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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS DUAS CORTES, UM MODELO: O CERIMONIAL DIPLOMÁTICO NAS RELAÇÕES LUSO- ESPANHOLAS (1715-1750) APÊNDICE DOCUMENTAL SÓNIA BORGES Tese orientada pela Profª Doutora Ana Leal de Faria, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Mestre em História das Relações Internacionais. 2016

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS

DUAS CORTES, UM MODELO: O CERIMONIAL

DIPLOMÁTICO NAS RELAÇÕES LUSO-

ESPANHOLAS (1715-1750)

APÊNDICE DOCUMENTAL

SÓNIA BORGES

Tese orientada pela Profª Doutora Ana Leal de Faria, especialmente

elaborada para a obtenção do grau de Mestre em História das Relações

Internacionais.

2016

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Índice

Critérios de Transcrição e Organização Documental ............................................ 29

I. Paz luso-espanhola no Congresso de Utreque (1712-1715) ................................ 31

Doc.1. Cartas do Conde de Tarouca e de Dom Luís da Cunha até o fim da

negociação de Utrecht para Diogo de Mendonça Corte Real, Secretário de Estado

de Sua Magestade, ano de 1714 e 1715, [Contém: a assinatura e troca de

ratificações do tratado de paz luso-espanhol de 1715], Utreque, 12 de Fevereiro e 6

de Abril de 1715. ANTT, MNE, Livro 788, fols.276-327. [Excerto]. ..................... 31

II. Embaixadas do Conde de Tarouca em Utreque (1710-1715) e Viena (1725-

1738) ............................................................................................................................ 35

Doc.2. Ofício do Conde de Tarouca para o Secretário de Estado português sobre as

vantagens e desvantagens de vir a desempenhar funções em Madrid. [Utreque?],

[1715?]. BNP, Arquivo Tarouca nº 169, fols.6-10v. [Excerto]. .............................. 35

Doc. 3. Despacho do Secretário de Estado português para o Conde de Tarouca

sobre o Embaixador do Imperador não ter visitado o Embaixador português,

Marquês de Abrantes, na Corte de Madrid; pede-lhe que reclame junto do

Imperador relativamente a esta situação, Lisboa, 10 de Junho de 1727. BNP,

Arquivo Tarouca nº 180, fols.1-1v. [Excerto]. ........................................................ 40

III. Embaixada de Pedro de Vasconcelos e Sousa em Madrid (1716-1718) ......... 43

Doc.4. Carta de Luís de Melina para o Marquês de Grimaldo pedindo-lhe o

passaporte de Pedro de Vasconcelos e Sousa, Madrid, 26 de Dezembro de 1715.

AGS, Estado, Legado 7087, fols.1-1v. [Transcrição integral]. ................................ 43

Doc.5. Consulta do Conselho de Estado sobre o Embaixador de Portugal ter

colocado as armas à porta de sua casa antes da sua entrada pública; consequências e

resolução deste assunto. Madrid, 17 de Março de 1716. AGS, Estado, Legado 7363,

fols.1-6v. [Transcrição integral]. ............................................................................. 43

Doc.6. Consulta do Conselho de Estado a pedido de D. Juan Elizondo sobre o

Embaixador de Portugal ter colocado as armas à porta de sua casa antes da entrada

pública; ministros que dispunham deste privilégio em Madrid, Madrid, 28 de

Março de 1716. AGS, Estado, Legado 7363, fols.1-3. [Transcrição integral]. ....... 46

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Doc.7. Suplimento de la Gazeta de Madrid narrando satíricamente a saída de

Madrid do Embaixador de Portugal a 30 de Janeiro de 1719. BGUC, Manuscrito

nº 343, fols.61-64. [Transcrição integral]. ............................................................... 47

IV. Embaixada de Manuel de Sequeira em Madrid (1718-1719) .......................... 53

Doc.8. Instrução que ha de uzar Manoel de Sequeira que por ordem de Vossa

Magestade passa sem carácter á Corte de Madrid emquanto a ella não chega D.

Luis da Cunha, que Vossa Magestade tem nomeado para suceder a Pedro de

Vascellos [sic], Lisboa, 15 de Outubro de 1718. ANTT, MNE, Caixa 612, fols.1-2.

[Transcrição integral]. .............................................................................................. 53

Doc.9. Pratica que se fes para repitir a El Rey Catholico Manoel de Siqueira sendo

nomeado Agente de Portugal, [Lisboa?], [1718-1719]. BNP, Reservados, Cód.

9889, fols.86v-87v. [Transcrição integral]. ............................................................. 55

Doc.10. Ofício de Manuel de Sequeira para o Secretário de Estado português [?]

relatando as honras com que foi recebido na sua chegada a Madrid, Madrid, 23 de

Dezembro de 1718. ANTT, MNE, Caixa 913, fols.1-1v. [Transcrição integral]. ... 56

Doc.11. Carta do Conde de Assumar para Manuel de Sequeira pedindo-lhe que

João da Cunha Tovar e D. Pedro Quintano integrassem a sua família em Madrid,

Lisboa, 3 de Janeiro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 5, Maço 4, fols.1-2. [Excerto].

.................................................................................................................................. 58

Doc.12. Ofícios de Manuel de Sequeira para o Secretário de Estado português [?]

referindo ter encontrado a casa do Embaixador Pedro de Vasconcelos e Sousa

muito pouco frequentada em Madrid; gastos e despesas que tinha com a sua família

naquela Corte, Madrid, 20 de Janeiro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 913, fols. 1-3.

[Excerto]. ................................................................................................................. 59

Doc.13. Carta do Conde de Assumar para Manuel de Sequeira pedindo-lhe

informações sobre o cerimonial da audiência de despedida de Pedro de

Vasconcelos e Sousa, Lisboa, 31 de Janeiro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 5, Maço

4, fols.1-2. [Excerto]. ............................................................................................... 61

Doc.14. Carta do Conde de Assumar para Manuel de Sequeira na qual se mostra

solidário por conhecer as dificuldades que passava um ministro com falta de

dinheiro, Lisboa, 5 de Fevereiro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 5, Maço 4, fols.1-2.

[Excerto]. ................................................................................................................. 61

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Doc.15. Ofício de Manuel de Sequeira para o Secretário de Estado português [?] no

qual descreve o cerimonial da sua primeira audiência com o rei Filipe V, com a

Rainha Isabel Farnésio e com o Príncipe das Astúrias; visitas que fez no dia

seguinte. Madrid, 24 de Fevereiro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 913, fols.1-3.

[Excerto]. ................................................................................................................. 62

Doc.16. Ofício de Manuel de Sequeira para D. Luís da Cunha queixando-se das

dificuldades económicas que passava; aluguer de casas em Madrid; convida-o para

se instalar na sua residência; cerimonial e primeiros passos a dar naquela Corte,

Madrid, 27 de Março de 1719. ANTT, MNE, Caixa 913, fols.1-2. [Excerto]. ....... 64

Doc.17. Ofício de Manuel de Sequeira para o Cardeal da Cunha [?] confessando

que tinha a melhor consideração pelo Cardeal Alberoni, ainda que inicialmente

tivesse temido o juízo que aquele ministro faria da sua humilde condição e da sua

falta de dinheiro, Madrid, 21 de Julho de 1719. ANTT, MNE, Caixa 913, fols.1-2.

[Excerto]. ................................................................................................................. 66

Doc.18. Ofício de Manuel de Sequeira para o Secretário de Estado português

queixando-se dos enormes gastos que teve na sua missão em Madrid; despesas

acrescidas por ter hospedado o Embaixador D. Luís da Cunha e a sua família,

Madrid, 17 de Novembro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 913, fol.1-2. [Excerto]. .. 66

Doc.19. Carta do Conde de Assumar para Manuel de Sequeira contando-lhe o

incidente ocorrido entre o cavalheiriço da Embaixatriz Marquesa de Capecelatro e

o cocheiro de outra senhora; consequências deste incidente, Lisboa, 15 de Agosto

de 1719. ANTT, MNE, Caixa 5, Maço 4, fol. 1. [Excerto]. .................................... 67

V. Embaixada de D. Luís da Cunha em Madrid (1719-1720) ................................ 69

Doc.20. Ofícios de D. Luís da Cunha em Madrid para o Secretário de Estado

[Contém: chegada à Corte de Madrid; altercados com o Cardeal Alberoni; primeira

audiência com Filipe V; dívidas; ideia de um futuro casamento entre os filhos de D.

João V e os de Filipe V; incidente protagonizado pela Marquesa de Capecelatro na

Corte de Lisboa; correspondência trocada com o Cardeal de Alberoni e com outros

elementos da Corte de Madrid], Madrid, 15 de Maio de 1719 a 28 de Maio de 1720.

ANTT, MNE, Livro 789, fols.22-547. [Excertos]. .................................................. 69

VI. Embaixada de António Guedes Pereira em Madrid (1720-1726) ................... 91

Doc.21. Carta do Marquês de Grimaldo para António Guedes Pereira dando-lhe

conta que Filipe V aceitara o convite de D. João V para apadrinhar o seu filho,

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Infante D. Alexandre, Santo Ildefonso, 24 de Outubro de 1723. AGS, Estado,

Legado 7127, fol.1. [Transcrição integral]. ............................................................. 91

Doc.22. Carta de António Guedes Pereira para o Secretário de Estado português

referindo a nomeação de José da Cunha Brochado e o carácter que lhe fora

atribuído para a assinatura dos artigos preliminares do duplo matrimónio ibérico;

conversa que teve com o Marquês de Grimaldo sobre os retratos dos infantes,

Madrid, 1 de Junho de 1725. BNP, Arquivo Tarouca nº 229, fols.1-2. [Excerto]. .. 91

Doc.23. Carta de António Guedes Pereira para o Secretário de Estado português

queixando-se das despesas que tinha e da ajuda de custo que recebeu para mobilar a

sua casa, Madrid, 16 de Julho de 1725. BNP, Arquivo Tarouca, 229, fols.1-2.

[Excerto]. ................................................................................................................. 92

Doc.24. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para António Guedes Pereira

pedindo-lhe que o informasse sobre a futura nomeação que Filipe V faria para a

Corte de Lisboa, Madrid, 6 de Setembro de 1725. BNP, Arquivo Tarouca, 229,

fols.1-2. [Transcrição integral]. ............................................................................... 93

Doc.25. Carta de António Guedes Pereira para o Secretário de Estado português

referindo o valor, a forma e o feitio das jóias que foram trocadas entre as Cortes de

Madrid e Paris pela ocasião do casamento de Luís XIV com a Infanta D. Mariana

Vitória em 1721, Segóvia, 24 de Setembro de 1725. BNP, Arquivo Tarouca nº 229,

fols.1-1v. [Transcrição integral]. ............................................................................. 94

Doc.26. Carta particular de Diogo de Mendonça Corte Real para António Guedes

Pereira dando-lhe ordens para regressar imediatamente a Lisboa; pede-lhe também

que entregue ao Marquês de Abrantes as jóias que anteriormente deveriam ter sido

dadas naquela Corte pela ocasião da assinatura dos artigos preliminares do duplo

matrimónio ibérico, Lisboa, 18 de Março de 1727. BNP, Reservados, Cód. 9562,

fols.80v-81. [Excerto]. ............................................................................................. 95

Doc.27. Practica que o Secretario de Estado Diogo de Mendonça Corte Real fés

por ordem de Sua Magestade a João Guedes Pereyra em 20 de Março de 1727 de

que foi copia ao Marquêz de Abrantes; a qual tambem mandou por escritto o dito

João Guedes a seu irmão Antonio Guedes Peryra na mesma occazião que forão as

cartas revocatórias para elle vir de Madrid para este Reyno, Lisboa, 20 de Março

de 1727. BNP, Reservados, Cód. 9562, fol.79v. [Transcrição integral]. ................. 96

Doc.28. Carta revocatoria e de Chancellaria de Sua Magestade para El Rey

Cattolico em 18 de Março de 1727 para Antonio Guedes Pereyra se recolher de

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Madrid para este Reyno; da qual foi copia ao Marques de Abrantes, e ao mesmo

Antonio Guedes, Lisboa, 28 de Março de 1727. BNP, Reservados, Cód. 9562,

fols.77v-78. [Transcrição integral]. ........................................................................ 97

VII. Embaixada de José da Cunha Brochado em Madrid (1725) ......................... 99

Doc.29. Copia da instrucção que se deu a Jozeph da Cunha Brochado quando foi

por Plenipotenciario a Madrid em 24 de Mayo de 1725. BNP, Arquivo Tarouca nº

229, fols.1-13. [Transcrição integral]. ..................................................................... 99

Doc.30. Cartas que escrevêo Jozé da Cunha Bruchado da Côrte de Madrid, aonde

estava por Inviado do Serenissimo Senhor Rey Dom João Quinto a Diogo de

Mendonça Corte Real, ao Eminentíssimo Cardeal da Cunha, e ao Excelentissimo

Marquez d’Abrantes [Contém: cartas de António Guedes Pereira, negociação e

cerimonial da assinatura dos artigos preliminares referentes ao duplo matrimónio

ibérico], Madrid, 24 de Junho de 1725 a 21 de Dezembro de 1725. ANTT,

Manuscritos da Livraria nº 61, fol.1v-281. [Excertos]. ......................................... 108

Doc.30.1. /fol.1v/ Carta 1ª de Jozé da Cunha Bruchado a Diogo de Mendonça

Corte Real: Em que lhe dá parte de como fora recebido em Hespanha, tractado

na audiencia, e do que passará na primeira audiencia como Plemnipotenciario

de Castella, sobre os negocios que tocarão. ...................................................... 108

Doc.30.2. /fol.103/ Carta 13ª. Ao Marquêz d’Abrantes. Em que lhe diz, que fáz

huma /fol.103v/ solemne abjuração de seus erros, e opinioens; louva as

Rezoluçoens do Soberano; detesta os seus Consêlhos e Parecêres; e que agora

se concluirão as Dependencias; que o tempo hé oportuno, e lhe agradece a

remessa de hum Retráto. .................................................................................... 110

Doc.30.3. /fol.173/ Carta 21º ao Marquês d’Abrantes. Que contêm o mesmo que

diz na carta 18 a Diogo de Mendonça, e lhe péde faça com El Rey, que o mande

retirar. ................................................................................................................ 111

Doc.30.4. /fol.174v/ Carta 22ª ao dito Secretário. Em que diz o que passava com

/fol.175/ Grimaldi sobre as Negociaçoens, e Tractados Matrimoniaes. ........... 111

Doc.30.5. /fol.224v/ Carta 30. Ao Secretario sobre os Preliminares /fol.225/ dos

Cazamentos. ....................................................................................................... 112

Doc.30.6. /fol.231v/ Carta 32. ao mesmo Secretario, em que lhe dá a noticia da

publicaçam dos cazamentos entre Portugal e Castella; do grande contentamento

das Magestades e Côrte de Madrid. .................................................................. 114

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Doc.30.7. /fol.253/ Carta 37. ao mesmo, em que se trata da assignatura dos

preliminares por Sua Magestade Portugueza; como forao esriptos, e sellados.

............................................................................................................................ 115

Doc.30.8. /fol. 259v/ Carta 39. Ao mesmo com que lhe dá conta do grande

gosto, e festas que fizeram Grandes e Pequenos, especialmente o Povo no ajuste

dos Cazame[n]tos. ............................................................................................. 117

Doc.30.9. /fol.271v/ Carta 42. Ao mesmo Secretário em que lhe diz recebêra as

joyas; e que o Regente de França mandára huma carta sua a Grimaldi. ......... 118

Doc.31. Despacho de Diogo de Mendonça Corte Real para José da Cunha

Brochado e António Guedes Pereira dando-lhes instruções sobre a forma e o

cerimonial com que deveriam assinar os artigos preliminares do duplo matrimónio

ibérico em Madrid, [Lisboa?], [Setembro de 1725?]. BNP, Arquivo Tarouca nº 229,

fols.1-2. [Excerto]. ................................................................................................. 120

Doc.32. Despacho de Diogo de Mendonça Corte Real para José da Cunha

Brochado e António Guedes Pereira informando-os acerca da questão da primeira

visita ao Secretário de Estado em Lisboa, na sequência do incidente protagonizado

pelo Embaixador de Luís XV na mesma Corte, [Lisboa], 12 Setembro de 1725.

BNP, Arquivo Tarouca nº 229, fols.1-2. [Excerto]. .............................................. 121

VIII. Embaixada do Marquês de Abrantes em Madrid (1727-1729) .................. 123

Doc.33. Instrucção que levou o Marquêz de Abrantes quando foi por Embaixador

para Castella, a qual na ordem das mais, que tambem levou hé a primeira. Com

data de 2 de Fevereiro, Lisboa, 2 de Fevereiro de 1727. BNP, Reservados, Cód.

9562, fols.57-63. [Transcrição integral]. ............................................................... 123

Doc.34. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis sobre as

encomendas das librés e de outras vestimentas que fez em Paris para a sua

embaixada em Madrid; pede-lhe que mande fazer de um serviço de mesa, Lisboa,

29 de Dezembro de 1726. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-4. [Transcrição

integral]. ................................................................................................................. 129

Doc.35. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis

continuando o assunto da carta anterior; aguarda informações sobre as equipagens

que o Marquês de los Balbases tinha encomendado em Paris para a sua embaixada

em Lisboa, Lisboa, 19 de Março de 1726. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols. 1-4.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 131

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Doc.36. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis pedindo-lhe

que lhe arranje outro cozinheiro para a sua casa em Madrid, uma vez que aquele

que tinha actualmente «principiou a comer da minha meza, tirando do que

cozinhava para ella», Madrid, 30 de Junho de 1727. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço

5, fols.1-2. [Transcrição integral]. ......................................................................... 133

Doc.37. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis dando-lhe

conta de ter assinado o duplo tratado matrimonial ibérico na Corte de Madrid,

Madrid, 6 de Outubro de 1727. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-2.

[Transcrição integral] ............................................................................................. 134

Doc.38. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis

descrevendo a forma das armas da Infanta D. Maria Bárbara para aplicar na toillete

que fora encomendada; agradece a escolha do cozinheiro que acabara de chegar a

sua casa, Madrid, 25 de Outubro de 1727. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-6.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 134

Doc.39. Preguntas hechas por Abrantes, y respuestas, 1727, Madrid, [Fevereiro –

Dezembro 1727?]. AGP, Secção Histórica, Caixa 20, Expediente 6, fols.1-3.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 136

Doc.40. Carta do Marquês de Abrantes para o Marquês de la Paz na qual refere que

soubera através do seu Mestre de Câmara que o Núncio apostólico colocara o coche

dentro do saguão do palácio real de Madrid, exigindo, por isso, que lhe seja

concedida a mesma regalia, Madrid, 29 de Novembro de 1727. AHN, Estado,

Legado 2517, fol.1. [Transcrição integral]. ........................................................... 139

Doc.41. Carta do Marquês de la Paz para o Marquês de Villena sobre o

Embaixador de Portugal, Marquês de Abrantes, ter pedido para colocar o seu coche

no saguão do palácio real de Madrid, Madrid, 5 de Dezembro de 1727. AGP,

Secção Histórica, Caixa 45, Exp.12, fol.1-2v. [Transcrição integral]. .................. 140

Doc.42. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis

informando-o que realizara a sua entrada pública na Corte de Madrid e que assinara

a escritura pública dos esponsais do tratado matrimonial da Infanta D. Mariana

Vitória com o Príncipe D. José; festas que deu naquela ocasião, Madrid, 29 de

Dezembro de 1727. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-2. [Transcrição

integral]. ................................................................................................................. 140

Doc.43. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis, na qual

confessa orgulhar-se de ter contribuído para o ajuste do duplo tratado matrimonial

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luso-espanhol, Madrid, 9 de Fevereiro de 1728. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5,

fols.1-3. [Transcrição integral]. ............................................................................. 141

Doc.44. Carta do Marquês de Abrantes para o Marquês de la Paz informando-o que

escolhera o Duque de Bejar para o apadrinhar na cerimónia em que seria

condecorado com o colar da ordem do Tosão, Madrid, 6 de Abril de 1728. AHN,

Estado, Legado 2518, fol.1. [Transcrição integral]. .............................................. 142

Doc.45. Carta do Marquês de la Paz para o Marquês de Villena dando ordens para

que providenciasse a sala do capítulo para a condecoração do Marquês de Abrantes

com colar da ordem do Tosão, Palácio [Madrid], 18 de Dezembro de 1728. AGP,

Seccção Histórica, Caixa 2, Exp. 50, fols.1-2. [Transcrição integral]. .................. 143

Doc.46. Ofício do Marquês de Abrantes para o Secretário de Estado português

referindo que tinha convidado os ministros estrangeiros acreditados em Madrid

para a jornada ao Caia, Madrid, 21 de Dezembro de 1728. ANTT, MNE, Caixa 5,

Maço 11, fol.1. [Excerto]. ...................................................................................... 143

Doc.47. Carta do Marquês de Abrantes para João de Ataíde pedindo que

providenciasse fogo de artifício para receber os reis portugueses quando estes

chegassem a Elvas, local onde permaneceriam até à cerimónia da Troca das

Princesas; pede-lhe também um pequeno “quartel” onde pudesse pernoitar com a

sua família, Madrid, 21 de Dezembro de 1728. ANTT, MNE, Caixa 5, Março 11,

fol.1. [Excerto]. ...................................................................................................... 144

Doc.48. Carta do Marquês de Abrantes para o Marquês de la Paz informando que

iria até Vila Viçosa cumprimentar D. João V e que, posteriormente, regressaria para

Badajoz; visitas e cumprimentos a serem trocados entre as duas Cortes antes da

cerimónia da Troca das Princesas no rio Caia, Elvas, 16 de Janeiro de 1729. AHN,

Estado, Legado 2518, fols.1-1v. [Transcrição integral]. ........................................ 145

Doc.49. Carta do Marquês de Abrantes para o Marquês de la Paz ajustando os

últimos pormenores referentes ao cerimonial da Troca das Princesas, Elvas, 19 de

Janeiro de 1729. AHN, Estado, Legado 2518, fol.1-1v. [Transcrição integral]. ... 146

Doc.50. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis

descrevendo a cerimónia da Troca das Princesas no rio Caia, Madrid 7 de Fevereiro

de 1729. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-2. [Transcrição integral]. ........... 147

Doc.51. Correspondência do Marquez d’Abrantes com o Conde de Tarouca,

enquanto o 1º esteve na embaixada extraordinária em Madrid para negociar o

cazamento da Princesa D. Mariana Victória com o Príncipe D. José, depois Rey.

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São modelo emquanto á maneira de escrever daquelle tempo, e tratam dos

negócios da época, Madrid, 23 de Junho de 1727 a 22 de Fevereiro de 1729.

ANTT, MNE, Caixa 913, Maço 4, fols.13-129. [Excertos]. .................................. 148

Doc.52. Cartas do Secretário de Estado, Diogo de Mendonça Corte-Real e do Padre

António Baptista para o Marquês de Abrantes, [Contém: pormenores referentes aos

preparativos da embaixada do Marquês de Abrantes em Madrid; jornada e

recepção; visitas; audiências dos irmãos de D. João V; entradas e audiências

públicas do Marquês de Abrantes e do Marquês de los Balbases; assinatura do

tratado e das escrituras públicas duplo tratado matrimonial ibérico; cerimónia

esponsais; festas; preparativos, encomendas e cerimonial da jornada ao Caia e da

Troca das Princesas, etc], Lisboa, 10 de Fevereiro de 1726 a 30 de Janeiro 1727.

BNP, Reservados, Cód. 9562, fol.1-276. [Excertos]. ............................................ 158

IX. Embaixada de Pedro Álvares Cabral em Madrid (1729-1735) ..................... 227

Doc.53. Carta de Pedro Álvares Cabral para o Marquês de la Paz informando-o da

sua intenção de acompanhar a família real espanhola na sua jornada até à

Andalúzia, Sevilha, 19 de Fevereiro de 1729. AGS, Estado, Legado 7157, fols.1-

1v. [Transcrição integral]. ...................................................................................... 227

Doc.54. Carta de D. José Patiño para Pedro Álvares Cabral alertando-o de que tinha

sido visto no passeio público da cidade com um coche puxado a seis mulas, o que

ia contra as leis da pragmática espanhola, Aranjuez, 24 de Junho de 1733. AGS,

Estado, Legado 7162, fols.1-2. [Transcrição integral]. .......................................... 227

Doc.55. Carta de Pedro Álvares Cabral para D. José Patiño [?] pedindo que lhe

fosse dispensada a “Casa da Mata” em Aranjuez para se hospedar durante a jornada

dos reis católicos, Madrid, 11 de Julho de 1733. AGS, Estado, Legado 7162, fols.1-

2. [Transcrição integral]. ........................................................................................ 228

Doc.56. Carta/Circular para os Ministros estrangeiros na Corte de Lisboa

justificando a represália que D. João V fizera aos criados do Embaixador espanhol,

Marquês de Capecelatro, Paço [Lisboa], 13 de Março de 1735. ANTT, MNE, Caixa

2, Maço 1, fol.1. [Transcrição integral]. ................................................................ 229

Doc.57. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para Francisco Mendes de Góis,

descrevendo e justificando a perspectiva portuguesa do incidente protagonizado

pelo Ministro Plenipotenciário português em Madrid, Pedro Álvares Cabral; pede a

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Francisco Mendes de Góis que interceda junto da Corte de Paris, Lisboa, 18 de

Março de 1735. ANTT, MNE, Caixa 2, Maço 1, fols.1-4. [Transcrição integral].229

Doc.58. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para Francisco Mendes de Góis

relatando o ponto da situação entre as Cortes de Lisboa e Madrid depois do

incidente protagonizado pelo Ministro Plenipotenciário português, Pedro Álvares

Cabral, Lisboa, 29 de Março de 1735. ANTT, MNE, Caixa 2, Maço 1, fol.1.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 232

Doc.59. Copia da carta que o Plenipotenciario de Sua Magestade em Madrid

escreveo ao governador do Conselho de Castella, Madrid, 20 de Fevereiro de

1735. ANTT, MNE, Caixa 913, fol.1. [Transcrição integral]. .............................. 233

Doc.60. Carta de Pedro Álvares Cabral para D. José Patiño informando-o que

naquele dia partia para Portugal; diz-lhe que a sua família fora agredida no

caminho; pede imunidade para alguns dos elementos da sua família que ficaram

feridos, Caramanchel, 24 de Março de 1735. AGS, Estado, Legado 7181, fol.1-2.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 234

Doc.61. Carta do Secretario de Estado d’El Rey Catholico para os Menistros

Estrangeiroz, Madrid, [Março de 1735?]. BNP, Reservados, Manuscrito nº 25, nº

17, fols.1-2. [Transcrição integral]. ....................................................................... 235

Doc.62. Copia da carta que por orden de Sua Magestade mandou o Secretario de

Estado em 8 de Março aos Embaixadores, e Inviados que estão nas Cortes

estrangeiras para participarem aos Monarchas dellas, Lisboa, 8 de Março de

1735. BNP, Reservados, Manuscrito nº 25, nº 17, fols.2v-4v. [Excerto]. ............. 237

Doc.63. Carta de D. Luiz da Cunha, nosso Embaixador no Reyno de França

escrita de Pariz a Lixboa , ao Secretario de Estado Diogo de Mendonça Corte Real

(que foi pay do outro do mesmo nome, que depôz, e fez acabar retirado, o

Ministerio do Marquez de Pombal) sobre o facto obrado em Madrid pella familia

do nosso Ministro Pedro Alvarez de Cabral, em que estivemos quazi em

rompimento da guerra no anno de 1735, [Paris?], 4 de Janeiro de 1735, BNA,

Manuscrito nº 51-II-40, fols.157-166. [Excerto]. .................................................. 240

X. Embaixada de Tomás da Silva Teles em Madrid (1746-1753) ........................ 243

Doc.64. Correspondência de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado

Marco Antonio de Azevedo Coutinho em 1746 [Contém: reconhecimento do seu

estatuto de Embaixador de Família na Corte de Madrid; cerimonial e disputas com

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outros ministros; considerações sobre os Secretários de Estado, Marquês de

Villarias, Marquês de la Enseñada e D. José Carvajal e sobre a Rainha viúva Isabel

Farnésio, etc], Madrid, 30 de Setembro de 1746 a 29 de Agosto de 1747. ANTT,

MNE, Livro 825, fols.1-52v. [Excertos]. ............................................................... 243

Doc.65. Ofícios de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

[Contém: esforços de Tomás da Silva Teles para que as Cortes de Madrid e Paris

reconhecessem a autonomásia de Fídelíssimo concedida pelo Papa ao rei D. João

V; dívidas que contraiu naquela Corte; reconhecimento do estatuto de Embaixador

de Família; jornadas reais, etc], Madrid, 24 de Março de 1749 a 6 de Dezembro de

1749. ANTT, MNE, Livro 827, fols.17v-139. [Excertos]. .................................... 256

Doc.66. Livro para o rezisto das cartas do officio que o Secretario de Estado dos

Negócios Estrangeiros escreve ao Il.mo e Ex.mo Senhor Bisconde de Vila Nova de

Cerveira Embaxador extraordinario na Corte de Madrid – anno de 1746 e 1747 e

1748 [Contém: cerimonial das visitas recíprocas entre os Embaixadores nas Cortes

de Lisboa e Madrid; questões referentes à imunidade dos ministros públicos],

Lisboa, 23 de Setembro de 1746 a 14 de Dezembro de 1748. ANTT, MNE, Livro

826, fol.1-112. [Excertos]. ..................................................................................... 263

Doc.67. Livro para o rezisto das cartas de officio que o Secretario de Estado dos

Negócios Estrangeiros escreve ao Ilustrissimo Senhor Bisconde de Villa Nova da

Cerveira Embaxador Extraordinario na Corte de Madrid anno de 1749-1750

[Contém: concessão do título de Fidelíssimo concedida pelo Papa rei de Portugal;

morte de D. João V; mesadas dos Embaixadores], Lisboa, 29 de Junho de 1749 a

12 de Dezembro de 1750. ANTT, MNE, Livro 828, fol.40v-153v. [Excertos]. ... 265

Doc.68. Carta de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado [?] descrevendo

o feitio, as qualidades e os defeitos de Fernando VI; influência de D. Maria Bárbara

no seu marido e no governo espanhol; motivos que deveriam levar ao afastamento

a Rainha viúva, Isabel Farnésio, etc., Madrid, [1746-1753]. ANTT, MNE, Caixa

618, fols.1-5. [Excerto]. ......................................................................................... 269

Doc.69. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

contando que o Embaixador francês se queixara de não sido convidado para

acompanhar a família real espanhola na sua jornada ao Escorial; precedências entre

os Embaixadores de Família português, francês e napolitano; descontentamento dos

ministros da Polónia e da Dinamarca pelo Embaixador português não lhes ter dado

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13

conta da sua chegada, Madrid, 25 de Outubro de 1746. ANTT, MNE, Caixa 618,

fols.1-5. [Transcrição integral]. ............................................................................. 271

Doc.70. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

sobre a questão da autonomásia de Fidelíssimo concedida a D. João V, Madrid 1 de

Novembro de 1749. ANTT, MNE, Caixa 618, fols. 1-2. [Transcrição integral]. .. 273

Doc.71. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

referindo que a Corte de Madrid sugerira que se reproduzisse o modelo de

assinatura do tratado matrimonial luso-espanhol no casamento do Duque de Sabóia

com a Infanta espanhola, D. Maria Antónia, Aranjuez, 9 de Maio de 1750. ANTT,

MNE, Caixa 618, fols.1-5. [Excerto]. .................................................................... 274

Doc.72. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

informando que daria uma festa em sua casa pela ocasião do dia do nome do rei de

Portugal, Aranjuez, 22 de Junho de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-2.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 277

Doc.73. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

referindo o impacto da morte de D. João V na Corte de Madrid; luto e conversas

particulares que teve com os reis espanhóis nesta ocasião, Madrid, 16 de Agosto de

1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-3. [Transcrição integral]. .......................... 278

Doc.74. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

informando que os reis católicos decretaram que se realizassem as mesmas

cerimónias de luto pelo falecimento de D. João V que haviam sido concedidas a

Filipe V, Madrid, 18 de Agosto de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-2.

[Excerto]. ............................................................................................................... 279

Doc.75. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

queixando-se dos inúmeros gastos e das despesas que teve nos últimos anos por ser

Embaixador de Família e ter a obrigação de acompanhar a família real espanhola

nas mesmas; comparação entre as ajudas de custo que as Cortes portuguesa,

espanhola, inglesa e holandesa davam aos seus ministros nestas ocasiões, Madrid,

10 de Setembro de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-3. [Transcrição integral].

................................................................................................................................ 280

Doc.76. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

sobre a concessão da autonomásia de Fidelíssimo a D. João V nas Cortes de Madrid

e Paris, Madrid, 16 de Novembro de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-7.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 282

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Doc.77. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

reclamando as dívidas que acumulou durante a sua embaixada em Madrid, Madrid,

7 de Dezembro de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-4. [Transcrição integral].

................................................................................................................................ 285

Doc.78. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

relativo ao reconhecimento da concessão da autonomásia de Fidelíssimo a D. João

V; “protocolo” das subscrições das cartas trocadas entre Espanha, França e

Portugal, Madrid, 21 de Dezembro de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-2.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 286

Doc.79. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

informando que tinha assinado o Tratado dos Limites/Madrid naquela Corte,

Madrid, 14 de Janeiro de 1750. ANTT, MNE, Livro 826, fols.3v-84v. [Excerto].

................................................................................................................................ 288

XI. Embaixada do Marquês de Capecelatro em Lisboa (1716-1735) .................. 291

Doc.80. Ynstruzion al Marques de Capicelatro para servir el empleo de Embajador

Ôrdinario de Portugal, Madrid, 2 de Março de 1716. AGS, Estado, Legado 7082,

fols.1-23.[Transcrição integral]. ............................................................................ 291

Doc.81. Despacho del sueldo que há de gozar y demas porpornciones que se

señalan, al Marques de Capicelatro con el empleo de Embaxador Ordinario a

Portugal, 28 de Febrero de 1716. AGS, Estado, Legado 7082, fols.1-3.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 299

Doc.82. Carta do Cardeal Judice para o Marquês de Grimaldo sobre as cartas

credenciais e privadas que o Embaixador espanhol, Marquês de Capecelatro,

deveria entregar a D. João V, Palácio [Madrid], 8 de Março de 1716. AGS, Estado,

Legado 7082, fols.1-2v. [Transcrição integral]. .................................................... 301

Doc.83. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. Juan Elizondo descrevendo a

sua jornada e chegada a Lisboa; cerimonial e honras que recebeu, Lisboa, 7 de

Abril de 1716. AGS, Estado, Legado 7082, fols. 1-4. [Excerto]. .......................... 302

Doc.84. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. Juan Elizondo descrevendo o

cerimonial das visitas que fez e recebeu quando chegou à Corte de Lisboa, Lisboa,

14 de Abril de 1716. AGS, Estado, Legado 7082, fols. 1-6v.[Transcrição integral].

................................................................................................................................ 304

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Doc.85. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. Juan Elizondo descrevendo o

cerimonial da sua primeira audiência privada com o rei e com a rainha de Portugal;

visitas que fez aos outros ministros estrangeiros acreditados em Lisboa, Lisboa, 21

de Abril de 1716. AGS, Estado, Legado 7082, fols. 1-3v. [Transcrição integral]. 308

Doc.86. Carta de D. João V para Filipe V convidando-o para ser padrinho do seu

filho, o Infante D. Alexandre, Lisboa, 6 de Outubro de 1723. AHN, Estado, Legado

2539, fol.1. [Transcrição integral]. ........................................................................ 311

Doc.87. Carta de Filipe V para D. João V aceitando o convite para apadrinhar o seu

filho, o Infante D. Alexandre, Lisboa, 12 de Outubro de 1723. AHN, Estado,

Legado 2539, fol.1. [Transcrição integral]. ........................................................... 311

Doc.88. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para o Marquês de Capecelatro

rementendo uma memória do que praticou o Embaixador de França, Abade de

Mornay, quando representou Luís XIV na cerimónia de baptismo do Príncipe do

Brasil, D. José, Lisboa, [Setembro-Outubro de 1723?]. AGS, Estado, Legado 7127,

fols. 1. [Transcrição integral]. ................................................................................ 312

Doc.89. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo

informando que recebera os presentes para oferecer pela ocasião do baptizado do

Infante D. Alexandre; jóias que deveriam ser dadas à rainha portuguesa, à aia do

Infante e ao Patriarca nesta ocasião, Lisboa, 17 de Novembro de 1723. AGS,

Estado, Legado 7127, fols.1-1v. [Transcrição integral]. ........................................ 313

Doc.90. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo [?]

descrevendo a cerimónia da sua entrada pública na Corte de Lisboa e o baptizado

do Infante D. Alexandre, no qual representou Filipe V como seu padrinho, Lisboa,

[Dezembro de 1723]. AGS, Estado, Legado 7127, fols.1-5. [Transcrição integral].

................................................................................................................................ 314

Doc.91. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo dizendo

que entregara os presentes de Filipe V às pessoas devidas pela ocasião do baptizado

do Infante D. Alexandre, Lisboa, 21 de Dezembro de 1723. AGS, Estado, Legado

7082, fols. 1-1v. [Transcrição integral]. ................................................................ 318

Doc.92. Sobre o Embaixador de Castella, que não tinha feito a sua entrada

publica, e foi nomeado para assistir ao baptizado de hum dos senhores Infantes.

BGUC, Manuscrito nº 1254, fols.133-136. [Transcrição integral]. ....................... 318

Doc.93. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Paz referindo ter

recebido a notícia de que Luís I subira ao trono e que, por isso, apresentaria novas

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cartas credenciais na Corte de Lisboa, Lisboa, 1 de Fevereiro de 1724. AGS,

Estado, Legado 7130, fols.1-1v. [Transcrição integral]. ........................................ 320

Doc.94. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo relativo ao

incidente protagonizado pelo Embaixador de Livry na Corte de Lisboa, Lisboa, 3

de Outubro de 1724. AGS, Estado, Legado 7130, fols.1-3. [Excerto]. ................. 321

Doc.95. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo

mencionando os gastos que teve para “cobrir” toda a casa, coches e liteiras de

panos negros pela ocasião da morte do monarca espanhol, Luís I, Lisboa, 14 de

Novembro de 1724. AGS, Estado, Legado 7130, fol.1 . [Transcrição integral]. ... 322

Doc.96. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo

mencionando os esforços que tinha feito junto de um pintor saboiardo [Domenico

Duprà], para que este pintasse um retrato do Príncipe do Brasil, D. José e da Infanta

D. Maria Bárbara, Lisboa, 1 de Maio de 1725. AHN, Estado, Legado 2656, fols.1-

2. [Transcrição integral]. ........................................................................................ 323

Doc.97. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo

continuando o assunto do ofício anterior relativo aos retratos do Príncipe do Brasil,

D. José e da Infanta, D. Maria Bárbara, Lisboa, 8 de Maio de 1725. AHN, Estado,

Legado 2656, fols.1-2. [Transcrição integral]. ...................................................... 324

Doc.98. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo

continuando o assunto dos dois ofícios anteriores relativos aos retratos do Príncipe

do Brasil, D. José e da Infanta, D. Maria Bárbara, Lisboa, 12 de Junho de 1725.

AHN, Estado, Legado 2656, fols.1-1v. [Transcrição integral]. ............................. 325

Doc.99. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo dando

conta da satisfação que tiveram os reis portugueses com a qualidade dos retratos

que chegaram a Lisboa e igualmente com a beleza do Príncipe das Astúrias, D.

Fernando e da Infanta D. Mariana Vitória, Lisboa, 7 de Agosto de 1725. AHN,

Estado, Legado 2656, fols. 1-1v. [Transcrição integral]. ....................................... 326

Doc.100. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo

descrevendo as celebrações na Corte de Lisboa após a publicação dos casamentos

do Príncipe das Astúrias com a Infanta D. Maria Bárbara e do Príncipe D. José com

a Infanta D. Mariana Vitória, Lisboa, 16 de Outubro de 1725. AHN, Estado,

Legado 2656, fols.1-5. [Transcrição integral]. ...................................................... 327

Doc.101. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Paz dando conta

dos conselhos que deu ao Marquês de los Balbases quanto às visitas que aquele

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Embaixador deveria fazer aos Conselheiros de Estado e à nobreza portuguesa,

Lisboa, 20 de Abril de 1727. AHN, Estado, Legado 2656, fols.1-3. [Transcrição

integral]. ................................................................................................................. 329

Doc.102. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Paz referindo o

quão agradados estavam os reis católicos com o Enviado português, António

Guedes Pereira; jóia que Filipe V deu a este último, Lisboa, 29 de Abril de 1727.

AGS, Estado, Legado 7145, fols.1-1v. [Transcrição integral]. .............................. 331

Doc.103. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Pa sobre a

questão da hospedagem e do cerimonial da entrada pública do Marquês de los

Balbases na Corte de Lisboa; convites que deveriam, ou não, ser dirigidos nesta

função aos Núncios Bichi e Firrão, Lisboa, 23 de Dezembro de 1727. AGS, Estado,

Legado 2517, fols.1-3v. [Transcrição integral]. .................................................... 332

Doc.104. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Paz relatando a

cerimónia da escritura pública das capitulações matrimoniais e dos esponsais da

Infanta D. Maria Bárbara com o Príncipe das Astúrias em Lisboa, Lisboa, 13 de

Janeiro de 1728. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-5. [Transcrição integral]. .... 333

Doc.105. El Marques de los Balbases: Da noticia de la solemnidad con que se

otorgó la Escritura de Capitulaciones, y se celebró el Desposorio de la Sra. Infanta

D. Maria Barbara com el Principe de Asturias D. Fernando, Lisboa 13 de Enero

de 1728. ANTT, Caixa 47, Maço 10, fols.1-5. [Transcrição integral]. .................. 336

Doc.106. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Paz sobre a

audiência de despedida do Marquês de los Balbases; jóia que D. João V ofereceu ao

Embaixador e à Marquesa, sua mulher, Lisboa, 9 de Março de 1728. AGS, Estado,

Legado 7147, fols.1-2. [Transcrição integral]. ...................................................... 339

Doc.107. Copia de papel del Secretario de Estado D. Diego de Mendonza al

Marques de Capecelatro, dando por apresentado todos los Nuncios, y

Embaxadores antes del Marques de los Balbases han tenido audiencias de los

hermanos del Rey de Portugal en Lisboa a 3 de Jullio de 1728, Lisboa, 4 de Julho

de 1728. AGS, Estado, Legado 7363, fol.1-1v. [Transcrição integral]. ................ 340

Doc.108. Copia de la respuesta del Señor Marques de Capecelatro al Secretario de

Estado D. Diego de Mendoza, exponiendole la razon de dudar que los Nuncios, y

Embaxadores ayan tenido audiencias de los Infantes hermanos de Rey de Portugal

en Lisboa á 3 de Jullio de 1728, Lisboa, 4 de Julho de 1728. AGS, Estado, Legado

7363, fol.1-1v. [Transcrição integral]. ................................................................... 341

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Doc.109. Copia de la respuesta del Señor Marques de Capecelatro al Secretario de

Estado D. Diego de Mendoza, exponiendole la razon de dudar que los Nuncios, y

Embaxadores ayan tenido audiencias de los Infantes hermanos de Rey de Portugal

en Lisboa á 3 de Jullio de 1728, Lisboa, 4 de Julho de 1728. AGS, Estado, Legado

7363, fol.1-1v. [Transcrição integral]. ................................................................... 342

Doc.110. Despacho de D. José Patiño [?] para o Marquês de Capecelatro relatando

o incidente protagonizado pelos criados do Ministro Plenipotenciário português em

Madrid, Pedro Álvares Cabral, Pardo [Madrid], 25 de Fevereiro de 1735. AGS,

Estado, Legado 7181, fols.1-4v. [Transcrição integral]. ........................................ 343

Doc.111. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para o Marquês de Capecelatro

explicando-lhe (a versão portuguesa) do incidente diplomático protagonizado pelos

criados do Ministro português em Madrid, Pedro Álvares Cabral, Lisboa, 5 de

Março de 1735. AGS, Estado, Legado 7181, fols.1-2. [Transcrição integral]. ..... 345

Doc.112. Despacho de D. José Patiño [?] para o Marquês de Capecelatro fazendo

uma descrição mais detalhada do incidente protagonizado pelos criados do Ministro

português em Madrid, Pedro Álvares Cabral, Pardo, 6 de Março de 1735. AGS,

Estado, Legado 7181, fols.1-5v. [Transcrição integral]. ........................................ 347

Doc.113. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para o Marquês de Capecelatro

informando que emitira ordens para que preparassem as embarcações necessárias

para o transportar até à Aldeia Galega; informa-o que D. João V iria fazer “uso do

direito da represália” e prender os criados da sua família, Paço [Lisboa], 13 de

Março de 1735. ANTT, MNE, Caixa 2, Maço 1, fol.1. [Transcrição integral]. .... 349

Doc.114. Rellação breve da forma em que se executou a reprezalia nos creados do

Embaixador de El Rey Cattolico em 13 de Março de 1735. ANTT, MNE, Caixa 2,

Maço 1, fols.1-2. [Transcrição integral]. ............................................................... 349

Doc.115. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. José Patiño descrevendo a

represália que D. João V ordenou que se executasse aos seus criados na sequência

do incidente protagonizado pelo Ministro português em Madrid, Pedro Álvares

Cabral; afirma que os diplomatas inglês, holandês e alemão poderiam ter estado

envolvidos naquele “projecto”, Aldeia Galega, 13 de Março de 1735. AGS, Estado,

Legado 7181, fols.1-5. [Excerto]. .......................................................................... 351

Doc.116. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. José Patiño informando-o do

impasse em que caíram as relações entre as duas Coroas depois do incidente

protagonizado pelo Ministro português em Madrid; impedimentos e obstáculos que

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foram colocados na sua jornada de regresso a Madrid, Aldeia Galega, 27 de Março

de 1735. AGS, Estado, Legado 7179, fols.1-5v. [Excerto]. .................................. 354

Doc.117. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. José Patiño continuando o

assunto do ofício anterior; descrição da jornada de regresso a Espanha, Elvas, 7 de

Abril de 1735. AGS, Estado, Legado 7181, fols.1-5. [Excerto]. ........................... 356

XII. Embaixada do Marquês de los Balbases em Lisboa (1727-1728) ................ 359

Doc.118. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz informando

que pedira os passaportes para poder passar à Corte de Lisboa; refere que o

Marquês de Capecelatro lhe providenciara uma casa, Madrid, 11 de Outubro de

1726. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-2. [Transcrição integral]. ..................... 359

Doc.119. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz descrevendo

a sua jornada até à Corte de Lisboa; cerimonial e honras que recebeu nas diversas

localidades por onde passou, Arraiolos, 9 de Abril de 1727. AHN, Estado, Legado

2517, fols.1-2v. ...................................................................................................... 360

Doc.120. Folheto, incluso no ofício Diogo de Mendonça Corte Real para o Conde

de Tarouca descrevendo a chegada do Marquês de los Balbases à Corte de Lisboa e

a primeira visita que aquele Embaixador lhe fez, Lisboa, 22 de Abril de 1727. BNP,

Arquivos Tarouca nº 180, fols.1-3. [Excerto]. ....................................................... 361

Doc.121. Ofício do marquês de los Balbases para o Marquês de la Pa informando

que pedira ao Secretário de Estado que os reis portugueses o recebessem juntos na

sua primeira audiência privada; refere que passou a ter a mesma entrada “familiar”

no palácio que tinha o Marquês de Capecelatro, Lisboa, 29 de Abril de 1727. AHN,

Estado, Legado 2517, fols.1-2. [Transcrição integral]. .......................................... 363

Doc.122. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Pa comunicando

que oferecera uma comédia em sua casa no dia do nome do Príncipe das Astúrias,

para a qual convidou toda a nobreza; remete o “guião” da mesma para que o

Secretário o mostrasse à família real espanhola, Lisboa, 3 de Junho de 1727. AHN,

Estado, Legado 2517, fol.1. [Transcrição integral]. .............................................. 364

Doc.123. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz sobre os

plenos poderes que recebera para a negociação tratado matrimonial da Infanta D.

Maria Bárbara com o Príncipe das Astúrias; obras que se fizeram em Lisboa para a

passagem dos seus coches no dia da sua entrada pública, Lisboa, 26 de Agosto de

1727. AHN, Estado Legado 2517, fols.1-2. [Transcrição integral]. ...................... 365

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Doc.124. Despacho do Marquês de la Paz [?] para o Marquês de los Balbases

descrevendo a cerimónia da assinatura do tratado matrimonial do Príncipe do

Brasil, D. José, com a Infanta espanhola, D. Mariana Vitória, assinado naquela

Corte pelo próprio e pelo Embaixador português, Marquês de Abrantes; dá-lhe

ordens para que, em Lisboa, reproduza o mesmo modelo cerimonial com o

Secretário de Estado português, Madrid, 3 de Setembro de 1727. AHN, Estado,

Legado 2517, fols.1-4. [Transcrição integral]. ...................................................... 367

Doc.125. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz referindo a

festa que deu em sua casa, para a qual convidou toda a nobreza portuguesa, sendo a

principal atracção uma máquina de fogo de artíficio, Lisboa, 11 de Setembro de

1727. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-1v. [Transcrição integral]. ................... 368

Doc.126. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz descrevendo

a cerimónia da assinatura do tratado matrimonial do Príncipe das Astúrias, D.

Fernando, com a Infanta espanhola, D. Maria Bárbara, Lisboa, 1 de Outubro de

1727. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-1v. [Transcrição integral]. ................... 369

Doc.127. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz sobre a

cerimónia da troca das ratificações do tratado matrimonial da Infanta D. Maria

Bárbara com o Príncipe D. Fernando; audiência que os monarcas portugueses

concederam ao próprio e ao Marquês de Capecelatro, Lisboa, 22 de Outubro de

1727. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-2. [Transcrição integral]. ..................... 370

Doc.128. Carta do Marquês de la Paz para o Marquês de Vilhena e resposta deste

último relativa ao pedido que fez o Embaixador português, Marquês de Abrantes,

no sentido de poder colocar o seu coche no saguão do palácio real; excepções e

exemplos antecedentes. Madrid, [Dezembro de 1727]. AHN, Estado, Legado 2517,

fol. 1. [Transcrição integral]. ................................................................................. 371

Doc.129. Despacho do Marquês de la Paz [?] para o Marquês de los Balbases sobre

o pedido que fizera o Marquês de Abrantes para, à semelhança do que haviam

praticado o núncio apostólico e os ministros francês e alemão, poder entrar com o

seu coche no saguão do palácio real no dia da sua entrada pública em Madrid,

[Madrid], [Dezembro de 1727?]. AGS, Estado, Legado 2517, fols.1-3v.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 372

Doc.130. Despacho do Marquês de la Paz para o Marquês de los Balbases [?]

descrevendo a cerimónia da escritura pública das capitulações matrimoniais da

Princesa D. Mariana Vitória e do Príncipe do Brasil na Corte de Madrid; indicações

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sobre aquilo que deveria praticar na Corte de Lisboa na cerimónia homóloga,

referente ao matrimónio de D. Maria Bárbara com o Príncipe das Astúrias;

audiência do Embaixador português, Marquês de Abrantes, na qual entregou um

retrato à Infanta espanhola, Madrid, 25 de Dezembro de 1728. AHN, Estado,

Legado 2517, fols.1-6. [Transcrição integral]. ...................................................... 373

Doc.131. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz [?] referindo

as nomeações dos chefes da casa real da futura Princesa do Brasil, D. Mariana

Vitória; preparativos e ajustes do cerimonial da escritura pública das capitulações

matrimoniais e dos esponsais de D. Mariana Vitória com o Príncipe do Brasil;

testemunhas que o Embaixador deveria nomear para a primeira cerimónia na Corte

de Lisboa, Lisboa, 27 de Dezembro de 1727. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-6.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 375

Doc.132. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz descrevendo

a cerimónia da sua entrada pública na Corte de Lisboa, Lisboa, 7 de Janeiro de

1728. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-2v. [Transcrição integral]. ................... 378

Doc.133. Entrada publica del Marques de los Balvases en Lisboa á pedir la

Princesa Dona Maria Barbara de Portugal, para esposa del del [sic] Principe de

Asturias Don Fernando. AHN, Estado, Legado 2517, fols. 1-5. [Transcrição

integral]. ................................................................................................................. 380

Doc.134. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz descrevendo

a cerimónia da escritura pública e dos esponsais da Princesa D. Maria Bárbara com

o Príncipe das Astúrias, D. Fernando, Lisboa, 13 de Janeiro de 1728. AHN,

Estado, Legado 2517, fols.1-3v. [Transcrição integral]. ........................................ 384

Doc.135. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz sobre as

jóias dadas aos Secretários, Oficiais da Secretaria, Cardeal e Patriarca, responsáveis

pela assinatura, celebração das escrituras públicas e dos esponsais do duplo

matrimónio ibérico nas Cortes de Lisboa e Madrid, Lisboa, 21 de Janeiro de 1728.

AHN, Estado, Legado 2590, fol.1-2v. [Transcrição integral]. .............................. 386

Doc.136. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz informando

que tinha encontrado o Patriarca de Lisboa nos aposentos de D. João V e que

aproveitara essa ocasião para lhe entregar uma jóia por este ter celebrado a bênção

nupcial do Príncipe das Astúrias com a Infanta D. Maria Bárbara, Lisboa, 27 de

Janeiro de 1728. AHN, Estado, Legado 2517, fols 1-1v. [Transcrição integral]. .. 388

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Doc.137. Carta da Marquesa de los Balbases para o Marquês de la Paz suplicando

que intercedesse para que o seu marido regressasse rapidamente a Madrid, não só

pelo estado de saúde do mesmo, como pelo da sua filha, Madrid, 5 de Fevereiro de

1728. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-1v. [Transcrição integral]. ................... 389

Doc.138. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz informando-

o acerca dos ajustes que acordara com o Secretário de Estado português

relativamente às audiências públicas que obteria dos irmãos do rei de Portugal, os

Infantes D. António e D. Francisco; cerimonial entre Embaixadores e Condutores,

Lisboa, 13 de Fevereiro de 1728. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-2v.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 390

Doc.139. Carta de José Correia de Abreu para [?] relativo ao cerimonial da chegada

e primeira visita feita ao Secretário de Estado português pelo Marquês de los

Balbases, Lisboa, 22 de Novembro de 1732. BNA, 54-IX-1, nº 95, fols.1v-2v.

[Excerto]. ............................................................................................................... 391

Doc.140. Extracto do cerimonial que se praticou entre o Secretario de Estado, e o

Marques de los Balbazes Embaixador Extraordinario de Espanha, que se remetteo

em carta de 11 de Dezembro de 1736. BNA, Manuscrito 54-X-4, nº 73, fols.1-2.

................................................................................................................................ 393

XIII. Embaixada do Marquês de la Candia em Lisboa (1743-1746) ................... 395

Doc.141. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias descrevendo

a sua primeira audiência na Corte de Lisboa; refere que a Rainha D. Maria Ana de

Áustria o recebeu como se fosse Embaixador de Família; descrição de alguns

elementos da família real portuguesa, Lisboa, 13 de Novembro de 1743. AGS,

Estado, Legado 7195, fols.1-3. [Excerto]. ............................................................. 395

Doc.142. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias queixando-

se da carestia da cidade de Lisboa e da vida isolada da generalidade da Corte;

despesas e outros gastos diários, Lisboa, 20 de Novembro de 1743. AGS, Estado,

Legado 7195, fols.4-10. [Excerto]. ........................................................................ 396

Doc.143. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias relativo à

sua nomeação oficial enquanto Embaixador na Corte de Lisboa; conversa que teve

com o Cardeal da Mota nesta ocasião; felicidade da Princesa D. Mariana Vitória

por ter sido declarado Embaixador; refere que, por ordem do Cardeal da Mota,

estavam a ser renovadas as cocheiras e cavalariças de uma quinta nas proximidades

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de Bélém, para a qual se deveria mudar, Lisboa, 11 de Dezembro de 1743. AGS,

Estado, Legado 7195, fols.1-4. [Transcrição integral]. .......................................... 397

Doc.144. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias referindo

que se determinara não ser necessário realizar uma entrada pública na Corte de

Lisboa, assim como o mesmo não seria exigido no futuro aos diplomatas

portugueses em Madrid; refere que iria pedir uma audiência privada para entregar

as suas cartas credenciais, Lisboa, 16 de Dezembro de 1743. AGS, Estado, Legado

7195, fols.1-1v. [Transcrição integral]. ................................................................. 399

Doc.145. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias queixando-

se dos gastos que tinha na Corte de Lisboa, onde apenas o «sal es barata», Lisboa,

16 de Dezembro de 1743. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-2. [Transcrição

integral]. ................................................................................................................. 400

Doc.146. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias referindo

que o Secretário de Estado português lhe dissera que, apesar do rei não ter dado

audiência ao Embaixador francês, teria todo o gosto em recebê-lo; pressão que terá

feito o Cardeal da Mota sobre o Patriarca de Lisboa no sentido deste último visitar

o Marquês de la Candia, Lisboa, 26 de Dezembro de 1743. AGS, Estado, Legado

7195, fols.1-2v. [Transcrição integral]. ................................................................. 401

Doc.147. Carta cifrada do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias

informando-o que o Príncipe do Brasil estava desconfiado que o objectivo da sua

passagem por Lisboa fora desde o começo intalar-se definitivamente e não passar à

Dinamarca, como afirmara inicialmente, Lisboa, [1743?]. AGS, Estado, Legado

7195, fol.1. [Transcrição integral]. ........................................................................ 403

Doc.148. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias descrevendo

a sua primeira audiência privada com o rei, rainha, príncipes e infantes portugueses,

Lisboa, 2 de Janeiro de 1744. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-2v. [Transcrição

integral]. ................................................................................................................. 404

Doc.149. Ofício [em forma de diário] do Marquês de la Candia para o Marquês de

Villarias fazendo um resumo da sua embaixada em Lisboa, desde a sua chegada até

àquele momento: jornada e alojamento; primeiros passos e contactos na Corte de

Lisboa; audiências; cerimonial; acesso ao quarto da Princesa D. Mariana Vitória;

descrição do dia-a-dia desta última, conversas que com ela teve, etc., Lisboa, 12 de

Janeiro de 1744. AGS, Estado, Legado 7369, fols.1-13v. [Excerto]. .................... 406

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Doc.150. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias informando-

o sobre as visitas que faria à Infanta D. Mariana Vitória; cerimonial daqueles

encontros; conversas que teve com a filha de Filipe V; resumo do quotidiano da

mesma e dos restantes elementos da família real portuguesa, Lisboa, 10 de

Fevereiro de 1744. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-4. [Transcrição integral]. 418

Doc.151. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias denunciando

a falta de cortesia que o Duque de Aveiro tinha tido consigo desde que chegara a

Lisboa, Lisboa, 5 de Maio de 1744. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-3v.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 420

Doc.152. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias relativo às

visitas que deveria fazer à Princesa D. Mariana Vitória quando esta estava de cama,

apesar desta ser uma prerrogativa adstrita aos Cardeais; considerações sobre o

assunto, Lisboa, 13 de Maio de 1744. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-2.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 422

Doc.153. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias referindo ter

sido convidado pelo Inquisidor Geral português para assistir a um auto-de-fé na

Igreja de Santo Domingo, Lisboa, 23 de Junho de 1744. AGS, Estado, Legado

7195, fols.1-2. [Transcrição integral]. ................................................................... 424

Doc.154. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias queixando-

se da forma pouco digna com que o recebera a Rainha D. Mariana de Áustria em

vários dias festivos; informa que, por isso, deixaria de comparecer nestas

cerimónias de cumprimentos, Lisboa, 28 de Junho de 1744. AGS, Estado, Legado

7195, fols.1-5. [Transcrição integral]. ................................................................... 425

Doc.155. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias relativo à

pretensão que, em nome de Filipe V, tinha colocado àquela Corte para poder ver D.

Mariana Vitória sempre que esta estivesse de cama; dificuldades e queixas da

Princesa relativas às «rediculas etiquetas de esta Corte», Lisboa, 28 de Junho de

1744. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-2. [Transcrição integral]. ...................... 428

Doc.156. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias sobre a jóia

que recebeu, assim como a Embaixatriz, sua mulher, do rei e da rainha de Portugal

na sua despedida da Corte de Lisboa, Lisboa, 9 de Novembro de 1746. AGS,

Estado, Legado 7192, fols.1-2v. [Transcrição integral]. ........................................ 429

Doc.157. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias descrevendo

o incêndio que houve na pousada onde se instalara com a sua mulher em Arraiolos,

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Badajoz, 16 de Novembro de 1746. AGS, Estado, Legado 7192, fols.1-2.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 431

XIV. Embaixada do Duque de Sottomayor em Lisboa (1746-1753) ................... 433

Doc.158. El Duque de Sotomayor. Sobre su sueldo; ayuda de costa; viage; y

entrada en Lisboa; y pension de 650 escudos cada mes. [1746]. AGS, Estado,

Legado 7208, fols.1-1v. [Transcrição integral]. .................................................... 433

Doc.159. Despacho do Marquês de Villarias para o Duque de Sottomayor sobre o

carácter que lhe fora atribuído nas suas cartas credenciais, Madrid, Bom Retiro, 1

de Outubro de 1746. AGS, Estado, Legado 7214, fols.1-3. [Transcrição integral].

................................................................................................................................ 433

Doc.160. Ofício do Duque de Sottomayor para o Marquês de Villarias descrevendo

detalhadamente as últimas horas de vida de D. João V, Lisboa, 6 de Agosto de

1750. AGS, Estado, Legado 7220, fols.1-6. [Transcrição integral]. ...................... 435

Doc.161. Ofício do Duque de Sottomayor para o Marquês de Villarias descrevendo

os preparativos para a cerimónia de aclamação do rei D. José I; primeira audiência

que teve com aquele monarca, Lisboa, 8 de Setembro de 1750. AGS, Estado,

Legado 7220, fols.1-3. [Transcrição integral]. ...................................................... 439

XV. Formulários, regulamentos e guias de cerimonial ........................................ 441

Doc.162. Apontamentos sobre a Instrução que devem ter os Embaixadores,

requisitos a que devem satisfazer segundo as circunstâncias, preceitos e regras que

lhes convem observar. BGUC, Manuscrito nº168, fols.45v-51. [Excerto]. ........... 441

Doc.163. Formalidade que a corte Portuguesa tem com os Embaixadores das

Potencias coroadas rezumidas por Monsenhor Moreira e escritas do seu punho.

BGUC, Manuscrito nº 629, fols.1-10v. [Transcrição integral]. ............................. 443

Doc.164. Copia del Ceremonial, o, reglamento de Embaxadores expedido en 28 de

Abril de 1715, Madrid, 28 de Abril de 1715. AHN, Estado, Legado 2610, Exp. 4,

fols.1-4v. [Transcrição integral]. ........................................................................... 447

Doc.165. Carta do Marquês de Grimaldo para o Marquês de Vilhena pedindo-lhe

que compile os artigos do Reglamento del Zeremonial referentes às cerimónias

diplomáticas ocorridas no interior do palácio real, Palácio [Madrid], 26 de Abril de

1717. AGP, Secção Histórica, Caixa 54, Exp.13, fols.1-1v. [Transcrição integral].

................................................................................................................................ 449

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Doc.166. Reglamento del zeremonial que Su Magestad (Dios le guarde) há tenido

para bien mandar se observe desde aora em adelante con todos los Ministros de

Coronas, Republicas, y demas Principes Estrangeros que vinieren à esta Cortte à

residir en ella, ya los otros que vinieren à cumplimentos ô dependiencias

partticulares de qualquer grado y calidad que sean, asi en su ingreso y forma de

admitir-los à sus empleos, como en la que han de hazer sus entradas, y tener sus

audiencias publicas y secretas, y entrada que trande [?] tener en Palácio

independientes de Negócio, Madrid, Abril de 1717. AGP, Secção Histórica, Caixa

41, Expediente 11, fols.1-17v. [Transcrição integral]. .......................................... 450

Doc.167. [Acrescento ao] Reglamento del ceremonial que [Felipe V] ha tenido por

bien de mandar que se observe, desde ahora en adelante, con todos los ministros

de Coronas, Repúblicas y demás Príncipes extranjeros que vinieren a esta Corte a

residir en ella, y a los otros que vinieren a cumplimientos o dependencias

particulares […] Capitulos para la Secretaria por haber mandado Su Magestad se

tengan presentes los casos que en ellos se expressan, Pálacio do Bom Retiro, 19 de

Julho de 1750. BNE, Manuscrito nº 10411, fols.43-44v. [Transcrição integral]. .. 464

XVI. Relações ............................................................................................................ 467

Doc.168. Sobre o Embaixador de França Abbade de Levri. BNP, Reservados, Cód.

nº 9889, fols.64-67. [Transcrição integral]. ........................................................... 467

Doc.169. Embaixada de Castella que deu o Marques de Abrantes. BGUC,

Manuscrito nº 507, fols.68-69. [Transcrição integral]. .......................................... 470

Doc.170. Relação da viagem Marquês de Abrantes a Madrid quando foi justar o

casamento dos Príncipes. BGUC, Manuscrito nº 677, fols.402-404. [Transcrição

integral]. ................................................................................................................. 471

Doc.171. Relação da chegada, entrada e audiência pública do Marquês de Abrantes

em Madrid. BNA, Manuscrito 54-IX-18, nº 164, fols.1-2v. [Transcrição integral].

................................................................................................................................ 473

Doc.172. Embaixada de Portugal que deu o Balbazes. BGUC, Manuscrito nº 507,

fols.69-71. [Transcrição integral]. ......................................................................... 475

Doc.173. Noticia do recebimento que se fez em Lisboa no dia 15 de Abril de 1727

ao Marquês de los Balbazes, que então veio por embaixador extraordinário do Rei

de Espanha. BGUC, Manuscrito nº 506, fol.9. [Transcrição integral]. ................. 478

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Doc.174. Breve Relação da publica audiencia que na Caza Real das Embaxadas

teve del Rey de Portugal em huma das Cortes de Lixboa o Excelentissimo Senhor o

Senhor Marques de los Balbazes Embaxador Extraordinario del Rey Chatolico ao

tratado dos vínculos Reaes ajustados por Suas Magestades do Serenicimo Principe

das Asturias com a Serenicima Infante a Senhora D. Maria e o Serenicimo

Princepe do Brazil com a Serenicima Infante a Senhora D. Mariana celebrou ce

este Acto em dia de Reis, 6 de Janeyro de 1728, dedicado ao mesmo Excelentissimo

Senhor o Senhor Marques Embaxador por hum seu afectuozissimo Venerador de

Portugal. BGUC, Manuscrito nº 339, fols.1-10v. [Transcrição integral]. ............. 479

Doc.175. Relacion de la Embaxada Extraordinaria del Marques de los Balbases en

Portugal. BNE, Manuscrito nº 10747, fols.1-40v. [Transcrição integral]. ............ 487

Doc.176. Relação da festa que o Senhor Embaixador fez em sua caza no dia de

Domingo 2 do corrente, que deixou de fazer ce dia de São João por esta a Corte

com as Suas Magestades no Retiro de Aranguez. BGUC, Manuscrito nº 677,

fols.148-150v. ........................................................................................................ 503

XVII. Registo da Secretaria de Estado – Chegada, entradas e audiências dos

Embaixadores espanhóis (1716-1753) .................................................................... 507

Doc.177. Chegada do Marquês de Capecelatro à Corte de Lisboa em 1716. ANTT,

MNE, Livro 149, fols.35-35v. [Transcrição integral]. ........................................... 507

Doc.178. Entrada e audiência pública do Marquês de Capecelatro, Lisboa,

Novembro a Dezembro 1723. ANTT, MNE, Livro 149, fols.53-60. [Transcrição

integral]. ................................................................................................................. 508

Doc.179. Chegada e Entrada do Embaixador Extraordinário de Sua Magestade

Cattolica o Maques de Balbazes, Lisboa, 7 Abril de 1727 a Janeiro de 1728.

ANTT, MNE, Livro 149, fols.63-63v. [Transcrição integral]. .............................. 518

Doc.180. Menuta aprovada por Sua Magestade da forma em que daqui en diante

se ha de escrever ao condutor que for de Embaixadorez. [Lisboa], [Dezembro-

Janeiro de 1728?]. ANTT, MNE, Livro 149, fols.65-65v. [Transcrição integral]. 519

Doc.181. Papel que o Senhor Secretario mandou ao Marques dos Balbases para as

audiencias dos Senhores Infantes, [Lisboa], [Março de 1728]. ANTT, MNE, Livro

149, fol.66v. [Transcrição integral]. ...................................................................... 521

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Doc.182. Audiencias dos Senhores Infantes D. Francisco e D. Antonio, ao Marques

dos Balbases Embaixador Extraordinario de Casttela, Lisboa, 5 de Março de 1728.

ANTT, MNE, Livro 149, fols.67-69. [Transcrição integral]. ................................ 521

Doc.183. Audiência de despedida do Marquês de los Balbases, Lisboa, 3 de Março

de 1728. ANTT, MNE, Livro 149, fols.69v-71v. [Transcrição integral]. ............. 524

Doc.184. Audiencia publica do Senhor Infante D. Francisco ao Marques de

Capecelatro Embaixador de El Rey Catholico, Lisboa, 28 de Agosto a 5 de

Setembro de 1728. ANTT, MNE, Livro 149, fols.75v-77. [Transcrição integral].

................................................................................................................................ 526

Doc.185. Cerimonial da audiência da Marquesa de la Candia com a Rainha

portuguesa, D. Mariana de Áustria [Contém: audiência da Embaixatriz espanhola,

Marquesa de Capecelatro [?] a 18 de Julho de 1716], Lisboa, [Setembro de 1746?].

ANTT, MNE, Livro 149, fols.1-3. [Transcrição integral]. .................................... 529

Doc.186. Primeira Audiencia que se concedeo ao Marquez de la Candia

Embaixador de Castella, [contém: primeira e última audiência deste Embaixador

na Corte de Lisboa], Lisboa, 26 de Dezembro de 1743-24 de Setembro de 1746.

ANTT, MNE, Livro 149, fols.129v-132v. [Transcrição integral]. ........................ 531

Doc.187. Vinda do Embaixador de Castella para esta corte o Duque de Sotto

Maior, Lisboa, 25 a 29 de Setembro de 1746. ANTT, MNE, Livro 149, fols.133-

134v. [Transcrição integral]. .................................................................................. 536

Doc.188. Primeira audiencia, que se concedeo ao Duque de Sotto Mayor,

Embaixador Extraordinario de S. Magestade Cattolica, Lisboa, 4 a 10 de Outubro

de 1746. ANTT, MNE, Livro 149, fols.135-136v. [Transcrição integral]. ........... 539

Doc.189. Audiencia particular que teve de Suas Magestades o Duque de

Sotomayor Embaixador Extraordinario de Sua Magestade Catholica, quando quiz

entregar as cartas depois da morte de Senhor Rey Dom João 5º que Santa Gloria

haja. Lisboa, 12 de Agosto de 1750. ANTT, MNE, Livro 149, fols.138-139v.

[Transcrição integral]. ............................................................................................ 543

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Critérios de Transcrição e Organização Documental

Quanto à transcrição do acervo documental apresentado, procurámos manter-

nos o mais próximo possível dos documentos originais. Seguimos as normas de

transcrição propostas pelo Padre Avelino Jesus da Costa1. Todavia, importa reter

algumas notas:

I. Desdobrarámos abreviaturas como: V.M = Vossa Majestade; S.M = Sua

Majestade; V.A = Vossa Majestade; V.A = Vossa Alteza; S.A = Sua Alteza;

V.S = Vossa Senhoria; V.M = Vossa Mercê; Xp.ma = Christianissima; B.A.M

= Beijo as mãos; B.L.M = Beso las manos, etc.

II. Desdobrámos igualmente as nasais de sílabas finais, por exemplo: huã =

huma; alguã = alguma, etc.

III. Modernizámos o uso do “u” = “v” e do “i”=j”.

IV. Regra geral, mantivemos a pontuação original, excepto quando a mesma trazia

dificuldades na compreensão do documento.

V. A indicação do número de fólios surge assinalado entre / / quando corresponde

à numeração original e [] quando a numeração é da nossa autoria.

VI. Em caso de leitura dúbia acrescentou-se [?].

VII. As palavras rasuradas no manuscrito original foram igualmente por nós

rasuradas.

VIII. Espaços em branco foram indicados com um traço: _____.

IX. Erros no manuscrito original foram assinalados com a abreviatura [sic].

X. No título de cada documento assinalámos aqueles que foram transcritos

integral ou parcialmente com a expressão: [Transcrição integral] ou [Excerto].

XI. Mantivémos os títulos originais dos documentos, evidenciando-os em itálico.

XII. Documentos conjuntos (como correspondência diplomática copiadas para

livro) foram tratados como tal. Na descrição indicámos apenas o conteúdo e os

temas principais dos mesmos.

1 Padre Avelino Jesus da Costa, Normas gerais de Transcrição e Publicação de Documentos e Textos Medievais, 2ª Edição, Braga, [s.n], 1982.

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I. Paz luso-espanhola no Congresso de Utreque (1712-1715)

Doc.1. Cartas do Conde de Tarouca e de Dom Luís da Cunha até o fim da

negociação de Utrecht para Diogo de Mendonça Corte Real, Secretário de Estado de

Sua Magestade, ano de 1714 e 1715, [Contém: a assinatura e troca de ratificações do

tratado de paz luso-espanhol de 1715], Utreque, 12 de Fevereiro e 6 de Abril de 1715.

ANTT, MNE, Livro 788, fols.276-327. [Excerto].

/fol.276/ Finalmente em 6 do corrente a huma hora depois do meyo dia

assinamos o Tratado, e na forma de assinado nos foy tambem necessario seguir o

estranho humor do Duque de Ossuna. Como elle há muyto tempo mandou daqui as

suas carroças ricas não se achava em termos de fazer este acto com pompa, nem ella

era propria, e acertada depois do caminho que havião praticado neste Congresso todos

os Ministros das outras potencias. Por esta razão e porque nos pareceo que devíamos

sempre lizonjear a El Rey de Inglaterra merecendo-lhe a effideza dos seus officios

propusemos ao Duque convidar a Monsieur Cadogan para que viesse a Utrecht, e

como elle era Inviado, e Plenipotenciario de huma Coroa que havia feito as vezes de

mediadora neste Congresso podíamos assinar em sua casa da mesma maneyra segura

que o fizemos em casa da Mylord Strafford. O Duque teve a isto grande repugnancia,

mas como nos pareceo que se hia reduzindo demos conta a Monsieur Cadogan do

nosso intento facilitando-lhe a vinda com lhe haver prevenido humass casas em que

alojasse decentemente; elle aceytou a offerta, mas depois se escuzou com /fol.277/

com a prompta jornada que seu amo lhe mandou fazer á Corte de Vienna, e assim

frustrado aquelle caminho resolvemos seguir todo o que o Duque nos apontava com

tanto que salvacemos o decoro, e igualdade em que temos sido muy attentos em todo

o discurso deste Congresso.

O Duque não só queria evitar a necessidade da pompa, mas fazer com muyto

segredo o acto da assinatura em razão da reposta que esperava de Paris como assima

dessemos, e assim nos propos primeiro hir assinar a caza de huma dama de qualidade

o que nós recusamos por muytas razões. Propos o segundo modo em que conviemos,

e foy este. Fora das portas desta cidade há hum passeo grande chamado o Malho,

adonde em certas horas não concorre pessoa alguma; ali fomos, e entrando a pé como

se costuma, nos por huma parte, e o Duque por outra nos encontramos junto a huns

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assentos sem mais companhia que a de hum Secretario comnosco, e outro com o

Duque.

Apresentados os dous originaes em portugues, e castelhano os assinamos, e se

lhe puserão os sellos em obrea que hião já prevenidos supposto que os das outras

pazes se houvessem posto em lacre, porque no dito lugar não haveria modo de lavrar

sem indecencia que desejávamos evitar, pois já que naquelle acto era irregular, não

fosse indecorozo, nem pode haver escrupulo na obrea, assim porque os sellos reaes

que /fol.278/ pedem mayor firmeza se nao poem em lacre, como porque a duração

destes tratados que agora assinamos não he necessaria mais que até que se ratifiquem

pois então toda a validade está nas ratificações.

Com a brevíssima demora voltamos pellos mesmos caminhos por onde

tinhamos hido, e ficou por então em total segredo a assinatura do tratado.

Nestes tivemos huma circunstancia muy estimavel, e que nos dá gosto grande,

entendendo que há de agradar a El Rey Nosso Senhor. Vossa Merce bem sabe que

nunca se pode conseguir em semelhantes tratados a igualdade da Coroa de Portugal

com a de Castella, e por isso no capitulo 33” das nossas instrucções se declara que

cedamos aos Ministros de Espanha. Comtudo he certo que esta differença entre as

ditas Coroas he muy sensivel, por cuja razão quando assinamos a paz com França

procuramos ja que não conseguíamos a igualdade ao menos dar principio a huma

questão que no tempo futuro poderia conforme fossem as conjunturas decidir-se a

nosso favor, e assim fizemos hum protesto formal pedindo certidão ao Bispo de

Bristol para que algum dia mostrasse Portugal que o ceder a França não era materia

sem disputa, e tambem para que nunca o exemplo do Congresso de Utrecht nos

fizesse damno a esta retenção. A mesma difficuldade que /fol.279/ achamos com os

francezes podiamos recear com os castelhanos, que talvez terão mais razão, pois com

elles havemos feito mayor numero de tratados, porem agora ou por fortuna de nos

outros, ou por ignorancia do Duque nos deixou elle lograr o que parecia impossível

conseguir-se. No original português se nomea a El Rey Nosso Senhor primeiro que a

El Rey de Castella, e sempre a Coroa de Portugal vay com precedencia á de Espanha,

preferindo do mesmo modo nós outros ao Duque no contexto e na assinatura, e

observando-se desta sorte huma total igualdade, que já dissemos a Vossa Merce que

temos sempre praticada ainda nas menores circusntancias, de que por não ficar

memorias. Em 29 de Março do anno passado avizamos a Vossa Merce que por termos

ja este intento ainda que fazíamos duas copias do projecto, e as mostrávamos aos

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Ministros castelhanos, não lhe entregavamos mais que a copia castelhana, porque

elles não mandassem a portugueza a Madrid, de donde lhe podião advirtir a etiqueta

que nos parecia ignorarem; não nos enganamos na imaginação, e para que logremos

inteyramente o desígnio tambem por agora ainda lhe não pedimos treslado do mesmo

original espanhol que assinamos, nem lhe damos copia do nosso original portugues,

porque não queremos que a mandey a Madrid, nem se saiba naquella Corte /fol.280/

o erro do Duque se não depois de trocarmos com elle as ratificações, quando ja não

esteja na sua mão emenda-lo, nem lhe aproveyte a advertencia da sua Corte. por agora

não entende o Duque que faltou a onzo, o que nasce de haver elle praticado e mesmo

com Inglaterra, e he certo que se nesta occazião se lograr a igualdade não poderão em

outra disputa-la os castelhanos, e com o seu exemplo terão menos razão os francezes

para insistir na differença.

[...]

/fol.283/ [...] Penosa cousa tem sido a de tratar com este Ministro, e ainda

temos bem que sofrer-lhe ao trocar das ratificações, mas se merecermos a fortuna de

que El Rey Nosso Senhor approve o que havemos obrado no seu serviço julgaremos

muy gosotza, e muy suave a nossa negociação.

[...]

/fol.324/ As ratificações da paz de Portugal com /fol.325/ Castella se trocarão

em dous do corrente ás duas horas depois do meyo dia ficando com aquelle acto

acabada a nossa negociação neste Congresso; na qual nos julgamos muy venturosos,

pois que Sua Magestade que Deos guarde se digna de aprovar o que havemos obrado.

Por conhecermos o grande zelo de Vossa Merce no real serviço lhe repetimos

os parabens desta final conclusão, e na verdade nos parece que sendo o tratado pellos

seus artigos decoroso para esse Reyno especialmente o he pella circunstancia da

igualdade entre as duas Coroas que até agora se não havia conseguido nem ainda

procurado. Nos suppomos tão consideravel que estimamos infinitamente que no feliz

reynado del Rey Nosso Senhor se mostre que a Coroa de Portugal não deve ceder a de

Castella consentindo-lhe algum género de precedencia.

Neste Congresso o praticamos com tal cuydado que faríamos agora huma

relação muy difusa se houvessemos refferir a Vossa Merce todas as particularidades a

que attendemos, e com a mesma exacção obramos o troco das ratificações.

A de Sua Magestade que trouxe Joseph Peixoto chegou no primeiro do

corrente, e como desejávamos livrar-nos do grande receyo que tinhamos em que a

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Corte de Madrid fizesse difficuldade sobre a assinatura do original português se

tivesse noticia delle /fol.326/ não quisemos perder tempo, em andamos no mesmo

ponto em que chegou a ratificação comunica-la ao Duque de Ossuna, que naquelle dia

havia tomado huma purga, e preguntar-lhe se no seguinte poderíamos fazer o troco na

forma em que havíamos disposto com elle.

Respondeo que estava molestado, mas que promptamente nos buscaria. Na

menhaãa seguinte veyo a esta casa, e depois de ajustarmos o que se havia de fazer

sahio no seu coche pello caminho da cidade que vay para o malho adonde voltou

passeando, e indo nós pello mesmo caminho se encontrarão e pararão os coches sem

que houvesse preferencia da mão direyta ou esquerda porque a ambos era commua,

pous que elle vinha buscando a cidade, e nos sahiamos della. Tambem quando

assinamos o tratado no Malho entramos do dito passeo pella parte direyta que fica na

mão mais perto da cidade e o Duque entrou pella parte esquerda que fica para o

campo de sorte que se na igualdade destes actos, pode haver diferença esteve a

ventagem da nossa parte.

Tanto que pararão os coches, dentro delles trocamos as ratificações, que ja

anteriormente estavão vistas e examinadas; e seguindo cada qual o seu caminho se

terminou o ultimo acto da paz geral de Utrecht que tambem havia principiado pello

tratado da suspenção de armas de Portugal o qual foy o primeyro que aqui se ajustou.

/fol.327/ Permita Deos que a nossa seja duravel e que assim como os ditozos

vassallos de Sua Magestade são devedores á sua real constancia das utilidades e

decencia com que se ajustou este tratado, (pois seria muyto menos ventajoso se Sua

Magestade houvesse consentido nas infiéis persuassões da Rainha de Inglaterra).

Assim tambem lhe devamos o beneficio da segura tranquilidade com que esperamos

lograr os frutos de tao felis e glorioso reynado.

[...].

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II. Embaixadas do Conde de Tarouca em Utreque (1710-1715) e Viena

(1725-1738)

Doc.2. Ofício do Conde de Tarouca para o Secretário de Estado português sobre as

vantagens e desvantagens de vir a desempenhar funções em Madrid. [Utreque?],

[1715?]. BNP, Arquivo Tarouca nº 169, fols.6-10v. [Excerto].

/fol.6/ Copia da carta de 12 de Fevereiro que levou Jozeph Peixoto

[...]

Confesso diante de Deos que esse carinho puxa por mim com os mais fortes

calabres, mas como por outra parte a birra, e desconfiança, contra a corte me prende, e

embarassa quero temperar estes affectos /fol.6v/ preferindo o do carinho, e lizongear

me com a concideração de que me vou chegando para Vossa Senhoria. Isto vem a ser

partir eu para Portugal, mas dilatar-me hus seis mezes em Castella se El Rey me

quizer ali empregar em huma breve Embaixada.

Concideremos agora se isto se he factivel pello que respeita a El Rey, e se he

factivel pello que me respeita a mim; quanto a El Rey se este Senhor me não quer dar

nada como a experiencia tem mostrado, nem lhe firio de nada na sua corte he natural

que queira lucrar se da prezença de hum homem quexozo quando para dar me esta

comissão, nem he necessario nova escolha, nem nova balança de merecimentos, se

não dizer me que ao passar por Madrid me dilate ali algunss mezes a fazer o

comprimento e saudação da nova amizade. Eu bem sei o como ahi metem escureçido

os meus inimigos, mas não espero que me provasem tal incapacidade, que seja

indigno desta nova comissão, principalmente se Vossa Senhoria insinuar da minha

parte, que a dezejo pois sem essa deligencia bem creyo que El Rey se não lembre de

mim por aquelle esqueçimento que a meu respeito se lhe tem feito natural.

Pode ser que haja prometido a alguem esta embaixada mas ainda mal que com

experiencia propria conheçemos a pouca observancia das suas promessas, e

finalmente seria couza estranhissima que quem me achou capas de huma tam

importante negociação, como a que treminei me não ache capaz de fazer hum

comprimento naquela mesma terra por donde passo. Ora eu entendo que assim El Rey

como os seus ministros vogais me devião offereçer esta comissão, e que para salvar a

injusta de votar em /fol.7/ outro era necessario mostrar que eu a não queria.

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Vamos a segunda parte a saber se he factivel pello que me respeita a mim.

Para isto he necessario repetir a Vossa Senhoria o que me pareçe que ja lhe escrevi.

Eu cheguei a dever neste Congresso quazi noventa mil cruzados, porem graças a Deos

e Vossa Senhoria na venda do coche, cavalos, e na paga doz soldos me alcansou

trinta, e nove, a isto acrescentei algumass adições como de outro coche que vendi

aqui, e o que poupei nestes últimos mezes, ou tempos, porque he certo que depois que

se acabarão os banquetes de Utrecht poupei alguma parte das minhas mezadas de

sorte que a minha divida no fim deste mes será somente de trinta mil cruzados justos.

Isto suposto faço estas contas se eu daqui for direto para Portugal he provavel

que El Rey me de huma ajuda de custo, talves não larga, e que tudo o que faltar para

pagar a minha divida saya de alguma prata propria que venderei e importará toda sete

mil cruzados; saya tambem do que me derem pelos meus cavalos, e saya finamente de

algumas letras que passarei sobre a minha caza com tal dilação no pagamento que

possa servir a satisfazer se, e eis aqui como partirei se não houver de ter outro

emprego, porem no cazo em que me empreguem em Madrid posso ter por certo que

El Rey me trate ao menos como tratou a D. Luis da Cunha pois quando o mandou

passar de Londres para este Congresso lhe deu trinta mil cruzados; a saber vinte como

Embaixador, e des para dezempenhar se; ora poiz se me derem estes trinta com elles

pago inteiramente o que devo ficando me a minha prata, os meus cavalos, /fol. 7v/ e

El Rey por este modo pode ser que poupe algum dinheiro porque qualquer outro que

for a Madrid, nunca há de ter menos de vinte, e se elle me há de dar ajuda de custo

para sahir daqui sem nova comissão, espero que esta seja de mais de dez de sorte que

quem dá trinta, para huma e outra couza, pode ser que lhe saya mais barato, e tem

menos hum nosso embaixador a quem premiar.

Hora pois se eu tenho prata, cavalos, couches ordinários, e pratos de meza,

todos os criados vestidos, e emroupados, tapessarias, vestidos, e tudo o necessario,

pois que em Madrid não hei de mister mais caza do que tenho em Utrecht pergunto a

Vossa Senhoria qual he a nova despeza que tenho de fazer na dita 2ª missão. Primeira

a jornada, eu sempre hei de hir se Deos quizer pello mesmo caminho, e sempre a

minha familia ha de hir, ou para Lixboa ou para Madrid. Em 2º lugar hei de fazer hum

coche se ouver entrada e huma libré para as quais duas despezas dirá Vossa Senhoria

não tenho dinheiro, pois dispendo todos os trinta mil cruzados em dezempenhar me

aqui, mas a isto respondo, que assim como para sahir de Holanda se eu não tiver os

trinta hei de vender a minha prata, e cavalos, tambem depoiz para sahir de Madrid, e

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pagar o custo do coche e librez venderei essa tal prata, e esses tais cavalos de sorte

que toda a conta vem a ser huma, antes ganho de maiz a joya que hei de ter em

Madrid. Vamos ao gosto ordinario; estou informado pello Duque de Ossuna, pello

Marques de Monte Leon, e pello Barão de Capre de como ali vivem os Embaixadores

tenha Vossa Senhoria por certo /fol.8/ e infalivel que he a Corte adonde elles gastão

menos quotidianamente e que além dos que lhes dão seus amos tem cem dobrois cada

mes que lhes dá El Rey de Castela pellas franquezas; nunca dão de comer, não podem

andar, nem ainda em entradas publicas mais do que quatro cavalos, e por essa rezão

me ajustaria á mezada que se assignalar.

Agora depois de assentar, que pello que toca aos meyos he possivel, e muito

possivel, devemos pezar o que ganho, e o que perco naquela assistencia, ganho o

mereçimento de huma embaixada mais que me pareça ser util espeçialmente para

alcansar o titulo de Marques, espero o retardar me seis mezes, porque não suponho

que El Rey queira mais demora ou quando muito hum ano o gosto de ver a Vossa

Senhor; Nisso muito perco, porem lembro me a grande falecidade com que de Madrid

podemos escrever-nos, o pouco que custão ali os expressoz e que podemos estar

dispondo as nossas couzas, e nossaz medidas como se estivéssemos juntos porque na

verdade o estar em Madrid quanto para a correspondencia he o mesmo que estar em

Coimbra, e finalmente folgarei recordar a Vossa Senhoria o enfado que ha de ter de

ouvir as minhas caramunhas contra a Corte quando eu chegar a ella o que tudo visto, e

o mais dos autos, digo por concluzão ou por via de testamento, e ultima vontade, que

em primeiro lugar, e sobre todas as couzas humanas, quero obedeçer a Vossa

Senhoria e dar lhe gosto, e em 2ª lugar dezejo ardentemente que Vossa Senhoria se

conforme com este meu desígnio para que eu então o dezejo, a procure; em 3º lugar

peço a Vossa Senhoria faça hum conhecimento de estado de minha molher, de seus

filhos de Vossa Senhoria e Fr. Bernardo se ahi estiver para que ouvindo-os Vossa

Senhoria rezolução/fol.8v/ se tenho rezão.

A mim me pareçe sem duvida, mas no cazo em que Vossa Senhoria não queira

que eu siga este caminho, será bom tello advertido algumass circunstâncias; estas são

que eu não fallo a Diogo de Mendonça em licença para retirar me depois de trocada a

ratificação, porque he melhor que El Rey me mande partir daqui quando elle quizer

para assim ser maior o merecimento nesta missão. Isto suposto tambem não he ainda

tempo de fallar na ajuda de custo para dezempenhar me, e ou hei de fallar nella depois

que me vier a ordem, ou Vossa Senhoria ha de ter o trabalho de pedir a ajuda em meu

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nome quando souber que ahi me mandão recolher, e quando Vossa Senhoria tiver

rezoluto que eu não faça a Embaixada de Madrid, ou que ahi não me não querer dar.

Para este cazo lembrarei a Vossa Senhoria os requezitos que esforção o requerimento

da ajuda de custo. Dom Luis da Cunha quando veyo para aqui não só teve des mil

cruzados para desempenho, mas já havia recebido de El Rey D. Pedro quatorze mil

cruzados para esse mesmo dezempenho, e se El Rey nosso Senhor em mezadas e em

ajudas de custo me da o dobro do que dá a D. Luis por supor o meu gasto dobrado,

pareçe que tambem a ajuda de custo, para dezempenho devia ser dobrada. O modo

que El Rey tinha mais airozo de dar me a ajuda era acabar de pagar o aluguel das

cazas de Utrecht para a qual ao principio me eu dez mil florins, mas como o resto do

aluguel foy a maiz de vinte mil cruzados não me atrevo a espera-lo. Este exorbitante

alguel há de ser o Achilles do nosso requerimento ajudado tambem com a

çircunstancia de /fol.9/ de não haver tido joya, nem aqui, nem em Inglaterra, e

ajudada tambem com as jornadas da Haya, cuja satisfação me era devida de justiça;

cuja mandei a Vossa Senhoria hum rol dellas a que se deve acrescentar mais quatro, e

agora lhe mando tambem a conta dos alugueis de Utrecht.

Concedida a ajuda para o dezempenho seja ella qual for, peço a Vossa

Senhoria que encaminhe na forma que lhe pareçer o ponto mais delicado, e

mesteriozo do meu socorro que vem a ser a continuação que pudermos alcansar das

mezadas dobradas, pois conforme as antigaz ordens, eu não devo vence las mais do

que emquanto estiver em congresso, e assim no dia em que trocar as ratificações

suponho que espira esta graça, e assim não sei se lograria que mas queirão continuar

athe que chegue a Portugal. Na verdade era huma graça em que El Rey não daria

escanda lo; nem exemplo e ensensivelmente pilhava em hu grande socorro porque

meu Senhor quatro mezes que eu falte na jornada daqui para Lixboa importa a

diferença des mil cruzados, e assim comummente para a bolça, e evitar o ruido que

empregamos mais pólvora, em airosos em conseguir a continuação das mezadas do

que em ser mayor, ou menor a ajuda para o dezempenho; porem torno a dizer que se

me nomearem para Madrid me sogeitarem a que me cortem as tais mezadas, porque

reconheço, que isso he já outra embaixada, e já não respeita a plenepotencia. Quando

El Rey me manda recolher /fol.9v/ o que me pareçe que por nennenhum modo

devemos despertar necessito de vender algumass couzas, como ja dice especialmente

cavalos, e sobre esta materia consulto e recorro ao Conde de Villar Maior porque seria

desavergonha muito em mim apertar tanto com Vossa Senhoria assás lhe vai nesta

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carta, em que exercite a sua paciência, e bondade. Eu muito confio nella, mas ainda

assim seguro a Vossa Senhoria que se se estivera na sua prezença não lhe havia de

pedir tanta couza mas estou longe et epistola nom erubescit; ora para que Vossa

Senhoria acabe de admirar a minha impertenencia em pedir ainda tenho varias

couzinhaz com que o importunar. A primeira he que aplique a Diogo de Mendonça

que me responda ao que ultimamente lhe escrevi sobre os homeñs de Olanda, pois

emquanto os não comparar-mos he certo, e infalível que a dita Provincia, não há de

consentir no pagamento, e como ella fes o protesto, que já referi aos Estados Geraez

tambem as outras Provincias não darão vintem, e assim tenhão, ou não tenhao rezão

os mercadores convem compo-los.

A segunda posição he que Vossa Senhoria favoreça a Jozeph Peixoto para que

lhe dem a recompença igual a boa noticia que leva, porque sendo provavel que ahi a

estimem muito tambem he rezão que dem boas alvicaras principalmente a quem fas a

carreira no rigor do Inverno, não sendo correyo de profição, pois que esses não

sentem o trabalho, e com tudo aqui chegou algum dos tais correios em mizeravel

estado. Eu desejaria ter commigo algum dos meus parentez chegados, para o mandar

com esta paz por ser o custume, mas em falta delles a tinha destimado ha muito tempo

para A. da Silva, ou Diogo de Aveiro, porem o achaque de hum, e as poucas forças do

outro, não lhes permitirão correrem no inverno, e assim pois que a fortuna de Peixoto

lhe deu a occazião folgarei muito que o /fol.10/ favoreção, e na verdade se a Manoel

de Sequeira derão cento e vinte moedas não levando nova alguma, antes mas novaz

porque não darão mais a quem levar a nova dezejada, e se fizerem diferença de

pessoas então nesse cazo desconfiarei porque Manoel de Sequeira se he secretário de

D. Luis, Jozeph Peixoto he meu secretário, e Manoel de Sequeira voltou por agoa

donde se gasta pouco, e este há de voltar por terra emfim fação o que quizerem mas

eu sempre espero que Vossa Senhoria o patrocine.

Terceira petição, he que Vossa Senhoria mande tomar cuidado em que se

entreguem as minhas cartas, porque he couza tirana que eu me arebente a escrever, e

ahi se não entreguem as cartas. Não me pareçe natual que havendo escrito a minha

Irmã a Senhora D. Catherina, a sua filha e a seus dous cunhados nenhum me haja

respondido depois de tantos mezes, e assim suponho que não receberão as cartas, se

não he que estejão mal commigo o que eu não tenho dado occazião.

O sobre dito Peixoto leva consigo huns poucos de exemplares de hum livro

que se impremio aqui no anno passado referindo as principais das minhas festas. He

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feito por um gazeteiro desta villa em que dis bastantes parvoices, e essas espero que

mesmo me sirvão de prova de que não concorri para o livro, antes sinto a muita parte

de fortuna que elle tira as minhaz festaz nas suas malditas estampinhas; comtudo ellas

la mostrão alguma couza, e posso segurar a Vossa Senhoria na fé de honrado que

pello que toca a pompa não pos o gazeteiro ou de buxador nada mais do que a

realidade. Eu não /fol.10v/ sei se ouvese este livro nessa corte, me fas bem, ou me fas

mal, porque pode ser que tenhão por doidise tanta despeza mas como elle anda pello

Mundo hé certo que lá ira parar o que me peza he que não será escrito por outra mão,

e que as estampas me tenhão motilado a mayor parte de fermozura que houve nestas

queixotadas.

Tambem Jozeph Peixoto leva as voltas para El Rey e peco a Vossa Senhoria

me diga se lhe agradarão. Valha me Deos quantas couzas peço a Vossa Senhoria.

Confesso que estava cansado de pedir, e Vossa Senhoria nunca o estará de conceder

guarde Deos a Vossa Senhoria muitos anos Utrecht.

Doc. 3. Despacho do Secretário de Estado português para o Conde de Tarouca sobre

o Embaixador do Imperador não ter visitado o Embaixador português, Marquês de

Abrantes, na Corte de Madrid; pede-lhe que reclame junto do Imperador

relativamente a esta situação, Lisboa, 10 de Junho de 1727. BNP, Arquivo Tarouca nº

180, fols.1-1v. [Excerto].

[fol.1] De 10

Pello correyo ordinario recebi a carta de Vossa Excelencia de 3 de Mayo passado

e pello expresso que chegou hontem as de 18 do mesmo que todas farey presentes a

Sua Magestade e o que for servido resolver participarey a Vossa Excelencia pello

mesmo expresso. Entretanto direy a Vossa Excelencia que o Embaixador dessa Corte

na de Madrid ate agora não buscou o Marques de Abrantes; o que podia proceder da

molestia da gota, mas como este lhe não embaraçou passar a Aranjuez seguindo a

Corte se pode presumir, que está de animo de não buscar ao mesmo Marques, e o que

mais he esperar que este o busque, e vendo frustrada a sua vãa, e irregular esperança

passar a queixar-se a Corte da falta da imaginada vizita, no cazo que assim suceda e

que os Ministros della falem a Vossa Excelencia na materia, ordena Sua Magestade

que Vossa Excelencia se formalize com elles, mostrando-lhes que Sua Magestade

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Imperial deve reprehender o dito seu Em-[fol.1v]baixador de haver-lhe passado pella

imaginação huma tão temeraria ousadia, ordenando-lhe vá logo visitar o Marques de

Abrantes, pois esta he a sua obrigação, como praticarão o Nuncio, e o Embaixador,

que residem na Corte de Madrid, na qual tem sido muito escandalosa a falta da

referida visita, que o mesmo Embaixador devia fazer ao Marques, acrescentando

Vossa Excelencia tudo o mais que lhe dictar a sua consumada prudencia, porem se

essa Corte lhe não falar a Vossa Excelencia neste particular he Sua Magestade servido

que Vossa Excelencia por hora se não queixe da falta da dita visita.

[...]

Deus guarde a Vossa Excelencia. Lisboa Occidental a 10 de Junho de 1727.

Diogo de Mendoça Corte Real.

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III. Embaixada de Pedro de Vasconcelos e Sousa em Madrid (1716-1718)

Doc.4. Carta de Luís de Melina para o Marquês de Grimaldo pedindo-lhe o

passaporte de Pedro de Vasconcelos e Sousa, Madrid, 26 de Dezembro de 1715. AGS,

Estado, Legado 7087, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Muy señor mio. Haviendo nombrado el Rey mi Señor D. Pedro de

Vasconcelos por su Embaxador en esta Corte, suplico a Vuestra Señoria de ponerlo en

la real noticia de Su Magestad Dios guarde que se sirva mandar despachar pasaporte,

afin que el Embaxador pueda entrar en este Reyno con toda su comitiva, ropa, y

carruaxe, sin que le ponga impedimiento [fol.1v] alguno en ninguna parte, y como el

Embaxador esta para salir espero que Vuestra Señoria propondra con la brevidad

possible, y que me concederá muchas ocasiones de su mayor agrado y servicio en que

exercite mi obedeciencia. Guarde Dios a Vuestra Señoria muchos anos. Madrid y

Diziembre 26 de 1715.

Beso las manos de Vuestra Señoria

Su mayor y mas seguro servidor

Luis de Mellina

Señor Marques de Grimaldo.

Doc.5. Consulta do Conselho de Estado sobre o Embaixador de Portugal ter colocado

as armas à porta de sua casa antes da sua entrada pública; consequências e resolução

deste assunto. Madrid, 17 de Março de 1716. AGS, Estado, Legado 7363, fols.1-6v.

[Transcrição integral].

[fol.1] Conde de San Istevan

Duque de Arcos

Marques de los Balbases

Señor

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Hase visto en el Consejo, (como Vuestra Magestad se á servido mandar-lo) el

papel adjunto del Conductor de Embaxadores de 11 del corriente, para Don Juan de

Elizondo, en que dice le a parecido de su obligazion participarle haver visto, que el

Embaxador de Portugal, ha puesto las armas de su amo, sobre la puerta de su posada,

no haviendo tenido todavia la primera audiencia publica [fol.1v] de Vuestra

Magestad.

Con este motivo ha hecho presente la Secretaria que el estado en que se halla

este Embaxador es en el de haver presentado las copias de sus credenciales, y

admitidosele, por venir en forma conbeniente, de que le está dado aviso (segun

Vuestra Magestad lo mando) por medio del Cardenal de Jucice, y del Conductor.

Assi mismo hizo presente la Secretaria que haviendo dado quenta el

Conductor, en papel de 11 de Mayo 1714 [fol.2] de haver executado el Embaxador de

Sicilia, este mismo acto de fixar las armas de su amo sobre la puerta de su morada sin

que huvie se cumplido antes, con lo que previene el ceremonial que Vuestra Magestad

tiene resuelto se practique con los Ministros extrangeros, que vienen á residir en esta

Corte con caracter de sus soveranos, y teniendose presente lo que entonces aserto la

Secretaria (entre otros puntos) de no hallarse exemplar que [fol.2v] Ministro alguno

extrangero huviese manifestado el excudo de las armas de su soberano, sin ser primer

admitido con el caracter que trae señalado en sus credenciales; fue de parecer el

consejo la consulta de 24 del mismo, se le advertiése á dicho embaxador quitase las

armas, ó se abilitase á tomar su audiencia publica de Vuestra Magestad, y que esta

advertencia se le hiciese directa, ó indirectamente, por el medio que Vuestra

Magestad [fol.3] tuvie-se por mas a propósito, a que Vuestra Magestad se sirvió

responder.

Como parece, y assi lo he mandado.

Y ultimamente, hizo presente la secretaria que por decreto de 26 de

Septiembre del año próximo pasado, se sirvió Vuestra Magestad participar al consejo

havia dispensado al embaxador de Francia, la gracia de que asista a las funciones

publicas de capilla, no obstante, no haver tenido audiencia publica [fol.3v] de Vuestra

Magestad concluyendo la secretaria con que se tiene entendido que este Ministro á

fixado assi mismo las armas de su amo, sobre su pueerta aunque el Conductor no á

dado parte de ello.

El Consejo en inteligencia de todo representa a Vuestra Magestad que em

Embaxador de Portugal sigue la pauta que esperó el Embaxador de Sicilia, sin mal

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razon que su antojo, y que á logrado por haverse le permitido pues si se le huviese

amonestado [fol.4] alguna vez quitase las armas, y si se huviere hecho desentendido á

esta advertencia, se huviesen aplicado los médios que fuesen eficaces para el logro,

como haver-le prohivido Vuestra Magestad no solo la entrada en su real Palácio, si no

las audiencias del Ministro que cuyda de los negócios extrangeros y si, no bastando ni

aun esto, huviese Vuestra Magestad mandado que un alcalde huviese ydo a su cassa, y

quitado en mitad del dia, las armas [fol.4v] de su soberano, quedaria este Ministro

advertido, assi de no tomar-se estas licencias, como de no introducir novedades, poco

decentes a la authoridad de Vuestra Magestad, y sin poder formar quexa, pues

mientras los individuos destinados á semejantes públicos empleos, no hacen su

entrada publica (precediendo todo lo que está dispuesto, por los ceremoniales de las

Cortes àdonde van) no devend ser reputados por Ministros, si solo por un [fol.5]

individuo forastero, como otro qualquiera de su nacion, guardando á cada uno las

distinciones que les dio su nacimiento, como el consejo represento aá Vuestra

Magestad en consulta de 24. de Mayo del año próximo pasado, y en otras posteriores,

y se huviera ebitado tambien que los demas Ministros públicos, apoyados con este

permitido exemplar , no lo huviesen seguido , y le quieran yá executoriado.

[fol.5v] Es inegable, Señor, que las personas y cassas de los Ministros

públicos (despues de estar reconocidos por tales) gozan de todos los previlegios , que

el derecho de las gentes, y la fée publica (porque ellos lo son) les concede, pero que

sin ser-lo quieran que los balga , y que lo logren, como se ve, cree el Consejo que no

se practica, ni se les concede, ni aun en las Cortes de la mas infeliz Reppublica mucho

menos se les deve permitir en la de Vuestra Magestad por [fol.6] tantas razones,

acrehedora á la mayor veneracion, pero el respeto, Señor, no solo se consigue con

palabras, es menester que las ôbras lo executorien, y aunque no todo, deve advertirse,

es mucho mas perjudicial al servició de Vuestra Magestad y contra el disimularlo

todo, máxima que considerada á la luz de la razon, no admite disputa.

En este caso de Embaxador de Portugal tiene el Consejo por conveniente que

Vuestra Magestad lo disimule, porque [fol.6v] si se pasara algun oficio con el,

extrañando su adelantamiento, y satisfacier-se, diciendo que no á hecho , su no es

seguir el exemplar, que le han dado, el de Francia, y Savoya, (que viendo lo

practicado, no pudo dudar ser con orden de Vuestra Magestad) no abrá que

responderle, siendo mas ayroso á Vuestra Magestad dejar-le en su errada crehencia,

que no sacarle de ella.

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Vuestra Magestad resolveria lo que fuere sercido.

Madrid a 17 de Marzo de 1716.

Resolucion de Su Magestad

Quedo enterrado, y ordenese al Marques [fol.7] de Capecelatro, ponga mis

armas en la puerta de su cassa, antes de haver tenido su audiencia publica, y

executado esto ya, por el Marques, se declarará aqui, que ayan los Ministros públicos

extrangeros de observar en adelante la practica que antiguamente se observava. Y por

lo que mira al de Francia, se sabrá y me informara el Consejo, lo que estilava antes,

con los de Alemania.

Doc.6. Consulta do Conselho de Estado a pedido de D. Juan Elizondo sobre o

Embaixador de Portugal ter colocado as armas à porta de sua casa antes da entrada

pública; ministros que dispunham deste privilégio em Madrid, Madrid, 28 de Março

de 1716. AGS, Estado, Legado 7363, fols.1-3. [Transcrição integral].

[fol.1] Conde de Santisteban

Duque de Arcos

Marques de los Balbases

Señor

Con motivo de lo que Vuestra Magestad se sivio de resolver en la Consulta

adjunta de 17 del corriente procedida de haver dado quenta el Conductor de

Embaxadores de que el Embaxador de Portugal havia colocado las armas de su amo

sobre la puerta de su posada sin haver tenido la audiencia publica; si digna Vuestra

Magestad mandar al consejo que [fol.1v] por la manera al Embaxador de Francia se se

pa [sic], e, informe lo que estilava antes con los de Alemania; sobre que hizo presente

la secretaria, que haviendo reconocido el papel que formó Don Carlos de Castillo

Conductor que fué de Embaxadores tocante a las formalidades y etiquetas con que

eran admitidos los Ministros públicos, y exercian de tales no se halla noticia de que

[fol.2] ningun Embaxador de Alemania aya manifestado las armas de su amo, sin

preceder su audiencia publica; y solo se adverte en el referido papel, que siendo estilo

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salir el conductor á rezivir a los embaxadores de todas las coronas (quando venian a

esta Corte, y de que daban aviso al conductor) hasta una, o, duas léguas lo mães, en

coche de la real cavalleriza para conducirlo a su [fol.2v] posada; los de Alemania

alteravan esta zeremonia por que venian á apearse en derechura a Palácio donde

tenian audiencia privada de Su Magestad considerandolos como domesticos; pero en

la Secretaria no consta, que por esto dejasen de cumplir despues con el zeremonial

acostumbrado.

El Consejo en inteligencia de lo que á hecho presente la Secretaria sobre este

asumpto; lo [fol.3] pone en la real considerazion de Su Magestad para que en su vista

resuelva lo que fuere servido.

Madrid 28 de Marzo de 1716.

Resolucion de Su Magestad.

Quedo enterrado y se observará assi en adelante.

Doc.7. Suplimento de la Gazeta de Madrid narrando satíricamente a saída de

Madrid do Embaixador de Portugal a 30 de Janeiro de 1719. BGUC, Manuscrito nº

343, fols.61-64. [Transcrição integral].

/fol.61/ Suplimiento de la Gazeta de Madrid

Fuese el Embaxador de Portugal y no lo dixo la gazeta porque tuvo entendido que Sua

Excelencia ny vá, ny viene.

Fuese en fin con la intencion

de que pueda haver logrado

con el Consejo de Estado

la Torre de San Gion.

El dia lunes 30 de Henero de 1719 deste prezente partio Sua Excelencia para

Portugal a ser Señoria (y dará gracias a Dios) dispuzo su viage en aquella religioza

modestia del que muere dezenganâdo, y pide le entierren sin pompa; Constava su

Cometiva de dos Criados uno lacayo, en ajuda de Camera que Sua Excelencia hizo

por sus manos, yera quien lo havia todo: otro con ajuda de Camera en Cavalheriso

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que Sua Excelencia mando hazer por su Decreto para las nessesidades, como Caza

que para creerse que se alquila és menester que le pongan cédulas: era esta buena

alaxa un mancebo, parto excrementiso de alguna Ballena terreste en quien el âmbar

gris de su naturaleza dexo estampada la honestidade de su color; /fol.62/ llevava un

cocheiro alquilado, y el sottaviento, un lacayo de legitimo matrimónio, y oltro con

praza de cyninco, que le ajudase a llevar la trus en el camino; estos eran los

especiozos indivíduos de que se componia la familia de Sua Excelencia los negros

havian marchado adelante porque haziendo Sua Excelencia capricho de dar a [?] un

buendia [?], e nel de su felis arribo deshizose de aquellas nieblas porque despues de

una granda borrasca tale mas luzido el sol. No pano aqui el triunfo para Sua

Excelencia parecer redentor de Su Patria en el Embaxada de Hespaña, llevava un

religioso cautivo de la orden Sarafica recien llegado de Argel, Capellan intruso en su

viage, porque nunca Sua Excelencia aqui lo tuvo en propriedad: y ban tambien dos

carros matos cargados de conceptos, en figuras de trastos, cobiertos con las armas del

Embaxador; que servian como en la sepultura de guardar polvo y ceniza; seguiendo se

dos calessas de caminho alquiladas de industria por el ruido de las campanillas,

sobrado desperdício para la natural cincera parcimónia de Sua Excelencia, y ban asi

mismo sinco cavallerias rogadas que servian como de testigos en el codicilo del viage,

que el Embaxador anãdio despues de haver echo su testamiento, dexando /fol.63/

subuen secretario por legado a Madrid, donde se halla empeñado por seis reales y

medio de vellon, que quedó a dever poco mas u menos, y rematavasse este luzido

testamiento en la carrosa de la persona no sin particular providencia pintada de

encarnado, en quien por cuenta de su dueño se avivaron entonces los colores de la

verguença com que salio de Madrid.

Aun que con mucho sosiego como otro Elias se escapa no se soltara la capa

siendo en carrosa de fuego.

Aguardáva Sua Excelencia el Real passaporte para la salida que llego alas do

de la tarde, puzo se a camino, y despediendo se de los domésticos en secreto, porque

cogiendo el viage a toda la caza en ayuzas, se hallaron todos unhabiles para los

sollosos, y elambre apenas dio lugar para unos sentimientos secos; y hasta la fuente

del jardin se vio en aquel dia sin humedad para el llanto porque dezen gañado el

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fontanero de la villa, de que havia trabajado de valde de tuvo las aguas, y uzurpo

cristales que dar llorando agradecimientos esquivos.

Este es su laurel primero fugetiva y retirada /fol.64/ dexas Daphne a la

Embaxada de un Apolo fontanero

Desde este dia con publica utilidad se experime[n]to la moderacion del precio

de algunos bastimientos que havian subido de precio por el gran consumo que

guardava su familia como ley mancipal, en la diaria manutacion de la meza de Estado

principalmiente en las cenas por la manera siguente.

Domingo por la noche, manos de carnero con arros y arros con manos de

carnero, sacadas de la olha como del entierro, huesios puros flautas cozidas de donde

se sorvian las cañas en solsa de Menueuna en salada Franceza desquadernadas las ojas

del prólogo que aquellos libros verdes, sin atrever se la mano a los cogollos, (pecado

reservado en caza de Sua Excelencia por la Bula de la cena) para pos tres, los lábios

sobre que se bebia un vaso de agua del tiempo.

El Lunes un planto de chanfayna que llegava a la meza corriendo, porque a

vezes era nessesario para la graça el que se menclase un pedaço de vela de sebo: otro

platô de versas naufragantes que nadando en agoa en medio del deluvio, justificava la

ingenioza traça de de [sic] Sua Excelencia con que en una misma acion dava a todos

sus criados de comer y beber.

El Martes un gigotede organos destemplados donde todo lo que tocavan las

manos eram huessos, otro platô de enselada en que doblada la oja no havia lmas que

leer.

/fol.63/ El Miercoles un plato de arros como sy fuese de Truchas, en que era

precizo a el que havia comer los pescar los granos: seguiá se la enselada como

calentura continuava porque o en el platô o en barriga já mas de despedio de la meza.

El Juebes volvian los levianos como quartanas despues de dós dias de tréguas,

temblava uno, y comia, y a un no havia acabádo quando ya entraba la calentura,

porque llegava la ensalada que nunca llegava.

El Viernes, dos ensaladas una sobre otra, y sy fuera depravada la intecion

siendo hembras donde y bamos aparar con las verduras.

El Sabado, en seboládo de algunos despojos de la cosina, porque varria el

cosinero la caza y no quedava cosa para el Domingo: La ensalada nó era, y parecia

Italiana unas ojas anejas, que por Viegas, y varias parecian en el platô pecúlio; y

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respecto deste cosumo, y la baja que dieron estos bastimientos los que mas padecieron

la ausência de Sua Excelencia fueron todo genero de versas, y a sy lo sentieron mas.

Entre burlas, y entre veras en una graciosa lid desto se rie Madrid y lloran las

verduras

Todavia enxergaron el llanto, porque la auzencia /fol. 63v/ es como la muerte

y en las viudas primero cesan los ojos, que las campanas: las cosas volvieron a su

antigo estado, e se venden ya al justo precio; de la poca familia dezemparado

quedavan se mirandos los unos alos otros, y cada uno se consolaba porque mas no

podia: El Mayordomo longuinos hira alogar se de sua caza como tapis, dizen que se

alquilara en la Vila para gigante de la fiesta del Corpus: los Pajes es que quedaron

elados porque quedaron desnudos; y los lacayos aviendo vencido un anno de libréa,

pagaron las costas: quien lo pasará mejor será el Portero, porque gano un esculo, y

quedo se con la campana: fue brava política de Sua Excelencia echar se el senserro

para dexar le, por cabresto desta bacada: ally se quedaron y ninguno se movia, a

tiempo que vino el Dueño de la caza, con los alveniles a tapar los bujeros de las

paredes de quien Sua Excelencia havia llevado hasta los clavos pidio las llaves, y

sacudio las pulgas, dizendo a la familia que tomasse las de villa Diego, y pusieron se

en la Calle, y el Mayordomom con mas authoridad en tres rasones y media ( porque

nunca tuvo quatro) quebrã[n]to a el silencio los ócios y dixo a los compañeros:

amigos y camarádas demos gracias a Dios que de buena escapamos, la Quaresma esta

llamando a la puerta de Abadejo lempitemo, como Celicio continuo de versas crusas,

como disciplina seca de nabos indigestos de castanas ventosas, y de judias pertinazes:

escaparon nuestras varrigas alabado seya Dios: quedamos pobres pero quedamos

holgasanes /fol.64/, y metiendo el sentimiento a burba llego el sotta cavalleriso con

quatro folligones, entretenidos en quatro moços de mulas que aumentado la fiesta

ajudarón a clavar este rotulo en las espadas de Sua Excelencia que sirva sin cargar se

la garuga para Padron de su buena memoria.

Sonetto

Señor Embaxador va Dios con el pocos amigos dexa por cá consejero de Estado no

será ni a outra sorte tendrá que ade Babel esse génio ferós, alma crue, que há de ser de

ella: el tiempo lo dirá em o que agora ya descansará pues de innocentes solo sirve

Abel Suamo y ala tiene por ruin.

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Hespaña le conoce por truanno tendrá ya salida este Rosin trató se aqui peor que un

gana pan que es lo mismo en francês que un galoin y Portugal Dios sabe vecharan.

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IV. Embaixada de Manuel de Sequeira em Madrid (1718-1719)

Doc.8. Instrução que ha de uzar Manoel de Sequeira que por ordem de Vossa

Magestade passa sem carácter á Corte de Madrid emquanto a ella não chega D. Luis

da Cunha, que Vossa Magestade tem nomeado para suceder a Pedro de Vascellos

[sic], Lisboa, 15 de Outubro de 1718. ANTT, MNE, Caixa 612, fols.1-2. [Transcrição

integral].

[fol.1] Manoel de Siqueira, havendo-me reprezentado Pedro de Vasconcellos

que os seos achaques contrahidos na Corte de Madrid se tinhão augmentado de sorte,

que não podia alli continuar a sua assistencia, sem evidente perigo de vida: fui servido

ordernar-lhe se recolhe-se a estes Reinos, logo que vos chegares aquella Corte, e vos

tiver entregue todos os papeis pertencentes á sua missão, os quais recebereis com huma

lista de todos por elle assignada, e em outra similhante declarareis ficão em vosso poder

os refferidos papeis, e tambem vos entregará huma rellação de todos os negocios que

alli tratou, declarando nella os que estão rezolutos, e os que ainda pendem; e isso do

vosso zelo ao meu serviço, e da vossa capacidade, e experiencias solicitareis os que

estiverem por findar com toda a efficacia, e boa direção.

Fuy servido rezolver que fosseis sem caracter, porque só vos haveis de deter

naquella Corte o tempo, que tarda em vir de Hollanda D. Luis da Cunha, que tenho

nomeado para suceder ao ditto Pedro de Vasconcelos e ordeno que pello ditto tempo (ou

eu não mandar o contrario) se vos assista cada mes com duzentos mil reis de moeda

corrente deste Reyno, e tambem vos mande dar tres mil cruzados da mesma moeda

corrente de ajuda de custo para compores a vossa caza.

Na carta recredencial que mando a Pedro de Vasconcellos, para dispedir-se de El

Rey Catholico meu bom Irmão, e Primo lhe declaro vos mande aquella Corte para

ficares encarregado dos negocios, que alli pendem ou occurrerem athe chegar o ditto

Dom Luis; porem com esta vos sera entregue huma carta da minha real mão para o

mesmo Rey Catholico, que pronuncio dar-lha em audiencia particular segurando lhe de

bom animo, com que fico de observar os tratados, que ha entre as duas Coroas, e

cultivar a boa amizade, e correspondencia, que tenho com o mesmo Rey Catholico.

Buscareis o Cardeal Alberoni, que he hoje o primeiro Menystro e da minha parte

lhe significareis a grande estimação que faço da sua pessoa, e que folgarey muito ter

ocçazioes de o comprazer.

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Entre os papeis, que vos ha de entregar [fol.1v] Pedro Vasconcellos achareis as

instruções, que lhe mandey dar, e observareis, o que nellas lhe ordenava que não estiver

alterado: tambem achareis na rellação dos negocios, que os principais ainda estão por

rezolver, que são o do pagamento das seiscentas mil patacas pertencentes ao assentos de

negros prometidas no tratado de Utrecht de que tendes noticia, pois assististes naquella

Villa, quando se estipulou, cujo pagamento tem retardado com a injusta pertenção dos

navios de Buenos Ayres que forão comprehendidos no mesmo tratado em que se

declarou que as prezas feitas na guerra, ou por occazião della se não restituirião, e de

todos os officios, e mais papeis, que se tem feito de huma, e outra parte que o mesmo

Pedro de Vasconcellos vos entregará, ficareis entendendo a injustiça com que se dilata

aquelle pagamento. O segundo negocio he hum equivalente, que El Rey Catholico se

rezervou dentro de certo tempo poder dar pella Collonia do Sacramento, sendo este da

minha satisfação, e com effeito o Embaixador de Castella propos da parte de El Rey seu

amo poder ir todos os annos do Rio de Janeiro hum navio a comerciar a Buenos Ayres,

e lhe mandey regeitar este equivalente, como tambem outro, que offereceo de certa

soma de dinheiro, declarando-se-lhe o mesmo, que ja se havia respondido em Utrecht ao

Duque de Ossuna fallando nesta materia, que era que eu não admettiria equivalente

algum, não sendo este em Espanha, e da minha satisfação. O terceiro negocio he o de

haver eu mandado renovar a prohibição que havia para se não admettirem neste Reynos

vinhos estrangeiros, nem servejas, prohibindo tambem as agoas ardentes, que entravão

de fora, pelo grave prejuízo, que rezultava a meos vassalos da introdução destas

bebidas, e acomodando se todas as nasções [sic] amigas, com esta prohibição, que he

licita a qualquer Princepe Soberano, sendo geral, pertendeo El Rey Catholico, que a

revogase; e porque o não conseguio, passou a prohibir os assuezes, doces destes Reynos

e o cacao do Maranhao, permittindo os mesmos generos dos outros Reinos o que he

injusto, como se mostrou em huma allegação, de direito, que se mandou ao mesmo

Pedro Vasconcellos, que elle tambem vos entregara.

Deve-[fol.2]is fazer as dilligencias possiveis para que estas tres dependencias se

concluão , ou se mandem aqui ajustar pello Menistro Castelhano, que rezide nesta Corte

fallando nellas ao Cardeal Aberoni, que mostrava dezejo de ajusta las, como lhe fallasse

nellas outra pessoa, que não fosse Pedro de Vasconcellos por algumas diferenças que

com elle tivera conforme insinuou aqui mesmo Menistro Castelhano, e assim

procurareis intereçar neste ajuste a authoridade do mesmo Cardeal, que he tão grande

que poderá logo conclui-las.

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He mui provavel que fallando lhe vós nesta materia vos responda que tem por

conveniente ás duas Coroas não só ajustar estas diferenças mas fazer se huma liga entre

ellas; neste cazo lhe respondereis o mesmo, que aqui se dice do seu Embaixador,

fazendo este discurço: que primeiro se deve estabelecer a relligioza observancia do

tratado, e que despois se podia fallar no particular da alliança, se as mesmas Magestades

entendesem, que lhes convinha, e que vós vos achais sem instrução algumas para poder

discurrer em similhante materia.

Em todos os discursos, que se vos fizerem sobre as couzas de Itallia, e de que os

inglezes obrarão nella, mostrareis huma indiferença tal, que se não chegue a preceber,

que approvais, ou dezaprovais, o que os dittos inglezes obrarão.

Com os Menistros dos Princepes com quem estou em paz, que rezidirem na

Corte de Madrid tereis boa correspondencia; porque por elles podereis saber, não só que

se passa na mesma Corte, mas nas mais de Europa, e o mesmo praticareis com os

cavalheiros da ditta Corte, que vos parecer são affectos a este Reino.

Deveis corresponder-vos com os Menistros que tenho nas mais Cortes, e para

lhes comunicares os negocios secretos, vos entregará Pedro de Vasconcellos as sifras

porque elles lhe escrevião, e tambem a porque elle lhes escrevia, e á Secretaria de

Estado.

Tudo o que não vay prevenido nesta Instrução deixo á vossa prudencia para

obrares conforme nella vos dictar, naquelles cazos, que não permittirem dares-me

primeiro conta. Caetano de Sousa e Andrade a fes em Lixboa Occidental a 15 de

Outubro de 1718. Diogo de Mendonça Corte Real a subscreve.

Rey2.

Doc.9. Pratica que se fes para repitir a El Rey Catholico Manoel de Siqueira sendo

nomeado Agente de Portugal, [Lisboa?], [1718-1719]. BNP, Reservados, Cód. 9889,

fols.86v-87v. [Transcrição integral].

/fol.86v/ El Rey de Portugal meu Amo fazendo huma singular estimação da

real pessoa de Vossa Magestade pelas suas altas virtudes verdadeiramente reaes, e

verdadeiramente catholicas, que constituem a Vossa Magestade hum dos mais

perfeitos e dos mais acumpridos Princepes de toda a christandade.

2 Á margem : “para Sua Magestade ver”.

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Me ordenou que emquanto não chegava o Ministro da primeira ordem

destinado para este ministerio, que viesse eu logo a prezença e Corte de Vossa

Magetade para que nella em nenhum tempo faltasse pessoa, que testimunhasse a

Vossa Magestade o sincero dezejo, e particular attenção com que procura, e procurará

sempre conservar com Vossa Magestade aquella boa inteligencia e digna amizade que

convem para manter não so o aumento, e tranquilidade publica de huns e de outros

Estados, mas os primeiros interesses da religião catholica de que Vossa Magestade he

protector insigne. Estes são, Senhor, os /fol.87/ verdadeiros sentimentos de El Rey

meu Amo melhor explicados nesta carta que eu tenho a honra de prezentar a Vossa

Magestade.

/fol.87v/ Pratica a Rainha Catholica

El Rey de Portugal meu Amo, que judiciozamente reconhece em Vossa

Magestade huma Princeza dotada de innumeraveis virtudes igualmente augustas que

catholicas tem a real pessoa de Vossa Magestade em tão digna, e tão singular

consideração, que eu não posso comprehende-lla, nem explica-lla dentro dos termos

das mais amplas e das mais sublimes expressões.

Vossa Magestade, Senhora, fará a El Rey meu Amo a justiça de reconhecer

tambem que as razões dos dobrados vinculos do sangue juntas a antiga e perpetua

amizade entre a soberana caza de Vossa Magestade, e a d’El Rey meu Amo devem

produzir, e produzem verdadeiramente aquella natural, e sincera correspondencia que

elle procura continuar com Vossa Magetade dezejando occaziões em que desempenhe

os referidos multiplicados respeitos, que o unem, e unirão sempre aos interesses de

Vossa Magestade. Estes são Senhora os sentimentos etecetera.

Doc.10. Ofício de Manuel de Sequeira para o Secretário de Estado português [?]

relatando as honras com que foi recebido na sua chegada a Madrid, Madrid, 23 de

Dezembro de 1718. ANTT, MNE, Caixa 913, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Madrid 23 de Dezembro de 1718

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Meu Senhor antehontem as quatro da tarde cheguei a esta Corte, e me fui apear as

Cortes do Senhor Embaxador, que não achei em caza; nella esperei por Sua Excelencia

que quando voltou fes muita honra offerecendo-me alojamento, que não aseitei por lhe

não dar mais este discomodo nas vésperas da sua partida; Honte[m] ajustei huma caza

na rua de S. Francisco mais que decente para mi[m] e fico dando ordē[m] a guarnesce-

llas, e prover-me do mais necessario para pedir audiencia particular e apresentar a carta,

com que sua Magestade que Deus guarde honrou.

Devo por na noticia de Vossa Senhoria que em Badajos fui condusido a porta da

Alfandega, como he costume, e o Adeministrador della me tratou com sumas cortesias,

e depois que leo humas cartas que o Senhor Conde de Unhão me deo para elle, porque

lhe trazia huma encomendinha para o Duque de Arcos, não só não quis que eu lhe

disese, o que continhão os meus cofres, mas insistiu grandamente comigo, para que

lojase em sua caza, de que me escusei com muita dificuldade; meia hora depois fui a

estalage com hum Official de guerra, que me disse da parte do Marques de Ceva

Grimaldi, que me não hia buscar por me não dar discomodo, que vise se queria algua

cousa, que estava prompto para me servir; que se quisese ir cear com elle o estimaria

muito, e que não fizera aquella deligencia logo que cheguei; porque quando se lhe deo

parte lhe não [fol.1v] diserão quem eu era, ao que respondi que logo iria aos pes do dito

Marques, para lhe render as graças pella honra que me fazia, e indo a sua caza, com o

mesmo Administrador da Alfandega, elle me não deixou sahir dela sem cear; depois me

mandou condusir no seo coche estalage ao alojamento e o outro dia tres mandou

acompanhar por dous soldados de Infantaria até Talavernelas. Na converçação me

preguntou muito por Vossa Senhoria. Eu lhe não dei a carta de Vossa Senhoria porque

como me não foi necesario valer-me della logo que quando cheguei, me pareceo que

depois que fazia aquella deligencia muito fora de tempo.

Aqui achei humas cartas do Senhor D. Luis da Cunha, na qual não me

respondendo, nem fazendo ao menos menção, do que lhe tenho escrito, me dis como ha

de partir quando lhe chegarem as ordens, lhe ajuste humas cazas, o que não detremino

fazer, porque não tenha nova causa de se queixar de mi[m], nem me suceda o mesmo,

que em Londres, ao que acrece chegarem mas noticias, de que o menos em que [?] he

em sahir de Hollanda.

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Doc.11. Carta do Conde de Assumar para Manuel de Sequeira pedindo-lhe que João

da Cunha Tovar e D. Pedro Quintano integrassem a sua família em Madrid, Lisboa, 3

de Janeiro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 5, Maço 4, fols.1-2. [Excerto].

[fol.1] Senhor meu. Pellas cartas que recebemos neste correio sabemos que

Vossa Merce, tinha chegado a essa Corte, o que eu estimo muito fosse com bom

successo, e que nella não só se mantenha com boa saude, mas que consiga toda

aquella estimação que merece.

Como estou na posse de ter com Vossa Merce huma correspondencia regular

em todos os correios não quero deixar de ser o primeiro a dar-lhe prencipio, sem

embargo de ser a nossa Corte muy estima de novidades, e o ser muito mais abundante

essa prencipalmente daqui por diante, pella muita obra que em todas as partes tem

talhado.

[...]

[fol.2] Creyo que Vossa Merce terá achado o que eu lhe decia a respeito de

João da Cunha de Továr que não só he hum homem de muita honra, mas bom

servidor del Rey, e bom português: Tem sido muy perseguido da fortuna, e eu tenho

feito tudo o que me tem sido posivel para que se lhe subministre algum alibio, e

socorro, e tendo já Diogo de Mendonça ordem de Sua Magestade para esse effeito,

não tem athégora acabado de faze-llo; elle he tam moderado que se contenta com muy

pouco, e se Vossa Merce lhe não for de discomodo o te-llo em sua companhia

emquanto não chega D. Luis da Cunha, me fara hum grande favor, e a elle huma obra

de caridade, suposto o seu grande dezemparo e o pouco que lhe acudio a elle Pedro de

Vasconcellos.

Nessa Corte se acha tambem D. Pedro Quintano, que esteve a alguns annos

nesta Corte, e depois passou a essa em companhia do mesmo Embaixador e como tem

bom propozito e muita inteligencia, e deo sempre muy boa conta de tudo o que se lhe

encarregou, naquillo que Vossa Merce puder favorece-llo estimarey o faça, e que me

de muitas occazzioens de empregar-me em seu serviço para o que me achara sempre

muy prompto. Deos guarde a Vossa Merce muitos annos como dezejo. Lixboa 3 de

Janeiro de 1719.

Maior servidor de Vossa Merce

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Conde de Assumar

Doc.12. Ofícios de Manuel de Sequeira para o Secretário de Estado português [?]

referindo ter encontrado a casa do Embaixador Pedro de Vasconcelos e Sousa muito

pouco frequentada em Madrid; gastos e despesas que tinha com a sua família naquela

Corte, Madrid, 20 de Janeiro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 913, fols. 1-3. [Excerto].

[fol.1] Em 20 de Janeiro

[...]

Nesta corte se soube logo do procedimento que teve a de Paris com o Monsieur

[?] de Chelamar, eu a não pus nas noticias de Vossa Senhoria por entender que o Senhor

Pedro de Vasconcelos o fazia, com esta ocasião tornarei trarei ás memorias de Vossa

Senhoria que a repugnancia, em que aseitei esta comissão, [?] se não procedia além do

grande dano, que elles me e que estes expremem tanto causavam de que não tinha nestas

cortes terras, o menor conhecimento algumass para poder saber algumas cousas do que

nellas se passasse; Depois que estou nellas tenho exprementado com grande pena

minha, que não errava no juiso que entao fis, e o que ainda mais me mortifica, he que

achei a caza do senhor Embaixador muito pouco fraquentada, ao que supponho por ser

elle havido despedido muito antes do que eu chegasse daquelas pessoas, comquanto

corria, e com as quais eu me puderia introduzir, se tiver huma tão boa ocasião, a isto

acrece não se achavam nesta Corte mais Ministros estrangeiros, que o de Malta e o dos

Suisos dos quais me não posso ajudar em cousa alguma porque o primeiro he espanhol,

e o segundo esta cazado e estabelecido neste Reino; pello que pesso a Vossa Senhoria

me queira fazer muito das ler com piedade as minhas relações, e escusar me se a achar

estareis.

Sua Magestade Catolica se acha prefeitamente convalescido, como informara a

Vossa Senhoria o Senhor Embaxador, que teve honte[m] audiencia de despedida, eu não

procurei ainda as minhas, porque havendo-me Vossa Senhoria segurado varias veses e

ultimamente antehontem, de que me levaria consignado para me apresentar ao Cardeal

Alberoni, honte[m] me não fallou nas matérias huma so palavra pello que me resolvi a

passar amanhãa ao Pardo a faser estas delegencias a cujo fim tinha ajustado mullas para

me levarem, mas hoje me disse Vossa Senhoria que no discurso que levar com o dito

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Cardeal acrecentava que me havia de levar a sua prezença, o que faria Domingo ou

Segunda feira.

[...]

No mesmo dia

Meu Senhor, Vossa Senhoria me ordena que lhe avise se se tirarão as franquias

aos Ministros Estrangeiros, ou se se me não dão a mi[m] por não ter caracter a que

satisfaço, pondo noticias de Vossa Senhoria que se tirarão a todos os Ministros

Estrangeiros ainda antes que o Senhor Pedro de Vasconcelos chegasse a esta Corte, e

que elle me disse que sobre estas materias escrevera Luis das Melins huma carta ao

Marques Grimaldo, de que a re[s]posta foi confirmar lhe aquella abolição, e que jamais

tivera algum previlegio nas entradas das portas.

Agora porei tambem nas noticias de Vossa Senhoria que esta terra que sempre foi

cara, o he hoje em supremo grau pellos grandes tributos que pagão estes Povos: que eu

alguei huma caza, segundo as direcções de Vossa Senhoria, e que vindo me logo buscar

nellas o Duque de Arcos, me vi precisado a concerta lla de sorte que se elle me repetise

a mesma honra o pudesse receber decentemente e assim tapisei quatro câmaras, comprei

hu coche novo, porque não achei algum uzado, que fosse capas, comprei quatro mulas

para elles, porque fallando em duas me estranharão, que o obrigado a quem comprava

os carros [?] andavam a quatro, a minha famillia fes com [fol.2] [?] dos dous cocheiros,

dous lacayos hum porteiro a quem dei humas librés muito aseadas, hum cozinheiro,

hum mosso, o meu [?] e por todas a somana espero ter huma pessoa, que me ajude a

escrever. Vossa Senhoria pode bem julgar ser para esta despeza que não tem cousa

alguma das supérfluas, bastarão os 30[00?] cruzados que El Rey Nosso Senhor me

mandou dar de ajuda de custo, e os 200 dinheiros de mezada em cujos termos ja Sua

Magestade pellas sua grandeza, e piedade se quiser compadecer de mi[m] me fara não

somente mas esmollas. Porem meu Senhor de huma ou de outra sortes peso a Vossa

Senhoria se quiser lembrar das palavras, que me deo de que não estarei aqui mais do

que quatro ou cinco meses, porque de nenhuma sorte posso pagar outro [?] anno de

aluguel das cazas, nao torna-llas a compor para o verão e me verei nesse caso obrigado

a larga-llas e meter-me em huma pousada a [?] mas não a haverei a ver pesoa alguma;

espero da bondade de Vossa Senhoria e do muito que sempre me fez, que me quisera

continuar em hum tão grande aperto.

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Doc.13. Carta do Conde de Assumar para Manuel de Sequeira pedindo-lhe

informações sobre o cerimonial da audiência de despedida de Pedro de Vasconcelos e

Sousa, Lisboa, 31 de Janeiro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 5, Maço 4, fols.1-2.

[Excerto].

[fol.1] Senhor meu. Neste correio me acho sem carta de Vossa Merce, e como

sempre dezejo ter boas novas suas me he muy sencivel a falta dellas.

Suponho que ja terá partido dessa Corte o Embaixador Pedro de Vasconcelos

visto que já havia tido audiencia de despedida dessas Magestades e Altezas, e porque

sou alguma couza curioso, e estimara saber a formalidade que em humas, e outras se

observou, se El Rey, o Principe estiveram cubertos, se o Embaixador se cobrio, se nas

ditas audiencias assistiram Grandes, quem o conduzio ou introduzio a ellas, se as

guardas lhe tomarão as armas, e se lhe dera joya, e de que presso, porque como essa

corte tem introducido novo serimonial para os Ministros, dezejo saber como elle he

quando a Vossa Merce lhe nam de isso moléstia ou trabalho.

[...]

[fol.2] Deos guarde a Vossa Merce muitos annos. Lixboa 31 de Janeiro de

1719.

Maior servidor de Vossa Merce

Conde de Assumar

Doc.14. Carta do Conde de Assumar para Manuel de Sequeira na qual se mostra

solidário por conhecer as dificuldades que passava um ministro com falta de dinheiro,

Lisboa, 5 de Fevereiro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 5, Maço 4, fols.1-2. [Excerto].

[fol.l] Senhor meu. Recebi a carta de Vossa Merce de 27 do passado, e sempre

faço grande estimação de que logre a boa saúde que lhe dezejo.

Pello conhecimento que eu tenho dessa Corte tenho por muy certo, e

indubitavelmente tudo o que Vossa Merce me diz a respeito das suas couzas

particulares, nella costumava-lhes tudo muy caro, o que El Rey da a Vossa Merce he

muy pouco para suprir a todas as despezas, e nenhum Ministro com falta de dinheiro

pode adequerir noticias, fazer figura e servir bem seu amo, porem por mais que se

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reprezentem essas couzas nesta Corte sam pouco attendidas e ainda daqueles que já

correrão a mesma carreyra porque como passarão a outros ministerios mayores

paresse se esquecerão totalmente della. Eu não tenho ainda noticia que Dom Luis da

Cunha seja partido de Olanda porque há muito tempo que não tenho carta sua e me

[fol.2] tem privado da sua correspondencia.

[...]

Lixboa 5 de Fevereiro de 1719.

Maior servidor de Vossa Merce

Conde de Assumar

Doc.15. Ofício de Manuel de Sequeira para o Secretário de Estado português [?] no

qual descreve o cerimonial da sua primeira audiência com o rei Filipe V, com a

Rainha Isabel Farnésio e com o Príncipe das Astúrias; visitas que fez no dia seguinte.

Madrid, 24 de Fevereiro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 913, fols.1-3. [Excerto].

[fol.1] Em 24 de Fevereiro

Meu Senhor recebi a carta de Vossa Senhoria de 14 do corrente, e sinto muito que

Vossa Senhoria com tao grande moléstia queira Deus guardar lhe a saude, que he

necessaria.

Sabbado tornei a lembrar ao Cardeal Alberoni a minha audiencia, e poucas horas

depois me fes aviso de que Sua Magestade Catolica me concedera para Domingo ao

meyo dia, e asim fui ao Paso hum pouco antes daquella hora, a fim de procurar a da

Rainha, e fallando ao Marques de Santa Crus seu mordomo mor, elle me alcançou logo

e me veyo diser ao quarto de El Rey Catolico diser me ___________________[?] que

acabada aquellas a audiencia que alli estava esperado passasse ao da Rainha. Meia hora

depois do meio dia se me [sic] introdusio a presença de Sua Magestade Catolica D.

Claudio la Rocha Secretario da Estampilha, em cujas reais mãos pus a carta de El Rei

Nosso Senhor depois de lhe expor a singular estimação que Sua Magestade que Deus

guarde fazia da sua Real Pessoa e o sincero dezejo e particular atenção com que

procurava, e procuraria sempre continuar com elle aquella boa correspondencia e digna

amizade, que convinha para manter não so o augmento e tranquilidade publica de hum e

outro Estado, mas os verdadeiros interesses da Religião Catholica, ao que me respondeo

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que elle fazia a mesma singular estimação da Real Pessoa de Sua Magestade e que

nenhumas cousas dezejava e procurava tanto, como continuar com elle as mesmas boas

correspondências e amisade, e que asim o podia segurar a Sua Magestade. Depois do

que logo pasei ao quarto da Rainha, e disendo ao porteiro a minha pretenção sahio logo

fora D. Francisco de Aguirra Mordomo da mesma Magestade e me fes entrar para a

caza dos Grandes, aonde estavão o Marques de S. Francisco de S. Estevão de Gomes, o

Marques de Mejorada e outros tres ou quatro que não conheco, e nella esperei, até que

veyo recado de que Sua Magestade Catholica estava prompta para me receber, sendo

introdusido pello mesmo D. Francisco de Aguirra [fol.2] lhe fis da parte de El Rey hum

cumprimento que fis nos mesmos termos acrecentando que as resões dos dobrados

vínculos de sangue juntos __________ á antiga e prepetua amisade entre as duas

soberanas cazas devião produzir, e produsião em El Rey Nosso Senhor aquelles efeitos.

Sua Magestade Catolica me respondeo com grandes mostras da estimação pella Real

pessoa de El Rey Nosso Senhor.

Depois baixei ao quarto do Principe das Asturias, e mandando neste recado ao

Duque de Populi seu ayo pedindo lhes que se não houvesse inconvenientes me quisesse

alcançado audiencia de Suas Altezas cuja resposta foi que pasado hu pequeno espaço,

sahio hum Mordomo, que me introdosio levou a presença do Principe a quem fis outro

cumprimento da parte de __________ El Rey nosso Senhor a que Sua Alteza respondeo

com o mesmo agrado que os Reys seus Pays, preguntamdo me pella saude de Sua

Magestade3.

No dia seguinte fui ao quarto do Cardeal na forma do regramento lhe e agradeci

audiencia que me havia feito, repetindo lhe ao mesmo tempo o cumprimento que El Rey

Nosso Senhor lhe mandou fazer, elle me respondeo com muita cortezia e grandes

mostras da estimação pellas honras que Sua Magestade lhe fazia segurando me das boas

intenções de El Rey seu amo; como me ficava vesinho a caza do Secretario da

Estampilha fui a sua porta, e lhe deixei recado por lhe ter ido já para o Paso, e elle me

veio pagar a visita na manhãa seguinte.

A noite fui buscar na Secretaria ao Marques Grimaldo por se não deixar ver em

sua caza, elle me agradeceo esta atenção, mas repetio a reposta que Sua Magestade

Catolica me havia acrecentando desendo dado que lhe fora muito agradavel a carta de

3 Á margem: “El Rey Catolico me pareceo não só totalmente [resta]balecido das ultimas graves doenças que padeceo, mas logra do mesmo humas [?], o que confirmo bem, não falta manhã alguma ao despacho e sahio todas as tardes a capela”.

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El Rey Nosso Senhor e o comprimento que da sua parte lhe fis dizendo e acrecentando,

e que nenhuma cousa convinha tanto aos dous Monarchas, como concervarem humas

sinceras e boas correspondencias e que isto era o que mais dezejava El Rey seu amo, eu

lhe respondi que [fol.3] estes erão tambem os proprios sentimentos de Sua Magestade e

que da parte de El Rey Catolico estavam a remover tudo o que pudesse contrariar asim

[?] tão dezejado e util fim.

No dia seguinte fui vesitar a camareira mor, como fes costume tambem, depois

busquei ao Marques de Santa Cruz e D. Francisco de Aguirra, que não achei.

Doc.16. Ofício de Manuel de Sequeira para D. Luís da Cunha queixando-se das

dificuldades económicas que passava; aluguer de casas em Madrid; convida-o para se

instalar na sua residência; cerimonial e primeiros passos a dar naquela Corte, Madrid,

27 de Março de 1719. ANTT, MNE, Caixa 913, fols.1-2. [Excerto].

[fol.1] Em 27 de Março

Com a posta que chegou a 6 de Fevereiro recebi tres cartas de Vossa Excelencia 7,

10 e 13 do corrente, a primeira datada de Perona, a segunda de Loures [?] e a ultima de

Paris, e ainda que Vossa Excelencia contenue a se não dar por entendido das minhas

faço re[s]posta a estas por me percisar a iso o serviço de Sua Magestade.

Sinto muito que a jornada fisese em Vossa Excelencia tanto aballo que lhe

renovase as suas moléstias; porem espero que com os nos ares de Paris se terá Vossa

Excelencia achado com grande alivio.

Admiravel, a Santa cousa he lembrar se huma pesoa, dis que he morrer, a viver

para ajustar as suas contas, quando o fes ajustar se fas como se deve, quero diser

lembrando se igualmente dos devedores e dos acredores, e da piedade de Vossa

Excelencia suponho, que asim o faria porque de outra so como tambem que se haveria

lembrado, de que aquelles 5800 dinheiros que eu cobrei, e mandei a meu irmão o fis por

repetidas orde[n]s suas, que mostrarei a seo tempo, e que o fis prezente a Vossa

Excelencia por huma carta que lhe entregou o Senhor Conde de Tarouca, e assim esta

queixa, como a que Vossa Excelencia ajuntou a ella de que havia cobrado mais hum

conto a 800 dinheiros, o que não fis, não me hao de ser 4 demenuir o credito, como já o

não farao as outras, que Vossa Excelencia tao justas e tão bem fundadas como estas, que 4 À margem: “e mandado ao do meu irmão”.

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Vossa Excelencia fes de mi[m] ao Senhor D. Pedro e ao Secretario de [?] quanto a diser

Vossa Excelencia que não há de levar em conta os tais 5800 dinheiros importa pouco,

porque Vossa Excelencia não há de ser o Juis5.

Agradeço a Vossa Excelencia a relaçao, que me fas de Monsieur Yalda, ainda que

o vir elle a Madrid ou ficar em Londres me he tão indiferente como a Vossa

Excelencia. Logo procurarei o pasaporte, e o remeterei a Bayona a pessoa que Vossa

Excelencia me aponta.

Nesta corte não há mais Ministros Estrangeiros que o Embaixador de Malta, e o

Inviado dos Cantões, que está aqui estabelecido, e não creio que algum delles siga Sua

Magestade à Campanha.

Pello que respeita a caza já tomei a liberdade de pedir a Vossa Excelencia me

quisese escusar de sua comição, o que agora repito com tanta [fol.2] mais resão, quanto

me da o querer pretender Vossa Excelencia dando fazendo a entender que lhe lograva

5800 dinheiros, e disendo que os não havia de levar em conta.

Comtudo direi a Vossa Excelencia que segundo os Embaxadores que vem a estas

cortes não costumão vir lojar a cazas particulares, nem as que se alugão mobladas são

capazes de os receber, e asim ou as mandão tomar antes que cheguem, ou vem as dos

Ministros do seu Principe [?] e asim se Vossa Excelencia se quiser servir da minha, esta

as suas ordens, e ainda que não he digna de rece[ber] que Vossa Excelencia a honre,

sempre lhe sera mais decente, que qualquer posada secreta, como aqui chamão.

Devo tambem por na noticia de Vossa Excelencia que do ultimo lugar aonde

dormir antes de chegar a esta Corte há de mandar hu gentilhome[m] seu com huma carta

ao Conde de Villafranca Introdutor dos Embaixadores fazendo lhe saber que o dia em

que ha de entrar, para que lhe saya a encontra llo em hum coche de El Rey, em que o ha

de traser a sua caza, aonde se lhe costuma ser preparado hum refresco, o que eu farei se

Vossa Excelencia quiser vir apearse honrar á minha, apenas chegado ha de Vossa

Excelencia mandar pello seu Secretário, ou pellas pesoas mais authorisadas da sua

famillia dar parte ao Senhor Minystro da sua chegada e do mais sera Vossa Excelencia

informada e resto do seremonial logo que aqui estiver.

5 À margem: “porque entre todos os que me conhecem tenho asas estabelecido a [?] de que seu home[m] bem, e talves que por iso seja [?] e me não deva El Rey nada”.

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Doc.17. Ofício de Manuel de Sequeira para o Cardeal da Cunha [?] confessando que

tinha a melhor consideração pelo Cardeal Alberoni, ainda que inicialmente tivesse

temido o juízo que aquele ministro faria da sua humilde condição e da sua falta de

dinheiro, Madrid, 21 de Julho de 1719. ANTT, MNE, Caixa 913, fols.1-2. [Excerto].

[fol.1] Em 21 de Julho – Para o Cardeal

Meu Senhor recebi a carta de Vossa Excelencia de 11 do corrente, com toda a

estimação que devo a honra que Vossa Excelencia me fas.

He certo que hei de continuar a minha asistencia nestas Cortes, porque asim me

ordena, e asim he era necessario para que eu exprimente a minha inteira ruina, que já

comesso a sentir, porque havendo consumido o pouco, que me restava, do que com

trabalho, o licitamente adquiri, tenho entrado em empenho, do que não sei, como

poderei sahir;

Esta Eminente Senhoria era a única cousa da minha grande repugnância, a vir a

esta Corte, quando vi que as asistencias que se ordra apontarão não bastavao com muito

para viver com a decencia que convinha ao serviso de Sua Magestade a credito da

nação, a de nenhuma sorte o receio, de que o Cardeal Alberoni me descompusese o que

não só jamais temo, mas estava certo de que não sucederia, porque eu não lhe havia de

dar causa que o fisese, e não só me não me não [sic] enganei em humas partes do juiso,

que fis, mas quanto a esta o Cardeal Sua Eminencia me fes muito mais honras, e me

tratou sempre com muito mais atenção, do que eu podia, nem devia esperar, e da mesma

sorte dos os Ministros, e todos estes Senhores, não obstante haver sido o meu

nassimento humilde, em hum pais tão visinho a este.

Doc.18. Ofício de Manuel de Sequeira para o Secretário de Estado português

queixando-se dos enormes gastos que teve na sua missão em Madrid; despesas

acrescidas por ter hospedado o Embaixador D. Luís da Cunha e a sua família, Madrid,

17 de Novembro de 1719. ANTT, MNE, Caixa 913, fol.1-2. [Excerto].

[fol.1] Em 17 de Novembro

Meu Senhor recebi a carta que Vossa Senhoria me fes meio de me escrever em 7

do corrente, e beijo a mão a Vossa Senhoria pela segurança, que me continua de que

fará deligencia porque se me da huma ajuda de custo particular. Vossa Senhoria sabe

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muito bem quanto he contra o meo génio o ser importuno, _______ [?] quanto mayor

resão o não devo ser com Vossa Senhoria qu me fas tanto meio, e he meu Protector;

porem o estado em que me acho, me força a tornar a representar a Vossa Senhoria que

dispois de haver despendido tudo, o que pude adequerir com grande trabalho, para

poder servir a Sua Magestade que Deus guarde com a decencia necesaria asim em

Londres, como nesta Corte, me vejo em com hum empenho, de que não poso sahir sem

me valer da mayor parte das ou de quasi toda a ajuda de custo que Sua Magestade que

Deus guarde me manda dar para comprar a minha caza em Hollanda; este empenho não

teve outro principio, nem outra causa mais que o dar pequenas assistências que se me

asignão, e de me faltarem franquesas, que se me contarão não por humas pequenas

partes dellas o que acreceo o ver me precisado a hospedar o Senhor D. Luis da Cunha

por tempo de tres meses com tres gentishomes quatro pages, e quatro outros criados,

asim antes que partise para Pamplona Navarra, como depois que voltou, e durante

aquelas jornadas me deixou em minha caza dous pages e quatro criados porque ainda a

não tinha alugado, com o que livrei a Sua Excelencia de huma concideravel despeza, e

creio que não deixei de fazer serviso a Sua Magestades pois que de outra sorte seria

obrigado [fol.2] o seo Embaxador a ir pousar a huma estalaje sem mais roupa, que seis

ou outo camisas, porque tardavao mais de hu mez, e o cofre que lhes traziao, e havia

deixado em França. Pello que peso a Vossa Senhoria com a mayor instancia, me queira

fazer meio de representar tudo isto a El Rey Nosso Senhor ajudando me com aquellas

expreções que posão comover a sua grande piedade para que me queira mandar

socorrer não com ajuda de custo, mas com humas esmolas, com que posa pagar

algumass do que devo.

[...].

Doc.19. Carta do Conde de Assumar para Manuel de Sequeira contando-lhe o

incidente ocorrido entre o cavalheiriço da Embaixatriz Marquesa de Capecelatro e o

cocheiro de outra senhora; consequências deste incidente, Lisboa, 15 de Agosto de

1719. ANTT, MNE, Caixa 5, Maço 4, fol. 1. [Excerto].

[fol.1] [...] Aqui nos dizem que hum dia destes se despachara hum postilhão ao

Senhor Dom Luis da Cunha de que não tive noticia a tempo de poder escrever por elle

a Vossa Merce, pello qual mandou Sua Magestade informar de hum encontro que

havia tido a Marqueza Capicholatro Embaixatriz de Espanha, no qual o seu

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cavalheriço tirou com huma pistola ao cocheiro da outra Senhora, e como Sua

Magestade lhe mandase insinuar que seus criados não podiam uzar de similhantes

armas por serem defezas, e prohibidas neste Reino e que seria justo que castiga-se o

seu criado, como tambem o dito Senhor mandou fazer ao cocheiro, ella tomou tanto

fogo desta rezolução, ou embaixada que no dia seguinte se pos a caminho, adonde não

duvido se procurem dar differentes cores a este negocio.

[...]

Lixboa 15 de Agosto de 1719.

Maior servidor de Vossa Merce

Conde de Assumar

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V. Embaixada de D. Luís da Cunha em Madrid (1719-1720)

Doc.20. Ofícios de D. Luís da Cunha em Madrid para o Secretário de Estado

[Contém: chegada à Corte de Madrid; altercados com o Cardeal Alberoni; primeira

audiência com Filipe V; dívidas; ideia de um futuro casamento entre os filhos de D.

João V e os de Filipe V; incidente protagonizado pela Marquesa de Capecelatro na

Corte de Lisboa; correspondência trocada com o Cardeal de Alberoni e com outros

elementos da Corte de Madrid], Madrid, 15 de Maio de 1719 a 28 de Maio de 1720.

ANTT, MNE, Livro 789, fols.22-547. [Excertos].

Madrid 15 de Mayo

/fol. 22/ Finalmente cheguei a esta Corte, e Manoel de Sequeira me foi esperar a

tres legoas fora della, e ahi me disse, que o Conductor o não podia fazer por não se

achar em Madrid nem el El Rey Catholico, nem Estribeiro-mor, nem Secretario de

Estado para lhe dar a ordem: despois me trouxe a sua casa onde me tem alojado com

toda a decencia, e sobretudo o achei muito bem introduzido, e estimado dos principaes

Senhores desta Corte, e tenho noticia pellos mesmos Senhores, de que não estava menos

bem visto do Cardeal Alberoni que he o presentemente importa, e assim nunca me

enganei com a sua muita capacidade como tantas vezes tenho representado a Vossa

Senhoria a quem Deus guarde.

/fol.43/ Em 2 de Junho de 1719

Recebi a carta de Vossa Senhoria de 23 de Mayo, e como honte[m] chegasse o

Marques Grimaldo, lhe mandára pedir hora para lhe fallar; e juntamente lhe presentarei

a copia da minha Credencial: tenho por sem duvida que me responda, que a remeta ao

Cardeal; e eu o farei pello meu secretário dizendo-lhe conforme ordem de Sua

Magestade, que estou prompto para hir por o original nas mãos de Sua Magestade

Catholica, quando assi seja do seu agrado. Eu duvido muito que o Cardeal me aceite o

cumprimento por tres razoens: a primeira; porque este Ministro já despresou a do

Embaixador de Hollanda: a segunda, porque não quer ter junto de si quem procure

penetrar os seus desígnios: e a terceira; porque, conforme me tenho informado do seu

humor, se assombra com Ministros de primeira ordem: de sorte, que o meu primeiro

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estudo, e trabalho será dar tirar lhe este horror, ou peijo que tem de tratar com pessoas

de similhante caracter. Advirta Vossa Senhoria que fallo por informação, ainda que de

muitos, e não com outra sciencia mais primeira.

