148
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA FILIPE BERTOLETTI MESQUITA Avaliação da viabilidade de sistemas RFId São Paulo 2011

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA …pro.poli.usp.br/.../pubs/avaliacao-da-viabilidade-de-sistemas-rfld.pdf · método quanto no estudo de caso. ... varejistas como o

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA

FILIPE BERTOLETTI MESQUITA

Avaliação da viabilidade de sistemas RFId

São Paulo

2011

FILIPE BERTOLETTI MESQUITA

Avaliação da viabilidade de sistemas RFId

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo para a obtenção do diploma

de Engenheiro de Produção.

São Paulo

2011

FILIPE BERTOLETTI MESQUITA

Avaliação da viabilidade de sistemas RFId

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo para a obtenção do diploma

de Engenheiro de Produção.

Orientador: Prof. Mauro de Mesquita

Spinola

São Paulo

2011

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

FICHA CATALOGRÁFICA

Mesquita, Filipe Bertoletti

Avaliação da viabilidade de sistemas RFId / F.B. Mesquita. --

São Paulo, 2011.

148 p.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção.

1. Rádio (Frequência) 2. Tecnologia da informação (Aplica -

ções; Custos; Avaliação) 3. Cadeia de suprimentos I. Universi-dade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Enge-nharia de Produção II. t.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu pai e à minha mãe, pelo suporte incondicional, pelas

oportunidades e pelos ensinamentos que me deram ao longo de toda a minha vida.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer inicialmente ao professor Mauro de Mesquita Spinola por

aceitar orientar o presente trabalho, mesmo com um período para desenvolvimento curto. As

reuniões semanais, as diversas sugestões ao longo do trabalho e as palavras de apoio foram

fundamentais para terminá-lo a tempo e com qualidade. Muito obrigado pela confiança.

Ao professor Alessandro Perego e à doutoranda Angela Tumino, do Politecnico di

Milano. Foi através das aulas do professor Perego, durante meu programa de duplo diploma,

que me interessei pelo tema RFId e decidi abordá-lo no meu trabalho de conclusão de curso

na Itália, no qual tive grande suporte e ajuda da doutoranda Angela.

A Richard Saito, professor da Fundação Getúlio Vargas e consultor, por indicar e me

colocar em contato com a empresa estudada no presente trabalho. Ao diretor de TI da

empresa, por aceitar participar do trabalho e pelas contribuições tanto no desenvolvimento do

método quanto no estudo de caso.

Tenho que agradecer também todos os meus amigos, tanto aqueles que conheci

durante os dois anos que passei na Itália, quanto os da Escola Politécnica e os da minha

cidade natal, São João da Boa Vista/SP. Seja nas conversas ou simplesmente pela companhia

nos momentos de diversão, eles foram fundamentais para que eu superasse diversos desafios.

À minha família, minha principal fonte de sustentação, estando ao meu lado nos bons

e maus momentos para ajudar na decisão do melhor caminho a seguir. Em especial, agradeço

à minha avó Manoela, que cuidou de mim desde que era pequeno e sempre disse que seu

sonho era me ver formado. Essa foi minha grande motivação para terminar o trabalho e poder

graduar-me.

E acima de tudo agradeço aos meus pais. Sempre se esforçaram ao máximo para dar as

melhores oportunidades para mim e para meu irmão, nos ensinaram os valores e a ética que

deveríamos seguir, não foram omissos em criticar ou reprovar quando estávamos errados, e

nos amaram incondicionalmente em todos esses anos. São os meus grandes exemplos tanto na

vida pessoal quanto na profissional.

RESUMO

A tecnologia RFId tem recebido crescente atenção devido ao seu grande potencial, mas a taxa

de adoção ainda é limitada pela dificuldade em avaliar com precisão a viabilidade de cada

projeto. Uma das causas é a inadequação dos métodos tradicionais, como os Fluxos de Caixa

Descontados, se utilizados isoladamente, porque eles falham em considerar impactos

intangíveis. O presente trabalho aborda esse problema, através da proposição de um novo

método de avaliação da viabilidade de sistemas RFId, o qual leva em consideração a

influência estratégica da tecnologia para a empresa, assim como os seus impactos monetários

e não monetários. Para a construção do método, foram estudados os impactos da tecnologia

RFId, os conhecimentos existentes sobre avaliação de novas tecnologias e as técnicas

utilizadas atualmente para sistemas de etiquetas inteligentes. O resultado é um método

composto por quatro diferentes fases, a primeira de identificação do tipo de implantação,

seguida por uma análise estratégica e pelas avaliações qualitativa e quantitativa do sistema

considerado. As fases são baseadas em diferentes metodologias, como Technology

Roadmapping, Análise dos Campos de Força e Retorno sobre Investimento. Ao final do

trabalho, é feita uma aplicação do método proposto em um estudo de caso na empresa

estudada com o objetivo de avaliar sua utilização. É apresentada também uma análise crítica

das vantagens e desvantagens do método, além de suas limitações e possíveis melhorias

futuras.

Palavras-chave: RFId, avaliação, viabilidade.

ABSTRACT

The RFId technology has received greater attention due to its high potential, but the adoption

rate is still limited by the difficulty to properly assess the feasibility of each project. One

reason is that traditional methods, like the Discounted Cash Flow, are not appropriate if used

alone, because they fail in considering intangible impacts. The objective of this project is to

address this problem, by proposing a new feasibility assessment method for RFId systems,

which considers the technology strategic role for the company and both monetary and non-

monetary effects. The impacts of the smart tags, the available knowledge about technology

assessment and the current methods used for RFId evaluation were studied to build the model.

The result is a method composed by four different phases, the first about identification of

implementation type, followed by the strategic analysis and by qualitative and quantitative

assessment of the considered system. The phases are based in different methodologies, such

as Technology Roadmapping, Force Field Analysis and Return on Investment. At the end, a

study case is presented about the method application in a real company to assess its

utilization. Besides, it’s also presented an analysis about method’s advantages, disadvantages,

limitations and future work.

Keywords: RFId, assessment, feasibility.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Representação de uma onda eletromagnética ........................................................... 24

Figura 2: Representação de um sistema com um arco ativo e um passivo ............................... 25

Figura 3: Separação entre campo próximo e distante ............................................................... 26

Figura 4: Integração entre middleware, leitor e sistemas de informação ................................. 27

Figura 5: Exemplo de um leitor e antena inseridos em um portal RFId ................................... 27

Figura 6: Exemplo de etiqueta RFId......................................................................................... 28

Figura 7: Modelo comercial de transponder RFID para contêineres ........................................ 32

Figura 8: Portal RFID portal utilizado em centros de armazenagem ....................................... 33

Figura 9: Esquema de um Roadmap ......................................................................................... 50

Figura 10: Métodos de avaliação de acordo com o estágio de desenvolvimento ..................... 51

Figura 11: Forças restritivas e propulsoras para sistemas RFId ............................................... 61

Figura 12: Exemplo numérico com a divisão das forças propulsoras operacionais ................. 62

Figura 13: Demonstração do cálculo da nota final das forças propulsora e restritiva .............. 63

Figura 14: Diagrama completo da Análise dos Campos de Força ........................................... 64

Figura 15: Fluxos hipotéticos para cálculo do ROI .................................................................. 69

Figura 16: Resultados das forças propulsoras e restritivas no estudo de caso ......................... 86

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Benefícios operacionais do RFId............................................................................. 36

Quadro 2: Benefícios gerenciais do RFId................................................................................. 37

Quadro 3: Benefícios relacionais do RFId ............................................................................... 37

Quadro 4: Custos técnicos do RFId .......................................................................................... 39

Quadro 5: Custos operacionais do RFId ................................................................................... 40

Quadro 6: Custos Gerenciais do RFId ...................................................................................... 40

Quadro 7: Custos Relacionais do RFId .................................................................................... 41

Quadro 8: Diferentes classes de metodologias para avaliação ................................................. 49

Quadro 9: Aspectos críticos da avaliação de novas tecnologias .............................................. 52

Quadro 10: Aspectos críticos da avaliação de sistemas RFId .................................................. 54

Quadro 11: Variáveis consideradas para cálculo do ROI ......................................................... 68

Quadro 12: Resultados obtidos na análise estratégica .............................................................. 81

Quadro 13: Investimentos necessários para a implementação do sistema RFId ...................... 88

Quadro 14: Ganhos gerados pela adoção do sistema RFId ...................................................... 90

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Divisão dos investimentos e ganhos ao longo do período de análise ....................... 91

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBD – Companhia Brasileira de Distribuição do Grupo Pão de Açúcar

CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações

CS – Cadeia De Suprimentos

DCF – Discounted Cash Flows

ddp – Diferença de potencial

EAS – Electronic Article Surveillance

EEROM – Electrically Erasable Read-Only Memory

EPC – Electronic Product Code

EUA – Estados Unidos da América

FCD – Fluxos de Caixa Descontados

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

FFA – Force Field Analysis

FMS – Flexible Manufacturing Systems

GPS – Global Positioning System

HF – High Frequency

IFF – Identification Friend or Foe

LF – Low Frequency

NPV – Net Present Value

P&G – Procter and Gamble

RAM – Random Access Memory

RFId – Radio Frequency Identification

RFId CoE – Centro de Excelência em RFId

ROI – Return on Investment

ROM – Read Only Memory

SCM – Supply Chain Management

SKU – Stock Keeping Unit

SI – Sistemas de Informação

SINIAV – Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos

TA – Technology Assessment

TI – Tecnologia da Informação

UHF – Ultra High Frequency

WACC – Weighted Average Cost of Capital

WORM – Write Once Read Memory

SUMÁRIO

I INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 17

II FUNDAMENTOS TEÓRICOS ................................................................................. 20

II.1 O CONTEXTO HISTÓRICO .................................................................................. 20

II.1.1 A história do RFId ............................................................................................ 21

II.1.2 O RFId no Brasil .............................................................................................. 22

II.2 A TECNOLOGIA RFID .......................................................................................... 23

II.2.1 Os princípios de funcionamento ....................................................................... 24

II.2.2 Componentes e classificações .......................................................................... 26

II.2.3 Processo de comunicação ................................................................................. 29

II.2.4 EPC Global ....................................................................................................... 30

II.3 APLICAÇÃO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS ................................................. 30

II.3.1 A substituição do código de barras ................................................................... 31

II.3.2 O uso na cadeia de suprimentos ....................................................................... 31

II.4 OS IMPACTOS DO RFID ....................................................................................... 33

II.4.1 Benefícios ......................................................................................................... 34

II.4.2 Custos ............................................................................................................... 38

II.4.3 Riscos ............................................................................................................... 41

II.4.4 Fatores externos ................................................................................................ 42

III METODOLOGIA ....................................................................................................... 44

IV SOLUÇÃO .................................................................................................................. 46

IV.1 A AVALIAÇÃO DE SISTEMAS RFID .................................................................. 46

IV.1.1 Avaliação de novas tecnologias ........................................................................ 47

IV.1.2 Avaliação de sistemas RFId ............................................................................. 52

IV.2 PROPOSIÇÃO DE UM NOVO MÉTODO PARA AVALIAÇÃO ........................ 54

IV.2.1 Hipóteses para a contrução do modelo ............................................................. 55

IV.2.2 Descrição do novo método de avaliação .......................................................... 56

V RESULTADOS E ANÁLISE ..................................................................................... 71

V.1 A EMPRESA ANALISADA .................................................................................... 71

V.2 O SISTEMA RFID CONSIDERADO ..................................................................... 73

V.3 APLICAÇÃO DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO ................................................... 75

V.3.1 Fase 1: Identificação do tipo de implantação ................................................... 76

V.3.2 Fase 2: Adequação à estratégia e aos processos da empresa ............................ 77

V.3.3 Fase 3: Avaliação qualitativa da implantação .................................................. 82

V.3.4 Fase 4: Avaliação quantitativa da implantação ................................................ 87

V.3.5 Análise conjunta sobre a viabilidade ................................................................ 93

VI CONCLUSÃO ............................................................................................................. 94

VI.1 FUNDAMENTOS CONCEITUAIS ........................................................................ 94

VI.2 MÉTODO PROPOSTO ............................................................................................ 95

VI.3 APLICAÇÃO DO MÉTODO .................................................................................. 96

VI.4 VANTAGENS E LIMITAÇÕES ............................................................................. 97

VI.5 PESQUISA FUTURA .............................................................................................. 98

VII REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 100

APÊNDICE A – DADOS EMPÍRICOS ............................................................................. 113

APÊNDICE B – FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO ....................................................... 117

APÊNDICE C – FORMULÁRIO COMPILADO ............................................................. 135

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 17

I INTRODUÇÃO

A tecnologia de Identificação por Radio Frequência (RFId – Radio Frequency

Identification) não é nova, mas apenas na década de 2000 começou a receber significativa

atenção por parte de empresas e pesquisadores, principalmente após a adoção por grandes

varejistas como o Wal-Mart. O interesse foi ainda mais tardio no Brasil, apenas após 2004 as

empresas nacionais passaram a implementar iniciativas relevantes avaliando a utilização de

etiquetas inteligentes.

Esse interesse é motivado pela expectativa de que a tecnologia possa não somente

substituir o código-de-barras, mas promover também uma integração da cadeia de

suprimentos, acelerando processos, reduzindo erros, custos e riscos logísticos e aproximando

os parceiros comerciais. A integração com Internet e telecomunicações promete abrir ainda

mais possibilidades num futuro próximo.

Tais fatores são essenciais para aumentar a competitividade das companhias, e ganham

ainda mais relevância no contexto brasileiro. Atualmente a elevada taxa de juros e a carga

tributária, a infraestrutura precária e a burocracia, elementos constituintes do chamado Custo

Brasil, aumentam os custos de produção internamente, reduzindo consequentemente a

competitividade e favorecendo a importação de produtos industrializados, principalmente da

China.

Contudo, a taxa de adesão do RFId, especialmente no Brasil, ainda é baixa porque

muitas empresas não são capazes de provar a viabilidade econômicas de suas iniciativas. Uma

prova desse fato é que incerteza no retorno sobre investimento (ROI – Return on Investment) é

mencionada na literatura disponível como uma das barreiras mais comuns.

Parte desta complexidade é gerada pela falta de maturidade da tecnologia, a qual ainda

deve ser mais bem compreendida, mas parte também é causada pela falta de métodos

apropriados a serem utilizados na avaliação de investimentos em sistemas RFId. Muitos

estudos de caso sobre RFId propõem a utilização de técnicas tradicionais como Fluxos de

Caixa Descontados (DCF – Discounted Cash Flows), as quais não são sempre adequadas no

caso de etiquetas inteligentes porque falham ao considerar benefícios menos tangíveis, por

exemplo, o aumento de colaboração com um parceiro comercial.

A proposta do presente trabalho de formatura é abordar essa deficiência na avaliação

de iniciativas RFId, através do desenvolvimento de um método de avaliação da viabilidade de

adoção de sistemas de etiquetas inteligentes, o qual leve em conta as particularidades da

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 18

tecnologia. O objetivo é que, com uma avaliação mais adequada desses fatores, as empresas

sejam capazes de avaliar objetivamente a viabilidade de suas iniciativas em RFId, o que

poderá contribuir, consequentemente, para um aumento da taxa de adoção da tecnologia.

Por isso, um dos principais objetivos é que esse novo método seja simples e fácil de

aplicar, sendo, portanto, um instrumento prático e não apenas uma discussão teórica sobre a

avaliação. Outro objetivo importante é que ele seja também uma fonte de informação para o

usuário sobre as etiquetas inteligentes, o que pode ser relevante para empresas de menor porte

que possuem pouco conhecimento sobre a tecnologia.

O método é na verdade um conjunto de diferentes fases e metodologias, cada uma

abordando um aspecto diferente da implementação das etiquetas inteligentes. Uma análise da

viabilidade deve ser feita através da integração dos resultados de todas as fases.

Uma primeira parte do presente estudo começou a ser desenvolvida como trabalho de

formatura do curso de Management Engineering do Politecnico di Milano, Itália. O trabalho

consistiu na participação em uma linha de pesquisa do RFId Research Center, o centro de

pesquisa em RFId do Politecnico di Milano, junto a outros alunos de graduação, pós-

graduação, professores e pesquisadores. Foram estudados os princípios da tecnologia RFId, as

principais aplicações, potenciais impactos e foi considerada a importância dos benefícios de

eficácia na adoção das etiquetas inteligentes.

Partindo dessa base já estabelecida, focou-se no estudo do cenário atual de

desenvolvimento da tecnologia no Brasil e na identificação de metodologias de avaliação que

poderiam ser úteis ao presente trabalho, adaptando-as ao contexto do RFId e integrando-as em

um método único de avaliação.

Esse método foi desenvolvido em conjunto com uma empresa estudada. A colaboração

da empresa consistiu na validação das principais fases de avaliação, na definição de elementos

relevantes a serem incluídos em cada fase e em como tornar o método mais simples possível

para sua aplicação.

Ao final do trabalho, é apresentado um estudo de caso com a aplicação do método

proposto ao contexto desta empresa, para poder validá-lo e identificar possíveis pontos que

devem ser melhorados.

A empresa estudada oferece serviços logísticos, e atua em segmentos como

informática, vestuário e automação bancária. Ela tem cobertura de praticamente todo o

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 19

território nacional e seu core business é a entrega expressa de mercadorias de elevada

importância e/ou valor.

Atualmente a empresa disponibiliza aos seus clientes um sistema via Internet para

acompanhamento de cada pedido em tempo real, e a identificação e conferência de cada

pedido são feitos através de código de barras, porém, ela está avaliando a possibilidade de

implantar as etiquetas inteligentes em sua operação para aumentar a velocidade de cada

atividade e reduzir os custos e riscos logísticos, fatores essenciais, dado o tipo de transporte e

o tipo de carga transportada.

Para atingir o objetivo proposto, o presente trabalho é organizado da seguinte maneira.

Na seção II FUNDAMENTOS TEÓRICOS são apresentadas as bases para entendimento do

presente trabalho, incluindo o contexto histórico, os princípios fundamentais da tecnologia

RFId, suas aplicações na cadeia de suprimentos e os possíveis impactos que a implementação

das etiquetas inteligentes pode gerar. A seção III METODOLOGIA especifica como se deu o

desenvolvimento do trabalho e as ferramentas utilizadas. A seção IV SOLUÇÃO se inicia

com análises do conhecimento existente para avaliação de novas tecnologias e das

metodologias atualmente utilizadas para sistemas RFId, as quais servem de base para a

proposição do novo método de avaliação, o que é feito na sequência. Finalmente, na seção V

RESULTADOS E ANÁLISE tem-se a aplicação da técnica proposta no contexto da empresa

estudada, com uma posterior análise das dificuldades e dos resultados encontrados. A seção

VI CONCLUSÃO finaliza o trabalho com um resumo das principais descobertas, limitações e

indicações de futuras pesquisas.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 20

II FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Neste capítulo é apresentada a fundamentação teórica do trabalho, a qual serve de base

para o desenvolvimento da solução no capítulo IV.

Para a sua elaboração, foram utilizados principalmente livros-referência sobre RFId,

com o auxílio de sítios da Internet especializados em etiquetas inteligentes ou em tecnologias

de identificação e de artigos de introdução ao tema.

O objetivo não é uma apresentação exaustiva do conteúdo, mas sim uma síntese dos

principais pontos que permitam compreender a tecnologia, seu desenvolvimento e aplicações.

São tratados diferentes aspectos relacionados à identificação por radiofrequência.

Inicia-se com a descrição do processo de desenvolvimento da tecnologia ao longo do tempo, e

como o desenvolvimento no Brasil foi tardio em relação ao resto do mundo. O passo seguinte

é a explicação dos princípios de funcionamento do RFId e quais são os principais

componentes. Aborda-se também a aplicação da tecnologia na cadeia de suprimentos, área na

qual será focado o estudo. E por fim, são apresentados os possíveis impactos (benefícios,

custos, riscos e fatores externos) que podem ser gerados por uma implementação de sistema

RFId.

II.1 O CONTEXTO HISTÓRICO

O objetivo desta seção é apresentar como a tecnologia RFId surgiu e se desenvolveu

ao longo do tempo. São apresentados os principais agentes que atuaram na evolução, as

barreiras encontradas no desenvolvimento e como foram superadas, quais aplicações surgiram

primeiro, entre outros elementos. Com isso, pretende-se entender o estágio atual da tecnologia

e quais podem ser as etapas de desenvolvimento futuro. Na seção II.1.2 é apresentado com

mais detalhes o desenvolvimento do RFId no Brasil, e porque existem características que o

diferenciam. Até a década de 2000 o país teve pouca participação na evolução tecnológica, e

após isso as empresas e centros de pesquisa focaram no estudo das potenciais aplicações em

diferentes setores.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 21

II.1.1 A história do RFId

RFId é constantemente mencionada como uma tecnologia emergente, o que pode ser

entendido que seu desenvolvimento começou apenas nos últimos anos. Mas, na verdade, RFId

começou a ser desenvolvido na Segunda Guerra Mundial. Naquela época, RFId era apenas um

conceito, mas as tecnologias que serviram de base para sua implantação já eram utilizadas nas

batalhas: o transponder, o Identification Friend or Foe (IFF) e o radar (JONES; CHUNG,

2008).

O transponder é um dispositivo que envia sinais de rádio em resposta a um sinal

recebido por uma estação remota. O IFF é baseado no transponder, sendo um sistema que

permite a identificação de aeronaves, veículos e forças aliadas, para evitar atingi-las. O radar

usa ondas de rádio para detectar distância, altitude, direção e velocidade de objetos móveis ou

fixos (AHSON; MOHAMMAD, 2008).

Na verdade, a primeira referência clara ao RFId foi um artigo escrito por Harry

Stockman, um engenheiro sueco, em 1948. Intitulado de "Communication by Means of

Reflected Power" (Stockman, 1948), o artigo aborda os princípios das etiquetas passivas, mas

naquela época o grau de desenvolvimento da eletrônica ainda não era suficiente para suportar

a aplicação a um custo razoável (ROBERTI, 2011).

De acordo com Battezzati e Hygounet (2006), era aparente que antes de implantar o

RFId comercialmente seria necessário o desenvolvimento dos componentes base, como

transistor, circuitos integrados, microprocessadores, e a integração de todos de modo a

aumentar a eficiência e diminuir o tamanho. Isso só foi possível com o desenvolvimento

tecnológico dos microcomputadores durante as décadas de 50 e 60.

Finalmente, no fim da década de 60 a primeira aplicação comercial do RFId foi

lançada, a chamada Vigilância Eletrônica de Artigos (EAS – Electronic Article Surveillance),

utilizada para evitar furtos em lojas (WEIS, 2007). Embora fosse muito simples, depois dessa

primeira aplicação a tecnologia de identificação por radio frequência atraiu um grande

interesse de governos, instituições de pesquisa e das primeiras companhias privadas. Foi

decidido não definir padrões nesse primeiro momento para não limitar o processo de

desenvolvimento (BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006).

No fim da década de 80, o RFId já estava consolidado como uma tecnologia viável

tecnicamente, e diversas aplicações eram desenvolvidas em pequena escala, tanto na Europa

como nos Estados Unidos, incluindo identificação de rebanhos, identificação de pessoas e

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 22

acesso a rodovias. Nessa década, foram desenvolvidas também diferentes frequências de

operação: baixa frequência, alta frequência e ultra alta frequência (JONES; CHUNG, 2008).

Porém, a tecnologia RFId como um todo sofreu durante a década de 90 pela barreira

do custo (JONES; CHUNG, 2008). O alto custo das etiquetas e a confiabilidade eram os

principais problemas para substituir o código de barras.

Entre as melhorias críticas que ocorreram durante os anos 90 destacam-se a

miniaturização dos circuitos, redução do consumo de energia e criação de um modelo de

etiqueta mais simples, a qual continha somente um número de série para identificação

(BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006; ROBERTI, 2011). Esses progressos permitiram a

aplicação em diferentes setores, e com uma maior produção o custo unitário foi reduzido.

Um passo sucessivo no desenvolvimento foi iniciado neste século com a integração

entre RFId e outras tecnologias como Internet, telecomunicações e técnicas de pagamento,

criando uma rede de conexão global, chamada de a Internet das coisas (YAN et al., 2008).

Este processo tende a continuar e se intensificar na década de 2010.

II.1.2 O RFId no Brasil

Até o início do século XXI a tecnologia RFId era praticamente desconhecida no

Brasil. Uma das primeiras aplicações comerciais da tecnologia foi no pagamento eletrônico

veicular, iniciado em 2001 com a empresa Via Fácil (VIA FACIL, 2011).

Nos anos seguintes, grandes corporações iniciaram estudos de viabilidade e projetos

piloto visando a adoção da tecnologia RFId. No fim de 2002, a CBD, Companhia Brasileira

de Distribuição do Grupo Pão de Açúcar, propôs a criação de um grupo de trabalho para

avaliar a aplicação das etiquetas inteligentes à realidade brasileira. Esse grupo contou com a

participação de empresas de diferentes setores, como Accenture e P&G (Procter & Gamble)

(ACCENTURE, 2005; TERZIAN, 2004b). Em 2004, Unilever e Klabin também realizaram

projetos-piloto sobre o tema. (TERZIAN, 2004a, 2004c). Outro sinal do amadurecimento do

interesse em RFId é que o Brasil possui atualmente três laboratórios reconhecidos

mundialmente na pesquisa sobre o tema, o Centro de Excelência em RFId (RFId CoE), o

Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun e o Centro de Pesquisa e

Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 23

Em recente pesquisa feita por Pedroso, Zwicker e Souza (2009), foram analisados

aspectos relacionados à adoção do RFId por empresas brasileiras. Os resultados indicam que a

maioria das empresas ainda está adquirindo conhecimento sobre a tecnologia e suas possíveis

aplicações. Redução de custos e a melhoria do nível de serviço aos clientes foram

identificados como os dois principais motivadores de implantação, enquanto que as

dificuldades técnicas e financeiras foram as principais barreiras no momento da adoção.

Aplicações recentes incluem também o setor de saúde, com os hospitais Albert

Einstein e Sírio-Libanês, e o rastreamento de veículos com o projeto governamental SINIAV

(Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos) (PEREIRA, 2011; SINIAV,

2011; SOARES, 2011).

O governo brasileiro vê nas etiquetas inteligentes também a possibilidade de aumentar

a competitividade das empresas nacionais através da redução do Custo Brasil e por isso

lançou recentemente o projeto Brasil-ID. O objetivo é reduzir as ineficiências logísticas, os

roubos de cargas e as fraudes fiscais, de modo a reduzir o custo de transporte para as

empresas e consequentemente os custos dos produtos finais aos consumidores.

Tal projeto constitui uma das principais iniciativas em RFId de todo o mundo, devido

principalmente à grande escala de estudo e implantação, e prevê a criação de um padrão

tecnológico único nacional para as etiquetas inteligentes e a estruturação de um sistema de

rastreamento e verificação da autenticidade (BRASILID, 2011).

II.2 A TECNOLOGIA RFID

Essa seção apresenta as bases para o entendimento da tecnologia de identificação por

rádio frequência, essenciais para a sequência do presente estudo. Apesar de serem baseados

em conceitos presentes no dia-a-dia, como as ondas de rádio, os princípios de funcionamento

dos componentes não são intuitivos.

O objetivo é apresentar quais são os principais componentes, seus métodos de

funcionamento e os princípios teóricos por trás desses elementos. Contudo, não se busca uma

discussão técnica aprofundada, apenas dar um panorama geral destas diferentes áreas. As

referências bibliográficas apresentadas durante o texto servem de base para uma leitura mais

aprofundada.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 24

II.2.1 Os princípios de funcionamento

A grande novidade na tecnologia RFId é a capacidade de ter uma memória móvel que

pode manter o registro da história do produto, sem exigir manutenção ou fonte de energia.

