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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ADRIANO PISCONTI POVH
TRATAMENTO DE LOMBALGIA ATRAVÉS DA ACUPUNTURA
Mogi das Cruzes, SP 2014
1
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ADRIANO PISCONTI POVH
TRATAMENTO DE LOMBALGIA ATRAVÉS DA ACUPUNTURA
Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Acupuntura.
Orientadores: Prof. Luiz A. Alfredo e
Profa. Bernadete Nunes Stolai
Mogi das Cruzes, SP 2014
2
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
ADRIANO PISCONTI POVH
TRATAMENTO DE LOMBALGIA ATRAVÉS DA
ACUPUNTURA
Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Acupuntura.
Aprovado em ..............................
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Luiz A. Alfredo
UMC – UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
Profa. Bernadete Nunes Stolai UMC – UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
3
DEDICATÓRIA
A meu pai, Arlindo (in memoriam), cujos sentimentos de amor e valores como
disciplina, moral, decência e responsabilidade estão presentes em todos os dias de
minha vida, a ele dedico este singelo trabalho.
À minha mãezinha Angela querida que me abençoa todos os dias e brinda-me
com seus conselhos de bem viver, igualmente dedico este trabalho.
À Rita, minha irmã que transborda alegria e que me contagia com seu bom
humor e companheirismo, ofereço este trabalho.
Meus queridos BRUNO, GABRIELA e VICTOR, amados filhos que o Grande
Arquiteto do Universo me presenteou e que são a razão da minha vida, dedico estas
páginas de minha pesquisa.
4
AGRADECIMENTOS
Teríamos que tecer uma enorme lista de agradecimentos como aos
professores que nos forjam ao fogo de seu saber, tornando-nos moldados aos
instrumentos mais complexos que seus livros, suas mentes brilhantes, meus
sinceros agradecimentos.
Aos amigos Prof. Luiz Alfredo e Profa. Romana que estiveram ao meu lado
ao longo do curso devoto o meu preito de gratidão.
Mestre da vida, mestre do saber, mestre, sempre mestre, aqui quero me
referir ao Prof. Dr. Melquiades Machado Portela, sempre presente na minha vida,
agradeço de coração por tudo que tem representado na minha vida cidadã e
acadêmica.
“Tudo que pedires com fé, receberá”.
Jesus Cristo
5
RESUMO
Lombalgia como é sabido, acomete homens e mulheres novos e idosos, magros e obesos, longilíneos e brevilíneos, estressados ou não, em virtude da qual busca-se incessantemente encontrar uma forma que possibilite tratar esse tipo de desarmonia associada a atitudes, erros e vícios. Com base na teoria clássica da Acupuntura tradicional acredita-se que todas as desordens que acometem o ser humano quanto ao aspecto biopsicossocial, são refletidas em pontos específicos ou na superfície da pele ou abaixo da mesma. Como a energia vital é veiculada por todo o corpo ao longo dos chamados meridianos, tem-se, por conseguinte as características classificadas do Yin e Yang. A escolha apropriada de um ou mais dos 361 pontos de Acupuntura localizados nos meridianos, os quais uma vez identificados e devidamente estimulados restauram o equilíbrio (homeostase), culminando com o retorno da saúde como um todo. Sendo assim, pretende-se verificar a efetividade do tratamento da Lombalgia, através do uso da Acupuntura, no intuito de se descobrir uma forma de aliviar-se um problema que vem atingindo um contingente cada vez maior de pessoas, muitas vezes, motivado pelos novos hábitos modernos. O objetivo deste trabalho é pesquisar o arcabouço teórico disponível sobre o mais famoso método da Medicina Tradicional Chinesa, e sua eficácia no tratamento da Lombalgia, além de outros benefícios ao ser humano. Para tanto, buscou-se em dados eletrônicos, livros específicos as respostas a esta problemática. O uso da Bibliometria possibilitou o encontro de diversos artigos relacionados ao tema pesquisado, cruzando as palavras-chave, sobre Lombalgia e Acupuntura, no período entre 2000 e 2013. A Acupuntura por nos oferecer técnicas ancestrais de terapia, tem suas origens na antiga filosofia chinesa, em que se presumem quaisquer manifestações de doenças cujos sintomas e sinais nos vislumbram um desequilíbrio das forças do Yin e Yang não somente no interior do nosso corpo como também são manifestações do universo. Ademais se constata que o universo, leia-se natureza, e os novos hábitos humanos vem ocasionando severas alterações junto ao homem em seus aspectos multidimensionais fazendo com que o sofrimento humano busque o tratamento via Acupuntura, o qual constatou-se que, tem um poder de efetividade muito grande. Palavras-Chave: Lombalgia; coluna; Acupuntura, yin; yang.
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................. 7
2 METODOLOGIA ............................................. 10
3 DOR LOMBAR NA VISÃO OCIDENTAL ...................... 11
3.1 CONCEITOS DE DOR LOMBAR ....................................................................................... 113.1.1 Da Anatomia da Coluna............................................................ 11
3.1.2 Da Flexão desta Estrutura ............................................ 13
4 DOR LOMBAR NA VISÃO OCIDENTAL ......................... 17
4.1 DA LOMBALGIA NA VISÃO ORIENTAL ................ 18
4.2 DOS CONCEITOS DE LOMBALGIA .............................. 21
4.2.1 Lombalgia do Canal de Energia Tendinomuscular
do Pangguang............................................... 22
4.2.2 Lombalgia Yang Qiao Mai.................. 23
4.2.3 Lombalgia Yang Wei.................................... 23
4.2.4 Lombalgia Yin Qiao Mai ....................................... 23
4.2.5 Lombalgia Yin Wei.................................................... 24
4.2.6 Lombalgia Du Mai................................... 24
4.2.7 Lombalgia Chong Mai........................................... 25
4.2.8 Lombalgia Shao Yang................................. 25
4.3 DOS PONTOS UTILIZADOS PARA TRATAMENTO DE DOR
LOMBAR ............................................................ 26
4.4 LOCALIZAÇÕES DOS PONTOS SISTÊMICOS SUGERIDOS
E FUNÇÕES PARA LOMBALGIA .......................................................... 29
29
4.4.2 CEP Shen (R) - Shao Yin...................... 30
4.4.3 N. M. Du Mai................................................. 31
4.4.4 CEP Wei (E) - Yang Ming........................... 31
4.4.5 CEP Na Dan (VB) - Shao Yang................................................................ 32
5 TRATAMENTOS PARA A LOMBALGIA POR ACUPUNTURA ......................34
6 CONCLUSÃO....................................................... 39
REFERÊNCIAS ................................................. 40
.............................................................
..................................................................
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.......................................................
...................................................
4.4.1 CEP Pang Guang (B) - Tai Yang........................
.....................................................................
.................................................................
7
1 INTRODUÇÃO
A Lombalgia, como é sabido, agride homens e mulheres de quaisquer
idades, estruturas corpóreas, sejam longilíneos ou brevilíneos, estejam estressados
ou não, impulsionando assim, profissionais da saúde, a buscarem incessantemente
por uma forma que possibilite tratar esse tipo de desarmonia associada a atitudes,
erros, vícios posturais e demais fatores patogênicos da vida moderna.
Com cinco mil anos de prática, a Acupuntura é uma técnica da Medicina
Tradicional Chinesa (MTC) utilizada desde 2.000 a 3.000 anos antes de Cristo. No
ocidente, a prática foi introduzida por missionários jesuítas há aproximadamente 300
anos. Porém, foi a partir de 1970 que esta passou a ser estudada, especialmente
por seus efeitos analgésicos (PARRIS & SMITH, 2003; SANTOS & MARTELETE,
2004, p. 105-106).
Esta consiste na inserção de agulhas em pontos anatômicos específicos do
corpo, com o objetivo de produzir efeito terapêutico ou analgésico (LIN, 2006, p.
231). A MTC baseia-se nas teorias do Yin-Yang e dos Cinco Elementos (LUNA,
2002, p. 337; LIN, 2006, p. 234). Segundo seus conceitos, o campo eletromagnético
da vida (Qi) no organismo flui por todos os órgãos, e a comunicação entre estes
ocorre pelos meridianos. Alterações nesse fluxo manifestariam sintoma de acúmulo
(Yang - quente, ativo) ou deficiência (Yin - frio, passivo) de energia.
Com base na teoria clássica da Acupuntura tradicional acredita-se que todas
as desordens que acometem o ser humano quanto ao aspecto biopsicossocial, são
refletidas em pontos específicos ou na superfície da pele ou abaixo da mesma.
Como a energia vital é veiculada por todo o corpo ao longo dos chamados
meridianos, tem-se, por conseguinte as características classificadas do Yin e Yang.
A escolha apropriada de um ou mais dos 361 pontos de Acupuntura localizados nos
meridianos, os quais uma vez identificados e devidamente estimulados restauram o
equilíbrio (homeostase), culminando com o retorno da saúde como um todo.
A colocação de agulhas em pontos de Yin e Yang normaliza esse
desequilíbrio (TAFFAREL, 2009, p. 2666), e sendo provavelmente a técnica médica
mais antiga que sobreviveu a diversas outras surgidas nos últimos cinquenta
séculos, baseia-se na observação dos fenômenos que regem a natureza e busca
compreender todos os princípios que a organizam (YAMAMURA, 2004, p. 142).
8
Nesta visão a medicina chinesa coloca o homem e o universo como partes
integrantes de um todo, em que um representa ou demonstra os mesmos sinais que
o outro, e sintomas tratados pela clínica.