A posta do Norte, como passa por Tudella, não chega a horas de poder juntas às

noticias que Vossa Senhoria terá dos nossos Ministros alguma que me possão dar os

meus correspondentes, e nestes termos o que deixei em Pamplona me aviza que El Rey

Catholico ajuntava o seu exercit em Alagon; mas como as Tropas vem de tão longe, que

ainda hontem passou por esta Cidade hum Regimento de Cavalharia, duvido de que

possa estar formado antes de 15 do corrente.

[...].

/fol. 49/ Em 9 de Junho 1719

[...]

Chegou o Marques Grimaldo, e logo lhe mandei pedir hora, mas elle respondeu ao

meu Escudeiro que ma não dava, porque queria ser o primeiro que me buscasse, e com

tantas expressoens ao meu respeito, que me não pareceu esperar esta exuberância de

cortesania que rompia a formalidade, e assim fui á sua porta sem que o achase e elle

veyo a esta caza, e me deu a entender, que todos os negocios passavao directamente

pello Cardeal Alberoni.

[...].

/fol.61/Em 10 de Junho

Depois de ter escrito a Vossa Senhoria e serrado os maços, chegou o meu

Secretario com as respostas que me fez o Cardeal Aberoni, e Vossa Senhoria verá da

sua copia, cujas expressões são de Ministro italiano, e conformes ao tempo presente, em

que tanto convem a El Rey Catholico a boa amizade de El Rey Nosso Senhor.

Como Sua Magestade Catholica não resolveu nada de positivo sobre a minha ida à

sua prezença, apontando as incomodidades dos caminhos, e estreitezas dos llugares para

me alojar, e ao mesmo tempo deixa no meu arbitrio passar á sua Corte, se os negocios

del Rey o requererem e a minha conveniência o permite, não me pareceu tomar sobre

[?] a jornada, sem primeiro saber o que Sua Magestade me ordena; e neste fim despacho

pella posta o mesmo meu Secretario, para que com igual diligência me traga a resolução

porque ainda que a materia não seja de grande consequência, o seria para mim se della

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desse primeiro parte a Sua Magestade, e se se perdesse mais tempo, em caso que lhe

pareça conveniente a minha jornada. Eu concidero, que em a fazer não ha inconveniente

e pode dar se algum em a não executar; pois que o nosso interesse parece estar em nos

aproveitarmos do embaraço em que se acha Alberoni, e do receyo que tem que

possamos tomar partido dos alliados, para ajustarmos com elle as nossas dependencias;

o que não podemos fazer sem gran desvantage despoes que o mesmo fizer a paz.

[...].

/fol.66/ 16 de Junho de 1719

Nestas e outras concideraçoens se me oferecia hum meyo, para acabarmos de hum

só golpe: hum meyo que ajustaria tudo, e ficaríamos com descanço, e vem a ser, tratar

se o matrimónio reciproco do nosso Principe, e Infante, coma Infante, e Principe de

Espanha, onde poderião entrar os nosso negocios, e se dava huma porta, para que

Phelippe decorosamente executasse o Tratado. Eu sei que os astelhanos o dezejão com

ardor, porque estão cansados das Raynhas estrangeiras, e julgão a nossa quasi como

natural.

[...].

/fol.81/ Para el Cardenal Alberoni en 19 de Julho de 1719

Mui Señor Mio. Haviendo dado cuenta a Vuestra Eminencia de la horden con que

me hallava del Rey mi amo para passar a ponerme a los pies de Su Magestad Catholica,

y residir zerca de su real persona presencia, para que Vuestra Eminencia se lo hiciese

presente, y siendo de su real agrado lo executasse; se sirvio Vuestra Eminencia

responderme que havendo lo puesto en noticia de Su Magestad, respondio con su real

benignidade, y gratitud, dexava a mi advitrio el passar, ó nó; y participé a Vuestra

Eminencia en cumplimiento de mio obligacion, y la gran veneracion q le professo,

haverme parecido conbiniente expressar lo a mi amo, enviando a la posta a mi

Secretario, para que en vista desta insignuacion se me previniesse lo que devia executar;

y haviendo se conciderado, que el único reparo que podia haver, era el de la

yncomodidad que podia tener en mi hospedaje, y que estos, y otros mayores

inconvenientes devia superar la honra [?] de Su Magestad se me manda passe

immediatamente a lograr la cuya noticia há sido de mi mayor aprecio, por el vivo deseo

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con que a nelo a conseguir assistir en la Corte de un tan gran Monarcha y expressar el

immutable zelo, y constancia del Rey mi amo, a conservar con Su Magestad Catholica

una cinsera, y verdadeira amistad, y correspondencia; y no menos por la occasion que

me facilita de sacrificar me al servicio de Vuestra Eminencia, a quien deseo manifestar

el singular affecto con que amo sus virtudes, que se constituyen a credor de los mayores

elogios, que publicaré siempre.

[...].

/fol.87/ Em 21 de Julho de 1719

Não escreveria a Vossa Senhoria ainda desta terra, se os banqueiros sobre quem

veyo a letra a quisessem pagar antes do termo que se cumpre ámenhã sem compreender

que os dias de cortesia conforme o uso desta Praça, e sem embargo que já perco nella 50

dobroens, a quis rebater, por me não dilatar mais; mas está tão falta de dinheiro esta

cidade, que não houve quem a quisesse negociar, nem os mesmos banqueiros me dão

esperanças de acharem tão cedo o dinheiro.

Como tinha feito as despezas que Vossa Senhoria verá na memoria junta, e

respeitão o gasto mais considerável que fiz assim quando aqui cheguei, como para esta

jornada, tinha apontado para hoje os acreedores, e vendo me com a casa cheia de gente,

que me tiraria o crédito no principio desta Embaixada se lhe não pagasse, recorri a casa

do Enviado dos Cantoens, que me deu 600 dobroens, querendo antes aceitar huma letra

sobre Vossa Senhoria; do que negociar a que me mandou Vossa Senhoria me fará

grande favor em a mandar pagar por conta das minhas mesadas, ou outras parcelas de

que sou acreedor, e de que Alexandre Quaresma falará a Vossa Senhoria; e assim espero

poder partir Domingo á noute porque as calmas são tão extraodinarias, que nem os

naturaes as podem suffrer. Guarde Deus a Vossa Senhoria, como dezejo. Madrid 21 de

Julho de 1719.

/fol.96/Tafalhas 2 de Agosto de 1719

Depois de me fallar em todas estas materias com assaz de ingenuidade, e com

muito mais largueza do que as reppito sem parecer leveza da sua parte, lhe tornei a pedir

que mandasse fazer diligencia pella carta que me havia escrito, a fim de dar conta a Sua

Magestade, porque não me convinha, nem era a intenção del Rey meu amo que eu

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viesse incomodar a Corte de Sua Magestade Catholica, ao que me respondeu, que o fim

com que me aconcelhava de não mover de Madrid, não fora outro, mais que poupar-me

o trabalho, pois que Sua Magestade Catholica resolver voltar para aquella Corte, tanto

que se segurou de que a Raynha estava pejada, mas que não pudendo dar-me esta causa,

porque a mesma Magestade ainda a não declarava, somente me dizia, que devendo

brevemente ver-me em Madrid ora escusado vir ao campo, aonde já não acharia a Sua

Magestade Catholica, a quem esta noute falaria, para me procurar a audiencia para que

lhe pedia. Eu perguntei se me seria permitido dar lhe nella não só a carta de próprio

punho de Sua Magestade mas tão bem a da Chancelaria;6 elle me fez ũuma difficuldade;

e pontando-lhe eu, que o mesmo uzára com o Embaixador de França, me respondeu que

não fazia exemplo por se reputar Ministro da mesma casa, mas que ella saberia qual era

a vontade de Sua Magestade Catholica; eu lhe repliquei que a minha tenção era somente

evitar a Sua Magestade a incomodidade de huma ceremonia, e a mi nos meus annos o

embargo de fazer huma entrada publica, o que não obstante executaria tudo o que Sua

Magestade achasse /fol.97/ ser mais do seu gosto; e com isto me despedi, dizendo me o

Cardeal que me havia faltado com tanta confiança, como se nos houvéssemos conhecido

de muito tempo; ao que lhe respondi que Sua Eminencia podia estar certo, de que nunca

faria mao uzo de tudo quanto me quisesse communicar.

Nesta primeira entrevista não me pareseeu [sic] tocar em alguma das nossas

dependencias, porque ainda que assim o não tivesse determinado em que não

conhecesse melhor o humor deste Ministro, sempre assim o executaria, em quanto lhe

não tirasse a desconfiança com que estava de que eu fizera a jornada contra o avizo que

me tinha dado, e eu não recebera.

Devo acrescentar, que conforme a liberade que Sua Magestade me deu nas minhas

instrucçõens, fiz da sua parte hum comprimento ao mesmo Cardeal, dizendo-lhe a

grande estimação que El Rey Nosso Senhor fazia da sua pessoa; o que elle agradeceu

com profunda veneração dizendo me que da sua parte faria tudo o que podesse por

merecer o seu Real agrado.

[...].

6 Á margem: “Carta de Chancelaria”.

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Corella 10 de Agosto de 1719

/fol.100/ Hontem puz na noticia de Vossa Senhoria o que havia passado naquella

manhã com o Cardeal Alberoni, o qual nesta me veyo pagar a visita, e juntamente dizer-

me que assim El Rey, como a Raynha me darião audiencia ao mesmo tempo, a saber ás

seis horas, e na mesma casa por não tere[m] differentes quartos; e eu lhe poderia

entregar assim a carta de próprio punho de Sua Magestade, como a Credencial, e daria

por feita a ceremonia da entrada publica sem embargo do novo cerimonial.

Fui pois a audiencia primeira, na qual me introduzirão o Conde de S. Estevão de

Gormás Capitão das guardas, o Duque del Aras que faz o officio de Estribeiro-mor, o

Marques de S. Crus, e del Viz, que sendo Mordomo mor da Raynha serve em ambas as

casas; de sorte que achando a El Rey, e a Raynha juntamente disse a El Rey que

desejando Sua Magestade que Deus guarde dar-lhe as provas mais evidentes do muito

que desejava observar as ultimas obrigaçoens contrahidas no Congresso de Utrecht, em

que eu tivera a honra de ser seu Plenipotenciario, me acrescentara a de lhe vir segurar

estas suas boas intençoens, não duvidando de que serião tãobem as mesmas de Sua

Magestade Catholica, pois que entre as muitas, e reaes virtudes de que era dotado, se

distinguia a da sua muita justiça em cumprir os Tratados que ajustava, e que no meu

parte faria tudo o possível por contribuir a esta união tão útil ás duas Coroas, a fim de

sattisfazer as ordens /fol.101/ del Rey meu Amo, e merecer o agrado de Sua Magestade.

Este Principe falla tão manso que não poderei dizer justamente qual foi a sua resposta,

mas em parte lhe entendi dizer, que dezejava entreter com Sua Magestade huma boã, e

sincera correspondencia.

Depois me appliquei a Raynha, e lhe fiz hum grande comprimento da parte de Sua

Magestade, acrescentando que esperava que contribuisse da sua parte para a

continuação das boãs intençoens de huma, e outra Mag.de. Ella me respondeu com

grande agrado que estimava muito a attenção del Rey Nosso Senhor e que não faltaria

em unir as convenientes, e necessarias disposiçoens de ambos os Monarchas.

Tanto que me despedi passei ao quarto do Principe de Asturias no qual me

introduziu o Marques del Sala, que faz o officio de seu Ayo; eu lhe diz ao dito Principe

um comprimento proporcionado á sua idade e elle me respondeu que estimava muito

aquella attenção del Rey Nosso Senhor e que não folgava menos de conhecer me.

A conversação que tive com o Cardeal Alberoni foi quasi sobre as mesmas

matérias em que tinhamos fallado no dia antecedente, sem que della conhecesse outra

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cousa que possa por na noticia de Vossa Senhoria; menos que o repetir-me a injustiça

que se lhe faz de o terem por motor desta guerra, me deixa entender que lhe doe este

negocio despois que as cousas se puzerão de tão mao semblante para esta Corte.

[...].

/fol.110/ Corella 17 de Agosto de 1719

Recebi a Carta de Vossa Senhoria de 31 de Junho, a que respondo pelos

Almocreves por que mando adiantar o meu fato para Madrid, para lhe dar conta de que

mandando esta manhã pedir hora ao Cardeal para me despedir delle, e saber que

resposta me dava, me mandou pedir muitos perdoens de me não poder receber pellos

grandes embaraços com que se achava; mas que onde Sua Magestade Catholica fizesse

alto, ou em Madrid me falaria muito devagar; esta resposta que elle deu a D. Pedro

Quintano me mandou segunda ves protestar por hum Gentilhomem. Vossa Senhoria

pode estar certo, que o não perderei de vista, porque das ulteriores intençoens do dito

Cardeal, que me não parecem boas nos hade aclarar a decisão dos negocios que Sua

Magestade que Deus Guarde foi servido encarregar-me, bem diferentes dos que as

vozes publicas, e ainda de pessoas graves me quizerão attribuir; [?] dizendo que eu

vinha dar hum termo a esta corte para que fizesse a paz, ou de outra sorte Sua

Magestade não podia resistir mais tempos ás instancias com que os seus alliados

procuravão que elle entrasse na presente guerra; tal era o dezejo dos mal contentes: e

quais supondo que eu vinha offerecer a mediação del Rey Nosso Senhor; e propor mais

estreitas allianças com esta Corte; e estes erão, e são os votos de todos os bons

castelhanos.

Esta minha jornada foi hum gasto que acresceu á Fazenda de Sua Magestade que

parecendo preciso, os accidentes o fizerão desnecessário, quero dizer, a falta da

deserção dos Cabos franceses, em que se fundavao todas as esperanças desta Corte para

poder prosseguir os seus intentos, sem retroceder os passos, porque effectivamente não

determinava voltar a Madrid, se os sucessos correspondessem aos seus desejos, pello

que lhe veyo muito a /fol.111/ proposito a prenhez da Rainha, para servir de pretexto a

huma retirada, a que todos chamão:7 e como o Cardeal funda a mayor parte da sua

política em ter a todos suspensos , e ignorantes das disposiçoens del Rey, resignadas nas

7 Á margem: “Modo de que uzava o Cardial para concervar o seu valimento e grande poder”.

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suas proprias, ninguem soube que este Principe volta a Madrid, senão despois de chegar

a Corella, dando se por causa desta novidade não haver a Rainha gostava do sitio.

A violencia deste Ministro, e terror que tem posto os vassalos, he o segundo meyo

que tem escolhido para a sua segurança; e presentemente me avuzão que baixará hum

Decreto, pello qual Sua Magestade o desterrara para a Peninsula o Duque de Naxara,

por não querer receber ordens do Principe Pio, fundado em ser General mais antigo; e

como não haja pessoa, que possa, ou se falhar a El Rey são inuteis todas as queixas

destes Cavalheiros, e grandes, que se achão em hum notavel abatimento.

/fol.113/ Agreda 20 de Agosto de 1719

A incerteza em que Manuel de Siqueira se acha sobre o lugar aonde havia remeter

as cartas de Vossa Senhoria, o obrigou a inviarmos pello parte [sic] da Corte que tinha

chegado a Enojosa, e ella mas inviou por hum expresso a Agreda onde hoje cheguei,

porque a estreitesa dos lugares me obriga a ficar naquelles de onde a Corte sahe.

Em Agreda como digo recebi as cartas de Vossa Senhoria de V; y 9 do corrente

com a informação do accidente que sucedeu entre o Estribeiro da Embaixatris de

Espanha, e o cocheiro de Manuel de Souza Tavares, que na verdade he estranho, não só

pella insolencia de tal Estribeiro, como pella pouca moderação do Embaixador, vista a

abertura que Vossa Senhoria lhe fazia para se acomodar o negocio.

Pela segunda carta de Vossa Senhoria vejo o expediente, ou resolução que

Embaixatris tomou, da qual Vossa Senhoria infere estar acomodado o negocio visto que

ella leva com sigo o Estribeiro que deu causa a este embaraço.

Em primeiro lugar direi a Vossa Senhoria que a dita Embaixatris nos faz muita

merce em sahir desse Reyno, porque a sua viveza, e conversaçoens conforme ouço erão

perjudiciaes ao servico del Rey Nosso Senhor.

Porem a percepitação com que sahe dessa Corte e da causa que dá para a sua

resoluçãoo he necessario inferir, que ou o Embaixador na conta que der condena o

excesso de sua mulher, e do seu criado, ou pertende fazero caso mais aggravante; e se

hei de dizer a Vossa Senhoria a verdade, entendo que a Embaixatris suppoz que Sua

Magestade lhe mandasse pedir que se detivesse, se he que antecedentemente, como

parece, não tinha determinado tal jornada.

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/fol.134/ Madrid 14 de Setembro de 1719

[...]

Trouxe a practica o accidente da Marquesa Capecelatro refferindo lhe o successo,

e lhe mandou buscar a Relação, que delle lhe fizera o Marques seu marido, o qual

relatava differentemente, ajundando, que as Senhoras parentas das que hião no Coche

havião mandado soliticar os Ministros da justiça para informarem a Sua Magestade a

favor do cocheiro; mas que muitos Cavalheiros, e outras Senhoras lhe acharão razão,

alegando tãobem o que havia acontecido /fol.135/ com o Inviado de Inglaterra: mas por

post scriptum dizia estar composto o negocio dizia estar composto o negocio, e que

Vossa Senhoria lhe assegurava o quanto El Rey Nosso Senhor estava satisfeito do seu

procedimento. Isto era o essencial da carta, tão larga, que não pude reter na memoria as

outras circunstancias; e o Cardeal me assegurou que o Embaixador lhe não escrevera

outra sobre a materia.

Eu que lhe disse, que seria conveniente ordenar-lhe que os seus criados se

abstivessem de trazer pistolas por ser contra as leys, e me respondeu, que assim como

estas em Espanha me não comprehendião a mi[m], tãobem as de Portugal não

comprehendião os Ministros estrangeiros; mas que este privilegio não se estendia a que

os Embaixadores abusassem delle, e que nesta parte seria advertido o dito Marquez; o

qual, segundo me affirmou o Cardeal, não lhe deu conta de que a Marquesa sua mulher

tinha sahido dessa corte, e se achava em Badajoz; e me fez o seu retrato, dizendo-me

que a não queria em Madrid; ao que lhe respondi que sendo daquella maneira, tãobem

nos não convinha em Portugal, e que conviemos de que ficasse em Badajoz; ao que elle

acrescentou, que seria hum favor que se faria ao Marquez seu marido.

Finalmente lhe perguntei se representaria a Sua Magestade Catolica o negocio do

pagamento das 600 mil patacas em que lhe falara em Corella ? Ao que me respondeu,

que logo o puzera na sua noticia com o que mais que eu lhe havia dito a respeito da

carta de Monsieur Orry e que El Rey lhe segurara que o dito Ministro lhe não

communicára cousa alguma do que mandava dizer ao Marquez de Torci, e que despois

que elle Cardeal viera para esta Corte não tivera tempo de se /fol.136/ informar dos

Ministros por cujas mãos já houvera corrido esta mesma dependência.

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/fol. 154/ Em 29 de Setembro de 1719

Como hontem tive audiencia dos Infantes, o mesmo Cardeal me perguntou o que

me parecera a familia real? Ao que lhe respondi o que verdadeiramente he, porque todos

tem huma presença muito agradavel, e mostrão, que se lhes dâ huma admiravel

educação; e a Infante se com a idade se não mudar, será huma perfeita belleza. Depois

disto me fallou o Cardeal nos dobrados parentescos, que Suas Magestades tinhão com a

Raynha de Espanha, como dando me a entender a igualdade dos casamentos, mas não

posso dizer que se haja explicado sobre esta materia.

[...].

/fol. 187/ Madrid 6 de Octubro de 1719.

Recebi a carta de Vossa Senhoria de 25 de Setembro com as copias das que Vossa

Senhoria escreveu ao Marques Capecelatro, e não me esquecerei de encarecer ao

Cardeal Alberoni o quanto Sua Magestade que Deus guarde attende aos officios que se

passão em nome de Sua Magestade Catholica, e com esta occasião tornarei a fallar

sobre o accidente da Marqueza, e insolencia do seu Estribeiro.

He constante que o Marquez no Post Scriptum da sua carta dizia, que Sua

Magestade ficava satisfeito do seu procedimento, porque eu o vi, mas agora vejo o

contrario, e tãobem a razão porque não deu conta da auzencia da Marqueza, nem mais

fallou na materia, segundo o mesmo Cardeal me affirmou.

O Marquez está muito mal informado a meu respeito, porque até o dia que parti

para a Campanha, não tive mais cavallos que os do coche, nem criado meu /fol. 188/

montou algum alheo, ou alugado, de que se segue, que não houve occasião de levar

pistolas; mas quando fui para a campanha, todos os que hião a cavallo as levavão por

ser assi necessario, e despois que vim, nenhum sahiu da minha casa a cavallo; isto he a

pura verdade; e isto observei, onde as pistolas, nem quaisquer outras armas são

deffendidas, porque o prompto castigo dos delictos, que com ellas se fazem, deixou

inutil a sua prohibição, e pouco perigosa a liberdade de se trazerem.

Das minhas precedentes veria Vossa Senhoria que não só fis, e dei o papel, que o

Cardeal me insinou, mas que pedindo-lhe a resposta me dissera ainda o não tinha visto.

Suas Magestades Catholicas, Principe, e Infantes partirão 2.ª feira para o Escurial,

aonde mandei tomar huma caza, e não sendo fácil achar se pella estreitesa do lugar,

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como Vossa Senhoria sabe, ainda honte tive a resposta de se ter ajustado, pelo que

segunda feira determino partir, e procurarei adiantar os negócios que estão a meu cargo,

que me for possivel, porque bem vejo quanto he necessario que Sua Magestade saiba o

que pode esperar , a fim de tomar as medidas que lhe parecerem convenientes [...].

/fol.214/ Madrid 27 de Novembro de 1719.

Quando Sua Magestade que Deus guarde foi servido ordenar me que passasse a

Navarra, e seguisse a Corte, me arbitrou as mesadas dobradas, declarando ao mesmo

tempo que nesta forma as venceria desde o dia em que sahisse de Madrid até o em que

tornasse a entrar na mesma Villa.

Como nunca suppus fazer campanha me achei sem alguma cousa das que erão

necessárias para aparecer em hum exercito, com a decencia, e comodidade conveniente

á minha representação, e molestias, esperando que se a minha ausencia durasse alguns

meses, como era provavel, poderia refazer me de tão grande despesa, da qual mandarei

a conta quando seja necessaria.

Porem como a minha jornada fosse somente de hum mes completo, me acho com

huma só mesada dobrada havendo feito a despeza para toda huma campanha, e

contrahido para esse effeito hum grande empenho.

Nestes termos recorro á grandesa de Sua Magestade que Deus guarde para que

Vossa Senhoria posto a seus pes lhe peça em meu nome, com profundo respeito se sirva

de me mandar continuar mais dous meses a mesada dobrada, que me havia acordado se

eu não voltasse para Madrid, onde só o alug[u]el da caza que tomei, e Vossa Senhoria

conhece, me custa trezentos, e trinta, e tantos dobroens pagos de antemão; 8alem de que

como esta Corte tirou aos Ministros estrangeiros as franquias, he incrivel a despeza que

se faz, por terem crescido incomparavelmente os direitos das portas de que /fol.215/

Vossa Senhoria pode estar informado. Espero que a grandesa de Sua Magestade se

digne a atender ao meu requirimento com aquella benevolencia que lhe he natural.

Guarde Deus a Vossa Senhoria muitos annos. Madrid 27 de Novembro de 1719.

8 Á margem: “Franquias que os Menistros tinhão na entrada dos Portos de Madrid que se tirarão”.

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/fol.288/ Madrid 17 de Dezembro de 1719

Para o Marques de Grimaldo

Ex.mo Señor

Muy Señor mio. Como ya puse en la noticia de Vuestra Señoria que el Marquez

Capicholatro Embaxador de Sua Magestade Catholica que Dios guarde havia de

proximo hecho recuerdo a D. Diego de Mendoça Corte Real, Secretario de Estado del

Rey mi amo del pretendido castigo del Cochero de Manuel de Soza Tavares a quien el

Cavalheriço del mismo Marquez havia dado un pistoletaço, y que el Secretario de

Estado le havia ultimamente respondido, me parece que no estando informado del hecho

Vuestra Señoria se haga cargo dever la quenta, que el Embaxador diô al Cardenal

Alberoni deste negocio en fecha de 8 de Agosto, porque Su Eminencia me la enseñô, y

es escrita en lengua Italiano, a fin que á vista de unos, y otros papeles compongamos

esta dependencia, que tiene mi Señor la Marquesa Capicholatro fuera de sua casa, y

espero que será mucho a satisfacion de ambas Magestades.

Y para que de la mista suerte, y con igual felicidad podemos ajustar la liberdad del

comercio, con cuya interdicion se hallan tan prejudicados los vassalos de las dos

coronas, se servirá Vuestra Señoria de me dar na orden que apunto en la memoria junta

a fin de podermos hablar fundados en fundamentos solidos.

Quando Vuestra Señoria hallare conveniente obternerme una audiencia particular

de Sua Magestade Catholica ______ tendré a grande dicha, con el aviso de Vuestra

Señoria, poner me en su Real presença. Entretanto quedo a la obediencia de Vuestra

Señoria con la mas rendida voluntad. Nuestro Señor Guarde a Vuestra Señoria mucho

anos. Madrid 17 de Deciembre de 1719.

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/fol.289/Madrid 17 de Dezembro de 1719.

Resposta do Marquez Grimaldo

Ex.mo Señor

Señor mio. Havendo dado cuenta a el Rey mi amo de el contenido de el papel, que

con fecha de este dia se serviô Vuestra Excelencia excrivime, ha venido Su Magestade

muy gustoso, por lo que mira al primero de los tres punctos que toca Vuestra Excelencia

en mandar se reconoscan la carta, ô papeles por los quales se suppone que el Señor

Marquez de Capecelatro dîô cuenta al Señor Cardenal Alberoni de el successo que le

obliga a haçer en la corte de Lixboa recuerdo de el pretendido castigo de el Cochero de

Marquez de Soza Tavares; a fin de que pueda tratar se de el ajuste de esta dependencia;

y en resolver (emquanto al segundo que pertence a los papeles, que quiere Vuestra

Excelencia tener a la vista, para tratar de la libertad del comercio entre los vassalos de

las dos coronas) se den a Vuestra Excelencia los zertificacions de los derechos que por

lo passado se acustumbravan llevar, por razon de Puertos suecos de Portugal; y de los

que presentemente si piden conforme a los aranzeles para cuyo cumplimiento se da

orden conveniente a Señor Marquez de Campo Florido, a quien hará Vuestra Excelencia

se acuda para haver las expressadas certificaciones. Y en enseñalar a Vuestra

Excelencia (por lo que toca al tercero, que se reduze a la audiencia particular que

solicita de Su Magestad) la manãna del dia Martes 19 de el corriente. De todo lo qual

prevengo a Vuestra Excelencia con el gusto de haver le dexado pontualmente servido

sobre estos assumptos, advirtiendo a Vuestra Excelencia para lo que en adelante se le

pueda offerecer en orden a audiencias particulares de Su Magestade, que estas las debe

Vuestra Excelencia /fol.290/ (como todos los demas Señores Embajadores) solicitar por

medio de el Señorio de Camera Don Claudio de la Rocha. Y quedo para servir a

Vuestra Excelencia con la más segura, fiel voluntad, deseando guarde Dios a Vuestra

Excelencia muchos anos. Palacio 17 de Dizembre de 1719. Ex.mo Señor. Beso las

manos de Vuestra Excelencia su mui seguro servidor. El Marquez de Grimaldo. Ex.mo

Señor. D. Luiz de Acuña.

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/fol. 290/ Para Don. Claudio de la Rocha en 18 de Deciembre * 1719

Señor Mio. Haviendo me Su Magestad permitido la honra de me dar audiencia

para mañana por intervencion del Marques Grimaldo, y como el nô señala la hora, y

juntamente me advierte que estas audiencias corren por la mano de Vuestra Señoria le

pido me quiera enseñar, y el lugar onde devo esperar, porque aun estoy ignorante de las

etiquetas desta Corte, y entretanto quedo a la obediencia de Vuestra Señoria a quien

Dios guarde. Madrid.

/fol.290/ Respuesta de Don Claudio de la Rocha Señorio de la Camera

Señor mio. Haviendo dado quenta al Rey mi amo, que Dios guarde del papel de

Vuestra Excelencia sobre la audiencia secreta, que solicita Vuestra Excelencia, Su

Magestad se ha servido señalar la mañana martes 19 del corriente, a las doze del dia, y

assi no participo a Vuestra Excelencia de su real orden, para que halle Vuestra

Excelencia en la pieza ochevada de palacio a la hora referida, adonde yo estaré para

recibir a Vuestra Excelencia, a cuya obediencia quedo con muy buena voluntad, deseoso

que Nuestro Señor me guarde la Excelentisima persona de Vuestra Excelencia los

muchos, y felices años que puede. Madrid a 18 de Deciembre de 1719.

Ex.mo Señor. Beso las manos de Vuestra Excelencia su mayor servidor. Don Claudio de

la Rocha.

Ex.mo Señor D. Luis da Cuña.

/fol.292/ Madrid 18 de Dezembro de 1719.

Sabbado que se contarão 16 do corrente estive com o Marques Grimaldo, para

começar a tratar dos dous pontos que embaração a liberdade do comercio, e despois de o

discorrermos sobre elles, ficamos em que lhe faria hum papel, porque este Ministro não

se encarrega de fallar a El Rey em negocio, sem, como elle diz, levar os materiaes, pello

que lhe pedi ordem para que se me dessem as certidoens que aponto na memoria, que

lhe mandei, e vay aqui junta. No meyo destas practicas me fallou sobre o accidente do

Marques Capicholatro, e como sei a grande amizade que corre entre a Marquesa

Grimaldo, e a de Capicholatro, lhe referi o que o Marques em ultimo lugar disse a Vossa

Senhoria, e o que Vossa Senhoria lhe respondera, e que este negocio era facil de ajustar

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com satisfação de ambas Magestades. Elle me respondeu que assim o dezejava, mas que

não estando informado do accidente mais que por cartas particulares estimaria, que eu

desse geito a que elle podesse procurar as que o dito Marques escreveu ao Cardeal; e

assim o verá Vossa Senhoria na carta que escrevi a Grimaldo, e na que elle me

responde.

Tãobem me pareceu pedir huma audiencia particular de Sua Magestade Catolica

para lhe agradecer a resposta que me mandou dar sobre o pagamento das patacas[...].

/fol.306/ Do Marques Grimaldo em 23 de Dezembro de 1719

Ex.mo Señor

Muy Señor mio. A el papel que Vuestra Excelencia se sirvio escrivir me en 17 del

presente mes, respondi la noche de aquel dia, preveniendo a Vuestra Excelencia que

conforme a su instancia havia mandado El Rey mi amo se tuviesse presente la carta que

El Señor Marquez de Capecelatro havia escrito en 8 del mes de Agosto ultimo passado

al Señor Cardenal Alberoni, dando quenta de el hecho, que le obliga a reppetir castigo

de el cochero de Manuel de Soza Tavares. Y aora devo decir a Vuestra Excelencia, que

nô hallando se la citada carta, faltando los papeles que peuden dar conocimiento de esta

dependencia, y nô teniendo presente lo que passô en su principio, nô se puede dar passo

sobre ella, ni concluir la, como desea Su Magestad se fenesca quedo para servir a

Vuestra Excelencia con la mas segura voluntad deseando guarde Dios a Vuestra

Excelencia muchos años como puede. Palacio 23 de Diziembre de 1719. Ex.mo Señor.

B.l. m. de Vuestra Excelencia su mayor servidor. El Marques Grimaldo. Ex.mo Señor

D. Luiz de Acuña.

/fol.366/ Madrid 16 de Janeiro de 1720

Não sei meu amigo do meu coração se o que quero dizer vos he dilirio da febre, se

tontice dos annos, ou effeito da melancolia, mas o que positivamente sei he ser discurso

do meu zello talvez infectado de alguma daquellas naturaes impressoens.

Isto supposto vos direi entre mim, e vos, que segundo se vay /fol.367/ mudando o

sistema de Europa seria de parecer o que tãobem Sua Magestade que Deus guarde fosse

armando, e que se podesse passar pelo ceremonial que embaraçou o casamento da

Senhora Infante D. Francisca com o Duque de Chartres o ajustasse para que nos

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segurasse o da Senhora Infante com El Rey de França, em caso que este Principe viva, e

se morrer sempre a Senhora Infante D. Francisca será Raynha de França, ou de

Espanha, ou terá outra soberania porque não cabe na possibilidade, que o Regente tenha

feito, e faça o que vimos, e vemos para ficar peor do que estava.

Digo que a Senhora Infante sempre ficará sendo ou Raynha de França, ou de

Espanha, porque sendo constante o dezejo que El Rey Catolico tem de reynar no paiz do

seu nascimento, ajudado tãobem da inclinação que a Raynha mostra ao mesmo, bem he

provavel que se trate desta convenção como Regente, que sô aspira a huma coroa seja

qual for. De que tão bem resultará cazar o Principe Nosso Senhor com a Infante de

Espanha, e segurarmo nos por todas as partes com estas allianças de parentesco,

emquanto as outras não são solidas, nem o podemos fazer cõ[m] as armas.

Se vos parecer dar ao amo parte desta minha idea o fazeis ainda que a não posso

apoyar de outras razoens por não me achar em estado de escrever. Guarde Deus a Vossa

Senhoria como deve. Madrid.

/fol.374/Copia de la Carta de Don Jozeph Rodrigo

Ex.mo Señor

Señor mio. El Rey por lo que estima la paresona y caracter de Vuestra Excelencia

me ha mandado dezir le ha resuelto se prevenga Vuestra Excelencia para que assista en

el quarto de la Reyna Nustra Señora el dia de su feliz parto que proximamente se espera,

y que le participe a Vuestra Excelencia para que lo tenga entendido, y pueda venir a

Palacio quando fuere avizado en qualquiera forma de que se acerca la hora tan deseada.

Dios guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Palacio 10 de Fevrero de

1720. Ex.mo Beso las manos de Vuestra Excelencia su mayor servidor. Don Jozeph

Rodrigo.

/fol. 418/ Madrid 1 de Março de 1720

A carta do Governador do Conselho de Castela e a minha resposta informarão a

Vossa Senhoria do cazo. Eu lhe não respondi sobre dizer me que não permita que a

minha familia traga pistolas, por lhe não competir este negocio, mas quando falei ao

Secretario de Estado, lhe disse o que havia passado, e que Manuel de Siqueira botára

logo o seu criado fora, não por trazer armas contra a lei, mas contra a ordem que desde

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que aqui estou tenho dado a todos meus criados, visto que o Marques Capecelatro

queria insistir em que os seus trouxessem sem embargo das leys desse Reyno.

O Marques Grimaldo me respondeu somente que o de Capecelatro tivera ordem

para pedir satisfação, a fim de que a Marqueza se podesse recolher a sua caza: e assim

espero ver o que Vossa Senhoria lhe respondeu. Guarde Deus a Vossa Senhoria como

dezejo.

/fol.438/ Madrid 15 de Março de 1720

[...] 4ª feira passada expuz ao Marques Grimaldo a pouca cauza com que o

Marques de Capecelatro pedia satisfação sobre o successo do seu Cavalheriço como

Cocheiro de Manuel de Souza Tavares, pois devia ser elle o que a devia dar, mas El Rey

Nosso Senhor por hum excesso de bondade queria dar ordem para que se prendesse o tal

Cocheiro em qualquer parte que se achasse com tanto que Sua Magestade Catolica

mandasse ao dito Embaixador que a sua familia se não servisse de pistolas, cujo uzo era

rigorosamente prohibido pelas leys desse Reyno.

O dito Marquez me tocou em que de lá se lhe insinuava que houvera alguma

negligencia no minuto que teve as primeiras ordens para prender o dito Cocheiro de que

vim a entender que a demonstração que com elle se fizesse era a demonstração que o

Embaixador pretendia porem a mim me não pareceu promete la antes escuzei a

deligencia do Corregidor, ate ver o que El Rey respondia sobre dar as ordens para que a

familia do Embaixador se não sirva de pistolas; e como elle seja o que pede a satisfação

disse ao Marques Grimaldo que me avizasse quando tivesse que dar me /fol.439/

alguma resposta, pella qual o não apreçava.

[...].

/fol.450/ Madrid 22 de Março de 1720

[...] Pello que tocá a dependencia do Marques Capecelatro me disse El Rey

Catolico estava na disposição de ordenar a seu Ministro, que sobre a liberdade de trazer

a sua familia pistollas se regulasse pello que fizessem os mais Ministros; com tanto que

se lhe desse a satisfação de se castigar a negligencia que o Corregidor teve em não

prender o cocheiro de Manuel de Souza Tavares.

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A razão em que o Marques Grimaldo se fundava para se não dar ordem ao de

Capecelatro que prohibisse á sua familia servisse de pistolas, era vir a ser o Embaixador

de Espanha o primeiro que consentisse em perder este privilegio; e que El Rey Nosso

Senhor se valeria deste exemplo, para pôr os mais Ministros na mesma obrigação; e que

o fundamento que tinha para que o dito Embaixador se não contentasse de que somente,

se reiterassem as ordens para se prender o dito cocheiro, consistia, em que já mais o

acharião.

Pello que despois de hum curto debate concordamos em que Sua Magestade

Catolica mandaria ao seu Embaxador que não consentisse que alguma pessoa da sua

familia trouxesse pistollas; bem entendido que Sua Magestade não permitiria que a dos

outros Ministros usassem dellas. Esta clausula me pareceu justa, porque a liberdade, e a

prohibiçao deve ser commũ a todos.

Quanto á satisfação da nossa parte, tãobem concordamos /fol. 451/ em que Vossa

Senhoria chamaria a sua caza o Corregedor e lhe estranharia da parte de Sua Magestade

a negligencia com que se h[o]uve em executar as ordens que teve para prender o tal

cocheiro; e que esta acção se faria de maneira, que fosse notória ao Embaixador

subsistindo sempre as ditas ordens para se prender o mesmo cocheiro no cazo que se

ache.

O Marques Grimaldo queria escrever esta noute ao Embaxador na refferida forma

para que eu fizesse o mesmo a Vossa Senhoria porem a mi me pareceu dizer que hum

destes dias voltaria à Secretaria para lançarmos estes despachos á vista hum do outro, ou

delles nos dessemos as copias: assim que o Marques Capecelatro não passasse alguns

officios menos conformes ás suas ordens, e em lugar de ajustar o negocio o embrulhasse

de novo [...].

/fol. 452/ [...] Estando para despedir me disse o mesmo Marques que dessa Corte

lhe escrevião que Sua Magestade me mandava ao /fol.453/Congresso; pello que me

perguntava que Ministro se destinava para esta Corte. Eu lhe respondi que estava

ignorante de que El Rey Nosso Senhor me quizesse fazer aquella honra; e por

consequencia não podia satisfazer á sua curi[o]zidade. Elle me replicou que a tiver para

insinuar me que seria agradavel a Sua Magestade Catolica que ficasse aqui Manuel de

Siqueira pella sua muita quietação, e satisfação que todos tinhão do seu procedimento. E

não ha duvida que se congeniou muito com toda esta nobreza.

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Elle se viu 6ª feira estando já para partir muy apertado de hum accidente de pedra,

de que ainda não fiqua fica livre, e como seu irmão morreu desta achaque, lhe faz mayor

aprehensão.

Não me fica outra couza que pôr na noticia de Vossa Senhoria a respeito dos

nossos particulares. Guarde Deus a Vossa Senhoria.

/fol.461/ Madrid [Abril de 1720]

[...] Em segundo lugar me diz Vossa Senhoria que sobre o ajuste do Marques

Capecelatro só nos seria conveniente conseguirmos que seja chamado a esta Corte. pella

carta de _________ me escreveu Vossa Senhoria que accomoda o negocio, ordenando

El Rey Catolico ao seu Embaixador que não se servisse de pistollas, e prometendo eu

que seria suspendido o Corregidor do seu emprego. Em consequencia deste despacho

convim com o Marques Grimaldo em que Sua Magestade Catolica daria a dita ordem ao

seu Ministro; e que o Corregidor seria somente reprehendido por Vossa Senhoria; pello

que lhe remeto a copia da forma em que hum, e outro devíamos escrever nesta posta.

Isto não embaraça fazer se a diligencia que Vossa Senhoria aponta, antes a poderá

facilitar, porque havendo já El Rey Catolico tomado o empenho de que se desse

satisfação ao seu Ministro, he evidente que sem o conseguir o não quizesse retirar. Elle

não tem aqui mais amigo,s nem mais credito, que o que lhe grangea sua mulher na

estreita amizade que conserva com a Marquesa de Grimaldo; e como tãobem tenha

poucos bens /fol. 462/ já o mandarão para esse Reyno, para que se sustentasse da

Embaixada; de mandiera que a mayor difficuldade consistirá em ser necessario dar lhe

outro emprego. Guarde Deus a Vossa Senhoria como dezejo.

/fol.462/ Forma em que o Marques de Grimaldo deve escrever ao de Capecelatro

El Embaxador de Portugal haviendo passado palabra de que el Secretario de

Estado llamará el Corregidor que tuvo orden para prender el cochero, y le estránará de

parte de Su Magestad Portuguesa de suerte que sea notorio a Vuestra Excelencia la

negligencia la negligencia [sic] que tuvo en nó haver executado promptamente las

ordenes de Su Magestad; las quales que darán en su vigor, ô se passaran atras, para que

el cocheiro sea preso, y castigado en qualquiera parte que se hallare, ordena Su

Magestad a Vuestra Excelencia que nô permita que alguns de sus criados mayores ni

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menores uze de pistollas ni publica, ni secretamente, bien entendido que lo mismo se

observará con los demás Ministros del Caracter de Vuestra Excelencia _ _ _ _ _ _ _ _ _

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ .

/fol.462/ Forma em que D. Luiz da Cunha ha de escrever ao Senhor Diogo de Menonça

Corte Real

Havendo Sua Magestade Catolica querido evitar os accidentes que resultarão do

uzo das pistolas ordena ao Marques de Capecelatro seu Embaxador nessa Corte que

nennehum dos seus criados mayores, e menores, se sirva dellas publica, nem

secretamente. Bem entendido que isto mesmo se observará nessa Corte com os mais

Ministros do seu caracter. Em vista do refferido passei a minha palavra de que Vossa

Senhoria mandaria chamar o Corregidor que teve ordem para prender o cocheiro, e lhe

estranharia da parte de Sua Magestade de sorte que seja notorio ao Embaxador a

negligencia que teve em não haver executado promptamente as ordens de Sua

Magestade as quaes ficarão em seu vigor ou se /fol.463/ passarão outras para que o

cocheiro seja prezo e castigado em qualquer para que se achar _ _ _ _ _ _ _ _ _.

/fol.544/ Carta do Marques Grimaldo em Aranjues a 27 de Mayo de 1720

Señor Mio. No haviendo se dado por entendido el Señor. Diego de Mendonça de

lo acordado aqui con Vuestra Excelencia sobre el lance del consavido Cochero, assi en

orden a llamar em Corregidor que tuve la orden commision para prender le y extrañar

le de parte de Sua Magestade Portuguesa de suerte que sea notorio al Marques de

Capecelatro la negligencia que tuvo en no haver executado promptamente sus reales

ordenes, como en quanto a que estas queden en su fuersa y vigor, ô se passen otras, para

que el Cochero sea castigado em qualquiera parte que se hallare ; se haze preciso el que

yo haja a Vuestra Excelencia un recuerdo sobre esta dependencia, respecto de que en 29

de Marzo ultimo se acordo con Vuestra Excelencia lo referido, y de que despues de dos

meses nó se ha dado passo alguno sobre ello de suerte que aya sido notorio al Señor

Marques Capecelatro. Y quedo para servir /fol.545/ a Vuestra Excelencia con todo

affecto deseando guarde Dios a Vuestra Excelencia muchos años Aranjues a 27 de

Mayo 1720. Ex.mo Señor.

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/fol.545/ Resposta a dita carta em Cienpozuelos aos 28 de Mayo de 1720

Señor mio. En respuesta de la carta que Vuestra Señoria se sérvio escrevir me en

27 de Mayo que en substância es un recuerdo de no se haver cumplido lo que Vuestra

Señoria y yo ajustamos para se accomodar el disturbio acaecido entre el cavalheriço del

Señor Marquez Capecelatro con el Cochero de Señor Don Manoel de Soza Tavarez, a

saber que seria reprehendido el Corregidor en forma que lo supiesse el mismo Señor

Marques, por nó haver hecho la diligencia necessaria para prender el tal Cochero, que

para este affecto se passaria nuevas ordenes, que el Embaxador de Su Magestad

Catholica las tendria para que su familia alta, y baja no se sirva de pistolas de dia ni de

noche, y que esto se usaria con los más Ministros de su caracter, lo que me parece haver

sido la substancia de nuestro ajuste; porque nó teniendo aqui mis papeles no lo puede

refferir por las mismas palabras: diré a Vuestra Señoria que en dicha de 16 de Abril me

escrevió el Señor D. Diego de Mendõça Corte Real, que El Rey mi amo havia aprovado

el ditho accommodamento; En 30 de Abril me repite que el Señor Marques Capecelatro

aun nó le havia hablado palabra sobre el mismo negocio, supponiendo que havira

/fol.546/ replicado como antecedentemente le havia ditho que lo haria si le fuesse

alguna orden de aquella natureza. En 14 deste mismo mez me avisa el Señor D. Diego

de Menonça, que el Señor Marques de Alssa Governador de la Provincia de Alentejo le

escrevió que mi Señora la Marquesa de Capecelatro determinava passar a Elves por

hallar enferma en Badajós; a que se seguiera mandar le el Señor Marques Capecelatro

pedir hora para hablar le; y que nó se la podendo dar en aquel dia, bolviera a mandar le

dezir por el Secretario de la Embajada que hallando se neferme mi Señora la Marquesa

determinava passar a Elves, y que assi lo hiziesse presente a Su Magestad; a lo que el

Señor D. Diego de Mendonça respondio que seria conveniente que su Señoria se lo

escreviesse para poner lo en la noticia de Su Magestad. Pero el Señor Marques

Capecelatro le mando pedir orden para que se diessen a un criado suyo postas para

embiar le a Badajos, declarando que havia udado de dictamen.

De lo que reffiro a Vuestra Señoria vera que mi Corte está prompta a cumplir lo

que yo he ajustado con Vuestra Señoria. pero parece que el Señor Marques Capecelatro

quiere que se le dé toda aquella satisfacion, sin dar se por entendido de la orden que

Vuestra Señoria en conformidad de nuestro ajuste le havra dado de la parte de su

Magestad Catolica. Dios le guarde para que su familia nó se sirva de pistolas, la qual

orden nó consta a mi Corte más que por la copia del papel que dexé em manos de

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Vuestra Señoria; y aun esta /fol.547/ carta que Vuestra Señoria se servió escrevirme

habla solamente de la reprehension, que yo prometti de dar se al Corregedor y de las

ordenes que se deven passar para se prender el Cochero de Don Manoel de Soza

Tavares, dejando en silencio las Sua Magestades Catolicas havra dado parte que el

Señor Marques Capecelatro nó permitta que su familia alta y baxa ni de dia, ni de noche

se sirva de pistolas.

Si el Señor Marques Capecelatro quisiera tener la bondad de hablar al Señor D.

Diego de Mendoça para que hisiesse la diligencia en conformidad del ajuste ya

estuviera compuesto este negocio; y assi solo del ha dependido, y depende la execucion.

Dexo a la consideracion de Vuestra Señoria el fin con que Señor Marques Capecelatro

nó há querido hablar en nuestro ajuste, y quanto este puntillo particular de un Ministro

puede ser muchas veses contrario a la buena correspondencia, y union que los Principes

desean conservar entre sy para reciproca utilidad de sus Reynos, y vassalos.[…].

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VI. Embaixada de António Guedes Pereira em Madrid (1720-1726)

Doc.21. Carta do Marquês de Grimaldo para António Guedes Pereira dando-lhe

conta que Filipe V aceitara o convite de D. João V para apadrinhar o seu filho, Infante

D. Alexandre, Santo Ildefonso, 24 de Outubro de 1723. AGS, Estado, Legado 7127,

fol.1. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. En satisfacion a lo que Vuestra Señoria se sirve previnirme

por su carta de fecha de 22 puedo desir a Vuestra Señoria que El Rey mi amo, en vista

de la carta de Su Magestad Portuguesa há resuelto responderle con toda a estimacion

y afecto acetando la comision del patrinago del nuevo Infante, haviendo nombrado

para ella Su Magestad a su Embajador el Marques de Capecelatro y quedo para servir

a Vuestra Señoria con el verdadeiro afecto, que le profeso, deseando guarde Dios a

Vuestra Señoria muchos años. San Yldefonso a 24 de Octtobre de 1723.

Beso las manos de Vuestra Excelencia su mas seguro servidor

El Marques de Grimaldo

Señor Don Antonio Guedes Pereira.

Doc.22. Carta de António Guedes Pereira para o Secretário de Estado português

referindo a nomeação de José da Cunha Brochado e o carácter que lhe fora atribuído

para a assinatura dos artigos preliminares do duplo matrimónio ibérico; conversa que

teve com o Marquês de Grimaldo sobre os retratos dos infantes, Madrid, 1 de Junho

de 1725. BNP, Arquivo Tarouca nº 229, fols.1-2. [Excerto].

[fol.1] Recebi duas cartas de Vossa Senhoria de 24 de Mayo pello creado de

D. Luis da Cunha que voltava despachado dessa Corte, e se não deteve mais tempo

para seguir a carreira, o que foi precizo para lhe darem cavallos de porta.

Como Vossa Senhoria me insinuava em huma dellas não obstante os motivos,

que reprezentey na minha de 14 do passado, que não tenho rezão para o meo

scrupulo: porque Sua Magestade que Deus guarde sempre que toma qualquer

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rezolução cuida muito na honra dos seos ministros, e que nesta consideração me

nomeara tambem Plenipotenciario com Jozeph da Cunha Brochado para tratar, e

ajustar estes negocios me pora Vossa Senhoria aos seos reaes pes com o mais

profundo respeyto dando lhe as dividas graças pella honra que me fas em reconhecer

o grande zello, amor, e fidelidade; com o que procuro sirvir a S. Magestade pois que a

rezão da minha desconfiança era so o entender, que não poderia continuar nesta

preciza obrigação, sem a honra, com que eu me não suppunha para o fazer faltando

me aquelle caracther como [fol.2] não tenho noticia se o mesmo Jozeph da Cunha

Brochado tem mandado, ou não tomar caza nesta Corte lhe mandado, ou não tomar

caza nesta Corte lhe mandei compor hum quarto na minha, aonde tera trato, que

merece hum Ministro de El Rey Nosso Senhor.

Com occazião da vinda da Infante, e achar-me em Palacio juntamente com o

Marques de Grimaldo ao tempo da sua chegada, em que tive a honra de ver muito de

perto a esta Princeza, disse ao mesmo Marques que não podia deixar de significar lhe

o grande gosto, que os Reys meos amos terião de ver os retratos de Sua Alteza e do

Princesa das Asturias, e me ssegurou, que ja os Reys seos amos estavão deste mesmo

animo.

[...]

Amenham a teremos de Suas Magestades Catholicas e da Infante eu, e os de

mais Ministros extrangeiros. Não se offerece outra couza de que dar conta a Vossa

Senhoria que Deus guarde muito anos. Madrid 1 de Junho de 1725. Antonio Guedes

Pereira.

Doc.23. Carta de António Guedes Pereira para o Secretário de Estado português

queixando-se das despesas que tinha e da ajuda de custo que recebeu para mobilar a

sua casa, Madrid, 16 de Julho de 1725. BNP, Arquivo Tarouca, 229, fols.1-2.

[Excerto].

[fol.1] Meo Senhor. Recebi pelo meo criado a carta particular de Vossa

Senhoria de 10 de Julho, e estimo summamente que Vossa Senhoria passeia livre da

sua fluxão, e logra a perfeyta saude que lhe dezejo.

Bem quizera eu que a minha caza se achasse em estado de poder tirar della

tudo o que me fosse necessário para poder servir a Sua Magestade que Deos guarde a

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minha propria despeza; mas como Vossa Senhoria não ignora que me he impossivel

faze-lo, ha de discursar as minhas importunações; porque ainda que conheço que a

ajuda de custo que o mesmo Senhor mandou dar a Jozeph da Cunha Brochado foi em

atenção a por a sua caza, com tudo para a mesma razão de que elle se serve tambem

da minha em Madrid, e de que eu não tive para a moblar quando passey aquela Corte,

mas que quatro mil cruzados; parceu que justamente devo esperar da real grandeza del

Rey Nosso Senhor que me iguale em tudo ao que se deu aquele Ministro pois que

com tanto zelo e desvelo me interesso no seo real serviço, e pelo acrescentamento da

mezada me fara Vossa Senhoria a honra de bejar a mão por mim a Sua Magestade.

Fico entendendo o que Vossa Senhoria me previne de que leya huma, e muitas

vezes as instrucções, e todos os mais papeis, que com ellas entregou a Jozeph da

Cunha Brochado, tomando na memorias os pontos mais essensiaes, e as rezões que

justificao o que pertendemos para o lembrar ao mesmo Jozeph da Cunha, que pela sua

idade podera esquecer se e o executarey assim ainda que me persuado que o natural

deste Senhor não permitia que eu o advirta, ou lhe argumento quando a authoridade

de ser o primeiro lhe influira a vaidade de entender que os meos discursos he serão

desnecessários.

[...].

Doc.24. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para António Guedes Pereira

pedindo-lhe que o informasse sobre a futura nomeação que Filipe V faria para a Corte

de Lisboa, Madrid, 6 de Setembro de 1725. BNP, Arquivo Tarouca, 229, fols.1-2.

[Transcrição integral].

[fol.1] Meu Senhor. Devo prevenir a Vossa Senhoria que ainda, que em outra

lhe digo he indiferente para Sua Magestade a pessoa que El Rey Cattolico nomear

para vir por Embaxador a esta Corte, comtudo se Vossa Senhoria vir, que se intenta

nomear alguma pessoa extravagante, que pode alterar a boa correspondencia, que se

procura estabelecer, solicitará desvia-la, mas de sorte, que se não perceba por ella, ou

seus parentes, que Vossa Senhoria concorreo para o seu desvio, e convem que logo

que Vossa Senhoria souber quem he a pessoa que se determina nomear, me partecipe

por expresso assim a pessoa, como as circunstancias, e occupaçoens que tiver porque

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tudo he necessario saber-se para Sua Magestade resolver quem ha de mandar com o

mesmo caracter a essa Corte, que declarara sem demora, e de igual graduação.

Deve Vossa Senhoria procurar informar-se se quando se conveio nas

condiçoens com que se havia de fazer o contracto dotal de Luiz 15 se deo alguma

joya ao Marquez de Grimaldo, e de que valor era; e se não se lhe deu quando se

celebrou o pacto, se se lhe deu quando se assignou o tratado, e de que preço, e de que

especie, e feitio era; e de tudo isto me informará Vossa Senhoria com a anticipação

possivel, e com muita individualidade procurando informar-se destas couzas com

muita cautela, e destreza, e averiguando a verdade.

Doc.25. Carta de António Guedes Pereira para o Secretário de Estado português

referindo o valor, a forma e o feitio das jóias que foram trocadas entre as Cortes de

Madrid e Paris pela ocasião do casamento de Luís XIV com a Infanta D. Mariana

Vitória em 1721, Segóvia, 24 de Setembro de 1725. BNP, Arquivo Tarouca nº 229,

fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Meu Senhor. Procurando informar-me com toda a individualidade

(como Vossa Senhoria me prevenia na sua carta de 6 do que corre) se quando se

conveyo nas condiçoens, com que se havia de fazer o contrato de Luiz 15 se deu

alguma joya ao Marquez de Grimaldo, se se lhe deu quando se celebrou o pacto, ou

quando se assignou o tratado; achey que se lhe deu depoes de assignados os

preliminares, e publicado o matrimonio, e que esta lhe mandou o Duque de Orleans

pelo primeiro correio que veyo de Pariz depois desta noticia; com huma carta, em que

lhe dezia que El Rey Christianissimo lhe mandava o seu retrato, e para a Marqueza

sua molher aquelles brincos, e cruz de pescoso preza em hum fio de perolas para o

mesmo.

E procurando depoes informar-me do seu valor, especie, e feitio chamey o

ourives Alfaro , que he o único do seu officio, que vio aquellas pessas, e elle me disse,

que o retrato de El Rey Christianissimo era oval, guarnecido de diamantes rozas de

bom tamanho, muy claros, e o que fazia rematte em sima havia pezar ao menos

quarenta grãos, que os dos brincos, e cruz erão brilhantes, e que os brincos constavão

de hum diamante grande , e tres pingentes cada huma, que a cruz não correspondia a

elles por ser piquena, e que as perolas do pescosso, a que vinha preza erão de bom

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tamanho, e que poderião valer quinhentos dobroens, e que só não estava prezente no

numero dos diamantes do retrato, e da cruz, porque havia visto aquellas pessas havia

muito tempo, e huma só vez, e que se não podia afirmar nellas por agora, porque a

Marqueza estava em Santo Ildefonso , e as tinha em Madrid, donde não quereria

[fol.1v] mandar mostrar-lhas.

Tambem não pude averiguar ainda se foi de seis contos dobroens o anel que se

deu ao official da Secretaria que fez os preliminares, e tratados; e se foi de duzentos,

ou duzendos, e sincoenta o que se deu ao pagem da bolça, mas ouço, que hum e outro

tiveram prezentes. Deos guarde a Vossa Senhoria muitos annos. Segóvia 24 de

Septembro de 1725.

Doc.26. Carta particular de Diogo de Mendonça Corte Real para António Guedes

Pereira dando-lhe ordens para regressar imediatamente a Lisboa; pede-lhe também

que entregue ao Marquês de Abrantes as jóias que anteriormente deveriam ter sido

dadas naquela Corte pela ocasião da assinatura dos artigos preliminares do duplo

matrimónio ibérico, Lisboa, 18 de Março de 1727. BNP, Reservados, Cód. 9562,

fols.80v-81. [Excerto].

/fol.80v/ Carta particular para Antonio Guedes Pereira em 18 de Março de 1727 – e

foi copia ao Marquês de Abrantes

Meu Senhor. Remetto a Vossa Senhoria a ordem de Sua Magestade para se

recolher a este Reyno, e ao Senhor João Guedes communiquei algumas rezoens, que

havia para tomar-se esta rezolução, alem da que expresso a Vossa Senhoria na dita

ordem, que Vossa Senhoria executará promptamente; e porque os Reys Cattolicos

poderão interceder para que Vossa Senhoria fique nessa Corte, devo dizer a Vossa

Senhoria procure evitar estas intercessoens, como tambem a do Principe, ou da

Infante D. Maria Anna Victoria, porque qualquer intercessão se entenderia sollicitada

por Vossa Senhoria ainda que o não fosse, e passaria Sua Magestade a castigar a

Vossa Senhoria como desobediente á sua ordem. Tudo isto me pareceu prevenir a

Vossa Senhoria por dezejar, que não /fol.81/ obre couxa, que seja desagradavel a Sua

Magestade. Deos guarde a Vossa Senhoria. Lixboa Occidental 18 de Março de 1727.

Diogo de Mendonça Corte Real.

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Outra carta particular para Antonio Guedes Pereyra em 18 de Março de 1727 – e foi

copia ao Marquês de Abrantes

Sua Magestade he servido, que logo que chegar o Marquez de Abrantes a essa

Corte, Vossa Senhoria lhe entregue as joyas que levou Luis Correa, quando desta

Corte foi despachado em 26 de Outubro do anno de 1725; as quais ficarão em poder

de Vossa Senhoria na forma das ordens do mesmo Senhor que emtão,e depois lhe

forão se expedirão; e quando Vossa Senhoria agora as entregar ao dito Marquêz,

cobrará delle recbido, porque assim o ordena Sua Magestade.

[...]

Deos guarde a Vossa Senhoria. Lixboa Occidental 18 de Março de 1727. Diogo

de Mendonça Corte Real.

Doc.27. Practica que o Secretario de Estado Diogo de Mendonça Corte Real fés por

ordem de Sua Magestade a João Guedes Pereyra em 20 de Março de 1727 de que foi

copia ao Marquêz de Abrantes; a qual tambem mandou por escritto o dito João

Guedes a seu irmão Antonio Guedes Peryra na mesma occazião que forão as cartas

revocatórias para elle vir de Madrid para este Reyno, Lisboa, 20 de Março de 1727.

BNP, Reservados, Cód. 9562, fol.79v. [Transcrição integral].

/fol.79v/ Sua Magestade tem rezolutto, que logo que chegar o Marques de

Abrantes a Madrid, se recolha o seu irmão de Vossa Merce a este Reyno por ser

conveniente a seu real serviço não ter dois ministros naquella Corte; o que não pode

cauzar a seu irmão de Vossa Merce receyo algum de desagrado de Sua Magestade

pella frequência, com que se vem no mundo semelhantes exemplos de Ministros

revocados, principalmente depois de tantos annos de rezidencia em que as despesas

tem sido mais conformes ao animo que a possibilidade de seu irmão de Vossa Merce,

que tambem não deve suppor que esta rezolução de Sua Magestade lhe não

prejudique ao credito, se elle obedecer prontamente como deve, pois que pelo

contrario lhe cauzará grande reputação ver-se que Sua Mageatade o premea, como

elle pode justamente pertender, e esperar.

Antes por outra parte lhe seria muito contra o credito, e reputação ficar em

Madrid, porque para ser conveniente com o character que tem, se constituiria hum

mero expectador das accoens do Marquês Embaixador sem ter nellas parte alguma; e

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para melhorar de character, como talvês lhe virá ao pensamento ao seu irmão de

Vossa Merce; quais podem ser os meyos de subsistir, quando hé certo, que

semelhantes empregos só os podem exercitar os que tem cazas, de que se valer, e

rendas que empenhar; quanto mais que Sua Magestade tem tomado a firme rezolução

de não querer em Madrid mais que hum Embaixador.

Pelo que he muito melhor, e mais prudente concelho, que seu irmão de Vossa

Merce trate de obedecer a Sua Magestade como deve e de executar logo a sua ordem,

tanto para se por logo a caminho, como para evitar qualquer empenho daquella Corte

para cujo fim, e tambem para o decôro da pessoa de seu irmão será precizo que elle

mostre assim na audiencia dos Reys Catholicos como em toda a Corte a grande

satisfação que tem da honrra, que Sua Magestade lhe fáz dando-se por bem servido

delle para que eu que dezejo servi-llo, e ve-lo adiantado, como elle merece, possa ter

motivos de contribuir a esse fim, e seu irmão de Vossa Merce possa evitar com sua

prompta jornada, a occazião de se achar prezente na função da entrada do Marquêz,

que em muitos breves dias a fará, assim pelas ordens que leva como pelas

dispoziçoens, que tem adiantadas e Vossa Merce lhe escreverá tudo o referido da

minha parte, porque dezejo muito que logo o Marquêz chegar, o Senhor Antonio

Guedes se ponha a caminho, porque sei, que El Rey terá disso particular satisfação,

porque em tudo quer ser obedecido com prompta deligencia.

Doc.28. Carta revocatoria e de Chancellaria de Sua Magestade para El Rey

Cattolico em 18 de Março de 1727 para Antonio Guedes Pereyra se recolher de

Madrid para este Reyno; da qual foi copia ao Marques de Abrantes, e ao mesmo

Antonio Guedes, Lisboa, 28 de Março de 1727. BNP, Reservados, Cód. 9562,

fols.77v-78. [Transcrição integral].

/fol.77v/ Carta revocatoria e de Chancellaria de Sua Magestade para El Rey Cattolico

em 18 de Março de 1727 para Antonio Guedes Pereyra se recolher de Madrid para

este Reyno; da qual foi copia ao Marques de Abrantes,e ao mesmo Antonio Guedes

Muito Alto, e muito Poderozo Principe meu bom Irmão, e Primo. Eu Dom João

por graça de Deos Rey de Portugal e dos Algarves, daquem e dalém mar em África

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Senhor de Guinê, e da Conquista Navegaçao Comercio de Ethiopia, Arabia, Percia e

da India etecetera.

Ínvio muito saudar a Vossa Magestade como aquelle que muito amo, e prézo.

Havendo nomeado pro meu Embaxador Extraordinario a Vossa Magestade o Marquez

de Abrantes, ordeno a Antonio Guedes Pereyra meu Inviado Extraordinario e

Plenipotenciario se recolha a este Reyno, e que antes de o executar segure a Vossa

Magestade o bom animo, com que estou de conservar a firme amizade, que professo

a Vossa Magestade; e fio da capacidade, e prudencia do mesmo Antonio Guedes

Pereyra procurarei merecer o real agrado de Vossa Magestade em todo o tempo, que

assistio nessa /fol.78/ Corte. Muito alto, e muito Poderozo Principe meu bom Irmão, e

Primo. Nosso Senhor conserve a Vossa Magestade o seu real Estado em sua santa

guarda. Escritta em Lisboa Occidental a 18 de Março de 1727.

Bom Irmão, e Primo de Vossa Magestade.

El Rey com guarda.

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VII. Embaixada de José da Cunha Brochado em Madrid (1725)

Doc.29. Copia da instrucção que se deu a Jozeph da Cunha Brochado quando foi

por Plenipotenciario a Madrid em 24 de Mayo de 1725. BNP, Arquivo Tarouca nº

229, fols.1-13. [Transcrição integral].

/fol.1/ Jozeph da Cunha Brochado amigo: Havendo o Marquez de Grimaldo

Secretario do Despacho Universal de El Rey Catholico meu bom Irmão e Primo

proposto da parte de El Rey seu amo a Antonio Guedes Pereira meu Enviado

Extraordinario na Corte de Madrid ajustar se entre esta coroa, e a de Castella huma

Liga deffensiva e offensiva, e afiançar esta com os recriprocos matrimonios do

Princepe meu sobre todos muito amado, e prezado filho com a Infante daquelle

Reyno, e o da Infante minha muito amada, e prezada filha com o Princepe das

Asturias na forma que vistes pellos despachos do ditto Antonio Guedes que vos

mandei communicar e havendo eu acceitado aquella propozição como vos constou

pellas copias das ordens que mandei expedir ao mesmo Antonio Guedes: Fui servido

rezolver, que na ditta Corte, de Madrid se ajustassem os preliminares da referida Liga,

e matrimonios com a brevidade que o mesmo Rey Catholico mostrou dezejava;

nomeado o mesmo Marquez de Grimaldo pera pella sua parte conferir, e ajustar os

dittos preliminares, manifestando se agradaria muito que Antonio Guedes conferisse

pella minha parte com o ditto Marques; e considerando eu que o ditto Antonio

Guedez se não acha com as experiencias necessárias para poder só conferir, e ajustar

negocios tao graves, e importantes como são os que se handem tratar nos dittos

Preliminares: me pareceu conveniente mandar vos a Corte de Madrid por meu

Plenipotenciario pera que juntamente com o ditto /fol.2/ Antonio Guedes entrei a

conferir e a ajustar os referidos Preliminares com o Marques de Grimaldo fiando do

vosso grande zello, e acerto com que me tendes servido nas importantíssimas

negociaçoeñs de que vos encarreguei nas Cortes de Paris, e Londres me sirvireis nesta

muito a minha satisfação como devo esperar da vossa grande capacidade, e

comsumada prudencia.

Tenho rezoluto que se vos dem doze mil cruzados de moeda corrente de ajuda

de custo por huma ves somente para compores a vossa ca[za] e quinhentos mil reis de

mezada de moeda taõbem corrente, ordenando se vos adiantem seis mezadas as quais

haveis de principiar a vencer do dia em que sahires desta Corte athe voltares a ella.

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Com esta instrucção se vos entregarão tres plenos poderes, hum geral, e dous

especiais, em os quais vos nomeyo, e a Antonio Guedes por meus Plenipotenciarios, e

ainda da que Antonio Guedes tem cifra de que se serve para os negocios que

necessitão daquella cautela rezolvi se vos desse huma nova de que ambos se hajão de

servir, e as mais com que se communica com os meus ministros nas Cortes

estrangeiras, com os quais deveis taõbem ter correspondencia, e principalmente com o

Conde de Tarouca, e Dom Luis da Cunha, os quais pellas suas grandes experiencias, e

pellas noticias que tem das principais negociaçoñs, de que hides emcarregado vos

poderão ajudar com as suas informaçoez para concluzão das dittas negociaçons, a

qual nunqua deve depender das dittas informaçoeñs.

Tãobem recebereis as duas cartas que escrevo a El Rey Catholico, huma de

proprio punho, e outra Credencial, que ambas entregareis ao mesmo Rey em

audiencia particular fazendo lhe da minha parte todas aquellas expressoens, que vos

parecerem próprias para persuadirem a El Rey Catholico da sinceridade do meu

animo, e ao dezejo com que fico de que se concluao a preposta Liga, e reciprocos

/fol.3/ matrimonios, e espero que a vossa pessoa será muito agradavel ao mesmo Rey

assim pello conhecimento que delle tem, como porque as vossas boas partes se farão

acredoras do seu real agrado; e para fazeres à Raynha as mesmas expressoeñs, ordeno

se vos entregue carta da minha real mão, que lhe entregareis, e Antonio Guedes vos

informará da forma em que deveis pedir estas audiencias particulares e se deveis logo,

que chegares buscar o Marquez de Grimaldo secretario do despacho universal, para

lhe communicares a commissão que levais, e quando o visitares lhe significareis a

particular estimaçãoo que faço de sua pessoa, e o muito que me foi agradavel nomea

llo El Rey seu amo para tratar comvosco, e com Antonio Guedes o ajuste dos

referidos Preliminares; pois conhecendo elle com a sua grande comprehenção o muito

que convem ao interesse das duas coroas as propostas unioeñs, estou certo facilitará

de sua parte a concluzão dellas para o que vos concorrereis da vossa com aquella

sinceridade de animo que elle experimentará nas conferencias.

Como o Marques de Monlivrie negociou na Corte de Madrid os cazamentos

de El Rey Luis 1º e de El Rey de França como Plenipotenciario vos informareis da

forma, em que elle se houve quanto ao ceremonial com o Marques de Grimaldo, e

com os Ministros de Estado, pera praticares o mesmo.

Como por parte de El Rey Catholico se fez a propozição da liga, e dos

reciprocos matrimonios, deveis mostrar o vosso pleno poder, em que vos authorizo, e

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a Antonio Guedes, pera poderem ambos entrar a conferir no que vos propuzer o ditto

Marques, que vos mostrará tãobem o seu pleno poder, e se principiar, como he

provavel pella liga, ouvireis o que vos propuzer; e se elle não tiver duvida a formar o

projecto das condiçõez com que pertende fazer a liga lho pedireis, e mo remettereis

interpondo o vosso parecer sobre cada huma das condiçoeñs, esperando as minhas

ordens /fol.4/ pera o ajuste dellas, hindo porem sempre conferindo com elle, sem

mostrares dificuldade na concluzão dellas; principalmente nas que vos não parecerem

duras, e prejudiciais a esta Coroa, se eu as acordar; mas como Madrid fica tão perto

desta Corte, nunca concluirá sem primeiro me dares conta, e receberes as minhas

ordens, e quando se não satisfaça o ditto Marques do pleno poder geral vos sirvireis

dos dous espiciais.

Emquanto me não são prezentes as condiçoeñs que se propõem, por parte de

El Rey Catholico para a referida liga, só se vos pode advertir que como por ora toda a

Europa esta em pás, a proposta liga respeirata aos rompimentos que pello tempo

futuro podem acontecer; mas como he mais provavel, que primeiro os tenha a cor[o]a

de Castella, que a minha, pelas pertençoeñs asáz conhecidas, que actualmente tem em

Italia, será conveniente, que a Liga se restrinja ao continente de Espanha por terra, e

por mar contra as Nasçõez, que invadirem os Dominios, que as duas coroas tem na

America, e Indias Orientais, e occidentais, e Africa, pois nunca pode ser conveniente

a esta coroa, que rompendo Castella a guerra em Italia ou em outra qualquer parte da

Europa fora do continente de Espanha, seja eu obrigado a socorrer aquella coroa,

quando esta não pode ter guerra em Europa se não no continente da mesma Espanha.

Se El Rey Catholico no seu projecto não declarar certo numero da tropas, e

navios para o mutuo socorro, não mostrareis que desejais que isto se estipulle.

Antonio Guedes, quando o Marques de Grimaldo lhe falou nesta liga lhe

preguntou se Inglaterra entrava tão bem nella e ainda que lhe respondeu que o não

sabia com certeza lhe deu a entender /fol.5/ que poderia tãobem entrar aquella coroa,

e assim será conveniente que procureis saber do mesmo Marques se com Inglaterra se

tem entrado em alguma negociação a respeito da liga, e quando vos declare que não

lhe insinuareis, como por discurso vosso, que visto que esta Coroa, e a de Castella se

achão aliadas com a de Inglaterra pede a rezão de bons aliados invitar a El Rey Jorge,

que entre na lliga; e quando acheis repugnancia nesta abertura será conveniente que

no curso da negociação mostreis que o meu animo hé observar a liga defensiva que

tenho com Inglaterra, e que no cazo que entre aquella Coroa, e a de Castella haja

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alguma differença, devo eu como aliado de ambas procurar acomoda-lla

amigavelmente; e quando o não consiga, e succeda haver rompimento, não devo

soccorrer ao agressor; não só a huma das duas Coras, que tratar da sua defeza, pois

isto hé o que sempre se praticou entre os Princepes coligados; mas esta declaração

não a fareis se não quando se tratar da concluzão do Preliminar da ditta liga, porque

antes da concluzão, não convem pores difficuldades.

Hé mui natural, que depois de se vos haver proposto a liga, declareis, que para

que esta se ajuste com a sinceridade, e boa fé que convem se deve no mesmo

preliminar della tratar das dependencias que há entre as duas Coroas, e fareis todas as

dilligencias possiveis para que o ajuste dellas se inclua no mesmo preliminar; e das

referidas dependencias vos mando dar uma rellação assignada pello Secretario de

Estado com os documentos, que justificao aquellas pertençoeñs.

A primeira he a respeito do territorio, e da Collonia do Sacramento, pois

ainda, que a Coroa de Castella restituhio a Fortaleza da Collonia, com tudo o

Governador de Buenos Ayres, comessou a prohibir ao da /fol.6/ Collonia o uzo da

campanha; e queixando-se os meus Ministros na Corte de Madrid desta novidade, e

com mais especialidade Dom Luis da Cunha assistindo por meu Embaixador naquella

Corte pertendeo ella na resposta que deu o Marques de Grimaldo em 30 de Março de

1720 de que se vos dará copia, que a ditta Collonia não havia de ter mais territorio,

que aquelle a que chegasse o tiro de canhão da Fortaleza da ditta Collonia ao que o

mesmo Embaxador D. Luis replicou com as rezoeñs que achareis na copia da carta de

13 de Abril do mesmo anno que escreveo ao mesmo Maques de Grimaldo; e na

verdade hé manifesta a contravenção dos castelhanos aos capítulos 5º; 6º; e 7º do

Tratado de Wtrecht, pois havendo-se estipulado no primeiro a reciproca restituhição

das praças, castelos, cidades, lugares, tirritorios [sic], e campos que pendente a guerra

se havião occupado de huma e outra parte, e ajustando-se nos referidos capítulos 6 e 7

que El Rey Catholico restituiria o territorio e a Collonia do Sacramento querem os

castelhanos que a Collonia seja o principal, e o territorio o acessorio, sendo o

contrario o que se estipullou nos dittos artios; porque o principal hera o territorio, que

consiste nas terras sobre o que se controverteo a respeito da divizão dos domínios das

duas Coroas para aquella parte; e sobre chegar, ou não o domínio desta Coroa athe a

Collonia hé que foi a disputa entre os geografos desta, e daquella Coroa depois do

Tratado provizional do ano de 1681 sobre a qual disputa se proferirão em Elvas, e

Badajos pellos Ministros nomeados por huma, e outra parte as sentenças, cujas copias

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vos serão entregues: e porque os referidos ministros não concordarão se remetteu a

dicizão da disputa ao Papa, como se havia declarado no mesmo Tratado provizional,

que tãobem vos sera entregue, e sobrevindo antes da /fol.7/ decizão do Papa a liga

com Castella, e França no anno de 1701 se ajustou por amigavel compozição a

referida disputa no capitulo 5º daquelle Tratado, renunciando El Rey Catholico todo o

direito que podia ter na propriedade, em as terras sobre que se havia feito o ditto

Tratado provizional; e rompendo-se o ditto Tratado pella guerra que os castelhanos

declararão no anno de 1704, e o occupando o Governador de Buenos Ayres o ditto

territorio, e a Collonia atacando a sua Fortaleza, se restituio pella ultima pás de

Wtrechet o referido territorio e a Collonia na forma que fica expressado, e ficou assim

discidida [sic] ultimamente a questão da propriedade dos confins de hum, e outro

Reyno por aquella parte, como se declara no papel, que sobre este particular se fez, e

se remetteo a D. Luis da Cunha, quando estava para ajustar esta dependencia na Corte

de Paris, de que se vos dará copia, e assim deveis pertender que se declare, que a esta

Coroa pertence todo o territorio que consiste nas referidas terras sobre que se

controverteu a respeito da divizão dos domínios das duas Coroas por aquella parte que

hé dos domínios desta Coroa como hé o mesmo Rio de Janeiro, e que só da Collonia

para a parte do occidente he, que se ha de limitar o destricto della athe ao tiro de

canhão da sua Fortaleza, porque da ditta Fortaleza para a mesma parte comessa o

territorio da Coroa de Castella; pois hé sem duvida, que toda a controversia entre os

referidos geografos das duas Coroas hera somente se a linha imaginaria da divizão

dos dominios de huma, e outra Coroa por aquella parte chegava athé a Collonia, ou

não; e esta controversia foi a que se compôz amigavelmente pellos referidos Tratados,

e assim ja cessa a controversia dos geografos, cazo, que pudesse ter lugar.

Como o Embaixador de Castella propos diferentes vezes hum /fol.8/

equivalente pella referida Collonia na forma que se havia declarado no mesmo

Tratado de Wtrecht este devesse ser a minha satisfação se lhe não admitio o que elle

propôz, por ser em dinheiro dizendo-se-lhe que só se admitiria proposição de

equivalente, quanto este fosse de algum territorio, em a Europa; e assim no cazo em

que se vos torne a falar em equivalente, dareis a mesma resposta e regatareis todos os

que forem em dinheiro, ou de terras fora da Europa.

Mandando o Governador do Rio de Janeiro occupar Monte Vedio se queixou

o Embaixador de Castella daquella expedição em 6. e 14. de Mayo de 1724; e 2 de

Março de 1725, e mandei responder á sua queixa na forma, que vereis das copias das

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respostas, que lhe mandei dar aquelle officio , e aos mais que passou sobre a mesma

mateira em 13. e 16. de Mayo de 1724; e em 10 de Março de 1725; e depois tendo eu

noticia que o Governador de Buenos Ayres mandava desalojar os meus vassallos( os

quais antes de serem atacados se retirarão por não darem motivo com a sua defensa

que por aquella parte se rompesse a guerra, entre as duas Coroas na consideração, de

que esta disputa pertencia á dependencia de regular-se o territorio, e a Collonia na

Corte de Paris, a qual eu e El Rey Catholico tínhamos remettido o ajuste desta e mais

dependencias, que se controvertião entre as duas Coroas). Fui servido ordenar ao ditto

Governador do Rio de Janeiro, não innovasse couza alguma sobre este particular, por

estar remettido o ajusto deste negocio aos Plenipotenciarios que na ditta Corte de

Paris estavão authorizados para concluillo; e como vos agora hides com a mesma

commissão, e no sobreditto territorio se inclue Monte Vedio, deveis solicitar que El

Rey Catholico mande expedir as ordens necessarias ao Governador de Buenos Ayres

retire a gente, que ainda /fol.9/ occupa injustamente aquelle citio.

O segundo negocio hé o do pagãmento das seiscentas mil patacas

convencionado no capitulo 15 do mesmo Tratado de Wtrecht sobre cujo pagamento

vereis que em 11 de Dezembro de 1719 se mandarão pagar na forma que se declara na

carta, que naquelle mesmo dia, escreveo o Marques de Grimaldo a D. Luis da Cunha

a que se seguio fazer o Marques de Capecolatro, o protesto sobre os Navios de

Buenos Ayres de que rezultou a disputa que a Corte de Madrid affectou, pertendendo

mostrar que não estavão comprehendidos no capitulo 12 do mesmo Tratado de

Wtrecht, e da carta do protesto do ditto Embaixador de 23 de Dezembro de 1719, e da

sua resposta, em 24 do mesmo, se vos entregarão copias. E este hé o terceiro negocio

pertencente as controversias com a Corte de Madrid: e como a respeito deste negocio

se tem disputado largamente de huma, e outra parte, como vos constará das consultas

do Conselho Real de Castella; com as quais a referida Corte de Madrid pertende

defender a sua opinião, e com as rezoeñs das re[s]postas, que mandei fazer nas dittas

consultas e com as mais que vos occorrerem deveis insitir em que os dittos navios

forão comprehendidos no referido capitulo 12.

He mui provável que o Ministro, ou Ministros com quem tratares estes

negocios vos proponhão annullarem-se a pertençao das seiscentas mil patacas que se

me prometterão pagar e da restituição da importancia dos dittos tres navios de Buenos

Ayres, e das duzentas mil patacas, que o Embaixador de Castella dizia importavão as

perdas, e damnos, que os meus vassallos cauzarão aos de Castella no tempo do

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armesticio, porque isto propos já nesta Corte o mesmo Embaixador ao Secretario de

Estado, que vem a ser o mesmo que o Intendente francês Orri avizava ao Marques de

Torsi; quando se disputava sobre os mesmos negócios em Wtrecht como

reconhecereis da copia da carta do mesmo Orri de 22 de Outubro de 1714 para que eu

não tivesse que restituir a Companhia de Guiné, e Indias as seiscentas mil patacas

nem El Rey Catholico, aos seus vassallos a importancia dos navios, e dos supostos

damnos. No cazo em que se vos faça esta poprozição o que tenho por sem duvida,

sendo o Marques de Grimaldo hum dos vossos conferentes, o qual em Março de 1720

queixando-se D. Luis da Cunha do protesto, que aqui havia feito a respeito dos dittos

navios o Marquez Capeçolatro lhe respondeu que El Rey seu amo se não explicava

sobre serem comprehendidos /fol.10/ os tais navios no artigo 12 por recear que os

interessados neles lhe pedirião o seu valor: neste cazo entendendo vos que não podeis

conseguir declarar-se que os referidos navios forão comprehendidos no capitulo 12;

podereis convir em que se annullem as referidas tres pertençoeñs com tão claras

cautelas, que não entre mais em disputa estarem os dittos trez navios, e conciderados

damnos comprehendidos no referido capitulo 12.

O mesmo Marques Capeçolatro pertendeu que os vinhos e aguas ardentes de

Castella não devião ser comprehendidas na ley pella qual fui servido prohibido

vinhos, aguas ardentes, servejas, e mais bebidas que viessem dos Reynos estranhos

allegando o ditto Marques que a ley que prohibia fora publicada no anno de 1710, e

que não podia ter lugar com os vinhos, e aguas ardentes de Castella, porque no

Tratado da ultima paz de Wtrecht se declara, que o comercio entre as duas nasçoeñs

[sic], se faria com o anno do rompimento dizendo, que na pás antecedente entravão

livremente nestes Reynos os vinhos, e aguas ardentes de Castella; e sem embargo de

que lhe mandei dar as concludentes re[s]postas, de que se vos darão copias, passou a

Corte de Madrid a prohibir entrarem em Castella doçes, asucares, e cacao que forem

destes Reinos, permitindo os mesmos géneros de outras nasçoeñs [sic]: para se

compor esta differença propôs o mesmo Embaixador expedir eu as ordeñs para que os

referidos vinhos, e aguas ardentes de Castella se podessem baldar nos portos destes

Reynos, e convindo os castelhanos neste expediente, mandando El Rey Cattolico

levantar a prohibiçao dos doces, asucares, e cacao não terei eu duvida a mandar

tãobem expedientes de Castella por baldeação, o que logo se pode ajustar passando-se

as reciprocas ordeñs, sem que seja necessario esperar a concluzão do novo Tratado; e

o mesmo se pode praticar a respeito da novidade que em Andaluzia se introduzio de

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fazerem pagar o sal do peixe, e as carnes salgadas que vão destes Reinos para a

mesma Andaluzia, contra o que sempre se praticou pondo-se por este meyo o

comercio entre as duas nasçoens com liberdade conveniente.

Tãobem propôs o dito Marques a reciproca restituição dos dezertores, que de

huns, e outros Reinos se passassem, assim de Infantaria, como decaularia [?], com as

armas, e cavallos, extendendo-se a elles a concordata ajustada entre as duas Coroas no

tempo de El Rey D. Sebastiam /fol.11/ e Fellipe 2º e achando-se nesta proposição

alguma difficuldade instava ultimamente que ao menos se restituhissem as armas,

cavallos, e mais muniçõens com que se passasem de huñs Reinos para outros.

Ajuntando-se a liga, podeis convir em que se restituão por huma e outra parte

as armas, muniçõez, e cavallos, no forma da ultima propozição do ditto Embaixador,

extendendo-se esta convenção tão bem as conquistas de huma, e outra Coroa, porque

da Collonia do Sacramente dezerta muita gente para Buenos Ayres, e será

conveniente que a ditta convenção comprehenda restituhirem-se tãobem as armas, e

muniçõez daquelles dezertores; e tendo feito este ajuste mostrareiz que eu vendo nelle

por comprazer a El Rey Cattolico porque nenhuma conveniencia tem esta Coroa

naquella convenção.

E o mesmo Embaixador se queixou da ley, que mandei publicar no anno de

1718 em que declarava por nullas todas as compras, e vendas, que não corressem

pellos contornos do negócio; e ainda que não fallou mais nista instancia se vos tocar

na materia respondereis, que a respeito da mesma ley corre pleito entre os homens de

negocio, e os dittos corretores, o qual se ha de discidir em justiça.

Ultimamente instou o mesmo Embaixador para que eu consentisse que os

gerais de São Francisco e os de São João de Deos, e os vizitadores da cartuxa

podessem passar a estes Reinos a vizitar os conventos das suas ordeñs que estão

nelles, e aos seus officios lhe mandei responder em 9 de Junho de 1722 de que se vos

dará copia para que inteirado da dita re[s]posta possais dar a mesma quando vos falem

neste particullar.

Quanto aos preliminares dos Tratados dottais dos matrimonios do Princepe, e

da Infante meus filhos, com a Infante de Castella, e Princepe das Asturias, ordeno se

vos entreguem as copias das escripturas dottais que se cellebrão no meu cazamento e

dos Reys meus predecessores, e dos Princepes e Infantes destes Reinos para por elles,

em algumas [sic] couzas vos poderes regullar.

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Como os referidos cazamentos tão reciprocos, e entre dous Princepes,e duas

Infantes, tudo o que El Rey Cattolico pertender estipular, a favor de seus /fol.12/

filhos deveis solicitar que se ajuste a favor, do Princepe e Infantes meus filhos; pello

que respeita aos dottes, pello que pertence a caza e rendimento, que devem ter os

Princepes, estipullareis que em cada huma das cortes se observará o estillo que neste

particular há e procurareis ver os tratados do cazamento de Luis 1º de El Rey França e

do Infante D. Carlos.

O Marques de Grimaldo, como tender visto mostrou alguma repugnancia, a

que ajustadas as escrituras dottais a Infante de Castella viesse logo para este Reino e a

Infante deste fosse para aquelle, e não deveis fallar nesta materia; mas tocando-se vos

nella, me dareis conta; e deveis solicitar, que nos preliminares se declare que feitos os

Tratados dottais, se handem a cellebrar os esponsaiz por pallavras de futuro, visto os

dittos Princepes, e Infantes se acharem já com idade competente para contrahirem os

dittos esponsais.

Bem sabeis que para evitar a disputa da precedencia que o Tratado que os

meus Plenipotenciarios ajustarão com os de Castella em Wtrecht convierão huñs, e

outros, em que os meus Plenipotencarios assignassem sós o Tratado, em língua

Portugueza, que havião de dar aos de Castella, para a ratificação e estes tãobem

assignassem sós o que lhes entregarão para eu o ratificar; e isto mesmo deveis

praticar, quando se assignarem os Preliminares para a liga e para os Tratados dottais,

e não duvidareis assignares vós os Tratados que elles fizerem em 2º lugar, fazendo

elles o mesmo nos vos assignares em primeiro.

Se quando chegares a Madrid souberes que a Raynha viuva D. Marianna de

Neuburg, minha tia se acha já em Castella, se alguma cidade, ou villa, que não seja

em muita distancia daquella /fol.13/ Corte mo participareis por expresso, para que eu

mande carta minha, para que vós, ou Antonio Guedes a vão comprimentar da minha

parte.

Tudo o que neste instrucção não vay deixo no vosso prudente arbitrio, no cazo

em que pello perigo que houver na demora, me não possais primeiro dar conta para eu

rezolver o que for servido: Escripta em Lixboa Occidental aos vinte e quatro dias do

mez de Mayo de mil settecentos, e vinte e sinco.

Instrucção que Vossa Magestade ha por bem mandar dar a Jozeph da Cunha

Brochado, que óra manda por seu Plenipotenciario a Corte de Madrid.

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Para Vossa Magestade ver.

Doc.30. Cartas que escrevêo Jozé da Cunha Bruchado da Côrte de Madrid, aonde

estava por Inviado do Serenissimo Senhor Rey Dom João Quinto a Diogo de

Mendonça Corte Real, ao Eminentíssimo Cardeal da Cunha, e ao Excelentissimo

Marquez d’Abrantes [Contém: cartas de António Guedes Pereira, negociação e

cerimonial da assinatura dos artigos preliminares referentes ao duplo matrimónio

ibérico], Madrid, 24 de Junho de 1725 a 21 de Dezembro de 1725. ANTT,

Manuscritos da Livraria nº 61, fol.1v-281. [Excertos].

Doc.30.1. /fol.1v/ Carta 1ª de Jozé da Cunha Bruchado a Diogo de Mendonça Corte

Real: Em que lhe dá parte de como fora recebido em Hespanha, tractado na

audiencia, e do que passará na primeira audiencia como Plemnipotenciario de

Castella, sobre os negocios que tocarão.

/fol.2/ Havendo chegado a esta cidade de Segovia a 17 do corrente, e dando

parte ao Marquez de Grimaldi, que ficávamos promptos para ir a sua Prezença, e d’El

Rey Cathólico, logo que se nos assignasse horas: fomos respondidos sem perda de

tempo, convidando-nos para ja[n]tarmos com elle, no dia seguinte que se contavao 18

do /fol.2v/ do mez, e que de tarde pelas trez horas teríamos Audiencia d’El Rey, e da

Rainha que nos esperavao com grande alvoroço.

Fomos com effecto ao dito Marquez e nos recebeo com a mayor attenção, e

civilidade que poderamos desejar: tratando-nos em huma mêza magnifica, brindando-

nos á saude /fol.3/ de Sua Magestade, a que nos retribuímos com igual comprimento

á saude d’El Rey Catholico. Pelas trez horas foi a audiencia, a fallar-mos a El Rey, e

Rainha junctamente. Fiz eu Jozé da Cunha Bruchado a minha práctica, sem parar

nella aos dois Reys com aquellas expressoens e comprimentos de Estimação, e

concideração de /fol.3v/ que costumão encher-se similhantes primeiras audiência[s],

de que não fui aváro. Depois de dar a El Rey as duas cartas, dirigi o discurso

particular á Rainha lembrando-lhe o sangue Portuguez, que tinha, e havia

generozamente circulado nas veâs de seus Serenissimos Progenitores; depois do que

lhe dei a carta d’El Rey, que recebêo com grande contamento.

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/fol.4/ Acabada esta práctica, respondêo a ella El Rey Cathólico com iguáes

expressoens de estimação para Sua Magestade; o mesmo proseguio a Rainha. Porém

não parou aqui a audiencia, porque nos detiverao mais do que hé costume em

similhantes audiencias: perguntando-nos muitas vezes pelo Princepe Nosso Senhor, e

pela Senhora /fol.4v/ Infante, louvando a sua educação, e fazendo ao mesmo tempo

hum elogio das virtudes da Rainha Nossa Senhora, e passou a ponderar a boa

educaçam do Princepe das Asturias, e da Infante Donna Marianna, e tanto falláram

d’um, e d’outro Princepe, como se os quisessem cazar naquelle mesmo dia. Eu não vi

em Princepes a nosso /fol.5/ respeito mayor alegria, e civilidade, que parecia não

querião deixar-nos sahir da sua prezença.

A Rainha nos ensinuou, que fossemos ver os mais Princepes, posto que nos

certeficou não estarem aparelhados para nos receber pelo que fomos conduzidos pelo

mesmo Secretário ao quarto do Princepe, sem que fosse /fol.5v/ obrigado a esta

conducção, que pertence a outro Secretário. Vimos o Princepe que nos recebeo com

igual agrado, e ouvio os comprimentos dignos da sua pessôa, e saude: d’aqui

passámos ao quarto do Infante Dom Carlos, de D. Felipe, e ultimamente da Infante

Donna Marianna Victoria. De todos fomos recebidos, como em competência: e não

sómente delles, mâs /fol.6/ dos seus Governadores, que expréssamente nos detiverão

na prezença do Infante. Tal hé como isto a impressão com que esta Côrte dezeja esta

reciproca Aliança, mâs sempre com precedência d’huma Liga offensiva, e defensiva,

como logo relatarêmos a Vossa Senhoria.

O Marquês de Grimaldi a quem El Rey Cathólico /fol.6v/ nomeou para seu

Plemnipotenciário não tardou em fallar sobre as nossas Conferencias, que remetteo

para o outro dia, declarando a Liga proposta, e sobre cazamentos: de sorte que

entendemos, sem poder duvidar, que esta Côrte está sempre na referida liga, que

propozérão como preço, e joyas das Alianças, e que nunca lhe foi impugnada

direitamente. Nesta /fol.7/ evidencia abrimos a primeira Conferencia no dia seguinte

pela producção do Pleno Poder para liga offensiva, e defensiva, que Vossa Senhoria

me remettêo ao caminho: na produzi a primeira geral por trazer as palavras, que se

tractarião juntamente as outras Dependencias, que importavao huma condição sem

cujo implemento nam se /fol.7v/ pode determinar, nem Liga, nem os Tractados

Matrimoniaes.

[...].

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Doc.30.2. /fol.103/ Carta 13ª. Ao Marquêz d’Abrantes. Em que lhe diz, que fáz huma

/fol.103v/ solemne abjuração de seus erros, e opinioens; louva as Rezoluçoens do

Soberano; detesta os seus Consêlhos e Parecêres; e que agora se concluirão as

Dependencias; que o tempo hé oportuno, e lhe agradece a remessa de hum Retráto.

Meu Senhor; Recebo, e ponho sobre a minha cabeça a carta de 25 de Julho

que Vossa Excellencia me faz honra de escrevêr, e eu devo estimar: não /fol.104/ só

pela proteção, mâs pela doutrina. Tomo a liberdade de escrever a Vossa Excellencia,

fazendo nesta respósta huma sincera, e vehemente abjuração de meus erros, e falsas

opinioens, que segui, e defendi mal: e servirá para minha absolvição, se acazo me

obstinei impenitente.

Porém antes de a fazer peço a Vossa Excellencia licença /fol.104v/ para lhe

rogar, que para captar a sua misericordia, se digne considerar, que as acçoes, e os

escriptos são filhos do entendimento; e não devia estranhar-se que procurasse

defendê-la com lágrimas, e gritos, quã[n]do via ir sobre ellas a espada d’outro

Salomão. De todo me arrependo de haver dito diante de Sua Magestade, que estes

Cazamentos erão o sêllo, que authenticavão a nossa acclamação: e agora digo, que são

/fol. 105/ hum cadeádo, que segúra a sucessão da posteridade d’El Rey Felippe no

thrôno de Castella; serrando a porta por onde podia ser invadido como já foi: e que

destes cazamentos, e da liga tiraria Castélla mayores vantage[n]s; e que nam devêmos

pelas que podêmos conseguir, sacrificar-lhe os nossos mayores interêsses.

[...]

/fol.111/ [...] O meu principal negocio /fol.111v/ hé que Vossa Excellencia

leia com paciencia huma carta importuna; e huma abjuração, que escrevo mais com a

vella na mão que com a penna; tornando a protestar a Vossa Excellencia; que me

unirei tanto ás opinioens de Vossa Excellencia, que ainda que nam me restitua para

fazer de mim mayor confiança; seja ao menos para deixar de continuar em ser anjo da

minha guarda, como Vôssa /fol.112/ Excellencia agora me prométte.

Vossa Excellencia bem sábe que o anjo da guarda se oppoem sempre ao

tentador; mâs por nossos pecados, vemos nos exemplos do baculo pastoral mais

victorias do tentador, que do anjo.

Agradeço a Vossa Excellencia, e lhe beijo a mão, ultimamente pela reméssa

do retracto /fol.112v/ , que respeitarei com igual culto, em forma que fiquem

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confundidos os originaes, e as copias. Esta carta de Vossa Excellencia tem datta de

Lisboa Septentrional, cuja situação me cauza algum mêdo: porque bem sabe Vossa

Excellencia, que hé o paiz donde vem todo o mál, cuja qualidade não convêm aos

favôres benignos, com que Vossa Excellencia me trácta. Deos guarde a Vossa

Excellencia muitos /fol.113/ annos. Madrid 3 de Agosto de 1725 = Jozé da Cunha

Bruchado.

Doc.30.3. /fol.173/ Carta 21º ao Marquês d’Abrantes. Que contêm o mesmo que diz

na carta 18 a Diogo de Mendonça, e lhe péde faça com El Rey, que o mande retirar.

Excelentissimo Senhor = Meu Senhôr supponho a Vossa Excelencia enfadado

de haver lido tanta carta minha, mâs a bondade de Vossa Excelencia para commigo

me anima a procurar bôas novas da saude de Vossa Excelencia; pois lhe /fol.173v/

dezejo muito perfeita por conhecer, despois que perdi a minha, que nella consiste a

felicidade que tanto buscava a vaidade dos filósofos.

Pela carta d’officio verá Vossa Excelencia a ultima respósta, que nos dêo o

Marquez de Grimaldi; sobre cujo fundamento nam posso formar juizo; porque huma

sem razão obstinada nam terá mais attenção, nem mais lúz, que a vontade de /fol.174/

seu dono.

Eu meu Senhor, peço a Vossa Excelencia, que contribua para que El Rey

Nossa Senhor me mande retirar; porque não estou capáz de o servir. Hé necessário

fallar cláro, tenho setenta e cinco annos de idade que me carrégão; pertendo pois por

Vossa Excelencia alcançar esta graça de Sua Magestade; e quando o tenha servido

mal, receberei o desterro /fol.174v/ por esmólla.

Viva Vossa Excelencia mil annos este val[e] [sic] mais que respeito, que nam

significa nada. Deos Guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 9 de Agosto

de 1725 = Jozé da Cunha Bruchado.

Doc.30.4. /fol.174v/ Carta 22ª ao dito Secretário. Em que diz o que passava com

/fol.175/ Grimaldi sobre as Negociaçoens, e Tractados Matrimoniaes.

[...]

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/fol.175v/ [...] Vossa Senhoria bem sabe (pois conhece o que hé disputar, e

argumentar fora da propria Corte) que hé necessario fallar com modéstia, e decóro, e

nem sempre a clareza, e evidencia toma vôo tão largo.

/fol.176/ Arguimos, e convencêmos porém nunca ficámos tão senhores da

cadalha [?], que nossos contendores nam pertendão igualmente cantar o Te Deum

Laudamus pela sua victoria. Seja-nos livre esta applicação para persuadir que ainda

ficando por nós a victoria, nem sempre podêmos tirar toda a vantagem, e fructo que

ella nos permitte, como ordináriamente acontece nas disputas sobre /fol.176v/

religião, em que cada huma sahia com a sua, quando não havia Concilio que a

decidisse.

[...]

/fol.179v/ Inferimos, que se viesem de /fol.180/ declaraçoens que esperâmos

se poderão assignar logo os Tractados fallando a El Rey, e á Rainha , porém nam o

segurâmos; porque nesta Côrte tem differentes momentos, em que nam se parece

comsigo mesma.

Quando ésta chegar ás mãos de Vossa Senhoria estarêmos nós de partida para

Segóvia, seguindo a Côrte; porque affirmão que a 27 deste mêz irá /fol.180v/ El Rey

para Santo Ildefonso que hé huma assistencia bem encommodada para os ministros

que costumão fazer este obzéquio por obrigação política para dizer quatro palavras

bem ditas; e mal escutadas. Deos Guarde a Vossa Senhoria muitos annos. Madrid 17

d’Agosto de 1725. = Jozé da Cunha Bruchado.

Doc.30.5. /fol.224v/ Carta 30. Ao Secretario sobre os Preliminares /fol.225/ dos

Cazamentos.

Recebemos a carta de Vossa Senhoria de 6 de Setembro, que trouxe o

exprésso, e no dia seguinte que se contárão 13 partimos para Segovia havendo

dilatado alguns dias a jornada, por esperarmos estas ordens de Sua Magestade. Em 15

fomos a Santo Ildefonso, fallámos ao Marquez de Grimaldo, e lhe communicámos a

rezolução de Sua Magestade, /fol.225v/ que continua os artigos preliminares que

Vossa Senhoria nos remetteu, em os quáes o mesmo se conformara inteiramente com

a vôntade de El Rey Catholico em o tratado dotal que celebrára com El Rey

Christianissimo a respeito da mesma Senhora Infante, e esta fineza, e attenção de Sua

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Magestade lhe declarámos seguindo os fundamentos explicados nesta carta de Vossa

Senhoria /fol.226/ e tirados da carta de 30 de Agosto, que Vossa Senhoria escreveu a

mim, e a Antonio Guedes Pereira. Depois da expoziçam, nesta conformidade, lemos

os artigos preliminares que ouvio, e recebeu com algum pezar para os fazer prezentes

a Sua Magestade Cathólica; e nam houve nesta occaziam mayor pratica, nem respota

que merecesse réplica.

Quatro dias depois lhe fallámos,/fol.226v/ e nos disse que estava vencida a

difficuldade pera o additamento, que se achava nos artigos preliminares havendo os

copiado fielmente, como permittia a differença da lingoa: e referio que a Rainha sua

Ama, mostrára grande repugnancia em consentir que sua filha em seu nome, e de seus

Descendentes renunciasse a sucessão á Corôa de Hespanha em favor do Duque de

Saboya: e /fol.227/ que a renuncia da mesma sucessão no Tratado com França fora

involuntária, comotodos sabemos pelas rigorozas estipulaçoens da paz de Utrecht, que

serviam de baze á quadruple Aliança. Porém que o gosto de cazar sua filha com o

Princepe Nosso Senhor prevalescia [sic] a ésta sua repugnancia: pelo que podíamos

fazer os artigos, que elle copiaria os Exemplares, que deviam ficar, e que nós /

fol.227v/ copiássemos os que devíamos remeter á nossa Corte. Assim o fizemos,

porque nam achámos dificuldades nas precedencias; formando-se assim os

Exemplares, cada hum na sua propria lingoa:por ser este o estilo desta Côrte; ficando

rezervadas as mais solemnidades para o tempo do Tratado.

Conferidos os origináes com os Exemplares destes artigos os

/fol.228/assingnámos no Sabado 22 de Setembro, que o Marquez levou a El Rey: com

a nova desta concluzão logo se mostrou com hum recado de Sua Magestade

Catholica, em que demonstrava o seu consentimento, se nam estivesse indisposta e de

cama a Infante sua filha, como Eu Antonio Guedes Pereira informei em huma carta

minha. Voltámos á Corte hontem Domingo 23 do mesmo mez por fazer em /fol.228v/

aquelle dia annos o Princepe das Asturias, e ser necessario por costume

cumprime[n]tar os Reys Catholicos ao Princepe, e seus irmãos.

Esta diligência nos impedio por hum dia a expedição deste exprésso, a quem

recomendá mos a diligencia que permitir a desordem que há nestas póstas.

Tambem recebemos pela posta /fol.229/ ordinaria a carta de Vossa Senhoria

de 12 do corrente que o executaremos pontoalmente. Deos Guarde a Vossa Senhoria

muitos annos. Segovia 24 de Setembro de 1725 = Jozé da Cunha Brochado.

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Doc.30.6. /fol.231v/ Carta 32. ao mesmo Secretario, em que lhe dá a noticia da

publicaçam dos cazamentos entre Portugal e Castella; do grande contentamento das

Magestades e Côrte de Madrid.

O Marquez de Grimaldi escreveu hontem á noite huma carta a mim Antonio

Guedes Pereira em que dava /fol.232/ conta ter El Rey Catholico declarado a sua filha

a Serenissima Senhora Infante Donna Marianna Victoria o seu felis destino pelo

Cazamento em que estava promettida ao Princepe Nosso Senhor; e que na menhãa de

hoje faria a publicação dos cazamentos.

Com este avizo fomos a Côrte, e achámos no Pateo as guardas formadas, e aos

Reys Catholicos na sua Capella ouvindo /fol.232v/ o Té Deum em acção de Graças

pelos recíprocos Despozorios, que tinham publiçado [sic], a que se seguio trez salvas

de Infantaria.

O alvoroço de toda a Côrte hé inexplicavel: Entramos a cumprimentar aos

Reys, que nos recebêram com agrado, e carinho excessivo. Acabada esta prática disse

a Rainha a El Rey, e a nós = Vamos ao quarto da Noiva = e com /fol.233/ effeito

sahimos para o dito quarto, onde já achámos a Rainha mostrando-lhe o Retracto do

Princepe Nosso Senhor; e segunda vez fomos por ella recebidos com o mesmo, e

continuado carinho. Fomos ao quarto do Princepe, a quem fizemos comprimentos de

felicitação, a que nos respondeu com semblante muito rizonho. Proseguimos os

mesmos comprimentos aos Infantes Dom Carlos, e Dom Phelippe /fol.233v/ que

tinham aprendido respostas para os nossos comprimentos.

Viemos ao quarto do Marquez de Grimaldo que nos fez prognóstico de

grandes felicidades entre éstas duas Naçoens novamente unidas, e igualmente

interessadas na bôa intelligencia.

Mandárão publicar luminarias em Santo Ildefonso que /fol.234/ começão hoje,

e mandáram a Madrid para que se fizesse o mesmo em todo o Reino. Seja para bem

da Religião Catholica, e para gloria, e felicidade d’El Rey Nosso Senhor.

Pareceo-nos despachar este exprésso para dar conta a Sua Magestade do

estado em que ficão estas couzas nesta Côrte, e ser servido mandar expedir as

rateficaçoens porque as d’El Rey Catholico já ficão assignadas.

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/fol.234v/ Segundo o exemplo da Corte, e por nam mostrar que nos era

indifferente esta novidade, pomos hoje tambem luminarias com fogo de arteficio que

nos permittem os Officiáes de Segovia.

Em 29 de Setembro pelas 7 horas da noite, recebêmos a carta de Vossa

Senhoria de 24 do mesmo; e pelo estado em que se achavam ajustados os

Preliminares assignados, e remettidos a /fol. 235/ Vossa Senhoria nam tinhão

executados as ordens de Sua Magestade, na fórma das mesmas ordens. Deos Guarde a

Vossa Senhoria muitos annos. Segovia em 1 de Outubro de 1725 = Jozé da Cunha

Brochado.

Doc.30.7. /fol.253/ Carta 37. ao mesmo, em que se trata da assignatura dos

preliminares por Sua Magestade Portugueza; como forao esriptos, e sellados.

Recebi Eu Antonio Guedes Pereira em 14 do corrente pelas dés horas da

manhãa a carta de 9 do mesmo mêz: e por me achar ainda em Segovia, a abri, e

achando as cartas de Sua Magestade para os Reys Catholicos, parti logo para Santo

Ildefonso /fol.253v/ sem assistencia do meo colléga, por ter partido duas horas antes

para Madrid onde recebendo as rateficaçoens que esperavamos, voltaríamos com ellas

para este sitio do Escurial.

Fui pois ao Paço; e sahindo os Reys Catholicos da Missa lhes fallei, e

entreguei as cartas de Sua Magestade, acompanhando-as com aquellas expressoens

que a materia, e a /fol.254/ occaziam permittia, o que os mesmos Reys, recebêrão, e

ouvirão com igual contentamento, e alegria, como tem mostrado, em todas as suas

acçoens despois da publicação destes Matrimonios.

Recolhendo-me desta funcção, mandei com diligencia este mesmo avizo a

Jozé da Cunha Brochado, que o recebeu no caminho, e veio para este sitio do Escurial

esperar por mim Antonio /fol.254v/ Guedes Pereira, para ambos tractarmos de

satisfazer ás mais ordens de El Rey conthehudas nesta carta de Vossa Senhoria.

Deseja Sua Magestade saber se as rateficaçoens estavão escriptas em

pergaminho, ou em papel. As que ambos vimos estavam escriptas em papel dourado

em marca mayor que a ordinaria: o sêllo não era pendente; mâs applicado com

sinêtte: nem achamos que /fol.255/ haja outro estilo que prevaleça a este. Pois bem

sabe Vossa Senhoria que os sêllos pendentes são os grandes sellos da Corôa postos

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em Instromentos, ou cartas que passão pella Chancellaria, sujeitas ao exâme dos

Chancelleres. Esse em alguns Tratados de Paz, ou Cazamentos houve sellos em

bocêtas, seria por fantazia dos Ministros, que assim o quizeram praticar, mas sempre

com sêllo particular, ou pequeno. Este hé tambem o /fol. 255v/ costume desta Côrte

como testemunhou o Marquez de Grimaldi; e em todas quantas rateficaçoens temos

visto que não são poucas, se praticou sempre o mesmo estilo.

As rateficaçoens nam erão encadernadas, mâs cozidas em folhas em hum

cordão de côres d’El Rey Catholico amarello, e branco: vindo as duas pontas do corda

a unir-se de baixo do sêllo, onde ficam prezas por /fol.256/ evitar (disse Grimaldi)

alguma addição de folha nova ou contra feita: escuzada cautela em instromentos desta

natureza.

Desta mesma fórma se obrárão as rateficaçoens dos Tratados dos Cazamentos

de Luis 14, e 15.

Nam se tem dado conta formal nas Cortes estrangeiras: ou porque esperão as

/fol. 256v/ rateficaçoens, ou porque esta conta hé mais propria despois das primeiras

Audiencias dos Embaixadores. Escreveu somente aos seus Ministros na forma da

carta que eu Antonio Guedes Pereira mandey a Vossa Senhoria, e entendemos que

ella basta para huma Audiencia particular, porque a conta em Audiencia pública pede

carta d’El Rey; E ésta para ir com formalidade necessario que as Senhoras /fol.257/

Infantes estejam pedidas com solemnidades públicas.

Alem da demonstração das luminarias geráes, e Té Deum com salvas em

Santo Ildefonso se soltáram prezos acção que se nam executou no cazamento de Luis

X. A Rainha partio para este sitio em 15 do corrente veio em cadeira, e El Rey a

seguio com mais alguma diligencia. O mesmo fizerão os mais Princepes /fol.257v/, e

hoje ficará recolhida toda a Caza Real, cujo acompanhamento hé hum dos mais

numerozos e luzidos que póde haver.

Com grande pezar nosso vemos que estes expressos fazem muito pouca

diligencia mâs não temos outros mais diligentes. Deos Guarde a Vossa Senhoria

muitos annos. Escurial 17 de Outubro de 1725 = Antonio Guedes Pereira.

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Doc.30.8. /fol. 259v/ Carta 39. Ao mesmo com que lhe dá conta do grande gosto, e

festas que fizeram Grandes e Pequenos, especialmente o Povo no ajuste dos

Cazame[n]tos.

Quarta feira, e pelo meio dia 17 do corrente chegou a esta Villa de Madrid o

exprésso Jacinto com duas cartas de Vossa Senhoria de /fol. 260/ 13 do mesmo mez;

nellas as desejadas rateficaçoens dos artigos preliminares: E porque eu Jozé da Cunha

Brochado me achava nesta Villa onde tinha chegado em a noite antecedente; abri as

cartas e parti para o Escurial, onde Antonio Guedes Pereira tinha ficado, e fomos

ambos no dia seguinte á Corte. Buscámos o Marquez de Grimaldi na Secretaria onde

lhe aprezentámos as rateficaçoens, e depois de /fol.260v/ lhe significarmos a alegria

com que as recebíamos lhe aprezentámos, conferimos humas com outras; e achando-

se conforme poz as nossas sobre a cabeça, e nos entregou as suas que recebemos com

igualaçam de estimação: continuou a sua alegria, expressando nos a grande honra que

recebera de El Rey seu amo em confirmar-lhe tam grande negocio e de haver

conseguido a sua concluzão com igual satisfaçam [sic] /fol.261/ de humas e outras

Magestades a que respondemos com igual civilidade, e respeito.

Subimos ao quarto d’El Rey onde esperámos, que parassem passassem para a

Capella as duas Magestades Catholicas; e lhe fizemos reverencia, que recebêram

suspendendo o passo, e fazendo-nos toda a honra, que podíamos esperar, e receber

naquella passagem. Fomos /fol. 261v/ ao quarto do Princepe e Infante; e lhe fizemos a

mesma reverência com mais detenção; e a pratica que convinha a hum, e outro

sogeito.

Nam admirâmos a grãde acçeitação, e geral estimaçam com que os Grandes

Senhores desta Côrte, e mais nobreza della recebêram a final concluzão desta aliança:

porquem emfim são os primeiros /fol.262/ que por costume e obrigação devem seguir,

e approvar as rezoluçoens do seu Princepe: mâs o Povo, que tãobem por costume ou

vício não hé tam exacto: pois observando religiozamente éstas rezoluçoens, mostrou

e vay mostrando o grande contentamento, e universal alegria, que nam sabêmos

explicar a Vossa Senhoria. Nam póde porem duvidar-se que este espirito do Povo

tinha outro motivo; /fol.262v/ e hé o presumido interesse que se imagina poder tirar-

se desta uniam facilitado o seu commercio pela mútua introducçam dos seus e nossos

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géneros; observada a bôa correspondencia, que hade haver entre as duas Naçoens

emulas mais por vício da sua Educação, que por influencia do seu Clima.

Quizeramos nesta parte, tomando a liberdade que nos dá /fol. 263/ o sermos

testemunhas de vista, reprezentar a Sua Magestade que fosse servido ordenar, pelo

expediente respectivo, que os vassallos d’El Rey Catholico sejão tratados nas

alfandegas sem aquella injustiça com que ordinariamente os tratão os Feitores dellas;

procurando-lhe guias escuzadas, e affectando-se confiscaçoens para introduzir

acommodamentos em prejuizo do Negocio, e com /fol.263v/ offensa da Authoridade

Real.

Hé innutil dizer a Vossa Senhoria a bôa forma com que vierão as rateficaçoens

porque entendo foram similhantes as que remettêmos: nem da Officina de Vossa

Senhoria podia sahir couza que nam fosse justa, e conveniente ao decoro d’El Rey.

Nam tenho que responder ao /fol.264/ 5º ? = Hé muito provável que vem em

huma destas cartas de Vossa Senhoria porque o Marquez de Grimaldi, que mostrou a

primeira desconfiança por discurso seu, se contentou despois, por se mostrar na

promptidão da emenda dos artigos, a mais viva resposta desta fineza: Nam sabemos

mais de que devamos avizar. Deos Guarde a Vossa Senhoria muitos annos. Madrid 18

de Outubro de 1725.

Doc.30.9. /fol.271v/ Carta 42. Ao mesmo Secretário em que lhe diz recebêra as

joyas; e que o Regente de França mandára huma carta sua a Grimaldi.

Recebemos as trez cartas de Vossa Senhoria de 23., 25, e 30. de Outubro

/fol.272/ que trouxe Luis Correia que chegou a esta Villa em 30. do mesmo mez pelas

7 horas da noite, fazendo diligencia pelo máo tempo que correo.

Ficamos entregues das joyas: a saber do broche, dos pendentes, e de dois

anneis contheùdos e referidos em huma das ditas cartas as quaes reservaremos athé

nova ordem de El Rey Nosso Senhor; porque achamos nam ser possivel /fol.272v/

examinar-se se esta Corte está no animo de nos dar joyas. Toda a cautella nam bastará

para nos dar alguma indicação desta nova diligencia: porque terá logo differente

interpretação, especialmente contra nós, despois hé interesse nosso.

O ultimo estado hé que a Mont Livrie se deu aqui hum bom prezente despois

de se haver mandado outro ao Marquez, e á Marqueza de Grimaldi; /fol.273/ mâs foi

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porque lhe escreveo huma carta ao Duque Regente. Hé tudo quanto sabemos; nem hé

possivel que possamos saber mais.

Despois da publicação dos Cazamentos nam houve mayor demonstração: e a

Senhora Infante Donna Marianna nam teve athé agora o tratamento de Princeza, nem

esperamos que o tenha antes de Esponsáes.

/fol.273v/ Ao Embaixador de Inglaterra participaremos a resposta de Sua

Magestade. Aos expressos ordenamos novamente a deligencia que devem fazer com a

comminação de nam serem mais empregados. Deos guarde a Vossa Senhroia muitos

annos. Madrid 2 de Nove[m]bro de 1725 = Jozé da Cunha Brochado.

Doc.30.10. /fol.279v/ Carta 46. Ao Secretario em que lhe diz que fica /fol.280/

entregue a Carta Credencial, e do Credito; e do motivo porque não espéra prezente.

Meu Senhor = Recebi a carta de Vossa Senhoria 12. do corrente em que Vossa

Senhoria me manda a dezejada Carta Credencial como credito para a ajuda de custo,

que El Rey foi servido mã[n]dar-me para o gasto do caminho. Rogo a Vossa Senhoria

que em meu nome agradeça a Sua Magestade este generozo socorro /fol.280v/ tam

digno da Real Piedade, como bem empregado em memoria de Seu Nome e Credito de

Seu Ministro.

Amanhaã vou pedir Audiencia, e receyo que os dias da Festa dilatem por esta

semana a minha despedida: logo que tiver Audiencia, e feitas com toda a préssa as

despedidas, partirey, e espero que seja dentrou de outo ou dés dias. Não /fol.281/

espero ter prezente por cauza da despedida; porque nam sou Ministro em público;

nem rigorozamente tenho caracter. Deos Guarde a Vossa Senhoria muitos annos.

Madrid 21 de Dezembro de 1725 = Jozé da Cunha Brochado.

Finis.

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Doc.31. Despacho de Diogo de Mendonça Corte Real para José da Cunha Brochado

e António Guedes Pereira dando-lhes instruções sobre a forma e o cerimonial com

que deveriam assinar os artigos preliminares do duplo matrimónio ibérico em Madrid,

[Lisboa?], [Setembro de 1725?]. BNP, Arquivo Tarouca nº 229, fols.1-2. [Excerto].

[fol.1] Para Jozeph da Cunha Brochado e Antonio Guedes Pereira

[...]

[fol.2] Ordena Sua Magestade que quando Vossas Senhorias ajustarem estes

artigos fação o mesmo que os nossos Plenipotenciarios praticarão em Utrecht com os

dessa Coroa fazendo os actos duplicados de cada parte para que em hum fique Sua

Magestade nomeado primeiro, e Vossas Senhorias assignados em melhor lugar, e no

outro consigão estas vantagens de El Rey Catholico, e [fol.2v] os seus Ministros: isto

se pode conseguir de dous modos, o primeiro fazendo Vossa Senhoria as duas

capitullaçõez para o Princepe Nosso Senhor em português huma porem com o nome

de Sua Magestade , e assignandosse nella primeiro Vossas Senhorias, e a outra com o

nome de El Rey Catholico em primeiro lugar, e dando Vossas Senhorias esta ao

Marques de Grimaldo para que primeiro a assigne, e elle praticando de conserto outro

tanto na lingoa castelhana para as capitullaçõez do Princepe das Asturias, e o que

daqui se siguiria seria ficarem Vossas Senhorias com as duas capitullaçõez huma do

Princepe Nosso Senhor em portugueis, e outra do Princepe das Asturias em

castelhano, e em ambas nomeado primeiro El Rey, e assignados em melhor lugar

Vossas Senhorias, e pella outra parte ficaria o Marquez de Grimaldo com outras duas

capitulaçõez similhantes, e em ambas nomeado em melhor lugar El Rey Catholico, e

assignado primeiro o Marquez, e Vossas Senhorias despois.

Este modo tenho por melhor; mas he necessario que queirão convir nelle os

Ministros de ambas as partes o que poderá encontrar alguma dificuldade, sem

embargo de ser hum partido igual; pois deve ser reciproco.

O segundo modo para evitar a imaginada dificuldade, hé este: fasção as duas

partes as capitullaçõez que lhes tocão na sua propria lingoa, nomeye cada hum o seu

proprio Soberano em primeiro lugar, e assignasse primeiro, de sorte que quando

forem a Covachuela, ou [fol.3] melhor ainda, a hum lugar terceiro, levem Vossas

Senhorias já assignados os seus, e os de Grimaldo os achem já assignados e ali os

troque para assignarem no mesmo tempo em segundo lugar huñs, e outros; ou fação

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ali ao mesmo tempo todos todas [sic] as firmas em primeiro, e em segundo lugar

respective; isto hé assignandosse cada huma das partes em milhor lugar, nos

capitullos que forem escriptos na propria lingoa, e em que terá nomeado primeiro o

proprio Soberano; e o que succederá por este segundo modo, será que para esta Corte

virá huma capitullação do Princepe Nosso Senhor em portuguez , em que El Rey será

nomeado primeiro, e Vossas Senhorias assignados em melhor lugar, e outra do

Princepe das Asturias em castelhano na qual será primeiro nomeado El Rey

Catholico, e assignado primeiro Grimaldo, e em Madrid ficarão outras duas

capitullações similhantes; mas trocadas as sortes das precedências, que de hum, ou de

outro modo, sempre serão iguais como estas duas regras se observem e deste segundo

modo remetto a Vossas Senhorias as quatro formullas necessarias para mayor clareza

e precepção.

[...].

Doc.32. Despacho de Diogo de Mendonça Corte Real para José da Cunha Brochado

e António Guedes Pereira informando-os acerca da questão da primeira visita ao

Secretário de Estado em Lisboa, na sequência do incidente protagonizado pelo

Embaixador de Luís XV na mesma Corte, [Lisboa], 12 Setembro de 1725. BNP,

Arquivo Tarouca nº 229, fols.1-2. [Excerto].

[...]

[fol.1v] A segunda consiste, em que Vossas Senhorias estejão prevenidos para

quando essa Corte nomear Embaixador para esta, declararem a rezolução que Sua

Magestade tem tomado, de que eu não hei de buscar primeiro a Embaixador algum,

para que o que se nomear não entre na mesma pertenção em que entrou o Abbade de

Livry, pois bem sabem Vossas Senhorias, que alem de que Sua Magestade não

costuma revogar as suas rezoluzoens, se agora mandasse vizitar primeiro ao

Embaixador dessa Coroa, seria justificada a queixa de El Rey Christianissimo; pois

Sua Magestade quando mandou responder á reprezentação do ditto Abbade mandou

declarar, aquelle Rey que eu não buscaria primeiro a Embaixador algum; e sendo isto

prezente a essa Corte, pois foi tão ruidoza a disputa, entendo não entrará em tal

pertenção, mas sempre convem, que Vossas Senhorias fallem nesta particular ao

Marquez de Grimaldo, antes que se nomee o tal Embaixador; e ainda depois de

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nomeado, estando Vossas Senhorias na infalivel certeza que Sua Magestade não ha de

alterar a ressoluzão que tem tomado por motivo algum por mayor que seja. Deos

guarde etecetera.

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VIII. Embaixada do Marquês de Abrantes em Madrid (1727-1729)

Doc.33. Instrucção que levou o Marquêz de Abrantes quando foi por Embaixador

para Castella, a qual na ordem das mais, que tambem levou hé a primeira. Com data

de 2 de Fevereiro, Lisboa, 2 de Fevereiro de 1727. BNP, Reservados, Cód. 9562,

fols.57-63. [Transcrição integral].

/fol.57/1º Honrra do Marquêz de Abrantes sobrinho, e amigo: Eu El Rey vos

envio muito saudar, como aquelle que muito amo, e prezo. Havendo-me El Rey

Cattolico meu bom irmão, e primo mandado propor os cazamentos do Principe meu

sobretodos muito amado, e prezado filho com a Infante D. Maria Anna Victoria sua

filha e do Principe das Asturias, com a Infante Maria minha muito amada, e prezada

filha, resolvi aceitar esta propozição, como vos he prezente e para satisfazer ao gosto,

com que El Rey Cattolico mostrava dezejar se ajustassem os preliminares para os

tratados matrimoniaes, nomeei por meu Plenipotenciarios a Joseph da Cunha

Brochado e a Antonio Guedes Pereyra, que os ajustarão e forão ratificados por mim, e

por El Rey Cattolico na forma, que vereis nos tratados, que se vos entregarão com

esta.

2º Em consequencia do que se estipulou nos ditos preliminares, se deve mandar â

Corte /fol.57v/ de Madrid com o character de Embaixador Extraordinario pessoa da

minha mayor confiança e de grande authoridade e experiencias; e concorrendo na

vossa estas circunstancias, e a de haveres tido muito parte, não só nesta negociação,

mas tambem nas dependencias que nella se involverão fui servido rezolver passasseis

â Corte de Madrid com o referido character esperando, que nesta Embaixada me

servireis muito á minha satisfação,e com aquelle zello, e acerto que a experiencia me

tem mostrado em tudo o que fiei da vossa capacidade e prudencia.

3. Bem sabeis o que se passou nesta Corte com o Abbade de Livry, que veyo a

ella destinado Embaxador por El Rey de França, e a duvida que teve aquelle Ministro

em fazer a primeira vizita ao Secretario de Estado, como tambem a rezolução que eu

tinha tomado nesta materia, e que a mandei declarar pello Inviado Antonio Guedes

Pereyra ao Marquêz de Grimaldo; e de proximo lhe ordenei repetisse a mesma

deligencia com o Marquêz de la Pâz; e posto que cada Corte tem seus uzos, e

ceremoniaes particulares, como na de Madrid não achareis agora inteiro, e recente

exemplo daquelles que podereis seguir, porque o Embaxador do Imperador quando

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chegou aquella Corte achou ainda no /fol.58/ ministerio ao Duque de Riperda, e ao

Marquêz de Grimaldo, que hoje não persistem nelle, procurareis logo que chegardes

(e ainda antes se poderdes com algum conveniente pretexto) certificar-vos se por

meyo do mesmo Antonio Guedes, de que hé verdadeiro em tudo o escritto do

Introductor dos Embaxadores, cuja copia elle remeteu, e na certeza, do que praticárão

os Embaxadores de França, e do Imperador, isto he que não derão avizo da sua

chegada, se não depois de terem entrado em suas cazas, vôs seguireis o mesmo

exemplo; e seguro de que os mesmos Embaxadores sobreditos buscarão ao Secretario

do Despacho Universal logo depois que chegarão para lhe mostrar as suas credenciaes

e de que o mesmo Secretario os buscou depois para lhes restituir, e lhe segurar, que

podião pedir audiencia particular de El Rey Cattolico vôs podereis seguir o mesmo

exemplo; como tambem o de fazer ao mesmo Secretario do Despacho Universal a

vizita publica com todo o cortejo immediatamente depois da audiencia publica de El

Rey Cattolico, da Raynha, Principe, e Infantes ou na tarde do mesmo dia, ou no

seguinte; certificando-vos igualmente de que assim o praticárão os sobreditos

Embaxadores, e de que nesta parte he estabelecido, e será permanente o ceremonial

que El Rey Cattolico faz praticar na sua Corte; e como /fol.58v/ isto mesmo hé o que

eu tenho determinado se observe aqui, podereis segurar ao Marquês de la Páz ( no

cazo que o Marques de los Balbases não tenha já chegado a esta Corte, e praticado a

minha rezolução ) que com elle se praticará o mesmo, e ficará reciproco nesta parte o

tratamento de hum, e outro Embaxador como El Rey Cattolico mostrou, que dezejava;

e quanto aos mais, ficara livre de huma, e outra parte a determinação do restante

ceremonial; com tanto porem que seja igual para as Cortes de primeira, e mais alta

reputação.

4. Como nos tratados preliminares estão ajustados os cazamentos e das

condiçoens, com que se han de estipular os tratados matrimoniaies e deve preceder ao

ajuste destes pedirdes a El Rey Cattolico a Infante sua filha para mulher do Principe

meu filho, este deve ser o primeiro passo, que haveis de dar, ou na primeira audiencia

particular em que haveis de entregar aos Reys Cattolicos as quatro cartas de mão

propria, minhas, e da Raynha para El Rey, e para a Raynha Cattolica (que vos serão

entregues) fazendo-lhes todas aquellas expressoens proprias para certifica-llos do

muito que dezejo se conclua esta nova, e reciproca união; ou na audiencia publica,

que deveis /fol.59/ sollicitar logo que estiverdes preparado para ella; e em huma, ou

em outra occazião pedireis a El Rey Cattolico e a Raynnha a Infante Maria Anna

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Victoria para cazar com o Principe, e colhendo nestes dois modos aquelle, que for

mais conforme ao estillo da Corte de Madrid, e que vos parecer mais conveniente com

a rezão e o decoro.

5. Se nesta conformidade seguirdes o primeiro modo, pedindo logo a Infante na

audiencia particular, entrareis no ajuste do tratado matrimonial, para o que vos mando

entregar hum pleno poder, e o fareis com as clauzulas, e condiçoens expressadas nos

preliminares, observando pelo que toca á forma da assignatura o mesmo que fizerão

os meus Plenipotenciarios, e o de El Rey Cattolico quando firmarão os ditos

preliminares; tendo entendido que pello que pertence ao lugar, e mais formalidades se

ha de praticar comvosco o mesmo que se praticou com o Duque de São Simão quando

ajustou o Tratado matrimonial de El Rey de França.

6. Como no artigo 5º dos preliminares se ajustou, que de huma, e outra parte se

recorresse a Roma para que o Papa lance a sua santa bênção e approve, e dispençe

quanto for necessario para este matrimonio; assim o que se expressar, como /fol.60/

tudo quanto possa ser preciso, posto que se haja ommitido de concerto [?] com o

Ministro, ou Ministros vossos conferentes, fareis a dita expedição despachando hum

expresso, quando despachar outro a Corte de Madrid, e o encaminhareis ao Conde das

Galveas meu Embaixador Extraordinario para que com o Ministro de Castella ajuste a

forma de recorrer a Sua Santidade, e eu lhe mandarei prevenir as ordens convenientes

para que esteja de acordo neste negocio; e se por algum incidente soceder, que o dito

meu Embaixador Extraordinario ou qualquer outro Ministro meu se não ache naquelle

tempo na Corte de Roma, vós encaminhareis os despachos ao Cardeal Cienfuegos

escrevendo-lhe como dermos da minha justa benevolencia os motivos, que me

induzem a servir-me delle naquella occazião; e para esta carta vos vallereis de huma

das firmas em branco, que vos serão entregues, e acompanhareis de carta vossa, como

julgardes conveniente, e no mesmo tempo me despachareis tambem pela posta a

pessoa que vos parecer, com a noticia de estar feita a expedição para Roma, e

semelhante despacho me havereis já feito com a concluzão do Tratado, para que sem

demora eu o haja de ratificar, sendo feito com o acerto, que de vós espero.

/fol.59v/7. Como deveis procurar com solicita /fol.60/ deligencia no mesmo

tempo, que ocupardes nestas negociaçoens que se adiantem as preparaçoens para a

vossa audiencia publica, e hé de crer que se achem concluídas, passareis logo a

solicitar com a mesma audiencia publica; e se entenderdes, que não será desagradavel

a El Rey Cattolico darvola no mesmo dia, em que se houverem de cellebrar

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esponçaes, por evitar ao mesmo Rey hum dia de função, fazendo-as duas de huma só

véz, e para que se veja, que entre a acção publica da supplica, e a concessão não

mediou tempo algum, porque foi hum acto continuado, assim o procurareis executar;

se porem entenderdes que aos Reys Cattolicos será mais agradavel fazer as funçoens

distinctas em dous dias, assim o executareis, pois tendes para isso prevenido o

necessario, sem que da vossa parte de mostre repugnancia, ou interesse algum nesta

materia.

8. A mesma indifferença mostrareis, em que haja de ser na ceremonia dos

esponçais he prezentada a pessoa do Principe, ou por El Rey Cattolico como pay da

Infante, ou por vós, como meu Embaixador; porque para hum e outro cazo se vos

remetterá procuraçoens do mesmo Principe, e para este fin, logo que puderdes, de

avisareis com toda a individuação da forma, e modo das procuraçoens, que trará o

Marquês /fol.60v/ dos Balbases; advertindo não só os titulos, e termos das mesmas

procuraçoens, mas a forma dos sellos; e tambem se são por El Rey corroborados, ou

ratificados os actos, que o Principe fizer; se virdes que El Rey Cattolico de boa

vontade fará o acto de reprezentar o Principe para demonstrar a estimação que faz da

sua pessoa, lhe representareis para isso a procuração; se porem entenderdes, que da

parte de El Rey Cattolico poderá haver a menor, ou mínima repugnancia; em tal cazo

não fallareis na procuração que para elle vos for, e usareis da que vos tocar; porem

advertindo muito em que nestes segunda supposição se não possa imaginar que da

nossa parte se pertendeu, e não conseguio, que El Rey Catollico fizesse este acto.

9. Depois dos esponçais procurareis dar â Infante D. Maria Anna Victoria a joya

com o retrato do Principe, referindo-lhe aquelles termos que vos parecerem mais

proprios de semelhante occazião; logo que poderdes procurareis avizarme com a

miudeza que sabeis, que hé conveniente do que nesta parte tem disposto a Corte de

Madrid, e encarregado ao seu Embaixador para que sem demora se vos remeta a joya

na forma, e tempos precizos, para que não haja falta alguma; e quando tenhais nota

certa de que em tal cazo, ou na concluzão /fol.61/ do Tratado, o Embaixador del Rey

Luis 15º deu alguns prezentes , ou fosse á familia da mesma Infante, ou ao Secretario,

e seus officiaes, me avisareis diligentemente com certeza, e individualidade que

poderdes conseguir, para que se preparem, e se vos remettão semelhantes joyas, e

prezentes para os destribuirdes; e porque sabeis, que na mão do Inviado Antonio

Guedes Pereyra estão algumas joyas, que lhe forão inviadas para este fim lhe direis vo

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las entregue, e na mesma conformidade lhe mandarei escrever para que o execute, e

dellas fareis o que eu vos ordenar.

10. Nos preliminares está ajustado que a condução de huma, e outra Princeza se

fará quando a mim e a El Rey Cattolico parecer conveniente; e porque tenho

assentado me convem, que huma e outra conduçãoo e a troca se fação ao mesmo

tempo; se vós entenderdes que El Rey Cattolico dezeja, que o Principe das Asturias,

por se achar já muy proximo á idade, que dispõem os canones para Igreja receba logo

a Infante minha filha, e que para este fim, ou para o de acompanharem a Infante D.

Maria Anna Victoria cuidão os Reys Cattolicos em se abalar da sua Corte, e vir às

rayas, ou fronteiras de ambos os Reynos, vós procurareis evitar huma tal rezolução

com a mayor prudencia, ainda astucia, que vos for possível, com tal modo porem que

não pareça, que da nossa parte procurarmos evitar occazião de não nos vermos, e

congratular-nos.

/fol.61v/ 11. Huma das mayores difficuldades que haveis de encontrar, poderá

consistir na familia, que houver de acompanhar a Infante D. Maria Anna, não tanto

pelo numero, como pela qualidade della, pois se tem visto muitas vezes,que huma

pessoa de quem se não soppunha, vem com o tempo a ser muy prejudicial,

particularmente naquellas, que chegão a ter alguma superioridade e dominio na

vontade dos Principes, que nascerão para Soberanos; pello que terás muito particular

cuidado em examinar a capacidade e o génio, as virtudes e os deffeitos de todas

aquellas pessoas, que se houverem de escolher para acompanharem a Infante, mas

para procurardes, que cheguem a ser nomeadas, e escolhidas aquellas pessoas, em

quem não achardes inconveniente; e não aquellas de que desprudentemente julgardes,

que poderá resultar algu damno.

12. Tambem se acha nos preliminares ajustado, que a condução das Princezas se

haja de fazer em cada hum dos Reynos desde a Corte athé a Raya; por mim consta, a

da Infante minha filha, e pella de El Rey Cattolico a da Infante D. Maria Anna

Victoria; e porque convem, que em nada possa haver da minha parte menores

demonstraçoens, vos recomendo procurareis averiguar todas as dispoziçoens, que se

houverem de fazer para a condução da Infante D. Maria Anna Victoria, e mas /fol.62/

partecipareis com aquella certeza, que vos for possível conseguir, para tudo me seja

prezente com as mais miúdas, e individuaes circunstancias.

13. Na Corte de Madrid residem prezentemente o Nuncio de Sua Santidade, e os

Embaixadores do Imperador e o de El Rey de Gram Bretanha, e da República da

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Holanda, e outros. Com todos tereis boa correspodencia, e amizade, tratando-os como

Ministros de Principes meus alliados, e amigos; e entre todos procurareis ter mais

trato, e estreita confiança com o Embaixador do Imperador, assim pella rezão de

parentesco , como por ter aquelle Ministro a graça, e confiança dos Reys Cattolicos,

de sorte que de hum, e outro motivo poderá rezultar alguma vantagem ao interesse do

meu serviço. Entre os Embaixadores não se disputa a precedencia aos do Imperador;

antes em todas as funçoens publicas tollérão as Coroas o primeiro lugar, sendo todos

iguaes; e assim não pertendereis vós preceder-lhe; mas aos mais incluzo tambem o de

França, quando o haja, não cedereis em função alguma, como praticastes na Corte de

Roma.

14. Rendo rezoluto que se vos dem de ajuda de custo para pores a vossa caza em

Madrid sessenta mil cruzados cruzados; e de mezada sinco /fol.62v/ mil cruzados, a

qual haveis de vencer desde o dia, que sahirdes desta Corte, athé vos recolherdes a

ella.

15. Para o Secretario desta Embaixada nomeei o Dezembargador Alexandre

Ferreira Cavaleiro da Ordem de Christo e Deputado da Meza da Consciencia e

Ordens, pella satisfação que tenho das suas boas letras, e capacidade , confiando que

elle se haverá emtudo, o que se offerecer na forma que convem ao meu serviço.

Tambem mando ao Dezembargador Pedro de Maris Sarmento, de cujas letras e

capacidade sou bem informado, e delle podereis valer-vos nas occazioens, que

entenderdes será conveniente a meu serviço.

16. Com esta se vos entregará a cifra porque deveis escrever as couzas de segredo

que pedirem aquelle resguardo; e tambem se vos entregarão os meus Ministros nas

Cortes de Roma, Vienna, Londres, Brusellas, e da Haya, para que com elles vos

correspondais e trateis os negocios que pedirem o mesmo recato.

17. Allem dos mais papeis, que ficão referidos, vos serão entregues duas cartas de

Chancellaria da Raynha para os Reys Cattolicos, e procurareis informarvos se ao

Marquez dos Balbases se derão semelhantes da Raynha Cattolica para elle entregar na

audiencia publica que eu lhe der: se achardes que assim hé, vos ser-/fol.63/ vireis

destas, quando derdes as minhas credenciaes, se porem achardes, e elle não as traz,

deixareis ficar estas na vossa mão , sem uzar dellas. Escritta em Lixboa Occidental a

dois de Fevereiro de mil settecentos, e vinte e sette = Rey.

Vista.

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Instrucção, de que ha de uzar o Marques de Abrantes que ôra vay por Embaxador á

Corte de Madrid, a qual lhe prezenta.

Caetano de Souza e Andrade a fes. Para Sua Magestade Ver.

Doc.34. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis sobre as

encomendas das librés e de outras vestimentas que fez em Paris para a sua embaixada

em Madrid; pede-lhe que mande fazer de um serviço de mesa, Lisboa, 29 de

Dezembro de 1726. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-4. [Transcrição integral].

/fol.1/ Voltando há poucos dias de Abrantes para esta Corte achey na mão do

Secretario de Estado a primeira carta de Vossa Merce escrita em Pâris a 26 de

Novembro; com a qual me alegrey por ver nella a exacta pontualidade com que Vossa

Merce principiou a executar a sua cómição con tando acerto, como espero que continue

athe concluirmoz cada hum pella sua parte o empenho em que estamoz. Da demora que

Vossa Merce fas nessa Corte, fallarey logo quando der resposta á sua segunda carta. He

muito digna de concideração a advertência que Vossa Merce me fas nesta sobre a

immutabilidade da cor da libre, e assim fundado nesta sua advertencia de Vossa Merce,

acho que he precizo alterar todas as ordenz e fazer que as librês tanto de campanha,

como as de corte, primeira e segunda, sejaõ todas de cor vermelha e guarnecidas de

ouro; porem deste modo faltamoz a huma propiedade das armas reaes que vem a ser no

escudo verdadeiramente de Portugal o azul, e a prata, porque o vermelho e ouro he das

armas do Algarve; Só me parece que isto se poderá acomodar fazendo as vestias da librê

dos lacayos azues, e prata e da mesma cor e guarnição as mostras ou os canhões das

casacas, ainda que poderá fazer estranheza /fol.2/ que ellas sejão guarnecidas de ouro e

os canhões de prata porque essa mesma novidade dará motivo para se escogitar a rezão,

porque se fizeram asim guarnecidoz de prata oz canhões, sendo as casacas guarnecidas

de ouro.

E para que não ache inconviniente neste arbítrio, porque podem parecer as vestias

não irmaãs das casacas, me parece se pode remedear isto fazendo oz forros das casacas

azués e com algum bordo de prata por diante que chame pellaz vestias, e se a Vossa

Merce lhe parecer aconselhandosse com pessoas de bom gosto e inteligencia a poderá

executar assim, e virá a consestir a diferença das librés ricas entre huma, e outra, em que

a primeira será guarnecida de gallões furados e a segunda de gallões direitos, e não

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furadoz, e a libré de campanha com os alamares como tinhamoz descorrido ficando

sempre por regra geral a guarnição de ouro sobre o vermelho, e a de prata sobre o azul

assim como são os castelloz de ouro sobre a orlla vermelha nas armas reaés e as

aruellas, ou bezantes de prata sobre as quinas azués.

Quanto aos doze pagens se deve seguir a mesma regra, e porque Vossa Merce só

levou ordem para a libré de campanha como encontro cá grande dificuldade nos

bordadores, será precizo que lá se fação tambem as ricas, e o que já participei Senhor

Noe Housaye, e assim devendo ser todas as librés doz pagens camezins, e guarnecidas

de ouro /fol.3/ podem as de campanha ter gallões; e as de corte serem humas com ponto

de Espanha, e outras bordadas de ponto real, sendo as casacas forradas de azul tambem

com alguma prata, e as vestias de tessû de prata com algum azul, para satisfazer a

duvida que já apontey tratando das librés dos lacayoz; e isto que digo do ponto de

Espanha, se entende no cazo que se não possa sem perder tempo bordar tudo do ponto

real, que sempre será melhor, se couber no tempo, e sendo todas bordadas consistirá a

distinção no lavor a diferença do debuxo, que será de sorte que bem se destiga.

Quanto as plumas bem podem todas ser brancas sem receyo de que possao julgar

que são velhas quem vir tantas librés novas; o mesmo se pode dizer das meyas, porem

Vossa Merce faça o que entender;

Advirto a Vossa Merce que os vestidoz tanto para oz pagens como para os

lacayos, venhão já de lá guarnecidoz quanto puder ser, o que me parece se reduzirá aos

canhões das mangas, e aoz quartos por diante de botões, e cazas, e aljabeiras, e costas,

ficando por guarnecer as ilhargas, e oz hombroz para se ajustarem, e guarnecerem á

medida doz corpos, isto porem se não enttende nos vestidoz doz pagens bordadoz

porque he precizo que venhão acabadoz do bordador, posto que oz quartos hajão de vir

separadoz pelas ilhargas, cmo vem todoz os dessa calidade de França /fol.4/ e Inglaterra,

e tudo isto digo por poupar tempo, e por não errar a moda de guarnecer com os gallões e

porque assim guarnecidoz e separadoz os quartos das casacas, poderão ir bem

acondicionadoz em caixas; advirto tambem a Vossa Merce que não custumo ter pagens

pequininoz, se não manceboz de 18 the vinte annos.

Paço a 2ª carta de Vossa Merce de 29 de Novembro; e digo que bem creyo serão

boas as garavatas já compradas pello preço, cuja quantia farey pontualmente satisfazer;

quanto as garavatas doz pagens tenho por alertado o seu arbítrio, e só me peza lhe não

chegasse a tempo o avizo de quatro espadins que tambem lhe mandey emcommendar

porque só de Paris oz quero, não de Londres, mas espero que dahy oz poderá Vossa

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Merce mandar buscar aquella cidade; isto he quanto por hora se me offrece dizer a

Vossa Merce que Deus guarde muitos annos. Lixboa Occidental, 29 de Dezembro de

1727.

Devo ____ encomendar a Vossa Merce o emprego de huma cuberta de corbelhas

de prata, de treze pessas para huma meza de vinte e cinco pessoas, que há de servir para

dosses e fructas, as pessas. E ão de ser de prata liza, e ornamento que tiverem para se

irmanarem com a minha baixela sera somente a que se chama godroné que vem a ser

como o dibuxo a margem na borda huma salva o Senhor Noe me explicara melhor.

Doc.35. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis continuando

o assunto da carta anterior; aguarda informações sobre as equipagens que o Marquês

de los Balbases tinha encomendado em Paris para a sua embaixada em Lisboa,

Lisboa, 19 de Março de 1726. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols. 1-4. [Transcrição

integral].

/fol.1/ Receby 1 creyo que pello Secretario de Antonio Galvão a carta de Vossa

Merce de 27 de Fevereiro ja escrita em Paris, posto que com poucas horas de tempo,

mas he tanta a sua delligencia, que sem elle parece que pode obrar.

Vejo a mostra de velludo que he excellente não só na cor, e no corpo, mas mais

que tudo no presso, Vossa Merce se aproveite delle não só para as emcomendas que tem

a seu cargo, mas para me trazer trezentos, ou quatro contos covadoz em pessa para

cadeiras, e outros moveis, porque aqui não acho o bastante.

Abordaria bem he que seja tanto mais barata como Vossa Merce me aviza cento,

por cento, e tanto metem Vossa Merce ditto, que consegue mandar-lhe eu as medidas,

que vão incluzas de sette pagens que ja tenho escolhido, as sinco que faltão não az

posso mandar, porque ainda não tenho oz /fol.2/ sinco pagens, nem sey se os tomarey

nesta corte, ou na de Madrid, Vossa Merce. se remedee com estas, mandando fazer os

outros vestidos sorteadoz, hum dos mais espigadoz, douz dos meaos, e dous dos mais

pequenoz, porque oz pagens que hey de tomar, farey que sejão pouco mais ou menos

como os que tenho.

O bom gosto dos vestidos que vem dessa corte para El Rey, e muito mais a

deficuldade que ha aqui de os ajustar com acerto, fes que eu tambem emcomende a

Vossa Merce tres vestidos para mim, hum de velludo bordado pellas custuras, e outro

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tambem bordado pellas custuras, mas para Verão, e o terceiro tambem para Verão, mas

sem bordado nas custuras9; as cores deixo ao arbitrio de quem os manda, na supozição

porem, de que eu ja tenho 50 annos de idade; para estes meus vestidos, não só vão

medidas, maz os quartos talhados, tudo ajustado por Manoel Antunes da Serra que bem

se entende com o alfayate que ahy serve a El Rey /fol.3/ só com a mostra do gallão que

Vossa Merce me mandou não estou inteiramente satisfeito, porque mais parece renda,

ou ponto de Espanha, que passamane para guarnecer huma libré de lacayos, pello que se

V.M já tem feito emprego, procure desfazersse delle ainda que seja com alguma perda

de tempo, e de dinheiro; e trate de aviriguar como o alfayate que dahy manda oz

vestidos para Sua Magestade; quaes são os gallões com que guarneceo dous, hum de

prata sobre gridifer, e outro sobre panno mesclado dos quais ambos se podem separar

os canhões, ficando elles de manga justa10; e porque estes passamanes são furados como

elles, quanto ao feitio, hão de ser oz que Vossa Merce procure para a minha libre, e

quanto a largura e riqueza, serão semelhantes aos da outra libré, para que ambas fação

igual comparssa, e só se destingão na accidental diferença dos gallões furadoz.

Aseito quanto ao tempo a obra das corbelhas, porque reconheço não seria possível

tanta obra fazersse prefeitamente em menos tempo, o ponto que o lavor que oz /fol.4/

guarnesse seja de godrões e não desdiga do restante da minha baixella; acho rezão ao

ourives em querer fazer huma pessa grande para o meyo, porque assim ficará esta

cuberta independente do curteut , ahy mando incluza huma estampa das minhas armas,

como as uzo na baixella, para que logo venhão abertas ao boril, ou em mayor ou em

menor forma como melhor se apropriarem as pessas das corbelhas e curtout.11 Fico com

grande alvorosso esperando pla noticia que Vossa Merce me promete doz vestidos,

librés, equipagens do Marques dos Balbazes que não há duvida serão de grande

magnificencia a proporção da sua genorozidade, mas não igualarão aos meus pelo que

toca á dilligencia de seu comissário, por que a de Vossa Merce excede a tudo.

9 Á margem: “Recomende Vossa Merce ao alfayate celebre que serve a el Rey meu Senhor que guarde as minhas medidas, por que de Madrid poderei mandar buscar mais vestidos”. 10 Á margem: “Isto digo para aoz passamanes somente e não para aoz canhoes fechados de por e tirar, porque esses canhoes caído que se não uzam em vestidos de corte, como devem ser os destas librez guarnecidas”. 11 Á margem: “Advirta Vossa Merce que esta estampa he tirada das armas de hum prato que pelo que só he azares que o escudo que no papel vay a mão direita ho o que na prata há de ficar a mão esquerda. Advirta mais que o escudo principal que tem a coroa de Marques he de asul e prata e de Abrantes co a coroa de conde he de ouro sobre vermelho, e isto digo para as riscar que segundo a regra da armaria denotão as cores do brazão”.

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Tenho pago quatro letras na forma dos avizos de Vossa Merce tres de descontos e

huma de seis. Deus guarde a Vossa Merce. muitos annos. Lixboa Occidental 19 de

Março de 1726.

Doc.36. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis pedindo-lhe

que lhe arranje outro cozinheiro para a sua casa em Madrid, uma vez que aquele que

tinha actualmente «principiou a comer da minha meza, tirando do que cozinhava para

ella», Madrid, 30 de Junho de 1727. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-2.

[Transcrição integral].

/fol.1/ Bem considero a Vossa Merce embaraçado em expedição de tantas

encomendas, pela mesma razão que a opulencia dos cabedaes constitue pobre a quem se

ve en trementos; eu não só espero a conta de Vossa Merce mas tambem de novo huma

encomenda; com protexto de que não há de embaraçar nem afligir. Tenho hum

cozinheyro frances, que trouxe de Lisboa a quem dou 50 patacas cada mes, porque

trazendo cinco de partido, e huma resão, esta calculada aqui importa 18 patacas; alem

d’isto metendo na algibeyra /fol.2/ a resão em dinheyro, a principiou a comer da minha

meza, tirando do que cozinhava para ella, se elle tem bom gosto, o melhor bocado; e

tem me dizem que vendia algumass recoens a pessoas particulares, e despojos agente de

fora, com que o homem tinha achado hum ninho de guincho, e eu pagava o pato; tratey

de por hum criado superintendente da cozinha, que impedisse tanta superfleuidade e

tanto roubo, com que o tal francês não gostou, e menos eu pela grande despeza, que me

faz; pelo que se Vossa Merce lá achar hum homem que /fol.2/ queyra vir a ser Mestre de

cozinha em minha caza, despidirey este, e cuydo que interessareis algua couza: este hé o

motivo de me recomendar a sua deligencia não para lhe acrescentar trabalho nessas

occazioens de muyta fadiga, mas quando ella passar, e Vossa Merce se achar já mais

dezoccupado.

Eu não estarey já mais de sorte, que deyxe de me empregar em servir a V.M

quando tiver occazião. Deus guarde a Vossa Merce. Madrid 30 de Junho de 1727.

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Doc.37. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis dando-lhe

conta de ter assinado o duplo tratado matrimonial ibérico na Corte de Madrid, Madrid,

6 de Outubro de 1727. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-2. [Transcrição integral]

/fol.1/ Charo Senhor Francisco Mendes. Se hum tratado basta para que Vossa

Merce cheyo de jubilo me duplique parabens, que fará Vossa Merce quando souber que

já são dous os tratados? Hum feyto nesta corte para o cazamento do Principe meu

Senhor , com a mais linda Infante que tem corte alguma de Europa, outro feyto em

Lixboa para o cazamento do Principe de Asturias com a nossa Infante D. Maria; o qual

se assignou no V d’este mes de Outubro e se está prezentemente ratificando.

/fol.2/ No mesmo tempo espero as dispensações para me por logo em publico e

fazer oz recebimentos que neste anno ficarão concluídos; então sim que com hum copo

na mão cantará Vossa Merce hum hímen a Baco, com comemoração de hum himineo.

Vossa Merce saberá que o Senhor Inviado Marco Antonio me ordenou remetesse

a Vossa Merce o passaporte incluzo em cuja mão o quer achar; Vossa Merce lho /fol.3/

dará a elle e a mim muitas occasiões em que o sirva. Deus guarde a Vossa Merce.

Madrid 6 de Outubro de 1727.

Doc.38. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis descrevendo

a forma das armas da Infanta D. Maria Bárbara para aplicar na toillete que fora

encomendada; agradece a escolha do cozinheiro que acabara de chegar a sua casa,

Madrid, 25 de Outubro de 1727. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-6.

[Transcrição integral].

/fol.1/ O portador d’estas cartas vem despachado de Lisboa, e com pressa pelas

cômissoões que leva para Vossa Merce; e como entre ellas haja a de certo toucador ou

toilete, me manda El Rey lhe diga a Vossa Merce a forma das armas da Infanta D.

Maria fotura Princeza de Asturias, que se hão de por nas peças da ditta toilete.

Duas são as duvidas que me occorem, a primeyra quanto á forma do escudo, a

segunda se ha de ser ou não ha de ser o mesmo escudo cheyo das armas, eu me explico

quanto a esta segunda parte.

Hé regra certa que as armas das Infantas tem o escudo partido de alto a bayxo pelo

meio, que na parte esquerda poem as armas direytas de seu pay sem alteração alguma, e

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que na parte direyta em quanto não cazão fica o escudo em branco para se /fol.2/ lhe por

a seu tempo as armas direytas do marido com que cazarem; isto hé doutrina inalterável

dos autores que tratao da armeria, e entre todos do melhor, que hé Marcos Wlson

Senhor de la Colombiere no Tratado, que intitulou La sceance heroique, estampado

segunda ves em Paris no ano de 1669, [em] Inglaterra; livro que aquy me emprestarão e

que eu estimara que Vossa Merce me remetera a Lisboa; e com a Senhora Infanta D.

Maria esteja já ajustada a cazar , e proximo o tempo dos seus Despozorios, paresse que

se lhe se vem por logo as armas do Principe de Asturias, as quaes são como as de seu

pay sem differença; isto digo na suppozição de que as armas possão ser sobrepostas e de

relevo, porque de outro modo não caberião no tempo, nem se poderião acrescentar as

refferidas armas do Princepe de Asturias, como acrescentarião facilmente sendo de

buril, particularmente se as peças da toillete são de ouro ou de prata branca, porque

sendo de /fol.3/ prata dourada nunca fica prefeita a obra abrindo-se as armas ao buril

depois da douradura; e para não perder tempo em debuxar as armas nem arriscar a obra

a alguma imprefeyção, mando a Vossa Merce o escudo das mesmas armas estampado

no papel incluzo, com suficiente destinção; e assim digo a Vossa Merce que o escudo ha

de ser partido pelo meyo de alto a bayxo, e que na parte do mesmo escudo, que olhando

noz para elle corresponde á nossa mão direyta, se hão de por as armas de Portugal,

como El Rey as uza, todas inteyras, isto hé as cinco quinas, com a orla dos sette

castellos; e que na parte que corresponde á nossa mão esquerda, que propriamente

fallando hé a direyta do escudo, se hão de por as armas de Castella, assim como as uza

El Rey Phellipe V e o Principe de Asturias seu filho.

