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Universidade de Brasiacutelia
UnB
Instituto de Ciecircncias Humanas
IH
Departamento de Serviccedilo Social
SER
Renata Caroline da Costa Vaz
SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO
NAS POLIacuteTICAS DE ACESSIBILIDADE
Brasiacutelia DF 2009
Universidade de Brasiacutelia
UnB
Instituto de Ciecircncias Humanas
IH
Departamento de Serviccedilo Social
SER
Renata Caroline da Costa Vaz
SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO
NAS POLIacuteTICAS DE ACESSIBILIDADE
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Departamento de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Serviccedilo Social
Orientadora Profordf MS Camila Potyara Pereira
Brasiacutelia DF 2009
___________________________________________________________
V393s Vaz Renata Caroline da Costa Sociedade do Distrito Federal e pessoas com
necessidades especiais o impacto dessa relaccedilatildeo nas poliacuteticas de acessibilidade [manuscrito] Renata Caroline da Costa Vaz
2009 69 f il 30 cm
Datilografado (fotocoacutepia) Trabalho de Conclusatildeo de Curso (graduaccedilatildeo)
Universidade de Brasiacutelia 2009 Orientadora Profordf MS Camila Potyara Pereira
1 Pessoas com necessidades especiais 2 Poliacutetica de acessibilidade 3 Acessibilidade 4 Sociedade do Distrito Federal I Tiacutetulo
___________________________________________________________
Universidade de Brasiacutelia
UnB
Instituto de Ciecircncias Humanas
IH
Departamento de Serviccedilo Social
SER
RENATA CAROLINE DA COSTA VAZ
SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO NAS POLIacuteTICAS DE
ACESSIBILIDADE
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________ Profordf MS Camila Potyara Pereira (Orientadora)
______________________________________________________________________ Maacutercia Maria Braga Rocha Muniz (Membro Externo - Coordenadora Teacutecnica da
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade - DF)
______________________________________________________________________ Profordf MS Daniela Neves de Sousa (Membro Interno
Departamento de Serviccedilo SocialUnB)
Agradecimentos
Agradeccedilo primeiramente a Deus autor da vida e amigo de todas as horas
Agrave minha matildee pai e irmatildeos que sempre me deram apoio e forccedila natildeo cobrando
nada em troca Aos meus familiares por todo o apoio ao longo de toda a minha vida por
sempre acreditarem em mim e sempre me incentivarem a lutar por meus objetivos sem
vocecircs eu natildeo teria conseguido
Agrave professora Ms Camila Potyara Pereira pelo incentivo pela disponibilidade
e por toda paciecircncia na construccedilatildeo deste trabalho
Agrave professora Daniela Neves de Sousa por aceitar participar da banca
examinadora bem como agrave Maacutercia Muniz e agrave Isabel por sempre se mostrarem dispostas
a me escutar e auxiliar na construccedilatildeo deste trabalho
Ao Filipe por toda a paciecircncia e disposiccedilatildeo pra me ajudar Por acreditar em
mim mesmo quando eu natildeo acreditava sempre disposto a andar horas atraacutes de conseguir
uma entrevista ou uma foto sempre atento a alguma informaccedilatildeo que pudesse contribuir
com meu trabalho Nosso
trabalho deu certo
As companheiras de estudo medos alegrias e por que natildeo picaretagens
Alessandra e Raquel vocecircs foram muito importantes durante todos estes anos fizeram a
Universidade ser muito mais divertida Agrave Eliene Regiane Geuci Dani e toda a minha
turma por todos os momentos que passamos junts
Aos amigos Bruno Humberto Gilmar Selma por sempre estarem dispostos a
me ajudar e incentivar a nunca desistir de um objetivo Vocecircs satildeo exemplos de
determinaccedilatildeo Ao Faacutebio por todos os momentos divertidos que tivemos juntos
Enfim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que pudesse
chegar ateacute aqui A todos os amigos e amigas professores e pessoas que passaram em
minha vida contribuindo para o meu crescimento
Renata Caroline da Costa Vaz
Deficiecircncias
Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de
outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu
destino
Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui
Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem
olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores
Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de
um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no
fim do mecircs
Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da
hipocrisia
Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda
Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce
Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer
E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois
Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus
(Maacuterio Quintana)
Lista de Siglas
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades
CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de
Deficiecircncia
CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade
DF Distrito Federal
DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal
DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia
GDF Governo do Distrito Federal
HBDF Hospital de Base do Distrito Federal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais
MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia
SCN Setor Comercial Norte
SCS Setor Comercial Sul
SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos
SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania
SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana
SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano
Resumo
Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo
Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal
It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population
Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society
Sumaacuterio
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO 11
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12
12 OBJETIVO GERAL 14
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14
13 HIPOacuteTESES 14
14 JUSTIFICATIVA 15
15 METODOLOGIA 16
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18
21 Conceito de acessibilidade 18
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28
26 Acessibilidade no Brasil 30
27 Acessibilidade no Distrito Federal 33
Capiacutetulo III
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36
32 Marco Legal 37
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40
3221 Legislaccedilatildeo Federal 40
3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL ACESSIacuteVEL 43
332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
46
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos
47
34 CONSIDERACcedilOtildeES 49
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51
41 CONSIDERACcedilOtildeES 63
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65
Referecircncias 67
Anexos 72
Anexo 1 72
Anexo 2 73
Anexo 3 74
Anexo 4 75
Anexo 5 76
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008
______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
Governo do Distrito Federal
______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
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______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5
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SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)
Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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Universidade de Brasiacutelia
UnB
Instituto de Ciecircncias Humanas
IH
Departamento de Serviccedilo Social
SER
Renata Caroline da Costa Vaz
SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO
NAS POLIacuteTICAS DE ACESSIBILIDADE
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Departamento de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Serviccedilo Social
Orientadora Profordf MS Camila Potyara Pereira
Brasiacutelia DF 2009
___________________________________________________________
V393s Vaz Renata Caroline da Costa Sociedade do Distrito Federal e pessoas com
necessidades especiais o impacto dessa relaccedilatildeo nas poliacuteticas de acessibilidade [manuscrito] Renata Caroline da Costa Vaz
2009 69 f il 30 cm
Datilografado (fotocoacutepia) Trabalho de Conclusatildeo de Curso (graduaccedilatildeo)
Universidade de Brasiacutelia 2009 Orientadora Profordf MS Camila Potyara Pereira
1 Pessoas com necessidades especiais 2 Poliacutetica de acessibilidade 3 Acessibilidade 4 Sociedade do Distrito Federal I Tiacutetulo
___________________________________________________________
Universidade de Brasiacutelia
UnB
Instituto de Ciecircncias Humanas
IH
Departamento de Serviccedilo Social
SER
RENATA CAROLINE DA COSTA VAZ
SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO NAS POLIacuteTICAS DE
ACESSIBILIDADE
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________ Profordf MS Camila Potyara Pereira (Orientadora)
______________________________________________________________________ Maacutercia Maria Braga Rocha Muniz (Membro Externo - Coordenadora Teacutecnica da
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade - DF)
______________________________________________________________________ Profordf MS Daniela Neves de Sousa (Membro Interno
Departamento de Serviccedilo SocialUnB)
Agradecimentos
Agradeccedilo primeiramente a Deus autor da vida e amigo de todas as horas
Agrave minha matildee pai e irmatildeos que sempre me deram apoio e forccedila natildeo cobrando
nada em troca Aos meus familiares por todo o apoio ao longo de toda a minha vida por
sempre acreditarem em mim e sempre me incentivarem a lutar por meus objetivos sem
vocecircs eu natildeo teria conseguido
Agrave professora Ms Camila Potyara Pereira pelo incentivo pela disponibilidade
e por toda paciecircncia na construccedilatildeo deste trabalho
Agrave professora Daniela Neves de Sousa por aceitar participar da banca
examinadora bem como agrave Maacutercia Muniz e agrave Isabel por sempre se mostrarem dispostas
a me escutar e auxiliar na construccedilatildeo deste trabalho
Ao Filipe por toda a paciecircncia e disposiccedilatildeo pra me ajudar Por acreditar em
mim mesmo quando eu natildeo acreditava sempre disposto a andar horas atraacutes de conseguir
uma entrevista ou uma foto sempre atento a alguma informaccedilatildeo que pudesse contribuir
com meu trabalho Nosso
trabalho deu certo
As companheiras de estudo medos alegrias e por que natildeo picaretagens
Alessandra e Raquel vocecircs foram muito importantes durante todos estes anos fizeram a
Universidade ser muito mais divertida Agrave Eliene Regiane Geuci Dani e toda a minha
turma por todos os momentos que passamos junts
Aos amigos Bruno Humberto Gilmar Selma por sempre estarem dispostos a
me ajudar e incentivar a nunca desistir de um objetivo Vocecircs satildeo exemplos de
determinaccedilatildeo Ao Faacutebio por todos os momentos divertidos que tivemos juntos
Enfim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que pudesse
chegar ateacute aqui A todos os amigos e amigas professores e pessoas que passaram em
minha vida contribuindo para o meu crescimento
Renata Caroline da Costa Vaz
Deficiecircncias
Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de
outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu
destino
Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui
Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem
olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores
Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de
um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no
fim do mecircs
Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da
hipocrisia
Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda
Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce
Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer
E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois
Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus
(Maacuterio Quintana)
Lista de Siglas
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades
CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de
Deficiecircncia
CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade
DF Distrito Federal
DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal
DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia
GDF Governo do Distrito Federal
HBDF Hospital de Base do Distrito Federal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais
MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia
SCN Setor Comercial Norte
SCS Setor Comercial Sul
SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos
SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania
SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana
SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano
Resumo
Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo
Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal
It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population
Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society
Sumaacuterio
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO 11
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12
12 OBJETIVO GERAL 14
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14
13 HIPOacuteTESES 14
14 JUSTIFICATIVA 15
15 METODOLOGIA 16
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18
21 Conceito de acessibilidade 18
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28
26 Acessibilidade no Brasil 30
27 Acessibilidade no Distrito Federal 33
Capiacutetulo III
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36
32 Marco Legal 37
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40
3221 Legislaccedilatildeo Federal 40
3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL ACESSIacuteVEL 43
332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
46
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos
47
34 CONSIDERACcedilOtildeES 49
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51
41 CONSIDERACcedilOtildeES 63
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65
Referecircncias 67
Anexos 72
Anexo 1 72
Anexo 2 73
Anexo 3 74
Anexo 4 75
Anexo 5 76
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
Governo do Distrito Federal
______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5
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Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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___________________________________________________________
V393s Vaz Renata Caroline da Costa Sociedade do Distrito Federal e pessoas com
necessidades especiais o impacto dessa relaccedilatildeo nas poliacuteticas de acessibilidade [manuscrito] Renata Caroline da Costa Vaz
2009 69 f il 30 cm
Datilografado (fotocoacutepia) Trabalho de Conclusatildeo de Curso (graduaccedilatildeo)
Universidade de Brasiacutelia 2009 Orientadora Profordf MS Camila Potyara Pereira
1 Pessoas com necessidades especiais 2 Poliacutetica de acessibilidade 3 Acessibilidade 4 Sociedade do Distrito Federal I Tiacutetulo
___________________________________________________________
Universidade de Brasiacutelia
UnB
Instituto de Ciecircncias Humanas
IH
Departamento de Serviccedilo Social
SER
RENATA CAROLINE DA COSTA VAZ
SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO NAS POLIacuteTICAS DE
ACESSIBILIDADE
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________ Profordf MS Camila Potyara Pereira (Orientadora)
______________________________________________________________________ Maacutercia Maria Braga Rocha Muniz (Membro Externo - Coordenadora Teacutecnica da
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade - DF)
______________________________________________________________________ Profordf MS Daniela Neves de Sousa (Membro Interno
Departamento de Serviccedilo SocialUnB)
Agradecimentos
Agradeccedilo primeiramente a Deus autor da vida e amigo de todas as horas
Agrave minha matildee pai e irmatildeos que sempre me deram apoio e forccedila natildeo cobrando
nada em troca Aos meus familiares por todo o apoio ao longo de toda a minha vida por
sempre acreditarem em mim e sempre me incentivarem a lutar por meus objetivos sem
vocecircs eu natildeo teria conseguido
Agrave professora Ms Camila Potyara Pereira pelo incentivo pela disponibilidade
e por toda paciecircncia na construccedilatildeo deste trabalho
Agrave professora Daniela Neves de Sousa por aceitar participar da banca
examinadora bem como agrave Maacutercia Muniz e agrave Isabel por sempre se mostrarem dispostas
a me escutar e auxiliar na construccedilatildeo deste trabalho
Ao Filipe por toda a paciecircncia e disposiccedilatildeo pra me ajudar Por acreditar em
mim mesmo quando eu natildeo acreditava sempre disposto a andar horas atraacutes de conseguir
uma entrevista ou uma foto sempre atento a alguma informaccedilatildeo que pudesse contribuir
com meu trabalho Nosso
trabalho deu certo
As companheiras de estudo medos alegrias e por que natildeo picaretagens
Alessandra e Raquel vocecircs foram muito importantes durante todos estes anos fizeram a
Universidade ser muito mais divertida Agrave Eliene Regiane Geuci Dani e toda a minha
turma por todos os momentos que passamos junts
Aos amigos Bruno Humberto Gilmar Selma por sempre estarem dispostos a
me ajudar e incentivar a nunca desistir de um objetivo Vocecircs satildeo exemplos de
determinaccedilatildeo Ao Faacutebio por todos os momentos divertidos que tivemos juntos
Enfim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que pudesse
chegar ateacute aqui A todos os amigos e amigas professores e pessoas que passaram em
minha vida contribuindo para o meu crescimento
Renata Caroline da Costa Vaz
Deficiecircncias
Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de
outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu
destino
Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui
Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem
olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores
Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de
um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no
fim do mecircs
Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da
hipocrisia
Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda
Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce
Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer
E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois
Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus
(Maacuterio Quintana)
Lista de Siglas
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades
CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de
Deficiecircncia
CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade
DF Distrito Federal
DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal
DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia
GDF Governo do Distrito Federal
HBDF Hospital de Base do Distrito Federal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais
MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia
SCN Setor Comercial Norte
SCS Setor Comercial Sul
SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos
SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania
SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana
SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano
Resumo
Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo
Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal
It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population
Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society
Sumaacuterio
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO 11
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12
12 OBJETIVO GERAL 14
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14
13 HIPOacuteTESES 14
14 JUSTIFICATIVA 15
15 METODOLOGIA 16
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18
21 Conceito de acessibilidade 18
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28
26 Acessibilidade no Brasil 30
27 Acessibilidade no Distrito Federal 33
Capiacutetulo III
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36
32 Marco Legal 37
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40
3221 Legislaccedilatildeo Federal 40
3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL ACESSIacuteVEL 43
332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
46
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos
47
34 CONSIDERACcedilOtildeES 49
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51
41 CONSIDERACcedilOtildeES 63
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65
Referecircncias 67
Anexos 72
Anexo 1 72
Anexo 2 73
Anexo 3 74
Anexo 4 75
Anexo 5 76
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
ARAUJO Luiz Alberto David A proteccedilatildeo constitucional das pessoas portadoras de deficiecircncia 3 ed Brasiacutelia CORDE 2003 (Seacuterie Legislativa em Direitos Humanos Pessoa Portadora de Deficiecircncia v3)
BRASIL Acessibilidade a vida sem obstaacuteculos Cartilha do Ministeacuterio Puacuteblico de Mato Grosso 2007
______ Conselho dos Direitos do Idoso do Distrito Federal Idoso informaccedilotildees sobre os direitos poliacuteticas puacuteblicas e guia de serviccedilos e benefiacutecios sociais Brasiacutelia CIDDF 2009
______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988 Cacircmara dos Deputados Brasiacutelia 2004
______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008
______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
Governo do Distrito Federal
______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
______ Ministeacuterio das Cidades Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 1
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6
CFESS Coacutedigo de Eacutetica dos Assistentes Sociais Brasiacutelia 1993
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SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)
Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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Universidade de Brasiacutelia
UnB
Instituto de Ciecircncias Humanas
IH
Departamento de Serviccedilo Social
SER
RENATA CAROLINE DA COSTA VAZ
SOCIEDADE DO DISTRITO FEDERAL E PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS O IMPACTO DESSA RELACcedilAtildeO NAS POLIacuteTICAS DE
ACESSIBILIDADE
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________ Profordf MS Camila Potyara Pereira (Orientadora)
______________________________________________________________________ Maacutercia Maria Braga Rocha Muniz (Membro Externo - Coordenadora Teacutecnica da
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade - DF)
______________________________________________________________________ Profordf MS Daniela Neves de Sousa (Membro Interno
Departamento de Serviccedilo SocialUnB)
Agradecimentos
Agradeccedilo primeiramente a Deus autor da vida e amigo de todas as horas
