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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ADRIANO PISCONTI POVH TRATAMENTO DE LOMBALGIA ATRAVÉS DA ACUPUNTURA Mogi das Cruzes, SP 2014

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES · 2020. 2. 6. · 231). A MTC baseia-se nas teorias do Yin-Yang e dos Cinco Elementos (LUNA, 2002, p. 337; LIN, 2006, p. 234). Segundo seus conceitos,

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    UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ADRIANO PISCONTI POVH

    TRATAMENTO DE LOMBALGIA ATRAVÉS DA ACUPUNTURA

    Mogi das Cruzes, SP 2014

  • 1

    UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ADRIANO PISCONTI POVH

    TRATAMENTO DE LOMBALGIA ATRAVÉS DA ACUPUNTURA

    Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Acupuntura.

    Orientadores: Prof. Luiz A. Alfredo e

    Profa. Bernadete Nunes Stolai

    Mogi das Cruzes, SP 2014

  • 2

    UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

    ADRIANO PISCONTI POVH

    TRATAMENTO DE LOMBALGIA ATRAVÉS DA

    ACUPUNTURA

    Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Acupuntura.

    Aprovado em ..............................

    BANCA EXAMINADORA:

    Prof. Luiz A. Alfredo

    UMC – UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

    Profa. Bernadete Nunes Stolai UMC – UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

  • 3

    DEDICATÓRIA

    A meu pai, Arlindo (in memoriam), cujos sentimentos de amor e valores como

    disciplina, moral, decência e responsabilidade estão presentes em todos os dias de

    minha vida, a ele dedico este singelo trabalho.

    À minha mãezinha Angela querida que me abençoa todos os dias e brinda-me

    com seus conselhos de bem viver, igualmente dedico este trabalho.

    À Rita, minha irmã que transborda alegria e que me contagia com seu bom

    humor e companheirismo, ofereço este trabalho.

    Meus queridos BRUNO, GABRIELA e VICTOR, amados filhos que o Grande

    Arquiteto do Universo me presenteou e que são a razão da minha vida, dedico estas

    páginas de minha pesquisa.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Teríamos que tecer uma enorme lista de agradecimentos como aos

    professores que nos forjam ao fogo de seu saber, tornando-nos moldados aos

    instrumentos mais complexos que seus livros, suas mentes brilhantes, meus

    sinceros agradecimentos.

    Aos amigos Prof. Luiz Alfredo e Profa. Romana que estiveram ao meu lado

    ao longo do curso devoto o meu preito de gratidão.

    Mestre da vida, mestre do saber, mestre, sempre mestre, aqui quero me

    referir ao Prof. Dr. Melquiades Machado Portela, sempre presente na minha vida,

    agradeço de coração por tudo que tem representado na minha vida cidadã e

    acadêmica.

    “Tudo que pedires com fé, receberá”.

    Jesus Cristo

  • 5

    RESUMO

    Lombalgia como é sabido, acomete homens e mulheres novos e idosos, magros e obesos, longilíneos e brevilíneos, estressados ou não, em virtude da qual busca-se incessantemente encontrar uma forma que possibilite tratar esse tipo de desarmonia associada a atitudes, erros e vícios. Com base na teoria clássica da Acupuntura tradicional acredita-se que todas as desordens que acometem o ser humano quanto ao aspecto biopsicossocial, são refletidas em pontos específicos ou na superfície da pele ou abaixo da mesma. Como a energia vital é veiculada por todo o corpo ao longo dos chamados meridianos, tem-se, por conseguinte as características classificadas do Yin e Yang. A escolha apropriada de um ou mais dos 361 pontos de Acupuntura localizados nos meridianos, os quais uma vez identificados e devidamente estimulados restauram o equilíbrio (homeostase), culminando com o retorno da saúde como um todo. Sendo assim, pretende-se verificar a efetividade do tratamento da Lombalgia, através do uso da Acupuntura, no intuito de se descobrir uma forma de aliviar-se um problema que vem atingindo um contingente cada vez maior de pessoas, muitas vezes, motivado pelos novos hábitos modernos. O objetivo deste trabalho é pesquisar o arcabouço teórico disponível sobre o mais famoso método da Medicina Tradicional Chinesa, e sua eficácia no tratamento da Lombalgia, além de outros benefícios ao ser humano. Para tanto, buscou-se em dados eletrônicos, livros específicos as respostas a esta problemática. O uso da Bibliometria possibilitou o encontro de diversos artigos relacionados ao tema pesquisado, cruzando as palavras-chave, sobre Lombalgia e Acupuntura, no período entre 2000 e 2013. A Acupuntura por nos oferecer técnicas ancestrais de terapia, tem suas origens na antiga filosofia chinesa, em que se presumem quaisquer manifestações de doenças cujos sintomas e sinais nos vislumbram um desequilíbrio das forças do Yin e Yang não somente no interior do nosso corpo como também são manifestações do universo. Ademais se constata que o universo, leia-se natureza, e os novos hábitos humanos vem ocasionando severas alterações junto ao homem em seus aspectos multidimensionais fazendo com que o sofrimento humano busque o tratamento via Acupuntura, o qual constatou-se que, tem um poder de efetividade muito grande. Palavras-Chave: Lombalgia; coluna; Acupuntura, yin; yang.

  • 6

    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ............................................. 7

    2 METODOLOGIA ............................................. 10

    3 DOR LOMBAR NA VISÃO OCIDENTAL ...................... 11

    3.1 CONCEITOS DE DOR LOMBAR ....................................................................................... 113.1.1 Da Anatomia da Coluna............................................................ 11

    3.1.2 Da Flexão desta Estrutura ............................................ 13

    4 DOR LOMBAR NA VISÃO OCIDENTAL ......................... 17

    4.1 DA LOMBALGIA NA VISÃO ORIENTAL ................ 18

    4.2 DOS CONCEITOS DE LOMBALGIA .............................. 21

    4.2.1 Lombalgia do Canal de Energia Tendinomuscular

    do Pangguang............................................... 22

    4.2.2 Lombalgia Yang Qiao Mai.................. 23

    4.2.3 Lombalgia Yang Wei.................................... 23

    4.2.4 Lombalgia Yin Qiao Mai ....................................... 23

    4.2.5 Lombalgia Yin Wei.................................................... 24

    4.2.6 Lombalgia Du Mai................................... 24

    4.2.7 Lombalgia Chong Mai........................................... 25

    4.2.8 Lombalgia Shao Yang................................. 25

    4.3 DOS PONTOS UTILIZADOS PARA TRATAMENTO DE DOR

    LOMBAR ............................................................ 26

    4.4 LOCALIZAÇÕES DOS PONTOS SISTÊMICOS SUGERIDOS

    E FUNÇÕES PARA LOMBALGIA .......................................................... 29

    29

    4.4.2 CEP Shen (R) - Shao Yin...................... 30

    4.4.3 N. M. Du Mai................................................. 31

    4.4.4 CEP Wei (E) - Yang Ming........................... 31

    4.4.5 CEP Na Dan (VB) - Shao Yang................................................................ 32

    5 TRATAMENTOS PARA A LOMBALGIA POR ACUPUNTURA ......................34

    6 CONCLUSÃO....................................................... 39

    REFERÊNCIAS ................................................. 40

    .............................................................

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    ...................................................

    4.4.1 CEP Pang Guang (B) - Tai Yang........................

    .....................................................................

    .................................................................

  • 7

    1 INTRODUÇÃO

    A Lombalgia, como é sabido, agride homens e mulheres de quaisquer

    idades, estruturas corpóreas, sejam longilíneos ou brevilíneos, estejam estressados

    ou não, impulsionando assim, profissionais da saúde, a buscarem incessantemente

    por uma forma que possibilite tratar esse tipo de desarmonia associada a atitudes,

    erros, vícios posturais e demais fatores patogênicos da vida moderna.

    Com cinco mil anos de prática, a Acupuntura é uma técnica da Medicina

    Tradicional Chinesa (MTC) utilizada desde 2.000 a 3.000 anos antes de Cristo. No

    ocidente, a prática foi introduzida por missionários jesuítas há aproximadamente 300

    anos. Porém, foi a partir de 1970 que esta passou a ser estudada, especialmente

    por seus efeitos analgésicos (PARRIS & SMITH, 2003; SANTOS & MARTELETE,

    2004, p. 105-106).

    Esta consiste na inserção de agulhas em pontos anatômicos específicos do

    corpo, com o objetivo de produzir efeito terapêutico ou analgésico (LIN, 2006, p.

    231). A MTC baseia-se nas teorias do Yin-Yang e dos Cinco Elementos (LUNA,

    2002, p. 337; LIN, 2006, p. 234). Segundo seus conceitos, o campo eletromagnético

    da vida (Qi) no organismo flui por todos os órgãos, e a comunicação entre estes

    ocorre pelos meridianos. Alterações nesse fluxo manifestariam sintoma de acúmulo

    (Yang - quente, ativo) ou deficiência (Yin - frio, passivo) de energia.

    Com base na teoria clássica da Acupuntura tradicional acredita-se que todas

    as desordens que acometem o ser humano quanto ao aspecto biopsicossocial, são

    refletidas em pontos específicos ou na superfície da pele ou abaixo da mesma.

    Como a energia vital é veiculada por todo o corpo ao longo dos chamados

    meridianos, tem-se, por conseguinte as características classificadas do Yin e Yang.

    A escolha apropriada de um ou mais dos 361 pontos de Acupuntura localizados nos

    meridianos, os quais uma vez identificados e devidamente estimulados restauram o

    equilíbrio (homeostase), culminando com o retorno da saúde como um todo.

    A colocação de agulhas em pontos de Yin e Yang normaliza esse

    desequilíbrio (TAFFAREL, 2009, p. 2666), e sendo provavelmente a técnica médica

    mais antiga que sobreviveu a diversas outras surgidas nos últimos cinquenta

    séculos, baseia-se na observação dos fenômenos que regem a natureza e busca

    compreender todos os princípios que a organizam (YAMAMURA, 2004, p. 142).

