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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA ALTERNATIVAS FINANCEIRAS PARA A CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: o Caso da Estação Ecológica de Águas Emendadas Ana Cláudia Domingues Casulari da Motta Dissertação apresentada ao Departamento de Economia da Universidade de Brasília para cumprimento parcial dos requisitos exigidos, visando à obtenção do título de Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira Brasília, DF 2005

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

ALTERNATIVAS FINANCEIRAS PARA A CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: o Caso da Estação Ecológica de Águas Emendadas

Ana Cláudia Domingues Casulari da Motta

Dissertação apresentada ao Departamento de Economia da Universidade de Brasília para cumprimento parcial dos requisitos exigidos, visando à obtenção do título de Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira

Brasília, DF

2005

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Dedico aos meus queridos pais:

Luiz Augusto e Lucilia

iv

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira, pelo suporte sábio, dedicação ao meu trabalho, atenção e disponibilidade de tempo (que é escassíssimo), por ter me “aberto os olhos” e mostrado um outro lado do meio ambiente, diferente da visão biológica e, sobretudo, por ter me incentivado a continuar no curso, nos momentos de desânimo, ao me dar apoio e sugerir temas de pesquisa. Também agradeço a sua paciência ao me disponibilizar um tempo, relativamente longo, para que pudesse decidir e investir no tema de trabalho de minha escolha. Ao Aylton Lopes Santos, administrador da Esecae, por me fornecer dados imprescindíveis para a realização do meu trabalho. Também agradeço a atenção com que me recebeu. Ao Paulo César Magalhães Fonseca, da Subsecretaria do Meio Ambiente - Semarh/DF, pelas sugestões e dados valiosos, disposição em me ajudar, atenção com que me recebeu e toda a ajuda que eu precisei. À Ana Cristina Gadelha Correia da Silva, da Gerência de Orçamento e Finanças da Semarh/DF, pela atenção com que sempre me recebeu e, ainda, por disponibilizar os dados e toda a ajuda que eu precisei. À Muna Ahmad Yousef e Isabel da Silva Magalhães, ambas do Centro de Vivência da Esecae, pela disponibilidade no fornecimento de dados. Mariana Antunes Valente, WWF-Brasil, pelo fornecimento de dados, esclarecimentos de dúvidas e por toda a atenção com que me recebeu. Ao Sr. José Benevenuto Estrela, diretor do Apoio Operacional – Semarh-DF, pelo fornecimento dos dados relativos a Esecae. Ao Herley José de Almeida, Chefe de gabinete do Deputado Distrital Fabio Barcellos, pelo auxílio à pesquisa, fornecimento de dados e a atenção a mim dispensada. À Ianae Cassaro, da Gerência da Unidade de Conservação de Parques Ecológicos – Semarh-DF, pela atenção e tempo a mim dispensados, nos primeiros passos da elaboração desta dissertação. À Denise Urias e Heloísa, ambas da TNC, pelo esclarecimento de dúvidas sobre a referida Ong. Ao Miguel Gonçalves, da Esecae, pela atenção e esclarecimentos de dúvidas sobre a Esecae. À Polícia Militar Ambiental e ao Corpo de Bombeiros, pelo fornecimento de dados ao meu trabalho. Aos meus pais, pela paciência, amizade, dedicação, pelas sugestões valiosas ao meu trabalho, por acreditarem e investirem em mim.

v

“Duas coisas são ilimitadas: o número de gerações pelas quais devemos nos sentir responsáveis e a nossa inventividade. A primeira nos proporciona um desafio:

alimentar e proporcionar condições satisfatórias de vida não apenas para a presente, mas para todas as futuras gerações, a partir do fluxo finito dos recursos naturais

da terra. A segunda, nossa inventividade, poder gerar idéias e políticas que nos possibilitem vencer esse desafio”.

Jan Tinbergen (1992)

vi

RESUMO

Esta dissertação tem por objetivo sugerir possíveis fontes alternativas de financiamento, cujos

recursos poderiam ser utilizados pelas unidades de conservação. A Estação Ecológica de Águas

Emendadas – Esecae – foi a unidade escolhida para esse estudo de caso, devido à sua importância

econômica, científica e ecológica e, também, por abrigar nascentes de duas grandes bacias

hidrográficas – Amazônica e Platina. Nesse estudo, foi avaliada a situação administrativa, política

e financeira da Esecae, por meio de análises de documentos referentes à Esecae, a realização de

um questionário e entrevistas com funcionários da Esecae e da Secretaria do Meio Ambiente e

Recursos Hídricos – Semarh. Constatou-se que, embora a unidade possua uma boa infra-estrutura

e um elevado número de servidores, a Esecae encontra-se ameaçada por pressões no entorno à

unidade, tais como a expansão urbana e cultura agrícola de soja. Uma possível solução para esse

problema é a captação de recursos financeiros, por meio de uma parceria do Governo do Distrito

Federal com várias entidades públicas e privadas que financiem estruturas de preservação de

biodiversidade. Nos últimos anos, a Esecae obteve recursos do Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID), Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD),

Banco de Reconstrução da Alemanha (KfW), Semarh e WWF-Brasil. Neste trabalho, sugerimos

outras fontes de financiamento para o uso da Esecae na preservação dos recursos naturais

presentes nessa unidade: (1) Recursos Públicos - federal, estadual ou local - oriundos de

programas ambientais; (2) Instituições Multilaterais e Bilaterais; (3) Participação de ONGs; (4)

Fundos Ambientais Nacionais e Internacionais; (5) Débito Convertido ou Perdão de Débito; (6)

Autofinanciamento; (7) Doações Individuais; (8) Quotas por Serviços Ambientais. Não se

enquadrariam como fontes alternativas para a Esecae os investimentos ecológicos, utilização de

convenções internacionais e incentivos fiscais. A principal contribuição do presente estudo é

provocar reflexão sobre a possibilidade de uma gestão mais eficaz e a preservação dos recursos

naturais presentes nas UCs, enfocando-se, nesse caso, a necessidade de obtenção de recursos

financeiros alternativos.

Palavras Chave: biodiversidade; preservação; unidades de conservação; financiamento; estação

ecológica de águas emendadas.

vii

ABSTRACT

The objective of this work is to suggest possible alternative financing sources, which

funds could be used by conservation units. The Águas Emendadas Ecological Station – Esecae –

was the selected unit for this case study due to its economic, scientific and ecological importance

and also for holding springs of two great hydrographic basins – Amazonian and Platina basins. In

this study, the Esacae managerial, political and financial situation has been evaluated by means of

analysis of documents and by means of a questionnaire and interviews applied to employees of

both Esacae and Environment and Hydric Resources Secretariat - Semarh. It has been verified

that, although the unit presents good infrastructure and a high number of servers, Esecae has been

threatened by outside pressures such as the urban expansion and the soybean agricultural culture.

A possible solution for this problem is the financial funding by means of a partnership of the

Federal Government with several public and private entities in the attempt of searching for

biodiversity preservation financing. In the last years, the Esecae obtained resources from the

Interamerican Development Bank (IDB), International Bank for Reconstruction and

Development (IBRD), German Reconstruction Bank (KfW), Semarh and WWF-Brazil. In this

work, we have suggested other financial sources for Esecae in the preservation of the natural

resources present in this unit: (1) Public, Federal, State or Local Resources- based on

environmental programs; (2) Multilateral and Bilateral Institutions; (3) Participation from NGOs;

(4) National and International Environmental Funds; (5) Converted Debt or Waiver Debt; (6)

Self-financing; (7) Individual Donations; (8) Shares for Environmental Services. Ecological

investments, international conventions and tax incentives would not suit as alternative financial

sources. The main contribution of the present study is to cause a consideration on the possibility

of more effective management and the preservation of the natural resources present in the

conservation units, including the necessity of obtaining alternative financial resources.

Key Words: biodiversity preservation, protected areas, financial resource for conservation,

economics of biodiversity.

viii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................................................................. x LISTA DE.QUADROS.............................................................................................................. x LISTA DE TABELAS................................................................................................................ x LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS................................................................................ xi 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 01 2. BIODIVERSIDADE E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: ASPECTOS GERAIS

2.1. Importância da Biodiversidade...................................................................................... 04 2.2. Unidades de Conservação – UCs................................................................................... 07 2.3. Principais Ameaças às Áreas Protegidas Localizadas em Outros Países...................... 12 2.4. Alternativas para Reduzir a Devastação e Perda da Diversidade Biológica................. 18

3. A ECONOMIA E AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: O USO DE INSTRUMENTOS ECONÔMICOS PARA A CONSERVAÇÃO

3.1. Custos das Áreas Protegidas.......................................................................................... 21 3.1.1. Custos Diretos....................................................................................................... 22 3.1.2. Custos Indiretos.................................................................................................... 22 3.1.3. Custos de Oportunidade........................................................................................ 24 3.2. Incentivos Financeiros para a Gestão das Áreas Protegidas.......................................... 24 3.3. Outros Instrumentos Econômicos Utilizados para a Conservação das Unidades de Conservação Brasileiras........................................................................................................ 39 3.4. Dificuldades no Financiamento das Áreas Protegidas................................................... 41

4. ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE ÁGUAS EMENDADAS (ESECAE)

4.1. Gestão e Organograma.................................................................................................. 44 4.2. Pesquisa e Atividades Educativas Ambientais Desenvolvidas na Esecae..................... 46 4.3. Caracterização................................................................................................................ 47 4.4. Descaracterização.......................................................................................................... 49

5. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

5.1. Diagnóstico da Situação da Esecae................................................................................ 51 5.2. Fontes de Financiamento............................................................................................... 52

6. A REALIDADE ATUAL DA ESECAE

6.1. Entrevista com o Administrador e Análises de Documentos........................................ 54 6.2. Despesas Financeiras..................................................................................................... 62

6.2.1. Custos Diretos....................................................................................................... 62 6.2.2. Custos Indiretos.................................................................................................... 63

6.3. Recursos Financeiros da Esecae.................................................................................... 64 6.4. Exemplos de Recursos Alternativos Recebidos em Anos Anteriores pela Esecae....... 64

ix

7. RECURSOS FINANCEIROS QUE PODERIAM SER UTILIZADOS PELA ESECAE 7.1. Financiamento Oriundo do Orçamento Público - Federal, Estadual ou Local.............. 66 7.2. Investimentos de Instituições Multilaterais e Bilaterais................................................ 68 7.3. Participação de ONGs....................................................................................................7.4. Fundos Ambientais Nacionais e Internacionais.............................................................

72 77

7.5. Débito Convertido ou Perdão do Débito....................................................................... 82 7.6. Lucro das Atividades Locais – Autofinanciamento....................................................... 83 7.7. Investimentos Ecológicos.............................................................................................. 85 7.8. Doações Individuais....................................................................................................... 85 7.9. Quotas por Serviços Ambientais................................................................................... 85 7.10. Incentivo Fiscal............................................................................................................ 86 7.11. Utilização de Convenções Internacionais.................................................................... 87 7.11. Organizações que Não se Enquadram como Agências Financiadoras para a Esecae. 88

8. CONCLUSÕES...................................................................................................................... 91 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES......................................................... 93 10. REFERÊNCIAS................................................................................................................... 95 11. ANEXO................................................................................................................................ 108

x

I. LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Categorias de Valores Econômicos Atribuídos ao Patrimônio Ambiental.................. 06

Figura 2.2 Princípios de Planejamento de Reserva com Base nas Teorias de Biogeografia de Ilhas............................................................................................................................ 11

Figura 3.1 Diferentes Fases e Custos Associados à Implementação de Áreas Protegidas de Tamanho Médio – Cerca de 600 mil hectares............................................................ 21

Figura 4.1 Localização da Estação Ecológica de Águas Emendadas e Rodovias do Entorno.... 45

Figura 4.2 Zona Nuclear da Estação Ecológica de Águas Emendadas........................................ 50

II. LISTA DE QUADROS Quadro 2.1 Classificação das Unidades de Conservação............................................................ 08

Quadro 2.2 Ameaças às Áreas de Preservação............................................................................ 13

Quadro 2.3 Razões de Insucesso das Áreas de Preservação Ambiental...................................... 14

Quadro 3.1 Possibilidades de Financiamento.............................................................................. 42

Quadro 7.1 Objetivos do PNMA - fases 1 e 2............................................................................. 67

Quadro 7.2 Metas Ambientais do Brasil, em Consonância com o Bird, para um País mais Sustentável................................................................................................................ 69

Quadro 7.3 Possibilidades de Financiamento de ONGs.............................................................. 77

Quadro 7.4 Possibilidades de Financiamento de Fundos Ambientais e Internacionais.............. 82

Quadro 7.5 Classificação das Fontes de Financiamento que Poderiam ser Implantadas na Esecae........................................................................................................................ 87

III. LISTA DE TABELAS Tabela 6.1 Custo Anual de Manutenção da Esecae nos Anos 2001 e 2004............................ 63

Tabela 6.2 Financiamento de Agências Financeiras em Projetos Envolvendo a Esecae......... 64

xi

IV. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APM Área de Proteção de Manancial ARPA Áreas Protegidas da Amazônia BEI Banco Europeu de Investimentos BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento Caesb Companhia de Saneamento do Distrito Federal CAF Corporação Andina de Fomento CDB Convenção da Diversidade Biológica CI-Brasil Conservação Internacional do Brasil CIDA Canadian International Development Agency CNPq Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico CODEPLAN Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente DF Distrito Federal DFID Department for International Development DGIS Directoraat-Generaal Internationale Samenwerking Esecae Estação Ecológica de Águas Emendadas Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FAP Fundo de Áreas Protegidas FAP-DF Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal FBPN Fundação O Boticário de Proteção à Natureza Finatec Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos Finep Empresa Financiadora de Estudos e Projetos FNMA Fundo Nacional do Meio Ambiente Fonama Fondo Nacional para el Medio Ambiente Fonplata Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata Fumin Fundo Multilateral de Investimentos Funam Fundo Único do Meio Ambiente do Distrito Federal Funatura Fundação Pró-Natureza Funbio Fundo Brasileiro para a Biodiversidade GEF Global Environment Facility GTZ Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (Agência Técnica Alemã) Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ICDP Projetos Integrados de Conservação e Desenvolvimento ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IDRC International Development Research Centre Iema Instituto de Ecologia e Meio Ambiente do Distrito Federal IFC International Finance Corporation IIED International Institute for Environment and Development IPN Instituto do Patrimônio Natural ITTO International Tropical Timber Organization JBIC Japan Bank for International Cooperation JICA Japan International Coorperation Agency KfW Kreditanstal Für Wiederaufbau (Banco de Reconstrução da Alemanha)

xii

MMA Ministério do Meio Ambiente NORAD Norwegian Agency for Development Cooperation ONG Organização Não-Governamental PNMA Programa Nacional do Meio Ambiente PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PPG-7 Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil Prevfogo Sistema Nacional de Preservação e Combate a Incêndios Florestais Probio Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira Pró-carnívoros Associação para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais Pronabio Programa Nacional da Diversidade Biológica Pronanpe Fondo Nacional para Áreas Naturales Protegidas por el Estado Pronaturaleza Fundación Peruana para la Conservación de la Naturaleza RA Região Administrativa RBC Reserva da Biosfera do Cerrado RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural SDC Swiss Agency for Development and Cooperation Semarh Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos Sematec Secretaria do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia Siágua Sinopse do Sistema de Abastecimento de Água SIDA Swedish International Development Cooperation Agency SME Small and Medium Enterprises SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação TCDF Tribunal de Contas do Distrito Federal TNC The Nature Conservancy UC Unidade de Conservação UICN União Internacional para a Conservação da Natureza UNDP United Nations Development Programme UNEP United Nations Environment Programme Unesco Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura USAID United States Agency for International Development VAF Valor Agregado Fiscal VET Valor Econômico Total WCMC World Conservation Monitoring Center WCPA World Commission on Protected Areas WWF World Wild Fund

1

1. INTRODUÇÃO

A importância dos recursos naturais é praticamente um consenso entre os pesquisadores, na

medida em que gera benefícios sociais e econômicos: alimentos, vestuário, ecoturismo e pesquisa

biotecnológica. Sua preservação é, também, essencial para o equilíbrio populacional das espécies

presentes nos ecossistemas e para a regularidade climática do planeta. Por conta disso,

recentemente, novas unidades de conservação - UCs - foram criadas pelo governo federal,

elevando o número de áreas protegidas federais no país para 651 (IBAMA, 2004). Elas buscam

promover o manejo de uso múltiplo dos recursos florestais, a manutenção das espécies nativas e

aumentar a proteção aos recursos naturais. Esses recursos são ameaçados, constantemente, pela

ocupação urbana, agropastoril e pecuária, além do problema da biopirataria.

Uma dúvida, porém, surge: a criação e a delimitação da unidade seriam suficientes para a

eficácia da preservação da biodiversidade? Caso negativo, quais as principais ameaças às áreas

protegidas e que poderiam comprometer a integridade dos recursos naturais presentes na

unidade? Quais seriam as causas: institucionais - legislação insuficiente - administrativa ou

financeira? Dependendo da unidade, todos esses fatores poderiam influenciar negativamente a

sua gestão, o que, na verdade, acontece na maioria dos casos. Em algumas unidades, no entanto, a

causa do problema é externa à unidade em si, originárias nos hábitos e tradições da comunidade

do entorno e, também, do alto retorno financeiro da utilização dos recursos naturais presentes

nessas áreas.

Dados esses problemas, o que fazer? É certo que a melhora de apenas uma variável -

reformulação legislativa, capacidade administrativa, aumento da fiscalização ambiental e do

repasse governamental ou projetos de educação ambiental na comunidade do entorno - não

aumentaria, necessariamente, a eficácia de gestão da unidade, garantindo, conseqüentemente, a

conservação integral da biodiversidade presente nela. Não obstante, a mudança de pelo menos

uma dessas variáveis poderia garantir mudança significativa na capacidade de gestão da unidade.

O ideal seria a adoção de medidas que interfiram em diversas variáveis.

Uma medida seria aumentar a arrecadação de recursos financeiros para a unidade, o que

possibilitaria o aumento do número de funcionários, compra e manutenção de equipamentos e

veículos de fiscalização, compensações financeiras para a substituição de recursos naturais por

2

produtos inorgânicos e investimentos em projetos de educação ambiental com a comunidade do

entorno.

A maioria das unidades de conservação brasileiras, no entanto, não recebe recursos

financeiros suficientes para sua manutenção, mesmo considerando os programas ambientais

federais - PNMA e Pronabio1. Surge, então, uma dúvida: as áreas protegidas brasileiras não

estariam utilizando seus recursos de modo eficiente ou, realmente, não estariam recebendo

recursos financeiros suficientes para a conservação eficaz da biodiversidade presente nela? Onde

conseguir recursos financeiros alternativos aos financiamentos governamentais? Esses recursos se

aplicariam a todos os tipos de unidades de conservação?

O objetivo da presente dissertação é identificar possíveis fontes alternativas de

financiamento para as UCs, em especial, para a Estação Ecológica de Águas Emendadas -

Esecae. Essa unidade está localizada no Distrito Federal. Trata-se de uma UC de proteção

integral, que abriga uma rica biodiversidade de espécies do bioma Cerrado e abastece de água

duas cidades satélites do Distrito Federal. Essa unidade também é conhecida por ocorrer o

fenômeno da união de duas grandes bacias hidrográficas - Amazônica e Platina.

Nessa dissertação, buscou-se também avaliar a situação administrativa e financeira da

Esecae, procurando-se respostas para algumas perguntas: a Esecae recebe - ou já recebeu -

recursos financeiros de agências de financiamento? Esses recursos seriam suficientes para a

manutenção da unidade e, também, para o financiamento de novos projetos? Que outros tipos de

financiamento ela poderia receber, considerando-se que é uma estação ecológica - unidade de

proteção integral - e que, portanto, não pode arrecadar fundos para a utilização sustentável de

seus recursos naturais?

A presente dissertação é composta por sete capítulos, incluindo esta Introdução. No

segundo capítulo aborda-se a importância da biodiversidade e das unidades de conservação. Faz-

se uma análise das principais ameaças às áreas protegidas e são identificadas algumas atividades

alternativas para reduzir a devastação e a perda da diversidade biológica nessas áreas.

No terceiro capítulo, analisa-se o uso de instrumentos econômicos para a conservação das

unidades de conservação. São discutidos os custos decorrentes da criação e manutenção dessas

áreas. Além disso, são identificadas fontes de financiamento para a gestão das áreas protegidas

brasileiras e as do exterior. Nesse levantamento são analisadas as vantagens e desvantagens de

1 PNMA – Programa Nacional do Meio Ambiente; Pronabio: Programa Nacional da Diversidade Biológica

3

dez fontes de recursos financeiros: orçamento público - federal, estadual ou local, instituições

multilaterais e bilaterais, participações de ONGs, fundos ambientais nacionais e internacionais,

débito convertido e perdão do débito, autofinanciamento, investimentos ecológicos, doações

individuais, quotas por serviços ambientais e incentivo fiscal. Também, são analisadas as

dificuldades de financiamento.

No quarto capítulo analisa-se a Estação Ecológica de Águas Emendadas - Esecae - sob o

enfoque administrativo e verifica-se a importância ecológica, científica e econômica da UC para

a região. No quinto capítulo, com o objetivo de fazer um diagnóstico da situação da UC,

descrevem-se os métodos e procedimentos utilizados para identificar as principais ameaças à

integridade dos recursos naturais presentes na Esecae. Em continuação, no sexto capítulo discute-

se a realidade atual da Esecae, enfocando-se a capacidade política institucional e o envolvimento

da comunidade do entorno nas atividades desenvolvidas na unidade. Efetuou-se, também, um

levantamento que identificou os custos de manutenção da Esecae e a arrecadação de recursos

financeiros recebidos através de agências de financiamento.

No sétimo capítulo sugerem-se fontes de financiamento que poderiam ser contatados pela

Esecae para investir na sua unidade, sobretudo, do ponto de vista da sua capacidade

administrativa. Dentre essas fontes, são identificadas, também, as organizações que não se

enquadram como agências financiadoras para a Esecae. No capítulo oito, são apresentadas as

conclusões do trabalho e, finalmente, no capítulo nove, são analisadas as conseqüências dos

resultados apresentados para a política pública. Discute-se, também, a importância deste trabalho

para o meio científico e para a gestão das UCs e, ainda, sugerem-se recomendações de pesquisas

futuras.

4

2. BIODIVERSIDADE E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO:

ASPECTOS GERAIS

2.1. Importância da biodiversidade

O Brasil abriga cerca de 14% da diversidade de espécies conhecidas pela ciência

(LEWINSOHN & PRADO, 2000), sendo grande parte dessa biodiversidade exclusiva do

território brasileiro (MMA, 1998, GEOBRASIL, 2002). Estima-se que 20 a 22% das espécies de

flora do mundo estão no Brasil; no caso da fauna, estão presentes nos limites brasileiros: 10% das

espécies de mamíferos e anfíbios, 17% de aves e 27% de mamíferos (MMA, 1998). O Brasil

ocupa os primeiros lugares nas listagens mundiais de diversidade biológica, tanto em relação à

flora quanto à fauna (GEOBRASIL, 2002)2 e a segunda posição no número de espécies

endêmicas (MITTERMEIER et al., 1997).

Além da diversidade genética e de espécies, o Brasil detém, também, uma grande variedade

de ecossistemas (MMA, 1998). Biomas como o cerrado e a caatinga, cujas condições climáticas e

de solo não favorecem a incidência de espécies variadas, possuem uma das maiores diversidades

de espécies de fauna e flora do mundo, comparando-se com regiões de outros países detentoras

das mesmas condições. Ainda assim, há muitas espécies a serem descobertas e estudadas,

sobretudo na caatinga, no pantanal brasileiro (LEWINSOHN & PRADO, 2000) e no cerrado.

Para conservar essa megabiodiversidade, há no Brasil 651 UCs federais, que abrangem cerca de

6,63% do território nacional (IBAMA, 2004).

As áreas protegidas são importantes tanto do ponto de vista ecológico quanto social. No

primeiro caso, essas áreas mantêm a diversidade e a variação genética de espécies dos

ecossistemas e dos processos ecológicos essenciais. Estudos recentes indicam que, mesmo

mantendo as condições ideais, a floresta regenerada possui um panorama genético extremamente

pobre, não possuindo a mesma riqueza de espécies. Além disso, os recursos naturais presentes

nas áreas protegidas mantêm o equilíbrio climático, seqüestram carbono e, ainda, protegem o solo

e a qualidade das águas dos mananciais, mantendo-as com poucos sedimentos e sem poluentes

2 O Brasil ocupa o primeiro lugar na listagem mundial de espécies, com os seguintes grupos: mamíferos, peixes dulcícolas, plantas superiores e insetos; o segundo, em riqueza de anfíbios; o terceiro, em aves; e o quinto, em répteis.

5

(DIXON & SHERMAN, 1991; FONSECA et al., 1997; CIFUENTES et al., 2000; WWF

Internacional, 2003; WCMC, 2001a).

Sob o ponto de vista social, as áreas protegidas mantêm a beleza cênica do lugar e

conservam o estoque de material genético e a quantidade de espécies de fauna e flora

economicamente importantes ao homem, tais como: plantas medicinais, recursos alimentícios,

entre outras. Os recursos naturais presentes nessas áreas, além de fornecerem informações

genéticas para o meio científico, são também importantes para o bem-estar social, pois podem ser

aplicados como alternativas educacionais e recreativas. Além disso, fornecem benefícios para as

economias locais e nacionais, por meio de turismo ecológico, produção de medicamentos e

rendimentos do uso sustentável dos recursos naturais (DIXON & SHERMAN, 1991; IUCN, 1993

apud BISHOP et al., 1995; MMA, 1998; CIFUENTES et al., 2000, WCMC, 2001a). 3

As áreas protegidas são importantes, também, como bens de não consumo, do ponto de

vista histórico/cultural e como valor de existência. Quanto ao primeiro, as áreas protegidas

preservam as características históricas e culturais das populações tradicionais locais e o seu bem-

estar (DIXON & SHERMAN, 1991; CIFUENTES et al., 2000). Em alguns países, a preservação

dessas unidades é fonte de orgulho nacional e inspiração para a comunidade local (CIFUENTES

et al., 2000). Muitos pesquisadores e ambientalistas atribuem mais uma importância para a

conservação das áreas protegidas, que é a de trazer benefícios para as gerações futuras. Em vista

de conservar essas áreas, eles atribuem valor de opção e valor de quase-opção aos benefícios dos

recursos naturais presentes nas áreas protegidas para uso vindouro (DIXON & SHERMAN,

1991). O valor de opção considera a possibilidade de benefícios - diretos ou indiretos - para a

sociedade no futuro com o conhecimento atual. Porém, o valor de quase-opção depende de nosso

conhecimento científico para identificar usos futuros alternativos de um recurso ambiental para as

possíveis futuras gerações4 (MOUNTFORD & KEPPLER, 1999; NOGUEIRA et al., 2000).

Os valores de opção e quase-opção fazem parte do cálculo do Valor Econômico Total -

VET - da biodiversidade presente nas áreas protegidas. O VET é estimado e representa a

importância da biodiversidade em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia. O 3 O setor da agroindústria, por exemplo, que se beneficia dos recursos genéticos, contribui com 40% do Produto Interno Bruto - PIB - brasileiro; enquanto o setor florestal e o pesqueiro contribuem com, respectivamente, 4% e 1% do Pib nacional. Ainda mais, a extração de recursos naturais gera empregos; o extrativismo vegetal e a pesca empregam mais de 3 milhões de pessoas (MMA, 1998). 3 Os recursos genéticos são alguns dos exemplos de produtos naturais utilizados em pesquisas tecnológicas. Esses genes são fontes de dados importantes para o desenvolvimento de muitos experimentos de biotecnologia genética (Perman, 1999).

6

VALOR ECONÔMICO DA BIODIVERSIDADE

Valores de Não-Uso

Direto Opção Indireto

Produção que é consumida diretamente

pela sociedade

Existência

Conhecimento de existência continuada

ou que as gerações futuras

desfrutariam dos benefícios

Benefícios que conservam os recursos naturais presentes nas

áreas protegidas e, indiretamente, trazem benefícios para a sociedade

Benefícios - diretos e indiretos -

para as gerações futuras com o

conhecimento atual

Quase-Opção

depende da ciência para identificar a

importância de um recurso ambiental

para as futuras gerações

Valores de Uso

cálculo desse valor compreende, além dos valores de quase-opção e opção, os benefícios de uso

direto e indireto para a sociedade no presente e, ainda, o valor de não-uso (existência) (PEARCE

& MORAN, 1994; MOUNTFORD & KEPPLER, 1999; NOGUEIRA et.al., 2000), conforme

mostra a Figura 2.1.

Figura 2.1: Categorias de valores econômicos atribuídos ao patrimônio ambiental. Fonte: Barbier apud Mountford & Keppler (1999); Turner et al. (2003), com adaptações.

Os valores de uso consistem em elementos que trazem benefícios diretos ou indiretos para a

sociedade atual. O valor de uso direto consiste em bens consumíveis ou utilizados diretamente

pela sociedade, como fonte de alimento, vestimenta, uso da casa, ecoturismo, recreação,

produção de medicamentos e melhoria de produtos agropecuários (SPELLERBERG, 1994;

MOUNTFORD & KEPPLER, 1999). Já, os valores de uso indireto trazem benefícios

econômicos indiretos à sociedade, sobretudo na indústria farmacêutica, uma vez que os remédios

podem ser produzidos a partir de sítios ativos de espécies vegetais (NORTON, 1997).

O valor de não-uso, no entanto, consiste em elementos que visam ao bem-estar dos próprios

recursos naturais (MARQUES & COMUNE, 1995). O cálculo desse valor consiste em quanto as

pessoas estariam dispostas a pagar pela existência e conservação de uma área protegida, mesmo

considerando uma área cuja probabilidade delas usufruírem desses recursos seja pequena ou nula

(PEARCE & TURNER, 1990, MOUNTFORD & KEPPLER, 1999; NOGUEIRA &

MEDEIROS, 1999). Esse valor é classificado em valor de existência e de legado. O primeiro

consiste na satisfação das pessoas em ter conhecimento da existência de algumas espécies de

7

animais, assim como de seu hábitat (NOGUEIRA et. al., 2000); já, o de legado visa conservar o

meio ambiente para o seu uso pelas gerações futuras (MOUNTFORD & KEPPLER, 1999).

Na prática, o cálculo do VET tem tido conseqüências importantes para a conservação dos

bens ou serviços ambientais relacionados (PEARCE & TURNER, 1990; FREEMAN III, 1993).

Esse valor estimado pode enfatizar a importância da biodiversidade para a sociedade e órgãos

governamentais e, até mesmo, facilitar intervenções políticas e econômicas - por exemplo,

indenizações - para pessoas que dependem de serviços oferecidos de uma unidade de

conservação, no caso de danos aos recursos naturais presentes nessas áreas.

