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Universidade de Coimbra Faculdade de Economia Nome: Octávia Maria Pereira Gomes 1º ANO – Fontes de Informação Sociológica 2002/2003

Universidade de Coimbra Faculdade de Economia - fe.uc.pt · Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Fontes de Informação Sociológica da Faculdade de Economia, sob a orientação

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Universidade de Coimbra Faculdade de Economia

Nome Octaacutevia Maria Pereira Gomes 1ordm ANO ndash Fontes de Informaccedilatildeo Socioloacutegica

20022003

Octaacutevia Maria Pereira Gomes

Crime e Pena de Morte

Trabalho realizado no acircmbito da cadeira de Fontes de Informaccedilatildeo Socioloacutegica da Faculdade de Economia sob a orientaccedilatildeo do Professor

Paulo Peixoto

Coimbra Junho de 2003

Iacutendice Introduccedilatildeo 1 I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Morte 3 II-A pena de Morte e a Sociedade 5 III- Porquecirc abolir a Pena de Morte 11 IV- Comentaacuterios Finais 13 Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web 14 Ficha de Leitura 15 Conclusatildeo 16 Referecircncias Bibliograacuteficas 18 Anexo 1 Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato dos Direitos Civis Anexo 2 Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem Anexo 3 Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Anexo 4 Carta dos Direitos Fundamentais da EU Anexo 5 Citaccedilotildees Anexo 6 Glossaacuterio Anexo 7 Graacuteficos Anexo 8 Meacutetodos de Execuccedilatildeo Anexo 9 Texto da Ficha de Leitura

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Introduccedilatildeo

Ainda hoje em pleno seacuteculo XXI a Pena de Morte suscita alguma poleacutemica Aquela apesar de jaacute natildeo existir em Portugal desde 1867 ainda vigora em alguns paiacuteses como irei descrever no primeiro capiacutetulo

Em muitos deles tais como Paquistatildeo Iratildeo EUA Filipinas e Indoneacutesia executavam-se milhares de pessoas por estrangulamento Todavia esta sentenccedila jaacute foi abolida e em contrapartida mantiveram-se outras

Na Europa mais precisamente na Alemanha com o Nazismo reavivou-se a pena de morte Este acontecimento (violento) deveu-se ao facto de se considerar esta forma de puniccedilatildeo baacuterbara um bem essencial para a defesa da comunidade Em 1949 esta pena perde a vigecircncia visto atingir a dignidade da pessoa humana

As legislaccedilotildees antigas impunham a pena de morte acompanhada de tormentos e mutilaccedilotildees executada publicamente atraveacutes da fogueira o esquartejamento a empalaccedilatildeo o garrote a imersatildeo e o esmagamento A decapitaccedilatildeo e a forca satildeo uma forma simples de execuccedilatildeo a primeira para os nobres e a uacuteltima para os ladrotildees e homicidas (cfanexo8)

Os meacutetodos de execuccedilatildeo modernos visam proporcionar uma morte raacutepida com o menor sofrimento possiacutevel mas apesar disso natildeo deixa de o haver Hoje considera-se estas formas de puniccedilatildeo inteiramente repulsivas e satildeo poucas as pessoas que hoje em dia conseguem imaginar algueacutem a ser torturado ou violentamente aniquilado independentemente do crime cometido Dada a imensidatildeo da violecircncia nalguns paiacuteses ocidentais as formas de puniccedilatildeo muito violentas foram substituiacutedas pelas penas de prisatildeo A criaccedilatildeo de prisotildees foi uma forma de manter os indiviacuteduos laquoisoladosraquo do mundo exterior permitindo assim o controlo e a disciplina do comportamento dos mesmos

Muitas das vezes questiona-se porque eacute que esses actos tatildeo violentos ldquosem doacute nem piedaderdquo existiam com grande disseminaccedilatildeo levando a que se pense que outrora a violenccedila era muito mais acentuada permitindo assim que os indiviacuteduos tambeacutem fossem muitiacutessimo brutais Contudo a justificaccedilatildeo de que nos tornaacutemos muito mais humanos natildeo eacute satisfatoacuteria e muito menos convincente para um socioacutelogo

Para abordar o tema Pena de Morte tive que ter em conta alguns pontos essenciais nomeadamente os estudos socioloacutegicos a apreciaccedilatildeo geral dos indiviacuteduos bem como o que eacute que proporciona os comportamentos dos mesmos Essa abordagem tem em atenccedilatildeo o contexto cultural em que os indiviacuteduos estatildeo inseridos e os pontos acima mencionados satildeo analisados no segundo capiacutetulo

As mudanccedilas do comportamento das pessoas tecircm a ver de alguma forma com as influecircncias sociais ligadas aos principais processos de mudanccedila com os factores de ordem social

O terceiro capiacutetulo reuacutene argumentos a favor da aboliccedilatildeo da pena de morte Eacute de extrema importacircncia conhecer o processo de morte pelo qual passa o condenado que por sinal parece ser de uma violecircncia brutal

A seguir encontra-se a avaliaccedilatildeo da paacutegina Web na qual explico detalhadamente todos os passos feitos na Internet ateacute chegar agrave informaccedilatildeo obtida e de certa forma desejada Nela explico todos os pontos positivos e negativos bem como os obstaacuteculos que tive de ultrapassar para que a minha pesquisa terminasse com algum sucesso Confesso que foi um pouco difiacutecil mas o resultado eacute gratificante Olhar toda a informaccedilatildeo que me rodeia com uma distacircncia criacutetica foi uma das etapas a adoptar decerto nada faacutecil poreacutem o mais indicado Utilizei alguns artigos da Internet dado a informaccedilatildeo ser mais recente e relevante apesar das fontes de informaccedilatildeo dos manuais serem fidedignas e conferirem sem duacutevida alguma uma maior credibilidade ao meu trabalho

A sua informaccedilatildeo eacute dirigida a todo o tipo de puacuteblico desde estudantes profissionais e outros O objectivo da paacutegina eacute de informar e tambeacutem persuadir o leitor

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para o tema da pena de morte transmitindo-lhe o problema sem informaccedilatildeo exaustiva Para lecirc-la natildeo eacute necessaacuterio nenhum conhecimento preacutevio para a sua compreensatildeo estaacute escrita numa linguagem bastante clara e mais acessiacutevel e daacute para qualquer tipo de puacuteblico

Na paacutegina dos ldquoComentaacuterios Finaisrdquo encontra-se anaacutelises percentuais dos condenados dos EUA de 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000 (graacutefico 1) Encontra-se aiacute tambeacutem a distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no corredor da morte em Janeiro de 2000 (graacutefico 2) (eacute de salientar que a maioria destes satildeo de cor) bem como a distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 (graacutefico 3 e 4)

Os graacuteficos utilizados como fontes de informaccedilatildeo para a minha pesquisa encontram-se em anexo(8) O objectivo destes eacute contabilizar o nuacutemero de pessoas executadas Tambeacutem utilizada como fonte foi uma publicaccedilatildeo intitulada ldquoIndicadores Sociaisrdquo(INE1998)

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I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Morte

A uacuteltima execuccedilatildeo decorrida em Portugal foi em 1846 por crimes civis A Junho de 1852 no reinado de D Maria II a pena de morte foi abolida soacute para os

crimes poliacuteticos enquanto que a Julho de 1867 no reinado de D Luiacutes foi abolida para todos os tipos de crimes com excepccedilatildeo dos militares Mais tarde em Marccedilo de 1911 foi para todos os crimes Apoacutes trecircs anos em 1914 durante a Primeira Guerra Mundial eacute readmitida ldquoem caso de guerrardquo no entanto foi a uacuteltima pena de morte em Portugal Em Abril de 1976 vecirc-se esta definitivamente abolida para todos os crimes (Sampaio2001)

Na Franccedila temos a aboliccedilatildeo da pena capital a 9 de Outubro de 1981 Quanto aos EUA estes continuam a defender com todas as suas forccedilas o seu

ldquodireitordquo de matar apesar do movimento abolicionista internacional contra a pena de morte Muitas vezes violando as leis internacionais os EUA executam doentes mentais pessoas menores de idade na altura dos crimes pessoas mal representadas pessoas cuja culpa permanece em duacutevida e ateacute estrangeiros a quem foram negados direitos consulares Por incriacutevel que pareccedila os EUA natildeo satildeo os uacutenicos a fazecirc-lo Outros paiacuteses como o Paquistatildeo o Iratildeo e a Repuacuteblica do Congo tambeacutem realizaram execuccedilotildees por crimes cometidos por menores E natildeo foram poucos (Sampaio2001)

Em Abril de 2001 os EUA perderam o seu lugar na Comissatildeo para os Direitos Humanos da ONU O secretaacuterio da ONU Kofi Annan vencedor do Preacutemio Nobel da Paz de 2001 afirmou que viraacute o tempo em que os Estados que ainda aplicam a pena de morte chegaratildeo agrave conclusatildeo que jaacute eacute tarde para se redimirem do seu erro (Sampaio2001)

Na semana do dia 9 de Dezembro que Bush dedicou aos Direitos Humanos foram executados dois prisioneiros Byron Parker (Geoacutergia) e Vicent Cooks (Texas) Nesse mesmo dia Bush lembrando os ataques de 11 de Setembro afirmou que ldquoquando os nossos direitos satildeo atacados eles precisam de ser e seratildeo defendidosrdquo Desde esse dia o presidente americano tem-se referido muitas vezes agrave ldquocivilizaccedilatildeordquo Num discurso recente descreveu a guerra contra o terrorismo como uma guerra para salvar a civilizaccedilatildeo (Sampaio2001)

No corredor da morte nos EUA continuam ainda mais de 3700 prisioneiros e apoacutes Bush ter chegado agrave Casa Branca jaacute decorreram duas execuccedilotildees federais Apesar dos Estados Unidos serem os liacutederes deste traacutegico acontecimento o governador do estado de Illinois George Ryan tomou uma decisatildeo muito corajosa concedeu o perdatildeo a quatro prisioneiros que estavam condenados agrave pena de morte e comutou as sentenccedilas de morte de outros 167 prisioneiros Isto seraacute sem duacutevida um passo decisivo no sentido da aboliccedilatildeo da pena de morte nos EUA O governador jaacute foi defensor da pena de morte mas actualmente eacute um dos seus maiores criacuteticos Trecircs anos depois de se ter imposto uma moratoacuteria a todas as execuccedilotildees nos EUA devido ao ldquovergonhosordquo registo de inuacutemeras condenaccedilotildees de inocentes a sua decisatildeo de comutar todas as sentenccedilas de morte vem mostrar que o sistema natildeo soacute errava ao atribuir culpas como tambeacutem ldquoerrava ao determinar quem entre os culpados merecia morrerrdquo (Sampaio2001)

Com efeito em todos os EUA mais de 100 pessoas foram libertadas depois de terem sido condenadas agrave morte por se ter descoberto a sua inocecircncia

A etnia dos acusados e das viacutetimas as suas possibilidades econoacutemicas e o estado em que o crime eacute cometido determinam muitas vezes quem eacute condenado agrave morte nos EUA Um estudo divulgado no iniacutecio de 2003 sobre a pena de morte do estado de Maryland mostra que o sistema eacute fortemente influenciado por questotildees raciais e geograacuteficas Oitenta por cento dos mais de 800 executados nos EUA tanto satildeo brancos como negros (Sampaio2001)

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Na Araacutebia Saudita aplica-se uma lei islacircmica que impotildee a pena de morte a condenados por assassiacutenio violaccedilatildeo assalto agrave matildeo armada e traacutefico ou consumo de droga

O Sistema Islacircmico sobre os direitos humanos continua muito rudimentar em comparaccedilatildeo a outros sistemas regionais

Na Jugoslaacutevia em Novembro de 2001 o Parlamento aboliu a Pena de Morte com a adopccedilatildeo de um Coacutedigo Penal revisto sendo substituiacuteda por uma pena de prisatildeo de 40 anos

Um dos locais onde se tenta combater o traacutefico e o consumo de droga atraveacutes da aplicaccedilatildeo da pena de morte eacute a Aacutesia Contudo esta opccedilatildeo natildeo tem sido muito eficaz Os governos da Indoneacutesia Tailacircndia e Filipinas mostraram interesse em aumentar a sua confianccedila na pena de morte para combater o traacutefico assim como a China

Nas Filipinas em Marccedilo de 2001 a presidente Arroyo afirmou que executar pessoas natildeo resolveria o problema do aumento dos crimes de rapto e traacutefico de droga Poreacutem a presidente agora renuncia essas afirmaccedilotildees ordenando a execuccedilatildeo de raptores (Sampaio2001)

ldquoA pena de morte arrisca sempre a vida de inocentes risco este aumentado nas Filipinas agrave falta de protecccedilatildeo aos detidos durante interrogatoacuterios policiaisrdquo(Sampaio2001)

A 14 de Fevereiro de 2003 foi publicado no ldquoPuacuteblicordquo que os iranianos renovaram a sentenccedila de pena de morte para Salman Rushdie O escritor anglo-indiano recebeu a sua sentenccedila e o histoacuterico decreto eacute irrevogaacutevel e nada pode mudaacute-lo segundo informou a elite da Guarda Revolucionaacuteria do Iratildeo (Sampaio2001)

A sentenccedila de morte foi decretada por causa do livro ldquoOs Versos Satacircnicosrdquo lanccedilado no Brasil pela editora Companhia das Letras (Sampaio2001)

Existem ainda muitos paiacuteses que fazem parte da lista negra em relaccedilatildeo agrave pena de morte alguns deles satildeo a China Cuba Iratildeo Iraque Ruacutessia Araacutebia Saudita e EUA

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II- A Pena de Morte e a Sociedade A Pena de Morte natildeo eacute a uacutenica forma de se tirar a vida a um ser humano Tambeacutem

existem outros modos de o fazer nomeadamente a tortura a qual era bem aceite e admitida em algumas circunstacircncias

Estes dois modelos de barbarismo satildeo agora bastante condenaacuteveis pela lei dos direitos humanos internacionais Natildeo soacute as normas convencionais mas tambeacutem as normas comuns Esta lei tinha que ser dinacircmica adaptada e desenvolver-se com o progresso da vida social e suas atitudes

Em 1948 a pena de morte foi reconhecida universalmente como excepccedilatildeo ao direito agrave vida No entanto natildeo deixa de ser caracterizada como uma brutalidade

O direito agrave vida eacute um dos direitos mais importantes que noacutes temos Eacute um direito supremo e primordial nunca esquecendo de incluir o direito agrave comida e aos cuidados meacutedicos Todas as pessoas tecircm o mesmo direito antes de uma audiecircncia e da decisatildeo do tribunal Qualquer pessoa eacute considerada inocente ateacute provar o contraacuterio e tem direito agraves miacutenimas garantias Todo o ser humano tem direito agrave vida agrave liberdade e agrave seguranccedila sobre si mesmo e esse direito deveria ser protegido pela lei Ningueacutem deve ser privado de tal (Sampaio2001)

Nos paiacuteses onde a pena de morte natildeo foi abolida a sentenccedila deveraacute ser imposta soacute a crimes muito graves de acordo com a lei Esta pena soacute deveraacute ser definida ou persuadida depois do julgamento final decorrido num tribunal competente para tal

Talvez uma justiccedila com penalidades mais severas ajudasse um pouco a reprimir o flagiacutecio Seraacute que a existecircncia de pena de morte funciona como um freio numa mente criminosa ou propensa a tal

Na concepccedilatildeo de muitos nenhuma pessoa com bom senso precisa de pena de morte para natildeo cometer agravos Tal como nenhum indiviacuteduo com bom senso precisa de multas elevadas para utilizar o cinto de seguranccedila no automoacutevel

Acredita-se que para diminuir os malefiacutecios principalmente os mais violentos eacute necessaacuterio empregar uma matildeo forte capaz de intimidar os delinquentes Daiacute a pena de morte ser a soluccedilatildeo mais viaacutevel para a criminalidade urbana violenta Ora o que se tem verificado eacute que esta natildeo tem solucionado o problema da criminalidade violenta sequer nos paiacuteses que a adoptaram ou ainda a adoptam Por exemplo nos EUA nada resolveu nem tem resolvido pois as taxas de homiciacutedios satildeo de longe as mais elevadas do mundo industrializado

O sofrimento de esperar a ldquosua vez de morrerrdquo eacute uma brutalidade inominaacutevel Para natildeo falar daqueles que a esperam inocentemente sem nada terem cometido senatildeo o facto de terem nascido ldquoMuitos dos condenados ainda passam pelo sofrimento da dor quando a sua morte natildeo eacute imediata pois existem falhas mecacircnicas Ou seja se o primeiro choque natildeo for suficiente a operaccedilatildeo eacute repetida uma ou duas vezes ateacute surtir o efeitoe o reacuteprobo sofre imenso com isso e eacute literalmente frito em vidardquo(Sampaio2001) Onde quer que a pena de morte esteja em vigor natildeo eacute possiacutevel corrigir posteriormente casos de injusticcedila mesmo que surjam provas que demonstrem que o indiviacuteduo foi erradamente condenado

Os delinquentes ricos tecircm mais facilidades para contratar advogados haacutebeis e serem declarados inocentes do que os mais pobres que natildeo tecircm essa possibilidade sujeitando-se mesmo que sejam inocentes a ser inculpados Estes problemas natildeo satildeo soacute de agora mas a pena de morte para aleacutem de existir haacute muito eacute um assunto muito actual A sua validade eacute discutida em todos os acircmbitos da sociedade Agrave medida que aumenta a incidecircncia das transgressotildees violentas vemos alguns sectores movimentando-se para que a Pena Capital seja instaurada nos nossos sistemas judiciaacuterios

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Muitos portugueses acham que esta deveria vigorar em Portugal punindo as pessoas que cometeram iniquidades violentas Outros satildeo da opiniatildeo de que deve continuar natildeo existindo preservando os direitos humanos A Pena de Morte eacute um assunto muito poleacutemico e conturbado um tanto delicado exigindo muita ponderaccedilatildeo em todos os aspectos Segundo alguns indiviacuteduos a ameaccedila de execuccedilatildeo desencoraja potenciais assassinos mas embora as discussotildees continuem poucos ou nenhuns dados apoiam esta ideia

Ateacute que ponto a Pena de Morte traraacute um bem estar para a sociedade O Estado ao praticaacute-la tambeacutem natildeo estaraacute a cometer um assassiacutenio Por vezes tenta-se justificar a pena de morte dizendo-se simplesmente que eacute mais barato matar alguns presos que mantecirc-los na prisatildeo Seraacute assim E se o for tal facto eacute social e humanamente aceitaacutevel

ldquo A questatildeo da violecircncia jamais encontraraacute soluccedilotildees na violecircncia venha ela de onde vier do proacuteprio povo ou dos chamados poderes constitucionaisrdquo( Sampaio2001)

Merecedores da nossa atenccedilatildeo satildeo a raacutedio e a televisatildeo que multiplicam sem duacutevida a violecircncia Os seus programas entram nas nossas casas como se estivessem sendo praticados naquele exacto momento diante dos nossos olhos A violecircncia contra a populaccedilatildeo sempre existiu eacute um facto Assassinatos roubos e crimes sexuais satildeo praticados haacute muito tempo soacute que agora ouvimos falar muito deles devido agrave facilidade de comunicaccedilatildeo que hoje temos

Actualmente os meios de comunicaccedilatildeo colocam-nos ao corrente de tudo aumentando os iacutendices de audiecircncia

Ouve-se falar muito em criminalidade eacute verdade Mas esta outrora era camuflada Porque os meios de comunicaccedilatildeo de que hoje dispomos e que se banalizaram haacute tempos atraacutes eram algo muito raro E aqueles que existiam eram soacute para quem tinha posses monetaacuterias

A informaccedilatildeo bate-nos todos os dias agrave nossa porta colocando-nos ao corrente de tudo enquanto que em outros tempos isso era impensaacutevel Logo as pessoas ficavam como que isoladas ldquono seu mundordquo sem saber o que se passa agrave sua volta

Hoje em dia como desde haacute muito as pessoas vivem com as suas leis A vida social eacute isso mesmo governada por normas e regras E o natildeo cumprimento pode originar a reprovaccedilatildeo ou uma sanccedilatildeo social mais ou menos severa consoante o delito cometido

Embora existam processos que tendam a conservar a ordem social haacute sempre casos de violaccedilatildeo das normas quando os mecanismos de controlo social natildeo satildeo suficientemente fortes para conseguir manter a ordem estabelecida Com efeito existem em todas as sociedades comportamentos que natildeo satildeo considerados normais que se afastam das normas estabelecidas e que satildeo os chamados comportamentos desviantes

Todas as normas sociais satildeo acompanhadas por sanccedilotildees que promovem a conformidade e castigam a natildeo conformidade As sanccedilotildees podem ser positivas quando implicam uma recompensa ou uma aprovaccedilatildeo ou negativas quando implicam uma pena ou desaprovaccedilatildeo Neste uacuteltimo caso estamos perante sanccedilotildees repressivas correctivas ou punitivas Tambeacutem podem ser formais quando satildeo colocadas em praacutetica por corpos especiacuteficos para assegurar o seu cumprimento Como exemplo temos as leis definidas pelos orgatildeos de soberania Ou podem ser informais quando se trata de reacccedilotildees espontacircneas natildeo organizadas tipo a reprovaccedilatildeo social

Nas sociedades modernas os principais tipos de sanccedilotildees formais satildeo os que fazem parte do sistema de puniccedilatildeo representado pelos tribunais e prisotildees A poliacutecia eacute a instituiccedilatildeo encarregue de levar os ofensores a tribunal e a um possiacutevel encarceramento O encarceramento eacute uma forma de punir os malfeitores e de proteger os cidadatildeos das suas acccedilotildees Todavia o princiacutepio subjacente ao sistema prisional eacute o de laquomelhorarraquo o indiviacuteduo de maneira a que esta possa ter um papel digno e decente da sociedade

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Eacute certo que ldquoningueacutem quebra todas as regras assim como ningueacutem as respeita todasrdquo (Sampaio2001)

A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamentos geralmente aceites

Onde haacute leis tambeacutem existem crimes na medida em que o crime pode simplesmente ser definido como qualquer tipo de comportamento que viola a lei O pior eacute que muitos dos flagiacutecios cometidos natildeo satildeo denunciados agrave poliacutecia Algumas das primeiras tentativas de explicar o crime e outras formas de desvio foram essencialmente de caraacutecter bioloacutegico todavia o que se entende por crime depende das instituiccedilotildees sociais de uma determinada sociedade

Quando se comeccedila a estudar o comportamento desviante eacute necessaacuterio ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem pois diferentes culturas tecircm diferentes normas e valores O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social O que eacute considerado normal ou desviante varia muito de uma sociedade para outra

Atraveacutes da Sociologia apercebemo-nos de que ningueacutem eacute tatildeo normal quanto gosta de pensar e de que as pessoas cujo comportamento possa parecer estranho ou incompreensiacutevel satildeo seres racionais quando compreendemos a razatildeo dos seus actos Ela mostra que os indiviacuteduos satildeo aquilo que a sociedade o fez ser e que esses mesmos indiviacuteduos tentam de forma deacutebil e hesitante ou agraves vezes apaixonadamente ser outra coisa alguma coisa que eles mesmos tenham escolhido ser A sociologia aponta a infinita precariedade de todas as identidades atribuiacutedas socialmente A perspectiva socioloacutegica natildeo eacute conducente a uma atitude de esperanccedila e optimismo decerto que antes levaraacute a um maior ou menor grau de desencanto com as interpretaccedilotildees da realidade social oferecidas nas igrejas e nas aulas de civismo

Segundo alguns socioacutelogos a pena de morte age como dissuassor de delitos mas a sua aboliccedilatildeo natildeo leva agraves assustadoras consequecircncias previstas por seus protagonistas

Iniquidades como o roubo e o assalto satildeo cometidas principalmente por pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres da populaccedilatildeo Outras como os desfalques ou a fuga aos impostos estatildeo por definiccedilatildeo limitados a pessoas com alguma riqueza

Segundo Edwin H Sutherland os indiviacuteduos tornam-se delinquentes ou criminosos atraveacutes da sua associaccedilatildeo com outros que satildeo portadores de normas criminais (Giddens2000219)

Na opiniatildeo de Giddens os ladrotildees tentam ganhar dinheiro tal como as pessoas com empregos normais todavia escolhem formas ilegais de o fazer Isso acontece devido agraves pressotildees que induzem aacute actividade criminosa no seio de outros grupos como por exemplo os ditos ldquocrimes de colarinho brancordquo(Giddens2000220-221) Ultimamente o crime de rua incluindo crimes violentos de diversa ordem traacutefico de droga e vandalismo tecircm aumentado A explicaccedilatildeo mais plausiacutevel para a alta taxa de crimes violentos nos EUA consiste na combinaccedilatildeo da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo e com a influecircncia geral da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo com a existecircncia de subculturas de violecircncia nas grandes cidades

Actualmente a forma mais comum de punir o flagiacutecio eacute o encarceramento Contudo jaacute haacute vaacuterias alternativas ao encarceramento em praacutetica ou numa fase de estudo em diversos paiacuteses

Uma eacute a supervisatildeo por parte da comunidade incluindo a pena suspensa a liberdade condicional e a liberdade sob fianccedila Outra eacute a diversatildeo que se refere a programas que afastam totalmente o indiviacuteduo dos tribunais

Existem outras possibilidades tais como as prestaccedilotildees de trabalho agrave comunidade substituiccedilatildeo de penas por multas indemnizaccedilotildees agrave viacutetima comunidades terapecircuticas e licenccedilas temporaacuterias de saiacuteda que permitem que os presos passem tempo fora das prisotildees Haacute quem tenha defendido a aboliccedilatildeo total das prisotildees Ateacute ao seacuteculo XIX a

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principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

Octaacutevia Maria Pereira Gomes

Crime e Pena de Morte

Trabalho realizado no acircmbito da cadeira de Fontes de Informaccedilatildeo Socioloacutegica da Faculdade de Economia sob a orientaccedilatildeo do Professor

Paulo Peixoto

Coimbra Junho de 2003

Iacutendice Introduccedilatildeo 1 I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Morte 3 II-A pena de Morte e a Sociedade 5 III- Porquecirc abolir a Pena de Morte 11 IV- Comentaacuterios Finais 13 Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web 14 Ficha de Leitura 15 Conclusatildeo 16 Referecircncias Bibliograacuteficas 18 Anexo 1 Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato dos Direitos Civis Anexo 2 Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem Anexo 3 Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Anexo 4 Carta dos Direitos Fundamentais da EU Anexo 5 Citaccedilotildees Anexo 6 Glossaacuterio Anexo 7 Graacuteficos Anexo 8 Meacutetodos de Execuccedilatildeo Anexo 9 Texto da Ficha de Leitura

1

Introduccedilatildeo

Ainda hoje em pleno seacuteculo XXI a Pena de Morte suscita alguma poleacutemica Aquela apesar de jaacute natildeo existir em Portugal desde 1867 ainda vigora em alguns paiacuteses como irei descrever no primeiro capiacutetulo

Em muitos deles tais como Paquistatildeo Iratildeo EUA Filipinas e Indoneacutesia executavam-se milhares de pessoas por estrangulamento Todavia esta sentenccedila jaacute foi abolida e em contrapartida mantiveram-se outras

Na Europa mais precisamente na Alemanha com o Nazismo reavivou-se a pena de morte Este acontecimento (violento) deveu-se ao facto de se considerar esta forma de puniccedilatildeo baacuterbara um bem essencial para a defesa da comunidade Em 1949 esta pena perde a vigecircncia visto atingir a dignidade da pessoa humana

