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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA LEAN OFFICE COMO FERRAMENTA DE MELHORIA DE UM PROCESSO ADMINISTRATIVO EM UMA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Ana Paula Simões Bondiolli Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira LORENA - SP 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

LEAN OFFICE COMO FERRAMENTA DE MELHORIA

DE UM PROCESSO ADMINISTRATIVO EM UMA INDÚSTRIA FARM ACÊUTICA

Ana Paula Simões Bondiolli

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereir a

LORENA - SP

2014

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ANA PAULA SIMÕES BONDIOLLI

LEAN OFFICE COMO FERRAMENTA DE MELHORIA

DE UM PROCESSO ADMINISTRATIVO EM UMA INDÚSTRIA FARM ACÊUTICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo como requisito parcial para obtenção de título de Engenheira Química Área de Concentração: Qualidade e Produtividade.

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira.

LORENA - SP

2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL/USP

ANA PAULA SIMÕES BONDIOLLI

LEAN OFFICE COMO FERRAMENTA DE MELHORIA DE UM PROCESSO

ADMINISTRATIVO EM UMA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta para avaliação e

apresentação perante a banca avaliadora.

DATA: ___/___/2014

___________________________________

Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha família, que sempre com

muito carinho e compreensão me

apoiaram em todos os momentos. Dedico

ao meu noivo, Carlos Eduardo, pelo amor

e paciência.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus queridos pais, Sérgio e Rosana, por nunca me deixaram

esquecer que o sucesso e as conquistas vêm com o caminhar em uma longa

jornada e que a paciência é sim, uma virtude.

Agradeço aos meus irmãos, Felipe e Gustavo, pela reciprocidade em tudo,

por terem orgulho de mim e sempre me enxergarem como a irmã mais velha mais

inteligente do mundo, quando na verdade, eles é que são incríveis.

Agradeço ao meu noivo Carlos Eduardo, pela tamanha paciência,

compreensão e infinito apoio. Por essas e outras, eu decide me casar com você.

Agradeço aos professores da EEL-USP, em especial ao Prof. Dr. Marco

Antonio Carvalho Pereira, pela dedicação aos seus alunos e pela paixão à sua

profissão. Querido professor, o meu eterno “Obrigada”!

Agradeço à minha segunda família que são os meus amigos de Lorena:

Bruna, Luana, Roberta, Guilherme, Victor e Vinicius. Vocês foram e são

absurdamente essenciais para mim.

Agradeço a mim mesma por sempre seguir em frente em busca do melhor,

pela vontade de descobrir e fazer diferente, pela vontade de ser uma grande

engenheira.

.

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“Quando você tem uma meta, o que era

um obstáculo passa a ser uma etapa de

um dos planos”.

(Gerhard Erich Boehme)

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RESUMO

BONDIOLLI, A. P. S. Lean Office como Melhoria de um Processo Administra tivo

em uma Indústria Farmacêutica. 2014. 90f. Projeto de monografia (Trabalho de

Conclusão de Curso) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São

Paulo, Lorena, 2014.

Observou-se expansão considerável do mercado de Saúde Animal, podendo-se

atribuir tal crescimento, principalmente, a três fatores: ameaça de doenças

provenientes de animais, segurança alimentar da população, do rigor dos órgãos

regulatórios e, finalmente, crescimento da população de animais de companhia (o

mercado Pet). Em um mercado em crescimento como este, tornou-se essencial

gerar inovação e competitividade através de informações que representassem um

valor entregue em conformidade às demandas de seus clientes/usuários. A

qualidade no fluxo de informação, gerenciada em grandes corporações, agilizou

processos decisórios. Propôs-se, então, um projeto em uma Indústria Farmacêutica

de Saúde Animal, com a utilização do Lean Thinking – ferramenta que busca a

maximização do valor pela contínua eliminação de desperdícios, para a resolução de

um problema referente aos atrasos no encaminhamento de informações técnicas

dentro de uma organização multinacional. O objetivo da redução de 75% do tempo

de emissão das folhas de produção foi alcançado, bem como a diminuição da

quantidade de erros neste tipo de documentação. Esta era uma atividade

dispendiosa da Garantia da Qualidade, evidenciando claramente seus desperdícios

e etapas que não agregavam valor. Através de uma Pesquisa Ação e com o uso do

DMAIC, as atividades foram reestruturadas, mensuradas, revisadas e padronizadas.

Palavras-Chave : Lean Thinking. Lean Office. Desperdício. Fluxo de Valor.

ABSTRACT

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BONDIOLLI, A. P. S. Lean Office as an Administrative Process Improvemen t in a

Pharmaceutical Industry. 2014. 90f. Final Paper – Engineering School of Lorena,

University of São Paulo, Lorena 2014.

It was observed a considerable expansion of the Animal Health market that could be

attributed by, primarily, to three factors: the threat of disease from animals, food

security of the population, the rigor of the regulatory bodies and ultimately population

growth of pet animals (The Pet market). In a growing market like this, it was essential

generate innovation and competitiveness through information presenting a value

delivered in accordance to the demands of their customers / users. The quality of the

information flow, managed in large corporations, streamlined decision-making

processes. It was then proposed a project with the use of Lean Thinking tool that

sought to maximize the value for the continuous elimination of waste, to solve a

problem related to delays in the forwarding of technical information within a

multinational organization. The goal that was achieved was a 75% of reduction in the

emission time of worksheets paper for the production area, as well as reduction of

the amount of errors in this type of documentation. This was a costly activity for the

Quality Assurance, that clearly demonstrated waste and steps that did not add any

value. Through Research-Action and DMAIC, the activities were restructured,

measured, reviewed and standardized, and the Department of Quality Assurance

was able to start the Lean Office process.

Key-Words: Lean Thinking. Lean Office. Waste. Value Stream.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Faturamento da Indústria Farmacêutica de Saúde Animal ........................ 14

Figura 2: Benefícios da Redução de Desperdícios com a Utilização do Lean

Manufacturing ............................................................................................................ 18

Figura 3: Estrutura do Sistema Toyota de Produção ................................................. 19

Figura 4: Processamento em Fluxo Contínuo ........................................................... 20

Figura 5: Sistema de Produção Puxada .................................................................... 21

Figura 6: Os sete desperdícios .................................................................................. 23

Figura 7: Seleção de Família de Produtos ................................................................ 25

Figura 8: Exemplo de Mapa de Fluxo de Valor Genérico .......................................... 27

Figura 9: Ícones para Mapeamento no Escritório ...................................................... 32

Figura 10: Metodologia DMAIC ................................................................................. 33

Figura 11: Ciclo da Pesquisa Ação ........................................................................... 36

Figura 12: Organograma de Projeto .......................................................................... 50

Figura 13: Composição da Documentação do Site ................................................... 52

Figura 14: Exemplo de Formulário ............................................................................ 53

Figura 15: Exemplo de Formulário de Batch Record ................................................. 54

Figura 16: Divisão e Controle dos Formulários para determinado produto na rede .. 55

Figura 17: Explicação da Codificação da Documentação ......................................... 56

Figura 18: Diagrama de Ishikawa do Projeto............................................................. 66

Figura 19: Novo Modelo de Batch Record - Proposta ............................................... 73

Figura 20: Foto Quadro de Controle de Batch Record .............................................. 84

Figura 21: Formulário de Padronização da atividade de emissão de Batch Record . 85

Figura 22: Foto Kanban do 5S .................................................................................. 85

Figura 23: Foto de Local Identificado para Controle de Batch Record ...................... 86

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LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS

Quadro 1: Interpretação dos princípios enxutos para a manufatura e escritório ....... 28

Quadro 2: Os 7 desperdícios em ambientes administrativos x produtivos ................ 30

Quadro 3: Método de Pesquisa de Projeto ............................................................... 36

Quadro 4: Principais produtos manufaturados na MSD Saúde Animal de Cruzeiro.. 38

Quadro 5: Metodologia utilizada ................................................................................ 45

Quadro 6: Adequação ao Seis Sigma ....................................................................... 46

Quadro 7: Alcance de Sucesso ................................................................................. 47

Quadro 8: Folha A3 de Projeto .................................................................................. 48

Quadro 9: SIPOC do projeto ..................................................................................... 49

Quadro 10: Mapa de Estado Atual ............................................................................ 58

Quadro 11: FMEA do projeto..................................................................................... 69

Quadro 12: Plano de Ação ........................................................................................ 74

Quadro 13: Delineamento do Estado Futuro ............................................................. 80

Quadro 14: Mapa do Estado Ideal ............................................................................. 82

Gráfico 1: Erros em Documentação .......................................................................... 64

Gráfico 2: Etapas da Atividade de Emissão .............................................................. 65

Gráfico 3: Tempo total da atividade de emissão ....................................................... 65

Gráfico 4: Etapas de Emissão NovoTemplate ........................................................... 75

Gráfico 5: Tempo total e média de emissão com o novo template ............................ 76

Gráfico 6: Etapas Assinar e Organizar ...................................................................... 77

Gráfico 7: Tempo de Emissão Granel ....................................................................... 78

Gráfico 8: Tempo de Emissão Envase ...................................................................... 78

Gráfico 9: Tempo de Emissão de Acondicionamento ................................................ 78

Gráfico 10: Erros em Batch Record Novo Template ................................................. 79

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALM: Almoxarifados

PRD: Produção

GQ: Garantia da Qualidade

CQ: Controle da Qualidade

CEP: Controle Estatístico de Processos

C-ALM: documentação do Almoxarifado

C-PRD: documentação da Produção

C-GQ: documentação da Garantia da Qualidade

C-CQ: documentação do Controle de Qualidade

C-CEP: documentação do Controle de Embalagem e Processos.

BR: Batch Record

FQ: Formulário da Qualidade

MSD: MSD Saúde Animal

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

1.1 Contextualização ........................................................................................ 14

1.2 Justificativa ................................................................................................ 15

1.3 Objetivo ....................................................................................................... 16

1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................... 16

1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................... 16

1.4 Possíveis Causas ....................................................................................... 17

1.5 Limitações .................................................................................................. 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 18

2.1 Lean Thinking – Mentalidade Enxuta ....................................................... 18

2.1.1 O que é mentalidade enxuta? ............................................................. 18

2.1.2 Origem .................................................................................................. 19

2.1.3 Os Princípios do Lean Thinking ......................................................... 19

2.1.4 O Lean Thinking e os 7 desperdícios ................................................ 21

2.1.5 Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) ............................................... 24

2.2 Lean Office .................................................................................................. 27

2.2.1 Princípios do Lean Thinking no Escritório ........................................ 27

2.2.2 Os desperdícios em Ambientes Administrativos ............................. 28

2.2.3 Os 8 passos para uma implementação do Lean Office .................... 30

2.2.4 Mapeamento do Fluxo de Valor .......................................................... 31

2.3 Kaizen .......................................................................................................... 32

2.4 O 6 Sigma e a Metodologia DMAIC ........................................................... 34

3 METODOLOGIA ................................................................................................. 36

3.1 O Método de Pesquisa ............................................................................... 36

3.2 A empresa ................................................................................................... 37

3.2.1 O Departamento de Garantia da Qualidade ....................................... 38

3.3 O problema ................................................................................................. 40

3.4 A condução da Pesquisa-Ação ................................................................. 42

3.4.1 Etapa Definir (D) ................................................................................... 43

3.4.2 Etapa Medir (M) .................................................................................... 43

3.4.3 Etapa Analisar (A) ................................................................................ 43

3.4.4 Etapa Melhorar (I) ................................................................................ 44

3.4.5 Etapa Controlar (C) .............................................................................. 44

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 46

4.1 Etapa Definir ............................................................................................... 46

4.1.1 Análise de Adequação ao Seis Sigma ............................................... 46

4.1.2 Análise do Alcance de Sucesso do Projeto ...................................... 47

4.1.3 Validação da Etapa Definir .................................................................. 50

4.2 Etapa Medir ................................................................................................. 51

4.2.1 Levantamento da composição do Batch Record .............................. 51

4.2.2 Análise dos dados apurados .............................................................. 61

4.2.3 Validação da Etapa Medir ................................................................... 66

4.3 Etapa Analisar ............................................................................................ 66

4.3.1 Validação da Etapa Analisar ............................................................... 70

4.4 Etapa Melhorar ........................................................................................... 70

4.4.1 Validação da Etapa Melhorar .............................................................. 82

4.5 Etapa Controlar .......................................................................................... 83

4.5.1 Validação da Etapa Controlar ............................................................. 86

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 89

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de produtos para Saúde Animal,

Sindan (2013), o faturamento da Indústria Farmacêutica Animal Brasileira é de

expressivo crescimento, passando de R$ 2.985 bilhões no ano de 2010 para R$

3.956 bilhões em 2013.

Fonte: SINDAN, 2014

Sendo assim, a crescente necessidade de redução de custos e de

perpetuidade das organizações no mercado globalizado desafiam todos os dias os

sistemas de qualidade implantados até hoje e geram a necessidade de iniciativas

que assegurem processos suficientemente robustos e ágeis para atuar no mercado

competitivo. É de conhecimento comum da alta administração que a “empresa do

futuro” é aquela que oferece valor, qualidade e custo competitivo a qualquer

momento aos seus clientes. Para isso, as empresas estão sempre em busca da

reinvenção e da excelência (CAMPOS, 1992). Dentro deste panorama, surge a

utilização de uma ferramenta amplamente estudada – o Lean Manufacturing, que

busca a eliminação dos desperdícios (SERAPHIM et al, 2010), agregando valor ao

cliente e imprimindo velocidade às corporações.

Figura 1: Faturamento da Indústria Farmacêutica de Saúde Animal

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As origens do Lean Manufacturing remontam ao Sistema Toyota de

Produção, ou conhecido como Produção Just-in-Time. Taiichi Ohno, executivo da

Toyota, iniciou na década de 1950, a criação e implantação de um sistema de

produção com foco central na identificação e a posterior eliminação de

desperdícios. O objetivo era o de reduzir custos, aumentar a qualidade e reduzir o

tempo de entrega do produto aos clientes. (WERKEMA, 2012, p. 13).

De acordo com Womack e Jones (2004, p. 342), o Sistema Toyota de

Produção (Toyota Production System - TPS) representa uma forma de produzir

mais com “menos” e foi, então, caracterizado como produção enxuta (Lean

Production ou Lean Manufacturing). Ainda na mesma obra, originalmente publicada

em 1990 nos Estados Unidos com o título de “The Machine that Changed the World”

pode ser encontrado todo um estudo realizado pelo Massachusetts Institute of

Technology (MIT) que despertou grande interesse em diversos setores.

1.2 Justificativa

Os conceitos de Lean Manufacturing não se restringem somente ao ambiente

fabril (LANDMAN, et al, 2009), existindo a preocupação nas empresas em otimizar

os processos realizados também em ambientes administrativos, uma vez que são

setores responsáveis por gerar informações importantes nas tomadas de decisão.

As ferramentas Lean têm obtido resultados expressivos em diversas organizações

manufatureiras e, esses bons resultados ajudam a expandir a aplicação em setores

não manufatureiros. (TURATTI; MUSSETTI, 2006).

Porém, muitas empresas implantam as ferramentas Lean de forma errônea,

atirando-se de cabeça em atividades massivas de eliminação de desperdícios – são

os ataques kaizen ou blitz de melhoria contínua (ROTHER, et al, 2003) – e se

esquecem que a implantação depende do pensamento culturalmente diferente e do

uso contínuo das ferramentas de melhorias em seus processos. Ainda, segundo

Tapping e Shuker (2010), muitas organizações procuram somente a execução de

ferramentas Lean, porém sem necessariamente tornarem-se Lean, escolhendo

algumas áreas para implantação do Lean e negligenciando outras, como a

Administração. Surge então o chamado Lean Office, que executa o pensamento

enxuto em áreas administrativas e é de extrema importância, tendo em vista que,

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segundo Tapping e Shuker (2010), esses setores representam de 60% a 80% dos

custos envolvidos na demanda de atendimento ao cliente. Oliveira (2003) diz que a

aplicação dos conceitos Lean nas áreas administrativas não é tão simples como na

produção, pois as atividades realizadas fazem com a identificação do desperdício

seja difícil.

A frase colocada em um painel na Daimler Chrysler do Brasil “Não basta

somente ver, você tem que enxergar” parece ser o grande desafio das áreas

administrativas (ROTHER; SHOOK, 2003).