2.2. Unidades de Conservação (UCs)

Essas unidades são espaços instituídos pelo Poder Público que têm por objetivo a

conservação dos recursos naturais, incluindo os mananciais, ou que possuam características

naturais relevantes (BRASIL, 2000)5. Segundo o grau de proteção que exercem nos recursos

naturais, as UCs são classificadas em dois grupos: uso sustentável e de proteção integral (Quadro

2.1). Aquelas pertencentes ao grupo de uso sustentável, também denominadas UCs de uso direto,

compatibilizam a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais. Essas

unidades, por sua vez, são classificadas em sete tipos. Já, as unidades de proteção integral,

também denominadas de UCs de uso indireto, têm por objetivo a preservação dos recursos

naturais e admitem apenas o uso indireto dos seus recursos; existem cinco tipos dessa UC

(BRASIL, 2000).

O Quadro 2.1. relaciona, também, as categorias de classificação das UCs, sugeridas pelo

União Internacional para a Conservação da Natureza - UICN6 (IUCN, 2003, MORSELLO,

2001), assim definidas: Ia: área de proteção manejada para fins científicos - reserva natural

estrita; Ib: área de proteção manejada para a proteção da vida silvestre - área silvestre; II: manejo

de áreas protegidas para a proteção dos ecossistemas e recreação - parque nacional; III: manejo

de áreas protegidas para a conservação de recursos naturais específicos - monumento natural; IV:

manejo de área protegida

4 Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). 6 As seis categorias de classificação da UICN foram reorganizadas no IV Congresso Mundial de Parques Nacionais e Áreas Protegidas ocorrido em Caracas, no ano de 1992.

8

Quadro 2.1: Classificação das Unidades de Conservação

Grau de Proteção

Unidades de Conservação Descrição Propriedade UICN

Área de Proteção Ambiental (APA)

Áreas geralmente grandes e públicas que, quando zoneadas, são reguladas para permitir o uso sustentável dos recursos naturais e, também, manter a qualidade ambiental.

Pública/privada: federal, estatal ou municipal. V

Área de Relevante Interesse

Ecológico (ARIE)

Áreas geralmente pequenas com características naturais extraordinárias, mas quase não há presença humana. Podem, também, ser áreas que possuem espécies endêmicas.

Pública/privada: federal, estatal ou municipal. V

Floresta Nacional (FLONA)

Áreas do domínio público, criadas para atividades do desenvolvimento econômico, técnico e social, incluindo atividades de pesquisa e uso sustentável da floresta.

Pública: federal, estatal ou municipal. VI

Reserva Extrativista (RESEX)

Áreas extrativistas, utilizadas pelas comunidades tradicionais como seus meios de subsistência e sobrevivência. O objetivo é assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da reserva.

Pública: federal, estatal ou municipal VI

Reserva de Fauna

Uma área natural com populações de espécies de fauna terrestre e aquática residentes e migrantes. São permitidas pesquisas científicas e atividades para finalidades econômicas.

Pública: federal, estatal ou municipal. VI

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável

Área natural que abriga uma população nativa, que possui uma tradição de uso sustentável dos recursos naturais.

Pública: federal, estatal ou municipal.

VI

Uso Sustentável (proteção

parcial dos atributos naturais)

Reserva Particular do Patrimônio

Natural (RPPN)

Representam áreas naturais bem-conservadas e reconhecidas por lei, que são protegidas pela iniciativa dos seus proprietários. A lei permite que essas áreas sejam usadas para o turismo, a recreação ou a pesquisa, e para extração limitada.

Proprietários individuais ou incorporados II, I a

Estação Ecológica (EE)

Representa os ecossistemas brasileiros, com limitações severas no uso. São apenas realizadas atividades de pesquisa, educação ambiental e as visitas são monitoradas

Pública: federal, estatal ou municipal. I a

Reserva Biológica (REBIO)

Áreas que agem como refúgios para valores nacionais como a biodiversidade, permitindo somente atividades de pesquisa e a educação ambiental

Público: federal, estatal ou municipal.

I b, I a

Parque Nacional (PARNA)

Geralmente são áreas grandes com características excepcionalmente naturais. São reservadas atividades para a educação ambiental, pesquisa e outras atividades de monitoramento para a não-degradação ambiental.

Pública: federal, estatal ou municipal. II

Monumento Natural

Visa proteger paisagens locais raras ou belezas cênicas grandes.

Pública/privada: federal, estatal ou municipal.

III

Proteção Integral aos

atributos naturais

Refúgio de Vida Silvestre

Proteção dos ambientes naturais, que garantem condições para a reprodução da espécie e/ou as comunidades presentes no local ou a migração de flora e fauna.

Pública/privada: federal, estatal ou municipal. III

Fonte: BRASIL (2000), IUCN (2003).

9

marinha protegida; VI: manejo de áreas protegidas para o uso sustentável dos ecossistemas

naturais - manejo dos recursos das áreas protegidas.

O número e a área total de unidades de conservação federais aumentaram de forma contínua

nas últimas três décadas. As taxas de crescimento foram, respectivamente, cerca de 673% e

2642,2%, entre os anos de 1970 e 2000 (GEOBRASIL, 2002). Essa preocupação com o meio

ambiente também vem sendo estabelecida em outros países. Até recentemente, os parques eram

vistos como limitadores de oportunidade de desenvolvimento econômico e a criação deles era

ativamente combatida por madeireiros, mineradores e proprietários de terra (TERBORGH &

VAN SCHAIK, 2002). Atualmente, no entanto, há tendência ao aumento das áreas protegidas,

sobretudo aquelas para fins recreativos (TERBORGH & SCHAIK, 2002). Na América Central,

houve um aumento de 900% das áreas silvestres, incluindo as reservas indígenas, entre os anos de

1970 e 1987 (MORALES & CIFUENTES, 1989 apud CIFUENTES et. al., 2000). No entanto,

ainda hoje, a criação de parques é discutida em alguns países, em especial, no congresso norte-

americano (TERBORGH & VAN SCHAIK, 2002).

Apesar do aumento do número de UCs, elas não têm sido instrumentos eficazes na

conservação da biodiversidade. Um dos motivos de base técnica para essa ineficácia é o montante

das áreas ser insuficiente para a proteção integral por bioma, dada as grandes dimensões do

território e a diversidade de ecossistemas do Brasil (MAURY, 2002). O número insuficiente de

UCs acelera a extinção de espécies endêmicas, que são importantes para o equilíbrio dos

ecossistemas da região e que, também, poderiam ser fonte de material genético para as pesquisas

biotecnológicas.

Um outro problema relacionado à baixa efetividade das áreas protegidas diz respeito à sua

configuração. Muitas dessas áreas são tão pequenas que não satisfazem algumas espécies como,

por exemplo, os carnívoros e outros grandes mamíferos que requerem grandes áreas para a sua

sobrevivência (NEWMARK, 1995 apud TERBORGH & VAN SCHAIK, 2002). Em base à

teoria do equilíbrio de biogeografia insular, reservas maiores alojam um maior número de

espécies e, também, minimizam os efeitos de borda7 e as taxas de extinção (MORSELLO, 2001,

PRIMACK & RODRIGUES, 2002).

7 O efeito de borda é um processo, cujas áreas limítrofes de uma unidade protegida fazem fronteira com um ambiente não-florestal. O microambiente numa borda desse fragmento de área protegida é diferente daquele do interior da floresta e isso pode levar à extinção muitas espécies dos fragmentos da floresta. A mudança da luminosidade, temperatura, umidade e vento são alguns dos efeitos de borda. Isso compromete o bem-estar de algumas espécies de

10

Além da questão do tamanho das UCs, discute-se a melhor extensão e forma dessas

unidades. Outros aspectos como a proximidade e o isolamento de áreas protegidas, além do

número de reservas, interfere na redução ou aumento da diversidade biológica nessas UCs. A

Figura 2.2 sugere padrões de paisagem para um melhor planejamento das áreas de conservação

para a proteção da diversidade biológica.

Com base nessa figura, sugere-se que a proteção de uma UC torna-se ainda mais eficaz

quando compreende um ecossistema completo - lago ou cordilheira - uma vez que o dano a uma

parte não protegida poderia ameaçar as espécies da área protegida e, também, a saúde da

população que depende dos recursos naturais presentes nessa unidade. Sugere-se, ainda, que essas

áreas não sejam subdivididas em partes, mesmo por estradas, porque podem coibir a dispersão de

algumas espécies e, até mesmo, causar danos à vida dos animais com os atropelamentos. No

entanto, se a área necessitar de subdivisões, sugere-se que a distribuição das partes seja

eqüidistante uma das outras, para facilitar imigrações e re-colonizações. Ainda, se possível,

sugere-se que essas unidades separadas pudessem ser conectadas por faixas de ambiente

protegido ou por corredores ecológicos, o que facilitaria a dispersão de espécies sedentárias. Os

impactos do efeito borda são reduzidos em áreas que possuem forma circular, onde o centro

dessas áreas encontra-se mais distante das bordas do que qualquer outra forma (MORSELLO,

2001, PRIMACK & RODRIGUES, 2002, RODRIGUES et. al., 2002).

As UCs, além de apresentar problemas relacionados ao seu tamanho e número, também

enfrentam escassez de recursos financeiros e humanos, o que contribui para a sua ineficácia

quanto ao papel de preservação. Somente 8,6% dessas áreas estão razoavelmente implementadas,

enquanto as demais estão minimamente ou não estão implementadas. Além disso, 28% das

unidades não possuem uma infra-estrutura adequada e regularizada e, algumas dessas, não

possuem sequer sede administrativa. O fato é que a maioria das UCs de todas as regiões

brasileiras encontra-se em situação precária e apresenta problemas diferentes. Enquanto a região

norte enfrenta o problema da falta de funcionários e equipamentos, na região sul, nenhuma UC

possui planos de manejo (SÁ & FERREIRA, 1999). Além desses problemas, as unidades

existentes estão mal distribuídas nos biomas brasileiros, considerando as categorias de manejo, a

fauna, tais como os anfíbios, que são sensíveis à umidade. A diminuição da umidade reduz a possibilidade de sobrevivência desses animais (PRIMACK & RODRIGUES, 2002).

11

Pior Melhor (A)

Ecossistema parcialmente protegido

Ecossistema

completamente protegido

(B) Reserva menor

Reserva maior

(C)

Reserva fragmentado

Reserva nãofragmentada

(D)

Menos Reservas

Mais reservas

(E)

Reservas Isoladas

Reservas com corredores

F)

Reservas Isoladas

“Pontes” facilitam o

movimento (G)

Habitat uniforme protegido

Habitats diversificados

(montanhas, lagos, florestas) protegidos

(H)

Formato Irregular

Formato da reserva é próximo ao

circular (menos efeitos de borda)

(I) Somente

grandes reservas

Mistura de reservas grandes

e pequenas (J)

Reservas manejadas individualmente

Reservas manejadas

regionalmente

(K)

Pessoas excluídas

Integração social:

zonas tampão

Figura 2.2: Princípios de planejamento de reserva com base nas teorias de biogeografia de ilhas. Fonte: Shafer (1997) apud Primack & Rodrigues (2002)

Rio

300 ha de reserva

300 ha de reserva

100 ha interior

Pare

12

representação geográfica das regiões e estados, o tamanho das unidades e, também, a

representatividade da heterogeneidade regional do bioma. Essa má distribuição dificulta o

cumprimento da preservação da biodiversidade, principalmente das espécies ameaçadas de

extinção (SÁ & FERREIRA, 1999; MAURY, 2002).

2.3. Principais ameaças às áreas protegidas localizadas em outros países

Os problemas presentes nas áreas de proteção brasileira estendem-se para áreas localizadas

em outros países. Mais de 11% das áreas protegidas na superfície terrestre estão abaixo das

expectativas de conservação da biodiversidade. Isso se deve, sobretudo, ao desenvolvimento

econômico urbano, por meio da ocupação da área pela prática da agropecuária, com as plantações

de pasto e produtos economicamente importantes e, também, expansão urbana - crescimento

natural e migração - fogo, caça ilegal da fauna selvagem e operações - legais e ilegais - de corte

de madeira (WWF Internacional, 2004; BRUNER et al., 2001, DOUROJEANNI, 1997a).

Além dessas ameaças comuns na maioria das áreas de preservação, há danos que não são

imediatamente visíveis no ambiente. Por exemplo, a poluição do ar emitida por fábricas próximas

às áreas de preservação em um primeiro momento pode provocar um dano não muito grave.

Porém, por ser gradual e intensa, pode comprometer o equilíbrio ecológico dos ecossistemas

(WWF Internacional, 2000). As principais ameaças ao equilíbrio das áreas de proteção foram

classificadas por Dudley & Stolton (1999) em três níveis, conforme mostra o Quadro 2.2.

As três maiores ameaças às áreas protegidas, de acordo com um estudo realizado em

parques tropicais de três continentes e, um outro, na América Latina, são: caça ilegal, invasão por

agricultura e exploração madeireira (DUGELBY & LIBBY, 1998 apud TERBORGH &

SCHAIK, 2002). Em ambos estudos, a caça ilegal é a principal ameaça aos parques tropicais. As

outras ameaças - pastoreio, construção de rodovias, mineração - aparecem, também, mas são

menos freqüentes.

É certo que a maioria das áreas protegidas é ineficaz no cumprimento do seu papel

conservacionista, mas como justificar a alta freqüência de caça nessas áreas? A precária

fiscalização é um fator importante. Associada a isso, a falta de consciência ambiental, os conflitos

com as populações residentes no seu interior e a expansão urbana têm sido alguns dos fatores

13

Quadro 2.2: Ameaças às áreas de preservação Nível de ameaça Tipos de ameaça

Atividade de caça Coleta excessiva de espécies para fins alimentícios ou medicinais Coleta para o comércio de animais e plantas ornamentais Extração de madeira (aumento do valor comercial das espécies de árvores) Extração de madeira para necessidades locais

Alguns elementos das áreas de preservação são coletados sem prejudicar a estrutura do bioma

Mineração Poluição (ar, agroquímica, solo) Cobertura da área com pasto Atividade recreativa excessiva (turismo irresponsável) Seleção de madeiras nobres Introdução de espécies exóticas Extração de minérios e combustíveis fósseis próximos ou no interior das áreas de preservação

Empobrecimento global da ecologia das áreas de proteção

Ação militar e impacto dos refugiados (guerra) Invasões antrópicas e colonizações Desenvolvimento de infra-estruturas (rodovias, trilhos, canais) Indústrias extrativas (minério) Sistemas energéticos (hidrelétrica) Derrubada de madeira e/ou limpeza da área utilizando fogo

Conversão e degradação

Mudança climática Fonte: DUDLEY e STOLTON (1999)

diferenciais na caça predatória (DUDLEY & STOLTON, 1999; WWF-Internacional, 2000;

WWF-Internacional, 2004). Isso ocorre porque a sociedade não considera as áreas de preservação

importantes para o seu bem-estar; muito pelo contrário, são áreas que restringem o uso de

recursos existentes pela população local e podem inibir a ocupação das populações residentes.

Além disso, a gestão das áreas protegidas e, até mesmo, a política de preservação ambiental são

razões do insucesso dessas unidades ambientais. Outros fatores, como a pobreza, a falta de

crescimento econômico sustentado e o alto consumo de produtos agro-industriais pela população

também aceleram a destruição dos recursos naturais e da biodiversidade (DUDLEY &

STOLTON, 1999; WWF-Internacional, 2000; 2004). Todos esses elementos contribuem para a

ineficácia das áreas protegidas e estão elencados no Quadro 2.3.

O pequeno apoio nacional é justificado pela desinformação da sociedade e dos

governantes sobre os benefícios das áreas protegidas. A visão antropocêntrica da comunidade,

que vê essas áreas como um lugar de preservação remota da vida silvestre e sem qualquer valor

para o bem-estar da sociedade, inibe a obtenção de recursos humanos e financeiros para as UCs8

7 Vale lembrar, no entanto, conforme foi visto anteriormente, que essas áreas além de serem importantes em termos ecológicos, trazem benefícios econômicos para a sociedade. Além disso, a manutenção da biodiversidade presente nessas áreas é responsável pelo equilíbrio climático e indiretamente contribuem para o bem-estar da sociedade (p.3 desta dissertação).

14

Quadro 2.3: Razões do insucesso das áreas de preservação ambiental Principais Causas Razões

Consciência da sociedade quanto à importância das áreas protegidas Conflitos com a população local Apoio nacional fraco para as

áreas de conservação Falta envolvimento dos residentes locais na implantação desses planosConflitos com populações residentes Vontade política Recursos financeiros insuficientes e não-seguros Ausência de planos de manejo Ausência/precários limites de fronteiras das áreas de preservação

Capacidade política

Conflitos com outros órgãos governamentais Carências de comunicação entre os gestores ambientais Capacidade institucional inadequada Gestão limitada (meramente preservacionista) Capacidade institucional

Carência de uma equipe especializada Fonte: DUDLEY e STOLTON (1999); SALGADO (2000); WWF Internacional (2000; 2004).

(LUSIGI, 1992 apud SALGADO, 2000). Essa restrição aos investimentos nas unidades é um dos

motivos para conflitos entre essa população e os administradores das UCs.Isso ocorre porque os

recursos financeiros do tesouro nacional devem ser divididos entre os interesses sociais da

população local e os de conservação das áreas protegidas (DOUROJEANNI, 1997a; WELLS et

al., 1992 e GURUNG, 1992 apud SALGADO, 2000). Essa situação inibe o envolvimento da

população local na conservação das áreas protegidas. Isso prejudica a integridade dessas áreas,

porque muitos dos residentes locais extraem produtos das UCs, sobretudo quando não existe uma

fiscalização adequada no local (TERBORGH & PERES, 2002).

Como se não bastasse a ameaça da comunidade do entorno, metade das áreas protegidas no

mundo possui populações residentes em seu interior. A questão torna-se mais complexa quando

os ocupantes são populações indígenas, cujas áreas de ocupação são reconhecidas pelo governo e

possuem respaldo na legislação (TERBORGH & PERES, 2002). Acontece que quaisquer pessoas

- indígenas ou não - causam um certo dano ao meio ambiente e esse distúrbio varia com a

intensidade, freqüência, tipo de atividade realizada e número de pessoas presentes na área

(MORSELLO, 2001, TERBORGH & PERES, 2002). Esse dano pode ser conseqüência, por

exemplo, da caça, pesca e comercialização dos recursos naturais (TERBORGH & PERES, 2002).

Cabe ao governo averiguar a situação e o grau de impacto humano às áreas protegidas e

propor alternativas. Uma dessas soluções é compensar os custos de oportunidade das atividades

perdidas após a criação das UCs (BROCKELMAN et al., 2002), que será visto com mais

detalhes no próximo capítulo. Uma outra alternativa é realocar a população residente nas áreas

15

protegidas para outro lugar ou, então, incentivar os reassentamentos voluntários (TERBORGH &

PERES, 2002, BARBORAK, 1997). Há, também, a opção de manter a população de residentes

dentro da unidade, a fim de encerrar os conflitos entre a população e as áreas protegidas, do que

arriscar um benefício, talvez na prática irrealizável, da ausência da população no interior dessas

áreas (MORSELLO, 2001, BARBORAK, 1997).

Além do fraco apoio nacional à conservação das áreas protegidas, há a problemática da

capacidade política dos órgãos governamentais. Em alguns casos públicos, por exemplo, a

vontade política para a criação de parques, é maior do que a de manter a integridade da

biodiversidade presente nessa unidade. Enquanto a criação de um parque é visível na mídia e

atrai a atenção, a manutenção desses parques requer mais fundos e, além disso, não compensa

investi-los em termos políticos, já que garante poucos votos. Por conta disso, a manutenção dos

parques em países em desenvolvimento é mais problemática do que a sua criação

(DOUROJEANNI, 2002).

Os recursos financeiros insuficientes e não-seguros são razões, também, da ineficácia de

conservação das áreas protegidas. Além disso, um outro problema, é o fato delas não estarem

realmente implementadas ou porque as administrações existentes são ineficazes (DUDLEY &

STOLTON, 1999, TERBORGH & VAN SCHAIK, 2002), muitas vezes por não terem verbas

suficientes para a compra e a manutenção de equipamentos, materiais e a contratação de pessoal

qualificado e, até mesmo, a posse de terras necessárias às instituições de UCs de uso indireto.

Estima-se que eram gastos9 cerca de R$ 6 656,00 para cada Km2 de áreas protegidas dos EUA,

em 1993. Esse valor era muito superior aos investimentos em UCs brasileiras, que eram cerca de

R$582,40 por Km2, em 1995. Esse valor coloca o Brasil entre os últimos países em gastos na

manutenção de suas áreas protegidas (JAMES et al., 1999 apud PÁDUA, 2000).

Um dos principais problemas para a conservação das áreas protegidas brasileiras é a falta de

recursos para a aquisição de terras. Essa despesa é o maior custo direto para implantação das UCs

no Brasil (ESPÍRITO-SANTO & FALEIROS, 1992 apud MORSELLO, 2001). Além disso, as

formas de financiamento para a compra de propriedades são reduzidas (MORSELLO, 2001).

A ausência de um plano de manejo também é uma das razões para o insucesso das UCs,

sobretudo as da América Latina. É importante que esse plano seja elaborado na fase de

planejamento – criação - de uma UC, para direcionar o manejo e promover estratégias para a

9 Considera-se um câmbio de R$ 2,60 para cada US$ 1.

16

redução dos conflitos potenciais que possam surgir posteriormente (LEDEC, 1992 & MCNEELY

et al., 1990 apud MORSELLO, 2001). No entanto, a maioria das áreas de preservação, localizada

em países subdesenvolvidos, elabora planos de manejo após a construção de uma sede

administrativa e da contratação de funcionários. Isso reduz a eficácia na utilização dos recursos

financeiros, em detrimento da realização de atividades de forma desordenada e independente

(MORSELLO, 2001).

Em relação aos limites de fronteiras, a proteção da fauna presente nas UCs pode ser

comprometida com a construção de estradas e outras atividades humanas, dividindo a área

protegida em pequenos pedaços. Esses fragmentos funcionam como ilhas de habitat imersas em

um “mar” de construções humanas e causam danos à população de fauna e flora presentes nessas

áreas. Um desses danos consiste em limitar a capacidade de alimentação, dispersão e colonização

da flora e fauna, além de aumentar a vulnerabilidade dos fragmentos à invasão de espécies

exóticas e precipitar a extinção e o declínio da população natural (PRIMACK & RODRIGUES,

2002, MORSELLO, 2001) e o risco de atropelamentos de animais, no caso de rodovias que

circundam áreas de preservação.

A sobreposição de agências ambientais, sobretudo aquelas envolvidas em outras atividades,

tem acarretado muitos problemas na conservação das áreas protegidas, principalmente na fase de

manejo. Isso porque têm sido incentivadas e criadas atividades incompatíveis para uma mesma

região ou locais adjacentes como, por exemplo, a construção de estradas ou de barragens que

atravessam áreas protegidas (MORSELLO, 2001, MCNEELY, 1995 apud SALGADO, 2000).

Além disso, a instalação de indústrias e comércios próximos às áreas protegidas e, também, a

atração de turistas mais do que a UC suporta, acarretam prejuízos à área de preservação

(MCNEELY, 1995 apud SALGADO, 2000).10

A comunicação entre os gestores ambientais é essencial para uma capacidade administrativa

eficaz da unidade. Os melhores resultados são obtidos quando há participação de uma equipe

multidisciplinar e, também, quando o diretor da unidade faz parte da equipe e é assessorado pelos

funcionários subordinados (MORSELLO, 2001). O mesmo acontece quando há trocas de

experiências entre os administradores de diferentes unidades, para que os mesmos erros não

10 No Brasil, os conflitos com outras agências governamentais deveriam ser minimizados com a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama, que tem por objetivo ordenar as atividades de controle ambiental. – O Sisnama foi criado pela Lei Federal 6.938/81 e regulamentado pelo Decreto Federal 99.273/90 – Esse sistema, no entanto, não se preocupou em redistribuir atribuições e, também, em estabelecer a comunicação entre as diferentes agências governamentais (MORSELLO, 2001).

17

sejam cometidos e soluções possam vir a ser implementadas de modo mais eficaz. Essa

cooperação entre os gestores é interessante, também, para que as reservas naturais sejam

manejadas como um sistema regional, conforme foi mostrado na Figura 2.2 (PRIMACK &

RODRIGUES, 2002).

Uma outra razão da ineficácia das áreas protegidas é a capacidade institucional inadequada,

devido à uma infra-estrutura incompleta e à falta de funcionários capacitados. A primeira deveria

contemplar um Plano de Manejo e presenças de uma sede administrativa, centro de visitantes,

alojamentos para pesquisadores - no caso de uma UC que permita pesquisas científicas -

equipamentos e veículos suficientes e em estado adequado para a fiscalização da unidade. Quanto

aos funcionários, há no Brasil deficiência tanto no número quanto no nível de formação desses

profissionais (MORSELLO, 2001). Em muitos casos, são financiados projetos - por meio de

agências internacionais, como o BID e o BIRD11 - que contemplam a infra-estrutura da unidade.

Essa, muitas vezes, é até dimensionada, mas por falta de pessoal e recursos financeiros para sua

manutenção não garante o funcionamento dessa UC ao longo prazo (PÁDUA, 2000).

Quanto aos gestores das áreas protegidas, as capacidades requeridas são várias, tais como:

entendimento explícito do processo político, mediação e negociação, identificar conflitos com

população e grupos locais; lidar com questões complexas biológicas e humanas; e tomar decisões

para as quais existe pouca informação, levantamento dos impactos sociais, capacidade de

comunicação e transmissão de informações complexas, conhecimento do manejo de hábitats e

espécies, além de técnicas de restauração de áreas naturais (MORSELLO, 2001).

Muitas vezes, o que atrapalha a administração das áreas de preservação é a filosofia de

gestão, que é meramente conservacionista. Ou seja, os administradores priorizam a conservação

ecológica e biológica dessas áreas e não se atêm à questão social, econômica e política que estão

estritamente relacionadas na manutenção dessas áreas (SALGADO, 2000).

Esses elementos reforçam a idéia do “parque de papel”, ou seja, as atividades de proteção

em áreas protegidas existem apenas na teoria, pois, na prática, são insuficientes para conter a

degradação ambiental (BRUNER et. al., 2001, DUDLEY & STOLTON, 1999, CIFUENTES et.

al., 2000). Na América Central, 30% de todas as áreas de proteção (APs) declaradas são “parques

de papel” e mais de 60% ainda não resolveram os problemas fundiários (UICN/BID, 1993 apud

11 BID: Banco Interamericano de Desenvolvimento; BIRD: Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento.

18

CIFUENTES et.al., 2000). Para Dourojeanni (1997a), a maior ameaça às áreas protegidas é a

ausência de um plano de manejo e de fiscalização dessas áreas, que, quando existem, nem sempre

são adequados para a conservação das áreas.

2.4. Alternativas para reduzir a devastação e perda da diversidade biológica

Uma alternativa para conservar a biodiversidade é reorientar as inversões no manejo das

áreas protegidas para as zonas de amortecimento e corredores ecológicos, o que reduziria as

pressões humanas (RODRIGUES, 2003). Essa reorientação, no entanto, não tem sido tão eficaz

em reduzir o grau de ameaças às áreas protegidas. Isso porque nem sempre as instituições

envolvidas na manutenção dessas áreas possuem suficientes recursos financeiros e de pessoal

para serem agentes efetivos de mudança nas áreas rurais. Além disso, as instituições responsáveis

em promover o desenvolvimento rural das áreas vizinhas a UCs não são eficazes no cumprimento

dessa atividade. Na realidade, essa inversão no manejo das áreas protegidas requer, além de

mudanças institucionais, estudos sobre a questão ecológica da região e propostas de soluções para

os problemas da população rural. Essa preocupação com as necessidades sociais das populações

do entorno e dentro das áreas protegidas poderia reduzir a pressão social nessas áreas

(BARBORAK, 1997).

Para tanto, é preciso investir numa organização social forte e incentivar projetos que

incluam a participação da comunidade local. No México, por exemplo, em vista de conservar a

diversidade biológica ainda existente na região, foi estabelecido um projeto alternativo que

contava com o planejamento e a gestão da área pela população local. Esse projeto tinha por

objetivo melhorar a tecnologia e o nível de vida da comunidade pobre, incentivando a população

a conservar e utilizar a biodiversidade de forma sustentável. O comprometimento com a

população pobre e a indígena reduziria a pressão humana na devastação dos recursos florestais e

seria uma alternativa de conservar a biodiversidade (WCMC, 2001b).

No Brasil, projetos semelhantes fazem parte dos Projetos Integrados de Conservação e

Desenvolvimento - ICDPs. Esses projetos têm por objetivo reduzir as ameaças externas aos

parques, promovendo projetos de desenvolvimento sustentável nas áreas do entorno. A idéia das

ICDPs é de que financiando projetos na comunidade rural, seriam trazidos benefícios incidentais

para a conservação da natureza (VAN SCHAIK & RIJKSEN, 2002). A maioria desses projetos,

19

no entanto, falhou na conservação da biodiversidade. Uma das causas foi de acreditar que os

moradores do entorno seriam conservacionistas, na medida em que pudessem extrair os recursos

naturais sustentavelmente das áreas de preservação. Acontece que nem sempre os habitantes

locais estão interessados na preservação da biodiversidade e muitos desses não exploram

comercialmente os recursos. Há o risco de que os objetivos de conservação serem revertidos para

o uso mais intensivo e estável das terras. Isso pode ser considerado um agravante, já que mesmo a

baixa exploração dos recursos naturais pode afetar a biodiversidade presente nas áreas de

preservação (VAN SCHAIK & RIJKSEN, 2002).

As conseqüências negativas para a efetividade da conservação da biodiversidade podem ser

ainda piores no caso de projetos mal estruturados. Geralmente, são projetos de natureza técnica

mais do que político-administrativa, que têm a desvantagem de possuir soluções de manejo de

curta duração, comprometendo, muitas vezes, a negociação de financiamentos seguros para a

manutenção adequada das áreas de proteção. Em outros casos, são projetos que privilegiam o uso

sustentável dos recursos naturais do que a conservação dos mesmos (VAN SCHAIK &

RIJKSEN, 2002).

Apesar desses problemas, os ICDPs podem ser uma alternativa eficaz para a conservação

das áreas protegidas, basta que sejam respeitadas alguns aspectos. Deve-se ter claro que o

objetivo do parque é preservar a biodiversidade e não tentar resolver desigualdades sociais. Os

projetos para o manejo das áreas de preservação, em especial, os parques, devem ser concebidos

em função dos resultados e, ainda, serem flexíveis para apresentar soluções no combate às

ameaças à integridade dessas áreas (VAN SCHAIK & RIJKSEN, 2002).