O organismo humano é regido pelo mesmo princípio da natureza. Assim
sendo, os fatores da natureza exercem certa influência sobre as atividades
fisiológicas do ser humano. Este fato se manifesta não só na dependência como na
adaptação do homem ao seu meio ambiente. A Medicina Tradicional Chinesa
constatou essa realidade e de acordo com ela, fez a correlação entre a fisiologia dos
órgãos e tecidos e alguns fenômenos da natureza (CORDEIRO, et al., 2010, p. 62).
Materiais utilizados na Medicina Tradicional Chinesa devem ser escolhidos
após um criterioso exame realizado na avaliação inicial feita pelo acupunturista,
onde são identificadas as Deficiências, Excessos, desarmonias e patologias já
instaladas no organismo. Na revisão literária identificamos os materiais que são mais
usados no tratamento e cura da dor lombar, agulha, ventosa e moxa. Neste trabalho
realizamos o levantamento do tratamento apenas com agulhas nos meridianos
correspondentes.
A Lombalgia é definida como a dor ou desconforto que ocorre na região
inferior do dorso, localizada entre o último arco costal e a prega glútea inferior do
glúteo e pode ser acompanhada de dor que irradia para uma ou ambas as nádegas
ou para as pernas no trajeto do nervo ciático, neste estudo elegemos apenas a
inclinometria, como método quantitativo de avaliação da mobilidade da coluna
lombar.
A sintomatologia da Lombalgia mais frequente e que afeta a coluna lombar
denomina-se como qualquer dor recorrente ou crônica nessa região. São várias as
circunstâncias que contribuem para desencadeá-lo de síndromes dolorosas
lombares (MORAES et al., 2003, p. 54).
As dores lombares atingem níveis epidemiológicos na população em geral,
principalmente nos países industrializados, cuja prevalência ronda os 70%
(FERREIRA, 2009, p. 68).
A dor lombar constitui a primeira causa de limitação da atividade física antes
dos 45 anos de idade e a segunda entre os 45 e os 65 anos, corresponde à segunda
causa de consulta em clínica geral e à primeira em reumatologia, conduzindo a altos
custos no seu tratamento para o sistema de saúde e para a previdência social,
representando altos índices de afastamento e incapacidade para o trabalho. Embora
9
considerada uma patologia benigna, a limitação, ocorre muito facilmente, assim
como o desenvolvimento da cronicidade (FIGUEIREDO, 2008, p.13).
Entretanto, a efetividade da maioria destas intervenções não tem sido
convincentemente demonstrada e consequentemente, o tratamento terapêutico da
dor lombar varia amplamente.
Dado que a Lombalgia não se trata de uma patologia, mas antes um sintoma
reflexo de determinada patologia (FIGUEIREDO, 2008, p. 26), existem muitos
fatores de risco individuais psicológicos e ocupacionais envolvidos no seu
aparecimento.
Alguns fatores de risco individuais associados à condição física e saúde em
geral são recorrentemente mencionados sendo estes a idade, o sexo, o Índice de
Massa Corpórea (IMC), (excesso de peso e magreza), altura superior a 180cm no
homem e a 170cm na mulher, a capacidade de força muscular, vida sedentária,
sequelas de fratura crônica, tabagismo, gravidez, malformações ou alterações da
estática da coluna vertebral, nomeadamente as escolioses, as hipercifoses dorsais e
hiperlordoses lombares; condições socioeconômicas e a presença de outras
patologias (FIGUEIREDO, 2008, p.28). Sendo assim, foi verificada a efetividade do
tratamento da Lombalgia, através do uso da Acupuntura, com o intuito de se
descobrir uma forma de aliviar um problema que vem atingindo um contingente cada
vez maior de pessoas.
Por fim, o objetivo deste trabalho é pesquisar o arcabouço teórico disponível,
que abrange os conceitos e definições de Acupuntura, bem como os seus
benefícios, não só para o tratamento da lombalgia, mas para todo o organismo.
10
2 METODOLOGIA
Após definição da problemática, os estudos a serem consultados foram
identificados por pesquisa em bases de dados eletrônicos (Medline, Lilacs,
Scisearch) e livros específicos. Foi elaborada uma estratégia de busca específica,
cruzando palavras-chave sobre Lombalgia e Acupuntura, no período compreendido
entre 2000 e 2013.
A bibliometria estuda matematicamente a criação, utilização e distribuição de
informação registrada, além de provir diagnóstico, através de estudo quantitativo,
para suporte à tomada de decisão (TAGUE-SUTCLIFFE, 1992; PRITCHARD, 1969,
p. 348). Percebe-se que possui duas utilizações distintas, primeiro, os indicadores
de uso determinam qual a relevância dos títulos que pertencem uma biblioteca,
verificando a frequência uso e a obsolescência e segundo, avaliação de pesquisas
quanto a quantidade e produção (MEIS, 1999, p.8).
Não houve restrição de idioma. Baseado na semelhança entre os estudos às
evidências científicas da terapia Acupuntura sobre o tratamento de Lombalgias
foram agrupadas, coletadas e organizadas. Foi obtido um resultado satisfatório nas
buscas, identificando alguns estudos sobre o tema, dos quais sete foram explorados
no trabalho.
O trabalho foi produzido baseado nas normas da ABNT, de acordo com o
Manual de Trabalhos Acadêmicos da Universidade de Mogi das Cruzes – UMC.
11
3 DOR LOMBAR NA VISÃO OCIDENTAL
3.1 CONCEITOS DE DOR LOMBAR
Associação Internacional para o Controle da Dor (IASP) define dor como "uma
experiência emocional e sensorial desagradável, associada a lesões reais ou
potenciais e descrita em termos de tais lesões" (MENEZES, 2004, p. 1251). Perante
isso, fármacos são administrados com objetivo de controlar a dor em animais, como
opióides, anti-inflamatórios não esteroidais, anestésicos locais, agonistas -2 e
anestésicos dissociativos como a cetamina (FANTONI & MASTROCINQUE, 2002, p.
323).
Entretanto, apesar dos avanços da Medicina, protocolos para o controle da
dor ainda requerem estudos, especialmente em pacientes pediátricos, geriátricos,
oncológicos e diabéticos, nos quais os fármacos utilizados podem promover
sedação, depressão respiratória e distúrbios gastrointestinais (FANTONI &
MASTROCINQUE, 2002; PARRIS & SMITH, 2003, p. 108).
3.1.1 Da Anatomia Da Coluna Vertebral
O tecido conjuntivo da coluna vertebral, é um agregado de segmentos
articulares, sobrepostos e compostos por 33 vértebras (7 cervicais, 12 torácicas, 5
lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas), e também estabiliza-se mantendo o eixo
longitudinal do corpo, apresentando 4 curvaturas agitais: duas cifoses primárias
(torácicas e sacrais), e duas lordoses secundárias (cervical e lombar). A curva
cervical, dorsal e lombar em posição ereta constitui a chamada postura fisiológica e
a lordose lombar é provocada pelo esforço dos músculos eretores e da fraqueza da
musculatura abdominal (FERREIRA, 2009, p. 70). A ausência de curvaturas
implicaria uma redução de dezessete vezes a sua resistência (FIGUEIREDO, 2008,
p. 20). As vértebras possuem basicamente um corpo, um grande forame (forame
vertebral) e um processo espinhoso (um prolongamento delgado da vértebra),
sobrepõem-se umas às outras, pelas articulações posteriores entre os corpos
vertebrais e os arcos neurais, deste modo asseguram a estabilidade e flexibilidade
12
da coluna, necessárias à sustentação estática e à funcionalidade dinâmica,
mobilidade do tronco, postura, equilíbrio e suporte de peso. O corpo vertebral
encontra-se na porção anterior em relação ao eixo corporal, suporta as forças de
carga e pressão e é composto por uma estrutura óssea esponjosa, apresentando
uma placa cartilaginosa na sua porção superior e inferior. Varia de altura e de
diâmetro conforme o segmento vertebral onde se localiza (BURIGO E SILVERIO,
2010, p. 27).
Os Forames vertebrais constituem a porção interior de cada vértebra,
articulam-se no seu conjunto para formarem o canal vertebral onde se aloja e
protege a medula espinhal, um canal que segue as diferentes curvaturas da coluna,
sendo um canal largo e triangular nas partes em que a coluna possui mais liberdade
de movimento, nomeadamente nas regiões lombar e cervical e é pequeno e
arredondado na região torácica, onde os movimentos são mais limitados.
Os discos intervertebrais encontram-se ao longo de toda a coluna vertebral,
exceto entre a primeira e a segunda vértebra cervical, e são constituídos por dois
componentes básicos da estrutura do disco vertebral: o anel fibroso (parte externa) e
o núcleo pulposo (parte interna) que no seu conjunto forma uma articulação
cartilaginosa.
O núcleo pulposo é um gel que corresponde a 40-60% do disco e é composto
por 70 a 90% de água e proteoglicanos e tem a capacidade de se deformar quando
submetido à pressão, com participação nos mecanismos de absorção de choques e
distribuição de forças, equilibrando as tensões. Por seu lado, o anel fibroso é
composto por uma série de camadas de fibras de colágeno dispostas em forma de
espiral, encapsulando o núcleo pulposo. Este anel contribui para a estabilização da
coluna e funciona como um ligamento (VIEIRA, 2000; COX, 2002 apud FERREIRA,
2009, p. 72).
Vértebras e discos conectam-se pelos ligamentos, sendo os principais: o
longitudinal anterior, o inter espinhal e supra espinhal. Além dos ossos e dos discos,
toda a coluna é percorrida por uma complexa rede de músculos, tendões e
ligamentos que sustentam o corpo e, ao mesmo tempo, proporcionam força e
flexibilidade, sendo os principais músculos responsáveis pelas posturas, os
músculos flexores, os extensores, os retos abdominais, os oblíquos internos e
externos e os rotadores.
