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0 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” O PEDAGOGO EMPRESARIAL E A UNIVERSIDADE CORPORATIVA Flávia Valeska de Almeida Ferreira Orientador: Luiz Cláudio Lopes Alves, D.Sc. RIO DE JANEIRO 2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

O PEDAGOGO EMPRESARIAL

E A UNIVERSIDADE CORPORATIVA

Flávia Valeska de Almeida Ferreira

Orientador: Luiz Cláudio Lopes Alves, D.Sc.

RIO DE JANEIRO

2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

O PEDAGOGO EMPRESARIAL

E A UNIVERSIDADE CORPORATIVA

OBJETIVOS: O objetivo desse trabalho é demonstrar as atividades desenvolvidas pelo pedagogo na implantação da Universidade Corporativa, e no que tange o conhecimento e expansão intelectual dos colaboradores, fornecedores e clientes, elevando assim o nível da empresa, no atual cenário, na era do conhecimento.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS pela saúde concedida para que eu possa sempre estar buscando novos aprendizados, e a todas as pessoas que de forma direta ou indireta contribuíram para a conclusão deste curso.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu esposo Marcelo pela paciência nos momentos em que eu precisei e à minha família por ter me dado a bênção da convivência e da harmonia.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6 CAPÍTULO I UNIVERSIDADE CORPORATIVA ................................................... 7

1.1 Universidade Corporativa. O surgimento e seus objetivos .. 7 CAPÍTULO II O PEDAGOGO E A UNIVERSIDADE CORPORATIVA ................. 13 CAPÍTULO III O PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES ....................... 26 CAPÍTULO IV A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NO AMBIENTE LABORAL ..... 30 CONCLUSÃO ................................................................................ 32 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 34 ÍNDICE ............................................................................................................. 36

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar a transformação das

organizações baseadas no antigo modelo empresarial fundamentado na

eficiência em empresas que seguem um novo modelo, voltado à economia do

conhecimento. A educação corporativa foi uma ferramenta fundamental nesse

processo de transformação.

Apoiados em Richard Crawford, Marisa Eboli e J. C. Meister, vamos

expor o contexto histórico, abordar o surgimento da Universidade Corporativa

(UC), enumerar suas diretrizes e estratégias e analisar seus resultados e

impactos nas empresas atuais. Para tanto, utilizaremos o case da Petrobras

como base para demonstrar a eficácia da correta aplicação da educação

corporativa, além de exemplos de outras empresas que melhoraram

significativamente seus desempenhos após a implementação de suas

Universidades Corporativas.

Palavras-chave: Universidade Corporativa; Pedagogia; Educação; Corporação.

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METODOLOGIA

Os fundamentos científicos do trabalho ora apresentado estão

embasados em alguns dos mais renomados teóricos da Pedagogia Moderna:

Idalberto Chiavenato, Maria Amélia Franco, José Carlos Libâneo, Umberto

Pinto, dentre outros, de onde foram tiradas informações e colocadas em

destaque para alcançar os objetivos propostos: o papel do pedagogo e a

gestão do conhecimento e de recursos humanos. Estes últimos devem

trabalhar em parceria com o Pedagogo Empresarial.

O processo foi realizado seguindo a orientação do nosso professor Luiz

Cláudio Lopes Alves, por meio de indicações de livros, artigos e textos,

consultando o Livro de Monografia cedido pela Universidade Cândido Mendes,

para o passo-a-passo e pesquisas realizadas na Internet.

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INTRODUÇÃO

O presente estudo visa analisar a educação corporativa não só como

um programa integrante do processo de desenvolvimento de pessoas, mas

como uma ferramenta fundamental para a transformação das organizações

baseadas no antigo modelo empresarial fundado na eficiência e em economias

de escala, para um novo modelo corporativo voltado à economia do

conhecimento, vital para o sucesso das organizações no século 21. Com a

globalização, impôs-se a competitividade, fazendo com que as organizações

tenham de estar sempre prontas para enfrentar a flexibilidade ditada pelo

mercado, e, necessariamente, manter os seus “ativos humanos” também

atualizados. Nesse sentido, podemos entender qual a importância do capital

humano na empresa e, principalmente, o papel que o Departamento de

Treinamento e Desenvolvimento deve exercer. É importante que sejam

alocadas as pessoas para desenvolverem atividades que absorvam ao máximo

seus conhecimentos, pois, assim, tenderão a buscar cada vez mais o

aprendizado e a atualização. As organizações devem necessariamente

envolver seus colaboradores em processos de reeducação e análise de

aptidões, tornando-os interessados e responsáveis pelo seu auto-

desenvolvimento, alavancando o aperfeiçoamento organizacional

Neste cenário, a educação corporativa é a chave para desenvolver e

reter este capital intelectual. Um sistema de educação corporativa é concebido

a partir da estratégia e da competência essencial da organização, ou seja,

aquela que a diferencia no setor em que atua, capacitando seus colaboradores

para sua atividade, de forma a garantir vantagem competitiva de mercado.

Para tanto, além de abordar o surgimento, os objetivos e os impactos

da educação corporativa relatados pela doutrina, o presente estudo irá utilizar o

case da Petrobras para exemplificar a correta aplicação da educação

corporativa como ferramenta de desenvolvimento pessoal de funcionários e de

gestão corporativa.

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CAPÍTULO I

UNIVERSIDADE CORPORATIVA

1.1 Universidade Corporativa. O surgimento e seus objetivos.

Conforme Souza (2001), a partir dos anos 1950, grandes e médias

empresas norte-americanas passaram a formar grupos de trabalhadores a fim

de ensinar-lhes como fazer seu trabalho melhor. Essas infraestruturas

educacionais proliferaram em toda a América do Norte e ficaram conhecidas

como universidades, institutos ou faculdades corporativas e que tinham como

meta não só atualizar os profissionais sobre os acontecimentos do mundo das

corporações, mas se antecipar a eles, sendo uma das mais ilustres a

Crotonville, a universidade corporativa da General Eletric, fundada em 1955.

Com efeito, apesar de criadas no ambiente empresarial dos anos 1950,

é no século 21 que as Universidades Corporativas (UC) assumem seu papel de

fator determinante de sucesso nas organizações. Fundamentalmente distintas

do modelo empresarial dos anos 1950 e 1960, as novas organizações se

destacam pela flexibilidade, pela ausência de fronteiras e pela comunicação

rápida entre a empresa e seus funcionários, fornecedores, clientes e sociedade.

A hierarquia corporativa, antigamente estável e de movimentos lentos,

com as “cabeças pensantes” no topo e os “implementadores” na base, não

mais se coaduna com o novo ambiente competitivo e de movimentos rápidos.

Em substituição a esse modelo hierárquico, as empresas estão buscando uma

estrutura plana, enxuta e flexível, fundada em um processo decisório

descentralizado, no qual a velocidade e a eficiência são fatores determinantes

para o sucesso gerencial.

