensivo. A execução provisória da sentença, regia-se pelos seguintes princípios:

a) Corre por conta e responsabilidade do credor, que prestará caução – art. 588, I, do CPC; b) Não compreende atos que impliquem alienação do domínio;

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c) Fica desfeito sobrevindo sentença que modifique ou anule que foi objeto da execução, restituindo-se as coisas ao estado anterior.

Tais princípios necessitavam, de uma adaptação ao processo do trabalho, como por exemplo: não exige do credor caução, em razão da generalidade dos casos ser o credor hipossuficienre ( empregado) e feita a penhora e avaliação, os bens não serão levados a alienação judicial e como afirmado pelo doutrinador Manoel Antônio Teixeira Filho, em seu Manual “ Execução no processo do trabalho” – acredito que não há viabilidade da execução provisória de ofício, pois embora possa o julgador promover a execução definitiva de ofício, pois tal dependente da conveniência ou não do credor para sua promoção, sob pena de quebra do Princípio da Imparcialidade do Julgador. OBS: professor Wolney sustentava a execução provisória de ofício. Outra questão polêmica diz respeito, se na execução provisória pode ser conhecido Embargos à Execução, o que a doutrina resta controvertido, o que são desfavoráveis traz como argumentação que deve-se aguardar o julgamento do recurso interposto da sentença, sob eventual perda de tempo e outros defendem o conhecimento em nome do princípio da celeridade em face processual. Todavia, o novo CPC sofreu inúmeras alterações no capítulo da execução provisória, senão vejamos: ou seja, a partir da Lei 10.444/2002, ocorreu a possibilidade de desencadeamento da execução provisória sem necessidade de caução; exigência de caução apenas quando a execução tivesse a prática de atos transferência de domínio; possibilidade de dispensa de caução quando o objeto da execução, fosse inferior a 60 salários mínimos e o exequente demonstrasse estado de necessidade. No entanto, as novidades não continuaram aí, e com a Lei 11.232/2005, ocorreu nova sistemática senão vejamos, um ponto de destaque: a possibilidade de dispensa de prestação de caução para a pratica de atos de transferência de domínio na pendência de agravo de instrumento em face de recurso extraordinário ou especial. E inclusive modificou a nomenclatura da execução provisória para CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA e procedendo ajustes pontuais no procedimento ( art. 520 e seguintes do CPC). Consequência da execução provisória : da responsabilidade do exequente pela execução provisória e prestação de caução. Soa certo que sempre o exequente será responsabilizado por eventuais modificações no título executivo e ainda, mesmo o caráter protecionista do Direito do Trabalho não retira a sua responsabilização, ou seja, responsabilidade do credor trabalhista. Das hipóteses de dispensa de caução: em face a natureza alimentar do crédito exequendo - tratando-se de obrigação de crédito alimentar, de qualquer natureza, é dispensada a caução para continuidade da execução provisória ( art. 521, I, do CPC). Tal conceito inclui por óbvio o crédito trabalhista. Houve profunda alteração, posto que na redação anterior determinava-se a comprovação do estado de necessidade, agora tal requisito tem um inciso próprio. Mesmo com tal determinação muitos autores continuam com o entendimento da limitação da execução até a penhora, conforme art. 899 da CLT. E ainda, o CPC atual retirou qualquer limitação do valor do crédito exequendo alimentar, na sistemática anterior limita-se a dispensa do caucionamento até 60 ( sessenta) salários mínimos. Hoje esse limite não existe. Em face de situação de necessidade do credor – anteriormente vimos que ocorrera dispensa de tal requisito quando o crédito exequendo for de natureza alimentar, assim, a contrario senso, agora ocorre tal hipótese como um item autônomo, ou seja, demonstrado o estado de necessidade independentemente da natureza do crédito, ou seja, não dotados de natureza alimentar. Ou seja, o estado de necessidade dispensa a exigência de caução. Na pendência de agravo de instrumento - em agravo de instrumento em decisão denegatória de recurso especial e recurso extraordinário. O uso excessivo de recursos em tribunais superiores é uma das causas principais para o congestionamento do Poder Judiciário. Essa banalização representou a motivação para tal modificação. Ou seja, também não se discute a natureza do crédito exequendo. Ou seja, com tal

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atitude executiva possibilita-se o levantamento de numerário e atos de alienação. Altamente aplicável no processo do trabalho embora sem possiblidade de manejo de recurso especial, todavia, com figura similar referente ao RECURSO DE REVISTA, com única diferença que no recurso de revista pode ser manejado questão de matéria constitucional. Importante duas colocações quase que 90% dos agravos em RR e RE não consegue reforma das decisões e ainda, a questão do óbice a execução provisória quanto ao ressarcimento dos valores percebidos após a reforma da decisão não justifica o seu não prosseguimento, pois esse é o risco da própria atividade executiva. Até porque o credor também não tem certeza do recebimento de seu crédito diante da possível insolvência do devedor. Acredito que análise do risco da reversibilidade deve ser aliado ao direito processual e não condições financeiras do credor e devedor. Efeitos da reversibilidade da sentença perante terceiros - já vimos como regra a possibilidade do exequente ter que ressarcir o devedor em caso de reforma da decisão e quanto aos terceiros intervenientes no processo? Situação mais corriqueira ARREMATANTE - Ou seja, sobrevindo modificação da sentença ou acórdão, como fica a situação do arrematante m hasta publica, inclusive com transferência de domínio através da expedição de carta de arrematação? Matéria controvertida: 1) o terceiro também será atingido pela reversibilidade do julgado sendo desfeita a arrematação com a entrega do bem ao executado. 2) o terceiro não pode ser responsabilizado pela alteração do conteúdo do julgado, tendo agido de boa-fé, não poderá ser privado do bem arrematado, restando ao executado a responsabilização do exequente pelos danos. Situação problemática posto que estão em choque: INTERESSES DO TERCEIROX INTERESSES DO EXECUTADO. Privilegiar o devedor significa restituir ao status quo ante, outro problemas a execução deve se processar de forma menos gravoso ao devedor. Todavia, não se pode transferir tal ônus ao arrematante para o qual em nada contribuiu. O ofertamento de bens fora pelo Poder Judiciário, que de certa forma se responsabiliza pela concretização do negócio jurídico. È certo que de ter a indicação no edital da arrematação, que existem recursos pendentes de julgamento – informação indispensável. A pensar de tal forma como a primeira correntes haverá um desestímulo a pessoas interessadas em eventual licitação. Assim, haveria isenção do arrematante de qualquer ônus pela restruturação do título judicial, relegando ao exequente inteira responsabilidade pelo ressarcimento ao executado. O CPC vigente colocou um termo final ao debate, ao optar pela inocorrência de qualquer responsabilidade do arrematante pela reversibilidade da decisão lastreadora da execução provisória ( art. 520, parágrafo quarto do CPC). A execução provisória e o cumprimento das obrigações de fazer e de não fazer. Posição anterior entendia a inviabilidade de tal execução, inclusive posição do TST - antiga OJ 87 da SDI – I, do C. TST. – residia que na sua essência é irreversível, só podendo ser concretizada com o trânsito em julgado da sentença. Todavia, tal instituto não se insere com facilidade no âmbito da execução provisória. Essa aparente incompatibilidade não impede a concretização temporária das obrigações de fazer e não fazer, diante da pendência de recurso sem efeito suspensivo. O problema que a execução se opera in natura, por instrumentos próprios das tutelas específicas, aplicadas de forma subsidiária ao processo do trabalho. E óbvio que revertida a situação cabe indenização compensatória ao devedor. No âmbito do processo do trabalho a obrigação corriqueira reconhecida nas decisões consiste na reintegração do empregado, Nesse caso, não há falar em indenização em favor do empregador, tendo em vista que a prestação de serviços do empregado reintegrado assume caráter sinalagmático, assim, as obrigações são simultaneamente quitadas. Ou seja, prestado serviço tem a contraprestativa salarial. DEFESAS TÍPICAS EMBARGOS A EXECUÇÃO/ EMBARGOS DO DEVEDOR Conceito - ação do devedor, ajuizada em face do credor, no prazo e forma legal, com objetivo de extinguir, no todo ou em parte, a execução, desconstituindo ou não o título em que esta se funda. Alguns

