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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ODONTOLOGIA CONHECIMENTO E ATITUDES RELACIONADAS À OCORRÊNCIA DE INJÚRIAS TRAUMÁTICAS DENTAIS LUDMILLA AWAD BARCELLOS Orientadora: Profa. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida Tese apresentada ao Doutorado em Odontologia, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Odontologia. SÃO PAULO 2015

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS … · amor que eu poderia ter conhecido ... Tabela 9 – Distribuição da amostra segundo atitudes para condução do ... Tabela 19

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DOUTORADO EM ODONTOLOGIA

CONHECIMENTO E ATITUDES RELACIONADAS À

OCORRÊNCIA DE INJÚRIAS TRAUMÁTICAS DENTAIS

LUDMILLA AWAD BARCELLOS

Orientadora: Profa. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida

Tese apresentada ao Doutorado em Odontologia, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Odontologia.

SÃO PAULO

2015

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

B218c

Barcellos, Ludmilla Awad. Conhecimento e atitudes relacionadas à ocorrência de injúrias

traumáticas dentais / Ludmilla Awad Barcellos. -- São Paulo; SP: [s.n], 2015.

79 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Eliete Rodrigues de Almeida. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em

Odontologia, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Traumatismos dentários - Criança 2. Traumatismos dentários

– Adolescente 3. Educação em saúde bucal 4. Primeiros socorros 5. Epidemiologia - Vila Velha (ES). I. Almeida, Eliete Rodrigues de. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. III. Título.

CDU: 616.314-001.4(043.2)

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

CONHECIMENTO E ATITUDES RELACIONADAS À

OCORRÊNCIA DE INJÚRIAS TRAUMÁTICAS DENTAIS

LUDMILLA AWAD BARCELLOS

Tese de doutorado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 12/12/2015.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida

Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Profa. Dra. Giselle Rodrigues de Sant’Anna

Universidade Cruzeiro do Sul

Profa. Dra. Adriana Furtado de Macedo

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. José Eduardo Pelizon Pelino

Faculdade Metropolitanas Unidas

Profa. Dra. Maria Helena Monteiro de Barros Miotto

Universidade Federal do Espírito Santo

Dedico este trabalho aos meus pais William e Lela, o maior exemplo de amor que eu poderia ter conhecido

Ao meu marido José Eduardo pelo grande apoio e incentivo, amor da

minha vida

À minha filha Eduarda, meu amor e grande amiga, quem mais me ensinou e tem ensinado nesta vida

Ao meu filho Igor e minha neta Clarice, amores de grandeza especial,

vindos de outras vidas

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profa. Dra Eliete Rodrigues de Almeida, pelo

carinho, confiança e orientação para a construção deste trabalho.

Aos professores do Curso de Doutorado em Odontologia, pelos

ensinamentos valiosos.

À Professora Maria Helena Miotto, por me ter tirado a venda dos olhos à

luz da ciência e o grande incentivo para a vida acadêmica: minha eterna

gratidão.

À toda a equipe da Secretaria de Educação do município de Vila Velha,

pela parceria, cooperação e confiança para a realização deste trabalho.

Aos professores da rede pública do município de Vila Velha pela

participação voluntária neste trabalho.

Aos coordenadores dos Cursos de Educação Física e Pedagogia da

Universidade Vila pelo incentivo a auxílio valioso para a realização desta

pesquisa

Aos acadêmicos dos Cursos de Educação Física e Pedagogia da

Universidade Vila, pela participação voluntária na pesquisa.

À Denise Kroeff, companheira de jornada, pela excelente convivência em

todos esses anos.

Aos colegas de Doutorado, pelos ótimos momentos vividos durante o

curso.

“Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”.

Jean Maurice Eugène Cocteau (1889)

BARCELLOS, L. A. Conhecimento e atitudes relacionadas à ocorrência de injúrias traumáticas dentais. 2015. 79 f. Tese (Doutorado em Odontologia)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

RESUMO

O traumatismo dentário é um evento de elevada prevalência em crianças e

adolescentes. Considerando que muitos acidentes ocorrem nas escolas, a

orientação de professores sobre o manejo correto às injúrias dentais pode

provocar um grande impacto favorável no prognóstico dos casos. Este estudo

teve o objetivo de avaliar o conhecimento sobre o manejo do traumatismo

dento-alveolar entre professores da rede pública e entre acadêmicos dos

cursos de Educação Física e Pedagogia do município de Vila Velha, ES. Este

estudo epidemiológico transversal analítico utilizou uma amostra composta por

400 professores e 129 acadêmicos. Os dados foram coletados a partir de

questionário contendo itens referentes às características sociodemográficas e

de formação profissional (para os professores) e do instrumento de avaliação

das atitudes e conhecimento sobre o traumatismo dento-alveolar. As respostas

foram classificadas em ideal (2 pontos), aceitável (1 ponto) e incorreta (zero

pontos). O conhecimento foi considerado adequado quando o respondente

alcançou um somatório mínimo de pontos equivalente a 75%. Os dados foram

analisados pelo programa IBM SPSS Statistics versão 21, utilizando-se o teste

Qui-Quadrado e modelos de regressão (IC=95%; p 0,05). O conhecimento

dos professores da rede pública e dos acadêmicos da amostra sobre o manejo

do traumatismo dento-alveolar foi considerado insuficiente; não foi verificada

diferença significativa entre as variáveis sociodemográficas e o conhecimento

sobre traumatismo dento-alveolar entre os acadêmicos; assim como não foi

verificada diferença significativa das variáveis sociodemográficas e aquelas

relacionadas à formação profissional com o conhecimento sobre o manejo do

traumatismo dento-alveolar entre os professores, com exceção da variável

‘treinamento em primeiros socorros sobre traumatismos bucais’. Estes

resultados ressaltam a necessidade de melhorar este conhecimento, de forma

efetiva, considerando a sua importância para o prognóstico dos casos e

repercussão sobre a saúde e bem-estar.

Palavras-chave: Traumatismos dentários, Conhecimentos, Atitudes e prática em saúde, Docentes, Estudantes, Educação em saúde, Educação em saúde bucal, Alfabetização em saúde.

BARCELLOS, L. A. Knowledge and attitudes related to the occurrence of dental traumatic injuries. 2015. 79 f. Tese (Doutorado em Odontologia)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

ABSTRACT

Dental traumatic injuries are very prevalent among children and adolescents.

Considering that many accidents occur at school, teachers’ knowledge about

management of injuries can impact on prognosis. This study aimed to evaluate

knowledge about management of traumatic dental injuries of public schools’

teachers from the city of Vila Velha, as well as Pedagogy and Physical

Education students from Vila Velha University. Sample was composed by 400

teachers and 129 students for this epidemiological cross sectional study. Data

was collected using questionnaires about sociodemographic characteristics and

professional variables and another to evaluate attitudes and knowledge about

traumatic dental injuries. Answers were classified in correct (2 points);

acceptable (1 point) and wrong (zero points). Knowledge was considered

adequate when points summed 75%. Data was analyzed by the software IBM

SPSS Statistics version 21, using Chi-Square Test and Regression models

(CI=95%; p≤0.05). Knowledge about traumatic dental injuries of public school

teachers and students was considered insufficient. No significant differences

between sociodomographic variables and students’ knowledge were verified as

well as for public school teachers. Variables related to professional qualification

also presented no association with management of dental traumatism, with the

exception of “first-aid training on traumatic dental injuries” variable. These

results highlight the need to improve knowledge about the subject, considering

its importance on prognosis and impact on health and well-being.

Key-words: Traumatic dental injuries, Attitudes, Teachers, Students, Health

education, Oral health education, Health literacy

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição da amostra segundo disciplinas ................................. 45

Tabela 2 – Descrição sociodemográfica da amostra ........................................ 46

Tabela 3 – Distribuição da amostra por média, segundo idade e variáveis relativas à profissão ........................................................................... 47

Tabela 4 – Distribuição da amostra segundo formação em primeiros socorros em saúde geral e bucal ...................................................... 47

Tabela 5 – Local de acidente envolvendo traumatismo dental ........................ 48

Tabela 6 – Distribuição da amostra segundo atitudes diante de fratura esmalte/dentin. ................................................................................... 49

Tabela 7 – Distribuição da amostra segundo atitudes diante de luxação lateral .................................................................................................. 49

Tabela 8 – Distribuição da amostra segundo atitudes diante de avulsão ....... 50

Tabela 9 – Distribuição da amostra segundo atitudes para condução do elemento dental avulsionado no momento do acidente ................. 50

Tabela 10 – Distribuição da amostra segundo atitudes para reimplante imediato do elemento dental avulsionado.. ..................................... 50

Tabela 11 – Distribuição da amostra segundo atitude de não reimplante imediato .............................................................................................. 51

Tabela 12 – Distribuição da amostra segundo atitude de reimplante imediato .............................................................................................. 51

Tabela 13 – Distribuição da amostra segundo tempo ideal para a visita ao cirurgião-dentista. .............................................................................. 52

Tabela 14 – Distribuição de acertos dos itens sobre manejo de traumatismos ...................................................................................... 52

Tabela 15 – Conhecimento acerca das atitudes corretas diante de lesões dentais traumáticas.. .......................................................................... 53

Tabela 16 – Regressão logística múltipla das variáveis independentes e conhecimento de professores. ......................................................... 53

Tabela 17 – Regressão logística múltipla das variáveis independentes e conhecimento de acadêmicos.. ........................................................ 55

Tabela 18 – Análise do percentual de acertos por resposta. .............................. 56

Tabela 19 – Análise do percentual de acertos por resposta. .............................. 57

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CPO Índice Cariado, Perdido, Obturado

IADT International Association of Dental

Traumatology

IED Índice de estática Dental

OIDP Oral Impact on Daily Performance

OR Odds Ratio

TDAH Transtorno de Déficit de Atenção com

Hiperatividade

UVV Universidade Vila Velha

RCT Ensaio Clínico Aleatorizado

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13

2 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 15

3 OBJETIVOS ................................................................................................... 38

3.1 Objetivos específicos ................................................................................... 38

4 MATERIAL E MÉTODO ................................................................................. 39

4.1 Aspectos éticos ............................................................................................ 39

4.2 Delineamento do estudo .............................................................................. 39

4.3 Local e tempo do estudo .............................................................................. 39

4.4 População alvo ............................................................................................. 40

4.5 Cálculo amostra e sujeitos do estudo ........................................................ 40

4.6 Critérios de inclusão .................................................................................... 41

4.7 Critérios de exclusão.................................................................................... 41

4.8 Variáveis do estudo ...................................................................................... 41

4.9 Instrumento de avaliação e coleta de dados .............................................. 42

4.10 Análise e interpretação dos dados ............................................................. 43

5 RESULTADOS ............................................................................................... 45

6 DISCUSSÃO .................................................................................................. 58

7 CONCLUSÃO ................................................................................................. 74

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75

13

1 INTRODUÇÃO

O traumatismo dentário apresenta alta prevalência entre crianças e

adolescentes brasileiros, podendo ocasionar perdas dentais irreparáveis

(ANTUNES; LEÃO; MAIA, 2012).

O aumento dos níveis de violência, do número de acidentes de trânsito e uma

maior participação das crianças em atividades esportivas tem contribuído para

transformar o traumatismo dentário em um problema de saúde pública emergente

(TRAEBERT; MARCON; LACERDA, 2010).

O traumatismo dentário pode gerar impacto social e psicológico desfavorável

sobre a qualidade de vida das crianças e adolescentes, especialmente quando não

recebem o tratamento adequado (CORTES; MARCENES; SHEIHAM, 2002). Isto

ocorre devido ao fato de atingir predominantemente os dentes anteriores da arcada,

gerando desconforto físico, psicológico, queda da autoestima, dificuldade em sorrir,

dores, perda funcional na mastigação e fonação, dificultando o seu convívio social

(MARCENES; ALESSI; TRAEBERT, 2000).

É notória a falta de informação suficiente da sociedade no sentido de evitar

lesões traumáticas, bem como de lidar com este tipo de evento no momento do

acidente. Por outro lado, alguns profissionais da saúde, inclusive cirurgiões-

dentistas subestimam a incidência do trauma dentário e concentram-se no

tratamento ao invés da busca das causas para o planejamento de ações destinadas

à prevenção da ocorrência (TRAEBERT; MARCON; LACERDA, 2010).

Nesse sentido, cabe ressaltar os pressupostos da Promoção da Saúde, a qual

parte de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes

(BUSS, 2000), considerando a multifatorialidade na construção da rede causal de

todo e qualquer evento (ROTHMAN; GREENLAND, 2005). Propõe a articulação de

saberes técnicos e populares para a melhora das condições de saúde e redução da

ocorrência de eventos (CARTA DE OTTAWA, 1986). Dessa forma, estratégias

direcionadas à educação para a saúde exercem papel fundamental na prevenção de

traumatismos dentários (KAY; LOCKER, 1998). É importante que as pessoas sejam

14

informadas sobre as causas e consequências das doenças para que possam delas

se prevenir, uma vez que a prevenção primária, sem dúvida, possui um grande

potencial no controle e na redução das doenças bucais (REIS et al., 2010).

Visto que muitos acidentes ocorrem durante o período de permanência das

crianças em creches e escolas (OZER et al., 2012), uma aliança intersetorial com

vistas à orientação de professores sobre prevenção e procedimentos corretos na

prestação de primeiros socorros, pode provocar um grande impacto favorável no

prognóstico após a lesão dentária.

Neste contexto, este estudo foi planejado com o objetivo de avaliar o

conhecimento sobre o manejo do traumatismo dento-alveolar entre professores de

ensino fundamental da rede pública e entre os acadêmicos dos cursos de Educação

Física e Pedagogia do município de Vila Velha, Espírito Santo, sob a hipótese de

que, este conhecimento pode levar à atitudes imediatas mais adequadas, evitando

consequências negativas sobre a saúde bucal e geral do indivíduo traumatizado,

podendo interferir no seu bem-estar e qualidade de vida.

15

2 REVISÃO DA LITERATURA

Andreasen et al. (2002) realizaram uma revisão da literatura acerca de

parâmetros que exercem influência sobre o prognóstico de injúrias dentais

traumáticas. O foco principal da revisão era verificar o efeito da demora na

realização do tratamento dos traumatismos sobre o ligamento periodontal e o tecido

pulpar. Foram identificados poucos estudos com este propósito. A maior parte dos

trabalhos, o desfecho terapêutico esteve associado à severidade da injúria e o

estágio de desenvolvimento radicular. Os autores consideram consenso que injúrias

traumáticas devem ser tratadas o mais imediato possível e que a utilização de

protocolos deve ser recomendada, embora a produção de mais evidência sobre

possíveis consequências geradas pelo atraso do tratamento no prognóstico dos

casos se faça necessária.

Traebert et al. (2004) avaliaram a prevalência de injúrias dentais traumáticas

em incisivos permanentes e a possível associação com fatores clínicos

predisponentes e nível de escolaridade dos responsáveis de escolares com idade

entre 11 e 13 anos residentes em Biguaçu, Santa Catarina. A amostra contou com

2.260 jovens avaliados clinicamente por um único examinador. As taxas de

prevalência para as idades de 11, 12 e 13 anos foram respectivamente de 10,4%,

10,6% e 11,2%. Fraturas de esmalte somente e fraturas de esmalte e dentina sem

sinal de envolvimento pulpar, foram os tipos de danos mais prevalentes. Apenas

15,6% dos dentes traumatizados apresentavam algum tipo de tratamento. As

análises de subgrupos mostraram diferenças estatisticamente significantes na

ocorrência de traumatismo para os meninos e a presença de overjet maior do que

5mm. Houve uma tendência de escolares com cobertura labial inadequada

apresentarem maior prevalência de traumatismo embora a diferença não tenha sido

estatisticamente significante (p=0,053). O nível de instrução dos responsáveis não

mostrou associação com a frequência de injúrias traumáticas. A necessidade de

tratamento em virtude do traumatismo foi da ordem de 6,3 incisivos por mil

examinados. Os autores consideraram a necessidade de tratamento relativamente

alta, podendo refletir negligência no tratamento de injúrias dentais traumáticas.

16

Al-Jundi, Al-Waeili e Khairalah (2005) mediram o conhecimento de

professores da área de saúde no norte da Jordânia acerca do manejo de injúrias

dentais traumáticas. A amostra final contou com 190 participantes (questionários

válidos). Uma parte do instrumento envolvia 3 casos: o primeiro se referia a uma

fratura coronária; o segundo tratava de um caso de avulsão e o terceiro, um acidente

com perda de consciência. O manejo da fratura foi correto em 40,5% das respostas;

para avulsão em apenas 18,9% e no terceiro caso, a condução foi correta em 33,1%

das respostas. Experiência prévia com injúrias traumáticas não teve efeito sobre o

conhecimento para o manejo, mas teve efeito positivo na atitude. Quase 97% da

amostra (184 professores) considerou o próprio conhecimento sobre primeiros

socorros em traumatismos dentais insuficiente, percebendo necessidade de mais

informação.

McIntyre et al. (2008) avaliaram o conhecimento, prática e experiência de

equipes escolares de ensino fundamental acerca do manejo de injúrias dentais

traumáticas por meio de um estudo transversal. O estudo incluiu todas as escolas de

um distrito da Carolina do Norte e as equipes envolviam professores, assistentes,

enfermeiras e outras categorias profissionais. A amostra final contou com 111

participantes. Destes, 24% já haviam presenciado um acidente envolvendo

traumatismo dental. A maior parte do grupo (63%) nunca havia recebido qualquer

tipo de informação relativo a condutas corretas para os primeiros socorros de

traumatismos. Apenas onze indivíduos (10%) se percebiam bem informados a

respeito de traumas dentais. Quando questionados sobre realizar o reimplante do

elemento avulsionado, 44% declararam que não o fariam; 50% se sentiriam

confortáveis para pegar o dente e levá-lo junto com a criança para o dentista. Sobre

o meio de estocagem, quando perguntado sobre o leite, 34% o consideraram o meio

de eleição. Os autores puderam concluir que o conhecimento dos pesquisados

sobre o manejo apropriado de injúrias dentais traumáticas, custos envolvidos e meio

de estocagem era baixo. A maioria dos participantes declarou interesse em receber

uma capacitação.

