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1 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Curso de Física A CONSTRUÇÃO DA RELATIVIDADE ESPECIAL E DA RELATIVIDADE GERAL E SUAS VALIDAÇÕES EXPERIMENTAIS Autor: Guilherme Bastos Pinheiro Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo de Brito BRASÍLIA 2008

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA - ucb.brº2008/TCC06Guilherme.pdf · generalidades, em parece fundar-se principalmente a filosofia, como ... As leis de Newton foram bem fundamentadas

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UNIVERSIDADECATÓLICA DE

BRASÍLIA

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Curso de Física

A CONSTRUÇÃO DA RELATIVIDADE ESPECIAL E DA RELATIVIDADE GERAL E SUAS

VALIDAÇÕES EXPERIMENTAIS

Autor: Guilherme Bastos Pinheiro

Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo de Brito

BRASÍLIA 2008

GUILHERME BASTOS PINHEIRO

A CONSTRUÇÃO DA RELATIVIDADE ESPECIAL E DA RELATIVIDADE GERAL E SUAS VALIDAÇÕES EXPERIMENTAIS

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Católica de Brasília para obtenção do Grau de Licenciado em Física. Orientador: Dr. Paulo Eduardo de Brito

Brasília

Junho de 2008

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A CONSTRUÇÃO DA RELATIVIDADE ESPECIAL E GERAL E SUAS COMPROVAÇÕES EXPERIMENTAIS

RESUMO

O desenvolvimento da teoria da relatividade teve início no final do século XIX,

quando a experiência de Michelson e Morley obteve resultados conflitantes com a mecânica clássica. A partir de então as idéias newtonianas de propagação instantânea da luz, de espaço e de tempo absolutos, deram lugar a novas hipóteses que visaram explicar o motivo pelo qual a natureza não se comporta conforme a previsão da mecânica clássica. Com isso serão, apresentadas neste trabalho a evolução história da teoria relativística, iniciando com as idéias fundamentais de Isaac Newton contidas em sua obra: Principia (Princípios Matemáticos de Filosofia Natural) de 1686 e aperfeiçoadas por diversos físicos ao longo de 200 anos. Por fim serão expostas as novas hipóteses físicas propostas por Jules Henri Poincaré e aperfeiçoada por Albert Einstein que levaram a quebra do paradigma newtoniano. Em seguida as comprovações experimentais da relatividade especial e geral desde a primeira publicação em 1905, no famoso annus mirabilis.

Palavras-chave: Espaço, Tempo, Simultaneidade, Conservação do Momento linear,

Conservação da energia.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................1

2. A HERANÇA DE NEWTON.......................................................................................4

2.1 Espaço Absoluto.................................................................................................5

2.2 Tempo Absoluto..................................................................................................6

2.3 A Conservação da Energia e do Momento Linear...............................................6

2.4 O Éter.................................................................................................................7

2.5 A Gravitação.......................................................................................................8

2.6 O Sistema solar por Emanuel Kant.....................................................................9

2.7 O Sistema solar segundo Simon Pierre Laplace............................................... 10

3. O ESPAÇO E A GEOMETRIA................................................................................. 10

3.1 O Espaço Geométrico e o Espaço Representativo ........................................... 11

3.2 Espaço Visual, Tátil e Motor. ............................................................................ 11

3.3 O Mundo Não-Euclidiano ................................................................................. 12

3.4 O Espaço, o Tempo e a Força .......................................................................... 13

4. EXPERIÊNCIA DE MICHELSON E MORLEY......................................................... 15

5. O ANNUS MIRABILIS ............................................................................................. 18

5.1 Os Postulados.................................................................................................. 18

5.2 A Simultaneidade.............................................................................................. 19

5.3 A Dilatação do Tempo....................................................................................... 21

5.4 A Contração das Distâncias.............................................................................. 23

5.5 As Transformações de Lorentz ......................................................................... 24

5.6 Efeito Doppler Relativístico .............................................................................. 26

5.7 O Momento Relativístico e sua Conservação ................................................... 26

5.8 A nova interpretação para massa e energia...................................................... 29

6. O UNIVERSO DE MINKOWSKI.............................................................................. 30

7. O PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE GENERALIZADO ............................................. 33

7.1 A propagação da luz em um campo gravitacional ............................................. 34

7.2 A Ponderabilidade da Energia .......................................................................... 34

7.3 Encurvamento dos raios de luz no campo de gravidade................................... 37

7.4 Avanço do periélio de mercúrio ........................................................................ 38

8. AS VALIDAÇÕES EXPERIMENTAIS DA TEORIA RELATIVISTA............................ 40

8.1 O efeito Doppler-Fizeau ................................................................................... 41

8.2 A massa variável dos elétrons .......................................................................... 42

8.3 A relatividade e a mecânica quântica................................................................ 42

8.4 As validações da relatividade geral .................................................................. 43

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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 45

9. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................... 47

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1. INTRODUÇÃO

Por que estudar mecânica clássica se atualmente existe a física moderna? Esta

deve ser uma questão levantada por muitos estudantes quando iniciam o aprendizado

de física moderna. Contudo nada pode ser construído sem que primeiro se forme uma

base pela qual todo o entendimento possa ser analisado de maneira satisfatória e

conseqüentemente construtiva. Nesse estudo serão discutidas as principais idéias

sobre as obras de Isaac Newton (1643-1727), que perduraram por mais de duzentos

anos, desde 1687.

A física na época de Newton era conhecida como filosofia natural. Diversos

temas eram reunidos em artigos científicos, para a divulgação no meio acadêmico da

época. Com isso muitos dos conceitos sobre espaço, tempo, força, inércia, e

cinemática, já estavam bastante familiarizados no século XVII. Portanto estas idéias

foram bastante reforçadas, o que não deixou dúvidas sobre seus fundamentos ate o

século XIX.

Desta forma todas as observações foram colocadas de maneira que qualquer

filósofo ou geômetra da época não discordasse sobre estes fundamentos. Porém os

melhores experimentos do século XVIII não eram tão precisos como os realizados a

partir do século XIX. Por esse motivo quando os conceitos de espaço e tempo são

postos em discussão, muitos estudantes acreditam compreendê-los corretamente.

Mas isso não é verdadeiro. Tendo em vista que tais conceitos tornam-se de certa

maneira abstratos, quando levados aos demais referenciais: como o espaço vazio ou

corpos em movimento em altas velocidades. Uma análise cuidadosa deve ser feita

para compreender o sentido destas teorias.

As idéias propostas por Newton foram tão aceitas que se tornaram paradigmas

até o século XIX, embora algumas de suas propostas não concordaram com os

experimentos mais minuciosos, como por exemplo, os de Thomas Young (1773-1829)

em 1805. Young usando a dupla fenda observou um comportamento ondulatório da

luz; as propostas de Fresnell para o éter luminífero questionaram as idéias

newtonianas contidas em Óptica de 1704. Com isso à evolução dos experimentos

começaram a colocar em questionamento conceitos fortemente aceitos, e abrindo

novas possibilidades cujas hipóteses e as experiências poderiam revelar.

Idéias como a formação da matéria e suas diferenças, eram questionadas e

tratadas de diversas formas pelos físicos teóricos antes do século XX. Newton em

pleno século XVII comenta sobre a matéria de maneira filosófica “... entretanto, para

que não parecessem áridas, ilustrei-as com alguns escólios filosóficos, e versei sobre

generalidades, em parece fundar-se principalmente a filosofia, como sejam, a

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densidade e resistência dos corpos, os espaços vazios de corpos, bem como o

movimento da luz e dos sons”.

Newton usou a sua teoria dinâmica para exemplificar o conceito de inércia e

sistemas acelerados. Ele exemplificou o movimento com comparações cotidianas, que

poderiam ser feitas e comprovadas facilmente. Estas observações foram limitadas

devido a construção teórica de sua época, pois existiam hipóteses, mas faltavam às

experimentações adequadas para uma visão mais realista das características

peculiares dos corpos. Como pode ser visto no comentário em (1983, Os Pensadores,

p.21) principia, “Nos corpos vemos somente suas figuras e cores, ouvimos somente os

sons, tocamos somente suas superfícies exteriores, cheiramos somente os cheiros e

provamos os sabores; mas suas substâncias interiores não deverão ser conhecidas

nem por nossos sentidos, nem por qualquer ato reflexo de nossas mentes”.

A Óptica em pleno século XVII era vista de duas formas distintas: a corpuscular

e a ondulatória. Robert Hook (1635-1703), René Descartes (1596-1650) e Christian

Huygnes (1629-1695) eram defensores da ondulatória e buscavam explicações para o

comportamento da luz entre os copos e também no espaço interplanetário. Robert

Hook escreve sobre suas observações, onde afirma “A luz é produzida por vibrações

de um meio sutil e homogêneo e este movimento se propaga por impulso ou ondas

simples e de forma perpendicular à linha de propagação”.

Este meio de propagação da luz, baseado no éter aristotélico-cartesiano seria

posteriormente analisado por Poincaré, e mantid até a publicação dos trabalhos de

Albert Einstein, que descartou completamente o conceito de um espaço etéreo e

propôs a existência de um espaço vazio entre os planetas e os demais corpos

celestes.

Jules Henri Poincaré (1854-1912), já no final do século XIX, publica uma série de

artigos destinados às mais diversas áreas da física. Tratam primeiramente dos

conceitos mecânicos e geométricos antecessores a ele, os quais poderiam ser

substituídos de maneira tal que muitos fenômenos físicos passassem a ser vistos de

forma diferente, contudo não menos reais e possíveis.

Assim as idéias sobre a natureza do espaço são levantadas de forma que a

física poderia ser reformulada e aperfeiçoada; diferentemente da física clássica com

idéias muitas vezes baseadas em conceitos antropomórficos. Estes artigos foram

estudados por Albert Einstein (1879-1955) antes de 1905, e foram de suma

importância para a criação da relatividade especial. Einstein posteriormente chegou às

mesmas conclusões das hipóteses de Poincaré, porém indo além dessas quebrando

com o domínio newtoniano e com as idéias do éter aristotélico-cartesiano de mais de

200 anos.

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Esse novo conceito de relatividade não se tratava somente de uma teoria

inovadora baseada em uma série de hipóteses bem formuladas, antes de tudo deveria

explicava o universo de maneira mais clara e sucinta que as anteriores, e confirmadas

experimentalmente.

As mudanças de idéias seguiram uma disputa entre o velho e o novo de tal forma

que surgiram conflitos, vivenciados pelo próprio Newton em 1687, “Mas aqueles que

não compreendem suficientemente os princípios estabelecidos não perceberão de

modo algum a força das conseqüências, nem se desfarão dos preconceitos adquiridos

já muito antes”, e novamente por Poincaré no final do século XIX, “Mudar os conceitos

da ciência chega a ser mais difícil do que mudar os dogmas de uma religião”.

Por fim após as publicações de 1905 no famoso ano miraculoso, até 1916 na

publicação da relatividade geral, houve uma demora de mais de 15 anos até sua

aceitação no meio cientifico, ocorrendo em 1919 com as observações do eclipse solar.

Chamando a atenção do mundo todo para a nova teoria relativística e finalmente

abrindo as portas para um longo e produtivo século de confirmações, de conquistas

teórico-experimentais dos mais diversos campos da ciência.

2. A HERANÇA DE NEWTON

As leis de Newton foram bem fundamentadas pela contribuição de seus

antecessores; Galileu Galilei com a cinemática e o método científico, junto com René

Descartes, com sua filosofia baseada na matemática e experimentação. Segundo a

visão de Galileu, todo corpo em movimento possui uma velocidade relativa que pode

ser acrescentada ou diminuída conforme o referencial. Galileu percebeu que os corpos

se movimentam de maneira constante desde que estejam livres de forças resistivas,

assim propõe o principio da inércia junto com Descartes. A matemática e a observação

não deixaram dúvidas sobre esses princípios, tanto que Isaac Newton construiu uma

teoria que explicava o mundo mecânico de maneira simples e coesa.

