47
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria de bebidas utilizando a ferramenta PDCA LORENA SP 2013

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

  • Upload
    dangque

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

RAFAEL FERNANDES ROSA

Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase

de uma indústria de bebidas utilizando a ferramenta PDCA

LORENA – SP

2013

Page 2: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

RAFAEL FERNANDES ROSA

Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase

de uma indústria de bebidas utilizando a ferramenta PDCA

LORENA – SP

2013

Trabalho de conclusão de curso de

Engenharia Química

Área de concentração: Qualidade e

Produtividade

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio

Carvalho Pereira

Page 3: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação da Publicação

Escola de Engenharia Química de Lorena – Universidade de São Paulo

PARTE DESTINADA À BIBLIOTECA PARA PREENCHER

Page 4: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

RESUMO

ROSA, Rafael Fernandes. Redução da quebra de garrafas de uma linha de

envase de uma indústria de bebidas utilizando ferramenta PDCA. 2013. 47 f.

Trabalho de conclusão de curso em Engenharia Química – Escola de Engenharia

de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2013.

Existe uma grande variedade dos tipos de garrafas de vidros no mercado. Esta

diferença pode ser encontrada tanto em tamanho quanto em cor. Uma linha de

envase deve ser projetada de acordo com o tipo de garrafa, ou seja, para cada

tipo é necessário equipamentos específicos. O estudo em si foi em cima de

garrafas de 600 e 300 mililitros, que são retornáveis, ou seja, as garrafas voltam

do mercado para que sejam reutilizadas. Existem três tipos de quebras: A quebra

maquinário, por movimentação e a proposital. O projeto foi baseado em um

método de análise e solução de um problema para ocorrer uma redução na

quebra de garrafas dentro da linha de envase, ou seja, a redução da quebra

maquinário. A ferramenta do PDCA foi utilizada, uma vez que, através da

pesquisa-ação, esta nos deu uma visão geral de análise dos problemas,

implementação de ações corretivas e preventivas, tratamento de problemas e

padronização. Portanto, o conhecimento técnico dos equipamentos foi essencial,

os contadores dos equipamentos estavam confiáveis, os responsáveis pela ação

foram comprometidos e os prazos foram cumpridos.

Palavra-chave: quebra, PDCA, linha de envase.

Page 5: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

ABSTRACT

ROSA, Rafael Fernandes. Reduction of bottle breakage in the production area

on a beverage company using PDCA tool. 2013. 47 f. Trabalho de conclusão

de curso em Engenharia Química – Escola de Engenharia de Lorena,

Universidade de São Paulo, Lorena, 2013.

There is a wide variety of kinds of glasses bottles on the Market. The difference

can be found on the size or color of the bottle. A production area must be project

according to the kind of the bottle, so to a specific kind it is necessary specifics

equipments. The project was about bottles of 600 and 300 mililiters. Bottles that

are returnable, so those come back from the Market to be reused. There are three

kinds of breakage: Machinery, movement and purposeful breakage. The project

was based in analysis and problem solution method to reduce the machinery

breakage. The PDCA tool was used, through the action and research method,

because it gave an overview analysis of the problems, implementation of

corrective and preventive actions, treating problems and standardization.

Therefore, the technical knowledge of the equipments was essential, equipments

counters were confident, the ones responsible for the solution were compromised

and deadlines were fulfilled.

Keywords: breakage, PDCA, production area.

Page 6: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma das etapas da fabricação da cerveja .................................. 5

Figura 2 - “5 Porquês” para revelar a causa básica ............................................. 10

Figura 3 - Despaletizadora .................................................................................... 12

Figura 4 - Desencaixotadora ................................................................................. 13

Figura 5 - Lavadora de garrafas ........................................................................... 13

Figura 6 - Inspetor Eletrônico ................................................................................ 14

Figura 7 - Enchedora e Arrolhador ........................................................................ 14

Figura 8 - Pasteurizador ........................................................................................ 15

Figura 9 - Rotuladora ............................................................................................ 15

Figura 10 - Esquema das etapas da pesquisa-ação ............................................ 17

Figura 11 - Seis passos do ciclo de condução da pesquisa-ação ........................ 18

Figura 12 - Diagrama de Ishikawa da Linha 503 ................................................... 25

Figura 13 - Diagrama de Ishikawa da Linha 504 ................................................... 26

Figura 14 - Matriz de criticidade das causas do problema da Linha 503 .............. 26

Figura 15 - Matriz de criticidade das causas do problema da Linha 504 .............. 27

Figura 16 - “5 Porquês” utilizado para analisar as causas do problema da linha

503 ........................................................................................................................ 27

Figura 17 - “5 Porquês” utilizado para analisar as causas do problema da linha

503 ........................................................................................................................ 28

Figura 18 - “5 Porquês” utilizado para analisar as causas do problema da linha

504 ........................................................................................................................ 28

Figura 19 - Plano de ação da linha 503 ................................................................ 29

Figura 20 - Plano de ação da linha 504 ................................................................ 30

Page 7: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Quebra maquinário da Linha 503 no ano de 2011............................... 22

Gráfico 2 - Quebra maquinário da Linha 504 no ano de 2011............................... 23

Gráfico 3 - Pareto da quebra maquinário da Linha 503 ........................................ 24

Gráfico 4 - Pareto da quebra maquinário da Linha 504 ........................................ 24

Gráfico 5 - Quebra maquinário da Linha 503 no ano de 2012 .............................. 32

Gráfico 6 - Quebra maquinário da Linha 504 no ano de 2012 .............................. 33

Page 8: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

SUMÁRIO

1.Introdução ........................................................................................................... 1

1.1.Contextualização ............................................................................................... 1

1.2.Justificativa ........................................................................................................ 2

1.3.Objetivo Geral ................................................................................................... 2

1.4.Objetivos Específicos ........................................................................................ 3

2.Revisão bibliográfica ......................................................................................... 4

2.1.Fabricação de cerveja ....................................................................................... 4

2.2.O PDCA ............................................................................................................ 6

2.2.1.Fase 1 do PDCA: Planejamento .................................................................... 7

2.2.2.Fase 2 do PDCA: Execução ......................................................................... 10

2.2.3.Fase 3 do PDCA: Verificação ....................................................................... 11

2.2.4.Fase 3 do PDCA: Validação ......................................................................... 11

3.Metodologia ...................................................................................................... 12

3.1.O objeto de pesquisa ...................................................................................... 12

3.2.Método de pesquisa ........................................................................................ 16

3.3.O ciclo do PDCA ............................................................................................. 18

3.3.1.Fase de planejamento .................................................................................. 19

3.3.2.Fase de implementação e/ou execução ....................................................... 21

3.3.3.Fase de verificação ...................................................................................... 21

3.3.4.Fase de validação ........................................................................................ 21

4.Resultados e discussões ................................................................................ 22

4.1.Fase 1: Planejamento ..................................................................................... 22

4.1.1.Coleta de dados ........................................................................................... 22

4.1.2.Apuração das Causas: Diagrama de Ishikawa ............................................. 25

4.1.3.Priorização das Causas ............................................................................... 26

Page 9: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

4.1.4.Análise das Causas ..................................................................................... 27

4.1.5.Elaboração do Plano de Ação ...................................................................... 29

4.2.Fase 2: Execução ........................................................................................... 30

4.3.Fase 3: Verificação ......................................................................................... 32

4.4.Fase 4: Validação ........................................................................................... 34

5.Conclusão ......................................................................................................... 35

Referências bibliográficas.................................................................................. 36

Page 10: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

1

1.Introdução

1.1.Contextualização

Indústrias de bebidas produzem produtos cujo valor agregado é muito

baixo, ou seja, o lucro por unidade produzida é muito pequeno. Sendo assim, para

que uma indústria de bebida seja rentável é preciso que a produtividade seja alta

e que problemas que geram custos sejam tratados e controlados.