Agrave minha matildee pai e irmatildeos que sempre me deram apoio e forccedila natildeo cobrando
nada em troca Aos meus familiares por todo o apoio ao longo de toda a minha vida por
sempre acreditarem em mim e sempre me incentivarem a lutar por meus objetivos sem
vocecircs eu natildeo teria conseguido
Agrave professora Ms Camila Potyara Pereira pelo incentivo pela disponibilidade
e por toda paciecircncia na construccedilatildeo deste trabalho
Agrave professora Daniela Neves de Sousa por aceitar participar da banca
examinadora bem como agrave Maacutercia Muniz e agrave Isabel por sempre se mostrarem dispostas
a me escutar e auxiliar na construccedilatildeo deste trabalho
Ao Filipe por toda a paciecircncia e disposiccedilatildeo pra me ajudar Por acreditar em
mim mesmo quando eu natildeo acreditava sempre disposto a andar horas atraacutes de conseguir
uma entrevista ou uma foto sempre atento a alguma informaccedilatildeo que pudesse contribuir
com meu trabalho Nosso
trabalho deu certo
As companheiras de estudo medos alegrias e por que natildeo picaretagens
Alessandra e Raquel vocecircs foram muito importantes durante todos estes anos fizeram a
Universidade ser muito mais divertida Agrave Eliene Regiane Geuci Dani e toda a minha
turma por todos os momentos que passamos junts
Aos amigos Bruno Humberto Gilmar Selma por sempre estarem dispostos a
me ajudar e incentivar a nunca desistir de um objetivo Vocecircs satildeo exemplos de
determinaccedilatildeo Ao Faacutebio por todos os momentos divertidos que tivemos juntos
Enfim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que pudesse
chegar ateacute aqui A todos os amigos e amigas professores e pessoas que passaram em
minha vida contribuindo para o meu crescimento
Renata Caroline da Costa Vaz
Deficiecircncias
Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de
outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu
destino
Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui
Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem
olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores
Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de
um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no
fim do mecircs
Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da
hipocrisia
Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda
Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce
Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer
E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois
Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus
(Maacuterio Quintana)
Lista de Siglas
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades
CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de
Deficiecircncia
CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade
DF Distrito Federal
DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal
DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia
GDF Governo do Distrito Federal
HBDF Hospital de Base do Distrito Federal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais
MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia
SCN Setor Comercial Norte
SCS Setor Comercial Sul
SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos
SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania
SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana
SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano
Resumo
Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo
Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal
It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population
Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society
Sumaacuterio
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO 11
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12
12 OBJETIVO GERAL 14
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14
13 HIPOacuteTESES 14
14 JUSTIFICATIVA 15
15 METODOLOGIA 16
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18
21 Conceito de acessibilidade 18
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28
26 Acessibilidade no Brasil 30
27 Acessibilidade no Distrito Federal 33
Capiacutetulo III
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36
32 Marco Legal 37
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40
3221 Legislaccedilatildeo Federal 40
3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL ACESSIacuteVEL 43
332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
46
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos
47
34 CONSIDERACcedilOtildeES 49
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51
41 CONSIDERACcedilOtildeES 63
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65
Referecircncias 67
Anexos 72
Anexo 1 72
Anexo 2 73
Anexo 3 74
Anexo 4 75
Anexo 5 76
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
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______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
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SILVA Maria Isabel da CVI
Centro de Vida Independente o que eacute isso Jornal da AME
Ediccedilatildeo ndeg 61 JanFev de 2007 Disponiacutevel em lt httpwwwbengalalegalcomc-v-iphpgt Acesso em 18 set 2009
SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)
Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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Agradecimentos
Agradeccedilo primeiramente a Deus autor da vida e amigo de todas as horas
Agrave minha matildee pai e irmatildeos que sempre me deram apoio e forccedila natildeo cobrando
nada em troca Aos meus familiares por todo o apoio ao longo de toda a minha vida por
sempre acreditarem em mim e sempre me incentivarem a lutar por meus objetivos sem
vocecircs eu natildeo teria conseguido
Agrave professora Ms Camila Potyara Pereira pelo incentivo pela disponibilidade
e por toda paciecircncia na construccedilatildeo deste trabalho
Agrave professora Daniela Neves de Sousa por aceitar participar da banca
examinadora bem como agrave Maacutercia Muniz e agrave Isabel por sempre se mostrarem dispostas
a me escutar e auxiliar na construccedilatildeo deste trabalho
Ao Filipe por toda a paciecircncia e disposiccedilatildeo pra me ajudar Por acreditar em
mim mesmo quando eu natildeo acreditava sempre disposto a andar horas atraacutes de conseguir
uma entrevista ou uma foto sempre atento a alguma informaccedilatildeo que pudesse contribuir
com meu trabalho Nosso
trabalho deu certo
As companheiras de estudo medos alegrias e por que natildeo picaretagens
Alessandra e Raquel vocecircs foram muito importantes durante todos estes anos fizeram a
Universidade ser muito mais divertida Agrave Eliene Regiane Geuci Dani e toda a minha
turma por todos os momentos que passamos junts
Aos amigos Bruno Humberto Gilmar Selma por sempre estarem dispostos a
me ajudar e incentivar a nunca desistir de um objetivo Vocecircs satildeo exemplos de
determinaccedilatildeo Ao Faacutebio por todos os momentos divertidos que tivemos juntos
Enfim agradeccedilo a todos que de alguma forma contribuiacuteram para que pudesse
chegar ateacute aqui A todos os amigos e amigas professores e pessoas que passaram em
minha vida contribuindo para o meu crescimento
Renata Caroline da Costa Vaz
Deficiecircncias
Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de
outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu
destino
Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui
Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem
olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores
Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de
um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no
fim do mecircs
Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da
hipocrisia
Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda
Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce
Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer
E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois
Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus
(Maacuterio Quintana)
Lista de Siglas
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades
CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de
Deficiecircncia
CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade
DF Distrito Federal
DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal
DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia
GDF Governo do Distrito Federal
HBDF Hospital de Base do Distrito Federal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais
MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia
SCN Setor Comercial Norte
SCS Setor Comercial Sul
SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos
SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania
SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana
SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano
Resumo
Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo
Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal
It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population
Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society
Sumaacuterio
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO 11
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12
12 OBJETIVO GERAL 14
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14
13 HIPOacuteTESES 14
14 JUSTIFICATIVA 15
15 METODOLOGIA 16
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18
21 Conceito de acessibilidade 18
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28
26 Acessibilidade no Brasil 30
27 Acessibilidade no Distrito Federal 33
Capiacutetulo III
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36
32 Marco Legal 37
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40
3221 Legislaccedilatildeo Federal 40
3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL ACESSIacuteVEL 43
332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
46
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos
47
34 CONSIDERACcedilOtildeES 49
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51
41 CONSIDERACcedilOtildeES 63
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65
Referecircncias 67
Anexos 72
Anexo 1 72
Anexo 2 73
Anexo 3 74
Anexo 4 75
Anexo 5 76
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008
______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
Governo do Distrito Federal
______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
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______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5
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Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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Deficiecircncias
Deficiente eacute aquele que natildeo consegue modificar sua vida aceitando as imposiccedilotildees de
outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciecircncia de que eacute dono do seu
destino
Louco eacute quem natildeo procura ser feliz com o que possui
Cego eacute aquele que natildeo vecirc seu proacuteximo morrer de frio de fome de miseacuteria e soacute tem
olhos para seus miacuteseros problemas e pequenas dores
Surdo eacute aquele que natildeo tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de
um irmatildeo Pois estaacute sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostotildees no
fim do mecircs
Mudo eacute aquele que natildeo consegue falar o que sente e se esconde por traacutes da maacutescara da
hipocrisia
Paraliacutetico eacute quem natildeo consegue andar na direccedilatildeo daqueles que precisam de sua ajuda
Diabeacutetico eacute quem natildeo consegue ser doce
Anatildeo eacute quem natildeo sabe deixar o amor crescer
E finalmente a pior das deficiecircncias eacute ser miseraacutevel pois
Miseraacuteveis satildeo todos que natildeo conseguem falar com Deus
(Maacuterio Quintana)
Lista de Siglas
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades
CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de
Deficiecircncia
CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade
DF Distrito Federal
DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal
DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia
GDF Governo do Distrito Federal
HBDF Hospital de Base do Distrito Federal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais
MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia
SCN Setor Comercial Norte
SCS Setor Comercial Sul
SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos
SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania
SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana
SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano
Resumo
Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo
Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal
It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population
Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society
Sumaacuterio
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO 11
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12
12 OBJETIVO GERAL 14
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14
13 HIPOacuteTESES 14
14 JUSTIFICATIVA 15
15 METODOLOGIA 16
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18
21 Conceito de acessibilidade 18
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28
26 Acessibilidade no Brasil 30
27 Acessibilidade no Distrito Federal 33
Capiacutetulo III
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36
32 Marco Legal 37
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40
3221 Legislaccedilatildeo Federal 40
3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL ACESSIacuteVEL 43
332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
46
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos
47
34 CONSIDERACcedilOtildeES 49
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51
41 CONSIDERACcedilOtildeES 63
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65
Referecircncias 67
Anexos 72
Anexo 1 72
Anexo 2 73
Anexo 3 74
Anexo 4 75
Anexo 5 76
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008
______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
Governo do Distrito Federal
______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
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______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana construindo a cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 2
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo do decreto 529604 - Para construccedilatildeo da cidade acessiacutevel Brasiacutelia 2006 Caderno 3
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana boas praacuteticas em acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 6
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Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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Lista de Siglas
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
CIF Classificaccedilatildeo Internacional de Funcionalidades
CODDEDE Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CORDE Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo Pessoa Portadora de
Deficiecircncia
CONADE Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiecircncia
CPA Comissatildeo Permanente de Acessibilidade
DF Distrito Federal
DFTRANS Transporte Urbano do Distrito Federal
DPAD Diretoria para Assuntos da Pessoa com Deficiecircncia
GDF Governo do Distrito Federal
HBDF Hospital de Base do Distrito Federal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
LIBRAS Liacutengua Brasileira dos Sinais
MPDFT Ministeacuterio Puacuteblico do DF e Territoacuterios
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
PRODIDE Promotoria de Justiccedila de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiecircncia
SCN Setor Comercial Norte
SCS Setor Comercial Sul
SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos
SEDUMA Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
SEJUS Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania
SEMOB Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana
SUPLAN Subsecretaria de Planejamento Urbano
Resumo
Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo
Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal
It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population
Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society
Sumaacuterio
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO 11
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12
12 OBJETIVO GERAL 14
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14
13 HIPOacuteTESES 14
14 JUSTIFICATIVA 15
15 METODOLOGIA 16
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18
21 Conceito de acessibilidade 18
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28
26 Acessibilidade no Brasil 30
27 Acessibilidade no Distrito Federal 33
Capiacutetulo III
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36
32 Marco Legal 37
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40
3221 Legislaccedilatildeo Federal 40
3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL ACESSIacuteVEL 43
332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
46
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos
47
34 CONSIDERACcedilOtildeES 49
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51
41 CONSIDERACcedilOtildeES 63
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65
Referecircncias 67
Anexos 72
Anexo 1 72
Anexo 2 73
Anexo 3 74
Anexo 4 75
Anexo 5 76
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
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Governo do Distrito Federal
______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
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SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)
Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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Resumo
Estima-se que na sociedade brasileira existam aproximadamente 35 milhotildees de pessoas com deficiecircncia ou idosas sendo ainda impedidas de conviverem com a populaccedilatildeo em geral jaacute que haacute limitaccedilotildees na estrutura social a qual natildeo leva em consideraccedilatildeo as pessoas que por diversos motivos tenham restriccedilatildeo em seus movimentos Desta forma apresentam-se as accedilotildees de acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal com vistas agrave promoccedilatildeo da inclusatildeo social de pessoas com necessidades especiais Verifica-se o imaginaacuterio da sociedade do Distrito Federal acerca destas pessoas a fim de compreender se este influecircncia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da populaccedilatildeo
Palavras-chave Pessoas com necessidades especiais Poliacutetica de acessibilidade Acessibilidade Sociedade do Distrito Federal
It is estimated that in Brazilian society there are approximately 35 million disabled or elderly still deprived of living with the general population assuming the limitations in the social structure which does not take into account people who for various reasons have restrictions in their movements Thus we present the actions of accessibility promoted by the Federal District Government aiming to promote social inclusion of people with special needs and to check on Federal District s society s point of view on these people in order to understand if such point of view influences the formulation of public policies on accessibility and its recognition by the population
Keywords Disabled Accessibility Policies Accessibility Federal District s Society
Sumaacuterio
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO 11
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12
12 OBJETIVO GERAL 14
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14
13 HIPOacuteTESES 14
14 JUSTIFICATIVA 15
15 METODOLOGIA 16
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18
21 Conceito de acessibilidade 18
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28
26 Acessibilidade no Brasil 30
27 Acessibilidade no Distrito Federal 33
Capiacutetulo III
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36
32 Marco Legal 37
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40
3221 Legislaccedilatildeo Federal 40
3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL ACESSIacuteVEL 43
332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
46
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos
47
34 CONSIDERACcedilOtildeES 49
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51
41 CONSIDERACcedilOtildeES 63
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65
Referecircncias 67
Anexos 72
Anexo 1 72
Anexo 2 73
Anexo 3 74
Anexo 4 75
Anexo 5 76
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008
______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
Governo do Distrito Federal
______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
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______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5
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Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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Sumaacuterio
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO 11
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO 12
12 OBJETIVO GERAL 14
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 14
13 HIPOacuteTESES 14
14 JUSTIFICATIVA 15
15 METODOLOGIA 16
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO 18
21 Conceito de acessibilidade 18
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade 22
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia 24
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade 26
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal 28
26 Acessibilidade no Brasil 30
27 Acessibilidade no Distrito Federal 33
Capiacutetulo III
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS 35
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania 36
32 Marco Legal 37
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40
3221 Legislaccedilatildeo Federal 40
3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL ACESSIacuteVEL 43
332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
46
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos
47
34 CONSIDERACcedilOtildeES 49
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51
41 CONSIDERACcedilOtildeES 63
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65
Referecircncias 67
Anexos 72
Anexo 1 72
Anexo 2 73
Anexo 3 74
Anexo 4 75
Anexo 5 76
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
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______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
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Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988 37
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional 40
3221 Legislaccedilatildeo Federal 40
3222 Legislaccedilatildeo Distrital 42
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade 43