Para isso Newton propõe três axiomas básicos que explicam as interações entre

os corpos. Em suas próprias palavras NEWTON (1983, Os Pensadores, p.14) afirma:

“Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar sue estado por forças impressas nele, (...) A mudança do movimento é proporcional à força motriz impressa, e se faz segundo a linha reta pela qual se imprime essa força, (...), a uma ação sempre se opõe uma reação igual, ou seja, as ações de dois corpos um sobre o outro são iguais e se dirigem as partes contrárias”.

Com essas palavras Isaac Newton deduz todos os movimentos e fenômenos

mecânicos no planeta e consegue expandir esse conceito para a lua e os demais

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planetas do sistema solar, que anteriormente eram tidos como o mundo “supralunar”

regidos por leis perfeitas que não eram as mesmas do mundo sublunar. Newton chega

à conclusão que o movimento é devido à inércia e a interação entre os corpos, seja

diretamente ou não, como é o caso da gravitação. Isso permite aos corpos

conservarem seus movimentos em torno do sol e manterem o equilíbrio de todo o

sistema solar.

2.1 Espaço absoluto

Para Newton, existe uma série de espaços distintos quando se observa o

movimento do próprio sistema, mas esse espaço relativo faz parte de um espaço

imutável e estável, onde, NEWTON (1983, Os Pensadores, p.8), afirma:

“O espaço é absoluto, por sua própria natureza sem nenhuma relação com algo externo, permanece sempre semelhante e imóvel; o relativo é certa medida ou dimensão móvel deste espaço, a qual nossos sentidos definem por sua situação relativamente aos corpos, e que a plebe emprega em vez do espaço imóvel, como é a dimensão do espaço subterrâneo, aéreo ou celeste definida por sua situação relativamente a terra...”.

Percebe-se com isso que a relatividade estava presente nos conceitos de Newton,

porém sua idéia principal sobre o espaço era, “O centro do sistema do mundo esta em

repouso”, logo tudo se move em torno desse espaço sem alterá-lo de nenhuma

maneira.

2.2 Tempo absoluto

Segue-se o raciocínio de Newton para o que era observável em sua época,

usando instrumentos que com pouca precisão de medida, como os usados por Galileu

na cinemática. NEWTON (1983 Os Pensadores, p.8), define o tempo como:

“O tempo, verdadeiro e matemático flui sempre igual por si mesmo e por sua natureza, sem relação com qualquer coisa externa, chamando-se como outro nome duração; o tempo relativo, aparente e vulgar é certa medida sensível e externa de duração por meio do movimento (seja exata, seja desigual), a qual vulgarmente se usa em vez do tempo verdadeiro, como é a hora, o dia, o mês, o ano”.

Assim afirma que apesar de conceitos astronômicos sobre o tempo e o movimento dos

corpos, esses jamais interferirão no fluxo do tempo, pois a duração e a permanência

das coisas são sempre as mesmas, quer os movimentos sejam rápidos ou lentos, ou

até mesmo nulos como Newton acreditava.

2.3 A conservação da energia e do momento linear

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Christian Huygens em 1669 observou que quando dois objetos em movimento

colidem como é o caso de duas bolas de aço, a soma das vis viva (força viva ou

energia cinética) de cada uma das bolas é a mesma antes e depois da colisão.

Um corpo após a colisão poderia ter sua velocidade diminuída enquanto que o

outro corpo teria sua velocidade aumentada. Como conseqüência, a soma das duas

vis viva seria sempre a mesma.

Segundo Christian Huygens (apud Ponczek e Rocha, 2002, p.97) “A soma dos

produtos da massa de cada corpo duro pelo quadrado da sua velocidade é sempre a

mesma antes e depois do encontro”.

Para Gottfried Wilhelm Von Leibniz (1646-1716) a verdadeira quantidade de

movimento deveria ter uma relação com o quadrado da velocidade e não como os

seguidores de René Descartes acreditavam.

Os choques para Descartes eram devidos uma quantidade de movimento criado

por Deus no início e se conservava. A idéia de momento para Descartes era tal que

(apud Ponczek e Rocha, 2002, p.93) “Se um corpo que se move encontra outro mais

forte que ele, não perde nada de seu movimento, e se encontra outro mais fraco, a

quem possa mover, perde de seu movimento aquilo que transmite ao outro”.

Estas observações de momento linear e energia foram definidas ao longo de 200 anos

e finalmente consolidadas no século XIX como leis fundamentais da natureza. A lei da

conservação da energia afirma que a energia não pode ser criada e nem destruída,

mas ela se transforma de um tipo em outra. Pode-se inferir que estavam estabelecidas

duas grandezas físicas de suma importância, a conservação da energia e a

conservação do momento linear.

2.4 O Éter

Uma grande questão perdurava na física clássica, o que seria a luz e quais suas

características? Muitos teóricos propuseram diversas hipóteses para a luz, mas devido

a diferentes linhas de pensamento algumas dessas propostas permaneceram

ignoradas por um longo período da história, A principal teoria da Óptica no século XVII

se preocupava mais com a geometria do que com as causas que produziam a luz;

escolha feita por Newton e seus seguidores, contudo existiam teóricos que

discordavam do ponto de vista Newtoniano.

Newton acreditava que a luz era composta de partículas rígidas e se

propagavam em um meio sutil chamado Éter, que possuía densidades relativas; Sua

densidade crescia conforme as distâncias entre os astros. Essa matéria sutil estava

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presente em todo universo e ajudava inclusive no equilíbrio gravitacional entre os

planetas.

Mas este conceito era visto de maneira diferente por Robert Hook, René

Descarte, Christian Huygens, onde a luz se caracterizava como uma propagação em

um meio através de oscilações transversais. Tais teorias deveriam condizer com a

velocidade da luz 230.000km/s, medida por Roemer.

Estas hipóteses apresentaram conflitos, quando baseadas unicamente no éter,

como aconteceu com Fresnel e Thomas Young que propuseram a idéia de o éter ser

uma substancia sólida e elástica, (apud Ponczek e Rocha, 2002, p.232):

“Este modelo é pelo menos bastante engenhoso e pode dar origens a alguns cálculos satisfatórios; no entanto, dele faz parte uma circunstancia que tem conseqüências desastrosas (...) a resistência lateral tem sido apenas atribuída a sólidos; de modo que (...) se pode inferi que o éter luminífero que enche todo o espaço e penetra quase todas as substancias é não só altamente elástico como também totalmente sólido!”.

Somente James Clark Maxwell (1831-1879) em 1861 através de cálculos em

eletrodinâmica chega a um resultado de suma importância para a óptica e o

eletromagnetismo, onde a equivalência entre a velocidade da luz e das ondas

eletromagnéticas era visível (apud Ponczek e Rocha, 2002, p.264):

“A velocidade das ondulações transversais no nosso meio hipotético, calculada a

partir das experiências de eletromagnetismo efetuadas pelos Srs. Kolhraush e Weber

(311.000km/s), tem um valor tão próximo do valor da velocidade da luz calculado a partir de

experiências de óptica realizadas pelo Sr. Fizeau que é difícil evitar a inferência de que a luz

consistirá em ondulações transversais do mesmo meio que é a causa dos fenômenos

elétricos e magnéticos.”

As confirmações da teoria de Maxwell se deram em 1887 por Heinrich Rudolf

Hertz (1857-1894), que defendia de maneira unicamente didática que a luz era uma

onda auto-sustentável, composta por campos eletromagnéticos que se propagavam

sem a necessidade de um meio etéreo.

2.5 A gravitação

O modelo de gravitação criado por Newton, teve o objetivo de explicar os

movimentos da lua e dos corpos celestes. Newton conseguiu introduzir suas leis da

mecânica nas leis de Kepler com extraordinária intuição. Pode concluir que as

mesmas leis que regeriam o movimento na superfície da Terra poderiam também ser

consideradas para os corpos celestes.

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A única questão que diferenciava essas manifestações da natureza era o

conceito de ação a distancia. Para Newton uma força motriz gera uma aceleração em

um dado corpo e é proporcional a esta mesma força. Mas, e no caso desta interação

indireta entre os corpos cuja força age a distância, poderia seguir os mesmos

princípios que ocorrem na interação direta de dois corpos? Newton conclui que sim.

Newton tentou criar um modelo de gravitação onde o éter agiria nos corpos e

devido à variação de sua densidade em relação ao sol, poderia explicar o movimento

das órbitas dos planetas.

Contudo a melhor hipótese para a gravitação foi à ação a distância entre os

corpos, que era diretamente proporcional ao produto das massas e inversamente

proporcional ao quadrado das distancias que separam os centros dos corpos. Ou seja,

nas próprias palavras de Isaac Newton (apud Ponczek e Rocha, 2002, p.105):

“É certo que ela (a gravidade) deve provir de uma causa que penetra nos centros exatos do sol e dos planetas (...) e que opera de acordo com a quantidade de matéria que eles contêm, e propaga a sua virtude em todos os lados a imensas distancias, decrescendo sempre no quadrado inverso das distancias. A gravitação com relação ao sol é composta a partir das gravitações em relação às varias partículas da qual o corpo do sol é composto; e ao afastar-se do sol, diminui com exatidão na proporção do quadrado inverso das distancias até a órbita de saturno”.

O principia de Isaac Newton sintetizou toda a ciência da mecânica e da

astronomia de maneira tão consolidada que até o advento das equações do

eletromagnetismo de James Clark Maxwell, no século XIX, foi dominante o

pensamento da mecânica. Posteriormente um grande aprimoramento se deu através

da unificação do conceito da energia e do trabalho nas leis de Newton.

2.6 O sistema solar por Emanuel Kant

Emanuel Kant (1724-1804), (apud Ponczek e Rocha, 2002, p.121) filósofo

alemão, tinha sofrido forte influência do pensamento newtoniano, tanto que propôs em

sua obra: História Geral da Natureza e Teoria do Céu (1755), um modelo para a

evolução do sistema solar, onde (apud Ponczek e Rocha, 2002, p.121) afirma:

“Eu suponho que, no começo de todas as coisas, todas as matérias de que são compostos os globos que pertencem ao nosso mundo solar – todos os planetas e cometas – decompostos em sua matéria primordial elementar – incham todo o espaço do universo no qual eles atualmente giram. Este estado da natureza parece ser, o mais simples que possa existir, depois do nada (...) a composição dos corpos celestes, distantes um dos outros, seus afastamentos e sua forma, são uma conseqüência mais tardia. A natureza, imediatamente saída da criação, era tão grosseira e tão sem forma quanto possível. No entanto nas propriedades essenciais dos elementos que formam o caos, já se pode encontrar o sinal dessa perfeição que eles adquirem de sua origem, pois sua essência é uma conseqüência da idéia eterna da razão divina. As propriedades mais simples, as mais gerais, que parecem ter sido esboçadas sem nenhuma intenção (...) tem

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desde seu estado mais simples, uma tendência a se transformar em uma constituição perfeita, por um desenvolvimento natural”.

Para Kant havia duas forças opostas responsáveis pela ordenação do universo:

a atração gravitacional e uma força que gerava a expansão dos gases. A força

gravitacional seria a responsável pela aproximação da matéria entorno de pontos de

maior densidade, e obedeceria à lei do inverso do quadrado das distancias proposta

por Newton, enquanto que a força de repulsão provocaria colisões entre as partículas

em difusão, fazendo com que estas adquirissem um movimento rotação em torno dos

pontos de maior densidade.

2.7 O sistema solar segundo Simon Pierre Laplace

Em 1786 Simon Laplace (1749-1827) demonstrou a estabilidade do sistema

solar, mostrando que os planetas do sistema solar possuem excentricidades

praticamente constantes e inclinações, umas e relação às outras, sempre muito

pequenas.