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doutrinadores diferenciam os embargos a penhora – como sendo os que atacam apenas e diretamente o ato de constrição. A doutrina e jurisprudência majoritária unificaram tal conceito. Sendo o processo de execução aprioristicamente isolado da atividade de cognição (pelo menos em seu viés mais profundo), toda e qualquer atividade destinada a possibilitar o manejo de meios defensivos do devedor deveria ser promovida fora do âmbito da execução". Dentro dessa visão de autonomia, o direito processual brasileiro assimilou integralmente a tese de impossibilidade de atuação defensiva direta do devedor no âmbito do processo de execução e estabeleceu como mecanismo único de tutela do devedor a figura dos embargos. Travestidos do caráter de ação autônoma incidental, os embargos passaram a ser a única forma de se tutelarem os interesses do devedor, eventualmente encoberto no âmbito da atividade executiva. Houve, no entanto, profunda modificação dessa compreensão, com o advento da Lei nª. 11.232/2005, que, basicamente, podem ser resumidas nos seguintes pontos: a) alteração da designação do remédio de "embargos" para "impugnação"; b) relativização da suspensividade da execução; c) obrigatoriedade da apresentação dos valores exatos do montante impugnado sob a alegação de excesso de execução; d) manejo do agravo de instrumento em face da decisão da impugnação, salvo no caso de extinção da execução, ocasião em que caber a apelação. O NCPC manteve a estrutura anterior na regulação dos embargos ou impugnação. O chamado sincretismo processual promovido pela Lei nº l1.232/2005 e referendado pelo NCPC fez com que as bases primitivas dos embargos, como forma de tutela do devedor, fossem alteradas substancialmente, assumindo um caráter incidental, portanto mais dinâmico em relação à condução da tutela executiva, passando a se situar nos limites do cumprimento da sentença. No que tange ao processo do trabalho, preleciona Wolney de Macedo Cordeiro: No caso do direito processual do trabalho, essa herança do CPC de 1939 pode ser identificada até com mais clareza. A CLT, em sua redação original assimilou o manejo dos embargos à execução (art. 884) como meio único de defesa do executado. Essa assimilação, no entanto, não foi precedida de um acerto metodológico, pois a parca regulamentação do tema nunca explicitou a correta feição do instituto. Do ponto de vista normativo, o diploma consolidado limitou-se a: a) estabelecer o prazo de cinco dias para ajuizamento dos embargos (art. 884, caput); b) restringir as matérias a serem manejadas nos embargos "[ ... ] às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida;"(art. 884, § 1°); c) possibilidade de dilação probatória, inclusive com produção de prova testemunhal (art. 844, § 2°); d) atribuição da função de impugnação da "sentença" de liquidação aos embargos devedor (art. 844, § 3°). Ora, essa lacônica regulação promovida pela legislação processual trabalhista fez com que sempre fosse necessário o recurso ao direito processual civil para complementar sistemicamente o regramento dos embargos. Por exemplo, não há um único texto normativo trabalhista tratando da questão da suspensividade da execução, nem tampouco detalhando as hipóteses de cabimento dos embargos em função da abrangente expressão "de alegações de cumprimento”. Do prazo No que tange ao prazo para o manejo dos embargos à execução, necessário que se reporte à previsão contida no artigo 884 da CLT, in verbis:

Art. 884 - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exeqüente para impugnação

Desta feita, o prazo será de cinco dias, a partir da garantia do Juízo, exceto para a Fazenda Pública, que, não precisará garantir o Juízo e gozará de trinta dias para oferecer os embargos, nos termos do artigo 535, NCPC.

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Questão interessante de se ressaltar, é aquela atinente a garantias parciais, por exemplo, com penhoras eletrônicas de parte da execução. Tal situação, se não resolvida, pode representar significante obstáculo para que o exequente receba seu crédito, ainda que parcial, visto que o quinquídeo para o manejo dos embargos não se iniciará. Diversas tem sido, no meio jurídico, as soluções propostas, que variam desde a intimação para o complemento da garantia sob pena de liberação do valor penhorado, o que permite ao executado a plena ciência dos caminhos do processo e confere ao mesmo, nova oportunidade de garantia integral do Juízo e, ainda, consegue, acaso não haja impugnação, liberar a quantia parcial existente em Juízo. Outros tem optado por intentar outros meios de penhora e até suspender a execução, nos termos da LEF, art. 40, a liberar a quantia ao exequente, o que, a nosso sentir, funciona muito mais como penalidade ao exequente do que garantia ao executado. Com a vigência da Reforma trabalhista acresceu-se ao artigo 884 da CLT, o §6º, assim disposto:

§ 6º A exigência da garantia ou penhora não se aplica às entidades filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compuseram a diretoria dessas instituições.

Dispensa a garantia do Juízo para as executadas (e eventuais diretores) de reclamadas tidas por entidades filantrópicas. Das matérias Considerando-se que o regramento celetista não é claro acerca de quais matérias são arguíveis pela medida dos embargos, e, ainda, diante da expressão contida no §1º do artigo 884 da CLT “alegações de cumprimento da decisão ou do acordo”, permitem a utilização das matérias previstas pelo NCPC como arguíveis em sede de impugnação (525,§1º)correspondentes aos nossos embargos, os quais serão apontados individualmente: Falta ou nulidade de citação na fase de conhecimento(525, §1º,I). A relação processual só se apresenta plenamente integralizada mediante a notificação do réu. Sem o chamamento do réu e a concessão de oportunidade, para que ele exerça de forma concreta o contraditório, não existe no mundo jurídico relação processual passível de gerar efeitos. Atente-se para o fato de que normalmente as matérias objeto dos embargos dizem respeito a problemas posteriores à formação do título executivo. É óbvio que não se admite a rediscussão das questões fáticas e jurídicas atinentes à própria estruturação da tutela de cognição, até por conta de vedação expressa do próprio texto da consolidação (art. 884, § 10). Nem todos os casos de ausência ou nulidade de citação, por outro lado, poderão ser objeto da impugnação. Quando o réu, embora revel, tenha sido regularmente intimado da sentença condenatória e não havendo qualquer vício em relação à referida intimação, precluirá o direito de manejar a matéria em sua impugnação. Deverá o réu apontar o defeito no ato citatório manejando o correspondente recurso em face daquela decisão condenatória. Ilegitimidade da parte (525, §1º, II) Não se trata é óbvio da legitimação própria da cognição, tendo em vista que essa discussão se exaure quando da formação do respectivo título, mas daquela legitimidade própria da fase de execução. O fato de a sentença condenatória reconhecer determinada pessoa como sujeito passivo de uma determinada relação obrigacional, não impede que venha a ser responsabilizado um terceiro que originalmente não consta do título executivo, quando a norma jurídica assim autorizar. A situação mais comum refere-se à hipótese de desconsideração da personalidade jurídica, na qual o sócio é convocado pelo juiz condutor da execução a responder pela obrigação contida no título. Note-se que, ao ser integrando na demanda executiva o devedor passa a ostentar a condição de parte, sendo autorizado

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a manejar os embargos com o fundamento no NCPC, art. 525, I, e não os embargos de terceiro (NCPC, art. 674 e segs). Note-se, ainda, que a depender da instauração ou não do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, poderá haver autorização para o executado ajuizar embargos de terceiros, validamente. Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação(525,§1º,III) A questão da inexigibilidade do título executivo não é cogitada de forma expressa pela legislação processual trabalhista, muito embora nunca tenha havido maiores problemas para sua assimilação como hipótese de cabimento dos embargos do devedor. Exigível é a obrigação que contempla integralmente todos os requisitos para o desencadeamento da tutela de execução. A obrigação prevista no título só se torna exigível quando desaparecem todos os empecilhos para sua concretização no mundo jurídico. Observe-se que o vício que dá ensejo ao acolhimento da impugnação não se opera em relação ao próprio título executivo, mas sim em relação à obrigação ali contemplada. São exemplos de inexigibilidade passível de observância no âmbito do direito processual do trabalho a execução de sentença portadora de obrigação ilíquida, a execução de acordo com parcelas ainda passíveis de vencimento, o cumprimento de obrigação de fazer submetida à condição suspensiva, entre outras situações. A procedência dos embargos, nas hipóteses convencionais de inexigibilidade da obrigação, apenas posterga a concretização da tutela executiva. Não se veda de forma definitiva a atuação executiva em face do devedor, mas apenas vincula-se a continuidade de tal tutela ao momento imediatamente posterior à solução dos vícios apontados. A noção de inexequibilidade do título executivo, entretanto, veio a ser ampliada com a inserção do parágrafo quinto do art. 884 da CLT, por intermédio da Medida Provisória nº. 2.180-35, de 24 de agosto de 2001. O referido acréscimo criou uma hipótese específica de inexigibilidade do título executivo, baseada nos próprios fundamentos jurídicos que basearam a prolação da decisão judicial. Segundo o texto inserido, “... considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição."(CLT. Art. 884,§5º). Na hipótese albergada pela CLT, art. 884,§ 5° há uma nítida preponderância do interesse público, pois se busca a integridade constitucional do sistema normativo e não uma possibilidade adicional de tutela para o executado. As modificações trazidas pelo NCPC apresentam alguns acréscimos, que podem ser aplicados ao processo do trabalho. O regramento do art. 525, §12-14, mantendo a diretriz anterior, especificou de forma mais adequada as hipóteses de inexigibilidade. Diferenciou, de maneira objetiva, a declaração de inconstitucionalidade por meio de controle concentrado (NCPC, art. 525, §12; CF, art. 102, I, a; § 1°) ou difuso (NCPC, art. 525, § 12; CF, art. 102, III) exercida pelo STF. Em todas as situações previstas no § 12 do art. 525, deverá ser observada a eventual modulação dos efeitos da inconstitucionalidade declarada pelo STF (NCPC, art. 525, § 13), bem como só será aplicável às decisões transitadas em julgado após a decretação de inconstitucionalidade (NCPC, art. 525, § 14). Vícios na penhora ou avaliação (525,§1º, IV) É relevante acrescentar o argumento de que a interposição dos embargos com o presente fundamento circunscreve-se à validade do ato específico da penhora ou da avaliação. Não há, na hipótese, um enfrentamento contra o próprio título executivo que permanecerá incólume mesmo diante do acolhimento da respectiva pretensão defensiva. O NCPC, em relação ao tema, apresentou uma inovação no seu artigo 525,§11, permitindo que as questões relativas à validade e à adequação da penhora, bem como da avaliação possam ser impugnadas por simples petição, o que deve ser acondicionado ao rito processualístico da execução trabalhista. Assim, o meio adequado para essas arguições continua a ser os embargos à execução, inclusive com efeito preclusivo. As hipóteses elencadas no § 11 do art. 525