/fol.4/ Quanto á forma do escudo hé certo que as donzellas uzão s’elle em forma

de lizonja, isto hé hum quadrado de iguaes lados, e de iguaes angulos, ficando os dous

mais agudos hum para sima e o outro para bayxo, figura a que propriamente chama mos

em geometria rombo, porem como estas toiletes, e todas as suas peças se fação para

servisso da Sehora Infanta já Princeza, não será justo que se siga esta regra se não a que

o mesmo Colombiere prescreve a f.525 dizendo estas palavras: etant a remarquer que

l’eeu a lozange ne se soit jamais donner qu’aux filles, car d’abord qu’elles sont mariees

de même qu’elles occupent la moitié du lit de leur maris, leurs armes aussy doivent être

peintes sur la moitié de l’eeu de leurs armes; e como estas toiletes, torno a dizer, hão de

servir á nossa Princeza antes do seu recebimento justo hé que levem logo as armas do

Principe seu /fol.5/ foturo espozo; e como esta corte uza noz seus cinetes de differente

forma de escudo que o antigo das armas, e o das Infantas, Raynhas e Princezas de

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França costuma sempre ser ornado com duas palmas, como hé o escudo das nossas

moedas da nova fabrica do anno de vinte e quatro, mando a Vossa Merce tambem

estampado em papel, por abreviar o tempo, a forma d’estes escudos, advertindo-lhe

somente que assim hum como o outro hão de ser copiados quanto ás armas pelo parte

donde levão huma declaração por escripto12.

Não me detenho mais, porque com o refferido satisfaço á ordem d’El-Rey, e

tambem por não demorar mais a expedição d’este correo.

Só digo a Vossa Merce para sua consolação /fol.6/ que de Roma recebi as

dispensações na forma que dezejava, pelo que entendo que sem falta neste anno se

concluirão os Despozorios de suas Altezas, e na Primavera fotura a troca de suas reaes

pessoas.

Chegou o cozinheyro, e athé agora tem dado boas mostras da sua habilidade e

pessoa pelo que eu estou satisfeyto, e lhe dou a Vossa Merce agradescimentos [sic]

aplaudindo a sua boa eleyção em tudo. Deus guarde a Vossa Merce. Madrid 25 de

Outubro de 1727.

Doc.39. Preguntas hechas por Abrantes, y respuestas, 1727, Madrid, [Fevereiro –

Dezembro 1727?]. AGP, Secção Histórica, Caixa 20, Expediente 6, fols.1-3.

[Transcrição integral].

[fol.1] Preguntas hechas por Abrantes, y respuestas, 1727.

“Nada se ha prevenido a Capecelatro

sobre punto de precedencia. Y se

advertira a Capecelatro, y tambien a

Balbases, que escusem en su funcion, ni

en otra alguna entrar a la discussion de

precedencia de los otros Ministros

estrangeros en aquella Corte.

[fol.1] Despues de ajustados, y

conbenidos los capitulos preliminares de

Dezeja saber o Embayxador se

para o cortejo da entrada entrada publica

do Senhor Marques dos Balbazes se deu

algua ordem ao Senhor Marques de

Capecelatro a respeyto da precedencia

dos outros Ministros estrangeyros, ou se a

teria antecedente, e a quereria agora

aplicar a este cazo.

Procura tambem saber o

12 Á margem: “ligadas com huma fita pela parte debayxo do escudo”.

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137

los casamientos del Rey Luis 1º y del Rey

Christianissimo lo participo Su Magestad

con cartas, que escrebio a los Principes de

Europa, con quien estaba en paz.

Que a todos escribe Su Magestad

y que quando se ayan firmado las

capitulaciones, y hecho los desposorios se

escribiran las cartas, se expediran los

decretos, y se participara a los capitanes,

generales, Commandantes etecetera.

[fol.2] Despues de firmadas en

presencia de Sus Magestades las

capitulaciones matrimoniales se participo

del ajuste de los casamientos a los

Consejos con decretos, que se expedieron

a elles; y despues de hechos en Lerma

los Desposorios del Rey Luis se participo

con nuevos decretos a los Consejos, para

que lo tubiessen entendido y lo

participassen a las partes donde

conviniesse en la forma que fuesse estilo,

que se tuviesse practicado en casos

semejantes.

Despues de haver vuelto Sus

Magestades de Lerma en año 1722, y de

haver-se hecho en aquella ciudad los

Deposorios, algunos dias despues de sua

arribo a Madrid se haze memoria de que

huvo luminarias, mascaras, se corrieron

parejas, huvo fuegos en Palácio, y en la

Plaza mayor de Madrid, la qual se

ilumino, haviendo Sus Magestades

passado a dar gracias a Nuestra Señora de

Embayxador a que Princepes costuma

Sua Magestade Catholica comunicar os

successos faustos da sua real familia, e en

que tempo; e tambem a forma e o tempo

em que os costuma participar [fol.2] aos

seus subditos assim grandes

ecclaesiasticos e, seculares , como os

povos.

Item se se costumão fazer festas

publicas quando quaes, e adonde: O

mesmo dezeja saber das luminarias

publicas, e das salvas, que costumão dar

as prazas marítimas, e fronteiras, não na

passagem das Pessoas Reaes, mas na

selebração das mais felicidades.

Item dezeja saber quando os Reys

Catholicos ham de reconhecer e tratar a

sua filha Serenissima Infanta D. Maria

Anna Victoria como Princeza do Brasil e

que diferencia se ha-de fazer entao no

trato de Suas Altezas seus irmãos.

[fol.3] Lembra o Embayxador ao

Senhor Marques de la Paz a memoria,

que ja lhe pediu das joyas que se dexão

nas occassiones passadas, e tudo isto

dezeja saber o Embayxador com tempo

para que da parte, que representa não haja

nem falta, que paressa menos estimação,

nem excesso, que se possa julgar

emulazão, ou competencia como já

declarou ao mesmo Senhor Marques de la

Paz.

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138

Atocha. De las demonstraciones que se

practicaron en las Plazas marítimas, que

fronteras no se tiene noticia.

Que enquanto a fiestas, y

regocijos no se tiene regla fixa: que Su

Magestad [fol.3] ordenara se hagan

aquellas, que parecieren convenientes, y

que lo mismo se podra encontrar en

Portugal.

Que quando se ayan celebrado los

desposorios se tratara de la Princesa del

Brasil, y que se se praticara con sus

hermanos la diferencia correspondiente a

ser Dama, y Princesa, ya huespedada , o

forastera.

Que se le entrega esta copia no

para que sirva de regla; porque esto debe

entender-se a la sola unica voluntad de

Sus Magestades reciprocamente.

Que la Serenissima Infanta Maria

Ana no solamente llebara (viene aqui una

nota de los que por el difunto Rey Luis se

dio al tempo de su casamiento a la Reiya

viuda su esposa) las muchas, y ricas joyas

que el Rey su Padre l adio, quando fue de

Stinadu [?] a francia, si no es tambien las

que le dio Su Magestad Chrisianissima, y

que no se debiendo servir de regla la

calidad, y cantidad de estas joyas no se

entrega relazion de ellas, como no

necessária, mayormente quando solo se

ha-de practicar la mera, unica voluntad de

las Magestades de los Reyes de Portugal.

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Ultimamente que quando sus

Altezas se dispongan a passar de una a

otra Corte, se le dará una relacion o

memoria, de las Alajas, que se dieron en

la frontera de nuestra parte, no tam poco

para que sirva de regla, pero si fara que el

su Embaxador se halle noticioso de que

todo debe depender del gusto de las

Magestades de los Reys sus amos.

Perguntar que modo usan en

Lisboa en los vestidos aquellas soveranas.

Doc.40. Carta do Marquês de Abrantes para o Marquês de la Paz na qual refere que

soubera através do seu Mestre de Câmara que o Núncio apostólico colocara o coche

dentro do saguão do palácio real de Madrid, exigindo, por isso, que lhe seja concedida

a mesma regalia, Madrid, 29 de Novembro de 1727. AHN, Estado, Legado 2517,

fol.1. [Transcrição integral].

[fol.1] Muy Señor meu. Hontem participey a Vuestra Senhoria e hoje lhe torno

a lembrar o que me dizem succedeu a Monsenhor Nuncio Aldrobandini antes que se

metesse em publico nesta Corte sobre se deter a sua carrosa no saguão de Palacio, ou

sahir d’elle; e porque só tenho esta noticia do meu Mestre de Camera, que estão era

Cavalherisso do Nuncio, o mando com esta a Vossa Senhoria prezente tudo a Sua

Magestade Catholica; me queira participar a sua real rezolução; e para obedeser a

Vossa Senhoria acharão as suas ordens sempre prompta a minha vontade.

Deos guarde a Vossa Senhoria. Madrid 29 de Novembro de 1727.

Beso las manos de Vossa Senhoria

Seu mayor servidor

Marques de Abrantes

Senhor Marques de la Paz.

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Doc.41. Carta do Marquês de la Paz para o Marquês de Villena sobre o Embaixador

de Portugal, Marquês de Abrantes, ter pedido para colocar o seu coche no saguão do

palácio real de Madrid, Madrid, 5 de Dezembro de 1727. AGP, Secção Histórica,

Caixa 45, Exp.12, fol.1-2v. [Transcrição integral].

[fol.1] Excelentissimo Señor,

En el papel de 30 de Noviembre pasado expresé à Vuestra Excelencia havia

representado al Rey el Marques de Abrantes Embaxador Extraordinario de Portugal

que los dias antecedentes se havia obligado à sus criados a sacaren su coche del

zaguan [fol.1v] de Palácio adonde se hallava con el pretexto de que no havia hecho su

entrada publica; que haviendo sucedido igual caso al Nuncio Aldrovandini, y

recurrido este Ministro se dio orden para que se de la de estar su [fol.2] coche en el

zaguan de Palacio aun que no havia hecho el Nuncio la entrada publica, y que Su

Magestad me mandava prevenir de ello à Vuestra Excelencia para que informar-se lo

lo que havia enquanto a el exemplar que alegava, si havia otros, y lo que le parecia se

deveria hacer [fol.2v] con el Marques de Abrantes, y aora me ordena Su Magestad

haga à Vuestra Excelencia este recuerdo para que informe sobre esto quanto antes sea

posible. Dios guarde à Vuestra Excelencia muchos años como desseo. Palácio à 5 de

Deciembre de 1727.

El Marques de la Paz

Marques de Villena.

Doc.42. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis informando-o

que realizara a sua entrada pública na Corte de Madrid e que assinara a escritura

pública dos esponsais do tratado matrimonial da Infanta D. Mariana Vitória com o

Príncipe D. José; festas que deu naquela ocasião, Madrid, 29 de Dezembro de 1727.

ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-2. [Transcrição integral].

/fol.1/ Acho-me nestes dias tam cansado e tam falto de tempo que não posso nesta

dizer a Vossa Merce mais, que fis em dia de Natal a minha entrada publica de sorte que

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sendo de portuguezes paresseu bem a castelhanos, não porque exercitassem o antigo

génio, mas porque paresse hé chegado o tempo de o mudarem; na tarde do mesmo dia

assigney a escriptura dos Esponçaes, na primeira outava foraõ os Reys á Tocha dar

graças, e na Segunda se recebeu a nossa nova Princesa com El Rey Catholico seu Pay

como procurador do nosso Principe função tambem a que assisti com algum luzimento;

nesta noute se reprezentou em Palacio huma /fol.2/ espécie de opera pequena na

duração, mas majestoza no theatro, e nos actores, e muito mais nos expectadores que

forão a Caza Real e toda a Corte; Hontem principiarão em minha caza a jantar os

Senhores della, e a noute a ver reprezentar as comedias os mesmos, e as damas de

mayor grandeza e nobreza isto mesmo executaraõ hoje e amanhãa e são oz dias e noutes

em que, com as minhas luminarias celebro a festa.

Não posso deixar de participar a Vossa Merce esta noticia pelo que se interessa

nella como gloriosos nosso Reys e felicidade publica da nossa Patria. Deus Guarde a

Vossa Merce. Madrid 29 de Dezembro de 1727.

Doc.43. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis, na qual

confessa orgulhar-se de ter contribuído para o ajuste do duplo tratado matrimonial

luso-espanhol, Madrid, 9 de Fevereiro de 1728. ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5,

fols.1-3. [Transcrição integral].

/fol.1/ Torno a dizer huma e muytas vezes que eu me compadesso de Vossa

Merce quando concidero a grande lida em que está metido, e muyto mais pelo que sey

que são as pressas de Lisboa; cessa porem a minha compayxão quando vejo que há hu

mes que Vossa Merce me avizou recebera o passaporte que lhe mandey e que não tem

chegado bahu nem fardo algum; bem sey que ficaria perdida a despeza se as chuvas, se

as lamas chegassem a contaminar a roupa dentro nos cofres, como chegaõ os massos

dentro nas mallas, pois de que servirião rendas, de que servirião tellas /fol.2/ desbotadas

e sujas. Assim he Senhor Francisco Mendes, he inutil a despeza para haver de se perder

a roupa; mas Vossa Merce me diga já que sabe ler as gazetas, devidir os Imperios, e

governar o Mundo, de que servem tellas, de que servem rendas sem cazamentos! Algum

homem com uzo de razam pode comparar com trapos negócios de que depende a Paz do

Mundo, o destino das Nações, o augmento da Christandade! Pouco fui eu em ajustar os

cazamentos dos Principes, e em os fazer logo receber, se toda a minha nego-/fol.3/

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ciação há de depender de duas vazas de renda; veja Vossa Merce o que faz, e o que

arrisca com as demoras de bagatelas, que tudo meresse este nome, em comparação da

segurança e effeyto de dous cazamentos de tam altas consequencias; que hoje não tem

outra demora mais que aquelle cauza e falta d’estas encomendas. Deus guarde a Vossa

Merce. Madrid 9 de Fevereiro de 1728.

Doc.44. Carta do Marquês de Abrantes para o Marquês de la Paz informando-o que

escolhera o Duque de Bejar para o apadrinhar na cerimónia em que seria condecorado

com o colar da ordem do Tosão, Madrid, 6 de Abril de 1728. AHN, Estado, Legado

2518, fol.1. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Senhor

Muy Senhor meu. Esta manhaã recebo a favorecida carta de Vossa Excelencia

com a noticia de ter chegado a sua mão o Breve Pontificio, que me dispensa, para

poder receber a merce, que em singular honra, e estimação minha, se dignou fazer-me

Sua Magestade Catholica da insigne Ordem do Toyzon, e na conformidade, do que

Vossa Excelencia me participou que só faltava, que eu nomeasse hu Cavalleiro da

Ordem, para ser meu padrinho, quando receber o Collar, pois que já fui armado

cavalleiro há quarenta años, e nesta conformidade, me parece nomear ao mais antigo,

que me dizem ser os Duques de Bejar.

Fico á obediencia de Vossa Excelencia tam aggradecido, como obrigado, para

o servir em todas as occaziões com a pontualidade que devo e prosessarei sempre.

Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Etecetera. Madrid 6 de Abril de 1728.

Ex.mo Senhor

Beijo as mãos de Vossa Excelencia

Seu mayor servidor

Marques de Abrantes

Senhor Marques de la Paz.

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Doc.45. Carta do Marquês de la Paz para o Marquês de Villena dando ordens para

que providenciasse a sala do capítulo para a condecoração do Marquês de Abrantes

com colar da ordem do Tosão, Palácio [Madrid], 18 de Dezembro de 1728. AGP,

Seccção Histórica, Caixa 2, Exp. 50, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor Deziembre de 1728

Haviendo resuelto el Rey poner al Marques de Abrantes el Tuson que le tiene

concedido mañana Domingo 19 del corriente a la ora de las doce, lo participo à

Vuestra Excelencia de orden de Su Magestad para que de la conveniente [fol.1v] a los

ofícios de la tapiceria, y furriera afin de que tengan dispuesta la pieza del capitulo en

la forma que se acostumbra, y al Guarda Joyas para que tenga prevenido el colar que

el Rey le á de poner. Dios guarde a Vuestra Excelencia [fol.2] muchos años como

desseo. Palácio a 18 de Diziembre de 1728.

El Marques de la Paz

Señor Marques de Villena

Doc.46. Ofício do Marquês de Abrantes para o Secretário de Estado português

referindo que tinha convidado os ministros estrangeiros acreditados em Madrid para a

jornada ao Caia, Madrid, 21 de Dezembro de 1728. ANTT, MNE, Caixa 5, Maço 11,

fol.1. [Excerto].

[fol.1] 1. O Embaixador de Sardenha me buscou hu destes dias, para me dar os

parabéns da prospera conclusão dos Matrimónios de Suas Altezas, e me disse que

hindo elle em seguimento da Corte del Rey seu Senhor, para cumprimentar a Suas

Magestades o que intentaria, sem embargo, de que receava não lhe chegarem a tempo

as cartas que esperava para esta ocasião. 2. Semelhante diligência fez hoje o

Embaixador de Olanda, e na mesma duvida, acrescentado a pergunta, se lhe daria Sua

Magestade audiencia, no cazo, em que lha não desse, deviria obrigado a passar a

Lisboa, e a fazer o ingresso para que lhe seria de maior despesa, no que cuido, que se

engana, se ouver de fazer o ingresso na nossa Corte, como fez nesta. 3. O Embaixador

Cesareo foi o primeiro, que se offereceu para acompanhar a Corte agora porem me

disem, que se acha em grande aperto procurando dinheiro, que lhe falta, e quiça seja

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isto estratagema, para pertender que a Rainha o socorra. 4. O Embaixador de França

tambem vai, era verdade, não sei, que figura fara na Função, depoes da grande

opposiçaõ, que intentou fazer a este reino. 5. Esta tarde estive como Duque de

Bourtiouville que me pareceu que muito de propósito havia à memoria a comissão,

que tivera, e tratava com o Conde de Tarouca sobre as nossas dependências, e

seguindo o que me diçe não me pezara a mim, o que ouvisse de as tratar comigo.

[...]

Madrid de 21 de Dezembro de 1728.

Doc.47. Carta do Marquês de Abrantes para João de Ataíde pedindo que

providenciasse fogo de artifício para receber os reis portugueses quando estes

chegassem a Elvas, local onde permaneceriam até à cerimónia da Troca das Princesas;

pede-lhe também um pequeno “quartel” onde pudesse pernoitar com a sua família,

Madrid, 21 de Dezembro de 1728. ANTT, MNE, Caixa 5, Março 11, fol.1. [Excerto].

[fol.1] Meu senhor em conformidade do que ultimamente escrevy a Vossa

Excelencia prevenindo-lhe a vezinhança das funções da nossa Corte, e desta na Raya

entre essa Praça, e a de Badajos, lhe participo agora, que el Rey de Castella determina

partir com toda a sua Corte para Badajos a sette de Janeiro, adonde chegara a 16, e

que entendo que El Rey meu Senhor, com toda a sua Corte chegará tambem a essa

Praça de Elvas no mesmo dia.

[...]

Ratifico a Vossa Excelencia a lembrança, que lhe fis da prevenção de artifícios

de fogo de alegria, como dizem os Francezes, para a noite da função, que ainda que

hajão de vir alguns de Lisboa, todos serão conveninentes Eu determino fazer a

deligencia possível para hir dormir a essa Praça na noite de 14, havendo de passar a

Villa Viçosa a encontrar el Rey meu Senhor no dia 15, pelo que peço a Vossa

Excelencia me destine algu[m] pequenino quartel em que possa pouzar com a curta

Familia de dezasseis athe vinte pessoas, que me acompanhaõ. Fico para a Vossa

Excelencia que Deos guarde muitos annos.

Madrid, 21 de dezembro de 1728.

Marquês de Abrantes

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Ex.mo Senhor D. João Diogo de Attaide

Doc.48. Carta do Marquês de Abrantes para o Marquês de la Paz informando que iria

até Vila Viçosa cumprimentar D. João V e que, posteriormente, regressaria para

Badajoz; visitas e cumprimentos a serem trocados entre as duas Cortes antes da

cerimónia da Troca das Princesas no rio Caia, Elvas, 16 de Janeiro de 1729. AHN,

Estado, Legado 2518, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Senhor

Muy Senhor meu. Esta manhãa recebia favorecida carta de Vossa Excelencia a

tempo, que partia para Villa Visoza a por-me aos pez d’El Rey meu Senhor, com

intenção de voltar de tarde, e hir procurar a honra de me por tambem aos pez de Suas

Magestades Catholicas esta noute nessa Praça, e quando a ella chegassem; porem

havendo encontrado a Sua Magestade no caminho, voltey aquy em seu seguimento, e

por essa razam não vou agora buscar a Vossa Excelencia; o que determino executar

pela manhãa para satisfazer o que devo às minhas obrigações.

Parece-me que sem perder tempo se pode logo executar a vezita dos

gentishomês da Camara reciprocamente de huma a outra Corte, na forma em que

tínhamos ajustado, e que a este se podem seguir os demais pontos, em que temos

convindo, sendo o primeyro o da conferencia de Vossa Excelencia com este Senhor

Diogo de Mendonça Corte [fol.1v] Real, para o que me rezervo saber de Vossa

Excelencia pela amanhãa a rezolução, como tambem estimarey me queyra avizar no

cazo em que, para a reciproca vezita doz gentishoês da Camara, occorra a Vossa

Excelencia algu[m] motivo de demora, o qual não há da nossa parte, para tudo aquillo

que temos concordado; nem o haverá jamais da minha para tudo o que for do agrado e

servisso de Vossa Excelencia, a quem Deos guarde muitos anos. Elvas 16 de Janeyro

de 1729.

Ex.mo Senhor

Beijo as mãos de Vossa Excelencia

Seu mayor servidor

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Marques de Abrantes

Ex.mo Senhor Marques de la Paz

Doc.49. Carta do Marquês de Abrantes para o Marquês de la Paz ajustando os

últimos pormenores referentes ao cerimonial da Troca das Princesas, Elvas, 19 de

Janeiro de 1729. AHN, Estado, Legado 2518, fol.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Senhor

Muy Senhor meu. Recebo esta madrugada por via do Senhor Embayxador

Marques de Capecelatro, a favorecida resposta de Vossa Excelencia, e lha estimo

muyto, assim por dar em virtude d’ella a estes Soberanos e Principes meus Senhores a

satisfação das boas novas de Suas Magestades Catholicas; e de Suas Altezas, que

Vossa Excelencia me participa, das quaes sey que forão o mayor apreço, quando lhas

fizere presentes, como por lhe poder segurar a Vossa Excelencia que Suas Magestades

e Suas Altezas meus Senhores tem passado muyto bem, e estão com o alvorozo

correspondente á celebridade do dia de hoge, para a qual tudo está disposto, e pela

conferencia de hontem felicemente ajustado; e porque esta concluzão hé aquella

porque Vossa Excelencia e eu com ardente dezejo e zelo do servisso dos nossos

respectivos amos trabalhámos, de novo com o mais sincero animo, e com a mais

intima amizade, particularmente com Vossa Excelencia de novo [fol.1v] me

congratulo; e por fim lhe peço multiplicadas occasiões de o servir.

Deos guarde a Vossa Excelencia muitos añnos. Elvas 19 de Janeyro de 1729.

Senhor Ex.mo. Estimo a Vossa Excelencia sobre tudo a confidencia com que

me favoresse, e assim como Vossa Excelencia se pode lembrar de que na primeira

ves, que eu tive a honra de hir aos pez de Suas Magestades Catholicas me achou

prezervado de poder prejudicar-lhes com cheiro algum, pode agora crer de mim, que

eu tive a advertencia de prevenir não só a minha filha D. Anna de Lorena, que serve a

Sua Alteza de Camareira-mor, para que em tudo quanto toca a esta Princeza não haja

especie algum de cheiro, mas participei a toda esta Nobreza de hum e outro sexo, o

mal que poderia resultar, se nesta matteria não tivessem muy particular, e advertida

attenção, e para que a todos obrigasse, mais que a minha advertencia o seu devido

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respeito, eu a participei a todos diante das Magestades del Rey, e da Raynha meus

senhores; mas porque não fique infructuoso o zello com que Vossa Excelencia me

favoresse, nesta sua posdata, oje tornarei a repetir a mesma deligencia.

Ex.mo Senhor

Beijo as mãos de Vossa Excelencia

Seu mayor servidor

Marques de Abrantes

Ex.mo Senhor Marques de la Paz

Doc.50. Carta do Marquês de Abrantes para Francisco Mendes de Góis descrevendo

a cerimónia da Troca das Princesas no rio Caia, Madrid 7 de Fevereiro de 1729.

ANTT, MNE, Caixa 1, Maço 5, fols.1-2. [Transcrição integral].

/fol.1/ Há muytos dias que não tenho escripto a Vossa Merce, mas agora o faço

para não deyxar de lhe dizer que eu sahy de Madrid adiantando as minhas jornadas

pouco ás dos Reys Catholicos, para chegar em seu seguimento, que também segue quem

accompanha diante athé Badajos, e passando a Elvas, passar a accompanhar do mesmo

modo a nossa Corte athé o Rio Caya, sobre a antigua ponte do qual se havia fabricado

huma salla com duas antecamaras pertencentes estas cada huma a seu Principe, e a

primeyra a ambos.

Não deyxou de me custar alguma deligencia a que o gosto de a ver bem lograda

tirou o nome de trabalho fazer que no dia 19 vissem recripocamente as duas Cortes o

mais luzido, e verdadeyramente admiravel spetaculo; sette erão oz Principes da Caza

Real de Portugal, seis os da de Castella; de ambas as Coroas era numerozo o concurso, o

nosso apparentemente, mais luzido pela liberdade, e opulente ostentação dos vestidos,

que se faltava aos espanhoes pela sugeyção da pragmática, não deyxavão de brilhar com

o ornato das joyas; emfim o que /fol.2/ importa muito a noz e ás demais Potencias de

Europa, ou pela conveniencia, que podemoz ter, ou pelo receyo que oz outros tem

concebido, hé que oz Reys de Casttela, e Portugal se abrassarão, e se promoterão em

poucas, mas substanciaes palavras, que se guardarião reciproca fêe, e observarião mútua

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amizade, a que nem hum, nem outro havião de faltar: forao repetidoz os abraços, e as

congratulações de todos estes Princepes; firmárão todos repetidos e solemnes

instrumentos, em que oz seus Secretarios d’Estado portarão fêe desta funcção;

presentarão-se alternadamente as Cortes de hum e outro Soberano; trocarão-se as

Prinzesas, e com multiplicados expressões de júbilo se separarão oz Pays das filhas,

unindo-se os Espozos, e as Espozas.

Nem se pode inferir houvesse nesta occasião dissabor, ou desconfiança alguma,

pois que segunda, e terceyra ves repetirão gostozissimas as Magestades as vistas na

mesma caza já sem guardas, nem por ostentação, e com a mayor confiança.

Não continuo o exercicio da Embayxada acompanhando /fol.2/ os Reys

Catholicos, porque achando-me opresso com os principio de deversas queyxas, de que

qualquer meresse a mayor concideração, por ameasar mayor perigo, teve El-Rey mey

Senhor a demencia de me permitir que eu viesse tratar da minha cura, a qual oz medicos

tem principiado, e determinão dilatar com banhos das caldas no principio, e fim do

verão.

Em tanto e em toda a parte estimarey prestar para servir a Vossa Merce que Deos

guarde. Lisboa 7 de Fevereyro de 1729.

Doc.51. Correspondência do Marquez d’Abrantes com o Conde de Tarouca,

enquanto o 1º esteve na embaixada extraordinária em Madrid para negociar o

cazamento da Princesa D. Mariana Victória com o Príncipe D. José, depois Rey. São

modelo emquanto á maneira de escrever daquelle tempo, e tratam dos negócios da

época, Madrid, 23 de Junho de 1727 a 22 de Fevereiro de 1729. ANTT, MNE, Caixa

913, Maço 4, fols.13-129. [Excertos].

/fol.13/ […] A saúde d’El Rey Catholico está restabelecida quanto á doença,

porem não quanto ao achaque que della se lhe occasionou, porque ou sejao pelo máo

successo da expedição de Gibaltar [sic], ou pelo sentimento de lhe naõ observarem

ahi as promessas, ou pelo amor da quietação, e socêgo, he sem duvida, que elle está

melancólico, ama o retiro, e a solidão, e por ora só cuida em casar seus filhos, para o

que tenho principiado a pôr em execução os preli-/fol.14/-minares ajustados para

formar o Tratado Matrimonial do Príncipe meu Senhor; e em Lisboa se fará o mesmo,

pelo que toca á negociação do Marquez dos Balbazes.

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Da vossa espero ver a segunda réplica do Duque de Bournonville, que entendo

será mais disparatada que a primeira, se lhe faltar o directorio do arrezoado do

Conselho, que de cá lhe foi, mas pagará de qualquer outro; que escrever mal he mais

fácil do que escrever bem quando não sois vós o que tendes a penna na maõ: isto não

he lisonja, he memoria do vosso excellente discurso. Fico á vossa obediencia, como

devo. Deos vos guarde muitos anos. Madrid 23 de Junho de 1727.

/fol.29/ Neste correio recebi a vossa carta de 26 de Julho, cuja copia me

havíeis anticipado com carta de 2 do corrente, a que ja vôz respondi; e porque hontem

á noute acabei de despachar hum postilhão para Lisboa com doze cartas para Diogo

de Mendonça, e cinco para o Padre Antonio Baptista, que em toda esta semana me

obrigava a fazer residencia amara em casa; e agora principio outra expedição para

Roma pelas dispensaçoens, e esta tarde hei de ter huma conferencia com o Marquez

de la Paz; vôz peço que por todos estes motivos vós me hajais por desculpado de não

fazer mais dilatado este officio do meu respeito, da minha /fol.30/ amizade, e da

minha obrigação.

Daqui só vôs posso dizer, que El Rei Catholico mostrou que recebia novo

rigor, e acôrdo com estabelecer a resolução de ir para S. Ildefonso a 5 de Septembro,

no que a Rainha condescendeo muito contra sua vontade, quiçá, porque receia fazer

naquelle sitio maior demora, do que quizera, pois he possível que a 23 de Septembro,

dia, em que o Principe daz Asturias cumpria 17 annos, torna ele Rei a depor o ceptro

mais a Coroa.

Eu ainda não sei o que será de mim, porque não he possível em taõ breves dias

pôr-me em publico, nem ha para que, pois que as funçoens de esponsaes, e

recebimento se hao de fazer depois que vierem as dispensaçoens de Roma: só cuido,

que antes da jornada poderei reduzir a Tractado os artigos preliminares, porque para

isso temos podêres correntes o Marquez de la Paz, e eu, assim como os Marquezes

dos Balbazes, e Capicelatro, e Diogo de Mendonça.

Fico ás vossas ordens para vos servir, como devo. Deos vos guarde muitos

annos. Madrid 25 de Agosto de 1727.

/fol.31/ E quantas vezes parece desenfado o que he melancolia: não digo isto,

porque me dem causa a ella os negócios, que athegora tenho praticado, pois conclui

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inesperadamente o Tractado matrimonial do Principe meu Senhor, que já foi

ratificado pelos Reis de huma, e outra parte, sem duvida; e estou em termos de me por

em publico, de fazer os Esponsaes, e ainda o Recebimento; tudo dentro neste anno,

com gosto, e satisfação dos seberanos [sic]; e ainda da maior, e melhor parte dos

/fol.32/ dos subditos.

Mas digo-o por conta do clima, por conta da terra, por conta do tracto; o

clima tem me hospedado tão mal, que sobre oito sangrias, tomei dahi a poucos dias

duas, e agora volto a Madrid a sofrer outras; quinze dias me teve a gota preso a huma

cadeira; antehontem me subirão á cabeça os vapores dos jardins desta granja, e me

tiverão quasi derrubado em terra; mas apezar destes incomodos da saude, tiro a

vontade quanto posso para concluir as minhas comissoens: a terra he uma porcaria;

tudo fede em Madrid, são taes os curraes, que em seis mezes ainda os não vi; emfim

os seus dônos que a conhecem, vivem nella somente tres mezes no anno: pois que

direi do tracto! Apenas se acha huma casa de conversação da Duqueza viúva de

Ossuna; pela sua pessoa della, estimável, porque tem bom talento, mas pelos

circunstantes, terrível: são dous Inquisidores ainda peóres que os nossos; hum Frade

Dominico, hum D. Carlos Carafa Napolitano em todas as formas, hum Principo

Tartaro; e para coroar a companhia o célebre Conde de las Torres, come em vão de

Gibaltar [sic]; he poéta, he pintor, he músico, he Capitão General, e tudo he máo; e

não he isto capaz de fazer melancolia, e daquella, que parece paixão contraria? Eu

acho que sim, e por isso me dezejo restituído já á nossa terra; mas deixando esta,

vamoz aoz papelinhos.

[...]

/fol.34/ [...] Falei-vos no Conde de Renisek, não ha duvida, e falei tambem á

nossa Corte, não porque elle tardasse em me visitar; bem sei os seus achaques, mas

porque por isso mesmo devia dar-me com elles alguma desculpa; e como ma não dêo,

que queríeis vós, que eu entendesse da elevação da augustíssima casa? Visitou-me o

Conde de Renisek, paguei-lhe a visita; fiz outra a sua mulher, que a merece mais que

elle, e havendo de partir primeiro que eu, para este sitio de S. Ildefonso, mã[n]dou-se-

me escusar da despedida com o muito, que tinha que escrever; ao mesmo tempo

passava na sua cadeira pela minha porta; assentai meu amigo que les allemands sont

toujours allemands.

[...]

/fol.36/ Deos vos guarde muitos annos. S. Ildefonso, 29 de Setembro de 1727.

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/fol.47/ Recebi a vossa carta de _______ do passado com a estimação, que he, e

será sempre permanecente no meu reconhecimento para a minha servidão.

Acho-me estes dias tão cançado, e tão falto de tempo, que não posso nesta

dizer-vos mais que fiz em dia de Natal a minha entrada /fol.48/ publica de sorte, que

sendo de Portuguezes, pareceo bem a Castelhanos, não porque exercitassem o antigo

génio, mas porque parece he chegado o tempo de o mudarem. Na tarde do mesmo dia

assignei a escriptura dos esponsaez: na 1ª Outava forão os Reis á Tocha dar graças, e

na 2ª se recebeo a nossa nova Princeza com El Rei Catholico seu Pay, Procurador

nosso Principe; função tambem, a que assisti com algum luzimento. Nesta noute se

representou em Palacio huma especie de opera pequena na duração, mas magestosa

no theatro, e nos actores; e muito mais nos espectadores, que forão a Casa Real, e toda

a Corte. Hontem principiarão a jantar em minha casa os senhores da Corte; e á noute a

vêr representar as comedias os mesmos, e as damas de maior grandeza, e nobreza: isto

mesmo executáraõ hoje, e ámanhaã, que são os dias, e noutes, em que com as minhas

luminarias celebro a festa. Não posso deixar de participar-vos esta noticia, pelo que

vos interessais nella, com gloria dos nossos Reis, e felicidade publica dos nossos

compatriotas. Deos vos guarde muitos annos. Madrid 29 de Dezembro de 1727.

/fol.48/ Grande he o tormento, que vos da a desconfiança de que vôs abrem as

cartas; eu que não suspeito tanto, vôs confesso, que nenhumas me chegão /fol.49/ as

mãos tão bem fechadas, por certo que tambem sei contrafazer sinetes, e frustar obrêas,

e lacre.

Eu, meu amigo, nem sempre vôs mereço o favor, que me continuais, porque

em alguns correios, ou as queixas, de que não estou livre, ou as occupaçoens, de que

já me acho mais aliviado, mo impedirão athegora algumass vezes.

/fol.49/ As queixas ainda as padeço, acomettendo-me o somno de dia, e

desamparando-me de noute, e deixando-me o trabalho das funçoens passadas tão

debil dos joêlhos, que necessito entrar de novo em remedios: as occupaçoens me não

opprimem tanto, porque fiz a função da entrada publica, a dos Esponsaes, e a do

Recebimento nos tres primeiros dias de festa, e nos outros tres consecutivos dei de

jantar aos Ministros, grandeza, e nobreza desta Corte; e nas noutes aos mesmos, e ás

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senhoras: fiz representar comedias puramente de gosto castelhano, como se fôra no

tempo de Filippe 4º; do que gostaraõ estes génios castelhanos, como se foraõ outraz

tantas operas: e assim as audiencias, acompanhamentos, e assistencias me deixaraõ

tao cansado, como tenho dito: mas basta de gazeta, va de negócios.

[...]

/fol.51/ [...] Deos vos guarde muitos annos. Madrid 5 de Janeiro de 1728.

/fol.65/ [...] Nesta Corte não ha novidade, porque já he velhice fallar nos

preliminares, que antehontem se assignarão, e tambem dizer que a queixa d’El Rei

/fol.66/ Catholico continua separando-o de toda a communicação, e impossibilitando-

o para todos os negocios.

O Marquez de los Balbazes já volta da nossa Corte, deixando-a muito

satisfeita da sua bôa conducta, e supponho que elle tambem o vem da nossa mais

profuzaõ, que liberalidade.

A remessa das cartas para o Senhor Marquez continuo, e vôs mando agora a

inclusa de Vossa Excelencia. Fico mui obrigado ao gazeteiro dessa Corte, pois

escrève-se com tanta exacção o meu ingresso, que lhe faltarão os cavallos para os

pagens, e camarareiros: supponho porem que a vós he a quem devoesta obrigação,

para vos corresponder servindo-vos em tudo. Deos vos guarde muitos annos. Madrid

8 de Março de 1728.

/fol.71/ [...] El Rei Catholico está consideravelmente melhor do corpo, sem

duvida: na do animo ha alguns que entendem não tem outra queixa mais que a de não

fazer a sua vontade. Pouco será o tempo, que nos tenha, porque espero, que antes que

a estação faça impraticáveis as estradas da Estremadura de Castella, e de nosso Alem

Tejo, se execute a troca das Princezas. Isto he o mais essencial, que tenho para vôs

avizar; e alem disto remetter-vos as cartas inclusas, e pedir-vos repetidas occasioens,

em que vôs obedeça. Deos vos guarde muitos annos. Madrid 5 de Abril de 1728.

P.s. Duvido se tereis sabido que o Embaixador Andre de Mello sahio de Roma

escandalizado de haver faltado o Papa ao que tinha promettido, e jurado; isto he; o

crear o Cardeal Monsenhor Bicho, e que este, e Birrão forão por ordem d’El Rei

mandados sahir de Lisboa, e do Reino.

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[...]

/fol.73/ De 20 de Março he a ultima, que recebi vossa, em que o vosso

cuidado, e fineza me favorece, compadecendo-vos das minhas queixas; ellas, posto

que repetidas, não são de tanta duração, que me não deixem alguns intervallos, em

que possa occupar-me em vosso serviço, para o que vos peço mais occasioens, que as

de remetter as vossas cartas, porque estas não são as que bastão para desempenhar a

minha obrigação.

E que haverá em Cicero, ou no Senhor Marques vosso irmão, que não seja

felismente applicado, e applicavel entre hum, e outro: assim o G. Tratrem não fora tão

gostoso.

Eu não conheci o Duque de Bourneville por haver já partido quando aqui

cheguei, nem pelo que me tendes escripto, e tenho ouvido a outras pessoas posso

formar juízo certo da sua capacidade: entendo, que tem hum génio muito irregular, e

assim o mostro nestas resoluçoens inconstantes: não há duvida, que esta Corte ordē-

/fol.74/nou que todos os seus Ministros, e Generaes celebrassem estes reciprocos

desposorios, nem tão pouco em que o Duque não podia ter occasião mais digna em

todo o seu ministerio.

Esta Corte tem feito da sua parte tudo quanto se podia esperar para a abertura

do Congresso; e se nelle se não tractarem novas disposiçoens das passadas, poucas

novidades poderemos esperar.

Fico para vos servir em tudo o que quiseres mandar-me. Deus vos guarde

muitos annos. Madrid 19 de Abril de 1728.

/fol.83/Vi a vossa segunda carta, e me parece o que nela refer [sic] havereis

feito tão justificado, como todas as vossas resoluções.

Porem deixando as Cortes, que me não tocaõ, destas vôs posso dizer, que o

Principe daz Asturias, e a nossa Princeza estão de todo livres não só do cuidado, mas

já de queixa; porem sem embargo disso, não se trocarâõ as Princezas antes de

Outubro, porque se acha já o tempo avançado, e a Estremadura, e Alem Tejo não se

devem buscar voluntariamente no mez de Julho.

/fol.84/ El Rei Catholico em dia de Corpo de Deus appareceo ao seu povo na

procissão robusto, e contente porem depois disso ha mais de 15 dias que está de cama.

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A promoção que o Papa fez deixou aos Nuncios com poucas esperanças,

porque se pode com razão duvidar de que no presente pontificado cheguem a pôr na

cabeça o chapeo vermelho.

O Arcebispo Joze Firrau sahio de Badajós para S. Lucar: aqui me querem

vender essa fineza, porem eu entendo, que elle a fez á sua saude, porque o clima de

Badajós neste tempo se faz respeitar muito.

Remetti para Lisboa as vossas cartas, assim como agora vos mando a inclusa,

e com igual pontualidade vôs obedecerei em tudo. Deos vos guarde muitos annos.

Madrid 17 de Junho de 1728.

/fol.116/ Fosse ele como fosse, o certo he que ao mesmo tempo que este

soberano se resolveo a rapar as barbas, e a cortar as unhas, chegou o correio ordinario

com a noticia do 1º deste, affimando, que El Rei de França ficava seguro do perigo,

que ameaçava a sua doença; sem embargo disso foi El Rei Catholico ontem á Tocha

levando consigo, e com a Rainha a nossa Princeza, e o Principe daz Asturias, e esta

tarde forão os mesmos quatro Principes á Casa de Campo, e continuarão o mesmo

divertimento segundo as disposiçoens, que se tem feito.

O tempo está muito avançado, porem oz dias continuão mui formosos; e posto

que eu não tenho da nossa Corte mais ordem, que para convir na prompta jornada de

Suas Altezas quando aqui queirão, que logo se execute, espero saber destes soberanos

a sua intenção para condescender com ella; e quando o tempo se mude, ou aqui faltem

ainda algumass prevenções, esperamos para a Primavera: entretanto, e em todo o

tempo estimarei ter occasioens de vôs obedecer. Deos vos guarde muitos annos.

Madrid 15 de Novembro de 1728.

/fol.122/ Meu Senhor. Nesta posta me chegou á mão a vossa carta de 20 do

passado Novembro tão circunstanciada de favores, e de par-/fol.123/ciaes

expressoens, que bem necessitava eu de mais tempo, do que agora tenho, para vós dar

os devidoz agradecimentos; mas nem para vôs dizer individualmente que passo com

menos queixas, o tenho; nem o teria para padecê-las, se assim não fôra: basta, que

saibais, que hontem me lançou ao pescoço este Soberano o Collar de Tusão, e que a

sette de Janeiro, que vem, tem determinado partir para Badajós, aonde antes de 20 se

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verá esta Corte com a nossa, se abraçarâõ os Soberanos, e se trocarâõ as Princezas

com reciproco jubilo de huma, e outra Nação. Como presentemente estou ajustando o

itinerário destas jornadas, e o cerimonial daquela função, este he o motivo, porque

não tenho tempo mais que para me offerecer, como sempre á vossa obediência. Deos

vos guarde muitos annos. Madrid 20 de Dezembro de 1728.

/fol.123/ Meu Senhor. Já no correio passado vôs escrevi com pressa, pelo

muito que estes dias ha que fazer nesta Corte: agora me succede o mesmo,

accrescendo ás funções publicas a daz despedidas, e a de bôas festas: por conta destas

dezejo que Deus vo-las dê com muita felicidade.

Hoje recebi az respostaz da nossa Corte com a approvação de tudo quanto eu

tinha ajustado para a improvisa vista dos Soberanos na /fol.124/ fronteira; seguro-vos,

que com razão estão todos em expectação de ver da nossa parte o mais opulento, e

lustroso espectaculo, que já mais dêo Portugal de si, e desta, posto que a ostentação

quanto ao luxo, não seja tanta, não ha duvida, que vai huma numerosa Corte, porque

sem haver Grande, que se revolva a acompanhar o seu Soberano, salvo o Conde de

Las Torres, os officiaes da Casa Real, os officioz, e os que delles dependem, se

estima, que serão o melhor de dezeseis mil pessoas. Vôs acabais de vêr huma jornada

Cesarea, mas cuido, que ella não importava tanto como estas duas regias.

Daqui seguem a Corte oz Ministros estrangeiros todos: eu determino partir

meia jornada diante destes Soberanos para os vêr, e comprimentar na primeira

pousada, e depois adiantar-me para alcançar a nossa Corte ainda em Villa Viçosa, e

voltar: e supposto que diante do sol não fazem figura respladecente os astros da sua

Corte, eu livre dos embaraços do caracter, poderá ser que seja necessario facilite

algumas duvida, posto que todas as que athegora occorrêraõ, estaõ prevenidas.

Entretanto fico para vôs obedecer em tudo o que quizereis mandar-me. Deos

vos guarde muitos annos. Madrid 27 de Dezembro de 1728.

/fol.125/ Meu Senhor. Nesta posta me faltão cartas vossas, mas sem susto,

porque falta todo o correio: he tanta a neve, que tem cahido nesta Villa, e em toda a

campanha, que a circunda, que não he possível, que no restante de Hespanha, Monte-

Ebro, e nos Perineos nos seus confinz haja vareda; comtudo partindo daqui o correio

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ordinario, não he justo que deixe de vôs remetter a carta de vossa casa: as da nossa

Corte, que me havião vindo por huma expresso, vôs adiante já a semana passada.

Nesta parto para Badajós, e parte toda esta Corte a acompanhar a nova

summamente digna Princeza, e a receber com igual merecimento a que os Reis

Nossos Senhores lhe daõ: tudo he gosto, tudo alvoroço nos verdadeiros nacionaes de

huma, e de outra parte; e ao mesmo tempo tudo confusão, e raiva nos que naõ

dezejavão o bom successo desta negociação. Comvosco, como bom portuguez, me

congratulo, e de vós, como de bom amigo meu, me prometto seguramente sinceros

parabens.

No dia 16 deste mez chegárão humas, e outras Magestades a Elvas, e a

Badajós, e no immediato, ou em qualquer outro dos seguintes se veraõ as Magestades,

e se trocaraõ as Altezas.

Esta nova absorve todas as outras; e não faz muito, porque aqui não as ha de

grandes consequências.

/fol.126/ Fico para vos servir em tudo o que quizereis mandar-me. Deos vos

guarde muitos annos. Madrid 3 de Janeiro de 1729.

/fol.126/ Meu Senhor. Já eu vôs havia prevenido de que por alguns correios

vôs havião de faltar as minhas cartas; e posto que com ellas faltassem tambem as

protestaçoens da minha amizade, e servidão, sois vós tam bom amigo meu, que

estimareis a occasião desta falta emquanto ella procedeo de sahir eu de Madrid,

adiantando as minhas jornadas pouco ás dos Reis Catholicos para chegar em seu

seguimento que tambem segue quem acompanha diante athe Badajós, e passando a

Elvas, passar a acompanhar do mesmo modo a nossa Corte athe o rio Caia sobre a

antiga ponte, do qual se havia fabricado huma salla com suas ante-camaras,

pertencentes estas cada huma a seu Principe, e a primeira a ambos.

Não deixou de me custar alguma diligência a que o gosto de a vêr bem lograda

tirou o nome de trabalho fazer que no dia 19 vissem reciprocamente as duas Cortes o

mais luzido, e verdadeiramente admiravel espectaculo. Sette eraõ os Principes da

Casa Real de Portugal; seis os da de Castella; de ambas as Coroas era numeroso o

concur-/fol.127/so, o nosso apparentemente mais luzido pela liberdade, e opulenta

ostentação dos vestidos, que se faltava aos hespanhóes, pela sujeição da pragmatica,

não deixavão de brilhar com o ornato das joias: em o que importa a nós, e áz mais

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potencias da Europa, ou pela conveniencia, que podemos ter, ou pelo receio, que os

outros tem concebido, he que os Reis de Castella, e Portugal se abraçarão, e se

prometteraõ em poucas, mas substanciaes palavras, que se guardariaõ reciproca fé, e

observariaõ mutua amizade, a que nem hum, nem outro havião de faltar: foraõ

repetidos os abraços, e as congratulações de todos estes Principes: firmarão todos

repetidos, e solemnes Instrumentos, em que os seus Secretarios de Estado portárão fé

desta função.

Apresentarão-se alternadamente as Cortes de hum a outro Soberano: trocaraõ-

se as Princezas, e com multiplicadas expressões de jubilo se separárão os pays das

filhas, unindo-se os esposos, e as esposas.

Nem se pode inferir houvesse nesta occasião dissabor, ou desconfiança

alguma, pois que segunda, e terceira vez repetirão gostosissimas as Magestades as

vistas na mesma casa já sem guardas, nem por ostentação, e com a maior confiança.

Athe aqui meu Conde, entendo, que estimareis o motivo da tardança desta

carta: agora pa-/fol.128/ ra que não haja gosto sem dissabor, vos digo, que tambem

me detiverão as queixas, de que me acho oppresso, assim como me não permittirão,

que continuasse a jornada em seguimento dos Reis Catholicoz a Andaluzia.

Representei a El Rei meu Senhor, que se esta jornada fosse de volta para

Madrid, me resolveria, mas que fosse de rastos, a tornar á casa que tenho naquella

Villa, mas que havendo de seguir por tres mezes de tempo de lugar em lugar a Corte

dos Reis Catholicos, me não achava com forças bastantes; permittio Sua Magestade

que eu tratasse da minha saúde; e vindo aqui a entregar-me aos medicos, elles me tem

já feito beber cinco purgas, querem continuar outras tantas, dar-me osso, mandar-me

fazer exercicio, depois banhar-me nas Caldas: a primeira vez em Março, ou em Abril,

a segunda em Septembro, tudo por me considerarem com hum estupor nas pernas, e

com propensão para vertigens, que por seu proprio nome se devem chamar apoplexia:

das primeiras duas queixas me acho com melhoria, mas da terceira ainda padeço

muito, não só pelo somno irregulado, mas pela debilidade da cabeça.

Tenho-vos dado conta do meu ministerio e da minha saude: segue-se pedir-vos

occasioenz de vôs servir neste Reino, se não tornar a sahir /fol.129/ delle, e se tornar,

em qualquer parte, porque em todas estimarei obedecer-vos. Deos vos guarde muitos

annos. Lisboa 7 de Fevereiro de 1729.

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Doc.52. Cartas do Secretário de Estado, Diogo de Mendonça Corte-Real e do Padre

António Baptista para o Marquês de Abrantes, [Contém: pormenores referentes aos

preparativos da embaixada do Marquês de Abrantes em Madrid; jornada e recepção;

visitas; audiências dos irmãos de D. João V; entradas e audiências públicas do

Marquês de Abrantes e do Marquês de los Balbases; assinatura do tratado e das

escrituras públicas duplo tratado matrimonial ibérico; cerimónia esponsais; festas;

preparativos, encomendas e cerimonial da jornada ao Caia e da Troca das Princesas,

etc], Lisboa, 10 de Fevereiro de 1726 a 30 de Janeiro 1727. BNP, Reservados, Cód.

9562, fol.1-276. [Excertos].

/fol.1/ Para o Marques de Abrantes

Sua Magestade tendo concideração aos merecimentos e qualidade que concorrem

na pessoa de Vossa Excelencia foi servido nomea-lo Embaixador Extraordinario a

Corte de Madrid para nella ajustar o tratado dotal de cazamento do Principe Nosso

Senhor com a Senhora Infante D. Marianna Victoria na forma que se estipulou nos

preliminares que se fizeram na mesma Corte, e Sua Magestade fia da grande

capacidade de Vossa Excelencia o servirá nesta occazião com aquelle acerto com que

o tem feito em tudo o que o tem encarregado. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço

a 10 de Fevereiro de 1726. Diogo de Mendonça Corte Real.

Para Alexandre Ferreira

Sua Magestade tendo consideração as letras, talento e mais partes que concorrem

na pessoa de Vossa Merce foi servido nomea-lo por Secretario da Embaxada a que

vay por Embaixador Extraordinario a Corte de Madrid o Marques de Abrantes de que

faço a Vossa Merce este avizo para que o tenha entendido. Deos guarde a Vossa

Merce. Paço 30 de Abril de 1726. Diogo de Mendonça Corte Real

/fol.76v/ Carta do Padre Antonio Baptista para o Marquêz de Abrantes, que foi por

expresso em 16 de Março 1727.

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Despacho a Vossa Excelencia este expresso por se achar a este tempo o

Secretario de Estado fora, e na sua quinta; e pelo qual remetto a Vossa Excelencia a

copia que se tirou dos livros de D. Luis da Cunha, do ceremonial com que são

recebidos em Pariz os Embaixadores; e a cauza que houve por não hir mais sedo, foi

por que o Coronel Manuel da Maya que o copiava esteve estes dias com moléstias

que lhe servio de impedimento.

[...]

/fol.77/ [...] Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental a 26 de Março

de 1727. Padre Antonio Baptista.

/fol.81v/ Carta para o Marquês de Abrantes em 18 de Março de 1727

Sua Magestade que Deos guarde hé servido, que logo que Vossa Excelencia

chegar a Madrid procure tirar a Antonio Guedes Pereyra qualquer sombra, que possa

ter, de que manda-llo Sua Magestade recolher a este Reyno prejudique a sua

reputação, apontando-lhe Vossa Excelencia todas aquellas rezoens, que lhe parecerem

proprias para dissuadillo de tal aprehenção; antes insinuando-lhe Vossa Excelencia ao

mesmo tempo o agrado, que achará Sua Magestade pelo bem que o tem servido, e a

esperança, que pode ter de que Sua Magestade o despache com honrra.

Como a Joseph da Cunha Brochado mandou Sua Magestade dar dous contos de

reis para a sua jornada quando veyo para este Reyno , ordena o mesmo Senhor agora

se dê a mesma ajuda de custo a Antonio Guedes, e mais nove mil cruzados; e assim

lhe mandará Vossa Excelencia dar a letra de quatorze mil cruzados, que com este se

lhe entrega, dizendo ao mesmo Antonio Guedes, que Sua Magestade attendendo â

promptidão da jornada, que elle deve fazer, e para pagar as dividas mais precizas, e

attendendo tambem ao tempo que seguio a Corte fora de Madrid lhe manda dar

aquella ajuda de custo. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 18 de

Março de 1727.

Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.84/ Carta que o Padre Antonio Baptista escreveo ao Marquêz de Abrantes por

ordem de Sua Magestade em 26 de Março de 1727

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Recebi duas cartas de Vossa Excelencia pelo expresso que voltou; huma escritta

em Talavera de la Reyna, em 15 do corrente; e outra em Santa Eulalia em 17 do

mesmo , que sendo vistas por Sua Magestade me ordena diga a Vossa Excelencia que

estia muito que Vossa Excelencia tenha feito a sua jornada com saude, e que espera

que com a mesma tenha chegado há dias a essa Corte de Madrid, e onde Vossa

Excelencia terá obrado como sempre o mesmo senhor confiou da sua grande

capacidade, e já tem visto no que Vossa Excelencia refere pasará com tracamonte [?],

e o Arcebispo de Tolledo.

Com a noticia da morte do Duque de Parma que vemos que Vossa Excelencia

não terá logo occazião de aparecer com esses grandes vestidos a publico, mas lembre-

se Vossa Excelencia de uzar de cabeleiras de França para suprir com ellas a sua falta e

de todo o modo estamos certos, que da pessoa de Vosa Excelencia será a todos e a

todas agradavel.

[...].

/fol.85/ Carta para o Marquêz de Abrantes em 29 de Março de 1727

Chegou hontem de tarde o expresso, que Vossa Excelencia despachou dessa

Corte, e por elle recebi as cartas de Vossa Excelencia de 24 do corrente; duas de 25 e

duas de 26 do mesmo.

Na primeira refere Vossa Excelencia o que passára desde caza Rubios, Mostoles,

athé Madrid, e Sua Magestade ficou com grande contentamento, de que Vossa

Excelencia desse fim a sua jornada felixmente; e a chegada deste expresso livrou a

Sua Magestade do justo cuidado, com que estava da sua tardança, por persuardirse

poderia esta originar-se de alguma indispozição de Vossa Excelencia.

Na segunda carta me refere Vossa Excelencia a cauza porque dilatára mandar

notificar ao Secretario do Despacho Universal a sua chegada a essa Corte; e Sua

Magestade se agradou muito da advertencia, que Vossa Excelencia mandou fazer ao

dito Secretario para que o não buscasse primeiro porque daquella primeira vizita

podia resultar o que Vossa Excelencia prudentissimamente concidera.

Na mesma segunda carta refere Vossa Excelencia que o dito Secretario de Estado

mandou a sua familia abaixo, e o esperava fora da caza, que lhe serve de salla e que

ao despedir-se Vossa Excelencia elle acompanhou hum pouco mais adiante do lugar

em que o recebera; e parece-me que no ceremonial de França se declara, que o

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/fol.85v/ Secretario acompanha ao Embaxador athé a carrossa; mas com eu praticar

com o Marquês dos Balbases o mesmo que se fés com Vossa Excelencia, julgo que

satisfaço, pois Vossa Excelencia na terceira carta refere haver recebido, e

acompanhado ao mesmo Secretario na mesma forma, em que elle o recebeo, e

acompanhou; e sobre este particular da vizita, que me ha de fazer o Marquéez [sic]

dos Balbazes, e a que eu lhe hei de pagar, ordena Sua Magestade que Vossa

Excelencia interponha o seu parecer com a brevidade possível, visto que o dito

Marquêz ficava para partir para esta Corte; e tambem quando as audiencias que Suas

Magestades e Altezas lhe devem dar, e forma dellas e bem sabe Vossa Excelencia que

não temos Introductor, nem Secretario da Camara, mas cada Corte tem o seu uzo.

Pello que pertence á quarta carta Sua Magestade ficou com grande satisfação do

que Vossa Excelencia refere passára nas audiencias que teve de Suas Magestades

Cattolicas, e tambem do que refere na quinta carta passára nas audiencias, que na

mesma noite teve do Principe, e Infantes.

Na sexta carta diz Vossa Excelencia que do que ouvio do Marques de la Páz

sobre as cartas credenciaes, e funçoens publicas, se lhe reprezentou , que isto hera não

querer adiantar as dispoziçoens para o tratado matrimonial; e o que Vossa Excelencia

discorre sobre este particular hé muito judicioso; e Sua Magestade se conforma com o

que Vossa Excelencia parece, principalmente conciderando no que Vossa Excelencia

occorreu a respeito da audiencia do Nuncio, e /fol.86/ do que dicerão ao Inviado, as

pessoas que nomea.

[...]

Respondendo â outra, e ultima carta de Vossa Excelencia; approvou tambem Sua

Magestade as razoens que Vossa Excelencia concidéra a respeito dos annos da

Senhora Infante D. Maria Anna Victoria.

Muito bom será, que Vossa Excelencia possa informar do que o Marqués de la

Páz lhe prometeu â cerca dos despachos do dos Balbazes.

Remetto a Vossa Excelencia as repostas de Suas Magestades para o Duque de

Parma, as quais Vossa Excelencia mandará entregar ao Marquês Scotti; e Sua

Magetsade em demonstração do sentimento pela morte do Duque defuncto se enserra

por outo dias, que principião hoje, e não comessarão hontem, porque foi o dia dos

annos da Senhora Infante Maria Anna Victoria, em que se vestio a Corte de galla.

O lutto he de dous mezes, hum de capa comprida, e outro de capa curta,

praticando Sua Magestade nisto o mesmo que se praticou com todos os Senhores

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Principes Elleitoráes seus tios, porque lhe pareceu, que nesta occazião se devia

exceder do que se fes pela morte do outro Duque irmão do proximo defunto, ainda

que então já hera cazado com a tia de /fol.86v/ Sua Magestade; o que participo a

Vossa Excelencia para que não só se não repare no pouco tempo, que a nossa Corte

toma lutto, mas que se saiba (quando for conveniente) que Sua Magestade ainda

excedeu em attenção a essa Corte, e novos vínculos, ao que o nosso ceremonial

dispoem.

O Marques Scotti remeteu as sobreditas cartas do prezente Duque de Parma a

Antonio Guedes, porem na incerteza de elle se achar ainda em Madrid pareceu a Sua

Magestade se remettessem a Vossa Excelencia as respostas, o que tambem aviso a

Antonio Guedes; e quando a Vossa E xcelencia lhe pareça, que elle as deve mandar

entregar resolverá nisto o que julgar conveniente. Deos guarde a Vossa Excelencia.

Lixboa 29 de Março [?] de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

Ps. Sua Magestade me ordenou avisasse a Vossa Excelencia que quando fallar

aos Reys Cattolicos e ao Principe, e Infante lhe faça Vossa Excelencia expressoens

em seu real nome, e com especialidade nas occazioens, que tiverem chegado correios

ou expressos deste Reyno; e ainda que Sua Magestade está certo que Vossa

Excelencia o executaria sem esta lembrança, com tudo foi servido que eu lha fizesse;

e alem do costume ordinario poderá Vossa Excelencia repetir as mesmas expressoens

de sorte, que se entenda que não foi por ordem geral mas especial, como e quando

Vossa Excelencia entender mais conveniente.

Sua Magestade dia de annos da Senhora Infante D. Maria Anna Victoria vindo o

Embaxador cumprimenta-llo, lhe encarregou agradecesse da sua parte aos Reys

Cattolicos a benevolencia com que tratarão a Vossa Excelencia /fol.87/ e as

expressoens, que lhe fizerão a respeito de Sua Magestade que tambem dice ao

Embaixador segurasse aos mesmos Reys, que esperava que Vossa Excelencia saberia

sempre merecer-lhe o seu agrado; e outras expressoens semelhantes de que se

suppoem avisará o Embaixador a essa Corte, e para que os Reys Catholicos conheçao

mais a estimação de Sua Magestade, Vossa Excelencia parecendo-lhe lhes dirá da

parte do mesmo senhor que Sua Magestade ouvindo a Vossa Excelencia o que passará

na audiencia que lhes permitirão, ficará summamente agradecido, elle ordenára lhes

segurasse da igual correspondencia que acharião sempre no real animo de Sua

Magestade no que fosse do agrado de Sua Magestade Cattolica, e o mais que Vossa

Excelencia julgar conveniente dizer-lhe nesta occazião.

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/fol.89v/ Outra carta do mesmo Padre Antonio Baptista para o Marquéz de Abrantes,

em 2 de Abril de 1727, escritta por ordem de Sua Magestade

[...]

/fol.90/ Sua Magestade estimou muito a noticia, que já antecedentemente tinha

pro varias cartas particulares, do aplauzo, com que Vossa Excelencia foi recebido

nessa Corte, e nunca esperou menos da grande prudencia de Vossa Excelencia; e de

que com ella saberá attrahir os ânimos de todos, para que com esta grande vantagem

possa Vossa Excelencia ter todo o bom sucesso que dezejamos.

Ficamos esperando as noticias do adorno, e modo de servir do palácio, e ainda

que teremos grande gosto de o saber, hé com a condição de que lhe não cauze a

mínima molestia este trabalho, pois lhe dezejamos muita saude.

Vemos o que Vossa Excelencia nos diz a respeito dos acomodamentos da familia;

e ainda que haja algum descontente de não ser servido á sua vontade; estamos certos

que Vossa Excelencia saberá como bom patrono que he dar-lhe boa providencia; e

sendo a rabugem deffeito, e de todos he aborrecido, não he de admirar, que haja quem

della se queira viver separado.

[...]

/fol.90v/ [...] Sua Magestade estimou summamente ver os despachos de Vossa

Excelencia; e tudo quanto Vossa Excelencia executou mereceu a real approvação de

Sua Magestade. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa 2 de Abril de 1727. Padre

Antonio Baptista.

/fol.92v/Carta para o Marquéz de Abrantes em 15 de Abril de 1727

[...]

Quanto à segunda da mesma datta, que principia =Na conformdidade = refere

Vossa Excelencia o que passára nas audiencias que teve no dia, que cumpria annos a

Senhora Infanta D. Maria Anna Victoria; e Sua Magestade approva a rezolução em

que Vossa Excelencia ficava de hir huma ou duas vezes na semana saber da Raynha e

da mesma Senhora Infanta.

[...]

/fol.93v/ Pello que respeita á ultima carta, que principia = Chegou na

madrugada= devo render a Vossa Excelencia as graças de haver-me novamente

instruhido do que se passou com Marquêz de la Páz nas primeiras reciprocas vizitas,

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que se fizerão; e eu aqui praticarei o mesmo, não duvidando, que o Marqués de los

Balbases trará tão claro nas suas instrucçoens o que deve praticar comigo, que não

haja a menor disputa.

O ditto Marques chegou antehontem a Aldea Galega; e hontem me mandou pello

seu Secretario huma carta, em que me participava achar-se naquella Villa prompto

para passar a esta Corte, e que antes de executar-llo lhe pareceu conveniente

antecipar-me aquella noticia, pedindo-lhe lhe fizesse o favor de o pôr aos pés de Sua

Magestade emquanto não lograva aquella fortuna; e ao mesmo criado entreguey a

minha carta, em que lhe dizia, estimava a noticia de haver chegado a aquella Villa, e

que logo faria prezente a Sua Magestade o que elle me manifestava, e mandava por

prompto tudo o necessario para elle se transportar a esta Corte; e hoje entrará nella e

nomeou Sua Magestade para conduzir a sua caza ao Conde de Obidos.

Sendo muy provavel que Vossa Excelencia se ponha em publico primeiro, que o

dito Marquéz de los Balbasses, espero que Vossa Excelencia me participe tudo o que

praticar na vizita publica com o Marques de la /fol.94/ Páz, e do que este pratica com

Vossa Excelencia para eu aqui fazer o mesmo; e Sua Magestade hé servido que Vossa

Excelencia sempre nos antecipe estas, e outras semelhantes noticias, para que com

ellas se possa aqui tambem antecipadamente tomar a rezolução conveniente no que se

deve practicar.

[...] Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa 15 de Abril de 1727. Diogo de

Mendonça Corte Real.

/fol.96v/ Carta para o Marqués de Abrantes em 22 de Abril de 1727

[...]

/fol.97v/ Supponho, que o Embaixador Cezareo não esperará que Vossa

Excelencia o vizite, pois não lhe deve passar pella imaginação semelhante couza, e

acabados os pretextos de achaques verdadeiros, ou fingidos, hirá vizitar a Vossa

Excelencia, como os mais Embaixadores e Nuncio fizerão.

Quanto ao Cardeal Borja, como o Marqués de los Balbasses no dia seguinte ao

que eu lhe paguey a vizita, e teve audiencias de Suas Magestades e Altezas foi buscar

o Cardeal da Cunha ordena Sua Magestade que Vossa Excelencia busque o dito

Cardial Borja, assim pela referida razão, como pellas do devido, que a Caza Real

deste Reyno tem com o mesmo Cardial, e porque elle como Capellão-mor há de fazer

o acto dos despozorios.

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[...]

/fol.98/ [...]Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa 22 de Abril de 1727. Diogo

de Mendonça Corte Real.

/fol.98/ Carta para o Marques de Abrantes do Padre Antonio Baptista em 23 de Abril

de 1727

Recebi a carta de Vossa Excelencia de 13 do corrente e estimei muito ver por

ella, que Vossa Excelencia passava sem molestia.

Nesta Corte se divulgou que chegando Vossa Excelencia a Estremôz, e fazendo-

lhe o Governador daquella praça todos os obsequios devidos, e depois hindo vizitar a

Vossa Excelencia, lhe não dera assento. Tambem se dice, que buscando a Vossa

Excelencia o governador [?] de Elvas Vossa Excelencia o acompanhará só athé a a

antecamara e tudo se acho ser falço, porque constou, que estando /fol.98v/ o dito

Governador com os Senhores Marquês de Fontes, e de Villa Nova conversando em

huma das antecâmaras, e vindo Vossa Excelencia de dentro e querendo levar para á

caza em que recebia as vizitas, o dito Governador se excuzará dizendo, sabia, que

Vossa Excelencia estava ocupado, e que lhe não queria tomar tempo, e ficára com os

ditos Senhores Marquês de Fontes , e Conde: pelo que toca ao governador [?], se

soube, que elle estava doente, quando Vossa Excelencia chegou a Elvas, e que Vossa

Excelencia o fora logo vizitar, e assim só avizo a Vossa Excelencia o referido de

ordem de Sua Magestade para que esteja informado do que aqui se tem ditto sobre

este particular.

Pelo que respeita ao mais que Vossa Excelencia praticou na sua jornada todas as

noticias que aqui se tem divulgado confirmão as que já tínhamos de generozidade ,e

acerto, com que Vossa Excelencia soube grangear-se a estimação e aplauzo de todos,

os povos, por onde passou, especialmente os de Badajóz, e Talavera.

Porem depois que Vossa Excelencia chegou a essa Corte se principiou a publicar,

que Vossa Excelencia nella recebia os Grandes e demais cavalheiros, que o hião

vizitar na antecamera immediata á caza em que tomava as vizitas, e que os

acompanhava só athe a dita antecamara, e esta noticia se reputou tão falça como as

primeiras; athé que o Marques dos Balbasses dice a varias pessoas, e entre estas ao

Marques de Capecelatro, que Vossa Excelencia a elle, e aos mais Grandes tinha

recebido, e acompanhado na forma sobredita. E que sentia dever aqui praticar o

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mesmo; ao que o dito Capecelatro respondeu que se Vossa Excelencia recebesse

assim os Titulos, e Cavalheiros portuguezes /fol.99/ entendesse, que poucos o

vizitarião , e que lhe aconcelhava não fizesse tal, e o Marquez dos Balbazes tomou o

seu concelho, e toda esta Corte o tem vizitado. Ordena-me Sua Magestade avize a

Vossa Excelencia o referido, para que Vossa Excelencia com a sua consumada

prudencia procure desvanecer o disabor, que poderá ter cauzados nos Grandes,e

Cavalheiros dessa Corte aquelle modo de recebe-llos, e acompanha-llos, se Vossa

Excelencia á principio praticou o que o Marques dos Balbasses tem divulgado , e para

isto não teve rezão, para attendivel, ou se não conformou com o ceremonial dos

Embaxadores nessa Corte, de que aqui não há inteira noticia.

O mesmo Marques dos Balbasses se mostrou sentido, de que mandando

comprimentar a Vossa Excelencia todas suas irmãas, Vossa Excelencia não as tivesse

ainda vizitado, o que poderia succeder pelo impe embarasso das vizitas, que a Vossa

Excelencia se lhe fizerão, e por haver entrado logo a semana santa, e Sua Magestade

está certo, que Vossa Excelencia não faltaria a attenção daquellas vizitas logo que o

tempo lhe permitisse.

Ordena-me tambem Sua Magestade diga a Vossa Excelencia que se essa Corte

convier, em que os seus Embaixadores vizitarão ao Patriarca, cedendo-lhe a mão, e

melhor lugar, Vossa Excelencia vizitará o Arcebispo de Tolledo na sua Dioceze,

cedendo-lhe tambem Vossa Excelencia a mão e melhor lugar, e expedidas as ordens

por essa Corte aos ditos Embaixadores poderá Vossa Excelencia vizitar o dito

Arcebispo na forma sobredita achando-se elle /fol.99v/ nessa Corte; e quando Vossa

Excelencia encontre algum incomodo neste particular, he Sua Magestade servido que

suspenda a execução desta ordem, e dará logo parte ao mesmo Senhor para rezolver o

que for servido.

Como esperamos, que as coriozidades que Vossa Excelencia nos tem prometido

mandar hande ser de toda a verdade e reconhecidas com toda a certeza (como a

recomendei a Vossa Excelencia de ordem de Sua Magestade) estamos certos, que toda

a sua tardança será em beneficio das rellaçoens que Vossa Excelencia ha de remeter;

pois quanto mayor for a demora a este fim, tanto mais acreditadas serão; e tambem

ficamos esperando pela noticia da livaria real em que Vossa Excelencia me falle, e

que seja com as mesmas circunstancias.

O masso de Vossa Excelencia veio totalmente roto, com a capa de fora feita em

pedaços, o que eu logo vi (já Vossa Excelencia me entenderá), e o mandarão do

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correo atado em roda com cordeis; e reparando eu, que o papel da capa héra do de

Hollanda, tendo a experiencia de que sendo admirável para escrever, tem muito pouca

força para servide de capas a massos grandes, e assimentendo que esta seria a cauza

de vir desta sorte; e Vossa Excelencia melhor experiencia terá disto do que eu, que

mais facilmente me poderei enganar com esta minha opinião.

Fico esperando, que Vossa Excelencia disponha da minha vontade, que está

sempre prompta para lhe obedecer em tudo o que me ordenar. Deos guarde a Vossa

Excelencia muitos annos. Lixboa Occidental 23 de Abril de 1727. Padre Antonio

Baptista.

/fol.103v/ Carta para o Marques de Abrantes em 13 de Mayo de 1727

[...]

/fol.104v/ Quanto aos plenos poderes respectivos espera Sua Magestade que

Vossa Excelencia obrará tudo o que for conveniente, para que huns, e outros se

lavrem na devida forma, e com os requezitos necessarios; e lembra a Vossa

Excelencia tenha examinado a forma, em que se hande fazer os escudos de armas dos

Princepes e como hande ser as coroa, para estar tudo prompto ao tempo conveniente;

e tambem informe Vossa Excelencia a Sua Magestade de tudo, o que se pratica nessa

Corte a respeito de armas, e cerco, tanto pelo que toca ao Principe, como aos Infantes.

Confesso a Vossa Excelencia que nunca me pude persuadir, ao que o Conde de

Conisech deixasse de hir buscar a Vossa Excelencia; porque não achava motivo para

que elle o não fizesse, mas sim muitos para que logo o executasse não só pela rezão

dos estreitos parentesco entre as duas cazas reaes, mas tambem porque o dito

Imperador solitica a alliança de Sua Magestade a mesma conjunctura pedia que o

Conde não faltasse em vizitar a Vossa Excelencia como era obrigado, e sempre

convem dissimular, athé que Vossa Excelencia veja se estando elle cavalescido da

queixa affectada ou verdadeira, o não busca; e ordena Sua Magestade que /fol.104v/

Vossa Excelencia interponha o seu parecer, sobre se ou particularmente ou pela dita

Raynha Nossa Senhora se deve tocar ao Imperador na falta da vizita do seu

Embaixador; ou por via do Conde de Tarouca.

[...]

/fol.105v/ [...] Todas as pessoas reaes logrão boa saude. Deos guarde a Vossa

Excelencia. Lixboa Occidental 13 de Mayo de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

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/fol.106v/ Carta que o Padre Antonio Baptista escreveo ao Marques de Abrantes, de

ordem de Sua Magestade em 14 de Mayo de 1727

[...]

/fol.107/ [...] Quanto á carta que Vossa Excelencia me escreveo em 3 do corrente

em re[s]posta da minha de 23 do passado, na qual participava a Vossa Excelencia de

ordem de Sua Magestade o que aqui se havia ditto, assim a respeito da jornada de

Vossa Excelencia como das /fol.107v/ vizitas que se lhe fizerão, quando Vossa

Excelencia chegou a essa Corte, me ordena Sua Magestade lhe diga, que o mesmo

Senhor quiz que Vossa Excelencia fosse informado de tudo o que aqui corria, e este

foi o objecto daquela rellação, na qual dizia a Vossa Excelencia no citado : Porem

depois = as palavras seguintes = Se Vossa Excelencia á principio pratico o que o

Marques dos Balbasses divulgou, e para isso não teve rezão particular attendivel

etecetera = De que bem se manifesta, que aqui se não deu por assentado haver Vossa

Excelencia feito, o que o dito Marques dos Balbasses tinha divulgado, pois nas citadas

palavras, vay a condição = se = que indúz incerteza como Vossa Excelencia sabe; e

ainda na contigencia de poder ser certo o que se dice, se conciderou, que Vossa

Excelencia poderia ter rezão particular attendivel, ou que se havia regulado pelo

ceremonial dos Embaixadores dessa Corte, de que aqui não havia noticia: e nesta

concideração parece deve cessar o sentimento, que Vossa Excelencia expressa na

citada carta, principalmente referindo a Vossa Excelencia praticára o contrario.

E quanto ás vizitas das irmãas do mesmo Marques dos Balbasses, como elle

partio logo que Vossa Excelencia chegou a essa Corte, não hé muito que ignorasse

ter Vossa Excelencia já satisfeito á aquelle obzequio; verdade hé que poderá

dissimular a queixa, athé estar certo, se Vossa Excelencia havia, ou não vizitado as

suas parentas; porem fia Sua Magestade da grande prudencia de Vossa Excelencia,

que com as referidas sobreditas se não dará por entendido da queixa, que aqui formou

seu irmão.

/fol.108/ Pello que respeita a vizitarem os Embaixadores dessa coroa ao Patriarca

na forma que o avizei; bem sabe Vossa Excelencia que tendo Sua Magestade rezoluto

que neste Reino seja o Patriarca tratado como os Cardeaes, farão os Embaixadores

desta Coroa mais em vizitar o Arcebispo de Tolledo, que não tem aquellas

prerogativas , do que os dessa em buscarem ao Patriarca.

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Sua Magestade estimou muito ver a lista, que Vossa Excelencia me remeteu das

pessoas, que vizitarão, e mandarão vizitar a Vossa Excelencia; e está certo, que Vossa

Excelencia se não descuidará em executar o que lhe tem recomendado. Deos guarde a

Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 14 de Mayo de 1727. O Reverendo Antonio

Baptista.

/fol.109v/ Carta para o Marques de Abrantes em 21 de Mayo de 1727 que escreveo o

Padre Antonio Baptista de ordem de Sua Magestade

[...]

/fol.110/ Quanto á segunda pregunta sobre promover a practica de adiantar as

capitulaçoens matrimoniaes, ordena Sua Magestade que Vossa Excelencia a promova,

e procure concluir as ditas capitulaçoens, pois alem do que Vossa Excelencia

considera, já o Marquez dos Balbasses dice ao Secretario de Estado, que nessa Corte

se reparava no silencio de Vossa Excelencia a respeito das ditas capitulaçoens, sobre

o que Sua Magestade dice ao dito Secretario que lhe poderá logo responder, que

tambem nesta Corte se podia fazer o mesmo reparo, porque elle Marques dos

Balbasses não promovia a practica do cazamento do Principe das Asturias: e quanto

ao receio, que Vossa Excelencia concidera, dezejará Sua Magestade saber, que rezão

houve para se mudar no tal receio a segurança que Vossa Excelencia alguns dias há

deu, de que os matrimonios se concluhirão sem duvida.

A Sua Magestade lembra, que o Principe das Asturias cumpre para Septembro 14

annos, e que Vossa Excelencia ainda tem nesta Corte o seu coche primeiro, e que nos

achamos quazi nos fins de Mayo: pelo que concidero, que nos não seria damnozo

diferir os esponçaes thé o Principe ter cumprido ja os /fol.110v/ seus 14 anos; e isto se

poderia executar adiantando as practicas, e negociaçoens do matrimonio, mas com

qualquer outro pretexto diferir a concluzão dos Tratados; como, por exemplo, o de

faltar ainda a Vossa Excelencia alguma couza para a sua publica entrada, e o da

dispensação, fazendo-se por hora Vossa Excelencia esquecido della; ao depois

lembrandos e já quando não caiba no tempo hir antes de Septembro; e como do

Marques dos Balbasses suppomos, não appressará a concluzão do dito matrimonio, e

hirá medindo os seus passos pelos que Vossa Excelencia der no do Principe Nosso

Senhor; me ordena Sua Magestade communique a Vossa Excelencia este seu

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pensamento. Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Lixboa Occidental 21 de

Mayo de 1727. Padre Antonio Baptista.

/fol.113v/ Carta do Padre Antonio Baptista para o Marques de Abrantes em 28 de

Mayo de 1727

Trazendo o Marquez de los Balbasses nas suas intrucçoens ordem para

cumprimentar a todos os Senhores Infantes da parte dos Reys Catolicos como Vossa

Excelencia sabe, lhe dice o Marquez de Capecelatro, que não devia ver mais, que os

filhos de Sua Magestade e não os irmãos do mesmo Senhor, porque a estes nunca elle

vira, nem os mais Embaixadores que rezidirão nesta Corte, por não estar ajustado o

ceremonial, dizendo, que o Monsenhor Bichi fora a audiencia dos Senhores Infantes

do D. Francisco e D. Antonio, sem preceder o ajuste, o que lhe extranhãrão os

Ministros, que aqui se achavão naquelle tempo.

Com esta novidade suggerida por Capecelatro, deu conta Balbasses, e se lhe

respondeu suspendesse thé ajustar com o Secretario de Estado este negocio; e

brevemente mostrará ao Marques dos Balbasses, como o de Capecelatro se engana,

como ja dice a este ultimo, dizendo-lhe, que Bichi fora recebido pelo mesmo

ceremonial estabelecido quando o Senhor Rey D. Pedro hera Infante e reynava o

Senhor Rey D. Affonço, e que elle se enganava em dizer, que nesta Corte não havia

ceremonial a respeito dos Infantes irmãos.

/fol.114/ Vendo-se convencido recorreo á frívola rezão de que o Senhor Infante

D. Pedro hera immediato á Coroa, porque El Rey seu irmão não tinha filhos; e que

Sua Magestade tinha rezão de differença não concluhia, porque o serem muitos os

Infantes, e estarem huns mais proximos, que outros á successão da Coroa, não fazia,

que os mais remotos da successão perdessem o tratamento, que devião ter como filhos

de Rey; nem elle mostraria que em alguma Corte de Europa se fizesse a differença,

que elle pertendia introduzir.

Isto mesmo determina o Secretario de Estado dizer a Balbasses, e entende se ha

de convencer da rezão; e ordena-me Sua Magestade refira a Vossa Excelencia o

sobredito para que entenda, de que procedeu o papel, que remeto a Vossa Excelencia

em cifra; e para que offerecendo-se-lhe occazião para Vossa Excelencia fallar ao

Marquéz de la Páz nesta materia, mostrando-lhe a insubsistencia do reparo do

Marquez de Capecelatro; e Vossa Excelencia deve reparar tambem nas mentiras, que

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dis a pessoa, que escreveo o dito papel que vay em cifra. Deos guarde a Vossa

Excelencia. Lixboa Occidental 28 de Mayo de 1727. O Reverendo Antonio Baptista.

/fol.116v/ Carta para o Marquéz de Abrantes em 10 de Junho de 1727 a qual foi em

cifra

Vio Sua Magestade a carta, que Vossa Excelencia me remeteo em cifra; e me

ordenou lhe respondesse, que em tudo se conforma com o parecer de Vossa

Excelencia, e me manda dizer-lhe que se se augmentar a doença de El Rey Cattolico,

e elle se detiver em Aranguéz será precizo, que Vossa Excelencia passe a aquelle

sitio, ou ás suas vizinhanças, para de mais perto observar os ânimos, e ver qual dos

partidos se inclinam: no cazo de faltar El Rey Cattolico se prevelescer o da Raynha

Cattolica creio não será demasiada duração. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa

Occidental 10 de Junho de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.119v/ Carta do Padre Antonio Baptista para o Marques de Abrantes em 11 de

Junho de 1727

[...] Não tenha Vossa Excelencia para si, que o intento, com que lhe participei as

festas, que o Marquéz dos Balbasses se tem feito foi com segunda intenção, se não

por dar a Vossa Excelencia noticia do que aqui se passa, pois que Sua Magestade tem

ja a experiencia do muito que Vossa Excelencia se soube avantajar em Cortes

estrangeiras com semelhantes politicas.

[...]

/fol.120/ [...]Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 11 de Junho de

1727. O Reverendo Antonio Baptista.

/fol.144/ Carta que o Secretario de Estado Diogo de Medonça Corte Real escreveo ao

Marquez de Abrantes em 7 de Agosto de 1727.

Vendo Sua Magestade a carta que Vossa Excelencia de 22 do passado que

principia = das copias incluzas = folgou de ver o estado em que ao prezente se acha

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a Cavachuela, e a formalidade com que o Secretario do Despacho Universal chama

aos Embaixadores e mais Ministros.

Vossa Excelencia bem sabe, que eu no tempo da guerra passada chamava á

Secretaria de Estado, que corresponde á Cavachuela dessa Corte, aos Embaixadores e

Generaes, e lhes tomava o melhor lugar, e todos nos sentávamos em tamboretes raros:

agora chamo os Embaixadores a minha caza, e trato-os como o Marquéz de la Páz

trata a Vossa Excelencia na Cavachuella, e em sua caza; hé Sua Magestade servido,

que Vossa Excelencia interponha o seu parecer, sobre se hei de continuar o mesmo

estillo; ordenando-me que entretanto não altêre o que praticava que vem a ser, chamar

eu a minha caza a qualquer Embaixador quando tiver negocio que lhe communicar.

[...]

/fol.145v/ Pelo que toca ás testemunhas que Vossa Excelencia dis levou o Duque

de São Simão quando foi ao acto dos Esponçaes, para Sua Magestade tomar rezolução

sobre o que Vossa Excelencia propõem será conveniente que Vossa Excelencia

procure ahi descobrir o que nesta parte determina praticar o Marquez dos Balbasses, o

que eu aqui tambem solicitarei, porque não se achando nesta Corte cavalheiros

castelhanos da graduação dos que acompanharão o dito Duque, se não se houverem

de mandar dessa Corte, será excusado que Sua Magestade mande as que Vossa

Excelencia aponta.

E ainda Sua Magestade não duvida de que acharâ sempre na caza, e familia de

Vossa Excelencia quem o sirva em todos os grandes empregos, fas Sua Magestade

reparo em hirem daqui pessoas para este fim, e que devem ser iguaes em tudo as mais,

que são necessarias, fazendo a Vossa Excelencia reflexão em que as testemunhas que

houve da parte de França no cazo allegado, tinha varias diferenças as que Vossa

Excelencia ponta, porque aquellas que se achavão em Madrid a cazo; e não herão

Grandes, nem iguaes ás outras, que concorrerão, nem iguaes ás outras que

concorrerão [sic] no mesmo sitio.

[...]

/fol.146v/ [...]Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 7 de Agosto

de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.152v/ Carta do Secretario de Estado para o Marquêz de Abrantes em 7 de Agosto

de 1727

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Sua Magestade me ordena diga a Vossa Excelencia sobre o que lhe mandou dizer

a respeito de vizitarem aqui os Embaixadores ao Patriarcha, e Vossa Excelencia ahi

ao Arcebispo de Toledo, que occore ao mesmo Senhor preguntar a Vossa Excelencia

se julga ser mais conveniente que este reciproco ajuste se faça não a respeito do

Arcebispo de Toledo, mas sim a respeito do Patriarcha das Indias, que ahi costuma

exercitar de Capelão mor em auzencia do Arcebispo de Compostella.

Para Vossa Excelencia interpor melhor o seu parecer nesta /fol.153/ materia, não

deve conciderar, nem os Patriarchas das Indias no estado, em que hoje se acha o

prezente, porque he Cardeal, nem ao Arcebispo de Toledo no estado passado, em que

ordinariamente costumavão a ser Cardeaes; mas sim deve conciderar ambos no estado

de símplices prelados.

Deve tambem Vossa Excelencia conciderar , se estes prelados concorrerem em

lugar terceiro, isto hé, fora de Madrid, e do Paço, sendo Madrid Arcebispo de Toledo,

e o Paço como Dioceze de Capelão mor, em que suppomos andará o Patriarcha com o

roquete descuberto, e terá talves a precedencia, e vendo, e sabendo Vossa Excelencia

bem o como elles se tratarião entre si em lugar terceiro, como tambem em algu acto

de Cortes, ou semblêa semelhantes, qual delles precede; e a respeito deste tal, que

Vossa Excelencia assentar, que precede hé, que parece se devia fazer o ajuste; e sobre

tudo isto interporá Vossa Excelencia o seu parecer, porque Sua Magestade quer, que

isto se faça com brevidade, e não pode sofrer, que os Embaixadores não vizitem aqui

ao Patriacha.

Lembra Sua Magestade mais a favor do Arcebispo de Toledo, ser diocezano em

não ter El Rey duvida, a que os seus Embaixadores cedão nas Diocezes proprias aos

seus Arcebispos e _____ [?], advertindo Vossa Excelencia porem, que o nosso

Patriarcha hade gozar do ajuste em todo o Reyno. Deos guarde a Vossa Excelencia.

Lixboa Occidental 7 de Agosto de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.153v/ Carta que o Padre Antonio Baptista escreveo ao Marquez de Abrantes em 9

de Agosto de 1727

[...]

E fazendo prezente a Sua Magestade este meu esquecimento, me ordenou dicesse

a Vossa Excelencia que o Senhor Infante D. Antonio não deu audiencia ao Marques

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dos Balbasses, nem este lha pedio; antes persistem estes Ministros em não pedirem

audiencia aos Infantes, de que tem a culpa principal Capecelatro, que levantou esta

poeira, talvés induzido por Firrão, para mostrar que Bichi tinha obrado mal, na que

teve do mesmo Senhor Infante D. Antonio quando lhe trouxe o Breve, em que

Clemente XI o fazia seu procurador para tocar no Senhor Infante D. Pedro; e outra

audiencia que teve tambem do Senhor Infante D. Francisco agradecendo-lhe da parte

do mesmo Pontifice o que Sua Alteza trabalhára na expedição das naos, que forão a

Corfú.

/fol.154/ Estes, e outros exemplos, que se achão na Secretaria do tempo do

Senhor Rey D. Pedro sendo Infante parece que bastavão para se praticar com os

Infantes irmãos de El Rey o mesmo que se pratica com seus filhos, entre os quais há

só a differença de estarem mais apartados da successão, mas com direito igual a ella, e

igualmente filhos de Reys; e se aquelle motivo de estar mais longe da successão

bastasse, diríamos, que se El Rey agora tivesse hum filho não devia ser vizitado dos

Embaixadores. Demais: quando os Embaixadores aquelles mesmos Infantes, que já

tivessem vizitado em vida de seu pay, porque então ficavão só sendo irmãos do novo

Rey.

E parecerá bem, que Vossa Excelencia nessa Corte deixe de vizitar aos Infantes

D. Carlos, D. Phelippe, e D. Luis no cazo, que succedesse a morte de El Rey D.

Phelippe ? Hé certo que não: pelo que, e por outras rezones, que Vossa Excelencia

não ignora, suppposto a forma, com que são tratados os Infantes em Portugal, não

devem os Embaixadores ser só os que repugnem dar-lhes o seu devido tratamento

nem quererem fazer distinção entre os Infantes filhos de Reys, ou irmãos.

Vossa Excelencia em occazião opportuna, deve fazer cessar este reparo, e deve

tambem saber, que ja se diz, que nos acomodámos, e assim o participou ja Monsenhor

Fiarrão a sua Corte, da qual lho preguntou o Secretario de Estado com grande

cuidado; e talvés que esta /fol.154v/ re[s]posta de Firrão, acrescente mais huma cupa

ás do pobre Bichi; quando elle obrou, o que devia, e o que praticarão muitos

Embaixadores não tao sábios, como o Marquez de Capecelatro.

Sua Magestade estimou o livro que Vossa Excelencia mandou do Santo Officio, e

a lista antiga que vinha dentro, e fica agora actualmente lendo, por elle com gosto; e

eu para servir a Vossa Excelencia em tudo o que me ordenar, e com mais cuidado e

lembrança do que tive em tardar com esta re[s]posta.

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Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 9 de Agosto de 1727. Reverendo

Antonio Baptista.

/fol.157/ Outra carta do Padre Antonio Baptista para Marquéz de Abrantes em 11 de

Agosto de 1727

[...]

/fol.157v/ Hora estando isto nestes termos, e tendo-se passado tudo nesta forma, e

estando Vossa Excelencia já de intelligencia com o Marquéz de la Páz, como

escreveo, o que tambem se confirma, de ainda aqui se acharem varios fardos no

saguão, e o coche rico por acabar, cujo jogo suppomos, que ali se haverá de doirar, ou

ao menos ajustar, e cujo transporte não hade gastar poucos dias; sendo tudo isto assim

como he possível, que essa Corte tenha prefinido tempo a Vossa Excelencia; ou que

Vossa Excelencia o tenha prefixo, como diz nesta sua carta para mim a 3 do prezente.

[...]

/fol.158v/ [...] Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 11 de Agosto

de 1727. O Reverendo Padre Antonio Baptista.

/fol.158v/ Carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes em 12 de

Agosto de 1727

Fiz prezente a Sua Magestade que Deos guarde a carta de Vossa Excelencia de

tres do corrente, que principia = chegou o meu expresso = e Sua Magestade ficou na

intelligencia do que Vossa Excelencia passou com o Marquez de la Páz a respeito das

salvas, e dos Officiaes de Esquadra castelhana, que tiverão audiencia de Suas

Magestades e Altezas e eu referi a Vossa Excelencia o que se passou na audiencia de

Sua Magestade a que assisti, e não soube o que se passou na da Raynha Nossa

Senhora se não depois, que li esta carta de Vossa Excelencia; e com o acerto, que

costuma, deixou satysfeito o Marquez de la Páz da queixa, que formou sem razão

alguma; e fallando-me os Marquezes e los Balbasses, e de Capecelatro depois da

audiencia da Raynha e de Suas Altezas me não dicerão couza, que podesse dar a mais

leve sospeita, de que nella experimentassem couza, que os podesse dissaborear; e

creia Vossa Excelencia que ainda, que a queixa fosse de ambos, que Capecelatro foi o

author da lha chimera, porque não estuda mais, que em buscar meyos, que possão

pertubar a boa armonia que há /fol.159/ entre as duas Coroas; e Balbasses assim o

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conhece e mo manifesta; e para que Vossa Excelencia veja qual hé neste particular a

sua grosseira malícia, direi a Vossa Excelencia que hindo Quinta-feira 7 deste dar-lhe

o parabem do nascimento do Infante, vestido de galla, como no dia antecedente havia

praticado com Balbasses, e falando-lhe, em que a esquadra castelhana tinha sahido

deste porto, me dice, que a mandará com brevidade, porque Sua Magestade lhe havia

perguntado quando partia a esquadra, e que como elle tenia las narizes largas, inferio

que Su Magestad no gustaba, que ella se detuviege; a que lhe respondi, que se

enganava pois não havia motivo, para que Sua Magestade se desgostasse de demorar-

se neste porto a dita esquadra; e depois soube, que Sua Magestade lhe não dice couza,

de que elle podesse inferir o que me dice; e Balbasses me segurou, que elle recebera

ordem de Patiño, para logo mandar a esquadra para Cadiz.

Devo acrescentar ao sobredito, que o que a Raynha Nossa Senhora praticou na

referida audiencia, se fes por ordem de El Rey Nosso Senhor, porque como a Raynha

falla aos Embaixadores na caza dos espelhos para mayor distinção da honrra que lhe

fáz, entendeu o memso Senhor que não se devia fazer a mesma honrra aos ditos

Officiaes, cujo Cabo principal não chegava nem a ter a patente de Almirante; e por

esta rezão fallou nella depois de receber os Embiaxadores na dita caza, lhes dice, que

como sahia para fora, na outra caza fallaria aos Officiaes; e como isto hera fazer-lhes

mayor honra /fol.160v/ aos ditos Embaixadores não tinhao rezao para queixar-se, nem

fazerem argumento do que se havia praticado no quarto de El Rey Nosso Senhor

porque Sua Magestade falla aos Embaixadores na mesma caza, em que falla a todos, e

por esta rezão fallou nella aos ditos Officiaes; e assim não valle o argumento de hum

quarto para outro, pois a Raynha Nossa Senhora tem caza particular destinada para

fallar ás pessoas de mayor distinção; e Sua Magestade ordinariamente a não costuma

ter; e bem sabe Vossa Excelencia que na Corte do Imperador há uma caza particular

tambem chamada dos espelhos em que só entrão pessoas de certa graduação, e que a

Arquiduqueza Governadora do Paiz Baixo pratica o mesmo, e que D. Luis da Cunha

querendo encarecer as particulares honras, que havia recebido da Senhora

Arquiduqueza dice, que havia recebido le fallara na referida caza. De tudo o

sobredito informo a Vossa Excelencia para que tornando-lhe a fallar nesta materia o

Marquéz de la Páz, o possa satisfazer com mais estas circunstancias; ou quando que

elle lhe não falle, Vossa Excelencia entender ser conveniente exporllas, as possa

individuar; e hé couza notavel, que estes Embaixadores ha andem buscando motivos

de queixa, quando se lhe fáz todo o obsequio possível.

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[...]

/fol.162v/ [...] Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 12 de Agosto

de 1727. Diogo de Mendonça Corte-Real

/fol.163/ Carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes em 12 de Agosto

de 1727

Ordena-me Sua Magestade avize a Vossa Excelencia procure saber o valor, e a

forma de cada huma das joyas, que se derão ao Duque de S. Simão, e Monsieur de

Monlivrie, e se forão iguaes, ou differentes no dito valor; e se a Vossa Excelencia

parecer pregunta-llo ao Marquez de la Páz, ou ao Marquéz de Grimaldo, para saber

com mais certeza a importancia de cada huma dellas, o fará; e ainda que os sobretidos

o informarem a Vossa Excelencia do valor das ditas joyas, sempre convem, que se

certefique delle, e da sua forma por outras vias; e tendo Vossa Excelencia as

informaçoens necessarias, dará conta a Sua Magestade, interpondo o seu parecer

sobre o valor, e forma, que devem ter as joya que se hande dar aos Marquezes dos

Balbasses, e de Capecelatro, e se hande ser differentes no dito valor, e forma, o que

dependerá, do que ahi se tiver praticado com o Duque de S. Simão , e Marquez de

Monlivrier: e bem sabe Vossa Excelencia que Sua Magestade não repara, em que

sejão de mayor valor as que aqui se houverem de dar; e esta re[s]posta mandará Vossa

Excelencia com a mayor brevidade, que lhe for possível, pois bem sabe que hé pouco

o tempo, e que se hande gastar dias em se fazerem, e muito mais em se buscarem as

pedras necessarias pella grande falta que há dellas. Deos guarde a Vossa Excelencia.

Lixboa Occidental 12 de Agosto de 1727.

[...]

/fol.164/ Carta do Padre Antonio Baptista para o Marquez de Abrantes em 17 de

Agosto de 1727

Vendo Sua Magestade a carta que Vossa Excelencia me escreveo com a data de 8

do que corre, e que nella me diz, que não tem jamas que 25 dias athé o da sua entrada;

e conciderando o mesmo Senhor, que em tão pouco tempo não cabe executarm-se as

prevençoens a respeito das librés, sobre que escreveo a Vossa Excelencia João de

Leiros em carta de 11 do prezente, caso Vossa Excelencia se houvesse inclinado a

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augmentar logo o numero dellas, o que Sua Magestade deixou no arbitrio de Vossa

Excelencia; e vendo tambem, que Vossa Excelencia dis não hé conveniente, que ou se

vão os Reys Cattolicos para Balsaim sem Vossa Excelencia fazer a sua entrada, ou se

dilatem mais tempo em Madrid, por cauza della, e conciderando Sua Magestade

tambem conduz para se dever adiantar a concluzão deste negocio o ser conveniente

evitar, que possa altera-llo a nova união, que se diz estar estabelecida entre essa Corte

e, a de Pariz, accrescentando-se, que muito brevemente El Rey Christianissimo

nomeará hum Embaixador para assistir nessa Corte, e que a este fim mandou já huma

lista de sogeitos a El Ret Cattolico, deixando no seu arbitrio a escolha: me ordena Sua

Magestade diga a Vossa Excelencia, que sem embargo do que havia mandado

partecipar-lhe na referida carta de João de Leiros, Vossa Excelencia não dilate só por

esta cauza a sua entrada: antes, parecendo assim a Vossa Excelencia procure fazer

esta função primeiro que os Reys Cattolicos saião dessa Corte, pois só esta primeira

entrada he necessario /fol.164v/ que se faça nella; e os mais actos subsequentes se

poderão continuar em Balsaim, ou Escurial, quando haja urgência, que a isto obrigue

e El Rey Cattolico tenha algum embaraço a recolher-se de qualquer destes sitios, e no

tempo que determina, o que Deos não permitta e os ditos actos, já terá Vossa

Excelencia entendido que Sua Magestade não quer que se fação, sem que primero

venhão as dispensaçoens.

Para a sobredita função da entrada já não faltará a Vossa Excelencia o primeiro

coche, porque se está empaquetando; e como Francisco Octaviano aqui se acha, o

conduzirá brevemente com brevidade; e ainda que hontem esteve a risco de encontrar

novo embaraço, por lhe quebrarem o vidro mayor ao tempo, que o estavão ajustando

os Officiaes; porem Sua Magestade para que Vossa Excelencia não experimentasse

este disabor, mandou suprir a falta, com o vidro do coche mayor do Senhor Infante D.

Antonio, sem attender, a que lhe será necessario para a função dos cazamentos, pois

não terá outra semelhante occazião de uzar delle, nem será possível, que ainda que

logo se mande buscar outro vidro a Inglaterra, chegue a tempo de servir.

[...]

/fol.165/ [...] A Sua Magestade pareceu não hir ver o coche porque lhe constou,

que o Marquez dos Balbasses andava nestas materias com demaziada coriozidade; e

para evitar /fol.165v/ que houvesse alguem que lhe podesse dar esta noticia e assim

verá somente hoje, ou âmanhaã parte das peças para poderem vir aqui á sua prezença,

e já a Senhora D. Anna me festa a honra de me fallar nisto, e assim ficou ajustado.

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Sua Magestade dezeja, que Vossa Excelencia tenha passado já de todo livre das

suas queixas, e que tenha conversado já com a sua prima, na forma, em que praticou

Vossa Excelencia, para o que lhe dá os poderes necessarios.

O prezente da Senhora Infanta seria muito galante, e Sua Magestade ainda não

pode fallar a Ayres sobre a caixa, que suppoem seria tão perfeita como tudo de Vossa

Excelencia.

Torno a lembrar a Vossa Excelencia as joyas na forma, que lhe escrevi em carta

de 11; e tambe[m] os plenos poderes; e se ahi houver costume entre os Principes, de

escreverem aos espozos, Vossa Excelencia nos mandará dizer a forma destas cartas, e

de dobrar o papel, e dos sinetes, e de tudo o mais nesta materia. Estimo muito que

Vossa Excelencia esteja melhor das suas moléstias, e para tudo que me ordenar de seu

serviço me achará sempre prompto.

Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Lixboa Occidental 17 de Agosto de

1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.166v/ Carta do Padre Antonio Baptista para o Marquez de Abrantes em 20 de

Agosto de 1727

Sua Magestade me ordena diga a Vossa Excelencia que sem embargo de se dizer,

que nessa Corte se não costuma dar hospedagem aos Embaixadores que dão a sua

entrada, Vossa Excelencia nos mande dizer com certeza, o que se costuma nestes

cazos; porque ainda que nos achamos muito adiantados no que pertence á nossa

hospedagem para á entrada do Marquez dos Balbasses, comtudo por evitar

discommodos, e impertinencias, que disto ordinariamente se seguem, quer primeiro

Sua Magestade que Vossa Excelencia interponha o seu parecer, se se deve fazer a

sobredita hospedagem, ou não , sem embargo de ser costume antigo nesta Corte,

ainda que na entrada de Capecelatro se comessou já a alterar; e no cazo, que Vossa

Excelencia seja de parecer, que não faça a dita hospedagem, nos mandará dizer o

modo mais decorozo, com que se poderá propor esta rezolução ao Embaixador; e

Vossa Excelencia mandará logo com toda a brevidade a re[s]posta disto, porque o

tempo não permitte dilatação, e nos dirá mais o que entender sobre esta materia. Deos

guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Lixboa Occidental 20 de Agosto de 1727.

O Reverendo Padre Antonio Baptista.

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/fol.168/ Carta para o Marques de Abrantes em 30 de Agosto de 1727

Antehontem 28 do corrente chegou o expresso, que Vossa Excelencia me

despachou em 24, e por elle recebi 10 cartas de Vossa Excelencia; e sendo prezentes a

Sua Magestade me mandou despachar-se este correio pella posta, respondendo por

ôra só, ao que Vossa Excelencia reprezenta a respeito da sua audiencia publica; ajuste

do Tratado matrimonial; e esponsaes, sem esperar dispensaçoens de Roma,

rezervando a re[s]posta aos mais pontos das ditas cartas para o correio ordinario.

Pello que respeita pois a audiencia publica, ordena Sua Magestade que Vossa

Excelencia solecite logo, e procure execcutar esta função, antes que os Reys

Cattolicos sayão dessa Corte, sem que lhe cauze embarasso não estar prompto o

primeiro coche; como tambem ajuste logo o Tratado matrimonial.

[...]

/fol.168v/ [...] A cauza de Sua Magestade mandar agora a Vossa Excelencia

estas ordens tão fexadas absolutas, e com tanta brevidade, hé para que cessem os

inconvenientes que Vossa Excelencia nas suas cartas repetidamente concidéra; porem

no cazo, em que Vossa Excelencia julgue attendendo aoa termos em que se achão as

suas preparaçoens /fol.169/ para a dita audiencia publica, ser menos decente fazer

logo aquella função, como tambem no cazo, em que entenda, que os Tratados, e

esponsaes será difficultozo executarem-se antes dos Reys sahirem dessa Corte, me

manda Sua Magestade diga a Vossa Excelencia que sem embarasso do que asima lhe

ordena, lhe dá faculdade para poder não executar logo todas, ou parte das ditas

funçoens; bem entendido, que esta faculdade, que Sua Magestade dá a Vossa

Excelencia, hé só no cazo, em que Vossa Excelencia julgue que não rezultará da

dillação de alguma das ditas funçoens, qualquer dos inconvenientes que Vossa

Excelencia conciderou em todas as suas cartas, e Vossa Excelencia sabe muito bem,

que a brevidade sempre hé mais util em semelhantes negocios.

[...]

/fol.169v/ Quanto ás testemunhas he Sua Magestade servido que Vossa

Excelencia para o dito effeito, convide, ou sollecite ( o que será melhor) que El Rey

Cattolico o insinue, ou mande aos Grandes mais antigos, que houver capazes de

assistir a este acto, fóra daquelles, que por outro motivo hajão de ser testemunhas

nelle; e aqui, com avizo de Vossa Excelencia para mim, e do Marquez de la Páz para

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o dos Balbasses respective, se praticará o mesmo, e Vossa Excelencia me declarará de

que classe são os Grandes nomeados.

Remeto a Vossa Excelencia a copia do meu pleno poder , para tratar com o

Marquez dos Balbasses, que principia no nosso estillo como o que Vossa Excelencia

aviza ahi entregára ao Marquez de la Páz, e no mais hé conforme com o que dahi se

remeteu ao dito Balbasses.

Quanto ao que Vossa Excelencia diz sobre as joyas, espera Sua Magestade,

que Vossa Excelencia o informe do mais, que tiver descoberto neste particular, e me

avize de que valor são as que se determinão dar, quando ahi se cellebrarem os

referidos actos, se Vossa Excelencia o poder averiguar, o que será muy conveniente; e

tudo o que Vossa Excelencia for descobrindo neste particular de joyas, o partecipará a

Sua Magestade com a mayor brevidade.

A frotta de Pernambuco partio 4ª feira passada como avizei a Vossa

Excelencia. Todas as pessoas reaes logrão boa saude. Deos guarde a Vossa

Excelencia. Lixboa Occidental 30 de Agosto 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.162v/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes em 2 de

Setembro de 1727

O Marquéz de Capecelatro me buscou hum destes dias para dizer-me, que

como a audiencia publica do Marques de los Balbasses se hia avezinhando, lhe

parecera communicar-me, que devendo elle mandar naquella função carrossa, ou

carrossas suas, se lhe ordenarára dessa Corte, que só havião de preceder ás suas

carrossas a de Monsenhor Firrão, como Nuncio que hera neste Reyno, ainda que

estava sem exercício; e que se Monsenhor Bichi /fol.173/ mandasse alguma carrossa,

não consentisse na precedencia desta; e como elle dezejava não fazer cauza que

podesse encontrar o real agrado de Sua Magestade, me partecipava ter aquella ordem;

e começou a discorrer que como Monsenhor Bichi vivia fora da cidade podia escuzar

mandar carrossa aquella função.

Respondi-lhe, que como elle me segurava ter aquella ordem, a mim se me não

offerecia dizer-lhe outra couza mais, que eu faria prezente a Sua Magestade que elle

me dicera, se achava com a referida ordem; e que se Monsenhor Bichi mandava, ou

não carrossa, me não tocava, mas que como elle me havia ditto, que

confidencialmente me communicava a tal ordem, eu com a mesma confiança

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particularmente lhe dizia que na minha opinião Monsenhor Bichi, emquanto não

chegava a Roma, hera Nuncio de Sua Santidade; pois bem sabia elle, que esta hera a

regra de todos os Ministros com character reprezentante, e que por esta rezão quando

sahisse deste Reyno, se lhe havião de fazer as mesmas honras, com que foi recebido, e

que o mesmo se praticaria em Castella, e mais dominios dos Principes por onde elle

passasse; que sendo isto certo, não comprehendia a rezão, com que elle devia ser

conciderado nesta Corte como hum particular Prellado, logrando elle athé agora nella

todas as prerogativas, que tinha quando hera actual Nuncio; e me causava mayor

admiração querer-se conciderar Nuncio a Monsenhor Firrâo, o qual athé agora não

exercitou /fol.173v/ jurisdição pela falta de Breves facultativos reputando-se por

simples Prellado Monsenhor Bichi, que tantos annos foi Nuncio nesta Corte, na qual

ainda se acha.

O ditto Marquéz, como foi author da tal rezolução ( se a tem), não deixou de

mudar de cór, quando me ouvio: eu lhe protestei, que o que lhe dizia hera hum

discurso particular meu; e que eu lhe responderia quando Sua Magestade me

ordenasse desse a re[s]posta, ao que elle me comunicára.

Sendo o referido prezente a Sua Magestade me ordenou o partecipasse a

Vossa Excelencia para que averiguando Vossa Excelencia com o Marquez de la Páz,

se o de Capecelatro tem aquella ordem; sollicite que se lhe revogue, allegando todas

as rezoens, que a Vossa Excelencia lhe dictar a sua grande prudencia; e quando conste

a Vossa Excelencia que elle a não tem, poderá Vossa Excelencia persuadir ao mesmo

Marquéz de la Paz lhe escreva, para que não insista em huma tão estranha pertenção,

com que parece quer lizongear o seu amigo e paizano Firrâo. Deos guarde a Vossa

Excelencia. Lixboa Occidental 2 de Setembro de 1727. Diogo de Mendonça Corte

Real.

/fol.173v/ Carta do Padre Antonio Baptista para o Marquez de Abrantes em 2 de

Setembro de 1727

[...]

/fol.174v/ [...] Sua Magestade fica entendendo o que Vossa Excelencia refere

na carta nº 3 a respeito das audiencias dos Senhores Infantes D. Francisco e D.

Antonio, e se fará a deligencia de se fallar ao Marquez dos Balbasses, buscando-se

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algum /fol.175/ pretexto, supposta a ordem que Vossa Excelencia diz se deu ao

mesmo Marquéz.

A quarta, e quinta carta não conthem materia a que deva dar pozitiva

re[s]posta (allem do que tenho escritto a Vossa Excelencia; e do que avizou a Vossa

Excelencia o Secretario de Estado, assim pelo expressão de Sabbado 30 do passado

como agora) mais, do que dizer a Vossa Excelencia que Sua Magestade fica na

intelligencia de tudo o que Vossa Excelencia nella diz.

Não esqueça a Vossa Excelencia informar-nos de tudo o que toca a joyas,

especialmente a respeito de Balbasses, e Capecelatro; e se entende Vossa Excelencia

segundo se despedir Balbasses se lhe deve dar outra joya, como suppomos, e se deve

ser de valor ordinario igual á que aqui se costuma dar a todos os Embaixadores.

[...]

Sua Magestade dezeja, que Vossa Excelencia logre perfeita saude, e está na

infallivel certeza, de que Vossa Excelencia se empregará sempre em tudo, o que

pertence ao seu real servico com o acerto que costuma.

Vossa Excelencia me tem sempre prompto para lhe obedecer em tudo, o que

me ordenar, e for de seu agrado. Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos.

Lixboa Occidental 2 de Setembro de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.176/ Carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes, em 10 de

Setembro de 1727

[...]

Pello que pertence á carta do nº 3º, que principia = convindo = como Vossa

Excelencia com ella remette a copia do modello, que lhe remeteo o Marquez de la

Páz, para se fazer o tratado dotal, e Vossa Excelencia aviza ficava para emendar o dito

modello, espera Sua Magestade que Vossa Excelencia lho remeta, ainda que o tratado

ja esteja ajustado, para /fol. 176v/ Sua Magestade ver, o que Vossa Excelencia

emendou; e não sei com que fundamento duvidou o dito Marquez ( segundo Vossa

Excelencia refere) fazer-se o tratado na língua portugueza, e castelhana, havendo elle

avizado em 15 de Agosto passado ao Marquéz dos Balbasses em carta que elle me

mostrou, que elle dera a Vossa Excelencia o modello da forma, em que se havião de

fazer os tratados originaes, hum em língua castelhana, que elle Marquez de la Páz

havia de assignar primeiro e outro em portuguêz, em que o mesmo Marquez havia de

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assignar em segundo lugar, e Vossa Excelencia no primeiro; e que isto me

communicasse a mim, para que estivéssemos ambos na inteligencia, de que aqui se

havia de praticar o mesmo; e ainda quando o Marquez de la Páz não tivesse feito este

passo com o dos Balbasses, bastava lembrar-se dos que se praticou nos preliminares

destes mesmos tratados, e nos de Utrech, pois em hum, e em outro cazo, se

estipularão os tratados nas referidas duas linguas.

A carta nº 4º não conthem couza, a que deva responder.

E quanto á do nº 5º approva Sua Magestade a determinação, em que Vossa

Excelencia estava de seguir essa Corte. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa

Occidental 10 de Setembro de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol. 174v/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquéz de Abrantes em 10 de

Setembro de 1727

Sua Magestade hé servido que Vossa Excelencia examine, em que tempos

nessa Corte se costuma dar aos Principes, e aos Senados das Camaras desses Reynos

dos cazamentos /fol.177/ dos Reys, e Principes dessa Coroa, e se se fás esta

ceremonia repetidas vezes, e faço a Vossa Excelencia esta pregunta porque quando

Sua Magestade cazou se deu conta duas vezes ás Camaras; huma quando veyo a

noticia de estar ajustado o tratado do cazamento, e outra quando a Raynha Nossa

Senhora entrou neste porto; porem aos Principes se escreveo somente quando veyo a

noticia de estar ajustado o tratado de matrimonio, e Sua Magestade quer saber o que

essa Corte pratica em semelhantes occazioens.

Tambem procurará Vossa Excelencia saber em que tempos se fazem as festas

publicas, e quais costumão ser, e se são só na Corte, ou em todo o Reyno ou ao menos

nas praças, e cabeças de comarcas, e por quantos dias, e vezes as costuma haver nessa

Corte, e nas mais terras fóra dellas.

Ordena-me outrossim Sua Magestade avize a Vossa Excelencia procure

averiguar quando se intenta nessa Corte tratar a Senhora infanta D. Maria Anna

Victoria, como Princeza de Portugal, dando-lhe precedencia ao Principe das Asturias

em todas as funçoens, e se hé immediatamente que se contrahirem os esponçais, ou

matrimonio; ou alguns dias depois, e quantos estes são para Sua Magestade mandar

aqui praticar o mesmo com a Senhora D. Maria. E devo dizer a Vossa Excelencia que

preguntando-me o Marquéz dos Balbasses, se a Senhora Infanta D. Maria cellebrados

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os seus esponsais, ou matrimonios seria tratada como Princeza de Espanha, eu lhe

respondi, que me persuadia, a que Sua Magestade mandaria praticar a respeito da

precedencia do Principe Nosso Senhor o mesmo que El Rey /fol.177v/ seu Amo

rezolvesse com a Senhora Infanta D. Maria Anna celebrados os seus esponsais, ou

matrimonio. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 10 de Setembro de

1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.177v/ Carta que o Padre Antonio Baptista escreveo ao Marquez de Abrantes de

ordem de Sua Magestade em 10 de Setembro de 1727

Sua Magestade hé servido, que Vossa Excelencia me avize, primo, se as joyas

se hande dar quando se formar o tratado dotal, ou quando este se ratificar.

Secundo: se todas as vezes, que se der joya ao Marquez dos Balbasse, se se ha

de dar tambem a Capicelatro, e se deve ser igual, ou diminuta, e em quanto?

Tertio: segundo se celebrarem os esponsais chegas as dispensaçoens, cazo que

haja os tais esponsais, e se não passe logo á cellebração dos matrimonios, se na

cellebração dos ditos esponsais se hande dar joyas, e de que preços, e a quem?

Quarto: se visto que os matrimonios se hande seguir immediatamente aos

esponsais, se se devem dar joyas tambem nesta occazião, alem das que se tiverem

dado nos esponsais, e de que preço, e a que pessoas?

Quinto: se entregando-se as joyas na occazião de cellebrar-se o tratado dotal,

como fica ditto, se se hande dar outras joyas aos Embaixadores, e as dittas ainda que

os Embaixadores não tenhao procuraçoens para celebrarem os tais matrimonios, e as

ditas /fol.178/ procuraçoens forem expedidas para os Reys?

Sexto: se dando-se a procuração ao Marquez dos Balbasses para contrahir o

matrimonio em nome do Principe das Asturias, se se lhe ha de dar só a elle joya, ou

tambem a Capecelatro, e se hande ser iguais, ou differentes, como fica preguntado?

Setimo: se alem da joya, que Vossa Excelencia dis se ha de dar a D. Joseph

Rodrigo, ou a quem fizer o officio de notário no acto dos esponsais, se se deve dar

tambem nesta acto joya ao seu official, e ao seu pagem; e de quanto devem ser estas

joyas? Como tambem dirá Vossa Excelencia se nesta acto dos esponsais se ha de

repetir joya ao Marquéz de la Páz, e a mais alguem?

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Otavo: as mesma [sic] preguntas me ordena Sua Magestade faça a Vossa

Excelencia quanto ao acto do recebimento, isto he, a que pessoas, e a que qualidades

de joyas se devem dar nesta occazião?

Nono: se quando se hajão de dar joyas na occazião dos matrimonios, se se

hande dar em nome dos Reys, ou dos Principes contrahentes, e se hande ser de igual

valor, ou de mayor, que as que antecedentemente se tiverem dado?

Decimo: se haver inconveniente em se uzar das joyas, que Vossa Excelencia

ahi tem, elle entregou Antonio Guedes por terem sido talvez já vistas nessa Corte; e

manda-llas Vossa Excelencia para se lhe remeterem outras; ou se a Vossa Excelencia

parecer, as deixar ficar, e mandar /fol.178v/ desmanchar, para lá fazer alguns retratos,

quando assim entenda ser necessario?

Hé Sua Magestade servido, que no cazo, em que nos tratados dotaes se hajão

de dar joyas, Vossa Excelencia logo que receber as que se lhe deve dar, mande por

hum expresso dizer o valor da dita joya, para aqui se dar do mesmo valor ao Marquez

dos Balbasses, avizando, se esta excede a aque se deu a Monlivrié, quando ajustou os

preliminares do tratado dotal de Luis 15º, porque Antonio Guedes dice ao Secretario

de Estado, que quando chegou o Duque de São Simão não se fes novo tratado dotal,

mas que os preliminares, que havia firmado Monlivrié se incluirão nas escritturas dos

esponsais; e assim hé Sua Magestade servido, que Vossa Excelencia se informe do

que neste particular se passou, para lhe dar conta com a clareza e individualidade que

Vossa Excelencia costuma, interpondo o seu parecer, para Sua Magestade tomar a

rezolução, que for servido; declarando com miudeza tudo o que toca a joyas, e os

tempos, e occazioens, e valores, e pessoas, e ainda aos feitios ou formas, se lhe

parecer, porque El Rey dezeja ouvir a Vossa Excelencia em tudo.

Se Vossa Excelencia tiver noticia certa das joyas, que se lhe determinão dar,

ainda antes de as receber, no la mandará com antecipação por hum expresso.

Estando o tratado dotal ajustado no dia, que Vossa Excelencia pontou no P.S.

da sua carta do primeiro deste, que principia = Tendo convindo = ordena Sua

Magestade que Vossa Excelencia lhe partecipe, que demonstraçoens de alegria ahí se

fizerão, ou estão para fazer; e se /fol.179/ forão só na Corte, ou em todas as cidades,

villas, e lugares do Reyno; ou se só nas praças, e cabeças de comarcas, para aqui se

praticar o mesmo, e que saiba Vossa Excelencia o que se praticou nas fronteiras, ou se

se deve alguma ordem para nellas se fazer alguma demonstração, e qual?

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Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Lixboa Occidental 10 de

Setembro de 1727. O Reverendo Antonio Baptista.

P.S. Sua Magestade manda advertir a Vossa Excelencia, que se no Breve das

dispensaçoens não vierem expressadas as dispenças das denunciaçoens, ou banhos,

como aqui vimos na copia do de Luis 15º Vossa Excelencia procure, que ahí se

dispence nesta falta, por quem competir de jure faze-llo; que suppomos será pelo

ordinario do lugar que não ficamos com escrúpulo nesta materia; e o mesmo se

praticará aqui com o Patriarcha.

/fol.179/ Outra carta do Padre Antonio Baptista para o Marquéz de Abrantes, em 10

de Setembro de 1727

Recebo a carta de Vossa Excelencia do primeiro do corrente, que hé re[s]posta

á minha, em que por ordem de Sua Magestade mandava pedir o seu parecer sobre a

hospedagem dos Embaixadores na nossa Corte; e Sua Magestade approvou deixar

Vossa Excelencia esta re[s]posta para outra occazião, assim pelo tempo dar lugar, por

se transferirem as funçoens publicas para Dezembro, como por conciderar a Vossa

Excelencia muito cançado com a grande expedição de despachos que nesta occazião

mandou para nós, e para Roma, cujas copias Sua Magestade vio com gosto pela boa

ordem, com que forão dirigidas, sem lhe /fol.179v/ faltar a minima circunstancia

como couza de Vossa Excelencia que sempre costuma a fazer tudo com boa acerto.

Sua Magestade fica esperando pela sobredita re[s]posta pois está com o dezejo

de ouvir a Vossa Excelencia neste particular pelo muito que Vossa Excelencia diz que

tem que dizer sobre a materia; ordenando-lhe porem, que o não faça com incomodo

seu pois que o mesmo Senhor sente qualquer molestia de Vossa Excelencia e lhe

dezeja sempre huma perfeita saude pelo muito que o ama, e pela pendência que tem

de Vossa Excelencia para o seu real serviço, em que Vossa Excelencia se tem

empregado com tanto cuidado.

Quanto ao P.S da mesma sua carta, em que Vossa Excelencia diz que não

tenha Sua Magestade cuidado em imaginar que lhe faltão as joyas para a occazião do

tratado etecetera não tenho que dizer a Vossa Excelencia couza alguma porque esta

materia vay incluída nos quezitos da outra minha carta. Vossa Excelencia disponha da

minha vontade sempre está prompta para lhe obedecer, quando me queira honrar em

me dar muitas occazioens de o servir, que será sempre para mim de grande gosto; e

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estimo que Vossa Excelencia se ache melhorado das suas moléstias, que tem

padecido. Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Lixboa Occidental 10 de

Setembro de 1727. O Reverendo Padre Antonio Baptista.

/fol.180/ Carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes, em 15 de

Septembro de 1727.

[...]

/fol.180v/ [...] Na primeira carta, que principia = Com prompta deligencia =

responde Vossa Excelencia á minha de 30 do passado, e fica Sua Magestade

entendendo o que Vossa Excelencia nella refere, e eu devo satisfazer, ao que Vossa

Excelencia nella me diz, a respeito do meu pleno poder, para tratar com os Marquezes

de los Balbazes, e de Capecelatro, parecer a Vossa Excelencia que hé mais conforme

o estillo dessa Corte que o desta; ao que se me offerece dizer a Vossa Excelencia que

elle vai escritto ao largo, e principia a disposição = Faço saber etecera = o que tudo hé

conforme o nosso estillo, e só segui as palavras, do que ultimamente se remeteo ao

Marques dos Balbazes, seguindo o formulario dessa Corte nesta parte para que ahi o

não julgassem diminuto, por falta de algumas expressoens superfluas, que tinha a do

dito Marquéz dos Balbasses.

/fol.181/ Quanto a não se fazer menção no dito meu pleno poder do Marquéz

de Capecelatro, pelo expresso, despachei depois de haver remetido, avisey a Vossa

Excelencia que aquella falta nascéra da inadvertência de quem fes a copia.

Como nesta mesma Corte diz Vossa Excelencia informará a Sua Magestade

sobre o particular das joyas, espera o mesmo Senhor que Vossa Excelencia mandará

esta rellação com todas as circunstancias, que se lhe tem recomendado; e as joyas, que

agora Vossa Excelencia ahi ha de dar, consistem em hum retrato de Sua Magestade

guarnecido de diamantes com coroa, do valor de mais de dou[s] mil cruzados para o

Marquéz de la Páz, e em dous aneis, hum de tres mil cruzados para o official, e outro

de seiscentos mil reis para o pagem;

Estas joyas não poderão hir agora, por não estarem ainda acabadas, e hirão por

outro expresso, logo que o estejão, e Vossa Excelencia lá remediará esta dilação,

como entender, e manda Sua Magestade dizer a Vossa Excelencia que ainda, que as

ditas joyas hao de ir em caixas, Vossa Excelencia lá as dará, conforme for o estillo, ou

com as ditas caixas, ou sem ellas.

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Na segunda carta, que principia = Na terceira = da Vossa Excelencia conta de

haver firmado o tratado, e do mais, que obrou naquelle dia com o acerto, que Vossa

Excelencia sempre costuma; e Sua Magestade approvou não pôr Vossa Excelencia

naquella noite luminarias pela rezão, que expressa, e espera o mesmo Senhor que

/fol.181v/ Vossa Excelencia lhe refira as festas, que ahí se determinão fazer quando se

cellebrarem os esponsaes, e se fizerem os recebimentos, ou em outra qualquer

occazião, que houver a respeito destes matrimonios.

Na terceira carta, que principia= No titulo = me refere Vossa Excelencia tudo

o que ahi se praticou, quando fes o tratado; e rendo a Vosssa Excelencia as graças

pella individuação, com que me informa, e eu procurarey fazer aqui o mesmo, quando

ajustar o tratado com os Ministros dessa Corte; e pelo que respeita ao Estribeiro de

Vossa Excelencia fica Vossa Excelencia conciderando na maneira, que lhe ha de

fazer, e supponho que elle levará as joyas, de que asima faço menção.

[...]

/fol183/ Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 2 de Setembro

de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.185/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquêz de Abrantes, em 15 de

Septembro de 1727

Quando o Marquêz dos Balbasses hontem me buscou, como avizo a Vossa

Excelencia em outra carta, me communicou, que o Marquêz de la Páz em huma

particular, que lhe escrevera, e vinha no masso, que Vossa Excelencia me remeteo

para elle, lhe pedia o quizesse elle Marquêz por aos pês reaes pês de Sua Magestade

segurando-lhe o muito, que estimava ver concluhido o tratado matrimonial, e que

esperava em Deos, que os contrahentes vivirião muitos annos, para que continuasse a

boa amizade, e união entre as duas Coroas, e que tambem lhe supplicava me fizesse

da parte delle Marquêz de la Páz hum comprimento; e fazendo-mo, eu lho agradeci,

pedindo-lhe juntamente lhe fizesse da minha parte outro semelhante, significando-lhe

o muito, que eu estimava aquella lembrança.

Vindo hontem de tarde Balbasses ás reaes prezenças de Suas Magestades não

lhes faltou nas expressones, que o Marquéz de la Páz lhe pedio fizesse, e poderá ser

rezervasse esta deligencia para outra occazião; e quando assim o execute lhe

responderão Suas Magestades na forma que forem servidos; e o partecipo a Vossa

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Excelencia para no cazo, em que o Marquêz de la Páz lhe falle neste particular,

sentido, de que não teve re[s]posta, saiba, que a cauza da falta della procede da

omissão do dito Balbasses, e não de /fol. 185v/ Suas Magestades não estimarem o seu

obzequio; e quando a Vossa Excelencia pareça dizer alguma couza ao Marquêz de la

Páz da parte de Sua Magestade ainda sem ser como re[s]posta ao dito seu recado

poderá Vossa Excelencia executar isto na forma, que lhe parecer, pois noa parece, que

pode haver inconveniente em mostrar a esta Ministro algum sinal da estimação, que

delle faz Sua Magestade.

Tambem lembra a Sua Magestade que poderá ser conveniente que Vossa

Excelencia tendo audiencia dos Reys Cattolicos, lhes signifique em seu real nome a

estimação, que Sua Magestade fes; e tambem a Raynha, e Principes Nossos Senhores

da concluzão do tratado, e o mais que Vossa Excelencia parecer a este respeito; e isto

parece a Sua Magestade não obstante haver reparado, em que referido Vossa

Excelencia o que passára na audiencia que teve dos Reys no dia da concluzão do

tratao elles lhe não dicessem couza alguma a este respeito para que Vossa Excelencia

o referisse a Sua Magestade; porque em semelhantes materias ainda excedendo-se

por parte de Sua Magestade em alguma couza, lhe não hé indecente; e Vossa

Excelencia conciderará sobre isto, e executará o que entender, que convem.

Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 15 de Septembro de 1727. Diogo

de Mendonça Corte Real.

/fol.189v/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquêz de Abrantes em 24 de

Setembro de 1727

Volta pela posta o Estribeiro de Vossa Excelencia; e deteve-se estes dias por

esperar, que se acabasse a joya com o retrato de Sua Magestade para o Marquêz de la

Páz, e os dous aneis, o brilhante para o official, que escreveo o tratado; e o roza para

o pagem do mesmo Marquêz e Vossa Excelencia reconhecerá, que assim a joya como

os aneis excedem o vallor, que Vossa Excelencia apontou, e Vossa Excelencia me

/fol.190/ avizará, se essa Corte dá a Vossa Excelencia joya pella occazião do tratado,

que ahi se ajustou, e de que forma, e vallor hé, para Sua Magestade saber o que ha de

praticar com os dous Embaixadores dessa Corte, quando concluhirmos o tratado, que

aqui se deve assignar; e torno a dizer a Vossa Excelencia quês e lembre de responder

ao que já lhe preguntei sobre as joyas dos dois Embaixadores devem ser iguaes.

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As nossas conferencias estão suspenças athé que chegue a re[s]posta do

Marquez de la Páz, a respeito do primeiro artigo dos preliminares.

Ao Estribeiro de Vossa Excelencia se deu dinheiro para correr a posta. Todas

as pessoas reaes logrão de boa saude. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa

Occidental 24 de Septembro de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.193/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquéz de Abrantes, em 2 de

Outubro de 1727

Deteve-se o correio athé hoje, porque a assignatura do tratado, de que remetti

hontem a Vossa Excelencia copia pello expresso, que hontem despachou o Marquêz

dos Balbasses, embaraçou despachar o dito correio, e alem do que por elle tinha

escritto a Vossa Excelencia em 30 /fol.193v/ do passado na carta, que vay com esta,

me ordenou Sua Magestade referisse a Vossa Excelencia o que se passou no acto da

assignatura.

Vierão os Marquezes dos Balbasses, e de Capecelatro ás horas, que eu lhe

havia assignado, e acabados os comprimentos entreguei ao Marquez dos Balbasses o

tratado em portuguêz, e elle o mesmo tempo o em castelhano, e lidos, e conferidos os

ditos tratados, os tornámos a restituhir reciprocamente, e firmando cada hum de nós o

seu ao mesmo tempo, lhe passei eu o meu e elle o que tinha firmado: assigney eu logo

depois do Marquez dos Balbasses, e tornando-lho a restituhir, o passou ao Marquêz

de Capecelatro para assignar em terceiro lugar, como se havia estado praticado no

tratado em portuguêz; o que depois se seguio participei eu ja hontem a Vossa

Excelencia, remetendo-lhe a copia do tratado, no qual com humas riscas se mostrava a

forma do cordão, e nellas a em que se pozerão os sellos.

O Marquéz dos Balbasses ainda me não remeteo a copia do tratado em

castelhano, e por esta rezão a não remetto a Vossa Excelencia cuja pessoa Deos

guarde. Lixboa Occidental 2 de Outubro de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

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/fol. 194/ Carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes, em 7 de

Outubro de 1727

[...] Sua Magestade estimou muito, que Vossa Excelencia fizesse a sua jornada

a Santo Ildefonço, com bom successo, e espera que lhe remetta a rellação que Vossa

Excelencia diz ficava fazendo e fica na intelligencia de haver Vossa Excelencia dado

ao Marquez de la Pâz a ratificação encadernada em velludo com o sello grande, e que

o dito Marquéz entregou a Vossa Excelencia outra na forma commua, como a dos

preliminares, e approvou não pôr Vossa Excelencia difficuldade em recebe-lla.

Vejo o que Vossa Excelencia refere passára com o dito Marquéz de la Páz

sobre os comprimentos que tinha encarregado ao Marquéz dos Balbases da sua parte

em particular, e pella minha carta do primeiro deste, que levou o expresso do dito

Marquéz dos Balbases veria Vossa Excelencia que elle fes a Sua Magestade os ditos

comprimentos em nome do Marquéz de la Páz, e como este agora fés a Vossa

Excelencia novas expressoens do seu obzequio, e veneração, hé /fol.194v/ Sua

Magestade servido, que Vossa Excelencia lhe ratifique o mesmo que já lhe havia ditto

sobre a estimação que Sua Magestade fás da sua pessoa.

[...] A Sua Magestade fis prezente o que Vossa Excelencia me aviza a respeito

do despacho de Luis de Britto Homem, o qual há dias terá chegado com as joyas, que

Vossa Excelencia esperava.

Na carta de 27, que principia = Posto que = a qual veyo pello postilhão de

Pariz, me refere Vossa Excelencia que se detivéra em Santo Ildefonço por esperar a

re[s]posta das preguntas que fes ao Marques de la Páz; e pello que respeita aos actos,

que se hande seguir depois da entrada publica de Vossa Excelencia escrevo em outra

carta.

Remetto a Vossa Excelencia a copia do tratado em castelhano, de que fis

menção em huma das minhas precedentes. Todas as pessoas reais logrão boa saude.

Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 7 de Outubro de 1727. Diogo de

Mendonça Corte Real.

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/fol.195/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes, em 7 de

Outubro de 1727

[...]

/fol.195v/ Pello que Vossa Excelencia me tem escritto, por alguns avizos dessa

Corte , se deve suppor que os Reys Catholicos determinão que os futuros matrimonios

se cellebrem no méz de Dezembro e o mesmo entende o Marquéz dos Balbasses; e de

Pariz me aviza Francisco Mendes de Gões que o Mestre da Guarda Roupa de El Rey

Catholico havia recomendado ao seu correspondente quatro vestidos de ceremonia

para as funçoens, que se farão no dito méz; e porque Sua Magestade terá gosto, de

que os matrimonios se não cellebrem nos tempos prohibidos pella Igreja ainda que

bem sabe, que podem cellebrar-se, ordena o mesmo Senhor que Vossa Excelencia

procure, que essa Corte não rezerve estas funçoens para o tempo do Advento, mas que

ou se antecipem para o fim de Novembro ou se transfirão para Janeiro para o que

lembram a Sua Magestade ou o dia 21 de Novembro dedicado á aprezentação de

Nossa Senhora, ou o de 23 de Janeiro em que se celebrão os seus santos despozorios.

Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 7 de Outubro de 1727. Diogo de

Mendonça Corte Real.

/fol.198/ Carta do Secretario de Estado para o Marques de Abrantes em 19 de Outubro

de 1727

Quarta-feira 15 do corrente pellas sinco horas da tarde chegou o expresso, que

Vossa Excelencia despachou, e por elle recebi déz cartas de Vossa Excelencia de 11

do mesmo, que logo fis prezentes a Sua Magestade, e os papeis nellas incluzos, e

pello alcance, que expedi ao correio dessa Corte no mesmo dia 15 noticiey a Vossa

Excelencia a chegada do referido expresso.

Na primeira carta, que principia = Acho-me = dá Vossa Excelencia conta do

que passara com o Marquéz de la Páz, sobre o que o Marquéz de Capecelatro me

havia comunicado a respeito do coche de Monsenhor Bichi, se o mandasse na

occazião da entrada publica do Marquez de los Balbasses, e fica Sua Magestade

entendendo, que o dito Capecelatro não havia recebido dessa Corte a ordem, que me

suppôz, para não consentir que o coche de Biche prefirisse aos seus na sobredita

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occazião, e eu procurarei aqui falar-lhe neste par, e mostrar-lhe de sorte, que elle se

não escandalize, que não deve fundar-se na supposta ordem:

Mas Sua Magestade acha, que pella, re[s]posta, que deu a Vossa Excelencia o

Marquéz de la Páz, que vem incluza na 3ª carta, não percebeu elle bem, o que Vossa

Excelencia lhe dice; pois que suppoem que o dito Capecelatro queria entrar na

discussão da precedido precedencia dos Ministros estrangeiros; e o que Capecelatro

pertende he, que preferindo-lhe naquella função o coche de Monsenhor Firrão, como

Nuncio de Sua Santidade, não devia consentir a precedencia do de [sic] Monsenhor

Bichi; pello con /fol.198v/ conciderar já fora do ministerio, e como hum simples

prelado, ao que eu lhe repliquey com as rezoens, que participey a Vossa Excelencia; e

assim será conveniente que se lhe advirta, que não deve reputar ao dito Bichi como

simples Prelado, mas como Nuncio; pois como tal esta reputado nesta Corte, e estará

athé sahir destes Reynos e assim ordena Sua Magestade que Vossa Excelencia solicite

se lhe expida a referida ordem, ou se lhe declarem bem a que Vossa Excelencia dice o

Marques de la Páz, se lhe expedia.

Na segunda carta, que principia = Em carta de 9 = refere Vossa Excelencia as

preguntas, que fizera, e no citado papel, que vem na terceira carta, se achão as

re[s]postas do Marquêz de la Páz, e dellas seguirá Sua Magestade o que for servido; e

espera que Vossa Excelencia remetterá as mais, como diz ao Reverendo Antonio

Baptista.

Quanto á terceira carta que principia = Esta não he = com ella remette Vossa

Excelencia o citado papel das preguntas, e a rellação das joyas, e as re[s]postas são

tão modestas, como Vossa Excelencia concidera; e Sua Magestade a respeito das

joyas tomará a rezolução que for servido, e ordena que Vossa Excelencia mande por

hum expresso logo todas as joyas que lá tem, que lhe entregou Antonio Guedes

Pereira declarando qual dos aneis tinha designado para o Mestre de Ceremonias; e

pello que respeita á joya do Marquez de los Balbases segundo o que Vossa Excelencia

refere, não se lhe ha de dar, se não quando se despedir; porem a respeito do Marquez

de Capecelatro, parece se lhe deve dar a joya na /fol.199/ mesma occazião, em que se

der ao de Balbases; porque como elle hé Ministro Ordinario que poderá ainda aqui

rezidir muitos annos, não será justo deixar de dar-se-lhe joya nesta occazião; mas Sua

Magestade hé servido, que Vossa Excelencia tome a intepor o seu parecer sobre este

particular.

[...]

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/fol. 200/ [...] Todas as pessoas reaes logrão de boa saude. Deos guarde a

Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 19 de Outubro de 1727. Diogo de Mendonça

Corte Real.

/fol.201/ Outra carta do Padre Antonio Baptista para o Marquez de Abrantes, em 19

de Outubro de 1727

Hé Sua Magestade servido, que Vossa Excelencia logo com toda a brevidade

faça hum risco, sem pinturas, e a ligeira por não haver mais demora, que mandará a

Francisco Mendes de Gões, para elle mandar abrir em Pariz as armas para humas

toaletas, ou tocadores, que /fol.201v/ se lhe mandão fazer para a Senhora Infanta D.

Maria (como Vossa Excelencia verá da copia de hum § que nesta occazião se lhe

escreve) ponderando Vossa Excelencia em primeiro lugar a forma em que ha de ser

deliniado o escudo, a saber, se ha de fazer as armas das nossas Infantas, ou se ha de

ser, como o das armas de El Rey. Alem disto, se se ha de occupar todo o campo do

dito escudo com as armas somente da Senhora Infanta, ou se ha de ser dividido pelo

meyo, sendo a metade destas ditas armas, e a outra em branco, para nella se porem a

seu tempo as do Principe de Asturias; ou se logo hande vir estas dittas duas rmas,

assim da Senhora Infanta como do Principe seu espozo, postas cada huma em sua

ametade; e o que Vossa Excelencia rezolver, o partecipará logo sem demora alguma

ao dito Francisco Mendes, pelo mesmo expresso. Deos guarde a Vossa Excelencia.

Lixboa Occidental 7 de Outubro de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.201v/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes em 19 de

Outubro de 1727

Em 17 do prezente mêz de Outubro de 1727 pelas 8 horas da noite me avizou

o Marquez dos Balbasses haver-lhe chegado o expresso com a ratificação do tratado

que havíamos firmado no primeiro do mesmo, e que no dia seguinte me buscaria; e

assim o executou, vindo ao mesmo tempo o Marquez de Capecelatro, que héra pelas

10 horas de manhãa do dia 18, e ambos me declararão /fol.202/estavão promptos para

se trocarem as ratificaçoens; respondi-lhes que eu tambem o estava; e assentâmos em

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que elles virião pelas 4 horas da tarde do mesmo dia á Secretaria em que se firmou o

tratado para se permutarem as ditas rateficaçoens.

Chegarão a hora signalada ambos os Embaixadores juntos, e eu os fui esperar

na salleta da dita Secretaria, e depois de feitos os comprimentos nos entregâmos

reciprocamente as rateficaçoens eu, e o Marquez dos Balbasses,e examinando eu a de

El Rey Cathplico e juntamente o Marquez de Capecelatro a de Sua Magestade; porque

o Marquez dos Balbasses lhe pedio, que como mais practico na lingua portugueza a

visse; feitos os exames, e achando-se huma, e outra na devida dorma, fiquei eu com a

ratificação de El Rey Catholico , e o Marquez dos Balbasses com a de Sua Magestade

e acabado o acto congratulando-nos, como havíamos practicado na assignatura, se

despedio o Marquez de Capecelatro, que não consentio que eu o acompanhasse,

pedindo-me ficasse com o Marquez dos Balbasses, o qual esteve comigo por espaço

de hum quarto de hora, e se despedio, pedindo-me o esperasse na manhãa seguinte

porque tinha que dizer-me da parte de El Rey seu Amo. Respondi-lhe que o esperaria,

e o acompanhei athé a porta da dita salleta.

Veyo hoje 19 pelas 10 horas da manhãa, e depois de fazer-me muitas

expressones de estimação da parte de El Rey seu Amo, me entregou huma joya com o

retrato de El Rey seu Amo; e hum anel com hum diamante brilhante para o official

que escreveo o tratado, e outro anel com hum diamante roza /fol. 202v/ para o pagem

do saco. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 19 de Outubro de 1727.

Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.203v/ Carta do Padre Antonio Baptista para o Marquez de Abrantes em 21 de

Outubro de 1727

[...]

/fol.205/ [...] E como neste §º Vossa Excelencia tambem falla nas joyas, me

ordena Sua Magestade diga a Vossa Excelencia que á vista da memoria que Vossa

Excelencia remeteo ultimamente, ou seja re[s]posta, que o Marquez de la Páz fes ás

preguntas de Vossa Excelencia, collige Sua Magestade que o arbitrio, que Vossa

Excelencia lhe deu (e pello qual mandou a Ayres da Cruz se regulasse, e ainda com

excesso de 5 ou 6 mil cruzados) a respeito da joya que Vossa Excelencia dice se devia

dar ao Marquéz de la Páz, e ao official e pagem, o que Vossa Excelencia já vio, e

entregou; collige, digo, Sua Magestade que o tal arbitrio de Vossa Excelencia foi

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diminuto, porque Vossa Excelencia seria menos bem informado, por ser o preço

muito informado ao que o Marquêz de la Páz dá a mayor parte das joyas que descreve

na sua re[s]posta.

Ao que Vossa Excelencia refere no 6§º me manda Sua Magestade lhe diga,

que alguma duvida se lhe offerece no grande abatimento entre a joya de Capecelatro,

e de Balbasses, se se houverem de regula, pelo que o Marquéz /fol.205v/ de la Páz

diz, se praticou com o Duque de São Simão e Montlivrie; e Vossa Excelencia

interportá sobre isto o seu parecer.

[...]

/fol.206v/ [...] A re[s]posta ao §º 18º hé se Vossa Excelencia entender, que

essa Corte se não escandalizará de não haver condução do Conselheiro de Estado e

faltasse ás mais formalidades ao Marquêz dos Balbasses quando der a entrada que não

forem semelhantes ás que se praticão em Madrid com os Embaixadores, como

tambem, que se não entenderá que hé menos grandeza nossa faltarmos á hospedagem

etecetera poderá Vossa Excelencia mover esta especie, e ajustar, que aqui se pratique

o mesmo que nessa Corte, menos o entrar o Embaixador a cavallo, porque nem elle

estará aparelhado, e hé huma couza aqui totalmente nova nos nossos tempos; e cazo

essa Corte se acomode, Vossa Excelencia nos avize com toda a miudeza de toudo o

que ahi se pratica, para que não excedamos, nem faltemos; e não esqueça a Vossa

Excelencia observar, o que praticão os militares, e o numero delles , que se emprega

neste dia, e a forma etecetera. E deve Vossa Excelencia restituhir a Capecelatro o

credito, porque elle não recebeu, nem se lhe deu couza alguma pela hospedagem; e o

que Vossa Excelencia ouvio, não passou de falar-se; e se Vossa Excelencia dice a

alguém, que elle tinha recebido, deve /fol.207/ por algum modo dizer, que tal não há.

[...] Fico com o sentimento da molestia de Vossa Excelencia e da sua cabeça

cauzada do muito trabalho da multiplicidade dos seus despachos pelos quais sérvio

ser grande o motivo da sua queixa; e para servir a Vossa Excelencia estou sempre

promptissimo, pois que tenho muito na minha lembrança a minha de obrigação. Deos

guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 21 de Outubro de 1727. O Reverendo

Antonio Baptista.

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/fol.208/ Carta do Marquêz Carta do Secretario de Estado para o Marquêz de

Abrantes, em 28 de Outubro de 1727

[...]

/fol.208v/ Como o Conde de Rotemberg adquirio reputação em Suecia,

negociando a accepsão daquella Coroa ao Tratado de Hanover, o mandou agora El

Rey Christianissimo a essa Corte, por fiar da sua habilidade que elle conseguirá nessa

Corte terminarem-se os pontos controversos, e o que Vossa Excelencia discorre, sobre

ceder, ou não El Rey Cattolico a pertendida restituição do navio do assento de negros,

o achou Sua Magestade muito judiciozo.

Quanto ao Conde de Brancâz, como elle quando chegar a essa Corte hade

notificar aos Embaixadores e mais Ministros a sua chegada, se praticar com Vossa

Excelencia a mesma ceremonia,e quizer corresponder-se com Vossa Excelencia hé

certo não há de recuzar a correspondencia; e assim se elle fizer a dita notificação, o

mandará Vossa Excelencia comprimentar, e depois hirá Vossa Excelencia medindo os

passos, que o dito Embaixador der a respeito de Vossa Excelencia para por elles

regular o como o ha de hir tratando; e pello que pertence ás suas negociaçoens, a

grande prudencia de Vossa Excelencia se regulará pela que nos podem prejudicar; e

as que nos são indiferentes, para deixar correr estas e encontrar aquellas.

Ainda não tive occazião de falar ao Marquêz de Capecelatro a respeito da

precedencia dos coches do Monsenhor Bichi Firrão; e quando lhe fallar na materia

partiparei a Vossa Excelencia o que com elle tiver passado; e entretanto espero, que

ao Marquês lhe venhão as ordens com as clarezas que a Vossa Excelencia avisey seria

conveniente.

[...]

/fol.209/ [...] Pello que Vossa Excelencia me diz a respeito dos avizos dessa

Corte, em que eu fallei a Vossa Excelencia; vejo se persuadio que eu me valia dos que

vem pella via que Vossa Excelencia sabe dos quais rara vêz tenho noticia, e assim

devo dizer a Vossa Excelencia que os que emtão lhe escrevi, mo communicârão os

Marquezes dos Balbasses, e de Capecelatro, acrescentando o primeiro que em 3 ou 4

do mes futuro se persuadia que Vossa Excelencia faria a sua entrada.

Quanto aos matrimonios, já dice a Vossa Excelencia que Sua Magestade

dezejava, que não se cellebrassem dentro no tempo prohibido pela Igreja; e como

neste se não inclue o que corre da septuagesima athé á cinza, se poderão no mesmo

tempo cellebrar os ditos matrimonios, sem que seja necessario esperarem-se os 7

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mezes, que Vossa Excelencia dice no cazo em que se não possão fazer estas funçoens

no mêz de Novembro; ou que os Reys hajão de sahir dessa Corte antes da Epiphania,

como Vossa Excelencia discorre.

[...]

/fol.209v/ [...] Todas as pessoas reaes logrão boa saude. Deos guarde a Vossa

Excelencia. Lixboa Occidental 28 de Outubro de 1727. Diogo de Mendonça Corte

Real.

/fol. 216/ Carta do Reverendo Antonio Baptista para o Marquêz de Abrantes em 5 de

Novembro de 1727

[...]

/fol.217v/ Sua Magestade me manda lembrar a Vossa Excelencia o negocio da

vizita do Patriarcha; e quanto ao que Vossa Excelencia propôz ao Marquêz de la Paz,

e refere no seu diario, a respeito de que Sua Magestade não admittiria na sua Corte

outro Embaixador que não fizesse semelhante vizita; não tem duvida o mesmo Senhor

que Vossa Excelencia assim o segure, bem entendido, que nesta generalidade se não

entendem os Nuncios, porque como são Prelados ecleziasticos, poderá haver a

respeito delles rezão especial, que os faça exceptuar desta regra; e ainda que Sua

Magestade não diz, que exceptará, ou não os ditos Nuncios quer que Vossa

Excelencia declare que se não entende esta segurança, que Vossa Excelencia fas a

respeito dos Embaixadores com os Nuncios, porque a respeito destes fica Sua

Magestade livre para rezolver em todo o tempo o que for servido; e se Vossa

Excelencia achar ahi exemplo de que os Prezidentes de Castella, ainda sendo

Prelados, não são obrigados a vizitar primeiro os Nuncios, não terá Sua Magestade

duvida que Vossa Excelencia segure tambem ao dito Marquêz, que Sua Magestade

mandará praticar pelo Patriarcha a respeito dos Nuncios esta circunstancia; isto he,

(que não vizitarão os /fol.218/ Patriarchas primeiro aos Nuncios) ao que se dará ca

algum pretexto, ou cor, para que pareça, que esta falta de vizita não hé só por rezão de

Prelado; e sempre aquelle exemplo nos ajudará para nos defendermos de algum

reparo, que talvez se faça em Roma pela reprezentação dos Nuncios mas ainda que

digo a Vossa Excelencia que no sobredito cazo de segurar, isto ao Marquêz de la Páz,

não se entende a haver Sua Magestade de obrigar os Nuncios a que vizitem primeiro o

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Patriarcha, porque isto fica (como asima digo) ao arbitrio de Sua Magestade que

rezolverá o que entender hé conveniente.

Deve Vossa Excelencia tambem declarar, quando este negocio da vizita dos

Embaixadores ao Patriarcha esteja em termos de ajustar-se, que tambem Vossa

Excelencia inclue nelle o haver de preceder-lhe a Vossa Excelencia o Arcebispo de

Tolledo, ainda na propria caza do dito Arcebispo, como tambem o nosso Patriarcha há

de preceder ainda na sua propria caza aos Embaixadores, pois que quando Sua

Magestade encomendou a Vossa Excelencia este negocio das vizitas, foi da sua real

mente comprehender aos Embaixadores em todo o lugar, e ainda nas proprias cazas

dos ditos Prelados; o que digo a Vossa Excelencia porque sempre hé bom preceder

nestes negocios com toda a clareza, para que depois não haja embaraços, nem

queixas.

Vossa Excelencia me tem sempre certo para tudo o que me ordenar no seu

serviço. Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Lixboa Occidental 5 de

Novembro de 1727. O Reverendo Antonio Baptista

/fol.220/ Carta do Padre Antonio Baptista para o Marquez de Abrantes em 12 de

Novembro de 1727

13Recebo a carta de Vossa Excelencia de 31 de Outubro, em que Vossa

Excelencia me diz, que por não lhe cauzar detrimento á sua saude, se não dillatava

nella mais, pois que Sua Magestade lhe mandára recomendar não fizesse excessos

com as expediçoens dos despachos de sorte, que lhe prejudicasse; o que o mesmo

Senhor me torna a mandar repetir a Vossa Excelencia por dezejar que Vossa

Excelencia passe sempre sem molestia.

Em huma das duas cartas, que Vossa Excelencia me escreveo em 27 de

Outubro, me dizia Vossa Excelencia que dentro de dous /fol.220v/ ou tres dias

despacharia o expresso, que ainda esperamos, sendo ja passados 13 desde o dia, em

que aqui chegou o que Vossa Excelencia ultimamente expedio.

A respeito das luminarias, me manda Sua Magestade fazer a Vossa Excelencia

as seguintes preguntas: Se fazendo-se os dois recebimentos em hum mesmo dia, assim

nesta como nessa Corte, não obstante pormos luminarias nesta mesma occazião, se as 13 Á margem: “Esta carta se encomendou conforme se verá na seguinte para o mesmo Marquez de Abrantes de 10 do corrente mêz”.

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201

devemos pôr, quando nos chegar a noticia de se haver feito nessa o do nosso Principe

com a Senhora Infanta D. Maria Anna Victoria?

Se fazendo-se na nossa Corte o cazamento da Senhora Infanta D. Maria em

diverso dia, e chegar primeiro a noticia do cazamento do Principe Nosso Senhor, se se

hande por as luminarias por este cazamento, e ao depois outras quando chegar a

noticia do cazamento do nosso Principe, ou se bastarão as que já se tiverem feito.

Se fazendo-se nessa Corte o recebimento do Principe Nosso Senhor e vindo-

nos a noticia antes de lá se ter feito o da Senhora Infanta D. Maria com o Principe de

Asturias, se se hande pôr luminarias pela dita noticia; e ao depois outras pelo

cazamento da Senhora Infanta?

Se postas as luminarias pelo cazamento da Senhora Infanta D. Maria, e em

algum dos dias dellas chegar a noticia do cazamento do Principe Nosso Senhor, se se

hande acrescentar por este motivo tres dias mais aos do cazamento da Senhora Infanta

D. Maria ou se bastará acrescentar os que faltarem para os 6 dias; vg. Chegando a

noticia ao segundo dia de luminarias bastará serem quatro só os dias, ou se será

necessario, que /fol.221/ acabados os tres dias de lá de cá, continuem outros tres pella

noticia da vinda de la.

O referido se manda recomendar a Vossa Excelencia para que com bom modo,

e sem dar a entender, que procura saber o que havemos de fazer, saiba o que lá se

determina fazer e nos avize logo, para que nem faltemos, nem excedamos. Deos

guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Lixboa Occidental 11 de Novembro de

1727. O Reverendo Antonio Baptista.

/fol.221/ Carta do Secretario de Estado para o Marquêz de Abrantes, em 18 de

Novembro de 1727

Pello correio ordinario recebi 5 cartas de Vossa Excelencia; huma de 3, e

quatro de 7 do prezente mêz, e responderei a ellas regullando-me pellos mesmos

negocios que trazem.

Na primeira que principia = Acho-me= responde Vossa Excelencia no §º

segundo ao que lhe avizava na minha de 19 de Setembro passado sobre o

acompanhamento do Marquez dos Balbasses na sua entrada publica, e devo dizer a

Vossa Excelencia que o Marquez de Capecelatro buscando-me hum dia destes, e

fallando-me na mesma entrada publica de Balbasses se não deu comigo por entendido

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de haver recibido sobre o mesmo particular a carta que Vossa Excelencia me diz lhe

escrever o Marquêz de la Páz; antes preguntando-lhe eu, se havia dado conta á sua

Corte, do que havíamos discorrido sobre hir o coche de Monsenhor Bichi na referida

entrada, me respondeu, que não, porque lhe não fizera força, o que eu lhe havia ditto

nesta materia, pois com effeito /fol.221v/ a Corte de Roma não repputava a Bichi já

como Nuncio mas só a Firrão, que como tal fora recebido nesta Corte e que o não ter

exercicio na jurisdição lhe não tirava o character. Dice-lhe o que já lhe tinha ditto, que

Bichi athé chegar a Roma devia ser reputado como Nuncio, e que ainda que estava

nesta Corte incognito, conservava as prerogativas do seu character, e que Monsenhor

Firrão se achava tambem incognito, sem vir ás funcoens publicas do Paço, e que

assim conciderava a ambos nos mesmos termos; e que no cazo de hir na entrada

publica do dito Marquez dos Balbasses o coche de Monsenhor Firrão, devia tambem

hir o de Monsenhor Bichi no lugar, que lhe compete. Tornou-me a dizer, que elle

tinha ordem da sua Corte, para não conciderar a Bichi como Nuncio mas só a Firrão, e

que assim o havia já declarado a Balbasses, e acrescentou ao que de antes me havia

ditto sobre este particular, que quando fizera a sua função publica na occazião do

baptizado do Senhor Infante D. Alexandre, não rogára a Monsenhor Bichi, para que

mandasse o seu coche, e que a sua Corte lhe approvára isto.

