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i UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL USO DE BIOTECNOLOGIA NA MELHORIA DE SOLOS PARA FINS DE PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA. CLAUDIA MARICELA GÓMEZ MUÑETÓN ORIENTADOR: JOSÉ CAMAPUM DE CARVALHO, Ph.D. CO-ORIENTADOR: FERNANDO ARARIPE G. TORRES, Ph.D. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA BRASÍLIA / DF: MARÇO/2009

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

USO DE BIOTECNOLOGIA NA MELHORIA DE SOLOS PARA FINS DE PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA.

CLAUDIA MARICELA GÓMEZ MUÑETÓN

ORIENTADOR: JOSÉ CAMAPUM DE CARVALHO, Ph.D. CO-ORIENTADOR: FERNANDO ARARIPE G. TORRES, Ph.D.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA

BRASÍLIA / DF: MARÇO/2009

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

USO DE BIOTECNOLOGIA NA MELHORIA DE SOLOS PARA FINS DE PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA.

CLAUDIA MARICELA GÓMEZ MUÑETÓN

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E

AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE.

APROVADA POR:

_________________________________________

JOSÉ CAMAPUM DE CARVALHO, Ph.D. (UnB)

(ORIENTADOR)

_________________________________________

NEWTON MOREIRA DE SOUZA, Ph.D (UnB)

(EXAMINADOR INTERNO)

_________________________________________

MARCOS MASSAO FUTAI, Ph.D (USP)

(EXAMINADOR EXTERNO)

DATA: BRASÍLIA/DF, 17 de Março de 2009.

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FICHA CATALOGRÁFICA

GÓMEZ MUÑETÓN, CLAUDIA MARICELA. Uso de biotecnologia na melhoria de solos para fins de pavimentação rodoviária

[Distrito Federal] 2009 xii, 98 p., 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Geotecnia, 2009) Dissertação de mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de tecnologia.

Departamento de Engenharia Civil 1. Pavimentação 3. Solos tropicais I. ENC/FT/UnB

2. Biotecnologia 4. Biomineralização II. Título (série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GÓMEZ MUÑETÓN, C.M. (2009) Uso de biotecnologia na melhoria de solos para fins de

pavimentação rodoviária. Dissertação de Mestrado, Publicação G.DM-174/09,

Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 98 p.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Claudia Maricela Gómez Muñetón

TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Uso de biotecnologia na melhoria de solos

para fins de pavimentação rodoviária.

GRAU / ANO: Mestre / 2009

É concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta monografia

de Projeto Final e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e

científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta monografia

de Projeto Final pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.

_____________________________

Claudia Maricela Gómez Muñetón

CLN 407 Bloco C Apto 211

70855-530 – Brasília/DF – Brasil

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“Sé firme en tus actitudes y perseverante en tu

ideal, pero sé paciente, no pretendiendo que todo te llegue de inmediato.

Haz tiempo para todo, y todo lo que es tuyo, vendrá a tus manos en el momento oportuno. Aprende a esperar el momento exacto para

recibir los beneficios que reclamas. Espera con paciencia a que maduren los frutos para poder apreciar debidamente su dulzura. El éxito en la vida no se mide por lo que has

logrado, sino por los obstáculos que has tenido que enfrentar en el camino.”

Anônimo

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DEDICATÓRIA

A Deus, por ter me dado o privilegio de

ter esta experiência que, além de me

aportar conhecimentos profissionais,

me deu crescimento pessoal e fortaleza

para continuar.

A minha família pelo grande apoio e a

companhia que me ofereceram para

conseguir esta conquista.

As todas as pessoas que estiveram do

meu lado me apoiando.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me manter firme para não desistir na procura dos meus objetivos.

A meus pais Marina e Eduardo, e a minhas irmãs que sempre me deram um grande apoio,

compreensão e confiança para não renunciar durante os momentos difíceis neste mestrado.

Também porque sempre estiveram torcendo por meu sucesso.

A meus tios e tias, primos e primas, a Paola minha grande amiga, pelo apoio e preocupação

para terminar com sucesso esta etapa.

Ao professor José Camapum de Carvalho por sua vontade de me orientar e pelo grande

interesse de me ajudar a crescer como profissional e como pessoa.

A todos os professores da pós-graduação em Geotecnia da Universidade de Brasília, pelos

conhecimentos transmitidos durante o transcurso do meu mestrado.

Aos técnicos do laboratório de Geotecnia da UnB, pela sua ajuda durante a etapa

experimental desta pesquisa. Igualmente, agradeço a Nararubia do laboratório de

microbiologia dos alimentos da FAV, UnB, por sua paciência e ajuda, e aos técnicos dos

laboratórios de DRX e FTIR por a rápida ajuda na realização dos ensaios.

Um especial agradecimento a Yamile Valencia pela presença e grande ajuda durante todo o

transcurso do meu mestrado, especialmente durante o desenvolvimento da minha pesquisa.

Igualmente, um grande agradecimento para meus grandes amigos e amigas Sandra, Jimmy,

Jorge, Diana Alejandra, Sonia, Diego, Nelson, Carolina Sánchez, Augusto, Carlos, Juan

Fernando, Sergio, Sebastian, Juliana, Victoria, Edcelio e Janier. Especialmente, a Diana

Paola, Liudy, Laura, Carolina e Wladimir, que estiveram sempre me acompanhando e me

dando carinho, alegria e apoio nos momentos mais difíceis durante estes dois anos em

Brasília.

Ao programa de pós-graduação em Geotecnia da UnB pela oportunidade de estudar e obter

conhecimentos inesquecíveis que me fizeram crescer tanto como pessoa quanto como

profissional.

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A minha família geotécnica por me receber de braços abertos, também por me dar a alegria

e companhia necessárias para superar todos os obstáculos durante meu mestrado.

Ao CNPq pelo apoio econômico

A Wisley, à professora Inês do programa de química, aos professores Ângela Patrícia e

Fernando Araripe pelos grandes aportes que fizeram para melhorar meu trabalho.

A meus grandes amigos da Colômbia que sempre me apóiam para alcançar minhas metas.

Especialmente a César que confiou em mim e me deu o apoio para conseguir estudar em

Brasil.

E a todos aqueles que não sendo citados contribuíram de alguma forma para a finalização

desta etapa, MUITO OBRIGADA! – MUCHAS GRACIAS!

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RESUMO

USO DE BIOTECNOLOGIA NA MELHORIA DE SOLOS

PARA FINS DE PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA

Esta dissertação apresenta o estudo da variação de algumas propriedades físicas e

mecânicas de um solo laterítico proveniente da cidade satélite de Santa Maria na região do

Planalto Central, Distrito Federal, por meio do uso de processos biotecnológicos, que

consistiram na indução da precipitação de carbonato de cálcio (CaCO3) mediante adição de

um meio nutriente ao solo e do processo de hidrólise de uréia usando a enzima uréase

proveniente do feijão de porco (Canavalia Ensiformis).

Para o desenvolvimento da pesquisa utilizou-se o solo natural e tratado compactado nas

condições ótimas das energias Proctor normal e Proctor intermediário. Em seguida, para

avaliação da influência das condições de cura quanto à umidade, uma parte dos corpos de

prova foi mantida na condição de compactação, outra parte foi conduzida ao ramo seco (wótimo

-3%) e uma ultima parte foi conduzida ao ramo úmido (wótimo +3%).

Os ensaios foram realizados sob condições de trabalho similares, para assim determinar as

variações das propriedades do solo devidas ao tratamento. Apenas quanto à resistência à

tração foram marcantes as melhorias no comportamento mecânico do solo com a adição do

meio nutritivo. No caso dos ensaios de compressão simples e CBR não houve qualquer ganho.

A viabilidade de uso do meio nutritivo como indutor de precipitação de carbonato de cálcio, e,

portanto, como agente estabilizador do solo, deve ser analisado para outros solos regionais

antes de se formar uma opinião mais concreta sobre o assunto.

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ABSTRACT

USE OF BIOTECHNOLOGY IN THE SOIL FOR IMPROVEMENT OF ROAD PAVIMENTAÇÃO

This thesis presents the study of variation of some physical and mechanical properties of

soil laterítica from the satellite city of Santa Maria in the Central Plateau, Distrito Federal, by

the use of biotechnological processes, which consisted in the induction of precipitation of

calcium carbonate (CaCO3) by adding a nutrient medium to soil and the process of hydrolysis

of urea by the enzyme uréase from jack bean (Canavalia Ensiformis).

For the development of the research it was used the natural and treated soil compacted

under optimal conditions of normal proctor energy and intermediary Proctor energy. Then, to

evaluate the influence of cure conditions on the humidity, some of the test bodies were kept in

the condition of compactation, another part was carried to the humidity less than the optimal

(woptimal -3%) and a last part was conducted to wet humidity (woptimal +3%).

The tests were performed under similar working conditions in order to determine changes

in soil properties due to treatment. Mechanical performance had significant improvements

only on the tensile strength with the addition of nutrient medium. In the case of simple

compression tests and CBR there was no gain. The feasibility of using the nutrient medium as

inducer of calcium carbonate precipitation and, therefore, as a soil stabilizer, should be

analised for other regional soil before forming an opinion on the matter more concrete.

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RESUMEN

USO DE BIOTECNOLOGIA EM LA MEJORIA DE SUELOS

COM FIENES DE PAVIMENTACIÓN VIAL

Esta disertación presenta El estúdio de la variación de algunas propiedades físicas y

mecánicas de un suelo laterítico proveniente de la ciudad satélite de Santa María en la región

del Planalto Central, Distrito Federal, por medio del uso de procesos biotecnológicos, que

consistieron en la inducción de la precipitación de carbonato de calcio (CaCO3) mediante la

adición de un medio nutriente en el suelo y del proceso de hidrólisis de urea usando la enzima

urease proveniente del FEIJÃO DE PORCO (Canavalia Ensiformis).

Para el desarrollo de la investigación se utilizó el suelo natural y tratado compactado en las

condiciones óptimas de las energias Próctor normal y Próctor intermediario. Para la

evaluación de la influencia de las condiciones de cura refiriéndose a la humedad, una parte de

los cuerpos de prueba fue mantenida en la condición de compactación, otra parte fue

conducida al ramo seco (wótimo -3%) e una última parte fue conducida al ramo húmedo (wótimo

+3%).

Los ensayos fueron realizados sobre condiciones de trabajo similares para así determinar

las variaciones de las propiedades del suelo debidas al tratamiento. Las mejorías más

marcadas en el comportamiento mecánico con adición de medio nutritivo fueron presentadas

por los ensayos de tracción indirecta. En el caso de los ensayos de compresión simple y CBR

no hubo ninguna ganancia mecánica. La viabilidad del uso del medio nutritivo como inductor

de precipitación de carbonato de calcio, por tanto, como agente estabilizador del suelo, debe

ser analizado su uso para otros suelos regionales antes de formar una opinión más concreta

sobre el asunto.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

1.1 JUSTIFICAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................... 2

1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 3

1.2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 3

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 3

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................................... 3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 5

2.1 SOLO LATERÍTICO ........................................................................................... 5

2.2 BIOTECNOLOGIA .............................................................................................. 7

2.3 BIOMINERALIZAÇÃO ...................................................................................... 8

2.3.1 BIO-ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS MEDIANTE PRECIPITAÇÃO

DE CARBONATO DE CÁLCIO (CaCO3) ....................................................... 13

2.3.2 BIO-ESTABILIZAÇÃO EM RODOVIAS ....................................................... 18

3. MATERIAIS E MÊTODOS ............................................................................... 21

3.1 MATERIAIS ........................................................................................................ 21

3.1.1 SOLO .................................................................................................................... 21

3.1.2 AGENTES PRECIPITADORES ....................................................................... 22

3.2 METODOLOGIA ............................................................................................... 23

3.2.1 AMOSTRAGEM E ARMAZENAMENTO DO SOLO NATURAL .............. 23

3.2.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO SEM TRATAMENTO ............... 23

3.2.2.1 LIMITES DE CONSISTÊNCIA ........................................................................ 23

3.2.2.2 ANÁLISES GRANULOMÉTRICAS ................................................................ 24

3.2.2.3 CARACTERIZAÇÃO MCT EXPEDITA ........................................................ 25

3.2.2.4 MINI-COMPACTAÇÃO ................................................................................... 26

3.2.2.5 COMPACTAÇÃO MINI-MCV ......................................................................... 27

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xii

3.2.3 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO SOLO NATURAL .................... 27

3.2.4 CARACTERIZAÇÃO M INERALÓGICA E QUÍMICA DO SOLO

NATURAL ........................................................................................................... 27

3.2.5 CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO

SOLO NATURAL ............................................................................................... 28

3.2.5.1 ENSAIO DE COMPRESSÃO SIMPLES ......................................................... 29

3.2.5.2 ENSAIO DE MINI-CBR ..................................................................................... 30

3.2.5.3 CURVA CARACTERISTICA DE RETENÇÃO DE ÁGUA.......................... 30

3.2.5.4 ENSAIO DE COMPRESSÃO DIAMETRAL .................................................. 32

3.2.6 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO COM TRATAMENTO ............................ 33

3.2.6.1 FASE PREPARATÓRIA PARA A AÇÃO BIOLÓGICA .............................. 33

3.2.6.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA, MINERALÓGICA E MECÂNICA DO

SOLO COM ADIÇÃO DO MEIO NUTRITIVO B4 ....................................... 35

3.2.6.3 DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE UREASICA DO EXTRATO DE

FEIJÃO DE PORCO .......................................................................................... 35

3.2.6.4 ENSAIOS DE COMPRESSÃO SIMPLES DO SOLO COM ADIÇÃO

DE FEIJÃO DE PORCO .................................................................................... 36

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................. 38

4.1 MEIO NUTRIENTE B4 ..................................................................................... 38

4.1.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA .......................................................................... 38

4.1.1.1 LIMITES DE ATTERBERG ............................................................................. 38

4.1.1.2 COMPACTAÇÃO ............................................................................................... 42

4.1.1.3 ANÁLISES GRANULOMÉTRICAS ................................................................ 44

4.1.2 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL ............................................................ 47

4.1.3 CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA ...................................................... 52

4.1.4 CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO .................. 54

4.1.4.1 CURVA CARACTERÍSTICA DE RETENÇÃO DE AGUA.......................... 54

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4.1.4.2 COMPRESÃO SIMPLES .................................................................................. 58

4.1.4.3 COMPRESÃO DIAMETRAL ........................................................................... 66

4.1.4.4 MINI-CBR ........................................................................................................... 73

4.2 FEIJÃO DE PORCO (Canavalia Ensiformis) ................................................... 74

4.2.1 VERIFICAÇÃO DE ATIVIDADE UREASICA .............................................. 75

4.2.2 ENSAIO DE COMPRESSÃO SIMPLES ......................................................... 75

5. CONCLUSÕES ................................................................................................... 79

6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................. 82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÃFICAS ................................................................................. 83

A. APÊNDICE A ...................................................................................................... 88

B. APÊNDICE B ...................................................................................................... 95

C. APÊNDICE C ...................................................................................................... 98

D. APÊNDICE D .................................................................................................... 101

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ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1.1 Curva de crescimento típica para uma população bacteriana (Gómez, 2006) ........ 10

Figura 1.2 Esquematização do principio de formação de Biograout e Biosealing (Meurs et al., 2006) ............................................................................................................ 19

Figura 3.1 Voçoroca de Santa Maria ........................................................................................ 22

Figura 3.2 Feijão de porco (Canavalia ensiformes) ................................................................. 23

Figura 3.3 Ensaio de granulometria por sedimentação ............................................................ 24

Figura 3.4 Granulômetro laser existente no Laboratorio de Geotecnia - UnB ........................ 24

Figura 3.5 Carta de classificação da metodologia MCT expedita ............................................ 26

Figura 3.6 Montagem do ensaio de sucção matricial ............................................................... 31

Figura 3.7 Ensaio de Compressão diametral ............................................................................ 33

Figura 3.8 Processo de preparação do extrato de feijão de porco ............................................ 34

Figura 4.1 Limite de liquidez (a) Ramo úmido (b) Ramo Seco (c) Umidade ótima ................ 39

Figura 4.2 Correlações do wL (a) com Sr (%) (b) com w (%) (c) com “e” .............................. 40

Figura 4.3 Correlações do wP (a) com Sr (%) (b) com w (%) (c) com “e” ............................. 41

Figura 4.4 Carta de plasticidade ............................................................................................... 42

Figura 4.5 Curvas de compactação miniatura .......................................................................... 43

Figura 4.6 Familia de curvas Mini-MCV (a) Energia Intermediaria (b) Energia Normal ....... 44

Figura 4.7 Estrutura do solo para umidade ótima .................................................................... 49

Figura 4.8 Estrutura do solo para umidade no ramo seco ....................................................... 50

Figura 4.9 Estrutura do solo para umidade no ramo úmido ..................................................... 51

Figura 4.10 Difratograma de raios X para amostra SN ............................................................ 52

Figura 4.11 Espectro de FTIR para a amostra SN .................................................................... 53

Figura 4.12Influência do pH na plasticidade do solo. .............................................................. 54

Figura 4.13 Curvas características na umidade ótima (a) Sucção-w (b) Sucção-Sr (c) e*pF-Sr .................................................................................................................. 56

Figura 4.14 Curvas características no ramo úmido (a) Sucção-w (b) Sucção-Sr (c) e*pF-Sr ........................................................................................................................... 57

Figura 4.15 Curvas características no ramo seco (a) Sucção-w (b) Sucção-Sr (c) e*pF-Sr .... 58

Figura 4.16 Resistência à compressão simples (a) SNO. (b) B4O ........................................... 59

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Figura 4.17 Relação σr – w% ................................................................................................... 60

Figura 4.18 Relação σr – w% (a) B4. (b) SN. .......................................................................... 60

Figura 4.19 Relação σr – w% (a) energia normal. (b) energia intermediaria. ......................... 61

Figura 4.20 Relação w% - e (SN – B4) .................................................................................... 62

Figura 4.21 Relação σr – e (SN-B4) ........................................................................................ 62

Figura 4.22 Relação σr – Sr % (SN – B4) ............................................................................... 63

Figura 4.23 Relação σr – Sr % (a) energia normal (b) energia intermediaria ......................... 63

Figura 4.24 Relação Sucção - σr (SN – B4) ............................................................................ 64

Figura 4.25. Relação sucção normalizada - σr (SN – B4) ....................................................... 65

Figura 4.26 Falhas dos corpos de prova em compressão simples (a) SNIO (b) B4IO............. 66

Figura 4.27 Relação w % - σt (SN – B4) ................................................................................. 67

Figura 4.28 Variação σt – w % (a) energia normal (b) energia intermediária ......................... 67

Figura 4.29 Relação w % - σt (a) B4 (b) SN ............................................................................ 68

Figura 4.30 Relação e – σt (SN - B4) ...................................................................................... 68

Figura 4.31 Relação w% - e (SN-B4) ...................................................................................... 69

Figura 4.32 Variação σt – Sr % (SN – B4) .............................................................................. 69

Figura 4.33 Variação σt – Sr % (a) energia normal (b) energia intermediaria ........................ 70

Figura 4.34 Relação sucção matricial – σt (SN – B4) ............................................................. 70

Figura 4.35 Relação sucção matricial - σt (a) Enegia normal (b) Energia intermediaria ........ 71

Figura 4.36 Relação sucção - σt (a) B4 (b) SN ........................................................................ 71

Figura 4.37 Relação pF/e - σt (SN-B4) .................................................................................... 72

Figura 4.38 Relação pF/e - σt (a) energia normal (b) energia intermediaria ........................... 72

Figura 4.39 Relação pF/e - σt (a) B4 (b) SN ............................................................................ 73

Figura 4.40 Corpo de prova após o rompimento ...................................................................... 73

Figura 4.41 Mini – CBR com w% (a) umidade ótima (b) ramo seco (c) ramo úmido ........... 74

Figura 4.42 Ensaio de atividade ureasica do extrato de feijão de porco .................................. 75

Figura 4.43 Corpo de prova com adição de extrato de feijão de porco .................................... 76

Figura 4.44 Imagens da precipitação de CaCO3 para o solo com extrato de feijão de porco (a) F5I-400x (b) F5I-200x (c) F5I-100x (d) F5N-400x (e) F5N-200x (f) F5N-100x ................................................................................................. 76

Figura 4.45 Comparação entre as resistências dos tratamentos (a) Sucção matricial – σr

(b) pF/e - σr ........................................................................................................... 78

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Figura A.1 Curvas Granulométricas para umidade ótima (a) Energias unificadas (b) Energia intermediaria (c) Energia normal ............................................................. 89

Figura A.2 Curvas Granulométricas para umidade ótima (a) Energias unificadas (b) Energia intermediaria (c) Energia normal ............................................................. 90

Figura A.3 Curvas Granulométricas para o Ramo Úmido (a) Energias unificadas (b) Energia intermediaria (c) Energia normal ............................................................. 91

Figura B.1Teores granulométricos para a fração areia ............................................................ 93

Figura B.2 Teores granulométricos para a fração silte ............................................................. 93

Figura B.3 Teores granulométricos para a fração argila .......................................................... 94

Figura C.1 Difratograma de raios X para amostra B4IO ......................................................... 96

Figura C.2 Difratograma de DRX para o B4IS ........................................................................ 96