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devem ser limitadas a incidentes de natureza superveniente não enfrentados pelo meio de defesa do devedor. Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções (525,1º,V) O excesso de execução, matéria sobre a qual a legislação trabalhista é completamente omissa, é suscitável no âmbito dos embargos à execução e se caracteriza quando: a) o devedor pugna por quantia superior àquela constante no título judicial (NCPC, art. 917, § 2°, I); b) a execução recai sobre coisa diversa daquela especificada no título (NCPC, art. 917, §2º, II); c) se processa a execução de forma diferente daquela constante da sentença (NCPC, art. 917, §2°, III); d) o credor não cumpre prestação a que estava obrigado antes de exigir do devedor (NCPC, art. 917, § 2°, IV); e) o credor não demonstrar que foi implementada a condição contida no título executivo (NCPC, art. 917, §20, V) Todas essas hipóteses encontram-se delimitadas para os embargos à execução fundada em título extrajudicial, mas podem ser aplicadas aos embargos do devedor trabalhista, tendo em vista se tratar do único dispositivo legal que expressamente conceitua o instituto do excesso de execução. Além do mais, tratando-se de hipótese de cumprimento de sentenças trabalhistas, a hipótese mais corriqueira de excesso de execução é a cobrança de quantia superior à que conste de maneira expressa no título. Pode acontecer de o devedor, na mesma impugnação, alegar excesso de execução e algum vício no âmbito da penhora realizada. Caso deixe de indicar de forma expressa o montante do valor a pagar, o juiz limitar-se-á a analisar as alegações de erro ou vício na penhora, não conhecendo do fundamento relativo ao excesso de penhora. Todavia deverá analisar os demais fundamentos da impugnação. Essa norma limitadora do manejo da impugnação, portanto, adequa-se com perfeição às diretrizes do direito processual do trabalho, tendo em vista que já há previsão análoga quanto ao manejo do agravo de petição (CLT, art. 897, § 1 o). Assim sendo, o ajuizamento dos embargos do devedor trabalhista, no qual se discute a existência de excesso de execução fundado em equívocos em cálculos, pressupõe a apresentação de memorial de cálculos estabelecendo o montante reconhecido pelo executado. Incompetência absoluta ou relativa do Juízo da execução (525, §1º, VI) Tal questão, a nosso sentir, parece ter mais sentido no que tange à execução de título extrajudicial, visto que, consoante regra da CLT, a execução se processa perante o Juiz que tiver conciliado ou julgado a causa(art. 877), sendo o princípio da perpetuatio jurisdicionis. Regra que pode ser excepcionada por critérios de organização judiciária, como quando da criação de Varas do Trabalho, e, ainda, quando se está diante da execução de processo coletivo, cabendo a distribuição das execuções individuais de conformidade prescrições do CDC(art.98 e ss.). Causas impeditivas, modificativas ou extintivas das obrigações executadas (525, §1º, VII) Nesse caso, prevalece a regra de que essas causas, para que possam ser arguidas em sede de impugnação, devem ser posteriores à prolação da sentença. A própria CLT, embora de forma um tanto quanto limitada, já preconiza algumas hipóteses análogas para o manejo dos embargos (CLT, art. 884, § 1°), reportando-se expressamente ao acordo, quitação ou prescrição da dívida. Nesse sentido, qualquer causa superveniente à sentença que de alguma forma impeça a concretização da obrigação contida no título, poderá ser manejada por meio dos embargos.

Suspensão da execução a partir do manejo de embargos à execução Inexiste, portanto, no ordenamento jurídico laboral qualquer norma prevendo a suspensão imediata da execução em função do manejo da impugnação ou dos embargos. No caso dos embargos à execução em face da Fazenda Pública, a suspensividade é subentendida em função da atipicidade dos meios

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executórios utilizados contra o Estado devedor, mas inexiste dispositivo que se refira a tal técnica de forma expressa (NCPC, arts. 535 e 910). Em todo caso, o juiz ao se deparar com o pedido de concessão de suspensão da execução, deverá, por meio de juízo de verossimilhança, aferir a possibilidade de procedência das alegações do embargante. Se não existentes tais elementos, a suspensão da execução não será concedida e os atos executórios poderão ser praticados sem qualquer tipo de limitação. A decisão que resolve os embargos à execução trabalhista é, induvidosamente, uma sentença, mesmo diante da modificação da natureza jurídica do instituto no âmbito do direito processual civil, não há dúvidas da sua autonomia procedimental. O recurso a ser manejado contra a decisão que acolhe ou rejeita os embargos à execução será o agravo de petição (CLT, art. 897, a). O ajuizamento desse meio recursal, no entanto, não tem o condão de gerar automaticamente a suspensão da execução. Esta será apreciada quando da análise preliminar do cabimento dos embargos e prevalecerá mesmo diante do ajuizamento do agravo de petição. Caso tenha sido concedido efeito suspensivo aos embargos, o referido efeito continuará a existir mesmo diante do manejo do agravo de petição. Na hipótese de o efeito suspensivo não ser concedido, a interposição do agravo de petição não irá igualmente suspender o curso da execução, restando ao devedor apenas a estreita via da ação cautelar incidental para conceder efeito suspensivo ao recurso, nos termos da Súmula 414, I do Tribunal Superior do Trabalho1, agora, por intermédio de simples petição, sem especificidades e formalidades outras, dirigida ao Juízo ad quem, quem faz a análise definitiva da admissibilidade recursal. Controvérsias atuais Penhora de salários, pensões, proventos, etc. Ainda, no tópico atinente às defesas típicas do executado, urgem algumas questões que têm movimentado a processualística trabalhista. A primeira diz respeito à possibilidade de penhora de percentual de salários, pensões, proventos, etc. Com o avanço legislativo, a impenhorabilidade prevista no artigo 833, deixou de ser absoluta, como já vimos, o que ensejou, no âmbito deste Regional o cancelamento da súmula 03:

SÚMULA Nº 3 CANCELADA Bloqueio de proventos de aposentadoria, salários, pensões e honorários profissionais. Absoluta impenhorabilidade. Vedação legal. São os proventos de aposentadoria, salários, remunerações, pensões e honorários laboratícios, a exemplo dos vencimentos, subsídios, pecúlios e montepios, absoluta e integralmente impenhoráveis, ante disposição legal expressa do inciso IV do art. 649 do CPC, com a redação conferida pela Lei nº 11.382/2006, de 6 de dezembro de 2006.

1 SUM-414 MANDADO DE SEGURANÇA. TUTELA PROVISÓRIA CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 217/2017, DEJT divulgado em 20, 24 e 25.04.2017 I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015. II - No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida antes da sentença, cabe mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio. III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão ou o indeferimento da tutela provisória.

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Tal cancelamento decorre da necessária adequação da jurisprudência aos novos contornos legislativos, contornos estes que passaram a permitir a penhora de proventos de aposentadoria e pensões, nas hipóteses previstas no §2º do artigo 833, CPC:

§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.

Note-se que a previsão legislativa acoberta a penhora de salários/pensões/aposentadorias(dentre outros) desde que destinados ao pagamento de créditos de natureza alimentícia, e esta independente de sua origem, o que, a nosso sentir, autoriza expressamente a penhora quando a execução tiver essa natureza, na seara trabalhista.

Com a publicação d a Resolução nº 220/2017 do TST, a qual promovera atualização na redação da OJ 153 SDI-II, nova celeuma se instaurou, posto que em pouco seu conteúdo foi alterado, havendo apenas um acréscimo da expressão “de 1973”, indicando, a prima facie, que a impenhorabilidade de verbas salariais estaria mantida, mesmo na vigência do NCPC., o que seria um contrassenso diante da alteração legislativa. Tal confusão já fora, inclusive, indicada pelo Ministro Douglas Alencar Rodrigues, no feito nº TST-RO-188-37.2017.5.05.0000, “quando menciona que há na redação da nova OJ 153 da SBDI-2 do TST, com todas as vênias, certa dubiedade (...)”. Contudo, tal questão nos parece elucidada com a decisão proferida nos autos nº TST-RO-20605-38.2017.5.04.0000, SBDI-II, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, 17.10.2017 – divulgada através do Informativo do TST nº 168:

Mandado de segurança. Ato coator proferido na vigência do CPC de 2015. Determinação de penhora incidente sobre percentual da aposentadoria. Legalidade. Ausência de ofensa a direito líquido e certo dos impetrantes. Art. 833, § 2º, do CPC de 2015. Não aplicação da Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-II.