Como o Marquêz de la Páz segurou a Vossa Excelencia sobre este particular,

não havia recebido ordem alguma dessa Corte o dito Capecelatro, infiro do que este

ultimamente me dice, que a ordem, que elle diz ter, será aquella approvação, que

agora me manifestou; e assim será precizo, que o dito Marquez de la Páz mande ver

no rezisto das ordens, que se expedirão a Capecelatro, quando fes a função do

baptizado do Senhor Infante D. Alexandre para ver se se lhe passou a ordem, que elle

diz, e quando se acha, revoga-lla, ou ao menos ordenar-se a /fol.222/ Balbasses, que

se não rogar a Bichi, para na entrada mandar o seu coche, pratique o mesmo com

Firrão, pois que ambos se achão incógnitos, e por esta rezão não assistem ás funçoens

publicas do Paço, como fica conciderado.

Confesso a Vossa Excelencia que tudo isto me parece ordido por Firrão,

porque se enfada muito de que Bichi concorra com elle, e hé provavel, que para evitar

a concurrencia do seu coche com o de Bichi na entrada de Capecelatro tivesse

ajustado com elle, não rogasse a Bichi; para que mandasse o seu coche á aquella

função, e agora trabalha, para que Balbasses pratique o mesmo; e Sua Magestade não

ha de consentir, que elle logre estas destrezas, e por esta rezão me ordena avize a

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Vossa Excelencia da sua parte, solicite que venhão ordens a Balbasses, para que na

sua entrada, ou rogue os sobreditos dous, para que mandem os seus coches, ou não

convide a hum, nem a outro porque Sua Magestade não ha de consentir, que vá o

coche de Firrão, sem hir o de Bichi.

Tendo escritto athé aqui, me veyo buscar o Marquez dos Balbasses, e na

conversação introduzi fallarmos da sua entrada, e referindo-lhe o que me havia ditto

Capecelatro a respeito dos coches de Bichi, e Firrão na mesma entrada, lhe preguntei,

se o dito Capecelatro lhe havia fallado na mateira, e me respondeu, que não, mas que

nas suas instrucçoens se lhe declarava devia convidar para a referida entrada a Firrão,

e não a Bichi, porque já não hera Nuncio, depois que se despedira de Sua Magestade.

/fol.222v/ A vista do que me dice Balbasses, que tenho por certo, será

conveniente que Vossa Excelencia falle ao Marquéz de la Paz na forma, que lhe

parecer mais acertado, pois do que me dice Balbasses manifesta, que o de la Páz

affectou não saber, que se tinha expedido tal ordem quando fallou a Vossa Excelencia

na mateira, tendo-a dado ao mesmo Balbasses nas suas instrucçoens, e procurará

Vossa Excelencia que se revogue aquella ordem na forma, que assima tenho dito; e

que seja feita com brevidade, para que não tenhamos duvidas na entrada do Balbasses,

porque Sua Magestade não há de consentir que elle a faça, hindo nella o coche de

Firrão, sem hir o de Bichi.

Tambem na referida occazião fallei a Capecelatro nas audiencias dos Senhores

Infantes D. Francisco, e D. Antonio e muy desvanecido, de que essa Corte sempre se

conformava com o seu parecer, me respondeu, que quando se preparava para a

sobredita entrada, dera conta á sua Corte, do que os mesmos Senhores Infantes havião

praticado com Monsenhor Bichi nas audiencias, que lhe derão, parecendo-lhe que

havião de ter alguma differença das de El Rey, Rainha e Infantes seus filhos, pois

conciderava os Senhores Infantes D. Francisco e D. Antonio mais desviados da

successão da Coroa, reputando-os como vassallos, e que os Nuncios e Embaixadores

excepto Bichi, nunca forão ás suas audiencias e aque a elle lhe parecia praticar o

mesmo, e dando esta conta, se lhe approvára o seu parecer. Tornei a instar-lhe, com as

rezoens, que já lhe havia dado, mostrando-lhe, que entre os Infantes não havia

differença de estarem mais próximos, ou remotos á successão, mais que para os

lugares, quando estavão juntos, que no mais sempre forão /fol.223/ com a devida

igualdade no tratamento, que dão, e recebem; e preguntei-lhe , se porque o Senhor

Infante D. Alexandre estava mais desviado da successão, e a Senhora Infanta D.

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Maria, pertendia elle trata-llos com differença aos outros Infantes seus irmãos;

respondeu-me, que não, porque estavão na mesma linha, e com os mesmos Reys, e

que os Senhores Infantes D. Francisco e D. Antonio estavão separados; e concluhio

que havendo-lhe a sua Corte approvado aquelle passo, hera ocioza toda a disputa.

Referi a Balbasses o que havia passado com o dito Capecelatro sobre o

particular das referidas audiencias, e me dice, que elle não tinha ordem alguma para

deixar de hir ás audiencias dos Senhores Infantes D. Francisco e D. Antonio, mas que

como Capecelatro lhe advertira não as pedice pellas razoens, que o mesmo

Capecelatro me havia expressado, necessitava elle de novas ordens para pedi-llas. Hé

Sua Magestade servido, que Vossa Excelencia procure ajustar com o dito Marquéz de

la Páz , que se expidão ordens a Balbasses para que vá ás audiencias dos ditos dous

Senhores Infantes pois que os irmãos dos Reys, ou Imperadores, em França, e

Alemanha dão audiencia aos Embaixadores na mesma forma, que as dão os

Soberanos seus irmãos, e athé agora se não vio praticar a pertendida differença de

Capecelatro, vallendo-se Vossa Excelencia de todas aquellas rezoens, que a sua

grande erudição, e consumada prudencia lhe dictarem.

Como a re[s]posta a este §º tem sido tão larga responderey aos mais desta

mesma carta, e das quatro, que tambem recebi de Vossa Excelencia, em outra carta.

Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 18 de Novembro de 1727.

Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.223v/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes, em 18 de

Novembro de 1727

Em outra carta que hoje escrevi a Vossa Excelencia lhe faço menção das sinco

que recebi de Vossa Excelencia; huma com data de 3 de Novembro e as 4, de sette; e

nesta continuarey a responder aos §º da primeira carta, que principia = Acho-me =

que deixei rezervados para esta.

Sua Magestade ficou entendendo o que Vossa Excelencia refere nos §ºs 3º e 4º

e 5º; e pello que respeita a este ultimo, que trata das joyas, ainda o mesmo Senor não

tomou rezolução, e o que rezolver, parteciparei a Vossa Excelencia; e dezeja Sua

Magestade saber, se o segundo Plenipotenciario de França ficou nessa Corte, e se se

lhe deu joya quando concluhirão os tratados, ou se quando se foi; e se esteve muito

tempo em Madrid depois de concluhido o tratado.

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[...]

/fol. 227/ [...]Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Lixboa

Occidental 18 de Novembro de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.227v/ Outra carta do mesmo Padre Antonio Baptista para o Marquez de Abrantes

em 19 de Novembro de 1727

O Secretario de Estado refere a Vossa Excelencia o que passou com os

Embaixadores dessa Coroa a respeito de não hir o coche de Monsenhor Bichi na

entrada publica do Marquez de los Balasses; e tambem do que dicorrerão com elle os

mesmos /fol.228/ Embaixadores sobre o particular das audiencias dos Senhores

Infantes D. Francisco e D. Antonio; e vendo Sua Magestade o producto desta

semana, me ordenou o remetesse a Vossa Excelencia por este expresso, que mandou

despachar com pretexto do projecto sobre a rezolução restituição dos dezertores, para

que observando Vossa Excelencia o que aquelles Ministros discorrerão com o

Secretario, e o que Capecelatro refere no ditto producto conheça que nem este, nem

Balbasses tem as ordens, que suppozerão a respeito de Monsenhor Bichi; e tambem

vera Vossa Excelencia que da mesma carta de Capecelatro se manifesta, que o

Marquêz de la Páz athé agora lhe não tem escritto, como insinuou a Vossa Excelencia

sobre o particular de Bichi; e sendo conveniente não demorar a rezolução dessa Corte

a respeito do coche de Monsenhor Bichi na referida entrada, porque poderá ser

brevemente, me ordena Sua Magestade diga a Vossa Excelencia da sua parte, que

espera, que logo que chegar este expresso, Vossa Excelencia procure ajustar este

negocio por hum dos dois modos que lhe manda apontar pelo dito Secretario; e que a

rezolução dessa Corte nesta materia a partecipe Vossa Excelencia por outro expresso,

pondo Vossa Excelencia cuidado com grande cautella em que as cartas de

Capecelatro, que agora vão no correio ordinario não fação impressão no Marquêz de

la Páz de sorte, que alter o que tiver ajustado com Vossa Excelencia.

Porem como pode succeder, que não seja total muito falço, o que Capecelatro

dice ao Secretario socedera quando fes a sua entrada, isto hé, que dando conta á sua

Corte de não haver convidado o Monsenhor Bichi para mandar o coche, ella lho

approvara, o que talvés se ache nos rezistos de Grimaldo, me ordena Sua Magestade

/fol.228v/ diga a Vossa Excelencia que totalmente se naoa fie, em que hé mentira o

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que Capacelatro dice ao Secretario; porque tambem a Sua Magestade quer parecer,

que em algum producto, que agora não temos tempo de examinar, léo algumas toadas

disto, ou de couza semelhante a respeito de Bichi; e assim deve Vossa Excelencia

prevenir, e rebater qualquer argumento, ou rezão, que o Marquez de la Páz lhe dê

contra o que Sua Magestade dezeja, ainda no cazo, que lhe alegue com as referidas

ordens.

Do mesmo producto reconhecerá Vossa Excelencia que o ditto Capecelatro

havendo discorrido como Secretario sobre as audiencias dos Senhores Infantes D.

Francisco e D. Antonio não falla em huma só palavra nellas, de que bem se pode

inferir, que não tem a approvação dessa Corte, que segurou ao Secretario haver já

recebido; e assim ordena Sua Magestade que Vossa Excelencia falle ao Marquéz de la

Páz a respeito das referidas audiencias na forma, que lhe parecer mais conveniente

instando efficásmente para que se ordene a Balbasses, que quando se pozer em

publico vá as audiencias dos mesmos Senhores Infantes, pois cauzará grande

estranheza nesta Corte ver, que achando Suas Altezas nella o dito Embaixador não os

vai cumprimentar, fazendo esta ceremonia com o Senhor Infante D. Carlos, que se

acha no Campo Pequeno, como Vossa Excelencia sabe.

[...]

/fol.229/ [...]Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Lixboa

Occidental 19 de Novembro de 1727. O Reverendo Antonio Baptista.

/fol.231/Carta do Padre Antonio Baptista para o Marquez de Abrantes em 22 de

Novembro de 1727

[...] Fica Sua Magestade entendendo o que Vossa Excelencia refere a respeito

da joya, que se deu a Joseph da Cunha Brochado.

[...] Pelo que respeita a joya, em que se havia fallado para o Secretario que ha

de servir de notário, /fol.231v/ esta se está acabando, e se remeterá a Vossa

Excelencia juntamente com tres aneis, huma crûz, e a joya ou retrato do Principe

Nosso Senhor, e tudo hirá brevissimamente e Vossa Excelencia entregará a joya, os

aneis, e a crûz, se lhe parecer, conciderando o que fes nessa Corte nas ultimas

occazioens semelhantes; e o retrato do Principe entregará Vossa Excelencia quando

for por estillo.

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[...]

/fol.233/ [...]Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 22 de

Novembro de 1727. O Reverendo Antonio Baptista.

/fol.233v/ Carta do Secretario de Estado para o Marquêz de Abrantes, em 2 de

Dezembro de 1727

1º Chegou o expresso, que Vossa Excelencia despachou em 24 do passado, e

por elle recebi sinco cartas de Vossa Excelencia de 21, 23 e 24 do mesmo; e sendo

prezentes a Sua Magestade me ordenou respondesse que á primeira, que principia =

Neste correio = sobre o particular do recebimento do Principe Nosso Senhor tenho

partecipado a Vossa Excelencia o que Sua Magestade me ordena nesta materia, que

em summa se redûz, a que Sua Magestade não tem repugnancia invencível, para que

se celêbre o matrimonio da Senhora Infanta D. Maria no Advento, e mais tempo

prohibido, que hé athé o dia da Epiphania inclusivé, ainda a que conhece que seria

mayor perfeição, que fôra do dito tempo se cellebrasse, visto que para este

matrimonio não há a dispensação que o Papa concedeu para o do Principe Nosso

Senhor; mas torno a dizer a Vossa Excelencia, que Sua Magestade não repugna a que

se celebre o dito matromonio no tempo em que são prohibidas as bencoens [sic].

[...]

/fol. 235/ [...] 10º Do que Vossa Excelencia refere no §º 11º´fica Sua

Magestade entendendo, que Vossa Excelencia executou, o que o mesmo Senhor lhe

tinha ordenado a respeito da vizita dos Embaixadores ao Patriarcha; e espera o mesmo

Senhor que Vossa Excelencia faça se conclua este negocio á satisfação de Sua

Magestade.

[...]

/fol.236v/ Nos §ºs 2, 3, e 4 falla Vossa Excelencia nas duvidas de

Capecelatro, assim a respeito das carrossas de Bichi, e Firrão como das audiencias dos

Senhores Infantes D. Francisco e D. Antonio; e Sua Magestade espera ver, o que

rezulta das delligencias que Vossa Excelencia tem feito, e ficava para fazer sobre

estes particulares.

Sobre a materia das joyas, em que Vossa Excelencia falla no §º 5º occorre

dizer a Vossa Excelencia que como se devem dar a algumas pessoas das que

acompanharem a Senhora Infanta D. Maria Anna Victoria hé necessario saber

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primeiro o numero, a qualidade, e a graduação das tais pessoas, e o genero de joyas,

que hão de ter; e como Vossa Excelencia sabe, que dando-se retratos se necessita de

mayor despeza, e não caye tambem em algumas pessoas; porque retratos de pequenos

diamantes hé indecente pois que Sua Magestade concidera que retrato menos de outo

mil cruzados se não deve dar, porque se não pode guarnecer bem de menor vallor; he

necessario, que Vossa Excelencia aponte que casta de prezente se há de dar a estas

tais pessoas, como por exemplo, a hum Official de Guerra, e ainda ao General,

Capitães, e mais pessoas, a que se não hao de dar dinheiro e assim. Vossa Excelencia

conciderará nesta materia para interpor o seu parecer quando for possível, mas com o

tempo de se prevenirem estas couzas. O mesmo deve Vossa Excelencia conciderar a

respeito do Conductor, e da mais familia, assim /fol.237/ femenina, como mascolina,

conforme as suas graduaçoens; e Vossa Excelencia procurará informar-se com

destreza do que se fará por essa Corte com a familia da Senhora Infanta D. Maria. E

pelo que toca ao retrato do Principe Nosso Senhor se remetterá a Vossa Excelencia

com brevidade, e fico esperando pela re[s]posta de Vossa Excelencia a respeito do

tempo que se deteve Monsenhor Livrier depois dos cazamentos nessa Corte.

[...]

/fol.238v/ [...] 36. Pelo que pertence á 5ª e ultima carta, que principia = A

concervação da saude = Sua Magestade approva que Vossa Excelencia mandasse pelo

seu criado saber da saude do Marquêz de la Páz, e hé servido, que parecendo a Vossa

Excelencia diga a este Ministro, que partecipando a Sua Magestade a noticia da sua

melhora, Sua Magestade lhe havia ordenado lhe significasse da sua parte a estimára

muito.

[...].

/fol.244v/ Carta do Secretario de Estado para o Marquêz de Abrantes em 20 de

Dezembro de 1727

1º Hontem 19 do corrente pelas onze horas da manhãa chegou o expresso, que

Vossa Excelencia despachou; e por elle recebi as tres cartas de Vossa Excelencia de

12 e 13 do mesmo.

2º Quanto á primeira, que principia = Hontem = devo dizer a Vossa

Excelencia , que a Sua Magestade foi muy sensivel a noticia de continuarem em

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Vossa Excelencia as moléstias, e fica o mesmo Senhor entendendo o que Vossa

Excelencia ajustou com o Marquez de la Páz, sobre haver Vossa Excelencia de ter a

sua audiencia publica em dia de Natal, e nas duas outavas seguintes celebrarem-se os

esponsais, e recebimento e concidera Sua Magestade que no dia dos esponsais se fará

o acto das renuncias, em que Vossa Excelencia não falla e lembro a Vossa Excelencia

o que sobre esta materia se lhe tem escritto.

3º No §º 3º me noticia Vossa Excelencia que nos tres dias das ditas funçoens

se farão nessa Corte luminarias, e fogos de arteficio; e tem Sua Magestade

determinado, que quando aqui chegar a noticia de Vossa Excelencia, de se haverem

celebrado aquelles actos, se ponhão nesta Corte, e em todo o Reyno luminarias por

tres noites, e nas mesmas haja salvas geraes em todas as fortalezas delle, e Vossa

Excelencia terá cuidado de participar por expresso o haver-se executado o

recebimento.

[...]

/fol.245v/ 8. Hé Sua Magestade servido, que Vossa Excelencia avize, em qual

caza se fizerão os ditos esponsais, e como estava ornada, se tinha docel, e a que caza

do quarto, em que Sua Magestade assiste corresponderá a em que lá se fizer a ditta

função;e se emquanto se lê algum papel do referido acto estavão as pessoas reais em

pé, ou assentadas, e a forma em que estavão assentadas, e como assignarão etecetera;

e em que forma de lugar assim da caza, como a respeito do papel da escritura

assignarão, assim Vossa Excelencia como as mais pessoas, se houverem de assignar,

o que Vossa Excelencia referirá: e ordena o mesmo Senhor, que sendo possível

responda Vossa Excelencia ao papel de preguntas, que lhe foi remetido em carta de

João de Leiro sobre /fol.246/ estes mesmos particulares, suprindo Vossa Excelencia

com a sua grande advertencia, o mais que na mesma occazião fosse de notar, ou

acontecesse e nas mesmas preguntas não fosse prevenido e o mesmo fará Vossa

Excelencia pelo que respeita ao acto do recebimento; e com o referido satisfaço aos

§ºs 9º e 10º.

9. Sua Magestade fica entendendo, o que Vossa Excelencia refere nos §ºs 11º

e 12º e 13º da mesma carta, e está certo, que Vossa Excelencia em tudo obrará com

acerto, magnificencia e luzimento, que correspondem a tão solemnes actos; e pelo que

pertence a entrega do retrato no dia do cazamento, conciderará Vossa Excelencia se

seria mais conveniente dar-se no dia dos esponsais; e deve Vossa Excelencia saber ,

que o Marquez de Alegrete deu o de Sua Magestade á Raynha Nosssa Senhora, no dia

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em que a pedio, porem sempre Vossa Excelencia executará o que julgar ser mais do

agrado dos Reys Cattolicos.

[...]

11. Quanto ao §º 2º espera Sua Magestade que Vossa Excelencia solicite a

re[s]posta do Marquêz de la Páz a carta, que Vossa Excelencia lhe escreveo sobre o

cortejo do Nuncio Bichi, e do Arcebispo Firrão na entrada do Marquéz dos Balbasses;

e será conveniente que as ordens, que vierem a Balbasses, e Capecelatro sejao tão

claras, que não dem lugar á menor duvida, e de sorte que elles intimem a Firrão não

mande o seu coche /fol.246v/ na função do ingresso publico de Balbasses; e veja

Vossa Excelencia não se queirão aqui desculpar estes Ministros, com que não

receberão avizo do Marquez de la Páz, e assim será conveniente que Vossa

Excelencia faça que serão se expida logo o dito avizo.

12. No §º 3º trata Vossa Excelencia do ajuste de vizitarem os Embaixadores

dessa Corta [sic] ao Patriarcha , e logo que chegou a noticia da promoção das Coroas,

conciderou Sua Magestade o mesmo que Vossa Excelencia refere; pelo que pode

Vossa Excelencia propor que visto ser actualmente o Arcebispo de Tolledo Cardial,

vizitará Vossa Excelencia o prezente Inquizidor Geral ou algum Prelado que agora

nomear essa Corte, para este effeito; bem entendido que morrendo o tal Inquizidor

Geral ou Prelado, como tambem socedendo a morte do prezente Arcebispo de Toledo,

ficará cessando a dita Concordata a respeito do Inquizidor Geral ou Prelado; e ficará

só em vigor o tratado a respeito dos Arcebispos de Tolledo, ou sejão Cardeaes ou não

sejão; e estes meyos manda Sua Magestade apontar a Vossa Excelencia para que

partecipando-os a essa Corte, reconheça, que como Sua Magestade mandou fazer a

primeira propozição , procura facilitar o ajuste, mandando que o seu Ministro seja o

primeiro que o execute.

[...]

/fol.247v/ [...] 15 Pelo que pertence á 3ª carta, que principia = Em carta do

primeiro = ficou Sua Magestade inteirado de tudo o que Vossa Excelencia diz passára

com o Marquêz de la Páz sobre ter-se mandado sahir do saguão o coche de Vossa

Excelencia; que neste particular obrará conforme entender, e depois de Vossa

Excelencia ter a sua audiencia publica, he sem duvida que Vossa Excelencia não

consentirá, que essa Corte deixe de praticar com Vossa Excelencia tudo o que fizer ao

Embaixador de Alemanha, e ao Nuncio.

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16. A carta para o Marquez dos Balbasses lhe foi logo entregue, e remetto a

Vossa Excelencia a sua re[s]posta. Todas as pessoas reais logrão de boa saude. Deos

guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 20 de Dezembro de 1727. Diogo de

Mendonça Corte Real.

/fol.248/ Carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes, em 23 de

Dezembro de 1727

/fol.248v/ [...] 5º. Vendo Sua Magestade o que Vossa Excelencia refere no §º

4º a respeito da vizita do Secretario de Estado; hé servido, que Vossa Excelencia não

só refira o tempo, e a forma, em que foi para aquella vizita e a em que a executou,

mas que tambem Vossa Excelencia lhe refira, o modo, o tempo, e forma, em que

entende me deve o Marquez dos Balbasses fazer a vizita, e eu recebe-lla; e parecendo

a Vossa Excelencia que seja no mesmo dia da audiencia de El Rey, bem sabe Vossa

Excelencia que aqui acompanha os Embaixadores hum Concelheiro de Estado; e

ainda no cazo de a Vossa Excelencia parecer, que o Marquez dos Balbasses me haja

de fazer em diverso dia a vizita, deve conciderar ja agora, e interpor parecer sobre a

forma, em que outros Embaixadores me devem fazer as suas primeiras vizitas

publicas porque nellas não haverá os embaraços que Balbasses tem,isto he, esponcaes,

etecetera. Se cá se fizerem, na mesma forma, em que lá se tem determinado de

executar; e assim fazendo Vossa Excelencia todas estas reflexoens dirá o seu parecer,

porque hé rezão, que isto fique fixo não só para Balbasses mas para outros

Embaixadores; e quando Vossa Excelencia haja de fazer a vizita ao Marquez de la

Pâz em diverso dia do da primeira audiencia de El Rey (como Vossa Excelencia dis

executaria provavelmente) será rezão neste cazo, que Vossa Excelencia teha ajustado

isto primeiro com o Marquêz /fol.249/ de la Páz, para que a essa Corte, não cauze

algum reparo; mas Sua Magestade concidera, que como a vizita, que aqui se me ha de

fazer por Balbasses he couza nova nesta Corte, sria bem, que a de Vossa Excelencia

fosse regulada pelo costume commum dessa Corte, para que os outros Embaixadores

sem attender a especialidade prezente, não queião dar por estabelecido que no

segundo dia, e não no primeiro devem fazer a vizita aos Secretarios de Estado de Sua

Magestade o que tudo manda o dito Senhor que Vossa Excelencia concidere para

executar o que entender; e me avizará Vossa Excelencia dizendo-me o seu parecer

sobre o que aqui se deve praticar, de sorte, que tenhamos tempo de se ajustar isto com

Balbasses antes da sua entrada publica.

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6º. Quanto ao §º 5º não tenho que responder; e pello que respeita ao 6º pello

que avizey ao Marquez dos Balbasses na carta de que remetto copia, e de que abaixo

fallarei, constará a Vossa Excelencia, que as unçoens de Balbasses provavelmente

principiarão em dia de Reys.

[...]

/fol.250/ [...] 9. Quanto ao §º décimo, occorre a Sua Magestade que seria bom,

que quando Vossa Excelencia propozesse ao Marquez de la Pâz os meyos, que

ultimamente, lhe apontei; lhe dicesse logo juntamente que tinha ordem para executar a

vizita ao Inquizidor Geral, se elle Marquez de la Pâz lhe não apontasse da parte de El

Rey Catholico outro Prelado, e que dali mesmo a hia fazer; pelo que á vista da

propozição do dezejo de Sua Magestade e da demonstração de querer o mesmo senhor

que Vossa Excelencia seja o primeiro que faça esta vizita, executando-a logo, espera,

que Sua Magestade Catholica quizesse se fizesse o tratado sobre a vizita dos

Patriarchas, e Arcebispos de Tolledo; e não haverá rezão justa para os Reys

Catholicos quererem convir neste tratado, prezandos e sempre os Reys de Espanha

tanto de honrarem a Igreja e seus Prelados; e Sua Magestade espera, que Vossa

Excelencia obre nisto com o zello, e authoridade com que costuma empregar-se nos

particulares de seu serviço e gosto.

[...]

/fol.250v/ [...] 12. Sua Magestade fica enttendendo o que Vossa Excelencia

refere nos §ºs 15,16 e 17 e pelo que pertence ao 18 devo dizer a Vossa Excelencia que

ainda que o Nuncio Bichi não teve audiencia publica de despedida, com Conductor,

etecetera se despedio com tudo em audiencia; a que se não pode chamar propriamente

particular; e por esta cauza, e pelo modo, com que o dito Bichi se trata, dice eu a

Balbasses, que elle estava incognito; e Sua Magestade me ordenou insinuasse ao

mesmo Balbasses não só a noticia, que Vossa Excelencia me diz veyo dessa Corte,

que elle me confessou haver recebido, mas tambem lhe dice-/fol.251/ sse não

admitisse entre o seu cortejo coche algum de Firrão, porque Sua Magestade não havia

de consentir, que elle fosse, e o mesmo Balbasses me respondeo, que hera impossível

que Firrão o mandasse, não o convidando elle para aquelle cortejo.

13. Fallando tambem hontem, quando me buscou o ditto Marquêz no

particular das vizitas dos Senhores Infantes D. Francisco e D. Antonio, de que Vossa

Excelencia trata no §º 19; e dizendo-lhe claramente,que Sua Magestade queria, que

elle fosse a audiencia dos mesmos Senhores, me declarou, que não o podia executar,

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sem primeiro ajustar o ceremonial; pois ainda que nas suas instrucçoens se lhe

ordenára fosse á audiencia de todos os Senhores Infantes sem distinção alguma, a que

aqui fizera o Marquez de Capecelatro a respeito dos Senhores Infantes irmãos, dera

motivo, a que da sua Corte se lhe ordenasse não fosse a audiencia dos dittos Senhores,

sem que primeiro se ajustasse o ceremonial; eu lhe dice, que este estava ajustado com

os mesmo Senhores Infantes, como se vira em repetidas audiencias que tiverão do

Nuncio do Papa, e com o Senhor Rey D. Pedro, quando hera Infante, e que não

necessitava de novo ajuste; tornou-me a responder que tinha ordem para não hir sem

preceder o tal ajuste; e como isto hé differente do que la declarou a Vossa Excelencia

o Marquêz de la Pâz, se fas precizo, que Vossa Excelencia falle ao dito Marquêz para

que ao dos Balbasses se lhe revogue a segunda ordem, que elle dis se lhe passou.

14. Quanto ao §º 20 espera Sua Magestade que Vossa Excelencia lhe ê a

noticia individual das joyas, que lhe parece se dem, e as pessoas quem se hande dar, e

a forma de /fol.251v/ cada joya, e medalha; e mais abaixo tornarei a fallar nesta

materia e pelo que toca a joya para Capecelato avizarei a Vossa Excelencia o que Sua

Magestade rezolver.

[...]

/fol. 253v/ [...] 23. Pelo que pertence á 4ª e ultima carta, que principia =

Pouco tenho = ficou Sua Magestade entendendo tudo o que Vossa Excelencia nella

refere athé §º 4º e devo dizer a Vossa Excelencia que Sua Magestade se agradou, do

que Vossa Excelencia obrou sobre a hospedagem se haver de ommittir; e pello que

respeita ao 5º espera Sua Magestade que Vossa Excelencia remetta logo logo, e com

toda a mayor brevidade a copia da cessão, examinando bem, se está conforme com a

original.

24. Como o Marquez dos Balbasses me declarou não tinha ordem para rogar, e

vizitar as testemunhas, que forem pela sua parte como assima refiro, será precizo, que

Vossa Excelencia /fol.254/ advirta se lhe remetta.

25. Sua Magestade hé servido, que Vossa Excelencia o informe logo, se os

Infantes dessa Coroa assignão as escrituras que se hão de celebrar, e a forma, em que

assignão, e os lugares, em que no papel poem as suas firmas, tanto a respeito dos

Reys, e Principe, como huns dos outros, e do Embaixador e o que se pratica com os

Infantes que ainda andão em faxas, para aqui se praticar o mesmo a respeito do

Senhor Infante D. Alexandre; e tambem dirá Vossa Excelencia o que pratica a

Raynha e a Senhora Infanta D. Mariana; e manda-me Sua Magestade recomendar a

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Vossa Excelencia que logo que se fizer o recebimento no mesmo dia , despache Vossa

Excelencia expresso com esta noticia.

[...].

/fol.253/ Lembranças

[...] Sobre joyas se há de conferir com os Ministros, e ainda que a Sua

Magestade parece bem que se dem duas joyas a Capecelatro na forma que dis o

Marquez de Abrantes, com tudo lhe ocorre, que parecia deverem dar duas a

Balbasses; porque seis só hé pelas funçoens, e por ser Embaixador que há de entrar a

despedir-se publicamente, e que tem aqui estado varios tempos, concorrem em

Balbasses quazi as mesmas circunstancias, que em Capecelatro; pois que lhe falta só a

de estar ca muitos anos. Ao que acresce haver o Imperador dado dois prezentes ao

Marquez de Alegrete.

[...]

/fol.256v/ Carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes, em 8 de Janeiro

de 1728

1. Como Vossa Excelencia na carta particular, que me escreveo em 29 de

Dezembro passao me dis haver recebido pello postilhão que havia chegado a minha

carta de 23 do mesmo, no §º 13º da qual lhe fallava, no que havia passado com o

Marquez dos Balbasses sobre a audiencia dos Senhores Infantes D. Francisco, e D.

Antonio, respondendo ao §º 19º da carta de Vossa Excelencia de 16 do dito mês,

concidero que pello expresso que Vossa Excelencia me dis ficava para despachar, me

participará Vossa Excelencia o que passou com o Marquez de la Páz sobre este

assumpto, que como Vossa Excelencia sabe, principiou em Novembro, como

partecipei a Vossa Excelencia em carta de 18 do mesmo, referindo-lhe o que havia

passado a respeito das ditas audiencias com o Marquez dos Balbasses de Capecelatro,

e tambem com o Marquez dos Balbasses que me declarou, como então avizei, que

sem nova ordem não podia pedi-llas, e que sendo o referido prezente a Sua

Magestade, ordenára a Vossa Excelencia procurasse ajustar com o Marquêz de la Páz

expedirem-se as ordens ao dito Balbasses, para que fosse ás audiencias dos dittos

dous Senhores Infantes, pois que os irmãos dos Reys em França davão audiencia aos

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Embaixadores na mesma forma, que os davão os Soberanos seus irmãos, e que athe

agora se não vira praticar-se a pertendida differença de /fol.257/ Capecelatro;

ordenando tambem Sua Magestade a Vossa Excelencia que se valesse de todas

aquellas rezoens que a sua grande erudição e consumada prudencia lhe dictassem.

2. A esta carta de 18 de Novembro me respondeu Vossa Excelencia em carta

sua de 23 do mesmo nº 3º que principia = Tenho escritto = e no §º 4º della tratando

Vossa Excelencia da muita confiança e animozidade de Capecelatro, e da pouca

sinceridade de Balbasses advertindo-me olhasse que hera de sangue genovês; me diz

Vossa Excelencia as palavras precisas, fallando de Balbasses: Saiba que tem na sua

mão as ordens de seu amo para se regular nesta parte pela vontade de El Rey Nosso

Senhor, mas eu tambem nesta parte dependo do restabelecimento do Marquez de la

Páz etecetera. E restabelecido este, deu Vossa Excelencia conta a Sua Magestade na

citada carta de 16 de Dezembro do ditto §º 19; respondendo Vossa Excelencia à

minha de 2 do ditto me dis ao que lhe avizava no §º 20 della, que o mesmo Marquez

affirmára como homem honrrado, que o de Balbasses tem ordem pozitiva para se

regular nesta materia conforme for o agrado de El Rey etecetera.

3. Fundado naquella affirmativa do Marquêz de la Pâz, em haver elle recebido

o seu expresso no Sabbado, fallei Segunda-feira 5 do corrente ao Marquez dos

Balbases da parte de Sua Magestade dizendo-lhe que havendo o Marquêz de la Pâz

affirmado a Vossa Excelencia que elle Balbasses tinha ordem pozitiva para no

particular das audiencias dos dittos /fol. 257v/ dous Senhores Infantes se regular

conforme o agrado do mesmo Senhor não podia ter duvida elle Balbasses de hir ás

audiencias dos referidos Senhores Infantes; e que como no dia seguinte tinha a sua

audiencia publica, a devia tambem pedir aos mesmos Senhores Infantes, que havião

no dia 20 prezenciar com Sua Magestade o acto das escrituras dos esponsais; e seria

muy estranho não ter elle hido antes ás suas audiencias.

4. Respondeu-me que o Marquez de la Pâz podia dizer o que lhe parecesse;

que as ordens que elle tinha herão as seguintes, e as referirei a Vossa Excelencia

como elle mas dice.

5. Que se lhe aprovára sospender pedir audiencia aos Senhores Infantes D.

Francisco e D. Antonio e que se lhe ordenava ajustasse comigo o ceremonial, e que do

que eu lhe propozesse a respeito do dito ceremonial desse conta para El Rey Cattolico

rezolver o que fosse servido; e que á vista de huma tal ordem não tinha elle arbitrio

algum; e que se obtivera podia eu segurar a Sua Magestade que elle estimaria muito

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satisfazer ao seu real agrado, hindo as dittas audiencias. E vindo-me depois da sua

audiencia publica vizitar de formalidade lhe tornei a fallar na materia; e me tornou a

ratificar o mesmo, que me havia ditto, prometendo-me dar conta a essa Corte de tudo

o que sobre este particular das audiencias dos Senhores Infantes irmãos tinha passado

comigo, e supponho que assim o executará pelo expresso que me dice havia de

despachar.

6. /fol.258/ Resta agora averiguar Vossa Excelencia qual dos dois Marquezes

erra no que dizem, porque eu aqui não posso convencer o dos Balbasses; e hé Sua

Magestade servido, que se pelo expresso que Vossa Excelencia me avizou despachava

não vier já concluhido este negocio das dittas audiencias, Vossa Excelencia procure

efficazmente venha ordem pozitiva a Balbasses para hir ás audiencias dos mesmos

Senhores Infantes sogeito ao mesmo ceremonial das de Sua Magestade; nos parece

não pode haver duvida à vista do que o Marquêz de la Páz affirmou a Vossa

Excelencia, e quando essa Corte difficulte a expedição da sobreditta ordem, ordena

Sua Magestade que Vossa Excelencia declare, que Sua Magestade não há de receber

Embaixador algum dessa Coroa, que pozer difficuldade a hir á audiencia dos

Senhores Infantes seus irmãos; pois isto alem de ser justo; fica reciproco para os

Embaixadores de Sua Magestade praticarem o mesmo nessa Corte, havendo nella

Infantes irmãos; declarando Vossa Excelencia que sem Balbasses hir áquellas

audiencias, não terá a de despedida. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa

Occidental 8 de Janeiro de 1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.258/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes em 8 de

Janeiro de 1728

[...]

/fol.259/ Na carta de 25 que principia = Esta he a terceira = refere Vossa

Excelencia a forma, em que foi a sua audiencia publica, e Sua Magestade se agradou

do grande luzimento, com que Vossa Excelencia fes esta função, e do que nella obrou,

e me manda louve a Vossa Excelencia o modo, com que solicitou, e conseguio, que o

seu coche entrasse no saguão , como Vossa Excelencia diz se havia praticado, ainda

que por erro, com o Embaixador da Alemanha.

Pelo que pertence á carta de 26 nº 2º que principia = chegando = ficou Sua

Magestade entendendo, que pellas tres horas do mesmo dia da audiencia, foi Vossa

Excelencia no coche de El Rey vizitar o primeiro Secretario de Estado Marquez de la

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Páz e como Vossa Excelencia não refere circunstancia alguma desta vizita conciderou

Sua Magestade que o ditto Secretario o recebeu e acompanhou na mesma forma, que

praticou na primeira vizita que Vossa Excelencia lhe fes quando chegou a essa Corte.

Nesta mesma carta dá Vossa Excelencia conta do que se passou no acto da

escriptura dos esponsais, remetendo hum mappa da caza, em que estavão os Reys,

Principe, e Infantes, e as mais pessoas, que prezenciavão a função, e dezejava Sua

Magestade que Vossa Excelencia declarasse se a Senhora Infanta D. Maria Anna

Victoria hoje Princeza do Brazil se levantou do seu lugar para hir firmar no bofette

dos Reys as escripturas, ou se lhe levarão o bofette, e que pessoas conduzirão este;

porem como Vossa Excelencia o não expressou, mandará Sua Magestade praticar no

semelhante acto, que estamos para fazer, o qe tiver por mais decorozo; e tambem

Vossa Excelencia não declarou o lugar em que esteve neste acto o Cardeal de

Astorga.

/fol.259v/ Pelo que toca a carta de 26, que principia = Fui a Palacio = Sua

Magestade está certo, que Vossa Excelencia não havia de faltar em hir ao Paço fazer

os obezequiozos cortejos, que refere fes a Suas Magestades Cattolicas, e Altezas; e

espera que Vossa Excelencia responda ás preguntas, que de ordem de Sua Magestade

lhe fis, das quais Vossa Excelencia faz menção na mesma carta. Deos guarde a Vossa

Excelencia muitos anos. Lixboa Occidental 8 de Janeiro de 1728. Diogo de Mendonça

Corte Real.

/fol.259v/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes, em 8 do

corente mes de Janeiro 1728.

[...]

/fol. 261/ [...] O Marquez dos Balbasses teve antehontem a sua audiencia

publica; e a pressa, com que despacho este postilhão não dá lugar a referir as

circunstancias della, nem tambem a responder ás cartas de 2, e 3 do corrente que

hontem recebi pello expresso, que Vossa Excelencia ultimamente me despachou, e

tudo satisfarei pello expresso, que hei de despachar depois de feitas as escritturas, que

se hande assignar Sabbado; e do recebimento que se ha de celebrar no dia seguinte

Domingo 11 do corrente.

Todas as pessoas reaes logrão perfeita saude. Deos guarde a Vossa Excelencia

muitos anos. Lixboa Occidental 8 de Janeiro 1728.

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P.S. Sua Magestade hé servido que eu avize a Vossa Excelencia que sobre o

particular das joyas a respeito do qual respondeu a Vossa Excelencia o Marquêz de la

Pâz á margem do papel de Vossa Excelencia interponha Vossa Excelencia o seu

parecer, sobre /fol.261v/ qual tempo será mais oportuno para se darem as dittas, para

Sua Magestade tomar a rezolução, que tiver por conveniente.

Devo tambem dizer a Vossa Excelencia que ordena o mesmo Senhor mande

Vossa Excelencia os maços, que vão para Roma por hum alcance a Barcelona. Diogo

de Mendonça Corte Real.

/fol.261v/ Carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes, em 12 de

Janeiro 1728

1. Ainda que despacho a Vossa Excelencia ete expresso com bastantes

occupaçoens só a fim de participar-lhe, como Sua Magestade ordena, haverem-se

celebrado antehontem os actos das escrituras, e recebimento, não deixarei de

responder ás cartas de Vossa Excelencia de 2, e 3 do corrente, que recebi pelo ultimo

expressão, e a de 4 do mesmo, que me remeteo o Marquêz dos Balbasses,

satisfazendo aos principais pontos dellas.

2. Quanto á primeira que principia = Acho-me = como Sua Magestade o

concidera a Vossa Excelencia já livrado do trabalho de tantas funçoens juntas,

estimará muito que Vossa Excelencia se ache ja sem a molestia, que ellas lhe

cauzárão , e o mesmo Senhor fica entendendo tudo o que Vossa Excelencia refere

athé o §º 5º ao qual já satisfis partecipando a Vossa Excelencia que o Marquêz dos

Balbasses me vizitára no mesmo dia, ou noite, em que teve a sua audiencia publica; e

tambem fica satisfeito o §º 6º com o que tenho referido a respeito da audiencia de

Balbasses.

[...]

/fol.263/ [...] 13º. Passo a responder a ultima carta de 4 que principia agora,

com a qual Vossa Excelencia remette a re[s]posta do Marquêz de la Pâz a carta, que

Vossa Excelencia lhe havia escritto sobre as audiencias dos Embaixadores dessa

Coroa aos Senhores Infantes D. Francisco e D. Antonio e em substância conthem o

mesmo, que o ditto Marquez de la Pâz avizou ao dos Balbasses, e como este tinha ja

feito a função da sua audiencia publica, e logo se seguirão as outras duas, acabadas

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hoje as festas, fallarey neste particular ao mesmo Balbasses; e Capecelatro ainda se

mostra renitente dizendo, que a ordem que veyo ao Marquez dos Babasses ainda que

falla nelle, não lhe sufficiente mas que necessario de ordem especial, porem creyo,

que cederá desta teima.

14. As festas forão luminarias, e fogo de arteficio /fol.263v/ que couberão no

tempo, pois que somente se poderão fazer varias castas de fogo do arteficio, tendo

succedido tambem para difficultar a mayor fabrica o successo de morrerem alguns

mestres, e se acharem outros enfermos, por hum descido que houve no Forte da

Junqueira, aonde se fabricava a mayor parte do fogo; houve tambem em cada noite

tres salvas geraes do castelo, torres, fortes, e navios e quandidade de mortaletes, ou

recamaras, e a machina de fogo esteve illuminada em todas as noites, da qual machina

remetterei a Vossa Excelencia se estampando, a forma, que em cada noite teve

alguma variedade quando coube no tempo, e tudo se fes como foi possivel no pouco

tempo que houve, havendo demais na noite de hontem repetidas cargas de infantaria

no Terreiro do Paço, formada em huma figura vistoza.

15. Houve tambem na noite de hontem depois do fogo hum festejo de muzica,

e em língua italiana em huma caza do 4º da Raynha , estando assim os que cantavão

com os sonadores, em huma especie de theatro; e remetto a Vossa Excelencia alguns

exemplares do ditto festejo, a que assistirão os Embaixadores em hum camarote com

______[?] e tambem assitirão os Embaixadores dos fogos em huma janella do Paço,

vindo particularmente para este acto, em que estiverão assistidos de hum porteiro da

caza, e se lhe offereceu chicolate, e huma corbelha com doces, e agua por alguns

reposteiros; o que tambem se repetio no festejo de muzica.

16. Hoje se praticará o mesmo a respeito do fogo, salvas, e luminarias, e virão

segundo entendo, os Embaixadores ver o fogo.

/fol.264/ [...]. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lixboa Occidental 12 de

Janeiro 1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

[...]

/fol.264/ Outra carta do Secretario de Estado para o Marquez de Abrantes em 12 de

Janeiro 1728

1º Pello ultimo postilhão participei a Vossa Excelencia que o Marquez dos

Balbasses tivera a sua audiencia publica em dia de Reys, e que fizera /fol.264v/ esta

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função com luzimento, e ainda que acabou ja de noite, veyo na mesma noite vizitar-

me, com todos os coches, e familia com que tinha hido á dita audiencia.

2º No Sabbado pelas tres horas da tarde veyo o ditto Marquez em huma liteira

sua com o Marquez de Capecelatro, trazendo-o no assento de diante ao ditto

Capecelatro; vinha com todos os coches, com que fes a entrada, e com nova libré

muito luzida.

3. O acto da assignatura se fes na caza das procissoens, na qual entrarão os

Embaixadores antes que Suas Magestades e Altezas viesse, que não tardarão muito.

Fes-se o circulo na forma que nessa Corte, principiando pellos Cardeais da Cunha e

da Motta; seguia-se o Conde de Pombeiro como Capitão da Guarda, e logo os

Embaixadores; a estes o Duque de Lafoens, o Arcebispo de Lacedónia, o Bispo de

Leitira, Deão, Chantre da Santa Igreja Patriarchal, dois conegos presbíteros; e dous

Diaconos dos mais antigos daquelas ordens, e segiam-se as mais pessoas nomeadas na

escrittura, de que remetto a Vossa Excelencia copia; menos os dez artigos do tratado

que aqui se fes, e ainda entrarão no mesmo circulo mais alguns titulos.

4. Lida por mim a escrittura, firmarão Suas Magestades e Altezas na forma,

que Vossa Excelencia verá, e depois em outro bofete os Embaixadores; a Corte estava

summamente luzida com magníficos vestidos de ouro, e prata.

5. Hontem se celebrou o acto do recebimento com a mayor magnificencia,

gravidade e concurso, que eu ahté emtão vi; porque toda a Corte estavam muy luzida

e com vestidos de capa; e principiando-se a função pelas duas horas, e meya da tarde,

chegou Sua Magestade ao seu quarto dando ogo as etue Marias.

6. Sahio Sua Magestade com o Principe, e Infantes seus irmãos das cazas

interiores do quarto de Sua Magestade e /fol.265/ estavão já os Embaixadores na caza,

em que Sua Magestade costuma dar ordinariamente audiencia, e assim na ditta caza,

como nas mais de fora, se achava toda a Corte, a qual se encaminhou precedida dos

porteiros da caza, e dos das massas, reys de armas, arandos, e passavantes, na forma

costumada, athé o quarto da Senhora Infanta hoje Princeza de Asturias, e entrando

Sua Magestade e Suas Altezas a buscar a Raynha Nossa Senhora, Infanta hoje

Princeza, ficarão os Embaixadores esperando no quarto, que como Vossa Excelencia

sabe se commnunica com o da Raynha Nossa Senhora,

7. E vindo Suas Magestades, se continuou a marcha para a Bazilica Patriarchal

pelas escadas do Passo , que vão ao patio, em que está huma das portas, por onde se

sobe á ditta Igreja.

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8. Os dous Embaixadores hião diante dos Senhores Infantes D. Francisco e D.

Antonio; a este se seguião os Senhores Infantes D. Pedro e D. Alexandre.

9. Logo o Senhor Infante D. Carlos, que algumas vezes hia no meyo dos ditos

dois Senhores seus irmãos, e estes tres Senhores Infantes estavão no quarto da Raynha

quando Sua Magestade foi a elle. Seguia-se o Principe, e ao lado de Sua Alteza, e dos

Senhores Infanes hia hum criado; e ao do Principe o Marquez de Marialva

Gentilhomê da Camara de Sua Magestade que servia a Sua Alteza neste acto; e aos

tres Senhores Infantes filhos tres viadores da Raynha; e ao dos Senhores Infantes seus

irmãos dous dos seus gentis-homens da Camara.

10. Seguia-se a El Rey, e ao seu lado direito mais para diante hia o Conde de

Assumar, que neste acto servia de Mordomomor , e da parte esquerda tambem ao lado

de Sua Magestade o Marquez de Alegrete Gentil-homê da Camara /fol.265v/ de

semana. Seguia-se a Raynha Nossa Senora levando a Senhora Infanta hoje Princeza

pela mão encostando-se com a outra ao Marquez da Fronteira seu Mordomo-mor, e a

Senhora Infanta hoje Princeza no Marquez de Angeja, que serve de seu Mordomo-

mor. Levava a cauda da Raynha D. Ignez da Sylva dona de honor; e a da Senhora

Infanta hoje Princeza levava a Marqueza Camareira mor por ordē sua, em que se não

nomeam as criadas, que hande servir a Sua Alteza. Seguiam-se as mais donas de

honor, e a estas as damas com a cometiva costumada.

11. Quando Suas Magestades entrarão na Igreja hião já passando os Conegos,

e parentes do Patriarcha, o qual chegou defronte da porta ao mesmo tempo, que Sua

Magestade, e no lugar costumado lançou agoa benta primeiro em sy, e depois ás

pessoas reais e collegio dos Conegos, e ás mais pessoas em circulo, e continuando-se

a marcha levou Sua Magestade a mão direita o Patriarcha hindo em diante do

Ministro do Baculo o Principe, e os Senhores Infantes dous a dous , e o Senhor

Infante D. Carlos como asima fica ditto, e o mais cortejo de Embaixadores e parentes

do Patriacha, hindo o collegio dos Conegos na forma, e lugar costumados, immediatos

á cruz Patriarchal e diante della as mais pessoas ecleziasticas, e a Corte secular, na

forma e lugares costumados.

12. Aqui se seguirão assim as oraçoens na Cappella do Santissimo; como na

Cappela do Senhor Serenissimo Patriarcha no seu genuflexório e junto a elle algum

tanto atraz sobre almofadas Suas Magestades e Altezas e os Embaixadores e parentes

do Patriarcha , e os criados das pessoas reais que lhes hião assistindo no ingresso da

Cappela.

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13. Feita a oração se procedeu com a ordem /fol.266v/ antecedente para a

Cappela mor indo o Patriarcha no seu falistorio e Suas Magestades e Altezas com

almofadas mais atrás fizerão a devida oração depois da qual o Patriarcha sobio ao

altar mor, e em sima do supedâneo se sentou em huma cadeira elevada, e com hum

degrao fixo aos pes.

14. Prezentou o Marquez dos Balbasses o pleno poder do Principe de Astruias

juntamente com o treslado authentico traduzido em português; e ambos entregou Sua

Magestade de joelhos (sobindo para isto ao altar) ao Patriarcha o qual por mão do

supremo Diacono assistente o entregou ao seu Secretario e este leu a tradução em

portuguez: e o ditto plenopoder, e seu treslado tinha eu entregue ao Patriarcha para os

examinar, e approvar; elle mos tinha mandado restituhir para os dar ao Marquez dos

Balbasses.

15. Logo o Patriarcha fes o interrogatorio da forma seguinte = Vossa

Magestade vem como procurador do Serenissimo Principe de Asturias D. Fernando

contrahir matrimonio com a Serenissima Infanta de Portugal D. Maria ?= a que Sua

Magestade respondeu = venho = E a Sua Alteza preguntou = Vossa Alteza vem por

sua livre vontade contrahir este matrimonio com o Serenissimo Princioe das Asturias

D. Fernando ? = a que Sua Alteza respondeu = venho =.

16. Depois o primeiro Diacono assistente mandado do Patriarcha publicou,

que quem soubesse de algum impedimento canónico por onde se não podesse

contrahir este matrimonio o declarasse sob pena de excomunhão ; e o sobreditto

Secretario do Patriarcha leu hum Breve, por onde dispensava nas denunciaçõens.

17. Fes logo o Patriarcha aos contrahentes huma pratica /fol.266v/ que manda

o ritual portuguez, em que se declarão as obrigaçoens do matrimonio; e logo des o

Patriarcha o segundo interrogatorio na forma seguinte = Vossa Magestade como

procurador do Serenissimo Principe de Asturias D. Fernando quer em seu nome

receber a Serenissima D. Maria Infanta de Portugal aqui prezente por sua legitima

mulher como manda a Santa Madre Igreja Romana? = ao que Sua Magestade

respondeu = quero= e logo perguntou a Sua Alteza = Vossa Alteza quer receber o

Serenissimo D. Fernando Principe de Asturias por seu legitimo marido, como manda

a Santa Madre Igreja Romana, mediante a real pessoa de Sua Magestade aqui

prezente como seu procurador ? = a que Sua Alteza respondeu = quero = e antes que

respondesse, posta de joelhos beijou a mão a El Rey e á Raynha.

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18. Logo o Patriarcha respondeu Dados os consentimenos se receberão com

as ceremonias de dar as maos, conforme o ritual português dizendo El Rey = Eu El

Rey como procurador que sou do Principe de Asturias D. Fernando em seu nome,

recebo a vós D. Maria Infanta de Portugal por sua legitima mulher assim como manda

a Santa Madre Igreja Romana = e Sua Magestade = Eu D. Maria Infanta de Portugal

recebo por meu legitimo marido ao Principe de Asturias D. Fernando, assim como

manda a Santa Madre Igreja Romana, mediante a pessoa de Vossa Magestade como

seu procurador = dizendo logo o Patriarcha as palavras de ajuntamento, e botando-lhe

depois agoa benta.

19. Logo o Patriarcha benzeo, como ordena o ritual romano, e o entregou a

Sua Magestade que o meteo no dedo anelar da Senhora Infanta já Princeza, e o tal

anel sendo de hum /fol.267/ só diamante tinha pela parte de dentro gravadas as palaras

em breve = Princ. Ferdinandus.

20. Cantou-se logo solemnemente o Te Deum Laudamus principiando pelo

Patriarcha, e acabado o hyno e cantadas pelo Patriarcha as oraçoens que o ritual

manda dizer em occazião de acção de graças, deu a bênção solemne, e se publicarão

as indulegencias, depois do que se fes a costumada oração antes de sahir da Cappela

mor.

21. Feito tudo o sobreditto voltarão Suas Magestades e Altezas e a mais Corte

na forma em que tinhão hido, fazendo tambem oração na Cappela do Santissimo na

fomra sobreditta, e o Patriarcha se apartou de Sua Magestade no mesmo lugar, em que

ambos se tinhão encontrado e foi logo andando para a caza dos Paramentos, e Sua

Magestade partido lhe foi andando para a porta por onde tinha entrado na Igreja e a

Corte foi seguindo a sua marcha athé o quarto da Senhora hoje Princeza , e ahi

esperou, que Sua Magestade fosse conduzir a Raynha e a Princeza athé a camara de

Sua Magestade; antes da qual assim na Caza dos Espelhos , como nas sinco cazas que

se lhe segue estavao todas as Senhoras da Corte magnificamente vestidas, para

beijarem a mão, o que executarão, voltando Sua Magestade com Suas Altezas veyo na

forma em que tinha hido para o seu quarto, e os Embaixadores se forão para as suas

cazas, e voltando logo assistirão ao fogo e ao festejo armonico, que se fes em huma

especie de theatro no quarto da Raynha, onde tiverão assim os Cardeaes como o

Patriarcha, Embaixadores, e mais Corte de hum, e outro sexo, camarotes com

gelosias, estando na caza sentados em cadeiras Suas Magestades, a Senhora princeza,

o Principe e os Senhores Infantes , e os Officiaes da caza em pê , e a Camareira mor, e

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donas sentadas na forma costumada. . Deos guarde a Vossa Excelencia muitos anos.

Lixboa Occidental 12 de Janeiro 1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol. 268v/ Outra carta do Padre Antonio Baptista para o Marquez de Abrantes em 20

de Janeiro de 1728

[...]

/fol.269v/ Já Vossa Excelencia terá sabido, que não só Sua Magestade approvou, e

estimou o que Vossa Excelencia fes no negocio da hospedagem dos Embaixadores,

mas já que o pôz em praxe, isto hé, que ja Balbasses a não teve.

A carta de 26 tenho só que dizer a Vossa Excelencia por não ser dilatado, que Sua

Magestade ainda que phizicamente não vê o coração de Vossa Excelencia, o

conhecimento bem pelo amor, e acerto, com que sempre o servio, e serve; e quanto ás

funçoens, que Vossa Excelencia tem executado , todas as noticias, que aqui chegão

confirmão o acerto, e luzimento com que Vossa Excelencia as fes, e quanto ao Frei

João Tamayo, Sua Magestade me ordena diga a Vossa Excelencia lhe beije o habito

da sua parte e lhe peça o encomende a Deos, e lhe rogue pello bom successo destes

matrimonios e que juntamente lhe segure, que Sua Magestade estimou muito a sua

lembrança, e que o Senhor Infante D. Antonio tambem me ordena diga o mesmo a

Vossa Excelencia.

[...]

/fol.270/ 9. Quanto á de 8 vio Sua Magestade com gosto a rellação da Cappela em

que El Rey Cattolico assistio com o Principe dia de Reys, e poucos Embaixadores a

saberião descrever com o acerto, e propriedade com que Vossa Excelencia o executou

e tambem com a miudeza , que Sua Magestade dezeja; e só reparou em não declarar

Vossa Excelencia a materia do tamborete de thezouras do Mordomo-mor , que

suppomos não teria almofada , porque Vossa Excelencia o não declara. Tambem

Vossa Excelencia não dice do banquinho do Cappelam de guarda de que mateira era;

estimou porem Sua Magestade ver, que o Patriarcha de Indias, ou seja o Cardeal de

Borja, o uzou de murça etecetera de veludo; e lhe cauzou alguma admiração fallar

Vossa Excelencia em mantelete porque pelo que hé servido, que Vossa Excelencia

declare se os Cardeais ahi uzão mantelete só na prezença de El Rey, ou se tambem por

Madrid andão com elle.

[...].

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/fol.274/ Carta do Padre Antonio Baptista para o Marquez de Abrantes em 29 de

Janeiro de 1728

[...]

/fol.274v/ [...] Sua Magestade fica entendendo o uzo que Vossa Excelencia fes

da rellação dos esponsais, e matrimonio que nesta Corte se cellebrarão, que

certamente forão funçoens dignas de serem vistas em todas as Cortes da Europa, pela

magnificencia, e ordem, com que forão dispostas, e executadas; e se Vossa Excelencia

reparasse observaria, que na primeira se não achou o Patriarcha por não haver de estar

em pê, ainda que os Cardeaes nella assim estivessem; e na segunda se pôz Sua

Magestade de joelhos diante do mesmo Patriarcha; e será bom , que isto faça, abrir os

olhos aos que não respeitão aos Bispos Diocezanos como devem; e tambem que

facilite o ajuste pertencente á precedencia do Patriarcha aos Embaixadores etecetera,

o que novamente Sua Magestade me manda recomendar muito a Vossa Excelencia

em seu real nome.

Não tenho por hora couza, que de ordem de Sua Magestade possa partecipar a

Vossa Excelencia, a quem o mesmo Senhor dezeja saude muy perfeita; e só tomo a

confiança de dar a Vossa Excelencia o parabem da elleição /fol.275/ que Sua

Magestade fes na pessoa da Senhora D. Anna Lorena para emprego tão relevante, no

que acho se lhe fés justiça, pois que para tal ministerio não conheço outra igual, e me

protesto mil vezes á obediencia de Vossa Excelencia, e prompto sempre para tudo o

que for de seu servico de toda a sua caza. . Deos guarde a Vossa Excelencia muitos

anos. Lixboa Occidental 29 de Janeiro 1728.

[...]

/fol.275v/ [...] Depois que o Marquez dos Balbasses entregou /fol.276/ no

Paço a crûz ao Patriarcha, se sabe dicera a algumas pessoas, que se tinha ajustado com

o Secretario de Estado entregar a dita crûz no Paço ao Patriarcha, o que não hé assim,

porque passarão-se muitos dias que Balbasses foi ao Paço para encontrar o ditto

Patriarcha e não o consseguio, se não Sabbado muy cazualmente o que Sua

Magestade me manda partecipar a Vossa Excelencia para que fique na intelligencia de

que não houve tal ajuste; e torna a lembrar a Vossa Excelencia o negocio da

precedencia do Patriarcha aos Embaixadores, o que o mesmo Senhor me manda

recomendar muito a Vossa Excelencia.

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O Reverendo Antonio Baptista.

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IX. Embaixada de Pedro Álvares Cabral em Madrid (1729-1735)

Doc.53. Carta de Pedro Álvares Cabral para o Marquês de la Paz informando-o da

sua intenção de acompanhar a família real espanhola na sua jornada até à Andalúzia,

Sevilha, 19 de Fevereiro de 1729. AGS, Estado, Legado 7157, fols.1-1v. [Transcrição

integral].

[fol.1]Ex.mo Señor

Muy Señor mio. Recibo la carta de Vuestra Excelencia con en aviso de la

partida de Sus Magestades para la isla de Leon. Yo determino passar a Cadiz para

tener la buena fortuna de poder assistir de mas cerca Sus Magestades y de termino

hazer mañana jornada hasta S. Lucar en toda parte me tendia Vuestra Excelencia muy

pronto a su servicio para quanto fuere de su maior satisfacion y agrado. Guarde Dios a

Vuestra Excelencia muchos años. Sevilha á 19 de [fol.1v] Febrero de 1729.

Beso las manos de Vossa Excelencia

Su maior servidor

Pedro Alvares Cabral

Ex.mo Señor Marques de la Paz.

Doc.54. Carta de D. José Patiño para Pedro Álvares Cabral alertando-o de que tinha

sido visto no passeio público da cidade com um coche puxado a seis mulas, o que ia

contra as leis da pragmática espanhola, Aranjuez, 24 de Junho de 1733. AGS, Estado,

Legado 7162, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1]Señor mio. Haviendose dado quenta á Su Magestad de que Vuestra

Señoria anda por las calles y paseos publicos de esa Corte en coche de seis mulas, me

manda adbertir â Vuestra Señoria que esto se opone á sus reales [fol.1v] pragmaticas,

y no lo hace, ni han executado ninguno de los demas Ministros Extrangeros en esa

Corte, y que en esta inteligencia, espera que Vuestra Señoria se arregle a lo que sobre

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este asumpto se halla prevenido y mandado por las [fol.2] citadas pragmaticas; lo que

participo á Vuestra Señoria para su inteligencia repitiendo mi ovediencia [sic] á su

disposicion con el deseo de que guarde Dios á Vuestra Señoria muchos años.

Aranjuez 24 de Junio de 1733.

D. Joseph Patiño

Señor Don Pedro Alvarez Cabral.

Doc.55. Carta de Pedro Álvares Cabral para D. José Patiño [?] pedindo que lhe fosse

dispensada a “Casa da Mata” em Aranjuez para se hospedar durante a jornada dos reis

católicos, Madrid, 11 de Julho de 1733. AGS, Estado, Legado 7162, fols.1-2.

[Transcrição integral].

[fol.1] Mui Señor mio: como las muchas ocupasiones de Vuestra Excelencia le

harian olvidar lo que dixe en Aranjuez sobre el asu[m]to de la caza de la Mata, hago á

Vuestra Excelencia [fol.1v] recuerdo de el, esperando de la real benignidad de Sus

Magestades me dispensen la misma gracia que han hecho siempre â mis antecesores

de destinarles dicha casa para alo-[fol.2]xamiento quando van á ese real sitio onde

deseo, que Vuestra Excelencia haya llegado felixmente y me conseda repetidas

occasiones de obedecerle. Guarde Dios a Vuestra Excelencia muchos años. Madrid y

Julio 11 de 1733.

Beso las manos de Vossa Excelencia

Su mas siguro y afecto servidor.

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Doc.56. Carta/Circular para os Ministros estrangeiros na Corte de Lisboa justificando

a represália que D. João V fizera aos criados do Embaixador espanhol, Marquês de

Capecelatro, Paço [Lisboa], 13 de Março de 1735. ANTT, MNE, Caixa 2, Maço 1,

fol.1. [Transcrição integral].

[fol.1] Para os Ministros Estrangeiros que residem nesta Corte

Em huma carta que hontem recebi do Marquêz Capecelatro Embaixador del

Rey Catolico me pedia desse ordem para que se puzessem promptaz embarcaçois para

o transportar com a sua familia a Aldea Galega em execução das ordenz, que recebera

da sua Corte; e para dali a avizar me pedia tambem, postaz; tudo com o motivo de se

lhe não dar a satisfação que da parte da mesma Corte tinha pedido quando ella era a

que devia da-la pelo escandalozissimo insulto, que no dia 22 de Fevereiro proximo

passado mandou executar em caza do Plenipotenciario de Sua Magestade em Madrid,

sendo bem notoria a violencia que ali se cometeo, e se continua contra a imunidade

dos Ministros del Rey Catholico sem se soltarem os criados do Plenipotenciario de

Sua Magestade depois de tantos dias de prizão era justo, e percizo que aqui se fizesse

reprezalia nos do mesmo Embaixador; rezolveu Sua Magestade que assim se

executasse mandando-se-lhe depois as ordens que pedia. O referido me manda El Rey

participar a Vossa Senhoria para que o possa fazer prezente á sua Corte; e nela espera

Sua Magestade se fique conhecendo a rectidão á justiça desta sua rezolução visto ser

interesse comim de todos os Soberanos a defensa da imunidade dos Menistros

públicos, a qual nos termos prezentes de fazia perciza, como lícita a dita reprezalia.

Deus guarde. Paço 13 de Março de 1735.

Doc.57. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para Francisco Mendes de Góis,

descrevendo e justificando a perspectiva portuguesa do incidente protagonizado pelo

Ministro Plenipotenciário português em Madrid, Pedro Álvares Cabral; pede a

Francisco Mendes de Góis que interceda junto da Corte de Paris, Lisboa, 18 de Março

de 1735. ANTT, MNE, Caixa 2, Maço 1, fols.1-4. [Transcrição integral].

[fol.1] Como se nam duvida que os Ministros e dependentes da Coroa de

Espanha procurem relatar nos Paizes estrangeiros em modo que lhe faça ventagem o

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insulto que a Corte de Madrid mandou cometer em caza do Plenipotencario d’El Rei e

o mais que depois disto se tem passado neste negocio, Sua Magestade me tem

ordenando que a todos os Ministros e a outras peçoas que tem incumbência do seu

servisso nos ditos Paizes remeta copia de todas as cartas e repostas que se passaram

entre mim e o Embaixador d’El Rei Catholico com a viridica informaçam, assim do

dito sucesso de Madrid, como do modo, em que se executou nesta Corte a reprezalia

nos criados do mesmo Embaixador. Isto cumpro com Vossa Merce remetendo-lhe

incluzos os ditos papeis e ainda que observe algumas circunstancias diferentes entre a

relaçam do facto de Madrid e a informaçam que achará na primeira carta que eu

escrevi ao Embaixador d’El Rei Catholico o motivo desta diferença hé, porque

aquella carta foi feita pelas primeiras noticias que vieram; e esqueceo e ambas dizer

que o prezo fora logo lançado fora de caza do Plenipotenciario no mesmo dia; maiz

outra relação que Vossa Merce verá entre esses papeis, foi escrita depois de se

haverem esperado, e ajuntado as noticias mais viridicas.

Pelos mesmos papeis ficará Vossa Merce inteirado do estado deste negocio e

poderá informar as pessoas que convier da verdade do que athé aqui se tem passado

nelle, para que sejão notorios os justificados motivos das rezoluções de Sua

Magestade.

Nam deixe Vossa Merce no melhor modo, que lhe for possível, de prevenir os

animos dessa Corte, para que reconheçam, nam só a moderaçam e justiça, com que

Sua Magestade tem obrado, e a notoria violencia, com que procede a Corte de

Espanha; mas o muito, que será contrario aos interesses da mesma França, que á

sombra da Aliança que Espanha hoje tem [fol.2] com essa Coroa, tente com armas

deziguaes oprimir a esta; cuja conservaçam nam pode duvidar-se quanto seja util a

essa monarchia.

Nam pode tambem entrar em duvida que essa Corte que sempre deu exemplo

ás mais da constancia com que os Principes devem defender a sua autoridade na

protecçam da pessoa e caza dos seus Ministros, deixe de reconhecer a extremidade a

que El Reo se viu reduzido para fazer as demonstrações que athe aqui tem feito por

nam deixar sacrificada a sua reputaçam; e bem verá a mesma Corte quantas provas

Sua Magestade tem dado da sua moderaçam nesta conjuntura á vista do muito que

tem provocado as repetidas e impetuozas sem razoes e da Corte de Espanha. Na

prezente situaçam da Europa são Sua Magestade Christianissima e o seu prudente

Ministro os mais proprios para embaraçar a sua interpoziçam as perniciozas

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consequências que se vam preparando por causa das ditas diferenças. Sua Magestade

vai aparelhando para a denfença do seu decoro, dispondo-se a tudo o que pode

sobrevir, com a constancia, e rezolução que convem.

Fácil será a Corte de França aplicar o remedio, se persuadida da injustiça que

se uza com esta Coroa, abraçar a defença do seu decoro que tam manifestamente se

pretende ultrajar. E nam hé crível que podendo essa Corte assim remedia-lo queira

que Sua Magestade se reduza a interessar na sua cauza outras Potencias por hum

modo que venha a fazer universal o incendio da Europa. a isto se nam move Sua

Magestade e nam constrangido da obrigaçam de assegurar a sua honra, e a sua

conservaçam. Assaz tem mostrado que nam era facil sem estes motivos que se

exercitasse a fomentar perturbações; mas quando elles prezistam, justificado está com

Deos, e com o mundo em recorrer aos sobreditos meios.

A [fol.3] entrada que Vossa Merce tem com o primeiro Ministro poderá dar-

lhe oportunidade para lhe insinuar destramente estas considerações; e se Vossa Merce

o vir em favoravel dispoziçam tambem lhe intruduza discurso sobre a total reunião da

armonia entre estas duas Cortes para a qual Sua Magestade nam terá duvida a

cooperar no melhor modo que lhe permitir o seu decoro; e bem se lembrará Vossa

Merce da igualdade com que já se insinuou assim por sua via, como pela de Pedro

Alvarez Cabral restabelecer esta correspondencia. E Sua Magestade teve agora

particular impulso para abraça-la pelas demonstrações da boa inteligencia e

urbanidade que praticou o Embaixador de França em Roma com Frei Jozé Maria da

Fonseca d’Évora que ali se acha encarregado dos seus negócios na occaziam do

festejo _________ pelo nascimento da Senhora Princeza da Beira em que o dito

Embaixador asistiu na funçam, pos luminarias e fes outras demons[tra]ções que

deixaram mui satisfeito o animo de Sua Magestade.

Daqui em diante quando se oferecer a Vossa Merce couza de importancia que

avizar a esta Corte na remeterá as cartas se nam pela via dos paquebotes de Inglaterra,

ou por navios que suceda virem em direitura a este Reino. Quando porem se nam

ofereça couza que importe que em Madrid se saiba, poderá continuar a escrever pelo

correio ordinario.

Depois de ter escrito a Vossa Merce o referido se receberam expressos de

Madrid que trazem já noticias do dia 13 deste mes, pelas quaes crecem

consideravelmente os motivos da queixa de Sua Magestade porque nam só se acham

os prezos da mesma sorte, mas nas cartas, ou papeis, que D. Joze Patinho [fol.4]

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manda ao Plenipotencario o nam trata já com este titulo como dantes costumava mas

simplesmente o trata por D. Pedro Alvarez Cabral; e quanto á satisfaçam que elle

pediu da prezente de Sua Magestade nam responde o mesmo Patinho outra couza

mais que remeter-se ao que nesta Corte haveria dito o Embaixador d’El Rei Catholico

em conformidade das ordens que se lhe tinham mandado. O que aqui disse e executou

o dito Embaixador como Vossa Merce verá pelas suas cartas de 11 e 12 de Março, foi

pedir elle mesmo satisfações pelas queixas dos supostos insultos e crimes do

Plenipotenciario da intimaçam que se fes ao mesmo Embaixador para que se

abstivesse de ir ao Paço, e em falta de lhe darem estas satisfações tam injustamente

pretendidas, sahir logo desta Corte. por este modo de tratar se reconhece bem que

alhea se tem posto aquella Corte de tudo o que sam termos de rasam e equival [?] e

Sua Magestade desenganado disto, está rezoluto a sostentar o seu decoro por todos os

meios que lhe forem possiveis, e a aparelhar-se para a defença da sua cauza com

firme determinaçam de nam afroxar nella athe que a Corte de Espanha lhe de as mais

autenticas satisfações que sam devidas pela injustiça e violencia do seu precedimento.

Deos guarde a Vossa Merce muitos anos. Lixboa Occidental 18 de Março de 1735.

Ps. Por este paquebote manda Sua Magestade de Marco Antonio de Azevedo

Coutinho seu Conselheiro por Enviado Extraordinario á Corte de Londres.

Diogo de Mendonça Corte Real.

Senhor Francisco Mendes de Goes.

Doc.58. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para Francisco Mendes de Góis

relatando o ponto da situação entre as Cortes de Lisboa e Madrid depois do incidente

protagonizado pelo Ministro Plenipotenciário português, Pedro Álvares Cabral,

Lisboa, 29 de Março de 1735. ANTT, MNE, Caixa 2, Maço 1, fol.1. [Transcrição

integral].

[fol.1] O que ocorre dizer a Vossa Merce acerca da continuação das

differenças desta Corte com a de Madrid he que havendo-se naquella feito perguntas

juficialmente aos criados do nosso Plenipotencario que se achão prezos, mandou El

Rey Catholico no dia vinte e dous de Março intimar ao mesmo Plenipotenciario que

se achava em Caramanchel huma lego de Madrid e ao Padre Manoel Ribeiro, e outros

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douz Padres da Congregação do Oratorio, que se achavão na mesma Vila que dentro

em tres dias partissem dos lugares aonde estavao, e dentro em doze saissem dos

dominios daquella Coroa. Juntamente com esta rezolução mandou aquella Corte

marechar tropas para a fronteira deste Reino; e as guardas da infantaria e de corpo;

mandando ao mesmo tempo muitas provizões e petrechos para as praças fronteiras.

Da nossa parte se procura com todo o calor reclutar [sic], e rehencher as nossas

tropas, e todas as outras preparações se fazem com a presteza e vigor que he possível.

Ao Embaxador de El Rey Catholico mandou Sua Magestade intimar hontem,

que dentro de tres dias partisse de Aldea Galega aonde ainda se achava , e dentro em

oito saisse do Reino. esta he a cituação em que ficao as ditas differenças.

Todas as pessoas reaes logrão de boa saude. Deus guarde a Vossa Merce.

Lixboa Occidental a 29 de Março de 1735.

Diogo de Mendonça Corte Real

Senhor Francisco Mendes de Goes

Doc.59. Copia da carta que o Plenipotenciario de Sua Magestade em Madrid

escreveo ao governador do Conselho de Castella, Madrid, 20 de Fevereiro de 1735.

ANTT, MNE, Caixa 913, fol.1. [Transcrição integral].

[fol.1] Mui Señor mio aora llega a mi noticia el insulto que algunos lacayos

mios juntos con outros de diversas personas que estavan en al Prado hisieron sacando

de manos de la justicia un preso que por el passeo del Prado llevavan a la cacer de

Corte me tendo lo en el sahuman de mi cassa, jusgo que Vuestra Excelencia crerá de

la veneracion y 14 respecto que yo tengo y quiero que mi familia tenga a las justicias

de Su Magestade quan sensible me ha sido este sucesso y al mismo tiempo partecipo a

Vuestra Excelencia que dichos mis criados estan ya despedidos de mi servicio y fuera

de mi casa y que el preso al mismo instante da sahio d’ella para que nesta inteligencia

mande Vuestra Excelencia proceder como fuere servido, y quedo siempre a la

obediencia de Vuestra Excelencia deseando repetidas ocasiones de compleser le, y

14 Riscado no original, impossível leitura.

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que nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años. Madrid 20 de Fevrero

de 1735= Pedro Álvares Cabral.

Doc.60. Carta de Pedro Álvares Cabral para D. José Patiño informando-o que

naquele dia partia para Portugal; diz-lhe que a sua família fora agredida no caminho;

pede imunidade para alguns dos elementos da sua família que ficaram feridos,

Caramanchel, 24 de Março de 1735. AGS, Estado, Legado 7181, fol.1-2. [Transcrição

integral].

[fol.1]Ex.mo Señor

Señor mio: en consequencia del aviso de Vuestra Excelencia en su papel de 21

del corriente , parto oy para Portugal tomando el camino de Extremadura; y como en

este pueblo dexo dos personas de distincion de mi [fol.1v] familia gravemente

enfermas, y las queda asistiendo mi medico, y algunos indivíduos mas, que son

precisos para su buen trato, y asistencia, se lo partizipo a Vuestra Excelencia

esperando que estes pobres enfermos gosen la immunidad , que requiere la grande

piedade Cristiana de Su Magestad Catolica, mien [fol.2]-tras su enfermedad no les

permite poner-se á camiño y seguir mi viaje.

Quedo sempre al servizio de Vuestra Excelencia deseando que en toda parte

me dispense sus preceptos, y que Dios guarde a Vuestra Excelencia muchos años.

Caramanchel 24 de Marzo de 1735.

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor servidor

Pedro Alvares Cabral

Ex.mo Señor D. Jozeph Patiño.

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Doc.61. Carta do Secretario de Estado d’El Rey Catholico para os Menistros

Estrangeiroz, Madrid, [Março de 1735?]. BNP, Reservados, Manuscrito nº 25, nº 17,

fols.1-2. [Transcrição integral].

/fol.1/Señor mio. Aun que son tan notorias las sircunstancias escandalosas que

han intervenido en el attentado cometido por el Menistro de Portugal, por seus criados

el dia 20 del corriente, que justefican bastantemente la rezolucion tomada el dia 22

por Su Magestad que se prendiesen los criados culpados, en qualquiera parte, que se

encontrassen, como en effecto se executó en la propria caza del Menistro. Nó obstante

me ha mandado Su Magestad partecipe a Vuestra Excelencia los fercozos motibos de

su real detriminacion, para que al mismo tiempo quede Vuestra Excelencia

convencido de la necessidad indespensable de recorrir a la demonstracion violentada

de la interpides deste Menistro, y asigurando que Su Magestad y los suyos miran con

delicadés la devida atencion al carater de los Ministros de Soberanos, rezidentes en

esta Corte.

La publicidad con que acometieron los criados del referido Menistro a los

soldados, y oficiales de la justificia la concluzion pella puerta de Alcalá un reo del

más innorme assecinato, e arrancaron de su costodia, en la mediacion de su real

palacio de Buen Retiro, no sólo obstentava un patrocínio descubierto de facinorozos,

en derision de la real authoridad, y soberania, sinó tambien un discarada izolacion de

su real habitacion, mirada hasta aora de naturales, y estrangeros como un sagrado tan

respetable, que há se reos de muerte qualquiera acto de violencia en su destricto se lo

metta.

La premeditacion de vigilar a la proximacion del delin /fol.1v/quente, con

centinela puesta a la puerta de la villa, há se conjecturar la confabulacion del

concierto, que antecedentemente intervino, y que sin duda promovió la causa del

consentimiento, que del se tenia en su casa excluyendo toda la disculpa, que en otros

accidentes subministra la casualidad.

La concluzion del reo desde la puerta del palácio, con aparato tumultuoso,

solicitado con crimitates gritos, en medio de un concurso tan grande, como el del

publico paseo, puso en dirision la autoridad suprema de Su Magestad reprezentada en

la prision del mal hechor. Y en vilipendio, el domínio de las publicas cales. La

liberdad dada al reo, despues de introduzido en la casa, quitando le las prisiones, con

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que estava asigurado, y en señando-le a los espectadores manifestó el menor precio, y

insulto de la jurisdicion, que le prendió.

Estas sircunstancias tan agravantes, nó premetian a el decóro, y soberania

dexar inpugne, e administrado un attentado tan inorme, y que quedasse sin publica

satisfacion un hecho tan ruidoso.

Nó obstante dilátosse el castigo hasta el 3º dia, sin que por parte de los

culpados se hisiese a Su Magestad la mas minima demonstracion de sentimiento, y

aunque se preteista un papel escripto al Governador del Consejo (via indirecta /fol.2/

para que llegase a noticia de Su Magestad) era notorio que su grave indisposicion le

enteressase reabrir, y responder a papéles. Peró si se huviesse de mirar su contenido,

que culpa, y gravedad se hallaria? El Menistro confiessa en el que ha dado liberdad al

reo, aprobando con este hecho lo executado por sus criados. Dise que lo hise luego

que llegó a su casa, y si enteró del succeso; y se sabe que estava en su jardin

paseando, y que el reo se mantuvo en su casa 30 horas. Despues fué conduzido con

todo resguardo a paraje de segura liberdad. Que havia despedido los lacayos e todos

se encontraron en su casa; de forma que el instromento que alega por su disculpa, os

la mayor prueba de su inexcupable culpabilidad; olvidando el respecto devido a un

Monarca en su propria Corte, y que cada uno en la suya quiera mantener-se illibado.

En esta intiligencia se persuade Su Magestad que facilmente conprehenderá

Vuestra Excelencia que este caso no puede conparecer-se con algunos de los que en

los culpados gosan el momnetanso a si lo de las casas de los Menistros caretisiados, ni

de los en que intervenga inmunidad alguna persona, ó local. Quedo para servir a

Vuestra Excelencia a quein Dios guarde. Etecetera.

Il.mo e Ex.mo Señor

B. la m. de Vuestra Excelencia su menor Servidor.

D. Joseph Patiño.

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Doc.62. Copia da carta que por orden de Sua Magestade mandou o Secretario de

Estado em 8 de Março aos Embaixadores, e Inviados que estão nas Cortes

estrangeiras para participarem aos Monarchas dellas, Lisboa, 8 de Março de 1735.

BNP, Reservados, Manuscrito nº 25, nº 17, fols.2v-4v. [Excerto].

/fol.2v/ Ainda que me persuado que o Menistro Plenipotenciario de Sua

Magestade na Corte de Madrid terá informado a Vossa Excelencia do insulto

cometido por ordem del Rey Catholico no dia 22 de Fevereiro passado dentro na caza

do mesmo Plenipotenciario prendendo-se com mão armada os seus criados, contudo

ordena Sua Magestade que refir a V. todas as sircunstancias com que se cometeu

aquelle insulto porque poderá ser que o mesmo Plenipotenciario ( como se preparava

para sahir da Corte) o não pudesse fazer com a individuação conveniente. Domingo

20 de Fevereiro pellas 3 horas depois do meyo dia, hum homem montado em huma

besta conduzido por alguns soldados, e offeciaes de justica do lugar de Alcubendas

tendo entrado pella porta de Alcalá, e chegando á ponte pequena, que esta no meyo do

passeyo publico do Prado, aonde se achava hum numerozo povo, e carroças por ser

dia de festa, e ultimo do carnavál; este tal homem assim prezo gritava pedindo lhe

acudicem dizendo que tinha sido prezo dentro de huma igreja, e que lhe tinhao tirado

da algibeira os papeis que erão de sua defeza.

O povo acudio aos tais gritos, e no mesmo concurço se acharão quatro lacayos

do Plenipotenciario, e muitos outros diferentes pessoas; os soldados e justiças do

luguar com pouca ou nenhuma rezistencia, intimidados de tanta multidão de povo de

tantos lacayos de diferentes libres dezempararão o prezo que foi conduzido para caza

do Plenipotenciario no seu jardim com Monsieur Le Xabalier Burie Menistro de Sua

Magestade Serdaniense aonde hu dos seus criados lhe foi dar a noticia do que se tinha

passado; e logo o Plenipotenciario ordenou que tirasse a libre aos lacayos, que se

tinhão achado naquella /fol.3/ occazião, porem tornando-lhe o mesmo criado a dizer

que todos negavam terem-se achado nella lhe ordenou que sendo isto assim, fossem

todos lançados fora, sem excepção, e sem defença alguma; e que pello que tocava ao

criminozo que não queria que ficasse em sua caza; nem hum só instante; e sabendo-se

ao depois quaies forão os quatro lacayos que se tinhão achado na contenda, todos

forão lancados fora, não obstante que dous delles não tinhão feito outra couza mais

que estar prezenciando o facto.

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O prezo tambem foi logo lancado fora e o Plenipotenciario escreveu logo ao

Governador do Conselho de Castella nos termos mais proprios e convenientes

significando-lhe o seu grande disgosto de tudo quanto tinha passado, e muito contra a

sua attenção, e respeito a justiça e ordeñs de Sua Magestade Catholica, acrescentando

que tinha lancado fora de sua caza os criados que se tinhão achado naquella ocazião

para que não pudesse haver algum obstáculo no castigo que pudesem ter merecido

como melhor consta da copia seguinte que passou ao Governador do Conselho. Tendo

com tudo isto já satisfeito a attenção devida a Sua Magestade Catholica porque o reo

vinha prezo a ordem do dito Governador por hum crime particular e não pellos que

pertencem ao Estado.

[...]

/fol.3v/ [...] O que rezultou da cortezia do Plenipotenciario e de hum signal tao

autentico do seu obzequio, para com aquella Corte foi, que no dia 22 do mes de

Fevereiro hum grande numero de soldados daquelles a que chamão Los Blaguillos

conduzidos por tres officiaes asaltarão a caza do Plenipotenciario, com bayonetas nas

armas, e prenderão alguns dos seus criados, que se achavão na entrada, e escada

principal, e continuando com o insulto, ahte as suas antecâmaras chegarão a lancar

mão em hum dos seus pagens; e chegando o Plenipotenciario a encontrar-se com os

officiaes militares, lhe preguntou que ordem tinhão para fazerem huma tal violencia

em sua caza? Os quais lhe responderão que tinhão ordem de Sua Magestade Catholica

para lancarem mão geralmente, e sem excepção alguma a toda a gente que se achase

em seu serviço, principalmente para meterem nas cadeyas publicas, todos os seus

creados de libré , e para buscarem em todos os lugares da sua caza aquelles que não

aparecessem. Preguntou o Plenipotenciario se trazião aquella ordem por escripto?

E lhe responderão, que não, mas que o seu comissário lha tinha dado /fol.4/ de

palavra, e que elles havião de executa-la. Respondeu o Plenipotenciario que como elle

não tinha aly outras armas, mais que a immunidade do seu carater, que via tão

incivilmente ultrajado, não tomava outro partido, se não o de se retirar por não ter

testemunha de hum tão inaudito procedimento. Os soldados prenderão os criados do

Plenipotenciario tanto os de escada abaxo, como os de outras esferas, e atando-os

dous, a dous, os conduzirão pellas ruas mais publicas de Madrid, e com a mesma

libré, the os meterem na cadeya.

Logo que se executou o referido facto, mandou o Plenipotenciario por hum

coche, com dous cocheiros emprestados, e foi ao Paço queixar-se deste insulto que se

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lhe tinha feito, e achou a D. Joseph Patinho tão fora da razão, que ainda o

Plenipotenciario houve mister mais paciencia, e moderação para ouvi-llo do que para

tolerar a dezatenção que se lhe havia feito; porque lhe respondeu que informado El

Rey Catholico da insolencia que havião cometido os seus criados, na vezinhança do

seu palácio do Retiro, achava que toda a demonstração que se fizece neste cazo era

pequena para satisfazer o decoro da sua authoridade real; e que demais elle

Plenipotenciario não podia alleguar immunidade porque não tendo caracter algum,

nem havendo entregue as cartas credenciais, não tinha que reclamar o direito das

gentes; ao que lhe respondeu o Plenipotenciario que estimaria muito o que elle dezia

fosse assim; porque lhe não seria tão sencivel a offença da sua pessoa, se a não visse

unida ao seu carater, e que pois elle D. Joseph Patinho estava tão mal informado de hu

facto tão notorio como era em todas as Secretarias aonde estavão as copias das cartas

credenciais pelas quais se via manifestamente que era Plenipotenciario del Rey de

Portugual não seria muito que tambem estivece falto da informação, e attenção com

que elle havia obrado em todo este suceco, do qual pasava a hir dar conta a sua Corte.

Vendo o ditto Plenipotenciario que se lhe dilatava a satisfação detreminou

sahir da Corte de Madrid para hum luguar chamado Caramanchel, informando

primeiro aos Menistros das Cortes estrangeiras de todo aquelle suceso. E sendo o

sobredito prezente a Sua Magestade foi servido rezolver que /fol.4v/ o

Plenipotenciario se queixasse do referido insulto, e de lhe pedisse a devida satisfação

por escripto dizendo: que tendo dado conta a Sua Magestade de notorio suceco de 22

de Fevereiro e de que por esta cauza detreminava sahir da Corte, fora Sua Magestade

servido aprovar a sua rezolução, e ordenando-lhe que a executaçe, se ainda o não

tivesse feito, e que logo pedisse satisfação devida a huma acção tão violenta, e que en

tantas sircunstancias offendeu a immunidade dos Menistros publicos, e intoleravel

direito das gentes; e que o referido lhe ordenava Sua Magestade aviza-se ao Menistro

del Rey Catholico, para que reprezentando-o assim a Sua Magestade Catholica

houvece de ser tal a sua rezolução que podece reparar-se-lhe em tão grand excesso. E

logo Sua Magestad mandou avizar ao marques de Capicholatro Embaixador del Rey

Catholico nesta Corte, para que se abstivece de hir ao Paço.

Partecipo a V. esta noticia. Deos guarde a V. Lixboa Occidental 8 de Março de 1735.

Diogo de Mendonça Corte Real.

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Doc.63. Carta de D. Luiz da Cunha, nosso Embaixador no Reyno de França escrita

de Pariz a Lixboa , ao Secretario de Estado Diogo de Mendonça Corte Real (que foi

pay do outro do mesmo nome, que depôz, e fez acabar retirado, o Ministerio do

Marquez de Pombal) sobre o facto obrado em Madrid pella familia do nosso Ministro

Pedro Alvarez de Cabral, em que estivemos quazi em rompimento da guerra no anno

de 1735, [Paris?], 4 de Janeiro de 1735, BNA, Manuscrito nº 51-II-40, fols.157-166.

[Excerto].

/fol.158/ O attentado que cometeu a familia de Pedro Alvares Cabral, nosso

Ministro na Corte de Madrid; nos obriga a tomar as armas, a tempo que gozavamos a

mais delicioza páz. As irregulares acçôens deste cavalheiro estão sabidas nas Cortes

da Europa, por avizos dos seus Ministros rezidentes nas Cortes de Madrid: nenhum

delles dá razão ao de Portugal; que /fol.159/ para todos ficou sem crédito; e somente

poderá encontra-lo em pessoas ignorantes do cazo, como são muitos do nosso Reyno;

o Secretario da Inviatura, e os criados que segurarám, e executaram o seu empenho,

merecem exemplar castigo, por cauzarem todas estas dezordêns; com que perdêram o

Ministro, que era fidalgo bem intencionado, e chegárão os dois Reynos a

empreenderem huma guerra, de que se podem seguir muitas despezas, trabalhos, e

perdas. Tanto se pode esperar de huma /fol.160/ familia mal educada, sem policia, e

vicioza, como era a do nosso Ministro; segundo sentem geralmente as pessoas que a

conheceram.

Não he criminozo em direito o procedimento da Corte de Madrid com ésta

familia de Cabral; mas o que se praticou em Lisboa com a familia do Marquez de

Capiciolatro, he bem facil arguir; e me admira querer Vossa Senhoria persuadir-me o

contrario; pois sendo a Corte de Madrid a que foy offendida pello insulto que os dittos

criados /fol.161/ de Cabral fizeram á sua justifica no sitio do Pardo, espancando-a e

tirando-lhe violentamente hu prezo, que conduziram á caza do seu amo,

encandalozamente armados; e com cujo prêzo, réo de grave delicto, conversava

publicamente á janella, e á porta da rua, o Secretario de Cabral; e não fazendo mais

que prender a este Ministro dous criados graves, e dous lacayos, com hum mosso da

cozinha; mandou El Rey nosso amo, como Vossa Senhoria confesso-o prender todos

os criados graves, /fol.162/ todos os lacayos e cozinheiros de Capiciolatro; deixando a

este Ministro sem criados para servir-se; e diz Vossa Senhoria que como a Corte de

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Madrid foy a primeira nestes proçedimentos, devia dar huma satisfassão. Estranha

politica!

Eu não me atreveria a fazer semilhante propozição se fosse Ministro na Corte

de Madrid. Mas para que nos cansamos? Aqui nam há mais caminho, que tornarmo-

nos á ignorancia de Cabral, e aos êrros da sua familia, expondo: que não /fol.163/ he

justo mover-se huma guerra por cauza de procedimentos errados; quaes foram, depois

dos acontecimentos de Madrid; e isto he no que eu tenho instado, pois que o contrario

não tinha lugar.

Não he o intento de Castella querer conquistar Portugal; como erradamente

entendem todos os nossos Ministros: mas he querer por este modo satisfazer-se da

impûria com que se considera gravada. Da mesma sorte, não he empenhada /fol.164/

França nesta suposta conquista: antes he contrário ao seu systema; porem, dezeja

desmanchar-nos da aliansa com Inglaterra; e como se lhe offerece esta occazião

procura ajustar-se nella a beneficio dos seus interesses.

E como, no cazo de fazer-se a guerra, ignoramos todos o seu fim, por serem

incertos os acontecimentos della; devemos sempre fogir de chegarmos a esse extremo,

que he muito arriscado.

[...]

/fol.166/ [...] Pariz a 4 de Janeiro de 1735.

D. Luiz da Cunha.

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X. Embaixada de Tomás da Silva Teles em Madrid (1746-1753)

Doc.64. Correspondência de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado

Marco Antonio de Azevedo Coutinho em 1746 [Contém: reconhecimento do seu

estatuto de Embaixador de Família na Corte de Madrid; cerimonial e disputas com

outros ministros; considerações sobre os Secretários de Estado, Marquês de Villarias,

Marquês de la Enseñada e D. José Carvajal e sobre a Rainha viúva Isabel Farnésio,

etc], Madrid, 30 de Setembro de 1746 a 29 de Agosto de 1747. ANTT, MNE, Livro

825, fols.1-52v. [Excertos].

/fol.1/ Il.mo e Ex.mo Senhor

Em o lugar de Noves recebi as cartas de Vossa Excelencia com as credenciaes

e mais cartas de Suas Magestades que Vossa Excelencia me enviou por hum expresso,

e como hoje parte outro por ordem desta Corte, que a Rainha Catholica me mandou

particularmente dizer, que dilatará para que eu por /fol.1v/ elle pudese escrever, o

faço, para dizer a Vossa Excelencia que cheguei a Madrid hontem vinte e nove do

corrente ja com luzes acezas, e por saber que o Marques de Vilarias não estava em

caza, não mandei logo dar-lhe conta da minha chegada, a esta terra, o que hoje fis, e

elle mandou imediatamente saber de mim, depois lhe mandei pedir hora para vezita-

lo, e assinada por elle a das quatro e meia o fui vizitar, e de parte a parte observamos

o ceremonial ajustado, e nesta ocazião lhe entreguei copias de humas, e outras cartas

pedindo-lhe ao mesmo tempo, que me precura-se a honra de hir á prezença de Suas

Magestades e elle me disse que hoje hiria ao Retiro para o participar aos dittos

Senhores, e que amanhã primeiro de Outubro me buscará as dez da manha.

Estes tres dias, principiando no de hontem, se vestio a Corte de gala, e se

mandarão por luminarias pella tomada de Namur; mas a cidadela ainda se defende.

Monsieur de Chavigni parte Domingo para essa Corte, elle intentou intrar na

practica de alguma nova negociação entre esta Corte, a de Portugal, e a de Pariz,

propondo que entre todas se fizese hum tratado de amizade, e de aliança, a que

respondi logo, que não tinha ordem para entrar em semilhante negociação.

Agora estando fazendo esta me veio buscar /fol.2/ para me dizer que hoje na

audiencia de despedida que tivera dos Reis lhe falara nesta materia, e que elles a

tinhão ouvido com agrado.

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Esta manhã fui vizitado de huma grande parte de Grandes, e nobreza desta

Corte, e comprimentado das Senhorias principaes della, e não posso explicar as

expressões com que todos se me offerecem, e me lizongeão, e vendo eu o estado em

que se acha o governo prezente e a desconfiança que vai cauzando o pouco, que tem

melhorado, passando pellas mesmas mãos de todo o despacho, se he que há algum,

temo que se vá esfriando aquelle ardor e affecto, com que todos se empenhavão em

louvar as acções dos Reis, e que o dezengano torne a por nas mãos dos mesmos

Ministros todo o poder, e talves mayor do que tinhão athe agora.

O Marques de la Ensenada vae adquirindo mais amigos do que se podia

esperar, porque elle não perde diligencia alguma para o conseguir, e logo hontem por

huma pessoa, que está no serviço da Rainhame mandou hum recado, eu lhe mandei

dar conta da minha chegada a esta Corte, e se elle me não vier vizitar logo, procurarei

saber se os outros Ministros da primeira ordem o vizitarão primeiro, sem me fiar no

que me poderão dizer os de França, porque da pratica que tive com o Monsieur de

Chavigni, vim a conhecer que lhe não erão pouco inclinados, porque já me dicerão

que /fol.2v/ o Confessor que he francês he quem mais o patrocina com os Reis.

Os Embaxadores de França, e Napoles sem esperar que eu lhe desse parte da

minha chegada me mandarão comprimentar. Todos estes não costumados obsequioz

me fazem crer que he certo o conceito geral de que El Rey Nosso Senhor he só quem

pode dar forma a este governo, e remedio a tantos males que padece esta Monarchia, e

que eu em execução das ordens de Sua Magestade poderei ter grande influencia nas

determinações dos Reis Catholicos, mas já na pratica que tive com Monsieur de

Chavigni o dezenganei, dizendo-lhe que El Rey Nosso Senhro não queria governar as

acções dos Reis Catholicos, e que só quando lhes pedirem conselho lho daria

imparcial, e dezenteressadamente como pedião as razões do sangue, e boa fé, que

observa com todos.

Estimarei que El Rey Nosso Senhor fizese felismente a sua jornada a Villa das

Caldas, e que tenha dado com bom sucesso principio ao remedio dos banhos, e que as

mais pessoas reaes logrem a saude, que os seos vassalos dezejamoz.

Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 30 de Setembro de

1746.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

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/fol.3/ Il.mo e Ex.mo Senhor

Sabado pella manhã fui a audiencia dos Reis Catholicos, e lhe disse tudo o que

Sua Magestade me ordena mas minhas instrucções uzando daquelas expressões, com

que melhor podia persuadir o excessivo contentamento de Sua Magestade de os ver

no trono, e a sincera amizade com que se havia de interessar em tudo, o que fosse do

seu agrado, e do bem de seos vassalos, para o que concorreria, não só como bom

vezinho, e verdadeiro amigo, mas com o affecto, que produzião os reciprocos

vínculos, que não só atavão, mas união cada ves mais de duas reaes familias; El Rey

em poucas palavras mostrou que se obrigava muyto do que eu lhe disse em nome de

Sua Magestade, e me recomendou que lhe agradecese as demonstrações de affecto, e

amizade que devia a Sua Magestade.

A Rainha disse da parte de El Rey Nosso Senhor, que esperava, que ella desse

tudo o que o amor lhe teria inspirado em occazião de tanto contentamento, pois via

premiado o sacreficio que tinha feito em separar a Sua Magestade da sua real

companhia com o excessivo gosto de a ver no trono da Monarchia espanhóla; e da

parte da Rainha Nossa Senhora, que o seu contentamento sendo grande em ve-la no

trono, era mayor de a ver praticar os documentos /fo.3v/, que tinha aprendido da feliz

educação, que lhe dera; da parte do Principe, e da Princeza, e das mais pessoas reaes,

lhe fiz as expressões mais sinceras do seu cordial affecto; a tudo se mostrou a Rainha

muyto obrigada, e por não dilatar El Rey, disse só o que bastava para eu conhecer,

que se enternecia com me ouvir referir o que dezeja a seos paes, e a toda a familia

real, reservando para huma audiencia particular, o mais que tinha que dizer-me de seu

agradecimento; hontem a tive, e por ser tarde não pode ser dilatada, mas com mais

clareza, e menos estudo de palavras lhe tornei a referir o amor, que devia a Suas

Magestades recomendando-lhe em seos nomes o cuidado na pessoa de El Rey, a

vigilancia em tudo, o que podia tocar ao seu governo, fazendo escolha das pessoas

mais capaz, e fieis, e outras maximas geraes para a segurança e o acerto.

Antes de hir ao Retiro tive audiencia da Rainha viuva, tendo precedido avizar

eu no dia antecedente ao Conde de Montijo Mordomo mor da Rainha, que soubese da

ditta Senhora a hora, em que podia ter a honra de hir á sua prezença. O Conde

respondeu que de tarde me buscaria para me dar a resposta, o que fes assinalando-me

da parte da Rainha a das onze da manhã seguinte, o que executei dizendo-lhe da parte

de El Rey Nosso Senhor tudo, o que se me ordena nas minhas instrucções, a que ella

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/fol.4/ me respondeu com muytas expressões de agradecimento dizendo-me que sabia

que eu falava frances, e que me entenderia melhor naquella língua, o que fis tornando

a repetir o que havia ditto; ella me preguntou muyto por todas as pessoas reaes, e me

tratou com grande benevolencia, depois fui ao Retiro a audiencia da Princeza de

França e de tarde a do Infante Cardial, e Infanta D. Maria Antonia.

Dezembaraçado das audiencias de pessoas reaes visitei ao Marques de la

Ensenada; este Ministro, a quem dei somente conta de ter chegado, me veio buscar

Sabado e depois de muytos comprimentos me disse que El Rey fizera reparo em que

na copia das cartas credenciaes me nomeava Sua Magestade seu Embaxador

Extraordinario, o que El Rey não sabia athe agora, nem o Marques de la Candia tinha

avizado, e que por attenção a Sua Magestade lhe lembrava tambem nomear ao Duque

de Sottomayor Embaxador Extraordinario; eu respondi que o marques de la Candia o

não podia saber, porque Sua Magestade tomára aquella rezolução de me nomear

Embaxador Extraordinario na vespora da minha partida, e que o motivo fora vir dar

aos Reis Catholicos o paravem da sua exaltação ao trono, e que este motivo não tinha

Sua Magestade Catholica, porem que eu entendia, que para El Rey Nosso Senhor era

indiferente que o Duque de Sottomayor fosse Embaxador ordinario, ou

Extraordinario;/fol.4v/ o Marques reconheceu a diferença, e se lembrou de que a

Republica de Veneza, sem embargo de ter aqui Embaxador Ordinario, nomeára o

mesmo e outro mais Embaxadores Extraordinarios somente para felicitarem a El Rey

da sua exaltação ao trono, o que eu sabia do mesmo Embaxador que tinha estado

comigo queixando-se de ver obrigado a fazer huma entrada publica quando estava

para se hir embora.

Tambem vezitei o Nuncio, que me havia buscado, e não duvidei dar-lhe

Excelencia sem embargo de que o Secretario de Estado, e a Corte o tratão de

Ilustrissima, porque El Rey Nosso Senhor me te mandado dar Excelencia aos Nuncios

nessa Corte, e os Ministros estrangeiros lha dão aqui; elle me disse que não tinha dado

conta da sua chegada aos Ministros da segunda ordem, nem aos Plenipotenciarios de

Polónia, e Dinamarca praticando o que a mayor parte dos Embaxadores tinhão feito.

Tambem me disse que nenhum Embaxador tinha participado ao Marques de Vitaris a

sua chegada, porque elle era Secretario do Concelho de Estado, e do de Guerra, e não

éra Conselheiro de Estado, e somente tinha o caracter de Mestre de Campo General

que se lhe deu para lhe segurarem a Excelencia.

[...]

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/fol.5/ [...] Espero em Deoz que El Rey Nosso Senhor tenha experimentado

alivio com os banhos das Caldas, e que as mais pessoas reaes tenhão saude perfeita, e

como os seos vassalos devemos dezejar-lhe.

Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 4 de Outubro de 1746.

/fol.5v/Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

/fol.5v/Il.mo e Ex.mo Senhor

A carta incluza ha dous dias que está feita para levar o Consul de Napoles, a

quem ouço chamar Monsieur Moreschi, por me dizer que partia em posta para essa

Corte, o que athe agora não tem feito, porem como hoje me mandou a Rainha dizer

que amanhã despachava hum expresso, e que viria a minha caza para receber as

minhas cartas quando eu podése expedi-lo, e depois me tornou a repetir o mesmo

tendo hoje a honra de lhe falar, faço esta carta para dizer a Vossa Excelencia que

nesta Corte todos me tinhão por Embaxador de Familia, e que os Reis estavão nessa

rezolução, e tanto que hum destes dias estando eu na caza de fora, em que costumão

estar os Embaixadores, e os Grandes, me veio hum recado para entrar na de dentro

dizendo-me, que como Embaxador de Familia, devia entrar na tal caza; comtudo hum

destes dias estando El Rey, a Rainha e o Marques de Vilarias no despacho falando El

Rey em que fazendo o Nuncio a sua entrada, que he amanhã haveria mais hum

Embaxador, que assistise na Capella quando descia a ella em publico, e que tambem

haveria mais /fol.6/ outro, que era o de Portugal como Embaxador de Familia;

respondeu o Marques de Vilarias que o de Portugal não era Embaxador de familia,

porque só os houvera quando a Caza de Austira reinára em Espanha, e agora a de

Bormbo, e que do tempo da Rainha may de El Rey o Embaxador de Saboya não fora

tido por Embaxador de Familia. El Rey disse que se examinase, e a Rainha replicou

que de qualquer modo que tivese sido dependia da vontade de El Rey a rezolução, e

El Rey respondeu que se buscasem os exemplos, de que a Rainha se mostrou sentida,

que El Rey conheceu, e por modo de satisfação lhe disse que os Reis não devião

governar-se pella sua vontade, se não pella rezão, e pellos exemplos, e tornou a dizer

ao Marques que buscase os exemplos; hoje me fallou nesta materia o Marques de la

Ensenada em sua caza, adonde me convidou a jantar, e se abrio comigo culpando o

Marques de Vilarias, ao que respondei que eu não culpava ao Marques em dizer a El

Rey a verdade, mas em se opor á Rainha quando se disgustava, sim; o mesmo

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Ensenada me disse que tinha feito pella sua parte diliegencia, e que não achava náda

que tirase a duvida, porque o exemplo do Embaxador de Saboya, que se buscava, era

inutil por não ser Rey ainda quando sua filha cazou, e ser ella ja morta quando tomou

o titulo de Rey de Sizilia, eu lhe disse que não havendo exemplo nesta /fol.6v/ Corte

se podião buscar nas outras; e que eu avizava a Vossa Excelencia para que procurase

saber o que se praticára com os Embaxadores de França no tempo da Rainha franceza

primeira mulher de El Rey D. Pedro, e com o Embaxador de Alemanha no tempo da

Rainha Nossa Senhora, isto disse ao Marques de la Ensenada, mais para suspender a

ultima rezolução, que se podia tornar, e ter tempo de avizar a Vossa Excelencia de

que por esperar que haja exemplo que sirva, ou baste para esta Corte.

Esta falta de politica do Marques de Vilarias, que em outras occazioes tem

mostrado em couzas de gosto da Rainha, e ter ella com o seu grande entendimento,

que he mayor do que se pode conhecer sem ter a honra de fallar com ella, percebido

no Marques pouca inclinação aos interesses de Portugal, he cauza de que Sua

Magestade o aborrece, e dezeja arruina-lo, e ao seu partido, que não tem mais do que

D. Carlos de Arizaga, que se une com elle, e procura sustentar, porque são todos

biscainhos, e ambiciozos; haver ha de que o conceito, que eu faço delles não hé tão

mão como querem os seos inimigos, porem ninguem pode deixar de dizer, que tem

muito curta capacidade hum, e outro.

Não posso deixar de dizer que o fundamento que tomou o Marques de Vilarias

faz força, porque diz que os Embaxadores se reputão de familia /fol.7/ quando os Reis

são da mesma baronia.

Toda esta pratica, que houve entre os Reis, e o Marques de Villarias me

participou a Rainha Terça-feira de tarde que me mandou hir ao seu quarto em huma

larga audiencia, em que me fallou com tanta benevolencia, con tanta abertura, e com

tão claras demonstrações do amor, que tem aos Reis seos paes, e a toda a familia real,

que eu não pude deixar de admirar a grandeza de coração, e de espirito de Sua

Magestade, comtudo ao mesmo tempo conheci, que ella se inclinava a proteger o

Marques de la Ensenada, e a outros, que se vão unindo com elle, e que talves hum dia

obrigarão a Rainha a fazer o que ella não quereria; eu me não opus a couza nenhuma,

e somente lhe disse que Sua Magestade se não devia fiar, se não dos concelhos de El

Rey seu pae, a quem devia hum amor sem limite; e que unicamente dezejava a Sua

Magestade o seu bem, e que no que tocase ao seu serviço tambem se devia fiar mais

em mim do que em outra pessoa, porque alem das razões da minha obrigação, não

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conhecia ninguem, nem me interessava por pessoa alguma, e que nunca podia

conciderar-se em mim outro interesse mais do que de merecer a honra que Sua

Magestade me fazia, e executar as ordens de El Rey Nosso Senhor; hoje conheci

tambem que a Rainha fazia particular favor ao Marques de la Ensenada, porque elle

sabia ja da audiencia /fol.7v/, que eu tinha tido da Rainha, e de muytas couzas em que

ella me tinha falado.

Devo tambem participar a Vossa Excelencia que he muyto para conciderar se

convem, ou não , que o Embaxador de Portugal seja de familia no tempo prezente,

porque alem de certas entradas, e de que logo que chega entrega as cartas credenciaes,

e fica despensado da entrada publica, he tambem avizado para assistir a El Rey na

Capella quando vou em publico, e tomar no banco o lugar que lhe toca, e como El

Rey Nosso Senhor por ordem expressa que particularmente me mandou não quer que

os seos Embaxadores cedão a nenhum de outra potencia, não convem por em termos

de que se conheça que eu não vou por não ceder, porque não hindo já he ceder, quanto

mais que eu disse a Rainha, que teria por injuriozo, que ao Embaxador de Napoles se

lhe metese na cabeça por entender preferir ao Embaxador de Portugal; e como El Rey

tem grande attenção, e amor a seu irmão, e todos o hão de querer contemplar por ser

imidiato a Coroa, não tendo El Rey filhos, me parece que o mais prudente, e o mais

seguro he evitar as occaziões de se disgostarem as duas Cortes.

Tambem devo dizer a Vossa Excelencia que a Rainha na occazião em que se

tratou a materia de ser, ou não Embaxador de Familia o de Portugal, declarou logo

que no seu quarto ella me havia de tratar com a mayor distinção.

/fol.8/ Hoje cheguei ao Retiro a tempo que os Reis se tinhão retirado, e com o

pretexto de não ter visto a Rainha, que no dia antecedente se tinha queixado de algum

defluxo fui ao seu quarto, e fazendo-me a honra de me falar, apareceu El Rey sem

cabeleira por entender que eu não estava ali, mas não se retirou, antes me fallou com

muyta familiaridade, e preguntando-lhe eu como tinha Sua Magestade passado no dia

antecedente, que tinha hido mais longe a caça, me disse que fora bem socedido, e

continuando a pratica de caça ainda que eu não sou caçador falamos muyto nella

referindo eu os prodigios, que fazião o Principe, e a Princeza, e o Senhor Infante D.

Pedro; Sua Magestade Catolica tambem he bom caçador, e tem paixão por este

devertimento; passou a conversação a acuzar-me a Rainha de chocalheiro por ter

mostrado as cartas do Duque de Sottomayor sobre a comissão dos tiros de cavalos;

dicerão muyto bem da sua formuzura, e do asseio, e grandeza com que virão tratador.

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[...]

/fol.9/ [...] Como este expresso ha de partir a mesma hora do correio ordinario,

se faltar a Vossa Excelencia carta minha he por não ter que lhe dizer de novo. Deoz

guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 6 de Outubro de 1746.

Hoje sette do corrente fes o Nuncio a sua entrada com o luzimento

correspondente ao seu estado. El Rey mandou declarar pello introductor dos

Embaxadores, que no acompanhamento não havia de haver precedencias, para que

não sucedese haver alguma disputa entre os Gentil-homens, e carrossas dos

Embaxadores; o ditto Nuncio he muyto estimado de todos pello seu bom genio, e eu

nestes poucos dias de estar em Madrid lhe tenho devido grande attenção.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

/fol.28v/ Il.mo e Ex.mo Senhor

[...]

/fol.30v/ [...] Sabado 26 deste mes veio a esta caza hu archeiro avizar-me que

no dia seguinte baxava El Rey a Capella, fiquei surprendido com este avizo; não só

porque o não esperava não se tendo tomado rezolução pozitiva em me declararem

Embaxador de Familia, mas porque a Rainha me não tinha prevenido, e tambem por

ignorar, que não havia outra formalidade mais que a de hum simples avizo de palavra;

fui logo falar a Rainha, que me disse que disse que não tivéra tempo de me avizar que

El Rey tomara aquella rezolução, porem que ella logo lhe dissera que eu não havia de

hir a Capella, o que executei, e hindo hontem de tarde a caza do Embaxador de França

com o motivo de me despedir delle por me mudar da sua vezinhança para outra caza,

e pagar-lhe a vezita que me tinha feito no dia antecedente pella mesma cauza, me

disse que tinha ouvido que eu ajustára, que me viesse avizo, mas que não havia de hir;

respondi que aquella noticia era falsa, e que eu não pertendera mais destinção que

aquellas que erão devidas ao meu caracter, e que todas as que os Reis me tinhão feito

de mais as recebera como especiaes favores precedidos da sua grande benevolencia

para comigo; continuo a /fol.31/ a pratica, dizendo-me, que não via embaraço para eu

hir a Capella, mas que eu estar lá o Embaxador de Napoles, respondi que tal me não

viera nunca ao pensamento, e passei a out[r]a [sic] materia, nesta me parece que não

há mais que fazer, do que continuar no meu silencio, não hir nunca ainda que me

avizem, não dar a razão ainda, que ma preguntem, e não entregar as cartas credenciaes

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que tenho em meu poder athe que o tempo mostre se há ou não inconveniente, o que

não concidéro no mal estabelecido, que está este gocerno, que temo vá para peor, e só

a esperança que me fica hé que a grande prudencia, e capacidade da Rainha

embaraçará, que tenhão effeito as sugestões, que se fazem a El Rey.

Vossa Excelencia me mandou dous livros da cifra de que uzava Sebastião Joze

de Carvalho quando escrevia Manoel Pereira de Sampaio, e dous de que uzava o ditto

Enviado quando escrevia a D. Luiz da Cunha, e querendo decifrar os despachos, que

me tinha mandado depois de alguma diligencia vim a conhecer, que a chave era

diferente, e que havia outra que uzava quando escrevia a Vossa Excelencia, e assim

espero que Vossa Excelencia me remeta com a brevidade possivel a desta chave.

Estimarei que El Rey Nosso Senhor, e as mais pessoas reaes continuem em

lograr perfeita como seos vassalos lhes dezejamos. Deoz guarde a Vossa Excelencia

muitos annos. Madrid 28 de Novembro /fol.31v/ de 1746.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Couttinio.

/fol.32/ Il.mo e Ex.mo Senhor

Como entendo, que devo despachar brevemente expresso para participar a

Vossa Excelencia o novo Ministro, que Sua Magestade Catholica determina nomear

para que lhe fiquem /fol.32v/ subordinados os dous Secretarios de Estado, me

antecipo a fazer esta carta, para nella referir desde o seu principio o motivo desta

nomeação.

Haverá dez, ou doze dias, que hum homem se queixou a El Rey em audiencia

do Marques de Villarias em vozes tão altas, que todos os que estavão prezentes o

ouvirão e se escandalizarão ainda os que não são amigos do ditto Secretario, El Rey o

sentio e estranhou, mas dessimulou e asseitou o memorial em que por escrito se

referia a mesma queixa, e mando ao Governador do Concelho, de quem juntamente

faz bom conceito, e foi iniciado por D. Joze de Carvajal e Alencaster, que visse

examinase a queixa, que nelle se continha, o Marques de Villarias passado hum, ou

dous dias fes a El Rey huma reprezentação acompanhada de hum muytas lágrimas

procurando justificar a sua fidelidade, e procedimento, que pedia a Sua Magestade

mandase tirar huma exacta informação, e achando-o culpado lhe mandase cortar a

cabeça, mas que não fizesse a informação o Governador do Concelho por ser parcial

de seos inimigos, dando nisto a entender serem o Marques de la Ensenada, e D. Joze

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Carvajal; El Rey ficando só com a Raynha se compadeceu delle, e disse que o

Marques éra verdadeiro, e fiel, ainda que não tivesse muyta capacidade, e em outra

occazião havia ditto a Raynha que o Marques de la Ensenada não era fiel, talves

conhecendo, que a /fol.33/ Raynha o protegia, o que elle procura merecer em toda a

occazião, que se offereçe, e por esta razão lhe devo eu muytas attenções, e no que

respeita a Portugal, procura sempre mostrar a sua inclinação, como tenho avizado a

Vossa Excelencia em outras cartas, o que não pratica o Marques de Vilarias, que ou

por falta de capacidade, ou por most[r]ar a El Rey que diz, o que entende livremente,

sempre se opoem ainda na prezença da Raynha; eu porem não posso queixar-me

delle, porque não poucas vezes, que lhe tenho falado sempre experimentei grande

attenção, e cortezia, e não por reconhecimento falo delle o mesmo conceito que faz

El Rey no que entendo, que me conformo com o parecer o Nuncio, e do Embaxador

de França, como tenho entendido dos seos discursos com varias occaziões.

Assim a queixa, com o tudo o mais que se tem passado me referio a Rainha, o

que me obrigou a dizer-lhe que Sua Magestade procura-se evitar as consequencias,

que podia ter a notoria oposição que havia entre os dous Secretarios pois eu receava,

que prevalece-se o partido do Marques de Villarias, porque El Rey não deixava de

ouvir o Dom Carlos de Arezaga, e ao Conde de Maceda, o qual ainda, que era zelozo

e activo, e tinha servido bem na guerra, era louco, e dezejava muyto, que El Rey

nomeasse Ministros de gabinete para o governarem, e excluírem a Sua Magestade, o

que podia afirmar com toda a certeza, porque o ditto Conde de Maceda em huma

conferencia que procurára /fol.33v/ comigo, me persuadira, a que eu fizese com a

Raynha, que consentise, em que houvese o tal gabinete, porque elle me segurava, que

El Rey deixaria vencer, mas ao mesmo tempo me declarára que Sua Magestade não

havia de assistir ao despacho, porque nunca em Espanha as Raynhas assistirão a elle;

esta proposta fecta ao Embaxador de Portugal mostra bem qual he a capacidade do

Conde de Maceda. A Rainha me respondeu que ella reconhecia tudo muyto bem, mas

que não havia pessoas, que fossem capazes de ocupar o emprego de Secretarios, e

apontando-lhe eu D. Joze de Carvajal disse-me que nem ainda fazendo-o Conselheiro

de Estado o queria ser, não havendo em Espanha exemplos de sere[m] filhos de

Grandes, eu pedi licença a Rainha para fazer alguma diligencia naquella materia. [...]

[...]

/fol.35/ [...] Despedido o Inquizidor Geral foi El Rey logo buscar a Rainha, e

dizendo-lhe o que tinha passado como Inquizidor Geral, tão agradado, e satisfeito de

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tudo, que elle lhe disse, que chegou a dizer a Rainha que fora inspiração de Deoz;

opos-se a Rainha fomente com todas as razoes que se offerecerão não estando

prevenido a sua grande capacidade; El Rey insistio, que lhe não convinha outra couza

para o socego da sua conciencia; e a Rainha com susto lhe preguntou quem noemára o

Inquizidor Geral para aquelle emprego, respondeu El Rey, que ou D. Joze de

Carvajal, ou o Duque de Sottomayor, mas que elle mais se inclinava a D. Joze de

Carvajal, e a Rainha mais moderadamente foi reprezentando os inconvenientes, e

persuadio /fol.35v/ a El Rey que nem lhe desse o titulo, nem as distinções que

costumavão ter antiguamente os primeiros Ministros, mas sim o exercicio, e o poder

sobre os Secretarios.

Tudo isto me referio a Rainha, e eu lhe disse que me parecia melhor, que El

Rey se servise ao mesmo tempo de D. Joze de Carvajal encarregando-lhe tordos [sic]

os negocios que corrião pellas Secretarias do Marques de Villarias, e ao Inquezidor

Geral os que corrião pellas Secretarias do Marques de la Ensenada, porem El Rey não

admitio este arbitrio.

Entrou-se na duvida do titulo que se lhe havia de dar na forma, em que havia

de despachar com os Secretarios, porque estes como Conselheiros de Estado mais

antiguos não podião sujeitar-se a hir a caza do ditto Ministro, lembrou a Rainha, que

fosse em huma caza do Paço, e a El Rey, que tivese quarto nelle.

Ultimamente mandou chamar o Inquezidor Geral, e juntamente com a Rainha

conferirão na matéria, e El Rey lhe encarregou que fizesse a minuta pondo o nome de

D. Joze de Carvajal athe hoje que he o dia dos annos da Rainha, El Rey tem guardado

segredo, porque se falar a D. Carlos de Arizaga, ou ao Conde de Maceda certa-

/fol.36/mente o havião de embaraçar. El Rey mandou hoje saber se o Inquezidor Geral

tinha feito a minuta, porque tinha gosto que sahise em hum tal dia.

[...]

/fol.36v/ [...] Hontem de tarde tive o avizo que se costuma mandar a todos os

Embaxadores de que El Rey havia de baxar a Capella no dia seguinte, e que depois

havia de dar bejamão por occazião dos annos da Rainha, e ainda que não entrei em

duvida de que não devia hir a Capella, tinha a muyto grande em faltar no Paço, em dia

tão solene, e para salvar todo o reparo me resolvi a fingir que tinha tido huma colica,

de que toda a minha familia se persuadio, e ordenei a meos filhos que no Paço o

dicessem a todos, e me desculpassem com o Marques de la Ensenada, que me havia

convidado a jantar, e de tarde mostrando ter cessado aquella queixa fui ao Retiro a

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bejar a mão a Rainha, e estando fallando com ella no seu gabinete, em que costuma

fazer-me esta especial honra veio El Rey sem cabeleira, e esteve conversando muyto

familiar muito /fol.37/ familiarmente com a Rainha, e comigo, e me preguntou como

estavão em Portugal com o Duque de Sottomayor, eu lhe respondi que muyto bem e

disse do Duque o que elle merece, e que aquella elleição fora tão acertada como as

mais que Sua Magestade tinha feito, e ao Inquezidor Geral fiz hum grande elogio sem

affectação, porque certamente he hum homem de virtude de grandes lutas e

capacidade, e bem instruido dos negocios do Reino, e do Governador do Concelho

tambem disse o que ouvia a todos de que obrava no seu emprego com grande

inteireza, e vigilancia.

[...]

/fol.38/ [...] Dezejo que El Rey Nosso Senhor continue em passar sem

novidade, que devemos sentir, e que as mais pessoas reaes tenhão saude perfeita.

Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 7 de Dezembro de 1746.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

/fol.48v/ Il.mo e Ex.mo Senhor

[...]

/fol.49/ [...] Hoje vindo jantar a esta caza os dittos D. Joze, e Marques, e outras

pessoas por occazião do dia do nome de El Rey Nosso Senhor lhes disse o que a

Rainha ordenava, e D. Joze de Carvajal de encarregou da diligencia na forma que Sua

Magestade tinha advertido.

Dia /fol.49v/ de Natal não tendo eu hido ao Retiro de manhã por ser dia em

que El Rey desce a Capella, fui de tarde ao quarto da Rainha esperar que os Reis

voltasem de Nossa Senhora de Atócha adonde costumão hir naquelle dia, a Rainha me

mandou intrar no seu gabinete, em que costuma fazer-me a honra de me fallar; El Rey

veio logo sem cabeleira, e depois de me ouvirem com grande benevolencia as

reverentes expressões com que lhe dei as boas festas entrarão comigo em huma

conversação muito familiar, e El Rey sem nenhum reparo me referio o qu se tinha

passado com a Rainha viuva mostrando a queixa que tinha della em não reconhecer

ao menos o que obrára a seu respeito, pois sendo muyto mais o que elle lhe dava do

que o seu pae tinha rezervado para si, e para ella, e toda a sua caza quando renunciara

o Reino, ella nem se dava por obrigada, nem conhecendo, que elle está disposto a

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separa-la de Madrid na primeira occazião que se offerecer, o que julgo muyto

necessario, porque ainda que não sei que haja pratica, ou indicio de menos fidelidade

vejo humas aparencias que devem cauzar grande receio. A Rainha viuva tem, sem

encarecimento a mesma Corte, ou assistencia de Embaxadores, Ministros, e Grandes e

de toda a mais nobreza que os Reis reinantes. Madrid está coalhado de estrangeiros, e

principalmente de Italianos.

[...]

Continuando El Rey a conversação falou em D. Joze de Carvajal preguntando

o que me parecia, e dizendo eu com razão se deve dizer delle, estava conhecendo o

gosto com que El Rey o ouvia, e ultimamente me disse que toda aquella familia era

boa; porque o Duque tinha capacidade, mas que não quizera ser Vizorrey do Mexico,

porque estava com mais escrúpulos, que não podia viver se não fora da Corte em

Caceres, que o soldado era excelente Official, e assim he e que a dous clerigos não

quizerão ser Bispos; despedio-se El Rey por entender que D. Joze de Carvajal estava

esperando, e eu sahi logo para a Rainha fosse assistir a conferencia. Deos guarde a

Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 28 de Dezembro de 1746.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

/fol.50v/ Il.mo e Ex.mo Señor

[...]

/fol.52/ [...] No dia 20 deste mez se fizerão as exequias de El Rey no Convento

da Senhora da Encarnação, a que assistirão os Grandes, e os Prezidentes dos

Concelhos com alguns Ministros, que por ser a Igreja piequena não poderão assistir

todos, houve tres missas, ou tres pontificaes, a primeira que Bispo de Rennes, disse,

foi do Espirito Santo; a segunda de Nossa Senhora que disse o Inquezidor Geral, e a

do officio o Nuncio; as duas missas do Espirito Santo e Nossa Senhora se dizem todos

os dias naquella Igreja por previlegio, que tem, e naquelle dia se disserão com

solenidade que tenho refferido.

Os quatro Bispos que disserão oz responsos forão o Patriarcha Bispo de

Rennes, o Inquezidor Geral, e o Governador do Concelho.

A esta caza veio o Confessor da Rainha viuva trazer-me os dous livros que

leva este correyo das /fol.52v/ exequias que se fizerão em Santo Ildefonso por El Rey

Filipe 5º para que eu os mandasse por nas mãos de Suas Magestades.

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Estimarei que El Rey Nosso Senhor, e as mais pessoas reaes dem feliz

principio ao novo anno, tenhão infinitos de vida, como os seos vassalos lhes

dezejamos. Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos.

Madrid 29 de Dezembro de 1746.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

Doc.65. Ofícios de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

[Contém: esforços de Tomás da Silva Teles para que as Cortes de Madrid e Paris

reconhecessem a autonomásia de Fídelíssimo concedida pelo Papa ao rei D. João V;

dívidas que contraiu naquela Corte; reconhecimento do estatuto de Embaixador de

Família; jornadas reais, etc], Madrid, 24 de Março de 1749 a 6 de Dezembro de 1749.

ANTT, MNE, Livro 827, fols.17v-139. [Excertos].

/fol.17v/ Il.mo e Ex.mo Senhor

Pelo correio Caetano Soares que chegou a esta caza no dia 21 deste mes as

cinco da tarde recebi a carta de 15 em que Vossa Excelencia me participa que El Rei

Noso Senhor he servido que eu, em nome do dito Senhor ponha na noticia da Senhora

Rainha Catolica para que o comunique a El Rei seu marido, a concesam pontificia de

atribuir a Sua Magestade, e a todos os seos sucesores a antonomazia de Fidelisimo, e

que ainda que o nam mandará participar a outras Cortes, emquanto o Papa o nam

declarar ao Sacro Colegio, nam duvida do amor, que lhes devem, que esta noticia lhe

será muito agradavel; asim o executei no mesmo dia, e no seguinte em prezença da

Senhora Rainha Catolica, me dice El Rei que estimava muito tudo o que podia ser do

gosto del Rei Noso Senhor, e que mandase asim segurar.

[...]

/fol.19v/ [...] Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 24 de

Março de 1749.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

/fol.42/ Il.mo e Ex.mo Senhor

[...]

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/fol.42v/ [...] Vossa Excelencia se nam esquecerá de que antes de partir para

Madrid lhe reprezentei no estado, em que me achava era precizo, que a mezada

particular fose pontualmente paga de dous em dous mezes com antecipaçam

sinalando-se no dia 14 daquele mez, em que se deve pasar o decreto; todas /fol.43/ as

vezes que se altera esta ordem, he consequencia infalivel nam pagar a familia, e

comer fiado, ou que o hei-de pedir emprestado; nada disto convem a minha pesoa, e

ao serviço del Rey por rezõens que nam he necesario expresalas, sam tam fortes que

me obrigam a pedir a Vossa Excelencia queira encarregar a algum dos Oficiaes da

Secretaria sem nova ordem de Vossa Excelencia lavre os decretos das mezadas

particulares no dia, e mes correspondente, e tambem os das despezas dos portes das

cartas, e correios que costumo mandar de tres em tres mezes, e que Vossa Excelencia

os queira remeter ao Padre Carbone, a quem devo tanto, que creio estimará ter

ocaziam de fazer-me favor, para que procure que se asinem sem demora.

Tenha Vossa Excelencia a saude que lhe dezejo, para que com esta certeza

tenha eu tambem de que Vossa Excelencia conhece que dezejo servi-lo.

Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Aranjues 9 de Mayo de 1749.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

/fol.49/ Il.mo e Ex.mo Senhor

Sabado que se contáram dez deste mez me mandou o Nuncio que está alojado

a mais de meia legoa deste sitio hum exemplar da Bula do Papa, e da pratica, que

tinha feito no Consistorio Secreto, em que declarára o titulo de Fidelisimo que tinha

dado a El Rei Noso Senhor, e a todos os Reis seus sucesores, e no dia seguinte recebi

pelo correio ordinario carta do Comendador Manuel Pereira de Sampaio, em que me

dava a mesma noticia, e me remetia alguns exemplares, e em execuçam das ordens

que tinha recebido, dei logo conta aos Reis, e aos Ministros estrangeiros hum

exemplar recomendando-lhes que nas ocazioens de falarem em Sua Magestade

ajunstasem aquele titulo praticando o mesmo que se costuma praticar com El Rey

Catolico e Christianisimo.

Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Aranjues 13 /fol. 49v/ de

Mayo de 1749.

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Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

/fol.63v/ Il.mo e Ex.mo Senhor

[...] Nam sei com que rezam se ordena aos alcances, que vam a Madrid,

porque neste rodeio se perde hum dia, e nesta ocaziam nam deixou de dar grande

cuidado a Senhora Rainha Catolica a sua tardança; a dita Senhora pasa estes dias com

mais tose, e opresam e como o tempo está tam fresco, ainda se nam sabe quando Suas

Magestades Catolicas voltarám para o Palacio do Retiro: nam falo a Vossa Excelencia

nas despezas extraordinarias que fazem com esta demora os Ministros estrangeiros

que tem obrigaçam de asistirem perto da Corte; porque a mesma Corte dá alojamentos

aos de Portugal, França, e Napoles por serem Embaixadores de familia; porque he

notoria a Vossa Excelencia me nam deu res[s]posta em outras ocasioens, de que devo

inferir, que será dezagradavel referi-lo.

[...]

/fol.64v/ [...] Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Aranjues 14 de

Junho de 1749.

Nos sobrescritos das cartas da Senhora Rainha Catolica para Suas Magestades

verá Vossa Excelencia satisfeito o reparo, de que em huma das suas cartas me falara.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

/fol.103/ Il.mo e Ex.mo Senhor

[...]

Em concluzam, eu em toda a minha vida, nam tenho tido o que chamam

fortuna, que nam sei verdadeiramente o que he, nem couza que mi lizongease

/fol.104v/e me cegase para nam conhecer o que he o mundo, vivi com honra, gastei o

pouco que tive, e tenho chegado quazi ao termo de que nam ha de pasar a minha vida,

e esteja Vossa Excelencia certo, que asim como nam pedi nada tambem nam quero

nada, se nam a licença para retirar-me, porem se hei-de estar aqui he necesario que o

mundo conheça que he com estimaçam, porque asim convem ao serviço del Rey, e ao

seu decoro, e a minha reputaçam, de que sou muito zelozo, porque he so o que hei-de

deixar a meus filhos.

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Isto entendeu tanto a Senhora Rainha Catolica, ou porque dezeja ver mais

autorizado hum homem de que faz tanta confiança, ou por exceso da sua bondade em

me honrar, gosta que El Rey seu pae me estime, e me destingua, como ela entende

que eu mereço.

Eu ao mesmo tempo que estas demonstrações da sua benignidade me poem

em eterna obrigaçam as sinto, e lhe peço que nam fale em mim, mas tem tomado tanto

a sua conta honrar-me, que parece que fas propria a minha cauza; e eu sou tam

ingrato, que dezejara nam dever-lhe o que lhe devo, e ja sinto as consequencias;

apelemos para Deoz que ele dará remedio, ou queiram ou nam os homens.

Nam poso pasar em silencio o que Vossa Excelencia me diz que as

prezidencias sam trienaes, nem deixar de lhe dizer em re[s]posta, de desde que tive

uzo de rezam so sei pelo que vi na caza onde nasci; isto basta para que Vossa

Excelencia conheça, que he consolaçam, que eu ja a poderia ter tomado, por mim

/fol.105/ sem socorro alheio; se he satisfaçam nem he decorozo que se me dé, nem a

minha veneraçam permite, que eu a pertenda; eu nam acho tam certo o que nos

dizemos de que os auzentes esquecem, melhor dizem os francezes, lez abzents ont

tort, asim me sucede a mim, que nam pedindo, nem me queixando, querem que eu

tenha culpa supondo ter dezejado, ou de poder queixar-me de que me nam desem

alguma das prezidencias; basta de pagina, por nam dizer matraca que he palavra que

tenho ouvido a muita gente boa.

[...]

/fol.105/ [...] Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 21 de

Setembro de 1749.

[...].

/fol.123/ Il.mo e Ex.mo Senhor

Em carta de 12 de Novembro de 1747 participei a Vossa Excelencia que os

Embaixadores tinham ido todos a Santo Ildefonso fazer aquele obsequio a Rainha

viuva de que os Reis se dezagradáram, e que eu por nam ser o unico me vi obrigado a

seguir o seu exemplo, mas com beneplacito da Senhora Rainha Catolica.

Em carta de 10 de Outubro de 1748 tambem participei a Vossa Excelencia que

tinha ido a Santo Ildefonço /fol.123v/ dar o pezame a Rainha viuva com ocaziam da

morte da Duqueza de Parma mae da dita Senhora, o que nam teve contradição; nem

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sobre huma carta, nem sobre outra me dice Vossa Excelencia palavra, que respeitase

esta mateira, e podese dar-me algum indicio para conhecer a vontade del Rei Noso

Senhor, e podese agora sem receio tomar rezoluçam acertada.

O Nuncio que foi, e he o autor destas jornadas, e que esta Corte sospeita com

bastante fundamento ser parcial da Rainha Viuva conservando amizade com o

Marques Scoti, e por comprazer com o Cardeal Valenci, que no tempo em que esteve

em Espanha influia muito nas rezoluçoens da Rainha viuva por lhe haver feito o

serviço de sacrificar a pesoa, e intereses da Rainha viuva de Carlos 2º que estava em

Bayona; este ano depois de partirem os Reis de Madrid dous ou tres dias sahio em

direitura a Santo Ildefonço, e dali veio para este sitio; os Embaixadores de Veneza,

que inteiramente se governa por ele, como o de Olanda, que he ridiculo; o de Malta, e

o Ministro de Polonia, ou por seguir o seu exemplo, ou por conselho seu, que he o

mais certo, foram juntos fazer aquele obsequio a Rainha viuva; sabe-se com certeza

que por persuaçam do dito Nuncio, nam deram conta ao Ministro de Estado, nem

dizeram aos Reis nada como costumavam, nem quando voltaram trouxeram recado

algu da parte da Rainha viuva na forma dos mais anos.

O Embaixador de Napoles foi imediatamente /fol.124/ nam por seguir o

exemplo dos mais, mas por executar as ordens del Rey seu amo, que lhe tem mandado

que va repetidas vezes saber da Rainha sua mae, e sempre que vae da conta aos Reis,

que por ele mandam fazer hum comprimento a Rainha viuva, e quando volta sempre

tras re[s]posta.

Monsieur Keene, que nam tinha noticia do que havia sucedido, nem lhe veio

ao pensamento, que poderia haver reparo, mandou prevenir alojamento, e dizer pelo

Embaixador de Napoles que hia, porque se nam se acha-se tam adiantado, e lhe

parecese que nam devia mudar da rezoluçam, que se tinha feito tam publica,

certamente nam viria, quando D. Joze de Carvajal lhe dice as rezoens que deviam

obrigar aos Embaixadores a nam deixarem esta asistencia e faltar em fazer a Corte aos

Reis, que so para eles sahia todos os dias a falar-lhes nam havendo necesidade,

sogeitando-se ao discomodo de hum tam aspero caminho, tendo que pasar hum porto

que no Inverno se fecha muitas vezes, sem haver alojamento, nem comodidade

alguma para comer, e pasar alguma noute, a que acrescentou que bastava ver-se que

ninguem da Corte ia a Santo Ildefonço, e que o Cardeal Portocarrero, o Duque de

Huescar, e os mais que tinham vindo de fora do Retiro, nenhum fora aquele sitio, o

que nem dava a entender que tem motivo especial era melhor evitar qualquer reparo.

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O Embaixador de Sardenha ouvindo as rezoens que lhe dava D. Joze de

Carvajal, a quem falou na materia, tomou a rezoluçam de nam ir com o pretexto de

que /fol.124v/ ele nam podia falar no cazamento da Infanta, emquanto se nam

publicava , nem era rezam para fazer misterio com a Rainha viuva.

O Embaixador de França que tinha dito que havia de ir tem suspendido a

jornada afectando hum defluxo que ele diz que tem dure muito tempo mas eu me

persuado a que ele ha-de fazer o que fes o Nuncio, deixando partir primeiro os Reis

para Madrid, para ele ir a Santo Ildefonço.

Só eu me vejo embaraçado na rezoluçam que devo tomar, pois ou hei-de faltar

á atençam que devo a Rainha mae da Princeza Nosa Senhor ou desagradar nisto oz

Reis, pois ainda nam pude conseguir que a Senhora Rainha Catolica me facilitase

aquela permiçam, que he justo que eu espero emquanto nam tenho ordem del Rei

Noso Senhor do que devo obrar em conjuntura tal dilicada, e que pelas circunstacias

se tem feito muito grave.

Eu se nam fora ser a Rainha viuva mae da Princeza Nosa Senhora nam entrava

em duvida de que ainda que fose o unico a nam ir; mas como cabe no tempo receber

re[s]posta desta carta, Vossa Excelencia me dirá o que El Rey Noso Senhor me

ordena que faça mas peço a Vossa Excelencia a re[s]posta seja ostensiva para as por

nas maons da Senhora Rainha Catolica, pois sendo tam grande a benignidade com que

Sua Magestade me trata, e sendo conveniente nam perder a confiança, que ela tem em

mim, asim /fol.125/ pelo que toca a esta Monarchia, como as nosas dependencias nam

he rezam que eu obre couza alguma em seu dezagrado sem ordem, a que devo

obedecer primeiro que tudo.

Acrescento que a respeito dos Embaixadores de Familia ha rezoens especiaes,

porque sam avizados para virem, e a Corte lhes dá alojamento, e parece que nam

devem sair sem o participarem primeiro aos Reis, e sem grande necesidade.

Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Escorial 2 de Novembro de

1749.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

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/fol.137/ Il.mo e Ex.mo Senhor

A semana pasada me dice no Retiro o /fol.137v/ Embaixador de França, que

queria buscar-me em minha caza para me mostrár a re[s]posta de Monsieur de

Puissieux sobre a conversaçam que haviamos tido no Escorial a respeito da

antonomazia de Fidelisimo, em que parecia que a Corte de França tinha alguma

duvida; eu lhe respondi que iria a sua caza, porque sem tam justo motivo dezejava

fazer-lhe muitas vezes vezes ese obsequio.

No dia seguinte me dice no mesmo lugar, que por evitar comprimentos, e

mostrar mais a amizade e confiança, com que dezejava tratar comigo, me confiava a

carta de Monsieur de Puissieux para que eu a lese, e depois lhe restitui-se; bem claro

está que esta diligencia se encaminhava a que eu mandase tirar a copia, e a remetese a

Vossa Excelencia e asim o executei, e agora a remeto incluza para que Vossa

Excelencia a veja; no dia seguinte lha restui [sic] fazendo-lhe muitas expresoens de

obrigada, e de agradecido; e como em conversaçam lhe dice que eu nam achava na

Bula do Papa couza que podese fazer embaraço, parecendo-me que os termos de la

erão mais de formalidade de Secretaria, que nascidos de outro principio, e que as

noticias que o Ministro de Portugal tinha dado a Monsieur de Puissieux, parecia que

era o que bastava para que El Rey Christianisimo conhecese, que El Rey meu amo lhe

oferecia huma ocaziam de poder dever-lhe a atençam que se esperava de hum Rei

amigo.

No dia dous deste mes se asinaram /fol.138/ os artigos que costumam preceder

a escritura matrimonial, esta em tudo he similhante as que se fizeram nos cazamentos

das Senhoras Princezas do Brasil, e das Esturias e da Delfina de França; o Cavaleiro

Ozorio procura saber o valor oz escudoz sol, Vossa Excelencia me avizará se devo

pedir particularmente alguma clareza; porque sei certamente que se fas diligencia, e

que ha-de haver diso declaraçam autentica.

[...]

/fol.136v/ [...]/fol.136v/ Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos.

Escorial 6 de Dezembro de 1749.

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Doc.66. Livro para o rezisto das cartas do officio que o Secretario de Estado dos

Negócios Estrangeiros escreve ao Il.mo e Ex.mo Senhor Bisconde de Vila Nova de

Cerveira Embaxador extraordinario na Corte de Madrid – anno de 1746 e 1747 e

1748 [Contém: cerimonial das visitas recíprocas entre os Embaixadores nas Cortes de

Lisboa e Madrid; questões referentes à imunidade dos ministros públicos], Lisboa, 23

de Setembro de 1746 a 14 de Dezembro de 1748. ANTT, MNE, Livro 826, fol.1-112.

[Excertos].

/fol.1/Il.mo e Ex.mo Senhor

[...]

Tambem remetto a Vossa Excelencia as suas instrucções como aqui se ajustou

com Vossa Excelencia mas devo acrescentar para clareza, e segurança de Vossa

Excelencia que nella se fas menção de que a Vossa Excelencia se entregão os papeis

pertencentes a Secretaria da embaxada na Corte de Madrid e se poderão mandar.

Entretanto servirá esta carta para guardado Vossa Excelencia athe que sendo lhe elles

entregues passo o seu recibo na forma costumada. O mesmo digo pelo que respeita a

outro papel instructivo sobre as nossas dependencias respectivas a Colonia do

Sacramento, e outras o qual tambem agora se não remette (ainda que se accuza nas

referidas instrucções) mas não tardará muito tempo em se encaminhar as mãos de

Vossa Excelencia. Ultimamente receberá Vossa Excelencia o papel incluzo, que vay

separado, e contem a memoria do ajuste que na Corte de Madrid, sendo nela Ministro

tratou, e concluio o Secretario de Estado Antonio Guedes Pereira, em ordem ao

ceremonial das primeiras vizitas que deverião fazer os Embaxadores de huma e outra

Corte, e respectivamente executar em cada huma dellas.

Nas cartas que hoje recebemos da de Madrid se aviza na data de 16 do

corrente que no mesmo dia /fol.2/ partia para esta Corte o Embaxador Duque de

Sottomayor.

Sua Magestade se conserva na costumada melhoria com que passa e as mais

pessoas da familia real com a perfeita saude que dezejamos, e estão expedidas ordens

para Segunda-feira 26 deste mez partir para a Villa das Caldas. Deos guarde a Vossa

Excelencia. Lisboa 23 de Setembro de 1746 = Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

Senhor Bisconde de Vila Nova de Cerveira Tomas da Silva Telles.

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/fol.111/Il.mo e Ex.mo Senhor

Os repetidos inconvenientes que se tem experimentado nesta Corte a respeito

da imunidade dos Ministros publicos, algumas vezes por faltarem os Ministros e

Officiaes de justiça a toda aquela atenção e delicadeza que Sua Magestade dezeja se

observe, outras pelo excesso com que os ditos Ministros publicos e muito mais os

seus familiares abuzão da imunidade pretendendo entende-la muito alem do que

permite o direito das gentes, e do que pede a rezão natural; e as enfadonhas, e

frequentes novidades com que esta Corte se tem muito importunada /fol.112/pelas

ditas cauzas: excitarão a providencia de Sua Magestade a aplicar-lhes para o futuro

eficas remedio. E considerando que não tinhão bastado nem as intimações circulares

que esta Corte mandou fazer em diversos tempos os Ministros estrangeiros que aqui

rezidião, nem as que eu renovei a algum por ordem de Sua Magestade nem por outra

parte as advertencias feitas aos Ministros, e Officiaes de Justiça; pareceu necessario

regular esta materia por huma ley publica, para que sabendo cada qual o que lhe

compete se atalhem por huma vez os dessabores que occaziona a incerteza, e a falta

de huma regra fixa, e perpetua.

A este fim pois se publicou a ley de que remeto incluzos dous exemplares; na

qual conformando-se Sua Magestade ao uzo comum dos outros Estados da Europa,

houve por bem declarar os precisos termos a que deve entender-se as ditas imunidades

cortando arais a varios abuzos que com pretexto dela, apezar das precedentes

intimações se procuravão conservar.

Na primeira occazião que Vossa Excelencia tiver de falar ao Ministro dessa

Corte ( que convem seja brevemente) lhe dará noticia desta determinação, e das

rezões que para ela moverão a Sua Magestade acrescentando que não pode duvidar da

prudencia dessa Corte encomende muito ao seu Ministro que aqui rezide, que

/fol.112/ que em conformidade das justas dispozições da mesma ley evite

cuidadozamente toda a occazião de reciproco desprazer no abuzo da sua imunidade

tendo por certo, que em tudo o que for justo e razonavel Sua Magestade ha de

protege-la com a mais religioza exacção. E se esse Ministerio mostrar dezejo deve a

ley, Vossa Excelencia poderá dar-lhes hum dos exemplares que remeto. Deos guarde

a Vossa Excelencia. Lisboa 14 de Dezembro de 1748 = Marco Antonio de Azevedo

Couttinho =

Senhor Bisconde Thomas da Silva Telles.

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Doc.67. Livro para o rezisto das cartas de officio que o Secretario de Estado dos

Negócios Estrangeiros escreve ao Ilustrissimo Senhor Bisconde de Villa Nova da

Cerveira Embaxador Extraordinario na Corte de Madrid anno de 1749-1750

[Contém: concessão do título de Fidelíssimo concedida pelo Papa rei de Portugal;

morte de D. João V; mesadas dos Embaixadores], Lisboa, 29 de Junho de 1749 a 12

de Dezembro de 1750. ANTT, MNE, Livro 828, fol.40v-153v. [Excertos].

/fol.40v/ Il.mo e Ex.mo Senhor

Pelo expreso cavaleiro que chegou em dia de São João Baptista recebi cinco

cartas de Vossa Excelencia e em todas se reconheceu o zelo, e prudencia com que

Vossa Excelencia costuma conduzir-se nos negocios do real serviço de que está

encarregada.

[...]

/fol.141/ [...] A 2ª carta de Vossa Excelencia respeita o titulo de Fidelisimo; e

sem duvida tomou Vossa Excelencia o mais proprio, e acertado meio de falar nesta

materia a Senhora Rainha Catholica como quem de mais perto he testemunha do

estimabilisimo amor que conserva a seus augustos pais, e a sua patria que certamente

lhe correspondem com a maior fineza.

Por não ser necesario fazer larga dissertação em re[s]posta do que Vossa

Excelencia aponta sobre a forma comque se introduzio este titulo, direi em breve, que

o de Christianisimo, suposto algumas vezes inserido sem formal designio em

ocaziões, e documentos que cita Mabillon no seu livro de Re Diplomatica /fol.141v/

nunca se praticou formalmente, nem os Reis de França o arrogarão a si em modo

antonomastico, se não depois que a sua instancia veio a Sé Apostolica no 15º seculo a

uzar dele nas suas expedições o titulo de Catholico se começou a tomar pelos Reis de

Castela, e Aragão, depois que o Papa Alexandre 6º lho deu tambem sem formalidade

em huma Bula que no fim do dito seculo expedio aos Reys Fernando, e Isabel,

atribuindo-lhes o direito da conquista das Indias Occidentais. Antes disso os Papas

precedentes o tinhão dado tambem incidentemente em Bulas, e Breves aos Reis de

Portugal a proposito das conquistas, e descobrimentos de Africa. Mas como os ditos

Reis Fernando e Isabel mostrarão dezejo de que se lhes continuasse o nome de

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Catholicos por antonomazia os Papas o mandarão por em todas as expedições dali em

diante.

A 1ª ves que a Sé Apostolica atribribuio expresamente por Breve semilhantes

titulos foi quando Leão X expedio hum a Enrique 8º Rey de Inglaterra em

agradecimento do livro que compoz contra a doutrina de Lutero, declarando que se

chamaria dali em diante defensor da fé; e depois da apostazia daquele Principe passou

o parlamento hum acto para que o mesmo titulo se ficasse uzando perpetuamente

pelos /fol.42/ pelos Reys de Inglaterra.

Quando Sua Magestade mandou explicar ao Papa que levaria em gosto ser

chamado Fidelissimo foi declarando juntamente que não reconhecia ser-lhe necessária

para isto concessão alguma pontificia, mas que estimaria que o uzo daquele titulo

começasse a praticar-se pela cabeça da Igreja. Como na Curia não perdem ocazião de

autenticar a jurisdição papal, ainda naquelas couzas em que se pode com rezão

duvidar, se ela he necessaria, julgou Sua Santidade a propozito de fazer a declaração

por Breve, e Preconico consistorial.

[...]

/fol.43v/ [...]Deos guarde a Vossa Excelencia. Lisboa a 29 de Junho de 1749 =

Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

Senhor Bisconde Thomas da Silva Telles.

/fol.110v/ Il.mo e Ex.mo Senhor

Despacho a Vossa Excelencia este expresso para lhe participar que foi Deos

servido levar para si a El Rey D. João 5º meu Senhor na tarde de hoje pelas sete horas

e bem considerara Vossa Excelencia a justa magoa que nos acompanha.

O Duque de Sottomayor despachou hum expresso ha poucas horas, e o motivo

de despachar este he para ver se pode chegar antes, para que Vossa Excelencia tenha

tempo de dispor a Senhora Rainha Cattolica para não se asustar com esta triste

noticia.

Amanhã pela manhã se despachará a Vossa Excelencia outro expresso que

levara as cartas de formalidade que se ficão fazendo. Deos guarde a Vossa

Excelencia. Lisboa 31 de Julho de 1750 = Marques Estribeiro-mor =

Senhor Bisconde Thomas da Silva Telles.

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/fol.111/ Il.mo e Ex.mo Senhor

[...]

O mesmo Senhor fes merce a Vossa Excelencia de tres mil cruzados de ajuda

de custo para os lutos que ordenou se tomassem por tempo de dous años, o primeiro

de capa comprida, e o segundo aliviado, em demonstração do grande sentimento que

deixou a falta do Senhor Rey D. João o 5º seu augusto pay que Deos chamou ao ceo.

Suas Magestades logrão da perfeita saude que havemos mister, e a mesma

felicidade se conserva na mais familia real. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lisboa a

7 de Agosto de 1750 = Sebastião Joseph de Carvalho e Mello =

Senhor Bisconde Thomas da Silva Telles.

/fol.116/ Il.mo e Ex.mo

A reprezentação de Vossa Excelencia sobre o acrescentamento das despezas

extraordinarias que Vossa Excelencia repetio na sua carta de officio de 10 do

corrente, não foy para mim nova, porque algumas vezes ouvia a meo antecessor o

Senhor Marco Antonio de Azevedo Couttinho, que tinha achado no despacho deste

acrescentamento menos facilidades que elle quizera, obstando-lhe sempre o ventajozo

conceito que a nossa Corte fazia mezadas dos seos Embaxadores; quando as

combinara com as da mayor parte das outras Cortes da Europa; e quando refletia em

que os portes de cartas, e despezas da Secretaria fazião por conta da Fazenda Real. O

que sou obrigado a referir em justificação não só da boa vontade que sempre conheci

no dito meu antecessor, de concorrer para tudo o que fosse do gosto, e do serviço de

Vossa Excelencia; mas tambem de que esta mesma vontade he tudo o com que até

agora posso responder a Vossa Excelencia. /fol.116v/ Dezejo porem muito que se me

prezente occazião oportuna de promover o despacho da dita reprezentação com algum

effeito agradavel a Vossa Excelencia ou o nome seja de acrescentamento de

extraordinarios, ou de ajuda de custo, porque na realidade tudo virá a ser o mesmo.

Quanto as expressões de alegria, e de reconhecimento que se continhao em

huma das outras duas cartas que Vossa Excelencia me dirigio na data do dia 15 do

corrente, sendo todas prezentes a El Rey Nosso Senhor forão recebidas por Sua

Magestade com o agrado de que tambem felicito a Vossa Excelencia. Deos guarde a

Vossa Excelencia. Lisboa em 23 de Setembro de 1750 = Sebastião Joseph de

Carvalho e Mello =

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Senhor Bisconde Thomas da Silva Telles

/fol.151/ Il.mo e Ex.mo Senhor

[...]

/fol.153/ [...] Passando a outra materia mais agradavel direi a Vossa

Excelencia com grande gosto meu, que achei occazião de propor outra ves a El Rey

Nosso Senhor as duas pertençoes de Vossa Excelencia que /fol.153v/ que se achavão

dependentes da rezollução de Sua Magestade.

E não obstante que a respeito da primeira dellas, que vertia sobre as despezas

das jornadas, que Vossa Excelencia fas seguindo essa Corte, se achasse o mesmo

Senhor na inteligencia de que as referidas despezas cabiam na importancia das

mezadas; e não obstante que a respeito da segunda, que vertia sobre se pagarem a

Vossa Excelencia os soldos de tempo, que esteve nesta Corte com licença desde o dia

da sua nomeação para essa Embaxada até o em que partio para ella, tambem havia

duas difficuldades taes como erão: 1ª constar que o Senhor Rey Dom João V que

Deos tem na gloria, havia escuzado este requerimento ao tempo em que Vossa

Excelencia sahio desta Corte para essa; 2ª não haver exemplo de que no felix reinado

de El Rey Nosso Senhor se tenhão mandado pagar soldos sem exercicio; comtudo Sua

Magestade inclinando-se benignamente a favor das ditas pertenções, houve por bem

ordenar que ellas fossem diffiridas com hum decreto, que logo mandarei lavrar, e

entregar ão Procurador de Vossa Excelencia para ser embolçado da importancia que

montarem os soldos de Mestre de Campo General desde 23 de Fevereiro de 1739 (em

que Vossa Excelencia foi nomeado Embaxador) até o dia em que partio para Madrid

no anno de 1746; segundo a lembrança que tenho a qual ratificarei hoje na Secretaria

de Estado, para que o decreto comprehenda exactamente o referido tempo. Não

declararei porem /fol.153v/ ao Procurador de Vossa Excelencia a cauza em que o dito

decretto se funda, para que elle possa atribuir a sua importancia antes ao mero titulo

de ajuda de custo. E Sua Magestade me ordenou que recommendase a Vossa

Excelencia todo o segredo sobre esta materia para que se não possa allegar hum

exemplo que na realidade não há, pois hé certo, que o mesmo Senhor se não moveo,

se não pela contemplação pessoal de Vossa Excelencia.

Fico para servir a Vossa Excelencia que Deos guarde muitos annos. Lisboa 12

de Dezembro de 1750 = Mayor amigo e mais fiel catolico de Vossa Excelencia =

Sebastião Joseph de Carvalho e Mello =

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Il.mo e Ex.mo Senhor Bisconde Thomas da Silva Telles.

Doc.68. Carta de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado [?] descrevendo o

feitio, as qualidades e os defeitos de Fernando VI; influência de D. Maria Bárbara no

seu marido e no governo espanhol; motivos que deveriam levar ao afastamento a

Rainha viúva, Isabel Farnésio, etc., Madrid, [1746-1753]. ANTT, MNE, Caixa 618,

fols.1-5. [Excerto].

[fol.1]El Rey Catholico he de conciencia tão ajustada, que não só cometerá

huma culpa mortal, mas nem venial com advertência. he muito pio e devoto; confessa

se muito frequentemente; ouve duas missas todos os dias, e fas outras muitas

devoções; he seriamente escrupuloso, decreta intenção, ama os seus vassalos, e dezeja

fazer lhes justiça; mas he desconfiado, e timido, falso de rezolução; e tardo em

perceber os negocios, e não deixa de mostrar em algumas occaziões ser altivo; como

foi na em que tardarão as respostas, dizendo á Rainha, que já não quizera ser

governado por França, não queria ser por Portugal. Hé teimoso, e conserva algumas

preocupações, e entre ellas a de se não deixar governar por sua mulher, lembrando-se

do que ouvia dizer e estranhar, que seu pai fosse dominado pela Rainha veuva;

devendo conhecer a infanta de diferenca que vai de huma, a outra.