  • 8

    Nesta visão a medicina chinesa coloca o homem e o universo como partes

    integrantes de um todo, em que um representa ou demonstra os mesmos sinais que

    o outro, e sintomas tratados pela clínica.

    O organismo humano é regido pelo mesmo princípio da natureza. Assim

    sendo, os fatores da natureza exercem certa influência sobre as atividades

    fisiológicas do ser humano. Este fato se manifesta não só na dependência como na

    adaptação do homem ao seu meio ambiente. A Medicina Tradicional Chinesa

    constatou essa realidade e de acordo com ela, fez a correlação entre a fisiologia dos

    órgãos e tecidos e alguns fenômenos da natureza (CORDEIRO, et al., 2010, p. 62).

    Materiais utilizados na Medicina Tradicional Chinesa devem ser escolhidos

    após um criterioso exame realizado na avaliação inicial feita pelo acupunturista,

    onde são identificadas as Deficiências, Excessos, desarmonias e patologias já

    instaladas no organismo. Na revisão literária identificamos os materiais que são mais

    usados no tratamento e cura da dor lombar, agulha, ventosa e moxa. Neste trabalho

    realizamos o levantamento do tratamento apenas com agulhas nos meridianos

    correspondentes.

    A Lombalgia é definida como a dor ou desconforto que ocorre na região

    inferior do dorso, localizada entre o último arco costal e a prega glútea inferior do

    glúteo e pode ser acompanhada de dor que irradia para uma ou ambas as nádegas

    ou para as pernas no trajeto do nervo ciático, neste estudo elegemos apenas a

    inclinometria, como método quantitativo de avaliação da mobilidade da coluna

    lombar.

    A sintomatologia da Lombalgia mais frequente e que afeta a coluna lombar

    denomina-se como qualquer dor recorrente ou crônica nessa região. São várias as

    circunstâncias que contribuem para desencadeá-lo de síndromes dolorosas

    lombares (MORAES et al., 2003, p. 54).

    As dores lombares atingem níveis epidemiológicos na população em geral,

    principalmente nos países industrializados, cuja prevalência ronda os 70%

    (FERREIRA, 2009, p. 68).

    A dor lombar constitui a primeira causa de limitação da atividade física antes

    dos 45 anos de idade e a segunda entre os 45 e os 65 anos, corresponde à segunda

    causa de consulta em clínica geral e à primeira em reumatologia, conduzindo a altos

    custos no seu tratamento para o sistema de saúde e para a previdência social,

    representando altos índices de afastamento e incapacidade para o trabalho. Embora

  • 9

    considerada uma patologia benigna, a limitação, ocorre muito facilmente, assim

    como o desenvolvimento da cronicidade (FIGUEIREDO, 2008, p.13).

    Entretanto, a efetividade da maioria destas intervenções não tem sido

    convincentemente demonstrada e consequentemente, o tratamento terapêutico da

    dor lombar varia amplamente.

    Dado que a Lombalgia não se trata de uma patologia, mas antes um sintoma

    reflexo de determinada patologia (FIGUEIREDO, 2008, p. 26), existem muitos

    fatores de risco individuais psicológicos e ocupacionais envolvidos no seu

    aparecimento.

    Alguns fatores de risco individuais associados à condição física e saúde em

    geral são recorrentemente mencionados sendo estes a idade, o sexo, o Índice de

    Massa Corpórea (IMC), (excesso de peso e magreza), altura superior a 180cm no

    homem e a 170cm na mulher, a capacidade de força muscular, vida sedentária,

    sequelas de fratura crônica, tabagismo, gravidez, malformações ou alterações da

    estática da coluna vertebral, nomeadamente as escolioses, as hipercifoses dorsais e

    hiperlordoses lombares; condições socioeconômicas e a presença de outras

    patologias (FIGUEIREDO, 2008, p.28). Sendo assim, foi verificada a efetividade do

    tratamento da Lombalgia, através do uso da Acupuntura, com o intuito de se

    descobrir uma forma de aliviar um problema que vem atingindo um contingente cada

    vez maior de pessoas.

    Por fim, o objetivo deste trabalho é pesquisar o arcabouço teórico disponível,

    que abrange os conceitos e definições de Acupuntura, bem como os seus

    benefícios, não só para o tratamento da lombalgia, mas para todo o organismo.

  • 10

    2 METODOLOGIA

    Após definição da problemática, os estudos a serem consultados foram

    identificados por pesquisa em bases de dados eletrônicos (Medline, Lilacs,

    Scisearch) e livros específicos. Foi elaborada uma estratégia de busca específica,

    cruzando palavras-chave sobre Lombalgia e Acupuntura, no período compreendido

    entre 2000 e 2013.

    A bibliometria estuda matematicamente a criação, utilização e distribuição de

    informação registrada, além de provir diagnóstico, através de estudo quantitativo,

    para suporte à tomada de decisão (TAGUE-SUTCLIFFE, 1992; PRITCHARD, 1969,

    p. 348). Percebe-se que possui duas utilizações distintas, primeiro, os indicadores

    de uso determinam qual a relevância dos títulos que pertencem uma biblioteca,

    verificando a frequência uso e a obsolescência e segundo, avaliação de pesquisas

    quanto a quantidade e produção (MEIS, 1999, p.8).

    Não houve restrição de idioma. Baseado na semelhança entre os estudos às

    evidências científicas da terapia Acupuntura sobre o tratamento de Lombalgias

    foram agrupadas, coletadas e organizadas. Foi obtido um resultado satisfatório nas

    buscas, identificando alguns estudos sobre o tema, dos quais sete foram explorados

    no trabalho.

    O trabalho foi produzido baseado nas normas da ABNT, de acordo com o

    Manual de Trabalhos Acadêmicos da Universidade de Mogi das Cruzes – UMC.

  • 11

    3 DOR LOMBAR NA VISÃO OCIDENTAL

    3.1 CONCEITOS DE DOR LOMBAR

    Associação Internacional para o Controle da Dor (IASP) define dor como "uma

    experiência emocional e sensorial desagradável, associada a lesões reais ou

    potenciais e descrita em termos de tais lesões" (MENEZES, 2004, p. 1251). Perante

    isso, fármacos são administrados com objetivo de controlar a dor em animais, como

    opióides, anti-inflamatórios não esteroidais, anestésicos locais, agonistas -2 e

    anestésicos dissociativos como a cetamina (FANTONI & MASTROCINQUE, 2002, p.

    323).

    Entretanto, apesar dos avanços da Medicina, protocolos para o controle da

    dor ainda requerem estudos, especialmente em pacientes pediátricos, geriátricos,

    oncológicos e diabéticos, nos quais os fármacos utilizados podem promover

    sedação, depressão respiratória e distúrbios gastrointestinais (FANTONI &

    MASTROCINQUE, 2002; PARRIS & SMITH, 2003, p. 108).

    3.1.1 Da Anatomia Da Coluna Vertebral

    O tecido conjuntivo da coluna vertebral, é um agregado de segmentos

    articulares, sobrepostos e compostos por 33 vértebras (7 cervicais, 12 torácicas, 5

    lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas), e também estabiliza-se mantendo o eixo

    longitudinal do corpo, apresentando 4 curvaturas agitais: duas cifoses primárias

    (torácicas e sacrais), e duas lordoses secundárias (cervical e lombar). A curva

    cervical, dorsal e lombar em posição ereta constitui a chamada postura fisiológica e

    a lordose lombar é provocada pelo esforço dos músculos eretores e da fraqueza da

    musculatura abdominal (FERREIRA, 2009, p. 70). A ausência de curvaturas

    implicaria uma redução de dezessete vezes a sua resistência (FIGUEIREDO, 2008,

    p. 20). As vértebras possuem basicamente um corpo, um grande forame (forame

    vertebral) e um processo espinhoso (um prolongamento delgado da vértebra),

    sobrepõem-se umas às outras, pelas articulações posteriores entre os corpos

    vertebrais e os arcos neurais, deste modo asseguram a estabilidade e flexibilidade

  • 12

    da coluna, necessárias à sustentação estática e à funcionalidade dinâmica,

    mobilidade do tronco, postura, equilíbrio e suporte de peso. O corpo vertebral

    encontra-se na porção anterior em relação ao eixo corporal, suporta as forças de

    carga e pressão e é composto por uma estrutura óssea esponjosa, apresentando

    uma placa cartilaginosa na sua porção superior e inferior. Varia de altura e de

    diâmetro conforme o segmento vertebral onde se localiza (BURIGO E SILVERIO,

    2010, p. 27).

    Os Forames vertebrais constituem a porção interior de cada vértebra,

    articulam-se no seu conjunto para formarem o canal vertebral onde se aloja e

    protege a medula espinhal, um canal que segue as diferentes curvaturas da coluna,

    sendo um canal largo e triangular nas partes em que a coluna possui mais liberdade

    de movimento, nomeadamente nas regiões lombar e cervical e é pequeno e

    arredondado na região torácica, onde os movimentos são mais limitados.

    Os discos intervertebrais encontram-se ao longo de toda a coluna vertebral,

    exceto entre a primeira e a segunda vértebra cervical, e são constituídos por dois

    componentes básicos da estrutura do disco vertebral: o anel fibroso (parte externa) e

    o núcleo pulposo (parte interna) que no seu conjunto forma uma articulação

    cartilaginosa.

    O núcleo pulposo é um gel que corresponde a 40-60% do disco e é composto

    por 70 a 90% de água e proteoglicanos e tem a capacidade de se deformar quando

    submetido à pressão, com participação nos mecanismos de absorção de choques e

    distribuição de forças, equilibrando as tensões. Por seu lado, o anel fibroso é

    composto por uma série de camadas de fibras de colágeno dispostas em forma de

    espiral, encapsulando o núcleo pulposo. Este anel contribui para a estabilização da

    coluna e funciona como um ligamento (VIEIRA, 2000; COX, 2002 apud FERREIRA,

    2009, p. 72).

    Vértebras e discos conectam-se pelos ligamentos, sendo os principais: o

    longitudinal anterior, o inter espinhal e supra espinhal. Além dos ossos e dos discos,

    toda a coluna é percorrida por uma complexa rede de músculos, tendões e

    ligamentos que sustentam o corpo e, ao mesmo tempo, proporcionam força e

    flexibilidade, sendo os principais músculos responsáveis pelas posturas, os

    músculos flexores, os extensores, os retos abdominais, os oblíquos internos e

    externos e os rotadores.