Laplace aprimorou a hipótese nebular1 na obra Exoisution du systeme du

monde de 1796 e concluindo esta abordagem no famoso Traité du mecanique cleste,

publicada entre 1799 e 1825.

Com as teorias de Emanuel Kant e Simon Laplace tanto a astronomia quando

a mecânica Newtoniana estava de sobremodo sedimentadas e tornou-se o paradigma

do pensamento científico até o final do século XIX e início do século XX.

3. O ESPAÇO E A GEOMETRIA

No final do século XIX a ciência estava passando por reformulações da qual a

geometria ganhava novas fronteiras. A descrição dos sólidos pela geometria

Euclidiana era insuficiente devido às convenções idealizadas. Os sólidos reais não

condiziam com esta geometria e necessitava de algo mais abrangente para descrevê-

los.

Toda a criação da geometria baseava-se em uma aproximação entre as

experiências cotidianas e uma transfiguração para a geometria idealizada.

Jules Henri Poincaré (1854-1912) em 1902 publicou uma série de artigos

científicos reunidos no livro à ciência e a hipótese, que avaliavam as questões

1 Segundo essa hipótese o Sistema Solar teria se originado há cerca de 4.600 milhões de anos a partir de

uma vasta nuvem de gás e poeira - a nebulosa solar

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epistemológicas da física vigente, e discutiam novas hipóteses para os fenômenos da

natureza e para a geometria.

O conceito do espaço para Poincaré necessitava de uma análise cuidadosa

porque em princípio a geometria utilizada na física ate então era a geometria

Euclidiana. Mas o que aconteceria se as descrições do espaço, e dos corpos

estivessem sujeitas às impressões sensórias errôneas?

Foi partindo desta hipótese que Poincaré propôs alguns exemplos que

mostravam as limitações dos sentidos e as implicações que acarretariam na visão da

física.

3.1 O espaço geométrico e o espaço representativo

O espaço geométrico possui propriedades singulares. Ele é contínuo, infinito,

tem três dimensões, é homogêneo e isotrópico na geometria Euclidiana. Mas como

seria a descrição deste espaço se fossem usadas às representações e sensações do

ser humano?

Poincaré buscou classificar o espaço de duas maneiras distintas: o espaço

geométrico idealizado pelos geômetras e o espaço representativo, resultado da

percepção sensorial humana, POINCARÉ (1984, A ciência e a Hipótese, p.55) afirma:

“Diz-se, frequentemente, que as imagens dos objetos exteriores estão localizadas no espaço, que mesmo elas só podem ser formadas com essa condição. Diz-se também, que esse espaço, serve, assim, de quadro as nossas sensações e representações é idêntico ao espaço dos geômetras. Possuindo todas as suas propriedades. Todos os que pensam assim, a frase acima deve ter parecido bem extraordinária. Mas convém examinar se não estão sendo vítimas de alguma ilusão que uma análise cuidadosa poderia dissipar”.

3.2 Espaço visual, tátil e motor.

Quando se enxerga um objeto, a imagem deste é formada dentro dos olhos, na

parte que corresponde à retina. Esta imagem é contínua, mas com duas dimensões

apenas.

Poincaré observa que esse espaço percebido pelos olhos se diferencia do

espaço de três dimensões dito pelos geômetras. Esse espaço pode ser chamado de

puro espaço visual, a luz que chega a retina será interpretada de uma forma

diferenciada, dependendo do local onde a informação se situa na retina.

A visualização da terceira dimensão de um objeto ocorrerá quando a posição

entre os olhos e o objeto sofrerem uma acomodação.

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Nesse caso alem da visão propriamente dita uma outra variável teve que ser

acrescentada para a percepção do espaço visual completo.Se uma impressão tátil

pode contrapor-se a uma impressão puramente visual, então qual das duas

impressões seria a correta? Somente a junção das duas impressões daria uma

descrição mais realista, qualquer uma dessas impressões sensoriais isoladas seria

contraditória quando conflitadas uma com a outra.

Sendo assim a percepção completa de um corpo necessita da relação entre

visão e posição dos olhos. Um objeto retangular somente seria identificado se um

observador pudesse variar sua posição relativa a este objeto.

Em outras palavras, POINCARÉ (1984, A ciência e a Hipótese, p.57) diz que “a

terceira dimensão nos é revelada de duas maneiras diferentes: pelo esforço de

acomodação e pela convergência dos olhos”. O espaço Motor corresponde aos

movimentos musculares, esses nos informam a direção pela qual estamos nos

orientando.

A conclusão de Poincaré acarreta numa distinção clara entre o espaço ideal

dos geômetras e o espaço representativo. O que ocorre é uma tentativa de levar as

percepções do espaço representativo para o espaço geométrico, POINCARÉ (1984, A

ciência e a Hipótese, p.59) afirma:

“Nenhuma de nossas sensações isoladas, teriam podido nos levar à idéia do espaço. Só pudemos chegar a ela pelo estudo das leis segundo as quais essas sensações se sucedem (...) Quer um objeto mude de estado ou de posição, isso se traduz para nos sempre da mesma maneira? Por uma modificação num conjunto de impressões”.

3.3 O mundo não-euclidiano

Poincaré expõe as representações de espaço como sendo uma aproximação

de nossas percepções, dessa forma, ele propõe uma conjectura exótica, de um mundo

cujas leis da natureza são diferentes das que regem nosso universo real.

Nesse universo imaginário, haveria um centro aquecido, cuja temperatura

decairia até chegar ao zero absoluto em seus limites espaciais.

Seres que habitassem esse mundo teriam uma geometria diferenciada da

euclidiana, pois se baseariam a partir de suas percepções sensoriais.

Caso um objeto fosse deslocado da parte central desse mundo em direção às

bordas, ele sofreria contrações que dependeriam da temperatura em cada ponto; com

isso as descrições de corpos rígidos em mundo hipotético não seriam como as do

mundo real,pois um corpo que se deslocasse em tais situações teria um deslocamento

não-euclidiano.

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Nesse mundo cujas leis diferenciam-se das do mundo real, Poincaré propõe

um possível comportamento da luz. POINCARÉ (1984, A ciência e a Hipótese, p.64)

afirma:

“Apresentaria ainda, uma outra hipótese, suporei que a luz atravesse meios diversamente refringentes, de tal modo que o índice de refração seja inversamente proporcional a R²-r². É fácil ver que, nessas condições os raios luminosos não mais serão retilíneos, mas circulares.”

Essas hipóteses fantasiosas segundo Poincaré, descreveram fenômenos que

não são cotidianos, mas que são possíveis do ponto de vista geométrico.

Poincaré apresentou uma idéia de universo quadridimensional, que em

determinadas situações poderia ser perceptível a seres que se baseassem em leis

naturais próprias.

Um exemplo de geometria não-euclidiana, comentada por Poincaré é a

geometria de Riemann (1826-1866), cuja forma é curva. Propunha um novo axioma a

priori incompatível com o 3° axioma de Euclides. Por um ponto, só podemos fazer

passar uma paralela a uma reta dada.

Riemann encontrou uma forma de representar um espaço curvo que em certas

circunstâncias; em um ponto podem passar infinitas retas.

A conclusão de Poincaré é que POINCARÉ (1984, A ciência e a Hipótese,

p.54): “nenhuma geometria é mais verdadeira do que a outra; o que ela pode ser é

mais cômoda.”

3.4 O espaço, o tempo e a força.

A crítica de Poincaré às ciências unicamente experimentais teve grande

importância no processo da criação da relatividade,ele percebeu que por mais

desenvolvidos que foram os experimentos de sua época, existiu ainda sim um grande

limite no desenvolvimento da ciência que acarretou em informações incompletas,

POINCARÉ (1984, A ciência e a Hipótese, p.81) afirma:

“Por outro lado, se os princípios da mecânica, só têm a experiência como fonte, não serão eles, unicamente, aproximativas e provisórias? Novas experiências não poderão nos levar, um dia, a modificá-las ou ate mesmo a abandoná-los? Essas são questões que se colocam naturalmente e a dificuldade da solução deriva, antes de mais nada, do fato de que os tratados de Mecânica não definem com clareza o que é experiência, o que é raciocínio matemático, o que é convenção e o que é hipótese.”

Esse raciocínio de Poincaré o levou a questionar as bases da mecânica

newtoniana. As afirmações da visão absoluta de Newton foram originadas por falhas

16

na construção da mecânica. Não existiam experimentos que demonstrassem a idéia

de espaço e tempo absoluto. Para POINCARÉ (1984, A ciência e a Hipótese, p.81),

estas hipóteses deixaram de lado o mais importante na construção da ciência, a

experimentação.

Em contraposição as idéias de Newton, Poincaré afirmou:

“1° não existe espaço absoluto e só conhecemos movimentos relativos; contudo enunciamos, quase sempre, fatos mecânicos como se houvesse um espaço absoluto como referencia. 2° não existe tempo absoluto; dizer que dois períodos de tempo são iguais é uma afirmação que não tem nela própria, nenhum sentido, e só pode vir a ter sentido por convenção. 3° Não só não temos a intuição direta de dois períodos de tempo, como também não temos, sequer, a da simultaneidade de dois acontecimentos que se dão em lugares diferentes; é o que expliquei num artigo intitulado Mesure du Temps”.

As convenções na física simplificam diversos problemas, mas muitas vezes

deixam conclusões precipitadas. Poincaré comenta o conceito de inércia, mas não

acha qualquer experimento possível que o comprovasse verdadeiramente.

Um exemplo que Poincaré apresenta refere-se à aparente ausência de forças

externas na análise da inércia.

Por mais que se busquem experimentos que possam comprovar a lei da

inércia, jamais se conheceu um corpo que estivesse ausente de forças, e

conseqüentemente descrevesse um movimento retilíneo e uniforme.

A lei da inércia proposta por Galileu e em seguida aperfeiçoada por Newton

seria nesse contexto um caso particular de uma lei mais generalizada, POINCARÉ

(1984, A ciência e a Hipótese, p.82) afirma:

“O princípio da inércia, que não é uma verdade a priori, seria, então, um fato experimental? Mas, alguma vez, já se fizeram experiências com corpos que não estivessem sob ação de nenhuma força e, se isso foi feito, como é que se soube que esses corpos não estavam submetidos a nenhuma força?”

Essas observações anteciparam as conclusões da relatividade especial e

geral, cujo princípio da relatividade foi expandido para sistemas acelerados.

As antigas questões a respeito da mecânica, não foram as únicas observações

que Poincaré fez. Ele cita uma série de novas teorias que complementam a

eletrodinâmica de Maxwell. Na teoria de Lorentz, Poincare fala sobre as partículas

eletrizadas antes da descoberta por Joseph John Thomson (1856-1940) em 1897. As

interações entre matéria e Éter também foram apresentadas sem que se chegasse a

conclusões convincentes para Poincaré. Mas uma de suas observações mais

importantes refere-se ao comportamento de corpos em altas velocidades. POINCARÉ

(1984, A ciência e a Hipótese, p.178) sugeriu que um fenômeno físico causaria

variação na massa inerte de um corpo, mas que possivelmente não alteraria a

verdadeira massa.

17

“Quando a velocidade varia, a massa real, a massa mecânica, permanece constante, é, por assim dizer, sua própria definição; mas a inércia eletromagnética, que contribui para formar a massa aparente, cresce com a velocidade, obedecendo a uma lei. Deve, portanto, haver uma correlação entre a velocidade e a relação entre a massa e a carga, quantidades que podem ser calculadas; já o dissemos, pela observação dos desvios dos raios sobe ação de um imã ou de um campo elétrico.”