Embora a descrição seja simples, os princípios nos quais a tecnologia RFId é baseada vêm de

diversas teorias diferentes. Entre estas, se podem mencionar eletromagnetismo,

funcionamento de antenas, circuitos integrados e sistemas de informação (BATTEZZATI;

HYGOUNET, 2006).

O escopo desse projeto não é descrever em detalhes cada uma das teorias, mas sim

destacar os principais pontos e como eles foram integrados para permitir o progresso da

identificação automática.

A mais importante é, sem dúvida, a teoria do eletromagnetismo. As três leis que a

caracterizam são (BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006):

Lei de Faraday: um campo magnético que oscila no tempo cria um campo

elétrico induzido;

Lei de Ampere: um campo elétrico em um condutor gera um campo

magnético;

Lei de Lorentz: um campo magnético pode influenciar materiais magnéticos

que o geram, amplificando a intensidade através da magnetização do próprio

material.

James Clerk Maxwell foi o primeiro a unificar todas as leis diferentes em uma única

teoria, criando também equações matemáticas que as descreviam.

A representação de uma onda eletromagnética é apresentada na Figura 1.

Figura 1: Representação de uma onda eletromagnética

(Adaptado de: www.srh.noaa.gov)

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 25

A aplicação desses princípios ao RFId pode ser vista em um sistema com dois arcos: o

arco principal ativo e o arco secundário passivo, como mostrado na Figura 2. O campo

magnético (H), gerado pela corrente alternada (I) no arco ativo, cruza o arco passivo e induz

uma ddp (diferença de potencial), gerando consequentemente uma corrente elétrica (I’). Esse

é o princípio de funcionamento das etiquetas passivas (o leitor é o arco ativo e a etiqueta o

arco passivo). A intensidade da ddp criada depende não apenas da corrente elétrica como

também da indução mútua entre os arcos passivo e ativo (capacidade de gerar uma ddp a

partir de uma corrente elétrica em outro circuito) (BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006).

Figura 2: Representação de um sistema com um arco ativo e um passivo

(Adaptado de: BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006)

Segundo a teoria, o campo magnético é predominante em distâncias próximas (campo

próximo), enquanto o campo elétrico é predominante em longas distâncias (campo distante)

(YAN et al., 2008).

A diferença entre campo próximo e distante, assim como representado na Figura 3,

tem um grande impacto nos sistemas RFId. Além da arquitetura da antena (dipolo ou arco), a

frequência de operação e o principio de transmissão também mudam com essa variável. No

campo próximo são utilizadas baixas frequências e a transmissão se dá através de

acoplamento indutivo, enquanto que sistemas operando no campo distante utilizam altas

frequências e são baseados em acoplamento capacitivo (AHSON; MOHAMMAD, 2008).

De um modo simplificado, a transmissão de energia no campo próximo pode ser

comparada ao primário e secundário de um transformador elétrico enquanto no campo

distante a transmissão é similar a um sistema convencional de transmissão/recepção de rádio

(BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006).

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 26

Figura 3: Separação entre campo próximo e distante

(Adaptado de: BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006)

Os fatores que influenciam no desempenho também são diferentes para cada caso. No

campo próximo, os fatores ambientais não são relevantes e o foco está nas características

condutoras de cada material. Contrariamente, no campo distante o principal motivo de perdas

são fatores ambientais, como obstáculos naturais, temperatura, umidade, etc. (JONES;

CHUNG, 2008).

II.2.2 Componentes e classificações

RFId é um sistema de identificação automática, o qual é baseado em dois conceitos:

obtenção automática de dados com o objetivo de identificação e registro automático desses

dados em um sistema de informação, sem qualquer operação manual como o uso de teclado

(BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006).

Os três principais componentes são (JONES; CHUNG, 2008):

Middleware: software que faz a interface entre o leitor e o sistema de

informação, organizando e analisando os dados os coletados. Além de recolher

dados, o middleware também deve gerenciar a operação de cada leitor. Uma

representação esquemática da função do componente é apresentada na Figura

4;

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 27

Figura 4: Integração entre middleware, leitor e sistemas de informação

(Adaptado de: www.themajorlearn.info)

Leitor (e antena do leitor): transmissor composto por uma parte eletrônica

(antena, modulador, amplificador, etc.) responsável por transmitir/receber

dados e uma parte digital (CPU, portas seriais, etc.) responsável por controlar a

eletrônica. O leitor pode ser fixo, como na Figura 5, ou portátil. Um

componente essencial é a antena, a qual pode ser adaptada (forma e dimensões)

para uma aplicação específica;

Figura 5: Exemplo de um leitor e antena inseridos em um portal RFId

(Adaptado de: www.RFIDeducationlabs.com)

Transponder (etiqueta): é o principal componente de um sistema RFId. O

circuito da etiqueta é complexo, sendo formado por diferentes elementos como

modulador, clock, memória, chip, entre outros. Uma etiqueta comercial é

mostrada na Figura 6.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 28

Figura 6: Exemplo de etiqueta RFId

(Fonte: www.barcode-solutions.com)

Cada aplicação exige diferentes características, tais como distância de leitura,

frequência de operação e número de etiquetas, e em muitos casos os componentes podem ser

adaptados para ter o melhor desempenho, especialmente a antena e a etiqueta. Algumas das

variações são etiquetas com ou sem chip, etiquetas que podem ser somente lidas ou também

escritas, e etiquetas ativas, passivas ou semi-passivas (BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006).

Focando somente no transponder, a principal característica é a frequência operativa.

Sistemas de baixa frequência (LF) geralmente operam em 124 kHz, 125 kHz ou 135 kHz, e

são ideais para aplicações nas quais as etiquetas precisam ser lidas através de metais ou

líquidos em curtas distâncias. Etiquetas de alta frequência (HF) são geralmente passivas e

necessitam de um baixo nível de energia para funcionar, permitindo assim baixo custo, longa

duração da bateria e alta resistência às condições ambientais. A frequência mais comum é de

13,56 MHz, a qual é um padrão mundial presente em diversas aplicações, como os cartões

RFId para pagamentos.

O terceiro tipo são os sistemas de ultra alta frequência (UHF). Estes são largamente

utilizados para rastreamento de veículos e produtos. As duas principais frequências são ao

redor de 433 MHz (Europa) e ao redor de 900MHz (860MHz na Europa e 930 MHz nos

Estados Unidos). Geralmente são empregadas em aplicações logísticas do setor de bens

consumo e varejo porque permitem maiores distâncias de leitura e antenas mais simples

(AHSON; MOHAMMAD, 2008).

Além de sistemas UHF, existem sistemas baseados em micro-ondas, com frequência

ao redor de 2,45GHz, com transponder ativos e passivos. Sua utilização é mais complexa e

custosa, mas permitem maior velocidade de transferência de dados e maior faixa de

frequências de operação (AHSON; MOHAMMAD, 2008).

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 29

II.2.3 Processo de comunicação

O objetivo de qualquer sistema de comunicação é transmitir dados na maior

velocidade possível e manter a integridade dos mesmos, levando em consideração o ambiente

no qual a transmissão é realizada (YAN et al., 2008). Nos sistemas RFId, esse processo é

baseado nas ondas de rádio e, portanto, depende de suas características como frequência e

amplitude.

De um modo resumido, a antena do leitor, gerenciada pelo microprocessador, gera um

campo magnético e ondas eletromagnéticas na frequência e amplitude determinadas. Parte

dessa energia atinge a etiqueta e induz uma diferença de potencial, a qual cria uma corrente

que ativa os componentes da mesma. Para responder ao leitor, o sistema de controle da

etiqueta provoca curtos-circuitos contínuos na sua antena, de acordo com a mensagem,

diminuindo a voltagem no circuito primário e essa alteração pode ser identificada e

decodificada pelo leitor (RFID JOURNAL, 2011a).

Existem também as seguintes atividades complementares no processo de

comunicação: (1) codificação, como transformar os bits em ondas de forma a maximizar a

transferência de dados e minimizar os erros; (2) modulação, transformar dados da forma

digital para onda, determinando a sua frequência e amplitude; (3) identificação de cada

etiqueta individualmente em um ambiente com diversas etiquetas, chamado de sistema anti-

colisão; (4) definição das características de comunicação, por exemplo, se o leitor e etiqueta

podem transmitir ao mesmo tempo (full duplex) ou somente um por vez (half duplex)

(BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006).

Segurança dos dados é um aspecto importante na comunicação. Uma primeira opção

para se obter sistemas mais seguros é utilizar senhas de acesso aos dados do transponder.

Quanto maior o nível de segurança, mais complexo será a gestão do sistema e menor será seu

desempenho (YAN et al., 2008).

Outro fator é a interferência do RFId em outros sistemas wireless, tais como sistemas

de navegação aeronáuticos e sistemas de rádio amador, além da interferência no corpo

humano. Os resultados de pesquisas revelam que em ambos os casos o impacto é praticamente

irrelevante devido ao baixo nível de emissões e aos padrões que regulam cada componente

para evitar qualquer perigo a outros dispositivos e pessoas (AHSON; MOHAMMAD, 2008).

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 30

II.2.4 EPC Global

As informações apresentadas nesta seção foram coletadas no próprio site da

organização EPC Global (EPC GLOBAL, 2007a, 2007b, 2007c).

O EPC (Electronic Product Code) consiste em um número padronizado único de

identificação de produtos na CS, o qual é armazenado na etiqueta RFId. Assim como no

código de barras, um sistema numérico é utilizado para criar o EPC, mas este pode conter

também informações específicas de cada produto, como data de fabricação, pontos de origem

e destino. Ele foi criado em 2003 pelo Auto-ID Center do MIT (AUTO-ID, 2011).

Existe uma rede de informações global associada ao EPC. Todos os dados relativos a

um produto são registrados nessa rede e uma vez que o produto é identificado pelo seu código

EPC tais informações podem ser consultadas, favorecendo a troca de dados dentro de uma

empresa e entre empresas.

O objetivo é aumentar a visibilidade das cadeias de suprimentos através da integração

entre código EPC, etiquetas RFId, sistemas de informação e Internet. Nesse contexto, a

criação de padrões é uma das principais atividades da organização. A proteção da privacidade

também é um dos temas centrais de discussão sobre o código. Apenas informações sobre os

produtos são armazenadas nos bancos de dados, os quais são protegidos.

Diversos benefícios motivam o desenvolvimento do EPC. Para as empresas, o

aumento da visibilidade na cadeia de suprimentos permite um melhor planejamento da

produção, gerando consequentemente uma redução de custos produtivos e um aumento na

receita por evitar a perda de vendas. Para os consumidores finais, os possíveis benefícios

incluem um melhor serviço no ponto de venda, controle dos produtos oferecidos e garantia da

autenticidade.

II.3 APLICAÇÃO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS

Esta seção tem como objetivo apresentar as diversas áreas dentro da cadeia de

suprimentos nas quais as etiquetas inteligentes podem ser utilizadas, evidenciando as

vantagens que a adoção pode trazer em cada uma delas.

Um ponto comum em todas as áreas é que o RFId geralmente é utilizado em

substituição ao código de barras. Por isso, a seção II.3.1 apresenta uma comparação entre os

dois métodos, preparando a base para a seção II.3.2.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 31

II.3.1 A substituição do código de barras

RFId é geralmente reconhecido como o substituto do código de barras, especialmente

porque não existe a necessidade de conexão direta ou linha de visão para realizar a leitura.

Embora existam diversas outras aplicações, sem dúvida esta é a mais comum (BATTEZZATI;

HYGOUNET, 2006; RFID JOURNAL, 2011b;).

O fato de não exigir uma linha de visão permite a execução de múltiplas leituras

simultâneas. A transferência de dados também é mais rápida e mais segura comparada ao

código de barras. Outras vantagens incluem maior capacidade de armazenar dados,

possibilidade de reescritura, maior robustez, menor dimensão, reuso e possibilidade de ser

integrada com elementos como sensores (MIRAGLIOTTA, 2010).

A grande desvantagem em comparação ao código de barras é o maior custo por

etiqueta. Contudo, isso tem sido minimizado com o desenvolvimento de novas técnicas de

produção e também com uma maior escala, ambas contribuindo para a redução do custo

unitário. A flexibilidade e customização das etiquetas para cada aplicação específica também

têm ajudado na superação da barreira de custo (BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006).

II.3.2 O uso na cadeia de suprimentos

O uso de etiquetas RFId na Gestão da Cadeia de Suprimentos (SCM – Supply Chain

Management) é a aplicação mais comum da tecnologia. O objetivo de um sistema SCM é

oferecer uma resposta mais rápida ao mercado, mantendo baixos custos e alta qualidade ao

consumidor final. E a tecnologia RFId ajuda a atingir tais objetivos através da redução do lead

time entre o fluxo dos materiais ou serviços (do produtor ao consumidor) e o fluxo reverso de

informação (do consumidor ao produtor), aumentando o nível de detalhe dos dados e a

precisão dos mesmos (JONES; CHUNG, 2008).

Gestão da cadeia de suprimentos inclui diversas atividades e para cada uma o RFId

pode oferecer um sistema para aumentar a eficácia e a eficiência (AHSON; MOHAMMAD,

2008; BATTEZZATI; HYGOUNET, 2006; JONES; CHUNG, 2008):

Produção: embora seja possível considerar a aplicação do RFId em cada fase

da cadeia de suprimentos (CS) separadamente, em muitos casos é necessário

que produtos já sejam etiquetados na fase de produção para garantir a

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 32

viabilidade econômica em toda a cadeia. Uma questão que ainda deve ser

solucionada é uma divisão mais clara dos custos e benefícios das etiquetas

inteligentes entre todas as empresas atuantes na cadeia;

Transporte: é um dos principais drivers na CS, impactando diretamente na sua

eficiência e agilidade de resposta. As funções da tecnologia RFId podem ser

automação da entrega, transporte mais rápido e seguro e controle das

mercadorias sendo entregues. Mas mais do que isso, o uso de etiquetas RFId

permite, em associação com o Sistema de Posicionamento Global (GPS –

Global Positioning System), obtenção de dados precisos em tempo real, os

quais são fundamentais para uma boa tomada de decisão. A Figura 7 exibe um

modelo comercial de transponder utilizado em contêineres;

Figura 7: Modelo comercial de transponder RFID para contêineres

(Fonte: www.ait.army.mil)

Armazenamento: também uma atividade muito importante na Gestão da

Cadeia de Suprimentos. Um sistema RFId pode contribuir principalmente para

a diminuição dos níveis de estoque e aumento da produtividade dos

trabalhadores e equipamentos. Isso é possível devido à coleta de informações

mais precisas, mais rapidamente e em maior quantidade. O sistema a radio

frequência pode ser utilizado tanto no recebimento, através de um portal como

aquele da Figura 8, como também no armazenamento, coleta ou expedição. A

principal barreira para adoção nesse contexto é a confiabilidade de leitura, nos

casos em que um produto não é lido ou é lido duas vezes;

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 33

Figura 8: Portal RFID portal utilizado em centros de armazenagem

(Fonte: www.RFIDjournal.com)

Vendas e pós-vendas: nessas partes da CS existe um contato direto com o

consumidor, e, portanto, ele pode perceber e avaliar diretamente os possíveis

benefícios da tecnologia RFId. Isso não significa que tais fases sejam mais

importantes que as anteriores, mas todos os custos incorridos na produção e

distribuição são justificados somente se os consumidores reconhecerem seu

valor no ponto de venda. As etiquetas inteligentes podem ajudar a gerir a

disponibilidade dos produtos, do estoque e quando se deve fazer o

reabastecimento dos mesmos. No pós-venda, podem atuar no controle da

garantia, gestão da manutenção e no planejamento dos serviços.

II.4 OS IMPACTOS DO RFID

Até agora foram apresentadas as bases para a compreensão da tecnologia, incluindo o

contexto histórico, os princípios da tecnologia e a aplicação na cadeia de suprimentos. O

próximo passo é entender os possíveis impactos da tecnologia, o qual é o objetivo dessa

seção. Nos itens II.4.1 a II.4.4 são apresentados os seguintes fatores: benefícios, custos, riscos

e fatores externos.

Essas são as quatro categorias de impactos identificáveis na literatura. O ROI é que

une todos os esses elementos: todos os custos envolvidos no investimento em uma tecnologia

devem ser justificados por benefícios equivalentes. E quanto maior o risco do projeto, maior

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 34

devem ser os benefícios comparados aos custos, de modo a garantir um retorno sobre o

investimento positivo. Fatores externos, embora não sejam diretamente relacionados à adoção

do RFId, podem influenciar nos benefícios, custos e riscos, alterando o resultado do ROI

(MCCREA, 2006).

Essa identificação dos impactos foi feita com base na bibliografia disponível sobre o

tema. Atualmente existe uma vasta coleção de artigos científicos e acadêmicos que tratam dos

impactos das etiquetas inteligentes, e essa disponibilidade é um reflexo do crescente interesse

sobre a tecnologia e serve como bom ponto de partida para acadêmicos e empresas, estando

também alinhada aos objetivos do trabalho de formatura (ROH et al., 2010; SARAC et al.,

2010).

A busca por tais artigos foi realizada nos bancos de dados associados ao Politecnico di

Milano (ISI Web of Knowledge, IEEE: Institute of Electrical and Electronics Engineers,

SCOPUS) e no portal de periódicos da Capes inserindo os termos: RFId, radio frequency

identification, smart tags, junto aos termos benefits, costs, risks, challenges, impacts,

economics, entre outros.

II.4.1 Benefícios

Benefícios são o principal critério para a avaliação de uma nova tecnologia e não é

diferente com RFId. Existe uma extensa bibliografia sobre o tema, na qual a maioria dos

artigos trata dos benefícios para a cadeia de suprimentos, estando, portanto, alinhada ao

escopo do trabalho.

Além de uma extensa lista de benefícios, estes são apresentados em diferentes níveis,

desde operacionais (BAARS et al., 2008) até mais estratégicos (VÉRONNEAU; ROY, 2009).

Para consolidá-los e organizá-los, facilitando a compreensão, é proposto um quadro de

referência ao final da seção baseado nas diferentes dimensões de adoção.

Como ponto de início, pode-se utilizar o trabalho desenvolvido por Park et al. (2010).

De acordo com ele, os fatores críticos de sucesso da tecnologia RFId são a habilidade de

facilitar a integração e coordenação ao longo da CS através do compartilhamento de

informações. Segundo o autor, esse é o principal fator para criar valor para a organização, ao

invés de simplesmente reduzir custos, porque suporta um aumento das receitas e da inovação.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 35

Menores custos logísticos, maior eficiência nas operações, melhor visibilidade ao

longo da cadeia, redução de mão de obra e dados mais precisos são os principais benefícios

apresentados por Michael e McCathie (2005). Eles também consideram algumas

características técnicas como benefícios, como identificação automática sem linha de visão.

Entretanto, no presente trabalho tais características técnicas não serão consideradas como

benefícios uma vez que se considera que são inerentes à tecnologia.

Apoio a um ambiente colaborativo, redução de trabalho redundante e melhoria da

qualidade são outros aspectos (VÉRONNEAU; ROY, 2009), assim como racionalização dos

processos atuais, possibilidade de reengenharia dos processos e criação de efeitos positivos

externos (AHSON; ILYAS, 2008).

Muitas dessas vantagens são apresentadas também no trabalho de Absi Sarac e

Dauzère-Pérès (2010). Para os autores, três elementos essenciais para o sucesso do RFId são:

(1) redução dos dados incorretos sobre estoques, (2) redução do efeito chicote e (3) melhoria

nas técnicas de reabastecimento. Reyes e Frazier (2007) argumentam que embora exista uma

grande variedade de possíveis benefícios, a melhoria da cadeia de suprimentos através da

coordenação do fluxo de materiais é o principal deles.

Contudo, nem todos os benefícios podem ser considerados em todas as situações, o

que significa que as empresas devem avaliar quais benefícios podem ser obtidos de acordo

com a implantação planejada (ROH et al., 2009). O autor dividiu os benefícios em três macro

categorias: redução dos custos, visibilidade da cadeia de suprimentos e criação de novos

processos/produtos.

Evidências empíricas é o foco do artigo produzido por Visich et al. (2009). Segundo

ele, os benefícios podem ser vistos em processos operacionais e gerenciais, e em cada um

deles podem ser divididos em efeitos de automação, informacionais ou de transformação.

Novas possibilidades para o negócio, como a criação de um novo produto, são uma

importante fonte de criação de valor do RFId, mas geralmente não são consideradas como

melhorias na eficiência (BAARS et al., 2008; KINSELLA, 2005). Outra parte importante da

criação de valor pode ser relacionada com mudanças indiretas e qualitativas, como

transparência e melhor suporte às decisões, das quais é difícil calcular o valor econômico

adequado (GILLE; STRÜKER, 2008).

Escala e escopo de implementação são estudados por Bradley e Guerrero (2010). No

artigo deles, a escala é o nível de etiquetagem (item ou palete) e escopo é a integração na

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 36

cadeia de suprimentos (número de processos envolvidos). A conexão entre os benefícios e

essas dimensões é que um aumento na escala pode gerar redução nos furtos, aumento da

rastreabilidade e precisão na quantificação dos produtos, enquanto um aumento no escopo

propicia maior visibilidade na CS e melhora a qualidade das decisões.

É perceptível que a lista de benefícios apresentada acima é extensa e complexa, além

de que muitos benefícios têm seus efeitos sobrepostos. Para simplificar, foi feito um resumo

dos benefícios mais relevantes, os quais foram organizados nos quadros 1, 2 e 3, de acordo

com as categorias propostas: operacionais, gerenciais e relacionais.

Quadro 1: Benefícios operacionais do RFId

Cada um dos benefícios listados foi classificado como sendo de eficiência ou eficácia,

evidenciados em amarelo. Para alguns benefícios essa classificação não é muito clara porque

melhorias nas duas áreas se sobrepõem, mas nestes casos foi escolhido o efeito mais

significativo. Como benefício de eficiência foi definido o critério de incentivar a realização de

uma atividade com menos recursos (dinheiro, tempo, mão-de-obra) enquanto benefícios de

efetividade são aqueles que incentivam a realização de uma atividade da maneira correta.

Classe Categoria Benefício Classificação

Operacional

Automação

Reabastecimento automático eficiência

Rápida identificação de materiais eficiência

Redução de atividades duplicadas eficiência

Processos mais precisos eficácia

Redução de multas e penalidades por

erros eficácia

Liberação de recursos utilizados para

correção de erros eficácia

Redução da manipulação de objetos eficiência

Otimização de

processos

Armazenagem mais eficiente eficiência

Redução no tempo de ciclo total eficiência

Otimização do fluxo de produtos eficiência

Necessidades de menos ativos nas

operações eficiência

Redução na mão-de-obra necessária eficiência

Transformação de

processos

Eliminação das deficiências processos

atuais eficácia

Criação de novos processos mais

adaptados eficácia

Oferecimento de novos

produtos/serviços eficácia

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 37

Quadro 2: Benefícios gerenciais do RFId

Classe Categoria Benefício Classificação

Gerencial

Gestão dos

estoques

Redução do nível de estoque eficiência

Redução dos estoques falsos eficácia

Redução das reservas durante a produção eficiência

Redução da incerteza sobre disponibilidade

de produtos eficácia

Redução da obsolescência dos produtos eficácia

Planejamento

Possibilidade de elaborar previsões integradas

com outros parceiros eficácia

Disponibilidade de dados precisos e em

tempo real eficácia

Precisão no planejamento da demanda eficácia

Redução de horas extras utilizadas eficácia

Controle Melhoria na medida do desempenho eficácia

Melhor controle da qualidade eficácia

Segurança

Redução dos furtos por funcionários eficiência

Redução dos roubos nos pontos de venda eficiência

Redução de fraudes nas vendas eficiência

Gestão da

informação

Prevenção de erros administrativos eficiência

Redução dos erros de expedição eficiência

Redução dos erros na entrega eficiência

Vendas

Aumento das receitas eficiência

Redução das perdas de venda por falta de

produtos eficácia

Gestão dos

pontos de

venda

Concentração dos funcionários nas atividades

principais eficácia

Controle da disponibilidade de produtos nas

prateleiras eficácia

Leitura dos produtos e pagamento mais

rápidos no caixa eficiência

Quadro 3: Benefícios relacionais do RFId

Classe Categoria Benefício Classificação

Relacional

Colaboração com

parceiros

Criação de um ambiente colaborativo eficácia

Melhor compartilhamento de

informação eficácia

Redução do efeito chicote eficácia

Maior rendimento dos parceiros eficiência

Serviço ao

consumidor

Menor tempo de espera para

atendimento ao pedido eficiência

Melhor conhecimento do consumidor eficácia

Possibilidade de oferecer ao

consumidor um serviço melhor eficácia

Maior retenção dos consumidores eficácia

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 38

II.4.2 Custos

Os custos de uma nova tecnologia são um elemento crucial para sua adoção porque

influenciam no retorno esperado. Uma consideração importante é que esses custos devem ser

considerados dentro de um contexto de adoção específico (SMART; BUNDUCHI; GERST,

2010). A relevância dos custos para o RFId é ainda maior considerando-se a complexidade

para se provar a viabilidade econômica (WU et al., 2006)

Uma revisão da bibliografia disponível revela que a base atual de conhecimentos sobre

os custos de RFId é muito mais limitada do que aquela dos benefícios. Enquanto esta possui

estudos que tratam dos benefícios até mesmo em setores específicos, os artigos acadêmicos

referentes a custos geralmente apresentam uma perspectiva geral, com poucos dados

numéricos.

Esse fato pode ser explicado pela atual fase de desenvolvimento do RFId. Já foi

mencionado que as etiquetas inteligentes tiveram um grande desenvolvimento após a década

de 2000, mas a disponibilidade de dados de implantações reais ainda é limitada (BANKS et

al., 2007).

Contudo, das pesquisas disponíveis é possível afirmar que os custos são uma grande

barreira para adoção do RFId (BANKS et al., 2007; BOTTANI e RIZZI, 2008). Neste caso,

considera-se como custos não somente os custos de equipamentos, mas também os custos

com redesenho de processos, com treinamento ou devidos à troca de tecnologia. Visich (2009)

apresenta uma pesquisa executada pela revista Logistics Management em 2004 com

companhias envolvidas na implementação de RFId do Wal-Mart, e custos foram apontados

como a segunda principal barreira, atrás somente de ROI.

Baars (2007) propõe uma divisão simples sobre os custos do RFId. De acordo com ele,

os custos, em sua maioria, são diretamente relacionados à tecnologia: custos de hardware (tais

como etiquetas e leitores), custos de software (middleware, bancos de dados e sistemas de

interface) e custos de instalação e integração do RFId com os sistemas existentes. Mas

existem também custos de pessoal, como treinamento e turnover, e custos para redesenhar os

processos visando atingir o máximo potencial das etiquetas inteligentes.

De acordo com Reyes (2007), além destes também o compartilhamento de

informações com os parceiros é um custo. Ele argumenta que da mesma forma que a

colaboração trás benefícios, como redução do efeito chicote, o conhecimento de informações

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 39

importantes pelos fornecedores e clientes também reduz a vantagem competitiva da

companhia.

Muitos desses custos podem ser verificados na implantação de outras tecnologias.

Bunduchi e Smart (2010) desenvolvem um modelo com os tipos de custos que as empresas

enfrentam durante as diferentes fases de adoção de uma nova tecnologia. Eles mencionam a

existência de custos de desenvolvimento, custos de compatibilidade tecnológica e

organizacional, custos sociais, além de uma série de riscos: risco de retorno sobre

investimento, técnico, de projeto, político, entre outros.