13
Os músculos são compostos por uma ampla faixa de tecido espesso, com
fibras longitudinais distribuídas em várias camadas, sendo que as fibras mais
profundas unem as vértebras adjacentes (próximas) e as superficiais estendem-se
por duas a quatro vértebras (FERREIRA, 2009, p. 74). Uma postura adequada
deverá na posição ortostática exigir um pequeno esforço da musculatura e dos
ligamentos. A posição ereta não é uma posição firme ou rígida, mas sim o resultado
de uma série de contínuos ajustes dinâmicos integrados com precisão e
devidamente graduados pela transmissão centrípeta das sensações cinestésicas
originadas nos músculos, ligamentos, tendões e aparelhos locomotores (FERREIRA,
2009, p. 73).
Com o comprometimento de qualquer destas estruturas pode levar ao quadro
de uma disfunção somática, favorecendo a instalação de um processo degenerativo
e consequente surgimento do quadro álgico na região, encontrando-se na origem a
ocupação profissional, a idade, a reação osteofitária, os espessamentos
ligamentares, as alterações das articulações interfacetárias e o encurtamento e
insuficiência muscular (BURIGO E SILVERIO, 2010, p. 36).
3.1.2 Da Flexão Desta Estrutura
Por articular-se a coluna vertebral de um modo coordenado consoante à
direção em que se mobiliza, funciona como um absorvedor passivo das pressões,
principalmente das resultantes da flexão anterior do tronco.
Quanto maior o grau de flexão anterior, inevitavelmente também será maior a
carga exercida sobre a coluna, produzida principalmente pelo peso corporal e que
mais ainda se exacerba se estiverem associadas possíveis cargas externas,
implicando um aumento da força necessária para contrapor o movimento e manter o
equilíbrio. Tal situação acarreta maiores níveis de contração muscular e compressão
dos discos intervertebrais.
Segundo Vieira (2002, p. 7), quando o indivíduo se encontra na posição de pé
o ângulo lombo sacro está próximo dos 30 graus, a força de atrito nesta articulação
é de aproximadamente 50% do peso corporal acima. No entanto, quando a flexão
aumenta e o ângulo se aproxima dos 40 graus, o atrito é de 65% do peso acima, e
em 50 graus o atrito chega a 75% do peso. O simples gesto de alcançar um objeto
no chão implica que se maximize o deslocamento do tronco em relação aos
14
membros inferiores para ampliar a capacidade de alcance dos membros superiores,
tal só é possível devido à relação cinemática entre a coluna lombar e a articulação
do quadril no plano sagital (SACCO, et al., 2006, p. 15).
Por norma associamos a este movimento a flexão dos joelhos, mas, a fim de
isolar os mecanismos que ocorrem na flexão anterior do tronco, e tal como interessa
para o estudo, passará a descrever o movimento de flexão anterior do tronco
mantendo os joelhos estendidos.
Quando se realiza o movimento de flexão anterior da coluna lombar, a pelve
permanece fixa no início do movimento para suportar a coluna, contudo com o
aumento da amplitude ocorre a retificação da lordose e por fim uma inversão desta
região, formando uma cifose. Ao longo do movimento, os músculos eretores
alongam-se em contração excêntrica, desacelerando o movimento. Adicionalmente
ocorre uma alteração na forma dos discos intervertebrais, os quais são comprimidos
anteriormente e distendidos posteriormente. O núcleo pulposo do disco desloca-se
posteriormente e os ligamentos posteriores e as fáscias musculares distendem
(VIEIRA, 2002, p. 6).
Desde o início do movimento de flexão anterior as vértebras superiores
deslizam e inclinam-se anteriormente sobre as inferiores, causando uma
compressão anterior, que é absorvida pelo anel fibroso dos discos. Na região
posterior das vértebras é produzida uma força de cisalhamento sobre as facetas
articulares, a qual é controlada pelos ligamentos, cápsula da articulação apofisária e
músculos da região posterior do tronco (HAMIL et al. apud VIEIRA, 2002, p. 6).
A flexão para diante ocorre até o ponto de inverter a lordose lombar; ela é
limitada pelos ligamentos supra-espinhosos posteriormente e pelas fibras
posteriores do ângulo fibroso, a rotação pélvica ocorre em torno das articulações dos
quadris para modificar o ângulo sacro. Os músculos eretores da espinha alongam-se
para desacelerar gradualmente a flexão para diante e contraem-se suavemente para
obter a postura lordótica ereta. A flexão para diante e a extensão obedecem
fisiologicamente ao ritmo lombo-pélvico e devem obedecer à direção comandada
pelas articulações das facetas (RIBEIRO, et al., 2008, p. 22).
Pacientes com Lombalgia muitas das vezes deparam-se com grandes
dificuldades e em casos mais extremos até mesmo impossibilitados para realizarem
as suas atividades diárias, tanto as de natureza pessoal quanto as ocupacionais, por
necessitarem de realizar frequentemente o movimento de flexão anterior da coluna.
15
E como a incapacidade dos doentes portadores de Lombalgia é
desproporcional à disfunção, tendo os mesmos medo de que a movimentação cause
maiores lesões, ou seja, o medo do movimento (cinesiofobia) é um importante fator
na disfunção persistente, crônica e recorrente. Porém, este medo sentido pelos
pacientes tem uma justificação biológica.
A contribuição da articulação do quadril na flexão do tronco é de
aproximadamente 70 a 90 graus e da coluna lombar, na mesma direção, é de
aproximadamente 40 a 45 graus. No ritmo lombo-pélvico, nos primeiros 30 graus a
coluna lombar participa com dois de cada três graus e, a partir dessa angulação,
inverte-se a proporção, sendo o quadril o maior responsável pelo movimento (na
razão de 2:1). No entanto, alguns autores ainda sugerem que não existem
proporções muito específicas para o ritmo lombo-pélvico, como ocorre no ritmo
escapulo-umeral.
Embora várias estratégias sejam possíveis, usualmente o movimento inicia-se
com predominância da coluna lombar e gradativamente essa predominância passa a
ser do quadril (SACCO, et al., 2006, p. 15-16).
Coluna lombar pode ser avaliada pela amplitude de movimento da flexão
anterior do tronco e, desse modo, permitir a análise funcional quantitativa do
movimento das diferentes regiões da coluna vertebral. A amplitude de movimento de
flexão anterior do tronco pode ser avaliada pela observação do individuo com o
tronco totalmente flexionado anteriormente, utilizando um goniômetro ou pelo
método de Schober, tornando assim a análise funcional quantitativa do movimento
da coluna lombar, uma forma mais objetiva de avaliação (EMILIANI et al., 2002, p.
95).
No teste de Schober, o profissional de saúde deve localizar a margem inferior
da espinha ilíaca póstero-superior e realizar um traço horizontal na linha média entre
essas duas estruturas. O avaliador segura a ponta de uma fita métrica firmemente
contra a pele do paciente sobre o traçado marcado e marca uma linha, 15 cm acima
da marca inicial. Em seguida, solicita-se ao paciente a flexão anterior do tronco sem
aumento da dor. É marcada uma nova medida entre as marcas inferior e superior. A
diferença entre a distância inicial (entre as duas marcas sobre a pele na posição
neutra) e a nova medida, na posição flexionada indica a mobilidade da coluna
lombar em centímetros, com precisão de milímetros (MACEDO et al., 2005, p. 22-
27).
16
Esse método é utilizado frequentemente para medir a flexão anterior da
coluna lombar, permitindo uma análise quantitativa e mais objetiva do movimento
(EMILIANI E TANAKA, apud BRIGANO et al., 2005, p. 75). O teste de Schober
poderia ser comprometido, por estar incluído pacientes que eventualmente já
tenham sido submetidos a cirurgia de fixação da coluna lombar, por outro, o
movimento de flexão anterior do tronco implica também o recurso à flexão da região
do quadril.
17
4 DOR LOMBAR NA VISÃO ORIENTAL
Uma das obras mais antigas que se tem conhecimento em relação a Medicina
Tradicional Chinesa o qual apresenta uma visão de Cinco Elementos, visto que
utilizamos em anamnese este diagnóstico, vem do IMPERADOR AMARELO, o que
segue: “O Vento oeste sopra no Outono; a sua doença localiza-se nos Pulmões e
verificam-se perturbações nos ombros e nas costas. O vento norte sopra no Inverno;
a sua doença localiza-se nos Rins e verificam-se perturbações nos lombos (área
lombar) e nas coxas.
No centro fica a Terra; a sua doença localiza-se no Baço e verificam-se
perturbações na espinha. Assim, a doença resultante da atmosfera da Primavera
localiza-se na cabeça; a doença resultante da atmosfera do Verão localiza-se nas
vísceras; a doença resultante da atmosfera do Outono localiza-se nos ombros e nas
costas; e a doença resultante da atmosfera do Inverno localiza-se nos quatro
membros do corpo (Imperador Amarelo)”.
Dessa forma, métodos complementares, como a Acupuntura, estão sendo
cada vez mais utilizados para o tratamento da dor (PARRIS & SMITH, 2003, p. 116).
A Acupuntura é um conjunto de conhecimentos teórico-empíricos da Medicina
Chinesa Tradicional que visa à terapia e a cura das doenças através da aplicação
das agulhas e de moxas, além de outras técnicas (WEN, 2005, p. 9).