Lieger et al. (2009) investigaram o conhecimento de professores suíços e a

efetividade de pôsteres sobre primeiros socorros em traumatismo dental. Os

pôsteres foram enviados às escolas havia cinco anos. Desse modo, enviaram

questionários para professores de 100 escolas expostas aos painéis e 100 não

17

expostas. As situações descritas no questionário envolviam um caso de fratura

coronária, deslocamento dental e avulsão. O estudo contou com uma baixa taxa de

resposta (25,5%), totalizando 511 questionários válidos. As respostas analisadas de

modo geral, mostram que a chance de medidas imediatas inapropriadas foi reduzida

no grupo informado. As diferenças entre os grupos foi menor para a fratura coronária

(seis pontos percentuais) e para a luxação lateral (três pontos percentuais). Porém,

para o caso de avulsão, a diferença entre os grupos aumentou para 17 pontos

percentuais. Os autores consideraram positiva a efetividade dos pôsteres.

Glendor (2009) revisou a literatura sobre o cuidado em traumatismo dental,

com foco no tratamento e na falta de conhecimento de cirurgiões-dentistas e leigos

no manejo de injúrias traumáticas. Uma revisão abrangente nos bancos de dados

eletrônicos foi feita, porém, só artigos na língua inglesa foram incluídos. Os autores

puderam verificar que existe muita necessidade de tratamento em traumatismos

dentais, caracterizando negligência. Observaram falta de organização de serviços de

urgência, baixa qualidade do atendimento, além de longo tempo de espera,

especialmente para a população inserida em estratos econômicos menos

favorecidos. A falta de conhecimento de professores, pais, profissionais de

Educação Física, estudantes de medicina e população leiga está muito bem

documentada na literatura científica. Recomendam mais atenção às injúrias por

parte dos cirurgiões-dentistas no conhecimento de acidentes complicados e

disseminação de atitudes favoráveis diante de injúrias pela população leiga.

Pedroni, Barcellos e Miotto (2009) verificaram a prevalência de tratamento

realizado em dentes traumatizados por meio de um estudo transversal em Vitória

(ES) com 380 escolares entre 7 e 15 anos. Os resultados mostraram que dos

participantes (31,8%) que sofreram traumatismo, 41,3% procuraram um serviço de

saúde bucal após o acidente. A busca por atendimento nas primeiras 24 horas foi

feita por 30% dos casos; 48% visitaram o cirurgião-dentista nos primeiros 7 dias.

Dos que buscaram atendimento, 34 indivíduos (28,1%) receberam tratamento, mais

frequente para crianças e adolescentes do gênero feminino. Em apenas 22,2% dos

casos houve acompanhamento dos elementos traumatizados. Pôde-se verificar

baixa frequência de tratamento realizado. Os autores chamam a atenção para os

benefícios do tratamento imediato na redução de sequelas decorrentes de injúrias

traumáticas.

18

Bendo et al. (2009) realizaram uma revisão da literatura para investigar a

possível correlação entre a ocorrência de traumatismos na dentição permanente e

indicadores socioeconômicos. Dois dos autores conduziram a busca em bancos de

dados eletrônicos em todos os idiomas e foram obtidos noventa e oito registros de

trabalhos potencialmente relevantes. A cada passo metodológico, vários trabalhos

eram excluídos e ao final, apenas nove estudos preencheram os critérios de

inclusão propostos pelos autores. Mesmo entre estes, pôde-se observar diferentes

critérios para o diagnóstico de injúrias traumáticas, bem como os parâmetros

utilizados para a classificação em estratos socioeconômicos. Os indicadores

utilizados pelos estudos foram a escolaridade materna, tipo de escola

(pública/privada), ocupação dos responsáveis, Critério de Classificação Econômica

Brasil e renda familiar. Dos nove estudos incluídos na revisão, cinco não verificaram

associação entre as variáveis. Os estudos que observaram correlação positiva, esta

ocorria para crianças cujas mães tinham maior nível de escolaridade ou para

famílias de maior renda. Os autores verificaram a falta de consenso entre os

estudos e chamam a atenção para a heterogeneidade da metodologia utilizada.

Traebert, Marcon e Lacerda (2010) realizaram uma pesquisa de delineamento

transversal para medir a prevalência de traumatismo na dentição permanente e

fatores associados em escolares de doze anos de idade de Palhoça (SC). Uma

amostra representativa de 405 jovens foi selecionada para o estudo. Variáveis

explanatórias envolveram informações sociodemográficas e clínicas (presença de

overjet incisal ≤5mm e cobertura labial). Os dados foram coletados por meio de

questionários e exames clínicos. Os resultados mostraram uma prevalência de

22,5%, não associada a fatores socioeconômicos ou clínicos, porém

estatisticamente maior entre escolares do gênero masculino. A maioria dos danos

traumáticos foi de pequena magnitude, embora tenha sido verificado alta

necessidade de tratamento. Dentre os casos passíveis de intervenção, a

necessidade de tratamento foi de 67,5%. Os autores consideraram altas as

prevalências de traumatismo e necessidade de tratamento. Chamam a atenção para

a escassez de dados nacionais a respeito deste evento para a inclusão de medidas

preventivas e de proteção no planejamento de políticas públicas.

Hecova et al. (2010) realizaram um estudo retrospectivo com dados

secundários de 384 pacientes atendidos na Faculdade de Odontologia em Pilsen,

19

República Tcheca. O objetivo foi verificar a frequência, idade, etiologia e

complicações referentes a 889 dentes traumatizados. Os tipos de injúria mais

comuns foram as fraturas de esmalte/dentina, seguidas de luxação lateral. Meninos

foram mais afetados; várias atividades esportivas foram as principais causas,

especialmente com bicicletas; na faixa de 7-10 anos, as quedas foram responsáveis

pela maioria dos traumas. Na faixa etária de 21-25 anos, a violência física, consumo

de álcool e agressividade foram as causas mais citadas. A complicação mais comum

foi a necrose pulpar (26,9% dos casos). Para os casos de luxação lateral, a necrose

pulpar foi mais frequente em dentes com ápice fechado. A condição do ápice

mostrou importância significativa na complicação dos casos.

Bendo et al. (2010) investigaram a prevalência de injúrias traumáticas e

possíveis fatores associados em 1.558 escolares brasileiros com idade entre 11 e 14

anos. Foram medidas as variáveis sociodemográficas gênero, idade e condição

socioeconômica. Exames clínicos foram realizados para avaliar a presença de

cáries, overjet, e o tipo de lesão traumática. A prevalência de traumatismos foi de

17,1%, maior para meninos, com CPO maior ou igual a 1 e presença de overjet

acentuado. Quedas foram a razão mais frequente para o acidente, seguido de

atividades esportivas. O domicílio foi o local citado em 41,8% dos casos, seguido da

escola (14,2%). As fraturas coronárias não complicadas foram o tipo de lesão mais

comum (fraturas de esmalte: 63,6%; esmalte/dentina: 15,3%). Apenas 23,3% das

crianças receberam tratamento restaurador. Não houve associação estatisticamente

significante com condição socioeconômica.

Skeie, Audestad e Bardsen (2010) avaliaram o conhecimento sobre injúrias

dentais traumáticas na dentição permanente em professores noruegueses de

Educação Física da área rural e urbana, bem como em universitários graduandos

também em Educação Física. O delineamento proposto para a pesquisa foi o

transversal e a coleta de dados utilizou um roteiro estruturado aplicado de forma

autogerenciada. As questões envolviam atitudes diante de casos fictícios de

traumatismo, ter recebido orientação sobre o assunto na formação e ter ou não

material informativo sobre condutas diante de injúrias traumáticas no local de

trabalho. As respostas foram organizadas em uma escala do tipo Likert de 5 pontos

e agrupadas para análise em três categorias: adequada, pouco adequada e

inadequada. As escolas foram selecionadas por conveniência. Participaram do

20

estudo 143 sujeitos, sendo 35 professores de área urbana, 47 professores da área

rural e 61 estudantes do curso de Educação Física. Os resultados mostraram que

apenas 1,6% dos estudantes sabiam da existência de informativos sobre

traumatismos em suas escolas; dos professores da área urbana, 2,6% declararam a

existência de material informativo a respeito de injúrias dentais traumáticas em suas

escolas contra 12,8% dos profissionais que atuam na área rural. Ao serem

questionados se receberam alguma informação/orientação sobre o manejo de um

caso de traumatismo dento-alveolar durante a formação acadêmica, nenhum

estudante (0,0%) e nenhum professor da área urbana (0,0%) declarou ter recebido

algum tipo de orientação ou leitura durante a sua formação. Daqueles que lecionam

na área rural, apenas um (2,1%) relatou ter recebido informação sobre o manejo de

injúrias traumáticas. Quando da conduta diante de um caso de fratura coronária em

uma criança, 85,1% dos professores de área rural emitiram respostas adequadas,

bem como 74,3% daqueles da área urbana e 79,7% dos acadêmicos. Para um caso

de avulsão, as taxas de respostas classificadas como adequadas diminuíram

consideravelmente entre os grupos (53,2% professores da área rural; 34,3%

professores da área urbana e 34,3% no grupo de estudantes). Os autores

consideraram o conhecimento dos participantes baixo, chamando a atenção

especialmente para os casos de avulsão, onde o correto manejo tem forte impacto

sobre o prognóstico. Ressaltaram ainda, que como provedores de cuidado,

professores, especialmente das áreas de esportes e educação física, constituem um

grupo importante para treinamento do manejo de urgências relacionadas à

traumatismos dentais.

Al-Obaida (2010) verificou o conhecimento sobre o manejo de injúrias

traumáticas em um grupo de professores de escolas primárias na cidade de Riyadh,

na Arábia Saudita. Vinte e quatro escolas foram selecionadas e os professores

presentes no momento da visita foram convidados a participar. Foi distribuído um

total de 440 questionários e obtido uma taxa de resposta de 63%. A amostra final

contou com 277 profissionais (131 homens e 146 mulheres), com idade entre 20 e

52 anos e experiência profissional entre 1 e 32 anos. Resultados positivos foram

obtidos de professores mais velhos, com mais tempo de carreira e entre aqueles

com experiência prévia em casos de traumatismo. De um modo geral, 17,8% (42

professores) declararam ter recebido um único treinamento em primeiros socorros

21

durante a carreira e apenas 1,8% (5 professores) tiveram a inclusão de urgências

odontológicas como parte deste treinamento. Os resultados da 2ª parte do

questionário foram especialmente negativos. Tratava de 2 casos de injúrias dentais

traumáticas: uma fratura de incisivo superior em um menino de 9 anos e uma

avulsão em uma menina de 12 anos. No primeiro caso, 55,2% deram a resposta

errada sobre o manejo imediato, enquanto 74,3% optaram pela ação incorreta para

o socorro da avulsão. Para este caso, apenas 1,8% conheciam o meio mais

apropriado para a estocagem do elemento avulsionado. Aproximadamente 87%

fariam contato com um cirurgião dentista, porém não consideraram o tempo entre o

acidente e a consulta um fator importante. Os autores consideraram insuficiente o

conhecimento dos professores sauditas sobre o manejo de traumatismos dentais.

Berti, Furlanetto e Refosco (2011) realizaram um estudo transversal para

verificar o conhecimento de professores da rede pública de ensino do município de

Cascavel-PR, sobre primeiros-socorros em traumatismos dentários, com foco em

avulsão dental. Das escolas sorteadas, 11 aceitaram participar do estudo, obtendo

uma amostra final de 76 professores. Os resultados mostraram que em caso de

avulsão, a maioria respondeu que tentaria localizar o dente e o pegaria o dente pela

coroa (65,78%). Muitos profissionais (84,21%) não se sentem preparados para o

cuidado imediato desse tipo de injúria por não terem recebido treinamento ou pela

pouca informação. Nenhum professor declarou a atitude de recolocar o dente no

alvéolo. Para conduzir o dente até um profissional, 32 (42,13%) professores o

levariam embrulhado em material seco (guardanapo ou lenço) e 25 (32,89%)

conduziriam o dente em recipiente com líquido. De acordo com os autores, a pouca

experiência e conhecimento expressos pelos professores entrevistados refletem a

necessidade de uma comunicação mais eficaz entre profissionais das áreas da

saúde bucal e da educação.

Thelen et al. (2011) realizaram uma pesquisa com delineamento do tipo caso-

controle para medir o impacto produzido por injúrias dentais traumáticas não

tratadas em estudantes albaneses de ensino médio com idade entre 16 e 19 anos.

Baseado no Índice de Trauma de O’ Brien, para cada caso foram pareados 2

controles por idade, sexo, ser da mesma classe e morar na mesma redondeza. O

índice para registro dos impactos foi o Oral Impact on Daily Performance (OIDP). A

amostra final contou com 95 casos e 190 controles. A prevalência de impacto

22

percebido foi significativamente maior entre os casos (88,4%) comparado aos

controles (58,9%), com uma chance de impacto quase 4 vezes maior (OR=3,9) para

os afetados. A dimensão com maior frequência de relatos foi ”sorrir e mostrar os

dentes sem embaraço” (OR=10,9), seguida de apreciar contato com as pessoas”

(OR=6,1). Os autores puderam concluir que adolescentes vítimas de traumatismo

com sequelas não tratadas tem maior chance de perceber impactos na qualidade de

vida, e que esforços devem ser direcionados à melhora do acesso a tratamento

odontológico após a experiência de uma injúria traumática.

Pagliarin, Zenkner e Barletta (2011) verificaram o conhecimento sobre

avulsão de professores de Educação Física que lecionam em escolas de Santa

Maria, Rio Grande do Sul por meio de um questionário contendo 8 itens fechados,

deixados na escola para serem devolvidos na semana seguinte. Menos de 50% dos

questionários retornaram, finalizando uma amostra de 102 professores. Os

resultados obtidos revelaram que 23,5% da amostra declarou ter recebido

informações sobre traumatismo dental. O meio de estocagem do dente escolhido por

32,4% dos respondentes foi a água; 27,5% guardanapo; 16,7% saliva, 11,8% soro e

apenas 10,8% dos respondentes optou pelo leite. O uso de protetor bucal foi

considerado um importante dispositivo na prevenção da avulsão por 70,3% dos

profissionais. Comparados os grupos com e sem informação prévia sobre

traumatismo, não houve diferenças significantes quando da ação do reimplante, tipo

de assistência procurada e efetividade do protetor bucal para prevenção de avulsão;

a exceção foi para a variável tempo do dente avulsionado fora do alvéolo. Também

não foram observadas associações estatisticamente significantes para as variáveis

idade, tempo de atuação profissional e nível de escolaridade. Os autores

consideraram baixo o nível de conhecimento dos professores e os achados mostram

necessidade urgente de implementação de um estratégia de educação continuada

como ferramenta melhorar as chances de prognóstico favorável diante de casos de

avulsão.

Touré et al. (2011) realizaram um estudo transversal para avaliar o

conhecimento de professores de ensino fundamental sobre os cuidados imediatos

direcionados a um traumatismo do tipo avulsão em incisivos permanentes, em

Casablanca, Marrocos. Cinquenta escolas foram selecionadas por meio de sorteio

aleatório e todo o quadro docente foi convidado a participar do estudo. Os dados

23

foram coletados por meio de questionários auto gerenciados e as questões

envolviam dados demográficos, experiência prévia em casos de avulsão e o manejo

do dente avulsionado e medidas de urgência. Um total de 501 professores

participaram do estudo. Os resultados mostraram que 44,5% dos respondentes tinha

experiência prévia de caso de avulsão ocorrido na escola. Dos participantes, 82,82%

consideraram avulsão dentária como um caso de urgência; apenas 15,8%

reimplantariam o dente no alvéolo e esta resposta não foi influenciada por gênero ou

nível de instrução do professor; 32,6% buscariam atendimento odontológico para

tratamento do caso. Considerando o meio para estocagem do elemento avulsionado,

42,7% estocariam o elemento dental em um meio seco. Leite foi a opção assinalada

por 21,9%. Os autores puderam verificar inadequado conhecimento de medidas de

primeiros socorros em casos de avulsão entre os professores da rede e

consideraram necessário a implementação de programas educacionais direcionados

à melhora do conhecimento.

Fux-Noy, Sarnat e Amir (2011) investigaram o conhecimento de professores

de ensino fundamental em Telaviv, Israel, sobre manobras direcionadas às

ocorrências de traumatismo dental. Um questionário com três partes foi respondido

por 164 professores. Embora 64,6% tenham avaliado o próprio conhecimento como

baixo ou nulo, apenas 42% demonstraram interesse em melhorar o conhecimento.

No manejo das injúrias, de modo geral, três predictores foram identificados: ter

filhos, experiência prévia com traumatismo e pertencer à faixa etária de 35-49 anos.

Na questão relativa à avulsão, apenas 5,5% reimplantariam o dente; 55,5%

colocariam o dente em meio úmido e levariam a criança até um cirurgião-dentista.

Para este item, ser do sexo masculino e ser professor de educação física estiveram

associados às respostas corretas. Na avaliação geral, os autores consideraram o

conhecimento dos professores insatisfatório.

