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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL ANÁLISES DOS SOLOS DE URUCU PARA FINS DE USO RODOVIÁRIO FRANCISCO HÉLIO CAITANO PESSOA ORIENTADOR : JOSÉ CAMAPUM DE CARVALHO, PhD DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA PUBLICAÇÃO: G.DM-117A/04 BRASÍLIA, JANEIRO DE 2004

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ANÁLISES DOS SOLOS DE URUCU PARA FINS DE USO

RODOVIÁRIO

FRANCISCO HÉLIO CAITANO PESSOA

ORIENTADOR : JOSÉ CAMAPUM DE CARVALHO, PhD

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA

PUBLICAÇÃO: G.DM-117A/04

BRASÍLIA, JANEIRO DE 2004

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ANÁLISE DOS SOLOS DE URUCU PARA FINS DE USO RODOVIÁRIO

FRANCISCO HÉLIO CAITANO PESSOA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO ENGENHARIA CIVIL

DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE.

APROVADA POR:

_____________________________________________________

PROFº. JOSÉ CAMAPUM DECARVALHO, PhD. (UnB)

(ORIENTADOR)

_____________________________________________________

PROFº. PEDRO MURRIETA DOS SANTOS NETO, DSc. (UnB)

(EXAMINADOR INTERNO)

_____________________________________________________

PROFª. GIOCONDA SANTOS E SOUZA MARTINEZ, DSc (UFRR)

(EXAMINADOR EXTERNO)

BRASÍLIA/DF, 14 DE JANEIRO DE 2004.

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iii

FICHA CATALOGRÁFICA PESSOA, FRANCISCO HÉLIO CAITANO

Análises dos Solos de Urucu para Fins de Uso Rodoviário.[Distrito Federal] 2004.

xx, 151p., 210mm x 297mm (ENC/FT/UnB, Mestre , Geotecnia, 2004).

Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília.

Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil.

1. Solos 2. Estabilização

3. Solos Lateríticos 4. Ensaios de Laboratório

I. ENC/FT/UnB II. Título (Série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

PESSOA, F.H.C. (2004). Análises dos solos de Urucu para Fins de Uso Rodoviário.

Dissertação de Mestrado, Publicação nº G. DM-117A/04, Departamento de Engenharia Civil

e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 151 p.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Francisco Hélio Caitano Pessoa

TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Análises dos Solos de Urucu para Fins

de Uso Rodoviário.

GRAU: Mestre ANO: 2004

É concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta dissertação

de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e

científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação

pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.

______________________________________

Francisco Hélio C. Pessoa

Rua Felipe Xaud, 1570, Asa Branca.

CEP: 69.311-120. Boa Vista/RR – Brasil.

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iv

DEDICATÓRIA

A Deus

Aos meus pais Vicente e Francisca e irmãos

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v

AGRADECIMENTOS

A Deus por mais essa conquista e pela sua imensa misericórdia para comigo.

Ao professor José Camapum de Carvalho pela orientação, paciência, incentivo,

dedicação e transmissão de conhecimento ao longo desta pesquisa.

Ao CEFET/RR pela dispensa das atividades de trabalho, o que possibilitou a

realização desta dissertação de Mestrado.

Aos meus pais, irmãos e a minha noiva Elisa pela confiança, paciência e apoio moral.

A Petrobrás, nas pessoas dos engºs Odemir, Humberto, Luís Augusto e João Batista

pelo apoio na cessão dos materiais e pessoal para a realização dos ensaios.

À Empresa de Consultoria Maia Mello, nas pessoas dos engºs José Cordeiro e Ivo

Odilon.

Aos professores da Pós-Graduação em Geotecnia da Universidade de Brasília pelos

conhecimentos transmitidos e a Secretaria da Pós nas pessoas do Adelias e Valéria.

Aos meus colegas de trabalho do CEFET/RR da gerência de Construção Civil.

Aos colegas da turma de 2001: Allan, Helber, Dennys, Charles, Adriano, Renato

(gaúcho), Carlos, Carla, Luciana, Renato (goiano), Gustavo pela saudável convivência e o

companheirismo durante a realização desta dissertação.

Aos amigos Maurício Pinheiro e Jairo Furtado pela indispensável ajuda na formatação

de textos e figuras.

Ao amigo Nestor pelo companheirismo, amizade e pela ajuda prestada.

Aos amigos de doutorado Joaquim Neto, Marta, Márcia Mara, Marisaides, Karina,

Maruska e Cláudia Gurjão pela amizade e companheirismo.

Aos técnicos e estagiários do Laboratório de Geotecnia da UNB.

Ao Laboratório de Mecânica da UnB, na pessoa do Sr. Artur, pelo apoio na adaptação

dos equipamentos que viabilizaram a pesquisa.

Aos Laboratórios de Raio-X e Microssonda do Instituto de Geociências da

Universidade de Brasília, na pessoa da profª Edi Guimarães.

A FURNAS Centrais Elétricas S.A.

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vi

RESUMO

ANÁLISES DOS SOLOS DE URUCU PARA FINS DE USO

RODOVIÁRIO

O solo pode ser considerado como o material de construção civil de maior abundância

na crosta terrestre. Quando ele não pode ser usado in natura, duas alternativas podem ser

consideradas: substituí-lo ou estabilizá-lo. A estabilização consiste em empregar os solos

locais, melhorando suas propriedades geotécnicas, de modo a enquadrá-los nas especificações

construtivas. Nesta dissertação, analisaram-se os solos da região de Urucu, no estado do

Amazonas (AM), a fim de melhor entender as reações que ocorrem nos solos tropicais e o

provável ganho de resistência quando estes são estabilizados com produtos químicos. Foram

realizados estudos de caracterizações física, química, mineralógica e estrutural, bem como o

estudo do comportamento mecânico destes solos nos estados natural e estabilizado com cal,

cimento, emulsão, cal-emulsão, e cimento-emulsão. Estes estudos foram realizados a partir de

ensaios de compactação por processo estático, mini-CBR, perda de massa por imersão em

água, desagregação do solo em água e medida de sucção pela técnica do papel filtro.

Os resultados da pesquisa mostraram que os solos da região de Urucu (AM) são

semelhantes quanto à mineralogia e à química, e heterogêneos quanto às propriedades físicas.

A correlação das propriedades permitiu avaliar o potencial de estabilização e a importância da

compactação com secagem e pré-secagem. A análise da influência da estabilização química,

por sua vez, permitiu classificar a melhora da capacidade de suporte na seguinte ordem (do

pior para o melhor): solo-emulsão, solo-emulsão-cal, solo-emulsão-cimento, solo-cimento e

solo-cal. Outras conclusões relevantes obtidas dos ensaios foram: os gráficos (e × pF) versus

Sr (%) e CBR versus (pF/e) mostraram com mais evidência a diferença entre os tipos de

estabilizações adotadas; os ensaios de perda de massa por imersão e desagregação foram

importantes na avaliação das estabilizações para estruturas de pavimentos; e os resultados dos

ensaios na estabilização granulométrica não se mostraram adequados para uso rodoviário.

Deste modo, a estabilização química mostrou-se uma solução viável para a região estudada,

desde que bem avaliada e executada.

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vii

ABSTRACT

ANALYSIS OF URUCU SOILS FOR ROAD CONSTRUCTION

Soil may be considered as a material for civil construction of largest abundance on the

earth crust. When it is not possible to use it in natural conditions, there are two alternatives: to

replace or stabilize it. Stabilization means to employ local soils and improve their

geotechnical properties in order to meet constructive specifications. In this work, soils from

Urucu, Amazonas State (AM), were studied to investigate tropical soils reactions and strength

improvement when these soils are chemically stabilized. Studies of physical, chemical,

mineralogical, and structural characterization were made, as well as studies of mechanical

behavior both in natural conditions and for different process of stabilization, namely, the uses

of lime, cement, emulsion, lime-emulsion, and cement-emulsion. Static compaction tests,

mini-CBR tests, loss of soil mass by immersion in water, soil disintegration in water, and

suction measurement using the filter paper technique test were performed in order to achieve

the research goals.

The results showed that the soils studied were similar when considering mineralogical

and chemical properties, but heterogeneous when considering physical properties. The

correlation of those properties allowed assessing the stabilization potential and the importance

of compaction with drying and pre drying. The analysis of chemical stabilization influence, on

the order hand, allowed classifying the bearing capacity improvement in the following order

(from worst to best): soil-emulsion, soil-emulsion-lime, soil-emulsion-cement, soil-cement,

and soil-lime. Other relevant conclusions were: (e × pF) versus Sr (%) and CBR versus (pF/e)

graphics highlighted the differences among the types of stabilization processes employed; lost

of soil mass due to immersion tests and desegregation tests were important to assess the

stabilization of pavement structures; and results of granular stabilization tests were not

appropriate for highway designs. Thus, chemical stabilization is a feasible solution for the

studied region, when well evaluated and performed.

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viii

ÍNDICE

Capítulo Página

1 – INTRODUÇÃO. 1

1.1 – APRESENTAÇÃO. 1

1.2 – OBJETIVO. 1

1.3 – ÁREA DE ESTUDO. 2

1.4 – CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DAS JAZIDAS A SEREM ESTUDADAS. 3

1.5 – ESCOPO DA DISSERTAÇÃO. 3

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. 4

2.1 – INTRODUÇÃO. 4

2.2 – CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA REGIÃO. 5

2.3 – CLASSIFICAÇÃO DO SOLO. 7

2.3.1 – CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA. 7

2.3.2 – CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA. 7

2.3.2.1 – SISTEMA UNIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS (SUCS). 8

2.3.2.2 – CLASSIFICAÇÃO TRANSPORTATION RESEARCH BOARD (TRB). 9

2.3.2.3 – CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA MCT EXPEDITA. 10

2.4 – SOLOS TROPICAIS. 14

2.4.1 – SOLOS SAPROLÍTICOS. 15

2.4.2 – SOLOS LATERÍTICOS. 16

2.5 – NOÇÕES DE SOLOS NÃO SATURADOS. 17

2.6 – ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS. 22

2.6.1 – ESTABILIZAÇÃO SOLO – CAL. 23

2.6.2 – ESTABILIZAÇÃO SOLO – CIMENTO. 24

2.6.3 – ESTABILIZAÇÃO SOLO – EMULSÃO. 31

2.6.4 – ESTABILIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA. 32

3 – MATERIAIS E MÉTODOS. 34

3.1 – INTRODUÇÃO. 34

3.2 – DESCRIÇÃO DAS JAZIDAS. 34

3.2.1 – SOLOS E AREIAS. 34

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ix

3.2.2 – CAL. 37

3.2.3 – CIMENTO. 38

3.2.4 – EMULSÃO. 39

3.3 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA. 40

3.3.1 – UMIDADES NATURAL E HIGROSCÓPICA. 41

3.3.2 – MASSA ESPECÍFICA DOS SÓLIDOS. 41

3.3.3 – LIMITES DE ATTERBERG. 42

3.3.4 –GRANULOMETRIA. 43

3.3.5 – ÍNDICE DE ATIVIDADE. 45

3.3.6 – CLASSIFICAÇÃO MCT EXPEDITA. 46

3.3.7 – CURVA CARACTERÍSTICA. 47

3.4 – CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA. 49

3.5 – CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA. 50

3.5.1 – CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA. 51

3.5.2 – MATÉRIA ORGÂNICA. 53

3.5.3 –ACIDEZ TOTAL. 54

3.6 – CARACTERIZAÇÃO MICRO-ESTRUTURAL. 56

3.7 – COMPORTAMENTO MECÂNICO. 56

3.7.1 – COMPACTAÇÃO. 57

3.7.2 – CAPACIDADE DE SUPORTE (CBR). 59

3.7.3 – SUCÇÃO. 61

3.7.4 –DESAGREGAÇÃO. 62

3.7.5 – PERDA DE MASSA POR IMERSÃO. 63

3.7.6 – PESO ESPECÍFICO APARENTE SECO. 64

4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS. 65

4.1 – INTRODUÇÃO. 65

4.2 – CARACTERIZAÇÃO FÍSICA. 65

4.2.1 – UMIDADE NATURAL. 65

4.2.2 – UMIDADE HIGROSCÓPICA. 65

4.2.3 – ANÁLISE GRANULOMÉTRICA. 67

4.2.4 – LIMITES DE ATTERBERG. 70

4.2.5 – MASSA ESPECÍFICA DOS GRÃOS. 73

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x

4.2.6 – ENSAIO MCT EXPEDITO. 73

4.2.7 – CLASSIFICAÇÕES, IÌNDICE DE ATIVIDADE DE SKEMPTON E

CORRELAÇÕES GRANULOMÉTRICAS.

77

4.3 – CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA. 79

4.4 – CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA. 87

4.5 – CARACTERIZAÇÃO MICRO-ESTRUTURAL. 89

4.6 – COMPORTAMENTO MECÂNICO. 93

4.6.1 – COMPACTAÇÃO. 93

4.6.2 – CBR. 101

4.6.3 – PESO ESPECÍFICO APARENTE SECO. 115

4.6.4 – CURVA CARACTERÍSTICA. 119

4.7 – ENSAIO DE PERDA DE MASSA POR IMERSÃO. 126

4.8 – ENSAIO DE DESAGREGAÇÃO. 128

4.9 – CORRELAÇÕES ENTRE PROPRIEDADES FÍSICAS, QUÍMICAS,

MINERALÓGICAS E MECÂNICAS.

130

5 – CONCLUSÕES. 138

5.1 – CONCLUSÕES. 138

5.2 – SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS.

140

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

141

ANEXO A: CURVAS CARACTERÍSTICAS EM FUNÇÃO DA SUCÇÃO

VERSUS GRAU DE SATURAÇÃO E RESULTADOS DA CLASSIFICAÇÃO

MCT EXPEDITA

147

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xi

LISTA DE FIGURAS

Capítulo Página

Figura 1.1 - Localização da Província Petrolífera de Urucu-AM. 2

Figura 1.2 - Situação da Província Petrolífera de Urucu-AM. 2

Figura 2.1 - Macro regiões de solos amazônicos com potencial de uso geotécnico

distinto (modificado - Vertamatti, 1987).

6

Figura 2.2 - Diagrama Trilinear de Solos (MIT). 8

Figura 2.3 - Carta de Classificação de Casagrande. 9

Figura 2.4 - Ocorrência de Solos Lateríticos no Brasil (Villibor et al., 2000). 15

Figura 2.5 - Associação entre os raios dos meniscos capilares com a pressão num solo

não saturado (modificado – Pinto, 2000).

17

Figura 3.1 - Localização das jazidas estudadas. 35

Figura 3.2 - Granulometria da areia fina do Rio Urucu. 36

Figura 3.3 - Granulometria da areia grossa do Rio Solimões. 37

Figura 3.4 - Granulometria da cal. 38

Figura 3.5 - Granulometria do cimento Nassau. 38

Figura 3.6 - Granulometria com e sem ultra-som para um perfil de solo

de 0,5m a 2,5m (Jazida 5).

44

Figura 3.7 - Granulômetro e acessórios. 45

Figura 3.8 - Ensaios da metodologia MCT expedita. 47

Figura 3.9 - Curva característica de sucção do solo. 48

Figura 3.10 - Variação da carga com o pH de um solo ferralítico vermelho. P – carga

negativa permanente das partículas; A – carga negativa, desenvolvida a pH elevado; B

– carga positiva desenvolvida a pH baixo (modificado - Costa, 1973).

52

Figura 3.11 - Compactação estática utilizada na pesquisa. 59

Figura 3.12 - (a) Execução de CBR; (b) ferramentas utilizadas na montagem do CP;

(c) CP após o ensaio.

60

Figura 3.13 - Ensaios de Desagregação. (a) imersão total e (b) imersão por etapas. 63

Figura 3.14 - Ensaio de Perda de Massa por Imersão. 64

Figura 3.15 - Corpos-de-prova para ensaio de Massa Especifica pela balança

hidrostática.

64

Figura 4.1 - Variação de wnat com a profundidade - jazida 5. 66

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xii

Figura 4.2 - Umidade higroscópica ao longo do tempo. 68

Figura 4.3 - Perfil granulométrico do solo das jazidas com e sem ultra-som. 69

Figura 4.4 - Limites de Liquidez(wL) e Indice de Plasticidade. 71

Figura 4.5 - Limites de Liquidez(wL), umidade de moldagem das pastilhas e umidade

natural.

72

Figura 4.6 - Massa específica dos grãos. 74

Figura 4.7 - Difratrogramas do perfil de profundidade - Furo 4. 82

Figura 4.8 - Difratrogramas das jazidas 1, 2, 3 e 4. 83

Figura 4.9 - Difratrogramas das misturas solo-cal e solo-cimento. 84

Figura 4.10 - Difratograma da jazida 5. 85

Figura 4.11 - MEV do solo natural. 90

Figura 4.12 - MEV do solo estabilizado com 2% de cal. 91

Figura 4.13 - MEV do solo estabilizado com 6% de cal. 91

Figura 4.14 - MEV do solo estabilizado com 2% de emulsão. 92

Figura 4.15 - MEV do solo estabilizado com 2% de emulsão mais 3% de cal. 92

Figura 4.16 - MEV do solo estabilizado com 2% de emulsão mais 3% de cimento. 93

Figura 4.17 - Curvas de compactação dinâmica com pré-secagem (natural) e com

secagem.

94

Figura 4.18 - Curvas de compactação dinâmica das jazidas 1, 2, 3 e 5. 95

Figura 4.19 - Curvas de compactação dinâmica e estática, nas energias (a) Normal e (b)

Intermediária obtidas para a jazida 2 e 5, respectivamente.

96

Figura 4.20 - Curvas de compactação nas energias (a) Normal e (b) Intermediária -

jazida 2.

96

Figura 4.21 - Curvas de compactação nas energias (a) Normal e (b) Intermediária -

jazida 3.

97

Figura 4.22 - Curvas de compactação na energia Intermediária - jazida 5. 98

Figura 4.23 - Curva de compactação na energia Intermediária - jazida 5. 99

Figura 4.24 - CBR x w e CBR x Sr das misturas solo-cal nas energias Normal (a) e (c)

e Intermediária (b) e (d) - jazida 2.

102

Figura 4.25 - CBR x pF e CBR x pF/e das misturas solo-cal nas energias Normal (a) e

(c) e Intermediária (b) e (d) - jazida 2.

103

Figura 4.26 - CBR x w e CBR x Sr das misturas solo-cal nas energias Normal (a) e (c)

e Intermediária (b) e (d) - jazida 3.

104

Page 13: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

xiii

Figura 4.27 - CBR x pF e CBR x pF/e das misturas solo-cal nas energias Normal (a) e

(c) e Intermediária (b) e (d)– jazida 3.

105

Figura 4.28 - CBR x w e CBR x Sr das misturas solo-cal na energia Intermediária -

jazida 5

106

Figura 4.29 - CBR x pF, CBR x pF/e das misturas solo-emulsão na energia

Intermediária - jazida 5.

107

Figura 4.30 - CBR x w e CBR x Sr das misturas solo-emulsão na energia Intermediária

- jazida 5.

108

Figura 4.31 - CBR x w e CBR x Sr das misturas solo-areia na energia Intermediária -

jazida 5.

109

Figura 4.32 - (a) CBR x pF, (b) CBR x pF (c) CBR x pF/e e (d) CBR x pF/e das

misturas solo-areia na energia Intermediária – jazida.5.

110

Figura 4.33 - (a) CBR x γd da mistura solo-areia na energia Intermediária - jazida 5. 111

Figura 4.34 - (a) CBR x w (b) CBR x Sr (c) CBR x pF e (d) CBR x pF/e das misturas

solo-cimento na energia Intermediária - jazida 5.

112

Figura 4.35 - (a) CBR x w (b) CBR x Sr (c) CBR x pF e (d) CBR x pF/e das misturas

diversas na energia Intermediária - jazida 5.

113

Figura 4.36 - Influência da umidade de compactação no CBR – Jazida 3. 114

Figura 4.37 - Comparação dos CBR das diversas estabilizações – Jazida 5. 115

Figura 4.38 - Peso específica aparente seco nas energias (a) Normal e (b) Intermediária

– Jazida 2.

116

Figura 4.39 - Peso específica aparente seco nas energias (a) Normal e (b) Intermediária

– Jazida 3.

117

Figura 4.40 - Peso específica aparente seco na energia Intermediária – Jazida 5. 118

Figura 4.41 - Peso específica aparente seco na energia Intermediária – Jazida 5. 119

Figura 4.42 - Curvas características nas energias (a) e (c) Normal e (b) e (d)

Intermediária jazida 2.

120

Figura 4.43 - Curvas características nas energias (a) e (c) Normal e (b) e (d)

Intermediária jazida 3.

121

Figura 4.44 - Curvas características das misturas solo-cal e solo-emulsão: (a) e (c) pF x

w e (b) e (d) epF x Sr – jazida 5.

122

Figura 4.45 - Curvas características das misturas solo-cimento e diversas: (a) e (c) pF x

w e (b) e (d) expF x Sr – jazida 5.

123

Page 14: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

xiv

Figura 4.46 - Curvas características das misturas solo-areias grossa e fina: (a) e (c) pF

x w e (b) e (d) expF x Sr – jazida 5.

124

Figura 4.47 - Influência da umidade de compactação na curva característica - Jazida 3. 125

Figura 4.48 - Perda de Massa por Imersão do solo natural (a) Jazida 2 e (b) Jazida 3. 126

Figura 4.49 - Perda de Massa por Imersão do solo natural e das misturas - Jazida 5. 127

Figura 4.50 - Correlação entre propriedades químicas e físicas do solo natural. 131

Figura 4.51 - Correlação entre propriedades químicas e os teores cal e cimento. 132

Figura 4.52 - Correlação entre pH e os teores emulsão + cal ou cimento. 133

Figura 4.53 - Correlação entre propriedades físicas e químicas para as misturas solo-

cal.

133

Figura 4. 54 - Correlações entre (a) Teor de Agregação, (b) Agregados Totais e Acidez

Total.

134

Figura 4.55 - CBR x Teor de cal (a) na umidade ótima e (b) na umidade de

compactação.

134

Figura 4.56 - Correlações entre propriedades físicas e químicas, para o solo natural. 135

Figura 4.57 - Picos dos minerais (a) mistura de solos de um furo (jazidas 1, 2, 3, 4 e 5)

e (b) perfil complete ( J-5).

136

Figura 4.58 - Correlação entre propriedades químicas e mineralógicas: (a) CTC x

picos(illita+caulinita) e (b)Acidez Total x picos(illita+caulinita), (c) pH(KCl) x picos

de caulinita e (d) pH(KCl) x picos goethita.

137

Figura A.1 - Curvas características nas energias: (a) Normal e (b) Intermediária –

Jazida 2.

148

Figura A.2 - Curvas características nas energias: (a) Normal e (b) Intermediária –

Jazida 3.

148

Figura A.3 - Curvas características das misturas (a) solo-cal e (b) solo-emulsão –

Jazida 5.

149

Figura A.4 - Curvas características das misturas (a) solo-cimento e (b) diversa – Jazida

5.

149

Figura A.5 - Curvas características das misturas (a) solo-areia grossa e (b) solo-areia

fina – Jazida 5.

150

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xv

LISTA DE TABELAS

Capítulo Página

Tabela 2.1 - Propriedades esperadas dos grupos de solos do SUCS (modificada -

Murrieta, 1994).

18

Tabela 2.2 - Propriedades e Utilização dos Grupos de Solos da MCT (Nogami e

Villibor, 1995).

19

Tabela 2.3 - Propriedades Típicas dos Grupos de Solos (DNER-CLA 259/1996). 20

Tabela 2.4 - Correlações entre os horizontes da proposição de Cardoso (2002) e as

diferentes classificações de perfis lateríticos.

21

Tabela 2. 5 - Qualidades dos solos para estabilização com emulsão (Momm, 1983). 32

Tabela 2.6 - Faixas de Composição Granulométrica (DNER-ES 303/97). 33

Tabela 3.1 - Características gerais das jazidas estudadas. 34

Tabela 3.1 - Características da cal utilizada nas misturas solo-cal. 37

Tabela 3.2 - Tipos de emulsão asfálticas usadas em pavimentação. 39

Tabela 3.3 - Características da emulsão produzida pela Petrobrás S.A. 40

Tabela 3.4 - Massa Específica dos sólidos de diferente minerais (modificada -

Nogueira, 2001).

42

Tabela 3.6 - Limites de Atterberg para argilo-minerais (modificado - Mitchell,1993). 43

Tabela 3.7 - Classificação das argilas em função da atividade (modificada – Vargas,

1978).

46

Tabela 3.8 - Valores de CTC (modificado – Guimarães, 1971). 51

Tabela 3.9 - Classificação dos solos quanto ao teor de matéria orgânica (Costa, 1973). 54

Tabela 3.10 - Composição das misturas estudadas. 57

Tabela 4.1 - Limites de Atterberg para o solo natural e para as misturas solo-cal. 73

Tabela 4.2 - Resultados dos ensaios da classificação MCT expedita – Jazida 2. 75

Tabela 4.3 - Resultados dos ensaios da classificação MCT expedita – Jazida 3. 75

Tabela 4.4 - Resultados dos ensaios da classificação MCT expedita – Jazida 5. 76

Tabela 4.5 - Caracterização física da Jazida 1. 78

Tabela 4.6 - Caracterização física da Jazida 2. 78

Tabela 4.7 - Caracterização física da Jazida 3. 78

Tabela 4.8 - Caracterização física da Jazida 4. 78

Tabela 4.9 - Caracterização física da Jazida 5. 78

Page 16: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

xvi

Tabela 4.10 - Intensidade dos picos dos principais minerais nas jazidas. 80

Tabela 4.11 - Intensidade dos picos dos principais minerais nas misturas solo-cimento. 81

Tabela 4.12 - Intensidade dos picos dos principais minerais nas misturas solo-cal. 81

Tabela 4.13 - Propriedades químicas de um perfil completo de solo natural das jazida 1,

2 e 3.

87

Tabela 4.14 - Propriedades químicas de um perfil completo de solo natural das jazida 4

e 5.

87

Tabela 4.15 - Propriedades químicas da mistura solo-cal para as jazidas 2, 3 e 5. 88

Tabela 4.16 - Propriedades químicas das mistura solo-emulsão, solo-cimento e solo-

emulsão-cal e/ou cimento para a jazida 5.

89

Tabela 4.17 - Resultados de ensaio de perda de massa por imersão – Jazida 2. 126

Tabela 4.18 - Resultados de ensaio de perda de massa por imersão – Jazida 3. 126

Tabela 4.19 - Resultados do ensaio de desagregação nas misturas solo-cal – Jazida 2. 128

Tabela 4.20 - Resultados do ensaio de desagregação nas misturas solo-cal – Jazida 3. 129

Tabela 4.21 - Resultados do ensaio de desagregação nas misturas solo-cal e solo-

cimento – Jazida 5.

129

Tabela 4.22 - Resultados do ensaio de desagregação nas misturas solo-emulsão – Jazida

5.

129

Tabela 4.23 - Resultados do ensaio de desagregação nas misturas solo-areia – Jazida 5. 130

Tabela A.1 - Resultados dos ensaios da classificação MCT expedita – Jazida 1 150

Tabela A.2 - Resultados dos ensaios da classificação MCT expedita – Jazida 4. 151

Page 17: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

xvii

LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AF / af areia fina

AG / ag areia grossa

Al Alumínio

Al% percentagem de saturação por alumínio

AM Amazonas

ASTM American Society for Testing and Materials

ATD Análise Térmica Diferencial

A.T. Agregados Totais

Ca Cálcio

CaO Óxido de cálcio

CAP Cimento Asfáltico de Petróleo

CBR California Bearing Ration ou capacidade de suporte

CBRic Capacidade de suporte com imersão e sobrecarga

CBRsic Capacidade de suporte sem imersão e sem sobrecarga

Cc Coeficiente de Curvatura

Cd Coeficiente de nãouniformidade ou desuniformidade

CH argila inorgânica de alta plasticidade

CL argila inorgânica de baixa plasticidade

C.U. análise granulométrica com ultra-som

Cm centímetro

CP Cimento Portland

CR asfalto diluído tipo cura rápida

CTC Capacidade de Troca Catiônica

ºC grau centígrado

D diâmetro

DER-DF Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal

DER-SP Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

E indice de vazios

E.I. Energia Intermediária de Compactação

Page 18: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

xviii

ES Especificação de Serviço

epF ou e×pF produto do índice de vazios pela sucção mátrica

E.N. Energia Normal de Compactação

Fe Ferro

Fig. figura

G.R. Grau de Alteração

GW / GP Pedregulho bem graduado / Pedregulho mal graduado

H Hidrogênio

HRB Highway Research Board

Ia Índice de atividade

Ia (S.U.) Índice de atividade sem ultra-som

Ia (C.U.) Índice de atividade com ultra-som

IBP Instituto Brasileiro do Petróleo

IG Índice de Grupo

IP ou IP Índice de Plasticidade

ISSMFE Internacional Society for Soil Mechanics and Foundation

Engineering

J-1 Jazida 1

J-2 Jazida 2

J-3 Jazida 3

J-4 Jazida 4

J-5 Jazida 5

K Potassío

KCl cloreto de cálcio

kg/m3 quilograma/metro cúbico

kN/m2 quiloNewton/metro quadrado

kN/m3 quiloNewton/metro cúbico

KPa QuiloPascal

L Laterítico

LA Laterítico Areia

LA' Laterítico Arenoso

LG Laterítico Argiloso

Ltda limitada

Page 19: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

xix

M metro

MB Método Brasileiro

MCV Moisture Condition Value

MCT Miniatura Compactado Tropical

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

MIT Massachusetts Institute of Tecnology

Mini-MCV ensaio de compactação da metodologia MCT

Mini-CBR ensaio de suporte da metodologia MCT

MH silte de alta plasticidade

Mg Magmésio

Mm milímetro

m2 metro quadrado

m3 metro cúbico

mold. umidade de moldagem das pastilhas

MO matéria orgânica

N Número de Tráfego

NA Não Laterítico Areia

NA' Não Laterítico Arenoso

Na Sódio

NBR Norma Brasileira Registrada

NG Não Laterítico Argiloso

NS' Não Laterítico Siltoso

OH argilas orgânicas de media e alta plasticidade

OL siltes orgânicos e siltes arrgilosos de baixa plasticidade

P-EB Especificação Brasileira de Petróleo

pF logarítmo da sucção em centímetros de coluna de água

pH potencial hidrogeniônico

PI Perda de massa por imersão

Prof. (m) ou prof.(m) profundidade em metros

PVC Policloreto de vinila

Pt solos orgânicos

Q Quantidade de calor

RL Ruptura Lenta

Page 20: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

xx

RM Ruptura Média

RR Ruptura Rápida

S soma das bases trocáveis

Si Silício

Sr grau de saturação

SUCS Sistema Unificado de Classificação de Solos

S.U. análise granulométrica sem ultra-som

SW / SP areia bem graduada / areia mal graduado

T.A. Teor de Agregação

TRB Transportation Research Board

ua-uw (kPa) sucção matricial

USA Estados Unidos da América

USBS United States Bureau of Soil

V% percentagem de saturação por bases

w teor de umidade

wL ou LL Limite de Liquidez

wP Limite de Plasticidade

% percentagem ou porcentagem

º S Latitude Sul

º grau

º W Longitude Oeste

γd peso específico aparente seco

ρs massa específica dos sólidos

∆pH variação de pH

Page 21: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

Desde que o homem passou a ocupar permanentemente os espaços, começou a

produzir alimentos em excesso e necessitou se deslocar para outros lugares mais distantes.

Surgiu então a necessidade de construção de estradas.

Com o desenvolvimento industrial surgiram novas ocupações nos espaços terrestres

implicando em crescente exploração do meio ambiente. Com a criação de cidades e a

exploração dos recursos naturais, por exemplo, petróleo, minérios, gerou-se a necessidade de

construir estradas para fazer a interligação das cidades e escoar a produção.

Para a construção das estradas os materiais básicos mais utilizados ainda são os

naturais (areia, pedras). Com o uso freqüente, eles tornaram-se escassos e, além do mais, os

órgãos ambientais estão mais rigorosos quanto à exploração desses materiais.

Atualmente, cresce a importância do uso dos solos finos locais nas camadas de

pavimentos rodoviários, seja pelas restrições ambientais, seja pela escassez de jazidas capazes

de fornecerem solos grossos adequados para as finalidades rodoviárias, seja ainda pelo custo

excessivo do transporte.

O emprego de solos finos locais, após correção das propriedades de engenharia que os

inviabilizavam para o uso em rodovias, impõe a necessidade de um estudo mais detalhado de

suas propriedades geotécnicas naturais, com o objetivo de selecionar quais técnicas de

correção devam ser adotadas.

Neste contexto é que a estabilização adquire grande importância para a realidade

rodoviária, induzindo instituições de ensino e pesquisa e empresas a ampliarem os estudos das

propriedades naturais dos solos e das propriedades geotécnicas das misturas estabilizadas.

O momento atual exige que os projetos de estradas sejam mais bem estudados quanto

ao uso dos materiais locais.

1.2 OBJETIVO

Nesta pesquisa foram definidos como objetivos básicos os seguintes:

- Analisar os solos da região de Urucu e classificá-los para fins de uso nos projetos

rodoviários regionais;

Page 22: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

2

- Estudar o potencial de estabilização química dos solos;

- Estudar o potencial de estabilização granulométrica dos solos finos regionais.

1.3 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo pertence à PETROBRÁS e está situada em plena floresta amazônica,

nas proximidades da latitude 5º S e longitude 65º W, distando de Manaus aproximadamente

650 km a oeste (Figuras 1.1 e 1.2).

Figura 1.1 - Localização da Província Petrolífera de Urucu-AM.

Figura 1.2 - Situação da Província Petrolífera de Urucu-AM.

URUCU

Manaus

Belém

Page 23: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

3

1.4 CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DAS JAZIDAS A SEREM

ESTUDADAS

Foram coletados solos de 5 jazidas localizadas às margens da estrada tronco (Figura

3.1), indicadas pelos engenheiros da Petrobrás. Dentre elas optou-se por estudar

detalhadamente somente três, pelas seguintes razões:

- melhor localização em relação à extensão da estrada tronco;

- maior volume explorável;

- exame preliminar das características mais adequadas para uso em pavimentação obtidas a

partir de análise táctil-visual;

- sugestões dos técnicos residentes na área de estudo.