[fol.2] Comtudo elle ama muito a Rainha e parece me que não fará nada sem

que a ouça primeiro, e sempre ella terá grande parte no governo; porque conhece

perfeitamente o genio do seu marido, e he dotada de grande penetração e

entendimento de animo sossegado e prazivel; prudencia, e sufrimento;

[...]

He verdade que nas couzas de Portugal não poderá obrar tão declaradamente;

porque ElRey conhece o grande amor que a Rainha tem a seus paes e a toda a familia

Real e o afecto que lhe deve a nação portugueza; porem ella buscará os meyos

conducentes para conseguir o que for mais do agrado del Rey Nosso Senhor; em

quem não pode fallar nunca sem lágrimas de sentimento de que Sua Magestade não

tenha saude perfeita e de considerar que não ha de tornar a ver, nem a Rainha Nossa

Senhora Sua Mãe.

A Rainha Catholica me comunicou hum destes dias, que se lhe tinhão dito

ainda que sem toda a certeza, que a Rainha veuva dissera ao Duque de Sera [fol.3]

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que foi Embaxador del Rey de Napoles nesta Corte, e que veio agora per Embaxador

Extraordinario a felicitar os Reys de terem subido ao trono que era necessario parler

haute dizer a El Rey Catholico que mandase jurar por sucessor do reino a El Rey de

Napoles; aquellas palavras em françes, não se explicao na língua portugueza com

propriedade mas a palavra 15 significa altivo, e assim se virá a conhecer a força

daquelle termo de que a Rainha uzou; confeço que com alguma impaciência disse á

Rainha Catholica que não só era dezatenta, mas insolente aquella proposta, e que Sua

Magestade devia examinar e averiguar huma tão importante noticia, e ter espias no

quarto da Rainha veuva; ao que me respondeu que ella nunca as tivera, sendo

Princeza, e que sempre entendera, que não haveria quem quizese fazer-lhe tão indigno

servico, e que sempre temia que as mesmas espias fossem dobres, e outras rezões

nascidas do seu generozo coração [fol.4] comtudo entendo que he precizo que El Rey

Nosso Senhor mande em carta que não contenha outro negocio dizer a Rainha sua

filha o que deve obrar El Rey no cazo, em que o Duque de Sora ponha em execução

o que a Rainha veuva lhe ordenou, que a Rainha reinante possa mostrar a El Rey seu

marido; porque esta e outras noticias que podem afligi-lo, sempre a Rainha lhas

oculta; Meu parecer he que os Reys se aproveitem de hum tão justificado pretexto

para fazer sahir de Madrid a Rainha veuva não só para segurança das suas pessoas

mas para evitar que ella saiba todos os passos que dão e tudo o que dizem os Reys e

que se lhe faça a Corte tão frequentemente pois talves que em alguns dias seja mais

numeroza que a dos Reys reinantes, sabendo-se, que emquanto durou a jornada do

Escurial havia hum concurso grande de toda a nobreza no paço da Rainha veuva;

pudera parecer demasiadamente forte esta rezolução; mas se todos convem em que foi

grande erro deixa-la ficar em Madrid, quando se ha de emendar.

Em negocios de consequencias tão [fol.5] arriscados he necessario cortar e não

esperar, que remedios brandos bastem para atalhar hum mal tão grande. Tão bem he

necessario fazer reflexão, em que o Duque de Sora logo que teve a sua audiencia, se

despedio, e so não foi ao Escurial por esse motivo teve ordem agora para falar;

estando aqui outro mbaxador de Napoles que he o Princepe de Tache.

15 À margem: “Haut”.

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Doc.69. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

contando que o Embaixador francês se queixara de não sido convidado para

acompanhar a família real espanhola na sua jornada ao Escorial; precedências entre os

Embaixadores de Família português, francês e napolitano; descontentamento dos

ministros da Polónia e da Dinamarca pelo Embaixador português não lhes ter dado

conta da sua chegada, Madrid, 25 de Outubro de 1746. ANTT, MNE, Caixa 618,

fols.1-5. [Transcrição integral].

Il.mo e Ex.mo Senhor

[fol.1] [...] Sem embargo do que na carta de 22 do corrente avizei a Vossa

Excelencia que os Reys Catholicos hiam passar quinze dias ao Escorial, e que os

Ministros Estrangeiros os não acompanhariam, isto se alterou com a queixa, que fes o

Embaxador de França de que se praticasse agora com elle, o que nunca se tinha

praticado, pois como Embaxador de Familia [fol.2] sempre era admitido, e avizado

ainda que quando os Reys fazião jornadas por poucos dias, e somente por se divertir,

e não ouvirem nem tratar negocios alguns; ao que El Rey mandou responder que já

tinha dado ordem ao Secretário de Estado para o avizar, para que se quizesse, fosse

como tambem se não quizesse hir o podia fazer; porque dependeria so da sua vontade,

e ao mesmo tempo mandou fazer avizo ao Embaxador de Napoles, e a mim como

Embaxadores de Familia na forma do avizo do Marques de Villarias, de que mando a

copia incluza; Eu ainda que não estou tão convalescido, que possa fazer sem

descómodo esta jornada, a determino fazer para que fique estabelecida a prerogativa

de Embaxador de Familia; pois este negocio insensivelmente tem tomado o caminho

que se podia desejar; porque eu logro as distinçoens todas de Embaxador de Familia,

e como se não fas a declaraçam formal por aviso de Secretario de Estado não serei

avizado para ir a Capella e por este modo se evitava a questão das precedencias, a que

eu nunca me havia de expor pelas razoens que já fis prezentes a Vossa Excelencia.

Devo acrescentar que serve para o mesmo assumpto, que para o dia dos touros se

assignou huma janela da praça a cada hum dos Embaxadores no lado opposto ao

balcam dos Reys de fronte delles, de sorte que ao Embaxador de França, lhe tocou a

da parte esquerda do mesmo lado, a mim o immediato, e logo [fol.3] o do Nuncio, e

adiante deste o do Embaxador de Napoles, de sorte que de qualquer modo que se

considerasse, nunca se podia dizer que eu era precedido por ninguem; porque se se

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quizesse dizer que o Embaxador de França, tinha o primeiro lugar precisamente se

havia de confessar, que eu tambem tinha o melhor lugar do que o Nuncio; comtudo

como eu por cauza da minha molestia não fui, ficou cessando qualquer reparo que se

podia fazer.

Nesta mesma occazião se queixou o Embaxador de Napoles de que lhe não

davam o lugar que lhe competia sem declarar em que se fundava a sua queixa: El Rey

lhe mandou responder que asim como tinha mandado declararar [sic] quando o

Nuncio fes a sua entrada que no acompanhamento não haveria precedencias entre as

carrosas dos Embaxadores asim tambem naquella occazião tinha mandado que as não

ouvesse.

Nesta corte se acham dous Ministros Plenipotenciarios de ElRey da Polonia, e

de El Rey de Dinamarca, os quais me consta que estão muito queixozos de mim por

lhe não ter dado conta da minha chegada quando todos os outros Embaxadores o

tinhão feito: eu logo que cheguei a esta Corte me informei no Nuncio, o qual me

afirmou que lhe não tinha dado conta, nem o Embaxador de França; [fol.4] porem

informando me agora com mais individuação tenho achado, que o Nuncio quando fes

a sua entrada lha mandara participar, e pedir hum coche e depois sei que jantou com o

Ministro de Polonia em caza do Nuncio, e pelo que toca ao Embaxador de França sei

que lhe mandou dar conta da sua chegada, e que depois se ar[r]ependeu , e eu concorri

com o dito Ministro de Polonia a jantar em caza do Embaxador de França; nestes

termos entendo que he justo que eu lhes mande participar a minha chegada a esta

Corte para que não fique sendo singular entre os mais Embaxadores dando motivo de

queixa a estes Ministros, sem que tenha consequencias a endiveis praticar huma, ou

outra couza.

Devo tambem por na noticia de Vossa Excelencia que antes de El Rey

Catholico conceder ao Embaxador de Malta as honras de Embaxador como he de testa

coroada lhe tinha dado a patente de Mestre de Campo General para que fosse tratado

por todos de Excelencia o que eu não sabia, e por isso entrei na duvida que já

participei a Vossa Excelencia para o dito Embaxador ha de fazer a sua entrada publica

para nella se praticar a diferença aos mais Embaxadores de se não cobrir na audiencia

como fazem os mais: [fol.5] Tambem pelo que toca as honras há huma grande

diferença, e vem a ser que qualquer Embaxador de Malta que de novo vier para as

lograr as ha de pedir primeiro.

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Dezejo que El Rey e as mais Pessoas Reaes se conservem na saude que os

seos vassallos lhe dezejamos. Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid

25 de Outubro de 1746.

Bisconde Thomas da Silva Telles.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

Doc.70. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português sobre

a questão da autonomásia de Fidelíssimo concedida a D. João V, Madrid 1 de

Novembro de 1749. ANTT, MNE, Caixa 618, fols. 1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Il.mo e Ex.mo Senhor

Comunicando-me Joze Galvam de Lacerda, o que havia pasado com Monsieur

de Puissieux sobre a antonomazia de Fidelisimo que o Papa atribuio a El Rey Noso

Senhor e a razam que dava para que nas cartas credenciaes de Monsieur de Chavigni

se nam puzese a dita antonomazia, falei logo a D. Joze de Carvajal para o prevenir, e

dizer ao Conde de Vaugrenant quando lho preguntase que El Rey Catolico nam tivera

a menor duvida em mandar por em todos os papeis, em que se falase em Sua

Magestade o titulo de Fidelisimo.

No mesmo dia procurei saber de Monsieur Keene se tinha alguma instrucçam,

ou ordem da sua Corte naquele particular, ele me respondeu que nam; depois falei

com o Embaixador de França, a quem referi o que se tinha pasado entre D. Luis da

Cunha e Monsieur de Puissieux, e o que eu havia avizado ao dito D. Luis da Cunha da

rezoluçam em que estava esta Corte de nomear El Rey Noso Senhor e aos seus

sucesores com a antonomazia de Fidelisimo, e que asim o podia segurar ao dito

Puissieux, falando primeiro com D. Joze de Carvajal, ele me respondeu que nam tinha

noticia alguma daquele particular, e com grande cortezia me dice, que bstava que eu o

dicese para ele poder afirmar; eu lhe agradeci aquela atençam, mas que so cazo pedia

que constasse por aserçam do Ministro de Estado desta Corte, e continuando a pratica

lhe fiz conhecer quem nam podíamos esperar de huma Corte amiga, que duvidar e dar

a El Rey Noso Senhor hum titulo, que bastava ele o aceitasse para que França nam

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recuzase ter [fol.2] aquela atençam com Sua Magestade, mas que eu atribuia mais

aquela dificuldade á pouca inclinaçam do Ministro, do que a outro motivo, pois já em

outro negocio, tambem de atençam o tinha observado, lembrando-me de nam querer

fazer sair de França a Olandeza, que se estava em caza de D. Luis da Cunha,

Monsieur de Vaugrenam procurou satisfazer-me com rezões, que vinham a importar,

que os Ministros novos sempre seram mais deficeis com o temor de errar. Ele me

prometeu fazer a diligencia que eu lhe insinuava com D. Joze de Carvajal, e avizar

Monsieur de Puissieux o que ele lhe dicese.

Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Escorial primeiro de

Novembro de 1749.

Bisconde Thomas da Silva Teles

Ps. Hoje tres deste mes me dice Monsieur de Vaugrenam que ja tinha escripto

a Monsieur de Puissieux o que D. Joze de Carvajal lhe tinha afirmado sobre nam ter

esta Corte dificuldade a nomear a El Rey Noso Senhor com a antonomazia de

Fidelisimo.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

Doc.71. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

referindo que a Corte de Madrid sugerira que se reproduzisse o modelo de assinatura

do tratado matrimonial luso-espanhol no casamento do Duque de Sabóia com a

Infanta espanhola, D. Maria Antónia, Aranjuez, 9 de Maio de 1750. ANTT, MNE,

Caixa 618, fols.1-5. [Excerto].

[fol.1] Il.mo e Ex.mo Senhor

A falta de tempo faz que algumas vezes eu nam participe a Vossa Excelencia

prontamente algumas noticias, que por nam serem muito importantes admitem deferi-

las para ocaziam de menos ocupaçam por esta rezam nam tenho participado a Vossa

Excelencia que logo que o Cavaleiro Ozorio deu principio a sua negociaçam sobre o

cazamento do Duque de Saboia com a Infanta D. Maria Antonia, propos que as

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capitulações ou escrituras fosem as mesmas que se fizeram no cazamento do Delfim

com a Infanta D. Maria Tereza, a que o Ministro de Estado respondeu que asim

tinham sido tambem as dos reciprocos cazamentos das Princezas de Portugal e

Espanha: convieram finalmente nas ditas capitulaçoes que os Reis asinaram e

ratificaram.

[...]

[fol.2] [...] Pasaram-se as ordens ao Marques de la Ensenada, mas o Cavaleiro

Ozorio nam pode antes de partir concluir nada com o dito Ministro que tem

tregiveriado hum pouco, porem tenho por certo que logo se dará alguma porçam, por

conta do dito dote, e que com algumas espéras se virá a fazr inteiro pagamento, que

importa em hum milham outocentos, e setenta e sinco mil cruzados pouco mais ou

menos pela reduçam da moeda de Espanha a moeda de Portugal.

Antes do acto solene das escrituras que se [fol.3] fes na presença de todas as

Pesoas Reaes, e com asistencia de todos os Chefes das Cazas del Rey, e da Rainha, e

mais creados nomeados para asistirem, e asinarem; perguntou o Cavaleiro Ozorio em

que lugar havia de asinar, porque nas ditas escrituras nam so assinam os Reis, e

Infanta, que se há de despozar, mas os mais Infantes, e logo o Embaixador;

respondeu-lhe que no lugar em que assinará o Embaixador de Portugal, e de França,

porem como se achou alguma diferença, porque o Bispo de Rennés assinou na mesma

linha, igual com o Infante Cardeal e o Marques de Abrantes muito abaixo no fim do

papel, se mostraram ao Cavaleiro Ozorio só as escrituras com Portugal, porem o dito

Ministro, ou porque tivesse visto as de França, ou por alguma noticia , que tivesse

adquirido asinou na mesma linha, e igual com o Infante Cardeal.

Seria antes deste facto materia de disputa qual dos dous Ministros de Portugal

e França haviam feito melhor, porem hoje ja nam he materia de duvida de que o

Embaixador em similhante ocaziam deve seguir os exemplos mais modernos; antes

diso eu se me vise em lugar, nem afectaria a igualdade como o Bispos de Rennes,

nem praticaria tam grande diferença como praticou o Marques de Abrantes.

Parecendo aos Reys, que ao Cavaleiro Ozorio deviam fazer alguma

demonstração da sua benevolencia como se tinha praticado com o Marques de

Abrantes, a quem deram o Tuzam, e ao Bispo de Rennes a grandeza; mandáram fazer

hum Tuzam de muito bons diamantes, e por terceira pessoa lhe mandáram insinuar

para que ele tivese tempo de o avizar, e poder ter a licença da sua Corte para o aceitar:

a [fol.4] resposta particular foi que o nam aceita-se mas o Cavaleiro Ozorio a deu de

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tal modo, que se ficou em duvida, e se fes nova diligencia para que ele pedise huma

resposta mais pozitiva, o que fes com efeito despachando hum correio, que El Rey de

Sardenha tendo destinado o dito Cavaleiro Ozorio para hum emprego, em que se

considerava alguma incompatibilidade conforme as máximas da sua Corte, e governo,

sentia que aquele seu vasalo nam podese lograr huma tam grande honra, e juntamente

muitos pretextos de amizade e da boa correspondencia que El Rey dezejava ter com

El Rey Catolico seu sobrinho.

Esta Corte se persuadio a que seria politica para mostrar a Corte de Viena

aquela atençam, porem o que alguma pesoa de capacidade e muito conhecimento da

Corte de Turim entende he que El Rey de Sardenha por se nam ver obrigado a dar a

Ordem da Anunciada a D. Manoel de Sada Embaixador de Espanha na sua Corte,

nam quis que o seu Ministro aceitase o Tuzam, porem bem poderá nam fazer reparo,

porque D. Manoel de Sada he hum grande fidalgo Aragones, e Castelam de Amporta,

Mestre de Campo General, e homem de grande merecimento; e o Cavaleiro Ozorio he

hum fidalgo muito ordinario de Cezilia.

Tendo El Rey destinado todos os mais tuzões que estavam vagos para aquelas

pesoas que eram dignas daquela distinçam, em que nam entrava o Marques de la

Ensenada, em poucas horas sem conselho de ninguem se rezolveram os Reis a da-lo

ao dito Marques; oiço dizer que nam tivera a aprovaçam geral das gentes, esta merce

feita ao dito Marques. Deoz [fol.5] guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Aranjues

9 de Mayo de 1750.

Bisconde Thomas da Silva Telles.

Il.mo e Ex.mo Senhor Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

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Doc.72. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

informando que daria uma festa em sua casa pela ocasião do dia do nome do rei de

Portugal, Aranjuez, 22 de Junho de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-2.

[Transcrição integral].

[fol.1] Il.mo e Ex.mo Senhor Nam escrevi a Vossa Excelencia pelo correio ordinario, porque determinava faz

elo por este expresso que espero que chegue ao mesmo tempo, e que Suas

Magestades recebam sem demora as cartas da Senhora Rainha Catolica, que padeceu

estes dias alguma molestia em hum olho, que vulgarmente se chama na lingoa

portuguesa torçam, mas ja hontem lhe nam impedio sair fora, e hoje ter aplicaçam de

escrever.

Chegou o Cavaleiro Saint Peir que ja havia dias se esperava com a noticia de se

ter ontem avistado el Rey de Sardenha e o Duque de Saboia com a Infanta Dona

Maria Antonia, e com este motivo se mandou por luminarias tres dias, e vestir-se a

corte de gala; e o mesmo fará dia de S. Joam em obsequio do mesmo nome del Rey

noso Senhor que eu festejarei quanto cabe na minha possibilidade; e permite a

estreiteza do alojamento, mas nunca quanto seria o meu dezejo, nascido da

obrigaçam, e fervozo zelo com que nesse dia repetirei a Deos os votos para que por

mui dilatados anos posam os vasalos Portuguezes celebrar tam festivo dia e dar ao

mesmo Senhor as graças de lhe conservar a aprecioza vida de Sua Magestade, e a

saude perfeita das mais Pesoas Reaes. [fol.2] Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos

annos. Aranjues 22 de Junho de 1750.

Bisconde Thomas da Silva Telles.

Il.mo e Ex.mo Senhor Pedro da Mota e Silva.

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Doc.73. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

referindo o impacto da morte de D. João V na Corte de Madrid; luto e conversas

particulares que teve com os reis espanhóis nesta ocasião, Madrid, 16 de Agosto de

1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-3. [Transcrição integral].

Il.mo e Ex.mo Senhor

[fol.1] A Senhora Rainha Catolica tem sido tam perseguida estes dias depois do

seu enserro de dores de dentes que os medicos a mandaram sangrar duas vezes, o que

se executou no dia 12 deste mes com bom suceso, seguindo se logo algum alivio

ainda que Sua Magestade nam fica inteiramente livre da cauza, nem dos ameaços; por

esta rezam Suas Magestades Catolicas nam apareceram em publico se nam na amanhã

[sic], e amanda agora despachar hum extraordinario para levar as suas cartas, de que

me aproveito, para escrever a Vossa Excelencia nam tendo cauza que participar lhe,

que mereça maior cautela.

Eu me tenho negado as muitas vizitas que tem vindo a minha porta com esta

ocaziam, mas todas as noutes vou saber dos Reis e eles me fazem a honra de me falar

sendo o que fas mais estimavel a confiança com que me tratam, ou que fazem de

mim. Tem sido a materia das conversasões destes soberanos trazer á memoria as

heroicas acçoens del Rey que Deos tem em sua santa gloria, e as altas virtudes del

Rey noso Senhor, a que el Rey Catolico fas grandes elogios porque tem especial

afecto a sua pesoa persuadido de que confrontam ambos muito nos genios.

Quando a Senhora Rainha Catolica leu a el Rei seu marido a carta deste correio,

em que el Rey noso Senhor mostra com expresoens muito sinceras, que dezeja

conservar a verdadeira amizade com [fol.2] el Rey seu cunhado, ouvio tudo com

huma grande satisfaçam e reconhecimento, e referindo me quando me vio o que a

carta continha, repetio com aquela candides de coraçam, que lhe he tam natural, que

ele nam dezejava outra couza mais neste mundo do que viver com el Rey Noso

Senhor em perfeita uniam para que reciprocamente se atende se aos intereses dos seus

respectivos vasalos, e que pois eu fazia dele maior conceito do que ele merecia (a

tanto chega a bondade deste Principe) fizesse prezente a el Rey noso Senhor o seu

animo, e as suas rectas intençoens, a que acrescentou outras muitas expresoens, que

bem mostram a sua boa fe, e o dezejo de que nam haja entre as duas Coroas nenhum

motivo de dezuniam, e dissabor; a tudo procurei responder quanto me era permitido

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em nome del Rey Noso Senhor, e da minha parte com aquele respeitozo

agradecimento devido a tam especiaes favores, com que se dignou a tratar a minha

pesoa.

Ja dice em outra carta, que imediatamente que os Reis souberam da morte delRey

seu Augusto Pae, e Sogro se enseraram, e mandaram tomar luto sem esperar a carta de

formalidade; mas nam quizeram que se principiasem a contar os nove dias de enserro

do costume se nam no dia em que dei a El Rey em audiencia particular na sua Camara

a dita carta de formalidade.

Deos guarde a Vossa Excelencia muitos annos. [fol.3] Madrid 16 de Agosto de

1750.

Bisconde Thomas da Silva Telles.

Ps. Os Reis apareceram hoje 17 deste mes e a Corte lhe beijou a mam, porem

ainda fica a dilatado o correio para amanhã, nam porque continue a molestia da

Senhora Rainha Catolica, mas porquem a ocupaçam do dia embaraçou a dia Senhora

escrever.

Il.mo e Ex.mo Senhor Pedro da Mota e Silva

Doc.74. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

informando que os reis católicos decretaram que se realizassem as mesmas cerimónias

de luto pelo falecimento de D. João V que haviam sido concedidas a Filipe V,

Madrid, 18 de Agosto de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-2. [Excerto].

[fol.1]Il.mo e Ex.mo Senhor

Hontem muito a presa em hum P.S dice a Vossa Excelencia o motivo que tinha

havido para que nam parti se o correio que esta Corte determinava despachar.

Os Reis deram hontem cada hum no seu quarto audiencia aos seus Vasalos, que

lhes beijaram a mam vestidos de mayor luto, e da mesma sorte a Corte toda,

mandando praticar nesta ocaziam tudo o que se praticou na da morte de Felipe 5º.

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Eu me achei prezente a huma, e a outra audiencia, e o mesmo fizeram todos os

Embaixadores, e Ministros estrangeiros.

[...]. Deus guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 18 de Agosto de

1750.

Doc.75. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

queixando-se dos inúmeros gastos e das despesas que teve nos últimos anos por ser

Embaixador de Família e ter a obrigação de acompanhar a família real espanhola nas

mesmas; comparação entre as ajudas de custo que as Cortes portuguesa, espanhola,

inglesa e holandesa davam aos seus ministros nestas ocasiões, Madrid, 10 de

Setembro de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-3. [Transcrição integral].

[fol.1] Il.mo e Ex.mo Senhor

Ainda que até agora se nam tem publicado a jornada que os Reis Catolicos

determinam fazer a Alva, e a Avilla levados da devoção de ver as reliquias de S.

Tereza que estam em Alva, e as de outros Santos de Avila, e de venerar a imagem de

Nossa Senhora del Risco que nam fica distante, já poso participar a Vossa Excelencia

que a sua rezoluçam he partirem daqui no dia sinco de Outubro para o Escorial, e

descansando dous dias naquele sitio continuar a sua jornada para Alva; nam querem

levar mais do que os criados precizos para o seu serviço, e decencia, e entendo que os

Embaixadores de Familia seram dispensados de os acompanharem, o que estimo

muito, porque alem do grande discomodo que havíamos de experimentar me mizeria

dos lugares daquela parte, e mas acomodaçoens, sendo precizo levar huma caza com

todo o necesario, seria de grande gasto, que acrescendo ao que costumamos fazer nos

Sitios Reaes, em que sam muito repetidas as ocazioens de convidar, pois neles nam

fazem as Damas do Paço, nem as outras Senhoras de fora dificuldade em ir jantar á

caza dos Embaixadores, nam deixaria a despeza extraordinaria de ser bastantemente

considerável.

Eu no ano de 1747 depois de haver estado no Escorial, e feito a jornada de

Aranjues, escrevi ao Secretario de Estado para que fizese por mim huma

reprezentação [fol.2] para ser a respeito daquela maior despreza atendido como Sua

Magestade fosse servido; Respondeu me que se buscariam os exemplares, e asim se

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pasou logo tempo; informando me eu do que esta Corte mandava praticar com os

seus Embaixadores, achei que levava em conta tudo o que os ditos Embaixadores

carregavam nas suas contas de similhantes gastos extraordinários, e que ao Duque de

Huescar se mandou pagar todos os gastos de jornadas, que foram consideraveis.

A Corte de França ordinariamente nam da nada, e como as mezadas sam

limitadas, asim sam tambem as despezas que eles fazem; menos as que fes o Bispo de

Rennes, que alem de ser rico de bens ecleziasticos, o era de bens patrimoniaes, e teve

certos permisos de Filipe 5º, de que lhe rezultou ter com que pagar a grande despeza

que fes com a occaziam da [sic] Cazamento da Delphina.

A Corte de Inglaterra dava aos Ministros da Segunda ordem, porque há muito

tempo que nam tem Embaixadores, huma porçam que segundo a minha lembrança

passava pouco de quatrocentos mil reis por mes; os Olandezes dam sempre aos

Embaixadores, que asistem nesta Corte quarenta florins de Olanda do valor de tres

tostões por cada dia, que oz Embaixadores saem de Madrid para assistir aos Reis no

sitio [fol.3] Reaes.

Estas jornadas certas todos os anos, sam de pouco mais de quarenta dias a do

Escorial, e a de quazi dos mezes e meio a de Aranjues.

Faça Vossa Excelencia prezente a suplica a que me obriga a minha

imposibilidade, e que repito, porque de Marco Antonio de Azevedo Coutinho, nam

tirem no discurso de mais de tres anos se nam desculpas de nam ter achado ocaziam

favorável, que nunca encontrou, e esperanças que se nam chegaram a cumprir, dando

tempo para que eu sem re[s]posta tenha ido quatro vezes ao Escorial, e outras tantas a

Aranjues.

Deus guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 10 de Setembro de 1750.

Bisconde Thomas da Silva Telles.

Il.mo e Ex.mo Senhor Sebastiam Joze de Carvalho e Melo.

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Doc.76. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português sobre

a concessão da autonomásia de Fidelíssimo a D. João V nas Cortes de Madrid e Paris,

Madrid, 16 de Novembro de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-7. [Transcrição

integral].

[fol.1] Il.mo e Ex.mo Senhor

Em carta de seis deste mes informei a Vossa Excelencia do que havia pasado

comigo o Conde de Vaugrenant a respeito das subscricoens das cartas que os Reis de

França costumão escrever aos Reis Catolicos; e de que eu tinha verificado com o

Ministro de Estado ser asim o que afirmava o dito Conde quanto as cartas de

Gabinete, em que reciprocamente se nam davam hum ao outro os titulos de Catolico,

e Christianissimo reservando para Madrid a averiguaçam das subscrições das cartas

de Chancelaria.

Depois de ter escrito a Vossa Excelencia chegou o correio de França ja de noute,

e nam cabendo no tempo mandar lançar em Madrid as de Gonçalo Manuel Galvam de

Lacerda no correio, que na mesma noute havia de partir para Portugal, por esta rezam

as receberá Vossa Excelencia retardadas pelo correio que pario sesta-feira juntamente

com as que correspondem ao dito correio.

Gonçalo Manuel nas cartas que me escreveu me participava a conferencia que

havia tido com Monsieur de Puissieux mandando-me juntamente a copia, ou minuta

das subscriçoens das cartas de Chancelaria que El Rey de França escreve a El Rey de

Espanha, e das que El Rey de [fol.2] Espanha escreve ao de França, em que notei a

diferença que há, que logo participei a D. Joze de Carvajal, e novamente rezervámos

para Madrid a averiguaçam deste ponto. Nam descuidei em lembrar-lho logo que

chgamos a esta Corte, de ir saber a resposta; ele me mostrou huma carta original de

Chancelaria d’El Rey de França, para Felipe 5. com a mesma subscriçam da minuta

dada por Monsieur de Puissieux, e pedindo-lhe eu que me disese, ou me dese copia do

rezisto da subscriçam das cartas que El Rey de Espanha escrevia ao de França, me

dice zombando, mas juntamente enfadado, que ma nam queria dar, e começou a

blasfemar contra os descuidos de Espanha, e contra a pouca inteligencia, e capacidade

dos oficiaes das Secretarias protestanto que emquanto ele for Ministro se nam ham de

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escrever cartas de Chancelaria com aquela diferença, uzando so das de Gabinete, em

que de parte a parte a nam ha nas subscripcoens.

Pareceu-me referir a Vossa Excelencia o que pasei com toda esta miudeza para

que fique conhecendo com toda a certeza, o que ha na materia, e as intenções deste

Ministro de Estado; Ela se vae fazendo grave para a rezoluçam que El Rey Noso

Senhor deve tomar, em que julgo precizo pedir a França a reciproca [fol.3] de nam

uzar dos títulos de Fidelisimo, e Christianisimo como fazem os dous Reis de Espanha

e França nas cartas de Gabinete, ou pondo igualmente os ditos titulos como he justo,

pois nam pode haver outra rezam para que França pertenda huma similhante

diferença, se nam por lhe parecer que niso ganha algum ponto de superioridade, o que

se nam deve consentir. Bem vejo que França se ha de valer sempre do fundamento em

que estriba a sua negativa, de que nam deve fazer com Portugal, o que nam pratica

com Espanha, e desta defença nam haveram rezoens, ou argumentos que a façam sair.

Com tudo ocorre-me que poderemos achar algum exemplo que corrobore neste cazo a

nosa rezam procurando saber como sam as subscripcoens das cartas d’El Rey de

França para El Rey de Inglaterra, e deste Rey para o de França, eu poderia ter a

noticia certa com muita brevidade falando a Monsieur Keene, mas nam merezo-los a

fazer esta diligencia sem ordem.

Restam-me nesta materia satisfazer ao que Vossa Excelencia me diz de que a

Corte de Paris em carta de dous de Dezembro do ano pasado instruira a Monsieur de

Vaugrenant para me declarar que o titulo de Fidelisimo nam seria de [fol.4] de uzo

nas cartas de Chancelaria, por nam fazer inovação no portocolo do seu ceremonial,

visto nam dar nas ditas cartas o titulo de Catolico a El Rey de Espanha. Nam poso

deixar de dizer a Vossa Excelencia que no que me refere ha huma otavel

equivocaçam, ou da parte do Consul de França, ou da de Monsieur de Puissieux.

O ano pasado, nam no mes de Dezembro, mas no de Novembro no Escorial falei

com Monsieur de Vaugrenant na duvida, que a sua Corte tinha a dar o titulo de

Fidelisimo a El Rey Noso Senhor, e do que eme me dice , e das diligências que eu, e

ele fizemos naquela ocaziam verá Vossa Excelencia na copia incluza da carta em que

dei conta, e tambem Vossa Excelencia verá das mais copias que remeto, o que depois

se pasou entre mim, e o dito Embaixador.

Nam mando copia das cartas de Monsieur de Puisieux, de que se fas mençam nas

ditas cartas, porque nam deixei, nem os originaes nem as copias, mas pelas datas

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poderá Vossa Excelencia mandar buscar as cartas a que andaram juntos os ditos

papeis.

Nam sam necesarias muitas rezões para mostrar, que em nenhuma daquelas

ocazioens me falou [fol.5] Monsieur de Vaugrenant nas subscripcoens das cartas, pois

se ainda se nam tratava de vencer as dificuldades que França tinha a dar o titulo de

Fidelisimo, como se havia de falar nas subscripcoens das cartas e se Monsieur de

Puissieux, ou nas cartas ostensivas, ou nas particulares para Monsieur de Vegraunant

toca-se nesta materia para mo advertir, como havia de deixar de falar nela ao Enviado

Gonçalo Manuel, porem como Vossa Excelencia ha-de ver nas copias das cartas de

Monsieur de Puissieux que remiti; com este exame conhecerá que há grande

equivocaçam no que o Consul de França dice a Vossa Excelencia neste partiular.

No terceiro ponto do que participou a Vossa Excelencia o Consul de França, em

que Vossa Excelencia me pede informação direi o que Monsieur de Vaugrenant pasou

comigo em duas ocazioens. Na primeira que foi logo imediatamente a morte de D.

Luis da Cunha, procurou o dito Ministro como em forma de conversaçam saber de

mim se a Corte de Portugal nomearia Embaixador. Respondi que eu naquela materia

nam podia dizer-lhe nada, nem ainda por discurso, instou dizendo que tendo a sua

Corte destinado a Monsieur de Bachi para suceder a Monsieur de Chavigni com o

caracter [fol.6] de Embaixador, deviar esperarse que a nosa Corte fizese o mesmo;

respondi que muitas vezes tinha visto Embaixador de França em Lisboa, nam tendo

Portugal em Paris se não Ministros de segunda ordem; ultimamente depois de alguns

rodeios me deu a entender, que dezejava que eu procurase saber as intençoens dessa

Corte neste particular: dise-lhe que bem sabia ele quanto eu dezejava dar-lhe gosto, e

mostrar-lhe em tudo a minha atençam, mas que lhe pedia que me dispensa-se daquela

diligencia; pois que ele me nam falava naquela materia por ordem que tivese, nam me

tocando, falar nela, podendo parecer mais curiozidade minha, do que huma sincera

relaçam do que ele me dizia em pratica familia que causalmente tínhamos tido entre

os dous.

Agora no Escorial me tornou a falar dizendo-me que esperava ter muito

brevemente por hospede a Monsieur de Bachi, e a sua mulher, e que entendia que ele

levava ordem para tomar o caracter de Embaixador logo que a nosa Corte tivese

tambem nomeado Embaixador; Eu lhe dice quazi as mesma srezoens, que lhe tinha

dito na primeira ocaziam, escuzando-me sempre de falar naquela mateira, pois ele me

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nam dizia que tinha ordem [fol.7] para mo comunicar; isto he tudo o que tem pasado

que Vossa Excelencia fará prezente a El Rey Noso Senhor.

Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 16 de Novembro de 1750.

Bisconde Thomas da Silva Telles.

Il.mo e Ex.mo Senhor Sebastiam Joze de Carvalho e Melo.

Doc.77. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

reclamando as dívidas que acumulou durante a sua embaixada em Madrid, Madrid, 7

de Dezembro de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-4. [Transcrição integral].

[fol.1] Il.mo e Ex.mo Senhor

Nam tenho que acrescentar ao que digo na carta de oficio, e so pedir a Vossa

Excelencia que se dispa de tudo o que for desconfiança e preocupaçam.

Nam poso deixar de dizer a Vossa Excelencia que esta minha ocupação e

asistencia em Madrid se me vae fazendo muito pezada, que os anos vam arruinando o

interior com grande diferença do que mostra o exterior; que me falta todo o genero de

consolaçam apartado de meus filhos, e vendo aruinar-se a caza de que ham de tirar a

sua subsistencia. Ate agora animava-me a satisfaçam propria em considerar-me como

instromento de dous [fol.2] tratados tam importantes de que esperava ao menos o

reconhecimento dos meus compatriotas louvando o meu zelo em procurar-lhes tantas

utilidades, agora até isto me falta, pois vejo tam reprovado huma couza, e outra; nam

digo que sam efeitos da inveja, porque nam vejo em mim couza que se faça apetecer

dos outros, mas sim da malícia e ignorancia; e como nam quero consolaçam de quem

os futuros me justificaram, nam poso deixar de me entregar ao pezar que me cauza a

consideração de que padecerá o serviço del Rey, e perderá a Monarchia a ocaziam

mais favorável de engrandecer-se, e de adquirir aqueles intereses que [fol.3] faram

ricos os vasalos e poderozo o Soberano.

Se nam se fizer o tratado de comecio, viremos a trocar o socego pela inquietação

e a amizade pelo odio: faça-se reflexam nas consequências para que se nam prefira a

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desconfiança á sinceridade, e boa fé que he com que se conciliam os ânimos, e se

conserva a uniam e a amizade.

Nam repare Vossa Excelencia nestas expresões porque quem fala com a verdade

diante dos olhos nam cuida no concerto de palavras.

Conheço quanto devo ao afecto de Vossa Excelencia, e asim nam duvido que no

requerimento [fol.4] em que lhe falou o meu irmam, me fará os bons ofícios que lhes

mereço; ele he fundado na justiça, e nos exemplos, e se asim nam parecer terei como

toda a minha vida tenho dito em tudo o que he interese meu, que comdizer a Vossa

Excelencia que nam tenho nada explico tudo.

Fico muito pronto para servir a Vossa Excelencia que Deoz guarde muitos anos.

Madrid 7 de Dezembro de 1750.

Mayor amigo de Vossa Excelencia

Bisconde Thomas da Silva Teles

Il.mo e Ex.mo Senhor Sebastiam Joze de Carvalho e Melo.

Doc.78. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

relativo ao reconhecimento da concessão da autonomásia de Fidelíssimo a D. João V;

“protocolo” das subscrições das cartas trocadas entre Espanha, França e Portugal,

Madrid, 21 de Dezembro de 1750. ANTT, MNE, Caixa 618, fols.1-2. [Transcrição

integral].

[fol.1] Il.mo e Ex.mo Senhor

Quarta-feira 16 deste mes recebi pelo correio de alcance a carta de Vossa

Excelencia de nove, e respondendo ao que ela contem pela sua ordem, devo dizer a

Vossa Excelencia que alem das rezoens que pondera na sua carta, tem concorrido

muito para fazer poderosos os mouros no corso, e guerra contra os christãos, os

tratados de paz e comercio que as potencias marítimas e nações comerciantes tem

feito com eles. Queira Vossa Excelencia ver a minha carta de 23 de Fevereiro em

re[s]posta a carta do Secretario de Estado Marco Antonio de Azevedo Coutinho de

dous do dito mes sobre esta mateira, e as cartas que escrevi em dez de Abril, e nove

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de Mayo sobre o mesmo, e das noticias da marinha nam está disposto a fazer nenhum

esforço contra os mouros, e ainda que o mostrára, eu nunca fora de parecer que se

entrase em ajuste algum; quazi na certeza de que dele haviam de resultar guerras sem

utilidade do fim principal.

Logo que recebi a carta de Vossa Excelencia fis prezente a Senhora Rainha

Catolica o que ela continha a respeito das subscricões das cartas que reciprocamente

se costumam escrever os Reis de Espanha e de França com notavel diferença que se

observa nas de Chancelaria para saber se D. Joze de Carvajal havia dado conta a El

Rey: dice-me a dita Senhora que nam, e que fizera bem, porque se [fol.1v] El Rei o

soubese se alteraria muito, porque he sumamente escrupulozo em tudo o que pode

tocar no seu decoro, sem qualquer couza em que não posa considerar-se superioridade

da parte de França.

Com esta certeza busquei a D. Joze de Carvajal para sondar-lhe o animo, e

perguntando-lhe com alguma desimulaçam como escreviam Carlos 2º, e os Reis seus

predecessores aos de França, respondeu-me que sem diferença alguma omitindo de

parte a parte os titulos de Catolico, e Christianisimo, e que Felipe 5º por hum acto de

veneraçam mandava que nas cartas de Chancelaria se puzese o titulo de

Christianisimo a Luiz 14 por ser seu Avou, mas que morto o dito Rey, e tendo cesado

aquele motivo de veneraçam continuara a praticar-se o mesmo até a morte de Felipe

5º, e sem advertência, reparo ou exame, culpa que ele atribue aos oficiaes da

Secretaria, se fora sempre executando o mesmo até agora; que ja nam era tempo de

disputar, se nam de emendar o erro com a disimulaçam, e nam tornando nunca a

escrever cartas de Chancelaria, se nam de Gabinete com o pretexto de ser mais

próprio do parentesco, e amizade deixar tudo o que parecesse ceremonia.

Nestes termos em que se acha a nosa questam com a Corte de França, me parece

que nam ha outro meio, ou expediente, se nam o de propor que entre as duas Cortes,

se nam uze se nam das cartas de Gabinete, procurando vencer a dificuldade, e

pozeçam [fol.2] da Corte de França com o torcedor de facilitar a Madama de

Pompadour o empenho que tem em mandar seu cunhado Monsieur de Bichi a

Portugal com o caracter de Embaixador, o que nam pode ter efeito sem primeiro se

ajustar a formaidade das subscrições das cartas credenciaes que deve aprezentar,

mostrando ao mesmo tempo que El Rei Noso Senhora nam terá duvia em nomear

hum Embaixador que rezida em Paris, pois ainda que sem cauza o pertenda França,

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consta tantos exemplos, nam he este hum ponto, que mereça que entre as duas Cortes

nam haja a boa correspondencia.

Como esta carta chega já no dia da festa do Natal, peço a Vossa Excelencia

que em meu nome beije a mam a El Rey Noso Senhor augurando-lhe da minha parte

aquelas felicidades que sam neste mundo o premio das virtudes dos Principes, e

consistem na veneraçam e amor dos seus vasalos, e na geral aprovação das acçoens de

Sua Magestade em que se reconhece suma prudencia, justiça, e equidade. Deoz

guarde a Vossa Excelencia muitos annos. Madrid 21 de Dezembro de 1750.

Bisconde Thomas da Silva Teles

Il.mo e Ex.mo Senhor Sebastiam de Carvalho e Melo.

Doc.79. Ofício de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado português

informando que tinha assinado o Tratado dos Limites/Madrid naquela Corte, Madrid,

14 de Janeiro de 1750. ANTT, MNE, Livro 826, fols.3v-84v. [Excerto].

/fol.3v/ Il.mo e Ex.mo Senhor

Chegou finalmente o dia que a divina providencia havia destinado para que

acabase a ocaziam que ha mais de dous séculos perturbava a amizade de duas Coroas

vezinhas e aliadas com repetidos vínculos do sangue, e em que a justiça e a prudencia

de dous grandes Principes havia de determinar limites entre os seos dominios, com

aquela igualdade que admirará o mundo quando reflectir, que em tam largo tempo

nam poderam os homens mais inteligentes descobrir meios de conseguir huma certa, e

pratica divizam dos descobrimentos em hum e outro mundo; e especialmente no

dilatadisimo espaço que há na America Meridional entre os dous famosos Rios da

Prata, e Maranham.

Foi este o de 14. do mes de Janeiro de 1750 em que os Plenipotenciarios del

Rey Fidelisimo /fol.4/ de Portugal e de El Rey Catolico de Espanha asinaram este

tratado, celebra ano para o mundo Christam por ser no sancto, em que os fieis tem a

porta aberta pelo vigario de Christo para entrarem a buscar os remedios espirituais e

celebre para o mundo político pelo tratado que acabamos de asinar.

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Já dice a Vossa Excelencia em carta de 2 deste mes, que voltando da minha

jornada de S. Ildefonso achei o correio que trouxe os volumozos, e importantes

despachoz de Vossa Excelencia que logo li, e de que procurei fazer-me capaz naquela

mesma noute quanto era necesario para poder no dia seguinte mandar entregar por

pesoa segura em sua casa a D. Joze de Carvajal o plano do tratado nas duas lingoas

portugueza, e castelhana, o papel ostensivo dos reparos, dia lhe fui falar ao apozento

que tem no Retiro, e como me dice que ainda nem tinha acabado de ver o papel dos

reparos, e nam tivera tempo de conferi-lo com o seu plano, me pareceu nam fazer

mais deligencia que a preciza para conhecer, que ele nam gostara das emendas, e que

nam estava disposto a tirar a restricçam do artigo 17. No dia seguinte o busquei no

mesmo lagar, e tivemoz huma larga conferencia, em que ficamos conformes quanto

aos mais reparos, excetuando os que respeitavam ao artigo 17. em que absolutamente

nam foi possivel convir, insistindo sempre em que seria a huma /fol.4v/ ocaziam de

contrabandos, e de discórdias.

[...]

/fol.6/ Tambem me parece muito conveniente que se mande imprimir nas

lingoas portugueza, /fol.6v/ espanhola, e franceza; e que antes de se publicar se

mandem a todos os nosos Ministros das Cortes estrangerias alguns exemplares para

que os repartam, porque sendo de tam celebre em toda a Europa a Bulla de Alexandre

6º, e o tratado de Tordezilhas, seja tambem notorio hum tratado que fas praticavel o

fim, que tinha linha divisória determinada na dita bulla, e tratado, independente da

incerteza das observações e diversas opiniões dos geografos.

[...]

/fol.7/ [...] Deos guarde a Vossa Excelencia muitos anos. Madrid 14 de Janeiro

de 1750.

Ainda que a data do tratado em ambas as lingoas he do dia treze foi

equivocaçam de quem copiou o que vae na lingoa castelhana, e foi necesario que no

tratado na lingoa portugueza se puzese a mesma data porque verdadeiramente o

asinamos hoje 14 as quatro horas, e meia da tarde.

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XI. Embaixada do Marquês de Capecelatro em Lisboa (1716-1735)

Doc.80. Ynstruzion al Marques de Capicelatro para servir el empleo de Embajador

Ôrdinario de Portugal, Madrid, 2 de Março de 1716. AGS, Estado, Legado 7082,

fols.1-23.[Transcrição integral].

[fol.1] Instrucion de lo que vos Don Domingo Capicelatro Marques de

Capicelatro de mi Consejo Supremo de Ytalia, y Juez Conservador de mi real

patrimonio en el aveis de observar en el empleo de mi Embajador Ôrdinario al Rey de

Portugal para que os he nombrado.

Haviendose ajustado, y con duydo la paz, entre esta y aquella Corona, y

combiniendo a mi sirvicio, aya en ella Ministro mio de authoridad y experiencias que

cuyde de los negocios que se ôfrezcan. He tenido por vien de elegir os y nombrarvos

por mi Embajador Ôrdinario al Rey de Portugal por la satisfaccion que tengo de

vuestra persona, y concurrir [fol.1v] en ella calidad, meritos y experiencias, que para

elle se requieren, para que residais en aquella Corte, esperando de vos,

correspondereis a mi confianza, en el exercicio conforme á vuestro celo, a mi

servicio, y a las obligaciones que os asisten, segun y como lo practicasteis de mi

Embabiado Extraordinario en aquella Corte. Y aun que el ultimo Ministro mio que

huvo en Portugal, quando se rompió la guerra con [fol.2] aquella Corona fuisteis vos;

y por esta razaon se considera mas immediatamente informada de los estilos que

deveis observar en ôtras primeras funciones, para executarlas conforme el caracter

que llevais no obstante ós arreglareis á lo que se practicó con el Ôbispo de Avila,

Conde de Humane, Duque de Jovenazo, y Baron de Batevila, ôtros antecesores no

cedendo en nada de lo que estos executaron, como ni tampoco de las preheminencias,

ó prerrogativas, que nuebamente desfrutaren de mayor distinzion los Embaxadores de

las de [fol.2v] mas potencias, de surte que gozcisvos, las mismas que pose y ere el

mas distinguido. Y en la primera audiencia que tubiereis del Rey de Portugal, si fuere

estilo de aquella Corte, le entregareis la carta mia en ôtra crehencia ( que se os dara

con esta ynstrucion) en que se le participa a veros [sic] nombrado por mi Embajador

Ôrdinario cerca de su persona; y con los términos que fio de ôtra discrecion, y

prudencia, le significareis, quan grata me es su amistad, y buena correspondencia y lo

que deve, y puede fiar de la mia en todos tempos como lo experimentará en [fol.3]

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quanto los tocares y se le ôfrecien y areis las proprias expresiones â aquella Reyna,

con motivo de entregarla la carta de crehencia, que tambien llevais mia, en la

audiencia que la pedireis en la forma que se á costumbrare; y esto mismo dareis à

entender al governo, nobleza, y Corte de aquel Reyno.

2. Enquanto à visitas de Ministros, y otros personages, se os previno quando

pasasteis â Portugal, por mi Embiado Extraordinario que aviendo dado quenta que

Dque de Jovenazo, estando en Lixboa, que el Marques de Ôpede, Embaxador de

Francia, en aquella [fol.3v] Corte, avia intentado no dar en su casa puerta, ni silla a

los Embiados, Residentes ni a los Fidalgos, y que de esta novedad contraria a lo que

siempre se avia practicado alli, por los Embaxadores, y Consejeros de Estado estava

muy ôfendida aquella nobleza, y no tiendose noticia del paradero de esta disputa; os

ordeno que assi con los Fidalgos, de qual quiera clase que sean, como con los

Ministros Publicos, que no tienen grado de Embaxador observeis el estilo que

practicaren los demas Ministros de uno grado, evitando el intentar novedad sobre este

asumpto [fol.4] pueda hacer o menos bien visto, de aquella Nobleza. Y por lo que

mira à visitar a los hermanos no legítimos de aquel Rey, y tratamiento que les

devereis dar, os mando efectueis lo mismo que hiciere el Embaxador de Francia, assi

en el ceremonial, como en las visitas, y preferencia de lugares en ellas, pero si acaso

el Embaxador de Francia diere Alteza, al marido de la hermana no legitima, no se la

dareis vos á el pero si a su muger, porque no sera razon, consiga de un Embaxador

mio lo que (segun se tiene entendido) no logra de los vasallos de aquel Reyno.

Enquanto a la forma de governaros [sic] con el Cardenal Acuña, en materias

[fol.4v] de ceremonial, os ordeno y mando assi mesmo sigais el exemplar del

Embaxador de Francia. Y ultimamiente por lo que mira a dar quanta de ôtra llegada á

aquella Corte, al Nuncio de Su Santidad, y corresponderle la visita, os prevengo lo

ejecuteis como con los demas Ministros de Principes amigos.

3. Tambien se os previno entonzes, la regla que estava dada generalmente

sobre el tratamiento reciproco entre mis Embajadores, y Embiados, y los de la

Cornona de Francia, y que se avian expedido unas mismas ôrdenes, para que los

Embiados, ordinarios, y extraordinarios [fol.5] de las dos Coronas, en todas las Cortes

de Europa, no pidiesen la mano en casa de los Embaxadores y siendo esta la

providencia dada, os ârreglareis a ella, como tambien, a la que se observa en todas las

Cortes de Europa, empezando por la de Roma, que es no concurrir el Embaxador de

España, con el de Francia, en aquellas funciones, en que haya lugares y assientos de

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terminados, si no e sen caso, que este declarado, aya de tener la preferencia en el de

España.

4. Para informaros de todos los negocios, que estan pendientes reconocereis

los papeles de la Embajada [fol.5v] de Portugal, y las instruciones dadas asi vuestros

antecesores, como la que se os entregó, â vos, quando pasasteis à aquella Corte en

calidad de mi Embiado Extraordinario, y los aplicareis a poneros [?] en todo el

contenido de estos papeles, y en las ôrdenes anteriores; pero no pudiendo seos dar

ôtras presentemente por regladas, y prudentes que sean, que no alteren los accidentes

del tiempo, y el custo de los mismos negócios, estareis muy atento à todo lo que

pudiere a ver padecido esta mudanza, y en las cosas, y casos, que encontrareis duda

me la [fol.6] propondreis y aguardareis mi resolucion, para asegurar mas el acierto; y

á este proprio fin se os entregan con esta ynstruzion el tratado ajustado ultimamente

con Portugal el año proximo pasado de 1715, y el que assi mismo se efectuó con la

misma Corona el año de 1668, como tambien ôtros tres ajustados posteriormente con

Ynglaterra, Rey de Sicilia y Estados Generales para vuestra inteligencia, y govierno.

5. Procurareis conocer los genios, y áfectos assi de aquel Rey, como de sus

Ministros, y ôtros personages, para proceder en todo con mayor luz, y inteligencia

temiendolos muy confiados [fol.6v] para lo qual sea muy combeniente grangear

sugetos que tengan parte en el govierno, para saver con certeza las negociaciones de

los enemigos, y amigos de esta Corona, y desvanecer, quales quiera que puedan ser

contrários a nuestros intereses.

6. Solicitareis asi mismo descubrir las inclinaciones, ôposiciones, máximas,

ôdios, ideas, y controversias de aquella Corte, con la de Roma, y ôtra, y

particularmente con las a Francia, Ynglaterra, Alemania, y Estado Generales, y las

que tiene pendientes, quales son en que [fol.7] se fundan estado que tienen, y forma

de defenderlas y manejarlas.

7. Entre los negocios que ay pendientes entre la Corte de Lisboa es de los mas

principales el entero cumplimiento del capitulo 8º del citado tratado de paz, ajustado

con aquella Corona el año de 1668 el qual en el ultimamente efectuado con ella en

Utrek, en el articulo 18 se confirma particularmente como si estubiese inserto á la

letra, en que se estableció â favor de los vasallos de ambas Coronas, una entera, y

total restituzion de parte a parte de todo genero de bienes enagenados, por causa, y

ôdio de la guerra, como consta de [fol.7v] dicho articulo 8º y haviendose cumplido

enteramente esto por parte del Rey Don Carlos segundo mi tio ( de gloriosa memoria)

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haciendose quantas restituziones provaron portugueses pertencerles. Y estando

informado yo, de que por aquel govierno no se há correspondido igualmente en las

restituciones, y que tienen pendientes algunas causas de vasallos mios, os ordeno que

enterado del estado de estos negocios, y siguiendo lo establecido en orden á legitimar

el derecho de los interesados, os apliqueis, [fol.8] con todo desbelo, â obtener el

entero cumplimiento del referido articulo 8 como se os previno, y ordenó, en la

instruzion que se os dió quando como va dicho pasasteis á aquella Corte, y lo que Don

Manuel de Semanat vuestro antecesor, avia participado sobre este asumpto.

Qaunto al grave inconbeniente que tendria ablar de estos intereses â aquele

governo assi por haver reconocido que les era muy sensible por ser descomodidad

suya, como por estar en aquella ôcasion muy quejosos de Ôlandeses por [fol.8v]

algunas presas de navios que les avian hecho, y que con este motivo solicitava

entonces la Francia à esta Corona, y sus aliados; se aprovò à Don [?] el aver

suspendido la solicitud de las restituiciones; pero faltando oy, los motivos expresados

por el nuebo estado de las cosas de la Monarchia, os encargo, que si algunos

interesados, en los bienes, haciendas, y ôtras herencias, que no se hayan restituido

hicieren instancias para conseguirlo; esteis muy atento [fol.9] y os aplicareis en todas

las forma posibles aquelos referidos capitulos 8-y-13 – tengan efectivo, entero, y

literal cumplimiento, y en qualquiera caso que ô por malícia, ô, por afectada, y torcida

intrepertacion, ô por interes particular de aquella corona, ú desus indivíduos, se quiera

tomar determinacion desconforme al sentido, y justicia de lo comprehendido, en los

referidos capitulos; ó, que condilaciones estudiadas, se quiera frustar el efecto de

ellos, no asentireis vos, en ninguno de [fol.9v] estos casos, en forma alguna con

consentimiento, ni silencio, que se pueda interpretar por tal, para que de esta suerte

quede yo en la entera libertad, y derecho de usar de el, como lo creyere conveniente,

assi por el beneficio de mis vasallos, como por mi propria authoridad, en la

observancia de lo estabelecido en los tratados referidos.

8- Tambien se os noticio en la mencionada instruccion anterior, que con

ócasion de haver ócupado los moros [?] de la Plaza de San Miguel de ultra Itar [?]

[fol.10] pasó el Duque de Jovenazo ôficios con el Rey de Portugal padre del presente,

de orden del Rey mi tio, para que el asistiese a su recuperazion con parte de sus

armas, y por que la respuesta fué de toda satisfaccion suya ôfreciendo seis navios para

quando se le avisase; y despues haviendose ordenado tambien al Marques de Castel

do rius, solicitase, que aquel Principe diese alguna gente para la defensa de Ceuta,

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embie 20- hombres à aquella plaza, con la particular [fol.10v] fineza de haver

respondido al Embaxador de Francia a los ôficios de queja que pasó sobre este

socorro, que no solo no negaria los que se le piediesen para África, si no que podria

llegar el caso de que el mismo Rey fuese en persona. Ha parecido encargaros de

nuebo lo tengais presente, assi para manifestar mi estimacion si os ablaren de ello,

como por si ôfreciere alguna ôcasion de valernos del ôfrezido socorro de los seis

navios, ó pedir mas gente, con la propria advertencia de que si llegare este caso

[fol.11] se han de hacer las disposiciones, y prevenciones, con otro pretexto del que se

llevare, para que assi se asegure mas bien el intento; àfin de que no le puedan penetrar

nos moros; de que estareis advertido, y usareis por si llegare el caso ( que es de

desear) de que se trate de la importantíssima restaurancion de Ôran.

9. Idem se os previno en la instruccion anterior que como por mi exaltacion al

trono de esta monarchia, se avian mudado enteramente los [fol.11v] intereses de ella,

deviendo ser al presente unos mismos con la del Rey Christianissimo mi sobrinho por

los estrechos vínculos de sangre, y amistad, que las enlazan; observareis aóra en todo

esta maxima, corriendo muy unido con el Ministro de Francia, que huviere en esa

Corte, y en la buena inteligencia que fio de vuestro juicio, en todo aquello que no

fuere ôpuesto à mis intereses, y de mi corona, y a mi authoridad.

10. Idem, se os dijo en la instruzion [fol.12] citada que estubieseis muy

vigilante, y atento para saver las armadas, ò qualesquier genero de embarcaciones,

que tocarem en los puertos de Portugal, ó andubieren en sus costas de qualquier

nacion que sean procurando informar[v]os de su porte, fuerza, rumbos, y disignios

para darme quenta de todo, y a los Capitanes generales que son, ò fueren de las costas,

y armadas del ôcceano, y comunicareis con ellos, en los casos que se ôfrecieren,

[fol.12v] por lo mucho que conviene, y puede importar a mi servicio; y esto mismo

[v]os ordeno lo practiqueis áora.

[fol.12v] 11. Procurareis tener muy buena correspondencia, con todos los

Ministros forasteiros que asistieren en Portugal particularmente con los de Francia, y

los demas Principes, y Reyes amigos, y aliados nuestros, confiando os con ellos, de

surto que que lo estén de vuestra intencion, y sinceridad de mi àfecto à sus dueños,

pues los intereses comunes piden [fol.13] esta buena inteligencia, y para dirigir

muchas veces por su medio, lo que por ôtros no seria tan fácil.

12. Y para que os alleis informado del estado de los Principes de Europa, es

bien tengais entendido que àdemas, de tener concluyda la paz, con los Reyes de

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Ynglaterra, y de Sicilia, y con los Estados de Ôlanda con los Electores de Baviera, y

Colonia han mantenido, y mantienen las dos Coronas una buena correspondiencia, y

amistad. [fol.13v] Y que todos los Principes, y Republicas de Ytalia (excepto los

Cantones esguizaros) reconocieron el Archiduque por Rey Catholico de España; que

la Reppublica de Genova, el Duque de Parma, y la Reppublica de Luca, se han

sincerado, con la disculpa de la execucion de este acto, que ha parecido estimar para

restituirles á mi agrado, y los ôtros Principes y Republicas no han dado pasos, por

donde yo puedo aver admitido su reconciliacion, de que se os advierte [foll.14] para

vuestra inteligencia y govierno.

13. Y por lo que toca al Rey de Suecia, se os advertirá por despacho aparte lo

que devereis observar con el Ministro de aquel Soberano que residiere en Lixboa. En

dicha Corte abrá Ministro del Archiduque, y todas sus negociaciones se enderezaran á

embarazar quanto pueda ser de mi servicio; por lo que combendrá esteis muy

advertido, y vigilante, en entenderlas, y penetralas, y en procurar atravesar, y

desbanecer todo lo que fuere [fol.14v] en nuestro perjuicio por medio de nuestros

confidentes, y ôtras diligências que remito â vuestra prudencia, teniendo cuidado de

avisarme de todo lo que se fuere ôfreciendo con la mayor puntualidad; y para todo

sera combeniente correr bien con los Ministros de ese govierno, como os vá

prevenido procurando tenerlos gratos, y satisfechos en las cosas que pidieren (sin

perjuicio nuestro) áfin de que entiendan por este medio mi desseo, de que entre los

[fol.15] subditos de ambas Coronas se conserbe toda buena amistad, y

correspondencia.

14. Podranse ôfrecer dudas, y controversias, sobre las preferencias, y lugares,

y ôtras disputas de el ceremonial, con los Ministros de vuestro mismo caracter de los

demas Reyes, assi en las calles, como en las concurrencias con ellos, y aunque en este

asumpto se [v]os ha repetido lo que anteriormente se vos ynstruyo quando pasasteis

por mi Embiado Extraordinario àquel Reyno [fol.15v] vos ordeno de nuebo, esteis

muy en quenta de sobstener mi decoro, y representacion regulando[v]os, segun lo que

pareciere mas a proposito, y decente à este intento en que devo esperar, que por el

Ministro del Rey Christianissimo mi sobrino ( si le haviere en aquella Corte, de igual

caracter al que vos llevais) se proceda con reciproca atencion, sin dar lugar â

nobedades contra lo practicado en concurrencias del genero, para evitar perjuicios

[fol.16] y que los enemigos no tengan la complacencia de authorizar su maliciosa

crehencia de que mi dignidad, y mi Monarchia se hacen subalternas de la del Rey mi

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sobrino, para lo qual combiene que procurareis escusar quanto os sea posible el llegar

à terminos, ò casos de disputas que perjudiquen mi real authoridad, no solo en los que

ocaecieren [?], que se interesare ella, si no porque el exemplo moveria la misma

pretension a las demas potencias.

15. [V]os correspondereis con todos [fol.16v] mis Virreyes, Embajadores, y

Ministros, en los negócios que pidieren su comunicacion, y à este fin se entregan

cartas para todos nuestros Ministros que ay o yen las Cortes de âfuera (excepto para

Don Thovias de Burgo, a quien he mandado venir á España) y tambien para el

Capitan General de la costa de Andalucia, Governador de Galicia, y para el

Governador de las Armas de la Provincia de Extremadura del Thenor [fol.17] que

vereis por sus copias, y cuidareis de darme quenta con grande puntualidad de lo que

ocurriere digno de mi real inteligencia con todos los correos, y ocasiones, que se

ôfrecieren executandolo de modo que cada negocio venga en carta separada, para que

evitandos ela confusion que resultaria de mezclarlos, se hagan los negócios, mas

comprehensibles, y claros, y me halle mas individualmente informado de cada uno, y

para que se [v]os ordene lo [fol.17v] que pareciere.

16. Considerando la novedad que podria ocasionar en las Cortes de âfuera en

caso de ôfrecerse motivo de ponerse lutos, que mis Ministros que residen en ellas, se

aparten de la practica y estilo, que se observare en cada una, por no faltar â la orden,

que se les dio en cinco de Marzo del año pasado, de que se arreglasen en este punto a

la pracmatica [sic] publicada en estos Reynos el de 691. Hé resuelto, que cada uno de

mis Ministros, en la Corte, que se hallare, en caso de ôfrecerse [fol.18] el referido

motivo de lutos, observe en su persona, en su familia, y en sus coches la practica que

en cada Corte estubiere establecida, en manifestacion del dolor; de que ha parecido

advertirvos, y ordenarvos (como lo hago) que no obstante lo prevenido en las ôrdenes

dadas, en esta razon, [v]os arregleis, a lo que se practicare en esa Corte.

17. Haviendose experimentado por lo pasado con gran desorden en el extravio

de los papeles de las Embajadas, y por el mucha falta de noticias en [fol.18v] grave

detrimento de mi real servicio y combiniendo ôcurrir con la mayor brevedad posible

al reparo de tan considerable daño; He resueto, que cada uno de mis Ministros en la

Corte que residiere haga hacer ymbentario, de los papeles concernientes a su

ministerio, y que embie a mis reales manos copia de el, para venir en conocimiento

por mayor de los que son, y que tambien los entregue por ymbentario al aquele

sucediese en su ministerio, y que todos [fol.19] los demas practiquen subcesivamente

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lo proprio en adelante; de que ha parecido advertivos, y ordenarvos (como lo hago)

para su mas pontual cumplimiento en la parte que vos toca, previniendovos que de no

executarlo assi, muy exactamente incurrireis gravemente en mi desagrado; y de lo que

fuereis obrando en esto me yreis dando quenta; y assim ismo se os advierte, y manda

que por ningun caso ni acontecimiento hayais de sacar, ni poder traer con vos

[fol.19v] ningun papel, que pertenca a esa Embajada, ni negocio mio quando vos

retireis de ella, pena de la misma indignacion mia, que vá prevenida, si no que de

todos absolutamente, y sin reserva de ninguno se forme el expresado ymbentario, con

que los aveis de entregar à vuestro sucesor en ese ministerio, y assi lo tendreis

entendido para su mas exacta observancia.

18. Para todos los gastos ôrdinarios y extraordinarios, y de casa, Secretaria, y

portes de cartas,[fol.20] vos he señalado setezientos y cinquenta doblones de â dos

excudos de ôro, al año, y á demas de esta partida, hé declarado, y prevenido assi

mismo se vos abonen, acundan, y paguen los ôtros gastos singulares, y accidentales

que ôcurrieren, como son funciones de celebridad de enorabuenas, ó de pesames, y

por regla fixa, y punto general, y para obrar las disputas, y declaraciones que por lo

pasado ha avido en las quentas de los gastos de los [fol.20v] Ministros, en razon de la

clase, valor, y especie de la moneda, segun las Cortes donde estavan, assi mismo he

declarado, y mandado se observe absoluta, y positivamente que los sueldos, ayudas de

costa, y gastos que se pague à todos los Ministros de àfuera, considerados à doblones

de España, y que las letras, fondos, ô asignaciones, que se le dieren para su

satisfacion, sean en dichos doblones, hecha la quenta de los excudos de plata con el

premio solo de cinquenta [fol.21] por ciento que se le señala; y que assi mismo se

entenda y observe el sueldo, y demas porciones que se les concede lo han de percivir

integro en las Cortes, donde sirven, sin desquento, ni desfalque de diez por ciento de

salários de Ministros, ni de ôcho [?] por excudo, ni ôtro alguno que se observe en

general, por la Thesoreria mayor de la guerra, como ni tampoco de conducion,cambio,

ni intereses.

20. Aunque tengo resuelto por punto general, que â [fol.21v] ningun Ministro

de Principe de los que residen en esta Corte, se le den las franquicias que se les

subministravan antes, ni que los mios en las Cortes de àfuera, los admitan ni soliciten;

sin embargo, si viéreis que el Rey de Portugal acude con ellas a los Embaxadores ô

Embiados de ôtros Principes, vos mando que en este caso las pidais, y soliciteis

vigorosamente para que se ejecute con vos lo mismo, pues la exceptuacion con mi

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Ministro seria contra mi decoro, y authoridad pero si reconociereis, que [fol.22] no se

dán a los demas, ômitireis poner en practica este instancia, pero os prevengo que esto

se entenda, no gozandolas correspectivamente el Ministro portugues, en la Corte del

Ministro, porque sin esta deflexión estando resuelto, no darlas en esta Corte á

Ministro alguno extrangero, no seria el exemplar que alegaseis, en terminos, y seria

esponervos al desayre de pedirlas,y no obtenerlas.

20. En conformidad de todo lo que viene expresado proporcionareis ôtras

ôperaciones [fol.22v] en el exercicio de vuestro ministerio, y en quanto a los negocios

de Estado segun el que tiene las dependencias unibersales; ôbservareis lo que se vos

previene en ôtra ynstruzion que se vos entregará aparte, por la via reservada, que es lo

que por mia aora há parecido prevenirvos para vuestro govierno en aquella Corte. Y

aunque àdemas de lo referido, se vos advirtirá en adelante lo que fuere ôcurriendo;

espero de vuestro celo y prudencia, que en los negocios que no dieren tiempo [fol.23]

à darme quenta de ellos, y enterarvos de mi resolucion vos governareis con todo

acierto, segun lo pidieren los accidentes. Y de todo quanto ôcurriere, y se ôfreciere me

dareis quenta, con la puntualidad, y individualidad que combiene para que me halle

informado de ello. De Madrid, etecetera. Rey.

Doc.81. Despacho del sueldo que há de gozar y demas porpornciones que se

señalan, al Marques de Capicelatro con el empleo de Embaxador Ordinario a

Portugal, 28 de Febrero de 1716. AGS, Estado, Legado 7082, fols.1-3. [Transcrição

integral].

[fol.] Consulta de 10 de Diziembre de 1715

El Rey

Por quanto aviendose concluido, ratificado, y publicado el Tratado de Paz con

el Rey de Portugal; y conviniendo que aya Ministro mio en la Corte de Lisboa de las

experiencias, celo, actividad, y prudencia que aseguren, el manéjo, y buen exito de los

negocios, y dependencias que ocurrieren de mi servicio, bien y utilidad de mis

dominios, y vassalos. Atendiendo a que estas, y las demas buenas partes que se

requieren para el referido ministerio concurren en vos Don Domingo Capicelatro

Marques de Capicelatro de mi Consejo Supremo de Ytalia, y Juez Conservador de mi

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real património de el, y a lo mucho, y buen que me aveis servido, asi en Napoles,

como en el [fol.1v] Exercito de Cathaluña de Capitan de cavallos corazas [?], hasta

que quedasteis compreendido en la forma genera, y de mi Embiado Extraordinario en

Portugal, y ultimamente con el referido empleo de Consegero de Ytalia, y en todos los

negocios que han estado a vuestro cuidado desempeñando vuestra obligacion con

entera satisfacion mia. Por tanto he tenido por bien de nombrar[v]os por mi

Embaxador Ordinario al Rey de Portugal, para que con el expresado caracter residais

en dicho Reyno, y que con este empleo goceis de sueldo cada mes mil escudos de a

diez reales de plata con el premio de cinquenta por ciento (que hacen tres mil

doblones al año) el qual os ha de empezar a correr desde el dia que hiciereis constar

aver llegado [fol.2] a la mencionada Corte de Lisboa; y asi mismo [v]os he concedido

seis mil excudos de la misma especie por seis mesadas de ayuda de costa por una vez,

para los gastos de vuestro ingreso en ella, y trecientos y nueve doblones para vuestro

viage, por las ciento y tres leguas que ha constado ay desde esta Corte a la de

Portugal; al respeto de tres doblones por legua; y ultimamente otros setecentos y

cinquenta doblones al año para gastos ordinarios, y extraordinarios, Secretaria, y

portes de cartas y demas de esto se [v]os abonaran, acudiran, y pagaran tambien los

otros gastos singulares, y accidentales que ocurrieren. Como son funciones de

celebridad de horasbuenas, o de pesames; con declarasion de que todas las cantidades

referidas, se [v]os han de pagar consideradas à doblones de España [fol.2v] de a dos

excudos oro cada uno, y que las letras, fondos, o asignasiones que se [v]os dieren para

su satisfasion han de ser en dichos doblones, echa la quenta de los excudos de plata

con el premio de cinquenta por ciento (que quatro componen un doblon) y

entendiendose, que asi el sueldo, como las demas porciones que [v]os concedo, lo

aveis de percivir en Lisboa (donde vais a residir) intrego, sin descuento, ni desfalque

de diez por ciento de salarios, ni de ocho [?] por escudo, ni otro alguno que se observe

en general por la Thesoreria Mayor de la Guerra; como ni tampoco de conducion,

cambiosm ni intereses.

Todo lo qual aveis de llevar, y gozar en la forma que queda referido; y se [v]os

ha de abonar, y pasar quenta, en la que diereis del dinero que se subministrare [fol.3]

y proviere para el mencionado vuestro sueldo, y gastos ordinarios y extraordinários

(declarados aqui) en virtud de esta mi cedula; sin que para ello se necesite de otro

despacho, ni recaudo alguno, que assi es mi voluntad. Dada en etecetera

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Doc.82. Carta do Cardeal Judice para o Marquês de Grimaldo sobre as cartas

credenciais e privadas que o Embaixador espanhol, Marquês de Capecelatro, deveria

entregar a D. João V, Palácio [Madrid], 8 de Março de 1716. AGS, Estado, Legado

7082, fols.1-2v. [Transcrição integral].

[fol.1] Remiteme Vuestra Señoria orden del Rey la consulta del Consejo de

Estado para que restituyo adjunta que trata en el punto de si al Marques de

Capicelatro deven entregar a ___ las cartas credenciales publicas, otras privadas para

el Rey y Reyna de Portugal como lo han executado aquellos Principes, y las tiene ya

el Envaxador de la mesma Corona entregalas a las reales manos de Sus Magestades

encargandome explicar mi dictamen. E para cumplir con acerto la referida orden del

Rey, devo ponderar, que si esta duplicacion de cartas credenciales publicas, y

reservadas resulta del estilo, ô con la misma Corte de Portugal, ô con otras, pareze

preciso que se continue a la observacion [fol.1v] de lo practicado en otras ocasiones

de despacharse Envaxadores; ô, no se encuentra algun exemplar, como el Consejo

pareze lo dá â entender en vista de lo que apunta la Secretaria, y en este casso tubiera

por arriesgado solicitar alguna desazon en el Rey de Portugal, y algun atraso en el

ministerio de Capicelatro com la omision de corresponder â una atencion, y fineza

nueba de aquel Rey quien no contento de conceder á su Ministro las credenciales

publicas, ha pasado la novedad de entregarle las referidas cartas confidenciales. Y

considero que assi como estas, haviendose admitido, regularmente facilitan al

Envaxador de Portugal el tratar con Su Magestad dexandose de conceder las iguales á

Capicelatro le dificultaran sin duda la misma combeniencia en Lixboa. Por ultimo

confieso que mi corto entendimento no llega á compreender [fol.2] como en la

practica de una nueba fineza, que no siendo correspondida, puede revocarse pues no

solo concede algun derecho, pueda intentarse la desticion, y mayormente arriesgando

que al despique para la omision de la correspondencia aya de recaér contra el

ministerio del Rey. Por los motivos apuntados soy de parezer que Su Magestad sin

usar de pretexto del naciomento del ultimo Ynfante se sirva de acompañar a

Capicelatro con iguales cartas confidenciales ãdemas de las credenciales publicas, y

correspondiendo con su real venignidad á la fineza del Rey de Portugal, quien ha sido

el primero â executarla y Su Magestad solo le corresponden, y passa que conste esta

circunstancia combendra que las mismas cartas credenciales vayan con fechas

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posteriores a la de las que entrega ya tiene presentadas el Envaxador de Portugal; pero

lo que [fol.2v] el Rey resolviere sera siempre lo mas acertado y correspondiente á la

importancia de mantener y cultivar en la situacion presente a la Europa la buena

inteligencia con Portugal, que es la unica y ensanchada puerta por donde pueden estos

Reynos experimentar los insultos y las inquetudes. Dios guarde á Vuestra Señoria á

Palacio 8 de Marzo 1716.

El Cardenal Judice

Señor Marques de Grimaldo.

Doc.83. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. Juan Elizondo descrevendo a sua

jornada e chegada a Lisboa; cerimonial e honras que recebeu, Lisboa, 7 de Abril de

1716. AGS, Estado, Legado 7082, fols. 1-4. [Excerto].

[fol.1] Señor mio. Recivi en Badajoz sobre la marcha el dia 29 del pasado la

estimable carta de Vuestra Señoria de 20 del mismo con el real despacho que incluia â

cerca de la forma en que me he de governar en la ocasion de zelebrarse con esta

Corte el parto de la Señora Archiduquesa, y no haviendo podido entonzes acusar el

recivo, por haver salido el dia antes de aquella ciudad el hordinario para esa Corte, lo

executo ahora desde Lisboa, ( donde llegué el dia 3 del presente, con la noticia

individual de todos mis pasos.

El dia 27 del passado llegué á Merida, donde fui cumplimentado de la ciudad,

y agasajado con un refresco. Antes de llegar â Badajoz vinó á encontrarme á

encontrarme á distancia de una légua la cavalleria que esta de guarnizion en dicha

plaza, comboyandome hasta donde devia hazer mansion, y al entrar en la ciudad me

recivieron con el disparo de nueve tiros de la artilleria, se me pusó de Guardia una

Compañia de la Infantaria [fol.1v] a la puerta, y la ciudad vinó a cumplimentarme; A

la salida se hizó el mismo zeremonial acompañandome la cavalleria hasta la raya del

Rio Caya, donde estaba formada la portuguesa que me conduxó á Yelves a la casa del

Marques de Assa, Comandante General de la Fontera, haviendo precedido enviar a

Badajoz un Ayudante General para cumplimentarme, dizendo que me esperaba en ella

con toda precision, y aunque procuré por todos caminos excusar este hospedage,

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mandando â mi cavallerizo se anticipase â prevenirme otra casa no pude lograrlo

porque el mismo ayudante penetrando el mensage que llebaba, le detubó antes de

llegar a la ciudad. A la entrada y salida de esta plaza se me hizó salva con siete tiros,

acompañandome la msima cavalleria hasta poco mas de una légua que se bolbio

segun mi instancia á Yelves, y por que el Capitan contravinó a la ôrdene que su

Comandante General le havia dado para que me siguiese hasta Estremoz, sin embargo

de haver distancia de seis leguas, mandó ponerle preso, y que bolviese en mi alcanze

un Theniente con el piquete a fin que me [fol.2] acompañase hasta la dicha plaza

donde me recivieron con siete disparos haciendome el mismo ceremonial que en

Yelves, y saliendo acompañado de la cavalleria hasta poco mas de una legua hizé la

misma instancia al Ofizial que la mandaba de que se bolviese y assi lo executó.

Desde Aldea Gallega avisé al Consul de la nacion Española de mi llegada, y á

otro dia me embiaron tres vergantines grandes del Rey de Portugal, que me

transportaron á esta Corte, y al desembarcar salio a recivirme con quatro coches los

mas lúcidos de Su Magestad Portuguesa el Conde de Soire, que hizó oficio del

Conductor encaminandome por las calles principales de esta Corte (las quales estaban

pobladissimas de gente y de la primera nobleza) hasta mi casa, donde tomando yo la

mano hasta que llegué a la puerta de la sala de mi audiencia, passé entonzes á darsela

yo y á acompañarle hastar verle partir en su coche, segun lo que se havia practicado

con otros de igual grado, y con el Embaxador de [fol.2v] Su Magestad Christianissima

que por favorezerme con su acostumbrada generosidad, despues de haver prevenido

un refresco muy explendido para agasajar al referido Conde de Soire, y estado de Su

Magestad Portuguesa emvió tambien su primer coche y litera para conducir la

Marquesa mi muger desde el desembarcadero.

Aunque el Rey Nuestro Señor (Dios le guarde) no tubó à bien condescender á

mi instancia mandandome librar los gastos extrahordinarios que se causan en las

funciones que llego referidas de esta Embaxada, á diferencia de las otras, no obstante

se me ha parecido comveniente, y decoroso executar lo mismo que han practicado

todos los Ministros de mi grado, regalando con dinero á todos los soldados, artilleros,

trompetas, y tambores, segun su graduazion y tambien á los encarzelados que en los

lugares de transito mi importunaban con memoriales pediendme limosna.

Estoy justamente admirado de no haver hallado en la Secretaria de esta

Embaxada noticia ni luz alguna [fol.3] del ceremonial que observaron mis antecesores

que si no tuviera yo tanto conocimiento de este Ministerio me viera en la maior

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confusion, y assi tengo ideado se haga un formulario individual para que los que me

succedieren en este empleo no experimenten la misma falta de noticias.

A otro dia despues de mi llegada fué visitado de Don Diego de Mendoza Corte

Ral Secretario de Estado del Rey de Portugal, y haviendo entendido que los Ministros

de Estado de este Principe no visitaron al Embaxador de Su Magestad Christianissima

y pretenden con los demas Embaxadores hazer lo mismo no siendo visitados

anteriormente de ellos excusare yo noticiarles mi arrivo, y solo avisare al Cardenal de

Acuña Duque de Cadaval y a los Ministros estrangeros que residen en esta Corte.

Luego que entre en este Reyno experimente muestras de gratitud y azeptazion

lisongenadose quiza de la que ha podido lograr en esa Vila el Ministro que fue de esta

Corte, y aseguro a Vuestra Señoria haverme causado [fol.3v] notable estranheza el

gran fausto y luzimiento que mantiene oy esta nacion en carrozas, vestidos y alhajas

de casas, quando antezedentemente se portaban con mucha moderazion observando

das rigurosas leys de la pragmatica de su Reyno.

[...]

El dia 3 de este se zelebraron en la Iglesia de San Luis con gran solemnidad y

funebre aparato las honrras del Señor Rey Christianissimo Luis 14 de gloriosa

memoria, en cuyas reales exequias manifestó la nazion francesa el justo amor que

deven mantener a tan inclito Monarcha que es quanto [fol.4] puedo noticiar a Vuestra

Señoria a quien pido conceda repetidos motivos de su agrado. Nuestro Señor guarde á

Vuestra Señoria los muchos años que deseo. Lisboa 7 de Abril de 1716. Beso las

manos de Vuestra Señoria su maior servidor. El Marques de Capecelatro = Señor Don

Juan de Elizondo.

Doc.84. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. Juan Elizondo descrevendo o

cerimonial das visitas que fez e recebeu quando chegou à Corte de Lisboa, Lisboa, 14

de Abril de 1716. AGS, Estado, Legado 7082, fols. 1-6v.[Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. En prosequcion de los que participé a Vuestra Señoria en mi

antezedente de 6 de este sobre los pasos que voy dando en ôrdene al zeremonial

puedo añadir ahora, que el dia 7 de Abril por la tarde emvié al Secretario de la

Embaxada con un recado de cortesia para el Cardenal de Acuña, participandole mi

arrivo á esta Corte, y reciviendole a la puerta de su audiencia (sin dar le puerta ni

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silla) despues de significar el aborozo que le devia mi favorable viage, y feliz llegada,

salio á despedirle hasta la puerta donde le havia recivido, que halli estaba puesta en

ala su familia ( que consistia en cinco Capellanes y quatro pages) [fol.1v] y le

acompañaron hasta el primer descanso de la escalera. De hai passó á cassa del Nuncio

Hordinario de Su Santtidad con el mismo recado de urbanidad y aviso de mi llegada ,

que le recivió en la misma forma que el Cardenal, aunque las muchas expresiones de

gratitud y aprecio hazia mi persona diciendo celebraba tener en Lisboa un compañero

y paysano â quien estimaba particularmente. Desde halli pasó á ver al Nuncio

Extrahordinario Embaxador de Su Magestad Cristianissima, á quienes no halló en

casa. El mismo dia 7 de Abril participé mi llegada á los Emviados de Inglaterra y

Olanda, por medio de mi cavallerizo para distinguirlos con diferente mensageiro, y no

hallando en casa al primero le regivio el segundo [fol.2] dandole puerta, y noticia de

hallarse indispuesto, diciendo que este éra el motivo de no haverme buscado

inmediatamente que llegué â esta Corte, y que los primeros pasos que diese, serian

para visitarme saliendo acompañado a mi cavallerizo hasta la escalera con muchas

muestras de rendimiento.

La noche de este dia los dos Nuncios emviaron (casi â una misma hora) á sus

Secretarios para darme la bien llegada, y el siguiente por la manana me cumplimentó

el Cardenal de Acuña, por medio de su cavallerizo, a quienes correspondi con el

mismo recivimiento que havian hecho al Secretario de la Embaxada, con la diferencia

de darles yo silla. Este mismo dia a las diez de la mañana vino â visitarme [fol.2v] el

Abad de Mornay Embaxador de Su Magestad Christianissima (havendo, segun estilo

pedidome hora el antecedente) con el tren de litera y dos coches en que venian cinco

Gentiles-hombres y quatro pages, para los quales hizé prevenir (como es costumbre

en la primera visita que reciven los Embaxadores, á que corresponden en la misma

forma quando les pagan la visita) un agasajo opulento de todos generos de dulzes,

frutas, y chocolate para los criados mayores, y para los de escalera abajo quantos

pescados se puedieron hallar; la forma de recivirle fué bajando yo con toda mi familia

hasta el zaguan, y dando la mano, puerta y silla, segun na practica que han observado

los del mismo caracter, le acompañé [fol.3] al despidimiento en la propria forma,

hasta el tiempo de partir en sul itera.

Este dia à las tres de la tarde me visito el Emviado de Ynglaterra, a quien sali

à recivir hasta cerca de la escalera, y haviendo estado conmigo un corto espacio,

encontré en el gran cortedaá y le sali acompañando hasta el mismo parage en que le

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recivi. El diez por la tarde enviaron los Nuncios á pedirme hora, por medio de sus

Secretarios, y se l adi para el siguiente, viniendo el extrahordinario à las diez de la

mañana y el hordinario a las quatro de la tarde, uno y otro con un tren de lucidíssimo

de litera, y tres coches, en que venian seis Capellanes, dos criados mayores seglares, y

quatro pages. Recivile con el mismo cum-[fol.3v]plimiento que al Embaxador de

Francia, y con semejante refresco para su familia, con el qual se habló de varias cosas

é indiferentes, manifestando ambos gran deseo de saver el estado en que tenia

Monseñor Aldobrandi las dependencias de la silla apllicada en esa Corte, á que dixé

que no podia responderles categoricamente por no estar enterado del estado en que se

hallaban sus negociaciones, pero que la voz comun era que la Corte Romana estaba

muy lexos de complazer a las justificadas razones de Su Magestad (Dios le guarde)

pues quando se podia haver premeditado algun convenio, lo havian, segun mi

entender, alterado no solo los violentos pasos que se havian ido dando contra la

invetera-[fol.4] da possesion de Monarchia Esclasiastica de Sicilia, si no tambien

contra las regalias pertencientes al diñero de Su Magestad. Dixóme que la antecedente

quexa no podia prevalezer hallandose ya enagenado este Reyno; Repliquele que estas

novedades se havian movido mucho antes que el Señor Duque de Savoya, oy Rey de

Sicilia, entrase âposeherle, queriendo la Corte Romana atropellar el incontrovertible

derecho de Su Magestad y la inveterada possesion en que se hallaba ( contra el

derecho que se tiene reservado en caso de faltar la linea varonil de aquel Principe)

fundando sus pretensiones sobre fantasticos pretextos, á que no me respondió tambien

observé en el Nuncio hordinario el manifestandose afecto [fol.4v] al Abaá de Morrnay

Embaxador de Su Magestad Christianissima pero en Monseñor Ferrau Nuncio

Extrahordinario pude colegir una total inclinacion á esta Corte, y no menos al

Cardenal de Acuña: Preguntome si havia dado noticia de mi llegada â estos Ministros

de Estado, y le dixe que todavia le tenia suspendido y solo lo executaria en caso de

tener zertidumbre de que inmediatamente me visitasen, segun se havia practicado con

todos los Embaxadores mis antezesores que havian venido â esta Corte; Replicome

que con los Embaxadores de Alemania se havian comvenido reciprocamente estos dos

dominios sobre este punto, en que los Ministros de Estado visitasen inmediatamente á

sus Embaxadores, y que esrtos corres-[fol.5]pondiesen despues, cuya concordia se

propuso al Abad de Morneay Embaxador de Su Magestad Christianissima , que no la

quiso admitir, y por este motivo no fueron á visitarles; Esto mismo parece pretenden

conmigo afin que se execute lo proprio con su Embaxador que reside en esa Corte,

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pero yo los he respondido que Don Pedro Vasconcelos, no podia pretender mas de lo

que se practicaba con otros del mismo grado, por ser zeremonial observado tiempo há

con todos, y dissonaria si no se uniformase con los demas, y assi tenia esta matéria

por inpracticable. Pero constandome que todos los Embaxadores de España mis

predecesores, havian sido siempre visitados antes de los Ministros de Estado (â cuya

sentada practica no podia yo contravenir) y que el comvenio hecho en Alemania no

podia servir de exemplar [fol.5v] para mi, ignorando al mismo tiempo la practica

tenida con los Embaxadores de Su Magestad Christianissima, podia prometerme que

en esta Corte no se innovase, y en caso contrario que daria mortificadissimo de no

poder los ver y manifestar al mismo tiempo la sinceridad de mi voluntad y afecto,

para quanto pudiese conducir à su servicio. Con esto se concluyó su conversacion

dizendo que tantearia la matheria con alunos confidentes suyos, y de lo que resultase

pordria avisarme dentro de quatro, u cinco dias; Y sin atender esta respuesta he

podido colegir que no lo quieren executar, porque haviendo venido el Marques de las

Minas á visitar a la Marquesa mi muger no ha solicitado verme.

El dia 12 de este emvié a mi Secretario de cartas en cassa del Cardenal de

Acuna con un recado de cortesia [fol.6] dizendole que deseaba vivamente ir a

manifestarle mi obbediencia que à este fin le pedia me diesse hora en que menos los

incomodasse recivilo á este en la puerta de su audiencia y le dio silla

correspondiendo al mismo recivimiento que yo havia hecho á su cavallerizo , e

innovando al que havia practicado antezedentemente con el Secretario de la

Embaxada; en cuya consequencia me señalo ayer a las tres de la tarde que fui en una

litera con mi coche de respecto en queiban quatro criados mayores; bajo su familia (

de seys Capellanes, dos criados mayores y tres pages) hasta el zaguan, y el Cardenal

me recivio en el ultimo descanso de la escalera y me conduxó hasta la sala de su

audiencia, donde tomó la puerta pero me dió el mejor lugar. La conversazion [fol.6v]

se reduxó á preguntarme por la salud de los Reyes Nuestros Señores, Serenissimos

Principe, e Infantes con expresiones muy afectuosas, y que por su parte

corresponderia a todo lo que conduxesse a la mejor correspondencia y quietud de

estas dos Coronas.

Esto es todo lo que puedo participar a Vuestra Señoria â quien pido me facilite

muchas ocasiones de su agrado. Nuestro Señor guarde a Vuestra Señoria muchos años

como desseo. Lixboa a 14 de Abril de 1716. =. Beso las manos de Vuestra Señoria su

mayor servidor= El Marques de Capecelatro = Señor Don Juan de Elizondo.

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Doc.85. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. Juan Elizondo descrevendo o

cerimonial da sua primeira audiência privada com o rei e com a rainha de Portugal;

visitas que fez aos outros ministros estrangeiros acreditados em Lisboa, Lisboa, 21 de

Abril de 1716. AGS, Estado, Legado 7082, fols. 1-3v. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. Aunque este correo sin carta de Vuestra Señoria no excuso

participarle lo que ba ocurrido en ôrdene á mi ceremonial.

El dia 11 del corriente por la tarde me escrivio el Secretario de Estado Don

Diego de Mendoza Corte Real avissandome que havia señalado el Rey su amo la hora

de las onze de la mañana por el dia siguiente afin de darme audiencia particular y

presentar las cartas amistosas y confidenciales de proprio puño de Sus Magestades

(Dios los guarde) en cuya consequencia fui a la hora zitada a la ligera con solo una

litera, un coche, quatro criados mayores y ocho lacayos, dirigiendo mi marcha por las

calles mas principales de esta Corte, entrando por la puerta que llaman de la Capilla a

Palacio. Apenas llegó mi litera al pie de la escalera, donde aguarde muy corto tiempo,

quando bajaron el Amirante mayor Don Luis Innocencio de Castro, y el Armero

mayor Don Antonio de Melo, en vista de los quales me apeé , y reciviendome en

medio de los dos me conduxeron arriba passando por la sala de los Alabarderos, cuya

Guardia estaba tendida, y fuimos a la sala de la espera, que estaba entapizada, y nella

havia tres taburetes, adonde nos [fol.1v] sentamos siempre yo en el medio,

aguardando un muy vreve rato, hasta que nos avisaron esperaba el Rey para recivirme

en la sala de su audiencia. Llegué á ella acompañado siempre de los referidos

Almirante y Armero mayor Don Antonio de Melo y a Don Luis de Castro, y

encontramos á Su Magestad Portuguesa debajo de dosel en trage portugues, teniendo

por el lado derecho seys grandes, y al ysquierdo doze hidalgos, aqui se apartaron el

Armirante y Armero mayor y passe a hazer la tercera reverencia al pisar de la

alfomtra, entonzes el Rey se adelantó dos pasos para recivirme, y bolbiendo á

recobrar su lugar me abanzé yo hasta ponerme inmediato á Su Magestad y

cobriendonos los dos aun mismo tiempo hizé un razonamiento en esta forma.

Haviendome logrado a nos há obsequiar á Vuestra Magestad en tiempo que

ocupé en esta real Corte el empleo de Emviado extraohordinario por el Rey mi Señor

óy, con gran vanidad mia, buelto a repetilo por haverse dignado Su Magestad, darme

el caracter de su Embaxador Hordinario, afin que asista cerca de la real persona de

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Vuestra Magestad con cuyo motivo, passo á assegurarle del verdadero afecto y

sincera intencion con que desea cultibar y mantener una inmutable amistad no dudado

que Vuestra Magestad, [fol.2] corresponderá igualmente al Rey mi Señor que me

manda entregue esta carta escrita de puño proprio en su real mano. Y haviendola

recivido con demonstraciones de gratitud manisto hacia la persona de Su Magestad en

los vivos desseos que le assitian de complazer enquanto fuésse del maior agrado de

Su Magestad mereciendole yo al mismo tiempo muchas expresiones de azeptazion

significando la estimazion que hazia de mi persona, y que se ôlgaria estubiesse muy

gustoso y se ofreciesen ôcassiones de mi satisfaccion, a que respondi muy reconocido

dando á Su Magestad Portuguesa las mas rendidas grâcias.

Despedime y sali en la propria forma que havia entrado, retirandome hasta la

puerta de la sala, desde donde passaron los mencionados Almirantes, y Armero mayor

á concudcirme al quarto de la Reyna que por no estar todavia en disposizon de

poderme recivir, me bolvieron a la sala de la espera, hasta que avisaron estaba Su

Magestad aguardandome. Llegué a la sala de su audiencia que se hallaba adornada de

muy lúcidoas colgaduras y puestas en ala nueve damas á una parte y muchos Grandes

Hidalgos a la otra, la Reyna debajo del dosel, y la Condesa de Ylla (que havia oficio

de Camarera mayor por indisposizon de la Condesa de Huñon) y el Duque de Cadaval

á los dos de Su Magestad [fol.2v] entre havendo el mismo ceremonial que en el

quarto del Rey, y al executar la tercera reverencia tocando con la punta de los pies la

alfombra del dosel se adelantó Su Magestad á recivirme dos pasos inclinando un

poco la caveza, y bolviendo á recobrar su lugar me adelanté yo hasta llegar inmediato

á Su Magestad y cubriendome entonzes la hize una relazion en la forma siguiente.

Haviendo con gran vanidad mia, merecido del Rey mi Señor al caracter de Su

Embaxador hordinario para esta Corte, logro poder expresar a Vuestra Magestad en su

real nmbre el summo aprecio y estimazion que haze de la real persona de Vuestra

Magestad, y quanto dessea acreditarlo en todos tempos. Y en prueba de su sincera

intencion me manda ponga en la real mano de Vuestra Magestad esta carta escrita de

su proprio puño; entonzes con semblante muy venigno me respondio quanto apreciaba

estas expresiones, no dudando de la buena y cordial intencion de Su Magestad y assi

por suparte procuraria concurrir reciprocamente en todo quanto se ofreciese de la

mayor complazenzia de Su Magestad a que yo repeti diciendo que no dudaba

contribuyria Su Magestad Portuguesa al cumplimiento de unos desseos tan justos

[fol.3] dirigidos a la permanente tranquilidad de estas dos Coronas, y porque tenia

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comision de la Reyna mi Señora para expresar á Su Magestad el cordial afecto, y

estimacion que devia á su real persona, como el hallar se deseosa de tener ôcasion del

agrado de Su Magestad en que acreditarselo; me mandaba á este fin pusiese en sus

reales manos esta carta escrita de su real puño logrando yo al mismo tiempo, rendir a

los pies de Su Magestad mi maior venerazion.

A la despedida se adelantó dos passos inclinando un poco la caveza, y io me

retiré haciendo tres reverências hasta la puerta de la sala de audiencia desde donde

continuaron acompañandome los referidos Almirante, y Armero mayor, hasta verme

partir en la litera.

Este mismo dia por la tarde fui á pagar la visita â los Nuncios extraordinário, y

hordinario, precediendo pedirles hora por la mañana, y me correspondieron ambos

con la misma formalidad y ceremonial con que yo los havia recivido.

El siguiente por la mañana execute lo mismo con el Embaxador de Su

Magestad Christianissima. Reciviome con el zeremonial acostumbrado

significandome con afectuosas y [fol.3v] particulares expresiones quanto deseaba la

regencia, y nuevo governo de la Francia mostrar al Rey Nuestro Señor en el sistema

presente que no solo continuaba los afectos de la cordial amistad que profesan las dos

Coronas, si no tambien el desseo que la assistia de estrecharla mas, con nuevas

demonstraciones de afecto, y fineza como lo experimentaria siempre en las ocasiones

que se ofreciessen de la comveniencia e interesses de Su Magestad. De que le passe á

dar repetidas grâcias assegurandole que encontraria siempre Su Magestad

Christianissima igual correspondencia.

Desde halli passé a ver al Emviado de Inglaterra, sin prevenirle con aviso, por

haverlo assi executado el Embaxador de Su Magestad Christianissima en su

zeremonial a quien he procurado seguir. Esto es quanto puedo participar a Vuestra

Señoria a quien pido me facilite repetidas ocasiones de su servicio. Nuestro Señor

guarde a Vuestra Señoria los muchos años que desseo. Lisboa 21 de Abril de 1716.

Beso las manos de Vuestra Señoria su mayor servidor= El Marques de Capecelatro =

Señor Don Juan de Elizondo.

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Doc.86. Carta de D. João V para Filipe V convidando-o para ser padrinho do seu

filho, o Infante D. Alexandre, Lisboa, 6 de Outubro de 1723. AHN, Estado, Legado

2539, fol.1. [Transcrição integral].

[fol.1] Muito alto, e muito Poderoso Principe meu bom Irmão, e Primo. Eu

Dom João por graça de Deos Rey de Portugal, e dos Algarves, e dalém mar em

África, Senhora da Guiné, e da conquista, navegação, comercio de Ethiopia, Arabia,

Persia, e da Índia etecetera. Ínvio muito saudar a a Sua Magestade como aquelle que

muito amo, e prezo. Havendo participado a Vossa Magestade a noticia de haver-me

nascido mais hum Infante, me pareceo que para que esta felicidade fosse mais

completa devia pedir Vossa Magestade queria ser padrinho do mesmo Infante, e não

duvido que desta demonstração reconhesa a sinceridade do meu animo, e particular

estimação que faço, da sua real pessoa desejando ter occaziões de maior satisfação de

Vossa Magestade para mostrar-lhe os efeitos da minha verdadeira amizade. Muito

alto, e muito Poderozo Princepe meu bom Irmão, e Primo nosso Senhor haja a pessoa

de Vossa Magestade e seu real estado em sua santa guarda. Escrita em Lisboa

Occidental a 6 de Outubro de 1723.

Bom Irmão, e Primo de Vossa Magestade.

El Rey.

Doc.87. Carta de Filipe V para D. João V aceitando o convite para apadrinhar o seu

filho, o Infante D. Alexandre, Lisboa, 12 de Outubro de 1723. AHN, Estado, Legado

2539, fol.1. [Transcrição integral].

[fol.1] Correspondiendo al cariño, y sincera amistad, con que Vuestra

Magestad me pide por su carta de 6 deste mes, sea padrino del nuevo Infante, que

acabava de nacer à Vuestra Magestad hé venido muy gustoso en elle, y aceptando con

igual estimacion, la comision de este padrinazgo; hé elexigo para ella, y para que en

mi nombre asista à la funcion del baptismo, al Marques de Capecelatro [fol.1v] mi

Embaxador à Vuestra Magestad, à quien doy las ordenes convenientes à este fin, y

quien manifestará à Vuestra Magestad el aprecio, y complacencia con que hé recivido

este combite muy alto e muy etecetera.

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Doc.88. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para o Marquês de Capecelatro

rementendo uma memória do que praticou o Embaixador de França, Abade de

Mornay, quando representou Luís XIV na cerimónia de baptismo do Príncipe do

Brasil, D. José, Lisboa, [Setembro-Outubro de 1723?]. AGS, Estado, Legado 7127,

fols. 1. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Senhor

Por me chamar hoje a Raynha não vou buscar a Vossa Excelencia; mas por

não faltar ao que Vossa Excelencia me mandou ontem lhe remetto a memoria do que

se praticou o Embaixador de França, quando foi em nome del Rey seu ao Padrinho do

Prinçipe que Deos guarde, o que sucedeo com o Marques de Castel de Rios se saberá

melhor em Madrid. Deoz guarde a Vossa Excelencia muitos anos. Caza 3ª feira.

Ex.mo Senhor

Beijo as mãos de Vossa Excelencia mayor servidor

Diogo de Mendonça Corte Real

Ex.mo Senhor Marques de Capisolato

[fol.2] Esperou o Embaixador de França que chegasse de Paris hum correio

com as joyas, pedio audiencia á Raynha e nella lhe pedio que queria ver o Prinçipe;

depois de o Embaixador dar a Raynha a carta de El Rey de Franca lhe prezentou

humass arecadas, e deu huma joya o qual a Raynha tambem reçebeo da mão do

Embaixador.

Depois do Embaixador se recolher deo o seu Secretario a Marqueza Aya

humas arecadas, e para a Dama de leite, humas arecadas para a asasafata outra, e hu

anel para a dona da Camara. Entregou o Secretario ao porteiro da camara o que tocava

de a estas tres ultimas peçoas. Ao Cardeal da Cunha que foi o batizanto deu o

Embaixador huma crus de diamantes. Supponho que lha mandaria pello seu

Secretario.

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Doc.89. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo informando

que recebera os presentes para oferecer pela ocasião do baptizado do Infante D.

Alexandre; jóias que deveriam ser dadas à rainha portuguesa, à aia do Infante e ao

Patriarca nesta ocasião, Lisboa, 17 de Novembro de 1723. AGS, Estado, Legado

7127, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Por el expreso que Vuestra Excelencia me despacho recivi ayer su

apreciable carta de 12 del presente un broche de diamantes brillantes de la tassa y

valor que Vuestra Excelencia expresa, para regalar á este nuevo Infante en la funcion

de su baptismo, cuya preciosidad es correspondiente â la real munificencia de Su

Magestad (Dios le guarde) y consiguientemente no dudo tendrá todo el aplauso que se

merece, pero extimo por de mi obligacion remitir á Vuestra Excelencia duplicado de

lo que escrivi en el hordinario de ayer sobre quan reparable se hará el dexar de dár

alguma muesta de agasajo á esta Soberana, a la Marquesa Aya, y al Patriacha que ha

de bautizar el Infantico; y quando Su Magestad tubiere á bien de resolverlo [fol.1v]

assi prevengo á Vuestra Excelencia que no ay precision de dár los regalos en el dia

del baptismo, pues muchos los han distribuydo despues, y entre elloos el ultimo

Embaxador de Francia. Nuestro Señor guarde á Vuestra Excelencia los muchos años

que desseo. Lisboa 17 de Noviembre de 1723.

Ex.mo Señor Marques de Grimaldo

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Doc.90. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo [?]

descrevendo a cerimónia da sua entrada pública na Corte de Lisboa e o baptizado do

Infante D. Alexandre, no qual representou Filipe V como seu padrinho, Lisboa,

[Dezembro de 1723]. AGS, Estado, Legado 7127, fols.1-5. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Despues de haver excusado admitir el hospedage de los tres dias

afin de abreviar la execucion de la entrada publica, y del bautismo, tube aviso de este

Secretario de Estado con papel de 3 del corriente como el Rey su amo me havia

sinalado em dia 5 a las tres de la tarde para la audiencia publica, y que el Marques de

Angeja Consegero de Estado, y Vehedor de Su Real Hazienda vendria á conducirme,

como hizo, trayendo cinco coches del Rey y uno de la Reyna, si bien

antecedentemente solo se emviaban cinco, en que parece haver querido

singularizarme y haviendose apeado, sali á recivirle á la mitad de la escalera,y

dandole el mejor lugar le llebé a la pieza de las visitas, donde significada su comision

reciprocamos las expesiones de estimacion, y tomando yo entonces la mano derecha (

que no dexé si no á la buelta despues del ótro cumplimento ) descendimos, y entramos

en uno de los mencionados seis coches destinado para semajantes ocasiones, y

empezamos la marcha, en la qual venia dando las [fol.1v] ordenes necessarias un

ayudande general con quatro soldados à cavallo, acompañados de los criados de los

Ministros, Titulos, y Cavalleros que me emviaron con sus coches para cortejarme , y

de mi familia, que se recudia á los dos Secretarios de la Embaxada, y de cartas, á un

Capellan, seys Gentiles hombres con vestidos galoneados, seys pages con vestidos

bordados, á pie a los dos estribos del coche, dos ayudas de camara con vestidos

tambien galoneados de distinto modo; ôcho cocheros, dos litereros, quatro mozos de

mulas, y veynte y quatro lacayos, cuya librea es de paño fino de Inglaterra azul,

guarnecida de galones de plata de tres dedos de ancho, con vivos encarnados blancos

y negros; los sombreros correspondientes, con medias de seda y cavelleras. Mi estado

se componia de una litera de escultura dorada cubierta de terciopelo carmesi ,

guarnecida interior y exteriormente de galones de oro; los machos com caparazones y

gualorapas del mismo terciopelo carmesi galoneados de ôro, y cabezadas de lo

mismo; el errage sobre dorado, con quatro coches. El primero es nuevo y

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primorossisimo, asi por el entalle, como por la pintura, y dorado afforado de tisu de

fondo de oro con realces de seda carmesi, y las cortinas tambien de tisu,

simbolizandose en sus [fol.2] quatro esquinas las quatro partes del mundo, y bajo la

estatua de España estaba un trofeo militar, junto a el iba mi cavallerizo acompañado

de el del Conductor en un buen cavallo con aderezo de terciopelo carmesi bordado de

ôro. El segundo era de excelente pintura, aforrado de terciopelo azul obscuro bordado

de ôro y guarnecido com galones de ôro de punta de Espãna. El terceiro aforrado

tambien de terciopelo carmesi, guarnecido de galones de ôro punto de España. Y el

quarto aforrado de terciopelo carmesi con franjas de seda, todos a seis mulas con

guarniciones doradas á fuego. Yo estaba vestido de terciopelo color de café bordado

de plata, y en esta comformidad llegamos al terrero del Palácio. Antes de arribar á

este parage estaban esquadronados en dos hileras quatro regimentos de Infanteria y

dos de Cavalleria presentando las armas, que tomaron tambien los del Cuerpo de la

Guardia, y los Archeros primero que me apeasse del coche. Estaba [fol.2v] al pie de la

escalera el Conde de Pombeyro, Capitan de la Guardia de los Alabardero, y ele

Mestre de Sala los quales me acompañaron hasta la presencia del Rey, que estaba

solio, y apenas me avisto, quando se lebantó, y me recivo adelantandose un poco, a

quien hice la arenga seguiente: La alegre noticia que Vuestra Magestad se há servido

participar al Rey mi Señor (Dios le guarde) de tener ôtro nuevo fiador mas su real

succesion, y el afectuoso desseo que ha manifestado de que fuesse padrino en el

baptismo, han sido motivos de su mayor estimacion, y complacencia; y despues de

congratularse por medio con Vuestra Magestad por las repetidas bendiciones con

consigue del cielo, y agradecer sus apreciables expresiones, acepta con muy particular

afecto, y cariño el ser padrino en el baptismo del Señor recien nacion Infante; y se ha

dignado ordenarme execute yo en su real nombre esta funcion, segun se servirá

Vuestra Magestad reconocer por esta su real carta , con cuya ôcasion logro yo la

summa satisfacion de felicitar nuevamente á Vuestra Magestad siempre tan plausible

asumpto, y el honor de asistir con el caracter de Embaxador del Rey mi amo,

(explicando [fol.3] en esta credencial) á tan solemne acto, el qual espero ata de

estrechar mas la union y amistad entre las dos Coronas, afianzando los reciprocos

intereses dellas. Y haciendome Su Magestad todas las honrras que se acostumbran en

tales ocasiones me respondió con las mayores expresiones de gratitud , y estimacion;

y despidiendome passé con el mismo acompañamiento á la audiencia de esta

Soberana; á la qual signifiqué que como el Rey mi Señor se interesa por tantas

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razones en las mayores prosperidades de su real persona; fazilmente comprehenderia

quanta estimacion y complacencia le havia debido el feliz alumbramiento con que

Dios se sérvio bendicir nuevamente su dichosa fecundidad, y el caval

restablecimiento y permanencia de sus preçiosa salud, sobre cuyos plausibles

asumptos despues de entregarla la credencial del Rey mi Señor tenia yo el honor de

obsequiarla á Su Magestad con el mas profundo respecto, y manifestarla al mismo

tiempo el sumo gusto, y vanidad que se me añadia de haver de asistir por padrino en

el real nombre del Rey Nuestro Señor al proximo bautismo de Su Alteza. Acabada la

oracion, me respondió con iguales expresiones [fol.3v] de agradecimiento y aprecio, y

me bolvi en la forma referida a mi casa, donde havia prevencion de copiosos

refrescos para todas las personas de la comitiva.

El mismo dia e [sic] tube otro papel del Secretario de Estado en que se me

participava que el siguiente á las 3 de la trde se havia de celebrar el bautismo á cuyo

fins ali á hora competente con el tren, y familia mencionada, y al apearme se halló el

Capital de las Guardia, el Almirante de Portugal, y Don Francisco de sousa Viador de

la Casa Real, los quales me acompañaron asta arriba, y despues de alguna mansion,

bajamos y entramos en la Iglesia Patriarcal, precedendo doze porteros de camara,

ocho con mazas de plata, siete Reyes de armas , titulos, fidalgos, juezes del crimen, y

oficiales a la casa real. El Marques de Frontera llebava la corona ayudados de dos

mininos [?] fidalgos. El Duque D. Jayme la toalla, el mazapan, y el salero otros dos

titulos, el Señor Don Miguel heramano natural de este Soberano el cirio auxiliado

tambien de otros dos mininos fidalgos. El palio los dos Marqueses de Alegrete, el de

Marialva, el de Niza, [fol.4] el de Angeja, y el de Tabora debajo del qual venia Don

Gaston Coutino Mayordomo de Semana el mas antiguo de la Reyna; cuya funcion

pertencia al Duque viéjo de Cadaval, pero no pudo executarla por haver de tocar en el

bautismo por la reyna viúda. Yo fui cerca del palio acompañado siempre del

expresado Don Francisco de Sousa, y del Almirante que alterna con el Capitan de la

Guardia. Estos Soberanos con toda su real familia, estubieron en la Tribuna de abajo

al pié de la Iglesia. Empezóse el bautismo como antes, si no segun el ritual romano

dispuesto por el Maestro de Ceremonias, para cuyo efecto estaban puestos tres

doseles; el primero al ingresso de la Iglesia, donde fué catequizado el Infante; el

segundo en medio, donde se hizo la uncion con el olio de los catecumenos, y el

terceiro en lo alto del templo donde se le confirió el sacramento bauptismal, estándo

el Patriarcha de pontifical, y sentado en los tres doseles menos en el tiempo de las

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oraçiones, que se levantaba. Executada assi la funcion se cantó solemnemente el Te

Deum laudamus con repetidas descargas de artilleria, y subiendo a Palacion con el

mismo acompañamiento, me vinieron alumbrado despues ochos oficiales de la Casa

Real asta entrar en mi [fol. 4v] litera. Por la noche se pusieron luminarias publicas, a

que añadi yo en mi casa varios conciertos de musica; y discurro (si la passion no me

engana) haver desempeñado el honor de la confianza que me he merecido á Su

Magestad (Dios le guarde) pues al passo que en la cortedad del tiempo no han cabido

otras mayores disposiciones me parece no se ha echado menos en estes actos

circunstancia alguna que conduzga al explendor, y mafgnificencia que se me

prescribió.

Ahora arreglandome á lo que Vuestra Excelencia previene de orden de Su

Magestad en carta de 2 del corriente he mandado hacer un bonete de tisu de oro liso

aforrada las alas de tisu de plata lisa, borado á los cantos de plata, y canutillo sobre el

oro; y de oro y de canutillo sobre la plata, en el qual he puesto la joya que se servió

remitirme para el Señor Infante Don Alexandro con tres plumas blancas á modo de

penacho, metido en una caja de terciopelo carsi aforrado de nobleza blanca, y

galoneado de oro para entregarla, á cuyo fin he pedido audiancia de esta Soberana por

medio del Secretario de Estado, y en ella la suplicaré me haga la honrra de dejarmele

ver, diciendo entonces [fol.5] que el Rey Nuestro Señor embia aquel bonete para

preserbarle la cabeza del perjuycio que pudieran causarle las presentes humedades y

frios, por lo mucho que se interesa en la permanencia de su salud; Y despues passará

el Secretario de la Embaxada á entregar una joya de diamantes que ha costado 10

pesos ex.es á la Dama que asiste á Su Alteza. A la azafata se le dará una sortija de un

diamante de lindas aguas de tres quilates y medio de valor de 112 pesos. A la

Camarista unos perendengues de diamantes y esmeraldas limpias del importe de 666

pesos y medio. Y á la Ama de Pecho un resicler de diamantes de 600 pesos, cuyos

precios constan por recivos a los plateros.

Gracias á Dios ha llovido bastantemente desde el dia de la Concepcion asta

aqui; y aunq en las enfermedades no se reconoce gran diminuicion, la ya en los

mueros, y se espera que con la frescura, y humedad del tiempo cessen enteramente. Y

no ofreciendose otra particularidad concluyo pediendo á Nuestro Señor guarde.

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Doc.91. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo dizendo que

entregara os presentes de Filipe V às pessoas devidas pela ocasião do baptizado do

Infante D. Alexandre, Lisboa, 21 de Dezembro de 1723. AGS, Estado, Legado 7082,

fols. 1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. En comformidad de lo que previne á Vuestra Excelencia en mi

precedente, tubé audiencia de esta Soberana el dia 16 a las once de la mañana en que

se hallo en Infante Don Alexandro en los brazos de la Marquesa Aya, y despues de

haver hecho mi cumplimiento en los terminos mas expresivos y reverentes, y

entregado â Su Alteza por la real mano de su madre el broche de diamantes, puesto en

la forma yá expresada me repospondió con la estimacion y gratitud correspondiente.

Acabada esta funcione n el real nombre de Su Magestad los demas regalos dedicados

a las personas consavidas, las quales se demonstraron muy reconocidas á los efectos

de la real munificiencia de nuestro amo.

[fol.1v] Haviendo subsequentemente visitado de zeremonia á la referida

Marquesa Aya passó a significarme que assi el broche como los demas regalos havian

merecido particular aplauso por su ventajosa importancia á los que anteriormente

havian dados los otros padrinos. Dios guarde á Vuestra Excelencia muchos años como

desseo. Lisboa 21 de Diziembre de 1723.

Ex.mo Señor Marques de Grimaldo.

Doc.92. Sobre o Embaixador de Castella, que não tinha feito a sua entrada publica,

e foi nomeado para assistir ao baptizado de hum dos senhores Infantes. BGUC,

Manuscrito nº 1254, fols.133-136. [Transcrição integral].

/fol.133/ A entrada publica dos Embaxadores, que hé seguida de huma

audiencia tambem publica, em que há certas condiçoens, e honras especiais, hé huma

função moderna, porque em outro tempo com menos pompa, e menos cerimonias,

entravão os Embaxadores nos Estados do Princepe, que os recebia, e logo erão

tratados por elle athé a Corte, e depois de despedidos tinhão a mesma hospedagem,

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athé a ultima terra. Em nossos tempos tiverão este tratamento os minystros do Czar de

Moscovia, e o terão os de qualquer Princepe da Azia, como o tem em Viena /fol.134/

o Embaixador da Porta.

Toda a magnifiçencia destas entradas, suas condiçoens, e audiencia não passão

de hum cerimonial alterável, e diverso, que não da, nem mais carácter, nem mais

reprezentaçam ao minystro. A carta de crença fas toda a sua athoridade, e todo o seo

credito; ou lhe chamam incógnito, ou publico logra a mesma prerogativa, e a mesma

franqueza, e tem para sua pessoa a mesma imunidade, e a mesma izençam do Direito

das gentes, pois o Rey o reconhece, o seu secretario trata com elle sobre negocios

publicos, e os mais minystros, e nobreza lhe rendem os respeitos, que pello seo

carácter, e uzo lhe são devidos.

Reconheço, que estas entradas, que chamão publicas, com mais, ou menos

pompa, e despeza fazem tanta honra ao Rey, que manda o Embaixador, como ao Rey

que o recebe; e assim he por via de regra, e costume praticado em todas as Cortes;

porem esta observancia não hé tão estricta, que em muitas ocazioens se não omita, e

dissimule, ou pella situçam dos negocios, e estado da Corte, ou por falta de meyos na

pessoa do mesmo Embaixador, de que não he necessario referir exemplos antigos, e

modernos.

O Embaixador de Castella, que presentemente rezide nesta Corte, não fez

ainda a sua entrada publica; o seo /fol.135/ Rey o nomeou agora para assistir em seo

nome na função do baptizado prezente; vem em duvida se deve fazer primeiro a sua

entrada, para que qualificada a sua pessoa com reconhecimento publico fique com

mais dignidade, e legitima reprezentaçam para decorar aquelle acto. Se he necessario

que o baptizado se fassa logo sem mayor dilação, não há razam para deferi lo e

esperando do que o Embaxador se prepare e fassa novas equipages; porem sempre

havera tempo para que a mesma funçam se fassa ainda que com menos pompa com

igual authoridade, enchendo se o ceremonial em ordem á substância do acto, ainda

que sem os accidentes, que o costumão fazer mais luzido, sem o deixar menos

decente.

No mesmo dia do baptizado podem as carroças d’El Rey hir a caza do

Embaxador com o mesmo Conductor, achar no terreiro de Paço, as mesmas guardas,

ser levado a prezença de Sua Magestade, e depois de reconduzido a sua caza. Não hé

necessario que esta audiencia se tenha na caza do Forte, porque não haverá tempo

para se preparar, nem tambem para a hospedagem, porque leva tempo o seo ornato, e

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o seo provimento. Falo em hospedagem sem saber, se nesta corte a tem todos os

Embaxadores Ordinarios e Extraordinarios.

Esta entrada assim ligeira, e asim cómoda a mesma Embaixador deve ser

primeiro concertada com elle /fol.136/ pello secretario de Estado, e de como assim for

ajustado se lhe fará avizo por escripto para seo titulo, e concervação da posse do seo

ceremonial. Por esta maneira se salvão todos os inconvenientes de escrupulo, e

exemplo satisfazendo se ao decoro do acto, e da Corte.

Tudo quanto dizemos a Deus sabe elle milhor que nôs; tudo o que eu disse

agora a Vossa Excelencia sabe Vossa Excelencia milhor que eu. Não posso desculpar

me com milhor exemplo, nem tratar a Vossa Excelencia com mayor atençam.

Doc.93. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Paz referindo ter

recebido a notícia de que Luís I subira ao trono e que, por isso, apresentaria novas

cartas credenciais na Corte de Lisboa, Lisboa, 1 de Fevereiro de 1724. AGS, Estado,

Legado 7130, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. Despues de haver oficio con este Govierno, comforme lo

que Vuestra Señoria me previene en su carta de 21 del cahido sobre haver tomado Su

Magestad (Dios le guarde) possesion de essa Monarchia y ser su real animo seguir las

mismas máximas y reglas que el Rey su padre nuestro Señor de gloriosa memoria,

tendo entendido que aguarda se le duplique esta noticia con carta firmada por Su

Magestad, segun la formalidad que han practicado todos los Reyes en su primer

ingreso al throno; y quedando yo enterrado de lo que se me prescrive para observar,

sin innovacion, las anteriores instrucciones y ôrdenes con que me halo, suplico à

Vuestra Señoria se sirva ponerme reverentemente á los reales pies de Sus Magestades

anunciandoles en su nuevo reynado la prosperidad de succesos [fol.1v]

correspondientes a sua heroycos méritos, y á mis ardientes annelos. Guarde Dios á

Vuestra Señoria muchos años como desseo. Lisboa 1º de Febrero de 1724.

Beso las manos de Vuestra Señoria

Su mayor servidor.

El Marques de Capecelatro

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Señor Don Juan Baptista Orendayn.

Doc.94. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo relativo ao

incidente protagonizado pelo Embaixador de Livry na Corte de Lisboa, Lisboa, 3 de

Outubro de 1724. AGS, Estado, Legado 7130, fols.1-3. [Excerto].

[fol.1] Ex.mo Señor

[...]

[fol.1v] En consequencia de lo que previne á Vuestra Excelencia el correo

passado acerca del Embaxador de Su Magestad X.ma Abad de Livry, devo añadir que

el Secretario de Estado entregó quatro dias há, al Consul de Francia, una zertificacion,

dada por dos oficiales de su Secretaria, en que declaraban como haviendo examinado

de ôrdene de Su Magestad Portuguesa los libros pertencientes al ceremonial

observado por los Ministros Estrangeros, afirmaban bajo de juramento no haver

hallado exemplar de que el Secretario de Estado huviesse visitado â los Embaxadores

de Potencia alguna; antes bien, constaba que Monsieur Duppede, Sain Romain y

Roullé sus predecesores havian visitado primero al Secretario de Estado; â que

recomviniendole el Consul con los exemplares mas modernos de lo practicado con el

Abad de Mornay, con los Nuncios Vicho, y [fol.2] Firrau, y conmigo, replicó que

entonces no havia ydo como Secretario de Estado, si no confidencialmente, por los

particulares motivos de amistad, y conocimiento, que militaban; en cuya inteligencia

el Embaxador de Francia há resuelto dar quenta de todo á su Corte por

extrahordinario e esperar en una quinta fuera de Lisboa, las ôrdenes que le vinieren

concernientes â este asumpto, sobre el qual despachó este governo ôtro expreso á

Paris la semana passada.

[...]

[fol.3] Nuestro Señor guarde á Vuestra Excelencia muchos años como desseo.

Lisboa 3 de Octtobre de 1724.

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor servidor.

El Marques de Capecelatro

Ex.mo Señor Marques de Grimaldo

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Doc.95. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo

mencionando os gastos que teve para “cobrir” toda a casa, coches e liteiras de panos

negros pela ocasião da morte do monarca espanhol, Luís I, Lisboa, 14 de Novembro

de 1724. AGS, Estado, Legado 7130, fol.1 . [Transcrição integral].

[fol.1]Ex.mo Señor

Señor mio. Mediante lo que Vuestra Excelencia se sirvio prevenirme con su

carta de 12 del passado responsiva á otra mia de 12 Septiembre sobre el punto de

lutos, he hecho cubrir de bayetas todas las paredes, y suelo de la sala de audiencia,

con el docel, bufetes, y sillas de ella, como tambien dos coches, y una litera, y dado

vestidos de paño negro á todos los criados, segun el estilo que han practicado en esta

Corte todos los Ministros publicos, y expecialmente el ultimo Embaxador de Francia

Abad de Mornay por la muerte del Señor Rey Luis [fol.1v] 14 en que se han gastado

veynte y tres mil, y noventa y dos reales y medio de vellon comforme se expresan en

la adjunta memoria, los quales espero se dignará Su Magestad mandar se me libren y

paguen. Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como desseo.

Lisboa 14 de Noviembre de 1724.

Ex.mo Señor.

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor servidor y mas seguro servidor

El Marques de Capecelatro

Ex.mo Señor Marques de Grimaldo.

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Doc.96. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo

mencionando os esforços que tinha feito junto de um pintor saboiardo [Domenico

Duprà], para que este pintasse um retrato do Príncipe do Brasil, D. José e da Infanta

D. Maria Bárbara, Lisboa, 1 de Maio de 1725. AHN, Estado, Legado 2656, fols.1-2.

[Transcrição integral].

[fol.1]Ex.mo Señor

Señor mio. Luego que recivi la carta de Vuestra Excelencia de 20 del cahido

con la real õrden de Su Magestad (Dios le guarde) concerniente á solicitar los retratos

del Principe del Brasil, y de la Infanta D. Maria, para passarlos immediatamente á sus

reales manos; hize diligencia de adquirirlos en cassa de un pintor savoyardo, que es el

único que corre con opinion de diestro, el qual los tiene de medio cuerpo, pero nada

parecidos, porque estaban hechos seis antes [?] ha, y perguntado de si podria pintarlos

en pequeño con toda la fidelidad, y similitud posible, respondio que para executarlo

con la devida puntualidad, necesitaba tener presentes [fol.1v] las personas, segun lo

havia hecho con permiso de estos soberanos quando se los pidio Don Juan Vazquez,

nombrado Conde de Pinos asin que llebar-los à Viena, pues aunque podia ver de

passo al ditcho Principe, y Infanta al tiempo de salir de Palácio con su madre, nunca

quedarian tan proprios; mediante lo qual, y no encontrar yo õtro camino para dár

cumplimiento à la real õrden de Su Magestad, me parecio, bajo el pretexto de haver

tomado el Secretario de Estado un remedio, visitarle, y despues de una larga

conversacion signifique le como desseaba tener los retratos de ditchos Señores, y que

en medio de poder alcanzarlos subrrepticiamente queria antes saver si seria del real

agrado de Su Magestad Portuguesa el que yo los hizierse sacar de un [fol.2] pintor;

respondiome que procuraria primero averiguar si alguien los tenia, y quando no lo

havia presente á su amo, y me avisaria la resulta; pero como no lo ha executado hasta

la hora de salir la estafeta, me veo precisado à concluir esta, reservando para siguiente

la participacion de lo que huviere sobre la aquision de ditchos retratos. Nuestro Señor

guarde á Vuestra Excelencia muchos años como desseo. Lisboa 1 de Mayo de 1725.

Ex.mo Señor.

Beso las manos de Vuestra Excelencia

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Su mayor y mas seguro servidor.

El Marques de Capecelatro

Excelentissimo Señor Marques de Grimaldo

Doc.97. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo continuando

o assunto do ofício anterior relativo aos retratos do Príncipe do Brasil, D. José e da

Infanta, D. Maria Bárbara, Lisboa, 8 de Maio de 1725. AHN, Estado, Legado 2656,

fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Como este Secretario de Estado me iba dilatando la respuesta al

encargo que le hize, sobre facilitar-me em permiso de poder-se sacar los retratos del

Principe del Brasil, y de su hermana la Infanta D. Maria, intenté de nuevo el logro de

ellos, con el pintor Savoyardo, el qual ademas de la excusa que tenia dada de no

atrever-se á executarlo, si que estubiessen presentes ditchos Señores, añadio se le

havia prohibido por õrden superior el retratar á la Señora Infanta, y entrar á ver-la; lo

que me parece muy verosímil por la afectada dilacion con que el Secretario [fol.1v] de

Estado vá difiriendo responderme, y por haver yo entendido extrajudicialmente, que

de algunos dias á esta parte se le ván aplicando ciertos remedios, por si fuere posible

igular los hoyos de la cara, y no menos divertir el humor que destila por los õjos, de

resulta de las viruelas; con que hasta concluir la curacion no se permitirá que la vean;

en medio de todo esto espero que õtro pintor, aunque tan avil como el savoyardo me

la retrate, segun las espécies que tubiere , y en caso de ser parecida la copia la remitire

con la del Principe , sobre la qual discurro no havrá tanta dificuldade en el interim me

prometo que Su Magestad enterado de lo que llebo referido se dignará condonar la

indispensable demora que se interpone [fol.2] en el cumplimento de su real õrden.

Nuestro Señor guarde á Vuestra Excelencia muchos años como desseo. Lisboa 8 de

Mayo de 1725.

Ex.mo Señor.

Beso las manos de Vuestra Excelencia

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325

Su mayor y mas seguro servidor.

El Marques de Capecelatro

Excelentissimo Señor Marques de Grimaldo.

Doc.98. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo continuando

o assunto dos dois ofícios anteriores relativos aos retratos do Príncipe do Brasil, D.

José e da Infanta, D. Maria Bárbara, Lisboa, 12 de Junho de 1725. AHN, Estado,

Legado 2656, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Con la de 1º del corrente acusa Vuestra Excelencia el recivo de los

dos retratos que le remiti del Principe del Brasil, y de la Infanta D. Maria como

tambien el de miniatura que los acompanaba, previniendome al mismo tiempo que

daban esperando Su Magestades del pintor Savoyardo; estos yá tengo participado à

Vuestra Excelencia que los llebó Don Joseph da Cuña Brochado, quizá con el fin de

presentar-los à Su Magestad. Segun puedo inferir-lo de no haverse-me buelto a hablar

palabra sobre ellos; peró quando se estaban pintando los vió persona de mi

satisfaccion, quien me assegura que el de la Señora Infanta no está nada semejante,

porque ademas de encubrir demassiado [fol.1v]las señales de las veruelas, favorece

mucho á los õjos, nariz, y boca, figurando-la tambien de mayor corpulencia, y edad;

con que respecto de la imposibilidad de adquirir copias fieles, yá sea por adulacion, õ

defecto de los pintores, he suspedindo continuar à solicitarlas. Nuestro Señor guarde á

Vuestra Excelencia muchos años como desseo. Lisboa 12 de Junio de 1725.

Ex.mo Señor.

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor y mas seguro servidor.

El Marques de Capecelatro

Excelentissimo Señor Marques de Grimaldo.

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Doc.99. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo dando conta

da satisfação que tiveram os reis portugueses com a qualidade dos retratos que

chegaram a Lisboa e igualmente com a beleza do Príncipe das Astúrias, D. Fernando

e da Infanta D. Mariana Vitória, Lisboa, 7 de Agosto de 1725. AHN, Estado, Legado

2656, fols. 1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Al tiempo de acusar el recivo de las dos cartas de Vuestra

Excelencia de 22. del passado en respuesta de ôtras mias, devo prevenir-le que la

semana antecedente llegó aqui un criado del D. Antonio Guedes con los retratos de

Nuestro Serenissimo Principe, y Infanta, cuya hermosura, segun tengo entendido,

merece el aplauso, y gusto correspondiente de estos soberanos, los quales no cessan

de ablar [?], assi las ventajas con que ha dotado à ambas Serenissimas personas la

naturaleza, como la mano de quien [fol.1v] tan diestramiente ha savido copiarlas y

tambien han quedado gustosos de la generosa demonstracion que Vuestra Excelencia

hizo con el mencionado criado, quando llebo los retratos de este Principe, y Infanta.

Aunque llegó antes de ayer ôtro parquet de Inglaterra con seys dias viage, no

trahe cossa alguna de importancia, si solo que el Brigadier Darmer, nombrado

ultimamente por emviado á esta Corte , no salirá de Londres, hasta que esté reglado el

ceremonial con este Secretario de Estado, el qual no quiso corresponder á la vista de

su antecessor. Y no ofreciendo-se al presente õtra expecialidad, repito á Vuestra

Excelencia seguridades de mi prompta õbediencia. Nuestro Señor guarde a Vuestra

Excelencia muchos años que desseo. Lisboa 7 de Agosto de 1725.

Ex.mo Señor.

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor y mas seguro servidor.

El Marques de Capecelatro

Excelentissimo Señor Marques de Grimaldo

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Doc.100. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de Grimaldo

descrevendo as celebrações na Corte de Lisboa após a publicação dos casamentos do

Príncipe das Astúrias com a Infanta D. Maria Bárbara e do Príncipe D. José com a

Infanta D. Mariana Vitória, Lisboa, 16 de Outubro de 1725. AHN, Estado, Legado

2656, fols.1-5. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. En consequente de lo que previne à Vuestra Excelencia en mi

antecedente, jevo ãhora añadir, que haviendo-se publicado en esta Corte el Miércoles

10. del corriente por la mañana, los ajustados cassamientos del Serenissimo Principe

Nuetro Señor con la Serenissima Infanta Princesa D. Maria y del Señor Principe del

Brasil con Nuestra Serenissima Infanta D. Mariana Victoria, segun me lo tenia

prevenido desde la noche antecedente el Secretario de Estado, por su adjunto papel,

fui a Palácio luego que se acabó el Te Deum, para repeter en mi próprio [fol.1v]

nombre, y sin formalidad à Su Magestad Portuguesa el oficio de congratulacion sobre

este prospero suceso, y felicitar al mismo tiempo à dithos Serenissimos contractantes,

los quales havian hechado todos los esmeros de la gala, y vizarria , merecendo-les yo,

como tambien à sus padres particulares expresiones de agrado. Aquella noches, y los

dos siguientes se celebró en Palacio esta publicacion con tres serenatas italianas,

luminarias generales, y disparo de toda la artilleria de los castillos, ã que

correspondieron con repetidas salvas todos los navios de esta Corona ( que estubieron

vistosamente illuminados), como las de õtras naziones [fol.2] estrangeiras, en que

sobresalio la holandeza por hallarse en este puerto parte de su esquadra al corso

contra los argelinos, haviendo contribuydo tambien los elementos á hazer mas

agradables estas festivas demonstraciones, pues todos tres dias se há experimentado

una perfecta serenidad servendo assi que los antecedentes fueron summamente

berrascosos; pero entre estos públicos regocijos, se hazen mas estimables las muestras

de gusto con que toda esta nobleza, y pueblo uniformemente celebra el logro de esta

estrecha union, dexando-se bien interferir de sus semblantes el sincero júbilo de sus

ânimos. La cortedad del [fol.2v] tiempo solo me há permitido festejar tan pausible

asumpto con tres noches de luminarias, e illuminacion de todas las ventanas de esta

cassa, muchos fuegos artificiales, conciertos de clarines, oboés, y õtros instrumentos,

que formaban una gustosa armonia, con refrescos copiosos para todos los

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concurrentes reservando las demas celebridades para el dia 4. de Deziembre en que

cumple catorze años ditha Serenissima Infanta Princeza.

El Secretario de Estado me insinuo si iria yo á ôir las mencionadas serenatas;

respondi-le que haviendo yo de celebrar en mi cassa el mismo assumpto, podian

estrañar las visitas el hallarme fuera de ella; nõ obstante [fol.3] extrajudicialmente

entende que se me tubo prevenido taburetes en el oratório, adonde el Cardenal , y el

Patriarcha suceden asistir en semejantes funciones, pero le prometi que concurriria ã

la que se ha-de hazer en 22. del corriente por los años de Su Magestad Portuguesa.

Con la noticia que yo participé a todos los Ministros estrangeros, sobre la

conclusion de los expressados matrimonios, vino á cumplimentarme el primero este

Nuncio Firrau, despues el Emviado de Inglaterra, acompañado de Milord Vere

Capitan de un navio de guerra y succesivamente Monseñor Vichi , quien al presente

vive en el Campo Grande fuera de esta ciudad, como tambien los residentes de

Ho [fol.3v]landa, y de Prússia, con gran parte de la fidalguia.

En carzel de esta ciudad, se hallaban presos, y condenados á azotes, y galeras

dos arreros sevillanos, por haver introducido dos cargas de tabaco castellano, los

quales validos de esto festivo tiempo hicieron dár memorial sobre su liberacion a la

Señora Infanta D. Maria quando iba con su madre al Convento de Religiosas

Franciscanas Descalzas de Madre de Dios; y como se le tenia prohivido a Su

Magestad admitir memorial alguno, se encargo la Reyna de presentarse le à Su

Magestad Portuguesa quien immediatamente los mandó soltar, por cuya gracia me

parecio rendirles los devidos agradecimentos.

[fol.4] La Marquesa de Auñon Camarera mayor me envió la semana passada

dos passaportes quatro periquitos de caveza derada, y dos macacos de olor, diciendo

que si yo los juzgaba dignos de ofrecer-se á la Serenissima Infanta Nuestra Señora

podia poner-los á los pies de Su Alteza como primícias de la obsequiosa servidumbre

que la dedica; en cuya execucion aguardo al Arriero Amaral para encaminarlos.

Mediante el permiso que me han dado estos soberanos para frequentarles mi

respectuosa atencion, yendo á Palacio sempre que quisiere sin formalidad por la

escalarea secreta, que llaman de la companilla, pudé el Savado obsequiar nuevamente

a la Reyna, a la Señora Infanta D. Maria, y al Señor Principe, al tiempo [fol.4v] que

estaban para salir á su costumbrada devocion de Nuestra Señora de las Necessidades;

y como yo no havia visto los retratos de nuestro Serenissimo Principe, y Señora

Infanta, la ditcha Camarera-mayor ófrecio mostrarme los a yer por la tarde, a cuyo fin

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bolbi á Palácio, adonde se hallaron juntos el Rey, y Reyna con la Señora Infanta, y el

Principe, todos tan gustosos quanto no savré significar, ponderando Su Magestad la

hermosura de ditchos retratos, la avilidad del pintor, y las prendas de sus originales;

de que me dixeron estaban bastantemente informados; yo les correspondí con iguales

elogios azia el Señor Principe, y Princesa, anunciandoles las prosperidades que

[fol.5] nos promete esta buena union. Y no ofreciendose al presente otra expecialidad

repito à Vuestra Excelencia mi segura obediente. Nuestro Señor guarde á Vuestra

Excelencia muchos años que desseo. Lisboa 16 de Ôctubre de 1725.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor y mas seguro servidor.

El Marques de Capecelatro

Excelentissimo Señor Marques de Grimaldo

Doc.101. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Paz dando conta

dos conselhos que deu ao Marquês de los Balbases quanto às visitas que aquele

Embaixador deveria fazer aos Conselheiros de Estado e à nobreza portuguesa, Lisboa,

20 de Abril de 1727. AHN, Estado, Legado 2656, fols.1-3. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. Con motivo de la expedicion de este extraordinario que

despacha à Vuestra Señoria el Señor Marques de los Balbases, no puedo dexar de

significarle la gran satisfacion, que me ha devido su comunicacion, assi por su buena

gracia, y afabilidad, como por su expecial comprehension, y conducta, cuyas

circunstancias le ván grangeando la estimacion de toda esta Corte, que no dudo se le

augmentará cada dia mas á proporcion de lo que se merece; y en medio de hallarse

bastantemente instruydo, le he devido el particular fabor de expresarme en presencia

del Conde de Obidos, y del [fol.1v] de Tarouca, que en todo queria governarse, segun

lo que yo le preveniese, por ser su animo no exceder, ni faltar a las obligaciones de su

empleo, y consiguientemente recaheria sobre mi qualquiera descuydo en que pudiese

incurrir; agradeci mucho la confianza que devia á Su Excelencia y como yá havia

dado principio a la recepcion de las visitas de Ministros y Fidalgos, arreglandose al

modo que praticó ay el Marques de Abrantes, tube por comveniente decirle, que si Su

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Excelencia y otros Señores de su calidad, se havian manifestado quexosos del estilo

del dicho Ministro, aunque tenia justificada causa para executar lo proprio en esta

Corte, afianzaria mayormente su aplauso, todas quantas vezes se cotejasse su

urbanidad con la desatenzion [fol.2] del ôtro, y de lo contrario tenia por indefectible

se abstendrian todos de poner los pies en su cassa. Hizose cargo de estas razones, y

con efecto han quedado despues acá muy contentos quantos le han visitado, entre los

quales han ido gran parte de los Consegeros de Estado, por insiuacion superior, y

algunos de ellos que no me havian visto, como son el Marques de la Frontera, y el

Conde de Assomar, han venido tambien á verme; con que este exemplar dela

allanadas las dificultades que anteriormente tenian siempre el zeremonial; y como

considero que al dicho Señor Marques de los Balbases informará á Vuestra Señoria

distintamente de todo lo demas que há ôcurrido en su primera visita al Secretario de

Estado, [fol.2v] y en la audiencia particular que tubo el Viernes de estos Soberanos,

solo mencionaré el tropiezo que há encontrado para visitar a los Infantes Don

Francisco y Don Antonio, hermanos de este Soberano, porque pretenden óbservar el

mismo ceremonial que El Rey con los Embaxadores por cuya causa de ningun

Ministro han sido vissitados, si no de Monseñor Vichi, con motivo de presentar al

Infante Don Francisco un Breve del Papa, quando se expidio la esquadra portuguesa

al socorro de Corfus, pero este passo fué rEmbaxadores, y de ninguno seguido,

comforme lo hizé presente á Su Magestad en otras ôcassiones, y ahora no menos al

Señor Marques de los Balbases, para [fol.3] que en su inteligencia viesse si

comunicandolo al Secretario de Estado, podia encontrar algun medio mas decoroso,

pero le reproduxo solamente el referido exemplo, a quien respondió que no

haviendole segundado su colega, ni ótro alguno de igual caracter, no podia arreglarse

á él, por lo qual há suspendido esta funcio hasta que enterado Su Magestad resuelva lo

que fuere de su real agrado. Nuestro Señor guarde a Vuestra Señoria los muchos años

que desseo. Lisboa 20 de Abril de 1727.

Beso las manos de Vuestra Señoria

Su mayor servidor

El Marques de Capecelatro

Señor Marques de la Paz.

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Doc.102. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Paz referindo o

quão agradados estavam os reis católicos com o Enviado português, António Guedes

Pereira; jóia que Filipe V deu a este último, Lisboa, 29 de Abril de 1727. AGS,

Estado, Legado 7145, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. Ha sido de particular consuelo para mi la noticia que

Vuestra Señoria he servido participarme en su carta de 18 del presente, de haverse

transferido felizmente á esse real sitio Sus Magestades Serenissimo Principe, y

Señores Infantes, y Infantas, celebrando gustoto que á Vossa Senhoria acompañasse la

misma prosperidad.

Don Antonio Guedes deve hazer la mayor vanidad de las demonstraciones con

que nuestro amos han querido distinguirle de los otros Ministros de su grado, no solo

en el subido precio de la joya, si no tambien en las recomendaciones que a su favor

hazen estos Soberanos, no dudando experimentará los efectos correspondientes, y que

este exemplo servirá de estimulo para que los demas Ministros procuren con igual

conducta, grangerarse el real agrado de Su Magestad.

Este Soberano se halla algo molestado de una fluxion a los ojos, y entanto no

hemos ido estes dias a Pa-[fol.1v]lacio el Señor Marques de los Balbases, ni yo

enquanto está embarazado con algunas obras el passo preciso de la esclarera, que

llaman de la Campanilla, por donde devíamos entrar. Nuestro Señor guarde a Vuestra

Señoria los muchos años que desseo. Lisboa 29 de Abril de 1727.

Señor Marques de la Paz.

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Doc.103. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Pa sobre a questão

da hospedagem e do cerimonial da entrada pública do Marquês de los Balbases na

Corte de Lisboa; convites que deveriam, ou não, ser dirigidos nesta função aos

Núncios Bichi e Firrão, Lisboa, 23 de Dezembro de 1727. AGS, Estado, Legado

2517, fols.1-3v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Con fechas de 16. del corriente recivi la noche de 20. del mismo

tres cartas de Vuestra Excelencia dirigidas por expreso al Señor Marques de los

Balbases, quien me ha comunicado el conthenido de los poderes del Plenipotenciario

para que concurramos ambos á las funciones de ôtorgar la escriptura de las

capitulaciones matrimoniales y de los desposorios, haviendome tambien participado

Su Excelencia las reales ôrdenes que sobre esta matheria se le han dado; en cuya

inteligencia devo ante todas cossas suplicar á Vuestra Excelencia se sirva ponerme

reverentemente a los pies de Su Alteza, por el honor de [fol.1v] haverme incluydo en

los mencionados poderes, y expresarle todo lo que puede ser capaz de penderar mi

summo reconocimiento.

En vista de haver asseverado el Marques de Abrantes que yo no quise admitir

el hospedagem acostumbrado, y que executé por la tarde mi entrada publica, a fin de

evitar algunos embarazos; no excuso hazer presente á Vuestra Excelencia que la causa

de no haver admitido, dicho hospedage, fué para ganar tiempo en la execucion del

baptismo del Señor Infante Don Alexandro, segun las reales ordenes que Su Magestad

( Dios le guarde) me expidio, y los uniformes desseos de este Soberano para la mayor

vrevedad de aquel acto.

Por lo que mira á mi entrada publica, di quenta a Su Magestad Portuguesa de

estar prompto á hazerla el dia, y hora que fuesse [fol.2] de su agrado, y resolvio la

executasse por la tarde, comforme el estilo que siempre se ha practicado con los

Embaxadores en esta Corte, assi como en Madrid se acostumbra hazerla por la

mañana; de manera que yo no tube nada que arbitrar en una, ni otra funcion, siendo

no menos insubsistente la assertiva de dicho Abrantes açerca de Monseñor Vichi, el

qual no solamente tubo audiencia de despedida de estos Soberanos, si no tambien se

despidió de mi, y los demas Ministros estrangeros, sobre cuya zentidumbre tengo por

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muy digna de la Soberana comprehension de Su Magestad la providencia de que no se

avise á él ni a Monseñor Firrau, para la entrada publica del Señor Marques de los

Balbases, quien no dudo dará quenta á Su Magestad de lo [fol.2v] que fuere

ôcurriendo en este asumpto.

El Emviado britanico partió para Inglaterra con el ultimo paquete en 19. del

corriente. Y no ocurriendo otra expecialidad repito á Vuestra Excelencia mi prompta

obediencia. Nuestro Señor guarde á Vuestra Excelencia muchos años como desseo.

Lisboa 23 de Diziembre de 1727.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor servidor

El Marques de Capecelatro

Ex.mo Señor Marques de la Paz.

Doc.104. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Paz relatando a

cerimónia da escritura pública das capitulações matrimoniais e dos esponsais da

Infanta D. Maria Bárbara com o Príncipe das Astúrias em Lisboa, Lisboa, 13 de

Janeiro de 1728. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-5. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Haviendo el Viernes 9. del corriente por la noche recivido un papel

del Secretario de Estado con aviso de tener su amo resuelto se ôtorgassen las

capitulaciones matrimoniales de la Serenissima Infanta Dona Maria, el dia siguiente à

las tres de la tarde, passé una hora antes con todo mi trèn à la cassa del Señor Marques

de los Balbases, desde donde nos conduximos a Palacio, y á cossa de las quatro

salieron estos Soberanos à la sala que llaman de las Procesiones, acompañados del

Señor Principe del Brasil, de la Señora Infanta Dona Maria, de los Señores Infantes

Don Carlos, Don Pedro, Don Alexandro, e de los Señores Don Francisco y Don

Antonio hermanos de Su Magestad Portuguesa, sen-[fol.1v]tando-se los Reyes en

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sillas cubiertas de tisu y los demas Señores en otras algo mas pequeñas de terciopelo

carmesi galonadas de ôro; leyó el Secretario de Estado Don Diego de Mendoza Corte

Real los plenos poderes, y las capitulaciones matrimoniales, de que fueron testigos los

gefes de las Cassas Reales, y por parte del Rey Nuestro Señor el Marques de Angeja

Consegero de Estado, Presidente de Hazienda, y Mayordomo mayor de la

Serenissima Princesa de el Brasil; el de Valencia; el de Niza; el de Marialva Gentil

hombre de Camara; el de Cascaes del Consejo de Guerra, y el Conde de Assomar,

Consegero de Estado y Mayordomo mas antiguo del Rey, haviendo concurrido

tambien á este acto, los dos Cardenales Dacuña, y Mota, seys Canigos de la

Patriarchal, y el Conde de Pombeyro [fol.2] Capitan de la Guardia de Alabarderos,

quien inmediato a los Cardenales tenia mejor lugar que nosotros, por haver alegado el

Secretario de Estado que el Duque de Ossuna, no estando de quartel precedió al

Marques de Abrantes en semejante acto, á que se han arreglado, como en todo lo

demás, á que fué preciso consentir; acabada la lectura de las referidas capitulaciones

matrimoniales, que firmaron todas las personas reales (á excepcion del Señor Infante

Don Alexandro por no permitirlo su corta edad) y despues nosotros, se retiraron Sus

Magestades, y Altezas, y fuimos inmediatamente à besar la mano á la Serenissima

Señora Infanta Dona Maria en su quarto; antes de lo qual nos comvidó el Secretario

de Estado em nombre de su amo para ver aquella noche los fuegos artificiales desde

[fol.2v] un balcon de Palacio que se nos tenia prevenido; admitimos, y agradecimos la

honrra de Su Magestad Portuguesa y recogiendonos â nuestras cassas á dexar el trén,

bolbimos a Palacio sin formalidad â la hora que se nos indicó el Secretario de Estado,

por la escalera que llaman del fuerte; a poco rato de haver llegado, nos sirvieron los

oficiales de la Cassa Real un agasajo muy delicado, y bien compuesto, y comenzaron

los fuegos disparados desde una machina illuminada en forma de templo, que á este

efecto se construyó en medio de la plaza de Palacio, alternando repetidas salvas de la

artilleria de todos los fuertes, y navios de esta ria por espacio de hora, y media:

aquella misma noche nos dirigió el Secretario de Estado segundo aviso para que el

Domingo 11. del [fol.3] corriente á las dos de la tarde nos hallasemos en Palacio à la

funcion de los desposorios de la Serenissima Señora Dona Maria con el Serenissimo

Señor Principe de Asturias; executamoslo assi, y haviendonos conducido al quarto del

Rey, que estaba con sus dos hermanos, passamos sin detencion al de la Reyna, en

donde juntandose todas las personas reales, nos encaminamos á la Patriarcha,

precediendo un innumerable concurso de toda la nobleza, Ministros, y oficiales de la

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335

Cassa Real, que se compitieron en el adorno de costosas galas, pues hasta los

garnachas las llebaban forradas de tissu, y con encargos de ôro, y plata. Hicieron Sus

Magestades ôracion en la Capilla colateral donde está el sagrario, y al tiempo de

passar à la mayor baxaron todas las Damas de la Reyna, que ocupaban el lugar del

choro.

[fol.3v] Açercarônse los Reyes al altar colocando en medio a la Serenissima

Señora Dona Maria, y despues de haver leydo un Racionero el poder del Principe

Nuestro Señor que se le entregó por mano del mismo Patriarcha, para recivir este

Soberano en nombre de Su Alteza por esposa á dicha Serenissima Señora se

principiaron las zeremonias nupciales con gran pausa, y solemnidad: antes de dàr Su

Alteza el si, y la mano, besó la de sus padres, en cuya ôcasion se assomaron algunas

lagrimas a los ojos del Rey, efecto sin duda de alegria, y del entrañable amor que

profesa a su hija. Hechôles el Patriarcha revestido de pontifical, á que se seguió el Té

Deum, y con el mismo acompañamiento bolbimoos à subir al quarto de la

Serenissima Señora Princesa de Asturias, donde se quedó con la Reyna, el Señor

[fol.4] Principe, y Señores Infanticos, y el Rey con sus dos hermanos se restituyó al

suyo; entonces nos hizó el Secretario de Estado por parte de su amo el mismo comvite

que la noche antecedente para vér los fuegos en Palacio, como tambien para ôir la

serenata, que devia cantarse succesivamente en el quarto de la Reyna, segun lo

executamos, y a las siete y media comenzaron los fuegos en mayor numero y con

mejor ôrdene que la noche antecedente, haviendose añadido reiteradas descargas de la

fusileria, y muchas granadas hechadas por dos regimientos de Infanteria, que hacian

al ademan de batir la referida machina en la plaza de Palacio, desde la qual se les

correspondia con no menor fuegos; concluydo este festejo passamos á oir la serenata

en lengua italiana sobre el asumpto de los reales [fol.4v] desposorios, de que remito el

adjunto exemplar, concurriendo á ella todas las personas reales, nosotros en una

tribuna que venia á caher en cima de los Reyes, y en el frontispicio los dos

mencionados Cardenales; repitieronse los fuegos la noche del lunes, no tan copiosos

como la anterior, a cuya vista fuimos tambien combidados al mismo balcon por medio

del Secretario de Estado, y en todas las tres noches han estado illuminados los navios

de guerra, y toda la ciudad, que por ser situada en forma de amphiteatro no podia la

vista tener mas agradable obgeto. Enfin las demonstraciones de regocijo, con que

generalmente se han celebrado estos regios desposorios corresponden á tan asumpto,

publicando todos á una voz que hasta ahora no ha tenido Lisboa dia tan celebre, y

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festivo, [fol.5] â que contribuydo muy particularmente al Señor Marques de los

Balbases, pues si la primera librea con que hizo su entrada publica fué con razon

aplaudida, aun ha merecido mayores elogios la segunda que dió el Sabado por ser

igualmente rica, y de superior gusto. Nuestro Señor guarde á Vuestra Excelencia los

muchos años que desseo. Lisboa 13 de Henero de 1728.

Ex.mo Señor yo he echo quando han permittido mis fuersas aunque no quize

appeteçion mis desseos.

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor y mas seguro servidor

El Marques de Capecelatro

Ex.mo Señor Marques de la Paz.

Doc.105. El Marques de los Balbases: Da noticia de la solemnidad con que se

otorgó la Escritura de Capitulaciones, y se celebró el Desposorio de la Sra. Infanta

D. Maria Barbara com el Principe de Asturias D. Fernando, Lisboa 13 de Enero de

1728. ANTT, Caixa 47, Maço 10, fols.1-5. [Transcrição integral].

[fol.1] Exmo. Senhor

Señor mio: haviendo el Viernes 9 del del [sic] corrente por la noche recivido

un papel del Secretario de Estado con el aviso de tener su Amo resuelto se outorgarem

las capitulaciones matrimoniales de la Serenissima Infanta D. Maria el dia singuinte a

las tres de la tarde passé una hora antes con todo mi tren á la casa del Señor Marques

de los Balbases desde donde nos conduximos a o Palacio, y a cosa de las quatro

salieron estos soberanos a la sala que llaman de las Procesiones, acompañados del

Señor Principe del Brasil, de la Señora Infanta D. Maria de los Señores Infantes D.

Carlos, D. Pedro, D. Alexandro, y de los Senhores D. Francisco, y D. Antonio

hermanos de Su Magestad Portuguesa sentandose los Reyes en sillas cubiertas de tisu,

y los demas Senhores en outras algo mas pequeñas de terciopelo carmesi galoneadas

de oro. Leyo el Secretario de Estado D. Diogo de Mendonza Corte Real los plenos

poderes, y las capitulaciones matrimoniales, de que fueron testigos los gefes de las

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Casas Reales, y por parte del Rey Nosso Señor el Marques de Angeia consexero de

Estado, e Presidente de Hacienda del Brasil, el mayor de la Serenissima Princesa del

Brasil, el de Valencia, el de Niza, el de Marialva Gentil hombre de Camara, el de

Cascaes, del Consexo de Guerra, y el Conde de Asomar, cosegero de Estado, y

May.mo mas antiguio del Rey havendo concurrido tambien a este acto los dos

Cardenales da Cuña, y [fol. 2] Mota, seis canonigos de la Patriarchal, y Conde de

Pombeiro Capitan de la Guardia de Allabarderos quien immediato a los Cardenales

tenia mejor lugar, que nos otros por haber alegado el Secretario de Estado qu el

Duque de Osuna no entando de quartel precedió al Marques de Abrantes en semejante

Acto, a que se han arreglado como en toto lo demas, a que fue preciso consentir.

Acabada la lectura de las referidas capitulaciones matrimoniales, a que firmarón todas

las personas reales (á excepcion del Señor Infante D. Alexandro por no permitirlo su

corta edad), y despues nos otros, se retirarón Su Magestad y Altezas, y fuimos

immediatamente á besar la mano a Serenissima Señora Infanta D. Maria en su quarto;

antes de lo qual nos convido el Secretario de Estado en nombre de su amo para ver

aquella noche los fuegos artificiados desde el balcon de Palacio, que se nos tenia

prevenido, admitimos, y agradecimos la honra de Su Magestad Portuguesa y

recogiendonos a nostras casas a dexar el tren, bolbimos á Palacio sin formalidade a la

hora, que nos indicó el Secretario de Estadp por la escalarera, que llaman del fuerte.