Lauridsen et al. (2012) avaliaram o padrão de injúrias traumáticas em 4.754

pacientes tratados no Hospital da Universidade de Copenhagen no período

compreendido entre 1971 a 1983, avaliando as diferenças na distribuição dos

diversos tipos de trauma por grupo etário, bem como da ocorrência simultânea de

fraturas coronárias para cada tipo de luxação (injúrias combinadas). Os resultados

mostraram que a maior parte dos traumatismos avaliados foram classificados como

injúrias menores (concussão, subluxação e fraturas coronárias sem exposição

24

pulpar). A frequência relativa de fraturas corono-radiculares, fraturas radiculares e

luxações laterais foi maior entre adultos comparados à adolescentes e crianças. A

ocorrência de fraturas coronárias sem exposição pulpar e concussão decresceu

entre os grupos etários. Um terço (31,5%) dos casos avaliados se tratavam de

injúrias combinadas (fraturas coronárias com concussão, subluxação e intrusão). Os

autores reforçam a importância no diagnóstico de lesões combinadas pelo aumento

do risco de necrose pulpar nesses elementos.

Andersson e colaboradores participantes da Associação Internacional de

Traumatismo Dental publicaram em 2012 o segundo capítulo de um guideline para o

manejo de injúrias dentais traumáticas. Esta seção trata de orientações voltadas à

ocorrência de avulsão em dentes permanentes. Os autores reforçam o reimplante

imediato como conduta de escolha, embora reconheçam que uma grande parte dos

dentes reimplantados tem poucas chances de sobrevivência a longo prazo; muito

provavelmente será perdido ou terá que ser extraído. Na impossibilidade do

reimplante imediato, conduzir o elemento dental imerso em leite. A preferência é

para meios de estocagem destinados à cultura ou transporte de tecidos, mas

considerando a dificuldade de acesso a essas substâncias no momento do acidente,

o leite se configura como a melhor opção. Recomendam todo esforço para evitar

que o elemento dental fique em ambiente seco pelo risco de comprometer a

vitalidade das células do ligamento periodontal. Porém, chamam a atenção para a

não utilização da água como meio de estocagem.

Ozer et al. (2012) avaliaram o conhecimento e atitudes de 289 responsáveis

de crianças entre 6 e 12 anos sobre injúrias dentais traumáticas. Os menores

estavam sob atendimento na Clínica de Odontopediatria de uma universidade em

Samsun, na Turquia. Os pais que aceitaram participar do estudo responderam a um

questionário contendo itens sobre características sociodemográficas (sexo, idade,

escolaridade e número de filhos); treinamento ou informação prévia sobre

traumatismo dental e tratamento; conhecimento sobre avulsão de dentes

permanentes e as condutas imediatas a serem tomadas diante deste evento. A

maior parte dos respondentes (74,7%) declarou nunca ter recebido informações

sobre injúrias traumáticas; apenas 19% receberam informações de um cirurgião-

dentista. Enquanto a maioria (78,2%) percebeu seu conhecimento como

inadequado, 59,5% consideraram muito importante ter informação a respeito de

25

traumatismo dental. Quanto às questões específicas relativas à avulsão, 90,7%

responderam que não reimplantariam o elemento dental no respectivo alvéolo;

quanto ao meio de estocagem para transporte do elemento dental até a chegada ao

serviço odontológico, apenas 9% optaram por um meio fisiológico (solução salina,

leite ou saliva), enquanto 67,1% responderam a favor de um meio não fisiológico

(água, gelo, álcool, meio seco); 23,9% selecionaram a opção “não sei”. Para a

limpeza do dente avulsionado, apenas 5,9% dos indivíduos identificaram o

procedimento correto, enquanto 71,6% não se sentiram capacitados para escolher

uma resposta. Contudo, 68,2% fizeram a opção pelo menor período de tempo para ir

até um cirurgião-dentista para o atendimento (nos primeiros 30 minutos), decaindo a

frequência de respostas assinaladas conforme o aumento do tempo. Os

pesquisadores puderam observar que o conhecimento dos responsáveis

participantes do estudo foi baixo e ressaltam a importância do aumento da

informação por meio de programas, considerando a alta ocorrência de injúrias

traumáticas no ambiente doméstico e escolar.

Arikan e Sönmez (2012) verificaram o nível de conhecimento de professores

de ensino fundamental sobre traumatismo dento-alveolar e condutas de urgência,

antes e após a distribuição de um informativo. O estudo foi realizado em Ankara,

Turquia. Três bairros de diferente condição socioeconômica (alta, média e baixa)

foram escolhidos no começo do estudo e duas escolas de cada bairro foram

sorteadas aleatoriamente. Quinhentos professores foram convidados a participar; os

450 que aceitaram participar do estudo responderam a um questionário composto de

duas partes: a primeira coletava dados sociodemográficos; a segunda consistia de

cenários e um total de 8 questões sobre fratura coronária, luxação lateral, fratura

radicular e avulsão. Os cenários eram acompanhados de fotografia para facilitar a

compreensão dos participantes. As respostas eram codificadas em ideal (2 pontos),

aceitável (1 ponto) e incorreta (zero pontos). Respondido o questionário, os

professores recebiam uma cartilha contendo informações sobre os casos de todos

os cenários e o procedimento correto imediato para cada caso. Os resultados

mostraram que 39,1% dos professores já haviam presenciado um caso traumatismo

dental e destes, 53,4% declararam ter sido em um de seus alunos. A análise inicial

mostrou uma diferença estatisticamente significante no conhecimento de

professores do gênero feminino e masculino, que desapareceu na avaliação

26

realizada após a distribuição da cartilha. Da mesma forma, aqueles que já tinham

experiência prévia de um caso demonstraram maior conhecimento (p<0,0001), e a

diferença desapareceu na segunda avaliação (p=0,786). Para todos os cenários, a

diferença entre os escores iniciais e os finais aumentou significativamente,

mostrando a efetividade da cartilha na melhora do conhecimento e atitudes diante

dos casos de traumatismo.

Young, Wong e Cheung (2012) realizaram um estudo analítico com

delineamento transversal para avaliar o conhecimento de professores de Hong Kong

que lecionam no ensino fundamental e médio a respeito do manejo de injúrias

dentais traumáticas. A coleta de dados foi feita por meio de questionários enviados

pelo correio para a União Profissional de Professores de Hong Kong para alcançar

uma amostra final de 385 questionários completos. O instrumento era composto por

2 seções contendo ao todo 14 questões fechadas: a primeira seção era composta

por informações demográficas básicas, ter recebido treinamento prévio sobre

primeiros socorros para casos de traumatismo dental e a capacidade de distinguir

dentes decíduos de permanentes; a segunda seção envolvia itens sobre o manejo

de injúrias. Os pesquisadores conseguiram o retorno de 594 questionários para

análise. A maior parte da amostra era composta por profissionais com idade entre 41

e 50 anos e uma larga experiência em docência (entre 11 e 20 anos). Houve uma

alta frequência de respostas erradas. Apenas 32,8% indicaram o local correto para

tratamento de uma injúria traumática; 73,1% assinalaram a opção “imediato” como

tempo adequado para o primeiro atendimento. Um pequeno percentual (32,5%) de

respondentes possuía conhecimento sobre o correto manejo de fraturas coronárias;

23,2% saberiam reposicionar um dente deslocado de sua posição original. Sobre

avulsão na dentição decídua, 74,4% contraindicaram reimplante em um elemento

decíduo, porém, apenas 16,3% sabiam que um elemento permanente deve ser

reimplantado; 70,4% não se julgam capazes de distinguir um dente decíduo de um

permanente. Em relação ao meio de estocagem do elemento avulsionado até o

atendimento por um cirurgião-dentista, 21,7% optaram pelo leite; 29,6% por soro

fisiológico e 7,1% pela saliva do paciente. Por se tratar de uma questão na qual se

permitia mais de uma opção, apenas 20,4% identificaram pelo menos uma opção

correta para o armazenamento extra alveolar do elemento dental até o serviço

odontológico. Características sociodemográficas (sexo, idade, anos de experiência

27

profissional e tipo de escola) não apresentaram influência sobre o manejo das

injúrias, porém, aqueles que declararam ter recebido treinamento prévio sobre o

manejo de injúrias dentais traumáticas apresentaram maiores escores na pontuação

dos questionários. Os resultados permitiram concluir que o conhecimento dos

professores sobre condutas relativas às urgências traumáticas odontológicas era

insuficiente. Os autores recomendam campanhas educativas sobre este conteúdo.

Curylofo, Lorencetti e Silva (2012) verificaram o conhecimento de professores

(n=52) do município de Ribeirão Preto, São Paulo, acerca do conhecimento em

primeiros socorros de traumatismo dental do tipo avulsão. Os resultados mostraram

que 40,4% da amostra já havia testemunhado uma avulsão no ambiente escolar, no

entanto, apenas 23,5% tentariam fazer o reimplante; 62,8% declararam não ter

conhecimento ou prática suficiente para recolocar o dente no alvéolo. Para a

estocagem do elemento dental avulsionado até o cirurgião-dentista, 42,6% dos

professores optaram por meio seco (gaze, jarra de vidro, algodão); água e o leite

tiveram menor percentual de respostas (13,1%). Os autores consideraram o

conhecimento dos professores inadequado e ressaltaram a importância de

capacitação em traumatismos bucais direcionada aos profissionais da Educação.

Traebert et al. (2012) avaliaram o impacto produzido por injúrias traumáticas

na qualidade de vida de 403 jovens de 11 a 14 anos matriculados em escolas

públicas e privadas de alguns municípios do estado de Santa Catarina. As escolas

foram selecionadas aleatoriamente previamente categorizadas em 3 grupos

segundo porte de alunos. A coleta de dados foi realizada utilizando o índice CPQ11-

14 para avaliar a ocorrência de impactos produzidos por condições bucais. Os

exames clínicos foram realizados por 7 cirurgiões-dentistas previamente calibrados e

utilizaram para avaliação de traumatismo, o Índice do Reino Unido, e CPO para cárie

e o IED para estética. A prevalência de injúrias traumáticas foi de 16,6% e as

fraturas de esmalte foram o tipo de sequela mais comum. A frequência de impactos

no escore geral foi de 46,6% e foi significativamente maior para aqueles que

sofreram traumatismo. Quando analisados os dados por dimensão, houve maior

ocorrência de impactos para as dimensões: limitação funcional, sintomas bucais e

bem-estar emocional. Desse modo, os autores puderam concluir que as injúrias

traumáticas são capazes de produzir impacto desfavorável na qualidade de vida de

28

escolares com idade entre 11 e 14 anos e sugerem a realização de mais estudos

para maior compreensão da percepção desses impactos para esta população.

Vijaykumar, Shekhar e Vijayakumar (2013) verificaram a prevalência de

injúrias traumáticas e a possível associação com sobrepeso/obesidade em um

estudo transversal com 858 escolares entre 10 e 12 anos em Bangalore, India. Doze

escolas de áreas urbanas foram selecionadas, seis públicas e seis privadas. Dados

foram coletados por meio de roteiros e exames clínicos. A prevalência de

traumatismos observada foi de 15,04%. Destas, as crianças com sobrepeso

apresentaram maior frequência de injúrias. Houve associação estatisticamente

significante entre a presença de sobrepeso/obesidade e lesões traumáticas tanto

para meninos como para meninas. Os autores consideraram o sobrepeso um fator

de risco para traumatismos dentais e enfatizaram a importância de programas

direcionados à prevenção da obesidade como fator de risco comum a várias

doenças considerando o estilo de vida da sociedade contemporânea.

Subuncuoglu (2013) realizou uma revisão da literatura com foco na

construção de um modelo explanatório, abordando a inter-relação ente o aleitamento

materno, maloclusão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH),

distúrbios do sono e respiração, e por fim, a incidência de injúrias dentais

traumáticas. O trabalho evidencia todos os efeitos benéficos do aleitamento,

principalmente os físicos, emocionais e nutricionais: o desmame precoce aumenta o

consumo de leite de vaca, que tem sido visto como uma causa da deficiência de

ferro na tenra infância. Considerando o papel da deficiência de ferro na patogênese

do TDAH, o aleitamento materno pode aparecer como um fator regulador do curso

desta desordem. A revisão traz à tona a associação entre desmame precoce e a

instalação de hábitos de sucção não-nutritiva, que acaba por aumentar o risco de

desenvolvimento de maloclusões do tipo mordida aberta anterior, mordida cruzada

posterior e relação molar do tipo classe II, além da perda do selamento labial. O uso

de mamadeiras pode desencadear alterações no padrão de deglutição e

crescimento facial. Por fim, o autor revisa o papel do TDAH e maloclusão como

fatores de risco para a incidência de injúrias dentais traumáticas. O autor conclui o

trabalho marcando a importância do aleitamento materno como fator de proteção

para uma série de fatores que podem interagir como uma sequência de eventos e

produzir impacto significativo na qualidade de vida de um indivíduo no futuro.

29

Bücher et al. (2013) realizaram uma análise da distribuição e tratamento de

pacientes atendidos no Departamento de Urgência em Traumatismo de uma

universidade alemã no período de 2004 a 2008. Os dados clínicos e radiográficos

avaliados do atendimento inicial e das rechamadas constavam nos prontuários de

219 pacientes. As injúrias traumáticas foram mais frequentes em indivíduos do

gênero masculino. Embora a idade dos atendidos tenha variado entre, 1 e 68 anos,

mais de 75% dos traumatismos acometeram jovens menores de 14 anos. Na

dentição decídua, a injúria mais comum foi a luxação e a causa mais frequente foi

queda. O ambiente doméstico foi o local de maior frequência dos acidentes. Para

injúrias na dentição permanente, a fratura esmalte-dentina (sem exposição pulpar)

gerou o maior número de atendimentos e as quedas também contribuíram com o

maior número de ocorrências, seguida de encontrões e acidentes durante a prática

de esportes.

Rajab et al. (2013) realizaram um estudo do tipo transversal para verificar a

prevalência de injúrias dentais traumáticas e possíveis fatores associações em uma

amostra aleatória de 2560 escolares Jordanianos de 12 anos. A prevalência de

traumatismo foi de 5,5% e maior para jovens do gênero masculino. As variáveis

clínicas com associação estatisticamente significante com traumatismo foram a

presença de overjet acima de 3 mm (p<0,01) e ausência de competência labial

(p<0,001). Os autores observaram que, apesar da baixa prevalência encontrada, a

necessidade de tratamento foi bastante alta.

Poi et al. (2013) realizaram uma revisão da literatura sobre diferentes meios

de estocagem para a condução de dentes avulsionados até o cirurgião-dentista. A

comparação entre as substâncias levou em consideração as características de cada

uma (osmolaridade e pH fisiologicamente compatível com as células do ligamento

periodontal aderidas à superfície radicular), efetividade e disponibilidade das

mesmas na cena do acidente. A busca realizada nos bancos PubMed/Medline,

Lilacs, BBO, SciELO utilizou as palavras-chave “storage medium”, “transportation

medium”, ”tooth avulsion”, “tooth replantation”,“milk” e “propolis”. Foram incluídos

artigos de pesquisa, revisão de literatura, estudos de laboratório com animais e

estudos de laboratório que avaliavam soluções para a cultura de tecidos e

células.Os autores puderam concluir que o leite pasteurizado é o meio mais

frequentemente recomendado e com melhor prognóstico sobre outras soluções.

30

Suas vantagens envolvem a alta disponibilidade e acesso fácil, pH fisiológico e

osmolaridade compatíveis com as células do ligamento periodontal presentes na

superfície da raiz do elemento avulsionado.

Çinar, Atabek e Alacam (2013) averiguaram o conhecimento de cirurgiões-

dentistas sobre o atendimento de urgência de injúrias traumáticas em Ankara, na

Turquia. Os dados foram coletados por meio de questionários compostos por 2

partes: a primeira referia-se à dados sociodemográficos e a segunda era composta

por 12 questões fechadas e envolvia o manejo imediato de dentes traumatizados.

Participaram do estudo 154 profissionais, sendo 133 clínicos e os demais

especialistas. De um modo geral, o nível de conhecimento entre os profissionais foi

considerado baixo. Não houve diferença em termos de conhecimento entre os

profissionais especialistas e generalistas. Baixos escores foram observados nos

quesitos relativos ao tempo de contenção em casos de avulsão e para tratamento de

fraturas complicadas de coroa com grande exposição pulpar em dentes decíduos.

Foi observado um alto percentual de respostas corretas quando se tratava do meio

de estocagem de um dente avulsionado e cobertura antibiótica, além de correto

tratamento em casos de intrusão na dentição decídua. Os autores sugerem

capacitação profissional para melhora do conhecimento dos protocolos de

atendimento em caso de injúrias dentais traumáticas.

Young, Wong e Cheung (2013) investigaram a efetividade de pôsteres

educativos na melhora do nível de conhecimento de professores de escolas de

ensino fundamental e médio a respeito do manejo de casos de traumatismo no

momento do acidente. Um delineamento do tipo Ensaio Clínico Aleatorizado (RCT)

foi planejado, de modo que as escolas foram sorteadas (30 escolas) em grupo

intervenção (n=196 professores) e controle (n=212 professores). O nível de

conhecimento inicial sobre trauma foi medido por meio de um questionário de duas

seções e 14 questões fechadas, aplicado a todos os participantes da pesquisa.

Pôsteres coloridos contendo fotos e redigidos em inglês e chinês com informações

sobre manejo em caso de traumatismo dento-alveolar foram colocados na sala de

atendimento médico, na sala dos professores e nos quadros de aviso das escolas do

grupo intervenção durante 2 semanas. Após este período, professores dos dois

grupos responderam novamente ao questionário. O aumento dos escores verificado

no grupo intervenção mostrou diferença estatisticamente significante na comparação

31

entre grupos e intra grupos. Desse modo, os autores puderam demonstrar a

efetividade dos pôsteres como forma de informação disponível para a melhora do

conhecimento de professores a respeito do manejo de injúrias dentais traumáticas.