Os estímulos de natureza YANG, que se caracterizam por dor aguda,
superficial e violenta com sensação de pontada e agulhada, tendem a aumentar a
polaridade positiva na parte externa das terminações nervosas livres, concentrando
uma maior quantidade de íons Na+. Esta maior concentração iônica faz com que os
íons Na+ penetrem no interior das terminações nervosas livres, forçando a saída de
íons K+. Essa troca iônica vai ocorrendo ao longo do trajeto do nervo, constituindo a
condução do estímulo doloroso, que vai para a medula espinal e para a área
somestésica correspondente, onde a sensação dolorosa é percebida. Os estímulos
de natureza YIN tendem a aumentar a polaridade negativa da região e da parede
interna das terminações nervosas livres, de tal maneira que invertem a polaridade
das mesmas, originando o estímulo, que é conduzido pelas fibras do tipo C, fibras de
condução mais lenta, excitados pelos estímulos de natureza YANG, e resultando em
18
dor do tipo insidiosa, profunda, com sensação de frio, de peso e de incômodo
(YAMAMURA, 2004, p. 627).
Em estudos realizados por Witzmann (2000, p. 286-294), o tratamento para
dor crônica de coluna é predominantemente não cirúrgico. Há três principais
procedimentos neste tipo de tratamento: a medicina manual, a aplicação terapêutica
local de anestésicos e a Acupuntura. Os autores concluem que, mesmo sendo a
última escolha entre os tratamentos, em qualquer caso, a Acupuntura não apenas
alivia a dor, mas também harmoniza os distúrbios físicos e psicológicos.
Da Universidade de Medicina Oriental Meiji, Watanabe (2005), diz que em
Lombalgias não somente as patologias são observadas, mas também a desarmonia
com corpo e a Estagnação do Qi. Para esse propósito, além dos diagnósticos
baseados na moderna medicina ocidental, também são utilizados métodos
diagnósticos da medicina oriental.
Relata Manheimer et al., (2005, p. 651-663), que com a anamnese os pontos
de tratamento são decididos e, então, a Acupuntura e a Moxabustão são realizadas.
Caso os meridianos e pontos reativos a Estagnação do Qi venham prejudicar a
habilidade de cura natural e não somente a Lombalgia, outros sintomas como
constipação podem desaparecer com uso de tal tratamento. O autor atribui o
resultado a uma harmonização do corpo e melhora dos sintomas constitucionais.
Já Kerr et al., (2003, p. 21-27), através do estudo comparativo da terapia
Acupuntura com uso de corrente transcutânea (TENS), acabam avaliando a eficácia
da terapia Acupuntura de uma forma indireta.
4.1 DA LOMBALGIA NA VISÃO ORIENTAL
A Lombalgia, na ciência oriental, é atribuída ao clima Frio e Úmido. O início
dos sintomas pode ser insidioso, indicando que o Frio é Interior. Na Lombalgia,
sendo de caráter a Síndrome de Frio, constata-se na avaliação oriental, a presença
de alguns sintomas, como o paciente não apresentando sede, nem vontade de
ingerir líquidos, palidez facial, camada superficial da língua (saburra), lisa e
esbranquiçada e pulso mais lento. Em relação ao diagnóstico para detectar o
Excesso ou a Deficiência dos elementos, são encontradas as características de
Deficiência, pois indica fraqueza do organismo e de seu sistema de defesa,
19
decorrente de alguma doença prolongada, e o Excesso, por sua vez, indica que há
reação vigorosa do organismo no decorrer da doença. As síndromes de Deficiência
e Excesso também indicam o tempo da doença, crônica e aguda, respectivamente
(SILVA et al., 2005, p. 39).
A dor é um dos sintomas subjetivos mais frequentes na prática clínica, pode
ocorrer em qualquer parte do corpo humano. É causada pelo Excesso, por exemplo,
por uma agressão dos fatores patogênicos exógenos, pela Estagnação de Energia,
pela Estase de Sangue, pelo acúmulo de parasitas ou pela estagnação de alimentos
que obstruem os Canais de Energia e os Colaterais, fazendo com que a Energia e o
Sangue não circulem normalmente, ou seja, a obstrução causa a dor. A dor pode
também ser causada pela Deficiência, ou seja, pela insuficiência de Energia e de
Sangue, ou à perda da Essência, estando mal nutridos também aparece a dor.
Como qualquer parte do corpo humano, está ligado energeticamente a determinado
órgão interno e a localização da dor são muito úteis para determinar o órgão interno
afetado (YAMAMURA, 2004, p. 560-563).
Considerando toda a coluna vertebral e dependendo do Shen Qi, cuja
tradução é Energia dos Rins, quando existe uma Deficiência de Qi, surge a condição
básica para que haja alterações energéticas, funcionais e orgânicas na região
(YAMAMURA, 2004, p.115; INADA, 2006, p.75).
O Rim controla os ossos, assim a Deficiência de Essência do Rim que surge
com o passar das decadas, excesso de trabalho com posturas inadequadas, má
alimentação, alterações hormonais decorrentes de síndrome de menopausa, etc.,
determina em grande parte da população o aparecimento precoce do processo
degenerativo das articulações, e também o surgimento de outras patologias como
osteopenia, osteoporose e espondiloses (INADA, 2006, p.223).
A Deficiência de Essência do Rim provoca também a degeneração da
estrutura óssea do corpo vertebral, bem como das articulações facetarias. Segundo
a MTC o Rim controla a água e com a Deficiência de Essência, os discos
intervertebrais sofrem desidratação e como consequência os espaços intervertebrais
diminuem e os foramens também diminuem aproximando assim os corpos vertebrais
(INADA, 2006, p.224).
Quando o anel fibroso do disco intervertebral é rompido acontece a liberação
do liquido pulposo causando a herniação provocando uma irritação nas terminações
nervosas ali existentes resultando em dor, e com o efeito compressivo mecânico
20
sobre as raízes nervosas torna o local edemaciado e inflamado, que aumenta ainda
mais a compressão e a dor. A falta de Essência do Rim leva à deficiência de energia
circulante no canal de energia principal do Rim e da Bexiga, bem como, a deficiência
de energia de defesa nos Canais Tendinos musculares do Rim e da Bexiga (INADA,
2006, p.223-225).
A lógica dessa teoria segundo Inada (2006, p.226-228) e Yamamura (2004,
p.570), apoia-se na distribuição dos trajetos dos Canais de Energia nas costas. O
Canal Principal de Energia é o da Bexiga que se origina no ângulo interno do olho e
o seu trajeto ocupa toda a parte posterior do corpo, como, pescoço, dorso, lombo,
sacro, membros inferiores e termina no quinto pododáctilo. O canal Luo longitudinal
da Bexiga, bem como o Tendino muscular da Bexiga tem os seus trajetos e
ramificações distribuídas nas costas.
A MTC diz que a dor é compreendida como consequência da interrupção de
processos biológicos. A normalidade desses processos depende das duas
substâncias Qi e Xue, fundamentais para as operações do organismo. A dor sinaliza
a sua disfunção, uma das características básicas é fluir, estar em movimento,
quando fluem livremente, não há dor. Quando sofrem interrupção, seja por causa de
deficiência das funções orgânicas que garantem o movimento de Qi e Xue, ou
devido à presença de fatores patogênicos operantes, manifesta-se a dor
(DOUGLAS, 1999; MENG, 1979).
A Lombalgia apresenta-se como uma síndrome de Deficiência de Yin e então
há excesso de Yang. A síndrome de Yin-Yang é a que incorpora em si todas as
outras classificações, isso porque a síndrome Yin corresponde às síndromes
profundas de Deficiência e Frio, enquanto que a síndrome de Yang compreende as
síndromes Superficiais de Excesso e Calor. Um episódio de dor lombar aguda pode
se tornar crônica, resultando em rigidez além da dor com a debilidade crônica da
energia do Rim tendendo a produzir dor crônica, especialmente na velhice (SILVA et
al., 2005, p. 29).
Sensação de dor é diferente, devido à Estagnação de Qi ou a Estase de Xue,
a Estagnação de Qi provoca sensação de distensão ou de traumatismo, que varia no
tempo e intensidade devido à localização. Geralmente a comorbidade de alterações
emocionais importantes, no que diz respeito à Estase de Xue, por outro lado, se
caracteriza por uma sensação de tumefação dolorosa, ou dor aguda, em pontada,
cortante, com localização bem definida.
21
Mas o fluxo de Qi e Xue também pode estar inibindo e causando a
deficiência de cada uma ou das duas substâncias. Neste, a dor não é intensa como
a do Excesso, mas é continuada e duradoura. Mas a dor que piora, depois de
repouso e melhora depois de exercício leve é devido à Deficiência simultânea de Qi
e de Xue, porque durante o repouso ou a imobilidade não há Qi e Xue suficientes
para circular, enquanto o movimento em si mesmo promove a movimentação de Qi e
Xue, trazendo alívio para esse tipo de dor. Quando é devido à Deficiência do Qi, a
dor é pior no final do dia, ou depois de atividade intensa, porque o uso consumiu o
Qi, tornando-o ainda mais deficiente. A dor decorrente de Deficiência do Sangue
tende a ser pior à noite (MENG, 1979).
A natureza nos deu a grande chance de armazenar os excedentes de energia
dos canais principais nos Vasos Maravilhosos, como silos que guardam as colheitas
abundantes para usufruirmos durante a escassez, assim seu principal papel é
reforçar a conexão entre os Canais Principais para regular o fluxo de Qi e Sangue, o
excesso dos mesmos flui para os oito Vasos Maravilhosos, onde é estocado para
ser redistribuído em caso de uma Deficiência nos Canais Principais. Os Vasos
Maravilhosos Du Mai (Vaso-Governador), Chong Mai (Vaso-Penetrador) e Ren Mai
(Vaso-Concepção), além de originar-se no Rim, também têm os seus trajetos que
passam pela coluna vertebral e são de grande interesse para o tratamento de dores
nas costas (INADA, 2006, p.225).