Na sequência, os autores estudaram adoções de RFId para identificar quais custos são

mais relevantes. Os resultados são que os custos de desenvolvimento são significativos,

porque as empresas devem adaptar a tecnologia às suas necessidades. Na fase de decisão, os

custos de troca ainda são significativos devido à falta de padrões, ou seja, os produtores

oferecem uma vasta gama de opções, as quais nem todas são compatíveis entre si e algumas

se tornarão obsoletas no futuro. Compatibilidade com as tecnologias existentes não é um

grande problema. O custo de capital e o custo de redesenho também são significativos,

segundo a pesquisa. Finalmente, os custos relacionais são pouco relevantes para a maioria das

empresas, porque as adoções são feitas somente em processos internos.

Um resumo de todos os custos é apresentado nos quadros 4, 5, 6 e 7. Alguns dos riscos

a serem expostos na próxima seção já estão incluídos.

Quadro 4: Custos técnicos do RFId

Área Categoria Custos

Técnicos

Hardware

Leitores

Etiquetas

Computadores

Software

Sistema middleware

Banco de dados

Integração com sistemas atuais

Serviços Profissionais

Projeto

Instalação e regulagem

Manutenção

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 40

Quadro 5: Custos operacionais do RFId

Área Categoria Custos

Operacionais

Falhas da tecnologia

Falhas na leitura

Falta de confiabilidade

Interoperabilidade escassa

Otimização de processos

Perdas em produtividade

Esforço excessivo dos recursos

organizacionais

Transformação de processos

Redesenho dos processos de negócio

Aquisição de ativos para os novos

processos

Reestruturação organizacional

Quadro 6: Custos Gerenciais do RFId

Área Categoria Custos

Gerenciais

Recursos Humanos

Hora extra e recurso extra de gerentes e

operadores

Treinamento

Mudanças no salário

Turnover

Falta de pessoal qualificado

Desenvolvimento da

tecnologia

Adaptação às necessidades internas

Colaboração com instituições e outras

empresas

Adaptação dos sistemas existentes

Adaptação dos processos existentes

Gestão do risco

ROI incerto

Dificuldade de atingir todo o potencial da

tecnologia

Implantação mais longa do que o planejado

Resistência contra a tecnologia dentro da

organização

Perda, mal uso ou violação dos dados

devido a eventos inesperados

Especificações definidas não são

apropriadas

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 41

Quadro 7: Custos Relacionais do RFId

Área Categoria Custos

Relacionais

Colaboração com

parceiros

Construção dos relacionamentos

Gestão dos conflitos

Redução dos acordos comerciais devido à

resistência na adoção

Interação com o

consumidor

Perda na reputação da empresa por causa da

mídia

Perda de vendas devido à resistência dos

consumidores

Investimentos em campanhas para

convencer os consumidores

II.4.3 Riscos

Riscos e desafios estão intimamente associados com custos. Como foi mencionado

previamente, uma avaliação correta dos custos investidos em RFId depende de uma estimativa

adequada dos riscos para se obter o custo do capital verdadeiro.

Reyes et al. (2007) consideram o contexto específico da identificação por

radiofrequência. No artigo desenvolvido pelos autores, os maiores riscos e desafios

mencionados são obtenção de um retorno sobre investimento positivo, custos elevados e falta

de padrões internacionais. Processamento dos dados, privacidade e treinamento também são

outros desafios listados.

Tais descobertas estão alinhadas com a pesquisa feita pela Logistics Management em

2004 com os fornecedores do Wal-Mart (VISICH, 2009). As duas principais preocupações

foram exatamente problemas com ROI e custos. Nessa pesquisa foram também mencionados

ausência de benefícios e falta de suporte durante a implantação.

Riscos adicionais são falta de cooperação entre os parceiros comerciais ao longo da

cadeia de suprimentos, interferência no sinal entre leitores e etiquetas (MICHAEL;

MCCATHIE, 2005), risco de patentes e infraestrutura, risco de migração de códigos de barra

para RFId (WU et al., 2005), risco de oposição à tecnologia, tanto dentro da empresa como na

sociedade (PARK; KOH; NAM, 2010).

Um importante desafio é entender o impacto do RFId na estrutura organizacional atual

da empresa. Para atingir o potencial integral da tecnologia, as empresas, principalmente

aquelas ligadas à venda dos produtos aos consumidores, têm de executar uma análise e

redesenho dos processos existentes (DUTTA et al., 2007), assim como ocorreu com outras

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 42

tecnologias, por exemplo, os sistemas de manufatura flexíveis (FMS – Flexible

Manufacturing Systems) (BOYER et al., 1997).

Jones et al. (2010) revelam os desafios enfrentados por varejistas no Reino Unido ao

considerar a adoção das etiquetas inteligentes. Segundo os autores, além do risco de

redesenho de processos existem riscos associados ao custo das etiquetas, falta de padrões

internacionais, grande quantidade de dados, falta de pessoal qualificado e privacidade.

Outro desafio muito importante apresentado por Jones et al. (2010) é uma divisão justa

dos custos e benefícios entre todos os parceiros na cadeia de suprimentos. Essa foi uma das

primeiras barreiras identificadas pelas empresas pioneiras na adoção de RFId, mas ainda não

existe uma solução definitiva. Ela é criada porque geralmente é o produtor do item que

precisa instalar a etiqueta inteligente em cada embalagem ou palete, mas são os outros

parceiros que desfrutam da maior parte dos benefícios.

II.4.4 Fatores externos

Fatores externos são consequências da adoção RFId que não são geradas diretamente

pela tecnologia, ou que não estão conectadas às funções essenciais das etiquetas inteligentes.

Eles podem ter um efeito positivo ou negativo, impactando somente na companhia envolvida

na adoção ou também em parceiros, como fornecedores.

É difícil prever quais são esses fatores externos, principalmente porque dependem do

contexto específico da empresa. Por exemplo, uma variável pode ser se a empresa que está

implantando é o principal player na cadeia ou não.

O escopo da adoção RFId também é relevante. De acordo com Park et al. (2010), RFId

é uma tecnologia com um escopo amplo, podendo influenciar em vários processos como

manufatura, transporte, distribuição, vendas e marketing. Implementações com escopo amplo

tem maior probabilidade de apresentar fatores externos associados a ela.

Poucos autores tratam desse impacto da identificação por radiofrequência. Mas um dos

elementos apresentados por Jones et al. (2010) foi o reforço da vantagem competitiva da

empresa dominante na cadeia de suprimentos. O motivo é que a empresa teria acesso a dados

estratégicos dos parceiros, mas controlaria quais dados disponibiliza para manter sua

vantagem competitiva.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 43

A posição estratégica em relação aos competidores também é mencionada por Park,

Koh e Nam (2010), os quais apresentam o ambiente de negócios como um fator externo.

Ambiente de negócios inclui gestão das estratégias da empresa para o futuro e gestão da

percepção de seu core business, além de fatores sociais e técnicos do país e região na qual a

empresa está inserida.

Outros dois aspectos que têm um papel relevante na adoção são pressões externas e

preparo da organização (ROH et al., 2009). Pressões externas podem ser geradas por

competidores, por empresas parceiras ou por autoridades legais. Preparo da organização

significa se a organização está pronta para adotar a tecnologia, ou seja, se a empresa tem a

infraestrutura, recursos técnicos, recursos financeiros e também se existe um reconhecimento

e suporte dentro da organização, desde a alta gestão até operários.

Finalmente, redesenho de processos já foi citado como um desafio para a adoção da

tecnologia, mas dependendo do escopo, ele pode ser considerado também como um fator

externo, caso exija mudança nos processos de fornecedores e distribuidores que não estão

associados com a adoção. É um fator importante porque pode gerar conflitos e até mesmo a

interrupção das relações comerciais (DUTTA et al., 2007).

Com isto, conclui-se o item dos fatores externos e a seção de impactos do sistema

RFId. Foram apresentados os possíveis impactos para o cenário geral, mas é necessário que os

quadros apresentados sejam adaptados para o contexto específico de cada aplicação. É

importante também notar que não só os custos e benefícios são importantes, riscos e fatores

externos também podem ter grande influência no sucesso ou fracasso de uma implementação.

Esses resultados são retomados na parte de proposição do novo método de avaliação, mais

especificamente no item IV.2.2.3.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 44

III METODOLOGIA

Segundo Goel (2007), as três etapas que as empresas deveriam considerar para a

adoção do RFId são: (1) entender a tecnologia, (2) entender seus possíveis usos e impactos e

(3) decidir como investir na tecnologia. As duas primeiras partes foram tratadas na

fundamentação teórica do trabalho, apresentada no capítulo II.

Uma vez estruturado esse conhecimento é possível tratar da avaliação de sistema

RFId. A proposição do método foi dividida em duas grandes fases. Na primeira, teórica, é

explicado o processo de construção do modelo, o que é apresentado na seção IV SOLUÇÃO.

Na segunda parte, prática, o modelo é aplicado no contexto de uma empresa real que elaborou

um projeto piloto sobre a adoção das etiquetas inteligentes, com os dados apresentados na

seção V RESULTADOS E ANÁLISE.

O objeto de estudo são sistemas RFId utilizados para gestão da cadeia de suprimentos.

O foco em uma área específica de aplicação se justifica porque as diferenças entre as

aplicações – saúde e rastreamento animal, por exemplo – tornam extremamente complexa a

proposição de um método universal de avaliação. Adicionalmente, gestão da cadeia de

suprimentos é a principal área de aplicação das etiquetas inteligentes. Uma pesquisa elaborada

por Rhensius e Deindl (2008), em mais de 140 artigos tratando de implementações de

sistemas RFId, revelou que 40% dos casos estavam relacionados ao rastreamento de produtos

na cadeia de suprimentos.

A questão de pesquisa é: Como avaliar a implantação de sistemas RFId de modo

simplificado e aplicável à realidade, considerando tanto aspectos tangíveis quanto intangíveis?

As proposições são:

P1: A identificação por rádio frequência é uma alternativa relevante para as empresas que

lidam com gestão da cadeia de suprimentos;

P2: A avaliação de uma nova tecnologia, incluindo sistemas RFId, é uma etapa crítica para o

sucesso na implantação;

P3: As empresas têm enfrentado dificuldades para realizar uma avaliação adequada de

sistemas RFId, especialmente porque consideram apenas aspectos financeiros.

Antes de propor um novo método de avaliação que responda a pergunta mencionada

acima, foi estudado o conhecimento existente sobre avaliação de tecnologias, os métodos

utilizados nessa área e quais destes são aplicados para a avaliação de sistemas RFId, visando

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 45

identificar aspectos importantes que devem ser levados em conta na elaboração de uma nova

metodologia.

Essa atividade foi feita também através de pesquisa bibliográfica. Foram utilizados

novamente os sites e bancos de dados mencionados anteriormente, ISI Web of Knowledge,

IEEE: Institute of Electrical and Electronics Engineers, SCOPUS e portal de periódicos da

Capes, com a digitação das seguintes palavras: technology, new technology, RFId, smart tags,

IT, Information Technology, combinadas com as palavras assessment, evaluation, valuation,

return, ROI, cost benefit analysis, economics, entre outras.

Durante essa pesquisa, foram identificadas também as metodologias que serviram de

base para a construção do novo método, a saber, Technology Roadmapping, Análise dos

Campos de Força e Análise do Retorno sobre Investimento. Depois de uma descrição inicial

do método, de cada uma das fases e componentes, ele foi validado com a empresa estudada, e

alterações foram feitas com o objetivo de torná-lo mais simples e prático.

Após o final do processo de refinamento, foi criado um formulário estruturado

contendo todos os itens da avaliação de forma clara e objetiva, e buscou-se aplicar este ao

contexto da empresa através do desenvolvimento de um estudo de caso. Yin (2001) apresenta

o estudo de caso como um evento contemporâneo, adaptado, portanto, ao estudo de sistemas

RFId.

Entre os diferentes tipos de estudo de caso, foi utilizada a indução analítica (YIN,

2001). Neste tipo de análise, os resultados empíricos obtidos são comparados com o modelo

previamente proposto, o qual corresponde ao novo método de avaliação no presente trabalho.

Os resultados obtidos serão comparados também a outros resultados empíricos apresentados

na literatura, principalmente o trabalho de Visich (2009).

A contribuição com a empresa se deu através da interação com o diretor de TI. Além

da construção do método e elaboração do estudo de caso, houve colaboração também da

definição dos principais impactos da tecnologia RFId. Para esta atividade, a interação foi feita

através de entrevistas não estruturadas.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 46

IV SOLUÇÃO

Este capítulo é dedicado à proposição do novo método de avaliação. Como já descrito

anteriormente, este método visa avaliar a viabilidade da implantação de sistemas RFId,

objetivo central do presente estudo.

Antes da apresentação da técnica proposta, contudo, se inicia com as razões e as

motivações para o desenvolvimento do método, as quais são abordadas na seção IV.1. Os

itens IV.1.1 e 0 tratam da avaliação de novas tecnologias e avaliação de sistemas RFId,

respectivamente, e em cada um conclui-se com os elementos que devem ser levados em

consideração no novo método.

Ambos servem de base para o capítulo IV.2. Neste, primeiramente são apresentadas as

hipóteses e o foco de avaliação, item IV.2.1, para depois passar à descrição de cada uma das

quatro fases do método de avaliação, item IV.2.2.

IV.1 A AVALIAÇÃO DE SISTEMAS RFID

A partir dos itens da seção II pode-se perceber porque a avaliação de sistemas RFId é

um tema complexo para muitas empresas. O entendimento da tecnologia não é trivial e

existem diversos possíveis impactos, os quais ainda podem variar de acordo com o propósito

e a escala da implantação.

Além disso, é difícil quantificar alguns benefícios, especialmente aqueles pertencentes

às áreas gerenciais e relacionais. Não obstante, é crucial incluí-los nos modelos de avaliação

para ter resultados precisos da viabilidade. O problema é que muitos dos métodos utilizados

atualmente para avaliação de investimentos RFId não são apropriados para essa tarefa, se

utilizados isoladamente. Um exemplo é o método dos Fluxos de Caixa Descontados, um dos

mais utilizados, o qual permite uma avaliação econômica completa, mas tem problemas na

inclusão de benefícios de eficácia.

O objetivo desta seção é exatamente analisar as ferramentas utilizadas atualmente para

avaliação de novas tecnologias, item IV.1.1, concentrando num segundo momento na

avaliação de sistemas RFId, item 0. Esses dois passos são essenciais para a proposição de um

novo método de avaliação, o que é feito na seção sucessiva IV.2.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 47

IV.1.1 Avaliação de novas tecnologias

Com crescente pressão competitiva, ciclo de vida de produtos mais curto e

consumidores mais exigentes, é obrigatório para empresas investir em novas tecnologias

presentes no mercado. Ao mesmo tempo, existe uma grande variedade de novas tecnologias,

todas elas prometendo benefícios significativos, mas apenas algumas acabam por se

consolidar no mercado e entregar um retorno sobre investimento positivo, enquanto a maioria

se torna obsoleta em poucos anos (BOER, 1998).

Nesse cenário, as empresas têm duas escolhas diversas: (1) esperar até que a

tecnologia se torne consolidada no mercado ou (2) implementar a tecnologia quando ela ainda

está nos estágios iniciais (POTTER, 2007). No primeiro caso, os riscos são reduzidos, mas

também o é a oportunidade de gerar vantagem competitiva com a adoção, enquanto no

segundo caso existem riscos elevados relacionados à eficiência e aos retornos financeiros, mas

uma implantação adequada pode criar significativas reduções de custo, melhorias na

qualidade dos produtos ou possibilidade de oferecer inovações aos consumidores. No caso do

RFId as empresas enfrentam a segunda opção.

Adicionalmente, o campo da Tecnologia da Informação (TI) passou a ser muito mais

alinhado à estratégia das empresas na última década, ou seja, TI deixou de ser apenas uma

ferramenta de processamento de dados para ser uma fonte de vantagens competitivas

(SEDDON et al., 2002).

Por conta do cenário apresentado acima, é evidente que a avaliação de novas

tecnologias é um tema central para muitas organizações (DISSEL et al., 2005; LAUPACIS et

al., 1992). A questão proposta por Laupacis et al. (1992) para o setor de saúde é válida até

hoje para a grande maioria das indústrias: “Quanto atrativa, tanto em termos de efetividade

quanto em termos econômicos, uma tecnologia deve ser para garantir sua adoção e

utilização?”.

Um ponto importante evidenciado por essa questão é que somente ganhos de

eficiência não são suficientes para avaliar uma implantação. Existem benefícios intangíveis,

maior contato com os consumidores, por exemplo, que são relevantes na identificação do

valor de uma tecnologia e precisam ser levados em consideração (IRANI; LOVE, 2000).

Nesse contexto, muitos dos métodos de avaliação tradicionais utilizados inicialmente

não são mais suficientes se utilizados isoladamente, incluindo análises financeiras como valor

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 48

presente líquido. Isso é especialmente significativo para empresas buscando vantagens

estratégicas de longo prazo (IRANI, 2002).

Esse fato adicionou grande complexidade à avaliação de Tecnologias de Informação

por organizações. Marthandan e Tang (2010) propõem grandes desafios, ligados a este tema,

que as empresas enfrentam atualmente. São mencionados o escopo da avaliação, o nível da

organização em que a análise é realizada, as diferentes dimensões de avaliação e a falta de

embasamento teórico.

Lubbe e Remenyi (1997) também chamam a atenção para as falhas no processo de

avaliação de projetos de Sistemas de Informação (SI). Eles argumentam que com o aumento

dos investimentos em TI, as empresas buscam cada vez mais identificar os benefícios

associados, mas tem dificuldade nesta tarefa. A inadequação dos métodos de avaliação

tradicionais para considerar benefícios intangíveis é citada novamente como uma das causas,

mas a consideração do SI de forma isolada também é um ponto relevante. Segundo os autores,

uma avaliação correta dos benefícios depende da ligação entre as tecnologias e os processos

de negócio, porque são através de mudanças nestes que os impactos são gerados. Essa visão

também é compartilhada por Newton (1995).

A área de conhecimento que lida como todos esses aspectos é chamada de Avaliação

de Tecnologias (TA – Technology Assessment). O escopo original do conceito era a

identificação preventiva de consequências indesejadas de uma dada tecnologia (TRAN,

2007), mas também existe uma visão estratégica, de suporte aos tomadores de decisão, uma

visão construtiva, para atingir resultados sociais desejáveis, e uma visão futurística, com a

formulação de possíveis cenários futuros que servem de base a processos de inovação (VAN

DEN ENDE et al., 1998).

No presente trabalho, avaliação de tecnologias será entendida mais no contexto

estratégico, ou seja, o estudo das possíveis aplicações de uma tecnologia e seus possíveis

impactos, e a integração dessas informações para decidir sobre a adoção ou não da mesma.

De acordo com a revisão bibliográfica elaborada por Henriksen (1997) e Tran (2007),

existem sete grandes classes de metodologias para avaliação de tecnologias, as quais são

apresentadas no Quadro 8. A quantidade de alternativas é ainda maior porque muitas delas são

combinadas para criar metodologias híbridas que permitam aproveitar vantagens específicas.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 49

Quadro 8: Diferentes classes de metodologias para avaliação

(Fonte: TRAN, 2007)

Classe Exemplos

Classe Exemplos

Análise

Econômica

Análise Custo/Benefício

Avaliação de

Desempenho

Análise Estatística

Análise Custo/Eficácia Questionários

Avaliação Custo do Ciclo de

Vida (LCA) Análise do Perfil de Confiança

Retorno sobre Investimento

(ROI) Curva S

Valor Presente Líquido

(NPV) Análise Ergonômica

Taxa Interna de Retorno

(IRR) Testes Beta

Análise do Ponto de

Equilíbrio

Avaliação do Risco

Análise de Simulações

Análise do Período de

Retorno

Avaliação do risco

probabilístico

Opções Reais

Estudos ambientais, de saúde e

de segurança

Análise de

Decisão

Tomada de Decisão

Multicritério Avaliação de risco de litígio

Teoria da Utilidade

Multicritérios

Análise de Mercado

Método da Fusão

Pontuação

Análise Puxada/Empurrada pelo

Mercado

Delphi Questionários

Árvores de Decisão Curva S

Lógica Difusa Análise de Cenários

Análise

Sistêmica

Dinâmica de Sistemas

Análise de Impactos

Análise de Externalidades

Análise de Simulações Análise de Impactos Sociais

Técnicas de Gestão de

Projetos Análise de Impactos Ambientais

Técnicas de Otimização de

Sistemas Análise de Impactos Éticos

Programação Linear Análise de Impactos Culturais

Previsão da

Tecnologia

Curva S Análise do Ciclo de Vida

Delphi

Monitoramento da

Informação

Bases de dados eletrônicas

Extrapolação de tendências Internet

Métodos de correlação Revisão bibliográfica

Métodos probabilísticos Busca por patentes

Simulação Monte Carlo

Roadmapping

A lista de possibilidades é extensa, e não faz parte do propósito deste trabalho a

explicação detalhada de cada uma delas. Na sequência, serão apresentadas as metodologias

chamadas tradicionais e as principais metodologias alternativas encontradas na literatura.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 50

Uma abordagem comum utilizada para avaliação de tecnologias é o método dos

custos. A base é a estimativa dos custos para recriar a utilidade atual no futuro, tida como o

retorno da tecnologia. Outra abordagem é a avaliação de mercado, na qual se calcula o valor

da tecnologia por meio de comparações com tecnologias similares que têm o seu valor

conhecido. Embora ambas sejam simples, pode ser difícil coletar os dados necessários para ter

resultados precisos (POTTER, 2007).

O método mais comum utilizado atualmente é o de Fluxos de Caixa Descontados

(FCD). Ele é baseado nos princípios de valor do dinheiro no tempo e de risco adicional ao

avaliar um ativo. Fluxos de caixa futuros são estimados e trazidos ao valor presente, obtendo

assim o valor presente líquido (NPV – Net Present Value). Entretanto, o uso do método FCD

não é ideal para tecnologias que trazem benefícios, mas não fluxos financeiros (DISSEL et al.,

2005; YAN; HONG; LUCHENG, 2010).

Essas três abordagens representam as ferramentas tradicionais de avaliação, mas todas

têm limitações. Por conta disso, novas metodologias surgiram, como a avaliação baseada em

opções reais, a qual permite adicionar flexibilidade à decisão de investimento. Essa teoria

utiliza o principio de opções de instrumentos financeiros, ou seja, o valor de um projeto é

dado pelo valor do investimento mais o valor da flexibilidade, o prêmio pago para ter a opção,

o qual reflete os riscos do projeto (YAN; HONG; LUCHENG, 2010).

Para tecnologias em estágios iniciais, Dissel et al. (2005) sugerem a metodologia

chamada de Roadmapping. É uma abordagem mais qualitativa, e seu objetivo é antecipar

mudanças nas indústrias, mercados e tecnologias, permitindo o desenvolvimento de uma

estratégia que gere uma vantagem competitiva para a empresa (DUCKLES; COYLE, 2002;

YASUNAGA et al., 2009). A representação de um roadmap é apresentada na Figura 9.

Figura 9: Esquema de um Roadmap

(Fonte: PHAAL et al., 2004)

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 51

Dissel et al. (2005) apresentam uma comparação visual destes diferentes métodos de

avaliação de acordo com o estágio do ciclo de vida que a tecnologia atravessa, a qual é

exposta na Figura 10.

Figura 10: Métodos de avaliação de acordo com o estágio de desenvolvimento

(Fonte: DISSEL et al., 2005)

Independente de qual seja o método escolhido, existem alguns fatores que precisam

ser levados em consideração na avaliação. O primeiro é o período de tempo da análise. Se o

período for muito curto existe o risco de os benefícios serem inexistentes ou muito baixos. Por

outro lado, para períodos muito longos é difícil estimar retornos futuros com precisão

(LAUPACIS et al., 1992).

Outros fatores são a presença de patentes ou royalties no uso da tecnologia (POTTER,

2007; YAN; HONG; LUCHENG, 2010) e a ausência de dados confiáveis nos estágios

iniciais, o que exige o uso de proxies (YAN; HONG; LUCHENG, 2010). Finalmente, não só

eficiência e eficácia guiam a decisão de implantação ou não de uma nova tecnologia. Ela

tende ainda a ser fortemente influenciada pela opinião de especialistas, tanto funcionários

internos quanto externos à organização. Adicionalmente, ética e política também podem ter

um papel central na decisão (DISSEL et al., 2005; LAUPACIS et al., 1992).

O Quadro 9 resume os principais pontos desta seção que serão utilizados na

proposição do novo método de avaliação.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 52

Quadro 9: Aspectos críticos da avaliação de novas tecnologias

- Necessidade de alinhamento da tecnologia com a estratégia

- Consideração de benefícios intangíveis

- Inadequação dos métodos tradicionais se utilizados isoladamente

- Consideração da perspectiva dos diferentes stakeholders

- Ligação da tecnologia com os processos da empresa

- Período de análise adequado

- Incluir a opinião de especialistas

- Levar em conta o papel da política na adoção

IV.1.2 Avaliação de sistemas RFId

Como foi descrito anteriormente, avaliação de novas tecnologias é um aspecto critico

para muitas empresas, incluindo aquelas estudando a adoção da tecnologia RFId. Estágio

inicial do ciclo de vida, possibilidade de ser utilizada em várias aplicações, impacto em

diferentes processos e parceiros comerciais são só alguns dos fatores que justificam a

complexidade na avaliação de sistemas de radiofrequência.

Uma evidência é que um dos maiores riscos indicados por empresas em pesquisas é o

retorno sobre investimento incerto (JONES et al., 2005). Nesse sentido, pode-se dizer que

existe uma falta de informações sobre a tecnologia, sobre os custos e sobre implantações de

sucesso para suportar uma avaliação precisa, especialmente para empresas de pequeno e

médio porte. Rhensius e Deindl (2008) também apontam essa conclusão após a análise de

mais de 20 estudos empíricos.

É por isso que muitas adoções das etiquetas inteligentes ainda são puxadas, ou

exigidas em alguns casos, por grandes empresas dominantes na cadeia de suprimentos, como

o caso do mandado do Wal-Mart para seus 100 maiores fornecedores em 2005

(VÉRONNEAU; ROY, 2008).

Além disso, na literatura são apresentados poucos casos de avaliação de RFId (LEE;

LEE, 2010). Muitos artigos tratam dos benefícios e das possibilidades de otimização, alguns

apresentam custos e riscos, mas poucos integram todas essas informações para calcular uma

variável como o ROI (LIAO; LU, 2009; SARAC; ABSI; DAUZERE-PERES, 2010b).

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 53

A falta de dados empíricos pode ser uma razão. Ainda existem poucos dados

quantitativos disponíveis, e geralmente eles estão limitados ao contexto específico de uma

empresa ou a um processo específico (VISICH et al., 2009).

O segundo elemento é a presença de benefícios de eficácia. Enquanto os benefícios de

eficiência podem ser facilmente quantificados em dinheiro, benefícios de eficácia são mais

difíceis de quantificar, como planejamento da produção mais preciso ou colaboração com os

fornecedores.

Métodos de avaliação tradicionais tendem a considerá-los junto com os benefícios de

eficiência, através do cálculo de uma única variável de retorno. Mas deste modo a

contribuição dos benefícios de eficácia tende a ser subestimada. Olhando para a literatura

sobre RFId, é evidente que os benefícios de eficácia são marginalmente considerados. Poucos

artigos tratam deste tema (KATTAN; AL-KHUDAIRI, 2007; SABBAGHI;

VAIDYANATHAN, 2008), criando uma lacuna de conhecimento nessa área.

Rhensius e Dünnebacke (2009) também analisam os métodos utilizados para avaliação

de sistemas RFId. Segundo os autores, muitos dos métodos apresentados na literatura

disponível têm um foco limitado, ou seja, não podem ser aplicados em qualquer situação na

cadeia de suprimentos, e, além disso, não podem ser implementados como softwares e é

difícil utilizá-los na tomada de decisão.