As legislaccedilotildees antigas impunham a pena de morte acompanhada de tormentos e mutilaccedilotildees executada publicamente atraveacutes da fogueira o esquartejamento a empalaccedilatildeo o garrote a imersatildeo e o esmagamento A decapitaccedilatildeo e a forca satildeo uma forma simples de execuccedilatildeo a primeira para os nobres e a uacuteltima para os ladrotildees e homicidas (cfanexo8)

Os meacutetodos de execuccedilatildeo modernos visam proporcionar uma morte raacutepida com o menor sofrimento possiacutevel mas apesar disso natildeo deixa de o haver Hoje considera-se estas formas de puniccedilatildeo inteiramente repulsivas e satildeo poucas as pessoas que hoje em dia conseguem imaginar algueacutem a ser torturado ou violentamente aniquilado independentemente do crime cometido Dada a imensidatildeo da violecircncia nalguns paiacuteses ocidentais as formas de puniccedilatildeo muito violentas foram substituiacutedas pelas penas de prisatildeo A criaccedilatildeo de prisotildees foi uma forma de manter os indiviacuteduos laquoisoladosraquo do mundo exterior permitindo assim o controlo e a disciplina do comportamento dos mesmos

Muitas das vezes questiona-se porque eacute que esses actos tatildeo violentos ldquosem doacute nem piedaderdquo existiam com grande disseminaccedilatildeo levando a que se pense que outrora a violenccedila era muito mais acentuada permitindo assim que os indiviacuteduos tambeacutem fossem muitiacutessimo brutais Contudo a justificaccedilatildeo de que nos tornaacutemos muito mais humanos natildeo eacute satisfatoacuteria e muito menos convincente para um socioacutelogo

Para abordar o tema Pena de Morte tive que ter em conta alguns pontos essenciais nomeadamente os estudos socioloacutegicos a apreciaccedilatildeo geral dos indiviacuteduos bem como o que eacute que proporciona os comportamentos dos mesmos Essa abordagem tem em atenccedilatildeo o contexto cultural em que os indiviacuteduos estatildeo inseridos e os pontos acima mencionados satildeo analisados no segundo capiacutetulo

As mudanccedilas do comportamento das pessoas tecircm a ver de alguma forma com as influecircncias sociais ligadas aos principais processos de mudanccedila com os factores de ordem social

O terceiro capiacutetulo reuacutene argumentos a favor da aboliccedilatildeo da pena de morte Eacute de extrema importacircncia conhecer o processo de morte pelo qual passa o condenado que por sinal parece ser de uma violecircncia brutal

A seguir encontra-se a avaliaccedilatildeo da paacutegina Web na qual explico detalhadamente todos os passos feitos na Internet ateacute chegar agrave informaccedilatildeo obtida e de certa forma desejada Nela explico todos os pontos positivos e negativos bem como os obstaacuteculos que tive de ultrapassar para que a minha pesquisa terminasse com algum sucesso Confesso que foi um pouco difiacutecil mas o resultado eacute gratificante Olhar toda a informaccedilatildeo que me rodeia com uma distacircncia criacutetica foi uma das etapas a adoptar decerto nada faacutecil poreacutem o mais indicado Utilizei alguns artigos da Internet dado a informaccedilatildeo ser mais recente e relevante apesar das fontes de informaccedilatildeo dos manuais serem fidedignas e conferirem sem duacutevida alguma uma maior credibilidade ao meu trabalho

A sua informaccedilatildeo eacute dirigida a todo o tipo de puacuteblico desde estudantes profissionais e outros O objectivo da paacutegina eacute de informar e tambeacutem persuadir o leitor

2

para o tema da pena de morte transmitindo-lhe o problema sem informaccedilatildeo exaustiva Para lecirc-la natildeo eacute necessaacuterio nenhum conhecimento preacutevio para a sua compreensatildeo estaacute escrita numa linguagem bastante clara e mais acessiacutevel e daacute para qualquer tipo de puacuteblico

Na paacutegina dos ldquoComentaacuterios Finaisrdquo encontra-se anaacutelises percentuais dos condenados dos EUA de 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000 (graacutefico 1) Encontra-se aiacute tambeacutem a distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no corredor da morte em Janeiro de 2000 (graacutefico 2) (eacute de salientar que a maioria destes satildeo de cor) bem como a distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 (graacutefico 3 e 4)

Os graacuteficos utilizados como fontes de informaccedilatildeo para a minha pesquisa encontram-se em anexo(8) O objectivo destes eacute contabilizar o nuacutemero de pessoas executadas Tambeacutem utilizada como fonte foi uma publicaccedilatildeo intitulada ldquoIndicadores Sociaisrdquo(INE1998)

3

I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Morte

A uacuteltima execuccedilatildeo decorrida em Portugal foi em 1846 por crimes civis A Junho de 1852 no reinado de D Maria II a pena de morte foi abolida soacute para os

crimes poliacuteticos enquanto que a Julho de 1867 no reinado de D Luiacutes foi abolida para todos os tipos de crimes com excepccedilatildeo dos militares Mais tarde em Marccedilo de 1911 foi para todos os crimes Apoacutes trecircs anos em 1914 durante a Primeira Guerra Mundial eacute readmitida ldquoem caso de guerrardquo no entanto foi a uacuteltima pena de morte em Portugal Em Abril de 1976 vecirc-se esta definitivamente abolida para todos os crimes (Sampaio2001)

Na Franccedila temos a aboliccedilatildeo da pena capital a 9 de Outubro de 1981 Quanto aos EUA estes continuam a defender com todas as suas forccedilas o seu

ldquodireitordquo de matar apesar do movimento abolicionista internacional contra a pena de morte Muitas vezes violando as leis internacionais os EUA executam doentes mentais pessoas menores de idade na altura dos crimes pessoas mal representadas pessoas cuja culpa permanece em duacutevida e ateacute estrangeiros a quem foram negados direitos consulares Por incriacutevel que pareccedila os EUA natildeo satildeo os uacutenicos a fazecirc-lo Outros paiacuteses como o Paquistatildeo o Iratildeo e a Repuacuteblica do Congo tambeacutem realizaram execuccedilotildees por crimes cometidos por menores E natildeo foram poucos (Sampaio2001)

Em Abril de 2001 os EUA perderam o seu lugar na Comissatildeo para os Direitos Humanos da ONU O secretaacuterio da ONU Kofi Annan vencedor do Preacutemio Nobel da Paz de 2001 afirmou que viraacute o tempo em que os Estados que ainda aplicam a pena de morte chegaratildeo agrave conclusatildeo que jaacute eacute tarde para se redimirem do seu erro (Sampaio2001)

Na semana do dia 9 de Dezembro que Bush dedicou aos Direitos Humanos foram executados dois prisioneiros Byron Parker (Geoacutergia) e Vicent Cooks (Texas) Nesse mesmo dia Bush lembrando os ataques de 11 de Setembro afirmou que ldquoquando os nossos direitos satildeo atacados eles precisam de ser e seratildeo defendidosrdquo Desde esse dia o presidente americano tem-se referido muitas vezes agrave ldquocivilizaccedilatildeordquo Num discurso recente descreveu a guerra contra o terrorismo como uma guerra para salvar a civilizaccedilatildeo (Sampaio2001)

No corredor da morte nos EUA continuam ainda mais de 3700 prisioneiros e apoacutes Bush ter chegado agrave Casa Branca jaacute decorreram duas execuccedilotildees federais Apesar dos Estados Unidos serem os liacutederes deste traacutegico acontecimento o governador do estado de Illinois George Ryan tomou uma decisatildeo muito corajosa concedeu o perdatildeo a quatro prisioneiros que estavam condenados agrave pena de morte e comutou as sentenccedilas de morte de outros 167 prisioneiros Isto seraacute sem duacutevida um passo decisivo no sentido da aboliccedilatildeo da pena de morte nos EUA O governador jaacute foi defensor da pena de morte mas actualmente eacute um dos seus maiores criacuteticos Trecircs anos depois de se ter imposto uma moratoacuteria a todas as execuccedilotildees nos EUA devido ao ldquovergonhosordquo registo de inuacutemeras condenaccedilotildees de inocentes a sua decisatildeo de comutar todas as sentenccedilas de morte vem mostrar que o sistema natildeo soacute errava ao atribuir culpas como tambeacutem ldquoerrava ao determinar quem entre os culpados merecia morrerrdquo (Sampaio2001)

Com efeito em todos os EUA mais de 100 pessoas foram libertadas depois de terem sido condenadas agrave morte por se ter descoberto a sua inocecircncia

A etnia dos acusados e das viacutetimas as suas possibilidades econoacutemicas e o estado em que o crime eacute cometido determinam muitas vezes quem eacute condenado agrave morte nos EUA Um estudo divulgado no iniacutecio de 2003 sobre a pena de morte do estado de Maryland mostra que o sistema eacute fortemente influenciado por questotildees raciais e geograacuteficas Oitenta por cento dos mais de 800 executados nos EUA tanto satildeo brancos como negros (Sampaio2001)

4

Na Araacutebia Saudita aplica-se uma lei islacircmica que impotildee a pena de morte a condenados por assassiacutenio violaccedilatildeo assalto agrave matildeo armada e traacutefico ou consumo de droga

O Sistema Islacircmico sobre os direitos humanos continua muito rudimentar em comparaccedilatildeo a outros sistemas regionais

Na Jugoslaacutevia em Novembro de 2001 o Parlamento aboliu a Pena de Morte com a adopccedilatildeo de um Coacutedigo Penal revisto sendo substituiacuteda por uma pena de prisatildeo de 40 anos

Um dos locais onde se tenta combater o traacutefico e o consumo de droga atraveacutes da aplicaccedilatildeo da pena de morte eacute a Aacutesia Contudo esta opccedilatildeo natildeo tem sido muito eficaz Os governos da Indoneacutesia Tailacircndia e Filipinas mostraram interesse em aumentar a sua confianccedila na pena de morte para combater o traacutefico assim como a China

Nas Filipinas em Marccedilo de 2001 a presidente Arroyo afirmou que executar pessoas natildeo resolveria o problema do aumento dos crimes de rapto e traacutefico de droga Poreacutem a presidente agora renuncia essas afirmaccedilotildees ordenando a execuccedilatildeo de raptores (Sampaio2001)

ldquoA pena de morte arrisca sempre a vida de inocentes risco este aumentado nas Filipinas agrave falta de protecccedilatildeo aos detidos durante interrogatoacuterios policiaisrdquo(Sampaio2001)

A 14 de Fevereiro de 2003 foi publicado no ldquoPuacuteblicordquo que os iranianos renovaram a sentenccedila de pena de morte para Salman Rushdie O escritor anglo-indiano recebeu a sua sentenccedila e o histoacuterico decreto eacute irrevogaacutevel e nada pode mudaacute-lo segundo informou a elite da Guarda Revolucionaacuteria do Iratildeo (Sampaio2001)

A sentenccedila de morte foi decretada por causa do livro ldquoOs Versos Satacircnicosrdquo lanccedilado no Brasil pela editora Companhia das Letras (Sampaio2001)

Existem ainda muitos paiacuteses que fazem parte da lista negra em relaccedilatildeo agrave pena de morte alguns deles satildeo a China Cuba Iratildeo Iraque Ruacutessia Araacutebia Saudita e EUA

5

II- A Pena de Morte e a Sociedade A Pena de Morte natildeo eacute a uacutenica forma de se tirar a vida a um ser humano Tambeacutem

existem outros modos de o fazer nomeadamente a tortura a qual era bem aceite e admitida em algumas circunstacircncias

Estes dois modelos de barbarismo satildeo agora bastante condenaacuteveis pela lei dos direitos humanos internacionais Natildeo soacute as normas convencionais mas tambeacutem as normas comuns Esta lei tinha que ser dinacircmica adaptada e desenvolver-se com o progresso da vida social e suas atitudes

Em 1948 a pena de morte foi reconhecida universalmente como excepccedilatildeo ao direito agrave vida No entanto natildeo deixa de ser caracterizada como uma brutalidade

O direito agrave vida eacute um dos direitos mais importantes que noacutes temos Eacute um direito supremo e primordial nunca esquecendo de incluir o direito agrave comida e aos cuidados meacutedicos Todas as pessoas tecircm o mesmo direito antes de uma audiecircncia e da decisatildeo do tribunal Qualquer pessoa eacute considerada inocente ateacute provar o contraacuterio e tem direito agraves miacutenimas garantias Todo o ser humano tem direito agrave vida agrave liberdade e agrave seguranccedila sobre si mesmo e esse direito deveria ser protegido pela lei Ningueacutem deve ser privado de tal (Sampaio2001)

Nos paiacuteses onde a pena de morte natildeo foi abolida a sentenccedila deveraacute ser imposta soacute a crimes muito graves de acordo com a lei Esta pena soacute deveraacute ser definida ou persuadida depois do julgamento final decorrido num tribunal competente para tal

Talvez uma justiccedila com penalidades mais severas ajudasse um pouco a reprimir o flagiacutecio Seraacute que a existecircncia de pena de morte funciona como um freio numa mente criminosa ou propensa a tal

Na concepccedilatildeo de muitos nenhuma pessoa com bom senso precisa de pena de morte para natildeo cometer agravos Tal como nenhum indiviacuteduo com bom senso precisa de multas elevadas para utilizar o cinto de seguranccedila no automoacutevel

Acredita-se que para diminuir os malefiacutecios principalmente os mais violentos eacute necessaacuterio empregar uma matildeo forte capaz de intimidar os delinquentes Daiacute a pena de morte ser a soluccedilatildeo mais viaacutevel para a criminalidade urbana violenta Ora o que se tem verificado eacute que esta natildeo tem solucionado o problema da criminalidade violenta sequer nos paiacuteses que a adoptaram ou ainda a adoptam Por exemplo nos EUA nada resolveu nem tem resolvido pois as taxas de homiciacutedios satildeo de longe as mais elevadas do mundo industrializado

O sofrimento de esperar a ldquosua vez de morrerrdquo eacute uma brutalidade inominaacutevel Para natildeo falar daqueles que a esperam inocentemente sem nada terem cometido senatildeo o facto de terem nascido ldquoMuitos dos condenados ainda passam pelo sofrimento da dor quando a sua morte natildeo eacute imediata pois existem falhas mecacircnicas Ou seja se o primeiro choque natildeo for suficiente a operaccedilatildeo eacute repetida uma ou duas vezes ateacute surtir o efeitoe o reacuteprobo sofre imenso com isso e eacute literalmente frito em vidardquo(Sampaio2001) Onde quer que a pena de morte esteja em vigor natildeo eacute possiacutevel corrigir posteriormente casos de injusticcedila mesmo que surjam provas que demonstrem que o indiviacuteduo foi erradamente condenado

Os delinquentes ricos tecircm mais facilidades para contratar advogados haacutebeis e serem declarados inocentes do que os mais pobres que natildeo tecircm essa possibilidade sujeitando-se mesmo que sejam inocentes a ser inculpados Estes problemas natildeo satildeo soacute de agora mas a pena de morte para aleacutem de existir haacute muito eacute um assunto muito actual A sua validade eacute discutida em todos os acircmbitos da sociedade Agrave medida que aumenta a incidecircncia das transgressotildees violentas vemos alguns sectores movimentando-se para que a Pena Capital seja instaurada nos nossos sistemas judiciaacuterios

6

Muitos portugueses acham que esta deveria vigorar em Portugal punindo as pessoas que cometeram iniquidades violentas Outros satildeo da opiniatildeo de que deve continuar natildeo existindo preservando os direitos humanos A Pena de Morte eacute um assunto muito poleacutemico e conturbado um tanto delicado exigindo muita ponderaccedilatildeo em todos os aspectos Segundo alguns indiviacuteduos a ameaccedila de execuccedilatildeo desencoraja potenciais assassinos mas embora as discussotildees continuem poucos ou nenhuns dados apoiam esta ideia

Ateacute que ponto a Pena de Morte traraacute um bem estar para a sociedade O Estado ao praticaacute-la tambeacutem natildeo estaraacute a cometer um assassiacutenio Por vezes tenta-se justificar a pena de morte dizendo-se simplesmente que eacute mais barato matar alguns presos que mantecirc-los na prisatildeo Seraacute assim E se o for tal facto eacute social e humanamente aceitaacutevel

ldquo A questatildeo da violecircncia jamais encontraraacute soluccedilotildees na violecircncia venha ela de onde vier do proacuteprio povo ou dos chamados poderes constitucionaisrdquo( Sampaio2001)

Merecedores da nossa atenccedilatildeo satildeo a raacutedio e a televisatildeo que multiplicam sem duacutevida a violecircncia Os seus programas entram nas nossas casas como se estivessem sendo praticados naquele exacto momento diante dos nossos olhos A violecircncia contra a populaccedilatildeo sempre existiu eacute um facto Assassinatos roubos e crimes sexuais satildeo praticados haacute muito tempo soacute que agora ouvimos falar muito deles devido agrave facilidade de comunicaccedilatildeo que hoje temos

Actualmente os meios de comunicaccedilatildeo colocam-nos ao corrente de tudo aumentando os iacutendices de audiecircncia

Ouve-se falar muito em criminalidade eacute verdade Mas esta outrora era camuflada Porque os meios de comunicaccedilatildeo de que hoje dispomos e que se banalizaram haacute tempos atraacutes eram algo muito raro E aqueles que existiam eram soacute para quem tinha posses monetaacuterias

A informaccedilatildeo bate-nos todos os dias agrave nossa porta colocando-nos ao corrente de tudo enquanto que em outros tempos isso era impensaacutevel Logo as pessoas ficavam como que isoladas ldquono seu mundordquo sem saber o que se passa agrave sua volta

Hoje em dia como desde haacute muito as pessoas vivem com as suas leis A vida social eacute isso mesmo governada por normas e regras E o natildeo cumprimento pode originar a reprovaccedilatildeo ou uma sanccedilatildeo social mais ou menos severa consoante o delito cometido

Embora existam processos que tendam a conservar a ordem social haacute sempre casos de violaccedilatildeo das normas quando os mecanismos de controlo social natildeo satildeo suficientemente fortes para conseguir manter a ordem estabelecida Com efeito existem em todas as sociedades comportamentos que natildeo satildeo considerados normais que se afastam das normas estabelecidas e que satildeo os chamados comportamentos desviantes

Todas as normas sociais satildeo acompanhadas por sanccedilotildees que promovem a conformidade e castigam a natildeo conformidade As sanccedilotildees podem ser positivas quando implicam uma recompensa ou uma aprovaccedilatildeo ou negativas quando implicam uma pena ou desaprovaccedilatildeo Neste uacuteltimo caso estamos perante sanccedilotildees repressivas correctivas ou punitivas Tambeacutem podem ser formais quando satildeo colocadas em praacutetica por corpos especiacuteficos para assegurar o seu cumprimento Como exemplo temos as leis definidas pelos orgatildeos de soberania Ou podem ser informais quando se trata de reacccedilotildees espontacircneas natildeo organizadas tipo a reprovaccedilatildeo social

Nas sociedades modernas os principais tipos de sanccedilotildees formais satildeo os que fazem parte do sistema de puniccedilatildeo representado pelos tribunais e prisotildees A poliacutecia eacute a instituiccedilatildeo encarregue de levar os ofensores a tribunal e a um possiacutevel encarceramento O encarceramento eacute uma forma de punir os malfeitores e de proteger os cidadatildeos das suas acccedilotildees Todavia o princiacutepio subjacente ao sistema prisional eacute o de laquomelhorarraquo o indiviacuteduo de maneira a que esta possa ter um papel digno e decente da sociedade

7

Eacute certo que ldquoningueacutem quebra todas as regras assim como ningueacutem as respeita todasrdquo (Sampaio2001)

A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamentos geralmente aceites

Onde haacute leis tambeacutem existem crimes na medida em que o crime pode simplesmente ser definido como qualquer tipo de comportamento que viola a lei O pior eacute que muitos dos flagiacutecios cometidos natildeo satildeo denunciados agrave poliacutecia Algumas das primeiras tentativas de explicar o crime e outras formas de desvio foram essencialmente de caraacutecter bioloacutegico todavia o que se entende por crime depende das instituiccedilotildees sociais de uma determinada sociedade

Quando se comeccedila a estudar o comportamento desviante eacute necessaacuterio ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem pois diferentes culturas tecircm diferentes normas e valores O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social O que eacute considerado normal ou desviante varia muito de uma sociedade para outra

Atraveacutes da Sociologia apercebemo-nos de que ningueacutem eacute tatildeo normal quanto gosta de pensar e de que as pessoas cujo comportamento possa parecer estranho ou incompreensiacutevel satildeo seres racionais quando compreendemos a razatildeo dos seus actos Ela mostra que os indiviacuteduos satildeo aquilo que a sociedade o fez ser e que esses mesmos indiviacuteduos tentam de forma deacutebil e hesitante ou agraves vezes apaixonadamente ser outra coisa alguma coisa que eles mesmos tenham escolhido ser A sociologia aponta a infinita precariedade de todas as identidades atribuiacutedas socialmente A perspectiva socioloacutegica natildeo eacute conducente a uma atitude de esperanccedila e optimismo decerto que antes levaraacute a um maior ou menor grau de desencanto com as interpretaccedilotildees da realidade social oferecidas nas igrejas e nas aulas de civismo

Segundo alguns socioacutelogos a pena de morte age como dissuassor de delitos mas a sua aboliccedilatildeo natildeo leva agraves assustadoras consequecircncias previstas por seus protagonistas

Iniquidades como o roubo e o assalto satildeo cometidas principalmente por pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres da populaccedilatildeo Outras como os desfalques ou a fuga aos impostos estatildeo por definiccedilatildeo limitados a pessoas com alguma riqueza

Segundo Edwin H Sutherland os indiviacuteduos tornam-se delinquentes ou criminosos atraveacutes da sua associaccedilatildeo com outros que satildeo portadores de normas criminais (Giddens2000219)

Na opiniatildeo de Giddens os ladrotildees tentam ganhar dinheiro tal como as pessoas com empregos normais todavia escolhem formas ilegais de o fazer Isso acontece devido agraves pressotildees que induzem aacute actividade criminosa no seio de outros grupos como por exemplo os ditos ldquocrimes de colarinho brancordquo(Giddens2000220-221) Ultimamente o crime de rua incluindo crimes violentos de diversa ordem traacutefico de droga e vandalismo tecircm aumentado A explicaccedilatildeo mais plausiacutevel para a alta taxa de crimes violentos nos EUA consiste na combinaccedilatildeo da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo e com a influecircncia geral da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo com a existecircncia de subculturas de violecircncia nas grandes cidades

Actualmente a forma mais comum de punir o flagiacutecio eacute o encarceramento Contudo jaacute haacute vaacuterias alternativas ao encarceramento em praacutetica ou numa fase de estudo em diversos paiacuteses

Uma eacute a supervisatildeo por parte da comunidade incluindo a pena suspensa a liberdade condicional e a liberdade sob fianccedila Outra eacute a diversatildeo que se refere a programas que afastam totalmente o indiviacuteduo dos tribunais

Existem outras possibilidades tais como as prestaccedilotildees de trabalho agrave comunidade substituiccedilatildeo de penas por multas indemnizaccedilotildees agrave viacutetima comunidades terapecircuticas e licenccedilas temporaacuterias de saiacuteda que permitem que os presos passem tempo fora das prisotildees Haacute quem tenha defendido a aboliccedilatildeo total das prisotildees Ateacute ao seacuteculo XIX a

8

principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

18

Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

Iacutendice Introduccedilatildeo 1 I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Morte 3 II-A pena de Morte e a Sociedade 5 III- Porquecirc abolir a Pena de Morte 11 IV- Comentaacuterios Finais 13 Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web 14 Ficha de Leitura 15 Conclusatildeo 16 Referecircncias Bibliograacuteficas 18 Anexo 1 Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato dos Direitos Civis Anexo 2 Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem Anexo 3 Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Anexo 4 Carta dos Direitos Fundamentais da EU Anexo 5 Citaccedilotildees Anexo 6 Glossaacuterio Anexo 7 Graacuteficos Anexo 8 Meacutetodos de Execuccedilatildeo Anexo 9 Texto da Ficha de Leitura

1

Introduccedilatildeo

Ainda hoje em pleno seacuteculo XXI a Pena de Morte suscita alguma poleacutemica Aquela apesar de jaacute natildeo existir em Portugal desde 1867 ainda vigora em alguns paiacuteses como irei descrever no primeiro capiacutetulo

Em muitos deles tais como Paquistatildeo Iratildeo EUA Filipinas e Indoneacutesia executavam-se milhares de pessoas por estrangulamento Todavia esta sentenccedila jaacute foi abolida e em contrapartida mantiveram-se outras

Na Europa mais precisamente na Alemanha com o Nazismo reavivou-se a pena de morte Este acontecimento (violento) deveu-se ao facto de se considerar esta forma de puniccedilatildeo baacuterbara um bem essencial para a defesa da comunidade Em 1949 esta pena perde a vigecircncia visto atingir a dignidade da pessoa humana

As legislaccedilotildees antigas impunham a pena de morte acompanhada de tormentos e mutilaccedilotildees executada publicamente atraveacutes da fogueira o esquartejamento a empalaccedilatildeo o garrote a imersatildeo e o esmagamento A decapitaccedilatildeo e a forca satildeo uma forma simples de execuccedilatildeo a primeira para os nobres e a uacuteltima para os ladrotildees e homicidas (cfanexo8)

Os meacutetodos de execuccedilatildeo modernos visam proporcionar uma morte raacutepida com o menor sofrimento possiacutevel mas apesar disso natildeo deixa de o haver Hoje considera-se estas formas de puniccedilatildeo inteiramente repulsivas e satildeo poucas as pessoas que hoje em dia conseguem imaginar algueacutem a ser torturado ou violentamente aniquilado independentemente do crime cometido Dada a imensidatildeo da violecircncia nalguns paiacuteses ocidentais as formas de puniccedilatildeo muito violentas foram substituiacutedas pelas penas de prisatildeo A criaccedilatildeo de prisotildees foi uma forma de manter os indiviacuteduos laquoisoladosraquo do mundo exterior permitindo assim o controlo e a disciplina do comportamento dos mesmos

Muitas das vezes questiona-se porque eacute que esses actos tatildeo violentos ldquosem doacute nem piedaderdquo existiam com grande disseminaccedilatildeo levando a que se pense que outrora a violenccedila era muito mais acentuada permitindo assim que os indiviacuteduos tambeacutem fossem muitiacutessimo brutais Contudo a justificaccedilatildeo de que nos tornaacutemos muito mais humanos natildeo eacute satisfatoacuteria e muito menos convincente para um socioacutelogo

Para abordar o tema Pena de Morte tive que ter em conta alguns pontos essenciais nomeadamente os estudos socioloacutegicos a apreciaccedilatildeo geral dos indiviacuteduos bem como o que eacute que proporciona os comportamentos dos mesmos Essa abordagem tem em atenccedilatildeo o contexto cultural em que os indiviacuteduos estatildeo inseridos e os pontos acima mencionados satildeo analisados no segundo capiacutetulo

As mudanccedilas do comportamento das pessoas tecircm a ver de alguma forma com as influecircncias sociais ligadas aos principais processos de mudanccedila com os factores de ordem social

O terceiro capiacutetulo reuacutene argumentos a favor da aboliccedilatildeo da pena de morte Eacute de extrema importacircncia conhecer o processo de morte pelo qual passa o condenado que por sinal parece ser de uma violecircncia brutal