  • 13

    Os músculos são compostos por uma ampla faixa de tecido espesso, com

    fibras longitudinais distribuídas em várias camadas, sendo que as fibras mais

    profundas unem as vértebras adjacentes (próximas) e as superficiais estendem-se

    por duas a quatro vértebras (FERREIRA, 2009, p. 74). Uma postura adequada

    deverá na posição ortostática exigir um pequeno esforço da musculatura e dos

    ligamentos. A posição ereta não é uma posição firme ou rígida, mas sim o resultado

    de uma série de contínuos ajustes dinâmicos integrados com precisão e

    devidamente graduados pela transmissão centrípeta das sensações cinestésicas

    originadas nos músculos, ligamentos, tendões e aparelhos locomotores (FERREIRA,

    2009, p. 73).

    Com o comprometimento de qualquer destas estruturas pode levar ao quadro

    de uma disfunção somática, favorecendo a instalação de um processo degenerativo

    e consequente surgimento do quadro álgico na região, encontrando-se na origem a

    ocupação profissional, a idade, a reação osteofitária, os espessamentos

    ligamentares, as alterações das articulações interfacetárias e o encurtamento e

    insuficiência muscular (BURIGO E SILVERIO, 2010, p. 36).

    3.1.2 Da Flexão Desta Estrutura

    Por articular-se a coluna vertebral de um modo coordenado consoante à

    direção em que se mobiliza, funciona como um absorvedor passivo das pressões,

    principalmente das resultantes da flexão anterior do tronco.

    Quanto maior o grau de flexão anterior, inevitavelmente também será maior a

    carga exercida sobre a coluna, produzida principalmente pelo peso corporal e que

    mais ainda se exacerba se estiverem associadas possíveis cargas externas,

    implicando um aumento da força necessária para contrapor o movimento e manter o

    equilíbrio. Tal situação acarreta maiores níveis de contração muscular e compressão

    dos discos intervertebrais.

    Segundo Vieira (2002, p. 7), quando o indivíduo se encontra na posição de pé

    o ângulo lombo sacro está próximo dos 30 graus, a força de atrito nesta articulação

    é de aproximadamente 50% do peso corporal acima. No entanto, quando a flexão

    aumenta e o ângulo se aproxima dos 40 graus, o atrito é de 65% do peso acima, e

    em 50 graus o atrito chega a 75% do peso. O simples gesto de alcançar um objeto

    no chão implica que se maximize o deslocamento do tronco em relação aos

  • 14

    membros inferiores para ampliar a capacidade de alcance dos membros superiores,

    tal só é possível devido à relação cinemática entre a coluna lombar e a articulação

    do quadril no plano sagital (SACCO, et al., 2006, p. 15).

    Por norma associamos a este movimento a flexão dos joelhos, mas, a fim de

    isolar os mecanismos que ocorrem na flexão anterior do tronco, e tal como interessa

    para o estudo, passará a descrever o movimento de flexão anterior do tronco

    mantendo os joelhos estendidos.

    Quando se realiza o movimento de flexão anterior da coluna lombar, a pelve

    permanece fixa no início do movimento para suportar a coluna, contudo com o

    aumento da amplitude ocorre a retificação da lordose e por fim uma inversão desta

    região, formando uma cifose. Ao longo do movimento, os músculos eretores

    alongam-se em contração excêntrica, desacelerando o movimento. Adicionalmente

    ocorre uma alteração na forma dos discos intervertebrais, os quais são comprimidos

    anteriormente e distendidos posteriormente. O núcleo pulposo do disco desloca-se

    posteriormente e os ligamentos posteriores e as fáscias musculares distendem

    (VIEIRA, 2002, p. 6).

    Desde o início do movimento de flexão anterior as vértebras superiores

    deslizam e inclinam-se anteriormente sobre as inferiores, causando uma

    compressão anterior, que é absorvida pelo anel fibroso dos discos. Na região

    posterior das vértebras é produzida uma força de cisalhamento sobre as facetas

    articulares, a qual é controlada pelos ligamentos, cápsula da articulação apofisária e

    músculos da região posterior do tronco (HAMIL et al. apud VIEIRA, 2002, p. 6).

    A flexão para diante ocorre até o ponto de inverter a lordose lombar; ela é

    limitada pelos ligamentos supra-espinhosos posteriormente e pelas fibras

    posteriores do ângulo fibroso, a rotação pélvica ocorre em torno das articulações dos

    quadris para modificar o ângulo sacro. Os músculos eretores da espinha alongam-se

    para desacelerar gradualmente a flexão para diante e contraem-se suavemente para

    obter a postura lordótica ereta. A flexão para diante e a extensão obedecem

    fisiologicamente ao ritmo lombo-pélvico e devem obedecer à direção comandada

    pelas articulações das facetas (RIBEIRO, et al., 2008, p. 22).

    Pacientes com Lombalgia muitas das vezes deparam-se com grandes

    dificuldades e em casos mais extremos até mesmo impossibilitados para realizarem

    as suas atividades diárias, tanto as de natureza pessoal quanto as ocupacionais, por

    necessitarem de realizar frequentemente o movimento de flexão anterior da coluna.

  • 15

    E como a incapacidade dos doentes portadores de Lombalgia é

    desproporcional à disfunção, tendo os mesmos medo de que a movimentação cause

    maiores lesões, ou seja, o medo do movimento (cinesiofobia) é um importante fator

    na disfunção persistente, crônica e recorrente. Porém, este medo sentido pelos

    pacientes tem uma justificação biológica.

    A contribuição da articulação do quadril na flexão do tronco é de

    aproximadamente 70 a 90 graus e da coluna lombar, na mesma direção, é de

    aproximadamente 40 a 45 graus. No ritmo lombo-pélvico, nos primeiros 30 graus a

    coluna lombar participa com dois de cada três graus e, a partir dessa angulação,

    inverte-se a proporção, sendo o quadril o maior responsável pelo movimento (na

    razão de 2:1). No entanto, alguns autores ainda sugerem que não existem

    proporções muito específicas para o ritmo lombo-pélvico, como ocorre no ritmo

    escapulo-umeral.

    Embora várias estratégias sejam possíveis, usualmente o movimento inicia-se

    com predominância da coluna lombar e gradativamente essa predominância passa a

    ser do quadril (SACCO, et al., 2006, p. 15-16).

    Coluna lombar pode ser avaliada pela amplitude de movimento da flexão

    anterior do tronco e, desse modo, permitir a análise funcional quantitativa do

    movimento das diferentes regiões da coluna vertebral. A amplitude de movimento de

    flexão anterior do tronco pode ser avaliada pela observação do individuo com o

    tronco totalmente flexionado anteriormente, utilizando um goniômetro ou pelo

    método de Schober, tornando assim a análise funcional quantitativa do movimento

    da coluna lombar, uma forma mais objetiva de avaliação (EMILIANI et al., 2002, p.

    95).

    No teste de Schober, o profissional de saúde deve localizar a margem inferior

    da espinha ilíaca póstero-superior e realizar um traço horizontal na linha média entre

    essas duas estruturas. O avaliador segura a ponta de uma fita métrica firmemente

    contra a pele do paciente sobre o traçado marcado e marca uma linha, 15 cm acima

    da marca inicial. Em seguida, solicita-se ao paciente a flexão anterior do tronco sem

    aumento da dor. É marcada uma nova medida entre as marcas inferior e superior. A

    diferença entre a distância inicial (entre as duas marcas sobre a pele na posição

    neutra) e a nova medida, na posição flexionada indica a mobilidade da coluna

    lombar em centímetros, com precisão de milímetros (MACEDO et al., 2005, p. 22-

    27).

  • 16

    Esse método é utilizado frequentemente para medir a flexão anterior da

    coluna lombar, permitindo uma análise quantitativa e mais objetiva do movimento

    (EMILIANI E TANAKA, apud BRIGANO et al., 2005, p. 75). O teste de Schober

    poderia ser comprometido, por estar incluído pacientes que eventualmente já

    tenham sido submetidos a cirurgia de fixação da coluna lombar, por outro, o

    movimento de flexão anterior do tronco implica também o recurso à flexão da região

    do quadril.

  • 17

    4 DOR LOMBAR NA VISÃO ORIENTAL

    Uma das obras mais antigas que se tem conhecimento em relação a Medicina

    Tradicional Chinesa o qual apresenta uma visão de Cinco Elementos, visto que

    utilizamos em anamnese este diagnóstico, vem do IMPERADOR AMARELO, o que

    segue: “O Vento oeste sopra no Outono; a sua doença localiza-se nos Pulmões e

    verificam-se perturbações nos ombros e nas costas. O vento norte sopra no Inverno;

    a sua doença localiza-se nos Rins e verificam-se perturbações nos lombos (área

    lombar) e nas coxas.

    No centro fica a Terra; a sua doença localiza-se no Baço e verificam-se

    perturbações na espinha. Assim, a doença resultante da atmosfera da Primavera

    localiza-se na cabeça; a doença resultante da atmosfera do Verão localiza-se nas

    vísceras; a doença resultante da atmosfera do Outono localiza-se nos ombros e nas

    costas; e a doença resultante da atmosfera do Inverno localiza-se nos quatro

    membros do corpo (Imperador Amarelo)”.

    Dessa forma, métodos complementares, como a Acupuntura, estão sendo

    cada vez mais utilizados para o tratamento da dor (PARRIS & SMITH, 2003, p. 116).

    A Acupuntura é um conjunto de conhecimentos teórico-empíricos da Medicina

    Chinesa Tradicional que visa à terapia e a cura das doenças através da aplicação

    das agulhas e de moxas, além de outras técnicas (WEN, 2005, p. 9).