A poco rato de haver llegado nos sirvieron los Oficiales de la Caza Real un agasajo

muy delicado, y bien compuesto, y comenzaron los fuegos disparados, dide una

machina iluminada en forma de Templo, que a este efecto se construyó en medio de la

plaza de Palacio alternando repetidas salvas de artilleria de todos los fuertes, y navios

de /fol.3/ esta ria por espacio de hora, y media. Aquella misma noche nos dirigió el

Secretario de Estado segundo aviso para que el Domingo 11 del corriente a las dos de

la tarde nos hallassemos en Palacio de la funcion de los desposorios de la Serenissima

Señora D. Maria con el Serenissimo Señor Principe de Asturias. Executamos lo asi, y

haviendonos conducido al quarto del Rey, que estaba con sus dos hermanos, pasamos

sin detencion al de la Reyna, de donde juntandose todas las personas reales nos

encaminamos á la Patriarchal, precedendo un innumerable concurso de toda la

Nobleza, Ministros, y Oficiales de la Casa Real, que se compitieron en el adorno de

costosas galas, pues hasta los garnchas las llebaban forradas de tisu, y con encages de

oro, y plata, hicieron Sus Magestades oracion en la Capilla colateral donde esta el

sagrario, y al tiempo de passar á la mayor baxáron todas las Damas de la Reyna, que

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occupabán el lugar del choro. Acercarónse los Reyes al altar colocando en medio á la

Serenissima Señora. D. Maria, y despues de gaver leido un raccionero el poder del

Principe nosso Senhor que se le entrego por mano del mismo Patriarcha, para recivir

este soberano en nombre de Su Alteza por esposa á atha Serenissima Señora. se

precipiaron sus ceremonias nupciales con gran pausa, y solemnidad. antes de sus

padres en cuya ocasion se a tomaron algunas lágrimas á los ojos del Rey, e fecto sin

duda de alegria, y del entrañable amor, que profesa á su [fol.4] hija. Hechóles la

bendicion el Patriarcha revestido de Pontifical, á que se siguió el Te Deum, y con el

mismo acompañamiento bolbimos á subir al quarto de la Serenissimama Señora.

Princesa de Asturias, donde se quedó con la Reyna el Senhor Principe, y Señores

Infanticos, y el Rey con sus dos heramanos se restituyó al suyo. Entonces nos hizo el

Secretario de Estado por parte de su amo el mismo convite que la noche antecedente,

para ver los fuegos en Palacio, como tambien para oir la serenata que devia cantarse

sucesivamente en el quarto de la Reyna, segun executamos, y á las siete, y media

commenzaron los fuegos, em mayor numero, y con mejor ôrden que la noche

antecedente havendose añadido reiteradas descargas de la fusilaria, y muchas

granadas hechadas por dos Regimientos de Infanteria, que havian el ademan debatir la

referida machina en la Plaza de Palcio, desde la qual se les correspondia con no

menor fuego. Concluído este festejo pasamos á oir la serenata en lengua Italina sobre

el asumto de los reales desposorios, de que remito el adjunto exemplar, concurriendo

á ella todas las personas reales, nos otros en una tribuna que vénia á caer encima de

los Reyes, y en el frontispício los dos mencionados Cardenales: repitieronse los

fuegos la noche del lunes no tan copiosos como la anterior á cuya vista fuymos

tambien convidados al mismo balcon por medio del Secretario de Estado, y en todas

las tres noches han estado iluminados los navios de guerra, [fol. 5] y toda la ciudad,

que por ser situada en forma de amphiteatro no podia la vista tener mas agradable

objeto. Enfin las demonstraciones de regocijo con que generalmente se han celebrado

estos regios desposórios corresponden a tan alto asumpto publicando todos a una voz,

que hasta a hora no ha tenido Lisboa dia tan celebre, y festivo a que ha contribuído

muy particularmente, el Señor Marques de los Balbases, pues si la primera libre a con

que hizó su entrada publica fue con razon aplaudida, aun ha merecido mayores

elogios la que dió el Sabado por ser igualmente rica, y de superior gusto. Nosso Señor

guarde a Vuestra Excelencia los muitos años que deseo. Lisboa 13 de Enero de 1728

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= Beso las manos. de Vuestra Excelencia. = su mayor, y mas seguro sebidor = El

Marques de Capecelatro = Ex.mo Señor Marquez de la Paz.

Doc.106. Ofício do Marquês de Capecelatro para o Marquês de la Paz sobre a

audiência de despedida do Marquês de los Balbases; jóia que D. João V ofereceu ao

Embaixador e à Marquesa, sua mulher, Lisboa, 9 de Março de 1728. AGS, Estado,

Legado 7147, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. De superior consuelo son para mi las preciosas seguridades que

incluye una de las tres cartas de Vuestra Excelencia en dattas de 27 del passado, de ir

prosiguiendo con toda felicidad el restablecimiento de la salud de Su Magestad y

conservarse perfectamente la de la Reyna Nuestra Señoria y demas real familia.

La Serenissima Princesa de Asturias queda totalmente reparada de su catarro, y

ayer tarde me renovo el encargo de que la pussiese a los pies de Sus Magestades

significandoles su alborozo por la mejoria que iba experimentando la importante salud

de nuestro amo, con desseo de que se continue [fol.1v] prosperamente.

El Señor Marques de los Balbases salio de aqui para essa Corte el dia 5 del

corriente por la mañana , havendo poco antes repetido sus obséquios á este Soberano,

y á dicha Serenissima Princesa de Asturias, y merecidoles sobre las particulares

demonstraziones de benevolencia, el regalo de un retrato de Su Magestad Portuguesa

que le llebó el Secretario de Estado, guarnecido de diamantes brillantes de subido

valor, y por mano de la misma Serenissima Princesa unos pendientes de diamantes

almedras, de quasi igual estimazion con la venigna expresion de que lo presentasse á

su muger, mientras lograba Su Altezar dar la un abrazo; siendo estes agasajos muy

correspondientes al gran desvelo acierto, y lucimiento con que ha executado las

funciones puestas al cuydado [fol.2] de Su Excelencia y grageandose el grado de

todas estas personas reales. Que es quanto ocurre noticiar á Vuestra Excelencia a cuya

obediencia me repito. Nuestro Señor guarde à Vuestra Excelencia los muchos años

que desseo. Lisboa 9 de Marzo de 1728.

Ex.mo Señor

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Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor y mas seguro servidor

El Marques de Capecelatro

Ex.mo Señor Marques de la Paz.

Doc.107. Copia de papel del Secretario de Estado D. Diego de Mendonza al

Marques de Capecelatro, dando por apresentado todos los Nuncios, y Embaxadores

antes del Marques de los Balbases han tenido audiencias de los hermanos del Rey de

Portugal en Lisboa a 3 de Jullio de 1728, Lisboa, 4 de Julho de 1728. AGS, Estado,

Legado 7363, fol.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Haciendo presente á Su Magestad lo que Vuestra Excelencia me comunico

sobre las audiencias de los Señores Infantes Don Francisco y Don Antonio, y lo que

ayer passé con Vuestra Excelencia sobre el mismo particular , me ordenó refiriesse á

Vuestra Excelencia en esta lo mismo que yá le assegure de ordene de Su Magestad

que se reducia, à que los Ministros, y Embaxadores que vinieron á esta Corte,

tubieron las audiencias de los mismos Señores Infantes en la forma en que la tub el

Marques de los Balbases, las quales fueron arregladas por el ceremonial practicado en

el Reynado del Señor Rey Don Alfonso 6º y en el de Su Magestad y que lo mismo,

sin duda, han de practicar los Nuncios, y todos los embaxadores que vinieron á esta

Corte; y porque Vuestra Excelencia ayer me dudó de la observancia del dicho

ceremonial á respecto de las audiencias de los Señores Infantes hermanos, fundando

en que [fol.1v] examinando todos los papeles pertenecientes á las Embaxadas del

Conde de Humanes, Baron de Bateville, y demas Embaxadores de Su Magestad

Catholica en esta Corte, alló que ellos no tuvieron audiencia del Señor Rey Don Pedro

entonces Infante, y assi lo reputaba por extinto; me fué preciso hazer tambien presente

á Su Magestad que yo satisfize al reparo de Vuestra Excelencia diciendo-le que no

podia hallar el exemplo que buscaba en las relaciones de aquellos Ministros, porque

quando ellos vinieron á esta Corte por embaxadores no era yá Infante el Rey Don

Pedro, si no Principe Regente, y que no haviendo Infante alguno hernano en aquel

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tiempo, no podia constar de las dichas relaciones que Vuestra Excelencia examinó

que ellos tubiessen las audiencias que Vuestra Excelencia buscaba, añadiendo yo

tambien que el dicho ceremonial de los Señores Infantes hermanos solo puede tener

practica haviendo-los, y que por la falta [fol.2] de estos no se devia reputar extincto el

dicho ceremonial, si solo suspenso hasta que huvierse ocasion, como se havia

executado con los sobredichos Ministros, y con el Señor Marques de los Balbases; Y

para servir á Vuestra Excelencia estoy muy prompto. Dios guarde á Vuestra

Excelencia. Lixboa 4 de Jullio de 1728 = Ex.mo Señor = B.L. m de Vuestra

Excelencia su mayor servidor = Don Diego de Mendonza Corte Real = Ex.mo Señor

Marques de Capecelatro.

Doc.108. Copia de la respuesta del Señor Marques de Capecelatro al Secretario de

Estado D. Diego de Mendoza, exponiendole la razon de dudar que los Nuncios, y

Embaxadores ayan tenido audiencias de los Infantes hermanos de Rey de Portugal en

Lisboa á 3 de Jullio de 1728, Lisboa, 4 de Julho de 1728. AGS, Estado, Legado 7363,

fol.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. Con papel de ayer se sirve Vuestra Señoria repetir-me lo

mismo que me havia yá significado verbalmente de orden de Su Magestad Portuguesa

sobre assegurar que los Nuncios y Embaxadores que vinieron á esta Corte, tubieron

las audiencias de los Señores Infantes D. Francisco , y Don Antonio , segun la tubo el

Señor Marques de los Balbases, las quales fueron arregladas por el ceremonial

practicado en el reynado del Señor Rey D. Alfonso 6º y de Su Magestad Portuguesa

(Dios le guarde) en cuya vista, despues de venerar reverentemente la expressada

asseveracion de Su Magestad Portuguesa devo hazerle presente por medio de Vuestra

Señoria la evidente razon que tengo para dudar del estabelecimento de tal ceremonial,

pues me consta indefectiblemente , que el Abad de Mornay [fol.1v] Embaxador de

Francia, y Monseñor Firrau, que ando vino por Nuncio Extraordinario á esta Corte, no

visitaron á los dichos Serenissimos Señores Infantes; y sobre este firmissimo

presupuesto há tenido por bien el Rey mi amo de resolver, que dignandose Su

Magestad Portuguesa dár la seguridad de que no admitirá en adelante á su audiencia

publica, ni particular, al Nuncio del Papa, ni á Embaxador alguno de qualquiera otro

soberano, sin que primero se allane á hazer las visitas á Sus Altezas , passe yo á

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executarlas , como la praticaré prontamente luego que Vuestra Señoria se sirva darme,

y bajo de la real palabra de Su Magestad Portuguesa a cuya inteligencia suppongo à

Vuestra Señoria me haga favor de exponer todo lo referido , y participarme su real

resolucion , con reiterados motivos del mayor [fol.2] agrado de Vuestra Señoria que

guarde Dios muy felices años. Lisboa 4 de Jullio de 1728 = Beso las manos de

Vuestra Señoria su mayor servidor = el Marques de Capecelatro = Señor Don Diego

de Mendoza Corte Real.

Doc.109. Copia de la respuesta del Señor Marques de Capecelatro al Secretario de

Estado D. Diego de Mendoza, exponiendole la razon de dudar que los Nuncios, y

Embaxadores ayan tenido audiencias de los Infantes hermanos de Rey de Portugal en

Lisboa á 3 de Jullio de 1728, Lisboa, 4 de Julho de 1728. AGS, Estado, Legado 7363,

fol.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Queriendo este governo evadese de dar la positiva, y pactada

seguridad que deve preceder para que yo visite á los Señores Infantes Don Francisco,

y Don Antonio, me dirigió el Secretario de Estado, el papel acomprehendido en la

adjunta copia, con el insubsistente presupuesto de havier tenido el Nuncio, y

embaxadores en esta Corte, audiencias de los mismos Señores Infantes, siendo assi

que me consta lo contrario, segun se lo he hecho presente al dicho Secretario en la

respuesta de que tambien incluya copia; y por lo que mira al exemplo que cita en el

reynado del Rey D. Alfonso 6º podrá ser que entonces algun Embaxador de Francia le

hiciese para captar la benevolencia del Infante [fol.1v] Don Pedro, cuya parcialidad

(aun antes que llegasse á ser Principe, y Regente) importaba mucho á la Francia tener

de su parte; peró en el presente Reynado havian zessado estos motivos de

conveniencia, el Abad de Mornay nunca visito á dichos Señores Infantes, ni há havido

ôtro exemplar, si no el de Monseñor Vichi, quando pidió el socorro de navios para

Corfú, conforme he prevenido ha Vuestra Excelencia diferentes vezes; de manera que

ahora este governo pretende exigir por justicia lo que solo proviene de la mera

condescendência de mi amo, y mientras no se me diere formalmente la expresada

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seguridad, ô, a que Su Magestad me ôrdenare otra cossa, no podré dár tal passo. Dios

guarde à Vuestra Excelencia muchos años como desseo. Lisboa 6 de Jullio de 1728.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Señoria

Su mayor y mas seguro servidor

El Marques de Capecelatro

Ex.mo Señor de la Paz.

Doc.110. Despacho de D. José Patiño [?] para o Marquês de Capecelatro relatando o

incidente protagonizado pelos criados do Ministro Plenipotenciário português em

Madrid, Pedro Álvares Cabral, Pardo [Madrid], 25 de Fevereiro de 1735. AGS,

Estado, Legado 7181, fols.1-4v. [Transcrição integral].

[fol.1] No duda El Rey que este Ministro de Portugal havrá informado á Su

Magestad Portuguesa de un sucesso escandaloso, é injuriso executado por él, y sus

criados, en términos ó menos conformes á la verdad, ó no expresivos de sus

circunstancias agravantes para disculpar su mala conducta. Y en este supuesto me

manda instruir á Vuestra Excelencia del hecho por mayor, á fin que Vuestra

Excelencia pueda responder con algun conocimiento, en el interin que se forma el

hecho circunstanciado, que remitiré a Vuestra Excelencia con primera ocasión. Con la

noticia que tuvo el [fol.1v] Governador del Consejo de un horroroso assesinato, que

havia cometido en Argete un natural del mismo lugar, embió orden que se trujesse

preso el reo con la escolta de seis inválidos, sacandalo de la Yglesia donde se havia

refugiado. Executóse assi, y entrando el reo acompanhado de los Alcaldes y de la

dicha escolta de soldados assegurado con prisiones sobre un borrico por la puerta de

Alcalá, y llegado cerca de la del Retiro, fué acomedita la escolta por los lacayos del

dicho Ministro, que clamando, favor al Embaxador de Portugal [fol.2] combocó un

numero considerable de gente, que no se hallaba distante por ser la hora del publico

passeo; y haviendo logrado ahuyentar á los pocos soldados, llebaron como en triunfo

el reo en casa del Ministro, mui distante del parage donde sucedió el atentado. Y

haviendo entrado el deliquente, libertado de las prisiones que tenia, le subieron al

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quarto de la muger del Ministro, donde imploró, y se le asseguro una efectiva

proteccion; En el interin hacian pompa los criados de su hazaña, llebando el borrico

[fol.2v] por el paseo; y se mantuvo el reo en casa del Ministro por despacio de treinta

horas, passado el qual fué conducido de su casa en coche fuera de la villa.

Immediatamente que el referido reo fué llebado á la casa del Ministro, se dice que

escrivió este un papel al Governador del Consejo, que á la sazon se hallaba

gravemente enfermo, y fuera de estado de recivir, ó responder al citado papel, en el

qual decia, que sus criados havian executado la referida tropelia, y que [fol.3] los

havia despedido, y hechado al malhechor de su casa. Como el Governador del

Consejo no pudo por su indisposicion dár quenta al Rey immediatamente de este

sucesso, no pudo Su Magestad ser sabidor de él que el dia siguiente mui tarde por

medio de repetidos informes, en los quales hacian presente á Su Magestad el

escandalo que havia causado este hecho, que havia sido executado con premeditacion,

respecto de haverse el dia antes concertado en casa de dicho Ministro la forma de

libertar al reo, á instancia [fol.3v] de la muger de él, que havia sido el submistrado de

paja, y zabada á las cavallerizas del Ministro. El menosprecio de la soberania de Su

Magestad vulnerada en el distrito de su real Palácio: la declarada proteccion dada á un

delinquente de semejante classe: la prompta que de su atentado manifestaron los

criados: la falsedad con que havia assegurado al Governador del Consejo que havia

hechado el reo, y los criados de su casa; y el de no haver parecido al Pardo á dar

satisfaccion alguna, determinarion á Su Magestade, mui irritado del sucesso, [fol.4] à

dar orden que se prendiessen los lacayos del Ministro, en qualquer parte que

estuviessen, como con efecto se executó al tercer dia del sucesso, dentro de la casa del

mismo Ministro, que se resistió á entregar los delinquentes criados que se le pidieron.

Bien comprehenderá Vuestra Excelencia que no puede haver privilegio que favorezca

un insulto tan ruidoso, hecho al Palácio del Rey, á la justicia, y á la soberania de un

Monarca en su Corte; y quan digno de castigo és este Ministro que há fraguado,

mantenido, y favorecido un excesso tan iniquo, y tan abominado [fol.4v] de todo

genero de gentes, haviendo procedido de mala fé en su pretendida disculpa, y

olvidando de dar si quiera á Su Magestad la menor demonstracion de sentimiento. En

esta inteligencia podrá Vuestra Excelencia servirse de las noticias que expresso de

este sucesso para su governo, en el interin que se vea lo que esse Soberano executa

con este su Ministro, ó pida el informe de este sucesso, en el qual todos los

Embajadores e Ministros estrangeros que residen en esta Corte han desaprovado

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publicamente la criminal conducta de el repetido Ministro de Su Magestad. Dios

guarde. El Pardo á 25 de Febrero de 1735.

Doc.111. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para o Marquês de Capecelatro

explicando-lhe (a versão portuguesa) do incidente diplomático protagonizado pelos

criados do Ministro português em Madrid, Pedro Álvares Cabral, Lisboa, 5 de Março

de 1735. AGS, Estado, Legado 7181, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Por hum expresso despachado de Madrid recebi huma carta do

plenipotenciário de Sua Magestade naquella Corte de 23 do passado, em que dá conta

a Sua Magestade do mais inaudito procedimento que athe agora se teve com Ministro

Publico em Corte alguma da Europa: pois no ditto dia das nova para as des horas da

menha forão dous oficiais de guerra hum ajudante e outro thenente da guarda de

Madrid que chamão dos Blãguillos com cem soldados, com bayoneta calada, e de

repeente entrarão no saguão de sua caza; e dahi passarão a subir as escadas,

prendendo todos os creados, que encontravao; e acudindo o mesmo Plenipotencario

ao ruido, vio que pellas escadas subião dous oficiais e perguntando-lhes que

insolencia era aquella de entrarem em caza de hum Ministro com mão armada, lhe

responderão que vinhão de ordem de El Rey Catholico a prender todos o sseos

creados de libre, e perguntando-lhe pella ditta ordem, declarão que não fora por

escrito, mas verbal, e que não podião menos, que executa-la; ao que lhe respondeo o

plenipotenciário, que se não defendia com a violencia se não com authoridade , e

immunidade , que lhe era devida, como Plenipotenciario de Sua Magestade; e que

pois a via assim offendida, e qubrantada, não tomava outro partido, mais que o de não

ser testemunha de acção tão violenta; e levarão prezos quatorze creados do mesmo

Plenipotencarios de diferentes graduações, e muitos com a sua libré pellas ruas

[fol.1v] com nottorio escândalo.

O motivo do excesso referido se attribue a que trazendo no dia vinte do mes

de Fevreiro huñs officiais de justiça prezo hum reo pello caminho do Prado velho, no

qual se achava numerozissimo concurso de coches, e de gente do povo, como he

costume em similhantes dias; o prezo, vendo o ajuntamentoque concorria a vello,

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comessou a agitar contra os oficiais de justiça, que o levavao , dizendo, que o tinhao

tirado de huma Igreja, a cujos gritos foi concorrendo mais gente, e entre ella tres

lacayos do Plenipotenciario sem armas, nem ainda chapeos; e chegando aonde estava

o prezo, que era junto a ponte do Prado, se juntarão varios lacayos de muitos

cavalheiros , que andavao no passeo, e mais povo, e todos juntos tirarão o prezo das

mãos da justiça, e o vierão trazer á caza do Plenipotenciario donde logo sahio; e tendo

o plenipotenciário notticia do que se havia passado escreveo no mesmo dia ao

Governador do Conselho de Castella a carta de que remetto a copia , a que o

Governador não respondeo por escrito, por achar-se gravemente enfermo, mas de

palavra mandou dizer, que ficava na intelligencia do conteúdo na ditta carta.

Tres dias depois deste cazo, succedeo a referida execução e indo logo o

plenipotencario ao Prado a queixar-se fallou ao Senhor Dom Jozeph Patinho, o qual

lhe respondeo que informado Sua Magestade Cattolica da insolencia que haviao

cometido os seos creados nas vizinhanças do seu Pallacio do Retiro, achava que toda

a demonstração,que se fizesse neste cazo era pequena para suster o decoro da sua

authoridade real [fol.2] e que alem disto, elle plenipotenciário não podia allegar

immunidade porque não tendo caracter algum, nem havendo entregue cartas

credenciais de Sua Magestade não tinha, que reclamar o direito das gentes; do que lhe

respondeo o plenipotenciário que estimaria muito, que o que elle dezia fosse assim;

porque não lhe seria tao sensivel a offença da sua pessoa, se a noa visse unida ao seu

caracter; e que pois elle estava tão mal informado de hum facto tão nottorio nas

Secretarias, onde estavao as suas credenciais, e copias dellas,em que Sua Magestade

lhe fizera tambem a honra de nomea-lo por seu plenipotenciário el Rey Catholico ,

não seria muito, que não estivesse informado da attenção com que tinha obrado em

todo aquelle sucesso, do qual passava a dar conta á esta Corte e esperava as reais

ordeñs de Sua Magestade.

Como aquellas prizões, e dezatenções cometidas em caza do Ministro de Sua

Magestade se obrarão tanto contra o direito das gentes, de que rezulta a immnuidade,

de que gozão as cazas, familia e pessoas dos Menistros públicos, não pode Sua

Magestade duvidar que se de prontamente toda a devida satisfação a huma tão publica

offenca; e me ordena avize a Vossa Excelencia se abstenha de vir ao Paço; e para

servir a Vossa Excelencia estou mui prompto. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço

ao Vº de Março de 1735.

B.A M de Vossa Excelencia

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Seu mayor servidor

Diogo de Mendonça Corte Real

Ex.mo Senhor Marques de Capecelatro.

Doc.112. Despacho de D. José Patiño [?] para o Marquês de Capecelatro fazendo

uma descrição mais detalhada do incidente protagonizado pelos criados do Ministro

português em Madrid, Pedro Álvares Cabral, Pardo, 6 de Março de 1735. AGS,

Estado, Legado 7181, fols.1-5v. [Transcrição integral].

[fol.1] He hecho presente al Rey la carta de Vuestra Excelencia de 1º del

corriente en la qual expresa Vuestra Excelencia el resentimiento que há manifestado

Su Magestad Portuguesa sobre lo practicado el dia 22 del pasado con los criados de su

Ministro Plenipotenciario en esta Corte, y el aviso que se ha dado á Vuestra

Excelencia de que se abstenga de concurrir en Palácio, incluyendo un oficio de esse

Secretario [fol.1v] de Estado, que refiere lo sucedido el dia 20 y 22, y un papel que se

dice escrito sobre el mismo assunto al Governador del Consejo. Y aunque supone Su

Magestad que Vuestra Excelencia abrá quedado enterrado de los sucessos, y de la

justificacion de Su Magestade en sus procederes por todo lo que de su real orden he

expresado á Vuestra Excelencia en mis antecedentes de fecha de 25 del passado y 4

de corriente; no obstante en vista aora [fol.2] de la resolucion de Su Magestad

Portuguesa tomada sin conocimento de causa, y solo sobre una falsa, y dimunuta

representancion de este Ministro de Portugal, me manda Su Magestad prevenir á

Vuestra Excelencia que si Su Magestad Portuguesa mejor informado no huviesse

dado á Vuestra Excelencia satisfacion de la orden dada y no se dispusiesse de darla

por los continuados crimenes executados por su Ministro; deve Vuestra Excelencia

escrivir [fol.2v] un papel, sino se le permitiesse vér al Secretario de Estado para

decirle á boca: que los excesos cometidos por el referido Ministro han sido y son

volativos del derecho de las gentes, en vilipendio de la soberania de Su Magestad,

conocidos por tales de todos los Ministros de las potencias estrangeras residentes en

esta Corte; y que no hallando Su Magestad Portuguesa por conveniente mandar repara

tan escandalosos [fol.3]insultos, tiene Vuestra Excelencia orden de immediatamente

retirarse de essa Corte, como en efecto quiere el Rey que Vuestra Excelencia assi lo

practique imbiolablemente.

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Para la mayor luz en la conducta de Vuestra Excelencia le diré, que lo expone

el Ministro de haverle yo dicho, y él respondidome, és falso; pues lo que yo le dije

con motivo de las voces que los criados profirieron [fol.3v] quando acometieron á los

soldados que conducian al rel, favor al Embajador de Portugal , fué que se ignoraba

que caracter pretendia ostentar segun las pretensiones que á cada paso suscitaba; y

entonces me respondió que él era Plenipotenciario; como lo podria vér por las

credenciales que havia entregado al Señor Marques de la Paz, sin que añadiesse cosa

alguna de las que [fol.4] ostenta en su narrativa, y se exponen en oficio, ó papel

escrito á Vuestra Excelencia.

Tambien és mui reparable el que se suponha que un Minsitro, puede cometer

qualquer delito, ó sus criados, y que basta superbundantemente para que quede

impune y sin reparacion escrivir un papel de cumplimiento, y esto á qualquiera de la

Corte, como parece lo quiere entender essa una vez [fol.4v] le remite a Vuestra

Excelencia.

Lo que deve haver cavado este Ministro, y yo le dije és que si el Rey de

Portugal quiere entender este sucesso como soberano, lo entenderá como El Rey

Nuestro amo; y si como particular, lo entenderá como el lo califica. Sin embargo

conclui, que si queria dijesse algo al Rey lo haria, y me replicó que nada.

[fol.5] No me estiendo en decir á Vuestra Excelencia lo que despues há

ocorrido á cerca del modo de protejer la fuga del reo, llebado en su coche, y despues

vestido de correo con las armas del Rey de Portugal, y el haver llevado de tras de su

coche por el passeo los criados que dezia aver despedido, y otras muchas

particularidades que resultan de los autos, porque no parece que ai [fol.5v] nada de

esto hace fuerza; y assi combendrá que Vuestra Excelencia execute la orden del Rey

en los términos arriba expresados; de que dará Vuestra Excelencia quenta con

extraordinário. Dios guarde a Vuestra Excelencia muchos años como desseo. El Pardo

a 6 de Marzo de 1735.

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Doc.113. Carta de Diogo de Mendonça Corte Real para o Marquês de Capecelatro

informando que emitira ordens para que preparassem as embarcações necessárias para

o transportar até à Aldeia Galega; informa-o que D. João V iria fazer “uso do direito

da represália” e prender os criados da sua família, Paço [Lisboa], 13 de Março de

1735. ANTT, MNE, Caixa 2, Maço 1, fol.1. [Transcrição integral].

[fol.1] Para o Marques de Capecelatro

Em resposta da carta que hontem recebi de Vossa Excelencia tenho mandado

ordem para que as embarcações estejão prontas para transportar a Vossa Excelencia

para Aldea Galega; e remeto a Vossa Excelencia o passaporte que pedio para passar

livre [?] a sua equipagem ao dito lugar, como tambem a ordem para as postas.

E como Vossa Excelencia se retira desta Corte, a El Rey se fez precizo á vista

da viollenta injustissima retenção que em Madrid se continua dos criados do seu

Plenipotenciario uzar do direito da reprezallia; mandando fazer aprehenção nos da

famillia de Vossa Excelencia. Deus guarde a Vossa Excelencia. Paço 13 de Março de

1735.

Doc.114. Rellação breve da forma em que se executou a reprezalia nos creados do

Embaixador de El Rey Cattolico em 13 de Março de 1735. ANTT, MNE, Caixa 2,

Maço 1, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Instando o Marques de Capecelatro Embaixador de El Rey Cattolico

por passaporte para transportar-se a sua familia para Aldea Galega julgou Sua

Magestade ser precizo fazer reprezalia nos criados do ditto Menistro pela injusta

retenção do seu Plenipotenciario em Madrid. Ordenou-se pois a hum ajudante que

passa-se com hum corpo de soldados a executar esta delligencia; e o ditto official com

mais dous Thenentes, e com cessenta soldados pouco mais, ou menos pellas nove

horas da menha do dia 13 de Março, occupou todas as entradas da caza do

Embaixador, e passando a fazer aprehenção de todos os creados de libre, e outros

similhantes aos que se prenderão em caza do Plenipotencario de Sua Magestade (que

era a ordem que levava) foi encontrado na primeira salla pello Embaixador, o qual lhe

dice, que se hião buscar algum homiziado [?] o podião fazer. O official respondeo que

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só hião fazer huma reprezalia em alguñs criados, e perguntando o Embaixador de

ordem de quem se fazia aquella delligencia, respondeo o official que de ordem do seu

Comandante, e sendo-lhe indicada a porta do quarto da Embaixatris, e de outras cazas

interiores, o official não só se absteve de entrar nellas, mas pôs salvaguarda á porta do

ditto quarto, para que nenhum soldado entrasse, protestando sempre que se lhe

offereceo occazião que a sua delligencia se não encaminhava mais que a executar a

reprezalia; e de nenhuma sorte a violar o respeito devido a pessoa, a caza do

Embaixador.

Prenderão-se doze creados inferiores, e por menos averiguação (inevitável em

similhantes occaziões) succedeo que fosse prezo juntamente sem sciencia dos

officiaes hum gentil-homem do [fol.2] Embaixador, que se achava a porta; mas

fazendo-se alto antes de chegar á prizão, e perguntanto os officiaes aos soldados *16,

que prezo era aquelle, e se era da condição dos que lhes mandarão que prendesse,

vindo a conhecer, que era diverso, fizerão publicamente escuzas ao gentil-homem do

erro que se tinha cometido contra a intenção de quem os mandava, e ordenarão que

fossem prezos os que o tinhão cometido, perguntando ao mesmo *17 se se dava assim

por satisfeito, ao que respondeo que o estava.

Os prezos forão conduzidos a pé sem hirem atados, mas somente levados pello

canhão da cazaça por hum soldado 18, athe a cadea publica do limoreyro, aonde se

ordenou que fossem acommodados sem mao trato algum livrando-os das enchovias, e

outros lugares similhantes.

O Embaixador embarcou perto das tres horas depois de meyo dia para Aldea

Galega.

16 Á margem: “* em cuja esquadra vinha o ditto genti-homem”. 17 Á margem: “* gentil-homem”. 18 Á margem: “Cada hum”.

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Doc.115. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. José Patiño descrevendo a

represália que D. João V ordenou que se executasse aos seus criados na sequência do

incidente protagonizado pelo Ministro português em Madrid, Pedro Álvares Cabral;

afirma que os diplomatas inglês, holandês e alemão poderiam ter estado envolvidos

naquele “projecto”, Aldeia Galega, 13 de Março de 1735. AGS, Estado, Legado 7181,

fols.1-5. [Excerto].

[fol.1] Il.mo y Ex.mo Señor

Señor mio. Antes de ayer poco despues de las ôcho de la mañana recivi com

este expreso la carta de Vuestra Excelencia su fecha de 6 del corriente,

prescriviendome la real ôrden de Su Magestad a fin de pedir satisfacion á este

Soberano no solo por la demontrazion acelarada que praticó conmigo, si nó tambien

por los escandalosos excesos cometidos por su Ministro y criados suyos en essa

Corte, de los quales tenia yó plenamente imformado á Su Magestad Portuguesa por

medio de su Secretario de Estado, segun lo previne á Vuestra Excelencia com mi carta

de 7 del corriente; y como por la sucinta y resoluta respuesta que me dio en 5 del

mismo se evidenciaba hallarse este Govierno mas dis- [fol.1v] puesto â continuar en

pedir satisfaccion, que no â darla, emvié inmediatamente recado al ditcho Secretario

para que me señalase la hora de poderle vér, sin embargo de constarme que está

molestado de la gota de veynte dias á esta parte; y me respondio que por haverse

aplicado un remedio no podia recivirme en aquella ôcasion; peró que me avisaria del

dia y horas en que su indisposicion le permitiese executarlo; respecto de lo qual le

escrivi al punto el papel de que me incluyo copia en los terminos que Vuestra

Excelencia fué servido expresarme, antes de llegarme por el hordinario ôtra carta de

Vuestra Excelencia de 4 del corriente com los dos trasumptos del papel que Vuestra

Excelencia escivio açerca del mencionado [fol.2] asumpto à los Embaxadores y

Ministros estrangeros en essa Corte, y del que el de Portugal les havia anteriomente

escripto sobre la misma matheria, siendo este uniforme al que este Secretario de

Estado me insertó en su oficio del 1º del corriente, y el ôtro muy digno de aplauso, y

proprio para hazer comprehender â todas las Cortes de Europa ( segun hay procurado

yo evidenciarlo en esta a los Ministros estrangeros, y â los naturales que me han

tocado en el punto) la indispensable necesidad que tubo el Rey Nuestro Señor de

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recurrir â aquella demonstracion, añadiendoles por ultimo que qualquier Principe

tendrá por menos perjuficial en su Corte la falta de Mi-[fol.2v]nistros publicos, que no

la del curso regular de la justicia, interrumpida com semejantes escandalosos

atentados, tan ofensivos â la real authoridad, y soberania, y que todo Ministro que há

vislado primero el derecho de las gentes no tiene accion alguna para reclarmarle; peró

aqui se há querido atender mas á la passion que á la razon, puesto que ayer por la

tarde me repondió el expresado Secretario lo que Vuestra Excelencia será servido

reconocer por el adjunto treslado de su papel sobre negar Su Magestad Portuguesa la

devida satisfaccion; en cuya vista le escribi inmediatamente otro papel de que tambien

incluyo copia, para que me [fol.3] remitiesse la licencia de las postas, y mandasse

apromptar los bergantines para transferirme a Aldea Gallega tres legoas destante de

Lisboa, con un passaporte afin de conducir seguramente mi equipage y quando

esperaba la respuesta yá preparado para executar mi passage, esta mañana a las nueve

tres tropas de soldados de Infanteria del Regimiento del Ignáçio Xavier com bayoneta

calada, comandados por quatro oficiales cercaron mi cassa, y reconociendola de [?]

fueron prendiendo á mis criados expresados en la adjunta lista; y los llebaron

ignomniosamente á la carçel publica del Limoyeiro, adonde existen, si bien no

llegarón a me-[fol.3v]ter en ella a mi cavallerizo, que le emvio livre el Cabo principal

llamado Mallon, pretextando que los soldados havian exçedido la ôrden, y este mismo

Mallon quando encontró conmigo me dixó que tenia orden [?] de su Comandante para

prender á todos mis criados, y queriendo entrar á reconocer el dormitorio de la

Marquesa, se abstuvo de executarlo com la advertencia que se le hizo de que estaba

dentro de el. Luego al instante cercó mi cassa un innumerable concurso de gente, y

despues del medio dia me escrivio el Secretario de Estado un papel conthenido en la

adjunta copia para remitirme la licencia de las postas, y el passaporte pedido, en el

qual pretende cohon-[fol.4]tar na resolucion de su amo por derecho de represalia, y al

mismo tiempo seîa participó com mas extension á todos los Ministros de las potencias

extrangeras que residen en Lisboa, comforme verá Vuestra Excelencia por la copia

del papel que entregaron al Consul de Francia quando venia a mi possada. Yo sin

embargo de hallarme despojado de la mayor parte de mi familia executé mi passage â

este lugar de Aldea Gallega, adonde hé llegado com mi muger esta tarde â las quatro y

media, para dar quenta á Su Magestad com este extraordinario de haver observado sus

reales ôrdenes, y del referido sueso que com razon puede llamarse ____ [?], y aqui

esperaré las que subsequentemente se dignaré ex-[fol.4]pedirme afin de executarlas

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com igual resignacion y exactitud. Entretanto las dexé para que se quitase el escudo

de las reales armas que tenia sobre la puerta de mi cassa luego que sali de ellas, y

encargué la custodia de los papeles de la Secretaria de la Embaxada al nuestro Consul,

respecto de haver tenido por comveniente al real servicio que el Secretario Don

Joseph de la Fuente venga conmigo.

El dia antes de executarse la expresada plausible hazaña, fueron llamados por

la tarde â Palacio el Residente del Emperador, Monsenhor Wasnaser su emisario,y el

Emviado de Inglaterra con los quales talvéz se proyectó, y resolvió y sem embargo

de haver passado el ultimo in-[fol.4v]mediatamente â mi possada, donde le estubé

imformando bien despacio como tambien al Residente de Holanda de las verdaderas

circunstancias del mencionado hecho, y de la justificada resolucion del Rey Nuestro

Señor, observó una profunda disimulacion, com muestras de quedar convencido.

Tambien pude entender por buen conducto, que de resulta de los frequentes y

dilatados consejos que se han comvocado desde principio del presente mês, mando

escribir el Rey de Portugal á Don Luis Dacuña Ministro suyo en el Haya, para que

entablase la negociacion de renovar la antigua alliança com ingleses y holandeses,

siendo de presumir que este mismo passo se havrá dado com los Ministros [fol.5] del

Emperador.

[...]

Dios guarde á Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Aldea Gallega

13 de Marzo de 1735.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor y seguro servidor.

El Marques de Capecelatro

Ex.mo Señor Don Jozeph Patiño.

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Doc.116. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. José Patiño informando-o do

impasse em que caíram as relações entre as duas Coroas depois do incidente

protagonizado pelo Ministro português em Madrid; impedimentos e obstáculos que

foram colocados na sua jornada de regresso a Madrid, Aldeia Galega, 27 de Março de

1735. AGS, Estado, Legado 7179, fols.1-5v. [Excerto].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Con los extraordinarios que reexpedi à Vuestra Excelencia desde

este lugar en 13. y 15. del corriente le previne como havia pedido al Comandante

General de Extremadura me encancaminase luego carruage, y ganado ajustado al

precio corriente, para poder transferirme sin dilacion à Badajoz, y de alli à essa Corte,

en cumplimiento de la real ôrden que Vuestra Excelencia me prescrivió con su carta

de 9. del citado; mediante la total imposibilidad de encontrar en Lisboa, ni en sus

contornos, forma alguna para aviarme, por haverse embargado de ôrden superior todo

el carruage y bagages, afin de transportar promptamente â las fronteras todos los

oficiales generales, y subalternos, que se [fol.1v] hallaban en aquella Corte, como con

en efecto salieron de ella antes del termino de los ôcho dias dirigiendose á sus

respectivos puestos; y no haviendo yo recivido respuesta alguna del dicho

Comandante general, receloso de que por alguno accidente, ô, extravio no huviesse

llegado mi carta á sus manos, le dupliqué la misma instancia el dia 22. del corriente

por la mañana, con un proprioyente, y viniente despachado en toda diligencia,

participandole al mismo tiempo de continuarse por acá a los aparatos de guerra, bajo

el supuesto de dirigirse solo á precaverse para la defensiva de qualquiera ôperacion

que por nuestra parte pudiesse intentarse; y reiterandole no menos el encargo de que

en caso de llegar el Ministro Don Pedro Alvarez Cabral à Badajoz, antes que yo à

Yelves [fol.2] por mi notoria imposibilidad de ponerme en marcha, no le permita

entrar en este Reyno, hasta mi arrivo, y hasta que se aya arreglado el cange de los dos

en el rio Caya, segun parece se tiene premeditado, y que con este designio se han

apostado algunas tropas de Cavalleria desde las Ventas Novas, que destan de aqui

ôcho leguas afin de irme acompañando hasta la raya. Yo aguardo con summa

impaciencia la buelta del dicho proprio, y quedo no menos mortificado, assi por hallar

zerrada la puerta á todo humano recurso para la prompta efectuacion de mi viage,

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como por retardarseme tanto la mencionada providencia del Comandante general de

la qual unicamente depende; en cuya consideracion me prometo condonarán y

compadeceran Sus Magestades mi [fol.2v] involuntaria demora en esta aldea, adonde

solo da llegada à mi noticia, que Marco Antonio de Azebedo Coutinho se embarcó en

Lisboa el dia 23. del corriente para transferirse á Londres con el titulo de Emviado

Extrahordinario cuyo empleó exerció anteriormente en Paris.

Hasta aqui tenia escrito quando recivi la respuesta que compreende el adjunto

traslado del referido Comandante general, en 25. del corriente antes del medio dia,

excusandose de condessender á mi expresada instancia en los terminos que Vuestra

Excelencia serà servido reconocer; sin hazerse cargo de la importancia de facilitar mi

viage à Badajoz, ni de la tal imposibilidad de executarle, si no me emvia el carruage,

ô, ganado pedido; por lo qual bolbi á pedirle encare-[fol.3]cidamente con el mismo

portador, que no interpusiesse mas demoras en su remision, pues quando no se

encontrase en aquella ciudad, podria hazerle embargar en otros lugares de la

provincia, y acompañarle con su passaporte, cuya validacion se afianza no solo por no

hallarse interrumpida la comunicacion y comercio entre las dos Coronas, si no por la

igual, y reciproca necesidad de que no se ponga embarazo en el passage del dicho

Ministro portugues para venir à este Reyno; y por si acaso ôcurria al referido

Comandante alguna nueva dificultad por falta de dinero, le he dado credito sobre un

vecion de Badajoz, sin embargo de mis grandes estrechezes, augmentadas con el

crecido gasto que estoy haciendo en este meson quin- [fol.3v]ze dias há, sin saver

adonde recurrir para los succesivos de mi viage hasta essa Corte.

Quando estaba para concluir esta me ha dirigido el mencionado Comandante

un proprio con carta suya de 23. del corriente, acompañando una de Vuestra

Excelencia de 20. del mismo en que se sirvé responder a mis citadas de 13. y de 15.

dexandome summamente consolado la real aprobacion de Sua Magestad azia mi

conducta en la execucion de sus reales ôrdenes, al paso que me mortifica el no haver

podido efectuar mi marcha con igual puntualidad, por las razones que llevo

expresadas; y como el dicho Comandante no me haze mencion alguna sobre mi

reiterada instancia, recelo que no piensa en dár ninguna providencia, ni yo registro

[fol.4] hasta aqui disposicion de poder desencallarme si no ôfrece algun arbitrio la

casualidad; y mediante presupuesto de haverse dado ôrden al Governador de Yelves,

para no permitirme passar de aquella plaza hasta que el Ministro de Portugal llegue â

Badajoz, y pueda arreglarse el cange en el confin; quedo enterado de no ser la real

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voluntad de Su Magestad entrar en esta matheria, ni de que al Ministro de Portugal se

le ponga alguno para bolber à su Corte, en cuya consequencia hago la prevencion

comveniente al dicho Comandante general afin de que tenga por nulo, y como no

dicho lo que le escribi sobre detener en Badajoz al mismo Ministro hasta que yo

pudiese llegar; asse-[fol.4v]gurando a Vuestra Excelencia que el principal exercicio

de mi paciencia en qualquier caso que me acontezca, sera de no poder executar las

reales ôrdenes con la promptitud correspondiente â mi anhelo.

Mis criados aun existen en la carzel de Lisboa adonde les hago subministrar el

socorro competiente para su manutencion, y creo no les daràn soltura hasta que se aya

dado á los del Ministro portugues en essa Corte.

[...]

[fol.5v] [...] Dios guarde á Vuestra Excelencia muchos años como deseo.

Aldea Gallega a 27. de Marzo de 1735.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor y seguro servidor

El Marques de Capecelatro

Ex.mo Señor Don Joseph Patiño.

Doc.117. Ofício do Marquês de Capecelatro para D. José Patiño continuando o

assunto do ofício anterior; descrição da jornada de regresso a Espanha, Elvas, 7 de

Abril de 1735. AGS, Estado, Legado 7181, fols.1-5. [Excerto].

[fol.1] Il.mo y Ex.mo Señor

Señor mio. Por la adjunta copia de carta del Secretario de Estado del Rey de

Portugal, se servirá Vuestra Excelencia reconocer el termino que se me prescribio

para salir de Aldea Gallega, y de sus domínios, por haver tomado El Rey Nuestro

Señor igual resolucion con el Plenipotenciario Don Pedro Alvarez Cabral; y tambien

veerá Vuestra Excelencia por el incluso traslado de mi respuesta, la forma en que le

evidencie a mi involuntaria detencion en dicho lugar, y la imposibilidad de executar

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las reales ôrdenes de Su Magestad (Dios le guarde) si no daba la providencia de

desembargar el carruage, ô ganado que necesitaba para transportar mi equipage; en

cuya vista me escribio outra carta, de la qual acompaño assi mismo un trasumpto,

diciendome havia dado aviso al Juez de Fora de Aldea Gallega [fol.1v] para que

hiziese carruages, y cavalgaduras necessarias para la conducion de mi equipage; pero

haviendome significado el dicho Juez que no se encontraba uno, su otro, hize nuevo

recurso al mencionado Secretario, com expezificacion del numero de carros matros, y

cavallerias que me eran precisas, a fin de que mandasse encaminarmelas de Lisboa;

expedio segunda ôrden al mismo Juez para que me las apromptase, como com efecto

apromptó algunas en el dia 31 del passado, aunque no pudo subministrarme ningun

carro mato, que era lo que yo mas necessitaba para la conducion de mi equipage; pero

sin embargo dexando la mayor parte de él en Aldea Gallega, Sali de aquella villa el

dia 1º del corriente afin de passar â las Ventas Novas, adonde poco antes de proseguir

la segunda jornada [fol.2] me previno un Alferez del Regimiento de Campo Mayr,

que tenir ôrden de irme acompañando com seys soldados de â cavallos; los quales

siguieron mi coche, y al tiempo de entrar en Montemor el nuevo hallé una compañia

de cavallos, comandada por el ayudante real Antonio Enriquez Texeira, quien me hizo

un extendido cumplimiento, significandome que solo iba com el fin de assistirme

enquanto se me puediesse ofrécer, y uniendose la dicha compañia de 25 cavallos con

los seys que salieron de las Ventas Novas, me siguieron al lugar de Arrayolos, donde

pernocté en 2 del corriente, y el siguiente en Estremoz, haviendo encontrado fuera de

la puerta de aquella plaza de 50 hasta 60 Infantes, en que consistia toda su guarnicion.

Las piezas com que me salvaron parecian [fol.2v] de poco calibre, y dentro de la villa

alcanzé á ver bastante numero de curenvas. Siguióme la dicha Infanteria, y quedó

formada â la puerta de mi posada hasta que emvié recado al Governador que la

mandasse retirar, dexando solo quatro sentinelas para custodia del equipage; Al salir

de Estremoz, hallé formada la misma Infanteria, y acompañandome siempre el

referido ayudante real com los 30 cavallos, llegue á esta plaza el dia 4 antes de las

seys de la tarde, sin haverseme hecho â la entrada ningun honor militar, si solo

despues que yá estaba apeado en la possada, la salva de 11 tiros de cañon, haviendo

querido sincerarse conmigo de esta falta el Governador, bajo el pretexto de que no se

me esperaba hasta el dia siguiente [fol.3]. Tambien passó a visitarme el Marques de

Assa, que govierna las armas de esta provincia, pr no haver na venido el Conde de

Atalaya, a quien solo há nombrado por General del Exercito en lugar del Conde de

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Alva, que se ha retirado à Lisboa; y me significó se le havia expedido ôrden,

dimanada de la expresada resolucion de su amo, para no dexarme salir de sus

domínios, hasta que entrase en ellos el referido Plenipotenciario, añadiendome, que

segun sus noticias, podria yo talvéz estár detenido en esta plaza toda la Semana Santa;

â lo que no he tenido nada que responder, si no com la paciencia de esperar que se me

permita salir, conforme lo que Vuestra Excelencia fué servido prevenirme en su carta

de 20 del cahido.

[…]

[fol.5] [....] y ahora le encaro la prompta direccion de esta, para exponer á su

real inteligência com mas individualidad todo lo acres-[fol.5v]cido, y de que segun

sus reales intenciones me mantendré aqui hasta que me dexen el paso livre para

proseguir mi viage â essa Corte, assegurando á Vuestra Excelencia hemos padecido, y

experimentamos la Marquesa y yo tan summas descomodidades desde nuestra salida

de Lisboa, assi por lo riguroso del tiempo, como por los málos mesones, que no

pueden explicarse con ninguna expression, si bien la mayor mortificacion mia, es

carecer tantos dias há de los importantes resquentros de la buena salud de nuestros

amo, y demas personas reales, que espero merecer á Vuestra Excelencia com

reiterados empleos de su mayor agrado. Dios guarde á Vuestra Excelencia muchos

años como desseo. Yelves 7 de Abril de 1735.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor y seguro servidor.

El Marques de Capecelatro

Ex.mo Señor Don Jozeph Patiño.

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XII. Embaixada do Marquês de los Balbases em Lisboa (1727-1728)

Doc.118. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz informando

que pedira os passaportes para poder passar à Corte de Lisboa; refere que o Marquês

de Capecelatro lhe providenciara uma casa, Madrid, 11 de Outubro de 1726. AHN,

Estado, Legado 2517, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. En continuazion de mis prevenciones para estar promto a

passar a Portugal siempre que El Rey (Dios le guarde) se digne de darme la ôrden,

escrivi a el Señor Marques de Grimaldo a saver si podia imviar a pedir los passaportes

a aquella Corte para conduzir mi ropa, y haviendome respondido en papel de 25 de

Agosto proximo passado que haviendole puesto en noticia de Su Magestad se

mandava dezirme escreviese por ellos, lo execute inmediatamente y quedan ia en mi

poder, y esperando cada correo aviso de haverme tomado [fol.1v] cassa segun me

escrive el Marques de Capecelatro, a quien tengo dada la comission muchos dias ha,

para que sin detenerse en el preciso de la ajuste; con que desseando lo que todas mis

disposiziones encuetron con lo que sea mas del real agrado y servicio de Su Magestad

me veo precissado a causar a Vuestra Señoria suplicandole me favorezca de

participarme como me ha de governar sirviendose Vuestra Señoria de dizirme para mi

mucho azierto si pode empezar a imviar mi equipage, cuyo aviso espero merezer a

imviar mi equipage, cuyo aiso espero merezer a Vuestra Señoria con repetidas

ocassiones de su agrado en que poderle servicio. Dios [fol.2] guarde a Vuestra

Señoria mucho años como desseo. Madrid Octobre 11 de 1726.

Amigo. No quisiera errar cuando mi fin es el mayor servicio de los amos, y

assi devele yo a Vuestra Señoria me favoresca con alguna noticia que pueda con ellas

governarme, y mande Vuestra Señoria para que le pueda servir.

Beso las manos de Vuestra Señoria

Amigo, y mayor servidor

Carlos Ambrosio Spinola de la Zerda

El Marques de la Paz.

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Doc.119. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz descrevendo a

sua jornada até à Corte de Lisboa; cerimonial e honras que recebeu nas diversas

localidades por onde passou, Arraiolos, 9 de Abril de 1727. AHN, Estado, Legado

2517, fols.1-2v.

[fol.1]Señor mio. En Badaxos dexé escrito a Vuestra Señoria dandole quenta

de mi arribo á aquella plaza; aora lo hago participando a Vuestra Señoria como antes

de partir de ella escribi al Comandante General Don Juan Diego de Atayde que reside

en Yelves avisandole como pasaba con el caracter de Embaxador Extraordinario de

Su Magestad a la Corte de Lixboa, y aviendo salido de Badajox acompañado del

Comandante Don Feliciano Bracamonte y de la cavalleria que se halla en aquella

plaza como de los [fol.1v] cavalleros de ella lo qual executaron hasta la misma raya;

encontré en ella al referido Comandante General de aquella provincia con la ciudad y

otros cavalleros que me estaban esperando y aviendome apeado y hecho los

reciprocos cumplimientos entré en coche del Comandante y con todo el sequito llegué

a la ciudad y al entrar en ella estaba la Ynfanteria escuadronada aviendome hecho la

salva de mosqueteria y artilleria, y aviendo ydo apearme en cassa del Comandante me

dio de comer. Vino el Ôbispo a cumplimentarme como tambien el Senado pudiendo

asegurar a Vuestra Señoria han sido grandissimas las demonstraciones de estimacion

y aprecio que han hecho de mi [fol.2] aviendome ofrecido el Comandante de parte de

su amo el mando de toda la provincia. El mismo dia por la tarde sali de Yelbes para

Extremoz con el mismo acompañamiento que me recibieron y fueron conmigo dos

legos. Aquela misma noche llegue a Extremoz. Una legua antes de entrar en aquella

plaza salió a recibirme el Governador con la cavalleria que tienen en ella aviendo

practicado los mismos onores que en la primera dizciendome tenia orden de su

Comandante para entregarme el mando de aquella plaza y de las llaves ( que quiso

darme) de ella, y aviendo salido esta mañana vino acompañandome en la misma

forma, y esta noche [fol.2v] que he venido a dormir a este lugar salió a encontrarme la

villa siendo generalmente grandissimas las demostraciones de regocixo que he

experimentado en este Reyno a las cuales procuro correspondir con el mayor

agradecimiento y estimacion.

Mañana Juebes Santo, y el Vierne por ser dia de tanta devocion me detendré

aqui, y el Savado partiré en continuacion de mi viaje. Todo lo referido suplico a

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Vuestra Señoria me haga el favor disponerlo en la noticia de Su Magestad para su real

inteligencia. Dios guarde a Vuestra Señoria muchos años como desseo. Arroiuelos, y

Abril 9 del 1727.

Beso las manos de Vuestra Señoria

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Señor Marques de la Paz.

Doc.120. Folheto, incluso no ofício Diogo de Mendonça Corte Real para o Conde de

Tarouca descrevendo a chegada do Marquês de los Balbases à Corte de Lisboa e a

primeira visita que aquele Embaixador lhe fez, Lisboa, 22 de Abril de 1727. BNP,

Arquivos Tarouca nº 180, fols.1-3. [Excerto].

[fol.1] Folheto

Em 13 do corrente chegou a Aldea Galega o Marques dos Balbases, e no

mesmo dia me escreveo noticiandome a sua chegada pedindome o puzese aos reais

pes de Sua Magestade.

Esta carta me trouxe no dia 14 o Secretario do mesmo Marques, a que logo

respondi, e avizey ao Marques de Fronteira para que lhe mandase as embarcaçoens,

que o havião de transportar a esta Corte. No dia 15, no qual chegou ao Cais da Pedra

entre as des, e as onze horas, onde o recebeo o Conde de Obidos, que Sua Magestade

tinha nomeado para conduzir o dito Marques a sua caza, como o executou no primeiro

dos tres coches de Sua Magestade e o [fol.1v] levava mais tres coches seus.

No mesmo dia 15 pellas tres horas da tarde mandou o dito Marques por hum

dos seus principais Gentis-homens, que foy sey ayo noticiar a sua chegada a esta

Corte.

No dia 16 pellas nove horas da manhãa o mandey cumprimentar por hum

Gentil-homem meu, e na tarde do mesmo dia entre as tres, e quatro horas veyo o

mesmo Gentilhomem do sobredito Marques pedir-me dia, e hora para buscar-me, e eu

lhe sinaley a manhãa do dia seguinte 17 pellas des horas, às quais elle veyo buscar-me

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e eu o esperey fora da porta da minha saleta, como havia esperado ao Marques de

Abrantes, o Marques de la Paz, e o conduzi ao meu gabinete, e feitos os primeiros

cumprimentos me prezentou as copias da suas cartas credenciais, e depois me pedio

quisese alcansar audiencia particular de Suas Magestades para entregar-lhes as cartas

do proprio punho dos Reys Catholicos seus amos, e dizendo-lhe eu que semelhantes

audiencias particulares se costumavão humas com conductores, e outras sem elles,

nem formalidade alguma, e dezejava saber qual destas elle escolhia, me respondeo

que a que fosse com menos ceremonias, e demais confiança, e que estimarei muito

que Suas Magestades lhe fizesem a mesma honra que seus amos havião feito ao

Marques de Abrantes estando ambas as Magestades juntas. Eu lhe respondi que sem

embargo de que não era esse o nosso estilo [fol.2] eu o faria presente a Sua

Magestade.

Acabada a visita o acompanhey dous passos mais adiante da parte em que o

havia recebido, distante tres, ou quatro passos do topo da escada.

Fis presente a Sua Magestade as copias das cartas credenciais que vinhão na

forma devida e tambem a suplica do Marques a respeito da audiencia, a qual Sua

Magestade lhe concedeo na forma que elle pedia, visto os Reys Catholicos haverem

praticado o mesmo com o mesmo Marques de Abrantes.

No dia 18 pellas nove horas da menhãa mandey o meu mesmo Gentil-homem

a caza do Marques para dizer lhe que dezejava hilo visitar naquella tarde pellas tres

horas, ao que respondeo que me esperava á dita hora, e que hindo eu me esperou o

Marques mais perto do topo da escada do que eu o havia feito, e conduzindome na

mesma forma, que eu com elle havia practicado, veyo até o topo da escada donde se

não quis apartar sem embargo das minhas instancias até me não ver tomar o segundo

lanço da dita escada.

A minha visita foy breve, porque acabados os cumprimentos lhe disse que

Suas Magestades lhe fazião a honra de dar-lhe audiencia naquella tarde pellas sinco

horas na forma que elle havia pedido, advertindo-lhe que como a audiencia era sem

conductores, devia elle hir apear-se ás escadas do Terreiro do Paço, como [fol.2v] era

estillo.

Veyo o dito Marques á referida hora, e a Companhia do Corpo da Guarda e os

Archeiros da sala dos Tudescos lhe tomarão as armas, como se pratica com os

Embaixadores, e sobindo assima á sala dos Porteiros da Casa se encaminhou ao

quarto de Sua Magestade e o porteiro da camara de Sua Magestade Antonio Rebello

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da Fonseca, o esperou na saleta onde está a sua caza, e o levouá antecamera, onde

estavão alguñs cavalheiros, que por acaso ali se achavão. Foy o dito Antonio Rebello

noticiar ao Gentil-homem da camara que estava ali o Embaixador, e fazendo-o

presente a Suas Magestades o dito Gentil-homem da camara sahio á antecamara e

comprimentando o Embaixador lhe disse que entrase: Veyo o Embaixador, e Suas

Magestades estavão na Caza das Audiencias fora do docel, e junto á porta do gabinete

de El Rey Nosso Senhor onde chegando o dito Embaixador fes os seus comprimentos

a ambas as Magestades, e lhes entregou as cartas de mão propria dos Reys Catholicos,

e lhe pedio lhe quizessem fazer a honra de que lhe pudese falar ao Principe, e

Senhores Infantes, o que se lhe concedeo dizendo a Rainha Nossa Senhora que fosse

ao seu quarto, que lá lhes mostraria, e despedindo-se o Embaixador passou ao quarto

da mesma Senhora onde a achou com o Principe, e Senhores Infantes; pedio á Rainha

lhe concedese [fol.3] licença para beijar a mão á Senhora Infanta D. Maria, e dando

lhas se pos de joelhos, e beijou a mão, e assim se acabarão as audiencias, e o

Embaixador se retirou fazendo-lhe os Archeiros e Companhia da Guarda o mesmo

obsequio, com que o receberão.

[...].

Doc.121. Ofício do marquês de los Balbases para o Marquês de la Pa informando

que pedira ao Secretário de Estado que os reis portugueses o recebessem juntos na sua

primeira audiência privada; refere que passou a ter a mesma entrada “familiar” no

palácio que tinha o Marquês de Capecelatro, Lisboa, 29 de Abril de 1727. AHN,

Estado, Legado 2517, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. Recibo el favor de la carta de Vuestra Señoria del 8 del

presente y serviendose Vuestra Señoria de avisarme como quedavan Sus Magestades,

El Principe, los Ynfantes, y Señoras Ynfantas con perfecta salud gozando la diversion

que coresponde a la hermosura y amenidad de ese Real Sitio celebro yo esta noticia

como tan interesado y doy a Vuestra Señoria muchas gracias por ella. De aqui no

tengo cosa especial que participar a Vuestra Señoria por que despues de mi audiencia

pribada de este Soberano no se a ofrecido ninguna particularidad, solo diré a Vuestra

Señoria que aviendo estado con este Secretario Don Diego de Mendoza le insignué

deseava no faltar [fol.1v] a la obligacion de hazer mi Corte para lo qual estimaria

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mucho me previniera la forma con que avia de lograrlo, y aviendose me mostrado mui

agradecido y que lo estarian sus Soberanos quedó en que me daria su aviso y en su

consequencia vino ayer a mi cassa a dezirme que podia yr a la Corte conforme fuera

mi gusto expresandome al propio [sic] tiempo nuebas demostraciones de parte de Su

Magestad Portuguesa de estimacion y aprecio a mi caracter y persona; y deseando yo

seguir los pasos del Marques de Capecelatro para esta entrada (que es como familiar)

yré la primera vez con el Marques para tomar la practica de ella y cumplir de cuando

en cuando con esta obligacion.

Respecto de que el Ynfante Don Carlos se halla fuera de esta Corte [fol.2] me

ha dicho, el Secretario de Estado me dará aviso del dia que podré pasar a verle que es

cuanto se me ofrece dezir a Vuestra Señoria para que lo ponga en noticia de Su

Magestad. Dios guarde a Vuestra Señoria muchos años como deseo. Lixboa 29 de

Abril de 1727.

Beso las manos de Vuestra Señoria

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Señor Marques de la Paz.

Doc.122. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Pa comunicando

que oferecera uma comédia em sua casa no dia do nome do Príncipe das Astúrias,

para a qual convidou toda a nobreza; remete o “guião” da mesma para que o

Secretário o mostrasse à família real espanhola, Lisboa, 3 de Junho de 1727. AHN,

Estado, Legado 2517, fol.1. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. Aviendo yo hecho una comedia en mi casa el dia 30 del

pasado en zelebridad del nombre del Principe Nuestro Señor con conbite general de

toda esta nobleza la qual concurrio a ella; remito a Vuestra Señoria esos libros

suplicando a Vuestra Señoria me haga el favor de ponerlos a los pies de los Reyes

Principe Ynfantes e Señoras Ynfantas, y Vuestra Señoria me de muchas ocasiones en

que le pueda servir. Dios guarde Vuestra Señoria muchos años. Lixboa y Junio 3 de

1727.

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Beso las manos de Vuestra Señoria

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Ex.mo Señor Marques de la Paz.

Doc.123. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz sobre os

plenos poderes que recebera para a negociação tratado matrimonial da Infanta D.

Maria Bárbara com o Príncipe das Astúrias; obras que se fizeram em Lisboa para a

passagem dos seus coches no dia da sua entrada pública, Lisboa, 26 de Agosto de

1727. AHN, Estado Legado 2517, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. He recivido la carta de Vuestra Señoria de 15. del presente

en la qual respondiendo Vuestra Señoria a la mia de 6. del mismo se sirve dezirme,

que enterado El Rey de quanto yo participe me havia expresado este Secretario de

Estado Don Diego de Mendoza en orden al reparo que havian puesto en el poder, y

que no obstante a que no se querian detener en esto; havia mandado Su Magestad se

forme el nuebo poder particular que recivo adjunto con la citada carta de 15.

ordenandome Su Magestad que previniendoselo a este Secretario de Estado, le

entregué copia de el, en cuia execusion passe ayer mañana a buscarle y ha

entregarsela como lo hize, y haviendo [fol.1v] quando con ella, me dixo la pondria em

manos de Su Magestad Portuguesa y que vendria en persona a darme la respuesta.

Executó assi, inmediatamente el mismo dia de ayer por la tarde y me significó de

parte de su Soberano lo mucho que le estimava pero que sentia hubiera yo insignuado

el reparo que se havia puesto porque desde luego no le havia tenido Su Magestad

Portuguesa para que se tratase conmigo en virtud del primer poder respecto de que en

todo deseava acreditar a Su Magestad su buena corespondenzia. Que este nuebo poder

benia en mui buena forma y que yo podia usar de el, o, del primero como mejor me

pareciese, a que le di las devidas grazias. Me expresó el referido Secretario de Estado,

que el poder que su Soberano le dava a el para tratar conmigo, se estava formando

reglado en todo y con las mismas vozes, que el que Vuestra Señoria tiene de Su

Magestad para conferenziar con el Marques de [fol.2] Abrantes. Con este motivo me

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discurrió largamente en el asumpto de los tratados significandome anelaba infinito Su

Magestad Portuguesa la conclusion entera de ellos, y que estava impaciente esperando

por oras la buelta de un coreo que despacharon al Marques de Abrantes, con ordenes

precisas y sin dexarle advitrio para su efectuazion, y que pida dia para su entrada.

Todas estas expresiones bienen corrovoradas con la que, se está practicando aqui, por

este govierno para poder yo executar mis funziones, pues haviendo desde mi cassa a

Palazio dos Arcos antiguos de fabrica de piedra que pasar, se havia reconozido que mi

primer carroza es mas alta una bara que los referidos arcos, binieron los dias pasados

Maestros de Obra a pedirme licenzia para tomar las medidas de la altura de los

coches, y haviendo las llevado quedan ya entendiendo en facilitar el paso haviendo

roto [fol.2v] los arcos y dadoles la altura que se necesita para que pase el coche: cuia

demostrazion ha causado a todos grande novedad por ser la obra algo costosa y difícil

y en ocasion de haver estado yo a ver a Su Magestad Portuguesa me parecio acertado

darle las grazias como lo executé. Tambien tengo entendido estan aprontando la

quinta para darme aloxamiento que se practica aqui dar a los Embaxadores tres dias

antes de hazer la entrada. Que es quanto se me ofreze participar a Vuestra Señoria

para que se sirva ponerlo en la real notizia de Su Magestad y quedando yo al servicio

de Vuestra Señoria ruego a Dios guarde a Vuestra Señoria muchos años como deseo.

Lixboa y Agosto 26 de 1727.

Beso las manos de Vuestra Señoria

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Señor Marques de la Paz.

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Doc.124. Despacho do Marquês de la Paz [?] para o Marquês de los Balbases

descrevendo a cerimónia da assinatura do tratado matrimonial do Príncipe do Brasil,

D. José, com a Infanta espanhola, D. Mariana Vitória, assinado naquela Corte pelo

próprio e pelo Embaixador português, Marquês de Abrantes; dá-lhe ordens para que,

em Lisboa, reproduza o mesmo modelo cerimonial com o Secretário de Estado

português, Madrid, 3 de Setembro de 1727. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-4.

[Transcrição integral].

[fol.1] A El Marques de los Balbases

Ex.mo Señor

Haviendo manifestado el Marques de Abrantes algun deseo de que antes de

pasar Sus Magestades al sitio de San Yldefonso (para donde parten mañana) quedase

firmado por Su Excelencia y por mi el contrato matrimonial del Serenissimo Principe

del Brasil, con Nuestra Serenissima Ynfanta, arreglado á los articulos preliminares

antecedentemente combenidos quedando [fol.1v] (como estava resuelto) las demas

funciones de otorgar las capitulaciones en presencia de Sus Magestades y hazerse los

esponsales para la buelta de Sus Magestades á esta Corte a principios de Noviembre

han venido los Reyes en ello, y en esta consequencia hemos firmado oy firmamos esta

mañana el referido Marques de Abrantes y yo en esta Secretaria el [fol.2] mencionado

tratado, sin que para esto este acto aya necesitado el Marques de hacer entrada

publica, ni otra demonstracion de lucimiento exterior; y esta tarde á besado la mano á

Sus Magestades á la Señora Ynfanta (a la qual desde firma de este tratado á empezado

yá a tratar como Princesa del Brasil) al Principe y á los Ynfantes; [fol.2v] de que me

manda el Rey participar á Vuestra Excelencia con este extraordinario que despacha el

Señor Marques de Abrantes para que en consequencia de lo resuelto por Su Magestad

en orden a que Vuestra Excelencia y el Marques de Capecelatro caminen en esa Corte

en la negociacion del tratado matrimonial del Principe Nuestro Señor con la Señora

Ynfanta de Portugal, al mismo paso que el Marques de Abrantes aqui, puedan [fol.3]

Vuestras Excelencias desde luego procurar por medio del Ministro que les esta

destinado, se firme por otro igual Vuestras Excelencia y el tratado para el matrimonio

del Principe Nuestro Señor en la forma que aqui hemos hecho el Marques de Abrantes

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y yo para el del Principe de Brasil, y para que en el metodo y forma puedan Vuestras

Excelencias [fol.3v] arreglarse á el, remito á Vuestra Excelencia la adjunta copia

previniendo a Vuestra Excelencia firmados dos exemplares uno en Castella, no con

que yo me quedé, y otro en enteramiente como la copia, y otro en portugues, que

llevó el Marques de Abrantes para remitirle á Su Magestad Portuguesa, en qué firmó

primero el Marques y despues yo, [fol.4] que es lo mismo que Vuestras Excelencias

deveran practicar, comunicando Vuestra Excelencia al Señor Marques de Capecelatro

esta carta y todas las ordenes resoluziones que siempre esta materia se han participado

antecedentemente a Vuestra Excelencia si ya no lo huviere hecho. Dios guarde

etecetera.

Doc.125. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz referindo a

festa que deu em sua casa, para a qual convidou toda a nobreza portuguesa, sendo a

principal atracção uma máquina de fogo de artíficio, Lisboa, 11 de Setembro de 1727.

AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. Ayer noche en zelebridad del feliz parto de la Reyna

Nuestra Señora y de haver Su Magestad salido a Atocha, tube una fiesta de fuegos de

polbora que formaba un castillo, para lo qual hize combite general de toda esta

nobleza que concurrio en gran numero en mi cassa, y aunque cayo un buen golpe de

agua despues de puesta la polbora, no obstante fueron los fuegos mui buenos y parece

quedaron todos mui gostosos con este festexo. Remito a Vuestra Señoria (y le recibirá

a parte) un dibuxo del referido castillo que es en el todo al que representava la

maquina [fol.1v] suplicando a Vuestra Señoria me haga el favor de ponerle a los

reales pies de Sus Magestades y Vuestra Señoria me de muchas ocassiones en que

poderle servir. Dios guarde a Vuestra Señoria muchos años. Lixboa 11 de Septiembre

de 1727.

Beso las manos de Vuestra Señoria

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Señor Marques de la Paz.

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Doc.126. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz descrevendo a

cerimónia da assinatura do tratado matrimonial do Príncipe das Astúrias, D.

Fernando, com a Infanta espanhola, D. Maria Bárbara, Lisboa, 1 de Outubro de 1727.

AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. Oy al medio dia firmamos el Marques de Capecelatro y

yo, con Don Diego de Mendoza, los adjuntos tratados matrimoniales del Sserenissimo

Principe Nuestro Señor con esta Sserenissima Señora Ynfanta Dona Maria, cuia

funcion executamos en esta Secretaria de Estado y despues de haverla hecho, pasamos

inmediatamente el referido Marques de Capecelatro, y yo, a ponernos a los reales pies

de estos Soberanos, y de la Sserenissima Señora Ynfanta, y besamos la mano a Su

Alteza, haviendo recivido de Sus Magestades Portuguesas las mas distintas honrras, y

expreciones del mayor aprecio y regosixo de lo [fol.1v] executado significandonos

sus grandes deseos de la entera conclusion y efectuasion en el todo, y la Señora

Ynfanta, me mandó la pusiera a los pies de Sus Magestades. Del referido tratado

hemos firmado otro, en portugues con la presencia de firmas, que Vuestra Señoria me

tenia prevenido, y todo a la letra como el adjunto, el qual ba areglado enteramente a

los articulos preliminares, y solo el primero se ha mudado como Vuestra Señoria

reconzerá y obra visto antes por la copia de el, que remiti a Vuestra Señoria con la

buelta del correo que me despacho, haviendo executado lo que Su Magestad se sirvio

ordenarme en carta de 21. del passado, que recivi con el mismo correo de que en

quanto a este articulo le dexará al arbitrio de Su Magestad Portuguesa y sus Ministros,

y assi resolvieron mudarle por razon de no haver parentescos entre el Principe

Nuestro Señor y la Señora Ynfanta que necesiten dispensaciones. Remito tambien

adjunto a Vuestra Señoria el poder original de Su Magestad Portuguesa dada a Don

Diego de Mendoza, a el qual al proprio tiempo entregue yo, el que Su Magestad me

tiene conferido. Y para dar quenta a Vuestra Señoria d etodo lo referido despacho este

extraordinario a Vuestra Señoria para que se sirva ponerlo en la real notizia de Su

Magestad. Dios guarde a Vuestra Señoria muchos años como deseo. Lixboa y

Octubre 1 de 1727.

Beso las manos de Vuestra Señoria

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Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Señor Marques de la Paz.

Doc.127. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz sobre a

cerimónia da troca das ratificações do tratado matrimonial da Infanta D. Maria

Bárbara com o Príncipe D. Fernando; audiência que os monarcas portugueses

concederam ao próprio e ao Marquês de Capecelatro, Lisboa, 22 de Outubro de 1727.

AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Señor mio. Con la buelta del correo Bustillos recivo el pliego de

Vuestra Señoria con su carta de fecha de 13. del presente en la cual me participa

Vuestra Señoria como Su Magestad se havia servido de aprovar quanto he executado

con el tratado matrimonial que firmado dirigi a Vuestra Señoria del Principe Nuestro

Señor Sserenissima Ynfanta Dona Maria, y en su consecuenzia haviendose servido Su

Magestad de ratificarle me le remite Vuestra Excelencia adjunto para que le trocara

con el de Su Magestad Portuguesa [fol.1v] executelo assi, haviendo pasado en

compañia del Marques de Capecelatro a esta Secretaria de Estado, y despues de haver

echo el cotejo de ambas ratificaziones, hizimos el cange con la de Su Magestad

Portuguesa la qual remito a Vuestra Señoria bolviendo a despachar a Bustillos a este

efecto, para que Vuestra Señoria pueda ponerla en manos de Su Magestad.

A otro dia de executada esta funzion passe a ponerme a los pies, de estos

Soberanos, y de la Señora Ynfanta y a hazer a Sus Magestades Portuguesas, y Alteza

un cumplido de parte del Principe Nuestro Señor en corespondenzia del que me

mando executar el Principe del Brasil, cuando se [fol.2] firmo el tratado de Su Alteza

con Nuestra Sserenissima Ynfanta, a cuia fineza, me respondieron estos Soberanos y

la Señora Ynfanta en terminos los mas expresivos de aprecio y regosijo, asegurando a

Vuestra Señoria reconozco siempre mas, lo gustosos que estan de que se llegue a la

entera conclusion de estos reciprocos tratados; siendo quanto al presente se me ofreze

participar a Vuestra Señoria para que se sirva passarlo a la real notizia de Su

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Magestad. Dios guarde a Vuestra Señoria muchos años como deseo. Lixboa y

Octubre 22 de 1727.

Beso las manos de Vuestra Señoria

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Señor Marques de la Paz.

Doc.128. Carta do Marquês de la Paz para o Marquês de Vilhena e resposta deste

último relativa ao pedido que fez o Embaixador português, Marquês de Abrantes, no

sentido de poder colocar o seu coche no saguão do palácio real; excepções e exemplos

antecedentes. Madrid, [Dezembro de 1727]. AHN, Estado, Legado 2517, fol. 1.

[Transcrição integral].

Respondase àl Embaxador con lo mismo

que dice el Mayordomo Mayor. Hecho en

7 de Diziembre

Señor mio. Haviendo hecho reconozer

todo lo que conduze al assumpto que de

orden de Su Magestad Vuestra Señoria

me refiere, no consta haya el exemplar

que el Embaxador Extraordinario de

Portugal expressa de el Nuncio

Aldrobandini, ni de otro algun

Embaxador, Minsitro, ô Embiado; sin que

primero hiziesse su entrada publica; y aun

en el dia de esta funcion (segun lo

resuelto por Su Magestad el año de 1717,

como pareze de la adjunta zertificazion)

los no deve entrar en el zaguan de Palacio

Ex.mo Señor

El Marques de Abrantes Embaxador

Extraordinario de Portugal ha

representado que haviendo entrado su

coche en el zaguan de Palacio los dias

pasados, se obligo á sus criados á [fol.1v]

que le sacasen fuera con el pretexto de

que el Embaxador no havia aun hecho su

entrada publica. Que haviendo sucedido

igual caso al Nuncio Aldrobandini de

hecharle su coche del zaguan de Palacio

[fol.2] antes de haver hecho su entrada

publica, haviendo recurrido sobre esto, se

dio orden para que se dejase entrar el

coche en el zaguan, sin embargo de no

haver hecho al Nuncio la entrada publica,

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coche de ningun Embaxador; y

ultimamente [fol.1v] pretendiendo pocos

messes ha el Ministro de Moscobia en los

mismo términos que aora lo haze el

Marques de Abrantes, haviendo yo

prevenido al Rey mando observar el

estilo. Todo lo qual se servira Vuestra

Señoria poner en su real notizia para que

resuelva lo que sea de su agrado. Nuestro

Señor guarde a Vuestra Señoria muchos

años como desseo. Madrid 7 de

Diziembre de 1727.

de que me manda Su Magestad

prevengo [fol.2v] a Vuestra Excelencia

para que en esta inteligencia diga Vuestra

Excelencia si es cierto el exemplar que se

refiere, si ay alguno otro, y lo que le

parece se deverá practicar con este

Embaxador. Dios guarde á Vuestra

Excelencia muchos años como desseo.

Palácio a 30 de Noviembre de 1727.

El Marques de la Paz

Señor Marques de Villena.

Doc.129. Despacho do Marquês de la Paz [?] para o Marquês de los Balbases sobre o

pedido que fizera o Marquês de Abrantes para, à semelhança do que haviam praticado

o núncio apostólico e os ministros francês e alemão, poder entrar com o seu coche no

saguão do palácio real no dia da sua entrada pública em Madrid, [Madrid], [Dezembro

de 1727?]. AGS, Estado, Legado 2517, fols.1-3v. [Transcrição integral].

[fol.1] El Marques de los Balbases

Ex.mo Señor

El Marques de Abrantes representó los dias pasados que haviendo entrado su

coche en el zaguan de Palacio se obligo á sus criados aquele sacasen fuera del lugar la

quan, con el motivo de que todavia no havia hecho la entrada publica, y han al mismo

tiempo expuso se le asegurava que haviendo sucedido igual caso al Nuncio

Albrobandini [fol.1v] antes de hacer su entrada publica, haviendo recurrido el Nuncio

se dio orden para que se dejase estar su coche en el zaguan sin embargo de no haver

hecho la entrada publica; en cuya inteligencia se sirvio El Rey mandarme siendo su

real animo, que con el Embaxador de esa Corona, se practicase todo lo mismo que se

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huviese practicado, con los Nuncios del Papa, y los Embaxadores del Emperador del

Rey Christianissimo, y de otras Coronas, pidiose informe à su Mayordomo mayor de

le si era cierto, este exemplar que se alegava, y de si havia [fol.1v] alguno otro, a que

satisfizo diciendo que haviendo hecho reconocer todo lo que conducia à este asumpto,

no conta na aya el exemplar expresado de el Nuncio Adrobandini haverse permitido

estar el coce n el zaguan de Palacio el coche del Nuncio Adrobandini, ni de otro algun

Embaxador, Ministro, ó, Embiado, sin que primero ayan hecho su entrada publica, y

que [fol.2] en el dia de esta, segun lo que esta resuelto mandado no deve entrar en el

zaguan coche de ningun Embaxador, y añadia el Mayordomo mayor que haviendo

pretendido pocos meses a el Ministro de Moscovia entrase y estuviese en el zaguan

su coche, en los mismos términos que lo solicitava el Marques de Abrantes, lo puso

en [fol.2v] noticia de Su Magestad y se sirvio mandarle observase el estilo; enterado

el Rey de este informe me mando Su Magestad satisficiese con lo que en el se

expresa, al papel que sobre esta materia, me escrivio el Marques de Abrantes;

executelo assi, y con motivo de haverle visto despues en su casa, a causa de la

indisposicion que padece, le expresé en vos mas por [fol.3] menor, las razones que

havia para no hacer novedad en esto, y como se á manifestado poco satisfecho, y me

dijo dava quenta á su Corte, me á mandado El Rey informe yo a Vuestra Excelencia

de todo lo que dejo referido à pasado en esta materia para que Vuestra Excelencia se

halle enterado, a fin de poder responder con [fol.3v] conocimiento si en esa Corte se

le hablare en ella. Dios guarde etecetera.

Doc.130. Despacho do Marquês de la Paz para o Marquês de los Balbases [?]

descrevendo a cerimónia da escritura pública das capitulações matrimoniais da

Princesa D. Mariana Vitória e do Príncipe do Brasil na Corte de Madrid; indicações

sobre aquilo que deveria praticar na Corte de Lisboa na cerimónia homóloga,

referente ao matrimónio de D. Maria Bárbara com o Príncipe das Astúrias; audiência

do Embaixador português, Marquês de Abrantes, na qual entregou um retrato à

Infanta espanhola, Madrid, 25 de Dezembro de 1728. AHN, Estado, Legado 2517,

fols.1-6. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

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374

Con el extraordinario que el dia 16. del corriente despache a Vuestra

Excelencia le previne havia El Rey señalado el dia de oy para que por la mañana

hiciese tuviese [fol.1v] estas dos funciones se han executado con efecto oy, haviendo

hecho por la mañana el Marques de Abrantes su entrada publica, con mucho

lucimiento lucido y brillante acompañamiento y tren lucido y brillante tren y

acompañamiento, de suerte que verdadeiramente á sido bien parecida; por la tarde se

otorgó na escriptura publica de las capitulaciones [fol.2] matrimoniales en presencia

de Sus Magestades y Altezas, y dichos personajes que fueron llamados; y aunque el

Marques de Abrantes participara á su Corte menudamente quanto pasó en este acto,

me á parecido a mi prevenir á Vuestra Excelencia de todo aquello que pueda conducir

á su mejor conducta [fol.2v] en la igual funcion que tiene que hacer; leyose por el

Señor Marques de la Compuesta en alta voz la menzionada escriptura, y la firmaron

immediatamente Sus Magestades y Altezas, y despues en otra mesa bastante separada

de la de Sus Magestades la firmó el Marques de Abrantes; y como me [fol.3] halla

presente á este acto puedo decir a Vuestra Excelencia vi que el Marques puso una

rodilla en el suelo para firmar, afin de que Vuestra Excelencia halle en esta

inteligencia para que si ni pusieren a Vuestra Excelencia y al Señor Marques de

Capecelatro asiento á este fin, no lo hechá menos, aunque podra admitirse si se le

pusieren; los Reyes estuvieron sumamente [fol.3v] placenteros y alegres en toda la

funcion, que se executo con entera satisfacion.

Acavada que fue, pasó el Marques de Abrantes, a poner en manos de la

Serenissima Señora Ynfanta Dona Maria Ana Victoria en presencia de los Reyes

Nuestros Señores el retrato del Serenissimo Principe del Brasil, bien que no puedo

decir á Vuestra Excelencia por no haverlo visto [fol.4] si esto fue en la misma pieza,

en que se hijo la funcion, ó en otra mas interior; y para que en la misma ocasion, esto

es al acavarse la igual funcion que ay tiene Vuestra Excelencia que executar, pueda

Vuestra Excelencia a la Serenissima Ynfanta Dona Maria presenciar reciprocamente

el retrato del Principe Nuestro Señor expresando Vuestra Excelencia con este motivo

a Su Alteza todo aquello que su discrecion le dictareme á mandado El Rey despache

con el á Vuestra Excelencia este correo [fol. 4v] que le entregará a Vuestra

Excelencia al mismo tiempo que esta carta con el mencionado retrato de Su Alteza; y

le incluyo en este pliego, expresando Vuestra Excelencia con este motivo á Su Alteza

todo aquello que le dictare su discrecion;

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Hame parecido remitir á Vuestra Excelencia al mismo tiempo la adjunta

formula de la escriptura que aqui se á otorgado [fol.5] para que pueda servir á Vuestra

Señoria de regla, para la que se á de otorgar alla; por ella veera Vuestra Excelencia

que El Rey y la Reyna firmaron en un renglon, y devajo en columna la Señora

Ynfanta, el Principe, el Ynfante Don Carlos, y el Ynfante Don Phelipe, y en frente del

ultimo el Marques de Abrantes [fol.5v] como se de muestra en la formula, de que

tambien estaran Vuestra Excelencia y el Señor Marques a quien comunicaré Vuestra

Excelencia esta carta de Capecelatro advertidos para poder observar lo mismo.

De la escriptura se han de hacer dos originales, que el uno á de quedar en

Corte del notario que la otorgare y el otra sea de entregar [fol.6] a Vuestra Excelencia

para que le remita á manos de Su Magestad como a que se á executado, y como por la

formula citada, reconocerá Vuestra Excelencia se dice en la escriptura.

De todo lo expresado se sirvira Vuestra Excelencia participar al Señor

Marques de Capecelatro para que se halle igualmente enterado. Dios guarde etecetera.

Doc.131. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz [?] referindo

as nomeações dos chefes da casa real da futura Princesa do Brasil, D. Mariana

Vitória; preparativos e ajustes do cerimonial da escritura pública das capitulações

matrimoniais e dos esponsais de D. Mariana Vitória com o Príncipe do Brasil;

testemunhas que o Embaixador deveria nomear para a primeira cerimónia na Corte de

Lisboa, Lisboa, 27 de Dezembro de 1727. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-6.

[Transcrição integral].

[fol.1]Ex.mo Señor

19Señor mio. En consecuenzia de quanto participe a Vuestra Excelencia en

carta de 23. del corriente con la buenta del correo que Vuestra Excelencia me

despachó tocante al principal punto de la formazion de la casa de Nuestra

Sserenissima Ynfanta futura Princesa del Brasil, despacho a Vuestra Excelencia este

extraordinario expresamente para avisarle, como ya quedan nombrados los dos gefes

19 Á margem: “Digasele que le hé leydo al Rey, y á la Reyna que se dane n inteligencia de todo lo que participa y me mandan decirle apruevan quanto dize havia executado, y le estiman el su celo, y el acerto. Etecetera”.

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de ella, y parte de la demas familia, que ha de componer su Corte, como reconozerá

Vuestra Excelencia por la cópia adjunta de papel de aviso que he tenido de este

Secretario de Estado, participandome lo, deviendo dezir a Vuestra Excelencia que

ayer tarde haviendo estado a cumplimentar y dar las Pasquas a estos Soberanos,

[fol.1v] me habló con la mayor venignidad en orden a la referida formazion de cassa,

expressandome que a corespondenzia de los que ya havia nombrado para ella, yrá

destinado todos las demas personas, porque ha menester considerarlo mui bien para

elegir las que sean de mayor satisfazion, diziendome que por lo que mira a camareira

mayor ha de menester tambien considerarlo por que unas lo pretendian, y otras queria

Su Magestad Portuguesa pero que lo resolveria presto, y en este discurso que me

estava haziendo embio ha llamar a Don Diego de Mendoza y delante de mi ( que por

respecto me quise apartar y no lo permitio ) le dio orden me avisarsa con papel los

nombrados ( que es el que remito a Vuestra Excelencia) y me dixo que para los

desposorios de esta Sserenissima Ynfanta estará toda la cassa puesta pero [fol.2] para

que los Reyes Nuestros amos vean su puntualidad, y como desea darles gusto en todo

lo que pueda ser de su real agrado, me participava de los dos Gefes como principales

para que yo diéra cuenta a Sus Magestades de ello, y que consiguientemente

nombraria a los demas. El Mayordomo mayor es de los principale sugetos de aqui,

hombre de edad, que ha estado dos vezes Virrey en Yndias, y al presente es Consejero

de Estado, y Presidente de la Hazienda. El Cavallerizo mayor ha estado Embaxador

en esta Corte, y me previno Su Magestad Portuguesa que no havia echo Cavallerizo

mayor a titulo, porque el Cavallerizo mayor de la Reyna de Portugal, tampoco lo es,

pero que son de la primera nobleza, y distinzion de su Corte, como en efecto es assi, y

me dixo que havia nombrado a Don Pedro Basconcelos por Cavallerizo mayor en la

considerazion tambien de que como ha estado en [fol.2v] España por Embaxador le

conozen los Reyes Nuestros amos, save la lengua, y los estilos, y podra con mas

acierto serbir a nuestra Sserenissima Ynfanta, con que en vista de todo lo que va

expresado repeti muchas gracias de Su Magestad Portuguesa asegurandole, lo

agradezidos que estarian Sus Magestades a su fineza, le dixe para dar cuenta de ella

despachava inmediatamente; me asseguro assi mismo la Magestad del Rey de

Portugal, que luego que llegue el aviso de los desposorios sacará del cuarto de la

Reyna al Sserenissimo Principe del Brasil, y le pasará al que esta ya destinado para Su

Alteza nombrandole gentileshombres de Camara, y demas familia que le ha de servir,

pero no gefes, como a la Princesa. [...].

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[fol.3] 20 En quanto a mis funziones, puedo dezir a Vuestra Excelencia que

solicitando yo, en diversas conferenzias que he tenido con el Secretario de Estado,

que nos pongamos de acuerdo para la execusion de ellas, me ha dicho que

absolutamente sin que falte punto a la forma, y modo, con que el Marques de

Abrantes, haya echo las suias, he de executar las mias, expecificandome que hasta la

forma de como vienen las firmas, hemos de practicar aca, y la de los desposorios

saver en que parage se executaron, para hazer lo mismo; con que luego que llegue el

aviso de Abrantes, que tiene orden de escribir a la letra, sin perder su hora de tiempo,

todo lo que ha executado, nos pondremos de acuerdo para mis funziones, no poniendo

duda, será a Reyes y para este tiempo se estan dando las ordenes [fol.3v] 21por esta

Corte, con que puede Vuestra Excelencia hazer esta cuenta, para las disposiciones y

providenzias, que se hayan de tomar el Secretario de Estado, en las largas

conferenzias que hemos tenido, me ha dicho que todo ha de venir resuelto y dispuesto

de los Reyes nuestros amos, y que assi en el punto de hir esta Serenissima Ynfanta, y

venir la nuestra estan promtos ha executar lo que Sus Magestades acordaren con el

Marques de Abrantes, y por fin esperan el formulario para todo; pudiendo asegurar a

Vuestra Excelencia que es infinito el gusto, y regosixo que muestra este Soberano, de

esta conclusion, y en honor de ella, y en considerazion de que antes de ayer se hizo la

funcion de pedir a Nuestra Sserenissima Ynfanta, levantó el destierro el mismo dia, a

todos los fidalgos, que estavan mucho tiempo ha desterrados de esta Corte,

mandandoles vengan ha zelebrar las bodas [fol.4] y se quedan disponiendo unas

grandes maquinas de fuegos artificiales, con orden precisa, de que han de estar

promtos para el dia de Reyes. Espero que Vuestra Excelencia me prevenga como le

supliqué en la del extraordinario, lo que devo executar para combidar por mi parte a

los sinco testigos, respecto a que el Marques de Abrantes tiene escrito nobró Su

Magestad Portuguesa a los suios, y el Marques passó a pedirles su asistenzia; que es

20 À margem: “Que se espera execute sus funciones el dia de Reyes, mediante haverse embiado pontualmente las noticias de la forma y modo en que las hizo aqui Abrantes, y remitio ultimamente la original escriptura publica. Etecetera”. 21 À margem: “Que este punto de acordará con Abrantes, y se le avisará de todo; y entretanto le puedo asegurar, tener ya resuelto El Rey no solamente poner la cassa aquella Serenissima Ynfanta, futura Princesa del Brasil, pero nombrados los gefes, criados, camarera mayor, damas, y demas familia en la mayor y mas obsterosa forma; que no se publican desde luego [fol.4] por pasar al Palacio del Pardo la tarde del dia de Reyes, donde no caben, ni pueden servir á Nuestra Señora Princesa del Brasil, pero quando se aya reglados el viage á la frontera, poniendose de acuerdo ambas Cortes en el dia que á de salir àquella Señora y en el que á de marchar esta, como se lo prevendré desde luego confidencialmente á Abrantes”.

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quanto se me ofreze participar a Vuestra Excelencia suplicandole se sirva de poner

todo lo que va expresado, en la real notizia de Su Magestad22. Dios guarde a Vuestra

Excelencia muchos años como deseo. Lixboa y Diziembre 27 de 1727.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Señor Marques de la Paz.

Doc.132. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz descrevendo a

cerimónia da sua entrada pública na Corte de Lisboa, Lisboa, 7 de Janeiro de 1728.

AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-2v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Buelto a Vuestra Excelencia despachado este extraordinario para

participarle, como ayer tarde hize mi entrada publica en esta Corte, y passé a la

audienzia de la Magestad del Rey de Portugal, conduzido del Conde de Asomar,

Consejero de Estado, que me acompañó hasta la precensia de Su Magestad

Portuguesa en cuias reales manos pussé mis cartas de creenzia, hize mi orazion y me

despedi. Despues me conduzió a la audienzia de Su Magestad la Reyna de Portugal,

en cuias reales manos pusse asi mismo las cartas de creencia, y con esta Magestad

estaban los Ynfanticos. Luego acompañado del mismo Conductor, passe a ver al

Principe del Brasil, que me recibió solo en su cuarto, con los mismos gefes, que El

Rey su padre, y de este cuarto [fol.1v] passé a el de la Señora Infanta Dona Maria que

22 À margem: “Que yá la tengo repetidamente prevenido de lo que á avido enquanto á testigos etecetera. Y ultimamente que quando aya llegado la noticia de haverse executado sus [fol.4v] funciones; se expedirán los segundos decretos á los Consejos se escrivirá á todos los Soveranos, á los Ministros mios en las Cortes extrangeras, á todos los Capitanes generales, Commandantes generales, etecetera de tierra, y de mar, para la celebridad, y regosijos de salvas de artilleria y ultimamente que para quando llegue à esta Corte, aquella Señora Princesa estan resueltas las fiestas de toros en la Plaza Mayor, comedia fiesta real en Palácio, y otras etecetera”.

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assi mismo me recibio sola, con la Camarera mayor, Damas, y toda la demas familia

de la Reyna, y los dos gefes de Mayordomo mayor y Cavallerizo mayor y

Mayordomos que estan nombrados para la cassa de la Sserenissima Señora Princesa

del Brasil, y sirven ahora a la Señora Ynfanta. Despues de concluidas las referidas

audienzias, me retire a mi cassa, y aunque bien de noche por que acavó tarde la

funzion, hize la visita de formalidad al Secretario de Estado, el qual me expresó lo

contentos, gustosos, y satisfechos, que estavan Sus Magestades Portuguesas, de esta

mi primera funzion executada; en ella, se me hizieron todos los honores, que me

corespondia, haviendo estado formado un bue cuerpo de Cavalleria, y Ynfanteria, en

la plaza de Palacio, para mi recivimiento, que se mantubo hasta que me retire a mi

cassa. Para mi acompañamiento vinieron siete coches [fol.2] de la Cassa Real, ademas

del que me conduzia; tres heran de respeto, una de la Reyna, otro del Principe, y el

otro de la Princesa; queda señalado como avisé a Vuestra Excelencia con la buelta

del extraordinario para el dia diez la funzion de otorgar la escriptura de las

capitulaciones y para el siguiente onze, los desposorios, que de todo daré pontual

aviso y razon a Vuestra Excelencia.

En esta mi primera funzion executada, he procurado con el mayor lucimiento,

y magnificensia dexar sobstenida la grandeza del Rey Nuestro amo, y desempeñada la

confianza que he merezido a su real clemenzia, en estas comisiones, esperando

concluirlas, con ygual decoro, como pide la grandeza que en si encierran. Suplico a

Vuestra Excelencia se sirva de pasar a la real notizia de Su Magestad todo lo

expresado, y me repito a las ordenes [fol.2v] de Vuestra Excelencia y ruego a Dios

guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lixboa y Henero 7 de 1728.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Señor Marques de la Paz.

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Doc.133. Entrada publica del Marques de los Balvases en Lisboa á pedir la Princesa

Dona Maria Barbara de Portugal, para esposa del del [sic] Principe de Asturias Don

Fernando. AHN, Estado, Legado 2517, fols. 1-5. [Transcrição integral].

[fol.1v] El dia tres de Henero El Rey, embio recado al Excelentissimo Señor

Marques de loz Balbases, que el dia seis a las tres de la tarde le guardava en Palazio,

para su publica entrada; llegado el dia determinado, empezaron a las doze de dicho

dia a venir las carrozas de todos los fidalgos, con dos criados mayores con

sumptuozas libreas vestidos, en cada una, y hecho los cumplimientos en nombre de

sus amos a Su Excelencia, cada una de ellas se ponia en fila, para el acompañamiento.

A las tres de la tarde vino el Excelentissimo Señor Conde de Asumar, Consejero de

Estado, y Yntroductor con un sequito de siete carrozas reales, una de la Reyna, otra

del Principe, otra de la Prinzesa, una de litera con otras tres carrozas del Yntroductor,

con otras y todas llegaban al numero mayor de doze =.

Prezedia a todo este sequito una compania de cavallos que hazian apartar la

gente, por ser tanto el concurso que era impozible poder pasar adelante; llegado que

fue el dicho Yntroductor a la puerta de el Palazio de Su Excelencia, y siendo la

carroza tan grande, que no podia entrar en el patio de el Palazio, hizo entender dicho

Yntroductor a Su Excelencia, por su Cavallerizo la imposibilidad de poder entrar en el

patio, [fol.2] a lo que el Señor Marques respondio fuese para la puerta de el jardin

(creyendose pudiese entrar) y haviendolo entendido lo ejecuto asi, pero llegado que

fue a la menzionada puerta, hallo la misma dificuldad, y de nuevo lo hizo saver a Su

Excelencia, quien le respondió, que si no podia entrar con aquella, se pusiese en otra

mas pequeña, pues de otra forma no lo podia remediar; y enfim despues de una

politica disputa dicho Yntroductor, se puso en otra carroza mas pequeña, y entro por

la puerta del jardin, immediata a la de un salon; y luego que Su Excelencia le bio,

bajó, a quien hechos los devidoz cumplimentoz le introdujo a la sala de la audienzia, y

despues de una breve enarratiba, se puesieron hambos en el coche pequeño, y luego

que salieron de la puerta del referido jardin, se pusieron en la carroza grande que

estava en frente de la dicha puerta; en esta forma empezo el sequito de las carrozas,

despues de las, de los fidalgos, que eran quarenta y quatro a seis cavallos cada una,

seguian doz carrozas de el Embajador Ordinario de España, despues un adel Cardenal

Acuña, a esta das carrozas de la Reyna, Prinzipe, Prinzesa, despues quatro carrozas

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del Rey, dentro de las quales iban [fol.2v] doze Gentiles hombres de Su Excelencia

ricamente vestidos de barioz colores, con guarnizion y vordadura de oro, quarenta

lacayos que iban delante del coche de la persona prezedidoz de doz porteroz y quatro

bolantes con libreas que mas se puede dezir de oro, que de paño pues mas se veiá, el

oro, que el paño, con lineas de terziopelo color de ponzó, el paño de dichas libreas era

verde, con chupas de grana galoneadas de oro, las medias encarnadas con sombreros

bordados de oro, y plumage encarnado y dragonas de oro; y a las doz puertas del

coche de la persona iban doze pages, vestidos de terziopelo verde, todo guarnezido de

galon de oro, con chupas de tissú de oro, con riscas, pelucas, dragonas de oro,

spadines de plata, con zintas o fluecos de oro, medias color de ponzó, bordadas de

oro, los sombreros con galon de oro, y plumage encarnado; yba Su Excelencia en la

carroza con un bestido de glassé de oro con votones, y ojaladura de diamantes,

dragona de diamantes espadin y evillas de lo mismo, el sombrero bordado de

diamantes, y en lugar de boton, llevaba un gran broche de diamantes, doz de los

quales son de extrahorinario valor; yba Su Excelencia de esta suerte, con gran

donayre y cortesia magestuoza, saludando a todo el pueblo, por uno y otro lado [fol.3]

de la carroza, con semblante muy alegre; pues desde que salio de casa, asta que volvió

porr todas las partes por donde pasava unibersalmente gritaba el pueblo viva, viva, el

Embajador de Castilla.

A los lados de la carroza iban a cavallo los Escuderos uno de Su Excelencia,

ricamente vestido y el otro del Conductor de la misma suerte vestido, de tras venian

quatro cavallos a mano, con mui ricas sillas, gualdrapas de oro, una de las quales

estava cubierta de glassé, con franja de oro y un escudo de armas con las insignias de

la Casa, bordadas de oro, a reliebe seguiase a estos cavallos el tren de Su Excelencia

con dos literas, cada una con dos litereros muy bien bestidos; venia la primera que

estava echa en Paris con cavallos, con penachos y gualdrapas de ponzó guarnezidas

con punta de España de oro y franja de lo mismo al medio de las quales avia formados

dos escudos de armas bordadas a reliebe, adornados con insignias de guerra, y la litera

para dentro, y para afuera, toda guarnezida de glassé muy rico, y por afuera de los

christales abajo, pintada a la chinesa con sus fluecos de oro, para los lados y al

rededor =

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La otra litera, era de talla bellisima, toda sobredorada con pinturas a los lados,

y armas de la casa de Su Excelencia [fol.3v] y para adentro el zielo de terziopelo

blanco, con flores verdes con cordones y cortinas de oro; seguian a estas.

La primera carroza echa en Paris tirada para seis cavallos adornadas con

remates de terziopelo, con evillage de metal dorado a fuego, todos los cordones de

oro, y fluecos a piramides de oro, en la caveza de los cavallos, y en las clines y colas

mill distintos laberintos de oro, y pequeños fluecos de varios colores, que hazian una

ermosissima vista. Y siendo la carroza de una extrahordinaria grandeza, nó parezia

carroza, si nó montaña de oro, la qual por dentro y afuera estava guarnezia de un glasé

muy rico todo vordado a reliebe de oro, con franjas para adentro y para afuera,

compuestas de pequeños fluecos de oro, y á las quaro esquinas, quatro grandes

fluecos de oro, y su talla de un deseño bellisimo; en zima del zielo em lugar de

clavazon tenia unas rebueltas de metal labradas con ojas, de oro, con quatro remates a

las extremidades de las quatro esquinas, de el mismo metal sobredorado; en el medio

una gran corona sostenida de quatro niños, uno, y otros de bellisimo entalle

sobredorados. A los lados de la dicha carroza de los christales abajo, tenia tres

pinturas para cada lado, de una excelente mano, historiadas, en cada una de las quales

se veiá de un lado, la mathematica, de otro la riqueza, de otro la fortaleza, de otro la

sapienzia, de otro la esperanza [fol.4] y de otro la belleza; por la parte de otras dos

grandes pinturas con tropheos de guerra y amor, todas obras de singular ingenios.

La segunda carroza, compañera de la primera, echa por el mismo artifize en

Paris, y aunque esta no tenia corona, tenia las mismas pinturas, guarniziones, y

requisttos que la primera, solo que el campo era verde =

La 3ª carroza tirada de seis cavallos españoles, los quales en lugar de tirar,

parezia que volaban, era toda de oro, y terziopelo charmesi toda estrellada de oro, con

estatuas y pinturas para adentro, de terziopelo charmessi con franxas de oro, y

fluecos de lo mismo y a la espalda una gran pintura de oro, que representava la

fortaleza, la guarnizion de loz cavalloz era de terziopelo charmesi guarnezido de oro =

La quarta carroza mas hermosa, y menos grande que las tres podia mas presto,

llamarrse escaparate que carroza, pues era toda entallada de finisimo travajo de oro, y

pinturas finas a flores, con guarnizion de terziopelo carmessi, y cortináge blaco, para

adentro, y fuera guarnezia a trechos con franjas de seda color de oro, a esta la tiravan

seis mulas =

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La quinta era llana sobredorada con las armas de trôpheos y el fondo de la

parte de dentro de estopha de franzia color [fol.4v] de perla y verde tirada con seis

mulas =

La sexta, hera una berlina, ô forlon dorado con pinturas, guarnezida con

clavazon de metal, sobredorado a las espaldas tenia una gran labor de clavazon de

puntas de metal sobredorados para adentro, era vestida de terziopelo blanco floreado,

a esta tiravan seis mulas =

El numero de libreas de sala y escuderos eran setenta todos iguales y a cada

carroza iban dos mozos de cavallos a los lados. Este fue el tren de Su Excelencia =

De tras de este, venia el tren del Conductor que consistia en una litera de

terziopelo carmesi, con medianos galones de oro =

Tres carrozas a seis mulas cada una, que eran medianamente buenas, con doze

libreas amarillas con galon de oro a las chupas; en esta forma se portó Su Excelencia

a la audienzia =

Y echa su Embajada con gran brio delante del Rey, Reyna y Prinzipe beso las

manos a la Prinzesa, y por el mismo camino y forma se bolbio a casa, mas porque,

quando bolbiá era, ya noche, fueron los doze pajes con sus achas al rededor de la

carroza alumbrando a Su Excelencia y a el mismo tiempo estava toda la ziudad

yluminada de tal suerte que se veyá por plazas y calles, como si fuera de dia y como

la carroza estava abierta, los diamantes que Su Excelencia [fol.5] en el vestido y

sombrero traia parezian reluzientes estrellas;

Llegado a casa, entró por la puerta del jardin, y refrescó con el Yntroductor,

quien con el mismo acompañamiento que havia traydo se fue a su casa, y Su

Excelencia a las ocho de la noche, fue con todo su tren a visitar al Secretario de

Estado =

El dia 7 por la tarde, con el mismo tren Su Excelencia fue a visitar al

Cardenal=.

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Doc.134. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz descrevendo a

cerimónia da escritura pública e dos esponsais da Princesa D. Maria Bárbara com o

Príncipe das Astúrias, D. Fernando, Lisboa, 13 de Janeiro de 1728. AHN, Estado,

Legado 2517, fols.1-3v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Despacho a Vuestra Excelencia mi cavallerizo Don Mathias de

Landazuri, para que entregue a Vuestra Excelencia la escriptura original de las

capitulaciones matrimoniales del Sserenissimo Principe Nuestro Señor y la

Sserenissima Señora Infanta Dona Maria ya Princesa de Asturias Nuestra Señora para

que Vuestra Excelencia sirva de ponerla en las reales manos de Su Magestad esta

funzion de otorgar, y firmar la referida escriptura, se hizó en presencia de toda esta

Cassa Real y de todos los Ynfantes hermanos del Rey de Portugal, que assi mismo la

firmaron como Vuestra Excelencia reconozerá. En la sala en que se executó havia dos

bufetes, en el uno, firmaron estas Magestades, [fol.1v] y Altezas, y en el otro, que

estava bien separado del primero, firmamos el Marques de Capecelatro, y yo, y no nos

pusieron banquillo. Reconozerá Vuestra Excelencia que los testigos fueron seis por

parte, porque haviendo se olvidado de nombrar al Cavalleriza-mayor de la Princesa y

que como Gefe, querian que asistiese, me lo previno Don Diego de Mendoza, con

papel, para que le visitase nombrado por testigo, por parte de Su Magestad.

Acavada que fue esta funzion, al tiempo de retirarse Sus Magestades

Portuguesas, les pedi licencia para presentar a la Sserenissima Ynfanta, el retrato del

Principe Nuestro Señor que me la dieron, con expresiones de grande aprecio, y

estimazion por esta fineza, y haviendo yo passado al cuarto de la Sserenissima

Ynfanta me dio audienzia inmediatamente, y presente a Su Alteza el retrato poniendo

[fol.2] a sus pies con el, al Principe Nuestro Señor y me dixo hazia todo el mayor

aprecio de el. En este dia concurrio a Palacio toda la nobleza de esta Corte, y el

Marques de Capecelatro, y yo, fuimos juntos en publico.

El dia onze por la tarde, se efectuaron los desposorios, en la Capilla Patriarcal,

adonde bajaron Sus Magestades Portuguesas con toda esta Cassa Real, y con

numeroso acompañamiento de Damas, y de la nobleza de la Corte, y la vendezion la

echo, el Patriarcha, y inmediatamente la Sserenissima Señora Ynfanta, precedio a el

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Sserenissimo Principe del Brasil, se canto el Te Deum, y Sus Magestades

Portuguesas, y Altezas subieron de la Yglesia, con el mismo gran cortexo que

baxaron, y adjunta remito tambien a Vuestra Excelencia la certificazion del Patriarca

de los desposorios. Esta funzion, se executó con la mayor obstentacion, y pompa que

se puede dezir, pues el concurso fue grandisimo [fol.2v] de cavalleros, que estaban

riquisimamente vestidos. La Capilla, estava ygualmente aparada, y todo el Passo, y

escaleras que havian de hazer, hasta llegar a ella, estava mui bien colgado. Aquella

misma noche, hubo besamano en Palacio, de todas las Señoras de esta Corte, y las

Condesas que por razon de discordia con las Damas, hera ya mucho tiempo, que no

asistian a los besamanos, tubieron orden para que precisamente fueran en esta

ocasion, como lo hizieron, y besaron la mano a la Princesa, recibiendolas Su Alteza

en la misma forma, que las recibe la Reyna su madre, y ayer tarde fueron todos los

tribunales, al besamano de Sus Magestades Portuguesas, Principes, y Altezas.

Se han echo por tres noches fuegos, luminarias, por toda esta Corte, y

triplicadas salvas, de todas las fortezas, y nabios, del puerto, en cada noche, y la del

dia de los desposorios tubieron [fol.3] en Palacio, una gran serenata, adonde concurrio

toda esta Cassa Real, Damas, en cuia funzion precedia tambien la Sserenissima

Señora Princesa, al Sserenissimo Principe del Brasil, y la falda de Su Alteza desde

que salio de Palacio para yr a desposarse la llebava la Camarera mayor, de la Reyna

de Portugal, y a Su Magestad una Señora de Honor.

A todas estas fiestas fuimos convidados el Marques de Capecelatro, y yo, de

parte de Su Magestad Portuguesa y nos dieron bentana en Palacio para ver los fuegos,

y en la serenata, yna tribuna, haviendo devido la onrra a Su Magestad Portuguesa de

haver mandado se nos sirviera refresco, como lo executaron todas las tres noches. A

otro dia por la mañana, pasamos el Marques de Capecelatro, y yo, a cumplimentar a

estas Magestades y a saver de la salud de la Princesa. El Rey de Portugal [fol.3v] me

há expresado lo agradezido que está a Su Magestad y al Principe Nuestro Señor de

haver imbiado los poderes, que dando mui gustoso de haver servido a Su Alteza que

es quanto se me ofreze participar a Vuestra Excelencia para que se sirva de ponerlo en

la real notizia de Su Magestad quedando yo con la gran satisfazion que coresponde há

haver tenido la fortuna de concluir, tan felizmente estas, comisiones que El Rey, por

su gran venignidad y por onrrarme, se sirvió de ponerlas a mi cuidado. Dios guarde a

Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lixboa y Henero 13 de 1728.

Ex.mo Señor

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Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Ex.mo Señor Marques de la Paz.

Doc.135. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz sobre as jóias

dadas aos Secretários, Oficiais da Secretaria, Cardeal e Patriarca, responsáveis pela

assinatura, celebração das escrituras públicas e dos esponsais do duplo matrimónio

ibérico nas Cortes de Lisboa e Madrid, Lisboa, 21 de Janeiro de 1728. AHN, Estado,

Legado 2590, fol.1-2v. [Transcrição integral].

[fol.1]Ex.mo Señor

Y le recevido con este extraordinário que Vuestra Excelencia me ha

despachado su pliego y carta de Vuestra Excelencia de 13. del pressente con una de

ellas, me dize Vuestra Excelencia que el Marques de Abrantes havia presentado al

Señor Marques de la Compuerta un retrato de la Magestad del Rey de Portugal,

guarnecido de diamantes , dexando-le tambien sortijas para su Oficial, y Paje de Bolsa

con motivo de haver autorizado y leydo en precensia de Sus Magestades como

notário, la escriptura publica de las capitulaciones matrimoniales de Ñuestra

Serenissima Infanta, ya Princesa, con el Serenissimo Principe del Brasil, y me dize

Vuestra Excelencia tambien que el mismo Marques de Abrantes, presentó al Señor

Cardenal Borja, un pectoral de diamantes, por haver sido el Prelado [fol.1v] que

desposó a Sus Altezas; en correspondienzia de estas demonstraciones me remite

[?]Vuestra Excelencia otras tantas y iguales alajas, de orden de Su Magestad para que

yo, en su real nombre las presente assi al notário, que hubiere autorizado la escriptura

publica de las capitulaciones matrimoniales, del Principe Ñuestro Señor com la

Serenissima Señora Infanta D. Maria Princesa de Asturias Nuestra Señora como al

Prelado que hubiere echo los desposorios de Su Altezas, y en cumplimento de cuanto

para esto Vuestra Excelencia me previene, reglando-me á lo que executó el Marques

de Abrantes ahi, en ygual ocasion, dixe a Vuestra Excelencia passe a esta Secretaria

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de Estado a buscar a D. Diogo de Mendoza, que como notário de estos Reynos

autorizó la escriptura y le presente en nombre del Rey, el retrato de Su Magestad, y

las dos sortijas para que diera la del brillante del oficial de la Secretaria que havia

travaxado en la escriptura, y la del diamante rosa a su Paje, haviendo recivido dichas

[fol.2]alaxas, con el aprecio, y veneracion que devia expresando-me-lo assi, y que le

pusiera a los reales pies de Su Magestad.

El Prelado que desposo sus Altezas fue el Patriarca, y respecto de que este, no

da la mano anadie, y que por este motivo, y el de no estar ajustado con el, el

ceremonial, no le visite quando llague a esta Corte, ni la visita el Marques

Capecelatro, de que me previno desde los princípios de mi arribo, por esta razon he

dispuesto con el Secretario de Estado D. Diego de Mendoza, que el referido Prelado,

se halle un dia en Palácio, adonde concurrire yo, a la misma hora, y podre presentar-le

el pectoral de diamantes, y hemos quedado de acuerdo lo que executaré en esta forma,

luego que este Prelado, salga de su cassa, pues al presente se halla indispuesto, y de

haver-le yo presentado el pectoral, dare el aviso a Vuestra Excelencia a su tiempo.

Deseo haver cumplido con acierto en todas estas comisiones que Su Magestad por su

real benignidad [fol.2v] ha sido servido de onrrar-me, poniendo-las a mi cuidado y

zelo. Dios guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lixboa y Henero

21 de 1728.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor servidor

A El Marques de los Balabses

Ex.mo Señor Marques de la Paz.

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Doc.136. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz informando

que tinha encontrado o Patriarca de Lisboa nos aposentos de D. João V e que

aproveitara essa ocasião para lhe entregar uma jóia por este ter celebrado a bênção

nupcial do Príncipe das Astúrias com a Infanta D. Maria Bárbara, Lisboa, 27 de

Janeiro de 1728. AHN, Estado, Legado 2517, fols 1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. En consecuensia de quanto dixe a Vuestra Excelencia en carta de

21 del corriente en orden a la forma en que havia dispuesto presentar el pectoral de

diamantes a este Patriarca por haver sido el que desposó al Principe Nuestro Señor y

del motivo tenia para no buscarle en cassa, participo a Vuestra Excelencia como de

acuerdo con el Secretario de Estado encontre al Patriarca en Palacio en el cuarto de Su

Magestad Portuguesa y le presente al referido pectoral en nombre de Su Magestad que

recivio con el devido aprecio, y me encargo le pusiera a sus reales pies esta misma

suplica me repitio por su parte el Secretario de Estado Don Diego de Mendoza que a

este efecto vino a mi cassa en nuestra de su agradecimiento por el retrato de Su

Magestad que como avise [fol.1v] a Vuestra Excelencia le havia dado con las dos

sortijas una para el oficial, y otra para su paje. Dios guarde a Vuestra Excelencia

muchos años como deseo. Lixboa y Henero 27 de 1728.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Ex.mo Señor Marques de la Paz.

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Doc.137. Carta da Marquesa de los Balbases para o Marquês de la Paz suplicando

que intercedesse para que o seu marido regressasse rapidamente a Madrid, não só pelo

estado de saúde do mesmo, como pelo da sua filha, Madrid, 5 de Fevereiro de 1728.

AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio deseo que Vuestra Excelencia goze la mas caval salud, la mia

se halla sin novedad a la disposizion de Vuestra Excelencia pero aviendoseme

aumentado sobre el cuidado de mis hijas que no acaban de cambalicer en especial

Nicolasa que se halla fatigada de lutos, el de aver sabido con las cartas de oy se halla

indispuesto mi primo no puedo dexar de recurrir á Vuestra Excelencia, pidiendole que

en la forma que a Vuestra Excelencia mejor parezca de la piedade de los Reyes el

permiso de bolber al descanso de su casa, pues hallandose concluidas las

dependencias que Su Magestad [fol.1v] se digno encargarle, y discurriendo no ser

preciso al real servicio el que el exponha su salud, y sus combiniencias (como hasta

aqui lo ha executado gustoso) dibo interesarme en que salga de un temple que se ha

experimentado contrario á ella, y tener yo el consuelo de su compañia en qualquiera

acidente de mis hijas que quiera embiarme este espero conseguir para medio de

Vuestra Excelencia, de quien quedo siempre con seguro afecto. Nuestro Señor guarde

a Vuestra Excelencia los malles que le suplico. Madrid y Febrero 5 de 1728. Ex.mo

Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su maior serbiedora

A la Marquesa de los Balbases

Ex.mo Señor Marques de la Paz.

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Doc.138. Ofício do Marquês de los Balbases para o Marquês de la Paz informando-o

acerca dos ajustes que acordara com o Secretário de Estado português relativamente

às audiências públicas que obteria dos irmãos do rei de Portugal, os Infantes D.

António e D. Francisco; cerimonial entre Embaixadores e Condutores, Lisboa, 13 de

Fevereiro de 1728. AHN, Estado, Legado 2517, fols.1-2v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Señor mio. Con motivo de haver estado yo con Don Diego de Mendoza a

tratar el ceremonial para la visita de los Ynfantes hermanos del Rey de Portugal ( que

todavia no queda acordado) me ha prevenido el referido Don Diego de Mendoza en el

supuesto de que está mui proxima mi partencia de esta Corte, que la audiencia de

despedida quiere Su Magestad Portuguesa la haga en publico con el Conductor, con la

misma obstentacion y ygual forma que mi entrada publica; en esta inteligencia

participo a Vuestra Esxcelencia que en la ocasion de mi audiencia publica se ofrecio

la disputa sobre el ceremonial de bajar yo la escalera si havia de ser toda o parte antes

que el Conductor se baxara del coche, y no haviendonos puesto de [fol.1v] acuerdo,

propuse en aquella ocasion que el Conductor entrará por la quinta de mi cassa, pues

no teniendo por ella escalera se hallanaba la dificultad. A esta proposicion combino El

Rey de Portugal, y en esta forma se executó. Aora me há prevenido Don Diego de

Mendoza, que el Conductor ha de venir por la puerta principal de mi cassa, y que el

haver passado Su Magestad Portuguesa, por el medio termino de la quinta, fué por

estar señalados los dias para las tres funciones, que se executaron y no quiso

diferirlas. Yo he de vaxar a recibir a el Conductor, y este, pretende no vajarse del

coche hasta que me presente a su vista, esto no puede ser por la situazion de la

escalera hasta estar al pie de ella, con que me hallano vaxar mas de la mitad de la

escalera, para que avisandole que esto yen ella, vage del coche, pero por ningun

casso quieren que el Conductor lo execute, concluiendo con que me ha de ver

primero, y siendo assi, vendre á estar al pie de la referida [fol.2] escalera. En esta

misma forma y en el todo ygual que al Rey de Portugal, pretenden los Señores

Ynfantes sus hermanos haya tambien de recivir a sus Conductores, sin embargo, que

no son Consejeros de Estado como el del Rey de Portugal, y no obstante que el

Nuncio Bique, unico exemplar que hay de haverlos visitado, dize que el Conductor

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que fue suio, se baxó del coche antes que el Nuncio se dejase ver, lo que niega este

Secretario de Estado, y por cuia disputa no hemos acordado mis visitas, y por que han

puesto ahora esta nueba pretencion. En esta inteligencia suplico a Vuestra Excelencia

que haziendo presente al Rey todo lo referido, me diga Vuestra Excelencia claramente

lo que devo executar, pues yo estoy promto a lo que Su Magestad resolviere, y a hir

en publico a la audiencia de despedida con la misma obstentacion que el dia de mi

entrada, pues mantenho todo el tren, y criados con que la executé, y prevengo a

Vuestra Excelencia que para la dicision de este ceremonial, no me puedo governar por

el que hizo el Marques de Capecelatro, en la ocasion [fol.2v] de su entrada publica,

por que Don Diego de Mendoza, y el Conductor que fue suio, contradizen a lo que

refiere el Marques executó el, y no quieren combenirse ni pasar por su dicho, ni

quieren zeder un punto ni por parte del Rey de Portugal, ni por la de los Señores

Ynfantes sus hermanos. Dios guarde a Vuestra Excelencia muchos años como desseo.

Lixboa y Febrero 13 de 1728.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor servidor

A El Marques de los Balbases

Ex.mo Señor Marques de la Paz.

Doc.139. Carta de José Correia de Abreu para [?] relativo ao cerimonial da chegada e

primeira visita feita ao Secretário de Estado português pelo Marquês de los Balbases,

Lisboa, 22 de Novembro de 1732. BNA, 54-IX-1, nº 95, fols.1v-2v. [Excerto].

[fol.1v] [...] Logo que Monsenhor de Cavalhieri chegou a caza comessou a

fazer o primeiro passo que lhe prescrevião as suas instrucções (segundo elle dis)

contraria ao que por ordem de Sua Magestade se tinha advertido a Vossa

Reverendissima em a minha carta de 14 de Setembro passado, na qual lhe disse, que a

admissão de Monsenhor de Cavalhieri era com condição, de que emquanto Sua

Magestade não estivesse na posse de todas as satisfações que se tinhão projectado o

dito Prelado não seria admitido á sua real prezença, nem a couza alguma; e isto

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mesmo ordena o dito Senhor lhe torne de novamente a repetir a Vossa

Reverendissima; como tambem o que lhe tinha dito em a minha carta de 28 de

Setembro de 1731, na qual disse posetivamente a Vossa Reverendissima que quando

o Nuncio houvesse de vir, se lhe devia ordenar que não entrasse em duvida deixar de

vezitar o Senhor Secretario de Estado da maneira que o vezitou o Marques dos

Balbazes Embaxador de Castella, pois assim estava estabalecido, e em pratica, ao que

tambem já não tinhão duvida os francezes, os quais tem feito [fol.2] e fazem as mais

repetidas deligencias porque se lhe admita Ministro; porque tendo-se comprometido

Sua Magestade com a Corte de Castella, que Ministro algum de outra Corte, e ainda o

Nuncio de Sua Santidade se admeteria que praticasse diversamente não pode o

mesmo Senhor (alem de outras rezões que lhe asistem) deixar de sustentar este ponto

de ceremonial. E se então não dey a Vossa Reverendissima destincta noticia de todas

as circunstancias que deve praticar a cada hum dos Embaxadores, como tambem o

Nuncio, foy por intender, que bastava dizer-lhe que devia praticar o mesmo que o

Marques dos Balbazes; porem vendo agora, que não obstante o haver-me escrito

Vossa Reverendissima que este ponto estava, e que o Monsenhor Cavalhieri se lhe

mandavao as necessarias instrucções, que este Prelado pretendia praticar o mesmo se

não he que diversamente do que pello passado praticavão os Nuncios, estimo ser

precizo informar a Vossa Reverendissima, tanto de hum, como de outro estillo.

E para sua noticia deve Vossa Reverendissima saber, que a alguns Nuncios

pello passado (segundo dis o Official mayor da Secretaria de Estado) costumavão,

depois que tinhão a primeira audiencia particular de El Rey, mandar Breves ao

Secretario de Estado aos quais depois de vistos, e examinados se lhe restituhião com

as lemitações para poderem exercitar as suas faculdade depois de virem á audiencia

publica, excepto a alguns, que por especial graça de Sua Magestade ( sem que

pudesse servir de exemplo) lhes permetio, que primeiro de darem a sua entrada

publica podessem exercitar as faculdades logo que os Breves facultativos estivessem

examinados pello Procurador da Coroa, e vistos pella Meza do Dezembargo do Paço,

remetendo-lhos o Secretario com a sobreditta condição, e com as clauzulas

necessarias.

O que se estabaleceo com a Corte de Castella, e o que praticou o Marques dos

Belbazes [sic], e que devem praticar todos os Em-[fol.2v]baxadores, e o Nuncio de

Sua Santidade vem a ser, que logo que aqui chegarem devem mandar a pessoa mais

destincta da sua familia do Senhor Secretario de Estado a dar-lhe do seu arrivo, e

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pedindo-lhe queira agradecer a Sua Magestade as honrras que recebeo, em que pello

pessoalmente o não faz. No dia seguinte lhe manda o Senhor Secretario hum seu

gentil-homem a dar-lhe as boas vindas, e juntamente a dizer-lhe que fez prezente a

Sua Magestade a sua chegada. Em outro dia, que lhe parece, torna a mandar o

Embaxador outro gentil-homem a pedir ao Senhor Secretario de Estado lhe de hora

para poder vir delle, ao que se responde que pode vir as tantas horas, o que sem falta

executa o Embaxador. No dia seguinte, e nesta vezita, aprezenta o dito Embaxador

copia exacta das suas credenciaes. Depois, quando fazem a sua entrada publica são

obrigados no mesmo dia de tarde a vir vezitar em publico, e com todo o estado o

Senhor Secretario de Estado e juntamente se estabaleceo, e conveio em se não dar

mais hospedajem aos Embaxadores, o que tambem já se tinha praticado com o

Embaxador Marques de Caprisciolatro.

[...].

Doc.140. Extracto do cerimonial que se praticou entre o Secretario de Estado, e o

Marques de los Balbazes Embaixador Extraordinario de Espanha, que se remetteo

em carta de 11 de Dezembro de 1736. BNA, Manuscrito 54-X-4, nº 73, fols.1-2.

[fol.1] Chegando em 13 de Abril de 1727 a Aldea Galega o Marques de los

Balbazes Embaixador Extraordinario de Espanha, mandou por hum gentil-homem dar

parte ao Secretario de Estado da sua chegada. Este gentil-homem falou ao Secretario

de Estado em 14 de Abril, e lhe entregou huma carta do Embaixador em que pedia ao

Secretario de Estado o puzesse aos pes de Sua Magestade emquanto elle não o podia

fazer pessoalmente, e lhe agradecesse da sua parte as honras com que tinha sido

recebido nos dominios de Sua Magestade.

No mesmo dia se mandarão para Aldea Galega as embarcaçoens para

transportar o Embaixador a esta cidade; onde desembarcando no dia seguinte 15 de

Abril, achou os coches de Sua Magestade e o Conde de Obidos, que o conduzio.

No dia 15 pellas tres horas da tarde mandou o Marques de los Balbazes

comprimentar o Secretario de Estado, pello principal gentil-homem da sua caza.

No dia 16 pellas nove horas da manham mandou o Secretario de Estado

comprimentos ao dito Marques por hum seo gentil-homem.

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Na tarde do mesmo dia 16 tornou o sobreditto principal gentil-homem do

mesmo Embaixador á caza do Secretario de Estado, pedindo-lhe da parte do seu amo,

dia e hora em que o pudesse vir vizitar, e o Secretario de Estado deo a hora das dés da

manham seguinte.

[fol.1v] A ésta hora no dia 17 chegando o dito Embaixador á porta do

Secretario de Estado foy recebido por todos os gentil-homens deste Ministro ao

desmontar do coche, e o mesmo Secretario de Estado o recebeu á saída da porta da

sala, dando-lhe sempre o melhor lugar.

Prezentou o Embaixador ao Secretario de Estado quatro cartas credenciais,

duas de El Rey Catolico para Suas Magestades e outras duas da Raynha Catolica para

as mesmas Magestades.

Depois de entregar as ditas cartas, pedio ao Secretario de Estado o puzesse aos

pés de Sua Magestade pellas honras que tinha recebido nos seus dominios, e que

dezejava quanto antes a de poder alcançar a sua audiencia particular, que o Secretario

de Estado lhe prometeu solicitar.

Acabada a vizita veio o Secretario de Estado acompanhando o Embaixador até

o patamal da escada onde esperou que o Embaixador a tivesse decido, e a familia o

reconduzio até o coche.

No dia 18 pella manhã mandou o Secretario de Estado por hum seu gentil-

homem pedir hora ao Embaixador para ir vizita-llo; e indo de tarde se observou em

tudo tanto da parte do Embaixador, como da familia, o mesmo que em caza do

Secretario de Estado se havia praticado no dia antecedente.

Aos 6 de Janeiro de 1728 pellas tres horas da tarde teve o dito Embaixador

audiencia publica de Suas Magestades e Altezas na forma costumada. E na mesma

tarde depois de se retirar á sua caza, e despedir-se o Conductor com os coches de Sua

Magestade e do cortejo, tornou o Embaixador a sair para fazer vizita ao Secretario de

Estado, na mesma [fol.2] forma, e com o mesmo trem proprio, com que tinha ido ao

Paço. O ceremonial desta vizita foi o mesmo que se praticou na primeira vez.

Na tarde seguinte foi o Secretario de Estado pagar ésta vizita ao Embaixador

praticandosse nella o mesmo ceremonial.

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XIII. Embaixada do Marquês de la Candia em Lisboa (1743-1746)

Doc.141. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias descrevendo a

sua primeira audiência na Corte de Lisboa; refere que a Rainha D. Maria Ana de

Áustria o recebeu como se fosse Embaixador de Família; descrição de alguns

elementos da família real portuguesa, Lisboa, 13 de Novembro de 1743. AGS, Estado,

Legado 7195, fols.1-3. [Excerto].

[fol.1]Ex.mo Señor

Mui Señor mio. Esta mañana me âcosté â las siete, por que á esa hora acavé el

correo; A las ocho me envio avisar el Secretario de Estado Don Marcos Antonio

Azevedo, que a las onze podia âllarme en Palácio para la audiencia de la Reyna,

Principes, y demas personas reales como lo executé y encontrandole âlli, que me

esperaba para âcompañarme, me dijo que la Reyna me reciviria en el gabinete con

toda la familia real (á excepcion del Ynfante D. Antonio) como á Embajador de

Familia, [fol.1v] que siempre que io quisiese podria hir al quarto de la Princesa del

Brasil que la hablaria todos los dias sin dificuldad. Entré a la audiencia de la Reyna

que me recivio con suma venignidad, usó Su Magestad de expresiones de cariño, y

atencion para con los Reyes Nuestros Señores, lo mismo el Principe y el Ymfante

Don Pedro; Para hablar de la Princesa seria menester llenar muchos pliegos de papel.

Es grande su vibeza, no corresponde su cuerpo, pero si hermosura. Está un poco

delgada; diferimos para su quarto en hablar despacio, respecto â que como la Reyna

se mantubo en pie mientras hize los cumpli [fol.2] mientos â cada uno de por si, no

me parecio política yncomodar mas â Su Magestad maiormente quando los acavé

bolvi otra bez â hablarla y me encargó significar se â los Reyes nuestros Señores, su

constante cariño, y sinzera âmistad que profesa â Sus Magestades y el agradecimento

en que la constituhia el dolo que la expresé âsistia a los reyes nuestros señores por la

quebrantada salud de Su Magestad portuguesa.

La Señora princesa de verya y las dos Infantas son preciosas: guardaron

silencio por lo que no puedo referir nada de su viveza; mucha les puediera dar su

madre, y se puede [fol.2v] decir por Su Alteza vien haya quien â los suyos se parece,

porque tiene mucha gracia de la que le sobra â la Reyna nuestra Señora. Despues

passé al quarto del Ynfante Don Antonio que me pidió encarecidamente manifestase â

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la Reyna nuestra Señora lo reconocido que vice â Su Magestad y la memoria que

conserba de lo mucho que le honrró quando las entregas. Suplico â Vuestra

Excelencia se sirva ponerlo todo en la real noticia de Sus Magestades remitiendome

en lo demas â lo escrito con fecha de âyer, y me repito como siempre â la disposicion

de Vuestra Excelencia para quanto quisiere mandarme.

[fol.3] Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo.

Lisboa 13 de Noviembre de 1743.

Ex.mo Señor

Estaba por el alcance espero las resultas de lo que â noche pedi a Vuestra Excelencia

en mi carta confidencial de 15 medios pliegos.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor reverendo y obligado servidor

Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias

Doc.142. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias queixando-se

da carestia da cidade de Lisboa e da vida isolada da generalidade da Corte; despesas e

outros gastos diários, Lisboa, 20 de Novembro de 1743. AGS, Estado, Legado 7195,

fols.4-10. [Excerto].

[fol.4] [...] No es cuenta comoda, para que no he visto lugar mas caro que este,

ni Corte tan retirada, de manera que cada uno se esta en su casita si juntarse, ni haver

[fol.4v] conversacion publica, ni privada; todas las noches me estado en la mia con

los criados que á seguro á Vuestra Excelencia que con el genero que he tenido

siempre de pasar los ratos desocupados en compañia racional, no puede ha-[fol.5]ver

para mi maior, ni mas duro martirio que el que tengo en soledad que sufro aqui. Mas

quisiera vivier desterrado en Caramanchel que estar asi redusido á no ver á nadie. En

quanto á lo demas es mui buena ciudad [fol.5v] regaladisima, de perfecto aire, solo

que no ai nieve siempre a mi me tiene indispuesto el carecer de ella; es verdad que

con él aire de la marina algunas veses se tiene fria el agua medianamente. El dia

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despues que llegué á esta Corte és [fol.6] el unico que huvo nieve; la train de catorze

leguas largas de esta ciudad. Me dicen que an hecho profundos i mui capaces ___[?]

en disposicion de tener nieve para todo el año. Yo estoi bien mor-[fol.6v]tificado de

que los amos no aian conseguido sus proietos respecto á mi embarco;

[...]

[fol.8] [...] No dudo dever tambien á Vuestra Excelencia que tenga en

memoria el dia que en-[fol.8v]tré en ella para mandar que desde ese dia se me

bonifique el sueldo en considerasion ál grande gasto que estoi haciendo, tanto en esta

Corte como fuera de ella. Son ia muchos meses que mi hequipage esta en Hamburgo.

Las mas de las provisiones se havrán [fol.9] inutilisado, y todo questa. Aseguro á

Vuestra Excelencia que es increible él gasto diario que la familia hace regular, sin

nada de extraordinario. Siempre saldrá bien castigada de la bolsa de la detension, y

demora aqui despues de diesiocho meses que fui nombra-[fol.9v] do para Ministro en

Dinamarca, sin haver dejado de la mano las prevenciones el maior lusimiento de la

comicion; en que gaste mas de lo corresdiente [sic] a mis haveres. Todo lo daré para

bien empleado teniendo la fortuna de a-[fol.10]sertar en lo que Su Magestad á puesto

á mi cuidado. Los instantes se me hacen siguientes en la detenzion que padesco aqui,

siendo el perjuisio que se sigue á él servicio del Rey lo que con razon me tiene

inquieto.

[...].

.

Doc.143. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias relativo à sua

nomeação oficial enquanto Embaixador na Corte de Lisboa; conversa que teve com o

Cardeal da Mota nesta ocasião; felicidade da Princesa D. Mariana Vitória por ter sido

declarado Embaixador; refere que, por ordem do Cardeal da Mota, estavam a ser

renovadas as cocheiras e cavalariças de uma quinta nas proximidades de Bélém, para

a qual se deveria mudar, Lisboa, 11 de Dezembro de 1743. AGS, Estado, Legado

7195, fols.1-4. [Transcrição integral]. [fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. A las diez de la noche del dia 8 llegó el extraodinario con el

paquete, que yncluia la carta de Vuestra Excelencia de 4 del corriente, y los demas

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papeles que en ella se citan de que remitiré a Vuestra Excelencia el recivo que me

previene.

Permitame Vuestra Excelencia no dilate mas él solicitar por su medio rendir á

los reales pies de Sus Magestades las mas reverentes gracias por la nueba honra, que

se han dignado concederme en el nombramiento de su Embajador Ordinario cerca de

Su Magestad Portuguesa, [fol.1v] que suplico a Vuestra Excelencia se sirva

significarlo á Sus Magestades como asi mismo, el que reconozco este honor, y

particular confianza por un verdadero efecto de su real piedad, que empeña mas mi

obligacion á sacrificarme (como siempre he anhelado) en servicio de Sus Magestades

que pueden estar persuadidos no vivo con otra ambicion, y que todo mi cuidado, y

maior desvelo se dirijirá al logro del acierto, de lo que Sus Magestades han sido

servidos encargarme.

Despues de haverme enterado del contenido de los principales papeles, pasé el

dia 9. por la [fol.2] mañana á esta con el Cardenal de Mota, quien havia ya dos horas

antes a su quinta, una legua distante de esta cuidad; encamineme á ella, y di parte á Su

Eminencia de la novedad, con que me hallava, recivió con gusto la noticia, se hizo

cargo de comunicarla á Su Magestad Portuguesa, dijome que su animo era detenerse

alli hasta ayer por la noche, que se retiraria á esta Corte, pero que se yo gustaba

passaria aquella tarde á dar quenta al Rey, lo que no admiti, porque no se pribase de la

satisfacion de gozar de su quinta por [fol.2v] el corto tiempo, que havia determinado,

maiormente quando los dos considerabamos no ser justo se publicasse mi caracter,

hasta que me hallase fuera de la posada en que estoi, y que combendria buscar en

estas ynmediaciones una quinta adonde mudarme con el pretexto de dever pasar aqui

el Ymbierno, que confidencialmente podia participarlo al Señor Marco Antonio

Azevedo Secretario de Estado, quien se hallaba yndispuesto en la cama, y tambien a

la Princesa.

La misma noches estube con el Señor [fol.3] Guedes, que encontré en casa del

primero; estos Ministros celebraron con expresiones, para mi de mucho aprecio, la

noticia, que les di.

Ayer vi á la Princesa en la misma conformidad, que hasta aqui; no es explicable

el gusto, que manifestó Su Alteza por mi destino en esta Corte con el caracter de

Embajador, y el de su criado, como la expresé devia reconocerme; oy no escrivé a Sus

Magestades porque no lo ejecutará con el extraordinario, que procuraré despachar

quanto antes.

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El Cardenal de Mota dio esta tarde [fol.3v] quenta a los Reyes y me a dicho, que

Sus Magestades han celebrado esta noticia con sumo gusto. Su Eminencia aprobó la

eleccion, que hize de una quinta, que está antes de llegar a Belen, y que me ha

buscado cocheras, y cavallerizas, que la faltaban; que és lo que en medio de la

confusion de las prebenciones para mi establecimiento (que por caracter del equipage,

que tengo en Hamburgo, me son mui embarazosas, y no menos costosas) puedo decir

á Vuestra Excelencia y que los Reyes, Principes, y demas personas reales se

mantienen sin novedad, para que se sirva noticiar á Sus Magestades [fol.4] y hacerles

presente las dos cartas adjuntas del Cardenal de Mota.

Vuestra Excelencia me tiene cada dia mas reconocido á sus favores, y como

siempre dispuesto á obedecerle en quanto me mandare.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa

11 de Diciembre de 1743.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor reverendo y obligado servidor

Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias.

Doc.144. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias referindo que

se determinara não ser necessário realizar uma entrada pública na Corte de Lisboa,

assim como o mesmo não seria exigido no futuro aos diplomatas portugueses em

Madrid; refere que iria pedir uma audiência privada para entregar as suas cartas

credenciais, Lisboa, 16 de Dezembro de 1743. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-1v.

[Transcrição integral].

[fol.1]Ex.mo Señor

Mui Señor mio: Tengo allamado el que no se me precise de hacer entrada

publica, que dando estabelecido para en adelante, y lo mismo en esa Corte, respecto a

el Embajador de Su Magestad Portuguesa en ella, pero no me exime esto del gasto

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preciso para el lucido tren que es yndespensable aqui, em cuia consequencia luego

que se publique mi caracter pediré la audiencia para entregar las cartas confidenciales,

conserbando en mi las credenciales, y enseñando solo las copias. Como mi audiencia

no ha de ser publica, no se se deverá echar menos en la arenga. En la falta de las

palabras [fol.1v] quevienen raiádas en la ynstituicion me serviré de las que se me

previenen; de que se servirá Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa 16

de Deciembre de 1743.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor reverendo y obligado servidor

Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias

Doc.145. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias queixando-se

dos gastos que tinha na Corte de Lisboa, onde apenas o «sal es barata», Lisboa, 16 de

Dezembro de 1743. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. No dudo tendrá Vuestra Excelencia presente que el dia 8 del

pasado entré en esta Corte para expedir las ordenes de que se me assista del suedo, y

ayuda de costa, que El Rey me ha señalado, con prebencion de que se practique

conmigo lo que con los Ministros del Norte, u otros, a quienes se les asiste

mensualmente, pues por aora no pienso en pedir otra consignasion y como ba pasados

meses que me hallo aqui gastando de mi bolsillo, quando este no alcansa, ni con

mucho, a los crecidos gastos de mi establecimiento, [fol.1v] he de decir a Vuestra

Excelencia se sirva disponer el que se me manden dar aora aqui el ymporte de quatro

mesadas contadas desde el expresado dia 8 de Noviembre ynclusible y que cumplidas,

por necesitar este socorro para las prebenciones precisas de casa, y para el gasto

ordinario, que sube a mucho, por lo caro que esta ciudad donde solo la sal es barata.

Cuente Vuestra Excelencia sobre cien doblones por una mula, quatro mil escudos por

un coche, y a este teror todo lo demas. Me he empeñado bastante, y callo, porque me

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hago cargo de como esta el herario del Rey, pero sin recibir con puntualidad lo que se

me ha señalado me es ymposible el pasar.

[fol.2] Espero que Vuestra Excelencia me dispense este favor, y el de sus

preceptos para el logro de obedecerle.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo.

Lisboa 16 de Diciembre de 1743.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor reverendo y obligado servidor

Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias

Doc.146. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias referindo que

o Secretário de Estado português lhe dissera que, apesar do rei não ter dado audiência

ao Embaixador francês, teria todo o gosto em recebê-lo; pressão que terá feito o

Cardeal da Mota sobre o Patriarca de Lisboa no sentido deste último visitar o

Marquês de la Candia, Lisboa, 26 de Dezembro de 1743. AGS, Estado, Legado 7195,

fols.1-2v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. Con el ultimo ordinario recivi la carta de Vuestra Excelencia

de 13 del corriente.

Ayer me envio el Secretario de Estado, que sin embargo de la yndisposicion

del Rey, y de no haver concedido audiencia à Monsieur Chabigni, quando salio de

aqui, el gran deseo que Su Magestad tenia de conocerme, la esforzaba a querer

darmela, señalandome el dia de mañana a las onze; que si acaso en el hubiese

amanecido Su Magestad con alguna novedad, que le ympediese a recivirme, y se me

advertiese quando me hallase en la ante camara para entrar a su quarto [fol.1v] pasase

al de la Reyna, Principes, y demás personas reales; prebencion, que se me hacia por el

gran temor en que está, de que de una hora a otra le repita el accidente de epilesia,

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segun el dictamen de los médicos; el dia en que se celebra el nombre de Su Magestad

Portuguesa.

El Cardenal de Mota continua dandome muestras de su ynclinacion a

favorecerme; esta Corte mantiene aún el luto por la muerto de la ultima

Archiduquesa, y por consequencia el Cardenal anda con libreas negras; el dia que

mandó a cumplimentarme, envio los criados con la libréa de gala.

El Cardenal Patriarcha, a quien visité quando llegué a esta Corte, no me pagó

[fol.2] la visita, sin embargo de haverlo practicado los Cardenales Acuña, y de Mota.

Hablando yo con el ultimo dia antes de publicar mi caracter, del reparo que se

me ofrecia para prevenirlo al Cardenal Patriarcha, por la poca atencion, que le havia

merecido; convino en que havia faltado el Cardenal Patriarcha, pero que yo haria bien

en no reparar en ello, y ejectuar con el lo que con los demas Cardenales; manifestéle

que en todo queria darle gusto, y seguir su dictamen y envia a darle parte de mi

empleo de Embajador en esta Corte; y aunque el devia mandar a cumplimentarme, y

esperar a que yo le fuese a ver para [fol.2v] hacerme la visita, rompió la etiqueta, y

vino el dia seguiente a verme, y a darme la enorabuena; efecto cierto de los oficios del

Cardenal de Mota, y que dispondria se lo mandase a Su Magestad Portuguesa;

Los Reyes, Principes, y demas personas reales continuan sin novedad ( ni hai

otra, que la de haver muerto el Conde de la Laisera) de que Vuestra Excelencia se

servirá dar quenta a Sus Magestades haciendome la honrra de repetirme rendido a sus

reales pies.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa

26 de Diziembre de 1743.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia su mayor reverendo

Y obligado servidor

El Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias.

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Doc.147. Carta cifrada do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias

informando-o que o Príncipe do Brasil estava desconfiado que o objectivo da sua

passagem por Lisboa fora desde o começo intalar-se definitivamente e não passar à

Dinamarca, como afirmara inicialmente, Lisboa, [1743?]. AGS, Estado, Legado 7195,

fol.1. [Transcrição integral].

[fol.1] El Principe dijo á la Princesa pocos dias ha, que

308 582 301 233 366 405 584 2 751 292 179 302 228

mi venida á esta Corte no fue para ir á la de

319 2 86 901 1019 662 297 448 471 949 664 559 912

Dinamarca si no para quedarme aqui.

745 273 367 648 300 217 2 97 903 912 993 384

La Princesa le respondió, que no

900 283 406 584 408 430 751 656 792 243 2 177

le parecia fuesse assi, porque sabia

904 407 746 259 289 449 559 95 367 98 2 249 93

que yo tenia mi equipage en

1022 448 993 695 103 662 367 902 305 89 745 881

Amburgo , respondio el Principe que no

307 563 2 259 180 752 657 308 244 309 582 2 85

impedia sin duda lo havria

904 973 748 792 449 1 443 379 382 483 318 123

oido à los Reyes y al Cardenal de

366 579 378 449 817 760 385 2 674 115 454 299

Mota, y estos lo inferiran de haver

975 101 2 779 466 360 484 731 225 343 431 299

escrito Monsieur Chavigni de Francfort tres

478 719 212 190 492 45 303 807 662 300 727 656 556

correos ha, que estaba nombrado por Em-

850 948 179 319 2 174 396 101 699 665 19 121 378

baxador á esta Corte. facil és adivinhar de

171 634 449 471 949 1 312 466 366 301 1021 740

quien pudo saberlo. Lo cierto és que

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299 90 753 378 93 200 484 1 653 289 388 190 386 2

comviene el que nunca se sepa fue mi

86 635 1022 6 660 309 994 162 185 511 745 559 902

venida aqui con otro fin que el de embar-

1019 663 298 283 626 666 475 173 309 299 552

carme para Dinamarca.

785 372 900 912 217 1

Doc.148. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias descrevendo a

sua primeira audiência privada com o rei, rainha, príncipes e infantes portugueses,

Lisboa, 2 de Janeiro de 1744. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-2v. [Transcrição

integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. Con el correo de mañana espero las respuestas de lo que

escrivi a Vuestra Excelencia en 16. del pasado, respecto a decirme Vuestra Excelencia

en su carta de 20. del mismo, que por acavar de llegar el extraordinario solo havia

dado por maior quenta al Rey.

El dia 27. que esta Corte celebró el nombre de Su Magestad Portuguesa tube

mis audiencias particulares, conforme se me previnó.

El Rey me recivió en su quarto, sentado en la silla de manos; respondio con

grande afavilidad, y con expresiones mui atentas a quanto le expresé de parte de los

Reyes Nuestros Señores, y me honrró mucho despues de haverle hablado de la

[fol.1v] mia. De alli passé al de la Reyna, luego a los del Principe, Princesa, Ynfante

Don Pedro, y del Ynfante Don Antonio, y todos correspondieron, con vozes mui

afectuosas a los cumplimientos que les hice; el Principe, y el Ynfante Don Antonio se

explicaron sobre lo combeniente que era la buena armonia entre las dos Coronas. De

los papeles adjuntos podra Vuestra Excelencia entender las oraciones dichas a los

quatro primeros, que deseo combengan con la yntencion de los Reyes Nuestros

Señores.

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Su Magestad Portuguesa se mantiene en tal estado, que aseguro a Vuestra

Excelencia no se le conoce en el semblante lo que a padecido, y representa menos

edad de la que tiene.

En el quarto del Rey estaban quando hablé, [fol.2] Ynfante Don Antonio, el

Ynfante Don Manuel, el Gentil-hombre de Camara, los Secretarios de Estado, y el

Padre Cabone; creo que el Principe, el Ynfante Don Pedro, y otros veian por detrás de

una cortina; en todo lo demas se observo el ceremonial.

El Ynfante Don Manuel tiene su residencia en una quinta tres leguas de esta

Corte; he determinado pasar mañana á verle.

La tarde del dia de las audiencias se dio orden al Bizconde de Ponte de Lima,

para que dispusiese su marcha, lo que Vuestra Excelencia se servirá noticiar a Sus

Magestades como que en la salude de estos Monarchas, Principes, y demas personas

reales no hai novedad.

[fol.2v] Repitome a la disposicion de Vuestra Excelencia para quanto fuese de

su maior agrado.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa

2 de Henero de 1744.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia su mayor reverendo

Y obligado servidor

El Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias.

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Doc.149. Ofício [em forma de diário] do Marquês de la Candia para o Marquês de

Villarias fazendo um resumo da sua embaixada em Lisboa, desde a sua chegada até

àquele momento: jornada e alojamento; primeiros passos e contactos na Corte de

Lisboa; audiências; cerimonial; acesso ao quarto da Princesa D. Mariana Vitória;

descrição do dia-a-dia desta última, conversas que com ela teve, etc., Lisboa, 12 de

Janeiro de 1744. AGS, Estado, Legado 7369, fols.1-13v. [Excerto].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. El dia 27 del corriente sali de Madrid, el 3 de Noviembre

entré en Bajadoz; la noche antes havia recivido el Marques de Monrreal com el

alcanze el pasaporte, que encargué al Consul Don Jorge Manzaga, me sacase de esta

Corte, pero sin carta para mi, ni mas noticia sobre el alojamiento que le pedi me

preveniese, que la de deicirle al Marqués, quedava mui sentido de no poderme alojar

en su casa, por la cortedad de ella. El dia 4 fui a dormir a la plaza de Yelves, cuio

Governador se hallava con noticia de mi pasage, vino luego a verme, me regaló com

peras mui buenas, y despachó una posta á Estremós, residencia del Conde de la

Atalaya, Capitan General de la Provincia, dandole parte de mi arrivo. El 5 a la una del

dia, llegué a Estremós, donde mis criados de cocina, y reposteria, que com el

Mestredotel marchavan siempre delante, me tenian prevenida la comida; al sentarme a

la mesa, entró un oficial con un recado del Conde de la Atalaya, pidiéndome lo

hiciese el favor de pasar a su casa (que estava ynmediata a la posada) que me

esperava a comer, no me parecio conveniente embarazarme en etiquetas, y respondile

que ya vehia estava la comida en la mesa, pero que por tener el gusto de conozer , al

Señor Conde hiria a recivir su favor, hicelo asi, la comida estubo prompta [fol.1v] y

buena. De mi venida no tenia mas antecedente que el del aviso del Governador de

Yelves; alli tomé el coche, y continue mi marcha, siguiendo las jornadas regulares,

hasta las Ventas Nuevas de los Pregones, donde no haviendo comodidad para

quedarme toda la noche, y queriendo llegar a Aldea Gallega , ahora me aprovecharme

de la primera maréa sali despues de cenar, y llegué a Aldea Gallega antes del

amanecer del dia 8. No encontré al Consul Macazaga como me prometia, ni carta

suia. A las seis de la mañana, envie mi cavallerizo a Lisboa a saver del, que casa

particular, o posada publica me tenia prevenida en consequencia del encargo que le di,

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407

que si Macazaga, no havia practicado diliegencia alguna, tomase la mejor posada, que

hubiese, y fuese a pedir de mi parte al Duque de Abeiro, un coche en que pasar desde

la marina a ella. A las siete me envarqué, llegué a las nueve a Lisboa, tube que esperar

de rato del barco hasta mas de las diez, que vino el Cavallerizo com el coche, y la

noticia de que Macazaga no havia prevenido casa, ni posada alguna que la mejor que

el encontró quedava toda por mia; pasé a ella, y despues de haver metido bastante

bulla, sobre que el equipage que me seguia pusiese en parte donde com facilidad se

sacase para embarcarlo, llamé ynmediatamente a los Consules de España, las dos

Sicilias, y de Dinamarca, y informandome de ellos de las envarcaciones, que se

hallavan en este puerto, supe del de Dinarmarca, havia en el, una fragata de guerra

danesa de treinta cañones, y podia montar hasta cinquenta, que su capitan havia

conducido [fol.2] aqui con el designio de venderla al Rey, lo que me proporciono a

causa de haver comprado Su Magestade Portuguesa dos de Genova;

[…] Respondi que mi viage devia ser en derechura a Copenhaguen, por la

proximidad del Ymbierno, y en navio de guerra para la seguridad de mi persona, que

el que se me decia hallarse aqui danés, creia ser el mismo que de Cadiz se me avisó,

estava para venir aqui, y fue motivo de que me resolviese a pasar a embarcarme en

este puesto. Que mui gosoto havia mi viage, en qualquiera de los navios olandeses,

pero no podia resolverlo sin ôrden de de mi Corte, respecto a que lo adelantado de la

estacion no me dejaria pasar de Hamstardam, o Hamburgo, hasta la Primavera; […].

[fol.2 v] La tarde del mismo dia 8 envie en casa de Marco Antonio Azevedo,

Secretario de Estado, por quien se havia expedido el pasaporte, a saver la hora a que

podia encontrarle en ella, respondio, que a qualquiera despues de comer; el dia 9 por

la tarde me recivió con grandes atenciones, y manifestando yngeniudad; despues de

ynformarle del motivo de mi venida le pedi, que al tiempo de dar quenta de ella a los

Reyes, se serviese exponer a Sus Magestades mi deseo de lograr el honor de ponerme

a sus pies, a los de los Principes, y demas personas reales; respondio que lo havia asi,

que dudava que El Rey me concediese audiencia por su yndisposicion, que Monsieur

Chabigni no la consiguio a sua partida de aqui, aunque la solicitó, que la Reyna,

Principes, e Infantes, creia me la darina, cuia respuesta me trairia a mi posada. Al dia

siguiente envio su Secretario para que le hiciese saver como havia pasado la noche,

ynterin que sus ocupaciones le permitiesen venir a verme. Esse dia que fue el 10 pasé

a ver al Cardenal de Mota, que hace de primer Ministro, recivome con todas las

distinciones, que permite su dignidad, digele el motivo de mi venida como se

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determino, y lo que me pasava con el navio danes, mostrose sentido del chasco que

me sucedia, y ofreciome conceder al Capitan, le cargase de sal para Copenhaguen.

[fol.3] Respondile dandole las gracias, y que desde luego aceptava, pero que

me parecia no podria tener efecto, por haver entendido del Consul de la misma

nacion, no ser esa calidad de carga, la que deseava el Capitan, quien tenia ya resuelto

pasar a Cadiz, luego que el tiempo se lo permitiese, mas para vender su navio, que

para cargarle; creyolo asi respecto deser el mismo motivo que le trajo aqui. Hablamos

de los dos navios de guerra holandeses, y haciendose cargo de mis reparos

convenimos en que yo lo escriviese a mi Corte, por si queria que pasase en ellos a

Hamstardam a esperar la Primavera. Enquanto a las audiencias de las personas reales,

dijome que el Eey no me la daria por su yndisposicion, pero que la tendria de la

Reyna, de los Principes, y de los Ynfantes, y que solicitaria fuese luego. No hablé con

el, ni con el Secretario de Estado sobre cosa que tubiese conexion con las pasadas, ni

con las pendientes, y mui por encima sobre la salud del Rey. Dos dias despues fui a

ver al Cardenal Acuña, al Cardenal Patriarcha, y a los Secretarios de Estado Antonio

Guedes, y Pedro de Mota.

El dia 13 por la mañana una hora despues, que me havia acostado, porque toda

la noche la havia ocupado en escrivir com la cansada cifra de la regilla, me havisó el

Secretario de Estado Marco Antonio, que a las onze podia hallarme en Palacio, para la

audiencia de la Reynam, Principes [fol.3v] y demas personas reales, como lo execute;

encontrandole alli, que me esperava para acompañarme, me dijo que la Reyna me

reciviria en el gavinete com toda la família real ( a excepcion de los Ynfantes Don

Antonio y Don Manuel) como a Embajador de Familia, que siempre que yo quisiese

podria hir al quarto de la Princesa del Brasil, que la hablaria sin dificultad. Entré a la

audiencia de la Reyna, que me recivio con suma venignidad, usó Su Magestade de

expresiones de cariño, y atencion para com los Reyes Nuestros Señores lo mismo el

Principe, y el Ynfante Don Pedro; en mi carta, de esse dia dige a Vuestra Excelencia

que para hablar de la Princesa, seria menester llenár muchos pliegos de papel, que

hera grande su vivéza, no su cuerpo, pero si su hermosura, que estava un poco

delgada, y que havíamos diferido para su quarto el hablar despacho, respecto a que

como la Reyna se mantuvo en pie, mientras hize los cumplimientos a cada uno de por

si, no me parecio politica yncomendar mas a Su Magestad maiormente que quando

los acavé volvi a hablarla, y me encargo significase a los Reyes Nustros Señores su

constante cariño, y sincera amistad, que professa á Sus Magestades y el

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agradecimento en que la constituía el dolor que la expresé, asistia a los Reyes

Nuestros Señores por la quebrantada salud de Su Magestad Portuguesa que la Señora

Princesa de Veyra, y las dos Ynfantas, son preciosas [fol.4] que quedaron en silencio,

por lo que refiria nada de su viveza, que bastante les podia dar su madre, y que se

podia decir que Su Alteza bien haia quien a suios se parece, porque tiene mucha

gracia de la que le sobra a la Reyna Nuestra Señora que despues pasé al quarto del

Ynfante D. Antonio que me pidió encarecidamente manifestase a la Reyna Nuestra

Señora lo reconocido que vive a Su Magestad y la memoria que conserva de lo mucho

que le honrró quando las entregas.