4.2 DOS CONCEITOS DA LOMBALGIA
A Lombalgia do tipo de Plenitude (Excesso) é causada pela obstrução do
Canal de Energia devido ao Vento, Frio e Umidade ou à Estagnação de Sangue. A
Lombalgia de tipo Deficiência deve-se à insuficiência da Essência dos Rins, à perda
de Yang que não aquece e nem nutre (YAMAMURA, 1993, p.578).
Quando a Umidade-Frio se acumula no corpo, por longo período, ou em
pessoas com Yang em excesso, a Umidade-Frio pode se transformar em Umidade-
Calor, obstruindo os Canais, causando Estagnação do Qi e Sangue, causando
lombalgia (PEILIN, 2008, p.237).
As distensões e as contusões lombares prejudicam a circulação de Energia e
de Sangue ocasionando a Estagnação de Sangue que conduz à desarmonia dos
22
Canais e dos Colaterais promovendo a dor lombar. O excesso de ato sexual
prejudica o Qi dos Rins, consumindo a Essência e levando à fraqueza dos Rins, o
que causa a dor lombar (YAMAMURA, 2001, p.578).
Yamamura, (2001, p.815-821) diz que a Lombalgia Shao Yin é descrita pela
presença de dor da região lombar apresentada pela Deficiência do Shen Qi (Rins),
uma vez que o Shen Qi é que governa a coluna vertebral, principalmente a região
lombar. O Shen Qi mantém relação Interior/Exterior com o Pangguang (Bexiga), por
isso, o vazio de Shen Qi leva ao vazio de Pangguang Qi e, consequentemente de
seu Canal de Energia; pode se instalar bloqueando a circulação de Qi na região
lombar.
É profunda e referida ao longo da parte anterior da coluna vertebral. A dor é
no início insidioso, de pouca duração, latente ou referida como uma sensação de
incômodo e mal-estar. Piora com fadigas, esforços físicos, mental e ou sexual e
associa-se com sintomas clínicos de vazio de Shen Qi, como cansaço, falta de
vontade, desânimo, depressão, falta de força, insegurança ou impotência sexual.
O consumo excessivo de alimentos doces, gordurosos e derivados de leite
pode acometer o Baço e Estômago prejudicando a função de digestão, transporte e
levando a geração de Umidade-Calor no corpo. O consumo excessivo de alimentos
picantes, café ou álcool pode formar Calor por excesso, agravando o acúmulo de
Umidade-Calor (PEILIN, 2008, p.237).
4.2.1 Lombalgia do Canal de Energia Tendinomuscular do Pangguang
Conforme Yamamura, (2001, p.816), a alteração do Qi do Canal de Energia
seja por Vazio ou Plenitude ou pela presença de energias perversas, pode provocar
dor lombar, cuja característica é de se irradiar para o ombro, acompanhando o
trajeto do Canal de Energia Tendinomuscular do Pangguang, e está associada à
manifestação de incontinência urinária e de distúrbios visuais, principalmente visão
turva. No caso de acometer os Canais do Shen (Rins) e do Pangguang (Bexiga)
pode provocar além da dor lombar também a sensação de “aperto” na cintura e de
região lombar “quebrada”.
23
4.2.2 Lombalgia Yang Qiao Mai
O sintoma essencial do acometimento do Yang Qiao Mai é a insônia.
Também provoca Lombalgia com pequenas áreas com edema muito doloridas e
contraídas (SU WEN apud INADA, 2006, p. 186). Pode apresentar espasmos
musculares na face externa da coxa e da perna, enquanto os músculos da face
interna do mesmo membro podem estar flácidos e o paciente tem dificuldade em se
levantar. Ocorrem situações em que há rigidez na região dorsal e lombar (INADA,
2006, p. 187).
Os pontos a serem abordados no tratamento são: B62 (Shenmai) – acuponto
de abertura; ID3 (Houxi) – acuponto acoplado; B67 (Zhiyin) – acuponto de
tonificação da Bexiga; B61 (Pushen) – acuponto de encontro do Canal Principal da
Bexiga com o Vaso Extraordinário Yang Qiao Mai; B59 (Fuyon) – acuponto de
acúmulo (Xi).
4.2.3 Lombalgia Yang Wei
A maioria dos textos não relaciona a Lombalgia com o acometimento do Yang
Wei Mai. Entretanto, quando este Vaso Extraordinário é acometido por energias
perversas, de característica Yang, surge a Estagnação de Qi e Sangue que se
ocorrer na região lombar, causará edema, contratura muscular acompanhada de
muita dor. Também aparece cansaço, distensão muscular e dor na face lateral da
coxa e perna, acompanhada de alternância de febre com calafrios (SU WEN apud
INADA, 2006, p.188).
Os pontos a serem abordados no tratamento são: TA5 (Waiguan) – acuponto
de abertura; VB41 (Zulinqi) – acuponto acoplado; B63 (Jinmen) – acuponto de
origem; VB35 (Yanjiao) – acuponto de acúmulo; B67 (Zhiyin) – acuponto de
tonificação da Bexiga; R7 (Fuliu) - acuponto de tonificação do Rim; VB43 (Xiaxi) –
acuponto de tonificação da Vesícula Biliar.
4.2.4 Lombalgia Yin Qiao Mai
O sintoma essencial do acometimento do Yin Qiao Mai é a sonolência,
causada pela plenitude de Yin no Yin Qiao Mai. Ocorre Estagnação de Qi e Sangue.
24
Neste tipo de Lombalgia a dor irradia para genitália externa e também pode atingir o
pescoço; em situações mais graves o corpo fica inclinado para trás. Pode estar
presente fraqueza muscular da face externa da coxa e da perna e espasmo
muscular da face interna da coxa e da perna (INADA, 2006, p. 190).
Conforme Inada (2006, p. 190) e Yamamura (2001, p. 816), a Lombalgia da
Síndrome Yin Qiao Mai, tem correlação com as doenças dos órgãos internos
(diabetes, hipertensão arterial, etc.) e com o decorrer da evolução podem levar
quadros de dores do sistema musculoesqueléticos. O paciente com afecção do Yin
Qiao Mai, durante a marcha, assume ou tende assumir postura em flexão,
denotando o acometimento desse Canal de Energia Curioso.
4.2.5 Lombalgia Yin Wei
Segundo Inada (2006, p.192) e Yamamura, (2001, p.818), a Lombalgia Yin
Wei é consequente ao acontecimento do Canal de Energia Curioso Yin Wei por
Energia Perversa que se instala na região lombar. Além da dor lombar, essa forma
de Lombalgia manifesta-se por precordialgia e alterações de humor. O paciente
torna-se furioso, emite gemido e apresenta distúrbios emocionais como: angústia,
ansiedade, palpitações e sufocação.
Os pontos a serem abordados no tratamento são (INADA, 2006, p. 195): CS6
(Neiguan) – acuponto de abertura; BP4 (Gongsun) – acuponto acoplado; R9
(Zhubin) – acuponto de acúmulo.
4.2.6 Lombalgia Du Mai
Yamamura, (2001, p.820) cita que a Lombalgia Du Mai deve-se a uma
obstrução da circulação de Qi do Canal de Energia Curioso Du Mai, na coluna
vertebral da região lombar, pelo acometimento das Energias Perversas. Caracteriza-
se pela presença de dor lombar e rigidez muscular de toda a coluna vertebral.
Geralmente está associada a febre, incontinência urinária, sensação de peso na
cabeça, vertigens e desordens mentais. O canal de Energia Luo Longitudinal do Du
Mai caracteriza-se por contratura dos músculos paravertebrais que se inicia na
região sacra e se irradia ao longo da coluna vertebral até altura do ponto VG16,
portanto, a dor pode irradiar-se para a nuca e região supraclavicular.
25
4.2.7 Lombalgia Chong Mai
A Lombalgia causada pelo acometimento do Chong Mai caracteriza-se pelo
aparecimento de dor lombar “em barra” ao nível da vértebra L4 (VAN NGHI et al.
apud INADA, 2006). Também podem acompanhar dor e distensão abdominal, dor no
tórax e dismenorréia (INADA, 2006, p. 196).
A Lombalgia com irradiação para o membro inferior manifesta-se no
acometimento do Canal de Energia Principal, Tai Yang do Pé (Bexiga), Shao Yang
do Pé (Vesícula Biliar) e Yang Ming do Pé (Estômago), por Energias Perversas, e
conforme o Canal de Energia Principal afetado se manifestarão com sintomas
específicos (YAMAMURA, 2004, p.822-823).
Recomenda-se a utilização dos acupontos de abertura e acoplado do Chong
Mai em casos de discopatia (protusão e hérnia discal) (AUTEROCHE apud INADA,
2006, p. 196).
Os pontos a serem abordados no tratamento são: BP4 (Gongsun) – acuponto
de abertura; CS6 (Neiguan) – acuponto acoplado; B23 (Shenshu), VG4 (Mingmen),
VG3 (Yaoyangquan) – acupontos locais; R7 (Fuliu) – acuponto de tonificação do
Rim.
4.2.8 Lombalgia Shao Yang
No entanto, a Lombalgia Shao Yang, diferente da Tai Yang, manifesta-se por
lombossacralgia de forte intensidade e aparecimento súbito e agudo, com irradiação
para o quadril, região trocantérica, para a face lateral da coxa, do joelho, da perna,
para o maléolo lateral e 4°dedo do pé, seguindo essa irradiação pelo trajeto do canal
de Energia Principal da Vesícula Biliar; deve-se por acometimento por Energias
Perversas Calor, Frio ou Umidade e está geralmente associada à plenitude do Yang
do Fígado (irritabilidade, nervosismo, etc.). A dor manifesta-se por sensação de
picada de agulha e o paciente tem dificuldade para fletir ou estender a região lombar
(MACIOCIA, 2007, p. 869-871).