Figura C.3 Difratograma de raios X para amostra B4IU ......................................................... 96

Figura C.4 Difratograma de raios X para amostra B4NO ........................................................ 97

Figura C.5 Difratograma de raios X para amostra B4NS ........................................................ 97

Figura C.6 Difratograma de raios X para amostra B4NU ........................................................ 97

Figura D.1 Espectro de FTIR para a amostra B4NU ............................................................... 99

Figura D.2 Espectro de FTIR para a amostra B4NS ................................................................ 99

Figura D.3 Espectro de FTIR para a amostra B4NO ............................................................... 99

Figura D.4 Espectro de FTIR para a amostra B4IU ............................................................... 100

Figura D.5 Espectro de FTIR para a amostra B4IS ................................................................ 100

Figura D.6 Espectro de FTIR para a amostra B4IO ............................................................... 100

Figura E.1 Resistência à compressão simples (a) SNS. (b) B4S ............................................ 102

Figura E.2 Resistência à compressão simples (a) SNS. (b) B4S ............................................ 102

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xvii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 4.1 Resumo resultados de ensaios de limites de Atterberg .......................................... 42

Tabela 4.2 Teores das frações granulométricas ....................................................................... 45

Tabela 4.3 Resumo de ensaios de caracterização física para todas as amostras ...................... 47

Tabela 4.4 Teor de agregação das amostras ............................................................................. 48

Tabela 4.5 Valores de pH para todos os solos .......................................................................... 53

Tabela 4.6 Resistência para todos os solos .............................................................................. 77

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xviii

LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASSHO American Society of State Highway Officials

ATG Análise termo gravimétrica

B4 Solo tratado com o meio nutritivo denominado de B4

B4IO Solo tratado com meio B4 compactado na energia intermediaria com umidade ótima

B4IS Solo tratado com meio B4 compactado na energia intermediaria com umidade inferior à ótima

B4IU Solo tratado com meio B4 compactado na energia intermediaria com umidade superior à ótima

B4NO Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade ótima

B4NS Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade inferior à ótima

B4NU Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade superior à ótima

CBR California beaing ratio

DRX Difractometria de raios X

e Índice de vazios

F2I Solo com adição de feijão de porco em concentração 2/5 compactado com a energia intermediaria

F2N Solo com adição de feijão de porco em concentração 2/5 compactado com a energia normal

F3I Solo com adição de feijão de porco em concentração 3/1 compactado com a energia intermediaria

F3N Solo com adição de feijão de porco em concentração 3/1 compactado com a energia normal

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xix

F4I Solo com adição de feijão de porco em concentração 4/5 compactado com a energia intermediaria

F4N Solo com adição de feijão de porco em concentração 4/5 compactado com a energia normal

F5I Solo com adição de feijão de porco em concentração 1/1 compactado com a energia intermediaria

F5N Solo com adição de feijão de porco em concentração 1/1 compactado com a energia normal

FTIR Espectroscopia de Infravermelho com transformada de Fourier

g/cm² Grama por centímetro quadrado

g/cm³ Grama por centímetro cúbico

Gs Peso específico dos grãos

IP Índice de plasticidade do solo

km² Quilometro quadrado

LA’ Solo arenoso lateritico

LG’ Solo argiloso lateritico

MCT Miniatura compactado tropical

ML Silte de baixa compressibilidade

ml Mililitro

mm/min Milímetro por minuto

pF Logaritmo da sucção em centímetros de coluna de água

pH Potencial hidrogeniônico

SN Solo sem tratamento

SNIO Solo sem tratamento compactado na energia intermediaria com umidade ótima

SNIS Solo sem tratamento compactado na energia intermediaria com umidade inferior à ótima

SNIU Solo sem tratamento compactado na energia intermediaria com umidade superior à ótima

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xx

SNNO Solo sem tratamento compactado na energia normal com umidade ótima

SNNS Solo sem tratamento compactado na energia normal com umidade inferior à ótima

SNNU Solo sem tratamento compactado na energia normal com umidade superior à ótima

Sr % Grau de saturação

USCS Sistema unificado de classificação de solos

T.A. Teor de agregação

UnB Universidade de Brasília

w Umidade do solo

wL Limite liquido do solo

wP Limite plástico do solo

γd Pesso específico aparente

σr Resistência a compressão na ruptura

σt Resistência a tração na ruptura

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1

1. INTRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, os problemas ambientais em engenharia geotécnica representam uma grande

preocupação devido à escassez de materiais com boas qualidades para construção de obras

civis.

Na indústria rodoviária, a procura por materiais que atendam às características físicas e

mecânicas exigidas pelas normas técnicas vem sendo um problema maior, pois o

desenvolvimento da legislação ambiental e o acréscimo das cargas produzidas pelo tráfego,

entre outros fatores, geram limitações na utilização desses materiais.

Tanto no Brasil quanto no resto do mundo, os inconvenientes produzidos pela deficiência

de materiais e a dificuldade para transportar os materiais aptos para uso rodoviário são

refletidos em acréscimo de custos e tempo. Dessa forma, é necessário se focar no estudo de

novas técnicas para adaptar os materiais a fim de que sejam usados sem dificuldades nas obras

nos quais são requeridos.

Além da deficiência de materiais, existem outras preocupações referentes ao tipo de solo

usados na fundação das estruturas sendo, no caso da engenharia rodoviária, o solo de subleito.

Este comumente origina as falhas apresentadas nos pavimentos, refletindo em perdas

econômicas e, em alguns casos, de vidas humanas.

Desde a antiguidade têm-se procurado adequar os materiais para que melhorem seu

desempenho em obra. Uma das possibilidades é a estabilização de solos, que apresenta bons

resultados na melhoria das qualidades dos solos.

Atualmente, a busca de alternativas inovadoras que apresentem vantagens técnicas,

econômicas e ambientais conduzem ao desenvolvimento de pesquisas com o objetivo de

produzir materiais com essas características.

Os solos no Distrito Federal, devido às suas características lateríticas, podem ser

colapsíveis, portanto, não são completamente aptos para o uso rodoviário. Deste modo,

apresenta-se a necessidade de desenvolver trabalhos que permitam o melhor aproveitamento

dos mesmos, visando melhorar a resistência e as propriedades mecânicas nas obras de

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2

pavimentação.

Os procedimentos de estabilização de solos mais usados no Distrito Federal são realizados

mediante a estabilização granulométrica. No entanto, é preciso considerar a possibilidade de

encontrar alternativas que permitam maior eficiência e economia na realização de obras de

infra-estrutura rodoviária, com o intuito de obter estradas com maior vida útil e menor risco

de deterioração durante tal período.

A biomineralização induzida tem despertado grande interesse nos últimos anos, porque

produz um mineral mediante a estimulação da população bacteriana, para que seja produzido

um precipitado que pode ser utilizado para vários fins. Na engenharia geotécnica, essa prática

tem mostrado grandes benefícios, mas estes devem ser estudados mais profundamente para

determinar os benefícios específicos que são obtidos.

Mundialmente estão sendo avaliadas metodologias de biomineralização, entre elas a

bioestabilização, que apresenta uma boa possibilidade para processos de estabilização de

solos. Esta tecnologia gera grandes benefícios ambientais e econômicos, devido à utilização

eficiente dos recursos. Por causa desses benefícios, surgiu o interesse em avaliar o

desempenho da bioestabilização de solos em obras de pavimentação, a qual poderia ser muito

vantajosa para ser desenvolvida em grande escala no Distrito Federal.

1.1 JUSTIFICAÇÃO DA PESQUISA

Em locais cujos solos não são aptos para fazer parte da estrutura de um pavimento, é

indispensável aumentar a espessura das camadas ou realizar uma melhoria dos materiais

constitutivos dessas. Essas modificações podem implicar em um acréscimo considerável nos

custos, inviabilizando a obra, além de gerar atrasos e danos ambientais.

Dessa forma, é de fundamental importância melhorar as características mecânicas dos

materiais, mediante um tratamento de baixo custo e ambientalmente adequado, a fim de

viabilizar projetos de pavimento em regiões inadequadas.

Dentre as técnicas de melhoria de solos utilizadas para reforço de pavimento, a

biomineralização oferece benefícios econômicos e ambientais quando comparada às outras

técnicas, uma vez que, além de não inserir nenhum componente novo ao solo, é uma técnica

de fácil aplicabilidade.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo geral estudar a influência da variação da umidade e do

índice de vazios na precipitação induzida de carbonato de cálcio (CaCO3), e desta no

comportamento mecânico do solo para fins de pavimentação rodoviária.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos para o trabalho são:

• Determinar a viabilidade do uso da enzima uréase proveniente do feijão de porco,

como agente indutor da hidrolise de uréia para a precipitação de carbonato de

cálcio.

• Determinar as propriedades mecânicas mais afetadas quando adicionado um meio

nutriente, denominado B4, para gerar a precipitação de carbonato de cálcio.

• Determinar para qual parte da estrutura de pavimento pudesse ser apto o solo

quando tratado biotecnologicamente.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho encontra-se dividido em capítulos conforme descrito a seguir:

Capitulo 1 – Introdução

Apresenta o problema e justifica a realização da pesquisa. Além de descrever o objetivo

geral e os objetivos específicos do trabalho.

Capitulo 2 – Revisão bibliográfica

Neste capitulo é apresentado o marco teórico, com a finalidade de familiarizar ao leitor

com o tema, mediante conceitos básicos referentes o tema.

Apresenta uma definição de biomineralização e dos processos pelos quais é gerada e usos

que são dados para ela. Igualmente, descreve-se como é produzida a precipitação de carbonato

de cálcio e as reações que durante essa acontecem.

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Capitulo 3 – Materiais

Este capítulo refere-se à descrição dos materiais usados na execução da pesquisa e a

maneira como eles eram utilizados.

Capitulo 4 – Metodologia

Apresenta os procedimentos e metodologias que foram utilizadas para a execução de cada

uma das etapas desenvolvidas durante o trabalho experimental da pesquisa.

Capitulo 5 – Apresentação e análise de resultados

Neste capitulo são apresentados os resultados obtidos durante a etapa experimental no

laboratório. Também são realizadas as discussões relativas à modificação do comportamento

mecânico do solo quando tratados e a eficácia deste tratamento.

Capitulo 6 – Conclusões

Refere-se às conclusões obtidas a partir dos dados e discussões apresentadas no capitulo 5,

além de apresentar sugestões para pesquisas futuras.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 SOLO LATERÍTICO

Solos lateríticos são aqueles que ocorrem predominantemente entre os trópicos e

apresentam propriedades de engenharia particulares, diferentes daquelas características dos

solos de regiões temperadas (Camapum de Carvalho, 2007). Algumas das características

típicas dos solos lateríticos são:

� Grau de alteração (elevado);

� Sua gênese (pouco dependente);

� Propriedades químicas e mineralógicas (fruto de grande alteração);

� Características estruturais (presença de cimentações e de micro e macroporos);

� Umidade / Grau de saturação (geralmente não saturado);

Os solos lateríticos são resultantes do intemperismo e suas características típicas são

influenciadas pelo modo de formação da rocha mãe, características morfológicas e grau de

intemperização, sendo a composição química e mineralógica influenciada pelas condições

topográficas e de drenagem (Gidigasu, 1976). Com o avanço do processo de intemperização

as propriedades e comportamentos dos solos tropicais vão se tornando independentes de sua

origem. Cardoso (1995) abordou esse tema ao estudar a colapsibilidade de solos do Distrito

Federal.

Ribeiro (1999), afirma que um solo laterítico se caracteriza por ser ou não residual,

intemperizado e rico em minerais de argila e sesquióxidos que formam uma camada

superficial.

Schellmann (1982) apud Delgado (2002) define a laterita como sendo acumulações

superficiais ou subsuperficiais de produtos provenientes do intenso intemperismo de rochas,

desenvolvidos sob condições favoráveis a uma maior mobilidade dos elementos alcalinos,

alcalino-terrosos e sílica, além de imobilização de ferro e alumínio.

As lateritas são caracterizadas pelo alto teor de sesquióxidos de alumínio, ferro, titânio e

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manganês em relação aos outros constituintes. Nogami & Villibor (1995), afirmam que

também são características típicas dos solos lateríticos a coloração vermelha, amarela ou

marrom, camadas de grande espessura, elevada porosidade aparente e permeabilidade, além

de apresentarem uma granulometria que varia desde uma argila até areia argilosa.

É necessário lembrar que as lateritas constituem um estágio mais avançado do processo de

laterização, não necessariamente com maior tempo de alteração, mas quase sempre em

condições mais favoráveis de alteração e acumulação que os solos lateríticos. Não é raro os

solos lateríticos serem resultantes de um processo de lixiviação acoplado às alterações

químico-mineralógicas, enquanto a formação das lateritas encontra-se quase sempre associada

ao processo de acumulação de sesquióxidos de alumínio, ferro, titânio e manganês. Tem-se

então, que no primeiro caso a acumulação desses compostos é na maioria das vezes relativa,

por perda de sílica e bases solúveis, enquanto no segundo é absoluta, ou seja, pelo aporte de

sesquióxidos.

Nogami & Villibor (1995) ainda afirmam que os solos lateríticos sofrem pequena

diminuição do índice de suporte pela imersão em água nas condições ótimas de compactação,

onde é possível observar que o valor da expansão é relativamente pequeno. Entretanto, nas

amostras compactadas no ramo seco poderá ser apreciável a expansão e quando o solo é

compactado no ramo úmido pode apresentar expansão de até 1% ou mais.

Vargas (1994) apud Ribeiro (1999) afirma que a importância dos solos lateríticos como

material de construção rodoviária no Brasil foi reconhecida no fim da década 30, e desde

então foram realizadas muitas pesquisas visando à obtenção de metodologias que permitam a

melhor utilização desses solos.

Os valores de CBR (California Bearing Ratio) dos solos lateríticos dependem de fatores de

composição, especialmente das características e tamanho de partículas, grau de intemperismo

e plasticidade de finos. Assim, é possível constatar que o CBR é muito sensível às condições

de moldagem, ou seja, ao índice de vazios e teor de umidade (Gidigasu, 1976). Quando se

trabalha com solos lateríticos, dada a grande variação de densidade que eles podem apresentar

dentro de um mesmo depósito, é sempre recomendável analisar o seu comportamento em

termos de índice de vazios e não de peso específico como geralmente é feito na prática da

engenharia.

Gidigasu (1976) afirma ainda que muitos estudos realizados para determinar as

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características de compactação dos solos lateríticos, levaram à conclusão que para esses são

determinantes o conteúdo de finos, sua gradação e as características de plasticidade, assim,

como o conteúdo de argila.

Segundo Camapum de Carvalho (2007), um solo laterítico natural com um grau de

saturação superior a 60% pode apresentar deformabilidade considerável com baixo valor de

CBR sendo ainda pouco susceptível de colapso por inundação. Mas fatores como o grau de

cimentação podem fazer com que isto seja modificado. Essa peculiaridade de comportamento

está ligada à presença de macroporos e à sua quantidade, sendo que na maioria dos solos do

Distrito Federal a entrada de ar neles, só se completa ao atingir graus de saturação dessa

ordem.

Para Gidigasu (1976), os solos lateríticos são apropriados para compor sub-base, mas não

para base, pois esses têm mostrado que sob condições adversas de trafego e umidade não

apresentam uma boa resposta mecânica. No entanto, de forma geral, os solos lateríticos têm

um bom comportamento em trechos com um nível de trafego leve até médio mesmo em

camadas de base como mostram vários estudos realizados por Nogami e Villibor (1995).

Outra utilização dos solos lateríticos que vem sendo estudada, é a mistura desses com

outros materiais para fins rodoviários, tais como: cal, cimento, betume, brita descontínua,

material fresado e fibras sintéticas e orgânicas, apresentando bons resultados na melhoria das

propriedades mecânicas (Ribeiro, 1999).

Aproximadamente 75% do território brasileiro apresenta-se recoberto por um manto de

solo laterítico com composição rica em Fe, Mn, Al, Ni, Nb e fosfatos (Teixeira et al., 2000).

Devido a este fato e ao desenvolvimento de procedimentos de caracterização apropriados para

estes tipos de solos, tem sido possível a utilização dos solos tropicais como fonte de matéria

prima para a construção rodoviária, pois se observou que esses são de baixo custo e

apresentam bom comportamento estrutural na constituição de reforço do subleito, sub-base e

base (Delgado, 2002).

2.2 BIOTECNOLOGIA

Várias são as definições dadas para o termo biotecnologia, algumas apresentadas a seguir:

� É o estudo da aplicação da biologia em diferentes áreas de trabalho, exemplos disso é a

utilização na agricultura, na medicina e atualmente na engenharia;

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� Uma definição mais específica de biotecnologia consiste na aplicação dos princípios

científicos e da engenharia para o processamento de materiais, por meio de agentes

biológicos, para prover bens e assegurar serviços;

� Segundo o Convênio sobre Diversidade Biológica de 1992, a biotecnologia pode ser

definida como "toda aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos e organismos

vivos ou derivados para a criação ou modificação de produtos e processos para usos

específicos" (CSDB, 2009).

Os estudos com microorganismos começaram aproximadamente no século XVII com

Leeuwenheek, mas estes ganharam impulso com os estudos de Pasteur em 1857 (Zilli et al.,

2003).

O crescente interesse pelo estudo da função das bactérias no ecossistema e a preocupação

por obter processos tecnológicos mais eficientes, motivaram a realização de pesquisas sobre a

aplicação de microorganismos no desenvolvimento de novos materiais e metodologias de

produção.

Atualmente o uso da biotecnologia está sendo estudado pelas indústrias para melhorar os

processos produtivos desenvolvidos nelas. Na engenharia o estudo visa a aperfeiçoar a

exploração petroleira, disposição de rejeitos orgânicos e otimização de processos químicos,

entre outros.

As dificuldades que se apresentam para o desenvolvimento da biotecnologia na engenharia

são fundamentalmente devido ao pouco ou quase nenhum conhecimento dos engenheiros

civis sobre os processos biológicos que são gerados durante o desenvolvimento de técnicas

biotecnológicas.

2.3 BIOMINERALIZAÇÃO

Embora sejam relativamente poucos os trabalhos de pesquisa sobre o assunto, os avanços

no entendimento dos processos de vida dos microorganismos têm mostrado grande

importância para o desenvolvimento do uso da biotecnologia com fins de melhorar os

processos tecnológicos, tanto para a indústria como para a engenharia civil, mas esses ainda

estão longe de serem cientificamente explicados.

Na natureza a biomineralização é muito comum e consiste na precipitação de um mineral

proveniente da atividade celular de um ser vivo. Na engenharia, a biomineralização pode ser

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utilizada em diversas aplicações, como por exemplo, na proteção de superfícies pétreas e de

concreto.

A biomineralização está relacionada com as funções fisiológicas dos microorganismos,

dando como resultado minerais benéficos para os mesmos e para o meio onde eles vivem. A

habilidade das bactérias de alterar seu meio natural é função de determinadas condições

ambientais que favorecem a precipitação de minerais. Em outros termos, a principal função

das bactérias nos processos de biomineralização é criar um ambiente alcalino (Fitolito, 2009).

Outra definição para biomineralização consiste no processo onde os organismos vivos têm

a capacidade de produzir sólidos inorgânicos mediante duas maneiras: induzida de forma

biológica e mediada por uma matriz extracelular que ordena os cristais mineralizados. Assim,

sustâncias geradas nos processos de biomineralização podem ser liberadas durante a atividade

do organismo produtor em vida ou após a morte. (RedBi, 2001)

Em resumo, biomineralização é um processo mediante o qual os organismos são capazes

de produzir sólidos inorgânicos ou ainda minerais.

Muitas bactérias obtêm nutrientes e energia por degradação de minerais e outros

compostos, estas atividades são facilitadas quando as bactérias aderem-se a sedimentos e

superfícies de rochas.

Um problema para o estudo da precipitação de CaCO3 é o reconhecimento dos organismos

e dos processos envolvidos, além da escala dos ensaios para descrever os micro-processos

gerados durante a precipitação, o que têm gerado dificuldades para interpretação dos

resultados devido ao fato que as microfábricas são heterogêneas (Riding, 2000).

Whiffin et al. (2007), revelam que uma das possíveis aplicações do uso de bactérias seria

para melhorar as propriedades de permeabilidade do solo, mediante uma camada orgânica

composta por microorganismos, embebidos em uma matriz polimérica produzida pelas

próprias bactérias.

No entanto, para poder aproveitar favoravelmente os processos de biomineralização, é

preciso fazer um estudo exaustivo de fatores de grande relevância tais como a microbiota,

visando ter um bom entendimento do desenvolvimento dos microorganismos e suas

comunidades dentro do ambiente em que estão presentes. Isso representa uma grande

dificuldade devido ao fato que ela, a microbiota, é muito complexa, dinâmica e heterogênea.

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Segundo Cardoso (1992) apud Valencia (2007), existem cinco grupos principais de

microorganismos no solo, são eles: fungos, bactérias, actinominocetos, algas e protozoários.

Desses, as bactérias representam a maior população e diversidade, aproximadamente 108 a 109

organismos por grama. Peña (1980) apud Valencia (2007) afirma que as bactérias do solo

podem-se dividir em dois grupos: nativas ou autóctones que são os residentes verdadeiros e os

alóctones ou invasores.