As novas estruturas organizacionais estão levando a responsabilidade

e a autoridade para os níveis hierárquicos inferiores, dos executivos e gerentes

para os trabalhadores comuns. No atual modelo empresarial, mais funcionários

precisam pensar e agir como gerentes; precisam saber interpretar informações,

aplicá-las ao seu trabalho e tomar decisões de cunho empresarial. Com a

flexibilização da estrutura hierárquica e a diminuição do espaço entre as

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posições de liderança e de produção de bens e serviços, o papel do

empregado comum está cada vez mais adquirindo a natureza gerencial

(SOUZA, 2001).

Essa nova realidade transformou por completo as exigências de

qualificação dos empregados e o tipo de educação e treinamento de que

precisam. A questão passou a ser não apenas treinar os funcionários para que

adquiram mais qualificações, mas apresentá-los a uma maneira nova de

pensar e trabalhar a fim de que possam desempenhar papes mais amplos

dentro das organizações.

Tal cenário indica que cada vez mais o valor agregado aos bens e

serviços será criado pelo capital humano. A mudança de paradigma no

pensamento corporativo – do sucesso com base na eficiência e na economia

de escala para a diversidade de conhecimento, informação e cultura dos

trabalhadores – é a essência da empresa moderna. Nela, trabalho e

aprendizagem são elementos de importância semelhantes, sendo fundamental

o desenvolvimento da capacidade do indivíduo de aprender e se desenvolver.

Por essa razão, empresas modernas estão transferindo para a educação

corporativa o sucesso de seus modelos empresariais de serviços,

acessibilidade e tecnologia avançada.

Embora cada universidade corporativa tenha peculiaridade que as

distinguem das demais em muitos aspectos, a doutrina identifica alguns

princípios e objetivos fundamentais para que possam cumprir sua função

precípua: tornar-se instituições em que o aprendizado seja permanente. Dez

princípios constituem a base da capacidade das universidades corporativas em

tornarem-se formadoras de força de trabalho com qualidade, necessária para

que as organizações tenham sucesso no mercado global. São elas:

a) Oferecer oportunidades de aprendizagem que deem sustentação às

questões empresariais mais importantes da organização: o modelo de

universidade é baseado em competências e vincula a aprendizagem às

necessidades estratégicas da empresa. Em um cenário empresarial de atuação

global, volátil, ágil e exigente, encontrar e reter talentos são fatores

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fundamentais para a sobrevivência das corporações. Empresas de sucesso

serão aquelas que se apresentarem mais preparadas para atrair, desenvolver e

reter as pessoas com as qualificações, perspectivas e a experiência

necessárias para a condução de uma corporação de atuação global.

Assim, o desenvolvimento profissional nas organizações deve enfocar

o vínculo entre as qualificações de um funcionário e os objetivo empresariais,

de forma que o ponto de partida para a criação de um programa de

aprendizagem é sempre uma questão ou oportunidade empresarial.

b) Considerar o modelo da universidade corporativa um processo e não um

espaço físico destinado à aprendizagem: o objetivo das universidades

corporativas é aumentar a aptidão do funcionário para a aprendizagem,

incorporando em cada um o comprometimento e o acesso a uma aprendizagem

permanente. Assim, a universidade corporativa personifica a filosofia de

aprendizagem da organização, que tem como meta prover a todos os níveis de

funcionários o conhecimento, as qualificações e as competências necessárias

para atingir os objetivos estratégicos das organizações. Para o treinamento

tradicional, o processo de aprendizagem é algo que tem começo e fim. Assim, o

aluno para de aprender ao concluir o curso. Nas universidades corporativas, ao

contrário, busca-se encorajar a aquisição contínua de qualificação e competências

ao longo da vida profissional. As universidades corporativas não visam ministrar

cursos, mas criar processos de aprendizagem de novas qualificações.

c) Elaborar um currículo que incorpore competências básicas, as quais

sustentam e ajudam a definir a vantagem competitiva da empresa, tais como:

c.1) Aprendendo a aprender: saber como compreender e manipular

rapidamente as informações recebidas e mostrar comprometimento com o

auto-desenvolvimento, a fim de constantemente buscar aprender novas

técnicas e competências;

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c.2) Comunicação e colaboração: trabalhar em grupo, ouvir e comunicar-se

com os colegas de trabalho, além de saber solucionar conflitos e compartilhar

práticas com os demais elementos da organização são características

essenciais para o profissional do conhecimento do século 21;

c.3) Raciocínio criativo e resolução de problemas: identificar e definir

problemas, implantar soluções, gerar novas ideias, controlar e avaliar os

resultados são elementos fundamentais para dar sustentação às vantagens

competitivas das organizações;

c.4) Conhecimento tecnológico: desenvolver a capacidade de usar novas

tecnologias, utilizar meios avançados de comunicação com os membros da

equipe, relacionar-se com novos profissionais e pesquisar melhores práticas de

uma organização e da concorrência é essencial em um mercado global;

c.5) Conhecimento de negócios globais: conhecer técnicas empresariais

mais complexas, entender e interpretar uma demonstração de resultados,

conhecer o processo de alocação de capital e saber avaliar o potencial de um

negócio são habilidades fundamentais para a competência no âmbito dos

negócios;

c.6) Desenvolvimento de liderança: desenvolver a capacidade de

compartilhar atribuições, dar autonomia aos colegas de trabalho e motivar o

grupo a atingir os objetivos empresariais da corporação. Na economia do

conhecimento, os líderes precisam definir uma visão compartilhada e liderar a

organização para que a mesma se realize;

c.7) Auto-gerenciamento da carreira: desenvolver a habilidade de gerenciar,

de forma ativa, o próprio desenvolvimento e a própria carreira, ao invés de,

passivamente, integrar um plano de treinamento elaborado pela gerência, e

assim desenvolver a empregabilidade de seus funcionários;

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c.8) Cidadania corporativa: as UCs devem ser o principal instrumento de

divulgação dos valores, das crenças e da cultura da organização. O conceito

de cidadania comum implica certo grau de identificação com o nosso país e

nossa cidade, resultado da familiaridade com os valores, costumes e cultura.