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL ACESSIacuteVEL 43
332 Campanha Nacional de Acessibilidade 45
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
46
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de todos
47
34 CONSIDERACcedilOtildeES 49
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO Agrave ACESSIBILIDADE 51
41 CONSIDERACcedilOtildeES 63
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 65
Referecircncias 67
Anexos 72
Anexo 1 72
Anexo 2 73
Anexo 3 74
Anexo 4 75
Anexo 5 76
Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Coordenadoria Nacional para integraccedilatildeo da pessoa portadora de deficiecircncia Acessibilidade Brasiacutelia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008
______ Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004 Regulamenta as Leis nos 10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
Governo do Distrito Federal
______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
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SOARES Ciane Gualberto Feitosa Acessibilidade ao patrimocircnio cultural poliacuteticas puacuteblicas e desenvolvimento sustentaacutevel UnB 2003 (mimeo)
Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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Capiacutetulo I
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) busca analisar as accedilotildees de
acessibilidade promovidas pelo Governo do Distrito Federal para com as pessoas com
necessidades especiais (pessoas com deficiecircncia idosos obesos mulheres gestantes
eou com crianccedilas de colo) e como estas satildeo ou natildeo respeitadas pela sociedade
O tema acessibilidade no mundo comeccedilou a ser discutido na deacutecada de 1940
poreacutem no Brasil tal assunto eacute ainda considerado recente uma vez que de fato foi
apresentado como questatildeo social a partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e mesmo
assim de forma restrita Desde entatildeo nota-se que accedilotildees tecircm sido realizadas mesmo que
de maneira tiacutemida com o objetivo de promover a inclusatildeo de pessoas que por diversos
motivos permanente ou temporariamente apresentam restriccedilatildeo em sua capacidade de
mobilidade
Na populaccedilatildeo brasileira estima-se que aproximadamente 35 milhotildees de
habitantes apresentem algum tipo de deficiecircncia ou satildeo idosas (REVIVA 2005) Poreacutem
este segmento ainda eacute em grosso modo impedido de conviver harmoniosamente com a
sociedade jaacute que devido agrave estrutura social vigente haacute limitaccedilotildees impostas agrave
participaccedilatildeo de pessoas com necessidades especiais no exerciacutecio da cidadania
Conforme o Censo Demograacutefico (2000) o nuacutemero de pessoas com 60 anos ou
mais se expandiu ao longo das deacutecadas contabilizando atualmente 105 da populaccedilatildeo
brasileira Jaacute as pessoas com deficiecircncia constituem um total de 145 Sem
contabilizar mulheres gestantes pessoas obesas ou com algum tipo de restriccedilatildeo em seu
movimento nota-se que idosos e deficientes compotildeem 25 da populaccedilatildeo brasileira
Entretanto ainda satildeo incipientes os estudos sobre tais segmentos e insuficientes as
poliacuteticas puacuteblicas
Dessa forma o modelo social da deficiecircncia em oposiccedilatildeo ao modelo
biomeacutedico considera a deficiecircncia um assunto de interesse natildeo apenas do indiviacuteduo e
de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
Governo do Distrito Federal
______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
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______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4
______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implantaccedilatildeo de sistemas de transporte acessiacuteveis Brasiacutelia 2006 Caderno 5
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Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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de sua famiacutelia mas de toda a sociedade Tal modelo propotildee que as pessoas idosas
devem ser inseridas na categoria de deficientes jaacute que se depara com diversas
limitaccedilotildees corporais que necessitam de atenccedilotildees especiais Com isso as barreiras
fiacutesicas sociais e econocircmicas devem ser eliminadas de modo que todos tenham a mesma
condiccedilatildeo de acesso independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas
Referente agrave legislaccedilatildeo o Brasil eacute um paiacutes exemplo No entanto faz-se
necessaacuterio a implementaccedilatildeo de poliacuteticas por parte do governo que viabilize planos
integrados de urbanizaccedilatildeo sauacutede desporte educaccedilatildeo e cultura com metas e accedilotildees
convergindo para a obtenccedilatildeo de resguardar os direitos das pessoas que por diversos
motivos tenham uma necessidade especial
A acessibilidade e portanto a inclusatildeo social de tal segmento deve transcender
o niacutevel legislativo e se concretizar em accedilotildees integradas entre o setor puacuteblico e privado e
a sociedade civil garantindo assim que as pessoas com necessidades especiais tenham
toda a autonomia necessaacuteria para exercerem sua cidadania
Aleacutem disso deve ser uma poliacutetica que garanta de fato que as pessoas com
mobilidade reduzida possuam toda a liberdade para se locomoverem nos mais diversos
espaccedilos proporcionando antes de mudanccedilas estruturais mudanccedilas culturais tendo em
vista a responsabilidade social e a dignidade humana
11 PROBLEMAacuteTICA QUESTAtildeO DE PARTIDA E OBJETO
As accedilotildees de acessibilidade satildeo por vezes apenas uma falsa acessibilidade
isto eacute nota-se a presenccedila de rampas que datildeo uma aparecircncia externa de garantia de
acesso sendo que natildeo assegura a autonomia das pessoas de se locomoverem com
seguranccedila nos espaccedilos internos Os transportes coletivos satildeo adaptados mas tais
medidas em grande parte natildeo certificam uma real possibilidade de que os usuaacuterios
possam usufruir o sistema com liberdade
Acessibilidade deve ser diretamente relacionada com a possibilidade de se
exercer a cidadania por meio da autonomia e participaccedilatildeo Isto devido ao fato de levar
as pessoas com necessidades especiais a utilizar os recursos da comunidade como
maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
Governo do Distrito Federal
______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
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______ ______ Brasil acessiacutevel programa brasileiro de acessibilidade urbana implementaccedilatildeo de poliacuteticas municipais de acessibilidade Brasiacutelia 2006 Caderno 4
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Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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maneira de escapar das diversas formas de inatividade em que se encontram Acarreta o
fim de accedilotildees assistencialistas transformando o indiviacuteduo em cidadatildeo participativo uacutetil
e dono de seu destino
Outro ponto para discussatildeo refere-se ao descaso com as demandas das pessoas
com alguma necessidade especial por parte da sociedade em geral As vagas para
pessoas com deficiecircncia satildeo utilizadas por indiviacuteduos que natildeo necessitam os banheiros
adaptados satildeo por diversas vezes utilizados como depoacutesitos os elevadores servem
como brinquedos ou mesmo natildeo atendem agraves reais necessidades jaacute que satildeo
localizados em locais distantes ou natildeo funcionam
Nota-se a importacircncia de uma poliacutetica de conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade de forma a garantir que os direitos das pessoas com necessidades especiais
sejam de fato concretizados A populaccedilatildeo de maneira geral acredita que deve haver uma
adaptaccedilatildeo do sujeito agrave sociedade e natildeo da sociedade agraves necessidades dos indiviacuteduos isto
eacute as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam aprender a conviver
em um mundo idealizado para um padratildeo no qual eles natildeo se enquadram
Perante essa problemaacutetica surge uma seacuterie de inquietaccedilotildees a saber a
sociedade contemporacircnea tem preocupaccedilatildeo respeito e solidariedade para com as
pessoas com necessidades especiais Os programas de acessibilidade realmente
atendem agraves necessidades de tal segmento garantindo a autonomia necessaacuteria para a
concretizaccedilatildeo de sua cidadania Reconhecendo-se os preconceitos e o estigma que
envolve o imaginaacuterio social a respeito dos sujeitos com necessidades especiais quais
satildeo as estrateacutegias a fim de impedir tal segmento de ter acesso a uma vida autocircnoma
Com base na problemaacutetica acima explicitada e nas perguntas de partida
levantadas o objeto desta pesquisa constitui-se as accedilotildees de acessibilidade
desenvolvida pelo governo do Distrito Federal para as pessoas com necessidades
especiais e o seu cumprimento divulgaccedilatildeo e respeito por parte da sociedade levando-
se em conta o direito legal dos indiviacuteduos em ter igual oportunidade de acesso com
qualidade e de forma autocircnoma
12 OBJETIVO GERAL
Levando-se em consideraccedilatildeo o envelhecimento populacional e o considerado
nuacutemero de pessoas com deficiecircncia tal estudo pretende socializar a discussatildeo sobre a
situaccedilatildeo desse segmento no Distrito Federal possibilitando a desconstruccedilatildeo de
preconceitos e entraves impostos pela sociedade perante a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
de poliacuteticas puacuteblicas e o respeito por elas
121 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Identificar se haacute preconceito da sociedade com relaccedilatildeo agraves pessoas com
necessidades especiais e ateacute que ponto este pode impedir a participaccedilatildeo destes
indiviacuteduos na sociedade
Verificar se as Poliacuteticas Puacuteblicas de Acessibilidade de fato promovem a inclusatildeo
das pessoas com necessidades especiais e como estas Poliacuteticas satildeo acolhidas
pela sociedade
Contribuir com a reflexatildeo sobre o tema da acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais trazendo novos elementos para o debate
13 HIPOacuteTESES
Satildeo hipoacuteteses desta pesquisa
Poucas satildeo as Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para a garantia da acessibilidade e
quando concretizadas muitas vezes natildeo satildeo respeitadas pela proacutepria sociedade
Os esforccedilos se voltam para a adaptaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
aos padrotildees impostos pela sociedade e pouco para a modificaccedilatildeo das crenccedilas e
preconceitos existentes
O olhar da sociedade acerca das pessoas com necessidades especiais gera uma
barreira agrave participaccedilatildeo destas pois esse por vezes eacute carregado de estigma e
preconceito
14 JUSTIFICATIVA
O interesse por estudar tal tema surgiu ao longo de todo periacuteodo acadecircmico e
principalmente a partir da realizaccedilatildeo da disciplina O Educando com Necessidades
Educacionais Especiais da Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade de Brasiacutelia - UnB
a qual por mais que esteja voltada para a visatildeo educacional apresenta a questatildeo da
deficiecircncia e as formas de promover a inclusatildeo de tal segmento
Perante o atual momento onde tem se estruturado poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida a discussatildeo em caraacuteter acadecircmico
se torna extremamente relevante tendo em vista complementar uma bibliografia que
ainda eacute escassa sobre o tema
Os trabalhos que tratam sobre acessibilidade em sua maioria abordam apenas
a questatildeo do transporte urbano Neste sentido o presente trabalho iraacute oferecer uma
visatildeo de que tais poliacuteticas natildeo devem ser restritas ao transporte mas precisam abarcar
todas as situaccedilotildees e lugares de forma a compreender de que forma todos possam levar
uma vida autocircnoma
Relacionado ao Serviccedilo Social este trabalho expotildee o tema como forma de
concretizaccedilatildeo de direitos e de inclusatildeo social de um segmento que por diversas vezes
se encontra agrave margem da sociedade
Aleacutem disso contribui para a conscientizaccedilatildeo de que eacute preciso que haja
mudanccedila lenta e gradual na mentalidade e accedilatildeo da sociedade com constante busca por
poliacuteticas puacuteblicas formuladas com o intuito de atender a todos os tipos de pessoas
adequando-se agraves diferentes necessidades Dessa forma embora acessibilidade seja um
tema recente tem caminhado de modo sistemaacutetico gerando conhecimentos e
tecnologias a serem absorvidos por toda a sociedade
(GARCIA YANNOULAS 2003
apud SOUZA 2008 p14)
15 METODOLOGIA
A metodologia consiste em um conhecimento criacutetico dos caminhos do processo
cientiacutefico indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (DEMO
1989 apud MARTINS 2004 p 291) O meacutetodo aqui adotado foi o histoacuterico-estrutural
que consiste em uma abordagem que se propotildee ao estudo da sociedade economia e da
histoacuteria Tal teoria defende que a evoluccedilatildeo histoacuterica ocorre devido aos confrontos entre
diferentes classes sociais decorrentes da exploraccedilatildeo do homem pelo homem Este
meacutetodo eacute o que mais se adequa aos objetivos desta pesquisa uma vez que a teoria por
ele proposta serve como forma essencial para explicar as relaccedilotildees entre sujeitos Desse
modo tal relaccedilatildeo se expressaria na opressatildeo vivenciada pelas pessoas com necessidades
especiais ocasionada pela sociedade em geral
O meacutetodo histoacuterico-estrutural tem como fundamento a observaccedilatildeo da realidade
a partir da anaacutelise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo
de produccedilatildeo Com isso a histoacuteria estaacute relacionada ao mundo do ser humano enquanto
produtores de suas condiccedilotildees concretas de vida e portanto tem sua base fincada nas
raiacutezes do mundo material organizado por todos aqueles que compotildeem a sociedade Os
modos de produccedilatildeo satildeo histoacutericos e devem ser interpretados como uma maneira que a
sociedade encontra em suas relaccedilotildees para se desenvolver e dar continuidade agrave espeacutecie
Para isso foram utilizados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos
A pesquisa que fundamentou este trabalho se insere no acircmbito das Ciecircncias
Sociais e fez uso de teacutecnicas qualitativas no levantamento e anaacutelise dos dados A
pesquisa qualitativa como afirma Martins privilegiam as anaacutelise de microprocessos por
meio de estudo das accedilotildees sociais individuais e grupais (2004)
Desse modo a metodologia da pesquisa se configurou em levantamento
bibliograacutefico e revisatildeo de literatura acerca das questotildees de acessibilidade pessoas com
necessidades especiais e legislaccedilatildeo trabalho de campo onde foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com pessoas com necessidades especiais que utilizam as
poliacuteticas de acessibilidade sujeitos representantes da sociedade civil do Distrito Federal
escolhidos aleatoriamente e representantes do governo
As entrevistas foram realizadas mediante gravaccedilatildeo de voz depois de aceito
pelo participante Foi lido o Termo Livre e Esclarecido e aceito em duas vias de forma
que a primeira via ficou com o participante e a segunda via com o pesquisador Foi
ainda explicado que a participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo e
que satildeo livres para desistir ou retirar o seu depoimento a qualquer momento durante e
depois da entrevista sem nenhum prejuiacutezo bem como enfatizado a garantia do sigilo e
anonimato dos participantes
Este trabalho contou ainda com pessoas que compreendem os objetivos e
procedimentos adotados na pesquisa a saber idosos pessoas com deficiecircncia pessoas
obesas motoristas e cobradores de ocircnibus do transporte coletivo caixas de bancos
enfermeiros seguranccedilas de hospitais universitaacuterios pessoas que estacionam em vagas
especiais representantes do governo local acerca das questotildees relacionadas agraves poliacuteticas
de acessibilidade
Tais sujeitos foram escolhidos conforme a facilidade de acesso levando em
consideraccedilatildeo a diversidade de pessoas de forma a conseguir observar a visatildeo que a
sociedade do Distrito Federal tem acerca das pessoas com necessidades especiais Para
tanto foram realizados um total de 20 (vinte) entrevistas sendo entrevistadas pessoas
de diferentes Regiotildees Administrativas do Distrito Federal
Ao se abordar os indiviacuteduos que infringem a lei que prevecirc a reserva de vagas
em estacionamentos para pessoas com deficiecircncia e idoso foi explicado que se tratava
de uma pesquisa qualitativa para elaboraccedilatildeo de Trabalho de Conclusatildeo de Curso
TCC
de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia (UnB) garantindo-se o anonimato e o
sigilo do sujeito sendo o mesmo livre para natildeo responder o porquecirc de estacionar nesta
vaga
Foram utilizados como fontes documentos artigos legislaccedilotildees
discursosrelatos e observaccedilotildees que tratem sobre idosos e pessoas com deficiecircncia aleacutem
de outros indiviacuteduos com mobilidade reduzida Tais fontes foram adquiridas por meio
de livros cartilhas revistas especializadas e internet
Capiacutetulo II
2 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL E NO
MUNDO
A partir das mudanccedilas ocorridas ao longo dos anos com o processo de
industrializaccedilatildeo e advento da tecnologia As sociedades tecircm-se tornado altamente
imediatistas em constante luta contra o tempo demandando pessoas cada vez mais
raacutepidas que executem as tarefas de forma aacutegil e em curtiacutessimo tempo apresentando
caracteriacutesticas de sujeitos polivalentes isto eacute capazes de realizar diversas atividades em
um mesmo ambiente Em sentido contraacuterio surgem as pessoas com necessidades
especiais pois com suas limitaccedilotildees aparecem como seres que inevitavelmente se
afastam do modelo hegemocircnico de funcionalidade
Dessa forma a acessibilidade vem como uma maneira de garantir que essas
pessoas possam exercer a cidadania com dignidade humana Perante isto este capiacutetulo
abordaraacute o contexto histoacuterico da acessibilidade tanto no Brasil quanto no mundo
apresentando tambeacutem conceitos relevantes para se compreender as accedilotildees desenvolvidas
referentes agrave acessibilidade
21 Conceito de acessibilidade
Acessibilidade eacute um assunto ainda incipiente nas discussotildees de formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblica brasileira e principalmente no discurso e cotidiano
da sociedade o que acarreta desconhecimento quanto agrave sua efetivaccedilatildeo e o respeito por
tal praacutetica
Para muitos acessibilidade se resume a garantia de acesso de cadeirantes a
espaccedilos puacuteblicos banheiros calccediladas e principalmente ao transporte puacuteblico Isto eacute
visto como verdadeiro sendo reforccedilado pela utilizaccedilatildeo do desenho de uma cadeira de
rodas como iacutecone que representa as pessoas com deficiecircncia (RESOURCE 2005 p
19)
Izabel Loureiro Maior responsaacutevel pela Coordenadoria Nacional para a
Integraccedilatildeo das Pessoas Portadoras de Deficiecircncia (CORDE) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (SEDH) afirma que eacute imprescindiacutevel definir para a sociedade o
conceito de acessibilidade
No imaginaacuterio de muitos a ideacuteia de acessibilidade ficou associada ao usuaacuterio de cadeira de rodas Mas acessibilidade natildeo eacute soacute botar rampa e baixar meio-fio eacute promover uma maior igualdade de oportunidades diz (LOIOLA 2004)
Estas pessoas acreditam que garantindo o acesso de cadeirantes a
acessibilidade estaacute concretizada As rampas de acesso devem existir mas como
primeiro passo para uma inclusatildeo de fato Ou seja a acessibilidade deve ser garantida
desde as pequenas atividades como subir uma escada ateacute as mais complexas como o
acesso aos veiacuteculos dos transportes coletivo
Dessa forma a ausecircncia de acessibilidade aparece geralmente quando se tem
uma visatildeo restrita no que se refere agraves pessoas com restriccedilatildeo de movimento sendo
desconsideradas suas necessidades ou tendo como primiacutecias pressupostos equivocados
sobre tal segmento (RESOURCE 2005 p 73)
Outros acreditam que acessibilidade estaacute relacionada apenas a garantir o acesso
a local e espaccedilos sem a preocupaccedilatildeo com a locomoccedilatildeo interna nestes recintos
Conforme afirma Romeu Kazumi Sassaki consultor de inclusatildeo escolar e profissional
do Banco Mundial consultor de educaccedilatildeo inclusiva da Secretaria de Educaccedilatildeo do
Estado de Goiaacutes e consultor da Escola de Gente - Comunicaccedilatildeo em Inclusatildeo
a
acessibilidade natildeo mais se restringe ao espaccedilo fiacutesico agrave dimensatildeo arquitetocircnica
Sassaki divide o conceito de acessibilidade em seis dimensotildees arquitetocircnica
comunicacional metodoloacutegica instrumental programaacutetica e atitudinal afirmando que
todas essas dimensotildees satildeo importantes devendo ser consideradas em conjunto pois se
faltar uma as outras satildeo comprometidas
Acessibilidade Arquitetocircnica Sem barreiras ambientais fiacutesicas nas escolas nas empresas nas residecircncias nos edifiacutecios puacuteblicos nos centros de convenccedilatildeo nos espaccedilos urbanos nos equipamentos urbanos nos locais de lazer e turismo e nos meios de transporte individual ou coletivo Acessibilidade Comunicacional Sem barreiras na comunicaccedilatildeo interpessoal (face-a-face liacutengua de sinais linguagem corporal linguagem gestual etc) na comunicaccedilatildeo escrita (jornal revista livro carta apostila etc) incluindo textos em braile textos com letras ampliadas para quem tem baixa visatildeo (aleacutem de notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicaccedilatildeo virtual (acessibilidade digital) Acessibilidade Metodoloacutegica Sem barreiras nos meacutetodos e nas teacutecnicas de estudo (adaptaccedilotildees curriculares aulas baseadas nas inteligecircncias muacuteltiplas uso de todos os estilos de aprendizagem participaccedilatildeo do todo de cada aluno novo conceito de avaliaccedilatildeo de aprendizagem novo conceito de educaccedilatildeo novo conceito de logiacutestica didaacutetica etc) de trabalho (meacutetodos e teacutecnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos ergonomia novo conceito de fluxograma empoderamento etc) de accedilatildeo comunitaacuteria (metodologia social cultural artiacutestica etc baseada em participaccedilatildeo ativa) de educaccedilatildeo dos filhos (novos meacutetodos e teacutecnicas nas relaccedilotildees familiares etc) e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo Acessibilidade Instrumental Sem barreiras nos instrumentos e utensiacutelios de estudo (laacutepis caneta transferidor reacutegua teclado de computador materiais pedagoacutegicos) de trabalho (ferramentas maacutequinas equipamentos) de atividades da vida diaacuteria (tecnologia assistiva para comunicar fazer a higiene pessoal vestir comer andar tomar banho etc) de lazer esporte e recreaccedilatildeo (dispositivos que atendam agraves limitaccedilotildees sensoriais fiacutesicas e mentais etc) e de outra aacuterea de atuaccedilatildeo Acessibilidade Programaacutetica Sem barreiras invisiacuteveis embutidas em poliacuteticas puacuteblicas (leis decretos portarias resoluccedilotildees medidas provisoacuterias etc) em regulamentos (institucionais escolares empresariais comunitaacuterios etc) e em normas de um modo geral Acessibilidade Atitudinal Sem preconceitos estigmas estereoacutetipos e discriminaccedilotildees como resultado de programas e praacuteticas de sensibilizaccedilatildeo e de conscientizaccedilatildeo das pessoas em geral e da convivecircncia na diversidade humana (SASSAKI 1993 apud SUCAR)