Eles citam seis aspectos que são desejáveis em um método de avaliação de sistemas

RFId:

(1) Avaliação monetária de benefícios indiretos: consideração de benefícios intangíveis,

como mudanças nos processos, estimando um valor monetário;

(2) Consideração de incerteza: cenários futuros, em relação aos benefícios e

desenvolvimentos da tecnologia, são incertos e devem ser considerados;

(3) Integração de possibilidades adicionais: possibilidade de adoção também em outros

processos, ou de adoção de tecnologias complementares;

(4) Validade universal: o método proposto deve ser apropriado não somente a um setor,

deve ser possível utilizá-lo em diversas aplicações;

(5) Integração em um software: integração dos diferentes passos em um software para

facilitar a interface com o usuário e agilizar o procedimento;

(6) Aplicação prática: baixa complexidade para entender os seus procedimentos, exigindo

um esforço adequado para ser aplicado.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 54

Ribeiro, Silva e Spinola (2010) também buscam desenvolver um novo método para

avaliação de sistemas de identificação, como o RFId. Os autores utilizam três grandes

conjuntos de variáveis:

(1) Variáveis gerenciais: aporte à vantagem relativa em tecnologia, visibilidade no

mercado e à contribuição ao objeto-chave do negócio;

(2) Variáveis de segurança: confidencialidade, integridade dos dados, integridade física,

disponibilidade e consistência;

(3) Variáveis técnicas: desempenho e qualidade do sistema, confiabilidade, complexidade

de uso, riscos e barreiras ambientais.

O Quadro 10 resume os principais pontos desta seção que serão considerados na

proposição do novo método de avaliação.

Quadro 10: Aspectos críticos da avaliação de sistemas RFId

- RFId ainda está no estágio inicial do desenvolvimento

- O método deve prever a adaptação a diferentes aplicações

- Cálculo claro e simplificado do ROI

- Importância da inclusão dos benefícios de eficácia

- Facilidade de ser aplicado

- Consideração de aspectos gerenciais e de segurança do RFId

IV.2 PROPOSIÇÃO DE UM NOVO MÉTODO PARA AVALIAÇÃO

Nesta seção, o novo método de avaliação é tratado diretamente. O objetivo é uma

explicação clara e sucinta dos diferentes elementos e metodologias que o compõem, deixando

em evidência também a interligação entre eles e a sequência lógica em que foram colocados.

São abordados aspectos relativos também à aplicação do método, embora maiores detalhes

estejam presentes na seção V.3.

Antes de passar por cada fase do método, o que é feito no item IV.2.2, as hipóteses

consideradas na construção do modelo são apresentadas no item IV.2.1. Esta explicação é

fundamental para o entendimento de como o método foi proposto.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 55

IV.2.1 Hipóteses para a contrução do modelo

As bases para o desenvolvimento da nova metodologia foram apresentadas nos dois

itens precedentes, IV.1.1 e 0. Nesta seção o objetivo é apresentar o foco do novo método e as

hipóteses que foram consideradas na elaboração.

Um fator que norteou a elaboração foi a simplicidade no entendimento e aplicação da

metodologia. O foco principal é que o método possa ser utilizado na prática, ao invés de ser

apenas uma discussão teórica. Um dos elementos para garantir a simplicidade é o uso de

dados agregados. Embora possa haver um prejuízo na precisão, este não tende a comprometer

o resultado sobre viabilidade ou não do sistema RFId (YAN; HONG; LUCHENG, 2010).

A principal perspectiva a ser levada em conta será a da alta gestão da empresa. Esta

decisão é justificada pelo fato que a grande maioria das implementações de TI, e em particular

de RFId, são analisadas e definidas pela alta gestão (BATTEZZATI; HYGOUNET, 2009).

Uma consideração relevante sobre a aplicação da técnica é que ela não pretende ser

exclusiva durante o processo de decisão e implantação. O objetivo principal é fornecer uma

primeira ideia à direção da empresa sobre a atratividade e viabilidade de um sistema RFId.

Desse modo, uma análise posterior mais detalhada seria feita em um cenário específico,

economizando esforços.

Outra hipótese adotada é que mais do que apenas uma sequência única de passos, o

método será um conjunto de diferentes etapas e metodologias complementares.

Consequentemente, funcionará mais como um roteiro de avaliação. Essa abordagem segmenta

os esforços necessários na aplicação, permite que se tirem conclusões desde as primeiras

etapas e dá mais flexibilidade para a adaptação a diferentes empresas e contextos.

Um aspecto crítico do método proposto é a consideração de impactos tangíveis e

intangíveis. Isso é feito através de uma etapa qualitativa, na qual é mais simples incluir

benefícios intangíveis. Posteriormente, os fatores intangíveis que são considerados relevantes

são estimados e incluídos na etapa quantitativa.

O foco principal desta última será a estimativa do retorno sobre o investimento. A

intenção não é incluir todos os fatores possíveis, mas sim estruturar o cálculo de modo

simples e intuitivo utilizando os principais impactos do RFId.

A metodologia será dedicada a aplicações RFId que lidem com gestão da cadeia de

suprimentos. Apesar da citação de Rhensius e Dünnebacke (2009) da importância de um

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 56

método universal, as aplicações de sistemas RFId em outros setores (ex.: saúde e rastreamento

animal) tem características distintas que tornariam o método muito complexo.

Em contrapartida, serão incluídas as diferentes atividades dentro da gestão da cadeia

de suprimentos, a saber, produção, armazenagem, distribuição e varejo.

IV.2.2 Descrição do novo método de avaliação

Com a seção precedente, foram estabelecidas as bases para a descrição do novo

método de avaliação de sistemas RFId. Como mencionado, este reúne diferentes técnicas

encontradas na literatura.

Ao todo são quatro diferentes fases de avaliação, as quais exigem um crescente nível

de informações. Em cada fase existe um conjunto de dados de entrada que o usuário deve

especificar e isso gera um resultado a respeito da viabilidade do sistema RFId considerado.

Contudo, o objetivo é que esse processo seja também uma fonte de informações, em cada

fase, tanto a respeito da tecnologia RFId como do método em questão, preparando o usuário

para o maior nível de detalhe da próxima etapa de avaliação.

Entretanto, é importante frisar que o resultado de uma fase não condiciona a realização

da próxima, ou seja, as fases são complementares porque adotam diferentes perspectivas

sobre a implantação. Assim, se uma das fases indicar uma baixa viabilidade, isso não significa

que a frase sucessiva não deve ser realizada, ao contrário. O resultado final deve se basear no

equilíbrio do resultado de cada uma das fases.

São descritas cada uma das quatro fases de avaliação na sequência. O objetivo dos

próximos quatro itens é permitir ao leitor entender a lógica de cada fase e como deve ser feita

a aplicação. Contudo, para facilitar e agilizar a aplicação do método, foi desenvolvido um

formulário que resume as informações apresentadas na sequência e dispõe de forma clara e

objetiva os dados necessários e cada passo a ser executado. O formulário é apresentado no

APÊNDICE B.

IV.2.2.1 Fase 1: Identificação do tipo de implantação

Essa primeira fase tem o objetivo de identificar alguns parâmetros fundamentais da

implantação de um sistema RFId, estabelecendo assim o tipo de contexto em que a avaliação

será aplicada.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 57

Ela difere das demais porque após a entrada dos dados não existe um resultado sobre a

viabilidade do investimento. Para cada variável definida pelo usuário, o retorno é apenas uma

explicação de fatores relevantes a serem levados em consideração no restante da avaliação.

Portanto, esta primeira fase é introdutória, embora não menos relevante que as demais.

Alguns dos fatores críticos apresentados durante esta fase são complexos para serem

considerados explicitamente durante as próximas fases, e, por isso, é importante que os

usuários os considerem implicitamente durante a avaliação.

Ao todo foram definidos sete parâmetros fundamentais para a identificação do

contexto de implantação do sistema:

1) Área cadeia de suprimentos: em qual(is) segmento(s) da cadeia de

suprimentos a empresa atua. Isso influencia no foco principal da adoção e nos

diferentes benefícios que podem ser obtidos. As opções são produção armazenagem,

transporte e varejo;

2) Nível de etiquetagem: uma das principais dimensões de uma adoção, com

grande influência no número de etiquetas e na quantidade de dados gerados. As

opções são etiquetagem nos níveis item, caixa ou palete;

3) Escala da Implantação: se o sistema RFId é focado em um processo único ou

será aplicado ao longo de toda a operação da empresa, integrando diferentes

processos;

4) Escopo da implantação: se a identificação de todos os itens passará a ser feita

com RFId, ou apenas parte deles, enquanto os demais continuam a ser identificados

por códigos de barra (solução híbrida);

5) Participação de parceiros da cadeia de suprimentos: considera a inclusão de

fornecedores e clientes na implantação, tanto diretamente (adoção de RFId e

integração de sistemas) quanto indiretamente (adaptação das operações, mas sem

adotar RFId), ou a não participação;

6) Dimensão da empresa: relativo ao valor das receitas anuais. As opções são

pequena, média e grande;

7) Adoção de RFId por concorrentes: se empresas do mesmo setor industrial e

regiões geográficas similares já adotaram a tecnologia (sim/não).

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 58

Após escolher a melhor opção em cada uma das dimensões, o usuário da avaliação

deverá olhar os comentários referentes, colocados nas páginas subsequentes do formulário de

avaliação.

Os comentários são apresentados diretamente no formulário disponibilizado no

APÊNDICE B. Eles foram retirados de diversos artigos analisados na revisão da literatura

(AHSON; MOHAMMAD, 2008; ALLEN, 2004; ASIF; MANDVIWALLA, 2005;

BATTEZZATI; HYGOUNET, 2009; BUNDUCHI; SMART, 2010; DUTTA; LEE;

WHANG, 2007; JONES; CHUNG, 2008; JONES et al, 2005; LEE; FIEDLER; SMITH,

2008; MICHAEL; McCATHIE, 2005; MIRAGLIOTTA, 2010; REYES; FRAZIER, 2007;

SABBAGHI; VAIDYANATHAN, 2008; SARAC; ABSI; DAUZÈRE-PÈRÈS, 2010;

THONEMANN, 2002; VÉRONNEAU; ROY, 2009).

IV.2.2.2 Adequação à estratégia e aos processos da empresa

Após a primeira fase introdutória, esta fase é dedicada a uma avaliação estratégica do

sistema RFId, ou seja, como a implantação pode contribuir para o sucesso do negócio da

empresa.

Diversos autores (IRANI, 2002; LUBBE; REMENYI, 1997; NEWTON, 1995;

SEDDON et al., 2002) mencionam o papel estratégico de TI atualmente para as empresas e

argumentam que o sucesso da implantação de uma nova tecnologia, o que inclui as etiquetas

inteligentes, depende da integração com a estratégia e os processos essências da empresa. Só

desse modo seria possível criar uma vantagem competitiva sustentável.

Como apresentado brevemente na seção IV.1.1, a metodologia Technology

Roadmapping (TRM) considera estes fatores no seu escopo e, portando, serve de base para o

desenvolvimento desta segunda fase. Isso significa o uso dos princípios que norteiam a

metodologia e não das ferramentas diretamente. Por exemplo, não serão desenvolvidos os

instrumentos visuais propostos pelo método.

A finalidade principal é o suporte ao planejamento e coordenação da implantação de

novas tecnologias. Isso porque a finalidade da metodologia é não só a avaliação de benefícios,

como também garantir que um sistema RFId satisfaça os requisitos e necessidades dos

mercados e processos (DAIM; TRAN, 2008). É por isso que Dissel et al. (2005) sugerem a

aplicação de Technology Roadmapping para tecnologias no estágio inicial de

desenvolvimento.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 59

Os benefícios do uso do TRM incluem: melhorar a tomada de decisão, apoiar a

estratégia e a direção de ação, auxiliar nas previsões de mudança, melhorar planejamento e

coordenação, promover a integração entre ferramentas de gestão, processos organizacionais e

tecnologias. A flexibilidade, possibilidade de aplicação em diferentes contextos, também é

uma vantagem (VATANANAN; GERDSRI, 2010). Obviamente, a utilização simplificada do

método limita também os benefícios mencionados acima.

Com base na metodologia, foi possível desenvolver os passos da fase em questão. A

ordem preestabelecida também deve ser respeitada nesse caso, porque existe uma sequência

lógica de informações.

1) Identificação das principais necessidades/requisitos do mercado/cliente: através

do entendimento do mercado em que atua e dos consumidores, a empresa deve

definir os principais drivers de venda relacionados aos seus produtos e serviços, ou

seja, as características ganhadoras de pedido, definindo, se possível, parâmetros

numéricos associados a estas. Recomenda-se a definição de até três características;

2) Processos internos que influenciam nessas necessidades: definição de quais são

os processos críticos para a produção/oferecimento dos produtos/serviços. É

necessária a identificação de um a três processos para cada requisito definido,

embora um mesmo processo possa influenciar em mais de um requisito;

3) Definição de parâmetros de desempenho para os processos: para cada processo

identificado é importante definir as metas (até duas) de desempenho, de modo a

atingir os requisitos definidos no passo 1;

4) Avaliação da adequação da tecnologia em atingir os parâmetros determinados:

definição se, com o uso da tecnologia RFId, é possível atingir cada um dos

parâmetros de desempenho. O passo seguinte é a determinação de uma série de

estatísticas referentes às metas, processos e características que tiveram “Sim” ou

“Não” nas respostas. O objetivo é identificar de modo mais claro a influência do

sistema RFId na estratégia da empresa em cada um destes três níveis. Uma elevada

porcentagem de metas com “Sim” indica que o sistema RFId pode contribuir

significativamente para a melhoria do desempenho geral da empresa. Contudo, se

essa contribuição for concentrada em poucos processos ela não será ótima, o ideal

é que a maioria dos processos possuam as metas com “Sim” nas respostas. O

mesmo vale para as características. Isso determina se o uso das etiquetas

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 60

inteligentes é muito, mediamente ou pouco estratégico para a empresa. Na

sequência, pede-se que o usuário determine a complexidade e o tempo de

implementação em uma escala de 1 a 5. Essas duas questões determinam a

facilidade da implantação. Um sistema RFId muito estratégico e de fácil

implantação indica um projeto altamente viável, enquanto um sistema pouco

estratégico e de difícil implantação não é atrativo para a empresa.

IV.2.2.3 Avaliação qualitativa da implantação

Nesta fase se inicia uma avaliação mais direta e detalhada do sistema RFId a ser

considerado pela empresa. O objetivo aqui é considerar todos os diferentes aspectos ligados a

uma implantação RFId, desde técnicos, passando por econômicos, até os gerenciais.

Dentro desses aspectos existem diversos elementos intangíveis e de difícil

quantificação, por isso essa fase é essencialmente qualitativa e busca identificar quais

componentes favorecem a adoção das etiquetas inteligentes pela empresa e quais funcionam

como barreiras.

A simples identificação, no entanto, não deixa claro se a adoção seria viável. É

necessário um sistema de escala e pesos para balancear os componentes e identificar qual

direção é mais acentuada. O método utilizado para atingir este objetivo será a Análise do

Campo de Forças (Force Field Analysis - FFA).

Este método foi criado em 1951 por Kurt Lewin (LEWIN, 1951). Ele foi desenvolvido

originalmente para ser usado no campo das ciências sociais, mas ao longo dos anos se

disseminou como uma técnica para gestão de mudanças (THOMAS, 1985).

Lewin afirmou que a situação atual é influenciada por dois conjuntos de forças

opostas: (1) forças propulsoras, as quais são aquelas forçando a mudança na situação atual, e

(2) forças restritivas, que se opõem às forças propulsoras, evitando a mudança. Se a forças

propulsoras excederem as restritivas existe uma mudança no equilíbrio e a mudança ocorre

(LEWIN, 1951).

É uma técnica intuitiva para gestores identificarem e entenderem os principais

elementos influenciando em uma situação de mudança. Nesse contexto, é importante a

adequação para se considerar os benefícios de eficácia. A sua simplicidade também é uma

grande vantagem, ao mesmo tempo em que é possível ter uma primeira ideia sobre a

viabilidade do sistema RFId, a qual é a questão a ser avaliada (SCHWERING, 2003).

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 61

No presente trabalho é proposto um modelo predefinido do diagrama, no qual as

forças propulsoras e restritivas serão os benefícios e os custos identificados nas seções II.4.1 e

II.4.2, respectivamente. Como forças propulsoras têm-se, portanto, forças operacionais,

gerenciais e relacionais. Como força restritiva tem-se adicionalmente as forças técnicas, como

representado na Figura 11.

Figura 11: Forças restritivas e propulsoras para sistemas RFId

Cada uma destas forças deve ser aberta nos seus componentes, as categorias de custos

e benefícios, como denominado anteriormente. Cada categoria deve por sua vez ser aberta nos

custos ou benefícios identificados. Na Figura 12 é apresentado o exemplo para a força

propulsora operacional.

O cálculo das notas de forças é proposto da seguinte forma:

1) Definição dos pesos das categorias: o usuário deve definir o peso, numa escala de

1 a 5, segundo a importância e relevância da categoria dentro da força específica

(1: pouco importante, 5: muito importante). No exemplo apresentado na Figura 12,

foi definido que automação tem uma influência média (peso 3), otimização de

processos é muito relevante (peso 5) e transformação de processos não é crítico

(peso 2);

2) Definição da nota de cada categoria: através de uma avaliação qualitativa da

presença/ausência e da intensidade dos benefícios/custos de uma categoria

específica, o usuário deve definir uma nota numa escala de 1 a 5 para aquela

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 62

categoria (1: desempenho muito baixo, 5: desempenho muito alto). Por exemplo,

para a categoria automação dos sete itens apresentados seis estão presentes, o que

significa um desempenho muito bom. O objetivo de dar notas às categorias e não a

cada benefício/custo é limitar o esforço necessário, simplificando o método;

Figura 12: Exemplo numérico com a divisão das forças propulsoras operacionais

3) Cálculo da média ponderada de cada força propulsora e restritiva: com base nos

pesos e nas notas de cada categoria, o usuário deve calcular a média ponderada de

cada força propulsora e restritiva, a qual estará obviamente na escala de 1 a 5. Para

a força propulsora operacional o cálculo é o seguinte:

( )

4) Cálculo da média aritmética final da força propositiva e restritiva: existem três

forças propulsoras e quatro restritivas, portanto, através do cálculo de uma média

aritmética destas para cada lado, se obtém uma nota final para força propulsora e

para força restritiva. A Figura 13 exibe uma demonstração desta passagem. Optou-

se por uma média aritmética, ao invés de uma ponderada, porque três das forças

estão presentes dos dois lados (operacionais, gerenciais e relacionais), e assume-se

que todos estes aspectos têm importância similar em uma adoção RFId. Isso não

envolve, no entanto, o desempenho de uma força no contexto de uma empresa. Por

exemplo, se em uma empresa o sistema for utilizado somente nas operações

internas, a força relacional terá um desempenho baixo, porque os benefícios/custos

não estarão presentes, o que será refletido em uma nota baixa.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 63

Figura 13: Demonstração do cálculo da nota final das forças propulsora e restritiva

Se a nota das forças propulsoras for maior do que a das forças restritivas significa que

existe motivação para a implantação das etiquetas inteligentes. Contudo, mesmo um resultado

contrário é útil, porque evidencia quais aspectos são as principais barreiras, ou seja, as áreas

nas quais a empresa deve se concentrar antes de buscar a adoção do RFId. Na Figura 14 é

apresentado um quadro completo com todas as forças, categorias, custos e benefícios que

devem ser considerados na Análise dos Campos de Força.

IV.2.2.4 Análise quantitativa da implantação

A quarta e última fase da avaliação é a análise quantitativa da adoção das etiquetas

inteligentes. Esta é a fase que exige maior detalhe de dados para permitir a estimativa

monetária de cada componente, mas pode-se utilizar as conclusões obtidas nas três primeiras

fases do método.

A variável central de investigação será o retorno sobre o investimento (ROI). O ROI

mede a eficiência de um investimento, e é uma das variáveis mais utilizadas pelas empresas

na decisão sobre diferentes projetos. Ela é dada pelo lucro no investimento (receitas menos

custos) dividido pelos custos do investimento.

Contudo, não existe um valor único para o ROI, depende dos componentes

considerados como receitas e custos e do período de análise (INVESTOPEDIA, 2011), o que

é não é trivial para projetos complexos como a adoção de etiquetas inteligentes. Esta

dificuldade no cálculo do ROI para projetos em RFId é evidenciada por alguns autores na

literatura (JONES et al., 2005; REYES et al., 2007). Parte dessa complexidade é causada pela

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 64

existência de impactos não monetários na adoção, os quais não são estimados corretamente

pelos métodos tradicionais (LEE; LEE, 2010).

Figura 14: Diagrama completo da Análise dos Campos de Força

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 65

Para evitar esse problema, é proposto um cálculo do retorno sobre o investimento de

modo simplificado, incluindo somente as variáveis mais relevantes para quantificação e

buscando os proxies mais adequados no caso de variáveis intangíveis.

Esse cálculo baseou-se no trabalho de diferentes autores que também propuseram um

modo de calcular o ROI ou que simplesmente o fizeram em seus estudos de caso (ALLEN,

2004; BOTTANI; RIZZI, 2007; BRIGGS et al., 2009; RFID WIZARDS INC., 2003;

TELLKAMP, 2002; USTUNDAG; ÇEVIKAN, 2007; VIJAYARAMAN; OSYK, 2006).

O primeiro elemento a se considerar é o investimento, capital necessário para a

implantação do sistema RFId. Os principais componentes são:

Etiquetas: compra inicial necessária para etiquetar todos os produtos e

compras sucessivas para reposição e/ou etiquetagem dos novos produtos;

Software e integração de sistemas: custo de aquisição ou desenvolvimento do

software para gestão do sistema RFId, e os custos de integração com os

softwares já utilizados pela empresa, ERP e bancos de dados, por exemplo;

Leitores RFId: inclui todos os equipamentos para leitura das etiquetas

inteligentes, incluindo portais, leitores portáteis, e sistemas de prateleiras e

empilhadeiras, se utilizados;

Serviços profissionais: custo de prestadoras de serviços e/ou consultorias

necessárias para o projeto do sistema, instalação, regulagem, e/ou manutenção

do mesmo;

Treinamento: treinamento necessário para que o funcionário esteja apto a

utilizar o sistema RFId. Inclui tanto o custo do serviço, se externo, quanto as

horas paradas para realizá-lo;

Mudança de processos: é provável que alguns processos atuais devam ser

adaptados. Isto envolve os custos para o projeto do novo processo, aquisição

de novos equipamentos (não RFId), se necessários ao novo processo, e perdas

de produção devido a pausas para efetuar a mudança;

Falhas na operação: penalidades, multas e perda de negócios gerados por

problemas com os equipamentos, falta de pessoal qualificado para operá-lo,

implantação excessivamente longa, uso indevido ou violação dos dados, entre

outros fatores que gerem custos adicionais não previstos no projeto.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 66

A outra variável necessária ao cálculo do ROI é dada pelos ganhos monetários gerados

pelas etiquetas inteligentes:

Redução da mão-de-obra: economia gerada pelo menor número de

funcionários necessários, devido a fatores como identificação automática ou

menor manipulação das mercadorias;

Redução de erros: economia de mão-de-obra e de recursos empregados na

correção de erros durante a operação. Inclui também a economia gerada com

não recebimento de penalidades ou eventuais compensações previstas pelo

melhor nível de serviço;

Maior eficiência: aumento do nível de produção com os mesmos recursos,

melhor consolidação dos transportes reduzindo assim os ativos necessários e

redução da área utilizada para armazenagem, tanto em centros de distribuição

quanto nos pontos de venda;

Aumento nas receitas: aumento nas vendas de produtos/serviços devido a um

maior nível de serviço ao cliente e/ou devido ao melhor controle dos estoques,

reduzindo assim as perdas de vendas devido à falta de produtos;

Fidelização dos clientes: aumento nas receitas gerado pela maior retenção de

clientes existentes, comparado aos níveis anteriores. O envolvimento dos

clientes no desenvolvimento do processo RFId desestimula a mudança para um

concorrente;

Redução do estoque de segurança: a melhor visibilidade dos estoques permite

que os estoques de segurança sejam reduzidos, diminuindo, consequentemente,

o relativo custo de capital;

Melhor planejamento da produção: com a redução do efeito chicote, a

empresa pode prever com maior precisão a demanda, ajustando

antecipadamente os recursos produtivos necessários. Isso reduz os custos de

produção necessários para atender a demanda, com menos horas extras por

exemplo, e evita a manutenção de níveis de estoque elevados;

Maior segurança: redução dos custos com roubos de mercadorias durante a

produção, armazenagem, transporte e nos pontos de venda, tanto por

funcionários quanto por clientes;

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 67

Maior qualidade: redução das perdas por produtos defeituosos ao longo da

produção e perdas de ativos durante o transporte, como contêineres. Inclui

também a redução das perdas de produtos por obsolescência, vencimento da

validade ou passagem da estação, como no caso de produtos relacionados à

moda.

O Quadro 11 resume as variáveis que serão consideradas. A estimativa de cada um dos

ganhos pode ser uma tarefa árdua, especialmente se a empresa não tiver qualquer experiência

com a tecnologia RFId. Para diminuir esse problema, no APÊNDICE A são fornecidos

resultados empíricos encontrados na literatura que servem de parâmetro nos quais as empresas

podem se basear.

Uma vez estimado cada componente listado, pode-se computar o retorno do

investimento. A fórmula mais simples de cálculo é:

Equação 1: Retorno sobre investimento (ROI)

Um elemento importante não é evidente no cálculo, a consideração do tempo. Os

ganhos e os investimentos não ocorrem simultaneamente, ao contrário, geralmente nos

períodos iniciais os investimentos são elevados e os ganhos reduzidos, mas depois a situação

se inverte e os ganhos tendem a continuar por um determinado período de tempo.

É por isso que a variável deve ser calculada para um determinado período de tempo,

três, cinco ou dez anos, por exemplo, de acordo com o horizonte que a empresa desejar

avaliar. Nos artigos analisados, o período mais frequente é de cinco anos. O método sugere

que o usuário calcule a quantidade total de investimentos e total de ganhos, baseado na lista

de variáveis considerada. Após isso, ele deve dividir os dois componentes no período de

tempo que deseja analisar, definindo o valor para cada um dos períodos.

Entretanto, existe ainda uma deficiência relevante, não se considera o valor do

dinheiro ao longo do tempo. Segundo a fórmula do ROI, um ganho (ou investimento) gerado

no primeiro ou no quinto ano possui o mesmo valor, mas esta é uma simplificação, pois na

realidade o dinheiro perde o valor ao longo do tempo. O ideal é trazer todas as parcelas ao

valor presente, pois desse modo são comparáveis.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 68

Quadro 11: Variáveis consideradas para cálculo do ROI

Investimentos Ganhos

Etiquetas

Compra inicial de etiquetas Redução da

mão-de-obra

Economia de salários/benefícios com a

redução do número de empregados

Compra de etiquetas para reposição e/ou

novos produtos

Redução de

erros

Mão-de-obra liberada pela não correção de

erros

Software e

integração de

sistemas

Compra ou desenvolvimento do software Recursos físicos e tempo liberado pela não

correção de erros

Serviço ou mão-de-obra interna para

integração com softwares já existentes

Economia de multas e penalidade por evitar

erros

Leitores

Compra de portais RFId

Maior eficiência

Aumento do nível de produção com os

mesmos recursos

Compra de leitores portáteis Ativos liberados pela melhor consolidação

no transporte

Compra leitores fixos Área de armazenagem liberada pelo melhor

controle dos estoques

Compra sistemas RFId para prateleiras

Aumento das

receitas

Aumento nas vendas devido ao maior nível

de serviço

Compra de outros equipamentos Redução das vendas perdidas devido à falta

de produtos

Serviços

profissionais

Serviço e/ou consultoria para projeto do

sistema

Fidelização dos

clientes

Aumento no nível de retenção dos clientes

existentes

Serviço e/ou consultoria para instalação

do sistema

Redução do

estoque de

segurança

Capital liberado pela redução dos estoques

de segurança

Serviço e/ou consultoria para regulagem

do sistema

Melhor

planejamento

da produção

Redução dos custos produtivos pela melhor

utilização dos recursos

Serviço e/ou consultoria para manutenção

do sistema

Economia de horas extras

Treinamento

Pagamento de cursos externos Capital liberado pelo menor nível médio de

estoques

Horas paradas para realização do

treinamento

Maior

segurança

Redução de roubos de mercadorias

internamente

Mudanças de

processos

Serviço ou mão-de-obra interna para

projeto do novo processo

Redução do roubo de mercadorias nos

pontos de venda

Aquisição de equipamentos necessários

ao novo processo

Maior

qualidade

Redução de perdas por produtos defeituosos

durante a produção

Perda de produção devido à pausa para

mudança Redução da perda de ativos durante o

transporte

Mão-de-obra utilizada na mudança Redução da perda de mercadorias por

obsolescência, vencimento da validade, ou

passagem da estação.