4. EXPERIÊNCIA DE MICHELSON E MORLEY

A mecânica ao final do século XIX já a mais de 150 anos explicará as interações

da matéria, seja com as três leis de Newton, seja com a gravitação; e uma das suas

conclusões mais importantes era que as leis da mecânica são as mesmas em todos os

sistemas galileanos, ou seja, inerciais.

Em outras palavras qualquer experiência realizada em sistemas galileanos não

poderá dizer se um corpo está em movimento ou em repouso inercial. Contudo em

sistema não galileanos, esta realidade muda, mesmo a mais simples experiência

prova isso.

A Terra apesar de sua grande massa e baixa velocidade rotacional é um sistema

acelerado, e muitos experimentos foram realizados chegando às mesmas conclusões,

a terra gira em torno de um eixo de rotação. Um experimento simples capaz de

observar essa rotação é o pendulo de Foucault usado em 1851, por Jean Bernard

Leon Foucault (1819-1868) para demonstrar o movimento rotacional da Terra ao longo

do dia.

Partido do princípio da relatividade de Galileu e Newton pode-se perceber o

movimento acelerado da terra em torno do seu próprio eixo usando um compasso

giroscópio, ou o desvio para o leste dos corpos em queda livre, ou desvio para a

direita do plano de tiro no hemisfério norte ou mesmo observando o sentido dos

ciclones que giram em sentidos contrários dependendo do hemisfério em que se

encontram.

Mas até a segunda metade do século XIX não havia experiências que

demonstrassem qual a velocidade da terra em relação ao vento de Éter, que preenchia

o espaço interplanetário. Apesar da translação da terra em torno do sol ser com uma

velocidade de aproximadamente 30 km/s, em certos momentos pode-se considerar

este movimento como retilíneo e uniforme.

A Terra movendo-se de forma retilínea em um curto período poderia ser

considerada como um sistema galileano, em relação aos eixos fixados no sol e

dirigidos para as estrelas distantes. O princípio Galileano da relatividade é

considerável a este movimento da terra e por mais rápido que seja esse movimento as

experiências mecânicas feitas na superfície da terra foram incapazes de percebê-lo.

18

Assim a mecânica mostrou-se incapaz de discriminar o sistema onde a terra se

move no espaço, do sistema de Ptolomeu onde ela está imóvel no universo. A rotação

da terra não ultrapassa 1/2 km/s e é facilmente detectada, porém sua translação

jamais foi detectada anteriormente por qualquer experimento.

Mas usando os conceitos da óptica os físicos Albert Michelson(1852-1931) e

Eduard Morley(1838-1923) que acreditavam firmemente que o principio galileano da

relatividade que é válido para a mecânica, não o seria para a óptica. Com a crença na

infinitude da velocidade da luz aceita até 1881, previa que um raio luminoso lançado

na direção e no sentido do movimento da terra teria sua velocidade alterada pelo fator

(c-v), Um outro raio luminoso lançado no sentido oposto afastar-se-ia dela com

velocidade (c+v).

Sendo assim a mecânica prevê uma diferença de 2v entre os dois raios

luminosos, conseqüência esta, evidente e necessária das leis da adição das

velocidades. Era essa diferença de 2v que os físicos da época acreditavam poder

detectar usando experimentos de óptica especialmente precisos e capazes de obter

interferências nos feixes luminosos.

A óptica no século XIX possuía as experiências mais refinadas que existiam

desde então, sua precisão atingia níveis incríveis de bilionésimos, ou seja, as

interferências construtivas e destrutivas permitiam detectar desvios de 0,3 metros em

300.000km de percurso. A famosa experiência de Michelson teve o objetivo de por em

evidência a translação da terra usando as propriedades da luz. O aparelho usado por

Michelson era horizontal, um feixe luminoso de cor pura (monocromática) vindo do

sentido da fonte bateria a 45° num vidro semi-refletor, uma parte do feixe refletia-se

para um espelho, enquanto a outra parte atravessava o vidro e ia para um segundo

espelho.

Figura 1: Esquema do interferômetro de Michelson

19

Após a reflexão normal em ambos os espelhos, o primeiro raio atravessaria em

parte e chegaria a uma luneta, outro raio luminoso iria ser refletido no segundo

espelho e lançado para a mesma luneta. Pela figura 1, é possível observar isto. Pela

diferença de caminho L e L + ∆ r, é possível medir a velocidade da luz.

Assim os raios divididos no vidro semi-refletor, se juntariam novamente e

produziriam riscas de interferência, construtivas e destrutivas. Mas o inesperado

aconteceu, nenhuma alteração nas riscas foi perceptível.

A precisão do experimento de Michelson e Morley poderia detectar interferências

com velocidades de ate 1/6 da velocidade de translação da Terra, ou seja, com

apenas 5km/s o interferômetro teria funcionado como previam, mas isso não ocorreu.

5. O ANNUS MIRABILIS

Em 1905 Albert Einstein (1879-1955) reformulou a mecânica clássica e a nossa

concepção do tempo absoluto. Ele descobriu a razão pela qual a natureza se opunha

à previsão da adição das velocidades no caso da luz. Para Einstein a questão não

teria sentido para a natureza, o conflito nas medidas provinha dos conceitos errôneos

sobre o espaço e sobre o tempo.

Não seria possível refazer a mecânica sem abandonar as idéias de propagação

instantânea, e de tempo e de espaço absoluto. O tempo e o espaço nada significam

alem daquilo que percebemos ou daquilo que medimos. Einstein adaptou a noção do

tempo conforme a experiência com a propagação da luz e com o eletromagnetismo.

Esse tempo relativo deu origem a uma nova mecânica que explica não só o resultado

de Michelson, mas um grande número de outros resultados conhecidos por intermédio

da nova teoria.

5.1 Os postulados

Albert Einsten, em seus trabalhos sobre a eletrodinâmica dos corpos em

movimento, aborda dois novos conceitos que até então não haviam sido defendidos

com verdadeira coragem. Até essa época as leis da física ainda estavam sendo

unificadas, o que era verdadeiro em mecânica, talvez não o fosse em óptica, ou em

termodinâmica.

20

Um longo período construtivo se deu até 1905, o que acreditavam estar

solucionado em toda a física. Mas os cientistas da época só precisavam explicar dois

fenômenos interessantes, a radiação do corpo negro e a velocidade constante da luz.

Einstein em uma atitude ousada propôs dois postulados que serviram de base

para a sua teoria, partindo dessas hipóteses para explicar diversos fenômenos

mecânicos e eletromagnéticos.

O primeiro postulado afirma que não existe nenhum experimento capaz de

detectar o movimento absoluto, foi o que Michelson e Morley observaram quando

tentaram medir a velocidade de translação da Terra em relação ao vento de éter.

O segundo postulado afirma que a velocidade da luz independe do movimento

da fonte, ou seja, Einstein defendia a idéia de que velocidade da luz teria a mesma

medida, fosse medida por qualquer observador, estando em movimento ou em

repouso inercial.

Com essas afirmações Einstein chega à conclusão de que tudo é relativo e a

velocidade da luz é um limite imposto pela natureza, seja para o movimento dos

corpos ou para propagação de campos.

A mecânica clássica aceitava as idéias dos sólidos perfeitamente rígidos, que

conseguiam transmitir instantaneamente uma informação de uma ponta a outra do

corpo. Mas na realidade os sólidos por mais rígidos que sejam, transmitem a

informação através de sua substancia, por deformação elástica, e com uma velocidade

muito inferior que a da luz.

Com essa falsa crença de velocidades ilimitadas surgem solidários os conceitos

de tempo absoluto, de espaço absoluto, e de sólidos perfeitos que também implicam

em massa absoluta. Porém uma limitação das velocidades implicou em tempo relativo,

espaço relativo e massa relativa.

5.2 A simultaneidade

A física dá o nome de acontecimento ao resultado de uma dupla coincidência no

tempo e no espaço. Um exemplo pode ser observado quando duas esferas que

tenderiam para um mesmo lugar se chocam no mesmo instante. Este choque possui

um valor intrínseco que depende unicamente das medidas do espaço, do tempo e das

massas das mesmas. Todos os observadores estarão em acordo quanto à existência

de um efeito físico como a quebra ou o recuo dos corpos.

Assim a física resume-se á constatação de acontecimentos assim definidos,

sendo então de fundamental importância, as medidas de tempo e de comprimentos

nos eventos. Quando se mede o tempo usando um relógio ou um pêndulo, é

21

necessário observar um ponteiro com uma divisão definida. Por isso medir um período

é observar o fluxo do tempo no começo e no final do fenômeno.

No começo do século XX, eram feitas correções dos atrasos ou adiantamentos

dos relógios. Uma série de situações mostrava a importância de se ter relógios

sincronizados; dentre estas umas que necessitavam de correção eram as viagens de

trens. Os horários de partida e de chegada deveriam estar de acordo, para que não

ocorressem colisões. O estudo do sincronismo era de fundamental importância para a

organização das viagens de trem. Mas em mecânica clássica, a simultaneidade possui

um significado absoluto, pois se acredita que as transmissões são instantâneas, o que

Einstein discordava. Sendo assim nenhuma medida humana real de tempo e espaço

(comprimento) poderia ser rigorosa sem o conhecimento das propriedades da luz, ou

seja, das ondas eletromagnéticas que são importantíssimas para todas as medidas da

física.

Com objetos em baixas velocidades não se percebe estes efeitos sobre o tempo

e o comprimento, mas no caso de movimentos rápidos e de medições precisas, a

realidade é diferente do ideal absoluto da mecânica clássica.

A medida do tempo deve ser baseada na análise da simultaneidade. Para

sincronizar relógios em um dado referencial, Einstein partiu do princípio que dois

eventos em um referencial são simultâneos se sinais luminosos provenientes dos

eventos atingem um observador eqüidistante no mesmo instante, pois sabendo que a

velocidade da luz é constante, pode-se estimar o tempo que ela (a luz) leva para

chegar até o observador que deve estar a meio caminho das fontes luminosas.

Isso implica que há distâncias iguais no mesmo referencial, dois eventos ocorrem

ao mesmo tempo. Observa-se desta maneira que acontecimentos simultâneos em um

determinado referencial, são acontecimentos que ocorrem no mesmo instante

marcados por relógios locais, devidamente sincronizados.

Porém quando se escolhe outro referencial inercial, a simultaneidade se torna

relativa. Quando se analisa o movimento relativo de um segundo observador, percebe-

se que duas fontes luminosas que emitem feixes luminosos no mesmo instante em um

dado referencial serão percebidas de maneira diferente em outro referencial por um

observador que se mova junto com este segundo referencial.

O que ocorre neste caso é a aproximação do observador em direção a uma das

fontes e o afastamento relativo à segunda fonte que se afasta com a mesma

velocidade relativa do referencial em repouso inercial.

O observador em movimento relativo às fontes irá perceber em tempos

diferentes os dois sinais luminosos, ou seja, um ocorre antes que o outro. Com isso se

22

ele tiver dois relógios em mãos que são acionados quando um dado sinal luminoso

atinge o mesmo, esse observador em movimento relativo às duas fontes perceberá

que um dos relógios em suas mão acionará a marcação do tempo antes que o outro.

5.3 A dilatação do tempo

Quando Albert Einstein analisou situações físicas baseadas em seus postulados,

ele buscou uma explicação simples e fundamentada, usando o teorema de Pitágoras

da geometria. Einstein então propôs o famoso “gendanken” (experimento mental) onde

um observador em um referencial inercial R, marca segundo um relógio local, o tempo

que um feixe luminoso leva pra sair da base do mesmo ate um espelho situado a certa

altura neste referencial inercial.

Partido da hipótese da invariância da velocidade da luz, e do princípio da

relatividade galileana, este observador em movimento retilíneo uniforme percebe um

movimento vertical do feixe de luz e marca o tempo de trajeto com base no espaço

percorrido de ida e volta na direção vertical a uma velocidade constante visto na

figura2.