A seguir encontra-se a avaliaccedilatildeo da paacutegina Web na qual explico detalhadamente todos os passos feitos na Internet ateacute chegar agrave informaccedilatildeo obtida e de certa forma desejada Nela explico todos os pontos positivos e negativos bem como os obstaacuteculos que tive de ultrapassar para que a minha pesquisa terminasse com algum sucesso Confesso que foi um pouco difiacutecil mas o resultado eacute gratificante Olhar toda a informaccedilatildeo que me rodeia com uma distacircncia criacutetica foi uma das etapas a adoptar decerto nada faacutecil poreacutem o mais indicado Utilizei alguns artigos da Internet dado a informaccedilatildeo ser mais recente e relevante apesar das fontes de informaccedilatildeo dos manuais serem fidedignas e conferirem sem duacutevida alguma uma maior credibilidade ao meu trabalho

A sua informaccedilatildeo eacute dirigida a todo o tipo de puacuteblico desde estudantes profissionais e outros O objectivo da paacutegina eacute de informar e tambeacutem persuadir o leitor

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para o tema da pena de morte transmitindo-lhe o problema sem informaccedilatildeo exaustiva Para lecirc-la natildeo eacute necessaacuterio nenhum conhecimento preacutevio para a sua compreensatildeo estaacute escrita numa linguagem bastante clara e mais acessiacutevel e daacute para qualquer tipo de puacuteblico

Na paacutegina dos ldquoComentaacuterios Finaisrdquo encontra-se anaacutelises percentuais dos condenados dos EUA de 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000 (graacutefico 1) Encontra-se aiacute tambeacutem a distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no corredor da morte em Janeiro de 2000 (graacutefico 2) (eacute de salientar que a maioria destes satildeo de cor) bem como a distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 (graacutefico 3 e 4)

Os graacuteficos utilizados como fontes de informaccedilatildeo para a minha pesquisa encontram-se em anexo(8) O objectivo destes eacute contabilizar o nuacutemero de pessoas executadas Tambeacutem utilizada como fonte foi uma publicaccedilatildeo intitulada ldquoIndicadores Sociaisrdquo(INE1998)

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I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Morte

A uacuteltima execuccedilatildeo decorrida em Portugal foi em 1846 por crimes civis A Junho de 1852 no reinado de D Maria II a pena de morte foi abolida soacute para os

crimes poliacuteticos enquanto que a Julho de 1867 no reinado de D Luiacutes foi abolida para todos os tipos de crimes com excepccedilatildeo dos militares Mais tarde em Marccedilo de 1911 foi para todos os crimes Apoacutes trecircs anos em 1914 durante a Primeira Guerra Mundial eacute readmitida ldquoem caso de guerrardquo no entanto foi a uacuteltima pena de morte em Portugal Em Abril de 1976 vecirc-se esta definitivamente abolida para todos os crimes (Sampaio2001)

Na Franccedila temos a aboliccedilatildeo da pena capital a 9 de Outubro de 1981 Quanto aos EUA estes continuam a defender com todas as suas forccedilas o seu

ldquodireitordquo de matar apesar do movimento abolicionista internacional contra a pena de morte Muitas vezes violando as leis internacionais os EUA executam doentes mentais pessoas menores de idade na altura dos crimes pessoas mal representadas pessoas cuja culpa permanece em duacutevida e ateacute estrangeiros a quem foram negados direitos consulares Por incriacutevel que pareccedila os EUA natildeo satildeo os uacutenicos a fazecirc-lo Outros paiacuteses como o Paquistatildeo o Iratildeo e a Repuacuteblica do Congo tambeacutem realizaram execuccedilotildees por crimes cometidos por menores E natildeo foram poucos (Sampaio2001)

Em Abril de 2001 os EUA perderam o seu lugar na Comissatildeo para os Direitos Humanos da ONU O secretaacuterio da ONU Kofi Annan vencedor do Preacutemio Nobel da Paz de 2001 afirmou que viraacute o tempo em que os Estados que ainda aplicam a pena de morte chegaratildeo agrave conclusatildeo que jaacute eacute tarde para se redimirem do seu erro (Sampaio2001)

Na semana do dia 9 de Dezembro que Bush dedicou aos Direitos Humanos foram executados dois prisioneiros Byron Parker (Geoacutergia) e Vicent Cooks (Texas) Nesse mesmo dia Bush lembrando os ataques de 11 de Setembro afirmou que ldquoquando os nossos direitos satildeo atacados eles precisam de ser e seratildeo defendidosrdquo Desde esse dia o presidente americano tem-se referido muitas vezes agrave ldquocivilizaccedilatildeordquo Num discurso recente descreveu a guerra contra o terrorismo como uma guerra para salvar a civilizaccedilatildeo (Sampaio2001)

No corredor da morte nos EUA continuam ainda mais de 3700 prisioneiros e apoacutes Bush ter chegado agrave Casa Branca jaacute decorreram duas execuccedilotildees federais Apesar dos Estados Unidos serem os liacutederes deste traacutegico acontecimento o governador do estado de Illinois George Ryan tomou uma decisatildeo muito corajosa concedeu o perdatildeo a quatro prisioneiros que estavam condenados agrave pena de morte e comutou as sentenccedilas de morte de outros 167 prisioneiros Isto seraacute sem duacutevida um passo decisivo no sentido da aboliccedilatildeo da pena de morte nos EUA O governador jaacute foi defensor da pena de morte mas actualmente eacute um dos seus maiores criacuteticos Trecircs anos depois de se ter imposto uma moratoacuteria a todas as execuccedilotildees nos EUA devido ao ldquovergonhosordquo registo de inuacutemeras condenaccedilotildees de inocentes a sua decisatildeo de comutar todas as sentenccedilas de morte vem mostrar que o sistema natildeo soacute errava ao atribuir culpas como tambeacutem ldquoerrava ao determinar quem entre os culpados merecia morrerrdquo (Sampaio2001)

Com efeito em todos os EUA mais de 100 pessoas foram libertadas depois de terem sido condenadas agrave morte por se ter descoberto a sua inocecircncia

A etnia dos acusados e das viacutetimas as suas possibilidades econoacutemicas e o estado em que o crime eacute cometido determinam muitas vezes quem eacute condenado agrave morte nos EUA Um estudo divulgado no iniacutecio de 2003 sobre a pena de morte do estado de Maryland mostra que o sistema eacute fortemente influenciado por questotildees raciais e geograacuteficas Oitenta por cento dos mais de 800 executados nos EUA tanto satildeo brancos como negros (Sampaio2001)

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Na Araacutebia Saudita aplica-se uma lei islacircmica que impotildee a pena de morte a condenados por assassiacutenio violaccedilatildeo assalto agrave matildeo armada e traacutefico ou consumo de droga

O Sistema Islacircmico sobre os direitos humanos continua muito rudimentar em comparaccedilatildeo a outros sistemas regionais

Na Jugoslaacutevia em Novembro de 2001 o Parlamento aboliu a Pena de Morte com a adopccedilatildeo de um Coacutedigo Penal revisto sendo substituiacuteda por uma pena de prisatildeo de 40 anos

Um dos locais onde se tenta combater o traacutefico e o consumo de droga atraveacutes da aplicaccedilatildeo da pena de morte eacute a Aacutesia Contudo esta opccedilatildeo natildeo tem sido muito eficaz Os governos da Indoneacutesia Tailacircndia e Filipinas mostraram interesse em aumentar a sua confianccedila na pena de morte para combater o traacutefico assim como a China

Nas Filipinas em Marccedilo de 2001 a presidente Arroyo afirmou que executar pessoas natildeo resolveria o problema do aumento dos crimes de rapto e traacutefico de droga Poreacutem a presidente agora renuncia essas afirmaccedilotildees ordenando a execuccedilatildeo de raptores (Sampaio2001)

ldquoA pena de morte arrisca sempre a vida de inocentes risco este aumentado nas Filipinas agrave falta de protecccedilatildeo aos detidos durante interrogatoacuterios policiaisrdquo(Sampaio2001)

A 14 de Fevereiro de 2003 foi publicado no ldquoPuacuteblicordquo que os iranianos renovaram a sentenccedila de pena de morte para Salman Rushdie O escritor anglo-indiano recebeu a sua sentenccedila e o histoacuterico decreto eacute irrevogaacutevel e nada pode mudaacute-lo segundo informou a elite da Guarda Revolucionaacuteria do Iratildeo (Sampaio2001)

A sentenccedila de morte foi decretada por causa do livro ldquoOs Versos Satacircnicosrdquo lanccedilado no Brasil pela editora Companhia das Letras (Sampaio2001)

Existem ainda muitos paiacuteses que fazem parte da lista negra em relaccedilatildeo agrave pena de morte alguns deles satildeo a China Cuba Iratildeo Iraque Ruacutessia Araacutebia Saudita e EUA

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II- A Pena de Morte e a Sociedade A Pena de Morte natildeo eacute a uacutenica forma de se tirar a vida a um ser humano Tambeacutem

existem outros modos de o fazer nomeadamente a tortura a qual era bem aceite e admitida em algumas circunstacircncias

Estes dois modelos de barbarismo satildeo agora bastante condenaacuteveis pela lei dos direitos humanos internacionais Natildeo soacute as normas convencionais mas tambeacutem as normas comuns Esta lei tinha que ser dinacircmica adaptada e desenvolver-se com o progresso da vida social e suas atitudes

Em 1948 a pena de morte foi reconhecida universalmente como excepccedilatildeo ao direito agrave vida No entanto natildeo deixa de ser caracterizada como uma brutalidade

O direito agrave vida eacute um dos direitos mais importantes que noacutes temos Eacute um direito supremo e primordial nunca esquecendo de incluir o direito agrave comida e aos cuidados meacutedicos Todas as pessoas tecircm o mesmo direito antes de uma audiecircncia e da decisatildeo do tribunal Qualquer pessoa eacute considerada inocente ateacute provar o contraacuterio e tem direito agraves miacutenimas garantias Todo o ser humano tem direito agrave vida agrave liberdade e agrave seguranccedila sobre si mesmo e esse direito deveria ser protegido pela lei Ningueacutem deve ser privado de tal (Sampaio2001)

Nos paiacuteses onde a pena de morte natildeo foi abolida a sentenccedila deveraacute ser imposta soacute a crimes muito graves de acordo com a lei Esta pena soacute deveraacute ser definida ou persuadida depois do julgamento final decorrido num tribunal competente para tal

Talvez uma justiccedila com penalidades mais severas ajudasse um pouco a reprimir o flagiacutecio Seraacute que a existecircncia de pena de morte funciona como um freio numa mente criminosa ou propensa a tal

Na concepccedilatildeo de muitos nenhuma pessoa com bom senso precisa de pena de morte para natildeo cometer agravos Tal como nenhum indiviacuteduo com bom senso precisa de multas elevadas para utilizar o cinto de seguranccedila no automoacutevel

Acredita-se que para diminuir os malefiacutecios principalmente os mais violentos eacute necessaacuterio empregar uma matildeo forte capaz de intimidar os delinquentes Daiacute a pena de morte ser a soluccedilatildeo mais viaacutevel para a criminalidade urbana violenta Ora o que se tem verificado eacute que esta natildeo tem solucionado o problema da criminalidade violenta sequer nos paiacuteses que a adoptaram ou ainda a adoptam Por exemplo nos EUA nada resolveu nem tem resolvido pois as taxas de homiciacutedios satildeo de longe as mais elevadas do mundo industrializado

O sofrimento de esperar a ldquosua vez de morrerrdquo eacute uma brutalidade inominaacutevel Para natildeo falar daqueles que a esperam inocentemente sem nada terem cometido senatildeo o facto de terem nascido ldquoMuitos dos condenados ainda passam pelo sofrimento da dor quando a sua morte natildeo eacute imediata pois existem falhas mecacircnicas Ou seja se o primeiro choque natildeo for suficiente a operaccedilatildeo eacute repetida uma ou duas vezes ateacute surtir o efeitoe o reacuteprobo sofre imenso com isso e eacute literalmente frito em vidardquo(Sampaio2001) Onde quer que a pena de morte esteja em vigor natildeo eacute possiacutevel corrigir posteriormente casos de injusticcedila mesmo que surjam provas que demonstrem que o indiviacuteduo foi erradamente condenado

Os delinquentes ricos tecircm mais facilidades para contratar advogados haacutebeis e serem declarados inocentes do que os mais pobres que natildeo tecircm essa possibilidade sujeitando-se mesmo que sejam inocentes a ser inculpados Estes problemas natildeo satildeo soacute de agora mas a pena de morte para aleacutem de existir haacute muito eacute um assunto muito actual A sua validade eacute discutida em todos os acircmbitos da sociedade Agrave medida que aumenta a incidecircncia das transgressotildees violentas vemos alguns sectores movimentando-se para que a Pena Capital seja instaurada nos nossos sistemas judiciaacuterios

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Muitos portugueses acham que esta deveria vigorar em Portugal punindo as pessoas que cometeram iniquidades violentas Outros satildeo da opiniatildeo de que deve continuar natildeo existindo preservando os direitos humanos A Pena de Morte eacute um assunto muito poleacutemico e conturbado um tanto delicado exigindo muita ponderaccedilatildeo em todos os aspectos Segundo alguns indiviacuteduos a ameaccedila de execuccedilatildeo desencoraja potenciais assassinos mas embora as discussotildees continuem poucos ou nenhuns dados apoiam esta ideia

Ateacute que ponto a Pena de Morte traraacute um bem estar para a sociedade O Estado ao praticaacute-la tambeacutem natildeo estaraacute a cometer um assassiacutenio Por vezes tenta-se justificar a pena de morte dizendo-se simplesmente que eacute mais barato matar alguns presos que mantecirc-los na prisatildeo Seraacute assim E se o for tal facto eacute social e humanamente aceitaacutevel

ldquo A questatildeo da violecircncia jamais encontraraacute soluccedilotildees na violecircncia venha ela de onde vier do proacuteprio povo ou dos chamados poderes constitucionaisrdquo( Sampaio2001)

Merecedores da nossa atenccedilatildeo satildeo a raacutedio e a televisatildeo que multiplicam sem duacutevida a violecircncia Os seus programas entram nas nossas casas como se estivessem sendo praticados naquele exacto momento diante dos nossos olhos A violecircncia contra a populaccedilatildeo sempre existiu eacute um facto Assassinatos roubos e crimes sexuais satildeo praticados haacute muito tempo soacute que agora ouvimos falar muito deles devido agrave facilidade de comunicaccedilatildeo que hoje temos

Actualmente os meios de comunicaccedilatildeo colocam-nos ao corrente de tudo aumentando os iacutendices de audiecircncia

Ouve-se falar muito em criminalidade eacute verdade Mas esta outrora era camuflada Porque os meios de comunicaccedilatildeo de que hoje dispomos e que se banalizaram haacute tempos atraacutes eram algo muito raro E aqueles que existiam eram soacute para quem tinha posses monetaacuterias

A informaccedilatildeo bate-nos todos os dias agrave nossa porta colocando-nos ao corrente de tudo enquanto que em outros tempos isso era impensaacutevel Logo as pessoas ficavam como que isoladas ldquono seu mundordquo sem saber o que se passa agrave sua volta

Hoje em dia como desde haacute muito as pessoas vivem com as suas leis A vida social eacute isso mesmo governada por normas e regras E o natildeo cumprimento pode originar a reprovaccedilatildeo ou uma sanccedilatildeo social mais ou menos severa consoante o delito cometido

Embora existam processos que tendam a conservar a ordem social haacute sempre casos de violaccedilatildeo das normas quando os mecanismos de controlo social natildeo satildeo suficientemente fortes para conseguir manter a ordem estabelecida Com efeito existem em todas as sociedades comportamentos que natildeo satildeo considerados normais que se afastam das normas estabelecidas e que satildeo os chamados comportamentos desviantes

Todas as normas sociais satildeo acompanhadas por sanccedilotildees que promovem a conformidade e castigam a natildeo conformidade As sanccedilotildees podem ser positivas quando implicam uma recompensa ou uma aprovaccedilatildeo ou negativas quando implicam uma pena ou desaprovaccedilatildeo Neste uacuteltimo caso estamos perante sanccedilotildees repressivas correctivas ou punitivas Tambeacutem podem ser formais quando satildeo colocadas em praacutetica por corpos especiacuteficos para assegurar o seu cumprimento Como exemplo temos as leis definidas pelos orgatildeos de soberania Ou podem ser informais quando se trata de reacccedilotildees espontacircneas natildeo organizadas tipo a reprovaccedilatildeo social

Nas sociedades modernas os principais tipos de sanccedilotildees formais satildeo os que fazem parte do sistema de puniccedilatildeo representado pelos tribunais e prisotildees A poliacutecia eacute a instituiccedilatildeo encarregue de levar os ofensores a tribunal e a um possiacutevel encarceramento O encarceramento eacute uma forma de punir os malfeitores e de proteger os cidadatildeos das suas acccedilotildees Todavia o princiacutepio subjacente ao sistema prisional eacute o de laquomelhorarraquo o indiviacuteduo de maneira a que esta possa ter um papel digno e decente da sociedade

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Eacute certo que ldquoningueacutem quebra todas as regras assim como ningueacutem as respeita todasrdquo (Sampaio2001)

A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamentos geralmente aceites

Onde haacute leis tambeacutem existem crimes na medida em que o crime pode simplesmente ser definido como qualquer tipo de comportamento que viola a lei O pior eacute que muitos dos flagiacutecios cometidos natildeo satildeo denunciados agrave poliacutecia Algumas das primeiras tentativas de explicar o crime e outras formas de desvio foram essencialmente de caraacutecter bioloacutegico todavia o que se entende por crime depende das instituiccedilotildees sociais de uma determinada sociedade

Quando se comeccedila a estudar o comportamento desviante eacute necessaacuterio ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem pois diferentes culturas tecircm diferentes normas e valores O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social O que eacute considerado normal ou desviante varia muito de uma sociedade para outra

Atraveacutes da Sociologia apercebemo-nos de que ningueacutem eacute tatildeo normal quanto gosta de pensar e de que as pessoas cujo comportamento possa parecer estranho ou incompreensiacutevel satildeo seres racionais quando compreendemos a razatildeo dos seus actos Ela mostra que os indiviacuteduos satildeo aquilo que a sociedade o fez ser e que esses mesmos indiviacuteduos tentam de forma deacutebil e hesitante ou agraves vezes apaixonadamente ser outra coisa alguma coisa que eles mesmos tenham escolhido ser A sociologia aponta a infinita precariedade de todas as identidades atribuiacutedas socialmente A perspectiva socioloacutegica natildeo eacute conducente a uma atitude de esperanccedila e optimismo decerto que antes levaraacute a um maior ou menor grau de desencanto com as interpretaccedilotildees da realidade social oferecidas nas igrejas e nas aulas de civismo

Segundo alguns socioacutelogos a pena de morte age como dissuassor de delitos mas a sua aboliccedilatildeo natildeo leva agraves assustadoras consequecircncias previstas por seus protagonistas

Iniquidades como o roubo e o assalto satildeo cometidas principalmente por pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres da populaccedilatildeo Outras como os desfalques ou a fuga aos impostos estatildeo por definiccedilatildeo limitados a pessoas com alguma riqueza

Segundo Edwin H Sutherland os indiviacuteduos tornam-se delinquentes ou criminosos atraveacutes da sua associaccedilatildeo com outros que satildeo portadores de normas criminais (Giddens2000219)

Na opiniatildeo de Giddens os ladrotildees tentam ganhar dinheiro tal como as pessoas com empregos normais todavia escolhem formas ilegais de o fazer Isso acontece devido agraves pressotildees que induzem aacute actividade criminosa no seio de outros grupos como por exemplo os ditos ldquocrimes de colarinho brancordquo(Giddens2000220-221) Ultimamente o crime de rua incluindo crimes violentos de diversa ordem traacutefico de droga e vandalismo tecircm aumentado A explicaccedilatildeo mais plausiacutevel para a alta taxa de crimes violentos nos EUA consiste na combinaccedilatildeo da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo e com a influecircncia geral da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo com a existecircncia de subculturas de violecircncia nas grandes cidades

Actualmente a forma mais comum de punir o flagiacutecio eacute o encarceramento Contudo jaacute haacute vaacuterias alternativas ao encarceramento em praacutetica ou numa fase de estudo em diversos paiacuteses

Uma eacute a supervisatildeo por parte da comunidade incluindo a pena suspensa a liberdade condicional e a liberdade sob fianccedila Outra eacute a diversatildeo que se refere a programas que afastam totalmente o indiviacuteduo dos tribunais

Existem outras possibilidades tais como as prestaccedilotildees de trabalho agrave comunidade substituiccedilatildeo de penas por multas indemnizaccedilotildees agrave viacutetima comunidades terapecircuticas e licenccedilas temporaacuterias de saiacuteda que permitem que os presos passem tempo fora das prisotildees Haacute quem tenha defendido a aboliccedilatildeo total das prisotildees Ateacute ao seacuteculo XIX a

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principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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Introduccedilatildeo

Ainda hoje em pleno seacuteculo XXI a Pena de Morte suscita alguma poleacutemica Aquela apesar de jaacute natildeo existir em Portugal desde 1867 ainda vigora em alguns paiacuteses como irei descrever no primeiro capiacutetulo

Em muitos deles tais como Paquistatildeo Iratildeo EUA Filipinas e Indoneacutesia executavam-se milhares de pessoas por estrangulamento Todavia esta sentenccedila jaacute foi abolida e em contrapartida mantiveram-se outras

Na Europa mais precisamente na Alemanha com o Nazismo reavivou-se a pena de morte Este acontecimento (violento) deveu-se ao facto de se considerar esta forma de puniccedilatildeo baacuterbara um bem essencial para a defesa da comunidade Em 1949 esta pena perde a vigecircncia visto atingir a dignidade da pessoa humana

As legislaccedilotildees antigas impunham a pena de morte acompanhada de tormentos e mutilaccedilotildees executada publicamente atraveacutes da fogueira o esquartejamento a empalaccedilatildeo o garrote a imersatildeo e o esmagamento A decapitaccedilatildeo e a forca satildeo uma forma simples de execuccedilatildeo a primeira para os nobres e a uacuteltima para os ladrotildees e homicidas (cfanexo8)

Os meacutetodos de execuccedilatildeo modernos visam proporcionar uma morte raacutepida com o menor sofrimento possiacutevel mas apesar disso natildeo deixa de o haver Hoje considera-se estas formas de puniccedilatildeo inteiramente repulsivas e satildeo poucas as pessoas que hoje em dia conseguem imaginar algueacutem a ser torturado ou violentamente aniquilado independentemente do crime cometido Dada a imensidatildeo da violecircncia nalguns paiacuteses ocidentais as formas de puniccedilatildeo muito violentas foram substituiacutedas pelas penas de prisatildeo A criaccedilatildeo de prisotildees foi uma forma de manter os indiviacuteduos laquoisoladosraquo do mundo exterior permitindo assim o controlo e a disciplina do comportamento dos mesmos

Muitas das vezes questiona-se porque eacute que esses actos tatildeo violentos ldquosem doacute nem piedaderdquo existiam com grande disseminaccedilatildeo levando a que se pense que outrora a violenccedila era muito mais acentuada permitindo assim que os indiviacuteduos tambeacutem fossem muitiacutessimo brutais Contudo a justificaccedilatildeo de que nos tornaacutemos muito mais humanos natildeo eacute satisfatoacuteria e muito menos convincente para um socioacutelogo

Para abordar o tema Pena de Morte tive que ter em conta alguns pontos essenciais nomeadamente os estudos socioloacutegicos a apreciaccedilatildeo geral dos indiviacuteduos bem como o que eacute que proporciona os comportamentos dos mesmos Essa abordagem tem em atenccedilatildeo o contexto cultural em que os indiviacuteduos estatildeo inseridos e os pontos acima mencionados satildeo analisados no segundo capiacutetulo

As mudanccedilas do comportamento das pessoas tecircm a ver de alguma forma com as influecircncias sociais ligadas aos principais processos de mudanccedila com os factores de ordem social

O terceiro capiacutetulo reuacutene argumentos a favor da aboliccedilatildeo da pena de morte Eacute de extrema importacircncia conhecer o processo de morte pelo qual passa o condenado que por sinal parece ser de uma violecircncia brutal

A seguir encontra-se a avaliaccedilatildeo da paacutegina Web na qual explico detalhadamente todos os passos feitos na Internet ateacute chegar agrave informaccedilatildeo obtida e de certa forma desejada Nela explico todos os pontos positivos e negativos bem como os obstaacuteculos que tive de ultrapassar para que a minha pesquisa terminasse com algum sucesso Confesso que foi um pouco difiacutecil mas o resultado eacute gratificante Olhar toda a informaccedilatildeo que me rodeia com uma distacircncia criacutetica foi uma das etapas a adoptar decerto nada faacutecil poreacutem o mais indicado Utilizei alguns artigos da Internet dado a informaccedilatildeo ser mais recente e relevante apesar das fontes de informaccedilatildeo dos manuais serem fidedignas e conferirem sem duacutevida alguma uma maior credibilidade ao meu trabalho

A sua informaccedilatildeo eacute dirigida a todo o tipo de puacuteblico desde estudantes profissionais e outros O objectivo da paacutegina eacute de informar e tambeacutem persuadir o leitor

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para o tema da pena de morte transmitindo-lhe o problema sem informaccedilatildeo exaustiva Para lecirc-la natildeo eacute necessaacuterio nenhum conhecimento preacutevio para a sua compreensatildeo estaacute escrita numa linguagem bastante clara e mais acessiacutevel e daacute para qualquer tipo de puacuteblico

Na paacutegina dos ldquoComentaacuterios Finaisrdquo encontra-se anaacutelises percentuais dos condenados dos EUA de 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000 (graacutefico 1) Encontra-se aiacute tambeacutem a distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no corredor da morte em Janeiro de 2000 (graacutefico 2) (eacute de salientar que a maioria destes satildeo de cor) bem como a distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 (graacutefico 3 e 4)

Os graacuteficos utilizados como fontes de informaccedilatildeo para a minha pesquisa encontram-se em anexo(8) O objectivo destes eacute contabilizar o nuacutemero de pessoas executadas Tambeacutem utilizada como fonte foi uma publicaccedilatildeo intitulada ldquoIndicadores Sociaisrdquo(INE1998)

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I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Morte

A uacuteltima execuccedilatildeo decorrida em Portugal foi em 1846 por crimes civis A Junho de 1852 no reinado de D Maria II a pena de morte foi abolida soacute para os

crimes poliacuteticos enquanto que a Julho de 1867 no reinado de D Luiacutes foi abolida para todos os tipos de crimes com excepccedilatildeo dos militares Mais tarde em Marccedilo de 1911 foi para todos os crimes Apoacutes trecircs anos em 1914 durante a Primeira Guerra Mundial eacute readmitida ldquoem caso de guerrardquo no entanto foi a uacuteltima pena de morte em Portugal Em Abril de 1976 vecirc-se esta definitivamente abolida para todos os crimes (Sampaio2001)