Para as demais jazidas foram realizados os ensaios básicos de caracterização física,

química e mineralógica.

1.5 ESCOPO DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação é composta pelos seguintes capítulos:

Capítulo I – Introdução apresentando a área de estudo e os objetivos da dissertação;

Capítulo II – Revisão bibliográfica abrangendo as classificações do solo, os tipos de

estabilização dos solos e as mudanças que ocorrem nas propriedades dos solos com a adição

de produtos químicos;

Capítulo III – Descrição dos materiais utilizados, a metodologia empregada nos ensaios

realizados em laboratório;

Capítulo IV – Apresentação e análise dos resultados de caracterização física, química,

mineralógica e microestruturais, correlações das propriedades geotécnicas e análise dos

resultados da estabilização;

Capítulo V – Conclusões e sugestões para pesquisas futuras.

Page 24: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

4

2 REVISÃO BIBIOGRÁFICA 2.1 INTRODUÇÃO

A definição de solo não é a mesma na engenharia, na agronomia, ou na geologia e em

outras áreas de atuação. Entretanto, de acordo com o ponto de vista do engenheiro rodoviário

o conceito de solo inclui todo o tipo de material, orgânico ou inorgânico, inconsolidado ou

parcialmente cimentado, encontrado na superfície da terra, resultante da desintegração e

decomposição das rochas superficiais (Guimarães, 1971).

Os solos são considerados pela engenharia como materiais de construção e de

sustentação das obras. Em rodovias compõem as camadas estruturais do pavimento, isto é, o

subleito, a sub-base e a base, e às vezes, a capa de rolamento.

O solo pode ser considerado como o material de construção civil mais comum e de

maior abundância na crosta terrestre. No entanto, devido aos elevados custos das obras de

engenharia civil, as aplicações clássicas dos solos como materiais de pavimentação tem se

regido por especificações técnicas rigorosas que permitem apenas o uso de jazidas de

empréstimo de qualidade tecnológica superior, no que diz respeito à resistência, a

deformabilidade e permeabilidade. Este fato induz a necessidade de se desenvolver estudos de

processos de estabilização que possibilitem melhorar determinadas propriedades geotécnicas

dos solos, em particular no nível regional, de modo a enquadrá-los dentro das especificações

construtivas vigentes.

Segundo Vargas (1978), as propriedades físicas de maior interesse do ponto de vista

geotécnico no estudo de um solo são: a textura, a plasticidade e a estrutura; a partir dessas

propriedades é possível fazer uma caracterização expedita do solo.

Nóbrega (1985), definiu solo como um conjunto de minerais em íntima coexistência,

composto de:

- minerais remanescentes da rocha ou sedimentos que deu origem ao solo: presente nas

frações areia e argila;

- minerais secundários, formados a partir de minerais pré-existentes pela ação do

intemperismo: constituintes da fração argila.

Ainda de acordo com esta autora, a grande maioria das reações que se processam no

sistema solo-água está diretamente relacionada à atividade das partículas existentes no

material. Esta atividade é função da superfície específica dessas partículas. Pode-se dizer

então que:

Page 25: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

5

- a fração areia é inativa;

- a fração silte pode em alguns casos apresentar certa atividade;

- a fração argila é a mais reativa e a principal sede dos fenômenos físico-químicos que se

processam no solo

Em síntese, a análise das informações existentes na literatura, deixa claro que as

propriedades e comportamento dos solos dependem da textura, composição química e

mineralógica e do arranjo interpartículas predominantes no solo.

Nos solos tropicais todos estes aspectos estão intimamente ligados ao processo de

intemperismo pelo qual passou o solo e este por sua vez depende de fatores como geologia,

geomorfologia, drenagem e clima. Se os demais podem ser comuns entre regiões, este último

exerce grande influência sobre a formação do solo e varia de região para região. Sendo assim

torna-se difícil transportar as experiências regionais na íntegra de uma região para outra.

Um outro aspecto relevante diz respeito ao fato de que a grande experiência com

materiais para base e sub-base rodoviária está ligado ao uso de materiais granulares. No

entanto, na região Amazônica, particularmente na região de Urucu, tais materiais são

extremamente escassos, o que impõe a necessidade de estudos de viabilidade de uso dos solos

finos regionais.

Embora os solos finos, principalmente os arenosos, venham sendo usados como

materiais de base e sub-base no Estado de São Paulo, o uso não seria adequado para os solos

de Urucu pelas suas peculiaridades de propriedades físico-química, mineralógica, de

comportamento e pelo próprio clima regional.

Em virtude disso optou-se por estudar o comportamento dos solos de Urucu quando

estabilizados com cal, cimento, emulsão, cal mais emulsão, cimento mais emulsão e

granulometricamente. O estudo básico foi feito sobre solos de 5 jazidas com potencial de

utilização das quais selecionou-se 3 para estudos mais específicos.

2.2 CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA REGIÃO

O relevo do estado é dominado por depressões, como a Depressão Norte-amazônica e

a Depressão da Amazônia Ocidental. A Planície do Rio Amazonas estende-se ao longo de seu

curso e dos seus principais afluentes

O clima do Estado do Amazonas é equatorial úmido. A temperatura média oscila entre

22ºC e 28ºC, e a precipitação média anual varia entre 1 500 mm e 3 000 mm.

Page 26: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

6

A Floresta Amazônica Tropical densa recobre quase todo o estado, que também

apresenta pequenas manchas de campos e cerrados.

A Região Amazônica caracteriza-se pela ocorrência de solos com gêneses e

peculiaridades distintas, segundo Vertamatti (1987), dentre os quais se destacam os Solos

Podzólicos, Latossólicos, Hidromórficos e Aluviais. Os solos Podzólicos apresentam perfis

desenvolvidos e se encontram moderadamente intemperizados; os Latossólicos são bem

intemperizados e com características de materiais lateríticos, podendo apresentar concreções

ferruginosas de elevada resistência; os Hidromórficos se desenvolvem sob influência de

lençol freático elevado em zonas de topografia plana, podendo apresentar acúmulo de húmus

ou concreções de óxidos de ferro em determinados pontos na zona de oscilação de água, os

Aluviais se constituem em sedimentos de origem fluvial, sendo fonte de extração de areia e

seixo rolado.

A Figura 2.1 mostra duas divisões da região amazônica com os diferentes tipos de solo

com aptidões geotécnicas distintas. A Bacia Podzólica do Solimões, com abundância de solos

finos e com uso potencial destes solos com estabilização. A outra é a Região Latossólica do

Amazonas, onde se encontram vários tipos de solos e agregados que podem ser usados na

estrutura de pavimentos “in natura”.

Figura 2.1 - Macro regiões de solos amazônicos com potencial de uso geotécnico distinto.

(modificado - Vertamatti, 1987).

2.3 CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

Bacia Podzólica do Solimões Bacia Latossólica do Amazonas

Page 27: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

7

O solo tem sido objeto de estudo e pesquisa em diversos ramos da ciência e

tecnologia, dentre eles cita-se: a agricultura, a engenharia, a geologia. Sendo que cada uma

dessas áreas desenvolveu classificações de acordo com suas necessidades. Dentre as mais

conhecidas na engenharia civil, estão as classificações Genéticas (pedológica e geológica) e as

Geotécnicas.

2.3.1 CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA

As classificações genéticas ajudam a interpretar a distribuição e o comportamento das

diferentes camadas de solo de determinada área. Divide-se em duas categorias: Geológica e

Pedológica.

A classificação geológica corresponde à interpretação da gênese do solo, com base na

análise táctil-visual, em observações de campo acerca da forma de ocorrência (morfologia) e

das relações estratigráficas com outras ocorrências (solos e rochas), interpretando-se os

processos responsáveis pela gênese (Pastore et al., 1988).

A classificação pedológica, por sua vez concentra seu interesse na parte mais

superficial do perfil de solo, onde é mais evidente a atuação de fatores pedogenéticos,

diferenciando o perfil em horizontes. Esta classificação, embora ainda pouco usada é muito

importante na área geotécnica e para os agrônomos.

2.3.2 CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA

As classificações geotécnicas buscam associar as propriedades físicas dos solos ao

comportamento dos solos para as diversas obras civis. Das classificações geotécnicas, duas

são tradicionalmente muito utilizadas na Engenharia Rodoviária: a Highway Research Board

(HRB-AASHT, hoje chamada de TRB) e a Unified Soil Classification System (SUCS), ambas

tem como índices classificatórios os limites de Atterberg (limites de liquidez e plasticidade) e

a granulometria. Destacando-se que antes dessas propostas classificatórias as classificações

levavam em conta apenas a textura ou apenas a plasticidade. Recentemente alguns órgãos

rodoviários do país estão também adotando para os solos finos a classificação MCT, que tem

como base a avaliação do comportamento dos solos.

Na classificação textural os solos são classificados de acordo com sua granulometria,

ou seja, com o tamanho de suas partículas, obtidas do ensaio granulométrico. Segundo

Page 28: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

8

Terzaghi & Peck (1962), a classificação textural é falha, pois as propriedades físicas das

frações mais finas dependem de muitos outros fatores, além da granulometria. As escalas mais

utilizadas para a classificação textural dos solos são as elaboradas pelo MIT, USBS e ABNT

(1980b). A Figura 2.2 apresenta a classificação trilinear, muito usada na Agronomia.

Figura 2.2 - Diagrama Trilinear de Solos (MIT).

2.3.2.1 SISTEMA UNIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS (SUCS)

Atterberg estudando solos com textura semelhante, mas que apresentavam

comportamento diferentes desenvolveu uma metodologia para avaliar consistência do solo,

surgindo daí os limites de liquidez (wL), limites de plasticidade (wP), limites de contração

(wS) e índice de plasticidade (IP). A partir destes parâmetros surgiu a carta de classificação

proposta por Casagrande (Figura 2.3).

No Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS) os solos são divididos em

14 grupos e representados por duas letras: a primeira relativa a granulometria e a segunda à

plasticidade. Têm-se para os solos com mais de 50% da fração fina retida na peneira de

0,075mm as denominações de pedregulhos (G) e areias (S), podendo ser bem graduados (W)

ou mal graduados (P). Para os solos cuja fração fina passa mais de 50% na peneira de malha

0,075mm têm-se os siltes (M) e argilas (C), que podem ser de alta (H) e baixa (L)

plasticidade, e têm-se ainda os solos orgânicos (Pt). Este sistema de classificação se

Page 29: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

9

fundamenta na caracterização táctil visual, na textura ao considerar as frações granulométricas

e os coeficientes de desuniformidades (Cd) e de curvatura (Cc) da curva granulométrica e nos

limites de Atterberg ao levar em conta a Carta de Casagrande.

0

10

20

30

40

0 10 20 30 40 50 60 70 80

wL(%)

I P(%

)

ML

CH

CL-ML ML ou OL

OH ouMH

CL

CL

Linha B

Linha A

Figura 2.3 - Carta de Classificação de Casagrande.

A exemplo da classificação TRB nesta classificação também se buscou associar a

classificação do solo ao seu comportamento para uso em obras de engenharia. A Tabela 2.1

ilustra este tipo de tentativa (Murrieta, 1994).

2.3.2.2 CLASSIFICAÇÃO TRANSPORTATION RESEARCH BOARD (TRB)

A classificação TRB, antiga HRB, une as características granulométricas e as

propriedades de plasticidade. É adotada pela maioria dos órgãos públicos rodoviários

nacionais. Além de se basear nas propriedades índice (wL, wP e granulometria), utiliza

também o índice de grupo (IG) que é função dos valores das percentagens passadas na

peneira Nº 200 (0,074 mm), dos limites de liquidez e plasticidade. O índice de grupo atribui

um valor ao solo (de 0 a 20), o qual varia inversamente com a capacidade de suporte do

subleito considerando boas condições de drenagem e compactação. Nesta classificação, os

solos são divididos nos grupos A1 a A7, sendo os mesmos divididos em subgrupos como

descreve (Murrieta, 1994).

Page 30: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

10

Segundo Nogueira (1961), o comportamento do solo como camada para estrutura de

pavimento é considerado de excelente a bom para os grupos (A1 a A3) e para os demais

grupos é considerado de regular a mau.

Fortes et al. (1999), cita diversos autores entre eles, Lamb (1962), Moh e Mazhar

(1969), Lyon Associates (1971), Gidigasu (1980), Nogami e Villibor (1979), Mitchell e Sittar

(1982) investigaram e discutiram as limitações das classificações geotécnicas chamadas de

convencionais, as quais se baseiam nas propriedades índices. Algumas destas limitações

ocorrem principalmente em razão das diferenças existentes entre a natureza das frações de

argila e areias, de solos das regiões tropicais e regiões temperadas, para as quais tais

classificações foram desenvolvidas.

A fração de argila dos solos lateríticos ou tropicais possui óxidos de ferro e/ou

alumínio hidratados, bem como argilosminerais que conferem baixa expansibilidade e alta

capacidade de suporte quando compactados. Quanto à fração arenosa, pode conter elevada

percentagem de concreções de resistência inferior à da areia tradicional (de quartzo). A

presença de mica e/ou feldspato nos solos saprolíticos reduz a densidade seca, a capacidade de

suporte e o índice de plasticidade, aumentando o teor de umidade ótima e a expansão do solo.

Sendo assim, as limitações quanto às classificações tradicionais podem ser resumidas

em:

- repetibilidade dos resultados dos ensaios;

- falta de correlação entre classificação e comportamento geotécnico (propriedades mecânicas

e hidráulicas).

2.3.2.3 CLASSIFICAÇÃO GEOTÉNICA MCT EXPEDITA

Os órgãos rodoviários nacionais estabeleceram, independentes da região,os ensaios de

caracterização geotécnica (a granulometria, o limite de liquidez e o índice de plasticidade),

como base para a escolha preliminar de solos para obras viárias. No entanto, alguns trabalhos

buscam mostra que na prática esses ensaios não seriam adequados para a separação dos

principais tipos de solos que ocorrem em regiões de clima tropical (Godoy et al., 2002).

Nogami e Villibor (1981 e 1985) desenvolveram a metodologia de ensaios MCT, com

base na justificativa de que a aplicabilidade dos procedimentos tradicionais levava a

resultados insatisfatórios, quanto ao desempenho estrutural dos solos finos. Essa metodologia

caracteriza-se pela determinação de propriedades mais representativas do comportamento dos

solos tropicais (contração, penetração e permeabilidade), tendo-se em vista sua utilização em

Page 31: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

11

obras viárias em geral e, em particular às de pavimentação. Cabe destacar que Nogami disse

em sua brilhante palestra proferida no XI COBRANSEF-DF que a metodologia MCT se

destinava tão somente aos solos compactados.

Nogami e Villibor (1981) designaram como “solos com comportamento laterítico”

aqueles que contêm agentes cimentantes, e que quando devidamente compactados e após

secarem, adquirem um comportamento mecânico e hídrico caracterizados pelas seguintes

propriedades: resistências elevadas, permeabilidades e deformabilidades baixas em relação

aos solos que não os contêm.

A metodologia MCT tem como finalidade a caracterização, identificação e

classificação de solos tropicais. A Classificação proposta apresenta a distinção dos solos

tropicais em duas grandes classes: Não-lateríticos (N) e Lateríticos (L) e por sua vez as

classes divididas em sete grupos distintos:Não Lateríticos Areias (NA), Não Lateríticos

Arenosos (NA`), Não Lateríticos Siltosos (NS`), Não Lateríticos Argilosos (NG`), Lateríticos

Areias (LA), Lateríticos Arenosos (LA`) e Lateríticos Argilosos (LG`) (ver Tabelas 2.2 e 2.3).

No entanto, os ensaios propostos não podem ser enquadrados dentro da categoria de ensaios

expeditos para o levantamento geotécnico preliminar.

Para suprir esta lacuna, Nogami e Cozzolino (1985) propuseram um novo ensaio

designado de “ensaio expedito das pastilhas” que consiste na avaliação de propriedades de

comportamento de pastilhas moldadas em anéis de 20 mm de diâmetro por 5 mm de altura. A

partir do ensaio se faz a identificação expedita dos grupos da classificação MCT. Segundo os

autores este ensaio vem substituir os índices de consistência do solo e a granulometria, na

identificação e classificação preliminar dos solos tropicais, possibilitando uma caracterização

quanto ao seu comportamento mecânico e hídrico.

Segundo Godoy et al. (2002), o ensaio das pastilhas faz uma avaliação das

propriedades, principalmente da contração diametral e da resistência à penetração da pastilha

de solo após reabsorção de água, enquanto os índices de consistência do solo e a

granulometria estão relacionados ao comportamento geotécnico por inferência. Entre outras

vantagens do método das pastilhas destacam-se: menor tempo de obtenção de resultados,

reduzido volume de amostra utilizada em cada ensaio, simplicidade dos equipamentos e

praticidade na execução.

Esta hierarquização possibilita a distinção entre as principais classes de solos

existentes, ou seja, os Solos Lateríticos e os Não-lateríticos, e os grupos Areia, Arenoso e

Argiloso. A partir desta classificação é possível se fazer uma previsão da aplicação do

comportamento (Tabela 2.2) de cada tipo de solo; como mostrado na Tabela 2.3. Cabe

Page 32: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

12

destacar ainda a existência de correlação direta entre o sistema de classificação MCT e os

tradicionais SUCS e TRB, como mostrado na Tabela 2.3.

Observa-se ainda que no método expedito são avaliadas as propriedades de:

deformabilidade (a partir da contração diametral por perda de umidade e pela expansão

diametral por reabsorção d’água), resistência (a partir da penetração de um penetrômetro na

pastilha de solo após esta ter sofrido reabsorção de água) e permeabilidade (a partir do tempo

para ascensão capilar d’água e capacidade de reabsorção d’água após secagem prévia). Tais

propriedades são importantes para a maioria das obras geotécnicas, uma vez que as

características (propriedades): contração, penetração e reabsorção de água, de certa forma

sintetizam o comportamento de um solo para aplicação em pavimentação. Enquanto a

contração se correlaciona com a compressibilidade dos solos compactados, a reabsorção de

água e a penetração estão relacionadas com a expansão, a coesão e a resistência desses solos

em presença de água.

O método MCT expedito já sofreu algumas modificações, entre as quais destacam-se

as de Fortes e Nogami (1991), Nogami e Villibor (1994), Godoy (1997) e Godoy e Bernucci

(2002).

Na verdade, todas essas propriedades classificatórias dos solos nos diferentes sistemas

de classificação refletem as propriedades físicas (textura, porosidade, estrutura), químicas

(nível de intemperismos e atividade) e mineralógicas (grau de evolução do mineral). Portanto,

nenhum dos sistemas é a priori ideal e auto-suficiente na estimativa do comportamento de

solos. Cada uma deles e todos eles em grupos constituem, no entanto, uma boa base para o

entendimento do comportamento geotécnico dos solos, principalmente se aliados aos aspectos

químicos, mineralógicos e estruturais, que marcam de modo bastante intenso os perfis de

solos tropicais, como mostra a classificação para o perfil de solos tropicais proposto por

Cardoso (2002) ao estudar solos do Distrito Federal (Tabela 2.4).

De acordo com Cardoso (2002) o perfil de intemperismo completo dessa proposta

possui 12 subhorizontes agrupados em 7 horizontes (Tabela 2.4), onde as características

químicas, mineralógicas e geotécnicas, originadas pelo intemperismo químico, são

contempladas.

Horizonte de Solo Orgânico (I) - Está presente em praticamente todos os perfis, geralmente

com pequena espessura. Pode ser composto, em diferentes proporções, por areia, silte e argila,

mas sempre contendo importante quantidade de matéria orgânica decomposta. Corresponde

aos horizontes O e A da classificação morfo-genética de solos.

Page 33: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

13

Horizonte Laterítico (II) - Pode ser formado por solo residual ou transportado, tais como solos

aluvionares, coluviões e tálus, estando sempre afetado por processos de evolução pedológica,

como a laterização. Em depósitos de tálus antigos estes processos afetam a matriz de solo que

envolve os blocos de rocha e matacões. A curva granulométrica e a espessura deste horizonte

são muito variáveis, sendo conseqüência da rocha de origem e da sua posição no relevo. Não

apresenta estruturas típicas da rocha de origem, mas estruturas identificáveis pela pedologia.

Contêm minerais de argila (principalmente do grupo da caulinita), oxi-hidróxidos de ferro e

alumínio, e quartzo, que formam agregados meta-estáveis em estruturas porosas. Suas cores

predominantes são as de tons avermelhados e amarelados. Corresponde ao horizonte B da

classificação morfo-genética de solos.

Horizonte de Solo Saprolítico (III) - Formado por solo residual cuja principal característica é

apresentar a estrutura reliquiar da rocha de origem, podendo conter até 10% de blocos de

rocha. Além da estrutura da rocha, descontinuidades do maciço rochoso, tais como falhas,

fraturas e juntas encontram-se normalmente preservadas. A espessura e composição

granulométrica deste horizonte são também muito variáveis, dependendo de sua posição no

relevo e do material de origem. Os minerais mais comumente encontrados neste horizonte são

o quartzo, a caulinita e a mica. Predominam as cores branca, creme, roxo e amarelo-claro. Do

ponto de vista geotécnico, ainda é considerado solo.

Horizonte Saprolítico ou Saprólito (IV) - É a transição entre o maciço de solo e o maciço

rochoso. É composto basicamente por blocos ou camadas de rocha em diferentes estágios de

alteração, com dimensões variáveis, envolvidos por solo saprolítico. O solo tende a se

desenvolver ao longo de descontinuidades remanescentes do maciço rochoso, onde a

percolação da água é mais facilitada, e em zonas de rochas mais sensíveis à alteração. A

quantidade de blocos presente neste horizonte é muito ampla, de 10 a 90%, fazendo com que

o horizonte saprolítico apresente um comportamento geotécnico extremamente variável. A

espessura é bastante irregular, sendo comum grandes variações e mesmo ausência da camada

em certos trechos do maciço. É comum apresentar elevada permeabilidade e dificuldades de

escavação.

Horizonte de Rocha Muito Alterada (V) - Caracteriza o topo do maciço rochoso, sendo a

rocha geralmente composta por minerais em adiantado estágio de alteração, sem brilho e com

resistência reduzida quando comparada à rocha sã. A alteração da rocha é freqüentemente

mais intensa ao longo de juntas e fraturas do maciço.

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14

Horizonte de Rocha Alterada (VI) - Neste horizonte a rocha apresenta minerais descoloridos

devido ao início do processo de alteração, sendo este mais evidente ao longo de juntas e

fraturas. A sua resistência é bem maior do que a do horizonte de rocha muito alterada.

Horizonte de Rocha Sã (VII) - É composto por rocha predominantemente sã, cujos minerais

apresentam-se com brilho, sem sinais evidentes de alteração, podendo haver, no entanto,

indícios do início desta ao longo de juntas e fraturas.

O horizonte ferruginoso normalmente presente em solos tropicais mostra os mesmos

quatro subhorizontes (cascalho laterítico, couraça ferruginosa, carapaça e zona mosqueada).

Estes subhorizontes representam todas as formas possíveis deste tipo de material se encontrar

na natureza. Em descrições de perfis para a geotecnia, esta subdivisão torna-se importante,

pois, na prática, as diferenças das estruturas e teores de oxi-hidróxidos de Fe e Al entre estas

subdivisões, geram conseqüentemente, (fortes diferenças entre os comportamentos

mecânicos).

2.4 SOLOS TROPICAIS

Segundo Nogami e Villibor (1996) solos tropicais são solos que possuem

comportamentos bem diversos daqueles previsíveis pelos procedimentos tradicionais de

caracterização e/ou classificação geotécnicas.

Haveria então grande interesse prático em saber se um solo tem comportamento

laterítico ou não segundo essa conceituação. Isto porque os métodos tradicionais, se utilizados

na identificação e classificação dos solos tropicais pode conduzir a conseqüências

desagradáveis, tais como:

- se o solo classificado comportar bem melhor que o previsto, ocorreria o

superdimensionamento do pavimento;

- se o solo classificado comportar bem pior que o previsto, ocorreria o subdimensionamento,

e assim se teria uma redução da vida do pavimento ou a sua ruptura precoce (Nogami &

Villibor, 1996).

Os solos tropicais são nitidamente os predominantes no Brasil, tanto em volume como

em áreas de abrangência, conforme mostrado na Figura 2.4.

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15

Figura 2.4 - Ocorrência de Solos Lateríticos no Brasil (Villibor et al., 2000).

Considerando o manto de intemperismo os solos tropicais compreendem

genericamente os solos saprolíticos (pouco intemperizados) e os solos lateríticos

(profundamente intemperizados).

2.4.1 SOLOS SAPROLÍTICOS

Solos saprolíticos são aqueles que resultam da decomposição e/ou desagregação “in

situ” da rocha (considerada material consolidado da crosta terrestre), mantendo ainda, de

maneira nítida, a estrutura da rocha que lhe deu origem (Committee on Tropical Soils of

ISSMFE, 1985)

Os solos saprolíticos ocupam a parte mais profunda de um perfil de solo e em suas

condições naturais estão quase sempre subjacentes a uma camada de outro tipo genético de

solo. Originam-se pela decomposição de rocha preexistente. Portanto, herdam a estrutura da

rocha matriz, além de desenvolver outras feições decorrentes da heterogeneidade de atuação

do processo de intemperismo (atuação da água das chuvas e subterrânea, da temperatura). A

sua cor é muito variada, podendo ocorrer partes com cores branca, preta, azul, verde, roxa,

rósea, amarela e vermelha. São constantes a presença de manchas e mosqueamentos com

feições herdadas da rocha matriz ou desenvolvidas ao longo do processo de intemperismo;

podendo apresentar-se excepcionalmente homogênea em pequenas porções. Geralmente se

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16

encontra sobrejacente a uma camada de rocha sã e contém, com freqüência, intercalações

desse material. As suas condições de drenagem também são variadas, podendo ocorrer tanto o

lençol freático quanto vários lençóis suspensos. A camada saprolítica é muitas vezes

subdividida em saprólito (menos intemperizado) e solo saprolítico (mais intemperizado).

A macroestrutura destes solos apresenta predominantemente heterogeneidade e

anisotropia, relacionada à estrutura da rocha matriz ou desenvolvida no processo de

intemperismo.

Quanto à constituição mineralógica, apresenta-se muita variada,uma vez que depende

do tipo de rocha matriz e do seu grau de intemperização. São típicos os casos de mineralogias

complexas em todas as suas frações granulométricas. Na fração areia pode ocorrer mineral

não estável ao intemperismo tropical (mica e feldspato) e na fração argila, minerais

expansivos da família da ilita e da montmorilonita. A fração silte também pode ter

constituição muito variada (argilosminerais, micas, quartzo, magnetita e ilmenita).

2.4.2 SOLOS LATERÍTICOS

Os solos lateríticos são geralmente resultantes da atuação de processos pedológicos,

em condições bem drenadas, clima úmido e tropical. Apresentam características

macroscópicas e constituição mineralógica peculiar e constituem a parte mais superficial do

perfil de solo das áreas bem drenadas (acima do lençol freático). Estes se destacam a partir da

uniformidade e coloração característica; podendo se apresentar nas cores, vermelha,

alaranjada ou amarela e raramente com outras cores.

A constituição mineralógica destes solos é caracterizada, principalmente, pela

presença de número reduzido de minerais resistentes ou estáveis ao intemperismo químico.

Sua fração argila é constituída de argilominerais da família da caulinita e óxidos hidratados de

ferro e/ou alumínio. Estes óxidos envolvem os argilominerais, resultando em uma micro-

estrutura porosa. A principal peculiaridade dos solos lateríticos, que os diferencia dos solos de

clima temperado, é a presença de uma cimentação natural causada pelos óxidos e hidróxidos

de ferro e alumínio.

Quanto à microestrutura apresentam-se constituídos por elementos predominantemente

muito pequenos (diâmetro inferior a 2 mícrons), no entanto, com a cimentação, a

granulometria resultante dos ensaios padronizados pode acusar elevada percentagem de grãos

maiores nas frações silte e areia. Isto é ocasionado pela presença de agregados. No entanto,

Page 37: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

17

com freqüência estes agregados são poucos estáveis diante de agentes defloculadores como o

hexametafosfato de sódio e o ultra-som.

Dados as particularidades químicas, mineralógicas e estruturais dos solos lateríticos eles

são na engenharia rodoviária, considerados como aqueles que quando devidamente

compactados, ao perderem umidade, adquirem condição de baixa perda de resistência ou até

nenhuma perda, mesmo na presença de água. E ainda que em estado natural, quanto maior seu

grau de laterização, menor será a sua susceptibilidade a erosão (Godoy et al., 2000).

2.5 NOÇÕES DE SOLOS NÃO SATURADOS

Nos solos os vazios podem estar ocupados por ar e água. O ar encontra-se com pressão

(ua) diferente da pressão da água (uw), em virtude da tensão superficial da água nos meniscos

capilares que se formam no interior do solo, conforme mostra a Figura 2.5. A diferença de

pressão entre ar e água nos vazios do solo chama-se pressão de sucção.

Figura 2.5 - Associação entre os raios dos meniscos capilares com a pressão num solo não

saturado (modificado - Pinto, 2000).

Os solos não saturados ou parcialmente saturados são aqueles que possuem uma

parcela dos vazios ocupados por ar e água.

Segundo Richards (1928) citado por Lemos (1995) a existência de sucção em solos

não saturados é reconhecida como decorrente dos efeitos combinados da capilaridade

(predominantes em solos arenosos), de adsorção (predominantes em solos argilosos) e de

osmose (que tem igual importância tanto nos solos saturados como não saturados) e é devida

a presença de íons dissolvidos na água.

Raio do menisco

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18

Tabela 2.1 - Propriedades esperadas dos grupos de solos do SUCS (modificado - Murrieta, 1994).

Grupo Compactação Compressibilidade e Expansão

Drenagem e Permeabilidade

Qualidade como Aterro

Qualidade como Subleito

Qualidade como Base

Grupos comparáveis

boa drenagem GW boa quase nenhuma permeável

muito estável excelente boa A - 3

boa drenagem GP boa quase nenhuma permeável

razoavelmente estável excelente a boa regular a ruim A - 1

drenagem ruim GM boa Pequena semipermeável

razoavelmente estável excelente a boa ruim a regular A - 3

drenagem ruim GC boa a regular Pequena semipermeável

razoavelmente estável boa boa regular A - 2

boa drenagem SW boa quase nenhuma permeável

muito estável boa ruim a regular A - 3

boa drenagem SP boa quase nenhuma permeável

razoavelmente estável se denso boa a regular ruim A - 1

drenagem ruim SM boa Pequena impermeável

razoavelmente estável se denso boa a regular ruim A - 3

drenagem ruim SC boa a regular pequena a média impermeável

razoavelmente estável boa a regular regular a ruim A - 2

drenagem ruim ML boa a ruim pequena a média impermeável

estabilidade regular regular a ruim não adequada A - 4

sem drenagem A - 6 CL boa a regular média impermeável

estabilidade boa regular a ruim não adequada A - 7

drenagem ruim A - 4 OL regular a ruim média a alta impermeável

não deve ser usado

ruim, não adequada não adequada

A - 7 drenagem ruim MH regular a ruim alta impermeável

estabilidade regular a ruim ruim não adequada A - 5

sem drenagem A - 6 CH regular a ruim muito alta impermeável

estabilidade regular

muito ruim a ruim não adequada

A - 7 sem drenagem A - 7 OH regular a ruim alta impermeável

não deve ser usado muito ruim não adequada

A - 8 drenagem regular Pt não adequada média

ruim não deve ser

usado não adequada não adequada A - 8

Page 39: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

19

Tabela 2.2 - Propriedades e Utilização dos Grupos de Solos da MCT (Nogami e Villibor, 1995).

GRANULOMETRIAS TIPICAS Designações do T1-71 do DER-SP (equivalentes da Mississipi River Commission,USA) k=caolinítico m=micáceo s=sericítico q=quartzoso ar

gila

s si

ltes (

q,s)

arei

as si

ltosa

s

silte

s (k,

m)

silte

s are

noso

s

argi

las

argi

las

aren

osas

ar

gila

s silt

osas

si

ltes a

rgilo

sos

arei

as si

ltosa

s

arei

as

argi

losa

s

argi

las

argi

las

aren

osas

ar

gila

s silt

osas

si

ltes a

rgilo

sos

COMPORTAMENTO N=Não Laterítico L=Laterítico GRUPO MCT NA NA’ NS’ NG’ LA LA’ LG’

MINI-CBR (%) Sem imersão Perda por imersão

M, E B, M

E B

M, E E

E E

E B

E,EE B

E B

EXPANSÃO B B E M, E B B B

CONTRAÇÃO B B, M M M, E B B, M M, E

COEF. DE PERMEABILIDADE (k) M, E B B, M B, M B, M B B

COEFICIENTE DE SORÇÃO (s) E B, M E M, E B B B

Prop

rieda

des

Corpos de prova compactados na massa específica aparente seca máxima de energia normal EE=Muito Elevado (a) E=Elevado (a) M=Medio (a) B=Baixo (a)

Base de pavimento n 4° n n 2° 1° 3° Reforço do subleito compactado 4° 5° n n 2° 1° 3° Subleito compactado 4° 5° 7° 6° 2° 1° 3° Aterro (corpo) compactado 4° 5° 6° 7° 2° 1° 3° Proteção à erosão n 3° n n n 2° 1°

Util

izaç

ão

Revestimento primário 5° 3° n n 4° 1° 2°

n = não recomendado USCS

SP SM

MS SC ML

SM,CL ML,MH

MH CH

SP SC SC

MH ML CH Grupos tradicionais obtidos de amostras que

se classificam nos grupos MCT discriminados nos topos das colunas

AASHO

A-2 A-2 A-4 A-7

A-4 A-5 A-7-5

A-6 A-7-5 A-7-5

A-2 A-2 A-4

A-6 A-7-5

Page 40: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

20

Tabela 2.3 - Propriedades Típicas dos Grupos de Solos (DNER-CLA 259/1996).

