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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
João Paulo Corrêa Barros
Efeitos do condicionamento ácido na descontaminação da
superfície radicular e no recobrimento radicular: a nálise em MEV e
estudo clínico randomizado ..
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU Bauru
2013
João Paulo Corrêa Barros
Efeitos do condicionamento ácido na descontaminação da
superfície radicular e no recobrimento radicular: a nálise em MEV e
estudo clínico randomizado.
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Odontológicas Aplicadas,na área de concentração reabilitação Oral linha de pesquisa Periodontia. Orientadora: Profª. Drª. Adriana C Passanezi Sant’Ana
Bauru
2013
FICHA TÉCNICA
João Paulo Corrêa Barros: texto, coleta dos dentes, tratamento das superfícies radiculares, preparo das amostras, obtenção das fotomicrografias, realização das cirurgias e controle pós-operatório. Adriana C. PassaneziSant’Ana: concepção, avaliação das imagens, estatística, orientação. HomaZadeh: supervisão da obtenção das fotomicrografias obtidas na Universityof Southern California, Los Angeles, CA, EUA Larissa Pessoa: controles pós-operatórios. IvâniaKomatsu da Costa Arruda: apoio técnico. Edmauro de Andrade: apoio técnico.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
R. Al.Dr. Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75 Caixa Postal: 73 17012-901 Bauru/SP – Brasil PABX (014) 3235-8000 – FAX (014) 3223-4679 Prof. Dr. João Grandino Rodas – Reitor da USP Prof. Dr. José Carlos Pereira – Diretor da FOB - USP
Barros, João Paulo Corrêa
B278e Efeitos do condicionamento ácido na descontaminação da superfície radicular e no
recobrimento radicular: análise em MEV e estudo clínico randomizado/ João Paulo
Corrêa Barros. – Bauru, 2013.
152p.: il ; 30cm
Dissertação de Mestrado em Ciências Odontológicas Aplicadas – área de concentração
Reabilitação Oral linha de pesquisa Periodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru.
Universidade de São Paulo.
Orientadora: Profª. Drª. Adriana Campos Passanezi Sant’Ana
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de
Bauru, Universidade de São Paulo, em Reunião realizada em 28 de abril de 2011 (Proc. CEP
n018/2010.
FOLHA DE APROVAÇÃO
DADOS CURRICULARES
JOÃO PAULO CORREA BARROS
Nascimento 14 de novembro de 1986
Naturalidade São Paulo – SP
Filiação Carlos Roberto Barros e
Maria Isabel Correa Barros
2007-2010 Curso de Odontologia – Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de São
Paulo – Bauru – SP
2008 – 2010 Bolsista no Programa de Educação Tutorial
pertencente à secretaria de ensino Superior
(SESu – MEC)
2010-2013 Especalização em Prótese Dentária pela
FUNBEO em parceria com a Faculdade de
Odontologia de Bauru –USP.
2011 – 2013 Mestrado em Ciências Odontológicas Aplicadas,
área de concentração em Reabilitação Oral linha
de pesquisa Periodontia. Bolsista da FAPESP.
2012-2012 Bolsista do programa de Estágio em Pesquisa no
Exterior da FAPESP, realizado junto à Disciplina
de Periodontia da University of Southern
California, sob a supervisão do Prof. Dr. Homma
Zadeh.
Dedicatória
DEDICATÓRIA
Ao meu pai Carlos Roberto Barros que sempre foi presente em toda
minha vida. O típico pai “coruja”, pois ama incondicionalmente seus
filhos! Como sempre te disse me espelho em você, pela sua coragem,
disposição e garra! Você é um exemplo de vencedor! Te amo!
A minha mãe Maria Isabel Corrêa Barros, pelo amor e carinho. Um
exemplo de determinação, e acredita que o principal objetivo da vida
é ser feliz! Estou buscando isso. Obrigado por deixar eu sempre
realizar meus sonhos! Te amo!
A todos que querem o meu sucesso pessoal e profissional.
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus pelas oportunidades que são dadas em minha vida,
principalmente por conhecer novas pessoas e lugares interessantes, mas também por
ter vivido fases difíceis, que foram matérias-primas de aprendizado. Obrigado por
todas as conquistas e vitórias.
Não posso deixar de agradecer aos meus pais Carlos Roberto Barros e Maria
Isabel Corrêa Barros, por terem me fornecido condições e educação para me tornar o
profissional e homem que sou. Lembro como se fosse ontem o dia que decidi que iria
sair de casa para estudar. Um final de semana na casa de um amigo do interior fez
com que eu mudasse completamente o andar da minha vida. Seis anos se passaram
desde esse dia. Sei que a opção pelo Campus de São Paulo iria nos economizar
bastante dinheiro e não teria de deixar a comodidade e a convivência com vocês.