Falhas na

operação

Penalidades e multas por falhas no

sistema RFId

Perda de negócios por falhas no sistema

RFId

Penalidades e multas por uso indevido

dos dados

Outros custos adicionais por falhas na

operação RFId

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 69

A fórmula que determina o valor presente (VP) a partir de um valor futuro (VF) é:

( )

Equação 2: Valor presente do dinheiro

na qual t é a quantidade de períodos e k é o custo do capital. A forma mais simples de

se estimar o custo do capital é considerar a taxa de juros da economia na qual a empresa

opera. Outra forma é estimar os juros que a empresa deverá pagar por esse capital empregado,

uma média ponderada dos juros bancários e dos juros do capital próprio, se utilizado. A forma

mais complexa é considerar o custo do capital como o possível retorno que seria obtido se a

empresa aplicasse o capital em projetos alternativos (assume-se que existam projetos

alternativos, e que eles são excludentes). A segunda alternativa, o Custo Médio Ponderado do

Capital (Weighted Average Cost of Capital – WACC), é a mais utilizada nos artigos estudados

e é o modo de cálculo proposto no método.

( )

Equação 3: Custo Médio Ponderado do Capital

na qual E é a quantidade de capital próprio utilizado no investimento, D é a quantidade

de débito, RE é o retorno exigido pelo capital próprio, RD é a taxa de juros do débito bancário e

T é a taxa de imposto paga pela empresa, porque os juros pagos são descontados do imposto

devido ao governo.

Para exemplificar o cálculo do ROI, levando em conta o valor do dinheiro no tempo,

considere exemplo da Figura 15.

Figura 15: Fluxos hipotéticos para cálculo do ROI

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 70

Utilizando a fórmula simples, o resultado seria:

( )

Equação 4: Exemplo de cálculo do ROI utilizando a fórmula simples

Supondo um custo de capital de 10% a.a. e trazendo todos os componentes ao valor

presente, o resultado seria:

( )

( )

( )

Equação 5: Exemplo de cálculo do ROI utilizando valor presente

Percebe-se uma significativa redução do ROI com a nova fórmula, de 53 para 14,3%,

um reflexo direto da perda do valor do dinheiro ao longo do tempo. No método desenvolvido

é proposto o cálculo do ROI utilizando o valor presente. Ressalta-se que além de calcular o

valor presente de cada parcela, o usuário deve somar todos os valores presentes dos

investimentos e ganhos, obtendo total de investimentos (VP) e total de ganhos (VP),

respectivamente. São essas duas variáveis que devem ser utilizadas no cálculo do ROI.

A descrição da quarta e última fase do método conclui o capítulo IV SOLUÇÃO.

Neste, foi apresentado todo o processo de construção do método, com os pontos a se

considerar em uma avaliação, as hipóteses adotadas, as metodologias utilizadas e os passos

para a execução da avaliação.

No próximo capítulo, V RESULTADOS E ANÁLISE, o formulário apresentado no

APÊNDICE B é aplicado na empresa estudada e os resultados obtidos são analisados.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 71

V RESULTADOS E ANÁLISE

O presente capítulo tem como objetivo a discussão dos resultados obtidos com a

aplicação do questionário na empresa estudada. Com isso, busca-se exemplificar como o

método proposto pode ser utilizado e ainda analisar seus pontos positivos e negativos,

identificando limitações e possibilidades de melhoria.

Antes de se discutir os resultados, a empresa será apresentada com maiores detalhes,

seção V.1, assim como o sistema RFId considerado no estudo, seção V.2. Esse sistema não

reflete as operações reais da empresa e foi criado apenas para a realização do estudo de caso,

sendo baseado em um projeto-piloto que a empresa já havia desenvolvido.

As respostas obtidas e a discussão destas são apresentadas na seção V.3. Alguns

valores apresentados foram modificados para preservar aspectos estratégicos da empresa, sem

que houvesse prejuízo no entendimento de como o método foi aplicado.

V.1 A EMPRESA ANALISADA

Serão analisadas as operações de duas empresas pertencentes a um mesmo grupo. O

oferecimento de um serviço logístico é o ponto comum entre elas, que possuem suas

operações altamente integradas, mas cada uma é especializada em uma atividade: uma em

armazenagem e a outra em transporte. Para simplificar o estudo de caso, o mesmo será

elaborado considerando como se fosse uma única empresa.

As operações foram iniciadas em 1985, se concentrando inicialmente no transporte

aéreo de cargas relacionado à automação bancária. O oferecimento de um serviço emergencial

nesse segmento foi o grande diferencial da empresa.

A partir de 1999, a empresa diversificou os segmentos atendidos, passando a atender

também empresas de automação comercial e industrial, informática, telecomunicações,

automobilístico, entre outros. Atualmente grandes empresas nacionais e multinacionais

utilizam os serviços.

A empresa passa a oferecer também o serviço de armazenagem em 2000, integrando-o

com o serviço de transporte já oferecido, de modo a permitir maior agilidade e redução de

custos aos clientes.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 72

Para utilizar o serviço de armazenagem o cliente aluga uma parte do armazém

(volume) e pode utilizá-lo para as suas mercadorias. Cada item armazenado tem sua posição

registrada, de modo a facilitar sua coleta quando necessário. São oferecidos também os

serviços de cross-docking, logística reversa, montagem de kits, controle de estoque em poder

de terceiros, entre outros.

Já o serviço de transporte varia de acordo com a urgência da entrega, de entregas

convencionais até entregas críticas, nas quais a carga é embarcada como bagagem no primeiro

voo disponível e um portador a acompanha.

Para suportar essa operação, a empresa possui uma estrutura terrestre descentralizada

por todos os estados do território nacional. Ela possui um armazém central e 16 pequenos

centros de distribuição próprios. Nos estados em que não possui estrutura própria, a empresa

terceiriza para agentes que executam todas as operações. Outro ponto importante são as

parcerias com todas as companhias aéreas do país e diversas transportadoras rodoviárias.

Atualmente os processos possuem um elevado nível de automação. Todas as

mercadorias são identificadas e conferidas utilizando código de barras, e as informações

coletadas são atualizadas eletronicamente em um sistema na Internet, o qual é aberto aos

clientes. Essa interface cliente-prestadora é outro grande diferencial oferecido pela empresa.

O grupo possui hoje 22 clientes recorrentes, e entre os principais estão uma

multinacional do setor de informática, uma grande rede internacional de lojas de vestuário e

grandes operadoras do setor de automação bancária.

Um ciclo operacional completo envolve as seguintes atividades. O cliente envia as

mercadorias que devem ser armazenadas e cada uma é identificada com um código de barras e

tem uma posição específica do armazém. Quando o cliente necessita da mercadoria, ele emite

um pedido para a empresa, a qual inicia imediatamente a coleta do item. O sistema indica a

um trabalhador do armazém qual item ele deve coletar e a posição específica. A empresa

utiliza o sistema pick-to-light, no qual luzes indicam a posição correta.

Após coletado, o item deve ser colocado em uma embalagem adequada, a qual

também é identificada, se faz a emissão da nota fiscal de transporte e o item está pronto para

ser transportado. Nesse ponto, ele é carregado em um meio de transporte e levado para a

entrega no lugar requisitado pelo cliente. No destino, o cliente deve verificar que a quantidade

entregue é referente ao pedido realizado e à nota fiscal, fechando assim o ciclo de entrega.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 73

A utilização de um sistema RFId seria voltada principalmente à atividade de

armazenagem, até o carregamento do item no meio de transporte. Através da colocação de

antenas no armazém seria possível identificar quais componentes e em que quantidade estão

armazenados, o que é extremamente importante na atividade de inventário. A empresa deve

fornecer relatórios periódicos aos seus clientes detalhando todos os itens armazenados e a

movimentação ocorrida no período. Mesmo considerando os erros de leitura, a quantidade de

itens que exigiriam uma leitura manual seria muito menor, reduzindo assim a mão de obra

necessária para esta atividade.

As etiquetas inteligentes poderiam ser utilizadas também na entrada de itens,

identificando automaticamente todos eles ao passar por um portal, ou ainda no cadastro

automático da posição de cada componente, caso exista um leitor em cada posição, solução

esta que exigiria um elevado investimento.

Outro ponto interessante de aplicação seria no carregamento dos meios de transporte.

A colocação de portais nas docas de embarque fornece uma verificação rápida e automática se

o item está sendo colocado no meio de transporte que vai para o destino correto. Dada a

urgência de muitas entregas, esse pode ser um grande benefício ao reduzir os erros.

Uma consideração é que a empresa lida tanto com itens de altíssimo quanto de baixo

valor. Uma alternativa, considerando este cenário, seria a introdução de um sistema híbrido,

com a utilização de RFId para os itens de alto valor e uso de códigos de barra para os demais.

Isso se reforça ainda mais ao se considerar que a eficiência do sistema com códigos de barras

para identificação é bastante aceitável, a grande vantagem das etiquetas inteligentes seria o

rastreamento contínuo dos itens, oferecendo um melhor nível de serviço aos clientes.

V.2 O SISTEMA RFID CONSIDERADO

O sistema proposto na sequência e os equipamentos considerados são baseados

principalmente em um projeto-piloto sobre etiquetas inteligentes executado pela empresa

estudada, mas é apenas uma simplificação da operação total da empresa.

O número médio de unidades armazenadas em um dado momento é 1,2 milhão, já

considerando embalagens consolidadas para itens de pequeno porte. Utilizando uma solução

híbrida, as etiquetas inteligentes seriam utilizadas por cerca de 10% das unidades com maior

valor e/ou fluxo, totalizando 120 mil etiquetas iniciais. Toda vez que um novo item entra em

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 74

estoque é necessária a colocação de uma nova etiqueta. Utilizando o giro médio dos estoques

para os itens de maior valor, seriam necessárias cerca de 200 mil novas etiquetas todos os

anos.

O sistema seria instalado no armazém principal, o qual possui quatro docas, duas para

recebimento e duas para expedição dos itens. Nas duas docas de expedição são utilizados

portais RFId, já integrados com leitor e antena de polarização circular. O custo do pacote total

é estimado em R$ 11.000,00 cada. Para as duas docas de recebimento são utilizados leitores

fixos. Embora a velocidade de leitura seja reduzida em relação ao portal, o custo é

significantemente mais baixo, R$ 5.500,00 por unidade.

Somam-se aos três leitores fixos para as docas outros oito conjuntos de leitores fixos

com antenas que serão dispostos por todo o armazém, monitorando corredores e pátios de

espera. A identificação de cada item é feita com handhelds utilizados pelos funcionários.

Estima-se que seja necessária a compra de oito handhelds, ao custo de R$ 7.500,00 cada.

São utilizadas etiquetas passivas UHF, porque possuem maior alcance e taxa de

transferência de dados. É o tipo de etiqueta mais utilizado para aplicações em logística, em

especial para gestão dos estoques e rastreamento dos itens.

Foi escolhido o modelo flexível de etiqueta, ao invés do rígido, principalmente pelo

menor custo, já que ele pode ser impresso pela própria empresa. Não existe a possibilidade de

ser reutilizado, o que é possível com um modelo de etiqueta com invólucro rígido, mas isso

não é necessário nas operações.

A empresa estima que o custo de cada etiqueta impressa seja de R$ 0,65. Entretanto, é

necessária a compra de duas impressoras de etiquetas RFId, ao custo de R$ 12.500,00 cada.

Estas impressoras já são compatíveis com os mais novos padrões para etiquetas, garantindo a

compatibilidade com todos os novos leitores.

Em relação ao middleware para gestão dos leitores e etiquetas, a empresa responsável

pela instalação e manutenção dos softwares utilizados atualmente possui o direito de

comercialização de um middleware já estabelecido no mercado, o qual possui fácil integração

com os sistemas utilizados pela empresa e também possui suporte completo para sistemas

com código de barras. O custo total é de R$ 75.000,00, incluindo compra da licença,

adaptação às necessidades da empresa e instalação. O custo para manutenção é o mesmo para

os sistemas atuais, portanto não será considerado.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 75

Atualmente, uma equipe de 20 funcionários se ocupa das operações do armazém em

dois turnos de operação e sete dias por semana. O salário médio é de R$ 1600,00 por mês, o

que dá aproximadamente R$ 10,00 por hora trabalhada (quatro semanas por mês e 40 horas

trabalhadas por semana). Todos os funcionários têm que passar por um treinamento para

utilizar o sistema, mas estima-se que um dia completo (oito horas) seja suficiente para a

tarefa.

Não serão colocados leitores RFId nos meios de transporte. Como já mencionado, o

foco principal será na melhoria da eficiência do armazém.

O faturamento anual da empresa é de aproximadamente R$ 50 milhões. Para

simplificar o cálculo, esse pode ser considerado constante ao longo de todo o ano.

V.3 APLICAÇÃO DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO

Nesta seção é apresentado o estudo de caso elaborado na empresa estudada. Ele

consiste na aplicação do formulário desenvolvido no contexto da empresa. O objetivo

principal é fornecer um exemplo completo de como o método deve ser aplicado e analisar se

os propósitos do método foram atingidos: facilidade de aplicação, consideração de diferentes

perspectivas da implantação, baixo esforço exigido para utilização e, principalmente, se é

possível tirar conclusões sobre a viabilidade do sistema RFId.

Por outro lado, os dados e valores utilizados não devem ser tomados como referência.

Eles foram criados e utilizados somente com o propósito de exemplificar o método, e são

baseados no sistema RFId descrito na seção V.2. Alguns dados foram alterados para preservar

informações estratégicas da empresa, sem que houvesse prejuízo do propósito principal de

exemplificação do método.

O formulário compilado com todos os dados e resultados pode ser verificado no

APÊNDICE C. Na sequência será feita uma discussão dos resultados para cada uma das

quatro fases de avaliação, seguida de uma análise conjunta dos resultados.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 76

V.3.1 Fase 1: Identificação do tipo de implantação

1) Área cadeia de suprimentos: Armazenagem e Transporte

São as duas áreas de atuação da empresa. No caso do sistema RFId, o foco maior é

para a atividade de armazenagem. Melhoria na gestão dos estoques e precisão e rapidez nas

atividades de coleta são mencionados nos comentários para armazenagem e são realmente as

áreas críticas para a empresa, dado que os produtos em estoque são de terceiros e que o lead

time para coleta é muito reduzido. Redução da mão de obra também é um fator relevante,

70% dos custos de armazenagem estão associados à mão-de-obra utilizada;

2) Nível de etiquetagem: Item

Muitas vezes os clientes solicitam uma ou poucas unidades de um item específico, então é

necessário que os produtos sejam armazenados já separados, ao invés de consolidados em

caixas ou paletes, por causa da velocidade na coleta. A maior rastreabilidade é muito

importante, porque devem ser enviados relatórios frequentes para cada cliente, com o

inventário dos itens disponíveis. A grande quantidade de dados gerados, também mencionada

nos comentários, é um aspecto que a companhia não tinha levado em consideração

inicialmente, mas que exige adequação dos sistemas de informação;

3) Escala da Implantação: Diversos processos

O objetivo da empresa é utilizar as etiquetas inteligentes para todas as operações de

armazenagem, porque só deste modo se justifica a opção pela tecnologia. Uma grande

vantagem é que os processos já estão altamente integrados, tanto no nível de execução quanto

no nível informacional, e os funcionários têm familiaridade com todos eles. Isso contribui

para reduzir as complexidades mencionadas no comentário e o treinamento necessário;

4) Escopo da implantação: Solução Híbrida

A empresa possui uma enorme variedade de itens que devem ser armazenados e

transportados, estima-se algo em torno de 200.000 SKUs, os quais estão em constante

rotação. Utilizar etiquetas inteligentes para cada um destes traria um custo muito elevado para

a empresa, por isso faz sentido a adoção de um sistema híbrido, com a colocação de etiquetas

apenas nos itens de elevado valor para se ter uma maior rastreabilidade e segurança;

5) Participação de parceiros da cadeia de suprimentos: Não

Inicialmente a empresa fará a avaliação considerando apenas a sua participação na

adoção do sistema RFId, ou seja, o foco principal é aumentar a eficiência interna. Até o

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 77

momento, não existem negociações com fornecedores e clientes nesse sentido, nem para

adoção conjunta das etiquetas nem para integração de sistemas;

6) Dimensão da empresa: Média

Como mencionado na descrição da empresa, ela possui 22 grandes clientes

recorrentes, com cinco contas que correspondem a quase 40% do faturamento da empresa,

mas ainda assim as operações são muito menores se comparadas às grandes empresas de

transporte e armazenagem atuantes no Brasil;

7) Adoção de RFId por concorrentes: Não

Nem as empresas de porte similar atuando em nichos, nem as grandes empresas do

setor adotaram a tecnologia. A não adoção por grandes empresas pode ser explicada porque

lidam com uma variedade de itens muito maior, muitos dos quais de baixo valor, e possuem

diversos armazéns e pontos de coleta. Além disso, o nível de serviço oferecido atualmente não

é um problema para seus consumidores. Se o consumidor busca um serviço mais

personalizado ou de maior rapidez, ele busca empresas de médio porte, como a estudada no

projeto, e nesses casos o nível de serviço é crítico.

A empresa não teve qualquer dificuldade para completar a primeira fase, e as respostas

puderam ser definidas muito rapidamente. Embora os comentários trouxessem elementos que

correspondiam a realidade da empresa, muitos destes já eram conhecidos e adicionaram pouco

valor para a sequência da avaliação.

Esse fato pode ser explicado porque a empresa já possuía um conhecimento relevante

sobre sistemas RFId, principalmente após a elaboração do projeto-piloto. Para empresa com

pouco conhecimento, principalmente de pequeno porte, os comentários podem revelar mais

aspectos relevantes a se considerar.

V.3.2 Fase 2: Adequação à estratégia e aos processos da empresa

Na sequência são apresentadas as respostas da segunda fase do método de avaliação.

Ao contrário da primeira, na qual apenas um diretor da empresa assinalou as respostas, esta

contou também com a colaboração de outros dois operadores, um do armazém e um de

transportes.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 78

1) Identificação das principais necessidades/requisitos do mercado/cliente:

As características definidas foram:

(1) Lead time de entrega muito reduzido e confiável em todo o território nacional.

Parâmetro: 97% das entregas realizadas dentro dos prazos estabelecidos

(dependem do tipo de entrega);

(2) Precisão na gestão dos estoques. Parâmetro: menos de 2% dos SKUs com

diferença entre o nível do sistema e o verificado no inventário;

(3) Nível de perdas durante armazenagem e transporte praticamente nulo.

Parâmetro: perdas não devem passar de 1% do valor total das mercadorias

armazenadas e transportadas.

O lead time reduzido é justificado pelo nicho em que a empresa atua, entregas

emergenciais. A grande diferenciação da empresa, no entanto, é o elevado nível de serviço e a

confiabilidade nas operações, ou seja, respeito dos prazos de entrega, precisão contínua dos

níveis de estoque e baixo nível de perda.

Embora o sistema RFId seja voltado principalmente para a área de armazenagem, é

importante que sejam listados os requisitos estratégicos envolvendo toda a empresa, tanto

armazenagem quanto transporte, como foi feito. Isso porque o objetivo é a avaliar a influência

estratégica para a empresa como um todo.

2) Processos internos que influenciam nessas necessidades:

Os processos críticos definidos para cada característica foram:

- Processos Críticos (Característica 1): coleta, expedição, transporte;

- Processos Críticos (Característica 2): entrada no estoque, coleta;

- Processos Críticos (Característica 3): entrada no estoque, transporte, registro de

dados no sistema.

O lead time reduzido e confiável depende de uma coleta e preparação dos itens muito

rápida. A segunda parte é uma expedição precisa, ou seja, uma vez que o item está preparado

ele deve ser colocado rapidamente no meio de transporte e com o destino correto. O último

processo é o transporte, o qual corresponde à maior parcela do tempo.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 79

A precisão na gestão dos estoques depende de registrar corretamente a entrada de cada

item, tanto a quantidade como a posição do estoque aonde é armazenado. Depende também

do registro correto na coleta, para permitir uma baixa no estoque exata.

O baixo nível de perdas é função de uma entrada correta nos estoques, porque se o

item não estiver corretamente no sistema existe o risco de que a empresa não o ache depois. O

transporte nesse caso é importante pela redução dos acidentes e roubos que acontecem durante

a atividade. Já o registro de dados no sistema é importante porque se a empresa perceber erros

e roubos rapidamente existe a chance de corrigir e/ou recuperar a mercadoria.

3) Definição de parâmetros de desempenho para os processos:

Ao todo foram identificados cinco processos críticos distintos. As metas de

desempenho definidas para cada um destes são:

- Coleta: (1) identificação do item, retirada da posição e preparação para expedição em

menos de 15 minutos, (2) Erros de registro na coleta inferiores a 0,5% das operações

realizadas;

- Expedição: (1) tempo de espera entre o momento que o item está pronto para

expedição e o momento em que o meio de transporte é liberado menor do que 30

minutos, (2) menos de 0,5% dos carregamentos devem conter itens com destino

errado;

- Transporte: (1) 90% dos transportes devem ser realizados dentro dos prazos

estabelecidos, não considerando o limite de segurança, (2) menos de 0,1% dos

carregamentos com acidente ou roubo durante o transporte;

- Entrada no estoque: (1) 100% dos itens com a posição de armazenagem registrada na

data de recebimento.

- Registro de dados no sistema: (1) dados disponíveis em tempo real para verificação

da empresa e dos clientes; (2) tempo mensal médio de problemas no sistema inferior a

duas horas.

Cada meta é discutida na próxima seção, quando for definido se o sistema RFId pode

contribuir para seu atingimento.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 80

4) Avaliação da adequação da tecnologia em atingir os parâmetros determinados:

Primeiro foi determinado se a tecnologia RFId podia contribuir para o atingimento de

cada meta. As metas com resposta “Sim” foram:

- Identificação do item, retirada da posição e preparação para expedição em menos de

15 minutos;

- Erros de registro na coleta inferiores a 0,5% das operações realizadas;

- Menos de 0,5% dos carregamentos devem conter itens com destino errado;

- 100% dos itens com a posição de armazenagem registrada na data de recebimento;

- Dados disponíveis em tempo real para verificação da empresa e dos clientes;

Todas estas envolvem a identificação das mercadorias e o registro dos dados no

sistema, as quais são as principais características de sistemas RFId. E a precisão de leitura da

maioria dos equipamentos RFId, especialmente para poucos itens, é muito próxima de 100%

(RFID JOURNAL, 2009).

As metas com resposta “Não” foram:

- O tempo de espera entre o momento que o item está pronto para expedição e o

momento em que o meio de transporte é liberado não pode ser maior do que 30

minutos;

- 90% dos transportes devem ser realizados dentro dos prazos estabelecidos, não

considerando o limite de segurança;

- menos de 0,1% dos carregamentos com acidente ou roubo durante o transporte;

- tempo mensal total de problemas no sistema inferior a uma hora.

Para a primeira meta, o sistema RFId não contribui porque o tempo de espera é

determinado principalmente pelo tempo de chegada do meio de transporte e disponibilidade

de todos os itens a serem carregados.

A influência durante o transporte, tanto para o tempo de percurso quanto para

acidentes e roubos, também é muito baixa. Ambos estão sujeitos a fatores ambientais de

difícil previsão e não existem leitores instalados nos meios de transporte.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 81

Os problemas com o sistema também não tem relação com as etiquetas inteligentes.

Em geral, eles são causados por falhas em servidores, ausência de conexão Internet ou

paradas necessárias para atualização e manutenção.

Com bases nestas respostas, foram determinadas as estatísticas pedidas no formulário,

as quais são apresentadas no Quadro 12.

Analisando os resultados, percebe-se que o sistema RFId poderia melhorar

razoavelmente o desempenho geral da empresa, porque contribui para o atingimento de mais

da metade das metas.

No nível de processos, a maioria também é positivamente influenciada pelas etiquetas

inteligentes porque dois processos têm todas as metas “Sim” e apenas um tem todas as metas

“Não”.

Quadro 12: Resultados obtidos na análise estratégica

Variável Resultado

Metas com resposta "Sim" 05/09

Processos com todas as metas "Sim" 02/05

Processos com uma meta "Sim" e uma "Não" 02/05

Processos com todas as metas "Não" 01/05

Características com todos os processos 100% de "Sim" 00/03

Características com processos predominantes de "Sim" 01/03

Características com processos predominantes de "Não" 02/03

Características com todos os processos 100% de "Não" 00/03

Contudo, ao agrupá-los nas características críticas para a empresa, o resultado é que

existe maioria de características com predomínio de “Não” (A característica lead time

reduzido apresenta um equilíbrio, mas como o transporte é o processo mais influente, ela foi

considerada como predomínio de “Não”). Ou seja, o sistema RFId pode ajudar no atingimento

das metas, mas não é realmente efetivo em gerar todas as características ganhadoras de

pedido, tendo, portanto, um papel estratégico apenas mediano para a empresa.

Em relação à complexidade de implantação a empresa assinalou o valor três, porque os

processos já são altamente integrados e ela possui experiência com tecnologias de

identificação. A maior dificuldade seria a definição da disposição dos equipamentos. Uma vez

definido esse aspecto, a instalação dos equipamentos e o funcionamento não seriam um

grande problema, por isso o valor dois no tempo de implantação.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 82

Combinando as duas variáveis, a alternativa assinalada foi que o sistema RFId seria

mediamente estratégico e de fácil implantação.

Esse foi um resultado não esperado pela empresa. A impressão inicial é que o sistema

RFId teria maior influência estratégica, dado o contexto de operação da empresa. Contudo, o

baixo impacto em processos como transporte limitou o resultado positivo da tecnologia.

Um aspecto relevante é que não existe um processo de formulação de estratégia

explícito na empresa. Algumas das metas mencionadas acima são utilizadas para controle de

desempenho, mas os requisitos dos clientes e os processos críticos são, em geral, considerados

implicitamente na organização. Desse modo, muitas das respostas foram definidas

especificamente para a avaliação. Um ponto positivo mencionado é que a formalização desses

elementos contribui para um melhor entendimento da própria estratégia e de quais são os

indicadores necessários para se controlar o desempenho dos processos críticos. Esse pode ser

o caso de outras pequenas e médias empresas, nas quais nem sempre existe uma estratégia e

indicadores formalizados.

Mesmo quando não estipuladas previamente, as informações exigidas não são

complexas e a sequência dos passos é bastante intuitiva. Não houve qualquer problema

também na definição das estatísticas ao fim da fase, mas a interpretação das mesmas não é

evidente pelos números e exige uma maior familiaridade com o método.