    Os estímulos de natureza YANG, que se caracterizam por dor aguda,

    superficial e violenta com sensação de pontada e agulhada, tendem a aumentar a

    polaridade positiva na parte externa das terminações nervosas livres, concentrando

    uma maior quantidade de íons Na+. Esta maior concentração iônica faz com que os

    íons Na+ penetrem no interior das terminações nervosas livres, forçando a saída de

    íons K+. Essa troca iônica vai ocorrendo ao longo do trajeto do nervo, constituindo a

    condução do estímulo doloroso, que vai para a medula espinal e para a área

    somestésica correspondente, onde a sensação dolorosa é percebida. Os estímulos

    de natureza YIN tendem a aumentar a polaridade negativa da região e da parede

    interna das terminações nervosas livres, de tal maneira que invertem a polaridade

    das mesmas, originando o estímulo, que é conduzido pelas fibras do tipo C, fibras de

    condução mais lenta, excitados pelos estímulos de natureza YANG, e resultando em

  • 18

    dor do tipo insidiosa, profunda, com sensação de frio, de peso e de incômodo

    (YAMAMURA, 2004, p. 627).

    Em estudos realizados por Witzmann (2000, p. 286-294), o tratamento para

    dor crônica de coluna é predominantemente não cirúrgico. Há três principais

    procedimentos neste tipo de tratamento: a medicina manual, a aplicação terapêutica

    local de anestésicos e a Acupuntura. Os autores concluem que, mesmo sendo a

    última escolha entre os tratamentos, em qualquer caso, a Acupuntura não apenas

    alivia a dor, mas também harmoniza os distúrbios físicos e psicológicos.

    Da Universidade de Medicina Oriental Meiji, Watanabe (2005), diz que em

    Lombalgias não somente as patologias são observadas, mas também a desarmonia

    com corpo e a Estagnação do Qi. Para esse propósito, além dos diagnósticos

    baseados na moderna medicina ocidental, também são utilizados métodos

    diagnósticos da medicina oriental.

    Relata Manheimer et al., (2005, p. 651-663), que com a anamnese os pontos

    de tratamento são decididos e, então, a Acupuntura e a Moxabustão são realizadas.

    Caso os meridianos e pontos reativos a Estagnação do Qi venham prejudicar a

    habilidade de cura natural e não somente a Lombalgia, outros sintomas como

    constipação podem desaparecer com uso de tal tratamento. O autor atribui o

    resultado a uma harmonização do corpo e melhora dos sintomas constitucionais.

    Já Kerr et al., (2003, p. 21-27), através do estudo comparativo da terapia

    Acupuntura com uso de corrente transcutânea (TENS), acabam avaliando a eficácia

    da terapia Acupuntura de uma forma indireta.

    4.1 DA LOMBALGIA NA VISÃO ORIENTAL

    A Lombalgia, na ciência oriental, é atribuída ao clima Frio e Úmido. O início

    dos sintomas pode ser insidioso, indicando que o Frio é Interior. Na Lombalgia,

    sendo de caráter a Síndrome de Frio, constata-se na avaliação oriental, a presença

    de alguns sintomas, como o paciente não apresentando sede, nem vontade de

    ingerir líquidos, palidez facial, camada superficial da língua (saburra), lisa e

    esbranquiçada e pulso mais lento. Em relação ao diagnóstico para detectar o

    Excesso ou a Deficiência dos elementos, são encontradas as características de

    Deficiência, pois indica fraqueza do organismo e de seu sistema de defesa,

  • 19

    decorrente de alguma doença prolongada, e o Excesso, por sua vez, indica que há

    reação vigorosa do organismo no decorrer da doença. As síndromes de Deficiência

    e Excesso também indicam o tempo da doença, crônica e aguda, respectivamente

    (SILVA et al., 2005, p. 39).

    A dor é um dos sintomas subjetivos mais frequentes na prática clínica, pode

    ocorrer em qualquer parte do corpo humano. É causada pelo Excesso, por exemplo,

    por uma agressão dos fatores patogênicos exógenos, pela Estagnação de Energia,

    pela Estase de Sangue, pelo acúmulo de parasitas ou pela estagnação de alimentos

    que obstruem os Canais de Energia e os Colaterais, fazendo com que a Energia e o

    Sangue não circulem normalmente, ou seja, a obstrução causa a dor. A dor pode

    também ser causada pela Deficiência, ou seja, pela insuficiência de Energia e de

    Sangue, ou à perda da Essência, estando mal nutridos também aparece a dor.

    Como qualquer parte do corpo humano, está ligado energeticamente a determinado

    órgão interno e a localização da dor são muito úteis para determinar o órgão interno

    afetado (YAMAMURA, 2004, p. 560-563).

    Considerando toda a coluna vertebral e dependendo do Shen Qi, cuja

    tradução é Energia dos Rins, quando existe uma Deficiência de Qi, surge a condição

    básica para que haja alterações energéticas, funcionais e orgânicas na região

    (YAMAMURA, 2004, p.115; INADA, 2006, p.75).

    O Rim controla os ossos, assim a Deficiência de Essência do Rim que surge

    com o passar das decadas, excesso de trabalho com posturas inadequadas, má

    alimentação, alterações hormonais decorrentes de síndrome de menopausa, etc.,

    determina em grande parte da população o aparecimento precoce do processo

    degenerativo das articulações, e também o surgimento de outras patologias como

    osteopenia, osteoporose e espondiloses (INADA, 2006, p.223).

    A Deficiência de Essência do Rim provoca também a degeneração da

    estrutura óssea do corpo vertebral, bem como das articulações facetarias. Segundo

    a MTC o Rim controla a água e com a Deficiência de Essência, os discos

    intervertebrais sofrem desidratação e como consequência os espaços intervertebrais

    diminuem e os foramens também diminuem aproximando assim os corpos vertebrais

    (INADA, 2006, p.224).

    Quando o anel fibroso do disco intervertebral é rompido acontece a liberação

    do liquido pulposo causando a herniação provocando uma irritação nas terminações

    nervosas ali existentes resultando em dor, e com o efeito compressivo mecânico

  • 20

    sobre as raízes nervosas torna o local edemaciado e inflamado, que aumenta ainda

    mais a compressão e a dor. A falta de Essência do Rim leva à deficiência de energia

    circulante no canal de energia principal do Rim e da Bexiga, bem como, a deficiência

    de energia de defesa nos Canais Tendinos musculares do Rim e da Bexiga (INADA,

    2006, p.223-225).

    A lógica dessa teoria segundo Inada (2006, p.226-228) e Yamamura (2004,

    p.570), apoia-se na distribuição dos trajetos dos Canais de Energia nas costas. O

    Canal Principal de Energia é o da Bexiga que se origina no ângulo interno do olho e

    o seu trajeto ocupa toda a parte posterior do corpo, como, pescoço, dorso, lombo,

    sacro, membros inferiores e termina no quinto pododáctilo. O canal Luo longitudinal

    da Bexiga, bem como o Tendino muscular da Bexiga tem os seus trajetos e

    ramificações distribuídas nas costas.

    A MTC diz que a dor é compreendida como consequência da interrupção de

    processos biológicos. A normalidade desses processos depende das duas

    substâncias Qi e Xue, fundamentais para as operações do organismo. A dor sinaliza

    a sua disfunção, uma das características básicas é fluir, estar em movimento,

    quando fluem livremente, não há dor. Quando sofrem interrupção, seja por causa de

    deficiência das funções orgânicas que garantem o movimento de Qi e Xue, ou

    devido à presença de fatores patogênicos operantes, manifesta-se a dor

    (DOUGLAS, 1999; MENG, 1979).

    A Lombalgia apresenta-se como uma síndrome de Deficiência de Yin e então

    há excesso de Yang. A síndrome de Yin-Yang é a que incorpora em si todas as

    outras classificações, isso porque a síndrome Yin corresponde às síndromes

    profundas de Deficiência e Frio, enquanto que a síndrome de Yang compreende as

    síndromes Superficiais de Excesso e Calor. Um episódio de dor lombar aguda pode

    se tornar crônica, resultando em rigidez além da dor com a debilidade crônica da

    energia do Rim tendendo a produzir dor crônica, especialmente na velhice (SILVA et

    al., 2005, p. 29).

    Sensação de dor é diferente, devido à Estagnação de Qi ou a Estase de Xue,

    a Estagnação de Qi provoca sensação de distensão ou de traumatismo, que varia no

    tempo e intensidade devido à localização. Geralmente a comorbidade de alterações

    emocionais importantes, no que diz respeito à Estase de Xue, por outro lado, se

    caracteriza por uma sensação de tumefação dolorosa, ou dor aguda, em pontada,

    cortante, com localização bem definida.

  • 21

    Mas o fluxo de Qi e Xue também pode estar inibindo e causando a

    deficiência de cada uma ou das duas substâncias. Neste, a dor não é intensa como

    a do Excesso, mas é continuada e duradoura. Mas a dor que piora, depois de

    repouso e melhora depois de exercício leve é devido à Deficiência simultânea de Qi

    e de Xue, porque durante o repouso ou a imobilidade não há Qi e Xue suficientes

    para circular, enquanto o movimento em si mesmo promove a movimentação de Qi e

    Xue, trazendo alívio para esse tipo de dor. Quando é devido à Deficiência do Qi, a

    dor é pior no final do dia, ou depois de atividade intensa, porque o uso consumiu o

    Qi, tornando-o ainda mais deficiente. A dor decorrente de Deficiência do Sangue

    tende a ser pior à noite (MENG, 1979).

    A natureza nos deu a grande chance de armazenar os excedentes de energia

    dos canais principais nos Vasos Maravilhosos, como silos que guardam as colheitas

    abundantes para usufruirmos durante a escassez, assim seu principal papel é

    reforçar a conexão entre os Canais Principais para regular o fluxo de Qi e Sangue, o

    excesso dos mesmos flui para os oito Vasos Maravilhosos, onde é estocado para

    ser redistribuído em caso de uma Deficiência nos Canais Principais. Os Vasos

    Maravilhosos Du Mai (Vaso-Governador), Chong Mai (Vaso-Penetrador) e Ren Mai

    (Vaso-Concepção), além de originar-se no Rim, também têm os seus trajetos que

    passam pela coluna vertebral e são de grande interesse para o tratamento de dores

    nas costas (INADA, 2006, p.225).

