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Universidade de Brasília UnB Instituto de Ciências Humanas IH Departamento de Serviço Social SER Renata Caroline da Costa Vaz SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS: O IMPACTO DESSA RELAÇÃO NAS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE Brasília, DF 2009.

Universidade de Brasíliabdm.unb.br/bitstream/10483/1299/1/2009_RenataCarolineCostaVaz.… · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... 2.5 Desenho acessível e desenho

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Universidade de Brasiacutelia

UnB

Instituto de Ciecircncias Humanas

IH

Departamento de Serviccedilo Social

SER

Renata Caroline da Costa Vaz

SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO

NAS POLIacuteTICAS DE ACESSIBILIDADE

Brasiacutelia DF 2009

Universidade de Brasiacutelia

UnB

Instituto de Ciecircncias Humanas

IH

Departamento de Serviccedilo Social

SER

Renata Caroline da Costa Vaz

SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO

NAS POLIacuteTICAS DE ACESSIBILIDADE

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Departamento de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Serviccedilo Social

Orientadora Profordf MS Camila Potyara Pereira

Brasiacutelia DF 2009

___________________________________________________________

V393s Vaz Renata Caroline da Costa Sociedade do Distrito Federal e pessoas com

necessidades especiais o impacto dessa relaccedilatildeo nas poliacuteticas de acessibilidade [manuscrito] Renata Caroline da Costa Vaz

2009 69 f il 30 cm

Datilografado (fotocoacutepia) Trabalho de Conclusatildeo de Curso (graduaccedilatildeo)

Universidade de Brasiacutelia 2009 Orientadora Profordf MS Camila Potyara Pereira

1 Pessoas com necessidades especiais 2 Poliacutetica de acessibilidade 3 Acessibilidade 4 Sociedade do Distrito Federal I Tiacutetulo

___________________________________________________________

Universidade de Brasiacutelia

UnB

Instituto de Ciecircncias Humanas

IH

Departamento de Serviccedilo Social

SER

RENATA CAROLINE DA COSTA VAZ

SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO NAS POLIacuteTICAS DE

ACESSIBILIDADE

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________ Profordf MS Camila Potyara Pereira (Orientadora)

______________________________________________________________________ Maacutercia Maria Braga Rocha Muniz (Membro Externo - Coordenadora Teacutecnica da

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade - DF)

______________________________________________________________________ Profordf MS Daniela Neves de Sousa (Membro Interno

Departamento de Serviccedilo SocialUnB)

Agradecimentos

Agradeccedilo primeiramente a Deus autor da vida e amigo de todas as horas

Agrave minha matildee pai e irmatildeos que sempre me deram apoio e forccedila natildeo cobrando

nada em troca Aos meus familiares por todo o apoio ao longo de toda a minha vida por

sempre acreditarem em mim e sempre me incentivarem a lutar por meus objetivos sem

vocecircs eu natildeo teria conseguido

Agrave professora Ms Camila Potyara Pereira pelo incentivo pela disponibilidade

e por toda paciecircncia na construccedilatildeo deste trabalho

Agrave professora Daniela Neves de Sousa por aceitar participar da banca

examinadora bem como agrave Maacutercia Muniz e agrave Isabel por sempre se mostrarem dispostas

a me escutar e auxiliar na construccedilatildeo deste trabalho

Ao Filipe por toda a paciecircncia e disposiccedilatildeo pra me ajudar Por acreditar em

mim mesmo quando eu natildeo acreditava sempre disposto a andar horas atraacutes de conseguir

uma entrevista ou uma foto sempre atento a alguma informaccedilatildeo que pudesse contribuir

com meu trabalho Nosso

trabalho deu certo

As companheiras de estudo medos alegrias e por que natildeo picaretagens

Alessandra e Raquel vocecircs foram muito importantes durante todos estes anos fizeram a

Universidade ser muito mais divertida Agrave Eliene Regiane Geuci Dani e toda a minha

turma por todos os momentos que passamos junts

Aos amigos Bruno Humberto Gilmar Selma por sempre estarem dispostos a

me ajudar e incentivar a nunca desistir de um objetivo Vocecircs satildeo exemplos de

determinaccedilatildeo Ao Faacutebio por todos os momentos divertidos que tivemos juntos

Enfim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que pudesse

chegar ateacute aqui A todos os amigos e amigas professores e pessoas que passaram em

minha vida contribuindo para o meu crescimento

Renata Caroline da Costa Vaz

Deficiecircncias

Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de

outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu

destino

Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui

Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem

olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores

Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de

um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no

fim do mecircs

Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da

hipocrisia

Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda

Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce

Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer

E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois

Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus

(Maacuterio Quintana)

Lista de Siglas

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades

CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de

Deficiecircncia

CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade

DF Distrito Federal

DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal

DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia

GDF Governo do Distrito Federal

HBDF Hospital de Base do Distrito Federal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais

MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios

NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia

SCN Setor Comercial Norte

SCS Setor Comercial Sul

SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos

SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania

SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana

SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano

Resumo

Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo

Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal

It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population

Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society

Sumaacuterio

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12

12 OBJETIVO GERAL 14

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14

13 HIPOacuteTESES 14

14 JUSTIFICATIVA 15

15 METODOLOGIA 16

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18

21 Conceito de acessibilidade 18

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28

26 Acessibilidade no Brasil 30

27 Acessibilidade no Distrito Federal 33

Capiacutetulo III

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36

32 Marco Legal 37

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40

3221 Legislaccedilatildeo Federal 40

3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL ACESSIacuteVEL 43

332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

46

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos

47

34 CONSIDERACcedilOtildeES 49

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51

41 CONSIDERACcedilOtildeES 63

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65

Referecircncias 67

Anexos 72

Anexo 1 72

Anexo 2 73

Anexo 3 74

Anexo 4 75

Anexo 5 76

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

ARAUJO Luiz Alberto David A proteccedilatildeo constitucional das pessoas portadoras de deficiecircncia 3 ed Brasiacutelia CORDE 2003 (Seacuterie Legislativa em Direitos Humanos Pessoa Portadora de Deficiecircncia v3)

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______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988 Cacircmara dos Deputados Brasiacutelia 2004

______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

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SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)

Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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Universidade de Brasiacutelia

UnB

Instituto de Ciecircncias Humanas

IH

Departamento de Serviccedilo Social

SER

Renata Caroline da Costa Vaz

SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO

NAS POLIacuteTICAS DE ACESSIBILIDADE

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Departamento de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Serviccedilo Social

Orientadora Profordf MS Camila Potyara Pereira

Brasiacutelia DF 2009

___________________________________________________________

V393s Vaz Renata Caroline da Costa Sociedade do Distrito Federal e pessoas com

necessidades especiais o impacto dessa relaccedilatildeo nas poliacuteticas de acessibilidade [manuscrito] Renata Caroline da Costa Vaz

2009 69 f il 30 cm

Datilografado (fotocoacutepia) Trabalho de Conclusatildeo de Curso (graduaccedilatildeo)

Universidade de Brasiacutelia 2009 Orientadora Profordf MS Camila Potyara Pereira

1 Pessoas com necessidades especiais 2 Poliacutetica de acessibilidade 3 Acessibilidade 4 Sociedade do Distrito Federal I Tiacutetulo