No vi al Ynfante Don Manuel, por residir en una quinta três léguas de aqui.

Hasta este dia solo havia hecho saver a Don Luisa Belandia, que tenia que hablarla, y

que me havisase quando podria hir a ponerme a los pies de la Princesa, en el quarto de

Su Alteza asi me separe com maña de pedir la audiencia por medio de la Camarera

mayor segun la costumbre; respondio que ya me lo avisaria y el dia 15 por la mañana

estando conmigo el Secretario Antonio Guedes , me mando decir que la Princesa me

esperava a las onze; mi coche no estava pronto, y para nó detenerme a que lo

pusiesen, Antonio Guedes me llevó a Palacio en el suio adonde despues fue el mio; la

Princesa me recivió en pie com la Camarera maior a bastante distancia, expuse a Su

Alteza quanto devia a los Reyes Nuestros Señores en el grande amor que la

conserbavan, siendo la primogénita en el cariño de Su Magestad y lo mucho que

deseavan [fol.4] sus satisfaciones asi presentes, como futuras, que con la maior

ternura me havian mandado Sus Magestades significarlo a Su Alteza que como mi

detencion en esta Coroa se creio factible, por la yncertidumbre de prompto navio en

que transferirme a mi destino, havia tenido a bien Sus Magestades encargarme hiciese

a Su Alteza algunas probaciones mui ynportantes, a evitar perniciosos

yncomnenientes, que puedieran acaecer en la falta de Su Magestad Portuguesa en que

hera preciso que el gran juicio, y prudente viveza de Su Alteza obrase, y segun las

ocurrencias asistiese a Su Alteza com lo que me dictasen mis experiencias; que

quanto yo tendria el honor de advertila, conforme las ordenes de los Reyes Nuestros

Señores solo seria dirigido al maior bien de Su Alteza a lo que convenia al Principe, y

a su Corona, que en esta ynteligencia esperava que Su Alteza em tratase como a un

fiel criado suio, y de la maior confianza de sus padres, a quienes servia com el maior

celo, mas por ynclinacion a sus reales personas, y por reconocimiento a lo que les

merecia, que por ningun otro interes; que aquella carta de Su Magestad para Su Alteza

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se havia formado en términos que puediese Su Alteza dejarla ver; que se ynformase

de Dona Luis Belandia, de lo que Suas Magestades escrevian; que yo repetiria hablar

a Su Alteza pero no com la frequência que quisiera, por no poner en sospehca a la

Corte; que el dia 19 com motivo de dar a Su Alteza los dias del nombre de la Reyna

Nuestra Señora seria el primero en que volveria.

[fol.4v] Su Alteza repetio con ynexplicable gozo a las expresiones que

pronuncié de parte de los Reyes Nuestros Señores dijo que en tudo lo que puediese

estava a obedecerles, que havia tenido un gran gusto en mi venida; que que negócios

havia pendientes en Dinamarca, que quanto mejor seria que me quedase aqui.

Preguntó mucho del estado de la salud de los Reyes, de su regímen de vida, admirada

de que no salgan á hacer egercicio, y celebró el buen estado en que dige se

conserbavan Suas Magestades; ofreci a Su Alteza enviarla al dia siguiente los retratos

que Sus Magestades me havian dado, para que los viesse, que ellos mismos la

ynformarian de la buena disposicion de Suas Magestades (como lo executé)

quedamos en que bolveria el dia 19 la vesé la mano, y me despedi. Pasé al quarto de

Dona Luisa Belandia di la carta que trage para ella, y previnela lo qu eme parecio

conveniente. En dia 17 bolvi a estar com Dona Luisa Belandia supe que aquella tarde,

yba la Princesa com la Reyna, al convento de San Benito, donde estava el Señor

manifiesto, y me hallé alli a la misma hora.

El dia 19 fue de gala a Palacio dige al Porterio que avisase en el quarto de Su

Alteza que estava a ponerme a sus pies; santigiose mucho diciendo que el no havia

sido avisado, que jamas en Palacio de davan audiencias sin pedirças antes, pero que

daria al recado, poco depues me dijo entrase al quarto de la Princesa. Su Alteza me

recivio com la Camarera maior en la misma conformidad que el dia 15. Despues

[fol.5] de los precisos cumplimientos del dia, y de referir Su Alteza lo bien que yo

havia parecido a toda la Corte, la dige que como los Reyes Nuestros Señores se

hacian cargo del riesgo en que se hallava Su Magestad Portuguesa sobre cuia vida se

devia contar mui poco, y el estado en que estava el govierno de este Reyno, dirigido

solo por personas apasionadas a la casa de Austria, y a la Ynglaterra, que para evitar

que a la falta del Rey continuasse de la misma manera, en perjuicio de Su Alteza del

próprio ynteres, y honor del Principe, y de la union que convenia mantubiesen las dos

Coronas, en que consistira la maior felicidad de esta, havian considerado Sus

Magestades necessário obrase Su Alteza para com el Principe, com una discreta

sagacidad afin de disponerle para que en semejante caso, conservando el gran

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respecto, y veneracion que debe a la Reyna su madre, tomase por si solo as riendas

del govierno, porque al principio las dividia, dificilmente, y sin escândalo podria

despues unirlas en si; que tampoco hera aire del Principe hallandose com treinta años,

necesitar de ayo, ni que sus resoluciones se atribuiesen a outro, por lo que no

convenia se sujetase aun primer Ministro, como oy se practicaba, com el Cardenal de

Mota;

[…]

[fol.6v] Respondio hecha cargo de todo, com yngenuidad, y confianza

mostrando-se agradecida al cuidado de los Reyes padres, volvio a repetir que en todo

lo que pudiese les obedeceria, [fol.7] y admirava a todos. Quedé con la Princesa, que

volveria há verla pasados dos o três dias, besela la mano, me despedi de Su Alteza.

Estube despues com Dona Luisa Belandia, y de ella supe los escrupulosos que havia

padecido Su Alteza y que su jenio no hera de tener parte en el govierno, quando

entrado el Principe en la Corona. Las desconfianzas que de su ynclinacion tubo la

Princesa en outro tiempo luego fueron desvanecidas, y la repunancia que en algunas

ocasiones encontro el Principe en Su Alteza a condescender, fueron nacidas de su

delicadeza, que no pensase yo que me havian de dejar ver a la Princesa siempre que

quisiese, sin embargo de lo que el Secretario Marco Antonio me dijo el dia de la

audiencas; que lo mismo dijeron a Monsieur Chabign, quando vino, que despues no

ubo tal cosa, que del dia que pedia la audiencia a el en que veia la Princesa solia

passar un mes. Respondila en que esse no era ejemplar para mi. El mismo dia sucedio

la repeticion del accidentel del Rey. El 20 pasé a su quarto de color a ynformarme de

su salud, y lo mismo el 21. El 22 fui a ver a la Princesa que ia estava prevenida por

Dona Luisa Belandia, hice avisar a Su Alteza por el mismo porterro, que bolvio

haceser un par de cruzes, mandome Su Alteza entrar, y me recivio como antes solo

com la diferencia de que no estava la Camarera maior, po lo que en la piesa noa havia

mas que los dos, y el portero de la puertta, despues de ynformarme de su salud, y

hablar de la del Rey, com esse motivo entré luego a discurrir sobre las consequências

de su muerte [fol.7v] y que hera menester que El Principe formase antes su proiecto,

para que en aquel caso sosprehendido del vivo dolor de la muerte de su padre, no

dejase el govierno del Reyno por propria comodidad, a la disposicion de outro, que

despues u encontraria dificuldade a repararle, u se acomodaria a dejarle mandar, por

no atarcarse a la fatiga del despacho probada ya la comveniencia del descanso, que

trae en fiar ha ageno cuidado los próprios;

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[…] Dijome que haviendole dicho al Principe la noche antes que yo havia de ir

hablarla aquel dia, la respondio que trairá que decirte, no estuvo antes de ayer; que Su

Alteza le respondio no trairá mas que venirme a ver; como [fol.8] le han dcho que

puedo siempre que quiera, que el Principe replicó tanbien se lo digeron a Chabigni y

no por eso que beia si no mui rara vez, que Su Alteza le respondio pero Chabigni no

hera Ministro de mi padre como lo es este, a lo que el Principe no respondio. Dijele a

Su Alteza tengo dado quenta a los Reyes Nuestros Señores de la ymposivilidad de

transferirme a Dinamarca en todo el Ymbierno, e pedidoles me digan lo que debo

hacer, que no quisiera que mi residencia en esta Corte, sin caracter para ella, la

pusiese en cuidado; mui en breve podrá estar aqui la respuesta, posible es que con ella

tengamos novedad; yo me privaré en el ynterin, do esta para mi tan grande honrra, por

no ponrlos en sospecha, respondio Su Alteza que no, que el Principe lo habria dicho

solo por conversacion. Hablamos despues de sus escrúpulos, en que procuré

largamente persuadirla, y como tiene tan vellos comprehension, se ympone com gran

facilidad, besela la mano, y me despedi, despues estuve com Dona Luisa Belandia sin

que ocurriese nada particular.

Pareciome no volver tan prontamente a Palacio, y como la Princesa todas las

demas de las tarde sale a la Quinta de Belen, de donde se retira despues de anochecer,

torné para verla el medio termino de esperarla al paso, en mi coche parádo, que no

podia ser ygnorado por les dos achas com que andava, en esta forma me vio algunas

noches el Principe que siempre vénia delante de la Princesa.

Hablando un dia com el Secretario Marco Antonio, y diciendole [fol.9] ( sin

que pareciese cuidado) que como en mi Corte estávamos enseñados a ver todos los

dias a las personas reales siendo una de ellas la Princesa del Brasil, me tomava el

gusto por no yncomodar a Su Alteza en Palacio, de ir la a esperar en la calle quando

se retirava de Belen, para lograr la satisfacion de verla, respondiome que no hiciese

tal cosa, que podia verla en su quarto quando quisiese; pasé despues al quarto de

Dona Luisa Belandia, y me dijo lo mismo, en su consequência fui a ver a Su Alteza.

El dia 27 me recivio sin la Camarera, en la misma conformidad que el dia 22. Dijome

Su Alteza que podia ir a verla siempre que quisiese, que lo que el Principe havia dicho

no embarazava nada. Ese dia hablamos sobre sus escrúpulos, dijome que havia sido

tal su melancolia por el encierro, en que havia estado sin tratar a mas gentes que a las

de alli dentro, y sin salir si no con la Reyna, que atribuee a milagro que Dios la há

dado, que no lo cambiaria por outro alguno, pero si este pais. Que ha mui poco tiempo

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que se le permitio salir sola a la Quinta de Belen, lo que a el Principe havia costado

grandes pretensiones, y sospiros, que toda su diversion consistia o yen la musica, y en

el rato que iba a Belen. Consolé a Su Alteza com que esto tenia cosas mui buenas, que

todos los tempos no heran unos, que el Principe llegaria a reynar, que el Palacio se

podria poner sobre outro pie, y esta Corte com tales divertimientos, que no se echasen

menos los de qualquiera outra de la Europa, que antes la naturaleza havia favorecido

mucho este pais. Manifestome [fol.9v] Su Alteza el deseo que tenia de que me

quedase por Embajador en esta Corte, que muchos deseavan lo mismo, y que todos

hablaban bien de mi. Que el Ynfante Don Pedro le havia dicho, si la Corte de Madrid

ha de nombrar Embajador a esta quanto mejor seria, que nos dejase al Marques de

Candia, que ia le conocemos, y no que venon alguno que no savemos, como será.

Agradeci a Su Alteza las honrras que me hacia, ofreciendola no solicitar salir jamas

de aqui mientras Sua Alteza viviese, que esperava fuese por muchos años, y por lo

regular mas que yo. Dijome que estava mui contenta, y el Principe tambien, com las

acas, y cavallos, que les venian de esa Corte. En esta conversacion hize ver a Su

Alteza que estaba obligada há ayudar a su marido, en los cuidados del Reyno, quando

llegase el caso de que cargase com ellos, que devia ser su sirineo, que buen ejemplo le

dava la Reyna Nuestra Señora que tubiese presente lo que la havia prevenido en otras

ocasiones. Mi deseo de su acierto, que a ello la empeñaria su obligacion, y el

conocimiento de ser el medio de lograr sus deseos. Convino Su Alteza a que de su

parte concurriria com todo lo que le fuese posible. Besé la mano a Su Alteza y me

despedi, despues vi a Dona Luisa Belandia.

El dia 29 volvi a Palacio a savér de la Reyna, que se havia quedado en la

cama, estube con la Camarera maior, quien entró el recado a Reyna, diome la

respuesta, y dijome si queria ver a la Princesa, respondila [fol.10] que so havia ido a

informarme de la salud de Su Magestad pero que lo tendria a grande honrra; avisó la

Camarera maior a Su Alteza la carta, que havia recivido de la Corte, respuesta a la

primera que escrivi de aqui, creo que los dos no quedamos contentos, Su Alteza

porque no venia lo que deseava, io porque se dilatava. Lo mas de la conversacion se

reduso a cosas yndiferentes; besela la mano, y me despedi. Entré en el quarto de Don

Luisa, quien me refirió que quando El Rey tubo el primer accidente, mandó que los

Secretarios fuesen a despachar con el Principe; […]

El dia 4 de Diciembre volvi a ver a Su Alteza que me recivio como siempre,

en esta conversacion no pasó cosa particular, que referir pendientes ambos de la

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respuesta, que esperávamos de la Corte. Antes de entrar en el quarto de Su Alteza

hablé a Dona Luisa Belandia, quien solo dijo las vozes que corrian por Lisboa, de que

no hera cierto, que yo hubiese venido a embarcarme para la Corte de Copenhaguen, si

no a negociaciones en esta.

La noche del dia 8 llegó el extraordinário con las [fol.10v] credenciales, y

demas ynstrumentos para esta Embajada.

Escrivi luego un villete a Su Alteza avisandoselo, y que lo callase, y remiti la

carta a Dona Luisa, quien se lo dio por la mañana del dia 9 antes que Su Alteza se

levantase, dijola que me escriviese lo contenta que quedava, por aquella noticia.

El dia 10 fui a ver a Su Alteza, reciviome como siempre solo que queriendome

tratar de ympersonal como a Embajador, la pedi no continuase asi, porque el caracter

no me separava de criado suio, antes me asegurava mas. Manifestó su gusto con

expresiones de mucha honrra para mi. Preguntome si podia decir la novedad al

Principe (porque es Su Alteza de tanto secreto que ni a su marido se atrevio a decir el

que la encargué, aunque sin consequencia, pues en aquel mismo dia lo havia de saver

la Corte). Respondila que si, pero que le previniese no hablase de ello hasta que los

Reyes o el Cardenal se lo digesen. Hablamos de lo convenido com el Cardenal.

Besela la mano, y me despedi. Despues estube con Dona Luisa, que dio vastantes

muestras de su alegria por mi quedada aqui.

El dia 14 volvi a ver a Su Alteza. Me recivio en la conformidad que siempre

sin la Camarera porque es accidente el que concurra o no dijome Su Alteza el gran

gusto com que el Principe havia recivido la noticia, de que me quedava por

Embajador en esta Corte, que la havia dicho que el Rey se havia alegrado, y que

queria darme audiencia, sin embargo, de su yndisposicion, que todos los havian

celebrado ygualmente. Convino Su Alteza en que despachase el dia 16 el

extraordinario (como lo executé) [fol.11] haviendome mandado por Dona Luisa su

carta para los Reyes. Besé la mano a Su Alteza, y me despedi; antes havia visto a

Dona Luisa, en la antecamara.

El dia 17,18, y 19 me recivio Su Alteza en su quarto, en la conformidad que

siempre. El primero fui a darla los años de la Señora Princesa de Veyra, el segundo

los dias de la Princesa de Asturias, y a decirla como aquella noche dormir en la

quinta, que se tomó com aprobacion de Su Alteza y el terceiro a darla los años del

Rey Nuestro Señor. Ya savia Su Alteza que al retirarme del Palacio declarava mi

caracter, en todas três conversaciones volvi a tocar ligeramente los asumptos que

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tanto la ymportara y siempre encontré Su Alteza firme en seguir mis dictamenes, y

que estava segura de que el Principe mandaria por si, quando llegase el caso de faltar

su padre, que com el motivo de mi quedada aqui por Embajador, havia buelto el

Principe, a manifestar la conveniente que hera el que las dos Coronas mantubiesen

una buena correspondência. Desde este dia no volvi a Palacio, ni sali de casa hasta el

27 que fue a la audiencia de los Reyes, Principes, y demás personas reales, de que por

extenso tengo ynformado a Su Magestad por medio de Vuestra Excelencia en carta de

2 del corriente. Despues del dia 27 he estado quatro vezes a ver Su Alteza, la ultima

ayer me ha recivido en la misma conformidad, solo con la diferencia de haver

condescendido a mi suplica de sentarse. Dijome en la primera, lo satisfecho que

estavan todos del modo com que [fol.11v] hablé el dia de las audiencias ( y quise que

la refiriese la oracion que hize al Rey) que el Principe observó mui bien mis

expresiones, de que havia quedado contento. La Princesa ha estado com cuidado de lo

mucho que aqui se ha dicho del Principe Nuestro Señor y con deseos de saver la

causa, yo no he podido satisfacerlos por ygnorarla, y en la segunda me refirio lo que

el Principe le havia dicho, y avisé a Vuestra Excelencia en carta cifrada con el correo

del dia 2 del corriente.

En mi carta cifrada de 16 del pasado digé a Vuestra Excelencia que la Princesa

a mas de la amavilidad de su genio, y de su hermosura, tiene un talento sobresaliente,

y una viveza com mucho juicio, que si yo me hubiese hallado, quando se trató de mi

venida, com el conocimiento que oy, de sus sobresslientes relevantes prendas, hubiera

sido de dictamen que desde luego se le fiase el secreto. Esto es lo que hasta oy puedo

decir de Su Alteza, y volviendo a los Ministros repetiré que siguiendo la maxima que

hai propusé a Vuestra Excelencia y Su Magestad aprovara dirigi mis primeiros pasos

en esta Corte com la mas disimulada vigilância a que se creiese el motivo que dava de

mi venida, sin dejarles lugar a que formasen la mas leve sospecha contra el,

conseguilo haviendo sido uno de sus médios el no frequentar los Ministros despues de

los cumplimientos de mi llegada, aunque se me franquearon com particular urbanidad,

pero sin que yo les faltasse en la mas minima atencion, porque conoci que el mejor

modo de no ponerlos en desconfiança, y de atraerlos a que formasen un buen

concepto de mi, era [fol.12] el no parecer entremetido, y hacer una vida retirada para

que si se ynformasen, como hera natural, no encontrasen cosa contraria a lo que yo

hacia ver. Por la mañana salio a misa a la Yglesia mas ynmediata a mi posada, (a

excepcion del Savado que por antigua devocion voi siempre al Carmen a hacer decir

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una misa) de ella me volvia a casa, y raro dia degé de executarlo por ia a hacer un

poco de egercicio; comi siempre en mi posada. Las mas de las tardes las ocupé en ver

las Yglesias, y demás cosas particulares (que san pocas) como quien havia de salir en

breve de aqui, y siempre fuir a parar a la Yglesia de las quarenta horas. Por las noches

nunca sali de mi casa. El Cardenal de Mota me encontró un dia haciendo egercicio,

paró su coche, y quiso apearse, yo no lo permiti, puseme sobre el estrivo, y pedile que

se sentase. Entre otras cosas dijome que que me hacia, respondile que esperando la

ôrden para restituirme a esa Corte, porque no behia apariencias de poder en este

Ymbierno, efectuar mi viagem a Compenhague; que no havia buelto a solicitar ser a

Su Eminencia porque como savia lo bien que ocupava el tiempo, se me hacia

escrúpulo ir a embarazarselo, respondio que todo lo dejaria gustoso por disfrutar mi

conversacion. Despedimonos, y pocos dias despues recivi la primera respuesta de la

Corte, en que se me hablava del, com ese motivo lo fui a buscar, manifestéle la

gratitud [fol.12v] del Rey Nuestro Señor a las atenciones que havia practicado

conmigo, y la respuesta que se me dava a la falta de navio para Dinamarca; mostreme

disgustado de mi ynutil detencion aqui, no porque el pais dejase de ser mui bueno, si

no por las yncomodidades que sufria en una posada. Tocamos diferentes asumptos, en

todos hablé con politica, y con grande estimacion de este Monarca. Vinome a ver, ya

havian estado el Cardenal de Acuña, y los Secretarios. Volvi a verle, y descubrio

tenerme particular ynclinacion. Dijome que ademas de mis circunstancias, que heran

notórias, havia una, que le obligava há amarme mui deveras, y hera la de ser devoto

de Nuestra Señora del Carmen, com quien el tenia la maior devocion. Ponderó mucho

lo que El Rey sentia no poderme conocer etecetera. Luego que recivi la segunda

respuesta de la Corte pasé a enterarle de su contenido, y como trahia la expresion de

que en el caso de diferirse demasiado la oportunidad de mi embarco para el destino de

Dinamarca, seria preciso que se tomase outro medio, que salvase el perjuicio que se

seguia en la detencion. Conoci en su semblante que comprehendia que yo no hiria ya

a Dinamarca, y respondio con alegria esto quiere decir que Vuestra Excelencia se le

dará outro destino mejor, digele para mi todos me son yndiferentes, esta es una

carrera que sigo por voluntad del Rey mi amo, y desde que me destino a ella, formé el

animo de no pretender [fol.13] servir en esta u en la otra Corte, si no en la que se me

mandase, que es el modo de que mis defectos estén mas disculpados. Dos dias

despues recivi el extraordinario com las credenciales, y execute lo que expuse a

Vuestra Excelencia en mi carta de 11 de Diciembre, despues haia ha continuado

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dandome siempre pruebas de su ynclinacion,y verdadéra amistad. La penultima vez

que le vi, fue yendo hacerle la visita de ceremonia de Cardenal, hablando de la casa

que he de avitar en Lisboa, dige que se devia considerar perpetua para los

Embajadores de España, respecto a que si el Rey mi amo, determinasse el mudarme,

mi sucessor la viviria, respondio como mudar, eso no, que nos opondriamos todos.

Ygual fineza u maor devo al Secretario de Estado Marco Antonio, la segunda

visita que le hice fue el dia 20 de Noviembre en ella se habló de diferentes matérias

siempre hui internarme, en las que nos ynteresan, y solo ponderé el grande error de

los que se persuadian que los Reyes Nuestros Señores pensasen en perjudicar en la

mas minima cosa, a la Corona de Portugal, que havia de ceñir las sienes de sus nietos;

que si esta verdad se conociese por los ynteresados como ella es en si, y si mantubiese

la firme union, que siempre devia subsistir en las dos Coronas, bien burladas

quedarian las potencias, que tienen su interes en que no haiga, y en que vivan com

recelos, para [fol.13v] haceres ellas menesterosas, que io me alegrará ver, que tal, y

tal potencia, en sus disensiones com alguna de las dos nuestras, buscase a la outra por

mediadora para ajustarlas.

La ultima vez que vino a verme, duró la visita, mano a mano, quatro horas

entre las muchas especies que se movieron, fue una la del comercio, y me dijo que

quando quisiese hablariamos de eso despacio, de que doi quenta a Vuestra Excelencia

en carta de oy. El y el Cardenal son los que mas elogias han echo de mi, y los qu han

ynformado a Su Magestad Portuguesa.

No creo que me quede referir cosa digna de la real notica de Sus Magestades.

En mi carta cifrada de 16 del pasado expuse a Vuestra Excelencia el celo, y

amor com que Don Luisa Belandia, sirve a la Princesa, y a los Reyes Nuestros

Senhores y que Don Joseph Moresqui sirve a Su Alteza como un esclavo, y añado que

parece ser atendido de Sus Magestades.

Findo lo qual se servirá Vuestra Excelencia poner con mi maior rendimento

en su real noticia.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa

12 de Henero de 1744.

Ex.mo Señor Marques de Villarias

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Doc.150. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias informando-o

sobre as visitas que faria à Infanta D. Mariana Vitória; cerimonial daqueles encontros;

conversas que teve com a filha de Filipe V; resumo do quotidiano da mesma e dos

restantes elementos da família real portuguesa, Lisboa, 10 de Fevereiro de 1744.

AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-4. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. Despues del dia 12 de Henero no ha ocurrido cosa digna de

trasladarse a la real noticia de Sus Magestades. He continuado viendo, y hablando a la

Señora Princesa del Brasil, en la conformidad que expresé en mi diário, y unque

estableci poder conseguirlo todos los dias, si fuese preciso, dige a Sua Alteza haria los

savados, y algun otro dia entre semana se tubiese de decirla, o Su Alteza que

mandarme, por no poner en sospecha a la Corte, contra el buen concepto, y confianza,

que ha hecho de mi. Este modo de tratar con Su Alteza es mas conveniente, que si

todos los dias asistiese a su comida, porque en ella no podriamos hablar con la

comodidad y espacio, que en las citadas audiencias [fol.1v] y que para el futuro que

debemos prevenir, nada ymporta tanto como la posesion en que he puesto de una

conferencia, que dura todo lo que queremos, y es en esta manera. A las onze del dia

paso al quarto de Su Alteza hago que qualquier porteiro diga que estoi alli, Su Alteza

sale a una pieza, que es la en donde recive, y sirve tambien para comer la Reyna, con

el Principe, y el Ynfante Don Pedro, en ella ai una silla, y un bufete, Su Alteza se

sienta, y io apoiado a la mesa la hablo, con una rodilla en tierra, para no causar a Su

Alteza la yncomodidad de que levante la caveza, leo a Su Alteza las cartas que recivo

u led oi quenta de palabra de las ymportantes noticias de la salud de los Reyes

Nuestros Señores, despues se tam tocados varios asumptos, todos yndiferentes.

[fol.2] Su Alteza há referido la buena armonia que en oy está con la Reyna,

diferente de lo pasado, la reciproca ynclinacion, y buena correspondencia en que Su

Alteza de mantiene con el Principe, que el Ynfante Don Pedro la estima mucho, y há

unque en diversas ocasiones he buelto há tocar los puntos de mi comision,

extensamente explicados en el citado diário, nada mas se ha adelantado que lo

expresado en el , por no poder ser mientras no suceda novedad de la falta del Rey, o

nos acerquemos mas a ella, por algun accidente que la haga temer, o se me

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subministren nuebos asumptos. En todas las conversaciones no he perdido de vista

prevenir a Su Alteza quanto la conviene para su mejor governo, presente, y futuro, y

fuera ya de los excrupulos que en otro tiempo padecio, vive conforme, y distribuie

[fol.2v] mui bien sus horas, y es como se sigue. Entre diez y onze del dia se levanta,

luege se pone a tocar, si es dia en que boi al quarto de Su Alteza sale a hablarme a las

onze, dura la conversacion media hora, o tres quartos, de alli ba a misa, y si no es dia

de hablarme, ba a hoirla luego que se acava el tocador; despues de la misa se pone a

comer sola, acavada la comida, o hace algo con la abuja , o lee hasta cerca de las dos,

que sale a la quinta de Belen, las mas vezes con la Señora Princesa de veyja, y las dos

Ynfantas, quando llega a ella ya se halla alli el Principe, y el Ynfante Don Pedro que

siempre salen juntos, vee travajar los cavallos, y las mas de tardes monta a cavallo Su

Alteza con dos estrivos, y el Principe la sirve de maestro, puedo assegurar, por el dia

4 [fol.3] que pasó por aqui, no haver visto en mi vida, otra mas airosa a cavallo, ni

con tanto desembarazo; luego que anochece se retira de Belen, y quando llega a su

quarto, entra el maestro de música, con ella se divierte Su Alteza hasta las nuebe de la

noche, que se pone a rezar; acava a las diez, y se acuesta. Cena en ela cama, y a las

onze con poca diferencia viene el Principe de haver cenado con la Reyna, y se recoge.

La tarde que la Reyna sale há alguna Yglesia (que aora no es tan requenta como

antes) la acompaña Su Alteza e todos los dias lave al tiempo de la misa, y al Rey

quando son dias de celebrarse años, o nombres, o que ocurre algun otro motivo. Los

dias de fiesta, y los que hace mal tiempo no sale Su Alteza a la quinta de Belen, y se

[fol.3v] entretiene, o con la música, o leiendo. Ahora lee la História de Portugal en

francês he ofrecido a Su Alteza para despues que la acave, dar la eclesiastica, sagrada,

y poética en compêndio.

El Principe quando no sale, esta todo lo mas del tiempo en el quarto de la

Señora Princesa; el suio en que reside consta solo de dos piezas, y está siempre entre

el quarto de la Reyna, y el de la Princesa.

El dia 6 retirandome del quarto de Su Alteza encontré al Principe que salia, le

acompañe hasta el coche, de cuia atencio quedó mui agradecido; dijome que la

Princesale havia dicho haverme enviado un gamo de la caza.

Al quarto del Rey boi una vez a la semana ha ynformarme de su salud, a qui nos

es estilo, pero Su Magestad se manifiesta mui obligado a mi respetoso cuidado.

[fol.4] Con los Ministros manteño una buena correspondencia, y ellos me

conversan la ynclinacion que me manifestaron desde el principio. Vuestra Excelencia

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se servirá dar quenta de lo referido á Sus Magestades haciendome la honrra de

ponerme rendido a sus reales pies.

Quedo a la obediencia de Vuestra Excelencia para quanto quisiese mandarme.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelncia muchos años como deseo. Lisboa 10 de

Febrero de 1744.

Ex.mo Señor.

Beso las manos de Vuestra Excelencia su mas rendido y obligado servidor.

El Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias.

Doc.151. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias denunciando a

falta de cortesia que o Duque de Aveiro tinha tido consigo desde que chegara a

Lisboa, Lisboa, 5 de Maio de 1744. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-3v.

[Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. Aunque las operaciones del Duque de Abeiro se deven tomar

como de un hombre dementado, faltandole poco para estarlo de el todo, que no es

estraño en quien como èl setenta y siete años; como sé que mantiene correspondências

con algunas personas de esa Corte, bien que contra mi jenio poco amigo de correr la

pluma en perjuicio de ninguno, me ha parecido no dever ocultar por mas tiempo a

Vuestra Excelencia el yrregular proceder de este Duque, con quien haviendo desde mi

llegada aqui hasta poco despues que se me declaró Embajador, mantenido extrecha

correspondencia, ha costa de mi sufrimiento, por su natural estrabagancia

ympertinencia, y falta de memoria, y manifestandome su gran [fol.1v] deseo de que

me quedase en esta Corte, no le mereci otra cosa que el prestarme un coche en que

handar, sin que el verme en una posada publica, quando vine pasar a Dinamarca, le

hubiese animado ha ofrecerme su casa, ni hacer conmigo la menor demonstracion de

galanteria, cosa que se reparó mucho en esta Corte, y mucho mas el que saviendo no

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podia yo declarar mi caracter de Embajador, mientras no hallase un casa donde

mudarme, que son dificiles ha encontrar no siendo por San Juan, u Navidad, no me

hubiese franqueado una quinta que tiene desocupada ynmediata ha esta ciudad, que el

Cardenal de Mota pareciendole correspondiente me la propuso, y le respondi no poder

pensar en ella, respecto de que constandole al Duque de Abeiro mi urgencia, no me la

havia ofrecido; encontré por accidente la en que estoi [fol.2] sabia que mi grueso

equipage estaba en Hamburgo, no fue para prestarme una sola silla, bofete, o cortina,

ni un tiro de mulas que quedase en mi cavalleriza, hasta que viniesen los

encomendados a ese Reyno, de manera que no gastó ni el valor de un real conmigo,

porque batallando en èl la miseria, y la banidad, venze de continuo la primera. Esta

experiencia me obligó ha despachar un correo al Marqués de Monrreal, pidiendole me

enviase un tiro de mulas por el precio que quisiese, por gran falta que me hacia en la

precision de salir con proprio equipage, deviendo tardar algunos dias las que el

Marquès de San Juan estaba encargado de comprarme en esa Corte; el de Monrreal

fue tan pontual que a lo seis dias ya tenia mi cavallariza un tiro de los suios, con

muchas ynstancias de que lo admitiese de regalo, lo que no quise permitir, le [fol.2v]

envie uma letra abierta para que a su voluntad tomase el valor de ellas, y ultimamente

se concluió con recivir el que delararon practicos que nombró. El Duque de Abeiro

que supo esta vizarria de Monrreal, y que se decia aun en su misma casa, que lo que él

no havia tenido espiritu de hacer, havia egecutado desde Badajoz al Marqués de

Monrreal, no bolbio ha esta casa, faltando a la atencion de Pasquas, aunque yo se las

envie ha dar, en ocasion de no poder salir por no haver tenido la audiencia del Rey, y

sin embargo de haver yo pasado a sua casa, el mimo dia que vi de ceremonia a los

Cardenales, que no le encontré en ella, dio orden a todos sus criados, y dependientes

de no poner los pies en la mia, ni tratar con ninguno de ella, con tal temeridad que

haviendo yo escrito un billete a Don Sebastion Cavezon, Abogado que fue en esa

Corte, a quien Su Magestad conferio [fol.3] plaza en la Canchilleria de Valladolid,

que se halla en su casa, viniese haverse conmigo por convenir asi al real servicio del

Rey Nuestro Señor y hera para que me ynformase del Ministro que seria a proposito

para Juez Conserbador, se lo ympidió y obligó a que me respondiese en los terminos

que entenderá Vuestra Excelencia por el papel original que ba adjunto, ha excepcion

de las palabras vaiadas, que el mismo Cavezon encontrandome en una Yglesia me

confesó las puso por si, resuelto ha no obedecer en ello al Duque, si ynstase a que las

quitase, porque quiso ver el papel despues de firmado, y me pidio escriviese a Vuestra

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Excelencia para que se le diese orden de estar a la mia, por no sufrir su celo de buen

español, y servidor del Rey, el mantener la ympropria yndependencia que queria el

Duque de Abeiro, cuias yrregularidades le tenian mui mortificado [fol.3v] que ya dias

lo hubiera dejado, ha no haver venido con ynteligencia y consentimiento de la Corte.

En estos terminos nos mantenemos; de que suplico a Vuestra Excelencia se sirva dar

quenta a Su Magestade para su real ynteligencia, y para lo correspondiente ha que se

ha hecho digna la demência del Duque de Abeiro, de quien en esta Corte se hace poco

caso por su extrabagancia.

Quedo a la disposicion de Vuestra Excelencia para quanto quisiese mandarme.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa

5 de Maio de 1744.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia su mayor reverendo

Y obligado servidor

El Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias.

Doc.152. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias relativo às

visitas que deveria fazer à Princesa D. Mariana Vitória quando esta estava de cama,

apesar desta ser uma prerrogativa adstrita aos Cardeais; considerações sobre o

assunto, Lisboa, 13 de Maio de 1744. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-2.

[Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. En egecucion de lo que Vuestra Excelenccia se sirvio

prebenirme en su carta cifrada de 17. del pasado, tenia yntencion de pedir se me

permitiese entrar a ver en la cama a la Serenissima Princesa del Brasil luego que se

restableciese un poco mas, pero haviendome dicho oy Dona Luisa Belandia bajo de

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secreto que Su Alteza la havia confiado haverse mortificado mucho, de haverme

ohido decir que en bolviendo Su Alteza ha tener motibo de quedarse en la cama, hera

preciso el que yo solicitase se me permitiese entrar a verla conforme se prarticava en

nuestra Corte con el Embajador de aqui quando [fol.1v] lo havia; que Su Alteza la

manifestó su disgusto a que pretendiese yo tal cosa, diciendola ser enteramente

contrario a las reglas de aqui, y imposible el que se me concediese segun ellas, que no

adelantaria nada, y solo conseguiria el malquistarme con esta Corte, que havian de

atribuir ha ser solicitud mia por querer una distincion que no se concede ha otros que

a los Cardenales basallos, y no al Nuncio aunque tiene la misma dignidad, ni la

pretendio Capecelatro en todo el tiempo de su Embajada. Me ha parecido noticiarlo a

Vuestra Excelencia para la real ynteligencia, y que en respuesta se me mande lo que

deba egecutar, que llegará a tiempo, respecto a los dias que aun [fol.2] deberá guardar

la cama Su Alteza y a no ser asi no detendria un ynstante poner en egecucion la ya

citada orden de Vuestra Excelencia por ymportarme mui poco malquistarme o no en

esta Corte, quando se trata de que los Reyes Nuestros Señores experimenten los

efectos de mi ciega obediencia, de que Vuestra Excelencia se servirà dar quenta a Sus

Magestades y mandarme lo que fuese de su real agrado.

Quedo a la disposicion de Vuestra Excelencia para quanto quisiese ordenarme.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa 13 de

Maio de 1744.

Ex.mo Señor.

Beso las manos de Vuestra Excelencia su mas rendido y obligado servidor.

El Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias.

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Doc.153. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias referindo ter

sido convidado pelo Inquisidor Geral português para assistir a um auto-de-fé na Igreja

de Santo Domingo, Lisboa, 23 de Junho de 1744. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-

2. [Transcrição integral].

[fol.1] Mui Señor mio. La Serenissima Señora Princesa del Brasil, que goza de

perfecta salud, hoió con particular gusto las felices noticias, que de la buena

disposicion en que quedaban Sus Magestades y Altezas se sirbio Vuestra Excelencia

participarme en carta de 12. del corriente.

Ayer tarde llegó el extraordinario con el pliego de Vuestra Excelencia

ynmediatamente logró Su Alteza la satisfaccion de recibir la apreciable carta de Sus

Magestades con èl responderé a las de Vuestra Excelencia pienso despacharle afin de

la semana, si Su Alteza no ordenase otra cosa.

Sin embargo de haverle repetido el dia 20. [fol.1v] a Su Magestad Portuguesa

de epilesia, salio por la noche con el Principe, y los Ynfantes Don Pedro y Don

Antonio, ha dormir en casa del Cardenal Acuña Ynquisidor General, para ver desde

alli mañana siguiente la procesion de un auto de fee, que el 21 hubo en la Yglesia de

Santo Domingo, a que concurrio El Rey con las enunciadas personas reales en una

tribuna, que se le hizo, desde las onze del dia, hasta las onze y media de la noche, y

despues pasó Su Magestad Portuguesa y Altezas al Consejo de la Relacion, donde

vieron sentenciar a los que fueran relajados, me dicen se mantubieron alli hasta mas

de las quatro de la mañana.

[fol.2] El Nuncio, y io fuimos combiadados del Ynquisidor General a la

Yglesia de Santo Domingo, a cada uno se nos hizo tribuna separada, a la parte opuesta

de la del Rey, el Nuncio se mantubo hasta las diez, y io me retire a las onze, que fue

quando se acabaron de leer todas las causas. Entre los delinquentes hubo un framazon

maestro, y dos discipulos de la misma religion, como ynformará a Vuestra Excelencia

el papel adjunto.

De todo lo qual se serbirá Vuestra Excelencia dar quenta a Sus Magestades

haciendome la honrra de repetir a sus reales pies mis mas humildes respetos.

Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa 23 de

Junio de 1744.

Ex.mo Señor

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Beso las manos de Vuestra Excelencia su mayor reverendo

Y obligado servidor

El Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias.

Doc.154. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias queixando-se

da forma pouco digna com que o recebera a Rainha D. Mariana de Áustria em vários

dias festivos; informa que, por isso, deixaria de comparecer nestas cerimónias de

cumprimentos, Lisboa, 28 de Junho de 1744. AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-5.

[Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. En el papel que mi antecesor el Marques de Capecelatro, dio a

Vuestra Excelencia sobre el ceremonial de embajadores en esta Corte, de que Vuestra

Excelencia fue serbido remitirme copia en 4. de Diciembre, dice que pedia audiencias

formales despues de la que tubo publica, para obsequiar a Sus Magestades y Altezas

en ocasion de cumpleaños, o de otros plausibles asumptos, y que le recibian, el Rey

con el Principe, y la Reyna con los Ynfantes etecetera.

Despues de declarado mi caracter de Embajador, me ynformé de lo que

practicaron en [fol.1v] semejantes casos Monsieur Chabigni Embajador de Francia, y

el Nuncio Odi antes de ser Cardenal, respecto a que ni uno, ni otro havian hecho la

entrada publica; supe que no yban a tales cumplimientos, escusandose por escrito, o

por el caballerizo dirigido al Secretario de Estado, dando por motivo hallarse

yndispuestos, u outro semejante, desde que haveniendoseles dicho se les recibiria a

los dos juntos solos, y con distincion, y pasado en este supuesto al quarto de la Reyna

los recibio con las personas reales bajo de dosel como a particulares, entrando al

mismo tiempo todo el golpe de la gente, de que se quejaron y no bolbieron mas.

[fol.2] Antes del dia de San Joseph, que fue el primero de gala despues de mi

destino aqui, traté sobre este asumpto con el Secretario de Estado Don Marco Antonio

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Azebedo, referilo practicado con mi antecesor (quien havia hecho su entrada publica)

y lo sucedido con Odi, y Chabigni; dige, que yo deseaba en todas ocasiones obsequiar

a las personas reales, y manifestarlas mi respetos, que me hacia cargo de que El Rey

por su yndisposicion no podria recibirlos; pero que si la Reyna me hacia la honrra de

admitirlos, y las demás personas reales, era menester fuese en audiencia particular,

porque de otra manera no podria yo concurrir; quedó de tratarlo con Su Magestad e

darme la respuesta [fol.2v] y fue que podia hir el dia de San Joseph despues de las

onze, al quarto de la Reyna, donde me recibiria en audiencia particular con los

Principes, y Ynfantes; fui con dos coches, la librea de gala, y todo lo demás

correspondiente; hizoseme entrar solo, recibiome la Reyna, con los Principes, y

personas reales en la pieza que llaman de los espejos donde se dán las audiencias

particulares a los Embajadores.

Doce dias despues fueron los años de la Sereníssima Princesa del Brasil, pedi

por medio del Secretário de Estado la misma audiencia particular, respondioseme que

podia hir a la hora que el dia de San Joseph, en cuia consequencia fui en la misma

conformidad, y al [fol.3] mandarseme entrar, hallé la novedad de encontrar a la Reyna

con los Principes, y la Princesa de Veyra, en el salon grande que está antes de la pieza

de los espejos, bajo de dosel, que es la manera de recibir a todos los basallos al

besamanos, recelé me seguiese el golpe de la gente, y hice animo a que si asi sucedia

apartarme aun lado, y dejarla pasar, pero todos se contubieron a la puerta, despues de

la tercera cortesia, como las quatro primeras personas reales estaban em zima de

tarima bajo del dosel, y los Embajadores no hablan si no subiendo á ella, y io no yba

alli como particular, ni basallo, subi a la tarima, y puesto en ella fui cumplimentando

a cada una de por si, todas se retiraron [fol.3v] un paso atras para dejarme mas lugar,

despues de terminar los cumplimientos bolbi la Reyna, y haciendo las tres

acostumbradas reberencias, sali del salon sin que hasta entonces nadia hubiese pasado

de la puerta.

Al dia siguiente encontrando al Secretario de Estado Don Marco Antonio le

dige, que la Reyna no me havia recivido como el dia de San Joseph en la pieza donde

dá las audiencias particulares a los Embajadores, si no en el salon donde dá las

publicas, lo que me havia causado una grande novedad, no hablé nada de tarima;

respondiome que estaba admirado de que se hubiese hecho tal cosa, que hera una

grandisima ympropriedad, que el lo havia estrañado [fol.4] mucho por que a mi no se

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me debia recibir si no en audiencia particular, y esta en la pieza de los espejos, como

el dia de San Joseph que en adelante se practicaria asi.

Dos dias antes del 6. del corriente en que cumplio años el Príncipe del Brasil,

dige al mismo Secretario de Estado, pidiese la audiencia particular para cumplimentar

a la Reyna, y personas reales, hizome avisar por escrito que despues de las onze podia

hallarme el dia 6. en el quarto de la Reyna que tendria audiencia particular, en que

esta ynteligencia fui como las demás vezes, y al mandarme entrar encontré a la Reyna

como el dia 31. de Marzo bajo del dosel con el Principe y la Princesa de Veyra, pero

con la novedad de pisar [fol.4v] el estremo de la tarima no dejandome lugar;

Disimulé conocerlo; y obserbando que sobre la derecha dejaba la Reyna

bastante tarima desocupada, subi a ella, y la hice mi cumplimiento, retirose un paso

hacia tras y me respondio como en las demás ocasiones antecedentes; al pasar al

Principe adberti, que se mantenia firme ynmediato a su madre, pisando el borde de la

tarima sin dejarme lugar, bajé de ella, y le hablé manteniendo un pie sobre la tarima.

La Serenissima Princesa del Brasil no concurrio por estar aun combaleciente.

La Princesa de Veyra dejaba bastante lugar para hablarla desde la tarima, bolbi

a subir a élla.

Acabados los cumplimientos [fol.5] y mi primera cortesia a la Reyna, vi que

todo el concurso entraba, buen que sin embarazarme la retirada, porque tomaban el

lado de la pared.

He disimulado este hecho de tal manera, que no solamente no he hablado de él

al Secretário de Estado, pero ni me he dado por entendido con la Serenissima Princesa

del Brasil, ni con Dona Luisa de Belandia, manifestandome con todos mas satisfechos

que nunca, dejando ha esta Corte que entienda, que como hablé a la Reyna puesto en

la tarima, no reparé en lo demás, y que no me han burlado como a Chabigni, y á Odi,

resuelto a no bolber mientras que ynformado Vuestra Excelencia de todo lo referido,

y de que el nuebo Nuncio se ha comenzado [fol.5v] ya ha escusar, y está en animo de

no concurrir a semejantes cumplimientos, no me ordenase otra cosa.

Un refriado me obligó a quedarme en casa los primeros dias de la semana que

acaba, de que me serbi para pedir al Secretario de Estado, cumplimentase de mi parte,

el dia de San Juan en que se celebra el nombre del Rey, a las personas reales respecto

de mi yndisposicion.

Los Embajadores no deben aqui concurrir a semejantes actos como particulares;

y a los que no han hecho su entrada publica, no se les debe recibir en publico, ni bajo

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de dosel, si no en audiencia particular, como se me recibio el dia de San joseph, y el

14. de Maio en que cumplimenté [fol.6] a la Reyna por el regreso del Rey.

Estas visitas de cumplimientos no son parte esencial del ministerio; dos medios

hai que se pueden tomar; practicar lo mismo que el Nuncio, sin darse por entendido

del motibo, si nos es que lo quieran saber; o soliticitar por el Secretario de Estado se

arregle como corresponde.

Sirbase Vuestra Excelencia noticiarlo a Sus Magestades de mandarme lo que

sea mas del real agrado, que será lo que yo egecutaré.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa

28 de Junio de 1744.

Ex.mo Señor.

Beso las manos de Vuestra Excelencia su mas rendido y obligado servidor.

El Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias.

Doc.155. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias relativo à

pretensão que, em nome de Filipe V, tinha colocado àquela Corte para poder ver D.

Mariana Vitória sempre que esta estivesse de cama; dificuldades e queixas da

Princesa relativas às «rediculas etiquetas de esta Corte», Lisboa, 28 de Junho de 1744.

AGS, Estado, Legado 7195, fols.1-2. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. Hice presente a la Serenissima Senhora Princesa del Brasil, el

contenido de la carta de Vuestra Excelencia de 31. del pasado, sobre los motivos que

tubieron los Reyes para mandarme, yntrodugese la pretension de ofrecerme en

persona a los pies de Su Alteza quando por yndisposicion guardase la cama, del

mismo modo que se ha permitido, y permitiria ahi, a él Embajador portugues ver en

ygual caso a la Princesa Nuestra Señora. Su Alteza me confirmó lo que supe

extrajudicialmente, y expuse a Vuestra Excelencia en carta [fol.1v] de 13 de Maio,

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añadiendo que Dona Luisa de Belandia nos podia servir en las ocasiones que yo

prevenia, que si ella no estubiese, se haria precisa mi entrada, la que siempre

consideraba dificil ha conseguir; que se alegraria tubiese yo esta distincion, pero que

era cierto que aqui se disgustarian de que la solicitase, porque no siendo algun fraile,

o Cardenal basallo, no querian entender en conceder la entrada en su quarto, y que

serviria solo á malquistarme.

Su Alteza tolera con violencia las rediculas etiquetas de esta Corte, y si no

hubieran permitido el desahogo de salir sin la Reyna a la quinta de Belén [fol.2] ni

hubiera recobrado la salud, y quizas ya la hubiera perdido enteramente.

De que Vuestra Excelencia se servirá dar quenta á Sus Magestades.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa

28 de Junio de 1744.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia su mayor reverendo

Y obligado servidor

El Marques de la Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias

Doc.156. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias sobre a jóia

que recebeu, assim como a Embaixatriz, sua mulher, do rei e da rainha de Portugal na

sua despedida da Corte de Lisboa, Lisboa, 9 de Novembro de 1746. AGS, Estado,

Legado 7192, fols.1-2v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. Por la carta de Vuestra Excelencia de 28 del pasado, he

celebrado la buena disposicion en que quedaban Sus Magestades y Altezas.

En la salud de Sus Magestades Portuguesas en la de los Principes, y en la de

los Señores Ynfantes no ay novedad.

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Por el dige a Vuestra Excelencia haver recibido con atraso sus cartas de 21 y

la letra que acompañaba a una de ellas.

La semana pasada, en que me llegó el carruage de Madrid salio parte de mi

equipage, por no haver bastado para el todo, y yo [fol.1v] le hubiera segundo

inmediatamente á haverse-me entregado por esta Corte las cartas, y ordenes que se me

deben dar incluso el pasaporte, y tengo pedido desde que Su Magestad Portuguesa se

restituió de las Caldas. El Secretario de Estado Don Marco Antonio Azevedo, que

estubo aqui a fines de Octobre me dijo se trabajan, y que al dia siguiente vendria un

ministro de la hacienda con un recado del Rey a traer-me el retrato de Su Magestad

que havia ordenado se hiciese de mas valor que el que era costumbre darse aqui a los

embaxadores con efecto sucedio asi, y ademas de estar ricamente guarnecido, el

diseño es mui bueno.

[fol.2] La Marquesa de la Candia, algo mejor de ona disposicion que la ha

tenido en cama desde el dia 29 se vistio antes de ayer para ir despedir-se de la Reyna,

y de la Señora Princesa del Brasil: Su Alteza la regalo una preciosa piocha de

brillantes.

Ayer escribi al Secretario de Estado pidiendo-le me dige-se se podria tener las

enunciadas cartas, y ordenes para mañana 9 pues si asi sucediese, y Su Magestad

Portuguesa no determinase en contrario, me embarcaria el 10 a las siete de la mañana,

para cuia ora esperaba se me concediesen el bergantin, y escaleres acostumbrados, me

respondio lo [fol.2v] que entenderá Vuestra Excelencia del adjunto papel, y en su

consecuencia tengo todo dispuesto para salir de aqui en el dia, y ora expresada, con

intencion de no quedar-me en Aldea Galega, y pasar a dormri a los Pregones, dejando

una buena parte de mi equipage, para que se embarque.

Vuestra Excelencia se servirá dar quenta a Su Magestad de lo referido

haciendo-me la honra de rep.me rendido a sus reales pies.

Ñuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo. Lisboa

9 de Noviembre de 1746.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mas reverendo y obligado servidor

Marques de La Candia

Ex.mo Señor Marques de Villarias.

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Doc.157. Ofício do Marquês de la Candia para o Marquês de Villarias descrevendo o

incêndio que houve na pousada onde se instalara com a sua mulher em Arraiolos,

Badajoz, 16 de Novembro de 1746. AGS, Estado, Legado 7192, fols.1-2. [Transcrição

integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Muy Señor mio. Sin embargo de la indisposicion, que ha padecido, y aun

padece mi muger, sali de Lisboa la mañana del dia 10. a dormir a la Venta de los

Pregones, conforme avisé a Vuestra Excelencia executaria; seguiendo la marcha

experimenté en Arraiolos la noches del 13 entre 10. y 11. el contratiempo de haberse

atacado fuego por la chimenea a la posada donde estaba, hallandonos ya en la cama:

la inmediacion de la chimenea a la escalera [fol.1v] de dos únicos pequeños

aposentos, que tenina la posada, que el uno ocupaba con la Marquesa, y el otro sus

criados, obligó a que reconocido por mi la imposibilidad de salbar-nos por la escalera,

saca-se por una ventana a la Marquesa desnuda, sin mas que uma bata (como yo) y

me arrojase por la misma, lo que tambien ejecutaron quatro criadas, pero otra de 53

años de edad, que habia 23 que la servia, inadvertidamente tomó la escalera antes que

yo hubiese sido noticioso de la novedad del fuego, y perecio en las llamas

irremediblemente pues solo [fol.2] se supo despues de haber-se-la echado menos,

desgracia, que nos ha sido mui sensible; Algunas cosas perdi, pero lo principal se

libró. La Marquesa no ha querido hacer otro para reparar-se de un gran quebranto

hasta llegar aqui, donde me detendré mañana y el dia despues continuaré mis jornadas

conforme lo permita el estado de su salud, y el tiempo ya que Dios lo quiere asi, de

que Vuestra Excelencia se servirá de dar quenta a Su Magestad.

Nuestro Señor guarde a Vuestra Excelencia muchos años como deseo.

Badajoz 16 de Noviembre de 1746.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mas reverendo y obligado servidor

Marques de La Candia

Ex.mo Señor Marqués de Villarias.

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XIV. Embaixada do Duque de Sottomayor em Lisboa (1746-1753)

Doc.158. El Duque de Sotomayor. Sobre su sueldo; ayuda de costa; viage; y entrada

en Lisboa; y pension de 650 escudos cada mes. [1746]. AGS, Estado, Legado 7208,

fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1]Al Decreto de Su Magestad de 14 de Septiembre de 1746 se sirvió Su

Magestad de decir que al Duque de Sotomayor , Embajador destimado á la Corte de

Portugal; havia venido en conceder-le una pension de seiscentos y cincuenta excudos

de outro al mes, en atencion á sus méritos, los de su Casa, y al atraso de ella,

mandando que en qualquiera parte, que se hallarse , se le asistiese pontualmente con

esta pension.

Y por orden de 4 del proprio mes, se expresó, que aviendo Su Magestad

sirvido nombrar al Duque de Sotomayor por su Embajador Ordinario, cerca del Rey

de Portugal, le havia señalado 46 doblones por su sueldo, y 12 para gastos

extraordinários , no accidentales, cuias cantidades le deverian correr desde el dia de su

arribo á Lisboa, que las debia percibir integras, y por mesadas en aquella Corte; y que

igualmente le havia señalado Su Magestad 36 doblones para gastos de su primer

establecimento en ella [fol.1v] y pera su entrada publica; y 600 para los de su viage,

mandando que estas dos cantidades se le entragasen luego.

Doc.159. Despacho do Marquês de Villarias para o Duque de Sottomayor sobre o

carácter que lhe fora atribuído nas suas cartas credenciais, Madrid, Bom Retiro, 1 de

Outubro de 1746. AGS, Estado, Legado 7214, fols.1-3. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Antes de noche llegó a Madrid el Visconde de Villanova da Cerveira,

Embaxador de essa Corte, y oy há sido admitido á la primera audiencia de Sus

Magestades en que há entregado sus cartas de crehencia confidenciales. Por ellas se

há reconocido, que trahe el caracter de Embaxador extraordinario, siendo assi que el

Marques de la [fol.1v] Candia, avisó vendria con el de Embaxador ordinario, que fué

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motivo para que Su Magestad no concediesse á Vuestra Excelencia el de Embaxador

extraordinario.

A otra lo há tenido Su Magestad por bien y en su consecuencia há escrito otras

cartas de crehencia de Vuestra Excelencia confidenciales, iguales á las que llebó

Vuestra Excelencia menos la expresada diferencia, y alguna novedad en el formulario

por arreglarle de las que há presentado el Vizconde de Villanova [fol.2] da Cerveira.

Tambien há escrito otras la Reina Nuestra Señora, y todas las copias de las del Rey y

de la Reina á los Principes del Brasil, las incluyo, para que use Vuestra Excelencia de

ellas, si llegaren á tiempo en que no haya tenido su primera audiencia, como és dable,

porque se crée, que estarian en las Caldas essos Monarchas al arrivo de Vuestra

Excelencia; pero si no fuere assi, hará Vuestra Excelencia relacion de lo expresado al

Secretario de Estado, que en ello reconecera, que aun en este punto quiere el Rey

uniformar su intencion con la de esse Monarcha, y se pondrá Vuestra Excelencia de

acuerdo sobre la forma de revestirse Vuestra Excelencia del caracter de Embaxador

Extraordinario, que parece la mejor recoger las primeras cartas del Rey, y poner en su

lugar las inclusas.

A no haver consignado Vuestra Excelencia aquellas entregará Vuestra

Excelencia las ocho que acompaño, quatro del Rey, y quatro de la [fol.2] Reina, y

demas las tres que llebó Vuestra Excelencia de la Reyna, para Sus Magestades

Portuguesas, y para el Principe del Brasil, porque como son de entera confianza, no

tiene inconveniente, que se entreguen duplicadas, y reserbará, y me bolberá las quatro

del Rey, para essos Monarchas y Principes del Brasil, y la de la Reina para la

Princesa.

La carta de chancilleria se supone que no le havrá entregado [fol.2v] Vuestra

Excelencia ni que lo hará hasta el caso de la entrada publica. Por el primer correo se

embiará á Vuestra Excelencia otra en que se nombre á Vuestra Excelencia Embaxador

Extraordinario, para que Vuestra Excelencia buelba aquella, y no se remite aora,

porque no urge como las otras.

Todo lo advierto á Vuestra Excelencia de orden del Rey, y para ganar tiempo le

despacho un extraordinario.

Sus Magestades la Reina veuda Nuestra Señoria y los Señores Infantes gozan

[fol.3] cabal salud. Con ella desseo guarde Dios guarde á Vuestra Excelencia muchos

años. Buen Retiro á 1º de Octubre de 1746.

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El Marques de Villarias

Ex.mo Duque de Sotomayor.

Doc.160. Ofício do Duque de Sottomayor para o Marquês de Villarias descrevendo

detalhadamente as últimas horas de vida de D. João V, Lisboa, 6 de Agosto de 1750.

AGS, Estado, Legado 7220, fols.1-6. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. Despacho este correo en suplemento de lo que no pude avisar

con el que bolbi á Vuestra Excelencia y llevó la funesta noticia del fallecimiento del

difunto Rey como tambien para dar quenta de lo que despues há ido sucediendo.

No hubo en aquel caso mas tiempo, que el de decir, como acavava de espirar

por el breve instante que quedava de no perder maréa para salir del correo, y aun

hubiera sido inutil qualquer diligencia en ocasion tan confusa, sin anticipadamente no

hubiesse yo sacado la orden para las postas, como avisé con la que adelanté a

Badajóz, desconfiando de que se me diessen, por lo que lo dudó el Secretario de

Estado en consideracion de que no llegasse ningun aviso, primero que el de esta

Corte, aunque atendiendo á que aun vivia, quando yo iva á despachar, se me

concedieron á tiempo que havia passado la maréa; y como havia yo adelantado que

aquel Monarca quedava desahuciado, porque no cogiesse de golpe la noticia de la

fatalidad, detuve la ôrden para usar de ella en la urgência de la ocasion que estava á la

vista.

Passavan yá de las seis, y media de la tarde, quando por estar pronto á

despachar, me recogi â mi casa entendido por la relacion del Gentilhombre [fol.1v] de

Camara, Conde de Uñon, y de quien asistio al difunto Rey con mas amor, y confianza,

que para todo consuelo de tan inestimable perdida, desde el punto en que se declaró

irremediable, havia querido Dios, que tubiese mas despiexto el sentido, y

conocimiento, y puesto enterarmente en no desperdiciar instante para lo que mas

importa: aunque yá desde el medio dia del Miercoles 22 del mes, se descubria muy

poca esperanza, sin embargo se porfiava en tenerla por lo que tant repetidamente se le

havia visto mejorado, quando se le juxgava moribundo, y assi au se tentavan

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remedios, de los que en sejantes lanzes se aventuran contra la confianza. De estos

eligieron la quina (como avisé) pero se la dieron en la agua de Ynglaterra, á la qual

correspondio tan infaustamente, que rompio en un fluxo de vientre tan dezordenado,

que se creyó le acabasse luego; y assi se acudio á que se le disse la uncion con la

mayor brevedad. Era yá media noche y administrandola el Cardenal Patriarcha con

celeridad por temer faltasse tiempo, le advirio aquel Monarca que fuesse despacio

porque queria repetir las oraciones, como hizo muy clara, y distintamente. Pidio luego

que hiciessen venir al Nuncio para aplicarle la yndulgencia papal concedida para

aquella hora, â qual se previno con fervorosos actos y despues habló á solas al

Principe. Passó la nocje con algun sossiego; lo mas del dia siguiente como insesible,

pero á ratos se recobrava , y en todos con palabras, y resignacion, como se le havia

visto en el discurso de toda esta ultima enfermedad, [fol.2] encargando, que ninguno

rogasse por su vida, si no por su salvacion, en la qual unicamente havia muchos meses

que tratava. Assi llegó hasta las siete perciviendo siempre las vozes devotas con que

le fervorizava el Padre Domingo Pereyra, y que repetia confusamente e pronunciadas,

hasta que una tos con que rompio por la boca en sangre, y posthema, le sofocó. La

Reyna le asistió ã su cabezera con una constancia, que solo corresponde á sus

admirables, virtudes, y despues de cerrarle los ojos, y besarle la mano, se recogio

dando quebranto todo lo que no pude escusar el dolor, y dá precio á la conformidad.

No dexó el difunto Rey hecho testamento: porque si bien quando le acometio el

primer accidente, yá son 8 años, le havia empezado a ordenar, no le acabo por haver

passado del primer riesgo. Recogio el que se havia empezado el Cardenal de la Mota,

con el motivo de tener que advertir, y porque con mas tiempo se dispuesiesse mejor,

de que nunca llegó el caso. Ynstó algunas vezes la Reyna en ocasiones en que el Rey

estava libre de sus accidentes, pero sin efecto;y en una en que estrecho con mas

eficacia, la respondio que era inutil; porque á que fin havia de hazer testamento, si

nunca se cumplia el de ningu Rey, con que fallecio sin esta, ni otra disposicion mas de

lo que en algunas ocasiones en que habló á solas con el Principe, le recomendo y

previno.

Yá difunto, en quanto á su entierro se ordenó practicarse lo acostumbrado, y

regularse por el del Rey Don Pedro, como se hizo, llevandose el cadavel á la Yglesia

de San Vizente [fol.2v] de afuera de canonigos reglares, donde descansan los

postreros Reyes sus antecessores.

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Para lutos, la primera orden salio, que fuessen segun la nueva pragmatica; pero

luego se mandó que se observasse todo el rigor antiguo; y el aviso del Secretario de

Estado segun el estilo es de un año de capa larga, y otro de capa corta, que és en las

funciones de Corte, que son siempre con capa para los que asisten por titulos, ô

Grandes, y criados, de la misma suerte que las personas reales; pero el luto tan

general, que â ninguna persona la mas pobre se le excusa siquiera de caperuza negra.

Yo vesti luego de luto toda la familia, como hize quando vine, y sali aun antes

de publicados los lutos con ellos, en los que venian conmigo, y lo mismo siguen los

demas Ministros, que son oy el Nuncio, y el Embiado de Ynglaterra.

Hallo en los papeles de esta Embaxada hasta la ultima, que estos lutos se ponian

entre los gastos accidentales. Es la primera partida que se me ocurre, que me

ocasionasse á poner alguna en ellos. Repugname por esse motivo; pero el de hallarla

assi me obliga á informar á Vuestra Excelencia por que en seguir lo acostumbrado, ó

innovarlo se observe lo que se ordene por regla, y no por arbitrio.

Como las primeras resoluciones de un Reynado se toman para indicios de las

que sigan, tocaré la [fol.3] que se hán visto en estos dias. A un hijo natural del

Ynfante Don Francisco havia el Rey difunto el año passado declarado el testamento

de Exª. que llamasse el Señor Don Juan absolutamente sin mas apellido, y

precedencia a todos despues de los Ynfantes. Represento en contrario el Duque de

Lafoens por el mismo parentesco, y titulo, apoyandose de los que podian introducir

espécies favorables, y que en parte las mirarian como proprias. Quiso el Rey mucho ã

aquel sobrino, y en este año ultimo se llevó su imponderable assistencia todo su

cariño, y confianza, y no menos de la Reyna. Y despues de considerado quanto

expuso de entre ambas partes, vajaron decretos á todos los Consejos, confirmandolos

antecedentes, sin que antes se hubiesse percivido nads por quien fuesse, ô juzgasse

capaz de desviarlos. Recurriose por el Duque al juzago de la Corona , causando

mucha estrañeza la impropriedad por no devir mas de que se excussó noticia entera al

Rey difunto por el mismo interessado por la notable comocion, que le observo,

quando arrojo de si al Duque al empezar ã pronunciar la queja, introduciendola con

presentarse diciendo, que alli tenia Su Magestad a un nieto del Rey Don Pedro,

atajandole ã gritos, con decirle.

Y alli otro, que demas los és tambien de la muger del mismo Rey Don Pedro, y

que se quitasse de delante; y temendo le diesse algun accidente, le recataron mas

noticia. Tomó lo tambien fuerte la Reyna; pero se havia observado, que el Principe

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habló templadamente en termino de no desatender al Duque. Detuvose todo con la

enfermedad [fol.3v] del Rey. Y como para la asistencia á su entierro se necessitava

decission se propuso la duda, por quien la deseava declarada en contrario, y la havia

dirigido á este fin. Respondio el nuevo Rey que se viesse lo que parecia, y se le

informasse. Hizo el que lo preguntó una Junta á su modo, y dixo al Rey que por ella

parecia, que precediesse el Duque; pero como el Rey havia oido otra, resolvio lo

contrario, añadiendo que pensava observar pontualmente todo lo que sabia que havia

determinado su padre; y que se executassen sus decretos; en lo qual que se llevó la

atencion fu ehaver creido, que antes se hubiesse discurrido de diferente inclinacion, ô

pensamiento; aunque entre los mas, lo que se estimó fue no condescender con el que

se le propuso, y estava hecho á disponer.

Luego con el motivo de no poder assistir, por sus años, y achaques á dar fée del

entierro el único Secretario de Estado Pedro de la Mota, nombró para las dos vacantes

á Sebastian Joseph de Carvallo, Embiado que fue á la Corte de Londres, y Viena, con

el repartimiento de negócios estrangeiros; y á Diego de Mendoza que lo fue en

Olanda, en vida de su padre Diego de Mendoza Corte Real tambien Secretario de

Estado, y gran Ministro; y este son viente años que era del Consejo de Hacienda, y

presidia en la Junta de la Casa de Braganza, que como possesion del Principe facilitó

el haverle tratado; y és de su reparticion, todo lo Ultramarino. Uno, y otro

nombramiento hán sido muy bien recividos, mirandose como ascensos regulares

segun lo que se há practicado en este Reyno.

Se há mandado con graves [fol.4] penas, que ningunos géneros que sirvan para

luto, se suban á mas precio del que tenian antes de esta ocasian, conteniendo assi la

exorbitânciaen que desde luego los havian puesto.

Parece que oye en lo que se determina á los dos Cardenales Acuña y Patriarcha;

que el primero fue Ministro favorecido del Rey difunto en los primeiros años de su

reynaod, y és el que quedó del Consejo de Estado, auque de larguíssima edad; y el

segundo, despues de haver sido oidor, fue Secretario de Estado de los Reyes Don

Pedro y Don Juan Quinto, Obispo y Presidente de la Chancilleria de Oporto, y luego

Arzobispo de Lisboa; y en entreambos son venerables las experiencias, y años, y hãn

sido muy loables las costumbres. Tambien atende al Marques de Marialva, que le há

criado, y mas que todo á la Reyna madre, como deve, y siempre observó.

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Yo espero en todo, lo que Vuestra Excelencia se sirva prevenirme para mi

conducta, y quanto sea del servicio de Su Magestad para encontrar con el acierto que

deseo.

Dizesse que dentro de breves dias se hará la jura, y aclamacion, que los mas

entienden será de aqui a veinte dias, ô al fin del mes; que aviso á Vuestra Excelencia

como se oye, porque llegando con mas tiempo á su noticia , vea si en ella como en

todo tiene Vuestra Excelencia que ordenarme, ô que tengo que hazer.

Gozan estos Señores entera salude n medio del quebranto de la perdida, y fatiga,

y cuidado dolorozo de tan penosa assistencia.

Lo que deseo unicamente és, no haya hecho novedad en la de los Reyes tan

sensible sucesso, como la que és nuestra suma importância, y felicidad [fol.4v]y que

Dios les desquente en muchas este sentimiento.

Quedo á las ordenes de Vuestra Excelencia como devo rogando a Nuestro Señor

guarde a Vuestra Excelencia muchos años. Lisboa 6 de Agosto de 1750.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor e mas seguro servidor

El Duque de Sotomayor

Ex.mo Señor Don Joseph de Carvajal y Lancaster.

Doc.161. Ofício do Duque de Sottomayor para o Marquês de Villarias descrevendo

os preparativos para a cerimónia de aclamação do rei D. José I; primeira audiência

que teve com aquele monarca, Lisboa, 8 de Setembro de 1750. AGS, Estado, Legado

7220, fols.1-3. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Mui Señor mio. La carta de Vuestra Excelencia de 29 de Agosto me há

renovado el gozo con que celebro las noticias de la importante salud de Sus

Magestades pues en ella me las repite Vuestra Excelencia favor que agradezco

sumamente.

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Este Soberano havia mandado que el dia 7 del presente mes, se celebrasse

[fol.1v] su jura, y aclamacion, y que solo por aquel dia se suspendiesen los lutos, y se

vistiessen de gala, aplaudiendo el assunto de el, con repiques, saludos, y luminarias; y

en virtud de esta real disposicion se preparó en frente del Palácio que mira á una gran

plaza, una magnifica galeria adornada de telas muy preciosas, con un dossel

riquíssimo; y á la una y media de la tarde ocupó la tropa [fol.2] y Ynfanteria, y

Cavalleria la mayor parte de la plaza, dexando campo comodamente para otra muy

numersa del pueblo, ademas de la mucha gente que havia en tablados, ventanas, y

balcones, allajados con esmero.

Empezose el acto con la mayor solemnidad, y soberania, y se concluyó con

repetidos vivas á las tres, y media de la tarde; y como no tube lugar en él, porque las

circunstancias, y estylo [fol.2v] asi lo requerian; hallandome con aviso de Su

Magestad Fidelissima que me comunico el Secretario de Estado, reducido solamente á

que aquella noche era el besamanos con el motivo del dia, y de cumplir años la Reyna

viuda su madre, esperé la hora, y passé a dar la en hora buena á Sus Magestades que

correspondieron con las reales demonstraciones, y afectos que acostumbran.

Toda esta real familia queda en la mejor disposicion [fol.3] de salud, y con el

gozo de ver tan justas aclamaciones y tan universales aplausos por los aciertos de tan

feliz reynado

Para dar á Vuestra Excelencia estas noticias, quise saber si la Corte despachava

expreso; y haviendome detenido hasta ayer noche, se me dio á entender que yo lo

hiciesse, y que con él se escriviria; por cuya causa lo despacho aora, lisongeandme

que sirvo á una, y [fol.3v] otra , y que Vuestra Excelencia lo dará por acertado.

Quedo para servir á Vuestra Excelencia como devo, y ruego a Nuestro Señor

guarde a Vuestra Excelencia muchos años. Lisboa 8 de Septiembre de 1750.

Ex.mo Señor

Beso las manos de Vuestra Excelencia

Su mayor e mas seguro servidor

El Duque de Sotomayor

Ex.mo Señor Don Joseph de Carvajal y Lancaster.

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XV. Formulários, regulamentos e guias de cerimonial

Doc.162. Apontamentos sobre a Instrução que devem ter os Embaixadores,

requisitos a que devem satisfazer segundo as circunstâncias, preceitos e regras que

lhes convem observar. BGUC, Manuscrito nº168, fols.45v-51. [Excerto].

/fol.45v/ He tão necesario que o Embaixador corresponda a Corte e ao negocio

para onde o mandão e que vai fazer que nao deve o Princepe cuidar que chega hum

tam Embaixador para França porque foi bom embaixador em Castella. Ainda que há

drogas na natureza que tomão as qualidades das outras a que se juntão, comtudo na

/fol.46/ politica não se encontrão facilmente os previlegios destas drogas. Deve ser

sabedor dos costumes, e maneiras de negociar nas Cortes. Para França que seja facil

que de banquetes, que falle com familiaridade e que se não vista daquela gravidade

espanhola que o tirara do comercio mas acrescento, que deva cuidar muito em se não

envilicer de pura familiaridade.

Para Roma não deve hir hum homem aberto que aborreça o estado eclesiástico

que desprese os nepotes que por fazer o galante homem não cultive as Igrejas, e passe

praça de pouco carholico.

Para Castella hum /fol.46v/ homem grave que fale seriozo que a todas as

palavras traga a sua honra, e de tudo a faça cem toda a ocasiao a tenha tesa a corda da

sua personagem em venesa como os ministros da republica tem siumes de que lhes

saibao os seus concervase fazer aparato que examine as suas maximas e espreita com

miudeza os seus concelhos.

Seguem-se alguns apontamentos que achei sobre a instrucção de Embaixadores

Começar pela importância da legação não como explicando porque a materia e

/fol.47/ e nescecidade he bem conhecida não se trata ja de explicar mas relativamente

por decoro e exposição. Nestes tempos o maior ponto he propor a nescecidade da

escolha do menistro primeiramente pelas qualidades geraes e que servem para

habilitar a pessoa em geral e estas tao os seguintes .

/fol..47v/ Que tenha alguma lisencia, digo alguma porque não he necesario

que seja douto ou grande humanista cheio de letras humanas porque não vay a brilhar;

grandes homens conheci que não forão os melhores, porem saiba a História do tempo

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e tenha alguma lus da eclesiástica, e sobretudo o que convem para fazer hum cortezão

perfeito, isto não he facil mas /fol.48/ o que tiver mais disto.

Que seja prudente, rezervado e atento que se não faclite, que não frequente os

lugares públicos, que nao seja de todos da terra, ou da Corte não por aseitaçao mas

como naturalmente falar ao geitto de todos mostresse muito afeiçoado aos costumes e

modo. Muito cuidado na familia tenha mesa limpa, e nobre convide algumas vezes

isto se entende seguindo o uso da Corte em que estiver. Tenha taobem cuidado em

nao fazer perguntas, mostrando que ignora salvo se for sobre algum facto, não falle

em coizas que na souber muito a fundo ou seja dando a entender que as sabe. Estas

atençoes sobre a escolha do menistro /fol.48/ publico respeitão a pessoa em geral,

porem nestas escolhas se deve attender a qualidade do negocio e a cituação da Corte

para onde vai. De sorte que são tres as coizas que se deo em atender na escolha. A

primeira he geral, a segunda a qualidade da materia, e a terceira a situaçao da Corte.

Para a primeira fica ditto para a segunda quando o Princepe tem hum tal

negocio que depende da mantra de introduçao de compra para huma lega para huma

pax para qualquer outro negocio accidental ou superveniente aos negocios ordinários,

he nescesario buscar menistro que tenha geneo /fol.48v/ para bem propor e abrir o

negocio segundo o tempo, o modo, as forças, e a rezão. [...]

A terceira qualidadade he para a situaçao em que presentemente se achar a

Corte, porque as vezes nescesita de pessoa particular, e o que he bom para huma não

he /fol.49/ não he para outra. Para isto he nescesario saber que génio reina nos

Ministros da Corte.

Sobre tudo ou seja na instrucção ou no modo della, na qualidade do negocio e

no provimento do menistro deve sempre attender se as forças do Princepe que manda,

se he de Princepe mais pequeno he preciso uzar de defrente politica como se explicara

mais certo he todo o grande e tudo e cuidado do menistro que vay, cómoda Corte, que

o manda. Espanha nem sempre foi fellis nas eleiçoes porque ordinariamentte as fas de

homens que estão a caber por huma carta assistencia Corte e he nescesario acomoda

llos, e não tem attençao que /fol.49v/a materia ao tempo e ao lugar.

[...]

/fol.50/ Que deve evitar toda ocasião de discreta e de perferencia tomar o seu

lugar sem aseitação e sem que pareça que foge a concorrencia com outros menistros

que lhe disputem o passo.

[...]

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/fol.51/ Que a sua familia seja escolhida e de entendimento com alguma

espécie da siencia da história, que se não sirva com gente do pais, que o seu secretario

seja muito hábil e que saiba latim. Que a sua casa seja magnifica mas que a

magnificencia seja igual a saber que as equipages correspondão a mezas que tenha

grande trato com os Menistros estrangeiros que faça a sua Corte aos do Princepe.

Doc.163. Formalidade que a corte Portuguesa tem com os Embaixadores das

Potencias coroadas rezumidas por Monsenhor Moreira e escritas do seu punho.

BGUC, Manuscrito nº 629, fols.1-10v. [Transcrição integral].

/fol.1/ Manda recebellos no Caia por algumas Thropas que o conduzem a

Elvas com os seus Officiaes: o General o leva no seu coche, e á entrada o salvão com

artelharia, e se ali fica, convida-o o General a jantar, e lhe faz as honras militares, que

lhe sam devidas, e o torna a salvar na despedida, e o acompanha com a mesma tropa

algum [sic] espaços, e despois o deixa seguir a marcha até Aldea Galega: Dalî avisa o

Secretario d’Estado, que lhe manda bargantiz em que vem com a familia.

Na praya o espera um Grande em coche d’El Rey, e algum mais para a familia

do Embaixador: Apear-se, cortejamse por Excellencia, toma o primeiro assento do

Coche á mão direita do Grande, e vai ao seu alojamento: Apeados entram, e o

Embaixador sempre a mão direita, porem na despedida sahe pelo contrario, e o

Embaixador o acompanha até o Coche, e o vé partir. Aos cocheiros d’El Rey aos

Patroens, Remeiros, dasse a manchos [?] que parece. /fol.2/ Vindo o Embaixador por

mar, chegado que seja á barra, aviza o Secretario, assignado dia, e hora para o

dezembarque na Carta que leve hum Gentil-homem: ElRey manda logo vizitallo por

hum Cabo de Guerra, e o Embaixador lhe dá a mão á porta, e a melhor cadeira: no dia

do dezembarque vai hum Grande a bordo em Bargantim Real e leva outros para a

familia do Embaixador: Este espera, e recebe o no alto da Escada, levo-o á Camara,

dando o melhor lugar ao Grande, e voltando despois da vizita, que he breve, entra o

Embaixador no bargantim, e toma o melhor assento, e no dezembarque, e condução

observa se o mesmo, que fica dito acima.

O Embaixador busca o Secretario d’Estado, mostra a copea das Cartas

Credenciaes, pede dia, e hora de fallar a El Rey, que costuma dar lhe audiencia

particular: o Secretario paga a vizita, restitue as copeas, e dá o dia, e hora em resposta.

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Partecipa a sua vinda aos Ministros estrangeiros, que o vizitao primeiro, e o

mesmo fazem os Grandes, a quem o Embaixador paga a vizita antes da entrada

publica, e despois os vem a todos em ceremonia: recebe os duas, ou trez cazas além

da Camara da audiencia, /fol.3/ acompanha-os até o alto da escada: Aos Conselheiros

d’Estado espera-os no cimo da escada, acompanha-os até o Coche, e vê-os andar, e

cada hum faz o mesmo em sua caza ao Embaixador. Nam se admite entre nós que o

Embaixador negue a mam posta, e melhor lugar a qualquer pessoa ainda que menos

distincção em sua caza.

Os Conselheiros d’Estado vizitão primeiro os Embaixadores de Alemanha, e

Castella, por ajuste reciproco; com outros não esta regulada a discordia pola [sic]

dificuldade de achar caracter igual, e pertendem os Embaixadores que se lhes dê parte

e vezita pelos Embaixadores.

Os Cardeaes mandão comprimentar o Embaixador por hum Gentil-homem, e o

Embaixador os vizita primeiro, pedindo-lhe hora.

Indo ao Paço entra o coche no pateo da Capella, o Capitam da Guarda, e outro

official da Caza alî o esperam, e conduzem á audiencia, e na volta ao coche. Se El

Rey tem detença, e o Embaixador espera, o levão a alguma Caza, que não seja de

passagem, e assentasse, e os que o conduzem tambem.

Recebe o El Rey na segunda Salla do Docel, e dá passos adiantados, cuberto, e

os Grandes até aparecer o Embaixador, á porta donde faz a primeira Cortezia, a

segunda no meio da /fol.4/ caza, e a terceira juncto a El Rey, que o manda cubrir,

emquanto fallão: Na volta se descobrem e com as mesmas cortezias, e huma para os

Grandes que estam na parede direita cubertos, outra para os Officiaes da Caza, que

estam na esquerda descobertos, se despedem.

Na audiencia da Rainha observa se o mesmo: Alguns Embaixadores não se

cobrem, e sem embargo desigual que a Rainha fez ao de França, que era o Abbade

Mornay, continuou descoberto.

Antes da entrada publica são hospedados á custa d’El Rey por trez dias, o que

recuzáram os Marquezes de los Balbazes, e Capichotam, Embaixadores d’Hespanha.

Os que admitem o convite, sam buscados em caza por hum Veador em Coche de Sua

Magestade; o Embaixador o tracta como aos Grandes, e come com o Veador, que no

coche, e meza toma a esquerda. Findos os dias restituese com toda a familia a sua

caza nos coches Reaes, e dá mancha aos Copeiros, Cozinheiros, Reposteiros, o

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Escrivam da Cozinha tem joia, ou anel, o moço da Camara, e algum official mais

assistente quazi o mesmo, porem de menos valor.

Nesta Caza se fazia antiguamente a entrada publica, porem o Conde de Valten,

Embaixador da Alemanha, reprezentou o /fol.5/ desmodo que padecia nisso, e com

licença se retirou a caza, e este exemplo seguirão os demais.

No dia seguinte, e hora destinada vai hum Conselheiro d’Estado em coche da

pessoa real, e dito mais quatro ou seis para a familia do Embaixador, e chegando á

porta de sua caza, nam se apéa se não avista delle, que ordinariamente vem descendo

a escada: apeando o Conselheiro he recebido pela mão direita, e na porta, e feita vizita

breve, voltam os coches, onde o Conductor toma a esquerda: Embarcada a familia,

marcha a comitiva, começando pelos coches dos Grandes, Embaixadores, e Ministros

Estrangeiros, dos Cardeaes, e da Rainha por obezquio especial, seguese o

Embaixador, logo o seu Conselheiro a cavallo á direito do Cavalheiriço do Conductor:

os coches, e trem do Embaixador, e despois o do Conductor.

No Terreiro do Paço está formada a Infantaria, e Cavallaria: o coche d’El Rey

entra no Pateo, e os do Embaixador apeados já os Gentis-homens dos Grandes e

Ministros ali o esperam para acompanha llo: o Capitam da Guarda e outro Official da

Caza o guião á prezença d’El Rey, levado o Embaixador no meio entre o Conductor, e

Capitam da Guarda, que aqui tem a mão direita do Embaixador.

El Rey está assentado no trono /fol.6/ cuberto, avistando-o se levanta em pé a

receber a primeira cortezia, e descobre se, feita a segunda, e terceira ao pé do Trono,

sobe, e cobremse e falam: satisfeita a forma da audiencia, entregues as credenciaes, se

retira o Embaixador com as mesmas cortezias, e a dos Grandes, e Officiaes da Caza

entra logo despois da segunda voltando a hum, e outro lado.

Passa ao quarto da Rainha, do Princepe e Princeza com as mesmas

ceremonias, e recolhe se com a mesma ordem. Em caza se apêa o Conductor, e os

seus criados, e o Embaixador lhes dá refresco, na despedida lhe dá a direita e desce

até o coche, e o vé partir. Dasse propina aos cocheiros d’El Rey todos, que se

occupáram com elle, e com a familia.

O Marquez de los Balbazes vizitou no mesmo dia, e com todo o trem, o

Secretario d’Estado, porque nam estava ainda regulado o cerimonial dos Senhores

Infantes. Com estes se portou, pedindo audiencia aos Seus Secretarios, e conduzido

por hum Gentil-homem da Camara de cada hum delles, e nos seus coches dos

Infantes, os quaes se portarão como na audiencia d’ElRey.

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O Embaixador vizita logo os /fol.7/ Ministros estrangeiros, e com todas as

ceremonias, e com todo o trem, sendo do seu caracter, e o mesmo ao Conductor, e

despois paga as vizitas, como póde, nam faltando ás pessoas que deve etecetera.

Fernando Telles da Silva, Conde de Villar Mayor, Embaixador na Corte

Imperial pedia audiencia particular do Emperador Joseph 1º , e das Senhoras

Emperatrizes. Responderão que a costumavam conceder aos Embaixadores de

Espanha, por serem domesticos da Caza de Austria. Replicou o Conde que a Corte de

Portugal era mais intima por união, e parentesco, e succedera á defuncta Caza de

Espanha 2º que o Embaixador de Leopoldo 1º prometera ao Marquez de Algrete

Manoel Telles da Silva em Hidelburgo, que se fazia esta onra aos Embaixadores

Portuguezes, e se concedera com effeito ao Princepe de Lenhi Embaixador d’ElRey

Dom Pedro 2º - 3º quem em 1684 se fizera a mesma honra ao Cavalheiro Contarim,

Embaixador de Veneza para facilitar os ajustes da Liga sagrada contra os Turcos, e

Portugal tinha servido a Carlos 3º. Deo-lhe o Emperador audiencia particular em 19.

de Fevereiro, em que fallou ás Emperatrizes, e no 1º. de Março de 1708 ás Senhoras

/fol.8/ Archiduquezas.

Os Embaixadores chegando á Corte do Império, fazem-no saber aos

Conselheiros de Estado, e Ministros de Principes Estrangeiros: Estes o visitam logo.

O Conde de Waldestein, que fora Embaixador em Portugal, era Conselheiro de

Estado, e lembrado de que os nossos Conselhieros não o vizitáram, dice o ao Cezar, e

feita conferencia ordenou por Decreto, que não vizitassem. O Principe Eugenio, e o

Conde Vratislao, como amigos buscarão, e comerão com o Embaixador antes do

avizo e do Decreto. Reprezentou por via da Emperatriz May, e da futura noiva, que

em Portugal não era costume, e não se aggravára Waldestein, pois se não fazia aos

Nuncios Vossa Excelencia que se não fazia argumento de estilo, a estilo, pois erão

diversos. Que fora Waldestein cumprimentado a bordo, conduzido nos Bargantiz, e

por hum Grande, e nada disto se fazia em Vienna. Que dois Officiaes da Caza Real

Portugueza conduzião a Waldestein incognito ás audiencias particulares, e cobria se

na camara d’ElRey. E não se fazendo em Vienna por estilo, desculpa o procedimento

da outra Corte no seu uzo. Revogou se o Decreto, e fez avizo, e recebeo visitas.

Negociou se pelo Conselho /fol.9/ Aulico, por ser tractado, de cazamento, e por ter de

Portugal, caza intima de Austria: sem embargo da pertençao contraria do Conselho de

Estado. Duvida se se havia communicar se primeiro a Emperatriz May, ou a Reinante.

Rezolveo se que ao mesmo tempo por dous Conselheiros aulicos. Deo sa à Rainha o

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mesmo dote que levára Marianna, mulher de Fillippe 4º em 1684, digo, em 1648, se

os gastos até Roterdam, sendo costume não exceder dos seus Estados.

Phillippe Willhelmo Conde Palatino do Rhim, Principe Eleitor do Imperio a

30 de Junho de 1697 recebeo a Manoel Telles da Silva, Embaixador Portuguez, com

as honras, e preheminencias, que os Principes Alemaens fazem aos Embaixadores

Extraordinarios do Emperador, não estando ainda em uzo.

Doc.164. Copia del Ceremonial, o, reglamento de Embaxadores expedido en 28 de

Abril de 1715, Madrid, 28 de Abril de 1715. AHN, Estado, Legado 2610, Exp. 4,

fols.1-4v. [Transcrição integral].

/fol.1/ Copia del Ceremonial, o, reglamento de Embaxadores expedido en 28 de Abril

de 1715

Deseando por quantos medios sea posible el mas breve despacho de los

negocios, assi tocantes al govierno de la Monarchia, como á los intereses de los

Principes extrangeros; y que sus Ministros logren mayor facilidad, y promptitud en

encaminarlos, y tratarlos; he resuelto, que uno solo de los Ministros del Consejo de

Estado, sea, con quien de aqui adelante los de los Principes extrangeros, traten, y

devan tratar privativamente todas las dependencias de su encargo, á fin de

representarmelas y responderles á ellas, lo que yo le ordenare incluiendose en esta

regla el Nuncio del Papa, los Embaxadores [fol.1v] de las Coronas, los Embiados,

Residentes, Secretarios, y qualquiera otro sugeto, que venga á esta Corte con caracter,

o, sin el á tratar de materias tocantes á Princepes extrangeros, y para que los

mencionados Ministros puedan immediatamente que [fol.2] le entregue la copia de la

cartas credencial, y le informe de las dependencias de que viene encargado, y mi

Ministro de Estado después de haverme dado quenta de todo, le pagará la visita,

noticiandole, si la carta puede admiterse, o, (reconocida primero por el Consejo, á

cuio fin la mandaré sempre remitir á el) y le enterará de mi resolucion, á cerca de

concederle la primera audiencia, sobre otro punto, se entederá despues con el

Conductor de Embaxadores. Si mi Ministro de Estado no fuere Cardenal, cedera la

puerta, y silla al Nuncio, y à los demás Embaxadores de Coronas; pero si el Ministro

Extrangero fuere solo Embiado, Residente, o [fol.2v] Secretario, deverá dar quenta á

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Ministro de haver llegado á Madrid, le visitará entregandole la copia de la carta

credencial, y le informará de sus incumbencias, sin que el Ministro de Estado haya de

pagarle, ni el recado, nil a visita, ni cederle la puerta, y silla aunque no sea Cardenal,

y el Ministro extrangero bolverá á ver al mio para asegurarse de no haver reparo en

admitirse la carta credencial y entenderse despues con el Conductor de Embaxadores

á fin de lograr la primera audiencia publica. Y assi mismo he resuelto, que los

Embaxadores, Embiados, yd demás Ministros mencionados en su primera visita á mi

Ministro de [fol.3] Estado, escusen el cortejo, y acompañamento de coches, pero en la

inteligencia, de que en la otra visita, que deverán executar luego despues de haver

logrado mi audiencia publica, la han de hacer con toda la publicidad, y

acompañamiento de coches y mi Ministro de Estado la pagará á los Embaxadores de

Coronas con la correspondencia que fuere estilada en esta Corte, pero no à los

Embiados, y otros Ministros inferiores. Y haviendo elegido, y nombrado al Cardenal

Judice, como uno de los Ministros del Consejo, para que como tal Ministros de

Estado oyga à los de los Principes extrangeros, y sea á quien ellos devan participar su

venido, y los demás va [fol.3v] prevenido en este decreto, lo participo al Consejo de

Estado para que en inteligencia de todo lo contenido en el este en cuidado de su

observancia en el parte que le tocare, y prevenga lo necesario para ella à las partes, y

Ministros donde combenga, y al Conductor de Embaxadores en Madrid. Etecetera.

Nota

Además de lo contenido en este decreto resoluió el Rey en 25 de Febrero de

1716 con ocasion de la entrada, y audiencia publica del Marqués de Morozzo

Embaxador de Sicilia, que de alli en adelante todo Embaxador haya de visitar al

Ministro de Estado precisamente la tarde del dia, en [fol.4] que hubiere tenido la

audiencia publica de Sus Magestades, y visitado al Principe, y á los Ynfantes; bien

entendido, que despues de esta funcion con las personas reales y restituídos á sus

posádas, ha de ser la primera visita, y en aquella misma tarde la del Ministro de

Estado, tomando primero la ora para ello, y executandolo con toda formalidad,

publicadad, y acompañamiento de coches, que está prevenido en el ceremonial, al

qual ha mandado Su Magestad se añada esta nueva declaracion, preveniendolo assim

á estado, para que se tenga entendido, y se advierta al Conductor, y demás partes que

combenga, y assi se executó avisando, lo al Señor Don Juan de Elizondo en [fol.4v]

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papel de 28 de Febrero de 1716 y se previno de esta deliveracion al Señor Cardenal

Judice en papel del dia antecedente 27 de Febrero.

Tambien se ánota aqui para que se tenga presente que haviendo Don Pedro de

Vasconcelos Embaxador de Portugal dado aviso que estava en Mostoles para entrar

en Madrid, mandó Su Magestad que el Conductor de Embaxadores, fuese con un

coche de la cavalleriza á buscarle, en entrarle en Madrid, y conducirle á la cassa, que

tenia tomada dicho Embaxador, y assi se executó por princípios del mes de Febrero de

1716.

Doc.165. Carta do Marquês de Grimaldo para o Marquês de Vilhena pedindo-lhe

que compile os artigos do Reglamento del Zeremonial referentes às cerimónias

diplomáticas ocorridas no interior do palácio real, Palácio [Madrid], 26 de Abril de

1717. AGP, Secção Histórica, Caixa 54, Exp.13, fols.1-1v. [Transcrição integral].

[fol.1] Ex.mo Señor

Haviendo resuelto el Rey se regle el zeremonial que deven observar todos los

ministros de Princepes extrangeros, que vinieren á esta Corte de qualquier grado, y

calidad, que sean se há formado al que Su Magestad á jusgado mas conveniente del

qual ha mandado se saquen los artículos de lo que toca a lo que se deve observar en

Palazio con ellos, asi en el quarto de Su Magestad como en el de la Reyna tanto en las

audiencias publicas y secretas [fol.1v] como en las entradas, y funciones de Palazio y

que remita à Vuestra Excelencia (como lo hago) copies de las referidos artículos para

su inteligencia, y observancia y cumplimento de lo que en ellos se previene en la parte

que toca à Vuestra Esxcelencia. Dios guarde Vuestra Excelencia muchos años como

deseo. Palazio 25 de Abril de 1717.

Marques de Grimaldo

Señor Marques de Villena.

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Doc.166. Reglamento del zeremonial que Su Magestad (Dios le guarde) há tenido

para bien mandar se observe desde aora em adelante con todos los Ministros de

Coronas, Republicas, y demas Principes Estrangeros que vinieren à esta Cortte à

residir en ella, ya los otros que vinieren à cumplimentos ô dependiencias

partticulares de qualquer grado y calidad que sean, asi en su ingreso y forma de

admitir-los à sus empleos, como en la que han de hazer sus entradas, y tener sus

audiencias publicas y secretas, y entrada que trande [?] tener en Palácio

independientes de Negócio, Madrid, Abril de 1717. AGP, Secção Histórica, Caixa 41,

Expediente 11, fols.1-17v. [Transcrição integral].

[fol.1]1. Primeiramente que siempre que aya noticia que viene à esta Cortte,

Nuncio de Su Santidad ô otro Embaxador de Corona, ô de República de Venecia, y

Estados generales de Holanda, (que corren con ygual trattamiento) procure el

conducttor (observando la practtica ô estilo antiguo) saber el rumbo de sus jornadas

para salir à rezivir-le, ô escusarlo si quisiere entrar incongnitto sin dettenerse en el

camino en cuio caso no se dará por entendido el Conductor hasta que el Embaxador le

avise de su arrivo por un criado mayor en cuia noticia irá luego à cumplimentar le

debien venido y dará quenta en la forma que se dirá.

2. Que en el caso contrario de no querer entrar incognitto en la Corte el

Nuncio ô otro qualquiera de los expresados Embaxadores, y advertido el Conductor

por el que viniere con la noticia que como vâ dicho há de adqui [fol.1v] del dia y hora

en que se hallará en una de las Aldeas zercanas à estta Corte, salga el Conducttor à

cumplir le la zeremonia acostumbrada de rezirvirle con el coche, y tiro de mullas de la

real cavalleriza, solizitando para ello por la Secretaria del Despacho, se expida con

ôrden, com se acostumbra , y llegando à distancia de una ô dos leguas, le aguarde en

el sittio, en donde entrará el Embajador en el coche, ocupando el primer lugar, y asi

lado [?] el Conducttor que le acompañará hastta dejarle en el aloxamiento que el

Embajador tubiere prevenido adbirtiendole deve inmediattamente embiar un

Jentilhombre á dar quenta à Su Magestad y à la Reina ñuestra Señora de su arrivo à

esta Cortte en la forma que se há hecho siempre, y que luego dé la misma noticia al

Ministro de Esttado nombrado para oir à todos los de Principes estranjeros como se

previene en el zeremonial ô reglamento de 28 de Abril de 175 teniendose entendido

que por lo que mira al Embaxador de Francia se há de practicar lo mismo que por lo

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pasado del Señor Rey Carlos 2º y sus anttezesores de la Casa de Austria, se hacia y

observaba con el Embaxador de Alemania, considerandole como domestico, y asi se

executará con el referido Embaxador de Francia este cumplimento pues como de casa

podrá el mismo dia que llegare à la Corte hir en derechura à Palácio y tener audiencia

privada de Su Magestad à diferencia de los otros.

3. Que en consequencia de lo expresado, y ordennado en el zittado reglamento

tocante à la admision en esta Corte [fol.2] y à sus empleos à todos los Ministros de

Principes estranjeros que vinieren à ella con Caracter ô sin él, que traigan cartas

crehedenciales, y sobre la mas breve expedicion de las dependencias à que vinieren,

luego que como vá referido llégue el Nuncio ô otro qualquiera Embaxador de los que

ván expresados con grado ordinario ô extraordinario le há de instruir el Conductor en

que despues de recado al Ministro de Esttado, noticiandole de su arrivo (à que este le

corresponderá con el de bien venida) há de visitarle, y entregarle copias de las carttas

credehenciales que trajare de su soberano, y informarle de las dependiencias de que

viene encargado, y que el Ministro de Estado, despues de haber dado quentta à Su

Magestad de todo le pagara la visitta y noticiará si la carta puede admitirse p nó, y le

enterará de na resoluzion à zerca de conzeder le la primera audiencia sobre la qual se

enttenderá despues con el Conductor à quien se le habra yá prevenido por el

Secretario del Despacho de que se le admite à ella por haver reconozido bienen en

buena forma las copias de cartas credehenciales, advirtiendole al mismo tiempo el

Conducttor que si el Ministro de Estado que entendiere en estas dependencias, fuere

Cardenal [fol.2v] no ha de dar al Embaxador puertta ni silla en las visittas que le

hiciere, pero si no fuere Cardenal, no tendrá que prevenirle nada, pues es claro que no

sien do lo há de zeder al Embaxador el Ministro la puerta y silla; se entendiere en la

casa del Ministro de Esttado.

4. Que aunque como vá referido los Nuncios de su Santidad han de ser

admitidos con las formalidades que se prescriven en el capitulo prezedente no

acostumbrando à su arrivo à la Corte, presentar copias de las carttas credehenciales,

como los de mas Embaxadores y Ministros de Principes ni mas que las orixinales que

ponen en las reales manos de Su Magestad en la audiencia de su entrada publica se

observará, en esta parte la practica ô estilo antiguo sin hazerse novedad en ella con los

Nuncios que en adelante vinieren.

5. Que en las entradas publicas, y primeras audiencias de los Nuncios y

Embaxadores de Coronas y los de Venecia, y Esttados Generales que tienen higual

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trattamientto, se observe la antigua practica , ô estilo de que corran por el Mayordomo

mayor de Su Magestad a quien ha de acudir el Conducttor à saver el dia en que Su

Magestad la señala, y para que destribuyá las ordenes à la real casa que acompaña al

Embaxador que la hiciere, y poder con estta notticia, [fol.3] solicitar el Conductor por

la Secretaria del Despacho se envien al cavallerizo mayor las ordenes para los

cavallos que hubiere menester la familia del Embaxador como tambien el de su

persona, y el del Mayordomo de Su Magestad que le asistte en la funcion y el de el

Conducttor esttos tres aderezados conforme al estilo de que esttan entterados los los

jefes menores de la cavalleriza, y asi mismo el Coche à gruas que sigué la real casa

que vá formado desde Palacio.

6. Que observandose la misma practicca ô estilo antiguo solicitte el

Conducttor por la misma Secretaria del Despacho las ordenes para que se lleven al

Embaxador el dia anttezedente del que hiciere la enttrada dos cavallos de la

cavalleriza de Su Magestad para que haga la funcion en el que le pareciere: pero que

solo se le lleve para ella el que elifiere, y no los dos como algunos an inttendado.

7. Que en observancia asi mesmo de la antigua practtica ô estilo el dia que el

Embaxador tubiere señalado para su enttrada publica se junte en Palácio la Real Casa,

y vaya à cavallo à la del Embaxador , governando la el Mayordomo de Su Magestad

[fol.3v] llevando à su lado al Jentilhombre de voca mas antiguo, y que en llegando

avise el Conductor al Embaxador, y le instruía salga à rezidir à los Jefes à la primera

grada de la escalera, y que si ve detubiere en cumplir con esta zeremonia que suele

ser depropositto para reformar alguna partte de ella) se dettenga tambien el

Mayordomo hastta saver que espera el Embaxador àdonde es estilo.

8. Que se observe tambien la antigua practtica ô estilo de que en estta funcion

solo enttren à visitar al Embaxador el Mayordomo de Su Magestad , y el Jentilhombre

de la voca con el Conductor dando les el Embaxador à todos à todos la mano.

9. Que lo restante de la casa real espere à cavallo como se ha hecho siempre

para unir-se con la comitiva; pues el Conducttor con noticia de que à empezado à

marchar de Palácio , há de disponer monten, y se exprevengan las famílias de los

Cardenales, Embaxadores, y demas Ministros que concurrieren al acompañamiento

para que luego que llegue la cassa se empieze immediatamentte la funcion, y que si

movieren entre las famílias de los embiados disputas sobre la prezedenial (como suele

acontezer) los advierta, estta [fol.4] declarado, que en tales ocasiones no ay

prezedencia y que si no obstante porfiaren en su disputas agase retiren las que las

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movieren, y vaian solo en el acompañamientto las que no enttraren en esttas

compettencias; dando à entender al Embaxador los justtos motivos de estta resolucion

que miran à obrar embarazos.

10. Que ordenada la comitiva marche a Palácio siguido immediattamente al

Embaxador el Coche de Su Magestad sin permitir se interponha al cavallerizo del

Ministtro, como lo an intentado muchos, aun que no loa n conseguido ninguno si no

que vaya à un lado dos ô tres pasos de tras del cavallo de su amo, como está

arreglado, y se há observado en lo antiguo.

11º Ques estará adverttido el Conducttor de desvanezer à los Embaxadores

que en las funciones al sus enttradas publicas los acompañen sus parientes ô

camaradas como muchas lo han intentado por los inconvenientes que se han

experimenttado, y que no puediendo conseguir-lo por si, de cuenta à Su Magestad

para que delibere lo que fuere servido.

12. Que haviendo inttenttado algunos Nuncios [fol.4v] que en las funciones de

sus enttradas tomasen lugar en el acompañamiento los Ministros del Tribunal de la

Nunciatura immediato à su persona prefiriendo à la Real Casa de Su Magestad y

rezelando-se (que aunque enttonces se les nego depositivo y por escripto) subsisten

los que vinieren en esta perjudicial novedad tendrá asi mismo muy presente el

Conducttor estte caso para no permitirle.

13. Que teniendose enttendido que al coche de la real cavalleriza siguen en las

expresadas funciones de enttrada publica la carroza del Embaxador que le haze por

aver combenido en lo antiguo en esta disposicion los quattro de capilla que se

hallavan en la Cortte, y tambien el Cardenal Portocarrero, aunque no lo firmo como

los Embaxadores zediendo sus carrozas al lugar àlas del Embaxador que hazia la

enttrada; pero no á las demas de Embaxadores que concurri an al acompañamientto

estará adverttido de ello el Conducttor por si en alguno tiempo se moviere cuestion

sobre estto.

14. Que aunque los Nuncios y Embaxadores en las funciones de sus enttradas

publicas intentan manttener con las demais formalidades, que se observan en ellas;

que la carroza de su persona entre [fol.5] el zaguan de Palácio con la de Su Magestad

no haviendo mas razon para ello que una abusada tolerancia há resueltto Su Magestad

que en las expresadas funciones que se ofrecieren en adelante solo entre en el zaguan

de Palácio el coche de su real cavalleriza, y no otro alguno, y que se prevenga de ello

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á los Jefes de la casa real para que dén las ordenes combenientes à su cumplimiento, y

también al Conductor de Embaxadores para su intteligencia y govierno en estta partte.

15. Que se observe la antigua practtica ô estilo de que en la forma expresada

que han de llevar las carrozas en la comitiva, la guarden tambien las famílias en el

sequitto de la funcion encaminandose por las calles mas publicas à Palacio àdonde la

casa real rezive al Embaxador en el primer escalon del zaguan, y ordenada en la

forma que há venido guia al quartto de Su Magestad y entran en la pieza de la

audiencia los gentileshombres de voca y de la casa, que caven sin embarazar ni tomar

la pared á los Grandes, quedandose en el patio la jente de librea que no llega mas que

à la primera grada de la escalera.

16. Que se observe asi mismo la antigua practica [fol.5v] ô estilo de tomar las

armas la guarde de alavarderos, y tenderse en dos filas, hasta el transito de la escalara

que confira con la sacristia de la Capilla mantteniendose formada, hasta que el

Embaxador salga de la audiencia, y que executte tambien lo establecido, y reglado las

nuebas Guardias de Corps despues de su instituzion en las ulttimas entradas de

Embaxadores, y las de Infantteria lo mismo que estas observaren en Francia en las

funciones de enttradas de Ministros publicos sin diferencia en nada; de lo qual esttará

asi mismo prevenido el Conductor para solicitar se dèn las ordenes para ello.

17º Que en observancia tambien de la antigua practtica ô estilo entre el

Mayordomo acompañando al Nuncio ô al Embaxador hasta la segunda reverencia, y

azercandose este à Su Magestad hasta que media alguna cortta distancia lo oye Su

Magestad en pié y mandandole se cubra pone en sus reales manos la cartta orixinal

que trae de su soberano en crrencia de su embajada, y concluida la audiencia sale

retirandose sin bolver la espalda saludando à los Grandes desde la segunda reverencia.

[fol.6] 18. Que immediattamentte passe el Embaxador con todo su

acompanamientto al quartto de la Reyna nuestra Señora donde en observancia de lo

que esttá reglado, y se há practticado siempre la há de salir a recivir el Mayordomo

semanero de Su Magestad à la sala y el Mayordomo mayor à la puertta de la camara

donde la Reyna nuestra Señora estubiere, y acavado el besamanos, acompañara el

Embaxador el Mayordomo de semana, y le previene haga corttesia à la Camarera

mayor y à las damas de Su Magestad que esttan en la misma real camara, y que

despues immediattamente há de pasar al quartto del Pricnipe nuestro Señor al mismo

cumplimentto de besamanos , y desde el al de los Señores Ynfantes por sus grados de

mayoria à executtar-lo tambien, y que concluídas todas esttas funciones buelba con

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todo el acompañamento que le asistte hastta tomar el coche de Su Magestad ocupando

el primer lugar el Embaxador el segundo el Mayordomo el terzero el Jentilhombre de

la voca mas anttinguo como Decano de la Real casa, y el ulttimo el Conducttor en que

no ha de entrar parientte ni camarada del Embaxador, sin que prezeda orden especial

de Su Magestad.

19. Que en estta disposicion buelva el Embaxador à su alojamientto, y en

quedando en él, y despidiéndose el Mayordomo le acompañe a estta el mismo paraje

que salió a rezivir, por que se há de observar la antigua practtica ô estillo en estto.

20. Que despues de cumplir el Embaxador con la funcion expresada de su

audiencia publica y beasamanos de las personas reales y resttituidose à su posada, la

tarde del mismo dia en que lo executtare há de visitar prezisamentte al Ministro de

Esttado, que estubiére desttinado para oyr (como vá referido) à todos los de Coronas,

Principes, y Republicas tomando primero la hora para ello, y ejecuttandolo con toda

formalidad publicidad, y acompañamento de coches, cuya visitta le bolvera el

Ministro de Esttado con la correspondencia que fuere estilo en estta Cortte: de que

esttará adverttido el Conducttor para instruir al Embajador en ello, y que se executte

con la punttualidad, y en la forma que se previene.

21. Que observandose la practtica ô estilo antiguo se continue por nueve dias à

los Embaxadores que vinieren con caractter de Extraordinarios el coche de la real

cavalleriza, y que se les ofrezca ospedaje, pero no à los que solo trajeren el grado de

ordinario; cuya diferencia de grados se reconozca por las copias que presenttaren de

sus credehenciales.

22. Que todas las audiencias publicas e los Embaxadores de Corona, y los que

tienen igual trattamiento há de [fol.6v] solicitar el Conducttor, las de sus enttradas

publicas por el Mayordomo mayor como vá prevenido en el capitulo quinto, y las

demas de cumplimientos en Palacio por el Secrettario de Camara que tiene la voz del

Sumiller de Corps y las de la Reyna nuestra Señora por la Camarera mayor quién

toma la orden del dia y la ora que Su Magestad señala que regularmente suele ser

quando sale de tenerla con el Rey Nuestro Señor.

23. Que las audiencias privadas del Rey Nuestro Señor que prettendieren

esttos Ministros para negocios particulares las han de solicitar ellos por el mismo

Secretario de Camara a quien toca de que los prebendrá el Conducttor para su

intteligencia y govierno.

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24. Que aunque la Reyna Nuestra Señora no conzede audiencias privadas à los

Ministros Esttranjeros, ni publicas a ninguno sin que primero las aya tenido del Rey

Nuestro Señor si no e sen algunos dias de Joyas en Palácio que concurren en la antte

Camara los Embaxadores sin formalidad de Ministros se há de continuar lo que

huviere observado siempre en los dias de zelebridad en Palacio; entendiendose solo

con los que huvierén hecho su enttrada publica y que no se há de privar a ninguno de

esttos Ministros de la enttrada que se les [fol.7] há concedido en los quarttos de Su

Magestad y de la Reyna Nuestra Señora al corttejo cotidiano de Sus Magestades al

tiempo que enttran todos los corttesanos, y que puedan hablar en la conversacion

publica que ocurriere, pero sin mezelarse el negocio particular de su incumbencia, ni

tomar audiencias, porque estas, asi particulares como publicas las han de solicitar las

publicas, por el Conductor, y por el Secretario de Camara las particulares como va

ocho.

25. Que en los dias proprios de años de Su Magestad de la Reyna Nuestra

Señora, y del Principe Nuestro Señor, y de los Señores Ynfantes, y las tres Pasquas,

de Navidad, Reyes, y Resurecion concurren los Embaxadores de Capilla y el de

Malta, haviendo hecho sus enttradas publicas, como vá prebenido en el capittulo

anttezedente, y que aunque no pidan audiencia la prevenga el Conductor en todos los

quantos de las personas reales y tomando la orden en la forma referida de la hora (que

la mas propria suele ser luego que Su Magestad buelbe de Capilla) los avisé en

adelantte à todos escriviendo à cada uno su papel en la conformidad que antes le

escriviá à solo el Nuncio, y en su falta al Embaxador que se le seguia engraduazion

para dejarlos en esta parte iguales.

[fol.7v] 26. Que siguiendo asi mismo la antigua practica se avise tambien por

escripto al de Maltta, para que se halle al propio tiempo en Palácio aunque no entra en

esttas audiencias hasta que salgan los Embaxadores.

27. Que en los dias del real nombre de Su Magestad y demas personas reales y

de ottros Principes que se zelebran en Palácio con Joyas no se observa esta zeremonia

de rezivir à los Embaxadores en audiencia formal por aviso del Conducttor como vá

dicho y se haze en los dias de cumplimientto de años y Pasquas y que asi no la han de

tener en semejantes dias por no ser estilo ni haverse de hazer novedad en estto de que

estarán advertidos los Jefes de las reales casas para que no se alttere estta disposicion

y el Conducttor en imponer à los Ministros publicos la observen punttualmente.

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28. Que a los Embaxadores, y Ministros que no fueren de Principes

Cattholicos se les señalará por la tarde en observancia de la antigua practica ô estilo

las audienzias que pidiéren para la zeremonia de los dias festtivos de cumplimento de

años, y Pasquas, y no para negocio de su Ministerio.

[fol.8] 29. Que dividendose tener por abusiva la entrada que los Embaxadores

como tales prettenden tener en Palácio, pasandose mas adelante de la pieza en que

deven esperar para obtener sus audiencias acompanhar y bolver con Su Magestad en

las funciones de Capilla se há de observar desde oy en adelante indispensablementte

que se contengan, y esperen los dichos Embaxadores en la pieza desttinada à este fin

que este y há de ser la immediata, y que està antes de la que llaman pieza oscura

poniendose en esta una cama con tal prezision, que el dia de Capilla si huvieron

entrado al cortexo le han de dexar y salirse à la expresada pieza para esperar à Su

Magestad y acompañarle desde ella.

30. Que en quantto à la entrada de los Embaxadores en el quartto de Su

Magestad à las oras del corttejo y de vestirse y desnudarse se les permitta le tengan en

la misma conformidad que la tiéne Su Magestad conzedida à los criados de su real

casa y a otros personajes sin distincion alguna de que prevendrá el Conductor à los

Embaxadores para que lo tengan asi enttendido, y que en aquellas horas del cortejo en

que han de asistir como particulares no han de poder ablar à Su Magestad de negocio

[fol.8v] alguno, pues para estto, y para lograr sus audiencias, han de esperar en la

pieza immediata, y que está antes de la obsercura como vá expresado.

31. Que haviendo concurrido los Embaxadores de Capilla, al actto de

Juramento que zelebró Su Magestad el dia 8 de Mayo del año de 1701 avisados por

papel del Secretario de Esttado se observe esta antigua practtica ô estilo en los casos

que en adelante se ofrecieren del genero.

32. Que se observe asi mismo la antigua practica ô estilo de admitir à los

Embaxadores de Capilla à las comedias y festejos de Palácio, combidandolos en el

real nombre de Su Magestad el Conductor el qual à de pedir la orden y la ora para

avisarlos al Mayordomo mayor, y para que este Jefe la dè tambien, de que se les

acomode con la zelosia que seles pone delante en la forma , y paraje que fuere estilo,

y costumbre.

33. Que executte lo mismo el Conducttor en las comedias de fiesttas

partticulares que se hicieren en el sittio del Buen Rettiro, tomando la ôrden del

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Mayordomo mayor para avisar à los Embaxadores y para que tambien la dè de que se

[fol.9] les acomode en el salonzillo en la forma que fuere estilo.

34. Que en esttas ocasiones, y en las que concurrieren los Embaxadores

convidados ô dirijidos à la audiencia de Su Magestad los reziva el Conductor

observando asi mismo la antigua practtica ô estilo en el primer transitto de la escalera;

para acompañarlos desde alli, y que quando salgan lo astta donde toman las carrozas.

35. Que en las fiesttas de Coliseo del referido sitio del Buen Retiro en

observancia tambien de la antigua practtica ô estilo, se de un aposentto para todos los

Embaxadores, y si el Nuncio fuere Cardenal otro para el solo, respecto de que luego

que se le declara esta dignidad, no concurre con los demas Embaxadores, y que sea

del cuidado del Conducttor, recoper las volettas, y remitirselas, previniendolos lleven

vancos ô tamburettes.

36. Que en ocasion de mascaras, ô otros regozijos que pasen por la Plaza de

Palácio, se dè á los Embaxadores (como se há hecho siempre) el valconzillo vajo

contiguo à la puertta principal [fol.9v] enttrando por ella à mano yzquierda, haviendo

de ser del cargo del Conducttor tomar la orden para que se ejecutte asi.

37. Que se observe asi mismo en adelante lo que en lo antiguo se huviere

practticado de repartir à los Embaxadores, valcones, para las fiestas de toros en la

forma que se há echo siempre, cuidando el Conducttor (como le toca) de prevenir al

Mayordomo mayor de los Ministros estranjero que à la sazon huviere en la Cortte,

con distincion de sus grados, para la inteligencia de los valcones, que se les huvieren

de repartir, y de acudir por las volletas para enttregarselas, y adverttilos que ninguno

cuelgue, y adorne la venttana con pieza de colgadura, que pueda panezer dosel,

aunque sea con el pretexto de resguardarse del sol.

38. Que estando reglado el lugar en que los Embaxadores acompañen á Su

Magestad las funciones publicas à cavallo, se escusaron de currir, à la enttrada publica

que hizo Su Magestad en estta Cortte el dia 14 de Abril de 1701 por que no se les

concedió la novedad que inttentaron de hir imediatos à la real persona, pre-

[fol.10]zediendo al Cavallerizo maior, y àdemas de la absolutta negattiva, que

enttonces se les dió, declara Su Magestad que en las funciones publicas à cavallo que

tubiere en adelante, tampoco hàn de prezeder ni intenttar hazerlo los Embaxadores, al

Capitan de Guardias, porque este há de seguir immediato al Cavallerizo mayor,

Mayordomo mayor y Sumiller de Corps.

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39. Que los Embaxadores de la República de Venecia tienen por estilo

asenttado siempre que despiden de la Cortte, suplicar à Su Magestad los arme

cavalleros si no bienen ya con este grado de ottras Corttes, y Su Magestad se lo

conzede y se ejecutta en la forma, y con las zeremonias que estan prevenidas, y

notadas en los ofícios de la cavalleriza mayor, que se reduzen à rezivirlos Su

Magestad senttado; que el Embaxador hechas las reverencias se pone de rodillas,

sobre una almóada, sin cubrirse anttes ni despues y el Cavallerizo maior toma el

estoque, que está prevenido con la mano izquierda por el puño, y con la dereha por la

cuchilla que Su Magestad le rezive, y tocando con el, al Embaxador [fol.10v] en los

dos hombros, le dize: Dios os haga buen cavallero, y se le dá despues à besar de lo

qual se previene al Conducttor por si en algun tiempo hicieren la misma instancia,

alguno de los Embaxadores de aquella Republica.

40. Que aunque los Ministros de Malta y de la República de Luca, traen en sus

despachos titulo de Embaxadores, y se les admite con este grado, es solo en el

nombre; pero no en el trattamientto porque es igual al de los Embiados en las

enttradas y audiencias prefiriendose solo à los de Maltta, em que siguen à los

Embaxadores de Capilla, en los cumplimienttos de Palácio como vá

anttezedenttemente expresado, y en que su enttrada publica los acompañaran las

carrozas de los Cardenales, y Embaxadores, y los apadrina un Grande, à quien el

Conducttor haze dueño de la funcion, y partticipandole el dia, y ora señalado para la

audiencia vá por el à su casa en el coche de Su Magestad, y le acompaña esta la del

Embaxador, y reziviendole en el primer lugar, toma el Grande el segundo y el

Conducttor el terzero, y en esta forma se [fol.11] le lleva à la audiencia de Su

Magestad y demas personas reales y se le buelbe à su posada. Lo qual en estta partte

se há de observar segun la antigua practtica ô estilo, corriendo en todo lo demas con

igualdad con todos los Embiados, executando las mismas diligencias, que segun el

ultimo reglamento han de observar esttos para ser admitidos, porque como há dicho

no se diferenzia en otra cosa de ellos, que en el acompañamientto de la entrada

publica, y en que se les avisa por escripto à las audiencias de cumplimientto de

Palácio quando à los Embaxadores de Capilla, aunque no entra con ellos.

41. Que los de la República de Luca, con quien esto no se observa diferencia

alguna, han de correr como siempre con igualdad con todos los Embiados à los quales

sean de Coronas de Electtores de Republicas, ô de otros Principes con grados de

Ordinarios ô de Exttraordinarios, há de solicittar el Conducttor las primeras

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audiencias de enttradas publicas, y todas las demas de cumplimientto en Palácio por

el Secretario de Camara [fol.11v] que como bá dicho tiene la voz del Sumiller de

Corps, y em el quartto de la Reyna Nuestra Señora por la Camarera maior, y

prevenirlos que las secrettas de negocio las han de pedir ellos por el mismo Secretario

de Camara en la forma que vá prevenido, lo han de executtar los Embaxadores.

42. Que el Conducttor no há de salir fuera de la Cortte à encontrar à ningun

Embiado que venga de qualquier grado y Potencia, que sea ni visitar le, hastta que le

avise de su arrivo y enttonces observando entteramente el ulttimo reglamentto

instruiale en que dè luego cuenta de su venida al Ministro de Esttado que estubiére

nombrado para oyr à todos los de Principes estranjeros, y en que la ha de visittar,

entregarle la copia de la cartta credehencial que trajere de su soberano, è informarle

de las incumbencias de que viene encargado, sin que el Ministtro de Esttado de aya de

bolber, ni el recado nil a visitta, ni zeder al Embiado en la que le hiziere la puertta ni

silla, aunque el Ministro [fol.12] de Esttado no sea Cardenal, y que el Embiado há de

bolver à verle para assegurarse de no haver reparo en admitirse la cartta credehencial

de que presentto copia, y enttenderse despues con el Conducttor para lograr la primera

audiencia de que ya esttára prevenido de si se le admite.

43. Que observandose la primera practtica ô estilo anttiguo de la forma en que

todos los Embiados asi ordinarios como exttraordinarios hazen sus enttradas publicas

há de hir à su aloxamiento el Conducttor con el coche de Su Magestad, en que enttra

el Embiado, yá su lado el Conductor, y guiando à Palacio le inttroduze á la audiencia

de Su Magestad que há de tener prevenida por el Secrettario de Camara, ( en la forma

que queda dicho) y entrando unido con el asta la segunda reverencia, se queda alli, y

el Embiado pasa adelantte azercandose à Su Magestad hasta que media alguna cortta

distancia, y concluyendo la funcion sale retirandose sin bolver la espalda, y saluda à

los Grandes á la segunda y terzera reverencia, en cuias zeremonias ce ha de instruir

tambien con el Conducttor [fol.12v] pasando despues al quartto de la Reyna Nuestra

Señora, à donde por la Camarera maior le tendrá asi mismo prevenida audiencia, y en

la há de observar las mismas zeremonias, y concluídas há de pasar immediatamente al

del Principe Nuestro Señor al mismo cumplimento y desde el al de los Señores

Ynfantes por sus grados de mayoria en la misma forma que se previene lo ayan de

ejecutar los Embaxadores para lo qual en cada uno de los quarttos de las personas

reales há de tener al Conductor pedida y dispuesta la audiencia, y cumplido en todo lo

dicho le há de bolver à acompanhar astta su posada en la forma que le condujo à

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Palacio observando lo mismo con todos los Embiados ya sean de Coronas de

Electtores de Republicas ô de Principes ordinarios ô con grado de Extraordinarios, si

que quando subam ni vajen de Palacio en esttas funciones, se forme la Guadia, ni

tomen las armas dos soldados [fol.13] para recivirlos, instruyendolos asi mismo el

Conducttor en que prezisamente la tarde del mismo dia, en que tubieren la primera

audiencia de Su Magestad y demas personas reales han de visittar al Ministro de

Esttado que los oyere tomando primero la hora para ello, y haziendolo con toda

formalidad publicidad, y acompañamientto de coches, que pudieren, como va

prevenido lo executten los Embaxadores, estando adverttido el Conducttor que el

Embaxador de Malta, há de observar en el todo estte zeremonial de los Embiados

como se apuntta y previen en el capitulo que habla deste Ministro.

44. Que si el Embiado viniere con caractter y grado de Extraordinario se le

asista con el coche de la real cavalleriza por nueve dias como á los Embaxadores

Exttraordinarios y se le ofrezca tambien ospedaje en observancia de la antigua

practtica ô estilo que en todo havia.

[fol.13v] 45. Que siendo lo que vá prevenido en los capítulos anttezedentes lo

que se há practticado siempre, y deve observarse en adelantte en las enttradas à estta

Cortte con grado de Ordinarios ô de Extraordinarios, corra asi mismo en adelante la

anttigua practtica ô estilo que há havido en las audiencias que pidiren para los

cumplimenttos de Palacio, teniendo la primera los de Coronas, despues los demas,

segun se huviere practticado, escusandose las dispuesttas de prezedencia que

regularmente se muebenn entre ellos.

46. Que sin embargo de la expresada regla, que se há de continuar con todos

los Embiados, en las audiencias que pidierem para los cumplimienttos de Palacio, se

observe con el de Toscana, lo el Señor Rey Don Carlos 2º (que esté en Gloria)

resolvió à su favor de que se le diése audiencia separada para [fol.14] los expresados

cumplimienttos.

47. Que en los residenttes que no ay caractter de Ordinarios ni de

Exttraordinarios, y corren todos por una igualdad se observe la antigua practtica ô

estilo de executtar sus enttradas en la misma forma que los Embiados con la

diferencia, que por lo pasado se les distinguió de llevarles para ella coche de mullas

de la real cavalleriza; pero que el Conducttor los instruya en las demas zeremonias

que segun el nuevo reglamentto está prevendo en los capítulos que trattan de los

Embaxadores y Embiados en orden a que el vimiere há de avisa al Ministro de Estado

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de su arrivo á la Cortte, visittarle , entregar le la cartta que trujere de creenzia, y darle

quentta de las incumbencias, a que viene y despues bolverle a ver para saver si sele

admitte por venir em buenna forma, y segun estilo la copia de la cartta credehencial

que presentò, y enttenderse despues con el [fol.14v] Conducttor para tener la

audiencia publica de Su Magestad y demas personas reales y visitar la tarde del

mismo dia prezisamentte al Ministro de Esttado como vá prevenido lo executten todos

los Embaxadores y Embiados, sin que el Ministtro de Esttado le aya de bolver

ninguno de los recados, ni visittas, porque esto lo há de hazer solo con los

Embaxadores.

48. Que en la prevencion que va hecha en los capítulos anttezedenttes sobre la

entrada que han de tener los Ministros Estranjeros en los quarttos de Su Magestad y

de la Reyna Nuestra Señora se observe la antigua practtica ô estilo no haziendose en

adelante novedad en que todos ellos de qualquier grado que sean hasta los residentes

enttren sin distincion de grados ni personas, hastta la pieza de Embaxadores, que

queda yá señalada, y en el quartto de la Reyna Nuestra Señora asi antte camara, estto

se enttiende, sin que se les embaraze, ni prive de la concurrencia [fol.15] à las horas

de corttejo, que se permite a todos.

49. Que si acontieza allarse algun Ministro Estranjero sin mas grado que el de

Residente y le declara su Principe el de Embiado, ô teniendo anttes este le condecora

con el de Extraordinario ô otro maior caractter, siendo admitido el nuebo grado que se

le diére, y prezediendo todas las prezisas, formalidades, y circunstancias que se

previenen en el ultimo reglamentto tocante à visittar el Ministro de Esttado presenttar

le las nuebas carttas de creenzia que tubiere, y saber de él si se le admite, se observará

la antigua practtica ô esttilo de solizitarle nueba audiencia de Su Magestad y demas

personas reales que há de executtar con las formalidades que correspondiere al nuebo

grado, que tubiére llevandosele para estta funcion de nueba enttrada (como nuebo

Ministro) coche de la real cavalleriza y se le dará en trattamento de Ordinario, ô

Extraordinario [fol.15v] segun la calidad de sus despachos, como se han executtado

por lo passado en otros caso de el Jenero.

50. Que en todas las personas que vinieren à esta Cortte con carttas

credenciales de qualquier soberano, sin caractter alguno ô consolo el de Secrettarios

de las Embaxadas ô a los que en estte grado y carttas de sus Principes se quedaren à

continuar el curso de sus incumbencias, por muertte ô ausencia de los Ministtros que

las tenian à su cargo, se observe el ultimo reglamento en orden a que los oyga el

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Ministtro de Esttado, dando le cuentta de su comision, presenttandole las carttas, y

saver de él, si se les admite ô no como vá dicho executten todos los demas Ministtros.

51. Que se observe asi mismo la practtica ô estilo antiguo de no colocar

ninguno de los Ministtros de Principes Estranjeros de qualquier grado y calidad que

sean las armas de [fol.16] sus soberanos, sobre la puertta de sus posadas ô

havitaziones, sin haver hecho anttes su entrada, y tenido la audiencia publica de Su

Magestad y demas personas reales y que el Conducttor cuide de instruirlos, en el

pontual cumplimento de estto, y de lo demas, que vá prevenido deven observar, à su

ingreso en estta Cortte, y residencia en ella.

52. Que haviendose reparttido valcones en la Plaza, para una fiestta de toros (

que no se ejecutto) à los Secrettarios de las Embaxadas de Francia y de Venecia que

corrian enttonzes con las dependencias de sus amos, por faltar los Embaxadores, en

virttud de un testimento [?] de la escrivania de Camara de Govierno que se presenttó

de haverse reparttido à otros Secretarios anttezesores suyos se tenga presente este

caso para los que en adelante puedan ofrezerse del Jenero.

53. Que a todos los Ministros de Principes Estranjeros quando se despiden de

esta Corte es estilo asentado, (como salgan en gracia de [fol.16v] Su Magestad) darlos

joya correspondiente al grado de cada uno, de cuyos valores constta en la Contaduria

de Gasttos Secrettos, y que observando el estilo antiguo, há de ser la obligacioón del

Conducttor dar cuentta al Secrettario del Despacho de haver tenido el Ministro que se

fuere la audiencia de despedida, para que se prevenga la joya que se le huviere de dar,

y se responda à las carttas crehedenciales que presentó quando vino.

54. Que esté en intteligencia el Conducttor de haverse quitado las franquicias à

todos los Ministros sin excepcion de ninguno, tantto à los que vinieren à residir, como

à los Extraordinarios que vinieren à negócios partticulares, ô cumplimentos por

tiempo limitado; para [?] esta noticia la reserverá en si el Conductor hasta que por

alguno de los Ministros se preguntte.

55. Que respecto de haverse reglado la forma en que se rezivió al Embaxador

del Rey de [fol.17] Mequinez el ano de 1690, y al que despues vino del Rey de rjel

por el zeremonia, que se observó con el Embaxador del Gran Turco el año de 1619,

que esttá prevenido por menor en la etiquetta de la real casa como reglas dadas para

esttos casos que no siguén las comunes de todos los demas Ministros de Principes de

Europa pues se diferencia à esttos Embaxadores Moros enttre otras muchas cosas en

ospedarlos por quentta de la Real Hazienda hasta su despedida, rezivirlos Su

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Magestad à su real audiencia, con toda magnifiziencia y darlos coche de su real

cavalleriza todo el tiempo que se detienen en estta Cortte; en ofreciendose qualquier

caso del Jenero, se deverán observar todas las expresadas formalidades, por no haver

razon para alterarlas, enttendiendose en todo lo que no fuere opuestto al nuebo

zeremonial tocantte al Ministro de Esttado.

56. Que constando también, en las etiquetas de la real casa lo que se há

ejecuttado con los Embaxadores [fol.17v] de Moscovia que han venido à estta Cortte

se observe lo mismo en las que en adelantte se ofrecieren del zenero, en todo lo que

no fuere opuestto al nuebo reglamentto que está dado y que aora se dá como se

previene en estta partte del Ministtro de Esttado en el capitulo antezedente.

57. De todo lo qual se previene al Conductor de Embaxadores para su pontual

observancia y cumplimientto y para intteligencia de las parttes àdonde há de acudir

por las ordenes para ello en las cosas que fueren ocurriendo, y muy partticularmente

para que instruya à los Ministros Estranjeros en lo que vá prevenido, han de observar

y executtar à su ingreso y residencia en esta Cortte y despedida.

Doc.167. [Acrescento ao] Reglamento del ceremonial que [Felipe V] ha tenido por

bien de mandar que se observe, desde ahora en adelante, con todos los ministros de

Coronas, Repúblicas y demás Príncipes extranjeros que vinieren a esta Corte a

residir en ella, y a los otros que vinieren a cumplimientos o dependencias

particulares […] Capitulos para la Secretaria por haber mandado Su Magestad se

tengan presentes los casos que en ellos se expressan, Pálacio do Bom Retiro, 19 de

Julho de 1750. BNE, Manuscrito nº 10411, fols.43-44v. [Transcrição integral].

/fol.43/ El Rey que despues de haber negado varias instancias de admitir

Ministros estrangeros a audiencia privada antes de hacer su entrada, siguiendo el

ceremonial antiguo, con su excepcion de motivo urgente: ha considerado bien

fundada la razon de que ningun Ministro /fol.43v/ estrangero puede venir preparado a

hacer su entrada sin la dilacion de algunos meses, y que por la misma se ha venido en

otras Cortes a dar la audiencia privada antes de la entrada.

Agregandose que por diferentes motivos de mas amistad, ó parentesco se

admiten a la audiencia privada algunos, y todos los demás se quejan, y renuevan sus

instancias.

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Ha resuelto admitir la audiencia privada de los /fol.44/Ministros estrangeros

antes de la entrada publica, variando esta parte del ceremonial, pero conservandole en

su rigor enquanto a que no sean avisados para capillas, ni funciones de Palacio, hasta

que hayan hecho su entrada publica, y manda que assi se note.

Enquanto a la audiencia privada a los Embaxadores de Familia sin dilacion, no

habrá novedad en darla, con menos dilácion a los demas obligacion, que á los de

menos, con la diferencia de quatro /fol.44v/ seis, y ochos dia; no hay que notar porque

pende de el señalamiento de el dia que ha de hacer Su Magestad mismo quando el

Ministro de Estado le diga que ha llegado el Ministro, y que están sus credenciales

corrientes. Buen Retiro 19 de Julio de 1750.

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XVI. Relações

Doc.168. Sobre o Embaixador de França Abbade de Levri. BNP, Reservados, Cód.

nº 9889, fols.64-67. [Transcrição integral].

/fol.64/ O Embaixador de França Abbade de Levri pretendeo que o Secretario

d’Estado o buscasse primeiro com o fundamento de que assim o havia feito ao

Embaixador de Castella aos Nuncios e ao mesmo seu antecessor, que sendo este o

ultimo estado o não devia alterar com elle, e que se não poderia dispensar de procurar

esta vezita, porque assim o trazia nas suas instruccoes. Recuzou o Secretario fazer

esta vezita em primeiro lugar, e que antes a esperava do Embaixador, porque este era

o ceremonial estabelecido nesta Corte, e que se elle vizitara a outros Ministros fora

por motivos especiaes, ou como pessoa particular. Não se contentou o Embaixador

com esta resposta, deo conta á sua Corte, e foy respondido fortemente como se sabe,

insistindo El Rey Christianissimo que se fizesse pelo Secretario ao seu Embaixador a

mesma honra, que delle tinhão recebido os outros Ministros que se achavão prezentes

na mesma Corte, a respeito dos quaes se rompera o ceremonial, cazo que houvesse

outro em outro tempo. Comunicou esta resposta ao /fol.64v/ Secretario, que sobre o

modo da comunicação teve outra disputa, porque o Embaixador lhe não mandou a

copia, desta resposta por carta, mas huma simples copia com hum recado, em que na

verdade faltou a formalidade, e civilidade em similhante comunicação, e não faltand

aceitando o Secretario nem a copia, nem o recado reformou o Embaixador a sua falta,

comunicando por huma carta a copia de rezolução. Respondeo logo o Secretario,

fazendo já a El Rey Nosso Senhor autor da sua repugnancia, porque escreveo ao

Embaixador que dando conta a Sua Magestade daquella nova pretenção elle fora

servido de examinar o ceremonial antigo e rezolvera que o Secretario não devia

vizitar primeiro a elle Embaixador, nem faria a mesma vezita a outro Ministro de

qualquer outro Princepe que fosse, querendo assim guardar o ceremonial destas

vezitas, que se não achava alterado por ordem ou consentimento seu. Tornou o

Embaixador a dar conta a sua Corte, a qual sustentou a primeira rezolução,

entendendo que aquella civilidade não devia negar-se ao seu Ministro pela razão

allegada do ultimo estado, principalmente não constando da especialidade /fol.65/

nem de algum protesto que conservasse o pretendido ceremonial antigo.

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Na primeira occazião em que o Embaixador deo conta a sua Corte, mandou

tambem El Rey passar officios por Dom Luis da Cunha, que se fundarião na

attestação negativa da Secretaria, e que Diogo de Mendôça como Secretario de

Estado, não era Ministro, nem tinha voto no Concelho d’ Estado como em França, e

em outras Cortes, e que asim não era mais que hum particular, e que sendo hum

homem velho com muitos negocios, não tinha tempo, nem saude para fazer

similhantes vezitas, nem elle como Ministro antigo deixaria de fazer aquellas

primeiras vezitas sem motivos especiaes que punhão o cazo fora da regra, sem

necessitar de algum protesto. Estas, e outras razoes que me não lembrão não tiverão

attenção naquella Corte, que mandou ao seu Embaixador que partisse, e o mesmo

declarou aos nossos Ministros para que sahissem.

O Embaixador de Castella quis mediar, mas não foy ouvido, o mesmo fes o

Inviado de Inglaterra passando officios em nome d’El Rey seu Amo, e propondo que

o cazo podia ter consequencias gravis-/fol. 65v/simas, e que a materia não merecia

tamanha disputa, nem tamanho risco, achando-se o negocio a favor de huma grande

potencia, porem não foy atendida a sua propozição para acomodamento e não duvido

que a nossa Corte teria grandes razões para assim o rezolver, de que não faço

memoria porque me não são prezentes. O Embaixador sahio de Lisboa, e os nossos

Ministros de Paris.

Não compreendo bem este negocio (fallo comigo) porque primeiramente he

necessario sabe, que na vezita primeira do Secretario não havia nada de indecorozo,

nem a sua dignidade, nem á sua pessoa.

O Embaixador logo que chegou mandou-lhe a copia da carta de crença para o

exame, e este comprimento havia ser seguido da conta da sua chegada, nestes termos

devia naturalmente o Secretario buscar o Embaixador como o ultimo chegado, e esta

vezita he de igual a igual como se pratica entre Ministros de primeira ordem, e como

tal não ha nada nella que derrogue a prerogativa real na pessoa do Secretario.

O peor que tem o ceremonial antigo, e que era digno de reforma, he aceitar-se

a carta de crença por outro que não fosse o mesmo Embaixador, porque supposta esta

incurialidade, e feito o exame ficava /fol.66/ o Embaixador livre da primeira vezita,

porque era couza dura mandar a carta comprimentar primeiro e buscar primeiro. Acho

mais que esta tal prerogativa se allega muitas vezes, e por ella se imagina offendida a

Magestade na violencia do Secretario e no mesmo tempo nos officios que se mandão

passar se dis que o Secretario não he Ministro, nem tem mais que a qualidade de hum

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particular, isto implica, e não he coherente. Ao Embaixador faltou allegar esta razão

de igualdade, e que a vezita de civilidade ficava de obrigação pela conta da chegada

como elle Embaixador praticara com o de Castella que não he inferior no caracter, e

no ministerio ao Secretario d’Estado.

Persuado-me que este negocio se havia tomar por outro caminho. Devíamos

formar o nosso escudo não em hum ceremonial interrompido, mas no modo de

aprezentação da carta. Devia o Secretario d’Estado prezistir em que o Embaixador

trouxesse elle mesmo á Secretaria a carta de crença para o exame, e não contentar-se

de a receber pelo seu creado, ou Gentil-homem, porque a izenção de se produzir a

carta pelo mesmo Embaixador não pode autorizar-se por nenhum ceremonial em

/fol.66v/ contrario, como se pratica em todas as Cortes da Europa. esta necessária

aprezentação de Embaixador não so he decoroza a Corte que o recebe mas á mesma

Corte, que o manda; nem esta aprezentação da carta pelo mesmo Embaixador se

reputa rigorozamente por huma vezita, mas de huma natural audiencia, como

producção da pessoa inviada, mostrando pela exhibição das cartas de crença não só a

ordem e verdade do seu caracter mas a identidade da pessoa, provando pela tal

exhibição que elle he o mesmo Ministro a quem autorizão aquellas cartas. O fim da

Embaixada he produzir-se naquella Corte aonde o mandão, porque nella não devem

adivinhar, nem quem he, nem que se merece. Suposto que o Secretario d’Estado ao

principio aceitou a copia da carta para o exame, este acto não derrogava em nada a

natural obrigação do Embaixador e o mesmo Secretario devia insistir em que o

Concelho d’El Rey seu Amo se não contentava com a indecoroza exhibição da carta

por pessoa estranha. E tendo firmemente que este motivo bem consertado e bem

introduzido na Corte de França havia de impedir a primeira rezolução, porque /fol.67/

a razão de hum ceremonial antigo interrompido e o ultimo estado a favor de França,

não he razão de que se espere bom sucesso em huma Corte deficil, que sempre dezeja

fazer melhor a condição dos seus Ministros, e muito mais não se achando muito

obrigada a nossa Corte despoes da ultima guerra.

Algumass pessoas me dizem que nesta disputa houverão cartas da nossa parte

escritas ao Embaixador com estilo pouco equitavel, sem agazalho nem carinho.

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Doc.169. Embaixada de Castella que deu o Marques de Abrantes. BGUC,

Manuscrito nº 507, fols.68-69. [Transcrição integral].

/fol.68/ As entradas dos Embaixadores nesta Corte se fazem a cavalo e o

acompanhamento se principiou desta caza até pallaçio pellas melhores rruas; sem

largo espaço na forma seguinte. Hia diante por guia hum escaller que era hum

flamengo fermozo criado de Sua Exçelençia, vestido de panno cor de tijolo agaluado

de ouro todo cuberto de galoi[n]s, com hum fermozo cavalo, meas irmãs; ao qual

seguião sinco timbaleiros, e tronbetas, mas sem os seos instromentos vestidos de

encarnado agaloadas as caçaquas de ouro, vestias azuis agaloadas de prata por todas

as costuras, meas azuis espadins dourados chapeos agaloados, plumas azuis e brancas

laços de fita de tela azul no botam do chapeo e no espadim. Seguiam-çe o guarda

porta, e hum dos correyos de Sua Exçelençia vestidos com a mesma libré que os

timbaleiros tambem a cavalo; depois des ajudantes da camera com libres azuis todas

cubertas de prata meas cor de perola, chapeos agaloados de prata com plumas cor de

roza. Logo doze pages com caçacas de veludo carmezim rrequicimamente bordadas,

que nam se via mais que bordadura; e eram tambem pellas costuras bordados, vestidas

de tiço azul franjadas de prata com franjas de campanha meas cor de perola bordadas

de ouro, e espadins lavrados com fitas bordadas, e franjadas tambem de campanha,

fitas nos hombros com franjas irmãs do espadim, cabeleiras compridas, chapeos

bordados com plumas brancas; com soberanas garavatas e punhos de rrenda muito

fina. Seguiam-çe logo doze gentis hom[e]ñs com variedade de vestidos a seu arbitrio,

mas todos requiçimos e requiçimamente bordados todos a cavalo em cavallos de El

Rey Catolico e todos boñs. Seguian çe logo os gentis homeñs de El Rey tambem a

cavalo com os vestidos de promatica como espanhois mas muito aseados. Dois do

Cardeal Borja, dois do Nunçio, e outras de Senhores Grandes desta corte, e

menystros. Seguiam çe logo doze sota cavalheiriços de El Rey a cavalo e atras delle o

Conde de Vila Franca introductor das inbaixadas. E logo Sua Excelençia em hum

fermoziçimo cavallo de El Rey vestido de hum veludo cor de camelo mas todo

cuberto de ouro, e sobre bordado rrequiçimo com vestia te tiço requiçimo e

requiçimamente bordado, meas bordadas, chapeo bordado e sem plumas, e diante dele

quarenta lacayos, vinte por banda /fol.69/ E foraõ outo e sahiram muito tarde, e a

vinda se perveniram coxes para os ajudantes da camera; o senhor Embaixador vehio

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no coxe de El Rey mais os tres fidalgos, seguiam-çe o seu cavalheriço a cavallo

depois o coxe de Sua Exçelençia guardados dos dois sotta cavalheriços, depois os seis

coxes em que vinham os pages e gentis-homes, e mais em tres coxes os ajudantes da

camera e toda a lacaye a pé, depois os coxes dos senhores com seos Gentis-homes, e

antes de sahir se deo refresco de bebidas, e xecalatés em que se gastou mais de vinte

arobas de doçe, e naam faltou prata nenhuma e só faltaraõ sinquo xícaras.

No dia dos arrecebimentos deu Sua Excelençia outros vestidos aos lacayos da

mesma cor, e so se defrençavam em nam terem como os das entrada galois pelas

costuras, e os dos pages em nam terem bordadura pelas ilhargas, as funçois de

reçebimento a fes o Cardeal Borja, a quem Sua Exçelençia deu huma soberana crux

de diamantes; e a princeza o retrato do nosso príncipe com vinte e quatro diamantes

naam há couza mais rica nem pode fazer-çe.

Doc.170. Relação da viagem Marquês de Abrantes a Madrid quando foi justar o

casamento dos Príncipes. BGUC, Manuscrito nº 677, fols.402-404. [Transcrição

integral].

/fol.402/ Tendo o Excelentissimo Marques de Abrantes Embaxador

Extraordinario de Sua Magestade Portugueza pedido aos Reys dia para as suas

funçois lhe forão por Suas Magestades assinalados o dia de Natal pela manhãa para a

entrada, e o mesmo dia de tarde para firmar as capitulacois do Senhor Principe do

Brazil e a Senhora Infante Dona Marianna Victoria: e o dia da 2ª outava para os seus

despozorios em cuja consequencia tendo prevenido o Senhor Embaxador todo o

necesario não se esqueceu de avizar as nuvens que muitos e continuados dias tinhão

chovido, e ellas obedecendo desta parte quizerão porém ver a função servindo-a o sol

de robuço ou para que elle não ficasse corrido, ou porque era ociozo o seu luzimento

avista do de Sua Excelencplia.

Sahio o coche de Sua Magestade do Palacio ás 9 horas da manhãa conduxindo

ao Senhor Marques de Almodouvar Mayordomo de Semana, e chegando a caza do

Senhor Embaxador esperou algum tempo que foi precizo para se regular o seu grande

trem; o que feito, deseu Sua Excelencia e montando em hum cavallo que se lhe tinha

levado da cavalhariça Real, donde, segundo a Etiqueta, forão todos os dos seus

creados, acompanhada do Marques de Almodouvar, e do condutor dos Embaixadores

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todos a cavallo, se dispozerão nesta firma. Hião primeiro 3 gentishome[n]s da Caza

Real e da boca de Sua Magestade; h’começando [sic] a familia do Sua Excelencia hia

o sotacavalheiriço e o ferrador com seus vestidos agaloados de prata: Seguião se 8

muzicos [sic]/fol.402v/ vestidos de panno cor de cana com gallois de prata; depois do

Ajudantes de Camara vestidos de azul com gallois de prata, e logo 12 pagens vestidos

de veludo cremezim bordados os vestidos e costuras delle, de ouro de Paris, as vestias

de tessú com franjas de ouro, muy brancas bordadas de ouro e gravatas muito ricas:

Seguião se 10 gentishomens com o cavalhariço com vestidos mui ricos os mais delles

bordados, e algunss sobre estofo de ouro e prata.

Serravão a cavaleata 2 guardaportois com seus talabartes, 2 correos, e 36

lacayos vestidos de encarnado guarnecidas das costuras e cortes de 3 gallois de ouro,

sendo o do meyo mais largo dividido este dos outros huma pestana de felpa azul, de

cuja cor erão as plumas dos chapeos; as vestias e os canhois das cazacas guarnecidas

de prata. Hião o Condutor e o Mordomo de Semana aos lados do Embaxador; este hia

muito bem posto a cavallo governando-o com desembaraço e ostentando com as

Senhoras e cavalheiros de que estão cheyas as janellas e com gente de coche, e a pé

que havia pelas ruas, sua cortezania, levando o mais do tempo o chapéu na mão, que

na cabeça, e pouco atrás os seu cavalhariço a cavallo. Vinha a estufa de El Rey em

que foi o Marques de Almodouvar e em que havia de restituir ao Senhor Embaxador a

sua caza com seus 4 cavallos, e não parecia mal ainda à vista das outras que a seguião

que erão 7; a primeira grande magnifica luzida e primoroza de veludo cramezim

bordado de ouro, guarnecida de grandes franjas do mesmo e por dentro de tessú com a

mesma bordadura: a 2ª e 3ª /fol.403/ mereciao sello, muy ricas com seus imperiaes e

guarnecidas de ouro; as outras 4 erão boas em pregaria dourada; as guarniçois doz

cavallos tão bem douradas, e os cavallos todos negros, 4 cada coche; levavao nas

cabeças plumas altas de cores conforme ao mais adorno. Chegou nesta firma a

Palacio, onde o esperavao todas as guardas com as armas, sobio ao quarto de El Rey

vestido de hum tessû de ouro sobre musco, que por não necessitar de guarnição a não

levava; o habito de bom gosto e rico. Sahio Sua Magestade com os grandes e se fes a

funsão como costumada; concluída passou ao quarto da Raynha, onde o receberão

suas Magestades e a Senhora Infante: foi bastante e dilata a falla que fes a Sua

Magestade e Alteza: porem se reparou que não bejou a mão a Sua Alteza. Baxou

depois ao quarto do Principe a quem fes a sua falla que se supoem discreta, porém em

vox tão baxa, que ne, os que estavao mais juntos o poderão perceber. Depois passou

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aos quartos dos Senhores Infantes, com o que se retirou a sua caza depois das duas

horas da tarde: As 3 era hora assimilada para as Capitulaçois, em cujo suposto tinhao

os Reys postos os coches para hir depois a Nossa Senhora da Atocha; porem sabem

que o Embaxador tiha hido fazer a visita de Etiqueta do Menistro Marques de La Pax,

e sendo já as 4 horas, mandarão recolher os coches. Veyo Sua Excelencia ás 5 horas,

com o coche de El Rey e os seus, subio á Salla Nova que estava adornada de alcatifas

e razes com as cadeiras para os Reys, e almofadas para os grandes, e hum bofete

deante, seguindo se as cadeiras do Princepe e Infantes, e Infanta, que estavao como a

dos Reys e de espaldas /fol.403v/ sahirão Suas Magestades e Altezas a Salla outavada,

e tomando seus lugares, leu as capitulaçois o seu Secretario o Marques de la

Compuesta, e tendo firmado os originaes dellas: ao levantarem se os Reys expedio

licença o Embaxador para dar hum retrato com cuja gallantaria acabarão as funçois

deste dia, e esta ultima assistirão as testemunhas os creados de Sua Magestade.

Doc.171. Relação da chegada, entrada e audiência pública do Marquês de Abrantes

em Madrid. BNA, Manuscrito 54-IX-18, nº 164, fols.1-2v. [Transcrição integral].

[fol.1] El dia 25 de Noviembre de 1727 hizo su entrada publica por la mañana

en esta villa el Señor Marquêz de Abrantes Embaxador Extraordinario de la Corte de

Portugal con numeroso y lucido sequito de siete muy ricas carrozas, un caballerizo,

doze gentiles-hombres; doze pages; diez ayudas de camara, sesenta y seis entre

lacayos y cocheros, cinco timbaleros y dos correos. Fué acompañado del Marques de

Almodóbar Mayordomo de Palacio; y del Conde de Villafranca Conductor de

Embaxadores, á quienes precedia la Casa Real tambien á caballo, segun se estila en

semejantes funciones; y habiendo llegado á medio dia con todo este acompanamiento

á Palacio, en cuya entrada se le hicieron los honores practicados en tales casos.

Tuvo audiencia publica de Sus Magestades y Altezas que le recivieron con

especial benignidad y agrado. Por la tarde bolvio el mismo Embaxador á Palacio y se

otorgaron en presencia de Sus Magestades las capitulaciones matrimoniales del

Serenisimo Señor Don Josef Principe del Brasil con la Serenisima Ynfanta Dona

Maria Victoria; siendo testigos y concurrentes á este solemne auto (que leyó el Señor

Marques de la Compuesta como Secretario de [fol.1v] Estado y del Despacho de

Justicia) por parte del Rey Nuestro Señor los Gefes de sus Casas Reales, los

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Cardenales y Prelados que se hallaron en este dia en la Corte, y entre ellos el Señor

Nuncio de Su Santidad, y el Señor Arzobispo de Amida Confesor de la Reyna Nuestra

Señora; los Consejeros de Estado, y como á tal el Señor Marquéz de la Paz primer

Secretario de Estado y del Despacho; y por parte de la Magestad del Rey de Portugal

los Señores Duque de Medina-Cali, Medina-Sidonia, Bejar y Beragua, y el Señor

Conde de Benavente.

El segundo dia de Pasqua por la mañana fueron á Palacio todos los Consejos y

Tribunales de esta Corte á besar la mano á los Reyes por estos plausibles conciertos; y

aquella misma tarde se tomó el dicho la Señora Ynfanta prometida, después de cuya

ceremonia, fueron Suas Magestades y Altezas por el campo á visitar Nuestra Señora

de Atocha.

Al dia siguiente por la tarde se celebraron los reales desposorios en el salón

grande de Palacio, donde concurrio numerozo concurso de Grandes, Señores,

Ministros y Caballeros; la bondicion nubcial la hizo el Señor Cardenal Borja Patriarca

de las Yndias, dandose fin á esta solemne funcion con na hoa, ó festejo armonico que

se cantó en [fol.2] un magnificio teatro, y las tres noches de estos dias huvo en la

plazuela del Palacio fuegos artificiales, y luminarias generales en toda la villa.

_____ En los dias 17 y 18 de Enero dela ño de 1729 se arregló el grande ceremonial

de las reciprocas entregas de los dos Principes, hanbiendo sido interlecutores de estas

disposiciones por parte de España el Señor Marques de Capechelatro Embaxador de

Su Magestad en la Corte de Portugal y el Señor Marques de Abrantes Embaxador

Extraordinario de aquella Corona; se soñaló para esta funcion la tarde de Martes 19 en

que salieron de Badajóz los Reyes, la Señora Princeza del Brasil, el Principe y demas

personas reales con el mas lucido acompañamiento. Se fabricó para esta gran

ceremonia una dilatada puente de madera sobre el Rio Caya que divide los dos

Reynos; sobre la puente se construyó la casa para las entregas de figura quadrada, y

de un bello gusto y primôr estando de la parte de afuera vistosamente pintada; de esta

parte del rio estaban tendidas las tropas de la Casa Real y otros cuerpos del Exercito

de Extremadura; de la otra parte del Rio estaban igualmente formadas las tropas

portuguesas.

[fol.2v] Luego de haberse reunido ambas Magestades, y familias reales en la

casa de las entregas, se leyeron las capitulaciones matrimoniales, con la ceremonia y

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orden acostumbradas. Aquella misma noche se ratificaron los desposorios de los

Principes; y el dia siguiente que fué el 20 se velaron Sus Altezas en Badajóz.

Doc.172. Embaixada de Portugal que deu o Balbazes. BGUC, Manuscrito nº 507,

fols.69-71. [Transcrição integral].