    4.2 DOS CONCEITOS DA LOMBALGIA

    A Lombalgia do tipo de Plenitude (Excesso) é causada pela obstrução do

    Canal de Energia devido ao Vento, Frio e Umidade ou à Estagnação de Sangue. A

    Lombalgia de tipo Deficiência deve-se à insuficiência da Essência dos Rins, à perda

    de Yang que não aquece e nem nutre (YAMAMURA, 1993, p.578).

    Quando a Umidade-Frio se acumula no corpo, por longo período, ou em

    pessoas com Yang em excesso, a Umidade-Frio pode se transformar em Umidade-

    Calor, obstruindo os Canais, causando Estagnação do Qi e Sangue, causando

    lombalgia (PEILIN, 2008, p.237).

    As distensões e as contusões lombares prejudicam a circulação de Energia e

    de Sangue ocasionando a Estagnação de Sangue que conduz à desarmonia dos

  • 22

    Canais e dos Colaterais promovendo a dor lombar. O excesso de ato sexual

    prejudica o Qi dos Rins, consumindo a Essência e levando à fraqueza dos Rins, o

    que causa a dor lombar (YAMAMURA, 2001, p.578).

    Yamamura, (2001, p.815-821) diz que a Lombalgia Shao Yin é descrita pela

    presença de dor da região lombar apresentada pela Deficiência do Shen Qi (Rins),

    uma vez que o Shen Qi é que governa a coluna vertebral, principalmente a região

    lombar. O Shen Qi mantém relação Interior/Exterior com o Pangguang (Bexiga), por

    isso, o vazio de Shen Qi leva ao vazio de Pangguang Qi e, consequentemente de

    seu Canal de Energia; pode se instalar bloqueando a circulação de Qi na região

    lombar.

    É profunda e referida ao longo da parte anterior da coluna vertebral. A dor é

    no início insidioso, de pouca duração, latente ou referida como uma sensação de

    incômodo e mal-estar. Piora com fadigas, esforços físicos, mental e ou sexual e

    associa-se com sintomas clínicos de vazio de Shen Qi, como cansaço, falta de

    vontade, desânimo, depressão, falta de força, insegurança ou impotência sexual.

    O consumo excessivo de alimentos doces, gordurosos e derivados de leite

    pode acometer o Baço e Estômago prejudicando a função de digestão, transporte e

    levando a geração de Umidade-Calor no corpo. O consumo excessivo de alimentos

    picantes, café ou álcool pode formar Calor por excesso, agravando o acúmulo de

    Umidade-Calor (PEILIN, 2008, p.237).

    4.2.1 Lombalgia do Canal de Energia Tendinomuscular do Pangguang

    Conforme Yamamura, (2001, p.816), a alteração do Qi do Canal de Energia

    seja por Vazio ou Plenitude ou pela presença de energias perversas, pode provocar

    dor lombar, cuja característica é de se irradiar para o ombro, acompanhando o

    trajeto do Canal de Energia Tendinomuscular do Pangguang, e está associada à

    manifestação de incontinência urinária e de distúrbios visuais, principalmente visão

    turva. No caso de acometer os Canais do Shen (Rins) e do Pangguang (Bexiga)

    pode provocar além da dor lombar também a sensação de “aperto” na cintura e de

    região lombar “quebrada”.

  • 23

    4.2.2 Lombalgia Yang Qiao Mai

    O sintoma essencial do acometimento do Yang Qiao Mai é a insônia.

    Também provoca Lombalgia com pequenas áreas com edema muito doloridas e

    contraídas (SU WEN apud INADA, 2006, p. 186). Pode apresentar espasmos

    musculares na face externa da coxa e da perna, enquanto os músculos da face

    interna do mesmo membro podem estar flácidos e o paciente tem dificuldade em se

    levantar. Ocorrem situações em que há rigidez na região dorsal e lombar (INADA,

    2006, p. 187).

    Os pontos a serem abordados no tratamento são: B62 (Shenmai) – acuponto

    de abertura; ID3 (Houxi) – acuponto acoplado; B67 (Zhiyin) – acuponto de

    tonificação da Bexiga; B61 (Pushen) – acuponto de encontro do Canal Principal da

    Bexiga com o Vaso Extraordinário Yang Qiao Mai; B59 (Fuyon) – acuponto de

    acúmulo (Xi).

    4.2.3 Lombalgia Yang Wei

    A maioria dos textos não relaciona a Lombalgia com o acometimento do Yang

    Wei Mai. Entretanto, quando este Vaso Extraordinário é acometido por energias

    perversas, de característica Yang, surge a Estagnação de Qi e Sangue que se

    ocorrer na região lombar, causará edema, contratura muscular acompanhada de

    muita dor. Também aparece cansaço, distensão muscular e dor na face lateral da

    coxa e perna, acompanhada de alternância de febre com calafrios (SU WEN apud

    INADA, 2006, p.188).

    Os pontos a serem abordados no tratamento são: TA5 (Waiguan) – acuponto

    de abertura; VB41 (Zulinqi) – acuponto acoplado; B63 (Jinmen) – acuponto de

    origem; VB35 (Yanjiao) – acuponto de acúmulo; B67 (Zhiyin) – acuponto de

    tonificação da Bexiga; R7 (Fuliu) - acuponto de tonificação do Rim; VB43 (Xiaxi) –

    acuponto de tonificação da Vesícula Biliar.

    4.2.4 Lombalgia Yin Qiao Mai

    O sintoma essencial do acometimento do Yin Qiao Mai é a sonolência,

    causada pela plenitude de Yin no Yin Qiao Mai. Ocorre Estagnação de Qi e Sangue.

  • 24

    Neste tipo de Lombalgia a dor irradia para genitália externa e também pode atingir o

    pescoço; em situações mais graves o corpo fica inclinado para trás. Pode estar

    presente fraqueza muscular da face externa da coxa e da perna e espasmo

    muscular da face interna da coxa e da perna (INADA, 2006, p. 190).

    Conforme Inada (2006, p. 190) e Yamamura (2001, p. 816), a Lombalgia da

    Síndrome Yin Qiao Mai, tem correlação com as doenças dos órgãos internos

    (diabetes, hipertensão arterial, etc.) e com o decorrer da evolução podem levar

    quadros de dores do sistema musculoesqueléticos. O paciente com afecção do Yin

    Qiao Mai, durante a marcha, assume ou tende assumir postura em flexão,

    denotando o acometimento desse Canal de Energia Curioso.

    4.2.5 Lombalgia Yin Wei

    Segundo Inada (2006, p.192) e Yamamura, (2001, p.818), a Lombalgia Yin

    Wei é consequente ao acontecimento do Canal de Energia Curioso Yin Wei por

    Energia Perversa que se instala na região lombar. Além da dor lombar, essa forma

    de Lombalgia manifesta-se por precordialgia e alterações de humor. O paciente

    torna-se furioso, emite gemido e apresenta distúrbios emocionais como: angústia,

    ansiedade, palpitações e sufocação.

    Os pontos a serem abordados no tratamento são (INADA, 2006, p. 195): CS6

    (Neiguan) – acuponto de abertura; BP4 (Gongsun) – acuponto acoplado; R9

    (Zhubin) – acuponto de acúmulo.

    4.2.6 Lombalgia Du Mai

    Yamamura, (2001, p.820) cita que a Lombalgia Du Mai deve-se a uma

    obstrução da circulação de Qi do Canal de Energia Curioso Du Mai, na coluna

    vertebral da região lombar, pelo acometimento das Energias Perversas. Caracteriza-

    se pela presença de dor lombar e rigidez muscular de toda a coluna vertebral.

    Geralmente está associada a febre, incontinência urinária, sensação de peso na

    cabeça, vertigens e desordens mentais. O canal de Energia Luo Longitudinal do Du

    Mai caracteriza-se por contratura dos músculos paravertebrais que se inicia na

    região sacra e se irradia ao longo da coluna vertebral até altura do ponto VG16,

    portanto, a dor pode irradiar-se para a nuca e região supraclavicular.

  • 25

    4.2.7 Lombalgia Chong Mai

    A Lombalgia causada pelo acometimento do Chong Mai caracteriza-se pelo

    aparecimento de dor lombar “em barra” ao nível da vértebra L4 (VAN NGHI et al.

    apud INADA, 2006). Também podem acompanhar dor e distensão abdominal, dor no

    tórax e dismenorréia (INADA, 2006, p. 196).

    A Lombalgia com irradiação para o membro inferior manifesta-se no

    acometimento do Canal de Energia Principal, Tai Yang do Pé (Bexiga), Shao Yang

    do Pé (Vesícula Biliar) e Yang Ming do Pé (Estômago), por Energias Perversas, e

    conforme o Canal de Energia Principal afetado se manifestarão com sintomas

    específicos (YAMAMURA, 2004, p.822-823).

    Recomenda-se a utilização dos acupontos de abertura e acoplado do Chong

    Mai em casos de discopatia (protusão e hérnia discal) (AUTEROCHE apud INADA,

    2006, p. 196).

    Os pontos a serem abordados no tratamento são: BP4 (Gongsun) – acuponto

    de abertura; CS6 (Neiguan) – acuponto acoplado; B23 (Shenshu), VG4 (Mingmen),

    VG3 (Yaoyangquan) – acupontos locais; R7 (Fuliu) – acuponto de tonificação do

    Rim.

    4.2.8 Lombalgia Shao Yang

    No entanto, a Lombalgia Shao Yang, diferente da Tai Yang, manifesta-se por

    lombossacralgia de forte intensidade e aparecimento súbito e agudo, com irradiação

    para o quadril, região trocantérica, para a face lateral da coxa, do joelho, da perna,

    para o maléolo lateral e 4°dedo do pé, seguindo essa irradiação pelo trajeto do canal

    de Energia Principal da Vesícula Biliar; deve-se por acometimento por Energias

    Perversas Calor, Frio ou Umidade e está geralmente associada à plenitude do Yang

    do Fígado (irritabilidade, nervosismo, etc.). A dor manifesta-se por sensação de

    picada de agulha e o paciente tem dificuldade para fletir ou estender a região lombar

    (MACIOCIA, 2007, p. 869-871).