Há uma série de insumos dentro de uma linha de envase que são

consumidos durante o processo, todos eles geradores de custos. Os principais

insumos são: Rótulos, cola, plástico Shrink1, plástico Stretch2, rolha, cartão para

embalagem, tintas, solventes e garrafas. Além de insumos, devem ser

gerenciados outros tipos de itens de controle que geram custos, como a perda de

extrato, consumo de CO2, água e energia elétrica.

A quebra de garrafa é um dos problemas que deve ser tratado e

controlado. Para que o controle e o tratamento sejam eficazes, as quebras são

classificadas em três tipos:

1- Quebra por movimentação: consiste em quebras durante a

movimentação de produtos, ou seja, quando ocorre uma quebra durante

o transporte do produto utilizando uma empilhadeira ou até mesmo

dentro de um caminhão.

2- Quebra proposital: consiste em toda garrafa que a linha de produção

devolve ao armazém depois de ter sido refugada pelo inspetor

eletrônico para que seja efetuada quebra, ou seja, são garrafas que

chegam do mercado já sem condição de uso, como por exemplo,

garrafas com o bico quebrado ou com cor diferente.

1 Shrink – Tipo de plástico utilizado para envolver as embalagens através do encolhimento e

endurecimento do material após o aquecimento deste dentro de um forno. 2 Stretch – Tipo de plástico utilizado para envolver paletes completos. É utilizado por ser um

plástico muito resistente e esticável e, assim, garante a retenção e integridade dos produtos, protegendo a carga contra violação, poeira e umidade.

Page 11: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

2

3- Quebra maquinário: consiste em quebras de garrafa durante o trajeto

delas dentro da linha de produção, ou seja, são quebras dentro dos

equipamentos ou no transporte para os equipamentos.

1.2.Justificativa

Em uma linha de envase de bebidas existem diversos tipos de itens de

controle que impactam diretamente no custo de produção e, portanto, no preço do

produto. A quebra de garrafas é um item de controle que além de impactar no

custo pode impactar também em qualidade, produtividade e segurança.

O impacto na qualidade ocorre quando há quebra de garrafa na linha de

produção e assim, devido a explosão, pode vir a projetar cacos de vidro dentro de

outras garrafas que possam afetar a qualidade física do produto. Para evitar esse

tipo de problema sistemas de rejeição de garrafas dentro de equipamentos

críticos devem existir e equipamentos devem ter proteções necessárias.

O impacto na produtividade ocorre quando o excesso da quebra de

garrafas afeta a eficiência da linha de envase, pois cacos de vidro sujam os

equipamentos e travam os transportes gerando, assim, pequenas paradas.

O impacto na segurança ocorre quando o excesso de cacos podem vir a

causar cortes nos operadores por motivos de desatenção ou atos inseguros, ou

no estouro de uma garrafa pois cacos podem atingir os operadores e causar

sérios cortes.

1.3.Objetivo Geral

Reduzir a quebra de garrafas em um processo produtivo de uma linha de

envase em uma indústria de bebidas. Para isto, a ferramenta escolhida foi o

PDCA. Dos três tipos de quebras existentes, o foco do trabalho realizado foi a

quebra relacionada a maquinário. Para o tratamento, controle, análise e

identificação das causas desse problema, o PDCA (Plan/ Do/ Check/ Act) foi

utilizado como um ciclo dinâmico, ou seja, foi desdobrado dentro do processo da

organização.

Page 12: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

3

1.4.Objetivos Específicos

Utilizar e analisar ferramentas de qualidade especificas do PDCA, tais

como Gráfico Pareto, Diagrama de Ishikawa, a técnica dos “5 Porquês” e

5W1H (Quem, o quê, quando, onde, por quê e como), com o objetivo de

tornar o PDCA um ciclo dinâmico.

Envolver o maior número de pessoas envolvidas no processo produtivo, a

fim de que o conhecimento técnico seja abundante. É de extrema

importância que haja esta maximização de pessoas para que a causa seja

identificada de forma correta e seja direcionada para uma solução correta.

Page 13: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

4

2.Revisão bibliográfica

2.1.Fabricação de cerveja

Atualmente, a cerveja é a terceira bebida mais popular do mundo, logo

depois da água e do chá. É a bebida alcoólica mais consumida no mundo.

Segundo dados de 2007 do SINDICERVE3, embora o Brasil seja apenas o nono

país no ranking de consumo per capta de cerveja, com média de 47,6 litros/ano

para cada habitante, em função da enorme população somos o 4° maior produtor

de cerveja do mundo, com média de 10,34 bilhões de litros ao ano, ficando atrás

apenas da China (35 bilhões de litros/ano), Estados Unidos (23,6 bilhões de

litros/ano), Alemanha (10,7 bilhões de litros/ano). (SINDICERVE, 2007)

De modo geral, o processo de fabricação de cerveja pode ser dividido em

duas etapas: a preparação do líquido e o envase da cerveja. Para a preparação

do líquido são necessárias matérias-primas que são diretamente responsáveis

pelas características sensoriais do produto. Segundo Venturini (2005), essas

matérias-primas são representadas por: água de ótima qualidade; malte, cujo

cereal mais utilizado é a cevada; lúpulo, que dá o amargor característico à

cerveja; fermento ou levedura de cultivo, que propiciará a fermentação do mosto

cervejeiro; e os adjuntos que complementam o malte, contribuindo na

concentração de extrato para fermentação.

De acordo com Venturini e; Cereda (2001), a preparação do líquido pode ser

subdividida em alguns processos:

Brassagem: os grãos de malte (e adjuntos) são moídos, adiciona-se água

e inicia-se vários processos térmicos. Durante esta etapa acrescenta-se

também o lúpulo. Ao final da brassagem obtém-se o mosto cervejeiro. O

mosto cervejeiro deve ser filtrado, pois deseja-se extrair ao máximo o

líquido para obtenção do mosto e, assim, obtêm-se a parte sólida,

denominada bagaço (composto pela casca e componentes que não foram

solubilizados do malte), e a parte líquida, denominada extrato ou mosto. O

3 Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja

Page 14: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

5

mosto deve ser submetido a um cozimento, pois permitirá a inativação das

enzimas pela coagulação das proteínas e a evaporação da água,

concentrando assim os extratos fermentescíveis. Após o cozimento do

mosto, é preciso retirar o bagaço do lúpulo, polifenóis e minerais por meio

do processo de decantação. Por final, é feito o resfriamento e aeração do

mosto com intuito da inoculação das leveduras apropriadas.

