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Universidade de Lisboa
Relatório da Prática de Ensino Supervisionada
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
Ana Sofia Coelho Correia da Silva Matos
Mestrado em Ensino das Artes Visuais No 3.º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário
2013
Universidade de Lisboa
Relatório da Prática de Ensino Supervisionada
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
Ana Sofia Coelho Correia da Silva Matos
Orientador Científico: Professor Doutor António Trindade
Mestrado em Ensino das Artes Visuais No 3.º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário
2013
Universidade de Lisboa
Relatório da Prática de Ensino Supervisionada
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
Ana Sofia Coelho Correia da Silva Matos
Mestrado em Ensino das Artes Visuais No 3.º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário
2013
Universidade de Lisboa
Relatório da Prática de Ensino Supervisionada
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
Ana Sofia Coelho Correia da Silva Matos
Orientador Científico: Professor Doutor António Trindade
Mestrado em Ensino das Artes Visuais No 3.º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário
2013
ÍNDICE
Resumo ------------------------------------------------------------------------------------------- iv
Abstract ------------------------------------------------------------------------------------------ vii
Introdução --------------------------------------------------------------------------------------- 17
Parte I – Horizontalidades e verticalidades no corpo do projeto
Capítulo 1 – Territórios de Aprendizagem e Educação
1.1 Aprendizagem como Processo ------------------------------------------------ 21
1.2 Pinceladas de Memória --------------------------------------------------------- 24
1.2.1 Desenvolvimento Cognitivo --------------------------------- 24
1.2.2 Desenvolvimento Pessoal/ Interpessoal ----------------- 26
1.2.3 Desenvolvimento da Expressão (ões)--------------------- 31
Capítulo 2 – Destabilizar o Olhar – Motivação e Criatividade
2.1 A Motivação como desbloqueador da Aprendizagem ------------------- 35
2.1.1 Teorias Motivacionais ---------------------------------------- 35
2.1.2 Ambiências Motivadoras ------------------------------------ 38
2.1.3 Demarcação de formas (dis)formes na Criatividade dos
alunos ------------------------------------------------------------ 39
Capítulo 3 – Corpos Mapeados numa Relação Pedagógica
3.1 Conexões Professor/ Aprendizagem ----------------------------------------- 43
3.2 Temporalidades na sala de aula ----------------------------------------------- 44
3.3 Ambiências na sala de aula------------------------------------------------------ 45
3.4 Vestimentas na sala de aula ---------------------------------------------------- 47
3.5 Pressupostos/ Socialidades na Relação Pedagógica---------------------- 49
Capítulo 4 – Assinaturas Rascunhadas – Uma ligação com a Obra de Arte
4.1 Ver, compreender a Obra de Arte ------------------------------------------- 52
4.2 Socialidades e Graffiti ---------------------------------------------------------- 53
4.3 Atropelos de corpos que mapeiam a urbe -------------------------------- 54
4.4 Vestimentas de contornos de uma cultura -------------------------------- 56
Capítulo 5 – Currículo, Planificação e Avaliação
5.1 Currículo --------------------------------------------------------------------------- 60
5.1.1 A Representação do Currículo ------------------------------ 60
5.1.2 O Currículo como Ferramenta de Adequação e
Flexibilização --------------------------------------------------- 62
5.2 Planificação ------------------------------------------------------------------------- 65
5.2.1 Relevâncias no Ensino-Aprendizagem -------------------- 65
5.3 Avaliação ---------------------------------------------------------------------------- 68
5.3.1 A Expressão (ões) da Avaliação ---------------------------- 68
Parte II – Horizontalidades e verticalidades no corpo do projeto
Capítulo 6 – Enquadramento da Unidade Lecionada no Programa
6.1 A importância das Competências -------------------------------------------- 73
6.2 A Representação das Artes no Currículo do Ensino Básico ------------ 76
6.2.1 Cooperatividades ------------------------------------------------ 76
6.3 A Disciplina de Educação Visual --------------------------------------------- 78
6.3.1 Um Autoretrato ------------------------------------------------ 78
6.3.2 Competências específicas ----------------------------------- 81
Capítulo 7 – Caracterização do Contexto Escolar
7.1 A Instituição de Ensino ---------------------------------------------------------- 83
7.2 A Turma ----------------------------------------------------------------------------- 91
Capítulo 8 – A unidade Curricular
8.1 Planificação Anual ---------------------------------------------------------------- 94
8.2 Planificação Curricular ----------------------------------------------------------- 98
8.3 Alicerces e corpo da Unidade Curricular ------------------------------------ 99
Capítulo 9 – Extensões da Unidade Curricular
9.1 Atividades, Conteúdos Programáticos e Competências Específicas --103
9.2 Estratégias Adotadas ------------------------------------------------------------104
9.3 Materiais Didáticos Utilizados ------------------------------------------------110
Capítulo 10 – Gestação e Gestão da Sala de Aula
10.1 Tempo ----------------------------------------------------------------------------- 113
10.2 Espaço -----------------------------------------------------------------------------123
Parte III – Complementaridades que descem à forja
Capítulo 11 – De Fora para Dentro, de Dentro para Fora
11.1 Na fluidez de discursos representativos da Resistência e
Transgressões --------------------------------------------------------------------- 127
11.1.1 Descrição sucinta das aulas --------------------------------127
11.1.2 O Corpo dos Trabalhos --------------------------------------130
Capítulo 12 – Avaliação das Aprendizagens
12.1 Métodos e Técnicas de Avaliação --------------------------------------------135
12.2 Retratos das Avaliações -------------------------------------------------------- 137
12.3 Recolha das Avaliações ---------------------------------------------------------143
Capítulo 13 – Reflexão sobre o Trabalho Realizado ----------------------------------149
Referências Bibliográficas --------------------------------------------------------------------152
Anexos
Anexo 1 – Os Espaços Físicos, equipamentos e a sua funcionalidade -------------155
Anexo 2 – Patrono do Agrupamento ------------------------------------------------------158
Anexo 3 – Organização – Organograma --------------------------------------------------160
Anexo 4 – Corpo Docente --------------------------------------------------------------------161
Anexo 5 – Corpo Docente e Técnico ------------------------------------------------------ 163
Anexo 6 – Corpo Não Docente -------------------------------------------------------------164
Anexo 7 – Oferta Educativa -----------------------------------------------------------------167
Anexo 8 – Fragilidades e Potencialidades -----------------------------------------------170
Anexo 9 – Sucesso e Insucesso -------------------------------------------------------------173
Anexo 10 – Correspondências Conteúdos/ Competências --------------------------178
Anexo 11 – Teste Diagnóstico ---------------------------------------------------------------181
Anexo 12 Elementos Visuais na Comunicação ------------------------------------------183
Anexo 13 – Um Referente, Diferentes Expressões -------------------------------------190
Anexo 14 – Expressão não condicionada -------------------------------------------------191
Anexo 15 – A Bidimensionalidade e Tridimensionalidade no desenho ---------- 192
Anexo 16 – Representação Expressiva ----------------------------------------------------198
Anexo 17 – Espaço/ Perspetiva ------------------------------------------------------------ 199
Anexo 18 – Equilíbrios ------------------------------------------------------------------------ 207
Anexo 19 – O perfil de um Professor, Professor Cooperante ----------------------- 213
Anexo 20 – Relatório do Professor Cooperante ---------------------------------------- 215
ANEXOS
Anexo 1 – Os espaços físicos, equipamentos e a sua funcionalidade
Anexo 2 – Patrono do agrupamento
Anexo 3 – Organização – Organograma
Anexo 4 – Corpo docente
Anexo 5 – Corpo docente e técnico
Anexo 6 - Corpo não docente
Anexo 7 – Oferta educativa
Anexo 8 – Fragilidades e potencialidades
Anexo 9 – Sucesso e insucesso
Anexo 10 – Correspondências conteúdos/ competências
Anexo 11 – Teste diagnóstico
Anexo 12 – Elementos Visuais na Comunicação
Anexo 13 – Um referente, Diferentes expressões
Anexo 14 – Expressão não condicionada
Anexo 15 – A Bidimensionalidade e Tridimensionalidade no Desenho
Anexo 16 – Representação Expressiva
Anexo 17 – Espaço/ Perspetiva
Anexo 18 – Equilíbrios
Anexo 19 – O perfil de um Professor, Professor Cooperante
Anexo 20 – Relatório do Professor Cooperante
“Cada um tem uma maneira de evoluir.”
Maurice Debesse
Refletir hoje em dia sobre uma compreensão da educação implica atribuir
sentidos às falas dos protagonistas sobre o seu quotidiano. Professores, alunos,
comunidade escolar leem, veem, escutam na educação, aspectos significativos de
acordo com sua perspetiva cultural. Escutar estas falas, onde muitas das vezes o caos
se encontra enraizado, de uma forma geral, conduz a uma visualização da ideia de um
problema (s). Ao mesmo tempo, o discurso sobre o presente é afetado pela premissa
de que se vivem sucessivas crises. A conceção de crise aqui tem um sentido negativo,
fornece a ilusão de caos, de perda do significado, de fim. Fala-se muito em crise na
educação. No entanto, parece que a crise não é exatamente na educação, mas de
como se pensa a educação. A crise parece ser, portanto, uma crise de racionalidade.
Vive-se a heterogeneidade das abordagens sociais, das leituras de mundo… A sensação
é de caos, de generalidades, de falta de um porto de abrigo.
Num mundo onde se tem acesso a uma panóplia de informações, onde é possível
(re) conhecer aspectos de outras culturas, onde facilmente se mantém contato e se é
influenciado pelas mesmas, recebem-se também inúmeras informações sobre
processos educativos. Há, diariamente, um mundo de possibilidades de se conhecerem
estudos, propostas, práticas e projetos educativos oriundos das mais diversas culturas.
Esta facilidade de acesso às outras culturas e práticas educativas impõe
responsabilidades: como selecionar o que é produtivo e possível de ser estudado na
realidade imediata. São essas práticas, esses projetos, esses rostos de possibilidades
que promovem acima de tudo a inclusão com olhos postos no futuro, que o meu
trabalho se desenvolve em torno da Escola Secundária Francisco Simões. Onde a
questão de atribuição de significantes e significados às questões direcionadas à
necessidade da educação e formação de hoje, submerge por entre uma complexidade,
talvez até facilitadora da comunicação como veículo de interpretações e talvez de uma
melhor compreensão dos pressupostos orientadores da educação nos dias atuais.
“(...) MAIS SE COMUNICA FALANDO DO QUE DE QUALQUER
OUTRA FORMA; O QUE NOS DIZEM MUITAS VEZES NOS
PARECE DE NENHUMA IMPORTÂNCIA, MAS TALVEZ TENHA
HAVIDO UMA FALHA NA ATITUDE DE ESCUTAR DO QUE NO
CONTEÚDO DO QUE SE DISSE; PORVENTURA A PALAVRA-
CHAVE ESTAVA AÍ, MAS ESTÁVAMOS DISTRAÍDOS, OU
ANSIOSOS POR NÓS PRÓPRIOS FALARMOS; E NO VENTO
FUGIU, A OUTROS OU A NENHUNS. OUÇA.”
AGOSTINHO DA SILVA IN 'TEXTOS E ENSAIOS FILOSÓFICOS'
INTRODUÇÃO
O meio, a comunidade escolar tem hoje um papel fulcral nos dias que correm.
Preenchem um papel muito importante na reabilitação, na construção dos alunos.
Tornaram-se multisensoriais, recursos educativos ricos, assumindo-se como espaços
de interação livres e potenciadores de uma autoconsciência e desenvolvimento da
identidade.
O ambiente, o espaço por mim apresentado ao longo deste trabalho e explorado
pelos seus intervenientes mais diretos, como a própria comunidade de onde se faz
sobressair os alunos, responde e tenta responder aos novos desafios diários, de forma
sincronizada, configurando ambientes imersivos que promovem a curiosidade, a
participação e o gozo dos alunos acima de tudo, numa abordagem e acesso a novas
dimensões e trabalhando sensibilidades.
António e Hanna Damásio (In Brain, Art and Education. World Conference on Arts
Education Building Creative Cpacities of 21st Century, 2006) referem a importância
extrema que a educação artística pode ter para o cidadão contemporâneo e previnem
que entender a arte e as ciências humanas, como matérias do passado, é um erro
gigantesco para o qual muitas vezes se tende. Estes neurocientistas garantem que a
Matemática e a Ciência, sozinhas, não fazem cidadãos e, é esta complementaridade
que a escola Secundária Francisco Simões procura na sua base de trabalho, de
sensibilização.
Constata-se um desenho de interação e implementação deste ambiente num
cooperativismo de trabalho transdisciplinar, transversal a todos os ciclos, neste caso
segundo e terceiro ciclos, colmatados com processos cognitivos e emocionais
indissociáveis.
A escola é assim apresentada através da sua personalização, das suas estratégias,
o seu rosto em Vivências por um Crescimento Sustentado num plano educacional que
nos conduz a uma Engrenagem na Globalização da Educação numa transversalidade
que abraça toda a comunidade escolar na procura de uma melhor e maior criticidade
por parte da mesma, fugindo deste modo de uma pedagogia fragmentada, onde a
relação entre docente e aluno não alcança maturidade para a transversalidade. A
escola cultiva, gera a realização deste trabalho, processo ao gerar mudanças na
postura dentro do sistema escolar.
As mudanças, as atitudes promovem e espelham uma Construção de Uma Escola
Na e, De Cultura, em prol da necessidade crescente de renovação a par dos tempos de
hoje, numa responsabilidade na transmissão da cultura e da educação em valores de
sustentabilidade e responsabilidade, regulamentados e retratados no Regulamento
Interno do Agrupamento e de Escola.
Este trabalho apresenta-se assim, como o resultado de um percurso de prática
pedagógica exercida na lecionação de uma Unidade Curricular intitulada “Graffiti e
Educação” integrada na planificação curricular realizada no ano 2012/13 na disciplina
de Educação Visual no 8º ano de escolaridade, assim como é apresentada no âmbito
do relatório final do mestrado em Ensino das Artes Visuais orientado pelo Professor
Doutor António Trindade.
A presente exposição baseia-se na minha experiência prática e pessoal no ensino
da Educação Visual ao 8º ano de escolaridade, numa escola do ensino público, no
decorrer do ano letivo 2010/11, a qual atende alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico e do
Secundário.
Considerando a disciplina de “Educação Visual como educação do olhar e do ver”
(Ministério da Educação (2001). “Currículo Nacional do Ensino Básico, Competências
Essenciais” (p.155). Lisboa: Ministério da Educação, Departamento da Educação
Básica) tive como objetivo delinear recursos educacionais capazes de favorecer a
aprendizagem da Arte na adolescência. Para tal foi tida em consideração a escolha de
dois fatores fundamentais: o ano de escolaridade e o tema a trabalhar e a comunidade
escolar onde a escola se encontra inserida.
No que se refere ao ano de escolaridade, optei pelo 8º ano, para implementação
desta unidade, por melhor se adequar ao currículo do mesmo e, também, visto ser
para muitos alunos um ano terminal da disciplina de Educação Visual (à data do ano
decorrente da implementação da unidade em questão), pois de acordo com a
organização curricular “a frequência da Educação Visual no 9º ano, (…), não é comum a
todos os alunos que terminam o ensino Básico. Assim, o 8º ano assume-se como um
ano terminal de Educação Visual para muitos dos jovens estudantes” (Ministério da
Educação, Departamento de Educação Básica (s/d). Educação Visual. Retirado:
http://www.dgidc.minedu.pt/recursos/Lists/Repositrio%20Recursos2/Attachments/60
6/ajustamento_educ_visual.pdf). Como tal e, sendo as Artes “elementos indispensáveis
no desenvolvimento da expressão pessoal, social e cultural do aluno. São formas de
saber que articulam imaginação, razão e emoção. Elas perpassam as vidas das
pessoas, trazendo novas perspetivas, formas e densidades ao ambiente e à sociedade
em que se vive.” (Ministério da Educação (2001). “Currículo Nacional do Ensino Básico,
Competências Essenciais” (p.155). Lisboa: Ministério da Educação, Departamento da
Educação Básica). Considerei então, fundamental possibilitar a estes alunos uma
vivência artística mais profunda e dotada de novas experiências, que lhes permitissem
adquirir novos conhecimentos artísticos, ampliando o seu leque de aprendizagens e
desenvolvendo o seu sentido estético e crítico, e até quem sabe, motiva-los para a
continuação deste longo e inefável percurso do ensino e da aprendizagem artística,
que a longo prazo os poderá ajudar a tornarem-se cidadãos capazes de integrar de
forma ativa e criativa a sociedade em que se inserem.
Em relação à temática, como se sabe o mundo artístico é felizmente bastante
rico e extenso, pelo que houve a necessidade de selecionar apenas uma área restrita
deste mundo, optei pela pintura graffiti. Esta escolha deveu-se ao facto desta Arte ser
parte integrante dos diferentes rostos do ser humano desde os tempos mais remotos,
como forma de expressão e de comunicação e do seu estudo permitir identificar e
compreender os três elementos integrantes da expressão visual: linha, textura e cor,
competências que os alunos devem adquirir no 3º Ciclo do Ensino Básico (Ministério
da Educação (2001). “Currículo Nacional do Ensino Básico, Competências Essenciais”
(p.159). Lisboa: Ministério da Educação, Departamento da Educação Básica), bem
como a lecionação dos cinco grandes conteúdos previstos, para este Ciclo de Ensino,
no programa da disciplina de Educação Visual, nomeadamente: Comunicação, Espaço,
Estrutura, Forma e Luz/Cor (Ministério da Educação, Departamento de Educação
Básica (s/d). Educação Visual. Ajustamento do programa de Educação Visual 3º
Ciclo.Retirado:http://www.dgidc.minedu.pt/recursos/Lists/Repositrio%20Recursos2/A
ttachments/606/ajustamento_educ_visual.pdf).
Intitulado O Potencial do Tamanho de Nós, o presente relatório da prática de
ensino supervisionada descreve assim, a investigação desenvolvida inerente que
decorreu ao longo da lecionação de uma Unidade Curricular a uma turma do 8º ano de
escolaridade, na disciplina de Educação Visual, desenvolvida na Escola Secundária
Francisco Simões.
P A R T E I – H O R I Z O NT A L I D A D E S E V E R T I C A L I D A D E S N O C O R P O D O
P R O J E T O
CAPÍTULO 1 – TERRITÓRIOS DE APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO
1.1 Aprendizagem como Processo
A aprendizagem est inculada história do homem, sua construção e
evolução enquanto ser social com capacidade de adaptação a novas situações.
esde sempre se ensinou e aprendeu, de forma mais ou menos elaborada e
organizada, antes do in cio deste século exis am explicaç es para a aprendizagem,
mas o seu estudo est in mamente ligado ao desen ol imento da psicologia en uanto
ciência. Contudo, este estudo não se processou de forma uniforme e concordante.
A aprendizagem tem sido considerada um processo de associação entre uma situação
estimuladora. Alguns teóricos consideram a aprendizagem como um processo mútuo,
em que o aprendiz utiliza-se de inúmeras maneiras e diferentes mecanismos para
aprender. Ao aprender algo novo tem seu comportamento modificado em vários
aspectos, lhe proporcionado um novo olhar sobre a realidade empírica. A sociedade
atual por estar em um contexto que sofre constantes modificações estruturais exige do
sistema educacional adaptações capazes de preparar o educando para assumir uma
vida profissional satisfatória as exigências do mercado de trabalho, bem como ainda
saber lidar com diferentes situações e emoções. Assim, cabe ao educador estar
inteirado destas transformações e conduzir o educando a um bom aprendizado. Para
auxiliar nessa jornada educacional, existem várias teorias, como o Inatismo, o
Empirismo, o Behaviorismo, o Construtivismo, entre outras, que ao longo do percurso
escolar servem de apoio no processo de aprendizagem.
A necessidade da aprendizagem é algo inerente em qualquer indivíduo desde o
nascimento, não importando o grau de capacidade ou de dificuldade que apresenta,
portanto, essa necessidade deve ser estimulada com precisão e sabedoria, e o
ambiente escolar, familiar e social são, sem dúvida, o lugar onde essa aprendizagem
ocorre com mais satisfação, pois a criança constrói seu saber diário ao observar as
pequenas coisas com as quais convive nesses ambientes.
Nos dias que correm, a aprendizagem continua a ser o principal canal de
transmissão de normas e valores, em que por meio de um processo dinâmico e
progressivo tem facultado ao indivíduo múltiplas situações de aprendizagem,
possibilitando-lhe a construção do conhecimento de maneira bem mais atraente.
É praticamente impossível uma definição precisa e abrangente de um conceito
tão amplo quanto o de aprendizagem, até o momento a ciência e as correntes teóricas
levantaram pressupostos sobre esse processo, mas ainda não foram capazes de
responder com total certeza sobre o que ocorre no cérebro de uma pessoa quando ela
aprende alguma coisa. É suposto que durante o processo de aquisição do
conhecimento ocorrem modificações no sistema nervoso, porém essas mudanças
ainda não foram precisamente detetadas. Segundo Assunção (2004, p.12):
[...] PELA IMPOSSIBILIDADE DE OBSERVAÇÃO DIRETA, A
APRENDIZAGEM É CONSTATADA E ESTUDADA DE MANEIRA
INDIRETA. ELA É ESTUDADA ATRAVÉS DOS EFEITOS QUE ELA
CAUSA NO COMPORTAMENTO. PARA CONCEITUAR
APRENDIZAGEM, PORTANTO, É PRECISO ANALISAR AS SUAS
CONSEQUÊNCIAS SOBRE A CONDUTA.
Dessa maneira, a aprendizagem é vista como um processo de mudança de
comportamento obtido por meio da experiência construída por fatores emocionais,
neurológicos, relacionais e ambientais resultantes da interação entre estruturas
mentais e o meio ambiente em que se vive, levando em consideração os conceitos
culturais que o grupo social conhece e considera correto. É, então, o resultado das
experiências anteriormente adquiridas, visto que cada experiência acrescenta aos
indivíduos novos saberes, e são justamente esses saberes que trazem mudanças de
comportamento. Se antes de aprender o indivíduo agia de forma incorreta, agora, com
a aprendizagem, irá agir de forma diferente, demonstrando que aprendeu. Assim, as
mudanças que acontecem no comportamento da pessoa são resultados do vínculo
entre as experiências anteriores e os novos conhecimentos adquiridos.
Quando se faz uma investigação mais detalhada sobre o tema aprendizagem,
algumas reflexões devem ser feitas, deve-se inicialmente questionar com muita ênfase
alguns itens como: que tipo de aprendiz é o aluno de hoje? Quais os tipos de
aprendizagens necessárias na atualidade? Quais são as diferentes perspetivas de
aprendizagem? Quais perspetivas de aprendizagem são mais aceitas hoje em dia? A
sociedade atual passa por diversas modificações estruturais, especialmente na forma
de ver seu próprio desenvolvimento, atualmente o conhecimento tem-se tornado
primordial para o crescimento de indivíduos e de nações, dentro desta perspetiva o
ato de aprender também passa a ser visto sob diferentes nuances. Fica cada vez mais
evidente a necessidade de uma aprendizagem mais dinâmica e voltada para os desejos
da sociedade ora intitulada sociedade do conhecimento.
O vocábulo aprendizagem deriva da raiz latina apreender, que significa
aproximar-se para tomar posse de algo, ou ainda, apropriar-se de algo. A
aprendizagem é um processo cognitivo, mas também um processo bastante complexo
que envolve o ser humano na sua totalidade, emocionalmente, intelectualmente e
fisicamente, sendo sempre um processo individual e subjetivo inerente a cada
indivíduo, uma vez que envolve a personalidade de cada um, as suas expectativas e
experiências pessoais, envolvendo, por isso, toda a sua história pessoal e a sua
componente psíquica e mental. Por isso nem todas as pessoas aprendem as mesmas
coisas a partir da interação com o meio físico, social e cultural que nos rodeia e nem
todas as pessoas conseguem aprender as mesmas coisas da mesma maneira. Cada um
aprende novas coisas apropriando essas aprendizagens à sua mente, à sua
personalidade, ao seu próprio EU físico e psíquico, criando significados diferentes para
essas mesmas aprendizagens. É efetuada uma síntese entre aquilo que somos e que já
sabemos e aquilo que aprendemos de novo. O processo de aprendizagem ocorre tanto
de maneira planejada, como de maneira natural, espontânea, mas, ele é um processo
constante e inacabado, pois acompanha o homem desde seu nascimento até o fim dos
seus dias. É importante compreender que a aprendizagem anda junto com o
crescimento, é o adquirimento gradativo da independência pessoal. Nesse processo
educativo a criança aprende a transferir os afetos para o grupo familiar e a busca
identificação em colegas e professores. Assim, o principal desafio dos pais e
professores é ajudar a criança a adquirir confiança em si mesma, a acreditar na própria
capacidade. É importante saber que as pessoas aprendem de diferentes maneiras e
que sua energia pode ser encaminhada para encontrar estratégias adequadas para a
aprendizagem.
1.2 Pinceladas de Memória
1.2.1 Desenvolvimento Cognitivo
A criança, à medida que evolui vai-se ajustando à realidade circundante, e
superando de modo cada vez mais eficaz, as múltiplas situações com que se confronta.
Os sucessivos ajustamentos da criança ao meio que se vão manifestando ao
longo do seu desenvolvimento devem interpretar- se em função desses mesmos
estádios.
Os vários psicólogos da criança não são unânimes no que se refere à sucessão
dos estádios, na medida em que cada um os aplica como instrumentos da sua própria
teoria explicativa.
Piaget refere-se a estádios não numa perspetiva global, mas cada estádio não
comportando todas as funções: mentais, fisiológicas, sociais e afetivas, mas somente
funções específicas. Assim considera a existência de estádios diferentes relativamente
à inteligência, à linguagem e à perceção. Piaget refere que a aceitação da noção de
estádio exige determinados pressupostos, tais como:
- Carácter integrado de cada estádio. As estruturas construídas e específicas de
determinada idade da criança tornam- se parte integrante da estrutura da
idade seguinte;
- Estrutura do conjunto. Os elementos constituintes de determinado estádio
estão intimamente ligados entre si e contribuem conjuntamente para
caracterizar determinada conduta;
- Todo o estádio tem um nível de preparação e um nível de consecução. O
estádio não surge definido e acabado, mas evolui no sentido da sua superação.
- As crianças podem iniciar e terminar determinado estádio em idades
diferentes. O período estabelecido para delimitar os estádios é médio.
Os estádios de Piaget colocam a tónica na função intelectual do
desenvolvimento. Ele não nega a existência e a importância de outras funções, mas
delimita e especifica o campo da sua investigação ao domínio da epistemologia
genética.
A psicologia da criança, em Piaget, quase se identifica com uma psicologia da
inteligência.
Cada estádio é definido por diferentes formas do pensamento. A criança deve
atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de
desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for estimulada / motivada
na devida altura não conseguirá superar o atraso do seu desenvolvimento. Assim,
torna-se necessário que em cada estádio a criança experiência e tenha tempo
suficiente para interiorizar a experiência antes de prosseguir para o estádio seguinte.
Normalmente, a criança não apresenta características de um único estádio, com
exceção do sensório - motor, podendo refletir certas tendências e formas do estádio
anterior e / ou posterior.
Contudo, este relatório debruça-se sobre uma faixa etária a partir dos doze
anos, onde a transição para o estádio das operações formais é bastante evidente
dadas as notáveis diferenças que surgem nas características do pensamento. É no
estádio operatório formal que a criança realiza raciocínios abstratos, não recorrendo
ao contacto com a realidade. A criança deixa o domínio do concreto para passar às
representações abstratas. É nesta fase que a criança desenvolve a sua própria
identidade, podendo haver, neste período problemas existências e dúvidas entre o
certo e o errado. A criança manifesta outros interesses e ideais que defende
segundo os seus próprios valores e naquilo que acredita.
O adolescente pensa e formula hipóteses, estas capacidades vão permitir-lhe
definir conceitos e valores, por exemplo estudar determinada disciplina, como a
geometria descritiva e a filosofia. A adolescência é caracterizada por aspectos de
egocentrismo cognitivo, pois o adolescente possui a capacidade de resolver os
problemas que por vezes surgem á sua volta.
1.2.2 Desenvolvimento Pessoal/ Interpessoal
Gardner diz no início do seu livro, The frames of mind: the theory of multiple
intelligences (1994, p. 7):
" (...) EXISTEM EVIDÊNCIAS PERSUASIVAS PARA A EXISTÊNCIA DE
DIVERSAS
COMPETÊNCIAS INTELECTUAIS HUMANA RELATIVAMENTE
AUTÔNOMAS ABREVIADAS
DAQUI EM DIANTE COMO 'INTELIGÊNCIAS HUMANAS'. ESTAS
SÃO AS 'ESTRUTURAS DA
MENTE' DO MEU TÍTULO. A EXATA NATUREZA E EXTENSÃO DE
CADA 'ESTRUTURA'
INDIVIDUAL NÃO É ATÉ O MOMENTO SATISFATORIAMENTE
DETERMINADA, NEM O
NÚMERO PRECISO DE INTELIGÊNCIAS FOI ESTABELECIDO.
PARECE-ME, PORÉM, ESTAR
CADA VEZ MAIS DIFÍCIL NEGAR A CONVICÇÃO DE QUE HÁ PELO
MENOS ALGUMAS
INTELIGÊNCIAS, QUE ESTAS SÃO RELATIVAMENTE
INDEPENDENTES UMAS DAS OUTRAS E
QUE PODEM SER MODELADAS E COMBINADAS NUMA
MULTIPLICIDADE DE MANEIRAS
ADAPTATIVAS POR INDIVÍDUOS E CULTURAS."
Esta obra foi escolhida como ob eto de reflexão a ser “apresentado” como
complemento e uma mais-valia neste trabalho, ao considerar que as pesquisas
recentes na área de psicologia cognitiva aplicada à educação que sustentam são
fundamentais, tanto para professores como alunos. Para os professores é um aspecto
imprescindível para o reconhecimento dos potenciais dos alunos e, para os alunos,
este conhecimento serve como impulso para a reflexão sobre os seus próprios
processos de aprendizagem.
Acredito também que, com o conhecimento da Teoria das M.I. ter-se-á mais
pontes para compreender melhor os motivos pelos quais os alunos têm um
desempenho satisfatório ou não face a determinadas atividades do ensino.
Dentre as sete inteligências enumeradas pelo autor: inteligência linguística,
inteligência interpessoal, inteligência intrapessoal; inteligência lógico matemática,
inteligência musical, inteligência espacial e inteligência corporal cinestésica, registo
com maior profundidade apenas as três primeiras, pois ao nível da Comunicação e,
mais especificamente, no ensino/ aprendizagem, observo um maior envolvimento
destas potencialidades.
Deste modo, uma competência intelectual humana deve desenhar um conjunto
de habilidades de resolução de problemas assim como, os aspectos valorizados nos
indivíduos diferem entre diferentes culturas. Por isso, propor problemas, origina deste
modo uma pedra toque para a aquisição de novos conhecimentos onde o potencial
humano deve ser e tem de ser sempre mencionado de acordo com o seu contexto.
A competência linguística é a inteligência mais ampla e democraticamente
partilhada na espécie humana. Observo em diferentes culturas, mais especificamente,
nas sociedades tradicionais em oposição à nossa cultura ocidental, variações quanto
ao tipo de valores atribuídos a determinados usos de linguagem.
A capacidade de reter informações por muito tempo foi uma área acarinhada por
psicólogos ocidentais, ao ser uma forma de inteligência linguística especialmente
valorizada em sociedades pré-literárias tradicionais. Além deste domínio, verifico ainda
nestas culturas a valorização da linguagem oral, da retórica e do jogo de palavras.
Em contrapartida, na nossa cultura, a ênfase é relativamente maior na palavra
escrita, no modo de retenção da informação a partir de leituras e de expressão
adequada pela palavra escrita. Neste sentido, cabe frisar, que as formas orais e escritas
da linguagem baseiam-se em algumas das mesmas capacidades, contudo, a expressão
adequada por escrito envolve algumas habilidades adicionais específicas, como a
necessidade de desenhar aquele contexto que na oralidade é expresso a partir de
fontes não linguísticas (como gestos, tons de voz, etc.) e de expressar unicamente
através de palavras exatamente o assunto apresentado.
As inteligências interpessoais e intrapessoais são aqui mencionadas, pois o
desenvolvimento de ambas pode estar estreitamente relacionado dependo da
abordagem utilizada. No início do século XX, Freud e James representavam
movimentos históricos diferentes, tradições filosóficas diferentes e programas
diferentes para a psicologia. Freud considerava a saúde como consequência do
autoconhecimento e da disposição para confrontar as ine it eis “dores” e paradoxos
da existência humana. Em contrapartida, James adotou uma forma de psicologia de
orientação mais aberta às possibilidades de mudança e crescimento. Segundo ele, “Um
homem tem tantos eus sociais quanto há indivíduos que o reconhecem e têm uma imagem
dele em sua mente.” (In, JAMES, W. Psychology. New York: Fawcet, 1963. P. 169).
Apesar das diferenças, Freud e James encontraram um ponto de concorrência na
crença na centralidade do indivíduo, ou seja, na convicção de que a psicologia deve ser
construída em torno do conceito de pessoa, de modo a que contemple a sua
personalidade, crescimento e destino.
Assim, as inteligências pessoais representam o desenvolvimento de dois
aspectos da natureza humana. De um lado, há o desenvolvimento dos potenciais
internos de uma pessoa, denominada inteligência intrapessoal. Numa forma mais
primitiva, a inteligência intrapessoal equivale a pouco mais do que a capacidade de
distinguir um sentimento de prazer de um de dor e, com base nesta discriminação,
tornar-se mais envolvido ou retrair-se de uma situação. Num nível mais avançado, o
conhecimento intrapessoal permite que detetar e simbolizar conjuntos de sentimentos
complexos e diferenciados.
Por outro lado, temos a capacidade do indi duo de se “ oltar” para outros indi duos,
denominada inteligência interpessoal. A capacidade central aqui é a de observar e
fazer distinções entre outros indivíduos e, em particular, entre os seus humores,
temperamentos, motivações e intenções.
Sobre as inteligências pessoais pode dizer-se que são muito mais distinguíveis,
menos comparáveis e, até mesmo, não passíveis de serem (re) conhecidas por alguém
de uma sociedade estranha. Enfatizo que estas formas de conhecimento são de
extrema importância em quase todas as sociedades do mundo. Esta afirmação tem
como base, o facto de tanto a inteligência interpessoal, quanto a intrapessoal,
demonstrarem um centro identificável constituído de um padrão característico de
desenvolvimento e de estados finais específicos, assim como, de impressionantes
evidências para a representação neurológica e para os padrões discerníveis de falhas.
Pode-se dividir o crescimento do conhecimento pessoal em várias etapas ou estágios.
Em cada etapa é possível identificar determinadas características importantes para o
desenvolvimento da inteligência intrapessoal, bem como outros fatores que provam
ser cruciais para o crescimento da inteligência interpessoal.
Os processos educacionais que desenvolvem os elementos constituintes das
inteligências múltiplas e a forma como essas competências podem ser avaliadas de
forma adequada, são aspectos a serem considerados quando se trata de uma teoria da
cognição. Do ponto de vista da cultura, um grande número de indivíduos está
continuamente a nascer e a necessitar de ser socializado segundo normas, valores e
práticas que prevalecem, deste modo tem de se ter conta as inteligências particulares
utilizadas num encontro educacional. Assim, mesmo que várias inteligências possam
ser exploradas como meio de transmissão, o material real a ser dominado pode ele
próprio incidir justamente no domínio de uma inteligência específica.
Os meios reais de aprendizagem (meios de transmissão) constituem um outro
componente. Os meios diferem de acordo com os tipos de inteligências necessárias
para o seu uso adequado, assim como os diferentes tipos de informações por eles
apresentados com maior facilidade e, dependendo do que está ser ensinado, pode não
haver necessidade de qualquer intermediação.
A outra variável são as localizações específicas onde a aprendizagem ocorre. A
aprendizagem pode ocorrer no próprio local no qual a atividade ou não, poderá ter um
caráter móvel na medida em que as sociedades estão cada vez mais complexas e as
tarefas mais intercruzadas, sendo que a aprendizagem ocorre crescentemente em
contextos remotos do local real de prática.
Por outro lado, os agentes particulares encarregados da tarefa de ensino são
outra variável de braço dado com o contexto geral no qual a aprendizagem ocorre.
Verifica-se, numa sociedade não-alfabetizada tradicional, que a aprendizagem é
considerada um pré-requisito para a sobrevivência. Em contrapartida, observa-se em
sociedades onde a alfabetização é transmitida num cenário religioso tradicional, um
processo de seleção gradual de alguns indivíduos para terem um conhecimento
especializado. Oposto a este contexto, encontro as sociedades tecnológicas modernas
que, devido à ampla gama de papéis e habilidades, caracterizam-se por um grande
envolvimento dos indivíduos no que concerne à divisão do trabalho.
Tendo em consideração apenas alguns tópicos-chave sobre as críticas à Teoria
das M.I., pude verificar que as questões relativas ao assunto são bastante complexas e
impossíveis de serem analisadas por uma pessoa leiga na área. Contudo, a leitura foi
bastante útil para uma compreensão mais consciente dos modos pelos quais se dá a
aprendizagem, pois possibilitou uma apreensão mais criteriosa da Teoria de Gardner.