  • 26

    4.3 DOS PONTOS UTILIZADOS PARA TRATAMENTO

    Os pontos locais estão situados na região da doença. Pelo conceito de ponto

    doloroso local (tender point), entendemos que todo o ponto doloroso e sensível a

    palpação e pressão pode ser considerado um ponto local de Acupuntura. Por outro

    lado, se estudarmos os mapas de pontos gatilho miofasciais, veremos que 71%

    deles correspondem aos pontos mapeados pela Acupuntura e, se estiverem ativos

    estarão indicados no tratamento (HARRES, 2008).

    A Medicina Tradicional Chinesa vê a dor que resulta de condição de Excesso

    ou Deficiência de Qi ou Sangue. A estimulação e os pontos proximais, locais e

    distais restauram o equilíbrio e normalizam a causa da dor. Um dos princípios

    envolve escolher pontos proximais e distais à área afetada. Contudo, protocolos já

    estudados podem ser úteis para a melhor escolha dos acupontos (KLIDE &

    GAYNOR, 2006, p.289).

    (IG14) BINAO localiza-se na tuberosidade deltóidea, onde se insere a parte

    acrômial do músculo deltoide, a uma profundidade de um cm. Ele é indicado para

    dores na região do ombro e antebraço.

    (IG11) QUCHI é um ponto de tonificação e sua localização se dá com o

    cotovelo levemente dobrado, no meio, entre o final da dobra do cotovelo e o

    epicôndilo lateral do úmero, na origem do músculo extensor carporradial e

    profundamente na inserção do tendão do músculo braquial, em uma profundidade

    de 1 a 2cm.

    (IG4) HEGU localiza-se na extremidade medial do primeiro metacarpiano, no

    meio da dobra de pele, após a abdução do primeiro metacarpiano. Ele é aplicado

    diagonal e distalmente a uma profundidade de 0,2 a 0,5cm e indicado para

    tratamento do membro anterior, de dores de dente e de mandíbula e dor funcional

    do olho. Além disso, ele é indicado em conjunto com IG10 e IG11 para tratamento

    de osteocondrite do membro anterior e como analgésico em conjunto com os pontos

    E36 e BP6 (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p. 143). Koo et al. (2008, p. 11)

    utilizaram esse ponto associado ao ID6 com sucesso para analgesia. Também

    Almeida et al. (2008) verificaram que esse acuponto, quando associado ao BP6,

    reduz o consumo do anestésico isofluorano.

  • 27

    (TA8) SAN YANG LUO localiza-se no quarto inferior do antebraço, cerca de 3

    a 4 cun de dedo, proximal à dobra dorsal do carpo em uma linha imaginária no meio

    desta dobra e do epicôndilo lateral do úmero, na passagem do músculo-tendão do

    músculo extensor digital comum e extensor digital lateral . O agulhamento se faz

    perpendicular à pele, a uma profundidade de 1 a 2cm.

    (ID6) YANG LAO localiza-se dorsalmente entre o osso carpo-ulnar e o

    processo estiloide lateral a uma profundidade de 0,5 a 1cm.

    (B40) WEIZHONG situa-se exatamente no meio da dobra da articulação

    fêmuro-tibio-patelar, entre o epicôndilo medial e lateral do fêmur. Sua profundidade

    varia de 1 a 6cm, de acordo com o tamanho do paciente. Ele é indicado em dores na

    perna ou dores no joelho.

    (B60) KUNLUN localiza-se entre a tuberosidade calcânea e o maléolo lateral,

    a uma profundidade de 2 a 5mm. Ele é indicado em casos de dor no calcanhar, dor

    no pé, dor no tornozelo, dor lombar, dor de cabeça, sangramento nasal, contração

    das costas e ombro, dor torácica. Tonteira visual, epilepsia, loucura, dispneia, tosse

    e malária. (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p.254), paralisia de membro

    pélvico e retenção de placenta (HWANG & LIMEHOUSE, 2006, p. 130). Quando

    associado ao B37, B40 e B54, é utilizado em paraplegias traumáticas

    (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p.254).

    (VB30) HUANTIAO encontra-se caudodorsal ao trocânter maior, em

    aprofundamento atrás da articulação coxofemoral, a uma profundidade de 1 a 2cm.

    Ele é indicado em paralisia de membros inferiores, parestesia de membros

    inferiores, paralisia infantil, afecções da articulação do quadril e das partes moles

    adjacentes, hemiplegia, reumatismo no quadril, reumatismo devido ao frio, bursite

    trocantérica. (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, 254; HWANG & LIMEHOUSE,

    2006, p.131). ZHANG et al. (2007, p. 15-16) verificaram que a eletroestimulação

    desse acuponto promoveu efeito analgésico. Além disso, WANG et al. (2006, p.46)

    demonstraram que o estímulo por eletroacupuntura dos pontos VB30 e VB34 foi

    capaz de modular a atividade dos receptores do tipo n-metil-d-aspartato (NMDA).

    (VB34) YANGLINGQUAN está localizado em um aprofundamento ventro-

    caudal da cabeça fibular, na profundidade de 1 a 4cm. Ele é indicado em hemiplegia,

    fraqueza, dormência e dores nos membros inferiores, gosto amargo na boca,

    icterícia, vômitos, dor no hipocôndrio e convulsões infantis. (DRAEHMPAHEL &

    ZOHMANN, 1997, p.254), paresia e paralisia de membro pélvico e doença de disco

  • 28

    toracolombar (HWANG & LIMEHOUSE, 2006, p.122-146). Segundo Wang et al.

    (2006, p. 48), a eletroestimulação desse acuponto associado aos pontos VB36 e

    TA8 foi capaz de reduzir a dose necessária de morfina para analgesia pós-

    operatória de pacientes submetidos à toracotomia.

    (VB36) WAIQIU encontra-se no meio de uma linha imaginária entre o maléolo

    lateral e a cabeça fibular, diretamente na extremidade anterior da fíbula. Para

    localizar o WAIQIU, posiciona-se a agulha perpendicular à pele em uma

    profundidade de 1 a 2cm. Ele é indicado especialmente em doenças agudas, em

    dores na nuca e na região hipocondríaca e na síndrome cervical. No homem

    promove analgesia nas cólicas da vesícula biliar (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN,

    1997, p. 254).

    (BP6) SANYINJIAO localiza-se atrás da extremidade medial da tíbia, na altura

    de uma linha vertical da tuberosidade calcânea, a uma profundidade de 1 a 2cm, de

    acordo com o tamanho do paciente, perpendicular à pele. Ele é indicado para dores

    abdominais, diarréia, ponto mestre em disfunções urogenitais, incontinência,

    dismenorréia (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p. 254), analgesia para cirurgia

    abdominal, dentre outras indicações (HWANG & LIMEHOUSE, 2006, p.122-146).

    Jeong & Nam (2003, p. 146) verificaram que o estímulo dos pontos BP6, IG4, E36 e

    TA8, indicando assim um possível efeito analgésico.

    (E36) ZUSANLI localiza-se em um aprofundamento lateral à tuberosidade

    tibial, na base do músculo tibial cranial, a uma profundidade de 0,5 a 2cm. Para

    analgesia, pode associá-lo ao BP 6 e IG 4 (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p.

    254). Cassu et al. (2008, p.52-61) associaram esse ponto ao VG34 e verificaram sua

    eficácia para analgesia cutânea do tórax e abdome. Esses autores relataram que,

    em 33% dos pacientes tratados, não foi necessário uso de outra técnica analgésica

    durante a cirurgia. Lin et al. (2002, p. 233) observaram redução no consumo de

    morfina no pós-operatório de pacientes submetidos à cirurgia abdominal e tratados

    com eletroacupuntura nesse acuponto. Pignaton et al. (2007, p.331) observaram que

    a eletroestimulação dos acupontos E36 e VB34 proporcionou redução no consumo

    de isofluorano e melhorou a estabilidade cardiorrespiratória, quando comparada com

    a morfina.

    (VB41) ZULINQI está localizado entre o quarto e o quinto metatarsiano, na

    extremidade lateral do tendão distal do músculo extensor digital longo, dorsolateral

  • 29

    sobre a articulação tíbio-társica, a uma profundidade de 1 cm perpendicular à pele,

    ao lado do tendão (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p.254).

    4.4 LOCALIZAÇÕES DOS PONTOS SISTÊMICOS SUGERIDOS E

    FUNÇÕES PARA LOMBALGIA

    4.4.1 CEP Pang Guang (B) Tai Yang.

    Funções do Canal relação com todo dorso, da região cervical a sacro

    coccígea - olhos, cabeça, fronte, alterações urinarias, particularmente vesicais e com

    a mente. Fu armazena temporariamente os líquidos para serem excretados. Pontos

    Shu (assentimento) relaciona-se com todos os órgãos e vísceras.

    De acordo com Fukushima (2007, p. 28), estes são os melhores pontos para

    tratar deficiências crônicas. Canal Lateral trata emoções e órgãos dos sentidos.

    (B10) Tian Zhu – na nuca, lateralmente à borda lateral do musculo trapézio,

    1,3 cun lateral ao ponto médio da linha posterior de inserção do cabelo. É ponto

    distante para os casos de dor lombar. Relaxa os músculos, tendões e fortalece as

    costas.

    (B25) Da Chang Shu – na região lombar, abaixo do processo espinhoso da 4ª

    vértebra lombar, 1,5 cun lateral à linha média posterior. Regula o fluxo livre do Qi,

    fortalece a região lombar.

    (B26) Guan Yun Shu - na região lombar, abaixo do processo espinhoso da 5ª

    vértebra lombar, 1,5 cun lateral à linha média posterior. Indicado para queixas no

    trajeto do meridiano.

    (B27) Xiao Chang Shu - no sacro, ao nível do 1º forame sacral posterior, 1,5

    cun lateral à crista sacral mediana. Indicado para queixas no trajeto do meridiano.

    (B28) Pang Guang Shu – no sacro, ao nível do 2º forame sacral posterior, 1,5

    cun lateral à crista sacral mediana. Dissipa a Umidade e fortalece a região lombar.