Fermentação e Maturação: são adicionadas leveduras ao mosto e estas

transformam os açúcares em dióxido de carbono e etanol. Os fatores mais

importantes a serem controlados são: temperatura de fermentação,

duração, contrapressão, escolha e a quantidade de leveduras a ser

utilizada. O processo de maturação consiste na continuação do processo

fermentativo, ou seja, é o processo o qual a cerveja fica em repouso para

que a cerveja adquira a caracterização do sabor e o teor alcoólico

desejado. Apesar da produção de CO2 pelas leveduras na maturação ser

necessário, não existe um controle de nível da concentração deste

componente no produto e, portanto, e feito o processo de carbonatação

para corrigir os teores desse gás.

Filtração ou Clarificação: ao término da maturação, a cerveja precisa ser

filtrada. O objetivo desta etapa é a retirada dos compostos em suspensão

como: leveduras, complexos taninos-proteícos, e resinas do lúpulo.

Figura 1: Fluxograma das etapas da fabricação da cerveja (adaptado de Venturini e Cereda, 2001).

Moagem

Mosturação

Filtração do

Mosto

Cozimento

Decantação

Resfriamento

e Aeração

Fermentação

Maturação

Carbonatação

Clarificação

Envase e

Pasteurização

Page 15: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

6

A Figura 1 apresenta o fluxograma das etapas da fabricação da cerveja. No

final deste processo, o próximo é o do envase da cerveja, onde ela será colocada

dentro de garrafas de vidro, latas de alumínio, barris, etc. Depois do enchimento

dessas embalagens, a cerveja é submetida ao processo de pasteurização com

objetivo de prolongar o tempo de validade do produto

2.2.O PDCA

O ciclo PDCA – Plan/Do/Check/Act (Planejar/Fazer/Verificar/Agir), também

conhecido por Ciclo de Deming4, é utilizado como um ciclo dinâmico com objetivo

de se obter melhoria continua no processo. Slack; Chambers; Johnston (2002) diz

que o conceito de melhoramento contínuo implica literalmente em um processo

sem fim, questionando repetidamente e novamente os trabalhos detalhados de

uma operação.

Segundo Brocka (1994), o ciclo PDCA é utilizado para acompanhar a

evolução e as mudanças do processo, de modo que haja visibilidade para que as

melhorias sejam padronizadas e os problemas principais sejam detectados, ou

seja, a ferramenta não é utilizada uma vez apenas, pois o ciclo sempre se

recomeça quando chega ao final.

Segundo Silva (2009), o ciclo é feito considerando a comparação da

situação real com a situação desejada (executado x planejado) como entrada

para ações de correção, e preventivas, como a padronização, para que o

problema analisado não seja repetido novamente.

4

W. Edwards Deming é considerado por vários especialistas como o ‘filósofo do movimento da qualidade’. Na visão de Deming, durante um processo a qualidade deve ser sempre submetido a melhorias constante, baseadas em sociedade, educação, profissões, conhecimentos da rotina (RODRIGUES, 1999).

Page 16: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

7

2.2.1.Fase 1 do PDCA: Planejamento

O inicio do PDCA é o planejamento, representada pela letra P (Plan) da

sigla PDCA, que consiste na etapa de análise, medição, detecção de problemas,

e direcionamento das ações para que a execução seja efetiva. De modo

complementar, Chiavenato (1999) diz que o planejamento é um processo que

determina a prioridade de o que fazer, quando fazer, quem deve fazê-lo e de que

maneira, de acordo com a determinação de metas a serem alcançados. Assim,

Perez-Wilson (1998) diz que como melhores práticas, esta fase deve conter o

histórico do problema, perdas atuais e ganhos viáveis, lógica de priorização que

indique ser o problema em análise relevante para os interesses da organização, a

partir de dados que comprovem percepções ou impressões. Thompson; Torabi;

Joshi (2007) definem que a observação e comparação são formas de detectar

possíveis não-conformidades no desenvolvimento de um processo.

Para que o processo de planejamento seja eficaz, deve ser feito um

gerenciamento constante. De acordo com Gosh & Sobek (2002), a existência de

um rotina para análise e solução de problemas é essencial para o gerenciamento

e, pode facilitar a produção de análises de melhor qualidade e profundidade e,

com isso, produzir mudanças sustentáveis e facilitar o processo de melhoria

constante. Conforme apresentado por Gosh & Sobek (2002), a aplicação de uma

metodologia de análise e solução de problemas conduz a resultados sustentáveis

de melhoria entre 70% a 100%, enquanto nas análises sem metodologia

orientativa o sucesso na implementação de melhoria sustentável fica em torno de

17% a 60%.

Segundo Zacharias (2009), o gerenciamento deve ser feito no sentido de

oferecer melhorias, mediante a um prévio mapeamento. O mapeamento é

projetado a partir dos resultados das medições. De acordo com Silva (2009), não

se pode gerenciar o que não se pode ou não se sabe medir e, portanto, a

medição desempenha um papel chave nas atividades de melhoria da qualidade e

produtividade. As principais razões para medição são:

Ser capaz de estabelecer objetivos e respeitá-los;

Page 17: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

8

Proporcionar visibilidade e um “quadro de resultados” para que as pessoas

possam monitorar seus próprios níveis de desempenho;

Destacar problemas e mapear áreas prioritárias;

Proporcionar uma retroalimentação para direcionar os esforços de

melhoria.

Para Silva (2009), as decisões tomadas sobre dados imprecisos podem

gerar não-conformidades do tipo: atraso na entrega, quantidade inventariada nos

estoques incorretos, especificações errôneas em projetos e produtos diferentes

dos requisitos acordados. Portanto, uma não-conformidade pode ocorrer devido à

diferença entre aquilo que se planeja, executa e alcança em termos de uma

atividade, ou seja, a não-conformidade pode ocorrer devido a falha no

planejamento de uma atividade.

Existem vários tipos de ferramentas dentro do PDCA utilizadas para

identificação e definição de problemas. Segundo Kume (1993), uma das formas

mais utilizadas por organizações na identificação e definição de quais os

problemas a serem tratados é por meio do gráfico de Pareto. Este organiza em

ordem decrescente os dados relacionados a um determinado problema que

ocorre em um processo, com base em ocorrências ou gravidade do problema,

definindo aqueles que devem ser tratados prioritariamente. De acordo com Silva

(2009), o gráfico de Pareto é uma figura que permite visualizar a estratificação de

dados, ou seja, é uma descrição gráfica onde se procuram e identificam-se quais

itens são responsáveis pela maior parcela de problemas. De modo complementar,

Loriggio (2002) diz que esta ferramenta traz resultados excepcionais, pois prioriza

os dados mais importantes e, assim, de forma indireta, nos coloca na direção de

encontrar as causas para a elaboração de um plano de ação.