Figura 2: Observador no referencial R

Mas quando um segundo observador situado no referencial R’ em repouso

inercial, mas com uma velocidade relativa à R analisa o trajeto da luz quando sai da

base do referencial R’, que vai ate o espelho e volta para a base, percebe que o feixe

luminoso não se move somente na vertical, mas também no sentido do movimento do

referencial R, ou seja, em duas dimensões como visto na figura 3.

23

Figura 3: Observador no referencial R'

Isto implica que para o observador situado no referencial R’ ele irá calcular o

tempo de percurso da luz que se move na vertical e na horizontal por um principio de

componentes vetoriais, descrevendo uma espécie de triangulo em seu movimento

constante.

O observador perceberá que o tempo medido por seu relógio será maior que o

tempo medido pelo relógio do primeiro observador em movimento junto com a fonte

luminosa no referencial R.

O fato da velocidade da luz não poder aumentar ou diminuir seu valor na

relatividade especial, infere que para um observador posicionado ao lado de uma fonte

luminosa emitindo feixes luminosos na direção vertical gastará menos tempo no seu

trajeto ate o espelho do que a luz do ponto de vista do outro observador no referencial

R’, com movimento relativo à fonte luminosa.

O tempo marcado pelo observador R em movimento retilíneo uniforme é

chamado de tempo próprio e a diferença entre o tempo próprio para o tempo marcado

pelo observador em repouso inercial é dada pelo fator relativístico γ .

²

²1

1

c

v−

=γ (1)

t

c

vt ∆

=′∆

²

²1

1 (2)

24

Onde ( ∆ t') é o tempo que passa para o observador em repouso inercial e ( ∆ t)

é o tempo próprio do outro observador que se encontra em movimento. A relação

entre os tempos marcados pelos dois observadores é dada pela razão entre as

diferenças das velocidades do referencial e da luz, dentro, no fator relativístico γ .

5.4 A contração das distâncias

Outra conseqüência dos postulados de Einstein e o efeito da contração das

distâncias. Esse fenômeno ocorre quando comparamos duas medidas de

comprimento em referenciais inerciais diferentes.

Como não existe simultaneidade e cada referencial possui seu próprio tempo,

deve-se, então concluir que o espaço e o tempo estão diretamente ligados, e a

alteração de um deles resulta na alteração do outro.

No caso das distancias, quando se estabelece uma medida de comprimento,

marcam-se duas posições no espaço ao mesmo tempo. Para cada referencial tem-se

um comprimento relacionado, que depende da velocidade relativa entre o referencial R

em repouso inercial e o referencial R’ em movimento retilíneo uniforme.

Lembrando que em uma medida deve-se haver uma coincidência nos

marcadores do tempo, porém como cada referencial tem um fluxo do tempo

característico isso influencia na contração das distancias onde:

²

²10

c

vLL −= (3)

Sendo L a medida do comprimento no referencial em repouso inercial R’, e L0

o comprimento próprio do referencial R em movimento constante, a diferença nas

medidas destes comprimentos se dá pelo fator relativístico γ . Onde quanto mais a

velocidade do referencial se aproxima da velocidade da luz, maior será a contração do

espaço para o referencial em movimento, visto pelo outro observador.

O mesmo é percebido para o referencial R em repouso inercial, como não se

pode determinar o movimento absoluto dos corpos, a percepção do observador R’ em

movimento quando analisa a medida do comprimento no referencial R que se distancia

ou aproxima-se de R’. O Comprimento próprio, medido no próprio referencial sempre

será maior que as demais medidas de comprimento em outros referenciais em

movimento.

5.5 As transformações de Lorentz

25

Quando se parte da hipótese da invariabilidade da velocidade da luz, a

cinemática deve ser descrita de uma nova maneira, para isso os cientistas que

estudavam as discrepâncias na medida da velocidade da luz, dentre eles George

Francis Firtzgerald (1851-1901) e posteriormente Hendrick Antoon Lorentz (1853-

1928) propuseram uma transformação de velocidade que impunha o limite da

velocidade da luz, de um referencial em movimento relativo para outro referencial

qualquer.

Essas transformações de velocidade hoje conhecidas como as transformações

de Lorentz, foram úteis no modelo relativístico de Albert Einstein, mesmo que

divergentes entre seus conceitos básicos.

Enquanto Hendrick Atoon Lorentz acreditava que a alteração das medidas da

velocidade da luz no experimento de Michelson e Morley era devido à contração do

equipamento pelo movimento relativo ao éter, Albert Einstein simplesmente descartou

a idéia do vento de éter e se baseou unicamente no limite imposto pela natureza para

a velocidade da luz. Para isso as transformações de Lorentz foram adequadas tanto

no caso de baixas velocidades relativas entre os referenciais inerciais que implicam

diretamente nas transformações de Galileu quanto para altas velocidades impondo o

limite para elas.

Incorporou dessa forma tanto a antiga teoria da cinemática como também

possibilitou a explicação nas discrepâncias das medidas da velocidade da luz

conflitantes com a mecânica clássica e ainda levou a previsão de novos fenômenos

físicos baseados numa mecânica relativística.

As componentes vetoriais da velocidade de uma partícula em movimento em

relação ao referencial R’ que também se move em relação ao referencial R em

repouso inercial, quando observadas deste ponto são descritos de forma que:

²1

'

c

uV

uVV

x

x

x

−= (4)

Onde Vx’ é a velocidade da partícula em relação ao referencial R’, Vx é a

velocidade da partícula em relação ao referencial R e u é a velocidade relativa entre os

referenciais inerciais. O denominador da equação é o fator que limita o sistema a

velocidade da luz.

=

²1

'

c

uV

VV

x

y

y

γ

(5)

26

=

²1

'

c

uV

VV

x

z

z

γ

(6)

Quando a velocidade da partícula no referencial R’ é perpendicular ao

deslocamento do próprio referencial, as velocidades em relação ao eixo Y e Z em um

plano cartesiano são obtidas através da divisão entre a velocidade da partícula em

relação ao seu referencial R e o fator relativístico γ , vezes a relação que limita o

sistema à velocidade da luz. Onde yV e zV são as velocidades em relação ao

referencial R em repouso inercial.

Com o uso das transformações de Lorentz pode-se chegar à relação que permite

calcular a diferença de sincronização de dois ou mais relógios que estejam em

diferentes referenciais inerciais. Como a medida do tempo é relativa junto à medida do

espaço, deve-se conhecer a velocidade relativa u do referencial R’ em relação ao

referencial R, e medir o comprimento próprio percorrido pelo observador durante a

viagem para poder sincronizar os dois relógios.

²

0

c

uLt

−=∆ (7)

Onde ∆ t é a diferença entre os tempos marcados nos dois referenciais, u é a

velocidade do referencial R’, L0 é o comprimento próprio percorrido dividido pelo

quadrado da velocidade da luz.

5.6 Efeito Doppler relativístico

O efeito Doppler é um fenômeno ondulatório previsto na mecânica clássica que

relaciona a mudança de freqüência com o movimento entre fonte/observador. O

famoso físico Armand Fizeau (1819-1896) conseguiu fazer uma relação entre fontes

luminosas em movimento relativo e um receptor, e chegou à conclusão de que a

freqüência das ondas luminosas sofre uma alteração devido ao movimento relativo

entre fonte/observador como acontece com as ondas mecânicas.

Apesar da proposta ousada de Fizeau preceder em mais de 50 anos a

publicação da relatividade especial de 1905, esta previsão do efeito Doppler-Fizeau é

uma conseqüência dos postulados de Albert Einstein onde:

27

c

u

c

u

+

=

1

1

0νν (8)

A variável ν é a freqüência observada em outro referencial, 0ν é a freqüência

original observada no próprio referencial da fonte luminosa e a razão u/c é a relação

entre a velocidade da fonte luminosa com a velocidade da luz.

Os sinais numéricos dentro da equação se relacionam ao movimento relativo

entre a fonte e o observador, sendo positivo no numerador e negativo no denominador

da equação, quando a fonte e observador se aproximam. Quando o movimento entre

fonte/observador é de recessão os sinais numéricos da equação são alterados em

cima e embaixo do numerador.

5.7 O momento relativístico e sua conservação

Quando dois corpos considerados rígidos se chocam em um sistema em que o

somatório das forças externas é nulo, pode-se afirmar que a quantidade de movimento

antes e depois da colisão é a mesma. Este evento na física é chamado de

conservação do momento linear.

Partindo do princípio da relatividade galileana, a conservação do momento deve

ser válida para altas velocidades. Tanto quanto é para baixas velocidades. Se o

evento for interpretado segundo as transformações de Lorentz, impondo um limite para

a velocidade de um feixe luminoso, a conservação do momento terá um novo formato.

A definição clássica para o momento linear é o produto da massa pela

velocidade, mas quando essa concepção é analisada em um choque de dois corpos

rígidos que se encontram em referenciais inerciais diferentes, essa interpretação gera

uma violação na conservação do momento linear final do sistema.

Isso ocorre por causa de três fatores que devem ser analisados cuidadosamente.

Primeiramente sabe-se pelos postulados de Einstein que existe um limite para a

velocidade da luz; o movimento de um fóton ou de uma partícula em diferentes

referenciais deve obedecer às transformações de Lorentz, e não as de Galileu.

A própria experiência com interferômetro argumenta em favor das

transformações de Lorentz. Como o segundo postulado de Einstein afirma que todas

as leis da física são válidas para referenciais galileanos, logo princípios fundamentais

da natureza como a conservação do momento deve ser irrefutável.

28

Por último fica a questão, sobre o que deve ser reformulado, o princípio da

conservação do momento segundo a interpretação clássica ou o principio da

relatividade galileana?

Albert Einstein achou a resposta mais adequada para esta questão, preferiu

manter suas idéias originais e alterar o conceito clássico para o momento linear, para

que esse concordasse com a nova mecânica relativística.

No choque entre duas esferas rígidas ou quaisquer outros corpos, existem três

componentes vetoriais para o momento linear.

Quando duas esferas provenientes de dois referenciais inerciais em movimento

relativo se chocam, o somatório das componentes vetoriais do momento das esferas

de mesma direção ao movimento do referencial R’, se conserva.

Mas as demais componentes vetoriais do momento das esferas não se

conservam quando analisadas antes e depois da colisão. O somatório destas

componentes vetoriais para o momento na direção perpendicular ao movimento do

referencial R’ é diferente de zero; violando a conservação do momento linear, logo o

princípio da relatividade.

A solução para esse problema veio da adaptação do momento linear para as

transformações de Lorentz. Isso implicou que para baixas velocidades tanto dos

corpos quanto dos referenciais destes corpos, sejam menores que c a forma do

momento linear, volta a ter a mesma interpretação clássica, massa vezes velocidade

da partícula.

Porém, quando se observam as colisões em altas velocidades, e as interpretam

segundo as transformações de Lorentz no lugar da velocidade clássica, o resultado é

diferente.

Percebe-se que o espaço percorrido nas direções perpendicular ao movimento

do referencial R’, não sofre deformação como efeito relativístico. Porém esse evento

ocorre no referencial R’ em movimento, tendo então um tempo próprio em função de

sua velocidade relativa à R. Sendo assim a variação do espaço em função do tempo

deve ser alterada do tempo próprio da partícula para o tempo do outro referencial.

Como conseqüência, a velocidade da partícula do ponto de vista do observador

em repouso em R terá o fator relativístico γ para corrigi-lo.

Logo, isso implica que o momento de uma partícula observado no referencial R

que vem de R’, será dado por:

²

²1

c

v

vm

rr

(9)

29

Onde o momento Pr

é dado pelo produto da massa m pela velocidade, corrigida

pelo fator relativístico γ . Quando considerados os princípios da relatividade especial,

percebe-se que a massa da partícula aumenta conforme a velocidade do referencial

da mesma se aproxima da velocidade da luz.