V.3.3 Fase 3: Avaliação qualitativa da implantação

Cada uma das forças dispostas no formulário teve sua nota determinada. Para evitar

uma explicação muito longa, não são apresentadas na sequência as figuras completas, apenas

os pesos e as notas das categorias são comentados sucintamente. É também apresentado o

resultado do cálculo das médias necessárias.

Começando com as forças propulsoras, os pesos e notas foram os seguintes:

1) Operacionais

- Automação: foi definido um peso 3 à categoria, porque é relevante para agilizar as

operações, mas está ligada principalmente à armazenagem. Dos sete benefícios, apenas

um não está presente, reabastecimento automático, o que justifica a nota 4,5.

- Otimização de processos: peso 4, com operações melhoradas se reduz os custos e se

aumenta o número de clientes que podem ser atendidos. Armazenagem mais eficiente

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 83

e redução do tempo de ciclo total podem estar presentes, mas a melhora em relação ao

código de barras é pequena. Para otimização do fluxo de produtos e necessidade de

menos ativos foi assinalada a opção ausente. A nota definida foi 3.

- Transformação de processos: o peso para transformação de processos foi baixo, 1,

porque a empresa não busca alterar seus processos ou oferecer novos serviços.

Acredita-se que apenas a eliminação de algumas deficiências estaria presente, por isso

a nota foi 2.

Portanto, a média ponderada da força propulsora operacional é de: 3,4.

2) Gerenciais

- Gestão dos estoques: a gestão dos estoques é uma característica crítica para a

empresa, peso 5. Contudo, redução dos níveis de estoque e redução das reservas

durante a produção são ausentes, o primeiro porque os estoques são determinados

pelos clientes e o segundo porque não se aplica. Nota 3.

- Planejamento: é um dos aspectos que a empresa busca melhorar para os próximos

anos, por isso recebeu peso 4. Por ser um elemento de baixo desempenho atualmente,

todos os benefícios estão presentes, nota 5.

- Controle: os clientes devem receber frequentemente um relatório com medidas de

desempenho, mas não é um aspecto crítico, peso 3. O controle atual já é suficiente

com o código de barras, por isso existe pouco espaço para melhoria, nota 2.

- Segurança: outro aspecto relevante, principalmente no transporte, peso 4. Os

benefícios citados não se aplicam muito ao caso da empresa, o único benefício seria a

redução de roubos internos, mas de modo geral a contribuição do sistema RFId seria

baixa. Nota 2,5.

- Gestão da Informação: importante pelo controle da expedição, peso 3. Redução de

erros administrativos e na entrega são ausentes, portanto nota 2.

- Vendas: a gestão das vendas, buscando clientes mais rentáveis, é um aspecto

significativo, peso 4. Acredita-se que possa haver um pequeno aumento das receitas

devido à possibilidade de cobrar um maior preço pelo serviço e de atender melhor a

demanda em períodos de pico. Nota 4.

- Gestão dos pontos de venda: categoria não se aplica, portanto, peso 0.

O resultado das forças propulsoras gerenciais é 3,2.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 84

3) Relacionais

- Colaboração com parceiros: outro ponto que a empresa busca melhorar nas suas

operações, peso 4. Contudo, acredita-se que os benefícios em relação ao código de

barras não sejam tão relevantes, talvez apenas com pequenas melhorias em

compartilhamento da informação e efeito chicote. Nota 2.

- Serviço ao consumidor: o nível de serviço ao consumidor é um grande diferencial da

empresa, por isso a definição do peso 5. Com o sistema RFId, a empresa espera uma

pequena melhoria no nível de serviço e uma maior retenção dos consumidores, nota 3.

Calculando a nota da categoria, o resultado é 2,6.

Passando agora às forças restritivas, os pesos e notas foram os seguintes:

1) Técnicas:

- Hardware: os custos de hardware são a maior parcela de gastos em um investimento

RFId, e por isso o peso da categoria é 5. Na verdade, todos os elementos estão

presentes, mas é importante analisar a intensidade com que eles impactam. Os custos

de computadores são baixos, mas as o custos das etiquetas e principalmente de

equipamentos como os leitores ainda são muito elevados no Brasil, justificando assim

a nota 5.

- Software: peso 3, porque não são os elementos centrais na implantação e muitas

vezes se pode utilizar soluções já disponíveis no mercado. O banco de dados atual

poderia ser aproveitado, mas é necessária a aquisição do middleware e a sua

integração com o sistema atual. Nota 4.

- Serviços Profissionais: a parcela de gastos com serviços profissionais é baixa se

comparada com os custos de hardware e software, por isso o peso é baixo, 2. A

empresa não espera que sejam necessárias muitas horas de consultoria, tanto para

projeto quanto para instalação. Seria importante, no entanto, ter um serviço de

manutenção a disposição para resolver com rapidez eventuais problemas. Nota 2.

A nota ponderada das forças restritivas técnicas é 4,1

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 85

2) Operacionais

- Falhas da tecnologia: falhas da tecnologia é um aspecto crítico para a empresa, dada

a urgência das atividades. Falhas podem reduzir consideravelmente o nível de serviço.

Peso 5. Pelo projeto piloto realizado e por informações encontradas na literatura, os

riscos de falhas na leitura e falta de confiabilidade são menores comparados ao código

de barras, e existe uma boa interoperabilidade com o mesmo. Nota 2.

- Otimização de processos: as perdas dessa área apresentam importância média para a

empresa, peso 3. Não se acredita que existirão perdas de produtividade, pelo contrário,

e o mesmo pode ser dito de esforço dos recursos organizacionais. A única complicação

pode ser o uso de tanto equipamentos de código de barras quanto RFId para

identificação. Nota 2.

- Transformação de processos: a transformação de processos é mais relevante porque

grandes mudanças podem exigir pausas na operação, o que não é factível atualmente,

peso 4. Entretanto, tais mudanças provavelmente não serão necessárias para a

implementação das etiquetas inteligentes. Nota 2.

Consolidando, o resultado para a categoria é 2,0.

3) Gerenciais

- Recursos Humanos: os custos com recursos humanos representam a maior parcela de

gastos na área de armazenagem, mas para transporte o impacto é baixo. Peso 2,5.

Olhando os custos listados, percebe-se que poucos terão impacto com a adoção do

RFId. E o treinamento necessário não exige uma grande carga horária. Os outros

custos não estão presentes. Nota 2.

- Desenvolvimento da tecnologia: a empresa não espera que o desenvolvimento da

tecnologia seja um aspecto crítico na sua implantação, peso 2. Serão necessárias

algumas adaptações às necessidades internas, assim como adaptação dos processos e

sistemas existentes, a maioria pode ser feita pelas próprias empresas que vendem o

software e os equipamentos. Nota 3.

- Gestão do risco: já a gestão do risco é uma área crítica para o sucesso das operações,

nota 5. ROI incerto é uma característica presente, assim como existem dúvidas quanto

ao potencial da tecnologia, mas as demais são ausentes. Nota 2,5.

Calculando-se a nota das forças gerenciais obtém-se 2,5.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 86

4) Relacionais

- Colaboração com parceiros: assim como mencionado nas forças propulsoras, é uma

das áreas que a empresa busca melhorar, por isso também os custos são importantes,

peso 4. Não é esperada resistência na adoção pelos parceiros, ao contrário, e por isso

não são esperados conflitos. Como a colaboração hoje ainda não é muito grande existe

um custo para sua construção. Nota 3.

- Interação com o consumidor: interação com o consumidor final não se aplica ao caso

da empresa. E interação com os parceiros comerciais já foi abordada no item anterior,

portanto, peso 0.

Assim, a nota da força é 3,0.

A Figura 16 apresenta as notas finais das forças explicadas acima e calcula a média

final das forças propulsoras e restritivas.

Figura 16: Resultados das forças propulsoras e restritivas no estudo de caso

A média das forças propulsoras é um pouco maior do que a das forças restritivas, 3,1

contra 2,9 respectivamente, o que indica que existe uma pequena tendência para a mudança,

ou seja, para a adoção da tecnologia RFId.

Os benefícios operacionais de automação e otimização de processos, junto com o

benefício gerencial de planejamento, são os grandes contribuintes para este resultado.

Significa que o principal diferencial na adoção do sistema RFId é a possibilidade de ter

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 87

processos mais precisos, ágeis e previsíveis dentro do armazém, melhorando a produtividade

e reduzindo os custos dos mesmos.

Por outro lado, a empresa deve estar atenta com os custos técnicos, os quais

apresentaram a nota mais alta entre todas as forças. Principalmente os custos de hardware são

muito significativos e exigem que a empresa pense nas formas de financiamento desse

investimento. Contudo, eles foram compensados pelos baixos custos operacionais e

gerenciais, ou seja, não existem grandes criticidades com relação a recursos humanos, às

mudanças necessárias e aos riscos envolvidos, segundo avaliação da empresa. Isso está

alinhado com a complexidade assinalada na fase anterior, e especifica como ela pode ser

criada.

É essencial ressaltar o caráter relativo do resultado. A indicação de que existe uma

tendência para a adoção do RFId não significa que o projeto como um todo é viável. Como já

mencionado anteriormente, o resultado sobre a viabilidade é dado pela análise conjunta de

todas as fases.

Em relação à compilação dos dados, participaram um diretor e um funcionário da área

de TI. Uma das críticas é que alguns dos fatores da lista não se aplicam ao contexto da

empresa, enquanto alguns que poderiam ser considerados ficaram de fora. Adicionalmente,

nem todos podem ser analisados simplesmente pela ausência ou presença do mesmo. Estes

são aspectos negativos ligados à padronização da lista para simplificar a aplicação.

Entretanto, foi mencionado que essas limitações não foram fundamentais na

determinação do resultado, uma vez que as notas e pesos são dados diretamente às categorias.

Isso permite também uma significativa redução no tempo para completar os dados. Foi citado

novamente que alguns dos fatores listados não haviam sido considerados anteriormente pela

empresa, ou seja, também nessa fase houve um aprendizado com a aplicação do método.

V.3.4 Fase 4: Avaliação quantitativa da implantação

O Quadro 13 apresenta os custos definidos. Assim como já mencionado, o período

considerado para contabilização é de cinco anos. Os valores relacionados às etiquetas,

softwares e leitores foram estimados com base nas informações apresentadas na seção V.2.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 88

Quadro 13: Investimentos necessários para a implementação do sistema RFId

A empresa estimou em cerca de R$ 15.000,00 os custos com consultoria para o projeto

do sistema RFId. O valor é similar ao gasto quando todo o sistema atual de código de barras

foi implantado. Os demais serviços de instalação e regulagem já estão inclusos na compra dos

equipamentos.

Estão inclusos também os treinamentos para os funcionários, portanto o único custo é

de horas paradas para realizar o treinamento. São 17 funcionários parados por 8 horas, total de

R$ 1360,00 (o novo número de funcionários é explicado nos ganhos do sistema).

Na seção de mudanças de processos os custos são baixos porque os processos

continuam praticamente os mesmos. A empresa considerou R$ 5.000,00 para compra de

Categoria Custo Valor (R$)

Etiquetas

Compra inicial de etiquetas R$ 78.000,00

Compra de etiquetas para reposição e/ou novos

produtos R$ 650.000,00

Software e

integração de

sistemas

Compra ou desenvolvimento do software R$ 75.000,00

Serviço ou mão-de-obra interna para integração com

softwares já existentes R$ 0,00 (já incluso)

Leitores

Compra de portais RFId R$ 22.000,00

Compra de leitores portáteis R$ 60.000,00

Compra leitores fixos R$ 60.500,00

Compra sistemas RFId para prateleiras R$ 0,00

Compra de outros equip. (impressora) R$ 25.000,00

Serviços

profissionais

Serviço e/ou consultoria para projeto do sistema R$ 15.000,00

Serviço e/ou consultoria para instalação do sistema R$ 0,00

Serviço e/ou consultoria para regulagem do sistema R$ 0,00

Serviço e/ou consultoria para manutenção do

sistema R$ 0,00

Treinamento Pagamento de cursos externos R$ 0,00

Horas paradas para realização do treinamento R$ 1.360,00

Mudanças de

processos

Serviço ou mão-de-obra interna para projeto do

novo processo R$ 0,00

Aquisição de equipamentos necessários ao novo

processo R$ 5.000,00

Perda de produção devido à pausa para mudança R$ 10.000,00

Mão-de-obra utilizada na mudança R$ 0,00

Falhas na

operação

Penalidades e multas por falhas no sistema RFId R$ 0,00

Perda de negócios por falhas no sistema RFId R$ 0,00

Penalidades e multas por uso indevido dos dados R$ 0,00

Outros custos adicionais por falhas na operação

RFId R$ 0,00

TOTAL R$ 1.001.860,00

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 89

novos ativos, como mesas para colocação dos novos equipamentos. Em relação às perdas de

produção, é difícil estimar qual será o impacto durante a instalação. As operações devem ficar

um tempo paradas para mudança e treinamento, mas isso pode ser compensado com ritmo

mais intenso depois das pausas. Para não considerar o custo nulo, estimou-se em R$

10.000,00.

Os contratos com os clientes não preveem multas e penalidades por falhas, portanto

este custo é nulo. A empresa espera uma taxa de falhas muito baixa, e desse modo também

não existiriam perdas de negócios, pelo contrário.

O Quadro 14 apresenta os ganhos definidos também considerando um período de

avaliação de cinco anos.

Com a maior velocidade para identificação dos itens e pela redução na manipulação de

objetos, a empresa espera reduzir o número de funcionários de 20 para 17. Para contabilizar

os ganhos, considera-se que dois seriam por maior eficiência e um devido à redução de erros.

Os ganhos totais seriam de R$ 212.800,00 e R$ 106.400,00, respectivamente, considerando

13,3 salários anuais e cinco anos.

A redução de recursos físicos para correção de erros não é significativa. E como já foi

citado, não existem multas e penalidades previstas em contrato. Na categoria de maior

eficiência, a empresa não considerou um aumento nas operações porque havia considerado o

corte dos funcionários, ou seja, com o novo número de funcionários é possível manter o nível

atual de operações de armazenagem e transporte.

Também não é esperado um maior nível de consolidação, devido ao aspecto

emergencial das operações, e não é possível liberar a área porque os estoques são definidos

pelos clientes (o mesmo vale para estoques de segurança).

Um ganho que pode ser obtido é o aumento das receitas. Um dos fatores é a

possibilidade de cobrar um preço um pouco mais elevado, pelo melhor nível de serviço. Outro

é a maior capacidade de atender a demanda em períodos de pico, após a implementação do

RFId. Combinando os dois elementos, a estimativa é de uma receita anual pelo menos 0,4%

superior, considerando todos os demais elementos constantes. Mas esse ganho seria obtido

apenas a partir do segundo período, quando a tecnologia já estaria estabilizada e seria possível

comprovar aos clientes a maior eficiência.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 90

Quadro 14: Ganhos gerados pela adoção do sistema RFId

Categoria Ganho Valor (R$)

Redução da

mão-de-obra

Economia de salários/benefícios com a redução do

número de empregados R$ 212.800,00

Redução de

erros

Mão-de-obra liberada pela não correção de erros R$ 106.450,00

Recursos físicos e tempo liberado pela não correção

de erros R$ 0,00

Economia de multas e penalidade por evitar erros R$ 0,00

Maior eficiência

Aumento do nível de produção com os mesmos

recursos R$ 0,00

Ativos liberados pela melhor consolidação no

transporte R$ 0,00

Área de armazenagem liberada pelo melhor controle

dos estoques R$ 0,00

Aumento das

receitas

Aumento nas vendas devido ao maior nível de

serviço R$ 800.000,00

Redução das vendas perdidas devido à falta de

produtos R$ 0,00

Fidelização dos

clientes

Aumento no nível de retenção dos clientes

existentes R$ 100.000,00

Redução do

estoque de

segurança

Capital liberado pela redução dos estoques de

segurança R$ 0,00

Melhor

planejamento da

produção

Redução dos custos produtivos pela melhor

utilização dos recursos R$ 0,00

Economia de horas extras R$ 5.000,00

Capital liberado pelo menor nível médio de

estoques R$ 0,00

Maior segurança

Redução de roubos de mercadorias internamente R$ 62.500,00

Redução do roubo de mercadorias nos pontos de

venda R$ 0,00

Maior qualidade

Redução de perdas por produtos defeituosos durante

a produção R$ 0,00

Redução da perda de ativos durante o transporte R$ 0,00

Redução da perda de mercadorias por

obsolescência, vencimento da validade, ou

passagem da estação.

R$ 62.500,00

TOTAL R$ 1.349.250,00

O aumento na retenção dos clientes, embora um aspecto muito importante, é difícil de

estimar. Atualmente a empresa não tem problema com perda de clientes, suas principais

contas são de clientes que trabalham com a empresa há vários anos, mas estima-se que o

faturamento poderia ser 0,05% maior pela não perda de algumas contas de médio porte,

obtido também a partir do segundo período.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 91

A redução dos custos produtivos já foi considerada na redução da mão-de-obra, outros

recursos não trazem reduções significativas. Redução de horas extras, no entanto, é um ganho.

Atualmente a empresa gasta cerca de R$ 15.000,00 anuais com horas extras, e estima-se que

isso possa ser reduzido em um terço com um melhor planejamento.

As perdas e roubos de produto, tanto durante o transporte quanto durante a

armazenagem, correspondem atualmente a 0,5% do faturamento anual. Com a adoção do

sistema proposto, pode-se reduzir as perdas e roubos no armazenagem. Como as perdas e

roubos com transporte correspondem a maior parcela, estimou-se que os ganhos poderiam

chegar a 0,05% das receitas anuais (para contabilizar, foram divididos igualmente entre

perdas e roubos). Já está inclusa a possível redução nos seguros pagos.

Uma vez definido os custos com investimento e as perdas, o próximo passo é a divisão

destes ao longo dos cinco anos de análise, Tabela 1.

Tabela 1: Divisão dos investimentos e ganhos ao longo do período de análise

Período 0 1 2 3 4 5

Investimentos (- R$) 89.360,00 308.750,00 213.750,00 130.000,00 130.000,00 130.000,00

Ganhos (+ R$) 0,00 89.850,00 314.850,00 314.850,00 314.850,00 314.850,00

Foi considerado que os leitores RFId e as impressoras são pagos nos dois primeiros

anos, enquanto a compra de etiquetas para reposição é dividida ao longo dos cinco períodos.

Os demais custos são pagos no primeiro ano de implementação, com exceção da compra

inicial de etiquetas, horas e perdas de produção para treinamento, as quais são contabilizadas

imediatamente. Em relação aos ganhos, todos os fatores foram calculados para o período de

cinco anos, ou seja, os benefícios podem ser divididos igualmente ao longo do período de

análise. As únicas exceções são aumento das receitas e fidelização dos clientes, os quais só se

iniciam a partir do segundo período.

Para trazer todos os componentes ao valor presente, primeiro é necessário estimar o

custo de capital da empresa. Assume-se que todos os investimentos são financiados por meio

de empréstimos, portanto a parcela referente ao capital próprio não deve ser considerada.

Considerando o valor do investimento próximo a R$ 1 milhão, a empresa utilizaria o

financiamento com um banco já utilizado atualmente, pagamento em 60 parcelas, totalizando

juros anuais de 13,01%. A taxa de impostos sobre o lucro foi estimada em cerca de 10%. Com

isso, o custo do capital utilizado é de 11,71%.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 92

Aplicando a fórmula para calcular o valor presente, e somando todas as parcelas

obtidas, o resultado é:

- Investimentos totais (VP): R$ 788.490,00

- Ganhos totais (VP): R$ 941.750,00

Utilizando a fórmula do ROI, o resultado é: 19,4%. A empresa considera que este é

um bom retorno, dado que não existem projetos alternativos que possam dar um rendimento

semelhante. A taxa também é significantemente maior do que as margens operacionais

obtidas atualmente com os serviços oferecidos, e o mais importante, ajudaria a melhorá-la

mesmo após os cinco anos considerados na análise.

Para obter essa margem, no entanto, é essencial atingir o aumento de receita estimado,

porque corresponde a quase 60% dos ganhos esperados, o que exige um estudo mais

detalhado com os clientes.

Esta foi a fase que exigiu o maior esforço da empresa, como era de se esperar. As

maiores dificuldades surgiram na estimativa adequada de cada uma das variáveis.

A empresa já contava com os dados que havia coletado quando elaborou o projeto-

piloto, mas mesmo assim alguns dados foram estimados com base na opinião de diretores que

tinham conhecimento sobre as etiquetas inteligentes.

No caso de organizações que possuam pouca experiência com a tecnologia RFId, pode

ser necessário o contato com fabricantes ou prestadoras de serviço para obter parâmetros

adequados ao contexto da empresa. Os valores apresentados no APÊNDICE A também

servem de referência. Se possível, a elaboração de um projeto-piloto é a medida mais

recomendada para obter dados.

Embora seja a de maior complexidade, a última fase foi a de maior valor, segundo

opinião da empresa. A obtenção de uma variável econômica, como o ROI, é essencial na

análise da viabilidade de um projeto, e no caso do método o cálculo é feito de um modo claro

e incluindo os principais ganhos e investimentos. Como comprovar os resultados econômicos

foi a principal dificuldade enfrentada pela empresa durante a elaboração do projeto-piloto, e

existe o consenso que o método proposto contribui nesse sentido.

Novamente a definição de uma lista padrão foi mencionada como uma limitação, mas

esta é justificada pela simplicidade no cálculo e, mesmo assim, é um bom ponto de partida

para a análise econômica.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 93

V.3.5 Análise conjunta sobre a viabilidade

A conclusão sobre a viabilidade do sistema RFId deve ser tirada com base na análise

conjunta dos resultados apresentados nos itens precedentes. A primeira fase é introdutória,

para conhecimento da empresa, então seus resultados não serão considerados aqui.

O resultado da segunda fase foi que o sistema RFId é mediamente estratégico para a

empresa. Ele contribui para o atingimento da maioria das metas definidas, mas dos três

requisitos estratégicos, lead time reduzidos, precisão na gestão dos estoques e baixo nível de

perdas, as etiquetas tem influência significativa apenas no segundo. A explicação é que o

sistema proposto é focado nos armazéns e por isso tem pouca influência na atividade de

transporte, a mais crítica para a empresa. Ou seja, o RFId é importante na melhoria do nível

geral das operações, mas não cria uma vantagem competitiva significativa para a empresa.

Passando para a análise qualitativa, levando-se em conta todos os possíveis custos e

benefícios da tecnologia, assim como a importância de cada categoria, existe uma tendência

maior para a adoção da tecnologia, embora a diferença seja pequena. Os custos são os

limitantes mais significativos e exigem grande atenção da empresa para a forma de

financiamento. Mas não existem grande complexidades operacionais nem gerenciais na

implementação, e podem ser obtidas melhorias significativas com automação e otimização de

processos, além de um melhor planejamento, este último o benefício mais relevante.

Analisando em detalhes os aspectos econômicos do projeto, o retorno sobre o

investimento obtido foi de quase 20%. A empresa considera um bom resultado, dado a

ausência de projetos com rendimento similar e as atuais margens operacionais, ou seja, o

sistema RFId poderia contribuir para aumentar os lucros da empresa. A única ressalva a ser

feita é que esse valor foi obtido principalmente com base nas estimativas de aumento de

receitas após a implementação, e por isso seria necessária uma avaliação mais aprofundada

para comprová-lo.

Pelos resultados apresentados acima, pode-se concluir que a adoção das etiquetas

inteligentes é viável para a empresa. Embora não crie uma vantagem estratégica, o sistema

RFId contribui para melhorias operacionais e principalmente para um melhor planejamento na

armazenagem. Isso se reflete em ganhos econômicos significativos com o projeto gerados por

uma maior receita com os serviços e economias com mão-de-obra. Os investimentos, no

entanto, não são baixos e exigem atenção na forma de financiamento para não comprometer o

retorno sobre o investimento.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 94

VI CONCLUSÃO

A adoção de novas tecnologias é uma necessidade para muitas empresas atualmente

devido à competição em mercados cada vez mais complexos, dinâmicos e com consumidores

mais exigentes. Isso vale não só para grandes corporações, mas também para pequenas e

médias empresas.

Contudo, uma das principais barreiras enfrentadas pelas organizações é a

complexidade em se avaliar adequadamente a viabilidade, especialmente para tecnologias

ainda em estágios iniciais, como no caso do RFId.

O presente trabalho de formatura aborda esse problema de modo a entender quais as

fontes de complexidade da identificação por radiofrequência, as deficiências dos métodos

atuais de avaliação e propor um novo método de avaliação alternativo.

O desenvolvimento foi fundamentado principalmente em uma revisão bibliográfica de

livros e artigos disponíveis sobre o tema. A estrutura utilizada foi a proposta por Goel (2007)

para investimentos em RFId: entendimento da tecnologia, compreensão de seus possíveis usos

e impactos e decisão sobre o investimento.

VI.1 FUNDAMENTOS CONCEITUAIS

Os fundamentos da tecnologia e seus impactos foram apresentados no capítulo II.

Destaca-se a importância do entendimento dos impactos da tecnologia para a continuação do

trabalho. Após uma extensa revisão da literatura, os impactos foram divididos em quatro tipos

(benefícios, custos, riscos e fatores externos) e organizados em quatro classes (técnicos,

operacionais, gerenciais e relacionais). Os benefícios foram também divididos em de

eficiência ou eficácia, o que determina se tendem a ser tangíveis ou intangíveis,

respectivamente.

As classes e categorias foram criadas especificamente para o contexto e o escopo do

presente trabalho, e refletem o entendimento do autor sobre o tema. A grande diversidade

destas é uma primeira indicação da dificuldade em se avaliar sistemas de etiquetas

inteligentes.

Na sequência, foram analisados os conhecimentos disponíveis sobre avaliação de

tecnologias e de sistemas RFId, e identificaram-se aspectos a se considerar na proposição do

método. Alguns dos mais relevantes são a necessidade de alinhamento da tecnologia com a

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 95

estratégia da empresa, a consideração de benefícios intangíveis, utilização de período de

tempo adequado, método simples de cálculo, facilidade de aplicação, flexibilidade para

diferentes contextos, entre outros.

Todos esses reforçam a conclusão, presente em diversos artigos analisados, que os

métodos de avaliação tradicionais não são adequados se utilizados isoladamente, porque

falham em considerar um ou mais pontos listados acima. O mais importante e frequente é a

não consideração de benefícios intangíveis.

A diferença é que estes elementos foram não só listados, como na maioria dos artigos

da literatura, mas buscou-se também explicitar como podem ser aplicados durante a criação

do novo modelo de avaliação.

VI.2 MÉTODO PROPOSTO

Com base nos pontos identificados, foi proposto o novo método de avaliação da

viabilidade de sistemas RFId. Ele é, na verdade, um conjunto de fases e metodologias que

permitem considerar as diferentes perspectivas de uma implantação de etiquetas inteligentes.

Portanto, a maior contribuição do presente trabalho é a identificação de metodologias

que são adequadas à análise de sistemas RFId e a criação de um encadeamento lógico entre

elas, permitindo obter um resultado único sobre a viabilidade.

Ao todo são quatro diferentes fases:

(1) Identificação do tipo de implementação: a primeira fase é introdutória e permite a

identificação de parâmetros que definem o contexto de implantação. Ao invés de

um resultado, são apresentados comentários sobre elementos que a empresa deve

considerar nas demais fases;

(2) Adequação à estratégia e aos processos da empresa: baseada na metodologia

Technology Roadmapping, essa fase avalia se a tecnologia RFId pode contribuir

para os processos críticos e para as características ganhadoras de pedido da

empresa, ou seja, qual a influência estratégica da tecnologia;

(3) Avaliação qualitativa da implantação: todos os impactos tangíveis e intangíveis

são considerados de modo qualitativo, utilizando a metodologia da Análise dos

Campos de Força. Utiliza-se um sistema de pesos e notas para as diferentes

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 96

categorias para se avaliar se as forças atuando a favor ou contra a adoção são mais

acentuadas;

(4) Análise quantitativa da implantação: foi definida uma lista de possíveis

investimentos e ganhos monetários que devem ser estimados e divididos ao longo

do período de tempo desejado. Todas as parcelas são trazidas ao valor presente

utilizando o custo médio ponderado do capital e utiliza-se a fórmula do retorno

sobre o investimento para estimar o rendimento do projeto.