Uma dessas soluções é investir na capacidade de fiscalização das áreas protegidas. O uso de

força armada é um instrumento ineficaz, mesmo em sociedades que respeitam o poder e a

jurisdição dos guardas-parques. Ao invés disso, devem ser utilizadas medidas pacíficas como, por

exemplo, a divulgação das penalidades das infrações ambientais e orientação dos funcionários e

guarda-parques. Esses devem se localizar em postos de fiscalização visíveis e vistoriar as pessoas

que transitam na região de proteção. Além disso, o apoio de pessoas populares - artistas, cantores

- e de líderes comunitários podem ser alternativa de fiscalização para a eficácia das áreas de

proteção ambiental (BROCKELMAN et al., 2002).

As Organizações Não-Governamentais (ONGs) pesquisadores e jornalistas também podem

ajudar na fiscalização das áreas protegidas. Os primeiros podem, por exemplo, promover

20

programas de conscientização ambiental da população local. Já os cientistas podem fornecer

informações sobre as violações ao meio ambiente e sugerir medidas que minimizem o impacto

ambiental. No caso da exposição de atividades ilegais na mídia, os jornalistas podem punir os

funcionários e/ou empresas infratoras na questão ambiental (BROCKELMAN et al., 2002).

Essas medidas pacíficas, juntas, podem evitar a retirada de fauna, flora, pedras e outros

recursos naturais presentes nas UCs e, também, em danos ou roubos às propriedades dessas

unidades12. Até mesmo, crimes graves, como exploração madeireira, favoritismo, propinas ou

aplicação indulgente da lei podem ser atividades desencorajadas, caso, por exemplo, forem

revelados à mídia ou denunciados à polícia pela fiscalização (BROCKELMAN et al., 2002).

Há casos, no entanto, que somente a fiscalização ambiental não é eficaz no cumprimento da

conservação das áreas protegidas. Programas de educação ambiental e cooperação de agências

nacionais e internacionais no combate ao comércio de espécies ameaçadas13 são necessários para

a conservação das UCs. Quanto ao primeiro, raramente os infratores que jogam lixo nas áreas

protegidas são pegos em flagrante e, nesse caso, programas de conscientização ambiental seriam

um auxílio complementar na conservação da natureza. As agências reguladoras, no entanto, são

requeridas para prevenir a extração ilegal de produtos que estejam influenciando a economia de

mercado (BROCKELMAN et al., 2002).

Uma outra solução para combater as ameaças de destruição dos recursos naturais é

capacitar os funcionários das UCs a investirem em serviços e/ou produtos que aumentem a

sustentabilidade financeira da unidade (VAN SCHAIK & RIJKSEN, 2002). A arrecadação desses

recursos poderia aumentar a capacidade de gestão da unidade, com a contratação de funcionários

qualificados, compra de equipamentos de fiscalização e investimentos em programas de educação

ambiental com a comunidade local. A maioria dessas UCs, no entanto, recebe recursos limitados

do governo e, ainda, muitas dessas áreas contam apenas com esse financiamento para a sua

manutenção. O que fazer para obter os recursos? É certo que é preciso criar alternativas

financeiras para a preservação dessas áreas protegidas, mas onde consegui-las? Esses

financiamentos alternativos potenciais serão detalhados no próximo capítulo.

10 Podem ocorrer danos às placas de sinalização, fechaduras e cadeados (BROCKELMAN et al., 2002). 11 Exemplos: TRAFFIC - um programa de monitoramento de tráfego de animais selvagens da WWF e IUCN, CITES - Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora e US Fish and Wildlife Service.

21

3. A ECONOMIA E AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO:

O USO DE INSTRUMENTOS ECONÔMICOS PARA A CONSERVAÇÃO

3.1. Custos das Áreas Protegidas

O planejamento, a implementação e o manejo de uma área protegida envolvem custos,

exigindo do planejador a identificação de mecanismos de financiamento que poderiam ser

utilizados (MORSELLO, 2001). As áreas protegidas possuem custos decorrentes da sua criação e

manutenção. O valor desses custos se diferencia em cada fase da gestão - planejamento,

implementação e manejo em longo prazo, conforme mostra a Figura 3.1.

Figura 3.1: Diferentes fases e custos associados à implementação de áreas protegidas de tamanho médio – cerca de 600 mil hectares. Fonte: Houseal (1992) apud Morsello (2001).

A fase de planejamento ou seleção é a que apresenta os menores custos. Nessa fase, as UCs

são delimitadas e regulamentadas em termos de legislação. A maior parcela dos gastos no

planejamento é para a elaboração do Plano de Manejo, que indica quais programas e estrutura

PLANEJAMENTO IMPLEMENTAÇÃO MANEJO A LONGO PRAZO

Delimitação reserva Aspectos Políticos Plano de Manejo

Treinamento de Pessoal Materiais e Equipamentos Construções Administração Assistência Especializada Estudos Aquisição da terra

Pessoal Operação Programas

Auxílio Total

Auxílio Local

Auxílio Internacional

US$ mil

Anos

800 700 600 500 400 300 200 100

530 7

22

administrativa são necessários ao manejo da unidade (HOUSEAL, 1992 apud MORSELLO,

2001).

A fase de implementação das UCs é a que apresenta os maiores custos, sobretudo na

aquisição do título de propriedade da terra. Em se tratando de uma área de proteção integral e

pública, aqueles que residem nessas áreas devem ser reassentados em outro lugar e remanejados

pelo Poder Público (DIXON & SHERMAN, 1991, AITCHISON & BARESFORD, 1992 apud

MORSELLO, 2001). Além disso, há os gastos com a infra-estrutura da área, como por exemplo,

na construção de uma sede administrativa, na aquisição de equipamentos e materiais de gestão e

na contratação e treinamento de funcionários. Nessa fase da implementação, gasta-se, também,

com pesquisas para a coleta de informações necessárias à instituição e com o monitoramento e

fiscalização da área protegida (SALGADO, 2000, MORSELLO, 2001).

Na fase de manejo, em longo prazo, os custos são operacionais e administrativos,

materializando-se, essencialmente, na manutenção das áreas de preservação, como em relação ao

salário dos funcionários e à reposição dos materiais de consumo para a sua gestão. Outras

atividades são também computadas, como novas construções, compra de outras terras e

desenvolvimento de programas que aumentariam a eficácia das UCs como, por exemplo, o

programa de educação ambiental. (SALGADO, 2000, MORSELLO, 2001).

Os gastos nessas três fases de gestão das áreas protegidas podem ser classificados em custos

diretos, indiretos e de oportunidade:

a) Custos Diretos

Os custos diretos são aqueles diretamente relacionados ao estabelecimento e manejo das

áreas protegidas, conforme foi dito anteriormente. Esses custos são representados por: elaboração

de um plano de manejo, delimitação da área, infra-estrutura - construção da sede administrativa,

salário de funcionários e compra de equipamentos e materiais - e financiamento de programas e

equipamentos de monitoramento e fiscalização da UC. A aquisição do título de propriedade da

terra também faz parte desses custos (DIXON & SHERMAN, 1991, SALGADO, 2000,

MORSELLO, 2001).

b) Custos Indiretos

Os custos indiretos representam os gastos provenientes do ressarcimento das comunidades

locais pelos prejuízos resultantes da existência da UC. Por exemplo, a fauna silvestre existente no

23

interior da UC pode ameaçar os residentes próximos ou destruir suas colheitas e criadouros

(DIXON & SHERMAN, 1991, SALGADO, 2000, MORSELLO, 2001, KARANTH &

MADHUSUDAN, 2002). Esses prejuízos são difíceis de serem quantificados, devido à

diversidade de problemas que podem ocorrer e ao número de pessoas prejudicadas envolvidas.

Além disso, a inexistência de organizações que congreguem as pessoas prejudicadas dificulta o

ressarcimento do dano causado a elas (MORSELLO, 2001). Apesar disso, o reembolso

compensatório poderia ser uma alternativa eficaz na redução de conflitos entre o administrador da

UC e a população local, principalmente quando essa compensação for devido a algum dano

causado aos residentes locais (DIXON & SHERMAN, 1991).

Há duas formas de compensação: direta e indireta. A compensação direta consiste em fazer

o pagamento monetário à pessoa que foi prejudicada pelo dano na sua propriedade. Por exemplo,

pelo prejuízo acarretado por ataque de animal selvagem ao doméstico. Ou então, são pagas

indenizações pela proibição de atividades que eram permitidos anteriormente à criação da UC.

Atividades de lazer como o ecoturismo, por exemplo, não seria permitido numa UC de proteção

recém-criada. A compensação indireta busca alternativas de exploração econômica, que não

tenham impactos negativos na área protegida da região, ou então, financia a construção e/ou

manutenção de serviços, como escolas, hospitais, eletricidade (MORSELLO, 2001). Essas

compensações são pagas desde que a população seja proibida de fazer as atividades anteriormente

realizadas (DIXON & SHERMAN, 1991).

Na prática, no entanto, essas compensações têm sido pouco eficazes em conter as ameaças à

integridade das UCs (MORSELLO, 2001). Um grande problema na sua efetividade é o custo

relativamente alto dessas compensações, que dificulta e até mesmo coíbe a eficiência das áreas

protegidas. Além disso, outros problemas como os atrasos e corrupção dos funcionários, assim

como o uso inadequado dos esquemas de compensação por reclamações fraudulentas são fatores

que estimulam reações das populações locais e isso pode acarretar em danos ao meio ambiente –

tais como mortes de animais silvestres (KARANTH & MADHUSUDAN, 2002) e, também,

incêndios florestais.

Uma alternativa para minimizar esses problemas é o pagamento de uma “compensação

preventiva”, que consiste em fazer um seguro da propriedade - animais domésticos, culturas

agrícolas - no caso de prejuízos e perdas acarretadas pela criação de uma UC na região e as

conseqüências que isso possa acarretar às propriedades urbanas localizadas na vizinhança. Isso,

24

no entanto, não é possível nos países em desenvolvimento, devido ao baixo valor monetário da

compensação (KARANTH & MADHUSUDAN, 2002). Mesmo, no entanto, que se utilize essa

alternativa de compensação financeira e a população residente numa UC esteja de acordo com o

valor dessa compensação, caso não haja uma fiscalização efetiva dessas áreas, muitas pessoas

continuarão extraindo recursos naturais das UCs (BROCKELMAN et al., 2002).

c) Custos de Oportunidade

Os custos de oportunidade são os benefícios que a sociedade deixa de obter em termos

econômicos quando uma área passa a ser destinada à preservação da biodiversidade (NORTON-

GRIFFITHS & SOUTHEY, 1995, SALGADO, 2000, MORSELLO, 2001). Esses benefícios

incluem a exploração intensiva da área, como a venda de madeira e outros produtos advindos da

extração da flora e fauna presente nessa UC. Os custos de oportunidade consideram, também, os

benefícios econômicos que poderiam ser obtidos se a área - caso tivesse potencial - fosse

utilizada para outros fins que não a preservação dos recursos naturais presentes na área como, por

exemplo, o cultivo de produtos agrícolas e a exploração pecuária (DIXON & SHERMAN, 1991,

NORTON-GRIFFITHS & SOUTHEY, 1995, MORSELLO, 2001).

Essa limitação na proteção da integridade dos recursos naturais presentes nas áreas

protegidas “impõem perdas na geração de renda, dado que as atividades econômicas também

passam a ser restritas” (MOTTA, 1998 apud SALGADO, 2000, p.32). Essa perda é significativa

em regiões onde a comunidade local teve de abdicar dos ganhos que ela estava acostumada a

obter, antes da criação da UC. Nesse caso, medidas como a compensação - por conta do prejuízo

econômico causado à população local - e a implementação de projetos alternativos de geração de

renda se fazem necessárias para evitar ou minimizar a perda econômica da comunidade

(SALGADO, 2000). Esses custos de oportunidade podem ser muitos elevados, prejudicando em

termos políticos e econômicos a criação de uma UC. Para minimizar esse problema, sugere-se

que parte dos custos de oportunidade seja incorporados ao valor de aquisição de terras (DIXON

& SHERMAN, 1991, NORTON-GRIFFITHS & SOUTHEY, 1995, MORSELLO, 2001).

3.2. Incentivos Financeiros para a Gestão das Áreas Protegidas

A maioria das áreas protegidas da América Latina é mantida por orçamento público e

muitas dessas áreas dependem exclusivamente desses recursos. Considerando os altos custos na

25

criação, implantação e manejo das áreas protegidas, surge uma pergunta: como arrecadar fundos

e aumentar os recursos financeiros necessários para a manutenção eficiente de suas áreas?

Felizmente, há vários instrumentos de financiamento que pode ser utilizados como alternativa de

investimento na manutenção dessas áreas. Esses instrumentos estão classificados conforme

Dourojeanni (1997b) e Morsello (2001).

I. Financiamento utilizando recursos do orçamento público federal, estadual ou local

Esse tipo de financiamento é considerado o mais importante fundo das áreas protegidas na

América Latina (DOUROJEANNI, 1997b), sobretudo porque a maioria das UCs é de

responsabilidade dos governos (BARZETTI, 1993). Em algumas áreas protegidas, os recursos

governamentais são a única fonte de financiamento existente (MORSELLO, 2001). Entretanto,

nem sempre esses recursos são suficientes para cobrir os gastos na criação e manutenção das

UCs. No caso do Brasil, como não bastassem esses escassos recursos destinados às áreas

protegidas, cada vez mais têm sido reduzidos os recursos financeiros do governo (IBAMA, 1997

apud MORSELLO, 2001). Para facilitar o acesso aos recursos financeiros, o governo brasileiro

desenvolveu alguns programas visando à conservação da biodiversidade, como o Programa Piloto

para a Conservação das Florestas Tropicais do Brasil - PPG-7 - PNMA e o Pronabio. Muitas UCs

têm sido beneficiadas com esses programas ambientais governamentais. No entanto, com a

criação do PNMA, por exemplo, os recursos financeiros destinados as UCs brasileiras foram

reduzidos, devido aos financiamentos recebidos das agências estrangeiras. Isso é prejudicial ao

sistema de UCs (MORSELLO, 2001).

A limitação orçamentária do governo para a conservação das áreas protegidas exige que as

UCs se tornem menos dependentes do Estado. Isso é particularmente importante para as UCs que

podem obter recursos a partir de serviços por elas prestados, como visitas turísticas.14

Considerando que os benefícios a curto prazo na conservação dos recursos naturais presentes nas

áreas protegidas, muitas vezes, são maiores do que os gastos na criação dessa UC e partindo do

pressuposto que os recursos naturais trazem benefícios mundiais, argumenta-se que os custos

envolvidos na criação e manutenção das áreas protegidas devem ser divididos entre as nações

14 No Quênia, por exemplo, o turismo ecológico é a segunda maior fonte de renda de origem externa do país; já, no Equador, no Parque Nacional das Ilhas Galápagos, as rendas geradas pelo atendimento aos turistas contribuíram significativamente para a economia do país (MORSELLO, 2001, SPERGEL, 2002). No entanto, mesmo essa fonte de renda financeira pode não ser suficiente para incentivar o governo a aumentar os recursos financeiros para as áreas protegidas.

26

beneficiadas (DIXON & SHERMAN, 1991, NORTON-GRIFFITHS & SOUTHEY, 1995,

MORSELLO, 2001).

II. Investimentos de instituições multilaterais e bilaterais

Agências de financiamentos de bancos multilaterais - Banco Mundial, Banco de

Desenvolvimento da Ásia e o da África, United Nations Environment Programme - UNEP - e

United Nations Development Programme - UNDP - têm disponibilizado recursos financeiros -

export credits - para projetos de conservação da biodiversidade. O empréstimo é destinado

apenas para projetos de governo ou de empresas privadas que tenham sido aprovados pelo

governo (DOUROJEANNI, 1997b, PHILLIPS, 2000, BAYON et al., 2000).

A International Finance Corporation - IFC - do Banco Mundial, por exemplo, cuida desse

processo de aprovação e ainda empresta recursos financeiros às empresas. A IFC privilegia

empresas viáveis comercialmente e, também, na questão ambiental e social. Essa organização

desenvolveu um fundo de investimento para a biodiversidade na América Latina, conhecido

como Terra Capital (PHILLIPS, 2000). Esse fundo recebeu financiamentos de fundos privados

multilaterais - por exemplo, do BID e FMI15, para investir em projetos ambientais (BAYON et

al., 2000).

Embora, a maioria dos projetos financiados por bancos multilaterais necessite do aval do

governo, existem exceções a essa regra. O BID, por exemplo, financia diretamente os projetos de

ONGs, que, na sua maioria, são projetos pequenos (PHILLIPS, 2000). Nessa questão, aliás,

alguns bancos multilaterais têm privilegiado empresas pequenas e médias, em que os recursos

financiados têm sustentado empresas ainda menores, através do programa SME - Small and

Medium Enterprises. A junção do IFC/GEF16/SME, por exemplo, tem investido em projetos

intermediários, cujos recursos são utilizados para as atividades de conservação da biodiversidade

e também, na sua exploração comercial (PHILLIPS, 2000, BAYON et al., 2000).

As agências multilaterais, no entanto, nem sempre aceitam financiar projetos ambientais.

Recentemente, governantes de alguns países têm rejeitado propostas de financiamento a projetos

para a conservação da biodiversidade, porque entendem que há problemas mais prioritários a

serem resolvidos. Os projetos relativos à biodiversidade devem ser financiados exclusivamente

por doações ou concessões (DOUROJEANNI, 1997b), caso contrário, os projetos ambientais 12 FMI: Fundo Monetário Internacional. 16 GEF: Global Environment Facility

27

devem ser anexados a programas de desenvolvimento de infra-estrutura do Estado. Por exemplo,

investir em projetos ambientais que sofreram impactos negativos de rodovias, metropolitanas,

represas (PHILLIPS, 2000).

Assim como as agências multilaterais, as instituições bilaterais17 – CIDA (Canadá), JICA

(Japão), NORAD (Noruega), SIDA (Suécia), SDC (Suíça), USAID (Estados Unidos), GTZ

(Alemanha), DGIS (Alemanha), União Européia (EU), DFID (Reino Unido) - também, fornecem

recursos financeiros em projetos ambientais (DOUROJEANNI, 1997b, PHILLIPS, 2000,

SPERGEL, 2002). Muitas dessas organizações são obrigadas a investir em projetos

conservacionistas, por causa da ratificação da Convenção da Diversidade Biológica (CDB). Por

serem agências assistencialistas, essa ajuda financeira é destinada para a conservação da

biodiversidade de áreas protegidas localizadas em países não desenvolvidos. No entanto, nada

impede que essas agências financiem projetos de áreas protegidas localizadas em seus países

(PHILLIPS, 2000, SPERGEL, 2002).

No Brasil, esses financiamentos têm sido constantes. No período de 1989 a 1995, algumas

agências bilaterais arrecadaram mais recursos - US$ 74 milhões - do que a soma de arrecadação

de algumas das agências multilaterais – GEF, BID, ITTO18, UNDP – (US$ 19 milhões), para a

conservação da biodiversidade (DOUROJEANNI, 1997b). Isso mostra a importância dessas

agências de financiamento para os projetos ambientais.

III. Participação de Organizações Não Governamentais - ONGs

As ONGs seriam responsáveis por parte dos serviços e, também, pela arrecadação de

recursos para a implantação de programas de conservação e conscientização ambiental, sob sua

administração (MORSELLO, 2001, DOUROJEANNI, 1997b). Um exemplo dessa capacidade

administrativa das ONGs é o caso da Fundación Peruana para la Conservación de la

Naturaleza - PRONATURALEZA, que atualmente administra onze áreas protegidas. No Brasil,

há a Fundação Homem Americano, a Fundação Pró-Natureza - Funatura - e o Instituto do

Patrimônio Natural - IPN. A primeira administra o Parque Nacional na Serra da Capivara - Piauí,

13 As siglas significam: CIDA - Canadian International Development Agency, JICA - Japan International Coorperation Agency, NORAD - Norwegian Agency for Development Cooperation, SIDA - Swedish International Development Cooperation Agency, SDC - Swiss Agency for Development and Cooperation, USAID – United States Agency for International Development, GTZ - Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit, DGIS - Directoraat-Generaal Internationale Samenwerking, DFID - Department for International Development. 14 A sigla ITTO significa: International Tropical Timber Organization.

28

a Funatura é responsável pelo Parque Grande Sertão Veredas - Minas Gerais (DOUROJEANNI,

1997b), enquanto a IPN administra uma RPPN em Pirenópolis - Goiás (MORSELLO, 2001).

Embora haja uma parceria dessas ONGs com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis - Ibama - essa “co-gestão” ainda não é formal.

A criação da maioria dessas organizações Latino-Americanas começou na década de 80,

com a crise na economia do continente. As ONGs começaram a ocupar o espaço das agências

governamentais que dispunham de poucos recursos na administração das áreas protegidas

(DOUROJEANNI, 1997b). As maiores fontes de financiamento internacionais, que apóiam áreas

de preservação e projetos conservacionistas são: World Wild Fund - WWF, The Nature

Conservancy - TNC (DOUROJEANNI, 1997b) e Conservation International - CI (SPERGEL,

2002).

Uma das vantagens das ONGs, por serem instituições privadas, é a de obter resultados com

recursos reduzidos e, ainda, poderem obter recursos financeiros de investimentos que não

poderiam ser aplicados em órgãos do governo. Normalmente, a abrangência de oportunidades de

financiamento das ONGs é muito significativa, sobretudo, por serem instituições menos

complexas e burocráticas. Assim, os investimentos podem ser aproveitados em menor tempo, o

que facilita a gestão dos programas executados por essas organizações. Além disso, por serem

menos burocráticas, facilitam a interação dos programas ambientais com a participação da

comunidade do entorno das UCs, resultando na maior continuidade dos projetos a longo prazo e,

também, em projetos mais eficazes (BARZETTI, 1993).

No entanto, as áreas administradas pelas ONGs possuem, também, desvantagens. Em

muitos casos, os interesses dos seus doadores prevalecem em relação às prioridades das ONGs

(BARZETTI, 1993). Essas organizações sentem-se pressionadas, mais do que as do governo,

uma vez que dependem de doações. Também, a redução de recursos financeiros pode provocar a

dissolução de uma ONG (MORSELLO, 2001).

IV. Fundos ambientais nacionais e internacionais

Um dos mais positivos avanços na preservação das áreas protegidas foi o estabelecimento

de uma variedade de fundos ambientais em muitos países da América Latina (DOUROJEANNI,

1997b). As agências de financiamento doam recursos para o órgão governamental financiar as

atividades de conservação adicionais àquelas financiadas pelo governo. Em contrapartida, para

29

demonstrar o comprometimento do setor público, exigem que o governo nacional faça algum tipo

de investimento, em dinheiro ou sob outras formas (SPERGEL, 2002).

Quanto à função, os fundos de financiamento podem ser de três tipos (BAYON et al., 1998,

BAYON et al., 2000):

1. Fundos ambientais nacionais que financiam um grande número de atividades, incluindo

planos ou estratégias ambientais nacionais. Exemplos desse tipo de fundo são: Fondo Nacional

para el Medio Ambiente - Fonama, na Bolívia e o Bhutan Trust Fund for Environmental

Conservation, no Butão.

2. Fundos que patrocinam a conservação das áreas protegidas, em especial, os parques - por

exemplo: Mgahinga-Bwindi Impenetrable Forest Conservation - ou sistemas de áreas protegidas

nacionais - por exemplo: Fondo Nacional para Áreas Naturales Protegidas por el Estado –

Pronanpe - no Peru, e Jamaica National Parks Trust.

3. Fundos que fazem concessões para ONGs e outras organizações comunitárias para a

conservação e/ou projetos de desenvolvimento sustentável - exemplo: Foundation for the

Philippine Environment. Esses fundos têm por objetivo fortalecer as organizações da sociedade

civil e aumentar a consciência ambiental da comunidade.

Embora nenhum desses fundos tenha um grande poder de financiamento, os recursos

financeiros advindos desses são importantes tanto para a conservação da maioria das áreas

protegidas (DOUROJEANNI, 1997b), quanto para as ONGs nacionais e internacionais. Esses

benefícios na gestão das áreas protegidas são:

a) Financiamento, em longo prazo, de recursos para a biodiversidade: favorece a

implementação eficaz dos programas conservacionistas, deixando-os menos vulneráveis a

mudanças na política-econômica do país (PHILLIPS, 2000, SPERGEL, 2002).

b) Capacidade/descentralização de concessões pequenas: oferece concessões para

diferentes agências governamentais nacionais e locais e, também, a ONGs. Isso é uma tentativa

de ampliar a participação local e descentralizar as tomadas de decisões, de modo que comitês

locais tenham autonomia e apliquem as verbas em benefício de projetos conservacionistas locais

(PHILLIPS, 2000, SPERGEL, 2002).

c) Coordenação e diversificação de fontes de fundo: os fundos de biodiversidade podem

ser usados para coordenar diversos programas ambientais de fundos de doações e, ainda,

implementar estratégias ambientais nacionais (PHILLIPS, 2000).

30

d) Flexibilidade: os fundos podem ser usados para sustentar um grande leque de projetos,

de acordo com as necessidades e as novas prioridades, conforme eles surgem (PHILLIPS, 2000).

e) Participação/democratização geral: pode encorajar a participação de vários grupos de

interesse, agências governamentais, ONGs e setores de negócios e, ainda, grupos locais, para que

a sociedade civil e o governo trabalhem juntas. Os diferentes interesses e opiniões desses grupos

asseguram um maior leque de ajuda aos projetos conservacionistas, caso for comparado com o

fundo canalizado simplesmente a uma agência do governo (PHILLIPS, 2000, SPERGEL, 2002).

f) Catalisação de reformas políticas: pode reformular a política ambiental, promovendo a

reestruturação de ONGs e incentivar atividades de parceria entre grupos ambientalistas e o

governo (SPERGEL, 2000).

g) Estimulação da capacidade de absorção: as contribuições dos doadores são distribuídas

às ONGs e outras organizações, por longos períodos, e isso facilita a gestão dessas organizações

que recebem os recursos (SPERGEL, 2000).

h) Financiamento de custos recorrentes: os fundos podem auxiliar na manutenção das

áreas protegidas, cobrindo gastos no pagamento de salários, compra e manutenção dos

equipamentos, veículos e combustível (SPERGEL, 2000).

Em relação à questão financeira, a arrecadação e a manutenção dos recursos oriundos de

doações podem se dar de formas diferentes, dependendo do interesse. O Fundo de Dotação é o

mais comum deles e é estruturado para manter-se em perpetuidade, na medida em que libera

apenas os rendimentos do montante capital arrecadado. Já, o Fundo de Resgate, além de utilizar

esses rendimentos, usa, também, parte do capital a cada ano, até zerar o montante de capital. O

último tipo é o Fundo Rotativo que gasta mais rapidamente seus rendimentos do que o reinveste.

A maior parte da renda é adquirida por meio de taxas de uso, multas ou impostos especialmente

destinados a esse fim (SPERGEL, 2002).

No Brasil, há um exemplo do Fundo de Dotação, que é o Fundo de Áreas Protegidas - FAP

- um fundo fiduciário de capitalização permanente, gerido pelo Funbio19. Os recursos recebidos

de doações são investidos e os rendimentos são utilizados para apoio às UCs. O FAP começou

por iniciativa do Programa Áreas Protegidas da Amazônia - Arpa - do governo federal, em vista

de consolidar e manter UCs no Bioma Amazônia, promovendo o desenvolvimento sustentável e

protegendo recursos naturais presentes na região. Estima-se que até 2013, o FAP deverá contar 19 Funbio: Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

31

com US$ 240 milhões para viabilizar em perpetuidade a manutenção das áreas criadas e

consolidadas pelo Arpa20.

Um dos fundos mais conhecidos é o Global Environment Facility - GEF, cujo campo de

financiamento estende-se às áreas protegidas em nível global. Esse fundo foi criado em 1992 e

está regulamentado nos Artigos 21 e 39 da CDB (CDB, 1992).21 O objetivo do GEF é conter as

ameaças ao ambiente global, no campo da biodiversidade, mudança climática, degradação das

águas e na redução da camada de ozônio. O enfoque do GEF, atualmente, é financiar projetos que

promovam o desenvolvimento sustentável, ou seja, estudos que aliem o desenvolvimento

econômico da região, juntamente com a conservação dos recursos naturais (PHILLIPS, 2000).

No Brasil, alguns dos fundos que financiam projetos para a conservação e/ou projetos de

desenvolvimento sustentável e, ainda, fazem concessões para ONGs e outras organizações

comunitárias são o Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA - Funbio (BAYON et al, 1998) e

Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata - Fonplata.

As principais vantagens dos fundos de investimento dedicados à manutenção das UCs são a

facilidade, rapidez e versatilidade na liberação e uso dos recursos e o fato do custo de

investimento ser zero para o receptor (FUNBIO, 1998). Há, também, a vantagem dos recursos

estarem constantemente disponíveis, independentemente do orçamento nacional e agências

internacionais e, também, da possibilidade das decisões desses fundos serem participativas, já que

podem incluir a representação de interesses diversos em seu conselho administrativo

(MORSELLO, 2001). Além disso, como os agentes financeiros são capacitados na área

ambiental, em geral, os riscos de dano ao meio ambiente são mínimos (FUNBIO, 1998).

No entanto, a obtenção desses recursos diretamente por uma UC é rara, o que é uma das

desvantagens desse instrumento econômico. Isso ocorre porque existe a dificuldade no acesso a

esses recursos, já que as UCs têm de competir com outros projetos ambientais. Além disso, em

virtude do acúmulo de cargos e obrigações por parte dos chefes das unidades públicas e da

maioria dos funcionários não possuírem capacitação, poucos projetos são elaborados. Essa

situação, porém, não se enquadra para as Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPNs,

cujos recursos financeiros necessários são menores e, portanto, de mais fácil obtenção.

20 http://www.mma.gov.br/port/sca/arpa 16 http://www.mma.gov.br/port/sbf/chm/cdb/decreto1.html

32

Uma outra desvantagem dos fundos de investimento é que, na forma como funcionam,

dificilmente poderão alterar a situação das áreas protegidas brasileiras, embora aumentem o

número de projetos de conservação. Os problemas das UCs, possivelmente, seriam reduzidos por

meio da criação de fundos específicos, ou seja, organizado e administrado considerando os

problemas mais freqüentes das UCs. Da mesma forma, a criação de um fundo específico para

cada unidade também seria vantajoso, pois os investimentos seriam enfocados, diretamente, na

solução dos problemas de uma unidade (MORSELLO, 2001). Outra desvantagem do dinheiro

doado é que como o recurso não precisa ser reposto ao órgão financiador, os beneficiários, em

geral, acomodam-se (FUNBIO, 1998).