As empresas de vanguarda cultivam em suas forças de trabalho uma noção

semelhante de vínculo e orgulho. Para tanto, treinam seus funcionários nos

valores, na cultura, nas tradições características das corporações, de forma

que demonstrem viver de acordo com esses valores no ambiente de trabalho.

c.9) Estrutura contextual: para manter as vantagens competitivas de cada

organização na era da economia do conhecimento, é fundamental que a força

de trabalho conheça os cenários de atuação da sua empresa; as tendências do

setor; seus clientes; as empresas concorrentes e suas melhores práticas.

d) Treinar a cadeia de valor (do mais alto executivo até o mais simples

empregado) e parceiros, assim como universidades que possam fornecer os

trabalhadores de amanhã: para ser eficaz, o treinamento precisa ser amplo, ou

seja, engloba não apenas os funcionários, mas também os membros mais

importantes da cadeia de clientes/fornecimento, o que pode incluir clientes,

fornecedores de produtos e escolas locais. Se todos os membros vitais da

cadeia tiverem conhecimento da visão, dos valores, missão e metas de

qualidade da empresa, assim como de cada competência que sustenta sua

vantagem competitiva, a empresa estará mais preparada para atingir seus

objetivos empresariais. As empresas que possuem Universidades Corporativas

reconhecem que o sucesso de seus fornecedores e clientes é vital para seu

próprio sucesso. Em vez de tratar os fornecedores como adversários – ou pior,

como objetivos descartáveis que podem ser jogados fora assim que sua função

estiver terminada –, as empresas esclarecidas estão assumindo que precisam

montar parcerias com os principais elos do seu canal empresarial. A Motorola

University tornou-se um veículo para estabelecer um canal de diálogo com os

fornecedores, ouvindo deles e ensinando-lhes a iniciativa de qualidade da

corporação, o Six Sigma. A Motorola patrocina fóruns nos quais o pessoal

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interno ouve explicações dos fornecedores, como especialistas em suas áreas,

e ficam a par de novas ideias sobre questões que vão desde o

desenvolvimento de novos produtos até oportunidades de redução de custo.

Além disso, esse treinamento de fornecedores também representa uma fonte

de renda para a Motorola University por meio de acordos de licenciamento. As

Universidades Corporativas também visam treinar aqueles que estão do outro

lado da cadeia de clientes/fornecimento: os clientes e intermediários da

empresa, que vendem os produtos aos usuários finais. Elas são hoje o foco

central da criação de parcerias com revendedores, distribuidores, atacadistas e

lojistas assim como para a elaboração de programas aos usuários finais. Elas

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CAPÍTULO II

O PEDAGOGO E A UNIVERSIDADE CORPORATIVA

2.1 – O Pedagogo

Segundo Franco (2002), a docência é uma profissão com identidade e

estatuto epistemológico próprios, e que em si, o ensino é uma das

manifestações da práxis educativa, definir o pedagogo como professor (e das

séries iniciais) é reduzir a potencialidade de sua inserção na práxis educativa.

Por outro lado, dizer que enquanto pedagogo ele pode também ser

docente das séries iniciais (para o que ele tem que ser formado e preparado,

através do conjunto das disciplinas e atividades que compõem o curso,

orientadas por docentes de várias áreas que tenham a educação e o ensino

como objeto de estudo), significa garantir o único espaço adequado na

universidade para a formação dos professores e pesquisadores para esse nível

de escolarização (lembrando que o curso normal médio está em extinção e

lembrando que onde se faz pesquisa é na universidade).

Essas considerações apontam caminhos que poderão orientar a

elaboração de diretrizes curriculares nacionais para os cursos de pedagogia

que retirem o pedagogo do limbo profissional e identitário em que se encontra.

Entendendo que o pedagogo é um profissional que domina

determinados saberes, que, em situação, transforma e dá novas configurações

a estes saberes e, ao mesmo tempo, assegura a dimensão ética dos saberes

que dão suporte à sua práxis no cotidiano do seu trabalho, e que a Pedagogia

se aplica ao campo teórico-investigativo da educação e ao campo do trabalho

pedagógico que se realiza na práxis social, entendo que, o curso de graduação

em Pedagogia forma (deva formar) o Pedagogo com uma formação integrada

para atuar na docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, na Educação

Infantil e nas disciplinas pedagógicas dos cursos de formação de professores e

na gestão dos processos educativos escolares e não-escolares, assim como na

produção e difusão do conhecimento do campo educacional (cf. item 2. da

proposta de Diretrizes, ForumDir, 2004).

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A nossa visão, essa proposta de diretrizes, além de avanços

construídos pela Comissão de Especialistas , enfrenta, estrategicamente, a

importância da formação dos professores das séries iniciais no curso de

pedagogia, único espaço em nível superior para se proceder sua formação com

a qualidade desejada, entendendo-a como uma das inserções profissionais

possíveis dos pedagogos, e entendendo que essa formação não se reduz a

sala de aula, mas inclui a gestão das políticas e dos espaços de ensino e

aprendizagem, sejam eles escolares ou não. Portanto, implica a formação de

um pedagogo da educação infantil (da criança de 0 a 10 anos).

Considerando a complexidade dessa educação, admite-se áreas de

aprofundamento para uma formação mais voltada para a criança de 0 a 06 anos

(Educação Infantil) e para a criança de 07 a 10 anos (séries iniciais do Ensino

Fundamental). Portanto, tendo a pedagogia como base para a formação docente.

Um curso de pedagogia não dá conta de formar pedagogos para se

inserirem em inúmeras áreas de atuação como hoje se constata com as várias

modalidades de currículo existente nas universidades e nas demais instituições

de ensino superior. Daí se assumir com tranqüilidade o que seria o essencial

da formação do pedagogo, o que o identifica epistemológica e

profissionalmente em todo o território nacional. Mas vamos também assumir

que sua formação se dá com pesquisa que confronta o real e o produzido

sobre o real, que aponta possibilidades e perspectivas de transformação da

realidade existente, que supere a visão fragmentada dos espaços escolares e

não-escolares. Mas assumir que as áreas e demandas específicas, como

educação de pessoas com necessidades, educação no campo, de indígenas,

para a inserção nas mídias, etc. se faça fora do curso de pedagogia, como

aprofundamentos, enriquecimento curricular, especialização, etc., e não no

curso em que atualmente se apregoa em preparar o pedagogo em três anos.

2.2 – O Pedagogo e a Qualificação Profissional

Geralmente, o pedagogo tem-se caracterizado como profissional

responsável pela docência e especialidades da educação, como: Direção,

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Supervisão, Coordenação e Orientação Educacional, entre outras atividades

específicas da escola. Podemos dizer que, dificilmente, encontra-se o

profissional da educação desvinculado da escola propriamente dita, e inserido

em outras atividades do mundo do trabalho, como em empresas, ainda que

esse trabalho refira-se à educação, mas em uma perspectiva extra-escolar.

Ao analisar a estrutura de organização das disciplinas do curso de

Pedagogia notamos que não há direcionamento específico para a atuação do

pedagogo em empresas, fato esse que dificulta a inserção e conhecimento das

possibilidades de atuação desse profissional nos processos produtivos. Por

essa razão e, também, porque a escola constitui-se um local de trabalho

bastante conhecido dos pedagogos, esses profissionais limitam sua procura a

essas instituições.

Nesse momento, em que o curso de pedagogia passa por um processo

de reestruturação com propostas divergentes de diretrizes curriculares e,

também, considerando as modificações ocorridas no processo produtivo, faz-se

importante contemplar a possibilidade de atuação desses profissionais em

outros setores do mundo do trabalho.