1.3 Objetivo

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é promover melhorias relacionadas aos

princípios do Lean Office alinhado ao DMAIC nas folhas de produção de uma

indústria farmacêutica. Pretende-se, através da Pesquisa-Ação, mapear todo o

processo de emissão de folhas, localizar desperdícios, analisar e implementar as

possíveis melhorias com relação ao processo.

1.3.2 Objetivos Específicos

Através da aplicação das ferramentas de Lean Manufacturing e DMAIC,

pretende-se propiciar as seguintes melhorias:

• Criar a sistemática de priorização das atividades e do tempo;

• Reduzir o número de erros na emissão;

• Fazer com que o fluxo de informações existentes na emissão seja contínuo e

unificado;

• Fazer com que as folhas de produção contenham as informações necessárias

ao operador da produção e que realmente permitam a rastreabilidade do

processo;

• Elaborar procedimentos que padronizem as atividades;

• Reduzir em 70% o tempo de emissão de folhas de trabalho para a produção

(Batch Record)

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17

1.4 Possíveis Causas

A principal hipótese para o problema identificado é a de que as folhas de

produção não seguem um fluxo contínuo de etapas e informações entre os setores,

ou seja, trata-se de uma documentação fragmentada. Além disso, suas atividades

são burocráticas, manuais e engessadas, que propiciam desperdícios e não

agregam valor. O gerenciamento enxuto se faz, então, necessário para dinamizar,

com foco em eficiência e redução do tempo, as atividades.

1.5 Limitações

A utilização das ferramentas Lean em ambiente administrativo é mais

complexa, uma vez que o fluxo de valor das atividades é de difícil detecção. No caso

do presente trabalho, as limitações são desse tipo, mas também de:

• Falta de priorização do tempo tanto do Sponsor1 quanto do Líder;

• Falta de participação de membros de outras áreas fundamentais ao processo,

como Produção (PRD) e Planejamento de Controle de Produção (PCP);

• Resistência à mudança por parte de operadores e especialistas do processo.

1Sponsor: É o responsável por promover e definir as diretrizes para implementação do projeto e garantir que este esteja alinhado com a estratégia da empresa.

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18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Lean Thinking – Mentalidade Enxuta

2.1.1 O que é mentalidade enxuta?

A Manufatura Enxuta (Lean Manufacturing), sistema desenvolvido pela

Toyota, visa eliminar todas as formas de desperdício existentes na operação das

organizações - e não apenas nos processos produtivos. A ênfase na redução da

quantidade de produtos em processo, de matérias-primas e de produtos acabados,

acaba proporcionando uma maior circulação do capital e aumenta a eficiência de

todos os processos envolvidos. A Manufatura está apoiada em uma profunda

mudança da cultura organizacional onde a participação das pessoas é o requisito

fundamental para o sucesso da aplicação dessa ferramenta. Pode ser entendida

como uma estratégia de manufatura orientada para o consumidor, que procura

responder de forma rápida e flexível às flutuações do mercado (HOMRICH, 2011). A

figura 2 exemplifica os benefícios da redução de desperdícios.

Figura 2: Benefícios da Redução de Desperdícios com a Utilização do Lean Manufacturing

Flexibilidade Qualidade Segurança Ergonomia Motivação dos empregados Capacidade de Inovação

AUMENTO

DIMINUIÇÃO

Custo Necessidade de Espaço Exigência de Trabalho

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19

Fonte: Adaptado de WERKEMA (2011)

2.1.2 Origem

No contexto de reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, Eiji Toyoda,

executivo e membro da família fundadora da Toyota Motors, e Taiichi Ono, chefe de

engenharia da empresa, após uma visita à FORD nos Estados Unidos em 1950,

inovaram e reinventaram o Fordismo e deram origem ao Toyotismo, processo

caracterizado pelo Just-in-Time, com elemento principal na flexibilização da

produção. Caracterizado como um sistema revolucionário devido a sua eficiente

gestão, os japoneses perceberam que deveriam criar um sistema que identificasse e

eliminasse perdas para aumentar a produtividade e combatesse a indústria

americana. Ohno (1997) cita “Alcancemos os Estados Unidos em três anos. Caso

contrário, a indústria automobilística no Japão não sobreviverá”.

Segundo Ghuinato (2000), o Sistema Toyota de Produção (TPS),

representado na figura 2, ganhou notabilidade com o choque do Petróleo em 1973,

onde diversas empresas até então, inexpugnáveis (CAMPOS, 1992) vieram à

falência, diferentemente da Toyota que não sentiu os efeitos da crise.

Fonte: (GHINATO, 20002 apud RAGADALLI, 2010).

2.1.3 Os Princípios do Lean Thinking

2 GHINATO, P. Publicado como 2º capítulo do Livro Produção & Competitividade: aplicações e inovações, Ed.: Adiel T. de Almeida & Fernando M. C. Souza, Edit. da UFPE, Recife, 2000.

Figura 3: Estrutura do Sistema Toyota de Produção

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20

Womack e Jones (2003) dizem que existe uma poderosa arma ao

desperdício: o pensamento enxuto (Lean Thinking), que é uma forma de especificar

valor, alinhar na melhor sequência as ações que agregam valor, realizar atividades

sem parada toda vez que alguém as solicita e realizá-las de modo cada vez mais

eficaz. O Lean Enterprise Institute Brasil identifica alguns princípios fundamentais:

• Especificar o valor – aquilo que o cliente valoriza

A ignição para o Lean Thinking consiste na definição do que é valor

para o cliente. Cabe às empresas determinarem as necessidades que geram

valor aos clientes e satisfazê-las com excelência e qualidade, dentro dos

menores prazos e reduzindo custos (LEAN ENTERPRISE INSTITUTE, 2007).

• Identificar o fluxo de valor

Análise da cadeia produtiva, identificando: processos que efetivamente

geram valor, processos que não geram valor, mas são importantes para

continuidade das atividades e processos que não agregam valor e devem ser

eliminados o quanto antes (LEAN ENTERPRISE INSTITUTE, 2007).

• Criar fluxos contínuos

A figura 4 representa a fluidez necessária (one-piece-flow) aos

processos e atividades, ou seja, é necessário que o fluxo de valor não tenha

interrupções. Para isso é preciso mudar culturalmente. O departamentalismo

deve ser deixado de lado, uma vez que para atender o cliente quase que

instantaneamente, deve-se realizar um processo de cada vez, impedindo o

estoque intermediário (LEAN ENTERPRISE INSTITUTE, 2007).

Fonte: Lean Enterprise Institute (2007)

Figura 4: Processamento em Fluxo Contínuo

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21

• Produção Puxada

O sistema Lean, ao contrário da produção em massa, baseia a sua política

de produção nas necessidades do mercado (LOUREIRO, 2007). A figura 5

mostra que, em sistema de fluxo continuo, é o consumidor quem puxa o produto,

ou seja, é produzido somente aquilo que é requisitado pelo cliente, sem formação

de estoques, agregando por fim, valor ao produto (LEAN ENTERPRISE

INSTITUTE, 2007).

Fonte: LOUREIRO, 2008

• Buscar a perfeição

Este princípio permite a sustentação do Princípio Lean, uma vez que as

empresas devem sempre procurar melhorar seus processos através da constante

busca de criar valor (LEAN ENTERPRISE INSTITUTE, 2007).

2.1.4 O Lean Thinking e os 7 desperdícios

Sob o ponto de vista econômico, os processos que não agregam valor devem

ser eliminados das organizações, pois tais processos consomem recursos e não

produzem resultados. O resultado financeiro final de uma organização pode ser

representado pelo somatório dos valores agregados de todos seus processos e

pode ser positivo ou negativo, uma vez que (MARANHÃO; MACIEIRA, 2004):

valor agregado = valor do produto - ∑(valores de entrada)

Figura 5: Sistema de Produção Puxada

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22

O exposto por Maranhão e Macieira (2004) é justamente a essência da

filosofia Lean e a distinção dos processos que agregam valor dos que não agregam

valor, segundo Hines e Taylor (2000), pode ser feita da seguinte maneira:

a) processos que agregam valor;

b) processos que não agregam valor, mas são necessários;

c) processos que não agregam valor;

Segundo esses autores, em organizações que não empregam o pensamento

enxuto, pode-se encontrar 5% de processos que agregam valor, 35% de processos

que não agregam valor, mas são necessários e 60% de processos que não agregam

valor nenhum. Cenário pior é apresentado em ambientes administrativos, onde

somente 1% dos processos agrega valor ao consumidor final (LOPES, 2011, p.20).

Para facilitar a eliminação das atividades que não agregam valor Ohno (1997)

desenvolveu a seguinte classificação, que mais tarde Gianesi e Corrêa (1996)

explanaram:

• Desperdício de superprodução : Ocorrem perdas por superprodução ou por

produzir antecipadamente. São provenientes de problemas e restrições do

processo produtivo, tais como: tempo de setup dos equipamentos, induzindo a

produção de grandes lotes; incerteza da ocorrência de problemas de qualidade

e confiabilidade de equipamentos, levando a produzir mais do que o necessário;

falta de coordenação entre as necessidades (demanda) e a produção, em

termos de quantidades e momentos; grandes distâncias a percorrer com o

material, em função de um arranjo físico inadequado, levando formação de lotes

para movimentação, entre outros.

• Desperdício de espera : Nenhum processamento ocorre, caracterizando como

tempo inativo ou ocioso, de equipamentos, operadores, etc. Resulta na formação

de filas que visam garantir altas taxas de utilização dos equipamentos. A

sincronização do fluxo de trabalho e o balanceamento das linhas de produção

contribuem para a eliminação deste tipo de desperdício.

• Desperdício de transporte : O transporte não agrega valor e corresponde a 45%

do tempo de fabricação de uma peça (GHINATO, 2000) e devem ser eliminadas

ou reduzidas ao máximo, através da elaboração de um arranjo físico adequado,

que minimize as distâncias a serem percorridas. Além disso, custos de transporte

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podem ser reduzidos se o material for entregue no local de uso.

• Desperdício de processamento : Parcelas do processo que poderiam ser

eliminadas. Nesse sentido, torna-se importante a análise de valor, que consiste

na simplificação ou redução do número de componentes ou operações

necessários para produzir determinado produto.

• Desperdício de movimentação nas operações: movimentação desnecessária

dos operadores para execução de alguma tarefa. Pode-se decidir pela

automatização, porém os movimentos devem ser aprimorados para, somente

então, mecanizar e automatizar. Caso contrário, corre-se o risco de automatizar o

desperdício.

• Desperdício de produzir produtos defeituosos : Produção de produtos fora das

especificações de liberação do lote. Isso significa desperdiçar materiais,

disponibilidade de mão de obra, disponibilidade de equipamentos, movimentação

de materiais defeituosos, armazenagem de materiais.

• Desperdícios de estoque : Estoque excessivo de matéria-prima, de material em

processo e de produto acabado, significando desperdícios de investimento e

espaço. A redução dos desperdícios de estoque deve ser feita através da

eliminação das causas geradoras da necessidade de manter estoques.

A figura 6 apresenta de forma gráfica os sete desperdícios:

Fonte: LIMA (2009)

Figura 6: Os sete desperdícios

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24

A Produção Enxuta faz a previsão de: zero defeito; tempo zero de preparação

(setup); estoque zero; movimentação zero; quebra zero; lead time zero; lote unitário

(uma peça). Para eliminação destes desperdícios e alcançar as metas

estabelecidas, a metodologia lança mão de um conjunto de técnicas e ferramentas

e, de acordo com Werkema (2012, p.15), as principais ferramentas para colocar em

prática os princípios do Pensamento Lean são:

• Mapeamento do Fluxo de Valor;

• Métricas Lean;

• Kaizen;

• Kanban;

• Padronização;

• 5S;

• Redução de Setup;

• Total Productive Maintenance (TPM)

• Gestão Visual;

• Poka-Yooke (Mistake Proofing)

2.1.5 Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV)

O mapa do fluxo de valor lhe permite identificar cada processo ou fluxo, retirando-se dos domínios confusos e esquecidos dos bastidores da organização e construir uma completa cadeia de valor de acordo com os princípios enxutos. É uma ferramenta que você deveria usar repetidas vezes para realizar as mudanças em um fluxo de valor (WOMACK; JONES, 2003).

De acordo com Rother e Shook (2003), um fluxo de valor é toda ação, que

agrega ou não valor, necessária para que um produto seja produzido e chegue ao

cliente final. O fluxo de valor é constituído pelos seguintes elementos:

• Fluxo de materiais, desde o recebimento dos fornecedores até a entrega

ao cliente;

• Transformação de matéria-prima em produto acabado;

• Fluxo de informações que gerenciam os elementos anteriores.

Ainda segundo Rother e Shook (2003), devem ser considerados todos os

processos no mapeamento e não melhorar somente processos individuais. As

vantagens do mapeamento do fluxo de valor são destacadas por (WERKEMA,

2012):

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• Entendimento do fluxo de valor de toda a organização;

• Auxilia na identificação de etapas que geram valor e de desperdícios;

• Evidencia a relação entre os fluxos de materiais e informações que exercem

impacto no lead time;

• Possui linguagem acessível no tratamento dos processos;

• Explicita as decisões, permitindo a discussão da possível melhora;

• Auxilia na elaboração do Plano de Ação para aplicação mais adequada das

ferramentas Lean.

Rother e Shook (2003) dizem que o mapeamento do Fluxo de valor deve ser

conduzido inicialmente da seguinte maneira:

1) Seleção de Família de Produtos: de acordo com a definição apresentada no

Léxico Lean – Glossário Ilustrado para Praticantes do Pensamento Lean,

compilado pelo Lean Enterprise Institute. O ideal, em um ambiente com

muitos produtos é agrupá-los em família, onde são submetidos a

equipamentos e operações comuns no fluxo de produção. A figura 7

apresenta seleção de uma família de produtos (A, B, C) que apresenta cinco

processos iguais:

Fonte: (ROTHER; SHOOK, 2003)

Figura 7: Seleção de Família de Produtos

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26

2) Desenho do estado atual: após a seleção da família de produtos, esta etapa

é realizada a partir da coleta de dados que fornecerá as informações

necessárias para o desenvolvimento do estado futuro.

3) Desenho do estado futuro: gerado a partir da situação atual desenhada.

4) Plano de Trabalho e Implementação: É a descrição de um plano de

melhorias para que o desenho do estado futuro torne-se realidade.

As diretrizes para o Plano de Trabalho e Implementação são explicitadas por

(WERKEMA, 2012):

1) Produção de acordo com o Takt Time: O tempo takt é tempo disponível

para a produção dividido pela demanda de mercado.

2) Desenvolver fluxo contínuo sempre que possível: produção e

movimentação de apenas um item por vez ao longo do processo;

3) Utilizar supermercados onde o fluxo contínuo não é possível no controle

da produção: Supermercado é um local de estoque predeterminado que

auxilia as etapas posteriores. São utilizados, geralmente, cartões Kanban

para sinalizar ao fornecedor a remoção de um item;

4) Enviar a programação do cliente apenas para o pr ocesso puxador: No

mapa do estado futuro é o ponto da produção controlado pelos clientes

externos (pacemaker); determina o ritmo dos processos.

5) Nivelar o mix de produção: distribuição da produção de diferentes produtos

no processo puxador sem variar ao longo do tempo;

6) Nivelar o volume da produção: criação de uma puxada inicial com liberação

e retirada de somente um pequeno e uniforme incremento de trabalho no

processo puxador e simultaneamente retirar a mesma quantidade de produtos

acabados.

7) Desenvolver a habilidade de fazer toda peça todo dia nos processos de

produção anteriores ao processo puxador;

A figura 8 exemplifica um mapeamento de fluxo de valor de um sistema

produtivo genérico.

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27

Fonte: Autora, 2014

2.2 Lean Office

Tendo em vista que o Pensamento Enxuto procura a eliminação dos

desperdícios através da agregação de valor ao cliente, as organizações, a partir

deste conceito, começaram a se interessar por um setor administrativo enxuto, uma

vez que, uma empresa pode ser considerada Lean se todos seus setores forem

Lean. Entretanto, é mais lógico e fácil identificar perdas em processos produtivos,

uma vez que a maioria das atividades em áreas administrativas são relacionadas à

manipulação de informações e atividades de natureza intangível. (OLIVEIRA, 2007)

O pensamento enxuto, quando aplicado a atividades não manufatureiras, é

chamado de Lean Office. Assim, o Lean Office adapta-se e utiliza as ferramentas

Lean para eliminar variações e perdas nos processos administrativos.