Ankola et al. (2013) investigaram a prevalência de injúrias traumáticas dentais

em uma amostra de 13.200 escolares entre 6 e 11 anos em Belgaum na India. A

frequência de traumatismo observada foi de 14,74%. As variáveis associadas com

maior poder explicativo foram gênero masculino, overjet dental acima de 3mm e a

presença de incompetência labial. Os autores consideraram a prevalência de trauma

dental encontrada moderadamente alta e chamam a atenção para a importância da

orientação da comunidade acerca da prevenção e manejo de injúrias, especialmente

pais e professores, que de modo geral, são aqueles que mais presenciam a

ocorrência de acidentes deste tipo.

Sepet et al. (2014) avaliaram o conhecimento de 359 atletas de Istambul

sobre o manejo de injúrias dentais traumáticas e o uso de protetores bucais. Os

participantes responderam a um questionário e pôde-se identificar uma prevalência

de 10,9% de traumas dentais. Fraturas coronárias foram o tipo de injúria mais

frequente. Os autores observaram baixo conhecimento sobre atitudes favoráveis em

caso de acidente, especialmente no caso de avulsão. A prática esportiva foi

considerada uma atividade de risco para traumatismo dental e pronto atendimento

odontológico deveria ser garantido aos atletas.

Pani et al. (2014) realizaram uma pesquisa com o intuito de avaliar o

conhecimento e atitudes relacionadas à ocorrência de injúrias dentais traumáticas

em uma amostra de 700 professores sauditas separados em 2 grupos: o primeiro

composto por profissionais que lidavam com crianças portadoras do Transtorno do

Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o outro de professores que lecionavam

para crianças normais. Dados foram coletados de forma autogerenciada por meio de

um roteiro estruturado contendo quatro partes: a primeira continha itens relativos à

informações sociodemográficas dos professores e detalhes das crianças portadoras

ou não de TDAH. As outras partes avaliavam experiência pregressa no lidar com um

evento traumático, o conhecimento e atitudes frente a uma urgência odontológica e

a importância atribuída à prevenção, diagnóstico e manejo de uma injúria dental

traumática. As questões relacionadas ao manejo da urgência foram analisadas no

32

formato dicotômico (sim/não); quanto à importância da prevenção deste tipo de

evento, uma escala do tipo Likert de cinco pontos foi utilizada (0= não importante; 4=

muito importante); para os itens sobre conhecimento, cada resposta correta recebia

escore 1 e a resposta errada considerada zero. Os resultados mostraram que

professores de crianças portadoras de TDAH responderam ter presenciado maior

número de ocorrências comparados aos demais, bem como apresentaram maior

conhecimento e declararam maior importância de medidas preventivas. Gênero,

anos de experiência, número de filhos e nível de instrução do professor pareceram

exercer algum tipo de influência sobre o conhecimento dos professores de um modo

geral. Modelos de regressão múltipla foram construídos para os dois grupos em

separado e pôde-se observar que enquanto idade, nível de instrução, estado civil e

ter filhos mostraram uma correlação positiva com o conhecimento de professores de

crianças não portadoras do transtorno, apenas idade e ter filhos mostraram um

impacto significativo no conhecimento de professores de crianças com TDAH. Os

autores puderam concluir que, a despeito do maior conhecimento dos professores

de crianças com TDAH, de um modo geral, o conhecimento dos professores sobre

injúrias dentais traumáticas foi considerado baixo.

Cauwels, Martens e Verbeeck (2014) verificaram o conhecimento de

cirurgiões-dentistas belgas acerca do tratamento de urgências odontológicas por

meio de questionários que coletavam informações sociodemográficas e referentes à

prática profissional, bem como que tipo de tratamento realizariam para injúrias

dentais traumáticas. Uma amostra final de 336 questionários válidos foi obtida.Os

resultados mostraram melhores escores para injúrias simples. À medida que a

complexidade aumentava, o número de respostas incorretas também aumentava.

Um alto percentual de erros foi registrado para incisivos traumatizados com ápice

aberto e para incisivos com grande área de exposição pulpar. Embora os

profissionais tenham a percepção favorável de auto conhecimento sobre o manejo

correto de injúrias traumáticas, este estudo observou fragilidade para tratamento de

fraturas coronárias complicadas em dentes permanentes jovens.

Atabek et al. (2014) verificaram a distribuição de injúrias traumáticas segundo

sexo, idade, etiologia, dente mais afetado, classificação da lesão e o tempo

decorrido entre o acidente e o tratamento. Tratou-se de um estudo retrospectivo

realizado em Ankara, Turquia. A amostra contou com registros de 340 pacientes

33

entre 7e14 anos. Os resultados mostraram que meninos foram mais acometidos,

com idade entre 9-10 anos; quedas foram as causas mais frequentes. Pôde-se

observar um atraso para o primeiro atendimento do traumatismo, tempo médio de 1

semana. Apenas para os casos mais severos, a procura por um profissional ocorreu

nas primeiras horas após o acidente. Fraturas coronárias não complicadas foram as

lesões mais comuns. Os tratamentos realizados com maior frequência foram

restaurações em resina e tratamento endodôntico. Os autores acreditam que a alta

prevalência de endodontias pode ter sido explicada pelo atraso no atendimento de

fraturas coronárias, que acabaram por gerar a mortificação pulpar. Os resultados

permitiram concluir a negligência do atendimento pós-trauma quando as injúrias são

menos complexas. Estas atitudes refletem pouco conhecimento de pais e

responsáveis sobre possíveis sequelas de injúrias dentais traumáticas.

Akhlaghi et al. (2014) avaliaram o conhecimento de 241 cirurgiões- dentistas

clínicos iranianos sobre o manejo de injúrias dentais traumáticas por meio de um

estudo transversal. Dados foram coletados utilizando um questionário dividido em 2

partes, uma delas abordava 7 casos imaginários de traumatismos.Grande parte do

grupo declarou raramente atender injúrias complicadas. O conhecimento dos

profissionais foi considerado moderado e positivamente associado aos casos mais

atendidos na prática diária. A presença em cursos sobre traumatismos também

esteve associado a melhor conhecimento.

Zhang et al. (2014) avaliaram prontuários de 681 crianças atendidas por

motivo de traumatismo dento-alveolar no Departamento de Odontopediatria do

Hospital de Estomatologia da Universidade de Xi’an, na China no período de

fevereiro de 2011 a maio de 2012. O sexo masculino foi o mais afetado e a maior

parte das crianças (70,2%) tinha idade entre 7 e 12 anos. Dos 1083 dentes

traumatizados, 24,6% (267) eram dentes decíduos e 75,4% (816) eram dentes

permanentes. Para ambas as dentições, os elementos mais comumente afetados

foram os incisivos centrais superiores. O tipo de traumatismo mais frequente para

dentes decíduos foi concussão (20,9%), fraturas (esmalte-dentina-polpa 16,5%),

avulsão (14,3%) e luxação lateral (13,2%). Já para a dentição permanente, a maior

parte dos traumas resultou em fraturas (62,8%). A causa mais frequente das injúrias

foi a queda, seguida de brincadeiras, colisões, esportes e acidentes de trânsito.

Embora a maior parte das crianças incluídas no estudo tivesse oclusão normal,

34

17,2% eram portadoras de maloclusão do tipo classe II, ou seja, overjet acentuado

na região ântero-superior. A análise de dados incluiu o acesso ao atendimento pós

trauma e verificou que apenas 54,2% das crianças tiveram acesso a cuidados nas

primeiras 24h. Dos menores residentes em áreas urbanas, aproximadamente 72%

(357) obtiveram acesso imediato, enquanto que daqueles de áreas rurais, menos de

10% obteve acesso a cuidados nas primeiras 24h após o acidente (p<0,001) Os

autores reforçam a importância da implementação de programas educacionais e

preventivos, mas destacam a redução das disparidades na distribuição do cuidado.

Bendo et al. (2014) realizaram um estudo do tipo caso-controle para avaliar o

impacto produzido por injúrias dentais traumáticas na qualidade de vida de 1.215

adolescentes brasileiros. A partir das medidas de impacto avaliado pelo indicador

CPQ 11-14 versão reduzida, o grupo caso (n=405) foi montado e o grupo controle foi

pareado (n=810). Fraturas de esmalte ou fraturas restauradas não apresentaram

associação com os escores de impacto. Porém, quando as injúrias eram mais

complexas, atingindo dentina ou com envolvimento pulpar, a significância estatística

aparecia. A presença de má oclusão também favoreceu a associação. Os resultados

suportam a hipótese de que adolescentes com injúrias dentais traumáticas não

tratadas apresentam maior chance de impacto negativo na qualidade de vida.

Alnaggar e Andersson (2015) pesquisaram sobre o atendimento de urgência

odontológica fornecido em 83 cidades situadas em 42 países. Os pesquisados eram

cirurgiões-dentistas participantes da International Association of Dental

Traumatology (IADT) que responderam a um questionário de 10 itens via e-mail. As

questões focavam na disponibilidade de serviços de orientação via telefone para

consulta no local do acidente; disponibilidade de serviços de urgência 24horas; e a

competência das equipes que conduziam esse tipo de atendimento. Todos os

associados foram convidados a participar e a amostra final contou com 103

profissionais. Os resultados mostraram que metade dos participantes declarou que

seus municípios possuem serviços telefônicos para a orientação de casos de

urgência bem organizados, porém, declararam que a população em geral

desconhece estes números. À noite, especificamente após a meia noite, o local

mais comum para a busca de atendimento para traumatismo dental é o hospital,

onde normalmente, existe um cirurgião-dentista buco-maxilo-facial. Um cirurgião-

dentista bem treinado em traumatismo, ou seja, que pode oferecer tratamento

35

correto, estaria disponível 24 h apenas em 40% dos casos; em 23% dos casos

estaria disponível apenas durante o dia. Alguns países dispõem de clínicas para

atendimentos de urgência com cirurgiões-dentistas treinados para este tipo de

atendimento, porém, quando as clínicas estão fechadas, 56% dos entrevistados

relataram que a competência dos profissionais que realizariam os atendimentos

estava comprometida. Na avaliação dos pesquisadores, surpreendentemente,

muitas cidades localizadas em países de baixa renda apresentaram modelos de

serviços de urgência odontológica de organização superior aos de alguns países

desenvolvidos. Os autores ressaltaram a necessidade de maior educação em

traumatismo dental.

Rouhani et al. (2015) realizaram um estudo transversal para verificar a

prevalência de injúrias dentais traumáticas em 778 crianças entre 6 e 12 anos

sorteados aleatoriamente por escola no nordeste do Irã. Dois cirurgiões-dentistas

avaliaram sinais de traumatismos prévios, nas categorias fratura coronária, luxação

e avulsão. A competência labial e a presença de sobressaliência (overjet) foram

também observados. A prevalência de traumatismo foi de 22,9% e maior para

meninos. O tipo de injúria mais comum foi a luxação (46,1%), seguida da fratura

coronária (37%) e 16,9% dos casos foram de avulsão. O elemento dental mais

comumente afetado foi o incisivo central superior. As causas averiguadas mais

frequentes para os acidentes foram quedas (42,9%) e brigas (34%) e quanto ao local

da ocorrência: domicílio (46,8%) e escola (29,9%). Houve associação significativa

com a presença de sobressaliência (overjet), mas não para incompetência labial. Em

relação ao atendimento profissional, 39,7% das crianças que sofreram traumatismo

nunca foram tratadas por um profissional; os outros 60,3% receberam atendimento

em hospitais ou consultórios. Das crianças atendidas, 48,9% tiveram contato com

um cirurgiâo-dentista no dia do acidente; 13,8% em até 7 dias; 9,6% no primeiro mês

e 27,7% buscaram tratamento na presença de dor ou desconforto. Os autores

consideraram a prevalência de traumatismo alta e reforçaram a importância de

programas educativos nas escolas para a prevenção das ocorrências, bem como

para o manejo adequado das lesões traumáticas.

Frujeri et al. (2015) verificaram a prevalência, etiologia e necessidade de

tratamento de injúrias dentárias em escolares de 12 anos residentes em Brasília por

meio de um estudo transversal. Cerca de 1.389 jovens de escolas públicas (n=39) e

36

privadas (n=23) compuseram a amostra. Dados foram coletados por meio de

questionários e exames clínicos. O critério do Reino Unido foi utilizado para a

classificação de traumatismo. A prevalência observada foi de 14,63% para escolas

públicas e 23,4% em escolas particulares. A etiologia mais frequente foi queda

(42,86%), seguida de colisão (27,38%), uso inadequado dos dentes (12,7%) e

esportes (11,5%). O local de maior ocorrência dos acidentes foi o domicílio (44,7%)

e escola (26,7%). Os traumatismos em domicílio estiveram mais associados à

queda, enquanto os na escola foram mais associados a atividades esportivas. As

injúrias mais comuns foram as fraturas de esmalte. Entre os 324 escolares que

sofreram traumatismo (22,42%), apenas 28,5% receberam tratamento. Em função

da alta frequência de lesões nos lares, os autores chamam atenção para

observância no ambiente e divulgação de informações sobre o manejo de injúrias

traumáticas aos responsáveis e cuidadores. Também ressaltam a importância da

organização de serviços odontológicos para o pronto atendimento para minimizar

sequelas, reduzir custos e melhorar a informação da população leiga.

Mehrabkhani et al. (2015) pesquisaram acerca do conhecimento de

professores iranianos sobre condutas diante de ocorrências que envolvessem

traumatismos dentais. Foi selecionada uma amostra aleatória de 21 escolas de

ensino fundamental e 163 questionários válidos foram obtidos. O nível de

conhecimento daqueles que receberam treinamento em primeiros socorros de

traumatismos foi um pouco melhor do que os demais, embora essa diferença não

tenha apresentado significância estatística. Maior conhecimento foi verificado no

grupo com idade acima de 50 anos. O conhecimento dos professores foi

considerado moderado; o escore geral para os respondentes alcançou um

percentual de 53,3%. Para os autores, estes resultados indicam a necessidade de

maior treinamento dos profissionais.

Skeie et al. (2015) verificaram a existência de protocolos sobre o manejo de

injúrias traumáticas nas escolas de Bergen, Noruega, além da frequência de

acidentes envolvendo traumatismos e necessidade de maiores informações aos

professores e funcionários sobre o tema. Sessenta e oito escolas participaram do

estudo. Dados foram coletados por meio de questionário. A maior parte das escolas

(54%) declarou não haver orientações por escrito para o atendimento imediato de

traumatismos. Responsáveis pelas escolas relataram uma frequência de 154

37

acidentes envolvendo traumatismo no ano de 2009; 5 casos de avulsão foram

citados por quatro escolas. O momento de maior ocorrência dos acidentes foi a hora

do intervalo, em crianças entre 8-9 anos. Orientação sobre o manejo de injúrias

traumáticas foi escassa. Um total de 45 escolas mostrou interesse em receber mais

informação sobre traumatismo; 20 escolas não perceberam necessidade de

capacitação (três escolas não responderam esse item). Os autores puderam concluir

que o conhecimento sobre primeiros socorros em trauma dental não é considerado

prioridade pelas equipes das escolas, o que reflete ignorância sobre a importância

de atitudes corretas no manejo de injúrias traumáticas.

38

3 OBJETIVOS

Avaliar o conhecimento sobre o manejo do traumatismo dento-alveolar entre

professores de ensino fundamental da rede pública do município de Vila Velha e

entre acadêmicos dos cursos de Educação Física e Pedagogia da Universidade Vila

Velha.

3.1 Objetivos específicos

Entre os professores:

- Investigar as possíveis relações das variáveis sociodemográficas com o

conhecimento sobre o manejo do traumatismo dento-alveolar

- Investigar as possíveis relações das variáveis relacionadas à formação

profissional com o conhecimento sobre o manejo do traumatismo dento-alveolar

Entre os acadêmicos:

- Investigar as possíveis relações das variáveis sociodemográficas com o

conhecimento sobre o manejo do traumatismo dento-alveolar

39

4 SUJEITOS E MÉTODOS

4.1 Aspectos éticos

Conforme o Conselho Nacional de Saúde, Resolução 466/12, o presente

estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Vila Velha

e obteve parecer favorável à sua realização sob o número CAAE

36453714.4.0000.5064, em reunião datada de 24 de setembro de 2014.

4.2 Delineamento do estudo:

Epidemiológico transversal analítico, o qual refere-se a um ponto único no

tempo em que se faz o estudo de uma casuística em uma população e “causa” e

“efeito” são analisados simultaneamente.

O delineamento transversal é um modelo observacional de pesquisa em que

o tempo não conta: nem retrospectivo, nem prospectivo. Faz-se um corte seccional

no tempo; o enfoque do estudo é tão somente a situação “depois” não se

pretendendo, portanto recompor a situação “antes”, conforme o esquema clássico de

pesquisa (PEREIRA, 2003).

Neste momento, os sujeitos da pesquisa responderam a um questionário

fechado sobre as atitudes imediatas a serem tomadas diante de casos de

traumatismo dental. Os dados foram analisados com o intuito de avaliar o

conhecimento dos participantes.

4.3 Local e tempo do estudo:

O estudo foi realizado nos meses de julho e agosto de 2015, no município de

Vila Velha, Espírito Santo, no âmbito da Universidade Vila Velha (UVV), sendo esta,

a única universidade privada do estado.

Vila Velha é o município mais populoso do estado do Espírito Santo, segundo

estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2012). Pertence

40

à Região Metropolitana de Vitória e está situada a 12 quilômetros ao sul da capital

do estado.