Ao se falar de acessibilidade deve-se ter em mente natildeo apenas cadeirantes mas
tambeacutem pessoas que por um motivo ou outro tenha suas capacidades de movimento
reduzidas tais como idosos gestantes mulheres com crianccedilas de colo obesos pessoas
de baixa ou alta estatura pessoas com deficiecircncia uma pessoa que faccedila uso de objetos
como muletas etc Portanto eacute plausiacutevel se preocupar com pessoas com algum tipo de
restriccedilatildeo de movimento seja ela temporaacuteria ou permanente aleacutem das muacuteltiplas
deficiecircncias que se pode encontrar Com isso pode-se pensar o que venha a ser
deficiecircncia E que tipos de pessoas um programa de acessibilidade pode atingir
De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) na Classificaccedilatildeo
Internacional de Funcionalidades (CIF) do ano de 2001 deficiecircncia eacute a experiecircncia da
exclusatildeo sofrida por aqueles que apresentam capacidades consideradas desvantajosas
para uma determinada sociedade
(MEDEIROS DINIZ 2004) A deficiecircncia consiste
de uma relaccedilatildeo da pessoa com a sociedade isto eacute a deficiecircncia estaacute estritamente
relacionada com questotildees culturais e socioeconocircmicas tais como a provisatildeo de recursos
e a formulaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas que garantam iguais oportunidades de acesso
Medeiros e Diniz (2004) em seu artigo Envelhecimento e deficiecircncia
suscitam a ideacuteia de que com o envelhecimento populacional os idosos satildeo potenciais ou
mesmo podem ser considerados deficientes uma vez que devido a suas limitaccedilotildees nas
capacidades fiacutesicas ou ateacute mesmo intelectuais experimentam tal condiccedilatildeo E grande
parte disto decore do fato de se ter um ambiente hostil que natildeo leva em consideraccedilatildeo as
diferenccedilas
Para que de fato haja uma efetivaccedilatildeo da acessibilidade eacute necessaacuterio muito mais
do que mudanccedilas estruturais ou arquitetocircnicas propostas pelas leis Fazem-se
indispensaacuteveis mudanccedilas culturais e consequentemente atitudinais como propotildee
Sassaki de modo que natildeo se promova apenas uma falsa inclusatildeo mas atos que levem
agrave responsabilidade social e agrave dignidade humana desemborcando em inclusatildeo social
No que se refere agrave inclusatildeo social trata-se de um processo de adequaccedilatildeo da
sociedade em seus sistemas sociais de forma a receber as pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade e estas assumem seus devidos papeacuteis na sociedade Esta inclusatildeo por meio
de um processo denominado de acessibilidade social proporciona ao indiviacuteduo a
autonomia necessaacuteria para uma equiparaccedilatildeo de oportunidades pois com condiccedilotildees
seguras as diferenccedilas desaparecem e todos podem exercer sua cidadania de igual
maneira
Dessa forma a praacutetica social da acessibilidade se refere ao
[] processo pelo qual o sistema geral da sociedade
tal como o meio fiacutesico e cultural moradia e transporte serviccedilos sociais oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho vida cultural e social incluiacutedas as instalaccedilotildees
desportivas e de lazer
se fazem acessiacuteveis a todos (BRASIL
CORDE 1997 apud SOARES 2003 p 11)1
Portanto muito mais do que garantir o acesso eacute necessaacuterio investir na
construccedilatildeo de rampas que de fato promovam a acessibilidade aleacutem de telefones mais
baixos elevadores adaptados etiquetas em braile escadas com barras de proteccedilatildeo e
toda forma de acesso que permita o direito de utilizar todos os serviccedilos e espaccedilos por
pessoas que possuam ou estejam com algum tipo de limitaccedilatildeo de movimento
Eacute preciso perceber que todos satildeo iguais em relaccedilatildeo aos direitos e deveres de
cidadatildeos mas completamente diferentes nas maneiras de exercecirc-los e que tais
diferenccedilas entre as pessoas garantem o movimento de transformaccedilatildeo constante na
sociedade Negar essas diferenccedilas eacute o mesmo que permanecer estaacutetico no tempo A
sociedade eacute propensa a seguir uma padronizaccedilatildeo de comportamentos pontos de vista
emoccedilotildees e mesmo o corpo discriminando o que se enquadra em posiccedilatildeo contraacuteria
22 Definiccedilatildeo de acessibilidade
Acessibilidade eacute um termo de origem latina accessibilitas que significa
livre acesso acessibilidade proximidade de aproximaccedilatildeo (HOUAISS VILLAR
2001 apud SOARES 2003 p 10)
Eacute possiacutevel encontrar algumas definiccedilotildees do que venha a ser acessibilidade
podendo variar de acordo com o enfoque principal de cada trabalho Dessa forma
acessibilidade pode ser descrita como
[] condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo com seguranccedila e autonomia total ou assistida dos espaccedilos mobiliaacuterios e equipamentos urbanos das edificaccedilotildees dos serviccedilos de transporte e dos dispositivos sistemas e meios de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo por pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (Decreto ndeg 5296 de 02 de dezembro de 2004 Art 8deg)
1 Definiccedilatildeo de praacutetica social da acessibilidade tal qual considerada pela ONU (Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas) em seu Programa de Accedilatildeo Mundial para as pessoas com deficiecircncia criado em 03 de dezembro de 1982
Poreacutem esta natildeo eacute a uacutenica definiccedilatildeo Eacute possiacutevel citar tambeacutem a visatildeo da NBR
Possibilidade e condiccedilatildeo de alcance percepccedilatildeo e entendimento para utilizaccedilatildeo com
autonomia de edificaccedilotildees espaccedilo mobiliaacuterio equipamento urbano e elementos (NBR
9050 2004)
Haacute tambeacutem a definiccedilatildeo mais utilizada relacionada ao sistema viaacuterio e
transporte urbano no qual afirma que acessibilidade eacute a propriedade que tem a
estrutura urbana de atendimento dos diferentes niacuteveis de mobilidade ou seja
capacidade de movimentaccedilatildeo requeridos pela populaccedilatildeo usuaacuteria do espaccedilo urbano
(SANTOS 1994
apud SOARES 2003 p 10)
Faz-se relevante frisar que em todas as definiccedilotildees sempre se relaciona
acessibilidade com a condiccedilatildeo do indiviacuteduo exercer de forma autocircnoma os seus direitos
de cidadatildeo aleacutem de se notar que o conceito existente no Brasil conforme assinala
Soares (2003 p 24)
[] eacute baseado de iniacutecio nas reivindicaccedilotildees estudos e discussotildees que ocorrem em niacutevel internacional e que tecircm sido divulgadas principalmente por organizaccedilotildees governamentais e natildeo-governamentais que abordam o assunto e que promovem a discussatildeo e atualizaccedilatildeo dos conceitos visando sua aplicaccedilatildeo na realidade nacional
Aqui seraacute utilizado o conceito apresentado pelo Decreto ndeg 5296 de
02122004 Este decreto leva em consideraccedilatildeo a autonomia e seguranccedila de
movimentaccedilatildeo de pessoas que de maneira permanente ou temporaacuteria estejam
impedidas ou limitadas em sua capacidade de movimentaccedilatildeo natildeo considerando apenas
o acesso mas igualmente a capacidade de qualquer pessoa com algum tipo de
limitaccedilatildeo de com autonomia realizar as mesmas atividades que a maioria da
populaccedilatildeo
Seraacute utilizado tambeacutem o vocaacutebulo pessoas com necessidades especiais pois
este se refere a todos os sujeitos que necessitam de um atendimento ou equipamento que
vaacute de encontro agraves suas especificidades Deste modo podem ser inseridas nesta categoria
as pessoas com deficiecircncia (visuais auditivas fiacutesicas etc) pessoas com restriccedilatildeo de
mobilidade (idosos gestantes obesos mulheres que estatildeo amamentando e pessoas com
crianccedilas de colo) e demais pessoas que pelos mais diversos motivos venham a se
enquadrarem em tal categoria
23 Modelo meacutedico e social da deficiecircncia
O modelo social da deficiecircncia surgiu em 1960 no Reino Unido como uma
alternativa ao modelo biomeacutedico ateacute entatildeo vigente Para o modelo biomeacutedico a
deficiecircncia eacute consequumlecircncia natural da lesatildeo em um corpo e a pessoa deficiente deve
ser objeto de cuidados biomeacutedicos (DINIZ 2007 p 15) ou seja tal modelo avalia as
pessoas com deficiecircncia de forma cientiacutefica e mostra os malefiacutecios de ser um deficiente
suas limitaccedilotildees e dificuldades mostrando a deficiecircncia sem qualquer relaccedilatildeo com
reflexotildees e decisotildees de interesse puacuteblico e relevacircncia econocircmica poliacutetica ou social
Para tal modelo a deficiecircncia diz respeito apenas agrave pessoa com deficiecircncia
com consequumlecircncias somente para ela e sua famiacutelia estando agrave sociedade isenta de
qualquer responsabilidade para com as limitaccedilotildees de cada pessoa que deve ser
combatida com tratamentos
O modelo biomeacutedico transcendeu a sauacutede e estaacute presente nas aacutereas da
educaccedilatildeo emprego lazer e cultura Devido a esta influecircncia as poliacuteticas formuladas
possuem um caraacuteter voltado para uma assistecircncia paliativa segregadora e protegida
apresentando a ideacuteia que somente com a cura da deficiecircncia a pessoa teraacute dignidade e
felicidade
Em contrapartida o modelo social trata a deficiecircncia sobre dois fundamentos a
saber a deficiecircncia natildeo deve ser explicada pela esfera natural ou individual mas pelo
contexto socioeconocircmico no qual vivem estas pessoas e os idosos devem ser incluiacutedos
nesta categoria jaacute que o envelhecimento traz algumas limitaccedilotildees nas capacidades
corporais (DINIZ 2007)
Para o modelo social ser uma pessoa com deficiecircncia eacute uma condiccedilatildeo flexiacutevel
natildeo necessariamente permanente Se todas as barreiras de acesso vierem a ser
removidas a relaccedilatildeo de desvantagem passaraacute a ser parcial ou completamente anulada A
deficiecircncia ainda para este modelo natildeo eacute de interesse apenas do indiviacuteduo e de seus
familiares mas configura-se um assunto de interesse puacuteblico
O modelo social da deficiecircncia teve como uma das principais consequumlecircncias
trazer agrave tona o discurso de que pesquisas e poliacuteticas puacuteblicas direcionadas agrave deficiecircncia
natildeo poderiam se concentrar apenas nos aspectos corporais dos indiviacuteduos para
identificar a deficiecircncia
(MEDEIROS DINIZ 2004 p 110) Com isso trouxe agrave
sociedade mesmo que natildeo diretamente a discussatildeo acerca das formas de inclusatildeo
destas e de pessoas com as mais diversas restriccedilotildees de movimento ou seja apresentou o
tema acessibilidade
Portanto conforme esclarece Medeiros e Diniz (2004 p 109) o modelo
biomeacutedico discute a ideacuteia de que a pessoa com deficiecircncia eacute um sujeito que apresenta
alguma inadequaccedilatildeo para a sociedade e em contrapartida o modelo social interpreta a
deficiecircncia como decorrente de uma inadequaccedilatildeo da sociedade para compreender e se
adequar as diferenccedilas existentes na humanidade promovendo uma inclusatildeo de todos
Um exemplo que pode ser citado para ilustrar tais conceitos eacute apresentado a
seguir
[] pelo modelo meacutedico uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir escadas porque tem uma deficiecircncia que a obriga a usar cadeiras de rodas enquanto que pelo modelo social eacute o fato de existir as escadas que seria um obstaacuteculos que impede a entrada do usuaacuterio de cadeiras de rodas no edifiacutecio (RESOURCE 2005 p 31)
Neste sentido acessibilidade surge como parte de uma poliacutetica puacuteblica de
mobilidade que tem como objetivo a inclusatildeo social equiparaccedilatildeo de oportunidades e o
exerciacutecio da cidadania Sobretudo deve ser uma poliacutetica que envolva em sua
formulaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo as trecircs esferas do governo (Uniatildeo Estados e Municiacutepios) em
articulaccedilatildeo com a sociedade e principalmente as pessoas com mobilidade reduzida uma
vez que satildeo os maiores interessados em tais accedilotildees (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006)
Assegurar um ambiente livre de barreiras restringiu o risco de acidentes no uso
de espaccedilos produtos e serviccedilos garantindo calccediladas livres de defeitos ou existecircncia de
obstaacuteculos atenua as possiacuteveis quedas e uma vez que tais acontecimentos podem
requerer recursos governamentais ou mesmo da sociedade relacionado a tratamento e
reabilitaccedilatildeo das viacutetimas assegurar acessibilidade possibilita uma abstenccedilatildeo de possiacuteveis
custos econocircmicos e sociais aleacutem dos prejuiacutezos em termos pessoais (SOARES 2003
p 11)
As accedilotildees de acessibilidade adotadas ateacute entatildeo em edifiacutecios e demais ambientes
configuram-se em grande parte singelas adaptaccedilotildees com a eliminaccedilatildeo de barreiras mais
evidentes sem a preocupaccedilatildeo com a devida eliminaccedilatildeo de todos os obstaacuteculos Exemplo
disso eacute a eliminaccedilatildeo de degraus junto agrave porta principal ajustes das dimensotildees dos
banheiros de modo a receber cadeirantes entre outros Poreacutem natildeo haacute preocupaccedilatildeo com
os pisos antiderrapantes sinalizaccedilatildeo em braile interpretes em Libras (Liacutengua Brasileira
dos Sinais) etc
Sendo assim atualmente estaacute em voga o modelo social que aparece como uma
corrente poliacutetico-teoacuterica capaz de retirar do indiviacuteduo a origem da desigualdade e
devolvecirc-la agrave sociedade que natildeo eacute apta para promover ajustes na sociedade de modo que
as restriccedilotildees corporais natildeo sejam um empecilho grave agrave vida cotidiana das pessoas
(MEDEIROS DINIZ 2004) Com isso conclui-se que um programa de acessibilidade
proporcionando um ambiente acessiacutevel acarreta benefiacutecios para pessoas com diferentes
condiccedilotildees de mobilidade mesmo que suas limitaccedilotildees sejam temporaacuterias
24 Evoluccedilatildeo do Conceito de Acessibilidade
Conforme cita Sassaki (2006) o termo acessibilidade comeccedilou a ser
utilizado recentemente tendo sua origem para designar a condiccedilatildeo de acesso das
pessoas com deficiecircncia junto ao surgimento dos serviccedilos de reabilitaccedilatildeo fiacutesica e
profissional no final da deacutecada de 1940 (SASSAKI 2006) Nota-se que em seu
surgimento acessibilidade era relacionada agraves pessoas com deficiecircncia ter acesso a
reabilitaccedilatildeo fiacutesica e profissional ignorando-se outros tipos de limitaccedilotildees
Na deacutecada de 1950 surge a denominada fase da integraccedilatildeo onde profissionais
de reabilitaccedilatildeo perceberam que tal praacutetica estava dificultada ou mesmo impedida devido
a presenccedila de barreiras arquitetocircnicas nos espaccedilos puacuteblicos edifiacutecios e residecircncias aleacutem
dos transportes coletivos uma vez que a reintegraccedilatildeo ocorria com adultos na proacutepria
famiacutelia no mercado de trabalho e na sociedade em geral
Nos anos 1960 comeccedilaram a surgir as primeiras experiecircncias de eliminaccedilatildeo de
barreiras arquitetocircnicas por universidades americanas Essas eliminaccedilotildees ocorriam
internamente como em estacionamentos salas de aula bibliotecas lanchonetes e
laboratoacuterios
Na deacutecada seguinte surgiu o primeiro centro de vida independente do mundo
(na cidade de Berkeley Califoacuternia - EUA) ocasionando um aumento da preocupaccedilatildeo e
dos debates sobre a eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas bem como a
operacionalizaccedilatildeo das soluccedilotildees idealizadas Tais centros de vida independentes tinham
como princiacutepios
1 As pessoas com deficiecircncia eacute que sabem quais satildeo suas necessidades para uma melhor qualidade de vida
2 Suas necessidades variam como as de qualquer ser humano e por isso soacute podem ser atendidas por uma variedade de serviccedilos e equipamentos
3 A tecnologia assistiva pode significar a diferenccedila entre a dependecircncia e a independecircncia em determinadas situaccedilotildees
4 As pessoas com deficiecircncia devem viver com dignidade em suas comunidades
5 A cidadania natildeo depende do que uma pessoa eacute capaz de fazer fisicamente mas sim das decisotildees que ela puder tomar por si soacute
6 A pessoa com deficiecircncia eacute que deve ter o controle de sua situaccedilatildeo
7 Vida Independente eacute um processo em que cada usuaacuterio ajuda a moldar e mantecirc-la e natildeo um produto para ser consumido indistintamente por diversos tipos de usuaacuterios (SILVA 2007)
A deacutecada de 1980 teve como principal marco o Ano Internacional das Pessoas
Deficientes ocorrido em 1981 O segmento de pessoas com deficiecircncia desenvolveu
verdadeiras campanhas no acircmbito mundial para alertar a sociedade a respeito das
barreiras arquitetocircnicas e exigir natildeo apenas a eliminaccedilatildeo delas como tambeacutem a natildeo-
inserccedilatildeo de barreiras jaacute nos projetos arquitetocircnicos Na segunda metade da deacutecada
surgiu o conceito de inclusatildeo contrapondo-se ao de integraccedilatildeo
Neste sentido eacute relevante estabelecer que integraccedilatildeo se contrapotildeem a inclusatildeo
jaacute que o primeiro eacute conceituado como inserccedilatildeo da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade e o segundo significa [] modificaccedilatildeo da sociedade como preacute-
requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania
(SASSAKI 1997 apud GEREMIA FALKENBACH 2009)
Portanto o conceito de inclusatildeo pressupotildee a ideacuteia de que deve haver uma
mudanccedila de mentalidade na proacutepria sociedade de modo a considerar natural a presenccedila
e as necessidades especiacuteficas dos indiviacuteduos com suas diferenccedilas No entanto o
conceito de inclusatildeo ainda natildeo foi compreendido por toda a sociedade jaacute que ainda eacute
possiacutevel encontrar sua utilizaccedilatildeo como sinocircnimo de integraccedilatildeo
Jaacute na deacutecada de 1990 inicia-se agrave ideacuteia de que a acessibilidade deve seguir o
paradigma do desenho universal segundo o qual recomenda que os ambientes os meios
de transporte e os utensiacutelios sejam projetados de forma que todos possam utilizaacute-los
independentemente da idade ou de suas capacidades
25 Desenho acessiacutevel e desenho universal
Desenho acessiacutevel conforme conceito apresentado por Soares (2003 p 17) diz
respeito ao meacutetodo desenvolvido a partir de arquitetura de transportes ou de objetos de
uso pessoal maacutequinas e equipamentos com vistas a atender agraves necessidades especiacuteficas
das pessoas com deficiecircncia Neste sentido desenho universal se difere de desenho
acessiacutevel pois o primeiro busca assegurar que todos possam utilizar todos os
componentes ambientais e produtos e o segundo propotildee que se produza elementos ou
ambientes especiais para alguns segmentos da sociedade
O paradigma do desenho universal foi criado por uma comissatildeo em 1963 em
Washington
EUA com o objetivo de apresentar projetos de edificaccedilotildees aacutereas urbanas
e equipamentos que atendessem pessoas com deficiecircncia Atualmente busca contemplar
todas as pessoas projetando objetos e espaccedilos que assegurem a devida utilizaccedilatildeo de
maneira completa segura e irrestrita garantindo que as pessoas possam exercer de
forma autocircnoma sua cidadania
Para o desenho universal os produtos equipamentos ambientes e meios de
comunicaccedilatildeo devem ser concebidos de forma a serem utilizado por todos o maior
tempo possiacutevel sem necessidade de adaptaccedilatildeo beneficiando pessoas de todas as idades
e capacidades Tem como pressupostos a equiparaccedilatildeo nas possibilidades de uso
flexibilidade no uso uso simples e intuitivo captaccedilatildeo da informaccedilatildeo toleracircncia para o
erro e a dimensatildeo e espaccedilo para uso e interaccedilatildeo
O modelo do desenho universal tem como princiacutepios
1 Utilizaccedilatildeo equitativa pode ser utilizado por pessoas com diferentes
capacidades
2 Flexibilidade de utilizaccedilatildeo engloba uma gama extensa de
preferecircncias e capacidades individuais
3 Utilizaccedilatildeo simples e intuitiva faacutecil de compreender
independentemente da experiecircncia do utilizador dos seus conhecimentos
aptidotildees linguiacutesticas ou niacutevel de concentraccedilatildeo
4 Informaccedilatildeo perceptiacutevel fornece eficazmente ao utilizador a
informaccedilatildeo necessaacuteria qualquer que sejam as condiccedilotildees
ambientaisfiacutesicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador
5 Toleracircncia ao erro minimiza riscos e consequecircncias negativas
decorrentes de accedilotildees acidentais ou involuntaacuterias
6 Esforccedilo fiacutesico miacutenimo pode ser utilizado de forma eficaz e
confortaacutevel com um miacutenimo de fadiga
7 Dimensatildeo e espaccedilo de abordagem e de utilizaccedilatildeo espaccedilo e
dimensatildeo adequada para a abordagem manuseamento e utilizaccedilatildeo
independentemente da estatura mobilidade ou postura do utilizador
Portanto a partir do momento em que o ambiente se torna acessiacutevel ele
possibilita a inclusatildeo e consequentemente as pessoas com mobilidade reduzida podem
desfrutar de uma vida independente que eacute um conceito chave quando se fala em
acessibilidade