2.2.1 Princípios do Lean Thinking no Escritório

O quadro 1 compara os 5 princípios enxutos de Womack e Jones (2003) para

Figura 8: Exemplo de Mapa de Fluxo de Valor Genérico

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28

o setor administrativo e o de manufatura. A ideia de que a aplicação do Lean em

ambientes administrativos é de alta complexidade uma vez que a fluidez do

processo ocorre sob a forma de informações e conhecimento, tornando-se difícil

visualizar as etapas que agregam valor.

Quadro 1: Interpretação dos princípios enxutos para a manufatura e escritório

PRINCÍPIO LEAN MANUFATURA ESCRITÓRIO

VALOR Valores em cada passo;

objeto definido Objetos mutantes; difíceis de

enxergar

FLUXO DE VALOR Itens, materiais, componentes

Informações, conhecimento

FLUXO CONTÍNUO Interações são desperdícios Interações planejadas deverão ser eficientes

PRODUÇÃO PUXADA

Guiado pelo Takt Time Guiado pela necessidade da

empresa

PERFEIÇÃO Possibilita a repetição sem

erros O processo possibilita

melhora organizacional Fonte: Adaptado de TURATI, 2007

2.2.2 Os desperdícios em Ambientes Administrativos

Segundo Hines (2000)3 apud Turati (2007) algumas etapas de perdas nos

processos administrativas podem ser identificadas: alto lead time, falta de

padronização, lotes de documentos, dados de entrada com erros, relatórios

desnecessários e o não uso de ferramentas que otimizem as atividades.

Oliveira (2007) classifica os desperdícios nos fluxos administrativos:

a) Alinhamento de objetos: energia gasta por pessoas trabalhando com

objetos mal entendidos e retrabalho para produzir o resultado esperado;

b) Espera: espera por resultados ou informações–assinaturas, retorno de

ligação, reuniões, etc;

c) Controle: controle e monitoramento daquilo que não traz melhorias no

desempenho;

3HINES, P.; Taylor, D. Going Lean: a guide o implementation. Lean Enterprise Research Centre, Cardiff, UK. Lean Institute Brasil web site. Disponível em: www.lean.org.br. Acesso em 27/08/2013.

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d) Variabilidade: recursos utilizados para lidar com resultados fora do esperado;

e) Alteração: mudar processo sem conhecer as consequências e, então,

compensar as consequências;

f) Padronização: o trabalho não é feito da mesma maneira por todos. Gastam-

se energia, pois o trabalho não é feito da melhor forma possível;

g) Agenda: Má utilização de horários, falta de pontualidade;

h) Processos Informais: Criação de processos informais em substituição dos

formais;

i) Fluxo irregular: Investimento em materiais ou informações que se acumulam

nas estações de trabalho;

j) Checagens desnecessárias: inspeções, retrabalhos;

k) Tradução: esforço requerido para alterar dados, formatos, relatórios, entre

passos de um processo ou seus responsáveis;

l) Informação Perdida: recursos necessários devem ser criados para

compensar a falta de informações chave;

m) Falta de Integração: esforço para transmitir a informação em uma

organização;

n) Irrelevância: esforços para lidar com informações desnecessárias;

o) Inventário: esforços aplicados a um material antes de seu requerimento. A

informação pronta fica estocada;

p) Ativos subutilizados: equipamentos e prédios que não são utilizados por

completo

Os desperdícios listados são complexos e, muitas vezes, de extrema dificuldade

de identificação. Para Oliveira (2007) a falta de padronização é um dos maiores

problemas, pois é fato que para atividades rotineiras e repetitivas pode ser encontrado

padrão. O Quadro 2 faz comparação dos 7 desperdícios em ambientes administrativos e

produtivos, de acordo com Lareau (2002)4 apud Seraphim, Silva, e Agostinho (2010).

4LAREAU, W. Office Kaizen: transforming office operations into a strategic competitive advantage. USA: ASQ Quality Press, 2002.

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Quadro 2: Os 7 desperdícios em ambientes administrativos x produtivos

DESPERDÍCIO MANUFATURA ESCRITÓRIO

PROCESSO

INADEQUADO

Utilização errada de ferramentas,

procedimentos ou sistemas.

Uso incorreto de procedimento ou

sistemas inadequados, ao invés de

abordagens simples.

SUPERPRODUÇÃO

Produzir excessivamente ou cedo

demais, resultando excesso de

inventário.

Gerar informação em meio

eletrônico ou papéis, além do que

se faz necessário, ou antes, do

correto momento.

INVENTÁRIO Excesso de Matéria Prima de peças

em processamento e estoque final.

Alto volume de informação

armazenado (buffer

sobrecarregado).

DEFEITO Problemas de qualidade do produto

ou serviço.

Erros frequentes de documentação,

problemas na qualidade dos

serviços ou baixo desempenho de

entrega.

TRANSPORTE

Transporte excessivo, resultando

em dispêndio desnecessário de

capital, tempo e energia.

Utilização excessiva de sistemas

computacionais nas comunicações.

MOVIMENTAÇÃO

Desorganização do ambiente de

trabalho, resultando em baixa

performance no geral.

Movimentação excessiva de

pessoas e informações.

ESPERA

Longos períodos de ociosidade de

pessoas e peças resultando em

lead time longo

Períodos de inatividade das

pessoas e informações (aprovação

de assinatura, aguardar fotocópias,

etc).

Fonte: (LAREAU, 2002 apud SERAPHIM; SILVA; AGOSTINHO, 2010)

2.2.3 Os 8 passos para uma implementação do Lean Office

Para Tapping e Shuker (2010) adotar o sistema Lean em áreas

manufatureiras representa um grande potencial de melhoria em sua estrutura,

eliminando todo o desperdício no fluxo de valor. Para isto, eles propõem:

1) Comprometimento com o Lean: a Alta Direção e todos os outros

funcionários devem estimular e apoiar a transformação Lean. O trabalho em

equipe, então, é fundamental nesta etapa;

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2) Escolha do fluxo de Valor : é preciso analisar todos os processos

administrativos e estabelecer fluxos alvo para direcionar a aplicação das

ferramentas.

3) Aprendizado sobre o Lean: os conceitos Lean devem ser difundidos entre

todos da organização. Nessa fase, treinamentos são fundamentais

dependendo dos objetivos da empresa;

4) Mapeamento do Estado Atual: ilustração de como as informações e

atividades fluem dentro do processo. Etapa importante para melhoria;

5) Identificação de medidas de desempenho Lean: definição de metas de

desempenho e indicadores para manter o engajamento e dar um feedback de

andamento da Aplicação do Lean;

6) Mapeamento do Estado Futuro: representa o fluxo de valor futuro após a

implementação das melhorias, sempre com foco no cliente. Todos devem

colaborar com ideias e sugestões;

7) Criação de Planos Kaizen: planejamento das ações de melhoria para o

estado futuro, assegurando que não haverá retrocesso;

8) Implementação dos Planos Kaizen: execução das propostas de melhorias,

sendo vital a continuidade para a busca da perfeição.

2.2.4 Mapeamento do Fluxo de Valor

Tapping e Shuker (2010) propõem o uso de símbolos que facilitem o

mapeamento do fluxo de valor nos ambientes administrativos, como mostra a figura

9. O mapa do estado atual deve conter as atividades que possuam fluxo, seja de

materiais ou informações e o MFV deve ser aplicado constantemente para alcance

da perfeição previsto no sistema Toyota.

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Fonte: (TAPPING; SHUKER, 2003)

2.3 Kaizen

Kaizen significa melhoria contínua em japonês. Faz uso do senso comum e

criatividade para alcançar melhorias rápidas e que aprimorem processos individuais

ou fluxos de valor. Geralmente é conduzido por equipe formada por pessoas de

diferentes funções e/ou áreas.

As principais diretrizes (GEORGE, et al, 2005):

• Evento Kaizen: a equipe deve dedicar-se integralmente ao projeto e, a ela,

devem ser disponibilizadas as áreas de suporte, como tecnologia da

informação, marketing, etc. O sponsor, o líder kaizen e os participantes

devem tomar providências para que seus trabalhos de rotina sejam realizados

por um back-up.

• Escopo do projeto: deve ser definido e de forma precisa para que a

Figura 9: Ícones para Mapeamento no Escritório

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readequação do projeto não desvie o foco, ocasionando perda de tempo;

• Coleta de dados: realizada por um Black Belt, Green Belt ou um especialista.

• Implementação: As ações de melhoria devem ser colocadas em prática

imediatamente e aquilo que não for possível realizar, deve ser executado em

no máximo 20 dias.

Para IMAI (1990) os dez mandamentos do kaizen são:

1) Eliminação total dos desperdícios;

2) Melhoria contínua e gradual;

3) Envolvimento de todo o pessoal e gestores;

4) Baixos investimentos, intenso uso da criatividade;

5) Não é exclusividade da cultura oriental;

6) Uso de gestão visual para facilitar a detecção de problemas;

7) Foco no local de agregação de valor;

8) Orientado para os processos;

9) Priorização das pessoas e foco numa nova maneira de trabalhar;

10) Trabalhar no sentido da aprendizagem organizacional.

O kaizen é conduzido de acordo com o método DMAIC. O fluxograma da

figura 10 introduz a ideia desta metodologia.

Fonte: Autora, 2013

Figura 10: Metodologia DMAIC

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34

2.4 O 6 Sigma e a Metodologia DMAIC

Six Sigma: Um sistema compreensível e flexível para alcançar, manter e maximizar o sucesso nos negócios. O Six Sigma é unicamente direcionado pelo entendimento das necessidades do cliente, uso disciplinado de fatos, dados e análises estatísticas e atenção diligente para gerenciar, melhorar e reinventar os processos empresariais. (PANDE; NEUMAN; CAVANAGH, 2000, tradução nossa).

A estratégia 6 sigma surgiu na Motorola nos anos 80 com o objetivo de

alcançar altos níveis de qualidade e competição no mercado. Hoje é uma das

metodologias mais estruturadas para atingir excelência. Segundo Kumaretal (2007),

o Seis Sigma é uma metodologia estruturada e fundamentada em métodos

científicos e estatísticos que são determinantes na implementação de melhorias.

Para Pandey (2007) os principais fatores da escolha de projetos 6 sigma:

• Impacto no bottom line, em termos financeiros;

• Aumento da satisfação do cliente;

• Redução dos custos da má qualidade;

• Alinhamento da estratégia com os objetivos da organização;

• Nível de risco envolvido no projeto

• Nível de conhecimento necessário para a realização do projeto.

Segundo Kwak e Anbari (2006) este método possibilita, além da eliminação

de desperdícios, a implementação de novas métricas e aplicação de diferentes

tecnologias para melhoria contínua. O uso correto da ferramenta corresponde em

sequência lógica e de acordo com o âmbito do projeto.

Para Harry & Schroeder (2000) e Reynard (2007) a ferramenta mais utilizada

em projetos Lean Seis Sigma é o DMAIC:

• Definir ( Define): definição clara e objetiva do projeto compreendendo os itens

“Critical to Quality” (CTQ's). A definição deve ser específica e mensurar o

impacto sobre a atividade.

• Medir ( Measure): medição da eficiência do processo, contendo um plano de

coleta dedados que assegure representatividade e aleatoriedade da

amostragem.

• Analisar ( Analyse): determinação das causas dos problemas que

necessitam de melhorias. É a procura da causa-raiz do problema.

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35

• Melhorar ( Improve): geração, solução e implementação das soluções.

Devem atenuar a causa-raiz do problema;

• Controlar ( Control): É a sustentabilidade das melhorias ao longo do tempo.

O controle é garantido por níveis táticos e estratégicos, por meio de

indicadores que alertem possíveis mudanças, no caso retrocessos.

O sucesso que as empresas apresentam com a utilização do Seis Sigma é

devido, principalmente, ao uso de ferramentas de controle que proporcionam auxílio

à melhoria dos sistemas administrativos e de manufatura, à gestão da qualidade e

ao gerenciamento de processos. Contudo, como qualquer metodologia, existem

limitações na sua implantação, encontrando o setor administrativo mais dificuldade

do que o setor manufatureiro, pois é uma área com processos dinâmicos.

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36

3 METODOLOGIA

3.1 O Método de Pesquisa

A estratégia de pesquisa que foi usada para atingir o objetivo pretendido foi a

de Pesquisa-Ação. De acordo com Mello et al (2005), na pesquisa-ação o

pesquisador interfere no objeto de estudo de forma cooperativa com todos os

membros participantes para resolução de um problema e construção de

conhecimento. A figura 11 apresenta um ciclo básico que visa nortear o projeto

(TRIPP, 2005).

Fonte: TRIPP, 2005

O quadro 3 apresenta as estratégias de Pesquisa Ação que foram utilizadas

neste trabalho:

Quadro 3: Método de Pesquisa de Projeto

Fonte: Autora, 2014

ASPECTO METODOLÓGICO CATEGORIZAÇÃO

ABORDAGEM Pesquisa Ação

OBJETO DE ANÁLISE Empresa

UNIDADE DE ANÁLISE Melhoria em Processo

CONTRIBUIÇÃO TEÓRICA Apresentação de Monografia

TIPO DE DADOS Possibilita a repetição sem erros

COLETA DOS DADOS Múltiplas fontes de evidências

ANÁLISE DOS DADOS Brainstorming; Análise de Conteúdo; Gráficos e Quadros

QUALIDADE E VALIDADE DA PESQUISA

Imparcialidade; Uso das Evidências.

Figura 11: Ciclo da Pesquisa Ação

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37

O projeto fez uso da metodologia DMAIC para identificar e resolver problemas

de maneira científica. As ferramentas utilizadas foram as ferramentas Lean e

ferramentas específicas da empresa, sendo que em nenhum momento houve

necessidade de mudanças repentinas na forma de trabalho.

3.2 A empresa

A MSD Saúde Animal é a unidade de negócios global de saúde animal da

Merck. A empresa oferece ao mercado Pet5 (veterinários, fazendeiros, proprietários

de animais de estimação e governos) ampla variedade de produtos e está presente

em mais de 50 países com produtos em 150 mercados.

Com nova presidência desde 2013, a MSD foi eleita em Outubro de 2014 a

melhor empresa farmacêutica para se trabalhar (VOCÊ S/A, 2014). Mas o histórico

da MSD Saúde Animal de Cruzeiro é caracterizado por constantes processos de

fusão entre grandes grupos da área farmacêutica. Em 2008, a Schering-Plough e a

Intervet uniram-se para dar início a uma nova fase estratégica, tanto no mercado

brasileiro quanto no internacional. Posteriormente, em julho de 2011, a Intervet

Schering Plough Animal Health passou a se chamar MSD Saúde Animal, nome

originado pela fusão com a Merck Sharp & Dohme - Merck & Co.

A MSD Saúde Animal promove a “ciência para animais saudáveis” através de

uma sólida base científica e de alta estrutura de pesquisa e desenvolvimento. Todos

os produtos são manipulados de acordo com as normas dos órgãos reguladores

(MAPA)6 em ambientes fechados para manter a qualidade do produto e segurança

dos colaboradores.

A MSD Saúde Animal, unidade de Cruzeiro – SP produz medicamentos

veterinários Ectoparasiticidas 7 e Endoparasiticidas 8 . O Quadro 4 apresenta os

principais produtos.

5 Mercado Pet: mercado de produtos e serviços para animais de estimação. 6 MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 7Ectoparasiticidas: produtos utilizados para controle de parasitas externos. 8Endoparasiticidas: produtos utilizados para controle de parasitos internos.

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38

Quadro 4: Principais produtos manufaturados na MSD Saúde Animal de Cruzeiro

Produto Descrição

Butox® P Associação de piretróide, a Deltametrina, e fosforado, o DDVP (vapona), para ser utilizado no tratamento simultâneo de infestações mistas de bernes e carrapatos.

Butox® P CE25 Associação de piretróide, a Deltametrina, e fosforado, o DDVP (vapona), para ser utilizado no tratamento simultâneo de infestações mistas de bernes e carrapatos.

Flotril®

Comprimidos 50 mg e 150 mg

Antimicrobiano bactericida de amplo espectro de ação.

Panacur® Comprimidos

Anti-helmíntico de amplo espectro para o combate às infestações por vermes redondos gastrintestinaise pulmonares em cães e gatos e Giárdia em cães.

Panacur® Suspensão

Anti-helmíntico de largo espectro para bovinos e cães, em suspensão oral, indicado no combate aos principais vermes.

Sofomax® Antiparasitário oral para uso no tratamento e controle de parasitas gastrointestinais e pulmonares em Bovinos, Ovinos e Equinos.

Supramec® Pour On

SUPRAMEC POUR-ON é indicado para o tratamento de parasitas internos e externos em bovinos, sensíveis à Ivermectina.