O método é voltado para empresas atuantes na cadeia de suprimentos (produção,

armazenagem, transporte e varejo), e um dos principais objetivos é a sua facilidade de

aplicação, permitindo à alta gestão de empresas de diferentes tamanhos ter uma primeira ideia

sobre a viabilidade do projeto.

O resultado final sobre a viabilidade só pode ser obtido através da análise conjunta dos

resultados de cada fase. Essa, no entanto, não é exposta de modo explícito devido ao grande

número de possibilidades, ou seja, depende da interpretação do usuário.

Outro aspecto é que a compilação por apenas um usuário pode ser subjetiva. O ideal é

que mais pessoas participem do processo, mesmo que não em todas as fases, e que esta equipe

seja composta por funcionários de diferentes níveis organizacionais. Quanto maior o

envolvimento da empresa no processo de avaliação, mais precisos são os resultados.

VI.3 APLICAÇÃO DO MÉTODO

Depois de finalizada a elaboração do método, foi feito um estudo de caso com a

aplicação do mesmo em uma empresa estudada, a qual havia colaborado também na etapa

anterior.

A empresa, de médio porte, é especializada em armazenagem e transporte emergencial

de mercadorias e pretendia analisar a instalação de um sistema RFId para seu armazém.

Embora o sistema considerado fosse baseado em um projeto piloto elaborado pela empresa, e

não nas suas operações reais, foi possível atingir o objetivo de exemplificar como o método

deve ser aplicado e de como seus resultados podem ser analisados.

Como exemplo, o método revelou que o sistema RFId era viável para a empresa,

embora não gerasse vantagens competitivas estratégicas, porque permitia melhorias

operacionais e de planejamento sem uma complexidade na implantação. O resultado disso era

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 97

um retorno sobre o investimento elevado, impulsionado por aumento das receitas e redução de

mão de obra, mas exigia atenção da empresa para o alto investimento envolvido.

Não houve grandes dificuldades durante o preenchimento dos dados, mas é importante

mencionar que a organização possuía familiaridade com o método porque contribuiu para sua

elaboração e também porque já possuía uma experiência significativa com a tecnologia RFId

e seus possíveis benefícios e custos. No caso de empresas sem esses conhecimentos o

processo pode ser mais longo e exigir mais atenção dos usuários.

VI.4 VANTAGENS E LIMITAÇÕES

Ao final do estudo de caso foi solicitada a opinião das pessoas que tiveram contato

com o formulário. No total, foram considerados quatro usuários, entre aqueles que

compilaram o formulário ou acompanharam boa parte do processo. E de um modo geral, pode

se dizer que o método atingiu muito dos objetivos a que se propôs.

Segundo os usuários, a aplicação e os cálculos, apoiados pelo formulário apresentado

no APÊNDICE B, são fáceis e simples. A quantidade de dados exigida não foi considerada

excessiva, nem a avaliação muito longa. Eles consideram ainda que as fases propostas

abrangem as diferentes perspectivas associadas a uma implantação de nova tecnologia e que

com o resultado conjunto de todas as fases é possível haver uma ideia inicial da viabilidade do

sistema RFId.

Outro ponto positivo é que os resultados indicam áreas que a empresa deve ter maior

atenção em uma futura análise detalhada. Para finalizar as vantagens, foi dito que o método

não é redundante, ou seja, não replica apenas as impressões que a pessoa possui antes de

iniciar o teste, e que permite elevada flexibilidade quanto ao nível de precisão dos dados que o

usuário deseja considerar.

Existem algumas limitações no uso do método proposto. A primeira mencionada foi a

falta de comparação com outra tecnologia. O ideal seria obter os resultados para diferentes

tecnologias alternativas antes de decidir sobre a viabilidade. Por exemplo, pode ocorrer que o

código de barras seja tão estratégico e traga os mesmos benefícios monetários que a

tecnologia RFId, mas custe muito menos. Nesse caso, mesma que o uso das etiquetas

inteligentes for considerado viável, a melhor escolha seria o código de barras.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 98

Outro aspecto limitante é o fato das listas de benefícios e custos (ou ganhos e

investimentos) nas duas últimas fases já estarem definidas. Isso visa simplificar a aplicação,

mas nem todos os impactos se aplicam a todas as empresas, então o ideal seria que cada

empresa definisse sua lista antes de iniciar a avaliação.

Uma falha na terceira fase é que para alguns impactos não basta analisar apenas a

ausência/presença, é necessário considerar a intensidade da consequência desse fato. Os

usuários também consideraram que a primeira fase precisa ser melhorada porque, embora a

identificação dos principais parâmetros seja interessante, os comentários não geram muito

valor.

Uma limitação estrutural do presente trabalho é a execução de apenas um estudo de

caso, o que restringe as conclusões tiradas. Se o método fosse aplicado em diversas empresas

seria possível atestar com mais detalhes sua praticidade e pontos a melhorar antes de

apresentar uma versão final do mesmo. A empresa apresentava também um viés porque

participou do processo de elaboração do método.

No entanto, não havia tempo suficiente para a proposição do método, a partir da revisão

bibliográfica, e para a sua aplicação em diversas empresas. Essa possibilidade é mencionada

como uma futura pesquisa.

VI.5 PESQUISA FUTURA

A proposição de um novo método de avaliação para sistemas RFId é apenas um

primeiro trabalho sobre o tema, e por isso ele não visa solucionar todos os problemas ou ser

uma solução definitiva, muito pelo contrário. O objetivo é promover uma reflexão sobre RFId

e sobre a complexidade de uma avaliação adequada de projetos de adoção da tecnologia,

estimulando que novos trabalhos sejam desenvolvidos para melhorar as descobertas

apresentadas ou gerar novas. Na sequência, são apresentadas algumas possibilidades de

pesquisa futura:

1) Aplicação do método em diversas empresas: aplicação em situações reais, não só

para exemplificação como o estudo de caso apresentado, para entender melhor a

utilidade do método, elementos que devam ser incluídos, outros eliminados, e,

principalmente, entender melhor a dinâmica de decisão sobre investimentos em

RFId;

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 99

2) Criação de uma ferramenta interativa a partir do método: o ideal é que o

formulário seja implementado em uma ferramenta de software, no qual o usuário

possa interagir. Além de facilitar a implantação, o usuário pode dar um feedback

imediato que pode ser aproveitado na própria avaliação;

3) Extensão do método para outros setores: no presente trabalho foram consideradas

empresas atuantes apenas na cadeia de suprimentos. Poderia ser feito o mesmo

para empresas atuantes no setor de saúde, criação animal, competições esportivas,

livrarias, entre outros;

4) Extensão do método para incluir a comparação de outras tecnologias

alternativas: seria avaliado também o impacto estratégico, custos e benefícios de

tecnologias alternativas, como código de barras, e o resultado sobre a viabilidade

seria dado pela análise comparativa;

5) Investigação sobre os elevados custos das etiquetas e equipamentos RFId no

Brasil: analisando os preços dos equipamentos no Brasil e nos Estados Unidos ou

Europa, é evidente que existe uma grande diferença. Recomenda-se uma análise

para identificar as causas disso, se seria somente pelo tamanho do mercado, e as

medidas necessárias para atrair os fabricantes multinacionais, reduzir os custos e

estimular a adoção da tecnologia.

Estas são apenas algumas das alternativas relacionadas com o presente trabalho, mas

na verdade as possibilidades de estudo e aplicação da tecnologia RFId são muito mais amplas

do que o escopo considerado aqui.

A literatura disponível é cada vez mais extensa e especializada nos diferentes

contextos de implantação, refletindo o grande potencial da tecnologia. Espera-se que o

presente trabalho possa ser também uma contribuição ao conhecimento existente e que motive

a geração de ainda mais conteúdo.

Isso será certamente necessário para o próximo passo de desenvolvimento das

etiquetas inteligentes, a sua integração com outras tecnologias e dispositivos de

telecomunicação e com a Internet, criando a Internet das coisas, rede de comunicação global

entre pessoas e objetos.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 100

VII REFERÊNCIAS

ACCENTURE. Piloto RFID/EPC Brasil: A Cadeia de Suprimentos do Futuro. [S.I.], 2005.

12 p.

AHSON, S.; MOHAMMAD, I. RFID handbook: applications, technology, security, and

privacy. 1. ed. New York: CRC Press, 2008. 689 p.

AL KATTAN, I.; AL-KHUDAIRI, T. Improving Supply Chain Management

Effectiveness Using RFID. 2007 IEEE International Engineering Management Conference,

July 29-Aug. 1 , 2007. p. 191-198.

ALLEN, B. Understanding the RFID ROI. Association for Automatic Identification and

Mobility (AIM) RFID Action Group Report. 2004. Disponível em: <https://

www.aimglobal.org/estore/ProductDetails.aspx?ProductID=270>. Acesso em: 10 Out. 2011.

ASIF, Z.; MANDVIWALLA, M.; Integrating the supply chain with RFID: a technical and

business analysis, [S.I.]: Communication of AIS, v. 15, n. 24, 2005, p. 393-426.

AUTO-ID LABS. About us. Disponível em: <http://www.autoidlabs.org>. Acesso em 17

Maio 2011.

BAARS, H. et al. Profiling Benefits of RFID Applications. Toronto: AMCIS 2008

Proceedings Paper. p. 288. Disponível em: <http://aisel.aisnet.org/amcis2008/288>. Acesso

em 20 Maio 2011.

BANKS, J. et al. RFID Applied, 1. ed. New Jersey: Wiley. 2007. 528 p.

BATTEZZATI, L.; HYGOUNET, J. RFID Identificazione automatica e radiofrequenza: la

tecnologia, le applicazioni, i principali trend. 2. ed. Milano: U. Hoepli, 2009, 372 p.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 101

BOER, F. P. Traps, Pitfalls and Snares in the Valuation of Technology, Research-

Technology Management. v. 41, n. 5, 2008. p. 45-54.

BOTTANI, E.; RIZZI, A. Economical assessment of the impact of RFID technology and

EPC system on the fast-moving consumer goods supply chain. International Journal of

Production Economics, v. 112, n. 2, 2008. p. 548-569.

BOYER, K. et al. Unlocking the potential of advanced manufacturing technologies,

Journal of Operations Management, v. 15, n. 4, 1997. p. 331-347.

BRADLEY, J; GUERRERO, H. A Framework for RFID Deployment in Supply Chains.

IT Pro, July/Aug. 2010. p. 44-50.

BRASIL-ID, Disponível em: <http://www.brasil-id.org.br>. Acesso em: 02 Set. 2011.

BUNDUCHI, R.; SMART, A. Process innovation costs in supply networks: a synthesis.

International Journal of Management Reviews. 2010. Disponível em:

<www.3.interscience.wiley.com/journal/122504560/abstract>. Acesso em: 25 Maio 2011.

CANNON, A et al. RFID in the contemporary supply chain: multiple perspectives on its

benefits and risks. International Journal of Operations & Production Management, v. 28, n. 5,

2008. p. 433-454.

CHAPPELL, G. et al. Auto- ID on delivery: the value of Auto-ID technology in the retail

supply chain. Massachusetts: Auto-ID center, 2003. (Relatório Técnico).

CHUANG, P; BARNES, J. A Two-Dimensional Expectation-Perception Analysis for

RFID Benefits in Supply Chain Management. 40th International Conference on Computers

and Industrial Engineering (CIE). 2010.

COOKE, J. Slow but steady. Logistics Management, Feb. 2005. p. 31-34.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 102

CPQD - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunições. Disponível em:

<http://www.cpqd.com.br>. Acesso em: 14 Set. 2011.

DAIM, T.; TRAN, T. A taxonomic review of methods and tools applied in technology

assessment. Technological Forecasting & Social Change, v. 75, 2008. p. 1396-1405.

DE CHIARA, M; Custo Brasil não deixa PIB dobrar, O Estado de São Paulo, São Paulo, 18

Jun. 2011. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/ noticias/economia,custo-brasil-

nao-deixa-pib-dobrar,72260,0.htm> Acesso em: 20 Set. 2011.

DISSEL, M. et al. Evaluating Early Stage Technology Valuation Methods: What is

Available and What Really Matters. IEEE International Proceedings Engineering

Management Conference, Sept. 2005. p. 302-306

DUCKLES, J.M.; COYLE, E.J. Purdue's Center for Technology Roadmapping: a resource

for research and education in technology roadmapping. Cambridge: IEEE International

Engineering Management Conference (IEMC), 2002. p. 900-904.

DUTTA, A.; LEE, H.; WHANG, S. RFID and operations management: technology, value,

and incentives. Production and Operations Management, v. 16, n. 5, 2007. p. 646-655.

EPCGLOBAL. Electronic Product Code (EPC): An Overview. Jan. 2007a. Disponível em:

<http://www.gs1.org/docs/epcglobal/an_overview_of_EPC.pdf>. Acesso em: 27 Set. 2011.

______. Frequently Asked Question. Jan. 2007b. Disponível em:

<http://www.gs1.org/docs/epcglobal/Frequently_Asked_Questions.pdf>. Acesso em: 27 Set.

2011.

______. Important Messages About RFID and EPC. Jan. 2007c. Disponível em:

<http://www.gs1.org/docs/epcglobal/Important_Messages_about_EPC_and_RFID.pdf>.

Acesso em: 27 Set. 2011.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 103

GARBER, A. M.; PHELPS, C. E. Economic foundations of cost-effectiveness analysis.

Journal of Health Economics, v. 16, 1997. p. 31-32.

GARCIA, M.; BRAY, O. Fundamentals of Technology Roadmapping, Strategic Business

Development Department. New Mexico: Sandia National Laboratories. 1997.

GILLE, D.; STRÜKER, J. Into the Unknown - Measuring the Business Performance of

RFID Applications. Ireland: 16th European Conference on Information Systems (ECIS),

2008.

GÖRLACH, B. Cost−effectiveness analysis (CEA). [S.I.], 2007. Disponível em:

<http://www.ivm.vu.nl/en/Images/CBA10_tcm53-161546.pdf>. Acesso em 23 Maio 2011.

GUO, W. Technology roadmapping as a new tool of knowledge management. China:

Chinese Control and Decision Conference (CCDC), 2010. p. 1658-1661.

HENRIKSEN, A. A technology assessment primer for management of technology.

International Journal of Technology Management, v. 13, n. 5/6, 1997. p 615-638.

HIGGINS, L.; CAIRNEY, T. RFID opportunities and risks. Journal of Corporate

Accounting & Finance, v. 17, n. 5, 2006. p. 51-57.

HOFFMAN, W. Metro moves on RFID. Traffic World, v. 270, n. 4, 2006. p. 18.

HP, Pioneira na utilização da tecnologia RFID, empresa conquista dois prêmios

internacionais pela aplicação inovadora da tecnologia em sua manufatura. 2007.

Disponível em: <http://h41131.www4.hp.com/br/pt/press/Fbrica_da_HP_Brasil_recebe_

prmios_por_RFID.html >. Acesso em: 12 Set. 2011.

IDTECHEX, RFID in 2010: The New Dawn. 2010. Disponível em:

<http://www.idtechex.com>. Acesso em: 10 Jun. 2011.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 104

INVESTOPEDIA. Return on Investment – ROI. 2011. Disponível em: <http://

www.investopedia.com/terms/r/returnoninvestment.asp>. Acesso em: 20 Out. 2011.

IRANI, Z. Information systems evaluation: navigating through the problem domain.

Information & Management, v. 40 n. 1, 2002. p. 11-24.

IRANI, Z.; LOVE, P. The propagation of technology management taxonomies for

evaluating investments in information systems. Journal of Management Information

Systems, v. 17, n. 3, 2000. p. 161-177.

JONES, E.; CHUNG, C. RFID in logistics: a practical introduction. 1. ed. Boca Raton: CRC

Press. 2008. 479 p.

JONES, P. et al. The benefits, challenges and impacts of radio frequency identification

technology (RFID) for retailers in the UK. Marketing Intelligence & Planning. v. 23, n. 4,

2005. p. 395-402.

KINSELLA, B. The Wal-Mart factor. Industrial Engineer, v. 35, n. 11, 2003. p. 32–36.

LAUFER, F. Thresholds in cost-effectiveness analysis - more of the story. Value Health, v.

8, n. 1, Jan./Feb. 2005. p. 86-87.

LAUPACIS, A. et al. How attractive does a new technology have to be to warrant

adoption and utilization? Tentative guidelines for using clinical and economic

evaluations. Canadian Medical Association Journal, v. 146, n. 4, 1992. p. 473-481.

LEE, I.; LEE, B. An investment evaluation of supply chain RFID technologies: A

normative modeling approach. Int. J. Production Economics, v. 125, 2010. p. 313-323.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 105

LEE, L.; FIEDLER, K.; SMITH, J. Radio frequency identification (RFID) implementation

in the service sector: a customer-facing diffusion model. International Journal of Production

Economics, v. 112, n. 2, 2008. p. 587-600.

LEUNG, Y. et al. A Tool Set for Exploring the Value of RFID in a Supply Chain. [S.I.]:

Springer Series in Advanced Manufacturing. 2007.

LEWIN, K. Field Theory in Social Science. New York: Harper and Row. 1951.

LI, S. et al. Radio frequency identification technology: applications, technical challenges

and strategies. Sensor Review, v. 26, n. 3, 2006. p. 193.

LIAO, Y.; LU, Y. Justifying RFID Technology in Supply Chain: A Real Options

Perspective. Proceedings 2009 International Conference on Information Technology and

Computer Science, v. 2, 2009. p. 566-570

LUBBE, S.; REMENYI, D. Management of information technology evaluation – the

development of a managerial thesis. Logistics Information Management, v. 12, n. 1/2, 1997.

p. 145-156.

MARTHANDAN, G.; TANG, C. Information Technology Evaluation: issues and

challenges. Journal of Systems and Information Technology, v. 12, n. 1, 2010. p. 37-55.

MCCREA, B. Where’s the ROI?. Logistics Management, Nov. 2006, p. 49.

MCDAVID, J.; HAWTHORN, L. Program Evaluation and Performance Measurement:

An Introduction to Practice. 1. ed. London: SAGE Publications Ltd. 2005.

MCFARLANE, D.; SHEFFI, Y. The impact of automatic identification on supply chain

operations. International Journal of Logistics Management, v. 14, n. 1, 2003. p. 1-17.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 106

MICHAEL, K.; McCATHIE, L. The pros and cons of RFID in supply chain management.

Sydney: Proceedings of the International Conference on Mobile Business. 2005. Disponível

em: <http://works.bepress.com/kmichael/92>. Acesso em 02 Jun. 2011.

MIRAGLIOTTA, G. RFId enabled collaboration. Milano: Politecnico di Milano, Logistics

Management, Lesson 19. 2010.

NASSIF, L. Especialistas dissecam o Custo Brasil. 05 Set. 2011. Disponível em:

<http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/especialistas-dissecam-o-custo-brasil>. Acesso

em: 14 Set. 2011.

NAYLOR, D. et al. Technology assessment and cost-effectiveness analysis: Misguided

guidelines? Canadian Medical Association Journal, v.148, 1993. p. 921-924.

NEWTON, K. Corporate versus business area benefits from IT – practical experience

from the public sector. Proceedings of the 2nd European Conference on IT Investment,

Henley Management College, 1995. p. 1-11.

PARK, K.; KOH, C.; NAM, K. Perceptions of RFID technology: a cross-national study.

Industrial Management & Data Systems, v. 110, n. 5, 2010. p. 682-700.

PEDROSO, M.; ZWICKER, R.; SOUZA, A. A adoção do RFId no Brasil: um estudo

exploratório. São Paulo: Revista de Administração Mackenzie, v. 10, n. 1, 2009. p. 12-36.

PEREIRA, C. Etiqueta inteligente chega até os hospitais. Brasil Econômico, 18 Mar. 2011.

Disponível em: <http://www.brasileconomico.com.br/noticias/etiqueta-inteligente-chega-ate-

os-hospitais_99436.html>. Acesso em: 10 Set. 2011.

PHILIPSON, T.; JENA, A. Cost-effectiveness analysis and innovation. Journal of Health

Economics, v. 27, 2008. p. 1224-1236.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 107

PIRES, M. País ainda precisa vencer o “custo Brasil” da pesquisa, afirma diretor científico da

Fapesp. Veja, 13 Set. 2011. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/pais-

ainda-precisa-vencer-o-%E2%80%9C custo-brasil%E2%80%9D-da-pesquisa-afirma-diretor-

cientifico-da-fapesp>. Acesso em: 14 Set. 2011.

PORTNEY, P. Benefit-Cost Analysis. 2. ed. The Concise Encyclopedia of Economics. 2008.

Disponível em: <http://www.econlib.org/library/Enc/BenefitCost Analysis.html>. Acesso em

25 Maio 2011

PORTER, A. L. et al. A guidebook for technology assessment and impact analysis, New

York: North Holland. 1980.

POTTER, R. H. Technology Valuation: An Introduction. In Intellectual Property

Management in Health and Agricultural Innovation: A Handbook of Best Practices (eds. A

Krattiger, RT Mahoney, L Nelsen, et al.). Oxford, U.K: MIHR., and Davis, U.S.A: PIPRA.

2007. Disponível em: <www.ipHandbook.org>. Acesso em 27 Maio 2011.

REYES, P.; FRAZIER, G. Radio frequency identification: past, present, and future business

applications. International Journal of Integrated Supply Management, v. 3, n. 2, 2007. p. 125-

134.

REHDER, M. Custo Brasil, uma sobrecarga de 36%. O Estado de São Paulo, 07 Mar. 2010.

Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/economia, custo-brasil-uma-

sobrecarga-de-36,7898,0.htm>. Acesso em: 05 Set. 2011.

RFID CENTER. Disponível em: <http://www.rfidc.com>. Acesso em: 15 Maio 2011.

RFID JOURNAL. The Basics of RFID Technology. 2011a. Disponível em:

<http://www.rfidjournal.com/article/view/1337/2>. Acesso em: 7 Maio 2011.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 108

RFID JOURNAL. RFID Business Aplications. 2011b. Disponível em:

<http://www.rfidjournal.com/article/articleview/1334/1/129/>. Acesso em: 7 Maio 2011.

RFID JOURNAL. ROI Calculator: Fashion Retail. 2009. Disponível em:

<www.rfidjournal.net/apparel_roi_calculator.xls>. Acesso em: 5 Out. 2011.

RFID.ORG. Disponível em: <http://www.RFID.org>. Acesso em: 11 Jun. 2011.

RFID WIZARDS INC. Return on Investment Study for RFID Solution. Belmont: 2003.

Disponível em: <http://www.buyrfid.com/rfidwizards/roi_ study_v1.pdf>. Acesso em: 05

Out. 2011.

RHENSIUS, T.; DEINDL, M. Metastudie RFlD. Aachen: Forschungsinstitut fUr

Rationalisierung e. V. (FIR). 2008.

RHENSIUS, T.; DÜNNEBACKE, D. RFID Business Case Calculation. Bremen: 5th

European Workshop on RFID Systems and Technologies (RFID SysTech). 2009.

RIBEIRO, P.; SILVA, A.; SPINOLA, M. Avaliação de TI pelo setor de varejo de

alimentos brasileiro. Ouro Preto: Edital Universal - MCT/CNPq N º 14/2011, Ago. 2011.

ROBERTI, M. History of RFID Technology. 2011. Disponível em:

<http://www.rfidjournal.com/article/articleview/1338/1/129/>. Acesso em: 16 Maio 2011.

ROH, J.; KUNNATHUR, A.; TARAFDAR, M. Classification of RFID adoption: An

expected benefits approach. Information & Management, v. 46, 2009. p. 357-363.

SABBAGHI, A.; VAIDYANATHAN, G. Effectiveness and Efficiency of RFID technology

in Supply Chain Management: Strategic values and Challenges. v. 3, n. 2, Aug. 2008. p.

71-81.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 109

SALOMON, J.; WEINSTEIN, M.; GOLDIE, S. Taking account of future technology in

cost effectiveness analysis. British Medical Journal, v. 25, Sep. 2004. p. 733-736.

SARAC, A.; ABSI, N.; DAUZÈRE-PÈRÈS, S. A literature review on the impact of RFID

technologies on supply chain management. Int. J. Production Economics, v. 128, 2010. p.

77-95.

SCHWERING, R. Focusing leadership through force field analysis: new variations on a

venerable planning tool. Leadership & Organization Development Journal, v. 24, n. 7, 2003.

p. 361-370.

SEDDON, P.B. et al. Measuring organizational IS effectiveness: an overview and update of

senior management perspectives. Database for Advances in Information Systems, v. 33, n. 2,

2002. p. 11-28.

SMART, A.; BUNDUCHI, R.; GERST, M. The costs of adoption of RFID technologies in

supply networks. International Journal of Operations & Production Management, v. 30, n. 4,

p. 423-447.

SINIAV – Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos, Disponível em:

<http://siniav.net>. Acesso em: 05 Set. 2011.

SOARES, E. Brasil ganha laboratório para teste de soluções RFId. Computer World, 04 Fev.

2011. Disponível em: <http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/ 2011/02/04/brasil-ganha-

laboratorio-para-teste-de-solucoes-rfid>. Acesso em: 04 Set. 2011.

STOCKMAN, H. Communication by Means of Reflected Power. Proceedings of the IRE,

v. 36, n. 10, Out. 1948. p. 1196-1204.

TECHNOLOGY ASSESSMENT TECHNIQUES. Future Wheel. Disponível em:

<http://jcflowers1.iweb.bsu.edu/rlo/tarelevance.htm>. Acesso em: 20 Jun. 2011.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 110

TELLKAMP, C. Auto-ID Calculator. Switzerland: M-Lab University of St. Gallen. 13. Nov.

2002. Disponível em: <http://www.autoidlabs.org/uploads/media/STG-AUTOIDWH001.pdf>

Acesso em: 10 Out. 2011.

TERZIAN, F. Unilever é pioneira na AL. Info Corporate, Nov. 2004a. p. 62-63

______. Pão de Açúcar e P&G testam juntos a RFID. Info Corporate, Nov. 2004b. p. 64-

65

______. Klabin agrega valor ao papelão. Info Corporate, Nov. 2004c. p. 66-67

THOMAS, J. Force Field Analysis: A New Way to Evaluate Your Strategy. Long Range

Planning, v. 18, n. 6, 1985. p. 54-59.

THONEMANN, U. Improving supply-chain performance by sharing advance demand

information. European Journal of Operational Research, v. 142, 2002. p. 81-107.

TRAN, T. Review of Methods and Tools Applied in Technology Assessment Literature.

Oregon: PICMET 2007 Proceeding. Aug. 2007.

USTUNDAG, A.; CEVIKCAN, E. Return on Investment Analysis for Evaluation of RFID

Implementation on Cargo Operations. 1st Annual RFID Eurasia, 2007. p. 1-5.

VAN DEN ENDE, J. et al. Traditional and modem technology assessment: toward a

Toolkit. Technological Forecasting and Social Change, v. 58, 1998. p. 5-21.

VATANANAN, R.; GERDSRI, N. The Current State of Technology Roadmapping

(TRM) Research and Practice. IEEE, 2010.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 111

VÉRONNEAU, S.; ROY, J. RFID benefits, costs, and possibilities: The economical

analysis of RFID deployment in a cruise corporation global service supply chain. Int. J.

Production Economics, v. 122, 2009. p. 692-702.