4.4 População alvo

Professores de Ensino Fundamental da rede pública municipal de Vila Velha e

acadêmicos devidamente matriculados nos últimos períodos dos cursos de

Educação Física (7º e 8º períodos) e Pedagogia (6º e 8º períodos) da UVV.

4.5 Cálculo amostral e sujeitos do estudo

Segundo informação da Secretaria de Educação do município de Vila Velha, o

universo de professores de ensino fundamental da rede totalizava 825 profissionais.

Para o grupo de acadêmicos, de acordo com informação da secretaria de

cursos da Universidade Vila Velha, o curso de Educação Física tinha em média 50

alunos por período e o de Pedagogia, 30 alunos por período. Contando que as

turmas estivessem com as vagas totalmente preenchidas, considerou-se um

universo de 160 acadêmicos.

Para o cálculo amostral foram utilizados os seguintes parâmetros: prevalência

esperada de 50%, erro de 5% e coeficiente de confiabilidade de 95%, o que resultou

em um número de 262 professores e 113 acadêmicos.

41

O projeto desta pesquisa foi apresentado e aprovado pela Secretaria de

Educação do Município de Vila Velha em reunião realizada em maio de 2015. Neste

momento, foi sugerido que o estudo poderia realizar-se durante a semana de

formação continuada dos docentes, agendada para a última semana do mês de

julho, quando todos os profissionais da rede estariam reunidos. Desse modo, ficou

decidido que todos os professores seriam convidados a participar do estudo.

Do mesmo modo, para compor a amostra de acadêmicos ficou decidido que

todos aqueles presentes no dia da coleta seriam convidados a participar do estudo.

4.6 Critérios de inclusão

- Para os professores de ensino fundamental: pertencer ao quadro regular de

professores de ensino fundamental da rede pública municipal de Vila Velha.

- Para os acadêmicos: estar regularmente matriculado nos últimos períodos

do curso de Educação Física e Pedagogia da UVV no ano de 2015.

4.7 Critérios de exclusão

- Professores afastados por motivo de doença ou licença maternidade

- Acadêmicos afastados por trancamento de matrícula, doença ou licença

maternidade.

4.8 Variáveis do estudo

A variável dependente foi o conhecimento sobre o manejo de injúrias dentais

traumáticas. As variáveis independentes com possível poder explicativo

consideradas para análise foram:

- Para os professores: características sociodemográficas (idade, gênero,

estado civil, ter filhos, morar com os filhos), anos de experiência profissional, tempo

de formado, nível de instrução, experiência prévia com traumatismos dentários, ter

recebido treinamento sobre primeiros socorros e sobre o manejo de traumatismo

dentário.

42

- Para os acadêmicos: Características sociodemográficas (idade, gênero,

estado civil, ter filhos), além de treinamento em primeiros socorros, experiência

prévia com injúrias dentais traumáticas e treinamento sobre a conduta diante da

ocorrência das mesmas.

4.9 Instrumento de avaliação e coleta de dados:

Os sujeitos da pesquisa responderam a um questionário com perguntas

fechadas especialmente desenvolvido para este estudo sobre as atitudes imediatas

a serem tomadas diante de casos de traumatismo dental, o que permitiu avaliar o

conhecimento do manejo do traumatismo dento-alveolar. O questionário apresentou

duas seções: a primeira relacionada aos dados sociodemográficos (para

acadêmicos e professores) e dados relativos à prática profissional, somente para

docentes (APÊNDICES A e B).

A segunda seção do questionário continha cenários acompanhados de

fotografia envolvendo fratura coronária de esmalte/dentina, luxação lateral e avulsão.

As imagens tinham o objetivo de facilitar a compreensão dos respondentes (ANEXO

A). Opções relacionadas aos primeiros socorros das injúrias foram apresentadas.

Este instrumento foi uma adaptação do questionário utilizado por Arikan e Sönmez

(2012) em estudo realizado com professores na Turquia. Foi realizada a tradução

juramentada do instrumento. A adaptação aqui considerada envolveu a mudança

das fotos originais por outras em situação semelhante. Neste caso, a mudança do

texto foi compatível com o elemento dental atingido no cenário.

Para as análises, as respostas foram codificadas em ideal (2 pontos),

aceitável (1 ponto) e incorreta (zero pontos). O conhecimento foi considerado

“adequado” quando o respondente alcançasse o somatório mínimo de pontos

equivalente a 75%. Abaixo deste percentual, os respondentes foram categorizados

no grupo “conhecimento inadequado”.

Um estudo piloto com 22 professores de uma escola privada e com uma

turma de acadêmicos de Educação Física do 6º período antecedeu o estudo

principal. Não foram observadas dificuldades com relação à compreensão do

questionário.

43

As informações do estudo principal também foram coletadas pela autora do

estudo (pesquisadora) pelo método auto gerenciado. Os professores foram

abordados durante a semana de capacitação proposta pela Secretaria de Educação

no planejamento anual para 2015 realizada na última semana do mês de julho/2015.

A pesquisa com os acadêmicos ocorreu nas primeiras semanas de agosto/

2015. A abordagem foi feita em sala de aula durante os dias letivos com permissão

do professor presente. A coleta de dados também foi feita de modo auto

gerenciado.

Todos os sujeitos convidados a participar do estudo (professores e

acadêmicos) receberam uma explanação prévia e detalhada sobre a pesquisa.

Aqueles que aceitaram participar assinaram o Temo de Consentimento Livre e

Esclarecido (APÊNDICE C). Após o consentimento dos indivíduos e recolhidos os

termos, os questionários foram distribuídos aos participantes. Desse modo, ficou

garantido que os respondentes não poderiam mais ser identificados.

Respondido o questionário, todos participantes e não participantes receberam

uma capacitação sobre o procedimento imediato correto para cada caso descrito nos

cenários dos três tipos de lesões dentais traumáticas.

A capacitação foi feita com uma apresentação que abordava desde os casos

mais comuns de traumatismos (concussão, sub-luxação, fraturas em esmalte) até as

fraturas radiculares e avulsão. O questionário foi apresentado com as respostas

corretas. Com explicações mais detalhadas e de linguagem acessível, as condutas

corretas foram justificadas. Dúvidas e relatos de caso foram frequentes, o que

movimentou de forma positiva a capacitação. Ao final, foi apresentada a tabela

descrita no trabalho de revisão de Poi et al. (2013), que analisa a efetividade de

meios de estocagem para a condução de dentes permanentes avulsionados até o

atendimento odontológico.

4.10 Análise e interpretação dos dados

Foi utilizado o pacote estatístico o IBM SPSS Statistics version 21 fixando-se

o IC95% e p≤0,05 para rejeição da hipótese de nulidade e os seguintes testes:

44

Os dados relativos às variáveis foram submetidos a testes estatísticos para

análise da possível associação entre as variáveis independentes e a dependente.

Tendo em vista a natureza das variáveis estudadas, os testes estatísticos utilizados

foram:

- Qui-Quadrado: para verificar a associação entre as variáveis independentes

e o conhecimento dos respondentes (classificado de acordo com o percentual de

respostas corretas: adequado/inadequado).

- Razão de Chances (OR): para verificar chance da ocorrência do desfecho e

avaliar a força da associação.

- Regressão logística – para eliminar variáveis possivelmente confundidoras e

revelar aquelas com maior poder explicativo.

45

5 RESULTADOS

A coleta de dados dos professores foi realizada durante a semana de

capacitação docente realizada pela Secretaria de Educação do município. Para as

atividades, os profissionais foram agrupados por disciplina, e para cada dia da

semana, os professores de duas disciplinas se deslocavam até o anfiteatro da

prefeitura. Deste modo, segue a distribuição da amostra de docentes e acadêmicos,

descrita na Tabela 1.

Tabela 1: Distribuição da amostra segundo disciplinas, Vila Velha, ES, 2015.

Grupo Cursos/Disciplinas n %

Acadêmico Educação física 74 57.4

Pedagogia 55 42.6

Professor

Artes e História 70 17.5

Ciências e Língua Estrangeira 60 15.0

Educação Física e Matemática 142 35.5

Geografia e Música 34 8.5

Português e Ensino Religioso 94 23.5

Conforme relatado anteriormente, os professores foram agrupados por

disciplina. O total de profissionais para cada dia da semana era composto da

seguinte forma:

Português e Ensino Religioso - n=160, obtidos 94 questionários (58,75%)

Educação Física e Matemática - n=285, obtidos 142 (49,82%)

Língua Estrangeira e Ciências - n=103, obtidos 60 (58,25%)

Artes e História - n=177, obtidos 70 (39,54%)

Geografia e Música - n=100, obtidos 34 (34%)

As recusas à participação foram apenas de cinco professores.

Houve um alto percentual de faltas devido à greve da categoria iniciada no

mês de junho. Desse modo, foi obtida uma amostra final de 400 questionários de

46

professores (48,4%) e 129 (80,6%) de acadêmicos, ambos valores acima do cálculo

amostral previamente realizado no planejamento do estudo. No grupo de

acadêmicos, dez universitários do curso de Educação Física e dois graduandos de

Pedagogia faltaram no dia da coleta de dados. Não houve recusas à participação. A

caracterização sociodemográfica e de variáveis relativas à profissão estão descritas

nas Tabela 2 e 3.

Tabela 2. Descrição sociodemográfica da amostra, Vila Velha ES, 2015.

Característica Professores Acadêmicos

n % n %

Sexo Masculino 120 30,0 36 27,9 Feminino 258 64,5 86 66,7 Sem informação 22 5,5 7 5,4

Estado civil Casado 229 57,3 90 69,8 Solteiro 102 25,5 27 20,9 Separado 36 9,0 7 5,4 Viúvo 4 1,0 0 0,0 Outros 29 7,2 5 3,9

Escolaridade

Graduação 66 16,5 0 0,0 Especialização 306 76,5 0 0,0 Mestrado 25 6,3 0 0,0 Doutorado 3 0,8 0 0,0

Ter filhos

Sim 262 65,5 32 24,8 Não 133 33,3 93 72,1 Sem informação 5 1,3 4 3,1

Morar com filhos

Sim 196 49,0 - - Não 104 26,0 - - Sem informação 100 25,0 - -

A Tabela 3 apresenta a descrição da variável idade, tempo de formado e

experiência profissional.

47

Tabela 3. Distribuição da amostra por média, segundo idade e variáveis relativas à profissão, Vila Velha, ES, 2015.

Grupo Professores

Mínimo Máximo Média DP

Acadêmicos

Mínimo Máximo Média DP

Idade 23 68 42,2 9,8 19 56 27,6 8,2

Tempo de formado

1 46 14,1 8,7

Experiência profissional

1 44 14,7 8,8 - - - -

De acordo com as tabelas anteriores, no grupo de professores existe um

predomínio do gênero feminino, média de idade em torno de 42 anos, casado e com

filhos. A escolaridade alcança nível de especialização para a maior parte, já com

presença de mestres e doutores. O tempo de formado e experiência profissional

permeia a faixa de 14 anos.

A maior parte dos acadêmicos também é do gênero feminino e casado, com

idade média por volta de 27 anos.

A Tabela 4 apresenta a descrição das variáveis que consideram a formação

referente aos primeiros socorros e para traumatismos dentais, além da experiência

prévia com casos de traumatismo.

Tabela 4. Distribuição da amostra segundo formação em primeiros socorros em saúde geral e bucal, e experiência prévia em casos de traumatismo, Vila

Velha, ES, 2015. Característica

Professores n %

Acadêmicos n %

Treinamento em 1os

socorros Sim 160 40,0 41 31,7

Não 237 59,2 86 66,7

Sem informação 3 0,8 2 1,6

Treinamento em 1os

socorros sobre traumatismo

Sim 37 9,3 0 0,0

Não 358 89,5 128 99,2

Sem informação 5 1,2 1 0,8

Ter presenciado traumatismo Sim 181 45,2 34 26,4

Não 215 53,8 95 73,6

Sem informação 4 1,0 0 0,0

48

Os resultados apresentados na Tabela 4 mostram que apenas 160 (40%)

professores e 41 (31,7%) acadêmicos receberam treinamento em primeiros

socorros. Para traumatismos dentais, apenas 37 professores (9,3%) foram

capacitados, embora a ocorrência de traumatismo bucal já tenha sido presenciada

por 181 (45,2%) professores e 34 (26,4%) acadêmicos. Nenhum acadêmico recebeu

qualquer orientação sobre o manejo de traumatismo dentário.

A Tabela 5 descreve o local dos acidentes presenciados pela amostra.

Tabela 5. Distribuição da localização de acidentes envolvendo traumatismos dentários presenciados por professores e acadêmicos, Vila Velha, ES 2015.

Local Professores N %

Acadêmicos N %

Domicílio 53 25,23 8 22,20 Academia 1 0,47 1 2,78 Rua 26 12,40 4 11,10 Escola 122 58,14 14 38,90 Ginásio esportivo 1 0,47 3 8,34 Passeio escola 1 0,47 0 0,00 Acidente trânsito 0 0,0 1 2,78 Igreja 2 0,94 0 0,00 Piscina/ piscina de bolinha 1 0,47 2 5,56 Outros 3 1,41 3 8,34 Total 210 100,0 36 100,0

Nota: Participantes declararam mais de uma opção

Dos 181 professores que relataram já ter presenciado um acidente

envolvendo injúria traumática dental, foram obtidas 210 respostas relativas ao local

da ocorrência (poderiam mencionar mais do que uma opção). Para os 34

acadêmicos, foram citadas 36 respostas.

De acordo com os dados apresentados, chama atenção a alta frequência de

acidentes na escola observada por professores (58,1%) e por acadêmicos (38,9%) e

nos domicílios: 25,2% e 22,2% respectivamente.

As Tabelas 6 a 13 apresentam as atitudes (manejo) dos participantes diante

dos diferentes tipos de traumatismo dento-alveolar.

49

Tabela 6. Distribuição da amostra, segundo atitudes diante de fratura esmalte/dentina, Vila Velha, ES, 2015.

Cenário 1

Atitude

Professores N %

Acadêmicos N %

Queda aluno 9 anos: fratura de incisivo permanente

Apenas estancar sangramento 39 9,8 7 5,4

Aconselhar criança a ir a um dentista mais tarde em caso de dor

74 18,5 20 15,5

Levaria a criança ao dentista imediatamente

58 14,5 24 18,6

Procurar o fragmento e levar a criança imediatamente ao dentista

213 53,3 78 60,5

Sem informação 16 4,0 0 0,0

A maior parte dos professores e acadêmicos optou por localizar o fragmento e

levar a criança imediatamente até um cirurgião-dentista (53.3% e 60.5%

respectivamente), que seria a resposta considerada ideal (2 pontos). Levar a criança

ao dentista imediatamente, também classificada como correta (1 ponto), foi a opção

assinalada por 14,5% dos professores e18,6% dos universitários,

Tabela 7. Distribuição da amostra, segundo atitudes diante de luxação dentária lateral, Vila Velha, ES, 2015.

Cenário 2

Atitude

Professores N %

Acadêmicos N %

Colisão com colega, aluno 12 anos: deslocamento incisivos direção palatina

Reposicionar dentes com o dedo e ir para o dentista imediatamente

41 10,2 4 3,1

Não tocar nos dentes e ir imediatamente a um dentista

290 72,5 120 93,0

Não fazer nada, mas aconselhar a visita a um dentista mais tarde

59 14,8 5 3,9

Sem informação 10 2,5 0 0,0

A maior parte dos professores (72,5%) e dos acadêmicos (93,0%) não tocaria

no dente deslocado; esta atitude é classificada como aceitável (1 ponto). O ideal

seria reposicionar o elemento dental com pressão digital e conduzir a criança até um

serviço de saúde bucal (2 pontos). Não fazer nada e recomendar visita ao cirurgião-

dentista mais tarde poderia gerar prejuízos ao prognóstico do caso.

As próximas informações são referentes aos dados agrupados do Cenário 3,

que retrata um caso de avulsão de incisivo central de um escolar (Tabelas 8, 9 e 10).

50

Tabela 8. Distribuição da amostra, segundo atitudes diante de avulsão, Vila Velha, ES, 2015.

Cenário 3

Atitude

Professores N %

Acadêmicos N %

Queda da escada, aluno 12 anos: avulsão do incisivo

Contenção do sangramento e ir ao dentista no dia seguinte

24 6,0 9 7,0

Estancar sangramento, achar o dente e recomendar ida ao dentista no dia seguinte

64 16,0 24 18,6

Pegar o dente e levar a criança ao dentista imediatamente

303 75,8 90 69,8

Sem informação 9 2,3 6 4,7

A maior parte dos respondentes (professores: 75.8% e universitários: 69.8%)

optou por pegar o dente e levar a criança até um cirurgião-dentista imediatamente,

reconhecendo a avulsão como um evento com caráter de urgência. Esta seria a

opção correta (2 pontos). Não houve opção aceitável (1 ponto) para este item.

Tabela 9. Distribuição da amostra segundo atitudes para a condução do elemento dental avulsionado no momento do acidente, Vila Velha, ES, 2015.

Parte anatômica para a condução do dente

Professores N %

Acadêmicos N %

Coroa 298 74,5 84 65,1

Raiz 18 4,5 5 3,9

Sem diferença 71 17,8 39 30,2

Sem informação 13 3,3 1 0,8

Tabela 10. Distribuição da amostra segundo atitudes para reimplante imediato do elemento dental avulsionado, Vila Velha, ES, 2015.

Reimplante imediato Professores N %

Acadêmicos N %

Sim 43 10,8 4 3,1

Não 353 88,3 125 96,9

Sem informação 4 1,0 0 0,0

Apenas 43 professores (10,8%) e 4 acadêmicos fariam o reimplante imediato

do dente avulsionado, o que seria a melhor opção para o caso. Não fazer o

reimplante é uma atitude aceitável, porém exige cuidados na condução do elemento

e rapidez para o atendimento.