Sendo assim com o advento da fase da inclusatildeo hoje se entende que a
acessibilidade natildeo eacute apenas arquitetocircnica pois existem barreiras de vaacuterios tipos tambeacutem
em outros contextos que natildeo o do ambiente arquitetocircnico Conforme afirma Sassaki
(2009)
A partir de agora (com o modelo do desenho universal) as novas construccedilotildees dos ambientes fiacutesicos deveratildeo atender a todas as pessoas Natildeo ouviremos expressotildees como preacutedios ocircnibus carros restaurantes ou cinemas adaptados tudo seraacute projetado pensando em todos os usuaacuterios 2
Tais princiacutepios foram formulados em 1997 por um grupo de arquitetos
designers engenheiros e pesquisadores do desenho ambiental do Centro para o Desenho
Universal (Center for Universal Design) da Universidade do Estado da Carolina do
Norte
26 Acessibilidade no Brasil
O tema acessibilidade no Brasil ao longo de suas Constituiccedilotildees nunca foi
objeto de preocupaccedilatildeo especiacutefica sendo muitas vezes tratadas apenas em alguns
toacutepicos Na primeira Constituiccedilatildeo de 1824 foi somente citado o direito a igualdade
sendo o mesmo observado na Constituiccedilatildeo de 1891
Jaacute na Constituiccedilatildeo de 1934 no artigo 138 inciso I nota-se o princiacutepio do
conteuacutedo do direito agrave integraccedilatildeo social da pessoa com deficiecircncia Sendo que na
Constituiccedilatildeo de 1937 esta ideacuteia natildeo avanccedila restringindo a reportar o pensamento jaacute
assegurado pela a Constituiccedilatildeo anterior
As Constituiccedilotildees seguintes a de 1946 e de 1967 garantiram apenas o direito a
igualdade e fizeram breve menccedilatildeo ao direito agrave previdecircncia para trabalhadores que se
tornarem invaacutelidos
2 Disponiacutevel em lthttpwwwsescspcombrgt Acesso em 20 maio 2009
A primeira menccedilatildeo de fato agrave proteccedilatildeo especiacutefica de pessoas com deficiecircncia
ocorreu na Emenda nordm 1 agrave Constituiccedilatildeo de 1967 no qual em seu artigo 175 paraacutegrafo
quarto assegura que haveraacute Lei especial sobre a assistecircncia agrave maternidade infacircncia e agrave
adolescecircncia e sobre a educaccedilatildeo de excepcionais
Contudo o maior avanccedilo ocorreu na Emenda Constitucional nordm 12 agrave
Constituiccedilatildeo Federal de 17 de outubro de 1978
Artigo uacutenico Egrave assegurado aos deficientes a melhoria de sua condiccedilatildeo social e econocircmica especialmente mediante I
educaccedilatildeo especial e gratuita II
assistecircncia reabilitaccedilatildeo e reinserccedilatildeo na vida econocircmica e social do Paiacutes III
proibiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo inclusive quanto agrave admissatildeo ao trabalho ou ao serviccedilo puacuteblico e a salaacuterios IV
possibilidade de acesso a edifiacutecios e logradouros puacuteblicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
A Constituiccedilatildeo de 1988 cita no artigo 227 inciso II a obrigaccedilatildeo do Estado de
promover accedilotildees a fim de assegurar a inclusatildeo de todas as pessoas apresentando
[] criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilidade do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos (BRASIL CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
Jaacute no paraacutegrafo 2deg do mesmo artigo eacute possiacutevel perceber a obrigaccedilatildeo legal de se
garantir acesso a todas as pessoas independentemente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas a
espaccedilos puacuteblicos A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos
edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de
garantir acesso adequado agraves Poliacuteticas Puacuteblicas de deficiecircncia (BRASIL
CONSTITUICcedilAtildeO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2004)
No iniacutecio da deacutecada de 1990 comeccedila a haver um maior discernimento dos
tipos de obstaacuteculos existentes para as pessoas com deficiecircncia com isso compreende-se
que haacute outros tipos de deficiecircncia a serem considerados no que se refere agrave acessibilidade
e natildeo apenas agraves limitaccedilotildees motoras
Em meados dos anos 1990 com o surgimento do conceito de desenho
universal busca-se romper com a visatildeo de uma arquitetura voltada para um ideal
humano ou a um pretenso homem meacutedio buscando respeitar a diversidade presente na
sociedade Sendo que no fim desta deacutecada passou-se a considerar o conceito de
acessibilidade simultaneamente com o de desenho universal
No ano de 2000 houve um significativo avanccedilo quanto ao assunto O Poder
Legislativo elaborou a Lei nordm 10048 a qual trata de atendimento prioritaacuterio e de
acessibilidade nos meios de transportes e inova ao introduzir penalidades ao seu
descumprimento Jaacute a Lei 10098 elaborada pelo Poder Executivo trata de acessibilidade
ao meio fiacutesico aos meios de transporte na comunidade e informaccedilatildeo e em ajudas
teacutecnicas Ambas as leis foram regulamentas em 02 de dezembro de 2004 pelo Decreto
nordm 5296
Em junho de 2004 foi lanccedilado o Programa Brasileiro de Acessibilidade
Urbana - Brasil Acessiacutevel com o objetivo de incluir uma nova visatildeo no processo de
construccedilatildeo das cidades que considere o acesso universal ao espaccedilo puacuteblico por todas as
pessoas e suas diferentes necessidades O programa eacute constituiacutedo de accedilotildees e
instrumentos a fim de possibilitar aos governos municipais e estaduais o
desenvolvimento de accedilotildees que garantam a acessibilidade para pessoas com mobilidade
reduzida nos mais diversos espaccedilos puacuteblicos como aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas
No ano de 2006 durante a I Conferecircncia Nacional dos Direitos da Pessoa com
deficiecircncia foi lanccedilada pelo CONADE
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiecircncia a Campanha Nacional da Acessibilidade com o tema Acessibilidade
Vocecirc tambeacutem tem compromisso
A campanha que propotildee a accedilatildeo conjunta entre governo e sociedade civil age
como propulsora e organizadora da mudanccedila para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a
permuta da realidade atual Tem como proposta levar cada cidadatildeo a se envolver e
defender o direito que as pessoas com deficiecircncia tecircm a uma vida normal e produtiva na
sociedade Podem aderir agrave Campanha governos de estado prefeituras entidades escolas
de samba empresas pessoas fiacutesicas universidades times de futebol e outros
Atualmente tal campanha vem evoluindo gradativamente no processo de
sensibilizaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo da sociedade pelo direito de todos agrave acessibilidade de
modo que jaacute eacute possiacutevel destacar diversos tipos de entidades que aderiram agrave campanha
tais como o Supremo Tribunal Federal Ministeacuterio Puacuteblico Federal Universidades
Clubes Brasileiros de Futebol Escolas de Samba personalidades puacuteblicas dentre
outros
27 Acessibilidade no Distrito Federal
Quanto ao Distrito Federal (DF) este eacute um ente da Federaccedilatildeo novo em sua
histoacuteria jaacute que surgiu na deacutecada de 1960 inaugurada pelo entatildeo Presidente da
Repuacuteblica Juscelino Kubitschek surgindo como alternativa para a nova capital
brasileira Quando de sua inauguraccedilatildeo todos achavam que natildeo duraria muitos anos
contudo tem-se desenvolvido ao longo dos anos contando atualmente com uma
populaccedilatildeo de 2557158 habitantes
Atualmente o DF eacute composto por 30 Regiotildees Administrativas que
contribuiacuteram para o seu raacutepido crescimento e o que se percebe satildeo poucas ou
inexistentes accedilotildees desenvolvidas de modo a atender as pessoas que apresentam alguma
necessidade especial
Entretanto em 21 de setembro de 2001 foi criada pelo Governo do Distrito
Federal (GDF) a Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) para acompanhar o
desenvolvimento do Programa de Governo intitulado de Acessibilidade Direito de
Todos bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para promoccedilatildeo de
acessibilidade
Tal comissatildeo eacute composta por quarenta e seis representantes e seus suplentes de
oacutergatildeos do governo tais como Secretaria Especial de Justiccedila Direitos Humanos e
Cidadania por meio da Diretoria para Integraccedilatildeo da Pessoa portadora de Deficiecircncia -
CORDE Secretaria de Coordenaccedilatildeo das Administraccedilotildees Regionais Administraccedilotildees
Regionais Secretaria de Sauacutede Secretaria de Educaccedilatildeo Secretaria de Comunicaccedilatildeo
Social Secretaria de Seguranccedila Puacuteblica Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal Secretaria de Estado de Esporte do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econocircmico e Turismo do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal Secretaria de Estado
de Planejamento e Gestatildeo do Distrito Federal Secretaria de Estado de Transportes do
Distrito Federal Secretaria de Estado de Cultura Departamento de Estradas e Rodagem
Departamento de Tracircnsito Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Distrito
Federal
O citado programa tem como objetivo concretizar accedilotildees de acessibilidade as
pessoas com deficiecircncia e pessoas com mobilidade reduzida em trecircs dimensotildees a saber
urbaniacutestica arquitetocircnica e de transporte garantindo reais condiccedilotildees de cidadania com a
eliminaccedilatildeo de barreiras Para tanto trouxe como propostas inserir a discussatildeo de
acessibilidade em universidades e faculdades realizar articulaccedilatildeo de parcerias a fim de
inserir projetos de acessibilidade em todo o Distrito Federal e campanhas publicitaacuterias
com o fim de promover uma conscientizaccedilatildeo na sociedade em geral
Desde entatildeo vaacuterias accedilotildees tem sido desenvolvidas tais como cursos para os
trabalhadores da construccedilatildeo que prestam serviccedilos para o GDF padronizaccedilatildeo e
otimizaccedilatildeo de rampas para toda a cidade convecircnios entre bares e restaurantes para a
confecccedilatildeo de cardaacutepios em braile permuta da frota do transporte coletivo por ocircnibus
adaptados projetos estes implementados ou em fase de implementaccedilatildeo
As accedilotildees desenvolvidas no acircmbito do Distrito Federal bem como as
legislaccedilotildees na qual se apoacuteiam as medidas de acessibilidade para as pessoas com
necessidades especiais como poliacuteticas puacuteblicas seratildeo discutidas no proacuteximo capiacutetulo
Capiacutetulo III
Apoacutes versar sobre os conceitos e evoluccedilatildeo da acessibilidade no Brasil e no
mundo este capiacutetulo apresentaraacute a mesma como um direito Dessa forma seratildeo tratados
conceitos relevantes para o entendimento de accedilotildees de acessibilidade como poliacuteticas
promovidas pelo Estado em conjunto com a sociedade civil organizada de modo a
fomentar a inclusatildeo e a efetivaccedilatildeo de direitos das pessoas que historicamente sempre
foram excluiacutedas socialmente
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS
Muitas vezes quando se fala de poliacuteticas puacuteblicas3 o que vem a mente eacute a accedilatildeo
exclusiva do Estado Poreacutem como ressalta Pereira (2008 p 94) poliacuteticas puacuteblicas eacute a
accedilatildeo puacuteblica na qual aleacutem do Estado a sociedade se faz presente ganhando
representatividade poder de decisatildeo e condiccedilotildees de exercer o controle sobre a sua
proacutepria reproduccedilatildeo sobre os atos e decisotildees do governo
As poliacuteticas puacuteblicas apresentam como principais caracteriacutesticas
1 Constituiccedilatildeo de um modelo de orientaccedilatildeo para a accedilatildeo puacuteblica isto eacute instituem
um marco que guia as accedilotildees a serem desenvolvidas para a visibilizaccedilatildeo de um direito
tendo uma autoridade puacuteblica que aloca e administra bens puacuteblicos e o controle dos
cidadatildeos sobre o Estado denominado de controle democraacutetico
2 A concretizaccedilatildeo de direitos sociais declarados e garantidos nas leis
3 O princiacutepio do interesse comum e da soberania popular isto eacute as poliacuteticas
puacuteblicas natildeo procedem a fim de atender interesses particulares ou da soberania dos
governantes
4 A satisfaccedilatildeo das necessidades sociais e natildeo da rentabilidade econocircmica
privada
3 Natildeo seraacute aprofundado no escopo deste trabalho o que venha a ser poliacuteticas puacuteblicas por natildeo ser o intuito da pesquisa
Eacute importante frisar que as poliacuteticas puacuteblicas podem ser definidas tambeacutem como
uma natildeo-accedilatildeo intencional de uma autoridade puacuteblica frente a um problema ou
responsabilidade de sua competecircncia (PEREIRA 2008 p 97) Essa natildeo-accedilatildeo por parte
do Estado pode ter impactos mais profundos do que os gerados pelas accedilotildees
governamentais
31 Relaccedilatildeo entre Poliacuteticas Puacuteblicas e Cidadania
Como jaacute mencionado as poliacuteticas puacuteblicas buscam concretizar os direitos
sociais que se orientam pelo princiacutepio da igualdade A identificaccedilatildeo das poliacuteticas
puacuteblicas com esses direitos estaacute no fato deles terem como perspectiva a equidade (dar
mais a quem mais necessita) a justiccedila social e possibilitarem agrave sociedade cobrar atitudes
positivas do Estado com vistas a transformar a realidade (PEREIRA 2008)
Pereira-Pereira comenta ainda que as poliacuteticas puacuteblicas natildeo devem ser voltadas
para a realizaccedilatildeo de necessidades meramente bioloacutegicas uma vez que o ser humano eacute
um ser social possuindo necessidades emocionais cognitivas de aprendizado e
desenvolvimento e estas devem ser consideradas pelas poliacuteticas puacuteblicas
Nos uacuteltimos anos houve o surgimento de sujeitos titulares de direitos ateacute entatildeo
desconhecidos ou ignorados tais como os idosos e as pessoas com deficiecircncia Neste
sentido os direitos sociais tecircm se multiplicado e especializado uma vez que satildeo os mais
dinacircmicos em comparaccedilatildeo com os demais direitos
Quanto ao conceito de cidadania este natildeo eacute uniacutevoco e o aqui adotado seraacute o de
Gueiros (1991 p 26) o qual afirma que a cidadania vem a ser enfocado como processo
de luta pelo exerciacutecio e ampliaccedilatildeo de direitos o que implica afastado o fetiche da
igualdade admitir uma participaccedilatildeo entre desiguais que natildeo seja mera sujeiccedilatildeo
A cidadania ainda conforme a mesma autora eacute construiacuteda de maneira histoacuterica
pela luta dos excluiacutedos e natildeo constitui a praacutetica do Assistente Social por mais que esta
possa constituir condiccedilatildeo de facilitaccedilatildeo para que a cidadania se efetive (GUEIROS
1991 p 49)
Assim eacute necessaacuterio que as poliacuteticas puacuteblicas sociais venham atingir segmentos
da sociedade que historicamente satildeo tratados como pessoas passiacuteveis de atos caritativos
e assistencialistas natildeo sendo reconhecidos como sujeitos de direitos Dessa forma as
poliacuteticas puacuteblicas cumprem sua caracteriacutestica de concretizar direitos sociais declarados e
garantidos nas leis bem como a concretizaccedilatildeo da cidadania
As poliacuteticas que visam promover a acessibilidade agraves pessoas com deficiecircncia e
restriccedilatildeo de mobilidade devem surgir como meio de garantir a concretizaccedilatildeo da
cidadania possibilitando uma real participaccedilatildeo social deste segmento pois as pessoas
com necessidades especiais precisam sentir-se seguras para exercer atividades do
cotidiano com total autonomia A garantia da acessibilidade impulsiona que as demais
poliacuteticas puacuteblicas tambeacutem sejam concretizadas pois dessa maneira essas pessoas
conseguiriam acessar outros direitos como sauacutede educaccedilatildeo esporte lazer etc
De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica Profissional dos Assistentes Sociais (1993)
constitui princiacutepio fundamental o empenho na eliminaccedilatildeo de todas as formas de
preconceito incentivando o respeito agrave diversidade agrave participaccedilatildeo de grupos socialmente
discriminados e agrave discussatildeo das diferenccedilas Neste sentido na formaccedilatildeo profissional o
debate sobre acessibilidade faz-se necessaacuterio como forma de garantir a viabilizaccedilatildeo dos
direitos de pessoas que ateacute pouco tempo eram esquecidas ou ignoradas pelo governo e
sociedade
Logo o(a) profissional de Serviccedilo Social assume um importante papel pois
deve ter um projeto eacutetico-poliacutetico respaldado na ampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadania
se posicionando em favor da equidade e justiccedila social de forma a atender todos os
indiviacuteduos sempre respeitando suas peculiaridades Portanto o(a) assistente social deve
entre outras coisas lutar pela efetivaccedilatildeo de poliacuteticas de promoccedilatildeo agrave acessibilidade
entretanto sem perder de vista que o mais importante eacute que haja uma inclusatildeo social das
pessoas com necessidades especiais em todos os espaccedilos
32 Marco Legal
321 Constituiccedilatildeo Federal de 1988
A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 eacute a lei fundamental
e suprema do Brasil servindo de paracircmetro de validade a todas as demais espeacutecies
normativas situando-se no topo do Ordenamento Juriacutedico E referente a pessoas com
necessidades especiais eacute possiacutevel encontrar alguns artigos que visam assegurar a
inclusatildeo destes sujeitos Dessa forma seratildeo apresentados a seguir alguns dos trechos
dos artigos que se referem agraves pessoas com deficiecircncia
No Tiacutetulo III Da Organizaccedilatildeo do Estado no capiacutetulo II Da Uniatildeo
Art 23 Eacute competecircncia comum da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios [] II - cuidar da sauacutede e assistecircncia puacuteblica da proteccedilatildeo e garantia das
pessoas portadoras de deficiecircncia [] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizaccedilatildeo
promovendo a integraccedilatildeo social dos setores desfavorecidos [] Art 24 Compete agrave Uniatildeo aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [] XIV - proteccedilatildeo e integraccedilatildeo social das pessoas portadoras de deficiecircncia
No capiacutetulo II do Tiacutetulo VIII Da Ordem Social na Seccedilatildeo destinada a
Assistecircncia Social a Constituiccedilatildeo Federal especifica
Art 203 A assistecircncia social seraacute prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social e tem por objetivos [] IV - habilitaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo das pessoas portadoras de deficiecircncia e a promoccedilatildeo de sua integraccedilatildeo agrave vida comunitaacuteria
No Capiacutetulo VII da Administraccedilatildeo Puacuteblica ainda no Tiacutetulo III Seccedilatildeo I
Disposiccedilotildees Gerais trata acerca da destinaccedilatildeo de vagas para pessoas com deficiecircncia em
oacutergatildeos e empresas da administraccedilatildeo puacuteblica Sendo que segundo a Lei Federal ndeg 8213
de 24071991 as empresas com cem ou mais empregados devem contar com 2 a 5
de pessoas com deficiecircncia
[] Art 37 A administraccedilatildeo puacuteblica direta indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios obedeceraacute aos princiacutepios de legalidade impessoalidade moralidade publicidade e tambeacutem ao seguinte[] VIII - a lei reservaraacute percentual dos cargos e empregos puacuteblicos para as pessoas portadoras de deficiecircncia e definiraacute os criteacuterios de sua admissatildeo
No Tiacutetulo VIII Da Ordem Social Capiacutetulo VII Da Famiacutelia da Crianccedila do
Adolescente e do Idoso o qual descreve metas relacionadas ao tratamento para com as
pessoas com deficiecircncia Assim disciplina o artigo 227
[] II - criaccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo e atendimento especializado para os portadores de deficiecircncia fiacutesica sensorial ou mental bem como de integraccedilatildeo social do adolescente portador de deficiecircncia mediante o treinamento para o trabalho e a convivecircncia e a facilitaccedilatildeo do acesso aos bens e serviccedilos coletivos com a eliminaccedilatildeo de preconceitos e obstaacuteculos arquitetocircnicos sect 2ordm A lei disporaacute sobre normas de construccedilatildeo dos logradouros e dos edifiacutecios de uso puacuteblico e de fabricaccedilatildeo de veiacuteculos de transporte coletivo a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia
No Tiacutetulo IX Das Disposiccedilotildees Constitucionais Gerais
Art 244 A lei disporaacute sobre a adaptaccedilatildeo dos logradouros dos edifiacutecios de uso puacuteblico e dos veiacuteculos de transporte coletivos atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado agraves pessoas portadoras de deficiecircncia conforme o disposto no art 227 sect 2ordm
Eacute inegaacutevel o fato que a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 apresenta artigos
importantes para o amparo das pessoas com deficiecircncia servindo de guia para as leis
infraconstitucionais4 e a accedilatildeo dos administradores do poder puacuteblico Contudo os
dispositivos constitucionais devem objetivar a aplicabilidade e a eficaacutecia
O princiacutepio da igualdade eacute o direito baacutesico e primordial a ser considerado para
a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tal direito deve ser adotado de
forma que as diferenccedilas existentes ao serem tratadas da maneira adequada se tornem
um meio de equiparaccedilatildeo de oportunidades
Todos os demais direitos como o direito ao trabalho transporte agrave vida
familiar educaccedilatildeo eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas agrave aposentadoria e ao lazer
constituem instrumentos para a inclusatildeo das pessoas com deficiecircncia ou mobilidade
reduzida pois ao serem amparadas legalmente tais pessoas tornam-se aptas para
desenvolver suas atividades sociais plenamente (ARAUJO 2003 p54)
4 Mais adiante seraacute abordado melhor o conceito de leis infraconstucionais as mais importantes existentes no Brasil no trato agraves pessoas com necessidades especiais
322 Legislaccedilatildeo Infraconstitucional
3221 Legislaccedilatildeo Federal
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute a lei maior do Brasil que dispotildee sobre as
accedilotildees que devem ser desenvolvidas a fim de concretizar direitos poreacutem haacute leis que vecircm
como meio de auxiliar ou complementar a lei suprema denominadas de normas
infraconstitucionais Tais leis satildeo normas legais e administrativas que estatildeo dispostas