Gómez (2006) descreve que a vida das bactérias por sua vez, está dividida em etapas:

latência, exponencial, estacionaria e morte. Essas etapas são definidas a seguir:

� A latência é aquela fase na qual as bactérias se adaptam ao meio em que se encontram.

Para isso, devem sintetizar enzimas para metabolizar os compostos presentes no meio;

� A etapa exponencial corresponde àquela onde se apresenta o crescimento da população;

� Na fase estacionária o aumento de bactérias estabiliza-se;

� A morte é a etapa na qual há escassez de alimento e as bactérias morem numa maior

velocidade que a multiplicação.

Na Figura 1.1 é possível observar um gráfico onde são apresentadas as etapas de

crescimento típicas da população bacteriana.

Figura 1.1 Curva de crescimento típica para uma população bacteriana (Gómez, 2006)

Zilli et al. (2003), assegura que os microorganismos por estarem intimamente associados

aos processos ecológicos, apresentam grande potencial como indicadores da qualidade do

solo, e por este motivo é necessário realizar uma identificação das espécies microbianas nele

presentes.

Os autores ainda afirmam que as variáveis que ajudam a determinar a utilização da

Tempo

Morte Estacionária Exponencial Latência

Log

10 Organismos

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biodiversidade são a composição mineralógica, radiação solar, transformação de massa, a

temperatura e a matéria orgânica.

Peña et al.(1980) apud Valencia (2007) afirma que as principais variáveis que influem

sobre as bactérias do solo são a umidade, aeração, temperatura, matéria orgânica, acidez e

fornecimento de nutrientes inorgânicos, além dos plantios, a estação sazonal e a profundidade.

Cardoso et al. (1992) apud Valencia (2007), afirma que o pH tem grande influência sobre a

forma de atuação das bactérias nos processos de biomineralização. Assim, a biomineralização

ocorre por reações químicas entre íons específicos ou compostos, como resultado das

atividades metabólicas de um organismo em certas condições ambientais.

A atividade das bactérias depende do tipo de solo, especialmente da estrutura. Assim,

frações de argila presentes no solo podem se ligarem às bactérias formando pontes de união

entre elas, pois tanto as bactérias como as partículas argilosas são de tamanho similar. A

natureza dessa ligação é principalmente química e mediada por sustâncias cimentantes. O

diâmetro das partículas e o tipo de mineral argiloso também afeta a adesão, pois quanto

menor, maior será a possibilidade de se apresentar uma ligação (Valencia, 2007).

Zilli et al. (2003) afirmam que os solos tropicais apresentam duas dificuldades para serem

tratados biologicamente, uma é a degradação que eles têm sofrido, e o outro é a carência de

nutrientes para serem aproveitados pelas bactérias.

Um exemplo de biomineralização é o da precipitação de carbonato de cálcio. Esse processo

consiste na aspersão de bactérias, desenvolvidas em suspensão dentro de um meio de cultura

apropriado, sobre a superfície porosa, seguido de alimentação das mesmas em intervalos

determinados para a precipitação de calcita in situ (Lee, 2003).

A carbonatogenesis, nome também dado ao processo de precipitação de carbonato de

cálcio, ocorre durante a etapa exponencial do crescimento bacteriano e termina depois do

inicio do estado estacionário (Valencia, 2007). Os cristais formados como resultado da

precipitação não tem a mesma estrutura, pois esta depende do tipo de microorganismo e das

condições do meio onde é produzido o processo de biomineralização.

Gómez (2006), afirma que a biomineralização no ramo da engenharia civil pode ser

dividida em várias metodologias, são elas:

� Bio-induração: tem sido a mais estudada e consiste na selagem dos poros do solo mediante

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a adição de microorganismos, para que estes produzam um biofilme (película constituída

por uma matriz de polímeros extracelulares produzida por organismos que estão

embebidos dentro da mesma), para produzir uma redução da permeabilidade;

� Bio-remediação: consiste em usar a precipitação de carbonato de cálcio para restauração de

concretos e de monumentos de pedra;

� Bioestabilização: visa à melhoria das propriedades geotécnicas dos solos por meio da

secreção ou precipitação de substâncias cimentantes como o carbonato de cálcio.

Atualmente, são relativamente poucos os estudos realizados neste âmbito, sendo necessária

a realização de trabalhos interdisciplinares que permitam difundir o conhecimento dos

processos microbiológicos e das metodologias que se devam desenvolver.

Outras aplicações estão sendo avaliadas na engenharia geotécnica. Atualmente, está sendo

desenvolvida uma pesquisa na Universidade de Brasília (UnB), cujo objetivo é a avaliação da

mitigação de processos erosivos mediante a melhoria das propriedades físicas e mecânicas do

solo proporcionadas pela aplicação na microflora nativa de nutrientes precipitadores de

carbonato de cálcio (Valencia, 2007).

Hammes & Vestraete (2002) afirmam que a bactéria tem um papel muito importante

durante o processo de biomineralização, o qual está associado a sua habilidade de criar

ambientes alcalinos (alto pH e incremento da concentração da dissolução do carbono

inorgânico (DIC)) por meio de várias atividades fisiológicas. Montoya et al. (2005) afirmam

que o papel dos microorganismos nos processos de precipitação ainda não está claro.

A precipitação pode ser o resultado de um processo metabólico microbiano como a

fotossíntese, hidrólise de uréia e redução de sulfatos, entre outros. Segundo Donald Gray

(2001) apud Martínez et al. (2003), existe uma ampla variedade de microorganismos aptos a

realizar processos utilizando as características próprias para secretar substâncias derivadas de

seus metabolismos, as quais possuem propriedades cimentantes.

Montoya et al., (2005), afirmam que esses processos afetam a alcalinidade do solo

dissolvendo o carbono inorgânico do meio ambiente, o que favorece a precipitação.

Donald Gray (2001) apud Gómez (2006) assinala que existem muitas vantagens ao usar

microorganismos em processos de melhoria de solos, pois, com eles se consegue uma maior

tolerância destes frente à mudança de umidade e ambientes tóxicos, mesmo frente a condições

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anaeróbicas e temperaturas extremas. Além disso, eles conseguem se desenvolver em

ambientes com porosidade muito pequena.

Apesar das pesquisas relatadas na literatura, a biomineralização requer um estudo

detalhado das condições que governam o sistema biológico de interesse, assim como a

composição e a estrutura dos biominerais produzidos.

2.3.1 BIO-ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS MEDIANTE PRECIPITAÇÃO DE

CARBONATO DE CÁLCIO (CaCO3)

Como mencionado anteriormente, a bio-estabilização consiste na melhoria das

propriedades geotécnicas dos solos mediante precipitação de carbonato de cálcio. Este

processo é simples e é governado por quatro principais fatores (Valencia, 2007):

� A concentração de cálcio (Ca2+);

� A concentração da dissolução do carbono inorgânico (DIC);

� O pH ;

� A disponibilidade de nucleação do local.

Pesquisas na Colômbia revelam que o uso da bactéria Bacillus pasteurii para obter

carbonato de cálcio por meio desse processo é eficiente para melhorar algumas propriedades

físicas e mecânicas dos solos. Esses estudos revelaram que o uso de bactérias ureásicas pode

gerar certo grau de cimentação no solo.

Existem vários grupos de pesquisa reconhecidos mundialmente os quais estão focados no

estudo dos processos de bio-estabilização. Esses grupos estão realizando pesquisas visando

determinar métodos que beneficiam as propriedades mecânicas do solo, tais como

permeabilidade, rigidez e resistência. Na maioria dos casos, os resultados mais satisfatórios

foram obtidos realizando a estimulação dos microorganismos naturais presentes no solo

(López, 2008).

As plantas e os animais podem sintetizar carbonatos como produtos secundários do seu

metabolismo. Nesse processo químico, os cátions de cálcio se unem aos íons de carbonato

para formar carbonato de cálcio, como pode ser observado na seguinte equação de equilíbrio

químico.

Ca2+ + CO32- ↔ CaCO3 ↓ (1)

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Segundo Stocks-Ficher et al. (1999) a solubilidade do CaCO3 é afetada pela concentração

iônica em meio aquoso. A produção do íon Carbonato (CO3-) é governada pelo equilíbrio

mostrado nas seguintes reações:

HCO3- ↔ CO3

2- + H+ (2)

HCO3- + OH− ↔ CO3

2- + H2O (3)

Nas equações anteriores, os íons de bicarbonato (HCO3-) se equilibram liberando íons de

carbonato (CO32-) e hidrogênio.

Segundo Gómez (2006), o processo de nucleação ou formação dos cristais começa em

condições ácidas.

Muitos são os processos biológicos que conduzem à precipitação de carbonato de cálcio,

dentre eles a fotossíntese, a degradação de uréia, redução de sulfato, entre outros. No entanto,

esta pesquisa dará ênfase maior aos dois primeiros.

Uma das formas de precipitação de carbonato de cálcio mais comum é a fotossíntese. Esse

processo é baseado na metabolização de dióxido de carbono (CO2) dissolvido, que se

equilibra com o HCO e CO no entorno da bactéria, como apresentado na equação 4. Quando

ocorre essa reação, é induzida uma mudança no equilíbrio do bicarbonato, que gera um

acréscimo de pH na maior parte do meio (Equações 5 e 6). A precipitação de CaCO3 seja dada

íons de cálcio solúvel estão presentes (Valencia, 2007).

2HCO3- ↔ CO2 + CO3

2- + H2O (4)

CO2 + H2O → CH2O + O2 (5)

CO32- + H2O → HCO + OH− (6)

Outra forma de gerar precipitação de carbonato de cálcio é a hidrólise ou degradação de

uréia por meio da ação da enzima uréase. Para que o processo seja completo devem ocorrer

duas reações: a primeira envolve a hidrólise da uréia e, a segunda, a geração do carbonato

(equações 7 e 8).

A uréia é um catalisador para produzir CO2 e amoníaco, o que provoca um aumento de pH

onde há precipitação de carbonato de cálcio (CaCO3) (Martínez et al., 2003).

A hidrólise de uréia, CO(OH2), via enzima uréase é um modelo simples e é comumente

usado para induzir precipitação de CaCO3. A reação ocorre de acordo com as equações 7 e 8.

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A uréia em presença de água (H2O) reage produzindo dióxido de carbono (CO2) metabólico e

amoníaco (NH3). Como essa reação apresenta-se em meio aquoso acontece uma geração de

amônia (NH4) e carbonato (CO3). O aumento do pH é propiciado por causa do NH3, como se

segue:

CO(NH2)2 + H2O → CO2 + 2NH3 (7)

2NH3 + CO2 + H2O → 2NH4+ + CO3

2- (8)

Bang et al. (2001), relatam que no momento em que as bactérias metabolizam a uréia são

formados cristais de carbonato de cálcio ao redor das células, que se interligam com cada um

dos grãos de solo, aumentando a resistência ao cisalhamento.

A enzima uréase decompõe a uréia gerando um aumento do pH. A precipitação de CaCO3

depende da concentração da enzima. Quando é gerada a precipitação, inicialmente são

formados precipitados amorfos que posteriormente se cristaliza em calcita (Sondi &

Matijevic, 2001).

Para que a precipitação de carbonato de cálcio seja efetiva, é preciso que o meio seja

preferivelmente básico (López, 2008). Isso explica porque os microorganismos utilizados para

avaliar a produção de calcita sejam geralmente alcalófilos, ou seja, crescem em pH maior que

8.0, já que em pH inferiores o crescimento é muito lento ou nulo.

É importante que, no uso da biotecnologia com fins de estabilização de solos, os

engenheiros tenham um bom conhecimento da bioquímica e da microbiologia dos

microorganismos, além da química do solo, pois estes fatores são os mais importantes durante

a realização dos processos de melhoria das propriedades mecânicas do solo. O conjunto

desses fatores é o principio básico para determinar como seria a interação solo-bactéria.

Durante a carbonatogênese existem variáveis que controlam o processo, como: i)

concentração de íons de cálcio (Ca2+), ii) pH do meio, e iii) agentes externos, como

quantidade de dióxido de carbono (CO2) e concentração de bactérias.

É preciso salientar que uma boa disponibilidade de íons de Ca e CO3 num ambiente calcino

gênico é o fator mais importante para favorecer a precipitação de CaCO3 (Lee, 2003). No

entanto, também se deve levar em conta a população bacteriana.

Stock – Fischer et. al., (1999) afirmam que num ambiente com uma grande quantidade de

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bactérias se restringe a precipitação de CaCO3, pois elas limitaram a disponibilidade de uréia

dentro do solo, e como conseqüência, a produção de amônia.

Whiffin (2007), afirma que do ponto de vista geotécnico, o potencial da precipitação de

CaCO3 por meios biológicos tem sido identificado como uma importante maneira de adaptar

as propriedades do solo para os fins que se desejam.

Bang & Ramakrishnan (2001), trabalharam com bactérias uréase como Escherica coli e

Bacillus pasteurii, para remediação de trincas em concretos obtendo como resultado um

aumento importante na resistência a compressão simples.

Matínez et al. (2003), trabalharam com Bacillus subtilis adicionados a um meio nutritivo

em três concentrações diferentes, e logo esse meio foi colocado no solo. Durante a pesquisa

verificaram que esses microorganismos induzem a precipitação de CaCO3, e que essa melhora

as propriedades físicas e o comportamento mecânico do solo.

Gómez (2006) verificou a variação do módulo de rigidez de um solo grosso mediante a

adição de Bacillus pasteurii e Bacillus subtilis, onde cada espécie foi colocada separadamente

em um meio nutritivo B4 e para evitar a interferência de bactérias nativas, o solo foi seco em

estufa. Nos resultados obtidos concluiram que os Bacillus pasteurii são mais adequados para

melhorar propriedades como a resistência ao cisalhamento.

Ismail et al. (2002), utilizaram um sistema de precipitação in-situ, que consiste na injeção

ou molhagem com uma solução baseada em água com baixa viscosidade, com pH neutro e

não tóxica. O resultado obtido foi uma precipitação de CaCO3 que envolvem os grãos e

formam pontes de união entre eles, cimentando a matriz de solo e melhorando sua resistência.

Flórez (2007) adicionou separadamente um meio nutriente e uma mistura do meio com

bacillus a um solo arenoso. Ao comparar os resultados inferiu que houve uma melhora com

qualquer um dos procedimentos, especialmente com a adição das bactérias junto com o meio

nutritivo.

Schimittner & Girese (1999) realizaram um estudo adicionando diferentes concentrações

de cálcio (Ca2+) e de fosfato (PO43-) em solução a um solo arenoso com três tamanhos de grão

e avaliaram o tempo de precipitação de calcita e de hidroxy apatita. Concluíram que material

fino com grande área superficial é um excelente meio para envolver as bactérias. Também

observaram que a temperatura não é tão importante para a precipitação, quanto o pH.

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Sondi & Matijevic (2001), realizaram um trabalho com enzima uréase e observaram que a

precipitação foi mais rápida em temperatura ambiente quando o pH está entre 7 e 9. Nesse

trabalho formaram-se cristais de vaterita e posteriormente de calcita. Observaram que a taxa

de mudança nos cristais depende da concentração de enzima.

Stocks-Ficher et al. (1999), realizaram experimentos para precipitar CaCO3. Na pesquisa

eles adicionaram um meio nutritivo composto de 20 g de uréia, 3 g de Ágar nutriente, 5,6 g de

Cloreto de cálcio (CaCl2), 10 g de Cloreto de amônio (NH4Cl), 2,12 g de Bicarbonato de

sódio (NaHCO3), e 12g de Agar para 1 litro de água destilada com cultivos de Bacillus

pasteurii a um solo arenoso. Os resultados obtidos revelaram que a precipitação de CaCO3 foi

gerada em um intervalo de pH entre 8 e 9.

Trabalhos como os desenvolvidos por Whiffin et al. (2007) mostram que é possível gerar

uma precipitação de carbonato de cálcio com uma conseqüente cimentação entre os grãos de

areia. Para conseguir tal cimentação foi aplicada uma solução de uréia e cloreto de cálcio a

velocidade constante numa coluna de solo com a finalidade de iniciar a cimentação.

Durante este trabalho também foi determinado que a capacidade das bactérias para

degradar uréia decresce durante o tempo de reação. Algumas causas para isso podem ser:

redução de volume de poros, aumento da quantidade de CaCO3 precipitado, diminuição na

concentração de uréia ou degeneração da viabilidade das bactérias nas condições de

cimentação. O resultado geral foi uma redução da permeabilidade do solo.

Como o Brasil possui solos muito intemperizados, cujas propriedades mecânicas são

limitadas para serem utilizados em estruturas de pavimento, faz-se necessário a realização de

estudos com intuito de melhorá-lo por meio de métodos inovadores que permitam um

comportamento aceitável.

Como pode ser observado dessa revisão sobre a bio-estabilização do solo, geralmente as

condições de pH ideais se situam entre 7 e 9. Nos solos tropicais profundamente

intemperizados, se o pH natural encontrar-se acima do correspondente ao ponto iso-elétrico.

Tal elevação não geraria, em princípio, danos aos agregados já formados, no entanto,

encontrando-se abaixo, os agregados já existentes tenderiam a serem destruídos com reflexos

no comportamento, reflexos estes que poderiam ser negativos ou positivos. Assim, por

exemplo, se o objetivo for reduzir a permeabilidade o aspecto será positivo, porém se for

melhorar a resistência e diminuir a deformabilidade ele poderá ser negativo. No âmbito dessa

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pesquisa não se chegou a analisar esse aspecto relativo ao ponto iso-elétrico do solo.

2.3.2 BIO-ESTABILIZAÇÃO EM RODOVIAS

Atualmente, poucos são os trabalhos de pesquisa focados unicamente na melhoria das

propriedades mecânicas dos solos com fins de pavimentação rodoviária, mediante o uso de

biotecnologia. No entanto, algumas empresas lançam no mercado produtos enzimáticos

naturais, os quais geram uma melhoria nas características dos solos, levando a uma

minimização de custos pela diminuição da espessura das camadas do pavimento.

Algumas das melhorias oferecidas pelas empresas são o aumento do CBR, o acréscimo na

resistência à compressão simples, entre outros. Esses produtos agem como catalisadores,

gerando uma melhoria no subleito e produzindo um material mais denso, coesivo e estável,

além de apresentarem facilidade de aplicação no solo (Terrazyme, 2009)

Produtos como o permazyme, são utilizados para materiais presentes na própria rodovia,

permitindo uma diminuição dos custos de transporte e obtenção de materiais de empréstimo a

princípio inapropriados. Entretanto, os materiais aptos para serem estabilizados com

permazyme têm limitações na granulometria e no índice de plasticidade. (SECSASA, 2008)

Na Colômbia têm sido realizadas várias pesquisas pelo grupo de pesquisa BACEST,

focadas na avaliação da resposta mecânica de solos de subleito tratados com precipitação de

carbonato de cálcio. Segundo Álvarez et al. (2004) não é possível identificar melhorias nas

propriedades devido ao tratamento. No entanto, revelam que algumas amostras apresentaram

uma melhora no CBR após a precipitação de carbonato de cálcio.

Gómez (2006) afirma que todas as pesquisas não apresentam resultados satisfatórios, mas

para as amostras do solo caracterizado como areia-siltosa os resultados apresentaram uma

melhora bastante significativa.

López (2008) verificou que a quantidade de ar dentro dos vazios do solo afeta

consideravelmente a precipitação de carbonato de cálcio, pois quanto menor a percentagem de

ar, maior o incremento de precipitação de carbonato de cálcio.

Echeverri & Santander (2003) apud Flores (2007), realizaram ensaios para facilitar o

crescimento das bactérias calcificantes nativas do solo, onde observaram um aumento do CBR

após o tratamento.

Fonseca et al. (2004), empregaram bactérias calcificantes, o meio nutritivo B4 e a mistura

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desses em solo siltoso e caulim. Os resultados obtidos foram aproximadamente a duplicação

do CBR, além de não apresentarem diferenças representativas de expansão. Os maiores

acréscimos no CBR foram apresentados quando foi adicionado unicamente o meio B4.

Segundo Whiffin (2005), nos Países Baixos, GeoDelft apóia trabalhos com dois processos

para modificar as propriedades do solo in-situ. Tais processos são denominados Biosealing e

Biogrout (Figura 1.2). O primeiro se refere à selagem da filtração e fluxo da água retida nas

estruturas, sejam estas naturais ou feitas pelo homem. A técnica consiste na aplicação de um

nutriente ao solo para estimular as bactérias endógenas para que produzam uma barreira para

evitar a filtração e o fluxo que é duradouro sob condições saturadas.

O procedimento Biograout é definido como uma técnica para melhorar a resistência e a

rigidez do solo sem fechar os espaços entre poros mediante a indução da precipitação de

CaCO3. Essa técnica pode ser aplicada in-situ em materiais permeáveis tais como areia, e

algumas aplicações podem ser em fundações para ferrovias, reforço de solo de fundação para

edifícios e infra-estrutura, melhoria de aterros, entre outros.

Meurs et al.(2006) afirmam que o BioGrout visa à melhoria da resistência e da rigidez do

solo e que pode ser aplicado em distancias de 10 metros ou até mais. Uma das principais

aplicações é a melhoria da resistência à erosão, reforço em dunas, entre outros.