Na Franccedila temos a aboliccedilatildeo da pena capital a 9 de Outubro de 1981 Quanto aos EUA estes continuam a defender com todas as suas forccedilas o seu

ldquodireitordquo de matar apesar do movimento abolicionista internacional contra a pena de morte Muitas vezes violando as leis internacionais os EUA executam doentes mentais pessoas menores de idade na altura dos crimes pessoas mal representadas pessoas cuja culpa permanece em duacutevida e ateacute estrangeiros a quem foram negados direitos consulares Por incriacutevel que pareccedila os EUA natildeo satildeo os uacutenicos a fazecirc-lo Outros paiacuteses como o Paquistatildeo o Iratildeo e a Repuacuteblica do Congo tambeacutem realizaram execuccedilotildees por crimes cometidos por menores E natildeo foram poucos (Sampaio2001)

Em Abril de 2001 os EUA perderam o seu lugar na Comissatildeo para os Direitos Humanos da ONU O secretaacuterio da ONU Kofi Annan vencedor do Preacutemio Nobel da Paz de 2001 afirmou que viraacute o tempo em que os Estados que ainda aplicam a pena de morte chegaratildeo agrave conclusatildeo que jaacute eacute tarde para se redimirem do seu erro (Sampaio2001)

Na semana do dia 9 de Dezembro que Bush dedicou aos Direitos Humanos foram executados dois prisioneiros Byron Parker (Geoacutergia) e Vicent Cooks (Texas) Nesse mesmo dia Bush lembrando os ataques de 11 de Setembro afirmou que ldquoquando os nossos direitos satildeo atacados eles precisam de ser e seratildeo defendidosrdquo Desde esse dia o presidente americano tem-se referido muitas vezes agrave ldquocivilizaccedilatildeordquo Num discurso recente descreveu a guerra contra o terrorismo como uma guerra para salvar a civilizaccedilatildeo (Sampaio2001)

No corredor da morte nos EUA continuam ainda mais de 3700 prisioneiros e apoacutes Bush ter chegado agrave Casa Branca jaacute decorreram duas execuccedilotildees federais Apesar dos Estados Unidos serem os liacutederes deste traacutegico acontecimento o governador do estado de Illinois George Ryan tomou uma decisatildeo muito corajosa concedeu o perdatildeo a quatro prisioneiros que estavam condenados agrave pena de morte e comutou as sentenccedilas de morte de outros 167 prisioneiros Isto seraacute sem duacutevida um passo decisivo no sentido da aboliccedilatildeo da pena de morte nos EUA O governador jaacute foi defensor da pena de morte mas actualmente eacute um dos seus maiores criacuteticos Trecircs anos depois de se ter imposto uma moratoacuteria a todas as execuccedilotildees nos EUA devido ao ldquovergonhosordquo registo de inuacutemeras condenaccedilotildees de inocentes a sua decisatildeo de comutar todas as sentenccedilas de morte vem mostrar que o sistema natildeo soacute errava ao atribuir culpas como tambeacutem ldquoerrava ao determinar quem entre os culpados merecia morrerrdquo (Sampaio2001)

Com efeito em todos os EUA mais de 100 pessoas foram libertadas depois de terem sido condenadas agrave morte por se ter descoberto a sua inocecircncia

A etnia dos acusados e das viacutetimas as suas possibilidades econoacutemicas e o estado em que o crime eacute cometido determinam muitas vezes quem eacute condenado agrave morte nos EUA Um estudo divulgado no iniacutecio de 2003 sobre a pena de morte do estado de Maryland mostra que o sistema eacute fortemente influenciado por questotildees raciais e geograacuteficas Oitenta por cento dos mais de 800 executados nos EUA tanto satildeo brancos como negros (Sampaio2001)

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Na Araacutebia Saudita aplica-se uma lei islacircmica que impotildee a pena de morte a condenados por assassiacutenio violaccedilatildeo assalto agrave matildeo armada e traacutefico ou consumo de droga

O Sistema Islacircmico sobre os direitos humanos continua muito rudimentar em comparaccedilatildeo a outros sistemas regionais

Na Jugoslaacutevia em Novembro de 2001 o Parlamento aboliu a Pena de Morte com a adopccedilatildeo de um Coacutedigo Penal revisto sendo substituiacuteda por uma pena de prisatildeo de 40 anos

Um dos locais onde se tenta combater o traacutefico e o consumo de droga atraveacutes da aplicaccedilatildeo da pena de morte eacute a Aacutesia Contudo esta opccedilatildeo natildeo tem sido muito eficaz Os governos da Indoneacutesia Tailacircndia e Filipinas mostraram interesse em aumentar a sua confianccedila na pena de morte para combater o traacutefico assim como a China

Nas Filipinas em Marccedilo de 2001 a presidente Arroyo afirmou que executar pessoas natildeo resolveria o problema do aumento dos crimes de rapto e traacutefico de droga Poreacutem a presidente agora renuncia essas afirmaccedilotildees ordenando a execuccedilatildeo de raptores (Sampaio2001)

ldquoA pena de morte arrisca sempre a vida de inocentes risco este aumentado nas Filipinas agrave falta de protecccedilatildeo aos detidos durante interrogatoacuterios policiaisrdquo(Sampaio2001)

A 14 de Fevereiro de 2003 foi publicado no ldquoPuacuteblicordquo que os iranianos renovaram a sentenccedila de pena de morte para Salman Rushdie O escritor anglo-indiano recebeu a sua sentenccedila e o histoacuterico decreto eacute irrevogaacutevel e nada pode mudaacute-lo segundo informou a elite da Guarda Revolucionaacuteria do Iratildeo (Sampaio2001)

A sentenccedila de morte foi decretada por causa do livro ldquoOs Versos Satacircnicosrdquo lanccedilado no Brasil pela editora Companhia das Letras (Sampaio2001)

Existem ainda muitos paiacuteses que fazem parte da lista negra em relaccedilatildeo agrave pena de morte alguns deles satildeo a China Cuba Iratildeo Iraque Ruacutessia Araacutebia Saudita e EUA

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II- A Pena de Morte e a Sociedade A Pena de Morte natildeo eacute a uacutenica forma de se tirar a vida a um ser humano Tambeacutem

existem outros modos de o fazer nomeadamente a tortura a qual era bem aceite e admitida em algumas circunstacircncias

Estes dois modelos de barbarismo satildeo agora bastante condenaacuteveis pela lei dos direitos humanos internacionais Natildeo soacute as normas convencionais mas tambeacutem as normas comuns Esta lei tinha que ser dinacircmica adaptada e desenvolver-se com o progresso da vida social e suas atitudes

Em 1948 a pena de morte foi reconhecida universalmente como excepccedilatildeo ao direito agrave vida No entanto natildeo deixa de ser caracterizada como uma brutalidade

O direito agrave vida eacute um dos direitos mais importantes que noacutes temos Eacute um direito supremo e primordial nunca esquecendo de incluir o direito agrave comida e aos cuidados meacutedicos Todas as pessoas tecircm o mesmo direito antes de uma audiecircncia e da decisatildeo do tribunal Qualquer pessoa eacute considerada inocente ateacute provar o contraacuterio e tem direito agraves miacutenimas garantias Todo o ser humano tem direito agrave vida agrave liberdade e agrave seguranccedila sobre si mesmo e esse direito deveria ser protegido pela lei Ningueacutem deve ser privado de tal (Sampaio2001)

Nos paiacuteses onde a pena de morte natildeo foi abolida a sentenccedila deveraacute ser imposta soacute a crimes muito graves de acordo com a lei Esta pena soacute deveraacute ser definida ou persuadida depois do julgamento final decorrido num tribunal competente para tal

Talvez uma justiccedila com penalidades mais severas ajudasse um pouco a reprimir o flagiacutecio Seraacute que a existecircncia de pena de morte funciona como um freio numa mente criminosa ou propensa a tal

Na concepccedilatildeo de muitos nenhuma pessoa com bom senso precisa de pena de morte para natildeo cometer agravos Tal como nenhum indiviacuteduo com bom senso precisa de multas elevadas para utilizar o cinto de seguranccedila no automoacutevel

Acredita-se que para diminuir os malefiacutecios principalmente os mais violentos eacute necessaacuterio empregar uma matildeo forte capaz de intimidar os delinquentes Daiacute a pena de morte ser a soluccedilatildeo mais viaacutevel para a criminalidade urbana violenta Ora o que se tem verificado eacute que esta natildeo tem solucionado o problema da criminalidade violenta sequer nos paiacuteses que a adoptaram ou ainda a adoptam Por exemplo nos EUA nada resolveu nem tem resolvido pois as taxas de homiciacutedios satildeo de longe as mais elevadas do mundo industrializado

O sofrimento de esperar a ldquosua vez de morrerrdquo eacute uma brutalidade inominaacutevel Para natildeo falar daqueles que a esperam inocentemente sem nada terem cometido senatildeo o facto de terem nascido ldquoMuitos dos condenados ainda passam pelo sofrimento da dor quando a sua morte natildeo eacute imediata pois existem falhas mecacircnicas Ou seja se o primeiro choque natildeo for suficiente a operaccedilatildeo eacute repetida uma ou duas vezes ateacute surtir o efeitoe o reacuteprobo sofre imenso com isso e eacute literalmente frito em vidardquo(Sampaio2001) Onde quer que a pena de morte esteja em vigor natildeo eacute possiacutevel corrigir posteriormente casos de injusticcedila mesmo que surjam provas que demonstrem que o indiviacuteduo foi erradamente condenado

Os delinquentes ricos tecircm mais facilidades para contratar advogados haacutebeis e serem declarados inocentes do que os mais pobres que natildeo tecircm essa possibilidade sujeitando-se mesmo que sejam inocentes a ser inculpados Estes problemas natildeo satildeo soacute de agora mas a pena de morte para aleacutem de existir haacute muito eacute um assunto muito actual A sua validade eacute discutida em todos os acircmbitos da sociedade Agrave medida que aumenta a incidecircncia das transgressotildees violentas vemos alguns sectores movimentando-se para que a Pena Capital seja instaurada nos nossos sistemas judiciaacuterios

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Muitos portugueses acham que esta deveria vigorar em Portugal punindo as pessoas que cometeram iniquidades violentas Outros satildeo da opiniatildeo de que deve continuar natildeo existindo preservando os direitos humanos A Pena de Morte eacute um assunto muito poleacutemico e conturbado um tanto delicado exigindo muita ponderaccedilatildeo em todos os aspectos Segundo alguns indiviacuteduos a ameaccedila de execuccedilatildeo desencoraja potenciais assassinos mas embora as discussotildees continuem poucos ou nenhuns dados apoiam esta ideia

Ateacute que ponto a Pena de Morte traraacute um bem estar para a sociedade O Estado ao praticaacute-la tambeacutem natildeo estaraacute a cometer um assassiacutenio Por vezes tenta-se justificar a pena de morte dizendo-se simplesmente que eacute mais barato matar alguns presos que mantecirc-los na prisatildeo Seraacute assim E se o for tal facto eacute social e humanamente aceitaacutevel

ldquo A questatildeo da violecircncia jamais encontraraacute soluccedilotildees na violecircncia venha ela de onde vier do proacuteprio povo ou dos chamados poderes constitucionaisrdquo( Sampaio2001)

Merecedores da nossa atenccedilatildeo satildeo a raacutedio e a televisatildeo que multiplicam sem duacutevida a violecircncia Os seus programas entram nas nossas casas como se estivessem sendo praticados naquele exacto momento diante dos nossos olhos A violecircncia contra a populaccedilatildeo sempre existiu eacute um facto Assassinatos roubos e crimes sexuais satildeo praticados haacute muito tempo soacute que agora ouvimos falar muito deles devido agrave facilidade de comunicaccedilatildeo que hoje temos

Actualmente os meios de comunicaccedilatildeo colocam-nos ao corrente de tudo aumentando os iacutendices de audiecircncia

Ouve-se falar muito em criminalidade eacute verdade Mas esta outrora era camuflada Porque os meios de comunicaccedilatildeo de que hoje dispomos e que se banalizaram haacute tempos atraacutes eram algo muito raro E aqueles que existiam eram soacute para quem tinha posses monetaacuterias

A informaccedilatildeo bate-nos todos os dias agrave nossa porta colocando-nos ao corrente de tudo enquanto que em outros tempos isso era impensaacutevel Logo as pessoas ficavam como que isoladas ldquono seu mundordquo sem saber o que se passa agrave sua volta

Hoje em dia como desde haacute muito as pessoas vivem com as suas leis A vida social eacute isso mesmo governada por normas e regras E o natildeo cumprimento pode originar a reprovaccedilatildeo ou uma sanccedilatildeo social mais ou menos severa consoante o delito cometido

Embora existam processos que tendam a conservar a ordem social haacute sempre casos de violaccedilatildeo das normas quando os mecanismos de controlo social natildeo satildeo suficientemente fortes para conseguir manter a ordem estabelecida Com efeito existem em todas as sociedades comportamentos que natildeo satildeo considerados normais que se afastam das normas estabelecidas e que satildeo os chamados comportamentos desviantes

Todas as normas sociais satildeo acompanhadas por sanccedilotildees que promovem a conformidade e castigam a natildeo conformidade As sanccedilotildees podem ser positivas quando implicam uma recompensa ou uma aprovaccedilatildeo ou negativas quando implicam uma pena ou desaprovaccedilatildeo Neste uacuteltimo caso estamos perante sanccedilotildees repressivas correctivas ou punitivas Tambeacutem podem ser formais quando satildeo colocadas em praacutetica por corpos especiacuteficos para assegurar o seu cumprimento Como exemplo temos as leis definidas pelos orgatildeos de soberania Ou podem ser informais quando se trata de reacccedilotildees espontacircneas natildeo organizadas tipo a reprovaccedilatildeo social

Nas sociedades modernas os principais tipos de sanccedilotildees formais satildeo os que fazem parte do sistema de puniccedilatildeo representado pelos tribunais e prisotildees A poliacutecia eacute a instituiccedilatildeo encarregue de levar os ofensores a tribunal e a um possiacutevel encarceramento O encarceramento eacute uma forma de punir os malfeitores e de proteger os cidadatildeos das suas acccedilotildees Todavia o princiacutepio subjacente ao sistema prisional eacute o de laquomelhorarraquo o indiviacuteduo de maneira a que esta possa ter um papel digno e decente da sociedade

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Eacute certo que ldquoningueacutem quebra todas as regras assim como ningueacutem as respeita todasrdquo (Sampaio2001)

A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamentos geralmente aceites

Onde haacute leis tambeacutem existem crimes na medida em que o crime pode simplesmente ser definido como qualquer tipo de comportamento que viola a lei O pior eacute que muitos dos flagiacutecios cometidos natildeo satildeo denunciados agrave poliacutecia Algumas das primeiras tentativas de explicar o crime e outras formas de desvio foram essencialmente de caraacutecter bioloacutegico todavia o que se entende por crime depende das instituiccedilotildees sociais de uma determinada sociedade

Quando se comeccedila a estudar o comportamento desviante eacute necessaacuterio ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem pois diferentes culturas tecircm diferentes normas e valores O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social O que eacute considerado normal ou desviante varia muito de uma sociedade para outra

Atraveacutes da Sociologia apercebemo-nos de que ningueacutem eacute tatildeo normal quanto gosta de pensar e de que as pessoas cujo comportamento possa parecer estranho ou incompreensiacutevel satildeo seres racionais quando compreendemos a razatildeo dos seus actos Ela mostra que os indiviacuteduos satildeo aquilo que a sociedade o fez ser e que esses mesmos indiviacuteduos tentam de forma deacutebil e hesitante ou agraves vezes apaixonadamente ser outra coisa alguma coisa que eles mesmos tenham escolhido ser A sociologia aponta a infinita precariedade de todas as identidades atribuiacutedas socialmente A perspectiva socioloacutegica natildeo eacute conducente a uma atitude de esperanccedila e optimismo decerto que antes levaraacute a um maior ou menor grau de desencanto com as interpretaccedilotildees da realidade social oferecidas nas igrejas e nas aulas de civismo

Segundo alguns socioacutelogos a pena de morte age como dissuassor de delitos mas a sua aboliccedilatildeo natildeo leva agraves assustadoras consequecircncias previstas por seus protagonistas

Iniquidades como o roubo e o assalto satildeo cometidas principalmente por pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres da populaccedilatildeo Outras como os desfalques ou a fuga aos impostos estatildeo por definiccedilatildeo limitados a pessoas com alguma riqueza

Segundo Edwin H Sutherland os indiviacuteduos tornam-se delinquentes ou criminosos atraveacutes da sua associaccedilatildeo com outros que satildeo portadores de normas criminais (Giddens2000219)

Na opiniatildeo de Giddens os ladrotildees tentam ganhar dinheiro tal como as pessoas com empregos normais todavia escolhem formas ilegais de o fazer Isso acontece devido agraves pressotildees que induzem aacute actividade criminosa no seio de outros grupos como por exemplo os ditos ldquocrimes de colarinho brancordquo(Giddens2000220-221) Ultimamente o crime de rua incluindo crimes violentos de diversa ordem traacutefico de droga e vandalismo tecircm aumentado A explicaccedilatildeo mais plausiacutevel para a alta taxa de crimes violentos nos EUA consiste na combinaccedilatildeo da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo e com a influecircncia geral da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo com a existecircncia de subculturas de violecircncia nas grandes cidades

Actualmente a forma mais comum de punir o flagiacutecio eacute o encarceramento Contudo jaacute haacute vaacuterias alternativas ao encarceramento em praacutetica ou numa fase de estudo em diversos paiacuteses

Uma eacute a supervisatildeo por parte da comunidade incluindo a pena suspensa a liberdade condicional e a liberdade sob fianccedila Outra eacute a diversatildeo que se refere a programas que afastam totalmente o indiviacuteduo dos tribunais

Existem outras possibilidades tais como as prestaccedilotildees de trabalho agrave comunidade substituiccedilatildeo de penas por multas indemnizaccedilotildees agrave viacutetima comunidades terapecircuticas e licenccedilas temporaacuterias de saiacuteda que permitem que os presos passem tempo fora das prisotildees Haacute quem tenha defendido a aboliccedilatildeo total das prisotildees Ateacute ao seacuteculo XIX a

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principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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para o tema da pena de morte transmitindo-lhe o problema sem informaccedilatildeo exaustiva Para lecirc-la natildeo eacute necessaacuterio nenhum conhecimento preacutevio para a sua compreensatildeo estaacute escrita numa linguagem bastante clara e mais acessiacutevel e daacute para qualquer tipo de puacuteblico

Na paacutegina dos ldquoComentaacuterios Finaisrdquo encontra-se anaacutelises percentuais dos condenados dos EUA de 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000 (graacutefico 1) Encontra-se aiacute tambeacutem a distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no corredor da morte em Janeiro de 2000 (graacutefico 2) (eacute de salientar que a maioria destes satildeo de cor) bem como a distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 (graacutefico 3 e 4)

Os graacuteficos utilizados como fontes de informaccedilatildeo para a minha pesquisa encontram-se em anexo(8) O objectivo destes eacute contabilizar o nuacutemero de pessoas executadas Tambeacutem utilizada como fonte foi uma publicaccedilatildeo intitulada ldquoIndicadores Sociaisrdquo(INE1998)

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I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Morte

A uacuteltima execuccedilatildeo decorrida em Portugal foi em 1846 por crimes civis A Junho de 1852 no reinado de D Maria II a pena de morte foi abolida soacute para os

crimes poliacuteticos enquanto que a Julho de 1867 no reinado de D Luiacutes foi abolida para todos os tipos de crimes com excepccedilatildeo dos militares Mais tarde em Marccedilo de 1911 foi para todos os crimes Apoacutes trecircs anos em 1914 durante a Primeira Guerra Mundial eacute readmitida ldquoem caso de guerrardquo no entanto foi a uacuteltima pena de morte em Portugal Em Abril de 1976 vecirc-se esta definitivamente abolida para todos os crimes (Sampaio2001)

Na Franccedila temos a aboliccedilatildeo da pena capital a 9 de Outubro de 1981 Quanto aos EUA estes continuam a defender com todas as suas forccedilas o seu

ldquodireitordquo de matar apesar do movimento abolicionista internacional contra a pena de morte Muitas vezes violando as leis internacionais os EUA executam doentes mentais pessoas menores de idade na altura dos crimes pessoas mal representadas pessoas cuja culpa permanece em duacutevida e ateacute estrangeiros a quem foram negados direitos consulares Por incriacutevel que pareccedila os EUA natildeo satildeo os uacutenicos a fazecirc-lo Outros paiacuteses como o Paquistatildeo o Iratildeo e a Repuacuteblica do Congo tambeacutem realizaram execuccedilotildees por crimes cometidos por menores E natildeo foram poucos (Sampaio2001)

Em Abril de 2001 os EUA perderam o seu lugar na Comissatildeo para os Direitos Humanos da ONU O secretaacuterio da ONU Kofi Annan vencedor do Preacutemio Nobel da Paz de 2001 afirmou que viraacute o tempo em que os Estados que ainda aplicam a pena de morte chegaratildeo agrave conclusatildeo que jaacute eacute tarde para se redimirem do seu erro (Sampaio2001)

Na semana do dia 9 de Dezembro que Bush dedicou aos Direitos Humanos foram executados dois prisioneiros Byron Parker (Geoacutergia) e Vicent Cooks (Texas) Nesse mesmo dia Bush lembrando os ataques de 11 de Setembro afirmou que ldquoquando os nossos direitos satildeo atacados eles precisam de ser e seratildeo defendidosrdquo Desde esse dia o presidente americano tem-se referido muitas vezes agrave ldquocivilizaccedilatildeordquo Num discurso recente descreveu a guerra contra o terrorismo como uma guerra para salvar a civilizaccedilatildeo (Sampaio2001)

No corredor da morte nos EUA continuam ainda mais de 3700 prisioneiros e apoacutes Bush ter chegado agrave Casa Branca jaacute decorreram duas execuccedilotildees federais Apesar dos Estados Unidos serem os liacutederes deste traacutegico acontecimento o governador do estado de Illinois George Ryan tomou uma decisatildeo muito corajosa concedeu o perdatildeo a quatro prisioneiros que estavam condenados agrave pena de morte e comutou as sentenccedilas de morte de outros 167 prisioneiros Isto seraacute sem duacutevida um passo decisivo no sentido da aboliccedilatildeo da pena de morte nos EUA O governador jaacute foi defensor da pena de morte mas actualmente eacute um dos seus maiores criacuteticos Trecircs anos depois de se ter imposto uma moratoacuteria a todas as execuccedilotildees nos EUA devido ao ldquovergonhosordquo registo de inuacutemeras condenaccedilotildees de inocentes a sua decisatildeo de comutar todas as sentenccedilas de morte vem mostrar que o sistema natildeo soacute errava ao atribuir culpas como tambeacutem ldquoerrava ao determinar quem entre os culpados merecia morrerrdquo (Sampaio2001)

Com efeito em todos os EUA mais de 100 pessoas foram libertadas depois de terem sido condenadas agrave morte por se ter descoberto a sua inocecircncia

A etnia dos acusados e das viacutetimas as suas possibilidades econoacutemicas e o estado em que o crime eacute cometido determinam muitas vezes quem eacute condenado agrave morte nos EUA Um estudo divulgado no iniacutecio de 2003 sobre a pena de morte do estado de Maryland mostra que o sistema eacute fortemente influenciado por questotildees raciais e geograacuteficas Oitenta por cento dos mais de 800 executados nos EUA tanto satildeo brancos como negros (Sampaio2001)

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Na Araacutebia Saudita aplica-se uma lei islacircmica que impotildee a pena de morte a condenados por assassiacutenio violaccedilatildeo assalto agrave matildeo armada e traacutefico ou consumo de droga

O Sistema Islacircmico sobre os direitos humanos continua muito rudimentar em comparaccedilatildeo a outros sistemas regionais

Na Jugoslaacutevia em Novembro de 2001 o Parlamento aboliu a Pena de Morte com a adopccedilatildeo de um Coacutedigo Penal revisto sendo substituiacuteda por uma pena de prisatildeo de 40 anos

Um dos locais onde se tenta combater o traacutefico e o consumo de droga atraveacutes da aplicaccedilatildeo da pena de morte eacute a Aacutesia Contudo esta opccedilatildeo natildeo tem sido muito eficaz Os governos da Indoneacutesia Tailacircndia e Filipinas mostraram interesse em aumentar a sua confianccedila na pena de morte para combater o traacutefico assim como a China

Nas Filipinas em Marccedilo de 2001 a presidente Arroyo afirmou que executar pessoas natildeo resolveria o problema do aumento dos crimes de rapto e traacutefico de droga Poreacutem a presidente agora renuncia essas afirmaccedilotildees ordenando a execuccedilatildeo de raptores (Sampaio2001)

ldquoA pena de morte arrisca sempre a vida de inocentes risco este aumentado nas Filipinas agrave falta de protecccedilatildeo aos detidos durante interrogatoacuterios policiaisrdquo(Sampaio2001)

A 14 de Fevereiro de 2003 foi publicado no ldquoPuacuteblicordquo que os iranianos renovaram a sentenccedila de pena de morte para Salman Rushdie O escritor anglo-indiano recebeu a sua sentenccedila e o histoacuterico decreto eacute irrevogaacutevel e nada pode mudaacute-lo segundo informou a elite da Guarda Revolucionaacuteria do Iratildeo (Sampaio2001)

A sentenccedila de morte foi decretada por causa do livro ldquoOs Versos Satacircnicosrdquo lanccedilado no Brasil pela editora Companhia das Letras (Sampaio2001)

Existem ainda muitos paiacuteses que fazem parte da lista negra em relaccedilatildeo agrave pena de morte alguns deles satildeo a China Cuba Iratildeo Iraque Ruacutessia Araacutebia Saudita e EUA

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II- A Pena de Morte e a Sociedade A Pena de Morte natildeo eacute a uacutenica forma de se tirar a vida a um ser humano Tambeacutem

existem outros modos de o fazer nomeadamente a tortura a qual era bem aceite e admitida em algumas circunstacircncias

Estes dois modelos de barbarismo satildeo agora bastante condenaacuteveis pela lei dos direitos humanos internacionais Natildeo soacute as normas convencionais mas tambeacutem as normas comuns Esta lei tinha que ser dinacircmica adaptada e desenvolver-se com o progresso da vida social e suas atitudes

Em 1948 a pena de morte foi reconhecida universalmente como excepccedilatildeo ao direito agrave vida No entanto natildeo deixa de ser caracterizada como uma brutalidade

O direito agrave vida eacute um dos direitos mais importantes que noacutes temos Eacute um direito supremo e primordial nunca esquecendo de incluir o direito agrave comida e aos cuidados meacutedicos Todas as pessoas tecircm o mesmo direito antes de uma audiecircncia e da decisatildeo do tribunal Qualquer pessoa eacute considerada inocente ateacute provar o contraacuterio e tem direito agraves miacutenimas garantias Todo o ser humano tem direito agrave vida agrave liberdade e agrave seguranccedila sobre si mesmo e esse direito deveria ser protegido pela lei Ningueacutem deve ser privado de tal (Sampaio2001)

Nos paiacuteses onde a pena de morte natildeo foi abolida a sentenccedila deveraacute ser imposta soacute a crimes muito graves de acordo com a lei Esta pena soacute deveraacute ser definida ou persuadida depois do julgamento final decorrido num tribunal competente para tal

Talvez uma justiccedila com penalidades mais severas ajudasse um pouco a reprimir o flagiacutecio Seraacute que a existecircncia de pena de morte funciona como um freio numa mente criminosa ou propensa a tal

Na concepccedilatildeo de muitos nenhuma pessoa com bom senso precisa de pena de morte para natildeo cometer agravos Tal como nenhum indiviacuteduo com bom senso precisa de multas elevadas para utilizar o cinto de seguranccedila no automoacutevel