Independentemente do campo a que está subordinado o estudo das inteligências
pessoais, foi importante a reflexão sobre os potenciais inerentes à esfera pessoal.
Observo que muitas vezes em contexto de sala de aula, este aspecto é simplesmente
desconsiderado mesmo existindo disciplinas e ramos de atuação profissional que
exijam do indivíduo o domínio deste potencial. Concluo que, para os professores é
fundamental ter uma visão holística dos potenciais envolvidos na consecução eficiente
dos conteúdos e, sobretudo, uma compreensão sensível às formas de aprendizagem
dos alunos. A adequação dos métodos de ensino aos perfis específicos dos alunos é
fundamental para que as diferenças pessoais, que é um elemento imprescindível para
o enriquecimento social e, mais especificamente, do meio profissional, não sejam uma
barreira para o aluno.
1.2.3 DESENVOLVIMENTO DA EXPRESSÃO (ÕES)
“ONLY ART IS CAPABLE OF DISMANTLING THE REPRESSIVE
EFFECTS OF A SENILE SOCIAL SYSTEM.”
(BEUYS, JOSEPH IN HARRISON, CHARLES; WOOD, PAUL (1992: 901,
902). 1973)
A relação entre os processos de aprendizagem e as artes visuais revela-se
emparceirada, na medida em que, ao serem escolhidos os métodos de entre um
conjunto de propostas, não se esgotam nos elementos formais, mas sim, remetem
para uma análise dos conteúdos afins às obras de arte. Deste modo, as abordagens
que se referem a este problema têm uma relação muito direta com os mais recentes
dispositivos artísticos, através dos quais procuramos compreender a importância de
inúmeros aspectos da realidade, como, por exemplo, as condições de vida da
sociedade ocidental, a identidade, o género ou o impacto tecnológico.
Simetricamente, a arte contemporânea permite, ao nível da receção, validar um
conjunto de reflexões ponderadas em torno de experiências pessoais e de valores
culturais, e, desse modo, confrontar todo o tipo de estereótipos, como por exemplo, a
beleza, a originalidade e a autoridade, ao mesmo tempo que se apropria de elementos
da cultura visual incluindo os massmedia e as novas tecnologias digitais.
Somos hoje, mais do que nunca, influenciados pelo crescimento do pluralismo
social, pela globalização e pela necessidade em desenvolver políticas sociais de
inclusão. Tornou-se num fenómeno. A arte contemporânea possui um grande
potencial pedagógico, tanto nos museus, como em sala de aula (In ATKINSON, Dennis
2006 – School Art Education: Mourning the Past and Opening the Futur. Journal of Art
and Design Education [Em linha]. Vol. 25, No.1. Blackwell Publishing, 2006). Addison e
Burgess, Atkinson, Efland, Hughes (1999) e Steers têm respondido às dificuldades
inerentes à implementação de um conjunto de estratégias inovadoras para o ensino
artístico, capazes de denunciar o estado de anacronismo em que este presentemente
se encontra. Todos são unânimes em considerar, por exemplo, que o compromisso
com as práticas artísticas contemporâneas diz respeito a métodos directamente
implicados na aprendizagem autónoma e na subjetividade. Anteriormente equacionei
problemáticas que se referem aos paradigmas mais recentes do ensino das artes
visuais dentro de uma esfera que conduz a uma reciprocidade entre educação artística
e cognição, à emergência de um modelo de ensino. O que me permitiu compreender
que existe um défice de investigação relativamente ao ensino das artes visuais no ensino
básico, terceiro ciclo. O segundo, e não obstante o fascínio que as teorias pedagógicas
possam despoletar, reflete a falta de experiências inovadoras e estimulantes subordinadas
ao desenvolvimento artístico dos jovens adolescentes.
Num outro mapa de pensamento, encontro no centro da discussão o isolamento
para o qual as disciplinas artísticas estão a ser remetidas, bem como uma nova geração
de académicos que procuram estudar os aspectos cognitivos das artes visuais, fazendo
pesar o argumento de que a proliferação desmesurada de imagens visuais na
sociedade contemporânea pode exercer um impacto persuasivo que deve ser
sistematicamente inquirido na escola. Face ao teor cognitivo presente no ensino
artístico posso constatar que a cognição artística está imersa em regras de simbolismo,
como a descrição e a representação, não existindo espaço para a metáfora e a
expressão. Estamos perante um conhecimento ambíguo. Efland (In, EFLAND, Arthur D.
(2002) - Art and Cognition: Integrating the Visual Arts in the Curriculum. New York:
Teachers College. National Art Education Association) discursa um compromisso entre
a imaginação e as atividades narrativas e metafóricas, permitindo, deste modo,
reconhecer que as artes visuais estimulam o desenvolvimento cognitivo, na medida em
ue induzem a produção de “mapas de conhecimento”. Efland, faz referência a
Jameson (In, JAMESON, Frederic (1983) – Postmodernism and Consumer Society in
FOSTER, Hal–The Anti-Aesthetic. Essays on postmodern Culture. Seattle, Washington:
Bay Press), que defende que o estudo da obra de arte contemporânea favorece uma
ampliação do conhecimento da cultura pós-moderna, ao afirmar: “Since one of the
purposes of education is to enable individuals to understand their personal and social
worlds, works of visual art may play a role of landmarks in the cognitive mapping of
these worlds. Moreover, the mapping of the postmodern condition may include both
popular and high culture (...)” (Efland, 2002: 125).
No que concerne à resistência que se faz sentir por parte da comunidade escolar
ao ensino das artes visuais, considero que a educação artística está recetiva à
experimentação e à descoberta, onde ventos de mudança sopram por entre margens
de um modelo pós-modernista, em que o currículo pluralista se revela
excecionalmente eficaz para transmitir conhecimentos e as novas tecnologias, que
desenham uma espécie de procura pelo progresso. A arte contemporânea promove
assim, o pensamento, uma vez que alicerça o debate da cultura visual e da cultura
artística, na procura por um entendimento estético da obra de arte como fenómeno
que problematiza a sociedade em todos os seus aspectos, sejam eles de ordem
política, cultural ou social e, permite sobressair a individualidade dos jovens.
Hoje, mais do que nunca, a versatilidade e permeabilidade às abordagens
didáticas que oscilam entre um ensino dogmático das artes visuais e os métodos
experimentais impulsionam um desenvolvimento da criatividade em sala de aula,
permitindo originar novas possibilidades de instrumentalização dos conteúdos
programáticos, que se desenvolveram muitas vezes num sistema de tentativa e erro.
Para Abbs (In, ABBS, Peter (2003), Against the Flow. Education, the arts and
postmodern culture. Oxon, Routledge), a autenticidade da educação perdeu-se em
deferimento de um ensino calculista, ou seja, tendo como base o currículo. O autor
procurou denunciar o pós-modernismo, período em que, na sua opinião, uma fileira de
projetos educativos não foi capaz de ultrapassar a crise ideológica instalada.
A função das artes visuais no desenvolvimento educacional é um objeto de
estudo que depende maioritariamente dos constrangimentos de ordem humana com
que nos debatemos nas escolas. Partilho determinados pontos de vista de alguns
autores anteriormente referidos, ao admitir que a sociedade encontra-se à beira do
colapso visual. Ressentindo-se com o défice de dimensão filosófica (Abbs, 2003), o
ensino artístico deve ser explorado através da criatividade. Contudo, desejo que nas
escolas subsista o desejo de abraçar projetos inovadores, capazes de atenuar as
adversidades do quotidiano. Na organização escolar, o ensino artístico transgressor
emerge quando se conjugam a iniciativa, a competência profissional e o impulso
criativo.
PARTE I – HORIZONTALIDADES E VERTICALIDADES NO CORPO DO
PROJETO
Capítulo 2 – Destabilizar o Olhar – Motivação e Criatividade
2.1 A Motivação como desbloqueador da Aprendizagem
2.1.1 Teorias Motivacionais
“O desenvolvimento não se orienta para a socialização, mas à
conversão das relações sociais em funções psíquicas. (…)
Costuma-se perguntar como se comporta a criança no
coletivo. A pergunta que fazemos é como o coletivo cria, na
criança, as funções psíquicas superiores”
(Vygostsky, 1995:151)
“O lugar cívico da educação e de vida em que o criar vá muito
além do saber em que o jogar se encontre com o trabalho, em
que a liberdade crie sua própria disciplina e em que o
contemplar domine o agir, e o adorar se sobreponha ao
poder”.
(Agostinho da Silva)
“Não há ventos favoráveis para os que não sabem para onde
vão”
(Seneca in Fazer da Escola Um projeto de João Barroso)
Motivação, (motivar + ação), a palavra deriva do latim motivus, que significa
deslocar-se, e movere, que significa mover-se, de certo modo, motivação quer dizer
movimento. O significado da palavra está associado a um conjunto de fatores que
determinam a ação de um indivíduo, ou seja, algo que ativa e orienta a conduta. Esses
fatores podem ser internos ou externos, cada pessoa desenvolve ações, consoante os
seus objetivos, desejos, carências, medos ou ambições. Segundo Rheinberg (In,
Rheinberg, Falko (2000). Motivation. Stuttgart: Kohlhammer) a “Motivação é um
construto e se refere ao direcionamento momentâneo do pensamento, da atenção, da
ação a um objetivo visto pelo indivíduo como positivo. Esse direcionamento ativa o
comportamento e engloba conceitos tão diversos como anseio, desejo, vontade,
esforço, sonho, esperança entre outros.” Em psicologia, define-se, frequentemente,
um ciclo motivacional, constituído por três etapas: necessidade, impulso e meta
(objetivo). A necessidade dá origem ao impulso, este por sua vez orienta para a ação,
ou seja, aos comportamentos que permitirão atingir o objetivo.
Os estudos sobre a motivação têm compreendido diferentes correntes da
psicologia, sendo as mais conhecidas, a Behaviorista (ou Comportamentalista), a
Cognitivista e a Humanista. A primeira, explica os comportamentos em termos de
estímulo – resposta, segundo John B. Watson, o estímulo pode ser qualquer objeto ou
mudança física, e a resposta, aquilo que o indivíduo faz. A motivação mantém-se, até
que o estímulo desapareça. A teoria behaviorista, entende que, o condicionamento
não inclui pensamentos, sentimentos nem intenções, apenas o que é passível de
observação é considerado. Já na teoria cognitivista, com Jean Piaget como principal
impulsionador, as pessoas não respondem automaticamente, e começa a valorizar os
estímulos internos do indivíduo. Neste trabalho, interessa-me focar a teoria
humanista, amplamente conhecida, devido a nomes como Abraham Maslow ou Henry
Murray. Esta corrente, foca a importância da liberdade pessoal e a possibilidade de
melhoramento.
A perspetiva de Maslow, conhecida por Hierarquia das Necessidades, consiste em
cinco níveis de necessidades, organizadas prioritariamente: fisiológicas, segurança,
sociais, estima e realização pessoal. Dividiu ainda em necessidades de nível inferior,
deficiência, e necessidades de nível superior, ser. Murray também fez uma divisão das
necessidades, em necessidades primárias (obter água e alimento) e vinte e oito
necessidades secundárias. A definição de patamares de necessidades, para entender a
motivação humana, não é exclusiva destas duas perspetivas, também Clayton Alderfer
definiu diferentes necessidades, na sua teoria Existence, Relatedness and Growth ou
Existência, Relação e Crescimento, ou David McClelland, com a Teoria da Motivação
pelo Êxito e/ou Medo, ao definir três necessidades: realização, afiliação e poder.
Além do conceito de necessidades, também foi abordado o conceito de
expetativas, Victor H. Vroom na sua teoria das expetativas da motivação, propõe que,
um indivíduo decide agir de determinada forma, ou seja, escolhe os comportamentos,
porque está motivado para um determinado objetivo por si definido, relacionando o
seu esforço com base nos objetivos que pretende atingir, tendo em conta o valor que
atribui a esses mesmos objetivos e a avaliação que faz da possibilidade de os atingir. O
processo pelo qual um indivíduo toma decisões, está vinculado ao processo cognitivo
individual na crença de que os resultados esperados estarão de acordo com os
resultados desejados. Salienta desta forma, três aspetos centrais, a valência, a
expetativa e a instrumentalidade.
Influenciados pela teoria humanista, Edward Deci e Richard Ryan, desenvolveram
a Teoria da Autodeterminação. A teoria engloba aspetos da personalidade, do
contexto e da sociedade, considera os processos de desenvolvimento e aprendizagem
e que se foca acima de tudo, nas características do ser humano, podendo ser aplicada,
não só à educação, como a outras áreas. Tem como pressupostos básicos, uma visão
do ser humano enquanto organismo ativo, orientado natural e expontâneamente para
o crescimento e desenvolvimento, que determina metas e procura desafios. Com o
objetivo de atingir as metas autopropostas, o indivíduo, procura desenvolver
atividades com as quais se sinta identificado.
2.1.2 AMBIÊNCIAS MOTIVADORAS
Sendo a Teoria de Autodeterminação, tão abrangente, abordo a motivação,
tendo em conta a proposta de Deci e Ryan, que propõem uma divisão da Teoria da
Autodeterminação em quatro subteorias:
A Teoria das Necessidades Básicas, necessidades essas constituídas pela
competência, relacionamento e autonomia. Se um indivíduo reunir estas três
condições, terá mais energia, orientação e persistência, ou seja estará mais motivado.
A Teoria da Avaliação Cognitiva, ou motivação intrínseca, as pessoas são
motivadas por fatores internos, realizam as tarefas pelo simples prazer de as fazer,
sem qualquer relação com recompensas ou castigos, elas controlam totalmente a
situação.
A Teoria da Integração Organísmica, ou motivação extrínseca, isto é, muitas
vezes, as pessoas necessitam dos fatores externos de motivação, como um incentivo
ou uma consequência exterior. Dado que, frequentemente, a motivação extrínseca, é
apropriada pelo indivíduo, como sendo motivação intrínseca, existem diferentes graus
de integração. A regulação externa consiste num comportamento que tem origem em
situações totalmente fora do controlo do indivíduo. A regulação interna é quando o
indivíduo tem uma motivação intrínseca, mas que não é totalmente apropriada como
tal, associado a sentimentos de dever, obrigação, ansiedade, vergonha, entre outros. A
regulação identificada, quando o indivíduo entende as consequências externas e
valoriza-se. A regulação integrada, quando o indivíduo controla e se apropria
inteiramente da motivação.
Por fim, a Teoria das Orientações Causais, o grau de autonomia depende da
satisfação das necessidades básicas e dos diferentes graus de integração das
motivações extrínsecas, sendo que, em casos de maior integração, reforça-se a
motivação intrínseca. Tudo aquilo que constitui o exterior, o ambiente envolvente do
indivíduo, influência as suas motivações intrínsecas.
Consegue-se, deste modo, identificar os tipos e fatores de motivação, podendo os
últimos ser internos ou externos, e os tipos de motivação, podem focar os diferentes
graus de integração assim como as diferentes subteorias. Guimarães & Boruchovitch
(In, Guimarães, S. & Boruchovitch E. (2004). O Estilo Motivacional do Professor e a
Motivação Intrínseca dos Estudantes: Uma Perspectiva da Teoria da
Autodeterminação. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17 (2), pp. 143-150) referem que,
segundo a Teoria da Autodeterminação, “a atenção para as necessidades sócio
emocionais dos estudantes é essencial para a construção de um ambiente
educacional potencialmente motivador, principalmente por parte dos professores e
administradores escolares.” (p. 145) É portanto, necessário, considerar se os
estudantes têm satisfeitas as suas necessidades básicas, como Guimarães &
Boruchovitch (2004) dizem, ao citar Deci e Ryan, “...para serem intrinsecamente
motivadas, as pessoas necessitariam se sentir competentes e autodeterminadas.” (p.
144).
2.1.3 Demarcação de formas (DIS) FORMES na Criatividade dos alunos
Ainda é possível, encontrar perspetivas da motivação na aprendizagem, que nos
remetem para a teoria behaviorista em particular. Frequentemente, ouvimos e/ou
presenciamos situações, em que a aprendizagem está associada a algum tipo de
recompensa ou castigo. O comum quadro de honra, que figura na maior parte das
escolas, para recompensar os ditos “bons alunos”, e as salas de gestão de conflitos ou
tutoria, entre outros nomes que as escolas escolhem, para castigo ou punição por mau
comportamento, são exemplos da materialização da presença de perspetivas, que
ainda não consideram toda a dimensão do ser humano. Portanto, como diz Raasch (In,
Raasch,L. (1999). A Motivação do Aluno para a Aprendizagem. Nova Venécia, Brasil:
Diário Oficial da União, p.3) “Devemos ir além do cognitivo, precisamos avaliar a
afetividade, pois à medida que o educando adere às propostas feitas, teremos,
certamente, uma mudança de comportamento, o que pressupõe a aprendizagem.”.
Se considerarmos o ponto quatro, do art. 2º, denominados de Princípios Gerais,
presente no documento de Lei de Bases do Sistema Educativo: “O sistema educativo
responde às necessidades resultantes da realidade social, contribuindo para o
desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos indivíduos, incentivando a
formação de cidadãos livres, responsáveis, autónomos e solidários e valorizando a
dimensão humana do trabalho.” (p. 1). É incontornável, falar em dimensão humana,
em desenvolvimento pessoal e em incentivo, sem falar em motivação. Segundo
Bzuneck & Guimarães (In, Bzuneck, J. & Guimarães, S. (2007), Estilos de Professores na
Promoção da Motivação Intrínseca: Reformulação e Validação de Instrumento.
Psicologia: Teoria e Pesquisa. Vol. 23 n.º 4, pp. 415-422.), “Ter alunos intrinsecamente
motivados no contexto escolar é um sonho acalentado por todo o professor que
conheça a descrição e as consequências desse estado motivacional.”.
Os professores, não devem esperar que a motivação dos alunos, seja meramente
ocasional, até porque, fazem parte dos pressupostos de um professor fazer parte
desse processo de motivação, como é possível constatar, se tivermos em conta o Art.
3º, ponto b, Princípios Organizativos, da Lei de Bases do Sistema Educativo, “Contribuir
para a realização do educando, através do pleno desenvolvimento da personalidade,
da formação do carácter e da cidadania, preparando-o para uma reflexão consciente
sobre os valores espirituais, estéticos, morais e cívicos e proporcionando-lhe um
equilibrado desenvolvimento físico.” (p. 1), assim como o ponto f do mesmo artigo:
“Contribuir para a realização pessoal e comunitária dos indivíduos, não só pela
formação para o sistema de ocupações socialmente úteis mas ainda pela prática e
aprendizagem da utilização criativa dos tempos livres.” (p. 2). Para corresponder aos
princípios gerais e organizativos apresentados, assim como, para atingir os objetivos
propostos na Lei de Bases, quer para o ensino básico, quer para o ensino secundário, é
necessário que os docentes, tenham presente a importância do papel da motivação e
o seu papel na promoção da mesma.
Se tivermos em conta, o Decreto-Lei n.º 240/2001, no ponto III, referente à
dimensão de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, a alínea f, (o professor)
“Promove a aprendizagem sistemática dos processos de trabalho intelectual e das
formas de o organizar e comunicar, bem como o envolvimento ativo dos alunos nos
processos de aprendizagem e na gestão do currículo.” (p. 4). Este envolvimento ativo,
abrange, intrinsecamente, a questão da motivação dos alunos e das estratégias de
ensino. Através de uma participação efetiva, na aprendizagem e na gestão do
currículo, os alunos poderão estar mais motivados para todo o processo de ensino-
aprendizagem, pois sentem que fazem parte dele. O professor pode então, olhar para
estes pressupostos, como orientações para a criação de estratégias de ensino, que
permitam incluir o aluno nas atividades e sentir-se parte integrante do sistema. Tal
como é referido, ainda no mesmo decreto-lei, ponto V, dimensão de desenvolvimento
profissional ao longo da vida, na alínea a, (o professor) “reflete sobre as suas práticas,
apoiando-se na experiência, na investigação e em outros recursos importantes para a
avaliação do seu desenvolvimento profissional, nomeadamente no seu próprio projecto
de formação.” (p. 5). Por isso, tal como Raasch (1999) defende “É essencial que o
professor conheça os fundamentos da aprendizagem e as principais teorias sobre
motivação, pois só sabe motivar para aprendizagem quem conhece como os alunos
aprendem. A formação do professor e a sua visão social são determinantes, aliado às
suas atitudes em sala de aula e à organização do ensino.” (p. 10).
Encontro um paralelismo entre estratégias didáticas com a perspetiva de Rubem
Alves, quando este, em entrevista dada à revista Pais & Filhos, com o título “a escola
destrói crianças”, apresenta, através de diversas metáforas, o carácter destrutivo da
escola atual na aprendizagem das crianças, sistema esse, baseado na “ideia da linha de
montagem”, que pressupõe que todos aprendam ao mesmo e ao mesmo ritmo,
ignorando assim as características únicas, vivências e ritmos de aprendizagem de cada
indivíduo. Ou seja, a tal permanência das estratégias ainda muito ligadas à teoria
behaviorista. Tal como Rubem Alves propõe, procuro também um sistema de ensino
mais aberto, que tenha em conta a opinião dos alunos, um sistema em que os
professores tenham um papel de provocadores, que incentivem os alunos a pensar e
despertarem a curiosidade de aprender e de procurar. Um ponto de vista, em que é
necessário ensinar a procurar e a pesquisar aquilo que as crianças querem aprender, o
que em última análise, será aquilo que precisam de aprender. Isto é, uma perspetiva
mais baseada na teoria humanista, correspondente a muito dos pressupostos da
Teoria da Autodeterminação. Preocupa-se em satisfazer as necessidades básicas,
definidas por esta teoria, a competência, o relacionamento e a autonomia,
caminhando deste modo, para que os alunos tenham mais energia, orientação e
persistência, ou seja, estejam mais motivados. Se considerarmos a Teoria da Avaliação
Cognitiva, o professor procura que os seus alunos desenvolvam as tarefas pelo simples
prazer de as fazer, pois eles têm total liberdade criativa, fazendo com que elas sintam
que controlam totalmente a situação. É também, fácil verificar, na postura em sala,
que a motivação extrínseca que proporciona, tem em conta a necessidade de
incentivo, que, dentro do conceito da Teoria da Integração Organísmica, poderá variar
de aluno para aluno, isto é, nem todos os indivíduos têm o mesmo grau de integração
dos fatores externos de motivação, e o professor deve ter consciência de que cada um
deve ser motivado de maneira diferente.
PARTE I – HORIZONTALIDADES E VERTICALIDADES NO CORPO DO PROJETO
Capítulo 3 – CORPOS MAPEADOS NUMA RELAÇÃO PEDAGÓGICA
3.1 CONEXÕES PROFESSOR/ APRENDIZAGEM
Os professores, mais do que escolherem uma determinada perspetiva sobre a
motivação dos alunos, devem ter em conta, aquilo que é esperado deles enquanto
profissionais. Se consultarmos o Decreto-Lei n.º 240/2001, de 30 de Agosto de 2001,
diz que: “O professor promove aprendizagens curriculares, fundamentando a sua
prática profissional num saber específico resultante da produção e uso de diversos
saberes integrados em função das ações concretas da mesma prática, social e
eticamente situada.” (p. 3), é claro que o papel do professor está definido. Este deve
preocupar-se com a efetiva aprendizagem dos alunos, para tal, deve estar
devidamente atualizado e enquadrado na realidade. A motivação deve assim fazer
parte integrante, deste processo de interesse pela aprendizagem por parte do
professor, segundo Jesus, (In, Jesus, S. (2008). Estratégias para motivar os alunos.
Educação: Porto Alegre. pp. 21-29) “a aprendizagem e a motivação dos alunos
depende da identificação destes com o professor” (p. 22).
Entendo assim, que o professor deve alimentar uma relação de identificação com
os alunos, o que lhe permitirá funcionar como um fator externo de motivação positiva,
atingindo, em última análise, a motivação intrínseca. A importância da motivação para
a aprendizagem revela-se se os jovens se sentirem mais motivados nas aulas, com as
diferentes tarefas/atividades que lhes são solicitadas, mais facilmente conseguem
apreender a informação. Reforçando ainda que, como se sentem interessados, é mais
provável que nunca esqueçam o que aprenderam em determinada altura. Ao ser
consciente da importância da motivação na aprendizagem, o professor assume a
responsabilidade de motivar os alunos, tal como Raasch (In, Raasch, L. (1999). A
Motivação do Aluno para a Aprendizagem. Nova Venécia, Brasil: Diário Oficial da União)
defende “Precisamos exterminar a queixa muito comum entre os professores
referentes ao desinteresse por parte dos alunos em aprender, a ação do professor
deve conseguir dos alunos um comprometimento pessoal com a sua própria
aprendizagem, essa motivação depende de vários fatores, sejam pessoais ou
contextuais. Em relação aos pessoais, as metas são fundamentais, já nos contextuais,
o começo da aula, a organização das atividades, a interação do professor com seus
alunos e a avaliação da aprendizagem são preponderantes. Esses momentos
dependem da iniciativa do professor.” (p. 11).
3.2 TEMPORALIDADES NA SALA DE AULA
Um dos aspetos interessantes é o facto de existirem alunos naturalmente
motivados e em diferentes temporalidades, e nesses casos, o professor deve ter em
conta que as suas ações devem manter e alimentar essa motivação inata. Para muitos
alunos existem muitos fatores que os desmotivam, sendo que alguns professores
criam um patamar muito rígido, onde os alunos se sentem incapazes de ultrapassar,
mesmo que seja para fazer uma pergunta sobre algo que não tenham percebido bem.
Quando se criam este tipo de barreiras, claramente se coloca em causa a
aprendizagem, pois tal como Raasch (In, Raasch, L. (1999). A Motivação do Aluno para a
Aprendizagem. Nova Venécia, Brasil: Diário Oficial da União) refere é “convivendo com
outras pessoas e solucionando os problemas encontrados é que o aprendente terá
capacidade de se reorganizar e construir cada vez mais as suas estruturas mentais e
atingir a equilibração...” (p. 12), por isso mesmo, o mesmo autor diz que “É
fundamental, motivar o aluno, mantê-lo interessado, porque ninguém transfere
conhecimento, transferem-se dados e informações.” (p. 11).
Estas experiências de desmotivação, devido à distância entre professor aluno,
parecem influenciar a postura de muitos professores, pois quando se coloca a questão
se entendem o que motiva os alunos, acima de tudo eles precisam de sentir que
podem contar com os professores, precisam que os professores acreditem neles e nas
suas capacidades. Mais uma vez, a perspetiva cruza-se com a de Raasch (1999),
quando este diz que “O desenvolvimento do pensamento se dá através da relação do
aprendente com o mundo que o rodeia, por isso é importante que o ambiente seja
repleto de estímulos e desafios para que o mesmo possa organizar os seus processos
internos e se adaptar à realidade.” (p. 12). Ao contrário de criar barreiras e distâncias
entre os professores e os alunos, procuro saber as suas motivações, o que eles gostam
e pelo que se interessam, referindo que o facto de nos mantermos numa posição de
relativa igualdade e de os alunos acreditarem que o professor está disposto a ouvi-los,
a aprender com eles e a aceitar as suas ideias, funciona como estratégia de motivação
para a aprendizagem nas aulas. Parece, portanto, que essa relação de identificação faz
parte das estratégias do professor.
Um outro aspeto fundamental, é a valorização da autonomia, quando se diz que
para motivar os alunos se procura dar autonomia, sem os deixar abandonados, que ao
dar demasiada autonomia, alguns ficam completamente perdidos e acaba por
acontecer o efeito contrário. Desmotivam, e não sabem como podem avançar.
Começam a ver os colegas a ter ideias, a ser autónomos e criativos, e sentem-se
inferiorizados por não conseguirem fazer o mesmo. Apesar da estratégia de autonomia
já se ter demonstrado falível, quando esta é em demasia, não abdica da intervenção
direta dos alunos em todo o processo de ensino-aprendizagem, incluindo a abertura
para ajustar os programas das disciplinas a cada um deles.” e “promo er,
constantemente, a criatividade, logo promove o pensamento crítico e contribui
claramente para o desenvolvimento da motivação intrínseca, que, segundo Guimarães
& Boruchovitch (2004). “...é o fenômeno que melhor representa o potencial positivo da
natureza humana...” (p. 143).
3.3 Ambiências na sala de aula
O desenvolvimento das novas tecnologias é um fator decisivo para a aceleração
da transição para uma nova era, marcada por estas constantes e rápidas mudanças.
No entanto, quando se fala em artes visuais, devemos ter em consideração duas
dimensões: a artística e a estética. A primeira tem como pedra toque a produção da
obra, que depende de um saber-fazer. Daí, que seja importante não descurar o
aspecto da aprendizagem “técnica” para saber fazer o objeto. Mas a arte é também
exercício de expressividade.
Uma educação artística pressupõe a possibilidade de um contacto com a arte,
uma vez que, para que possamos conhecer as coisas e partirmos para um processo de
identificação com elas, é indispensável que possamos estabelecer esse contacto. A
educação dos sentidos é também uma condição essencial à educação artística, já que
dificilmente somos capazes de apreciar uma obra, se não tivermos sido educados para
apreciá-la. A educação da sensibilidade é outra condição importante de uma educação
artística. Educar para a sensibilidade é educar para a inteligência, educar para a
sensibilidade é educar tanto para o sensível como para o intelectual. Segundo Elliot
Eisner (In, Eisner, Elliot (2002). The arts and the creation of mind. New Haven &
London: Yale University Press). “Perception is, in the end, a cognitive event (o autor
remete para Ulric Neisser, Cognition and Reality, 1976) What we see is not simply a
function of what we take from the world, but what we make of it” (p. xii). Posso então
dizer que: é indispensável proporcionar o contacto com as obras, meios e técnicas das
artes; a forma como se opera a fusão das sensações que nos vêm do exterior e o nosso
“sentir desse acontecer” faz apelo ao desenvolvimento da sensibilidade (como registo
fundamental da inteligência), razão pela qual há que educá-la; aprender a ver
(apreciar) é essencial, pelo ue importa “culti ar”; “exercitar” os sentidos, criar
oportunidade para as sensações; a perceção tem a função de um “acontecimento”
cogniti o”, pelo ue h que investir em diferentes formas de percecionar o mundo.
Numa primeira fase de aprendizagem, o contacto com as artes poderá limitar-se
à apreensão e apreciação de algo, através, por exemplo de uma simples vivência de
satisfação perante uma obra própria ou de alguém que está próximo.
Em fases posteriores de desenvolvimento podemos conduzir o aluno a realizar
trabalhos mais elaborados, envolvendo a perceção, a apreciação e a experiência
estéticas, observando, criando e recriando. Estes momentos poderão ser o ponto de
partida para um modo de estar na vida e de construir vivências com arte, passando a
arte a estar presente em todos os seus momentos. Será neste sentido que Elliot Eisner
(In, Eisner, Elliot W. (2001). Should we create new aims for art education? Art
Education, 54 (5), 6-10) escreve:
THE TEACHING OF ART IS ABOUT MORE THAN THE
TEACHING OF ART. ALTHOUGH WE CAN EMPHASIZE IN OUR
DISCUSSIONS ACADEMIC CONTENT, ARTISTIC FORMS OF
LEARNING, AND WAYS OF DEALING WITH ACCOUNTABILITY,
ULTIMATELY WE ARE CONCERNED WITH STUDENTS AND
WITH THEIR OVERALL DEVELOPMENT AS WELL AS THEIR
PARTICULAR DEVELOPMENT IN THE ARTS. (...) WHEN A
CHILD IS TOUCHED AND AN ADOLESCENT SUPPORTED, THE
STUDENT MAY COME AWAY FROM THE ART ROOM WITH A
MEMORY THAT HE OR SHE WILL CHERISH THROUGHOUT HIS
OR HER LIFE. (10).
3.4 Vestimentas na sala de aula
Se não formos capazes de aprimorar as sensações, não estaremos aptos a olhar o
mundo de forma diferente. Elliot Eisner (In, Eisner, Elliot (2002). The arts and the
creation of mind. New Haven & London: Yale University Press) salienta que os
humanos são seres que experimentam sensações num meio no qual e através do qual
vivem. A aptidão para experienciar todo o conjunto vasto de qualidades que fazem
parte do nosso meio empírico está diretamente relacionada com as funções do nosso
sistema sensorial. “We are biologically designed to be sensitive to the array of qualities that
constitute that environment. Our ability to see depends upon the capacities of sight, hearing,
touch, and the like” (p. 20).
As artes também celebram os aspectos não-instrumentais da experiência
humana e facilitam os meios através dos quais os significados que dificilmente podem
ser descritos em palavras, mas se relacionam com o sentimento, encontram expressão.
O poder de imaginarmos é a pedra toque do nosso desenvolvimento cultural e
pessoal. Construímos representações não só para alargar a nossa própria
compreensão, como também para comunicar essa compreensão aos outros. Através
da cultura, ocorre o nosso próprio desenvolvimento, como Elliot Eisner (In, Eisner,
Elliot (1998). The kinds of schools we need: Personal essays. Portsmouth: Heinemann)
explica:
I CAN ENJOY MY OWN FANTASIES AND YOU CAN ENJOY
YOURS, BUT YOU CANNOT ACCESS MINE, NOR ME YOURS. IF
THINGS WERE LEFT THAT WAY, CULTURE WOULD BE
STATIC. EVEN WORSE, IT WOULD EVENTUALLY CEASE TO
EXIST BECAUSE CULTURE DEPENDS ON COMMUNICATION,
AND COMMUNICATION REQUIRES A SHIFT THROUGH WHICH
WHAT IS PRIVATE IS MADE PUBLIC. (P. 26)
Todas as formas de nos relacionarmos com as artes, desde as mais simples, como
as criações das crianças em idade pré-escolar, passando pelo trabalho de contacto com
os materiais e pelo conhecimento das suas potencialidades, ao trabalho de
interpretação sobre obras consagradas, podem influenciar o modo como pensamos e
estamos no mundo, assim como o que vemos como arte e como as relações
estabelecidas podem influenciar a nossa experiência.
Tal como Elliot Eisner (In, Eisner, Elliot (2002). The arts and the creation of mind.
New Haven & London: Yale University Press) escreve: “Artists, like scientists, are often
troublemakers, and the trouble that they make is that their work confront our customary
modes of seeing and challenges us to think afresh about how aspects of the world might be
experienced” (pp. 124-125).
O desenvolvimento artístico do indivíduo não é uma consequência direta do seu
processo de maturação, caso contrário não faria sentido o trabalho dos professores,
no sentido de promoverem atividades educativas capazes de promoverem o seu
desenvolvimento.
3.5 Pressupostos/ Socialidades na Relação Pedagógica
O problema central é o da relação entre as potencialidades de uma educação
artística, podendo favorecer o desenvolvimento de competências transversais, e o
desenvolvimento global dos alunos, do ponto de vista da construção da pessoa, num
mundo em transformação.
Existem múltiplas perspetivas sobre o valor e as potencialidades das artes na
educação, de acordo com as expetativas de quem se ocupa destas áreas, quer do
ponto de vista das práticas, quer a nível teórico e dos resultados da investigação, assim
como das orientações técnico-normativas, e, consoante as tendências que enformam
os seus contextos, no domínio do pessoal, do político, do social, do económico, do
educativo.
Existiu uma fase em ue predominaram as is es “expression sticas” sobre as
artes e as perspetivas sobre os contributos das artes na educação, fundamentalmente
apoiadas em teorias envoltas de uma psicologia relacionadas com o desenvolvimento
pessoal, visando o desenvolvimento da personalidade individual, o bem-estar e a
satisfação pessoal. Seguiram-se múltiplas versões, desdobradas entre visões mais ou
menos influenciadas pelas potencialidades da educação para as emoções, para os
valores e outras visões, mais interessadas nas implicações das artes ao nível do
desenvolvimento cognitivo, ao nível dos processos de aprendizagem e da relação com
o estudo, em geral. Mais recentemente, um novo conjunto de preocupações, vindas
das próprias sociedades e dos respetivos sistemas educativos, projetou nas artes a
educação de novas potencialidades, principalmente apoiadas na ideia da importância
do desenvolvimento criativo dos indivíduos e da compreensão dos seus contextos
culturais, como condição de desenvolvimento dessas sociedades, assim como no
reconhecimento da sua influência ao nível do desenvolvimento de certos aspectos
ligados à multiculturalidade, podendo a diversidade cultural e o entendimento do seu
potencial serem fatores importantes no contexto da sociedade dita global.
Num modelo alternativo, a escola deveria conduzir os alunos a pensar, a
considerar os diferentes aspectos da realidade, sendo capaz de selecionar os mais
relevantes, a questionar-se, a colocar e encontrar diferentes soluções para os
problemas, escolhendo as mais adequadas, a compreender os contextos e situações na
sua complexidade, fazendo uso da inteligência e mobilizando nesse sentido os
conhecimentos e competências adequados. O desvio da escola deste tipo de
preocupações justifica também, em parte, a sua fraca vocação para os domínios das
artes.
O potencial das artes na educação tem um carácter de complemento e a marca
da ideia de que a arte pode funcionar como alternativa, tratando-se de situações
desviantes, nos casos de insucesso escolar, difícil inserção, dificuldades cognitivas
reconhecidas, alterações de personalidade, situações estas para as quais o ensino
tradicional e o conjunto de disciplinas consagradas não encontram resposta adequada.