Mas vocês sabem como eu sou, gosto de desafios e de experiências novas, desta
forma logo me apoiaram nesta decisão. Vocês são os responsáveis por eu estar aqui
hoje finalizando mais uma etapa em minha vida! Muito obrigado por toda a atenção
financeira, e principalmente pelo carinho e a certeza de sempre ser muito bem
recebido em nossa casa. Amo muito vocês!
Ao meu irmão, Eduardo Augusto Corrêa Barros, por sempre estar ao meu lado
ajudando em todas as situações e decisões em minha vida. Uma pessoa muito
determinada e responsável que merece toda a felicidade do mundo. Seus conselhos
são fundamentais. Dú, estamos sempre juntos!
Aos meus avós, tios e primos tão queridos que me fazem uma falta imensa!
Mesmo com a distância nunca senti que deixei de fazer parte das comemorações e
encontros de vocês, devido aos inúmeros telefonemas e recados! Obrigado por todo o
carinho de vocês.
À minha namorada Larissa Borges Bressane por ser essa pessoa tão
companheira, carinhosa e compreensiva! Como já te digo todos os dias, você foi o
melhor presente que ganhei nestes dois anos de mestrado! Quem diria que a menina
que morava no meu prédio, que trocavamos somente breves conversas de elevador
iria se tornar essa pessoa tão importante e essencial na minha vida! Nossos planos e
sonhos são intermináveis e tenho certeza que vamos realizar cada um deles! Obrigado
por todos momentos maravilhosos que estamos vivendo juntos e por toda ajuda, em
conselhos, na confecção desta dissertação! Eu não tenho nenhuma dúvida com relação
ao nosso sentimento!
Te amo muito!
À Professora Doutora Adriana Campos Passanezi Santana, por todo seu
conhecimento, paciência e acima de tudo pela sua amizade. Desde a minha graduação
temos um convício muito bom, sempre com muito respeito e admiração. Sinto que a
senhora almeja o melhor para mim, me aconselhando em dúvidas e muitas vezes até
ouvindo problemas pessoais! Vejo em você uma pessoa muito inspiradora, pois com
tantos afazeres e muitos orientados nunca perde a cabeça e sempre está disposta a
ajudar quando nós, pós-graduandos, estamos perdidos. É dona de uma experiência
emocional admirável, que me inspirou nas inúmeras vezes que necessitei manter a
calma e a persistência ao longo do curso de mestrado. Tenho muito a agradecer à
senhora pela finalização desta dissertação, pela orientação nesta pesquisa com a
maior dedicação e pela forma clara e objetiva de transmitir o seu conhecimento.
Obrigado por tudo!
Aos Professores Doutores Sebastião Luiz Aguiar Greghi, Maria Lúcia Rubo de
Rezende, Euloir Passanezi e Carla Andreotti Damante por todos os ensinamentos, pelo
convívio diário que tivemos, pela amizade, apoio e pela grande bagagem de
ensinamentos que me foi passada durante a graduação e pós-graduação, que me fez
crescer muito profissionalmente.
Ao Professor Doutor Renato de Freitas por toda a ajuda e amizade desde minha
graduação. Através dos seus ensinamentos você me fez abrir os olhos para a
realidade do mercado de trabalho e a aprender muito do que sei de prótese hoje em
dia. Obrigado pelas portas sempre abertas.
Aos pós-graduandos Fabíola, Paula, Alejandra, Adelina, Emilia, Roberta, Samira,
Jorge, Larissa, Mônica e Bruna, que me ajudaram muito na confecção desta pesquisa.
Eu e a minha busca por casos de recobrimento radicular com necessidade de enxerto
de conjuntivo deixei todo mundo meio doido! Sempre admirei o respeito e o
companheirismo que todos vocês têm comigo. Sempre, desta forma, um ajudando o
outro iremos muito longe! Só desejo sucesso a cada um de vocês. Obrigado pela
paciência, disponibilidade e pelos ensinamentos.
À querida amiga Ivânia, por toda ajuda com as fichas e seleção de pacientes e
além de tudo pela paciência e amizade! Não faço idéia de quantas vezes já ficamos
batendo papo neste departamento... Você é uma pessoa muito querida por mim e todos
desta disciplina! Espero ainda conviver bastante com você!
À também uma grande amiga Edilaine, pela ajuda com os pacientes nesta
longa jornada de cirurgias. Admiro muito você pela sua garra e disposição em busca
de conhecimento. Te desejo muito sucesso profissional e pessoal.
À funcionária e amiga Denise alegria, pela sincera amizade de anos! Você é
uma pessoa especial, impossível de não admirar! Você tem um coração enorme!