Figura 1.2 Esquematização do principio de formação de Biograout e Biosealing (Meurs et al.,

2006)

Lo Bianco & Madonia (2007) estudaram uma técnica para melhorar a capacidade de suporte

de camadas de pavimento mediante tratamento biológico denominada Bacteria Method for

Unbound Layers (B.U.L.M.). Eles trabalharam com três tipos de material de origem diferente:

basalto, calcário e sílica. Compararam os resultados de CBR de uma mistura de projeto usada

para a construção de camadas de pavimento, com os obtidos para o material tratado

Areia original

Biogrout

Biosealing

Estrutura Final

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biologicamente, e concluíram que com o tratamento foi possível aumentar o CBR em até 42%

em só 10 dias.

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3. MATERIAIS E MÊTODOS

3. MATERIAIS E MÊTODOS

3.1 MATERIAIS

3.1.1 SOLO

O Distrito Federal está situado no Planalto Central, na região Centro-Oeste do Brasil,

cobrindo 5814 km², localizado entre os Rios Descoberto e Rio Preto. Faria (1993), citado por

Lima (2003), afirma que o Distrito Federal apresenta uma cobertura detrito-laterítica que

possui uma espessura maior que 10 m em algumas regiões, com um comportamento bastante

variável e características muito peculiares.

Tal cobertura é constituída basicamente por solos detrito-lateríticos sobre as rochas Pré-

Câmbricas, predominantemente ardósias, quartzitos, meta-arenitos e metarritmitos do Grupo

Paranoá. Esse grupo é o mais importante e cobre quase toda a área do Distrito Federal,

constituídos de Latossolo Vermelho-Escuro (LE), Latossolo Vermelho-Amarelo (LV) e

Cambisolo, os quais recobrem aproximadamente 86% do território no Distrito Federal (Lima,

2003).

O solo estudado forma parte de uma voçoroca localizada na Cidade de Santa Maria, no

Distrito Federal (Figura 3.1). Valencia (2007) vem estudando aspectos biotecnológicos dessa

voçoroca. Para tal, ela retirou amostras a 20m da parede da voçoroca em um perfil de solo

dividido em cinco camadas. Para esta pesquisa, optou-se por trabalhar com a camada de solo

correspondente à profundidade entre 3,5 m e 4,5 m que tem apresentado, segundo essa autora,

bons resultados de melhoria de comportamento ao se adicionar o nutriente precipitador B4.

Durante sua pesquisa, Valencia (2007) encontrou a presença de muitas bactérias na camada

em menção e, entre elas, a Bacillus sp., que favorece a precipitação de carbonato de cálcio

mediante a adição de nutrientes ricos em uréase.

Valencia (2007) observou também que a utilização de um meio que induz a precipitação de

carbonato de cálcio em bactérias cujo nome é B4 gera melhorias no comportamento mecânico

do solo e na sua resistência a fatores erosivos.

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Figura

As amostras usadas na pesquisa

amostras deformadas, que foram compactadas em forma de corpos de prova cilíndricos, com

alturas que variaram segundo o tipo de ensaio.

3.1.2 AGENTES PRECIPITADORES

Duas metodologias foram

conseqüente precipitação de carbonato

B4, composto de 15g de acetato de cálcio, 4g de extrato de levedura e 5g de glicose, para

1000 ml de água destilada (Lee, 2003

atividade microbiana nativa.

favorece a precipitação de CaCO

Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Alimentos e Medicina Veter

UnB.

A segunda metodologia consistiu na adição direta de enzima

oriunda do extrato de feijão de porco (

desta enzima. Esse meio era composto por uma solução de 1 mol de acetato de cálcio e 1 mol

de uréia pura sendo esta misturada com o extrato de feijão de porco.

A preparação do agente precipitador

Faculdade de Alimentos e Medicina Veterinária (FAV) na UnB.

Figura 3.1 Voçoroca de Santa Maria

a pesquisa foram coletadas com um trado manual.

amostras deformadas, que foram compactadas em forma de corpos de prova cilíndricos, com

alturas que variaram segundo o tipo de ensaio.

AGENTES PRECIPITADORES

empregadas para favorecer a elevação do pH do solo com a

onseqüente precipitação de carbonato de cálcio. Na primeira, um meio nutritivo, denominado

B4, composto de 15g de acetato de cálcio, 4g de extrato de levedura e 5g de glicose, para

1000 ml de água destilada (Lee, 2003), foi adicionado ao solo de estudo par

A atividade microbiana leva a um aumento de pH, o que

favorece a precipitação de CaCO3. A preparação do agente precipitador B4

Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Alimentos e Medicina Veter

A segunda metodologia consistiu na adição direta de enzima uréase ao solo. A uréase era

oriunda do extrato de feijão de porco (Canavalia ensiformes (Figura 3.2), que é uma fonte rica

Esse meio era composto por uma solução de 1 mol de acetato de cálcio e 1 mol

de uréia pura sendo esta misturada com o extrato de feijão de porco.

agente precipitador B4 foi realizada no Laboratório de Micirobiologia da

os e Medicina Veterinária (FAV) na UnB.

22

foram coletadas com um trado manual. Foram coletadas

amostras deformadas, que foram compactadas em forma de corpos de prova cilíndricos, com

empregadas para favorecer a elevação do pH do solo com a

Na primeira, um meio nutritivo, denominado

B4, composto de 15g de acetato de cálcio, 4g de extrato de levedura e 5g de glicose, para

, foi adicionado ao solo de estudo para induzir a

A atividade microbiana leva a um aumento de pH, o que

B4 foi realizada no

Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Alimentos e Medicina Veterinária (FAV) na

ao solo. A uréase era

, que é uma fonte rica

Esse meio era composto por uma solução de 1 mol de acetato de cálcio e 1 mol

foi realizada no Laboratório de Micirobiologia da

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A elaboração do meio com enzima uréase foi dividida em duas etapas, uma executada no

laboratório da FAV na UnB, e a outra no laboratório de Geotecnia da UnB.

A descrição dos processos de preparação e adição dos agentes precipitadores será

apresentada no item 3.2.6.1.

Figura 3.2 Feijão de porco (Canavalia ensiformes)

3.2 METODOLOGIA

Com a finalidade de otimizar a metodologia de trabalho desenvolvida durante a pesquisa,

os ensaios de laboratório foram divididos em duas etapas, as quais serão descritas a seguir.

3.2.1 AMOSTRAGEM E ARMAZENAMENTO DO SOLO NATURAL

O solo objeto de estudo foi coletado com trado manual e colocado em sacos plásticos.

Posteriormente foi levado ao laboratório de Geotecnia da UnB e armazenado em um local

apropriado para evitar a contaminação do mesmo com outros solos.

3.2.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO SEM TRATAMENTO

A caracterização do solo sem tratamento permitiu a obtenção de todos os dados necessários

para estabelecer um padrão de comparação entre as propriedades do solo natural e do solo

modificado devido à precipitação de carbonato de cálcio, permitindo a avaliação da eficiência

do tratamento.

3.2.2.1 LIMITES DE CONSISTÊNCIA

O limite de liquidez (wL) foi obtido pela norma ABNT NBR 6459/84 e o limite de

plasticidade (wP) pela norma ABNT NBR 7180/84.

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3.2.2.2 ANÁLISES GRANULOMÉTRICAS

Os solos lateríticos finos são constituídos por micro-agregações que se ligam mediante

pontes de argila ou cimentos de óxidos e/ou hidróxidos de ferro e/ou alumínio (Lima, 2003).

Para determinar a distribuição granulométrica dessas micro-concreções realizaram-se ensaios

de granulometria mediante vários métodos.

No primeiro ensaio utilizou-se a metodologia ABNT NBR 7181/84, que se baseia no

ensaio de dispersão das partículas, com e sem uso de defloculante (Figura 3.3).

Figura 3.3 Ensaio de granulometria por sedimentação

Paralelamente aos ensaios de granulometria por sedimentação realizou-se o ensaio para

determinar o peso específico dos grãos (Gs) regido pela norma ABNT NBR 6508/84.

O segundo método adotado na análise granulométrica consistiu no uso do granulômetro a

laser do Laboratório de Geotecnia da UnB, modelo MASTERIZER S STANDARD BENCH

produzido pela Malvern Instruments Ltda da Inglaterra (Figura 3.4).

Figura 3.4 Granulômetro laser existente no Laboratorio de Geotecnia - UnB

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A amostra utilizada para realizar os ensaios no granulômetro a laser é preparada da mesma

forma que a amostra para os ensaios de limites de consistência. Existem varias formas de

realizar o ensaio, mas no presente estudo adotou-se as formas com e sem ultra-som sem

defloculante, e com e sem ultra-som com defloculante. O ensaio realizado com ultra-som

objetiva, como no caso do uso de defloculante, a desagregação do solo. Já o ensaio realizado

sem ultra-som tem por objetivo a preservação da textura do solo como no caso do ensaio de

sedimentação feito sem o uso de defloculante. A grande diferença entre o ultra-som e o

defloculante é que enquanto no primeiro a ação desagregadora é física, no segundo ela é

química. Portanto, o solo pode responder de modo parcialmente ou totalmente distinto aos

dois agentes.

3.2.2.3 CARACTERIZAÇÃO MCT EXPEDITA

O método de classificação MCT foi apresentado por Nogami & Villibor (1980, 1985) com

a finalidade de obter uma identificação mais apropriada dos solos tropicais, pois nenhuma das

propostas tradicionais teve o desejável desempenho para estes solos. Desde então, varias

modificações ao método têm sido desenvolvidas para realizar a caracterização dos solos

tropicais. Em 1991 foi observado que classificação MCT expedita ou método dos anéis,

devido a sua simplicidade, permitia uma determinar adequadamente a classe MCT dos solos

(Nogami & Villibor, 1995).

A classificação MCT do solo foi obtida segundo a metodologia que regula o procedimento.

O método consiste na moldagem de três pastilhas de solo espatulado, dentro de anéis de 20

mm de diâmetro e 5 mm de altura. Previamente à moldagem dos corpos de prova deve ser

ajustada e determinada a umidade de moldagem. O ajuste é atingido quando um penetrômetro

de 10 g com diâmetro de 1,3 mm colocado na superfície do solo penetra 1 mm na amostra.

Também são moldadas bolinhas com a finalidade de determinar a resistência seca e de

desagregação em água. A secagem das pastilhas e das bolinhas é feita ao ar ou em estufa a

60°C, durante um tempo mínimo de 6 horas. Salienta-se que as bolinhas são pesadas antes da

secagem para possibilitar a determinação de suas umidades iniciais.

Após a secagem das pastilhas, essas são medidas e depositadas sobre um papel filtro

colocado em cima de uma pedra porosa saturada. O tempo mínimo de repouso das pastilhas é

de duas horas para a absorção capilar da água das pastilhas. Terminado esse período avalia-se

a expansão das pastilhas e a resistência à penetração das mesmas com o supracitado

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penetrômetro. Com respeito às bolinhas, essas são pesadas e logo após determinada a

resistência seca e a desagregação em água.

A classificação de solos lateríticos pelo procedimento MCT expedito utiliza-se a Figura

3.5. Segundo essa metodologia, os solos podem ser classificados como solos lateríticos ou não

lateríticos, com a nomenclatura LA’ (arenoso laterítico), LG’ (argiloso laterítico), NA (areia

não laterítica), NA’ (arenoso não laterítico), NG’ (argiloso não laterítico) e NS’ (siltoso não

laterítico). Para poder dar uso da figura, é necessário locar os dados da penetração e da

contração diametral do solo dentro dos anéis, os quais são determinados como descrito

anteriormente. Devem-se localizar estes dois dados na figura e verificar sobre qual intervalo

de classificação cortam-se para definir a classificação do solo.

Figura 3.5 Carta de classificação da metodologia MCT expedita

3.2.2.4 MINI-COMPACTAÇÃO

Os ensaios de mini-compactação foram realizados conforme a norma DNER-ME 228/94,

para a energia normal (5 golpes com soquete leve) e a energia intermediaria (6 golpes com o

soquete pesado) de cada lado.

A finalidade dos ensaios foi obter a curva de compactação do solo para as duas energias, e

assim, poder determinar as umidades ótimas e o peso específico aparente seco máximo do

solo natural. Obtidos estes valores, realizou-se o cálculo da quantidade de solo seco

necessário para obter o peso especifico seco máximo para os corpos de prova na condição

ótima.

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27

3.2.2.5 COMPACTAÇÃO MINI-MCV

Optou-se por executar ensaios tipo mini MCV devido às características físicas do solo, pois

estas permitem trabalhar com corpos de prova de menores dimensões, apresentando bons

resultados.

Esses ensaios foram realizados para complementar os resultados obtidos nos ensaios de

mini-compactação e foram executados seguindo a norma DENER-ME 258/94.

3.2.3 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO SOLO NATURAL

O solo é formado por micro-concreções que influenciam a estrutura interna e a

granulometria, o qual se reflete no comportamento mecânico e nas características físicas.

Portanto, é de grande importância observar a estrutura do solo para entender melhor às

variações que possam ser geradas.

A caracterização estrutural do solo foi realizada usando uma lupa eletrônica “ProScope de

alta resolução HR” da Avantgarde. Foram obtidas, para fins de comparação, imagens do solo

tratado e imagens do solo natural.

3.2.4 CARACTERIZAÇÃO M INERALÓGICA E QUÍMICA DO SOLO NATURAL

O conhecimento da composição mineralógica do solo é muito importante para o melhor

entendimento das propriedades físicas e do comportamento que ele apresenta. Os métodos

mais empregados nesse estudo são: difração de raios–x, análise termodiferencial e

gravitacional, microscopia eletrônica e os métodos químicos (Lima, 2003).

A difração de raios-x é amplamente usada para determinar a mineralogia do solo devido à

facilidade do ensaio, ao seu pequeno custo e a precisão que apresenta. Foram realizados

ensaios de Difração de Raios – X (DRX), no Laboratório de DRX do instituto de Geociências

– UnB, com a finalidade de determinar a composição mineralógica do solo antes de adicionar

algum agente precipitador.

As amostras foram pulverizadas e compactadas a seco em lâmina com cavidade. A análise

foi procedida em equipamento RIGAKU D/MAX – 2/C operando com tubo de cobre e filtro

de Ni, sob voltagem de 40 kv e 20 mA, velocidade de varredura de 2º/minuto, no intervalo de

2 a 70º - ângulo 2 teta de difração. Para a identificação e interpretação dos difratogramas foi

utilizado o software JADE 3.0, com banco de dados ICCD, 1996.

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Para complementar os resultados obtidos a partir da técnica de DRX, realizaram-se ensaios

de espectroscópica de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). Também foram

realizadas medidas de pH para as amostras de solo, visando determinar a variação do pH

quando realizada a adição do agente precipitador de carbonato de cálcio ao solo.

3.2.5 CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO SOLO

NATURAL

Como a finalidade da pesquisa foi estudar a melhoraria do comportamento mecânico do

solo para fins rodoviários, o solo analisado foi submetido a uma bateria de ensaios que

permitiu avaliar este aspecto.

Os corpos de prova utilizados para a caracterização do comportamento mecânico foram

compactados em laboratório nas condições de umidade ótima e peso específico aparente seco

máximo. Adotou-se o processo de compactação semi-estático tendo sido usada uma prensa

hidráulica do Laboratorio de Geotecnia da UnB. Quando do uso de tratamento, o aditivo era

misturado ao solo antes da compactação como a quantidade de água necessária para atingir a

umidade ótima de compactação correspondente a cada energia.

É preciso salientar que, embora os corpos de prova tenham sido compactados nas

condições ótimas correspondentes ao Proctor Normal e Intermediário, para evitar mudanças

na estrutura interna do solo, durante a pesquisa foi provocada a variação na umidade de parte

das amostras compactadas para o ramo seco, parte para o ramo úmido e parte foi mantida na

umidade de compactação. As modificações dos teores de umidade foram realizadas para gerar

condições acima e abaixo da ótima, com a finalidade de verificar a mudança no nível de

precipitação de carbonato de cálcio, e conseqüentemente, no comportamento do solo quando

se alterada a umidade e o volume de vazios referente à fase gasosa.

As variações de umidade nos corpos de prova quando compactados foram provocadas a

partir do umedecimento até atingir a umidade ótima mais 3%, e a partir da secagem ao ar até

atingir a umidade ótima menos 3%. A verificação da umidade foi realizada mediante pesagem

continua dos corpos até eles chegarem ao peso e umidade desejados.

Uma vez alcançada à umidade desejada, os corpos foram recobertos com filme de PVC e

de alumínio e, posteriormente, levados à câmara úmida em caixas de isopor, a fim de manter

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constante a umidade das amostras durante o tempo de armazenamento e de execução dos

ensaios.

O tempo de armazenamento de todas as amostras foi de duas semanas, a fim de manter a

umidade constante e obter as mesmas condições de cura necessárias para que fosse gerada a

precipitação de carbonato nos corpos com tratamento. Segundo Valencia (2007), o tempo

mínimo para que se apresente a maior precipitação é de 15 dias.

Terminado o período de duas semanas foram retirados os corpos para os ensaios de Mini-

CBR e compressão simples. Aqueles destinados aos ensaios de compressão diametral e curva

característica foram colocados durante mais duas semanas com os papeis filtro, a fim de

atingir o tempo requerido para determinar a sucção do solo.

3.2.5.1 ENSAIO DE COMPRESSÃO SIMPLES

A preparação do solo foi realizada destorroando-o e em seguida peneirando-o na peneira

#10. Logo se determinou a umidade higroscópica para calcular o peso do solo seco.

Posteriormente, adicionou-se a água necessária para atingir a umidade ótima de compactação

e procedeu-se a realização da compactação dos corpos na prensa hidráulica. Após a

compactação foram retirados os corpos dos moldes para gerar a variação de umidade

correspondente ao ramo seco e ao ramo úmido. Salienta-se que essa variação de umidade dos

corpos era muito mais homogênea quando retirados os corpos dos cilindros do que quando

eles ficavam dentre deles.

Cada corpo de prova foi compactado estaticamente em três camadas iguais. Quando

terminada a compactação de cada camada a superfície era escarificada visando melhorar a

aderência com a camada seguinte. Para determinar a quantidade de solo necessária para cada

camada foi calculado o peso de solo seco correspondente à energia de compactação (normal

ou intermediaria conforme o caso).

A velocidade de aplicação da carga durante o ensaio foi de 0,305 mm/min e as medidas da

deformação foram realizadas mediante o uso de extensometros.

Todos os ensaios de compressão simples foram realizados seguindo estritamente o

procedimento descrito pela norma ABNT NBR 8949/85.

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3.2.5.2 ENSAIO DE MINI-CBR

Os ensaios de Mini-CBR foram desenvolvidos para serem realizados em corpos de prova

com medidas reduzidas. Esse ensaio permite uma grande flexibilidade nas variáveis que

influenciam o valor de suporte, podendo-se realizar com diferentes tipos de sobrecarga,

umidades e energias de compactação, gerando assim a possibilidade de entender melhor as

peculiaridades dos solos tropicais.

Uma das vantagens do ensaio são as dimensões dos corpos de prova que são compactados

seguindo o procedimento Mini-MCV. Eles medem 5cm de diâmetro e 5cm de altura.

Após o período de cura, as amostras foram colocadas em cilindros de PVC bi-partidos,

unidos com duas abraçadeiras metálicas e apertadas a uma mesma tensão, com uma

parafusadeira elétrica para evitar variações na pressão de confinamento dos corpos de prova.

Delgado (2002), afirma que este confinamento esta longe de ser semelhante ao obtido quando

o ensaio é realizado no molde de compactação do corpo. Essa condição pode influir nos

resultados obtidos, mas o efeito foi desconsiderado, por ter sido adotada a mesma condição

para todos os corpos de prova.

3.2.5.3 CURVA CARACTERISTICA DE RETENÇÃO DE ÁGUA

Antes de tudo, cabe destacar a divergência de nomenclatura existente na literatura. Alguns

autores a chamam simplesmente de curva característica, por entender que ela é característica

de cada tipo de solo. Outros a chamam de curva de retenção, pois ela expressa o potencial de

retenção de água do solo. Outros ainda, como é o presente caso, usam a junção de ambos

pelos dois motivos expostos. Tudo parece, no entanto, ser apenas uma questão de semântica

sem grande importância prática. Mas ainda no tocante à nomenclatura, vale ressaltar que

alguns autores referem-se à componente matricial de sucção como capilaridade, outros como

simplesmente sucção. No entanto, talvez o mais apropriado, fosse usar a nomenclatura

segundo o entendimento e predominância de cada fenômeno. Assim por exemplo, em uma

areia quartzosa o termo apropriado seria capilaridade, pois inexistem as forças de adsorção ou

elas são mínimas. Já em uma argila, o fenômeno que predomina é o das forças de adsorção e o

termo sucção seria mais apropriado. Porém, nos solos em geral, há que se convir que neles

atuam sempre os dois fenômenos, mas eles são como água e óleo, não se misturam, ou melhor

ainda, como a face côncava e a convexa de uma esfera vazada, estão juntas, mas são distintas.