Este conjunto de problemas relativamente ao papel das artes na educação e às
principais linhas que orientam a sua permanência na educação formal, conduz a uma
desconstrução e uma procura de uniformidades, orientando na compreensão dos
diferentes pontos de vista, a fim de se perceber se seria possível ou não outro tipo de
relação. Questiono assim, a própria conceção da educação e de uma escolaridade
excessivamente padronizada e orientada para uma perspetiva de ensino, mais do que
de aprendizagem, em que os conhecimentos estão organizados de forma
compartimentada, por disciplinas, e são usados de acordo com uma perspetiva que
visa a sua aquisição de forma isolada e descontextualizada, baseada na repetição.
Os discursos sobre as competências e sobre a sua importância para a formação e
desempenho dos indivíduos têm-se multiplicado na educação, acompanhando
algumas das preocupações da própria sociedade. As características dos novos
contextos evidenciam a importância de providenciar de ferramentas intelectuais, de
novas competências, de modo a desenvolver uma atitude equilibrada face ao mundo e
no âmbito das sociedades em que vivemos, devendo estas, por sua vez, estar
preparadas para enfrentar os desafios e potencialidades da contemporaneidade,
tirando deles o melhor partido. A importância da criatividade resulta assim, em grande
parte, da necessidade de formar indivíduos críticos e criativos, capazes de fazer frente
a novos desafios, contribuindo para o avanço das sociedades.
Os contributos de uma educação artística são reconhecidos (“mas escondidos”),
no sentido do desenvolvimento do potencial individual para enfrentar a mudança,
assim como do desenvolvimento da identidade cultural e do sentimento de pertença a
uma dada comunidade, salvaguardando os aspectos da diversidade e da
multiculturalidade como marca do mundo atual.
As artes visuais apresentam-se como condição de toda uma educação como
matriz essencial do desenvolvimento humano. A relação entre desenvolvimento
pessoal e desenvolvimento humano emerge, neste contexto, no sentido de que a
educação é condição de liberdade e dignidade humanas, através do conhecimento, da
abertura ao mundo, com sentido e pelo sentido, antecipando possibilidades de
transformação pessoal e do próprio mundo.
Toda a educação só faz sentido se contribuir para o processo de construção da
pessoa, o que compromete uma educação artística e justifica a sua integração
curricular. Os contributos de uma educação artística devem, finalmente ser
ponderados ao nível da construção de uma conceção diferente de educação e de
escolaridade.
CAPÍTULO 4 – ASSINATURAS RASCUNHADAS – UMA LIGAÇÃO COM A OBRA DE ARTE
4.1 Ver, compreender a Obra de Arte
A arte tem um papel especial como um meio educacional, é uma atividade que
requer imaginação e criatividade. Desenvolve o aluno e dota-o de ferramentas que
permitem a sua adaptação ao mundo, a identificação de problemas, ajuda a encontrar
soluções, podendo inclusive ser uma das formas de afastar o indivíduo dos problemas
do seu quotidiano. É uma ajuda na resolução de problemas de exclusão ou de
violência, ou até de aprendizagem.
“Educar pela Arte” não é uma did tica com a finalidade de ensinar criança
conceitos teóricos sobre a arte, história da arte ou sobre a vida dos grandes artistas.
Tem como por objetivo, desenvolver o espírito crítico, levando-a a contemplar obras
de arte e, também tem a intenção de apetrechar a criança do conhecimento das
técnicas de produção artística, iniciando-a no contexto da arte. Segundo Sousa (2003),
enquanto na Educação pela Arte não interessa a obra de arte em si, mas a sua
capacidade de possibilitar à criança a expressão das suas emoções e a evolução da sua
beleza espiritual, a perspetiva das Artes na Educação volta-se diretamente para a
produção de obras com caraterísticas socioculturalmente consideradas como
artísticas, com a intenção expressa de ensinar as técnicas e os princípios estético-
cient ficos ue de erão presidir na sua criação. (SOUSA, Alberto B. (2003). “Educação
pela arte e artes na educação”, 1º Vol., Instituto Piaget. Lisboa, p 89).
A procura das ligações entre arte, educação e desenvolvimento pessoal, mostrar-
nos-á que existem vários percursos possíveis nesta abordagem. Da análise das
diferentes perspetivas deverá demarcar-se o nosso ponto de vista que discute a
possibilidade de a arte e de uma educação artística funcionarem como mediadoras no
processo de construção do conhecimento, com implicações ao nível do pensamento e
comportamento humanos. Esta perspetiva sublinha uma ideia geral de construção da
pessoa que aponta para possibilidades vastas de abertura ao mundo e da sua
compreensão em toda a sua complexidade. Este ponto de vista orienta a discussão no
tema seguinte que trata da importância de uma educação artística no quadro geral da
relação educação/desenvolvimento. O desenvolvimento enquadra-se aqui numa
perspetiva do social que aponta para o desenvolvimento humano como condição
essencial do desenvolvimento pessoal e das sociedades contemporâneas.
O reconhecimento das potencialidades das artes e da educação artística funda a
ideia de que há que construir um novo olhar sobre as escolas.
4.2 Socialidades e Graffiti
Originalmente o termo graffiti englobava todo e qualquer signo desenhado ou
gra ado na pedra. o grego “grafein” e do latim “graffiare” tinha, no mundo antigo, a
conotação semântica de inscrição icónica e textual. Segundo Saavedra (In, Saavedra,
Fernando, El graffiti Movement en Vallecas – História, estética y sociología de una
subcultura urbana (1980-1996), o primeiro autor do termo foi António Bosio, no século
XVII, tendo sido, no entanto, os estudos efetuados por Raffaele Garrucci (1854/56) que
o generalizaram. Foi, porém, já no século XX que o termo se afirmou. Joaquim Bols
(1979) aplica o termo a inscrições anónimas que surgem sobre muros, no espaço
urbano, e que certificam a presença do seu autor, salientando que não se tratam de
pinturas de cariz político ou comercial (Saavedra, 1999). Outros autores, como
Guillermo Fatas e Gonzalo Borras, citados por Saavedra, 1999, referem-se ao termo
como algo que exclusivamente expressa sentimentos, ofensas e outros estados
pessoais e que se executam em paredes de edifícios. Autores, como Cooper e Sciorra
(1994), relacionam o termo graffiti com a cultura Hip Hop, reivindicando a sua validade
artística ao afirmarem que “ o graffiti retomou às suas raízes e ressurgiu como uma
forma de arte autónoma e plenamente viável como tal.” ( iego, 1997, pp.19). J Gary
(1995) define o termo graffiti, valorizando a sua vertente comunicativa, como um
código ou modalidade discursiva onde emissor e recetor realizam um diálogo
particular, de anonimato mútuo, realizado num lugar ilegal ou não e que altera o
espaço contextual com elementos pictóricos e verbais em permanente interação
(Saavedra, 1999). Autores como Chalfant et al. (1987), Riout (1990), Manco (2002) e
Ganz (2004), têm, também, vindo a demonstrar a faceta artística deste fenómeno.
Do exposto pode conclui-se que a definição do termo é algo complexa, indo ao
encontro das perspetivas dos diferentes autores. Na procura de uma definição que
contemple os múltiplos aspetos atrás referidos e acrescente outros, como os meios e
técnicas utilizados na execução dos graffiti, os autores desta comunicação definem
graffiti como um meio de expressão social e de comunicação específica, normalmente
realizado por jovens, num determinado suporte. Utiliza normalmente como riscador o
aerossol e é composto por composições onde predominam figuras e fundos ou figuras,
fundos e texto, com preocupações de ordem estética. É realizado com diferentes cores
e com traços que o identificam, distinguindo o de outra qualquer expressão visual.
4.3 Atropelos de corpos que mapeiam a urbe
Refletindo sobre as pautas culturais e as expectativas e aspirações dos writers,
facilmente se é conduzido a entender a génese e a necessidade deste meio de
expressão. As imagens oferecidas pelos graffitis são, em certo ponto, os indicadores da
perceção que o writer possui da sociedade e do mundo e um reflexo da sua visão
sobre esse próprio mundo. De acordo com os writers participantes neste estudo, o
graffiti encontra-se entre duas perceções: a da sociedade instituída, que o rotula, no
seu sentido amplo, como ato de vandalismo e, ou um atentado ao património, e a dos
writers, que defendem o graffiti como uma forma de arte alternativa, como
contracultura, onde se manifesta um desejo de criatividade, estimulado por vezes, pela
crítica à realidade social ou, simplesmente, pelo desejo de embelezar os espaços
urbanos. Nos espaços urbanos, podem encontrar-se diferentes tipos de graffiti, a
saber: Graffiti móvel, que se caracteriza por ser executado em suporte móvel,
apresentando-se o objetivo comunicativo do trabalho intimamente relacionado com as
características específicas do suporte. Salientam-se, por exemplo, ag es de comboios;
Graffiti misto, que é executado sobre suportes portáteis, colocados em lugares
distintos, por um período de tempo variável. Por exemplo, proteções para as obras e
painéis mó eis; Graffiti est tico, ue se caracteriza por ser executado num suporte não
móvel como muros, pilares ou mobiliário urbano.
Podem surgir em locais de trânsito rápido, em lugares fixos de grande
visibilidade e em espaços conhecidos pelos elementos das diferentes crews destinados
à realização de graffitis. Hoje em dia também já se podem encontrar em espaços
comerciais ou em outros lugares fechados de cariz particular. Esta contextualização do
graffiti no espaço, tal como o conhecimento das condições físicas e materiais que
conduziram à sua produção e exibição, tem um papel bastante determinante no
objetivo comunicativo que o writer quer transmitir com o seu graffiti ao observador,
fruidor. Assim, segundo os writers colaboradores neste estudo e autores como
Saa edra (1999), Cooper et al. (1984;2003), entre outros, pode-se classificar o graffiti,
de acordo com o seu objetivo comunicativo em tag, throwup, bombing e color piece
conforme se sintetiza e ilustra.
Tag é a primeira manifestação e a forma mais básica, do graffiti. Apresenta-se
como o nome (tag) do writer (toy), realizado com uma letra estilizada, escrevendo-se
rapidamente, com um único traço e apenas a uma única cor. Escreve-se com aerossol.
adas as suas carater sticas, o seu ob eti o comunicati o é apenas “marcar” o espaço,
comunicando a um público espec fico (crews) ue “a uele espaço é seu”. Por ezes
verifica-se uma troca de mensagens entre toys, com a intenção de se afirmarem.
Muitas vezes é realizado por elementos que não têm qualquer afinidade com a
expressão concetual do graffiti. É considerado socialmente como um ato de
vandalismo.
Throwup, consiste num tag onde as letras apresentam uma maior dimensão.
Monocromáticas, são isoladas do fundo por um outline de cor contrastante, podendo
estar rodeado de vários tags de dimensões mais reduzidas, formando, no entanto, uma
só unidade. Escreve-se rapidamente com aerossol. Requer alguma perícia por parte de
uem o executa e é considerado uma “afirmação” do tag.
Bombing é a assinatura do writer mais elaborada, destacada visualmente através
da cor, das linhas e das grandes dimensões. Utiliza-se, por vezes, o recurso à
tridimensionalidade. A letra apresenta-se “trabalhada” e, no seu ob eti o comunicati o
específico, é já apreciado o conjunto de skills que o autor apresenta.
Color piece, apresenta-se como uma obra, realizada por um ou mais writers,
sendo um deles o orientador. Realizada com a utilização de várias cores, apresenta um
trabalho muito cuidado, com preocupações de ordem estética e formal, em fundos
bem elaborados.
Apresenta-se, normalmente, no hall of fame e é realizado por writers
maioritariamente experientes e já com um conjunto de skills variado. Não é um
trabalho rápido, sendo concretizado ao longo de várias horas, dias ou mesmo
semanas. Numa comunicação específica, pode ser apreciada, quer a técnica, quer a
mensagem transmitida. Pode denominar- se o seu autor por king. Este adquiriu já um
estatuto mais elevado no seio dos writers, sendo o seu trabalho respeitado e admirado
por todos os elementos da sua crew ou mesmo de outras crews. Esta variante de
graffiti pode dividir-se em dois grupos: o graffiti hip hop, que apresenta uma versão
mais contestatária e o graffiti arte, que privilegia a expressão experimentalista do
writer, com a utilização da técnica do aerossol, em vários suportes privilegiando
contudo, o suporte parede. Normalmente é aceite socialmente.
4.4 Vestimentas de contornos de uma cultura
Num mundo onde se tem acesso a uma panóplia de informações, onde é
possível (re)conhecer aspectos de outras culturas, onde facilmente se mantém contato
e se é influenciado pelas mesmas, recebem-se também inúmeras informações sobre
processos educativos. Há, diariamente, um mundo de possibilidades de se conhecerem
estudos, propostas, práticas e projetos educativos oriundos das mais diversas culturas.
Esta facilidade de acesso às outras culturas e práticas educativas impõe
responsabilidades: como selecionar o que é produtivo e possível de ser estudado na
realidade imediata. São essas práticas, esses projetos, esses rostos de possibilidades
que promovem acima de tudo a inclusão com olhos postos no futuro, que o meu
trabalho se desenvolve em torno da Escola Secundária Francisco Simões. Onde a
questão de atribuição de significantes e significados às questões direcionadas à
necessidade da educação e formação de hoje, submerge por entre uma complexidade,
talvez até facilitadora da comunicação como veículo de interpretações e talvez de uma
melhor compreensão dos pressupostos orientadores da educação nos dias atuais.
Na escola, o professor, enquanto supervisor pedagógico, deve utilizar estratégias
de encorajamento e motivação capazes de fazer com que o processo de ensino e
aprendizagem conduza a mudanças no aluno. Estas deverão ser provocadas ao nível dos
seus esquemas mentais, da sua criatividade e expressividade, das suas atitudes e
comportamentos contribuindo, desta forma, para um crescimento mais consciente e
responsável, favorecendo a construção de relações mais humanas e cívicas. Tendo como
suporte o graffiti, foram concebidas, implementadas e avaliadas atividades e
experiências de ensino e aprendizagem conducentes ao desenvolvimento global dos
alunos. No que concerne aos seus conhecimentos, capacidades e competências. Essas
atividades e experiências englobaram diferentes áreas curriculares e tiveram o seu
embrião na disciplina de Educação Visual que surgiu como eixo, como algo que se
alastrou e se tornou transversal a outras disciplinas e gentes de todas as experiências
desenvolvidas.
A formação é um mundo… onde se inclui a formação inicial, contínua e
especializada, onde é preciso considerar os modelos, teorias, e investigação empírica
sobre a mesma, analisar a legislação e a regulamentação e, o que não é de menor
importância, estudar as práticas reais dos atores e das instituições no terreno e as suas
experiências inovadoras. Em segundo lugar, porque a formação é um campo de luta
ideológica e política. Não há grupo com interesses na educação que não tenha as suas
posições a defender, e fá-lo com todo o à-vontade e, às vezes, com grande
agressividade. E, em terceiro lugar, porque a formação é um daqueles domínios em
que todos se sentem à vontade para emitir opiniões, de onde resulta a estranha
impressão que nunca se avança, transferindo, espelhando por isso para a escola metas
de: Aumentar as ofertas e oportunidades de formação interna e externa, adequada a
todos os membros da comunidade; Desenvolver um espírito de cultura organizacional
identitário; Transformar a escola num centro de aprendizagem e de recursos culturais,
intelectuais e científicos, aberto à comunidade e recetivo a propostas e desafios do
exterior.
Há na atitude de muitos professores a desilusão com a profissão e o
desinvestimento. Mas há também uma grande reserva de saber, de energia e de
generosidade que se traduz em disponibilidade para os alunos, para os colegas em
dificuldades, para a escola. Nos últimos anos tem-se afirmado em largos setores da
profissão um gosto por se envolver em projetos inovadores que se possam traduzir em
melhorias no ensino e na aprendizagem dos alunos bem, como se assiste a um
estreitamento nas relações entre os diversos membros da comunidade educativa
(docentes, não docentes, encarregados de educação, alunos…) ue lado a lado têm
vindo a consertar um mesmo percurso, com um mesmo objetivo de consonância de
aprendizagens, objetivos e competências de partilhas, de comunicação numa continua
abertura de oportunidades e procura por uma resposta acertiva aos diversos desafios
que coabitam a escola.
A escola tem como objetivo a formação de cidadãos competentes, lúcidos,
esclarecidos, participativos, tolerantes e reflexivos. A meta a alcançar é o exercício
diário da partilha e troca de ideias, constrangimentos, ansiedades, esperanças e
quimeras. Mas, para alcançar tal meta, urge aprofundar a formação pessoal e social
dos alunos, exigindo-se uma maior articulação entre a escola e o meio envolvente para
dar resolução aos problemas atuais que preocupam a sociedade em geral e a
comunidade educativa em particular.
Deste modo, torna-se imperioso que a escola elabore e cumpra o seu Projecto
Educativo, pois ele pode e deve contribuir para o desenvolvimento e crescimento de
um movimento de autonomia, onde imperem a diversidade, a democraticidade, a
participação e a eficácia. Nestes moldes, e à luz da legislação vigente, o Projecto
Educativo do Agrupamento pode ser a expressão e concretização da autonomia da
escola.
A escola, hoje, mais do que nunca, tem de ser o reflexo de um espelho
comunitário e não uma obra de um guardião de um templo extracomunitário e
desfasado por ela mesmo. Todavia, para se conseguir alcançar esse reflexo, é
necessário permanecer otimista, pois é de difícil conciliação ser pessimista e educador
ao mesmo tempo.
Em suma a escola apresentada desenha um mapa onde refletir, questionar,
identificar problemas, questionar decisões e resultados, avaliar resultados, cooperar
nas soluções, mobilizar-se em torno de objetivos comuns, de forma a perspetivar o
futuro, tendo em vista a qualidade, são a pedra toque de um processo de construção
em aberto.
CAPÍTULO 5 – CURRÍCULO, PLANIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO
5.1 Currículo
5.1.1 A Representação do Currículo
Ensino, aprendizagem… É aquela que mais directamente afeta o sucesso dos
alunos. Assim, as metas, os objetivos e as estratégias dizem respeito ao planeamento,
implementação e avaliação do processo educativo. Merece especial atenção o
desenvolvimento das competências específicas das disciplinas e das competências
transversais da comunicação, da formação para a cidadania, do reconhecimento da
multiculturalidade como fator de enriquecimento na construção da identidade
pessoal, social e cultural dos alunos.
Para que um currículo possa existir, devem estar definidas algumas premissas.
Essas premissas passam pela noção de currículo que possuímos e da qual partimos.
Conceções diferentes conduzem a currículos diferentes. Tenho em mente que a sua
aplicação tem sempre como interveniente principal o professor. Embora a
conceptualização do currículo seja feita pelo ministério, a sua implementação é feita
pelo professor, em articulação com o aluno, em contexto de sala de aula. São dois
processos aparentemente separados que devem caminhar para uma maior
proximidade.
A visibilidade do currículo, a sua prática, é espelhada na ação do professor.
Pacheco (In, PACHECO, José Augusto (2001). Currículo: Teoria e Práxis. Porto: Porto
Editora, p. 16) afirma: “Nas primeiras definições de currículo, propostas, entre outros, por
Tyler, constata-se que correspondem a um plano de estudos, ou a um programa muito
estruturado e organizado na base de objetivos, conteúdos e atividades de acordo com a
natureza das disciplinas. Decorre daqui a importância de o currículo representar algo muito
planificado e que será depois implementado na base do cumprimento das intenções previstas.
Os objetivos, que expressam a antecipação de resultados, e os conteúdos a ensinar são, assim,
aspectos fundamentais para a definição do que é o currículo.”
Tento em conta a necessidade de autonomia na aplicação do currículo, o
Ministério define as "competências mínimas indispensáveis" para o exercício da
profissão. Cabe aos professores elaborar ou decidir a sua aplicação. Faço aqui uma
pequena abordagem inicial à elaboração de currículos, de forma a esclarecer a sua
importância e pertinência no que concerne à sua elaboração. Devo, por isso, seguir
princípios básicos, entre os quais: Para quem? Que idades? Quais as necessidades dos
alunos? Quais as necessidades da sociedade? O que se pretende manter ou o que se
pretende mudar (aluno/sociedade/cultura)?
O currículo é elaborado no Ministério da Educação, por especialistas. É
posteriormente apresentado aos professores sob diversas formas: nos decretos de lei,
nos manuais (devemos ter em conta que as editoras interpretam o currículo prescrito),
nas ações de formação, entre outras, passando para um nível meso. Existe por isso
uma “modelação dos conteúdos pelos professores atendendo à particularidade da escola, dos
alunos e da comunidade dos professores” (Pacheco, 2001, p.91). Há que ter em conta que
muitos professores não consultam os programas, nem jornais ou revistas da
especialidade, nem os decretos de lei respeitantes à sua área profissional.
Segundo Maria Céu Roldão (In, ROLDÃO, Maria Céu, (1999). Gestão Curricular:
Fundamentos e Práticas. Lisboa: M.E./D.E.B.): “Por currículo tem-se entendido muita
coisa, consoante as épocas, os contextos e os pontos de vista teóricos de que se parte.
Na linguagem do senso comum vem-se assimilando a programas e disciplinas ou a um
novo nome para práticas velhas. Para o público em geral o essencial do currículo é o
que os alunos aprendem de visível na escola.”
5.1.2 O Currículo como Ferramenta de Adequação e Flexibilização
O currículo é aplicado pelos professores. É, também por esse motivo, moldado
pelos professores. É novamente alterado: cada um molda-o ao nível da escola, ou da
turma, ou do aluno. Encontramo-nos então a um nível micro, de sala de aula. O
professor interpreta o curr culo, imprimindo nele os seus “to ues” pessoais. O Ensino
é um processo interativo. Por esse motivo o currículo deve ser visto em ação: o
professor tem uma planificação e há sempre a possibilidade de a alterar, fruto de
imprevistos por parte dos alunos, daí a necessidade crescente da concretização de um
currículo aberto, flexível. Pode-se definir o currículo realizado como sendo: aquilo que
é retido pelos alunos. O que passou do professor para os alunos e dos alunos para o
professor. O currículo deve ser avaliado. Esta avaliação do currículo normalmente
reside mais na ação (praxis) e menos na sua realização (resultados).
O desenvolvimento curricular é sempre um processo interpessoal, uma vez que
os diversos atores não são meros participantes. Têm capacidade decisória, tanto
professores como alunos. É também, por esse motivo, um processo político. Altera-se
de acordo com a ideologia dos diversos governos que vai variando. É um
empreendimento social porque se relaciona com a interação dos alunos entre si e com
a comunidade (a escola é um micro-treino social). Treina-se a relação entre iguais e
com a autoridade, compreendem-se os processos hierárquicos, desenvolvem-se
questões afetivas e pessoais, compreende-se a diferença entre o mundo do trabalho e
o mundo doméstico, o aluno aprende a consciência do seu primeiro ofício: o de
estudante. O desenvolvimento curricular é um processo interativo; envolve
colaboração, cooperação (grupos disciplinares, diferentes níveis de ensino) entre
alunos, entre professores, entre professores e alunos, entre professores e pais, todas
estas interações pautadas por papéis diferentes, mas que estão indissociavelmente
relacionados.
O currículo é um processo de tomada de decisões. Pode-se constatar que estas
decisões correm o risco de serem desarticuladas. As decisões elaboradas pelo
Ministério da Educação não são aplicadas de forma literal. São aplicadas de formas
diferentes nas diferentes escolas ou locais. Este facto não é necessariamente negativo
porque parece ir de encontro à necessária autonomia dos estabelecimentos de ensino.
Essa autonomia permite que estes se ajustem melhor ao meio em que estão inseridos,
retirando da sua ação aspectos mais realistas e objetivos. Além disso, o professor em
interação acaba por ter um poder informal e pessoal de transmitir aos alunos valores e
ideologias.
No artigo “Pode a Educação Participar na Reconstrução Social?”, John Dewey (In,
DEWEY, J. (1902). The child and the curriculum. Chicago: University of Chicago Press)
deixa transcrito de uma forma clara, não só a sua posição perante a função complexa
da escolarização, como também destaca a sua crítica perante determinadas
abordagens idealistas. Não obstante defender um sistema escolar que tem a
responsabilidade de transformar a ordem social existente, um status quo que se
enquadra nos princípios do individualismo, Dewey recusa-se a aceitar que tal
responsabilidade seja apenas das escolas. As escolas devem, na verdade, ser
entendidas como parte integrante de um vasto contexto social e, conjuntamente com
outras instituições, participar nessa transformação. Se o fizerem, entende Dewey,
estarão já a cumprir o seu propósito social.
Na procura também por uma interação de diferentes elementos e entidades
Cardoso (In, CARDOSO, S. H. B. Discurso e Ensino. Belo Horizonte: Autêntica, 1999,
p.79) reforça: “Por currículo não se entende apenas o elenco das disciplinas de um
curso – o correspondente à ratio studiorum dos jesuítas – nem mesmo os blocos de
matéria, saberes, destrezas e atitudes – que definem o conteúdo de uma disciplina
escolar. Currículo remete aqui para o mundo complexo, multidimensional, difuso,
definido pelas atividades, experiências desenvolvidas por professores, alunos e gestores
em redor de um conjunto de saberes.”
Existem deste modo fatores determinantes e subjacentes ao currículo,
intrínsecos às suas fontes curriculares e transversais a todos os modelos curriculares
nomeadamente: fatores económicos - aspectos que determinam o que a escola pode
fazer, tendo em conta o seu orçamento; fatores institucionais - fatores administrativos
e educativos - estão dependentes mas nem sempre são conciliáveis; fatores sociais - o
meio onde a escola está inserida, as condições sociais dos intervenientes
(principalmente os alunos); fatores demográficos - quantidade de alunos e professores
tendo em conta a localização da escola; fatores políticos: orçamentos distribuídos,
interesses, modelos de desenvolvimento e prioridades definidas pelo governo. Todos
estes fatores apresentam-se como modelos flexíveis na eminência de serem também
eles moldáveis aos diversos contextos e realidades. Esta flexibilidade terá, contudo, de
ser sujeita a um processo de avaliação de modo a serem retiradas elações necessárias
ao seu aperfeiçoamento e aplicação, na condução do sucesso no caminho do
ensino/aprendizagem. Tyler (In, TYLOR, R. W. (1976). Princípios Básicos de Currículo e
Ensino. Porto Alegre: Editora Globo, p.98-99) diz: “O processo de avaliação consiste
essencialmente em determinar em que medida os objetivos educacionais estão sendo
realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino.”
A prática das Artes sempre foi pautada por um pensamento crítico. Esse
pensamento existe dado o carácter experimental que atravessa todas as áreas
artísticas, sendo necessário uma atenção (metodológica) aos processos plásticos e aos
resultados obtidos. Processo e resultado estão, por isso, interligados e não podem ser
vistos de forma separada. O ensino das Artes Visuais deve reger-se pelos mesmos
princípios. A análise crítica do currículo, a análise reflexiva da sua aplicação nas
diversas estratégias e nos seus resultados académicos, são, de certa forma, idênticos
aos processos criativos. Um currículo deve ser encarado como um processo circular,
autorreflexivo, da sua conceção à sua avaliação, voltando para a conceção. Tentativa e
erro andam de mãos dadas, procurando minorar os erros e alcançar os sucessos, tendo
em vista uma educação melhor para um futuro melhor.
5.2 Planificação
5.2.1 Relevâncias no Ensino-Aprendizagem
Nunca, como hoje, foi possível aprender com uma variedade tão alargada de
meios de informação. Os manuais acompanhados de vários meios de ajuda ao
professor, as revistas, o vídeo, o cinema, a televisão, a fotografia, a banda desenhada,
os jornais, o software do computador, os multimédia entre outros, constituem os
suportes aos quais podemos recorrer para termos acesso à informação e, assim termos
toda a ajuda necessária. A soma de individualidades que compõem cada turma,
acrescida das especificidades sociais (localização, condição social e familiar, acesso às
tecnologias da educação, qualidade educacional anterior, etc.) torna ainda maior a
complexidade desse perfil. Por isso os meus alunos exigiram de mim diferentes
abordagens, mas também diferentes quantidades e qualidades de informação e
estímulo, de acordo com a significância que atribuíram ao conteúdo tratado. Cada um
com uma personalidade própria. Assim foi necessário conhecer o perfil deles,
compreendendo que não se pode exigir de todas respostas iguais, embora deva
garantir, na multiplicidade de respostas, igual qualidade e densidade. Nem todos os
grupos são iguais, seja em termos de faixa etária, seja em termos de interesses gerais.
Mesmo assim, muitas vezes percebe-se, no espaço expositivo, que a atenção do grupo
é desviada do caminho originalmente traçado, obrigando o professor a estabelecer
novas relações e novas exposições.
O professor, em artes, deverá estar atento às possibilidades de incorporação do
conteúdo artístico por seus alunos, intervindo no sentido de potencializar os encontros
com o objeto de arte e com as instâncias envolvidas em sua compreensão. Deverá
dinamizar o fornecimento de informações para que as aulas façam sentido,
estimulando a reflexão sobre a perceção e a interpretação dos alunos, favorecendo a
recriação do objeto (plasticamente e intelectualmente), podendo, assim, avançar em
questionamentos estéticos, juízos de valor, sistemas e critérios críticos de arte.
As pessoas funcionam em sociedade e temos uma perceção de que o sentido
dado à mensagem passa, naturalmente, do emissor para o recetor, no entanto muitas
vezes isso não acontece. É neste momento que o professor tem que descobrir o
porquê disto ter acontecido. Desta descoberta resulta o sucesso ou insucesso da ação
escolar. Frequentemente nós, professores, interpretamos estas diferenças de sentido
pelo aluno como desatenção ou mesmo incompetência. Assim este é punido com uma
má classificação ou é obrigado a repetir o ano. Cabe, por isso, ao professor identificar
as causas do insucesso e corrigir aquelas que estiverem ao seu alcance, uma vez que o
professor tem sempre em vista o êxito do aluno. Assim temos que nos centrar no
aluno como recetor.
Podemos ter uma ideologia de comunicação, mas para controlar a situação em
contexto de aula é preciso mais do que isso. A comunicação na sala de aula não pode
ser a expressão de um ideal, mesmo que este acompanhe o tempo, mas uma
concretização do programa educativo. Trata-se, por isso, de uma prática complexa que
exige, por parte do professor, uma preparação contínua.
Segundo Philippe Perrenoud (2001), a comunicação na sala de aula passa por
uma grande quantidade de julgamentos quotidianos. (PERREGNOUD, Philippe (2001) -
―Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza‖. 2ª Edição. Editora Artmed. São Paulo,
(p.60)). A comunicação não é algo que possa ser separado dos intercâmbios e da
personalidade dos interlocutores. Ao julgar a pessoa pela forma como comunica,
julgamos o seu carácter, a sua cultura, a sua ética, a sua motivação, logo não
estaremos a fazer juízos de valor errados? Como podemos tentar compreender isso?
Na minha opinião tudo passa pelo intercâmbio ativo professor e aluno, quanto mais
conhecermos o aluno mais possibilidades teremos de não fazer juízos de valor errados.
A comunicação é um componente crucial da relação pedagógica e, de alguma
maneira, das situações didáticas e das aprendizagens dos alunos.
Por outro lado, a organização curricular do ensino básico baseia-se num processo
científico que utiliza um sistema, integrado de currículo e avaliação. Envolve a
avaliação, interpretação, reflexão, informação e tomadas de decisão sobre os
percursos educativos que conduzem à promoção de um ensino de qualidade com vista
ao sucesso educativo.
No Despacho Normativo n.º 6/2010 (consultar na pasta anexo do DVD), que em
anexo faz a republicação do despacho n.º 1/2005, de 5 de Janeiro, referencia as
principais orientações e disposições relativas à avaliação das aprendizagens.
Menciona como finalidades da avaliação:
A avaliação é um elemento integrante e regulador da prática educativa,
permitindo uma recolha sistemática de informações que, uma vez analisadas, apoiam
a tomada de decisões adequadas à promoção da qualidade das aprendizagens.
A avaliação visa:
a) Apoiar o processo educativo, de modo a sustentar o sucesso de todos os
alunos, permitindo o reajustamento dos projetos curriculares de escola e de turma,
nomeadamente quanto à seleção de metodologias e recursos, em função das
necessidades educativas dos alunos;
b) Certificar as diversas aprendizagens e competências adquiridas pelo aluno, no
final de cada ciclo e à saída do ensino básico, através da avaliação sumativa interna e
externa;
c) Contribuir para melhorar a qualidade do sistema educativo, possibilitando a
tomada de decisões para o seu aperfeiçoamento e promovendo uma maior confiança
social no seu funcionamento. (p.7464) (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (Despacho
normativo n.º 6/2010, 19 de Fevereiro de 2010) – ―referencia as principais
orientaç es e disposiç es relati as a aliação das aprendizagens‖, i rio da
República, 2ª série Nº35, pp7462 -7464).
Menciona o carácter formativo da avaliação, competindo à direção pedagógica
de cada escola, definir, em cada ano letivo, de acordo com as orientações do programa
nacional de ensino, os critérios de avaliação a vigorar. Refere também: O órgão de
direção executiva da escola ou agrupamento deve garantir a divulgação dos critérios
referidos nos números anteriores junto dos diversos intervenientes, nomeadamente
alunos e encarregados de educação. (p.7464).
A junção dos processos de avaliação com as orientações curriculares, destacam a
necessidade de recurso a uma variedade de modos e instrumentos de avaliação. A
avaliação deve ter em vista apreciar a evolução global dos alunos, mantendo como
referência as aprendizagens e as competências essenciais da disciplina. A avaliação não
é um ato singular.
5.3 Avaliação
5.3.1 A Expressão (ões) da Avaliação
A primeira semana, como todo o início, tudo é nova. Os alunos são
desconhecidos, são apenas crianças e, aparentemente, todas iguais. A expectativa
aumenta em relação aos colegas de trabalho, o espaço não é só nosso, temos que
partilhar e planear em conjunto, mas este espaço, que não é nosso, aos poucos torna-
se também nosso. As crianças desconhecidas e todas iguais aos poucos passam a ser
alunos com dificuldades comuns e individuais, os alunos passam a ser todos diferentes
e cada um com necessidades próprias, diferenciadas. Há que trabalhar em função
desta diferença, há que encontrar estratégias para trabalhar nas diferenças. Nem tudo
são rosas e, por isso, começam a surgir alguns problemas que é necessário resolver e
tomar a atitude certa na hora exata. Um desses problemas é a indisciplina. Aí, como
professora, mas, sobretudo, como educadora há que refletir a prática pedagógica,
repensar a metodologia usada, os objetivos, a avaliação, enfim a conceção de
educação.
Nesse momento da minha prática pedagógica senti necessidades de articular os
saberes apreendidos ao longo dos anos anteriores em que dei aulas. Então fiz aquilo
que sei fazer melhor – lecionar. E entenda-se, lecionar não é só ensinar, mas dotar o
aluno de meios, regras, e técnicas diversificadas para que as crianças possam explorar
sem serem condicionadas pela minha vontade. Concordo com Agostinho da Silva
(2000) quando diz na sua obra (Educação de Portugal, textos pedagógicos II, Âncora
Editora, 2000), que, a verdadeira didática consiste em não ensinar, mas em deixar
aprender (p.137) Acrescenta, ainda, que, o professor deve ajudar a criança a aprender
e não a modelá-la como um adulto.
Agostinho da Silva distinguia instruir de educar. Para ele instruir era, juntar de
fora, alguma coisa ao ue foi dado‖ ao passo ue educar é fazer despertar na criança
a vontade de aprender, ou seja, é saber esperar que, se desembrulhe, se desembarace
do ue a impede de ser o ue é.” (SILVA, AGOSTINHO (2000).‖Textos Pedagógicos II‖,
Ancora Editora, p.137). Este foi o meu papel, no processo de aprendizagem.
A função do professor deve basear-se em valores como a dedicação a empatia, a
amizade a confiança, a criatividade, a cooperação, respeito mútuo e, acima de tudo, o
amor pedagógico. Pois, nos dias de hoje, ser professor é uma tarefa acrescida de mais
responsabilidades. Os pais/ encarregados de educação, muitas vezes não têm tempo
para os seus educandos e é a escola que carrega nos seus ombros parte dessa
responsabilidade. Cada vez mais, os pais delegam quase integralmente na escola a
educação dos seus educandos, limitando a sua ação educativa a castigos por maus
comportamentos. A forma como grande parte dos pais portugueses educam os filhos,
incentiva nestes a falta de autoconfiança, a falta de iniciativa e de responsabilidade.
O professor tem como papel principal criar e estimular o ambiente educativo.
Este papel terá de ser ativo e criativo, fazendo com a educação decorra numa ação
conjunta e onde haja espaço para a criatividade de alunos e professores. Devem estar
preparados para compreender a importância e as contradições da diversidade cultural
e devem, também, procurar constante formação para se sentirem preparados para a
inclusão de alunos com necessidades educativas. Por exemplo na minha escola tinha
alunas de etnia cigana. Os seus valores culturais eram diferentes. Por isso foi
necessário lidar com essas diferenças e tentar sempre uma integração destas crianças
no grupo. Tive, também alunos com necessidades educativas, apesar de não ser
necessário implementar adequações curriculares, foi necessário ter em atenção o seu
ritmo de trabalho e compreensão dos conteúdos lecionados. O professor é, sem
dúvida, uma peça muito importante no conjunto que movimenta todo o sistema
educacional. Desta maneira é de suma importância que o docente seja devidamente
capacitado para receber este novo aluno que está a chegar à Escola dando-lhe as
ferramentas necessárias para compreendê-lo e orientá-lo devidamente. Eu sempre
trabalhei a tolerância, no sentido de respeitar as diferenças e não a intolerância no
sentido da indignação, principalmente quando relacionada a questões sociais, a
exploração, a marginalização.