Essa interpretação do momento relativístico implica que qualquer corpo

independente de sua massa inicial jamais poderá chegar à velocidade da luz, pois sua

massa tenderia ao infinito.

Esse limite imposto pela natureza para velocidades finitas vai contra a afirmação

da mecânica clássica, que acreditava em velocidades ilimitadas e alterações em

campos gravitacionais que poderiam se propagar no espaço interplanetário

instantaneamente, independente da distância. Corpos que se encontrassem a

velocidades iguais a da luz necessitariam de energia cinética infinita; contradizendo

toda uma visão da conservação da energia na natureza.

5.8 A nova interpretação para massa e energia

Normalmente quando se fala de energia, a primeira idéia que vem a mente são

os tipos de energia manifestas na natureza. Dentre todas as energias estudadas na

física, duas delas mostram-se fundamentais para a compreensão da natureza. São

elas a energia cinética e a energia potencial.

A idéia de energia cinética desde Leibniz e Huygens era compreendida como

dependente do quadrado da velocidade dos corpos. Portanto quanto maior a

velocidade do corpo maior seria sua energia cinética.

Como na relatividade especial as idéias clássicas de tempo, de espaço, de

massa e momento precisaram ser reformuladas, nada mais natural do que interpretar

o conceito de trabalho, segundo os princípios teóricos da relatividade especial.

Nota-se que toda e qualquer velocidade deve ser considerada segundo as

transformações de Lorentz, logo quando se pensa em variações da energia cinética de

um corpo deve-se levar em consideração a relatividade do tempo e do espaço que irão

influenciar nas medidas de velocidade e energia.

Segundo a mecânica, uma força resultante externa aplicada a um corpo ao longo

de um espaço realizará trabalho, ou seja, quando se muda o estado de movimento de

um corpo, uma energia é transformada de um tipo em outra para que este estado

inercial seja alterado.

Logo duas grandezas fundamentais variam nesse processo, o tempo e o espaço

durante essa força motriz sobre um corpo. Com relação às bases da relatividade

30

especial, o tempo e o espaço não são absolutos, logo o momento linear desse corpo

deve seguir os princípios dos postulados de Einstein. Assim a força resultante deve

ser expressa em termos de variação do momento linear em função da variação do

tempo.

dt

PdF extr

rr

=, (10)

Sendo rFr

a força resultante externa que realiza o trabalho em um corpo, Pdr

a

variação do momento relativístico e dt a variação do tempo em relação ao referencial

do corpo.

Sabe-se que o trabalho é o produto de uma força resultante externa pelo

deslocamento de um corpo no espaço, logo:

∫= dxFw r (11)

Kw ∆= (12)

dxdt

dPw ∫= (13)

O trabalho de uma força sobre uma partícula no espaço é igual à variação de

sua energia cinética, cuja Fr é a força resultante externa, e dx o deslocamento da

partícula. ∆ K É a variação da energia cinética da mesma.

Como a força externa é a variação do momento linear em função da variação do

tempo, essa expressão matemática pode ser reescrita com as condições da

relatividade especial.

= 1

²

²1

c

vmcK (14)

²

²1

1

c

v−

( )1² −= γmcK (15)

Onde γ ²mc é a soma da energia total da partícula, ²mc é a energia de repouso

da partícula, sendo a energia cinética a diferença dessas duas funções.

Percebe-se que mesmo uma partícula em repouso inercial possui uma energia

intrínseca que se relaciona com a quantidade de matéria da mesma, em outras

palavras, Einstein chegou a uma relação matemática que unifica dois conceitos

fundamentais da física.

31

A Lei da Conservação das Massas de Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) e a

Lei da Conservação da Energia de Wilian Thomson (1824-1907). Dois conceitos

distintos, segundo a física clássica, se unificaram de forma a revelar uma nova

característica da natureza, a dualidade massa-energia.

6. O UNIVERSO DE MINKOWSKI

Pouco tempo depois da publicação da Teoria da relatividade restrita o

matemático Hermann Minkowski (1864-1909) desenvolve um novo formalismo para o

conceito do espaço e do tempo. Partindo das teorias de Lorentz e Einstein, Minkowski

busca uma descrição mais abrangente para o universo, MINKOVSKY (2001, O

princípio da relatividade, p.93) afirma:

“As consideração sobre e espaço e o tempo que desejo expor-vos brotam do terreno da física experimental. Ai reside a sua força. A sua tendência é radical. Daqui em diante os conceitos do espaço e de tempo considerados como autônomos, vão desvanecer-se como sombras e somente se reconhecerá existência independente a uma espécie de união entre os dois”.

Minkowski da mesma forma que Lorentz e Einstein, consideram dois sistemas de

referencia que possuem um movimento relativo entre eles. Porém ele vai além quando

considera um evento como a relação entre quatro dimensões, três espaciais e uma

temporal.

As coordenadas espaciais X, Y e Z são substituídas por uma única coordenada

espacial que resume toda a posição no espaço. Um evento que ocorra em um dado

referencial pode então ser relacionando com um outro referencial que possua as

coordenadas X’, Y’, Z’ e t’ o tempo próprio.

Analisando um evento em relação ao tempo t e ao espaço agora identificado

como X’’ para as três coordenadas. Percebe-se que todo movimento terá uma relação

direta entre a posição inicial e o tempo inicial, com a posição final e o tempo final.

Quando a razão entre a variação do espaço e a variação do tempo é igual à

velocidade da luz, o evento pode ser descrito como:

²²²² ZYXR ∆+∆+∆=∆ (16)

²² Rtc ∆=∆ (17)

²²²² ZYXtc ∆+∆+∆=∆ (18)

( )²²²²²² ZYXtcS ∆+∆+∆−∆=∆ (19)

²²²²² dzdydxdtc ++= (20)

32

Onde C ∆ t é a separação temporal do evento, e ∆ S é a separação espacial do

evento. O termo c da ao termo temporal (C ∆ t) a dimensão de comprimento. Na forma

diferencial essa relação é escrita como:

( )²²²²² dZdYdXdtcdS ++−= (21)

Um pulso de luz se propagando com simetria esférica percorreria o espaço a

uma velocidade constante.

Se em um espaço de três dimensões, considerarem o intervalo entre dois

eventos como a distancia percorrida por um feixe de luz entre dois pontos no espaço

de quatro dimensões, será observado que este espaço não é unicamente Euclidiano.

O intervalo ds entre dos eventos quaisquer é um absoluto, e terá o mesmo valor

calculado por qualquer observador em estado inercial. Isto pode ser interpretado como

sendo o espaço-tempo absoluto, apesar de o espaço e o tempo serem relativos.

Esta inter-relação de eventos ocorrendo em quatro dimensões pode ser

simplificada para duas dimensões como Minkowski propôs em um congresso em

1908.

Como foi dito antes um evento que ocorre no espaço e no tempo será descrito

por uma figura chamada de cone de luz, que apresenta eventos no passado, no

presente e no futuro.

Como a velocidade da luz é um limite imposto pela natureza, todos os eventos

físicos que ocorreram no passado e estarão interligados no futuro deverão estar

presentes dentro do cone de luz como pode ser visto na figura 4:

Figura 4: Cone de luz

A região exterior ao cone de luz não poderá ser atingida, pois para isso as

razões entre espaço e tempo seriam superiores a velocidade da luz.

33

Tudo que abrange a matéria e campos eletromagnéticos estará relacionado a

uma seqüência de eventos, que são descritos por posições e tempos infinitesimais.

Uma linha do universo mostrará tudo que ocorreu com a substância no passado

e que interferirá nos futuros eventos.

7. O PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE GENERALIZADO

Em 1911 Albert Einstein publicou um artigo cientifico intitulado sobre a influência

da gravidade na propagação da luz em que apresenta exemplos de dois referenciais

não galileanos em que se observava uma equivalência mecânica entre um referencial

K em um campo gravitacional e outro referencial K’ com uma aceleração constante

sem a presença de qualquer campo gravitacional.

Dois corpos situados um em cada referencial não galileano teriam a mesma

percepção de forças apesar de naturezas supostamente diferentes como o próprio

EISNTEIN (2001, O Principio da relatividade, p.128) afirma:

“Em relação ao sistema acelerado K’ isto resulta diretamente do principio de Galileu, mas em relação ao sistema K, que esta em repouso num campo de gravidade homogêneo resulta do fato experimental de todos os corpos terem em tal campo, movimentos idênticos uniformemente acelerado (...) Chegaremos, porém a uma interpretação muito satisfatória de tal lei experimental, se admitirmos que os sistemas K e K’ se equivalem completamente do ponto de vista físico...”

Einstein busca primeiramente uma relação entre a massa que resiste ao

movimento (massa inercial) e a massa que cria o campo de gravidade (massa

gravitacional) e tenta desta maneira relacionar os fenômenos inferidos na relatividade

especial com um campo gravitacional.

Para isto Einstein levantou a hipótese de que: se um corpo acrescido de massa

inercial em função de sua energia cinética também não poderia ser acrescido de uma

massa gravitacional?

Se caso esta hipótese de Einstein estivesse errado uma fenômeno estranho

aconteceria. Dois corpos feitos de mesmo material e energias de repousos iguais

teriam massas inerciais de igual magnitude, logo teriam o mesmo peso em um campo

gravitacional homogêneo. Contudo se estes mesmos copos possuíssem energia de

repouso diferentes em função da energia cinética de cada um, eles teriam ainda assim

um mesmo peso em um campo gravitacional? Com esta questão Einstein procurou

formular uma lei que generalizasse o princípio da relatividade.

7.1 A propagação da luz em um campo gravitacional

34

Primeiramente em um sistema K situado na superfície da Terra em um campo

gravitacional, tem como base o plano X e Y em coordenadas cartesianas e o eixo Z

será a altura neste referencial.

Um outro referencial K’ que possui uma aceleração uniforme de igual módulo a

aceleração gravitacional na superfície da Terra possui como base o plano X’ e Y’,

sendo o eixo Z’ a altura neste referencial não inercial.

Neste caso EISNTEIN (2001, O princípio da relatividade, p.129) afirma:

“Enquanto nós cingirmos aos fenômenos puramente mecânicos abrangidos pelo domínio de validade da mecânica Newtoniana, não oferece dúvida a equivalência dos sistemas K e K’; mas essa equivalência só atingirá um significado de maior profundidade se admitirmos para todos os fenômenos físicos, isto é, se as leis da natureza referidas a K coincidirem inteiramente com as leis referidas a K’. Com a aceitação disto, teremos adquirido um princípio que, se for realmente verdadeiro, terá um grande valor heurístico, porque nos permitirá, através de considerações teóricas dos fenômenos que se passam em relação a um sistema de referencia uniformemente acelerado, obter informação acerca do curso dos fenômenos num campo de gravidade homogêneo”.

7.2 A ponderabilidade da energia

Quando um corpo recebe uma quantidade de energia por irradiação a sua massa

inercial deve aumentar com a relação ²/ cE . Para Einstein o fato de um aumento de

energia alterar a massa inerte, resultará no aumento de seu peso quanto este corpo

interagir com um campo gravitacional.

Se dois sistemas matérias S1 e S2 sobre o eixo Z, com instrumentos de medida

de tempo idênticos em cada um, estiverem a uma distancia h um do outro terão um

potencial gravitacional em S2 maior que S1 situado na origem do referencial acelerado

K.

Se o sistema material S2 emitir para S1 certa quantidade de energia em forma de

radiação eletromagnética, a energia de repouso de S1 irá aumentar com a relação da

energia emitida por S2, que equivale ao acréscimo de massa inerte transportado pela

radiação em uma diferença de potencial gravitacional dado por:

Φ+=²

221

c

EEE (22)

E1 é a energia que o sistema S1 situado na base do referencial recebe de S2, E2

é a energia que foi emitida por S2 como radiação, ²/2 cE a massa inerte transportada

de S2 para S1, Φ é a diferença de potencial gravitacional.