51

Tabela 11. Distribuição da amostra segundo a atitude de não reimplante imediato do elemento dental avulsionado, Vila Velha, ES, 2015.

Avulsão Opção

Atitude

Professores N %

Acadêmicos N %

Não reimplante imediato

Jogar o dente no lixo, uma vez que não há tratamento

4 1,1 0 0,0

Colocar o dente na água e levá-lo com a criança ao dentista

42 11,9 12 9,6

Colocar o dente no leite e levá-lo com a criança ao dentista

52 14,7 6 4,8

Lavar o dente em água corrente, esfregando com escova ou bucha e levar ao dentista

10 2,8 107 85,6

Embrulhar o dente em algodão ou gaze e conduzir a criança ao dentista

242 68,6 0 0,0

Sem informação

3 0,9

0

0,0

Dos 353 professores que optaram pelo não reimplante imediato, a maior parte

(68,6%) embrulharia o dente em algodão ou gaze, para conduzir a criança até um

cirurgião-dentista. Infelizmente, esta seria uma das piores atitudes para o caso,

gerando impacto muito desfavorável no prognóstico do caso. A atitude correta, que

seria a imersão no leite, foi escolhida por apenas 52 professores (14,7%) e 6

acadêmicos (4,8%), o que mostra desconhecimento por parte dos respondentes.

A Tabela 12 descreve as atitudes de professores e acadêmicos que

declararam a possibilidade de realização do reimplante imediato do dente

avulsionado.

Tabela 12. Distribuição da amostra segundo a atitude de realizar o reimplante imediato do elemento dental avulsionado, Vila Velha, ES, 2015.

Avulsão Opção

Atitude

Professores N %

Acadêmicos N %

Reimplante imediato

Lavar o dente em água corrente sem esfregar, colocar o dente no alvéolo e levar a criança ao dentista

34 79,0 2 50,0

Lavar o dente em água corrente esfregando com escova ou bucha, colocar o dente no alvéolo e levar a criança ao dentista

3 6,9 0 0,0

Lavar o dente em água corrente esfregando com escova ou bucha e sabão, colocar o dente no alvéolo e levar a criança ao dentista

2 4,0 0 0,0

Limpar o dente com álcool esfregando com escova ou bucha, colocar o dente no lugar e levar a criança ao dentista

2 4,0 2 50,0

Sem informação

2 4,0

0

0,0

52

Dos 43 professores que pensaram na possibilidade do reimplante imediato,

79,0% o fariam com lavagem prévia do dente em água corrente sem esfregar, para

então reposicionar o elemento dental no alvéolo e conduzir a criança até um

cirurgião-dentista. Esta é considerada a atitude ideal (2 pontos). Limpar o elemento

dental com fricção exercida por escova ou qualquer outro objeto pode causar danos

irreparáveis às células do ligamento periodontal aderidas à raiz do dente, que

precisam ser preservadas neste momento. Dois acadêmicos (50%) assinalaram a

opção correta

Tabela 13. Distribuição da amostra segundo a atitude relacionada ao tempo ideal para a visita ao cirurgião-dentista em caso de avulsão, Vila Velha, ES

2015. Avulsão Opção

Tempo

Professores N %

Acadêmicos N %

Tempo ideal para a visita ao cirurgião-dentista

Imediatamente 292 73,0 81 62,8

Até 1 hora 60 15,0 24 18,6

Até 10 horas 14 3,5 9 7,0

Até 1 dia 27 6,8 15 11,6

Sem informação 7 1,8 0 0,0

A Tabela 14 descreve o percentual médio de acertos dos itens do

questionário entre os participantes do estudo.

Tabela 14. Distribuição de acertos dos itens sobre o manejo de traumatismos, Vila Velha, ES, 2015.

Respostas Professores Acadêmicos

Percentual de Acertos

Mínimo Máximo Média DP Mínimo Máximo Média DP

0,00 100,0 59,8 23,4 0,00 83,3 55,2 18,7

O grupo de professores obteve um percentual médio de acertos de 59,8%,

com um desvio-padrão de 23,4, dispersão considerada bastante alta. O grupo de

acadêmicos obteve um percentual médio de acertos dos itens de 55,2%.

A Tabela 15 apresenta a classificação do conhecimento segundo a

codificação de respostas com ponto de corte ≥ 75% de acertos. Para participantes

53

inseridos neste grupo, o conhecimento foi considerado adequado; abaixo deste

percentual, o conhecimento do participante sobre primeiros socorros em

traumatismo dento-alveolar foi classificado insuficiente.

Tabela 15. Conhecimento acerca das atitudes corretas diante de lesões dentais traumáticas, Vila Velha, ES, 2015.

Grupo Conhecimento adequado Conhecimento inadequado

Nº % Nº %

Professores 162 40,5 238 59,5 Acadêmicos 35 27,1 94 72,9

Apenas 40,5% dos professores e 27,1% dos acadêmicos demonstraram

conhecimento adequado acerca do manejo de injúrias traumáticas dentais.

As Tabelas 16 e 17 apresentam a regressão logística simples e múltipla

envolvendo as variáveis independentes do estudo para professores e acadêmicos

respectivamente, na tentativa de eliminar possíveis fatores de confundimento.

Tabela 16: Regressão logística simples e múltipla das variáveis independentes

e conhecimento de professores, Vila Velha, ES, 2015.

OR

Limite inferior

Limite superior

OR Ajust.

Limite inferior

Limite superior

Idade 1.014 0.993 1.034 1.016 0.975 1.060

Tempo de formado 0.374 0.034 4.172 0.223 0.016 3.074

Experiência profissional 0.158 0.012 2.063 0.077 0.004 1.396

Sexo Masculino 0.971 0.625 1.511 1.023 0.580 1.806

Feminino - - - - - -

Estado civil

Casado 0.870 0.390 1.944 0.973 0.376 2.518

Solteiro 0.774 0.328 1.824 0.652 0.206 2.066

Separado 0.893 0.326 2.446 1.079 0.329 3.536

Viúvo 0.417 0.038 4.534 0.805 0.057 11.443

Outros - - - - - -

Ter filhos Sim 1.388 0.901 2.136 0.473 0.147 1.521

Não - - - - - -

Morar com os filhos

Sim 2.215* 1.337 3.670 2.526 0.959 6.658

Não - - - - - -

Escolaridade

Graduação 1.017 0.994 1.041 1.012 0.949 1.079

Especialização 1.014 0.991 1.038 0.996 0.935 1.062

Mestrado 0.262 0.022 3.051 0.130 0.008 2.029

Doutorado - - - - - -

Treinamento em 1

os socorros

Sim 1.303 0.867 1.959 0.791 0.447 1.399

54

Não - - - - - -

Treinamento 1os

socorros sobre traumatismos bucais

Sim 3.401* 1.654 6.991 7.885* 2.588 24.022

Não - - - - - -

Ter presenciado a ocorrência de um traumatismo dental

Sim 1.086 0.726 1.623 1.121 0.656 1.915

Não - - - - - -

Nota1: OR - Razão de chances, OR Ajust. - Razão de chances ajustada.

* p≤ 5%; - Valor de referência

De acordo com o exposto, a Razão de Chances (OR) não ajustada foi

significativa para as variáveis “Morar com filhos” e “Ter recebido orientação sobre

primeiros socorros de traumatismos bucais”. A chance de um professor da rede

pública que mora com os filhos ter conhecimento adequado para primeiros socorros

em traumatismo dental, é aumentada em 2,2 vezes quando comparada àqueles que

não moram com os filhos.

Do mesmo modo, professores que receberam orientação sobre os primeiros

socorros de traumas bucais apresentaram 3,4 vezes mais chance de ter um

conhecimento adequando do que aqueles que não receberam este tipo de

treinamento.

Porém, quando as variáveis foram incluídas todas ao mesmo tempo na

análise de regressão logística múltipla, percebe-se que a variável “morar com filhos”

deixou de ter influência sobre o conhecimento dos professores, embora os valores

do Intervalo de Confiança mostrem um resultado potencialmente positivo, uma vez

que o limite inferior do mesmo se encontra muito próximo de 1. Para a variável “Ter

recebido treinamento em primeiros socorros de traumatismos bucais”, o poder

preditivo aumentou: a chance de um professor que recebeu orientação sobre os

primeiros socorros de traumas bucais ter uma atitude favorável diante de um

acidente aumenta 7,9 vezes quando comparado a um profissional que não teve esta

formação. Embora perceba-se um amplo intervalo de confiança (possivelmente

explicado pelo pequeno número de professores capacitados), esta variável foi a de

maior poder explicativo no conhecimento dos professores.

55

A Tabela 17 apresenta a regressão logística simples e múltipla para as

variáveis independentes do estudo e conhecimento dos acadêmicos.

Tabela 17. Regressão logística simples e múltipla das variáveis independentes e conhecimento de acadêmicos, Vila Velha, ES, 2015.

OR

Limite inferior

Limite superior

OR Ajust.

Limite inferior

Limite superior

Idade 1.032 0.986 1.079 0.986 0.920 1.056

Sexo Masculino 1.119 0.466 2.685 1.314 0.521 3.311

Feminino - - - - - -

Estado civil

Casado 0.457 0.071 2.917 0.724 0.092 5.702

Solteiro 0.632 0.088 4.532 0.625 0.076 5.170

Separado 2.000 0.194 20.614 2.021 0.126 32.456

Outros - - - - - -

Ter filhos Sim 2.497* 1.055 5.911 2.161 0.573 8.148

Não - - - - - -

Treinamento em 1

os

socorros

Sim 0.833 0.355 1.958 0.907 0.344 2.393

Não - - - - - -

Treinamento em 1

os

socorros de traumatismos bucais

Sim

** ** ** ** ** **

Não

Ter presenciado a ocorrência de um traumatismo dental

Sim 1.167 0.490 2.778 1.443 0.546 3.813

Não - - - - - -

Nota 1: OR= Razão de Chances OR Ajust. = Razão de Chances ajustada

*p ≤ 5%; - Valor de Referência

Para o grupo de acadêmicos, a variável ”ter filhos” apresentou significância

estatística, mas quando inserida em modelo de regressão, perde poder explicativo

no conhecimento dos acadêmicos.

Todos os percentuais referentes às respostas apresentadas até o momento

foram uma computação geral de acertos de todos os itens do questionário. Desse

modo, foi proposta uma avaliação dos percentuais de erros e acertos para cada

pergunta do mesmo, considerando o peso atribuído às respostas.

56

As Tabelas 18 e 19 apresentam o conhecimento dos grupos de professores e

acadêmicos por questão utilizando o peso proposto para respostas: ideal (2 pontos),

aceitável (1 ponto) e incorretas (zero pontos) segundo Arikan e Sonmez (2012).

Tabela 18. Análise do percentual de acertos por respostas dadas por professores, considerando o peso, Vila Velha, ES, 2015.

Pergunta Código da pergunta

Percentual de acertos

Percentual de erros

p-valor *

Cenário 1: Fratura esmalte/dentina 1 60.5 39.5 < 0.001

Cenário 2: Deslocamento incisivos 2 46.5 53.5 0.052

Cenário 3: Avulsão 3 75.8 24.3 < 0.001

Parte por onde segurar o elemento dental 4 74.5 25.5 < 0.001

Opção não reimplante imediato em caso de avulsão

5 14.9 85.1 < 0.001

Opção reimplante imediato diante de avulsão

6 82.9 17.1 < 0.001

Tempo ideal para ir até um cirurgião- dentista para recolocar o dente.

7 80.5 19.5 < 0.001

*Teste Qui-quadrado para proporções

Para o Cenário 1 houve um bom percentual de acertos considerando o peso

atribuído às respostas; havia resposta ideal e resposta aceitável, além de se

considerar o fato de fraturas coronárias serem eventos comuns na população. O

Cenário 2 mostra um resultado preocupante justamente pela não diferença entre

acertos e erros. A atitude inicial para avulsão (Cenário 3) pareceu bastante

favorável, mas perdeu-se todo o resultado do grupo quando do momento do cuidado

com o dente quando a opção foi não fazer reimplante imediato (Questão 5). Para os

que optaram pelo reimplante imediato, no momento do procedimento, a maior parte

o fez de maneira correta. Estes possivelmente, são os profissionais que haviam

recebido a capacitação para o manejo de traumatismos dentários.

A Tabela 19 descreve a avaliação do conhecimento dos acadêmicos por

resposta considerando o peso atribuído às mesmas.

57

Tabela 19. Análise do percentual de acertos por respostas dadas por acadêmicos, considerando o peso, Vila Velha, ES, 2015.

Pergunta Código da pergunta

Percentual de acertos

Percentual de erros

p-valor *

Cenário 1: fratura esmalte/dentina 1 69.8 30.2 < 0.001

Cenário 2: Deslocamento incisivos 2 49.6 50.4 0.950

Cenário 3: avulsão 3 69.8 30.2 < 0.001

Parte por onde segurar o elemento dental

4 65.1 34.9 < 0.001

Opção não reimplante imediato em caso de avulsão

5 4.0 96.0 < 0.001

Opção reimplante imediato diante de avulsão

6 50.0 50.0 0.999

Tempo ideal para ir até um cirurgião- dentista recolocar o dente

7 72.1 27.9 < 0.001

*Teste Qui-quadrado para proporções

Para o grupo de acadêmicos, os resultados parecem similares àqueles da

amostra de professores, mas são inferiores, com exceção do Cenário 1. Os

resultados para o Cenário 2 e as atitudes para reimplante/não reimplante

comprometem o prognóstico dos casos envolvendo estes tipos de injúrias.

58

6 DISCUSSÃO

A promoção da saúde apresenta-se como uma das estratégias mais

promissoras para enfrentar os múltiplos problemas relacionados com a saúde das

populações. Propõe a articulação de saberes e a mobilização de recursos

institucionais e comunitários, públicos e privados para enfrentamento e resolução.

Desse modo, apoia o desenvolvimento pessoal e social por meio da divulgação da

informação e educação para a saúde (CARTA DE OTTAWA, 1986).

A Secretaria de Educação de Vila Velha realiza encontros de formação

continuada com os professores da rede, previstos nove encontros para o ano de

2015. Esses momentos contemplam apresentação de temas relevantes à formação

dos profissionais, como também esclarecimento de assuntos de ordem

administrativa, como aposentadorias, gratificações e planos de carreira. A formação

continuada do mês de julho aconteceu na última semana do mês, quando esta

pesquisa pode se realizar.

Todos os professores foram liberados de suas aulas para a capacitação.

Infelizmente, o comparecimento à semana de formação continuada foi prejudicada

pela greve desta categoria profissional, iniciada no mês de junho.

Após cada coleta, todos participantes da pesquisa receberam uma

capacitação sobre o manejo de traumatismos dentários.

O traumatismo dento-alveolar é um evento em saúde bucal de alta frequência,

hoje classificado como problema de saúde pública, especialmente pelo impacto

psicossocial que provoca, associado ao fato de ser evitável (FELDENS et al., 2010).

Atitudes corretas nos primeiros socorros de um acidente que envolva

traumatismo dental podem favorecer o prognóstico dos casos (LIEGER et al.; 2009;

SKEIE; AUDESTAD; BARDSEN, 2010). As injúrias traumáticas dentais na dentição

permanente ocorrem com muita frequência em ambiente escolar especialmente na

hora do intervalo (SKEIE et al., 2015) e nas suas proximidades (FELDENS et al.,

2010; OZER, 2013).O domicílio também tem sido bastante citado (BENDO et al.,

2010; OZER et al., 2013; FRUJERI et al., 2015; ROUHANI et al., 2015). Assim,

59

presume-se que pais, professores, a equipe escolar e treinadores podem exercer um

papel decisivo no manejo destas ocorrências, impactando de forma positiva o

prognóstico das lesões (MCINTYRE et al., 2008; FUX-NOY; SARNAT; AMIR, 2011).

Diante destas evidências, este estudo se propôs a verificar o conhecimento

sobre o manejo de traumatismo dento-alveolar de professores da rede pública do

município de Vila Velha (ES) e de acadêmicos dos cursos de Pedagogia e Educação

Física matriculados nos dois últimos períodos de cada curso. A intenção de incluir a

amostra de acadêmicos envolve a formação de profissionais que em breve estarão

lecionando em escolas ou orientando práticas esportivas, considerando-se que a

formação profissional deve incluir aspectos referentes ao conhecimento do processo

saúde-doença, incluindo agravos e eventos em saúde (MCINTYRE et al., 2008;

FELDENS et al., 2010).

De modo geral, os estudos mostram que, das fraturas coronárias, as mais

frequentes são aquelas que afetam apenas esmalte, seguidas das fraturas

esmalte/dentina (BENDO et al., 2010; BUCHER et al., 2013; ATABEK et al., 2014).

Independente da simplicidade aparente de uma injúria traumática, o sujeito afetado

deve receber atenção profissional minimamente para registro do caso e futuro

acompanhamento. A indicação de restauração imediata faz-se também necessária

para prevenir a contaminação bacteriana e consequentes danos à polpa, como sua

necrose (FLORES et al., 2007; ATABEK et al., 2014). A necessidade de intervenção

endodôntica gerada por lesões traumáticas têm impacto sobre o custo dos

tratamentos, sendo que este poderia ser reduzido com políticas educacionais

(FRUGERI et al., 2015).