Por outro lado o professor tem, de integrar na sala de aula meios que facilitem a
comunicação e aumentem a motivação. Os progressos no domínio da comunicação
têm sido enormes. Os novos meios de informação permitem a troca de informação,
independentemente da distância, com toda a precisão e rapidez. O processo de ensino
tem necessidade de uma ligação constante com o mundo exterior. Neste domínio, a
evolução tecnológica pôs à disposição do professor meios suficientes para trazer até
ao aluno conhecimentos mais alargados.
Para que a avaliação possua alguma consistência foi necessário recorrer a
instrumentos de avaliação devidamente adequados com os critérios definidos em
departamento e conselho pedagógico, pelos membros dirigentes da instituição em
causa.
As ferramentas e técnicas de avaliação são os instrumentos utilizados pelo
professor para a obtenção de provas do desempenho dos alunos no processo de
ensino e aprendizagem. As ferramentas não são fins em absolutos e únicos, mas um
auxílio útil para a obtenção de dados e informações sobre o aluno, sem que haja uma
distorção da realidade.
Quanto mais organizado estiverem os momentos de avaliação e definidos os
seus instrumentos, maiores as possibilidades de nos informarmos corretamente
relativamente ao percurso educativo de cada aluno e também relativamente ao nosso
sucesso. Sendo esta disciplina prática (EV), onde as principais formas de avaliação são
de observação e registo, é fundamental a sistematização de todo o processo de
avaliação de forma a torná-lo o mais objetivo possível. Neste contexto, foi recorrente a
utilização de grelhas de valores e atitudes e grelhas de avaliação dos conteúdos. Na
disciplina de EV, foram utilizadas fichas para a avaliação das atividades e dos alunos,
que foram desenvolvidas tendo em conta os parâmetros de avaliação definidos em
reunião do departamento das expressões. Foi muito importante ter em conta para
avaliar, não exatamente o nível em que o aluno tinha no início da prática pedagógica,
mas precisamente a sua trajetória e mais exatamente o seu crescimento. Portanto um
aluno que começa com um potencial muito alto, mas que não evolui tanto quanto
aquele que tinha um potencial mais baixo, pode ter uma avaliação mais baixa caso o
segundo desenvolver mais que o primeiro. Incentivei sempre a reflexão sobre o
trabalho desenvolvido, de modo a que eles mesmos sejam sempre os primeiros críticos
dos seus próprios trabalhos.
O conhecimento e a utilização de diferentes áreas do saber cultural e
tecnológico, permitiu a concretização de distintas experiências de aprendizagem, que
valorizaram a relação social educacional tecnológica, considerada adequada à
sociedade atual que, cada vez mais, exige cidadãos atentos, formados, informados,
comunicativos e criativos, bem como a transversalidade transcurricular,
transdisciplinar entre todos os elementos ativos na comunidade escolar e que
contribuíram para a concretização desta unidade curricular, tal como demonstra o
quadro abaixo.
A preocupação fundamental foi permitir aos alunos vivenciar novas e variadas
experiências com a Obra de Arte, desenvolvendo a sua cultura artística e o seu sentido
estético e crítico, promovendo um ensino-aprendizagem com materiais, estratégias e
metodologias diversificadas de modo a facilitar a todos os alunos o acesso à
aprendizagem, pois tal como refere Rocha de Sousa (In, AAVV (coord. Rocha de Sousa)
(1995). Didática da Educação Visual. Lisboa: Universidade Aberta), “o professor deve
abrir ao aluno as condições próprias para alargar o espaço técnico- criativo na sua relação
com o meio, com a exemplaridade das proposições artísticas ou funcionais, tendo em vista
melhorar o seu acesso ao fazer, à invenção, à leitura e uso qualificados dos instrumentos
comunicativos de que pode dispor enquanto ser social e agente de civilização.”
Outro fator tido em conta foi o desenvolvimento de atividades adaptadas às
características dos alunos, o que nem sempre foi fácil devido à dimensão das turmas e
atendendo a que cada aluno é um caso, o ser humano é singular e por isso nem
sempre foi possível corresponder a todas as expectativas. Conseguimos em conjunto,
no entanto, ultrapassar todos estes obstáculos, exceto o referente à temporalidade na
concretização do mesmo o que acabou por culminar no final do ano letivo dada a
dimensão do envolvimento escolar da unidade curricular que extravasou fronteiras e,
sobretudo por se ter tornado revelador e gratificante para mim enquanto docente e
indivíduo, perceber que os meus alunos gostam da minha pessoa, identificam-se,
retribuem todo o esforço realizado, pois isto é muito mais do que uma demonstração
de amizade, é uma revelação de que também o professor cumpriu os seus objetivos
como docente, pois mais difícil do que os alunos corresponderem às expetativas do
professor, é este corresponder às dos seus alunos!
P A R T E I I – H O R I Z O N T A L I D A D E S E V E R T I C A L I D A D E S N O C O R P O D O
P R O J E T O
CAPÍTULO 6 – ENQUADRAMENTO DA UNIDADE LECIONADA NO PROGRAMA
6.1 A importância das Competências
Ao refletir sobre a questão das competências, transporto-me para um campo
inevitavelmente ainda mais abrangente que é o comportamento da arte na educação,
com as crianças, jovens, adultos, entre outros. Por vezes as reflelxões poderão elas
mesmas retratar algo constrangedor, algo que nos faz comichão e que de certa forma
nos faz seguir em frente, de mudar, lutar, contra um sistema muitas das vezes viciado,
contaminado, estan ue…
A prática artística é reguladora ao exaltar o sentido crítico do sujeito. Até hoje
subsiste nas escolas um prolongamento da ideia de que o pensamento que recorre a
formas abstratas e ao exercício do raciocínio é mais digno que o pensamento artístico.
A arte vem ocupar um lugar necessário para o entendimento de conceitos
fundamentais da contemporaneidade, nomeadamente, a cidadania e as indústrias
criativas.
Na atualidade, qualquer comparação que se estabeleça entre práticas artísticas
contemporâneas e o ensino da arte em si é matéria de grande apreensão. As propostas
educativas emergem de um campo de estudo empolgante, onde estão presentes
múltiplos projetos de investigação provenientes das mais distintas áreas do
conhecimento.
Procuram teorizar fundamentos e modelos de aprendizagem que fomentem
respostas adequadas às constantes mudanças operadas na sociedade pós-industrial,
inserida numa cultura de massmedia e, também, no mundo restrito da arte. Antes de
mais, todos os modelos artísticos operam em consonância com outros modelos sociais,
políticos e económicos. A revisão das teorias pedagógicas praticadas em torno da arte
teve como objetivo validar as experiências que foram ensaiadas com diferentes
propósitos, em culturas e em condições sociais distintas. Neste sentido, Arthur Efland
(1990: 38) adverte perante os juízos estéticos irrefletidos que, quando são realizados
sem o conhecimento das condições culturais onde se inserem os sistemas artísticos,
assumem um carácter negativo:
«The role of critics and teachers is to analyse art within cultural contexts». Por
outro lado, a tese de Dennis Atkinson (2002) representa uma outra reflexão sobre a
educação artística. Neste caso, demonstra como os sistemas correntes de avaliação,
bem como os que dizem respeito à preparação dos professores, nem sempre se
compatibilizam com as necessidades dos alunos. E prossegue, fazendo referência a
Pierre Bourdieu, ao designar o modo como, na opinião do autor, a ação pedagógica
tem vindo a acentuar as desvantagens sociais dos alunos. Nicholas Addison e Lesley
Burgess (2007), por outro lado, alertam para o desadequado sistema de avaliação
vigente, na medida em que conduz ao constrangimento da criatividade e do
pensamento crítico em aula.
Para a doutrina de Lev Vygotsky é importante que a aprendizagem se
desenvolva, não como uma prática isolada, mas antes através da interação com os
outros (os seus pares). Neste mesmo sentido, os projetos artísticos, aplicados em
contexto da sala de aula, conduzem a formas de pensar inovadoras, nomeadamente
quando exercitados em situações de aprendizagem diferenciadas. A natureza eclética,
multidisciplinar e inclusiva do mundo artístico coloca-nos perante desafios
prometedores para o ensino.
Enquanto processo de transformação pessoal, a arte permite-nos, seguramente,
viver de forma mais criativa, ao mesmo tempo que melhora a qualidade de vida dos
seus intervenientes. No seu conjunto, os discursos artísticos dominantes têm sido
conduzidos por instâncias do pensamento filosófico, social e cultural.
Tanto enquanto artistas como enquanto professores, os profissionais que
vivenciaram esta formação procuraram construir o seu próprio caminho, desenvolver a
sua maneira pessoal de criar e de ensinar, através, por vezes, de um certo
autodidactismo.
A este modo de conceber a Arte, como expressão corresponderam práticas de
Educação Artística próprias de uma corrente expressionista: exercícios não dirigidos,
de expressão livre, que, por oposição ao modelo anterior, procuravam promover a
originalidade, através da cedência de liberdade. No entanto, esta liberdade, associada
ao receio de influenciar a singularidade de cada aluno, acabou muitas vezes por se
traduzir num “não-ensino”.
O aluno é assim o sujeito do processo de aprendizagem e não o objeto, como é
muito comum na pedagogia tradicional. Os princípios da teoria humanista estão
refletidos na continuação. Um processo contínuo da aprendizagem, que faz oposição à
chamada pedagogia tradicional, com uma metodologia diferenciada e conservadora.
Onde a questão da transmissão dos conteúdos dos professores para os alunos, à luz de
uma pedagogia tradicional, retrata um professor que tem o papel apenas de ensinar,
com autoridade máxima.
O aluno é recetor, aquele que recebe conteúdo, não pode ser sujeito da ação, o
seu papel é de memorizar, sem questionamento, um depositário do saber e não pode
participar na construção da ciência.
A pedagogia humanista vem deste modo acabar com as proposições da escola
tradicional.
6.2 A Representação das Artes no Currículo do Ensino Básico
6.2.1 Cooperatividades
No entendimento do ensino/ aprendizagem, o aluno não é mais um depositário
do saber, o professor muda de papel, porque também não é mais aquele que ensina
apenas o conhecimento, já elaborado.
O novo papel do professor é criar ambientes favoráveis, numa lógica de
sinceridade e amizade em que os alunos que vão à escola, vão por motivação e não
por dever.
Nesse novo modo de ver o processo educacional, o aluno é o centro da própria
pedagogia, como também o sujeito do mecanismo educacional. O professor cumpre o
papel de favorecer esse processo pelo mecanismo da criação e orientação contínua, no
favorecimento da construção do saber. Tem um papel facilitador da ação dos alunos,
para além de criarem uma base sistemática para o mecanismo do ensino
aprendizagem.
É fundamental o desenvolvimento da afetividade no processo educacional
humanista, o saber não é apenas uma construção, mas uma relação de amizade, na
qual se cria um clima de respeito mútuo, em que todos sejam aceites com os seus
valores próprios.
Deste modo, os alunos procuram naturalmente desenvolver as suas aptidões,
importantes para a construção do saber. O professor humanista defende então um
processo de promoção do aluno em sociedade, através do mecanismo ensino
aprendizagem e da construção desse ensino, no dia-a-dia, dentro da sala de aula.
Somos, fomos preparados para a vida, desenvolvendo comportamentos de
integração com o meio, com uma convivência saudável.
Foi-nos ensinado que se também a questão fundamental, que é o saber viver,
como também o saber aprender, o saber conviver, aprender, administrar conflitos,
então uma pedagogia que não serve a vida, não serve para o processo ensino
aprendizagem, na construção do saber.
Se é verdade que é tarefa do educador criar um clima que favoreça a
aprendizagem pois o seu comportamento em relação aos educandos é de fundamental
importância para que ocorra uma aprendizagem significativa, também não é menos
verdade que a iniciativa na escola pertence ao aluno e não ao professor.
O desenvolvimento da aprendizagem, competências, saberes ou a formação de
interesses, vão progressivamente moldando o aluno e ocorrem cada vez mais no
contexto da escola, construindo a sua identidade pessoal e a sua orientação para o
futuro, embora como dizia Agostinho da Sil a “o que há de fundamental na criança e no
seu desenvolvimento depende da qualidade, da força, do poder vital do seu impulso interior”
(Silva, Agostinho (2000).”Textos Pedagógicos I”, Ancora Editora, p176).
Tendo à sua disposição os livros e material de trabalho, o papel do aluno deverá
ser o de auto instruir-se, estudar por si, descobrir, construir, fazer ele próprio as
experiências e perceber como se constrói o saber. Hoje em dia o aluno tem que
aprender a pesquisar por ele próprio e aprender com os seus próprios erros, pois ao
errar o aluno é obrigado a repetir e isso vai aperfeiçoar a sua técnica.
Tendo os alunos mais liberdade em constituírem os seus grupos, haverá maior
coesão e entusiasmo pelo trabalho, este favorece a aproximação entre eles e incute-
lhes o desejo de colaborar. No entanto os alunos devem ser consciencializados de que
a sua liberdade é condicionada pela liberdade dos outros e que o respeito e a boa
colaboração devem estar sempre presentes.
Todos os indivíduos são de alguma forma motivados a aprender. No entanto,
cabe ao educador descobrir a rota de como chegar ao seu aluno. O incentivo que
ocorre em sala de aula deve ser suficientemente forte e eficaz de forma a envolver o
aluno na situação de aprendizagem, quer seja através do trabalho de grupo, de pares
ou individual.
Enfim, sabe-se que é através da aprendizagem que o homem muda e transforma
o meio. A capacidade de aprender está presente no indivíduo desde o nascimento. É
um fenómeno do dia-a-dia e não se aplica apenas a situações de sala de aula. Porém,
cada pessoa tem o seu próprio ritmo de aprender e o processo é gradual. O
importante é que o aluno tenha consciência do seu papel nesse processo, pensando na
forma como se mobiliza e direciona a sua ação na aprendizagem.
Desta forma podemos desenvolver habilidades e conhecimentos, adquiridos,
como também os construídos, por meio do processo pedagógico, que facilitou na
promoção do eu no mundo do trabalho, que nos muniu para podermos aprender a
administrar situações adversas ao próprio mundo em que vivemos. Abriu-nos portas
ao processo de autoconhecimento permanente, favorecendo a construção também
contínua da autoestima.
6.3 A Disciplina de Educação Visual
6.3.1 Um Autoretrato
A Arte assume-se como uma componente integrante da Lei de Bases do Sistema
Educativo. Nos três ciclos da educação básica os alunos têm a oportunidade de
contactar, de forma sistemática, com a Educação Artística como área curricular. A
abordagem às Artes Visuais faz-se através da Expressão Plástica, da Educação Visual e
Tecnológica e da Educação Visual, que desempenham um papel essencial na
consecução dos objetivos da Lei de Bases.
A escola, nas suas múltiplas experiências educativas, deve proporcionar o acesso
ao património cultural e artístico, abrindo perspetivas para a intervenção crítica. Neste
contexto, as Artes Visuais, através da experiência estética e artística, propiciam a
criação e a expressão, pela vivência e fruição deste património, contribuindo para o
apuramento da sensibilidade e constituindo, igualmente uma área de reconhecida
importância na formação pessoal em diversas dimensões desde a cognitiva, à afetiva e
comunicativa. Acredito na educação em Artes Visuais, como um processo contínuo ao
longo da vida, e que tem implicações no desenvolvimento estético-visual dos
indivíduos, tornando-se condição necessária para alcançar um nível cultural mais
elevado, prevenindo novas formas de literacia.
A Arte não está separada da vida comunitária, antes faz parte integrante dela. A
aprendizagem dos códigos visuais e a fruição do património artístico e cultural
constituem-se como vertentes para o entendimento de valores culturais promovendo
uma relação dialógica entre dois mundos: o do Sujeito e o da Arte, como expressão da
Cultura. O entendimento da diversidade cultural ajuda à comparação e clarificação das
circunstâncias históricas, dos modos de expressão visual, convenções e ideologias,
valores e atitudes, pressupondo a emergência de processos de relativização cultural e
ideológica que promovem novas formas de olhar, ver e pensar. Estas formas revelam-
se essenciais na educação em geral, pelo facto de implicarem processos cooperativos
como resposta às mudanças que se vão operando culturalmente.
A disciplina de Educação Visual encontra-se integrada na Área de Educação
Artística e é opcional no 9º ano. Neste sentido deve ser planeada para que os alunos
que optarem por terminar o estudo da disciplina no 8º ano, possam ter desenvolvido
um conjunto de competências e adquirido um conjunto de conhecimentos essenciais
para a sua formação pessoal, e aqueles que optarem por continuar o seu estudo no 9º
ano possam ter um espaço de enriquecimento de formação nas áreas de
representação do real e de desenvolvimento de projetos, quer na perspetiva da
integração na vida ativa (uma opção ainda seguida por um número significativo de
jovens) quer na perspetiva do prosseguimento de estudos.
A Educação Visual constitui-se como uma área de saber que se situa no interface
da comunicação e da cultura dos indivíduos tornando-se necessária à organização de
situações de aprendizagem, formais e não formais, para a apreensão dos elementos
disponíveis no Universo Visual. Desenvolver o poder de discriminação em relação às
formas e cores, sentir a composição de uma obra, tornar-se capaz de identificar, de
analisar criticamente o que está representado e de agir plasticamente, são modos de
estruturar o pensamento inerentes à intencionalidade da Educação Visual como
educação do olhar e do ver.
A compreensão do património artístico e cultural envolve a perceção estética
como resposta às qualidades formais num sistema artístico ou simbólico determinado.
Estas qualidades promovem modos de expressão que incluem conceções dos artistas e
envolvem a sensibilidade daqueles que as procuram.
As investigações iniciadas no século XX na área da Educação e da Psicologia
contribuíram para uma compreensão mais vasta do papel da arte no desenvolvimento
humano. Ao longo das últimas décadas, as orientações nesta área apontam para uma
integração, cada vez mais aprofundada, dos saberes no âmbito das teorias da arte, da
estética e da educação. Destas pesquisas emergiram dados importantes para a
compreensão do sujeito como criador e fruidor. Estas conceções educacionais e
artísticas introduziram novas linhas de orientação, operando mudanças ao nível
teórico e prático, na Educação Visual.
O paradigma anterior, fundado na convicção de que a apreciação e a criação
artísticas eram uma questão de sentimento subjetivo, interior, direto e desligado do
conhecimento da compreensão ou da razão, compartimentando o cognitivo-racional e
o afetivo-criativo, teve como reflexo na prática escolar, sobretudo nos primeiros anos
de escolaridade, o entendimento do processo criativo como manifestação espontânea
e autoexpressiva, com a valorização da livre expressão, adiando, consecutivamente, a
introdução de conceitos da comunicação visual, antevendo novos modos de fazer e de
ver.
É reconhecido que as práticas educativas, influenciadas pela visão
expressionística referida, têm vindo a ser abandonadas, dando lugar a ações
educativas estruturadas, de acordo com modelos pedagógicos abertos e flexíveis,
originando uma rutura epistemológica, centrada num novo entendimento sobre o
papel das artes visuais no desenvolvimento humano, integrando três dimensões
essenciais: sentir, agir e conhecer. Este conhecimento evolui com a capacidade que o
sujeito tem de utilização de ferramentas, disponibilizadas pela educação, na realização
plástica e na perceção estético-visual.
Assinalo, por exemplo, a ideia do desenvolvimento da expressão visual, baseada
num repertório de respostas, em vez de um modelo linear que tem estado patente nas
teorias do desenvolvimento psicológico e artístico. A aquisição gradual de um conjunto
diferenciado de respostas, a desenvolver precocemente, constitui o objetivo do
conhecimento na educação visual.
O desenvolvimento da perceção estética e a produção de objetos plásticos
envolve o entendimento e intervenção numa realidade cultural à qual a escola não
deve ser alheia. O recurso ao método de resolução de problemas, como metodologia
para a educação visual, tem propiciado a valorização de soluções utilitárias imediatas,
negligenciando-se, por vezes, a dimensão estética das propostas. Apesar da
importância desta metodologia fundamentada em diferentes momentos de decisão,
pesquisa, experimentação e realização, destaca-se, neste contexto, a actividade
estética nas artes visuais como constitutiva do conhecimento do Universo Visual,
relacionando a perceção estética com a produção de objetos plásticos.
A relação entre o Universo Visual e os conteúdos das competências formuladas
para a educação visual pressupõe uma dinâmica propiciadora da capacidade de
descoberta, da dimensão crítica e participativa e da procura da linguagem apropriada à
interpretação estética e artística do Mundo.
6.3.2 Competências específicas
O processo educativo é hoje, mais do que nunca influenciado por múltiplos
fatores, seja na abordagem ao nosso modo de viver, seja na forma como abordamos e
o currículo. Contudo, não nos podemos esquecer, da pedra toque no que concerne à
própria disponibilidade dos indivíduos para a aprendizagem. Não são somente os
aspectos cognitivos que influem na aprendizagem no âmbito da escola, mas também
os aspectos afetivos e relacionais. De acordo com a conceção da corrente
construti ista, pretende‐se estabelecer a relação entre a aprendizagem, a moti ação, e
o autoconceito.
Na escola, o professor, enquanto supervisor pedagógico, deve utilizar estratégias
de encorajamento e motivação capazes de fazer com que o processo de ensino e
aprendizagem conduza a mudanças no aluno. Estas desenham-se de maneira provocar
reações ao nível das suas atitudes e comportamentos dentro de uma tela de esquemas
mentais, da sua própria criatividade e expressividade, contribuindo, assim, para um
crescimento mais (in) consciente no entanto mais responsável, o que vai produzir e
contribuir para um maior estímulo e reforço das relações humanas e cívicas.
Esta linha desenha competências, ou por elas tenta retratar o que poderá
conduzir a uma aquisição das mesmas, por isso, o conceito de competência assume
especial relevância no ensino enquanto bússola, enquanto fio condutor e quase uma
espécie de “mentor”. Tem-se assistido no entanto, a uma “inadequação ou insucesso da
preparação trazida da escola” (In, Roldão, Maria do Céu, Diferenciação Curricular
Revisitada, Conceito, discurso e práxis, 2003, p. 9) o que gera problemas sociais e
políticos. É portanto importante compreender a gestão e avaliação das aprendizagens
escolares segundo o conceito de competência. Vive-se hoje, perante uma organização
escolar que insiste em funcionar praticamente do mesmo modo como foi criada no
final do século XVIII, tendo em vista uma população homogénea. Deste modo, a ideia
de currículo enquanto conteúdos a dar, não pode estar desligada das finalidades da
integração dos mesmos, das competências que se pretendem ser adquiridas pelos
alunos, entende‐se competência segundo uma noção mais ampla, ue integra
conhecimentos, capacidades e atitudes e que pode ser entendida como um saber em
ação.
CAPÍTULO 7 – CARCTERIZAÇÃO DO CONTEXTO ESCOLAR
7.1 A Instituição de Ensino
O meio, a comunidade escolar tem hoje um papel fulcral nos dias que correm.
Preenchem um papel muito importante na reabilitação, na construção dos alunos.
Tornaram-se multisensoriais, recursos educativos ricos, assumindo-se como espaços
de interação livres e potenciadores de uma autoconsciência e desenvolvimento da
identidade.
O ambiente, o espaço por mim apresentado ao longo deste trabalho e explorado
pelos seus intervenientes mais diretos, como a própria comunidade de onde se faz
sobressair os alunos, responde e tenta responder aos novos desafios diários, de forma
sincronizada, configurando ambientes imersivos que promovem a curiosidade, a
participação e o gozo dos alunos acima de tudo, numa abordagem e acesso a novas
dimensões e trabalhando sensibilidades.
António e Hanna Damásio (In, DAMÁSIO, A.; DAMÁSIO, H. (2006). Brain, Art and
Education. World Conference on Arts Education Building Creative Capacities of 21st
Century.Disponívelemhttp://portal.unesco.org/culture/en/files/33947/11798495493A
ntonioDamasio-SpeechRevised.pdf/AntonioDamasio-SpeechRevised.pdf) referem a
importância extrema que a educação artística pode ter para o cidadão contemporâneo
e previnem que entender a arte e as ciências humanas, como matérias do passado, é
um erro gigantesco para o qual muitas vezes se tende. Estes neurocientistas garantem
que a Matemática e a Ciência, sozinhas, não fazem cidadãos e, é esta
complementaridade que a escola Secundária Francisco Simões procura a sua base de
trabalho, de sensibilização.
Constato um desenho de interação e implementação deste ambiente num
cooperativismo de trabalho transdisciplinar, transversal a todos os ciclos, neste caso
segundo e terceiro ciclos, colmatados com processos cognitivos e emocionais
indissociáveis.
A escola é assim apresentada através da sua personalização, das suas estratégias,
o seu rosto em Vivências por um Crescimento Sustentado num plano educacional que
nos conduz a uma Engrenagem na Globalização da Educação numa transversalidade
que abraça toda a comunidade escolar na procura de uma melhor e maior criticidade
por parte da mesma, fugindo deste modo de uma pedagogia fragmentada, onde a
relação entre docente e aluno não alcança maturidade para a transversalidade. A
escola cultiva, gera a realização deste trabalho, processo ao gerar mudanças na
postura dentro do sistema escolar.
As mudanças, as atitudes promovem e espelham uma Construção de Uma Escola
Na e, De Cultura, em prol da necessidade crescente de renovação a par dos tempos de
hoje, numa responsabilidade na transmissão da cultura e da educação em valores de
sustentabilidade e responsabilidade, regulamentados e retratados no Regulamento
Interno do Agrupamento e de Escola.
O Agrupamento de Escolas Francisco Simões é constituído pelo Jardim de
Infância do Feijó, pelas escolas do 1º Ciclo com Jardim de Infância Maria Rosa Colaço e
Chegadinho e pela Escola Secundária com 2º e 3º Ciclos Francisco Simões (ESFS), sendo
esta a sede.
A Escola Secundária com 2º e 3º Ciclos Francisco Simões (ESFS), encontra-se
implantada na Quinta de Santo António no Laranjeiro, com uma orientação norte-sul.
A Escola é delimitada, a nascente, pela linha do Metro que corre paralela à estrada
nacional número dez. A norte e a poente estendem-se zonas habitacionais de
implantação recente que incluem bairros sociais. As instalações são constituídas por
um grupo de seis blocos, cinco deles com dois pisos, um campo de jogos e respetivo
balneário adstritos à prática da Educação Física e um espaço exterior amplo com
telheiros e zonas verdes. Todos os blocos estão equipados com salas de arrumação e
instalações sanitárias.
Após ultrapassar a zona da portaria apresenta-se à esquerda o bloco azul (A). No
piso zero deste bloco encontra-se a reprografia, uma sala de convívio e uma sala de
trabalho para professores, uma sala de trabalho para Diretores de Turma, a Secretaria,
a sala de atendimento aos Pais e Encarregados de Educação e o gabinete de primeiros
socorros. No piso um deste mesmo bloco localizam-se o Gabinete da Direção, a
Biblioteca, um Auditório e a sala do Clube Multimédia e Audiovisual.
ILUSTRAÇÃO 1 – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFÍCA DA ESCOLA SECUNDÀRIA FRANCISCO SIMÕES.
LARANJEIRO. (IN WWW.GOOGLEMAPS.PT)
Seguindo para sul, apresenta-se igualmente à esquerda uma zona de pátio com
uma escultura da autoria do escultor Francisco Simões. O bloco lilás (D) completa a
moldura de enquadramento deste espaço exterior. No piso zero deste bloco encontra-
se um Laboratório de Biologia e três salas de aula. No piso um, encontram-se sete salas
de aula e o Laboratório de Matemática.
Mais à frente, depois de ultrapassada a zona com telheiro, encontra-se um
caramanchão que suporta um conjunto de buganvílias. Em frente, apresenta-se o
bloco laranja (E). No piso zero encontra-se um Laboratório de Química onde funciona o
Clube da Ciência, um Laboratório de Física, uma sala de aula e o Clube de Teatro. No
piso um, existem cinco salas de Informática e duas salas de aula, o gabinete dos
Serviços de Psicologia e Orientação e o Clube Europeu. Próximo deste bloco, localizado
a nascente encontram-se os balneários, onde funciona o Gabinete do Grupo disciplinar
de Educação Física.
Em frente aos três blocos descritos, numa zona mais alta, separada da anterior
por pequenos muretes de pedra calcária, apresentam-se os restantes blocos: a
turquesa, o verde e o amarelo. O piso zero do bloco turquesa (B) tem uma sala de aula,
uma sala de estudo, uma sala adaptada para a prática de Educação Física, uma sala de
Expressão Plástica e o Clube da Matemática. No piso um, para além de espaços para
arrumação, existem cinco salas de aula e uma sala de Expressão Plástica.
Em frente ao bloco turquesa, apresenta-se o bloco verde (C). No piso zero há três
salas de Educação Tecnológica, sendo uma partilhada com o Núcleo de Atividades
Visuais na Escola e uma sala para a prática de Expressão Dramática. No piso um,
situam-se seis salas de aula, as salas dos Departamentos de Expressões e das Ciências
Sociais e Humanas.
Por último, apresenta-se o bloco amarelo, espaço polivalente onde se
encontram o refeitório, a cozinha, a papelaria, o bar, a ludoteca, a sala de alunos, a
sala da Associação de Estudantes e um amplo átrio. Por trás deste bloco existe um
espaço exterior com algumas árvores e vegetação rasteira que se estende até à
vedação. Este espaço destina-se à construção do Pavilhão Gimnodesportivo da escola.
Após ultrapassar a zona da portaria…
BLOCO D
BLOCO C BLOCO E
BALNEÁRIOS
BLOCO A
BLOCO D
BLOCO C
ILUSTRAÇÃO 2 - PERSPETIVAS DOS ESPAÇOS FÍSICOS EXTERIORES DA ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO
SIMÕES.
A escola sede foi inicialmente denominada de Secundária nº 2 do Laranjeiro. De
um modo geral, a comunidade escolar não se identificava com um nome que era
inexpressivo, reduzindo-a a um número e a uma localização. A procura de um nome
para a escola constituiu um processo moroso que envolveu toda a comunidade
escolar, sendo uma etapa fundamental na construção de uma identidade. O critério
essencial foi selecionar o nome de uma individualidade atual, nascida
preferencialmente no concelho de Almada – zona geográfica em que a escola se
insere, que contribuísse para o enriquecimento cultural e dinâmica da escola. De entre
os vários nomes propostos, a votação recaiu sobre o escultor Francisco Simões.
Deste modo, nesta escola batalha-se por uma escola na e, de cultura. É da
necessidade de renovação da Escola dos nossos tempos que decorre a sua
responsabilidade na transmissão de Cultura e na educação em valores de
sustentabilidade e responsabilidade nas ações sobre o meio. Numa sociedade do
imediato, baseada na troca de informação, “a escola destrói as crianças” (Rubem
Alves) (ainda) e, onde o ato comunicativo é essencial nas relações humanas e interage
com todas as suas atividades, o fenómeno cultural é particularmente visado por este
fenómeno de trocas, condicionando a mesma a um fechamento sobre ela própria,
numa codificação e ritmos particulares e, é contra este fechamento que na escola
Francisco Simões a oferta na engrenagem na globalização da educação na área do
ensino/ aprendizagem, divididas em visitas de estudo, atividades culturais, desportivas
e recreativas e por fim em, clubes/ projetos apresentando uma diversidade
representativa de modo a atender as necessidades existentes e a procurar aberturas,
diminuir velocidade, ritmos (quando necessários) e explorar no os “brin uedos”,
numa procura constante pela individualidade de cada aluno como um todo inserido
numa realidade/cultura própria, num contexto social/cultural próprio.
Nietzsche diz “a mente é um estômago”, Al es reforça, “A função do professor é
dar fome”, isto é, com o estômago azio e as ferramentas, “brin uedos” necess rios os
alunos irão preencher esse vazio e sabê-lo-ão como fazer, passando pela experiência
da tentativa e erro e, cujo percurso irá prevalecer na memória. Chamo de
aprendizagem. O que acontece e, partilhando da palavra de Alves, ninguém quer ficar
com uma “indigestão”, por isso, temos a capacidade de rapidamente prescindirmos da
informação supérflua e, assim fugimos do sistema educativo padronizado, abrindo por
vezes (ou quase sempre) um fosso entre professor e aluno, onde a falta de
comunicação e a desvalorização do aluno é uma constante. E são todas as atividades,
projetos anteriormente mencionados que irão de certa forma colmatar necessidades e
criar oportunidades, correspondências, comunicação, imprescindível num percurso
atual de multidisciplinaridade, numa tentativa de desenvolver capacidades e
competências que servirão de ferramentas para os alunos continuarem a construir os
seus próprios caminhos. O fosso existente na Escola de hoje espelha a sociedade do
mundo contemporâneo, onde a elocidade, o consumo a produção das “mercadorias”
culturais são aceleradas em oposição “lentidão” da a uisição e reflexão do saber
escolar. Acho estratégico que a escola desafie a temporalidade, proponha ritmos para
o saber e para a cultura. A questão é envolver os alunos nessa alternância de ritmos,
de modo a que cada um encontre o seu próprio ritmo, através dos seus próprios
“brin uedos” ue lhe irão saciar a “fome” atra és do erdadeiro processo de
aprendizagem e autoconhecimento e, abertos e recetivos ao diálogo num objetivo
único de aprender a pensar, aprender a viver. Para que exista esta envolvência e
aceitação de alternância de ritmos que desenha e percorre por vezes caminhos
sinuosos, é necessária uma sólida e coesa estrutura organizativa e de gestão e uma
consciencialização na reciclagem e formação contínua de toda a comunidade
educativa.
Todo este percurso por mim realizado na escola em questão é por mim encarado
como uma peça de teatro que se constrói e ensaia em cada dia, mas o desafio maior
joga-se entre a sua apresentação conjunta e o desempenho competente, autónomo e
criativo de cada ator.
A escola tem como objetivo a formação de cidadãos competentes, lúcidos,
esclarecidos, participativos, tolerantes e reflexivos. A meta a alcançar é o exercício
diário da partilha e troca de ideias, constrangimentos, ansiedades, esperanças e
quimeras. Mas, para alcançar tal meta, urge aprofundar a formação pessoal e social
dos alunos, exigindo-se uma maior articulação entre a escola e o meio envolvente para
dar resolução aos problemas atuais que preocupam a sociedade em geral e a
comunidade educativa em particular.
Deste modo, torna-se imperioso que a escola elabore e cumpra o seu Projecto
Educativo, pois ele pode e deve contribuir para o desenvolvimento e crescimento de
um movimento de autonomia, onde imperem a diversidade, a democraticidade, a
participação e a eficácia. Nestes moldes, e à luz da legislação vigente, o Projecto
Educativo do Agrupamento pode ser a expressão e concretização da autonomia da
escola.
A escola, hoje, mais do que nunca, tem de ser o reflexo de um espelho
comunitário e não uma obra de um guardião de um templo extracomunitário e
desfasado por ela mesmo. Todavia, para se conseguir alcançar esse reflexo, é
necessário permanecer otimista, pois é de difícil conciliação ser pessimista e educador
ao mesmo tempo.
Em suma a escola apresentada desenha um mapa onde refletir, questionar,
identificar problemas, questionar decisões e resultados, avaliar resultados, cooperar
nas soluções, mobilizar-se em torno de objetivos comuns, de forma a perspetivar o
futuro, tendo em vista a qualidade, são a pedra toque de um processo de construção
em aberto.
Neste sentido, trata-se de um trabalho coletivo que deve ser desenvolvido em
benefício dos alunos e que pressupõe o conhecimento das características, interesses e
expectativas dos mesmos, o conhecimento do contexto (interno e externo) em que se
desenvolve o processo educativo, o estabelecimento de prioridades educacionais e a
identificação de estratégias de intervenção e a participação de todos os intervenientes:
alunos, encarregados de educação, professores, pessoal auxiliar de ação educativa e
pessoal administrativo, isto é, daqueles que nela exercem a sua ação educativa e dos
que nela recebem a sua formação.
Este trabalho expõe assim, uma escola que face à sociedade moderna que
enfrenta desafios que espera ser a escola a resolvê-los como agência socializadora por
excelência, reformista e atenta às diversidades culturais existentes. Procura,
sobretudo, que a escola seja um meio capaz de formar cidadãos solidários,
responsáveis, intervenientes e desprovidos de atitudes discriminatórias. De facto, é
inegável o pragmatismo da Escola na responsabilidade que assume na formação dos
cidadãos. É óbvio que este desafio interpela a sociedade, sendo o mesmo
universalmente reconhecido e essa missão cabe, no fundo, à Educação como instância
promotora de uma consciência ética e cívica nas novas gerações. Assim, urge
humanizar o ensino e envolver os alunos, num processo dinâmico capaz de gerar
cidadãos preparados para intervir, interpretar e conhecer a vida e o mundo, tendo
subjacente e presente a dignificação do ser humano.