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Na engenharia, o estudo dos solos não saturados tem assumido grande importância na

atualidade. Em geotecnia, a curva característica é fundamental, pois o desempenho mecânico

dos solos depende de fatores como a variação da umidade, que afeta diretamente a sucção. A

sucção é dependente do índice de vazios e de sua distribuição, da estrutura interna do solo, de

sua mineralogia e da umidade. Portanto, a determinação da curva característica de um solo

não saturado permite uma melhor compreensão do comportamento do mesmo frente a

mudanças de umidade, sendo este, um ponto critico para o projeto de obras geotécnicas tais

como estradas, fundações, etc.

Nesta pesquisa a sucção do solo foi determinada pela técnica do papel filtro para medir a

sucção matricial. Para realizar cada determinação foram usados três papeis filtro, sendo um

deles de diâmetro menor e situado entre os outros dois. O conjunto é colocado em contato

direto com o solo, conforme mostrado na Figura 3.6.

Figura 3.6 Montagem do ensaio de sucção matricial

O procedimento para a execução dos ensaios para a determinação da curva característica

foi o seguinte: após o umedecimento do solo com água ou com água e nutriente, conforme o

caso, foram compactados estaticamente 11 corpos de prova de 5 cm de diâmetro por 2 cm de

altura, na umidade ótima. Posteriormente, foram modificados os teores de umidade para cima

e para baixo da ótima com a finalidade de eles atingirem as umidades de trabalho definidas

durante a pesquisa (ramo seco -3% e ramo úmido +3% da umidade ótima de compactação).

Em seguida, para que se desse a cura, as amostras foram armazenadas em caixas de isopor na

câmara úmida, como descrito anteriormente, durante o tempo necessário para a precipitação

(mínimo 15 dias).

Terminado o período de cura, os teores de umidade dos corpos de prova eram modificados

para a determinação da curva característica. O papel filtro inferior era colocado em contato

com a amostra, a qual era envolvida em filme de PVC e alumínio, fazendo-se a identificação

correspondente. Posteriormente, eles eram armazenados durante outras duas semanas, sendo

este tempo definido como o necessário ao equilíbrio do fluxo capilar entre o papel e o solo. O

Solo

Papel filtro

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armazenamento foi realizado em condições similares às descritas para os corpos de prova

após a compactação.

Quanto ao tempo de equilíbrio cabe também um parêntese, para descrever o fenômeno.

Quando migra água do solo para o papel filtro, gera-se um aumento de sucção no solo que faz

com que ele apresente certa fluência reduzindo os seus vazios. Essa redução de vazios

aumenta o grau de saturação e para um novo equilíbrio novamente migra água do solo para o

papel, e assim sucessivamente até que não se consegue mais determinar a variação de peso na

balança utilizada, pois a linearidade dessa função se dá em escala logarítmica. Esse fenômeno

foi colocado em evidência por Camapum de Carvalho et al. (2000) ao estudar uma mistura

betuminosa que por essência flui. Portanto, assim como no adensamento poderiam ser

definidas curvas características para diferentes idades.

3.2.5.4 ENSAIO DE COMPRESSÃO DIAMETRAL

Na engenharia este ensaio é muito usado para concretos, misturas asfálticas, rochas, entre

outros sendo, no entanto, pouco usual no estudo de solos. O ensaio consiste na aplicação de

uma carga de compressão uniformemente distribuída ao longo da geratriz da amostra com a

geração de um estado de tensões formado por tensões de tração e tensão de compressão no

plano que contém a carga aplicada (Bento, 2006).

A metodologia utilizada para este ensaio é a estabelecida pela norma DNER-ME 138/94.

Após o ensaio de compressão diametral a amostra era retirada para determinar a umidade e o

peso específico, utilizando-se o método da balança hidrostática (ABNT NBR-10838/88).

Na Figura 3.7 é apresentada a montagem necessária para realizar o ensaio. Salienta-se que

a carga foi aplicada por meio de uma prensa hidráulica, com velocidade constante de 0,305

mm/min.

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33

Figura 3.7 Ensaio de Compressão diametral

3.2.6 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO COM TRATAMENTO

Nesta fase foram preparados e adicionados os agentes precipitadores de carbonato de

cálcio (CaCO3) ao solo. A preparação desses agentes foi realizada no Laboratório de

Microbiologia da Faculdade de Alimentos e Medicina Veterinária (FAV) na UnB.

Os ensaios necessários para a caracterização do solo com tratamento foram similares aos

realizados para o solo sem adição de agentes precipitadores, visando à comparação completa

de todas as propriedades do solo em amostras com e sem modificação.

A caracterização do solo com tratamento dividiu-se em duas etapas de trabalho, que

envolveram a realização de diferentes tipos de ensaio. A seguir, será realizada a descrição de

cada uma destas etapas:

3.2.6.1 FASE PREPARATÓRIA PARA A AÇÃO BIOLÓGICA

Durante esta fase foram preparados e incluídos no solo os agentes precipitadores. A

descrição desta etapa será sub-dividida em duas fases:

A primeira fase consiste na preparação e adição do meio nutritivo B4 ao solo para que as

próprias bactérias endógenas possam elevar o pH, o que favorece a precipitação de carbonato

de cálcio.

Na segunda fase foi feita a preparação e colocação da enzima de uréase, gerada pelo feijão

de porco, no solo. Os grãos de feijão de porco foram triturados em um homogeneizador,

visando obter um extrato.

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• PREPARAÇÃO DO MEIO NUTRIENTE B4

Como descrito no item 3.1.2, o meio B4 proposto por Lee (2003) é constituído por 15 g de

acetato de cálcio, 4 g de extrato de levedura e 5 g de glicose, acrescido a 1000 ml de água

destilada. A preparação do B4 foi realizada no Laboratório de Microbiologia da Faculdade de

Alimentos e Medicina Veterinária (FAV) na UnB.

O processo de preparação do meio nutriente consistiu na esterilização de todos os

componentes visando evitar a ação de outros agentes que afetassem o processo de

precipitação de carbonato de cálcio. O acetato de cálcio e o extrato de levedura foram

dissolvidos em água destilada e, posteriormente, levados à autoclave durante 30 minutos. A

glicose foi filtrada em água auto-clavada. Terminada a esterilização, procedeu-se à mistura de

todos os componentes do meio para sua posterior embalagem em recipientes de plástico,

previamente lavados e esterilizados. Desta forma o meio B4 estava pronto para ser adicionado

ao solo.

• PREPARAÇÃO DA ENZIMA URÉASE

A preparação da enzima foi realizada em duas etapas. A primeira consistiu na preparação

de uma solução contendo um molar de acetato de cálcio e um molar de uréia pura em água

destilada. Essa solução foi preparada no Laboratório da FAV na UnB.

A segunda etapa consistiu na obtenção do extrato de feijão de porco, o qual foi colocado de

molho em água destilada durante um período de 1 hora, em uma proporção de 1:2.

Posteriormente, a mistura foi triturada em um liquidificador e filtrada em um filtro de café

(Figura 3.8). Foi determinado o pH do líquido filtrado. Esta fase foi realizada no Laboratório

de Geotecnia da UnB.

Figura 3.8 Processo de preparação do extrato de feijão de porco

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Terminadas as duas etapas anteriores foi realizada a mistura do extrato de feijão de porco

com a solução, para sua posterior adição no solo.

Os dois meios foram aplicados ao solo como sendo a água necessária para conseguir a

umidade ótima de compactação. Aclara-se que antes da aplicação dos meios no solo, o pH de

cada um foi levado até um valor de 9 mediante a adição de NaOH.

3.2.6.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA, MINERALÓGICA E MECÂNICA DO SOLO

COM ADIÇÃO DO MEIO NUTRITIVO B4

Os ensaios de caracterização física do solo com tratamento foram realizados após os de

compressão simples, com a finalidade de avaliar a estabilidade e as características do solo

depois de induzida a precipitação.

Valencia (2007) trabalhou com indução da precipitação de CaCO3 no solo natural da

voçoroca originária do solo de estudo desta pesquisa, e encontrou que o meio B4 funcionava

muito bem como agente indutor na precipitação de carbonato de cálcio em amostras

indeformadas. Embora os corpos de prova desta pesquisa sejam compactados, os resultados

de Valencia (2007) indicaram que o tipo de solo objeto do estudo era apto para gerar uma

indução de CaCO3 mediante a adição do meio nutritivo B4.

Partindo do entendimento anterior, decidiu-se fazer uma bateria de ensaios similar à

executada com o solo natural para o solo com adição do meio B4, sob as mesmas condições

de trabalho do solo natural, visando obter parâmetros de comparação consistentes e sem

divergências metodológicas.

Os corpos de prova foram preparados adicionando o meio B4 como a água necessária para

atingir o teor ótimo de umidade para cada energia de compactação, no caso da energia

intermediária foram adicionados 230 ml por cada 1000 gr de solo, para a energia normal

foram adicionados 260 ml de meio B4 para o mesmo peso descrito.

3.2.6.3 DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE UREASICA DO EXTRATO DE FEIJÃO

DE PORCO

Decidiu-se realizar um teste de atividade ureasica no extrato de feijão de porco para

verificar a possibilidade de uso desse no processo de hidrólise de uréia, para posteriormente,

gerar uma precipitação de CaCO3 no solo.

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Para executar este ensaio se pesaram 20 gr de feijão de porco, o qual foi colocado em 40

ml de água destilada, durante uma hora, para amolecer os grãos. Terminado esse período de

tempo, triturou-se o feijão no liquidificador. Após a trituração, esse foi filtrado para obter o

extrato e posteriormente gerou-se um pH do extrato neutro mediante a adição de hidróxido de

sódio (NaOH).

Paralelamente ao extrato, tubos de ensaio foram cheios com uma solução de agar uréia

previamente filtrada para não dar interferência a alguma bactéria durante o ensaio. Além de

filtrada, a solução devia estar com pH neutro. A solução foi colocada dentro dos tubos em

uma quantidade de 2,5 ml. A cada tubo com a solução de Agar uréia foi adicionada uma

quantidade de 1 ml, 2 ml, 3 ml e 5 ml de extrato de feijão de porco. O ensaio é qualitativo,

pois os resultados simplesmente são determinados pela mudança da cor quando colocado o

extrato.

3.2.6.4 ENSAIOS DE COMPRESSÃO SIMPLES DO SOLO COM ADIÇÃO DE

FEIJÃO DE PORCO

Ao contrario do meio B4, não se tinha a certeza da eficiência da enzima uréase contida no

extrato de feijão de porco como meio indutor da hidrolise de uréia para gerar posteriormente

precipitação de CaCO3. Sabendo-se que esse apresenta atividade ureásica, procedeu-se a

realização de uma serie de testes, visando avaliar a variação na resistência do solo com a

possível presença e produção de cristais de carbonato de cálcio. O procedimento adotado para

a realização dos ensaios foi semelhante ao seguido com o meio B4.

Para a execução desses ensaios e após verificar a atividade ureasica do extrato de feijão de

porco, realizaram-se misturas entre o extrato de feijão de porco e uma solução feita com 1 mol

de acetato de cálcio e 1 mol de uréia em varias concentrações (2/5, 3/5, 4/5 e 1/1 o numerador

corresponde ao extrato). Salienta-se que . Em seguida, cada mistura foi adicionada ao solo

como a quantidade de água necessária para completar a umidade ótima em cada energia de

compactação e posteriormente realizou-se a compactação dos corpos de prova.

Fabricaram-se três corpos de prova para cada concentração de extrato e para cada energia

de compactação. Quando compactados os cilindros, colocou-se papel filtro para medir a

sucção do solo. Posteriormente, as amostras foram envoltas em filme de PVC e filme de

alumínio, para serem armazenados na câmara úmida durante um tempo de 14 dias. Finalizado

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o tempo de armazenamento, foram realizados os ensaios de compressão simples e feitas as

medidas dos respectivos valores de sucção.

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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

No presente capítulo serão apresentados e analisados os resultados dos ensaios realizados.

4.1 MEIO NUTRIENTE B4

4.1.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA

Existe divergência na literatura no que se refere às alterações, provocadas pelo tratamento

com nutriente B4, nas propriedades físicas do solo. Segundo Gómez (2006), o tratamento não

altera as propriedades físicas do solo. No entanto, Valencia (2007) defende a existência dessas

alterações.

Os resultados, obtidos durante esta pesquisa, demonstram a ocorrência de mudanças nas

propriedades físicas dos solos com tratamento. Durante a caracterização física do solo com e

sem tratamento, encontrou-se várias diferenças entre os resultados obtidos. A seguir serão

apresentados os resultados obtidos e as respectivas análises realizadas.

4.1.1.1 LIMITES DE ATTERBERG

Nos resultados obtidos a partir dos ensaios de limites de Atterberg foi observado que para

todos os casos a adição do meio B4 gerou variação no valor de wL. Assim, na Figura 4.1 é

possível verificar que a umidade requerida para atingir o limite de liquidez diminuiu em todas

as amostras tratadas com B4.

Nota-se que a maior mudança de wL foi para os solos com umidade maior que a ótima

(Figura 4.1 a) onde o wL diminuiu 8,8% para o solo compactado na energia intermediária e

9,6% para o compactado na energia normal. As menores reduções foram obtidas para o solo

compacto no ramo seco, sendo as quedas nos valores de 8,2% e 7,2% para as energias

intermediária e normal respectivamente (Figura 4.1 b e c).

No wP as reduções foram menores, em média 6,5%, e em sentido contrário ao verificado

para o wL, ou seja, as maiores quedas se deram para o solo mais seco e as menores para o solo

mais úmido isso para ambas as energias de compactação (Tabela 4.1).

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Como conseqüência da queda nos valores tanto de wL quanto de wP as reduções verificadas

nos valores de IP foram relativamente pequenas, variando de 1,6% a 2,8% para a energia

intermediária e de 0,4% a 3% para a normal.

(a)

(b)

(c)

SN Solo natural B4IO Solo tratado com meio B4 compactado na

energia intermediaria com umidade ótima B4IS Solo tratado com meio B4 compactado na

energia intermediaria com umidade inferior à ótima

B4IU Solo tratado com meio B4 compactado na energia intermediaria com umidade superior à ótima

B4NO Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade ótima

B4NS Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade inferior à ótima

B4NU Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade superior à ótima

Figura 4.1 Limite de liquidez (a) Ramo úmido (b) Ramo seco (c) Umidade ótima

Correlacionando o limite de liquidez com o grau de saturação, com a umidade de

compactação e com o índice de vazios do solo compactado, se observa que há uma tendência

ao aumento do limite de liquidez com a diminuição do grau de saturação e da umidade e com

o aumento do índice de vazios (Figura 4.2). Nesse comportamento apenas o ponto de menor

umidade compactado na energia intermediária fugiu a essa tendência, apontando para a

existência de uma condição ótima que corresponderia à variação máxima do limite de

liquidez.

A relação do wP com Sr, w (%) e com “e”, embora com variações menores, reflete um

comportamento inverso ao observado para wL, isto é, há uma pequena tendência à redução do

limite de plasticidade com a diminuição do grau de saturação e da umidade e com o aumento

do índice de vazios (Figura 4.3).

33%

35%

37%

39%

41%

43%

45%

47%

10 100

Um

idad

e (%

)

Nº de golpes

SN

B4NU

B4IU

33%

35%

37%

39%

41%

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10 100

Um

idad

e (%

)

Nº de golpes

SN

B4NS

B4IS

33%

35%

37%

39%

41%

43%

45%

47%

10 100

Um

idad

e (%

)

Nº de golpes

SN

B4NO

B4IO

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40

(a)

(b)

(c)

B4IO Solo tratado com meio B4 compactado na energia intermediaria com umidade ótima B4IS Solo tratado com meio B4 compactado na energia intermediaria com umidade inferior à ótima B4IU Solo tratado com meio B4 compactado na energia intermediaria com umidade superior à ótima B4NO Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade ótima B4NS Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade inferior à ótima B4NU Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade superior à ótima SNIO Solo sem tratamento compactado na energia intermediaria com umidade ótima SNIS Solo sem tratamento compactado na energia intermediaria com umidade inferior à ótima SNIU Solo sem tratamento compactado na energia intermediaria com umidade superior à ótima SNNO Solo sem tratamento compactado na energia normal com umidade ótima SNNS Solo sem tratamento compactado na energia normal com umidade inferior à ótima SNNU Solo sem tratamento compactado na energia normal com umidade superior à ótima

Figura 4.2 Correlações do wL (a) com Sr (%) (b) com w (%) (c) com “e”

(a)

(b)

35

40

45

50

60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%

wL

(%)

Sr (%)SNIU B4IU SNNU B4NU SNIS B4IS

SNNS B4NS SNIO B4IO SNNO B4NO

35

40

45

50

15,0% 20,0% 25,0% 30,0%

wL

(%)

w (%)SNIU B4IU SNNU B4NU SNIS B4IS

SNNS B4NS SNIO B4IO SNNO B4NO

35

40

45

50

0,74 0,76 0,78 0,8 0,82 0,84

wL

(%)

eSNIU B4IU SNNU B4NU SNIS B4IS

SNNS B4NS SNIO B4IO SNNO B4NO

25

27

29

31

33

35

60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%

wP

(%

)

Sr (%)SNIU B4IU SNNU B4NU SNIS B4IS

SNNS B4NS SNIO B4IO SNNO B4NO

25

27

29

31

33

35

15,0% 20,0% 25,0% 30,0%

wP

(%

)

w (%)SNIU B4IU SNNU B4NU SNIS B4IS

SNNS B4NS SNIO B4IO SNNO B4NO

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41

(c)

B4IO Solo tratado com meio B4 compactado na energia intermediaria com umidade ótima B4IS Solo tratado com meio B4 compactado na energia intermediaria com umidade inferior à ótima B4IU Solo tratado com meio B4 compactado na energia intermediaria com umidade superior à ótima B4NO Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade ótima B4NS Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade inferior à ótima B4NU Solo tratado com meio B4 compactado na energia normal com umidade superior à ótima SNIO Solo sem tratamento compactado na energia intermediaria com umidade ótima SNIS Solo sem tratamento compactado na energia intermediaria com umidade inferior à ótima SNIU Solo sem tratamento compactado na energia intermediaria com umidade superior à ótima SNNO Solo sem tratamento compactado na energia normal com umidade ótima SNNS Solo sem tratamento compactado na energia normal com umidade inferior à ótima SNNS Solo sem tratamento compactado na energia normal com umidade superior à ótima

Figura 4.3 Correlações do wP (a) com Sr (%) (b) com w (%) (c) com “e”

Tendo em vista que para uso em pavimentação geralmente se prioriza os solos menos

plásticos, conclui-se que, de maneira geral, a redução nos valores de wL, wP e IP (Tabela 4.1)

geradas no solo pelo tratamento apontam para a melhoria do seu comportamento para esse

fim. A melhoria obtida pode resultar do surgimento de novos compostos no solo bem como da

simples alteração química do meio proporcionada pelo B4 ou ainda, de ambos. Este

esclarecimento deve ser buscado neste e em outros estudos sobre o tema.

Segundo Santos (1975), ao aumentar a carga positiva dos íons do meio, por exemplo,

adicionando Ca2+ ou Mg 2+ o potencial eletrocinético das partículas diminui e a repulsão entre

elas também Portanto, começa-se a gerar uma aglomeração de partículas. Logo, a diminuição

no valor de IP das amostras analisadas é um indício de cimentação das partículas por causa do

tratamento com nutrientes B4.

Outro aspecto a ser realçado com fundamento dos dados apresentados por White (1955)

apud Grim (1962), é que em solos cauliníticos, como é o caso do solo estudado, esses

elementos químicos tendem a ampliar a plasticidade e não reduzi-la como ocorreu, o que

aponta para o surgimento de novos compostos em detrimento da influência da simples

alteração química do meio.

25

27

29

31

33

35

0,74 0,76 0,78 0,8 0,82 0,84

wP

(%

)

eSNIU B4IU SNNU B4NU SNIS B4IS

SNNS B4NS SNIO B4IO SNNO B4NO

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42

Tabela 4.1 Resumo resultados de ensaios de limites de Atterberg

AMOSTRA wL % wP % IP

SN 45,7 34,4 11,3 B4IU 36,9 28,4 8,5 B4IO 37,5 27,9 9,7 B4IS 37,5 27,8 9,7 B4NU 36,1 27,8 8,3 B4NO 37,3 27,9 9,4 B4NS 38,5 27,6 10,9

Ao se plotar os resultados dessa pesquisa conjuntamente com os obtidos por Camapum de

Carvalho (1985) para solos apresentando diferentes teores de carbonato de cálcio, verifica-se

que o deslocamento para a esquerda obtido ao se adicionar B4 ao solo estudado coincide com

o sentido do deslocamento observado ao se aumentar o teor de carbonato de cálcio nos solos

estudados por aquele autor (Figura 4.4). Com isso infere-se que a adição de B4 ao solo

estudado poderia gerar carbonato de cálcio no solo.

Figura 4.4 Carta de plasticidade

4.1.1.2 COMPACTAÇÃO

Para avaliar a variação de γd com a energia de compactação e determinar a umidade ótima

foram realizados ensaios de compactação miniatura e Mini-MCV. Os resultados destes

ensaios são respectivamente exibidos nas Figura 4.5 e Figura 4.6. Com base nos resultados

mostrados na Figura 5.7 tem-se que a umidade ótima para a energia intermediária é 23% e

0

5

10

15

20

25

30

0 20 40 60

Limite de Liquidez (%)

Índi

ce d

e P

last

icid

ade

(%)

SN

B4

%CaCO3<30%

30%<%CaCO3<50%

%CaCO3>50%

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43

para a energia normal é 27% e os valores de γdmax são respectivamente de 16,2 kN/m3 e de

15,5 kN/m3. Cabe lembrar que para a compactação na energia intermediária utilizou-se o

soquete pesado e na normal o soquete leve e em ambos os casos compactou-se nessa fase do

estudo apenas o solo natural.