Classes N - solos de comportamento não laterítico L - solos de comportamento latrítico NA NA' NS' NG' LA LA' LG'

Grupos Areias Arenosos Siltosos Argilosos Areias Arenosos Argilosos Areias Areias siltosas Siltes (k,m) Argilas Areias siltosas Areias Siltes

arenosos Argilas arenosas

Areias argilosas Argilas Granulometrias Típicas

(minerais)* siltes (q) Argilosas Argilosos Argilas

siltosas

Areias com pouca argila Argilas

arenosas Argilas arenosas

muito alto > 30 alto 12 - 30 médio 4 - 12

Mini-CBR sem embebição(%)

baixo < 4

alta a média alta média a alta alta alta alta a muito alta alta

alto > 70 média 40 -70

Cap

acid

ade

de

supo

rte**

Perda de Suporte por Embebição (%) baixa < 40

média a baixa baixa alta alta baixa baixa baixa

Expansão (%)** alta > 3 baixa baixa alta alta a média baixa baixa baixa

média 0,5 - 3 Contração (%)**

baixa < 0,5 baixa a média baixa a média média alta a

média baixa baixa a média média a alta

alta > (-3) média (-3) a (-6) Permeabilidade (k)

logk (cm/s) baixa < (-6)

média a alta baixa média a baixa

baixa a média

média a baixa baixa Baixa

LL(%) e IP(%) Alta > 70 e > 30 Média 30 - 70 e 7 - 30

Plas

ticid

ade

Baixa <30 e < 7

NP a baixa NP a média alta a média alta baixa a NP média a baixa alta a média

* q(quartzo), m(micas) e k(caulinitas) ** corpos-de-prova compactados na umidade ótima, energia normal e com sobrecarga padrão.

Page 41: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

21

Tabela 2.4 - Correlações entre os horizontes da proposição de Cardoso (2002) e as diferentes

classificações de perfis lateríticos (Cardoso, 2002).

Maiores Subdivisões

Nova Proposta Martins (2000) Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (1999) Pastore

(1995)

Horizonte O Horizonte O Solo Horizonte A Horizonte A orgânico Solum

Horizonte B

Horizonte B Horizonte

laterítico Pedólito Cascalho

laterítico

Cascalho

laterítico

Horizonte B com caráter petroplíntico

(0 a 30

m)

Couraça

ferruginosa Couraça

ferruginosa

Horizonte B

Carapaça Carapaça litoplíntico ou similar a litoplíntico

? ? ?

Zona

Mosqueada

Zona

Mosqueada

Horizontes C plíntico ou similar a plíntico, ou glei com mosqueamentos ou similar a

glei com mosqueamentos

Saprólito fino

ou argiloso

Saprólito fino

ou argiloso

Horizonte C glei sem mosqueamentos ou similar a

glei sem mosqueamentos Solo

saprolítico

Saprólito

(0 a 100

m)

Saprólito ou

saprólito

grosso

Saprólito

grosso

Horizonte C Saprólito

Rocha muito

alterada

ou arenoso Rocha

muito

alterada

Rocha alterada Saprock Horizonte R Rocha

alterada

Protólito Rocha sã Rocha-mãe Rocha sã

Page 42: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

22

Nos solos parcialmente saturados, os volumes ocupados pelo ar e pela água podem ser

encontrados num dos seguintes arranjos:

a) Bolhas totalmente envolvidas pela água e pelas partículas sólidas. São bolhas oclusas

que não se comunicam. Isto ocorre quando o grau de saturação é elevado (Sr ≥ 85%),

sendo esta a razão pela qual a curva de compactação passa a decrescer;

b) O ar todo intercomunicado, assim como a água, forma canais que se entrelaçam no

espaço intersticial do solo;

c) O ar todo interconectado e a água se concentram nos contatos entre partículas e

molham-nas com fina camada de água adsorvida. Isto ocorre quando o grau de

saturação é muito baixo.

2.6 ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS

Os solos argilosos são considerados na Engenharia Rodoviária como materiais

problemáticos, tanto no que concerne a trabalhabilidade quanto ao comportamento. Isto

ocorre devido as suas características de expansão, contração e plasticidade, que se apresentam

freqüentemente elevadas, além de sua grande sensibilidade às variações de umidade. A

estabilização destes materiais possibilita utilizar solos locais, dispensando assim, os custos

provenientes de distâncias de transporte elevadas.

Vogt (1967) citado por Balbo (1996), define estabilização de um solo como“uma

modificação de suas propriedades geotécnicas por adição de outro material, (seja ele

composto por um ligante ou fração granulométrica) que deverá ser intimamente incorporado

ao solo, e uma subseqüente compactação da mistura”. Tal definição é bastante apropriada na

medida em que se considera dois aspectos: a presença de um ligante ou correção

granulométrica e a necessidade de compactação da mistura. Esta dissertação enfoca apenas a

estabilização química do solo.

O domínio das técnicas de estabilização pode conduzir a sensíveis reduções nos

tempos de execução de obras, viabilizando a industrialização do processo construtivo, e

conseqüentemente propiciando uma economia substancial para o empreendimento.

As soluções para a estabilização química de solos para fins rodoviários são bastante

discutidas na literatura. Têm-se estabelecidos princípios teóricos que procuram explicar os

respectivos mecanismos de atuação dos agentes estabilizantes. Inicialmente passa-se pelo

processo de identificação das características dos solos, de forma a se considerar a

adequabilidade e eficiência de cada proposta de estabilização, conjuntamente com a questão

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23

econômica. A análise do comportamento dos solos tropicais estabilizados requer no entanto,

uma análise mais detalhada dos aspectos químicos e mineralógicos e a consideração do efeito

da sucção no comportamento da mistura. É necessário compreender os mecanismos de reação

nos solos tropicais para que se entenda o seu comportamento.

2.6.1 ESTABILIZAÇÃO SOLO – CAL

A estabilização solo-cal em estradas pode ter vários objetivos, tais como: modificar o

solo pela cal, com vistas a acelerar o processo construtivo; melhoria do subleito; melhoria da

resistência e durabilidade dos solos de graduação fina, para aplicação em camadas de

pavimentos rodoviários (Bueno et al., 1995).

No emprego das misturas solo-cal considera-se, de modo geral, os solos de

granulometria fina, onde a cal possa ser utilizada como um agente estabilizador. A ação da cal

nestes solos está ligada a fenômenos de trocas catiônicas, responsáveis por efeitos de

floculação, e das reações pozolânicas, responsáveis pelos efeitos de cimentação (Lima et al.,

1995). É de consenso comum para os pesquisadores, entre eles Guimarães (1971), Castro et

al., (1972), Queiroz (1988), Pinto (1985), Cavalieri (1998) que a troca catiônica provoca, em

geral, mudanças na plasticidade do solo e pode dar origem, também, a pequenos aumentos na

resistência mecânica das misturas solo-cal, enquanto que as reações pozolânicas, quando

ocorrem resultam em consideráveis ganhos de resistência mecânica.

Rezende (2003), ao analisar o comportamento de dois solos tropicais finos do Distrito

Federal, concluiu serem as análises químicas, mineralógicas e estruturais fundamentais para

se entender o comportamento desses solos.

Segundo Eades, Nichols e Grim (1962), Diamond e Kinter (1965), ambos citados por

Guimarães (1971), Queiroz (1988) e Nóbrega (1988), as alterações hídricas e mecânicas

promovidas pela cal no solo resultam dos seguintes tipos de reação da cal em ocasiões

distintas: troca catiônica, ação pozolânica e carbonatação.

A Troca Iônica reflete uma ação imediata, que promove após alguns instantes de

contato da cal com o solo, mudanças nas propriedades físicas da mistura. A literatura

geralmente considera que são alterados:

- a granulometria, pela floculação das partículas originais. Isto se traduz por deslocamento da

curva para o lado grosseiro;

- os limites de Atterberg, cuja alteração mais notável se relaciona ao limite de plasticidade,

que normalmente aumenta;

Page 44: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

24

- na compactação, quando se considera uma mesma energia, ocorre diminuição do valor da

densidade máxima seca e aumento do valor da umidade ótima;

- a expansão e contração, que sofrem uma redução de valores, ou seja, uma menor variação

volumétrica;

- acréscimo na capacidade de suporte.

Rezende (2003) mostrou ao estudar dois solos finos do Distrito Federal que a

floculação ou defloculação de um solo tropical por adição de cal depende de sua composição

química, sendo as propriedades e comportamento do solo estabilizado por ela afetados.

Segundo Fossberg & Greg (1963) citado por Guimarães (2002), o fenômeno das trocas

das bases ocorre com os argilominerais. Essa reação leva à floculação das partículas argilosas,

causando o aumento no ângulo de atrito da massa de solo.

São consideradas como origem do fenômeno de “capacidade de troca catiônica”: a

ruptura das ligações iônicas nas arestas das unidades estruturais sílica-alumina, liberando

cargas não compensadas; a substituição no interior da estrutura molecular do cátion alumínio

(trivalente) dos tetraedros por silício (tetravalente) ou do alumínio (trivalente) dos octaedros

por íons de valência menor, particularmente o magnésio; a substituição do hidrogênio das

hidroxilas externas por cátion permutável.

Na caulinita e haloisita os cátions trocáveis são geralmente resultantes da quebra das

unidades estruturais, o que rompe o equilíbrio original. Na montmorilonita e na vermiculita os

cátions trocáveis, na maioria das vezes situam-se nas superfícies basais, ocorrendo à

substituição dos íons alumínio ou silício do interior das estruturas.

É importante ressaltar ainda que, a quantidade de cátions trocáveis varia com o tipo de

mineral argiloso, com a granulometria, com as concentrações, com a posição estrutural e

natureza dos cátions, com a espécie de ânion ao qual se acham ligados os cátions nas soluções

percolantes e com a temperatura.

A Ação Pozolânica ocorre em longo prazo, está fundamentada no caráter pozolânico

dos materiais estabilizados. Segundo Nóbrega et al.,(1988), um material com características

pozolânicas é aquele que em combinação com a cal e em presença da água, sob condições de

temperatura ambiente, produz compostos estáveis com propriedades ligantes.

De acordo com Eades e Grim (1962) citado por Guimarães (2002), a reação

pozolânica é lenta e só se completa alguns anos depois, requer temperatura acima de 21ºC e o

mínimo de algumas semanas para sua ocorrência. Em temperaturas maiores, a reação pode ser

acelerada, ocasionando um possível ataque da sílica (quartzo) granular presente no solo. Além

da temperatura, do grau de cristalinidade dos minerais e do teor de água existente no sistema,

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25

o tipo de argila, as condições climáticas e a compactação imediata aparecem como fatores que

influenciam no quimismo cal/solo.

A Carbonatação de origem diferente das anteriores, também é de ação imediata. É a

combinação do óxido ou hidróxido de cálcio ou magnésio com o anidrido carbônico presente

nas minúsculas bolhas de ar absorvidas e retiradas por ocasião da realização da mistura ou

pela penetração do ar nos poros após a execução do sol-cal. A reação tende a refazer o

carbonato original, visto que a decomposição pelo calor, é uma reação reversível.Tem-se

então:

CO3Ca + Qcalor ⇔ CaO + CO2 ou CO3Mg + Qcalor ⇔ MgO + CO2

Desse fato resulta a ação cimentante da cal, pois ela faz aparecer um novo corpo sólido

que se entrelaça com os demais do solo e compacta o sistema. Com o aparecimento do

carbonato, “que é um cimento fraco” surgem grãos de dimensões bem maiores, em face da

diferença das estruturas cristalinas unitárias entre a do carbonato e a do primitivo hidróxido de

cálcio. Esta reação complementa as ações da troca iônica e da ação pozolânica.

A estabilização com a cal tem um caráter químico, por isso o conhecimento da

natureza da fração argila passa a ter uma grande importância. Esses constituintes são

responsáveis por vários aspectos do comportamento hídrico-mecânico do solo (plasticidade,

expansão, contração, etc) e pela reatividade com o agente estabilizador. Não há um perfeito e

completo conhecimento sobre as modificações provocads pela adição de cal no solo argiloso

tropical brasileiro. Faltam estudos e pesquisas específicas de petrografia, de análise térmica

diferencial, de microscopia eletrônica de varredura, de difratometria de raios-X e análises

químicas e físicas, do solo natural e tratado.

É importante se destacar que há um consenso entre os pesquisadores ao afirmarem

que, de um modo geral, a cal afeta favoravelmente certas propriedades dos solos com

presença de argilas, o que se reflete em variações de certas características físicas. São elas:

a) Granulometria: a principal conseqüência da adição de cal ao solo de natureza físico-

química é a aglomeração e floculação por troca iônica, processada nas finíssimas partículas de

argilas reativas, produzindo um solo mais grosseiro, mais permeável e mais friável. Em geral,

a influência da cal na granulometria é tanto maior quanto mais fino e argiloso é o solo

inicialmente, pois mais destacada é a alteração textural com a agregação e floculação das

partículas.

b) Alteração nos Limites de Atterberg: a cal quando misturada ao solo modifica o seu

estado de plasticidade, variando o limite de plasticidade para alguns minerais argilosos (caso

das haloisitas e montmorilonitas), devido à composição do cátion trocável, a presença de

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26

outros minerais não argilosos, às variações relativas à estrutura e à composição no interior das

estruturas argilosas. Portanto, as montmorilonitas contendo sódio e cálcio, mostram índices

conforme a abundância desses íons.

Nos minerais compostos de argilas, (excluindo-se a montmorilonita), outros fatores,

tais como a presença de minerais não argilosos, ocasionam maiores variações nos limites de

plasticidade do que a composição dos cátions trocáveis. Cita-se por exemplo que, a adição de

cal, em argilas com ou sem cátions trocáveis, aumenta o índice de plasticidade, tornando o

solo portador de minerais sujeitos às variações do limite de plasticidade.

Quanto ao limite de liquidez dos solos de mesma fração argilosa pode este variar entre

largos limites. Em escala decrescente de wL, Grim (1966) alinha os minerais argilosos na

seguinte ordem: montmorilonita (sódica ou lítica), atapulgita, montmorilonita (cálcica ou

potássica), ilita, caulinita (com cristalização incipiente ou fraca), haloisita 4H2O, haloisita

2H2O e caulinita bem cristalizada. Tal como o limite de plasticidade, a adição de cal ao solo

eleva o limite de liquidez.

O índice de plasticidade é decorrente das mudanças anteriormente citadas. Também

varia entre largos limites. Grim (1966) coloca as argilas na seguinte ordem decrescente em

relação ao índice de plasticidade: montmorilonita, atapulgita, ilita, caulinita (incipiente ou

fracamente cristalizada), haloisita 2H2O, caulinita bem cristalizada e haloisita 4H2O. A adição

de cal aos solos argilosos faz decrescer o grau de plasticidade do solo, reduzindo portanto os

defeitos para construção que os solos argilosos apresentam.

c) Alterações nas mudanças de volume: significativa conseqüência da adição da cal

aos solos é a redução brusca das suas propriedades de expansão. As argilas transmitem ao

volume dos solos uma importante instabilidade nos ciclos climáticos, das chuvas e das secas,

o que atinge toda a espessura de suas camadas, devido a facilidade com que a água se

movimenta nos poros do solo, pela força da gravidade e da capilaridade. Mielenz e King

(1955) citado por Guimarães (1971), comentam que a expansão é determinada por vários

fatores, dos quais se destacam a percentagem de argila presente, seus íons trocáveis, teor de

eletrólito da fase líquida, a dispersão granulométrica dos grãos do solo, a distribuição e

tamanho dos poros, a estrutura interna do solo, a quantidade de água circulante e a carga

estática ou variável existente sobre o solo. Ainda segundo estes autores a expressão da

expansão, dos vários tipos de argila obedecem à seguinte ordem decrescente, apesar de

existirem, é certo, outros argilosminerais expansivos, como é o caso da vermiculita e da

clorita expansivas: montmorilonita, ilita, haloisita e caulinita. Esta ordem se apresenta como

função de dois mecanismos: o alargamento dos filmes capilares intercristais e a expansão da

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27

estrutura mineral. A contração com a secagem do solo pode reduzir de modo significativo os

vazios do solo, diminuindo a percolação da água livre. O menor diâmetro dos canalículos

gera, no entanto, um maior avanço de frentes capilares de umedecimento. Nos solos tropicais

intemperizados, tanto a escassez de argilosminerais expansivos como a estrutura cimentada

por óxidos ou hidróxidos de ferro e alumínio limitam o fenômeno de expansão e retração.

Segundo Guimarães (1971), a cal tende pela floculação das partículas, a reduzir as

mudanças de volume apresentadas pelos solos. De outro lado,a cal tem maior influência nos

solos que apresentam mudanças rápidas de volume de água. Destaca-se ainda que, conforme

mostrado por Rezende (2003), a cal pode atuar desagregando alguns solos tropicais.

d) Alteração na Acidez do Solo: quando a água circula pelos espaços intersuperficiais

das partículas das misturas solo-cal, esta se enriquece gradualmente dos íons aí presentes,

redistribuindo-os e, devido à adsorção, permanece retida, envolvendo as partículas minerais.

No complexo água-colóide-mineral do solo podem existir adsorvidos diferentes

quantidades de cátions, isto é, H+, Ca2+, Mg2+, K+,Na+,entre outros. A soma total desses

cátions adsorvidos pode atingir o máximo permitido pela capacidade de troca de cátions.

Quanto maior a quantidade de bases presentes, menor é a quantidade de hidrogênio adsorvido

pelos colóides do solo. Qualquer que seja a reação inicial do solo, processando-se a circulação

de água, há a uma tendência natural a acidificações, visto que as bases, geralmente mais

solúveis, são removidas e o hidrogênio toma seus lugares nas estruturas cristalinas ou nas

micelas de natureza coloidal. Quanto mais úmido e quente o clima, mais rápido é o processo

de acidificação natural do solo. O cátion Ca2+ ou Mg2+, que se encontra normalmente nos

solos, nesse tipo de clima tende a ser substituído rapidamente pelo íon H+ proveniente do

ácido carbônico que é extremamente ativo e resultante da dissolução do CO2 atmosférico

pelas águas de chuvas e pelas que circulam na superfície, encaminhadas ao solo por

infiltração. Inversamente, quando se incorpora cal ao solo é permitida a substituição do H+

pelos cátions Ca2+ ou Mg2+, modificando-se gradativamente o pH de ácido para alcalino e,

portanto, seus comportamentos físicos, físico-químicos e químicos.(Guimarães, 1971). Nos

solos tropcais ocorre ainda, conforme mostrado por Rezende (2003), a substituição do cátion

Al3+.

e) Alteração na Resistência: Guimarães (1971) cita como principais fatores que afetam

a resistência da mistura sol-cal: o teor de cal, o tipo de solo, a densidade, o tempo de cura e a

qualidade da cal. Boynton (1966), Dantas (1970) e Pinto (1964), citados por Guimarães

(2002) mostram a melhoria das resistências dos solos com as adições de cal qualquer que seja

o método utilizado para as avaliações. Pinto (1980) afirma que a resistência, de maneira geral,

Page 48: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

28

cresce com a percentagem de cal, havendo uma tendência deste ser pequeno após certo teor

do aditivo, entretanto tal fato depende do tempo de cura.

f) Densidade e Umidade Ótima: a compactação da mistura solo-cal produz em geral,

devido a atuação da cal na textura do solo, uma resultante de peso específico aparente

diferente do correspondente ao solo natural. Segundo Dawson (1956) citado por Gumarães

(1971) a cal tende a afofar o solo, e por isso, reduzir a densidade a seco e o teor ótimo de

umidade, resultando para condições idênticas de compactação essa diminuição alcançar

valores de até 5%. Rezende (2003) mostra no entanto que tal redução nem sempre ocorre.

Experimentos realizados na Universidade de Iowa (USA), demonstraram que a

resistência aumenta à medida que a densidade diminui na mistura solo-cal, porque há

formação de novos compostos que tem propriedades físicas e químicas inteiramente diferentes

das originais, proporcionando maior resistência que o solo não tratado, ainda que este se

encontre mais densificado (Guimarães, 1971).

g) Tempo de Cura , Umidade e Coesão: diversos autores afirmam que a resistência da

mistura solo-cal aumenta com o tempo, por forças das reações químicas e físico-químicas. Em

geral, a resistência do solo estabilizado aumenta rapidamente no período inicial, no entanto, à

medida que a cura progride, a velocidade de aumento torna-se cada vez menor. Este

acréscimo lento é resultante das reações pozolânicas, que fazem com que, a resistência

aumente, mesmo após alguns anos de idade. Vale ressaltar que, no campo e no laboratório, a

resistência alcançada é, também, função das condições de umidade e de temperatura.

Em relação à durabilidade da mistura solo-cal, comumente esta é função da duração do

tempo de cura, ou seja, a durabilidade cresce com o tempo de cura, sem as perturbações do

tráfego e rolamento (Guimarães, 1971).

h) Retenção de Água: Castro (1969), citado por Guimarães (1971) estudou o efeito da

cal nas propriedades de retenção de água nos solos, a partir da análise das curvas de sucção e

observou que a variação da capacidade de retenção de água devido à adição de cal,

aparentemente encontra-se relacionado à natureza da fração argilosa. Ainda verificou que as

amostras com alta percentagem de caulinita mostraram apreciável aumento da capacidade de

retenção de água, enquanto que amostras com predominância de ilita, apresentaram

diminuição nesta capacidade. Em relação a solos com predominância de argila

montmorilonita, a cal cálcica fez diminuir a capacidade de retenção de água, enquanto que

para a cal dolomítica não se observou nenhuma influência em termos de capacidade de

retenção de água. Também, em amostras com a presença de mais de um tipo de argilomineral,

Page 49: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

29

possivelmente devido ao equilíbrio de tendências contrárias, não ocorreu efeito significativo

devido à adição da cal ao solo.

Conforme Boyntn (1970), citado por Guimarães (1971), as camadas estabilizadas com

cal formam barreira resistente à água, uma vez que impedem a penetração da água, quer por

gravidade (de cima para baixo) quer por capilaridade (de baixo para cima). Sendo assim, após

o endurecimento da camada tratada com a cal, não ocorre perda de integridade ou

amolecimento.

i) Compactação: Mitchele & Hooper (1961), Andrews (1967) e Dantas (1970), ambos

citados por Guimarães (1971), mostraram que igual compactação imediatamente e 24 horas

após a mistura ocorreu diminuição da densidade e da resistência.

No entanto, não há consenso entre os pesquisadores, quanto à cura e compactação,

principalmente em relação à ordem de realização destas. Segundo Chauvel et al.,(1980) e

Pinto (1965) deveria ocorrer um período de cura antes da compactação, recomendando ou não

uma pré-compactação leve durante esse tempo. Todavia, Mateos e Davidson (1963) e Lê

Roux (1969), ambos citados por Chauvel et al.,(1980), fazem restrições a essa prática,

indicando que a cura deveria se processar no material já compactado. A partir de estudos das

características da compactação solo-cal e da influência dos fatores que interferem na mesma

(o teor de umidade, a temperatura, a energia de compactação, o efeito do tempo de espera

entre a mistura e a compactação), Mateos e Davidson (1963) citados por Chauvel et al.,

(1980), concluíram que a compactação deve ser feita logo após a mistura para que não ocorra

perda nos valores de resistência, devido a carbonatação.

Guimarães (1971) acrescenta que a eficiência da cal como estabilizador de solo

depende da intensidade das reações relacionadas com a mineralogia do solo, do método de

construção e da qualidade da cal utilizada.

2.6.2 ESTABILIZAÇÃO SOLO - CIMENTO

A estabilização do solo com cimento, é obtida da mistura íntima de solo, cimento e

água em proporções definidas de acordo com a dosagem escolhida. A mistura é compactada

de maneira a atingir a massa específica pré-fixada.

Em termos de utilização do solo-cimento ao longo da história, pode-se citar como

pioneiro o engenheiro inglês H. E. Brook-Bradley (1891), que segundo a Portland Cement

Association (1960), foi o precursor desta mistura, ao utilizá-la no tratamento de leitos de

estradas e pistas para veículos de tração animal, no sul da Inglaterra.

Page 50: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

30

Atualmente, a utilização mais difundida do solo cimento é no campo da pavimentação,

sendo ela observada em diversos países.

A qualidade da mistura final depende de muitos fatores, dentre os quais alguns estão

diretamente relacionados ao solo, tais como: percentagem de cimento a ser utilizada,

quantidade de água a ser adicionada e massa específica a ser alcançada na compactação. Cita-

se como exemplo, os solos orgânicos que exibem diferentes comportamentos quando

utilizados para a mistura solo-cimento. Observa-se que quando a matéria orgânica é

constituída apenas por celulose, o solo poderá ser empregado com êxito na mistura solo

cimento, porém, na presença de húmus, mesmo em baixas porcentagens, este reagirá

quimicamente com o CaO do cimento, o que resultará na necessidade de maiores teores de

cimento para se ter resultados idênticos aos obtidos na ausência deste elemento, uma vez que,

o excesso de cimento terá por função a neutralização do efeito negativo do húmus.

A escolha do tipo de solo a ser utilizado na mistura solo-cimento não se refere

diretamente a uma característica específica do solo, pois qualquer solo endurece

satisfatoriamente quando misturado com cimento e devidamente compactado. A questão é

determinar quais os solos economicamente empregáveis na execução do solo-cimento, o que

conduziria a duas restrições, uma vez que existem solos que necessitam de elevados teores de

cimento, enquanto outros tornariam as operações de execução em grande escala bastante

difíceis. Quanto ao primeiro problema,este poderia ser resolvido pela a adição de elementos

corretivos, e o segundo, com a alteração da capacidade do equipamento utilizado.

Lilley (1971) e Kézdi (1979) citado por Balbo (1996) relataram que a reação de

hidratação do cimento, dentro dos vazios dos solos finos, gera a formação de um esqueleto,

onde as partículas de solo ficam envolvidas pela pasta de tal forma a criar uma matriz que fixa

as partículas não aderidas. A formação desse esqueleto é de fundamental importância na

minimização da sensibilidade às mudanças de umidade, que podem gerar esforços de tração e

compressão significativos no interior da massa de solo, e ainda, determinar o incremento de

resistência da mistura.

Pitta (1980), afirma que na estabilização com cimento é de grande importância: o tipo

de solo, o teor de cimento, as condições de densificação (teor de umidade da mistura na

ocasião da compactação e o grau de compactação), o grau de homogeneidade da mistura e as

condições de cura.

Page 51: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

31

2.6.3 ESTABILIZAÇÃO SOLO–EMULSÃO

Torna-se necessário diferenciar os solos quanto a granulometria, no processo de

estabilização com betume, no sentido de estabelecer o mecanismo de atuação do mesmo.

Silva (1968), citado por Alcântara et al. (1995), considera que para os solos de granulometria

fina, que possuem coesão natural, o aditivo tem a função de agente impermeabilizante, de

forma a manter as propriedades de interesse à obra de engenharia obtida com a compactação,

enquanto que nos solos de textura arenosa, o aditivo tem a função de promover a cimentação

entre as partículas do solo.

O processo de estabilização dos solos com betume deve-se ao revestimento das

partículas do solo e a obturação dos seus vazios pela atuação do ligante betuminoso. Para este

tipo de estabilização em solo de granulometria fina, recomenda-se uma variação no teor de

finos do solo na faixa de 10% a 50%, limite de liquidez e limite de plasticidade inferiores a

40% e 10%, respectivamente. Silva (1968) refere-se a três modalidades de estabilização

comumente empregadas:

a) Areia-Betume: trata-se da estabilização mais difundida, devido à facilidade com que

se pode controlar a qualidade da mistura. Esta podendo ser competitiva em comparação a

outros processos de estabilização química. Como características do processo, observa-se que o

material que passa na peneira nº 200 deve estar na faixa de 5 a 12%, o índice de plasticidade

seja inferior a 10%, desta forma, tenta-se gerar com o betume forças de natureza coesiva no

solo.

b) Solo-Betume: apresenta a função de agrupamento das misturas dos materiais

betuminosos, solos argilo-siltosos e argilo-arenosos. Trata-se de uma ação impermeabilizante,

realizada para prevenção de possível ascensão capilar da água, bem como pela criação de

películas hidrorrepelentes que, envolvendo as partículas do solo impedem o acesso da água

exterior na mistura, ou seja, tenta-se garantir a constância do teor de umidade da mistura após

a compactação.

c) Pedregulho-Betume: o objetivo dessa estabilização é gerar um efeito coesivo entre

as partículas grossas, sem interferência na coesão natural existente na fração fina do solo.

Como características tem-se que o material que passa na peneira nº 200 deve ser inferior a

12% e o índice de plasticidade, inferior a 10%.

Momm (1983) cita que a adição de betume ao solo pode afetar as suas propriedades

em duas direções: seja propiciando a impermeabilização do solo e/ou aumentando a sua

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32

coesão interna. Estas propriedades, principalmente a impermeabilização, se apresentam

relevantes em regiões úmidas.

Segundo Lucena et al., (1983) a adição de até 2% de emulsão funciona como

aglutinante e lubrificante entre os grãos do solo. Bezerra et al., (1983) verificou que, para os

teores subseqüentes, a emulsão passa a agir apenas como lubrificante, uma vez que a fase

líquida da emulsão é aumentada pela água e solvente contidos na emulsão, tornando a mistura

demasiadamente plástica e pouco resistente. Observou-se ainda que o aumento progressivo do

teor de emulsão no solo, influencia na massa específica aparente seca, gerando um acréscimo

da mesma até um ponto de máximo, de onde começa a decrescer na proporção em que se dá a

incorporação da emulsão.

Yoder (1975), citado por Momn (1983), comprovou que a estabilização de solo com

betume é satisfatória para solos granulares, solos granulares finos, areias e cascalhos; quando

enquadrados nas faixas constantes na Tabela 2.5.

Tabela 2.5 - Qualidades dos solos para estabilização com emulsão (Momm, 1983).

Material Valores adequados estabilização Tipos de betume % média de betume

granulares

finos

wL max. = 40%

IP máx. = 18%

emulsões

RM e RL 4-8

solo

arenoso

máx. passante na # 200 = 25%

IP máx. = 12%

CAP : 85-100 e 120-150

emulsões e CR

4 - 10

4 - 10

saibros e

cascalhos

máx. passante na # 200 = 15%

IP máx. = 12%

CR

CAP

2 - 6

2 - 6

2.6.4 ESTABILIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA

A estabilização granulométrica consiste na correção da granulometria e da

plasticidade, pela adição de quantidades de frações granulométricas ao solo. Segundo DNER-

ES303/97, os materiais constituintes são solos, misturas de solos, escória, misturas de solos e

materiais britados ou produtos provenientes de britagem. Deverão possuir composição

granulométrica satisfazendo a uma das faixas da Tabela 2.6, de acordo com o nº N de tráfego

do DNER.

Page 53: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

33

Tabela 2.6 - Faixas de Composição Granulométrica (DNER-ES 303/97)

Tipo Para N > 5x106 Para N < 5x106 A B C D E F Peneiras

% em peso passando

Tolerâncias da faixa de

projeto

2" 100 100 ± 7 1" 75-90 100 100 100 100 ± 7

3/8" 30-65 40-75 50-85 60-100 ± 7 nº 4 25-55 30-60 35-65 50-85 55-100 10-100 ± 5 nº 10 15-40 20-45 25-50 40-70 40-100 55-100 ± 5 nº 40 8-20 15-30 15-30 25-45 20-50 30-70 ± 2 nº 200 2-8 5-15 5-15 10-25 6-20 8-25 ± 2

E ainda, satisfazendo as seguintes condições:

- a fração que passa na peneira nº 40 deverá apresentar wL ≤ 25% e IP ≤ 6%; quando esses

limites forem ultrapassados, o equivalente de areia deverá ser maior que 30%;

- a percentagem do material que passa na peneira nº 200 não deve ultrapassar 2/3 da

percentagem que passa na peneira nº 40.

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34

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 INTRODUÇÃO

Este capítulo contém as características dos materiais estudados e os ensaios realizados,

juntamente com os respectivos procedimentos e os equipamentos utilizados para a execução

dos mesmos.

3.2 DESCRIÇÃO DOS MATERIAIS

3.2.1 SOLOS E AREIAS

Os solos utilizados são provenientes de 5 jazidas, localizadas na região Amazônica e

situados no município de Coari, conforme mostra a Figura 3.1. Foram coletados solos de 4

furos de sondagem em cada uma das jazidas, sendo as amostras inicialmente separadas de

0,5m a 0,5m até a profundidade de 2,5m; profundidade esta limite de exploração das jazida na

região.

A estimativa dos volumes e a utilização dos solos de cada uma das jazidas estudadas

encontram-se na Tabela 3.1 e foram definidas pela a Empresa de Consultoria Maia Melo Ltda.

Tabela 3.1 - Características gerais das jazidas estudadas (fonte – Maia Melo Ltda).

Jazidas Área(m2) Espessura Utilização Utilizável Expurgo média explorável (m) do solo

J -1 11.250 19.136 9.563 1,90 base com misturaJ -2 9.000 12.150 1.800 1,50 base com misturaJ -3 22.500 33.210 4.500 1,64 base com misturaJ -4 15.300 27.678 3.060 1,64 base com misturaJ -5 21.600 43.898 4.320 1,70 base com mistura

Volumes de solos(m3)

Foram utilizados dois tipos de areia, ambos oriundos da região de estudo. A areia fina

proveniente do Rio Urucu e a areia grossa do Rio Solimões. A massa específica real dos grãos

das areias fina grossa e são, respectivamente, 2824 kg/m3 e 2650 kg/m3. As granulometrias

das areias estão apresentadas nas Figuras 3.2 e 3.3.

Page 55: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

35

Figura 3.1 - Localização das jazidas estudadas.

Legenda: Estradas pavimentadas Estradas não

pavimentadas Córregos

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36

As areias dos rios Urucu e Solimões apresentam coeficientes de não uniformidade ou

de desuniformidade (Cd) iguais a 2 e 1,62 e coeficientes de curvatura (Cc) iguais a 1,79 e

0,74, respectivamente.