2.3 – As Modificações e Reflexos na Qualificação Profissional

Na atual sociedade capitalista, os processos produtivos têm sofrido

profundas transformações no que se refere ao modo como está organizada a

produção, devido, sobretudo, ao avanço tecnológico, bem como a própria

necessidade de manutenção do capitalismo.

A qualificação profissional inserida nesse contexto de transformação,

por um lado, é alterada e ampliada havendo maior valorização do componente

intelectual em detrimento do manual. As exigências do mercado de trabalho

apontam para uma maior qualificação e, para tanto, o pedagogo pode

contribuir, nesse processo, na qualificação do trabalhador.

A qualificação profissional tem sofrido evoluções históricas delineadas

pelas diferentes concepções e modos de organizar a produção. Na

denominada Segunda Revolução Industrial, a implementação do trabalho nos

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moldes tayloristas tem como objetivo a racionalização e contenção de

desperdícios nos locais de produção, então Taylor desenvolveu técnicas que

parcelarizam ao máximo a produção e as atividades exercidas pelos

trabalhadores, controlando e cronometrando até mesmos os movimentos

exigidos para a realização de tarefas específicas, assim como o tempo

destinado a essa realização.

Esses métodos e técnicas intensificaram o ritmo do trabalho e

aumentaram a rigidez do produto (produto - padrão) e da mão - de - obra

destinada a realizar tarefas fixas, repetitivas e monótonas, as quais são

controladas por uma rígida supervisão. Nesse modelo o processo de

elaboração é realizado por um quadro de especialistas. Gerência científica

enquanto os trabalhadores apenas executam da produção em massa o que

significa consumo em massa, modificando a forma de reprodução da força de

trabalho , a estética do produto e a mercadificação da cultura. (HARVEY, 1992,

p.123).

Uma grande aplicação de Ford na indústria automobilística foi a

utilização da esteira rolante que aliada às operações parceladas, as quais

existiam desde a manufatura, contribuiu significativamente na desqualificação

do trabalhador, seja por não exigir e inibir qualquer capacidade de pensar,

como também por conceber o trabalhador como extensão da máquina aquele

trabalhador, antes necessário no processo de montagem era eliminado. Em

seu lugar surgia um novo homem cuja função era repetir indefinidamente

movimentos padronizados, desprovidos de qualquer conhecimento profissional,

que para Ford nada tem de desagradável. (VARGAS, 1987, p.24).

A rigidez do fordismo diante a crise do Estado de bem-estar-social

emperrou sua hegemonia enquanto sistema de organização do trabalho,

apesar de não ter sido excluído da sociedade mundial sua incapacidade de

articulação com a sociedade do trabalho deu margem ao aparecimento de um

novo modelo denominado por Harvey (1992) de acumulação flexível.

Tanto no modelo fordista como no taylorista de produção a falta de

autonomia para realizar tarefas parcelarizadas e a utilização preponderante do

componente manual faz com que se aprofunde a situação na qual o

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trabalhador encontra-se expropriado do saber na produção e plenamente

desqualificado, executando tarefas possíveis de serem executadas por

máquinas.

O fenômeno que Harvey denomina de acumulação flexível tem

abrangência mais geral na sociedade, mas também, no interior das fábricas

configurando novas formas de organizar a produção, geralmente, utilizando

maquinários com tecnologia avançada.

O acelerado avanço tecnológico, nas últimas décadas, provém das

necessidades competitivas e das próprias lutas operárias por melhores

condições de trabalho. A tecnologia e o avanço informacional tornam-se

condições essenciais para a sobrevivência das empresas, uma vez que ela traz

vantagens significativas à produção integrando as modificações na organização

de um trabalho menos hierarquizado e voltado para a integração tanto da

máquina como dos trabalhadores.

Diferentemente do tipo de força de trabalho que se requer na

organização taylorista-fordista, os modelos organizacionais como o Just-in-

time/Kamban e o Toyotismo, entre outros, inovam modificando a disposição

dos meios de produção e a utilização da mão-de-obra.

Em ambos os modelos passa-se a requerer do trabalhador um maior

potencial intelectual e comportamental, principalmente no que se refere a

capacidade de trabalhar em equipe, conhecer a totalidade do processo

produtivo, criatividade para propor inovações, capacidade para resolução de

problemas, comunicação e expressão, conhecimentos gerais e de idioma, entre

outros geralmente não conta com tecnologias ultramodernas como robôs e

controle por central de computadores, pois o fracasso ao não atingir ganhos de

produtividade deve ser atribuído às antiquadas estruturas organizacionais

incapazes de acomodar as novas tecnologias não adianta gastar dinheiro com

as novas tecnologias e utilizá-la de maneira antiga. (RIFIKIN, 1996, p. 99).

O Just-in-time envolve a produção como um todo: trabalhadores, gerência e

fornecedores em uma política de redução de estoques, já que se produz

somente o que for solicitado pelo departamento de vendas. Os maquinários

encontram-se dispostos em linhas de produção, de modo a racionalizar a

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produção eliminando os estoques e proporcionando linearidade e continuidade

sem quebras no processo.

A experiência da indústria automobilística Toyota, embora não se

apresente em oposição ao Just-in-time tem-se caracterizado pela

implementação de alta tecnologia, aperfeiçoando a exploração do trabalhador e

a diminuição da hierarquia na fábrica, além de possuir uma elevada tendência

de socialização no trabalho, no qual os engenheiros do chão de fábrica deixam

de ter um papel estratégico e a produção é controlada por grupos de trabalho,

a empresa investe muito em treinamento, participação e sugestão para

melhorar a qualidade e produtividade (ANTUNES, 1995, p.29).

Mesmo que a flexibilização do trabalho se refira a um número mínimo

de trabalhadores, geralmente temporários e sub-contratados, controlados por

horas extras como demonstra Antunes (1995), há o investimento em equipes

de funcionários, as quais são responsáveis por estudarem melhores

procedimentos e elaborarem programas de execução juntamente com o

engenheiro no chão de fábrica, além de executar a produção respondendo a

imprevisibilidades e opinando sobre o produto final.

Podemos perceber que, além da flexibilização nas relações de

trabalho, as empresas para garantir a competitividade no mercado global, como

demonstra Market (1999, p.149), têm implementado modelos de produção que

permitem maior flexibilização na produção de bens, baseado na demanda

pelos clientes.

Essa tendência de focalizar o cliente ou regular a produção da empresa

pelo departamento de vendas exige uma organização diferenciada da empresa,

ou seja, para se atingir uma produção mais flexível e voltada para a clientela há

a exigência de uma estruturação realizada de maneira mais integrada, como

cita Market (1999), estabelecendo comunicações entre o departamento de

planejamento da produção, administrativo e de vendas.

Sendo assim, as necessidades organizacionais da empresa voltam-se

para a qualificação dos seus quadros profissionais , a fim de que eles captem e

implementem as modificações rapidamente.