V. Débitos convertidos - debt swaps - ou perdão do débito - debt forgiveness

O débito convertido22 em favor do meio ambiente - debt-for-nature swaps - consiste na

conversão de dívidas, que o credor não consegue quitar, em investimentos em projetos ambientais

(UNAIDS, 2004). Esse tipo de instrumento econômico surgiu na década de 80, durante a crise da

dívida externa da América Latina. Nessa época, seria mais rentável para os investidores

perdoarem parte da dívida dos devedores do que esperar um longo período de tempo até serem

pagos. Além de ser vantajoso para o credor - recuperaria parte do pagamento - e para o devedor -

quitaria suas dívidas - a dívida restante geraria fundos para as atividades de conservação

(SPERGEL, 2002, UNAIDS, 2004).

Esse instrumento pode ser de três tipos (SPERGEL, 2002). O primeiro deles envolve um

banco estrangeiro comercial - credor, o governo de um país (devedor) e uma ONG internacional

que trabalha em projetos de proteção ambiental (UNAIDS, 2004). Esse processo se inicia com a

compra da dívida com desconto pela ONG, que por sua vez, negocia a dívida com o governo

devedor. A ONG concorda em cancelar esse débito em troca do compromisso do governo em

investir em projetos ambientais ou depositar valores monetários em fundos de conservação23.

(BARZETTI, 1993, BAYON et al., 2000, PHILLIPS, 2000, SPERGEL, 2002, UNAIDS, 2004).

17 O débito convertido é definido como o cancelamento de uma dívida, que é compensada na obrigatoriedade de pagamento pelo devedor, através de serviços ou investimentos em algum setor. O credor não espera recuperar todo o pagamento que o devedor o deve, mas exige que o mesmo esteja preparado para oferecer alguma coisa em resposta ao cancelamento da dívida em questão (UNAIDS, 2004). 18 Alguns desses fundos favorecidos pelos recursos obtidos desse instrumento econômico de débito em troca foram: Fonama, Ecofondo - Colômbia, Pronatura - Fondo Integrado Pro Naturaleza, Fonaes - Fondo Ambiental De El Salvador (LAMBERT, 2002).

33

O segundo tipo de financiamento envolve governos de dois países, sendo um deles o credor

- país desenvolvido - e o outro, devedor - geralmente, um país em desenvolvimento. As agências

bilaterais de ajuda internacional - como USAID, DGIS ou GTZ - fazem a intermediação da

dívida. Em alguns casos, ONGs conservacionistas ou outras agências financeiras locais também

podem participar dessa transação. Essas agências compram o débito e o negociam com o governo

devedor, que aceita cancelar a dívida em troca do compromisso em financiar projetos ambientais

(SPERGEL, 2002).

Finalmente, o terceiro tipo envolve organizações privadas - empresas ou bancos comerciais;

a organização conservacionista negociará a dívida do devedor - banco de um país em

desenvolvimento - com o credor - banco internacional. Essa negociação poderá ser por meio da

troca de débito em moeda forte por um equivalente maior em moeda local a ser utilizado em

projetos ambientais ou, então, por um bem específico do devedor, por exemplo, terras de alto

valor de biodiversidade. Há situações, também, em que as organizações conservacionistas obtêm,

como doação, fundos bloqueados em moeda local de uma corporação multinacional (SPERGEL,

2002). Além da conversão de débitos, é possível que o credor aceite esquecer ou converter o

débito em retornos econômicos para investimentos na conservação dos recursos naturais locais,

por meio de práticas de débitos perdoados - debt forgiveness ou debt buy-back (KAISER &

LAMBERT, 1996 apud BAYON et al., 2000).

As vantagens dessas operações de troca da dívida externa são quatro: a) redução da lentidão

no pagamento para os bancos comerciais que, além disso, recebem em troca parte do estipêndio

da dívida; b) o doador aumenta seu investimento em conservação, já que compra os bônus a um

valor reduzido e receberá o pagamento a um valor nominal total; c) a nação devedora reduz sua

dívida externa em pagamentos com moeda local, o que reduz as dificuldades de obtenção de

dólares a partir de exportações; e d) a organização receptora e a doadora recebem novos fundos

necessários aos investimentos em conservação (BARZETTI, 1993).

A principal desvantagem desse instrumento é que o pagamento da dívida pode incidir no

aumento de impressão de dinheiro pela nação devedora, o que pode fazer aumentar a inflação

local (DOUROJEANNI, 1997b, BARZETTI, 1993). Além disso, os projetos para salvar a dívida

são instituídos pelo governo local sem a participação da população local (BARZETTI, 1993).

Atualmente, a utilização desse tipo de instrumento econômico, nos países da América Latina, tem

sido reduzido, em virtude da recuperação econômica da região e da pequena taxa de desconto nos

34

débitos do país no mercado secundário. Além disso, no Brasil, em especial, a privatização das

empresas reduziu a viabilidade das transações, em virtude do aumento no valor do bônus da

dívida externa (MORSELLO, 2001).

VI. Lucro das Atividades no Local - Autofinanciamento

A arrecadação de recursos usando o autofinanciamento é uma das principais formas de

obtenção de recursos para a sobrevivência das áreas protegidas, sobretudo porque os governos

esperam que elas se autofinanciem (MCNEELY, 1994, LAPAGE, 1994, MORSELLO, 2001). Os

recursos financeiros podem ser arrecadados pelo uso de recursos e serviços oriundos de UC. Essa

taxa está previsto no Artigo 33 da Lei SNUC: A exploração comercial de produtos, subprodutos

ou serviços24 obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou

culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação, exceto Área de Proteção

Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, dependerá de prévia autorização e

sujeitará o explorador a pagamento, conforme disposto em regulamento (BRASIL, 2000). A

arrecadação pode ser feita por meio de cobrança de ingressos, taxas de serviços, concessões de

exploração de atividades - restaurantes, pousadas - licenças de pesquisa e vendas de artigos

relacionados às UCs (MORSELLO, 2001).

A cobrança de ingressos é a forma mais simples de financiamento das UCs, onde são

permitidas a visitação pública e o uso de serviços e facilidades. Em algumas UCs, essas taxas

cobrem quase completamente os gastos na manutenção das mesmas. Galápagos, no Equador, é

um exemplo disso, onde a taxa de ingresso, embora seja alta para a média das áreas protegidas, é

um dispêndio baixo considerando os gastos de viagem dos turistas pela região. No entanto, nem

sempre essa taxa é cobrada, muitas vezes para não desencorajar a visita da população à região

que é carente economicamente. Já que os parques são bens públicos, o acesso a eles não deveria

ser restrito (MCNEELY, 1989). A não restrição ao acesso, no entanto, pode gerar conseqüências

para a integridade dessas áreas protegidas, como o problema da sobrevisitação (MORSELLO,

2001).

24 Conforme consta no Artigo 25 do Decreto no. 4.340, de 22 de agosto de 2002, entende-se por esses produtos e subprodutos aqueles destinados a dar suporte físico e logístico à sua administração e à implementação de atividades de uso comum do público, tais como visitação, recreação e turismo; e também, a exploração de recursos florestais e outros recursos em UCs de uso sustentável (BRASIL, 2002).

35

Uma maneira de solucionar esse problema é diferenciar as taxas de visitação: uma destinada

a habitantes locais ou residentes no país, outra para visitantes estrangeiros e, ainda, uma outra

taxa, no caso dessa visita contar com o alojamento na reserva. Essas taxas devem considerar tanto

os custos operacionais de cada UC quanto à disposição do visitante em pagá-las (DIXON &

SHERMAN, 1991, LAPAGE, 1994).25 No caso das taxas de ingresso aos turistas estrangeiros,

isso tem tido resultados positivos em Belize - América Central. A cobrança de uma “taxa de

conservação” aos turistas, nos aeroportos do país, tem estimulado a vinda de visitantes

estrangeiros (SPERGEL, 2002).

No Brasil, as taxas de visitação seguem as normas padronizadas pelo Ibama, considerando

os tipos de estadias e visitantes - estudantes, pesquisadores, visitantes comuns - embora não

considere os estudos de disposição a pagar e os custos de operação da visitação. No entanto, a

maioria das UCs brasileiras não cobra essas taxas de visitação, muitas vezes porque a entrada nas

unidades exige um pedido de autorização prévia ao Ibama, o que desestimula os visitantes ou

esses acabam entrando sem o consentimento dos diretores. Além disso, a infra-estrutura precária

das UCs “constrange”, de alguma maneira, os diretores e funcionários a cobrarem o ingresso

(MORSELLO, 2001).

No caso da cobrança de taxas e impostos de usuários, esses tipos de financiamentos

poderiam ser instrumentos econômicos alternativos para a conservação das áreas protegidas.

Essas taxas consistem em cobrar um determinado serviço pelo uso - ou extração - de recursos

naturais presentes nas áreas protegidas. Por exemplo: atividades de pesca, caça, mergulho,

caminhadas, escaladas, canoagem, acampamento, fotografia, pesquisa científica, bioprospecção

seriam pagas por um determinado valor (SPERGEL, 2002). Além dessas atividades, devem ser

cobradas taxas pela extração de petróleo, minério e madeira, localizadas no interior de uma UC.

São exemplos disso, o Fundo de Conservação de Águas e Terras dos Estados Unidos e fundos da

Noruega e Filipinas, que são mantidos graças às taxas pagas por companhias que vendem e/ou

utilizam esses produtos. No caso das companhias de petróleo e mineração, em especial, essas

taxas são importantes para estimular, com maior ênfase, os países detentores desses recursos

naturais a investirem em projetos ambientais e não apenas em se preocupar com os lucros

19 Em geral, 10% do montante de renda arrecadado com essa taxa cobrem os gastos exigidos na manutenção de uma UC (LAPAGE, 1994).

36

oriundos desses recursos naturais. Isso poderia reduzir os riscos da companhia ser desapropriada

ou nacionalizada (SPERGEL, 2002), além de contribuir para a conservação do meio ambiente.

Taxas de proteção às bacias hidrográficas também podem ser cobradas, com base nas

rendas de usinas hidrelétricas - na Colômbia, essa taxa consta na legislação ambiental - e,

também, nas contas mensais dos consumidores - Equador. Essas rendas são revertidas para a

manutenção da cobertura florestal das bacias hidrográficas (SPERGEL, 2002).

Quanto às concessões, por meio de licenciamento de atividades como, por exemplo,

aluguéis de barcos, restaurantes e pousadas, seriam cobradas taxas dos usuários que utilizassem

esses serviços nas áreas protegidas (DIXON & SHERMAN, 1991). Esse tipo de financiamento

seria vantajoso tanto para os empresários quanto para as áreas protegidas. No entanto, as

concessões podem resultar no aumento da carga administrativa das UCs, por conta da

fiscalização dos serviços, o que demandaria mais gastos na conservação dessas unidades

(MORSELLO, 2001).

Na maioria das UCs é permitido o desenvolvimento de pesquisas científicas e isso também

pode ser cobrado pela administração dessas áreas de conservação, por meio de licenças de

pesquisa. O meio científico é um dos principais interessados pela integridade dos recursos

naturais existentes nessas áreas e, para tanto, os pesquisadores deveriam contribuir para a sua

conservação. Uma forma de contribuição poderia ser por meio de recursos financeiros ou

serviços prestados, como por exemplo, a publicação de livros sobre a UC em questão. As áreas

protegidas podem arrecadar recursos financeiros com a venda de camisetas e souvenirs,

especialmente em unidades onde haja centros de visitação. Esse tipo de exploração em UCs

públicas é permitido, observando-se os limites estabelecidos pela legislação vigente sobre

licitações públicas e, desde que, essa exploração esteja prevista no Plano de Manejo da unidade

(BRASIL, 2002)26. A venda de produtos e subprodutos de uma UC poderia ser um instrumento

de propaganda para torná-la conhecida e, com isso, aumentar a arrecadação (BARZETTI,

1993).27

A vantagem dessas formas de instrumento econômico de autofinanciamento é que esses

recursos obtidos são aplicados diretamente na UC em questão, o que facilitaria a gestão nessa

26 Artigos 26 e 28 do Decreto Federal no. 4.340, de 22 de agosto de 2002 (BRASIL, 2002). 27 Na maioria das UCs brasileiras, no entanto, a venda de artigos pode ser uma atividade inviável, sobretudo, devido à incapacidade administrativa dessas unidades. Isso ocorre porque muitas dessas UCs possuem um número insuficiente de funcionários qualificados e, mesmo se a venda desses produtos for terceirizada, os custos administrativos poderiam superar a renda obtida com a venda (MORSELLO, 2001).

37

unidade. No entanto, essa capacidade de se auto-sustentar, na prática, está longe de acontecer

(HOUSEAL, 1992 apud MORSELLO, 2001). Isso porque, apenas uma pequena parte do

montante de renda arrecadada é usada como investimento para a conservação das áreas

protegidas e, muitas vezes, essa renda é insuficiente para a manutenção delas. O restante valor é

alocado para outros projetos do tesouro público. No caso das UCs brasileiras, parte da renda é

acumulada no caixa do Ibama. Isso desestimula a arrecadação de recursos por essas atividades de

financiamento auto-sustentáveis (MORSELLO, 2001, SPERGEL, 2002). Para se ter uma idéia,

há apenas um caso registrado em que a renda arrecadada por meio de taxas foi utilizada em

investimento próprio, assim mesmo, na compra de terras e não para o manejo das áreas

(DRUMMOND, 1988 apud MORSELLO, 2001). Há casos, porém, em que não é possível a

arrecadação de fundos por autofinanciamento em algumas UCs. Daí a importância de que o

montante de renda arrecadado nas UCs existentes seja dividido proporcionalmente no sistema de

unidades (MORSELLO, 2001).

VII. Investimentos Ecológicos

Os investimentos ecológicos consistem na arrecadação de recursos financeiros oriundos da

exploração das áreas protegidas sem causar prejuízos às mesmas. Por exemplo, a extração de

madeira, reciclagem, criação de espécies nativas em cativeiro e turismo ecológico são atividades

que se utilizam da existência das áreas protegidas para fins econômicos (BARZETTI, 1993).

Atualmente, a atividade mais em voga é o turismo ecológico, em que os recursos arrecadados são

revertidos, em sua maioria, para ONGs ou alguma agência governamental, que o reinvestirá em

projetos de conservação das áreas protegidas. 28

A vantagem dos investimentos ecológicos é o aumento da participação popular e

consciência ambiental das pessoas para a conservação da unidade. Esse apoio popular é

importante na gestão de uma UC. No caso do turismo ecológico, em especial, a região do entorno

torna-se mais valorizada devido ao lazer ecológico que a unidade oferece à comunidade local.

Quanto às desvantagens desse instrumento econômico, a atividade exploratória dos recursos

naturais da unidade não é permitida em estações ecológicas e reservas biológicas, pois suas

28 No Brasil, a arrecadação de fundos por meio do investimento ecológico é pouco explorada, embora tenha um grande potencial para isso. Isso por conta das características de suas áreas protegidas, considerando as belezas das paisagens, existência de uma infra-estrutura básica e o fácil acesso às UCs e, também, a estabilidade política do país - sem ocorrência de guerras (MORSELLO, 2001).

38

atividades se restringem à educação ambiental e pesquisas científicas. Além disso, embora a

visitação em algumas UCs seja significativa, a cobrança de ingressos e serviços é incipiente e,

muitas vezes, esses recursos arrecadados vão para a caixa comum do Ibama e não diretamente

para a unidade (MORSELLO, 2001). Deve-se tomar cuidado, no entanto, de não restringir a

arrecadação de recursos financeiros ao turismo, porque essa atividade está submetida a flutuações

no tempo, modismos e problemas com o controle de zoonoses - malária, cólera (BARZETTI,

1993).

VIII. Doações Individuais

Em teoria, a arrecadação de fundos por meio de doações individuais seria fácil, pelo fato

das pessoas serem bastante flexíveis e, sobretudo, se essas pessoas tiverem consciência ambiental

e souberem da importância das áreas protegidas (PHILLIPS, 2000). No entanto, a desvantagem

desse instrumento é que nem todas as pessoas possuem recursos financeiros disponíveis para esse

fim, a não ser que fossem pessoas com um poder aquisitivo razoável. Em regiões onde a renda da

população é alta ou onde a indústria turística é desenvolvida (BARZETTI, 1993), há uma

arrecadação razoável de recursos financeiros e/ou serviços voluntários, que favorecem o meio

ambiente (PHILLIPS, 2000, BARZETTI, 1993). Essas doações podem vir de empreendedores

turísticos, residentes no entorno das áreas protegidas, de visitantes e, também, de grupos

voluntários (BARZETTI, 1993). Mesmo que esses recursos sejam limitados, eles têm a vantagem

de serem regulares e, além disso, é uma maneira de divulgar a importância da unidade à

sociedade.

IX. Quotas por serviços ambientais

Muitos dos serviços ecológicos prestados pelas áreas protegidas são considerados gratuitos,

embora haja métodos para que sejam cobrados (MCNEELY, 1989). Taxas de serviços para a

manutenção de uma bacia hidrográfica, para a captação de águas dos mananciais que abastece

determinada região, extrações de madeira, coletas de peixes e animais silvestres devem ser

cobrados para a conservação das UCs que abrigam esses recursos naturais (MCNEELY, 1989,

MCNEELY et al., 1990 apud MORSELLO, 2001).

A cobrança dessas taxas beneficiaria tanto as áreas protegidas, como as indústrias

comerciais que dependem dos serviços prestados por essas UCs (DOUROJEANNI, 1997b,

MCNEELY, 1989). Além dos benefícios econômicos oriundos da arrecadação de recursos

39

financeiros, o estabelecimento de taxas por serviços ambientais mostraria a relevância das UCs

para os segmentos da população que não demonstram interesse por elas (MORSELLO, 2001). 29

X. Utilização de Convenções Internacionais

Convenções internacionais reforçam a importância de proteção das áreas protegidas e a

conservação da biodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais. Há diversas convenções

aplicadas ao meio ambiente, em que o Brasil participa: Convenção para Regulamentação da

Pesca da Baleia, UICN, Convenção de Ramsar, Comércio Internacional de Espécies da Flora e da

Fauna Silvestres em Perigo de Extinção (CITES), Convenção de Espécies Migratórias, Comissão

para Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos, CDB, Convenção interamericana

para a proteção e conservação das tartarugas marinhas. 30

Algumas dessas convenções internacionais financiam áreas protegidas, por meio de seus

fundos de investimento, tais como a Convenção Ramsar, que fornece recursos financeiros para

projetos que possuam em seu interior áreas úmidas (MCNEELY, 1989). Nesse quesito, projetos

de áreas protegidas úmidas e de proteção às aves migratórias têm tido a oportunidade de

concorrer a esses fundos de investimento (MORSELLO, 2001). A desvantagem desse

instrumento econômico é que os recursos arrecadados são distribuídos por meio de projetos

(MORSELLO, 2001).

3.3. Outros Instrumentos Econômicos Utilizados para a Conservação das UCs

Brasileiras

O Brasil possui outras alternativas financeiras para a conservação das UCs ou prevenção de

um dano ambiental, além dos incentivos econômicos descritos anteriormente, tais como o

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços Ecológico - ICMS ecológico. O ICMS

ecológico é uma das alternativas de repasse de recursos financeiros para os municípios que

administram unidades de conservação. O estado do Paraná foi pioneiro na arrecadação de fundos

29 Embora essa cobrança de quotas pelos serviços ambientais esteja estabelecida na legislação brasileira - Artigo 21 da Lei SNUC, o pagamento não vem ocorrendo no Brasil, nem mesmo em relação à cobrança pelo uso da água, proveniente de bacias hidrográficas e captadas dos mananciais em UCs. Isso porque, em muitos casos, a lei que prevê o valor a ser pago pela captação da água da UC, em questão, ainda não está regulamentada. No caso de unidades particulares, essas taxas também não têm sido pagas. Isso pela dificuldade de verificar se o proprietário privado está “pagando” por um benefício usufruído pelo restante da população. Nesses casos, algum mecanismo de transferência poderia ser criado (MORSELLO, 2001). 30< http://www.mma.gov.br/port/sbf/chm>

40

para o ICMS Ecológico que, na época, era um mecanismo de compensação ecológica e,

posteriormente, passou a ser um instrumento de incentivo à conservação ambiental (LOUREIRO,

1997a e 1997b).

O ICMS ecológico está regulamentado no Artigo 158 da Constituição Federal, que trata dos

recursos financeiros de origem tributária. O inciso IV desse artigo define que 75% do produto de

arrecadação do imposto do Estado ficam com os Estados e 25% são distribuídos entre os

municípios. Dessa porcentagem aos municípios, conforme define o parágrafo único, as parcelas

da receita são creditadas conforme as seguintes regras: 75% são distribuídos segundo o critério

do Valor Agregado Fiscal - VAF - e 25% são distribuídos de acordo com a lei estadual ou federal

(LEITE, 2001). “O VAF mede a produção econômica do município (a diferença entre as notas

fiscais de venda e as notas fiscais de compra) e a Lei Estadual é livre para cada estado definir a

sua regra de distribuição. É nesta regulamentação estadual que o ICMS Ecológico pode ser

inserido”. (LEITE, 2001, p.26). Cada estado brasileiro pode criar suas próprias regras de acordo

com as suas particularidades políticas, econômicas e sociais para incentivar práticas

conservacionistas. Por isso, não há uma única forma de funcionamento do ICMS ecológico,

embora algumas questões sejam similares em alguns estados que adotaram esse imposto (LEITE,

2001).31

O ICMS ecológico demonstra ser mais eficaz quando combinado com outros instrumentos

de política pública ou em parceria com os municípios. Os benefícios dessa parceria podem

contribuir para: aumento do número e na melhoria da qualidade da gestão das RPPN e de

unidades de conservação municipais, estaduais e federais; avanços no processo de capacitação

dos profissionais e adoção de instrumentos de gestão ambiental nos municípios. Além disso, o

ICMS ecológico pode trazer benefícios nas despesas de outros programas do governo, que

estejam relacionados com a questão ambiental. Atualmente, em alguns municípios onde

predominam áreas protegidas, os recursos do ICMS ecológico participam significativamente na

receita local e são importantes na economia municipal (CAMPOS, 2000, LOUREIRO, 2002).

Embora o ICMS ecológico seja vantajoso para os municípios que possuem UCs, em alguns

dos estados brasileiros a sua implantação tem tido obstáculos e pode ser inviabilizada. Um dos

31 No Paraná, em especial, esse instrumento mostrou-se bastante eficaz na arrecadação de fundos e em benefícios aos municípios onde se localizam as UCs. Houve um aumento de UCs de 142,8%, até o ano de 1999, o que demonstra o incontestável incentivo na criação de UCs. O montante de recursos envolvidos é de cerca de 35,5 milhões de reais por ano para projetos em meio ambiente. Além disso, o sucesso desse instrumento também tem servido de exemplo para os outros estados brasileiros (LOUREIRO, 2002).

41

problemas refere-se à oposição dos prefeitos e deputados dos municípios, que perderiam no rateio

do ICMS pela sua implantação. Isso aconteceu em Minas Gerais, onde esse incentivo econômico

demorou cerca de dois anos para ser aprovado no estado (LEITE, 2001). Outras dificuldades para

a implantação do ICMS ecológico seriam: a falta de informações precisas sobre as UCs porque o

cálculo dos percentuais a serem repassados requer informações atualizadas das UCs de cada

município e a existência de áreas protegidas no estado pertencentes às três esferas do governo.

Esses problemas foram obstáculos na implantação do ICMS ecológico no Rio de Janeiro (LEITE,

2001).

Um outro fator que poderia contribuir para reduzir a eficácia do ICMS ecológico é o caso

de ocorrer uma “ ´indústria´ da Unidade de Conservação, ou seja, da possibilidade de criá-las

apenas no ´papel´, para efeito da busca de crédito do ICMS ecológico” (LOUREIRO, 1999 apud

LEITE, 2001, p.44). Na verdade, esse dinheiro da arrecadação fiscal não cobriria os gastos de

conservação da diversidade biológica das UCs, mas traria benefícios ilícitos ao Estado, que

poderia desviar o dinheiro para outros serviços.

Os recursos oriundos dessas onze fontes de financiamentos podem ser destinados a

programas regionais, mais abrangentes, acoplados a projetos do governo; ou a programas

pequenos, específicos às necessidades da UC em questão ou que tenham parcerias com

instituições de ensino e pesquisa. Há várias possibilidades de financiamento ao reverter os

recursos dessas onze fontes de financiamento em benefícios às UCs; são elas: conhecimento

científico, apoio técnico na elaboração de projetos, aquisição de material permanente, atividades

de educação ambiental, obtenção de recursos para a manutenção da unidade, suporte na busca de

fontes alternativas de financiamento, recuperação de áreas degradadas, reflorestamento, sistema

de monitoramento e prevenção de impacto ambiental (Quadro 3.1).

3.4. Dificuldades no financiamento das áreas protegidas

Em todas essas fases de gestão, a maioria das áreas protegidas enfrenta dificuldades na

obtenção de financiamentos e na administração adequada desses recursos (MORSELLO, 2001,

42

Quadro 3.1. Possibilidades de financiamento. POSSIBILIDADES DE FINANCIAMENTO FONTE PC AP MP EA AF RA SM IA

TIPOS DE PROGRAMAS

Orçamento público federal, estadual ou local X X Abrangentes Instituições multilaterais e bilaterais X Abrangentes e

específicos ONGs X X X X X X Específicos Fundos ambientais e internacionais X X X X X X X Abrangentes e

Específicos Débitos convertidos ou perdão do débito* X X X X X X X X Específicos Autofinanciamento* X X X X X X X X Específicos Investimentos ecológicos* X X X X X X X X Específicos Doações individuais* X X X X X X X X Específicos Quotas por serviços ambientais* X X X X X X X X Específicos Utilização de convenções internacionais* X X X X X X X X Específicos ICMS ecológico* X X X X X X X X Específicos * os recursos oriundos dessas fontes podem ser destinados a qualquer tipo de projeto da UC em questão, dependendo de sua necessidade.

PC: pesquisa científica e/ou tecnológica; AP: apoio técnico na elaboração e execução de projetos; MP: aquisição de material permanente e aparelhamento da UC; EA: atividades de educação ambiental; AF: auxílio financeiro em projetos de gerenciamento de recursos naturais – manutenção da unidade; S: suporte na busca de fontes alternativas de financiamento; RA: recuperação de áreas degradadas, reflorestamento; SM: sistema de monitoramento; IA: prevenção de impacto ambiental.

PUTNEY, 2000). Em muitos casos, falta disposição e capacidade para administrar o apoio

político, público e financeiro para a conservação das áreas protegidas (PUTNEY, 2000).

Os recursos financeiros advindos das fontes de financiamento são instáveis, ou seja, as UCs

não podem contar sempre com esses financiamentos (PUTNEY, 2000). Isso ocorre, às vezes,

porque as agências financiadoras questionam alguns gastos das UCs, como a compra de terras e o

pagamento de funcionários (MORSELLO, 2001). Também, a administração inadequada das UCs

pode dificultar o manejo eficaz das áreas protegidas. Muitas dessas administrações não estão

preparadas para utilizar os recursos financeiros obtidos por agências de financiamento ou, até

mesmo, de ganhos da própria UC. Devido à má administração, doações não são aceitas porque a

UC não pode utilizar esses recursos. Ou então, essas UCs recebem recursos financeiros no final

do ano, mas não são capazes de gastar esses recursos num período curto e nem mesmo guardá-los

para pagar as despesas do ano seguinte. Faz parte, também, dessa má administração a

problemática da instabilidade trabalhista, que pode resultar na fuga de funcionários competentes e

talentosos (PUTNEY, 2000).

Às vezes, o problema pode ser de cunho político. Os recursos financeiros obtidos com os

serviços oferecidos pela UC, por exemplo, muitas vezes são revertidos para o tesouro nacional,

43

ao invés de serem investidos na própria unidade. Há casos, também, em que o plano de manejo

de uma área protegida não está adequado à realidade da unidade ou da região e não pode ser

implementado (PUTNEY, 2000).

A limitação orçamentária do governo, como discutido anteriormente, para a conservação

das áreas protegidas exige que uma UC deva se tornar menos dependente do Estado. Por isso, é

de particular importância que uma UC possa obter recursos de variadas fontes de financiamento.

Assim, esses tipos de financiamentos identificados e avaliados neste capítulo poderiam ser

importantes para a Estação Ecológica de Águas Emendadas. Para identificar quais fontes seriam

de utilidade para essa UC, necessita-se verificar suas condições de gestão e caracterizar suas

peculiaridades como estação ecológica.

44

4. ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE ÁGUAS EMENDADAS (Esecae)

A Esecae é uma UC de proteção integral, que tem por principal objetivo a proteção da

vegetação e fauna característica do bioma cerrado, bem como a conservação dos recursos

hídricos presentes em sua unidade. Essa unidade compõe a área núcleo da Reserva da Biosfera do

Cerrado - Fase 1 - cujas atividades permitidas possíveis são a realização de pesquisas científicas e

atividades de educação conservacionista (BRASIL, 1981, SEMARH, 2004, LABARRÉRE,

2004).

A Esecae foi criada pelo Decreto no 771, de 12 de agosto de 1968 como Reserva Biológica

e depois modificada para Estação Ecológica, pelo Decreto no 11.137, de 10 de junho de 1988

(IEMA, 1999, BRASÍLIA, 1968, BRASÍLIA, 1988). Ela foi declarada como de utilidade pública,

para efeito de desapropriação, pelo Decreto no 6.004 de 10 de junho de 1981 (BRASÍLIA, 1981).

A Esecae possui uma área de 10.547,21 hectares e está localizada a nordeste do Distrito

Federal, a 50 Km de Brasília, na Região Administrativa de Planaltina – RA-VI (Figura 4.1). Essa

área é composta por um polígono principal - 9.768,00 hectares - e uma área adjacente, onde se

situa a Lagoa Bonita, também, denominada de Mestre D´Armas - 779,22 hectares. O polígono

principal faz limites com três estradas distritais - DF-345/BR-010, DF-205 e DF-12832 - e uma

rodovia federal - BR-02033 (SEMATEC, 1993, IEMA, 1999) (Figura 4.1).