___________________________________________________________

Universidade de Brasiacutelia

UnB

Instituto de Ciecircncias Humanas

IH

Departamento de Serviccedilo Social

SER

RENATA CAROLINE DA COSTA VAZ

SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO NAS POLIacuteTICAS DE

ACESSIBILIDADE

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________ Profordf MS Camila Potyara Pereira (Orientadora)

______________________________________________________________________ Maacutercia Maria Braga Rocha Muniz (Membro Externo - Coordenadora Teacutecnica da

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade - DF)

______________________________________________________________________ Profordf MS Daniela Neves de Sousa (Membro Interno

Departamento de Serviccedilo SocialUnB)

Agradecimentos

Agradeccedilo primeiramente a Deus autor da vida e amigo de todas as horas

Agrave minha matildee pai e irmatildeos que sempre me deram apoio e forccedila natildeo cobrando

nada em troca Aos meus familiares por todo o apoio ao longo de toda a minha vida por

sempre acreditarem em mim e sempre me incentivarem a lutar por meus objetivos sem

vocecircs eu natildeo teria conseguido

Agrave professora Ms Camila Potyara Pereira pelo incentivo pela disponibilidade

e por toda paciecircncia na construccedilatildeo deste trabalho

Agrave professora Daniela Neves de Sousa por aceitar participar da banca

examinadora bem como agrave Maacutercia Muniz e agrave Isabel por sempre se mostrarem dispostas

a me escutar e auxiliar na construccedilatildeo deste trabalho

Ao Filipe por toda a paciecircncia e disposiccedilatildeo pra me ajudar Por acreditar em

mim mesmo quando eu natildeo acreditava sempre disposto a andar horas atraacutes de conseguir

uma entrevista ou uma foto sempre atento a alguma informaccedilatildeo que pudesse contribuir

com meu trabalho Nosso

trabalho deu certo

As companheiras de estudo medos alegrias e por que natildeo picaretagens

Alessandra e Raquel vocecircs foram muito importantes durante todos estes anos fizeram a

Universidade ser muito mais divertida Agrave Eliene Regiane Geuci Dani e toda a minha

turma por todos os momentos que passamos junts

Aos amigos Bruno Humberto Gilmar Selma por sempre estarem dispostos a

me ajudar e incentivar a nunca desistir de um objetivo Vocecircs satildeo exemplos de

determinaccedilatildeo Ao Faacutebio por todos os momentos divertidos que tivemos juntos

Enfim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que pudesse

chegar ateacute aqui A todos os amigos e amigas professores e pessoas que passaram em

minha vida contribuindo para o meu crescimento

Renata Caroline da Costa Vaz

Deficiecircncias

Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de

outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu

destino

Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui

Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem

olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores

Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de

um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no

fim do mecircs

Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da

hipocrisia

Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda

Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce

Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer

E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois

Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus

(Maacuterio Quintana)

Lista de Siglas

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades

CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de

Deficiecircncia

CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade

DF Distrito Federal

DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal

DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia

GDF Governo do Distrito Federal

HBDF Hospital de Base do Distrito Federal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais

MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios

NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia

SCN Setor Comercial Norte

SCS Setor Comercial Sul

SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos

SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania

SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana

SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano

Resumo

Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo

Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal

It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population

Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society

Sumaacuterio

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12

12 OBJETIVO GERAL 14

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14

13 HIPOacuteTESES 14

14 JUSTIFICATIVA 15

15 METODOLOGIA 16

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18

21 Conceito de acessibilidade 18

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28

26 Acessibilidade no Brasil 30

27 Acessibilidade no Distrito Federal 33

Capiacutetulo III

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36

32 Marco Legal 37

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40

3221 Legislaccedilatildeo Federal 40

3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL ACESSIacuteVEL 43

332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

46

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos

47

34 CONSIDERACcedilOtildeES 49

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51

41 CONSIDERACcedilOtildeES 63

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65

Referecircncias 67

Anexos 72

Anexo 1 72

Anexo 2 73

Anexo 3 74

Anexo 4 75

Anexo 5 76

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

ARAUJO Luiz Alberto David A proteccedilatildeo constitucional das pessoas portadoras de deficiecircncia 3 ed Brasiacutelia CORDE 2003 (Seacuterie Legislativa em Direitos Humanos Pessoa Portadora de Deficiecircncia v3)

BRASIL Acessibilidade a vida sem obstaacuteculos Cartilha do Ministeacuterio Puacuteblico de Mato Grosso 2007

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______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988 Cacircmara dos Deputados Brasiacutelia 2004

______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

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SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)

Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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___________________________________________________________

V393s Vaz Renata Caroline da Costa Sociedade do Distrito Federal e pessoas com

necessidades especiais o impacto dessa relaccedilatildeo nas poliacuteticas de acessibilidade [manuscrito] Renata Caroline da Costa Vaz

2009 69 f il 30 cm

Datilografado (fotocoacutepia) Trabalho de Conclusatildeo de Curso (graduaccedilatildeo)

Universidade de Brasiacutelia 2009 Orientadora Profordf MS Camila Potyara Pereira

1 Pessoas com necessidades especiais 2 Poliacutetica de acessibilidade 3 Acessibilidade 4 Sociedade do Distrito Federal I Tiacutetulo

___________________________________________________________

Universidade de Brasiacutelia

UnB

Instituto de Ciecircncias Humanas

IH

Departamento de Serviccedilo Social

SER

RENATA CAROLINE DA COSTA VAZ

SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO NAS POLIacuteTICAS DE

ACESSIBILIDADE

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________ Profordf MS Camila Potyara Pereira (Orientadora)

______________________________________________________________________ Maacutercia Maria Braga Rocha Muniz (Membro Externo - Coordenadora Teacutecnica da

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade - DF)

______________________________________________________________________ Profordf MS Daniela Neves de Sousa (Membro Interno

Departamento de Serviccedilo SocialUnB)

Agradecimentos

Agradeccedilo primeiramente a Deus autor da vida e amigo de todas as horas

Agrave minha matildee pai e irmatildeos que sempre me deram apoio e forccedila natildeo cobrando

nada em troca Aos meus familiares por todo o apoio ao longo de toda a minha vida por

sempre acreditarem em mim e sempre me incentivarem a lutar por meus objetivos sem

vocecircs eu natildeo teria conseguido

Agrave professora Ms Camila Potyara Pereira pelo incentivo pela disponibilidade

e por toda paciecircncia na construccedilatildeo deste trabalho

Agrave professora Daniela Neves de Sousa por aceitar participar da banca

examinadora bem como agrave Maacutercia Muniz e agrave Isabel por sempre se mostrarem dispostas

a me escutar e auxiliar na construccedilatildeo deste trabalho

Ao Filipe por toda a paciecircncia e disposiccedilatildeo pra me ajudar Por acreditar em

mim mesmo quando eu natildeo acreditava sempre disposto a andar horas atraacutes de conseguir

uma entrevista ou uma foto sempre atento a alguma informaccedilatildeo que pudesse contribuir

com meu trabalho Nosso

trabalho deu certo

As companheiras de estudo medos alegrias e por que natildeo picaretagens

Alessandra e Raquel vocecircs foram muito importantes durante todos estes anos fizeram a