abaixo da Constituiccedilatildeo e devem observar os ditames da Carta Magna desse modo natildeo
podem ferir o princiacutepio garantido isto eacute tornarem-se inconstitucionais no sentido de
inviabilizar ou reduzir um direito declarado
A partir do ano 2000 houve a elaboraccedilatildeo de diversas leis e decretos que devem
ser consideradas ao se tratar sobre acessibilidade para pessoas com necessidades
especiais diante disso primeiramente seratildeo apresentadas as principais leis em acircmbito
nacional e posteriormente as de acircmbito distrital que eacute o foco deste trabalho
A Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 dispotildee sobre o apoio agraves pessoas com
deficiecircncia sua integraccedilatildeo social institui a Coordenadoria Nacional para a Integraccedilatildeo
da Pessoa Portadora de deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico e define
crimes contra o preconceito
Esta lei foi importante ao assegurar o pleno exerciacutecio dos direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiecircncia afastadas as discriminaccedilotildees e os preconceitos de
qualquer espeacutecie e entendida a mateacuteria como obrigaccedilatildeo nacional a cargo do Poder
Puacuteblico e da sociedade 5
A Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 daacute prioridade de atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia aos idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos
agraves gestantes agraves lactantes e agraves pessoas acompanhadas por crianccedilas de colo6
Tal lei garante atendimento prioritaacuterio nas reparticcedilotildees puacuteblicas e empresas
concessionaacuterias de serviccedilos puacuteblicos aleacutem das instituiccedilotildees financeiras Assegura
5 Artigo 1deg sect 2deg lei ndeg 78531989 6 Artigo 1deg lei ndeg 100482000
assentos reservados no sistema de transporte coletivo facilidade de acesso e utilizaccedilatildeo
de logradouros sanitaacuterios e edifiacutecios puacuteblicos bem como penalidades ao ser cometido
infraccedilatildeo ao disposto na lei
Jaacute a Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000
estabelece normas e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida Para tal propotildee a supressatildeo de barreiras e de obstaacuteculos nas vias e
espaccedilos puacuteblicos no mobiliaacuterio urbano na construccedilatildeo e reforma de edifiacutecios e nos
meios de transporte e de comunicaccedilatildeo7
Dispotildee ainda sobre o posicionamento dos elementos da urbanizaccedilatildeo8 os quais
devem ser concebidos e executados de modo acessiacutevel agraves pessoas com deficiecircncia ou
com mobilidade reduzida e os jaacute existentes devem ser adaptados com o propoacutesito de
promover ampla acessibilidade A lei ainda explana que devem ser adaptados os
banheiros de uso coletivo contendo ao menos um sanitaacuterio e um lavatoacuterio acessiacuteveis a
pessoas com deficiecircncia Assim como as aacutereas de estacionamento de veiacuteculos presentes
em vias ou espaccedilos puacuteblicos tecircm a obrigaccedilatildeo de serem localizadas proacuteximo dos acessos
de circulaccedilatildeo de pedestres e devidamente sinalizadas
Esta Lei traz ainda elementos ateacute entatildeo pouco observados quanto agrave questatildeo da
acessibilidade e portanto eacute uma referecircncia na legislaccedilatildeo sobre o tema pois estabelece
normas sobre o desenho e localizaccedilatildeo do mobiliaacuterio urbano9 acessibilidade nos
edifiacutecios puacuteblicos de uso coletivo e de uso privado nos veiacuteculos de transporte coletivo
nos sistemas de comunicaccedilatildeo e sinalizaccedilatildeo
Trata tambeacutem das disposiccedilotildees sobre ajudas teacutecnicas das medidas de fomento agrave
eliminaccedilatildeo de barreiras e dispotildee que o Poder Puacuteblico eacute o responsaacutevel pela promoccedilatildeo de
campanhas informativas a fim de conscientizar e sensibilizar a sociedade em geral
7 Artigo 1deg lei ndeg 100982000 8 Artigo 2deg inciso IV
elemento de urbanizaccedilatildeo qualquer componente das obras de urbanizaccedilatildeo tais como os referentes a pavimentaccedilatildeo saneamento encanamentos para esgotos distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica iluminaccedilatildeo puacuteblica abastecimento e distribuiccedilatildeo de aacutegua paisagismo e os que materializam as indicaccedilotildees do planejamento urbaniacutestico 9 Artigo 2deg inciso V
mobiliaacuterio urbano o conjunto de objetos existentes nas vias e espaccedilos puacuteblicos superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizaccedilatildeo ou da edificaccedilatildeo de forma que sua modificaccedilatildeo ou traslado natildeo provoque alteraccedilotildees substanciais nestes elementos tais como semaacuteforos postes de sinalizaccedilatildeo e similares cabines telefocircnicas fontes puacuteblicas lixeiras toldos marquises quiosques e quaisquer outros de natureza anaacuteloga
acerca da importacircncia da acessibilidade e da inclusatildeo das pessoas com necessidade
especiais
Por fim o Decreto 5296 de 2 de dezembro de 2004
regulamenta as Leis ndeg
10048 de 8 de novembro de 2000 que daacute prioridade de atendimento agraves pessoas com
deficiecircncia fiacutesica idosos gestantes lactantes e pessoas acompanhadas por crianccedilas de
colo e 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e criteacuterios
baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas com deficiecircncia ou com
mobilidade reduzida
3222 Legislaccedilatildeo Distrital
Concernente ao Distrito Federal haacute diversas leis e decretos que versam acerca
da inclusatildeo e da integraccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida Estes
visam promover a acessibilidade em acircmbito distrital em oacutergatildeos puacuteblicos e de uso
coletivo instituindo uma comissatildeo para a concretizaccedilatildeo de tal objetivo Perante isto
entre outros pode-se citar os seguintes decretos como os mais relevantes para a
elaboraccedilatildeo deste trabalho
A Lei ndeg 3919 de 19 de dezembro de 1998
o qual altera a Lei nordm 2105 de 8
de outubro de 1998 que Dispotildee sobre o Coacutedigo de Edificaccedilotildees do Distrito Federal
constituindo um marco na regulamentaccedilatildeo da acessibilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica
do Distrito Federal
O Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000
dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias
puacuteblicas do Distrito Federal Desta forma a Administraccedilatildeo do Distrito Federal na
construccedilatildeo de vias puacuteblicas eacute obrigada a promover as adaptaccedilotildees indispensaacuteveis agrave
garantia da locomoccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia
O Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001
dispotildee sobre a criaccedilatildeo de Selo
de Acessibilidade emitido para as edificaccedilotildees de uso puacuteblico ou coletivo onde
estiverem garantidas as condiccedilotildees de acessibilidade Isto eacute quando as edificaccedilotildees
proporcionarem acesso livre de barreiras arquitetocircnicas em seu interior nos termos da
legislaccedilatildeo vigente e no seu percurso ateacute as calccediladas em aacuterea puacuteblica
O Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003
trata sobre a acessibilidade para
pessoas com deficiecircncia em imoacuteveis ocupados pelo Governo do Distrito Federal Ou
seja assegura que os imoacuteveis edificados reformados ampliados ou instalados atenderatildeo
agraves condiccedilotildees de acessibilidade aleacutem de que a locaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de contratos de
locaccedilatildeo de imoacuteveis que se destinem a abrigar os oacutergatildeos puacuteblicos somente ocorreraacute
depois de efetuadas agraves devidas adaptaccedilotildees
Haacute ainda o Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007
que institui a nova
Comissatildeo Permanente de Acessibilidade do Governo do Distrito Federal a qual foi
estabelecida no ano 2001 com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do
Programa de Governo Acessibilidade Direito de Todos o qual seraacute descrito adiante
bem como a implantaccedilatildeo de propostas relativas a projetos para a promoccedilatildeo da
acessibilidade Este decreto ainda delineia a sua constituiccedilatildeo por representantes de
oacutergatildeos e entidades distritais
Finalizando haacute o Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 o qual institui o
Programa Matildeo na Roda destinado a possibilitar o deslocamento de usuaacuterios portadores
de deficiecircncia idosos e portadores de doenccedila causadora de mobilidade reduzida a cargo
da Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal -
SEJUS
33 Aplicaccedilatildeo da Lei de Acessibilidade
Apoacutes serem apresentadas as legislaccedilotildees mais relevantes para a construccedilatildeo deste
trabalho seratildeo descritas algumas accedilotildees que tecircm sido realizadas tanto na esfera federal
mas principalmente no acircmbito distrital com vistas agrave promoccedilatildeo da acessibilidade Eacute
importante frisar que vaacuterias accedilotildees tecircm sido desenvolvidas de forma a garantir a
acessibilidade para as pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida sendo aqui
descritas apenas as mais abrangentes realizadas pelo Estado
331 Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana
BRASIL
ACESSIacuteVEL
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana foi lanccedilado em 2 de junho de
2004 pelo Ministeacuterio das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana - SeMob tendo como objetivo estimular e apoiar os governos
municipais e estaduais a cumprirem suas prerrogativas e desenvolver accedilotildees que
garantam acesso para pessoas com restriccedilatildeo de mobilidade aos sistemas de transportes
equipamentos urbanos e a circulaccedilatildeo em aacutereas puacuteblicas (CARTILHA BRASIL
ACESSIacuteVEL 2006 p5)
Tem como accedilotildees previstas a capacitaccedilatildeo de pessoal adequaccedilatildeo dos sistemas de
transportes a eliminaccedilatildeo de barreiras difusatildeo do conceito de desenho universal no
planejamento de sistemas de transportes e equipamentos puacuteblicos o estiacutemulo agrave
integraccedilatildeo das accedilotildees de Governo a sensibilizaccedilatildeo da sociedade o estiacutemulo agrave
organizaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncia e ao desenvolvimento tecnoloacutegico
Como suporte para a implementaccedilatildeo do citado programa foram criados
materiais de apoio constituiacutedos em cadernos os quais tratam dos seguintes assuntos
1 Atendimento adequado agraves pessoas com deficiecircncia e restriccedilatildeo de mobilidade
2 Como construir a cidade acessiacutevel destinado aos profissionais da aacuterea de
elaboraccedilatildeo de projetos urbaniacutesticos mobiliaacuterio urbano e implementaccedilatildeo de
projetos e obras nos espaccedilos puacuteblicos bem como nos edifiacutecios de uso coletivos
puacuteblicos ou privados
3 Oferece orientaccedilotildees para a implementaccedilatildeo do Decreto ndeg 529604 que
estabelecem normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade
das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
4 Orienta na elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais de acessibilidade de forma
permanente apresentando procedimentos para a implantaccedilatildeo e a fiscalizaccedilatildeo de
projetos obras e soluccedilotildees para o acesso e o atendimento das pessoas com
deficiecircncia idosos ou pessoas com mobilidade reduzida
5 Orienta para a criaccedilatildeo de programas e obras visando agrave implantaccedilatildeo de Sistemas
de Transporte Acessiacutevel
6 Apresenta exemplos de praacuteticas inovadoras ou consagradas jaacute em
desenvolvimento nas administraccedilotildees municipais visando agrave construccedilatildeo de uma
cidade acessiacutevel
332 Campanha Nacional de Acessibilidade
Prevista no artigo 67 do decreto ndeg 52962004 a campanha nacional de
acessibilidade foi lanccedilada em 2006 sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos por intermeacutedio da CORDE Diz respeito a uma empreitada de
sensibilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo da sociedade para a eliminaccedilatildeo das barreiras atitudinais10
de informaccedilatildeo arquitetocircnicas dentre outras que impedem as pessoas com deficiecircncia
ou com mobilidade reduzida de participarem efetivamente da vida em sociedade
Tal campanha tem como objetivo favorecer a conscientizaccedilatildeo e estimular uma
accedilatildeo proacute-ativa em direccedilatildeo da construccedilatildeo de uma sociedade inclusiva solidaacuteria e que
possibilite igualdade de oportunidades Acredita-se que a accedilatildeo conjunta Governo-
Sociedade Civil como propulsora e organizadora da mudanccedila representa o principal
pilar para a eliminaccedilatildeo das barreiras e a mudanccedila da realidade atual
A campanha eacute composta por viacutedeos ilustrativos e dinacircmicos que relatam o que
vem a ser acessibilidade e o porquecirc de sua importacircncia para a sociedade aleacutem de em
jogos importantes do campeonato brasileiro de futebol pessoas com deficiecircncia tecircm
entrado em campo juntamente com os jogadores carregando uma bandeira com os
dizeres Acessibilidade Siga essa ideacuteia
Dessa forma tem sido transmitida a mensagem da acessibilidade a milhares de
torcedores presentes nos estaacutedios de futebol assim como a milhotildees de indiviacuteduos que
acompanham os jogos pela televisatildeo Consequentemente aos poucos a campanha vem
gradativamente formando uma rede de promoccedilatildeo agrave acessibilidade com pessoas de todas
as idades sexo etnia e torcidas
10 Isto eacute mudanccedilas de atitudes na sociedade de forma a compreenderem sobre os direitos e necessidades das pessoas com deficiecircncia e dessa forma combaterem preconceitos e estigmas que ainda existem
Por meio desta atitude tem sido possiacutevel levar a discussatildeo da acessibilidade
para outros espaccedilos da sociedade pouco explorados tornando a temaacutetica da pessoa com
deficiecircncia e mobilidade reduzida enquanto sujeitos de direitos natural e gradualmente
incluiacuteda na sociedade
333 Programa Acessibilidade Direito de todos
O programa denominado de Acessibilidade Direito de todos foi idealizado no
ano 2000 sob a coordenaccedilatildeo da CORDE por meio de um seminaacuterio realizado em
parceria com as Superintendecircncias das Administraccedilotildees Regionais Tal seminaacuterio contou
com a participaccedilatildeo de teacutecnicos das aacutereas de engenharia e arquitetura dos oacutergatildeos
puacuteblicos do GDF grupos e associaccedilotildees da terceira idade pessoas com deficiecircncia e
representantes de entidades ligadas agrave questatildeo
Considerando a mobilidade como um direito universal o programa tem como
uma de suas marcas promover a quebra de barreiras a esse direito por meio de accedilotildees
que buscam o acesso a edificaccedilotildees espaccedilos puacuteblicos e mobiliaacuterios urbanos que
atendam as pessoas com necessidades especiais e ofereccedilam condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo a
esses ambientes com seguranccedila e autonomia Tem como eixos de operacionalizaccedilatildeo a
eliminaccedilatildeo de barreiras arquitetocircnicas articulaccedilatildeo de parcerias e campanhas
publicitaacuterias
Atualmente sob a coordenaccedilatildeo da CPA tem como principais accedilotildees a serem
desenvolvidas a sinalizaccedilatildeo sonora em semaacuteforos e taacutetil no chatildeo indicando obstaacuteculos
suspensos (caixas de correios lixeiras orelhotildees etc) em edifiacutecios e logradouros de uso
puacuteblico reserva de vagas em garagens e estacionamentos puacuteblicos bem como de
assentos nos veiacuteculos que operam nos transportes coletivos do DF implantaccedilatildeo de
rampas rebaixamento de calccediladas e meio-fio adaptaccedilatildeo de sanitaacuterios e preacutedios
puacuteblicos inclusatildeo de temas sobre acessibilidade na formaccedilatildeo de arquitetos e
engenheiros articulaccedilatildeo de parcerias por meio de reuniotildees com as Regiotildees
Administrativas e a CORDE elaboraccedilatildeo e propagaccedilatildeo de campanhas publicitaacuterias
como a denominada de viver a diferenccedila e de conscientizaccedilatildeo veiculadas em escolas
bancos transporte coletivo e miacutedia
334 Situaccedilatildeo do Programa Acessibilidade Direito de Todos
De acordo com dados oferecidos pela CPA foram construiacutedos mais de 120 km
de calccediladas rebaixadas com rampas faixas livres de pedestres e pisos apropriados
permitindo que pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida possam se locomover
sem obstaacuteculos Essa accedilatildeo envolveu vaacuterios oacutergatildeos do governo considerando que a
mobilidade e a acessibilidade satildeo fundamentais para a condiccedilatildeo dos moradores e dos
turistas
A CPA juntamente com a Coordenadoria das Cidades promove cursos para
diretores executores e fiscais de obras em todo DF O objetivo eacute treinar os profissionais
da aacuterea para que as obras em andamento e os projetos ainda no papel sigam as regras de
acessibilidade Esta accedilatildeo jaacute contou com uma participaccedilatildeo de mais de 23 mil
profissionais em cursos reuniotildees ou palestras oferecidas pela Comissatildeo
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do
Distrito Federal juntamente com a Secretaria de Esportes a Gerecircncia de Vilas
Oliacutempicas e o Centro de Treinamento e Educaccedilatildeo Fiacutesica Especial idealizou o modelo
da primeira Vila Oliacutempica do DF com desenho universal Instalado em localidades
carentes do DF tais vilas tecircm como objetivo reduzir a desigualdade social e promover e
incentivar a praacutetica de esportes para estudantes da rede puacuteblica Recentemente foi
inaugurada a primeira das vinte vilas oliacutempicas da regiatildeo localizada em Samambaia
apresentando toda uma acessibilidade para receber as diversas necessidades que os
usuaacuterios possam ter
No dia 22 de dezembro de 2008 foi publicado no Diaacuterio Oficial o Decreto nordm
29879 que dispotildee sobre a acessibilidade em pontos de parada de transporte coletivo O
projeto engloba as novas paradas de ocircnibus e as jaacute existentes e definem locais para as
lixeiras postes de iluminaccedilatildeo telefone puacuteblico faixas podotaacutetil e direcional travessias
rampas pontos de arborizaccedilatildeo aleacutem do niacutevel das calccediladas
A CPA juntamente com teacutecnicos da Secretaria de Obras da Coordenadoria das
Cidades e da Seduma visita obras nas 30 Regiotildees Administrativas existentes no DF O
objetivo eacute vistoriar e fiscalizar as obras em execuccedilatildeo com a presenccedila dos oacutergatildeos e
empresas envolvidas para que todos os novos empreendimentos do Distrito Federal
sejam inaugurados de acordo com as leis vigentes de acessibilidade
Outro ponto proposto pelo programa faz referecircncia agrave promoccedilatildeo da mobilidade
no DF por meio de accedilotildees de melhorias do transporte puacuteblico coletivo Para viabilizar
essas accedilotildees desde 2007 o GDF realiza a renovaccedilatildeo da frota de ocircnibus bem como a
entrega de ocircnibus adaptados Hoje o sistema de transporte puacuteblico do DF de acordo
com o DFTrans - Transporte Urbano do Distrito Federal conta com cerca de 3022 mil
veiacuteculos sendo que destes 950 satildeo adaptados agraves pessoas com necessidades especiais
contando com elevadores e assentos reservados para pessoas obesas O objetivo eacute que
toda a frota seja substituiacuteda e adaptada gradualmente
A Comissatildeo Permanente de Acessibilidade (CPA) Secretaria de Obras
Administraccedilatildeo Regional de Brasiacutelia Novacap e Agecircncia de Fiscalizaccedilatildeo deram iniacutecio
no final de 2008 agraves obras de urbanizaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Norte
(SCN) O local ganharaacute praccedilas faixas e calccediladas que podem variar de 2m a 6m de
largura aleacutem de novos estacionamentos O projeto ainda inclui passeios de pedestre
visando otimizar e incentivar o comeacutercio no setor As obras incluem ainda rampas pisos
adequados corrimotildees faixas taacuteteis e de pedestres entre outros
A revitalizaccedilatildeo do Setor Comercial Sul (SCS) estaacute sendo elaborada em etapas
pelos teacutecnicos da Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan) da Seduma O
objetivo eacute adaptar a regiatildeo a padrotildees internacionais de acessibilidade aleacutem de
dinamizar a aacuterea O projeto prevecirc a revitalizaccedilatildeo das praccedilas do setor com instalaccedilatildeo de
mobiliaacuterio troca de piso e iluminaccedilatildeo Uma ciclovia ao longo da avenida S-3 tambeacutem
faz parte do plano aleacutem das vias centrais e de faacutecil acesso o que resultaraacute na melhoria
das atividades comerciais e valorizaccedilatildeo do pedestre na aacuterea central da cidade
No dia 17 de dezembro de 2008 foi inaugurado na estaccedilatildeo do Metrocirc da 114
Sul a Praccedila do Cidadatildeo Esta se configura um espaccedilo para facilitar o atendimento agraves
pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida A estrutura reuacutene em um mesmo
espaccedilo oacutergatildeos como Procon Defensoria Puacuteblica Secretaria de Sauacutede (oacuterteses e
proacuteteses) Programa Habitacional da Pessoa com Deficiecircncia Conselho dos Direitos da
Pessoa com Deficiecircncia (CODDEDE) Diretoria para Assuntos da Pessoa com
Deficiecircncia (DPAD) e cursos profissionalizantes para pessoas com deficiecircncia
A praccedila foi criada para reunir em um soacute local todos os oacutergatildeos prestadores de
serviccedilos diretos a pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida Assim o puacuteblico
tem condiccedilotildees de usufruir dos serviccedilos com total acessibilidade com rampas e
elevadores e transporte via metrocirc ou ocircnibus aleacutem da opccedilatildeo de estacionamento
Na aacuterea de capacitaccedilatildeo para pessoa com deficiecircncia o objetivo eacute oferecer
cursos variados que vatildeo desde artesanato a informaacutetica e web designer nos mais
diferenciados horaacuterios O local abriga ainda o serviccedilo de periacutecia meacutedica criado pela
Secretaria de Estado de Justiccedila Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS para evitar
fraudes na emissatildeo de carteiras de passe-livre A pessoa com deficiecircncia poderaacute solicitar
o benefiacutecio e passar por todo o processo em um uacutenico local sem precisar se deslocar
para aacutereas diferentes
34 CONSIDERACcedilOtildeES
Ao se tratar de poliacuteticas puacuteblicas eacute importante perceber que natildeo se referem
apenas agrave accedilatildeo estatal mas sim de todos onde aleacutem do Estado a sociedade tambeacutem se