Ao mesmo tempo que a implementação tecnológica altera a prática

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produtiva tanto na diminuição da hierarquia, como na necessidade de um

profissional mais polivalente, ela também funciona como divisor de águas.

Entre aqueles profissionais desprovidos do mínimo de escolaridade e aqueles

que possuem nível de formação institucional e técnico, os quais necessitam de

maior qualificação para controlar, interferir e articular essas novas tecnologias

dentro das situações concretas de produção.

As relações que se estabelecem no âmbito da sociedade capitalista

são marcadas pela contradição, como ocorre com o fenômeno da

reestruturação produtiva. A implementação tecnológica possui uma dimensão

perversa principalmente nos países pobres e a exclusão recai sobre uma

considerável parcela dos trabalhadores, em geral, daquela que possui baixa

escolaridade e pouco conhecimento técnico, obtendo qualificação basicamente

nos moldes da organização taylorista/fordista.

Ainda que a qualificação mais ampla dos trabalhadores não ocorra de

forma homogênea, podemos dizer que uma categoria dos profissionais parece

ser privilegiada com as modificações tecnológicas, especialmente no que se

refere a aproximação dos técnicos aos quadros como podemos observar na

abordagem de Lojkine (1990) ao dizer que a ruptura brutal existente entre a

gerência que pensa e planeja e o operário que simplesmente executa tarefas,

sem poder de interferência, está propensa a diluir-se. Nessa diluição, o homem

passa a exercer o papel de protagonista do trabalho que realiza, não apenas

alimentando a máquina, contudo a controlando em todo seu percurso, da

concepção ao produto final.

Na perspectiva de Lojkine e Shaff (LOJKINE, 1990, p.17; SHAFF, 1990,

p.3) há um progressivo desaparecimento do trabalho manual, fazendo com que

o homem cada vez mais incumba-se da realização de um trabalho com um

potencial criativo, deixando de executar tarefas possíveis de serem executadas

por máquinas.

À medida que para trabalhar o trabalhador precisa de mais

conhecimento, conseqüentemente ele se torna capaz de compreender o

processo produtivo como um todo, então a secular diferença entre trabalho

manual e intelectual, agora, aproxima-se de um trabalho de certa forma mais

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cooperativo e criativo. No momento em que o componente intelectual do

profissional é mais valorizado, esse profissional adquire maior autonomia na

realização do seu trabalho que não se limita à execução, mas a capacidade de

elaboração.

Os profissionais com maior autonomia favorecem a cooperação entre

categorias profissionais no interior da fábrica já que necessitam discutir, trocar

idéias sobre o trabalho para estabelecer diretrizes conjuntas para aplicar na

produção. Essa cooperação entendida enquanto troca de conhecimentos

teórico e prático dá-se no estreitamento entre engenheiro e os demais quadros

de profissionais (os técnicos) e ambos têm de dialogar entre si, trocar

experiência da prática do trabalho subsidiada de conhecimento teórico das

atividades que realizam.

As novas formas de organização do trabalho parecem requerer o

trabalhador com potencial mais criativo e participativo, já que as equipes de

trabalho propõem inovações, soluções aos problemas que surgem e a

tendência é se incumbir cada vez mais de responsabilidades que requerem um

certo desenvolvimento intelectual, sendo assim,

(...) o trabalhador criativo deve nutrir-se contínua e ferozmente de sensações e noções para implementá-las na produção, para isso deve ler, viajar, ouvir, ou seja, aguçar alimentar e aguçar de todas as formas possíveis a sua capacidade de conhecer (DE MASI; MENICONI, 1999, p. 200)

2.4 – O Trabalho do Pedagogo

Todos esses aspectos leva-nos a refletir sobre a possibilidade de um

novo campo de atuação para o pedagogo, até agora pouco explorado. Para

discutirmos a presença do pedagogo nos processos produtivos, elegemos três

aspectos constitutivos da especificidade do trabalho desse profissional que nos

parece interessantes serem aproveitados nos locais de produção, sendo eles: a

interação com o sujeito, a reflexão sobre a prática do trabalho e a elaboração

de programas instrucionais que priorizem a totalidade do processo de trabalho

O trabalho costumeiramente desenvolvido pelo profissional da educação (o

pedagogo) refere-se a oferecer instrumentos para que o sujeito aprenda a

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desvendar a realidade. Para que o conhecimento aconteça por parte do sujeito,

o educador tem um papel fundamental que é o de oferecer subsídios de cunho

teórico-prático para que a partir da ação o sujeito interfira na realidade.

Nesse sentido, o educador não é um mero transmissor de

conhecimento, mesmo porque o processo pelo qual consolida-se o

conhecimento pressupõe a interação entre sujeito estruturante e objeto a ser

estruturado, assim, faz-se imprescindível notar que a função essencial do

educador está em oferecer além dos conteúdos, os instrumentos que

possibilitem e estimulem a busca do conhecimento por parte do sujeito.

Nos processos produtivos o não pretende ensinar a fazer o trabalho,

mesmo porque ele não possui competência técnica para esse tipo de conteúdo

específico e, ainda, essa concepção contradiz com a formação do sujeito

criativo e ativo,

Os meios de representação não podem ser ensinados, assim como não se pode ensinar a forma ensinar e aprender significa ter compreendido e compreender. A afirmação de que a forma pode ser ensinada só pode parecer verdadeira a um intelecto grosseiro. (CARISTI, 1999, p. 249).

Como mencionamos anteriormente, se há no mundo do trabalho a

necessidade de um conhecimento de caráter mais criativo e ativo, então a

interação entre os profissionais responsáveis pela produção demonstra ser

essencial. Essa interação conjuga a troca recíproca de conhecimento, de um

lado, os técnicos, com o saber adquirido pelos anos de experiência na

profissão e alguma formação institucional, de outro, os engenheiros e outros

profissionais com formação de nível mais elevado, mas que muitas vezes se

encontram desprovido de condições para socializar esse conhecimento com os

demais. Assim, esses últimos acabam por centralizar em si a escolha dos

procedimentos a serem utilizados na produção, perdendo a contribuição prática

dos trabalhadores e emperrando a organização da empresa de acordo com as

novas formas de organização do trabalho.

Pudemos observar que em uma das empresas pesquisadas utiliza

como estratégia para a qualificação de seus quadros profissionais o programa

de multiplicadores de treinamento, o qual requer do profissional maior

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responsabilidade e conhecimento, já que terá de dominar além de seu trabalho

específico todo o processo de produção.

Esse tipo de programa requer do profissional outras habilidades como

capacidade de compreensão e exposição de idéias, utilização e seleção de

materiais didáticos para atingir fins determinados, capacidade de oratória entre

outros.