7.2 A Turma
Considerando a disciplina de “Educação Visual como educação do olhar e do ver”
(Ministério da Educação, 2001). “Currículo Nacional do Ensino Básico, Competências
Essenciais” (p.155). Lisboa: Ministério da Educação, Departamento da Educação
Básica) tive como objetivo delinear recursos educacionais capazes de favorecer a
aprendizagem da Arte na adolescência. Para tal foi tida em consideração a escolha de
dois fatores fundamentais: o ano de escolaridade e o tema a trabalhar e a comunidade
escolar onde a escola se encontra inserida.
No que se refere ao ano de escolaridade, optei pelo 8º ano, para implementação
desta unidade, por melhor se adequar ao currículo do mesmo e, também, visto ser
para muitos alunos um ano terminal da disciplina de Educação Visual (à data do ano
decorrente da implementação da unidade em questão), pois de acordo com a
organização curricular “a frequência da Educação Visual no 9º ano, (…), não é comum a
todos os alunos que terminam o ensino Básico. Assim, o 8º ano assume-se como um
ano terminal de Educação Visual para muitos dos jovens estudantes” (Ministério da
Educação, Departamento de Educação Básica (s/d). Educação Visual. Retirado:
http://www.dgidc.minedu.pt/recursos/Lists/Repositrio%20Recursos2/Attachments/60
6/ajustamento_educ_visual.pdf). Como tal e sendo as Artes “elementos indispensáveis
no desenvolvimento da expressão pessoal, social e cultural do aluno. São formas de
saber que articulam imaginação, razão e emoção. Elas perpassam as vidas das
pessoas, trazendo novas perspectivas, formas e densidades ao ambiente e à sociedade
em que se vive.” (Ministério da Educação (2001). “Currículo Nacional do Ensino Básico,
Competências Essenciais” (p.155). Lisboa: Ministério da Educação, Departamento da
Educação Básica). Considerei então, fundamental possibilitar a estes alunos uma
vivência artística mais profunda e dotada de novas experiências, que lhes permitissem
adquirir novos conhecimentos artísticos, ampliando o seu leque de aprendizagens e
desenvolvendo o seu sentido estético e crítico, e até quem sabe, motiva-los para a
continuação deste longo e inefável percurso do ensino e da aprendizagem artística,
que a longo prazo os poderá ajudar a tornarem-se cidadãos capazes de integrar de
forma ativa e criativa a sociedade em que se inserem.
A escola situa-se junto a uma área residencial problemática. Muitas das
crianças que frequentam a escola revelam um padrão de afetividade baixo, associado a
abandono familiar e escolar e a dificuldades económicas acentuadas. Têm códigos
linguísticos próprios e revelam muita agressividade. Os pais, na sua maioria, não se
mostram muito participativos, nem cooperativos com as atividades da escola. Todas
estas condicionantes não propiciam muitas das vezes, a alguns alunos, um ambiente
favorável às aprendizagens curriculares.
A turma em estudo foi a do 8º ano de escolaridade, composta por 22 alunos com
idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos que desenvolveram o Graffiti, como
uma dinâmica de potencialidades e encontros comuns de problemáticas e
problematizações de práticas correntes das suas tribos urbanas como forma de
expressão urbana atual e comunicação específica, com o apoio da apresentação de
vários recursos didáticos, desenvolvidos pela docente e mestranda. Apresentar o
desenho do graffiti como uma poesia visual no espaço urbano, com objetivos
comunicativos específicos, alicerçado numa reflexão enquanto unidade pedagógico-
didática, espelhada numa articulação com contornos no desenvolvimento de
diferentes competências nos alunos, com enfoque nas competências gerais de
comunicação, tendo como principal objetivo estudar, dar a conhecer a pintura através
da criação art stica, partindo de diferentes i ências ou “encontros” com esta Arte.
Nos tempos que urgem, onde os horizontes da esperança parecem ter
desaparecido ou se terem tornado cada vez mais ténues, os traçados dos novos mapas
devem emergir de trilhos por vezes sinuosos que se nos deparam avassaladores numa
aposta na educação como suporte para um futuro melhor. Os nossos alunos terão que
entender que deverão adquirir na escola ferramentas, conhecimentos, bases de
sustentação, enfim um mapa delineado, adquado às suas ambições, objetivos,
indi idualidades ue os ir orientar, desenhar os seus caminhos … da ida para a ida.
Procuramos alicerçar nos valores da equidade, da qualidade e da autonomia,
tendo como referência o papel das Artes Visuais no desenvolvimento humano.
Desejamos um compromisso e implicação de todos na construção de uma verdadeira
escola educativa e inclusiva num lograr de potencialidades orientadas na valorização
de uma educação intercultural e a integração de minorias.
«DEPAROU-SE-NOS HÁ DIAS (...) UMA ÁRVORE FELIZ. FOI UM
ACONTECIMENTO! ÁRVORE FELIZ É COISA RARA COMO
HOMEM FELIZ. (...) FICARÍAMOS A CONTEMPLÁ-LA ATÉ AO
FIM DO MUNDO SE NINGUÉM NOS DISSESSE: VAMOS, QUE
SÃO HORAS.»
JOÃO DE ARAÚJO CORREIA, Pátria Pequena (1961)
CAPÍTULO 8 – A UNIDADE CURRICULAR
8.1 Planificação Anual
“O PROJECTO EDUCATIVO DE ESCOLA É UM INSTRUMENTO
AGLUTINADOR E ORIENTADOR DA AÇÃO EDUCATIVA QUE
ESCLARECE AS FINALIDADES E FUNÇÕES DA ESCOLA,
INVENTARIA OS PROBLEMAS E OS MODOS POSSÍVEIS DA
SUA RESOLUÇÃO, PENSA OS RECURSOS DISPONÍVEIS E
AQUELES QUE PODEM SER MOBILIZADOS. RESULTANTE
DE UMA DINÂMICA PARTICIPATIVA E INTEGRATIVA, O
PROJECTO EDUCATIVO PENSA A EDUCAÇÃO ENQUANTO
PROCESSO NACIONAL E LOCAL E PROCURA MOBILIZAR
TODOS OS ELEMENTOS DA COMUNIDADE EDUCATIVA,
ASSUMINDO-SE COMO O ROSTO VISÍVEL DA
ESPECIFICIDADE E A AUTONOMIA DA ORGANIZAÇÃO
ESCOLAR.”
DESPACHO Nº 113/ME/93, DE 23 DE JUNHO
Distinguem-se três grandes áreas de intervenção para as quais se definiram
objetivos estratégicos orientadores da ação educativa: Ensino/ Aprendizagem,
Organização e Gestão da Comunidade Educativa e Formação Pessoal e
Desenvolvimento Profissional. A primeira, é aquela que mais diretamente afeta o
sucesso dos alunos. Assim, as metas, os objetivos e as estratégias dizem respeito ao
planeamento, implementação e avaliação do processo educativo. Merece especial
atenção o desenvolvimento das competências específicas das disciplinas e das
competências transversais da comunicação, da formação para a cidadania, do
reconhecimento da multiculturalidade como fator de enriquecimento na construção
da identidade pessoal, social e cultural dos alunos. Na Organização e Gestão da
Comunidade Educativa, que diz respeito a toda uma estrutura orgânica da instituição,
à articulação de órgãos e serviços e é indispensável ao bom funcionamento da escola e
ao eficiente desenrolar do processo educativo, ao assegurar o grau de satisfação dos
que nela trabalham, fundamental para a motivação. Inclui igualmente aspectos da
cultura organizacional, como o sentido de pertença a uma comunidade, a sua
identificação com ela e com a imagem de escola que se veicula para o exterior. Por fim,
face à Formação Pessoal e Desenvolvimento Profissional, são questões que têm
diretamente a ver com a necessidade constante de formação existente num
estabelecimento de ensino, quer ao nível da formação inicial dos docentes, quer da
formação contínua ou do desenvolvimento profissional dos docentes e não docentes,
quer ainda da formação profissional inicial de alunos. Esta área implica uma
concertação de esforços para tirar o melhor partido dos recursos humanos já
existentes, ou para fomentar o apoio de agentes externos que possam orientar e
desenvolver as ações adequadas às necessidades.
Como verifiquei e verifico, a escola atual enquadra-se numa plataforma
burocratizada. Rapidamente apercebo-me que pretende-se que a escola se articule
com o meio envolvente e que o processo de aprendizagem contemple uma constante
inovação e adaptação da organização escolar às necessidades individuais ou coletivas
dos seus elementos ou comunidade que a rodeia. No que respeita às relações
interpessoais dentro das organizações escolares, a burocracia profissional é sem
dúvida uma configuração que privilegia o individualismo, disfarçado sob o signo da
autonomia.
Contudo, autonomia, no meu ponto de vista, trata-se de palavra delicada
utilizada para mascarar a apreensão dos professores relativamente à sua avaliação e
para a justificação à exclusão de observadores. A autonomia que é conferida aos
profissionais não só serve como desculpa para os professores que resistem à mudança,
como é por si só uma forma de evitar que os professores obtenham um feedback, por
parte dos outros adultos de como está a decorrer todo o processo de
ensino/aprendizagem. Sendo assim, permitirá a escola como espaço (confinado, cada
vez mais) de burocracia, cumprir o seu papel, num contexto de mudança e inovação
decorrentes de um processo de adaptação a uma nova realidade social e cultural?
Defendo assim, uma perspetiva baseada no conceito humanista de liberdade
pessoal, recuperado e revitalizado por Deci e Ryan, na Teoria da Autodeterminação. O
professor tem disponível uma planificação elaborada na escola (v. Anexo), pelo
respetivo grupo de recrutamento, no entanto, a sua planificação, não é uma cópia
direta. Considerando-se o plano da escola, como orientações curriculares, no entanto,
não se definem separadamente aulas para cada um dos temas constituintes do plano;
este deve-se abordar de um modo mais global e dinâmico. O plano apresenta um
desafio aos alunos, em que estes devem, dentro de um tema pré-estabelecido, ou seja,
uma motivação extrínseca, escolher, tendo em conta os seus próprios interesses e
motivações, um objeto que querem criar, desenvolver ou melhorar. A partir desse
momento, o controlo é maioritariamente do aluno, ele escolheu segundo os seus
gostos, escolhe os materiais e as ferramentas que considera adequadas à
concretização do seu projeto individual. Vai de encontro àquilo que é esperado de um
professor, segundo a legislação portuguesa sobre esta matéria, como podemos
constatar no Decreto-Lei n.º 240/2001, de 30 de Agosto de 2001, Anexo II, “Fomenta o
desenvolvimento da autonomia dos alunos e a sua plena inclusão na sociedade...” (p.
3). Durante todo este processo, o professor não se desresponsabiliza, pelo contrário,
acompanha a cada aula, toda a construção, as decisões e as incertezas, mediando,
orientando e apoiando sempre que necessário ou solicitado. Mais uma vez, está em
sintonia com o que o Decreto-Lei n.º 240/2001, de 30 de Agosto de 2001, Anexo II,
afirma: “Promove a qualidade dos contextos de inserção do processo educativo, de
modo a garantir o bem-estar dos alunos e o desenvolvimento de todas as componentes
da sua identidade individual e cultural.” (p. 3). Se compararmos a planificação da
escola e a do professor, é possível constatar, que embora pareçam muito diferentes, o
professor procura abordar os mesmos temas, no entanto, adotando uma estratégia
mais dinâmica. A aprendizagem é feita através da experiência, dos problemas que vão
surgindo ao longo de cada projeto, sendo que, o facto de cada aluno ter um projeto
diferente, aprendem não só com os seus trabalhos, como também com os dos colegas.
Ao permitir esta diversidade, que levará a uma consequente partilha de experiências,
que reforça as orientações do Decreto-Lei n.º 240/2001, de 30 de Agosto de 2001,
Anexo III, no que concerne à dimensão de desenvolvimento do ensino e da
aprendizagem no geral e em particular ao ponto g) “Desenvolve estratégias pedagógicas
diferenciadas, conducentes ao sucesso e realização de cada aluno no quadro sociocultural da
diversidade das sociedades e da heterogeneidade dos sujeitos, mobilizando valores, saberes,
experiências e outras componentes dos contextos e percursos pessoais, culturais e sociais dos
alunos.” (p. 4).
Uma outra estratégia utilizada pelo professor, que motiva os alunos para a
aprendizagem, é a aposta no trabalho cooperativo em diversos momentos, valorizando
as inter-relações, que tal como Raasch (In, Raasch, L. (1999). A Motivação do Aluno para
a Aprendizagem. Nova Venécia, Brasil: Diário Oficial da União) diz “..., comprovou-se que as
inter-relações em sala de aula, em torno dos objetivos comuns, são as que mais favorecem a
aprendizagem de conteúdos e de comportamentos sócio afetivos e morais. A interação grupal
fortalece a autoestima do aluno, a convivência solidária e a visão de mundo que ele constrói.”
(p. 15). Ao valorizar a autoestima está, paralelamente, a promover a motivação. Um
aluno que se sente melhor consigo mesmo, mais vontade terá para se dedicar a um
determinado trabalho e/ou tarefa. Tal como Raasch (1999) defende que, “A opinião que
a criança tem de si mesma está intimamente relacionada com a sua capacidade para a
aprendizagem e com o seu rendimento. O autoconceito se desenvolve desde muito cedo na
relação da criança com os outros.” (p. 7).
Faz parte integrante da planificação, a elaboração de uma exposição final com os
trabalhos dos alunos, com o objetivo de dar a conhecer a toda a comunidade escolar
aquilo que as turmas foram desenvolvendo, e na fase inicial, dinamiza um trabalho, em
que solicita aos alunos que entrem em contacto com as suas famílias, para o
concretizar. Estas duas propostas vão de encontro ao Decreto-Lei n.º 240/2001, de 30
de Agosto de 2001, Anexo IV, no que se refere à dimensão de participação na escola e
de relação com a comunidade, particularmente o ponto e), “Promove interações com
as famílias, nomeadamente no âmbito dos projetos de vida e de formação dos seus
alunos.” (p. 5).
Um último aspeto, mas não menos importante, que demonstra a consciência de
responsabilidade docente, foi abrir as portas da sala e partilhar as estratégias,
contribuindo para a elaboração deste trabalho, mais uma vez, correspondendo aos
pressupostos legislativos, nomeadamente o do Decreto-Lei n.º 240/2001, de 30 de
Agosto de 2001, Anexo V, referente à dimensão de desenvolvimento profissional ao
longo da vida, especialmente referente ao ponto e), “Participa em projetos de
investigação relacionados com o ensino, a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos.”
(p. 5).
8.2 Planificação Curricular
Para que uma planificação possa existir, devem estar definidas algumas premissas.
Essas premissas passam pela noção de currículo. Conceções diferentes conduzem a
currículos diferentes e leituras diferentes de planificações. Devemos por isso estar
assentes numa teoria curricular minimamente robusta e consistente para que a sua
implementação e desenvolvimento possam ocorrer. Devemos ter em mente que a sua
aplicação tem sempre como interveniente principal o professor. Embora a
conceptualização do currículo seja feita pelo ministério, a sua implementação é feita
pelo professor através de uma planificação e em articulação com o aluno, em contexto
de sala de aula. São dois processos aparentemente separados que devem caminhar
para uma maior proximidade. Em última análise, a visibilidade do currículo, a sua
prática, é espelhada na ação do professor. Pacheco (In, PACHECO, José Augusto (2001).
Currículo: Teoria e Práxis. Porto: Porto Editora., p. 16) afirma: “Nas primeiras definições
de currículo, propostas, entre outros, por Tyler, constata-se que correspondem a um plano de
estudos, ou a um programa muito estruturado e organizado na base de objetivos, conteúdos
e atividades de acordo com a natureza das disciplinas. Decorre daqui a importância de o
currículo representar algo muito planificado e que será depois implementado na base do
cumprimento das intenções previstas. Os objetivos, que expressam a antecipação de
resultados, e os conteúdos a ensinar são, assim, aspectos fundamentais para a definição do
que é o currículo.”
Tento em conta a necessidade de autonomia na aplicação do currículo e da
planificação, o Ministério define as "competências mínimas indispensáveis" para o
exercício da profissão. Cabe aos professores elaborar ou decidir a sua aplicação. Devo,
por isso, seguir princípios básicos, entre os quais: Para quem? Que idades? Quais as
necessidades dos alunos? Quais as necessidades da sociedade? O que se pretende
manter ou o que se pretende mudar (aluno/sociedade/cultura)?
O currículo é elaborado no Ministério da Educação, por especialistas. É
posteriormente apresentado aos professores sob diversas formas: nos decretos de lei,
nos manuais (devemos ter em conta que as editoras interpretam o currículo prescrito),
nas ações de formação, entre outras, passando para um nível meso. Existe por isso
uma “modelação dos conteúdos pelos professores atendendo à particularidade da
escola, dos alunos e da comunidade dos professores” (Pacheco, 2001,p.91). Há que ter
em conta que muitos professores não consultam os programas, nem jornais ou
revistas da especialidade, nem os decretos de lei respeitantes à sua área profissional.
Segundo Mª Céu Roldão (In, ROLDÃO, Maria Céu, (1999). Gestão Curricular:
Fundamentos e Práticas. Lisboa: M.E./D.E.B.): “Por currículo tem-se entendido muita coisa,
consoante as épocas, os contextos e os pontos de vista teóricos de que se parte. Na linguagem
do senso comum vem-se assimilando a programas e disciplinas ou a um novo nome para
práticas velhas. Para o público em geral o essencial do currículo é o que os alunos aprendem de
visível na escola.”
8.3 Alicerces e corpo da Unidade Curricular
O currículo é aplicado pelos professores. É, também por esse motivo, moldado
pelos professores. É novamente alterado: cada um molda-o ao nível da escola, ou da
turma, ou do aluno. Encontro-me então a um nível micro, de sala de aula. O professor
interpreta o curr culo, imprimindo nele os seus “to ues” pessoais. O Ensino é um
processo interativo. Por esse motivo o currículo deve ser visto em ação: o professor
tem uma planificação e há sempre a possibilidade de a alterar, fruto de imprevistos
por parte dos alunos, daí a necessidade crescente da concretização de um currículo
aberto, flexível. Podemos definir o currículo realizado como sendo: aquilo que é retido
pelos alunos. O que passou do professor para os alunos e dos alunos para o professor.
O desenvolvimento curricular é sempre um processo interpessoal, uma vez que
os diversos atores não são meros participantes. Têm capacidade decisória, tanto
professores como alunos. É também, por esse motivo, um processo político. Altera-se
de acordo com a ideologia dos diversos governos que vai variando. É um
empreendimento social porque se relaciona com a interação dos alunos entre si e com
a comunidade. Treina-se a relação entre iguais e com a autoridade, compreendem-se
os processos hierárquicos, desenvolvem-se questões afetivas e pessoais, compreende-
se a diferença entre o mundo do trabalho e o mundo doméstico, o aluno aprende a
consciência do seu primeiro ofício: o de estudante. O desenvolvimento curricular é um
processo interativo; envolve colaboração, cooperação (grupos disciplinares, diferentes
níveis de ensino) entre alunos, entre professores, entre professores e alunos, entre
professores e pais, todas estas interações pautadas por papéis diferentes, mas que
estão indissociavelmente relacionados.
O currículo é um processo de tomada de decisões. Podemos constatar que estas
decisões correm o risco de serem desarticuladas. As decisões elaboradas pelo
Ministério da Educação não são aplicadas de forma literal. São aplicadas de formas
diferentes nas diferentes escolas ou locais. Este facto não é necessariamente negativo
porque parece ir de encontro à necessária autonomia dos estabelecimentos de ensino.
Essa autonomia permite que estes se adequem melhor ao meio em que estão
inseridos, retirando da sua ação aspectos mais realistas e objetivos. Além disso, o
professor em interação acaba por ter um poder informal e pessoal de transmitir aos
alunos valores e ideologias.
No artigo “Pode a Educação Participar na Reconstrução Social?” (In, Currículo
sem Fronteiras, v.1, n.2, pp. 189-193, Julho, Dezembro 2001, ISSN 1645-1384), John
Dewey deixa transcrito de uma forma clara, não só a sua posição perante a função
complexa da escolarização, como também destaca a sua crítica perante determinadas
abordagens idealistas. Não obstante, defender um sistema escolar que tem a
responsabilidade de transformar a ordem social existente, um status quo que se
enquadra nos princípios do individualismo, Dewey recusa-se a aceitar que tal
responsabilidade seja apenas das escolas. As escolas devem, na verdade, ser
entendidas como parte integrante de um vasto contexto social e, conjuntamente com
outras instituições, participar nessa transformação. Se o fizerem, entende Dewey,
estarão já a cumprir o seu propósito social.
Na procura também por uma interação de diferentes elementos e entidades
Cardoso (In, Cardoso, C. & Valsas, M. M. (1988). Arte Infantil – Linguagem Plástica. 2ª
Edição. Coleção Dimensão. Editorial Presença, p.79) reforça: “Por currículo não se
entende apenas o elenco das disciplinas de um curso – o correspondente à ratio
studiorum dos jesuítas – nem mesmo os blocos de matéria, saberes, destrezas e
atitudes – que definem o conteúdo de uma disciplina escolar. Currículo remete aqui
para o mundo complexo, multidimensional, difuso, definido pelas atividades,
experiências desenvolvidas por professores, alunos e gestores em redor de um conjunto
de saberes.”
Existem deste modo fatores determinantes e subjacentes ao currículo e
planificação, intrínsecos às suas fontes curriculares e transversais a todos os modelos
curriculares nomeadamente: fatores económicos - aspectos que determinam o que a
escola pode fazer, tendo em conta o seu orçamento; fatores institucionais - fatores
administrativos e educativos - estão dependentes mas nem sempre são conciliáveis;
fatores sociais - o meio onde a escola está inserida, as condições sociais dos
intervenientes (principalmente os alunos); fatores demográficos - quantidade de
alunos e professores, tendo em conta a localização da escola; fatores políticos:
orçamentos distribuídos, interesses, modelos de desenvolvimento e prioridades
definidas pelo governo. Todos estes fatores apresentam-se como modelos flexíveis na
eminência de serem também eles moldáveis aos diversos contextos e realidades. Esta
flexibilidade terá, contudo, de ser sujeita a um processo de avaliação de modo a serem
retiradas elações necessárias ao seu aperfeiçoamento e aplicação, na condução do
sucesso no caminho do ensino/aprendizagem. Tyler (In, Tyler, Ralph W., 1976,
Princípios Básicos de Currículo e Ensino, Editora Globo, p.98-99) diz “O processo de
avaliação consiste essencialmente em determinar em que medida os objetivos
educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa do currículo e do
ensino.”
A consciência do trabalho social que desempenhamos enquanto docentes não é
parca, pois a prática das Artes sempre foi pautada por um pensamento crítico. Esse
pensamento existe dado o carácter experimental que atravessa todas as áreas
artísticas, sendo necessário uma atenção (metodológica) aos processos plásticos e aos
resultados obtidos. Processo e resultado estão, por isso, interligados e não podem ser
vistos de forma separada. O ensino das Artes Visuais deve reger-se pelos mesmos
princípios. A análise crítica do currículo e da planificação, a análise reflexiva da sua
aplicação nas diversas estratégias e nos seus resultados académicos, são, de certa
forma, idênticos aos processos criativos. Uma planificação deve ser encarada como um
processo circular, autorreflexivo, da sua conceção à sua avaliação, voltando para a
conceção. Tentativa e erro andam de mãos dadas, procurando minorar os erros e
alavancar os sucessos. Tenho em vista uma educação melhor para um futuro melhor.
CAPÍTULO 9 – EXTENSÕES DA UNIDADE CURRICULAR
9.1 Atividades, Conteúdos Programáticos e Competências Específicas
Uma prática de ensino supervisionada que decorreu ao longo da lecionação de
uma Unidade Curricular a uma turma do 8º ano de escolaridade, na disciplina de
Educação Visual, desenvolvida na Escola Secundária Dr. João de Araújo Correia.
Nos tempos que urgem, onde os horizontes da esperança parecem ter
desaparecido ou se terem tornado cada vez mais ténues, os traçados dos novos mapas
devem emergir de trilhos por vezes sinuosos que se nos deparam avassaladores numa
aposta na educação como suporte para um futuro melhor. Os nossos alunos terão que
entender que deverão adquirir na escola ferramentas, conhecimentos, bases de
sustentação, enfim um mapa delineado, adquado às suas ambições, objetivos,
indi idualidades ue os ir orientar, desenhar os seus caminhos … da ida para a ida.
Procuramos alicerçar nos valores da equidade, da qualidade e da autonomia,
tendo como referência o papel das Artes Visuais no desenvolvimento humano.
Desejamos um compromisso e implicação de todos na construção de uma verdadeira
escola educativa e inclusiva num lograr de potencialidades orientadas na valorização
de uma educação intercultural e a integração de minorias.
Os conteúdos do programa da disciplina abordam os elementos da linguagem
visual e projeto de objetos e organização de espaços. A unidade curricular
desenvolvida incidiu sobre os conteúdos programáticos Comunicação, Espaço e Forma.
A turma em estudo foi a do 8º ano de escolaridade, composta por 22 alunos com
idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos que desenvolveram o Graffiti, como
uma dinâmica de potencialidades e encontros comuns de problemáticas e
problematizações de práticas correntes das suas tribos urbanas como forma de
expressão urbana atual e comunicação específica, com o apoio da apresentação de
vários recursos didáticos, desenvolvidos pela docente e mestranda. Apresentar o
desenho do graffiti como uma poesia visual no espaço urbano, com objetivos
comunicativos específicos, alicerçado numa reflexão enquanto unidade pedagógico-
didática, espelhada numa articulação com contornos no desenvolvimento de
diferentes competências nos alunos, com enfoque nas competências gerais de
comunicação, tendo como principal objetivo estudar, dar a conhecer a pintura através
da criação art stica, partindo de diferentes i ências ou “encontros” com esta Arte.
A lecionação teve como pedra toque o aprender fazendo, que devidamente
acompanhado e orientado, suscita a reflexão por parte dos alunos, mapeando trilhos
entre o concreto e o abstrato, proporcionando um embebimento nas suas capacidades
de ver, perceber, organizar e catalogar o espaço envolvente.
9.2 Estratégias Adotadas
Pode parecer um objetivo utópico, uma realidade inalcançável, uma educação
inclusiva que considere as potencialidades através da teoria das inteligências múltiplas
porém, é necessário destacar que, para esse objetivo ser alcançado, devem ser
iniciadas alterações na formação dos professores, pois, esse é o primeiro passo rumo a
mudanças significativas na educação, e a partir deles é possível atingir os alunos, pais e
também a comunidade ao redor da escola. Uma educação verdadeiramente inclusiva
não pode priorizar uma só cultura, uma só linguagem, uma só maneira de ser e de
saber. Na prática, isso significa conhecer e valorizar os conhecimentos e experiências
que os alunos trazem das suas famílias e amigos, e estar atenta às necessidades e
interesses de cada um, intercetando assim, a educação inclusiva com a teoria das
inteligências múltiplas de tal modo que pareçam indissociáveis. Os termos integração e
inclusão, embora tenham significados semelhantes abrangem formas diferentes de
inserção. A integração pressupõe a inserção da pessoa deficiente preparada para
conviver na sociedade. Mas a inclusão propõe a modificação da sociedade como pré-
requisito para que a pessoa com deficiência possa buscar seu desenvolvimento e
exercer a sua cidadania. A inclusão provoca e exige da escola, bem como da sociedade,
novos posicionamentos diante dos processos de ensino e de aprendizagem.
Finalmente, o professor deve aprender a trabalhar as diferenças como
diversidade, pois são nelas que construímos conhecimento. Ao invés de querer
padronizar o todo como “inteligentes iguais”.
A motivação dos alunos adquire na prática pedagógica uma importância tal que é
pertinente falar aqui dela. Ela é um modelo criativo de ensino e pode ser um excelente
meio contra a passividade, o aborrecimento, a falta de iniciativa e a desmotivação dos
alunos na sala de aula. A criatividade, quando posta em prática nas suas diferentes
formas, contém, necessariamente, os mecanismos próprios da motivação autónoma,
geradora ela própria, de criatividade. Se os conteúdos, propostos pelo professor e as
estratégias usadas, estimularem os interesses e as necessidades do aluno, a
recetividade será, logo à partida, muito maior. O aluno considerará cada projeto como
um trabalho pessoal, resultado das suas próprias ideias, possibilidade de concretização
de algumas ideias suas ou expressão de muitos dos seus gostos. O dinamismo e a
diversidade que integram a expressão criativa constituem, ao nível do pensamento, da
ação e da decisão, dois dos mais fortes processos motivadores de qualquer actividade.
A ligação emocional entre o professor e a turma faz-se exatamente através do
primeiro momento, das primeiras palavras proferidas. É no contacto inicial que se
capta e retém a boa vontade dos alunos e se cria a empatia.
Cabe ao professor definir as estratégias, de acordo com o nível etário, cultural e
cognitivo dos alunos tendo sempre em conta a diversidade existente, para que se vá
de encontro a todos eles, ou pelo menos á maioria usando trabalho de grupo ou
individual e procurando o apoio escrito ou audiovisual. As tarefas a desempenhar, com
maior ou menor autonomia, devem ser adaptadas ao grau de dificuldade manifestado.
A motivação dos alunos para as atividades da aula depende de muitos fatores, tais
como a idade, sexo, aptidão intelectual, situação económica, social e familiar e traços
individuais da personalidade. Os meninos e as meninas não desenhavam os mesmos
objetos, a não ser que isso lhe fosse pedido. A visão do mundo também é diferente.
Também os estímulos eram diferentes.
A minha missão como professora neste campo consistiu, sobretudo, em
identificar e combater, por meio de processos didáticos e pedagógicos adequados à
evolução das crianças do terceiro ciclo, neste caso, dos jovens do oitavo ano de
escolaridade, as necessidades, os interesses e, consequentemente, as motivações que
existiam dentro de cada aluno. As experiências dos alunos e a minha aceitação dos
projetos que exprimiam as suas necessidades conduziram à elaboração de um
“contrato”, em ue ambas as partes ficaram comprometidas. Eu tinha como de er
orientar as atividades, definir estratégias, fornecer documentação de apoio, materiais
de trabalho, enfim, planear o trabalho a executar. Através deste contrato ficou
definido o papel do aluno e do professor assim como um comprometimento de ambas
as partes no plano a efetivar ao longo do ano, transversal à metodologia de avaliação
bem como processual. A aprendizagem procedeu-se de acordo com um projeto bem
definido, embora respeitando os conteúdos programáticos. Motivar os alunos exigiu
sempre uma planificação cuidada de todas as atividades a desenvolver, para evitar
“tempos mortos” e falta de ritmo entre as rias se uências de cada momento da
aula. Promovi ajuda e assistência a todos os alunos, dando especial atenção a todos
aqueles que manifestavam um ritmo mais lento de aprendizagem. Fiz despertar
vocações artísticas e técnicas.
A escola deve constituir um espaço aberto à mudança, para que se possa
concretizar um ensino de qualidade. Neste âmbito, trabalhei sempre com a escola
promovendo atividades motivadoras para os alunos. As pessoas que fazem parte da
escola colaboraram infelizmente não por autoiniciativa mas apenas quando
“empurradas”, saindo assim das suas zonas de conforto, contudo traduziu-se
posteriormente em algo muito positivo. Também foi de máxima importância a
colaboração com o meio local, a comunidade, a família, e outros intervenientes que
asseguraram, de algum modo, uma intervenção a nível cultural.
Resumindo estas foram as técnicas de motivação usadas na sala de aula, não
necessariamente por esta ordem: Aprendizagem cooperativa; Organização flexível de
grupos; Tarefas criativas e não repetitivas; O reconhecimento do êxito de um aluno ou
de um grupo de alunos; O registo dos progressos na consecução das metas propostas;
O uso de estratégias diferenciadas; Ter sempre em conta as diferenças individuais na
motivação; Uso de materiais apelativos; O nível de dificuldade das tarefa adequado,
favorecendo o próximo passo dos alunos; Dar autonomia no trabalho promovendo a
motivação de sucesso e auto estima; Proporcionar um ambiente de otimismo; Evitar a
repreensão pública, o sarcasmo, as comparações ridículas, as tarefas em demasia e,
em geral, todas as condições desfavoráveis para o trabalho escolar; Usar a repreensão
privada, a conversa particular e amistosa sempre que necessário; Comunicar aos
alunos os resultados dos seus trabalhos o mais rapidamente possível; Mostrar
interesse por cada aluno: pelos seus êxitos, pelas suas dificuldades, pelos seus planos.
No que respeitante ao processo avaliativo, foi facultado a cada aluno uma folha, uma
folha que se traduzia em critérios projetados em objetivos inseridos em conteúdos.
Esta folha permitiu um pleno domínio do aluno sobre a sua progressão na
aprendizagem, assiduidade, atitudes, projetado com a finalidade de gerar no aluno
uma espécie de inquietação onde visse o seu trabalho premiado o seu esforço
reconhecido e onde o controlo passava maioritariamente pelos objetivos que o mesmo
se auto-propunha, desafiando-se ele próprio para atingir a sua plenitude de
aprendizagem e objetivos pessoais face à disciplina, sabendo apriori o que teria de
realizar para atingir a mesma.
Tudo foi importante no desenvolvimento integral do aluno, não existindo
fronteiras entre as várias temáticas do currículo existindo sempre uma ligação lógica.
A metodologia usada nesta unidade curricular, tendo em consideração que esta
deve estar adequada aos objetivos da investigação e à natureza do estudo, numa fase
do estudo que decorreu em contexto escolar, foi desenvolvida uma investigação-ação,
integrada num estudo de tipo qualitativo.
Numa fase inicial procedeu-se a um estudo descritivo e interpretativo, tendo
sido a recolha de dados feita através de: pesquisa sobre writers portugueses, de
diferentes contextos geogr ficos; sa das de campo, onde também se procedeu
recolha de documentação, em particular fotogr fica; pes uisa e re isão de bibliografia
selecionada. De forma simultânea, esta fase do estudo revelou-se de particular
importância para o desenvolvimento da fase seguinte do projecto, já em contexto
educativo.
Na segunda fase do estudo, e através da utilização da metodologia já referida,
concebi uma proposta de intervenção pedagógico-didática, delineada pelo conjunto de
professores participantes. Constou da realização de planificações didáticas,
posteriormente implementadas, de forma a introduzir o tema graffiti em diferentes
disciplinas, em articulação curricular. Foram ainda construídos vários materiais
auxiliares às diferentes aulas, destacando-se a apresentação em formato digital. Foram
desenvolvidas várias experiências de aprendizagem, destacando-se a realização do
pro ecto “Graffiti em Ação”. Toda esta pr tica educati a decorreu sob uma super isão
curricular e pedagógica que, recorrendo aos conceitos referenciais de Bronfenbrenner
(In, Bronfenbrenner, U. (1979). The ecology of human development: experiments by
nature and design. Massachussetts: Harvard University Press.), desenvolveu-se em
micro, meso e exossistema. Como microssistemas apresentam-se as salas da aula das
diferentes disciplinas, a escola e a própria família do aluno, ao retratarem os contextos
vivenciais imediatos do aluno. Estes microssistemas, ao desenvolverem entre si
interações, originam um mesossistema. Como exossistema surge o contexto social, a
comunidade educativa envolvente que afeta e é afetada pelo que ocorre nos micro e
mesossistema.
Também no exossistema é de referenciar a importância do contexto pedagógico
e administrativo da organização escolar e do contexto administrativo da Direção
Regional da Educação. Não se referindo o macrossistema a contextos mas antes “ (…) a
valores, formas de agir, estilos de vida (…) que caracterizam uma determinada sociedade (…)
e são veiculados pelas outras estruturas do ambiente ecológico” (Bairrão tem explorado,
em Portugal, a riqueza deste referencial teórico para uma conceptualização da
educação (1995)) in Formosinho, 2002, pp.100), saliento estudo do graffiti neste
sistema de modo a contribuir para a construção de uma nova cidadania nos alunos
participantes.
Atendi igualmente à relação com os Decretos-lei N.º 240/2001 de 30 de Agosto,
incidindo nos anexos II e III, mais concretamente na sua dimensão profissional, ética e
social e dimensão profissional do ensino e da aprendizagem respetivamente. Estas
dimensões estão por mim interiorizadas e bastante presentes nesta unidade curricular,
onde procuro corresponder a uma “(…) escola, entendida como uma instituição educativa,
à qual está socialmente cometida a responsabilidade específica de garantir a todos, numa
perspetiva de escola inclusiva, um conjunto de aprendizagens de natureza diversa, designado
por currículo, que, num dado momento e no quadro de uma construção social negociada e
assumida como temporária, é reconhecido como necessidade e direito de todos para o seu
desenvolvimento integral;” e promover “o desenvolvimento da autonomia dos alunos e a sua
plena inclusão na sociedade, tendo em conta o carácter complexo e diferenciado das
aprendizagens escolares;” (In, Decretos Lei N.º 240/2001 de 30 de Agosto. v. Anexo).
Contudo e no decorrer da unidade curricular em questão promovi o envolvimento da
mesma em reflexão conjunto com os alunos de modo a colmatar vazios de
comunicação e desenvolver assim, “(…) estratégias pedagógicas diferenciadas,
conducentes ao sucesso e realização de cada aluno no quadro sociocultural da diversidade
das sociedades e da heterogeneidade dos sujeitos, mobilizando valores, saberes, experiências
e outras componentes dos contextos e percursos pessoais, culturais e sociais dos alunos;”. É
com base nestes conceitos que eu como docente, procuro sempre aumentar o meu
conhecimento e aperfeiçoar a minha prática pedagógica, fazendo da sala de aula um
lugar de troca de saberes e experiencias, de novas pesquisas e de muitas conquistas!