    (B29)Zhong Lu Shu – no sacro, ao nível do 3º forame sacral posterior, 1,5 cun

    lateral à crista sacral mediana. Indicado para queixas no trajeto do meridiano.

    (B30) Bai Huan Shu – no sacro, ao nível do 4º forame sacral posterior, 1,5 cun

    lateral à crista sacral mediana. Indicado para queixas no trajeto do meridiano.

  • 30

    (B31) Shang Liao – no sacro, no ponto médio da distância entre a espinha

    ilíaca póstero-superior e a linha média posterior, sobre o 1º orifício posterior sacral.

    Regula o Aquecedor Inferior, fortalece o Rim e o Jing essencial, fortalece as regiões

    lombar e sacral.

    (B51) Huang Men – na região lombar, abaixo do processo espinhoso da 1ª

    vértebra lombar, 3 cun lateral à linha média posterior. Indicado para queixas no

    trajeto do meridiano.

    (B52) Zhi Shi – na região lombar, abaixo do processo espinhoso da 2ª

    vértebra lombar, 3 cun lateral à linha média posterior. Indicado para queixas no

    trajeto do meridiano.

    (B57) Cheng Shan - na linha média posterior da perna, na metade da

    distância entre Whei Zong (B40) e Kun Lum (B60), no ponto médio da inserção do

    ventre do músculo gastrocnêmio em seu tendão. Relaxa os músculos e tendões,

    torna os meridianos fluentes, fortalece a região lombar.

    (B58) Fei Yang - no aspecto póstero-lateral da perna, sobre a linha vertical

    que passa por B60, 7 cun proximal a B60 e 1 cun lateral e inferior à B57. Dissipa

    Calor, Vento e Umidade. Indicado nos casos de dores e Lombalgia isquiática.

    (B59) Fu Yang - no aspecto póstero-lateral da perna, sobre a linha vertical

    que passa por B60, 3 cun proximal a B60. Indicado para queixas no trajeto do

    meridiano.

    (B60) Kun Lun – posterior ao maléolo lateral, no meio da distância entre o

    ápice do maléolo externo e o tendão de Aquiles. Fortalece o Rim, relaxa os

    músculos e tendões, fortalece a lombar e joelho.

    (B62) Shen Mai - no aspecto lateral do pé, imediatamente distal ao maléolo

    externo. Relaxa os tendões e músculos, indicado para queixas de mobilidade ao

    longo do meridiano, membros inferiores e lombar.

    (B67) Zhi Yin - no aspecto lateral da falange distal do dedo mínimo, 0,1 cun

    do ângulo. (FUKUSHIMA, 2007, p.28).

    4.4.2 CEP Shen (R) – Shao Yin

    Segundo Maciocia (2007, p. 966), o Canal relaciona-se com o sistema

    urogenital, energia geral, tecidos nervosos e ósseos, respiração e audição,

    particularmente com a coluna lombar e garganta e disfunções no seu trajeto. As

  • 31

    funções do Zang armazenam a Essência regulando a manutenção do tônus vital,

    crescimento e desenvolvimento, produz medula (óssea e nervosa), recebe o Qi do

    ar, domina o metabolismo da água, abre-se nos ouvidos, manifesta-se nos cabelos e

    controla os orifícios.

    (R3) Tai Xi - no aspecto medial do pé, posterior ao maléolo medial, na

    depressão situada na metade da distância entre o ponto mais proeminente do

    maléolo e o tendão de Aquiles. Tonifica o Rim, nutre o Yin, estabiliza o Qi do Rim,

    protege o Jing essencial, fortalece a região lombar e joelho.

    (R5) Shui Quan – a 1 cun abaixo do ponto R-3, em uma depressão que pode

    ser apalpada na região do espaço articular entre o talus e o calcâneo. Fortalece o

    Rim.

    (R6) Zhao Hai - a 1 cun perpendicular abaixo do ponto mais saliente do

    maléolo medial. Nutre o Yin do Rim.

    (R7) Fu Liu - a 2 cun diretamente acima do ponto R3, em uma depressão na

    margem anterior do tendão do calcêneo. Fortalece o Rim, nutre o Yin (MACIOCIA,

    2007, p. 966).

    4.4.3 N. M. Du Mai

    Segundo o mesmo, o Du Mai comanda e regula o Yang do corpo. Todos os

    meridianos Yangs emanam um vaso secundário para o VG14, podendo ser

    tonificado ou sedado. Portanto tem uma função energética muito grande. Mantém

    Relação com os órgãos internos Rim, Bexiga, útero, tubo digestivo, cérebro e

    Coração e com partes do corpo anus, coluna lombar, torácica e cervical, nuca,

    crânio, maxilar superior, gengiva e nariz.

    (VG20) Bai Hui - na cabeça, sobre a linha mediana, 5 cun posterior à linha de

    inserção do cabelo, no meio da linha que liga o ápice das duas orelhas. Ponto de

    sedação bastante eficaz para casos de dores agudas e emergências (FUKUSHIMA,

    2007, p.29).

    4.4.4 CEP Wei (E) – Yang Ming

    Inicia-se na face lateral da asa nasal (IG20), ascende ao longo do nariz em

    um ramo interno até abaixo do globo ocular, aonde externaliza-se, vai para a lateral

  • 32

    ao longo do nariz e penetra novamente, passando pelas gengivas superiores, corre

    ao redor dos lábios pelo lado posterior da bochecha. Segue até a frente da orelha e

    pelo contorno da linha dos cabelos, alcançando a fronte. Um ramo desce através da

    garganta até a região da fossa supraclavicular em E12.

    Internamente o canal atravessa o diafragma, penetra no Estômago e conecta-

    se com o Baço e sai novamente na região inguinal. Um ramo flui externamente em

    direção descendente saindo da fossa supraclavicular, passando pelo peito e abdome

    na linha do mamilo, unindo-se, em E-30, à outra porção do canal. Continua a descer,

    passando pelo joelho e borda anterior lateral da tíbia, atravessa o dorso do pé e

    alcança a face medial do dedo médio do pé, um ramo do dorso do pé vai para o

    artelho maior, onde se conecta com o Canal do Baço (MACIOCIA, 2007, p.960).

    (E2) Si Bai - na face diretamente abaixo da pupila quando ela estiver

    centralizada, na depressão do forame infra orbital. Relaxa os tendões e alivia a dor.

    4.4.5 CEP Na Dan (VB) – Shao Yang

    De acordo com Maciocia (2007, p.967), tem início em VB1, no canto externo

    do olho. Ascende ao canto da testa, desce à região anterior ao lóbulo da orelha,

    sobre pelo bordo superior do arco zigomático, ascende ao canto da testa, desce pela

    área temporal, circula a região do ouvido, ascendendo à testa a 3 tsun da linha

    média, na região supra orbital. Descende ao pescoço e à fossa supraclavicular, onde

    encontra o Canal Principal.

    Da região da fossa supraclavicular desce ao tórax, passando pelo diafragma

    e penetrando no Fígado e Vesícula Biliar. Daí emerge em E30, seguindo para a

    margem dos pelos pubianos e depois lateralmente ao quadril até VB30. O outro

    ramo sai de E12, descendo pela linha média axilar, linha mamilar, passando em

    direção às extremidades livres das últimas costelas, seguindo para alinha inferior do

    umbigo, crista ilíaca, chegando à articulação do quadril em VB29, de onde,

    passando pelo sacro e primeiro e quarto forame sacral, chega em VG1.

    Daqui o meridiano ascende a VB30 e encontra o outro ramo. Descende ao

    longo do aspecto lateral da coxa e do joelho, seguindo pelo aspecto anterior da

    fíbula, e alcançando a área anterior ao maléolo externo. Continua pelo dorso do pé

    entre o quarto e quinto metatarsos, para terminar em VB44, na margem ungueal

  • 33

    lateral do quarto dedo do pé. A partir de VB41 um ramo segue até F1, na margem

    ungueal lateral do primeiro pododáctilo.

    (VB25) Jing Men - na margem inferior da extremidade livre da 12 costela,

    sobre a linha axilar posterior. Fortalece e aquece o Rim, regula a via das Águas,

    relaxa os tendões e músculos, protege a região lombar.

    (VB29) Ju Liao - no quadril, no meio da linha que liga à espinha ilíaca antero-

    posterior à extremidade do trocanter maior. Indicado para queixas no trajeto do

    meridiano.

    (VB30) Huan Tiao - na lateral da coxa, na união do terço lateral com o terço

    médio da linha que liga a extremidade do trocanter maior ao hiato sacral, quando o

    paciente está em decúbito lateral com a coxa flexionada. Torna os canais e redes do

    meridiano fluentes, fortalece a região lombar e dos quadris.

    (VB37) Guang Ming - na lateral da perna, 5 cun proximal à ponta do maléolo

    lateral, na borda anterior da fíbula. Indicado nos casos de dores, redução da

    mobilidade.

    (VB39) Xuang Zhong - na lateral da perna, 3 cun proximal à ponta do maléolo

    lateral, na borda anterior da fíbula. Auxilia o Jing essencial, alivia a dor.

    (VB40) Qiu Xu - anterior e inferior ao maléolo externo, na depressão lateral ao

    tendão do m.extensor longo dos dedos do pé. Dores, redução da mobilidade,

    estimula as funções das articulações. (MACIOCIA, 2007, p.967).

  • 34

    5 TRATAMENTOS PARA A LOMBALGIA POR

    ACUPUNTURA

    Por Benno et al. (2006, p. 451-456) foram incluídos 298 pacientes (67,8% do

    sexo feminino; idade média ± DP, 59 ± 9 anos). Entre o início e 8 ª semana, a

    intensidade da dor diminuiu em média ± DP de 28,7 ± 30,3 mm no grupo da

    Acupuntura, 23,6 ± 31,0 milímetros no grupo da Acupuntura mínima, e de 6,9 ± 22,0

    mm no grupo lista de espera. A diferença para o grupo de Acupuntura vs mínima foi

    de 5,1 mm (intervalo de confiança 95%, -3,7 a 13,9 mm; P = 0,26), e a diferença

    para o grupo de Acupuntura lista vs espera foi de 21,7 mm (intervalo de confiança

    95%, 13,9 -30,0 mm; P

  • 35

    disponíveis, 31 (45,6%) acreditava que receberam Acupuntura chinesa, 15 (22,1%)

    acreditaram que eles receberam outro tipo de Acupuntura, e 22 (32,4%) não sabia

    que tipo de Acupuntura que receberam. (Percentagens podem não totalizar 100

    devido ao arredondamento).