Triatox® 40 mL Ectoparasiticida com ação sarnicida e repelente contra carrapatos.

Triatox® Pulverização

Eficiente para o controle de carrapatos em bovinos; sarna e piolhos em ovinos e suínos.

Fonte: MSD, 2014

3.2.1 O Departamento de Garantia da Qualidade

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39

A Garantia da Qualidade (GQ) da MSD Saúde Animal do site de Cruzeiro

pode ser definida como a representação do esforço documentado para assegurar

que seus produtos e serviços estejam dentro dos padrões exigidos pela corporação,

pela legislação em vigor e pelos clientes. O departamento da GQ da MSD Saúde

Animal reflete a política da empresa, a organização, as ações, as estratégias e as

instruções do serviço. Portanto, o que é definido nos procedimentos, baseando-se

em normas é seguido por toda a empresa.

Neste sentido, o departamento é ferramenta essencial do gerenciamento da

qualidade na MSD Saúde Animal e que tem como objetivo dar suporte aos sistemas

e cadeia produtiva para que funcionem com eficácia.

Para que todas as empresas do ramo farmacêutico veterinário cumpram com

os requisitos mínimos de segurança e qualidade na produção de medicamentos, o

(MAPA) regulamenta o cumprimento de normas de Boas Práticas de Fabricação do

segmento, que têm como objetivo (MAPA, 2003):

• Assegurar que a qualidade sanitária e organização sejam cumpridos;

• Buscar constantemente a qualidade dos produtos durante todas as fases de

produção;

• Evitar contaminações ou qualquer tipo de erro que impossibilite o uso do

medicamento;

• Estabelecer procedimentos operacionais e validações de limpeza;

• Reduzir desperdícios e trabalhar com segurança.

Além dos requisitos do MAPA (MAPA, 2003) que devem ser seguidos

rigorosamente para produção de medicamentos, a MSD Saúde Animal de Cruzeiro,

cumpre com as Políticas de Qualidade da MSD Animal Health (AHQM Animal Health

Quality Manual) - diretrizes internacionais que padronizam e garantem o

funcionamento dos sistemas de todas as filiais.

Sendo assim, a Garantia da Qualidade (GQ) de Cruzeiro incorpora as Boas

Práticas de Fabricação e as instruções dos capítulos do Manual da Qualidade:

• Os medicamentos devem ser projetados e desenvolvidos considerando-se a

necessidade do cumprimento das Boas Práticas de Fabricação;

• As operações de produção e controle devem ser especificadas por escrito e

as exigências de BPF’s cumpridas;

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40

• As responsabilidades gerenciais devem ser claramente especificadas em

descrição de cargo e funções;

• Deve haver providências necessárias com relação à fabricação, suprimento e

utilização correta das matérias primas e materiais, sempre seguindo o First In,

First Out (FIFO).

• Deve haver realização de todas as análises para liberação e aceitação de

materiais, produtos a granel, bem como outros controles em processo -

calibrações e validações;

• O produto terminado deve ser corretamente processado e conferido (duplo

check);

• Os medicamentos não devem ser expedidos sem certificados de liberação,

que garantem que o lote produzido foi controlado de acordo com os registros

e outros fatores relevantes à produção;

• Devem ser fornecidas instruções para garantir distribuição e manuseio de

forma que a qualidade seja mantida durante o prazo de validade;

• Devem ser realizados procedimentos de auto-inspeção e/ou auditoria interna

de para avaliação de todos os itens referentes às normas de qualidade.

• Deve existir planejamento de treinamento e capacitação contínua dos

funcionários de toda a indústria, visando também a redução de custos.

• Os fornecedores de materiais e matérias-primas devem ser devidamente

classificados dentro dos critérios requeridos.

• Deve existir um canal entre a área de regulatórios para os processos de

aprovação no MAPA;

3.3 O problema

A Garantia da Qualidade da MSD Saúde Animal de Cruzeiro operava como

emissora da documentação da Produção, sendo responsável pela gestão de

documentos. Era fato conhecido entre os colaboradores do setor que a atividade de

documentação apresentava dificuldades operacionais significativas que serão

relatadas a seguir.

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41

A documentação é, em geral, uma atividade pouco compreendida e, portanto,

mal resolvida nas organizações, o que acarreta perda de eficiência e eficácia nos

processos. Isto também ocorria na MSD Saúde Animal. Porém, é a documentação

que permite estabilizar e padronizar os processos mediante a fixação de critérios

objetivos que garantem os registros necessários. O processo sem documentação é

frágil e sujeito a interferências ou desvios difíceis de serem impedidos se não são

controlados.

Em geral, a maioria dos processos exige formalização documental. No caso

dos processos, os registros prestam-se a prover evidências de conformidade das

atividades realizadas com relação aos requisitos exigidos pelas normas. Os

registros, então, são meios satisfatórios para comprovação da qualidade do produto

e a rastreabilidade dos serviços executados.

Os registros são indispensáveis em qualquer organização, mas

principalmente na Indústria Farmacêutica de Saúde Animal, que tem como órgão

regulador o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). O MAPA

através da Instrução Normativa 13 – IN 13 – dizia que a documentação deveria

refletir todos os processos utilizados na produção do produto, devendo conter todos

os itens para que fosse facilmente rastreável, enquanto a corporação também

defendia para a documentação, através do Manual da Qualidade e seus capítulos, o

Right First Time (RFT) – que garantia que o registro fosse realizado no momento da

atividade.

Apesar de necessários, os registros não agregam valor ao negócio e são

atrelados a custos, sejam para executá-los, analisá-los ou mantê-los. No caso do

site da MSD Saúde Animal em Cruzeiro, toda a documentação sendo controlada

pela Garantia da Qualidade, o seu gerenciamento era realizado através de um

software, o SE SUITE, que integrava e automatizava os documentos de acordo com

as codificações implantadas. Cada área possuía acesso para

cadastro/revisão/visualização de seus documentos, porém com aprovação e

homologação da qualidade.

O Batch Record era o nome dado ao conjunto de formulários correspondentes

à documento da produção, porém esses formulários, devido à sistemática de

documentação já explanada, eram emitidos e aprovados pela Garantia da Qualidade

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42

e que passavam por diversos setores na compilação de dados. Sua emissão e

controle, então, eram atividades extremamente complexas. Além deste controle

praticamente não existir e falhar, a emissão era dispendiosa e dependente de

informações dos outros setores, o que acarretava atrasos e erros.

Um dos grandes problemas da MSD Saúde Animal de Cruzeiro, era a

ineficiência deste processo de emissão e controle da documentação de produção, o

Batch Record. Para aprimorar este processo, a Garantia da Qualidade, responsável

então por esta documentação, com apoio das áreas envolvidas no processo,

desenvolveu um projeto onde suas etapas foram elucidadas e analisadas utilizando-

se a metodologia DMAIC.

3.4 A condução da Pesquisa-Ação

O problema na emissão de folhas da produção foi notoriamente percebido em

2013, após parada de 1 hora da produção por falta de documentação. O problema

ocorrido foi ocasionado por vários fatores, dentre eles: a não emissão da

documentação pelo Analista; a falta de comunicação entre os setores envolvidos e o

fato do Batch Record não ser um documento com fluxo contínuo. Além de eventos

como o descrito, pequenas ocorrências diárias, como erros na documentação e

desperdícios em todo o processo fizeram com que um projeto focado na redução de

desperdícios e de tempo fosse necessário para tornar a atividade de emissão

robusta e confiável.

Através de Pesquisa-Ação, conduzida com ferramentas do Lean e do DMAIC,

foram levantadas as etapas da atividade que poderiam ser mais dispendiosas para

definir o escopo de projeto.

Após a definição de escopo (redução de 70% do tempo de emissão), esta

autora participou ativamente das etapas de estudo como membro integrante e em

conjunto com os participantes na evolução e aperfeiçoamento do projeto, através da:

• construção de gráficos e coleta de dados para acompanhamento do projeto;

• revisão, cadastro, homologação e impressão da documentação de Batch

Record no pré e pós implantação de melhorias;

• participação de reuniões de acompanhamento das melhorias;

• apoio total ao Green Belt em atividades de coleta dados e outras atividades

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43

ligadas ao projeto.

3.4.1 Etapa Definir (D)

Esta etapa corresponde à etapa “planejar” da Pesquisa-Ação e que, para

limitar o campo de análise de trabalho foram avaliadas junto à gerência a etapa de

maior valor agregado de documentação da produção. Por esse critério, aplicou-se a

metodologia DMAIC para resolução do problema de emissão de folhas de produção

(Batch Record). A emissão foi considerada uma etapa principal, pois sem esta

documentação a produção não podia iniciar suas atividades. Seguindo a lógica

DMAIC, o problema foi definido com base no tempo de emissão dessas folhas, uma

vez que o fluxo de informação não era contínuo e o lead time entre as etapas podia

ser alto. O ponto de partida inicial para o projeto foi “A Garantia da Qualidade leva

cerca de 1 hora na emissão de 5 folhas para a produção”. Ainda nesta etapa foi

definido um planejamento para delimitar, através do SIPOC quem eram os clientes

internos, as saídas e entradas do processo, os patrocinadores (sponsors) e o time

do projeto Green Belt. A extensão do problema foi definida por meio de criação de

organograma com as áreas dentro e fora do escopo. A viabilidade do projeto

também foi avaliada, bem como a identificação de lacuna de desempenho.

3.4.2 Etapa Medir (M)

Etapa “Agir” da Pesquisa-Ação, onde foram realizadas medições e coleta de

dados necessários para desenhar e aumentar o conhecimento sobre o processo,

através da elaboração do mapa do processo atual com foco na análise de

desperdícios e desenvolvimento de métricas. Essas medições basearam-se em

fatores controláveis, sendo que os não controláveis foram levantados apenas para

análise. As métricas foram desenvolvidas através de indicadores e pela

confiabilidade dos dados.

3.4.3 Etapa Analisar (A)

Etapa de monitorar e descrever os efeitos das ações, de acordo com a

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44

Pesquisa-Ação, caracterizada mais pela análise qualitativa que quantitativa. De

posse dos dados apurados na etapa anterior, foi possível identificar falhas mais

frequentes no processo para seguir com a identificação da causa raiz do problema.

Foram usadas ferramentas da qualidade, como brainstorming, a fim de

relacionar efeitos e fatores que possibilitaram a profunda investigação das falhas

ocorridas e suas potenciais causas, para então desenvolver testes de hipóteses que

ajudaram a encontrar uma solução.

3.4.4 Etapa Melhorar (I)

Etapa de implementar as ações da Pesquisa-Ação. As entradas principais

foram as causas-raízes encontradas na análise do problema e com base nestas

causas, esta etapa propôs elaboração de um Plano de Ação e, posteriormente, a

implementação de uma solução encontrada. Dispositivos “a prova de erros” e

análises de riscos foram utilizados a fim de garantir que não houvesse retrocesso do

cenário a ser implantado.

3.4.5 Etapa Controlar (C)

Etapa entre a avaliação dos resultados e o planejamento de novas ações da

Pesquisa-Ação, caso necessário. A fase controlar envolveu o fechamento do projeto,

avaliação dos resultados e geração de relatórios. Foi possível garantir que os

ganhos obtidos fossem sustentáveis e de longo prazo. Ainda nesta etapa foi inserida

a padronização de trabalho, através de 5S e planos de controle, como treinamento

dos envolvidos, suporte e acompanhamento do novo processo, coaching. Além

disso, os procedimentos de Emissão de Batch Record e os procedimentos de outras

áreas diretamente relacionadas ao processo foram escritos e/ou revisados e

incluíram as novas práticas.

O Quadro 5 representa a síntese e relaciona as etapas DMAIC, com as

etapas da Pesquisa-Ação e as etapas do projeto.

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45

Quadro 5: Metodologia utilizada

Fonte: Autora, 2014

PESQUISA AÇÃO DMAIC ETAPAS DO PROJETO

Planejar Definir

• Project Charter;

• SIPOC;

• Sponsorship Spine (organograma);

• Validação 6 Sigma;

• Riscos e Alcance de sucesso.

Ação Medir

• Mapa do Processo Atual;

• Coleta de Dados (tempos de emissão

pré melhorias);

• Gráficos do estado atual (tempo de

emissão e desperdícios da atividade).

Monitorar e descrever

as ações Analisar

• Definir Causa Raiz;

• FMEA de projeto para hipóteses de

falhas e definição de padrões.

Implementar ações Melhorar

• Padronizar o trabalho e criar controles;

• Implementar propostas;

• Desenhar Mapa Futuro e Mapa Ideal;

• Comprovar eficácia do projeto através

do tempo de emissão e erros em

documentação.

Controlar o que foi

implementado e Avaliar

os Resultados

Controlar

• Implementar padrões criados para

controle de emissão e de erros em

documentação, evitando o desperdício;

• Garantir o não retrocesso (não deixar

de implementar nenhuma ação e

treinar os envolvidos).

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46

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Etapa Definir

Esta etapa identificou e definiu o escopo e a meta que deveria ser atingida, de

acordo com os conceitos de Lean Office. Ferramentas da Qualidade como

brainstorming em reuniões e a folha A3 de apresentação do projeto, foram utilizadas

para demarcar o início da fase de definição, seguindo a lógica DMAIC.

Para que o projeto fosse aprovado e sua implantação fosse eficiente, análises

qualitativas foram realizadas anteriormente às reuniões de apresentação do projeto

com o intuito de avaliarem o impacto e probabilidade de riscos identificados.

Duas foram as ações principais realizadas nesta etapa do DMAIC: 1) a

análise da adequação e viabilidade do projeto ao Seis Sigma e 2) a análise do

alcance do sucesso do projeto.

4.1.1 Análise de Adequação ao Seis Sigma

O quadro 6 apresenta questões que foram apuradas com o objetivo de

comprovação da adequação e viabilidade do projeto.

Quadro 6: Adequação ao Seis Sigma

QUESTÃO RESPOSTA O projeto trata de uma questão crítica para o Sistema da Qualidade?

Sim

Sim : Projeto Seis Sigma Não: Não é um projeto Seis Sigma com foco estratégico O projeto trata do crescimento da receita da empresa?

Não

Sim : Projeto Seis Sigma Não: Não é um projeto Seis Sigma com foco estratégico O projeto trata de redução de custo?

Sim

Sim : Projeto Seis Sigma Não: Não é um projeto Seis Sigma com foco estratégico O projeto pode ser finalizado em 3-6 meses?

Sim

Sim : Projeto Seis Sigma Não: Parar / Redesenhar o projeto O projeto irá viabilizar redução de tempo adequada (50% de redução)

Sim Sim : Projeto Seis Sigma Não: Pare ou redesenhe

Fonte: Autora, 2014

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47

4.1.2 Análise do Alcance de Sucesso do Projeto

Dado o cenário competitivo e exigente atual, o gerenciamento de projetos

revelou-se essencial por ser uma metodologia consagrada em várias empresas, pois

forneceu elementos para viabilizar o sucesso do projeto. De acordo com o Project

Management Institute (2013), a principal falha dos projetos é o mau gerenciamento

dos requisitos.

O quadro 7 apresenta questões que foram criadas e julgadas como

importantes pela empresa e tinham o objetivo de provisionar a probabilidade de

sucesso do projeto.

Através de ferramenta utilizada pela empresa, foi solicitado ao Sponsor do

projeto que quantificasse cada questão estabelecendo o critério de nota variando de

0 a 2, onde:

0 representa “Não” – mais próximo do insucesso;

1 representa “Parcial” – entre insucesso e sucesso;

2 representa “Sim” – mais próximo do sucesso.

A ferramenta utilizada permitiu apurar a pontuação final, que representa o

alcance de sucesso de projeto. A empresa considera um projeto como de alto

alcance de sucesso se o somatório das respostas for maior que 14; de médio

alcance se o somatório ficar entre 11 e 13 e de baixo alcance se o somatório for

inferior a 10.

Quadro 7: Alcance de Sucesso

Item Variáveis chaves de predição Resultado

1 O projeto é estratégico? 2

2 Há motivos suficientes para mudar? 2

3 Há um objetivo claro e mensurável? 2

4 Estão disponíveis os membros chaves do time. 2

5 Vários membros de equipe são talentos chaves e pensadores inovadores. 1

6 Gerência disposta a comprometer os recursos críticos para a solução. 2

7 O projeto pode ser concluído em 3-6 meses. 1

8 Foi designado um líder Seis Sigma de tempo completo (BB, GB). 2

Nota geral de probabilidade de sucesso 14

% de Alcance de sucesso 0,875

Fonte: Adaptado MSD, 2014

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48

O resultado obtido estava na faixa classificada como de alto alcance de

sucesso, o que forneceu aos líderes maior confiança na implementação e esforços

no projeto.