Tudo parece indicar que a necessidade do mercado não se encontra

mais fundamentada na divisão entre planejar e executar, por isso os

treinamentos realizados simplesmente com suporte técnico não são mais

suficientes. Para trabalhar nas novas formas de organização do trabalho,

parece ser necessário o desenvolvimento intelectual e comportamental visando

o trabalho conjunto.

Para que se consiga avanço na formação do trabalhador, Therrien julga

oportuno,

As interações sociais como processo de socialização e de linguagem, proporcionam a elaboração conjunta dos significados em situações, desvelando a natureza parcial e completa do saber construído. (THERRIEN, 1996, p. 67).

Como parte de uma equipe interdisciplinar, o pedagogo por

compreender o processo cognoscente pode contribuir na aprendizagem do

profissional aguçando o desenvolvimento das potencialidades individuais

através da interação entre os profissionais na seleção de metodologias

adequadas proporcionando, assim, condições para que ocorra a aprendizagem

por meio do trabalho.

Um outro aspecto da formação do pedagogo refere-se à reflexão sobre

a prática, aliando teoria e prática. No âmbito da escola, a práxis é bastante

discutida como elemento essencial na prática cotidiana da sala de aula. Ao

falar sobre a valorização do saber produzido nas relações sociais, Therrien

menciona que o pedagogo como profissional que faz das situações concretas

que vive o seu instrumento de reflexão e elabora saber, esse mesmo saber faz

com que o docente se relacione mais profundamente com o conhecimento.

(THERRIEN, 1996, p. 67).

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Nesse momento da sociedade capitalista tudo indica que seja oportuno

para os setores produtivos estreitarem as relações existentes entre teoria e

prática, canalizando essa união em benefício da qualificação profissional, ainda

que, contraditoriamente, o interesse das empresas capitalista com a formação

profissional seja a acumulação de capital.

Como mencionamos, juntamente com a tendência a uma maior

proximidade entre categorias profissionais na produção, parece possível dizer

que o diálogo visando a troca de experiência e, sobretudo, a capacidade de

olhar para a produção extraindo dessa mesma realidade as necessidades

práticas para encontrar novos caminhos constitui-se em um elemento

importante para a empresa, como também, para despertar a capacidade

criativa e de compreensão profissional.

Encontramos em Carvalho (1993), uma situação proveniente de

levantamento de dados empíricos bastante relevante para compreendermos a

importância da reflexão sobre a prática que quanto maior é a complexidade do

processo (planta) maior o período de experiência necessário para adquirir tais

qualificações de operações.

Esse trecho evidencia que o ato de executar encontra-se dissociado do

ato de planejar, alienando o trabalhador da compreensão do processo

produtivo. Nesse sentido, é oportuno que as experiências práticas estejam

ligadas a instrumentos educacionais que, além de proporcionarem a

participação dos trabalhadores no planejamento, execução e avaliação, levem

o sujeito a perceber as situações provenientes da prática e as alternativas

cabíveis para solucionar os problemas que surgem e propor inovações.

Para que se preconize inovações na produção, o componente

intelectual demonstra ser indispensável, pois tudo parece indicar que somente

com uma articulação de nível intelectual poderemos avançar no âmbito da

qualificação profissional. Essa articulação compreende a interação com a

realidade através do questionamento constante das práticas empregadas na

produção, de modo a incorporar ou rejeitar as experiências que surgem.

Podemos encontrar em estudos como o de Market (1999), a

importância de subsidiar as experiências provenientes da prática de suporte

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educacional, já que os pedagogos do trabalho nas indústria metalmecânica na

Alemanha têm desenvolvido e aplicado o conceito de qualificação profissional

com base na capacidade e conhecimento para compreender o processo de

produção, aprendizagem direcionada às experiências surgidas no trabalho,

objetivos que são orientados no processo total da produção incluindo

planejamento, execução e controle do trabalho em cooperação, em seguida

são desenvolvidas diretrizes didáticas que contemplam esses conceitos.

(MARKET, 1999, p.157).

Estudos como o de Market demonstram a necessidade de desenvolver

um conceito de qualificação profissional com base na nova forma e organizar a

produção, e também, os novos modelos organizacionais parecem requerer que

as experiências adquiridas na prática do trabalho estejam subsidiada de

suporte educacional a fim de traduzir o momento no qual o trabalhador

despende sua força de trabalho em ganhos individuais e que as equipes de

trabalho inovem, troquem experiências e interajam entre si, não apenas em

uma perspectiva de execução, mas de concepção do trabalho.

Um outro aspecto do trabalho que o pedagogo pode vir realizar na

empresa se refere à elaboração de programas instrucionais ou diretrizes

didáticas. Nas empresas podemos constatar que todas elas fazem um

planejamento prévio das etapas de treinamento contendo conteúdos, objetivos,

técnicas (lê-se metodologia) e avaliação, porém esse planejamento é realizado

sem suporte educacional, ainda que o objetivo seja a qualificação dos

trabalhadores, que por mais restrito que se entenda esse conceito, em geral,

refere-se a aquisição de conhecimentos do processo produtivo e

desenvolvimento de capacidades intelectuais e comportamentais no sujeito que

aprende determinado conteúdo.

A organização sistemática das atividades a serem aplicadas no

treinamento demanda um tipo de conhecimento específico da prática

educativa, como a elaboração e seleção de materiais didáticos,

instrumentalização didática dos profissionais e, ainda, a seleção de

metodologia apropriada para conduzir a execução do treinamento.

A prática educativa pressupõe a superação dos elementos formais do

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programa de aprendizagem, não os excluindo, mas ultrapassando a simples

organização formal para uma organização educativa, na qual o objetivo, o

conteúdo, a metodologia e a avaliação são vistos interligados, sofrendo

modificação, seleção e adaptação de modo a interferir na organização

intelectual do sujeito.

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CAPÍTULO III

O PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES

O novo cenário da educação se abre no século XXI com novas

perspectivas para o profissional que se insere no mercado de trabalho, sob

diversas abrangências, como nos mostra a própria sociedade, que vive um

momento particular discussões sobre globalização, neoliberalismo, terceiro

setor, educação on-line, enfim, uma nova estrutura se firma na sociedade, a

qual exige profissionais cada vez mais qualificados e preparados para atuarem

neste cenário competitivo.

Segundo Maria Edna Sabina de Oliveira a educação em espaços não

escolares vem confirmar esta discussão que vivenciamos, o pedagogo sai

então do espaço escolar, que até pouco tempo, era seu espaço (restrito) de

trabalho, para se inserir neste novo espaço de atuação com uma visão

redefinida da atuação deste profissional.

Empresas, hospitais, ONGs, associações, igrejas, eventos, emissoras

de transmissão (rádio e Tv), e outros formam hoje o novo cenário de atuação

deste profissional, que transpõe os muros da escola, para prestar seu serviço

nestes locais que são espaços até então restritos a outros profissionais. E esta

atual realidade vem com certeza, quebrando preconceitos e idéias de que o

pedagogo está apto para exercer suas funções na sala de aula. Onde houver

uma prática educativa, existe aí uma ação pedagógica.