Observa-se que para a energia intermediária os resultados de mini compactação (Figura

4.5) são similares aos apresentados pelo ensaio mini-MCV (Figura 4.6 a). Na energia normal,

ocorreu uma diferença entre os resultados dos ensaios mencionados. No ensaio mini-MCV

(Figura 4.6 b) a umidade ótima de compactação foi aproximadamente de 28%, ou seja, 1%

acima do valor obtido no ensaio de mini compactação (Figura 4.5), devendo-se tal diferença à

distribuição de pontos e traçado da curva de compactação.

Figura 4.5 Curvas de compactação miniatura

Na Figura 4.6 (a) se observa que γd não apresenta variação significativa a partir da

aplicação de 6 golpes. No entanto, na energia normal o comportamento do solo varia um

pouco. Quando aumentada a quantidade de golpes a umidade ótima de compactação diminui.

13,9

14,4

14,9

15,4

15,9

16,4

15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

γd

(kN

/m3 )

w (%)E. Intermediaria E. Normal

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44

(a)

(b)

Figura 4.6 Familia de curvas Mini-MCV (a) Energia Intermediaria (b) Energia Normal

4.1.1.3 ANÁLISES GRANULOMÉTRICAS

Todas as amostras de solo natural e tratado com nutriente B4 foram submetidas aos ensaios

granulométricos no intuito de verificar a influência do nutriente B4 na agregação do solo

natural. As curvas granulométricas que originaram os resultados mostrados na Tabela 4.2

estão apresentadas no Anexo A. Para uma melhor interpretação dos dados apresentados na

tabela em menção, foram realizados gráficos para cada fração granulométrica (Anexo B).

Foram realizados ensaios de granulometria utilizando a metodologia de sedimentação e do

granulômetro a laser, considerando que essas metodologias podem gerar diferenças nos

resultados. O uso de agentes dispersores seja químico (defloculante) ou físico (ultra-som) tem

maior relevância na dispersão dos grãos. Além disso, nas curvas granulométricas obtidas no

ensaio de sedimentação o tamanho mínimo dos grãos passível de ser determinado é

geralmente de 0,001 mm, entretanto, com o granulômetro a laser esse tamanho é de até 0,0001

mm.

A amostra de solo sem tratamento ao ser ensaiada pelo método da sedimentação, apenas

com água destilada, apresentou um percentual elevado de areia, 90%. Com o uso de

defloculante esse percentual de areia sofreu uma considerável redução e as partículas de silte

e argila apresentaram um aumento pronunciado.

11

12

13

14

15

16

17

18

19

14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34

γd

(kN

/m³)

w (%)2 Golpes 4 Golpes 6 Golpes 8 Golpes

12 Golpes 16 Golpes 24 Golpes

10

11

12

13

14

15

16

17

14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34

γd

(kN

/m³)

w (%)

2 Golpes 4 Golpes 6 Golpes 8 Golpes

12 Golpes 16 Golpes 24 Golpes

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45

Tabela 4.2 Teores das frações granulométricas

SOLO Energia Intermediária Energia Normal

AMOSTRA % Ped

% Areia

% Silte

% Argila SOLO %

Ped %

Areia %

Silte %

Argila

Solo Natural

Sed sem Def 0 90 6 4 Sed sem Def 0 90 6 4 Sed com Def 0 36 19 45 Sed com Def 0 36 19 45 GL sem Def 2 77 20 1 GL sem Def 2 77 20 1 GL sem Def +

Ult 0 19 56 25 GL sem Def + Ult 0 19 56 25

GL com Def 2 61 26 10 GL com Def 2 61 26 10

GL Def + Ult 0 10 65 26 GL Def + Ult 0 10 65 26

Solo com B4

(Umidade ótima)

Sed sem Def 0 82 16 2 Sed sem Def 0 82 16 2

Sed com Def 0 43 25 32 Sed com Def 0 48 18 34

GL sem Def 2 60 34 4 GL sem Def 2 65 31 2 GL sem Def +

Ult 0 29 48 23 GL sem Def + Ult 0 14 68 19

GL com Def 2 52 36 10 GL com Def 2 60 34 5

GL Def + Ult 0 12 66 22 GL Def + Ult 0 8 68 24

Solo com B4

(Ramo seco)

Sed sem Def 0 83 16 2 Sed sem Def 0 83 15 2

Sed com Def 0 43 24 32 Sed com Def 0 44 21 35

GL sem Def 2 52 42 5 GL sem Def 2 39 49 10 GL sem Def +

Ult 0 14 64 22 GL sem Def + Ult 0 12 69 18

GL com Def 2 45 40 13 GL com Def 2 36 47 15

GL Def + Ult 0 9 68 23 GL Def + Ult 0 9 67 23

Solo Tratado com B4 (Ramo úmido)

Sed sem Def 0 77 21 2 Sed sem Def 0 79 20 2 Sed com Def 0 47 23 30 Sed com Def 0 52 23 26 GL sem Def 2 55 39 4 GL sem Def 2 54 39 5 GL sem Def +

Ult 0 15 66 19 GL sem Def + Ult 0 23 55 22

GL com Def 2 42 39 18 GL com Def 2 60 34 5 GL Def + Ult 0 10 65 25 GL Def + Ult 0 10 63 27

Esta mesma amostra ensaiada no granulômetro a laser, apenas com água destilada,

apresentou um percentual de areia pouco menor do que o verificado na amostra ensaiada por

sedimentação com defloculante. A adição do defloculante ao solo no granulômetro a laser não

revelou uma diminuição relevante nos percentuais de areia. Todavia, quando se utilizou o

utra-som a redução dos percentuais de areia foi muito alta, sendo ainda maior quando se

associou o uso do utra-som com defloculante. Nesta última situação pode-se verificar que o

percentual de areia não ultrapassou 10 % ocorrendo uma notável concentração dos finos na

fração silte. Tais resultados indicam a eficiência do defloculante na desagregação. A redução

de areia em todas as amostras de solo natural, submetidas às duas metodologias de análise

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46

granulométrica, sempre implicou em aumentos consideráveis da fração silte, e um acréscimo

não tão relevante da fração argila. Exceto quando a amostra foi ensaiada com defloculante no

método de sedimentação, onde o aumento da fração argila teve maior destaque.

Os percentuais das frações granulométricas, obtidos pelos ensaios realizados com o

granulômetro a laser utilizando utra-som e defloculante, se destacaram pela maior

desagregação do solo, sobretudo da fração areia. Notou-se uma variação mínima, de

aproximadamente 2%, nas frações granulométricas, das mostras com tratamento B4 em

relação às amostras de solo natural. A princípio isso indicaria que o tratamento com nutriente

B4 não gerou a agregação esperada das partículas. Contudo, é muito provável que isso tenha

ocorrido por causa da grande eficiência do utra-som somada à ação do defloculante, como

agentes desagregadores do solo. Portanto, estes agentes estariam também atuado na quebra

das ligações promovidas pelo CaCO3 precipitado nas amostras após o tratamento com o

nutriente B4.

É importante salientar que essa variação mínima é um aspecto que aponta para a existência

de melhoria na agregação das amostras de solo tratadas com nutriente B4. Cabe ainda destacar

que as amostras de solo natural, ao contrário das amostras tratadas, não foram submetidas a

processo de compactação, o que em princípio contribui para a preservação dos agregados e

micro agregados. Logo, era de se esperar que as amostras tratadas apresentassem um aumento

nas frações de silte e argila, produzidas pela quebra dos agregados e grãos originada no

processo de compactação. No entanto, isso não ocorreu, o que fortalece a hipótese do

melhoramento na cimentação nas amostras de solo estudadas.

As evidências de melhoria na agregação do solo, também são notadas no aumento dos

valores do peso específico dos grãos que aumentaram para quase todas as amostras. Esse

aumento do Gs aponta para o surgimento no solo de outros compostos de maior densidade

(Tabela 4.3), tais como os cristais de CaCO3, que estariam precipitando nas amostras de solo

após o tratamento com nutriente B4.

Existem diferenças quanto ao percentual de areia presente entre as amostras tratadas com

energia de compactação intermediária e as amostras com a energia normal. Notou-se que há

uma tendência a se ter maiores percentuais de areia nas amostras compactadas com a energia

equivalente ao Proctor normal. Isso ocorre porque nesta energia de compactação, a possível

quebra de grãos é menor. Outro aspecto relevante diz respeito ao fato do teor de areia no solo

tratado com B4 e submetido ao efeito do defloculante e/ou do ultra-som tender a ser superior

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47

aos valores obtidos para o solo não tratado, o que mais uma vez aponta para a agregação de

partículas menores ou para o surgimento de novos compostos integrando a fração areia.

As características dos solos analisados permitem classificá-los como lateríticos. A Tabela

4.3 contém a classificação das amostras realizada mediante os métodos MCT expedito,

AASHO e Unificado (USCS). Assim, pode-se ver que o tratamento gerou alterações de tipo

físico conduzindo a uma variação do tipo de solo, especialmente para os métodos de

classificação AASHO e MCT expedita.

Ao observar a Tabela 4.3, nota-se que quando a classificação foi realizada pela

metodologia MCT expedita quase todas as amostras corresponderam ao tipo “solo arenoso

lateritico” ou ao tipo “argiloso lateritico” (LA’-LG'). Note-se ainda, que pelo sistema de

classificação AASHO a classificação correspondeu a um solo siltoso, mas tanto a amostra de

SN quanto a amostra B4NS apresentaram características argilosas. No caso da metodologia

unificada, todas as amostras foram classificadas como silte de baixa compressibilidade (ML).

Tabela 4.3 Resumo de ensaios de caracterização física para todas as amostras

AMOSTRA wL % wP % IP Gs CLASIFICAÇÃO

MCT expedita AASHO USCS

SN 45,70 34,42 11,28 2,76 LA’-LG' A7-5 ML B4IU 36,85 28,40 8,45 2,78 LA’-LG' A-4 ML B4IO 37,54 27,87 9,67 2,77 LA’-LG' A-4 ML B4IS 37,48 27,77 9,71 2,70 LG' A-4 ML

B4NU 36,08 27,80 8,28 2,78 LG' A-4 ML B4NO 37,26 27,88 9,38 2,77 LA’-LG' A-4 ML B4NS 38,49 27,60 10,89 2,81 LA’-LG' A-6 ML

4.1.2 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL

Araki (1997) afirma que os solos tropicais possuem micro-agregações de argila que geram

uma variação nos teores das frações granulométricos causada pela acidez e o intemperismo

que eles sofrem. Cabral (2002) afirma que as propriedades físicas e o comportamento

mecânico dos solos tropicais estão quase sempre associados à micro-estrutura desenvolvida

no processo de alteração a que foram submetidos.

Para avaliar as frações granulométricas do solo é usado o teor de agregação (T.A.), que

indica qual o grau de floculação que esse tem. O T.A. é determinado pela seguinte equação:

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48

% argila com defloculante - % argila sem defloculante. .

% argila com defloculanteT A =

(9)

Na Tabela 4.4 pode-se observar a variação do T.A. Observa-se que esse valor variou

levemente com respeito ao solo natural sendo sempre maior para as amostras com tratamento.

Isso pode ser visto da Figura 4.7 até a Figura 4.9, as quais apresentam imagens com um

aumento de 100x e de 200x para cada tipo de solo estudado. Nas figuras em menção pode-se

ver que há presença de precipitados entre os grãos.

Observa-se, portanto, que o tratamento gerou um leve aumento na floculação/agregação

das partículas, sendo mais notório para os corpos com energia intermediária.

Tabela 4.4 Teor de agregação das amostras

SOLO T.A. (%) SN 91 B4IO 95 B4IS 94 B4IU 94 B4NO 96 B4NS 96 B4NU 93

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(a) SNIO 100x

(b)

(e) B4IO 100x

(f)

(b) SNIO 100x

(c) SNNO 100x

(f) B4IO 200x

(g) B4NO 100x Figura 4.7 Estrutura do solo para umidade ótima

49

(d) SNNO 200x

(h) B4NO 200x

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50

(a) SNIS 100x

(b) SNIS 200x

(c) SNNS 100x

(d) SNNS 200x

(e) B4IS 100x

(f) B4IS 200x

(g) B4NS 100x

(h) B4NS 200x

Figura 4.8 Estrutura do solo para umidade no ramo seco

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51

(a) SNIU 100x

(b) SNIU 200x

(c) SNNU 100x

(d) SNNU 200x

(e) B4IU 100x

(f) B4IU 200x

(g) B4NU 100x

(h) B4NU 200x

Figura 4.9 Estrutura do solo para umidade no ramo úmido

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52

4.1.3 CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA

Segundo Lima (2003), os solos do Distrito Federal são formados basicamente por

minerais secundários caulinita, ilita goethita, hematita, gibbsita, anastásio/rutilo e o quartzo

primário, com uma quantidade importante de amorfos de Fe, Al e Si. As amostras

investigadas neste trabalho foram submetidas a ensaios de difração de raios –X (DRX). Os

difratogramas resultantes destes ensaios revelam semelhanças com a composição

mineralógica apontada por Lima (2003), pois indicam a presença dos seguintes minerais no

solo natural: caulinita, gibsita e hematita, sendo a caulinita o mineral predominante (Figura

4.10).

Os difratogramas das amostras tratadas com o nutriente B4 apresentaram minerais

similares às do solo natural sem indicar a presença de CaCO3 (Anexo C). Isso pode ter sido

causado por uma sobreposição de picos que não permitiu identificar os correspondentes ao

carbonato de cálcio. Neste caso a técnica de DRX não teria sido efetiva para verificar a

presença de CaCO3, provavelmente porque a influência do tratamento com meio B4 ocorre na

micro-estrutura do solo.

Outras técnicas como a geração de espectrogramas de raios infra-vermelhos com

transformada de Furier (FTIR) ou análise termo gravimétrica (ATG), podem oferecer a

possibilidade de determinar a existência desta substância no solo.

Figura 4.10 Difratograma de raios X para amostra SN

A técnica espectroscópica de Infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) é

amplamente usada para identificar compostos orgânicos ou caracterizar grupos funcionais de

diferentes substâncias químicas.

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No presente trabalho, visando complementar os resultados dos ensaios de DRX,

em menção foi aplicada para

provocada pela adição do meio nutritivo B4 ao solo. As amostras preparadas foram analisadas

no espectrômetro BOMEN MB

Quando comparados os resultados

(Figura 4.11) e ao solo tratado com o meio B4

apresentadas sinais de presença de

Figura 4

Para verificar se o tratamento

no solo natural e 1,5 meses após a

solo inicialmente ácido teve a acidez diminuída com o tratamento, chegando a

básico para as amostras compactadas no ramo úmido

básico favorece a precipitação de CaCO

Tabela

, visando complementar os resultados dos ensaios de DRX,

foi aplicada para verificar a presença de precipitação de carbonato de cálcio

provocada pela adição do meio nutritivo B4 ao solo. As amostras preparadas foram analisadas

rômetro BOMEN MB-100, pertencente ao Instituto de Química da UnB

Quando comparados os resultados dos espectros de FTIR correspondentes ao solo

tratado com o meio B4 (Anexo D), observou-

sinais de presença de CaCO3 nos espectros.

4.11 Espectro de FTIR para a amostra SN

tratamento provocava variação no pH, foram realizadas

após a adição do meio B4 . Essas determinações

ácido teve a acidez diminuída com o tratamento, chegando a

básico para as amostras compactadas no ramo úmido (Tabela 4.5 ). Cabe lembrar que o pH

favorece a precipitação de CaCO3.

Tabela 4.5 Valores de pH para todos os solos

SOLO pH SN 5,72 B4IO 6,86 B4IS 7,84 B4IU 6,53 B4NO 6,91 B4NS 7,38 B4NU 6,66

53

, visando complementar os resultados dos ensaios de DRX, a técnica

a presença de precipitação de carbonato de cálcio

provocada pela adição do meio nutritivo B4 ao solo. As amostras preparadas foram analisadas

o Instituto de Química da UnB.

correspondentes ao solo natural

-se que não foram

variação no pH, foram realizadas determinações

determinações mostraram que o

ácido teve a acidez diminuída com o tratamento, chegando a tornar-se

. Cabe lembrar que o pH

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54

A Figura 4.12 mostra que a plasticidade diminui bem como o pH aumenta ao se

acrescentar o meio B4 ao solo. No entanto, percebe-se dessa figura, que o pH e a plasticidade

estão relacionadas à condição de compactação. Tal observação é relevante, pois sabendo-se

que a atuação das bactérias na geração do CaCO3 depende de aspectos como porosidade e

umidade, aspectos estes pouco relevantes para a simples atuação química do composto B4 no

solo, torna-se descartável a influência isolada da química nas propriedades do solo e abre-se

espaço para a possibilidade de precipitação do carbonato de cálcio.

Figura 4.12Influência do pH na plasticidade do solo.

4.1.4 CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO

Cabe lembrar que para a análise da influência do tratamento com o meio B4 todos os

corpos de prova foram compactados na condição ótima e em seguida conduzidos a um

aumento ou diminuição da umidade para então serem submetidos à cura. A idéia era eliminar

eventuais efeitos oriundos da condição de compactação.

4.1.4.1 CURVA CARACTERÍSTICA DE RETENÇÃO DE AGUA

Para determinar a influência do tratamento no solo, foram determinadas as curvas

características de retenção de água em termos de sucção matricial para todas as amostras. As

determinações foram feitas depois da finalização do período de cura dos corpos de prova, ou

seja, após a cura eles eram conduzidos às diferentes umidades mediante secagem e

umedecimento com água e posteriormente submetidos ao tempo de equilíbrio da sucção.

0

10

20

30

40

50

5 5,5 6 6,5 7 7,5 8

pH

Pla

stid

ade

(%)

wL

IP

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55

Apesar de a compactação tender a eliminar os macroporos presentes no solo e, portanto,

destruir o aspecto bi-modal que caracteriza os solos tropicais profundamente intemperizados,

as curvas obtidas dá nuances dessa característica típica (Figura 4.13 até Figura 4.15).

Para verificar melhor a alteração na distribuição dos poros, foram feitos gráficos das curvas

características transformadas em relação ao índice de vazios, revelando que há uma variação

no comportamento do solo. Segundo Camapum de Carvalho & Leroueil (2004), a curva

característica transformada facilita a análise do comportamento dos solos tropicais quando

leva em conta a dimensão e distribuição dos poros.

Na Figura 4.13 (a) pode-se observar que as curvas características obtidas para a umidade

ótima em função da variação de w% são praticamente coincidentes. No entanto, quando

construída a curva característica em função da saturação (Figura 4.13 b) é notória a diferença

na parte que corresponde à macro-estrutura, apontando para o fechamento dos macroporos

quando do uso do meio B4.

Na tentativa de verificar a influência dos poros no comportamento do solo, foi realizada a

transformação da curva característica (Figura 4.13 c). Camapum de Carvalho et al. (2002)

mostraram que nesse caso o ideal seria separar os macroporos dos microporos para então

aplicar as transformações. Sem tal separação, observa-se que a transformação conduz as

curvas a um comportamento único no domínio dos macro e meso poros, sendo, no entanto, os

mesmos distintos no caso dos microporos. A maior diferença nas curvas é apresentada para os

solos compactados na energia intermediária.

(a)

(b)

10

100

1000

10000

100000

0 5 10 15 20 25 30

Suc

ção

(KP

a)

w (%)

B4IO SNIO B4NO SNNO

10

100

1000

10000

100000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Suc

ção

(KP

a)

Sr (%)

B4IO SNIO B4NO SNNO

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56

(c)

Figura 4.13 Curvas características na umidade ótima (a) Sucção-w (b) Sucção-Sr (c) e*pF-Sr

No caso dos solos conduzidos ao ramo úmido (Figura 4.14), a tendência é similar à

apresentada para os solos curados na umidade ótima (Figura 4.13). Isso quer dizer que para

estes solos também se gerou uma variação na macro e meso estrutura, mas as maiores

mudanças foram dadas para os solos compactados na energia equivalente ao Proctor normal.

O gráfico em questão indica que existe uma diminuição dos vazios e que possivelmente

seriam o próprio meio ou os cristais de CaCO3 precipitados que passaram a ocupá-los.

(a)

(b)

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

e*pF

Sr (%)

Umidade ótima

B4IO SNIO B4NO SNNO

1

10

100

1000

10000

100000

0 10 20 30

Suc

ção

(KP

a)

w (%)

B4IU SNIU B4NU SNNU

1

10

100

1000

10000

100000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Suc

ção

(KP

a)

Sr (%)B4IU SNIU B4NU SNNU

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57

(c)

Figura 4.14 Curvas características no ramo úmido (a) Sucção-w (b) Sucção-Sr (c) e*pF-Sr

Para os solos conduzidos ao ramo seco (Figura 4.15) observou-se que nas curvas de Sr x

Sucção (Figura 4.15 a) existiu uma variação na porosidade dos corpos de prova que foi

refletida na curva transformada. Contudo, as variações significativas foram geradas como nos

outros casos na macro e meso estrutura, sendo estas maiores para os corpos compactados na

energia intermediária.