4.1. Gestão e Organograma

A Esecae está, atualmente, sob a administração da Gerência de Preservação do Patrimônio

Ecológico das Unidades de Conservação e Parques Ecológicos, da Secretaria do Meio Ambiente

e Recursos Hídricos - Semarh34. Alguns dos objetivos dessa gerência são: supervisionar a

administração, implantação, manutenção e fiscalização das Unidades de Conservação de Parques

24 DF-345: dá acesso às cidades de São João da Aliança e Alto Paraíso (GO); DF-205: dá acesso a propriedades rurais do entorno; e DF-128 - antiga DF-130: dá acesso à cidade de Planaltina de Goiás. 25 BR-020: dá acesso à cidade de Formosa (GO) e aos estados do norte e nordeste do país. 34 De 1968 a 1993, a Reserva Biológica de Águas Emendadas era diretamente subordinada ao Departamento de Recursos Naturais, da Fundação Zoobotânica do Distrito Federal, da Secretaria de Agricultura e Produção. Esse Departamento foi extinto pelo Decreto no 14.639, de 22 de março de 1993 (BRASÍLIA, 1993a) e a administração da Esecae foi repassada à Gerência de Ecossistemas e Vigilância Ambiental, do Instituto de Ecologia e Meio Ambiente do Distrito Federal - Iema - que, por sua vez, era vinculada à Secretaria do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia -Sematec (BRASÍLIA, 1993b). Em 2000, a Sematec e o Iema foram extintos, transferindo-se suas atribuições para a Semarh - Decreto nº 21.410, de 02 de agosto de 2000 (IEMA, 1999, MMA, 2001, BRASÍLIA, 2000).

45

46

Ecológicos sob a gestão da Semarh-DF e, ainda, propor e acompanhar a elaboração dos

zoneamentos ambientais e planos de manejo das UCs35.

Atualmente, o administrador da Esecae é subalterno da Gerência de Preservação do

Patrimônio Ecológico das Unidades de Conservação e Parques, da Semarh. No entanto, existe

uma proposta de reestruturação administrativa da Esecae, que está sendo discutida na Semarh,

para que a estação se torne uma unidade administrativa autônoma. Nessa proposta, a Esecae seria

administrada por uma gerência própria, exclusiva, juntamente com seus núcleos administrativos,

e seria subordinada à Diretoria da Preservação, Conservação e Educação Ambiental, conforme

foi relatado por funcionários da Semarh.

Para o administrador da Esecae, entretanto, essa mudança poderá agilizar a capacidade

gerencial, facilitando o processo de gestão da unidade, tanto técnico quanto administrativo, e

principalmente, facilitando a busca de parcerias com outras instituições de pesquisa e na captação

de recursos.

4.2. Pesquisas e atividades educativas desenvolvidas na Esecae

A Esecae pode ser considerada como um dos grandes centros de estudos científicos do

bioma cerrado. A unidade é utilizada, principalmente, por estudantes em pesquisa acadêmicas

tanto em nível de graduação, quanto de pós-graduação. Os recursos bióticos presentes nessa

unidade são fontes de estudo para diferentes tipos de análise científica. Grande parte dessas

pesquisas é relativa a levantamentos da flora36 e fauna37 presente no local. São realizados estudos,

também, sobre os aspectos biológicos e econômicos desses organismos para a sociedade. Um

desses estudos é a revisão taxonômica de uma espécie de fungo causadora de doenças em plantas

de importância econômica. A coleta de algumas espécies, que fizeram parte do estudo, aconteceu

na Esecae.38 Na Esecae são também realizados estudos geológicos e paleontológicos que trazem

35 Home page: <http://www.semarh.df.gov.br/> 27 Os trabalhos que remetem à flora presente na Esecae são: MAURY et al (1994), FERREIRA (1976), FILGUEIRAS & PEREIRA (1993), CODEPLAN (1976), SILVA JÚNIOR & FELFILI (1996), RAMOS et al. (1986), MAURY et al. (1985), FELFILI et al. (1998). 28 Os trabalhos que remetem à fauna presente na Esecae são: MARINHO FILHO et .al. (1998), RODRIGUES (2002), LOPES et al. (2004). 29 REZENDE & DIANESE (2003).

47

explicações sobre a origem da região39. Além disso, são desenvolvidos trabalhos que avaliam o

grau de impacto ao meio ambiente, causado pela ocupação humana na região.40

Muitos desses estudos somente foram possíveis graças à facilidade de acesso a Esecae e,

também, pela boa infra-estrutura de apoio. Para os ornitólogos, em especial, essa UC possui uma

excelente representação da avifauna e oferece boas oportunidades de observação e pesquisa aos

cientistas (MARINHO FILHO et al., 1998). Todos esses estudos mostram a importância

científica dessa UC e evidenciam a sua relevância para o patrimônio científico, além de ecológico

e econômico.

4.3. Caracterização

Conforme dito acima, a UC de Águas Emendadas foi originalmente criada como uma

reserva biológica. Enquanto foi assim caracterizada, ela tinha como objetivo a preservação

integral da biota e não permitia interferência humana direta ou modificações ambientais, exceto

para fins de recuperação41 . Já como estação ecológica, alterações nos ecossistemas continuam

não sendo permitidos, exceto para fins de restauração42 ou com finalidades científicas ou pela

coleta controlada de recursos do ecossistema, em uma área correspondente a no máximo três por

cento da extensão total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares (BRASIL,

2000). Essa modificação de reserva biológica para estação ecológica foi justificada pela

importância ecológica dessa UC e o interesse em promover o desenvolvimento de pesquisas

científicas aplicada à ecologia (LABARRÉRE, 2004).

Algumas considerações sobre o Cerrado merecem ser mencionadas para enfatizar a

importância da sua preservação. No âmbito nacional, o bioma Cerrado ocupa quase 25% do

território brasileiro (GEOBRASIL, 2002) e é considerado a savana mais rica do mundo em

biodiversidade de espécies, com um grau de endemismo significativo (BUSCHBACHER, 2000,

GEOBRASIL, 2002). No caso da diversidade florística conhecida, o cerrado conta com 26% dos

gêneros e 65% das espécies estimadas para a América do Sul, quando comparada com os dados

de outros biomas, tais como Chaco, Lhanos e Pantanal (GENTRY et al., 1997 apud FELFILI &

30 Estudos paleontológicos na Esecae estão presentes nos trabalhos: BROD (2003), RIBEIRO (1994). 31 PINELLI (1999). 41 Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que não necessariamente seja igual à condição original. 42 Restituição: restituição do ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da condição original

48

SILVA JÚNIOR, 2001). Quanto à diversidade de fauna, cerca de 10% a 15% dos vertebrados são

espécies endêmicas. A importância econômica do cerrado para a sociedade é vasta, sendo útil na

indústria farmacêutica e alimentícia, com as plantas medicinais, além do uso na produção de

cortiça, fibras, óleos e artesanato. As espécies de flora do cerrado são importantes, também, sob o

ponto de vista agronômico, pois algumas são fixadoras de nitrogênio43.

No caso da Esecae, é possível reconhecer cinco tipos de fisionomias de vegetação: cerrado

sensu stricto, campo limpo, campo sujo, mata de galeria e vereda.44 Essa diversidade de hábitats

favorece o estabelecimento de uma ampla variedade de espécies de fauna e flora. Comparando-se

a fitossociologia do componente arbóreo da Esecae com o Parque Nacional de Brasília e a Área

de Preservação Ambiental Gama-Cabeça do Veado, a Esecae é a UC mais rica em espécies. Sua

flora, em especial, é bastante representativa e a sua preservação é considerada importante em

estudos de recursos genéticos do cerrado (FELFILI, 1998).

No caso da fauna presente na Esecae, existem 80 espécies de herpetofauna45 e 27 espécies

de anfibiofauna registradas (MARINHO FILHO et al., 1998). Quanto às aves, há 287 espécies

registradas, o que corresponde a 35% do total de espécies conhecidas em todo o cerrado (SILVA,

1995 apud MARINHO FILHO et al., 1998) e 69% das espécies conhecidas para a região do

Distrito Federal (NEGRET et al., 1984 apud MARINHO FILHO et al., 1998). No caso dos

mamíferos, há 66 espécies registradas, o que corresponde a um terço do total de espécies de

mamíferos registrados no bioma cerrado (MARINHO FILHO et al., 1998).

Além dessa diversidade de espécies de fauna e flora, a Esecae é um importante foco de

seqüestro de carbono. Isso ocorre porque essa UC é constituída por cerrado sensu stricto - ou

cerrado típico - cuja vegetação absorve mais carbono do que o emite e a sua capacidade de

armazenamento de carbono é o dobro da capacidade da floresta amazônica (BUSCHBACHER,

2000).

A Esecae é conhecida, também, devido ao fenômeno hidrográfico do nascimento de duas

grandes bacias da América Latina, vertendo de uma nascente comum: Amazônica e Platina. A

43 Home page: <http://www.semarh.df.gov.br> 32 O cerrado sensu stricto brasileiro é uma vegetação de interflúvio, que cresce, sobretudo, em regiões de solos profundos e bem drenados. Já, nos campos - limpo e sujo, há o predomínio de ervas e arbustos, sobretudo, de gramíneas. As matas de galeria, por outro lado, são constituídas por uma rede florestal perenifólia ao longo dos cursos d´água e rodeadas por campos e vegetação de cerrado típico. Enfim, as veredas são ecossistemas dominados por espécies a solos permanentemente alagados - por exemplo: palmeiras arbóreas perenifólias (FELFILI & SILVA JÚNIOR, 2001). 33 Herpetofauna: herpeto (réptil) + fauna (animais). Fauna de répteis. (FERREIRA, 1986).

49

primeira é formada a partir do córrego Vereda Grande, que corre para o norte, encontrando o rio

Maranhão e o Tocantins. Já o córrego Brejinho corre para o sul, engrossa o córrego Fumal e

forma o rio Paraná (IEMA, 1999).

A presença de diversas nascentes, fontes e brejos denotam essa área como um importante

manancial de águas do Distrito Federal (IEMA, 1999). Os córregos Fumal e Brejinho são fontes

de captação de água da Companhia de Saneamento do Distrito Federal - Caesb - na região da

Esecae, além do córrego de Cascarra, que no momento, encontra-se desativado.

4.4. Descaracterização

O Distrito Federal perdeu 74% de sua vegetação original, no período de 1954 a 2001, e as

principais causas dessa degradação foram a pressão urbana e as atividades agropecuárias

(MAURY, 1995, MACHADO et al., 1998, UNESCO, 2002). Em 1994, a soma das áreas

ocupadas pela agropecuária (32,65%), loteamentos irregulares (2,92%) e áreas degradadas

(0,88%) foi de 36,45% da ocupação do solo no DF; enquanto a área ocupada pelo cerrado46 era

de 52,16% (SEBRAE, 1997 apud SINHOROTO, 2002).

Nos últimos anos tem-se constatado uma tendência para desaceleração no ritmo de perda de

cobertura das matas, por conta de uma diminuição do crescimento de áreas agrícolas. Entretanto,

as taxas de ocupação na região continuam altas, enquanto as áreas reflorestadas decresceram e

foram convertidas em ocupações urbanas e rurais (MAURY, 1995, MACHADO et al., 1998,

UNESCO, 2002).

Por conta da perda da vegetação original no Distrito Federal, a preocupação na preservação

da integridade da Esecae tem sido constante, sobretudo pela localização dessa UC. Utilizando-se

os parâmetros definidos por Dudley e Stolton (1999), no Quadro 2.2. (p.13 desta dissertação),

verificam-se quatro tipos de ameaças a Esecae: a) presença próxima de rodovias e expansão

ocupacional humana - conversão e degradação; b) cobertura da área com pasto - empobrecimento

global da ecologia das áreas de proteção; c) mineração; e d) atividade de caça - elementos das

áreas de preservação coletados sem prejudicar a estrutura do bioma (Figura 4.2).

34 Cerrado: mata de galeria, campos, cerrado sentido restrito, cerradão e mata mesofítica

50

Figura 4.2.: Zona Nuclear da Estação Ecológica de Águas Emendadas Fonte: Miranda & Coutinho (2004)

Uma das rodovias separa a Lagoa Bonita do polígono principal e, assim, aumentando a

freqüência de atropelamentos de animais nas rodovias. A expansão urbana da área ao seu redor

tem trazido sérias conseqüências à integridade da unidade de conservação, como a redução da

conectividade dos fragmentos de vegetação natural com outras áreas do cerrado. Esse isolamento

de fauna e flora local pode comprometer o fluxo de material genético e reduzir a biodiversidade e

dilapidação dos recursos naturais (MAURY, 1995, UNESCO, 2002).

A expansão das plantações de soja é um fator preocupante região da Esecae. Essas culturas

agrícolas deixam o solo mais suscetível à lixiviação e erosão acelerada e utilizam grande

quantidade de agrotóxicos. Também causam danos a mineração de calcáreo e argila no seu

entorno (UNESCO, 2002), atividades de caça e coleta ilegal (DAMÉ, 1992), além dos incêndios

acidentais e os provocados (PROUSSIER, 1993, MAPN, 1996 apud MARINHO FILHO et al.,

1998). Um outro problema recorrente da ocupação humana crescente no entorno da Esecae é a

poluição dos córregos e captações impactantes de água nas nascentes, para o abastecimento de

água da cidade de Planaltina - DF (MAPN, 1996 apud MARINHO FILHO et al., 1998).

Essas ameaças à Esecae deveriam ser minimizadas por um quadro de gestão eficaz nessa

UC, dada a sua importância ecológica e econômica. Nesse momento, surgem perguntas para

explicar as causas da ineficácia nos objetivos de preservação ambiental dessa UC, cuja

explicação é um dos objetivos desse trabalho.

Reflorestamento

Chácaras

Área Agrícola

Área Agrícola

Área Urbana (Planaltina-DF)

51

5. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

5.1. Diagnóstico da situação da Esecae

A pesquisa referente ao diagnóstico da situação da Esecae e as possíveis fontes de recursos

para a sua gestão foram realizadas entre setembro de 2004 e fevereiro de 2005. Para fazermos o

diagnóstico da situação da Esecae, utilizamos quatro procedimentos: a) aplicação de um

questionário ao atual administrador da Esecae - Aylton Lopes Santos; b) análises de documentos

sobre a Esecae; c) pesquisa em artigos científicos e livros sobre a Esecae; d) pesquisa em

reportagens sobre a Esecae de jornais de grande circulação; e e) entrevistas com funcionários da

administração da Esecae - Aylton Lopes Santos e Miguel Gonçalves - com Muna Ahmad

Youssef e Isabel da Silva Magalhães do Centro de Vivência da Esecae, com Ana Cristina

Gadelha Correia da Silva da Diretoria de Apoio Operacional e da Gerência de Orçamento e

Finanças da Semarh, com o antigo administrador da Esecae - Sr. Paulo César Magalhães Fonseca

- e com Mariana Antunes Valente - WWF-Brasil.

Em relação ao questionário, as perguntas foram realizadas de acordo com um roteiro

previamente elaborado pelo pesquisador (Anexo). O teor das perguntas foi baseado naquele

desenvolvido pela WWF-Brasil, em 1999, para verificar o grau de riscos de vulnerabilidade das

UCs federais brasileiras (SÁ & FERREIRA, 1999). Optou-se por esse questionário por ser rápido

na sua aplicação e estar de acordo com a disponibilidade de tempo do administrador da Esecae.

Esse processo metodológico é uma variação daquela proposta por Faria, em 1993, que utilizou

indicadores de manejo para medir a eficácia das áreas protegidas. Os indicadores eram

confrontados com os objetivos de conservação das áreas protegidas e verificava-se se essas áreas

estavam cumprindo os seus objetivos (CIFUENTES et al., 2000).

Foram, também, realizadas entrevistas com o atual administrador da Esecae e, também,

com funcionários da Semarh, com o objetivo de esclarecimento de alguns pontos sobre a

administração da Esecae, arrecadação de recursos, o grau de sua implementação e

vulnerabilidade, além dos principais elementos que estariam ameaçando a integridade dos

recursos naturais presentes nessa unidade e as dificuldades na sua gestão. Foram entrevistados,

também, funcionárias do Centro de Vivência da Esecae - Muna e Isabel - e a funcionária da

WWF-Brasil - Mariana - à respeito do programa de educação ambiental “Agua para a vida, água

52

para todos”, desenvolvido na Esecae, em parceria com a WWF-Brasil. Quanto à relação das

despesas da Esecae, os dados relativos ao número e ao salário de funcionários que fornecem

assistência à Esecae foram obtidos em visita à sede da Polícia Militar Ambiental e na do Corpo

de Bombeiros.

Ainda em relação às despesas da Esecae, esses dados foram obtidos por meio de um

ofício, e referente aos materiais de consumo de 2004, na Diretoria de Apoio Operacional da

Semarh. Os dados referentes à captação de recursos da Esecae desde a sua criação foram obtidos

em documentos arquivados na Gerência de Orçamento e Finanças da Semarh - IEMA, 1995,

IEMA, 1996, IEMA, 1999, SEMARH, 2003, SEMATEC, 1993 - e, também, na home page da

Semarh e da Secretaria de Infra-estrutura e Obras do Distrito Federal. Foram, também,

pesquisadas informações sobre a Esecae em artigos científicos e livros, além de pesquisas em

jornais de grande circulação - Correio Braziliense e Jornal de Brasília - em documentos

arquivados na Gerência da Unidade de Conservação e Parques Ecológicos e na biblioteca da

Semarh.

5.2. Fontes de financiamento

Em relação aos recursos financeiros, foram coletadas informações: a) em home pages:

Ministério do Meio Ambiente – MMA - agências de financiamento - BIRD, BID, KfW47 e

IDRC48, Fundação Ford, CIDA, IFC, BEI49, CAF50, ONGs - WWF-Brasil, TNC, CI, FBPN51,

Funatura, Pró-Carnívoros52, Fundação Biodiversitas e Pro-Natura, fundos ambientais de

financiamento - GEF, FNMA, Funbio, Fonplata, Funam53, JBIC54; b) contato por correio

eletrônico com funcionários de ONGs e com um assessor parlamentar; e c) consulta na legislação

brasileira sobre fundos ambientais, programas de financiamento e incentivos fiscais.

Sobre as fontes de financiamento, foi realizado levantamento dos programas e projetos que

atualmente estão sendo investidos e desenvolvidos por essas agências. Foram identificados os

programas em que a Esecae poderia obter recursos, considerando sua categoria de UC de

47 KfW: Kreditanstalt für Wiederaufbau - Banco de Reconstrução da Alemanha 48 IDRC: International Development Research Centre 49 BEI: Banco Europeu de Investimentos 50 CAF: Corporação Andina de Fomento 51 FBPN: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza 52 Pró-carnívoros: Associação para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais 53 Funam: Fundo Único do Meio Ambiente do Distrito Federal 54 JBIC: Japan Bank for International Cooperation

53

proteção integral e, também, os tipos de financiamento aplicados pelas fontes de financiamento -

aquisição de equipamentos, e/ou investimentos em projetos de educação ambiental, e/ou pesquisa

científica, infra-estrutura.

Foram contatadas por correio eletrônico duas ONGs, com o objetivo de esclarecimento de

alguns pontos sobre a atuação e tipo de investimento dessas organizações em programas

ambientais, cujas informações de nosso interesse não estavam explícitas na internet: Funatura e

TNC. Somente recebemos respostas da TNC - Denise Urias - em 30 de setembro de 2004 e -

Heloísa - em 27 de dezembro de 2004. Também, por correio eletrônico, entramos em contato

com um assessor parlamentar sobre a possibilidade do ICMS ecológico ser implantado no

Distrito Federal - mensagens recebidas em 15, 19 e 20 de outubro de 2004. Foram, também,

obtidos dados sobre os fundos e programas de financiamento do governo federal - Pronabio e

FNMA - e distrital - Funam - além do ICMS ecológico.

54

6. A REALIDADE ATUAL DA ESECAE

6.1. Entrevista com o Administrador e análises de documentos

De acordo com as respostas do atual administrador, Sr. Aylton Lopes Santos, ao

questionário, entrevistas com funcionários da Semarh e Esecae e a análise de documentos e

estudos sobre a unidade, a Esecae enfrenta problemas de ordem institucional e é ameaçada pela

expansão urbana.

• Situação Fundiária (Questão 1)

A situação fundiária da Esecae encontra-se quase totalmente regularizada - 90 a 100%, de

acordo com as respostas do administrador ao questionário. Conforme Decreto Distrital55, ela é

declarada de utilidade pública, desde 1981 (BRASIL, 1981). Até os dias de hoje, no entanto, o

processo de desapropriação de algumas terras não foi regularizado. Até meados de 1993, a

Terracap não conseguiu um acordo com chacareiros, que já habitavam a região antes do

estabelecimento da estação ecológica. Conforme consta em reportagens de jornais, essas pessoas

exigiram, na justiça, indenização pelos terrenos e benfeitorias. As terras rurais foram avaliadas

como urbanas e o valor da indenização aumentou, na época, para cerca de US$22 milhões

(PROUSSIER, 1993, RODRIGUES, 1993, TORRES, 1993). No momento, consta que 57,5% da

área desapropriada está regularizada e os hectares de terra restantes - 42,5% - estão em discussão

na justiça sobre o valor que os proprietários das terras desejam receber e aquele que o Governo

do Distrito Federal estaria disposto a pagar.56

• Demarcação Física (Questão 2)

A Esecae encontra-se demarcada - 100%, de acordo com as respostas do administrador ao

questionário - por meio de uma cerca no perímetro da área. Uma de suas mais importantes áreas,

a Lagoa Bonita, no entanto, está separada do polígono principal, pela rodovia DF 128. Essa

55 Decreto no 6.004 de 10 de junho de 1981 (BRASIL, 1981). 56 Atualmente, esse processo de desapropriação de terras está tramitando no Tribunal de Contas do Distrito Federal -TCDF - e, conforme a decisão nº 4701/2003, a Terracap teria que elaborar uma nova avaliação dos imóveis pagos por ela, indenizando os proprietários de terra, no caso, a Empresa Brasileira de Empreendimentos Imobiliários e Agropastoril Ltda. – MINA. Na decisão nº 2281/2004, a Terracap encaminhou cópia dos laudos de avaliação elaborados pela Câmara de Valores Imobiliários do Distrito Federal a serem analisados pelo TCDF (http://www.tc.df.gov.br).

55

proximidade com a rodovia tem limitado a dispersão de espécies de fauna e flora da área

principal para a Lagoa Bonita e vice-e-versa e aumentado a freqüência de atropelamentos de

animais. Estima-se que mais de dois mil vertebrados são mortos por ano nas estradas do seu

entorno (RODRIGUES, 2002), em especial, o grupo dos canídeos-carnívoros, como o lobo-guará

e o cachorro-do-mato, além das jaritatacas, furões, tamanduás-mirins e tatus (MARINHO FILHO

et al., 1998). No caso do lobo-guará, por exemplo, cerca de metade da produção anual de filhotes

é perdida nas estradas (RODRIGUES, et al., 2002, RODRIGUES, 2002).

• Áreas Alteradas (Questão 3)

A porcentagem de áreas alteradas no interior da Esecae é baixa - 0 a 20%, de acordo com as

respostas do administrador ao questionário. Essas alterações podem acontecer devido à captação

de água e, sobretudo, à pressão externa. A Esecae encontra-se ameaçada pela expansão

ocupacional e atividades agropecuárias no seu entorno, que serão discutidas com mais detalhes na

Questão 7.

• Exploração de Recursos Naturais no seu Interior (Questão 4)

Não há exploração de fauna e flora - coleta e caça - no interior da Esecae, de acordo com as

respostas do administrador ao questionário. Isso é saudável, pois a Lei do SNUC não permite essa

exploração em UCs de proteção integral, que é o caso da Esecae, a não ser para fins científicos.

No entanto, em entrevista, o atual administrador da Esecae não tem permitido a coleta de

materiais nem mesmo para pesquisas científicas.

Há, no entanto, captação de água. Os córregos Fumal e Brejinho, localizados na Esecae, são

fontes de captação de água da Caesb, além do córrego de Cascarra que, no momento, encontra-se

desativada. Os dois córregos ativos abastecem a Região Administrativa de Planaltina (RA VI). A

soma da captação mensal de água dos córregos, em 2002 e 2003, foi maior do que o consumo

mensal de água da RA VI, considerando as perdas de água, em média, de 33,5% (CAESB, 2002,

CAESB, 2003). Essa informação sugere que houve um volume de água captado nos córregos

maior do que efetivamente foi consumido pela comunidade e, ainda, ressalta-se uma alta

porcentagem de perda de água tratada. Considerando-se que não há abundância de água na

região, ressalta-se a importância de minimizar essas perdas e o cuidado para que não haja a

superexploração de água na região.

56

A captação mensal desses dois córregos tem aumentado, o que também acarretou o aumento

da contribuição dessas fontes de captação na produção total mensal de água que abastece o

Distrito Federal. A contribuição mensal de captação de água dos córregos Fumal, Mestre

D´Armas e Brejinho aumentou de, respectivamente, 23%, 3,6% e 1,3%, em 2001, para 86,1%,

12% e 1,9%, em 2003, da captação total mensal de água (CAESB, 2001, CAESB, 2003).

Esse aumento de captação tem ocorrido devido aos investimentos da Caesb na área, onde a

disponibilidade hídrica é baixa e a população do entorno está se expandindo, sobretudo com o

aumento de condomínios habitacionais (CAESB, 2001) e das atividades agrícolas. Apesar dessa

expansão populacional, a qualidade das águas captadas dos córregos tem variado de “Boa” a

“Muito Boa” (CAESB, 2002).

A Caesb tem licença de operação para a captação de água no córrego Brejinho

(LABARRÉRE, 2004), Tal captação ainda não foi regulamentada e não tem sido cobrada pela

Semarh. Para se implantar a cobrança na captação de água na Esecae, deve ser regulamentado o

Artigo 47 da Lei 9.985/0057 (BRASIL, 2000). No entanto, conforme entrevista com o servidor

Miguel Gonçalves, a CAESB tem fornecido materiais de apoio à unidade, tais como: uma viatura

(Kombi), um vidrante para abastecer carro-pipa e material de caixa d’àgua.

Além disso, apesar de não estar dentro dos limites da Esecae, é preocupante a mineração de

calcário e argila no seu entorno (UNESCO, 2002).

• Freqüência de atividades de caça e pesca (Questão 5)

O administrador teve dificuldade em definir a incidência - gravidade - das atividades de

caça e pesca, com base no questionário - reduzida, ou mediana, ou elevada. Em entrevista, ele

disse que os moradores do entorno freqüentemente coletam frutos da flora presente no interior da

Esecae e, ainda, disse que há cerca de uma ocorrência de caça ilegal por mês na Esecae. Quanto à

pesca ilegal, atualmente, o numero de ocorrência é insignificante. No passado, no entanto,

segundo o ex-administrador da Esecae, a pesca ilegal na Lagoa Bonita ocorria com freqüência.

57 Art. 47. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pelo abastecimento de água ou que faça uso de recursos hídricos, beneficiário da proteção proporcional por uma unidade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o disposto em regulamentação específica.

57

• Grau de insularização - percentual de cobertura vegetal natural no entorno (Questão 6)

A cobertura vegetal natural no entorno da Esecae é quase nula - 0 a 20%, de acordo com as

respostas do administrador ao questionário. Num raio de 10 km da Esecae há grandes plantações

agrícolas e ocupação humana (PROUSSIER,1993). Essa ocupação tem contribuído para a perda

da vegetação nativa da Esecae, cuja abrangência reduziu de 41,2%, em 1987, para 35,8%, em

1996 (MACHADO et al., 1998). Os desordenados loteamentos e assentamentos urbanos

irregulares das cidades de Planaltina (DF) e Planaltina (GO), localizados, respectivamente, ao sul

e ao norte da Esecae, são considerados áreas de risco à integridade da Esecae. Há invasão de

plantas e animais exóticos, em especial, os animais domésticos - cães, bovinos, eqüinos, felinos e

suínos, conforme será discutido na Questão 7.

Essa ocupação deveria ser restrita, conforme o Artigo 2 da Resolução Conama no 13, de 6

de dezembro de 1990. Nesse artigo consta que “nas áreas circundantes das Unidades de

Conservação, em um raio de dez quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a Biota,

deverá ser obrigatoriamente licenciada pelo órgão ambiental competente” (CONAMA, 1990).

• Formas predominantes de uso da terra no seu entorno (Questão 7)

São a agricultura intensiva e a ocupação urbana, de acordo com as respostas do

administrador ao questionário. Isso pode ser comprovado na imagem de satélite da Esecae da

Figura 4.2. - página 50 desta dissertação. No âmbito agrícola, a expansão das plantações de soja

pode comprometer a integridade dos recursos naturais presentes na Esecae, deixando o solo

suscetível à lixiviação e erosões. Além disso, a utilização de intensa quantidade de agrotóxicos

pode provocar o envenenamento da fauna e contaminar os mananciais hídricos, comprometendo a

qualidade da água na Esecae, em especial da Lagoa Bonita (DAMÉ, 1992, SEMATEC, 1993,

PROUSSIER, 1993). A poluição dos córregos e a captação exacerbada de água nas nascentes,

para o abastecimento de água na cidade de Planaltina (DF), também, podem promover a

degradação e a contaminação da água e da mata nativa da Esecae (MAPN, 1996 apud

MARINHO FILHO et al., 1998).

Quanto à expansão irregular urbana, há o problema da invasão de plantas e animais exóticos

na Esecae (MAPN, 1996 apud MARINHO FILHO et al., 1998), em especial, de animais

domésticos, como cães, (GOULART, 2004), eqüinos, bovinos, suínos e felinos. Esses animais

tornam-se selvagens e competem com a fauna nativa na busca de alimentos, além de trazerem

58

prejuízos com a transmissão de doenças e, principalmente, com a predação de espécies nativas.

(MARINHO FILHO et al., 1998, MMA, 2004). Isso vem estimulando a saída de lobos-guarás da

Esecae para as rodovias e para os assentamentos urbanos, em busca de alimento (RODRIGUES,

2002).

Há, também, a questão inversa. Ou seja, a proximidade de chácaras no entorno da Esecae

estaria atraindo algumas espécies de animais e trazendo prejuízos aos fazendeiros. A maioria dos

fazendeiros ao redor da Esecae é criador de galinha, que é uma das dietas do lobo-guará (DIETZ,

1984 e DIETZ, 1987 apud RODRIGUES, 2002) e há denúncias de que os fazendeiros estariam

matando esses animais (RODRIGUES, 2002).

A expansão urbana nos limites de fronteira da Esecae favorece, também, os incêndios

acidentais e os provocados na unidade (PROUSSIER, 1992, PROUSSIER, 1993, MAPN, 1996

apud MARINHO FILHO et al., 1998). Os primeiros ocorrem quando há secas muito prolongadas

ou quando a mata de galeria está degradada (FELFILI & SILVA JÚNIOR, 1992 e FELFILI, 1997

apud KLINK et al., 2000). Os incêndios provocados ocorrem em sua maioria e são causados por

fazendeiros que utilizam a queimada para o preparo da terra para o cultivo de plantações

agrícolas e se alastram, facilmente, na mata seca, o que provoca grandes prejuízos ao

ecossistema. O fogo, além de matar os animais, causa a destruição de seus abrigos e locais de

nidificação, reduz a disponibilidade de alimentos e, ainda, retarda a regeneração natural da

vegetação, devido à perda de nutrientes do solo (KLINK et al., 2000).