Os coeficientes de desuniformidade (Cd) e curvatura (Cc) são determinados pelas

Equações 3.1 e 3.2:

10

60

D

DCd = (3.1)

6010

230 )(DD

DCc⋅

= (3.2)

Onde D10, D30 e D60 referem-se respectivamente, aos diâmetros abaixo dos quais se

situam 10%, 30% e 60% em peso das partículas . O D10, também é referido como o diâmetro

efetivo e indica também a finura do solo. Para as areias dos rios Urucu e Solimões os

diâmetros efetivos obtidos foram de 0,19mm e 0,42mm, respectivamente, confirmando assim

a maior finura da areia de Urucu.

0102030405060708090

100

0,001 0,01 0,1 1diâmetro das partículas (mm)

% q

ue p

assa

S.U.C.U.

Figura 3.2 - Granulometria da areia fina do Rio Urucu.

Page 57: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

37

0102030405060708090

100

0,01 0,1 1 10diâmetro das partículas (mm)

% q

ue p

assa

S.U.C.U.

Figura 3.3 - Granulometria da areia grossa do Rio Solimões.

3.2.2 CAL

A cal utilizada é do tipo calcítica hidratada (CH-I). A massa específica determinado

em ensaio de laboratório foi de 2264 kg/m3, os componentes principais fornecidos pelo

fabricante estão apresentadas na Tabela 3.2 e a granulometria obtida na Figura 3.4.

Segundo Armando et al., (1980), a cal dolomítica possui natureza mais complexa, gera

resultados mais difíceis de serem interpretados e por vezes diferentes do que a cal calcítica.

Nóbrega (1980) estudou dois solos originários da mesma rocha matriz, com a mesma

classificação geotécnica, cor, textura e mineralogia e apresentaram comportamento

diferenciado quando em presença de água e das cales calcíticas (não ocorreu dispersão em

ambos) e dolomíticas (tendências a dispersão em um e dispersão nula no outro).

Tabela 3.2 - Características da cal utilizada nas misturas solo-cal (fonte: Petrobrás)

Fórmula químicaEstado físico

SIO2 Sólido pó

Ca(OH)2 Sólido pó

Mg(OH)2 Sólido pó

2,50%60,08 g/gmol

ConcentraçãoMassa -molar

2,00%58,08g/gmol

90%74,10g/gmol

Componentes principais

Hidróxido de cálcio

Silica Hidróxido de

magnésio

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38

0102030405060708090

100

0,0001 0,001 0,01 0,1 1diâmetro das partículas (mm)

% q

ue p

assa

S. U.C.U

Figura 3.4 - Granulometria da cal.

3.2.3 CIMENTO

O cimento utilizado na pesquisa é da marca Nassau, cimento CP-F-32. A massa

específica é 3076 kg/m3 (fornecida pelo fabricante) e a granulometria está apresentada na

Figura 3.5.

0102030405060708090

100

0,0001 0,001 0,01 0,1 1diâmetro das partículas(mm)

% q

ue p

assa

S.U.C.U.

Figura 3.5 - Granulometria do cimento.

Page 59: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

39

3.2.4 EMULSÃO ASFÁLTICA

É um sistema constituído pela dispersão de uma fase asfáltica em uma fase aquosa

(direta), ou então, de uma fase aquosa dispersa em uma fase asfáltica (inversa), apresentando

partículas eletrizadas (IBP/ABNT-P-EB 472). As emulsões são classificadas em função do

tempo necessário para que ocorra a separação da fase asfalto (ruptura), do teor de asfalto

empregado na fabricação das mesmas e da carga iônica. De acordo com a carga da partícula,

as emulsões podem ser classificadas em:

- Emulsão asfáltica aniônica: é aquela que apresenta as partículas carregadas negativamente.

- Emulsão asfáltica catiônica: é aquela que apresenta as partículas carregadas positivamente.

- Emulsão especial: é aquela que apresenta as partículas asfálticas sem cargas ou carregadas

simultaneamente, positiva e negativamente.

Na Tabela 3.3 estão os tipos de emulsões utilizadas em pavimentação rodoviária e suas

principais aplicações.

A emulsão utilizada nesta pesquisa é do tipo asfáltica catiônica de ruptura lenta, tipo

RL - 1C, produzida pela Petrobrás S.A. As suas características encontram-se na Tabela 3.4 e

foram fornecidas pelo fabricante.

Tabela 3.3 - Tipos de emulsões asfálticas usadas em pavimentação.

Tipos de Emulsões Asfálticas Campo de Aplicação

Ruptura Rápida (RR – 1C) pintura de ligação e tratamentos superficiais por

penetração

Ruptura Rápida (RR - 2C) pintura de ligação e tratamentos superficiais por

penetração

Ruptura Média (RM - 1C) pré-misturados a frio aberto e pintura de ligação

Ruptura Média (RM - 2C) pré-misturados a frio, pintura de ligação e areia asfalto

a frio

Ruptura Lenta (RL -1C) pré-misturados a frio denso, lama asfáltica, areia

asfalto à frio e estabilização solo-emulsão

Lama Asfáltica (LA - 1C) lama asfáltica e estabilização solo-emulsão

Lama Asfáltica (LA - 2C) lama asfáltica e estabilização solo-emulsão

Lama Asfáltica Especial (LA-E) lama asfáltica e estabilização solo-emulsão

Page 60: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

40

Tabela 3.4 - Características da emulsão utilizada(modificada – IBP/ABNT, 2001).

Métodos de Ensaios (IBP/ABNT)

Ensaio sobre a emulsão

Tipo Ruptura Lenta (RL-1C)

Viscosidade Saybolt Furol, S, a 50º C MB -581 Máx. 70 Sedimentação, % em peso máximo. NBR-6570 5 Peneiração, 0,84mm, % em peso máximo. MB-609 0,1

Resistência à água, % min. de cobertura. NBR-6300

agregado seco 80 agregado úmido 60 Mistura com cimento, % máximo. NBR-6297 2 ou filer silícico NBR-6302 1,2 - 2,0 Carga da partícula NBR-6567 positiva pH max. NBR-6299 6,5 Destilação NBR-6568 solvente destilado, % em volume nula resíduo mínimo, % em peso 60 Desemulsibilidade, % em peso, mínimo. NBR-6569

% em peso, máximo

Ensaio sobre o solvente destilado

Destilação, 95% evaporados, ºC, máx. NBR-9619 Ensaio sobre o resíduo Penetração a 25ºc, 100g, 5s, 0,1mm NBR-6576 50 - 250 Teor de betume, % em peso, min. MB-166 97 Ductibilidade a 25ºC, cm.min NBR-6293 40

3.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA

Segundo Vargas (1978), as propriedades físicas de maior interesse do ponto de vista

geotécnico no estudo de um solo são: textura, plasticidade e estrutura. A partir dessas

propriedades físicas, é possível realizar-se uma identificação satisfatória dos solos.

Os ensaios de caracterização foram realizados nos laboratórios da Universidade de

Brasília em Brasília e da Empresa de Consultoria Maia Melo Engenharia Ltda em Urucu.

Page 61: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

41

3.3.1 UMIDADE NATURAL E UMIDADE HIGROSCÓPICA

Umidade é a massa de água contida em uma determinada porção de solo, expressa

como uma porcentagem da massa das partículas sólidas (solo seco) existente nessa porção.

A determinação do teor de umidade dos solos é necessária para a análise de situações

como:

(a) estudo da umidade em áreas de empréstimo, barragens, aterros, aeroportos, fundações;

(b) estudo de parâmetros geotécnicos de solos obtidos em ensaios de compactação,

caracterização, resistência e outros;

(c) estudo da variação sazonal e em profundidade da umidade em corpos de aterro, em

pavimentos, etc;

(d) controle do teor de umidade em áreas de empréstimo, execução de aterro, etc.

A umidade higroscópica é definida como sendo o teor de umidade do solo após

secagem por simples exposição ao ar. Depende da temperatura ambiente e da umidade

relativa do ar.

A umidade natural foi determinada de acordo com a norma NBR 6457/86. Logo que

se coletava o solo, retirava-se uma porção e colocava-se em saco plástico. Ao chegar no

laboratório, imediatamente era pesada esta porção de solo e colocado na estufa. Enquanto a

umidade higroscópica foi obtida acompanhando-se o peso durante três dias de seis amostras,

sendo três previamente colocadas na estufa por 24 h a 105ºC e três expostas às condições

ambientes de temperatura e umidade relativa.

3.3.2 MASSA ESPECÍFICA DOS SÓLIDOS

A massa específica dos sólidos, de um solo, é função dos minerais constituintes e da

percentagem de ocorrência de cada um deles nesse solo. Ela representa a média da massa

específica dos constituintes que compõem a fase sólida do solo, incluindo minerais,

compostos orgânicos, sais precipitados e materiais não cristalinos. Na Tabela 3.5 constam os

valores de massa específica dos sólidos dos minerais mais comuns nos solos. É necessário o

conhecimento da massa específica dos sólidos do solo para caracterizá-lo quanto aos valores

de seus índices físicos em um dado instante. O seu valor quase não se altera com o tempo,

pois é dependente dos minerais.

Page 62: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

42

Neste trabalho a massa específica dos sólidos (ρs) foi obtida experimentalmente de

acordo com a norma NBR 6508/84.

Tabela 3.5 - Massas Específica dos sólidos de diferente minerais (modificado - Nogueira,

2001).

MINERAL MASSA ESPECÍFICA DOS SÓLIDOS (kg/m3)

Feldspato 2590 – 2900 Mica 2700 – 3200 Caulinita 2600 – 2650 Montmorilonita 2500 – 2800 Ilmenita 4500 – 5000 Magnetita 5200 Goetita 4400 Quartzo 2650

3.3.3 LIMITES DE ATTERBERG (OU DE CONSISTÊNCIA)

A consistência do solo está relacionada à manifestação das forças físicas de coesão e

adesão que nele atuam para vários teores em água. Num solo úmido a muito úmido podem

surgir em grau variável duas formas de consistência: a adesividade (maior ou menor

facilidade de aderência a outros objetos) e a plasticidade (mudança reversível na forma sob

ação de pressão).

A maior ou menor intensidade da manifestação das diversas formas de consistência

depende essencialmente da textura do solo, da natureza dos colóides minerais, do teor de

matéria orgânica e do estado disperso ou floculado dos colóides, e está intimamente

relacionada com a estrutura do solo (Costa, 1973).

Segundo os conceitos de Atterberg, definem-se do seguinte modo:

- Limite Superior de Plasticidade (Limite de Liquidez): percentagem de água acima da qual

uma porção de solo amassado com água já não retém a forma que se lhe procure imprimir,

começando a manifestar fluidez.

- Limite inferior de Plasticidade (Limite de plasticidade): percentagem de água abaixo da qual

uma porção de solo amassado já não muda continuamente de forma sob pressão, tendendo a

se desagregar quando se pretende moldá-lo.

- Número de Plasticidade (Índice de Plasticidade): diferença entre as percentagens da águas

correspondentes aos limites superior e inferior.

Page 63: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

43

Os limites de Atterberg fornecem indicativos dos solos quanto as suas características

de plasticidade, permeabilidade e resistência.

Gidigasu (1976), citado por Santos (1997), enumera os seguintes fatores que influem

na plasticidade dos solos:

- natureza dos minerais: os minerais que apresentam maior plasticidade são aqueles de forma

lamelar ou em placas ao passo que minerais como o quartzo e o feldspato, mesmo em

tamanho pequeno não apresentam plasticidade;

- percentagem da fração argila: quanto maior a quantidade de argila, maior a plasticidade do

solo;

- natureza dos cátions trocáveis: minerais que apresentam alta plasticidade sofrem mais

influência do tipo de cátion adsorvido do que minerais com baixa plasticidade;

- conteúdo de matéria orgânica: a presença de matéria orgânica altera os limites de

plasticidade, porém sem alterar o índice de plasticidade.

A Tabela 3.6, modificada de Mitchell (1993) e citada por Santos (1997) mostra os

valores de plasticidade mais comuns para os diferentes argilominerais.

Tabela 3.6 - Limites de Atterberg para argilo-minerais (modificado - Mitchell,1993)

Mineral wL(%) wP(%)

montmorillonita 100 – 900 50 – 100

illita 60 – 120 35 – 60

caulinita 30 – 110 25 – 40

Nesta pesquisa os limites de liquidez e plasticidade foram determinados,

respectivamente, de acordo com as normas NBR 6459/84 e NBR 718/84.

3.3.4 GRANULOMETRIA

A análise granulométrica visa determinar a relação entre as dimensões das partículas e

os seus percentuais bem como, a graduação destas no solo. Nos ensaios convencionais ela

consiste, em geral de duas fases: peneiramento (partículas com dimensões maiores que 0,074

mm segundo a NBR 7181) e sedimentação (partículas com dimensões menores que 2 mm

segundo a mesma norma). Nesta pesquisa, no entanto, a granulometria foi determinada

utilizando-se o granulômetro a laser, por ser um ensaio mais rápido, preciso e por dispensar o

Page 64: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

44

uso de defloculantes químicos, pois estes poderiam afetar os resultados da análise, uma vez

que o estudo enfoca a estabilização química. Foram realizados ensaios no granulômetro com e

sem o uso de ultra-som como agente defloculador, para mostrar a influência da ação química

da cal na estabilidade dos agregados existentes e/ou formados. A Figura 3.6 ilustra os

resultados obtidos a partir deste ensaio.

Figura 3.6 - Granulometria com e sem ultra-som para um perfil de solo

de 0,5 m a 2,5 m (Jazida 5).

O granulômetro a laser existente no laborabtório de Geotecnia da Universidade de

Brasília é o modelo MASTERSIZER Standard BENCH produzido pela Malvern Instruments

Ltda. da Inglaterra. Este equipamento é constituído de três peças: a unidade óptica, a unidade

de preparação da amostra e o computador, conforme Figura 3.7.

Neste equipamento é possível fazer dois tipos de escolha para a realização do ensaio:

sem ulta-som, que é equivalente à sedimentação sem defloculante e com ultra-som,

considerado equivalente ao ensaio de sedimentação com defloculante. Molinero et al. (2003)

verificou que os solos tropicais não são geralmente defloculados em sua totalidade por

qualquer dos agentes defloculadores, sendo eles complementares.

A preparação da amostra obedece alguns aspectos dos procedimentos da NBR 7181. O

solo é destorroado e passado na peneira 10 (# 2 mm). Com o material retido na peneira nº 10

faz-se o peneiramento grosso e com o material passado na peneira nº 10 faz-se o

peneiramento fino, após lavagem na peneira nº 200 (# 0,074 mm) e secagem em estufa. Do

solo passado na peneira 10 recolhe-se uma porção, destorroa-se e passa-se na peneira 40, para

a análise no granulômetro (aproximadamente 5 g de solo). Destaca-se que o peneiramento

0102030405060708090

100

0,0001 0,001 0,01 0,1 1

diâmetro das partículas(mm)

% q

ue p

assa

C.U.0,5-1C.U.1-1,5C.U.1,5-2C.U.2-2,5S.U.0,5-1S.U.1-1,5S.U,1,5-2S.U.2-2,5

Page 65: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

45

fino adotado distingui-se do procedimento de norma pelo motivo de não se submeter a ação

de defloculante.

Figura 3.7 - Granulômetro e acessórios.

A análise granulométrica com e sem defloculação permite ainda avaliar o teor de

micro-concreções presentes nos solos, em função dos teores de argila obtidos com e sem

ultra-som. Nesta análise pode ser considerada a agregação total (A.T.) e o teor de agregação

(T.A.) ou grau de floculação. Com as frações silte e argila determinadas com defloculação é

possível também verificar o grau de alteração (G.R) ou relação silte/argila dos materiais

originais dos solos bem drenados e avaliar a movimentação de argila no perfil (Costa, 1973).

A agregação total, o teor de agregação e o grau de alteração são obtidos pelas Equações 3.3,

3.4 e 3.5:

( . .)

% %Agregados Totais A T

argila com defloculante argila sem defloculante=

= − (3.3)

( )

% %%

Teor de Agregados TAargila com defloculante argila sem defloculante

argila com defloculante

=−

= (3.4)

( . .) % / %Grau de Alteração G A silte argila= (3.5)

3.3.5 ÍNDICE DE ATIVIDADE

Os limites de Atterberg refletem a influência dos argilominerais nas propriedades do

solo sem levar em conta distintamente e influência do tipo e da quantidade dos argilominerais

presentes.

Page 66: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

46

Para considerar tais influências Skempton (1953) citado por Vargas (1978), definiu a

atividade coloidal das argilas baseando-se nos resultados dos ensaios de índice de plasticidade

e no teor de argila presente nos solos, classificando-os conforme a Tabela 3.7. O índice de

atividade indica o grau de influência das propriedades mineralógicas e químico-coloidal da

fração argila nas propriedades geotécnicas de um solo argiloso e é expresso pela Equação

(3.6):

argilade

IPAtividadedeÍndice%

= (3.6)

Segundo Skempton (1953), citado por Vermatti (1995), as propriedades de uma argila

são determinadas fundamentalmente pelas características físico-químicas dos vários minerais

constituintes e pela proporção relativa que esses minerais se apresentam no solo.

Tabela 3.7 - Classificação das argilas em função da atividade (modificada - Vargas, 1978).

TIPO DE ARGILA ATIVIDADE IP/(% < # 0,002 mm)

Inativa < 0,75

Normais 0,75 a 1,25

Ativas > 1,25

Vargas (1978), tentando reorganizar as classificações de solos baseadas no limite de

liquidez e no índice de plasticidade, recomendou a utilização da atividade coloidal de

Skempton como um complemento a essas classificações, estendendo-se o princípio para

quaisquer tipos de solos de gênese diferentes, sanando a maior das falhas dessas

classificações, ou seja, a inabilidade em diferenciar solos lateríticos dos não lateríticos,

sabidamente de propriedades bastante diferentes.

3.3.6 CLASSIFICAÇÃO MCT EXPEDITO

A classificação expedita dos solos foi executada de acordo com a metodologia

proposta por Nogami & Villibor (1994) e com algumas alterações propostas por Godoy et al.

(1996).

A metodologia expedita MCT, utilizada neste trabalho segue a quarta proposta.

Caracterizando-se pela simplicidade e baixo custo, no que se refere à aparelhagem, ao

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47

material e à mão-de-obra. A Figura 3.8 mostra as pastilhas e bolinhas do ensaio MCT

expedito.

A metodologia utiliza como aparelhagem anéis de PVC de 20 mm de diâmetro interno

e 5 mm de altura e um mini-penetrômetro de 1,3 mm de diâmetro. O ensaio é feito com

material que passa na peneira de malha 0,42 mm. O procedimento consiste em adicionar água

e espatular o solo até que a penetração medida seja de 1 mm. Moldar as pastilhas em seguida

nos anéis de PVC e as bolinhas com peso aproximado de 10 g, deixá-las secar ao ar e ao

mesmo tempo determinar a umidade de moldagem em estufa. Após 24 horas verificar a

resistência a seco das bolinhas e também a imersão em água para observar o tempo e a forma

de desagregação. Segundo Godoy (1997), a resistência a seco é dada pela quebra das bolinhas,

medida como 1 (quebra entre polegar e dedos), 2 (quebra entre polegar e a mesa) e 3 (não

quebra). Colocar as pastilhas em contato com a água e acompanhar a sua elevação por

capilaridade e a seguir fazer a determinação da penetração como o mini-penetrômetro após a

completa reabsorção de água.

Dada a sua simplicidade a classificação MCT expedita tem-se mostrado uma

ferramenta bastante prática na classificação preliminar do solo.

Figura 3.8 - Ensaios da metodologia MCT expedita.

3.3.7 CURVA CARACTERÍSTICA

Em um solo saturado todos os seus vazios estão totalmente cheios de água,

independentemente do diâmetro dos vazios ou poros. À medida que o solo perde umidade

surge nele tensões capilares e de sucção que o fazem retrair, até que o ar entre em seus vazios.

Esta tensão capilar ou sucção para o qual se dá a entrada de ar nos poros é chamada de

(a) (b)

Page 68: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

48

pressão de entrada de ar. A partir dela geralmente se pressupõe que as variações do volume de

vazios cessem com o aumento das tensões capilar/sucção.

A curva característica também chamada de retenção ou de sucção é a expressão gráfica

que relaciona a sucção com o teor de umidade, esta podendo ser expressa ainda em função da

unidade volumétrica e do grau de saturação.

Sua forma, bem como os valores de sucção que são possíveis de se atingir, estão

intimamente relacionados com a granulometria dentro de uma mesma classe de textura,

composição mineralógica e micro-estrutura solo.

A curva de retenção de umidade, de um modo geral , apresenta histerese isto é, os

pares ordenados sucção x umidade obtidos por secagem são diferentes daqueles obtidos por

umedecimento, conforme Figura 3.9. O fenômeno da histerese pode ser atribuído a diversas

causas, dentre elas, a geometria não uniforme dos poros individuais intercomunicados por

pequenas passagens, ar aprisionado nos vazios do solo ou liberação de ar dissolvido na água, a

percentagem de argila presente, mudanças diferenciais da estrutura do solo em decorrência

dos fenômenos de inchamento ou retração (Lemos, 1995).

Nesta pesquisa adotou-se um procedimento diferente para a obtenção da curva

característica. Ele consiste em submeter a partir da umidade de compactação alguns corpos-

de-prova à secagem e outros ao umedecimento, conforme o grau de saturação desejado. Tal

procedimento visa simular melhor a condição de campo. Para a determinação da curva

característica foram moldados 10 corpos-de-prova com o mesmo teor de umidade e peso

específico e a seguir fez variar a umidade de modo a se atingir grau de saturação entre 10% e

90%. Atingida a umidade desejada procedeu-se à determinação da sucção pela técnica do

papel filtro.

Figura 3.9 - Curva característica de sucção do solo.

Page 69: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

49

3.4 CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA

A matéria mineral sólida do solo é constituída por minerais primários e por minerais

secundários. Os minerais primários encontrados no solo provêm da rocha a partir da qual o

solo se originou (herdados da rocha-mãe), persistindo mais ou menos inalterados na sua

composição. Os minerais secundários, por sua vez, podem ocorrer no solo principalmente por

três processos:

- por síntese in situ de produtos resultantes da meteorização dos minerais primários menos

resistentes;

- por simples alteração da estrutura de determinados minerais primários verificada in situ;

- herdados diretamente da rocha-mãe.

Segundo Costa (1973), os principais minerais primários que podem ocorrer nos solos

são: quartzo, feldspato, feldspatóides, micas, piroxenas, anfibolios, olivinas, apatite,

magnetite, turmalina, rutílio, ilmenita, zircão, calcita, granadas, etc. Os mais freqüentes são o

quartzo e os feldspatos. O conhecimento qualitativo e quantitativo dos minerais primários

fornece a indicação do grau de evolução do solo e da reserva de mineral. Os minerais

secundários de ocorrência mais freqüentes são os minerais de argilas (silicatos de alumínio no

estado cristalino), silicatos não cristalinos, óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio e

carbonatos de cálcio e de magnésio.

Segundo Cavalieri (1988), a composição mineralógica da fração argilosa avalia quais

as estruturas argilosas predominantes e a possibilidade de uso da cal como agente

estabilizante do solo.

Segundo Lima (2003), o conhecimento da composição mineralógica dos solos é

fundamental para a compreensão de suas características físicas. Existem vários métodos para

identificação dos minerais dos solos, os mais empregados são: a análise química, a

difratometria por raios-X, a análise termo-diferencial (ATD), a análise termo-gravimétrica, as

microscopias óptica e eletrônica.

Neste trabalho a determinação da composição mineralógica foi realizada por difração

de raios-X. O aparelho utilizado foi o difratômetro RIGAKU, pertencente ao laboratório de

Difratometria de Raios-X do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília. Os

resultados do ensaio são apresentados em gráficos, denominados difratogramas. Por meio de

um software específico, são identificados qualitativamente os minerais a partir dos picos

destes no difratograma.

Page 70: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

50

Cita-se ainda que, as análises foram realizadas na fração passante na peneira nº 200

pelo método do pó. As amostras ensaiadas foram: uma mistura de solos natural do perfil das

jazidas (1, 2, 3, 4 e 5), um perfil de solo natural completo para a jazida 5, as misturas solo-cal

e solo-cimento com teores de 3% e 6% de cal e/ou cimento para uma mistura de solos da

jazida 5. Determinou-se ainda o difratograma da cal e do cimento.

As argilas são essencialmente compostas por partículas cristalinas extremamente

pequenas de um ou mais membros de um grupo relativamente restrito de minerais. São

silicatos de alumínio hidratados, com magnésio ou ferro substituindo total ou parcialmente o

alumínio em alguns minerais e que, em alguns casos, incluem elementos alcalinos ou

alcalinos terrosos. São colóides eletronegativos, e uma das suas propriedades mais

importantes é a da adsorção e troca de cátions. Também são susceptíveis de dispersão e

floculação.

As propriedades físicas mais importantes são: o forte poder de retenção de água, a

acentuada plasticidade e adesividade, a tenacidade no estado seco, a variação de volume com

o teor de água e a formação de ligações com substâncias orgânicas.

3.5 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA

O oxigênio, o silício, o alumínio e o ferro são os principais constituintes da matéria

mineral do solo. Os óxidos de silício, de alumínio e de ferro somados constituem 90% do peso

seco da fração inorgânica do solo, predominando o óxido de silício. Cálcio, magnésio,

potássio, titânio, fósforo, manganês, enxofre, cloro e outros elementos, expressos em óxidos

constituem menos de 10% do peso da fração mineral do solo.

A análise química do solo pode ser de grande importância na engenharia geotécnica, o

conhecimento da composição química da argila embora indispensável para o perfeito

diagnóstico da sua natureza mineralógica, por si só, mostra se em geral insuficiente, em

virtude do solo ser como regra geral uma mistura de minerais e não um mineral puro (Costa,

1973). Por meio dela pode-se verificar o potencial de reação de um solo a produtos químicos,

em função dos elementos químicos nele presentes. A caracterização química dos solos tem

muita importância para a agronomia. Ela distingue os minerais do solo em macronutrientes:

carbono (C), oxigênio (O), hidrogênio (H), nitrogênio (N), potássio (K), fósforo (P), cálcio

(Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) e os micronutrientes: ferro (Fe), manganês (Mn), zinco

(Zn), cobre (Cu), molibdênio (Mo), boro (B) e cloro (Cl). Do ponto de vista geotécnico

Page 71: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

51

destacam-se em importância a capacidade de troca catiônica (CTC), o teor de matéria

orgânica e a acidez.

Nesta pesquisa a análise química foi realizada pela empresa SOLOQUÍMICA. As

amostras de solo natural foram secadas ao ar e passadas na peneira nº 10 e nas misturas, após

os ensaios de CBR reservou-se amostras para a análise química.

3.5.1 CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA (CTC)

Entende-se por troca iônica o processo reversível pelo qual íons retidos na superfície

de uma fase sólida são, sem alteração sensível ou decomposição desta, permutados com

quantidades equivalentes de íons em solução numa fase líquida, ou pertencentes à outra fase

sólida em contato com a primeira.

Capacidade de Troca Catiônica do solo é definida como a quantidade de cátions necessária

para neutralizar as cargas negativas de uma quantidade unitária de solo em determinadas

condições, ou seja, a capacidade do solo reter e trocar cátions, para um determinado pH. As

cargas negativas pertencem à fase sólida do solo, representadas pelas partículas de argila, pela

fração coloidal da matéria orgânica e pelos óxidos hidratados de ferro e de alumínio. A CTC é

expressa em miliequivalentes por 100 gramas ou 100ml de material (mE/100g ou mE/100ml)

e determinada pela Equação 3.7. Na Tabela 3.8 é apresentada a variação de CTC de vários

minerais de argila e para matéria orgânica.

2 2 3 + CTC Ca Mg K Na H Al+ + + + + += + + + + (3.7)

Tabela 3.8 - Valores de CTC (modificado - Guimarães, 1971).

Minerais CTC (mg/100g) matéria orgânica 200 – 400 vermiculita 100 – 150 montmorilonita 80 – 150 ilita 10 – 40 clorita 11 – 40 haliosita - 2H2O 5 – 10 haliosita - 4H2O 40 – 50 caulinita 3 – 15

Os minerais de argila e os colóides húmicos são eletronegativos, mas, em certas

condições, podem desenvolver certo número de cargas positivas. Os óxidos e os hidróxidos de

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52

alumínio e de ferro têm caráter anfotérico, ou seja, dependendo do ponto isoelétrico da sua

natureza amorfa ou cristalina, e também do grau de cristalinidade.

A adsorção catiônica nos minerais de argila deve-se à existência de cargas negativas

intrínsecas ou permanentes resultantes das substituições isomórficas e quebra nas ligações nos

bordos dos cristais e/ou da dissociação de hidrogênios de oxidrilas expostas dos rebordos dos

cristais ou nas superfícies basais externas (Costa, 1973).

Alguns solos desenvolvem cargas de um e outro tipo, o que é evidenciado pela

propriedade do complexo coloidal adsorver cátions e ânions, conforme ilustrado na Figura

3.10. De maneira geral, quando o pH aumenta, aumentam as cargas negativas e diminuem as

cargas positivas do complexo coloidal do solo, verificando-se o contrário quando o pH

diminui.

Os fenômenos de retenção e troca iônica no solo estão mais ou menos intimamente

relacionados com variados processos químicos e físicos que nele têm lugar, tais como,

alterações dos minerais, eluviação, variação de consistência e volume do material do solo com

o teor em água e absorção de elementos nutritivos pelas raízes das plantas.

Os cátions de troca quantitativamente mais importantes no solo são os cátions básicos:

cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), potássio (K+), sódio (Na+) e os cátions ácidos: alumínio

(Al3+) e hidrogênio (H+).

A extensão das trocas depende bastante da relação do peso de sólido para o volume da

solução, da concentração desta, do pH, e ainda de outros fatores.

Figura 3.10 - Variação da carga com o pH de um solo ferralítico vermelho. P – carga negativa

permanente das partículas; A – carga negativa, desenvolvida a pH elevado; B – carga positiva

desenvolvida a pH baixo (modificado - Costa, 1973)

Page 73: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

53

Segundo Brady (1979), citado por Lima (2003), o hidrogênio e o alumínio tendem a

predominar nos solos ácidos, ambos contribuindo para a concentração dos íons H+ na solução

do solo, sendo que os cátions básicos neutralizam a acidez do solo. Segue alguns conceitos

decorrentes da análise química dos solos:

a) Soma das Bases Trocáveis (S): indica o número de cargas negativas dos colóides que estão

ocupadas por bases, (Equação 3.8).

2 2 + S Ca Mg K Na+ + + += + + (3.8)

b) Percentagem de Saturação por Bases (V%): mede a percentagem dos pontos potenciais de

troca de cátions, do complexo coloidal do solo que estão ocupados por bases. Sendo muito

usado pelos agrônomos para separar solos férteis (V%>50) de solos de baixa fertilidade

(V%<50), Equação 3.9.

2 2

42 2 3

4

( ) 100%

Ca Mg K Na NHVCa Mg K Na NH H Al

+ + + + +

+ + + + + + +

+ + + + ×=

+ + + + + + (3.9)

c) Percentagem de Saturação por Alumínio (Al%): mede a percentagem da CTC efetiva que

está ocupada pelo alumínio trocável. Geralmente, quanto mais ácido é um solo, maior o teor

de alumínio trocável, menores os teores de Ca, Mg e K, menor a soma de bases e maior a

porcentagem de saturação por alumínio, Equação 3.10. 3

2 2 3

100% AlAlCa Mg K Na Al

+

+ + + + +

×=

+ + + + (3.10)

3.5.2 MATÉRIA ORGÂNICA NO SOLO

A matéria orgânica do solo é constituída de organismos vivos, de seus resíduos e,

principalmente, de seus produtos de decomposição. Aos produtos de decomposição nos quais

não é mais possível reconhecer a origem, denomina-se húmus.

A matéria orgânica é de fundamental importância para as propriedades físicas,

químicas e biológicas do solo. Ela influi na agregação, friabilidade, porosidade e capacidade

de retenção de água e nutrientes.

A proporção e distribuição da matéria orgânica do solo, as suas características

morfológicas e físico-químicas variam consoante as condições de acumulação e

decomposição.Sendo que o teor de matéria orgânica é mais elevado em solos de textura fina,

conforme a Tabela 3.9.

Page 74: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

54

Os fatores que mais influem são o clima, a natureza da vegetação, a temperatura e a

umidade.

Costa (1973) referencia as indicações designativas do nível de matéria orgânica dos

solos.

Tabela 3.9 - Classificação dos solos quanto ao teor de matéria orgânica (Costa, 1973).

20 -10 30 -15 muito alta10 - 5 15 - 7 alta5 - 3 7 - 5 medianamente alta3 - 2 5 - 2 médio

2 - 0,5 2 - 1 baixo< 0,5 < 1 muito baixo

Percentagem de matéria orgânica

classificaçãoEm horizontes de textura média e fina

Em horizontes de textura grossa

3.5.3 ACIDEZ DOS SOLOS

As medidas de acidez dos solos envolvem um conjunto de conceitos e variáveis que

devem ser avaliadas em conjunto. Os principais conceitos, segundo Lopes (1998) são:

a) Acidez ativa: é dada pela concentração de H+ na solução de solo e é expressa em termos de

pH.

b) Acidez trocável: refere-se ao alumínio (Al3+) e hidrogênio (H+) trocáveis e adsorvidos nas

superfícies dos colóides minerais ou orgânicos e por forças eletrostáticas. É determinada no

laboratório com KCl 1N.

c) Acidez não-trocável: é a quantidade de acidez titulável que ainda permanece no solo, após

a remoção da acidez trocável com uma solução de um sal neutro não-tamponado, como

exemplo o KCl 1N. É representada por H+ em ligação covalente (mais difícil de ser rompida)

com as frações orgânicas e minerais do solo.

d) Acidez potencial ou total: refere-se ao total de H+ em ligação covalente, mais H+ + Al3+

trocáveis. Determina-se usando uma solução tamponada a pH 7,0.

A técnica de ensaio influi sensivelmente nos resultados: as proporções relativas de

solo e água; a posição de mergulho dos eletrodos na solução sobrenadante, na suspensão de

partículas terrosas ou no sedimento.