Outra ferramenta muito utilizada nesta etapa de planejamento é o diagrama

de análise de causa e efeito, conhecido por diagrama de Ishikawa ou diagrama

Espinha-de-Peixe. De acordo com Kume (1993), o diagrama de Ishikawa é uma

ferramenta que pode ser utilizada para se chegar a uma análise eficiente de um

Page 18: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

9

problema, pois permite que sejam sugeridas as causas principais dos problemas

identificados no gráfico de Pareto. Para que as causas definidas sejam as

corretas, Silva (2009) afirma que o “Brainstorming” é a principal técnica utilizada

na formação do diagrama, pois é necessário estratificar ao máximo as causas

para que chegue à causa-raiz do problema. O “Brainstorming” deve ser feito por

um número máximo de pessoas, pois, segundo Terner (2008), é importante uma

equipe conhecer diversas abordagens, a fim de extrair conhecimento sobre o

caminho mais eficaz a percorrer para a resolução de um determinado problema.

Segundo Slack; Chambers; Johnston (2002), o procedimento para se

desenhar um diagrama de Ishikawa é o seguinte:

Colocar o problema na caixa de “efeito” (conhecida por ser a “cabeça do

peixe”);

Identificar as principais categorias para causas possíveis do problema.

Apesar da possibilidade de usar qualquer categorização para os ramos

centrais do diagrama, há cinco categorias mais utilizadas: equipamento,

força de trabalho, materiais, métodos e procedimentos;

Usar a busca sistemática de fatos e discussão em grupos para gerar

possíveis causas sob essas categorias. Qualquer coisa que possa resultar

em um efeito que está sendo considerado deve ser listada como causa

potencial;

Registrar todas as causas potenciais no diagrama sob cada categoria, e

discutir cada item para combinar e esclarecer as causas.

Após a definição das causas dos problemas mapeados é feito a análise

dessas causas, através da Matriz de Criticidade, para que seja feita a priorização

delas. De acordo com Terner (2008), a correta identificação da causa raiz é a

chave para a elaboração de ações eficazes para a solução do problema. Para

isso a técnica dos “5 Porquês” é muito utilizada, pois, segundo Shiba; Graham;

Walden. (1997), um diagrama que investiga as causas básicas potenciais ao

responder “Por que esse resultado?” produz uma consideração aprofundada.

Page 19: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

10

A análise das causas básicas é fundamental para que as ações

posteriormente tomadas sejam efetivas. Para isso, as ações são elaboradas

utilizando o método do 5W1H. De acordo com Lick (2003), a ferramenta leva esse

nome por causa das iniciais de 6 palavras, em inglês, sendo:

What – Medida a ser tomada, ou o que fazer;

Who – Responsável pela ação. Este deve ser uma pessoa, e não um grupo

ou uma sigla;

When – Prazo para execução da ação;

Where – Local a ser executado a ação;

Why – Justificativa ou por que fazer;

How – Procedimento ou como fazer.

Segundo Tengan (2008), a ferramenta 5W1H é muito útil para enfrentar

situações onde é difícil identificar a função a ser satisfeita e as causas que dão

origens aos efeitos que estão sendo observados, podendo ser aplicada em todo

processo, isto é, em todas as etapas. Por meio destas 6 questões pode-se

explorar exaustivamente o tema que está em pauta, fazendo-se o reconhecimento

das causas dos problemas e utilizando-se um plano de ação para corrigi-las.

2.2.2.Fase 2 do PDCA: Execução

A segunda fase é a da implementação das ações elaboradas no Plano de

Ação, representada pela letra D (Do) da sigla PDCA. Segundo Sobek &

Jimmerson (2004) e Rambaud (2006), a fase de implementação é onde ocorre a

efetiva intervenção no processo para atingir o estado futuro desejado, seja este

estado futuro a eliminação da causa raiz ou novos padrões de desempenho. De

Por quê? Resposta

Por que defeitos? Políticas Por que políticas? A Por que A? B Por que B? C Por que C? D

Figura 2: “5 Porquês” para revelar a causa básica. Fonte: Campos (1996).

Page 20: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

11

acordo com Silva (2009), as atividades previstas devem ser executadas pelo

pessoal estabelecido, seguindo o cronograma determinado, nos locais previstos e

obedecendo ao procedimento existente.

De modo complementar, Silva (2009) diz que podem ocorrer dois tipos de

problemas graves nessa fase de implementação do PDCA. Esses são:

Ausência de treinamento (os envolvidos não sabem o que e como fazer);

Os responsáveis não obedecerem aos prazos estimulados;

Falta de matéria-prima.

2.2.3.Fase 3 do PDCA: Verificação

A próxima fase do ciclo é a fase da verificação, representada pela letra C

(Check) da sigla PDCA. De acordo com Silva (2009), nesta fase ocorre a

verificação o acompanhamento da execução das atividades planejadas e na

análise dos seus resultados. Para o acompanhamento e análise dos resultados,

segundo Campos (2002), deve-se utilizar os dados antes e após a ação para

verificar a sua efetividade e o grau de redução dos resultados indesejáveis.

2.2.4.Fase 3 do PDCA: Validação

A última fase do ciclo é a fase da validação, representada pela letra A (Act)

do ciclo PDCA. Esta fase consiste na atuação em cima das anormalidades

encontradas na fase de verificação ou na padronização de um procedimento que

era deficiente anteriormente. De acordo com Campos (2002), a padronização

significa mais do que a concordância geral em fazer as coisas de outra maneira e,

portanto, para evitar possíveis confusões, deve-se marcar a data de inicio da nova

sistemática e quais áreas que serão afetadas, para que a aplicação do padrão

ocorra em todos os locais necessários, ao mesmo tempo e por todos os

envolvidos.

Page 21: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

12

3.Metodologia

3.1.O objeto de pesquisa

O projeto proposto foi realizado em uma das fábricas de uma das maiores

empresas fabricantes de cerveja do mundo, doravante denominada companhia

BETA, a fim de preservar a clausula de confiabilidade pedida pela empresa.

Foram analisadas duas linhas de envase de cerveja: a linha 503, que roda

garrafas retornáveis de 300 mililitros, e a linha 504, que roda garrafas retornáveis

de 600 mililitros. Ambas as linhas possuem os mesmos equipamentos. De modo

geral, elas possuem dez equipamentos diferentes, sendo eles:

Despaletizadora ou Despaletizadora de bulk: equipamento cuja função é

despaletizar o palete5, ou seja, empurrar as camadas que contém um

palete para o transporte. A diferença entre a despaletizadora e a

despaletizadora de bulk é que a de bulk é utilizada para despaletizar

garrafas novas, as quais vêm fora de garrafeiras. Já a despaletizadora

despaletiza garrafas que vêm do mercado em garrafeiras.

5 Palete – Estrado de madeira, metal ou plástico que é utilizado para movimentação de cargas.

Figura 3: Despaletizadora

Page 22: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

13

Desencaixotadora: equipamento cuja função é retirar os vasilhames de

dentro das garrafeiras e coloca-las individualmente no transporte.

Lavadora de garrafas: equipamento cuja função é lavar a parte interna e

externa do vasilhame, com objetivo de garantir total esterilização da

garrafa.