Ao Marcos Godoy pelo convívio diário. Parabéns por sua iniciativa de
participar diversas vezes do projeto Rondônia. Todo bem que você esta fazendo para
essas pessoas carentes tenho certeza que Deus dará o dobro para você e sua família.
Ao Prof. Dr. Carlos Ferreira dos Santos, que sempre me incentivou e ajudou
muito nas realizações dos meus sonhos. Foi meu orientador na graduação do PET e
hoje ainda continua me ajudando em diversas decisões. Como já te disse muitas
vezes, além de um orientador o senhor é meu amigo. Uma pessoa muito sincera que
estimula seus alunos a buscarem seus objetivos profissionais e pessoais! Sempre serei
muito grato ao senhor! Minha admiração só cresce devido aos seus atos e atitudes.
Ao Prof. Homma Zadeh e a doutoranda Sahar que fizeram com que eu me sentisse
muito confortável em Los Angeles. Espero ainda retribuir toda essa ajuda e
hospitalidade que vocês me deram.
Aos meus amigos Denis Tognolli, Marcelo Vitoriano, Carlos Bueno e Adriano Brust por
todos os momentos maravilhosos que passamos nestes dois anos morando juntos!
Muitas risadas, pagodes e churrascos! Obrigado por ajudar a fazer com que mais esse
dois anos em Bauru fossem tão agradáveis! Vocês são parte da minha família de
Bauru. Espero sempre encontrar pessoas boas como vocês em meu caminho.
Adriano Brust, meu querido amigo, eu preciso fazer um agradecimento especial
à você! Foram quase dois anos de amizade e convívio. Você trouxe uma alegria
imensa para nosso grupo com seu jeitinho de dançar seu pagode, seu sorriso enorme e
o carisma sincero e admirado por todos. A vida como muitos dizem é uma caixinha
de surpresas e infelizmente você teve que deixar nossa republica “luxuosa” e ir para
o céu! Se existir realmente anjos, não há duvidas que você se tornou um. Estamos
Sentimos muito sua falta e tenho certeza que sempre sentiremos, pois sua presença
era marcante e por isso todos te queriam ao redor. As amizades sinceram se
etermizam, meu amigo! Fique sempre com Deus! Te amamos!
Aos meus amigos da XLVI, principalmente aos que estavam sempre comigo
nestes dois anos, Thiago Lima (Nóia), Thales Pinto, Bruno Guimarães (Tomate),
Vinicius (sarna), Maria Fernada Madeira (Baba), Vanessa Dreibi (Tchula), Camila
Massaro (Kika), Camila Libardi (Corneta), Mariana Ferreira (Mentira), Kel, Fran, pela a
amizade e companherismo! Os momentos que passamos juntos nos quatro anos de
graduação fizeram com que nossa amizade se fortalecesse, e hoje em dia, mesmo com
cada um seguindo seus caminhos, a amizade é a mesma! É como dizem, a amizade
que fazemos na graduação dura para sempre! Fico muito feliz de ver vocês crescendo
profissionalmente e pessoalmente!
À minha grande amiga irmã, Marilia Bianca (Mabi). Quero te agradecer por
mesmo eu sumindo e muitas vezes deixando de te visitar quando ia para São Paulo
você ter continuado a me ligar mesmo que fosse para me xingar, pois sentia saudade
ou para contar alguma novidade. Somos amigos desde criança e com certeza essa
amizade continuará para sempre.
À todos os alunos de graduação que tive o prazer de conviver durante estes
anos. Obrigado por acreditar e confiar em mim. Espero ter conseguido ensiná-los um
pouco, e tenham certeza que aprendi muito com vocês.
À todos os pacientes que atendi, pois somente através deles pude crescer
profissional e humanamente.
Agradeço à Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo,
na pessoa do seu diretor Prof. Dr. José Carlos Pereira, pelo apoio institucional.
Agradeço imensamente à Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo pelo
apoio financeiro através da bolsa de mestrado.
“You tell me, and I forget. You teach me, and I rem ember. You involve me, and I
learn.”