Na sala de aula privilegiei a reflexão dos alunos e dos professores envolvidos,
possibilitando avaliar os resultados através de uma análise crítica. Essa reflexão
constante permitiu a reformulação de algumas atividades e o desenvolvimento de
competências comunicacionais, reflexivas e relacionais nos alunos, conduzindo-os à
promoção de atitudes cada vez mais autónomas, à expressividade, à sensibilidade
estética e ao desenvolvimento do sentido crítico. Participaram nesta fase do estudo
duas turmas do 8º ano de escolaridade e professores de várias disciplinas desses
mesmos alunos. Para além destes, participaram indiretamente outros elementos da
organização escolar e da respetiva comunidade educativa como, por exemplo, outros
alunos, professores, encarregados de educação.
9.3 Materiais Didáticos Utilizados
A primeira semana, como todo o início, tudo é novo. Os alunos são
desconhecidos, são apenas crianças e, aparentemente, todas iguais. A expectativa
aumenta em relação aos colegas de trabalho, o espaço não é só nosso, temos que
partilhar e planear em conjunto, mas este espaço, que não é nosso, aos poucos torna-
se também nosso. As crianças desconhecidas e todas iguais aos poucos passam a ser
alunos com dificuldades comuns e individuais, os alunos passam a ser todos diferentes
e cada um com necessidades próprias, diferenciadas. Há que trabalhar em função
desta diferença, há que encontrar estratégias para trabalhar nas diferenças. Nem tudo
são rosas e, por isso, começam a surgir alguns problemas que é necessário resolver e
tomar a atitude certa na hora exata. Um desses problemas é a indisciplina. Aí, como
professora, mas, sobretudo, como educadora há que refletir a prática pedagógica,
repensar a metodologia usada, os objetivos, a avaliação, enfim a conceção de
educação.
Nesse momento da minha prática pedagógica senti necessidades de articular os
saberes apreendidos ao longo dos anos anteriores em que dei aulas. Então fiz aquilo
que sei fazer melhor – lecionar. E entenda-se, lecionar não é só ensinar, mas dotar o
aluno de meios, regras, e técnicas diversificadas para que as crianças possam explorar
sem serem condicionadas pela minha vontade.
Concordo com Agostinho da Silva (In, Silva, Agostinho, Textos Pedagógicos I, Ancora
Editora, 2000) quando diz na sua obra (Educação de Portugal, textos pedagógicos II,
Âncora Editora, 2000), que a verdadeira didática consiste em não ensinar, mas em
deixar aprender‖ (p137) Acrescenta, ainda, que o professor deve ajudar a criança a
aprender e não a modelá-la como um adulto‖.
Agostinho da Silva distinguia instruir de educar. Para ele instruir era juntar de
fora, alguma coisa ao ue foi dado‖ ao passo ue educar é fazer despertar na criança
a vontade de aprender, ou seja, é saber esperar que se desembrulhe, se desembarace
do ue a impede de ser o ue é.” (SILVA, AGOSTINHO (2000).‖Textos Pedagógicos II‖,
Ancora Editora, p137). Este foi o meu papel, no processo de aprendizagem.
Em momento algum impus, os meus saberes, apaguei as suas linhas ou mesmo
contornei os seus desenhos. Detetei, em todos os momentos, entusiasmo em fazer as
atividades propostas, mas também dificuldades de proporção, forma, volume,
espessura, perspeti a, ou mesmo tonalidades das cores. E como ―o aprendiz imita o
mestre‖, o aluno ai imitar o professor. Por isso, antes ue o aluno começasse a criar,
eu tive que interiorizar todas essas preocupações e esforçar-me para que ele tirasse as
suas próprias conclusões e alcançasse uma forma de expressão mais espontânea.
Confiei nas potencialidades dos meus alunos, estimulando a autonomia, a visão
crítica, favorecendo as relações de ensino/aprendizagem.
A função do professor deve basear-se em valores como a dedicação a empatia, a
amizade a confiança, a criatividade, a cooperação, respeito mútuo e, acima de tudo, o
amor pedagógico. Pois, nos dias de hoje, ser professor é uma tarefa acrescida de mais
responsabilidades. Os pais/ encarregados de educação, muitas vezes não têm tempo
para os seus educandos e é a escola que carrega nos seus ombros parte dessa
responsabilidade. Cada vez mais, os pais delegam quase integralmente na escola a
educação dos seus educandos, limitando a sua ação educativa a castigos por maus
comportamentos. A forma como grande parte dos pais portugueses educam os filhos,
incentiva nestes a falta de autoconfiança, a falta de iniciativa e de responsabilidade.
CAPÍTULO 10 – GESTAÇÃO E GESTÃO DA SALA DE AULA
Considero que uma abordagem de carácter maioritariamente prático represente
uma mais-valia para o desenvolvimento da comunicação, espaço-forma, que são
competências que os alunos devem desenvolver. Lado a lado com este carácter
prático, as tarefas propostas procuram promover a autonomia, a motivação e a
autoestima dos alunos. Com efeito, atividades, como as propostas, devem ser levadas
a cabo pela turma como um todo, com a troca de ideias e diversas argumentações que
daí advêm. Como professora, nos momentos de aprendizagem, que são mútuos e
contínuos, promovi debates entre alunos, na procura de assumir uma voz, uma autoria
partilhada de soluções para as tarefas propostas. Deste modo, a pressão de poder dar
uma resposta individual errada perante a turma atenua-se, gerando-se deste modo e
com maior facilidade um ambiente propício à aprendizagem. Onde o certo ou o errado
são substituídos por termos que permitem ao aluno avaliar e analisar o seu processo
de pensamento, assim como o dos outros intervenientes no processo de ensino
aprendizagem. Numa modo de ensino/ aprendizagem aberto.
Assim, tendo como pedra toque o diálogo, a discussão aberta, torna-se mais
eficaz o questionamento e o progresso no discurso e pensamento dos alunos face às
tarefas propostas, tornando os alunos mais permeáveis a um encaminhamento mais
assertivo de modo a corresponder aos objetivos. Numa turma que espelha as
dificuldades da sociedade em tempo real, onde a fragmentação entre a comunidade
educativa é notória, este tipo de postura anteriormente exposta fez com que os alunos
alcançassem por si mesmos, com êxito a tarefa, e todos alcançaram, no final, uma voz
própria, onde a censura da verbalização e da exposição do que inicialmente poderia
ser “ao rid culo” no sei deste grupo, se transformaram em opini es lidas. Em
conclusão, o que pretendo é mudar a atitude passiva de transmissão do conhecimento
entre professor e aluno, retratando um processo de aprendizagens interativas que são
construídas tendo como ponto de partida o social.
10.1 Tempo e espaço
Unidade de Conteúdos – Elementos da linguagem Visual
Competências Específicas
da Educação Visual Conteúdos Recursos
Reconhecer através da
experimentação plástica, a
arte como expressão do
sentimento e do
conhecimento;
Entender o desenho como
um meio para a
representação expressiva e
rigorosa de formas;
Conceber organizações
espaciais dominando
regras elementares de
composição;
Compreender através da
representação de formas,
os processos subjacentes à
perceção do volume;
Aplicar valores cromáticos
nas experimentações
plásticas;
Criar composições a partir
de observações diretas e
realidades imaginadas
utilizando elementos e os
meios de expressão visual.
Elementos visuais na
comunicação
- Ponto; linha; plano
volume;
- Claro/ escuro; texturas;
cores;
- Campo visual.
Papel da imagem na
comunicação
- A importância das
imagens no
comportamento das
pessoas.
Perceção visual da forma
- Interação dos elementos
visuais: qualidades formais,
expressivas e geométricas
Páginas 81 a 94 do manual
Páginas 126 a 138 do
manual
Páginas 101 a 110 do
manual
Páginas 22 e 23 a 44 do
manual
Páginas 141 a 164 do
manual
Páginas 257 a 269 do
manual
Textos de apoio e fichas de
trabalho
Unidade de Conteúdos – Projeto de objetos e organização de espaços
Competências Específicas
da Educação Visual Conteúdos Recursos
Reconhecer através da
experimentação plástica, a
arte como expressão do
sentimento e do
conhecimento;
Entender o desenho como
um meio para a
representação expressiva e
rigorosa de formas;
Compreender que as
formas têm diferentes
significados de acordo com
os sistemas simbólicos a
que pertencem;
Conceber formas
obedecendo a alguns
princípios de
representação
normalizada;
Compreender as relações
do Homem com o espaço:
proporção, escala,
movimento, ergonomia e
antropometria;
Representar
expressivamente a figura
humana compreendendo
Relação Homem/ Espaço
- Proporções, movimentos;
- Projetar objetos ou
espaços tendo em conta a
relação Homem/ espaço.
Estrutura/ Forma/ Função
- Compreender a estrutura
como suporte e principio
organizador de uma forma;
- Relacionar a forma e a
função dos objetos com a
sua estrutura.
Páginas 154 a 159 do
manual
Páginas 96 do manual
relações básicas de
estrutura e proporção;
Conceber projetos e
organizar com
funcionalidade e equilíbrio
os espaços bidimensionais
e tridimensionais;
Compreender a estrutura
das formas naturais e dos
objetos artísticos,
relacionando-os com os
seus contextos.
Fatores que determinam a
forma dos objetos
- Físicos: Escolher materiais
a utilizar na resolução de
problemas de design, em
função das suas
propriedades físicas.
Páginas 238, 241 a 251 e
254 a 256 do manual.
Plano de desenvolvimento da Unidade Curricular:
Aulas 1 e 2
Duração 90 Minutos
Conteúdos Comunicação - Elementos
Visuais na comunicação.
Competências Específicas
Compreender através da
representação de formas, os
processos subjacentes à
perceção do volume.
Recursos e Espaços
Discentes:
Material riscador diverso;
Suportes de desenho: folhas de
diferentes texturas: cartão,
cavalinho, máquina, vegetal.
Recursos e Espaços
Docente:
Computador, projetor, tela
branca;
Apresentação PowerPoint com a
visualização de imagens de
diferentes elementos visuais na
comunicação;
Quadro branco e marcadores
(azul, vermelho, verde e preto),
para exemplicação da
volumetria;
Espaço da sala de aula e espaços
exteriores comuns da escola.
Aulas 3 e 4
Duração 90 Minutos
Conteúdos Comunicação - Papel da Imagem
na Comunicação.
Competências Específicas
Conceber projetos e organizar
com funcionalidade e equilíbrio
os espaços bidimensionais e
tridimensionais.
Recursos e Espaços
Discentes:
Folhas brancas de cartolina;
Esquadro trigonométrico,
compasso;
Lapiseira, borracha;
Tesoura ou x-ato.
Recursos e Espaços
Docente:
Computador, projetor, tela
branca;
Apresentação PowerPoint sobre
espaços bidimensionais e
tridimensionais no desenho;
Quadro branco e marcadores
(azul, vermelho, verde e preto);
Régua, esquadro, compasso e
transferidor.
Espaço da sala de aula.
Aulas 5 e 6
Duração 90 Minutos
Conteúdos
Espaço – Representação do
espaço. Sobreposição,
dimensão, cor, claro/ escuro,
gradação de nitidez.
Competências Específicas
Entender o desenho como um
meio para a representação
expressiva e rigorosa de formas.
Recursos e Espaços
Discentes:
Folhas brancas de cartolina;
Lapiseira, borracha;
Diversos materiais de pintura:
lápis de cor, aguarela, lápis de
cera;
Tesoura ou x-ato, cola e
fita‐cola.
Recursos e Espaços
Docente:
Computador, projetor, tela
branca;
Apresentação PowerPoint de um
problema;
Quadro branco e marcadores
(azul, vermelho, verde e preto);
Espaço da sala de aula e espaços
exteriores comuns da escola.
Aulas 7 e 8
Duração 90 Minutos
Conteúdos Espaço – Perspetiva de
observação (livre e rigorosa).
Competências Específicas
Entender visualmente a
perspetiva central ou cónica
recorrendo à representação,
através do desenho de
observação.
Recursos e Espaços
Discentes:
Folhas brancas de cartolina;
Esquadro trigonométrico,
compasso;
Lapiseira, borracha;
Tesoura ou x-ato, cola e
fita‐cola.
Docente:
Computador, projetor, tela
branca;
Apresentação PowerPoint da
Recursos e Espaços
perspetiva central ou cónica,
problema e resolução passo a
passo do mesmo e,
representação da mesma
através do desenho de
observação – Rigor/ Observação;
Quadro branco e marcadores
(azul, vermelho, verde e preto);
Régua, esquadro, compasso e
transferidor;
Fotocópias com a planificação
de um problema geométrico;
.
Espaço da sala de aula
Aulas 9 e 10
Duração 90 Minutos
Conteúdos Espaço – Relação Homem/
Espaço
Competências Específicas
Entender o desenho como um
meio para a representação
expressiva e rigorosa de formas.
Representar expressivamente a
figura humana compreendendo
relações básicas de estrutura e
proporção.
Recursos e Espaços
Discentes:
Material riscador diverso;
Suportes de desenho: folhas de
diferentes texturas: cartão,
cavalinho, máquina, vegetal.
Recursos e Espaços
Lapiseira, borracha;
Tesoura ou x-ato, cola e
fita‐cola.
Docente:
Computador, projetor, tela
branca;
Apresentação PowerPoint de
representações expressivas da
figura humana;
Quadro branco e marcadores
(azul, vermelho, verde e preto).
Espaço da sala de aula
Aulas 11 e 12
Duração 90 Minutos
Conteúdos Espaço – Relação Homem/
Espaço
Competências Específicas
Entender o desenho como um
meio para a representação
expressiva e rigorosa de formas.
Recursos e Espaços
Discentes:
Telemóveis e camaras
fotográficas na recolha de
pautas culturais;
Docente:
Computador, projetor, tela
branca;
Espaço urbano circundante à
escola.
Aulas 11 e 12
Duração 90 Minutos
Conteúdos Espaço – Relação Homem/
Espaço
Competências Específicas
Representar expressivamente a
figura humana compreendendo
relações básicas de estrutura e
proporção.
Recursos e Espaços
Discente:
Material armazenador de
informação digital.
Docente:
Internet, recolha de informação
– Writters;
Diversos tipos de comunicação e
tecnologia: oralidade e
informático na sensibilização
para a realidade do Graffiti.
Material riscador diverso;
Suportes de desenho: folhas de
diferentes texturas: cartão,
cavalinho, máquina, vegetal.
Espaço da sala de aula e
biblioteca.
Aulas 13 e 14
Duração 90 Minutos
Conteúdos
Forma – Perceção visual da
forma – Qualidades formais,
geométricas e expressivas.
Competências Específicas
Conceber projetos e organizar
com funcionalidade e equilíbrio
os espaços bidimensionais e
tridimensionais.
Recursos e Espaços
Docente:
Tintas plásticas;
Andaimes e escadotes;
Trinchas.
Discentes:
Material riscador diverso;
Suportes de desenho: folhas de
diferentes texturas: cartão,
cavalinho, máquina, vegetal;
Roupa “ elha”.
Espaço da sala de aula e espaço
exterior comum da escola.
Aulas 15 e 16
Duração 90 Minutos
Conteúdos Forma – Fatores que
determinam a forma dos objetos
Competências Específicas
Conceber projetos e organizar
com funcionalidade e equilíbrio
os espaços bidimensionais e
tridimensionais.
Recursos e Espaços
Docente:
Tintas plásticas;
Andaimes e escadotes;
Trinchas.
Discentes:
Roupa “ elha”.
Espaço exterior comum da
escola.
Tendo como suporte final o graffiti, foram concebidas, implementadas e
avaliadas atividades e experiências de ensino e aprendizagem conducentes ao
desenvolvimento global dos alunos, no que concerne aos seus conhecimentos,
capacidades e competências. Essas atividades e experiências englobaram diferentes
áreas curriculares e tiveram o seu embrião na disciplina de Educação Visual. Nesta,
salienta-se o Pro ecto “Graffiti em Ação”, ue surgiu como eixo de todas as
experiências desenvolvidas. Estiveram directamente envolvidos neste projecto alunos
e os respetivos professores. Saliento ue o pro eto “Graffiti em Ação” extra asou além
da carga horária prevista das aulas assistidas para a realização desta tese, foi uma
necessidade efetiva e conducente com toda a experiência que me permitiu a mim, aos
alunos e outros docentes envolvidos continuarmos e retratarmos esta realidade que é
o Graffiti num processo de desmistificação e elo comum de comunicação necessária na
comunidade educativa onde a escola está inserida.
10.2 Relações Pedagógicas
O professor tem, de integrar na sala de aula meios que facilitem a comunicação e
aumentem a motivação. Os progressos no domínio da comunicação têm sido enormes.
Os novos meios de informação permitem a troca de informação, independentemente
da distância, com toda a precisão e rapidez. O processo de ensino tem necessidade de
uma ligação constante com o mundo exterior. Neste domínio, a evolução tecnológica
pôs à disposição do professor meios suficientes para trazer até ao aluno
conhecimentos mais alargados.
Nunca, como hoje, foi possível aprender com uma variedade tão alargada de
meios de informação. Os manuais acompanhados de vários meios de ajuda ao
professor, as revistas, o vídeo, o cinema, a televisão, a fotografia, a banda desenhada,
os jornais, o software do computador, os multimédia entre outros, constituem os
suportes aos quais podemos recorrer para termos acesso à informação e, assim termos
toda a ajuda necessária. Ao somatório de individualidades que compõem cada turma,
acrescido das especificidades sociais (localização, condição social e familiar, acesso às
tecnologias da educação, qualidade educacional anterior, etc.) tornam ainda maior a
complexidade desse perfil. Por isso os meus alunos exigiram de mim diferentes
abordagens, mas também diferentes quantidades e qualidades de informação e
estímulo, de acordo com a significância que atribuíram ao conteúdo tratado. Cada um
com uma personalidade própria. Assim foi necessário conhecer o perfil deles,
compreendendo que não se pode exigir de todas respostas iguais, embora deva
garantir, na multiplicidade de respostas, igual qualidade e densidade. Nem todos os
grupos são iguais, seja em termos de faixa etária, seja em termos de interesses gerais.
Mesmo assim, muitas vezes percebe-se, no espaço expositivo, que a atenção do grupo
é desviada do caminho originalmente traçado, obrigando o professor a estabelecer
novas relações e novas exposições.
O professor, em artes, deverá estar atento às possibilidades de incorporação do
conteúdo artístico por seus alunos, intervindo no sentido de potencializar os encontros
com o objeto de arte e com as instâncias envolvidas em sua compreensão. Deverá
dinamizar o fornecimento de informações para que as aulas façam sentido,
estimulando a reflexão sobre a perceção e a interpretação dos alunos, favorecendo a
recriação do objeto, plasticamente e intelectualmente, podendo, assim, avançar em
questionamentos estéticos, juízos de valor, sistemas e critérios críticos de arte
significativamente críticos.
As pessoas funcionam em sociedade e temos uma perceção de que o sentido
dado à mensagem passa, naturalmente, do emissor para o recetor. No entanto muitas
vezes isso não acontece. É neste momento que o professor tem que descobrir o
porquê disto ter acontecido. Desta descoberta resulta o sucesso ou insucesso da ação
escolar. Frequentemente nós, professores, interpretamos estas diferenças de sentido
pelo aluno como desatenção ou mesmo incompetência. Assim este é punido com uma
má classificação ou é obrigado a repetir o ano. Cabe, por isso, ao professor identificar
as causas do insucesso e corrigir aquelas que estiverem ao seu alcance, uma vez que o
professor tem sempre em vista o êxito do aluno. Assim temos que nos centrar no
aluno como recetor.
Podemos ter uma ideologia de comunicação, mas para controlar a situação em
contexto de aula é preciso mais do que isso. A comunicação na sala de aula não pode
ser a expressão de um ideal, mesmo que este acompanhe o tempo, mas uma
concretização do programa educativo. Trata-se, por isso, de uma prática complexa que
exige, por parte do professor, uma preparação contínua.
Segundo Philippe Perrenoud (2001), a comunicação na sala de aula passa por
uma grande quantidade de julgamentos quotidianos. (PERREGNOUD, Philippe (2001) -
―Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza‖. 2ª Edição. Editora Artmed. São Paulo,
(p60)). A comunicação não é algo que possa ser separado dos intercâmbios e da
personalidade dos interlocutores. Ao julgar a pessoa pela forma como comunica,
julgamos o seu carácter, a sua cultura, a sua ética, a sua motivação, logo não
estaremos a fazer juízos de valor errados? Como podemos tentar compreender isso?
Na minha opinião tudo passa pelo intercâmbio ativo professor e aluno, quanto mais
conhecermos o aluno mais possibilidades teremos de não fazer juízos de valor errados.
A comunicação é um componente crucial da relação pedagógica e, de alguma
maneira, das situações didáticas e das aprendizagens dos alunos.
Por outro lado, a organização curricular do ensino básico baseia-se num processo
científico que utiliza um sistema, integrado de currículo e avaliação. Envolve a
avaliação, interpretação, reflexão, informação e tomadas de decisão sobre os
percursos educativos que conduzem à promoção de um ensino de qualidade com vista
ao sucesso educativo.
Na escola, o professor, enquanto supervisor pedagógico, deve utilizar estratégias
de encorajamento e motivação capazes de fazer com que o processo de ensino e
aprendizagem conduza a mudanças no aluno. Estas deverão ser provocadas ao nível
dos seus esquemas mentais, da sua criatividade e expressividade, das suas atitudes e
comportamentos contribuindo, desta forma, para um crescimento mais consciente e
responsável, e favorecendo a construção de relações mais humanas e cívicas.
P A R T E I I I – C O M P L E M E N T A R I D A D E S Q U E
D E S C E M À F O R J A
CAPÍTULO 11 – DE FORA PARA DENTRO, DE DENTRO PARA FORA
11.1 Na fluidez de discursos representativos da Resistência e
Transgressões
11.1.1 Descrição sucinta das aulas
Refletindo sobre as pautas culturais e as expectativas e aspirações dos writers,
facilmente se é conduzido a entender a génese e a necessidade deste meio de
expressão. As imagens oferecidas pelos graffitis são, em certo ponto, os indicadores da
perceção que o writer possui da sociedade e do mundo e um reflexo da sua visão
sobre esse próprio mundo. De acordo com os writers participantes neste estudo, o
graffiti encontra-se entre duas perceções: a da sociedade instituída, que o rotula, no
seu sentido amplo, como ato de vandalismo e/ou um atentado ao património, e a dos
writers, que defendem o graffiti como uma forma de arte alternativa, como
contracultura, onde se manifesta um desejo de criatividade, estimulado por vezes, pela
crítica à realidade social ou, simplesmente, pelo desejo de embelezar os espaços
urbanos. Nos espaços urbanos, podem encontrar-se diferentes tipos de graffiti, a
saber: Graffiti móvel, que se caracteriza por ser executado em suporte móvel,
apresentando-se o objetivo comunicativo do trabalho intimamente relacionado com as
características específicas do suporte, onde saliento, por exemplo, vagões de
comboios; Graffiti misto, que é executado sobre suportes portáteis, colocados em
lugares distintos, por um período de tempo variável, onde temos, por exemplo,
proteções param as obras e painéis mó eis; e o Graffiti estático, que se caracteriza por
ser executado num suporte não móvel como muros, pilares ou mobiliário urbano.
Os graffitis podem surgir em locais de trânsito rápido, em lugares fixos de grande
visibilidade e em espaços conhecidos pelos elementos das diferentes crews destinados
à realização de graffitis. Hoje em dia também já se podem encontrar em espaços
comerciais ou em outros lugares fechados de cariz particular. Esta contextualização do
graffiti no espaço, tal como o conhecimento das condições físicas e materiais que
conduziram à sua produção e exibição, tem um papel bastante determinante no
objetivo comunicativo que o writer quer transmitir com o seu graffiti ao
observador/fruidor. Assim, segundo os writers colaboradores neste estudo e autores
como Saavedra (In, Saavedra, Fernando, El graffiti Movement en Vallecas – História,
estética y sociología de una subcultura urbana (19801996), Tesis doctoral, Madrid,
Universidad Complutense, 1999), Cooper (In, Cooper, Martha, Chalfant, Henry, Subway
art, London, Thames & Hudson, 1984), entre outros, pode-se classificar o graffiti, de
acordo com o seu objetivo comunicativo em tag, throwup, bombing e color piece.
Utilizando a metodologia projetual, e a temática do graffiti, os alunos tiveram
oportunidade de pesquisar e preparar apresentações públicas recorrendo-se do uso
das tecnologias de comunicação e de informação. Os alunos desenvolveram, em
trabalho cooperado, capacidades de exploração de diferentes ferramentas
informáticas, recorrendo a diferentes instrumentos, dos quais se destacam: o correio
eletrónico, que foi usado para troca de ideias entre alunos e alunos/professora,
permitindo a comunicação, embora em diferido, sobre o trabalho desenvolvido – este
meio foi também de grande relevância o correio eletrónico para o envio de reflexões
dos alunos e troca de correspondência entre todos os inter enientes do pro ecto; o
processador de texto, que permitiu o compilar de toda a informação recolhida e do
trabalho realizado; a utilização do programa PowerPoint, para apresentação pública
realizada pelos alunos nas duas escolas participantes no projecto. Estas apresentações
deram origem a trabalhos bastante apelativos e com alguma riqueza no seu conteúdo,
quer do ponto de vista comunicacional, quer do ponto de vista da expressão artística,
tendo sido bastante motivador para os alunos, conforme se ilustra, de seguida, através
de transcrições retiradas de textos escritos pelos próprios:
“As apresentaç es (em PowerPoint) foram estudadas previamente e a turma
tentou ao máximo explorar o assunto da melhor forma. Claro que estávamos divididos
em grupo para haver mais organização, na apresentação, na pesquisa de informação,
na net e em re istas (…). Também não podemos es uecer o trabalho imenso que deu
na organização de todo o material investigado e recolhido na net, para que no fim tudo
corresse bem e nos aplaudissem com orgulho.” (Aluno)
“ O PowerPoint foi muito útil. Por ezes, eu pensei, eu ou estar sempre a
gague ar…Mas pelo contr rio, com a ajuda do PowerPoint, correu muito bem e eu
estava nervosa, porque nunca tinha apresentado um trabalho com tantas pessoas a
erem.” (Aluno).
Também a Internet permitiu uma exploração orientada de pesquisa de
informação, nacional ou internacional sobre o tema, com a utilização de motores de
busca. A temática do graffiti em suporte de papel e bibliográfico não é muito acessível
aos alunos, pelo que a Internet foi o meio que tornou possível, em parte, todo o
trabalho desenvolvido nos grupos. Esta pesquisa permitiu aos alunos selecionar a
informação pretendida, o ampliar de conhecimentos e o recolher de material
adequado para o trabalho, desenvolvendo nos alunos a competência geral relacionada
com a pesquisa de informação.
Estas ferramentas utilizadas foram bastante úteis pois permitiram aos alunos (e
também aos professores) expressarem-se e comunicarem, realizando as tarefas de
forma autónoma, respons el, criati a e cr tica. O culminar do pro ecto “Graffiti em
Acção” aconteceu a uando da realização do hall of fame da escola foram o resultado
de várias horas de trabalho e de reflexão e apresentaram, como objetivos principais,
transmitir a toda a comunidade escolar que o graffiti pode ser uma forma de expressão
que valoriza e enriquece o espaço e que permite a criatividade. Esta experiência
possibilitou a comunicação, em tertúlia, dos participantes diretos e conhecedores do
projecto. Os outros, participantes indiretos, apreciaram o rigor técnico e qualidade
estética e expressaram as suas opiniões, promovendo o questionamento e a reflexão.
Esta ati idade “(…) eio desmistificar a ideia de andalismo a ue esta arte foi
su eita (…). Com este tema (explorado nas aulas) aprendemos ue por tr s de um
“color piece” estão muitos dias de trabalho intenso, muitas latas gastas e muitos
esboços elaborados (…).” “Acho ue todos os grupos conseguiram atingir os ob eti os
propostos. A a aliação é bastante positi a.” (aluno).
11.1.2 O Corpo dos Trabalhos
Práticas Pedagógicas
Aulas 1 e 2
Revisão sobre a utilização dos elementos que
caracterizam ou definem uma forma – Linha,
cor, luz, textura. Registos gráficos à procura
da volumetria nos percursos dentro do
espaço escola.
Aulas 3 e 4
Abordagem ao registo gráfico/ plástico
através da passagem da bidimensionalidade
do desenho para a tridimensionalidade,
tendo como ponto de partida a imagem
criada nos registos gráficos da aula anterior.
Aulas 5 e 6
Traduzir em perspetiva os registos gráficos,
sob a ação imaginativa e expressiva –
Redesenhar ideias/ registos à procura de
formas.
Aulas 7 e 8
Representação da aproximação à realidade
recorrendo à sensibilização do olhar sob a
perspetiva cónica ou central.
Aulas 9 e 10
Recolha através de registos digitais ou
gráficos de pautas culturais circundantes ao
espaço da escola.
Aulas 11 e 12
Representação gráfica do desenho enquanto
registo expressivo de atitudes e formas e
sintetização de informação da figura e
comportamento humano no meio em que
está inserido através das relações básicas
entre estrutura e proporção. Conceção e
organização de um projeto gráfico identitário
tendo como elemento de estudo o Graffiti.
Aulas 13 e 14 Início da implementação e realização do
projeto gráfico - Graffiti, no espaço escolar.
Aulas 15 e 16 Conclusão da realização do projeto gráfico –
Graffiti. Reflexão sobre o resgate do graffiti
na perspetiva de mote de comparação do
resultado obtido e o redireccionamento das
ações ao longo das aulas.
A ligação emocional entre o professor e a turma fez-se exatamente através do
primeiro momento, das primeiras palavras proferidas. É no contacto inicial que se
capta e retém a boa vontade dos alunos e se cria a empatia.
Defini estratégias, de acordo com o nível etário, cultural e cognitivo dos alunos
tendo sempre em conta a diversidade existente, para que fossem de encontro a todos
eles, ou pelo menos à maioria usando trabalho de grupo ou individual e procurando o
apoio escrito mas maioritariamente audiovisual. As tarefas a desempenhar, com maior
ou menor autonomia, foram sendo adaptadas ao grau de dificuldade manifestado da
mesma forma que reajustadas. A motivação dos alunos para as atividades da aula
dependeu de muitos fatores, tais como a idade, sexo, aptidão intelectual, situação
económica, social e familiar e traços individuais da personalidade.
A minha missão como professora neste campo consistiu, sobretudo, em
identificar e combater, por meio de processos didáticos e pedagógicos adequados à
evolução das crianças do terceiro ciclo, neste caso, dos jovens do oitavo ano de
escolaridade, as necessidades, os interesses e, consequentemente, as motivações que
existiam dentro de cada aluno. As experiências dos alunos e a minha aceitação dos
projetos que exprimiam as suas necessidades conduziram à elaboração de um
“contrato”, em ue ambas as partes ficaram comprometidas. Eu tinha como dever
orientar as atividades, definir estratégias, fornecer documentação de apoio, materiais
de trabalho, enfim, planear o trabalho a executar. Através deste contrato ficou
definido o papel do aluno e do professor assim como um comprometimento de ambas
as partes no plano a efetivar ao longo do ano, transversal à metodologia de avaliação
bem como processual. A aprendizagem procedeu-se de acordo com um projeto bem
definido, embora respeitando os conteúdos programáticos. Motivar os alunos exigiu
sempre uma planificação cuidada de todas as atividades a desenvolver, para evitar
“tempos mortos” e falta de ritmo entre as rias se uências de cada momento da
aula. Promovi ajuda e assistência a todos os alunos, dando especial atenção a todos
aqueles que manifestavam um ritmo mais lento de aprendizagem. Fiz despertar
vocações artísticas e técnicas.
A escola deve constituir um espaço aberto à mudança. Neste âmbito, trabalhei
sempre com a escola promovendo atividades motivadoras para os alunos. As pessoas
que fazem parte da escola colaboraram infelizmente não por autoiniciativa mas
apenas uando “empurradas”, saindo assim das suas zonas de conforto, contudo
traduziu-se posteriormente em algo muito positivo. Também foi de máxima
importância a colaboração com o meio local, a comunidade, a família, e outros
intervenientes que asseguraram, de algum modo, uma intervenção a nível cultural.
Tudo foi importante no desenvolvimento integral do aluno, não existindo
fronteiras entre as várias temáticas do currículo existindo sempre uma ligação lógica.
A metodologia usada nesta unidade curricular, tendo em consideração que esta
deve estar adequada aos objetivos da investigação e à natureza do estudo, numa fase
do estudo que decorreu em contexto escolar, foi desenvolvida uma investigação-ação,
integrada num estudo de tipo qualitativo.
Numa fase inicial procedeu-se a um estudo descritivo e interpretativo, tendo
sido a recolha de dados feita através de: pesquisa sobre writers portugueses, de
diferentes contextos geogr ficos; sa das de campo, onde também se procedeu
recolha de documentação, em particular fotogr fica; pes uisa e re isão de bibliografia
selecionada. De forma simultânea, esta fase do estudo revelou-se de particular
importância para o desenvolvimento da fase seguinte do projecto, já em contexto
educativo.
Posteriormente, e através da utilização da metodologia já referida, concebi uma
proposta de intervenção pedagógico-didática, delineada pelo conjunto de professores
participantes. Constou da realização de planificações didáticas, posteriormente
implementadas, de forma a introduzir o tema graffiti em diferentes disciplinas, em
articulação curricular. Foram ainda construídos vários materiais auxiliares às diferentes
aulas, destacando-se a apresentação em formato digital. Foram desenvolvidas várias
experiências de aprendizagem, destacando-se a realização do pro ecto “Graffiti em
Ação”. Toda esta pr tica educati a decorreu sob uma super isão curricular e
pedagógica que, recorrendo aos conceitos referenciais de Bronfenbrenner (1979) (Para
uma apresentação do modelo ecológico e desenvolvimento humano em
Bronfenbrenner, ver Portugal, 1992), se desenvolveu em micro, meso e exossistema.
Como microssistemas apresentam-se as salas da aula das diferentes disciplinas, a
escola e a própria família do aluno, ao retratarem os contextos vivenciais imediatos do
aluno. Estes microssistemas, ao desenvolverem entre si interações, originam um
mesossistema. Como exossistema surge o contexto social, a comunidade educativa
envolvente que afeta e é afetada pelo que ocorre nos micro e mesossistema.
Também no exossistema é de referenciar a importância do contexto pedagógico
e administrativo da organização escolar e do contexto administrativo da Direção
Regional da Educação. Não se referindo o macrossistema a contextos mas antes “ (…) a
valores, formas de agir, estilos de vida (…) que caracterizam uma determinada sociedade (…)
e são veiculados pelas outras estruturas do ambiente ecológico” (In, Formosinho, Júlia, A
Supervisão na Formação de Professores I – Da sala à Escola, Porto, Porto Editora, 2002,
p.100), salienta-se o estudo do graffiti neste sistema de modo a contribuir para a
construção de uma nova cidadania nos alunos participantes.
Atendi igualmente à relação com os Decretos-lei N.º 240/2001 de 30 de Agosto,
incidindo nos anexos II e III, mais concretamente na sua dimensão profissional, ética e
social e dimensão profissional do ensino e da aprendizagem respetivamente. Estas
dimensões estão por mim interiorizadas e bastante presentes nesta unidade curricular,
onde procuro corresponder a uma “(…) escola, entendida como uma instituição educativa,
à qual está socialmente cometida a responsabilidade específica de garantir a todos, numa
perspetiva de escola inclusiva, um conjunto de aprendizagens de natureza diversa, designado
por currículo, que, num dado momento e no quadro de uma construção social negociada e
assumida como temporária, é reconhecido como necessidade e direito de todos para o seu
desenvolvimento integral;” e promover “o desenvolvimento da autonomia dos alunos e a sua
plena inclusão na sociedade, tendo em conta o carácter complexo e diferenciado das
aprendizagens escolares;” (in Decretos Lei N.º 240/2001 de 30 de Agosto, Anexo II),
contudo e no decorrer da unidade curricular em questão promovi o envolvimento da
mesma em reflexão conjunto com os alunos de modo a colmatar vazios de
comunicação e desenvolver assim, “(…) estratégias pedagógicas diferenciadas,
conducentes ao sucesso e realização de cada aluno no quadro sociocultural da diversidade
das sociedades e da heterogeneidade dos sujeitos, mobilizando valores, saberes, experiências
e outras componentes dos contextos e percursos pessoais, culturais e sociais dos alunos;”. É
com base nestes conceitos que eu como docente, procuro sempre aumentar o meu
conhecimento e aperfeiçoar a minha prática pedagógica, fazendo da sala de aula um
lugar de troca de saberes e experiências, de novas pesquisas e de muitas conquistas!