/fol.69/ Sua Magestade mandou outto coxes a buscar o conductor Conde de

Assumar dos quais forao 4 novos que so hirão na funcam do Te Deum semelhantes

aquelles em que andavam as damas, e nestes andam agora os Vedores da Senhora

Prinçeza das Asturias quando sahe fora mas alguma couza mais dourados sam, o

quinto era todo dourado fiadilho de veludo carmezim agaloado de ouro, e os paineis

das ilhargas da mesma sorte. Os outros dois eram daquelles que a Rainha leva quando

sahe fora, a saber o de estado /fol.69v/ e o em que vai, o outro era aquelle todo de

ouro com que se dis dera embaixada em Roma o Senhor Marques de Abrantes. Sahio

depois das duas horas o conductor a buscar o Balbazes ao qual na volta

acompanharam vinte e sete coxes todos de mais rico para mais rico dos cavalheiros

desta Corte, e dois mais do Capixelatro; seguião-çe entam depois destes os quatro

coxes primeiros a sima dittos com dez gentis-homes vestidos de panno de varias cores

agaloados de ouro, e outros cubertos de rrenda de ouro, e hum só bordado de prata

porque era portugues, e alguñs com vestias de tiço mas nam todos. Seguiam-çe a estes

os tres coxes de Estado. Depois dois porteiros com caçaquas de panno verde agaladas

de ouro com tres galois pelas costuras, e os mesmos por toda a roda da caçaqua,

vestias emcarnadas agaloadas de ouro mas somente por diante com hum galam,

meyas de laya emcarnadas, chapeos com hum galam de ouro, plumas emcarnadas,

cabeleiras os que as traziam de bolça mas como. Seguiam-çe mais quatro bolantes

vestidos de seda verde, agaloados da mesma sorte que os porteiros com sayos da

mesma seda, e com os mesmos galóis, e com carapuças verdes como os do escaler da

Rainha, depois trinta e quatro lacayos vestidos da mesma sorte que os porteiros, mas

com garavatas, e camizas bastantemente grossas, depois o coche grande em que hia o

Balbazes com hum vestido bordado, com hum cor de canella desmayada com

abetuadura, e botois de diamantes, atras deste coxe o estibeiro do conductor vestido

com caçaqua emcarnada, canhois de tiçu requiçimo em hum cavalo muito bem

montado e muito bom dando a mão direita ao estribeiro do Balbazes que hia tambem

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a cavalo sem guarda. O estribeiro vestido de branco agaloado de ouro meas pretas, a

estribeira deste mesmo coxe doze pages seis por banda vestidos com caçaquas de

veludo agaloadas /fol.70/ tambem de ouro corno, os lacayos vestias emcarnadas, meas

emcarnadas, cabeleiras compridas, chapeos com plumas brancas, agaloados de ouro,

depois os quatro cavallos a mam com mas fregos por serem pretos, e mas bocados por

nam serem dourados, cubertos com pannos de veludo carmezim agaloados de ouro em

rroda, dahi huma liteira com capas de tella, e fiadilho tambem de tella com dois

cavallos com seos plumaxos de pennas, e outra de veludo verde lavrado com machos

em que elle já ca tinha sahido, depois o coxe para o que se deitaram as portas de S.

Antam abayxo com seis cavallos que tinham fiadilho de tella emcarnada com suas

armas por sima, e o tetto de dentro bordado, a madeira pintada e nam dourada muito

alto tanto no jogo como na caixa, mas nam era milhor que o nosso, e este era o do

Estado, outro com fiadilho de tella verde tambem a seis cavallos, e o mais pintado

tambem, e o terceiro com fiadilho de veludo lavrado com o cham cor de ouro, e

dourado. Outro com fiadilho de vacas, a athe o meyo de vacas, e o mais dourado, os

outros dois em que elle ja ca tinha passeado, ordinários, depois huma liteira do Conde

de Assumar de veludo emcarnado agaloado de ouro com dez criados de peé vestidos

com caçacas emcarnadas com cazas de galois de prata com dois galois de prata mais

de seda mas bonitos, vestias de panno gemado agaloadas de prata, chapeos agaloados

com plumas brancas, meas de laya branca, e depois tres coches de gentis-homes com

muito boas vestias de tiço, e caçaquas humas abotoadas de fio de ouro, e outras

agaloadas, e quando chegaram ao paço era depois das Ave Marias, ao rrecolher do

Balbazes foram os mesmos pages á estribeira cada hum com sua tocha aseza; no

Sabbado se fizeram os esponçais com sua liteira de veludo agaloada de ouro, e o coxe

/fol.70v/ do mesmo tambem agaloado; e deo o Balbazes novas librés, aos

calayos [sic], pages, e lacayos com as casaquas emcarnadas com tres galois de prata

muito estreitinhos dois em arco, e hum ao comprido, com vivos de panno verde

vestias de panno verde, com os mesmo galóis, e meyas verdes da terra que eram bem

groças, os mesmos chapeos, e plumas, os mesmos sapatos do dia da embaixada com

saltos emcarnados. Os pagens com caçaquas de veludo cor de sereija com huns galois

de prata tambem em arco pellas cazas; e botois, vestias de galaçe verde, e o mais o

mesmo que o primeiro dia, e nam sahio o coche de Estado, no dito dia do reçebimento

sahiram com as mesmas librés, que no Sabbado; os primeiros tres coxes hiam a

cavallos, e outros a seis mullas. O Senhor Patriarcha reçecebeo a Suas Magestades e

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sahio com hum estado como o Pontifiçe com seos hurcos brancos cubertos de veludo

emcarnado com tres galois em rroda de ouro com franja mais de quatro dedos tambem

de ouro, as cabeçadas dos hurcos eram de rretros emcarnado, e ouro feitos em hum

cordam porque os sustentavam depois hia huma liteira de veludo emcarnado agaloada

de ouro, onde hia o Senhor Patriarcha, forrada de damasco com franjas de ouro,

levavam a liteira dois hurcos, e a liteira nam tem asentos proprios como as outras se

nãm a cadeira que se lhe poem e tira cada ves que quer, e era do mesmo modo veludo

com galois, e os liteireiros levavam ropas de panno emcarnado de galois de veludo

com ricas voltas de renda, depois hum coche pello mesmo modo com seis hurcos, 9

coxeiros com [r]opas [sic] de veludo emcarnado, mangas perdidas cubertas de galois

de ouro, e vestias de borcado encarnado, e ouro, botas emcarnadas, mais quatro coxes

de pages os mesmos em que andavam mas todos a hurcos, e hum lacayo com o degrao

para o Senhor Patriarca se deçer e subir, e os mais com vestidos novos. /fol.71/ O

Duque de Elefóis foi em todos estes dias de função acompanhar o Duque de Cadaval

como estribeiro de El Rey, e no dia dos reçebimentos deitou o Duque de Elefóis hum

muito rico coxe com seis hurcos cubertos de veludo emcarnado agaloados de ouro, as

librés dos criados eram da caza, mas todos agaloados de prata, vestias de seda verde, e

prata com franjas de prata em rroda, meas verdes bordadas de prata, chapeos

agaloados de prata, plumas brancas, sapatos de salto emcarnado cabeleiras de bolça os

coxeiros com broxes nos chapeos, e botas emcarnadas agaloadas de prata, os canhóis

de veludo verde. Nos cavalheiros nam se via outra couza mais que burdaduras e tições

vestidos inteiros e varios cavalheiros deram librés a alguñs com galóis de ouro; e foi o

Conde de S. nova que deo aos seos criados vestidos de verde com cazas de galois

muito largos de prata; os hurcos trançados com fitas amarelas, e cor de fogo; os

criados do Conde de Soure com vestias de panno branco agaloadas de ouro, e tambem

Eiriceira, Laure, Attouguia, Ovidos, os da Ribeira com librés de França, Fronteira

com caçaquas azuis, e vestias de veludo emcarnado acaziadas de ouro, e outros

muitos. Houve tres dias de fogo nam de ademiraçam mas vistozo no Terreiro do Paço.

Finis laus deo.

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Doc.173. Noticia do recebimento que se fez em Lisboa no dia 15 de Abril de 1727

ao Marquês de los Balbazes, que então veio por embaixador extraordinário do Rei de

Espanha. BGUC, Manuscrito nº 506, fol.9. [Transcrição integral].

/fol.9/ Terza feyra 15 de Abril de 1729 emtrou em Lixboa, o Excelentissimo

Marques dos Balbazes Embaixador Extraordinario del Rey de Hespãna, e seu

recebimento foy na forma seguinte.

Pelas dez oras e hum quarto da menha chegou ao Caiz da Pedra (entrando pla parte da

Alfandega) o Conde de Obidos nomeado por el Rey para Introdutor. Chegou em hum

coche rico del Rey de veludo encarnado, tirado de seus frizoens ruzos rodados

seguian ze a este outros dous coches del Rey vazios, tirado tambem por seus arcos [?]

da mesma cor, depois tres coches do Conde de a seis cavallos emantados de pelles,

hum delles de respeito e os outros dous com criados mayores, e hultimamente hião

dous cochez vazios do embaixador ordinario de Hespanha o Marques de Capichelatro.

O Conde hia em corpo bettido de do e levava seus lacayos, e quatro [?] tambem de

do. Pelas dez oras e meya chegarão tres escalés del Rey o primeyro de vinte remos em

que vinha o Marques dos Balbazes, quatro eclasiasticos, e o Consul de Hespanha que

tinha hido buscar ao Marques a Aldea Galega. Logo que abandona terra, o escalé

segos [?] patrão junto da prancha, e sahio o Consul ___ e en seu seguimento o

Marques, vestido de pano cor de concha bordado de retroz da mesma cor, e querenod

por o pé na prancha advirtio em que o Conde não tinha concluído pois não se apiava

do coche, com que se deteve e mandava recado pelo Consul , porem recordando o

Conde do seu descudo por logo fora do coche, e ao tempo que pos o pé no estribo e

pos o Marques na prancha e subio as creadas do caiz donde o esperava o Conde que o

[?] e meteo no coche a sua mão direyta, nos outros dous coches del Rey e onde o

Embaxador Marques de Capichelatro forão os criados do Marques dos Babazes, de

escada asima, no primeyro eclesiásticos, e nos mais todos seculares. Sahirão ao

terreyro do pazo por junto ao forte, e fazendohum meyo sirculo tomarão pelo

Pelourinho Rua Nova, Rua dos Ourives, do Ouro, e Novo, e seguiraõ athe Santa

Marta as cazas dos Condes do Redondo donde há de asestir o __ Marques

Embaixador. O Concurso era numerozo, e o Marques con grande cuidado hia fazendo

a todos cortezia. No dia seguinte o foy visitar o Secretario de Estado, e o mesmo ten

feyto do da a Corte e na 6ª feira de menha tem audiencia particular de Sua Magestade.

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Doc.174. Breve Relação da publica audiencia que na Caza Real das Embaxadas teve

del Rey de Portugal em huma das Cortes de Lixboa o Excelentissimo Senhor o Senhor

Marques de los Balbazes Embaxador Extraordinario del Rey Chatolico ao tratado

dos vínculos Reaes ajustados por Suas Magestades do Serenicimo Principe das

Asturias com a Serenicima Infante a Senhora D. Maria e o Serenicimo Princepe do

Brazil com a Serenicima Infante a Senhora D. Mariana celebrou ce este Acto em dia

de Reis, 6 de Janeyro de 1728, dedicado ao mesmo Excelentissimo Senhor o Senhor

Marques Embaxador por hum seu afectuozissimo Venerador de Portugal. BGUC,

Manuscrito nº 339, fols.1-10v. [Transcrição integral].

/fol.2/ A indulgente piedade de Vossa Excelencia inspirada do generoso e afavel

espírito da grandeza aceytara esta ouzadia do louvar que impaciente buscou na lingoa

dos obzentes ocazião de chegar a prezença de Vossa Excelencia elogio, das sempre

louvaveis vertudes de que venturoza a Corte de Portugueza foy Theatro. Sincoenta e

seis legoas conto de distancia de lugar a lugar e hum sem numero de pesoa a pesoa mas

essa vantagem tiverão os ouvidos que emveião os olhos se o que não puderão ver humns

conçeguirão ouvir os outros em disperços tomultos de vozes todas a veneração tanto se

acreditou aquella simpathia ou força poderoza com que se inclinão as almas. Em que

entrou Vossa Excelencia a ser Astro nas benevolencias com que amou os portuguezes

pera ser amado delles lição que o gentio sábio deixa na sua escolla livis amari ama.

Gloria em que emveiou em Diogenes e não obteve o dominador do mundo Alexandre.

Corrião os correyos e pagavao os portes com gosto os alvorosos do que anunciavao as

noticias; vagavão os viangeiros e pellos caminhos se hião semeando do avizos gloriozos

das acçois de Vossa Excelencia que cultivarão obzequiozos cultos nas cearas do louvor

e recolhiao fertelidade os celeiros da memoria: que asim fosse na Corte não admira

porque os olhoz erão fieiz testemunhas do que admiravão; mas dilatouçe a fe cega por

estas solidois tão desvanecida que as suas rudezas fizerão Corte tão pulida que puderão

ser lingoa de tanta accão e ficarâ a posteridade que disputar quoal seia mais se o polido

atento, se o rustico urbano; mas Alexandre deo hum /fol.2v/ Reyno a Albertomio seu

jardineyro e o atirou a Dario seu Tributario porque aquelle do cincero das flores lhe

tecia Coroas e este de industrias reverentes lhe armava ciladas. Vossa Excelencia achou

Albertomio não achando Darios nos Montes e nas Cortes porque todo o Reyno

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Portugues foy Corte no rendimento e todo fora Balbazes se tivera liberdade a vasalagem

de seu Soberano a repartir o Dominio.

Recolha ce Vossa Excelencia a sua Corte domine os seus Estados exercite as suas

grandezas e achara que inda mais deixa em Portugal quando o deixa conquistado das

suas heroicas urbanidades e o leva ofiçiozo ao seu obzequio nem o menisterio tera

menos gloria de que vindo a tractar hum acto que o vulgariza o uzo sahise a exaltarçe no

raro; não tem exemplo a conexão de vínculos tão recíprocos como Vossa Excelencia

deixa executados na garamchia de um sacramento. Muitas vezes se unio Portugal a

Castella e Castella a Portugal nos parentescos de conçorsios reais ouvindo a perfumarçe

de Acanthio no Thalamo numpcial as Serenicimas Princezas a Portugal ou indo ás

festas lucinais as Augusticimas Infantas para Castella fundando çe este Reyno nos

aliçerses destas uniois porque o Conde D. Henrique cazou com D. Tareza filha del Rey

D. Afonço 6º e seu filho o Senhor D. Afonço Henriques deu sua filha D. Urraca a El

Rey Fernando 1º Rey de Ceam e o filho deste Rey D. Fernando, D. Afonço cazou com

D. Tareza filha del Rey de Portugal D. Sancho 1º /fol.3/ o quoal Rey D. Sancho cazou

com D. Aldonça filha del Rey de Aragão.

D. Mafalda filha del Rey D. Sancho cazou com D. Henrique 1ºde Castella.

D. Beatris fillha del Rey D. Afonço sábio cazou com D. Alfonço 3º de Portugal.

D. Constança filha del Rey D. Dinis cazou com D. Fernando 4º de Castella.

D. Beatris filha del Rey D. Sanho 4º de Castella e Leam cazou com D. Afonço 4º

de Portugal.

D. Maria filha deste mesmo Alfonço 4º cazou com D. Afonço de Castella.

D. Pedro Prinçepe de Portugal cazou com D. Constança Manuel filha do Infante

D. Joam Manuel bisneta do Santo Rey D. Fernando.

D. Beatris filha de D. Fernando cazou com D. Joam 1º de Castella.

D. Izabel filha del Rey de Portugal D. Joam 1º cazou com Felipe 3º Conde de

Flandes e deste consorcio nasçeo Carlos o bélicozo e delle D. Maria Duqueza de

Borgonha de que dizem as memorias descendem os Reys Catholicos.

El Rey D. João 2º de Castella cazou com D. Izabel filha do Infante D. João neta

del Rey D. João 1º de Portugal.

D. Leonor filha del Rey D. Duarte cazou com o Emperador /fol.3v/ Frederico 3º

sua irmaã cazou com Henrique 4º Rey de Castella.

O Prinçepe D. Afonço filho del Rey D. João 2º de Portugal cazou com D. Izabel

filha dos Reys Catholicos.

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El Rey D. Manoel cazou tres vezes, a 1ª com a mesma veuva D. Izabel, a 2ª com a

sua irmaã D. Maria a 3ª com D. Leonor filha del Rey Felipe o 1º irmão de Carllos 5º.

D. Izabel filha del Rey D. Manoel com Carllos 5º.

El Rey D. Joam 3º cazou com D. Catherina filha del Rey Felipe 1º.

D. Maria filha do mesmo Rey D. João 3º cazou com Felipe 2º.

O prin[c]epe D. Joam de Portugal cazou com D. Joanna filha do Emperador

Carllos 5º.

Todas estas Augusticimas Vodas tiverão singularidade no tempo, porque não se

atreveria o tempo a unir estas exaltações que alternando os Thalamos hora em Portugal

hora em Castella os devedia quando os celebrava. Vossa Excelencia auxiliou o conjurito

da veneração com a sua heroicidade e como o conjurito era dobrado não recuzou o

milagrozo a pluraridade [sic] fazendosse mútua na união no mesmo tempo de duas

Magestades.

Por esta que deixa a forca Vossa Excelencia em Portugal mais em memorias do

que em Hespanha em regalias porque são de juro erdade e os seculos estas doações da

fortuna superiores a inconstância dessera a fama como a accão. Estas /fol.4/ offereço

acçois do amor da Patria que me incitou a agradeçer ao canal das publicas feleçidades

della sem declarar a Vossa Excelencia quem sou porque o não sey tão aruinada tenho a

memoria que só me conformo para não ser com a [?] quis quis quari potest se esse e a

conditione que nemo est.

Somos as estátuas raçionais como a de Nabuco que temos por inimigos o frágil

como vivos, e a pedra como dictozos hum he natureza no que somos outro incostançia

do que parecemos destes sustos o pervelegiou a Vossa Excelencia o seu mesmo glorioso

espírito que quando o acabara noticia, o reviva a fama e quando me queira achar Vossa

Excelencia busque me a seus pês na rendida obediencia de huma fidelicima servidão

jura desemteraçada e independente com lhe offereçer esta pequena oblação mais do

affecto que do emgenho que só vay a servir e não a merecer.

/fol.5/ 1.

Soberano Marques Vossa Excelençia

Se coubera no espírito canoro

Emquoanto arde na acorde inteligencia

Candida muza do celeste coro

Já muito ouvera sido na cadençia

Alta idea do numero sonoro

Mas emquoanto furor á penna agencia

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O melhor que descubro he no silincio.

2.

Mas agora a elegançia deste estudo

Em que se ocuppa o culto do respeito

Observar não pode o affecto mudo

Se não cabe o que admira no conceito

Do coração á lingoa saya tudo

Que amavel a memoria a sombra effeito

Do espírito famozo que o sublima

O poder milagrozo la de cima.

/fol.5v/ 3.

Entrou Vossa Excelencia nesta Corte

E entrou já logo nella tal asonbro

Que independente foy da varia sorte

Que quando não me admiro mais me

asonbro

Ceo de resplendores carga o forte

Alcides do respeito que o seu honbro

Oprimido emtanto luzimento

Geme: o que não fizera o firmamento.

4.

De afluencias generosas não cabia

O numero no tempo que as louvava

Onde a grandeza menos parecia

No muito com que a preça o soperava

Mayor acção o heroico conseguia

Depois do que antes a atenção levava

Sendo que antes tais erão que se queixão

Depois do pouco tempo que lhe dexão.

/fol.6/ 5.

O Palacio de que antes edeficio

Da mayor obra que felis levanta

Em primores o excelço beneficio

Que para o sol somente fora a planta

Sabe agora que a seu favor propicio

O destino o enche de grandeza tanta

Que da origem, asim bem crello posso

Se deputava excelço para vosso.

6.

Mas cobrese de inveja essa grandeza

Quando a cobrem de adornos que nova

aza

Tomou delles a fama da despeza

Se novo asombro forma cada caza:

Adonde estava propia a natureza

Vista as luzes em que arde e não se

abraza

Afirmado o dourado do luzeyro

Que o fingido se usa no verdadeyro.

7.

Elena cada parede parecia

De luzes e tapites adornada

Em corpos do arteficio que a ascendia

A lus em varias placas ateada

Talves roubado Rayo ao sol seria

Da que resulta em vidas animada

Mas não roubo era o rayo em tanta calma

Que em caza tinha alento a melhor alma.

8.

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Em diversos adornos cada sala

Teceu a seda e se exhaurio a arte

Em figuras que a lingoa se não fala

Era só de respeito a regia parte

E com tal vida estão que podem da lla

Se as certezas vitais quoalquer reparte

Que a vista duvidando e tambem crendo

Vacila muita fe no que esta vendo.

/fol.7/ 9.

Colon o perdulario aqui descobre

Novas Indias na prata que dilata

Em tanta difuzão que as outras pobre

Estançia parecia dessa prata

Foy providencia o muyto que o ouro

cobre

Se as de Colon a copa tanto as ata

Que ficou sendo em duvidas a prova

Ou ser a mesma Índia ou outra Índia

nova.

10.

As armas da Hespanhola Monarchia

São da corte primorozo beneficio

Sendo o taryão theatro que fazia

Pobre Ofir e só rico o arteficio

O destino pareçe que o daria

A ser de ambas coroas frontespicio

Que a obra tão regia saria tão estranha

Só cabe em Portugal e so he de

Hespanha.

/fol.7v/ 11.

A familia desputa numeroza

Com os Astros que brilhão nessa esfera

Se mais serão, he menor porveitoza

A lus que nos celestes reverbera

Copia luzida tropa luminosa

Fas sempre dia o tempo que o não era

Ao sol asistem sol que por tais modos

De muyto que lhe sobre luzem todos.

12.

Porem o Excelço Princepe famozo

Escrevendo eu de vos como se atreve

O rude metro rasgo temeroso.

Se vos não louva a fama como deve

Eu vos invoco influxo venerozo

Hônre se a Muza que de vos escreve

De accois tanto á grandeza que o dize

llas

Lhe presta alento a gloria de faze llas.

/fol.8/ 13.

Não me inspire a vos culta Thalia

Nem sacro Appolo anime estes escriptos

De vos agora canto a melodia

Já he da fama no que divulga em gritos

Vos mesmo Appolo sois desta harmonia

Que cultivao a certa infenita

Hũns de urbanidade outros de elegância

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Enchem o Lago espasso da distancia.

14.

Permitão-me vos louve este dezerto

Descabelada imagem da tristeza

Troncos e Pinhas vos dezejão perto

Para nelles se ver vosa grandeza

E achareis neste rude desconcexto

Vamos nos Troncos nas Pinhas firmeza

Tecendo imitem o que ambas Lisboas

De mais alto primor tecem Coroaz.

/fol.8v/ 15.

Já que esta dicta tanto o longe impede

Sirva o desobeyto vosso a vossa historia

Que vaga corre e que as distancias mede

Escripta pellas lingoas de memoria

E o rumor que se alcança e não se pede

Asim vay espalhando a vosa gloria

Se dezejoza a fée por não tarda la

Antecipa a escriptura no que falla.

16.

No dia dedicado a Magestades

Em a terra e no ceo foy o dia

Que os Rayos memorandos as idades

Da Estrella em Portugal amenhecia

Sahistes e ficarão as verdades

Em o muyto que então resplandecia

Duvidosas nos olhos deste espanto

Que não há nelles vista para tanto.

/fol.9/ 17.

A familia entre si se destinguia

No vario dos adornos que levava

Hum mar de ouro pareçe que corria

Se estava o grave a finge que parava:

Os que erão se contou; não avalia

Do que para a despeza lhe importava

Se o rico, se o preciozo foy abismo

Que as somas excedia do algarismo.

18.

O numero que o occupa tanto espasso

Formado em linhas mas que a pax

emfeita

Com menos Marte em formidavel aço

A seu Império exércitos sogeita

Composto o moto se medido o passo

Vençe a distancia que o Theatro aceita

Seguro de que avista alvoraçada

Não julgue mais conquista que

Embaxada.

/fol.9v/ 19.

Tudo foy porque os ânimos vencidos

Da admiração hum pouco arebatados

Se exaltavão na gloria de rendidos

Na Victoria felice de admirados

E desejando serem convertidos

Em rayos de explendor porque animados

Nesta felecidade subcedida

Duraça o dia quoanto durace a vida.

20.

Sendo carro do sol cada carroça

Ou do seu hum belicimo de douro

Por dentro o fértil mina o deo a possa

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Seja não era metal, era thezouro:

A admiração em vozes se alvoroça

E mais ouvindo que lhe dizia o ouro

Não se admirem em couza não comum

Que o melhor não pasea pella Rua.

/fol.10/21.

Oculta estrella inspira génio oculto

Soborna desta vez os Portuguezes

Que do carinho o celebrado indulto

Sede roda em grandezas muytas vezes

Mas agora fazendo da alma culto

A mão com tal affecto aos Leonezes

Só pella muyta parte que vos toca

Que o pátrio amor comvosco se

equivoca.

22.

Fermozos brutos animais valentes

As rodas móvel da alta Architetura

Sempre os furores fossem impacientes

Destinos da inconstancia da ventura

Os braços sacodindo reverentes

Era espelho do guapo a ferradura

Cobrando já felices nesta empreza

Mais dicta que lhe deu a natureza.

/fol.10v/23

Fiel [a]liança a correspondencia fia

Do acazo que pareçe misteriozo

No que em Janeiro em vos Lisboa via

Em Dezembro Madrid ve generoso

Concerto temperado na armonia

Sempre foy aos Estados gloriozo

Que unidas dos vassalos as vontades

Bem comprovão a união das Magestades.

24.

De Abrantes o Marques mas faculdade

Ao louvor permite porque a licença

Não estraga a devida imunidade

Do respeito a tão ínclita prezença

Que essa grandeza bem persuade

A Muza Castelhana sem ofença

Mostrando [?] muito que o ostentaron

Que os coracois em ambos se incitarão.

/fol.11/25.

De Balbazes, de Abrantes dous

Marquezes

Transmigrão de espíritos fizerão

Credulla que já o sábio fes aos Deozes

Crer, que no Esfigio lago a lição derão

Agora o ceo ensina aos Portuguezes

Esta união que dos Anjos aprenderão

Se em dous Exçelsos grandes admiramos

No conforme esfelio vinculo de ambos.

26.

A providencia que ao Marques destina

Para tão régio amor Mercurio eleito

No nome se aprova a peregrina

Victoria de outro [sic] de outro amor

infausto efeito

Essa antiga de Hespanha fatal ruina

De que hum Rodrigo fes o infame peito

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Bem lhe restaura agora o nome antigo

Nome que doze vezes he Rodrigo.

/fol.11v/27.

Chegou a Vossa Excelencia a destinada

Estancia Excelça caza adonde inspira

Asumpto heroico a cithara dourada

Emprego amavel a afinada lira

A tanta Magestade fabricada

Ao ceo sobe sim: mas não conspira

Porque em seus arteficios singulares

Ser só parece escândalo dos ares.

28.

Em defuzão de asombro o foy a Gloria

Milagre não pequeno do Excelente

Rayo que estava Augusto dando a

história

Ilustre asumpto emprego permanente

Se todo não cabia na memoria

Do fatídico influxo independente

Porque o grito dos fados se assegura

Que em nada do que vem entra a ventura.

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Doc.175. Relacion de la Embaxada Extraordinaria del Marques de los Balbases en

Portugal. BNE, Manuscrito nº 10747, fols.1-40v. [Transcrição integral].

/fol.1/Al Excelentissimo Señor

Duque de Sesto, hijo primogenito de los Excelentissimo y Señores Marques de los

Balbases

Señor: dos son los motivos, que me estimularon á escrivir la relacion de la

Embaxada Extraordinaria, que con tanto explendor, y magnificiencia desempeño su

Excelentissimo Padre: Siendo el primero, porque accion tan brillante, executada con

tanta satisfacion del Monarcha lucitano, y de toda su gran Corte no quedarse

entregada en los basos de perezoso olvidado, y el segundo, por dedicar la à Vuestra

Excelencia para que estampe en su blanda memoria los primeros servi-/fol.1v/cios

que adquirieron su Excelentissimo Padre tanto aplauso Portugal, y de soberano tanto

premio, porque nó ay cosa que mas costante se fixe y en la de los hijos de tierna edad

que los echos que vieron, y oyeron de sus padres.

La de Vuestra Excelencia, que no llega a dos justros esta mas dispuesta para

entrar ajuohar con los duros rudimentos de las primeras letras, y adquirir las noticias

todas nesesarias para formar perfecto âun Principe, que nacio para digno sucessor en

los nobillissimos, y grandes Estados de su excelsa casa; porque quanto mas elevada es

la cuna del Kazer, tanto mas estrecha la obligacion de sobresalir en todo genero de

virtude. En las morales deba formado a Vuestra Excelencia doctissimo virtuan, y

grande menor, a quien fixo su Excelentissimo padre el mayor de los cuidados /fol.2/

que es fixar en los hijos el temor Santo de Dios principio de la perfecta sabiduria;

pudiera igualmente con todo acierto instruir a Vuestra Excelencia en las artes liberales

que son presisas se pa [?] un Principe si su votado retiro no le obligara resistir a tan

noble empleo; pero su Excelentissimo padre le pondra sugeto digno, si no de suplir

tanto hombre a lo menos de tener la honra de arrimarse a Vuestra Excelencia e vacar

en su noble crianso que poco estudio le costara informa a Vuestra Excelencia de los

grandes heroes de campaña y gabinete dignos de su imitacion, y a cuyo modelo debe

formar su espiritu; pues sin mas noticias, que las que abultan muchos libros de los

singulares hechos de tantos nobilissimos proxenitores de Vuestra Excelencia hallaran

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abundantes /fol.2v/ materias con que igualmente dejeytar mover e instruirse en la

história maestra que regla la vida humana.

Se Vuestra Excelencia deudar al cielo del singular pribilegio de haber nacido

de una nobilísima prosapia, porque si secar suseda [?] há de Espinola ô por su mucha

antiguedad, expledor, e ilustre parentesco ô por la perpetua continuacion de sus

riquesas, y multidud de feudo, ô por las muchas hombres grandes que produxo en paz,

y en guerra se puede gloriosamente numerar no solo entre nos mayores de Ytalia, si

no de la Eropa [sic] toda. Su [sic] buscamos su origen, es nesesario andar palpando

entre las obcuras [sic] timeblas de la antiguidade mas remota, de cuyas conjeturas

siempre se debe huir por estas /fol.3/ establezer solida la verdidad; y assi apartandome

de los que quizeren sea la casa Espinola rama de la antiquíssima de la Marca Dque de

Cleves fundandose unicamente en la semengaza de los Escaques que tienen los

escudos de las armas de una, y otra casa sin otra menor prueba como assim ismo de

los que la hazen descender de los Señores Viscons de Milan, porque estos la

desfraudan de mucha mayor antiguedad, en comparacion de aquellos sigo a los que

con mejor fundamento dizen, que despues que los dos Othones Emperadores de

Alemania empezaron a conzeder las ynbeaiduras de los feus en Ytalia, y entregar el

govierno de muchas ciudades a los Obispos, se introduxeron, y tubieron principio los

Viscondes, ô Vizcomites, los quales fueron en realidades Vize-regentes, y subalternos

de los dichos Obispos, con jurisdiccion sobre /fol.3v/ todo lo temporal de sus

dominios.

De uno de estos Viscondes de oficio (segun mi sentir) desciende la familia de

Espinola, fundandome, en que Guido, fundador de esta nobilisima casa, se encuentra

el las historias cognominado con el titulo de Visconde, assegurando las mimas que

tenia el dominio del valle llamado antiguamente de Procabera, y al presente

Panzevera, del qual seria con grande probabilidad Visconde. Tuvo pues, este Guido

Visconde siete hijos, que passaron a residir a Genova, de los quales como de

varissimas fuentes tubieron su origen (ademas de la familia Espinola) las nobillisimas

de Embriaca, Carmandima, y Malocella, las quales servieron de mucho lustre, y

acrecentamiento a la ciudad.

Oberto Visconde, hijo primogenito de Guido tubo dos el primero llamado

Velo, y el segundo Beneonorato: este mando edificar, y fundo /fol.4/ por los años de

997 la antigua colegiata de Ñuestra Señora de la Viña, como consta en el archibo de la

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referida Yglezia. Y Belo, que heredô de su padre el Montesanto; oy llamado

Castteleto Jure dominy Vtichi, fue el ultimo que se llamo Visconde.

Guido, segundo de este nombre, y el primero de este nombre, y el primero que

tomo el apellido Espinola de una jurisdicion que tenia en el Monte Espinola, que esta

entre Varsi, y Plazeynsia en la lingueza como lo afianza una sentencia, que se halla en

el archibo publico de la ciudad deste Guido refieren los anales de Genova, que tuvo el

Consulado de su pátria con suprema autoridad desde el año de 1102 hasta el de 1112

y que passo en aquel tipo, con una poderossa armada â Levante en socorro de los

Christianos, y que despues de haver conquistado el puerto, y la ciudad de Acre, y

otras plazas menores merezio de la gratitud del Rey Balduino /fol.4v/ un barrio en la

ciudad Santa de Gerusalen para la nacion genovesa, en que vivieron con jures, y leyes

particulares como assim ismo que se esculpiesse en una la pide de la Yglesia del

Santo Sepulcro la inscripsion gloriossa de Prepotem Genuesium Presidium.

Consta tambien que tuvo una hoja la qual caso con el Conde de Lebagma, y

Señor de Carpena, y un hermano llamado Guillelmo Slusio, de quien desciende la

ylustre familia de los Espinolas Sluiz [?] fue hijo de Guldo segundo, Oberto, que tubo

el Consulado de la Republica desde el año de 1149 hasta el de 1151. Este fundo la

Yglezia de San Lucas como consta por la inscrepzion que se lee en una piedra de la

referida Yglezia, y de este Oberto proceden tambien los Espiñolas de San Luca.

A Oberto sucedio su hijo llamado Ingo /fol.5/ que fue tambien dos vezes

Consul de la Republica, la primera el año de 1215 en cuyo tiempo passô con una

fuerte armada a la Surria â socorrer a los Christianos que tenian sitiada la ciudad de

Folomayada, sin que en diez años que habia durado el certo tubiessen podado

conquistarla por la valerosa resistenza de los ynfieles, y con el valor de su gente ( a

cuya frente executô grandes proezas) rendiô aquella fuerte Ciudad, no contribuyendo

poco para conseguir tan señalada Victoria las diferentes maquinas de guerra que

durante el sitio inventô.

Sucediole su hijo Lanfranco, padre que fue de otro Ingo segundo de este

nombre, el qual tubo â Lanfranco segundo. De este fue hijo Anfronio padre de /fol.5v/

Federico, â quien sucedio â Antonio.

Este tuvo â Ambrosio primero, que tuvo por hijo de Ambrosio segundo, padre

de Estevan, y abuelo de Ambrosio tercero, los quales fueron todos ancianos de la

Republica, y tubieron el mando de mar, y tierra, como assi mismo las principales

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embagadas en las mayores Cortes segun refieren todos los escritores de aquellas

Republica.

Ambrosio tercero fue padre de Phelipe primero Marques del Sesto, y de

Venafro, que caso con Polisena, hija de Nicolas Grimaldi Principe de Salerno llamado

vulgarmente el Monarcha por su mostruosa riqueza. Tubo Ambrosio una sucession

numerosa de dos hijos, el primero llamado Ambrosio, y el segundo Frederico, y cinco

/fol.6/ hijas que todas casaron a proporcion de su elevado nacimiento; porque la

primera contraxo matrimonio con el Marques Imperiali, y fue madre del Cardenal

Lorenzo Imperiale; la segunda con el Principe Valdetare de la nobillisima familia de

Landi. La tercera con el Principe Gerace Grimaldi; La quarta con Francisco

Palabissino, y la quinta llamada Maria con el Dqueu de San Pedro engalatina de la

misma familia Espinola sucedio âl Marques Phelipe Ambrosio, quarto el qual se caso

el año de 1582 con Juana Bacciadonnna, hija de Juan Bacciadonna Señor de Tripalda

en el Reyno de Napoles /fol.6v/ y Conde de Gallarata en el Estado de Milan, y de

Pellina Doria de este matrimonio nacieron cinco hijos, tres varones, y dos hembras; el

primogenito fue llamado Pehliphe [sic], el segundo Agustin que fue Arcobispo de

Sevilla y Cardenal de la Santa Yglezia Romana y el tercero Juan Jayme, las hijas

Policena, y Maria. Fue el Marques Ambrosio dotado de elevado espiritu el qual no

pudiensose [sic] estechar al regímen de su ilustre pátria, emulando la sabresaviente

condicion que Principe Doria tenia en ella, solicito en mas basto, y regio dominio de

hagoar sus nobles genersos alientos, que despues animaron a tantas guerreras tropas

/fol.7/ de la vocinglera fama. Mandaba su hermano Federico la primera y ultima

esquadra de galeras que brumaron a los rios, tempestuosos mares de Flandes contra

los rebeldes de aquellas dilatadas Probincias y este obtuvo de despacho de la

Magestad de Phelipe tercero para que su hermano Ambrosio levantara a su costa ocho

mil hombres, y los conduxera con grado de Mestre de Campo â que llos paises, lo que

executo con tanto dispendio de sus riquezas, y exacta militar disiplina, que desde

luego fue luego fue [sic] jusgado capaz para fiar a su cuidado con el grado /fol.7v/ de

Mêstre de Campo General la rendizion de la plaza de Ostende cuya conseguida

empressa le merecio los mas elevados encomios de todos los Principes de la Europa

fue llamado el Expunador de las plazas, por las muchas que sujeto a su Soberano,

quien premiô sus grande servicios honrandole con el Collar del Insigno Toiso de Oro,

y la Grandeza de España, con la faculdad de poder comprar un lugar en Castilla para

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titularse, segun los fueros,y dignidades de ellas, y unir la grandes ala que despues

executô.

Prosiguiendo, y amontonando nuevos meritos en el subsequente reynado

/fol.8/ de Phelipe quarto le hizo este Monarcha de su Consejo de Estado Governador

del Estado de Milan Vicario Gral de Ytalia, y en la cedula que le despacho de la

Merced del titulo de Marques de los Balbases (lugar que habia comprado en las

cernacionas de Burgos), y de naturaleza en estos reynos para si y sus descendientes,

se hallan recopiladas sus heroycas hazañas, y elogiadas el lustre de su antigua casa.

muriî este singularissimo heroe lleno de gloria, y triunfos, que fueron digno asumpto

de los mas illustres historiadores de aquellos tempos. Su hermano Federico peleando

con sus galeras contra una esquadra de /fol.8v/ baxeles enemigas perdio

gloriosamente la vida, siendo su muerte llorada universalmuente en tristes renias [?]

de los Catholicos, y zelebrada de los rebeldes en las mas alegres demonstraciones, que

llegaron al exsecio de mandar abrir y acuñar una medalla en que se veya el combate

naval de las galeras con los baxeles derrotados las primeras con la inscripzion

siguiente: Cedunt trirenes navibus vict de pexempto Spinula cuya expression le dio en

la mayor alabanza de tan grande Capitan.

Al grande Ambrosio sucedio su hijo Don Pheple [sic] segundo de este nombre

y Marques de los Balbases el qual /fol.9/ despues de saberse en sayado en la escuela

de Marte, debaxo de la conducta de su padre, logro ser General de la Cavalleria

extrangera del Estado de Millan Governador de las Armas en Cataluña, y del Consejo

de Estado: estubo casado con D. Geronima Doria, riquíssima heredera de su ilustre

casa, cuya alianza restauro â la de Espinola gran parte de los muchos caudales que el

Marques Ambrosio habia despendido en servicio del Rey succedio â Don Phelipe su

hijo Paulo tercer Marques de los Balbases su abuel de Vuestra Excelencia, que fue

General de la Cavalleria extrangera en el Estado de Milan y Governador del mismo

Estado Embaxador Extraordinario en la Corte de Viena Plenipotenciario en el

Congresso de la Paz /fol.9v/ de Nimega, Embaxador Extraordinario, y

Plenipotenciario en la Corte de Paris para ayustar, y firmar los capítulos

matrimoniales del Rey Don Carlos segundo (de gloriosa memoria) con la Serenissima

Señora Dona Maria Lusia [sic] de Orleans, y conducirla â España, cuyos señalados

servicios premio aquella Magestad con haverzle hecho cavallerizio mayor de la

Reyna, y de su Consejo de Estado. Estubo casado con Dona Ana Colona, hija de los

Condestables de Napoles, en la qual tubo abundante su ssession. Murio Sacerdote, y

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le sucedio su hijo Don Phelipe terceiro de este nombre, y quarto Marques de los

Balbases abuelo de Vuestra Excelencia el qual siguiendo los nobles passos de tanto

ilustre ascendente, se ajusto, se alistó baxolas vandezas /fol.10/ del impavido martes

fue General de la cavalleriza estrangera en el Estado de Milan, Virrei de Cesilha

Consexero de Estado con los honores de Mayordomo y haviendo el Rey Ñuestro

Señor contraydo segundas nunpcias (año de 1734) muerta la Reyna Ñuestra Señora

Dona Maria Lusia Grauzela) con la Serenissima Señora Dona Ysabel Farnesio

Princesa de Parma, fiose al cuydado del Marques Don Phelipe conducirla a su Corte,

y real talamo como lo executo con los honores de Mayordomo mayor de la Reyna

casõ con Dona Ysabel de la Zerda, y Aragon hija de los Duques de Medinaceli y

Segorve de quien tuvo crecida susesion que coloco en las primeras casas de /fol.10v/

España, y Ytalia.

He dedo los Estados, y grandesa por muerte del referido Marques Don Phelipe

su hijo Don Ambrosio Carlos Espinola y de la Zerda, quinto de este nombre y

Marques de los Balbases padre de Vuestra Excelencia que caso con Dona Ana

Catarina de la Cueva, y de la Zerda, hija de los Excelentissimo s Señores Duques de

Albuquerque cuta alianza fecundo el cielo con repetida sucession.

Este (Excelentissimo Señor) es un corto resumen de sus exsessos

progenitores, y antiguada nobleza de su casa de la qual escrive un author extangera

Dom fran a linde [?] Sancta Cruce thes nob gen Spinolas sanguinis /fol.11/ y lo

comprueva con evidencia, que tiene alianza con las mas principales de la Europa sin

reservar las que estan en possession de los mas elevados solios lo que careze de toda

ponderar os pues solamente en las que contraxeron su besabuelo y a abuelo de

Vuestra Excelencia en las casas de Colona y de la Zerda es indubitable que la primera

entre sus augustos ascendientes numera repetidos Generales Cesares de Roma y a la

segunda inunda la real sangre de Castilla prancia y Aragon y assi puedo aplecar a

Vuestra Excelencia con justicia lo que con elegante metro canto a sus cesazes

saudicano.

Quod si nobilitas cuniu excedia pandit /fol.11v/ laudibu at que omnes redeunt

insemina cause quie venerabilioz sangui? Que mayor origo quan regalu erit nam te

privata dedere limina [?], nec tantum poterat contigere nomen augustú laribus, patrio

te Principe celsam y si de las pueriles inclinaciones se pues prudentemente congeturar

las que en la adolencia han de dominar: la elevada virtud de la liberalidad que

Vuestra Excelencia siempre ha manifestado, deshaciendose, sin la menor repunancia

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de todo aquello, que enade su mayor complacência, y diversion vaticina la

magnanimidad con que su generoso corazon hade despreciar quanto no sea digno de

un Principe con que se debe esperar juisiosamente de Vuestra Excelencia que no solo

aumentara el /fol.12/ numeroso de sus nobilissimos progenitores, sino que copiando

de cada uno la virtud mas brillante, sea hara digno susessor de tantos grandes heroes,

y yo el que Vuestra Excelencia admita benigno ( como le suplico) este pequeno

obsequio de mi servitud mas respectuosa.

Ñuestro Señor guarde la Excelentissima persona los dilatadissimos años que

desco, y he menester /fol.13/ y las bribes, distintas, y elegantes oraciones que

pronuncio tan superiores a lo que podian prometer los pocos años de su Excelencia, y

corta experiencia.

Eminet, et Jivenu Facundia pretenit años.

Eran las seis de la noche quando ñuestro Excelentissimo Embaxador baxo a

tomar el coche acompañado de los referidos Conductor, Capitan de Guardias, y

Mayordomo del Rei. Estos dos ultimos se despidieron de su Excelencia en el mismo

/fol.13v/ sitio donde le habian resivido y asi mismo en esta ocasion baxaron con achas

quatro mozos de la Camara del Rei alumbrando aqui enes su Excelencia mando

cubrir, porque a no hazerlo assi lo executan ellos por ser hidalgos y ni del abito de

Xto. Nuestro Excelentissimo Embaxador se encamino a su Palazio con toda la

comitiva en la forma que vino los doze pajes iban con achas al lado del coche por ser

mui de noche, cuia claridad, y la que ocasionavan las inumerables achas /fol.14/ de

los balcones (porque la Corte estaba iluminada por los desposorios del Serenissimo

Señor Principe del Brasil) hazian sobresalir con excesso las que arroxavan los

diamantes del vestido, cuya brillante vista renovo la admiracion, y grandes aplausos,

assegurando todos no habian visto en aquella Corte jamas funzion tan luzida.

Al llegar su Excelencia a la puerta de su jardin se apeo del coche grande, y

entro con el Conductor en uno mas proporcionado que /fol.14v/ los conduxo hasta la

puerta del salon por donde habian salido y despues de haber tomado un lligero

refresco; el Conde de Assumar se despidio para bolber con el Estado á Palazio, y

Ñuestro Excelentissimo Embaxador salio a las ocho de la misma noche con todo su

tren a visitar de ceremonia á Don Diego de Mendoza, y al dia seguiente executô lo

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mismo con el Cardenal de Acuña Monsenhor São Fora [?], Marques de Capicholatro,

Conductor, y Cosejero de Estado.

El Jueves siguiente dia ocho de Henero /fol.15/ tubo su Excelencia combite

general para una comédia armonica intitulada Las Amazonas de España de Don

Joseph de Camizares y la musica de Don Jaime Facco Maestro de Musica del

Serenissimo Señor Principe de las Asturias, con loa, y sainetes nuebos; todo al

asumpto de las felizes alianzas executaron las comediantes españolas con singular

asierto en el vasto y bellissimo theatro de su Palazio, cuya música ingeniosa

perspectiva, vistosas mutaciones /fol.15v/ y riquissimos bestidos passo mas halla de lo

que podian imaginar quantos lograron la sastifacion de hallarse presentes, a los quales

se sirvio un abundante refresco de muchos generos de dulzes bebidas, y cocholates

[sic] en la fama acostumbrada.

El dia seguinte dia señalado para firmar las capitulaziones matrimoniales del

Serenissimo Señor Principe de las Asturias, y de la Serenissima Señora Ynfanta de

Portugal fue su Excelencia a Palazio despues de comer, en publico con /fol.16/ una

nueva, y costissima librea, trocados los colores, las casacas de los lacaios, y demas

gente de librea, de grana guarnezidas con galones de plata y en medio un angosto

color de esmeralda, y chupa, y calzon de pano verde con la misma guarnizion, y un

rebete de terciopelo color de punzon, sombreros con borele de plata no hubo dragona

y medias de color de perla las casacas de los pajes eran de terciopelo carmesi,

guarnezidas con galones de plata puestas con singular arte sobre bastidos, chupa, y

passamnes de tíssu de plata, cintas de espadin y borde de los sombreros

correspondiente, y medias de seda color de perla /fol.16v/ bordadas de plata los

vestidos de los Jefes, y Gentiles Hombres de su Excelencia tenian guarnicion de plata

para distinguirse del dia de la entrada que todo fue oro.

Lello Ñuestro Excelentissimo Embaxador con nuevos aplausos â Palácio en

su requissima litera, acompañado del Marques de Capecholotro, y habiendo los dos

entrado, en la pieza destinado para este acto, hallaron en ella los sugetos que

presisamente habian de asistir. Despues de haber entrado todas las personas reales

Don Diego de Mendoza leyo en alta voz los capitulos matrimoniales que firmaron

despues el Rei, /fol.17/ Reina, y demas personas reales por su orden, y en un distinto

bufete los dos Embaxadores de España, siendo testigos por parte del Rei Catholico y

el Serenissimo Señor Principe de las las [sic] Asturias, los Señores Marqueses de

Angeja y Mayordomo maior de la Prinsesa del Brasil, de Valencia, de Nisza, de

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Cascaes, de Alegrete hijo, y Don Pedro de Basconcelos Cavallerizo maior de la nueva

Princesa del Brasil, y por la parte del Rei de Portugal el Duque de Cadabal, los

Marqueses de Fronteira, de Alegrete, Marquezes de Marialva, el Conde de Assumar

/fol.17v/ y Don Gaston Cautiño Cavallerizo maior de la Reina, hallandose assi mismo

presentes los Cardenales Acuña, y Mota.

Fenezida la zeremonia Ñuestro Excelentissimo Embaxador pidio lizencia á

los Reyes para presentar a la futura Prinsesa un retrato, del Serenissimo Señor

Principe de las Asturias la que obtenida, le puso en manos de su Altesa guarnezido de

diamantes de sumo valor los Embaxadores bolbieron a sus casas y por la noche ôtra

vez a Palazio combidados del Rei para verlos fuegos que se dispararon en la /fol.18/

plazuela de Palacio, que fueron acompañados con salvas de la artilleria del castillo, y

fuertes de la rivera del Tajo, y de la de los navios que estavan en el puerto to[sic] que

de Campanas, y luminarias.

El Domingo, siguiente fue su Excelencia luego que acabo de comer â Palácio

con su magnifico tren para hallarse presente hallarse presente á los desposorios del

Serenissimo Señor Principe de las Asturias con la Serenissima Señora Ynfanta de

Portugal.

El Rei, Principe, los Ynfantes /fol18v/ , sus hijos, y hermanos salieron de su

quarto interior a la sala de la audiencia donde estavan esperando los Embaxadores, y

en la de a fuera toda la primera nobleza con la qual se encamiño prezisados de los

porteros de maza, y bara , Reyes de Armas heraldos, y passabantes al quarto de la

Señora Ynfanta y mientras Su Magestad, y Altezas entraron por la Reina, y Señora

Ynfanta los Embaxadores, quedaron en el referido cuqarto que tiene comunicasion

con el de la Reina salieron immediatamente Sus Magestades /fol.19/ y se encaminaron

con grande orden a la Basilica Patriarcal por la escalera principal de Palacio que baxa

aun patio en que esta una de las puertas de la dicha Basilica.

Iban los dos Embaxadores de España delante de los Señores Ynfantes Don

Francisco, y Don Antonio hermanos del Rei á estos seguian Don Pedro, y Don

Alexandro, y á estos el Señor Ynfante Don Carlos que algunas vezes iban medio de

sus hermanos ( estos tres Ynfantes hijos del Rei se hallavan en /fol.19v/ el quarto de

la Reina, quando el Rei entró en el, seguiasse el Principe del Brasil, y con su Alteza

real que tambien con cada uno de los Señores Ynfantes iba un criado y el Marques de

Marialva Gentil Hombre de la Camara del Rei, que en este acto servia á Su Alteza

real y a los referidos Señores Ynfantes hijos del Rei acompañavan tres Veadores, ô

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Mayordomo de la Reina y dos Gentiles Hombres de Camara á los Ynfantes sus

hermanos.

Ymmediato á estos Señores venia el Rei, y un poco mas ádelante al /fol.20/

lado derecho de Su Magestad el Conde de Assumar que servia de Maiordomo maior

al ysquierdo â igual proporzion el Marques de Alegrete, Gentil Hombre de Camara de

Semana. Luego la Reina con la Señora Infanta de la mano, dando el brazo â Su

Magestad el Marques de Fronteira su Maiordomo maior, y la Señora Ynfanta el

Marques de Angeja su Maiordomo maior. Dona Ines de Silva Señora de Honor

llevava la falda de la Reina, y de la Señora Ynfanta la Marquesa de Unhaon Camarera

maior de ôrden de Su Magestad interin, que se nombren las criadas, que han de servir

â Su Magestad seguian las Damas de la Reina, y demas comiti-/fol.20v/va

acostumbrada.

El Patriarcha vestido de pontifical esteva esperando â la puerta de la Basilica

con su Cabildo, y parientes, y al llegar los rezio, tomo agua bendita, y la hecho â las

personas reales Cabildo, y los que componian el coro el Rei llevava al Patriarcha a su

mano derecha, presidiendo el Ministro, que llevava em basculo pastoral el Principe, y

Señores Ynfantes de dos en dos, y el Señor Don Carlos la comitiva de los

Embaxadores, los parientes del Patriarcha, y el Colegio de los Canoniegos en la

forma, y lugares, âcostumbrados immeda [?].

/fol.21/ El Conde lo hizo assi pero halo la misma dificuldad, la que assi

mismo mando participar a su Excelencia con su cavallerizo; la respuesta fue que si su

Amo no podia entrar con el primer coche del Rei por ninguna de las dos puertas podia

entrar en otro le mas regular proporcion porque no se encontraba otro medio para

superar estas dificultades. Despues de algunas replicas cortesanas de una y otra parte,

el Conde tomó este partido y entrandose en otro coche llego por la puerta del jardin,

hasta /fol.21v/ la de un salon, donde le recivo Ñuestro Excelentissimo Embaxador y

de este passaron a la sala de audiencia de donde senecieron los resiprocos

cumplimentos salieron a tomar el coche para llegar al sitio donde estaba el grande, en

el qual entraron ambos llevando su Excelencia al Conductor a su mano izquierda y la

marcha se hizo en la forma siguiente. Presidia el piquete de Cavalleriza para

franquear el passo a este seguian quarente, y tres coches de los Señores portugeses

dos del Marques de Copicholatro /fol.22/ Embaxador Ordinario de España en aquella

Corte uno del Cardenal Acuña: el de la Reyna Principe y Princesa los quatro del Rey,

en que iban repartidos doze Gentiles Hombres de Ñuestro Excelentissimo Embaxador

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vestidos de las mas ricas galas que se puede imaginar pues quanto en ellas se

registrava era oro en texidos cortados pratas de España, fluecos de canutillo de oro, y

galones suadore de Paris, correspondiendo en todo el buen gusto, y preciosidad de los

cabos. Seguian dos suizos /fol.22v/ ô porteros de su Excelencia de agigantada estatura

a quienes a crezentava no poca disformidad su adusto [?] nostro, y crezidos bigotes:

iban bestidos las casacas de paño berde mui fino, guarnecidas las costuras con tres

galones de oro, mediando en el los unos angosto de ter ôropelo color de punzon que

sobre la mucha gracia hacia resaltar mas el oro: las bueltas de las mangas cubiertas de

tenciopelo punzon quaxadas de galones de oro de tal suerte que apenas se descubria el

fondo chupas /fol.23/ y calson aegrana guarnecidas tambien con galones de oro las

dragonas de cintas de punzon bordadas de oro y matizadas de verde en flueco de oro

en las caidas los balies de terciopelo color de punzon con airosa guarnicion de galones

de oro los sobreros con su borde de oro, y plumas color de puzon medias del mismo

color: los subles con guarniziones de plata sobre dorada, como tambien todo el

erillasse de los balies siendo correspondiente a todo la ropa blanca a los referidos

/fol.23v/ porteros, seguian quatro bolantes de gallarda disposision con sus jubones de

nau liso verde, guarnecidos con galones de oro, y punzon faldillas de lo mismo con un

flueco de oro, botones de terciopelo berde costosamente bordados, en el sentro las

armas de su Excelencia y el lado izquierdo plumas de color de punzon, y berdes los

bastones corramos de plata sobre dorada en que estaban gravadas las armas de su

Excelencia. A estos seguian treinta, y seis lacayos mui buenos /fol.24/ mozos,

vestidos como los porteros excepto el tabali con el cabelo rizasado, polvos, y bolsas,

espadines de plata, y uniformes en todo hasta las eballas de los sapatos; secedendo lo

mismo á los cocheros mozos de cavallos, mulas, y littereros.

Doze pajes, que iban á pie al lado del coche del Rei en que iba su

Excelentissimo dueño, con casacas de terciopelo color de esmeralda guarnecidas por

las costuras con un galon ancho surdore de Paris, chupas, y passamanes de tissu de

oro con perfiles /fol.24v/ de color de punzon, calzon de terciopelo verde guarnecido

de oro, las dragones, y tintas de los espadines color de punzon y sobrepuesta una

punta de España con un flueco de canutillo de oro el remate pelucas â la Delphina,

sombreros de fino castor con aborde de oro bordados de oro, y ropa blanca con ricos

encaxes de Flandes.

Yba al estribo derecho el referido coche del Rei el Cavallerizo de su

Excelencia montado sobre un brioso caballo Andaluz con un riquíssimo aderezo, y un

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/fol.25/ mozo de caballos a pie. El Cavallerizo del Conductor iba en la misma forma

al estribo izquierdo.

Al coche segeia [sic] el guarnezionero de su Excelencia â cavallo con un

vestido de galones de oro que prezidia los quatros [sic] cavallos de la persona con

presiosas aderezos, y las cubiertas de tissu de oro, y berde guarnecidas con fleco mui

ancho de oro y en medio bordados las armas de su Excelencia con cada caballo iba

/fol.25v/ un palafrenero. Segia la primera litera de su Excelencia hecha en Paris con

dos caballos es de una exquisita y delicadíssima talla dorada desde los cristales abaxo

pintada a lo chino a forrada con un riquo tisu de oro, y perfiles de punzon el zielo

guarnecido al rededor con una cartulina de oro y un flueco de cañutillo de lo mismo

ancho de seis dedos el imperial de los mismo, y el cortina de lo mismo las

guarniciones de los caballos a forradas /fol.26/ en terciopelo carmesi con mucha

chaperia de broce dorado a fuego, y los penachos de pluma de varios colores las

cubiertas de os caballos de terciopelo color de punzon guarnecidas con una punta de

España, y flueco de oro en medio bordado un gran manto ducal, y en el centro del las

armas de su Excelencia con muchos trofeos de guerra, a los pies dos esclavos todo

primorosamente bordado de realze de oro.

/fol.26v/ No dexo de cavar bastante nobedad ver en vez de machos lleban la

litera dos corpulentos frisones con quienes iban dos litereros inmediata a la

antecedente venia la segunda litera hecha en lúbua de singular gusto y talla; por de

fuera todo dorada en los tableros pintadas las armas de su Excelencia los crutales de

medio punto, y forrada con terciopelo fondo blanco, y flores verdes con guarnicion

/fol.27/ de oro, el imperial, y cubiertas de los machos de lo mismo, con dos litereros.

Venia despues de las literas el primer coche de su Excelencia hecha en Paris, y

de tan extraordinaria magnitud, y fabrica, que tenia igualmente embalesados â todos,

y perplexos en lo que habian de admirar si la riqueza, y gusto del todo, ó la bellissima

proporcion de sus partes, por hallarse en cada una dilatado campo para zelebrar el

delicado gusto /fol.27v/ y sublime ingenio del artífice da caxa es de una primorosa

talla dorada;en el tablero superior de otras se regustra una gran pintura de un fanoso

pinto en la qual se ve al belligero Marte que muestra a Belona como manda á una

multidud de pequeños Limenes [?] ô amores colgarde los arboles los instrumentos de

guerra, la qual se suspende por algun tiempo para desembarazar el campo á los

plazares e en /fol.28/ el tablero inferior se mira al de caballos marinos, y rodeado de

multitud de sirenas, tritones, y hocas, y otros monstruosos marinos el tablero

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delantero representa al dulze amphion tocancado subira [?] sentado sobre un Delphin,

y rodeado de festiba tropa de nadantes monstruos en una de las puertas se halla el

nacimiento de la olascira Venus que sale de el mar en una concha cercada de amores

/fol.28v/ y en la ampfite en su carro que sale asi misma al mar acompanhada de

serenas, a aritones en los quatro tableros pequeños estan alegoricamente pintadas la

magnificencia la gloria de los Principes, la fortaleza, y la prudencia dos quatro pilares

estan figurados en quatro ramas de palma de las quales cuelgan a igual proporcion

diversas armas el asiento de estos sale con un palmo fuera de la caxa /fol.29/ los

peñachos de caxutó de oro, rendaje del mismo metal, y punzon , y desde la clin [?] a

la cola se registraba un ingenioso laberinto formado de multitud de cordonzillos, y

borlillos, y zintas de oro, y plata, y diversos colores. Al dado de este coche iban dos

mozos de caballos.

Siguiose el segundo coche echo tanbien Paris no inferior al primero en riqueza

y ariosa proporzion aunque de un tamaño mas regular la caxa es de una mui

sutilissima /fol.29v/ talla dorada en los quatro tableros pintadas las armas de su

Excelencia sobre un manto ducal con muchos tropheos de guerra, en el superior de

otras una pintura alegorica de excelente pincel el forro es de una presiosa tela de oro,

y plata, e perfilera desguarnecido el zielo con un flueco ancho de oro toda su

circunferiencia, cortinaje de fetan verde bordado de oro y el imperial, y cubierta del

pescante de la misma te la el carro tallado pintado de verde /fol.30/ y oro tirado de

seis frisones caballos castaños las guarniciones forradas en terciopelo verde con

hermoso enillaje, y chaperia de bronze dorado, y les peñachos de canutillo de oro.

Acompañaban este coche dos mozos de caballos.

Tercero coche tallado primosamente tallado, y dorado con estatuas, y pinturas

forrado en terciopelo carmesi fondo /fol.30v/ en oro, guarnecido con flueco mui

ancho de lo mismo en el tablero superior atrás tiene una hermosa pintura, que

representa a la fortaleza tiravan de este coche seu gallardos cavallos negros españoles

acompañados de los mozos.

Quarto coche tallado a filigrandamente y dorado; el forrote terciopelo carmesi

de flores, y guarnecido con galon y flueco de seda de color de oro /fol.31/ de este

coche, y de los dos restantes tiravan seis e mulas y con cada tiro inclozo quinto coche

todo adorado, y en los tableros pintadas das armas de Excelencia forrado en una

vistosa persiana fondo blanco, y dibuxo verde.

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Sexto coche la caxa dorada, y forrado en terciopelo carmezi de matizes. A los

referidos coches seguian los tres del Conductor que /fol.31v/ eran mui vistosos cada

uno con seis mulas los cocheros lacayos mozos, y fitereros tenian un librea nueva mui

costosa la litera que seguia a estos estava forrada, y por dentro, y por fuera del

terciopelo carmesi, y guarnecida con galones de oro.

Con esta conformidad llego su Excelencia a la plazuela de Palazio no sin

dificuldad por el enumerable concurso de gente /fol.32/ la que con repetidas

aclamaciones vozeava viva el Embaxador de Castilla, y viva el Marques de los

Balbases de manera que no se ha oido que ningun Ministros aya merezido tan general

acceptazion en aquella Corte. La plazuela es mui capaz, y mas larga que acha; en ella

estavan esquadranados dos rejimientos de cavalleriza con sus Coroneles, y demas

oficiales a la frente, y un regime-/fol.32v/miento de Ynfanteria; entre estos passo

Ñuestro Excelentissimo Embaxador y llegando a la puerta principal del real palazio

fue necesario parar el coche, porque este, ni el primero de su Excelencia podian entrar

al zaguan, y aqui fue donde le vinieron â recivir, y cumplimentar al Capitan de

Guarda, y an Mayordomo del Rey, ya conduzirle a la audiencia la Guardia de

Alabarderos estava rendida por /fol.33/ donde havia de pasar su Excelencia y todos os

titulos de la mayor distincion la estavan esperando, causando en todos quantos vieron

Ñuestro Excelentissimo Embaxador gran admiracion por su amable entereza, y

gallarda disposision, como por el riquissimo bestido que tenia puesto; porque la

casaca era de un tissu oscuro de oro forrada en nestando de plata chapas y passamanes

de glañe [?] /fol.33v/de plata bordado todo el vestido primorosamente de lo mismo los

ajales y botones de diamantes dragonas y cinta del espadin de glañe [?] de plata

bordadas de o mismo, y sobrepuestos algunos diamantes de la llabe de Gentil

Hombre correspondiente con un passador de seis diamantes tres vasaraltos, y tres mas

baxos el puño ganchos, y contera del espaldin de oro guarnecido de di-/fol.34/

amantes: el sombrero con borde bordado sembrado de pequeños diamantes de plata, y

un alamar de nueve diamantes, siete brillantes, uno grande tabla sirviendo de boton, y

otro di figura triangular por lo exquisito, y subido prezio esta vinculada en la casa de

su Excelencia los botones de los puños, y evillas [?] correspondientes, como tambien

los riquissimos encaxes de convata, y puños en que parezian haber hechado todo el

resto la consta-/fol.34v/ tante paciencia, y endustria de las Belgas entro Ñuestro

Excelentissimo Embaxador en la sala de la audiencia, donde halló al Monarcha

Luzitano en un trono elevado de siete gradas, puesto en pie con severa Magestad, y

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rodeado de todos los Jefes de Palazio, y titulos a la segunda acostumbrada reberencia

se apartaron el Conductor, Capitan de Guardias, y Mayordomo que hasta este punto le

habian acompañado, y al pie /fol.35/ del trono hizo su Excelencia la tercera, y al

tiempo de subirlas las gradas, dio su Magestad dos ô tres pasos como para recivir le, y

llegado a lo alto se restituyo a su lugar mandando cubrir al Embaxador, el qual

despues de haberlo executado, expresso los motivos de su veniela [?] en una breve y

elegante oracion sin que el explendor de aquel solio, ocasionar ela menor alterazion

en /fol.35v/ su entereza. El Rei respondio en pocas palabras, y no pudiendo Ñuestro

Excelentissimo Embaxador bolber la espalda para baxar del trono el Rei (despues de

haber dado los mismos pasos que al principio) recelando no tropezare al tiempo de

baxar las gradas (de que su Excelencia dio efectivamente muestras) se digno de

honrrarle tomandole una mano, y previniendole los escalones que habia de baxar lo

que su Excelencia executó sin el tímido /fol.36/ tropiezo, y salio de la audiencia con

las acostumbradas reverencias, a las que el Rei correspondió quitandose á cada una el

sombrero, y pano en compañia de el Conductor Capitan de Guardias, y Mayordomo al

quarto, y audiencia de la Reina, que estaba debaxo de un dosel en pie sobre una rica

alfombra, á acompanhada de los Señores Infantes sus hijos, Camarera maior, Damas

/fol.36v/ y mayores titulos nuestro Excelentissimo Embaxador desempeño este acto

con una discreta oracion la qual fenezida, pano á la de el Principe del Brazil y luego a

la Señora Infanta futura Princesa de las Asturias en esta no qizio cubrirse su

Excelencia considerandola como dignissima esposa de su Principe, por cuyo motivo

acabada su oracion la beso con respetuoso embarazo la mano; zelebrando este quantos

se hallaron en las quatro audiencias /fol.37/ atos ã la cruz Patriarchal, y delante de ella

los demas eclesiásticos, y Corte segular con mucha gravedad, y orden.

Al passar por la capilla del Santissimo Sacramento hizieron ôrazion el

Patriarcha en su genuflectorio, y un poco mas atras, los Reies, y su[s] Altezas sobre

almuadas, como tambien los Embaxadores, y demas comitiva, y acabada la oracion

passaron todos á la Capilla maior, en donde el Patriarcha en su fadistorio, y los Reies,

Principe, e Infantes en almóadas huzieron assi mismo orazion, y despues el Patriarcha

subio al altar maior, y se sento en sima del subpedomo, en una /fol.37v/ silla elevada,

con una almoada á los pies.

El Marques de los Balbases, presentó al Rei el poder de el Principe de las

Asturias, juntamente con una copia autentica en lengua portuguesa: el Rei subio al

altar, y lo puso en em manos del Patriarcha derrodillando se al tiempo de darse los, el

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qual los entrego â su primer Diacono asistente; para que se los diesse â su Secretario:

este leyô la copia en portuges en alta voz, y despues bolbieron el dicho poder y copia

al Patriarcha para examinarlos, habiendolos visto, y aprobado se restituieron /fol.38/

a Ñuestro Excelentissimo Embaxador.

El Patriarcha hizo un interrogatorio, y a la Señora Ynfanta en la forma

siguiente:

Vuestra Magestad viene como poder habiente del Serenissimo Principe de las

Asturias, D. Fernando a contraer matrimonio con la Serenissima Infanta de Portugal

D. Maria?

Respondió el Rei: Vengo y buelto a su Alteza dijo: Vuestra Alteza viene por

su libre voluntad â contraer este matrimonio con el /fol.38v/ Serenissimo Señor

Principe de las Asturias D. Fernando ?

Aqui respondió: Vengo.

Luego el primer Diacono Asistente dixo en alta voz de orden del Patriarcha,

que si ubieve alguno de los asistentes que supreve algun impedimento canónico que

impidiene contraer este matrimonio lo declarare pena de excomunion. A esto se siguio

una cristiana platica que hizo el Patriarcha á los ylustres contraieyntes sobre las

graves obligaciones de /fol.39/ del estado de el matrimonio como previene el ritual

português y acabada, hico el Patriarcha el segundo interogatorio en esta forma:

Vuestra Magestad com o poder haviente de el Serenissimo Señor Principe de Asturias

Don Fernando quiere en nombre suio recivir a la Serenissima Señora Dona Maria

Ynfanta de Portugal, aqui presente, por su legitima muger como manda la Santa

Yglesia Romana? Respondio el Rey: Quiero . y buelto â Su Alteza dijo: Vuestra

Alteza quiere recivir al Serenissimo Señor Don Fernando Principe de las Asturias por

su legitimo marido como manda la Santa Madre Iglesia Romana mediante la real

persona de Su Magestad aqui presente como su poder haviente? Y Su Alteza

respondio: Quiero. Pero antes puesta de rodillas /fol.39v/ veso a sus padres la mano.

Dado los consentimientos se celebraron los desposorios con la ceremonia de

darse las manos conforme al ritual portuges diciendo el Rey: Yo el Rey como poder

haviente que soi de el Principe de las Asturias Don Fernando en su nombre recivo a

vos Don Maria Ynfanta de Portugal por su legitima muger asi como lo manda la Santa

Yglesia Romana. Y Su Alteza: Yo Dona Maria Ynfanta de Portugal recivo por mi

legitimo marido al Principe de las Asturias Don Fernando asi como lo manda la Santa

Madre Yglesia Romana, mediante la persona de Vuestra Magestad como su poder

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haviente. Y diciendo luego el Patriarcha las palabras y que en semijantes ocasiones

previene la Yglesia, echo agua vendicta a los augustos contraientes, bendise un anillo

como manda el ritual romano, y se le dio /fol.40/ al Rey, el qual le puso en el dedo

anular de la Señora Ynfanta ya Princesa de las Asturias. Y tenia engastado un solo

diamante de grande precio, y por la parte de adentro gravadas las palavras Princips

Ferdinandus. Luego el Patriarcha entono el Te Deus Laudamus que cantaron con gran

solemnidad, y harmonia los musicos de el Rey, y el Patriarcha se puso de rodillas ante

el altar, como tambien los Reyes, y sus Altezas en sus lugares acostambrados

mediante el higno, y acavado, el Patriarcha canto las oraciones de gracias.

Los Reyes, Principes, y Ynfantes se bolvieron con las demas comotiva[s] en la

misma forma que entraron, haciendo el pasar por la Cappila de el Sanctissimo

Oracion. El Patriarcha, y Cabildo eclesiastico acompañaron â los Reyes hasta

/fol.40v/ la puerta de la Yglesia, donde habiendose despedido prosiguio la real

marcha, hasta llegar al quarto de la Señora Ynfanta Princesa donde espero todo el

acompañamiento hasta que el Rey hubo llegado a la Reyna, y Princesa â su Camara

ante la qual, como en la sala de los espesos, y en las cinco siguientes estaban todas

nas señoras de la Corte costosamente bestidas para besar la mano a los Reyes, y

acabada esta funcion, bolvio el Rey con sus Altezas a su quarto, y los Embaxadores a

sus casas, desde donde se restituieron poco despues a Palácio para ber los fuegos, y un

festejo armonico cantado en idioma ytaliano por los musicos de el Rey en el quarto de

la Reyna en un hermoso teatro.

Doc.176. Relação da festa que o Senhor Embaixador fez em sua caza no dia de

Domingo 2 do corrente, que deixou de fazer ce dia de São João por esta a Corte com

as Suas Magestades no Retiro de Aranguez. BGUC, Manuscrito nº 677, fols.148-

150v.

/fol.148/ No dia se vestio Sua Excelencia com huma gala rica feita, e bordada

na Corte de Paris de grodetur lavrado grisée com vestia, e volta carmezim escato, e

todos os caboz proprioz e flamantes, seu filho primogénito outro vestido da mesma

ceda apavonado volta e vestia amarela tudo bordado de prata tambem de bom gosto e

coma mesma magnificençia.

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Toda a sua familia se vestia de novo todos de seda, e muito com tellas

preciozas.

Os pageñs com fardamento deverão com guarnituras de ouro, e prata, plumas

brancas todos, e cabos proprios ao tempo, e a riqueza do uniforme.

A familia de pée com libre de Verão, plumas todas, e meyas e seda branca,

dragonas com propriedade igual ao gosto da farda.

Para as outo da noute se aviza a familia toda para com boa ordem,

principiarem a asender as luzes, estando prevenidos soldadoz de cavalo na boca das

ruas para as carruagens que entracem por lado sahirem por outro; de sorte que

/fol.148v/ a porta do Palaçio não tivessem parada os coches: estavão nos dous lanços

da escada soldados fazendo subir as cadeirinhaz das Senhoras donde sahião na sala e

as recebia o Senhor Embaxador acompanhado de seos filhos, e dos seus gentishomens

e de todos os que nesse dia faziao a Sua Excelencia a Corte. Seguian-ce tres salas, e

na porta principal do cortejo, estava a Excelentissima Condessa de Ablitas sua

sobrinha que fazia as honras da caza, e recebia as Senhoras e as conduzia a duas

pessaz que se seguião a hu lado da principal caza do festejo: todos em boa ordem,

estiveram antes do refresco, nestas duas cazas; os fidalgos se conduziao a esta caza

grande onde foi o baille: estavao as tres cazas extriores armadas de damascos

carmezins, cadeiras de damasco, e cortinados irmãos.

A caza do baille estava colgada de rica chita da India, com frizos de talha

dourada, sanefas de talha dourada, cortinas de ló carmezin e ouro tomadas duaz ricas

aranhas ou candieiros de grande custo cristalinoz.

Seguiasse a caza da cama deparada magnificamente armada de flamante

damasco cramezim, cortinado de veludo irmão da cama Imperial, ganapée, e

tamboretes irmãoz tudo goarnecido de bom galão de ouro.

Seguiasce [sic] a caza do docel de borcado de ouro sobre veludo carmezim;

cadeiras irmans, cortinas tomadas, e /fol.149/ as paredes cobertas de damasco tambem

flamante; debaixo do docel o retrato do nosso Rey; as cazas todas iluminadas com

aranhas crystalinas, muitas placas preciozas; as cazas todas esteiradas com

estravagançia e fineza, na caza do docel estava hu relógio de prata de altura de hu

homem, hu candeeiro tambem grande de prata pendente do tecto com muitas luzes de

talha dourada com pedras mui lustrozas; havia hu gabinete tambem armado de chitas;

arcas do marão, bofetes proprios onde esteve muita louça precioza, e requicimos

concertos de chá; todos os bofetes das mais cazas tinhao muitas mangas da dita

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porcelana, onde se puzerão muitos cravoz para as Senhoras com que se regalarão

muito e como gracioza advertencia de Sua Excelencia lho gratificarão, seguiasse ao

dito gabinete tres cazas armas de damasco carmezim cortinados, e acentos irmãoz, em

huma delas estavao mezas de jogo, com cartas, tentas, e luzes a cazaz, em outra caza

estava huma porta onde se vião duas mulheres limpas decentemente vestidas para o

que nesçecario fosse e a ultima caza desta devo na sala com a quem entrava por huma

parte sahia se queria por outra: quanto que forão nove horas e meia entrarão 24

pagues comandadoz por seis gentishomeñs com doces em tanta abundancia /fol.149v/

em pratas de prata de azes que mal podião com elles os pagens, agoa de neve,

sorvetes, chicolates, outro provimento de seguilhos diferentes _____ muito gelados

tudo em concertos diferentes, e servido tudo com especialidade, porque de cada

partida destas, e não doze pratos grandeciçimos por cuja cauza durou o refresco das

Senhoraz e dos fidalgos muito mais tempo, e perto das onxe principiou o baille por

huma contradança; adevertencia que teve Sua Excelencia por não ofender os que não

focem os primeiroz chamados para bailar os minuetos, que despois da contradança

principiarão com a ordem seguinte. Forao dos primeiros avizados do bastoneiro que

era o Conde de Ablitas, para tirarem as Senhoras seguintez primeiro huma dama da

Raynha, depois outra dama da Raynha veuva, e logo huma Senhora da Corte e nesta

ordem se dançou athé a huma da noute que se chamou para a céa, e durou esta athé as

tres oras da madrugada: era a pessa e a meza de porprocionada grandeza, onde sea

como darão setenta e tantas pessoas, Senhoraz e algûns fidalgos mais velhos, os mais

estiverao em peé comendo e servindo as Senhoraz cobriosse esta meza quatro vezes

com delicadas iguarias muitos gelados, delicados doces e hu ramilhete tão magnifico

e tambem iluminado que a todos os velhoz ouvi dizer, que /fol.150/ em Madrid se

não vio couza que o podeçe imitar. Sofreo a meza cento e outenta luzes que o arteficio

do ramilhete pedia, fora muitas serpentinas que em boa ordem ornavão tambem a

meza, e o que mais he de admirar, hé haver comer, doces, e gelados, para tres

refrescoz e mais mezas e desnesecario fosce have-llaz : em huma das cazas medeatas

á grande caza da meza grande estava outra meza coberta, e servida como a outra onde

comerão varios menistroz, e senhores, e a pasage de huma para outra caza tão

iluminada que fazia huma grata prespectiva, havia em huma das ditas duas cazaz, o

aparador da reportaria onde se depois tavão os doces, os geladoz, e as preciozas e

delicadicimas bebidas, castas innumeraveiz, de vinhoz, e mais flores artificiaiz em

que as Senhoraz fizerão grande apriencão:: trabalharão nesta cea 36 cozinheiroz, 28

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reposteiroz, gastouce 160 arobas de neve, infenitas arcas de doçes secoz muitas

arobas de asucar: o ramilhete depois de servir se abandonou á justissa secullar, e Sua

Excelencia teve advertencia de ordenar que tudo fosse de comer e refresco se não

guarda-çe, asim andou alado com tão felis desordem, que a comfuzão, e desperdício

/fol.150v/ servio de ornato e perfeição a este grande festejo, por ordem de Sua

Excelencia tiverão os pagez das Senhoras refresco especial, e cada hum se deo em

papelicoz duas libras de doces secoz, forao comvidados para este festejo todos os

grandez todos os cheffes dos dous palacioz menistros estrangeiroz os do mayor rango,

e as damas da Raynha Reinante, e viuva as Senhoras da mayor reprezentação de sorte

que tanto os Senhorez como fidalgos, tinha porpoção e egualdade. Durou a festa thé

sinco da menhãa do dia seguinte e nesta mesma tarde se principiarão a comprimentar

da parte de Sua Excelencia todas as Senhoraz que asestirão na festa, e se gostarão tres

dias neste cortejo, por ser precizo costume este comprimento.

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XVII. Registo da Secretaria de Estado – Chegada, entradas e audiências

dos Embaixadores espanhóis (1716-1753)

Doc.177. Chegada do Marquês de Capecelatro à Corte de Lisboa em 1716. ANTT,

MNE, Livro 149, fols.35-35v. [Transcrição integral].

/fol.35/Embaixador de Castella

Para o Marques de Fronteira

Sua Magestade que Deus guarde he servido que Vossa Excelencia mande ter

promptos os bargantis que costumão servir na passagem dos embaxadores de Aldea

galega para esta cidade para se remeterem aquella villa e nelles passar o Embaxador

de Castella que já passo[u] de Madrid e do dia em que hão de hir daqui os bargantis

farei avizo a Vossa Excelencia cuja pessoa Deus guarde. Paço a 4 de Julho de 1716.

Diogo de Mendonça Corte Real.

Para o Conde de Soure

Sua Magestade que Deus guarde foi servido nomear a pessoa de Vossa

Senhoria para conduzir o Embaxador de El Rey de Castella do lugar donde

desembarcar nesta corte á sua caza, e para este effeito ha de mandar o Duque e

armeiro mor a ordem de Vossa Senhoria hum coche da cavalharisa real para Vossa

Senhoria conduzir o Embaxador, a alguns mais para a sua familia, e poderá Vossa

Senhoria dos seus levar os mais que lhe parecer e quando ouver de chegar Embaxador

farei avizo a Vossa Senhoria e Sua Magestade terá contentamento que Vossa Senhoria

nesta função não fassa despender. Deus guarde a Vossa Senhoria. Paço 24 de Junho

de 1716. Diogo de Mendonça Corte Real.

Para o Duque Estribeiro Mor

Sua Magestade que Deos guarde foi servido nomear o Conde de Soure para

conduzir o Embaxador de El Rey Catholico do lugar /fol.35 v/ em que desembarcar a

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sua caza, e para esse effeito he o mesmo Senhor servido que Vossa Excelencia mande

ter propto hum coche dos melhores da cavallaria Real não sendo o da pessoa para

donde conduzir nelle ao Embaxador e dois outros mais dos inferiores para a familia e

quando o embaxador chegar se fara avizo a Vossa Excelencia. Deos guarde a Vossa

Excelencia. Paço 24 Julho de 1716. Diogo de Mendonça Corte Real.

Para o Marques de Capisiolatro

Ex.mo Senhor,

Fazendo prezente a Sua Magestade que Deus guarde, o memorial em que

Vossa Excelencia e a parte de Sua Magestade Cattolica oferecia por equivalente da

Colonia do Sacramento poderem hir cada amo do Brazil e Rio de Janeiro e Buenos

Ayrez dous navioz portuguezes com as clazulaz que Vossa Excelencia expressa

segundo o mesmo tratado que Vossa Excelencia alega secreto equivalente da sua real

satisfação declarar se a Vossa Excelencia que este que propõem não he admissível

Vossa Excelencia me tem muy prompto para tudo o que me ordenar de seu mayor

agrado serviço. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço a 20 de Agosto de 1716.

Diogo de Mendonça Corte Real.

Doc.178. Entrada e audiência pública do Marquês de Capecelatro, Lisboa, Novembro

a Dezembro 1723. ANTT, MNE, Livro 149, fols.53-60. [Transcrição integral].

/fol. 53/ Para o Marques de Angeja

Sua Magestade que Deos guarde tem tomado a rezolução de que Vossa

Excelencia ha de conduzir o Embaxador de Castella o que participo a Vossa

Excelencia para que haja de prevenir tendo Vossa Excelencia entendido que ha de vir

de capa e volta e quando estiver próxima esta função se avizara a Vossa Excelencia a

tempo a forma em que o ha de conduzir. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço 15 de

Novembro de 1723. Diogo de Mendonça Corte Real

Para o Embaixador de Castella

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Marques Capecelatro

Ex.mo Senhor,

Fiz prezente a Sua Magestade que Deos guarde o que Vossa Excelencia esta

manhã me comunicou a respeito dos despachos que recebeo pello expresso e me

ordenou participasse a Vossa Excelencia mandara expedir as ordens necessariaz para

que o baptizado se fizesse, e eu noticiarey a Vossa Excelencia o dia que se distina

para esta função. E para servir a Vossa Excelencia estou sempre mais prompto. Deos

guarde a Vossa Excelencia. Paço a 17 de Novembro de 1723. Diogo de Mendonça

Corte Real.

/fol. 53v/ Para o Embaixador de Castella

Ex.mo Senhor,

Sua Magestade que Deos guarde tem concedido a Vossa Excelencia a sua

primeira audiencia de formalidade no dia sinco do prezente mes pellaz tres horas da

tarde; e despoes a terá tambem da Rainha minha ama; e para vir a ellas, hirá conduzir

a Vossa Excelencia o Marques de Angeja do Conselho de Estado de Sua Magestade

de que o mesmo Sñr. me manda fazer este avizo a Vossa Excelencia para que pella

sua parte o possa dispor nesta conformidade; e para servir a Vossa Excelencia estou

muy prompto. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço a 3 de Dezembro de 1723 .

Diogo de Mendonça Corte Real23.

Para o Marques de Angeja

Sua Magestade que Deos guarde tem nomeado a pessoa de Vossa Excelencia

para conduzir ao Embaixador de El Rey Cattolico o Marquez de Capecelatro á sua

primeira audiencia de formalidade que ha de ter em sinco do prezente mes pellas tres

horas da tarde, no quarto do Paço em que Sua Magestade assiste, e despoes da Rainha

Nossa Senhora e nesta função não ha de dar Vossa Excelencia libré.

23 Á margem: “Este Embaixador pedio a Sua Magestade de despenzasse de receber a honra de hir a ospedagem que he estillo aos tres dias antes de fazer a sua entrada publica e sem embargo de estar feita bastante despezas para prevencao dela a não teve despensando se hem ella nesta formalidade”.

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Ao Duque Estribeiro mor ordena o mesmo Senhor mande ter a porta de Vossa

Excelencia o coche de sua real pessoa, com /fol.54/ alguns mais da cavalheria pella

huma hora e Vossa Excelencia hira buscar ao Embaixador as suas cazas, que são as

do Conde da Ribeira a São Francisco o poderá Vossa Excelencia levar tambem alguns

coches seoz.

O como Vossa Excelencia se deve haver he escusado referir, e somente por

não faltar a formalidade direy a Vossa Excelencia que quando for no coche de Sua

Magestade para caza do Embaixador ha de Vossa Excelencia hir no estribo e

chegando a dita caza do Embaixador quando este vier dessendo pella escada e Vossa

Excelencia o avistar ha de apear-se, e sobindo amboz ha de o Embaixador dará a

Vossa Excelencia a mão direita; e despoes de assentados, e Vossa Excelencia lhe

fazer o comprimento ordinario baixando com elle lhe ha de dar Vossa Excelencia a

mão direita por vir ja em função de condutor, e recolhendo-ô no coche dar lhe o

milhor lugar, ficando a mão esquerda na cadeira de tras, sem nelle entrar mais pessoa

algua, e o mesmo praticará Vossa Excelencia quando voltar do Paço, porem quando

Vossa Excelencia se dispedir de caza do Embaixador ao desser da escada ha de elle

vir dando a Vossa Excelencia a mão direita, pella razão de ser finda a condução.

A Rainha Nossa Senhora ha de mandar hum coche de respeito as cazas do

Embaixador e nelle não entrará nimguem, e os fidalgos da Corte tem tambem avizo

para mandarem, os seos coches com gentis homeñs, para acompanharem, como he

estillo, e disporá Vossa Excelencia /fol.54v/ que o coche da Rainha Nossa Senhora va

diante, e imidiato ao da pessoa Real, e que nos primeiros tres, ou quatro dos títulos, se

observe preferencia, e que o acompanhamento venha pella Cordoaria velha, Rua Nova

de Almada, Calcetaria, Rua Nova dos Ferroz, Pelourinho, Terreiro do Paço, e dahi

entrarão os coches de Sua Magestade no pateo da Igreja Patriarchal, onde Vossa

Excelencia se ha de apear com o Embaixador; e conduzi-llo a Salla dos Tudescos em

direitura ao quarto de Sua Magestade a sua Real prezença, e despoes a da Raynha

N.Srª.

Despoes que o Embaixador fallar a Sua Magestades ha de Vossa Excelencia

baixar com elle, e meter se no coche na mesma parte em que se tiver apeado, e della

conduzi llo a sua caza na mesma forma que fica referido para a vinda. Deos guarde a

Vossa Excelencia. Paço a 3 de Dezembro de 1723. Diogo de Mendonça Corte Real.

P.s. Dispondo Vossa Excelencia a condução de sorte que as tres horas esteja o

Embaixador no Paço.

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Para o Duque Estribeiro Mor

Sua Magestade que Deos guarde, tem concedido audiencia de formalidade ao

Embaixador de Castella o dia sinco do prezente, a que o ha de conduzir o Marques de

Angeja; e he o mesmo Senhor servido que Vossa Excelencia mande as cazas em que

vive o dito Marques no referido dia pella huma hora da tarde o coche da pessoa Real

para nelle conduzir o dito Embaixador e quatro mais para a familia /fol.55/ do mesmo.

Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço a 3 de Dezembro de 1723. P.s. Vossa

Excelencia se achará no Paço para assistir a Sua Magestade dispondo o mandar dos

coches de sorte que as trez horaz possa o Embaixador estar no Paço. Diogo de

Mendonça Corte Real.

Para o Duque

Em 5 do prezente mes as tres horas da tarde ha de fazer entrada publica nesta

Corte o Embaixador de El Rey Cattolico o Marques Capecelatro, e Sua Magestade

que Deos guarde lhe da a primeira audiencia de formalidade no seu quarto, e despoes

a Rainha Nossa Senhora de que faço a Vossa Excelencia este avizo para que o possa

fazer prezente a mesma Senhora dispondo o que irá a sua caza e Vossa Excelencia se

achará no Paço aquella hora para assistir as referidas audiencias e disporá Vossa

Excelencia que da cavalherica da mesma Senhora vá hum coche a caza do

Embaixador a hora competente para vir no acompanhamento assim a vinda para o

Paço, como ao depoes ao recolher a sua caza, com advertencia que no coche não ha

de entrar pessoa alguma, e como he estillo por se em alla hum dos regimentos desta

Corte no Terreiro do Paço para passar por ella o acompanhamento he Sua Magestade

servido que Vossa Excelencia ordene que nesta parte se execute o que e costume.

Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço a 3 de Dezembro de 1723.

/fol. 55v/ Para o Conde de Pombeiro

Em 5 do corrente pellas duas horas da tarde fas entrada publica nesta Corte o

Marques Capecelatro Embaixador de El Rey Cattolico e Sua Magestade que Deos

guarde lhe dá a primeira audiencia de formalidade no Paço, e despoes a Rainha Nossa

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Senhora e he o mesmo Senhor servido que Vossa Senhoria se ache nelle para lhe

assitir, e conduza ao Embaixador como he estillo do pe das escadas que sobem do

pateo da Igreja Patriarchal para a Salla dos Tudescos a sua Real prezença com o

Mestre de Salla D. Luiz de Almada que tem semilhante avizo, e despoes a Rainha

N.Srª; e acabadaz as audiencias o torne Vossa Senhoria a conduzir ao mesmo lugar

em que se apeou, e o mesmo Senhor terá contentamento que Vossa Senhoria mande o

seu coche como he estillo a caza do Embaixador a São Francisco com alguñs gentis

homens para acompanharem az audiencias, e despoes outra ves a sua caza.

Pello que pertence as guardas hao de estar alguns soldados na porta do pateo

da Igreja Patriarchal e nas mais, e os Thenentes naz partes que lhes tocar, e as

guardas, como Vossa Senhoria sabe hao de estar em alla desde o lugar em que o

Embaixador se apear athe as primeiras escadas que sobem para o Paço passada a Salla

dos Tudescos, de que faço a Vossa Senhoria este avizo, para que pella parte que lhe

toca o faça assim executar. Deos guarde a Vossa Senhoria. Paço a 3 de Dezembro de

1723. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.56/ Para D. Luis Innocencio de Castro

Em 5 do prezente pellas duas horas da tarde faz entrada publica nesta Corte o

Marquez Capecelatro Embaixador de El Rey Cattolico, e Sua Mag.de que Deos

guarde lhe da a primeira audiencia de formalidade no Paço, e despoes a Rainha Nossa

Senhora e he o mesmo Senhor servido que Vossa Senhoria se ache nelle para lhe

assistir, e que terá contentamento que Vossa Senhoria mande o seu coche como he

estillo a caza do Embaixador a São Francisco com alguñs Gentis-homeñs para o

acompanharem as audiencias, e despoes, outra vez a sua caza.

Pello que pertence as guardas hao de estar alguns soldados na porta do pateo

da Igreja Patriarchal e nas mais, e os Thenentes nas partes que lhes tocar, e as

guardas, como Vossa Senhoria sabe hão de estar em alla desde o lugar em que o

Embaixador se apear athe as primeiras escadas que sobem para o Paço passada a Salla

dos Tudescos, de que faço a Vossa Senhoria este avizo, para que pella parte que lhe

toca o faça assim executar. Deos guarde a Vossa Senhoria. Paço a 3 de Dezembro de

1723. Diogo de Mendonça Corte Real.

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Para Diogo Bott. de Mattos Thenente da guarda. Em falta do Capitam

Em 5 do prezente mes pellas duas horas da tarde fas entrada publica nesta

Corte o Marquez de Capecelatro Embaixador de El Rey Cattolico, e Sua Magestade

que Deos guarde lhe da a primeira audiencia de formalidade de que me manda fazer

este avizo a Vossa Merce para que pello que toca as guardas estas estejão em alla

desde o lugar em que o Embaixador se apear athe as primeiras escadaz que sobem

para o Paço /fol.56v/ passada a Salla doz Tudescos, e Vossa Merce esteja no lugar que

lhe toca. Deos guarde a Vossa Merce Paço a 3 de Dezembro de 1723. Diogo

Mendonça Corte Real.

Para D. Luis Jozeph de Almada

Em 5 do prezente pellas duas horas da tarde fas entrada publica nesta Corte o

Marques de Capecelatro Embaixador de Sua Magestade Cattolica, e Sua Magestade

que Deos guarde da primeira audiencia de formalidade no Paço, e despoes a Rainha

Nossa Senhora, e he o mesmo Senhor servido que Vossa Senhoria se ache nelle para

lhe assistir, e conduza ao Embaixador como he estillo do pe das escadas que sobem

do pateo da Igreja Patriarchal para a Salla dos Tudescos a sua Real prezença com o

Capitam da guarda o Conde de Pombeiro que tem semilhante avizo, e despoes a

Rainha Nossa Senhora; e acabadas as audiencias o torne Vossa Senhoria a conduzir

ao mesmo lugar, em que se apeou, e o mesmo Senhor terá contentamento que Vossa

Senhoria mande o seu coche como he estillo a caza do Embaixador a São Francisco

com alguñs Gentiz-homeñs para o acompanharem as audiencias, e despoes outra ves a

sua caza. Deos guarde a Vossa Senhoria. Paço a 3 de Dezembro de 1723. Diogo de

Mendonça Corte Real.

Para o Juis do Crime da Ribeira

Em 5 do prezente mes as duaz horas da tarde tem audiencia /fol. 57/ publica

de Sua Magestade que Deos guarde o Embaixador de El Rey Catholico o Marquez de

Capecelatro, e he o mesmo Senhor servido que Vossa Merce á hora competente com

os Officiaes que lhe parecer, se ache a porta do Pateo da Igreja Patriarchal da banda

de fora, para quando chegarem os coches do acompanhamento o faça a rimar de sorte

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que não haja embaraço a entrarem os Sua Magestade e do dito Embaixador no Pateo

da mesma Patriarchal nem dezpoes de sahir. Deos guarde a Vossa Merce. Paço a 3 de

Dezembro de 1723. Diogo de Mendonça Corte Real.

Para todos os Titulos

Em sinco do prezente pellas duas horas da tarde fas entrada publica nesta

Corte o Embaixador de El Rey Cattolico o Marques de Capecelatro e Sua Magestade

que Deos guarde lhe da a primeira audiencia de formalidade no Paço e despoez a

Rainha Nossa Senhora, e he servido que Vossa Senhoria se ache nelle para lhe

assistir; e o mesmo Senhor terá contentamento que Vossa Senhoria mande o seu

coche como he estillo a caza do Embaixador com alguns Gentis-homeñs para o

acompanharem as ditas audiencias e despoes a sua caza. Deos guarde a Vossa

Senhoria. Paço 3 de Dezembro de 1723. Diogo de Mendonça Corte Real.

P.s. E Vossa Senhoria se achara nesta função sem falta.

Da mesma sorte se avizou aos Arcebispos e Bispos que se achavao na

/fol.57v/ corte excepto o Cardeal e Patriarcha e so ao primeiro que manda se coche e

tambem da mesma sorte se avizou as Dignidades e Cónegos da Santa Igreja

Patriarchal para virem assestir a audiencia e mandar coche e aos Senhores D. Miguel

e D. Jozeph mudando se lhe a palavra de Gentis-homens em criados e ao Marques de

Angeja condutor se lhe advertio que os seus coches haviao de perceder aos dos

Duques.

Para o Mordomo Mor

Como o Embaixador de Castella que tem amanha a sua audiencia de

formalidade podera chegar ao Paço ao tempo que Sua Magestade não esteja prompto

para lha dar ha de este esperar com o Marquez de Angeja, Conde de Pombeiro e D.

Luis de Almada que o conduzem na caza que foi dos camaristas de Sua Magestade e

he o mesmo Senhor servido que Vossa Excelencia ordene que esta se componha e se

lhe ponhão os assentos costumados, e juntamente algua pess[o]a que a Vossa

Excelencia parecer que logo que Sua Magestade estiver prompto levaria aos

condutores para hirem com o dito Embaixador a audiencia. Deos guarde a Vossa

Excelencia. Paço a 4 de Dezembro de 1723. Diogo de Mendonça Corte Real.

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/fol. 58/ Para o Marques de Angeja

Devo advertir a Vossa Excelencia que quando o Embaixador chegar ao Paço, e

Sua Magestade que Deos guarde não estiver logo prompto para lhe dar audiencia,

deve esperar com elle, e como os Officiaes da caza, que o conduzem, na caza, que foi

dos Camaristas do mesmo Senhor onde hão de esperar recado para hir a dita

audiencia, e o mesmo se ha de praticar na da Rainha Nossa Senhora quando não esteja

prompta. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço a 4 de Dezembro de 1723. Diogo de

Mendonça Corte Real.

Na mesma forma se avizou aos does condutores.

Para o Conde de Sarzedas, e Copeiro Mor

Fazendo prezente a Sua Magestade que Deos guarde o embaraço que Vossa

Excelencia me avizou tinha de achar se sem vestido com capa, e o mais que rellatara,

me ordenou respondesse a Vossa Excelencia que para que a sua pessoa assistisse a

função viesse dispensava viesse sem capa. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço a 5

de Dezembro de 1723. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.58v/ Para o Marques de Angeja

Como a escada do Embaixador que Vossa Excelencia vay conduzir esta em

forma que Vossa Excelencia o não pode ver do coche; rezolveo Sua Magestade viesse

que Vossa Excelencia praticasse o mesmo que praticou o Conde Meirinho mor

quando conduzio o Embaixador do Emperador o Bispo de Lubiana, o que Vossa

Excelencia achará na copia por mim assignada porque a escada tambem era de lanços

com he a do dito Embaixador que ha de esperar tambem Vossa Excelencia no

primeiro lanço da escada quando se sobre, o que participo a Vossa Excelencia. Paço a

5 de Dezembro de 1723. Diogo de Mendonça Corte Real.

Para o Conde de Aveyras

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Os Condes de Castello Milhor, e dos Arcos me entregarão hum memorial em

nome de todos os Condes, em que reprezentavão as razoes, que dizião offerecer se

lhes porque as dignidades e conegos da Santa Igreja Patriarchal os não precedessem

nas funções publicaz em que huñs, e outros concorressem; e pondo nas reaés mãos de

S. Mag.e que Deos guarde o dito memorial, o admetio benignamente e mandou ver

por pessoas doutas, e de sam conciencia dandosse lhes o tempo conveniente para bem

conciderarem a materia, e sendo prezente ao mesmo Senhor memorial, e pareceres

das referidas pessoas, foy servido rezolver, que o que se deduzia no sobredito

memorial não alterava o alvará de vinte, e quatro de Dezembro /fol. 59/ de mil

setecentos e dezasseis pello que respeita aos privilégios e prerrogativas que nelle

concedeo as dignidades e conegoz da mesma Santa Igreja Patriarcal pellas

exuberantes clauzullas expressadas no tido alvará, mas pello que pertence aoz Bispoz

S. Mag.e não determinara couza algua , e deixara este particular nos termos em que

entao se achava, o que participo a Vossa Senhoria de ordem de Sua Magestade como

hum dos Condes mais antigos que ao prezente se achara na corte para que Vossa

Senhoria e os mais Condez o tenhão entendido, para cujo expediente lhe participará

Vossa Senhoria logo esta rezolução e me avizará haver recebido esta ordem. Deos

guarde a Vossa Senhoria a 4 de Dezembro de 1723. Diogo de Mendonça Corte Real.

O mesmo se escreveo ao Conde da Ribeira

O Senhor Secretário de Estado teve ordem de Sua Magestade para que no cazo

em que os ditos Condes replicassem com algum papel lho não aceitasse. /fol.59v/ Esta

função se fes na forma que se contam na forma dos avizos os que para ella se fizerão

e só advertio aqui alguas circunstancias particulares que poderão servir para o futuro.

O Embaixador teve duvida em vir buscar o condutor ao ultimo lanço da escada

que sobe para o saugão para sima dezendo que a sua escada hera muito comprida, e

que do ultimo lanço não podia ver o condutor que havia de estar no coche a porta da

rua, mandou se lhe propor se uzara com elle o mesmo que se tinha praticado com o

Bispo de Lubianna Embaixador do Emperador cuja escada tinha a mesma deficuldade

que elle considerava na sua; respondeo que a sua escada hera mais comprida e que se

nao havia de vir a encontrar com o condutor se não no meyo della por ter varios

lanços; dando se parte a Sua Magestade desta duvida forão chamados a Secretaria de

Estado o Marques de Abrantes e Alegrete e Duque a quem o Secretário de Estado a

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propôs fazendo prezente a Sua Magestade os seos pareceres que não sei quaes foram

rezoluto mesmo Senhor se avizase ao condutor praticasse com o Embaxador o mesmo

que se tinha observado e ajustado com o Bispo de Lubiana o que se executou como se

vera no asento que fica atrás registado.

Mandando se o referido avizo ao condutor chegou este tao tarde que já o dito

condutor vinha com o Embaxador no coche sedendo este da duvida porque chegando

o condutor a porta do embaxador baixou toda a sua familia ao taboleiro que a escada

fas no saugão, e vendo o condutor que o Embaxador descia pello ultimo lanso da

escada que bem se via do coche se apeou e o foi encontrar nelle e subindo ambos se

desvanesem a dita duvida posta sem fundamento ou razão algua.

/fol.60/ Na caza que se desputou para o Embaxador esperar se puzerão quatro

cadeiras razas de couro da dobradicas como as que se poem na caza do Conselheiro

de Estado, so em diferença alguma huma para o Embaxador, outra para o condutor e

as duas para os dous officiaes da caza que o forão buscar abaxo, e tambem o

conduzião.

Nesta entrarão todos e se sentarão emquanto o Sua Magestade passava para a

caza da audiencia e estando prompto lhes veyo recado que fossem a ellas.

Sua Magestade lhe deu audiencia na caza da Galé e no topo della se armou hu

docel em sima de huma ta tarimba na forma que costumava estar na caza do forte, e

em sima debaixo do docel a cadeira de Sua Magestade em que esteve sentado

emquanto o Embaxador não entrou na casa.

Entrando este nella e chegando ate a com que se decideo que seria huma terca

parte da casa se levantou Sua Magestade para esperar o Embaxador em pe, dando S.

Mag.e dous ou tres paços a recebe llo o mandou cobrir, e lhe deu audiencia.

Para esta audiencia forao chamados todas as dignidades e conegos da Samta

Igreja Patriarchal os quaes na forma da rezolução de Sua Magestade tinha tomado no

dia antecedente como se vera do escrito que o Secretario de Estado escreveo aos dous

Condes mais antigos que se acha registado neste livro no descritos e a margem do

alvara das prorogativas que se concederão as dignidades e conegos precederão aos

Condes com se acha disposto no dito alvará e tambem forão chamados os Arcebispos

e Bispos que se achavão na corte excepto Cardeaes e Patriarcha.

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Doc.179. Chegada e Entrada do Embaixador Extraordinário de Sua Magestade

Cattolica o Maques de Balbazes, Lisboa, 7 Abril de 1727 a Janeiro de 1728. ANTT,

MNE, Livro 149, fols.63-63v. [Transcrição integral].

/fol.63/ Chegada e Entrada do Embaixador Extraordinário de Sua Magestade Cattolica

o Maques de Balbazes

Para o Duque Estribeiro Mor

Sua Magestade foi servido nomear ao Conde de Obidos para conduzir o

Embaixador Extraordinario de El Rey Catholico o Marques de Balbazes, do lugar, em

que desembarcar, a sua caza24; e para esse effeito, he o mesmo Senhor servido, que

Vossa Excelencia mande ter pronto hum coche dos melhores da cavalherica real, não

sendo o da Pessoa, para o Conde conduzir nelle o Embaixador e dous, ou tres mais,

dos inferiores para a familia; e quando o Embaixador chegar, se fará avizo a Vossa

Excelencia advertindo a Vossa Excelencia que os cocheiros hão de hir com todo o

luzimento. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço a 7 de Abril de 1727. Diogo de

Mendonça Corte Real.

Para o Marques de Fronteira

Sua Magestade he servido, que Vossa Excelencia mande ter prontos os

bergantins, que costumão servir nas passagens dos Embaixadores de Aldea Gallega

para esta Corte; para se remetterem àquella Villa, e nelles passar o Embaixador

Extraordinario de /fol.63v/ El Rey Cattolico o Marques de Balbazes; e do dia, em que

hão de partir daqui os bergantins, farei avizo a Vossa Excelencia e advirto a Vossa

Excelencia que os falueiros vão capazes de apparecer. Deus guarde a Vossa

Excelencia. Paço a 7 de Abril de 1727. Diogo de Mendonça Corte Real.

Para o Conde de Obidos

24 Á margem: “vai a Lixboa a parte”

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Sua Magestade foi servido nomear a pessoa de Vossa Senhoria para conduzir

o Embaixador Extraordinario de El Rey Cattolico o Marques de Balbazes do lugar

onde desembarcar, que ha de ser no Caes da Pedra, a sua caza; e para este effeito ha

de mandar o Duque Estribeiro mor á ordem de Vossa Senhoria hum coche da

cavalhariça real, para Vossa Senhoria nelle conduzir o Embaixador e alguns mais para

a sua familia; e poderá Vossa Senhoria dos seus levar os mais, que lhe parecer; e

quando houver de chegar o Embaixador farei avizo a Vossa Senhoria e Sua

Magestade e terá contentamento que Vossa Senhoria nesta função não faça grande

dispendio. Deus guarde a Vossa Senhoria. Paço a 7 de Abril de 1727. Diogo de

Mendonça Corte Real.

Na ultima condução que se fez de chegada de Embaixador ao Caes da Pedra

duvidou o condutor a forma em que devia faze-llo, e perguntando se havia formulario,

uzou do meio seguinte25:

Chegado que foi o bargantim em que vinha o Embaixador ao Caes, mandou o

condutor abrir a estribeira do coche avistando o Embaixador esta acção sahio do

escaler ou bargantim o condutor se apeou, e foi com passos vagarozos, athe o meio do

caminho, e o Embaixador andou the se encontrar com elle e saudando se ambos

vierão para o coche fazendo lhe o condutor as honras dando lhe o lado direito e o

Embaixador entrou primeiro e tomou a mão direita do asento.

Doc.180. Menuta aprovada por Sua Magestade da forma em que daqui en diante se

ha de escrever ao condutor que for de Embaixadorez. [Lisboa], [Dezembro-Janeiro de

1728?]. ANTT, MNE, Livro 149, fols.65-65v. [Transcrição integral].

/fol.65/ Menuta aprovada por Sua Magestade da forma em que daqui en diante se ha

de escrever ao condutor que for de Embaixadorez

Sua Magestade foi servido nomear a Vossa Excelencia para conduzir a sua

primeira audiencia publica o Embaixador de tal parte em tal dia, pellas tantas horaz da

tarde, e ao Estribeiro-mor se fez avizo, para que mande a porta de Vossa Excelencia a

tal hora hum coche de sua real pessoa, com mais alguñs daz cavalherisses para a 25 Á margem: “Adevertencia”.

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familia do ditto Embaixador o qual Vossa Excelencia ha de hir buscar az cazaz em

que elle vive, e hira Vossa Excelencia no estribo do mesmo coche da Real pessoa, e

poderá Vossa Excelencia levar alguñs coches seuz.

O como Vossa Excelencia se ha de haver he escuzado referir, e somente por

não faltar a formalidade direi a Vossa Excelencia que chegando a caza do Embaxador,

quando este vier descendo as escadas, depois de Vossa Excelencia o avistar se ha de

Vossa Excelencia apear do coche, e vindo o Embaixador emcontrar se com Vossa

Excelencia; e Vossa Excelencia com elle ha de Vossa Excelencia subir a escada

dando lhe o Embaixador a mão direita, e o milhor lugar quando se assentarem, e

despois de feito o comprimento costumado, quando o Embaixador descer lhe há de

Vossa Excelencia dar a mão direita por vir já em função, e recolhendo-o no coche lhe

ha de Vossa Excelencia dar o milhor lugar ficando Vossa Excelencia a mão esquerda

do Embaixador /fol. 65v/ na cadeira de tras, e no ditto coche não ha de entrar mais

pessoa alguma.

A Raynha Nossa Senhora ha de mandar hum coche de respeito az cazaz do

Embaixador; e nelle não ha de hir pessoa alguma, e os Tittullos e fidalgos, tem avizo

para mandarem os seuz coches, com Gentis-homeñs, para acompanharem o

Embaixador como he estillo, e disporá Vossa Excelencia que o coche de Raynha

Nossa Senhora va diante immediato ao da Real pessoa, e que nos primeiros tres, ou

quatro coches dos titullos se observe a preferencia, e o acompanhamento virá pellas

ruas etecetera, e chegando o dito acompanhamento ao Paço, entrarão os cochez de

Sua Magestade no Pateo da Capella onde Vossa Excelencia se ha de apear, com o

Embaixador e conduzi-lo a Real prezença de Sua Magestade e depois a da Rainha á

do Principe, e á dos Senhores Infantez.

Acabadaz as audiencias ha de Vossa Excelencia baixar, com o Embaixador a

meter se no coche na mesma parte em que se apeou, e o ha de tornar a conduzir a sua

caza na mesma forma em que o trouche, e apeandosse o ha de Vossa Excelencia levar

a sua mão direita pella escada, athe a caza donde a principio comessou a condução

para a audiencia, e logo que chegar a dita caza ha de o Embaixador dar a Vossa

Excelencia, como tãobem no principio o milhor lugar, e quando Vossa Excelencia se

dezpedir lhe ha de o Embaixador tãobem dar a mão direita e acompanhar a Vossa

Excelencia athe o ver recolher no coche de Sua Magestade e partir o ditto coche.

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Doc.181. Papel que o Senhor Secretario mandou ao Marques dos Balbases para as

audiencias dos Senhores Infantes, [Lisboa], [Março de 1728]. ANTT, MNE, Livro

149, fol.66v. [Transcrição integral].

/fol. 66v/ Papel que o Senhor Secretario mandou ao Marques dos Balbases para as

audiencias dos Senhores Infantes

O Senhor Embaixador ha de ser conduzido á primeira audiencia dos

Serenissimos Senhores Infantes D. Francisco e D. Antonio, por hum dos seus Gentis-

homens da camara, que o ha de hir buscar em hum dos coches da pessoa Suas Altezas

e hão de hir mais dous coches para a familia do Senhor Embaixador que ha de receber

ao dito Gentil-homem da Camara, que o vay conduzir, na forma que recebe ao

conductor de El Rey, quando o vay buscar, para a primeira audiencia publica;

chegado ao Palacio de Suas Altezas o ha de vir receber hum dos Thenentes da Guarda

de Archeiros, e no topo da escada, há de esperar ao Senhor Embaixador outro Gentil-

homem da camara dos Serenissimos Senhores Infantes para o acompanharem até a

caza, em que Suas Altezas derem audiencia, e voltando della, o acompanha o mesmo

Gentil-homem da cama até o ditto topo da escada, e o referido Thenente até o coche, e

o Senhor Embiaxador he conduzido a sua caza pelo mesmo Gentil-homem da

Camara, ao qual ha de tratar como ao conductor da primeira audiencia publica de El

Rey.

Doc.182. Audiencias dos Senhores Infantes D. Francisco e D. Antonio, ao Marques

dos Balbases Embaixador Extraordinario de Casttela, Lisboa, 5 de Março de 1728.

ANTT, MNE, Livro 149, fols.67-69. [Transcrição integral].

/fol. 67/ Para o Conde da Calheta

Esta tarde pellas duas horas e meya da Sua Altheza o senhor Infante D.

Francisco audiencia publica ao Marques dos Balbazes Embaixador Extraordinario de

Casttela nos Paços da Corte Real; e amanhã pelas dés horas e meya da manhã dá Sua

Alteza o senhor Infante D. Antonio tambem audiencia publica ao mesmo Embaixador

nos Paços da Ribeyra no seu quarto, e he Sua Magestade servido, que Vossa Senhoria

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se ache, assim em Corte Real, como no Paço ás horas referidas para assistir a Suas

Altezas nas ditas audiencias. Deus guarde a Vossa Senhoria. Paço o V de Março de

1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

Nesta forma se escreveo ao Conde de Valladares D. Miguel Luis de Menezes.

Ao Conde de Val de Reys.

Ao Armador-mór.

Ao Almotacé-mór.

A D. Francisco Xavier Pedro de Souza.

/fol. 67v/ Para o Conde de Pombeiro

Esta tarde pellas duas horas e meya da Sua Alteza o senhor Infante D.

Francisco audiencia publica nos Passos de Corte Real ao Marques de de [sic]

Balbazes Embaixador Extraordinario de El Rey Catholico. He Sua Magestade servido

que na dita hora estejão nelle athe quarenta soldados da guarda entrando neste numaro

a esquadra que lá assiste, e que com elles vá o Tenente da companhia de Vossa

Senhoria o qual em entrando o Embaixador no saguão o hir a buscar ao coche, e

conduzira athe a antecâmara de Sua Alteza hindo alguns passos diante delle, e do

Gentil-homem da camara que o vier conduzindo, e nesta mesma parte esperara que se

acabe a audiencia, e daqui tornara na mesma forma a conduzi-llo athe o coche

ordenando que os soldados da guarde se estendaõ pella estrada, e quando o

Embaixador passar lhe peguem nas armas. Deus guarde a Vossa Senhoria. Paço a V

de Março de 1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.68/ Para João de Souza Mexia

Sua Magestade foi servido rezolver que na audiencia que esta tarde ha de dar o

Embaixador Extraordinario de El Rey Catholico Sua Alteza fossem assestrir [sic] a

ella os Condes de Valde Reys, da Calheta e de Valladares D. Miguel Luis de

Menezes, D. Francisco Xavier Pedra de Souza, o Armador Mor, o Almotace Mor, e

ao Conde de Pombeiro avizei mandasee [sic] mais alguns soldadoz da guarda, e o seu

Tenttente [sic] e ao Paço da Corte Real para hir buscar o Embaixador e conduzi-llo, e

pello que toca a formalidade em que Sua Alteza ha de dar audiencia e forma da sua

condução se remeto a Vossa Merce ja o formolario por esta Secretaria o que participo

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a Vossa Merce para que fiquem nesta enteligencia. Deus guarde a Vossa Merce. Paço

a V de Março de 1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

P.s. Francisco Nunes Cardeal tera já remetido a Vossa Merce a forma da

condução a caza do Embaixador e desse Paço a prezença do senhor Infante D.

Francisco.

/fol.68v/ Para Francisco Nunes Cardeal

Sua Magestade foi servido rezolver que na audiencia que amanha ha de dar ao

Embaixador Extraordinario de El Rey Cattolico Sua Alteza o Senhor Infante D.

Antonio fossem assistir a ella os Condes de Valdereis, da Calheta e de Valadares,

Dom Miguel Luis de Menezes D. Francisco Xavier Pedro de Souza o Armador-mor e

Almotecel-mor e a D. Luis Ignocencia de Castro Capitam da Guarda avizei mandasse

mais alguns soldados da guarda para guarnecerem o tranzito athe o quarto do Senhor

Infante e que o Thenente estivesse na sala dos Tudescos para hir buscar o Embaixador

e conduzi-lo e pello que toca a formalidade em que Sua Alteza ha de dar audiencia e

forma da condução do Embaixador se remeto a Vossa Magestade já o furmulario por

esta Secretaria o que participo a Vossa Merce para que fique nesta emteligençia.

Deos guarde a Vossa Merce. Paço a V de Março de 1728. Diogo de Mendonça Corte

Real.

/fol.69/ Para D. Luis Innocencio de Castro

Amanha pellas des horas e meya da manha da Sua Alteza o Senhor Infante

Dom Antonio audiencia publica ao Marques dos Balbazes, no seu quarto e he Sua

Magestade servido que na dita hora estejão no tranzito que vay da Sala dos Tudescos

athe o dito quarto athe quarenta soldados da guarda entrando neste numero a esquadra

que ali assiste e que com ella va o Tenente da Guarda Companhia de Vossa Senhoria

o qual em entrando o Embaixador no patio da Capella o hira buscar ao coche, e o

conduzira athe a anthe camara de Sua Alteza hindo alguns passos diante delle, e do

Gentil-homem da Camara que o vier conduzindo e nesta mesma parte espera que se

acabe a audiencia e daqui tornara na mesma forma a conduzi-llo athe o coche

ordenando que os soldados da guarda se estendão pella escada que sobe do patio athe

a Sala dos Todescos e deste por todo o tranzito athe a escada que sobe para o quarto

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do Senhor Infante e quando o Embaixador passar lhe pegarão os soldados nas armas.

Deos guarde a Vossa Senhoria. Paço a V de Marco de 1728. Deus guarde a Vossa

Merce. Diogo de Mendonça de Corte Real.

Doc.183. Audiência de despedida do Marquês de los Balbases, Lisboa, 3 de Março

de 1728. ANTT, MNE, Livro 149, fols.69v-71v. [Transcrição integral].

/fol. 69v/ Para o Marques dos Balbaçes Embaixador Extraordinario de El Rey

Cattolico

Ex.mo Senhor,

Fazendo prezente a Sua Magestade a carta de Vossa Excelencia em que

participava que achando se com ordem de Sua Magestade Cattolica para restituirsse a

sua Corte dezejava passar ás audiencias de despedida foi Sua Magestade servido

ordenar me avizasse a Vossa Excelencia podia vir esta tarde pellas quatro horas sem

formalidade e particularmente como Vossa Excelencia me manifestou dezejava vir e

depois da audiencia de Sua Magestade a terá Vossa Excelencia da Rainha Senhora

Princeza de Asturias do Principe, e de todos os Senhores Infantes tendo Vossa

Excelencia entendido que ainda que o Senhor Infante Dom Antonio tem quarto no

Paço de Sua Magestade ha de Vossa Excelencia primeiro ir a Corte Real a audiencia

do Senhor Infante D. Francisco e despois a do Senhor Infante D. Antonio que

participo a Vossa Excelencia para que esteja nesta inteligencia e na de que estou muy

prompto para servir a Vossa Excelencia cuja pessoa que Deus guarde muitos anos.

Paço a 3 de Março de 1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.70/ Para o Marques de Fronteira

Sua Magestade tem concedido esta tarde pellas quatro horas audiençia

particular, e sem formalidade ao Marques dos Balbases Embaixador Extraordinario de

El Rey Cattolico para nella se despedir e porque tambem o dito Embaixador a pede da

Rainha Nossa Senhora o participo a Vossa Excelencia para que se sirva participado a

Raynha Nossa Senhora para que depois de ter audiencia de Sua Magestade a possa ter

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da mesma Senhora. Deus guarde a Vossa Excelencia. Paço a 3 de Março de 1728.

Diogo de Mendonça Corte Real.

Para o Marques de Angeja

Sua Masgestade tem concedido esta tarde pellas quatro horas audiencia

particular e sem formalidade ao Marques dos Balbases Embaixador Extraordinario de

Sua Magestade Cattolica; para nella se despedir e porque tambem o ditto /fol.70v/

Embaixador a pede a Senhora Princeza Dona Maria participo a Vossa Excelencia para

que fazendo-o prezente a Sua Alteza possa depois de ter audiencia de Suas

Magestades dar lha a mesma Senhora. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço a 3 de

Março de 1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

Para o Marques de Marialva

Sua Magestade tem comcedido esta tarde pellas quatro horas audiencia

particular e sem formalidade ao Marques dos Balbases Embaixador Extraordinario de

El Rey Cattolico para nella se despedir e porque tambem a pede do Princepe Nosso

Senhor o partecipo a Vossa Excelencia para que fazendo-o prezente a Sua Alteza

possa depois de ter as audiencias de Suas Magestades e da Senhora Princeza dar lha o

mesmo Senhor. Deus guarde a Vossa Excelencia. Paço a 3 de Março de 1728. Diogo

de Mendonça Corte Real.

Para João de Sousa Mexia

Suas Magestades tem concedido esta tarde pellas quatro horas audiencia

/fol.71/particular, e sem formalidade ao Marques dos Balbazes Embaixador

Extraordinario de El Rey Cattolica para nella se despedir e porque tambem a dezeja

na mesma forma do Senhor Infante Dom Francisco o participo a Vossa Merce para

que fazendo-o perzente [sic] a Sua Alteza lhe possa dar a dita audiencia esta tarde

depois das de Suas Magestades da Senhora Princeza do Princepe noso [sic] Senhor e

dos Senhores Infantes filhos advertindo a Vossa Merce que nella não ha de ter o dito

Embaixador condutor nem formalidade alguma. Deos guarde a Vossa Merce. Paço a 3

de Março de 1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

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Nesta mesma forma se escreveo a Francisco Nunes Cardeal Secretario do

Senhor Infante Dom Antonio.

/fol.71v/ Para o Marques de Fronteira

Como amanha determina partir para Aldea Galega o Marques dos Balbazes

Embaixador Extraordinario de El Rey Catolico he Sua Magestade servido que Vossa

Excelencia ordene se ponhão promptos o mesmo no [?] de escalares, que o

transportarão daquella villa para esta corte quando veyo para ella, e advirto a Vossa

Excelencia que os ditos escalaeres se devem mandar por na parte em que elle

desembarcou. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço 4 de Março de 1728. Diogo de

Mendonça Corte Real.

Para Marques dos Balbases

Ex.mo Senhor,

Fazendo prezente a Sua Magestade o papel que Vossa Excelencia hoje me

escreveo foi servido ordenar que logo se puzessem promptos os bargantis e escalares

[sic] para Vossa Excelencia passar a Aldea Galega, e como mare amanha he das outo

para as nove horas da mesma manha, nas ditas horas estarão os bergantis e escalares

[sic] esperando a Vossa Excelencia na mesma parte em que Vossa Excelencia

desembarcou quando veyo para esta corte e para servir a Vossa Excelencia estou

sempre promptissimo. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço a 4 de Março de 1728.

Doc.184. Audiencia publica do Senhor Infante D. Francisco ao Marques de

Capecelatro Embaixador de El Rey Catholico, Lisboa, 28 de Agosto a 5 de Setembro

de 1728. ANTT, MNE, Livro 149, fols.75v-77. [Transcrição integral].

/fol. 75v/ Para D. Francisco de Souza Capitão da Guarda Real26

26 Á margem: “Estes avizos se fizerão de ordem de Sua Magestade em virtude de outro avizo que fes ao Senhor Secretario de estado o Secretario de Senhor Infante dezendo lhe que Sua Alteza tinha concedido esta audiência”.

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Segunda-feira 30 do corrente pellas des horas da manha da Sua Alteza o

Senhor Infante D. Francisco audiencia publica nos Paços da Corte Real ao Marques

de Capecelatro Embaixador de El Rey Catholico. He Sua Magestade servido que na

dita hora estejão nelles athe quarenta soldados da guardada entrando neste no [?] a

esquadra que lá assiste, e que com elles vá o tenente da companhia de Vossa Senhoria

o qual em emtrando o Embaixador no sagão o hirá buscar ao coche e o conduzirá athe

a antecâmara de Sua Alteza hindo alguns passos diante delle, e do Gentil-homem de

camara27que o vier conduzindo, e nesta mesma parte esperará que se acabe a

audiencia, e daqui tornará na mesma forma a conduzi-llo athe o coche ordenando que

os soldados da guarda se estendão pella escada, e que quando o Embaixador passar

lhe peguem nas armas. Deos guarde a Vossa Senhoria. Paço a 28 de Agosto de 1728.

Diogo de Mendonça Corte Real.

/fol.76/ Para o Conde da Calheta

Segunda-feira 30 do corrente pellaz des horas da manha da Sua Alteza o

Senhor Infante D. Francisco audiencia publica ao Marques de Capecelatro

Embaixador de El Rey Catholico nos Paços da Corte Real he Sua Magestade servido

que Vossa Senhoria se ache no mesmo Paço, a dita hora para assestir a Sua Alteza na

ditta audiencia. Deus guarde a Vossa Senhoria a 28 de Agosto de 1728. Diogo de

Mendonça Corte Real.

Nesta mesma forma se avizou:

Ao conde de Valladares D. Miguel Luis de Menezes.

Conde de Valde Reys.

D. Francisco Xavier Pedro de Souza.

Armador-mor.

Almotace-mor.

/fol.76v/ Para o Conde de Pombeiro

27 Á margem: e do que vier esperar ao topo da escada e nesta _[?]”.

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Segunda-feira 6 do corrente pelas des horas da manha da Sua Alteza o Senhor

Infante D. Antonio audiencia publica ao Marques de Capecelatro;28 no seu quarto, e

he sua Magestade servido, que na dita hora estejão no tranzito que vay da Salla dos

Tudescos até ao dito quarto, até quarenta soldados da guarda, entrando neste numero a

esquadra, que alli assiste, e que com ella vá o Thenente da Companhia de Vossa

Senhoria o qual, em entrando o Embaixador no pateo ca Capella, o hirá buscar ao

coche, e o conduzirá até a antecamara de Sua Alteza hindo alguns passos diante delle,

e do Gentil-homem da Camara, que o vier conduzindo, e do que vier esperar ao topo

da escada; e nesta mesma parte esperará, que se acabe a audiencia, e daqui tornará na

mesma forma a conduzi-llo até o coche, ordenando, que os soldados da guarda se

estendão pela escada que sobe do pateo até a Salla dos Tudescos, e desta por todo o

tranzito até a escada que sobe para o quarto do Senhor Infante, e quando o

Embaixador passar lhe pegaram os soldados nas Armas. Deus guarde a Vossa

Senhoria. Paço a 5 de Setembro de 1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

Para o Conde de Valde Reys

Segunda-feira 6 do corrente pellaz dez horas da menhã da Sua Alteza o Senhor

Infante D. Antonio audiencia publica ao Embaixador de El Rey Cattolico o Marquez

de Capecelatro, e lhe Sua Magestade servido que /fol.77/ Vossa Senhoria se ache no

quarto de Sua Alteza para assistir a dita audiencia. Deus guarde a Vossa Senhoria.

Paço a 5 de Setembro de 1728. Diogo de Mendonça Corte Real.

Nesta forma se escreveo ao Conde de Valladarez D. Miguel Luis de Menezes;

e Conde de Coculim.

Para Francisco Nunez Cardeal

Sua Magestade foi servido rezolver que na audiencia que amenhã ha de dar ao

Embaixador de El Rey Cattolico o Marques de Capecelatro o Senhor Infante D.

28 Á margem: “Estes avizos se fizerão de ordem de Sua Mafestade em virtude de outro avizo que fes ao Secretario de Estado o secretario dos senhor infante, dezejando lhe que Sua Alteza tinha concedido esta audiencia. Não se fizerão avizos mais que a tres condes para asestirem a esta audiencia e se o motirão [?] os seis officiaes pella duvida das persedencias entre elles e dos senhores infante, sem embargo de estar rezoluto que os de El Rey havião de perseder a estes, serem os de Sua Magestade advertidos para de não deixarem perseder”.

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Antonio fossem assistir o Conde de Valdereys, Conde de Valladereys, Conde de

Valladarez D. Miguel Luis de Menezes, e o Condem de Coculim e o Conde de

Pombeiro Capitam da Guarda avizei mandasse mais alguns soldados da guarda para

guarnecerem o tranzito the o quarto do Senhor Infante, e que o seu Thenente estevesse

na Salla dos Todescoz para hir buscar o Embaixador e conduzi lo e pello que fora a

formalidade em que Sua Alteza ha de dar audiencia, e formada da condução do

Embaixador se uzará o mesmo para na audiencia que Sua Alteza deu ao Marques doz

Balbasses. O que participo a Vossa Merce para que fique nesta inteligencia. Deus

guarde a Vossa Merce. Paço a 5 de Setembro de 1728. Diogo de Mendonça Corte

Real.

Doc.185. Cerimonial da audiência da Marquesa de la Candia com a Rainha

portuguesa, D. Mariana de Áustria [Contém: audiência da Embaixatriz espanhola,

Marquesa de Capecelatro [?] a 18 de Julho de 1716], Lisboa, [Setembro de 1746?].

ANTT, MNE, Livro 149, fols.1-3. [Transcrição integral].

[fol.1] Il.mo e Ex.mo Senhor

Estando o Marques de la Candia Embaixador de Sua Magestade Catolica nesta

Corte ajustou o seu cazamento em Castella e mandando vir Sua Magestade para esta

Reino, ordenou o Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor Marco Antonio que Deos haja,

se lhe mandasse fazer passaporte para poder entrar neste Reino com a sua comettiva o

que se executou.

Perguntando-se desta Secretaria se havia de passar ordem, para que nas praças,

por onde fizesse tranzito havia de ter honras militares, não se respondeo a esta

pergunta, mas soube-se somente nella que forão escalares a Aldea Galega conduzi-la.

Pedindo esta Embaixatris audiencia da Rainha se fizerão varias perguntas ao

Official mayor desta Secretaria, e indo as respostas se lhe não participou couza

alguma; Soube-se porem que a Embaixatris tivera audiencia, mas o formolario della

se não participou a Secretaria.

Em virtude do papel que remetto da conferencia que teve do Secretario de

Estado Diogo de Mendonça que Deus haja, procurey os avizos que poderião resultar

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do mesmo papel da conferencia, e tiverão a mesma infelicidade de se não

participarem a esta Secretaria.

Lembro a Vossa Excelencia remetter-me copia do avizo que Vossa Excelencia

fes ao Conde de Avintes sobre a forma como se havia de haver chegando o bergantim

a praya, e o Conde a mesma parte no coche para que não experimentemos o mesmo

successo daqui a poucos diaz.

[fol.2] Para a Senhora Marqueza Camareyra Mor

Conferindo com o Duque sobre a forma da audiencia para que a Rainha Nossa

Senhora quer dar a Embaixatris de Castella; no cazo que a pessa, depouz de se

examinar o que consta nos livros desta Secretaria, e dos do Duque, pareceo, visto o

Embaixador seu marido estar ainda incognito que Sua Magestade a pode receber em

caza particular e a maiz propria parece a em que Suas Magestades jantavão; e ha-de a

Raynha Nossa Senhora falar-lhe em pé, estando na mesma caza a Camareyra-mor; e a

porta da banda de dentro os officiaes da caza, sem tomar parede; porem querendo a

Raynha Nossa Senhora falar-lhe com mais famerialidade sentar-se-á no seu

tamboerete como costuma mandando vir as damas, e algumass senhoras de fora,

ficando a Embaixatris no seu lugar maiz immediato a mesma Senhora; e poderá só

haver conversação, ou jogo, e havendo estas as donnas da Camareyra porão a

banquinha, e depoiz de Sua Magestade assentada trará huma donna em huma salva as

cartas, e tentos, e a dará a Camareyra-mor ou a donna de honor, ou Dama, que com as

continências costumadas a ha-de por sobre a banquinha. Se a Raynha Nossa Senhora

se quizer recolher, fica ali a banquinha, mas querendo conversar acabado o jogo se

tirará a banquinha na mesma forma, e com as mesmas circunstancias com que se poz.

Com que pesso a Vossa Excelencia me faça o favor de pôr na real noticia de Sua

Magestade o referido; para que rezolva o que tiver por maiz conveniente; mas a

rezolulão que a mesma Senhora for servida tomar se ha de primeiro conferir, e ajustar

com a Embaixatris. Fico muy pronto para servir a Vossa Excelencia cuja pessoa Deuz

guarde. Paço a 18 de Julho de 1716. Diogo de Mendonça Corte-Real.

[fol.3]Na segunda caza do docel, estavão o Mordomo-mor da Raynha Nossa

Senhora e os seos vedores, os quaes acompanharão a Embaxatris de Espanha a

Marquesa de la Candia athe a caza chamada dos espelhos; e no corredor antes das

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antecâmaras da Rainha Nossa Senhora veyo a Senhora Camareira-mor espera-lla e o

Porteiro da Camara João da Silva Machado chegou aos degraos antes do dito corredor

e a recebeo a Rainha Nossa Senhora no cabinete adiante do dito corredor; onde me

pareceo lhe fallou em pé, assestida das suas donas de honor, e damas; entrou a

Embaixatris pella porta, por onde sahem Suas Magestades pella campanha; e veyo

acompanhadada só por dous pages seos,athe aquella caza do docel.

Doc.186. Primeira Audiencia que se concedeo ao Marquez de la Candia

Embaixador de Castella, [contém: primeira e última audiência deste Embaixador na

Corte de Lisboa], Lisboa, 26 de Dezembro de 1743-24 de Setembro de 1746. ANTT,

MNE, Livro 149, fols.129v-132v. [Transcrição integral].

[fol.129v] Primeira Audiencia que se concedeo ao Marquez de la Candia Embaixador

de Castella

Para o Marquez de Marialva

Il.mo e Ex.mo Senhor

29O Embaixador de El Rey Catholico deve vir Sesta-feira vinte sette do

corrente das dez para as onze horas da manhã á prezença de Sua Magestade e Altezas,

que lhe concedem audiencia particular; e he o mesmo Senhor servido que Vossa

Excelencia dê as ordens para que todas as vezes que passar junto ao Corpo da Guarda,

se toque caixa, tomando as armas, e pondo-se em âla á sua passagem conforme o

estilo. Deoz guarde a Vossa Excelencia. Paço 26 de Dezembro de 1743. Marco

Antonio de Azevedo Coutinho.

29 Á margem: “Para esta audiencia se não fes avizo por esta Secretaria ao Embaixador. Depois de residir nesta Corte o Senhor Embaixador cazou em Castella e me ordenou o Senhor Marco Antonio de Azevedo Couttinho se fizesse hum passaporte para a dita sua mulher poder entrar neste Reyno e sua cometiva e fazendo-o o remeti ao dito Senhor preguntando-lhe ___ para onde fizesse ____ se lhe ___ de pagar algumas ____ militares ___ de que não tive resposta nem sei se lhe fizerão, e so ouvi dizer que para passar de Aldea Galega, a esta Corte se lhe mandarão escaleres, mas não o seo quais forão, nem porque ordem, porque nada veyo a esta Secretaria neme se nomiou. Depois ouvi dizer que esta Embaixatris pedia audiencia da Raynha Nossa Senhora e fazendo-me taes [?] preguntas sobre esta materia aqui respondião se me comonicou o que se resolveo e soube que tivera audiencia mas não sei a formalidade com que se lhe concedeo por esta Secretaria se não passou ordem alguma”.

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Para o Conde de Pombeiro

Il.mo e Ex.mo Senhor

O Embaixador de El Rey Catholico deve vir Sesta-feira 27 do corrente pellas

dez para as onze horas da manhã á prezença de Suas Magestades e Altezas, que lhe

concedem audiencia particular; e he o mesmo Senhor servido que Vossa Excelencia

ordene á Guarda da sua companhia, que tome as armas, e se ponha em ala á passagem

deste Ministro assim nesta como noutras occaziões que entrar, ou sahir pella Salla dos

Todescos. Deoz guarde a Vossa Excelencia. Paço 26 de Dezembro de 1743.

[fol.130] Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

Nesta mesma forma se escreveo aos outros dous Capitaes da Guarda D.

Manoel de Souza e D. Antonio Joze de Castro.

Para o Marquez Mordomo-mor

Il.mo e Ex.mo Senhor

Amanhã Sesta-feira 27 do corrente das dez para as onze horas da manhã ha de

vir o Embaixador de Castella á prezença de Sua Magestade que lhe concedeo

audiencia particular; e depois a ha-de ter da Raynha, Princepe, e Princeza Nossos

Senhores, e dos Senores Infantes; e he o mesmo Senhor servido que Vossa Excelencia

se ache no Paço para lhe assestir. Deoz guarde a Vossa Excelencia. Paço 26 de

Dezembro de 1743. Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

Conductores Para Dom Francisco Xavier Pereira de Souza

Sua Magestade he servido que Sesta-feria 27 do corrente das dez para as onze

horas da mnhhã se ache Vossa Senhoria ao pé da escada que sobe do pateo da Santa

Igreja Patriarchal para a Salla dos Todescos para dali conduzir o Embaixador de El

Rey Catholico á audiencia particular, que o mesmo Senhor se lhe tem concedido,

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como tambem da Raynha, Princepes Nossos Senhores, e dos Senhores Infantes. Deoz

guarde a Vossa Senhoria. Paço 26 de Dezembro de 1743. Marco Antonio de Azevedo

Coutinho.

O mesmo se escreveo a Joze Antonio de Vasconcelos.

Para o Marquez de Abrantes

Il.mo e Ex.mo Senhor

Amanhã Sesta-feira 27 do corrente das dez para as onze horas da manhã há de

vir o Embaixador de /fol.130v/ Sua Magestade Catholica á prezença de Sua

Magestade que lhe concede audiencia particular, e depois a ha de ter da Raynha,

Princepe,e Princeza Nossos Senhores, e dos Senhores Infantes e he o mesmo Senhor

servido que Vossa Excelencia se ache no Paço para lhe assestir. Deoz guarde a Vossa

Excelencia. Paço 26 de Dezembro de 1743.

Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

Nesta mesma forma se escreveo ao

Marques de Marialva

Conde de Unhão

E a todos os Officiaes da Ccaza menos ao Esmoler-mor, e Corregedor do

Crime da Corte, e Caza, por ser o mesmo, que se praticou na audiencia do

Embaixador de França e Sua Magestade rezolver se lhe não fizesse avizo.

Para o Conde de Alvor

Il.mo e Ex.mo Senhor

O Embaixador de El Rey Catholico deve vir amanha Sesta-feira 27 do

corrente das dez para as honze horas da manhã á prezença de Sua Magestade que lhe

concede audiencia particular, e depois a ha de ter do Principe, e Princeza Nossos

Senhores; o que participo a Vossa Excelencia para que o faça prezente á Sua Alteza.

Deoz guarde a Vossa Excelencia. Paço 26 de Dezembro de 1743. Marco Antonio de

Azevedo Coutinho.

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/fol.131/ Para João de Saldanha da Gama

Gentil-homem da Camara do Senhor Infante D. Antonio

O Embaixador de El Rey Catholico ha-de vir amanha Sesta-feira 27 do

corrente das dez para as onze horas da manhã á prezença de Sua Magestade que lhe

concede audiencia particular; e depois a ha de ter da Raynha Nossa Senhora, e de

Suas Altezas; e com o mesmo Ministro me encarregou de a pedir ao Senhor Infante

D. Antonio , o participo a Vossa Excelencia para que sendo o prezente a Sua Alteza, e

sendo servido conceder-lha possa mandar a providencia necessária para o dito effeito.

Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço 26 de Dezembro de 1743. Marco Antonio de

Azevedo Coutinho.

Audiencia de Despedida deste Embaxador.

Para D. Francisco Xavier Pereira de Souza

Amanhã Domigo pellas 10 horas da manhã dá Sua Magestade audiencia

particular de despedida ao Embaixador de Castella e depois a ha de ter tambem da

Raynha, Principe, e Princeza Nossos Senhores e dos Senhores Infantes; e he o mesmo

Senhor servido que Vossa Senhoria se ache no Paço antes da referida hora para o

conduzir as suas reaes prezenças na forma do estilo. Deus guarde a Vossa Senhoria.

Paço 24 de Septembro de 1746. Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

O mesmo se avizou a Rodrigo de Souza Couttinho, digo a Antonio Jozeph de

Castro.

/fol.131v/ Para o Duque Estribeiro-mor

Amanhãa Domigo pellas onze 10 horas da manhã dá Sua Magestade audiencia

particular de despedida ao Embaixador de Castella e depois a ha de ter tambem da

Raynha, Principe, e Princeza Nossos Senhores e dos Senhores Infantes; e he o mesmo

Senhor servido que Vossa Senhoria se ache no Paço para lhes assistir, e o referido

fará Vossa Excelencia presente a Raynha Nossa Senhora. Deus guarde a Vossa

Senhoria. Paço 24 de Settembro de 1746. Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

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Para D. Carlos de Menezes

Amanhãa Domigo pellas onze 10 horas da manhã dão Suas Magestades

audiencia particular de despedida ao Embaixador de Castella; e porque tambem a

pede do Principe e Princeza Nossos Senhores o participe a Vossa Senhoria para que o

faça prezente a Suas Altezas. Deus guarde a Vossa Senhoria. Paço 24 de Settembro de

1746. Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

/fol.132/ Para Ayres de Saldanha Albuquerque

Amanhãa Domigo pellas onze 10 horas da manhã dá Sua Magestade audiencia

particular de despedida ao Embaixador de Castella e depois a ha de ter tambem da

Raynha, Principe, e Princeza Nossos Senhores; e porque tambem a pede do Senhor

Infante D. Antonio, o participo a Vossa Senhoria para que sendo presente a Sua

Alteza, lha possa dar sendo servido. Deus guarde a Vossa Senhoria. Paço 24 de

Settembro de 1746. Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

Para o Marquez Mordomo-môr

Il.mo e Ex.mo Senhor

Amanhãa Domigo pellas onze 10 horas da manhã dá Sua Magestade audiencia

particular de despedida ao Embaixador de Castella e depois a ha de ter tambem da

Raynha, Principe, e Princeza Nossos Senhores e dos Senhores Infantes; e he o mesmo

Senhor servido que Vossa Senhoria se ache no Paço para lhes assistir nas referidas

audiencias. Deus guarde a Vossa Senhoria. Paço 24 de Settembro de 1746. Marco

Antonio de Azevedo Couttinho.

O mesmo se avizou ao Marquez de Abrantes

Ao Marques de Marialva

Ao Conde de Unhão

Ao Conde de Pombeiro

Ao Conde de Villaflor

E a todos os officiaes da caza menos ao Esmoler-mor, e ao Corregedor do

Crime da Corte e Caza, ordenou-se que se não fizesse avizo ao Conde de Vila-flor

nem aos seguintes.

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/fol.132v/ Armador-mor

Monteiro-mor do Reyno

Almotacel-mor

E ao Cappitam da Guarda D. Manoel de Souza

Para o Marques de la Candia

Il.mo e Ex.mo Senhor

Fazendo prezente a Sua Magestade o que Vossa Excelencia me participou hoje

de que havia recebido a sua carta recredencial; e em consequencia pedia as audiencias

costumadas, para se despedir. Foy servido ordenar-me respondesse a Vossa

Excelencia que amanha Domingo 25 do corrente pellas dez horas da manhã podia

Vossa Excelencia achar-se neste Paço onde seria conduzido para a adiencia [sic]

particular a real presença da Raynha, Principe, e Princeza meus amos, e dos Senhores

Infantes D. Pedro e D. Antonio.

Em tudo o que Vossa Excelencia quizer empregar a minha sincera vontade

para o servir a achará na mais prompta dispozição de assim o executar. Deos guarde a

Vossa Excelencia muitos annos. Paço a 24 de Setembro de 1746. Março Antonio de

Azevedo Coutinho.

Ex.mo Senhor.

Doc.187. Vinda do Embaixador de Castella para esta corte o Duque de Sotto Maior,

Lisboa, 25 a 29 de Setembro de 1746. ANTT, MNE, Livro 149, fols.133-134v.

[Transcrição integral].

/fol. 133/ Vinda do Embaixador de Castella para esta corte o Duque de Sotto Maior

Para o Conde de Attalaya governador das armas do Excercito, Provincias de Alentejo

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor

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Como pellas noticias que tenho de Madrid poderá brevemente chegar a essa

Provincia o Duque de Sotto Maior nomeado Embaixador por Sua Magestade

Catholica a esta Corte: He Sua Magestade servido que Vossa Excelencia ordene que

em todas as praças da mesma Provincia por onde elle fizer tranzito seja recebido com

as ceremonias, e cortezia militares que se costumão fazer aos Embaixadores quando

entrão nestes Reynos. Deos guarde a Vossa Excelencia. Lisboa a 25 de Setembro de

1746. Marco de Antonio de Azevedo Coutinho.

Para o Conde de Aveyras Francisco da Silva30

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor

Sua Magestade foi servido nomear a Vossa Excelencia para conduzir ao

Duque de Sotto Maior que vem por Embaixador de Sua Magestade Catholica nestes

Reynos que se espera em poucos dias e se avizará a Vossa Excelencia em que ha de

dezembarcar no Caes da Pedra, e para este effeito ha de mandar o Duque Estribeiro

mor a caza he Vossa Excelencia no mesmo dia á hora competente hum coche da

cavalhariça real para Vossa Excelencia ir nelle conduzir o ditto Embaixador do lugar

em que dezembarcar a sua caza, e tambem dous mais para a familia do dito

Embaixador, e poderá Vossa Excelencia levar dos seos os que /fol. 133v/ lhe parecer

tendo entendido que nesta função não deve fazer despeza. Deus guarde a Vossa

Excelencia. Paço a 25 de Setembro de 1746. Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

Para o Duque Estribeiro Mor

Sua Magestade foy servido de nomear ao Conde de Aveiras Francisco da Silva

Mello para conduzir ao Duque de Sottomaior, que se espera em poucos dias, e vem

por Embaixador de Sua Magestade Catholica nestes Reinos, que há de dezembarcar

no Caes da pedra, no dia que se avizará a Vossa Excelencia; e he o mesmo Senhor

servido que Vossa Excelencia a hora competente mande hum coche dos milhores da

cavalhariça não sendo o da pessoa, a caza do ditto Conde para nelle ir buscar, o dito

Embaixador e conduzi-llo a sua caza; e dous mais dos inferiores para a famillia do

30 Á margem: “Condutor”.

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ditto Embaixador. Deus guarde a Vossa Excelencia. Paço 25 de Setembro de 1746.

Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

Para o Provedor dos Armazeñs

Sua Magestade he servido, que Vossa Merce mande a Villa de Aldea gallega

no dia que se lhe avizará, que deve ser muito brevemente e para esse effeito devem

estar promptos o bargantim, e escalleres, que costumão /fol.134/ conduzir os

Embaixadores para nelle vir o Duque de Souttomaior nomeado Embaxador de Sua

Magestade Catholica nestes reinos o qual ha de vir dezembarcar no Caes da pedra.

Deus guarde a Vossa Merce. Paço 25 de Setembro de 1746. Marco Antonio de

Azevedo Couttinho.

Para o Duque Estribeiro Môr

O Duque de Sottomayor que vem por Embaixador de Sua Magestade

Catholica chegou hoje á Aldea galega, e virá a dezembarcar no Caes da Pedra

amanhãa pellas duas para as tres horas da tarde; e he Sua Magestade servido que

Vossa Excelencia ordene, que os coches em que há de ser conduzido estejão á porta

das cazas do Conde de Aveiras Francisco da Silva junto a São Christovão á hora

competente para hir buscar. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço a 29 de Settembro

de 1746. Pedro da Motta Silva.

/fol. 134v/ Para o Conde de Aveiras Francisco da Silva

O Duque de Sottomayor que vem por Embaixador de Sua Magestades

Catholicas chegou hoje a Aldea galega, e vira desembarcar no Caes da Pedra amanhaã

as duas para as tres horas da tarde; e já avizei ao Duque Estribeiro mor mandasse ter à

porta de Vossa Excelencia os coches em que o ha de conduzir à hora competente; o

que Sua Magestade me manda participar a Vossa Excelencia para que se ache

prompto. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço 29 de Settembro de 1746. Pedro da

Motta e Silva.

Para o Provedor dos Armazens

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O Duque de Sottomayor que vem por Embaixador de Sua Magestade

Catholica chegou hoje a Aldea galega; e he Sua Magestade servido que V.M mande

áquella villa o bargantim e escaleres que costumão conduzir os Embaixadores para vir

desembarcar ao Caes da Pedra. Deos guarde a Vossa Merce. Paço a 29 de Settembro

de 1746. Pedro da Motta e Silva.

Doc.188. Primeira audiencia, que se concedeo ao Duque de Sotto Mayor,

Embaixador Extraordinario de S. Magestade Cattolica, Lisboa, 4 a 10 de Outubro de

1746. ANTT, MNE, Livro 149, fols.135-136v. [Transcrição integral].

/fol 135/ Para o Marques de Marialva

O Duque de Souttomaior Embaixador Extraordinario de El Rey Cattolica deve

vir amanhã 11 do corrente pelas nove horas, e meya da manhã a prezensa Sua

Magestades e Altezas, que lhe consedem audiensia particular, e he o mesmo Senhor

servido que Vossa Excelencia de as ordens para que todas as vezes que passar junto

ao Corpo da guarda se toque caixa tomando as armas, e pondo se em alla a sua

passagem na forma do estillo. Deus guarde a Vossa Excelencia. Paço a 4 de Outubro

de 1746. Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

Para D. Francisco Xavier Pereira de Sousa

Amanhã 11 do corrente pelas 9 horas da manhã da Sua Magestade audiensias

para o Duque de Sotto mayor Embaixador Extraordinario de Sua Magestade Cattolica

e depois a ha de ter tambem da Rainha, Principe /fol.135v/ e Princeza nossos

Senhores e dos Senhores Infantes; e hé o mesmo Senhor servido que Vossa Senhoria

se ache no Paço antes da referida hora para o conduzir as suas Reaes prezensas na

forma do estillo. Deus guarde a Vossa Senhora Paço 10 de Outubro de 1746 Marco

Antonio de Azevedo Coutinho.

O mesmo se escreveo a D. Antonio João de Castro.

Para o Conde de Pombeiro

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O Duque de Souttomayor Embaixador Extraordinario de El Rey Catholico

deve vir amanhã 11 do corrento pelas 9 horas da manhã a prezensa de Sua

Magestades e Altezas que lhe consedem audiensia particullar; e hé o mesmo Senhor

servido que Vossa Senhoria ordene a guarda da sua Companhia que tome as armas, e

se ponha em ala a passagem deste Ministro, assim neste como nas outras occazioens,

que entrar ou sair pela Salla dos Tudescos. Deus guarde a Vossa Senhoria Paço a 10

de Outubro de 1746 Marco de Antonio de Azevedo Couttinho.

O mesmo se escreveo a D. Manuel de Souza, e D. Antonio José de Castro.

/fol.136/ Para o Duque Estribeiro môr

Amanha 11 do corrente pelas 9 horas da manhã ha de vir o Duque de Soutto

mayor Embaixador Extraordinario de Sua Magestade Cattolica a prezensa de Sua

Magestade que lhe concede audiensia para e depois a ha de ter da Rainha, Principe, e

Princeza nossos Senhores, e dos Senhores Infantes; e hé o mesmo Senhor servido, que

Vossa Excelencia se ache no Paço para lhes assistir, e o referido fará Vossa

Excelencia prezente a Rainha Nossa Senhora. Deus guarde a Vossa Excelencia Paço

10 de Outubro de 1746 Marco Antonio de Azevedo Couttinho

Para Conde de Valdereis

O Duque de Sottomayor Embaixador Extraordinario de El Rey Cattolico deve

vir amanhã 9 horas da manhã á presença de Suas Magestades que lhe concedem

audiencia particular; e depois a há de ter do Principe, e Princeza nossos Senhores que

participo a Vossa Excelencia para que o faça prezente a Sua Alteza. Deus guarde a

Vossa Excelencia Paço a 10 de Outubro de 1746. Marco Antonio de Azevedo

Couttinho.

/fol.136v/ Para o Conde de Povolide

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor

O Duque de Sottomayor Embaixador Extraordinario de El Rey Cattolico deve

vir amanhã pelas 9 horas da manhã á prezença de Sua Magestade que lhe concedem

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audiencia particular, e depois a há de ter de Sua Alteza; e como o mesmo Ministro me

encarregoa de a pedir ao Senhor Infante D. Antonio; o particípio a Vossa Excelencia

particular que fazendo-o prezente de Sua Alteza e sendo servido conceder-lha, possa

mandar a providencia necessaria para o dito effeito. Deus guarde a Vossa Excelencia.

Paço a 10 de Outubro de 1746 Marco Antonio de Azevedo Coutinho.

Para o Marques de Abrantes

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor

Amanha 11 do corrente pelas 9 horas da manhã ha de vir o Duque de

Sottomayor Embaixador Extraordinario de Sua Magestade Cattolica á prezença de

Sua Magestade que lhe concede audiencia particular e depois há de ter da Rainha,

Principe e Princeza Nossos Senhores; e dos Senhores Infantes; e o mesmo Senhor

servido que Vossa Excelencia se ache no Paço para lhes assistir. Deus guarde a Vossa

Excelencia Paço a 10 de Outubro de 1746 Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

O mesmo se escrevo ao Marques Mordomo mor ao Conde de Unhão.

/fol. 137/ Para o Duque de Sottomayor Embaixador Extraordinario de Sua Magestade

Cattolica Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor

Muy Senhor meu na conformidade do que tive a honra de prometter a Vossa

Excelencia esta tarde, tenho agora a de lhe prevenir: que a hora para as audiencias,

podendo ter alguma anticipaçao, sempre he conveniente que Vossa Excelencia se

ache neste Paço ámanhã terça feira 11 do corrente mez pelas nove horas, e meya da

manhã pouco mais, ou menos, porque deste modo se poderá melhor lograr tudo.

Entre tanto, e em tudo o tempo reitero a Vossa Excelencia as protestações da

minha sincera vontade, sempre prompta para servir a Vossa Excelencia. Deus guarde

a Vossa Excelencia muitos annos Paço a 10 de Outubro de 1746.

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor

Pelas mãos de Vossa Excelencia

Seu mayor e mais certo servidor

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Marco Antonio de Azevedo Couttinho31

Ilustríssimo e Excelentissimo Senhor Duque de Sottomayor

/137v/ Para o Duque de Sottomayor

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor

Mui Senhor meu. Recebo a carta de Vossa Excelencia escrita ontem de Aldea

Galega, e logo fiz prezentes a S. Mag.es as obzequiozas expressões de Vossa

Excelencia que muito estimou, ordenando me segnefique a Vossa Excelencia quanto

o he foi agradavel a noticia de ter Vossa Excelencia acabado felismente a sua jornada

de terra, e achar se já tao vesinho de Lixboa onde espera o mesmo Senhor receber

brevemente a Vossa Excelencia com o alvoroso que lhe merece a atenção a suas

Mag.es Catto.as e a distinta estimação que fas da pessoa de Vossa Excelencia.

Estão dadas as ordens necessarias para as embarcasões que hão de transportar a Vossa

Excelencia a Lixboa; e para o condutor que da marinha o ha de acompanhar para a

sua habitação.

Resta me expressar a Vossa Excelencia sincero prazer que recebi em ver já

mais propingua a ocazião de testemunhar a Vossa Excelencia pessoalmente a

veneração que de longe lhe profeçava, e de oferecer lhe huma vontade promptissima

para tudo o que for de seu mayor agrado. Deus guarde a Vossa Excelencia muitos

anos como o dezejo. Vila das Caldas a 30 de Setembro de 1746.

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor.

B.a. m de Vossa Excelencia

Seu maior e mais certo Senhor

Ilustrissimo e Excelentissimo S. Duque de Sottomaior

Marco Antonio de Azevedo Couttinho.

31 Á margem: “tudo de mão do Secretario”.

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Doc.189. Audiencia particular que teve de Suas Magestades o Duque de Sotomayor

Embaixador Extraordinario de Sua Magestade Catholica, quando quiz entregar as

cartas depois da morte de Senhor Rey Dom João 5º que Santa Gloria haja. Lisboa, 12

de Agosto de 1750. ANTT, MNE, Livro 149, fols.138-139v. [Transcrição integral].

/fol.138v/ Para D. Francisco Xavier Pedro de Souza

Sua Magestade he servido que amanhã pela manhã 13 do corrente pelas dez

horas se ache Vossa Senhoria ao pé da escada que sobe do Pateo da Santa Igreja

Patriarchal para a Sala dos Tudescos para dali conduzir ao Embaixador Extraordinario

de El Rey Catholico á audiencia particular que o mesmo Senhor lhe tem concedido

como tambem da Raynha Nossa Senhora. Deus guarde a Vossa Senhoria Paço 12 de

Agosto de 1750 = Sebastião Jozé de Carvalho e Mello.

O mesmo se escreveo a Dom Antonio Joze de Castro para segundo condutor.

Para o Marquez Estribeiro mor

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor

Amanhã a 5ª feira 13 do corrente pelas dez horas da manhã há de vir o

Embaixador Extraordinario de El Rey Catholico á prezença de Sua Magestade que lhe

concede audiencia particolar, e depois a ha de ter /fol.139/ da Raynha Nossa Senhora;

e he o mesmo Senhor servido que Vossa Excelencia se ache no Paço para lhe assistir.

Deus guarde a Vossa Excelencia. Paço a 12 de Agosto de 1750. Sebastião Joze de

Carvalho, e Mello.

O mesmo se escreveo ao Marques de Abrantez,

Ao Marquez Mordomo mor,

Ao Conde de Unhão,

Ao Conde de Santiago,

Ao Monteiro mor,

Ao Mestre Salla,

A Dom Manoel de Souza,

Ao Porteiro mor,

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Ao Almotacé mor,

Ao Armador mor,

Para o Conde de Attalaya Mordomo mor da cazada Raynha Nossa Senhora,

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor,

O Embaixador Extraordinario de El Rey Catholico ha de vir amanhã 5ª feira

13 do corrente pelas dez horas da manhã aprezenca de Sua Magestade que lhe

concede audiencia particular, e depois ha de ter da Raynha Nossa Senhora, o que

participo a /139v/ a Vossa Excelencia para que o faça prezente a mesma Senhora.

Deus guarde a Vossa Excelencia Paço a 12 de Agosto de 1750. Sebastião Joze de

Carvalho e Mello.