Na hipótese em que o ato impugnado foi proferido na vigência do CPC de 2015, não ofende direito líquido e certo dos impetrantes a penhora de 15% dos proventos de aposentadoria para pagamento de créditos trabalhistas efetuada nos termos do art. 833, § 2º, do CPC de 2015. O entendimento consagrado na Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-II não se aplica ao caso em concreto porque a diretriz ali definida restringe-se às penhoras efetuadas quando em vigor o CPC de 1973. Sob esse fundamento, a SBDI-II, à unanimidade, conheceu do recurso ordinário dos impetrantes, e, no mérito, negou-lhe provimento. TST-RO-20605-38.2017.5.04.0000, SBDI-II, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, 17.10.2017

Assim, a penhora de salários, pensões passa-se a ganhar novos contornos nos quais a efetividade da execução mitiga a impenhorabilidade outrora absoluta. Parcelamento da execução A segunda questão diz respeito à previsão contida no artigo 916 do NCPC que permite o parcelamento da execução, atendidos os requisitos lá presentes, quais sejam:

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a) O reconhecimento do crédito; b) O depósito de 30% do valor da execução, no prazo para oposição de embargos; c) O requerimento expresso do parcelamento; d) O compromisso de quitação do remanescente em até (6) parcelas mensais, acrescidas de correção

monetária e juros de 1% a.m. Como consequência, há a fulminação da possibilidade de se manejar embargos à execução, pondo fim a toda e qualquer discussão acerca daquela execução. A inadimplência gera o vencimento das demais parcelas, além de multa de dez por cento sobre as parcelas não pagas, e o imediato prosseguimento dos atos executórios. A doutrina tem tratado tal possibilidade como direito potestativo do executado, cabendo ao exequente, em sua manifestação, apenas discutir o não preenchimento dos requisitos legais para a concessão, sendo descabido o juízo de oportunidade e conveniência. A controvérsia, nesta Seara, reside na impossibilidade de parcelamento nas execuções de títulos judiciais(§7º, art. 916), sendo estes a imensa maioria na seara laboral. Na prática, diante da realidade dos tribunais, muitos magistrados tem admitido o parcelamento, mesmo sem a manifestação do exequente – também por força do inquisitivo que impera na execução trabalhista(878, CLT) – tendo em vista que, na prática, o recebimento imediato de 30% acrescido de seis parcelas mensais significar um meio mais eficaz e rápido quando comparado com os meios de coerção disponíveis, permitindo um equilíbrio entre os princípios da execução, o da primazia do exequente e do meio menos gravoso ao executado. O Incidente da desconsideração da personalidade jurídica no novo CPC Com a vigência da lei 13.105/2015 – Novo Código de Processo Civil – editou-se norma processual com o objetivo de regular o “incidente” de desconsideração da personalidade jurídica, através dos artigos 133 a 137 do referido diploma legal. Tal regulamentação atende a muitas vozes doutrinárias que criticavam a ausência de previsão legal que viesse a garantir aos sócios “descobertos” a garantia do contraditório, preconizado como direito fundamental da ciência processual (art. 5º, LV da Constituição Federal de 1988). Dias antes da entrada em vigor do NCPC o c. TST editou a IN 39/2016 entendendo, diversamente da imensa maioria da doutrina, pela compatibilidade do incidente com a processualística trabalhista. O cabimento ou não de tal incidência na seara trabalhista passa necessariamente pela análise do artigo 769 da CLT, o qual permite a adoção de normas comuns ao processo do trabalho desde que preenchidos os seguintes pressupostos: a) lacuna na norma trabalhista; b) compatibilidade entre a norma comum e as normas trabalhistas. Fatídico reconhecer-se a ausência de norma na seara laboral sobre a matéria, aliás, a ausência de procedimentos acerca da forma como se realizar a desconsideração era geral, não havendo qualquer regramento até a regulamentação processual em estudo. Feito esse registro, a discussão acerca da aplicação do incidente de desconsideração da personalidade jurídica do CPC ao Processo do Trabalho parece que fica restrita ao segundo requisito do artigo 769, CLT, qual seja a compatibilidade com os dispositivos trabalhistas. Duas teorias são utilizadas para a fundamentação da desconsideração da personalidade jurídica. A primeira, conhecida por maior ou subjetiva, está esteirada na previsão contida principalmente no artigo 50 do CC, assim disposto:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

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A segunda teoria, conhecida por menor ou objetiva está fincada apenas na inadimplência da pessoa jurídica, constatada primordialmente pela ausência de indicação de bens passíveis de penhora (art. 880, CLT) e, na sequência, pela ausência de valores disponíveis quando da materialização da penhora on line. Tal teoria encontra-se esteirada, principalmente no artigo 28, caput e §5º do CDC. Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

§ 1° (Vetado). § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

A adoção da teoria menor ou objetiva se justifica pelo princípio motriz na seara trabalhista, qual seja, o princípio da proteção, na medida em que também no processo trabalhista, o empregado é hipossuficiente na relação de emprego. Diante dessa realidade, vislumbra-se, sem maior esforço, a primeira razão para se conceber a inaplicação do incidente na seara trabalhista, qual seja, a ausência de objeto. Vejamos, na processual cível, o objetivo da instauração do incidente é demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais autorizadores para a desconsideração. Na seara trabalhista, pela adoção da teoria menor, bastará a constatação de inadimplência, o que se evidencia, nos termos acima expostos, sendo descabida a instauração do procedimento para provar a inadimplência, visto que restou evidenciada pelo malogro da penhora on line e presumida pela ausência de indicação de bens passíveis de penhora. Mas não é só, outra incompatibilidade inconciliável é a suspensão processual prevista no §3º do artigo 134, NCPC, o que fulminaria outro princípio dessa Especializada, qual seja, a celeridade processual e consequentemente a garantia constitucional de duração razoável do processo(art. 5º, LXXXV, CF). A nosso sentir, esses são dois pontos cruciais, mas frise-se também a ausência de previsão para a instauração do incidente pelo Juiz, no caso da execução trabalhista, o impulsionador da execução(art. 878, CLT), o que para alguns doutrinadores significaria vedação implícita à desconsideração de ofício.2 Permanece, no entanto, as questões levantadas pelos sócios atinentes à inobservância do contraditório e ampla defesa. Diante de tais questões, ponderamos que o contraditório não está sendo suprimido, mas postergado para momento posterior à penhora, como Juízo já garantido, através de defesa típica, prevista na CLT para tal fase, qual seja, os embargos à execução, cabendo, ainda, diante da nova sistemática do NCPC também através de embargos de Terceiros. Justifica-se tal postergação como sendo parte do risco do empreendimento a ser assumido pelo sócio – com seu patrimônio pessoal – e não pelo empregado, hipossuficiente nessa relação.

2 KLIPPEL, Rodrigo. CPC – Repercussões no processo do trabalho/coordenação de Carlos Henrique Bezerra Leite – 2 ed. – São Paulo: Saraiva. 2017. Pág.73.

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De toda sorte, reconhece-se que tal situação ainda terá grandes desdobramentos na seara trabalhista, mormente no que se refere à questão recursal, independentemente de garantia do Juízo, como previsto expressamente na IN 39/2016 do c. TST., em seu artigo 6º. Diante de toda a resistência adotada pelo intérprete da lei, o legislador trouxe para a seara trabalhista, através da reforma(lei 13.467/2017) o artigo 855 A, in verbis:

Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 – Código de Processo Civil. § 1º Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente: I – na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1º do art. 893 desta Consolidação; II – na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de garantia do juízo; III – cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente no tribunal. § 2º A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).

Assim, a partir da vigência da reforma trabalhista a não aplicação dos artigos 133 a 137 do CPC não parece mais ser uma opção do julgador.