(a)

(b)

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

e*pF

Sr (%)

B4IU SNIU SNNU B4NU

1

10

100

1000

10000

100000

0 5 10 15 20 25 30

Suc

ção

(KP

a)

w (%)B4IS SNIS B4NS SNNS

1

10

100

1000

10000

100000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Suc

ção

(KP

a)

Sr (%)B4IS SNIS B4NS SNNS

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58

(c)

Figura 4.15 Curvas características no ramo seco (a) Sucção-w (b) Sucção-Sr (c) e*pF-Sr

Nas curvas características transformadas (Figura 4.13 até Figura 4.15) nota-se que a sucção

do solo com tratamento em meio B4 teve uma tendência a diminuir em relação ao solo

natural. Observa-se, portanto, que há uma mudança no comportamento do solo quanto à

distribuição dos poros.

Finalmente, como comentário geral, pode-se considerar que a semelhança na curvas

características em função da umidade e a distinção entre elas quando da análise levando-se em

conta a porosidade (Sr e “e”), se deve à alteração na porosidade e distribuição de poros em

consequência da adição do meio B4. Logo, a adição do meio B4 proporciona mudanças nas

propriedades de retenção de água das amostras.

4.1.4.2 COMPRESÃO SIMPLES

Foram determinadas as resistências à compressão simples do solo com e sem tratamento

com o meio B4, o qual foi compactado na condição ótima das energias equivalentes ao

Proctor normal e intermediário. Em seguida, dois grupos de cinco corpos foram conduzidos a

umidades inferior e superior a ótima respectivamente, para que fossem submetidos à cura. A

Figura 4.16 ilustra as curvas tensão deformação obtidas nos ensaios de compressão simples.

Salienta-se que os números no lado do nome das amostras representam o numero do corpo de

prova correspondente ao tipo de solo.

Comparando a resistência dos corpos de prova de solo natural com aqueles que tinham sido

tratados com B4 (Figura 4.16), observa-se que a ruptura ocorre em esforços muito

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0 20 40 60 80 100

e*pF

Sr (%)

B4IS SNIS B4NS SNNS

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59

semelhantes, mas destaca-se que a deformação com o meio B4 foi maior, aproximadamente

25% para a energia intermediária e 15% para energia normal. No entanto, dadas as variações

de umidade e índice de vazios de corpo de prova para corpo de prova, o melhor é analisar os

resultados em função destes índices como se fará a seguir. As curvas de resistência a

compressão simples das demais amostras estão apresentadas no Anexo E.

(a)

(b)

Figura 4.16 Resistência à compressão simples (a) SNO. (b) B4O

A Figura 4.17 apresenta a resistência à compressão simples na ruptura (σr) em função da

umidade dos corpos de prova. Nela é visto que há uma perfeita harmonia com a forma das

curvas características mostradas nas Figura 4.13 (a),Figura 4.14 (a) e Figura 4.15 (a), ou seja,

entre as umidades que vão de 18% a 24%, ocorre tanto na resistência como na sucção uma

significativa redução com o aumento da umidade, passando a apresentar a seguir, apenas

pequenas variações da resistência quando a umidade continua a aumentar. Nas curvas

características essa umidade a partir da qual o comportamento passa a ser pouco afetado,

corresponde de modo aproximado ao término da entrada de ar nos macroporos, conforme

conceituado por Camapum de Carvalho e Leroueil (2004). Em relação à curva de

compactação, nota-se que a resistência diminui rapidamente quando a umidade aumenta até

valores próximos da umidade ótima. A partir dessa umidade os valores de resistência passam

a diminuir pouco. Isso indica que uma variação na umidade para o ramo seco pode gerar

grandes mudanças na resistência, mas se essas se apresentam no ramo úmido, a variação na

resistência não é tão relevante.

Observa-se ainda a tendência aos valores de resistência obtidos sem tratamento a serem

ligeiramente superiores aos obtidos com a adição do meio B4. Esse comportamento é

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0 1 2 3

Ten

são

(kP

a)

Deformação axial (mm)SNNO 1 SNNO 2 SNNO 3 SNNO 4

SNNO 5 SNNO 6 SNNO 7 SNIO 1

SNIO 2 SNIO 3 SNIO 4 SNIO 5

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0 1 2 3 4T

ensã

o (k

Pa)

Deformação axial (mm)B4NO 1 B4NO 2 B4NO 3 B4NO 4

B4NO 5 B4IO 1 B4IO 2 B4IO 3

B4IO 4 B4IO 5

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60

compatível com os resultados de plasticidade, pois a resistência à compressão simples reflete

a coesão do solo e esta está diretamente associada às características plásticas do solo, o que

não significa em princípio, estar diante de um material pior para uso em pavimentação.

Figura 4.17 Relação σr – w%

Observa-se ainda que os resultados de resistência do solo com o tratamento B4 tendem a

apresentar maior dispersão que para o solo natural (Figura 4.18). Isso pode ser causado pela

heterogeneidade da ação do processo biológico produzido dentro de cada corpo de prova

tratado. Mesmo assim, o comportamento do solo com respeito à umidade, com ou sem

tratamento, apresenta tendência similar.

(a)

(b)

Figura 4.18 Relação σr – w% (a) B4. (b) SN.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

17,00 19,00 21,00 23,00 25,00 27,00 29,00

σr

(kP

a)

w%

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

17,00 22,00 27,00

σr

(kP

a)

w%

B4NO

B4IO

B4NU

B4IU

B4NS

B4IS

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

17,00 22,00 27,00

σr

(kP

a)

w%

SNNO

SNIO

SNNU

SNIU

SNNS

SNIS

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61

Na Figura 5.19, é possível notar que para as duas energias de compactação existem níveis

de resistência distintos, principalmente para os menores teores de umidade, mas diretamente

associados a estes.

(a)

(b)

Figura 4.19 Relação σr – w% (a) energia normal. (b) energia intermediaria.

Nota-se nos resultados apresentados que os valores de resistência máxima não mudam

muito após a adição do meio B4. Isso indica preliminarmente que o tratamento não estaria

sendo efetivo quanto à influência na coesão.

Como de modo geral o comportamento do solo varia com o índice de vazios, optou-se por

também analisar-se a influência desse índice. Os resultados analisados foram obtidos para

corpos de prova compactados na condição ótima e em seguida conduzidos às distintas

umidades.

A Figura 4.20 mostra que quanto à umidade, as variações para cada condição de cura e

tratamento chegam a atingir 1,7% e para o índice de vazios elas são em alguns casos de até

0,08, sendo que em ambos os casos a dispersão pode ser considerada importante. Como os

corpos de prova foram compactados aproximadamente na mesma condição, condição ótima, a

tendência do índice de vazios a aumentar com o crescimento da umidade se deve

provavelmente à expansão. Todavia, de modo geral, analisando-se os índices de vazios das

amostras verifica-se que os valores de “e” para as amostras com o tratamento B4 são

semelhantes aos valores obtidos para os corpos de prova de solo natural.

0

500

1000

1500

2000

2500

20,00 23,00 26,00 29,00

σr

(kP

a)

w (%)

B4NO

SNNO

B4NU

SNNU

B4NS

SNNS

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

17,00 20,00 23,00 26,00

σr

(kP

a)

w (%)

B4IO

SNIO

B4IU

SNIU

B4IS

SNIS

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62

Figura 4.20 Relação w% - e (SN – B4)

Com isso apenas a título de ilustração a Figura 4.21 mostra não ser possível estabelecer

tendência clara de variação da resistência com o índice de vazios. Observa-se que mesmo para

a mesma condição de tratamento inexiste qualquer tendência.

Figura 4.21 Relação σr – e (SN-B4)

Apesar da inexistência de relação direta e clara entre a resistência e o índice de vazios,

optou-se por analisar também a relação entre a resistência a compressão simples (σr) e o grau

de saturação (Sr) (Figura 4.22). A tendência obtida é semelhante e coerente com aquela

verificada para o teor de umidade e, a exemplo do que foi verificado em relação às curvas

características, a dispersão também tende a aumentar se comparada com a existente para os

resultados correlacionados com a umidade. Quanto à influência do meio B4 na resistência à

compressão simples, ela continua não se destacando.

0,65

0,7

0,75

0,8

0,85

0,9

17,00 19,00 21,00 23,00 25,00 27,00 29,00

e

w (%)

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

65% 70% 75% 80% 85%

σr

(kP

a)

e

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

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63

Figura 4.22 Relação σr – Sr % (SN – B4)

Na Figura 4.23 se separou os resultados obtidos para a energia equivalente ao Proctor

normal (a) daqueles obtidos para a energia equivalente ao Proctor intermediário (b). Observa-

se desses resultados que apenas para o ponto correspondente ao ramo seco da energia normal

registra-se uma melhoria no comportamento do solo com a adição do meio B4, isso talvez

devido à menor umidade e menor índice de vazios dos corpos de prova nessa condição

(Figura 4.21).

(a)

(b)

Figura 4.23 Relação σr – Sr % (a) energia normal (b) energia intermediaria

Analisando-se os resultados de resistência à compressão simples (σr) em função da sucção

matricial (ua-uw) (Figura 4.24), verifica-se como no caso da figura anterior, que apenas os

corpos de prova compactados na umidade ótima da energia equivalente ao Proctor normal e

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

60% 70% 80% 90% 100%

σr

(kP

a)

Sr (%)

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

0

500

1000

1500

2000

2500

70% 80% 90% 100%

σr

(kP

a)

Sr (%)

B4NO

SNNO

B4NU

SNNU

B4NS

SNNS

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

60% 70% 80% 90% 100%

σr

(kP

a)

Sr (%)

B4IO

SNIO

B4IU

SNIU

B4IS

SNIS

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64

conduzidos ao ramo seco, apresentaram melhoria clara da resistência com o tratamento com o

meio B4. Uma ligeira tendência de melhoria é também verificada para o solo mantido na

condição ótima da energia equivalente ao Proctor intermediário. Destaca-se ainda, que os

resultados obtidos para o solo tratado com o meio B4 e conduzidos ao ramo úmido, tenderam

a ser piores que os obtidos para o solo sem tratamento.

Figura 4.24 Relação Sucção - σr (SN – B4)

Para eliminar a influência do índice de vazios no comportamento analisado em função da

sucção, foram plotados (Figura 4.25), os pontos de resistência a compressão simples (σr) em

função da sucção em pF (pF corresponde ao logaritmo da sucção em cm de coluna de água)

normalizada em relação ao índice de vazios (pF/e), conforme proposta apresentada por

Camapum de Carvalho e Pereira (2001). Nessa nova forma de análise dos dados se verifica

com maior clareza as observações realizadas quanto aos resultados mostrados na Figura 5.34,

ou seja, os corpos de prova conduzidos ao ramo seco da energia equivalente ao Proctor

normal e aqueles mantidos na condição ótima da energia equivalente ao Proctor intermediário

apresentaram melhoria na resistência com o tratamento com o meio B4. Já no ramo úmido,

independentemente da energia de compactação, o solo tratado com o meio B4 tendeu a

apresentar resistência menor para um mesmo valor de sucção normalizada.

Com base nas análises efetuadas a partir da Figura 4.24 e da Figura 4.25, e levando-se em

conta as variações de plasticidade quando da adição do meio B4 ao solo e sua relação com a

coesão e, portanto, com a resistência à compressão simples, pode-se inferir que o tratamento

com o meio B4 estaria criando condições de melhoria no comportamento mecânico do solo.

10

100

1000

10000

1,00 10,00 100,00 1000,00

σr

(kP

a)

Sucção matricial

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

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65

Explicando melhor, para umidades maiores onde predominaria o efeito da interação solo-

água, e portanto da plasticidade, o comportamento do solo tratado com o meio B4 está

piorando, no entanto, nas outras duas condições citadas, tornando-se o comportamento menos

dependente dessa interação os possíveis novos compostos gerados melhoram o desempenho.

Poder-se-á, no entanto, questionar por que o meio B4 não estaria melhorando o

comportamento do solo para umidades ainda menores e sucções maiores como é o caso do

solo conduzido ao ramo seco da energia equivalente ao Proctor intermediário? Nesse caso,

embora mais estudos seriam necessários, é preciso lembrar que a atuação bacteriana depende

de condições propícias de umidade e de porosidade.

Figura 4.25. Relação sucção normalizada - σr (SN – B4)

Ao serem comparados os tipos de ruptura dos corpos tratados com meio B4 em relação aos

não tratados, verifica-se que enquanto os tratados tendem a apresentar plano de ruptura

inclinado, nos não tratados ele não é claro ou tende a ser verticalizado. (Figura 4.26).

Cabe ressaltar que nos corpos de prova tratados e mantidos na umidade ótima ou

submetidos à redução de umidade foi possível observar a formação de uma película branca

recobrindo-os como mostra a Figura 4.26 (b). Porém, para os corpos de prova submetidos ao

aumento de umidade tal constatação não foi verificada apesar de se observar uma mudança na

textura superficial. Estes corpos de prova umedecidos, quando secos em estufa após a

realização dos ensaios de compressão simples, passavam a apresentar as mesmas

características dos demais, ou seja, as películas superficiais seriam simples deposições

químicas de precipitado não correspondendo nesse caso à formação de carbonato de cálcio.

10

100

1000

10000

2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00

σr

(kP

a)

pF/e

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

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66

(a) (b)

Figura 4.26 Falhas dos corpos de prova em compressão simples (a) SNIO (b) B4IO

4.1.4.3 COMPRESÃO DIAMETRAL

Foram realizados ensaios de compressão diametral sobre os corpos de prova utilizados na

determinação das curvas características, ou seja, as diferentes umidades de ruptura foram

ajustadas nos corpos de prova depois de efetuada a cura com o solo nas três condições de

umidade fixadas para o estudo: ramo seco, umidade ótima e ramo úmido. Portanto, nos

gráficos as referências umidade ótima (intermediário → IO e normal → NO), seco

(intermediário → IS e normal → NS) e úmido (intermediário → IU e normal → NU) se

referem à condição de energia de compactação e cura, não de ruptura. Sendo assim, torna-se

possível distinguir a influência da umidade de cura daquela referente à umidade de ruptura.

O conjunto de resultados de resistência à tração obtido é mostrado na Figura 4.27.

Verifica-se que para umidades de ruptura inferiores a aproximadamente 20% o meio B4

aumenta a resistência à tração independentemente da condição de cura, no entanto, as

resistências obtidas para o solo com cura úmida são inferiores aos obtidos para o solo curado

na umidade ótima e no ramo seco. Cabe ainda destacar que para os solos não tratados as

resistências obtidas para umidades inferiores à ótima são semelhantes, o que não se verifica

para o solo tratado. Isso indica que a condição de cura para o meio B4 é relevante e que ele

afeta o comportamento do solo. Para umidades superiores a 20%, o efeito do tratamento e da

cura, nesse gráfico é de difícil definição. Para melhor visualização do comportamento se

apresenta na Figura 4.28 os resultados obtidos para o solo compactado na energia equivalente

ao Proctor normal (a) separadamente da equivalente ao Proctor intermediário (b).

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67

Figura 4.27 Relação w % - σt (SN – B4)

(a)

(b)

Figura 4.28 Variação σt – w % (a) energia normal (b) energia intermediária

A Figura 4.29 aponta para dispersão mais significativa nos solos tratados em relação aos

não tratados. Ressalta-se que todas as amostras apresentam um comportamento semelhante

para umidades iguais ou superiores a 24%, tanto para o SN quanto para o solo com adição do

meio B4.

0

50

100

150

200

250

300

350

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

σt

(kP

a)

w %

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

0

50

100

150

200

250

300

0,00 10,00 20,00 30,00

σt

(kP

a)

w %

B4NO

SNNO

B4NU

SNNU

B4NS

SNNS

0

50

100

150

200

250

300

350

0,00 10,00 20,00 30,00

σt

(kP

a)

w %

B4IO

SNIO

B4IU

SNIU

B4IS

SNIS

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68

(a)

(b)

Figura 4.29 Relação w % - σt (a) B4 (b) SN

Aparentemente, com base nos resultados apresentados, o tratamento tem maior influência

para umidades entre 20% e 22% aproximadamente.

Quando feita a relação entre índice de vazios e resistência à tração (Figura 4.30), observa-

se, que apesar da grande dispersão, os valores de “e” para as amostras tratadas mostram-se de

modo geral inferiores aos obtidos para o solo sem tratamento.

Figura 4.30 Relação e – σt (SN - B4)

Ao se analisar a variação de “e” em função de w%, é possível inferir que as variações de

porosidade estão ligadas à compactação e não a efeitos de expansão ou retração durante os

processos de umedecimento e secagem das amostras (Figura 4.31). Observa-se ainda que essa

dispersão tende a ser maior nas amostras tratados que nas naturais.

0

50

100

150

200

250

300

350

0,00 10,00 20,00 30,00

σt

(kP

a)

w %

B4NO

B4IO

B4NU

B4IU

B4NS

B4IS

0

50

100

150

200

250

0,00 10,00 20,00 30,00

σt

(kP

a)

w %

SNNO

SNIO

SNNU

SNIU

SNNS

SNIS

0

50

100

150

200

250

300

350

0,6 0,7 0,8 0,9 1

σt

(kP

a)

e

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

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69

Figura 4.31 Relação w% - e (SN-B4)

O gráfico de resistência à tração em função do grau de saturação na ruptura(Sr) (Figura

4.32), mostra que para valores de Sr inferiores a 80% os resultados de resistência são

superiores aos obtidos para o solo natural. Quando a saturação supera este valor a resistência à

tração diminui abruptamente até atingir valores muito pequenos e tender à estabilização. Ao

separar os resultados por tipo de energia de compactação (Figura 4.33), se observa melhor

essas tendências. Note-se que os maiores picos de resistência são apresentados pelos corpos

com tratamento. Isso significa que houve uma influência do meio B4 sobre o comportamento

mecânico do solo submetido à compressão diametral e como essa influência é mais marcante

para determinada condição de umidade e de grau de saturação infere-se que o ganho depende

das condições de cura.

Figura 4.32 Variação σt – Sr % (SN – B4)

0,6

0,65

0,7

0,75

0,8

0,85

0,9

0,95

1

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

e

w (%)

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

0

50

100

150

200

250

300

350

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

σt

(kP

a)

Sr (%)

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

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70

(a)

(b)

Figura 4.33 Variação σt – Sr % (a) energia normal (b) energia intermediaria

Para entender melhor a variação do comportamento do solo submetido ao tratamento e

como é afetada a estrutura interna por tal tratamento, foram plotados gráficos entre a

resistência à tração e a sucção matricial (Figura 4.34). Os resultados obtidos são compatíveis

com as curvas características de retenção de água, ou seja, a resistência aumenta com a sucção

até que essa passa a atuar na microposidade, momento a partir do qual a resistência tende a se

estabilizar ou mesmo a cair.

Figura 4.34 Relação sucção matricial – σt (SN – B4)

Tal intervalo pode ser observado melhor na Figura 4.35, na qual os resultados estão

separados por tipo de energia de compactação. Ao se separar os resultados com e sem

tratamento na Figura 4.35, se observa que os resultados do solo tratado tendem a serem

0

50

100

150

200

250

300

0% 20% 40% 60% 80% 100%

σt

(kP

a)

Sr (%)

B4NO

SNNO

B4NU

SNNU

B4NS

SNNS

0

50

100

150

200

250

300

350

0% 20% 40% 60% 80% 100%

σt

(kP

a)

Sr (%)

B4IO

SNIO

B4IU

SNIU

B4IS

SNIS

10

100

1000

1 10 100 1000 10000 100000

σt

(kP

a)

Sucção matricial (kPa)

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

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71

superiores aos obtidos para o solo não tratado. Aparentemente tem-se ainda uma faixa de

máximo mais ampla para o solo tratado.

(a)

(b)

Figura 4.35 Relação sucção matricial - σt (a) Enegia normal (b) Energia intermediaria

(a)

(b)

Figura 4.36 Relação sucção - σt (a) B4 (b) SN

Para avaliar a influência do índice de vazios sobre a resistência à tração do solo, a sucção

em pF foi normalizada em relação ao índice de vazios (Figura 5.49). Ao se separar os

resultados das duas energias de compactação, verifica-se certa tendência aos valores de

resistência à tração obtidos com tratamento serem ligeiramente superiores aos obtidos para o

solo natural.

10

100

1000

1 100 10000

σt

(kP

a)

Sucção matricial (kPa)

B4NO

SNNO

B4NU

SNNU

B4NS

SNNS

10

100

1000

1 100 10000 1000000

σt

(kP

a)

Sucção matricial (kPa)

B4IO

SNIO

B4IU

SNIU

B4IS

SNIS

10

100

1000

1 100 10000

σt

(kP

a)

Sucção (kPa)

B4NO

B4IO

B4NU

B4IU

B4NS

B4IS

10

100

1000

1 100 10000

σt

(kP

a)

Sucção (kPa)

SNNO

SNIO

SNNU

SNIU

SNNS

SNIS

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72

Figura 4.37 Relação pF/e - σt (SN-B4)

(a)

(b)

Figura 4.38 Relação pF/e - σt (a) energia normal (b) energia intermediaria

É importante destacar que ao agrupar os resultados por tipo de solo, é possível perceber

que quando se reduz os efeitos decorrentes da variação do índice de vazios, de forma geral,

ratifica-se a melhora das propriedades de resistência a compressão diametral do solo

produzida pela adição do meio B4 (Figura 4.39).