Acredita-se que para diminuir os malefiacutecios principalmente os mais violentos eacute necessaacuterio empregar uma matildeo forte capaz de intimidar os delinquentes Daiacute a pena de morte ser a soluccedilatildeo mais viaacutevel para a criminalidade urbana violenta Ora o que se tem verificado eacute que esta natildeo tem solucionado o problema da criminalidade violenta sequer nos paiacuteses que a adoptaram ou ainda a adoptam Por exemplo nos EUA nada resolveu nem tem resolvido pois as taxas de homiciacutedios satildeo de longe as mais elevadas do mundo industrializado

O sofrimento de esperar a ldquosua vez de morrerrdquo eacute uma brutalidade inominaacutevel Para natildeo falar daqueles que a esperam inocentemente sem nada terem cometido senatildeo o facto de terem nascido ldquoMuitos dos condenados ainda passam pelo sofrimento da dor quando a sua morte natildeo eacute imediata pois existem falhas mecacircnicas Ou seja se o primeiro choque natildeo for suficiente a operaccedilatildeo eacute repetida uma ou duas vezes ateacute surtir o efeitoe o reacuteprobo sofre imenso com isso e eacute literalmente frito em vidardquo(Sampaio2001) Onde quer que a pena de morte esteja em vigor natildeo eacute possiacutevel corrigir posteriormente casos de injusticcedila mesmo que surjam provas que demonstrem que o indiviacuteduo foi erradamente condenado

Os delinquentes ricos tecircm mais facilidades para contratar advogados haacutebeis e serem declarados inocentes do que os mais pobres que natildeo tecircm essa possibilidade sujeitando-se mesmo que sejam inocentes a ser inculpados Estes problemas natildeo satildeo soacute de agora mas a pena de morte para aleacutem de existir haacute muito eacute um assunto muito actual A sua validade eacute discutida em todos os acircmbitos da sociedade Agrave medida que aumenta a incidecircncia das transgressotildees violentas vemos alguns sectores movimentando-se para que a Pena Capital seja instaurada nos nossos sistemas judiciaacuterios

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Muitos portugueses acham que esta deveria vigorar em Portugal punindo as pessoas que cometeram iniquidades violentas Outros satildeo da opiniatildeo de que deve continuar natildeo existindo preservando os direitos humanos A Pena de Morte eacute um assunto muito poleacutemico e conturbado um tanto delicado exigindo muita ponderaccedilatildeo em todos os aspectos Segundo alguns indiviacuteduos a ameaccedila de execuccedilatildeo desencoraja potenciais assassinos mas embora as discussotildees continuem poucos ou nenhuns dados apoiam esta ideia

Ateacute que ponto a Pena de Morte traraacute um bem estar para a sociedade O Estado ao praticaacute-la tambeacutem natildeo estaraacute a cometer um assassiacutenio Por vezes tenta-se justificar a pena de morte dizendo-se simplesmente que eacute mais barato matar alguns presos que mantecirc-los na prisatildeo Seraacute assim E se o for tal facto eacute social e humanamente aceitaacutevel

ldquo A questatildeo da violecircncia jamais encontraraacute soluccedilotildees na violecircncia venha ela de onde vier do proacuteprio povo ou dos chamados poderes constitucionaisrdquo( Sampaio2001)

Merecedores da nossa atenccedilatildeo satildeo a raacutedio e a televisatildeo que multiplicam sem duacutevida a violecircncia Os seus programas entram nas nossas casas como se estivessem sendo praticados naquele exacto momento diante dos nossos olhos A violecircncia contra a populaccedilatildeo sempre existiu eacute um facto Assassinatos roubos e crimes sexuais satildeo praticados haacute muito tempo soacute que agora ouvimos falar muito deles devido agrave facilidade de comunicaccedilatildeo que hoje temos

Actualmente os meios de comunicaccedilatildeo colocam-nos ao corrente de tudo aumentando os iacutendices de audiecircncia

Ouve-se falar muito em criminalidade eacute verdade Mas esta outrora era camuflada Porque os meios de comunicaccedilatildeo de que hoje dispomos e que se banalizaram haacute tempos atraacutes eram algo muito raro E aqueles que existiam eram soacute para quem tinha posses monetaacuterias

A informaccedilatildeo bate-nos todos os dias agrave nossa porta colocando-nos ao corrente de tudo enquanto que em outros tempos isso era impensaacutevel Logo as pessoas ficavam como que isoladas ldquono seu mundordquo sem saber o que se passa agrave sua volta

Hoje em dia como desde haacute muito as pessoas vivem com as suas leis A vida social eacute isso mesmo governada por normas e regras E o natildeo cumprimento pode originar a reprovaccedilatildeo ou uma sanccedilatildeo social mais ou menos severa consoante o delito cometido

Embora existam processos que tendam a conservar a ordem social haacute sempre casos de violaccedilatildeo das normas quando os mecanismos de controlo social natildeo satildeo suficientemente fortes para conseguir manter a ordem estabelecida Com efeito existem em todas as sociedades comportamentos que natildeo satildeo considerados normais que se afastam das normas estabelecidas e que satildeo os chamados comportamentos desviantes

Todas as normas sociais satildeo acompanhadas por sanccedilotildees que promovem a conformidade e castigam a natildeo conformidade As sanccedilotildees podem ser positivas quando implicam uma recompensa ou uma aprovaccedilatildeo ou negativas quando implicam uma pena ou desaprovaccedilatildeo Neste uacuteltimo caso estamos perante sanccedilotildees repressivas correctivas ou punitivas Tambeacutem podem ser formais quando satildeo colocadas em praacutetica por corpos especiacuteficos para assegurar o seu cumprimento Como exemplo temos as leis definidas pelos orgatildeos de soberania Ou podem ser informais quando se trata de reacccedilotildees espontacircneas natildeo organizadas tipo a reprovaccedilatildeo social

Nas sociedades modernas os principais tipos de sanccedilotildees formais satildeo os que fazem parte do sistema de puniccedilatildeo representado pelos tribunais e prisotildees A poliacutecia eacute a instituiccedilatildeo encarregue de levar os ofensores a tribunal e a um possiacutevel encarceramento O encarceramento eacute uma forma de punir os malfeitores e de proteger os cidadatildeos das suas acccedilotildees Todavia o princiacutepio subjacente ao sistema prisional eacute o de laquomelhorarraquo o indiviacuteduo de maneira a que esta possa ter um papel digno e decente da sociedade

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Eacute certo que ldquoningueacutem quebra todas as regras assim como ningueacutem as respeita todasrdquo (Sampaio2001)

A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamentos geralmente aceites

Onde haacute leis tambeacutem existem crimes na medida em que o crime pode simplesmente ser definido como qualquer tipo de comportamento que viola a lei O pior eacute que muitos dos flagiacutecios cometidos natildeo satildeo denunciados agrave poliacutecia Algumas das primeiras tentativas de explicar o crime e outras formas de desvio foram essencialmente de caraacutecter bioloacutegico todavia o que se entende por crime depende das instituiccedilotildees sociais de uma determinada sociedade

Quando se comeccedila a estudar o comportamento desviante eacute necessaacuterio ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem pois diferentes culturas tecircm diferentes normas e valores O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social O que eacute considerado normal ou desviante varia muito de uma sociedade para outra

Atraveacutes da Sociologia apercebemo-nos de que ningueacutem eacute tatildeo normal quanto gosta de pensar e de que as pessoas cujo comportamento possa parecer estranho ou incompreensiacutevel satildeo seres racionais quando compreendemos a razatildeo dos seus actos Ela mostra que os indiviacuteduos satildeo aquilo que a sociedade o fez ser e que esses mesmos indiviacuteduos tentam de forma deacutebil e hesitante ou agraves vezes apaixonadamente ser outra coisa alguma coisa que eles mesmos tenham escolhido ser A sociologia aponta a infinita precariedade de todas as identidades atribuiacutedas socialmente A perspectiva socioloacutegica natildeo eacute conducente a uma atitude de esperanccedila e optimismo decerto que antes levaraacute a um maior ou menor grau de desencanto com as interpretaccedilotildees da realidade social oferecidas nas igrejas e nas aulas de civismo

Segundo alguns socioacutelogos a pena de morte age como dissuassor de delitos mas a sua aboliccedilatildeo natildeo leva agraves assustadoras consequecircncias previstas por seus protagonistas

Iniquidades como o roubo e o assalto satildeo cometidas principalmente por pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres da populaccedilatildeo Outras como os desfalques ou a fuga aos impostos estatildeo por definiccedilatildeo limitados a pessoas com alguma riqueza

Segundo Edwin H Sutherland os indiviacuteduos tornam-se delinquentes ou criminosos atraveacutes da sua associaccedilatildeo com outros que satildeo portadores de normas criminais (Giddens2000219)

Na opiniatildeo de Giddens os ladrotildees tentam ganhar dinheiro tal como as pessoas com empregos normais todavia escolhem formas ilegais de o fazer Isso acontece devido agraves pressotildees que induzem aacute actividade criminosa no seio de outros grupos como por exemplo os ditos ldquocrimes de colarinho brancordquo(Giddens2000220-221) Ultimamente o crime de rua incluindo crimes violentos de diversa ordem traacutefico de droga e vandalismo tecircm aumentado A explicaccedilatildeo mais plausiacutevel para a alta taxa de crimes violentos nos EUA consiste na combinaccedilatildeo da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo e com a influecircncia geral da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo com a existecircncia de subculturas de violecircncia nas grandes cidades

Actualmente a forma mais comum de punir o flagiacutecio eacute o encarceramento Contudo jaacute haacute vaacuterias alternativas ao encarceramento em praacutetica ou numa fase de estudo em diversos paiacuteses

Uma eacute a supervisatildeo por parte da comunidade incluindo a pena suspensa a liberdade condicional e a liberdade sob fianccedila Outra eacute a diversatildeo que se refere a programas que afastam totalmente o indiviacuteduo dos tribunais

Existem outras possibilidades tais como as prestaccedilotildees de trabalho agrave comunidade substituiccedilatildeo de penas por multas indemnizaccedilotildees agrave viacutetima comunidades terapecircuticas e licenccedilas temporaacuterias de saiacuteda que permitem que os presos passem tempo fora das prisotildees Haacute quem tenha defendido a aboliccedilatildeo total das prisotildees Ateacute ao seacuteculo XIX a

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principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Morte

A uacuteltima execuccedilatildeo decorrida em Portugal foi em 1846 por crimes civis A Junho de 1852 no reinado de D Maria II a pena de morte foi abolida soacute para os

crimes poliacuteticos enquanto que a Julho de 1867 no reinado de D Luiacutes foi abolida para todos os tipos de crimes com excepccedilatildeo dos militares Mais tarde em Marccedilo de 1911 foi para todos os crimes Apoacutes trecircs anos em 1914 durante a Primeira Guerra Mundial eacute readmitida ldquoem caso de guerrardquo no entanto foi a uacuteltima pena de morte em Portugal Em Abril de 1976 vecirc-se esta definitivamente abolida para todos os crimes (Sampaio2001)

Na Franccedila temos a aboliccedilatildeo da pena capital a 9 de Outubro de 1981 Quanto aos EUA estes continuam a defender com todas as suas forccedilas o seu

ldquodireitordquo de matar apesar do movimento abolicionista internacional contra a pena de morte Muitas vezes violando as leis internacionais os EUA executam doentes mentais pessoas menores de idade na altura dos crimes pessoas mal representadas pessoas cuja culpa permanece em duacutevida e ateacute estrangeiros a quem foram negados direitos consulares Por incriacutevel que pareccedila os EUA natildeo satildeo os uacutenicos a fazecirc-lo Outros paiacuteses como o Paquistatildeo o Iratildeo e a Repuacuteblica do Congo tambeacutem realizaram execuccedilotildees por crimes cometidos por menores E natildeo foram poucos (Sampaio2001)

Em Abril de 2001 os EUA perderam o seu lugar na Comissatildeo para os Direitos Humanos da ONU O secretaacuterio da ONU Kofi Annan vencedor do Preacutemio Nobel da Paz de 2001 afirmou que viraacute o tempo em que os Estados que ainda aplicam a pena de morte chegaratildeo agrave conclusatildeo que jaacute eacute tarde para se redimirem do seu erro (Sampaio2001)

Na semana do dia 9 de Dezembro que Bush dedicou aos Direitos Humanos foram executados dois prisioneiros Byron Parker (Geoacutergia) e Vicent Cooks (Texas) Nesse mesmo dia Bush lembrando os ataques de 11 de Setembro afirmou que ldquoquando os nossos direitos satildeo atacados eles precisam de ser e seratildeo defendidosrdquo Desde esse dia o presidente americano tem-se referido muitas vezes agrave ldquocivilizaccedilatildeordquo Num discurso recente descreveu a guerra contra o terrorismo como uma guerra para salvar a civilizaccedilatildeo (Sampaio2001)

No corredor da morte nos EUA continuam ainda mais de 3700 prisioneiros e apoacutes Bush ter chegado agrave Casa Branca jaacute decorreram duas execuccedilotildees federais Apesar dos Estados Unidos serem os liacutederes deste traacutegico acontecimento o governador do estado de Illinois George Ryan tomou uma decisatildeo muito corajosa concedeu o perdatildeo a quatro prisioneiros que estavam condenados agrave pena de morte e comutou as sentenccedilas de morte de outros 167 prisioneiros Isto seraacute sem duacutevida um passo decisivo no sentido da aboliccedilatildeo da pena de morte nos EUA O governador jaacute foi defensor da pena de morte mas actualmente eacute um dos seus maiores criacuteticos Trecircs anos depois de se ter imposto uma moratoacuteria a todas as execuccedilotildees nos EUA devido ao ldquovergonhosordquo registo de inuacutemeras condenaccedilotildees de inocentes a sua decisatildeo de comutar todas as sentenccedilas de morte vem mostrar que o sistema natildeo soacute errava ao atribuir culpas como tambeacutem ldquoerrava ao determinar quem entre os culpados merecia morrerrdquo (Sampaio2001)

Com efeito em todos os EUA mais de 100 pessoas foram libertadas depois de terem sido condenadas agrave morte por se ter descoberto a sua inocecircncia

A etnia dos acusados e das viacutetimas as suas possibilidades econoacutemicas e o estado em que o crime eacute cometido determinam muitas vezes quem eacute condenado agrave morte nos EUA Um estudo divulgado no iniacutecio de 2003 sobre a pena de morte do estado de Maryland mostra que o sistema eacute fortemente influenciado por questotildees raciais e geograacuteficas Oitenta por cento dos mais de 800 executados nos EUA tanto satildeo brancos como negros (Sampaio2001)

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Na Araacutebia Saudita aplica-se uma lei islacircmica que impotildee a pena de morte a condenados por assassiacutenio violaccedilatildeo assalto agrave matildeo armada e traacutefico ou consumo de droga

O Sistema Islacircmico sobre os direitos humanos continua muito rudimentar em comparaccedilatildeo a outros sistemas regionais

Na Jugoslaacutevia em Novembro de 2001 o Parlamento aboliu a Pena de Morte com a adopccedilatildeo de um Coacutedigo Penal revisto sendo substituiacuteda por uma pena de prisatildeo de 40 anos

Um dos locais onde se tenta combater o traacutefico e o consumo de droga atraveacutes da aplicaccedilatildeo da pena de morte eacute a Aacutesia Contudo esta opccedilatildeo natildeo tem sido muito eficaz Os governos da Indoneacutesia Tailacircndia e Filipinas mostraram interesse em aumentar a sua confianccedila na pena de morte para combater o traacutefico assim como a China

Nas Filipinas em Marccedilo de 2001 a presidente Arroyo afirmou que executar pessoas natildeo resolveria o problema do aumento dos crimes de rapto e traacutefico de droga Poreacutem a presidente agora renuncia essas afirmaccedilotildees ordenando a execuccedilatildeo de raptores (Sampaio2001)

ldquoA pena de morte arrisca sempre a vida de inocentes risco este aumentado nas Filipinas agrave falta de protecccedilatildeo aos detidos durante interrogatoacuterios policiaisrdquo(Sampaio2001)

A 14 de Fevereiro de 2003 foi publicado no ldquoPuacuteblicordquo que os iranianos renovaram a sentenccedila de pena de morte para Salman Rushdie O escritor anglo-indiano recebeu a sua sentenccedila e o histoacuterico decreto eacute irrevogaacutevel e nada pode mudaacute-lo segundo informou a elite da Guarda Revolucionaacuteria do Iratildeo (Sampaio2001)

A sentenccedila de morte foi decretada por causa do livro ldquoOs Versos Satacircnicosrdquo lanccedilado no Brasil pela editora Companhia das Letras (Sampaio2001)

Existem ainda muitos paiacuteses que fazem parte da lista negra em relaccedilatildeo agrave pena de morte alguns deles satildeo a China Cuba Iratildeo Iraque Ruacutessia Araacutebia Saudita e EUA

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II- A Pena de Morte e a Sociedade A Pena de Morte natildeo eacute a uacutenica forma de se tirar a vida a um ser humano Tambeacutem

existem outros modos de o fazer nomeadamente a tortura a qual era bem aceite e admitida em algumas circunstacircncias

Estes dois modelos de barbarismo satildeo agora bastante condenaacuteveis pela lei dos direitos humanos internacionais Natildeo soacute as normas convencionais mas tambeacutem as normas comuns Esta lei tinha que ser dinacircmica adaptada e desenvolver-se com o progresso da vida social e suas atitudes

Em 1948 a pena de morte foi reconhecida universalmente como excepccedilatildeo ao direito agrave vida No entanto natildeo deixa de ser caracterizada como uma brutalidade

O direito agrave vida eacute um dos direitos mais importantes que noacutes temos Eacute um direito supremo e primordial nunca esquecendo de incluir o direito agrave comida e aos cuidados meacutedicos Todas as pessoas tecircm o mesmo direito antes de uma audiecircncia e da decisatildeo do tribunal Qualquer pessoa eacute considerada inocente ateacute provar o contraacuterio e tem direito agraves miacutenimas garantias Todo o ser humano tem direito agrave vida agrave liberdade e agrave seguranccedila sobre si mesmo e esse direito deveria ser protegido pela lei Ningueacutem deve ser privado de tal (Sampaio2001)

Nos paiacuteses onde a pena de morte natildeo foi abolida a sentenccedila deveraacute ser imposta soacute a crimes muito graves de acordo com a lei Esta pena soacute deveraacute ser definida ou persuadida depois do julgamento final decorrido num tribunal competente para tal

Talvez uma justiccedila com penalidades mais severas ajudasse um pouco a reprimir o flagiacutecio Seraacute que a existecircncia de pena de morte funciona como um freio numa mente criminosa ou propensa a tal

Na concepccedilatildeo de muitos nenhuma pessoa com bom senso precisa de pena de morte para natildeo cometer agravos Tal como nenhum indiviacuteduo com bom senso precisa de multas elevadas para utilizar o cinto de seguranccedila no automoacutevel

Acredita-se que para diminuir os malefiacutecios principalmente os mais violentos eacute necessaacuterio empregar uma matildeo forte capaz de intimidar os delinquentes Daiacute a pena de morte ser a soluccedilatildeo mais viaacutevel para a criminalidade urbana violenta Ora o que se tem verificado eacute que esta natildeo tem solucionado o problema da criminalidade violenta sequer nos paiacuteses que a adoptaram ou ainda a adoptam Por exemplo nos EUA nada resolveu nem tem resolvido pois as taxas de homiciacutedios satildeo de longe as mais elevadas do mundo industrializado

O sofrimento de esperar a ldquosua vez de morrerrdquo eacute uma brutalidade inominaacutevel Para natildeo falar daqueles que a esperam inocentemente sem nada terem cometido senatildeo o facto de terem nascido ldquoMuitos dos condenados ainda passam pelo sofrimento da dor quando a sua morte natildeo eacute imediata pois existem falhas mecacircnicas Ou seja se o primeiro choque natildeo for suficiente a operaccedilatildeo eacute repetida uma ou duas vezes ateacute surtir o efeitoe o reacuteprobo sofre imenso com isso e eacute literalmente frito em vidardquo(Sampaio2001) Onde quer que a pena de morte esteja em vigor natildeo eacute possiacutevel corrigir posteriormente casos de injusticcedila mesmo que surjam provas que demonstrem que o indiviacuteduo foi erradamente condenado

Os delinquentes ricos tecircm mais facilidades para contratar advogados haacutebeis e serem declarados inocentes do que os mais pobres que natildeo tecircm essa possibilidade sujeitando-se mesmo que sejam inocentes a ser inculpados Estes problemas natildeo satildeo soacute de agora mas a pena de morte para aleacutem de existir haacute muito eacute um assunto muito actual A sua validade eacute discutida em todos os acircmbitos da sociedade Agrave medida que aumenta a incidecircncia das transgressotildees violentas vemos alguns sectores movimentando-se para que a Pena Capital seja instaurada nos nossos sistemas judiciaacuterios

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Muitos portugueses acham que esta deveria vigorar em Portugal punindo as pessoas que cometeram iniquidades violentas Outros satildeo da opiniatildeo de que deve continuar natildeo existindo preservando os direitos humanos A Pena de Morte eacute um assunto muito poleacutemico e conturbado um tanto delicado exigindo muita ponderaccedilatildeo em todos os aspectos Segundo alguns indiviacuteduos a ameaccedila de execuccedilatildeo desencoraja potenciais assassinos mas embora as discussotildees continuem poucos ou nenhuns dados apoiam esta ideia

Ateacute que ponto a Pena de Morte traraacute um bem estar para a sociedade O Estado ao praticaacute-la tambeacutem natildeo estaraacute a cometer um assassiacutenio Por vezes tenta-se justificar a pena de morte dizendo-se simplesmente que eacute mais barato matar alguns presos que mantecirc-los na prisatildeo Seraacute assim E se o for tal facto eacute social e humanamente aceitaacutevel

ldquo A questatildeo da violecircncia jamais encontraraacute soluccedilotildees na violecircncia venha ela de onde vier do proacuteprio povo ou dos chamados poderes constitucionaisrdquo( Sampaio2001)

Merecedores da nossa atenccedilatildeo satildeo a raacutedio e a televisatildeo que multiplicam sem duacutevida a violecircncia Os seus programas entram nas nossas casas como se estivessem sendo praticados naquele exacto momento diante dos nossos olhos A violecircncia contra a populaccedilatildeo sempre existiu eacute um facto Assassinatos roubos e crimes sexuais satildeo praticados haacute muito tempo soacute que agora ouvimos falar muito deles devido agrave facilidade de comunicaccedilatildeo que hoje temos

Actualmente os meios de comunicaccedilatildeo colocam-nos ao corrente de tudo aumentando os iacutendices de audiecircncia

Ouve-se falar muito em criminalidade eacute verdade Mas esta outrora era camuflada Porque os meios de comunicaccedilatildeo de que hoje dispomos e que se banalizaram haacute tempos atraacutes eram algo muito raro E aqueles que existiam eram soacute para quem tinha posses monetaacuterias

A informaccedilatildeo bate-nos todos os dias agrave nossa porta colocando-nos ao corrente de tudo enquanto que em outros tempos isso era impensaacutevel Logo as pessoas ficavam como que isoladas ldquono seu mundordquo sem saber o que se passa agrave sua volta

Hoje em dia como desde haacute muito as pessoas vivem com as suas leis A vida social eacute isso mesmo governada por normas e regras E o natildeo cumprimento pode originar a reprovaccedilatildeo ou uma sanccedilatildeo social mais ou menos severa consoante o delito cometido

Embora existam processos que tendam a conservar a ordem social haacute sempre casos de violaccedilatildeo das normas quando os mecanismos de controlo social natildeo satildeo suficientemente fortes para conseguir manter a ordem estabelecida Com efeito existem em todas as sociedades comportamentos que natildeo satildeo considerados normais que se afastam das normas estabelecidas e que satildeo os chamados comportamentos desviantes

Todas as normas sociais satildeo acompanhadas por sanccedilotildees que promovem a conformidade e castigam a natildeo conformidade As sanccedilotildees podem ser positivas quando implicam uma recompensa ou uma aprovaccedilatildeo ou negativas quando implicam uma pena ou desaprovaccedilatildeo Neste uacuteltimo caso estamos perante sanccedilotildees repressivas correctivas ou punitivas Tambeacutem podem ser formais quando satildeo colocadas em praacutetica por corpos especiacuteficos para assegurar o seu cumprimento Como exemplo temos as leis definidas pelos orgatildeos de soberania Ou podem ser informais quando se trata de reacccedilotildees espontacircneas natildeo organizadas tipo a reprovaccedilatildeo social

Nas sociedades modernas os principais tipos de sanccedilotildees formais satildeo os que fazem parte do sistema de puniccedilatildeo representado pelos tribunais e prisotildees A poliacutecia eacute a instituiccedilatildeo encarregue de levar os ofensores a tribunal e a um possiacutevel encarceramento O encarceramento eacute uma forma de punir os malfeitores e de proteger os cidadatildeos das suas acccedilotildees Todavia o princiacutepio subjacente ao sistema prisional eacute o de laquomelhorarraquo o indiviacuteduo de maneira a que esta possa ter um papel digno e decente da sociedade

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Eacute certo que ldquoningueacutem quebra todas as regras assim como ningueacutem as respeita todasrdquo (Sampaio2001)

A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamentos geralmente aceites

Onde haacute leis tambeacutem existem crimes na medida em que o crime pode simplesmente ser definido como qualquer tipo de comportamento que viola a lei O pior eacute que muitos dos flagiacutecios cometidos natildeo satildeo denunciados agrave poliacutecia Algumas das primeiras tentativas de explicar o crime e outras formas de desvio foram essencialmente de caraacutecter bioloacutegico todavia o que se entende por crime depende das instituiccedilotildees sociais de uma determinada sociedade

Quando se comeccedila a estudar o comportamento desviante eacute necessaacuterio ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem pois diferentes culturas tecircm diferentes normas e valores O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social O que eacute considerado normal ou desviante varia muito de uma sociedade para outra

Atraveacutes da Sociologia apercebemo-nos de que ningueacutem eacute tatildeo normal quanto gosta de pensar e de que as pessoas cujo comportamento possa parecer estranho ou incompreensiacutevel satildeo seres racionais quando compreendemos a razatildeo dos seus actos Ela mostra que os indiviacuteduos satildeo aquilo que a sociedade o fez ser e que esses mesmos indiviacuteduos tentam de forma deacutebil e hesitante ou agraves vezes apaixonadamente ser outra coisa alguma coisa que eles mesmos tenham escolhido ser A sociologia aponta a infinita precariedade de todas as identidades atribuiacutedas socialmente A perspectiva socioloacutegica natildeo eacute conducente a uma atitude de esperanccedila e optimismo decerto que antes levaraacute a um maior ou menor grau de desencanto com as interpretaccedilotildees da realidade social oferecidas nas igrejas e nas aulas de civismo

Segundo alguns socioacutelogos a pena de morte age como dissuassor de delitos mas a sua aboliccedilatildeo natildeo leva agraves assustadoras consequecircncias previstas por seus protagonistas

Iniquidades como o roubo e o assalto satildeo cometidas principalmente por pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres da populaccedilatildeo Outras como os desfalques ou a fuga aos impostos estatildeo por definiccedilatildeo limitados a pessoas com alguma riqueza

Segundo Edwin H Sutherland os indiviacuteduos tornam-se delinquentes ou criminosos atraveacutes da sua associaccedilatildeo com outros que satildeo portadores de normas criminais (Giddens2000219)