• Grau de envolvimento da comunidade do entorno em atividades desenvolvidas na

Esecae (Questão 8)

O grau de envolvimento da comunidade do entorno está entre 30 e 49%, de acordo com as

respostas do atual administrador da Esecae ao questionário. Ele sugere que a população residente

no entorno não possui consciência da importância ecológica dessa UC e apresenta o exemplo da

caça e coleta predatória. Espera-se, no entanto, que essa freqüência de caça predatória reduza na

medida em que a comunidade do entorno da Esecae saiba da importância ecológica e econômica

dos recursos naturais presentes nessa UC. Esse trabalho de educação ambiental tem sido

conduzido pela equipe de Educação Ambiental da Esecae, em parceria com a Semarh e a WWF-

Brasil, com alunos de escolas públicas da região. Algumas dessas atividades incluem as trilhas

59

dentro da estação ecológica e as informações sobre a importância ecológica e econômica das

espécies de fauna e de flora presentes na Esecae.58

Além de desenvolver atividades ambientais com estudantes primários e secundários de

escolas públicas, o trabalho de educação ambiental tem envolvido, também, os professores. Em

setembro de 2004, foi realizado o Congresso da Estação Ecológica de Águas Emendadas, onde os

professores e alunos puderam apresentar os resultados de uma pesquisa de opinião sobre o meio

ambiente. O objetivo desse congresso era o de envolver a comunidade na questão ambiental, em

especial, na UC mais próxima, que é a Esecae.59

• Relação entre os recursos financeiros aplicados e aqueles necessários para o manejo da

Esecae (Questão 9)

A relação entre os recursos financeiros aplicados e aqueles necessários para o manejo da

Esecae esteve entre 50 e 69%, em 2004, de acordo com o questionário respondido pelo atual

administrador da Esecae. Os recursos financeiros são insuficientes para a manutenção da unidade

e são, também, não-seguros, ou seja, o valor que a Esecae irá receber da Semarh é incerto.

Conforme a ser apresentado no item 5.2, mais abaixo, as despesas financeiras para a manutenção

da Esecae, no ano de 2004, foram de R$ 3.961.881,74 - cerca de R$ 330.156,81 por mês. As

despesas com recursos humanos, em especial, foram aquelas que mais comprometeram o

orçamento. Os recursos financeiros que mantém a Esecae e os projetos de educação ambiental

advêm, atualmente, somente do Governo do Distrito Federal e da WWF-Brasil.

O administrador não soube quantificar um valor para os recursos que estariam faltando para

a manutenção da unidade. Essas despesas supririam os gastos na estrutura da administração, ou

seja, na manutenção da instalação física e de equipamentos da Esecae.

58 Em março de 2003, em comemoração ao Dia Temático de Água Doce, estudantes de escolas públicas participaram de atividades pela preservação da água doce, no projeto Amigos da Escola. Esse projeto contou com a parceria da WWF-Brasil e da Unesco e envolveu UCs localizadas em 10 estados do Brasil. No Distrito Federal, a UC escolhida foi a Esecae. Além de obterem informações sobre a Esecae, visitarem o marco das águas e as trilhas ecológicas, os estudantes receberam um kit educativo para desenvolverem campanhas de conscientização em suas comunidades (http://www.wwf.org.br/informa/). 59 A pesquisa sobre o meio ambiente era parte do Curso de Reeditores Ambientais, que é uma das ações conservacionistas do projeto Águas do Cerrado e está inserida na Campanha Água para a Vida, Água para Todos. Esse projeto tem por objetivo desenvolver estratégias de corresponsabilidade e participação da comunidade do entorno da Esecae, para promover ações e práticas conservacionistas em relação à UC e aos recursos hídricos da região (http://www.wwf.org.br/informa).

60

• Número de funcionários (Questão 10)

A Esecae conta, atualmente, com 107 servidores que trabalham diretamente na unidade.

Eles estão distribuídos da seguinte maneira: 78 são funcionários diretamente ligados à unidade e,

desses, 59 são requisitados da Belacap60, 12 são Policiais Militares Ambientais e 17 são do Corpo

de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Para o atual administrador, esse número de

funcionários é o ideal para a unidade e, nesse quesito, a unidade possui razoável capacidade

administrativa.

• A qualificação da equipe de funcionários (Questão 11)

O índice de servidores qualificados é baixo - 30% a 49% dos funcionários são qualificados

para a função, de acordo com a resposta do administrador ao questionário. Essa carência, no

entanto, é parcialmente suprida com intervenção de instituições parceiras da Esecae, como a

Polícia Militar Ambiental - que é responsável pela vigilância no local - e o Corpo de Bombeiros –

que auxiliam a Esecae quando há incêndios florestais. Quando há necessidade, junta-se à Brigada

de Incêndios da Esecae, a Brigada Voluntária de Combate a Incêndios Florestais - Brigada

Florestal - da Patrulha Ecológica.61 Essa última é uma ONG ambientalista sediada em Brasília,

cuja maioria dos brigadistas (90%) é qualificada para o cargo, pois recebe treinamentos do

Ibama/Prevfogo e/ou Corpo de Bombeiros.

• Infra-estrutura da Esecae (Questão 12)

De acordo com o atual administrador, em resposta ao questionário, a Esecae possui uma

infra-estrutura completa. A unidade possui um laboratório de monitoramento ambiental62, centro

de informação ambiental - educação ambiental - sede administrativa e alojamento para

pesquisadores. Além dessas construções, a Esecae conta com duas torres de observação,

localizadas em pontos estratégicos para a fiscalização da unidade63.

60 Serviço de Conservação de Monumentos Públicos e Limpeza Urbana do Distrito Federal 61 Home page: http://www.patrulhaecologica.org.br/ 62 O laboratório foi implantado graças a um convênio entre a Sematec e a Universidade de Brasília (UnB). Esse laboratório tem sido importante por fornecer informações sobre a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, o efeito estufa e as condições da camada de ozônio (RODRIGUES, 1994). 63 Nessas torres, fiscais munidos de rádio de comunicação e de goniômetro - aparelho para medição de ângulos, facilitando localização de pontos e, conseqüentemente, auxiliando a fiscalização e o combate a incêndios na unidade (PEDRO, 1994, DAMÉ, 1992).

61

Embora possua uma boa infra-estrutura, a Esecae ainda não possui um Plano de Manejo.

Ela conta, no entanto, com um Plano de Ação Emergencial, desde 1996. Em 2003, foi elaborado

um termo de referência para a elaboração do plano de manejo e a contratação de serviços para a

sua execução está, atualmente, em processo de licitação (MMA, 2001, SEMARH, 2003). O plano

de manejo serve de orientação aos administradores sobre o que deve ser feito na UC a fim de

proteger os recursos naturais presentes na unidade. No caso da Esecae, esse plano de manejo tem

por objetivo inicial caracterizar a unidade, na identificação da fauna e flora presente na unidade,

além dos aspectos abióticos - clima, geologia, relevo e geomorfologia, solos e hidrografia – e

fazer um levantamento do patrimônio cultural e socioeconômico na região. Esse plano, também,

deve comentar os benefícios ou prejuízos à unidade da legislação federal e distrital pertinente,

além de identificar as fontes de recursos financeiros e orientar a aplicação dos mesmos na

unidade de conservação. Propõe-se, ainda, nesse plano de manejo, a realização de estudos

específicos sobre a prevenção e combate aos incêndios, a visitação e a educação ambiental

(SEMARH, 2003).

• Quantidade de Equipamentos e Materiais (Questão 13)

De acordo com o atual administrador, em resposta ao questionário, a Esecae possui

transporte e comunicação e parte dos demais equipamentos e materiais necessários ao

funcionamento da unidade. Em entrevista, ele complementou que a Esecae possui uma boa frota

de veículos de transporte para a ronda na região, num total de doze: um veículo esportivo, quatro

caminhonetes, três veículos Kombi, dois ônibus, um trator e um caminhão pipa. Além disso, essa

UC conta com materiais de comunicação interna e externa à unidade e, ainda, parte dos demais

equipamentos e materiais necessários para o funcionamento da unidade - equipamentos de

fiscalização e de escritório e material de consumo. Atualmente, está sendo estudada a compra de

equipamentos de câmaras a serem instalados em locais estratégicos na unidade, como uma tática

auxiliar na fiscalização e monitoramento dos recursos naturais presentes na Esecae. É válido

lembrar que, apesar das vantagens da fiscalização e punição dos acusados do dano ambiental, em

longo prazo, é provável que aumente um antagonismo em relação às áreas protegidas, por parte

da população local (KARANTH & MADHUSUDAN, 2002) e isso poderia acontecer em relação

à Esecae.

62

• Grau de comunicação com os administradores de outras UCs (Questão 14)

Há grande troca de informações com as UCs localizadas no Distrito Federal - 90 a 100%, de

acordo com a resposta do atual administrador ao questionário - sobretudo no quesito combate aos

incêndios florestais. No entanto, caso fosse considerado as UCs de outros estados, esse grau de

comunicação se reduziria para 0 a 29%, ou seja, é quase inexistente.

• Capacidade de gestão institucional (Questão 15)

De acordo com a resposta do atual administrador ao questionário, a Esecae encontra-se

adequada em um percentual compreendido entre 70 e 89%, incluindo a gestão desde a Semarh até

a administração direta da Esecae, mesmo considerando os problemas envolvidos: financeiro e

ausência de plano de manejo.

6.2. Despesas Financeiras da Esecae

6.2.1. Custos Diretos

O Governo do Distrito Federal gasta, anualmente, cerca de R$3.961.881,74 - cerca de

R$330.156,81 por mês - para a manutenção da Esecae, conforme mostra a Tabela 6.1. Observa-se

que as maiores despesas são com a manutenção de servidores.

Considerou-se a provisão de 5% sobre os gastos eventuais, para cobrir gastos não

planejados com a operação da Esecae. Além disso, foi considerada uma provisão de 25% para

fins de investimento em melhorias e recuperação do estado atual de degradação ambiental. Por

fim, adicionou-se o custo de remuneração do capital, admitindo-se um rendimento de 6% ao ano

(LABARRÉRE, 2004). Nesses gastos não estão inseridos os projetos de educação ambiental,

organizados pela Esecae ou outros programas que poderiam contribuir para a conservação da

biodiversidade presente nessa unidade. Esses programas de educação ambiental, atualmente,

estão sendo financiados pela WWF-Brasil e pela Semarh.

A diferença exacerbada nas despesas da Esecae entre os anos 2001 e 2004 pode ser

explicada devido a compras de equipamentos de fiscalização e, também, devido ao aumento do

número de servidores atuantes na Esecae. Em entrevista com o administrador da Esecae, ele disse

que em 2001 havia cerca de 20 funcionários trabalhando diretamente na unidade, um número

inferior do quadro de 107 funcionários presentes em 2004. Após a terceirização de cargos da

63

Belacap em 2002, seus funcionários foram remanejados para outros órgãos do governo, entre eles

a Semarh, que por sua vez, transferiu alguns deles para trabalharem diretamente na Esecae.

Tabela 6.1: Custo anual de manutenção da Esecae nos anos 2001 e 2004.

Custo Total (R$/ano) Especificação

2001 2004 1. Despesas orçamentárias (a) 26 251,07 124 824,00

1.1. Serviços 64 13 313,03 24 000,001.2. Material de Consumo 11 976,44 2 000,001.3. Material Permanente 961,60 98 824,00

2. Despesas de pessoal (b) 182 487,41 2 750 271,602.1. Servidores Semarh 133 037,41 1 789 132,002.2. Policia Militar Ambiental 22 100,00 303 600,002.3. Bombeiros 65 20 400,00 510 000,002.4. Serviço de terceiros 66 6 950,00 147 539,60

3. Provisão Despesas Eventuais (c) 10 436,92 143 754,78

4. Provisão de Investimentos (d) 52 184,62 718 773,90

Total Despesas Esecae (a+b+c+d) 271 360,02 3 737 624,28

Remuneração do capital 16 281,60 224 257,46

Custo Total 287 641,62 3 961 881,74Fonte: Semarh apud Labarrére (2004), Comunicação própria I (2004)67, Semarh (2004), Comunicação própria II (2004)68, Comunicação própria III (2004)69.

6.2.2. Custos Indiretos

Segundo o atual administrador da Esecae, não há pedidos de indenização, por parte dos

proprietários de chácaras localizadas no entorno da unidade, que possa ter sido prejudicado por

algum dano causado a animais de sua propriedade. No entanto, segundo Rodrigues (2002), alguns

desses proprietários de terra da Esecae acusam lobos-guarás de matar suas galinhas, o que

poderia causar prejuízo econômico à renda familiar. Entretanto, o consumo de animal doméstico

é eventual e pouco importante para a dieta de um canídeo (RODRIGUES, 2002).

64 luz e telefones 65 9ª Companhia Regional de Incêndio. Endereço: http://www.cbm.df.gov.br. 66 aceiros 67 administrador da Esecae 68 Corpo de Bombeiros 69 Polícia Militar Ambiental

64

6.3. Recursos Financeiros da Esecae

Os recursos financeiros que mantêm a Esecae e os projetos de educação ambiental advêm,

atualmente, somente da Semarh e da WWF-Brasil. A WWF-Brasil está financiando projetos de

educação ambiental na Esecae, por meio do programa “Água para a Vida, Água para todos”. De

acordo com uma funcionária dessa ONG, via correio eletrônico, o apoio da WWF-Brasil à Esecae

é técnico e financeiro. Durante dois anos, foram despendidos R$ 45 mil; a partir de agosto de

2005 serão gastos cerca de R$ 35 mil e, em 2007, é previsto o financiamento de R$ 25 mil para

esse projeto.

6.4. Exemplos de Recursos Alternativos Recebidos em Anos Anteriores pela Esecae

Conforme mostra a Tabela 6.2., entre 1994 e 1996, o Iema - atual Semarh – órgão estadual

que administra a Esecae - firmou três convênios com o Ibama para a obtenção de recursos do

PNMA, advindos do BIRD e do KfW, com contrapartida do governo brasileiro.

Tabela 6.2: Financiamento de agências financeiras em projetos envolvendo a Esecae.

Período Agências Programas Projetos Financia-mento (R$)

Convenio Ibama 39/94 S/n Convênio Ibama 58/95 248 000,00

1994 a

1997

BIRD e KfW

PNMA Convênio Ibama 48/96 265 458,00

2000 BID

Programa de Saneamento Básico do Distrito Federal

1) elaboração de um plano diretor de recursos hídricos do Distrito Federal;

2) proteção de nascentes e áreas de cabeceira do DF; 3) conservação da biodiversidade por meio do uso da

biotecnologia; 4) capacitação de recursos humanos; 5) fortalecimento da fiscalização ambiental; 6) implantação de parques vivenciais sustentados; 7) prevenção e combate aos incêndios florestais do DF; 8) educação ambiental.

47 000 000,00

Fonte: IEMA (1995, 1996, 1997), BID (1998), DF (2004), MMA (2001). S/n. valor desconhecido

Não foi possível obter os dados relativos ao primeiro convênio - Convênio Ibama no 39/94.

Quanto ao segundo - Convênio no 58/95, o mesmo foi executado na Esecae, entre 1996 e 1997

(IEMA, 1995) e contemplou os seguintes gastos:

65

a) aquisição e manutenção de materiais: veículos, cercas, equipamentos de combate a

incêndios florestais, materiais permanentes - móveis, ferramentas, abertura e reparos de aceiros

externos à Esecae;

b) infra-estrutura: reforma do alojamento para pesquisadores e do centro de pesquisa da

unidade - Centro de Pesquisa Ecológicas Ezequias Heringer, construção de um centro de

visitantes - Centro de Informações Ambientais Luís Eduardo Alves de Carvalho - recuperação do

reservatório de água junto à Administração da Esecae;

c) estratégia de gestão: elaboração dos planos emergencial e de prevenção e combate a

incêndios florestais, produção de material de divulgação - vídeo, folder e livro sobre a vegetação

da unidade;

d) fiscalização da área: patrulhamento motorizado e com eqüinos, em conjunto com a Polícia

Militar Ambiental (IEMA, 1996).

O terceiro convênio - no 48/96 - que foi executado em 1997, também previu gastos com a

implementação da Esecae, em especial, para despesas com a aquisição e manutenção de

equipamentos e instalações e, ainda, realização de obras e programas de educação ambiental. O

Ibama desprendeu R$204.198,00, com a contrapartida do Iema de R$61.260,00. Os gastos

oriundos desses três convênios foram investidos integralmente na Esecae.

Em 2000, a Esecae recebeu investimentos do BID, por meio do Programa Saneamento

Básico do Distrito Federal (DF, 2004, BID, 1998, IEMA, 1997), que foi importante para a

implantação da Agência de Regulação dos Recursos Hídricos e, também, de um regulador de

prestação de serviço de água potável e saneamento no Distrito Federal (DF, 2004). Os valores

investidos foram categorizados em projetos ambientais, ao invés de UCs envolvidas. O valor

mostrado na Tabela 6.2 contempla o financiamento total do BID no programa, incluindo todas as

UCs de responsabilidade do Governo do Distrito Federal, entre elas a Esecae.

Um aspecto importante para esta Dissertação é a pouca arrecadação de recursos advindos de

fontes alternativas de financiamento. Analisando-se a realidade atual da Esecae, nota-se também,

que a Esecae arrecada poucos recursos oriundos dos serviços prestados dentro da unidade. Por

exemplo, a administração da Esecae não tem cobrado ingressos e serviços prestados advindos das

visitas de educação ambiental e das pesquisas científicas desenvolvidas na unidade - arrecadação

por autofinanciamento - discutido no Capítulo 3. A obtenção desses recursos oriundos de

agências de financiamento deveria ser incentivada.

66

7. RECURSOS FINANCEIROS QUE PODERIAM SER OBTIDOS PELA

ESECAE

7.1. Financiamento oriundo do orçamento público - federal, estadual ou local

I. Programa Nacional da Diversidade Biológica - Pronabio

O Pronabio70 tem por objetivo aliar a conservação da diversidade biológica com o uso

sustentável de seus recursos naturais e a repartição justa e eqüitativa dos benefícios decorrentes

dessa utilização (MMA, 2001). Ele tem obtido apoio administrativo do Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento - PNUD - e é financiado pelos fundos recebidos do GEF e do

BIRD (MMA, 1998). Esse programa possui projetos que enfocam conhecimento - acesso aos

recursos genéticos, conservação, monitoramento, avaliação, prevenção e mitigação de impactos

sobre a biodiversidade. Além disso, são desenvolvidos projetos de gestão institucional das áreas

protegidas e, também, são promovidas atividades de educação ambiental para a sensibilização

pública e divulgação sobre os benefícios da biodiversidade (BRASIL, 2003, MMA, 2001)71.

Um desses projetos é o Probio - Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da

Diversidade Biológica Brasileira, que tem por objetivos a geração e divulgação de conhecimentos

e informações sobre biodiversidade, além da identificação de ações prioritárias e facilitação de

parcerias entre o setor público e o privado.72 Na Esecae, o Probio poderia contribuir com projetos

em educação ambiental e em pesquisas científicas - como já aconteceu. Um dos subprojetos

financiados pelo Probio é a respeito da conservação, recuperação e o estabelecimento de

fronteiras de florestas de galeria naturais e parcialmente degradadas do Distrito Federal e das

regiões adjacentes nos estados de Minas Gerais e Goiás - trabalho foi finalizado em 200073. O

Probio financiou esse trabalho científico em R$836.056,34, com a contrapartida do governo de

R$1.234.000,00 - custo total do subprojeto: R$2.072.056,34. O financiamento dos subprojetos

70 O Pronabio foi criado pelo Decreto nº 1.354, de 29 de dezembro de 1994 e, recentemente, modificado pelo Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002 (MMA, 2004). 71 Decreto no. 4.703, de 21 de maio de 2003. 72 O Probio é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, que atua como gestor administrativo, contratando os subprojetos e liberando recursos. Banco Mundial/GEF é quem administra os recursos financeiros (PROBIO, 2002). 73 Além da Probio/Cnpq, esse subprojeto contou com financiamentos da Finatec e Bird/GEF, além do Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN - e centros de pesquisa – Universidade Federal de Uberlândia, Universidade de Brasília, Embrapa (PROBIO, 2002).

67

patrocinados pela Probio, nos últimos anos, variou de R$51.971,00 a R$1.494.200,00 (PROBIO,

2002).

II. Programa Nacional do Meio Ambiente - PNMA

O PNMA - fase I - foi instituído pelo MMA em 1987-1989. Em 1994, a estrutura

programática foi reorganizada, com a supressão de algumas ações devido à sua ineficácia -

insuficiente definição de resultados, inviabilidade técnica para execução ou relação

custo/benefício elevada. A segunda fase - PNMA II - ainda está em andamento. Sem alterar, na

essência, os objetivos originais do PNMA I, a revisão de meio termo, permitiu um ajustamento na

definição dos objetivos, que estão esquematizados no Quadro 7.1.

Quadro 7.1: Objetivos do PNMA (fases 1 e 2)

Objetivos PNMA I (1987-1989) PNMA II (1994-?) desenvolvimento

institucional Ibama e órgãos estaduais da

Amazônia e Pantanal MMA, Ibama e Órgãos Estaduais

de meio ambiente Estrutura legal e

normativa da área ambiental

Relatórios de Impacto Ambiental – RIMA, gerenciamento de bacias hidrográficas e

zoneamento ambiental

implantação e manutenção de um Sistema Nacional de Unidades de Conservação

proteção de áreas importantes

aliando a questão da conservação ambiental com o desenvolvimento econômico)

implementação de projetos de desenvolvimento sustentável, com base nos princípios de (I) fomento à gestão ambiental

descentralizada; (II) incorporação das administrações locais e da sociedade civil à

gestão ambiental; (III) indução de mecanismos de mercado à gestão do meio ambiente e ao

uso sustentável dos recursos naturais

proteção de ecossistemas sob risco iminente de

degradação

-

desenvolvimento de instrumentos de gerenciamento e ações de proteção a

ecossistemas especiais, declarados como “patrimônio nacional” pela Constituição Federal (Pantanal, Mata Atlântica, Zona Costeira) sujeitos a riscos iminentes de

degradação Agências

Financiadoras BIRD, KfW, contrapartida do

governo brasileiro, PNUD PNUD

Fonte: PNMA74

Esse programa trouxe contribuições na consolidação da área ambiental - área

administrativa e sua descentralização do governo - e, também, propiciou a retomada do controle e

a conservação da Mata Atlântica, Pantanal e Zona Costeira, que estavam ameaçados pela

74 http://www.mma.gov.br/port/se

68

ocupação humana. O PNMA II financiou, também, projetos que visavam o desenvolvimento

sustentável e, além disso, recolocou à disposição do uso social, da indústria emergente do turismo

ecológico e das entidades de investigação científica, um patrimônio paisagístico e de

biodiversidade de incalculável valor.75

A Esecae foi beneficiada no âmbito de financiamentos para o desenvolvimento

institucional da unidade. Ela recebeu auxílio financeiro para a compra de equipamentos de

vigilância-fiscalização da unidade, já que se desde aquela época a Esecae era uma unidade sob

risco iminente de degradação. Além disso, financiou pesquisas científicas, juntamente com outras

instituições de financiamento e centros de pesquisa, na avaliação da flora presente no cerrado, em

especial, no desenvolvimento do Projeto Biogeografia do Bioma Cerrado (MENDONÇA et al.,

1997).

7.2. Investimentos de instituições multilaterais e bilaterais

I. Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento - BIRD

Existem duas metas ambientais do Bird para um Brasil mais sustentável: a questão da

qualidade da água e gestão dos recursos hídricos e, também, o manejo sustentável do solo, das

florestas e da biodiversidade. De todos os programas, o Bird tem privilegiado unidades da região

sudeste, norte e nordeste do país, conforme mostra o Quadro 7.2. Há, no entanto, objetivos a

médio prazo que não são restritos às essas regiões, o que poderia acoplar a região do Distrito

Federal, em especial, a Esecae.

Projetos que poderiam ser desenvolvidos na Esecae obedeceriam ao último tópico desse

quadro: adoção de estratégia para a preservação da biodiversidade. Não há, no momento,

entretanto, um programa financiado pelo Bird/Banco Mundial para a conservação dos recursos

naturais do cerrado. O Arpa e o PPG-7 desenvolvem projetos em florestas brasileiras localizadas

na Amazônia e Mata Atlântica.76 A Esecae pode, no entanto, obter recursos financeiros com as

75 http://www.mma.gov.br/port/se 76 A ARPA, em parceria com órgãos do governo e instituições financeiras - governos estaduais e municipais da Amazônia, GEF, Banco Mundial, KfW, GTZ , WWF-Brasil, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), e organizações da sociedade civil, - comprometeram-se em investir US$400 milhões ao longo de 10 anos na criação, consolidação e manutenção de áreas protegidas na Amazônia. O PPG7, por sua vez, possui cerca de US$350 milhões em recursos comprometidos e empenhados, cujo objetivo principal é promover a proteção e o uso sustentável das florestas e o bem-estar das populações locais. Desde 2003, o PPG7 está em sua segunda fase, que deverá se estender até 2010 (Home page: http://www.mma.gov.br/ppg7 e http://www.mma.gov.br/port/sca/arpa).

69

Quadro 7.2.: Metas ambientais do Brasil, em consonância com o Bird, para um país mais sustentável

Objetivos do país a longo prazo

Resultados de médio prazo que contribuem para os objetivos de

longo prazo

Contribuições apoiadas pela EAP para

obtenção dos resultados de médio prazo*

Opções de atividades selecionadas do Grupo do

Banco para apoiar as contribuições

• Maior número de bacias hidrográficas com concessão legal do direito de água (10% das bacias com direito de água)

• Elaboração e implementação de legislação e instituições integradas para gestão dos recursos hídricos no NE e SE

• Empréstimos programáticos em série para reforma do desenvolvimento sustentável

Melhor qualidade da água, especialmente nas áreas da região Sudeste

• Políticas de recuperação de custos elaboradas e estabelecidas para combate aos danos ambientais no nível local

• Projeto de melhoria da qualidade da água urbana • Empréstimos integrados para a gestão dos recursos hídricos estaduais

Melhor qualidade da água e da gestão dos

recursos hídricos

• Gestão dos recursos hídricos mais eficiente, especialmente na região árida do Nordeste

• Crescente investimento e melhor gestão da infra-estrutura dos recursos hídricos

• Projetos de gestão dos recursos hídricos nos estados do NE • Projetos nacionais de gestão dos recursos hídricos (PROAGUA I & II)

• Zoneamento e fiscalização do uso do solo mais sistemáticos

• Estratégias participativas de planejamento do zoneamento e do uso do solo implementadas nos estados da região Amazônica

• Empréstimos programáticos em série para o desenvolvimento sustentável • Projetos estaduais integrados

• Adoção de estratégia de manejo florestal sustentável, especialmente na região Norte e na Mata Atlântica

• Redução do comércio ilegal de madeira • Maior número de novos parques florestais estaduais e municipais

• Projeto de Proteção das Florestas Nacionais • Fundo de Carbono • Apoio da IFC à responsabilidade corporativa social e ambiental

Manejo mais sustentável do solo, das

florestas e da biodiversidade • Adoção de estratégia para

a preservação da biodiversidade

• Programas oportunos para promoção de tecnologia apropriada ao local • Maior porcentagem de terras protegidas

• ARPA • Programa Piloto para a Conservação das Florestas Tropicais do Brasil (RFPP, novo e em andamento) • Doações do GEF

Fonte: BIRD (2003).

doações do programa do GEF, por meio de uma parceria. Existe a possibilidade da criação de

projetos apoiados por esse fundo para o cerrado e a caatinga (BIRD, 2003).

70

II. Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID77

O Bid é fonte importante de financiamento multilateral para projetos de desenvolvimento

econômico, social e institucional, bem como programas de promoção do comércio e integração

regional na América Latina e no Caribe. Em nível ambiental, esse banco foi o primeiro a adotar

uma Política de Meio Ambiente, apoiando projetos ambientais nessa região (BID, 1998).

Atualmente, o Bid está propondo, em parceria com o Fundo Multilateral de Investimentos -

Fumin, uma nova política - Política de Meio Ambiente e Observância de Salvaguardas - cuja

meta é promover o desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza. Nessa proposta, o Bid

atuará integrando a questão ambiental no contexto do desenvolvimento econômico e social,

considerando os riscos e os impactos ambientais desencadeados por eles - viabilidade ambiental.

Alguns dos setores que o Bid pode investir para reforma de políticas, em longo prazo, é o

florestal e água (BID, 2004). Esse banco reconhece que a biodiversidade deve ser conservada

dentro de parques e reservas, pois a ecologia de muitas plantas e animais requer que sejam

mantidos em áreas protegidas. Por isso, ele apoiaria a consolidação de áreas protegidas,

ajudando-as na sua gestão, por meio de financiamentos, o que asseguraria na proteção eficaz em

longo prazo.

III. Kreditanstal Für Wiederaufbau - KfW78

O KfW foi criado, em 1948, para fornecer financiamentos aos projetos de reconstrução da

Alemanha após a Segunda Grande Guerra, sobretudo, na zona de industrialização ocupada pela

Grã Bretanha. Atualmente, esse banco alemão financia projetos que incentivam a economia, a

sociedade e a ecologia tanto na própria Alemanha, quanto na Europa e no restante do mundo. No

Brasil, a KfW geralmente mantém parcerias com a Funbio, WWF Brasil e Ministério do Meio

Ambiente (FNMA). Na Esecae, em especial, esse banco alemão, juntamente com o BIRD (Banco

Mundial), financiou projetos para esta estação, por meio do PNMA. Conforme foi relatado no

Capítulo 6 desta dissertação, esses projetos contemplaram a construção da infra-estrutura da

unidade, na compra de materiais e na elaboração de planos estratégicos de gestão.

77 Home page: http://www.iadb.org. 78 Home page: http://www.kfw.de.

71

IV. International Development Research Centre - IDRC79

A IDRC é uma corporação pública canadense, que foi criada para ajudar países

desenvolvidos a usar a ciência e o conhecimento tecnológico na prática, ou seja, encontrar

soluções para os problemas sociais, econômicos e ambientais. Um dos programas do IDRC,

MINGA80, em especial, financia projetos de gerenciamento de recursos naturais da América

Latina e Caribe. Esse programa tem os seguintes objetivos: a) gerir os recursos naturais de

maneira sustentável e eqüitativa, incluindo princípios organizacionais para a gestão de conflitos;

b) identificar e desenvolver métodos eficazes para a gestão multisetorial dos recursos naturais, ou

seja, incentiva indivíduos dentro da sociedade a participar de decisões sobre a proteção, uso,

exploração e benefícios dos recursos naturais. Esse apoio ocorre respeitando os direitos legais e

morais dos grupos de interesse.