Universidade ser muito mais divertida Agrave Eliene Regiane Geuci Dani e toda a minha

turma por todos os momentos que passamos junts

Aos amigos Bruno Humberto Gilmar Selma por sempre estarem dispostos a

me ajudar e incentivar a nunca desistir de um objetivo Vocecircs satildeo exemplos de

determinaccedilatildeo Ao Faacutebio por todos os momentos divertidos que tivemos juntos

Enfim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que pudesse

chegar ateacute aqui A todos os amigos e amigas professores e pessoas que passaram em

minha vida contribuindo para o meu crescimento

Renata Caroline da Costa Vaz

Deficiecircncias

Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de

outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu

destino

Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui

Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem

olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores

Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de

um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no

fim do mecircs

Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da

hipocrisia

Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda

Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce

Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer

E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois

Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus

(Maacuterio Quintana)

Lista de Siglas

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades

CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de

Deficiecircncia

CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade

DF Distrito Federal

DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal

DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia

GDF Governo do Distrito Federal

HBDF Hospital de Base do Distrito Federal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais

MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios

NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia

SCN Setor Comercial Norte

SCS Setor Comercial Sul

SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos

SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania

SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana

SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano

Resumo

Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo

Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal

It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population

Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society

Sumaacuterio

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12

12 OBJETIVO GERAL 14

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14

13 HIPOacuteTESES 14

14 JUSTIFICATIVA 15

15 METODOLOGIA 16

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18

21 Conceito de acessibilidade 18

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28

26 Acessibilidade no Brasil 30

27 Acessibilidade no Distrito Federal 33

Capiacutetulo III

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36

32 Marco Legal 37

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40

3221 Legislaccedilatildeo Federal 40

3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL ACESSIacuteVEL 43

332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

46

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos

47

34 CONSIDERACcedilOtildeES 49

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51

41 CONSIDERACcedilOtildeES 63

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65

Referecircncias 67

Anexos 72

Anexo 1 72

Anexo 2 73

Anexo 3 74

Anexo 4 75

Anexo 5 76

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

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______ Conselho dos Direitos do Idoso do Distrito Federal Idoso informaccedilotildees sobre os direitos poliacuteticas puacuteblicas e guia de serviccedilos e benefiacutecios sociais Brasiacutelia CIDDF 2009

______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988 Cacircmara dos Deputados Brasiacutelia 2004

______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

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DEMO Pedro Metodologia cientiacutefica em ciecircncias sociais 2 ed Satildeo Paulo Atlas 1989

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MEDEIROS Marcelo DINIZ Deacutebora Envelhecimento e Deficiecircncia In CAMARANO AA (org) Muito aleacutem dos 60 os novos idosos brasileiros Rio de Janeiro IPEA 2004

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SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)

Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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Universidade de Brasiacutelia

UnB

Instituto de Ciecircncias Humanas

IH

Departamento de Serviccedilo Social

SER

RENATA CAROLINE DA COSTA VAZ

SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO NAS POLIacuteTICAS DE

ACESSIBILIDADE

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________ Profordf MS Camila Potyara Pereira (Orientadora)

______________________________________________________________________ Maacutercia Maria Braga Rocha Muniz (Membro Externo - Coordenadora Teacutecnica da

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade - DF)

______________________________________________________________________ Profordf MS Daniela Neves de Sousa (Membro Interno

Departamento de Serviccedilo SocialUnB)

Agradecimentos

Agradeccedilo primeiramente a Deus autor da vida e amigo de todas as horas

Agrave minha matildee pai e irmatildeos que sempre me deram apoio e forccedila natildeo cobrando

nada em troca Aos meus familiares por todo o apoio ao longo de toda a minha vida por

sempre acreditarem em mim e sempre me incentivarem a lutar por meus objetivos sem

vocecircs eu natildeo teria conseguido

Agrave professora Ms Camila Potyara Pereira pelo incentivo pela disponibilidade

e por toda paciecircncia na construccedilatildeo deste trabalho

Agrave professora Daniela Neves de Sousa por aceitar participar da banca

examinadora bem como agrave Maacutercia Muniz e agrave Isabel por sempre se mostrarem dispostas

a me escutar e auxiliar na construccedilatildeo deste trabalho

Ao Filipe por toda a paciecircncia e disposiccedilatildeo pra me ajudar Por acreditar em

mim mesmo quando eu natildeo acreditava sempre disposto a andar horas atraacutes de conseguir

uma entrevista ou uma foto sempre atento a alguma informaccedilatildeo que pudesse contribuir

com meu trabalho Nosso

trabalho deu certo

As companheiras de estudo medos alegrias e por que natildeo picaretagens

Alessandra e Raquel vocecircs foram muito importantes durante todos estes anos fizeram a

Universidade ser muito mais divertida Agrave Eliene Regiane Geuci Dani e toda a minha

turma por todos os momentos que passamos junts

Aos amigos Bruno Humberto Gilmar Selma por sempre estarem dispostos a

me ajudar e incentivar a nunca desistir de um objetivo Vocecircs satildeo exemplos de

determinaccedilatildeo Ao Faacutebio por todos os momentos divertidos que tivemos juntos

Enfim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que pudesse

chegar ateacute aqui A todos os amigos e amigas professores e pessoas que passaram em

minha vida contribuindo para o meu crescimento

Renata Caroline da Costa Vaz

Deficiecircncias

Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de

outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu

destino

Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui

Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem

olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores

Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de

um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no

fim do mecircs

Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da

hipocrisia

Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda

Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce

Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer

E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois

Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus

(Maacuterio Quintana)

Lista de Siglas

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades

CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de

Deficiecircncia

CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade

DF Distrito Federal

DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal

DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia

GDF Governo do Distrito Federal

HBDF Hospital de Base do Distrito Federal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais

MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios

NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia

SCN Setor Comercial Norte

SCS Setor Comercial Sul

SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos

SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania

SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana

SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano

Resumo

Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo

Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal

It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population

Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society

Sumaacuterio

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12

12 OBJETIVO GERAL 14

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14

13 HIPOacuteTESES 14

14 JUSTIFICATIVA 15

15 METODOLOGIA 16

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18

21 Conceito de acessibilidade 18

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28

26 Acessibilidade no Brasil 30

27 Acessibilidade no Distrito Federal 33

Capiacutetulo III

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36

32 Marco Legal 37

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40

3221 Legislaccedilatildeo Federal 40

3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL ACESSIacuteVEL 43

332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

46

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos

47

34 CONSIDERACcedilOtildeES 49

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51

41 CONSIDERACcedilOtildeES 63

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65

Referecircncias 67

Anexos 72

Anexo 1 72

Anexo 2 73

Anexo 3 74

Anexo 4 75

Anexo 5 76

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

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______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

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______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

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MEDEIROS Marcelo DINIZ Deacutebora Envelhecimento e Deficiecircncia In CAMARANO AA (org) Muito aleacutem dos 60 os novos idosos brasileiros Rio de Janeiro IPEA 2004

MILANI Carlos R S O princiacutepio da participaccedilatildeo social na gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas locais uma anaacutelise de experiecircncias latino-americanas e europeacuteias Rio de Janeiro maiojun 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfrapv42n3a06v42n3pdfgt Acesso em 1 out 2009

PEREIRA Potyara AP Discussotildees conceituais sobre poliacuteticas sociais como poliacuteticas puacuteblicas e direito de cidadania In Poliacutetica social no capitalismo tendecircncias contemporacircneas BOSCHETTI Ivanete et al (Org) Satildeo Paulo Cortez 2008