Em seguida, a ideia do projeto foi, então, apresentada a uma equipe montada

(vide quadro 8), através da folha A3, onde os problemas foram identificados e uma

meta que foi estabelecida. O Quadro 8 apresenta a folha A3:

Quadro 8: Folha A3 de Projeto

Declaração do Problema / Oportunidade:

A atividade de emissão do Batch Record

pela Garantia da Qualidade leva pelo

menos 20 minutos para cada etapa de folha

da produção (Granel, Envase e

Acondicionamento), o que acarreta atraso

na produção (pelo menos 1x por semana).

Declaração da meta:

Reduzir em 70% o tempo de emissão até o 2º quarter

de 2014.

Impacto nos negócios:

O tempo de emissão do Batch Record

impacta diretamente no início das

atividades de produção e pode causar

atraso no lead time.

Escopo do Projeto:

O escopo do projeto será limitado à emissão de Batch

Record e a documentação da Qualidade envolvida no

processo, porém deverá também incluir documentação

de outras áreas – Almoxarifados, Controle de

Qualidade e Produção. Outras atividades relacionadas

ao processo produtivo estão fora de escopo.

Plano do Projeto:

Metodologia DMAIC e ferramentas Lean

Seleção da Equipe

Papel Membro s da Equipe

Membro Supervisor Qualidade

Membro Estagiário

Membro Analista de Produção

Membro Analista de Qualidade

Sponsor Gerente Qualidade

Fonte: Adaptado MSD, 2014

O SIPOC do processo de emissão do Batch Record (Quadro 9) foi

apresentado para que fosse possível o delineamento das fronteiras do processo

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49

previamente de forma macro. Esta ferramenta proporcionou estruturar as etapas e

de fato limitou o escopo do projeto.

Quadro 9: SIPOC do projeto

SIPOC - Redução do tempo de emissão de Batch Record

S

I

P

O

C

PCP

Ordem de Produção

Recebimento da ordem de produção

PCP Almoxarifado

Ordem de Produção

Formulário de Pesagem MP

Preenchimento do Formulário de Pesagem de Matéria Prima

Formulário de pesagem de

MP Almoxarifado

Produção

Ordem de Produção

BR Form, Env, Acond

Preenchimento do Formulário

Almoxarifado

Ordem de Produção

Formulário de Suplementar e

Devolução

Preenchimento do Formulário de Suplementar e Devolução

Garantia da Qualidade

Ordem de Produção

Formulário de Identificação de

Processo

Preencher o Formulário de Identificação de Processo

Produção Garantia da Qualidade

SE SUITE

Imprimir Formulários de limpeza e Identificação de Carimbos

Analista GQ Batch Record sem

assinatura

Carimbar todas as folhas com o número de lote e "impresso por"

Analista GQ

Analista de emissão

Assinar, carimbar e datar a folha de identificação de carimbos e todas as folhas com "impresso

por"

Batch Record pronto

Produção

Analista GQ

Analista do duplo check

Assinar, carimbar e datar a folha de identificação de carimbos e todas as folhas com "impresso

por"

Batch Record pronto

Produção

Fonte: Adaptado MSD, 2014

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50

A elaboração do SIPOC (quadro 9) permitiu perceber que o processo possuía

dois clientes diretos: a Produção e o Almoxarifado. Além disso, o processo possuía

também um cliente indireto, o Controle de Qualidade. As fronteiras de processo

envolvidas são sempre relacionadas à emissão de Batch Record, pois o processo de

emissão de folha de Formulação, Envase ou Acondicionamento (Embalagem) é

praticamente o mesmo, fazendo com que somente um único mapa de processo seja

necessário.

Definidas as fronteiras de processo e projeto, construiu-se um Organograma

(figura 12) para que as áreas envolvidas diretamente ou indiretamente, e para que

as áreas fora de escopo fossem evidenciadas.

Fonte: Autora, 2014

4.1.3 Validação da Etapa Definir

A Validação desta primeira etapa girou em torno de 2 perguntas: 1) O projeto

tem ligação com a estratégia da empresa? 2) Por que trabalhar neste projeto e não

em outro?

Supervisor de Produção

Analista de PRD

EHSSupervisor de

LogísticaAnalista de

PCPManutenção

Supervisor da Garantia da Qualidade

Analista de Validação

Analista de Transferência de Tecnologia

OperadoresOperadores de

LogísticaAnalistas de

CQAnalistas de

CEPAnalistas de

GQ

Legenda:

Supervisor de Controle da Qualidade

SponsorÁreas atingidasFora do escopo

Organograma de Projeto - Redução do Tempo de Emissão de Batch Record

Gerente de QualidadeGerente de Produção Gerente de Manutenção, Almoxarif ados e PCP Gerente de Technical Services

Diretor do Site

Figura 12: Organograma de Projeto

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51

A resposta à primeira pergunta foi de que para que os objetivos

organizacionais de lançamento de novos produtos e aumento de produção na

fábrica pudessem ser atingidos, problemas chaves de ineficiência e produtividade

deveriam ser eliminados em todos os setores envolvidos. E neste caso, a Garantia

da Qualidade estando envolvida no processo, seria parte responsável pelo ganho ou

perda de eficiência.

A resposta da segunda pergunta foi a de que o setor de Qualidade: Qualidade

de Fornecedores e Qualidade Assegurada passou por reestruturação diminuindo o

quadro de funcionários através da fusão entre essas duas áreas. As atividades mais

dispendiosas deveriam então sofrer mudanças e padronização, dando início ao

escritório enxuto.

4.2 Etapa Medir

A medição foi de extrema importância para implementação das melhorias

propostas, uma vez que tratava quantitativamente do processo abordado e quais

pontos seriam tratados com maior ênfase. A etapa de medição iniciou-se então com

o levantamento da composição do Batch Record, mas para cercar os problemas que

envolviam o Batch Record, foram mensurados também erros decorrentes da

emissão e/ou preenchimento das folhas pelos setores, bem como o tempo de

emissão das folhas em si.

4.2.1 Levantamento da composição do Batch Record

O departamento da qualidade definiu o Batch Record como um documento

“descompartimentado” 9 , devido ao sistema utilizado, cada área desenvolveu a

documentação correspondente à sua contribuição nas etapas de produção, fazendo

com que o Batch Record fosse um conjunto de formulários de todas as atividades

realizadas pelos departamentos/setores envolvidos no ciclo de produção, desde a

pesagem das matérias primas até a aprovação do produto acabado. Além dos

9 Descompartimentado: após a união de diversos formulários, forma um documento único, o Batch Record.

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52

Formulários, chamados de Formulários da Qualidade (FQ’s), qualquer informação

relevante ao processo em questão deveria ser registrada, garantindo o Right First

Time. Este conjunto de documentos passaria por uma reconciliação10 no momento

da revisão e aprovação pela Garantia da Qualidade. O Batch Record possuía 15

diferentes documentos de 5 diferentes áreas, podendo variar de acordo com o

produto e de acordo com as diferentes análises laboratoriais realizadas pelo

Controle de Qualidade, totalizando, então, uma média de 85 folhas. A figura 13

demonstra a divisão da documentação:

Fonte: Autora, 2014

10

Reconciliação: análise comparativa dos dados obtidos na fabricação do produto com os dados de referência.

Limpeza de ÁreasIdentificação de

Produto em ProcessoReconciliação e Batch

Record

Média de 16 folhas por etapa de embalagem

Fluxo de Batch Record

Média de 37 folhas por etapa de envase

BR EMBALAGEM

C-PRD-POP-088 FQ 001 XXXXXX

Suplementar e Devolução

Identificação e Carimbos

Notificação de Erros

BR FORMULAÇÃO

C-PRD-POP-XXX FQ 001

Suplementar e Devolução

Pesagem de MPIdentificação de

Carimbos

Notificação de ErrosLimpeza de

EquipamentosIdentificação de

Produto em Processo

C-PRD-POP-095 FQ 001 XXXXXX

Suplementar e Devolução

Identificação e Carimbos

Notificação de Erros

Limpeza de Equipamentos

Limpeza de ÁreasIdentificação de

Produto em Processo

BR ENVASE

Média de 32 folhas por etapa de formulação

4 1 1 1

1 1 1

Controle em Processo

Registro de Análise

Cromatogramas Lista de Picking

Despacho de Ordem

8 1 151

1

4 1 1 1

1 1 1

Controle em Processo

Registro de Análise

Cromatogramas Lista de Picking

Despacho de Ordem

8 1 151

1

4 1 2 1

1 1 1

Controle em Processo

Inspeção de Produto

Material Gráfico Lista de Picking

Despacho de Ordem

1 1 1

1

1

GQ PCP PRDCEP/CQ ALM

Figura 13: Composição da Documentação do Site

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O Batch Record

conteúdo que nele se encontra

apresentam somente os ite

como informação confidencial

A figura 14 mostra a primeira folha do

determinado produto (neste caso, representado por

canto inferior direito). O

tempos de emissão: carimbo

código, material, número de lote, data

fragmentado pela informação

acompanhavam esta numeração.

Campos de preenchimento e onde podia

Batch Record era uma documentação confidencial da empresa

nele se encontrava não podia ser divulgado. As

apresentam somente os itens que influenciavam no projeto e o que era classificado

como informação confidencial foi retirado.

Figura 14: Exemplo de Formulário

Fonte: MSD, 2014

mostra a primeira folha do Batch Record de Formulação

determinado produto (neste caso, representado por C-PRD-POP

. Os itens em destaque estavam ligados diretamente com os

ão: carimbo de lote e “emitido por”; muitos campos de edição

código, material, número de lote, data e comprovação de que o formulário era

pela informação “página 1 de 5”, pois os outros formulários não

esta numeração.

pos de preenchimento e onde podia ocorrer quebra de lote

53

onfidencial da empresa e o

As figuras 14 e 15

ns que influenciavam no projeto e o que era classificado

de Formulação de um

POP-110 FQ 002 03,

s itens em destaque estavam ligados diretamente com os

de lote e “emitido por”; muitos campos de edição –

e comprovação de que o formulário era

outros formulários não

Carimbo lote

ocorrer quebra de lote

Preenchimento

oo

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Já a figura 15 é um exemplo

NPP-007 FQ 003 00)

perceber que a paginação era diferente; que existia a utilização de carimbos “lote”,

“emitido por” e “carimbo de nome” e que

Figura

A figura 16 apresenta um

formulários, que compilados, representavam

Já a figura 15 é um exemplo de um dos formulários (neste caso, o

que compunham o Batch Record da figura 14

perceber que a paginação era diferente; que existia a utilização de carimbos “lote”,

e “carimbo de nome” e que existiam assinaturas e rubricas em excesso.

Figura 15: Exemplo de Formulário de Batch Record

Fonte: MSD, 2014

apresenta um exemplo de controle com a divisão de

compilados, representavam o Batch Record completo (Formulação,

54

neste caso, o C-GQ-

da figura 14. Pode-se

perceber que a paginação era diferente; que existia a utilização de carimbos “lote”,

assinaturas e rubricas em excesso.

plo de controle com a divisão desses

completo (Formulação,

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55

Envase e Acondicionamento (Embalagem)) para um determinado produto em

apresentação específica, no caso, do produto Butox P CE 20 mL: cada formulário

com seu respectivo código, local na rede e em sistema. Este controle excessivo dos

formulários existia pelo tipo de sistemática de documentação implantada: cada setor

possuía seus documentos com seus respectivos códigos, porém esses documentos

eram integrantes do sistema produtivo. Essa sistemática provou-se, então, falha no

caso da documentação de Batch Record, pois a emissão era feita somente por um

setor (Garantia da Qualidade) que tinha a função de compilar todos esses

formulários, abrindo o sistema, pastas e formulários diversas vezes.

Fonte: MSD, 2014

O significado das siglas na figura 16 é o seguinte:

C-ALM: documentação do Almoxarifado

C-PRD: documentação da Produção

C-GQ: documentação da Garantia da Qualidade

C-CQ: documentação do Controle de Qualidade

Figura 16: Divisão e Controle dos Formulários para determinado produto na rede

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C-CEP: documentação do Controle Estatístico de Processos

Figura

Após o entendimento da sistemática da documentação, foram coletados

dados para a criação do mapa de processo atual

58 a 60).

O mapa de processo atual viabilizou um maior entendimento entre os setores

do processo de emissão

Para se iniciar o processo de emissão era preciso que o Despacho de Ordem

estivesse disponível pelo

etapa de manufatura do produto a ser produzido (for

embalagem), código SAP

materiais produzidos. Iniciava

documentos representados nas figuras 13

recebido. A emissão deveria:

• Salvar os documentos abertos na rede e no sistema e editar os campos de

lote de produto, conferência de matéria prima e número de ordem de

despacho. Em todos os formulários que 11

SAP: Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados

para Planejamento de Produção.

documentação do Controle Estatístico de Processos

Figura 17: Explicação da Codificação da Documentação

Fonte: Autora, 2014

entendimento da sistemática da documentação, foram coletados

dados para a criação do mapa de processo atual, apresentado no quadro 10

O mapa de processo atual viabilizou um maior entendimento entre os setores

do processo de emissão realizado pela Garantia pela Garantia da Qualidade

Para se iniciar o processo de emissão era preciso que o Despacho de Ordem

estivesse disponível pelo Planejamento (PCP), pois este documento informava

etapa de manufatura do produto a ser produzido (formulação, envase ou

, código SAP11, lote do produto, quantidade de fabricação e lote dos

materiais produzidos. Iniciava-se, então, a emissão através da abertura dos

tos representados nas figuras 13 e 16, porém de acordo com o despacho

do. A emissão deveria:

Salvar os documentos abertos na rede e no sistema e editar os campos de

lote de produto, conferência de matéria prima e número de ordem de

. Em todos os formulários que compunham o

Produtos para Processamento de Dados era o Sistema Informatizado utilizado

para Planejamento de Produção.

56

: Explicação da Codificação da Documentação

entendimento da sistemática da documentação, foram coletados

entado no quadro 10 (folhas

O mapa de processo atual viabilizou um maior entendimento entre os setores

realizado pela Garantia pela Garantia da Qualidade.

Para se iniciar o processo de emissão era preciso que o Despacho de Ordem

, pois este documento informava: a

mulação, envase ou

, lote do produto, quantidade de fabricação e lote dos

se, então, a emissão através da abertura dos

, porém de acordo com o despacho

Salvar os documentos abertos na rede e no sistema e editar os campos de

lote de produto, conferência de matéria prima e número de ordem de

o Batch Record (do

era o Sistema Informatizado utilizado

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57

Almoxarifado, do Controle da Qualidade, da Garantia da Qualidade e do

Controle de Processos e Embalagem) os campos de lote, produto, códigos de

materiais, ordem de produção deveriam ser editados.

• Atentar-se ao fator “quebra de lote”. Em muitos casos, a quantidade de um

lote de matéria-prima era insuficiente, necessitando que outro lote fosse

utilizado para totalizar a quantidade requerida pelo Despacho de Ordem,

havendo assim a Quebra de Lote. Quando existia quebra de Lote, linhas

deveriam ser inseridas ao Formulário (figura 14).

• Ao fim da edição de todos os campos com as informações requeridas, o

Batch Record era impresso, assinado, datado e todas suas folhas conferidas

como duplo check.12. O duplo check foi a maneira utilizada para validar todas

as folhas do Batch Record já que sua numeração não era contínua, devido à

compilação de diversos formulários diferentes.

12

Duplo Check: Conferência da atividade realizada. Requisitos das normas internas e do MAPA.