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55

Segundo Costa (1973), a determinação do pH do solo correntemente é feita numa

solução normal de cloreto de potássio. O valor obtido é geralmente inferior ao pH do solo

determinado em água, na ordem de meia a uma unidade. Cabe destacar, no entanto que em

solos tropicais intemperizados o pH em KCl é superior ao da água. O mesmo autor ainda

enumera as vantagens do pH medido na solução normal de cloreto de potássio: nos solos

ácidos e neutros reflete em parte a mobilização da acidez potencial, dadas as reações de troca

entre o cátion do sal e os íons Al 3+ e H+ do solo; valor igual na determinação potenciométrica

no líquido que sobrenada, na suspensão ou no sedimento; resultados mais constantes no

mesmo solo; valores mais aproximados do pH prevalecente na superfície das partículas

terrosas.

As principais origens da acidez dos solos são a matéria orgânica, os aluminossilicatos

das frações finas do solo, os sesquióxidos e a lixiviação de certos sais solúveis.

O pH define-se em função de duas medições de força eletromotriz empregando

sucessivamente uma solução padrão e a solução a analisar, a temperatura constante.

O pH afeta extraordinariamente a solubilidade de vários elementos, como, por

exemplo, o ferro e o alumínio. A carga elétrica das partículas varia com o pH, que por isso

influi consideravelmente nos fenômenos de adsorção, troca catiônica, dispersão e floculação.

Seja qual for o verdadeiro pH da solução do solo, sabe-se que não constitui, num dado

solo, um valor constante e característico. Ele sofre oscilações dependentes do teor do solo em

água, da natureza e proporção de sais em solução e da concentração de anidrido carbônico na

atmosfera do solo.

Guimarães et al., (1971) classifica os solos em função dos valores de pH: (a)

fortemente alcalino, pH > 8; (b) alcalino com 7,4 < pH < 8; (c) neutro com 6,6 < pH < 7,3; (d)

levemente ácido com 6 < pH < 6,5; (e) moderadamente ácido com 5,5 < pH < 5,9; (f) ácido

com 4,5 < pH < 5,4; (g) fortemente ácido com 4,3 < pH < 4,4; (h) extremamente ácido com

pH < 4,3. Nota-se que mesmo esta classificação do solo em função do pH não é definitiva na

literatura, pois Bigarella et al., (1996) estabelece a seguinte classficação: (a) ácidos com pH <

5,5; (b) moderadamente ácido com 5,5 < pH < 6,4; (c) praticamente neutro com 6,5 < pH <

6,9; (d) neutro com pH = 7 e (e) alcalino com pH > 7.

Medindo-se o pH do solo em água (H2O) e em solução normal de cloreto de potássio

(KCl), a diferença entre os valores (∆pH = pHKCl – pHH2O) indica o nível de intemperização

do solo. Quando a diferença de pH é negativa, ocorre na amostra predominância de argilas

silicatadas e a quantidade de alumínio trocável é elevada, enquanto que um ∆pH positivo está

relacionado com o predomínio de óxidos de ferro e de alumínio e indica uma quantidade de

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56

alumínio trocável baixa (Lima, 2003). Conseqüentemente, a determinação do ∆pH indica se o

alumínio está predominando na forma permutável ou não.

3.6 CARACTERIZAÇÃO MICRO-ESTRUTURAL

No estudo dos solos compactados e dos solos estabilizados quimicamente a análise

microestrutural é importante, pois tanto a compactação como as trocas catiônicas e reações

químicas são susceptíveis de oferecer arranjo estrutural.

Várias são as técnicas de microscopia para a observação da microestrutura dos solos.

No presente estudo optou-se pela utilização da microscopia eletrônica de varredura

(MEV), uma vez que esta técnica possibilita não só a visualização da estrutura do solo como

também, a observação de grãos e agregados individuais.

As amostras de aproximadamente 1 cm3 de amostras de solo natural, solo-cal nos

teores em peso seco de 2%, 3%, 4% e 6%, solo-cimento nos teores em peso seco de 3% e 6%,

solo-emulsão no teor de 2% e solo-emulsão-cal e solo-emulsão-cimento, respectivamente nos

teores de 2%, 3% e 3% de emulsão, cal e cimento foram metalizadas com carbono e

submetidos ao MEV.

Na Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) um feixe de elétrons varre uma certa

área, em zig-zag e intermitentemente. Isto faz com que cada ponto da área varrida produza

uma certa quantidade de elétrons secundários, proporcional a topografia, que surge como sinal

luminoso, de maior ou menor intensidade dependendo de sua quantidade modulando a

imagem gerada em um tubo de raios catódicos e mostrada em um monitor acoplado ao

microscópio.

Nos ensaios realizados a metalização foi realizada no Laboratório de Microssonda do

Instituto de Geociências da Universidade de Brasília e, as microscopias nos laboratórios de

FURNAS Centrais Elétricas S.A. em Goiânia.

3.7 COMPORTAMENTO MECÂNICO

Para verificar o comportamento mecânico do solo foram realizados ensaios de

compactação, Mini-CBR, sucção, perda de massa por imersão e desagregação tanto para o

Page 77: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

57

solo natural, quanto para as misturas de solo com cal, cimento, emulsão e areias grossa e fina,

conforme a Tabela 3.10.

Tabela 3.10 - Composição das misturas estudadas.

cal (%) cimento

(%)

emulsão

(%) *areias (%) 2% de emulsão

Solos

2 3 4 6 3 6 1 2 3 10 20 30 3% cal 3% cimento

J – 2 X x x x

J – 3 X x x x

J – 5 X x x x x x x x x x x x x x

* grossa e fina

3.7.1 COMPACTAÇÃO

Os princípios teóricos de compactação de solos coesivos foram estabelecidos por R.R.

Porter no início da década de 30, citado por Vargas (1978) e Holtz & Kovacs (1981), que o

considerava como função de quatro variáveis: esforço de compactação, massa específica

aparente máxima do solo seco, teor de umidade e tipo de solo, incluindo graduação e tipos de

minerais argílicos (Cardoso et al., 1995).

A compactação é um processo que envolve aplicação de energia mecânica para que se

obtenha a densificação dos solos.

Segundo Yoder & Witczak (1975) citado por Cardoso et al. (1995), enumeram as

seguintes propriedades como desejáveis para um subleito: resistência, drenagem, facilidade de

compactação e manutenção da compactação ao longo do tempo.

Os mesmos autores alertam para a variação dos materiais, destacando que a relação

entre textura do solo, massa específica aparente, umidade e resistência são de natureza muito

complexa. Por esta razão as normas ou procedimentos nem sempre podem ser aplicados a

todos os casos.

Ainda segundo Holtz & Kovacs (1981), citado por Cardoso (1995), a compactação

melhora as propriedades de engenharia dos subleitos, resultando nas seguintes vantagens:

redução de recalques indesejáveis, aumento da resistência do solo, aumento da capacidade de

suporte dos subleitos; melhor controle de variações indesejáveis de volume, como expansão e

retração e redução da erodibilidade.

Page 78: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

58

O engenheiro de pavimentação tem que levar em conta todos estes fatores e ter

consciência de que o processo de compactação busca, em primeiro plano, a melhoria das

propriedades de engenharia dos solos e não somente atingir a um determinado grau de

compactação ou umidade pré-estabelecida.

As principais técnicas de compactação são a dinâmica, a estática ou semi-estática e a

vibração. Nesta pesquisa realizou-se inicialmente a compactação dinâmica pela metodologia

MCT do solo natural de modo a se definir as curvas de compactação equivalentes aos ensaios

Proctor Normal e Intermediário. Com bases nessas curvas de compactação definiram-se as

energias semi-estáticas (em prensa à deformação controlada) necessárias para atingir as

condições ótimas das duas energias. Obteve-se respectivamente 5,60 kN/m2 (900 divisões) e

9,40 kN/m2 (1500 divisões) no anel dinamométrico de 10 kN, como energias semi-estáticas

equivalentes ao Proctor Normal e Intermediário. Estas energias foram então utilizadas na

compactação dos corpos-de-prova submetidos aos diferentes ensaios. Cabe destacar que a

opção pela metodologia semi-estática se deu por geralmente se aproximar mais das condições

de compactação de campo do que a compactação dinâmica. Outra vantagem é a sua melhor

repetibilidade (Camapum de Carvalho et al., 1985).

Vargas (1978) comenta que ao compactar um solo de forma correta está se buscando

uma estabilidade que não varie com o tempo, sob quaisquer condições climáticas. Um

controle de compactação eficaz é necessário para que se garanta a densidade, a resistência e a

estabilidade esperadas.

O procedimento de ensaio em laboratório nas misturas consistiu em: destorroamento e

passagem do solo na peneira de diâmetro 2 mm (nº 10); adição da quantidade cal, cimento e

emulsão ou areia, conforme a percentagem especificada; homogeneização da mistura a seco;

adição de água até atingir a umidade desejada; homogeneização da mistura úmida e passagem

na peneira de 2 mm ou 4 mm; compactação dos corpos-de-prova por processo estático.

Neste trabalho foram utilizadas misturas de amostras provenientes das profundidades

de 0,5 m a 2,5 m das jazidas 2, 3 e 5. O solo natural e as misturas foram compactados semi

estaticamente numa prensa de CBR, em camada única de aproximadamente 5 cm de diâmetro

e altura e nas energias equivalentes à normal e à intermediária. Para a confecção de cada

corpo-de-prova foram usados 190 g de solo úmido.A Figura 3.11 ilustra o processo de

compactação utilizado nesta pesquisa.

Page 79: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

59

Figura 3.11 - Compactação estática utilizada na pesquisa.

3.7.2 ÍNDICE DE SUPORTE CALIFÓRNIA (ISC) OU CBR

O Departamento de Estradas de Rodagem da Califórnia estabeleceu este ensaio para

avaliar a resistência dos solos. No ensaio original é medida a resistência à penetração de uma

amostra saturada compactada segundo a energia especificada (Normal, Intermediária ou

Modificada). O valor da resistência à penetração é computado em percentagem e tendo como

padrão de referência à penetração em uma amostra de brita graduada de elevada qualidade.

As etapas do ensaio convencional são: compactação, imersão em água, medida da

expansão e da resistência à penetração após 96 horas.

Nesta pesquisa foi executado o ensaio de Mini-CBR do solo não saturado, com o

objetivo de determinar a resistência do solo natural e das misturas.

O ensaio de capacidade de Suporte Mini-CBR foi desenvolvido na Iowa State

University, sendo que o valor obtido foi chamado de IBV (Iowa Bearing Value). Caracteriza-

se por utilizar pistão de penetração (16 mm de diâmetro interno) e corpos de prova de

dimensões reduzidas (50 mm de diâmetro interno) e altura de aproximadamente 120 mm.

Nogami efetuou adaptações no método de ensaio de Iowa a fim de poder correlacionar

seus resultados com o CBR obtido segundo a norma do DNER, NBR 9895.

Verificou-se mais tarde que o ensaio Mini-CBR permitia uma grande flexibilidade nas

variáveis que influenciam o valor do suporte. Sendo possível determinar a capacidade de

suporte com e sem imersão em água, com vários tipos de sobrecarga, com vários teores de

umidades e energia de compactação, com nível de água na ocasião da penetração. Com essas

variações foi possível caracterizar melhor as peculiaridades dos solos tropicais, sem, contudo,

aumentar proibitivamente a quantidade de amostras necessárias, o esforço físico para a

execução dos ensaios e o seu custo.

Page 80: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

60

Os ensaios de expansão, contração e Mini-CBR geram resultados que possibilitam o

dimensionamento de pavimentos e a escolha de solos para reforço do subleito, sub-bases,

bases e acostamentos. O Mini-CBR pode ser realizado com ou sem imersão e sobrecarga.

O ensaio Mini-CBR com imersão e sobrecarga (CBRic) é realizado para se estudar o

comportamento de solos do subleito ou solos para a execução de aterros.

O ensaio Mini-CBR sem imersão e sobrecarga (CBRsic) é realizado para se estudar o

comportamento de solos para bases de pavimentos econômicos (camadas pouco espessa de

revestimento). Estudos de acompanhamento de medição do teor de umidade de bases em

serviços por vários anos revelam que a condição não imersa é a mais representativa (Fortes,

1991). Para a região Amazônica tal consideração requer, no entanto constatação.

O procedimento adotado no ensaio de expansão é similar ao tradicional, no entanto, o

tempo de imersão em água dos corpos de prova é menor (20 horas). As leituras no

extensômetro do anel dinamométrico correspondem às seguintes penetrações: 0,25 mm, 0,50

mm, 0,75 mm, 1,00 mm, 1,25 mm, 1,50 mm, 2,00 mm, 2,50 mm, 3,00 mm, 3,50 mm, 4,00

mm, 4,50 mm, 5,00 mm.

Nesta pesquisa o ensaio de capacidade de suporte foi executado sem imersão e sem

sobrecarga, sendo realizado logo após a medida da sucção nos corpos-de-prova. Os corpos-

de-prova eram colocados em molde bipartidos de PVC, Figura 3.12 (a) e presos com

braçadeiras e apertados com o equipamento mostrado na Figura 3.12 (b).

Figura 3.12 - (a) Execução de CBR; (b) ferramentas utilizadas na montagem do CP;

(c) CP após o ensaio.

(b)

(c) (a)

Page 81: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

61

3.7.3 SUCÇÃO

A Sucção de um solo é um dos componentes mais importantes para o conhecimento de

seu comportamento não saturado. Basicamente, a sucção dos solos é a energia correspondente

a sua capacidade de reter água. Quando a água livre migra para dentro de um solo, ela será

retida ou absorvida por ele. Para desprender esta água adsorvida, é necessária a aplicação de

energia externa superior as forças retenção do solo. Segundo Lee e Wray (1995), citado por

Villar et al. (2001), a sucção é definida como a energia aplicada por unidade de volume de

água para desprendê-la. Em geral quanto mais seco é o solo, maior a sucção. Ainda, segundo

estes autores existem dois níveis distintos em que a sucção poderia ser medida. O primeiro

envolve a medição da poropressão, chamada de sucção mátrica, e o segundo, a tensão

necessária para remover uma molécula de água do solo dentro da fase de vapor, chamada de

sucção total. A sucção total corresponde à soma das sucções mátrica e osmótica.

Nesta pesquisa utilizou-se a Técnica do Papel Filtro (papel filtro Whatman nº 42), que

segue o seguinte princípio: “um material poroso, quando colocado em contato com uma

amostra de solo, dentro de algum tempo, entrará em equilíbrio hidráulico” (Lima, 2003). Os

dois se encontram com a mesma sucção. Para a determinação da sucção, tomou-se por base o

trabalho de Marinho (1995), usando-se o papel Whatman nº 42, que é um papel especial com

espessura considerável e pequeno tamanho dos poros.

No ensaio de sucção foram utilizados corpos-de-prova compactados estaticamente nas

energias Normal e Intermediária variando-se a saturação dos corpos-de-prova logo após a

compactação dos mesmos.

O papel filtro permite medir a sucção mátrica, quando há contato direto com a amostra

ou a sucção total quando não há contato entre papel e amostra. Nesta pesquisa determinou-se

somente a sucção mátrica.

Em cada corpo-de-prova foram colocados três papéis filtros. O conjunto é embrulhado

com filme de PVC, lacrado com fita crepe e colocado dentro de uma caixa de isopor com

tampa. A caixa com os corpos-de-prova foi deixada por um período de mais ou menos 15 dias

dentro de uma câmara úmida em condições estáveis de temperatura.

Após o período de equilíbrio energético-hídrico, retiraram-se os papéis superior e

médio com uma pinça e fez-se à pesagem dos mesmos, numa balança com precisão de

0,0001g. A seguir levaram-se os papéis à estufa, regulada a temperaturas de 105º a 110ºC por

um período de 3 horas, para o cômputo do peso seco.

Page 82: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

62

Calculada a umidade do papel filtro e utilizando-se a curva de calibração do papel

Whatman nº 42, encontrada na literatura, determina-se à sucção do papel filtro que se supõe

ser a mesma do solo.Seguindo as recomendações de Marinho (1995) utilizou-se a curva de

calibração obtida por Chandler et al. (1992) por ser resultante de mais pesquisas, entretanto,

existe também a curva proposta pela ASTM(1992).

As duas metodologias adotam as seguintes recomendações:

Chandler et al. (1992) recomendada por Marinho (1995):

Para umidade do papel filtro (w) > 47%:

(6,05 2,48 log )( ) 10 wSucção kPa −= (3.11)

Para umidade do papel filtro (w) ≤ 47%:

(4,84 0,0622 )( ) 10 wSucção kPa −= (3.12)

ASTM D5298-92 (Marinho, 1995):

Para umidade do papel filtro (w) > 54%:

(2,412 0,0135 )( ) 10 wSucção kPa −= (3.13)

Para umidade do papel filtro (w) ≤ 54%:

(5,327 0,0779 )( ) 10 wSucção kPa −= (3.14)

3.7.4 DESAGREGAÇÃO

O ensaio de desagregação adotado está descrito em Santos (1997). A execução do

ensaio consiste na colocação da amostra dentro de uma bandeja com água e observar as

reações ao processo de imersão. Os corpos-de-prova foram compactados no molde cilíndrico

de 5,05 cm de diâmetro interno. Uns corpos de prova foram submetidos à imersão completa,

logo no início do ensaio e outros foram inundados por etapas. O ensaio inundado por etapas

teve início com o nível de água na altura da base do corpo-de-prova e permanecendo nesta

posição por 30 minutos. A seguir, o nível de água foi progressivamente elevado para 1/3, 2/3

e 3/3 da altura do corpo de prova, em intervalos de 15 minutos em cada etapa. A duração do

ensaio foi de 24 horas e, durante este período de tempo, observou-se o que ocorreu com as

amostras. As Figuras 3.13 (a) e 3.13 (b) apresentam as amostras submetidas ao ensaio de

desagregação.

Santos (1997) cita Holmgren & Flanagan (1977), que após a realização de uma série

de ensaios de desagregação em amostras remoldadas classificam os tipos de reação à

inundação em:

Page 83: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

63

Figura 3.13 - Ensaios de Desagregação. (a) imersão total e (b) imersão por etapas.

sem resposta: quando a amostra mantém sua forma e dimensões originais;

abatimento (slumping): quando a amostra se desintegra formando uma pilha de material

desestruturado. Os mecanismos primários que causam a desintegração são a hidratação e a

desaeração que atuam gerando pressões positivas que desagregam o solo;

fraturamento: quando a mostra se quebra em fragmentos mantendo as forma original das

faces externas. O principal mecanismo atribuído a este processo é a expansão osmótica.

Quando a concentração de íons dentro da fase sólida é maior do que a da solução ambiente, a

água tende a se mover para dentro do solo a fim de reduzir esta concentração, causando então

o processo de expansão e o conseqüente fraturamento;

dispersão: as paredes da amostra se tornam difusas com o surgimento de uma “nuvem”

coloidal que cresce à medida que a amostra se dissolve. Segundo os autores, o processo de

dispersão ocorre quando as pressões de expansão são grandes o suficiente para causar a

separação entre as partículas individuais. A principal condição para a ocorrência do fenômeno

é a presença de sódio no sistema. Porém outros fatores podem influenciar tais como: a

concentração de sais, o pH do solo e a umidade/sucção inicial.

3.7.5 PERDA DE MASSA POR IMERSÃO

Este método de ensaio está especificado pelo DNER-ME 256/94. Ele faz parte do

grupo de ensaios da metodologia MCT. O resultado do ensaio é aplicado na Classificação

MCT de solo e na avaliação da erodibilidade de solos em presença da lâmina d’água.

O procedimento de ensaio consiste em extrair do molde 10mm do solo compactado, e

em seguida, imergir em água na posição horizontal, por um período de 24 horas, conforme

(a) (b)

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64

mostrado na Figura 3.14. Recolhe-se a parte eventualmente desprendida e calcula-se sua

massa seca. A perda de massa por imersão é expressa em percentagem relativamente à massa

seca da parte saliente do corpo de prova.

Figura 3.14 - Ensaio de Perda de Massa por Imersão.

3.7.6 PESO ESPECÍFICO APARENTE SECO

A determinação do peso específico dos corpos-de-prova foi feita de duas formas: pelas

medidas diretas de altura e diâmetro após a compactação, e usando-se o método da balança

hidrostática normalizado pela ABNT (NBR-6508), após a realização dos ensaios de CBR e

Penetrômetro Dinâmico de Cone Adaptado, conforme se vê na Figura 3.15.

Após o ensaio da balança hidrostática determinou-se a umidade do solo pelo método

da estufa.

Figura 3.15 - Corpos-de-prova para ensaio de Massa Especifica pela balança hidrostática.

Page 85: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

65

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESUTADOS

4.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo serão apresentados e analisados os resultados dos ensaios de

caracterização física, química, mineralógica e estrutural e de comportamento mecânico do

solo natural e nas misturas. Será desenvolvida uma análise dos dados obtidos de forma

individual, em seguida, de modo global e finalmente, será analisada a correlação existente

entre os resultados de caracterização e comportamento mecânico.

4.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA

É necessário o conhecimento das características e das propriedades geotécnicas

convencionais dos materiais empregados na construção de pavimentos rodoviários de modo a

classificá-los quanto ao seu potencial de uso. Com esta finalidade foram realizados ensaios de

umidade natural, granulometria, limites de Atterberg, ensaios da Metodologia MCT expedita

e massa específica dos grãos.

4.2.1 UMIDADE NATURAL

Na Figura 4.1, mostra-se que a umidade natural é relativamente alta e sofre, em grande

parte dos furos de coleta, pouca variação ao longo do perfil de profundidade. Essa tendência é

devida à cobertura vegetal, à pluviosidade elevada da região, a proximidade dos córregos

d’água perenes e à pequena espessura do manto analisado.

Destaca-se, no entanto, que para uma mesma jazida e profundidade, as variações de

umidade chegam a ultrapassar até 30%. Este é um aspecto importante do ponto de vista

prático, pois se por um lado implica em maior dificuldade em homogeneizar a umidade de

compactação, por outro tais diferenças podem estar refletindo alterações do solo.

4.2.2 UMIDADE HIGROSCÓPICA A Figura 4.2 mostra a umidade higroscópica ao longo de um período de 72 horas de

observação obtidas para as jazidas. As amostras utilizadas foram obtidas da mistura e

homogeneização dos solos provenientes de todos os furos para a profundidade de 1,0 a 1,5 m.

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66

0,5

1

1,5

2

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17 21 25 29

wnat(%)

prof

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(m)

0,5

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17 21 25 29 33

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wnat (%)pr

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prof

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17 21 25 29 33

wnat(%)

prof

undi

dade

(m) furo 1 furo 2

furo 3 furo 4

(a) J-1 (b) J-2

(c) J-3 (d) J-4

(e) J-5Legenda

Figura 4.1 - Variação de wnat com a profundidade.

Page 87: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

67

Observando a forma do gráfico, nota-se que a umidade varia ao longo do dia refletindo

as alterações ambientais, no entanto, elas mantêm uma certa constância de valores de umidade

de pico e média com o período analisado. Este comportamento é influenciado pela a

temperatura, a umidade relativa e a capacidade de retenção de água ou sucção do solo.

Analisando-se os picos de máximo ou de mínimo das amostras com secagem prévia a

exceção é do solo da jazida 4, que requer 24h, todas as demais precisaram de pelo menos 48h

para estabilização da umidade. Acredita-se que seja do ponto de vista prático muito

importante, pois nos procedimentos de laboratório é comum a secagem da amostra e seu

destorroamento antes de se realizar os ensaios. Embora o ensaio realizado (secagem em

estufa) tenha submetido o solo a condições mais severas que as de preparação de amostra

(secagem ambiente), tal comportamento pode refletir em desvios de resultados de ensaios de

limites de Atterberg e da própria umidade ótima de compactação, fenômenos estes também

favorecidos pela presença de matéria orgânica. Observa-se ainda, que a menor umidade

higroscópica obtida foi para a jazida 4, enquanto para as demais, não ocorreram grandes

variações entre elas ao se considerar, por exemplo os valores médios ou os de picos de

mínimo ou de máximo.

4.2.3 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

Foram realizados ensaios sem e com ultra-som sobre amostras obtidas da mistura e

homogeneização dos solos oriundos do conjunto de furos de sondagem 1, 2 e 3 de cada jazida.

Comparando-se os resultados das frações granulométricas resultantes dos ensaios sem e com

ultra-som, nos gráficos da Figura 4.3, percebe-se que o ultra-som gera uma redução

expressiva da fração areia em todas as amostras observadas, enquanto os teores de argila e

silte são aumentados. O menor acréscimo na fração silte foi verificado para a jazida 4, que é a

mais arenosa e também, com a menor umidade higroscópica. Estes resultados refletem o

estado de agregação do solo, a análise química, como será vista no item 4.4, mostra que o pH

que caracteriza os solos estudados é ácido e, portanto, favorável às reações de floculação e

agregação. Os valores de ∆pH sendo negativos apontam para solos pouco intemperizados e,

portanto, provavelmente poucos cimentados por óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio.

Os perfis granulométricos apresentados na Figura 4.3 mostram que as amostras

caracterizadas com o uso do ultra-som tendem a ser silto-arenosas, enquanto sem o uso do

ultra-som elas tendem a ser areno-siltosas. Segundo Lima (1999), a característica mais siltosa

do solo resultante do ensaio sem ultra-som é atribuída à presença de microagregações.

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0

1

2

3

4

5

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0 20 40 60 80Tempo (horas)

wig

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a(%

)

0

1

2

3

4

5

6

0 20 40 60 80Tempo (horas)

wig

rosc

ópic

a(%

)

0

1

2

3

4

5

6

0 20 40 60 80

Tempo (horas)

wig

rosc

ópic

a(%

)

amostra seca em estufa

amostra sem secagem em estufa

(a) J-1 (b) J-2

(c) J-3 (d) J-4

(e) J-5

Figura 4.2 - Umidade higroscópica.

Page 89: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

69

0,5

1

1,5

2

2,5

0 15 30 45 60 75fração granulométrica(%)

prof

undi

dade

(m)

0,5

1

1,5

2

2,5

0 15 30 45 60 75fração granulométrica(%)

prof

undi

dade

(m)

0,5

1

1,5

2

2,5

0 15 30 45 60 75fração granulométrica(%)

prof

undi

dade

(m)

0,5

1

1,5

2

2,5

0 15 30 45 60 75fração granulométrica(%)

prof

undi

dade

(m)

0,5

1

1,5

2

2,5

0 15 30 45 60 75fração granulométrica(%)

prof

undi

dade

(m)

areia C.U.

silte C.U.

argila C.U.

areia S.U.

silte S.U.

argila S.U.

(a) J-1 (b) J-2

(c) J-3 (d) J-4

(e) J-5

Legenda

Figura 4.3 - Perfil granulométrico do solo das jazidas com e sem ultra-som.

Page 90: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

70

4.2.4 LIMITES DE ATTERBERG

A Figura 4.4 apresenta o Limite de Liquidez e o Índice de Plasticidade obtido para o

Furo 4 de todas as jazidas e também para a mistura de solos de furos diferentes na mesma

profundidade. A Tabela 4.1 apresenta a síntese dos limites de Atterberg obtidos para as

misturas solo-cal das jazidas 2, 3 e 5 com teores variando de 0 a 6% de cal em peso seco de

solo de amostras resultantes da mistura de solos das profundidades de 0,5 a 2,5.

A Figura 4.4 mostra para os pontos ligados, um perfil de profundidade. Para os solos

das Jazidas 1, 4 e 5, o limite de liquidez (wL) e índice de plasticidade (IP) estão variando numa

larga escala de valores com a profundidade, já para os solos das demais jazidas, a variação

embora importante é menor. Agora observando os pontos dispersos na mesma figura,

percebe-se que numa mesma profundidade há uma grande dispersão de valores de wL e IP. O

que do ponto de vista prático é importante, pois reflete a heterogeneidade do material.

Os resultados da Tabela 4.1 são extremamente importantes, pois podem estar refletindo

não só as trocas catiônicas, como também a alteração estrutural do solo, ou seja, o solo ao ser

misturado à cal (jazidas 2 e 3) passariam por um processo de defloculação à 2% e 4% de cal,

respectivamente, voltando a seguir com 6% a se flocular e/ou agregar. Este comportamento

não aparece para a jazida 5 ou pelo fenômeno não ocorrer ou por ele ocorrer com menor teor

de cal. Estes resultados podem refletir diretamente a variação de comportamento no campo

afetando aspectos ou parâmetros como a trabalhabilidade, a umidade de compactação e o peso

específico. Entende-se que mais importante que a dificuldade operacional seria definir

critérios de aceitação da mistura para a compactação ou compactada, pois se o teor de cal é

gerador dos fenômenos de agregação/desagregação ele interfere diretamente na

trabalhabilidade e compactibilidade da mistura e, portanto, no comportamento. Isto do ponto

de vista puramente físico, há que se verificar ainda as reações químicas estabilizadoras.

Como existe uma boa correlação entre wL e a umidade de moldagem das pastilhas da

metodologia MCT expedita (Figura 4.5), talvez o adequado seria realizar o ensaio para a

amostra total do solo fino no campo, e então se definir trecho a trecho da rodovia ou camada

por camada de jazida o teor ideal de cal a ser utilizado e a seguir compactar a mistura na fase

de desagregação ou agregação.

Page 91: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

71

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

5 15 25 35 45

wL e IP(%)

prof

undi

dade

(m)0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

0 10 20 30 40

wL e IP(%)

prof

undi

dade

(m)

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

15 30 45 60 75

wL e IP(%)

prof

undi

dade

(m)

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

5 15 25 35 45 55 65 75

wL e IP(%)pr

ofun

dida

de(m

) 0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

5 15 25 35 45 55

wL e IP(%)

prof

undi

dade

(m)

IP - furo 4 IP

wL- furo 4 wL

(a) J-1 (a) J-2

(c) J-3 (d) J-4

(e) J-5 Figura 4.4 - Limites de Liquidez(wL) e Indice de Plasticidade.

Page 92: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

72

0,5

1

1,5

2

2,5

20 30 40 50 60 70umidade(%)

prof

undi

dade

(m) 0,5

1

1,5

2

2,5

22 32 42 52 62

umidade(%)

prof

undi

dade

(m)

0,5

1

1,5

2

2,5

20 30 40 50umidade(%)

prof

undi

dade

(m)

0,5

1

1,5

2

2,5

30 40 50 60 70umidade(%)

prof

undi

dade

(m)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

18 28 38 48umidade(%)

prof

undi

dad(

m)

wnat - furo 4 mold.- furo 4

wL- furo 4 mold.- furo 1

mold.- furo 2 mold.- furo 3

(e) J-5

(e) J-3 (e) J-4

(a) J-1 (b) J-2

Figura 4.5 - Limites de Liquidez(wL), umidade de moldagem das pastilhas e umidade natural.

Page 93: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

73

Tabela 4.1 - Limites de Atterberg para o solo natural e para as misturas solo-cal.

JAZIDAS Teor de

cal(%) wL(%) wP(%) IP(%)

0 40,3 24,7 15,6

2% 45,9 28 17,9

3% 29 19,6 9,4

4% 27,9 20,5 7,4

2

6% 40,5 31,7 8,8

0 29,7 20,6 9,1

2% 35,4 25 10,4

3% 34,7 23,4 11,3

4% 50,2 30,4 19,8

3

6% 35,4 24,5 10,9

0 61 31,8 29,1

2% 45,5 27,8 17,7

3% 44,4 24,3 20,1

4% 46,1 28,4 17,7

5

6% 37,5 27,3 10,2

4.2.5 MASSA ESPECÍFICA DOS GRÃOS

A análise da massa específica dos sólidos é importante por refletir possíveis variações

mineralógicas no perfil de solo. Os resultados dos ensaios de massa específica dos grãos

obtidos estão apresentados na Figura 4.6. Observa-se que houve uma variação ao longo do

perfil com a profundidade. Embora a quantidade de matéria orgânica e a intensidade do

intemperismo afetem os valores de ρs, a variabilidade obtida para este parâmetro não permite

tirar qualquer conclusão a respeito da sua variação com a profundidade.

4.2.6 ENSAIO MCT EXPEDITO

Os ensaios de caracterização MCT expedito foram realizados para todas as jazidas e

furos de coleta. Os resultados dos ensaios (a contração, a penetração, a resistência, a imersão e

a desagregação em água) estão apresentados nas Tabelas 4.2 a 4.4.

Page 94: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

74

0,5

1

1,5

2

2,5

2570 2610 2650 2690ρs(kg/m3)pr

ofun

dida

de(m

)

0,5

1

1,5

2

2,5

2620 2660 2700 2740 2780ρs(kg/m3)

prof

undi

dade

(m)

0,5

1

1,5

2

2,5

2640 2680 2720 2760ρs(kg/m3)

prof

undi

dade

(m)

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

2660 2680 2700 2720 2740

ρs(kg/m3)pr

ofud

idad

e(m

)

Furo 4 outros furos

(a) J-1 (b) J-2

(c) J-3 (d) J-4

(e) J-5

Legenda

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

2680 2720 2760 2800ρs(kg/m3)

pofu

ndid

ade(

m)

Figura 4.6 - Massa específica dos grãos.