Natureza Jurídica - embora conhecido como defesa do Réu os embargos a execução não são contestação. Perfil : AÇÃO CONSTITUTIVA, incidente na EXECUÇÃO. Classificação: a) DIREITO DE EXECUÇÃO – se opõe diretamente às pretensões do credor – PAGAMENTO, NOVAÇÃO, PRESCRIÇÃO E ETC. b) ATOS DE EXECUÇÃO - contesta a regularidade formal dos títulos, da citação – b.1) EMBARGOS DE ORDEM ( anulação do título) e b.2) EMBARGOS ELISIVOS, SUPRESSIVOS OU MODIFICATIVOS- impenhorabilidade, benefício de ordem, excesso da penhora, a litispendência e direito de retenção. Legitimidade: ativa – DEVEDOR ( sentença condenatória com TJ) + espólio os herdeiros e sucessores do devedor, fiador judicial e massa falida. Competência – o juízo que emitiu a sentença exequenda. Embargos por Carta Precatória - embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou deprecado, todavia, a competência para julgá-los será no Juízo deprecante, salvo se versarem única e exclusivamente sobre vícios ou defeitos na penhora, avaliação ou expropriação de bens ( exceção), hipótese que caberá ao Juízo deprecado. Prazo – cinco dias Fazenda –30 dias Na execução por carta conta-se a partir da intimação da penhora e não da juntada da precatória nos autos. Vários devedores – o prazo é individual. Garantia do Juízo - art. 884, caput, da CLT- INTEGRAL ( VALOR INCONTROVERSO EM DINHEIRO + CARTA FIANÇA OU SEGURO, sobretudo diante da reforma trabalhistas – art. 882 da CLT ( problema prazo dessa garantia e impossibilidade de levantamento do valor incontroverso). Efeito suspensivo – embargos forem parciais, quanto a outra parte continua. Indeferimento liminar: apresentado fora do prazo; não estabelecidos no at. 884, § 1º da CLT ou art. 741 do CPC, prescrição; inépcia, parte ilegítima. Inviável a revelia e reconvenção. Recurso – AGRAVO DE PETIÇÃO

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1. Defesas atípicas do devedor no processo do trabalho

Reforçando o sentido da diretriz adotada no presente trabalho, têm-se por defesa típica aquela prevista na legislação(trabalhista) de forma específica para a execução, no caso, a figura dos embargos, analisada acima. Como defesas atípicas remanescem aquelas não previstas na legislação(construção doutrinária) e aquelas que, reconhecidas no ordenamento jurídico não dizem respeito somente à fase de execução, configurando verdadeiro alargamento de suas funções originais.

Nas palavras do jurista Wolney de Macedo Cordeiro: O andamento do procedimento executório pode implicar a inserção de terceiros não integrantes da relação processual primitiva; envolver a constrição patrimonial de pessoas alheias ao universo processual; revelar vícios fundamentais nos títulos executivos; entre outros incidentes. Essa diversidade de situações resulta, por óbvio, na diversificação dos incidentes, nem sempre abrangidos pelas formas tradicionais de defesa do réu.

Acresça-se a tal realidade, a impossibilidade, na seara laboral, de se recorrer das decisões interlocutórias(893,§1º, CLT), o que, não raras vezes, faz do mandado de segurança o único meio processual apto a permitir a “revisão” de determinadas decisões interlocutórias. Analogicamente, cite-se também a questão dos embargos de terceiros, os quais são ação autônoma de natureza cognitiva, mas na realidade do processo do trabalho acabam por funcionar como forma de proteger o interesse do terceiro atingido pelos atos executórios. Das várias formas de defesa atípicas, nos ateremos à exceção de pré-executividade(objeção de pré-executividade) e aos embargos de terceiros, cabendo salientar a existência de outros, como o mandado de segurança e ações autônomas constitutivas, as quais permitem ao executado impugnar determinados atos processuais, mormente por não mais existir a figura típica dos embargos à arrematação e embargos à adjudicação. Exceção de pré-executividade – Objeção de pré-executividade As dificuldades relacionadas à temática da exceção de pré-executividade não são novas, e tem início na sua própria designação, para alguns, exceção, outros, objeção e, ainda uns outros, incidente. Já de pronto, verificam-se as dificuldades afetas ao instituto. Cite-se a seguinte ponderação3:

Inicialmente, não pode ser visto como uma verdadeira exceção, pois não existe a garantia prévia do manejo do instituto para a expressão do direito de defesa do devedor. Tampouco pode ser concebido com uma objeção, tendo em vista que não se prestar exclusivamente para o enfrentamento de questões de ordem pública. Tampouco, pode ser vista como um incidente, em face da impossibilidade de se permitir a suspensão do curso do processo executivo com a finalidade de declarar a existência ou inexistência de qualquer relação jurídica.

Diante das dificuldades de se conceituar tal meio de defesa, citamos a seguinte4: instituto, sem categorização autônoma, destinado a impedir o processamento de execuções que não reúnem os

3 CORDEIRO, Wolney de Macedo. Execução no processo do Trabalho – 2 ed. Ver, e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, pág. 426. 4 CORDEIRO, Wolney de Macedo. Execução no processo do Trabalho – 2 ed. Ver, e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, pág. 426.

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pressupostos de admissibilidade, mediante provocação de cognição exauriente do juízo executório, independentemente de qualquer garantia do juízo. O objetivo, claro, desse meio de defesa é, de plano, impedir a continuidade da execução deflagrada, evitando-se que o patrimônio do executado venha a sofrer qualquer dano ou limitação. Provoca-se, em sede de execução, a atividade cognitiva do Julgador, o que é possível, mas não ocorre ordinariamente, devendo o vício apontado ser inequívoco, e, ainda, prescindir de dilação probatória, uma vez que a atividade judicial, nesse sentido direcionar-se-á para a análise dos pressupostos para a continuidade da tutela de execução. Cabimento e função da exceção de pré-executividade na execução trabalhista O instituto da exceção de pré-executividade se consubstancia numa construção doutrinária e jurisprudencial no sentido de possibilitar ao executado suscitar, independentemente de garantia prévia do juízo, matérias insertas em normas de ordem pública, dado o poder-dever de o juiz conhecer de ofício sobre estas questões, conforme se extrai do CPC, art. 771, parágrafo único c/c art. 337, § 5º, aplicáveis subsidiariamente à execução trabalhista (CLT, art. 889, c/c Lei n. 6.830/80, art. 1º). Essa ideia de vincular as matérias arguíveis pela via da exceção de pré-executividade à matérias cognoscíveis de ofício é forte entre a doutrina, mas também há visões que incluem nessas possibilidades os erros grosseiros nos cálculos de liquidação, diante da ideia de que erro de cálculo não passa em julgado. Numa tentativa de materializar o que seria o erro de cálculo, podemos citar que os erros de cálculos são aqueles frutos dos equívocos nas 04 contas básicas da matemática, mas também quando da quantificação do julgado, inclui-se rubrica não deferida ou num outro viés, não se apura rubrica deferida e, por derradeiro, apura-se rubrica diversa da deferida na coisa julgada. Tudo isso porque a legislação proíbe a alteração da coisa julgada na sede de liquidação do julgado(art. 879,§1º), assim, estaria o Julgado, em última análise, atuando em defesa da prestação jurisdicional executiva, materializando, também dever de ofício. De forma resumida, podemos afirmar que a matéria suscitada pelo executado através da exceção de pré-executividade deverá ser de ordem pública, ou ainda, incontroversa, em relação à sua existência, dispensando qualquer dilação probatória. Procedimento da exceção de pré-executividade e natureza da decisão que a resolve A exceção de pré-executividade tem início com uma simples petição a ser manejada pelo devedor, ou mesmo por terceiro interessado no trâmite executório. Não há, portanto, formalidades intrínsecas na formulação da objeção, por absoluta falta de previsão legal. É suficiente que o interessado manifeste seu inconformismo de maneira fundamentada, requerendo, se for o caso, a extinção da execução ou reformulação de determinado ato processual. O ajuizamento da exceção de pré-executividade, obviamente, não apresenta efeito suspensivo ope legis, até porque o instituto não é reconhecido pela norma processual. No entanto, a mera provocação do juiz, em relação à apreciação de uma postulação do devedor, impossibilitará a prática de atos de execução até que a questão seja inteiramente resolvida. Inexiste prazo para a provação do Juiz, pois o interessado poderá apontar o vício a qualquer tempo. Recebida a exceção e, sendo esta, manifestamente improcedente, deverá ser rejeitada liminarmente, sem necessidade de estabelecer-se o contraditório. Noutro viés, uma vez verificada a possibilidade de sucesso da exceção, o exequente deverá ser notificado para, querendo, exercer o contraditório, a fim de se garantir o devido processo legal, art. 5º, LIV, CF. Não é simples o estabelecimento da natureza da decisão que resolve a exceção de pré-executividade. Observe-se que o juiz poderá acolher ou rejeitar a exceção, variando a característica da decisão de conformidade com o resultado imposto pela autoridade judiciária. Nessa perspectiva, essa decisão ostentará um caráter verdadeiramente híbrido, podendo ser uma decisão interlocutória ou uma sentença, a depender o resultado final. A decisão que rejeita a exceção de pré-executividade sempre ostentará o caráter interlocutório, pois a matéria suscitada pelo devedor poderá ser renovada por intermédio dos embargos à

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execução. Nesse caso, incontestável a natureza de decisão interlocutória, bem como a absoluta impossibilidade de apresentação de agravo de petição, nos termos da CLT, art. 893, § 1°. Neste sentido a s. 34 deste Regional, in verbis:

Exceção de pré-executividade rejeitada. Decisão interlocutória. Agravo de petição. Não conhecimento. O ato jurisdicional que rejeita exceção de pré-executividade tem natureza interlocutória, razão pela qual, consoante o artigo 893, § 1º, da CLT, somente poderá ser impugnado em recurso da decisão definitiva