Embora muito comuns, as injúrias dentais traumáticas tem-se mantido sem

tratamento, indicando baixa prioridade à saúde bucal (TRAEBERT et al., 2004;

THELEN; TROVIK; BARDSEN, 2011; RAJAB et al., 2013; Al-BAJJALI; RAJAB,

2014). Um estudo observou que de 275 crianças vítimas de traumatismo dental em

Belo Horizonte, apenas 23,3% receberam tratamento restaurador (BENDO et al.,

2010), resultados semelhantes aos estudos realizados em Vitória (PEDRONI;

BARCELLOS; MIOTTO, 2009) e Brasília (FRUJERI et al., 2015). Esta diferença

pode sugerir que a prevalência de traumatismos pode estar subnotificada. Além

disso, entre os indivíduos que recebem atendimento e tratamento pós-injúria

60

traumática, o seguimento dos casos tem sido negligenciado (PEDRONI;

BARCELLOS; MIOTTO, 2009; TRAEBERT et al., 2012; Al-BAJJALI; RAJAB, 2014).

Um fato a ser considerado é a existência de barreiras de acesso ao serviço

odontológico para o atendimento imediato em casos de traumatismo. Estes fatores

incluem dificuldades no deslocamento (trânsito), baixa provisão de serviços de

referência, grande espera pelo atendimento, falta de conhecimento dos

responsáveis e alto custo (GLENDOR, 2009). Iniquidades no acesso aos serviços e

disparidades no cuidado têm sido também registrados (ZHANG et al., 2014).

A disponibilidade de serviços odontológicos à população pode não ser

garantia de treinamento adequado em primeiros socorros de injúrias traumáticas

(GLENDOR, 2009). Grande parte dos clínicos têm pouca experiência e

conhecimento sobre o manejo adequado nos casos de trauma dentário (ÇINAR;

ATABEK; ALAKAM, 2013; CAUWELS; MARTENS; VERBEECK, 2014; AKHLAGHI et

al., 2014; ALNAGGAR; ANDERSSON, 2015).

A investigação epidemiológica acerca de traumatismo é vasta e tem mostrado

alguns resultados convergentes sobre fatores de risco e variáveis possivelmente

associadas na ocorrência dos acidentes. Pode exibir variações, que normalmente

envolvem o estilo de vida de cada comunidade, fatores relacionados à prática de

esportes, acidentes automobilísticos e com motocicletas, além da violência

(HECOVA et al., 2010). Observa-se frequência média de 15% a 30% (TRAEBERT;

MARCON; LACERDA, 2010; BENDO et al., 2010; TRAEBERT et al., 2012; ANKOLA

et al., 2013; ROUHANI, 2015), afetando aproximadamente um quinto das crianças

em idade escolar (MARCENES; MURRAY, 2001).

Estudos em todo o mundo têm mostrado alguns pontos comuns na ocorrência

de injúrias traumáticas. Tem-se também observado a maior frequência em meninos

(TRAEBERT; MARCON; LACERDA, 2010; BENDO et al., 2010; HECOVA et al.,

2010; ZHANG et al., 2014; ATABEK et al.; 2014; ROUHANI et al., 2015), faixa etária

entre 8 -11 anos (ZHANG et al., 2014; ATABEK et al.; 2014, FRUJERI et al., 2015),

presença de overjet acentuado (BENDO et al., 2010; ANKOLA et al., 2013; RAJAB

et al., 2013; ROUHANI et al., 2015), cobertura labial inadequada (ANKOLA et al.,

2013). Em relação à condição socioeconômica, não se tem observado clareza na

61

associação com acidentes envolvendo traumatismos dentais (BENDO et al., 2009;

TRAEBERT; MARCON; LACERDA, 2010; BENDO et al., 2010). A possível influência

de outras variáveis tem sido investigadas, como a presença de obesidade

(VIJAYKUMAR; SHEKHAR; VIJAYAKUMAR, 2013) e de transtorno de déficit de

atenção com hiperatividade (SUBUNCUOGLU, 2013).

O elemento dental mais comumente afetado é o incisivo central superior

(BENDO et al., 2010; ZHANG et al., 2014; ATABEK et al., 2014; ROUHANI et al.,

2015, FRUJERI et al., 2015).

Entre as causas mais comuns de traumatismo, as quedas ocupam o primeiro

lugar (BENDO et al., 2010; BUCHER et al., 2013; ZHANG et al., 2014; ATABEK et

al.; 2014; FRUJERI et al., 2015), apontando para a necessidade de intervenções no

ambiente capazes de reduzir estes acidentes, principalmente ambientes de grande

circulação de pessoas. Pisos escorregadios ou irregulares, escadas sem corrimão

ou com degraus estreitos devem ser alvo destas intervenções.

Uma pesquisa observou que os traumatismos dentais que ocorrem em

domicílio estão mais associados às quedas, enquanto que as ocorrências nas

escolas têm sido mais associadas às práticas esportivas e colisões (FRUJERI et al.,

2015).

Neste estudo, 181 professores (45,2%) e 34 universitários (26,4%)

declararam já ter presenciado um acidente que envolveu uma injúria dental. O local

mais frequentemente citado na ocorrência do traumatismo por professores e alunos

foi a escola (58,1% e 38,9%), seguido do domicílio (25,2% e 22,2%) e na rua (12,4%

e 11,1%). O domicílio e a escola têm sido os ambientes mais observados em

estudos epidemiológicos sobre traumatismo dento-alveolar (BENDO et al., 2010;

BUCHER et al., 2013; ZHANG et al., 2014; ATABEK et al., 2014; FRUJERI et al.,

2015). Cuidado direcionado ao ambiente escolar, onde a ocorrência de acidentes é

alta pode ser de grande valia. A crença de que traumatismos são apenas acidentes

ou eventos aleatórios pode contribuir para o descuido com a prevenção.

Consideradas evitáveis, as injúrias traumáticas podem estar associadas a

riscos presentes no ambiente, facilmente modificáveis. Mais grave, é a possibilidade

62

de os acidentes acontecerem por violência ou bullying, muitas vezes embutidos em

uma queda ou acidentes em bebedouros, por exemplo.

O instrumento utilizado neste estudo para avaliar o conhecimento dos

professores e acadêmicos foi uma adaptação daquele utilizado em um estudo

realizado na Turquia (ARIKAN; SONMEZ, 2012). É composto por questões fechadas

baseadas em cenários acompanhados de foto envolvendo traumatismos dento-

alveolares. O Cenário 1 correspondia a uma fratura esmalte/dentina; o Cenário 2, a

uma luxação lateral e o Cenário 3 a um caso de avulsão. A fratura esmalte/dentina,

por ser um dos traumatismos de maior frequência (ZHANG et al., 2014; SEPET et

al., 2014; ATABEK et al., 2014) foi escolhida para compor o primeiro cenário. A

luxação lateral e a avulsão são eventos que requerem atitudes mais proativas por

parte daqueles que se encontram no local do acidente, em que o conhecimento

sobre o manejo da injúria pode ser decisivo no prognóstico dos casos (FLORES et

al., 2007; ANDERSSON et al., 2012; OZER et al., 2012)

Para o Cenário 1, a maior parte dos respondentes assinalou a opção correta

(53,3% dos professores e 60,5% dos alunos) que se referia à busca do fragmento e

visita imediata ao cirurgião-dentista. Um percentual de 14,5% dos professores e

18,6% dos acadêmicos assinalaram a resposta considerada aceitável, que se referia

à procura imediata por ajuda profissional, sem fazer menção ao fragmento. Porém,

74 professores (18,5%) e 20 universitários (15,5%) responderam aconselhar a

criança a ir até um cirurgião-dentista mais tarde, em caso de dor, não reconhecendo

o traumatismo como um evento de urgência, traduzido em pronto-atendimento. Uma

fratura coronária envolvendo esmalte e dentina é capaz de produzir dor e

desconforto ao indivíduo pela exposição de túbulos dentinários e pela presença de

grande volume pulpar, considerando-se a ocorrência do traumatismo em indivíduo

jovem.

Em um estudo na Noruega, professores de Educação Física da área rural

obtiveram 85,1% de respostas corretas para fraturas coronárias comparados a

74,3% de professores da área urbana. Acadêmicos de Educação Física também

participantes do estudo alcançaram um escore de 79% de acertos (SKEIE et al.,

2010). Os resultados foram similares aos aqui encontrados, computando os escores

da opção classificada como aceitável. De modo geral, a literatura mostra que as

63

fraturas de esmalte/dentina são as que apresentam os maiores percentuais de

acertos quando avaliado o conhecimento de seu manejo em amostras de

professores, acadêmicos, responsáveis, ou até mesmo de cirurgiões-dentistas (AL-

JUNDI; AL- WAEILI; KHAIRALA, 2005; SKEIE et al., 2010). Este fato é

possivelmente explicado por sua alta frequência na população e na prática diária de

profissionais de saúde bucal

Com relação ao Cenário 2, a maior parte das respostas foram para a opção

“Não tocar nos dentes e ir imediatamente a um dentista”, classificada como aceitável

(72,5% dos professores e 93% dos alunos). Apenas 41 profissionais (10,3%) e 4

acadêmicos (3,1%) tentariam reposicionar o dente com pressão digital no momento

do acidente para então conduzir a criança até um cirurgião-dentista, que seria o

ideal. Porém, 59 profissionais (14,8%) e 5 acadêmicos (3,9%) teriam a atitude de

apenas aconselhar a procura por serviço odontológico adiante, não compreendendo

a severidade da injúria. A luxação lateral talvez seja uma das injúrias em que se

verifique a menor frequência de intervenção imediata por parte do sujeito que

presencia a sua ocorrência, provavelmente porque não se percebe com

conhecimento suficiente para realizá-la. Um estudo na Turquia registrou uma

frequência de 0,4% de professores que reposicionariam imediatamente os dentes

deslocados com pressão digital (AKIKAN; SONMEZ, 2012). A maior parte da

amostra optou pela atitude de ir direto até um cirurgião-dentista, resultado similar ao

encontrado neste estudo.

Estudos relacionados à qualidade de vida tem apontado problemas estéticos

como fortes preditores de impacto produzido por desordens bucais. (THELEN;

TROVIK; BARDSEN, 2011; TRAEBERT et al., 2012). Um estudo com jovens

albaneses verificou uma chance de impactos quase 4 vezes maior para aqueles que

sofreram traumatismo dento-alveolar, sendo a dimensão “sorrir e mostrar os dentes

sem embaraço”, a que obteve maior frequência (THELEN; TROVIK; BARDSEN,

2011). Em Belo Horizonte, Minas Gerais, um estudo com adolescentes confirmou a

hipótese de que injúrias traumáticas mais complexas e/ou não tratadas aumentam a

chance de impacto desfavorável na qualidade de vida (BENDO et al., 2014). O modo

pelo qual as pessoas percebem interferência no bem estar diário causado por

problemas de ordem bucal é influenciado por uma série de variáveis, desde as

64

demográficas e sociais até culturais, que incluem crenças e valores atribuídos aos

dentes.

Quanto ao Cenário 3, a atitude mais relatada diante de um caso de avulsão

pela maioria dos professores e acadêmicos (75,8% e 69,8% respectivamente) foi

pegar o elemento dental e buscar ajuda imediata de um profissional, que seria a

atitude ideal para este item. Mesmo assim, 88 professores (22%) e 33 (25,6%)

universitários não consideraram o tempo como variável importante para o tratamento

do caso, optando pela atitude de recomendar a visita a um profissional no dia

seguinte. Porém, quando questionados sobre o tempo ideal para ir até um cirurgião-

dentista no caso da avulsão, houve uma suposta melhora na consideração do

tempo: a maior parte declarou que a melhor opção seria imediatamente (73%

professores e 62,8% alunos) e ainda um percentual respondeu em até 1 hora (15%

professores; 18,6% alunos), o que estaria dentro do aceitável. Essa contradição nas

respostas pode sugerir uma fragilidade nos itens do instrumento. Em uma avaliação

do conhecimento sobre o manejo de avulsão onde participaram responsáveis de

crianças turcas, a maior frequência de respostas (68,2%) para a procura por um

profissional o mais imediato possível (OZER et al., 2012).

A prevalência de avulsão na população brasileira é pequena, abaixo de 1%

(BENDO et al., 2010). Mesmo com a frequência não parecendo tão alta, o impacto

produzido por este tipo de evento na qualidade de vida é extremamente forte. É fato

que o pronto atendimento e o manejo correto de dentes traumatizados são fortes

determinantes do prognóstico, especialmente em casos de avulsão na dentição

permanente (LIEGER et al., 2009; AL-OBAIDA, 2010; OZER et al., 2012).O

reimplante imediato ainda é seguramente a melhor opção nestes casos (BERTI;

FURLANETTO; REFOSCO, 2011). O sucesso de um reimplante está associado a

uma série de variáveis, o que inclui o tempo em que o dente ficou fora do alvéolo. O

manejo adequado envolve desde o modo de segurar o elemento dentário, o cuidado

com a manutenção do ligamento periodontal, a limpeza com água corrente, o tempo

do dente fora do alvéolo, e o meio de estocagem até o profissional, para os casos de

não realização do reimplante imediato (ANDREASEN et al., 2002).

No presente estudo, a maior parte dos professores (74,5%), bem como dos

acadêmicos (65,1%) optou por segurar o dente avulsionado pela coroa. Esses

65

resultados são similares àqueles observados em uma amostra de professores de

Cascavel, Paraná (BERTI; FURLANETTO; REFOSCO, 2011). A segunda opção

mais assinalada considerava não haver diferença entre segurar o elemento dental

pela coroa ou pela raiz (17,8% de professores e 30,2% dos alunos), o que

demonstrou falta de conhecimento destes participantes.

Diante do cenário de um acidente envolvendo uma avulsão, a maior parte dos

respondentes não considerou a possibilidade de fazer o reimplante imediato (88,5%

dos professores e 96,8% dos acadêmicos). Trata-se de um momento de alto

potencial de estresse em que o conhecimento pode fazer toda a diferença. Este

achado tem sido bastante comum, uma vez que a população leiga não se percebe

preparada para realizar este tipo de procedimento (AL-JUNDI; AL- WAEILI;

KHAIRALA, 2005). No Paraná, nenhum professor recolocaria um dente em seu

alvéolo (BERTI; FURLANETTO; REFOSCO, 2011); em Telaviv, Israel, apenas 5,5%

dos professores reimplantariam um dente avulsionado (FUX-NOY; SARNAT; AMIR,

2011); na Turquia, apenas 9,3% (OZER et al., 2012). Diante destes fatos, o meio de

estocagem no qual o dente avulsionado será transportado até um profissional torna-

se um dos pontos chave no prognóstico dos casos.

No presente estudo, apenas 52 professores (14,7%) e 6 universitários (4,8%)

optaram por colocar o dente imerso em leite. O leite tem sido considerado o meio de

estocagem de eleição pelas suas características favoráveis (POI et al., 2013).

Infelizmente, a maior parte dos professores (242= 68,6%) levaria a criança até um

cirurgião-dentista com o dente embrulhado em gaze ou algodão, o que resultaria em

um impacto negativo sobre o prognóstico do caso. Estes achados são similares aos

encontrados em estudos nacionais (BERTI; FURLANETTO; REFOSCO, 2011;

CURYFOLO; LORENCETTI; SILVA, 2012) como também na Turquia (SEPET et al.,

2014) e no Marrocos, onde a maior parte dos professores estocaria o dente

avulsionado em meio seco (TOURÈ et al., 2011). Se o dente que está fora do

alvéolo permanecer em meio seco por 60 minutos ou mais, todas as células do

ligamento periodontal estarão inviabilizadas (ANDERSSON et al., 2012). Outras

atitudes equivocadas também podem comprometer as células do ligamento

periodontal, como o ato de limpar o dente avulsionado com escova ou bucha. Essa

opção foi escolhida por 10 professores (2,8%) e 107 acadêmicos (85,6%). Conduzir

o acidentado ao atendimento odontológico com o elemento dental em água foi a

66

atitude considerada por 11,9% de professores e 9,6% de universitários. O protocolo

desenvolvido por meio de consenso entre especialistas e pesquisadores da

International Association of Dental Traumatology (IADT) publicado em 2012

(ANDERSSON et al., 2012) chama a atenção para evitar conduzir o dente imerso

em água. A efetividade da água foi considerada muito pobre em função de ser

hipotônica, ter contaminação microbiana e pH não fisiológico (POI et al., 2013).

Dos três cenários de lesões traumáticas, o de avulsão foi o que obteve o

maior índice de atitudes que comprometeriam o prognóstico dos casos. Ainda

quando os respondentes consideraram a possibilidade de realizar o reimplante

imediato, 21% dos professores e 50% dos acadêmicos o fariam de modo incorreto,

limpando o dente com álcool ou utilizando instrumentos de limpeza, exercendo

movimentos de fricção sobre a superfície dental. Dessa forma comprometeriam ou

removeriam partes do ligamento periodontal aderidos à raiz, o que reduziria

drasticamente as chances de sucesso do reimplante.

Uma revisão avaliou diversas substâncias como possibilidade para meios de

estocagem de dentes avulsionados, considerando características químicas,

propriedades, efetividade e disponibilidade no momento de um acidente traumático.