Page 95: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

75

Tabela 4.2 - Resultados dos ensaios da classificação MCT expedita – Jazida 2

Jazida 2

profundidade (m)

wmold(%)

c (mm)

P (mm) R desagregação

(após 2 horas) tabsorção

(min) Grupo MCT

0,5 - 1,0 42,2 1,5 0,0 2 desag. total 21 LA-LA´ 1,0 - 1,5 45,96 1,5 0,0 3 não desag. 40 LA-LA´ 1,5 - 2,0 57,9 1,0 0,9 3 não desag. 145 LA

Furo 1

2,0 - 2,5 39,79 2,0 4,0 2 não desag. 125 NS´/NA´ 0,5 - 1,0 39,5 2,0 3,3 3 desag. parcial 14 NA´/NS´ 1,0 - 1,5 46,2 1,2 0,0 2 desag. parcial 20 LA 1,5 - 2,0 39,3 1,2 2,3 3 não desag. 10 LA

Furo 2

2,0 - 2,5 54,8 2,1 0,0 3 desag. parcial 18 LA-LA´ 0,5 - 1,0 39,80 1,1 0 2 desag. parcial 16 LA´ 1,0 - 1,5 43,11 1,2 4 2 desag. parcial 12 NA/NS´ 1,5 - 2,0 48,49 1,1 2,67 1 desag. total 10 LA

Furo 3

2,0 - 2,5 33,21 1,7 3,3 1 desag. total 10 NA´-NS´ 0,5 - 1,0 37,75 1,5 1,0 3 desag. parcial 16 LA-LA´ 1,0 - 1,5 32,09 1,0 2,3 3 desag. parcial 4 LA 1,5 - 2,0 33,9 1,1 0,7 3 desag. parcial 14 LA

Furo 4

2,0 - 2,5 38,15 1,5 0,7 2 desag. parcial 15 LA-LA´

Tabela 4.3 - Resultados dos ensaios da classificação MCT expedita – Jazida 3

Jazida 3

profundidade (m)

wmold.(%)

c (mm)

P (mm) R desagregação

(após 2 horas) tabsorção

(min) Grupo MCT

0,5 - 1,0 32,63 1,4 2,0 3 não desag. 17 LA-LA´ 1,0 - 1,5 28,98 1,0 3,0 1 desag. total 14 LA 1,5 - 2,0 30,63 1,1 3,0 3 desag. parcial 25 LA

Furo 1

2,0 - 2,5 31,19 1,0 2,8 3 desag. parcial 20 LA 0,5 - 1,0 44,4 2,5 0,0 3 desag. parcial 40 LA´ 1,0 - 1,5 39,0 1,7 5,0 2 desag. parcial 9 NS´/NA 1,5 - 2,0 35,4 1,2 1,7 2 desag. total 15 LA

Furo 2

2,0 - 2,5 42,6 1,3 0,8 2 desag. total 4 LA´ 0,5 - 1,0 43,87 1,8 1,17 2 desag. parcial 10 NA/NS´ 1,0 - 1,5 48,83 2,2 0 2 desag. parcial 26 NA/NS´ 1,5 - 2,0 48,26 2,2 0 3 desag. parcial 25 NA/NS´

Furo 3

2,0 - 2,5 43,78 2,0 2,0 3 desag. parcial 20 LA 0,5 - 1,0 31,47 1,1 4,67 1 desag. total 3 NA/NS´ 1,0 - 1,5 27,59 1,0 4,67 1 desag. total 2 NA/NS´ 1,5 - 2,0 27,79 0,1 4,33 1 desag. total 2 NA/NS´

Furo 4

2,0 - 2,5 29,52 1,1 3,0 2 desag. total 15 LA

Page 96: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

76

Tabela 4.4 - Resultados dos ensaios da classificação MCT expedita – Jazida 5

Jazida 5

Profundidade (m)

wmold.(%)

c (mm)

P (mm) R desagregação

(após 2 horas) tabsorção

(min) Grupo MCT

0,5 - 1,0 50,05 2,1 0 3 não desag. 39 LA-LA´ 1,0 - 1,5 56,93 2,7 0 3 não desag. 10 LA´ 1,5 - 2,0 50,3 2,1 1 3 não desag. 120 LA-LA´

Furo 1

2,0 - 2,5 50,53 2,1 0 3 desag. parcial 19 LA-LA´ 0,5 - 1,0 42,3 1,1 0,0 3 desag. parcial 30 NA´/NS´ 1,0 - 1,5 34,7 1,7 0,0 3 não desag. 12 LA-LA´ 1,5 - 2,0 38,6 1,5 0,0 3 não desag. 25 LA-LA´

Furo 2

2,0 - 2,5 42,0 1,4 0,9 3 desag. parcial 26 LA-LA´ 0,5 - 1,0 37,83 1,1 0 3 não desag. 30 LA 1,0 - 1,5 44,33 1,1 1,5 3 desag. parcial 102 LA 1,5 - 2,0 53,36 2,1 0 3 não desag. 45 LA-LA´

Furo 3

2,0 - 2,5 61,16 2,2 0 3 desag. parcial 59 LA-LA´ 0,5 - 1,0 45,84 2,4 0 3 não desag. 20 LA´ 1,0 - 1,5 52,07 3,0 0 3 desag. parcial 21 LA´ 1,5 - 2,0 52,87 2,7 0 3 desag. parcial 27 LA´

Furo 4

2,0 - 2,5 51,51 2,0 0 3 desag. parcial 17 LA-LA´

Analisando as Tabelas 4.2 a 4.4 percebe-se que a umidade de moldagem das pastilhas

e bolinhas é alta. Para os solos de comportamento laterítico, variando entre 35% e 50% e

menor para os de comportamento não lateríticos. A contração geralmente é maior e a

penetração menor nos solos de comportamento laterítico, já os de comportamento não

lateríticos apresentam pequena contração e alta penetração. Quanto à desagregação, seja

parcial ou total, ela ocorreu tanto nos solos de comportamento laterítico como nos não

laterítico. Os solos lateríticos ou não lateríticos, areias ou arenosos, embora possuindo uma

resistência a seco alta, desagregam facilmente em presença da água. A reabsorção das

pastilhas por capilaridade ocorreu num intervalo de tempo relativamente pequeno. Observa-se

que demorou um pouquinho mais nos solos da jazida 5, que em todas as amostras ensaiadas

apresentaram comportamento mais laterítico.

Os resultados da caracterização expedita trazem informações práticas de grande

relevância, a saber:

A contração maior e a penetração menor nos solos lateríticos indicam que eventuais

retrações nesses solos não seriam retomadas quando da absorção por água, ou seja, do ponto

de vista prático a cura por secagem, conforme preconizada por Nogami e Villibor (1983),

seria benéfica, pois indica que o solo tenderia a não expandir no umedecimento. Cabe

Page 97: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

77

destacar que ao se correlacionar a umidade de moldagem com a penetração se verifica uma

tendência geral, principalmente para as jazidas 1 e 3, independentemente do solo ser laterítico

ou não, de redução da penetração com o aumento da umidade de moldagem. Como existe uma

boa equivalência entre a umidade de moldagem e o limite de liquidez, isso mostra que os

solos mais argilosos ao retraírem, não retomam o seu volume inicial quando da reabsorção.

Tais resultados corroboram com a proposta de cura de Nogami e Villibor (1983).

A desagregação verificada para os solos estudados mostra que caso as camadas da

estrutura do pavimento construídas com esses solos não sejam confinadas, sofrerão erosão de

bordo e contribuirão para a deterioração da via. A drenagem superficial eficiente se torna

também fundamental nestes solos.

A rapidez na absorção de água indica a variabilidade de umidade e, portanto, de

sucção no solo, devendo o comportamento não saturado ser levado em conta com muita

cautela.

4.2.7 CLASSIFICAÇÕES, ÍNDICE DE ATIVIDADE DE SKEMPTON E

CORRELAÇÕES GRANULOMÉTRICAS.

As classificações geotécnicas, os coeficientes de atividades de Skempton, os

agregados totais e teores de agregação e a relação silte/argila encontrado para o furo 4 estão

apresentadas nas Tabelas 4.5 a 4.9. Os índices de atividades de Skempton foram determinados

considerando-se o teor de argila nas análises granulométricas sem (S.U.) e com (C.U.) uso do

ultra-som, já para a relação silte/argila considerou-se os resultados da análise com ultra-som,

ou seja, a argila total.

Observando os tipos de solos segundo as classificações, infere-se que pela MCT

expedita os solos servem para execução de reforço do subleito e subleito compactado com

restrições, pela HRB o comportamento do solo como subleito ou estrutura de pavimento é

considerado de regular a mau e pelo SUCS as qualidades como aterro, subleito e base são

conceituados, respectivamente, como de estabilidade regular, regular a ruim e não adequado.

Já na classificação quanto à atividade coloidal, segundo Skempton (1953), os solos das

jazidas 1, 2, 3, 4 e 5 quando analisados considerando a fração argila determinada com ultra-

som caracterizam solos de atividade normal. Com isso conclui-se pelos diferentes sistemas de

classificação, que os solos tal qual se encontram não são recomendados para estruturas de

pavimento.

Page 98: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

78

Tabela 4.5 - Caracterização da Jazida 1.

Prof. (m)

MCT expedita SUCS HRB Ia

(S.U.) Ia

(C.U.) Agregados Totais (%)

Teor de Agregação(%)

Silte/Argila (C.U.)

1,0 LA - LA´ ML A-7-6 2,7 0,9 13 66 4 1,5 LA - LA´ ML A-7-6 3,6 1,0 18 72 2 2,0 LA - LA´ MH A-7-5 4,0 1,1 15 71 3 2,5 NA`- NS´ MH A-7-5 5,9 1,8 13 70 3

Tabela 4.6 - Caracterização da Jazida 2.

prof. (m)

MCT expedita SUCS HRB Ia

(S.U.) Ia

(C.U.) Agregados Totais(%)

Teor de Agregação(%)

Silte/argila (C.U.)

1,0 LA-LA´ CL A-7-6 3,5 0,9 15 74 3 1,5 LA CL A-6 2,0 0,8 11 61 3 2,0 LA ML A-6 1,7 0,4 18 75 2 2,5 LA-LA´ CL A-6 1,4 0,5 12 61 3

Tabela 4.7 - Caracterização da Jazida 3.

prof. (m)

MCT expedita SUCS HRB Ia

(S.U.) Ia

(C.U.) Agregados Totais(%)

Teor de Agregação(%)

Silte/ Argila (C.U.)

1,0 LA-LA´ CL A-6 2,4 1,0 8 59 3 1,5 LA-LA´ CL A-7-6 1,1 0,6 6 52 4 2,0 LA CL A-6 0,8 0,3 7 60 4 2,5 LA CL A-6 3,0 0,9 11 71 4

Tabela 4.8 - Caracterização da Jazida 4.

prof. (m)

MCT expedita SUCS HRB Ia

(S.U.) Ia

(C.U.) Agregados Totais(%)

Teor de Agregação(%)

Silte/Argila (C.U.)

1,0 NS´/NA´ CL A-6 1,9 0,6 8 67 4 1,5 NA´/NS´ CL A-6 2,4 0,6 14 75 3 2,0 NS´/NA´ CL A-6 2,6 0,7 13 72 3 2,5 NA´/NS´ CL A-7-6 1,9 1,1 6 43 4

Tabela 4.9 - Caracterização da Jazida 5.

prof. (m)

MCT expedita SUCS HRB Ia

(S.U.) Ia

(C.U.) Agregados Totais(%)

Teor de Agregação(%)

Silte/Argila (C.U.)

1,0 LA-LA´ MH A-7-5 5,6 1,2 14 78 3 1,5 LA-LA´ MH A-7-5 9,3 2,2 12 76 4 2,0 LA-LA´ MH A-7-5 7,4 1,4 15 82 3 2,5 LA-LA´ MH A-7-5 8,2 1,6 16 80 3

Destaca-se ainda que ao se tentar correlacionar as classificações obtidas com os

diferentes índices, as melhores relações resultantes foram para o sistema de classificação

Page 99: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

79

TRB. Ao se relacionar, por exemplo, o Ia (S.U.) com o Ia (C.U.) se verifica uma clara

separação dos solos do grupo A-6 daqueles do grupo A-7-5 e A-7-6, sendo que solos do grupo

A-7-5 se distanciam claramente dos demais. Portanto a classificação HRB parece uma boa

opção.

Já na classificação quanto à atividade coloidal, segundo Skempton (1953), os solos das

jazidas 1, 2, 3, 4 e 5 quando analisados considerando a fração argila determinada com ultra-

som caracterizam solos de atividade normal. Com isso conclui-se pelos diferentes sistemas de

classificação, que os solos tal qual se encontram não são recomendados para estruturas de

pavimento. Destaca-se ainda que ao se tentar correlacionar as classificações obtidas com os

diferentes índices, as melhores relações resultantes foram para o sistema de classificação

TRB. Ao se relacionar, por exemplo, o Ia (S.U.) com o Ia (C.U.) se verifica uma clara

separação dos solos do grupo A-6 daqueles do grupo A-7-5 e A-7-6, sendo que solos do grupo

A-7-5 se distanciam claramente dos demais. Portanto a classificação HRB parece uma boa

opção.

Segundo Costa (1973), a relação silte/argila é um bom indicativo do grau de

intemperismo dos materiais originais de solos bem drenados e permite também avaliar a

movimentação de argila no perfil. Sendo que segundo este autor, valores ≥ 15 definem solos

pouco evoluídos (solos novos), enquanto que valores < 15 caracterizam solos antigos e

intemperizados. Ao se analisar esta razão com relação ao teor de agregados e agregados totais,

parâmetros que também estão relacionados ao grau de intemperização do solo, percebe-se que

estão correlacionados para os solos da região de Urucu.

Em relação ao teor de agregação, todas as jazidas apresentaram valores elevados,

indicando que uma grande parte da fração argila encontra-se floculada/agregada. Quanto aos

agregados totais, os menores valores observados foram para as jazidas 3 e 4, que

apresentaram respectivamente, quantidade elevada de areia e silte, quando analisadas com e

sem ultra-som. É importante destacar que o elevado teor de matéria orgânica dos solos

regionais pode ser responsável, pelo menos, por parte da agregação presente nos solos.

4.3 CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA

Foram ensaiadas lâminas com amostras totais preparadas pelo método do pó para um

perfil completo (Furo 4), para as misturas solo-cal e solo-cimento nos teores de 3% e 6%,

ambos para os solos da jazida 5. Ensaiou-se ainda para as misturas de solos (todas as

Page 100: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

80

profundidades) das jazidas 1, 2, 3, 4, e 5. As Figuras 4.7 a 4.10 apresentam os difratogramas

obtidos para as lâminas totais. Verifica-se em todas as jazidas a presença de quartzo, illita e

caulinita. Na Jazida 5, além dos minerais citados, também aparece a goethita. O pico do

quartzo é o mais intenso em todas as jazidas, confirmando os resultados de granulometria que

mostraram a presença de grande quantidade de areia, a seguir aparecem os picos da illita e

caulinita, que também estão presentes em todas as jazidas, sendo em intensidades

equivalentes.

Na Figura 4.8 estão apresentados os difratogramas das misturas solo-cal e solo-

cimento. Verifica-se que ao adicionar cal ao solo surgiram dois novos elementos, o carbonato

de cálcio e o gypsum. Este último é um sulfato muito comum na natureza, que pode formar

interestratrificações com calcários (Suguio, 1998). Já na mistura solo-cimento, com o teor de

3% de cimento, aparece o carbonato de cálcio e com o teor de 6%, formam-se o silicato

tricálcico e o gipsita. Segundo Pitta (1999), os silicatos por serem substâncias que contém

óxidos, têm efeito significativo no arranjo atômico, forma dos cristais e propriedades

hidráulicas.

Para correlacionar as propriedades físicas e químicas dos solos e avaliar o potencial de

estabilização, a partir dos difratogramas foram calculadas as intensidades dos picos de cada

material presente no solo natural e nas misturas. Os valores das intensidades de picos dos

minerais mais importantes estão apresentados na Tabela 4.10

Tabela 4.10 - Intensidade dos picos dos principais minerais.

LÂMINA TOTAL Jazidas quartzo illita caulinita goethita

1 8000 1000 750 0 2 7700 900 1000 0 3 5100 1000 1000 0 4 8125 750 750 0 5 8000 1062 875 812

LÂMINA TOTAL Jazida 5 Furo 4 quartzo illita caulinita goethita

0,5 a 1,0 8000 1000 750 750 1,0 a 1,5 6000 600 800 800 1,5 a 2,0 7300 1000 900 900 2,0 a 2,5 6400 1000 800 700

Observando os dados da Tabela 4.10, verifica-se que em todas as jazidas há presença

dos argilominerais illita e caulinita. Sabe-se que a illita possui capacidade de troca catiônica

Page 101: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

81

(entre 10 a 40 meE/100g), sendo possível trocar os cátions Al3+, Mg2+ e Fe3+nas camadas

octaédricas, e ainda a substituíção do Si4+ pelo Al3+,que gerando uma valência livre pode ser

ocupada pelo íon K+. Deste modo, ao se incorporar a cal ao solo, este íon é removido e

substituído pelo Ca2+ ocasionando uma valência livre que pode agregar novas estruturas.

Quanto aos solos que contém caulinita, a tendência em melhorar as características físicas é

pouca, pois devido a baixa capacidade de troca catiônica, não possuem íons trocáveis nas

extremidades das camadas ou entre elas e além do mais, já possuem carga interior equilibrada.

Desta forma, as possibilidades de transformações químicas ficam restritas a ligações

quebradas nos bordos das folhas, expondo os íons Si2+ e Al3+ com valências a equilibrar.

As Tabelas 4.11 e 4.12 apresentam os picos de intensidades dos minerais existentes ou

formados nas misturas solo-cal e solo-cimento.

Tabela 4.11 - Intensidade dos picos dos principais minerais

Solo- cimento: LÂMINA TOTAL Teor de cimento(%) quartzo illita caulinita goethita calcite silicato

de cálcio gypsum

0 8000 1062 875 812 0 0 0 3 5200 700 700 0 600 0 0 6 4700 1000 800 800 0 500 800

Tabela 4.12 - Intensidade dos picos dos principais minerais.

Solo- cal: LÂMINA TOTAL Teor de cal(%) Quartzo illita caulinita goethita calcite gypsum

0 8000 1062 875 812 0 0 3 5600 900 900 850 1100 850 6 5800 800 750 600 500 600

Na Tabela 4.11, verifica-se que na mistura solo-cimento, o pico de quartzo diminuiu

com o aumento do teor de cimento e para a mistura com teor de 6% de cimento apareceu o

silicato de cálcio. Nas misturas solo-cal (Tabela 4.12), os picos de quartzo e illita diminuíram

com o acréscimo do teor de cal. De acordo com Guimarães et al,.(1996), dependendo das

condições físico-quimicas do local, a cal pode atacar quimicamente argilas a até o próprio

quartzo, resultando silicatos e aluminatos hidratados, isto é a ação pozolânica da cal.

Page 102: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

82

Figura 4.7 - Difratrogramas do perfil de profundidade - Furo 4.

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83

Figura 4.8 - Difratrogramas das Jazidas 1, 2, 3, e 4.

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84

Figura 4.9 - Difratrogramas das misturas solo-cal e solo-cimento.

Page 105: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

85

Figura 4.10 - Difratograma – Jazida 5.

Page 106: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

86

4.4 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA

Os resultados de caracterização química do solo natural para um perfil completo de cada

jazida estão apresentados nas Tabelas 4.13 e 4.14.

Tabela 4.13 - Propriedades químicas de um perfil completo de solo natural das jazida 1, 2 e 3. Jazida 1 - furo 4: solo natural

Prof. pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O. (m) H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%)

0,5 - 1,0 4,4 3,7 -0,7 14,7 14,1 4 93 10,8 1,0 - 1,50 4,6 3,6 -1 15,79 15,2 4 94 8,1 1,50 - 2,0 4,6 3,7 -0,9 14,68 14,1 4 92 8,9 2,0 - 2,50 4,7 3,7 -1 13,64 13,1 4 93 7,6

Jazida 2 - furo 4: solo natural Prof. pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O. (m) H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%)

0,5 - 1,0 4,6 3,7 -0,9 8,97 8,4 6 88 6,5 1,0 - 1,50 4,8 3,8 -1 6,87 6,2 10 87 6,9 1,50 - 2,0 4,7 3,7 -1 10,98 10,5 4 92 8,4 2,0 - 2,50 4,7 3,7 -1 9,59 9 6 91 6,4

Jazida 3 - furo 4: solo natural Prof. pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O. (m) H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%)

0,5 - 1,0 4,9 3,8 -1,1 13,79 5,4 13 83 6,9 1,0 - 1,50 4,9 4 -0,9 11,73 4 16 79 10,1 1,50 - 2,0 4,8 3,9 -0,9 14,63 4 14 78 8,1 2,0 - 2,50 4,6 3,7 -0,9 14,76 9 5 91 7,7

Tabela 4.14 - Propriedades químicas de um perfil completo de solo natural das jazida 4 e 5.

Jazida 4 - furo 4: solo natural Prof. pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O. (m) H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%)

0,5 - 1,0 4,7 3,7 -1 7,75 7,2 7 88 9,1 1,0 - 1,50 4,7 3,7 -1 6,75 6,2 8 88 8,1 1,50 - 2,0 4,6 3,7 -0,9 7,17 6,7 7 90 6,9 2,0 - 2,50 4,6 3,8 -0,8 7,66 7,2 6 91 6,2

Jazida 5 - furo 4: solo natural Prof. pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O. (m) H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%)

0,5 - 1,0 4,5 3,6 -0,9 13,79 13,1 5 92 10,0 1,0 - 1,50 4,7 3,7 -1 11,73 11,3 4 94 9,6 1,50 - 2,0 4,8 3,8 -1 14,63 14,1 4 93 10,8 2,0 – 2,50 4,9 3,7 -1,2 14,76 14,1 4 93 10,3

Page 107: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

87

Os valores da CTC mostrados nas Tabelas 4.13 e 4.14 são relativamente baixos e

compatíveis com a mineralogia do solo. Já o teor de matéria orgânica é elevado, podendo de

acordo com Costa (1973) ser classificado como medianamente alto (5 a 7) e alto (7 a 15). Em

função da saturação de bases (%V), a EMBRAPA classifica os solos: %V < 50 (baixa

saturação); %V ≥ 50 (alta saturação). Então, observando-se os valores das saturações de bases

classifica-se os solos como de baixa saturação (%V < 50), indicando que são intemperizados.

Os valores de pH, medidos em água destilada (1:2.5) e em solução de KCl 1N (1:1),

variaram respectivamente nos intervalos de 4,4 a 4,9 e 3,6 a 3,9, caracterizando solos ácidos.

Segundo Raij et al., (1987), citado por Lima (2003), solos com pH < 4 indicam presença de

ácidos livres.

A diferença de pH (∆pH = pHKCl - pHH2O) sendo negativa para todas as jazidas e

profundidades indica que predominam nos solos as argilas silicatadas (o que concorda com a

análise mineralógica) e que a quantidade de alumínio trocável é elevada. Rezende (2004), cita

Gu (1988) que comprovou que solos que contém alumínio geram comportamento mecânico

melhor quando estabilizados com cal, ferro e alumínio.

A Tabela 4.15 apresenta as propriedades químicas obtidas para as misturas solo-cal

das jazidas 2, 3 e 5. Cabe lembrar que os solos utilizados correspondem às misturas obtidas

para cada jazida.

Dos dados da Tabela 4.15 observa-se que ao adicionar cal ao solo, ocorre aumento de

pH tornando-o alcalino, a quantidade de bases trocáveis aumenta (principalmente em cálcio),

aumenta a CTC e ocorre redução expressiva da quantidade de hidrogênio e alumínio livre,

sendo que o teor de alumínio tornou-se nulo. Para as amostras das Jazidas 2 e 3 a CTC atinge

valor máximo para 3% e 4% de cal respectivamente. A amostra da jazida 5 não atingiu

valores de pico de CTC mas o seu aumento reduz-se bastante a partir de 4% de cal.

Observando os valores da saturação de bases (%V) percebe-se que são elevados, indicando

que as misturas solo-cal estão com alta saturação, portanto, com grande quantidade de bases

solúveis e menor quantidade de hidrogênio adsorvido pelos colóides do solo. E também

indicando que o processo de acidificação natural é rápido, de maneira que para a região de

estudo tornam-se favoráveis às reações pozolânicas devido ao clima quente e úmido e, ainda,

que as misturas serão poucos intemperizadas. Em geral, não houve redução da quantidade de

matéria orgânica, indicando que a cal não reagiu com ela.

Page 108: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

88

Tabela 4.15 Propriedades químicas da mistura solo-cal para as jazidas 2, 3 e 5. Jazida 2: solo – cal

% de pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O. cal H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%) o 4,7 3,5 -1,2 11,6 10,5 5 91 6,9 2 9,7 8,8 -0,9 19,87 8,6 57 0 10,5 3 11,5 10,8 -0,7 24,33 10,7 56 0 6,5 4 12 11,8 -0,2 21,44 11,3 47 0 6,9 6 11,4 10,5 -0,9 17,87 9,4 47 0 9,5

Jazida 3: solo - cal % de pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O. cal H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%) 0 4,8 3,7 -1,1 8,95 8,4 6 89 7,1 2 11,3 11,2 -0,1 22,27 1,1 67 0 11,9 3 11,7 11,5 -0,2 31,95 1,3 74 0 7,9 4 12,1 12,0 -0,1 36,1 1,4 75 0 9,8 6 12,6 12,3 -0,3 34,73 1,6 73 0 9,5

Jazida 5: solo - cal % de pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O. cal H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%) 0 4,7 3,7 -1 13,73 13,15 4,2 93 10,17 2 10,5 10 -0,5 19,44 9,3 52 0 6,9 3 11,6 11,3 -0,3 23,99 10,5 56 0 7,1 4 12,3 12,1 -0,2 40,71 11,7 71 0 7,2 6 12,8 12,7 -0,1 45,95 12,4 73 0 6,7

A Tabela 4.16 apresenta os resultados de análise química das misturas solo-emulsão,

solo-cimento, solo-emulsão-cal e solo-emulsão-cimento para o solo da jazida 5.

Verifica-se na Tabela 4.16 que ao se incorporar emulsão ao solo, se afeta muito pouco

as propriedades químicas. Ocorreu apenas uma pequena diminuição na CTC e na acidez total,

o pH sofreu ligeira redução e a quantidade de matéria orgânica praticamente não variou. A

saturação de bases sofreu ligeiro aumento e a saturação de alumínio elevou-se bruscamente.

Quando se adicionou cimento ao solo, também aconteceu um aumento de pH do meio

tornando-o alcalino, porém com valores pouco inferiores aos obtidos com os mesmos teores

de cal, ocorreu ainda aumento da CTC, aumento na saturação de bases, diminuição dos íons

Al3+ e H+ trocáveis (redução a zero), acréscimo na matéria orgânica e decréscimo da acidez

total, não sendo possível explicar. Ao se acrescentar 3% de cal ou de cimento ao solo

contendo 2% de emulsão, o pH, a CTC, a saturação de bases (%V) e a matéria orgânica

Page 109: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

89

elevaram-se, porém, a acidez total e a saturação por alumínio (%Al) diminuíram. Estes

resultados obtidos são muito similares aos encontrados com as misturas solo-cal e solo-

cimento, mostrando que a emulsão não reage ou afeta as reações químicas do solo com cal e

cimento. Então, a incorporação de cal ou cimento proporciona o aumento da saturação de

bases e o consumo total dos íons Al3+ e H+ trocáveis, gerando modificações gradativas do pH

de ácido para alcalino.

Tabela 4.16 - Propriedades químicas das mistura solo-emulsão, solo-cimento e solo-emulsão-cal /e ou cimento para a jazida 5.

Jazida 5: solo-emulsão

% de pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O. Emulsão H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%)

0 4,7 3,7 -1 13,73 13,15 4,2 93 10,17 1 4,8 3,8 -1 11,57 10,5 9 80 8,4 2 4,8 3,7 -1,1 12,26 11,3 8 83 8,4 3 4,1 3,7 -0,4 12,17 11,3 7 84 8,1

Jazida 5: solo -cimento % de pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O.

cimento H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%) 0 4,7 3,7 -1 13,73 13,15 4,2 93 10,17 3 11,2 10,9 -0,3 24,94 0,82 97 0 9,6 6 11,7 11,2 -0,5 31,36 0,78 98 0 11,9

Jazida 5: solo-emulsão-cal e solo-emulsão-cimento 2% de pH ∆pH C.T.C. Acidez Total V Al M.O.

emulsão H2O KCl (mE/100ml) (mE/100ml) (%) (%) (%) 3% cal 11,7 11,4 -0,3 16,06 0,81 95 0 13,1

3% cimento 11,1 10,9 -0,2 24,57 0,83 97 0 15,5 4.5 CARACTERIZAÇÃO MICRO-ESTRUTURAL

A análise microestrutural foi realizada a partir do microscópio eletrônico de varredura

(MEV) tendo sido as amostra metalizadas com o uso de carbono. As análises foram feitas

apenas sobre o solo da jazida 5 compactado estaticamente nas condições de umidade ótima e

peso específico aparente seco máximo. A opção por analisar esta jazida deveu-se ao fato de

ter sido ela a mais estudada quanto à estabilização química.

Page 110: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

90

A Figura 4.11 mostra que o solo natural compactado apresenta formas agregadas de tamanho

variável sendo as mesmas em grande parte desfeitas e formando uma massa mais uniforme no

processo de compactação. Os elementos agregados apresentam arestas e são disformes.

Figura 4.11 - MEV do solo natural.

Ao se adicionar 2% de cal (Figura 4.12) observa-se uma maior porosidade na mistura

compactada com presença de agregados bem definidos e mais uniformes. Aparentemente a cal

estaria em um primeiro instante proporcionando a desagregação do solo para agrega-lo em

seguida na forma de elementos menores e mais arredondados. Com 6% de cal (Figura 4.13)

observa-se o aumento da porosidade e do fenômeno de agregação.

A adição de 2% de emulsão ao solo proporcionou o aparecimento de macroposidade

mais uniforme formando agregações de maior dimensão (Figura 4.14). No entanto, ao se

adicionar tanto 3% de cal (Figura 4.15) como 3% de cimento (Figura 4.16) o solo tende a se

aproximar das estruturas observadas para o solo com cal e com cimento diminuindo a

influência da emulsão.

Page 111: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

91

Figura 4.12 - MEV do solo estabilizado com 2% de cal.

Figura 4.13 - MEV do solo estabilizado com 6% de cal.

Page 112: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

92

Figura 4.14 - MEV do solo estabilizado com 2% de emulsão.

Figura 4.15 - MEV do solo estabilizado com 2% de emulsão mais 3% de cal.

Page 113: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

93

Figura 4.16 - MEV do solo estabilizado com 2% de emulsão mais 3% de cimento.

4.6 COMPORTAMENTO MECÂNICO

4.6.1 COMPACTAÇÃO

Sabendo-se que os solos tropicais são quase sempre sensíveis a processo de secagem

(Camapum et al., 1985). Levando-se em consideração o fato de que os estudos de laboratório

são realizados sobre amostras destorroadas, pré-secas em condições ambientes, e que no

campo o solo é utilizado no estado natural, quando muito submetido a pequenas variações de

umidades, decidiu-se estudar a influência da pré-secagem na forma da curva de compactação.

Os ensaios foram realizados com reuso da amostra, utilizando-se a energia da compactação

dinâmica tipo Proctor intermediária.

A Figura 4.17 mostra para as jazidas 1, 2, 3 e 5, que ao se comparar as curvas de

compactação do solo com pré-secagem com as obtidas para o solo seco ou umedecido em

relação à umidade natural, a pré-secagem resultou em valores de umidade ótima e peso

específico aparente seco. Nas jazidas 2 e 5 ocorreu ainda, o deslocamento da linha ótima para

a direita quando da pré-secagem.

Page 114: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

94

13,5

14,5

15,5

16,5

17,5

18,5

12 15 18 21 24 27 30w (%)

γd (k

N/m

3)compactação com secagem:J-1compactação natural:J-1

14,5

15,5

16,5

17,5

18,5

6 9 12 15 18 21 24 27w(%)

γd(k

N/m

3)

compactação com secagem:J-2compactação natural:J-2

13,5

14,5

15,5

16,5

17,5

18,5

6 9 12 15 18 21 24 27 30 33w(%)

γd(k

N/m

3)

compactação com secagem:J-3compactação natural:J-3

12

13

14

15

16

17

12 15 18 21 24 27 30w(%)

gd(k

N/m

3)

Compactação com secagem:J-5compactação natural:J-5

(a) J-1 (b) J-2

(c) J-3 (d) J-4 Figura 4.17 - Curvas de compactação dinâmica com pré-secagem (natural) e com secagem.

A Figura 4.18 mostra ainda que apenas o solo da jazida 5, que contém goethita,

apresenta sem secagem valores distintos em menor peso específico aparente seco, embora as

umidades ótimas também variaram entre elas.

Page 115: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

95

Estes resultados do ponto de vista prático são bastante importante, pois mostram que

se adotadas como referência curva de compactação obtida por pré-secagem o solo não é

compactado nas condições ideais de umidade e peso específico aparente seco.

12

13

14

15

16

17

18

19

6 9 12 15 18 21 24 27 30w(%)

d(kN

/m3)

compactação com secagem:J-1 compactação natural:J-1compactação com secagem:J-2 compactação natural:J-2compactação com secagem:J-3 compactação natural:J-3Compactação com secagem:J-5 compactação natural:J-5

Figura 4.18 - Curvas de compactação dinâmica das jazidas 1, 2, 3 e 5.

Os gráficos da Figura 4.19 são exemplos de curvas de compactação obtidas pelos

processos de compactação dinâmico e estático para efeito de comparação. Percebe-se que há

uma boa correspondência entre as formas das curvas de compactação e valores para a

umidade ótima e densidade seca máxima são bastante semelhantes. Cabe lembrar que a

energia de compactação estática foi definida compactando-se o solo na umidade ótima e peso

específico máximo da curva de compactação dinâmica e a partir dessa energia compactou-se

os demais pontos estaticamente. Portanto, com base na semelhança entre as curvas de

compactação estima-se que os solos estudados não sofram influência do tipo de compactação,

pelo menos para os dois modos analisados.

Page 116: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

96

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

15 18 21 24 27w(%)

d(kN

/m3)

15,5

16,0

16,5

17,0

17,5

18,0

12 15 18 21 24w(%)

d(kN

/m3)

compactação dinâmica compactação estática

(a) (b)

Figura 4.19 - Curvas de compactação dinâmica e estática, nas energias (a) Normal e (b)

Intermediária obtidas para a jazida 2 e 5, respectivamente.

Os gráficos das Figuras 4.20 a 4.23 mostram as curvas de compactação para o solo natural e

para as diversas misturas.

15,5

16,0

16,5

17,0

17,5

12 15 18 21 24w(%)

d(kN

/m3)

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

17,0

12 15 18 21 24w(%)

γd(k

N/m

3)

solo natural solo-cal 3% solo-cal 6%

(a) (b) Figuras 4. 20 - Curvas de compactação nas energias (a) Normal e (b) Intermediária - jazida 2.