O acolhimento da exceção poderá resultar em uma sentença ou uma decisão interlocutória, a depender do alcance conferido pelo juiz. Tratando-se de correção de um determinado ato da liquidação ou da execução, a decisão será portadora de caráter nitidamente interlocutório. Assim, quando o juiz, ao verificar que os cálculos de liquidação contemplam erros grosseiros, acolhe a exceção de pré-executividade e manda refazer a conta, haverá uma decisão interlocutória em desfavor do credor, não sendo passível de recurso de forma imediata. Por outro lado, o acolhimento poderá incidir sobre ato processual, como por exemplo, a decisão que anula a penhora determinada pelo juízo. Nesse caso, embora o comando jurisdicional tenha natureza de decisão interlocutória, poderá o credor manejar o agravo de petição, pois não disporia de nenhum meio impugnativo próprio para se insurgir contra a decisão. A recorribilidade da decisão será mensurada a partir da existência ou não de meio impugnativo próprio para o devedor. Finalmente, o acolhimento da exceção de pré-executividade se consubstanciará em uma sentença quando implicar a extinção da execução. Essa extinção da relação processual executiva pode ser determinada por força de causa que extinga também a obrigação exequente. Nesse caso, a decisão ostentará a condição de sentença definitiva (NCPC, art. 487, I e 11), pois impedirá que o credor renove a pretensão executiva. Nada obsta, por outro lado, que a sentença que acolhe a exceção de pré-executividade seja de caráter meramente terminativo, nos termos do NCPC, art. 485, I-VI. Nesse caso, o acolhimento da objeção não impedirá que o credor apresente nova pretensão executiva, obviamente escoimada dos vícios apontados no incidente. Assim, por exemplo, a decisão que a acolhe a alegação de manifesta ilegitimidade na tutela de execução será uma sentença meramente terminativa, pois permitirá a continuidade da atividade executória contra outras pessoas não afastadas pela decisão. Independentemente de se tratar de sentença terminativa ou definitiva, o credor poderá manejar o agravo de petição com a finalidade de discutir das razões de decidir do juízo executório. EXCEÇÃO DE PRÉ EXECUTIVIDADE

1) Aplicação no processo do trabalho 2) Significa objeção – via excepcional 3) Sem garantia do Juízo x pois esta é um obstáculo á justa defesa do devedor; 4) Matéria conhecida de ofício – MERA PETIÇÃO – nulidade do título, pagamento da dívida,

ilegitimidade passiva, prescrição intercorrente, novação, incompetência do Juízo, inexigibilidade de título ( coisa julgada inconstitucional);

5) Prazo para interposição: desde do início da LIQUIDAÇÃO até oferecimento de embargos ATENÇÃO: NÃO SUSPENDE O PRAZO PARA EMBARGOS A EXECUÇÃO

6) FAZENDA PÚBLICA – não é prático, pois para EE não precisa da garantia ( 30 dias MP1984/16-00 e Lei 9494/97

7) EXCEÇÃO – REJEITADA – decisão interlocutória – MANDADO DE SEGURANÇA 8) EXCEÇÃO – ACOLHIDA – põe fim a fase de execução – AGRAVO DE PETIÇÃO

Embargos de terceiros

Os embargos de terceiro representam uma forma de defesa atípica na execução largamente usada no processo do trabalho. Apresenta o caráter de atipicidade por se tratar de ação autônoma de cognição que tem por objetivo a preservação do direito de propriedade ou a posse, visando impedir ou

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desfazer constrição judicial indevida. Embora seja usado de maneira intensa no âmbito da tutela executiva, o escopo dos embargos de terceiro não se prende exclusivamente àquela fase processual.

Com o Novo Código de Processo Civil não houve alteração substancial, mas algumas situações foram conformadas à Jurisprudência já consolidada sob a égide do CPC de 1973.

O uso dos embargos de terceiro na seara trabalhista dar-se-á preponderantemente nos limites da tutela de execução. Mesmo assim, torna-se necessária a contextualização e adaptação procedimental do instituto à realidade do direito processual do trabalho.

Tentaremos tratar o tema a partir dos legitimados e dos procedimentos cabíveis. Terceiro é o sujeito que não poderia ter tido o seu bem ou direito afetado juridicamente pela

constrição judicial de feito cujo objeto lhe é estranho. Seria a hipótese do terceiro típico. Cite-se, em especial, o entendimento consubstanciado na S. 84 do c. STJ:

É ADMISSIVEL A OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO FUNDADOS EM ALEGAÇÃO DE POSSE ADVINDA DO COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMOVEL, AINDA QUE DESPROVIDO DO REGISTRO

Este Regional firmou entendimento através da s. 44, in verbis: Embargos de terceiro. Ilegitimidade. Aquele que, mediante citação válida, vem a integrar o polo passivo da demanda, em sede de execução, ainda que não figure como parte na fase cognitiva, não tem legitimidade ativa para ajuizar embargos de terceiro.

Veremos, mais adiante, que tal entendimento deverá sofrer alteração diante da previsão do inciso III do artigo 674 do NCPC., que inovou ao garantir ao executado, responsabilizado em razão do incidente de desconsideração da personalidade jurídica da qual não participou. Vamos aos legitimados em espécie.

1.1 Legitimação do cônjuge ou companheiro na defesa de patrimônio próprio ou meação(674,§2º,I) Prestam-se os embargos de terceiros para a defesa do patrimônio do cônjuge ou do companheiro na hipótese de união estável. Trata-se do uso do remédio processual destinado a preservar o acervo patrimonial do integrante da sociedade conjugal da constrição realizada na execução laboral. A natureza privilegiadíssima do crédito trabalhista não é suficiente para suplantar o regime patrimonial decorrente da relação conjugal, sendo facultado ao cônjuge ou companheiro o uso do remédio processual para a defesa dos seus bens. A possibilidade do uso dos embargos de terceiro pressupõe que o cônjuge ou companheiro não integre primariamente o título executivo, pois, nessa situação, desaparece a condição de terceiro e a respectiva legitimidade para manejar o instituto. A proteção da meação pode ser feita com o isolamento do bem respectivo sujeito à penhora, quando for possível a cômoda divisão. Tratando-se de bens indivisíveis, a proteção a ser perseguida nos embargos de terceiro consistirá na reserva da parcela patrimonial correspondente ao respectivo cônjuge ou companheiro (NCPC, art. 843, caput).

9.2 Legitimação do terceiro adquirente do bem alienado em fraude à execução (674,§2º,II) O ajuizamento dos embargos de terceiro, nessa hipótese, tem por finalidade preservar o direito do adquirente e não impede que o próprio devedor, por intermédio dos embargos à execução (CLT, art. 884), também conteste os efeitos da decretação de fraude de execução. Os remédios jurídicos não se excluem, todavia são conexos e devem ser julgados de forma conjunta, nos termos do NCPC, art. 55, § 1º. O objetivo preponderante da nova norma estabelecida é o de assegurar o contraditório para o terceiro prejudicado na decretação da fraude de execução e não de imunizá-lo dos seus efeitos. Neste ponto, cabe ponderar acerca da interpretação dada pelo c. STJ, apontando dois elementos essências na caracterização da fraude à execução, e, por conseguinte, a ineficácia de efeitos do negócio jurídico no que tange ao exequente, nos termos da s. 375, in verbis:

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O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente

O requisito objetivo seria o registro da penhora (óbvio, no que concerne a bens passíveis de registro), o outro elemento(subjetivo) seria o ânimo de fraudar(Consilium fraudis).

9.3 Legitimação do terceiro que sofre constrição judicial de seus bens por força da desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente, não fez parte(674,§2º,III)

Como já delineado acima, a condição de terceiro – legitimado ativo para a propositura da ação cognitiva – vai depender da instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica e da participação desse sócio no incidente, ou pelo menos, da sua ciência acerca do incidente. Se o incidente não foi instaurado(veremos essa possibilidade em momento oportuno), restará legitimado o mencionado sócio, o que implicaria em revisão da s. 44 desse Regional.