Figura 4: Desencaixotadora

Figura 5: Lavadora de garrafas

Page 23: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

14

Inspetor Eletrônico: equipamento cuja função é identificar e detectar

anomalias de todos vasilhames. No caso de detecção, o equipamento

expulsa as garrafas que seguem ou para uma relavagem ou para quebra

proposital.

Enchedora: equipamento cuja função é envasar o líquido para dentro da

garrafa.

Figura 6: Inspetor Eletrônico

Figura 7: Enchedora e Arrolhador

Page 24: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

15

Arrolhador: equipamento cuja função é lacrar as garrafas com uma rolha.

Na figura 8 aparece o Arrolhador, o qual vem logo depois quando a garrafa

sai da Enchedora.

Pasteurizador: equipamento cuja função é pasteurizar a cerveja.

Rotuladora: equipamento cuja função é rotular a garrafa com o rótulo do

produto que está sendo envasado.

Encaixotadora: equipamento cuja função é colocar as garrafas dentro de

garrafeiras. A figura 4 representa uma Encaixotadora. Ela é muito parecida

com a Desencaixotadora mas ao invés de tirar as garrafas ela coloca.

Figura 8: Pasteurizador

Figura 9: Rotuladora

Page 25: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

16

Paletizadora: equipamento cuja função é formar camadas de garrafeiras

em cima de um pallet. A figura 3 representa uma Paletizadora. Ela é muito

parecida com a Despaletizadora mas ao invés de desfazer as camadas do

palete ela forma.

3.2.Método de pesquisa

No projeto proposto o método de pesquisa utilizado foi o de pesquisa-ação.

Este é um dos métodos qualitativos de resolução de problemas, o qual exige

muitas formas de planejamento de uma pesquisa orientada para a ação.

Segundo Coughlan e Coughlan (2002), a pesquisa-ação é um termo

genérico, que cobre muitas formas de pesquisa orientada para a ação e indica

uma diversidade na teoria e na prática entre os pesquisadores usuários desse

método, fornecendo muitas opções para os mesmos para o que pode ser

apropriado para suas questões de pesquisa.

Já Thiollent (2007) diz que a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social

com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma

ação ou com a resolução de problema coletivo e no qual os pesquisadores e os

participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de

modo cooperativo ou participativo. Entretanto, Thiollent (2007) ressalta que, para

uma pesquisa ser qualificada como pesquisa-ação, é vital a implantação de uma

ação por parte das pessoas ou grupos implicados no problema sob observação.

Além disso, é necessário que a ação não seja trivial, o que quer dizer uma ação

problemática, sendo precisa uma pesquisa para ser elaborada e conduzida.

De acordo com Westbrook (1995), na pesquisa ação o pesquisador,

utilizando a observação participante, interfere no objeto de estudo de forma

cooperativa com os participantes da ação para resolver um problema e contribuir

para a base do conhecimento.

Page 26: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

17

A forma que a pesquisa-ação é feita depende dos seus objetivos e do

contexto no qual é aplicada. Sendo assim, segundo Thiollent (2007), a pesquisa

ação é uma estratégia de pesquisa na engenharia de produção que visa produzir

conhecimento e resolver um problema prático. Esses dois objetivos podem ser

definidos como:

Objetivo técnico: contribuir para o melhor equacionamento possível do

problema considerado como central de pesquisa, com levantamento de

soluções e propostas de ações correspondentes às soluções para auxiliar

o agente na sua atividade transformadora da situação;

Objetivo científico: obter informações que seriam de difícil acesso por meio

de outros procedimentos, de forma a aumentar a base de conhecimento de

determinadas situações.

As etapas para a condução da pesquisa-ação estão representadas na

figura 10. Cada ciclo do processo da pesquisa-ação acontece em 6 fases: coleta

de dados, feedback dos dados, análise dos dados, planejamento da ação,

implementação da ação e avaliação. O monitoramento é considerado uma

metáfase.

Coleta de

Dados

Feedback dos

Dados

Análise dos

Dados Planejamento da ação

Implementação

Avaliação

Monitoramento

Figura 10: Esquema das etapas da pesquisa-ação (adaptado de Coughlan e Coughlan, 2002).

Page 27: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

18

A figura 11 elaborada apresenta uma síntese dessas seis etapas da pesquisa-

ação.

Passo Descrição Meios

Coleta de dados

Os dados são gerados por meio do envolvimento com o processo organizacional

Dados qualitativos: observação direta, discussões, entrevistas Dados quantitativos: relatórios, registros operacionais

Feedback dos dados

Os dados são retornados para a organização visando disponibilizá-los para análise

Relatórios elaborados pelo autor; reuniões de feedback

com a equipe envolvida

Análise dos dados

Análise conjunta realizada pelo autor e membros envolvidos (por exemplo, membros dos times de trabalho)

Ferramentas e critérios de análise que necessitam estar relacionados aos propósitos da pesquisa e da intervenção; análise de conteúdo do diário de pesquisa

Planejamento da ação

Atividade conjunta que estabelece o que vai ser feito e com que prazo

Responder a questões do tipo: o que necessita ser alterado e em que parte da organização? Qual o apoio necessário? Como o comprometimento pode ser obtido? Como superar as resistências?

Implementação da ação

A ação estabelecida é então implementada visando promover as mudanças planejadas

Ferramentas selecionadas para executar a implantação em colaboração com os envolvidos

Avaliação

Reflexão dos resultados esperados ou não decorrentes da implementação da ação

Revisão do processo visando avaliar os resultados, incluindo melhorias para o ciclo seguinte

De acordo com Coughlan e Coughlan (2002), o monitoramento é uma

metáfase que ocorre em todos os ciclos. Cada ciclo de pesquisa-ação conduz um

novo ciclo e, então, planejamento, coleta de dados, análise de dados,

planejamento de ações, implementação de ações e avaliação dos resultados

acontecem ao longo do tempo, de forma contínua.

3.3.O ciclo do PDCA

O ciclo do PDCA foi utilizado com objetivo de reduzir um dos custos que

impactam diretamente no resultado da companhia, através de um método de

pesquisa-ação, o qual foi feito toda uma análise de causas de um determinado

Figura 11: Seis passos do ciclo de condução da pesquisa-ação. Fonte: Coughlan e Coughlan

(2002).

Page 28: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

19

problema para que ações fossem elaboradas e implementadas dentro desse

processo.

Analisando o método de pesquisa-ação, conclui-se que o PDCA possui

todos os passos do método dentro do seu ciclo utilizando ferramentas específicas.

Na fase de planejamento (Plan) do PDCA, foi preciso utilizar ferramentas para a

coleta de dados, tal como o gráfico em série com dados da quebra maquinário e

os números dos contadores dos equipamentos. Para a análise dos dados foi

utilizado o Gráfico Pareto e o Diagrama de Ishikawa e para o planejamento da

ação foi utilizado ferramentas como a Matriz de Criticidade e o método do 5W1H.