faz presente com poder de decisatildeo e controle sobre atos e decisotildees do governo As
diversas leis existentes a favor da acessibilidade devem transcender o niacutevel normativo
sendo aplicadas na realidade concretizando as disposiccedilotildees que apresentam e desse
modo proporcionando uma interaccedilatildeo entre as diferenccedilas provenientes na sociedade
A legislaccedilatildeo em prol das pessoas com deficiecircncia ou com mobilidade reduzida
em sua constituiccedilatildeo eacute de grande valia para suscitar mudanccedilas de atitudes na sociedade
em relaccedilatildeo a este segmento Todavia mais do que garantir a lei faz-se necessaacuterio que
accedilotildees sejam concretizadas incluindo a participaccedilatildeo deste segmento da sociedade bem
como de toda a sociedade civil e entidades organizadas para defender seus diretos
A acessibilidade como direito tem sido reconhecida gradativamente em todo o
territoacuterio nacional Accedilotildees estatildeo sendo apresentadas como forma de inclusatildeo deste
segmento que por muito tempo sempre estive agrave margem da sociedade Dessa forma
aumenta-se a participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida em todos
os espaccedilos existentes na comunidade proporcionando oportunidades iguais para os
membros da sociedade A garantia de acessibilidade aos mais diversos espaccedilos puacuteblicos
ou de uso coletivo eacute um direito que precisa ser concretizado por meio de accedilotildees que
busquem promover a cidadania e a plena participaccedilatildeo dos sujeitos
Como profissional responsaacutevel pela ampliaccedilatildeo e garantia de direitos o(a)
Assistente Social precisa se comprometer na promoccedilatildeo da acessibilidade como forma de
garantir que todos possam exercer sua cidadania plenamente com seguranccedila e
autonomia Tal profissional natildeo eacute apto para criar meios fiacutesicos de acessibilidade mas eacute
para lutar pela eliminaccedilatildeo de preconceitos e de barreiras tanto fiacutesicas quanto atitudinais
promovendo assim o respeito pela diversidade e consequentemente a inclusatildeo social
de pessoas excluiacutedas
De acordo com dados de formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que visam garantir
a acessibilidade muitas accedilotildees tecircm sido desenvolvidas e dessa forma o GDF tem
contribuiacutedo para a inclusatildeo das pessoas com necessidades especiais Tais iniciativas
vecircm como forma de concretizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo existente em acircmbito federal e distrital
Tem-se otimizado calccediladas nas diversas Regiotildees Administrativas locais de
grande movimentaccedilatildeo tem sido revitalizados haacute ocircnibus novos com adaptaccedilotildees agraves
pessoas com deficiecircncia idosos obesos espaccedilo centralizado com diversos serviccedilos
oferecidos para as pessoas com deficiecircncia e mobilidade reduzida
Essas accedilotildees tecircm tornado o DF mais acessiacutevel agraves diversas necessidades das
pessoas poreacutem as melhores avaliaccedilotildees surgem dos sujeitos que utilizam esses serviccedilos
Neste sentido o proacuteximo capiacutetulo daraacute voz a tais indiviacuteduos trazendo diversas visotildees
sobre as accedilotildees promovidas com vistas agrave acessibilidade aleacutem de pessoas que trabalham
em locais que a devam promover e outros sujeitos da sociedade
Capiacutetulo IV
4 RELATOS DE EXPERIEcircNCIA DA SOCIEDADE DO DF QUANTO A ACESSIBILIDADE
Nota-se que a sociedade de um modo geral natildeo estaacute preparada para lidar com
indiviacuteduos que possuam algum tipo de necessidade especial Muitas vezes tais sujeitos
passam a ser tratados como invisiacuteveis ou mesmo provocam certo espanto quando satildeo
vistos em ambientes puacuteblicos jaacute que quase natildeo frequentam tais locais
As ruas muitas vezes satildeo irregulares e com vaacuterios obstaacuteculos para a pessoa com
deficiecircncia ou alguma restriccedilatildeo de movimento Nas aacutereas de lazer cultura e desportes
natildeo existem (ou satildeo poucos) projetos abrangentes que atendam a todos os cidadatildeos e
nas aacutereas de comeacutercio induacutestria e serviccedilos a acessibilidade inexiste ou eacute inconsistente
As habitaccedilotildees possuem entradas com degraus altos portas estreitas objetos que podem
ser ameaccedila A capacitaccedilatildeo para se lidar com pessoas que apresentem algum tipo de
necessidade especial em oacutergatildeos tanto puacuteblico quanto privado muitas vezes natildeo eacute
proporcionada ou reconhecida pela sua importacircncia
As accedilotildees promovidas com vistas a atender a acessibilidade possibilitam uma
maior convivecircncia e interaccedilatildeo entre diferentes pessoas uma vez que favorece os
contatos reencontros e relaccedilotildees sociais Com isso as pessoas com necessidades
especiais deixam de ser segregadas ou reclusas e passam a fazer parte da sociedade No
entanto nota-se que no Brasil acessibilidade ainda eacute considerada um tema secundaacuterio
natildeo sendo ainda possiacutevel encontrar dados gerais sobre tal assunto (SOARES 2003)
Desta forma este capiacutetulo apresentaraacute a visatildeo de diferentes segmentos da
sociedade acerca da acessibilidade sendo relatados trechos de entrevistas coletadas em
trabalho de campo em diferentes locais do Distrito Federal levando em consideraccedilatildeo a
diversidade de pessoas a fim de assegurar a presenccedila de distintas visotildees 11
11 As frases apresentadas em destaque foram extraiacutedas das entrevistas realizadas em pesquisa de campo As fotos apresentadas foram retiradas pela pesquisadora
quando passa da porta pra fora ai comeccedila haver algumas limitaccedilotildees Alguns
meio-fios natildeo satildeo rebaixados os ocircnibus ateacute tentam mais natildeo satildeo adequados Entatildeo
minha maior dificuldade eacute na locomoccedilatildeo mesmo na rua
A frase acima apresentada eacute de uma pessoa com deficiecircncia que desde os dois
anos de idade se locomove com o auxiacutelio de muletas devido a sequelas provenientes de
poliomielite Tal sujeito afirma que em
sua casa natildeo encontra dificuldades
para viver com autonomia exercendo
todas as atividades sem dificuldades
Contudo quando necessita se
locomover pelas ruas da cidade
aparecem os problemas jaacute que as
calccediladas natildeo tecircm uma continuidade
havendo obstaacuteculos como placas em
lugares que impossibilitam a
locomoccedilatildeo ou mesmo carros estacionados em locais reservados para os pedestres
Aleacutem disso muitos meio-fios natildeo satildeo rebaixados ou se satildeo haacute carros estacionados
obstruindo a passagem
O entrevistado cita que uma vez precisou permanecer internado em um hospital
puacuteblico mas o serviccedilo natildeo ofereceu garantias para permanecer no local com autonomia
Natildeo tinha cadeira de rodas nem cadeira de banho e o banheiro natildeo era adaptado agraves suas
necessidades Nessa situaccedilatildeo o entrevistado afirmou eu fiquei bem desesperado pois
natildeo tinha como me virar dentro do hospital sozinho se eu precisasse ficar sozinho
As rampas satildeo outro problema pois muitas quando existem satildeo construiacutedas
sem a devida observaccedilatildeo da legislaccedilatildeo12 sendo inclinadas aleacutem do permitido
ocasionando dificuldades no momento de utilizaacute-las ou satildeo obstruiacutedas pelos mais
diversos tipos de obstaacuteculos como contecircineres carros ou outros
12 NBR 9050
Acessibilidade a Edificaccedilotildees e Mobiliaacuterio Espaccedilos e equipamentos Urbanos
Rampa de acesso obstruiacuteda por contecirciner e em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo agrave frota de ocircnibus para o referido sujeito ainda haacute o que ser feito
pois em alguns o sistema de elevadores natildeo funciona ou o motorista eou cobrador natildeo
sabe operaacute-lo Com isso nota-se que o sistema de transporte urbano ainda natildeo estaacute
conseguindo atingir seu objetivo de garantir que todas as pessoas o utilizem com
completa autonomia e seguranccedila conforme se pode observar na seguinte afirmativa
natildeo ando pra todo lugar sozinho por natildeo consigo subir para o ocircnibus entatildeo ateacute hoje
natildeo esta 100 livre pra gente ir e vir Ainda eacute possiacutevel observar o relato da
experiecircncia que teve ao tentar utilizar os ocircnibus adaptados o motorista ficou
desesperado pois natildeo conseguiu colocar o elevador pra funcionar eu fiquei feliz da
vida porque pensei que todos os ocircnibus satildeo adaptados e natildeo precisarei mais de algueacutem
pra estar comigo indo e vindo mas no dia que precisei natildeo funcionou
A locomoccedilatildeo na rua deve ser garantida a todos os sujeitos independente de suas
limitaccedilotildees ou capacidades isto eacute todos os mobiliaacuterios urbanos devem estar dispostos
de modo a natildeo interferir na livre circulaccedilatildeo das pessoas assim como natildeo se deve existir
obstaacuteculos de forma a obstruir a passagem A acessibilidade deve ser idealizada de
forma a possibilitar que as pessoas que possuem alguma necessidade especial mesmo
que temporariamente possam usufruir de seu direito de ir e vir com total seguranccedila e
autonomia
Eles natildeo fazem uma pesquisa para perguntar como eacute que estaacute Como ficaria melhor
minha vida na rua Por exemplo um comerciante ele quer construir uma rampa
mas ele natildeo faz uma pesquisa de como construir aquela rampa e atender minhas
necessidades eles natildeo fazem isso
Quando se trata da participaccedilatildeo dos sujeitos nas formulaccedilotildees de poliacuteticas
puacuteblicas nota-se que esta passou a ser de fato considerada a partir dos anos 1990
quando comeccedilou a ser pensada como um dos princiacutepios organizativos centrais de
processos de discussatildeo democraacutetica Por conseguinte fazer participar os cidadatildeos e as
organizaccedilotildees da sociedade civil no processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas foi
transformado em modelo da gestatildeo puacuteblica contemporacircnea (MILANI 2008)
A participaccedilatildeo de pessoas com deficiecircncia ou mobilidade reduzida quanto agrave
formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas pode ser descrita conforme Sassaki (informaccedilatildeo
verbal)13 de
nunca ouvidas para agraves vezes lembradas - mas natildeo necessariamente ouvidas
Ou seja as poliacuteticas eram elaboradas para o bem delas poreacutem sem seu
conhecimento Desse modo as accedilotildees desenvolvidas eram vistas como forma de
benevolecircncia agraves pessoas que natildeo estavam dentro dos padrotildees sociais e portanto
estavam segregadas da sociedade
agraves vezes ouvidas
ainda aceita como uma recompensa por parte da sociedade
agraves vezes ouvidas
agora como garantia de direito
cada vez mais ouvidas - pelo empoderamento que passaram a exercer
Atualmente a sociedade tem passado gradativamente a ouvir e respeitar a
opiniatildeo das proacuteprias pessoas interessadas quando o assunto eacute poliacuteticas puacuteblicas
sobre questotildees relacionadas agrave deficiecircncia (SASSAKI 2009)
Cunha e Cunha (2002 p12) afirmam que muitas das poliacuteticas puacuteblicas
existentes satildeo resultados da luta de
diversos movimentos por garantia de
seus direitos isto eacute satildeo respostas do
Estado agraves demandas provenientes da
sociedade e do seu interior Neste
sentido pessoas que natildeo estatildeo
diretamente envolvidas em
movimentos sociais por exemplo
muitas vezes permanecem agrave margem
quanto agrave formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo
das poliacuteticas Sobre este assunto um
entrevistado afirmou Eu vejo muito no papel Falam muito fazem muita propaganda
mas soacute quem sente realmente no dia a dia sabe das dificuldades E eles natildeo colocam
13 Notiacutecia fornecida por Romeu K Sassaki na cidade de Bauru- Satildeo Paulo em julho de 2009 Disponiacutevel em httpwwwvia6comtopicophptid=76643
Calccedilada em peacutessimo estado de conservaccedilatildeo proacuteximo ao Hospital de Base do Distrito Federal
pessoas realmente preparadas para realizar aquilo sujeitos que tenham uma
necessidade colocam pessoas diferentes Entatildeo permanece mais no papel
O que se percebe eacute que este discurso eacute bastante aceito entre as pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida reconhecendo-se que ainda haacute muito a se fazer para
adquirir um modelo de participaccedilatildeo social plena Com isso supotildeem-se mudanccedilas na
cultura dos gestores de poliacuteticas aleacutem de capacidade propositiva da sociedade civil de
forma a cessar as marcas do clientelismo e paternalismo profundamente enraizadas na
sociedade
Quanto agraves accedilotildees desenvolvidas no Distrito Federal tem-se buscado a plena
participaccedilatildeo dos segmentos interessados tal como na formulaccedilatildeo do projeto de
acessibilidade para a regiatildeo administrativa do Riacho Fundo II onde a comunidade
local de deficientes visuais foi convidada via administraccedilatildeo regional a participar das
reuniotildees sendo que se pretende expandir tal atitude agraves demais regiotildees administrativas
para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de projetos voltados para a promoccedilatildeo de
acessibilidade
Eacute importante dar voz a este segmento uma vez que satildeo os maiores interessados
aleacutem de saberem quais satildeo as maiores necessidades e o melhor jeito de serem
concretizadas as accedilotildees As accedilotildees devem ser realizadas natildeo como uma recompensa por
parte da sociedade mas sim como uma garantia legal
E outras vezes eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho Exemplo acampamento eu jaacute me
preocupo O acampamento estaacute preparado pra me receber Como eu vou fazer
Entatildeo geralmente eu natildeo vou pra natildeo dar trabalho pras pessoas que estatildeo laacute Minha
maior dificuldade estaacute no fato de querer andar sozinha
O artigo 5deg da Constituiccedilatildeo Federal assegura que todos tecircm o direito de ir e vir
poreacutem eacute necessaacuterio que haja condiccedilotildees iguais de acesso de modo que todos possam
exercer seus direitos Para as pessoas com deficiecircncia ou que tenham alguma
dificuldade de locomoccedilatildeo ter que pedir ajuda a todo o momento pode se tornar um
constrangimento
Os indiviacuteduos que possuem algum tipo de necessidade especial geralmente
vivem reclusos ou segregados natildeo somente por falta de acessibilidade mais tambeacutem por
vergonha ou receio de ser vista como um empecilho agraves demais pessoas As accedilotildees de
acessibilidade devem garantir a entrada de tais pessoas nos locais e veiacuteculos bem como
sua utilizaccedilatildeo de maneira independente
O depoimento supracitado em destaque relata a preocupaccedilatildeo de diversas pessoas
com deficiecircncia ou mobilidade reduzida no momento de ir a algum lugar Como agir em
lugares que natildeo conhece e natildeo sabe se eacute preparado para atender suas necessidades
Conforme salienta Duarte e Cohen (2004)
[]muitas das dificuldades para se deslocar de um ponto a outro do espaccedilo urbano podem representar tanto um desafio a ser superado quanto um cansaccedilo desencorajante em seus movimentos reduzidos mas dificilmente um convite ao prazer de usufruir dos lugares
No entanto natildeo basta apenas
garantir um ambiente acessiacutevel deve-
se tambeacutem assegurar funcionaacuterios
capacitados Foi possiacutevel notar em
discursos de diversas pessoas a
presenccedila da capacitaccedilatildeo como forma
de auxiliar na concretizaccedilatildeo da
acessibilidade exemplo disso nota-se
na fala de um bancaacuterio eu acho que a
empresa deveria investir mais em
qualificar os profissionais pois tem
muita gente sem o jeito Por exemplo vecirc o deficiente visual vai ateacute ele o segura pelo
braccedilo e carrega E natildeo eacute assim
A capacitaccedilatildeo de profissionais natildeo eacute incentivada pelas empresas Conforme
citado por um funcionaacuterio de um banco noacutes natildeo temos muito tempo pra realizar
capacitaccedilatildeo natildeo vamos tirar uma hora do atendimento pra ficar fazendo curso laacute dentro
Eu comecei a fazer um curso de Libras uma vez mas porque teve greve ou outra coisa
onde natildeo teve expediente
Preacutedio acessiacutevel a cadeirantes localizado no Setor Comercial Sul
DF
Muitas empresas natildeo investem em capacitaccedilatildeo para seus funcionaacuterios por natildeo a
perceberem como um meio de se obter retorno financeiro conforme confirma a frase
Eu sei que tem um curso poreacutem eacute muito difiacutecil o gerente mandar algueacutem da agecircncia
fazer um curso de Libras Eles visam muito o lucro entatildeo para que capacitar pra atender
um deficiente Muito raramente Eles tecircm a visatildeo de que se vecircm poucos deficientes
para que capacitar pessoas pra atendecirc-los A capacitaccedilatildeo parte mais do funcionaacuterio ter
vontade pois o banco natildeo incentiva muito
Outros funcionaacuterios natildeo conseguem visualizar a importacircncia de uma capacitaccedilatildeo
em conjunto com accedilotildees de acessibilidade como se pode perceber pelo depoimento a
seguir natildeo acredito que uma capacitaccedilatildeo iria mudar muito meu trabalho hoje porque
por exemplo atender a pessoa deficiente eacute uma coisa agora se eu trabalhasse na aacuterea de
poder dar acessibilidade como engenheiro que faz uma rampa e esse tipo de coisa aiacute
acho que sim Porque o que preciso fazer jaacute sei mas no caso eu natildeo preciso quebrar
uma parede ali e fazer um elevador
Infelizmente a sociedade natildeo respeita as pessoas obesas as tratam como pessoas
preguiccedilosas e sem valor acho que talvez pela pouca informaccedilatildeo que o governo passa
sobre o que eacute obesidade
A obesidade no Brasil e no
mundo eacute um fenocircmeno cada vez mais
presente De acordo com dados
divulgados pelo IBGE estaacute
aumentando o nuacutemero de pessoas
obesas As pesquisas indicam que haacute
cerca de 17 milhotildees de obesos no
Brasil o que representa 96 da
populaccedilatildeo Perante este consideraacutevel
percentual ainda satildeo pouco discutidas
no paiacutes accedilotildees que visem assegurar agraves pessoas que estejam com sobrepeso uma vida
como a de qualquer outro cidadatildeo
Cadeira adaptada para pessoas obesas Fonte CPA
Uma conquista a ser citada refere-se agrave adaptaccedilatildeo de ocircnibus agraves pessoas obesas de
forma que atualmente existem cadeiras sem a divisoacuteria central Estes indiviacuteduos tambeacutem
natildeo satildeo obrigados a passar pela roleta podendo desembarcar pela porta dianteira Tais
cadeiras visam evitar que atitudes como a citada a seguir ocorram Certa vez sentei em
uma cadeira no ocircnibus e ao meu lado estava vazio Soacute havia esta cadeira vazia no
ocircnibus entrou uma senhora e disse que natildeo ia sentar ao meu lado pois natildeo cabia na
cadeira Senti certo preconceito na fala dela
A sociedade precisa reconhecer que a obesidade natildeo eacute uma escolha pessoal mas
uma condiccedilatildeo derivada de uma seacuterie de fatores tais como geneacutetica haacutebito de vida
doenccedilas entre outras possibilidades As adaptaccedilotildees aos obesos natildeo devem ficar restritas
agraves cadeiras especiais nos transportes puacuteblicos mas deve-se tambeacutem realizar tais
mudanccedilas em locais como teatro cinema restaurantes bares escolas etc de forma a
garantir uma liberdade e autonomia para este segmento da sociedade
Acabei de parar eacute rapidinho soacute vou fazer um negoacutecio ali Vou continuar fazendo
isso sempre que precisar usar a vaga rapidamente Soacute parei aqui porque vim aqui
pegar uma nota e jaacute estou saindo agora soacute estou conferindo a nota e jaacute estou indo
Natildeo eacute difiacutecil andar pelos estacionamentos do Distrito Federal e se deparar com
pessoas estacionadas em vagas especiais Quando questionadas sobre o porquecirc da
mencionada atitude os argumentos acima satildeo os mais utilizados A legislaccedilatildeo
brasileira14 prevecirc que em todo estabelecimento puacuteblico ou de uso coletivo deve ser
destinado um nuacutemero equivalente a 2 do total das vagas para as pessoas com
deficiecircncia e idosos sendo garantida no miacutenimo uma vaga
Em uma visita ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) nota-se que haacute
vagas destinadas agraves ambulacircncias bombeiros Policiais Militares mas natildeo para pessoas
com deficiecircncia ou idosos A farmaacutecia do citado hospital tem sua entrada voltada para o
mesmo estacionamento do Pronto Socorro e diariamente recebe pessoas com as mais
14 Lei ndeg 10098 de 19122000 artigo 7 paraacutegrafo uacutenico As vagas a que se refere o caput deste artigo deveratildeo ser em nuacutemero equivalente a dois por cento do total garantida no miacutenimo uma vaga devidamente sinalizada e com as especificaccedilotildees teacutecnicas de desenho e traccedilado de acordo com as normas teacutecnicas vigentes
diversas necessidades ou limitaccedilotildees desta forma um cadeirante informou que para
chegar ateacute a farmaacutecia precisou estacionar seu carro a alguns metros de distacircncia
necessitando passar pela rua jaacute que as calccediladas satildeo de difiacuteceis acessos
Outro problema citado faz referecircncia ao respeito para com as faixas zebradas
presentes em cada vaga reservada as quais permitem uma distacircncia de um carro a outro
de modo que uma cadeira de rodas consiga passar Muitas vezes tais traccedilados natildeo satildeo
respeitados e por conseguinte os cadeirantes natildeo conseguem entrar ou mesmo sair do
carro
Um indiviacuteduo entrevistado
tambeacutem cadeirante fez o seguinte
balanccedilo das vagas especiais Eacute bom
mas ainda precisa ter uma
conscientizaccedilatildeo das pessoas Entatildeo
natildeo adianta eles aumentarem as vagas
se vatildeo continuar tendo pessoas que
natildeo precisam de vagas para ficar mais
uns cinco minutinhos pois aqueles
cinco minutinhos fazem falta pra
algueacutem que precisa realmente
Relacionado com a mudanccedila de atitude na sociedade brasileira a legislaccedilatildeo
prevecirc que o
[] poder puacuteblico deve promover campanhas informativas e educativas dirigidas agrave populaccedilatildeo em geral com a finalidade de conscientizaacute-las e sensibilizaacute-la quanto agrave acessibilidade e agrave integraccedilatildeo social da pessoa portadora de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida (BRASIL Lei ndeg 10098 art 24)
No banco eacute um pouco difiacutecil pela acessibilidade do banco Por que por exemplo o
caixa esta localizado no subsolo e natildeo tem como um cadeirante chegar Tem toda a
acessibilidade pra pessoa com deficiecircncia visual Mas mesmo assim ainda acho
difiacutecil tem escadas e pra cadeirante natildeo tem jeito Entatildeo os caixas tecircm que subir e