26
4.3 DOS PONTOS UTILIZADOS PARA TRATAMENTO
Os pontos locais estão situados na região da doença. Pelo conceito de ponto
doloroso local (tender point), entendemos que todo o ponto doloroso e sensível a
palpação e pressão pode ser considerado um ponto local de Acupuntura. Por outro
lado, se estudarmos os mapas de pontos gatilho miofasciais, veremos que 71%
deles correspondem aos pontos mapeados pela Acupuntura e, se estiverem ativos
estarão indicados no tratamento (HARRES, 2008).
A Medicina Tradicional Chinesa vê a dor que resulta de condição de Excesso
ou Deficiência de Qi ou Sangue. A estimulação e os pontos proximais, locais e
distais restauram o equilíbrio e normalizam a causa da dor. Um dos princípios
envolve escolher pontos proximais e distais à área afetada. Contudo, protocolos já
estudados podem ser úteis para a melhor escolha dos acupontos (KLIDE &
GAYNOR, 2006, p.289).
(IG14) BINAO localiza-se na tuberosidade deltóidea, onde se insere a parte
acrômial do músculo deltoide, a uma profundidade de um cm. Ele é indicado para
dores na região do ombro e antebraço.
(IG11) QUCHI é um ponto de tonificação e sua localização se dá com o
cotovelo levemente dobrado, no meio, entre o final da dobra do cotovelo e o
epicôndilo lateral do úmero, na origem do músculo extensor carporradial e
profundamente na inserção do tendão do músculo braquial, em uma profundidade
de 1 a 2cm.
(IG4) HEGU localiza-se na extremidade medial do primeiro metacarpiano, no
meio da dobra de pele, após a abdução do primeiro metacarpiano. Ele é aplicado
diagonal e distalmente a uma profundidade de 0,2 a 0,5cm e indicado para
tratamento do membro anterior, de dores de dente e de mandíbula e dor funcional
do olho. Além disso, ele é indicado em conjunto com IG10 e IG11 para tratamento
de osteocondrite do membro anterior e como analgésico em conjunto com os pontos
E36 e BP6 (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p. 143). Koo et al. (2008, p. 11)
utilizaram esse ponto associado ao ID6 com sucesso para analgesia. Também
Almeida et al. (2008) verificaram que esse acuponto, quando associado ao BP6,
reduz o consumo do anestésico isofluorano.
27
(TA8) SAN YANG LUO localiza-se no quarto inferior do antebraço, cerca de 3
a 4 cun de dedo, proximal à dobra dorsal do carpo em uma linha imaginária no meio
desta dobra e do epicôndilo lateral do úmero, na passagem do músculo-tendão do
músculo extensor digital comum e extensor digital lateral . O agulhamento se faz
perpendicular à pele, a uma profundidade de 1 a 2cm.
(ID6) YANG LAO localiza-se dorsalmente entre o osso carpo-ulnar e o
processo estiloide lateral a uma profundidade de 0,5 a 1cm.
(B40) WEIZHONG situa-se exatamente no meio da dobra da articulação
fêmuro-tibio-patelar, entre o epicôndilo medial e lateral do fêmur. Sua profundidade
varia de 1 a 6cm, de acordo com o tamanho do paciente. Ele é indicado em dores na
perna ou dores no joelho.
(B60) KUNLUN localiza-se entre a tuberosidade calcânea e o maléolo lateral,
a uma profundidade de 2 a 5mm. Ele é indicado em casos de dor no calcanhar, dor
no pé, dor no tornozelo, dor lombar, dor de cabeça, sangramento nasal, contração
das costas e ombro, dor torácica. Tonteira visual, epilepsia, loucura, dispneia, tosse
e malária. (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p.254), paralisia de membro
pélvico e retenção de placenta (HWANG & LIMEHOUSE, 2006, p. 130). Quando
associado ao B37, B40 e B54, é utilizado em paraplegias traumáticas
(DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p.254).
(VB30) HUANTIAO encontra-se caudodorsal ao trocânter maior, em
aprofundamento atrás da articulação coxofemoral, a uma profundidade de 1 a 2cm.
Ele é indicado em paralisia de membros inferiores, parestesia de membros
inferiores, paralisia infantil, afecções da articulação do quadril e das partes moles
adjacentes, hemiplegia, reumatismo no quadril, reumatismo devido ao frio, bursite
trocantérica. (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, 254; HWANG & LIMEHOUSE,
2006, p.131). ZHANG et al. (2007, p. 15-16) verificaram que a eletroestimulação
desse acuponto promoveu efeito analgésico. Além disso, WANG et al. (2006, p.46)
demonstraram que o estímulo por eletroacupuntura dos pontos VB30 e VB34 foi
capaz de modular a atividade dos receptores do tipo n-metil-d-aspartato (NMDA).
(VB34) YANGLINGQUAN está localizado em um aprofundamento ventro-
caudal da cabeça fibular, na profundidade de 1 a 4cm. Ele é indicado em hemiplegia,
fraqueza, dormência e dores nos membros inferiores, gosto amargo na boca,
icterícia, vômitos, dor no hipocôndrio e convulsões infantis. (DRAEHMPAHEL &
ZOHMANN, 1997, p.254), paresia e paralisia de membro pélvico e doença de disco
28
toracolombar (HWANG & LIMEHOUSE, 2006, p.122-146). Segundo Wang et al.
(2006, p. 48), a eletroestimulação desse acuponto associado aos pontos VB36 e
TA8 foi capaz de reduzir a dose necessária de morfina para analgesia pós-
operatória de pacientes submetidos à toracotomia.
(VB36) WAIQIU encontra-se no meio de uma linha imaginária entre o maléolo
lateral e a cabeça fibular, diretamente na extremidade anterior da fíbula. Para
localizar o WAIQIU, posiciona-se a agulha perpendicular à pele em uma
profundidade de 1 a 2cm. Ele é indicado especialmente em doenças agudas, em
dores na nuca e na região hipocondríaca e na síndrome cervical. No homem
promove analgesia nas cólicas da vesícula biliar (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN,
1997, p. 254).
(BP6) SANYINJIAO localiza-se atrás da extremidade medial da tíbia, na altura
de uma linha vertical da tuberosidade calcânea, a uma profundidade de 1 a 2cm, de
acordo com o tamanho do paciente, perpendicular à pele. Ele é indicado para dores
abdominais, diarréia, ponto mestre em disfunções urogenitais, incontinência,
dismenorréia (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p. 254), analgesia para cirurgia
abdominal, dentre outras indicações (HWANG & LIMEHOUSE, 2006, p.122-146).
Jeong & Nam (2003, p. 146) verificaram que o estímulo dos pontos BP6, IG4, E36 e
TA8, indicando assim um possível efeito analgésico.
(E36) ZUSANLI localiza-se em um aprofundamento lateral à tuberosidade
tibial, na base do músculo tibial cranial, a uma profundidade de 0,5 a 2cm. Para
analgesia, pode associá-lo ao BP 6 e IG 4 (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p.
254). Cassu et al. (2008, p.52-61) associaram esse ponto ao VG34 e verificaram sua
eficácia para analgesia cutânea do tórax e abdome. Esses autores relataram que,
em 33% dos pacientes tratados, não foi necessário uso de outra técnica analgésica
durante a cirurgia. Lin et al. (2002, p. 233) observaram redução no consumo de
morfina no pós-operatório de pacientes submetidos à cirurgia abdominal e tratados
com eletroacupuntura nesse acuponto. Pignaton et al. (2007, p.331) observaram que
a eletroestimulação dos acupontos E36 e VB34 proporcionou redução no consumo
de isofluorano e melhorou a estabilidade cardiorrespiratória, quando comparada com
a morfina.
(VB41) ZULINQI está localizado entre o quarto e o quinto metatarsiano, na
extremidade lateral do tendão distal do músculo extensor digital longo, dorsolateral
29
sobre a articulação tíbio-társica, a uma profundidade de 1 cm perpendicular à pele,
ao lado do tendão (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997, p.254).
4.4 LOCALIZAÇÕES DOS PONTOS SISTÊMICOS SUGERIDOS E
FUNÇÕES PARA LOMBALGIA
4.4.1 CEP Pang Guang (B) Tai Yang.
Funções do Canal relação com todo dorso, da região cervical a sacro
coccígea - olhos, cabeça, fronte, alterações urinarias, particularmente vesicais e com
a mente. Fu armazena temporariamente os líquidos para serem excretados. Pontos
Shu (assentimento) relaciona-se com todos os órgãos e vísceras.
De acordo com Fukushima (2007, p. 28), estes são os melhores pontos para
tratar deficiências crônicas. Canal Lateral trata emoções e órgãos dos sentidos.
(B10) Tian Zhu – na nuca, lateralmente à borda lateral do musculo trapézio,
1,3 cun lateral ao ponto médio da linha posterior de inserção do cabelo. É ponto
distante para os casos de dor lombar. Relaxa os músculos, tendões e fortalece as
costas.
(B25) Da Chang Shu – na região lombar, abaixo do processo espinhoso da 4ª
vértebra lombar, 1,5 cun lateral à linha média posterior. Regula o fluxo livre do Qi,
fortalece a região lombar.
(B26) Guan Yun Shu - na região lombar, abaixo do processo espinhoso da 5ª
vértebra lombar, 1,5 cun lateral à linha média posterior. Indicado para queixas no
trajeto do meridiano.
(B27) Xiao Chang Shu - no sacro, ao nível do 1º forame sacral posterior, 1,5
cun lateral à crista sacral mediana. Indicado para queixas no trajeto do meridiano.
(B28) Pang Guang Shu – no sacro, ao nível do 2º forame sacral posterior, 1,5
cun lateral à crista sacral mediana. Dissipa a Umidade e fortalece a região lombar.