Convivemos até bem pouco tempo com a visão de uma pedagogia inserida no ambiente escolar, na sala de aula, do profissional da educação envolvido com os problemas da educação formal, uma idéia falsa de que o pedagogo é o profissional capacitado e devidamente treinado para atuar somente em espaços escolares, é o responsável pela formação intelectual das crianças, sempre se envolvendo no cotidiano escolar, com os problemas relacionados à educação formal, propriamente dita. A vida escolar, a educação formal, não deixa de ser um foco importante para o Pedagogo, mas deixa de ser o único.

Diante da atual realidade em que se encontra a sociedade, a educação

tem se transformado na mola mestra, para enfrentar os desafios que se

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articulam dentro dela e em todos os seus segmentos, desafios gerados pela

globalização e pelo avanço tecnológico na atual era, a tão inovadora e

desafiadora era da informação.

A educação é também a mola mestra para transformar a situação de

miséria, tanto intelectual quanto econômica, política e social do povo,

promovendo acesso à sociedade daqueles que são vistos como os excluídos.

Possibilitando assim a transformação da sociedade numa sociedade mais justa

e igualitária.

Os efeitos da crise econômica globalizada e a rapidez das mudanças na era da informação levaram a questão social para o primeiro plano, e com ela o processo da exclusão social, que já não se limita à categoria das camadas populares. (GOHN, 2001, p. 09).

Dessa forma a educação sofre mudanças em seu conceito, pois deixa

de ser restrita ao processo ensino-aprendizagem em espaços escolares

formais, se transpondo aos muros da escola, para diferentes e diversos

segmentos como: ONGs, família, trabalho, lazer, igreja, sindicatos, clubes etc.

Abre-se aqui um novo espaço para a educação, dando uma estrutura

interessante à educação não formal.

Com toda esta nova proposta e possibilidade de atuação, o profissional

Pedagogo também se transforma, se adequando a esta nova realidade, se

posicionando como profissional capacitado para caminhar junto a esta

transformação da sociedade. O Pedagogo deixa de ser, neste novo contexto, o

mesmo Pedagogo do século XVIII, XIX e até mesmo século XX. Apresentando-

se agora como agente de transformação para atuar nesta nova realidade. Hoje,

o profissional pedagogo está sendo inserido em um mercado de trabalho mais

amplo e diversificado possível, porque a sociedade atual, exige cada vez mais

profissionais capacitados e treinados para atuarem nas diversas áreas. Não

sendo comum um profissional ser qualificado apenas para exercer uma

determinada função, e sim para atuar nas diferentes áreas existentes no

mercado de trabalho, seja ele qual for.

As linhas de pensamento relacionadas ao profissional Pedagogo

possibilitam uma reflexão mais aprofundada sobre a sua atuação, pois hoje, se

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pensa muito mais detalhadamente a dinâmica do conhecimento e as novas

funções do educador como mediador deste processo. Dessa forma, não

podemos mais nos deter somente no universo da educação formal, mas buscar

novas fontes de formação e de informação para adequar este profissional no

mundo globalizado e competitivo.

Toda transformação relacionada à atuação do Pedagogo se dá ao fato

de que, hoje vivemos o processo que reflete a transformação de valores e

pensamentos de uma sociedade voltada para valores mais específicos, como a

cultura de seu povo, valor diferente daquele que até pouco tempo se primava

pelo valor econômico. Ou seja, a cultura hoje tem o seu papel melhor definido e

mais importante para a sociedade do que situação econômica, propriamente

dita.

Nesta perspectiva de mudança e viabilizando uma atuação deste

profissional é que abrimos espaço para esta discussão, pautando nosso estudo

na atuação do Pedagogo em espaços não escolares, suas habilidades e

competências para atuação nestes espaços, o leque de possibilidades que hoje

se abre deixando para trás a idéia primária de que este profissional está

preparado somente para atuar em espaços escolares, e que pouco ou quase

nada podendo aproveitar de suas habilidades para atuar em outros espaços.

Assim, este profissional que atravessa séculos, executando o seu papel de

preceptor, de transformador do conhecimento e do comportamento humano,

chegando ao século XXI, com uma nova proposta, sua efetiva atuação em

espaços também não escolares, e que, no entanto, visam a aprendizagem e a

transformação do comportamento humano, tanto quanto dentro da educação

formal.

Conforme Ribeiro (2003), este assunto tornou-se desafiador a partir do

momento em que verificamos através de discussões realizadas em sala de

aula, seminários, mesa redonda, através de leituras compartilhadas,

visualizamos um horizonte se abrindo para esta área do conhecimento,

discussões que estão fundamentadas em teóricos conceituados e pela própria

sociedade que chega ao século XXI com novas perspectivas para a educação

formal e também para a educação não formal, discussão que até bem pouco

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tempo era desconhecida para a maioria de nossas escolas de formação, e

também dos profissionais.

Em seu trabalho, Maria Edna Sabina de Oliveira, diz ainda que como

hoje o Pedagogo está sendo inserido num mercado de trabalho cada vez mais

diversificado e amplo, o nosso estudo se justifica pela necessidade de

compreender a dinâmica, que levou a sociedade a chegar onde estamos hoje,

com um discurso voltado para a inclusão social, para o voluntariado, para

projetos de pesquisas, para educação formal, não formal e informal,

observando o processo de ensino-aprendizagem não somente como processo

para dentro da escola, da sala de aula ou do cotidiano escolar, mas um

processo que acontece em todo e qualquer segmento da sociedade, seja ele

qual for. E também como o Pedagogo se insere neste novo contexto social,

percebendo a sua relação em diferentes espaços.

É importante ressaltar aqui como a educação formal e a não formal

caminham paralelamente e, portanto, a necessidade de agregar ao ensino

formal, ministrado nas escolas, conteúdos da educação não-formal, como os

conhecimentos relativos às motivações, à situação social, à origem cultural,

etc. Por isto, esta nova perspectiva de atuação do Pedagogo, sua qualificação

vem filtrando cada vez mais, buscando uma relação estreita entre as diferentes

propostas de educação existentes na sociedade.

Este assunto tornou-se relevante para este projeto, à medida que foi se

descortinando as grandes possibilidades de pesquisas durante as discussões

realizadas e também por apresentar um assunto que vem transformando a

idéia de uma educação restrita em uma educação ampla e sem fronteiras. Este

tem se tornado um assunto desafiador para tantos quanto se interam do

mesmo.

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CAPÍTULO IV

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NO AMBIENTE LABORAL

Já passou a época em que o pedagogo ocupava-se somente da

educação infantil. A pedagogia hoje dispõe de uma vasta área de atuação, que

inclui, além de instituições de ensino, empresas dos mais diversos setores. É

necessário separar o que é escolar do que é educativo. O pedagogo pode

atuar em todas as áreas que requerem um trabalho educativo, ressalta Neide

Noffs, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo (PUC-SP).