Na opiniatildeo de Giddens os ladrotildees tentam ganhar dinheiro tal como as pessoas com empregos normais todavia escolhem formas ilegais de o fazer Isso acontece devido agraves pressotildees que induzem aacute actividade criminosa no seio de outros grupos como por exemplo os ditos ldquocrimes de colarinho brancordquo(Giddens2000220-221) Ultimamente o crime de rua incluindo crimes violentos de diversa ordem traacutefico de droga e vandalismo tecircm aumentado A explicaccedilatildeo mais plausiacutevel para a alta taxa de crimes violentos nos EUA consiste na combinaccedilatildeo da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo e com a influecircncia geral da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo com a existecircncia de subculturas de violecircncia nas grandes cidades

Actualmente a forma mais comum de punir o flagiacutecio eacute o encarceramento Contudo jaacute haacute vaacuterias alternativas ao encarceramento em praacutetica ou numa fase de estudo em diversos paiacuteses

Uma eacute a supervisatildeo por parte da comunidade incluindo a pena suspensa a liberdade condicional e a liberdade sob fianccedila Outra eacute a diversatildeo que se refere a programas que afastam totalmente o indiviacuteduo dos tribunais

Existem outras possibilidades tais como as prestaccedilotildees de trabalho agrave comunidade substituiccedilatildeo de penas por multas indemnizaccedilotildees agrave viacutetima comunidades terapecircuticas e licenccedilas temporaacuterias de saiacuteda que permitem que os presos passem tempo fora das prisotildees Haacute quem tenha defendido a aboliccedilatildeo total das prisotildees Ateacute ao seacuteculo XIX a

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principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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Na Araacutebia Saudita aplica-se uma lei islacircmica que impotildee a pena de morte a condenados por assassiacutenio violaccedilatildeo assalto agrave matildeo armada e traacutefico ou consumo de droga

O Sistema Islacircmico sobre os direitos humanos continua muito rudimentar em comparaccedilatildeo a outros sistemas regionais

Na Jugoslaacutevia em Novembro de 2001 o Parlamento aboliu a Pena de Morte com a adopccedilatildeo de um Coacutedigo Penal revisto sendo substituiacuteda por uma pena de prisatildeo de 40 anos

Um dos locais onde se tenta combater o traacutefico e o consumo de droga atraveacutes da aplicaccedilatildeo da pena de morte eacute a Aacutesia Contudo esta opccedilatildeo natildeo tem sido muito eficaz Os governos da Indoneacutesia Tailacircndia e Filipinas mostraram interesse em aumentar a sua confianccedila na pena de morte para combater o traacutefico assim como a China

Nas Filipinas em Marccedilo de 2001 a presidente Arroyo afirmou que executar pessoas natildeo resolveria o problema do aumento dos crimes de rapto e traacutefico de droga Poreacutem a presidente agora renuncia essas afirmaccedilotildees ordenando a execuccedilatildeo de raptores (Sampaio2001)

ldquoA pena de morte arrisca sempre a vida de inocentes risco este aumentado nas Filipinas agrave falta de protecccedilatildeo aos detidos durante interrogatoacuterios policiaisrdquo(Sampaio2001)

A 14 de Fevereiro de 2003 foi publicado no ldquoPuacuteblicordquo que os iranianos renovaram a sentenccedila de pena de morte para Salman Rushdie O escritor anglo-indiano recebeu a sua sentenccedila e o histoacuterico decreto eacute irrevogaacutevel e nada pode mudaacute-lo segundo informou a elite da Guarda Revolucionaacuteria do Iratildeo (Sampaio2001)

A sentenccedila de morte foi decretada por causa do livro ldquoOs Versos Satacircnicosrdquo lanccedilado no Brasil pela editora Companhia das Letras (Sampaio2001)

Existem ainda muitos paiacuteses que fazem parte da lista negra em relaccedilatildeo agrave pena de morte alguns deles satildeo a China Cuba Iratildeo Iraque Ruacutessia Araacutebia Saudita e EUA

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II- A Pena de Morte e a Sociedade A Pena de Morte natildeo eacute a uacutenica forma de se tirar a vida a um ser humano Tambeacutem

existem outros modos de o fazer nomeadamente a tortura a qual era bem aceite e admitida em algumas circunstacircncias

Estes dois modelos de barbarismo satildeo agora bastante condenaacuteveis pela lei dos direitos humanos internacionais Natildeo soacute as normas convencionais mas tambeacutem as normas comuns Esta lei tinha que ser dinacircmica adaptada e desenvolver-se com o progresso da vida social e suas atitudes

Em 1948 a pena de morte foi reconhecida universalmente como excepccedilatildeo ao direito agrave vida No entanto natildeo deixa de ser caracterizada como uma brutalidade

O direito agrave vida eacute um dos direitos mais importantes que noacutes temos Eacute um direito supremo e primordial nunca esquecendo de incluir o direito agrave comida e aos cuidados meacutedicos Todas as pessoas tecircm o mesmo direito antes de uma audiecircncia e da decisatildeo do tribunal Qualquer pessoa eacute considerada inocente ateacute provar o contraacuterio e tem direito agraves miacutenimas garantias Todo o ser humano tem direito agrave vida agrave liberdade e agrave seguranccedila sobre si mesmo e esse direito deveria ser protegido pela lei Ningueacutem deve ser privado de tal (Sampaio2001)

Nos paiacuteses onde a pena de morte natildeo foi abolida a sentenccedila deveraacute ser imposta soacute a crimes muito graves de acordo com a lei Esta pena soacute deveraacute ser definida ou persuadida depois do julgamento final decorrido num tribunal competente para tal

Talvez uma justiccedila com penalidades mais severas ajudasse um pouco a reprimir o flagiacutecio Seraacute que a existecircncia de pena de morte funciona como um freio numa mente criminosa ou propensa a tal

Na concepccedilatildeo de muitos nenhuma pessoa com bom senso precisa de pena de morte para natildeo cometer agravos Tal como nenhum indiviacuteduo com bom senso precisa de multas elevadas para utilizar o cinto de seguranccedila no automoacutevel

Acredita-se que para diminuir os malefiacutecios principalmente os mais violentos eacute necessaacuterio empregar uma matildeo forte capaz de intimidar os delinquentes Daiacute a pena de morte ser a soluccedilatildeo mais viaacutevel para a criminalidade urbana violenta Ora o que se tem verificado eacute que esta natildeo tem solucionado o problema da criminalidade violenta sequer nos paiacuteses que a adoptaram ou ainda a adoptam Por exemplo nos EUA nada resolveu nem tem resolvido pois as taxas de homiciacutedios satildeo de longe as mais elevadas do mundo industrializado

O sofrimento de esperar a ldquosua vez de morrerrdquo eacute uma brutalidade inominaacutevel Para natildeo falar daqueles que a esperam inocentemente sem nada terem cometido senatildeo o facto de terem nascido ldquoMuitos dos condenados ainda passam pelo sofrimento da dor quando a sua morte natildeo eacute imediata pois existem falhas mecacircnicas Ou seja se o primeiro choque natildeo for suficiente a operaccedilatildeo eacute repetida uma ou duas vezes ateacute surtir o efeitoe o reacuteprobo sofre imenso com isso e eacute literalmente frito em vidardquo(Sampaio2001) Onde quer que a pena de morte esteja em vigor natildeo eacute possiacutevel corrigir posteriormente casos de injusticcedila mesmo que surjam provas que demonstrem que o indiviacuteduo foi erradamente condenado

Os delinquentes ricos tecircm mais facilidades para contratar advogados haacutebeis e serem declarados inocentes do que os mais pobres que natildeo tecircm essa possibilidade sujeitando-se mesmo que sejam inocentes a ser inculpados Estes problemas natildeo satildeo soacute de agora mas a pena de morte para aleacutem de existir haacute muito eacute um assunto muito actual A sua validade eacute discutida em todos os acircmbitos da sociedade Agrave medida que aumenta a incidecircncia das transgressotildees violentas vemos alguns sectores movimentando-se para que a Pena Capital seja instaurada nos nossos sistemas judiciaacuterios

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Muitos portugueses acham que esta deveria vigorar em Portugal punindo as pessoas que cometeram iniquidades violentas Outros satildeo da opiniatildeo de que deve continuar natildeo existindo preservando os direitos humanos A Pena de Morte eacute um assunto muito poleacutemico e conturbado um tanto delicado exigindo muita ponderaccedilatildeo em todos os aspectos Segundo alguns indiviacuteduos a ameaccedila de execuccedilatildeo desencoraja potenciais assassinos mas embora as discussotildees continuem poucos ou nenhuns dados apoiam esta ideia

Ateacute que ponto a Pena de Morte traraacute um bem estar para a sociedade O Estado ao praticaacute-la tambeacutem natildeo estaraacute a cometer um assassiacutenio Por vezes tenta-se justificar a pena de morte dizendo-se simplesmente que eacute mais barato matar alguns presos que mantecirc-los na prisatildeo Seraacute assim E se o for tal facto eacute social e humanamente aceitaacutevel

ldquo A questatildeo da violecircncia jamais encontraraacute soluccedilotildees na violecircncia venha ela de onde vier do proacuteprio povo ou dos chamados poderes constitucionaisrdquo( Sampaio2001)

Merecedores da nossa atenccedilatildeo satildeo a raacutedio e a televisatildeo que multiplicam sem duacutevida a violecircncia Os seus programas entram nas nossas casas como se estivessem sendo praticados naquele exacto momento diante dos nossos olhos A violecircncia contra a populaccedilatildeo sempre existiu eacute um facto Assassinatos roubos e crimes sexuais satildeo praticados haacute muito tempo soacute que agora ouvimos falar muito deles devido agrave facilidade de comunicaccedilatildeo que hoje temos

Actualmente os meios de comunicaccedilatildeo colocam-nos ao corrente de tudo aumentando os iacutendices de audiecircncia

Ouve-se falar muito em criminalidade eacute verdade Mas esta outrora era camuflada Porque os meios de comunicaccedilatildeo de que hoje dispomos e que se banalizaram haacute tempos atraacutes eram algo muito raro E aqueles que existiam eram soacute para quem tinha posses monetaacuterias

A informaccedilatildeo bate-nos todos os dias agrave nossa porta colocando-nos ao corrente de tudo enquanto que em outros tempos isso era impensaacutevel Logo as pessoas ficavam como que isoladas ldquono seu mundordquo sem saber o que se passa agrave sua volta

Hoje em dia como desde haacute muito as pessoas vivem com as suas leis A vida social eacute isso mesmo governada por normas e regras E o natildeo cumprimento pode originar a reprovaccedilatildeo ou uma sanccedilatildeo social mais ou menos severa consoante o delito cometido

Embora existam processos que tendam a conservar a ordem social haacute sempre casos de violaccedilatildeo das normas quando os mecanismos de controlo social natildeo satildeo suficientemente fortes para conseguir manter a ordem estabelecida Com efeito existem em todas as sociedades comportamentos que natildeo satildeo considerados normais que se afastam das normas estabelecidas e que satildeo os chamados comportamentos desviantes

Todas as normas sociais satildeo acompanhadas por sanccedilotildees que promovem a conformidade e castigam a natildeo conformidade As sanccedilotildees podem ser positivas quando implicam uma recompensa ou uma aprovaccedilatildeo ou negativas quando implicam uma pena ou desaprovaccedilatildeo Neste uacuteltimo caso estamos perante sanccedilotildees repressivas correctivas ou punitivas Tambeacutem podem ser formais quando satildeo colocadas em praacutetica por corpos especiacuteficos para assegurar o seu cumprimento Como exemplo temos as leis definidas pelos orgatildeos de soberania Ou podem ser informais quando se trata de reacccedilotildees espontacircneas natildeo organizadas tipo a reprovaccedilatildeo social

Nas sociedades modernas os principais tipos de sanccedilotildees formais satildeo os que fazem parte do sistema de puniccedilatildeo representado pelos tribunais e prisotildees A poliacutecia eacute a instituiccedilatildeo encarregue de levar os ofensores a tribunal e a um possiacutevel encarceramento O encarceramento eacute uma forma de punir os malfeitores e de proteger os cidadatildeos das suas acccedilotildees Todavia o princiacutepio subjacente ao sistema prisional eacute o de laquomelhorarraquo o indiviacuteduo de maneira a que esta possa ter um papel digno e decente da sociedade

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Eacute certo que ldquoningueacutem quebra todas as regras assim como ningueacutem as respeita todasrdquo (Sampaio2001)

A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamentos geralmente aceites

Onde haacute leis tambeacutem existem crimes na medida em que o crime pode simplesmente ser definido como qualquer tipo de comportamento que viola a lei O pior eacute que muitos dos flagiacutecios cometidos natildeo satildeo denunciados agrave poliacutecia Algumas das primeiras tentativas de explicar o crime e outras formas de desvio foram essencialmente de caraacutecter bioloacutegico todavia o que se entende por crime depende das instituiccedilotildees sociais de uma determinada sociedade

Quando se comeccedila a estudar o comportamento desviante eacute necessaacuterio ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem pois diferentes culturas tecircm diferentes normas e valores O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social O que eacute considerado normal ou desviante varia muito de uma sociedade para outra

Atraveacutes da Sociologia apercebemo-nos de que ningueacutem eacute tatildeo normal quanto gosta de pensar e de que as pessoas cujo comportamento possa parecer estranho ou incompreensiacutevel satildeo seres racionais quando compreendemos a razatildeo dos seus actos Ela mostra que os indiviacuteduos satildeo aquilo que a sociedade o fez ser e que esses mesmos indiviacuteduos tentam de forma deacutebil e hesitante ou agraves vezes apaixonadamente ser outra coisa alguma coisa que eles mesmos tenham escolhido ser A sociologia aponta a infinita precariedade de todas as identidades atribuiacutedas socialmente A perspectiva socioloacutegica natildeo eacute conducente a uma atitude de esperanccedila e optimismo decerto que antes levaraacute a um maior ou menor grau de desencanto com as interpretaccedilotildees da realidade social oferecidas nas igrejas e nas aulas de civismo

Segundo alguns socioacutelogos a pena de morte age como dissuassor de delitos mas a sua aboliccedilatildeo natildeo leva agraves assustadoras consequecircncias previstas por seus protagonistas

Iniquidades como o roubo e o assalto satildeo cometidas principalmente por pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres da populaccedilatildeo Outras como os desfalques ou a fuga aos impostos estatildeo por definiccedilatildeo limitados a pessoas com alguma riqueza

Segundo Edwin H Sutherland os indiviacuteduos tornam-se delinquentes ou criminosos atraveacutes da sua associaccedilatildeo com outros que satildeo portadores de normas criminais (Giddens2000219)

Na opiniatildeo de Giddens os ladrotildees tentam ganhar dinheiro tal como as pessoas com empregos normais todavia escolhem formas ilegais de o fazer Isso acontece devido agraves pressotildees que induzem aacute actividade criminosa no seio de outros grupos como por exemplo os ditos ldquocrimes de colarinho brancordquo(Giddens2000220-221) Ultimamente o crime de rua incluindo crimes violentos de diversa ordem traacutefico de droga e vandalismo tecircm aumentado A explicaccedilatildeo mais plausiacutevel para a alta taxa de crimes violentos nos EUA consiste na combinaccedilatildeo da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo e com a influecircncia geral da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo com a existecircncia de subculturas de violecircncia nas grandes cidades

Actualmente a forma mais comum de punir o flagiacutecio eacute o encarceramento Contudo jaacute haacute vaacuterias alternativas ao encarceramento em praacutetica ou numa fase de estudo em diversos paiacuteses

Uma eacute a supervisatildeo por parte da comunidade incluindo a pena suspensa a liberdade condicional e a liberdade sob fianccedila Outra eacute a diversatildeo que se refere a programas que afastam totalmente o indiviacuteduo dos tribunais

Existem outras possibilidades tais como as prestaccedilotildees de trabalho agrave comunidade substituiccedilatildeo de penas por multas indemnizaccedilotildees agrave viacutetima comunidades terapecircuticas e licenccedilas temporaacuterias de saiacuteda que permitem que os presos passem tempo fora das prisotildees Haacute quem tenha defendido a aboliccedilatildeo total das prisotildees Ateacute ao seacuteculo XIX a

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principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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II- A Pena de Morte e a Sociedade A Pena de Morte natildeo eacute a uacutenica forma de se tirar a vida a um ser humano Tambeacutem

existem outros modos de o fazer nomeadamente a tortura a qual era bem aceite e admitida em algumas circunstacircncias

Estes dois modelos de barbarismo satildeo agora bastante condenaacuteveis pela lei dos direitos humanos internacionais Natildeo soacute as normas convencionais mas tambeacutem as normas comuns Esta lei tinha que ser dinacircmica adaptada e desenvolver-se com o progresso da vida social e suas atitudes

Em 1948 a pena de morte foi reconhecida universalmente como excepccedilatildeo ao direito agrave vida No entanto natildeo deixa de ser caracterizada como uma brutalidade

O direito agrave vida eacute um dos direitos mais importantes que noacutes temos Eacute um direito supremo e primordial nunca esquecendo de incluir o direito agrave comida e aos cuidados meacutedicos Todas as pessoas tecircm o mesmo direito antes de uma audiecircncia e da decisatildeo do tribunal Qualquer pessoa eacute considerada inocente ateacute provar o contraacuterio e tem direito agraves miacutenimas garantias Todo o ser humano tem direito agrave vida agrave liberdade e agrave seguranccedila sobre si mesmo e esse direito deveria ser protegido pela lei Ningueacutem deve ser privado de tal (Sampaio2001)

Nos paiacuteses onde a pena de morte natildeo foi abolida a sentenccedila deveraacute ser imposta soacute a crimes muito graves de acordo com a lei Esta pena soacute deveraacute ser definida ou persuadida depois do julgamento final decorrido num tribunal competente para tal

Talvez uma justiccedila com penalidades mais severas ajudasse um pouco a reprimir o flagiacutecio Seraacute que a existecircncia de pena de morte funciona como um freio numa mente criminosa ou propensa a tal

Na concepccedilatildeo de muitos nenhuma pessoa com bom senso precisa de pena de morte para natildeo cometer agravos Tal como nenhum indiviacuteduo com bom senso precisa de multas elevadas para utilizar o cinto de seguranccedila no automoacutevel

Acredita-se que para diminuir os malefiacutecios principalmente os mais violentos eacute necessaacuterio empregar uma matildeo forte capaz de intimidar os delinquentes Daiacute a pena de morte ser a soluccedilatildeo mais viaacutevel para a criminalidade urbana violenta Ora o que se tem verificado eacute que esta natildeo tem solucionado o problema da criminalidade violenta sequer nos paiacuteses que a adoptaram ou ainda a adoptam Por exemplo nos EUA nada resolveu nem tem resolvido pois as taxas de homiciacutedios satildeo de longe as mais elevadas do mundo industrializado

O sofrimento de esperar a ldquosua vez de morrerrdquo eacute uma brutalidade inominaacutevel Para natildeo falar daqueles que a esperam inocentemente sem nada terem cometido senatildeo o facto de terem nascido ldquoMuitos dos condenados ainda passam pelo sofrimento da dor quando a sua morte natildeo eacute imediata pois existem falhas mecacircnicas Ou seja se o primeiro choque natildeo for suficiente a operaccedilatildeo eacute repetida uma ou duas vezes ateacute surtir o efeitoe o reacuteprobo sofre imenso com isso e eacute literalmente frito em vidardquo(Sampaio2001) Onde quer que a pena de morte esteja em vigor natildeo eacute possiacutevel corrigir posteriormente casos de injusticcedila mesmo que surjam provas que demonstrem que o indiviacuteduo foi erradamente condenado

Os delinquentes ricos tecircm mais facilidades para contratar advogados haacutebeis e serem declarados inocentes do que os mais pobres que natildeo tecircm essa possibilidade sujeitando-se mesmo que sejam inocentes a ser inculpados Estes problemas natildeo satildeo soacute de agora mas a pena de morte para aleacutem de existir haacute muito eacute um assunto muito actual A sua validade eacute discutida em todos os acircmbitos da sociedade Agrave medida que aumenta a incidecircncia das transgressotildees violentas vemos alguns sectores movimentando-se para que a Pena Capital seja instaurada nos nossos sistemas judiciaacuterios

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Muitos portugueses acham que esta deveria vigorar em Portugal punindo as pessoas que cometeram iniquidades violentas Outros satildeo da opiniatildeo de que deve continuar natildeo existindo preservando os direitos humanos A Pena de Morte eacute um assunto muito poleacutemico e conturbado um tanto delicado exigindo muita ponderaccedilatildeo em todos os aspectos Segundo alguns indiviacuteduos a ameaccedila de execuccedilatildeo desencoraja potenciais assassinos mas embora as discussotildees continuem poucos ou nenhuns dados apoiam esta ideia

Ateacute que ponto a Pena de Morte traraacute um bem estar para a sociedade O Estado ao praticaacute-la tambeacutem natildeo estaraacute a cometer um assassiacutenio Por vezes tenta-se justificar a pena de morte dizendo-se simplesmente que eacute mais barato matar alguns presos que mantecirc-los na prisatildeo Seraacute assim E se o for tal facto eacute social e humanamente aceitaacutevel

ldquo A questatildeo da violecircncia jamais encontraraacute soluccedilotildees na violecircncia venha ela de onde vier do proacuteprio povo ou dos chamados poderes constitucionaisrdquo( Sampaio2001)

Merecedores da nossa atenccedilatildeo satildeo a raacutedio e a televisatildeo que multiplicam sem duacutevida a violecircncia Os seus programas entram nas nossas casas como se estivessem sendo praticados naquele exacto momento diante dos nossos olhos A violecircncia contra a populaccedilatildeo sempre existiu eacute um facto Assassinatos roubos e crimes sexuais satildeo praticados haacute muito tempo soacute que agora ouvimos falar muito deles devido agrave facilidade de comunicaccedilatildeo que hoje temos

Actualmente os meios de comunicaccedilatildeo colocam-nos ao corrente de tudo aumentando os iacutendices de audiecircncia

Ouve-se falar muito em criminalidade eacute verdade Mas esta outrora era camuflada Porque os meios de comunicaccedilatildeo de que hoje dispomos e que se banalizaram haacute tempos atraacutes eram algo muito raro E aqueles que existiam eram soacute para quem tinha posses monetaacuterias

A informaccedilatildeo bate-nos todos os dias agrave nossa porta colocando-nos ao corrente de tudo enquanto que em outros tempos isso era impensaacutevel Logo as pessoas ficavam como que isoladas ldquono seu mundordquo sem saber o que se passa agrave sua volta

Hoje em dia como desde haacute muito as pessoas vivem com as suas leis A vida social eacute isso mesmo governada por normas e regras E o natildeo cumprimento pode originar a reprovaccedilatildeo ou uma sanccedilatildeo social mais ou menos severa consoante o delito cometido

Embora existam processos que tendam a conservar a ordem social haacute sempre casos de violaccedilatildeo das normas quando os mecanismos de controlo social natildeo satildeo suficientemente fortes para conseguir manter a ordem estabelecida Com efeito existem em todas as sociedades comportamentos que natildeo satildeo considerados normais que se afastam das normas estabelecidas e que satildeo os chamados comportamentos desviantes

Todas as normas sociais satildeo acompanhadas por sanccedilotildees que promovem a conformidade e castigam a natildeo conformidade As sanccedilotildees podem ser positivas quando implicam uma recompensa ou uma aprovaccedilatildeo ou negativas quando implicam uma pena ou desaprovaccedilatildeo Neste uacuteltimo caso estamos perante sanccedilotildees repressivas correctivas ou punitivas Tambeacutem podem ser formais quando satildeo colocadas em praacutetica por corpos especiacuteficos para assegurar o seu cumprimento Como exemplo temos as leis definidas pelos orgatildeos de soberania Ou podem ser informais quando se trata de reacccedilotildees espontacircneas natildeo organizadas tipo a reprovaccedilatildeo social

Nas sociedades modernas os principais tipos de sanccedilotildees formais satildeo os que fazem parte do sistema de puniccedilatildeo representado pelos tribunais e prisotildees A poliacutecia eacute a instituiccedilatildeo encarregue de levar os ofensores a tribunal e a um possiacutevel encarceramento O encarceramento eacute uma forma de punir os malfeitores e de proteger os cidadatildeos das suas acccedilotildees Todavia o princiacutepio subjacente ao sistema prisional eacute o de laquomelhorarraquo o indiviacuteduo de maneira a que esta possa ter um papel digno e decente da sociedade

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Eacute certo que ldquoningueacutem quebra todas as regras assim como ningueacutem as respeita todasrdquo (Sampaio2001)

A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamentos geralmente aceites

Onde haacute leis tambeacutem existem crimes na medida em que o crime pode simplesmente ser definido como qualquer tipo de comportamento que viola a lei O pior eacute que muitos dos flagiacutecios cometidos natildeo satildeo denunciados agrave poliacutecia Algumas das primeiras tentativas de explicar o crime e outras formas de desvio foram essencialmente de caraacutecter bioloacutegico todavia o que se entende por crime depende das instituiccedilotildees sociais de uma determinada sociedade

Quando se comeccedila a estudar o comportamento desviante eacute necessaacuterio ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem pois diferentes culturas tecircm diferentes normas e valores O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social O que eacute considerado normal ou desviante varia muito de uma sociedade para outra

Atraveacutes da Sociologia apercebemo-nos de que ningueacutem eacute tatildeo normal quanto gosta de pensar e de que as pessoas cujo comportamento possa parecer estranho ou incompreensiacutevel satildeo seres racionais quando compreendemos a razatildeo dos seus actos Ela mostra que os indiviacuteduos satildeo aquilo que a sociedade o fez ser e que esses mesmos indiviacuteduos tentam de forma deacutebil e hesitante ou agraves vezes apaixonadamente ser outra coisa alguma coisa que eles mesmos tenham escolhido ser A sociologia aponta a infinita precariedade de todas as identidades atribuiacutedas socialmente A perspectiva socioloacutegica natildeo eacute conducente a uma atitude de esperanccedila e optimismo decerto que antes levaraacute a um maior ou menor grau de desencanto com as interpretaccedilotildees da realidade social oferecidas nas igrejas e nas aulas de civismo

Segundo alguns socioacutelogos a pena de morte age como dissuassor de delitos mas a sua aboliccedilatildeo natildeo leva agraves assustadoras consequecircncias previstas por seus protagonistas

Iniquidades como o roubo e o assalto satildeo cometidas principalmente por pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres da populaccedilatildeo Outras como os desfalques ou a fuga aos impostos estatildeo por definiccedilatildeo limitados a pessoas com alguma riqueza

Segundo Edwin H Sutherland os indiviacuteduos tornam-se delinquentes ou criminosos atraveacutes da sua associaccedilatildeo com outros que satildeo portadores de normas criminais (Giddens2000219)

Na opiniatildeo de Giddens os ladrotildees tentam ganhar dinheiro tal como as pessoas com empregos normais todavia escolhem formas ilegais de o fazer Isso acontece devido agraves pressotildees que induzem aacute actividade criminosa no seio de outros grupos como por exemplo os ditos ldquocrimes de colarinho brancordquo(Giddens2000220-221) Ultimamente o crime de rua incluindo crimes violentos de diversa ordem traacutefico de droga e vandalismo tecircm aumentado A explicaccedilatildeo mais plausiacutevel para a alta taxa de crimes violentos nos EUA consiste na combinaccedilatildeo da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo e com a influecircncia geral da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo com a existecircncia de subculturas de violecircncia nas grandes cidades