VIA FÁCIL. História. 2011 Disponível em: <http://www.viafacil.com.br/sp

/index.php?option=com_content&task=view&id=36&Itemid=78>. Acesso em 12 Set. 2011.

VIJAYARAMAN, B.S.; OSYK, B. An empirical study of RFID implementation in the

warehousing industry. The International Journal of Logistics Management, v. 17, n. 1, 2006.

p. 6-20.

VISICH, J. et al. Empirical evidence of RFID impacts on supply chain performance.

International Journal of Operations & Production Management, v. 29, n. 12, 2009. p. 1290-

1315.

WEIS, S. RFID (Radio Frequency Identification): Principles and Applications,

Massachusetts: MIT CSAIL. 2007.

WIKIPEDIA. Custo Brasil. 2011a. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/

Custo_Brasil>. Acesso em: 14 Set. 2011.

______. Future Wheel. 2011b. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Futures

_wheel>. Acesso em 20 Jun. 2011.

______. Near Field Communication. 2011c. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/

wiki/Near_field_communication>. Acesso em: 15 Maio 2011.

______. Radio frequency identification. 2011d. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/

wiki/Radio-frequency_identification>. Acesso em: 10 Maio 2011.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 112

WHITAKER, J.; MITHAS, S. e KRISHNAN, M. A field study of RFID deployment and

return expectations. Production and Operations Management, v. 16 n. 5, 2007. p. 599-612.

WU, N. C. et al. Challenges to global RFID adoption. Technovation, v. 26, n. 12, 2006. p.

1317-1323.

XING, X.; TONG, Y. Evaluating technology valuation using real option approach and its

implications in management. Journal of Science and Management of S&T, v. 4, 2006. p. 23-

27.

YAN, L.; HONG, Z.; LUCHENG, H. Review on methods of new technology valuation,

International Conference on E-Business and E-Government. 2010. p. 1932-1935.

YAN, L. et al. The Internet of things: from RFID to the next generation pervasive

networked systems. 1. ed. New York: Auerbach Publications. 2008. 307 p.

YASUNAGA, Y. et al. Application of technology roadmaps to governmental innovation

policy for promoting technology convergence. Technological Forecasting and Social

Change, v. 76, 2009. p. 61-79.

YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2a. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 113

APÊNDICE A – DADOS EMPÍRICOS

No Apêndice A são apresentados alguns dados empíricos coletados na literatura sobre

os ganhos obtidos com a tecnologia RFId. Estes servem como parâmetros de referência para a

avaliação quantitativa da viabilidade, quarta fase do método proposto.

Os dados foram retirados principalmente do trabalho de Visich et al. (2009), o qual

reuniu dados empíricos apresentados em uma série de artigos. Foram utilizadas evidências

apresentadas também em alguns outros artigos (RFID JOURNAL, 2009; VIJAYARAMAN;

OSYK, 2006; WHITAKER; MITHAS; KRISHNAN, 2007)

Redução da mão de obra:

- Redução dos custos de mão de obra em um armazém de 14 %;

- Empregados na produção reduzidos de 20 para 12, sem diminuição do volume;

- Custos de mão de obra na produção reduzidos em 17%;

- Custos de manipulação de contêineres na alfandega reduzidos em 25%;

- Produtividade dos trabalhadores de recebimento/expedição melhorada em 50%;

- Redução de ordens manuais de 10% a até 42%;

- Redução do tempo necessário para inventários de até 50%.

Redução de erros:

- Eliminação dos erros de empacotamento.

Maior eficiência:

- Reabastecimento de prateleiras três vezes mais rápido;

- Tempo de manipulação em um centro de distribuição reduzido em 50%;

- Tempo das operações de entrada de estoque e coleta reduzidos em até 66%;

- Espaço dos pátios reduzidos entre 40% e 60%;

- Redução no número de empilhadeiras de 120 para 67 em um ano;

- Tempo de processamento do recebimento da ordem até expedição reduzido de 45 para seis

minutos

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 114

- Tempo de processamento do recebimento da ordem até expedição reduzido em 80%;

- Tempo médio para carregar um caminhão reduzido de 50 para 20 minutos;

- Tempo de carregamento do caminhão 40% menor;

- Tempo para verificar quantidade e mix de produtos no CD reduzido em 68%;

- Tempo de inspeção reduzido de 10% a até 50% no recebimento;

- Aumento da produtividade no recebimento de mercadorias de até 57%;

- Tempo necessário para comparar a entrega com o pedido reduzido em 80%;

- Tempo necessário para processar um palete entregue em um CD reduzido em 50%;

- Tempo necessário para verificar a quantidade e o mix de produtos em um ponto de venda

reduzido em 80%;

- Tempo necessário para receber vestuário em um CD reduzido em 70%;

- Tempo de ciclo na produção reduzido de 88 para 46 minutos;

- Redesenho do processo de reabastecimento de peças liberou 50% do espaço utilizado e

aumentou a produção de 175 mil para 275 mil peças anuais, com a mesma instalação e mão

de obra;

- Tempo de entrega médio na cadeia de suprimentos reduzido de 28 para 16 dias;

- Lead time de contêineres reutilizáveis reduzido em 15%;

- Fluxo diário aumentado em 38% durante estação de pico;

- Lead time de produção reduzido em 27%;

- Capacidade de produção aumentada em 6,5%;

- Tempos dos fluxos de entrada e saída da cadeia de suprimentos reduzidos em 50%;

- Número de itens processados no armazém aumentou para o dobro ou até mesmo o triplo;

- Tempo de processamento nas horas de pico reduzido de seis para três horas;

- Tempo de resposta da cadeia de suprimentos reduzido de sete para cinco dias.

Aumento das receitas:

- Aumento das vendas de 12% em uma loja de vestuário;

- Aumento nas vendas de 15% em uma loja de vestuário;

- Aumento nas vendas de 14% a 40%;

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 115

- Disponibilidade dos produtos em promoção de 92% nos três dias da campanha de

lançamento;

- Falta de produtos no ponto de venda reduzida entre 11% e 50%;

- Nível de serviço ao consumidor melhorado de 85% para 99%;

- Aumento nas vendas de 14%;

- Aumento nas vendas entre 5% e 10%.

Redução de estoque de segurança:

- Redução do estoque de segurança de 30%;

- Nível de precisão nos estoque do ponto de venda de mais de 99%;

- Precisão na contagem de estoques do armazém aumentada de 96% para 99%;

- Redução nos estoques falsos de 50%;

- Precisão na contagem dos estoques entre 98,4% e 99,6%;

- Precisão nos estoques de 80% para 99%.

Melhor planejamento

- Redução dos estoques em um armazém entre 17% e 50%;

- Precisão do planejamento da produção aumentado em 29%;

- Nível médio de estoque reduzido em 45%;

- Giro dos estoques aumentado de 5,5 para 6.

Maior segurança:

- Precisão nos registros de expedição de contêineres aumentado de 70% para 100%;

- Precisão dos paletes expedidos aumentou de 92 para 97%;

- Tempo de localização de um contêiner reduzido de mais de quatro horas para

imediatamente;

- Precisão na localização de produtos de 99,9%;

- Redução nos roubos internos entre 10% e 30%.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 116

Maior qualidade:

- Perdas de produtos em estoque reduzidas em 18%;

- Perdas reduzidas em 15%;

- Redução das perdas de produtos perecíveis de 10%;

- Perda de contêineres reutilizáveis reduzida de 4% para 2%;

- Custo de aquisição de contêineres reutilizáveis reduzidos em £ 4 mi/ano;

- Redução dos custos anuais de compra de 11%.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 117

APÊNDICE B – FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO

No item IV.2.2 foram descritas as quatro fases do método de avaliação proposto, com a

explicação das metodologias e dos princípios utilizados como base, dos cálculos necessários e

do porque da sequência de disposição.

Embora essa descrição seja necessária para o entendimento do método, não é prática para

a aplicação da avaliação no ambiente de uma empresa. Para corrigir essa deficiência, foi

criado um formulário de aplicação do método, o qual contém todas as fases descritas. Outra

vantagem é que o formulário permite organizar de modo claro todos os dados de entrada

necessários e os resultados.

O objetivo é que, uma vez que o usuário do método entendeu os passos de avaliação

descritos, ele use diretamente o formulário, o qual é apresentado na sequência.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 118

FORMULÁRIO PARA AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID

Empresa:______________________________________ Data: ___/___/________

Responsável:________________________________________________________

Cargo:______________________________________________________________

1. IDENTIFICAÇÃO DO TIPO DE IMPLANTAÇÃO

Para cada um dos itens abaixo assinale aquele que mais se adapta à empresa e ao tipo de implantação

RFId considerado.

1) Área cadeia de suprimentos: em qual(is) segmento(s) da cadeia de suprimentos a empresa

atua?

Produção

Armazenagem

Transporte

Varejo

2) Nível de etiquetagem: em qual nível de consolidação as etiquetas serão colocadas?

Item

Caixa

Palete

3) Escala da Implantação: o sistema RFId é focado em um processo único ou será aplicado ao

longo de toda a operação da empresa, integrando diferentes processos?

Processo único

Processos integrados

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 119

4) Escopo da implantação: a identificação de todos os itens passará a ser feita com RFId, ou

apenas parte deles, enquanto os demais continuam a ser identificados por códigos de barra

(solução híbrida)?

Identificação total dos itens

Solução híbrida

5) Participação de parceiros da cadeia de suprimentos: existe a participação de fornecedores

e clientes na implantação?

Participação direta: adoção de RFId e integração de sistemas

Participação indireta: adaptação das operações, mas sem adotar RFId.

Sem participação de parceiros comerciais

6) Dimensão da empresa: relativo ao valor das receitas anuais

Pequena

Média

Grande

7) Adoção de RFId por concorrentes: empresas do mesmo setor industrial e regiões

geográficas similares já adotaram a tecnologia?

Sim

Não

Confira na próxima página os comentários relativos aos itens assinalados acima.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 120

1) Área cadeia de suprimentos:

- Produção: Possibilidade de produção mais lean, melhor controle dos estoques, planejamento das

matérias-primas e controle da expedição. É importante considerar a divisão dos custos das etiquetas

com outros parceiros ao longo da cadeia. A opção mais comum é a etiquetagem ao final da produção,

mas nesse caso os benefícios são limitados para a própria empresa, favorecendo principalmente os

parceiros comerciais. A adoção de RFId ainda durante a produção permite a redução do tempo de ciclo

e um aumento da produção utilizando os mesmos recursos.

- Armazenagem: As áreas principais são gestão dos estoques, precisão e rapidez nas atividades de

coleta, monitoramento contínuo do estoque disponível, redução dos níveis de estoque e redução da

mão de obra necessária. Este último é o principal benefício uma vez que os gastos com mão-de-obra

correspondem a grande parte dos custos num centro de distribuição. A confiabilidade de leitura é um

aspecto crítico para a viabilidade do sistema.

- Transporte: Rastreamento e gestão dos estoques, maior visibilidade da situação em tempo real e

maior quantidade de dados são os pontos principais. Todos eles contribuem para a diminuição dos

riscos de perda e roubo durante o transporte, o que é um elemento essencial. Os sistemas RFId

também contribuem para a redução de erros de expedição e entrega componentes essenciais na

eficiência do serviço.

- Varejo: O sistema RFId contribui para a melhoria dos sistemas de fidelidade, evitar roubos, melhor

serviço ao consumidor, redução das faltas de produto, maior eficiência no checkout, controlar a

validade dos produtos expostos e planejamento dos serviços de garantia e manutenção. O varejo é a

área com maior diversidade de aplicações e muitas das inovações na área têm focado em oferecer uma

experiência única e personalizada ao consumidor. Evitar a falta de produtos, e a consequente perda de

vendas, também é um benefício relevante.

2) Nível de etiquetagem:

- Item: a etiquetagem de cada item permite uma rastreabilidade muito mais eficiente. A principal

vantagem é vista nos pontos de venda, nos quais se podem evitar roubos, controlar os estoques e

oferecer experiências personalizadas aos consumidores. Um ponto de atenção é a grande quantidade

de dados gerados, além dos altos custos com etiquetas. Para itens de dimensão reduzida pode ser

difícil a colocação de etiquetas, e nesses casos utilizam-se embalagens maiores que contem um ou

mais itens.

- Caixa: é uma alternativa à etiquetagem de cada item, mas o foco nesse caso é somente no

rastreamento durante transporte e armazenagem dos itens, ou seja, não existe o controle do item dentro

do ponto de venda. Por outro lado, a quantidade de dados gerados e os custos são reduzidos. Uma

possibilidade para redução ainda maior dos custos é a adoção de etiquetas reutilizáveis, as quais são

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 121

retiradas uma vez que os produtos chegam aos pontos de venda. Pode também ser utilizada em

conjunto com a etiquetagem em cada item, com o objetivo de reduzir a quantidade de itens gerados.

- Palete: nesse caso a função continua sendo o rastreamento durante o transporte e armazenagem, mas

a etiquetagem é recomendada somente quanto existe um alto nível de consolidação no transporte.

Geralmente essa técnica não é excludente às duas primeiras, porque contribui para uma redução ainda

maior da quantidade de informações geradas. As etiquetas contribuem também para rastrear os

próprios paletes, uma vez que esses são reutilizáveis.

3) Escala da Implantação:

- Único processo: A implantação é facilitada porque poucas atividades devem ser readaptadas, existe

baixa necessidade de treinamento, os resultados podem ser medidos com maior precisão e a

quantidade de dados gerados e analisados é baixa. Contudo, os benefícios também são limitados e

muitas vezes não justificam os investimentos que devem ser realizados. É recomendada para projetos-

piloto, nos quais se deseja avaliar os possíveis resultados antes de partir para uma implementação de

maior porte.

- Diversos processos: Apresenta um elevado grau de complexidade e investimentos exigidos.

Geralmente as empresas que optam por esse tipo de implantação utilizam serviços

profissionais/consultorias tanto para projeto como para instalação e manutenção do sistema. A

empresa deve estar atenta porque a implantação pode ser longa e apresentar falhas de integração entre

processos no início, comprometendo assim a produtividade. Treinamentos são muito importantes

nesse caso. Por outro lado, é o tipo de implantação que gera os maiores benefícios, podendo trazer

uma vantagem competitiva significativa à empresa.

4) Escopo da implantação

- Substituição total do código de barras: poucas empresas optam por adotar diretamente essa opção,

pois exige elevados investimentos e uma grande readaptação de processos. Adaptada principalmente

para grandes empresas e/ou empresas que lidam com bens de alto valor. Em alguns casos, mesmo com

a identificação total sendo feita por RFId, o sistema por código a barras ainda é mantido como backup.

A grande vantagem é que permite obter o potencial total da tecnologia RFId, como grande redução de

mão de obra por exemplo.

- Solução híbrida (substituição parcial): grande parte das empresas que iniciam a adoção de RFId

decide por essa opção. Itens com grande fluxo e/ou elevado valor podem utilizar as etiquetas

inteligentes, enquanto os demais continuam com o código de barras. A principal desvantagem é que a

empresa deve possuir equipamentos para ler as duas opções e o sistema de informações deve ser

integrado. Mas desse modo se reduz os riscos na implantação, assim como os custos e a complexidade

do projeto.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 122

5) Participação de parceiros da cadeia de suprimentos:

- Participação direta: esta opção só é viável se as empresas possuírem uma relação de colaboração já

estabelecida e se a troca de informações for relevante para melhorar o planejamento de ambas. O papel

da tecnologia RFId nesse caso é facilitar e impulsionar a colaboração através da geração e

disponibilização de maior quantidade de dados e em tempo real. Por outro lado, informações

importantes para a empresa podem ser passadas, favorecendo o fornecedor e/ou cliente em futuras

negociações. Como ambas as empresas devem adotar, geralmente não existem problemas com divisão

de custos e as operações entre as empresas serão facilitadas.

- Participação indireta: solução mais comum para parceiros comerciais de pequeno porte, os quais

não podem arcar com os custos de um sistema RFId. A adaptação de das operações pode envolver a

colocação de etiquetas pelo fornecedor, integração dos sistemas e instalação de equipamentos RFId da

empresa nos pontos de interface do parceiro, como centros de distribuição ou meios de transporte. Nos

casos em que o parceiro tem custos relevantes para adaptar seu sistema é importante que a empresa

encontre uma divisão justa dos mesmos, porque o fornecedor não terá os benefícios gerados pelo

sistema RFId. Mesmo com a participação indireta também é importante uma relação comercial de

colaboração entre os parceiros.

- Sem a participação de parceiros comerciais: É o tipo de implantação mais simples, por não envolver

negociações com os parceiros nem adaptação das operações, atividades que exigem uma grande

aplicação de recursos. Contudo, os benefícios obtidos com a tecnologia RFId também serão limitados,

principalmente no que tange um melhor planejamento das operações. É adequada para empresas que

não possuem relações duradouras com seus parceiros comerciais. Pode também ser uma opção inicial

até a escolha dos fornecedores/clientes mais adequados e estabelecer uma colaboração com estes.

6) Dimensão da empresa:

- Pequena: adoção de sistemas RFId por pequenas empresas é pouco comum, porque os elevados

investimentos, mesmo para operações de pequeno porte, não são compensados pelos benefícios

obtidos. Uma exceção é se os produtos da empresa possuírem um elevado valor, porque desse modo os

benefícios com a redução do risco de perdas, roubos e falsificação são relevantes. Outro ponto é que

geralmente pequenas empresas não tem um departamento de TI, exigindo a contratação de prestadoras

de serviço e/ou consultorias externas.

- Média: com a redução dos custos das etiquetas e equipamentos RFId, cada vez mais empresas de

médio porte tem avaliado a adoção. Como poucos concorrentes de mesmo porte adotaram, a

implementação RFId pode criar uma vantagem competitiva significativa para a empresa. Uma análise

detalhada dos benefícios que podem ser obtidos no contexto da empresa é fundamental, porque os

projetos não são economicamente viáveis em todos os casos.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 123

- Grande: geralmente possuem recursos suficientes para suportar uma implantação de sistemas RFId e,

dependendo do setor de atuação, os benefícios justificam os custos incorridos. Mesmo com a presença

de um departamento de TI, é recomendada a consulta a empresas especializadas para garantir a

adequação do sistema às necessidades da empresa. Ainda mais importante é a busca por fornecedores

confiáveis de equipamentos e etiquetas RFId para não comprometer o fluxo das operações. Empresas

de grande porte podem também bancar projetos-piloto e pesquisas com a tecnologia antes de se decidir

por uma implementação em escala real.

7) Adoção de RFId por concorrentes:

- Não: é fundamental uma análise detalhada dos custos e benefícios antes da adoção da tecnologia.

Embora seja uma grande oportunidade de geração de vantagem competitiva, os riscos da implantação

também são muito elevados. O estudo da viabilidade pode ser feito através de parcerias com institutos

de pesquisa, consultorias especializadas, e com os próprios fornecedores de equipamentos. Buscar

informações em mercados onde a tecnologia RFId já é mais madura também é uma opção.

- Sim: a adoção por um número significativo de concorrentes pode indicar que os benefícios obtidos

são relevantes, obrigando a empresa a buscar a implementação. A adoção por um número pequeno de

concorrentes exige maior atenção. Podem ser obtidas informações com fornecedores e clientes destas

empresas para identificar o nível de melhoria das operações após a adoção das etiquetas inteligentes.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 124

2. ADEQUAÇÃO À ESTRATÉGIA E AOS PROCESSOS DA EMPRESA

Complete os espaços com as informações solicitadas em cada item. Os dados inseridos em um item

servem de base para o item subsequente.

1) Identificação das principais necessidades/requisitos do mercado/cliente: através do

entendimento do mercado em que a empresa atua e dos seus consumidores, defina os

principais motivadores de venda (características ganhadoras de pedido) relacionados aos

seus produtos e serviços. Se possível, defina parâmetros numéricos associados a estes (De

1 a 3 características).

Característica 1:_______________________________________________________

Parâmetro numérico:_____________________________________________

Característica 2:_______________________________________________________

Parâmetro numérico:_____________________________________________

Característica 3:_______________________________________________________

Parâmetro numérico:_____________________________________________

2) Processos internos que influenciam nessas necessidades: defina quais são os processos

críticos para a produção/oferecimento dos produtos/serviços. É necessária a identificação

dos processos para cada requisito definido (De 1 a 3 processos por característica - um

mesmo processo possa influenciar em mais de um requisito).

Processos Críticos (Característica 1): ______________________________________

_____________________________________

_____________________________________

Processos Críticos (Característica 2): ______________________________________

_____________________________________

_____________________________________

Processos Críticos (Característica 3): ______________________________________

_____________________________________

_____________________________________

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 125

3) Definição de parâmetros de desempenho para os processos: para cada processo

identificado é importante definir as metas de desempenho que devem ter, de modo a

permitir o atendimento aos requisitos identificados no passo 1 (Até 2 metas por processo).

Processo Crítico: Meta de Desempenho: É possível atingir a meta

com a tecnologia RFId?

1. ______________________ ______________________ Sim Não

______________________ ______________________ Sim Não

2. ______________________ ______________________ Sim Não

______________________ ______________________ Sim Não

3. ______________________ ______________________ Sim Não

______________________ ______________________ Sim Não

4. ______________________ ______________________ Sim Não

______________________ ______________________ Sim Não

5. ______________________ ______________________ Sim Não

______________________ ______________________ Sim Não

6. ______________________ ______________________ Sim Não

______________________ ______________________ Sim Não

7. ______________________ ______________________ Sim Não

______________________ ______________________ Sim Não

8. ______________________ ______________________ Sim Não

______________________ ______________________ Sim Não

9. ______________________ ______________________ Sim Não

______________________ ______________________ Sim Não

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 126

4) Avaliação da adequação da tecnologia em atingir os parâmetros determinados: para

cada uma das metas identificadas acima, assinale se a tecnologia RFId pode contribuir

para o atingimento da mesma. Depois, complete as informações abaixo.

Em quantas metas foi assinalado “Sim”: ____/____(total de metas)

Quantos processos tiveram todas as metas “Sim”: ___/___ (total de processos)

Quantos processos tiveram uma meta “Sim” e a outra “Não”: ___/___ (total de processos)

Quantos processos tiveram todas as metas “Não”: ___/___ (total de processos)

Quantas características tiveram todos os processos com 100% de “Sim”: ___/___

Quantas características tiveram processos com predominância de “Sim”: ___/___

Quantas características tiveram processos com predominância de “Não”: ___/___

Quantas características tiveram todos os processos com 100% de “Não”: ___/___

Classifique o sistema RFId quanto à complexidade da implantação:

1 2 3 4 5 (1: pouco complexo, 5: muito complexo)

Classifique o sistema RFId quanto ao tempo da implantação:

1 2 3 4 5 (1: curto prazo, 5: longo prazo)

Com base nas resposta acima, classifique o sistema RFId no contexto da empresa:

Muito estratégico e fácil implantação Muito estratégico e de difícil implantação

Mediamente estratégico e fácil implantação Mediamente estratégico e difícil implantação

Pouco estratégico e fácil implantação Pouco estratégico e difícil implantação

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 127

3. AVALIAÇÃO QUALITATIVA DA IMPLANTAÇÃO

Para cada uma das forças dispostas na sequência determine:

1) Pesos das categorias;

2) Notas das categorias, baseadas na ausência/presença dos benefícios/custos;

3) Cálculo da média ponderada da força.

3.1 Forças Propulsoras

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 128

3.2 Forças Restritivas

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 129

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 130

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 131

4. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DA IMPLANTAÇÃO

Estime o valor de cada uma das variáveis apresentadas na sequência, referentes ao investimentos e aos

ganhos obtidos com a implantação do sistema RFId.

4.1 Investimentos

Categoria Custo Valor (R$)

Etiquetas

Compra inicial de etiquetas

Compra de etiquetas para reposição e/ou novos

produtos

Software e

integração de

sistemas

Compra ou desenvolvimento do software

Serviço ou mão-de-obra interna para integração

com softwares já existentes

Leitores

Compra de portais RFId

Compra de leitores portáteis

Compra leitores fixos

Compra sistemas RFId para prateleiras

Compra de outros equipamentos

Serviços

profissionais

Serviço e/ou consultoria para projeto do sistema

Serviço e/ou consultoria para instalação do sistema

Serviço e/ou consultoria para regulagem do sistema

Serviço e/ou consultoria para manutenção do

sistema

Treinamento Pagamento de cursos externos

Horas paradas para realização do treinamento

Mudanças de

processos

Serviço ou mão-de-obra interna para projeto do

novo processo

Aquisição de equipamentos necessários ao novo

processo

Perda de produção devido à pausa para mudança

Mão-de-obra utilizada na mudança

Falhas na

operação

Penalidades e multas por falhas no sistema RFId

Perda de negócios por falhas no sistema RFId

Penalidades e multas por uso indevido dos dados

Outros custos adicionais por falhas na operação

RFId

TOTAL

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 132

4.2 Ganhos

Categoria Ganho Valor (R$)

Redução da

mão-de-obra

Economia de salários/benefícios com a redução do

número de empregados

Redução de

erros

Mão-de-obra liberada pela não correção de erros

Recursos físicos e tempo liberado pela não correção

de erros

Economia de multas e penalidade por evitar erros

Maior eficiência

Aumento do nível de produção com os mesmos

recursos

Ativos liberados pela melhor consolidação no

transporte

Área de armazenagem liberada pelo melhor controle

dos estoques

Aumento das

receitas

Aumento nas vendas devido ao maior nível de

serviço

Redução das vendas perdidas devido à falta de

produtos

Fidelização dos

clientes

Aumento no nível de retenção dos clientes

existentes

Redução do

estoque de

segurança

Capital liberado pela redução dos estoques de

segurança

Melhor

planejamento da

produção

Redução dos custos produtivos pela melhor

utilização dos recursos

Economia de horas extras

Capital liberado pelo menor nível médio de

estoques

Maior segurança

Redução de roubos de mercadorias internamente

Redução do roubo de mercadorias nos pontos de

venda

Maior qualidade

Redução de perdas por produtos defeituosos durante

a produção

Redução da perda de ativos durante o transporte

Redução da perda de mercadorias por

obsolescência, vencimento da validade, ou

passagem da estação.

TOTAL

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 133

Agora estime a divisão dos investimentos e benefícios totais ao longo do período de tempo para

análise (Não é necessário utilizar 10 anos, o período pode ser de 3 ou 5 anos, por exemplo).

Período 0 1 2 3 4 5

Investimentos (- R$)

Ganhos (+ R$)

Período 6 7 8 9 10

Investimentos (- R$)

Ganhos (+ R$)

Determine o custo de capital do projeto

Porcentagem de débito no investimento (%D):_______

Porcentagem de capital próprio no investimento(%E):_______

Taxa de juros sobre o débito (RD):_______

Retorno sobre o capital próprio (RE):_______

Porcentagem de impostos sobre o faturamento pagos pela empresa (T):_______

Utilizando a seguinte fórmula, estime o custo de capital (k) do projeto: k:_______

( )

Utilizando a seguinte fórmula, calcule o valor presente (VP) de todos os investimentos e ganhos em

cada período (t), e some os resultados:

( )

Investimentos totais (VP):_________________________

Ganhos totais (VP):______________________________

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 134

Utilizando a seguinte fórmula, calcule o valor do retorno sobre investimento do projeto de ação do

sistema RFId:

( ) ( )

( )

ROI:__________

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 135

APÊNDICE C – FORMULÁRIO COMPILADO

Nesta seção é apresentado o formulário compilado com dados de entrada e resultados, o

qual foi utilizado para a elaboração do estudo de caso exposto na seção V.3.

O nome da empresa e do responsável por compilar o formulário foram omitidos

intencionalmente.

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 136

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 137

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 138

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 139

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 140

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 141

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 142

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 143

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 144

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 145

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 146

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 147

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SISTEMAS RFID 148