10

100

1000

2 3 4 5 6 7 8 9

σt

(kP

a)

pF/e

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

10

100

1000

2 3 4 5 6 7

σt

(kP

a)

pF/e

B4NO

SNNO

B4NU

SNNU

B4NS

SNNS

10

100

1000

2 3 4 5 6 7 8 9

σt

(kP

a)

pF/e

B4IO

SNIO

B4IU

SNIU

B4IS

SNIS

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73

(a)

(b)

Figura 4.39 Relação pF/e - σt (a) B4 (b) SN

Durante a execução dos ensaios observou-se que todas as rupturas apresentadas pelos

corpos de prova, tanto para os naturais quanto aqueles com tratamento, foram muito similares.

Todas as amostras tiveram a trinca diametral bem marcada (Figura 4.40).

Figura 4.40 Corpo de prova após o rompimento

4.1.4.4 MINI-CBR

Os ensaios de mini-CBR foram realizados sobre corpos de prova após imersão. A Figura

5.53 mostra que o tratamento com meio B4 piorou o comportamento do solo. Durante a

execução dos ensaios de Mini-CBR também foi medida a expansão dos corpos de prova. Os

resultados permitiram inferir que essa expansão é praticamente independente da presença do

10

100

1000

2 3 4 5 6 7 8 9

σt

(kP

a)

pF/e

B4NO

B4IO

B4NU

B4IU

B4NS

B4IS

10

100

1000

2 3 4 5 6 7

σt

(kP

a)

pF/e

SNNO

SNIO

SNNU

SNIU

SNNS

SNIS

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74

meio B4, pois os valores obtidos tanto para o solo natural quanto para o solo tratado estão

abaixo de 1%.

(a)

(b)

(c)

Figura 4.41 Mini – CBR com w% (a) umidade ótima (b) ramo seco (c) ramo úmido

4.2 FEIJÃO DE PORCO (Canavalia Ensiformis)

Desconhecendo-se a efetividade do extrato de feijão de porco como agente indutor da

hidrolise de uréia para gerar precipitação de CaCO3, foram realizados alguns ensaios

preliminares. O primeiro para determinar a atividade ureasica do extrato. O segundo visando

avaliar a influência do extrato no comportamento mecânico do solo quando adicionado com a

água necessária para atingir o teor de umidade ótimo. A seguir são apresentados os resultados

obtidos nesses ensaios.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

23,00 24,00 25,00 26,00 27,00 28,00

Min

i -C

BR

w (%)

B4NO

SNNO

B4IO

SNIO

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

23,00 24,00 25,00 26,00 27,00

Min

i -

CB

R

w (%)

B4NS

SNNS

B4IS

SNIS

0

5

10

15

20

25

30

35

25,00 27,00 29,00 31,00

Min

i -C

BR

w (%)

B4NU

SNNU

B4IU

SNIU

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75

4.2.1 VERIFICAÇÃO DE ATIVIDADE UREASICA

Foi realizado o ensaio qualitativo descrito no item 3.2.6.3 para verificar a atividade

ureasica da enzima uréase presente no extrato de feijão de porco.

O extrato de feijão de porco quando colocado na solução de Agar Uréia reage apresentando

uma mudança de cor. A solução inicial era de cor laranja e quando foi adicionada o extrato de

feijão de porco mudou instantaneamente a cor indicando um acréscimo de pH. Estes

resultados permitiram concluir que, embora o extrato de feijão de porco tenha sido colocado

em baixas concentrações, efetivamente ele apresenta muita atividade ureasica (Figura 4.42).

Figura 4.42 Ensaio de atividade ureasica do extrato de feijão de porco

4.2.2 ENSAIO DE COMPRESSÃO SIMPLES

Para a realização dos ensaios de compressão simples foram preparados corpos de prova

usando-se as relações do extrato de porco para solução de acetato de cálcio e uréia iguais à:

5/5 – amostra F5

4/5 – amostra F4

3/5 – amostra F3

2/5 – amostra F2

Nas concentrações anteriormente descritas, aclara-se que o numerador indica a proporção

de extrato de feijão de porco e o denominador representa o volume correspondente à solução

de acetato de cálcio com uréia.

Terminado o período de cura dos corpos de prova, esses foram retirados da caixa de isopor

para serem rompidos mediante o ensaio de compressão simples. Foi possível perceber

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76

visualmente a ocorrência de uma precipitação nos corpos de prova (Figura 4.43). As cadeias

de precipitação foram observadas com mais detalhe quando analisadas com o microscópio

“ProScope de alta resolução HR” da Avantgarde. A Figura 4.44 apresenta as formações

precipitadas geradas para o solo compactado nas duas energias de compactação, intermediária

(partes a, b, c) e normal (partes d, e, f). Destaca-se que os precipitados são mais visíveis no

solo compactado na energia normal.

Figura 4.43 Corpo de prova com adição de extrato de feijão de porco

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

Figura 4.44 Imagens da precipitação de CaCO3 para o solo com extrato de feijão de porco

(a) F5I-400x (b) F5I-200x (c) F5I-100x (d) F5N-400x (e) F5N-200x (f) F5N-100x

Os resultados obtidos permitiram concluir que a produção de CaCO3 foi maior nos solos

com maior concentração de extrato de feijão de porco, ou seja, naqueles com uma relação 4/5

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77

(F4) e 1/1 (F5). Nos ensaios de compressão simples as maiores resistências foram

apresentadas para esses mesmos solos como se pode observar na Tabela 4.6.

Tabela 4.6 Resistência para todos os solos

SOLO σσσσr (kPa) SOLO σσσσr (kPa)

F2N 170,11

F2I 828,65

172,86 831,55 169,69 861,59

F3N 213,38

F3I 1574,64

180,96 820,70 169,69 861,59

F4N 198,32

F4I 1153,26

213,38 1574,64 204,34 1045,70

F5N 295,03

F5I 1126,25

311,99 1717,74 273,54 914,05

B4NO

251,73

B4IO

1343,89 232,16 1297,64 209,75 1314,38 186,64 1424,38 209,75 797,12

SNNO

251,73

SNIO

1343,89 232,16 1297,64 209,75 1314,38 186,64 1424,38 209,75 797,12

A Figura 4.45 mostra, ao se analisar as resistências obtidas para os diferentes tratamentos

em função da sucção (a) e da sucção normalizada em relação ao índice de vazios (b), que o

solo tratado com feijão de porco apresenta comportamento pior que o solo natural e que o solo

tratado com o meio B4. Para a energia intermediária o solo tratado com B4 apresentou

comportamento melhor que o solo natural, no entanto, na energia normal os resultados foram

semelhantes.

Com base nos resultados obtidos, é possível dizer que embora o feijão de porco tenha

gerado uma precipitação no solo, essa não proporcionou melhoria nas propriedades mecânicas

do solo.

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78

Os planos de ruptura apresentados pelos corpos de prova com o extrato de feijão de porco

foram muito similares as apresentadas pelo solo natural. Por causa desses resultados decidiu-

se dar maior ênfase ao trabalho de tratamento com o outro agente indutor de precipitação de

CaCO3, ou seja, o B4.

(a)

(b)

Figura 4.45 Comparação entre as resistências dos tratamentos (a) Sucção matricial – σr (b)

pF/e - σr

100

1000

10000

10 100 1000 10000

σr

(kP

a)

Sucção matricial (kPa)

B4IO

SNIO

F4IO

F5IO

B4NO

SNNO

F4NO

F5NO 100

1000

10000

2,00 3,00 4,00 5,00 6,00σ

r (k

Pa

)pF/e

B4IO

SNIO

F4IO

F5IO

B4NO

SNNO

F4NO

F5NO

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79

5. CONCLUSÕES

6. CONCLUSÕES

Esta pesquisa teve como objetivo, fazer a análise da influência da variação da umidade e da

porosidade na precipitação induzida de carbonato de cálcio (CaCO3), e desta no

comportamento mecânico do solo para fins de pavimentação rodoviária.

Dessa maneira, adotou-se uma metodologia que permitisse abordar conceitos básicos de

engenharia relacionados com o tema, para assim poder avaliar de maneira apropriada a

influência do tratamento no comportamento solo.

Durante a etapa de caracterização, observou-se que para um melhor entendimento dos

processos de precipitação de carbonato de cálcio, faz-se necessário um trabalho

interdisciplinar que permita a complementação entre aspectos, geomecânicos, químicos,

mineralógicos e aqueles atinentes à biomineralização.

No estudo da influência do meio B4 na plasticidade do solo verificou-se que ele gera a sua

redução, no entanto tal redução não pode ser atribuída apenas às alterações químicas

proporcionadas pelo meio B4. Sugere-se que a redução pode também estar ligada a

cristalização de CaCO3.

As análises granulométricas realizadas apontam para a agregação do solo gerada pelo meio

B4.

Estruturalmente pôde ser observado que o meio B4 gerou a deposição de precipitados no

solo bem como sugere uma maior agregação quando do uso do tratamento com esse meio.

Mineralogicamente não se detectou a partir do Raios X a formação de carbonatos quando

da adição do meio B4 ao solo. Quimicamente ele proporcionou o aumento do pH do solo.

A semelhança entre as curvas características de retenção de água obtidas com e sem a

adição do meio B4 quando plotadas em função do teor de umidade apontam para a

inexistência de influência da química do fluido nas mesmas. Porém, as curvas características

de retenção de água transformadas em relação ao índice de vazios indicam certa influência do

meio B4 na estrutura do solo compactado o que corrobora com as análises estruturais.

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80

Os resultados de compressão simples mostraram que a melhoria do comportamento

mecânico do solo com a adição de meio B4 só se dá para condições específicas de umidade e

porosidade. Dependendo dessas condições sua adição poderá gerar a queda na resistência do

solo. Entende-se que a melhoria seria gerada pela formação de carbonatos e não havendo

condições propícias para tal, a química do meio termina por piorar o comportamento do solo.

Ainda no que diz respeito à resistência a compressão simples verificou-se compatibilidade

entre esses resultados e os relativos às curvas características e à plasticidade.

No que tange à resistência à tração verificou-se que o tratamento do solo com o meio B4

proporcionou a melhoria do comportamento mecânico. Tal constatação, embora o ganho

tenha sido pequeno, é relevante para o desempenho da estrutura de pavimento.

Partindo dos resultados obtidos nos ensaios, concluiu-se que o fator de maior influência

sobre a resistência à compressão simples e diametral para o solo com tratamento é a umidade.

Diferenças no índice de vazios afetam a resistência, no entanto, dentro das variações

registradas essa influência não é tão relevante quanto às relativas ao teor de umidade.

Uma das possíveis causas para que os resultados de resistência a tração diametral

refletissem uma melhora mais notória quanto aos ensaios de compressão simples, pode estar

originada na idade dos corpos de prova. Os ensaios de compressão simples foram realizados

com uma idade de 15 dias, e os de compressão diametral com 30 dias. Em outros termos, é

possível que o tempo de cura necessário para gerar uma melhora importante no

comportamento mecânico do solo quando compactado, pôde ser maior do que o tempo

sugerido por Valencia (2007) para o mesmo solo em condições inalteradas.

Após imersão, o meio B4 proporcionou a redução dos valores de mine CBR em relação aos

valores obtidos para o solo sem tratamento compactado nas mesmas condições. A expansão

não foi alterada pelo meio B4.

O tratamento do solo com extrato de feijão de porco proporcionou ao solo resistência

inferior às obtidas para o solo sem tratamento e tratado com o meio B4.

A partir dos resultados obtidos nos ensaios, conclui-se como síntese geral, que o

tratamento com o meio B4 e com o feijão de porco não conduziram a melhorias de

comportamento mecânico do solo que justificassem suas utilizações em obras de

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81

pavimentação para o caso específico do solo estudado e sob as características de ensaio

adotadas nesta pesquisa.

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82

6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com base nos resultados obtidos, recomenda-se a realização do estudo da evolução das

características físicas e do comportamento mecânico do solo tratado para tempos de cura mais

longos.

Também se recomenda realizar estudos nesta mesma linha de pesquisa para outros tipos de

solo, permitindo estabelecer quais deles são mais apropriados para serem tratados mediante o

uso de biotecnologia.

É importante desenvolver um trabalho de campo para estabelecer correlações entre as

condições de cura de campo e de laboratório e verificar se no campo os resultados seriam

semelhantes.

Em trabalhos futuros, é recomendável a realização de ensaios para a determinação do

módulo resiliente visando avaliar a viabilidade de uso dos solos tratados biotecnologicamente

como materiais de construção na área de pavimentação.

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83

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88

A. APÊNDICE A

APENDICE A

CURVAS GRANULOMETRICAS

Na Figura A.1 até Figura A.3 são apresentadas as curvas granulométricas obtidas a partir

dos ensaios de análise granulométrica por sedimentação e pelo granulômetro laser, com e sem

defloculante.

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89

(a)

(b)

(c)

Figura A.1 Curvas Granulométricas para umidade ótima (a) Energias unificadas (b) Energia intermediaria (c) Energia normal

0

20

40

60

80

100

1E-05 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10

% que passa

Diâmetro das Partículas (mm)SN SEM DEF B4NO SEM DEF B4NO COM DEF B4IO SEM DEFB4IO COM DEF B4IOD (GL) B4IODU (GL) B4IO (GL)B4IOU (GL) B4NOD (GL) B4NODU (GL) B4NO (GL)B4NOU (GL) SND (GL) SNDU (GL) SN (GL)

0

20

40

60

80

100

1E-05 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10

% que passa

Diâmetro das Partículas (mm)SN (GL) SNU (GL) SND (GL) SNDU (GL)SN SEM DEF B4IO SEM DEF B4IO COM DEF B4IOD (GL)B4IODU (GL) B4IO (GL) B4IOU (GL)

0

20

40

60

80

100

1E-05 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10

% que passa

Diâmetro das Partículas (mm)SN (GL) SNU (GL) SND (GL) SNDU (GL)SN SEM DEF B4NO SEM DEF B4NO COM DEF B4NOD (GL)B4NODU (GL) B4NO (GL) B4NOU (GL)

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90

(a)

(b)

(c)

Figura A.2 Curvas Granulométricas para umidade ótima (a) Energias unificadas (b) Energia intermediaria (c) Energia normal

0

20

40

60

80

100

1E-05 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10

% que passa

Diâmetro das Partículas (mm)SN (GL) SNU (GL) SND (GL) SNDU (GL)SN SEM DEF B4NS SEM DEF B4NS COM DEF B4IS SEM DEFB4IS COM DEF B4ISD (GL) B4ISDU (GL) B4IS (GL)B4ISU (GL) B4NSD (GL) B4NSDU (GL) B4NS (GL)

0

20

40

60

80

100

1E-05 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10

% que passa

Diâmetro das Partículas (mm)SN (GL) SNU (GL) SND (GL) SNDU (GL)SN SEM DEF B4IS SEM DEF B4IS COM DEF B4ISD (GL)B4ISDU (GL) B4IS (GL) B4ISU (GL)

0

20

40

60

80

100

1E-05 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10

% que passa

Diâmetro das Partículas (mm)SN (GL) SNU (GL) SND (GL) SNDU (GL)SN SEM DEF B4NS SEM DEF B4NS COM DEF B4NSD (GL)B4NSDU (GL) B4NS (GL) B4NSU (GL)

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91

(a)

(b)

(c)

Figura A.3 Curvas Granulométricas para o Ramo Úmido (a) Energias unificadas (b)

Energia intermediaria (c) Energia normal

0

50

100

1E-05 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10

% que passa

Diâmetro das Partículas (mm)SN (GL) SNU (GL) SND (GL) SNDU (GL)SN SEM DEF B4NU SEM DEF B4NU COM DEF B4IU SEM DEFB4IU COM DEF B4IUD (GL) B4IUDU (GL) B4IU (GL)B4IUU (GL) B4NUD (GL) B4NUDU (GL) B4NU (GL)

0

20

40

60

80

100

1E-05 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10

% que passa

Diâmetro das Partículas (mm)SN (GL) SNU (GL) SND (GL) SNDU (GL)SN SEM DEF B4IU SEM DEF B4IU COM DEF B4IUD (GL)B4IUDU (GL) B4IU (GL) B4IUU (GL)

0

20

40

60

80

100

1E-05 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10

% que passa

Diâmetro das Partículas (mm)SN (GL) SNU (GL) SND (GL) SNDU (GL)SN SEM DEF B4NU SEM DEF B4NU COM DEF B4NUD (GL)B4NUDU (GL) B4NU (GL) B4NUU (GL)

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92

B. APÊNDICE B

APENDICE B

GRÁFICOS ANALITICOS DE GRANULOMETRIA

Na Figura B.1 até Figura B.3Figura B.3 são apresentados os dados da Tabela 4.2 por

frações granulométricas.

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93

Figura B.1Teores granulométricos para a fração areia

Figura B.2 Teores granulométricos para a fração silte

90

36

77

19

61

10

82

43

60

29

52

12

83

43

52

14

45

9

77

47

55

15

42

10

82

48

65

14

60

8

83

4439

12

36

9

79

52 54

23

60

10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

SED SEM DEF SED COM DEF GL SEM DEF GL SEM DEF +

ULT

GL COM DEF GL DEF + ULT

TEORES DE AREIA

SN

B4IO

B4IS

B4IU

B4NO

B4NS

B4NU

6

19 20

56

26

65

16

25

34

48

36

66

16

24

42

64

40

68

2123

39

66

39

65

1618

31

68

34

68

15

21

49

69

47

67

2023

39

55

34

63

0

10

20

30

40

50

60

70

80

SED SEM DEF SED COM DEF GL SEM DEFGL SEM DEF + ULTGL COM DEF GL DEF + ULT

TEORES DE SILTE

SN

B4IO

B4IS

B4IU

B4NO

B4NS

B4NU

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94

Figura B.3 Teores granulométricos para a fração argila

4

45

1

25

10

26

2

32

4

23

10

22

2

32

5

22

13

23

2

30

4

19 18

25

2

34

2

19

5

24

2

35

10

18

15

23

2

26

5

22

5

27

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

SED SEM DEF SED COM DEF GL SEM DEFGL SEM DEF + ULTGL COM DEF GL DEF + ULT

TEORES DE ARGILA

SN

B4IO

B4IS

B4IU

B4NO

B4NS

B4NU

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95

C. APÊNDICE C

APENDICE C

DIFRATOGRAMAS DE DRX

Na Figura C.1 até Figura C.6 são apresentados os difratogramas obtidos nos ensaios de DRX.

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96

Figura C.1 Difratograma de raios X para amostra B4IO

Figura C.2 Difratograma de DRX para o B4IS

Figura C.3 Difratograma de raios X para amostra B4IU

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97

Figura C.4 Difratograma de raios X para amostra B4NO

Figura C.5 Difratograma de raios X para amostra B4NS

Figura C.6 Difratograma de raios X para amostra B4NU

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98

D. APÊNDICE D

APENDICE D

ESPECTROS DE FTIR

Na Figura E.1 até Figura E.2 são apresentados os espectros correspondentes aos resultados

dos ensaios de FTIR.

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Figura D

Figura D

Figura D

D.1 Espectro de FTIR para a amostra B4NU

D.2 Espectro de FTIR para a amostra B4NS

D.3 Espectro de FTIR para a amostra B4NO

99

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Figura D

Figura D

Figura D

D.4 Espectro de FTIR para a amostra B4IU

D.5 Espectro de FTIR para a amostra B4IS

D.6 Espectro de FTIR para a amostra B4IO

100

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101

E. APÊNDICE E

APENDICE E

GRAFICOS DE RESISTENCIA À COMPRESSAO SIMPLES

Na Figura E.1 até Figura E.2 são apresentados os resultados de compressão simples para

umidades diferentes da ótima.

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102

(a)

(b)

Figura E.1 Resistência à compressão simples (a) SNS. (b) B4S

(a)

(b)

Figura E.2 Resistência à compressão simples (a) SNS. (b) B4S

0

50

100

150

200

250

300

350

0 1 2 3

Ten

são

(kP

a)

Penetração (mm)SNNU 1 SNNU 2 SNNU 3 SNNU 4SNNU 5 SNIU 1 SNIU 2 SNIU 3SNIU 4 SNIU 5

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 1 2 3

Ten

são

(kP

a)

Penetração (mm)B4NU 1 B4NU 2 B4NU 3 B4NU 4B4NU 5 B4IU 1 B4IU 2 B4IU 3B4IU 4 B4IU 5

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

0 1 2 3 4

Ten

são

(kP

a)

Penetração (mm)SNNS 1 SNNS 2 SNNS 3 SNNS 4SNNS 5 SNIS 1 SNIS 2 SNIS 3SNIS 4 SNIS 5

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

0 1 2 3 4 5 6

Ten

são

(kP

a)

Penetração (mm)B4NS 1 B4NS 2 B4NS 3 B4NS 4B4NS 5 B4NS 6 B4IS 1 B4IS 2B4IS 3 B4IS 4 B4IS 5