______ Poliacutetica social temas amp questotildees 2 ed Satildeo Paulo Cortez 2009

PROGRAMA Acessibilidade Direito de todos Disponiacutevel em lthttpwwwcpasedumadfgovbrPrograma_Acessibilidade_Direito_de_TodosPrograma_Acessibilidade_Direito_de_Todospdfgt Acesso em 07 nov 2009

RESOURCE The Coucinl for Museums Archives and Libraries Acessibilidade [traduccedilatildeo Mauricio O Santos e Patricia Souza] Satildeo Paulo Editora da Universidade de Satildeo Paulo [Fundaccedilatildeo] Vital 2005 (Seacuterie Museologia 8)

Reviva a Promotoria de Justiccedila da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiecircncia do MPDFT (PRODIDE) em revista Inclusatildeo Social Direitos Legiacutetimo das pessoas portadoras de deficiecircncia 2005

______ Reorganizar os laccedilos sociais Uma questatildeo de honra 2006

______ Responsabilidade Institucional Em busca da eficaacutecia social dos direitos 2007

______ Accedilotildees Integradas para construir uma nova realidade 2008

SANTOS Layreane Silvano dos O Benefiacutecio de prestaccedilatildeo continuada previsto na LOAS concepccedilotildees de direito e implicaccedilotildees para as pessoas portadoras de deficiecircncia e pessoas idosas Brasiacutelia 2000 (mimeo)

SASSAKI Romeu K Conceito de Acessibilidade Evoluccedilatildeo do Conceito Disponiacutevel em lt httpwwwbengalalegalcomromeusassakiphpgt Acesso em 03 maio 2009

______ Inclusatildeo construindo uma sociedade para todos Disponiacutevel em lthttpwwwvia6comtopicophptid=76643gt Acesso em 01 out 2009

SILVA Maria Isabel da CVI

Centro de Vida Independente o que eacute isso Jornal da AME

Ediccedilatildeo ndeg 61 JanFev de 2007 Disponiacutevel em lt httpwwwbengalalegalcomc-v-iphpgt Acesso em 18 set 2009

SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)

Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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Agradecimentos

Agradeccedilo primeiramente a Deus autor da vida e amigo de todas as horas

Agrave minha matildee pai e irmatildeos que sempre me deram apoio e forccedila natildeo cobrando

nada em troca Aos meus familiares por todo o apoio ao longo de toda a minha vida por

sempre acreditarem em mim e sempre me incentivarem a lutar por meus objetivos sem

vocecircs eu natildeo teria conseguido

Agrave professora Ms Camila Potyara Pereira pelo incentivo pela disponibilidade

e por toda paciecircncia na construccedilatildeo deste trabalho

Agrave professora Daniela Neves de Sousa por aceitar participar da banca

examinadora bem como agrave Maacutercia Muniz e agrave Isabel por sempre se mostrarem dispostas

a me escutar e auxiliar na construccedilatildeo deste trabalho

Ao Filipe por toda a paciecircncia e disposiccedilatildeo pra me ajudar Por acreditar em

mim mesmo quando eu natildeo acreditava sempre disposto a andar horas atraacutes de conseguir

uma entrevista ou uma foto sempre atento a alguma informaccedilatildeo que pudesse contribuir

com meu trabalho Nosso

trabalho deu certo

As companheiras de estudo medos alegrias e por que natildeo picaretagens

Alessandra e Raquel vocecircs foram muito importantes durante todos estes anos fizeram a

Universidade ser muito mais divertida Agrave Eliene Regiane Geuci Dani e toda a minha

turma por todos os momentos que passamos junts

Aos amigos Bruno Humberto Gilmar Selma por sempre estarem dispostos a

me ajudar e incentivar a nunca desistir de um objetivo Vocecircs satildeo exemplos de

determinaccedilatildeo Ao Faacutebio por todos os momentos divertidos que tivemos juntos

Enfim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que pudesse

chegar ateacute aqui A todos os amigos e amigas professores e pessoas que passaram em

minha vida contribuindo para o meu crescimento

Renata Caroline da Costa Vaz

Deficiecircncias

Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de

outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu

destino

Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui

Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem

olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores

Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de

um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no

fim do mecircs

Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da

hipocrisia

Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda

Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce

Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer

E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois

Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus

(Maacuterio Quintana)

Lista de Siglas

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades

CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de

Deficiecircncia

CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade

DF Distrito Federal

DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal

DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia

GDF Governo do Distrito Federal

HBDF Hospital de Base do Distrito Federal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais

MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios

NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia

SCN Setor Comercial Norte

SCS Setor Comercial Sul

SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos

SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania

SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana

SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano

Resumo

Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo

Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal

It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population

Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society

Sumaacuterio

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12

12 OBJETIVO GERAL 14

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14

13 HIPOacuteTESES 14

14 JUSTIFICATIVA 15

15 METODOLOGIA 16

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18

21 Conceito de acessibilidade 18

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28

26 Acessibilidade no Brasil 30

27 Acessibilidade no Distrito Federal 33

Capiacutetulo III

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36

32 Marco Legal 37

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40

3221 Legislaccedilatildeo Federal 40

3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL ACESSIacuteVEL 43

332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

46

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos

47

34 CONSIDERACcedilOtildeES 49

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51

41 CONSIDERACcedilOtildeES 63

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65

Referecircncias 67

Anexos 72

Anexo 1 72

Anexo 2 73

Anexo 3 74

Anexo 4 75

Anexo 5 76

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

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______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

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Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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Deficiecircncias

Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de

outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu

destino

Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui

Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem

olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores

Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de

um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no

fim do mecircs

Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da

hipocrisia

Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda

Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce

Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer

E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois

Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus

(Maacuterio Quintana)

Lista de Siglas

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades

CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de

Deficiecircncia

CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade

DF Distrito Federal

DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal

DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia

GDF Governo do Distrito Federal

HBDF Hospital de Base do Distrito Federal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais

MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios

NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia

SCN Setor Comercial Norte

SCS Setor Comercial Sul

SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos

SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania

SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana

SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano

Resumo

Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo

Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal

It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population

Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society

Sumaacuterio

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12

12 OBJETIVO GERAL 14

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14

13 HIPOacuteTESES 14

14 JUSTIFICATIVA 15

15 METODOLOGIA 16

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18

21 Conceito de acessibilidade 18

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28

26 Acessibilidade no Brasil 30

27 Acessibilidade no Distrito Federal 33

Capiacutetulo III

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36

32 Marco Legal 37

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40

3221 Legislaccedilatildeo Federal 40

3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL ACESSIacuteVEL 43

332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

46

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos

47

34 CONSIDERACcedilOtildeES 49

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51

41 CONSIDERACcedilOtildeES 63

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65

Referecircncias 67

Anexos 72

Anexo 1 72

Anexo 2 73

Anexo 3 74

Anexo 4 75

Anexo 5 76

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

ARAUJO Luiz Alberto David A proteccedilatildeo constitucional das pessoas portadoras de deficiecircncia 3 ed Brasiacutelia CORDE 2003 (Seacuterie Legislativa em Direitos Humanos Pessoa Portadora de Deficiecircncia v3)