    Após 26 e 52 semanas, não houve diferenças significativas entre os

    grupos. O desenvolvimento de intensidade de dor lombar. Os pacientes no grupo de

    lista de espera mostraram melhorias depois de receber Acupuntura entre 9 e 16

    semanas; estas melhorias foram semelhantes aos observados em pacientes no

    grupo de Acupuntura. A Acupuntura e tratamentos de Acupuntura mínimo consistiu

    de 12 sessões com duração de 30 minutos, cada uma administrada ao longo de 8

    semanas (normalmente 2 sessões em cada uma das 4 primeiras semanas, seguido

    de uma sessão por semana nos restantes 4 semanas), além disso, os pontos de

    Acupuntura, incluindo outros pontos da orelha e gatilho, poderiam ser escolhidos

    individualmente.

    Agulhas estéreis descartáveis, tinham de ser usados e seus comprimentos e

    diâmetros não foram pré-definidos. Os médicos foram instruídos a realizar o Qi (uma

    sensação de irradiação), se possível. As agulhas foram manuseadas pelo menos

    uma vez durante cada sessão e o número, duração e a frequência das sessões no

    grupo de Acupuntura mínima foram os mesmos que para o grupo de Acupuntura.

    Em cada sessão, pelo menos, 6 de 10 pontos predefinidos na Acupuntura foram

    agulhados bilateralmente utilizando uma inserção superficial com agulhas finas

    (comprimento, 20-40 mm). Esses pontos não estavam na área da parte inferior das

    costas, onde os pacientes apresentavam dor.

    Todos os Acupunturistas receberam uma fita de vídeo, a instrução oral, e um

    folheto mostrando informações detalhadas sobre a Acupuntura mínima. Os

    pacientes do grupo lista de espera não receberam tratamento com Acupuntura

    durante 8 semanas após a randomização e após esse período, receberam 12

    sessões de tratamento de Acupuntura previamente descrito. Os pacientes foram

    autorizados a tratar a dor lombar crônica oral com antiinflamatórios, se necessário e

    o uso de corticosteróides ou drogas analgésicas que agem através do sistema

    nervoso central foi proibido.

    A maioria dos resultados variáveis tendiam a ser ligeiramente superior no

    grupo de Acupuntura em comparação com o grupo de Acupuntura mínima. No

  • 36

    entanto, não houve diferenças significativas com relação ao desfecho principal após

    8, 26 ou 52 semanas.

    Witt et al. (2006, p.487) realizaram um estudo clínico randomizado e

    controlado (Acupuntura versus grupo controle), com um braço de corte não

    randomizado e prospectivo, onde pacientes negaram-se a ser alocados para o grupo

    controle para avaliar o custo-efetividade de Acupuntura no tratamento de dor lombar

    baixa. Todos os grupos receberam medicação consagrada para dor lombar. Dos

    11.600 pacientes, 1.549 foram randomizados para o grupo Acupuntura, 1.544 foram

    para o grupo controle e 8.537 pacientes foram para o grupo não randomizado para o

    tratamento de Acupuntura. Escala de funcionalidade da região dorsal (Hannover

    Functional Ability Questionnaire), escore de dor e qualidade de vida foram avaliados,

    além do custo-efetividade.

    Após 3 meses, a funcionalidade da região dorsal melhorou de 12,1 a 74,5%,

    grupo controle melhorou de 2,7 a 65,1%, diferença de 9,4 (intervalo de confiança

    95% 8,3-10,5, p < 0,001). O grupo não randomizado começou com a funcionalidade

    pior mas experimentou a melhora semelhante ao grupo da Acupuntura. Os autores

    recomendam a Acupuntura como tratamento para dor lombar baixa, associada às

    medidas conhecidas e consagradas.

    No estudo de Cherkin et al. (2009, p.860), foi realizado durante sete semanas,

    638 adultos (18 a 70 anos) com dor lombar baixa mecânica receberam um dos

    seguintes tratamentos: Acupuntura individualizada, Acupuntura padronizada,

    Acupuntura simulada ou tratamento convencional. Em oito semanas, os escores

    médios de disfunção para os grupos de Acupuntura individualizada, padronizada, e

    simulada melhoraram em 4,4, 4,5 e 4,4 pontos, respectivamente, comparando com

    2,1 pontos para os que receberam o tratamento convencional.

    Os participantes que receberam Acupuntura real ou simulada obtiveram

    melhora clínica significativamente maior dos que os do tratamento convencional, na

    escala de disfunção (60% versus 38%; p=0,001). Os sintomas melhoraram de 1,6 a

    1,9 pontos no grupo de tratamento, enquanto os do grupo de tratamento

    convencional 0,7 pontos (p=0,001).

    Depois de um ano, os participantes dos grupos de tratamento apresentaram

    índices superiores de melhora clínica da disfunção comparando com o grupo de

    tratamento convencional (59% a 65% versus 50%, respectivamente; p=0,02), mas

    não dos sintomas (p=0,05). Mostrando assim que não é somente na coluna lombar

  • 37

    que tem uma resposta positiva, diversos artigos já estão sendo utilizados como

    base, mostrando que em outros segmentos tanto da coluna como outras

    articulações do corpo também há uma resposta positiva em relação a Acupuntura. A

    aplicação desta técnica requer o conhecimento do profissional que vai aplicá-la.

    No ensaio clínico controlado de Haake (2007, p. 1892-1898), constatou-se

    que tanto a Acupuntura tradicional como a placebo apresentaram taxas de respostas

    de 48,1% e 43,6% respectivamente. Estas taxas são expressivamente mais eficazes

    na melhora da Lombalgia crônica, após o tratamento por pelo menos 6 meses em

    comparação à Terapia convencional, com taxas de 27,4%.

    Weidenhammer (2007, p. 128-135), em seu estudo, observou que de um total

    de 2564 pacientes com Lombalgia crônica de diferentes graus, que se submeteram

    à terapia com Acupuntura durante seis meses, 45,5% destes apresentaram

    melhoras clinicamente significativas.

    Santos et al., (2008, p. 519-524) realizaram um estudo comparativo da

    aplicação da Eletroacupuntura e Tens, em 12 pacientes do sexo feminino com idade

    entre 30 a 60 anos, que exibiam dor lombar de origem postural. Estes pacientes

    foram subdivididos em dois grupos. O primeiro, tratado com TENS, modalidade

    Acupuntura, por meio da aplicação de eletrodos nos acupontos localizados na região

    da coluna lombar (B23, B24 e B25), por 30 minutos, e o segundo, foi submetido à

    aplicação de Eletroacupuntura nos mesmos pontos da região lombar, também por

    30 minutos.

    Ambos os grupos foram tratados duas vezes por semana, durante cinco

    semanas. Os voluntários passaram pela avaliação da dor de acordo com a Escala

    Visual Analógica (EVA), antes e após cada sessão. Após dez sessões de aplicação,

    observaram que os dois grupos tiveram um declínio da curva ilustrativa dos valores

    de dor apresentados pela Escala Visual Analógica (EVA), comprovando que as duas

    terapêuticas são eficientes no combate e no alivio da dor lombar. Os resultados de

    comparação das terapêuticas aplicadas nesta pesquisa não foram estatisticamente

    significantes, possivelmente em razão da pequena amostra e do consequente

    numero reduzido de sessões.

    Importante ressaltar que estudos de Manheimer et. al. (2005, p. 651-663)

    apontam uma diferença significativa entre o tratamento realizado através da

    Acupuntura verdadeira (realizada sobre os pontos e meridianos da Acupuntura

    chinesa) e a Acupuntura falsa (aquela realizada fora de pontos de acupuntura). O

  • 38

    estudo encontrou diferença de 54% (IC 95% de 0,35 a 0,73) entre os dois modelos,

    sendo que a verdadeira apresenta um maior benefício.

  • 39

    6 CONCLUSÃO

    Normalmente as pessoas recuperam-se bem de quadros agudos de dor na

    região lombar, outros evoluem para um quadro crônico que pode ser causa de

    grande sofrimento. A Acupuntura é importante no tratamento da dor aguda para

    reduzir o tempo de recuperação e para prevenir o desenvolvimento de dor crônica.

    É sabido e constatado que a Acupuntura associada a outros tratamentos,

    manipulativos, alopáticos etc, tem se mostrado eficiente no tratamento da dor,

    ocasionando analgesia e possível cura. Em casos onde o problema mecânico está

    presente, teremos sucesso sempre com participação direta do paciente.

    Constatamos na nossa revisão bibliográfica que a Acupuntura induz o

    organismo a produzir esteroides, que diminuem a inflamação. Além disso, esta

    tradicional prática da medicina chinesa estimula a produção de endorfinas,

    analgésicos naturais do corpo; melhora a sensação de bem-estar, humor, qualidade

    do sono e relaxamento global. Reduzindo a dor aguda, a Acupuntura pode tornar a

    dor crônica menos provável de ocorrer.

    A Acupuntura interrompe o ciclo da dor, sendo particularmente útil no

    tratamento de espasmos musculares.

    Existem 361 pontos de Acupuntura dos quais podem-se utilizar de qualquer

    um destes, até mesmo os pontos de dor que muito provavelmente estará incluído no

    ramo do canal energético de trajeto mapeado pela MTC.

    Mas como sabemos, o tratamento é aplicável nas desarmonias e não

    exatamente na patologia, através de anamnese, avaliação de padrões etc.

    Por fim, conclui-se que como conteúdo pesquisado, a Acupuntura é um

    tratamento eficaz para a Lombalgia. Posta esta singela contribuição ao estudo deste

    tema sugere-se também que o mesmo deva ser continuamente pesquisado.

  • 40

    REFERÊNCIAS

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