fazer o que eles querem na parte de cima
Calccedilada localizada proacuteximo a farmaacutecia do HBDF
Estabelecimentos que prestam serviccedilos tanto de caraacuteter puacuteblico quanto privado
devem estar preparados de forma a atenderem todos os tipos de pessoas com as mais
diversas caracteriacutesticas Haacute certos lugares que promovem uma falsa acessibilidade
isto eacute possibilitam toda uma acessibilidade na frente mas quando se adentra no
estabelecimento natildeo haacute condiccedilotildees para a livre circulaccedilatildeo interna com autonomia
Desse modo em projetos de acessibilidade deve-se levar em consideraccedilatildeo o
conceito de rota acessiacutevel o qual diz respeito ao percurso livre de qualquer obstaacuteculo
de um ponto a outro e compreende uma continuidade e abrangecircncia de um ponto a
outro (GUIMARAtildeES 1990 apud DUARTE E COHEN 2006) Isto eacute faz alusatildeo a
um trajeto contiacutenuo desobstruiacutedo e sinalizado que integra espaccedilos internos e externos
de um ambiente podendo ser utilizado por todos de forma autocircnoma e segura
Um exemplo da ausecircncia de
uma rota acessiacutevel pode ser
visualizado na foto apresentada da
QN 16 do Riacho Fundo II onde
habitam alguns deficientes visuais e
ainda natildeo haacute nenhuma calccedilada ou
piso taacutetil de forma a auxiliaacute-los na
travessia ateacute a residecircncia Este
percurso eacute hoje feito sem auxilio pelo
meio da rua disputando espaccedilo com
carros e ocircnibus
Outro exemplo a ser citado se refere a uma agecircncia bancaacuteria localizada no Plano
Piloto onde logo na entrada esta equipada com todo um aparato para deficientes
visuais como o piso taacutetil Ainda na entrada do banco encontra-se um sinalizador de
que a agecircncia possui elevador contudo no interior natildeo existe tal equipamento
Se um cadeirante necessita adentrar a agecircncia ele jaacute natildeo consegue passar pela
porta giratoacuteria precisando chamar o guarda Se desejar ir ateacute o atendimento geral natildeo
tem como chegar ateacute a mesa pois natildeo haacute espaccedilo suficiente para sua locomoccedilatildeo
Precisando efetuar algum pagamento devido aos caixas se encontrarem no subsolo
inclusive o preferencial seu acesso eacute impedido Mesmo para as pessoas que possuam
algum tipo de limitaccedilatildeo eacute difiacutecil jaacute que o acesso se daacute por meio de escadas
Em uma anaacutelise feita por um deficiente visual pode-se observar a seguinte
afirmaccedilatildeo os bancos tecircm o chatildeo (acessiacutevel) mas soacute o chatildeo natildeo resolve pois o que
adianta o sujeito conseguir andar dentro da agecircncia se ele natildeo consegue utilizar os
equipamentos Entatildeo parece que existem legislaccedilotildees inclusive da ABNT no sentido de
que os bancos se adeacutequem mas ainda eacute muito irrisoacuteria Quando eu vou ao Banco do
Brasil com meu cartatildeozinho por exemplo primeiro tem cinco caixas eletrocircnicos entatildeo
localizo o que me atende por uma faixa taacutetil no chatildeo injeto meu fone de ouvido tem
suas limitaccedilotildees mas jaacute esteve pior
Natildeo tem nada natildeo tem o que tem em todas as quadras um asfalto meio-fio agraves
vezes estaacute ateacute pintado o chatildeo mas natildeo da pra ver neacute
O Governo do Distrito Federal tem destinado em algumas regiotildees
administrativas lotes para as pessoas com deficiecircncia como na QN 16 do Riacho
Fundo II onde foram entregues em 2006 cerca de 60 lotes para famiacutelias que possuam
alguma pessoa com deficiecircncia visual em sua constituiccedilatildeo aleacutem de 44 lotes em Santa
Maria e 55 em Samambaia
Em uma visita pela QN 16 do
Riacho Fundo eacute possiacutevel notar a total
falta de acessibilidade para uma
expressiva demanda existente no local
perceptiacutevel no discurso de um casal de
deficientes visuais entrevistados
proacuteximos agrave sua residecircncia apoacutes virem
de um passeio onde utilizaram o
transporte urbano puacuteblico para
chegarmos aqui passamos pelo retorno
porque natildeo tem calccedilada Noacutes viemos da parada laacute em cima pela pista porque natildeo tem
Parada de ocircnibus proacuteximo a QN 16 do Riacho Fundo II
calccediladas e nem semaacuteforo A faixa de pedestre pra quem tem baixa visatildeo natildeo eacute possiacutevel
enxergar porque ela estaacute apagada A parada fica bem mais pra laacute e a pessoa natildeo
consegue achar a faixa porque natildeo tem nenhuma rampinha meio-fio ou posto pra
bengala bater natildeo tem nada Eu por exemplo faccedilo de tudo pra pegar soacute o ocircnibus para o
Riacho Fundo II mas mesmo assim o ocircnibus para no ponto laacute em cima depois do balatildeo
Tem a baia aqui mas satildeo pouquiacutessimos ocircnibus que param aqui vocecirc tem que ficar
brigando com o motorista pra ele parar aqui Ele entraria faria o retorno e voltaria pra
laacute Pensa se eles querem Uma parada soacute e eles natildeo querem Na parada laacute inclusive natildeo
tem acessibilidade nenhuma vocecirc desce e eacute uma lama soacute natildeo tem calccedilada
Em reportagens publicadas em jornais do DF foi questionada a ausecircncia de
accedilotildees para atender estas pessoas Existe o projeto denominado Caminho faacutecil que tem
como objetivo garantir a todos o direito de ir e vir mediante a implantaccedilatildeo de rotas
acessiacuteveis e possibilitar a apropriaccedilatildeo dos espaccedilos puacuteblicos adjacentes agraves suas
moradias Tal projeto propotildee que sejam colocadas faixas taacuteteis
perceptiacuteveis por quem
utiliza bengala
ao longo das calccediladas proacuteximas a telefones puacuteblicos e em aacutereas de
travessia
aleacutem de uma linha taacutetil nas faixas de pedestres para guiar as pessoas com
deficiecircncia O citado projeto foi idealizado no mecircs de abril contudo ainda hoje a
situaccedilatildeo continua a mesma
Quase cai devido a uma arrancada brusca do veiacuteculo corri atraacutes do ocircnibus que
parou fora do espaccedilo reservado para embarque e desembarque e fui ignorado pelo
motorista que passou reto ao meu sinal
A populaccedilatildeo de pessoas com 60 anos ou mais ao longo dos anos tem
aumentado consideravelmente no Distrito Federal passando de 12 no ano de 1960
para 53 em 2000 devido tanto pelo decliacutenio da fecundidade quanto do decliacutenio da
mortalidade O corpo de uma pessoa idosa passa por transformaccedilotildees que interferem no
social cognitivo e mesmo fiacutesico
A sociedade procura pessoas cada vez mais aacutegeis e dinacircmicas que consigam
realizar diversas atividades ao mesmo tempo e no menor tempo possiacutevel Em sentido
oposto estatildeo as pessoas idosas e com diversas necessidades especiais pois em grande
parte demandam mais tempo para realizem atividades
As pessoas idosas tecircm garantido por lei a utilizaccedilatildeo do transporte coletivo
gratuito e algumas vezes os motoristas ignoram estes sujeitos por estarem atrasados e
natildeo poderem esperar Poreacutem os rodoviaacuterios entrevistados relataram que apenas
passam direto quando datildeo o sinal em cima e natildeo haacute como parar o ocircnibus pois pode ser
provocada uma batida
Um cadeirante descreveu que quando precisa utilizar o transporte coletivo eacute
necessaacuterio se esconder atraacutes da parada de ocircnibus e pedir para outro usuaacuterio dar o sinal
pois muitas vezes os motoristas natildeo param por natildeo quererem ter que descer para ajudar
principalmente nos transportes que ainda natildeo contam com a adaptaccedilatildeo
41 CONSIDERACcedilOtildeES
Quando surgiu a acessibilidade era tratada apenas como a garantia de acesso a
edifiacutecios e logradouros atendendo fundamentalmente agraves pessoas com deficiecircncia sendo
gradativamente tratada como assunto de responsabilidade do governo e de toda a
sociedade Neste sentido passou a ser vista como uma poliacutetica de mobilidade com a
finalidade de assegurar aleacutem da inclusatildeo social a equiparaccedilatildeo de oportunidades e a
praacutetica da cidadania de modo autocircnomo
Ter uma restriccedilatildeo de movimento eacute algo possiacutevel a qualquer pessoa e em diversos
momentos da vida por exemplo mulheres gestantes ou com crianccedilas de colo pessoas
idosas que apresentam limitaccedilotildees corporais sujeitos que utilizem muletas ou outro
objeto para a locomoccedilatildeo Dessa forma eacute possiacutevel ter relatos de experiecircncias de
desrespeito a essas limitaccedilotildees nos mais diversificados espaccedilos puacuteblicos e privados
A partir dos relatos aqui apresentados e discutidos conclui-se que estatildeo sendo
realizadas accedilotildees que almejam promover uma maior participaccedilatildeo social contudo ainda eacute
indispensaacutevel que sejam efetuadas iniciativas de forma a garantir o pleno exerciacutecio de
pessoas que muitas vezes satildeo esquecidas em nossa sociedade buscando sempre a
participaccedilatildeo delas na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de
acessibilidade
A capacitaccedilatildeo dos profissionais eacute outro ponto essencial para a consolidaccedilatildeo das
poliacuteticas de acessibilidade pois possibilita um melhor atendimento para com as pessoas
que necessitam de um tratamento diferenciado devido agraves suas limitaccedilotildees Muito mais do
que produzir leis que garantam os direitos faz-se necessaacuterio que se busque uma
sensibilizaccedilatildeo de toda sociedade de forma a eliminar os preconceitos que possam existir
e possibilitar que as poliacuteticas puacuteblicas sejam concretizadas e respeitadas Eacute preciso
aprender a conviver com a diferenccedilas
Capiacutetulo V
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES
Este trabalho teve como finalidade investigar as accedilotildees de acessibilidade
promovidas pelo Governo do Distrito Federal e como estas satildeo vistas e respeitadas pela
sociedade local Para tanto buscou-se conhecer as concepccedilotildees teoacutericas existentes acerca
acessibilidade assim como sua configuraccedilatildeo histoacuterica no mundo e no Brasil Optou-se
entatildeo por realizar um trabalho de campo com vistas a uma melhor compreensatildeo dos
enfoques objetivos e subjetivos da problemaacutetica
A partir da anaacutelise teoacuterica e do contexto histoacuterico circundantes e do que foi
percebido no trabalho de campo chegou-se agrave conclusatildeo de que a acessibilidade eacute um
assunto ainda incipiente na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem
como no cotidiano da sociedade por mais que jaacute seja possiacutevel visualizar algumas
mudanccedilas
A promoccedilatildeo da acessibilidade proporciona uma convivecircncia entre os seres
humanos e destes com o ambiente em que vivem portanto pode-se inferir que essa
constitui uma praacutetica social Perante isso possibilitar tal interaccedilatildeo pode contribuir para a
desconstruccedilatildeo de preconceitos provenientes do desconhecimento acerca do outro e de
suas diferenccedilas aleacutem de que qualquer pessoa pode em algum momento da vida vir a
precisar de algum serviccedilo especial
A legislaccedilatildeo brasileira trata de maneira exemplar a acessibilidade bem como
diversos oacutergatildeos oficiais Todavia falta ainda uma melhor ou maior aplicabilidade pois
se podem realizar accedilotildees sem que estas de fato atendam as necessidades das pessoas com
deficiecircncia ou mobilidade reduzida
O que mais se percebe eacute a ausecircncia de uma conscientizaccedilatildeo ou sensibilizaccedilatildeo
da sociedade para com as pessoas com necessidades especiais como sujeitos de direitos
e capazes de terem uma vida autocircnoma se tiverem as condiccedilotildees necessaacuterias Dessa
forma reconhecendo que natildeo satildeo estorvos ou empecilhos
Falta uma capacitaccedilatildeo dos profissionais quanto ao trato para as pessoas com
deficiecircncia e mobilidade reduzida Muitos natildeo sabem como lidar ou agir diante de uma
pessoa com deficiecircncia ou mobilidade reduzida natildeo tem paciecircncia com as limitaccedilotildees
existentes no ser humano natildeo conhecem os direitos dessas pessoas
Paralelamente ao investimento na adaptaccedilatildeo do ambiente agraves pessoas com
necessidades especiais faz-se necessaacuterio investir em capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios para
que se possa saber lidar com as diferenccedilas das pessoas Natildeo basta somente colocar um
ocircnibus adaptado nas ruas se o motorista natildeo estaacute preparado para atender um idoso que
tem seus movimentos mais lentos ou o piso taacutetil na entrada de um banco se o
funcionaacuterio natildeo estaacute preparado para conduzir um deficiente visual no interior da
agecircncia
As mudanccedilas de valores e atitudes na sociedade devem ser gradativamente
suscitadas atraveacutes de campanhas que mostrem que as pessoas natildeo podem ser
padronizadas onde cada um com suas diferenccedilas possibilitam que haja a diversidade e
todos tecircm o direito de serem atendidos e respeitados em suas necessidades
Os projetos de promoccedilatildeo da acessibilidade no Distrito Federal mesmo que
ainda de forma tiacutemida tecircm saiacutedo do papel e se concretizado em accedilotildees que buscam uma
inclusatildeo de segmentos que historicamente se encontravam agrave margem da sociedade
Contudo ainda haacute muito que ser feito sempre pelo Governo em conjunto com a
participaccedilatildeo da sociedade civil e grupos de pessoas com necessidades especiais que satildeo
os maiores interessados e entendedores de como as accedilotildees devem ser concretizadas
Devem ainda levar em conta natildeo apenas a acessibilidade interna de um
ambiente mas todos os lugares precisam realizar mudanccedilas simples que podem fazer
toda a diferenccedila para quem necessita como rampas de acesso agraves calccediladas bem
conservadas e livre de elementos que impeccedilam a livre circulaccedilatildeo balcotildees de
atendimento na altura que atenda uma pessoa cadeirante entre outras
Entende-se que os aspectos aqui abordados estatildeo longe de serem esgotados
sendo este um primeiro passo na busca por compreender as accedilotildees desenvolvidas no
governo local com a finalidade de promover a inclusatildeo de um segmento historicamente
colocado agrave margem da sociedade O tempo e os recursos financeiros natildeo possibilitaram
um maior aprofundamento acerca do tema poreacutem o desejo por continuar o estudo sobre
o tema ainda se manifesta
Referecircncias
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______ Decreto nordm 21673 de 31 outubro de 2000 Dispotildee sobre adaptaccedilotildees nas vias puacuteblicas do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 22419 de 21 de setembro de 2001 Dispotildee sobre a criaccedilatildeo de selo de acessibilidade e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 23842 de 13 de junho de 2003 Dispotildee sobre a acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais em imoacuteveis ocupados pelo
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______ Decreto nordm 27912 de 02 de maio 2007 Institui a nova comissatildeo permanente de acessibilidade do Governo do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Decreto nordm 27977 de 28 de maio de 2007 Cria o Programa Matildeo na Roda destinado a transportar pessoas com mobilidade reduzida no acircmbito do Distrito Federal e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10048 de 8 de novembro de 2000 Daacute prioridade de atendimento agraves pessoas que especifica e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e criteacuterios baacutesicos para a promoccedilatildeo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiecircncia ou com mobilidade reduzida e daacute outras providecircncias
______ Lei ndeg 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispotildee sobre o apoio agraves pessoas portadoras de deficiecircncia sua integraccedilatildeo social sobre a Coordenadoria Nacional para Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (CORDE) institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico define crimes e daacute outras providecircncias
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Anexos
Anexo 1
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
O(A) senhor(a) estaacute sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado Acessibilidade no Distrito Federal uma anaacutelise das accedilotildees desenvolvidas e a visatildeo da sociedade O objetivo eacute verificar o imaginaacuterio da sociedade do DF acerca das pessoas com restriccedilatildeo de movimento a fim de compreender se este influencia na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de acessibilidade e em seu reconhecimento por parte da sociedade
O(A) senhor(a) receberaacute todos os esclarecimentos necessaacuterios antes e no decorrer da pesquisa e lhe eacute assegurado que seu nome natildeo apareceraacute Seraacute mantido o mais rigoroso sigilo sendo omitidas quaisquer informaccedilotildees que permitam identificaacute-lo(a) A sua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria sem nenhum tipo de remuneraccedilatildeo
A sua participaccedilatildeo ocorreraacute por meio de entrevista na data e no horaacuterio combinados tendo duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos Haveraacute registro das informaccedilotildees prestadas por meio de gravaccedilatildeo eou anotaccedilotildees O(A) senhor(a) pode se recusar a participar da pesquisa e pode desistir de participar em qualquer momento sem nenhum prejuiacutezo para o(a) senhor(a)
Os resultados da pesquisa serviratildeo para a elaboraccedilatildeo do trabalho final de conclusatildeo de curso de graduaccedilatildeo do Curso de Serviccedilo Social da Universidade de Brasiacutelia Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficaratildeo sob os cuidados da pesquisadora
Se o(a) senhor(a) tiver qualquer duacutevida em relaccedilatildeo agrave pesquisa por favor entre em contato com a pesquisadora por meio do telefone (61) 84634028 ou do email carol38hotmailcom
Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o pesquisador responsaacutevel e a outra com o sujeito da pesquisa
( ) Aceito participar da pesquisa
Nome _________________________________________________________
Assinatura _____________________________________________________
________________________________________ (pesquisadora responsaacutevel)
Brasiacutelia ___ de______________de 2009
Anexo 2
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada - Pessoas com necessidades especiais
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Tipo de limitaccedilatildeo (idade obesidade deficiecircncia fiacutesica gestaccedilatildeo)
Como surgiu a limitaccedilatildeo (por nascimento ou adquirida)
Como vocecirc encara a sua limitaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
A sua casa tem alguma adaptaccedilatildeo agrave sua limitaccedilatildeo
Vocecirc trabalha Se sim com o que
Como eacute tratado em seu serviccedilo
Vocecirc utiliza algum tipo de serviccedilo especial (filas preferenciais rampas etc)
Como eacute tratado pelos funcionaacuterios do local
E pelos demais usuaacuterios
O local que utilizou possibilitava condiccedilotildees de acesso adequadas
Como eacute para vocecirc passear pela cidade Encontra barreiras Quais
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existe elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Como vocecirc observa que as pessoas reagem diante de sua limitaccedilatildeo
Jaacute sofreu algum tipo de discriminaccedilatildeo
Vocecirc se sente respeitadovalorizado pela sociedade
Vocecirc participa de algum tipo de movimento social
Vocecirc tem dificuldades de participaccedilatildeo efetiva na sociedade
Anexo 3
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com universitaacuterios
Local onde reside
Qual sua profissatildeoocupaccedilatildeo
Qual seu curso
O que entende por acessibilidade
Seu curso jaacute tratou sobre acessibilidade
Vocecirc convive com algueacutem que tenha algum tipo de necessidade especial
Como vocecirc analisa os serviccedilos especiais (filas preferenciais rampas etc)
Como vocecirc observavecirc as pessoas com necessidades especiais
Como vocecirc observa que as demais pessoas da sociedade tratam estas pessoas
Sua cidade eacute adaptada para as pessoas com necessidades especiais
Vocecirc jaacute presenciou alguma discriminaccedilatildeo para com estas pessoas
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Se existem elas atendem as reais necessidades
Para vocecirc as pessoas respeitam as accedilotildees de acessibilidade
Vocecirc acredita que as adaptaccedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc acha que a sociedade respeitavaloriza estas pessoas
Anexo 4
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada com profissionais
Local onde reside
Profissatildeo ocupaccedilatildeo
O que entende por acessibilidade
O local onde trabalha oferece algum tipo de serviccedilo especial
Vocecirc recebeu alguma capacitaccedilatildeo para lidar com as pessoas com necessidades
especiais
Vocecirc atende algueacutem com necessidades especiais Qual o tipo mais frequumlente
Qual o tratamento que os demais profissionais oferecem para com essas
pessoas
Como satildeo vistastratadas pelos demais usuaacuterios
Vocecirc jaacute presenciou algum tipo de discriminaccedilatildeo para com este segmento
Em sua opiniatildeo haacute accedilotildees por parte do governo local para promover a
acessibilidade
Vocecirc acredita que a sociedade respeita tais pessoas
O que vocecirc acha de medidas de acessibilidade
Vocecirc acredita que tais accedilotildees atendem as reais necessidades das pessoas
Vocecirc conhece a legislaccedilatildeo (estatuto do idoso lei da acessibilidade etc)
Anexo 5
ANAacuteLISE DE PROJETO DE PESQUISA
Tiacutetulo do Projeto Sociedade do Distrito Federal e pessoas com restriccedilatildeo de
movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de Acessibilidade
Pesquisadora Responsaacutevel Camila Potyara Pereira
Com base nas Resoluccedilotildees 19696 do CNSMS que regulamenta a eacutetica da
pesquisa em seres humanos o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do
Instituto de Ciecircncias Humanas da Universidade de Brasiacutelia apoacutes anaacutelise dos aspectos
eacuteticos resolveu APROVAR o projeto intitulado Sociedade do Distrito Federal e
pessoas com restriccedilatildeo de movimento o impacto dessa relaccedilatildeo nas Poliacuteticas de
Acessibilidade
O pesquisador responsaacutevel fica notificado da obrigatoriedade da apresentaccedilatildeo
de um relatoacuterio semestral e relatoacuterio final sucinto e objetivo sobre o desenvolvimento do
Projeto no prazo de 1 (um) ano a contar da presente data (item VII13 da Resoluccedilatildeo
CNS 19696)
Brasiacutelia 1ordm de outubro de 2009
Profa Dra Deacutebora Diniz Coordenadora do CEPIH
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