Mas apenas formar-se pedagogo não é suficiente para conquistar um

cargo em uma companhia, afirma Robson Borges que tem formação e

certificação internacional em coaching integrado. É necessário buscar outros

conhecimentos relacionados à educação corporativa e à andragogia -

educação de adultos - por meio de cursos de especialização, mestrados e

doutorados.

Como não poderia deixar de ser, as funções desempenhadas pelo

pedagogo dentro de uma companhia estão em constante movimento, já que

são influenciadas por diversos fatores, como o desenvolvimento tecnológico, a

competitividade e as exigências de mercado. Hoje, as palavras-de-ordem

dentro das organizações são: mudança e gestão do conhecimento.

Nesse contexto, o papel do pedagogo é fundamental, pois todo

processo de mudança exige uma ação educacional e gerir o conhecimento é

uma tarefa, antes de tudo, de modificação de valores organizacionais, explica

Vera Martins, pedagoga especialista em treinamento e desenvolvimento de

pessoas em empresas.

O pedagogo empresarial pode focar seus conhecimentos em duas

direções: no funcionário ou no produto da empresa. No primeiro caso, trata-se

da atuação no departamento de Recursos Humanos (RH), realizando

atividades relacionadas ao treinamento e desenvolvimento do trabalhador. O

pedagogo é o responsável pela criação de projetos educacionais que visam

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facilitar o aprendizado dos funcionários. Para tanto, realiza pesquisas para

verificar quais as necessidades de aprimoramento de cada um e qual método

pedagógico é mais adequado. A partir daí, trabalha em conjunto com outros

profissionais de RH na aplicação e coordenação desses projetos, explica a

pedagoga Leslie dos Santos, consultora de RH do Bank Boston.

Já no segundo caso, o pedagogo irá atuar em empresas que trabalham

com educação, como editoras, sites e organizações não-governamentais

(ONGs). Uma das minhas funções dentro da editora é apresentar o produto ou

serviço da maneira mais atraente possível ao cliente, que em geral são

professores. Para isso, desenvolvo projetos pedagógicos e estratégias de

divulgação de livros, CDs, revistas, vídeos e DVDs, explica Cláudia Onofre,

pedagoga responsável pelo departamento de divulgação da Editora Paulus.

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CONCLUSÃO

Em primeiro momento, algumas pessoas ainda acham que a

Pedagogia está estritamente relacionada à área educativa ou docente,

contudo, sabe-se que esta graduação habilita o profissional a atuar também me

supervisão, orientação e em projetos de recursos humanos.

Hoje, este conceito amplia-se mais ainda com a noção do pedagogo

empresarial. Segundo Neide Noffs, professora da Faculdade de Educação da

PUC-SP o pedagogo pode atuar em todas as áreas que requerem um trabalho

educativo, portanto, está habilitado a militar no campo da andragogia -

educação de adultos.

O curso de Pedagogia ainda não está devidamente voltado a educação

empresarial, pois atêm-se muito à escola, por isso é importante cursar uma

pós-graduação mais voltada para a empresa ou para os recursos humanos.

No ambiente empresarial, o pedagogo pode focar seu trabalho em duas

direções: no funcionário ou no produto/serviço. Atuando com o funcionário, o

pedagogo deve iniciar suas atividade conjuntamente com o departamento de

RH, criando projetos educacionais que visem facilitar o aprendizado por parte

dos funcionários. No segundo caso, este profissional atuará em empresas que

vendem serviço/produtos educacionais como editoras, sites, ONGs. Desta

forma, o pedagogo irá adequar a linguagem comercial ao tipo de produto

oferecido, para expor de maneira satisfatória.

Nas grandes organizações, o pedagogo é o responsável pela

elaboração de projetos de implantação de universidades corporativas,

avaliando a viabilidade de cursos e programas educacionais; contatando

profissionais e confeccionado material didático. Além disso, os pedagogos são

os responsáveis por treinamentos de comportamento para as lideranças. Eles

são os mais indicados para transmitir aos líderes, a maneira correta de como

lidar com subordinados e como ensiná-los a realizar tarefas.

Pode-se ainda, como em qualquer profissão, prestar consultoria ou

assessoria para organizações, em função de uma experiência adquirida em

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outras instituições. Ë válido salientar que à medida que o profissional pretende

oferecer um serviço mais elaborado, é necessário especializar-se com cursos e

pós-graduações, desta forma, chega um momento em que a graduação inicial

foi apenas um ponto de partida.

De acordo com as reflexões acima tudo indica que há nos setores

produtivos que implementam as novas formas de organização do trabalho a

possibilidade de atuação do pedagogo. Por outro lado, pudemos constatar que

a maior parte dos dirigentes, sejam eles de recursos humanos ou

administrativos, manifestam desconhecimento do trabalho que o pedagogo

possa realizar dentro da indústria. A maior parte dos diretores e dirigentes

demonstra indicar o pedagogo como docente, restringindo seu trabalho à sala

de aula. Embora esses dirigentes alegassem haver possibilidade de

contratação de estagiários do curso de pedagogia, a concepção restrita do

trabalho do pedagogo dificulta o acesso desse profissional à industria, pois

dificilmente a empresa contratará um profissional desconhecendo sua área de

atuação, ou seja, sem saber que conhecimento técnico esse profissional possui

e em que ele poderia ser útil na empresa.

No entanto, para que os programas de qualificação profissional não

contemplem a separação entre planejamento e execução, como no modelo

taylorista - fordista, o pedagogo deve oferecer instrumentos que capacitem os

demais agentes do processo produtivo a discutir, questionar, pesquisar e

propor objetivos a serem alcançados, bem como auxiliar na escolha das

metodologias mais apropriadas e materiais a serem utilizados.

Assim, podemos dizer que a especificidade do trabalho do pedagogo

pode contribuir significativamente com os processos produtivos e a tendência é

ampliar-se à medida que se desenvolvam as transformações produtivas em

curso e se passe a requerer maior potencial intelectual.

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ÍNDICE CAPÍTULO I UNIVERSIDADE CORPORATIVA .....................................................

1.1 Universidade Corporativa. O surgimento e seus objetivos .... CAPÍTULO II O PEDAGOGO E A UNIVERSIDADE CORPORATIVA .....................

2.1 – O Pedagogo ...................................................................... 2.2 – O Pedagogo e a Qualificação Profissional ......................... 2.3 – As Modificações e Reflexos na Qualificação

Profissional ........................................................................ 2.4 – O Trabalho do Pedagogo ...................................................

CAPÍTULO III O PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES ........................... CAPÍTULO IV A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NO AMBIENTE LABORAL ......... CONCLUSÃO .................................................................................... REFERÊNCIAS .................................................................................................... ÍNDICE .................................................................................................................