BRASIL Acessibilidade a vida sem obstaacuteculos Cartilha do Ministeacuterio Puacuteblico de Mato Grosso 2007

______ Conselho dos Direitos do Idoso do Distrito Federal Idoso informaccedilotildees sobre os direitos poliacuteticas puacuteblicas e guia de serviccedilos e benefiacutecios sociais Brasiacutelia CIDDF 2009

______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988 Cacircmara dos Deputados Brasiacutelia 2004

______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

CFESS Coacutedigo de Eacutetica dos Assistentes Sociais Brasiacutelia 1993

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DINIZ Deacutebora O que eacute deficiecircncia Satildeo Paulo Brasiliense 2007 89 p (Coleccedilatildeo Primeiros Passos 324)

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LOIOLA Mariana Acessibilidade uma chave para a inclusatildeo social Rio de Janeiro Disponiacutevel em lthttpwwwacessobrasilorgbrindexphpitemid=263gt Acesso em 20 maio 2009

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______ Responsabilidade Institucional Em busca da eficaacutecia social dos direitos 2007

______ Accedilotildees Integradas para construir uma nova realidade 2008

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SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)

Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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Lista de Siglas

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades

CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de

Deficiecircncia

CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia

CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade

DF Distrito Federal

DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal

DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia

GDF Governo do Distrito Federal

HBDF Hospital de Base do Distrito Federal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais

MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios

NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia

SCN Setor Comercial Norte

SCS Setor Comercial Sul

SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos

SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania

SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana

SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano

Resumo

Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo

Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal

It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population

Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society

Sumaacuterio

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12

12 OBJETIVO GERAL 14

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14

13 HIPOacuteTESES 14

14 JUSTIFICATIVA 15

15 METODOLOGIA 16

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18

21 Conceito de acessibilidade 18

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28

26 Acessibilidade no Brasil 30

27 Acessibilidade no Distrito Federal 33

Capiacutetulo III

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36

32 Marco Legal 37

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40

3221 Legislaccedilatildeo Federal 40

3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL ACESSIacuteVEL 43

332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

46

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos

47

34 CONSIDERACcedilOtildeES 49

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51

41 CONSIDERACcedilOtildeES 63

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65

Referecircncias 67

Anexos 72

Anexo 1 72

Anexo 2 73

Anexo 3 74

Anexo 4 75

Anexo 5 76

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

ARAUJO Luiz Alberto David A proteccedilatildeo constitucional das pessoas portadoras de deficiecircncia 3 ed Brasiacutelia CORDE 2003 (Seacuterie Legislativa em Direitos Humanos Pessoa Portadora de Deficiecircncia v3)

BRASIL Acessibilidade a vida sem obstaacuteculos Cartilha do Ministeacuterio Puacuteblico de Mato Grosso 2007

______ Conselho dos Direitos do Idoso do Distrito Federal Idoso informaccedilotildees sobre os direitos poliacuteticas puacuteblicas e guia de serviccedilos e benefiacutecios sociais Brasiacutelia CIDDF 2009

______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988 Cacircmara dos Deputados Brasiacutelia 2004

______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

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Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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Resumo

Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo

Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal

It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population

Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society

Sumaacuterio

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12

12 OBJETIVO GERAL 14

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14

13 HIPOacuteTESES 14

14 JUSTIFICATIVA 15

15 METODOLOGIA 16

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18

21 Conceito de acessibilidade 18

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28

26 Acessibilidade no Brasil 30

27 Acessibilidade no Distrito Federal 33

Capiacutetulo III

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36

32 Marco Legal 37

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40

3221 Legislaccedilatildeo Federal 40

3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL ACESSIacuteVEL 43

332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

46

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos

47

34 CONSIDERACcedilOtildeES 49

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51

41 CONSIDERACcedilOtildeES 63

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65

Referecircncias 67

Anexos 72

Anexo 1 72

Anexo 2 73

Anexo 3 74

Anexo 4 75

Anexo 5 76

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

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______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

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Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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Sumaacuterio

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12

12 OBJETIVO GERAL 14

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14

13 HIPOacuteTESES 14

14 JUSTIFICATIVA 15

15 METODOLOGIA 16

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18

21 Conceito de acessibilidade 18

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28

26 Acessibilidade no Brasil 30

27 Acessibilidade no Distrito Federal 33

Capiacutetulo III

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36

32 Marco Legal 37

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40

3221 Legislaccedilatildeo Federal 40

3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL ACESSIacuteVEL 43

332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

46

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos

47

34 CONSIDERACcedilOtildeES 49

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51

41 CONSIDERACcedilOtildeES 63

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65

Referecircncias 67

Anexos 72

Anexo 1 72

Anexo 2 73

Anexo 3 74

Anexo 4 75

Anexo 5 76

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

ARAUJO Luiz Alberto David A proteccedilatildeo constitucional das pessoas portadoras de deficiecircncia 3 ed Brasiacutelia CORDE 2003 (Seacuterie Legislativa em Direitos Humanos Pessoa Portadora de Deficiecircncia v3)

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______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

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Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40

3221 Legislaccedilatildeo Federal 40

3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL ACESSIacuteVEL 43

332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

46

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos

47

34 CONSIDERACcedilOtildeES 49

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51

41 CONSIDERACcedilOtildeES 63

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65

Referecircncias 67

Anexos 72

Anexo 1 72

Anexo 2 73

Anexo 3 74

Anexo 4 75

Anexo 5 76

Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

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______ Conselho dos Direitos do Idoso do Distrito Federal Idoso informaccedilotildees sobre os direitos poliacuteticas puacuteblicas e guia de serviccedilos e benefiacutecios sociais Brasiacutelia CIDDF 2009

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______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

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Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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Capiacutetulo I

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de

acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com

necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes

eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade

O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940

poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi

apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo

assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que

de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos

motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de

mobilidade

Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de

habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem

este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a

sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave

participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania

Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou

mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo

brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem

contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu

movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira

Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as

poliacuteticas puacuteblicas

Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo

biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e

de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

ARAUJO Luiz Alberto David A proteccedilatildeo constitucional das pessoas portadoras de deficiecircncia 3 ed Brasiacutelia CORDE 2003 (Seacuterie Legislativa em Direitos Humanos Pessoa Portadora de Deficiecircncia v3)

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______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

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Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas

devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas

limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras

fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma

condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas

Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se

necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos

integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees

convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos

motivos tenham uma necessidade especial

A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender

o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e

a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham

toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania

Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com

mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos

espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em

vista a responsabilidade social e a dignidade humana

11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO

As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade

isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de

acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com

seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais

medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios

possam usufruir o sistema com liberdade

Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se

exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar

as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como

maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

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______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988 Cacircmara dos Deputados Brasiacutelia 2004