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58

Quadro 10: Mapa de Estado Atual

Atividade 1

Envio de despacho de

ordem 10 Fechar o documento 19 Imprimir

Suplementar/ Devolução

28

Procurar o FQ de identificação de

carimbos

37

Imprimir o FQ de Identificação de

produto em processo

46

Solicitar duplo check com assinatura na

primeira folha

Como faz / Depto Rede / Email – PCP Sistema - GQ Word - GQ Sistema - GQ Sistema - GQ Manual - GQ

Nº pessoas

1

1

1

1

1

2

TAV

0

0

10 s

10 s

10 s

30 s

Atividade 2

Receber despacho de ordem

11

Abrir a pasta

Garantia_Qualidade\GQ\Batch Record Atual

20

Entrar no SE SUITE

29

Abrir o Documento 38

Buscar todas as

folhas na impressora

47

Duplo check, carimbar,

assinar e rubricar a folha de identificação

de carimbo Como faz / Depto Rede / Email – GQ Rede - GQ Sistema - GQ Sistema - GQ Manual - GQ Manual - GQ

Nº pessoas 1 1 1 1 1 2

TAV

0

10 s

1 min

1 min

30 s

30 s

Atividade 3

Imprimir despacho de ordem

12

Abrir o Batch record 21

Entrar em

Documento - Consulta - Documento

30

Imprimir o FQ de identificação de

carimbos

39

Colocar as folhas em ordem

48

Duplo check assinar

todas as folhas com o carimbo "Emitido por

Garantia da Qualidade" Como faz / Depto Rede / Email – GQ Rede - GQ Sistema - GQ Sistema - GQ Manual - GQ Manual - GQ

Nº pessoas 1 1 1 1 1 2

TAV

30 s

0

0

10 s

20 s

30 s

Mapa de Processo Emissão de Batch Record - ATUAL

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59

Atividade 4

Buscar despacho de ordem na impressora

13

Editar os campos de

ordem, lote do produto, data de fabricação e

validade e lotes de MP

22

Procurar o FQ de limpeza de área

31

Procurar o FQ de notificação de erros

40 Grampear

49

Entregar ao volante de

produção

Como faz / Depto Manual – GQ Word - GQ Sistema - GQ Sistema - GQ Manual - GQ Rede / Email - PCP

Nº pessoas 1 1 1 1 1 1

TAV 10 s 2 min 30 s 10 s 5 s 1 min

Atividade 5 Entrar no SE SUITE

14 Imprimir Batch Record

23 Abrir o Documento

32 Abrir o Documento

41

Usar o carimbo

"Emitido por Garantia da

Qualidade" em todas as folhas que

não possuem a autenticação

Tempo de Agregação de

Valor (TAV) Total:

TAV= 24,5 minutos de

emissão

Kaizen nas etapas:

Como faz / Depto Sistema – GQ Word - GQ Sistema - GQ Sistema - GQ Manual - GQ

Nº pessoas 1 1 1 1 1

TAV 2 min 5 s 1 min 1 min 30 s

Atividade 6

Entrar em Documento - Consulta – Documento

15

Abrir a pasta

Garantia_Qualidade\GQ\Batch Record

Atual\Suplementar e Devolução

24

Imprimir o FQ de limpeza de área

33

Imprimir o FQ de notificação de erros

42

Usar o carimbo de

data nas folhas com o carimbo de "Emitido por Garantia da Qualidade"

Como faz / Depto Sistema – GQ Rede - GQ Sistema - GQ Sistema - GQ Manual - GQ

Nº pessoas 1 1 1 1 1

TAV 0 10 s 10 s 10 s 30 s

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60

Fonte: Adaptado MSD, 2014

Atividade 7

Procurar o Batch Record

16

Procurar o documento Suplementar/Devoluçã

o do despacho

25

Procurar o FQ de

limpeza de equipamento

34

Abrir a pasta

Garantia_Qualidade\GQ\Batch Record

Atual\FQs Batch Record

43

Usar o carimbo de "Lote" em todas as folhas, inclusive no verso, se houver

conteúdo

Como faz / Depto Sistema – GQ Rede - GQ Sistema - GQ Rede - GQ Manual - GQ

Nº pessoas

1

1

1

1

1

TAV 30 s 10 s 10 s 10 s 30 s

Atividade 8 Abrir o documento 17

Abrir o Documento 26

Abrir o Documento 35

Procurar o FQ de identificação de

produto em processo

44

Assinar e datar os

campos de anotado por na primeira

página

Como faz / Depto Sistema – GQ Rede - GQ Sistema - GQ Rede - GQ Manual - GQ

Nº pessoas

1

1

1

1

1

TAV

1 min

0

1 min

10 s

30 s

Atividade 9

Salvar o documento na

pasta Garantia_Qualidade\GQ\Batch Record Atual

18

Editar os campos de ordem e lote do produto

27

Imprimir o FQ de

limpeza de equipamento

36

Editar nome do produto e lote

45

Carimbar, assinar e rubricar a página de

identificação de carimbos.

Como faz / Depto Sistema / Rede - GQ Word - GQ Sistema - GQ Word - GQ Manual - GQ

Nº pessoas 1 1 1 1 1

TAV

1 min

3 min

10 s

2 min

30 s

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61

O mapa de fluxo de valor atual (Quadro 10) permitiu verificar, através do Lead

Time das etapas, onde o esforço Kaizen era necessário: etapas repetidas (imprimir /

abrir / carimbar e assinar documento), dispendiosas e que não agregavam valor ao

processo. Separadamente, as etapas possuíam baixo Lead Time, porém, ao serem

repetidas, tornava a atividade bastante complexa. O tempo de agregação de valor

total (TAV) apurado foi de 24, 5 minutos para apenas 1 Batch Record.

Importante ressaltar que a atividade de emissão era concentrada somente em

um único colaborador do departamento (Analista de Garantia da Qualidade), porém

todos os outros colaboradores do departamento possuíam conhecimento da

atividade. Logo, durante o projeto, a não padronização da realização da atividade

influenciou nas medições do tempo entre as etapas. Cada analista/estagiário

possuía uma maneira de emitir as folhas, o que podia fazer com que o tempo

variasse em até 5-6 minutos.

4.2.2 Análise dos dados apurados

A etapa de medição também trabalhou com a tentativa de comprovação da

declaração do problema e com análises comparativas entre a atividade e os

desperdícios em ambientes administrativos, alinhado à metodologia DMAIC. Dez

foram os pontos principais apurados:

1) Processo Inadequado:

• Uso incorreto de procedimento ou sistema inadequado: o procedimento

C-GQ-NPP-007 – Batch Record direcionava e esclarecia as

responsabilidades dos setores envolvidos na emissão do Batch

Record. Porém, não existia uma padronização da melhor maneira de

emissão, revisão e liberação. A abordagem não era simples e eficaz.

• O documento era “descompartimentado”, fazendo com que a Analista

trabalhasse com muitas informações ao mesmo tempo (muitas telas de

computador abertas, salvando e editando documentos);

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62

• A documentação era editada por completo, mesmo após

homologação13, o que não agregava valor ao processo;

2) Superprodução:

• Geração de mais informação, em meio eletrônico ou papéis além do

que se faz necessário: a Analista trabalhava com várias telas de

software e planilhas abertas para que pudesse editar os formulários e

então, emitir as folhas. Como cada documento era de uma área,

informações diferentes eram geradas e compiladas ao mesmo tempo,

tornando a atividade confusa.

3) Inventário:

• O ICSL tinha o objetivo de planejamento mensal do que era produzido

e liberado no mês. Porém as folhas eram emitidas diariamente com a

tentativa de minimizar a espera da produção, uma vez que, o tempo de

emissão era alto, gerando volume de informação armazenada.

4) Defeito

• Problemas na qualidade dos serviços, uma vez que as folhas eram

editadas. Atividade manual era passível a maiores erros;

• Baixo desempenho na entrega (produção parada sem folha de

trabalho);

• Atividade que envolvia diversos setores. O atraso em uma das etapas

ocasionava falta de pontualidade de entrega das folhas à Produção e

desvios do ICSL planejado;

• Erros frequentes de documentação: campo de assinatura em branco,

porcentagem (rendimento), etc.

5) Transporte

• Existência de comunicação excessiva em meio eletrônico: Envio

despacho de ordem de produção, envio de e-mail solicitando as folhas

mais urgentes;

6) Movimentação:

• Movimentação de pessoas (do CQ, CEP e PRD) para correção de

erros nos formulários.

13

Homologação: os documentos da empresa só poderiam ser utilizados após passarem pelo processo de

aprovação e homologação. Em teoria, o documento homologado não poderia ser modificado.

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63

• Movimentação da Analista GQ: buscava folhas na impressora diversas

vezes

• Movimentação dos volantes da produção que faziam a retirada das

folhas na Garantia da Qualidade;

7) Espera:

• Existência de espera pela emissão quando do atraso de alguma

informação requerida;

• Existência de espera pela abertura e disponibilização do despacho de

ordem;

• Existência de espera pela correção de despacho de ordem com

informação errada, quando aplicável;

• Existência de espera quando ocorriam mudanças no planejamento;

• Existência de espera pela priorização das atividades (qual folha

deveria ser emitida primeiro);

• Períodos de inatividade das pessoas e informações devido à revisão e

aprovação dos setores envolvidos;

8) Fluxo Irregular:

• Inexistência de fluxo na documentação.

9) Controle:

• Inexistência de controle de Emissão de Batch Record;

• Controle e monitoramento daquilo que não trazia melhorias no

desempenho: O checklist de erros em BR não era uma medida de

controle eficiente.

10) Alinhamento dos objetos:

• Tempo gasto desnecessário pelas pessoas que trabalhavam com

objetos mal entendidos e retrabalho para produzir o resultado que era

esperado: faltava clareza e junção das informações no Batch Record

para os operadores realizarem suas atividades durante o processo

produtivo.

Seguiu-se com o levantamento de dados e, durante uma semana de revisão,

o que foi possível abranger 15 Batch Records, foi realizado o monitoramento dos

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erros que aconteciam em

produção pela folha. O volante da produção

trabalho na produção e í

de produção) devia sair de sua linha para ir à GQ e corrigir qualquer tipo de erro ou

então, esperar pela correção/emissão das folhas.

os erros apurados durante a revisão

Em 15 Batch Records

assinatura (duplo check

despacho de ordem errado

Record). No deste último erro,

Record retornava à Garantia da Qualidade, a

de alguma maneira era perdida na Produção, o que ocasionava retrabalho.

As próximas medições foram realizadas

Garantia da Qualidade no processo de emissão em si

2 maneiras: a primeira considerando

considerando-se a emissão completa.

O gráfico 2 registra, então,

na máquina”, “preencher

Qua

ntid

ade

em Batch Record e que, porventura, ocasiona

produção pela folha. O volante da produção (operador que saí

trabalho na produção e ía até à Garantia da Qualidade retirar/corrigir/trocar a folha

sair de sua linha para ir à GQ e corrigir qualquer tipo de erro ou

então, esperar pela correção/emissão das folhas. O gráfico 1 apresenta

durante a revisão das folhas.

Gráfico 1: Erros em Documentação

Fonte: Autora, 2014

Batch Records, 11 erros foram relacionados à emissão: falta de

check ou campo “emitido por:”), erro de ordem (número do

despacho de ordem errado) e folha faltando (geralmente folha de Fluxo de

deste último erro, por muitas vezes ocorreu também quando o

retornava à Garantia da Qualidade, após a finalização dos processos: a

era perdida na Produção, o que ocasionava retrabalho.

As próximas medições foram realizadas para o tempo de emissão gasto pela

no processo de emissão em si. Esta medição foi realizada de

2 maneiras: a primeira considerando-se as etapas individualizadas e a segunda

a emissão completa.

O gráfico 2 registra, então, os tempos separados: etapas de emissão

preencher” e “editar” o Batch Record, “imprimir” e “

0

10 54 4 6

2

Erros em Batch Record

64

e que, porventura, ocasionavam espera da

(operador que saía do seu posto de

até à Garantia da Qualidade retirar/corrigir/trocar a folha

sair de sua linha para ir à GQ e corrigir qualquer tipo de erro ou

apresenta e quantifica

, 11 erros foram relacionados à emissão: falta de

ou campo “emitido por:”), erro de ordem (número do

) e folha faltando (geralmente folha de Fluxo de Batch

por muitas vezes ocorreu também quando o Batch

a finalização dos processos: a folha

era perdida na Produção, o que ocasionava retrabalho.

tempo de emissão gasto pela

medição foi realizada de

as etapas individualizadas e a segunda

etapas de emissão “salvar

“assinar”.

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A medição de tempo separadamente em cada fase do processo apontou as

etapas mais problemáticas com relação ao tempo de emissão,

de preenchimento e carimbo/assinaturas.

emissão das etapas do gráfico 2

Garantia da Qualidade leva

00:00:00

00:01:26

00:02:53

00:04:19

00:05:46

00:07:12

00:08:38

00:10:05

00:11:31

00:12:58

BR 1

Med

ição

do

Tem

po

0:00:00

0:14:24

0:28:48

Med

ição

do

Tem

po

Gráfico

Gráfico 2: Etapas da Atividade de Emissão

Fonte: Autora, 2014

medição de tempo separadamente em cada fase do processo apontou as

etapas mais problemáticas com relação ao tempo de emissão, que foram as etapas

de preenchimento e carimbo/assinaturas. Já o gráfico 3 representa o tempo total de

das etapas do gráfico 2, comprovando que a emissão de folhas pelas

Garantia da Qualidade levava mais de 20 minutos.

Fonte: Autora, 2014

BR 1 BR 2 BR 3 BR 4 BR 5

Tempo x Emissão

t(salvar) t(preencher) t(imprimir) t(assinar)

0:00:00

0:14:24

0:28:48

BR 1 BR 2 BR 3 BR 4 BR 5 BR 6

Tempo x Emissão

t(emitir)

Gráfico 3: Tempo total da atividade de emissão

65

medição de tempo separadamente em cada fase do processo apontou as

que foram as etapas

Já o gráfico 3 representa o tempo total de

a emissão de folhas pelas

BR 6

t(assinar)

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66

4.2.3 Validação da Etapa Medir

A validação desta segunda fase ocorreu através dos seguintes

questionamentos: 1) Foram identificados ganhos rápidos no processo utilizando

Lean? Sim, foram identificadas as etapas mais problemáticas, porém com

resoluções possivelmente simples para diminuição de tempo. 2) Os desperdícios

foram identificados? Sim, foi comprovado através dos 10 desperdícios em ambientes

administrativos e do mapa de estado atual (Quadro 10) que a atividade não

agregava valor.

4.3 Etapa Analisar

Na fase de medição foram levantadas as principais entradas do processo.

Após a identificação dos problemas e da priorização dos mais relevantes, era

necessário que se fizesse uma análise para a identificação de suas causas. O

diagrama de Ishikawa (Figura 18) foi utilizado para determinação hierárquica das

causas potenciais:

Figura 18: Diagrama de Ishikawa do Projeto

Fonte: Autora, 2014

Mais de um BR para cada produto - Muitos FQ's

Paradas para realizar outras atividades

Muitos carimbos em cada documento;Atraso no envio da ordem Pelo PCP;Fluxo de Formulário não pe contínioDocumentos para assinar, carimbar e datar;Duplo check de todos os FQ's

Ausênia de Back Up para atividade

Fadiga da pessoa que realiza a atividade

Tempo que o computador leva para abrir os documentos

Disponibilidade de Papel

A rede é lenta e demora muito para abrir os documentos

Meio Ambiente Máquina Medidas

Tempo excessivo para emissão de

BR

MaterialPessoaMétodo

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67

O diagrama de Ishikawa (figura 18) evidenciou as principais causas raízes

relacionadas aos efeitos negativos na documentação e que impactavam diretamente

na emissão. Pelo diagrama (figura 18), demonstrou-se que o “Método” era fator

considerado complexo e problemático, pois a metodologia escolhida para emissão

do Batch Record trazia consequências indesejadas para o tempo de emissão e

também ocasionava erros. O método que era utilizado era reflexo da sistemática de

documentação implantada, que se deu para cumprir com as exigências do MAPA e

de uma cultura de gestão de qualidade trazida pela empresa anterior (Schering

Plough).

O material também demonstrou-se ineficaz, já que não estava em

conformidade com as exigências para a realização da atividade, ou seja, existiam

muitos formulários da qualidade (FQ’s), que compilados na emissão, formavam o

Batch Record. A compilação dos formulários e a edição de todos eles, ao mesmo

tempo, proporcionavam erros e atrasos na emissão.

Num primeiro momento, as causas raízes encontradas e priorizadas foram:

• Etapas repetidas: Muitos carimbos e assinaturas em um documento (a

eliminação dessa causa representava ganho rápido); abrir o

documento e imprimir.

• Fluxo de Documentação não contínuo – era preciso compilar os

formulários na emissão e na revisão do Batch Record.