(B29)Zhong Lu Shu – no sacro, ao nível do 3º forame sacral posterior, 1,5 cun
lateral à crista sacral mediana. Indicado para queixas no trajeto do meridiano.
(B30) Bai Huan Shu – no sacro, ao nível do 4º forame sacral posterior, 1,5 cun
lateral à crista sacral mediana. Indicado para queixas no trajeto do meridiano.
30
(B31) Shang Liao – no sacro, no ponto médio da distância entre a espinha
ilíaca póstero-superior e a linha média posterior, sobre o 1º orifício posterior sacral.
Regula o Aquecedor Inferior, fortalece o Rim e o Jing essencial, fortalece as regiões
lombar e sacral.
(B51) Huang Men – na região lombar, abaixo do processo espinhoso da 1ª
vértebra lombar, 3 cun lateral à linha média posterior. Indicado para queixas no
trajeto do meridiano.
(B52) Zhi Shi – na região lombar, abaixo do processo espinhoso da 2ª
vértebra lombar, 3 cun lateral à linha média posterior. Indicado para queixas no
trajeto do meridiano.
(B57) Cheng Shan - na linha média posterior da perna, na metade da
distância entre Whei Zong (B40) e Kun Lum (B60), no ponto médio da inserção do
ventre do músculo gastrocnêmio em seu tendão. Relaxa os músculos e tendões,
torna os meridianos fluentes, fortalece a região lombar.
(B58) Fei Yang - no aspecto póstero-lateral da perna, sobre a linha vertical
que passa por B60, 7 cun proximal a B60 e 1 cun lateral e inferior à B57. Dissipa
Calor, Vento e Umidade. Indicado nos casos de dores e Lombalgia isquiática.
(B59) Fu Yang - no aspecto póstero-lateral da perna, sobre a linha vertical
que passa por B60, 3 cun proximal a B60. Indicado para queixas no trajeto do
meridiano.
(B60) Kun Lun – posterior ao maléolo lateral, no meio da distância entre o
ápice do maléolo externo e o tendão de Aquiles. Fortalece o Rim, relaxa os
músculos e tendões, fortalece a lombar e joelho.
(B62) Shen Mai - no aspecto lateral do pé, imediatamente distal ao maléolo
externo. Relaxa os tendões e músculos, indicado para queixas de mobilidade ao
longo do meridiano, membros inferiores e lombar.
(B67) Zhi Yin - no aspecto lateral da falange distal do dedo mínimo, 0,1 cun
do ângulo. (FUKUSHIMA, 2007, p.28).
4.4.2 CEP Shen (R) – Shao Yin
Segundo Maciocia (2007, p. 966), o Canal relaciona-se com o sistema
urogenital, energia geral, tecidos nervosos e ósseos, respiração e audição,
particularmente com a coluna lombar e garganta e disfunções no seu trajeto. As
31
funções do Zang armazenam a Essência regulando a manutenção do tônus vital,
crescimento e desenvolvimento, produz medula (óssea e nervosa), recebe o Qi do
ar, domina o metabolismo da água, abre-se nos ouvidos, manifesta-se nos cabelos e
controla os orifícios.
(R3) Tai Xi - no aspecto medial do pé, posterior ao maléolo medial, na
depressão situada na metade da distância entre o ponto mais proeminente do
maléolo e o tendão de Aquiles. Tonifica o Rim, nutre o Yin, estabiliza o Qi do Rim,
protege o Jing essencial, fortalece a região lombar e joelho.
(R5) Shui Quan – a 1 cun abaixo do ponto R-3, em uma depressão que pode
ser apalpada na região do espaço articular entre o talus e o calcâneo. Fortalece o
Rim.
(R6) Zhao Hai - a 1 cun perpendicular abaixo do ponto mais saliente do
maléolo medial. Nutre o Yin do Rim.
(R7) Fu Liu - a 2 cun diretamente acima do ponto R3, em uma depressão na
margem anterior do tendão do calcêneo. Fortalece o Rim, nutre o Yin (MACIOCIA,
2007, p. 966).
4.4.3 N. M. Du Mai
Segundo o mesmo, o Du Mai comanda e regula o Yang do corpo. Todos os
meridianos Yangs emanam um vaso secundário para o VG14, podendo ser
tonificado ou sedado. Portanto tem uma função energética muito grande. Mantém
Relação com os órgãos internos Rim, Bexiga, útero, tubo digestivo, cérebro e
Coração e com partes do corpo anus, coluna lombar, torácica e cervical, nuca,
crânio, maxilar superior, gengiva e nariz.
(VG20) Bai Hui - na cabeça, sobre a linha mediana, 5 cun posterior à linha de
inserção do cabelo, no meio da linha que liga o ápice das duas orelhas. Ponto de
sedação bastante eficaz para casos de dores agudas e emergências (FUKUSHIMA,
2007, p.29).
4.4.4 CEP Wei (E) – Yang Ming
Inicia-se na face lateral da asa nasal (IG20), ascende ao longo do nariz em
um ramo interno até abaixo do globo ocular, aonde externaliza-se, vai para a lateral
32
ao longo do nariz e penetra novamente, passando pelas gengivas superiores, corre
ao redor dos lábios pelo lado posterior da bochecha. Segue até a frente da orelha e
pelo contorno da linha dos cabelos, alcançando a fronte. Um ramo desce através da
garganta até a região da fossa supraclavicular em E12.
Internamente o canal atravessa o diafragma, penetra no Estômago e conecta-
se com o Baço e sai novamente na região inguinal. Um ramo flui externamente em
direção descendente saindo da fossa supraclavicular, passando pelo peito e abdome
na linha do mamilo, unindo-se, em E-30, à outra porção do canal. Continua a descer,
passando pelo joelho e borda anterior lateral da tíbia, atravessa o dorso do pé e
alcança a face medial do dedo médio do pé, um ramo do dorso do pé vai para o
artelho maior, onde se conecta com o Canal do Baço (MACIOCIA, 2007, p.960).
(E2) Si Bai - na face diretamente abaixo da pupila quando ela estiver
centralizada, na depressão do forame infra orbital. Relaxa os tendões e alivia a dor.
4.4.5 CEP Na Dan (VB) – Shao Yang
De acordo com Maciocia (2007, p.967), tem início em VB1, no canto externo
do olho. Ascende ao canto da testa, desce à região anterior ao lóbulo da orelha,
sobre pelo bordo superior do arco zigomático, ascende ao canto da testa, desce pela
área temporal, circula a região do ouvido, ascendendo à testa a 3 tsun da linha
média, na região supra orbital. Descende ao pescoço e à fossa supraclavicular, onde
encontra o Canal Principal.
Da região da fossa supraclavicular desce ao tórax, passando pelo diafragma
e penetrando no Fígado e Vesícula Biliar. Daí emerge em E30, seguindo para a
margem dos pelos pubianos e depois lateralmente ao quadril até VB30. O outro
ramo sai de E12, descendo pela linha média axilar, linha mamilar, passando em
direção às extremidades livres das últimas costelas, seguindo para alinha inferior do
umbigo, crista ilíaca, chegando à articulação do quadril em VB29, de onde,
passando pelo sacro e primeiro e quarto forame sacral, chega em VG1.
Daqui o meridiano ascende a VB30 e encontra o outro ramo. Descende ao
longo do aspecto lateral da coxa e do joelho, seguindo pelo aspecto anterior da
fíbula, e alcançando a área anterior ao maléolo externo. Continua pelo dorso do pé
entre o quarto e quinto metatarsos, para terminar em VB44, na margem ungueal
33
lateral do quarto dedo do pé. A partir de VB41 um ramo segue até F1, na margem
ungueal lateral do primeiro pododáctilo.
(VB25) Jing Men - na margem inferior da extremidade livre da 12 costela,
sobre a linha axilar posterior. Fortalece e aquece o Rim, regula a via das Águas,
relaxa os tendões e músculos, protege a região lombar.
(VB29) Ju Liao - no quadril, no meio da linha que liga à espinha ilíaca antero-
posterior à extremidade do trocanter maior. Indicado para queixas no trajeto do
meridiano.
(VB30) Huan Tiao - na lateral da coxa, na união do terço lateral com o terço
médio da linha que liga a extremidade do trocanter maior ao hiato sacral, quando o
paciente está em decúbito lateral com a coxa flexionada. Torna os canais e redes do
meridiano fluentes, fortalece a região lombar e dos quadris.
(VB37) Guang Ming - na lateral da perna, 5 cun proximal à ponta do maléolo
lateral, na borda anterior da fíbula. Indicado nos casos de dores, redução da
mobilidade.
(VB39) Xuang Zhong - na lateral da perna, 3 cun proximal à ponta do maléolo
lateral, na borda anterior da fíbula. Auxilia o Jing essencial, alivia a dor.
(VB40) Qiu Xu - anterior e inferior ao maléolo externo, na depressão lateral ao
tendão do m.extensor longo dos dedos do pé. Dores, redução da mobilidade,
estimula as funções das articulações. (MACIOCIA, 2007, p.967).
34
5 TRATAMENTOS PARA A LOMBALGIA POR
ACUPUNTURA
Por Benno et al. (2006, p. 451-456) foram incluídos 298 pacientes (67,8% do
sexo feminino; idade média ± DP, 59 ± 9 anos). Entre o início e 8 ª semana, a
intensidade da dor diminuiu em média ± DP de 28,7 ± 30,3 mm no grupo da
Acupuntura, 23,6 ± 31,0 milímetros no grupo da Acupuntura mínima, e de 6,9 ± 22,0
mm no grupo lista de espera. A diferença para o grupo de Acupuntura vs mínima foi
de 5,1 mm (intervalo de confiança 95%, -3,7 a 13,9 mm; P = 0,26), e a diferença
para o grupo de Acupuntura lista vs espera foi de 21,7 mm (intervalo de confiança
95%, 13,9 -30,0 mm; P
35
disponíveis, 31 (45,6%) acreditava que receberam Acupuntura chinesa, 15 (22,1%)
acreditaram que eles receberam outro tipo de Acupuntura, e 22 (32,4%) não sabia
que tipo de Acupuntura que receberam. (Percentagens podem não totalizar 100
devido ao arredondamento).