Na sala de aula privilegiei a reflexão dos alunos e dos professores envolvidos,
possibilitando avaliar os resultados através de uma análise crítica. Essa reflexão
constante permitiu a reformulação de algumas atividades e o desenvolvimento de
competências comunicacionais, reflexivas e relacionais nos alunos, conduzindo-os à
promoção de atitudes cada vez mais autónomas, à expressividade, à sensibilidade
estética e ao desenvolvimento do sentido crítico. Participaram nesta fase do estudo
duas turmas do 8º ano de escolaridade e professores de várias disciplinas desses
mesmos alunos. Para além destes, participaram indiretamente outros elementos da
organização escolar e da respetiva comunidade educativa como, por exemplo, outros
alunos, professores, encarregados de educação.
CAPÍTULO 12 - AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS
12.1 Métodos e Técnicas de Avaliação
“O CONCEITO DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL TEM VINDO A
MODIFICAR-SE, AO LONGO DAS ÉPOCAS, DE
ACORDO COM A EVOLUÇÃO DA PRÓPRIA SOCIEDADE:
ALTERAÇÕES ECONÓMICAS, SOCIAIS, POLÍTICAS E
CULTURAIS ORIGINARAM DIFERENTES CONCEÇÕES DE
EDUCAÇÃO E, CONSEQUENTEMENTE, DIFERENTES
MODELOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM E DE ABORDAGENS
DE AVALIAÇÃO”
(IN, ALVES, MARIA PALMIRA (2001). O PAPEL DO
PENSAMENTO DO PROFESSOR NAS SUAS PRÁTICAS DE
AVALIAÇÃO. BRAGA: UNIVERSIDADE DO MINHO. (TESE DE
DOUTORAMENTO, POLICOPIADA), P. 92).
A avaliação, “(…) é uma questão complexa, em permanente discussão e geradora de
muitas tensões. A avaliação é um elemento integrante e regulador das práticas pedagógicas,
mas assume também uma função de certificação das aprendizagens realizadas e das
competências desenvolvidas. Além disso, tem influência nas decisões que visam melhorar a
qualidade do ensino, assim como na confiança social quanto ao funcionamento do sistema
educativo” (In, Abrantes, Paulo (2000). A Gestão Flexível do Currículo: o Ponto de Vista
da Administração. in Gestão Flexível do Currículo: Novos Caminhos para o Sucesso
Educativo. – Comunicações do 5º Congresso Educação Hoje. Lisboa: Texto Editora.
Abrantes, p. 9).
É através da avaliação que apreendemos a realidade das escolas duma forma
clara e rigorosa. Deste modo, avaliar, segundo Hadji (In, Hadji, Charles (1994). A
avaliação, regras do jogo – Das intenções aos instrumentos. Porto: Porto Editora, p.
29), “(…) significa tentar estabelecer elos, pontes, entre diferentes níveis da realidade
sempre a marcar e a sublinhar por estas mesmas opção a distância que os separa: a
realidade daquela que constrói e formula o juízo de valor e a daquela em que incide
esse juízo, ainda que se trate da mesma pessoa, num ato de autoavaliação.”. Por outro
lado, segundo Cardinet (1986, citado por Figari, In Figari, Gérard (1996). Avaliar que
referencial? Porto: Porto Editora, p. 33), a avaliação é “um processo de observação e de
interpretação dos efeitos do ensino que visa orientar as decisões necessárias ao bom
funcionamento da escola.” É então pertinente mencionar Stuffelbeam (In, Stuffelbeam,
D. L. (1980). L’évaluation en education et la prise de decision. Ottawa: N.H.P., p. 48),
que define avaliação como um “processo pelo qual se delimita, obtém e fornece
informações úteis que permitam julgar as decisões possíveis”. Para a qual Figari
defende a construção de “(…) sistemas de referenciais adaptados a um novo contexto e a
dados cuja renovação se tornou permanente. De acordo com este quadro vão poder-se definir
os conteúdos e explicitar as escolhas, esclarecer os cenários considerados pelos actores e
justificar os critérios que, sem deixarem de ter em consideração a estrutura e os seus
dispositivos, servirão para as diferentes práticas de avaliação”.
Tenho consciência do “peso” que a avaliação permite percecionar, espelhar de
certa forma a realidade das nossas escolas, contribuindo enquanto docente para esta
apropriação e, neste sentido “(…) dimensão moral e reflexiva da profissão docente adquire
toda a sua relevância nas práticas de avaliação, quando estas são encaradas com atitudes e
metodologias investigativas e reflexivas que analisam os resultados, questionando e
problematizando os processos e os contextos, assim como as consequências e implicações
pessoais e sociais das decisões adoptadas. Trata-se de recuperar a reflexividade e a coerência
das decisões curriculares, em que as opções a adoptar em termos de avaliação estejam
integradas num Projecto Curricular, capaz de fundamentar e dar um sentido global às
diferentes dimensões que articulam a construção do conhecimento pelos alunos, nas diversas
experiências de aprendizagem que corporizam o currículo na escola” (In, Alonso, Luísa
(2002). Integração Currículo-Avaliação: Que significados? Que constrangimentos? Que
implicações? In DEB (2002). Avaliação das Aprendizagens. Das concepções às práticas.
Lisboa: ME-DEB.Alonso, p. 20).
É então necessário ter uma espécie de postura emancipatória onde a “(…)
elaboração de Projetos Curriculares Integrados, que contemplam de forma articulada e
coerente as diferentes componentes que configuram um ensino de qualidade, reveste o maior
significado para traçar os rumos do mudança educacional” (Alonso, 2002, p. 23). O que
passa por parte dos professores alimentarem uma postura dialética, libertadora,
reflexiva e socialmente crítica.
12.2 retratos das avaliações
Na primeira semana, como todo o início, tudo é novo. Os alunos são
desconhecidos, são apenas crianças e, aparentemente, todas iguais. A expectativa
aumenta em relação aos colegas de trabalho, o espaço não é só nosso, temos que
partilhar e planear em conjunto, mas este espaço, que não é nosso, aos poucos torna-
se também nosso. As crianças desconhecidas e todas iguais aos poucos passam a ser
alunos com dificuldades comuns e individuais, os alunos passam a ser todos diferentes
e cada um com necessidades próprias, diferenciadas. Há que trabalhar em função
desta diferença, há que encontrar estratégias para trabalhar nas diferenças. Nem tudo
são rosas e, por isso, começam a surgir alguns problemas que é necessário resolver e
tomar a atitude certa na hora exata. Um desses problemas é a indisciplina. Aí, como
professora, mas, sobretudo, como educadora há que refletir a prática pedagógica,
repensar a metodologia usada, os objetivos, a avaliação, enfim a conceção de
educação.
Nesse momento da minha prática pedagógica senti necessidades de articular os
saberes apreendidos ao longo dos anos anteriores em que dei aulas. Então fiz aquilo
que sei fazer melhor – lecionar. E entenda-se, lecionar não é só ensinar, mas dotar o
aluno de meios, regras, e técnicas diversificadas para que as crianças possam explorar
sem serem condicionadas pela minha vontade.
Concordo com Agostinho da Silva (2000) quando diz na sua obra (Educação de
Portugal, textos pedagógicos II, Âncora Editora, 2000), que a verdadeira didática
consiste em não ensinar, mas em deixar aprender‖ (p137) Acrescenta, ainda, ue o
professor deve ajudar a criança a aprender e não a modelá-la como um adulto (SILVA,
Agostinho (2000).‖Educação de Portugal, textos pedagógicos II, Âncora Editora, 2000,
p.137).
Agostinho da Silva distinguia instruir de educar. Para ele instruir era juntar de
fora, alguma coisa ao ue foi dado,‖ ao passo ue educar é fazer despertar na
criança a vontade de aprender, ou seja, é saber esperar que se desembrulhe, se
desembarace do ue a impede de ser o ue é.” (SILVA, Agostinho (2000).‖Textos
Pedagógicos II‖, Ancora Editora, p137). Este foi o meu papel, no processo de
aprendizagem.
Em momento algum impus, os meus saberes, apaguei as suas linhas ou mesmo
contornei os seus desenhos. Detetei, em todos os momentos, entusiasmo em fazer as
atividades propostas, mas também dificuldades de proporção, forma, volume,
espessura, perspetiva, ou mesmo tonalidades das cores. E como o aprendiz imita o
mestre‖, o aluno ai imitar o professor. Por isso, antes que o aluno começasse a criar,
eu tive que interiorizar todas essas preocupações e esforçar-me para que ele tirasse as
suas próprias conclusões e alcançasse uma forma de expressão mais espontânea.
Confiei nas potencialidades dos meus alunos, estimulando a autonomia, a visão
crítica, favorecendo as relações de ensino/aprendizagem.
Posso alimentar uma ideologia de comunicação, mas para controlar a situação
em contexto de aula é preciso mais do que isso. A comunicação na sala de aula não
pode ser a expressão de um ideal, mesmo que este acompanhe o tempo, mas uma
concretização do programa educativo. Trata-se, por isso, de uma prática complexa que
exige, por parte do professor, uma preparação contínua.
Segundo Philippe Perrenoud (2001), a comunicação na sala de aula passa por
uma grande quantidade de julgamentos quotidianos. (PERREGNOUD, Philippe, 2001,
Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza, 2ª Edição. Editora Artmed. São Paulo,
p.60). A comunicação não é algo que possa ser separado dos intercâmbios e da
personalidade dos interlocutores. Ao julgar a pessoa pela forma como comunica,
julgamos o seu carácter, a sua cultura, a sua ética, a sua motivação, logo não
estaremos a fazer juízos de valor errados? Como podemos tentar compreender isso?
Na minha opinião tudo passa pelo intercâmbio ativo professor e aluno, ou seja, quanto
mais conhecermos o aluno mais possibilidades temos de não fazer juízos de valor
errados.
A comunicação é uma componente crucial da relação pedagógica e, de alguma
maneira, das situações didáticas e das aprendizagens dos alunos.
Por outro lado, a organização curricular do ensino básico baseia-se num processo
científico que utiliza um sistema, integrado de currículo e avaliação. Envolve a
avaliação, interpretação, reflexão, informação e tomadas de decisão sobre os
percursos educativos que conduzem à promoção de um ensino de qualidade com vista
ao sucesso educativo.
No Despacho Normativo n.º 6/2010 (consultar na pasta anexo do DVD), que em
anexo faz a republicação do despacho n.º 1/2005, de 5 de Janeiro, referenciam-se as
principais orientações e disposições relativas à avaliação das aprendizagens.
Menciona como finalidades da avaliação:
A avaliação é um elemento integrante e regulador da prática educativa,
permitindo uma recolha sistemática de informações que, uma vez analisadas, apoiam
a tomada de decisões adequadas à promoção da qualidade das aprendizagens.
A avaliação visa:
a) Apoiar o processo educativo, de modo a sustentar o sucesso de todos os
alunos, permitindo o reajustamento dos projetos curriculares de escola e de turma,
nomeadamente quanto à seleção de metodologias e recursos, em função das
necessidades educativas dos alunos;
b) Certificar as diversas aprendizagens e competências adquiridas pelo aluno, no
final de cada ciclo e à saída do ensino básico, através da avaliação sumativa interna e
externa;
c) Contribuir para melhorar a qualidade do sistema educativo, possibilitando a
tomada de decisões para o seu aperfeiçoamento e promovendo uma maior confiança
social no seu funcionamento. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Despacho normativo n.º
6/2010, 19 de Fevereiro de 2010, referência das principais orientações e disposições
relativas à avaliação das aprendizagens, Diário da República, 2ª série Nº35, pp.7462 -
7464).
Menciona o carácter formativo da avaliação, competindo à direção pedagógica
de cada escola, definir, em cada ano letivo, de acordo com as orientações do programa
nacional de ensino, os critérios de avaliação a vigorar.
E refere ainda:
O órgão de direção executiva da escola ou agrupamento deve garantir a
divulgação dos critérios referidos nos números anteriores junto dos diversos
intervenientes, nomeadamente alunos e encarregados de educação. (MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO, Despacho normativo n.º 6/2010, 19 de Fevereiro de 2010, referência das
principais orientações e disposições relativas à avaliação das aprendizagens, Diário da
República, 2ª série Nº35, p.7464).
A junção dos processos de avaliação com as orientações curriculares, destacam a
necessidade de recurso a uma variedade de modos e instrumentos de avaliação. A
avaliação deve ter em vista apreciar a evolução global dos alunos, mantendo como
referência as aprendizagens e as competências essenciais da disciplina.
A avaliação não é um ato singular separada do processo de ensino e
aprendizagem. Para que a avaliação tenha alguma consistência foi necessário recorrer
a instrumentos de avaliação devidamente adequados com os critérios definidos em
departamento e conselho pedagógico e pelos membros dirigentes da instituição em
causa.
As ferramentas e técnicas de avaliação são os instrumentos utilizados pelo
professor para a obtenção de provas do desempenho dos alunos no processo de
ensino e aprendizagem. As ferramentas não são fins em absolutos e únicos, mas um
auxílio útil para a obtenção de dados e informações sobre o aluno, sem que haja uma
distorção da realidade.
Quanto mais organizado estiverem os momentos de avaliação e definidos os
seus instrumentos, maiores as possibilidades de nos informarmos corretamente
relativamente ao percurso educativo de cada aluno e também relativamente ao nosso
sucesso. Sendo esta disciplina prática (EV), onde as principais formas de avaliação são
de observação e registo, é fundamental a sistematização de todo o processo de
avaliação de forma a torná-lo o mais objetivo possível. Neste contexto, foi recorrente a
utilização de grelhas de valores e atitudes e grelhas de avaliação dos conteúdos. Na
disciplina de EV, foram utilizadas fichas para a avaliação das atividades e dos alunos,
que foram desenvolvidas tendo em conta os parâmetros de avaliação definidos em
reunião do departamento das expressões. Foi muito importante ter em conta para
avaliar, não exatamente o nível em que o aluno tinha no início da prática pedagógica,
mas precisamente a sua trajetória e mais exatamente o seu crescimento. Portanto um
aluno que começa com um potencial muito alto, mas que não evolui tanto quanto aquele
que tinha um potencial mais baixo, pode ter uma avaliação mais baixa caso o segundo
desenvolva mais que o primeiro. Incentivei sempre a reflexão sobre o trabalho
desenvolvido, de modo a que eles mesmos sejam sempre os primeiros críticos dos seus
próprios trabalhos.
Conhecimentos Técnica/
Instrumentos Capacidades
Métodos de Trabalho
Atitudes/ Comportamentos
Aquisição
Aplicação/
articulação
Domínio de técnicas Uso de instrumentos
Espirito
critico
Criatividade
Sensibilidade estética
Adequação da resposta
Utilização da metodologia adequada à atividade proposta Adequação da resposta Organização do espaço de trabalho
Estar atento, participar e intervir responsavelmente
3%
Cumprir as regras de funcionamento da sala de aula
4%
Respeitar o professor, colegas e funcionários
3%
Ter o material necessário e organizado
3%
Ser assíduo e pontual
2%
25% 30% 20% 10% 15%
Dados para avaliação recolhidos através das unidades de
trabalhos realizadas pelos alunos. A avaliação escrita poderá
ter o peso máximo de 50%. O peso dos instrumentos e dos
critérios de avaliação serão comunicados aos alunos em
cada Unidade de Didática.
Dados para avaliação
recolhidos através da
observação direta e/
ou fichas de registo de
observação.
Percentagem (%) Informação Qualitativa
1 0-19 Insuficiente -
Insuficiente 2
22-44 Insuficiente
45-49 Insuficiente +
3
50-55 Suficiente -
Suficiente 56-65 Suficiente
66-69 Suficiente +
4
70-75 Bom -
Bom 76-84 Bom
85-89 Bom +
5 90-95 Muito Bom Muito Bom
96-100 Excelente Excelente
Recolha das avaliações
“A AVALIAÇÃO TEM DE ABRANGER PROCESSOS COMPLEXOS
DE
PENSAMENTO, TEM DE CONTRIBUIR PARA MOTIVAR OS
ALUNOS
PARA A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS”
(IN, FERNANDES, D., AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS:
DESAFIOS ÀS TEORIAS, PRÁTICAS E POLÍTICAS. CACÉM,
TEXTO EDITORES, 2005, P. 27)
A componente da avaliação “de conhecimentos, de desempenhos, de capacidades, de
atitudes, de procedimentos ou de processos mais ou menos complexos de pensamento” (In,
FERNANDES, D. Avaliação das aprendizagens: desafios às teorias, práticas e políticas.
Cacém: Texto Editores, 2005, p. 16) anda lado a lado com a avaliação. A avaliação é
então retratada como uma estratégia de ensino que relaciona princípios com bases
construtivistas no processo de ensino e aprendizagem, vista assim, como uma espécie
de construção social de aprendizagens que “apesar de exigirem trabalho individual de
interiorização, não podem ser compreendidas sem ter em conta o seu contexto social e o seu
conteúdo social” (Fernandes, 2005, p. 26). Indo ao encontro das necessidades da
comunidade escolar e a sua realidade, a finalidade da avaliação nas propostas de
trabalho desta unidade curricular não se limitaram a números, a tabelas limitativas e
taxativas assumindo deste modo contornos reguladores e fatores de melhorias
crescentes nas aprendizagens dos alunos em toda a sua transversalidade, respeitando
e compreendendo ritmos, dificuldades, na superação de obstáculos na concretização
dos trabalhos.
A comunicação, o diálogo constante e a fomentação da relação professor/ aluno
e vice-versa é fundamental, traduzindo-se numa relação de confiança onde a
comunicação aberta dá lugar a um constante retorno de feedback entre ambos. Assim,
promovi através da comunicação, do diálogo de uma procura de interação entre os
pares, o que no início nem sempre foi fácil. É um trabalho diário, constante, mas que
no decorrer das aulas e no estreitamento das relações promoveu de forma bastante
positiva a realização dos desafios propostos onde procurei orientar de forma clara e
inequívoca os alunos de modo a que conseguissem ultrapassar todos os seus eventuais
obstáculos, onde a tomada de consciência dos seus sucessos e fracassos, avanços e
recuos, ajudou-os a encontrar novos caminhos e a pensarem novas possibilidades.
Os contornos das mudanças no ensino onde o mesmo fosse ao encontro das
necessidades dos alunos são notórios pela sua quase ausência, quando nos é colocada
uma tabela limitativa com orientações sistemáticas de avaliação. As mesmas que
forneci aos alunos e de onde nasceu uma nova proposta de avaliação à parte da
existente e à margem da sistematização do sistema dito normalizado. Isto é, nesta
nova tabela o aluno tem o poder de decisão sobre o nível a atingir. Ele sabe à priori o
que tem de realizar para atingir esse fim e ele próprio de certa forma se compromete e
auto propõe para que esse mesmo objetivo se concretize. Falo aqui de estímulos,
desafios, de ultrapassar barreiras e rótulos comportamentais, de avaliações, em suma,
um romper com um sistema que se alimenta de uma espécie de cadastro. Remei
contra preconceitos, estabeleci diálogos e alimentei-os. Deste modo, os alunos
supostamente e a priori rotulados não pelos seus nomes mas pelos seus
comportamentos melhoraram consideravelmente as suas aprendizagens através da
motivação de os estimular, de os fazer acreditar que podem ir mais além.
Procurei ir ao encontro das finalidades e objetivos mencionados no programa da
disciplina de Educação Visual, nomeadamente no que concerne ao desenvolvimento
dos elementos da linguagem visual e da capacidade de perceção e organização de
espaços através das propostas de trabalho. Os objetivos foram apresentados de forma
clara aos alunos no início da unidade curricular, assim como o papel da avaliação.
Deste modo, não foram gerados equívocos quanto à avaliação de cada um, pois foram
elucidados sobre as ponderações e critérios de avaliação. Foram duas as áreas que
constituíram a avaliação: a área do saber, na qual foram avaliados os conhecimentos e
as competências valorizadas de acordo com os critérios; e a área do saber ser, onde
foram avaliadas as atitudes e valores no decorrer das atividades. A recolha das
avaliações incidiu, assim, sobre estas duas áreas.
A avaliação delineou-se, deste modo, através de uma apreciação global dos
trabalhos realizados e entregues e que fizeram parte de todo um processo de trabalho
que culminou com um mural graffiti, assim como com as atitudes e valores
evidenciados. Um processo alimentado e fomentado pelo constante feedback no
decorrer das atividades. Para a classificação das duas áreas que constituem os critérios
de avaliação da disciplina realizei grelhas com os parâmetros a analisar, assim como
uma ficha de autoavaliação a preencher no final por cada aluno.
O trabalho desenvolvido neste relatório para a lecionação de uma unidade
curricular no âmbito da disciplina de Educação Visual numa turma de 8º ano de
escolaridade é referente a um conjunto de dezasseis aulas que contaram com a
presença do professor cooperante. No entanto é de referir que fui docente da turma
para além das atividades relativas a esta unidade curricular, pois o projeto de trabalho
assim o “pediu” uer fossem no âmbito indi idual ou em grupo com a turma em
questão.
Procurei diversificar os métodos de ensino, sendo algumas aulas numa primeira
parte de carácter mais expositivo e outras de carácter prático, demonstrativo e outras
de carácter ativo, consoante os conteúdos abordados. As aulas lecionadas no âmbito
desta unidade curricular, onde os alunos desenvolveram trabalhos em cooperação e
que por vezes extravasaram o espaço da sala de aula, permitiu-lhes que se
constituíssem o centro das atenções alimentando interações, forneceu-lhes
instrumentos e ferramentas que lhes permitiu um maior envolvimento, empenho e
motivação na realização dos trabalhos propostos. Assistimos assim a uma grande
motivação.
Ao serem confrontados com trabalhos, a passagem da bidimensionalidade para a
tridimensionalidade e o desafio da passagem da sala de aula para o exterior
aproximou-os, através de uma maior tomada de consciência, dos conteúdos a lecionar.
Estavam perante desafios concretos que lhes permitiam o manuseamento e a
visualização espacial, adquirindo uma perspetiva mais alargada do que se pretendia
atingir posteriormente com a organização e perceção dos espaços. Foram tarefas
desafiantes, motivadoras e facilitadoras do processo de ensino e aprendizagem. No
entanto, as dificuldades na representação dos elementos da linguagem visual,
nomeadamente na interação dos elementos visuais: qualidades formais, expressivas e
geométricas e também nas proporções e na compreensão da estrutura como suporte
e principio organizador de uma forma, os alunos revelaram várias lacunas ao nível dos
fundamentos de base da geometria e desenho evidenciadas desde o início quando
realizaram nas primeiras aulas. Tal evidencia-se na ficha de diagnóstico sobre os
conteúdos do 5º e 6º ano de escolaridade mas com maior incidência no 7º ano de
escolaridade, na qual a taxa de sucesso foi de 50%.
Realizei igualmente registos numa espécie de diário de bordo que relatam por
exemplo algumas afirmações ao longo deste projeto/ processo que espelham as
emoções sentidas em alguns dos trabalhos realizados e o quanto foram desafiadores e
motivadores. Foi o caso, por exemplo, quando um dos alunos no final de uma das aulas
diz: “ O PowerPoint foi muito útil. Por vezes, eu pensei, eu vou estar sempre a gaguejar…Mas
pelo contrário, com a ajuda do PowerPoint, correu muito bem e eu estava nervosa, porque
nunca tinha apresentado um trabalho com tantas pessoas a verem.” Ou quando outro diz:
“Acho que todos os grupos conseguiram atingir os objetivos propostos. A avaliação é
bastante positiva.” Estes comentários que destaco surgem porque os alunos sentiram
uma maior proximidade, identificação e uma motivação para com os trabalhos que
realizaram e que os conduziu a ultrapassarem barreiras e obstáculos e a atingirem os
objetivos. A minha colaboração ficou ainda mais beneficiada depois de estabelecida
uma relação de confiança, de diálogo aberto, onde a entreajuda não foi só na nossa
relação professor / aluno mas extravasou de forma natural para aluno/ aluno o que
inegavelmente gerou um melhor ambiente na sala de aula propício ao ensino/
aprendizagem.
Sendo a turma bastante heterogénea e com um elevado número de alunos, onde
nem sempre as atividades propostas em aula foram realizadas, nomeadamente no
início, o que era transversal com esta turma às outras disciplinas, fui no entanto
sentindo ao longo do decorrer das aulas, uma alteração na postura dos alunos face à
relação professor/ aluno, aluno/ aluno e face aos trabalhos a desenvolver passando a
existir uma maior participação, envolvimento e empenho pela maioria dos alunos, a
qual é evidenciada pelo sucesso de 90% atingido, sendo a média das classificações dos
trabalhos de 14 valores, com oscilações das classificações entre os 7 e os 18 valores.
Em suma, tenho hoje consciência que pode estar ao alcance das escolas, dos
professores e dos alunos melhorar o que se aprende e, mais importante ainda, como
se aprende. Procurei então pelas pisadas de uma avaliação formativa, não sendo a
cura para todos os males dos sistemas educativos, mas com certeza é um processo
pedagógico essencial para apoiar milhões de crianças e jovens que, ano após ano,
experimentam a frustração, o desânimo, o abandono escolar e mesmo a exclusão
social. É por isso que temos forçosamente que “desbravar” e aprofundar a ideia de
avaliar para aprender se quisermos enfrentar as questões mais urgentes da educação
contemporânea.
CAPÍTULO 13 – REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO REALIZADO
Esta unidade curricular foi um desafio muito interessante, não só para mim ao
nível pessoal como profissional mas também para os professores participantes e os
alunos, desafio esse contudo, ainda inacabado, pois apesar de se falar da continuidade
pedagógica, ela apenas é teorizada, pois na realidade apresenta-se como algo ténue,
uma unidade difícil de personificar, ficando assim em papel uma oficina de graffiti. No
entanto, esta unidade deu a conhecer uma “no a” forma de expressão e,
simultaneamente proporcionou o desenvolvimento de distintas competências nos seus
principais intervenientes: os alunos. O conhecimento e a utilização de diferentes áreas
do saber cultural e tecnológico, permitiram a concretização de distintas experiências
de aprendizagem, que valorizaram a relação social educacional tecnológica,
considerada adequada à sociedade atual que, cada vez mais, exige cidadãos atentos,
formados, informados, comunicativos e criativos, bem como a transversalidade
transcurricular, transdisciplinar entre todos os elementos ativos na comunidade
escolar e que contribuíram para a concretização desta unidade curricular, tal como se
demonstra no quadro da figura seguinte.
A preocupação fundamental foi de permitir aos alunos vivenciar novas e variadas
experiências com a Obra de Arte de forma direta ou indireta, desenvolvendo a sua
cultura artística e o seu sentido estético e crítico, promovendo um ensino-
aprendizagem com materiais, estratégias e metodologias diversificadas de modo a
facilitar a todos os alunos o acesso à aprendizagem, pois, tal como refere Rocha de
Sousa (In Sousa, R. (1995). Didáctica da Educação Visual. Universidade Aberta, p.32), “o
professor deve abrir ao aluno as condições próprias para alargar o espaço técnico- criativo
na sua relação com o meio, com a exemplaridade das proposições artísticas ou funcionais,
tendo em vista melhorar o seu acesso ao fazer, à invenção, à leitura e uso qualificados dos
instrumentos comunicativos de que pode dispor enquanto ser social e agente de civilização.”
Outro fator tido em conta foi o desenvolvimento de atividades adaptadas às
características dos alunos, o que nem sempre foi fácil devido à dimensão das turmas e
atendendo a que cada aluno é um caso. O ser humano é singular e por isso nem
sempre foi possível corresponder a todas as expectativas. Conseguimos em conjunto,
no entanto, ultrapassar todos estes obstáculos, exceto o referente à temporalidade na
concretização do mesmo o que acabou por culminar no final do ano letivo dada a
dimensão do envolvimento escolar da unidade curricular que extravasou fronteiras e,
sobretudo por se ter tornado revelador e gratificante para mim enquanto docente e
indivíduo, perceber que os meus alunos gostam da minha pessoa, identificam-se,
retribuem todo o esforço realizado. Ora isto é muito mais do que uma demonstração
de amizade, é uma revelação de que também o professor cumpriu os seus objetivos
como docente, pois mais difícil do que os alunos corresponderem às expetativas do
professor, é este corresponder às dos seus alunos!
REPRESENTATIVO DA DINÂMICA E IMPACTO DA UNIDADE ESCOLAR NA PRÓPRIA
COMUNIDADE.
A abertura ao mundo e à existência facilitam-nos os encontros e os desencontros
necessários, para que sejamos capazes de desenhar novos caminhos, de modificarmos
os percursos, os contextos e de, assim, nos modificarmos também.
•Intervenção
• Manutenção •Avaliação
•Reformulação
•Registo do levantamento das necessidades.
•Estabelecer prioridades de intervenção.
•Esboço da planificação intervenção
•Observação das áreas de intervenção na escola.
•Levantamento das necessidades. ESCOLA/
ASSOCIAÇÃO DE PAIS E EE
ESCOLA/
ASSOCIAÇÃO DE PAIS E EE/
ALUNOS
TODOS OS INTERVENIENTES
VOLUNTÁRIOS
ESCOLA/
ASSOCIAÇÃO DE PAIS E EE/
ALUNOS
A ideia de que a escola é uma escola de possibilidades conduz-me, à relação
intrínseca entre a arte e o indi duo, pelo ue todos “artistas” são capazes de
encontrar, nas linhas dispersas da vida, os caminhos que ajudam a configurá-la, entre o
pensamento e o sentimento, entre o intelecto e o afeto, entre a razão e a emoção,
banhados pelos contributos vindos de todas as áreas, na procura de uma compreensão
que parte da nossa vontade e do nosso desejo de penetrar no mundo, para assim o
podermos descobrir, participando (co) operativamente num desenho mais vasto que é
o da própria humanidade e do futuro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abreu, M. H. (s/d). Educação Artística – Ensino Liceal. Porto Editora Afonso, M. (2005). Construir e Viver a Cidadania em Contexto Escolar. Colecção Aula Prática. Plátano Editora, Lisboa Alarcão, I., & Tavares, J. (2007). Supervisão da Prática Pedagógica – Uma Perspectiva de Desenvolvimento e Aprendizagem. Coimbra: Edições Almedina Arnheim, R. (1994). Arte e Percepção Visual: Uma psicologia da visão criadora.
São Paulo: Livraria Pioneira Editora.
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Curto, P. M. (1998). A Escola e a Indisciplina. Porto Editora Estrela, A. (1990). Teoria e Prática de Observação de Classes – Uma Estratégia de Formação de Professores. Instituto Nacional de Investigação Científica Estrela, A. & Nóvoa, A. (1992). Novas Perspectivas. EDUCA Estrela, M. T. (2002). Relação Pedagógica, Disciplina e Indisciplina na Aula. Porto Editora Freire, P. (2001). A Pedagogia dos Sonhos Possíveis. São Paulo: Editora Unesp Gloton, R. & Clero, C. (1971). Técnicas de Educação - A Actividade Criadora na Criança. Editorial Estampa Hargreaves, A. (1998). Os Professores em Tempos de Mudança: O Trabalho e a Cultura dos Professores na Idade Pós-Moderna. Lisboa: McGraw-Hill Hilgard, E. R. (1904). Teorias da Aprendizagem. Editora Pedagógica e Universitária, Lda. São Paulo
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155
A N E X O S
ANEXO 1- OS ESPAÇOS FÍSICOS, EQUIPAMENTOS E A SUA FUNCIONALIDADE
O Agrupamento de Escolas Francisco Simões é constituído pelo Jardim de
Infância do Feijó, pelas escolas do 1º Ciclo com Jardim de Infância Maria Rosa Colaço e
Chegadinho e pela Escola Secundária com 2º e 3º Ciclos Francisco Simões (ESFS), sendo
esta a sede.
O Jardim de Infância do Feijó fica situado na Praceta Bartolomeu Constantino e
funciona na cave de um edifício. Este espaço tem duas salas, uma sala polivalente para
serviço de refeições e Atividades de Animação e Apoio às Famílias e um pequeno
recreio.
A EB1/JI Maria Rosa Colaço encontra-se situada na Rua Mário de Azevedo
Gomes. Esta escola é constituída apenas por um pavilhão com oito salas de aula e uma
sala de Jardim de Infância, ginásio com balneários, polivalente, biblioteca/mediateca,
posto médico, cozinha, arrecadações, gabinete da Coordenação de Estabelecimento,
sala de professores. A escola e o Jardim de Infância funcionam num edifício de
arquitetura contemporânea com espaços envolventes ajardinados, com zonas de jogos
tradicionais e campo de jogos.
A EB1/JI Chegadinho encontra-se implementada na Rua Amadeu de Sousa
Cardoso. Possui dois pisos com oito salas de aula, uma sala destinada à Unidade de
Apoio Especializado para a educação de alunos com multideficiência e surdocegueira
congénita, duas salas de Jardim de Infância, um ginásio, um refeitório, arrecadações, o
gabinete da coordenação de Estabelecimento, uma sala de professores e uma
biblioteca/mediateca. O edifício da escola apresenta uma arquitetura contemporânea
com espaços envolventes ajardinados e um campo de jogos.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
A Escola Secundária com 2º e 3º Ciclos Francisco Simões (ESFS), encontra-se
implantada na Quinta de Santo António no Laranjeiro, com uma orientação norte-sul.
A Escola é delimitada, a nascente, pela linha do Metro que corre paralela à estrada
nacional número dez. A norte e a poente estendem-se zonas habitacionais de
implantação recente que incluem bairros sociais. As instalações são constituídas por
um grupo de seis blocos, cinco deles com dois pisos, um campo de jogos e respetivo
balneário adstritos à prática da Educação Física e um espaço exterior amplo com
telheiros e zonas verdes. Todos os blocos estão equipados com salas de arrumação e
instalações sanitárias.
Após ultrapassar a zona da
portaria apresenta-se à esquerda
o bloco (A). No piso zero deste
bloco encontra-se a reprografia,
uma sala de convívio e uma sala
de trabalho para professores,
uma sala de trabalho para
Diretores de Turma, a Secretaria,
a sala de atendimento aos Pais e
Encarregados de Educação e o
gabinete de primeiros socorros. No piso um deste mesmo bloco localizam-se o
Gabinete da Direção, a Biblioteca, um Auditório e a sala do Clube Multimédia e
Audiovisual.
Seguindo para sul, apresenta-se igualmente à esquerda uma zona de pátio com
uma escultura da autoria do escultor Francisco Simões. O bloco (D) completa a
moldura de enquadramento deste espaço exterior. No piso zero deste bloco encontra-
se um Laboratório de Biologia e três salas de aula. No piso um, encontram-se sete salas
de aula e o Laboratório de Matemática.
Mais à frente, depois de ultrapassada a zona com telheiro, encontra-se um
caramanchão que suporta um conjunto de buganvílias. Em frente, apresenta-se o
bloco (E). No piso zero encontra-se um Laboratório de Química onde funciona o Clube
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ESCOLA SECUNDÀRIA FRANCISCO SIMÕES. LARANJEIRO. IN WWW.GOOGLEMAPS.PT
157
BLOCO D
BLOCO C BLOCO E
BALNEÁRIOS
BLOCO A
BLOCO D
BLOCO C
da Ciência, um Laboratório de Física, uma sala de aula e o Clube de Teatro. No piso um,
existem cinco salas de Informática e duas salas de aula, o gabinete dos Serviços de
Psicologia e Orientação e o Clube Europeu. Próximo deste bloco, localizado a nascente
encontram-se os balneários, onde funciona o Gabinete do Grupo disciplinar de
Educação Física.
Em frente aos três blocos descritos, numa zona mais alta, separada da anterior por
pequenos muretes de pedra calcária, apresentam-se os restantes blocos. O piso zero
do bloco (B) tem uma sala de aula, uma sala de estudo, uma sala adaptada para a
prática de Educação Física, uma sala de Expressão Plástica e o Clube da Matemática.
No piso um, para além de espaços para arrumação, existem cinco salas de aula e uma
sala de Expressão Plástica.
Em frente ao bloco turquesa, apresenta-se o bloco (C). No piso zero há três salas
de Educação Tecnológica, sendo uma partilhada com o Núcleo de Atividades Visuais na
Escola e uma sala para a prática de Expressão Dramática. No piso um situam-se seis
salas de aula, as salas dos Departamentos de Expressões e das Ciências Sociais e
Humanas.
Por último, apresenta-se o bloco amarelo, espaço polivalente onde se encontram
o refeitório, a cozinha, a papelaria, o bar, a ludoteca, a sala de alunos, a sala da
Associação de Estudantes e um amplo átrio. Por trás deste bloco existe um espaço
exterior com algumas árvores e vegetação rasteira que se estende até à vedação. Este
espaço destina-se à construção do Pavilhão Gimnodesportivo da escola.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
ESCULTOR FRANCISCO SIMÕES, PATRONO
DA ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO
SIMÕES.
ANEXO 2- PATRONO DO AGRUPAMENTO
A escola sede foi inicialmente denominada de Secundária nº 2 do Laranjeiro. De
um modo geral, a comunidade escolar não se identificava com um nome que era
inexpressivo, reduzindo-a a um número e a uma localização. A procura de um nome
para a escola constituiu um processo moroso que envolveu toda a comunidade
escolar, sendo uma etapa fundamental na construção de uma identidade. O critério
essencial foi selecionar o nome de uma individualidade atual, nascida
preferencialmente no concelho de Almada – zona geográfica em que a escola se
insere, que contribuísse para o enriquecimento cultural e dinâmica da escola. De entre
os vários nomes propostos, a votação recaiu sobre o escultor Francisco Simões.