Já na fase de execução (Do) do PDCA é, exatamente, o passo de

implementação do método de pesquisa-ação. Durante essa fase é muito

importante que ocorra junto com outra fase que é a de verificação (Check). A fase

de verificação é como se fosse o monitoramento do método. Para finalizar o ciclo

vem a fase de validação (Act) do PDCA que é, exatamente, o passo de avaliação,

onde é feito a revisão do processo visando avaliar os resultados, incluindo

melhorias para o ciclo seguinte.

Para que o ciclo fosse feito de modo completo e eficaz, o PDCA foi

utilizado de forma dinâmica e, assim, a presença de pessoas capacitadas em

relação a conhecimento técnico e competentes foi essencial para que o resultado

fosse conforme o esperado. Para isso o projeto foi separado em quatro fases:

Planejamento, implementação e/ou execução, verificação e validação. Dentro de

cada fase foram propostas ferramentas que deram visibilidade, organização e

prazos dentro do processo.

3.3.1.Fase de planejamento

A fase do planejamento foi a primeira do projeto, ou seja, o começo de

tudo. A princípio, para começar o projeto foi preciso estabelecer metas de acordo

Page 29: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

20

com os resultados do ano anterior e, portanto, foi feito um gráfico mostrando um

histórico de resultados.

Após a análise dos resultados e a definição da meta, foi construído o

gráfico de Pareto a fim de estratificar por trecho da linha de produção os pontos

onde estavam ocorrendo os maiores impactos. Para que este gráfico fosse

confiável foi preciso que os contadores de cada equipamento estivessem

calibrados e funcionando para que a estratificação não fosse feita de forma errada

e a execução feita no foco errado.

Feito o gráfico de Pareto, a próxima etapa dentro do planejamento foi a

utilização do diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como diagrama de

Ishikawa ou diagrama de Espinha-de-Peixe. Esta ferramenta foi utilizada para

descobrir as principais causas dos principais problemas definidos no gráfico de

Pareto. Para que esta ferramenta fosse efetiva foi muito importante a participação

de pessoas chaves, ou seja, pessoas com conhecimentos técnicos avançados,

para que houvesse um número máximo de causas. Foi essencial utilizar a técnica

do “Brainstorming” para a formação do diagrama. O “Brainstorming” foi feito por

um maior número de pessoas envolvidas no processo produtivo, pois foi o

momento em que se precisava de um maior número de idéias e sugestões.

Após a definição das causas básicas do problema foi preciso que essas

fossem priorizadas. Na priorização das causas, foram avaliadas a gravidade,

urgência e tendência das causas utilizando a Matriz de Criticidade. De acordo

com a avaliação, as causas mais impactantes para certo problema foram

analisadas para que a elaboração de um plano de ação fosse feita de forma

eficiente. Para a análise das causas foi utilizado a técnica dos “5 Porquês” afim de

investigar a causa com objetivo de chegar na causa-raiz.

Após a análise da causa e a definição da causa-raiz do problema foi

elaborado um plano de ação, baseado na técnica do 5WH1, onde foram

Page 30: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

21

estipuladas ações com prazos e responsáveis. Para que a elaboração fosse

efetiva, os responsáveis deveriam estar cientes e capacitados para tratarem as

ações direcionadas e os prazos deveriam ser cumpridos.

3.3.2.Fase de implementação e/ou execução

Esta foi a fase em que todas as ações determinadas na fase de

planejamento foram executadas. Nesta fase foi essencial que:

As pessoas responsáveis pela ação fossem treinadas e capacitadas;

Os prazos estipulados fossem cumpridos;

As tarefas e a razão delas deveriam ser apresentadas claramente;

Fossem registrados todos os resultados alcançados;

A execução das ações fosse checada através de reuniões ou em campo.

3.3.3.Fase de verificação

Esta fase foi a da comparação dos resultados obtidos com resultados

anteriores. Após a execução das ações foi preciso que os dados fossem

coletados para que o resultado fosse determinado. Esta foi a fase que deu

visibilidade se as causas foram analisadas de forma correta, se as ações

elaboradas foram eficientes e se os responsáveis cumpriram o proposto.

3.3.4.Fase de validação

A última fase do ciclo consiste em uma análise critica do que foi feito, ou

seja, padronizar ações que deram certos ou corrigir o que não deu certo,

retornando assim para o começo do ciclo.

Page 31: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

22

4.Resultados e discussões

4.1.Fase 1: Planejamento

4.1.1.Coleta de dados

A primeira etapa do projeto foi a coleta dos índices históricos da quebra

maquinário no ano de 2011, pois naquele ano, este indicador não havia sido

monitorado. Os dados identificados estão nos gráficos 1 e 2 para as linhas 503 e

504. A meta desejada, naquele ano, era de 0,20% da quebra maquinário, ou seja,

considerando que uma linha de envase tem um nominal de 60.000 garrafas por

hora, isso representa uma quebra de 120 garrafas por hora. Como esse indicador

não havia sido monitorado percebe-se que ele não havia sido atingido durante

todo aquele ano nas duas linhas onde foi feito o estudo.

Gráfico 1: Quebra maquinário da Linha 503 no ano de 2011.

Page 32: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

23

Em seguida, foi feita a estratificação dos pontos críticos referentes a

quebra maquinário utilizando o Gráfico de Pareto. A estratificação foi feita a partir

dos contadores de cada equipamento, ou seja, foram coletados os números de

garrafas que passaram em cada equipamento, a produção líquida (PL) e quebra

proposital (QP) de cada dia. Tudo isso foi feito durante o fechamento de linha e o

cálculo da quebra maquinário foi feito conforme as equações 1 e 2.

O termo ENVIO, na equação 1, representa o número de garrafas que foram

introduzidas na linha. EQ. DESEJADO, na equação 2, representa o número de

garrafas que passou pelo equipamento desejado e EQ. POSTERIOR, na equação

2, representa o número que garrafas que passou pelo equipamento seguinte ao

equipamento desejado.

Gráfico 2: Quebra maquinário da Linha 504 no ano de 2011.

Quebra no Maquinário (QM) total:

QM = ENVIO - PL - QP x 100 (1) PL

Quebra no Maquinário (QM) por equipamento:

QM = EQ. DESEJADO - QP – EQ. POSTERIOR x 100 (2)

PL

Page 33: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

24

No cálculo da quebra maquinário por equipamento, a quebra proposital

(QP) só deve ser subtraída se no trecho de um equipamento para o outro ela

ocorrer.

Os gráficos 3 e 4 apresentam a estratificação dos pontos críticos das duas

linhas.

A análise dos dados nos gráficos 3 e 4 revelam que o ponto mais crítico:

(I) – na linha 503 era a Lavadora de garrafas que representava 50% da

quebra.

(II) – na linha 504 era o Pasteurizador que representava 37% da quebra.

Gráfico 3: Pareto da quebra maquinário da Linha 503.

Gráfico 4: Pareto da quebra maquinário da Linha 504.

Page 34: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

25

Assim, atuando-se na Lavadora de Garrafas na linha 503 e no

Pasteurizador na linha 504, espera-se uma redução de quebra de maquinário de

50% e 37%, nas respectivas linhas.