______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

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Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o

fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil

e dono de seu destino

Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas

com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para

pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros

adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem

como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo

localizados em locais distantes ou natildeo funcionam

Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais

sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma

adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto

eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver

em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram

Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a

sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as

pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente

atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a

concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que

envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais

satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma

Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida

levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade

desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades

especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-

se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com

qualidade e de forma autocircnoma

12 OBJETIVO GERAL

Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado

nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a

situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de

preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas

121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com

necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes

indiviacuteduos na sociedade

Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo

das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas

pela sociedade

Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate

13 HIPOacuteTESES

Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa

Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e

quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade

Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e

preconceitos existentes

O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma

barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e

preconceito

14 JUSTIFICATIVA

O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e

principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades

Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB

a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da

deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento

Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico

se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que

ainda eacute escassa sobre o tema

Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas

a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma

visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar

todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar

uma vida autocircnoma

Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de

concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes

se encontra agrave margem da sociedade

Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja

mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por

poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas

adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um

tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e

tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade

(GARCIA YANNOULAS 2003

apud SOUZA 2008 p14)

15 METODOLOGIA

A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo

cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO

1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural

que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da

histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre

diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este

meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por

ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse

modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades

especiais ocasionada pela sociedade em geral

O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade

a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo

de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto

produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas

raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os

modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a

sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie

Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias

Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A

pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por

meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)

Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento

bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com

necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as

poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal

escolhidos aleatoriamente e representantes do governo

As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito

pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma

que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi

ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e

que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e

depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e

anonimato dos participantes

Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e

procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas

obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos

enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas

especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas

de acessibilidade

Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em

consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a

sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para

tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas

de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal

Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas

em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava

de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso

TCC

de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o

sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta

vaga

Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees

discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem

de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio

de livros cartilhas revistas especializadas e internet

Capiacutetulo II

2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO

MUNDO

A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de

industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente

imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais

raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando

caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em

um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades

especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se

afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade

Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas

pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo

abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo

apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas

referentes agrave acessibilidade

21 Conceito de acessibilidade

Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano

da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por

tal praacutetica

Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a

espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute

visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de

rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p

19)

Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a

Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de

Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o

conceito de acessibilidade

No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)

Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a

acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como

primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida

desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o

acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo

Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem

uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo

desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados

sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)

Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso

a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos

Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional

do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do

Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo

a

acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica

Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica

comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que

todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se

faltar uma as outras satildeo comprometidas

Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)

Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas

tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento

reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas

de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos

como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de

restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas

deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser

deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir

De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo

Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da

exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas

para uma determinada sociedade

(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste

de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente

relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos

e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso

Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia

suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou

mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas

capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande

parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as

diferenccedilas

Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais

do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se

indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee

Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem

agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social

No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da

sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio

de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a

autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees

seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual

maneira

Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao

[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade

tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees

desportivas e de lazer

se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL

CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1

Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na

construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais

baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e

toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por

pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento

Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de

cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais

diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na

sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A

sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista

emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria

22 Definiccedilatildeo de acessibilidade

Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa

livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR

2001 apud SOARES 2003 p 10)

Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade

podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma

acessibilidade pode ser descrita como

[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)

1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982

Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR

Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com

autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR

9050 2004)

Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e

transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a

estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja

capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano

(SANTOS 1994

apud SOARES 2003 p 10)

Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona

acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos

de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala

Soares (2003 p 24)

[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional

Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de

02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de

movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam

impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas

o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de

limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da

populaccedilatildeo

Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois

este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que

vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria

as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de

mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com

crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se

enquadrarem em tal categoria

23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia

O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma

alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a

deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve

ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as

pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente

suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com

reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social

Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia

com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de

qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser

combatida com tratamentos

O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da

educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas

possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida

apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e

felicidade

Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a

saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo

contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos

nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades

corporais (DINIZ 2007)

Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel

natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser

removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A

deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus

familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico

O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias

trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia

natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para

identificar a deficiecircncia

(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave

sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo

destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o

tema acessibilidade

Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo

biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta

alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a

deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se

adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a

seguir

[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)

Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de

mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o

exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua

formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em

articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma

vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006)

Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso

de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de

obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem

requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e

reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis

custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003

p 11)

As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes

configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais

evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo

disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos

banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com

os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira

dos Sinais) etc

Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma

corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e

devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que

as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas

(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade

proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes

condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias

24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade

Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser

utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das

pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e

profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu

surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a

reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees

Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais

de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido

a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem

dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria

famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral

Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de

barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam

internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e

laboratoacuterios

Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo

(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e

dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a

operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham

como princiacutepios

1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida

2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos

3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees

4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades

5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute

6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo

7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)

A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas

Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu

verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das

barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-

inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada

surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo

Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo

jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para

conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-

requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e

exercer a cidadania

(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)

Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma

mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila

e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o

conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute

possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo

Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o

paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios

de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los

independentemente da idade ou de suas capacidades

25 Desenho acessiacutevel e desenho universal

Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz

respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de

uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas

das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho

acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os

componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou

ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade

O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em

Washington

EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas

e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar

todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de

maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de

forma autocircnoma sua cidadania

Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de

comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior

tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades

e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso

flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o

erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo

O modelo do desenho universal tem como princiacutepios

1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes

capacidades

2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de

preferecircncias e capacidades individuais

3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender

independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos

aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo

4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a

informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees

ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador

5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas

decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias

6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e

confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga

7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e

dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo

independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador

Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele

possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem

desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em

acessibilidade

Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a

acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem

em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki

(2009)

A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2

Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos

designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho

Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do

Norte

26 Acessibilidade no Brasil

O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi

objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns

toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade

sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891

Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do

conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na

Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute

assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior

As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a

igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se

tornarem invaacutelidos

2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009

A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia

ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo

quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave

adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais

Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave

Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978

Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I

educaccedilatildeo especial e gratuita II

assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III

proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV

possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de

promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando

[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se

garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a

espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos

edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de

garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL

CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)

No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos

tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se

que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade

e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras

Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho

universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal

humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na

sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de

acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal

No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder

Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de

acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu

descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade

ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas

teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto

nordm 5296

Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade

Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de

construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as

pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e

instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o

desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade

reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas

No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com

deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade

Vocecirc tambeacutem tem compromisso

A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age

como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a

permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e

defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na

sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas

de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros

Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de

sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de

modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha

tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades

Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre

outros

27 Acessibilidade no Distrito Federal

Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua

histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da

Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital

brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos

contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma

populaccedilatildeo de 2557158 habitantes

Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que

contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou

inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma

necessidade especial

Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito

Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o

desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de

Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de

acessibilidade

Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de

oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e

Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -

CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees

Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo

Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do

Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem

Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito

Federal

O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as

pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber

urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a

eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de

acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de

inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias

com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral

Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os

trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e

otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a

confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus

adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo

As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as

legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com

necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo

Capiacutetulo III

Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no

mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados

conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas

promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a

fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre

foram excluiacutedas socialmente

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo

exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a

accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando

representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua

proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo

As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas

1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem

um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito

tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos

cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico

2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis

3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas

puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos

governantes

4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica

privada

3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa

Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como

uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou

responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte

do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees

governamentais

31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania

Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos

sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar

mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes

positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)

Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas

para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute

um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e

desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas

Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo

desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste

sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais

dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos

Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de

Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo

de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da

igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo

A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica

pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta

possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS

1991 p 49)

Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos

da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos

e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as

poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e

garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania

As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e

restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da

cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas

com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do

cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais

poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas

conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)

constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de

preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente

discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o

debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos

direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e

sociedade

Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois

deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania

se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os

indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve

entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade

entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das

pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos

32 Marco Legal

321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental

e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies

normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com

necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a

inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos

dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia

No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo

Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das

pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo

promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia

No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a

Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica

Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria

No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I

Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em

oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213

de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5

de pessoas com deficiecircncia

[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo

No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do

Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as

pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227

[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia

No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais

Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm

Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos

importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis

infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os

dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia

O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para

a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de

forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem

um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades

Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida

familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer

constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade

reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para

desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)

4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais

322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional

3221 Legislaccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as

accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm

como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas

infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas

abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo

podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de

inviabilizar ou reduzir um direito declarado

A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem

ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades

especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito

nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho

A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com

deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo

da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define

crimes contra o preconceito

Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e

sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de

qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder

Puacuteblico e da sociedade 5

A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos

agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6

Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas

concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura

5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000

assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo

de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido

infraccedilatildeo ao disposto na lei

Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000

estabelece normas e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e

espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos

meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7

Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais

devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou

com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de

promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os

banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a

pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes

em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos

de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas

Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da

acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece

normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos

edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo

nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo

Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave

eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de

campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral

7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV

elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V

mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga

acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade

especiais

Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004

regulamenta as Leis ndeg

10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com

deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de

colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios

baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com

mobilidade reduzida

3222 Legislaccedilatildeo Distrital

Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca

da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes

visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso

coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto

entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a

elaboraccedilatildeo deste trabalho

A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998

o qual altera a Lei nordm 2105 de 8

de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal

constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica

do Distrito Federal

O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000

dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias

puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na

construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave

garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia

O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001

dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo

de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde

estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees

proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da

legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica

O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003

trata sobre a acessibilidade para

pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou

seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo

agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de

locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute

depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees

Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007

que institui a nova

Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi

estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante

bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da

acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de

oacutergatildeos e entidades distritais

Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o

Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores

de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo

da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -

SEJUS

33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade

Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste

trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal

mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute

importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a

acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui

descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado

331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana

BRASIL

ACESSIacuteVEL

O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de

2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos

municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que

garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes

equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL

ACESSIacuteVEL 2006 p5)

Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de

transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no

planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave

integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave

organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico

Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados

materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos

1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade

2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de

elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de

projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos

puacuteblicos ou privados

3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que

estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade

das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma

permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de

projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com

deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida

5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas

de Transporte Acessiacutevel

6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em

desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma

cidade acessiacutevel

332 Campanha Nacional de Acessibilidade

Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de

acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de

sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10

de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia

ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade

Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma

accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que

possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-

Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal

pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual

A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que

vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em

jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm

entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os

dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia

Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de

torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que

acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem

gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas

as idades sexo etnia e torcidas

10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem

Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade

para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com

deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente

incluiacuteda na sociedade

333 Programa Acessibilidade Direito de todos

O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no

ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em

parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou

com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos

puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e

representantes de entidades ligadas agrave questatildeo

Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como

uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees

que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que

atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a

esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a

eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas

publicitaacuterias

Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem

desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos

suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso

puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de

assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de

rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios

puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e

engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees

Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias

como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas

bancos transporte coletivo e miacutedia

334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos

De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km

de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados

permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover

sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a

mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos

turistas

A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para

diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais

da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de

acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil

profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do

Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas

Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo

da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades

carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e

incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi

inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia

apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os

usuaacuterios possam ter

No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm

29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O

projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as

lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias

rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas

A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das

Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O

objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e

empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal

sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade

Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade

no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar

essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a

entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo

com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil

veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais

contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que

toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente

A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras

Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio

no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte

(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de

largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre

visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos

adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros

A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas

pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O

objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de

dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de

mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem

faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria

das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade

No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114

Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves

pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo

espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e

proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da

Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com

Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia

A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de

serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico

tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e

elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento

Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer

cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais

diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela

Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar

fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar

o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar

para aacutereas diferentes

34 CONSIDERACcedilOtildeES

Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem

apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se

faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As

diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo

sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse

modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade

A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida

em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade

em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que

accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem

como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos

A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o

territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste

segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma

aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos

os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os

membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos

ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que

busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos

Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)

Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de

garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e

autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute

para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais

promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social

de pessoas excluiacutedas

De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir

a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem

contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas

vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital

Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de

grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves

pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos

oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida

Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das

pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos

Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees

sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham

em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade

Capiacutetulo IV

4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE

Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com

indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos

passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo

vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais

As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com

deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes

natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e

nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente

As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem

ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de

necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute

proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia

As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma

maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os

contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades

especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No

entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio

natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)

Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da

sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em

trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a

diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11

11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora

quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns

meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo

minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua

A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois

anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de

poliomielite Tal sujeito afirma que em

sua casa natildeo encontra dificuldades

para viver com autonomia exercendo

todas as atividades sem dificuldades

Contudo quando necessita se

locomover pelas ruas da cidade

aparecem os problemas jaacute que as

calccediladas natildeo tecircm uma continuidade

havendo obstaacuteculos como placas em

lugares que impossibilitam a

locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres

Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados

obstruindo a passagem

O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital

puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia

Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas

necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois

natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho

As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas

sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido

ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais

diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros

12 NBR 9050

Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos

Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito

pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo

sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute

conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com

completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa

natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje

natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da

experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou

desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da

vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem

pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou

A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas

limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos

de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir

obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de

forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo

que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e

autonomia

Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor

minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa

mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas

necessidades eles natildeo fazem isso

Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990

quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de

processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as

organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi

transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)

A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave

formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo

verbal)13 de

nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas

Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu

conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de

benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto

estavam segregadas da sociedade

agraves vezes ouvidas

ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade

agraves vezes ouvidas

agora como garantia de direito

cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer

Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a

opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas

sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)

Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas

existentes satildeo resultados da luta de

diversos movimentos por garantia de

seus direitos isto eacute satildeo respostas do

Estado agraves demandas provenientes da

sociedade e do seu interior Neste

sentido pessoas que natildeo estatildeo

diretamente envolvidas em

movimentos sociais por exemplo

muitas vezes permanecem agrave margem

quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo

das poliacuteticas Sobre este assunto um

entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda

mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam

13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643

Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal

pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma

necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel

O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para

adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na

cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de

forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na

sociedade

Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena

participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de

acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade

local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das

reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas

para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de

acessibilidade

Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados

aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem

concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por

parte da sociedade mas sim como uma garantia legal

E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me

preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer

Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha

maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha

O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir

poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam

exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma

dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um

constrangimento

Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente

vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por

vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de

acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como

sua utilizaccedilatildeo de maneira independente

O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas

com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em

lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades

Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)