159
Nascido no Porto Brandão, pequena povoação ribeirinha do Concelho de
Almada, no ano de 1946, Francisco Simões cedo revelou aptidões que o levariam a
enveredar por um percurso ligado às artes plásticas. Assim, depois de concluir o curso
da Escola de Artes Decorativas António Arroio, iniciou a actividade gráfica com o pintor
Mário Costa. Em 1967 tornou-se bolseiro da O.C.D.E. em Roma, Turim, Novara, Verona
e Milão. Em 1968 trabalhou no Museu do Louvre a convite de Germain Bazin e no ano
seguinte foi viver para o Funchal, onde iniciou a carreira de docente e o curso de
escultura da Academia de Música e Belas Artes da Madeira. Três anos depois foi
Diretor da Escola Preparatória da Ribeira Brava. Em 1974 concluiu o curso de escultura
e foi nomeado membro da Comissão Diretiva do Museu da Quinta das Cruzes no
Funchal. No ano seguinte regressou a Lisboa tendo sido o responsável pedagógico pelo
Serviço Cívico Estudantil do Ministério da Educação e Cultura. Em 1976 foi eleito
vereador da Câmara Municipal de Almada, cargo que ocupou por quatro anos. Ao
cessar funções autárquicas dedicou-se em simultâneo à actividade escultórica e à
docência. Em 1987 foi-lhe concedida pelo Ministério de Educação uma bolsa a fim de
se dedicar em exclusivo a projetos de escultura e pintura. Dois anos depois foi
nomeado pelo mesmo Ministério consultor de Artes Plásticas para o projecto A Cultura
começa na Escola. Posteriormente, tornou-se colaborador do Jornal de Letras, Artes e
Ideias.
Em 1991, Francisco Simões mudou-se para Sintra, onde também instalou o seu
atelier. No ano seguinte foi nomeado pelo Ministério da Educação membro do grupo
de trabalho de Humanização e Valorização Estética dos Espaços Educativos. Em 1996
tornou-se patrono da antiga Escola Secundária nº 2 do Laranjeiro que passou a
chamar-se Escola Secundária Francisco Simões. Nos três anos seguintes, ocupou
sucessivamente os lugares de Assessor do Secretário de Estado da Administração
Educativa e assessor do Ministro da Educação e foram-lhe atribuídas duas Medalhas
de Mérito, uma pela Câmara Municipal de Oeiras e outra pela Câmara Municipal de
Sintra. Entre os anos de 1981 e 2003 expôs individualmente 29 vezes. Até hoje
participou aproximadamente em cinco dezenas de exposições coletivas. Francisco
Simões tem inúmeras obras no âmbito da gravura, ilustração, medalhística, cerâmica,
desenho, pintura e escultura.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
ANEXO 3- ORGANIZAÇÃO - ORGANOGRAMA
161
ANEXO 4- CORPO DISCENTE
O corpo discente que integrou a ESFS, nos últimos anos, encontra-se
representado na tabela seguinte:
2009/10 2011/12 2012/13
Ensino Regular 365 338 304
Percurso Curricular Alternativo 0 14 7
Curso Educação e Formação 20 27 74
Cursos Científico Humanísticos e
Tecnológicos
401 370 357
Cursos Profissionais 0 23 79
Ano letivo 2012/2013
JI do Feijó EB1/JI Mª Rosa
Colaço
EB1/JI
Chegadinho
Escola Secundária com 2º
e 3º Ciclos Francisco
Simões
Pré-escolar 38 22 44 ---
1º Ciclo --- 306 158 ---
2º Ciclo --- --- --- 128
3º Ciclo --- --- --- 314
Secundário --- --- --- 375
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
Quanto à área de residência das crianças da Educação Pré-escolar e 1º Ciclo, a mesma
divide -se entre as freguesias do Feijó e do Laranjeiro. Os alunos do 1º ciclo, na sua maioria,
residem na freguesia do Feijó.
A idade das crianças/alunos da Educação Pré-escolar e 1º Ciclo está compreendida entre
os 3 e os 16 anos.
Quanto à área de residência dos alunos da escola sede podemos afirmar que a
maioria dos alunos reside nas proximidades da escola. No que se refere aos alunos que
frequentam os cursos profissionais o panorama altera-se, uma vez que a sua área de
residência se estende aos Concelhos limítrofes.
Quanto à idade é possível verificar que há um número significativo de alunos que
ultrapassa a idade habitual para o ano de escolaridade que frequenta.
A leitura que os discentes efetuam da escola que frequentam é pouco positiva,
destacando-se como representações mais negativas:
Os professores deveriam ensinar melhor, ajudar mais os alunos e prepará-los
melhor para os exames;
As relações entre colegas nem sempre são boas;
Pessoal auxiliar deveria ajudar mais e ser mais simpático com os alunos;
Os espaços escolares são pouco apelativos.
Quanto às representações positivas, os alunos destacam os seguintes aspectos:
Grande parte dos alunos afirma que o seu esforço é tido em conta;
Grau de exigência dos professores é equilibrado;
A assiduidade dos professores é satisfatória;
Os horários dos serviços têm em conta as necessidades dos alunos.
163
ANEXO 5- CORPO DOCENTE E TÉCNICO
A sua faixa etária distribui-se maioritariamente entre os 40 e os 50 anos de
idade. A área de residência é principalmente o Concelho de Almada.
O Agrupamento possui um corpo docente estável, sendo a sua grande maioria
pertencente ao Quadro de Agrupamento. Os restantes professores pertencem ao
Quadro de Zona Pedagógica, ou estão abrangidos por destacamento, afetação ou
contratação. A maioria dos professores possui licenciatura, verificando-se ainda a
existência de outras habilitações, a saber: bacharelato, mestrado e doutoramento.
Nos inquéritos aplicados sobre a avaliação dos departamentos, os professores
defendem a promoção de espaços de partilha de experiências, admitem a
possibilidade de hetero-formação, gostariam que houvesse mais interdisciplinaridade,
entreajuda e maior intervenção dos Departamentos nas decisões da vida escolar.
Referem ainda que as reuniões habituais podem melhorar, em termos da organização
e disciplina dos seus intervenientes.
Quanto à representação que os professores fazem da sua escola, das relações
interpessoais, da dinâmica e do ambiente originado pelos atores educativos que nela
se movem destacam-se, por ordem de importância, as seguintes inferências:
“Fala-se muito mas age-se pouco”;
Existe falta de apoio que conduz à afirmação da autonomia, segundo a
“regra da sobrevivência” do professor;
Crença no trabalho individual como fator dinamizador (ao contrário do
trabalho em grupo e em equipa);
Afirmação da existência de espírito empreendedor;
Algumas pessoas agem com cautela e receio porque tiveram más
experiências profissionais anteriores nesta escola.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
ANEXO 6- CORPO NÃO DOCENTE
ASSISTENTES TÉCNICOS
No Agrupamento os assistentes técnicos são do sexo feminino e vivem na área
de influência da escola. O seu vínculo profissional é diversificado: 6 são efetivos, 2 com
contrato a termo certo e 1 requisitado.
Da leitura dos resultados dos inquéritos sobre a avaliação da escola, o pessoal
administrativo salienta, por ordem de importância, os seguintes aspectos:
Tratam os professores e alunos com respeito e consideração;
Nem sempre se verifica reciprocidade desse tratamento, por parte dos
professores e alunos;
Gostam de trabalhar na escola;
As tarefas que realizam são do seu agrado;
As relações entre pares são boas e existe entreajuda.
ASSISTENTES OPERACIONAIS
O Agrupamento tem ao seu serviço 36 funcionárias do sexo feminino, em que 6
tem vínculo à autarquia local. Dos restantes, 18 são efetivos, 10 possuem contrato
individual de trabalho por tempo indeterminado e 2 tem contrato individual de
trabalho a termo certo. Na sua maioria situam-se na faixa etária dos 40-58 anos de
idade.
Da análise dos inquéritos sobre a avaliação da escola os assistentes operacionais
destacam, por ordem de importância, os seguintes aspectos:
Tratam os professores e alunos com consideração e respeito;
Gostam de trabalhar nesta escola, das tarefas que desempenham e,
regra geral, estão satisfeitas com o seu horário;
Estão conscientes da importância fundamental das suas tarefas para o
sucesso da escola - qualidade dos serviços e bom ambiente de trabalho;
165
De um modo geral, as relações profissionais com os seus superiores
hierárquicos são cordiais;
As relações entre pares nem sempre são as melhores, regra geral não
há colaboração e entreajuda;
ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO
A representação que os pais / encarregados de educação têm da escola é
predominantemente positiva, salientando-se o excelente trabalho desenvolvido pelos
Diretores de Turma. Aspetos apurados, por ordem de importância:
As relações entre pais e os diretores de turma são excelentes;
Esta escola não se preocupa apenas em preparar os alunos para os
exames nacionais;
As reuniões com os diretores de turma são produtivas, eficazes e têm
em conta o sigilo das problemáticas das famílias;
Os professores não dão notas baixas, classificam corretamente os seus
educandos;
Os pais concordam que os “trabalhos de casa” são importantes, mas
não devem sobrecarregar os alunos no seu tempo fora da escola;
A quase totalidade dos pais considera a escola recomendável e os seus
professores competentes e dedicados;
Os alunos recebem uma boa formação social e pessoal e o ambiente
que se vive, entre os alunos, é bom;
Regra geral, a opinião dos pais é tida em conta;
Os pais sentem que os seus filhos estão em segurança, nesta escola;
A escola possui boas instalações e serviços.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
OUTROS ATORES EDUCATIVOS
Com o exterior, a escola mantém relações / parcerias com as seguintes
instituições: Junta de Freguesia do Laranjeiro; Junta de Freguesia do Feijó, Câmara
Municipal de Almada; Centro de Saúde do Laranjeiro; Hospital Garcia de Orta;
Associação de Solidariedade e Desenvolvimento do Laranjeiro; Associação Alma
Alentejana; Centro de Bem Estar Social do Laranjeiro; Centro Social e Paroquial Padre
Ricardo Gameiro; Centro Social e Paroquial de Vale Figueira; Centro de Formação de
Associação de Escolas do Concelho de Almada; Centro de Emprego de Almada; Centro
de Formação Profissional do Seixal; Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de
Ciências e Tecnologias; Universidade de Lisboa - Faculdade de Letras; Instituto Piaget
(Almada); Jardim de Infância do Alfeite, Cooperativa Mista de Ensino do Laranjeiro;
Centro Comunitário de Promoção Social do Feijó; SR Estrelas do Feijó ARPILF;
Companhia de Teatro de Almada.
167
ANEXO 7- OFERTA EDUCATIVA
CURSOS/ PERCURSOS ESCOLARES
Formaram-se 17 turmas do 3º ciclo, no ano letivo 2010/ 2011, perfazendo um
total de 379 alunos matriculados. Do total dos alunos referenciados anteriormente,
anularam a matrícula e/ou ficaram excluídos por faltas 22. Para além do currículo
regular, existiram duas turmas dos “Cursos de Educação e Formação” (1º e 2º anos) de
“Empregado / Assistente Administrativo” e uma turma de “Percursos Curriculares
Alternativos”.
No ensino secundário, constituíram-se 18 turmas para um total de 393 alunos,
tendo-se verificado um abandono de 40 alunos. A escola ofereceu aos alunos Cursos
Científico - Humanísticos (Ciências e Tecnologias; Ciências Sociais e Humanas; Artes
Visuais), Cursos Tecnológicos (Informática; Acção Social; Desporto) e o Curso
Profissional de Técnico de Turismo.
TRABALHO REALIZADO NO PROJETO ECO-ESCOLAS.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
No ano letivo 2011/2012, formaram-se 18 turmas do 3º ciclo, totalizando 385
alunos matriculados. Do total destes alunos, 24 anularam a matrícula e/ou ficaram
excluídos por excesso de faltas. Para além do currículo regular, existiram duas turmas
dos “Cursos de Educação e Formação” (1º e 2º anos) de “Empregado / Assistente
Administrativo”, uma turma do “Curso de Educação e Formação” (1ºano) de
“Acompanhante de Crianças” e uma turma de “Percursos Curriculares Alternativos”.
No ensino secundário constituíram-se 18 turmas para um total de 436 alunos.
Deste total, abandonaram a escola 32 alunos. A escola ofereceu aos alunos Cursos
Científico - Humanísticos (Ciências e Tecnologias; Ciências Sociais e Humanas; Artes
Visuais), Cursos Tecnológicos (Informática; Acção Social; Desporto) e o Curso
Profissional de Técnico de Turismo.
Vivenciando a realidade de Agrupamento, no ano letivo de 2012 / 2013, são
vastas as ofertas que se propõem à comunidade abrangendo realidades que vão da
Educação Pré-escolar ao ensino secundário, integrando ainda os cursos de educação e
formação e os cursos profissionais.
ESTRUTURAS, PROJETOS E ATIVIDADES
Para além das atividades curriculares, o Agrupamento oferece diferentes projetos e
iniciativas:
Atividades de Apoio e Animação às Famílias;
Ensino do Inglês;
Ensino da Música e outras expressões;
TIC;
Actividade Físico Desportiva;
Bibliotecas Escolares;
Clube da Ciência;
169
Clube da Matemática;
Clube de Francês;
Clube Europeu;
Clube da Cidadania;
Clube de Teatro;
Clube Multimédia e Audiovisual (CMAV);
Clube do Desporto Escolar;
Oficina da Língua Portuguesa;
Gabinete A conversar nos Descobrimos
Núcleo de Actividades Visuais na Escola (NAVE);
Projecto “English for Science”;
Projecto de Educação para a Saúde;
Sala de Estudo;
Ludoteca;
Clube de Inglês;
Plataforma “Moodle”;
Página web.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
ANEXO 8- FRAGILIDADES E POTENCIALIDADES
A análise SWOT (TOFA em Português) é uma técnica simples e eficaz para uma
organização, neste caso a escola, identificar os seus Trunfos (Strengths) e Fraquezas
(Weaknesses) e analisar as Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) que
tem de enfrentar. Este tipo de análise tem a vantagem de possibilitar a valorização dos
aspectos positivos (trunfos) que podem ser otimizados, identificar e minimizar os
pontos fracos e de se poder tirar maior partido das oportunidades que surgem. Refira-
se que nem todos os trunfos dependem da ação direta dos atores, ou, não são
manipuláveis pelas estruturas da escola: a situação profissional dos professores, as
condições socioeconómicas dos alunos que recebe, entre outras.
Alguns aspectos são considerados positivos por parte de uns atores educativos
enquanto outros entendem que esses mesmos aspectos são negativos. A maior
discrepância encontra-se entre a visão largamente positiva que os pais e encarregados
de educação têm da escola (espaços, serviços, relações interpessoais, entre outras),
enquanto os alunos mostram uma visão contrastante.
Nos quadros que se seguem encontram-se, somente, os indicadores que
funcionam como trunfo ou fraqueza da escola.
Trunfos
O corpo docente é maioritariamente residente na área geográfica da escola.
A situação profissional dos docentes é estável.
Os professores possuem boa formação académica (científica) e profissional.
Utilizam as novas tecnologias no seu trabalho individual e com os alunos.
O trabalho dos Diretores de Turma é considerado excelente.
As relações entre os pais e os Diretores de Turma são excelentes.
171
Existe algum espírito empreendedor por parte dos professores que deve ser potencializado.
As turmas são constituídas de acordo com critérios pedagógicos.
A escola possui boa capacidade organizativa em relação aos exames nacionais.
Entre os órgãos Administrativo, Executivo e Pedagógico existe boa articulação.
A elaboração dos horários, a gestão de alunos e o apoio aos Diretores de Turma têm por base
programas informáticos atualizados.
Os espaços escolares são agradáveis e geralmente bem cuidados.
O ambiente que se vive entre os alunos é bom.
A escola é um espaço seguro.
As relações entre o pessoal administrativo são boas, existe cooperação e entreajuda.
Os alunos e professores são tratados com respeito pelo pessoal auxiliar e administrativo.
O pessoal não docente está consciente da importância fundamental das suas tarefas para o
sucesso da escola - qualidade dos serviços e bom ambiente de trabalho.
Os alunos recebem uma boa formação social e pessoal.
Os alunos revelam bons coeficientes de correlação entre CIF e classificação de exame
nacional.
As opiniões dos pais são bem acolhidas na escola.
A Associação de Pais é interessada, embora conte com um número reduzido de elementos.
Fraquezas
Tendência generalizada, por parte do corpo docente, para criticar sem apresentar
alternativas.
Falta de capacidade de reflexão objetiva e de análise crítica sobre o seu desempenho,
por parte dos docentes.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
Pouco recurso a metodologias de trabalho interdisciplinar.
Nem sempre o Conselho Executivo é compreensivo, sensível aos problemas do
pessoal não docente.
A escola possui pouca vida cultural.
As salas são pouco apelativas e desconfortáveis.
As reuniões dos Departamento são pouco organizadas e a participação dos seus
intervenientes devia ser mais “disciplinada”, formal, de modo a rentabilizar o
trabalho.
A autoavaliação, por parte dos órgãos de gestão (Assembleia de Escola, Conselhos
Executivo, Pedagógico e Administrativo), é inexistente.
Os hábitos consistentes de planeamento estratégico para o futuro são inexistentes.
As tarefas do pessoal não docente (auxiliar e administrativo) são pouco valorizadas
por professores e alunos - nem sempre revelam respeito e consideração pelo seu
trabalho.
As opiniões / sugestões do pessoal auxiliar e administrativo nem sempre são
consideradas.
As relações entre o pessoal auxiliar nem sempre são as melhores - regra geral, não há
colaboração nem entreajuda.
Os horários devem ter mais em conta os interesses dos alunos.
Os alunos com dificuldades de aprendizagem ou de integração deveriam ser mais
apoiados.
Os alunos não gostam de permanecer na escola quando não têm aulas.
O envolvimento dos alunos na organização e gestão da escola é praticamente
inexistente.
173
ANEXO 9- SUCESSO E INSUCESSO
O quadro que se segue tem por base a leitura de atas das reuniões dos
Conselhos de Turma dos três últimos anos. Em termos gerais as principais causas de
insucesso apontadas pelos docentes, nas turmas com menor rendimento escolar, são
as seguintes:
Insucesso escolar - Causas
Falta de hábitos e métodos de trabalho.
Falta de atenção e de concentração.
Falta de respeito pelas normas de convivência e trabalho.
Falta de assiduidade e / ou pontualidade.
Fraco empenhamento nas atividades da aula e de casa.
Atitude pessimista / derrotista face a determinadas disciplinas.
Dificuldade em mobilizar conhecimentos adquiridos e integrar conhecimentos novos.
Dificuldade na aquisição e aplicação de conhecimentos.
Dificuldades de compreensão e expressão oral e escrita.
Falta de treino do raciocínio e / ou da memória.
A relação carga horária das disciplinas curriculares/extensão dos programas não permite
um acompanhamento personalizado dos alunos.
Fraca comparência dos Encarregados de Educação às reuniões agendadas.
De entre as estratégias de combate ao insucesso escolar, apontadas pelos
docentes, destacam-se as seguintes:
Insucesso escolar - Estratégias
Verificação dos instrumentos/materiais de trabalho em sala de aula.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
Realização regular dos trabalhos de casa e tarefas da aula.
Punição disciplinar dos alunos.
Atuação concertada de todos os docentes do Conselho de Turma.
Esclarecimento de dúvidas com o professor.
Realização de fichas formativas.
Prática sistemática de auto e heteroavaliação.
Realização de atividades que fomentem o gosto pela disciplina.
Desenvolvimento de atividades de remediação para compensar défices de aprendizagem, integrando conteúdos programáticos anteriores.
Realização de atividades para o desenvolvimento da comunicação oral e escrita.
Promoção de adaptações curriculares ou currículo escolar próprio se comprovadamente necessário.
Frequência de Aulas de Apoio Pedagógico Acrescido.
Intervenção dos Encarregados de Educação, com vista a alterar/ melhorar comportamentos incorretos dos alunos e controlar a assiduidade/pontualidade dos educandos.
CONTEXTO EXTERNO
OPORTUNIDADES
No âmbito da reforma curricular, abertura de novos cursos, diversificando e
adequando a oferta à população escolar da zona.
Expetativas de pais e alunos focadas para a vida ativa.
Meio envolvente caracterizado por uma população multicultural.
Convivência, no mesmo espaço geográfico, de falantes de diferentes línguas
europeias, orientais e africanas.
175
AMEAÇAS
Meio envolvente com escassez de profissionais qualificados e baixos níveis de
escolaridade.
Existência de um número significativo de famílias não estruturadas.
Famílias com poucos ou nenhuns hábitos culturais.
Fraca capacidade económica das famílias dos alunos.
Proximidade de um “café” que atrai elementos estranhos à escola, geradores de
perturbação.
PROPOSTAS DE AÇÃO
Objetivos
Propostas de ação
Planificar por competências,
dando ênfase a métodos,
processos e produtos
• Elaboração de projetos curriculares de agrupamento, de
grupo/ano/ turma e os planos de trabalho de turma, tendo em
conta as características e necessidades das crianças/alunos e
incentivando os representantes de pais e alunos a uma
participação ativa.
• Elaboração de planificações adequadas à heterogeneidade das
turmas, nomeadamente à sua diversidade cultural e linguística.
• Elaboração de planificações por competências flexíveis, que
possibilitem percursos diversificados.
Desenvolver e aplicar um vasto
repertório de metodologias e
estratégias
• Formação de equipas pedagógicas que farão
. Pesquisa e recolha de ideias e materiais;
. Elaboração conjunta de guiões de desenvolvimento de
unidades de reforço ou planos de aula;
. Organização dos recursos dos Departamentos, recorrendo a
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
vários suportes.
• Recurso à prática da interdisciplinaridade.
Definir critérios e criar
instrumentos que permitam
avaliar as competências básicas
das crianças/alunos,
globalmente e por grupo
disciplinar
• Definição de critérios e instrumentos que identifiquem
claramente
. Os resultados pretendidos;
. Os indicadores que permitem avaliar o grau da sua realização;
. As metas quantificáveis a atingir;
. Os índices de avaliação;
• Análise sistemática de dados, avaliação de programas e
tomadas de decisão fundamentadas.
Desenvolver e ajudar os alunos
a criar hábitos de trabalho e
técnicas de estudo eficazes
• Estímulo ao planeamento do trabalho individual.
• Promoção do trabalho cooperativo e de uma boa gestão do
tempo.
• Treino de técnicas de estudo que incluam: tirar notas, identificar
palavras / conceitos chave, fazer resumos, parafrasear, elaborar
esquemas e mapas conceptuais…
Orientar / apoiar os alunos no
seu percurso educativo
• Orientação dos alunos, por parte do professor titular de turma,
para a frequência de um percurso curricular alternativo.
• Rentabilização dos serviços do SPO.
• Aplicação de testes psicotécnicos no final do 9º ano.
• Divulgação de cursos e saídas profissionais.
• Realização de reuniões com pais e Encarregados de Educação.
Reconhecer e premiar o
esforço pessoal em cada tipo de
inteligência
• Reconhecimento, por parte da comunidade, do trabalho
realizado.
Desenvolver ações, dentro e
• Adequação da gestão curricular às ações a desenvolver.
• Diversificação de estruturas de apoio às aprendizagens dos
177
fora da sala de aula, que
promovam a utilidade da escola
e permitam a aplicação de
conhecimentos na vida ativa
alunos nomeadamente, BE/CRE, sala de estudo e clubes.
• Reforço da função pedagógica do educador, professor titular de
turma, DT, promovendo encontros com crianças/alunos e/ou
encarregados de educação.
• Reflexão sobre a aplicação das tutorias.
Propor tarefas/ atividades
apelativas que promovam não
apenas “o saber”, mas também
o “saber fazer”
• Envolvimento dos alunos na organização, promoção e
divulgação de eventos vários.
Promover o bom
relacionamento entre os
alunos, desenvolvendo ações
no âmbito da educação para a
cidadania e à abertura face à
convivência multicultural
• Dinamização do efetivo cumprimento do regulamento interno,
procurando soluções para as situações de indisciplina.
• Inventariação das situações-tipo de indisciplina, dentro e fora da
sala de aula.
• Dinamização de assembleias de turma para reflexão crítica
sobre situações de indisciplina e de resolução de conflitos
• Desenvolvimento de tarefas e atividades na área da formação
cívica conducentes à melhoria das competências sociais.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
ANEXO 10- CORRESPONDÊNCIAS CONTEÚDOS/ COMPETÊNCIAS
179
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
181
ANEXO 11 – TESTE DIAGNÓSTICO
Educação Visual – 2012/ 13 Teste diagnóstico | 8º ano
Nome:
___________________________________________Nº:/Turma____________
Hoje vais fazer um teste diagnóstico, um pouco diferente daquilo a que
estás habituado. Tem três partes distintas:
Uma primeira parte em terás que observar e reproduzir uma imagem
(fornecida) no verso desta folha;
Uma segunda parte que faz apelo à tua capacidade de observação e
interpretação e, por fim;
Uma terceira parte em que se apela à tua capacidade de memorização,
na qual contarás com a ajuda de um/a colega (depois trocam).
Material a utilizar: Lápis, borracha, marcador vermelho, 2 folhas A4 (com
esquadria de 1cm e retângulo de identificação).
Competências a avaliar:
30% Capacidade de interpretação
30% Capacidade de memorização
40% Qualidade gráfica da reprodução
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
Sofia Matos | Bom Trabalho
Nesta 2ª parte vais precisar
de uma folha A4.
Nesta 3ª parte vais precisar
de ajuda de um colega e da
outra folha A4.
183
ANEXO 12 – POWERPOINT/ ELEMENTOS VISUAIS NA COMUNICAÇÃO
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
185
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
187
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
189
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
ANEXO 13 – UM REFERENTE, DIFERENTES EXPRESSÕES
Educação Visual – 2012/ 13
Nome:
___________________________________________Nº:/Turma____________
Representa esta imagem de forma expressiva, utilizando numa primeira
abordagem a técnica do lápis de cor.
Volta a representar a mesma imagem, explorando do mesmo a tua
expressividade, utilizando agora a colagem de diversos materiais, como por exemplo,
jornais, folhas de diferentes texturas, cartão, etc.
No final vais poder observar como um mesmo referente dá lugar a diferentes
linguagens, a diferentes formas de representar. Diferentes linguagens, diferentes
expressões.
OBJETIVO: Observar, compreender e dialogar sobre a diversidade da experiência
plástica.
Schuiten and
Peters
191
ANEXO 14 – EXPRESSÃO NÃO CONDICIONADA
Educação Visual – 2012/ 13
Nome:
___________________________________________Nº:/Turma____________
Desenha a partir da ideia que deves explorar o desenho de expressão livre, não
condicionada a nenhum objetivo concreto, a não ser o de pura liberdade e de
espontaneidade de comunicares as tuas ideias, emoções através do desenho.
Explora os materiais e técnicas, de forma individualizada ou mista.
Como forma de motivação interior podes ouvir música, desenha ao som da tua
música.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
ANEXO 15 – A BIDIMENSIONALIDADE E A TRIDIMENSIONALIDADE NO DESENHO
193
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
195
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
197
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
ANEXO 16 – REPRESENTAÇÃO EXPRESSIVA
Educação Visual – 2012/ 13
Nome:
___________________________________________Nº:/Turma____________
Transfere para uma folha de papel
A4 as linhas de contorno dos três sólidos
geométricos. Utiliza uma janela da sala.
Utiliza a técnica de sombreado
para reproduzir as sombras das formas
que estão aqui ao lado.
Usa por exemplo os lápis HB, 2B e
4B (não te esqueças, usa o lápis sempre
na mesma direção).
Por fim, repete o exercício
utilizando a técnica do tracejado cruzado
para reproduzir as sombras.
199
ANEXO 17 – ESPAÇO/ PERSPETIVA
ESPAÇO/ PERSPETIVA
Gravura da publicação sobre perspetiva de Dürer "Viático do Aprendiz de Pintor". Albrecht Dürer (1471 – 1528)
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
201
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
203
http://www.youtube.com/watch?v=MiwsYu3qGmg
http://www.youtube.com/watch?v=UDSJOEP3dTs
http://www.youtube.com/watch?v=1yHdTD1mMVA
ESPAÇO/ PERSPETIVA
ARQUIVO DE IMAGENS
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
205
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
207
ANEXO 18 – EQUILIBRIOS
GRAFFITI REALIZADO PELAS TURMAS DE 9º ANO DEESCOLARIDADE DE ARTES VISUAIS. (2012/2013).
GRAFFITI REALIZADO PELAS TURMAS DE 9º ANO DEESCOLARIDADE DE ARTES VISUAIS. (2012/2013).
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
GRAFFITI REALIZADO PELAS TURMAS DE 9º ANO DEESCOLARIDADE DE ARTES VISUAIS. (2012/2013).
TRABALHO REALIZADO PELAS TURMAS DE 9º ANO DEESCOLARIDADE DE ARTES VISUAIS, NO ÂMBITO DA DISCIPLINA TIC EM TRANSDISCIPLINARIDADE. (2012/2013).
209
FOTOGRAFIA DE ALUNO. PORMENOR DE UMA TAG,
ALMADA (2013)
FOTOGRAFIA DE ALUNO. PORMENOR DE UM BOMBING, ALMADA
(2013)
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
FOTOGRAFIA DE ALUNO. PORMENOR DE UM BOMBING, ALMADA
(2013)
FOTOGRAFIA DE ALUNO. PORMENOR DE UMA COLOR PIECE ,
ALMADA (2013)
211
FOTOGRAFIA DE ALUNO. CLUBE DE DANÇA HIP-HOP. ALMADA (2013)
FOTOGRAFIA DE ALUNO. PORMENOR DE UMA HALL OF FAME,
ALMADA (2013)
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
FOTOGRAFIA DE ALUNO. ATELIERS DE DESENHO E GRAFFITI. ALMADA (2013)
FOTOGRAFIA DE ALUNO. PROJETO “GRAFFITI EM AÇÃO”. ALMADA (2013)
213
ANEXO 19 - O PERFIL DE UM PROFESSOR – PROFESSOR COOPERANTE
Professor, na casa dos 50 anos, com experiência profissional na área de
docência. Estudou na área artística, tendo sido o seu percurso profissional em
empresas, antes de começar a lecionar. A escolha de mudança de profissão foi
baseada, na vontade de partilhar, não só o que aprendeu durante a licenciatura, mas
principalmente, aquilo que aprendeu no mundo do trabalho. Já lecionou a disciplina de
Design Gráfico, no curso profissional de 10.º ano, assim como cursos de ensino
recorrente, nomeadamente, as disciplinas de História da Cultura das Artes de 10.º ano,
Educação Visual de 7.º ano e Educação Tecnológica de 8.º e 9.º ano.
Desenhando um perfil e estreitando relações:
1. Acha a motivação importante para a aprendizagem? Porquê?
Sim. Se os jovens se sentirem mais motivados nas aulas, com as diferentes
tarefas/atividades que lhe são pedidas, mais facilmente conseguem apreender a informação.
Acima de tudo, como se sentem interessados, é mais provável que nunca esqueçam o que
aprenderam em determinada altura. Considero que a principal aprendizagem é fruto desse
conhecimento que fica para sempre e não apenas aquele que se “decora” para determinada
altura.
2. Enquanto aluno, o que o motivava para aprender?
Recordo-me de me sentir naturalmente motivado, por vezes, sentia era o contrário.
Havia coisas que me desmotivavam. Professores que criavam um patamar muito rígido, em
que eu me sentia incapaz de ultrapassar, para fazer uma pergunta sobre algo que não tinha
percebido bem. Por um lado, porque esses professores não pareciam ter abertura para isso,
por outro lado, porque tinha receio de ser “enxovalhado”, “gozado”, por estar a fazer alguma
pergunta estúpida.
3. Enquanto professor, o que acha que motiva os alunos?
Eles precisam de sentir que podem contar com os professores, ao mesmo tempo, que
precisam de fazer coisas que os entusiasme. Não podem estar sempre a fazer trabalho de
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
“fábrica”, todos a fazerem igual. Precisam que os professores acreditem neles e nas suas
capacidades.
4. O que faz para promover a motivação dos alunos?
Procuro dar autonomia, sem os deixar abandonados. Quero saber as suas motivações,
o que eles gostam e pelo que se interessam, para depois ajustar os programas das disciplinas
a cada um deles. Procuro também promover, constantemente, a criatividade.
5. Que estratégias utilizou, que considera mais corretas para motivar os alunos?
Deixar que eles mesmos façam parte do processo. Ou seja, manter-me numa posição de
relativa igualdade, eles devem acreditar que estou disposto a ouvi-los, a aprender com eles e
a aceitar as suas ideias.
6. Que estratégias utilizou, que não funcionaram na motivação dos alunos?
Demasiada autonomia, alguns ficam completamente perdidos e acaba por acontecer o
efeito contrário. Desmotivam, e não sabem como podem avançar. Começam a ver os colegas
a ter ideias, a ser autónomos e criativos, e sentem-se inferiorizados por não conseguirem
fazer o mesmo.
215
ANEXO 20
ANO LETIVO 2012/13
EDUCAÇÃO VISUAL – 3º CICLO
RELATÓRIO FINAL DA PRÁTICA DE ENSINO SUPERVISIONADA
Uma síntese é aqui pretendida expor neste documento sobre o percurso da
docente Ana Sofia Matos na Escola Secundária Francisco Simões antiga Nº2 do
Laranjeiro, integrado na sua formação enquanto mestranda. Expor, falar da sua
prestação, de um modo global. Não é fácil, na medida em que o papel desempenhado
por esta professora teve um percurso notório onde as relações professor/ aluno
extravasaram conteúdos e objetivos, conquistas de sala de aula e comunidade
educativa. Uma comunicadora de conteúdos e aprendizagens de conquistas. Deste
modo, a Professora Ana Sofia Matos cumpriu os objetivos, as orientações e o
programa da disciplina que lecionou. As suas funções docentes foram igualmente
extensíveis aos objetivos definidos nos planos de aula, assim como às atividades
previstas e às orientações descritas nesses mesmos planos. Contudo, a liberdade por
vezes camuflada que se pode encontrar perante inúmeras barreiras de burocracia
foram ultrapassadas e transdisciplinaridades nasceram e projetos paralelos daí
emergiram. Saliento por isso a autoiniciativa da Professora assim como a dedicação e
entrega natural manifesta e observada no campo de trabalho.
Quanto ao Projecto Educativo de Escola (PEE) e ao Plano Anual de Atividades
(PAA), esta docente preocupou-se em cumprir as metas definidas no primeiro
documento e participar ativamente em atividades propostas no seu grupo disciplinar.
O Potencial Humano do Tamanho de Nós
Face à motivação dos alunos, algo que nem sempre é fácil de se conquistar e
alimentar, pode dizer-se que a mestranda revelou capacidade de comunicação, foi
capaz de estimular o interesse dos alunos, através de intervenções ativas destes e foi
clara e oportuna nas intervenções, sendo o diálogo uma constante em sala de aula e
trasvazada para fora dela, o que considero bastante positivo. De salientar que esta
docente apresenta uma boa colocação da voz.
Do seu desempenho na sala de aula pode dizer-se que a utilização de recursos foi
adequada, valendo-se de recursos inovadores, onde estiveram presentes as novas
tecnologias de informação, o que se concretizou numa melhoria significativa da sua
comunicação e transmissão de conhecimentos.
Na relação pedagógica é de destacar a promoção do trabalho autónomo dos
alunos, ao nível individual e em grupo. Espelhadas na aquisição de competências,
visíveis através do desenvolvimento de métodos de trabalho, da construção da própria
aprendizagem e da criatividade. Promoveu um clima favorável à aprendizagem.
A Professora Ana Sofia Matos revelou uma clara preocupação em conceder
iguais oportunidades de participação, proporcionando deste modo uma integração dos
alunos como um todo, adotando regras de convivência, de colaboração e respeito,
fomentando a consciencialização dos alunos para a necessidade de estabelecimento
de regras. Proporcionou assim um clima de bem-estar entre e com os alunos e, com
restantes colegas de trabalho bem como funcionários não docentes pelo que
contribuiu para um desenvolvimento afetivo, emocional e social dos alunos,
procurando contribuir para a inclusão de todos e gerando um bom ambiente de
trabalho entre todos.
A boa relação estabelecida com os alunos manifestou-se pelo desagrado
aquando a sua ausência após a prática supervisionada o que contudo, e de certa forma
foi colmatada pela posterior presença da Professora de forma espontânea de modo a
dar de forma mais personalizada uma continuação e apoio a atividades e alunos.
217
A disponibilidade para o atendimento e apoio aos alunos foi uma constante,
disponibilidade que se estendeu aos seus colegas, na colaboração e participação em
atividades interdisciplinares na Escola e Comunidade Local.
Quanto aos métodos de ensino e estratégias adotadas foram adequadas à
realidade dos alunos e à realidade escolar, tendo presente as suas especificidades,
percebendo-se a existência de opções pedagógicas e didáticas fundamentadas.
Estratégias, conteúdos, objetivos e avaliação, tendo em conta o nível etário dos alunos,
seus interesses e dificuldades foram articuladas de forma eficaz. A observação, a
iniciativa, a capacidade crítica e a curiosidade científica também foram indicadores,
que fundamentaram a prática docente da avaliada.
A mestranda teve deste modo uma participação efetiva no seio da comunidade
escolar não se limitando às barreiras físicas em contexto de sala de aula, o que foi, é
bastante positivo.
O Professor Cooperante
Américo Jones