4.1.2.Apuração das Causas: Diagrama de Ishikawa

Após a identificação dos pontos críticos foi feita a análise do que estava

causando a grande quebra nesses pontos. Para isso foi utilizado o Diagrama de

Ishikawa (Causa x Efeito). As figuras 12 e 13 apresentam os Diagramas de

Ishikawa para as duas linhas. Essa análise envolveu o maior número de pessoas

com conhecimento técnico dos equipamentos e foi utilizada a técnica do

Brainstorming durante uma reunião específica para discutir esse assunto. As

pessoas presentes na reunião foram especialistas dos equipamentos onde a

quebra era maior, supervisores das linhas, coordenadores, gerentes da área de

envase e da área de manutenção e mecânicos especialistas das piores máquinas.

Figura 12: Diagrama de Ishikawa da Linha 503.

Page 35: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

26

4.1.3.Priorização das Causas

O Brainstorming possibilitou apurar muitas das causas que poderiam estar

causando a quebra nos pontos detectados. O problema foi que muitas dessas

causas possuíam baixo impacto no resultado. Em função disso, foi feita uma

análise crítica dessas causas para poder atuar na causa certa e, assim, alcançar

o resultado esperado no prazo determinado. Para isso, foi feito uma matriz de

criticidade, o qual priorizou as principais causas que mais impactam no índice. As

figuras 14 e 15 apresentam a matriz de criticidade construída para as causas dos

dois problemas.

Figura X: Diagrama de Ishikawa da Linha 503.

Figura 13: Diagrama de Ishikawa da Linha 504.

Figura 5: Diagrama de Ishikawa da Linha 503.

Figura 14: Matriz de criticidade das causas do problema da Linha 504.

Page 36: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

27

4.1.4.Análise das Causas

Feita a priorização das principais causas do problema, foi realizada fazer

uma análise dessas causas para encontrar a causa-raiz. Para isso, foi utilizada a

técnica dos “5 Porquês”. As figuras 16, 17 e 18 detalham a utilização da técnica

dos “5 Porquês” feita para as causas priorizadas na Matriz de Criticidade.

Figura 15: Matriz de criticidade das causas do problema da Linha 503.

Figura 16: “5 Porquês” utilizado para analisar as causas do problema da

linha 503.

Page 37: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

28

Figura 18: “5 Porquês” utilizado para analisar as causas do problema da

linha 504.

Figura 17: “5 Porquês” utilizado para analisar as causas do problema da

linha 503.

Page 38: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

29

4.1.5.Elaboração do Plano de Ação

As principais causas identificadas foram o conjunto (trampas, arrastadores

e pentes) inadequados e a falta de uma chapa na fenda de fuga de rótulo na

Lavadora de garrafas, e a pressão excessiva de trabalho e a falta de resistência

dos olhares no Pasteurizador. A partir disto, foi elaborado um plano de ação para

eliminar a causa do problema. Para isso, foi utilizada a técnica 5W1H. As figuras

19 e 20 revelam o plano de ação feito baseado na análise dos “5 Porquês”.

Figura 19: Plano de ação da linha 503.

Page 39: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

30

Feito o plano de ação, sabia-se onde se deveria atuar, o que e como

deveria ser feito, bem como quem seria o responsável pela ação, o prazo que a

ação deveria ser executada e se ela havia sido realizada ou não.

4.2.Fase 2: Execução

A execução das ações foi o próximo passo do PDCA. Nesta fase foi

essencial que as pessoas responsáveis pela ação fossem treinadas e

capacitadas, os prazos estipulados fossem cumpridos, as tarefas e a razão delas

deveriam ser apresentadas claramente, os resultados alcançados fossem

registrados e a execução das ações fosse checada através de reuniões ou em

campo.

No caso da Lavadora de garrafas da linha 503, foi feito a substituição do

subconjunto de entrada de garrafas, pois foi preciso fazer uma adequação do

sistema de entrada de garrafas. Além disso, foi necessário fazer a substituição de

todas as células plásticas danificadas, soldar uma chapa na fenda de fuga de

rótulo, buscando reter as garrafas dentro da célula plástica, e a substituição da

trampa da mesa de entrada. Isso foi feito porque a Lavadora de garrafas é um

equipamento que lava as garrafas por imersão e que faz um caminho parecido

com uma solenoide onde as garrafas passam de tanque para tanque. Portanto,

Figura 12: Plano de ação da linha 503.

Figura 20: Plano de ação da linha 504.

Page 40: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

31

como as células não eram adaptadas para garrafas de 300 mililitros, as garrafas

tinham um contato muito maior com a solução dos tanques e, como a temperatura

dos tanques é alta, as garrafas sofriam um choque térmico e isso ocasionava a

quebra de garrafas.

Já a substituição do subconjunto de entrada de garrafas foi preciso fazer

pois as trampas, as quais tem a função de empurrar as garrafas para dentro dos

copos, eram adaptadas para garrafas de 600 mililitros. Como o fundo da garrafa

de 600 mililitros é maior que a de 300 mililitros, as trampas acabavam pegando

abaixo do centro do fundo e, assim, ocasionava a quebra.

No caso do Pasteurizador da linha 504, foi substituído olhais por modelos

reforçados e ajustado a pressão máxima de trabalho do hidráulico em 150 psi. Os

olhais são buchas com um eixo que sustentam as vigas que movimentam as

grelhas dentro do Pasteurizador. As garrafas entram no Pasteurizador e as

grelhas funcionam como um transporte para as garrafas passarem sob constantes

esguichos de água que tem a sua temperatura conforme a zona que a garrafa

estiver. As vigas movimentam essa grelha e, assim, como o eixo dos olhais foi

feito com aço carbono, esse eixo acabava quebrando e, consequentemente,

desnivelando as grelhas. As grelhas desniveladas ocasionava muita queda de

garrafas para dentro dos tanques e garrafas caídas dentro da máquina,

ocasionando muita quebra de garrafas. Foi substituído o eixo desses olhais por

aço inox.

Já a pressão máxima de trabalho do hidráulico foi aumentada para 150 psi

pois antes a pressão estava trabalhando muito baixa. O hidráulico movimenta

vários subconjuntos dentro do Pasteurizador e, um deles é o movimento das

vigas. Como a pressão hidráulico estava trabalhando muito baixo, as garrafas

ficavam muito mais tempo no zona de Pasteurização, onde a temperatura chega

até 63°C. Assim, como a garrafas já vem do mercado fragilizada e ainda fica

muito mais tempo na zona de pasteurização, isso ocasionava uma quebra muito

grande dentro do equipamento.

Page 41: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

32

4.3.Fase 3: Verificação

Durante e após a fase de execução foi preciso checar constantemente o

resultado para verificar se o direcionamento das ações havia sido feito de forma

correta.

A quebra maquinário fechava diariamente durante o fechamento da linha,

onde a Logística e a área de envase discutem os números de envio de garrafas

para a linha de produção e o que saiu da linha e, juntos fazem o fechamento.