Após 26 e 52 semanas, não houve diferenças significativas entre os
grupos. O desenvolvimento de intensidade de dor lombar. Os pacientes no grupo de
lista de espera mostraram melhorias depois de receber Acupuntura entre 9 e 16
semanas; estas melhorias foram semelhantes aos observados em pacientes no
grupo de Acupuntura. A Acupuntura e tratamentos de Acupuntura mínimo consistiu
de 12 sessões com duração de 30 minutos, cada uma administrada ao longo de 8
semanas (normalmente 2 sessões em cada uma das 4 primeiras semanas, seguido
de uma sessão por semana nos restantes 4 semanas), além disso, os pontos de
Acupuntura, incluindo outros pontos da orelha e gatilho, poderiam ser escolhidos
individualmente.
Agulhas estéreis descartáveis, tinham de ser usados e seus comprimentos e
diâmetros não foram pré-definidos. Os médicos foram instruídos a realizar o Qi (uma
sensação de irradiação), se possível. As agulhas foram manuseadas pelo menos
uma vez durante cada sessão e o número, duração e a frequência das sessões no
grupo de Acupuntura mínima foram os mesmos que para o grupo de Acupuntura.
Em cada sessão, pelo menos, 6 de 10 pontos predefinidos na Acupuntura foram
agulhados bilateralmente utilizando uma inserção superficial com agulhas finas
(comprimento, 20-40 mm). Esses pontos não estavam na área da parte inferior das
costas, onde os pacientes apresentavam dor.
Todos os Acupunturistas receberam uma fita de vídeo, a instrução oral, e um
folheto mostrando informações detalhadas sobre a Acupuntura mínima. Os
pacientes do grupo lista de espera não receberam tratamento com Acupuntura
durante 8 semanas após a randomização e após esse período, receberam 12
sessões de tratamento de Acupuntura previamente descrito. Os pacientes foram
autorizados a tratar a dor lombar crônica oral com antiinflamatórios, se necessário e
o uso de corticosteróides ou drogas analgésicas que agem através do sistema
nervoso central foi proibido.
A maioria dos resultados variáveis tendiam a ser ligeiramente superior no
grupo de Acupuntura em comparação com o grupo de Acupuntura mínima. No
36
entanto, não houve diferenças significativas com relação ao desfecho principal após
8, 26 ou 52 semanas.
Witt et al. (2006, p.487) realizaram um estudo clínico randomizado e
controlado (Acupuntura versus grupo controle), com um braço de corte não
randomizado e prospectivo, onde pacientes negaram-se a ser alocados para o grupo
controle para avaliar o custo-efetividade de Acupuntura no tratamento de dor lombar
baixa. Todos os grupos receberam medicação consagrada para dor lombar. Dos
11.600 pacientes, 1.549 foram randomizados para o grupo Acupuntura, 1.544 foram
para o grupo controle e 8.537 pacientes foram para o grupo não randomizado para o
tratamento de Acupuntura. Escala de funcionalidade da região dorsal (Hannover
Functional Ability Questionnaire), escore de dor e qualidade de vida foram avaliados,
além do custo-efetividade.
Após 3 meses, a funcionalidade da região dorsal melhorou de 12,1 a 74,5%,
grupo controle melhorou de 2,7 a 65,1%, diferença de 9,4 (intervalo de confiança
95% 8,3-10,5, p < 0,001). O grupo não randomizado começou com a funcionalidade
pior mas experimentou a melhora semelhante ao grupo da Acupuntura. Os autores
recomendam a Acupuntura como tratamento para dor lombar baixa, associada às
medidas conhecidas e consagradas.
No estudo de Cherkin et al. (2009, p.860), foi realizado durante sete semanas,
638 adultos (18 a 70 anos) com dor lombar baixa mecânica receberam um dos
seguintes tratamentos: Acupuntura individualizada, Acupuntura padronizada,
Acupuntura simulada ou tratamento convencional. Em oito semanas, os escores
médios de disfunção para os grupos de Acupuntura individualizada, padronizada, e
simulada melhoraram em 4,4, 4,5 e 4,4 pontos, respectivamente, comparando com
2,1 pontos para os que receberam o tratamento convencional.
Os participantes que receberam Acupuntura real ou simulada obtiveram
melhora clínica significativamente maior dos que os do tratamento convencional, na
escala de disfunção (60% versus 38%; p=0,001). Os sintomas melhoraram de 1,6 a
1,9 pontos no grupo de tratamento, enquanto os do grupo de tratamento
convencional 0,7 pontos (p=0,001).
Depois de um ano, os participantes dos grupos de tratamento apresentaram
índices superiores de melhora clínica da disfunção comparando com o grupo de
tratamento convencional (59% a 65% versus 50%, respectivamente; p=0,02), mas
não dos sintomas (p=0,05). Mostrando assim que não é somente na coluna lombar
37
que tem uma resposta positiva, diversos artigos já estão sendo utilizados como
base, mostrando que em outros segmentos tanto da coluna como outras
articulações do corpo também há uma resposta positiva em relação a Acupuntura. A
aplicação desta técnica requer o conhecimento do profissional que vai aplicá-la.
No ensaio clínico controlado de Haake (2007, p. 1892-1898), constatou-se
que tanto a Acupuntura tradicional como a placebo apresentaram taxas de respostas
de 48,1% e 43,6% respectivamente. Estas taxas são expressivamente mais eficazes
na melhora da Lombalgia crônica, após o tratamento por pelo menos 6 meses em
comparação à Terapia convencional, com taxas de 27,4%.
Weidenhammer (2007, p. 128-135), em seu estudo, observou que de um total
de 2564 pacientes com Lombalgia crônica de diferentes graus, que se submeteram
à terapia com Acupuntura durante seis meses, 45,5% destes apresentaram
melhoras clinicamente significativas.
Santos et al., (2008, p. 519-524) realizaram um estudo comparativo da
aplicação da Eletroacupuntura e Tens, em 12 pacientes do sexo feminino com idade
entre 30 a 60 anos, que exibiam dor lombar de origem postural. Estes pacientes
foram subdivididos em dois grupos. O primeiro, tratado com TENS, modalidade
Acupuntura, por meio da aplicação de eletrodos nos acupontos localizados na região
da coluna lombar (B23, B24 e B25), por 30 minutos, e o segundo, foi submetido à
aplicação de Eletroacupuntura nos mesmos pontos da região lombar, também por
30 minutos.
Ambos os grupos foram tratados duas vezes por semana, durante cinco
semanas. Os voluntários passaram pela avaliação da dor de acordo com a Escala
Visual Analógica (EVA), antes e após cada sessão. Após dez sessões de aplicação,
observaram que os dois grupos tiveram um declínio da curva ilustrativa dos valores
de dor apresentados pela Escala Visual Analógica (EVA), comprovando que as duas
terapêuticas são eficientes no combate e no alivio da dor lombar. Os resultados de
comparação das terapêuticas aplicadas nesta pesquisa não foram estatisticamente
significantes, possivelmente em razão da pequena amostra e do consequente
numero reduzido de sessões.
Importante ressaltar que estudos de Manheimer et. al. (2005, p. 651-663)
apontam uma diferença significativa entre o tratamento realizado através da
Acupuntura verdadeira (realizada sobre os pontos e meridianos da Acupuntura
chinesa) e a Acupuntura falsa (aquela realizada fora de pontos de acupuntura). O
38
estudo encontrou diferença de 54% (IC 95% de 0,35 a 0,73) entre os dois modelos,
sendo que a verdadeira apresenta um maior benefício.
39
6 CONCLUSÃO
Normalmente as pessoas recuperam-se bem de quadros agudos de dor na
região lombar, outros evoluem para um quadro crônico que pode ser causa de
grande sofrimento. A Acupuntura é importante no tratamento da dor aguda para
reduzir o tempo de recuperação e para prevenir o desenvolvimento de dor crônica.
É sabido e constatado que a Acupuntura associada a outros tratamentos,
manipulativos, alopáticos etc, tem se mostrado eficiente no tratamento da dor,
ocasionando analgesia e possível cura. Em casos onde o problema mecânico está
presente, teremos sucesso sempre com participação direta do paciente.
Constatamos na nossa revisão bibliográfica que a Acupuntura induz o
organismo a produzir esteroides, que diminuem a inflamação. Além disso, esta
tradicional prática da medicina chinesa estimula a produção de endorfinas,
analgésicos naturais do corpo; melhora a sensação de bem-estar, humor, qualidade
do sono e relaxamento global. Reduzindo a dor aguda, a Acupuntura pode tornar a
dor crônica menos provável de ocorrer.
A Acupuntura interrompe o ciclo da dor, sendo particularmente útil no
tratamento de espasmos musculares.
Existem 361 pontos de Acupuntura dos quais podem-se utilizar de qualquer
um destes, até mesmo os pontos de dor que muito provavelmente estará incluído no
ramo do canal energético de trajeto mapeado pela MTC.
Mas como sabemos, o tratamento é aplicável nas desarmonias e não
exatamente na patologia, através de anamnese, avaliação de padrões etc.
Por fim, conclui-se que como conteúdo pesquisado, a Acupuntura é um
tratamento eficaz para a Lombalgia. Posta esta singela contribuição ao estudo deste
tema sugere-se também que o mesmo deva ser continuamente pesquisado.
40
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