Page 117: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

97

15,5

16,0

16,5

17,0

17,5

13 16 19 22 25w(%)

γd(k

N/m

3)

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

17,0

17,5

13 16 19 22 25w(%)

γd(k

N/m

3)

(a) (b)

solo natural solo-cal 3% solo-cal 6%

Figura 4.21 - Curvas de compactação nas energias (a) Normal e (b) Intermediária - jazida 3.

A compactação da mistura solo-cal, segundo a literatura (Guimarães, 1971) produz em

geral, pela atuação da cal na textura do solo, umidade ótima e peso específico aparente seco

menor que os do solo natural. Observando as Figuras 4.20a, 4.20b, 4.21a, 4.21b e 4.22a,

verifica-se que tal comportamento não pode ser generalizado. Para a jazida 2 observa-se uma

redução da umidade ótima. No entanto para 3% de cal o peso específico aparente seco

máximo foi maior do que o do solo natural e para 6% eles se aproximaram. Já para a jazida 3,

tanto para 3% de cal como para 6%, apesar do menor valor verificado para 6%, os valores de

peso específico aparente seco máximo foram maiores que os obtidos para o solo natural e

mantendo-se a linha ótima. Para o solo da jazida 5 ocorreu o previsto na literatura, ou seja, a

incorporação da cal gerou a redução do peso específico aparente seco máximo em relação aos

valores obtidos para o solo natural, sem que no entanto, a umidade ótima sofresse grandes

alterações. Observando as mesmas figuras percebe-se que houve uma diminuição do peso

específico aparente seco máximo com o aumento do teor de cal.

A Figura 4.22b mostra para o solo da jazida 5 que o aumento na quantidade de

cimento acarretou uma diminuição do peso específico aparente seco e um pequeno

deslocamento da linha ótima para a esquerda. Para os teores de cal e cimento adotados o peso

específico dos grãos ponderado considerando-se o solo e o aditivo químico é pouco afetado.

Sendo assim, o deslocamento da linha ótima para a esquerda, em ambos os casos, se deve

provavelmente à oclusão dos poros e geração prematura de pressão neutra positiva. Para o

Page 118: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

98

caso do cimento, a manutenção da linha ótima para 3% e 6% indica que a distribuição de

poros de um teor se manteve e no outro ocorrendo no entanto, uma maior dificuldade de

compactação do solo com 6% de cimento. A redução do peso específico aparente seco

máximo concorda com a microestrutura mais porosa verificada para essas misturas no MEV.

15

16

17

18

12 15 18 21 24w(%)

d(kN

/m3)

14,5

15,5

16,5

17,5

18,5

9 12 15 18 21w(%)

γd(k

N/m

3)

solo natural 70%s+30%af80%s+20%af 90%s+10%afsolo natural

solo natural 70%s+30%ag80%s+20%ag 90%s+10%ag

15

16

17

18

12 15 18 21 24 27 30

w(%)

γd(k

N/m

3)

14,5

15,5

16,5

17,5

10 15 20 25 30w(%)

γd(k

N/m

3)

solo natural solo-cimento 3%solo-cim. 6%

solo natural solo-cal 3%solo-cal 6%

(a) (b)

(c) (d) Figura 4.22 - Curvas de compactação na energia Intermediária - jazida 5.

Page 119: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

99

15,00

16,00

17,00

18,00

10 13 16 19 22 25w(%)

γd(k

N/m

3)

15,0

15,5

16,0

16,5

17,0

17,5

12 15 18 21 24 27w(%)

γd(k

N/m

3)

15,0

15,5

16,0

16,5

17,0

17,5

12 15 18 21 24 27w(%)

γd(k

N/m

3)

(c) (d)

(a) (b)

solo natural solo-emulsão 2%solo-cal 6% solo-cimento 6%

solo natural solo-emulsão 2%

solo-cal 3% solo-cimento 3%

solo naturalsolo-emulsão 2%solo+2%em.+3%calsolo+2%em.+3%cim.

solo naturalsolo-emulsão 2%solo+2%em.+6%calsolo+2%em.+6%cim.

14,50

15,50

16,50

17,50

12 15 18 21 24 27 30w(%)

γd(k

N/m

3)

Figura 4.23 - Curvas de compactação na energia Intermediária - jazida 5.

Page 120: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

100

Nas Figuras 4.22c e 4.22d verifica-se que na mistura solo-areia fina e solo-areia grossa

ocorreram acréscimos de peso específico aparente seco máximo à medida que se aumentou a

proporção de areia, sendo este aumento mais expressivo na mistura solo-areia grossa. Cabe

destacar, no entanto, que o maior ganho para a areia grossa ocorreu apenas para os 10%

iniciais passando a ganhos semelhantes nos intervalos dos demais teores. Quanto à umidade

ótima das misturas, verifica-se que ela diminuiu em relação à do solo natural tendendo, no

entanto a manter-se na linha ótima.

As Figuras 4.23a e 4.23b mostram que o peso específico aparente seco máximo das

misturas com cal, cimento e emulsão diminuiu em relação ao do solo natural, sendo mais

nítido este efeito no solo-cal. Quanto à umidade ótima, somente não aumentou no solo-

cimento 3% (diminuiu) e no solo-cal 6% (permaneceu constante).

Observando-se as Figuras 4.23c e 4.23d, verifica-se que os teores 3% e 6% de cal e

cimento quando misturados ao solo com 2% de emulsão resultaram em peso específico

aparente seco máximo menores que o do solo natural. Comparando-se as curvas das misturas

de solo-emulsão com cal e com cimento às do solo-emulsão percebe-se que com os teores de

3% e 6% de cimento ocorreram respectivamente, acréscimo e decréscimo do peso específico

aparente seco em relação ao solo-emulsão, e com a cal observa-se somente diminuição

independentemente do teor adicionado. Destaca-se, no entanto, que enquanto o peso

específico aparente seco máximo diminuiu ao passar de 3% para 6% de cimento, com a cal ele

é mantido nos dois teores. Cabe lembrar que sem a presença da emulsão o aumento do teor de

cal tende a reduzir o valor deste índice (Figuras 4.23a e 4.23b). Quanto à umidade ótima

observa-se que ela diminuiu em relação a do solo emulsão nos teores de 3% e 6% de cimento

e 6% de cal e manteve-se semelhante no teor de 3% de cal.

Das Figuras 4.21, 4.22 e 4.23 pode-se inferir que o peso específico aparente seco

máximo do solo natural é maior que os das misturas solo-emulsão, solo-cal e solo-cimento, o

que concorda com as análises micro-estruturais. Ao se comparar as Figuras 4.23a e 4.23b com

as Figuras 4.23c e 4.23d verifica-se que a presença da emulsão proporciona a redução no peso

específico aparente seco máximo apenas da mistura com 3% de cimento gerando aumento nos

demais casos. Já a umidade ótima só não é mantida para 6% de cimento caso em que ela se

reduz. Portanto, embora a emulsão não tenda a contribuir para a melhoria da trabalhabilidade

em termos de redução do teor de umidade, ela tende a proporcionar ganho de peso específico.

Um outro aspecto a ser considerado é o relativo a sua aparente interferência na microestrutura.

Page 121: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

101

Embora as análises químicas se fundamentem em um único experimento para cada

amostra, sendo então passíveis de erro devido à própria variabilidade do solo, entretanto

algumas observações relevantes podem ser feitas.

Quando da adição de cal ou cimento ao solo o ∆pH diminui se aproximando de zero e o

pH e a CTC aumentam. Destas observações apenas a primeira não é bastante difundida.

Quando da adição de emulsão, as propriedades químicas do solo são pouco afetadas

registrando-se pequena redução de pH e aumento de CTC. No entanto, quando além da

emulsão se adiciona cal ou cimento observa-se uma redução importante da acidez total e da

CTC. Para todas as misturas contendo cal ou cimento o teor de alumínio é totalmente

consumido nas reações químicas. As análises químicas corroboram com os resultados de

compactação e análises micro-estruturais. Assim por exemplo, a redução do pH no solo-

emulsão contribui para a sua maior agregação proporcionando a redução do peso específico

aparente seco máximo e a formação de uma estrutura caracterizada pela presença de

macroporos bem distribuídos. A redução da CTC e da acidez total quando da presença da

emulsão no solo estabilizado com cal e cimento minimiza o efeito destes aditivos

proporcionando resultados de compactação e microestrutura intermediários.

4.6.2 CBR

As Figuras 4.24 a 4.33 apresentam as correlações entre os resultados de CBR e a

umidade (w), a saturação (Sr), a sucção mátrica (pF) e a relação sucção mátrica/índice de

vazios (pF/e) para o solo natural e para as misturas estabilizadas das jazidas 2, 3 e 5. Os

resultados apresentados nestas figuras foram obtidos compactando-se entre 10 a 15 amostras

em umidade e peso específico predefinidos para cada jazida e condição de estabilização.

Procurou-se, salvo em casos específicos, realizar esta compactação a mais próxima possível

da condição ótima. Após a compactação as amostras eram submetidas à secagem ou

umedecimento até atingir a umidade desejada sendo em seguida armazenada em câmara

úmida por 14 dias para determinação da sucção pela técnica do papel filtro. Em seguida

determinava-se o CBR, o peso específico pelo método da parafina e o teor de umidade final

de cada corpo de prova.

As Figuras 4.24 (a, b, c e d) e 4.25(a e b) mostram para a jazida 2, que o aumento de

CBR com o teor de cal em análises convencionais, em função de parâmetros como o teor de

umidade, grau de saturação e sucção só se sobressaiu para 6% de cal, e mesmo neste caso,

com maior ênfase apenas para teores de umidade maiores que 20%. O comportamento dos

Page 122: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

102

solos depende, no entanto, da sucção e da porosidade, embora a sucção dependa também da

porosidade e do teor de umidade. Interferem ainda no comportamento as forças de contato,

estas ligadas à porosidade. Sendo assim, a análise do comportamento mecânico levando-se em

conta a sucção e o índice de vazios torna-se relevante. As Figuras 4.25c e 4.25d obtidas

plotando-se o CBR versos a relação pF/e, mostram com maior clareza que o CBR aumenta

com o teor de cal. Estas figuras mostram que na prática se um solo for compactado a um

determinado peso específico aparente seco seu CBR aumentará com o teor de cal para uma

mesma sucção, ou seja, a cal age aumentando a capacidade de suporte do solo e ainda que o

aumento da sucção promove um acréscimo de CBR para os teores analisados. Fixado o CBR

desejado pode-se então buscar o par de valore “pF” e “e” exeqüíveis no campo, sendo ainda

possível avaliar se na umidade de equilíbrio esta condição seria mantida ou qual seria a perda.

15

25

35

45

55

65

75

85

95

0 5 10 15 20w(%)

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25

w(%)

CB

R(%

)

15

25

35

45

55

65

75

85

95

0 20 40 60 80 100Sr(%)

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100Sr(%)

CB

R(%

)

(a) (b)

(c) (d)

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3% solo-cal 4% solo-cal 6%

Figura 4.24 - CBR x w e CBR x Sr das misturas solo-cal nas energias Normal (a) e (c) e

Intermediária (b) e (d) - jazida 2.

Page 123: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

103

0

20

40

60

80

100

4 6 8 10 12pF/e

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

3 5 7 9 11 13

pF/e

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

1 3 5 7pF

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

3 5 7pF

CB

R(%

)

(c) (d)

(a) (b)

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3% solo-cal 4% solo-cal 6%

Figura 4.25 - CBR x pF e CBR x pF/e das misturas solo-cal nas energias Normal (a) e (c) e

Intermediária (b) e (d)– jazida 2.

As Figuras 4.26(a, b, c e d) e 4.27(a e b) obtidas para os resultados dos ensaios

realizados sobre a amostra proveniente da jazida 3, confirmam as análises feitas para a jazida

2. Ficando evidenciado, no entanto, que para esta jazida a influência da cal nos resultados de

CBR (Figuras 4.27c e 4.27d) só fica melhor evidenciado a partir de 4% de cal.

Page 124: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

104

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25

w(%)

CBR

(%)

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100Sr(%)

CBR

(%)

(a) (b)

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25

w(%)

CBR

(%)

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100

Sr(%)

CBR

(%)

(c) (d)

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3% solo-cal 4% solo-cal 6%

Figura 4.26 - CBR x w e CBR x Sr das misturas solo-cal nas energias Normal (a) e (c) e

Intermediária (b) e (d)– jazida 3.

Page 125: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

105

0

20

40

60

80

100

2 3 4 5 6pF

CBR

(%)

0

20

40

60

80

100

3 5 7 9 11pF/e

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6pF

CBR

(%)

0

20

40

60

80

100

3 8 13pF/e

CBR

(%)

(a) (b)

(c) (d)

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3% solo-cal 4% solo-cal 6%

Figura 4.27 - CBR x pF e CBR x pF/e das misturas solo-cal nas energias Normal (a) e (c) e

Intermediária (b) e (d)– jazida 3.

Page 126: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

106

A Figura 4.28 obtida para a jazida 5 compactada estaticamente na energia

correspondente ao Proctor Intermediário, mostra que se os resultados forem analisados

simplesmente em função da umidade, do grau de saturação ou da sucção não se verifica

qualquer melhoria do solo com a adição de cal. O gráfico do CBR versus grau de saturação

chega a mostrar o contrário, ou seja, a redução do CBR com a adição de cal. No entanto, a

análise em termos de pF/e mostra que ocorre no solo da jazida 5 uma melhoria significativa

da capacidade de suporte com a adição de cal, inclusive ordenando o ganho em função do

aumento do teor de cal.

0

20

40

60

80

100

3 5 7 9 11 13

pF/e

CBR

(%)

0

20

40

60

80

100

2 3 4 5 6

pF

CBR

(%)

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100

Sr(%)

CBR

(%)

(c) (d)

(a) (b)

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25

w(%)

CB

R(%

)

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3% solo-cal 4% solo-cal 6%

Figura 4.28 - (a) CBR x w, (b) CBR x Sr, (c) CBR x pF e (d) CBR x pF/e das misturas solo-

cal na energia Intermediária - jazida 5.

Page 127: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

107

O gráfico CBR versus grau de saturação mostra a redução do CBR com o aumento do

teor de emulsão. Camapum de Carvalho et al. (2000a) mostra, no entanto, que no caso de

solos estabilizados com emulsão esta deve ser considerada como fluido e não como sólido.

Neste caso ao se incorporar à emulsão no teor de umidade (Figura 4.29a) e no cálculo do grau

de saturação (Figura 4.22b), se verifica que em função da umidade e do grau de saturação

ocorre uma aproximação dos resultados obtidos para o solo estabilizado em relação ao solo

natural, o que contribui para mostrar a importância da análise em termos de pF/e.

A Figura 4.30 mostra para o solo-emulsão um comportamento que se aproxima do

verificado para o solo-cal só sendo destacado ganho, embora menor, no gráfico CBR versus

pF/e. Já no gráfico CBR versus sucção fica clara a redução da capacidade de suporte com o

pF ao acrescentar emulsão. Esta constatação pode ser regionalmente importante, pois

minimiza o efeito da sucção no comportamento do solo aditivado com emulsão

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25 30

w(%)

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100Sr(%)

CB

R(%

)

(a) (b)

solo natural 1% emulsão2% emulsão 3% emulsão

Figura 4.29 - (a) CBR x w, (b) CBR x Sr, das misturas solo-emulsão para a jazida 5.

Page 128: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

108

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100Sr(%)

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25w(%)

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

3 6 9 12

pF/e

CB

R

0

20

40

60

80

100

2 3 4 5 6pF

CB

R

(a) (b)

(d)(c)

solo natural solo-emulsäo 1%

solo-emulsäo 2% solo-emulsäo 3%

Figura 4.30 - (a) CBR x w, (b) CBR x Sr, (c) CBR x pF e (d) CBR x pF/e das misturas solo-

emulsão na energia Intermediária - jazida 5.

Os resultados mostrados nas Figuras 4.31 e 4.32 têm grande importância prática, pois

mostra que para os teores de areia incorporados ao solo não ocorre qualquer ganho ou perda

de resistência em função da umidade, do grau de saturação, da sucção ou de pF/e uma vez

Page 129: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

109

mantidos estes parâmetros. Sendo assim apenas as variações de peso específico para uma

mesma energia poderão provocar alteração na resistência. A Figura 4.33 mostra que as

estabilizações granulométricas, apesar de resultar num maior peso específico aparente seco

não aumentam o valor da capacidade de suporte de solo.

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100

Sr(%)

CBR

(%)

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20

w(%)

CBR(

%)

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25

w(%)

CBR

(%)

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100

Sr(%)

CB

R(%

)

solo natural S70+AF30S80+AF20 S90+AF10

(d)(c)

(b)(a)

solo natural S70+AG30S80+AG20 S90+AG10

Figura 4.31 - CBR x w e CBR x Sr das misturas solo-areia na energia Intermediária - jazida 5.

Page 130: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

110

0

20

40

60

80

100

4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

pF

CBR

(%)

0

20

40

60

80

100

4,0 4,5 5,0 5,5

pFCB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

6 8 10 12

pF/e

CBR

(%)

solo natural S70+AF30S80+AF20 S90+AF10

solo natural S70+AG30S80+AG20 S90+AG10

0

20

40

60

80

100

4 6 8 10 12 14

pF/e

CB

R

(a) (b)

(c) (d)

Figura 4.32 - CBR x pF e CBR x pF/e das misturas solo-areia na energia

Intermediária - jazida 5.

A Figura 4.34 apresenta os resultados obtidos para o solo da jazida 5 estabilizado com

3% e 6% de cimento Portland. Nos gráficos de CBR em função da umidade (a), grau de

saturação (b) e sucção (c) não fica evidenciada a influência deste aditivo no comportamento

do solo. No entanto o gráfico do CBR em função de pF/e (4.34d) mostra que a capacidade de

suporte do solo aumenta com o teor de cimento.

Page 131: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

111

0

20

40

60

80

100

16 17 18 19 20

γd(kN/m3)

CBR

(%)

solo natural S70+AF30 S80+AF20 S90+AF10

S70+AG30 S80+20AG S90+AG10

Figura 4.33 - CBR x γd das misturas solo-areia na energia Intermediária - jazida 5.

A Figura 4.35 apresenta comparativamente os resultados obtidos com os diferentes

tipos de estabilizantes químicos utilizados. Os gráficos apresentados mostram a influência dos

aditivos no CBR só fica bem evidenciada quando de sua análise em função de pF/e. Neste

gráfico se observa que 2% de emulsão proporciona uma certa melhoria no comportamento do

solo. Ao se adicionar cal e cimento a esta mistura verifica-se uma melhoria suplementar no

comportamento do solo não havendo grande diferença entre os dois aditivos. Embora a

influência da emulsão não seja marcante quando da adição do cimento, percebe-se que no

caso da cal ela inibe as reações gerando valores de CBR um pouco inferiores.

As Figuras 4.36a (CBR x w) e 4.36b (CBR x pF/e) apresentam os resultados de CBR

obtidos para o solo natural da jazida 3 compactado na energia intermediária nas umidades de

16,4%, 19,3% e 20,5%. Nas Figuras 4.36c (CBR x w) e 4.36d (CBR x pF/e) estão

apresentados os resultados da mistura solo-cal 6% compactada nas umidades 15,4%, 17%,

18,5% e 22,4%. Enquanto para o solo natural pode ser dito que a umidade de compactação

para os teores analisados praticamente não interferiu nos resultados de CBR ficando as

variações situadas dentro da dispersão do ensaio, para o solo-cal se verifica que o solo

compactado com umidade próxima ou superior a ótima (18,5% e 22,4%) se destacou do

demais apresentando um melhor comportamento.

Page 132: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

112

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20w(%)

CBR

(%)

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100Sr(%)

CB

R(%

)

20

40

60

80

100

3 4 5 6pF

CBR

(%)

20

40

60

80

100

5 8 11 14pF/e

CBR

(%)

solo natural solo-cimento 3% 6% cimento

(a) (b)

(c) (d) Figura 4.34 - (a) CBR x w, (b) CBR x Sr (c) CBR x pF e (d) CBR x pF/e das misturas solo-

cimento na energia Intermediária - jazida 5.

Page 133: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

113

solo natural 2%Em+3% cal2% Em+3%cimento solo-cimento 3%solo-emulsão 2% solo-cal 3%

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25w(%)

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100Sr(%)

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

3 4 5 6pF

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

3 6 9 12pF/e

CB

R(%

)

(a) (b)

(c) (d) Figura 4.35 - (a) CBR x w, (b) CBR x Sr (c) CBR x pF e (d) CBR x pF/e das diversa misturas

na energia Intermediária - jazida 5.

Page 134: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

114

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20

w(%)

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

5 7 9 11pF/e

CB

R(%

)

(a) (b)

(c) (d)

w=16,4% w=19,3% w=20,5%

0

20

40

60

80

100

3 5 7 9

pF/e

CB

R(%

)

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25w(%)

CB

R(%

)

w=15,4% w=17%w=18,5% w=22,4%

(c) (d)

Figura 4.36 - Influência da umidade de compactação no CBR (a) e (b) solo natural, (c) e (d)

solo-cal – Jazida 3.

Page 135: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

115

0

20

40

60

80

100

7 8 9 10 11pF/e

CBR

(%)

solo naturalsolo-emulsão-calsolo-emulsão-cimentosolo-emulsão 2%

0

20

40

60

80

100

7 8 9 10 11pF/e

CB

R(%

)

S90 +AG10 S80+AG20S70+AG30 solo naturalS90+AF10 S80+AF20S70+AF30

0

20

40

60

80

5 7 9 11pF/e

CB

R(%

)solo-cal 2% solo-cal 3%solo-cal 4% solo-cal 6%solo natural

0

20

40

60

80

100

7 8 9 10 11pF/e

CB

R(%

)

solo natural solo-cimento 3%solo-cal 3% solo-emulsão 2%

(a) (b)

(c) (d)

Figura 4.37 - Comparação dos CBR das diversas estabilizações – Jazida 5.

A Figura 4.37 mostra os resultados de CBR versus pF/e para todas as estabilizações

estudadas. Observando-a, percebemos que o valor do CBR pode ser colocado em ordem

crescente, assim: solo natural, solo-areia, solo-emulsão, solo-cal, solo-cimento, solo-emulsão-

cal e solo-emulsão-cimento.

4.6.3 PESO ESPECÍFICO APARENTE SECO

As Figuras 4.38 a 4.41 mostram os resultados do peso específica aparente seco para o

solo natural e para as misturas das jazidas 2, 3 e 5. Os resultados se referem a solos

Page 136: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

116

compactados em torno da umidade ótima e submetidos a variações de umidade seguidas de 14

dias de cura.

A Figura 4.38 mostra para a jazida 2 que o peso específico aparente seco obtido para a

mesma energia estática e umidade de compactação diminui com o aumento do teor de cal. Já

para a jazida 3 (Figura 4.39) ocorreu um aumento de peso específico para 4% de cal e uma

redução para 6% quando a amostra foi compactada na energia equivalente ao Proctor normal.

Para a energia equivalente ao Proctor intermediário apenas para 6% de cal se verificou uma

redução no peso específico ficando os demais teores em torno do peso específico obtido para

o solo natural. O comportamento do solo da jazida 5 estabilizado com cal e compactado com

energia estática equivalente ao Proctor intermediário foi semelhante ao obtido para o solo da

jazida 2, ou seja o peso específico diminuiu com o teor de cal (Figura 4.40a).

14

15

16

17

18

19

0 5 10 15 20 25w(%)

d(kN

/m3)

15

16

17

18

0 5 10 15 20w(%)

d(kN

/m3)

(a) (b)

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3% solo-cal 4% solo-cal 6%

Figura 4.38 - Peso específica aparente seco nas energias (a) Normal e

(b) Intermediária – Jazida 2.

Page 137: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

117

15

16

17

18

0 5 10 15 20 25

w(%)

d(kN

/m3)

14,5

15,5

16,5

17,5

18,5

0 5 10 15 20 25

w

d(kN

/m3)

(a) (b)

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3% solo-cal 4% solo-cal 6%

Figura 4.39 - Peso específica aparente seco nas energias (a) Normal e

(b) Intermediária – Jazida 3.

Segundo Lucena et al., (1983), a adição de até 2% de emulsão produz um aumento no

peso específico, pois a emulsão funciona como aglutinante e lubrificante. No entanto, a Figura

4.31b mostra que para o solo da jazida 5, compactado estaticamente com energia equivalente

ao Proctor Intermediário, ocorreu a redução no peso específico aparente seco quando da

incorporação de emulsão (Figura 4.40a).

Quanto à influência da incorporação de areia sobre o peso específico aparente seco,

verifica-se (Figuras 4.40c e 4.40d) que 10% de areia grossa ou fina proporcionaram a redução

deste índice físico enquanto a incorporação de 20% e 30% de areia grossa gerou o seu

aumento e os mesmos teores de areia fina não o afetaram.

Page 138: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

118

14

15

16

17

18

19

0 5 10 15 20 25w(%)

γd(k

N/m

3)

14

15

16

17

18

19

0 5 10 15 20 25w(%)

γd(k

N/m

3)

(a) (b)

15,5

16,5

17,5

18,5

19,5

0 5 10 15 20 25

w(%)

γd(k

N/m

3)

16,5

17,5

18,5

19,5

0 5 10 15 20

w(%)

γd(k

N/m

3)

(c) (d)

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3%solo-cal 4% solo-cal 6%

solo natural S70+AG30S80+AG20 S90+AG10

solo natural solo-emulsäo 1%

solo-emulsäo 2% solo-emulsäo 3%

solo natural S70+AF30S80+AF20 S90+AF10

Figura 4.40 - Peso específica aparente seco na energia Intermediária – Jazida 5.

A Figura 4.41a mostra que o peso específico aparente seco diminui com o aumento do

teor de cimento. Observando-se a Figura 4.41b, verifica-se que o peso específico aparente

seco do solo natural é superior ao obtido para todas as misturas com aditivos químicos sendo

que para os teores analisados este índice diminui na seguinte ordem: solo natural, solo-

cimento, solo-emulsão-cal, solo-emulsão-cimento, solo-emulsão e solo-cal.

Page 139: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

119

(a) (b)

solo natural 2%Em+3% cal2% Em+3%cimento solo-cimento 3%solo-emulsão 2% solo-cal 3%

14,5

15,5

16,5

17,5

18,5

0 5 10 15 20 25w(%)

γd(k

N/m

3)

15,5

16,5

17,5

18,5

0 5 10 15 20w(%)

γd(k

N/m

3)solo natural solo-cimento 3% 6% cimento

Figura 4.41 - Peso específica aparente seco na energia Intermediária – Jazida 5.

4.6.4 CURVA CARACTERÍSTICA

O conhecimento da curva característica do solo tem grande importância no estudo do

comportamento mecânico dos solos não saturados (prever o comportamento do solo frente a

uma variação de umidade, a expansão, a tensão cisalhante), uma vez que este depende

diretamente da sucção mátrica.

Nesta pesquisa as curvas características do solo natural e das misturas estão

representadas em termos de pF (logaritmo da sucção em centímetro de coluna d`água) versus

a umidade (w) e do produto índice de vazios e sucção (expF) versus o grau de saturação (Sr).

As curvas sucção (pF) versus grau de saturação (Sr) estão apresentadas no Anexo A. A

representação em termos de expF foi proposta por Camapum de Carvalho e Lerroueil (2000b),

buscando facilitar e integrar os aspectos físicos e químicos dos solos não saturados tendo sido

denominada de curva característica transformada.

Nas Figuras 4.42 a 4.46 estão apresentadas as curvas características convencionais e

transformadas para os solos das jazidas 2, 3 e 5. Dada a existência de uma certa dispersão nos

resultados, optou-se pela representação das curvas apenas por pontos, sem que os mesmos

fossem ligados entre si.

As Figuras 4.42a e 4.42b mostram para a jazida 2 ser difícil definir a influência do teor

de cal na curva característica representada em termos de pF versus teor de umidade. No

Page 140: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

120

entanto, a representação em termos de expF versus o grau de saturação fica claro, para as

energias equivalentes ao Proctor Normal e Intermediário, que a sucção para um mesmo grau

de saturação aumenta com o teor de cal (Figuras 4.42c e 4.42d). Observa-se ainda, que

aumentando o valor da entrada de ar e da saturação residual, ocorre um incremento na rigidez

do solo (Martínez, 2003).

1,5

2,5

3,5

0 20 40 60 80 100

Sr(%)

expF

(a)

(c)

1,5

2,5

3,5

4,5

5,5

0 5 10 15 20 25

w(%)

pF

2,5

3,5

4,5

5,5

0 5 10 15 20

w(%)

pF

1

2

3

4

0 20 40 60 80 100

Sr(%)

expF

(b)

(d)

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3% solo-cal 4% solo-cal 6%

Figura 4.42 - Curvas características nas energias (a) e (c) Normal e (b) e (d) Intermediária –

jazida 2.

Page 141: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

121

As Figuras 4.43c e 4.43d, mostram para a jazida 3, que nos gráficos expF versus grau

de saturação apenas 6% de cal proporciona o aumento de expF para o mesmo grau de

saturação, sendo que nos demais casos ocorre a sua redução com o aumento do teor de cal.

3

4

5

6

0 5 10 15 20 25w(%)

pF

2

3

4

0 20 40 60 80 100Sr(%)

expF

(a) (b)

(c) (d)

2

3

4

5

6

0 5 10 15 20 25

w(%)

pF

1,5

2,5

3,5

4,5

0 20 40 60 80 100Sr(%)

expF

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3% solo-cal 4% solo-cal 6%

Figura 4.43 - Curvas características nas energias (a) e (c) Normal e (b) e (d) Intermediária –

jazida 3.

Para a jazida 5 observa-se nas Figuras 4.44a e 4.44b que mesmo para pF em função da

umidade ocorre o aumento da sucção com a incorporação de cal e emulsão. Este aumento fica

mais claro quando do traçado dos gráficos expF versus grau de saturação (Figuras 4.44c e

4.44d). Observa-se que o teor de 2% de emulsão é o que mais se aproxima da sucção do solo

natural.

Page 142: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

122

2,0

3,0

4,0

5,0

0 5 10 15 20 25w(%)

pF

1,5

2,5

3,5

4,5

0 20 40 60 80 100Sr(%)

expF

2,5

3,5

4,5

5,5

0 5 10 15 20 25w(%)

pF

1,5

2,5

3,5

0 20 40 60 80 100Sr(%)

expF

(c) (d)

solo natural solo-emulsäo 1%

solo-emulsäo 2% solo-emulsäo 3% solo natural solo-cal 2% solo-cal 3%

solo-cal 4% solo-cal 6%

(a) (b)

Figura 4.44 - Curvas características das misturas solo-cal e solo-emulsão: (a) e (c) pF x w e

(b) e (d) ep F x Sr – jazida 5.

As Figuras 4.45a e 4.45b mostram que o cimento aumenta a sucção do solo da jazida

5, sendo que embora no gráfico de pF versus umidade não fique claro a influência do seu teor,

no gráfico expF versus grau de saturação verifica-se que ao se passar de 3% para 6% de

cimento ocorre um ligeiro aumento deste parâmetro. Ao se analisar a Figura 4.45d, se verifica

que os aditivos químicos para os teores estudados geram o aumento de expF para um mesmo

grau de saturação na seguinte ordem: solo natural, solo-emulsão, solo-emulsão-cal e solo-

emulsão-cimento, solo-cimento e solo-cal.

Page 143: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

123

1,5

2,5

3,5

0 20 40 60 80 100

Sr(%)

expF

2

3

4

5

6

0 5 10 15 20 25w%)

pF

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

0 5 10 15 20

w(%)

pF

1,5

2

2,5

3

3,5

0 20 40 60 80 100

Sr(%)ex

pF

solo natural solo-cimento 3% 6% cimento

(a) (b)

(c) (d)

solo natural 2%Em+3% cal 2% Em+3%cimentosolo-cimento 3% solo-emulsão 2% solo-cal 3%

Figura 4.45 - Curvas características das misturas solo-cimento e diversa: (a) e (c) pF x w e (b)

e (d) expF x Sr – jazida 5.

A análise da influência da adição de areia na curva característica é facilitada quando

da análise em termos de expF em função do grau de saturação (Figura 4.46). Neste caso

observa-se que para a incorporação de 10% areia grossa ocorre aumento de expF enquanto

para os demais teores ocorre redução semelhante deste produto. Já para a areia fina se tem um

aumento de expF para 10% de areia, para 20% os resultados são semelhantes aos do solo

natural e para 30 % eles são inferiores.

Page 144: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

124

1,5

2,0

2,5

3,0

0 20 40 60 80 100

Sr(%)

expF

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

0 5 10 15 20

w(%)

pF(b)(a)

(d)

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

0 5 10 15 20 25

w%)

pF

(c)

1,5

2,0

2,5

3,0

0 20 40 60 80

Sr(%)

expF

solo natural S70+AF30S80+AF20 S90+AF10

solo natural S70+AG30S80+AG20 S90+AG10

Figura 4.46 - Curvas características das misturas solo-areia grossa e fina – jazida 5.

As Figuras 4.47a (pF x w) e 4.47b (expF x Sr) apresentam as curvas características

obtidas para o solo natural da jazida 3 compactado na energia intermediária nas umidades de

16,4%, 19,3% e 20,5%. Nas Figuras 4.47c (pF x w) e 4.47d (epF x Sr) estão apresentadas as

curvas características para misturas com 6% de cal e umidades de compactação de 15,4%,

17%, 18,5% e 22,4%. Enquanto para o solo natural a umidade de compactação para os teores

analisados basicamente não interferiu na forma da curva característica, para o solo-cal se

verifica para graus de saturação superiores a 40% que os valores de expF aumentam com a

umidade de compactação. Dois fatores podem ter contribuído para que graus de saturação

inferior a 40 % não tenham sido verificadas alterações nas curvas características, o primeiro

diz respeito ao fato da cura à baixa umidade inibir as reações químicas e o segundo estaria

Page 145: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

125

ligado ao fato de que normalmente para estes níveis de sucção (pF > 4) ela está atuando no

interior dos agregados, e portanto, com interferência limitada da ação química da cal.