Após a visualização dos problemas no Diagrama de Ishikawa (figura 18),

outra ferramenta utilizada foi a FMEA com o objetivo de atacar as principais causas

raízes, sistematizando um grupo de atividades que detectasse possíveis falhas e

avaliasse os efeitos das mesmas para o processo. Foi enfatizado pelo Green Belt

que as causas raízes apuradas eram fundamentais para o bom andamento do

projeto e que deveriam ser abordadas de forma eficiente. Então, foram identificadas

ações com o objetivo de eliminar ou reduzir a probabilidade de falhas. O Quadro 11

representa a FMEA desta etapa e refletiu justamente a necessidade de criação de

um novo template para o Batch Record. A criação de um novo template atacou e

retirou a necessidade de vários formulários para compor o Batch Record

(documentação descompartimentada) e o grande número de campos editáveis na

emissão.

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68

O Risk Priority Number (RPN) diminui em todos os efeitos potenciais das

causas somente com a mudança de sistemática de documentação para Batch

Record, através da revisão do layout do documento. As ocorrências diminuíram uma

vez que o template tinha a função de eliminar esses problemas.

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69

Quadro 11: FMEA do projeto

Fonte: Adaptado MSD, 2014

Processo Entradas do processo

Modo de Falha

Potencial

Efeitos potenciais da

causa SE

V

Causa Potencial

OC

O Controles de

Processo Atuais

DE

T

RP

N

Ações Recomendadas

Responsável e data para

implementação

Ação Realizada S

EV

OC

O

DE

T

RP

N

Descrição do

Processo

Funções do Processo

Como as entradas

chave podem dar

errado? (processo falha em

atender os requerimen

tos

Qual é o impacto nos

requerimentos dos clientes? Como a falha será senida pelo cliente?

Qua

l é a

sev

erid

ade

do

efei

to n

o cl

ient

e?

Quais causas na entrada chave

podem dar errado? (Como o modo de

falha pode acontecer?)

Qua

l é a

freq

uenc

ia q

ue a

ca

usa

acon

tece

?

Quais são os

controles existentes

que previnem

ou detectam a

causa?

Qua

l é a

pro

babi

lidad

e de

de

tecç

ão d

a ca

usa?

Ris

kPrio

rityN

umbe

r P

riorid

ade

Quais são as ações para reduzir a

ocorrência da causa ou

melhorar a detecção?

Para RPN alto ou severidade alta,

devem ser propostas ações

Quem é responsável pela

ação recomendada?

Qual data?

Qual foi a ação

realizada? Incluir a data de

implementação

Nov

o va

lor

de S

ever

idad

e ap

ós a

ções

Nov

o va

lor

de O

corr

ênci

a ap

ós a

ções

Nov

o va

lor

de D

etec

ção

após

açõ

es

Nov

o va

lor

de R

PN

apó

s aç

ões

Emissão de Batch Record

Disponibilizar documentação para registro das atividades de produção

Alto Tempo de emissão

Espera / Produção parada esperando a folha

7 Documentação descompartimentada 7

Controle pelo Software SE SUITE

1 49 Mudança na documentação / Template /

Analista GQ Estagiário GQ

Revisão da documentação

2 2 7 28

Preenchimento errado da folha

Espera da produção / Retrabalho / Falha na realização da atividade

6 Etapas para emissão humanizadas 5

Checklist de Erros de Batch record / Fluxo de Batch Record

5 150 Diminuir nº de preenchimento de campos

Analista GQ Estagiário GQ

Revisão da documentação e diminuição nos campos de edição

3 2 5 30

Campo em branco

Movimentação da produção à GQ

3 Edição 8

Duplo Check / Controle Visual

2 48 Diminuir nº de carimbos e assinaturas

Analista GQ Estagiário GQ

Extinção de 3 carimbos para somente 1 carimbo

2 2 2 8

Informação faltando

Movimentação da produção à GQ / Espera pela folha

5 Fluxo de informações entre os setores é ruim

5 Controle de Mudanças

5 125 Criar controle visual de fluxo de informações

Analista GQ Estagiário GQ

Colocação dos quadros para controle de BR

2 2 2 8

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70

4.3.1 Validação da Etapa Analisar

A validação da Etapa Analisar deu-se a partir das seguintes perguntas: 1) O

time todo participou ativamente no encontro das causas raízes? Apareceram

resistências nas mudanças? Por ser um time qualificado e com boa compreensão

das atividades que sofreriam as mudanças, as reuniões de Brainstorming foram

produtivas e focadas na busca das causas e efeitos dos problemas. Houve pouca

resistência, uma vez que os defeitos da atividade notoriamente não agregavam

valor. 2) Quanto do problema pode ser explicado com as causas raízes

encontradas? Todas as causas raízes encontradas puderam explicar de alguma

forma os problemas. Isso fez com que o time tivesse confiança para seguir com os

planos de mudanças.

4.4 Etapa Melhorar

Para uma abordagem inicial, foi decidido que as causas raízes apuradas

estavam relacionadas à quantidade de formulários que são editados e a quantidade

de folhas para compor um Batch Record, uma vez que, tanto uma causa quanto a

outra, impactavam no tempo de emissão.

Através das análises que delinearam a fase anterior, foi possível a obtenção

de um ganho rápido que foi a eliminação dos carimbos: foram identificados o uso de

4 carimbos (carimbo de nome, carimbo de emitido por, carimbo de lote e de data)

nas páginas do Batch Record, levando cerca de 8 minutos para carimbar as folhas

de formulação, envase e embalagem. Criou-se então, 1 carimbo com todas as

informações necessárias e sua utilização caiu de 8 para 2 minutos nas páginas de

formulação, envase e embalagem.

O carimbo foi utilizado por 1 mês, quando foi criado e apresentado pela GQ

uma proposta de novo modelo de Batch Record que eliminava a necessidade de

validação em todas páginas. A decisão de criação de um novo template foi prevista

no FMEA (quadro 11) e sua implementação se deu nesta etapa.

Para que as melhorias pudessem ser colocadas em prática, a Legislação do

MAPA IN 13 foi reinterpretada, garantindo que nenhuma norma relacionada ao

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71

registro de processo produtivo fosse desprezada ou não pudesse ser evidenciada.

Sendo assim, o Batch Record tornou-se uma Fórmula Padrão 14 através da

implementação dos seguintes pontos:

• Criação de um único documento com as todas as informações obtidas em

cada etapa, fazendo a compilação dos dados necessários para que o

documento tivesse menos campos editáveis.

• Criação de um documento no modelo C-BR-XXXXXXX, cadastrado em

categoria compartilhada no software SE SUITE (gestão de documentação)

para cada produto e apresentação.

• Numeração das páginas de 01 a XX, validando-as e retirando a necessidade

de assinaturas e carimbos da GQ em todas as páginas. Assinaturas só em

“emitido e conferido por”;

• Cancelamento do formulário da GQ de Identificação de Carimbos para

diminuição da quantidade de assinaturas. O operador passou a colocar o

“nome” e não “assinatura” para que o registro da atividade ficasse facilmente

rastreável.

• Foi acordado entre GQ e as áreas o não envio do formulário de notificação de

erros para todas as áreas, uma vez que não há controle atrelado a ele. O

anexo do formulário de erros ocorria somente na revisão dos dados do Batch

Record e quando aplicável.

• Decidiu-se que a revisão do Batch Record e a reconciliação (comparação dos

dados obtidos com os dados de referência) seriam realizadas em cada etapa

produtiva, ou seja, com formulário anexo nas etapas de Formulação, Envase

e Embalagem, já que antes, o formulário de reconciliação de Batch Record

era anexo somente na etapa de Embalagem. O formulário funcionaria

somente como um checklist para evidenciar que a revisão e reconciliação dos

dados foi realizada. O layout novo incluiu os departamentos de Almoxarifado

e PCP, o que criou um fluxo contínuo de documentação.

• Decidiu-se pela eliminação do Formulário de Fluxo de Batch Record, uma vez

que este formulário foi incluso quando não havia controle de entrega do Batch

14

Fórmula Padrão: Documento que especifica as matérias-primas e os materiais de embalagem com as suas quantidades, juntamente com a descrição dos procedimentos e precauções necessárias para a produção de determinada quantidade de produto terminado. Além disso, fornece instruções sobre o processamento, inclusive sobre os controles em processo.

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72

Record. O Fluxo da documentação foi controlado pelas reuniões de Tier e

pelos quadros de gestão visual;

• Decidiu-se pela eliminação da Lista de Picking. Não havia necessidade de

impressão deste documento, uma vez que este era retirado do SAP - sistema

validado, onde através do número da ordem era possível rastrear os materiais

utilizados. Outra maneira de rastrear os insumos foi também através do

despacho de ordem usado na emissão.

• Decidiu-se por não anexar no Batch Record os Cromatogramas do Controle

de Qualidade. A IN 13 solicitava que os dados brutos fossem rastreáveis, e

com a validação dos softwares e o backup eletrônico, não era necessário a

inclusão desses dados no Batch Record.

A figura 19 apresenta de forma visual a proposta para o novo Batch Record,

após todas as considerações efetuadas.

O Batch Record passou então a ser uma documentação única dentro do

sistema, com uma codificação compartilhada entre os setores e com um modelo

prático e simplificado que garantiu o registro do produto de forma eficaz e correta.

Resumidamente, houve alteração no layout para facilitar os registros da produção e

diminuir os erros, mas a mudança mais significativa e que mais impactou no tempo

de emissão, foi a transformação de diversos formulários em um só, representado

pela simbologia “C-BR-XXXXXXX” e eliminando a expressão “o Batch Record é

descompartimentado”.

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73

Figura 19: Novo Modelo de Batch Record - Proposta

Fonte: Adaptado, MSD 2014

Após aprovação do modelo pelos gestores das áreas e pelo diretor da planta,

para que a implementação fosse possível, a equipe trabalhou nas ações do Controle

de Mudanças explanadas no Plano de Ação, já que o Controle de Mudanças é

confidencial no sistema da Merck:

• Elaboração, revisão e aprovação do novo template no sistema (C-BR-

XXXXXXX). Após aprovação, o template ainda passou por

homologação e a impressão, que devia existir devido às exigências

reguladoras;

• Cancelamento de documentos dos setores no sistema e recolhimento

dessa documentação que garantiu o não uso de cópias obsoletas;

• Destruição dos documentos. A destruição das cópias obsoletas da

documentação foi realizada em picotadeira de maneira controlada e

evidenciada por fotografia.

• Treinamento de todos os envolvidos O treinamento dos envolvidos foi

realizado de maneira prática, realizando o preenchimento da nova

documentação e das novas práticas.

• Padronização da atividade.

Formulação

Envase

Embalagem

C-BR-XXXXXXX

PROPOSTA DE BATCH RECORD

C-BR-XXXXXXX

C-BR-XXXXXXX

191

1

Controle em Processo

Despacho de Ordem

1

Despacho de Ordem

14

Despacho de Ordem 1

1141

Folha de Liberação 1

GQ TODOS CEP

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74

Quadro 12: Plano de Ação

Fonte: Autora, 2014

Finalizada a reunião de elaboração do Plano de Ação, foram realizadas mais

2 reuniões de brainstorming com o time Green Belt para finalização do template,

Data da criação do plano: 20/02/2014

Responsável Equipe Green Belt

Objetivo: Acompanhamento Projeto Batch Record Data da revisão do

plano: 30/06/2014

O que? Como? Quem? Quando?

Onde? Por que? % Início Fim

Criação de novo layout de Batch

Record

Levando em consideração todos

os focos Kaizen

Time Green Belt 03/02/14 10/02/14 GQ

Etapas repetidas de imprimir e

abrir documento / documentação

separada

100%

Aprovação de Modelo pela

Produção

Apresentando o novo modelo aos

responsáveis

Analista PRD Supervisão

GQ 20/02/14 21/02/14

GQ / PRD / CEP / CQ

Áreas envolvidas no processo 100%

Revisar o novo Layout de Batch

Record no sistema

Entrar com revisão do modelo obsoleto

no sistema.

Analista GQ Estagiário 26/02/14 18/05/14 GQ

Para implementação

de Kaizen 100%

Aprovar os documentos no

sistema Através do SE SUITE

Supervisão GQ 26/02/14 18/05/14 GQ

Para implementação de novo layout

100%

Treinar PRD, CEP, CQ, GQ no novo layout de Batch Record

Apresentação de novo modelo através de atividade prática (preenchimento do

documento)

Supervisão GQ

Estagiário 30/05/14 30/05/14 GQ

Para que o novo layout seja

entendido pelos envolvidos na

atividade

100%

Homologar documentos no

sistema Através do SE SUITE Estagiário 02/06/14 30/06/14 GQ

Para que o novo layout torne-se

vigente 100%

Cancelar formulários obsoletos

Através do SE SUITE Analista GQ Estagiário 02/06/14 30/06/14 GQ

Para que formulários

obsoletos não sejam utilizados

100%

Cancelar os carimbos utilizados

Colocando em local de "Obsoleto" Estagiário 02/06/14 30/06/14 GQ

Para não utilizar mais os carimbos 100%

Recolher de todos os postos

físicos os documentos

obsoletos

Manualmente - pela Fábrica

Estagiário GQ 02/06/14 30/06/14 GQ

Para que formulários

obsoletos não sejam utilizados

100%

Destruição de documentos Picotadeira Estagiário

EHS 02/06/14 30/06/14 TRIAGEM

Para que formulários

obsoletos não sejam utilizados

100%

Retirar Cromatogramas

Manualmente: não inserir no Batch

Record Analista CQ A partir do

1º BR - CQ

Para diminuir quantidade de

folhas no Batch record

100%

Retirar Lista de Picking

Manualmente: não inserir no Batch

Record

Analista de ALM

A partir do 1º BR - ALM

Não há necessidade - SAP validado

100%

Criar controle visual Quadros na GQ / Tier Time Green

Belt A partir do

1º BR - GQ Controle da documentação 100%

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75

com intuito de que ele representasse todas as melhorias discutidas. A equipe então

trabalhou para colocá-lo em prática dentro do tempo estabelecido no plano de ação.

Em seguida, várias medições foram realizadas a fim de apurar os tempos de

emissão obtidos com o novo template. Até início de Maio de 2014, o novo template

não saiu da GQ e os colaboradores treinados foram somente os que realizariam a

atividade de emissão das folhas. Isto, pois era necessária a padronização da

atividade de emissão de maneira eficiente e de forma que ela refletisse melhorias

com relação aos problemas encontrados na emissão e na documentação anterior de

Batch Record. Ficou estabelecido, que caso não houvesse redução significativa do

tempo de emissão, este template novo seria revisado. Porém, as medições a seguir,

comprovam que não houve necessidade de uma nova revisão do template e o novo

modelo saiu da GQ no início de Julho de 2014.

1º Medição: emissão de 6 Batch Records entre as etapas de “salvar na máquina”,

“preencher” e “imprimir”. O gráfico 4 representa o tempo das etapas:

Gráfico 4: Etapas de Emissão Novo Template

Fonte: Autora, 2014

A análise do gráfico 4 permite verificar que o tempo, em média, de salvar na

máquina é de 2 minutos, o tempo de preencher é de 1 minuto e meio e o de imprimir

00:00:00

00:00:43

00:01:26

00:02:10

00:02:53

00:03:36

00:04:19

00:05:02

00:05:46

BR 1 BR 2 BR 3 BR 4 BR 5 BR 6 Média

Med

ição

do

Tem

po

Tempo x Emissão

t(salvar) t(preencher) t(imprimir)

Page 76: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MEQ14034.pdf · 2.1.3 Os Princípios do Lean Thinking ..... 19 2.1.4 O Lean Thinking

76

é de 30 segundos. Os dados do Gráfico 4 mostram variações corriqueiras da

atividade e, que, no dia das medições foram consideradas, que são: falta de folha na

impressora, quebra excessiva de lote nas ordens de produção utilizadas para

preenchimento do Batch Record ou parada para resolução de problemas de

qualquer outro tipo.

Os Batch Records 3 e 4 possuíram 2 desses problemas: falta de folha na

impressora e quebra excessiva de lote, aumentando os tempos. Já o Batch Record 6

sofreu parada na emissão para resolução de problema pelo telefone.

O gráfico 5 apresenta a somatória de tempo das etapas anteriores e, mesmo

considerando os problemas identificados, a média de emissão passou a ser de 5

minutos. Se esses problemas não fossem considerados, o tempo médio de emissão

tenderia a ser menor.

Gráfico 5: Tempo total e média de emissão com o novo template

Fonte: Autora, 2014

2º Medição: Assinar e Organizar folhas

Na medição de comprovação do problema, pode-se constatar que as etapas

de assinar e carimbar eram muito longas. Foram, portanto, realizadas medições

0:00:00

0:01:26

0:02:53

0:04:19

0:05:46

0:07:12

0:08:38

BR 1 BR 2 BR 3 BR 4 BR 5 BR 6

Med

ição

do

Tem

po

Tempo x Emissão

t(total) t(médio)

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77

considerando-se as etapas de Formulação (Granel), Envase e Acondicionamento

(Embalagem) separadamente, uma vez que, o Batch Record de Granel é mais

demorado de assinar. Logo, os 4 últimos Batch Records apresentados no gráfico 6

são folhas de formulação.