9.4 Legitimação do credor com garantia real (674,§2º,IV) Importante frisar que a previsão legal deixa claro que, apenas obterá tal legitimidade o terceiro com garantia real, acaso não tenha sido intimado acera dos atos expropriatórios, o que sendo feito lhe permitirá a manifestação nos próprios autos, afastando a legitimidade ativa para a propositura dos embargos de terceiros. Para boa parta da doutrina laborista, a garantia real sobre o bem não se sobrepõe ao crédito trabalhista privilegiadíssimo (art. 30 da lei 6830/80 e 186 do CTN), restando ao credor hipotecário apenas privilégio em caso de “sobras” na alienação forçada do bem(arts. 1422 1499,VI, 1501, do CC). Prazo e Procedimentos para o manejo dos embargos de terceiros O prazo para ajuizamento dos embargos de terceiro é fixado no NCPC, art. 675 de forma extremamente elástica, pois é possível o seu manejo durante todo o procedimento executório e até cinco dias após a lavratura do auto de adjudicação, de alienação por iniciativa particular ou de arrematação. Estabelece, entretanto, a norma que sempre serão intempestivos os embargos interpostos após a lavratura das cartas de adjudicação, arrematação ou alienação. Problemas de ordem prática podem surgir no cotidiano para a fixação do prazo legal, visto que a legislação não considera a ciência do terceiro, mas a prática de determinado ato expropriatório que possibilita a regularização da propriedade. Segundo preleciona Wolney de Macedo Cordeiro: “O alcance ideal para a referida norma deveria considerar não a conclusão da expropriação como termo final para o ajuizamento dos embargos, mas sim a efetiva ciência do terceiro na prática do ato. Na realidade, não existe uma garantia de publicidade para a constrição do patrimônio de terceiro, que poderá desconhecer a penhora, mesmo quando ela é registrada no cartório imobiliário. De toda forma, não se admite, no plano jurisprudencial trabalhista, o alargamento do prazo para o manejo dos embargos de terceiro após o quinquídio legal.” Quanto ao procedimento, os embargos de terceiro são interpostos mediante petição escrita e são dirigidos ao juízo que determinou a constrição legal a ser impugnada. A competência funcional é, portanto, fixada a partir da prática do ato processual que afetou a posse ou a propriedade do terceiro, sendo esse o único critério determinante previsto na legislação processual. A petição inicial deve vir acompanhada de prova documental hábil a demonstrar o direito de propriedade, ou mesmo a posse, que o terceiro seria titular. A falta de juntada desses documentos implica a extinção do processo sem resolução do mérito, acaso não seja sanado tal vício. Recebida a petição inicial, o juiz verificará a existência de prova sumária da propriedade ou da posse, podendo determinar a suspensão dos atos executivos até o julgamento dos embargos (NCPC, art. 677, caput) ou mesmo determinar a realização de audiência preliminar para a demonstração da posse (NCPC,

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art. 677, § 1°). De toda forma, ao contrário da regulação anterior, o mero ajuizamento dos embargos de terceiro não gera a suspensão do curso da execução. Suspensa ou não a atividade executiva, serão citados o exequente e o executado, que comporão o polo passivo da relação processual dos embargos de terceiro (NCPC, art. 677, §§ 3° e 4°). O prazo para a contestação das partes é de quinze dias, nos termos do NCPC, art. 679, seguindo-se, se for o caso, a instrução do processo com a inquirição das partes e a oitiva de testemunhas. Finda a instrução, o juiz procederá ao julgamento dos embargos de terceiro. Tratando-se de embargos de natureza trabalhista, em face do caráter privilegiadíssimo do crédito laboral, não são aplicáveis as restrições de defesa inseridas no NCPC, art. 680. Os embargos de terceiros serão julgados por intermédio de uma sentença. No caso de procedência da postulação do embargante, os bens do terceiro serão liberados da constrição realizada, e não mais poderão ser responsabilizados pela execução. Na hipótese de improcedência da postulação, a execução seguirá seu curso normal até a fase de expropriação. Em qualquer caso, a sentença dos embargos de terceiro poderá ser impugnada por intermédio do agravo de petição (CLT, art. 879, a), muito embora a ação tenha natureza de cognição. A doutrina, ao longo do tempo, apresentou algumas objeções ao uso do agravo de petição na hipótese, mas hoje em dia não pairam mais dúvidas quanto ao seu cabimento. Mesmo assim, pela aplicação do princípio recursal da fungibilidade, tem se conhecido o recurso ordinário, eventualmente interposto, como agravo de petição. EMBARGOS DE TERCEIRO

Terceiro – é a pessoa que, sendo ou não parte na fase de execução, defende bens que em decorrência do título adquirido ou da qualidade em que os possui, não podem ser objeto de apreensão judicial. Atenção o terceiro não pode utilizar os embargos de devedor, sob pena de ser carecedor de ação. Natureza jurídica: carga constitutiva, pois visa a desconstituir ato de jurisdição que está molestando a posse do legitimado, fazendo com que a situação retorne ao status quo antes da apreensão judicial. Pressupostos – lesão da posse ou iminente possibilidade da lesão (preventivo ou repressivo - turbação ou esbulho). Distribuição – por dependência – art. 1049 CONEXÃO, autos distintos, perante o juiz que ordenou o apresamento ( penhora) - AÇÃO AUTONOMA DE CARÁTER INCIDENTAL DE CONTEÚDO CONSIGNITIVO, geralmente efeito suspensivo – conhecimento pelo juiz deprecado. Recurso - RO ou AP RO - AÇÃO AUTONOMA DE CARÁTER INCIDENTAL DE CONTEÚDO CONSIGNITIVO, podendo inclusive ter sido designado audiência para provas ou para justificação da posse turbada ou esbulhada. – entendimento com ideia da possibilidade do recurso de Revista MAT - art. 897, a CLT - AP verificamos o pronunciamento jurisdicional emitido e em que fase se encontra – EXECUÇÃO – todavia, a única possibilidade de recurso ao TST, pronunciamento jurisdicional acarretar ofensa direta e literal à norma constitucional, pensar em RO, seria o retardamento da satisfação dos direitos do credor soberanamente abrigados no titulo executivo. Fere o princípio da efetividade. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS: Sempre a empresa responde pelos empregados, havendo a responsabilidade do sócio, quando:

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1) Gestão dolosa ou culposa – responsabilidade solidária; 2) Esgotamento da capacidade econômica da empresa – RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA –

ordem de preferência, para os responsáveis por ato de gestão 3) SÓCIO – precedida de comunicação de prazo para indicação de bens da Ré e em caso negativo,

prazo para garantia e embargos; 4) Sobrevindo a constrição de bens do sócio, havendo comprovação da existência de bens da

empresa – IMEDIATA LIBERAÇÃO 5) SÓCIO – SEMPRE ATUAL – RESPINDE ATÉ DOIS ANOS DE SUA RETIRADA - art. 1032 do

CC, sócio antigo limitado os da época do contrato de emprego do obreiro EXCETO FRAUDE NO TRANSPASSE COMPROVADA.

6) SÓCIO NÃO PRECISA TER PARTICIPADO DA FASE DE CONHECIMENTO, GRUPO ECONMICO – cancelamento da súmula 205.

7) DESCONSIDERAÇÃO DA PERSPONALIDADE JURIDICA MATÉRIA RELACIONADA A REFORMA TRABALHISTA ART. 10 – A DA CLT O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente nas ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência:

1- A empresa devedora; 2- Os sócios atuais; 3- Sócios retirantes.

Parágrafo único – O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando comprovada a fraude na alteração societária decorrentes da modificação do contrato. Tal entendimento teve com base a segurança jurídica e regra prevista no artigo 1003 do CC, quanto ao prazo de dois anos da manutenção da responsabilidade do sócio retirante. Ocorre que a reforma trabalhista de 2017, adotou o entendimento de que os dois anos se calculam entre a data da saída do sócio e o ajuizamento da demanda. Ou seja, contanto que a ação tenha sido ajuizada, o sócio pode ser responsabilizado por uma tempo muito superior aos entendimento anteriores, podendo ficar responsável por dez, vinte anos dependendo da fase de conhecimento/ liquidação e acertamento de execução. Era mais benéfico o entendimento de contagem de dois anos da sua inclusão no polo passivo após a desconsideração da personalidade jurídica ou de seu mandado de citação, penhora e avaliação. Agora ficará vinculada a um processo que ode desconhecer de forma integral. O esgotamento do patrimônio da sociedade não é nada inovadora já era praticado na Justiça do Trabalho. O sócio assim, tem responsabilidade subsidiária e responsável apenas pelas dividas anteriores ao seu desligamento. EX; sócio saída em 2017, devidamente averbada só responderá pelas dívidas de sua co- responsabilização, ou seja, dívida futura 2018, não responderá, exceto em caso de fraude. ATENÇAO: CONTAGEM DE DOIS ANOS APÓS A AVERBAÇÃO - princípio da publicidade a terceiro. Embora tratado no Congresso como BLINDAGEM, na realidade foi mais benéfico ao trabalhador. SITUAÇÕES PRÁTICAS: CT – período de 2009 a 2017.

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1) SOCIO RETIRANTE DE “ FATO” – ou seja, ainda que tenha um contrato de compra e venda sem averbação ( denominado de contrato de gaveta) – sem qualquer eficácia para o trabalhador. Saída do sócio em 2012- sem averbação responderá por todo o contrato.

2) Ajuizamento de ação trabalhista em março de 2016, sócio retirante em janeiro de 2016, sua responsabilização até janeiro de 2018, ainda, que o processo demore até 2023 o sócio responderá, posto o que importa é o ajuizamento da ação e não sua devida tramitação.

3) Atenção: NOVOS SÓCIOS - responde por todas as dívidas da sociedade – art. 1025, CC. Quando averbar a saída a saída o futuro não responde.

4) Problema a configuração da fraude : as vezes com os documentos não há como comprovar a fraude, dependendo da análise, de instrução com prova a fim, de demonstrar sócios laranjas e até mesmo a alteração contratual com o mesmo sócio de fato gerindo a empresa em nome de terceiro.

DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA – ART. 855 –A, da CLT - aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica previstos nos arts. 133 a 137 do CPC. Parágrafo primeiro : Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente: I – na fase de cognição, que não cabe recurso de imediato, na forma do parágrafo primeiro do art. 893 da CLT; II – na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente da garantia do Juízo; III – cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originalmente no tribunal. PARÁGRAFO SEGUNDO: A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo da concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301. Problema sério – a necessidade de instauração de tal incidente de desconsideração da personalidade jurídica. IN 39 do TST já sinalizava neste sentido. Vamos voltar com a tese remota de participação do sócio na fase de conhecimento para evitar incidentes. No CC – a pessoa jurídica não se confunde com a do sócio – art. 20 CC., tão pouco a sociedade comercial se confunde com os seus acionistas e administradores. Não obstante a lei determinar a responsabilidade patrimonial do sócio ( arts. 789 e 790, II, CPC) O primeiro diploma legal a tratar da desconsideração da personalidade jurídica: art. 10 da Lei 3708/90 – posteriormente o CTN – art. 135, atualmente o art. 28 do CDC e CC 2002 – art. 50. No processo do trabalho tem a possibilidade de ser efetuado de ofício independente de requerimento, mesmo sem qualquer participação no fase de conhecimento – o mesmo acontece com empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico ( cancelamento da súmula 205 do C. TST), sendo decisão meramente interlocutória fundamentada. Podendo o sócio indicar meios de prosseguir com a execução da sociedade ao invés de seu patrimônio particular. Ou seja, o novo CPC criou a figura de um incidente processual na figura de intervenção de terceiro ( já que estranho ao processo passa a figurar no mesmo), segundo palavras de Alexandre Câmara. O maior argumento da aplicação do NCPC no processo do trabalho é a questão da violação do contraditório, todavia, o sócio terceiro – tem postergado o seu direito ao contraditório para fase posterior a garantia do juízo, onde caberá os embargos de execução, podendo ser utilizado Mandado de Segurança e Exceção de pré-executividade para questionar uma desconsideração abusiva da personalidade jurídica. Outro problema grave a suspensão do feito em contramão com os princípios da celeridade e economia processuais.

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Finalidade: que os sócios “ descobertos” – não há garantia do contraditório. Teoria maior – necessidade de comprovação da manipulação fraudulenta ou abusividade do instituto/Subjetiva ou Teoria Menor/ Objetiva ( a segunda mera insolvência com redirecionamento, inclusive de ofício pelo juiz do trabalho, sócio com o contraditório postergado). Novo procedimento do processo civil veio atender aos requisitos do art. 50 do CC e art. 28 do CDC- possibilitando ao sócio a demonstração que não houve abuso da personalidade jurídica, desvio de finalidade e confusão patrimonial etc, com suspensão processual. O incidente será instaurado pela parte ou MP, o que já se mostra compatível com o processo do trabalho – diante do art. 878 da CLT a execução não poderá ser promovida de ofício. O sócio será citado para manifestar e requerer provas no prazo de 15 dias (qualquer tipo de prova/ depoimento pessoais/ testemunhal/ inclusive prova pericial) – ou seja, total falta de celeridade e efetividade. Já que o fator surpresa quando da desconsideração da personalidade jurídica é um dos motivos do sucesso de grande parte de incursões no patrimônio dos sócios da empresa executada. DESCONSIDERAÇÃO INVERSA – art. 133, parágrafo segundo do NCPC. Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica. Aspectos Jurisprudenciais Se o instituto da desconsideração da personalidade jurídica tem recebido crescente atenção por parte da doutrina jurídica, sobretudo a empresarial, ainda são raros os estudos sobre a teoria da desconsideração inversa da personalidade jurídica. A transferência de bens do sócio para a pessoa jurídica com o objetivo de fraudar interesses de terceiros, acobertando fraudes sob o manto da autonomia patrimonial é uma realidade que não pode ser desconsiderada pela doutrina e jurisprudência. Nesse sentido é a lição de Fábio Ulhoa Coelho: A fraude que a desconsideração invertida coíbe é, basicamente, o desvio de bens. O devedor transfere seus bens para a pessoa jurídica sobre a qual detém absoluto controle. Desse modo, continua a usufruí-los, apesar de não serem de sua propriedade, mas da pessoa jurídica controlada. Os seus credores, em principio, não podem responsabilizá-lo executando tais bens. [19] Em relação à jurisprudência, só recentemente nossos tribunais têm enfrentado a questão da possibilidade da desconsideração inversa da personalidade jurídica, delineando as hipóteses e abrangência de sua incidência. Em decisão recente, ao analisar um Recurso Especial, o STJ enfrentou a questão da possibilidade da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica de forma inversa: PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. ART. 50 DO CC/02. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INVERSA. POSSIBILIDADE. [...] III – A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio controlador. IV – Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine é combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios, o que pode ocorrer também nos casos em que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza na pessoa jurídica, conclui-se, de uma interpretação teleológica do

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art. 50 do CC/02, ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, conquanto preenchidos os requisitos previstos na norma. V – A desconsideração da personalidade jurídica configura-se como medida excepcional. Sua adoção somente é recomendada quando forem atendidos os pressupostos específicos relacionados com a fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/02. Somente se forem verificados os requisitos de sua incidência, poderá o juiz, no próprio processo de execução, “levantar o véu” da personalidade jurídica para que o ato de expropriação atinja os bens da empresa. VI – À luz das provas produzidas, a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição, entendeu, mediante minuciosa fundamentação, pela ocorrência de confusão patrimonial e abuso de direito por parte do recorrente, ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular. VII – Em conclusão, a r. decisão atacada, ao manter a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição, afigurou-se escorreita, merecendo assim ser mantida por seus próprios fundamentos. Recurso especial não provido. [20] Sinteticamente, a questão suscitada no Recurso Especial restringia-se à verificação da possibilidade de a regra contida no art. 50 do CC/2002 autorizar a aplicação do instituto da desconsideração inversa da personalidade jurídica. Da análise da Ementa, verifica-se o acolhimento da tese que possibilita a aplicação, ainda que de forma excepcional, da desconsideração inversa da personalidade jurídica, baseada em uma interpretação teleológica do art. 50 do CC/2002. Na decisão supracitada, a relatora, Ministra Nancy Andrighi ponderou que a mesma razão que acolhe a desconsideração da personalidade jurídica, também fundamenta a desconsideração inversa, qual seja, impedir a indevida utilização da personalidade jurídica pelos sócios. Destaque-se ainda, as seguintes razões: De início, impende ressaltar que a desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade jurídica propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio. Conquanto a consequência de sua aplicação seja inversa, sua razão de ser é a mesma da desconsideração da personalidade jurídica propriamente dita: combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios. Em sua forma inversa, mostra-se como um instrumento hábil para combater a prática de transferência de bens para a pessoa jurídica sobre o qual o devedor detém controle, evitando com isso a excussão de seu patrimônio pessoal. A interpretação literal do art. 50 do CC/02, de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos sócios em razão de dívidas da sociedade e não o inverso, não deve prevalecer. Há de se realizar uma exegese teleológica, finalística desse dispositivo, perquirindo os reais objetivos vislumbrados pelo legislador. Assim procedendo, verifica-se que a finalidade maior da disregard doctrine , contida no referido preceito legal, é combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios. A utilização indevida da personalidade jurídica da empresa pode, outrossim, compreender tanto a hipótese de o sócio esvaziar o patrimônio da pessoa jurídica para fraudar terceiros, quanto no caso de ele esvaziar o seu patrimônio pessoal, enquanto pessoa natural, e o integralizar na pessoa jurídica, ou seja, transferir seus bens ao ente societário, de modo a ocultá-los de terceiros. Ainda, em seu voto, a eminente Ministra esclarece que ao juiz cabe agir com especial cautela quando da aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, sobretudo em sua forma inversa. Tal cuidado deve-se ao fato de que a autonomia patrimonial entre o ente societário e a pessoa de seus sócios é importante fator de estimulo à criação de novos empreendimentos. Há total incompatibilidade com o processo do trabalho:

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Professora: Monique Caldeira

1) A necessidade da iniciativa da parte ( art. 133); hoje superado diante do art. 878 da CLT; 2) Previsão automática da suspensão; 3) Atribuição ao credor do ônus da prova quanto aos requisitos legais que autorizam a

desconsideração da personalidade jurídica; 4) Exigência do contraditório prévio 5) Previsão de Recurso Autônomo ( art. 136, parágrafo único)

ART . 133 A 137 DO CPC: ART 133- O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. Parágrafo primeiro: O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previsto em lei. Parágrafo segundo: Aplica-se o disposto neste Capítulo a hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. ART. 134 - O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. Parágrafo primeiro – A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as devidas anotações. Parágrafo segundo - Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipóteses em que será citado o sócio ou pessoa jurídica. Parágrafo terceiro- A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do parágrafo segundo. Parágrafo quarto - O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. ART. 135 – Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 ( quinze) dias. ART. 136 – Concluída a instauração, se necessário, o incidente será resolvido por decisão interlocutória. Parágrafo único – Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. ART. 137 – Acolhido o pedido de desconsideração, alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.