1,5

2,5

3,5

4,5

5,5

0 5 10 15 20 25w(%)

pF

1,5

2,5

3,5

4,5

0 20 40 60 80 100Sr(%)

expF

11,5

22,5

33,5

4

0 20 40 60 80 100Sr(%)

expF

2

3

4

5

6

0 5 10 15 20 25

w(%)

pF

(a) (b)

(c) (d)

w=15,4% w=17%w=18,5% w=22,4%

w=16,4% w=19,3% w=20,5%

Figura 4.47 - Influência da umidade de compactação na curva característica – Jazida 3.

Observando as curvas características apresentadas percebemos que são bem

verticalizadas, típicas de solos arenosos. O valor de entrada de ar é mais bem definido para o

solo estabilizado. Segundo Martínez (2003), o solo estabilizado gera diferentes níveis de

associação entre as partículas: inicialmente dessatura os macroporos e a seguir os microporos.

Ainda, as estabilizações solo-cal foram mais significativa na elaboração de uma estrutura com

dois níveis estruturais, dessaturando os macroporos e depois os microporos, dentro das

concreções e associações formadas.

Page 146: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

126

4.7 ENSAIO DE PERDA DE MASSA POR IMERSÃO

Os resultados dos ensaios de perda de massa por imersão para os solos das jazidas 2 e

3 estão apresentados nas Tabelas 4.17 e 4.18 e nos gráficos da Figura 4.48. Eles mostram que

a incorporação de cal pode proporcionar a eliminação da perda de massa por imersão pelo

menos para o caso em que o solo for compactado próximo a umidade ótima. Para o solo da

jazida 2 chega-se a este resultado com 3% de cal e para o solo da jazida 3 com 2%.

Tabela 4.17 - Resultados de ensaio de perda de massa por imersão – Jazida 2.

solo natural 2% de cal 3% de cal 4% de cal 6% de cal w(%) Pi(%) w(%) Pi(%) w(%) Pi(%) w(%) Pi(%) w(%) Pi(%) 18,7 7,09 19,61 0 18,9 0 18,2 0 18,2 0 20,8 9,05 19,4 3,51 19,1 0 18,2 0 18,2 0

Tabela 4.18 - Resultados de ensaio de perda de massa por imersão – Jazida 3.

solo natural 2% de cal 3% de cal 4% de cal 6% de cal w(%) Pi(%) w(%) Pi(%) w(%) Pi(%) w(%) Pi(%) w(%) Pi(%) 18,3 2.43 21,3 0 17 0 15,3 0 18,7 0 20,9 6,78 21,3 0 17 0 15,3 0 18,7 0

Figura 4.48 - Perda de Massa por Imersão do solo natural (a) Jazida 2 e (b) Jazida 3.

Dos resultados apresentados nas Tabelas 4.19 e 4.20 e nas Figuras 4.48a e 4.48b

verifica-se que na mistura solo-cal compactada na umidade próxima da ótima e teores

crescentes de cal a perda de massa por imersão é significativamente reduzida quando

comparada com a do solo natural. Para os solos naturais, dependendo do teor de umidade de

compactação ela pode assumir valores importantes.

(a)

6

9

12

15

15 18 21 24w(%)

Pi(%

)

solo natural

(b)

258

1114172023

14 17 20 23w(%)

Pi(%

)

Page 147: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

127

A Figura 4.49 apresenta os resultados obtidos para os solos da jazida 5. Para este solo

é destacada a importância da umidade de compactação para os resultados de perda de massa

por imersão. Das Figuras 4.49a, 4.49b, 4.49c e 4.49d percebe-se que na umidade próxima da

ótima, a perda de massa por imersão em quase todas as misturas é praticamente nula. Nota-se

uma melhoria considerável deste parâmetro em relação ao solo natural, com exceção da

mistura solo-10% de areia grossa. Cabe destaque ainda o fato de que a compactação no ramo

seco é susceptível de gerar perda de massa por imersão para praticamente todas as misturas

excetuando-se o solo-emulsão e o solo cimento, embora neste último caso ocorra uma certa

perda para umidades de compactação superiores à ótima.

Figura 4.49 - Perda de Massa por Imersão do solo natural e das misturas - Jazida 5.

(a)

-30369

121518

12 15 18 21 24w(%)

Pi(%

)

solo natural solo-cal 2%solo-cal 3% solo-cal 4%solo-cal 6% solo-emulsão 2%

(d)

-3

0

3

6

9

12

15

18

12 15 18 21 24 27 30w(%)

Pi(%

)

solo natural 2%em+3%cal2%em+3%cimento solo-emulsão 2%

(b)

-3

0

3

6

9

12

15

18

12 15 18 21 24w(%)

Pi(%

)

solo natural S70%+AF30%S80%+AF20% S90%+AF10%

(c)

-30369

121518

12 15 18 21 24 27 30w(%)

Pi(%

)

solo natural solo-cimento 3%solo-cimento 6% solo-cal 6%solo-cal 3%

Page 148: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

128

4.8 ENSAIO DE DESAGREGAÇÃO

O ensaio de desagregação foi realizado em corpos de prova compactados na energia

equivalente a intermediária. Para as jazidas 2, 3 e 5 foram compactados corpos de prova do

solo natural e das misturas solo-cal nos teores de 2%, 3%, 4% e 6% de cal. Para a jazida 5

foram ainda ensaiados corpos de prova compactados das misturas solo-areia, solo-cimento,

solo-emulsão, solo-emulsão-cal e solo-emulsão-cimento. Os ensaios foram realizados em

condições de imersão parcial e total conforme descrito no Capítulo 3 Materiais e Métodos.

As duas metodologias resultaram na imersão total dos corpos de prova. Geralmente,

levam a resultados distintos, pois enquanto no primeiro caso se tem apenas a sensibilidade do

solo à inundação, no segundo aparecem pressões neutras positivas na fase ar sendo esta

responsável pela desagregação quando é atingida a coesão real do solo oriunda ou não da

presença de cimentação.

Este ensaio foi realizado em corpos de prova compactados do solo natural das jazidas

2, 3 e 5, nas misturas solo-cal nos teores de 2%, 3%, 4% e 6% para as jazidas 2, 3 e 5 e nas

misturas solo-areia, solo-cimento, solo-emulsão e solo-emulsão-cal e solo-emulsão-cimento

para a jazida 5.

Os resultados das observações que podem ser tiradas deste ensaio, nas condições de

imersão parcial e total, no período de 24h estão apresentados nas Tabelas 4. 19 a 4.23.

Os resultados apresentados mostram que o solo natural das três jazidas analisadas não

suporta a inundação por períodos longos (Tabelas 4.19, 4.20 e 4.21), devendo a rodovia neste

caso permanecer bem drenada. Para as misturas solo-cal, na jazida 2 fraturou após 24 horas na

imersão por etapa (2%) e total (2 e 3%) (Tabela 4.21), na jazida 3 apresentou fraturas apenas

na imersão total por 24 horas (4%) (Tabela 4.20) e na jazida 5 apresentou fraturas com 4% de

cal (Tabela 4.21).

Tabela 4.19 - Resultados do ensaio de desagregação nas misturas solo-cal – Jazida 2.

Imersão por Etapas solo natural % de cal do C.P.de altura h 2% 3% 4% 6

Base intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 1/3 intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 2/3 intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 3/3 intacta intacta intacta intacta intacta

Após 24 horas desag. total fraturas intacta intacta intacta Imersão Total Após 24 horas fraturas grandes fraturas fraturas intacta intacta

Page 149: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

129

Tabela 4.20 - Resultados do ensaio de desagregação nas misturas solo-cal – Jazida 3.

Imersão por Etapas solo natural % de cal do C.P.de altura h 2% 3% 4% 6%

Base intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 1/3 intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 2/3 intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 3/3 intacta intacta intacta intacta intacta

Após 24 horas fraturas intacta intacta intacta intacta Imersão Total Após 24 horas fraturas intacta intacta fraturas intacta

Tabela 4.21 - Resultados do ensaio de desagregação nas misturas solo-cal e solo-cimento –

Jazida 5.

Imersão por Etapas solo natural % de cal % de cimento do C.P.de altura h 2% 3% 4% 6% 3% 6%

Base intacta intacta intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 1/3 intacta intacta intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 2/3 intacta intacta intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 3/3 intacta intacta intacta intacta intacta intacta intacta

Após 24 horas fraturas intacta intacta intacta intacta abatimento intacta Imersão Total Após 24 horas fraturas intacta intacta fraturas intacta abatimento intacta

Nos ensaios de desagregação da mistura solo-cimento, percebe-se que ao final de 24h,

ocorreu abatimento da amostra para 3% de cimento, tanto no ensaio de imersão por etapas

quanto na imersão total, no entanto, a mistura com 6% de cimento resistiu muito bem a

imersão (Tabela 4.21).

Tabela 4.22 - Resultados do ensaio de desagregação nas misturas solo-emulsão – Jazida 5.

Imersão por Etapas % de emulsão 2% de emulsão + do C.P.de altura h 1% 2% 3% 3% cal 3% cimento

Base intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 1/3 intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 2/3 intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 3/3 intacta intacta intacta intacta intacta

Após 24 horas fraturas fraturas fraturas intacta fraturas Imersão Total Após 24 horas fraturas fraturas fraturas intacta fraturas

Page 150: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

130

Tabela 4.23 - Resultados do ensaio de desagregação nas misturas solo-areia – Jazida 5.

Imersão por Etapas solo+%areia grossa solo+%areia fina do C.P.de altura h 30 20 10 30 20 10

Base intacta intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 1/3 intacta intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 2/3 intacta intacta intacta intacta intacta intacta Nível d’àgua a 3/3 intacta intacta intacta intacta intacta intacta

Após 24 horas intacta fraturas intacta fraturas fraturamento fraturamento Imersão Total Após 24 horas abatimento fraturas dispersão fraturas intacta dispersão

Na Tabela 4.22, verifica-se que tanto na imersão por etapas quanto na total, ao final do

período de observação às amostras contendo emulsão fraturaram.

Das anotações contidas na Tabela 4.23, vê-se que ao final da observação aconteceu

dispersão, abatimento ou fraturas nas misturas solo-areia, evidenciando que este tipo de

mistura é muito sensível à presença permanente de água.

4.9 CORRELAÇÃO ENTRE PROPRIEDADES FÍSICAS, QUÍMICAS,

MINERALÓGICAS E MECÂNICAS.

Neste item serão apresentadas correlações das propriedades químicas com as físicas e

mecânicas. Das análises químicas realizadas para os perfis do furo 4 de todas as jazidas se

observou pequena e aleatória variação dos parâmetros com a profundidade. Para o pH medido

em água e em KCl obteve-se respectivamente valores médios de 4,7 e 3.7 com ∆pH em torno

de -1. Estes dados mostram solos ácidos e pouco intemperizados, nele predominando os

argilominerais

As Figuras 4.50a, 4.50b e 4.50d mostram como esperado que a plasticidade do solo

aumenta com a capacidade de troca catiônica (CTC). A Figura 4.50c mostra que o limite de

liquidez aumenta com a acidez total. Estas foram as correlações entre a plasticidade e as

propriedades químicas que mais se destacaram.

Page 151: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

131

Figura 4.50 - Correlação entre propriedades químicas e físicas do solo natural.

Sabe-se que o pH é um parâmetro extremamente importante para o comportamento do

solo interferindo nos processos de defloculação/floculação e nas forças de repulsão entre

partículas de argila sendo por isso bastante utilizado na análise dos processos de estabilização.

A Figura 4.51 mostra a relação entre as propriedades pH (a) e a CTC (b) e os teores de

cal e cimento utilizados nas misturas para os solos das jazidas 2, 3 e 5 Tanto para o solo-cal

como para o solo-cimento se observa uma tendência a estabilização do pH a partir de 3% a

4% de aditivo. Já para a CTC tal comportamento só foi verificado para o solo-cal.

(a)

y = 3,561e0,022x

R2 = 0,7138

0

5

10

15

20

20 30 40 50 60 70wL(%)

CTC

(mE/

100m

l)

(c)

y = 0,2048x + 0,3502R2 = 0,7514

0

5

10

15

20

20 30 40 50 60 70wL(%)

A. t

otal(

mE/

100m

l)

(b)

y = 0,5949x - 5,4356R2 = 0,8932

2

6

10

14

18

15 20 25 30 35wP

CTC

(mE/

100m

l)

(d)

y = 0,0407x1,6931

R2 = 0,82680

5

10

15

20

15 25 35 45

IP(%)

CTC

(mE/

100m

l)

Page 152: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

132

3

6

9

12

15

0 2 4 6Teor de cal ou cimento(%)

pH(K

Cl)

(b)

0

10

20

30

40

50

0 2 4 6Teor de cal ou cimento(%)

CTC

(mE/

100m

l)

02468

101214

0 2 4 6Teor de cal ou cimento(%)

A. t

otal

(mE/

100m

l)

(a) (b)

(c)

J-2:cal J-3:calJ-5:cal J-5:cimento

Figura 4.51 - Correlação entre propriedades químicas e os teores cal e cimento.

A Figura 4.52 mostra que a emulsão praticamente não afeta o pH e a CTC do solo

gerando apenas pequena redução de pH e aumento da CTC. Já ao se adicionar cal ou cimento

se verifica um aumento dos dois parâmetros.

A Figura 4.53 apresenta os resultados dos limites de Atterberg para as misturas solo-

cal. Estes resultados caracterizam uma mudança de comportamento entre 3 e 4% de cal, ou

seja, até 3% wl e wp tendem a diminuir, depois aumenta para 4% e volta a diminuir em

seguida. Uma tentativa de explicação deste comportamento seria que a adição da cal gera uma

redução da plasticidade do solo, no entanto, por volta de 3% estaria ocorrendo a desagregação

do solo liberando partículas de argila para as trocas catiônicas e provocando

momentaneamente o aumento da plasticidade que volta a cair em seguida com a adição de um

teor mais elevado de cal.

Page 153: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

133

9

12

15

18

21

24

27

0 1 2 3

Teor de emulsão+cal ou emulsão(%)

CTC

(mE/

100m

l)

0

2

4

6

8

10

12

0 1 2 3

Teor de emulsão+cal ou cimento(%)

Aci

dez

Tota

l(mE/

100m

l)

3

6

9

12

0 1 2 3Teor de emulsão+cal ou cimento(%)

pH(K

Cl)

(c)

(a) (b)

2% emulsão 2%em.+3%(cal ou cimento)

Figura 4.52 - Correlação entre pH e os teores emulsão + cal ou cimento.

Figura 4.53 - Correlação entre propriedades físicas e químicas para as misturas solo-cal.

(b)

18

22

26

30

34

0 2 4 6Teor de cal(%)

wP(

%)

(a)

20

30

40

50

60

70

0 2 4 6Teor de cal(%)

wL(

%)

J-2 J-3 J-5

Page 154: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

134

Na Figura 4.54 estão apresentadas às correlações entre a acidez total e o teor de

agregação e os agregados totais. Verifica-se que quanto mais ácido é o solo maior é o teor de

agregação e a percentagem de agregados totais.

(a)

y = 1,3352e0,0277x

R2 = 0,39943

5

7

9

11

13

15

40 60 80 100

Teor de Agregação(%)

Acid

ez T

otal(

mE/

100m

l)

(b)

y = 0,841x0,9566

R2 = 0,5637

3

6

9

12

15

18

0 5 10 15 20

Agregados Totais(%)A

cidez

Tot

al(m

E/10

0ml)

Figura 4.54 - Correlações entre (a) Teor de Agregação, (b) Agregados Totais e Acidez Total.

A Figura 4.55 mostra a relação obtida entre os valores de CBR e o teor de cal

considerando-se a umidade ótima e na umidade de compactação. O resultado diferente obtido

para a jazida 3 concorda com a diferenciação observada nos resultados de plasticidade(Figura

4.53).

20

30

40

50

60

70

0 2 4 6

Teor de cal(%)

CB

R(%

)

0

10

20

30

40

50

0 2 4 6

Teor de cal(%)

CB

R(%

)

(a) (b)

J-5 J-2 J-3

Figura 4.55 - CBR x Teor de cal (a) na umidade ótima e (b) na umidade de compactação.

Page 155: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

135

Na Figura 4.56 estão apresentadas algumas correlações entre as propriedades químicas

e físicas do solo natural. As Figuras 4.56a e 4.56c mostram, como esperado, que o índice de

atividade do solo depende diretamente de suas propriedades químicas, pois este depende da

plasticidade (Figura 4.50) e da granulometria (Figuras 4.57b e 4.57d) ambos também ligados

às propriedades químicas.

Figura 4.56 - Correlações entre propriedades físicas e químicas, para o solo natural.

As correlações entre as propriedades mineralógicas e as demais propriedades dos solos

estão apresentadas nas figuras seguintes. A Figura 4.57 representa a intensidade dos picos dos

minerais em função da profundidade para um perfil dos solos da jazida 5 (furo 4) e para a

mistura de solos para as jazidas 1, 2, 3, 4 e 5.

(d)

y = 0,1349x1,4669

R2 = 0,5373

2

46

8

10

1214

16

10 15 20 25argila(%)

A. t

otal(

mE/

100m

l)

(a)

y = 0,0887x1,589

R2 = 0,6602

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

3 6 9 12 15 18CTC(mE/100ml)

Ia(S

U)

(c)

y = 17,744x-1,0093

R2 = 0,4948

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

0 5 10 15 20V(%)

Ia(S

U)

(b)

y = 57,877e-0,0294x

R2 = 0,5674

3035404550556065

3 6 9 12 15 18

V(%)

(%) s

ilte(S

U)

Page 156: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

136

Observando a Figura 4.57a, percebe-se que em todas as jazidas estão presentes os

mesmos argilosminerais: illita, caulinita e quartzo. Já a Figura 4.57b representando os picos

de intensidades dos minerais contidos em um furo completo da jazida 5, mostra as

intensidades dos picos de da illita e da caulinita são equivalentes. Quanto ao quartzo, verifica-

se que pela intensidade dos picos ele é predominante em todas as jazidas, confirmando os

resultados da análise granulométrica apresentados anteriormente.

0,5

1

1,5

2

2,5

500 2000 3500 5000 6500 8000

pico dos minerais

prof

undi

dade

(m)

quartzo illitacaulinita goethita

1

2

3

4

5

750 2250 3750 5250 6750 8250

picos dos minerais

nº d

as ja

zida

s

quartzo illita caulinita

(b)(a)

Figura 4.57 - Picos dos minerais (a) mistura de solos de um furo (jazidas 1, 2, 3, 4 e 5) e (b)

perfil completo (J-5).

A Figura 4.58 apresenta as correlações entre propriedades químicas e os picos dos

principais argilosminerais presentes nos solos.

As Figuras 4.58a e 4.58b, mostram que a capacidade de troca catiônica e acidez são

basicamente determinadas pelos argilosminerais do solo, visto que os picos e estas

propriedades químicas estão fortemente correlacionados. E ainda quando se analisa o pH

determinado na solução normal de cloreto de potássio verifica-se que este é também função

dos argilominerais (Fig. 4.58c). É possível destacar que os óxidos de ferro contribuem

também na geração da acidez do meio (Fig. 4.58d).

Page 157: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

137

(b)(a)

y = -0,0238x + 56,28R2 = 0,9858

8,5

9,5

10,5

11,5

12,5

13,5

14,5

15,5

1700 1800 1900 2000 2100

picos (illita+caulinita)

CTC

(mE/

100m

l)y = -0,0265x + 60,282

R2 = 0,7821

6,5

7,5

8,5

9,5

10,5

11,5

12,5

13,5

14,5

1700 1800 1900 2000 2100

picos (illita+caulinita)

A. T

otal(

mE/

100m

l)

y = 0,0013x + 2,6737R2 = 0,9474

3,55

3,6

3,65

3,7

3,75

3,8

3,85

700 750 800 850 900 950picos de caulinita

pH(K

Cl)

y = 0,0007x + 3,16R2 = 0,5143

3,55

3,6

3,65

3,7

3,75

3,8

3,85

500 700 900 1100

picos de goethita

pH(K

Cl)

(d)(c)

Figura 4.58 - Correlação entre propriedades químicas e mineralógicas: (a) CTC x picos

(illita+caulinita) e (b) Acidez Total x picos (illita+caulinita), (c) pH (KCl) x picos de caulinita

e (d) pH(KCl) x picos goethita.

Page 158: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

138

5 CONCLUSÕES 5.1 CONCLUSÕES

A caracterização física dos solos das jazidas estudadas mostra uma certa heterogeidade

entre elas e mesmo no interior de cada uma tanto espacialmente como em perfil. Já a

caracterização mineralógica mostrou que a exceção da jazida 5 que contém também goethita,

os solos estudados são qualitativamente semelhantes e compostos principalmente de quartzo,

caulinita e ilita. Quimicamente trata-se de solos bastante ácidos com capacidade de troca de

cátions relativamente baixa. As correlações das caracterizações físicas, química e

mineralógica mostraram-se importantes na avaliação do potencial de estabilização do solo

permitindo estimar o teor adequado.

O estudo de umidade higroscópica mostrou que o reumidecimento do solo só é

atingido após 72 horas, o que requer precaução na realização de ensaios uma vez que os

resultados de laboratório podem ser distintos dos de campo como no caso da compactação.

Embora a classificação MCT expedita não mereça destaque no presente estudo, os

resultados dos ensaios de caracterização desta metodologia mostraram-se como uma

ferramenta eficiente na avaliação preliminar dos solos regionais para fins rodoviários.

Quanto à compactação três aspectos merecem destaque: a semelhança das curvas de

compactação dinâmica e estática, a influência da pré-secagem do solo no peso específico

aparente seco máximo e na umidade ótima e a tendência à redução do peso específico

aparente seco com o tratamento químico e aumento com a adição de areia.

A análise da capacidade de suporte (CBR) em função do cociente entre a sucção em

pF e o índice de vazios mostrou-se como um metodologia aparentemente mais eficiente na

avaliação do comportamento do solo sendo as conclusões a seguir fundamentadas nestes

gráficos.

Os resultados de capacidade de suporte das estabilizações com cal para as 3 jazidas

estudadas apresentaram resultados diferentes. Para as estabilizações químicas dos solos das

jazidas 2 e 5 verifica-se a tendência do CBR aumentar com o teor de cal. Já para a jazida 3 só

se verifica ganho para o teor 6%.

Na estabilização com cimento verificou-se para a jazida estudada (jazida 5), que o

CBR aumenta com o teor de cimento.

Page 159: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

139

Para o tratamento com emulsão verifica-se uma tendência ao aumento do CBR, sem

que, no entanto, seja proporcional ao teor de emulsão, cabendo destaque a importância de se

considerar a emulsão como fluido nas análises de solos estabilizados. Ao se incorporar cal ou

cimento ao solo-emulsão se verifica pequena melhoria de comportamento melhoria esta

inferior à obtida com os mesmos tratamentos sem o uso de emulsão.

Ao adicionar areia aos solos ocorreu um ganho de peso específico aparente seco, no

entanto, esse acréscimo não corresponde a um aumento de CBR em condições não saturadas.

Comparando-se os resultados verifica-se que a estabilização química com base nos

estudos da jazida 5 melhora a eficiência na seguinte ordem: solo-emulsão, solo-emulsão-cal e

solo-emulsão-cimento, solo-cimento, solo-cal.

A análise das curvas características mostra que a representação das mesmas em termos

do produto da sucção em pF pelo índice de vazios (expF) como uma função do grau de

saturação permite colocar melhor em evidência a influência dos diferentes tratamentos nos

resultados obtidos.

Para as estabilizações químicas dos solos das jazidas 2 e 5 verifica-se a tendência do

expF aumentar com o teor de cal. Já para a jazida 3 só se verifica tal ganho para o teor 6%.

No tratamento com cimento expF tende a aumentar com o seu teor.

Ao tratar o solo com emulsão observa-se que a mesma aumenta expF sem que este

aumento seja no entanto proporcional ao teor de aditivo. A adição de cal ou cimento a esta

mistura proporciona apenas um ligeiro acréscimo no expF.

Quanto ao efeito da adição de areia apenas o teor 10% gerou aumento em expF,

ocorrendo tendência a se igualar para 20% de areia fina e a apresentar redução nos demais

casos.

Os resultados dos ensaios de perda de massa por imersão em água mostram que este

ensaio é útil na avaliação dos riscos de erodibilidade do solo. Para os solos estabilizados

quimicamente, verifica-se uma redução deste parâmetro sendo observado mesmo

comportamento quando do tratamento com areia.

O ensaio de desagregação em água mostra que os solos estabilizados quimicamente

resistiram bem à inundação, o que não implica em tornar desnecessária a drenagem superficial

adequada para as estruturas de pavimento.

Finalmente cabe destacar que a estabilização química do solo pode ser uma solução

viável para a região, desde que bem avaliada e a obra bem executada. Já a estabilização

granulométrica com areia não se mostrou eficiente.

Page 160: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

140

5.2 SUGESTÕS PARA PESQUISAS FUTURAS

Fazer ensaios de CBR com imersão e medida de expansão para as diversas

estabilizações.

Recomendam-se estudos de análise micro-estrutural complementar para as misturas,

como a realização de porosimetria.

Executar trechos experimentais com base de solo-cal, solo-cimento, solo-emulsão,

solo-emulsão-cal e solo-emulsão-cimento, para avaliar a durabilidade dessas alternativas.

Fazer experimentos com as misturas observando o ganho de resistência com a

temperatura e tempo de cura.

Page 161: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

141

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT. NBR 6457. (1986). Amostras de solo–Preparação para ensaio de compactação e ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, RJ, 8 p. ABNT. NBR 6459. (1984). Solo – Determinação do Limite de Liquidez. Rio de Janeiro, RJ, 6 p. ABNT. NBR 6508. (1984). Grãos de solos que passam na peneira de 4,8 mm – Determinação da massa específica. Rio de Janeiro, RJ, 8 p. ABNT. NBR 7180. (1984). Solo – Determinação do Limite de Plasticidade. Rio de Janeiro, RJ, 3 p. ABNT. NBR 7181. (1984). Solo – Análise granulométrica. Rio de Janeiro, RJ, 13 p. ABNT. NBR 7182. (1986). Solo – Ensaio de Compactação. Rio de Janeiro, RJ, 10 p. ALCÂNTARA, M.A.M., LIMA, D.C., BUENO, B.S. & COSTA, L.M. (1995). Considerações sobre o uso de aditivos químicos em regiões tropicais. 29ª Reunião Anual de Pavimentação, Cuiabá, MT, 2: 101-109. BALBO, J.T. (1996). Alguns conceitos diferenciadores dos materiais estabilizados com cimento. 7ª Reunião Anual de Pavimentação Urbana, São José dos Campos, SP, pp. 275-294. BIGARELLA, J.J., BECKER, R.D. & PASSOS, E. (1996). Estrutura e Origem das Paisagens Tropicais e Subtropicais: Intemperismo Biológico, Pedogênese, Laterização, Bauxitização e Concentrações de Bens Minerais. UFSC, Florianópolis, SC, 2 vol., 875 p. BUENO, B.S., LIMA, D.C. & SANTOS, M.F. (1995). Estabilização dos solos com cal e betume. 6ª Reunião Anual de Pavimentação Urbana, Santos, SP, pp.75-97. CAMAPUM DE CARVALHO, J. (1985). Étude du comportement mécanique d’une marne compactée. Thèse de Doctorat, Institut National des Sciences Appliquées - I.N.S.A., France-Toulouse, 181 p. CAMAPUM DE CARVALHO, J. (2004). Comunicação pessoal. Departamento de Engenharia Civil, Unb, Brasília, DF. CAMAPUM DE CARVALHO, J., CRISPEL, J.J. & CARVALHO, J.B.Q. (1985). Influence de la temperature de sechage sur les proprietes chimiques, physiques e mecaniques de quelques sols lateritiques du nord et du nord-est du Brésil. First International Conference on Geomechanics in tropical Laterita an Saprolitic Soils, ABMS, Brasília, DF, 1: 51-62. CAMAPUM DE CARVALHO, J., KONRAD, J.M. & MUMA, M. (2000a). Fluência em material granular estabilizado com emulsão. 32ª Reunião Anual de Pavimentação, Brasília, DF, 1: 175- 183.

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142

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ANEXO A:

CURVAS CARACTERÍSTICAS EM FUNÇÃO DA SUCÇÃO (pF) vs GRAU DE SATURAÇÃO (Sr) E

RESULTADOS DA CLASSIFICAÇÃO MCT EXPEDITA

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148

0123456

0 20 40 60 80 100

Sr(%)pF

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3%

solo-cal 4% solo-cal 6%

2

3

4

5

6

0 20 40 60 80 100Sr(%)

pFsolo natural solo-cal 2% solo-cal 3%

solo-cal 4% solo-cal 6%

(a) (b)

Figura A.1 - Curvas características nas energias: (a) Normal e (b) Intermediária – Jazida 2.

3

4

5

6

0 20 40 60 80 100Sr(%)

pF

solo natural solo-cal 3%solo-cal 4% solo-cal 6%

2

3

4

5

6

0 20 40 60 80 100Sr(%)

pF

solo natural solo-cal 2% solo-cal 3%solo-cal 4% solo-cal 6%

(a) (b)

Figura A.2 - Curvas características nas energias: (a) Normal e (b) Intermediária – Jazida 3.

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149

2

3

4

5

6

0 20 40 60 80 100Sr(%)

pFsolo natural 2% cal 3% cal4% cal solo-cal 6%

3

4

5

6

0 20 40 60 80 100Sr(%)

pF

solo natural 1% emulsão2% emulsão 3% emulsão

(a) (b)

Figura A.3 - Curvas características das misturas (a) solo-cal e (b) solo-emulsão – Jazida 5.

3

4

5

6

0 20 40 60 80 100Sr(%)

pF

solo natural solo-cimento 3%solo-cimento 6%

3

4

5

6

0 20 40 60 80 100Sr(%)

pF

solo natural 2%Em+3% cal2% Em+3%cimento solo-cimento 3%solo-cal 3% solo-emulsão 2%

(a) (b)

Figura A.4 - Curvas características das misturas (a) solo-cimento e (b) diversa – Jazida 5.

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150

3

4

5

6

0 20 40 60 80 100

Sr(%)

pF

solo natural S70+AG30S80+AG20 S90+AG10

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

0 20 40 60 80 100Sr(%)

pF

solo natural S70+AF30S80+AF20 S90+AF10

(a) (b)

Figura A.5 - Curvas características das misturas (a) solo-areia grossa e (b) solo-areia fina – Jazida 5.

Tabela A.1 - Resultados dos ensaios da classificação MCT expedita – Jazida 1.

Jazida 1

profundidade (m)

wmold(%)

c (mm)

P (mm) R desagregação

(após 2 horas) tabsorção (min)

Grupo MCT

0,5 - 1,0 46,14 1,8 1,3 3 desag. total 10 LA-LA´ 1,0 - 1,5 40,01 1,1 2,7 2 desag. parcial 10 LA 1,5 - 2,0 40,19 1,1 2,7 2 desag. parcial 5 LA

Furo 1

2,0 - 2,5 36,9 1,1 5,0 1 desag. total 5 NS´/NA´ 0,5 - 1,0 42,0 1,2 1 3 desag. parcial 14 LA 1,0 - 1,5 48,5 2,1 0 3 desag. parcial 15 LA-LA´ 1,5 - 2,0 53,0 2,2 0 3 desag. parcial 30 LA-LA´

Furo 2

2,0 - 2,5 36,2 1,1 3,3 3 desag. parcial 8 NA/NS´ 0,5 - 1,0 39,16 1,9 0 3 desag. parcial 18 LA-LA´ 1,0 - 1,5 50,37 2,1 1 2 desag. parcial 13 LA-LA´ 1,5 - 2,0 49,32 2,2 1 3 desag. parcial 16 LA-LA´

Furo 3

2,0 - 2,5 49,09 2,1 1 3 desag. parcial 12 LA-LA´ 0,5 - 1,0 45,25 2,1 1,33 3 desag. parcial 5 LA-LA´ 1,0 - 1,5 50,17 2,1 2,33 3 desag. parcial 6 NA´-NS´ 1,5 - 2,0 42,62 2,1 2 2 desag. parcial 3 LA-LA´

Furo 4

2,0 - 2,5 41,67 1,2 3,67 2 desag. parcial 6 NA´-NS´

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151

Tabela A.2 - Resultados dos ensaios da classificação MCT expedita – Jazida 4

Jazida 4

Profundidade (m)

wmold(%)

c (mm)

P (mm) R desagregação

(após 2 horas) tabsorção (min)

Grupo MCT

0,5 - 1,0 27,26 2,1 4,3 2 desag. total 9 NS´/NA´ 1,0 - 1,5 31,97 1,2 4,7 2 desag. total 15 NA/NS´ 1,5 - 2,0 34,91 1,1 4,0 2 desag. total 8 NA/NS´

Furo 1

2,0 - 2,5 36,35 1,8 5,0 2 desag. parcial 10 NS´/NA´ 0,5 - 1,0 31,8 1,5 5,0 2 desag. total 6 NA´/NS´ 1,0 - 1,5 34,7 1,7 1,7 3 desag. parcial 12 LA-LA´ 1,5 - 2,0 37,1 2,1 5,0 3 desag. parcial 20 NS´/NA´

Furo 2

2,0 - 2,5 35,2 1,6 5,0 2 desag. parcial 15 NS´/NA´ 0,5 - 1,0 32,89 1,2 3 1 desag. total 7 LA 1,0 - 1,5 32,14 1,1 1,17 1 desag. total 16 LA 1,5 - 2,0 36,54 1,7 4 1 desag. total 8 NS´-NA´

Furo 3

2,0 - 2,5 31,3 0,7 3,2 2 desag. total 28 NA 0,5 - 1,0 27,86 1,2 3,3 2 desag. total 7 NA 1,0 - 1,5 31,97 1,5 3,3 2 desag. total 14 NA´/NS´ 1,5 - 2,0 32,88 1,5 3,7 2 desag. total 3 NA

Furo 4

2,0 - 2,5 27,55 1,5 3,7 2 desag. total 5 NA´/NS´