Gráfico 6: Etapas Assinar e Organizar

Fonte: Autora, 2014

A média para assinar e organizar as folhas passou a ser então de 50

segundos. Antes, a etapa exigia carimbos, assinaturas e datação, podendo chegar a

até 8 minutos para ser realizada.

3º Medição: Sem separação das etapas. Considerando-se as Etapas Produtivas

Esta medição foi realizada sem considerar as etapas separadamente,

somente considerando-se as etapas produtivas: Formulação (Granel), Envase e

Acondicionamento. (Embalagem). É importante esclarecer que os tempos que foram

muito curtos são de Batch Records com documentações iguais ao do Batch Record

anterior emitido (somente com mudança de lote) e os Batch Records que

ultrapassaram a marca de 5 minutos possuíam ordens de produção com muita

quebra de lote (edição das linhas do documento). Os gráficos 7,8 e 9 apresentam os

tempos de emissão para Batch Record de Granel, Envase e Acondicionamento,

respectivamente.

00:00:0000:00:0900:00:1700:00:2600:00:3500:00:4300:00:5200:01:0000:01:0900:01:1800:01:26

BR 1 BR 2 BR 3 BR 4 BR 5 BR 6 BR 7 BR 8 BR 9 BR 10BR 11BR 12

Med

ição

de

Tem

po

Tempo x Emissão

t(assinar) t(médio)

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78

Fonte: Autora, 2014

Fonte: Autora, 2014

Fonte: Autora, 2014

00:00:0000:01:2600:02:5300:04:1900:05:4600:07:1200:08:38

BR 1 BR 2 BR 3 BR 4

Med

ição

de

Tem

po

Tempo x Emissão

t(granel)

00:00:00

00:00:43

00:01:26

00:02:10

00:02:53

00:03:36

BR 1 BR 2 BR 3Med

ição

de

Tem

po

Tempo x Emissão

t(envase)

00:00:00

00:00:43

00:01:26

00:02:10

00:02:53

00:03:36

BR 1 BR 2 BR 3 BR 4 BR 5

Med

ição

de

Tem

po

Tempo x Emissão

t(acondicionamento)

Gráfico 7: Tempo de Emissão Granel

Gráfico 8: Tempo de Emissão Envase

Gráfico 9: Tempo de Emissão de Acondicionamento

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Nas medições realizadas com etapas separadas do processo

gráficos 7,8 e 9 demonstra

minutos.

Em seguida, foram medidos

Records (gráfico 10) os erros ocorridos para ate

contra os problemas registrados

gráfico 1).

Gráfico

Os dados do gráfico 10 quando

observar melhorias significa

do Batch Record, tanto por parte da Produção, quanto por parte da Garantia da

Qualidade. Aqui (gráfico 10), foram observados 5

foram observados 21 erros em apenas 1 semana, o que

redução de aproximadamente 76% dos erros

Ao fim das medições,

além da diminuição na quantidad

19 etapas elucidadas no quadro 13)

O Mapa de Estado Futuro

Qua

ntid

ade

realizadas com etapas separadas do processo

gráficos 7,8 e 9 demonstraram que a média de emissão ainda

oram medidos durante 1 semana na revisão de 15

os erros ocorridos para atestar que o novo layout

contra os problemas registrados antes da implantação deste novo modelo (vide

Gráfico 10: Erros em Batch Record Novo Template

Fonte: Autora, 2014

ráfico 10 quando comparados com os do gráfico 1 permitiram

melhorias significativas com relação aos erros de emissão e p

, tanto por parte da Produção, quanto por parte da Garantia da

Aqui (gráfico 10), foram observados 5 erros, enquanto que no gráfico 1

foram observados 21 erros em apenas 1 semana, o que permitiu inferir que houve

aproximadamente 76% dos erros.

Ao fim das medições, ficou comprovada a melhoria no tempo de

além da diminuição na quantidade de etapas (49 etapas elucidadas no Quadro 10

19 etapas elucidadas no quadro 13) com relação ao mapa de estado atual.

Mapa de Estado Futuro pode ser delineado no quadro 13

0

2 12

0

2

0

Erros em Batch Record

79

realizadas com etapas separadas do processo produtivo, os

e emissão ainda permanecia em 5

revisão de 15 Batch

layout seria eficiente

antes da implantação deste novo modelo (vide

do gráfico 1 permitiram

tivas com relação aos erros de emissão e preenchimento

, tanto por parte da Produção, quanto por parte da Garantia da

erros, enquanto que no gráfico 1

permitiu inferir que houve

a melhoria no tempo de emissão,

9 etapas elucidadas no Quadro 10 e

com relação ao mapa de estado atual.

no quadro 13:

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80

Quadro 13: Delineamento do Estado Futuro

Atividade

1

Receber Despacho de Ordem 10

Abrir a pasta Garantia_Qualidade\GQ\

Batch Record Atual 19

Entregar ao volante da produção

Como faz / Depto Rede / Email - GQ Rede / Email - GQ Rede / Email - GQ

Nº pessoas 1 1 1

TAV 0 s 5 s 30 s

Atividade 2 Imprimir Despacho de Ordem 11 Abrir o Batch record

Tempo de Agregação de

Valor (TAV) total:

TAV = 5,01 minutos de

emissão

(redução de ≅≅≅≅ 80% do tempo com relação ao

quadro 10)

Como faz / Depto Rede / Email - GQ Rede / Email - GQ

Nº pessoas 1 1

TAV 30 s 0

Atividade 3 Buscar Despacho de Ordem na impressora 12

Editar os campos de ordem, lote do produto,

data de fabricação e validade e lotes de MP

Como faz / Depto Rede / Email - GQ Rede / Email - GQ

Nº pessoas 1 1

TAV

10 s

2 min

Atividade 4 Entrar no SE SUITE 13 Imprimir Batch Record

Como faz / Depto

Rede / Email - GQ

Rede / Email - GQ

Nº pessoas

1

1

TAV 1 min 10 s

Atividade 5 Entrar em Documento - Consulta - Documento

14 Buscar todas as folhas

na impressora na impressora

Como faz / Depto

Rede / Email - GQ

Rede / Email - GQ

Nº pessoas 1 1

TAV 0 10 s

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Atividade 6 Procurar o documento Batch Record 15 Furar

Como faz / Depto Rede / Email - GQ Rede / Email - GQ

Nº pessoas 1 1

TAV 15 s 10 s

Atividade 7 Abrir o Documento 16 Colocar na Pasta

Como faz / Depto

Rede / Email - GQ

Rede / Email - GQ

Nº pessoas 1 1

TAV 0 10 s

Atividade 8 Salvar o documento na pasta Garantia_Qualidade\GQ\Batc

h Record Atual 17

Assinar e datar os campos de anotado por

na primeira página

Como faz / Depto Rede / Email - GQ Rede / Email - GQ

Nº pessoas

1

1

TAV

30 s

10 s

Atividade 9 Fechar o documento 18 Solicitar duplo check com assinatura na

primeira folha

Como faz / Depto Rede / Email - GQ Rede / Email - GQ

Nº pessoas 1 2

TAV 0 10 s

Fonte: Autora, 2014

Atestou-se através da 1º, 2º e 3º medições e do Mapa do Estado Futuro que a

média de tempo de emissão passou de aproximadamente 20 - 24 minutos para 5

minutos de emissão. Ou seja, as folhas de Formulação, Envase e Embalagem

levaram cerca de 5 minutos cada uma para serem emitidas. Pode-se inferir então,

considerando-se 20 minutos de emissão inicialmente, que houve diminuição de 75%

do tempo de emissão.

O mapa do estado futuro (quadro 13) representava grandes avanços, porém a

busca permanente da melhoria contínua levou a construção do mapa do estado

ideal (quadro 14), um passo a ser dado no futuro em um outro projeto para reduzir

ainda mais o tempo de emissão do Batch Record.

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Quadro 14: Mapa do Estado Ideal

Mapa do Estado Ideal

1 Receber Despacho de

Ordem

2 Entrar no SE SUITE

3 Entrar em Documento - Consulta - Documento

4 Procurar o documento Batch Record

5 Abrir o Documento

6 Imprimir Batch Record

7

Entregar ao volante da produção

Fonte: Autora, 2014

4.4.1 Validação da Etapa Melhorar

A validação desta etapa girou em torno das seguintes questões: 1) Obteve-se

sucesso na implementação? A implementação das mudanças foi considerada bem

sucedida, pois todas as ações planejadas foram efetuadas dentro do prazo e não

houve mudanças repentinas que atrapalhassem o projeto. 2) Houve alguma causa

raiz não abordada? Alguns problemas corriqueiros, como “disponibilidade de folha

na impressora”, “parada na emissão do Batch Record para resolver outro problema”,

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“atender o telefone durante atividade” foram discutidos e comentados, porém,

abordados como inerentes ao dia a dia. Ficou acordado que as atividades de Batch

Record eram prioritárias.

4.5 Etapa Controlar

A fase controlar foi marcada pela implementação dos seguintes padrões:

Ações do Plano de Ação (Controle de Mudanças), Treinamento, reuniões de Tier,

quadros de gestão visual, 5S’s e um Logbook para controle de emissão/retirada de

Batch Record.

Na indústria farmacêutica, “mudança” pode ser definida como uma

modificação na documentação, equipamento, embalagem, utilidades, formulação,

processos e sistemas em geral. A mudança podia ou não ter impacto na segurança,

qualidade ou impacto em produto, podendo ser permanente ou temporária. No caso

deste projeto, o Controle de Mudanças era obrigatório e permanente, uma vez que

as mudanças estavam relacionadas a uma etapa de fabricação do produto, no caso,

a sua documentação. O Gerenciamento do Controle de Mudanças foi feito pelo

software TrackWise, onde as ações e prazos eram definidos e finalizados de acordo

com a data inserida no sistema e andamento das implementações das melhorias. O

Controle de Mudanças foi representado pelo quadro de plano de Ação (quadro 12).

Uma das ações do Controle de Mudanças/Plano de Ação (quadro 12) foi o

Treinamento dos envolvidos. O modelo antigo de Batch Record só foi substituído

pelo revisado, após treinamento de todos os colaboradores envolvidos na emissão,

mas principalmente no preenchimento da documentação na Produção.

As reuniões de Tier também foram peça chave para implementação das

melhorias. Essas reuniões eram parte do sistema de Gestão Lean e eram reuniões

rápidas, onde todos ficavam de pé e representavam parte do processo de prestação

de contas diária que, quando combinados com o trabalho do líder e controles

visuais, forneciam a base para sustentar os ganhos enxutos. As reuniões de Tier

foram extremamente importantes para manter o fluxo de comunicação entre os

setores. Durante este projeto, todos os setores realizavam dois tipos de reuniões

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Tier: a Tier1 para repassar suas atividades e, a Tier 2, onde os principais dirigentes

das áreas se reuniam por meia hora para debaterem questões diárias, como

programação da produção e a emissão de suas folhas pela Garantia.

A figura 20 mostra um quadro utilizado pela Garantia da Qualidade para

controle das atividades que envolviam Batch Record.

Figura 20: Foto Quadro de Controle de Batch Record

Controle de Emissão

Fonte: Adaptado MSD, 2014

Foi preparado também um diagrama de fluxo de trabalho padrão da atividade

de emissão de Batch Record como tentativa de padronização da atividade. Cada

emissor da Garantia da Qualidade possuía o formulário (figura 21) e ao fim do mês

entregava a supervisora que fazia a avaliação da qualidade de acordo com a

emissão e os atrasos. O atraso não era de entrega à Produção e sim, relacionava-se

ao tempo de emissão: caso o tempo de emissão passasse de 8 minutos era

considerado atraso e uma marcação deveria ser feita.

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Figura 21: Formulário de Padronização da atividade de emissão de Batch

Visando a redução dos

5S. Através de um checklist

auditava as salas e conferia

inspeção, planos de ação corrigiam

encontra-se na figura 22

: Formulário de Padronização da atividade de emissão de Batch

Fonte: Adaptado MSD, 2014

Visando a redução dos desperdícios no escritório, optou-se pela utilização do

checklist, o inspetor (rotação entre os colaboradores da área)

as salas e conferia uma pontuação final, gerando um indicador.

inspeção, planos de ação corrigiam os apontamentos. Uma foto do quadr

se na figura 22.

Fonte: MSD, 2014

Figura 22: Foto Kanban do 5S

85

: Formulário de Padronização da atividade de emissão de Batch Record

se pela utilização do

, o inspetor (rotação entre os colaboradores da área)

uma pontuação final, gerando um indicador. Após a

Uma foto do quadro de 5S

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A atividade de Batch Record também foi controlada pelo 5S. Inicialmente foi

definido e identificado um local para Batch Record, onde o material utilizado foi

disposto e também identificado. Uma foto do local para as atividades de Batch

Record encontra-se na figura 23.

Figura 23: Foto de Local Identificado para Controle de Batch Record

Fonte: (MSD, 2014)

4.5.1 Validação da Etapa Controlar

A validação desta etapa foi feita pelo Green Belt, após a resposta das

seguintes perguntas: 1) O dono do processo está confortável com a implementação

e o controle? O Green Belt respondeu que sim, uma vez que foi possível a

implementação das melhorias juntamente com um controle das atividades para que

não ocorresse retrocesso. 2) Quais são os próximos passos? O próximo passo seria

a criação de um projeto que atinja o Mapa de Estado Ideal (quadro 14).

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5 CONCLUSÃO

O propósito deste trabalho foi fazer com que fosse possível o início de

implantação de um ambiente administrativo Lean através do Lean Office e da

metodologia DMAIC.

O projeto fez uso de ferramentas e dispositivos contra falhas e erros devido

as variáveis qualitativas. Esses dispositivos sofreram algumas adaptações, já que a

maior parte deles são comumente mais utilizados em ambientes com processos de

manufatura. Porém, as adaptações foram bem sucedidas o que foi essencial para o

bom andamento da implementação das ações.

As dificuldades encontradas estavam relacionadas ao apoio dos outros

setores e de alguns colaboradores em mudar as atividades que há tempos eram

realizadas da mesma maneira. Porém esse tipo de resistência, como bem previu

Oliveira (2007) é comum, uma vez que o Lean Office lida com aspectos não

tangíveis, mas sim com cultura e fluxo de informações.

Com a metodologia aplicada e os princípios Lean de escritório enxuto

utilizados, pode-se concluir que:

• A redução de 75% no tempo de emissão das folhas de Batch Record, ganho

maior do que a meta declarada, foi possível devido aos desperdícios

claramente visíveis e ganhos rápidos durante o processo.

• A Padronização da atividade fez com que a Garantia da Qualidade deixasse

de disponibilizar somente uma pessoa para realizar essa atividade (backup).

• A Melhoria no registro das atividades, devido ao novo template, foi essencial

para as mudanças ocorridas na Produção e refletiam o momento atual da

empresa que era o de redução de desperdícios.

• A Redução de 76% nos erros de Batch Record evidenciou que o template

realmente refletiu as etapas do processo, facilitando o registro.

• A Melhoria no fluxo da documentação, uma vez que o Batch Record passou a

ser um documento contínuo, trouxe grandes benefícios a todos os setotes

envolvidos. O entendimento do tipo de documentação estudada e da

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sistemática documental da empresa foi essencial para implementar esta

melhoria;

• A Melhoria no fluxo de informação da Garantia da Qualidade com o restante

da fábrica no que diz respeito à Batch Record fez com que as atividades

pudessem ser melhor programadas;

• A Melhoria no aspecto geral da área devido ao 5S implantado não foi

somente nas atividades que envolviam Batch Record, mas em todo o setor; O

5S trouxe agilidade e segurança na tomada de ação;

• A agilidade dos analistas na emissão das folhas, garantindo tempo para

desenvolvimento de outras atividades fez com que a Garantia da Qualidade

pudesse focar em outros assuntos e desenvolver seu pessoal. Essa melhoria

foi a mais satisfatória entre a Garantia da Qualidade, pois poderiam focar em

metas de desenvolvimento pessoal;

• O ganho dos outros setores que deixaram de imprimir, assinar e datar folhas

representou que a resistência de mudança na cultura da empresa foi vencida.

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