Semanalmente, havia uma reunião de acompanhamento e de melhoria da rotina,

a qual tinha o intuito de checar os resultados e se as ações estavam sendo

executadas no prazo programado. Nesta reunião ocorria também o planejamento

de outras ações, se necessário. Na reunião era obrigatório a presença de todos

supervisores de linha de envase, gerente da área de envase, manutenção e

logística e os mecânicos e operadores especialistas dos piores equipamentos.

Gráfico 5: Quebra maquinário da Linha 503 no ano de 2012.

Page 42: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

33

A análise dos gráficos 5 e 6 permite concluir que, após a execução das

ações, a quebra maquinário das duas linhas diminuiu consideravelmente. Isso

quer dizer que os pontos de atuação foram determinados corretamente, que a

determinação da causa-raiz dos problemas foi correta, que as ações foram

executadas conforme o planejado e os prazos foram cumpridos.

Na linha 503, a quebra maquinário conseguiu chegar a meta no

acumulado. Isso quer dizer que as ações executadas foram suficientes para

alcançar o resultado esperado.

Já na linha 504, a quebra maquinário não conseguiu chegar a meta no

acumulado. Analisando dessa forma, deveriam ser feitas mais ações para que

diminuísse mais a quebra no Pasteurizador ou que a atuação focasse em outro

ponto. Por outro lado, a quebra maquinário diminuiu bastante após a execução

das ações e, portanto, se as ações fossem feita no começo do ano, talvez a meta

seria alcançada.

Gráfico 6: Quebra maquinário da Linha 504 no ano de 2012.

Page 43: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

34

4.4.Fase 4: Validação

Nesta última fase foi feita uma análise crítica daquilo que foi feito

anteriormente no ciclo do PDCA. O resultado positivo revelou que foi preciso

padronizar a pressão máxima de trabalho do hidráulico e substituir todos os olhais

por modelos reforçados no Pasteurizador da linha 504 e em outros

Pasteurizadores de outras filiais e outras linhas. Portanto, foi feito um padrão

operacional para que no inicio da produção verificasse a pressão do hidráulico no

manômetro do hidráulico.

Já na Lavadora de garrafas da 503 foi padronizado o uso de outros

materiais, uma vez que, na Lavadora de garrafas, o conjunto de trampa,

arrastadores e pentes era inadequados para garrafas de 300 mililitros. Portanto,

foi preciso fazer um levantamento de todos os materiais utilizados para adaptação

do equipamento para garrafas de 300 mililitros com objetivo de validar esses

materiais no almoxarifado e, assim, ter peças de reposição no estoque.

Page 44: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

35

5.Conclusão

A partir dos resultados do ano de 2012, conclui-se que o método do PDCA

foi eficaz e que o resultado esperado foi atingido. O objetivo foi atingido, através

de uma pesquisa-ação realizada por este autor, que envolveu uma fase de

planejamento muito consistente (Plan), uma fase de execução (Do), outra de

verificação (Check) e uma última de validação, completando (Act).

O ciclo dinâmico ajudou a organizar o planejamento antes de qualquer

ação fosse tomada. Isso possibilitou um direcionamento correto de onde atuar

para que a redução da quebra maquinário diminuísse, de forma que a meta fosse

atingida no prazo proposto. Além de um planejamento consistente, o PDCA

possibilitou o envolvimento de muitas pessoas e, consequentemente, muitas

sugestões foram dadas e o conhecimento técnico dentro do ciclo foi muito amplo.

Portanto, o PDCA é um método de pesquisa-ação que proporciona um bom

direcionamento, o qual envolve uma série de ferramentas eficazes, com objetivo

na resolução de problemas.

Page 45: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

36

Referências bibliográficas

BROCKA, Bruce. Gerenciamento da Qualidade. São Paulo: Makron Books,

1994.

CAMPOS, V. F. Gerenciamento pelas Diretrizes. Belo Horizonte: Fundação

Christiano Ottoni, 1996

CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. 5ª ed., Rio de Janeiro:

Campus, 1999.

COUGHLAN, P.; COUGHLAN,D. Action research for operations management.

International Journal of Operations and Production Management, v.22, n.2, p.220-

240, 2002.

GHOSH, M.; SOBEK, D. Effective metaroutines for organizational problem

solving. Mechanical and Industrial Engineering Department, Bozeman, 2002.

KUME, H. Métodos estatísticos para melhoria da qualidade. São Paulo:

Editora Gente, 1993.

LICK, Vanderlei Luiz Christoff. Melhoria das condições de trabalho através da

ação ergonômica participativa e da lógica do PDCA no setor automotivo.

Porto Alegre: UFRGS, 2003.

LORIGGIO, Antonio. De onde vêm os problemas: Método para um

diagnóstico eficaz. São Paulo: Negócio Editora, 2002.

PEREZ-WILSON, M. Seis Sigma: compreendendo o conceito, as implicações

e os desafios. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998.

RAMBAUD, L. 8D structured problem solving: a guide to creating high quality

8D reports (spiral-bound). PHRED Solutions, 2006.

Page 46: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

37

SHIBA, Soji; GRAHAM, Alan; WALDEN, David. TQM: Quatro Revoluções na

Gestão da Qualidade. Porto Alegre: Bookman, 1997.

SILVA, Antonio Carlos Ribeiro da. Utilização da ferramenta PDCA e seu

potencial de aplicação no setor aeroespacial. Taubaté: Unitau, 2009.

SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da

Produção. São Paulo: Atlas, 2002.

SOBEK, D. K.; JIMMERSON, C. A3 Reports: tool for process improvement.

Proceedings of the Industrial Engineering Research Conference, Houston, 2004.

TENGAN, C. Abordagem teórica e aplicação de método de qualidade em

serviços público odontológico. 2008. 71 f. Tese (Doutorado em Odontologia) –

Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas,

Piracicaba, 2008.

TERNER, Gilberto Luís Kupper. Avaliação da aplicação dos métodos de

análise e solução de problemas em uma empresa metal-mecânica. Porto

Alegre: UFRGS, 2008.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2007.

THOMPSON, S.; TORABI, T.; JOSHI, P. A framework to detect deviations

during process enactment. In: IEEE/ACIS International Conference on

Computer and Information Science – Title, 6th, 2007: Melbourne, Austrália.

Page 47: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2013/MEQ...RAFAEL FERNANDES ROSA Redução da quebra de garrafas em uma linha de envase de uma indústria

38

WESTBROOK, R. Action research: a new paradigma for research in

production and operations management. International Journal of Operations

and Production Management, v.15, n.12, p. 6-20, 1995.

VENTURINI, W. G. F. Tecnologia de Bebidas. 1ª ed., São Paulo: Edgard Blucher

Ltda, 2005.

VENTURINI, W .G. F.; CEREDA, M. P. Cerveja. In: AQUARONE W.B., et al.[i]

Biotecnologia Industrial[/i]: Biotecnologia na produção de alimentos. 1ª ed., São

Paulo: Edgard Blucher Ltda, 2001.

ZACHARIAS, O. Mapeamento de processos: uma ferramenta para o

gerenciamento e melhoria. Revista Banas Qualidade, São Paulo, ano 18, n.

202, 2009.