O leite foi considerado o meio de estocagem de escolha por ser isotônico,

apresentar pH neutro, osmolaridade fisiológica, baixo ou nenhum conteúdo

bacteriano, conter fatores de crescimento e nutrientes essenciais para células, além

da alta disponibilidade e custo favorável. O leite, por ser uma secreção glandular,

contém o fator de crescimento epitelial, que estimula a proliferação e regeneração

de restos epiteliais de Malassez e estimula reabsorção óssea. Este fato isolaria o

dente do tecido ósseo, o que poderia diminuir a chance da ocorrência de anquilose

(CONSOLARO, 2011; POI et al., 2013). Os autores colocaram também como

possibilidades interessantes, o uso do própolis, chá verde e água de côco, este, um

meio bastante acessível para a sociedade brasileira (POI et al., 2013). Embora

nessa revisão, a saliva tenha sido avaliada como um meio de estocagem muito

pobre, o protocolo da IADT (2012) considera a condução do dente na saliva. A

saliva, além de hipotônica, contém microrganismos que podem contribuir para a

morte celular (PAGLIARIN; ZENKNER; BARLETTA, 2011). Fato é, que os meios de

estocagem mais adequados são aqueles fisiológicos, como os utilizados para cultura

de células e transporte de tecidos (ANDERSSON et al., 2012; POI et al., 2013),

67

infelizmente indisponíveis no momento dos acidentes. O traumatismo dento-alveolar

é uma injúria que exige atendimento imediato, mas de todos os tipos, a avulsão

certamente é aquele em que a variável tempo tem maior força preditora no

prognóstico dos casos (LIEGER et al., 2009). Neste estudo, para 73% dos

professores da rede pública, o tempo ideal para a criança ir até um serviço

odontológico em caso de avulsão deveria ser o mínimo possível, assim como para

62,8% dos acadêmicos. Embora se possa considerar este resultado como

reconhecimento de que este tipo de traumatismo requer atendimento imediato, a

atitude de 41 professores (10,3%) e 24 acadêmicos (18,6%) em relação ao tempo

para o atendimento profissional comprometeria o prognóstico do reimplante. Quanto

maior a demora para o reimplante, pior o prognóstico a longo prazo. O desfecho

eventual será anquilose ou a reabsorção radicular (ANDERSSON et al., 2012).

De toda forma, o traumatismo pode ocorrer a qualquer momento, em qualquer

dia ou horário e isso requer preparo e rápido e apropriado atendimento. O

prognóstico para muitas injúrias é definido no local do acidente (ALNAGAAR;

ANDERSSON, 2015).

Considerando a alta frequência de ocorrências nas escolas e a importância do

manejo das injúrias no momento do acidente, este estudo se propôs a averiguar o

conhecimento de professores da rede pública e universitários acerca dos primeiros

socorros em traumatismos dentais. Os resultados mostraram que o conhecimento de

40,5% dos professores e 27,1% dos acadêmicos foi classificado como adequado.

Esta classificação adveio de escores com ponto de corte de 75% de acertos. O

conhecimento de professores e acadêmicos neste estudo foi considerado

insatisfatório. Há ainda de se considerar que o percentual de acertos pode estar

superestimado, uma vez que questões fechadas fornecem opções prontas de

atitudes podem indicar caminhos, ou seja, podem induzir respostas. Questões

abertas certamente poderiam obter respostas mais fidedignas. Ainda assim, os

resultados encontrados confirmam aqueles encontrados por outros autores

(MCINTYRE et al., 2008; GLENDOR, 2009; SKEIE; AUDESTAD; BARDSEN, 2010;

AL OBAIDA, 2010; CURYLOFO; LORENCETTI; SILVA, 2012). O baixo

conhecimento acerca do manejo de traumas dentais também tem sido verificado em

amostras de responsáveis e treinadores (GLENDOR, 2009; OZER et al., 2012).

68

O instrumento utilizado para a coleta de dados deste estudo foi o mesmo

utilizado em estudo realizado na Turquia (ARIKAN; SONMEZ, 2012). A construção

de um instrumento de pesquisa exige cumprimento de normas metodológicas que

envolvem testes para a construção das questões e validação das mesmas

(OPPENHEIM, 1993). Itens fechados devem ser produzidos a partir de respostas

dadas a questões abertas. Cuidado é necessário para que não haja indução de

respostas. Este fato pode ser considerado uma limitação deste estudo. Ainda deve-

se observar a limitação de estudos transversais, que embora apresentem força de

evidência fraca, são muito utilizados em estudos de saúde e podem ser repetidos de

tempo em tempo (PEREIRA, 2003).

Os resultados aqui obtidos mostraram que 40,0% dos professores e 31,8%

dos acadêmicos receberam capacitação referente a primeiros socorros em saúde

sistêmica, o que pode ser considerado um valor de pequena magnitude. Para

primeiros socorros em traumatismos bucais, apenas 37 professores (9,3%)

receberam treinamento sobre este tipo de evento, resultado similar ao encontrado

por um estudo na Jordânia (AL-JUNDI; WAEILI; KHAILARAH, 2005). Ainda que

pobres, esses resultados superam os encontrados por pesquisas realizadas em

outros países (AL-OBAIDA, 2010 – 1,8%). Este fato demonstra um modelo

educacional baseado em uma visão fragmentada, que pode ser modificada ou

minimizada com encontros destinados a educação continuada. É necessário uma

maior comunicação entre os setores saúde e educação para que possam tirar

proveito de práticas transdisciplinares.

As análises deste estudo verificaram a possível associação de variáveis

sociodemográficas e relativas à formação profissional com o conhecimento de

primeiros socorros em traumatismos bucais. Para a amostra de professores, após a

inserção das variáveis em modelo de regressão, percebeu-se que a variável “morar

com filhos” deixou de ter influência sobre o conhecimento dos professores, embora

os valores tenham demonstrado um resultado potencialmente positivo, observando-

se os limites do intervalo de confiança. Para a variável “treinamento em primeiros

socorros de traumatismos bucais”, o poder preditivo após a regressão aumentou: a

chance de um professor que recebeu orientação sobre os primeiros socorros de

traumas bucais ter uma atitude favorável diante de um acidente aumenta 7,9 vezes

quando comparado a um profissional que não teve esta formação. Embora perceba-

69

se um amplo intervalo de confiança (possivelmente explicado pelo pequeno número

de professores capacitados), esta variável foi a de maior poder explicativo no

conhecimento dos professores.

Trata-se de um resultado importante, que valoriza o treinamento em primeiros

socorros de injúrias dentais traumáticas. Não foi investigada a forma pela qual este

conhecimento foi obtido, se durante a graduação ou em educação continuada. O

fato é, que a capacitação fez a diferença no conhecimento dos profissionais. Este

resultado confirma os achados de outros autores (YOUNG; WONG; CHEUNG,

2012), que verificaram que os professores que receberam treinamento, tiveram

melhores escores na avaliação do conhecimento sobre o manejo do traumatismo

dentário. A informação reduziu a chance de atitudes incorretas (LIEGER, 2009).

No presente estudo, ao final da coleta de dados, uma capacitação foi

oferecida aos participantes e não participantes presentes na coleta de dados. Uma

apresentação foi realizada com conteúdo de anatomia dental e estruturas de suporte

em linguagem simplificada para auxiliar a compreensão das atitudes favoráveis em

primeiros socorros de traumatismo dento-alveolar. Foram apresentadas diversas

situações de injúrias, além daquelas presentes no questionário utilizado no estudo.

Ao final, o mesmo foi reapresentado e todo o grupo respondeu às questões

coletivamente, de forma participativa, demonstrando interesse na melhora do

conhecimento sobre o manejo do traumatismo.

A maior parte das variáveis avaliadas neste estudo não apresentou

associação com o conhecimento de professores, também confirmando os resultados

de um estudo realizado em Santa Maria, Rio Grande do Sul (PAGLIARIN;

ZENKNER; BARLETTA, 2011). Achados de outras pesquisas mostram que ter filhos

(FUX-NOY; SARNAT; AMIR, 2011; PANI et al., 2014), experiência prévia com

traumatismos (FUX-NOY; SARNAT; AMIR, 2011; ARIKAN; SONMEZ, 2012; PANI et

al., 2014), idade acima de 35 anos (FUX-NOY; SARNAT; AMIR, 2011;

MEHRABKHANI et al., 2015) e nível de instrução (PANI et al., 2014) podem

favorecer o conhecimento em primeiros socorros de injúrias dentais traumáticas.

Neste estudo foi proposta uma avaliação dos percentuais de acertos e erros

para cada pergunta do questionário, considerando o peso atribuído às respostas. Na

70

amostra de professores, as respostas para o Cenário 1 (fratura esmalte/dentina) e

Cenário 3 (avulsão), demonstraram que a maior parte dos participantes tomariam

atitudes corretas (p<0,001). Porém, nos casos de avulsão, a partir do momento em

que pegariam o dente para a condução até um cirurgião-dentista, as atitudes

assinaladas não foram favoráveis, o que resultaria em impacto negativo sobre o

prognóstico (p<0,001). Resultados similares foram observados na Noruega, onde o

conhecimento de professores sobre o manejo de traumatismos foi maior quando da

presença de fraturas esmalte/dentina e decrescendo significativamente nos casos de

avulsão (SKEIE; AUDESTAD; BARDSEN, 2010) Outros estudos confirmam estes

resultados (AL OBAIDA, 2010; YOUNG, WONG; CHEUNG, 2012;). Maior

conhecimento sobre atitudes corretas em primeiros socorros de dentes avulsionados

deve ser o alvo de programas educativos (OZER et al., 2012). Nesta análise por

item, um resultado chamou a atenção: aqueles que optaram pelo não reimplante

imediato, que foi a maioria, acabaram comprometendo o prognóstico dos casos no

manejo e condução de elemento dental avulsionado (Tabela 18, questão código 5,

p<0,001). Porém, os profissionais que fariam o reimplante imediato obtiveram um

alto percentual de acertos na conduta (p<0,001). Estes professores possivelmente

são os profissionais que declararam ter recebido treinamento sobre o manejo de

traumatismos dentários. Este achado importante sugere que a informação prévia

recebida por estes profissionais pode ter sido o diferencial na atitude diante de uma

injúria grave como uma avulsão.

Na amostra de acadêmicos, o conhecimento foi considerado adequado para

apenas 35 participantes, o que corresponde a 27,1%. A variável “ter filhos”

inicialmente mostrou associação com o conhecimento, mas quando inserida no

modelo de regressão, não apresentou poder explicativo. Os resultados

demonstraram grande falta de informação do grupo. Na verdade, esse conhecimento

deveria ser inserido na grade curricular dos cursos cuja atividade profissional será

exercida em escolas ou envolvida com atividades esportivas (RAOOF et al., 2014).

Os acadêmicos participantes deste estudo cursam os últimos períodos, o que indica

que a formação universitária não contempla esse tipo de treinamento. Esses

resultados são similares àqueles encontrados em estudo com acadêmicos de

Educação Física noruegueses, que declararam não ter recebido treinamento em

primeiros socorros de traumatismo dental (SKEIE; AUDESTAD; BARDSEN, 2010).

71

Quando o conhecimento dos acadêmicos foi avaliado por resposta

considerando o peso atribuído a cada uma, os resultados foram menos favoráveis

comparado aos encontrados para os professores. Para atitudes referentes às

fraturas esmalte/dentina, o conhecimento foi maior, decrescendo conforme o

aumento da complexidade da injúria. Para o socorro do caso de avulsão, as atitudes

dos acadêmicos comprometeriam o prognóstico tanto para a conduta de não

reimplante imediato como para a realização do mesmo. A associação com variáveis

sociodemográficas não foi encontrada após a análise de regressão.

A efetividade de intervenções educativas em traumatismo dental tem sido

avaliada. Um estudo longitudinal verificou diferenças significantes no conhecimento

três anos após a intervenção: embora tenha havido decréscimo no percentual de

acertos, o conhecimento ainda permaneceu significativamente maior comparado

com o dado inicial (RAOOF et al., 2014). Porém, alguns estudos não verificaram

diferenças estatisticamente significativas no percentual de acertos entre professores

que declararam ter recebido capacitação em primeiros socorros em traumas dentais

e os outros (AL-JUNDI; AL-WAEILI; KHAIRALAH, 2005; PAGLIARIN; ZENKNER;

BARLETTA, 2011; MEHRABKHANI et al., 2015). É provável que somente fornecer

informações aos professores possa não ser suficiente para promover manejo

adequado de injúrias traumáticas dentais (PAGLIARIN; ZENKNER; BARLETTA,

2011). A efetividade do uso de pôsteres contendo instruções sobre o que fazer

diante de traumatismos foi confirmada na melhora do conhecimento de professores

na Suíça (LIEGER et al., 2009). Disponibilizar protocolos para as escolas utilizarem

como orientação no socorro de injúrias traumáticas pode ser de grande utilidade

(ANDERSSON et al., 2012). São guias rápidos para uma abordagem mais eficiente

em casos de traumatismo (FLORES et al., 2007).

A ocorrência de traumatismo dental tem sido observada durante práticas

esportivas que envolvem contato corporal entre atletas (PAGLIARIN; ZENKNER;

BARLETTA, 2011). Diante desta constatação, o uso de protetores bucais seria

capaz de reduzir a severidade do trauma e minimizar sequelas ao indivíduo atingido.

Alguns trabalhos tem mostrado uma certa negligência na adoção ou no cumprimento

de regras sobre o uso destes dispositivos (SOUZA et al., 2011; SEPET et al., 2014).

Entre atletas, o motivo principal para a baixa utilização do protetor bucal (11,2%) é

72

estético; quando avaliado o conhecimento dos mesmos sobre o manejo de injúrias

traumáticas, o resultado foi desfavorável (SEPET et al., 2014).

Ainda com toda atenção por parte dos formuladores de políticas públicas,

pais, educadores ou profissionais do esporte, os traumatismos irão ocorrer. A

orientação e disseminação de informações referentes às atitudes corretas nos

primeiros socorros de injúrias dentais traumáticas são atribuições do cirurgião-

dentista, permitindo que outros profissionais possam atuar como multiplicadores do

conhecimento estabelecido, o que reforça uma estratégia fundamental da Promoção

de Saúde.

Diante da alta frequência de injúrias traumáticas verificada em escolas, todos

os profissionais que nelas trabalham deveriam receber orientação sobre atitudes

corretas no manejo de traumatismos. Pensando de uma forma mais abrangente, a

informação sobre primeiros socorros em situações emergenciais (risco de morte), ou

mesmo para casos classificados como urgência, gera um conhecimento para a vida,

o qual deveria ser acessível a todo cidadão. Esta consideração é muito clara em

uma das premissas da Carta de Ottawa que trata do desenvolvimento de habilidades

pessoais, apoia a divulgação da informação, educação para a saúde e intensificação

de habilidades vitais (CARTA DE OTTAWA, 1986).

Vale aqui ressaltar a importância e a necessidade de se avaliar a

Alfabetização em Saúde Bucal dos indivíduos, a qual tem sido estudada nos últimos

anos e se refere aos conhecimentos, à motivação e à competência das pessoas

para acessar, compreender, avaliar e aplicar informações relacionadas à saúde,

dentro dos domínios dos serviços de saúde, da prevenção de doenças e da

promoção de saúde. A mesma diferencia-se da Educação em Saúde Bucal, pois

esta parte do princípio de que passar informações e instruções em saúde pode

contribuir para a promoção da saúde das pessoas. Entretanto, refuta-se essa ideia,

ao se perceber que, quando as informações são repassadas às pessoas com alta

alfabetização em saúde, esta mostra-se expressiva. No entanto, quando é

repassada àquelas pessoas com baixa alfabetização em saúde, mostra-se pouco

impactante. As intervenções de educação em saúde objetivam o aumento dos níveis

de “alfabetização em saúde” das pessoas (MARTINS et al., 2015)

73

Em função da forte associação entre “alfabetização em saúde” e condição de

saúde, seria razoável considerar estratégias direcionadas a comunidades com

baixos níveis de “alfabetização em saúde” para alcançar melhores níveis de saúde

bucal e geral (LEE et al., 2012; GUO et al., 2014).

A relação entre maiores níveis de “alfabetização em saúde” e melhor

comunicação profissional-paciente também tem sido observada (GUO et al., 2014).

Torna-se necessário então, melhorar o modo pelo qual profissionais de saúde dão

informações às populações de baixa “alfabetização em saúde”. De modo geral,

cirurgiões-dentistas não se utilizam de técnicas de comunicação que possam ser

mais efetivas na melhora da compreensão e absorção da informação. Profissionais

de saúde bucal precisam ampliar seu espectro de ação, com maior inserção nas

comunidades, promovendo ações intersetoriais e fortalecendo a parceria ensino-

serviços de saúde.

É importante a compreensão de que as pesquisas populacionais em saúde

devem ser direcionadas aos serviços de atenção para que possam fundamentar o

planejamento de ações. Mais do que isso, devem gerar de imediato, um benefício

aos grupos pesquisados, como a disseminação de informações relevantes, para que

possam tornar-se multiplicadores das mesmas, fortalecendo o papel de atores

sociais na saúde.

Este estudo observou um baixo conhecimento sobre o manejo de

traumatismos dentários em um grupo de professores e acadêmicos e ao mesmo

tempo capacitou-os em relação às condutas adequadas diante de acidentes

envolvendo injúrias dentais. Espera-se um efeito favorável na melhora do

conhecimento destes grupos. Esta pesquisa poderá ser repetida futuramente para

verificar a efetividade da capacitação e novamente ao final, reforçar atitudes

desejáveis para primeiros socorros em traumatismo dental. O conhecimento pode

ser decisivo no desfecho dos casos e minimizar o impacto na qualidade de vida de

indivíduos afetados.

74

7 CONCLUSÃO

O conhecimento dos professores da rede pública e dos acadêmicos da

amostra sobre o manejo do traumatismo dento-alveolar foi considerado insuficiente.

Não foi verificada diferença significativa entre as variáveis sociodemográficas e o

conhecimento sobre traumatismo dento-alveolar entre os acadêmicos. Não foi

verificada diferença significativa das variáveis sociodemográficas e aquelas

relacionadas à formação profissional com o conhecimento sobre o manejo do

traumatismo dento-alveolar entre os professores da rede pública de ensino, com

exceção da variável treinamento em primeiros socorros sobre traumatismos bucais.

75

REFERÊNCIAS

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