Actualmente a forma mais comum de punir o flagiacutecio eacute o encarceramento Contudo jaacute haacute vaacuterias alternativas ao encarceramento em praacutetica ou numa fase de estudo em diversos paiacuteses

Uma eacute a supervisatildeo por parte da comunidade incluindo a pena suspensa a liberdade condicional e a liberdade sob fianccedila Outra eacute a diversatildeo que se refere a programas que afastam totalmente o indiviacuteduo dos tribunais

Existem outras possibilidades tais como as prestaccedilotildees de trabalho agrave comunidade substituiccedilatildeo de penas por multas indemnizaccedilotildees agrave viacutetima comunidades terapecircuticas e licenccedilas temporaacuterias de saiacuteda que permitem que os presos passem tempo fora das prisotildees Haacute quem tenha defendido a aboliccedilatildeo total das prisotildees Ateacute ao seacuteculo XIX a

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principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

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bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

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Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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Muitos portugueses acham que esta deveria vigorar em Portugal punindo as pessoas que cometeram iniquidades violentas Outros satildeo da opiniatildeo de que deve continuar natildeo existindo preservando os direitos humanos A Pena de Morte eacute um assunto muito poleacutemico e conturbado um tanto delicado exigindo muita ponderaccedilatildeo em todos os aspectos Segundo alguns indiviacuteduos a ameaccedila de execuccedilatildeo desencoraja potenciais assassinos mas embora as discussotildees continuem poucos ou nenhuns dados apoiam esta ideia

Ateacute que ponto a Pena de Morte traraacute um bem estar para a sociedade O Estado ao praticaacute-la tambeacutem natildeo estaraacute a cometer um assassiacutenio Por vezes tenta-se justificar a pena de morte dizendo-se simplesmente que eacute mais barato matar alguns presos que mantecirc-los na prisatildeo Seraacute assim E se o for tal facto eacute social e humanamente aceitaacutevel

ldquo A questatildeo da violecircncia jamais encontraraacute soluccedilotildees na violecircncia venha ela de onde vier do proacuteprio povo ou dos chamados poderes constitucionaisrdquo( Sampaio2001)

Merecedores da nossa atenccedilatildeo satildeo a raacutedio e a televisatildeo que multiplicam sem duacutevida a violecircncia Os seus programas entram nas nossas casas como se estivessem sendo praticados naquele exacto momento diante dos nossos olhos A violecircncia contra a populaccedilatildeo sempre existiu eacute um facto Assassinatos roubos e crimes sexuais satildeo praticados haacute muito tempo soacute que agora ouvimos falar muito deles devido agrave facilidade de comunicaccedilatildeo que hoje temos

Actualmente os meios de comunicaccedilatildeo colocam-nos ao corrente de tudo aumentando os iacutendices de audiecircncia

Ouve-se falar muito em criminalidade eacute verdade Mas esta outrora era camuflada Porque os meios de comunicaccedilatildeo de que hoje dispomos e que se banalizaram haacute tempos atraacutes eram algo muito raro E aqueles que existiam eram soacute para quem tinha posses monetaacuterias

A informaccedilatildeo bate-nos todos os dias agrave nossa porta colocando-nos ao corrente de tudo enquanto que em outros tempos isso era impensaacutevel Logo as pessoas ficavam como que isoladas ldquono seu mundordquo sem saber o que se passa agrave sua volta

Hoje em dia como desde haacute muito as pessoas vivem com as suas leis A vida social eacute isso mesmo governada por normas e regras E o natildeo cumprimento pode originar a reprovaccedilatildeo ou uma sanccedilatildeo social mais ou menos severa consoante o delito cometido

Embora existam processos que tendam a conservar a ordem social haacute sempre casos de violaccedilatildeo das normas quando os mecanismos de controlo social natildeo satildeo suficientemente fortes para conseguir manter a ordem estabelecida Com efeito existem em todas as sociedades comportamentos que natildeo satildeo considerados normais que se afastam das normas estabelecidas e que satildeo os chamados comportamentos desviantes

Todas as normas sociais satildeo acompanhadas por sanccedilotildees que promovem a conformidade e castigam a natildeo conformidade As sanccedilotildees podem ser positivas quando implicam uma recompensa ou uma aprovaccedilatildeo ou negativas quando implicam uma pena ou desaprovaccedilatildeo Neste uacuteltimo caso estamos perante sanccedilotildees repressivas correctivas ou punitivas Tambeacutem podem ser formais quando satildeo colocadas em praacutetica por corpos especiacuteficos para assegurar o seu cumprimento Como exemplo temos as leis definidas pelos orgatildeos de soberania Ou podem ser informais quando se trata de reacccedilotildees espontacircneas natildeo organizadas tipo a reprovaccedilatildeo social

Nas sociedades modernas os principais tipos de sanccedilotildees formais satildeo os que fazem parte do sistema de puniccedilatildeo representado pelos tribunais e prisotildees A poliacutecia eacute a instituiccedilatildeo encarregue de levar os ofensores a tribunal e a um possiacutevel encarceramento O encarceramento eacute uma forma de punir os malfeitores e de proteger os cidadatildeos das suas acccedilotildees Todavia o princiacutepio subjacente ao sistema prisional eacute o de laquomelhorarraquo o indiviacuteduo de maneira a que esta possa ter um papel digno e decente da sociedade

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Eacute certo que ldquoningueacutem quebra todas as regras assim como ningueacutem as respeita todasrdquo (Sampaio2001)

A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamentos geralmente aceites

Onde haacute leis tambeacutem existem crimes na medida em que o crime pode simplesmente ser definido como qualquer tipo de comportamento que viola a lei O pior eacute que muitos dos flagiacutecios cometidos natildeo satildeo denunciados agrave poliacutecia Algumas das primeiras tentativas de explicar o crime e outras formas de desvio foram essencialmente de caraacutecter bioloacutegico todavia o que se entende por crime depende das instituiccedilotildees sociais de uma determinada sociedade

Quando se comeccedila a estudar o comportamento desviante eacute necessaacuterio ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem pois diferentes culturas tecircm diferentes normas e valores O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social O que eacute considerado normal ou desviante varia muito de uma sociedade para outra

Atraveacutes da Sociologia apercebemo-nos de que ningueacutem eacute tatildeo normal quanto gosta de pensar e de que as pessoas cujo comportamento possa parecer estranho ou incompreensiacutevel satildeo seres racionais quando compreendemos a razatildeo dos seus actos Ela mostra que os indiviacuteduos satildeo aquilo que a sociedade o fez ser e que esses mesmos indiviacuteduos tentam de forma deacutebil e hesitante ou agraves vezes apaixonadamente ser outra coisa alguma coisa que eles mesmos tenham escolhido ser A sociologia aponta a infinita precariedade de todas as identidades atribuiacutedas socialmente A perspectiva socioloacutegica natildeo eacute conducente a uma atitude de esperanccedila e optimismo decerto que antes levaraacute a um maior ou menor grau de desencanto com as interpretaccedilotildees da realidade social oferecidas nas igrejas e nas aulas de civismo

Segundo alguns socioacutelogos a pena de morte age como dissuassor de delitos mas a sua aboliccedilatildeo natildeo leva agraves assustadoras consequecircncias previstas por seus protagonistas

Iniquidades como o roubo e o assalto satildeo cometidas principalmente por pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres da populaccedilatildeo Outras como os desfalques ou a fuga aos impostos estatildeo por definiccedilatildeo limitados a pessoas com alguma riqueza

Segundo Edwin H Sutherland os indiviacuteduos tornam-se delinquentes ou criminosos atraveacutes da sua associaccedilatildeo com outros que satildeo portadores de normas criminais (Giddens2000219)

Na opiniatildeo de Giddens os ladrotildees tentam ganhar dinheiro tal como as pessoas com empregos normais todavia escolhem formas ilegais de o fazer Isso acontece devido agraves pressotildees que induzem aacute actividade criminosa no seio de outros grupos como por exemplo os ditos ldquocrimes de colarinho brancordquo(Giddens2000220-221) Ultimamente o crime de rua incluindo crimes violentos de diversa ordem traacutefico de droga e vandalismo tecircm aumentado A explicaccedilatildeo mais plausiacutevel para a alta taxa de crimes violentos nos EUA consiste na combinaccedilatildeo da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo e com a influecircncia geral da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo com a existecircncia de subculturas de violecircncia nas grandes cidades

Actualmente a forma mais comum de punir o flagiacutecio eacute o encarceramento Contudo jaacute haacute vaacuterias alternativas ao encarceramento em praacutetica ou numa fase de estudo em diversos paiacuteses

Uma eacute a supervisatildeo por parte da comunidade incluindo a pena suspensa a liberdade condicional e a liberdade sob fianccedila Outra eacute a diversatildeo que se refere a programas que afastam totalmente o indiviacuteduo dos tribunais

Existem outras possibilidades tais como as prestaccedilotildees de trabalho agrave comunidade substituiccedilatildeo de penas por multas indemnizaccedilotildees agrave viacutetima comunidades terapecircuticas e licenccedilas temporaacuterias de saiacuteda que permitem que os presos passem tempo fora das prisotildees Haacute quem tenha defendido a aboliccedilatildeo total das prisotildees Ateacute ao seacuteculo XIX a

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principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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Eacute certo que ldquoningueacutem quebra todas as regras assim como ningueacutem as respeita todasrdquo (Sampaio2001)

A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamentos geralmente aceites

Onde haacute leis tambeacutem existem crimes na medida em que o crime pode simplesmente ser definido como qualquer tipo de comportamento que viola a lei O pior eacute que muitos dos flagiacutecios cometidos natildeo satildeo denunciados agrave poliacutecia Algumas das primeiras tentativas de explicar o crime e outras formas de desvio foram essencialmente de caraacutecter bioloacutegico todavia o que se entende por crime depende das instituiccedilotildees sociais de uma determinada sociedade

Quando se comeccedila a estudar o comportamento desviante eacute necessaacuterio ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem pois diferentes culturas tecircm diferentes normas e valores O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social O que eacute considerado normal ou desviante varia muito de uma sociedade para outra

Atraveacutes da Sociologia apercebemo-nos de que ningueacutem eacute tatildeo normal quanto gosta de pensar e de que as pessoas cujo comportamento possa parecer estranho ou incompreensiacutevel satildeo seres racionais quando compreendemos a razatildeo dos seus actos Ela mostra que os indiviacuteduos satildeo aquilo que a sociedade o fez ser e que esses mesmos indiviacuteduos tentam de forma deacutebil e hesitante ou agraves vezes apaixonadamente ser outra coisa alguma coisa que eles mesmos tenham escolhido ser A sociologia aponta a infinita precariedade de todas as identidades atribuiacutedas socialmente A perspectiva socioloacutegica natildeo eacute conducente a uma atitude de esperanccedila e optimismo decerto que antes levaraacute a um maior ou menor grau de desencanto com as interpretaccedilotildees da realidade social oferecidas nas igrejas e nas aulas de civismo

Segundo alguns socioacutelogos a pena de morte age como dissuassor de delitos mas a sua aboliccedilatildeo natildeo leva agraves assustadoras consequecircncias previstas por seus protagonistas

Iniquidades como o roubo e o assalto satildeo cometidas principalmente por pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres da populaccedilatildeo Outras como os desfalques ou a fuga aos impostos estatildeo por definiccedilatildeo limitados a pessoas com alguma riqueza

Segundo Edwin H Sutherland os indiviacuteduos tornam-se delinquentes ou criminosos atraveacutes da sua associaccedilatildeo com outros que satildeo portadores de normas criminais (Giddens2000219)

Na opiniatildeo de Giddens os ladrotildees tentam ganhar dinheiro tal como as pessoas com empregos normais todavia escolhem formas ilegais de o fazer Isso acontece devido agraves pressotildees que induzem aacute actividade criminosa no seio de outros grupos como por exemplo os ditos ldquocrimes de colarinho brancordquo(Giddens2000220-221) Ultimamente o crime de rua incluindo crimes violentos de diversa ordem traacutefico de droga e vandalismo tecircm aumentado A explicaccedilatildeo mais plausiacutevel para a alta taxa de crimes violentos nos EUA consiste na combinaccedilatildeo da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo e com a influecircncia geral da ldquotradiccedilatildeo de fronteirardquo com a existecircncia de subculturas de violecircncia nas grandes cidades

Actualmente a forma mais comum de punir o flagiacutecio eacute o encarceramento Contudo jaacute haacute vaacuterias alternativas ao encarceramento em praacutetica ou numa fase de estudo em diversos paiacuteses

Uma eacute a supervisatildeo por parte da comunidade incluindo a pena suspensa a liberdade condicional e a liberdade sob fianccedila Outra eacute a diversatildeo que se refere a programas que afastam totalmente o indiviacuteduo dos tribunais

Existem outras possibilidades tais como as prestaccedilotildees de trabalho agrave comunidade substituiccedilatildeo de penas por multas indemnizaccedilotildees agrave viacutetima comunidades terapecircuticas e licenccedilas temporaacuterias de saiacuteda que permitem que os presos passem tempo fora das prisotildees Haacute quem tenha defendido a aboliccedilatildeo total das prisotildees Ateacute ao seacuteculo XIX a

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principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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principal via de puniccedilatildeo do crime consistia em colocar as pessoas nas masmorras chicoteaacute-las marcaacute-las com ferros quentes ou enforcaacute-las Habitualmente isto era feito agraves vistas dos olhares puacuteblicos e com grande assistecircncia Os prisioneiros que iam ser enforcados podiam discursar justificando as suas acccedilotildees ou jurando a sua inocecircncia A multidatildeo podia aplaudir vaiar ou assobiar segundo a sua avaliaccedilatildeo das palavras do condenado

O homiciacutedio foi reconhecido como delito mais grave na eacutepoca em que os direitos da liberdade individual se desenvolveram no sistema poliacutetico Na medida em que as prisotildees eram pensadas para dotar os criminosos de haacutebitos apropriados de disciplina e conformidade a ideia de punir algueacutem em puacuteblico foi progressivamente abandonada Os presos natildeo satildeo soacute privados da sua liberdade mas tambeacutem de um rendimento apropriado da companhia dos seus familiares e amigos de relaccedilotildees heterossexuais das suas roupas e de outros objectos pessoais Vivem com frequecircncia em lugares apinhados tecircm de aceitar procedimentos disciplinares severos e a regulamentaccedilatildeo das suas vidas diaacuterias

Viver nestas condiccedilotildees tende a erguer uma barreira entre os prisioneiros e a sociedade exterior em vez de ajustar o comportamento dos primeiro agraves normas da sociedade Os prisioneiros tecircm de se habituar a um ambiente bastante diferente do laquoexteriorraquo e os haacutebitos e atitudes que aprendem na prisatildeo satildeo bastantes vezes exactamente o oposto dos que deveriam adquirir

Embora as prisotildees natildeo pareccedilam ter sucesso na reabilitaccedilatildeo dos presos eacute possiacutevel contudo que dissuadam outras pessoas a cometer crimes

No entender de Flowers ldquoas transgressotildees eram e satildeo praticadas tanto por homens como por mulheres As iniquidades das mulheres raramente envolvem violecircncia e satildeo quase todos de pequena escala As infracccedilotildees tiacutepicas cometidas por mulheres satildeo pequenos roubos como o alcoolismo e a prostituiccedilatildeordquo(Giddens2000238)

Segundo Durkheim o crime eacute um fenoacutemeno normal em qualquer sociedade como tambeacutem eacute necessaacuterio e ldquouacutetilrdquo na medida em que eacute a expressatildeo do caraacutecter limitado da autoridade da consciecircncia colectiva e pode ser visto como um factor importante de mudanccedila moral Eacute o resultado de uma operaccedilatildeo de classificaccedilatildeo social (Ferreira1995432)

Uma das abordagens mais importantes ao entendimento da criminalidade eacute a teoria da rotulagem Ela eacute importante na medida em que se baseia na presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Natildeo eacute tanto a rotulagem que leva as pessoas a roubarem ou a matarem entre outros todavia sim os meios de onde provecircm

As definiccedilotildees de criminalidade satildeo estabelecidas pelos poderosos pela poliacutecia tribunais e instituiccedilotildees correccionais atraveacutes das leis e das suas interpretaccedilotildees A teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Ela vecirc na proacutepria essecircncia do controlo social uma das causas fundamentais da emergecircncia e do desenvolvimento do desvio comportamental

Os teoacutericos da rotulagem interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo ou grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazem Eacute necessaacuterio descobrir a razatildeo por que determinadas pessoas ficam marcadas como um roacutetulo de laquodesvioraquo para poder perceber a natureza do proacuteprio desvio

Anthony Giddens define o desvio como uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas e este natildeo se refere apenas ao comportamento do indiviacuteduo mas tambeacutem agraves actividades dos grupos (Giddens2000215)

Segundo Merton este eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicas (Giddens2000220)

As pessoas que representam as forccedilas da lei e da ordem ou que satildeo capazes e impor definiccedilotildees de moralidade convencional a outros constituem os principais agentes

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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da rotulagem Os roacutetulos aplicados na criaccedilatildeo de categorias de desvio expressam entatildeo a estrutura de poder de determinada sociedade De um modo geral as regras que definem o desvio e os contextos em que satildeo aplicadas satildeo estabelecidas pelos ricos e pelos pobres pelos homens e pelas mulheres pelos mais velhos para os mais novos e pela maioria eacutetnica para as minorias

O desvio agraves normas dominantes de uma sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo Contudo eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que mais tarde vecircm a ser consideradas como sendo de interesse geral Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente uma ruptura social

O conceito de desvio aplica-se aacutes condutas individuais ou colectivas que transgridem as normas de uma dada sociedade ou de um grupo Refere-se agrave ausecircncia ou falha de conformidade face agrave normas ou obrigaccedilotildees sociais Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Pode tambeacutem ser visto como um atentado agrave ordem social Pode tambeacutem ser concebido como o signo de incapacidade dos grupos e das sociedades em mateacuteria de socializaccedilatildeo Eacute um fenoacutemeno de conformidade por relaccedilatildeo a um grupo que natildeo se identifica com o padratildeo normativo dominante da sociedade global

Para Burgess o desvio eacute a expressatildeo da expansatildeo e diferenciaccedilatildeo dos processos de socializaccedilatildeo dos indiviacuteduos e dos grupos que habitam a cidade (Ferreira1995438)

Natildeo pode ser analisado exclusivamente a partir das caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e dos grupos mas sim a partir da existecircncia de um processo social interactivo protagonizado por pessoas desviantes e por outras que o natildeo satildeo Os indiviacuteduos detecircm uma capacidade interpretativa que lhes permite reagir agrave pressatildeo do controlo social e definir as modalidades de desvio comportamental que melhor se lhe adequam

O desvio soacute existe porque os indiviacuteduos natildeo se identificam ou natildeo se adequam ao caraacutecter prescritivo das normas dos paiacuteses da moral e da cultura de uma dada sociedade

Segundo Becker a raiz do desvio estaacute na proacutepria ordem social e no processo desencadeado pelo controlo social A partir do momento em que os indiviacuteduos natildeo se integram normativamente nessa ordem natildeo lhes resta outro caminho que natildeo o de evoluir para comportamentos desviantes As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social (Ferreira1995445)

Como caracterizaccedilatildeo de certos comportamentos anti-sociais e a-sociais (exemplo a delinquecircncia criminal) que tecircm em comum a rejeiccedilatildeo de todas as regras sociais Durkheim propotildee o termo anomia Assim a anomia eacute a caracteriacutestica duma situaccedilatildeo em que natildeo existem normas ou se existem satildeo contraditoacuterias de tal modo que o indiviacuteduo tem dificuldade em orientar a sua conduta No entanto vaacuterios socioacutelogos entre os quais Merton designam por anomia toda a recusa da lei tal como ela se apresenta Assim sendo ela refere-se tambeacutem agraves atitudes de contestaccedilatildeo dos meios socialmente aceites tendo em vista a sua transformaccedilatildeo Neste sentido pode tomar formas muito diferentes inovaccedilatildeo reforma revolta reformismo comportamento anti-social anarquismo natildeo conformismo Ela resulta de uma ordem social em que natildeo existe identidade entre as estruturas sociais e os padrotildees culturais e pode dar origem a cinco tipos de adaptaccedilatildeo ou desvio a conformidade a inovaccedilatildeo o ritualismo o retraimento e a rebeliatildeo A conformidade eacute uma modalidade de adaptaccedilatildeo estaacutevel e consensual O ritualismo eacute considerado uma forma de adaptaccedilatildeo que se demite em parte das aspiraccedilotildees culturalmente definidas pela sociedade Em relaccedilatildeo ao retraimento o comportamento padratildeo consiste tanto na renuacutencia aos objectivos culturais que servem de padratildeo para toda

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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a sociedade como no natildeo cumprimento das normas e dos papeacuteis definidos institucionalmente O outro tipo de comportamento desviante eacute a rebeliatildeo que se desenvolve quando a sociedade estaacute em crise O desemprego a miseacuteria e a exclusatildeo social satildeo propiacutecias ao desencadeamento desse tipo de desvio

O desvio agraves normas dominantes numa sociedade implica coragem e determinaccedilatildeo pois eacute frequentemente um processo crucial para garantir as mudanccedilas que satildeo mais tarde consideradas como sendo de interesse geral O estudo do desvio centra-se no poder social bem como na influecircncia da classe social Um comportamento soacute pode ser qualificado de desviante por referecircncia agrave sociedade em que surge Para Cusson todos os desviantes que praticam o roubo consomem estupefacientes ou cometem qualquer outro acto transgressor devem ser vistos como actores que visam a resoluccedilatildeo de um problema social e individual ou como motores da prossecuccedilatildeo de determinados objectivos (Ferreira1995447)

Agrave luz desta perspectiva o desvio eacute um fenoacutemeno desenvolvido pela racionalidade a incerteza e a anaacutelise dos custos-benefiacutecios Eacute racional na medida em que a acccedilatildeo desviante se estrutura com base numa relaccedilatildeo meiosfins Uma sociedade tolerante em relaccedilatildeo ao comportamento desviante natildeo sofreraacute necessariamente de ruptura social O controlo social corresponde ao vigiar ao punir e liga-se directamente ao desvio De acordo com anteriores definiccedilotildees entende-se que os fenoacutemenos de desvio e controlo social satildeo universais no entanto variam na sua forma e conteuacutedo de sociedade para sociedade De facto eacute improvaacutevel a ausecircncia de desvio em qualquer uma assim como eacute difiacutecil de imaginar a existecircncia de uma sociedade que natildeo exista qualquer dispositivo de seguranccedila

A modernidade trouxe consigo uma maior toleracircncia assim como colocou a ecircnfase na liberdade e na criatividade individual Todas estas transformaccedilotildees afectaram o modo como o desvio e o controlo social passaram a ser vistos Se bem que estes fenoacutemenos possam sempre ter constituiacutedo fonte de preocupaccedilatildeo ou curiosidade Soacute com a modernidade e as profundas modificaccedilotildees sociais que caracterizaram o seu advento despertou o interesse pelo seu estudo

A socializaccedilatildeo e a internacionalizaccedilatildeo de normas e valores culturais garantem parcialmente o controlo da sociedade sobre o indiviacuteduo

Michael Hechter diz que o controlo eacute um elemento obrigatoacuterio em qualquer grupo social A seu ver ele constitui a soluccedilatildeo do problema da ordem ou da solidariedade de grupo (Ferreira1995448)

As normas e a moral que os grupos sociais utilizam funcionam como produtores do estigma e de uma rotulagem negativa que em uacuteltima anaacutelise gera o desvio Assim sendo o controlo social funciona mais como elemento de desorganizaccedilatildeo social do que como elemento de socializaccedilatildeo e de coesatildeo social Durkheim aprofunda e sistematiza o estudo do desvio social ao incluir neste um novo segmento de comportamentos classicamente qualificados de desviantes No seu entender o suiciacutedio eacute perfeitamente laquonaturalraquo em qualquer sociedade e liga-se agraves suas proacuteprias caracteriacutesticas Eacute assim um fenoacutemeno passiacutevel de explicaccedilatildeo socioloacutegica se bem que natildeo deixe de ser em certa medida um comportamento individual Na opiniatildeo de Durkheim existem diferentes tipos de suiciacutedio o egoiacutesta altruiacutesta e o anoacutemico os diferentes tipos de suiciacutedio estatildeo identificados com diferentes tipos de sociedade e grupo e o uacutenico grupo social capaz de fornecer uma moral assegurar o controlo social e conter o desvio eacute a corporaccedilatildeo (Ferreira1995434-435)

Segundo Durkheim o ser humano eacute basicamente egoiacutesta e como tal constitui um risco para a ordem social Contudo graccedilas agrave intervenccedilatildeo de mecanismos morais e normativos de onde a sua natureza eacute mudada domesticada e eliminada (Ferreira1995441)

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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III- Porquecirc abolir a Pena de Morte A Pena de Morte deve ser abolida em todos os casos sem excepccedilotildees pois viola o

direito agrave vida assegurado pela Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e representa a total negaccedilatildeo dos direitos humanos

Na opiniatildeo de muitas pessoas a pena de morte eacute um assassiacutenio premeditado e a sangue frio de um ser humano O castigo mais cruel desumano e degradante que se pode dar a algueacutem Natildeo eacute compatiacutevel com as normas de comportamento civilizado e eacute uma resposta inapropriada bem como inaceitaacutevel ao crime violento Na opiniatildeo de muitos trata-se de uma tortura

Uma execuccedilatildeo constitui um atentado fiacutesico e mental extremo A dor fiacutesica causada pelo acto de matar e o sofrimento psicoloacutegico causado pelo conhecimento preacutevio da proacutepria morte natildeo podem ser quantificados Todas as formas de execuccedilatildeo acarretam uma dor fiacutesica A injecccedilatildeo letal que se pensava que poderia matar sem dor foi estreada em 1998 na Guatemala com uma execuccedilatildeo em que o condenado demorou 18 minutos a morrer e que foi transmitida em directo pela televisatildeo (Sampaio2001) A decapitaccedilatildeo provoca imensa perda de sangue A electrocuccedilatildeo provoca cheiro a carne queimada O enforcamento provoca movimentos e sons perturbantes Infelizmente estas natildeo satildeo as uacutenicas formas de execuccedilatildeo desumanas existem tambeacutem outras bem degradantes Eacute necessaacuterio alertar que os condenados sofrem uma dor psicoloacutegica inimaginaacutevel desde o momento em que eacute condenado ateacute ao momento da execuccedilatildeo

Eacute bem verdade que a pena de morte garante que os condenados natildeo repetiratildeo os crimes que os levaram agrave execuccedilatildeo Contudo ao contraacuterio das penas de prisatildeo aquela tem como risco o facto de os erros judiciais natildeo poderem nunca ser corrigidos pois haveraacute sempre o risco de executar inocentes Aleacutem disso nunca haveria a certeza de que os crimes pelos quais os executados foram condenados se repetiriam negando o princiacutepio da reabilitaccedilatildeo assim como pode contribuir para diminuir como para aumentar determinados crimes

As execuccedilotildees podem criar maacutertires cuja memoacuteria pode fortalecer as organizaccedilotildees criminosas sendo uma justificaccedilatildeo para vinganccedilas aumentando o ciclo da violecircncia Geralmente os assassinatos ocorrem quando a emoccedilatildeo ultrapassa a razatildeo ou sob a influecircncia de drogas ou aacutelcool Muitas pessoas que cometem crimes violentos satildeo emocionalmente instaacuteveis ou doentes mentais Por outro lado haacute aquelas que cometem crimes graves premeditados que decidiram fazecirc-lo apesar do risco de serem condenadas agrave morte e por acreditar que natildeo seratildeo apanhadas

A forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de atenccedilatildeo e de condenaccedilatildeo

A Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa agrave vida afirmando ainda que ningueacutem deveraacute ser sujeito agrave tortura ou a castigo cruel

Todos tecircm os mesmos direitos independentemente do seu estatuto etnia religiatildeo ou origem

Para alguns indiviacuteduos a aboliccedilatildeo da pena de morte eacute acabar com o fim da barbaacuterie e do oacutedio Por outro lado eacute muito onerosa para o Estado poreacutem a decisatildeo de a abolir tem de ser tomada pelos governos e pelos legisladores mesmo se a maioria da populaccedilatildeo for favoraacutevel agrave pena de morte

Muitos governos tentam resolver problemas sociais executando prisioneiros No entanto os estudos cientiacuteficos mais recentes sobre a relaccedilatildeo entre a pena de morte e as percentagens de homiciacutedios conduzidas pelas Naccedilotildees Unidas em 1996 e actualizadas em 1998 natildeo conseguiram encontrar provas cientiacuteficas de que as execuccedilotildees tenham um efeito dissuador superior ao de prisatildeo perpeacutetua (Sampaio2001)

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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Sendo assim a forma de impedir estes crimes eacute aumentar as probabilidades de detenccedilatildeo e de concentraccedilatildeo evitando-se assim o eacutegide do mando o que evita que nos rebaixemos ao niacutevel dos assassinos repelindo a ldquobanalidade do malrdquo e defendendo acima de tudo a VIDA de um ser humano

Haacute pouco tempo atraacutes uma cidadatilde dos EUA Andrea Yates foi condenada agrave pena de morte por ter assassinado os seus trecircs filhos por afogamento numa banheira todavia jaacute foi poupada a esse sacrileacutegio sendo apenas condenada a prisatildeo perpeacutetua Poder- se- agrave dizer que a luta contra a pena de morte estaacute a ser ganha Para muitos dos cidadatildeos americanos isso jaacute foi uma grande vitoacuteria

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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IV- Comentaacuterios Finais O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute sem duacutevida

alguma os Estados Unidos da Ameacuterica O nuacutemero de execuccedilotildees neste paiacutes tem vindo a evoluir desde 1977 ateacute final de Marccedilo de 2000 (Sampaio 2001)

Quanto agrave distribuiccedilatildeo dos prisioneiros no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 os brancos chegaram a atingir os 46 seguindo-se os negros com 43 e por fim os latinos com 9 (graacutefico 2) Quanto agraves viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 brancas atingiram os 83 os negros 12 e os latinos 3 (graacutefico 4) Ao fazermos uma anaacutelise destas percentagens as conclusotildees tiradas satildeo bastante preocupantes

O facto de um acusado ser negro ou a viacutetima de um crime ser branca parece aumentar a probabilidade de uma sentenccedila de morte Cerca de 35 das pessoas no ldquocorredor da morterdquo satildeo negras todavia no total da populaccedilatildeo norte americana existem apenas cerca de 12 de negros (graacutefico 3)

Um dos argumentos a que leva que muita gente na nossa sociedade seja contra a pena de morte eacute o facto da justiccedila humana estar longe de ser perfeita e poder cometer erros Contudo existem aqueles que estatildeo a favor e argumentam que a pena de morte eacute necessaacuteria para impedir que aqueles que cometem crimes hediondos e natildeo se mostrem arrependidos os possam repetir Tambeacutem quem defende a pena de morte o faz exactamente porque preza a vida humana nomeadamente a vida dos inocentes que foram viacutetimas dos criminosos

Como garantir que existe morte ilegal e legal Para a ciecircncia os piores criminosos satildeo as pessoas com problemas mentais muito

graves ou aquelas que actuaram em estado de comportamento alterado por exemplo sobre o efeito de drogas Poreacutem tambeacutem haacute crimes cometidos por pessoas comuns que sob a capa duma ideologia duma cultura ou duma religiatildeo satildeo capazes de planear e executar o assassiacutenio em massa de preferecircncia procurando tirar o equiliacutebrio os seus pretensos inimigos

Natildeo seria melhor que um criminoso pagasse a sua divida agrave sociedade trabalhando em prol dessa mesma

Poreacutem o Estado natildeo pode obrigar algueacutem a reintegrar-se num meio onde natildeo queira integrar-se

Como se vecirc o tema Pena de Morte eacute um tema muito difiacutecil e poleacutemico Certamente que Portugal se pode orgulhar de ter sido um dos primeiros a abolir a

Pena de Morte Seria uma pena se algum dia em Portugal voltaacutessemos a reduzir a condiccedilatildeo humana a um acto medievo

Felizmente estamos longe desses tempos

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web

Os motores de Busca utilizados para a minha pesquisa foram vaacuterios mais concretamente o Google o Altavista e o Yahoo

A paacutegina Web avaliada ou melhor analisada acabou por ser do Google visto neste motor de busca a pesquisa natildeo se cingir soacute na introduccedilatildeo de uma palavra mas sim em obter dados de alguns registos Optei por este indexante dado que ele de certa forma me permitiria uma melhor resoluccedilatildeo dos problemas que por ventura as directorias poderiam proporcionar e visto que a minha intenccedilatildeo seria a de uma pesquisa mais especiacutefica

O tempo dispensado para fazer a pesquisa foi algum poreacutem ao chegar agrave etapa final verifico que este natildeo foi assim tanto quanto eu julgava pensar ou queria fazer crer Iniciei a pesquisa na Internet a 5 de Dezembro de 2002 e terminei a 29 de Marccedilo precisamente 2 dias depois de ela ter sido actualizada Julgo que a pesquisa natildeo foi maacute contudo chego a pensar que se dispusesse de muito mais tempo a pesquisa seria muito mais positiva e gratificante mas eacute mesmo assim e o tempo agraves vezes prega-nos destas partidas tornando-se extremamente escasso No iniacutecio da pesquisa senti-me como que num labirinto onde cheguei a perder-me com alguma facilidade todavia com um pouco de sorte apesar da informaccedilatildeo ser abundante e diversificada laacute acabei por encontrar aquilo que procurava

Como os conhecimentos sobre as fontes jaacute eram alguns tornou-se-me muito mais faacutecil converter toda a dita informaccedilatildeo em conhecimento e confirmar a sua fidedignidade Elas estatildeo muito bem referenciadas com uma faacutecil navegaccedilatildeo A paacutegina carrega com uma grande facilidade e a informaccedilatildeo eacute gratuita

Apesar das dificuldades terem sido algumas tive de ganhar uma distacircncia criacutetica em relaccedilatildeo agraves diversa opiniotildees e confrontar a informaccedilatildeo da Internet com outras fontes para natildeo cometer plaacutegios A atenccedilatildeo teve que ser redobrada principalmente quando verifiquei que alguns dos registos da Internet eram repetidos

Rigorosa e criacutetica na utilizaccedilatildeo da Internet foi sem duacutevida um dos meus pontos cruciais pois a informaccedilatildeo natildeo eacute inoacutecua

A paacutegina que entrei foi httpclixptpenademorte2001Set20 Viacutetor Sampaiowwwterravistaptancora6636-3k-Em cache- Paacuteginas Semelhantes

Para verificar se a informaccedilatildeo era boa ou maacute tive que recorrer agrave confrontaccedilatildeo de outros tipos de documentos posso ateacute dizer que este procedimento foi mesmo necessaacuterio Depois cheguei agrave conclusatildeo que o siacutetio era fiaacutevel e a informaccedilatildeo bastante interessante Posso ateacute mesmo dizer que era o que eu procurava o niacutevel das informaccedilotildees estatiacutesticas pois os dados estatiacutesticos satildeo uma imensidatildeo de acontecimentos contabilizados e representaccedilotildees numeacutericas da realidade que estamos a investigar Haacute coisas que a estatiacutestica permite contabilizar tendecircncias neste caso eacute par referenciar a evoluccedilatildeo do crime Como nem sempre os dados conferem a realidade tive o cuidado de natildeo olhar soacute para os dados dos quadros mas certamente tambeacutem para alguns conceitos que me indicavam como o texto fora produzido

Tem dados actuais logo eacute uma mais valia para o meu trabalho

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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Ficha de leitura

Giddens Anthony (2000) ldquoCrime e Desviordquo it Anthony Giddens Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 2ordf ediccedilatildeo p213-257 ISBN 9723108879 Anthony Giddens professor de Sociologia eacute um dos mais lidos e citados cientistas sociais da sua geraccedilatildeo As suas ideias tiveram uma enorme influecircncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo Um dos livros publicados por este autor intitula-se SOCIOLOGIA A 2ordf ediccedilatildeo desta obra em Portugal datada em Outubro de 2000 A tiragem foi de 5000 exemplares O livro eacute volumoso e conteacutem muita informaccedilatildeo contudo soacute me interessa o capiacutetulo 8 ldquoCrime e Desviordquo paacuteginas 213 a 257 Encontra-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e eacute um manual universitaacuterio de caraacutecter cientiacutefico teacutecnico e histoacuterico Pode ser usado de modo flexiacutevel e estaacute adaptado agraves necessidades de cada aluno Iniciei sua leitura a 7 de Marccedilo de 2003 As palavras-chave do texto satildeo desvio crime sanccedilatildeo conformidade normas e leis Na perspectiva de Anthony Giddens (2000) ldquoo desvio eacute uma inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceites por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade (p215) Na opiniatildeo de Merton o ldquodesvio eacute uma consequecircncia das desigualdades econoacutemicasrdquo (p220) Jaacute os ldquoteoacutericos da rotulagemrdquo interpretam o desvio natildeo como um conjunto de caracteriacutesticas de um indiviacuteduo o grupo mas como um processo de interacccedilatildeo entre aqueles que se desviam e os indiviacuteduos que natildeo o fazemrdquo (p221) O crime ldquoeacute qualquer tipo de comportamento que viola a leirdquo (p217) e a sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumpridardquo (p216) No entanto a ldquoconformidade eacute o comportamento que segue as normas estabelecidas de um grupo ou sociedaderdquo ldquoas norma satildeo regras de conduta que especificam comportamentos considerados adequados numa seacuterie determinada de contextos sociaisrdquo e as leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridadesrdquo (p217) Para aleacutem destes existem outros conceitos que satildeo debatidos ao longo do texto contudo natildeo satildeo relevantes no contexto da elaboraccedilatildeo deste trabalho O autor tenta ilustrar as suas ideias conceitos e teorias atraveacutes de exemplos concretos Por norma os materiais foram retirados de pesquisas socioloacutegicas todavia tambeacutem usa alguns a tiacutetulo ilustrativo e com alguma frequecircncia materiais providos de outras fontes (como por exemplo revistas p239) A escrita eacute o mais simples e directa possiacutevel e simultaneamente um texto com vida e tambeacutemlaquocheio de surpresasraquo O texto ajuda a obter um domiacutenio progressivo sobre os diferentes campos da sociologia Eacute autoacutenomo dos restantes capiacutetulos e o seu grau de veracidade autenticidade credibilidade ou significaccedilatildeo e fidedignidade dos dados eacute bastante positivo Segundo o texto a vida social humana eacute governada por normas e regras as quais natildeo satildeo quebradas nem respeitadas por todos A maior parte das pessoas transgride em certas ocasiotildees regras de comportamento geralmente aceites Todavia o desvio varia muito de sociedade para sociedade bem como pode ter alteraccedilotildees consoante o passar dos tempos O que pode ser considerado de desvio num contexto cultural noutro pode ser considerado normal

16

Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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Decerto para quem natildeo cumpre as regras existem sanccedilotildees que podem ser formais ou informais e que satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais Quanto agraves puniccedilotildees temos como alguns exemplos o encarceramento as prisotildees e a pena de morte As prisotildees foram desenvolvidas com o intuito de proteger a sociedade e tambeacutem de ldquoreformarrdquo o indiviacuteduo no entanto pouco eficaz Quanto agrave pena de morte esta foi abolida na maior parte dos paiacuteses

Conclusatildeo

Para os socioacutelogos tentarem compreender o que leva os indiviacuteduos a cometerem certos crimes nada mais indicado do que observar o meio em que estatildeo inseridos

Por exemplo o roubo pode acontecer por o mercado de trabalho ser muito riacutegido e para que natildeo se cometam tais crimes eacute necessaacuterio tornaacute-lo mais flexiacutevel

O trabalho eacute ldquoflexiacutevelrdquo no que concerne a uma espeacutecie de variaacutevel econoacutemica e as acccedilotildees dos investidores iratildeo determinar as suas condutas Este acaba por natildeo ser seguro e desaparece muito mais rapidamente do que aparece permitindo assim que a sociedade se torne fraacutegil e que a vida das pessoas seja uma constante inseguranccedila Eacute oacutebvio que as pessoas satildeo livres de escolher para aceitar ou recusar quer que seja mas por vezes certamente as dificuldades leva-as para caminhos menos indicados os delitos Um dos crimes que tem aumentado significativamente satildeo ldquoos crimes de homiciacutedio por negligecircncia em acidentes de viaccedilatildeo que aumentaram 216 entre 1995 e 1998rdquo(INE199875)

Dada esta situaccedilatildeo de acreacutescimo de crimes foi necessaacuterio a construccedilatildeo de prisotildees poreacutem o nuacutemero de pessoas nestes estabelecimentos prisionais ou aguardando a sentenccedila de prisatildeo estatildeo cada vez mais a aumentar e rapidamente por todo o paiacutes (INE199881-82) Segundo esta mesma fonte em 1998 o nuacutemero de reclusos atingiu 14 598 mais 214 do que em 1995 (INE199875)

Seraacute que continuar a construir novas prisotildees iraacute resolver alguns problemas da sociedade

Naturalmente que natildeo existem certezas de que seraacute o melhor local para resolver os problemas que foram criados em qualquer lugar da sociedade No entanto permitiraacute que o criminoso fique proibido de se mover para onde quiser e isso eacute o maior siacutembolo de impotecircncia e incapacidade do indiviacuteduo e isso faacute-lo sofrer causando-lhe muita dor

Actualmente a civilizaccedilatildeo moderna vive uma tendecircncia contraacuteria a haacute uns anos atraacutesa inclinaccedilatildeo para uma sociedade segura estaacute sem duacutevida fora do nosso alcance gerando medo e uma profunda desconfianccedila na populaccedilatildeo bem como a ansiedade por uma boa vida

Fazer algo ou ser meramente visto como capaz de fazer algo como um crime violento atacar as pessoas violentamente eacute sem duacutevida a opccedilatildeo realista e mais aceite dentro de alguns grupos

O que eacute considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar o comportamento ldquonormalrdquo num dado contexto cultural pode ser rotulado como ldquodesvianterdquo em outro

As sanccedilotildees formais ou informais satildeo aplicadas pela sociedade para reforccedilar as normas sociais As leis satildeo normas definidas e impostas pelos governos os crimes satildeo actos que a lei natildeo permite

Tecircm sido desenvolvidas teorias bioloacutegicas e psicoloacutegicas que pretendem provar que o crime e outros tipos de desvio satildeo geneticamente determinados no entanto estas tecircm sido em grande medida desacreditadas Os socioacutelogos defendem que a conformidade e o desvio satildeo definidos de forma diferente em contextos sociais diversos As diferenccedilas em

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

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termos de poder e riqueza que existem numa sociedade influenciam fortemente o tipo de oportunidades abertas aos diferentes grupos de indiviacuteduos e a definiccedilatildeo de certas actividades como criminosas Estas actividades satildeo aprendidas de um modo muito semelhante agraves mesmas necessidades e valores

A teoria da rotulagem eacute importante na medida em que parte da presunccedilatildeo de que nenhum acto eacute intrinsecamente criminoso Eacute difiacutecil averiguar a extensatildeo do crime em qualquer sociedade pois nem todos os crimes satildeo participados agraves autoridades No entanto algumas sociedades parecem ter taxas de crime muito mais altas do que outras como indicam as taxas de homiciacutedio registadas nos Estados Unidos da Ameacuterica em comparaccedilatildeo agraves de outros paiacuteses ocidentais Tal como o que se entende por ldquocrimerdquo tem variado em diferentes periacuteodos e culturas o mesmo acontece com as formas de puniccedilatildeo As prisotildees desenvolveram-se em parte para proteger a sociedade poreacutem tambeacutem com a intenccedilatildeo de ldquoreformarrdquo o criminoso Neste uacuteltimo aspecto parecem ser bastante eficazes A pena de morte foi abolida na maior parte dos paiacuteses

As prisotildees natildeo parecem constituir um obstaacuteculo ao crime e o seu papel na reabilitaccedilatildeo dos prisioneiros de modo a que estes consigam enfrentar o mundo exterior sem recair na criminalidade eacute duvidoso Tecircm sido sugeridas muitas alternativas agraves cadeias nomeadamente a liberdade condicional serviccedilos agrave comunidade multas indemnizaccedilotildees agraves viacutetimas e outras medidas Algumas destas estatildeo actualmente em vigor em determinados paiacuteses

A Sociologia para perceber os uacuteltimos acontecimentos da nossa sociedade tentou perceber as grandes mudanccedilas que ocorreram nas sociedades humanas nos uacuteltimos dois ou trecircs seacuteculos Entre os aspectos mais importantes do mundo social moderno encontram-se a industrializaccedilatildeo o urbanismo e os novos tipos de sistema poliacutetico

O que devo entatildeo concluir depois da descriccedilatildeo das vaacuterias teorias sobre o crime Em primeiro lugar eacute necessaacuterio reiterar algo jaacute afirmado anteriormente mesmo que

o ldquocrimerdquo seja apenas uma subcategoria do comportamento desviante cobre uma variedade tatildeo grande de formas de actividade

A contribuiccedilatildeo das teorias socioloacutegicas sobre o crime tem um duplo alcance Em primeiro lugar estas teorias acentuam correctamente as continuidades existentes entre o comportamento criminoso e o comportamento ldquorespeitaacutevelrdquo Os contextos em que certos tipos de actividade satildeo considerados criminosos e puniacuteveis por lei satildeo muito variaacuteveis Segundo todas concordam que o contexto eacute um aspecto determinante para as actividades criminosas Quer se trate de algueacutem que se envolva em actos criminosos ou que comece a ser tratado como criminoso tal eacute influenciado de forma determinante pelos contextos e pela aprendizagem social Apesar das suas deficiecircncias a teoria da rotulagem eacute porventura a abordagem mais amplamente usada na compreensatildeo do crime e comportamento desviante Esta teoria chama a atenccedilatildeo para a forma como algumas actividades passam a ser concebidas como criminosas e puniacuteveis por lei para as relaccedilotildees de poder envolvidas na formaccedilatildeo de tais concepccedilotildees bem como para as circunstacircncias em que certos indiviacuteduos transgridem as leis

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Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

18

Referecircncias Bibliograacuteficas

bull BERGER L Peter (1982) Perspectivas socioloacutegicas uma visatildeo humaniacutestica

Petropolis Editora Vozes bull FERREIRA J M Carvalho et al (1995) Sociologia Lisboa McGraw ndash Hill

bull GIDDENS Anthony (1997) ldquoSociologia problemas e perspectivasrdquo in idem Sociologia Lisboa Fundaccedilatildeo Gulbenkian 19-40

bull GIDDENS Anthony (2000) ldquoCrime e desviordquo in Anthony Giddens Sociologia

Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 214-257 bull INE (1998) Indicadores Sociais Instituto Nacional de Estatiacutestica 80-82 bull SAMPAIO Viacutetor (2001) ldquoPena de Morterdquo Paacutegina consultada em 10 de Maio de

2003 disponiacutevel em httpclixptpenademorte

bull SCHABAS William A (1993) ldquoThe Abolition of the Death Penalty in International Lawrdquo Cambridge Grotious Publications Limited

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

Anexo 1

Artigos relativos agrave Pena de Morte retirados do Contrato

dos Direitos Civis 11- Todo o ser humano tem direito agrave vida Este direito deveraacute ser protegido pela

lei 12- Nos paiacuteses que natildeo haacute aboliccedilatildeo da pena de morte a sentenccedila de morte deveraacute ser imposta soacute se for a um crime muito grave poreacutem de acordo com a lei A pena deveraacute ser decretada apoacutes um julgamento final num tribunal muito competente 13- Qualquer pessoa que esteja condenada agrave morte tem o direito de ter o perdatildeo ou a cumutaccedilatildeo da sentenccedila Amnistia perdatildeo ou comutaccedilatildeo deveraacute ser uma daacutediva em todos os casos da sentenccedila de morte 14- A sentenccedila de morte natildeo deveraacute ser imposta a pessoas com menos de 18 anos e tambeacutem a mulheres graacutevidas

Anexo 2

Artigos relativos agrave Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem

Artigo1 ldquo Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitosrdquo Artigo3 ldquo Todo o indiviacuteduo tem direito agrave vidardquo Artigo5 ldquoNingueacutem seraacute submetido a tortura nem a penas ou tratamentos crueacuteis desumanos ou degradantes

Anexo 3

Convenccedilatildeo Europeia dos Direitos do Homem Versatildeo simplificada de alguns dos seus artigos Artigo1 ldquoObrigaccedilatildeo de respeitar os Direitos Humanosrdquo Os Estados tecircm de garantir que todos os cidadatildeos tecircm os direitos declarados nesta Convenccedilatildeordquo Artigo2 ldquoDireito agrave vidardquo Os cidadatildeos tecircm direito agrave vida Artigo1 do Protocolo6 ldquoAboliccedilatildeo da Pena de Morterdquo O Estado natildeo pode condenar agrave morte e executar os cidadatildeos

Anexo 4

Carta dos Direitos Fundamentais da UE Esta carta retoma o conjunto de direitos ciacutevicos poliacuteticos econoacutemicos e sociais dos cidadatildeos europeus assim como de todas as pessoas residentes no territoacuterio Artigo1 A dignidade do ser Humano eacute inviolaacutevel Deve ser respeitada e protegida

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

Artigo2 Todas as pessoas tecircm direito agrave vida Ningueacutem pode ser condenado agrave pene de morte nem executado Artigo4 Ningueacutem pode ser submetido a tortura nem a tratos ou a penas desumanos ou degradante Anexo 5

Citaccedilotildees

Andrey Sakharov Preacutemio Nobel da Paz numa carta agrave AI 1997 ndashldquoRejeito a ideia de que a Pena de Morte tenha algum efeito dissuador em potenciais criminosos A crueldade soacute gera crueldade Ghandi -ldquo Natildeo posso concordar que uma pessoa seja enforcada Soacute Deus pode tirar a vida porque Ele a daacuterdquo Pablo Neruda -ldquoQue os maus natildeo matem os bons nem os bons matem os maus Digo sem hesitaccedilatildeo que natildeo existem assassinos bons Jean-Jackes Rousseau acredita que na sociedade o homem tem direito agrave vida Bob Dylan -ldquoQuantos mortos ainda seratildeo necessaacuterios para que se saiba que jaacute se matou demaisrdquo

Anexo 6

Glossaacuterio

- Desvio inconformidade em relaccedilatildeo a determinado conjunto de normas aceite por um nuacutemero significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade

- Indiviacuteduos Desviantes pessoas que se recusam a viver de acordo com

as regras pelos quais se rege a maioria da populaccedilatildeo Satildeo criminosos violentos drogados ou marginais gente que se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrotildees normais de comportamento aceitaacutevel

- Leis satildeo normas definidas pelos governos como princiacutepios que os seus

cidadatildeos tecircm de seguir sendo a sua transgressatildeo objecto de sanccedilotildees formais por parte das autoridades

- Reincidecircncia repeticcedilatildeo de ofensas criminais por parte daqueles que jaacute estiveram presos

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

- Sanccedilatildeo eacute qualquer reacccedilatildeo por parte dos outros em relaccedilatildeo ao

comportamento de um indiviacuteduo ou grupo a fim de assegurar que determinada norma seja cumprida

Anexo 7 GRAacuteFICOS Racismo O paiacutes sobre o qual existem mais estudos sobre a Pena de Morte eacute os Estados Unidos da Ameacuterica Alguns dos dados obtidos apresentam-se a seguir Evoluccedilatildeo do nuacutemero de execuccedilotildees nos EUA (desde 1977 ateacute ao final de Marccedilo de 2000)

Graacutefico 1

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo no ldquocorredor da morterdquo em Janeiro de 2000 por origem

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

Graacutefico 2

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Distribuiccedilatildeo dos acusados e viacutetimas de crimes com condenaccedilatildeo agrave morte entre 1977 e 1999 Graacutefico 3 ACUSADOS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

Graacutefico 4 VIacuteTIMAS

FONTE httpplanetaclixptpenademorte

Anexo 8

usados atraveacutes dos tempos em todo o mundo Afogamento o condenado eacute afogado Apedrejamento lanccedilam-se pedras sobre o condenado ateacute agrave sua morte Arrancamento os quatro membros satildeo arrancados do corpo

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

Anexo 9

Texto de suporte da Ficha de Leitura

  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
                    • Referecircncias Bibliograacuteficas
                    • Racismo
                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
                        • Texto de suporte da Ficha de Leitura

Cadeira eleacutectrica o condenado eacute imobilizado numa cadeira sofrendo depois tensotildees eleacutectricas de 20000 volts

Cacircmara de Gaacutes o condenado eacute colocada na cacircmara no qual se liberta um gaacutes mortiacutefero

Decapitaccedilatildeo a cabeccedila eacute decepada Degola corta-se a garganta ao condenado Empalaccedilatildeo um pau pontiagudo penetra pelo orifiacutecio anal do condenado ateacute agrave boca peito ou costas

Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

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  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
    • Crime e
    • Pena de Morte
      • Iacutendice
      • Introduccedilatildeo
        • I- Alguns paiacuteses que ainda executam a Pena de Mo
          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
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                      • Graacutefico 1
                      • Graacutefico 2
                        • Graacutefico 3 ACUSADOS
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Enforcamento a viacutetima eacute pendurada por uma corda agrave volta do pescoccedilo cuja pressatildeo provoca asfixia Enfossamento o condenado eacute lanccedilado para um buraco e tapado com terra

Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

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Esfolamento mata-se a viacutetima tirando-lhe a pele

Esmagamento o corpo eacute total ou parcialmente sujeito a uma forte pressatildeo quebrando os ossos e esmagando oacutergatildeos Flechas arqueiros atingem o condenado com flechas Fogueira o condenado eacute queimado vivo

Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

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          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
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              • Introduccedilatildeo
                • IV- Comentaacuterios Finais
                  • Conclusatildeo
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Fuzilamento um pelotatildeo dispara sobre o condenado

Inaniccedilatildeo o condenado eacute deixado de alguma forma ao abandono e sem alimentos

Injecccedilatildeo letal administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos quiacutemicos por via intravenosa Perfuraccedilatildeo do ventre consiste em furar o ventre Precipitaccedilatildeo o corpo eacute lanccedilado de um monte Retalhamento cortam-se partes do corpo do condenado ateacute o matar Roda depois de atado a uma roda o condenado eacute viacutetima de golpes

Vergastaccedilatildeo o condenado eacute chicoteado ateacute agrave morte

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  • Octaacutevia Maria Pereira Gomes
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          • Avaliaccedilatildeo da Paacutegina Web
            • Conclusatildeo
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