Einstein chegou a esta conclusão, analisando este fenômeno de irradiação e

recepção de energia em um sistema K’ dotado de aceleração uniforme γ sem a

presença de qualquer campo gravitacional.

35

Sobre isso EINSTEIN (2001, O principio da relatividade, p.131) afirma:

“De acordo, porém com o nosso postulado da equivalência de K e K’ podemos estabelecer, em vez do sistema K colocado no campo de gravidade homogêneo, um sistema K’, que não está sujeito à gravidade, mas está animado de movimento uniformemente acelerado no sentido positivo do eixo Z’ do sistema K’. Os sistemas materiais S1 e S2 supor-se-ão então rigidamente ligados ao eixo Z’ em K’. O processo da transferência de energia de S2 para S1 por radiação (...) a radiação atingirá S1 quando tiver decorrido o tempo h/c. Neste instante, porém S1 possui em relação a K0, a velocidade cyhV /= . Por esse motivo, e atendendo à teoria da relatividade habitual, a

radiação que chega a S1 não possui a energia E2. Mas sim uma energia maior...”. Para Einstein quando a radiação passa de S2 para S1 uma massa inercial

²/2 cE , fornece ao exterior o trabalho ²/2 cE yh . Se, contudo S1 emitir uma

quantidade E1 de energia em forma de radiação a massa inercial ²/1 cE realizará

trabalho ate chegar a S2 que esta em um potencial gravitacional mais elevado. Isto

mostra uma equivalência entre a massa gravitacional e a massa inercial.

Em um sistema K’ acelerado uniformemente, o sistema material S2 possui um

relógio próprio para medir a freqüência da radiação V2 que será emitida. Se S1 possui

um relógio idêntico ao de S2 este medirá a freqüência V2 que chega a S1.

Se em relação ao referencial K’ houver um referencial K0 estacionário que meça

a mesma freqüência da radiação emitida por S2 e comparar com a freqüência recebida

por S1 que está acelerado, perceberá que em S1 a freqüência que chega é maior que a

emitida por S2.

Isto se deve ao fato de que no momento da emissão da radiação por S2 o tempo

de trajeto de S2 para S1 ser o percurso da altura h que separa ambos, dividida pela

velocidade da luz.

Estando S1 acelerado com magnitude γ no sentido Z’ positivo a velocidade de S1

em relação ao referencial K0 estacionário será:

ytv = (23)

c

hv γ= (24)

Isto implicará numa variação da freqüência dada pelo efeito Doppler

Relativístico e a relação entre a freqüência emitida por S2 e a observada por S1 será:

+=

c

hγνν 121 (25)

Como o sistema acelerado K’ sem campo gravitacional é equivalente ao sistema

K em um campo gravitacional, pode-se interpretar este resultado como sendo causado

pela diferença de potencial gravitacional entre S2 e S1, sendo que S1 está na origem do

sistema K.

36

Sabendo que γ é a aceleração do campo gravitacional e a diferença de altura

entre S1 e S2 é h, obterá a diferença de potencial gravitacional Φ logo o desvio de

freqüência para um valor maior no sentido Z negativo será:

hγ=Φ (26)

Φ+=

²121

cνν (27)

Logo Com estas hipóteses Einstein sugeriu que a freqüência da luz emitida na

superfície do sol quando chegar a Terra terá um desvio para o vermelho devido à

diferença de potencial gravitacional entre o Sol e a terra.

Einstein sugere que a luz que sai de um campo gravitacional terá sua

freqüência reduzida, e a luz que se aproxima de um campo gravitacional terá sua

freqüência aumentada. No caso de corpos com alto campo gravitacional como é o

caso do Sol tem-se o chamado, desvio para o vermelho, e o desvio para o azul no

espectro visível de radiação eletromagnética. Esta alteração de freqüência em uma

diferença de potencial gravitacional, sugere que dois relógios idênticos, um situado em

S2 e o outro situado em S1 terão, uma diferença na marcação do tempo equivalente a

diferença de potencial gravitacional. Para sincronizar estes dois relógios deve-se

atrasar o relógio S2 e um fator de (1+ Φ/c²).

O efeito da diferença de potencial gravitacional sobre os relógios de S2 e S1 tem

uma conseqüência importante na medida da velocidade da luz, EINSTEIN (2001, O

principio da relatividade, p.137) afirma:

“... Assim para medir o tempo num local em que o potencial gravítico tenha o valor Φ relativamente à origem das coordenadas, devemos utilizar um relógio que apresente quando colocado naquela origem – um ritmo (1+ Φ/c²) vezes mais lento que o do relógio utilizado para medir o tempo na referida origem. Sendo assim se designarmos por C a velocidade da luz na origem das coordenadas, então a velocidade da luz, C, num local de potencial gravítico Φ será dado por:

Φ+=

²10

ccc

O princípio da Constância da velocidade da luz não é, pois, segundo esta teoria, válido na forma que usualmente se põe na base da teoria habitual da relatividade.”

7.3 Encurvamento dos raios de luz no campo de gravidade

Uma conseqüência da inconstância da velocidade da luz em um campo

gravitacional pode ser obtida com a analise do princípio de Huygens. Quando um raio

luminoso passa de um meio menos denso ou mesmo o vácuo para um meio mais

37

denso, o raio luminoso sofre uma mudança em seu trajeto devido à alteração da

velocidade da luz dentro deste meio mais denso.

Sabe-se que em cada meio com certa densidade, um raio luminoso terá uma

velocidade de propagação característica. O que Einstein propôs foi à curvatura da luz

em um campo gravitacional devido à relação entre o raio luminoso e a velocidade

deste em função do potencial gravitacional visto na figura 5:

Figura 5: Desvio de um raio de luz em um campo gravitacional

O resultado desta interação entre de radiação e a gravidade é o desvio na

trajetória de qualquer radiação eletromagnética.

Partindo do princípio da equivalência entre o referencial K e K’, um raio luminoso

que passasse pelo sistema K’ acelerado uniformemente, sofreia uma curvatura

aparente em relação à base X’ e Y’.

Isto ocorre por causa da aproximação acelerada entre a base do sistema K’ e a

trajetória retilínea da luz. Caso um observador hipoteticamente medisse a posição

relativa do raio luminoso em um intervalo de tempo t’, perceberia que a posição

aparente do raio descreve uma curva semelhante a um corpo em queda livre dotado

de velocidade horizontal.

O ângulo de curvatura em um campo gravitacional para um raio luminoso que

tangencia este campo é dado por:

2

c

GMα (28)

Onde G representa a constante de gravitação universal, M a massa do corpo

celeste, ∆ a distancia perpendicular entre a trajetória do raio de luz e o centro do corpo

celeste, c a velocidade da luz. EINSTEIN (2001, O principio da relatividade, p.139)

propôs um experimento que poderia comprovar sua teoria, onde afirma:

“Um raio de luz que passe junto ao Sol sofreria assim uma deflexão de 4.10 (-6) = 0,83 segundos de arco. A distancia angular entre uma estrela e o centro do sol apresenta-se

38

acrescida deste valor. Como as estrelas fixas das regiões do céu que são vizinhas do sol se tornam visíveis quando há eclipses solares, esta conseqüência da teoria pode confrontar-se com a experiência. Para o planeta júpiter, o desvio previsto atinge cerca de 1/100 do valor que atrás se indicou. Seria de extrema conveniência que os astrônomos se ocupassem da questão que aqui foi esboçada, ainda que ela se apresente insuficientemente fundamentada com os raciocínios anteriores, ou até inteiramente aventurosa.”.

7.4 Avanço do periélio de mercúrio

A ferramenta matemática usada por Einstein para a generalização do princípio

da relatividade foi baseada em uma geometria não Euclidiana com base no universo

quadridimensional proposto por Minkowski.

Uma experiência relativamente simples demonstra a necessidade de buscar uma

outra geometria além da Euclidiana para explicar o comportamento do espaço-tempo

em um campo gravitacional. EINSTEIN (2001, O principio da relatividade, p.213)

sugere o seguinte experimento mental:

“Suporemos invariável a distância entre os copos, e inexistente qualquer movimento relativo entre as partes de um mesmo corpo; mas admitiremos que cada uma das massas – vista por um observador imóvel em relação à outra – apresente em torno da reta que une as duas massas, um movimento de rotação de velocidade angular constante ( havendo assim um movimento relativo verificável entre as duas massas). Imaginemos agora que, por meio de réguas ( em repouso relativo), se fazem medições sobre as superfícies dos dois corpos ( S1 e S2), chegando-se a conclusão que é esférica a superfície de S1 e elipsoidal de revolução a de S2.”.

Com essa afirmação se forem medidas as razões entre as circunferências e o

diâmetro de S1 o resultado será igual π para S1, conforme a geometria Euclidiana que

usa corpos rígidos.

Porém no caso de S2 em rotação, existe uma contração das distancias que para

um observador estacionário será menor que no referencial em rotação. Esse

fenômeno implica que a razão entre a circunferência e o diâmetro que não sofre

contração, será um valor diferente de π. Este é um exemplo forte a favor da escolha

de uma nova geometria para descrição do espaço-tempo e a matéria.

Com o uso do calculo tensorial, e um universo quadridimensional Einstein

publicou em 1916 a teoria da relatividade generalizada, que prevê novos fenômenos

físicos e explicam outros que a gravitação Newtoniana deixa sem respostas.

È o caso do avanço do Periélio de Mercúrio observado no século XIX. Este

avanço do Periélio devia ser causado pela perturbação dos outros planetas. Mas

mesmo com tais perturbações corrigidas, a mecânica clássica não explicou este

fenômeno, ver figura 6.

39

Figura 6: Avanço do periélio de mercúrio

Somente com a criação da relatividade geral, a solução para este problema

tornou-se viável. A descrição do avanço angular do periélio de Mercúrio e dos demais

corpos celestes é dado por:

( )²1²²

²24

ecT

a

−=ε (29)

Nesta formula a é o semi-eixo maior, c o valor da velocidade da luz, e a

excentricidade, T o tempo de revolução em segundos.

No caso da rotação orbital de Mercúrio o cálculo estabelece um valor de 43’’

arco de segundo por século em conformidade com os resultados dos astrônomos

como calculou Le Verrier (1811-1877).

8. AS VALIDAÇÕES EXPERIMENTAIS DA TEORIA RELATIVISTA

Os experimentos de Michelson e Morley em 1881 não foram os únicos que

apresentaram argumentos a favor da relatividade Especial e Geral. Albert Einstein em

1905 se baseou em duas experiências importantes. A experiência de Fizeau em

óptica, e a indução magnética de Michael Faraday (1791-1867) e Heinrich Friedrich

Emil Lenz (1804-1865) que foram as bases para os postulados da relatividade

especial.

A experiência de Fizeau estudou o comportamento da luz dentro de um fluido

em movimento tendo em vista o efeito da refração da luz e a velocidade relativa entre

a luz e o fluido. Supõe-se que em um fluido de benzeno um feixe de luz se desloca a

uma velocidade de 200.000km/s, devido à refração. Se este fluido se deslocasse a

uma velocidade de 50km/s, qual seria a velocidade relativa entre a luz e o fluido

segundo a mecânica clássica?

40

A velocidade relativa segundo a visão clássica seria de 200.050km/s. Mas a

medida mostra que a velocidade relativa do fluido e a luz quando se deslocam em

mesmo sentido e em direções contrárias é aproximadamente de 200.028 km/s. A

previsão clássica não explicou este fenômeno, pois tentara explicar este fenômeno

com as transformações galileanas. As previsões teóricas que mais se aproximam do

valor medido é, contudo as transformações de Lorentz prevista na relatividade

especial.