Um dos projetos investidos pelo programa MINGA foi o ampliamento do plano de manejo

dos recursos naturais no vale de Pearl Lagoon, na Nicarágua, em 2000 - Projeto de

Monitoramento da Área Costeira. Foram gastos cerca de R$20.177,5981 nesse projeto, em

particular, que contribuiu para facilitar a intervenção das comunidades nos processos de tomada

de decisões que afetem o seu meio ambiente e seus meios de vida. Nesse programa, são

desenvolvidos mecanismos participativos para a implementação, monitoragem e avaliação do

regime de manejo de recursos. É um bom exemplo da participação da comunidade desde a etapa

de identificação do problema até a implementação da solução. Isso seria importante na Esecae,

guardando as devidas proporções, para resolver a situação de interferência da população do seu

entorno. Atualmente, não há um projeto que prevê a participação da população do entorno nas

atividades desenvolvidas na Esecae.

79 Home page: http://web.idrc.ca/es/ev-1-201-1-DO_TOPIC.html. 80 Palavra “quechua” que descreve a colaboração das comunidades andinas em tarefas específicas – ex: colheita, sementeiro, construção de moradias. 81 CAD$10 680 – considera-se o valor unitário do dólar canadense, o câmbio de R$1,8893.

72

7.3. Participação de ONGs

I. WWF-Brasil 82

As despesas da WWF-Brasil em projetos voltados às UCs vêm aumentando, a cada ano.

Nos anos 1996 e 1997 foram gastos R$590.147,00; já, nos anos 1999 e 2000 foram gastos

R$6.272.209,00, no “Programa de Biodiversidade e Parques”, cujo objetivo era apoiar a criação e

implementação de áreas de proteção integral nas áreas prioritárias para a conservação (WWF-

Brasil, 2001). Atualmente, a WWF-Brasil pode contribuir com auxílio técnico e financeiro aos

projetos desenvolvidos em UCs de todo o território nacional, por meio do “Programa Áreas

Protegidas”. Ultimamente, esse programa tem atuado nas UCs da Amazônia, ao fornecer apoio

direto na execução do Arpa, sobretudo no suporte das tomadas de decisões, captação de recursos

e no planejamento da criação de novas UCs. O Arpa é coordenado pelo MMA e é implementado

pelo Ibama, em parceria com governos estaduais e organizações da sociedade civil da Amazônia

e fundos ambientais, tais como Funbio, GEF, KfW e GTZ. Os recursos financeiros destinados ao

Arpa vêm aumentando, a cada ano: em 2001, foram investidos cerca de 0,2% dos recursos da

WWF-Brasil – R$22 mil (WWF-Brasil, 2004), já em 2004 esse investimento aumentou para

cerca de 27,2% dos recursos da ONG - R$6.688 mil (WWF-Brasil, 2005).

No caso da Esecae, desde 2003, ela tem obtido apoio financeiro do Programa “Água Doce”

da WWF-Brasil, por meio da campanha nacional “Água para Vida, Água para Todos”, cuja linha

estratégica é o fortalecimento das instituições públicas e privadas que atuam na conservação e

gestão de água. Um dos enfoques desta campanha é a proteção dos mananciais através de

trabalhos com a comunidade, como o projeto “Adote uma Nascente” da Semarh e atividades

incentivando a redução de consumo e o combate ao desperdício. A Esecae tem participado desta

campanha, promovendo atividades de educação ambiental com alunos das escolas públicas de

Planaltina-DF. Ainda são previstos serviços de saneamento, que tem por objetivo de evitar o

desperdício na distribuição de água e aumentar o acesso da população aos serviços de água e

saneamento.

Além do programa “Água Doce”, a Esecae também recebeu recursos da WWF-Brasil, por

meio do Programa “Educação Ambiental”, cujos projetos são desenvolvidos em escolas e

comunidades em todo o país, capacitando profissionais e difundindo experiências bem sucedidas. 82 Home page: <http://www.wwf.org.br/wwf/opencms/site/index.htm>

73

Em 2003, no Centro de Vivência da Esecae, foram desenvolvidos trabalhos de formação de

professores e alunos de escolas da região da micro bacia do Ribeirão Mestre Armas, em

Planaltina/DF. O investimento nessas atividades de educação ambiental na Esecae conscientizaria

a comunidade local quanto à importância dessa UC. A participação da sociedade em trabalhos de

educação ambiental na Esecae é importante por conscientizar a comunidade local quanto à

importância dessa UC e, ainda, poderia minimizar conflitos e pressão externas com a população

local, sobretudo, de Planaltina do DF e de Goiás. Os recursos da WWF-Brasil investidos nesse

programa vêm aumentando a cada ano: de R$258 mil, em 2001 (WWF-Brasil, 2004), para R$474

mil em 2004 (WWF-Brasil, 2005), o correspondente a cerca de 2% do orçamento da ONG, ao

longo dos três anos.

II. The Nature Conservancy - TNC83

TNC é uma ONG presente em vários países, voltada para a conservação da natureza. De

acordo com a TNC, por correio eletrônico (COMUNICAÇÃO PRÓPRIA IV, 2004), no Brasil, o

apoio a unidades de conservação vem acontecendo de diversas formas, desde apoio técnico como,

por exemplo, no desenvolvimento de planos de manejo, até o financeiro. Na década de 90, por

exemplo, a TNC criou um fundo por meio do mecanismo de conversão da dívida externa em

recursos financeiros para natureza. Esse fundo financiou as atividades do Parque Nacional

Grande Sertão Veredas e, ainda, apoiou a aquisição de terras na criação de parques.

Os mecanismos são variados e sua aplicação depende de cada oportunidade, da importância

ecológica da unidade de conservação, se a região está em uma área prioritária para a TNC, do

grau de ameaça, etc. Não existe uma linha de financiamento e não há editais. Cada situação é

analisada separadamente e os recursos são obtidos com parceiros locais, seja governo,

proprietários privados, outras ONGs, para garantir o apoio as unidades de conservação que

identificamos como prioritárias.

Uma atividade que merece atenção é a Agricultura Sustentável no Parque Nacional das

Emas. Assim como a Esecae, essa unidade possui uma grande diversidade de flora, cujas espécies

estão ameaçadas por causa do avanço da agricultura no seu entorno. A TNC, em parceria com o

Fundo Monsanto, está desenvolvendo um trabalho de incentivo em adotar práticas de agricultura

83 Home page: http://nature.org/wherewework/southamerica/brasil/

74

sustentável na região.84 O investimento de US$600 mil tem resultado no aumento da

produtividade, a diminuição dos problemas gerados pela erosão dos solos, a melhora da oferta e a

qualidade da água local. Essa prática alternativa de manejo agrário da TNC poderia ser utilizada

pelos agricultores do entorno da Esecae, cuja lavoura tem prejudicado a conservação dos recursos

naturais presentes na Esecae.

III. Conservation International - CI85

A CI é uma ONG dedicada à conservação e utilização sustentada da biodiversidade. Os

principais objetivos da CI-Brasil são: assessorar o planejamento e estruturação dos

empreendimentos; assessorar a elaboração do plano de negócios e seu acompanhamento; apoiar

os empreendedores a identificarem suas carências gerenciais e a estabelecerem um programa de

treinamento de recursos humanos; assessorar os empreendedores na identificação de produtos

com mais alto potencial de mercado; e dar suporte na busca de fontes alternativas de

financiamento, apoiando também a elaboração de projetos e propostas.

No projeto Corredor Cerrado-Pantanal, em especial, há 5 projetos em andamento: Educação

Ambiental - Amigos da Natureza, Programa de Combate e Prevenção a Incêndios Florestais,

Pesquisa sobre Biodiversidade e Criação Experimental de Queixadas e Alternativas Econômicas.

Esse último projeto, em especial, poderia fornecer ajuda financeira à gestão da Esecae. Nos

últimos anos a CI-Brasil tem firmado parcerias com outras ONGs - Instituto BioAtlântica e

instituições privadas, tais como Ford Motor Company, J.W.Thompson, Citibank, Anheuser-

Busch, Unibanco, Banco Alfa, Bradesco, Hotéis Transamérica e Éffem Mars. Atualmente, esse

projeto conta com o envolvimento dos proprietários e das associações de produtores locais na

recuperação do entorno do Parque Nacional das Emas e do Parque Estadual das Nascentes do Rio

Taquari, junto às importantes nascentes dos rios Correntes, Jacuba, Araguaia, Jaurú e Taquari.

IV. Fundação O Boticário de Proteção à Natureza - FBPN86

A FBPN é uma instituição sem fins lucrativos, com autonomia administrativa e

financeira, destinada a apoiar e realizar projetos conservacionistas. Ela tem por objetivo

84 Home page: http://www.monsanto.com.br/monsanto/brasil/comunidade/projetos/mo_projetos.asp 85 Home page: http://www.conservation.org.br. 86 Home page: http://www.fbpn.org.br/site/br/home/index.htm

75

apoiar projetos de conservação da natureza, oriundos de órgãos governamentais e não-

governamentais, por meio de programas como o Fundo de Apoio para Projetos de

Ecodesenvolvimento e, também, o Programa de Incentivo à Conservação da Natureza.

O Fundo de Apoio financia projetos que reduzam a pressão sobre os recursos naturais

e fomentem atividades de conservação integral dos mesmos e, ao mesmo tempo, que

incentive o desenvolvimento sócio-econômico da comunidade e melhoria da qualidade

de vida local. Já, o Programa de Incentivo apóia projetos para a manutenção das

unidades de conservação, populações importantes ou sob risco, recuperação de

ecossistemas alterados ou degradados, manejo de unidade de conservação,

conservação e manejo de espécies ameaçadas. O volume de recursos destinado por este

programa é da ordem de US$ 5 milhões. A Esecae poderia desenvolver projetos inseridos no Programa de Incentivo à Conservação

Ambiental da FBPN, cujos editais são publicados anualmente. O mais recente deles - edital 2005,

poderia investir na Esecae, nas seguintes áreas: implantação - de um Plano de Manejo - e sua

manutenção; pesquisa e proteção de espécies e populações importantes ou sob risco e seus

hábitats; (rei)início de um processo de recuperação de ecossistemas alterados ou degradados;

publicação de materiais e realização de eventos da Esecae.

V. Fundação Pró-Natureza - Funatura87

A Funatura é uma ONG ambientalista, criada em 1986, por profissionais ligados à área

ambiental. Seu principal objetivo é a defesa do meio ambiente no Brasil, principalmente no que

diz respeito à preservação da biodiversidade biológica e à melhoria da qualidade de vida da sua

população, contribuindo para o uso sustentável dos recursos naturais em todas as regiões do país,

especialmente, nos biomas Cerrado e Pantanal.

87 Home page: http://www.funatura.org.br.

76

Um dos projetos que merece destaque e poderia servir de modelo a projetos da Esecae é o

Projeto de Implementação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas.88 Esse projeto está sendo

financiado pela TCN através do mecanismo de conversão da dívida externa para fins ambientais.

Os objetivos desse trabalho foram: elaboração de um plano de manejo, regularização fundiária do

Parque e trabalho junto às comunidades locais. As atividades da Funatura com a comunidade do

entorno da unidade trouxeram benefícios quanto à conscientização ambiental das pessoas e,

também, no desenvolvimento de trabalhos produtivos compatíveis com a preservação do parque.

Como resultado, houve redução acentuada da área queimada, anualmente, e eliminação quase

total da caça e da pesca no Parque. Na Esecae, a Funatura poderia oferecer serviços por meio da

execução direta de projetos, programas ou planos de ações e na doação de recursos físicos,

humanos e financeiros.

VI. Associação para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais - Pró-Carnívoros89

A Pró-Carnívoros é uma ONG brasileira, que foi fundada em 1996, e tem projetos em

diversos pontos do país. Sua missão é promover a conservação dos carnívoros neotropicais e seus

hábitats. Na Esecae, a Pro-Carnívoros poderia atuar no desenvolvimento de pesquisa básica -

ecologia, biologia, genética dos animais - e aplicada - auxílio na manutenção da unidade - para

gerar informações científicas para a conservação e manejo das espécies. Além disso, essa ONG

poderia auxiliar nos projetos de educação ambiental - orientação sobre os problemas de predação

à comunidade. Em relação à pesquisa, isso já está sendo feito. Nos dois projetos que foram

desenvolvidos na Esecae, o lobo-guará foi o objeto de estudo.90

Um deles fez um estudo sobre a biologia da espécie - dieta, ecologia, variabilidade genética

- e os fatores de risco à sobrevivência da espécie na região. Já, o segundo projeto enfocou o

impacto das rodovias no entorno dessa UC, em especial, a questão dos atropelamentos de animais

silvestres - lobo-guará - na área de influência da Esecae. Foi feito um mapeamento das estradas e

definidos locais apropriados para colocação de placas. Com a parceria do Ministério Público

Federal, Ministério Público do Distrito Federal e a Semarh, foi reduzido o limite de velocidade de

80 a 60Km na região. Além disso, sugere-se que sejam instalados redutores de velocidade -

88 Nesse projeto, a Funatura obteve parcerias com Ibama,TNC, Pathfinder International, Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e Embaixada do Japão. 89 Home page: http://www.procarnivoros.org.br. 90 Os trabalhos foram referenciados nesta dissertação: Rodrigues (2002) e Rodrigues et al. (2002).

77

quebra-molas, nos pontos críticos identificados e, também, poda da vegetação às margens da

estrada, para uma significativa diminuição do número de atropelamentos.

VII. Fundação Biodiversitas91

A Biodiversitas tem por objetivo conservar a biodiversidade brasileira, por meio de

pesquisas científicas e em projetos para desenvolvimento econômico e social. Os programas

efetuados por essa ONG são: conservação da biodiversidade; áreas protegidas; planejamento

ambiental; educação ambiental; capacitação e divulgação; e políticas públicas. A maioria dos

projetos desenvolvidos pela Biodiversitas tem tido apoio de agências de financiamento, tais como

a Fundação MacArthur, GTZ, CI e FBPN.

Na Esecae, a Biodiversitas poderia fornecer serviços de pesquisa científica da

biodiversidade presente na unidade; em projetos de educação ambiental. Desta forma,

possibilitaria o envolvimento da comunidade local na discussão dos problemas da unidade, a

troca de experiências sobre técnicas de manejo sustentado do solo e a ampliação do grau de

informação sobre o meio ambiente. Ele poderia, ainda, auxiliar projetos desenvolvidos pela

administração da unidade.

Em suma, as principais possibilidades de financiamento das ONGs são destinados a

pesquisa científica, atividades de educação ambiental, Investimen-tos na manutenção da unidade,

suporte na busca de fontes alternativas de financiamento, elaboração e execução de projetos,

recuperação de áreas degradadas e doação de recursos físicos, conforme mostra o Quadro 7.3.

Quadro 7.3.: Possibilidades de financiamento de ONGs.

POSSIBILIDADES DE FINANCIAMENTO

ONGs Pesquisa científi-

ca

Educação ambiental

Investimen-tos na

manutenção da unidade

suporte na busca de

fontes alternativas de financiamento

elaboração e execução de

projetos (apoio técnico)

recuperação de áreas

degradadas

doação de recursos

físicos

WWF-Brasil X TNC X CI X X FBPN X X X Funatura X X Pró-carnívoros X X Fundação Biodiversitas X X

91 Home page: http://www.biodiversitas.org.br.

78

TNC: The Nature Conservancy; CI: Conservação Internacional do Brasil; FBPN: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza

7.4. Fundos ambientais nacionais e internacionais

I. Fundo para o Meio Ambiente Mundial - Global Environment Facility - GEF92

O GEF foi criado durante a Eco-92 com o objetivo de fornecer recursos financeiros para

implementação da agenda global definida no encontro (FUNBIO, 2005). Ele conta com a parceria

de BIRD, PNUD e PNUMA93, que administram os recursos do fundo (MCT, 2005). O GEF atua

em quatro áreas: Diversidade Biológica, Mudança Climática, Águas Internacionais e Prevenção

da destruição da camada de ozônio. A primeira área, em especial, enfoca a conservação e o uso

sustentável da biodiversidade presentes em quatro tipos de ecossistemas, dentre eles, as zonas

áridas e semi-áridas (MCT, 2005). As agências executoras podem ser bancos multilaterais de

desenvolvimento, organismos especializados em programas das Nações Unidas, outras

organizações internacionais, organismos bilaterais de desenvolvimento, instituições nacionais,

organizações não-governamentais, entidades do setor privado e instituições acadêmicas. O BID é

um desses organismos que está credenciado pelo Conselho do GEF (MCT, 2005).

A Esecae poderia utilizar o financiamento do GEF nos seguintes projetos (MCT, 2005):

a) avaliação do impacto ocasionado pelo estresse antropogênico causados pela expansão

urbana e da agricultura na região;

b) controle de espécies invasoras (como os cães, por exemplo, que são vistos na região da

Esecae);

c) identificação de componentes de diversidade biológica importante para sua

conservação, observando a lista indicada no Anexo I da Convenção sobre Diversidade Biológica

- há espécies endêmicas na região como, por exemplo, lobo-guará;

d) identificação de processos e categorias de atividades que têm ou provavelmente terão

impactos adversos significantes sobre a conservação e uso sustentável da biodiversidade - a

expansão da agricultura, por exemplo, poderá acarretar, num futuro próximo, na contaminação

dos mananciais, comprometendo a sobrevivência das espécies e causando prejuízos ao homem;

92 Home page: http://www.gefweb.org 93 PNUMA: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

79

e) apoio de atividades de desenvolvimento sustentável na comunidade residentes no

entorno da unidade. Isso poderia fortificar a consciência das pessoas em proteger a

biodiversidade;

f) investimento em pesquisas dirigidas para a conservação da biodiversidade, de acordo

com as prioridades nacionais;

g) investimento em atividades existentes a fim de proteger a biodiversidade - conservação

do solo e recuperação de áreas degradadas

Para identificar as áreas prioritárias, a GEF prioriza vários aspectos que se encontram na

Esecae: existência de altos níveis de riqueza relativa de espécies e/ou diversidade de

habitat/ecossistema; presença de espécies endêmicas dentro de uma área restrita e de sítios de

passagem e de descanso para aves migratórias.

II. Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA

O FNMA, que foi criado pela Lei no 7.797 de 10 de julho de 1989 (BRASIL, 1989), é

atualmente administrado pelo Ministério do Meio Ambiente94. Esse fundo tem por missão

contribuir, como agente financiador e por meio da participação social, para a implementação do

PNMA (MMA, 2001). Podem concorrer aos recursos do FNMA tanto as instituições públicas, em

níveis federal, estadual e municipal, quanto as privadas brasileiras sem fins lucrativos, que

possuam atribuições estatutárias para atuar em áreas do Meio Ambiente. As UCs são um dos

temas prioritários na seleção de projetos que receberão recursos financeiros do FNMA. No

Distrito Federal, os recursos disponíveis são da ordem de 10 a 20% do recurso oferecido pela

FNMA. A contrapartida da instituição proponente ou das suas parceiras no projeto em questão

poderá ser disponibilizada em capital ou como bens e serviços economicamente mensuráveis para

a execução desse projeto.

A Esecae poderia concorrer aos recursos na área de atuação de “Gestão Integrada de Áreas

Protegidas”. Essa linha temática da FNMA apóia projetos sobre a gestão de Reservas Particulares

do Patrimônio Natural - RPPNs - e, também, projetos de UCs sob administração pública. Nesse

último caso, o FNMA prioriza o financiamento a projetos visando o seu aparelhamento e

capacitação à gestão e elaboração de plano de manejo. No caso da existência desse plano, além

94 Home page: http://www.mma.gov.br/port/fnma/index.cfm.

80

de aparelhar e capacitar a gestão da unidade de conservação, tem-se por objetivo a

implementação das ações previstas no Plano de Manejo.

III. Fundo Brasileiro para a Biodiversidade - Funbio 95

Podem concorrer aos recursos do Funbio instituições públicas ou privadas que atuem no

Brasil, organizações não-governamentais com projetos pertinentes à conservação e ao uso

sustentado da biodiversidade e, também, as comunidades locais beneficiárias dessas ações. Os

projetos podem ser de diferentes modalidades, biomas e regiões, desde que estejam em

consonância com o edital publicado. Projetos provenientes de demanda espontânea não são

aceitos.

A maioria dos projetos em andamento e já com os prazos encerrados96 - Fundos de Parceria,

Fundação Ford/Funbio, Programa de Apoio à Produção Sustentável, Programa Melhores Práticas

para o Ecoturismo - visa à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade no Brasil. Dois

projetos, porém, merecem atenção: edital 96/97 e Áreas Protegidas da Amazônia - Arpa. O

primeiro, que foi concluído em 2000, contemplou cinco grandes temas, entre eles, gestão de

unidades de conservação, cuja unidade escolhida foi o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de

Janeiro. Em seu planejamento era proposto um modelo de gestão participativa, que contemplou,

dentre outros, os seguintes objetivos: levantamento de atividades de uso público; equipamento de

infra-estrutura; situação administrativa, financeira, jurídica e fundiária; e identificação de

possibilidades de parceria. Com a parceria do Ibama e do Instituto de Estudos da Religião

(ISER), o Funbio despendeu R$114.300,00 para o projeto.

O projeto Arpa também tem desenvolvido atividades de gestão, mas é restrito às UCs da

Amazônia. A meta desse projeto considera a infra-estrutura da unidade e tem enfoque no pleno

funcionamento e o cumprimento de sua missão de conservação da biodiversidade. A perspectiva

desse projeto é de duração de 10 anos e tem parceria com a WWF-Brasil, MMA, Ibama, KfW,

Banco Mundial e GEF.

IV. Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata - Fonplata97

95 Home page: http://www.funbio.org.br. 96 O edital de chamada foi encerrado em: agosto/2002 (Fundos de Parceria), outubro/1999 (Fundação Ford/Funbio), 2000 (Programa Apoio à Produção Sustentável), 2000 (Programa Melhores Práticas para o Ecoturismo). 97 Home page: http://www.fonplata.org

81

O Fonplata tem a finalidade de promover o desenvolvimento e a integração dos países

membros - Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. Uma de suas atividades engloba

educação e recuperação ambiental na Bacia do Prata (MMA, 2005). No Brasil, por exemplo, em

Campo Grande e Porto Alegre, vêm sendo desenvolvidos programas de preservação e

recuperação de áreas degradadas com o gasto de, respectivamente, US$1,1 milhões e US$6,2

milhões da Fonplata.

Também a Esecae poderia receber financiamentos da Fonplata para projetos de educação

ambiental. Conforme foi dito anteriormente, a nascente de rios afluentes do Rio Paraná, que é um

dos afluentes da Bacia do Prata, encontra-se na Esecae.

V. Fundo Único do Meio Ambiente do Distrito Federal - Funam

O Funam foi instituído pelo Artigo 73 da Lei no 41, de 13 de setembro de 1989

(BRASÍLIA, 1989). Os recursos financeiros destinados a esse fundo são aplicados

exclusivamente em atividades de desenvolvimento científico, tecnológico de apoio editorial e

tecnológico, de educação ambiental e em despesas de capitais relativas à execução da política

ambiental do Distrito Federal (BRASÍLIA, 1994).

Projetos desenvolvidos por ONGs cadastradas podem ter acesso aos recursos do Funam,

desde que os trabalhos visem à implantação e manutenção dos Parques Ecológicos e de Uso

Múltiplo e, ainda, sejam aprovados pela Semarh e pelo Conselho do Meio Ambiente do Distrito

Federal - Conam/DF (BRASÍLIA, 2003)98. Essa parceria ONG e Semarh, com o repasse dos

recursos aos projetos, pode ser realizada por meio de convênios, acordos ou ajustes desde que os

objetivos estejam associados aos do Funam. Os projetos em questão são acompanhados e

avaliados, periodicamente, pelo Conam/DF.

VI. Japan Bank for International Cooperation - JBIC99

O JBIC é um fundo de financiamento, que tem a missão de apoiar o desenvolvimento

estável e sustentável nas estruturas sócio-econômicas dos países estrangeiros e, com isso,

promover o fortalecimento das relações econômicas entre o Japão e a comunidade internacional.

Seus principais objetivos são fornecer o apoio financeiro para o investimento externo e comércio

internacional das empresas japonesas e, também, executar a Assistência Oficial de 98 Regulamenta o artigo 17 da Lei Complementar nº 265, de 14 dezembro de 1999 (BRASÍLIA, 1999). 99 Home page: http://www.jbic.org.br.

82

Desenvolvimento - ODA - do governo japonês através de empréstimos ODA. Esse empréstimo é

concedido com condição subsidiada com longo tempo para sua amortização e baixo juro.

No Brasil, a maioria dos projetos ambientais financiados pelo JBIC é de exploração de

petróleo e de gás, cujos trabalhos são realizados em parceria com a Petrobrás. No entanto, esse

fundo tem interesse, também, em financiar estudos de recursos naturais brasileiros, por meio do

empréstimo ODA, tais como: conservação florestal - gerenciamento, pesquisa para fontes

florestais, reflorestamento, sistema de monitoramento, prevenção de poluição aquática -

tratamento efluente, reciclagem de água - e conservação do ambiente natural - proteção da vida

animal e pesquisa para recursos genéticos, conservação do solo. Esses pontos de interesse estão

presentes na Esecae.

Em suma, as principais possibilidades de financiamento dos fundos ambientais são

destinados a pesquisa científica e tecnológica, atividades de educação ambiental, aparelhamento e

capacitação à gestão e implementação das ações previstas no Plano de Manejo, prevenção de

impacto ambiental, reflorestamento e sistemas de monitoramento, conforme mostra o Quadro 7.4.

Quadro 7.4.: Possibilidades de financiamento de fundos ambientais nacionais e internacionais.

POSSIBILIDADES DE FINANCIAMENTO

Fundos ambientais

Pesquisa científica e/ou

tecnológica

Educação ambiental

Aparelhamento e capacitação à gestão e implementação das ações previstas no Plano de

Manejo

Prevenção de impacto ambiental

Reflo-resta-mento

Sistema de monitora-

mento

GEF X X X FNMA X Funbio X Fonplata X Funam X X X JBIC X X X * X X * poluição aquática

GEF: Global Environment Facility; FNMA: Fundo Nacional do Meio Ambiente; Funbio: Fundo Brasileiro para a Biodiversidade; Fonplata: Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata; Funam: Fundo Único do Meio Ambiente do Distrito Federal; JBIC: Japan Bank for International Cooperation.

7.5. Débito convertido ou perdão do débito

A conversão do débito em favor da natureza é um instrumento de sucesso na Costa Rica,

Equador, Bolívia e Brasil. Um exemplo brasileiro é o financiamento ao projeto de implementação

do Parque Nacional do Grande Sertão Veredas (DOUROJEANNI, 1997b), por meio da quitação

83

de dívidas compradas pela TNC. Ela adquiriu dois milhões de dólares da dívida externa brasileira

e depositou esse recurso no Banco Central. Essa agência internacional tem mediado a conversão

das dívidas externas brasileiras para fins ambientais, em especial, para esse projeto. Juntamente

com a TNC, a Funatura tem apoiado o trabalho de implementação do parque por meio de

pesquisas e outros serviços ambientais (FUNATURA, 2004)100.

Esse tipo de financiamento poderia ser utilizado em projetos desenvolvidos na Esecae.

7.6. Lucro das Atividades Locais - Autofinanciamento

Em consonância com o Artigo 33101 da Lei SNUC e como dito no terceiro capítulo, a

arrecadação de recursos para o autofinanciamento poderia ser feita, segundo Morsello (2001), das

seguintes formas: cobranças de ingressos, licenças de pesquisa, vendas de artigos relacionados às

UCs, taxas de serviços e concessões de exploração de atividades - restaurantes, pousadas. Com

exceção dessa última, todos os outros meios poderiam ser utilizados na Esecae.

A cobrança de ingressos é a forma mais simples de financiamento das UCs, onde são

permitidas a visitação pública. No entanto, o tipo de categoria da Esecae não permite visitação

em seus limites para o público em geral, de acordo com a Lei SNUC (BRASIL, 2000). A maioria

dos seus visitantes é pesquisador ou aluno das escolas públicas da Região Administrativa de

Planaltina. Esses estudantes participam de atividades de educação ambiental, desenvolvidos na

Esecae. Devido a isso, provavelmente, a arrecadação de fundos por essa modalidade não

representaria ganho importante.

Em relação aos pesquisadores que desenvolvem trabalhos no interior da Esecae, a cobrança

de uma taxa - licença de pesquisa - não seria viável - visto que pesquisas na área poderia trazer

benefícios à Esecae, a fim de conhecer e melhorar o manejo da própria unidade. No entanto, é

possível a cobrança dessa licença por fontes alternativas, tais como:

a) Agências de fomento a pesquisa científica

78 O período de execução desse projeto começou em 1993 e o seu término está previsto para 2013 (http://www.funatura.org.br). 101 A exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, dependerá de prévia autorização e sujeitará o explorador a pagamento, conforme disposto em regulamento (BRASIL, 2000).

84

Muitas dessas pesquisas recebem financiamentos de agências financiadoras e poderiam

fornecer uma determinada porcentagem dos recursos obtidos para a administração da Esecae. Isto

é, deveria ser incluída a licença de pesquisa na Esecae como custos do projeto. Essas agências de

fomento à pesquisa são o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -

CNPq - a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa - a Empresa Financiadora de

Estudos e Projetos - Finep102 - e, mais recentemente, a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito

Federal - FAP-DF. Recomenda-se, também, a criação de um Programa de Pesquisa, na Esecae,

com linhas prioritárias para conseguir fundos de financiamento.

b) Universidades federais e estaduais

Grande parte dos cientistas que estudam os recursos naturais na Esecae pertencem às

universidades públicas - Universidade de Brasília, Universidade de Campinas - ou privadas -

UniCEUB, Universidade Católica de Brasília - e à instituição de pesquisa Embrapa. As

universidades privadas cobram uma mensalidade razoável de seus alunos e não fazem qualquer

repasse para a Esecae. Muitas delas utilizam, também, recursos das agências financiadoras de

pesquisas, tais como, o CNPq e a Embrapa.

c) Uso e exploração comercial dos subprodutos e imagem da Esecae

Pesquisadores de empresas ao usarem imagens da Esecae com finalidade comercial e

usarem produtos e subprodutos da unidade devem pagar uma taxa, conforme está previsto no

Artigo 33 da Lei SNUC – a não ser que o uso da imagem da Esecae for para fins científico,

educativo ou cultural; nesse caso, o uso é gratuito.103 Da mesma maneira, pesquisadores que

estivessem usando os recursos naturais no interior da Esecae como, por exemplo, o consumo da

água, deveria pagar pelo mesmo. Essa taxa pelo uso da água na Esecae será aprofundada no item

6.9 desta dissertação.