[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares

No entanto natildeo basta apenas

garantir um ambiente acessiacutevel deve-

se tambeacutem assegurar funcionaacuterios

capacitados Foi possiacutevel notar em

discursos de diversas pessoas a

presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma

de auxiliar na concretizaccedilatildeo da

acessibilidade exemplo disso nota-se

na fala de um bancaacuterio eu acho que a

empresa deveria investir mais em

qualificar os profissionais pois tem

muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo

braccedilo e carrega E natildeo eacute assim

A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme

citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar

capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro

Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa

onde natildeo teve expediente

Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul

DF

Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a

perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase

Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia

fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender

um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes

para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter

vontade pois o banco natildeo incentiva muito

Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo

em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a

seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque

por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de

poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute

acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar

uma parede ali e fazer um elevador

Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas

preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa

sobre o que eacute obesidade

A obesidade no Brasil e no

mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais

presente De acordo com dados

divulgados pelo IBGE estaacute

aumentando o nuacutemero de pessoas

obesas As pesquisas indicam que haacute

cerca de 17 milhotildees de obesos no

Brasil o que representa 96 da

populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel

percentual ainda satildeo pouco discutidas

no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida

como a de qualquer outro cidadatildeo

Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA

Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de

forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem

natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais

cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em

uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no

ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na

cadeira Senti certo preconceito na fala dela

A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas

uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida

doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas

agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais

mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a

garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade

Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo

isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui

pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo

Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com

pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da

mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo

brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser

destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com

deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga

Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute

vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas

com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o

mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais

14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes

diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para

chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia

necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos

Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas

presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro

de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo

respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do

carro

Um indiviacuteduo entrevistado

tambeacutem cadeirante fez o seguinte

balanccedilo das vagas especiais Eacute bom

mas ainda precisa ter uma

conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo

natildeo adianta eles aumentarem as vagas

se vatildeo continuar tendo pessoas que

natildeo precisam de vagas para ficar mais

uns cinco minutinhos pois aqueles

cinco minutinhos fazem falta pra

algueacutem que precisa realmente

Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo

prevecirc que o

[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)

No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o

caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a

acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho

difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e

fazer o que eles querem na parte de cima

Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF

Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado

devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais

diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade

isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no

estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia

Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o

conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo

de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a

outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a

um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos

de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura

Um exemplo da ausecircncia de

uma rota acessiacutevel pode ser

visualizado na foto apresentada da

QN 16 do Riacho Fundo II onde

habitam alguns deficientes visuais e

ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou

piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na

travessia ateacute a residecircncia Este

percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo

meio da rua disputando espaccedilo com

carros e ocircnibus

Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano

Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes

visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de

que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento

Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela

porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo

tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo

Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo

inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam

algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas

Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte

afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que

adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os

equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de

que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do

Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo

localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem

suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior

Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves

vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute

O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees

administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho

Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam

alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa

Maria e 55 em Samambaia

Em uma visita pela QN 16 do

Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total

falta de acessibilidade para uma

expressiva demanda existente no local

perceptiacutevel no discurso de um casal de

deficientes visuais entrevistados

proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem

de um passeio onde utilizaram o

transporte urbano puacuteblico para

chegarmos aqui passamos pelo retorno

porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem

Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II

calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel

enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo

consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra

bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o

Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo

Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar

brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra

laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo

tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada

Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de

accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem

como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas

acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas

moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis

perceptiacuteveis por quem

utiliza bengala

ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de

travessia

aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com

deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a

situaccedilatildeo continua a mesma

Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que

parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo

motorista que passou reto ao meu sinal

A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem

aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960

para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da

mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no

social cognitivo e mesmo fiacutesico

A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam

realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido

oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande

parte demandam mais tempo para realizem atividades

As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo

gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e

natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas

passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser

provocada uma batida

Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute

necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal

pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar

principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo

41 CONSIDERACcedilOtildeES

Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a

edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo

gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a

sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a

finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a

praacutetica da cidadania de modo autocircnomo

Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos

momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas

idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro

objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de

desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados

A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo

realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute

indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de

pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a

participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

acessibilidade

A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das

poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas

que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do

que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma

sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir

e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso

aprender a conviver com a diferenccedilas

Capiacutetulo V

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade

promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela

sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca

acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se

entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos

enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica

A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi

percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um

assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem

como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas

mudanccedilas

A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres

humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa

constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a

desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de

suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a

precisar de algum serviccedilo especial

A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como

diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois

se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com

deficiecircncia ou mobilidade reduzida

O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo

da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos

e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa

forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos

Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com

deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma

pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees

existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas

Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com

necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para

que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um

ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que

tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o

funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da

agecircncia

As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente

suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser

padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e

todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades

Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que

ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma

inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade

Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a

participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo

os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas

Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um

ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer

toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem

conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de

atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras

Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados

sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no

governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente

colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram

um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre

o tema ainda se manifesta

Referecircncias

ARAUJO Luiz Alberto David A proteccedilatildeo constitucional das pessoas portadoras de deficiecircncia 3 ed Brasiacutelia CORDE 2003 (Seacuterie Legislativa em Direitos Humanos Pessoa Portadora de Deficiecircncia v3)

BRASIL Acessibilidade a vida sem obstaacuteculos Cartilha do Ministeacuterio Puacuteblico de Mato Grosso 2007

______ Conselho dos Direitos do Idoso do Distrito Federal Idoso informaccedilotildees sobre os direitos poliacuteticas puacuteblicas e guia de serviccedilos e benefiacutecios sociais Brasiacutelia CIDDF 2009

______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988 Cacircmara dos Deputados Brasiacutelia 2004

______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008

______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo

Governo do Distrito Federal

______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias

______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias

______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5

______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6

CFESS Coacutedigo de Eacutetica dos Assistentes Sociais Brasiacutelia 1993

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SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)

Anexos

Anexo 1

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade

O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo

A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)

Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora

Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom

Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa

( ) Aceito participar da pesquisa

Nome _________________________________________________________

Assinatura _____________________________________________________

________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)

Brasiacutelia ___ de______________de 2009

Anexo 2

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)

Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)

Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo

Vocecirc trabalha Se sim com o que

Como eacute tratado em seu serviccedilo

Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)

Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local

E pelos demais usuaacuterios

O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas

Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existe elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo

Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo

Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade

Vocecirc participa de algum tipo de movimento social

Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade

Anexo 3

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios

Local onde reside

Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo

Qual seu curso

O que entende por acessibilidade

Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade

Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial

Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)

Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais

Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas

Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais

Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Se existem elas atendem as reais necessidades

Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade

Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas

Anexo 4

Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais

Local onde reside

Profissatildeo ocupaccedilatildeo

O que entende por acessibilidade

O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial

Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades

especiais

Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente

Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas

pessoas

Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios

Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento

Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a

acessibilidade

Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas

O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade

Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas

Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)

Anexo 5

ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA

Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de

movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade

Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira

Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da

pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do

Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos

eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e

pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de

Acessibilidade

O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo

de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do

Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo

CNS 19696)

Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009

Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH

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