A hipótese Einstein sobre os referenciais Galileanos não terem preferência,

pode ser verificada observado o fenômeno da indução eletromagnética. Einstein

percebeu as experiências em eletromagnetismo poderiam ser expandidas para todas

as áreas da física, com isso quando se observa a criação de uma corrente elétrica

induzida, percebe-se que independentemente do movimento do imã ou de expiras, a

tensão induzida surge da mesma forma.

Einstein partiu desta observação e postulou sobre a incapacidade de perceber

o movimento absoluto entre os corpos.

8.1 O efeito Doppler-Fizeau

Se um átomo em repouso emitir radialmente, radiação eletromagnética, de

comprimento λ perceberá uma freqüência natural destas ondas eletromagnéticas.

Caso este átomo se desloque com uma velocidade rV relativa a um observador, este

medira uma variação da freqüência das ondas eletromagnéticas dado por:

c

Vr=∆

λ

λ (30)

Onde λ∆ é a variação da freqüência recebida menos à freqüência emitida, rV

a velocidade relativa entre emissor-observador e c a velocidade da luz no vácuo.

Este efeito da variação da freqüência é conhecido como o Efeito Doppler-

Fizeau clássico. Porém a mecânica relativista prevê que um desvio de freqüência deve

ser corrigido pelo fator relativístico γ . O afastamento real das riscas espectrais deve

ser proporcional a ( )²λ∆ se a velocidade rV for puramente radial.

Entre 1938 a 1941, Ives e Stilwell fizeram experiências sutis e cruciais medindo

a emissão de radiação por átomos em movimento. Em 1962 fizeram experimentos

mais precisos, atingindo velocidade de ate 3000km/s destes átomos emissores. As

variações das freqüências observadas sempre provaram ser igual à ( )²λ∆ ,

proporcional ao quadrado do efeito Doppler clássico λ∆ .

41

A constante K deve ser igual 2/1=k segundo a relatividade especial.

Experimentadores encontraram ( )025,0498,0 ±=k . Este efeito foi chamado de efeito

Doppler transversal, que era inaceitável em mecânica clássica.

Outro caso de desvios espectrais ocorre nas chamadas estrelas binárias.

Quando duas estrelas esta próximas, ambas são influenciadas pelo campo

gravitacional de sua vizinha. O efeito é de uma órbita entorno do centro de massa, isso

foi verificado no século XIX e analisado a partir dos desvios de freqüência de ambas

as estrelas. Quando o movimento de uma das estrelas era de recessão a luz que saia

desta sofria uma diminuição em sua freqüência devido ao efeito Doppler-relativístico,

enquanto que a outra estrela orbitária em direção contrária a primeira e em sentido

oposto, emitindo luz com um aumento na freqüência, pois essa estaria se

aproximando do observador neste momento.

8.2 A massa variável dos elétrons

Segundo a relatividade especial, todo corpo em translação em altas

velocidades terá uma variação de sua massa inerte a um fator γ . Em 1915 Guye e

Lavanchy fizeram experiências com elétrons em tubos Crookes de raios catódicos.

Estes experimentadores estabeleceram uma diferença de potencial elétrico de

100.000 volts. A velocidade dos elétrons atingiu cerca de 165.000km/s, ou seja, mais

da metade da velocidade da luz. Quando calcularam a razão entre a carga elétrica e

as respectivas massas, perceberam que houve um aumento de 15% na massa inerte

como afirma a relatividade especial.

Em 1964 W. Bertazzi acelerou elétrons com uma diferença de potencial elétrico

variando de 500.000 volts ate 15 milhões de volts, A variação das massas inertes

chegaram até dez vezes a massa de repouso de um elétron.

A essa diferença de potencial a velocidade dos elétrons segundo a mecânica

clássica deveria ir de 1,41c ate 7,75c, enquanto que pela relatividade a velocidade

desses elétrons deveria chegar ate 0.87c. E foi esta velocidade de 0,87c que foi

observada.

Um outro efeito relativístico é a transferência de massa inerte por meio de

radiação. As reações nucleares mostram que os nucleons não conservam mesma

massa inerte antes e depois de serem fissionado. É esta diferença de massa inercial

que se transforma em energia nas usinas termonucleares. As variações nas energias

de repouso de partículas são claramente observadas nos aceleradores de partículas

sendo que as previsões relativísticas se confirmaram nestas usinas e laboratórios.

42

8.3 A relatividade e a mecânica quântica

A teoria quântica começou a ser desenvolvida desde as experiências de Max

Planck (1858-1947) no final do século XIX e ganhou grande impulso em 1905 com a

explicação do efeito fotoelétrico por Albert Einstein.

A natureza mostrou outro segredo quando as experiências demonstram que a

luz é feita de quantidades discretas de energia e possuem um comportamento

ondulatório-corpuscular.

Desde as teorias de Joseph John Thomson (1856-1940) ate o modelo atômico

proposto do Niels Bohr (1885-1962), a teoria atômica mostrou a organização eletrônica

dentro dos átomos. Mas entre 1923 e 1924 Louis de Broglie (1892-1987) propôs uma

nova hipótese, da qual a matéria também apresenta comportamento dual.

Erwin Rudolf Josef Alexander Schrödinger (1887-1961) pouco tempo depois

equacionou o átomo de hidrogênio baseado no comportamento ondulatório do elétron.

o resultado foi surpreendente, pois explicou a razão pela qual a energia em um átomo

deve ser quantizada e ainda previu novos fenômenos quânticos.

Contudo experimentos realizados entre 1927 e 1933, mostraram que os

elétrons em um átomo possuem um campo magnético intrínseco e que não havia

explicação para isso.

Foi, porém o jovem físico inglês Paul Andrien Maurice Dirac (1902-1984) que

expandiu os conceitos da relatividade para a mecânica quântica usando-as nas

equações de Schrödinger, Dirac encontrou automaticamente um novo número

quântico e que apareceu automaticamente nas equações, e mais ainda previu um

outro tipo de partículas que teriam carga elétrica oposta à do elétron, mas com mesma

massa inerte.

8.4 As validações da relatividade geral

O desvio da luz, proposto por Einstein em 1911 foi observado no eclipse solar

de 1919 em Sobral Ceará. O valor encontrado para este desvio foi duas vezes maior

do que o proposto por Einstein no principio da relatividade geral. Este fato ocorreu

porque Einstein quando propôs o desvio da luz em um campo gravitico usou os

cálculos clássicos para o campo gravitacional.

Einstein em 1916 quando publicou a teoria da relatividade geral corrigiu estes

cálculos e afirmou que os desvios dos raios luminosos provenientes de uma estrela

43

quando passassem nas proximidades do sol seria de 1,74 segundo de arco, igual ao

valor obtido em 1919.

A dilatação do tempo em um campo gravitico foi observada usando relógios

atômicos em diferentes altitudes. Como os relógios atômicos possuem ritmos de

vibração característicos, a sincronização destes situados em satélites somente foi

possível através da relatividade geral, que afirma existir um atraso em dois relógios

quando submetidos a uma diferença de potencial gravitico.

Em 1960 dois físicos de Harvard puseram em evidencia os desvios espectrais

para o vermelho e para o azul. Se um fóton de 14keV emitido por um núcleo excitado

de Ferro-57 deverá ser absorvido por um núcleo de Cobalto-57 caso estejam a uma

mesma altura, ou seja, a um mesmo potencial gravitico. Mas quando estes dois

átomos foram colocados uma altura de 22 metros um do outro não houve a absorção

da radiação pelo cobalto. Isso ocorreu devido à diferença de potencial gravitico

previsto pela teoria da relatividade geral. Mas as absorções nestas condições só

ocorreram quando houve um movimento relativo entre os átomos, acarretando no o

efeito Doppler relativístico, conseqüentemente alterou a freqüência emitida e a

absorvida ate a absorção.

Outra situação que necessita da intervenção da teoria da relatividade especial

e da teoria da relatividade geral, é o caso dos GPS (Global Position sistem). O GPS é

composto por vinte e nove satélites geoestacionários que a todo o momento enviam e

recebem informações da Terra.

Estes sinais informam a posição de uma pessoa ou de um objeto a todo o

momento para um receptor. Contudo a informação é transmitida através de ondas

eletromagnéticas a grandes distancias acima da atmosfera, com isso tanto a posição

do objeto na terra quanto dos satélites no espaço sofrem alterações e necessitam de

correções de tempo e posição. Como a velocidade da luz é constante e sofre

pequenos desvios em campos gravitacionais em baixos campos gravitacionais, pode-

se estimar qual é a imprecisão da posição e do tempo nas informações no GPS.

Estes satélites possuem relógios atômicos, com alta precisão de medidas de

tempo, contudo seus períodos devem ser sincronizados todo momento por causa da

alteração nas medidas de tempo influenciadas pela diferença de potencial

gravitacional previsto na Relatividade Geral.

Esta tecnologia revolucionou os sistemas de transporte, terrestre, marítimo e

aéreo, e sem tal tecnologia não teríamos todo o conforto que essa tecnologia nos

propõe, sendo até mesmo de suma importância para encontrar pessoas seqüestradas

ou veículos roubados.

44

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Toda a evolução da física só foi possível graças à contribuição teórica de

filósofos e físicos ao longo dos séculos de estudo, de observação e de

experimentação. A mecânica aristotélica foi modificada, graças à percepção de Galileu

e Descartes que viram a importância da construção teórica, baseada em

experimentos. Com estabelecimento de um método cientifico pode-se compreender a

natureza sem que para isso se baseie em hipóteses especulativas.

O estudo histórico da evolução da física proporciona aos estudantes a visão

critica necessária para o seu desenvolvimento profissional tanto na educação quanto

na carreira científica. Ao estudar os fundamentos de uma teoria através da leitura dos

conceitos originais percebe-se a riqueza teórica apresentada. Muitas vezes chega-nos

o conhecimento simplificado por causa da necessidade didática.

Mas conhecer as origens de uma teoria permite uma constatação direta com

os argumentos propostos pelo teórico, o que gera um amadurecimento científico de

suma importância. O desenvolvimento da relatividade Especial e Geral por Albert

Einstein foi baseado em princípios fundamentais tirados de experimentos mecânicos e

elétricos como no caso da conservarão do momento e da energia e as experiências de

Fizeau em óptica e de Faraday no eletromagnetismo.

Assim esta teoria apesar de suas hipóteses extraordinária, pode mostrar seus

resultados antes mesmo de serem postos à prova, pois seus fundamentos partiram da

analise dos fundamentos da física e de experimentos cruciais para a ciência.

A idéia que se a respeito da criação da relatividade na grande parte dos livros

didáticos são apresentadas como postulados audaciosos propostos por Albert

Einstein. Mas com esses estudos sobre a construção de sua teoria percebe-se que

seus fundamentos não estavam unicamente firmados em questões lógicas, mas

unidos com a física experimental, e desta harmonia entre o modelo teórico e a

experimentação nasceu estas idéias revolucionárias, causadoras de um profundo

impacto na vida moderna.

A ousadia de propor novas teorias ao invés de manter as anteriores, deve ser

vista como um bom exemplo na evolução da física, pois a ciência muitas vezes resiste

à mudança quando tenta salvar conceitos físicos conflitantes com a experiência. Este

foi o caso da relatividade quando foi proposta.

Apesar de a teoria relativística tornar-se consolidada ao longo do século XX,

deve-se sempre ter em vista que o julgamento da veracidade de uma teoria deve ser

formado excepcionalmente através de experimentos. Isso vale também para a

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relatividade. Ela estará segura da forma como se encontrar, desde que suas

afirmações não venham conflitar com novos experimentos que as porá a prova.

9. BIBLIOGRAFIA

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