As vendas de artigos relacionados à Esecae poderiam ser camisas, calendários, pôsteres e

cartão postal com estampas de paisagens e dos recursos naturais presentes na Esecae. Embora o

retorno da venda desses produtos seja pequeno, poderia ser útil como estratégia de marketing,

102 A Finep é uma empresa pública criada em 1967 e vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que tem por objetivo financiar projetos científicos e tecnológicos de empresas, universidades, institutos tecnológicos, centros de pesquisa e outras instituições públicas ou privadas para o desenvolvimento econômico e social brasileiro. Home page: http://www.finep.gov.br. 103 Artigo 27 do Decreto no. 4.340, de 22 de agosto de 2002 (BRASIL, 2002).

85

para tornar a Esecae conhecida em todo o Brasil. Isso tem sido feito com sucesso pelo Projeto

Tamar, no Espírito Santo e na Bahia. Um capítulo à parte seria a publicação de livros ou Atlas

sobre os recursos naturais da Esecae. É possível até que não dê grande lucro, mas teria um

importante papel na difusão de sua biodiversidade. Por exemplo, poderia ajudar pesquisadores

que não têm a facilidade de vir a Brasília para realizar pesquisa de campo na Esecae.

A aplicação da arrecadação de recursos por autofinanciamento já está prevista em lei. O

Artigo 35 da Lei SNUC (BRASIL, 2000) diz que o montante dos recursos obtidos, oriundos da

sua própria unidade, deverá ser aplicado de acordo com os seguintes critérios:

a) até 50% e não menos que 25% na implementação, manutenção, e gestão da própria UC;

b) até 50% e não menos que 25%, na regularização fundiária das UCs do grupo;

c) até 50% e não menos que 15% na implementação, manutenção e gestão de outras UC do

grupo de proteção integral.

7.7. Investimentos Ecológicos

Os investimentos ecológicos são aqueles que arrecadam recursos financeiros explorando o

potencial econômico da área protegida, tais como a extração de madeira. No entanto, a Esecae,

por ser uma UC de proteção integral, está impedida de extrair recursos de sua unidade. Por

pressuposto, a arrecadação de recursos financeiros por investimentos ecológicos não poderia

ocorrer na Esecae.

7.8. Doações Individuais

Pode-se ser criado, por exemplo, um sistema de “filiação” à Esecae, em que a pessoa

contribuiria regularmente para a sua manutenção, como sugerido por Morsello (2001) para outras

UCs. O investimento nas áreas protegidas pode ser interessante para fortificar a conscientização

ambiental das pessoas, na medida em que elas teriam mais confiança em doar recursos - por meio

de doações espontâneas ou taxas locais - em atividades que elas tivessem certeza que seriam

reinvestidas em prol da conservação (MCNEELY, 1993 apud MORSELLO, 2001). As atividades

de educação ambiental poderiam ser iniciativas interessantes para a arrecadação de doações às

áreas protegidas e, também, uma maneira de minimizar os conflitos que pudessem existir entre a

população local e a administração das áreas protegidas (PHILLIPS, 2000).

86

7.9. Quotas por serviços ambientais

A Caesb tem extraído água dos córregos de Brejinho, Fumal e Mestre D´Armas, que estão

localizados na Esecae. Entretanto, essas captações de água não têm sido cobradas pela Semarh,

conforme estabelece o Artigo 21 da Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997 – Política Nacional de

Recursos Hídricos (BRASIL, 1997), que prevê a fixação de valores para a cobrança de captação e

extração de água, considerando o seu volume retirado e regime de variação.

Atualmente, não existe uma legislação ambiental, regulamentada, específica da cobrança de

captação de águas dos córregos localizados dentro da Esecae. O valor a ser cobrado para cada

metro cúbico de água retirado dos mananciais ainda está em processo de negociação e, ainda, não

existem informações suficientes quanto à quantidade de água retirada da Esecae e o seu impacto

ambiental (LABARRÈRE, 2004). Essa taxa pelo consumo e captação da água nos córregos da

Esecae é de suma importância para a Esecae, por ser uma fonte de recursos para a preservação

dos córregos. De acordo com o Artigo 22 da Política Nacional de Recursos Hídricos, esses

recursos financeiros são aplicados em projetos e estudos incluídos nos Planos dos Recursos

Hídricos da bacia hidrográfica – destacam-se os projetos que tragam benefícios à coletividade,

quantidade e regime de vazão de um corpo de água - e no pagamento de despesas administrativas

do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997).

7.10. Incentivo Fiscal

A Esecae, no presente momento, não possui respaldo legal para requerer incentivos fiscais

na sua unidade, porque o ICMS Ecológico não foi implantado no Distrito Federal e não há

perspectivas que isso aconteça. Isso porque o Distrito Federal é organizado em Regiões

Administrativas (RAs) (BRASIL, 1988)104 e o montante do ICMS arrecadado pela Secretaria de

Fazenda do DF não é dividida entre as RAs. Esse repasse só acontece de estados para municípios

e, no caso do DF, é vedada a sua divisão em municípios (BRASÍLIA, 1993c)105. Enquanto nos

outros estados brasileiros 25% do ICMS é distribuído aos municípios, independentemente das

necessidades imediatas, no DF, o repasse do montante de renda arrecadado somente ocorre para

104 Artigo 32 da Constituição Federal de 1988. 105 Artigo 10 da Lei Orgânica do DF.

87

cobrir as despesas de custeio e de investimento indispensáveis a sua gestão (BRASÍLIA,

1993c)106.

Como se não bastasse, a vinculação de receitas tributárias na legislação ordinária é vedada

pela Constituição Federal (BRASIL, 1988)107, com exceção dos recursos destinados para a saúde,

ensino e para a realização de atividades da administração tributária. Nesse caso, a destinação de

recursos para as UCs do Distrito Federal somente seria possível com a alocação de recursos na

Lei Orçamentária e Lei de Diretrizes Orçamentárias, que é elaborada anualmente pelo poder

executivo (BRASIL, 1988)108.

7.11. Utilização de Convenções Internacionais

Algumas convenções internacionais provêem fundos de investimento para a conservação de

áreas protegidas, por meio de projetos. No momento, a Esecae não se enquadra em nenhuma

categoria de convenção internacional em vigor.

Verifica-se que, de uma maneira geral, houve uma mudança de enfoque dos financiamentos

das fontes de recursos aos projetos relativos às UCs. Antigamente, investia-se em projetos que

estavam comprometidos com a proteção dessas unidades e em pesquisas científicas. Atualmente,

priorizam-se atividades que contam com a participação da comunidade local e em projetos de

desenvolvimento sustentável. Esse novo enfoque de financiamentos poderia ajudar a Esecae no

desenvolvimento de projetos com a participação da população do entorno à Esecae, que é um dos

maiores problemas da unidade. A Esecae poderia se beneficiar tanto de grandes programas

quanto de pequenos. Quanto ao primeiro, a Esecae poderia participar se inserindo em programas

regionais, mais abrangentes, junto com outras organizações. O benefício em pequenos programas

seria advindo de trabalhos específicos organizados somente pela Esecae ou que tenha parcerias

com instituições de ensino e pesquisa (Quadro 7.5).

Quadro 7.5.: Classificação das fontes de financiamento que poderiam ser implantadas na Esecae Programas Fontes de

financiamento Agências financiadoras e Organizações parceiras

Projetos

Pronabio GEF, BIRD, PNUD Probio Abrangentes (inserção em PNMA BIRD, KfW, PNUD, órgãos do governo PNMA II

106 Artigo 148 do capítulo III da Lei Orgânica do DF. 107 inciso IV do Artigo 167 da Constituição Federal - texto consolidado até a Emenda Constitucional nº 43 de 15 de abril de 2004. 108 Art. 165 da Constituição Federal de 1988.

88

Funbio KfW, WWF-Brasil, MMA, Ibama, GEF Áreas Protegidas Fonplata - Educação ambiental

projetos regionais)

JBIC - Empréstimo ODA

WWF-Brasil KfW, órgãos do governo e universidades Programas Água Doce e Educação Ambiental

TNC débito convertido, Funatura e fundos ambientais

Agricultura sustentável com a comunidade do entorno

CI-Brasil Instituto BioAtlântica e bancos privados Cerrado-Pantanal

FBPN - Programa de Incentivo à Conservação Ambiental

Funatura TNC Execução de projetos e doação de recursos

Pró-carnívoros universidades e centros de pesquisa Pesquisa básica Biodiversitas fundos ambientais, GTZ, CI, FBPN Pesquisas científicas

Funam ONGs cadastradas Manutenção de parques Débito convertido ONGs Pesquisas e serviços ambientais

Autofinancia-mento

universidades estaduais e federais, agências de fomento à pesquisa

Taxas de serviços, cobranças de ingressos, pesquisa

Doações Individuais Educação ambeintal

Específicos (projetos

voltados à Esecae, em

parceria com instituições de

ensino e pesquisa)

Quotas por serviços ambientais Taxas ambientais

7.12. Organizações que não se enquadram como agências financiadoras para a Esecae

Foram pesquisadas inúmeras agências, mas uma grande parte não se enquadra nas

características da Esecae. Seria pouco útil descrevê-las aqui. No entanto, algumas delas foram

selecionadas para demonstrar as dificuldades de se pesquisar fontes de recursos para uma UC,

sobretudo, se a mesma for de proteção integral. A maioria das agências destina os recursos

financeiros e serviços de apoio para projetos que visam o desenvolvimento sustentável. Esses

tipos de projetos não podem ser desenvolvidos em UCs de proteção integral, como é o caso da

Esecae.

I. Fundação Ford 109

A Fundação Ford, criada nos Estados Unidos, tem como objetivos promover o progresso

humano, a consolidação da democracia e financiar projetos que reduza a pobreza e a injustiça.

Uma das áreas temáticas dessa fundação é o Programa de Desenvolvimento Sustentável, que

procura alternativas para assegurar o controle e o uso sustentável dos recursos naturais às

populações desfavorecidas das regiões Amazônica e Mata Atlântica e, também, às comunidades

indígenas e tradicionais.

II. Canadian International Development Agency - CIDA110

109 Home page: http://www.fordfound.org.

89

A CIDA é uma agência do governo canadense que prioriza projetos para desenvolvimentos

social, econômico e sustentável. O trabalho dessa agência é concentrado em países pobres,

localizados na África, Ásia e América Latina, mas, também, financia projetos para o

desenvolvimento democrático e econômico em países da Europa Oriental e na União Soviética

Projetos relativos a Esecae, provavelmente, não estariam nos pressupostos dessa agência

canadense. Isso porque, no Brasil, a CIDA tem financiado, sobretudo, projetos de cunho social e

econômico, para aumentar a participação dos pobres na tomada de decisão pública. Projetos

ambientais relacionados ao desenvolvimento sustentável, também, têm sido financiados, mas com

enfoque social. O projeto “Brazil Inland Fisheries: conservation and sustainable livelihoods”,

com a parceria da Universidade de São Carlos - UFSCar, por exemplo, tem contribuído para um

manejo mais eficaz dos recursos pesqueiros, inserindo a comunidade a participar das questões

políticas e de desenvolvimento da região e, ainda, aprimorando-a a tecerem atividades

alternativas pesqueiras, tais como aqüicultura e ecoturismo na região. A Esecae, por ser uma

unidade de proteção integral, não poderia desenvolver projetos semelhantes.

III. International Finance Corporation - IFC111

O IFC faz parte do Grupo Banco Mundial e tem por objetivo promover investimentos no

setor privado em países em desenvolvimento para reduzir a pobreza e melhorar a vida das

pessoas. Na questão ambiental, a IFC tem apoiado projetos que visam, especialmente, o

desenvolvimento sustentável, trazendo benefícios tanto sociais quanto ambientais. Acredita-se

que o uso sustentável da biodiversidade é indispensável para a sua conservação a longo prazo,

visto que os usuários dos produtos oriundos da biodiversidade terão um incentivo a mais para

protege-la. O Terra Capital foi um desses financiamentos criados pela IFC, em 1996, no qual

priorizou projetos para o uso sustentável da biodiversidade em países, que tenham ratificado a

CDB, da América Latina. O objetivo comercial da Terra Capital era mostrar para as empresas o

retorno financeiro de investimentos que foram feitos na conservação e o uso sustentável da

biodiversidade. Esses investimentos variaram de US$500.00 a US$ 2.2 milhões.

Na área ambiental, a IFC prioriza programas de infra-estrutura e manutenção, que

minimizem os impactos sobre o meio ambiente. Esses financiamentos incluem aeroportos,

transmissão de energia elétrica, rodovias, telecomunicações, reuso de água, indústria madeireira, 110 Home page: http://www.acdi-cida.gc.ca/index-e.htm 111 Home page: http://www.ifc.org.

90

agricultura, agrotóxicos. No Brasil, a IFC tem financiado projetos de infra-estrutura, tais como a

construção de uma termoelétrica em Macaé e a construção, operação e manutenção de energia

eólica no município de Rio do Fogo - Rio Grande do Norte. Não foram encontrados registros de

financiamentos na gestão de áreas protegidas ou investimentos em projetos de educação

ambiental. Por esse motivo, a Esecae não poderia desfrutar dos recursos oriundos desse fundo de

financiamento.

IV. Banco Europeu de Investimentos - BEI112

O BEI financia projetos de integração, desenvolvimento econômico, social e ambiental dos

países membros. Há, também, investimentos para países que não são da União Européia, como é

o caso do Brasil. Os projetos ambientais, os recursos são destinados a trabalhos que abranjam

política de mudanças climáticas. Nessa questão, o BEI tem favorecido projetos para o uso

racional de energia - transporte público, eficiência industrial - ou recursos oriundos de energia

renovável. Por esse motivo, a Esecae não poderia prover dos recursos do BEI, pois o interesse da

unidade é desenvolver projetos para a gestão e o manejo dessa UC.

V. Corporação Andina de Fomento - CAF113

A CAF é uma instituição financeira multilateral, que tem a missão de promover o

desenvolvimento sustentável, equilibrado e harmônico e, além disso, a integração e a

competitividade da região latino-americana. Seus principais acionistas são os países que integram

a comunidade andina – Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela - e, além disso, conta com

sócios, entre os quais, o Brasil.

Em geral, a CAF privilegia projetos que requeiram financiamentos limitados, sobretudo

aqueles vinculados ao setor da infraestrutura e, ainda, procedentes, sobretudo, dos contratos de

concessão outorgados pelos governos ou aqueles relacionados a minério e exploração de petróleo

e gás. Quanto aos recursos naturais, a CAF possui um programa denominado BioCAF que

financia projetos destinados ao desenvolvimento sustentável e à conservação dos recursos

naturais, exclusivo para a comunidade andina. Por conta disso, este tipo de financiamento CAF

não poderia contribuir para a gestão da Esecae.

112 Home page: http://www.eib.org/search/index.asp. 113 Home page: http://www.caf.com.

91

VI. Pro-Natura114

O Pro-Natura é uma ONG brasileira, criada em 1986, de cunho internacional. Ela

administra o Instituto Pró-Natura - responsável pelas Américas - e Pro-Natura International -

responsável por Europa, África e Ásia. Sua missão é conservar a biodiversidade por meio de

projetos integrados de desenvolvimento sustentável. A maioria dos projetos visam o uso

sustentável dos recursos naturais presentes nas UCs com o enfoque de mostrar à comunidade a

importância da biodiversidade e, ao mesmo tempo, oferece alternativas de renda à população.

114 Home page: http://www.pronatura.org.br.

92

8. CONCLUSÕES

Há pelo menos onze categorias de fontes de recursos financeiros que poderiam ser

utilizadas na manutenção de UCs. São elas: 1) financiamento oriundo do orçamento público

federal, estatal ou local; 2) investimentos de instituições multilaterais e bilaterais; 3) participação

de ONGs; 4) fundos ambientais nacionais e internacionais; 5) débito convertido ou perdão de

débito; 6) autofinanciamento; 7) doações individuais; 8) quotas por serviços ambientais; 9)

utilização de convenções internacionais; 10) investimentos ecológicos; e 11) incentivos fiscais –

ICMS ecológico. Os recursos oriundos dessas fontes poderiam ser revertidos às UCs por meio de

investimentos em atividades de educação ambiental, recuperação de áreas degradadas,

reflorestamento e na prevenção de impactos ambientais e, também, recursos para a manutenção e

implementação da unidade. Além do apoio financeiro, as UCs podem receber ajuda por meio de

doações de materiais de apoio e de infra-estrutura e, ainda, apoio técnico na elaboração e

execução de projetos e pesquisas científicas e tecnológicas.

Em se tratando da Estação Ecológica de Águas Emendadas, essa UC poderia usufruir de

todas essas fontes de financiamento, exceto os recursos oriundos dos investimentos ecológicos e

o do ICMS ecológico. O primeiro não poderia ser utilizado pela Esecae, pois a legislação

ambiental brasileira não permite a exploração dos recursos naturais presentes em estações

ecológicas. Quanto ao ICMS ecológico, no momento a Esecae não possui respaldo legal para

requerer incentivos fiscais na sua unidade, visto que não é possível a distribuição de recursos

financeiros em Regiões Administrativas. A Esecae poderia se beneficiar do financiamento de

projetos abrangentes ou regionais. Quanto aos primeiros, ela poderia obter recursos financeiros

por meio do Pronabio, PNMA, BIRD, BID, KfW, IDRC, GEF, FNMA, Funbio, Fonplata,

Funam, JBIC. Em relação aos projetos específicos, a serem desenvolvidos somente na UC, a

Esecae poderia obter financiamentos essencialmente de ONGs, tais como WWF-Brasil, TNC, CI,

FBPN, Funatura, Pró-Carnívoros, Fundação Biodiversitas. As organizações que não se

enquadram como agências financiadoras para a Esecae são: Fundação Ford, CIDA, IFC, BEI,

CAF, Pró-Natura.

Analisando-se a situação administrativa e financeira da Esecae, constatou-se que a unidade

conta com um alto número de servidores e possui uma infra-estrutura de apoio e fiscalização

consolidada, como um centro de vivência para as atividades de educação ambiental, alojamentos

93

para os pesquisadores e equipamentos de fiscalização. Mesmo assim, a Esecae enfrenta

problemas, sobretudo em relação às pressões do entorno, tais como a expansão urbana e por fazer

limites de fronteira com culturas agrícolas de soja. Além disso, a Esecae encontra-se fragmentada

em duas – Lagoa Bonita e polígono principal – por rodovias federais e distritais. Isso tem

acarretado, na unidade, a invasão de animais domésticos, atropelamentos da fauna silvestre,

incêndios florestais provocados e a poluição dos córregos e de fontes de captação de água.

94

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

9.1. Conseqüências dos Resultados para a Política Pública

Esses dados permitem a reflexão sobre a diversidade de alternativas de financiamento, cujos

recursos poderiam ser utilizados pelas UCs brasileiras. Verifica-se, também, que a maior parte

desses recursos é destinado a projetos em que são previstos a exploração sustentável dos recursos

naturais presentes na unidade. Esses tipos de projetos são úteis às UCs de uso sustentável, mas

não seriam permitidos, de acordo com a Lei SNUC, em UCs de proteção integral.

A obtenção desses recursos é realizada por meio de parcerias com agências de

financiamentos nacionais e internacionais, fundos de investimentos e ONGs. As áreas protegidas

obtêm suporte financeiro dessas instituições para a manutenção da reserva e, também, apoio de

consultoria e pesquisa para a realização de estudos científicos na unidade. Isso aumentaria o

conhecimento a respeito da diversidade biológica presente nessas UCs e poderia facilitar o

monitoramento e a conservação eficaz da fauna e flora brasileira.

A cada dia, o apoio seguro e de longo prazo de organizações internacionais de conservação

das áreas protegidas de países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, é requerido. Isso porque,

conforme foi dito nesta dissertação, os custos de criação e manutenção de uma área protegida são

elevados e os recursos disponibilizados para suprir esses gastos são escassos. A arrecadação de

recursos financeiros, além daquele disponibilizado pelo governo, faz-se necessário para suprir as

carências e desenvolver trabalhos complementares, como atividades de educação ambiental e o

desenvolvimento de projetos científicos e, além disso, coibir as ameaças as UCs.

A Esecae, em especial, precisa desses recursos para investir mais em atividades

complementares, como em projetos de educação ambiental e em pesquisas científicas, além de

destinar recursos para a fiscalização da área e outras atividades de manutenção da unidade. O

fortalecimento desses projetos conservacionistas é fundamental para reduzir o grau de ameaças

aos recursos naturais presentes na Esecae.

Espera-se que o levantamento de agências de financiamento descritas neste trabalho

estimule as UCs brasileiras a buscar recursos financeiros para suprir despesas de manutenção e

investir na gestão da unidade. Acredita-se que uma reunião das instituições financiadoras e

científicas com os administradores das UCs em discussões e sessões de planejamento possibilite

95

o fortalecimento de programas conservacionistas importantes e, ainda, sensibilize a sociedade de

que o envolvimento da mesma no investimento em projetos ambientais é importante.

9.2. Conseqüências dos Resultados para a Pesquisa

O estudo sobre a situação da Esecae permite a reflexão dos problemas que atingem a

realidade atual das demais UCs e da necessidade de buscar soluções alternativas de

financiamento e de planejamento para reduzir a perda da diversidade biológica nessas unidades.

Sugerem-se estudos sobre UCs de proteção integral, em especial, dando ênfase às atividades de

educação ambiental, com a participação da comunidade local. Enfatiza-se a importância de

incentivar as agências de financiamento a investirem mais em projetos que poderiam ser

desenvolvidos em UCs de proteção integral, dado que a maior parte dos recursos é destinado a

projetos que visam a exploração dos recursos naturais presentes nas UCs.

Sugerem-se estudos sobre o assunto não somente para a arrecadação de recursos financeiros

adequados para cada UC, mas também, na utilização eficiente desses recursos nas unidades. A

obtenção de recursos financeiros nem sempre garante a estabilidade da UC, quanto à sua

manutenção e o desenvolvimento de pesquisas e projetos de educação ambiental. Há UCs que

recebem investimentos razoáveis do governo e de agências de financiamento, mas não

administram o montante de forma adequada e eficiente e os recursos naturais presentes nessas

unidades tornam-se vulneráveis.

É de suma importância, também, incentivar as agências de financiamento a investirem em

pesquisa básica - tal como estudos sobre a taxonomia de fauna e flora presentes em UCs – e não

somente em pesquisas conservacionistas e em estudos de monitoramento ambiental. Há poucas

organizações que investem em pesquisa básica, o que deveria ser estimulado, pois é um

conhecimento importante para a proteção de espécies-chaves pertencentes em uma UC.

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ANEXO

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ANEXO: QUESTIONÁRIO Questionário respondido pelo atual administrador da Estação Ecológica de Águas Emendadas. Marcar com um “X” a resposta apropriada: 1) Situação fundiária da Esecae: ( ) 90-100% regularizada ( ) 70-89% regularizada ( ) 50-69% regularizada ( ) 30-49% regularizada ( ) 0-29% regularizada ( ) dados inexistentes 2) Demarcação física da Esecae - % do perímetro demarcado comparado com o perímetro demarcável; ou seja, partes do perímetro que possuem limites naturais não entram no cálculo. Exemplo: Se os limites da unidade estão em linhas secas e ela está completamente demarcada, então marcar a primeira opção. A primeira opção também deverá ser marcada se 50 % dos limites da unidade forem um rio e os outros 50% de linha seca estiverem demarcados. No caso de não haver nenhuma demarcação ou demarcação parcial das linhas secas, marcar as opções 2,3,4, ou 5.

3) Porcentagem de áreas alteradas dentro da Esecae.

4) Exploração dos recursos naturais dentro da Esecae. Esclarecimento: Considere por exploração esporádica aquela que for eventual, não planejada. Exploração sistemática, por outro lado, é a aquela que possui um plano anual de exploração - mesmo que não aconteça durante os 12 meses do ano, mas que ocorra todos os anos. ( ) Sem exploração ( ) Exploração esporádica em menos de 10% da área ( ) Exploração sistemática em menos de 10% da área ou exploração esporádica entre 10 a 50% da área ( ) Exploração sistemática entre 10 e 30% da área ou esporádica ( ) Exploração sistemática (de vários recursos) em mais de 30% da área ( ) dados inexistentes

( ) 90-100% demarcada ( ) 70-89% demarcada ( ) 50-69% demarcada ( ) 30-49% demarcada ( ) 0-29% demarcada ( ) dados inexistentes

( ) 0-10% da unidade alterada ( ) 70-89% da unidade alterada ( ) 30-49% da unidade alterada ( ) 90-100% da unidade alterada ( ) 50-69% da unidade alterada ( ) dados inexistentes

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5) Incidência de atividades de caça e pesca dentro da Esecae: ( ) incidência reduzida ( ) incidência mediana ( ) incidência elevada ( ) dados inexistentes 6) Grau de insularização da unidade: percentual de cobertura vegetal natural no entorno, em um raio de 10 km da Esecae. Exemplo: Opção 1 = a vegetação no entorno da unidade, num raio de 10 km, está entre 90 e 100% intacta. Opção 5 = a unidade está praticamente isolada, com quase 100% do entorno desmatado ou com outra vegetação que não a cobertura vegetal original. ( ) 90-100% de cobertura vegetal natural no entorno num raio de 10 km da Esecae, contíguas ou não ( ) 70-89%de cobertura vegetal natural no entorno num raio de 10 km da Esecae, contíguas ou não ( ) 50-69%de cobertura vegetal natural no entorno num raio de 10 km da Esecae, contíguas ou não ( ) 30-49%de cobertura vegetal natural no entorno num raio de 10 km da Esecae, contíguas ou não ( ) 0-29%de cobertura vegetal natural no entorno num raio de 10 km da Esecae, contíguas ou não ( ) dados inexistentes 7) Forma predominante de uso da terra no entorno da Esecae ( ) Área natural e extrativismo extensivo ( ) Agricultura de subsistência de baixa densidade ( ) Monocultura de reflorestamento ou pecuária ou exploração madeireira ou agricultura de alta densidade ( ) Agricultura intensiva ( ) Centro urbano ( ) Outros (identifique)_______________________________________________________ ( ) dados inexistentes 8) Grau de envolvimento da comunidade do entorno em atividades desenvolvidas na Esecae. Exemplo: Opção 1= todas as atividades desenvolvidas na Esecae tiveram a participação da comunidade do entorno; Opção 5= nenhuma atividade desenvolvida na Esecae teve a participação da população do entorno.

( ) 90-100% das atividades teve a participação da comunidade ( ) 70-89% das atividades teve a participação da comunidade ( ) 50-69% das atividades teve a participação da comunidade ( ) 30-49% das atividades teve a participação da comunidade ( ) 0-29% das atividades teve a participação da comunidade ( ) dados inexistentes

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9) Relação entre os recursos financeiros aplicados e os necessários para a Esecae, em 2004. Exemplo: Recursos necessários para o manejo da unidade X em 2004 = 1.000,00 Recursos efetivamente aplicados em 2004 na unidade X = 500,00 Resposta = 50%

10) Número de funcionários que trabalham na Esecae.

Observação: número atual: ____ número ideal: _____ 11) Qualificação da equipe de funcionários que trabalha na Esecae. Esclarecimento: Essa qualificação considera o tempo de experiência, cursos, especializações e treinamentos para o cumprimento das funções do cargo de responsabilidade de cada funcionário. ( ) 90-100% dos funcionários são qualificados para a função

12) Infra-estrutura - alojamento para pesquisador, laboratório, centro de vivência, sede administrativa. ( ) infraestrutura completa de acordo com a categoria da unidade ( ) infraestrutura parcialmente completa de acordo com a categoria da unidade e com sede administrativa ( ) unidade possui apenas sede administrativa ( ) infraestrutura incompleta de acordo com a categoria da unidade e inclusive sem sede administrativa ( ) sem nenhuma infraestrutura ( ) dados inexistentes

( ) 90-100% ( ) 30-49% ( ) 70-89% ( ) 0-29% ( ) 50-69% ( ) dados inexistentes

( ) 90-100% do ideal para a unidade ( ) 30-49% do ideal para a unidade ( ) 70-89% do ideal para a unidade ( ) 0-29% do ideal para a unidade ( ) 50-69% do ideal para a unidade ( ) dados inexistentes

( ) 70-89% dos funcionários são qualificados para a função ( ) 50-69% dos funcionários são qualificados para a função ( ) 30-49% dos funcionários são qualificados para a função ( ) 0-29% dos funcionários são qualificados para a função ( ) dados inexistentes

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13) Em relação à quantidade de equipamentos e materiais - transporte, comunicação interna e externa, equipamento de escritório, equipamento para fiscalização, material de consumo - a Esecae: ( ) possui todos os equipamentos e materiais necessários para o funcionamento da unidade ( ) possui transporte e comunicação e parte dos demais equipamentos e materiais necessários para o funcionamento da unidade ( ) possui parte dos equipamentos e materiais necessários para o funcionamento da unidade ( ) possui equipamento mas não possui material de consumo e/ou vice-versa ( ) nenhum equipamento e material ( ) dados inexistentes Outras questões relacionadas com a Esecae.

14) Grau de comunicação com os administradores de outras unidades de conservação. Exemplo: Opção 1: Grande troca de informações e experiências importantes para uma maior eficácia das unidades de conservação. Opção 5: Não há - há pouca - comunicação com os administradores de outras unidades de conservação.

15) Como é vista a capacidade de gestão institucional da Esecae. Esclarecimento: envolve a eficácia na capacidade de gestão desde a Semarh até a administração direta na Esecae, considerando todos os problemas envolvidos - financeiro, ausência de plano de manejo e outros.

( ) 90-100% de comunicação ( ) 70-89% de comunicação ( ) 50-69% de comunicação ( ) 30-49% de comunicação ( ) 0-29% de comunicação ( ) dados inexistentes

( ) 0-10% adequado ( ) 30-49% adequado ( ) 50-69% adequado ( ) 70-89% adequado ( ) 90-100% adequado ( ) dados inexistentes

Casulari da Motta, Ana Cláudia Domingues Alternativas Financeiras para a Conservação dos Recursos Naturais em Unidades de Conservação / Ana Cláudia Domingues Casulari da Motta. – Brasília: UnB, 2005. 124f. : il. Orientador: Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília, Faculdade Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Economia, 2005. 1. Biodiversidade. 2. Conservação. 3. Unidades de Conservação. 4. Financiamento. 5. Estação Ecológica. 6. Águas Emendadas. – Dissertação. I. Nogueira, Jorge Madeira. II. Universidade de Brasília, Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação, Centro de Estudos em Economia, Meio Ambiente e Agricultura - CEEMA -, Programa de Pós-Graduação em Economia. III. Título.

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Figura 4.1: Localização da Estação Ecológica de Águas Emendadas e rodovias do entorno Fonte: SEMARH (2006), com adaptações.

BRASIL MAPA DO DISTRITO FEDERAL ANO 2006

Estação Ecológica de Águas Emendadas

Plano Piloto

ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE ÁGUAS EMENDADAS