Benjamin Franklin
Resumo
RESUMO
O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos do condicionamento radicular
em diferentes tempos de aplicação na descontaminação das superfícies radiculares
in vitro e avaliar seus efeitos no recobrimento radicular em seres humanos. Para o
estudo in vitro, 132 fragmentos radiculares foram divididos em 11 grupos (n=12), de
acordo com o tratamento: AF180– Raspagem e Alisamento Radicular (RAR) +
aplicação de ácido fosfórico (AF) por 180 segundos; AF90– RAR + AF por 90
segundos; EDTA180 – RAR + EDTA por 180 segundos; EDTA90 – RAR + EDTA por
90 segundos; ACT180 – RAR + ácido cítrico associado à tetraciclina (AC+T) por 180
segundos; ACT90 – RAR + [AC+T] por 90 segundos; AC180– RAR + ácido cítrico
(AC) por 180 segundos; AC90– RAR + AC por 90 segundos; T180– RAR +
Tetraciclina ácida (T) por 180 segundos; T90– RAR + T por 90 segundos; Controle –
RAR. Os fragmentos foram analisados por meio de microscopia eletrônica de
varredura para determinar o grau de descontaminação da superfície radicular, de
acordo com os índices de rugosidade superficial (IRS), cálculo residual (ICR), perda
de substância dentária (IPSD), presença de restos teciduais (IPRT) e remoção da
smear layer (IRSL). Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente pelo
método de Kruskal-Wallis. No estudo clínico randomizado, 27 pacientes com idade
variável entre 23 e 60 anos (39,9 ± 13,22 anos), de ambos os sexos, apresentando
recessão gengival classes I ou II de Miller, foram aleatoriamente alocados em três
diferentes grupos para avaliar os efeitos do condicionamento ácido no recobrimento
radicular: G180- aplicação de ácido cítrico associado à tetraciclina (ACT) durante 3
minutos após RAR (n= 20 sítios); G90- aplicação de ACT durante 90 segundos após
RAR (n= 20 sítios); G0- RAR (n= 20 sítios). Todos os sítios foram tratados por meio
de enxerto de tecido conjuntivo subepitelial. As medidas de profundidade de
sondagem (PS), nível de inserção clínica (NIC), altura da recessão (AR), quantidade
de gengiva ceratinizada (GC), índice de sangramento à sondagem (ISS) e índice de
placa (IPl) foram investigadas nos exames inicial e pós-operatórios de 1, 3, 6 e 12
meses. Os pacientes responderam a questionário para determinar a intensidade da
sensibilidade radicular segundo escala de dor variável de 0 (ausente) a 10 (máximo
de dor) no exame inicial, aos 7 e 14 dias, 1, 3, 6 e 12 meses pós-operatórios. O
grupo controle apresentou os maiores índices de rugosidade superficial (2,0 ± 1,02)
e remoção da smear layer (3,83 ± 1,19), enquanto que o grupo EDTA180 apresentou
os menores índices de cálculo residual (1,33 ± 0,63), IPSD (1,0 ± 0,0), IPRT (1,08 ±
0,28) e IRSL (1,08 ± 0,28). Não houve diferença estatisticamente significante (p>
0.05) entre os grupos EDTA180, EDTA 90, AC90, AC180, ACT90 e ACT180 em
todos os índices investigados. No estudo clínico, observou-se ganho significante (p<
0.0001) de inserção clínica, redução da altura da recessão e aumento da faixa de
gengiva ceratinizada em todos os grupos, sem alteração significante da
profundidade de sondagem (p> 0.05). O percentual médio de recobrimento radicular
foi maior no G180 (59,58% ± 34,76%), porém sem diferenças significantes (p= 0.31)
em relação aos grupos G90 (52,12% ± 30,98%) e G0 (40,87% ± 36,96%). Houve
maior redução média da recessão no G90 (1,95 ± 1,27) do que no grupo controle
(0,95 ± 1,05), porém sem diferenças significantes (p> 0.05) em relação ao G180
(1,20 ± 0,69). Observou-se maior quantidade de GC nos grupos G90 (3,50 ± 1,90) e
G180 (4,05 ± 0,44) após 12 meses, com diferenças estatisticamente significantes
(p=0.0018) em relação ao G0 (2,0 ± 1,41). Houve redução significante da
sensibilidade radicular em todos os grupos (p< 0.0001), sem diferenças entre os
grupos (p> 0.05). Esses achados sugerem que o uso de condicionamento da
superfície radicular favorece o aumento da faixa de gengiva ceratinizada e a redução
da recessão, com diminuição da sensibilidade radicular. Dentre os diferentes tipos
de agentes condicionantes investigados, os melhores resultados foram observados
com EDTA a 24%, AC pH 1,0 e ACT, podendo ser empregados pelos períodos de 90
segundos ou 3 minutos.
PALAVRAS-CHAVE: condicionamento ácido; superfície radicular; descontaminação;
hipersensibilidade dentinária; recobrimento radicular.
Abstract
ABSTRACT
Effects of acid conditioning in root surface decont amination and in root coverage: analysis by SEM and randomized clinical t rial.
The aim of this study was to investigate the effects of root conditioning in different
periods of time in decontamination of root surfaces in vitro and to evaluate the effects
in root coverage in humans. For the in vitro study, 132 root fragments were separated
in 11 groups, according to treatment: PA180– scaling and root planing (SRP) +
phosphoric acid (PA) application for 180 seconds; PA90– SRP + PA application for
90 seconds; EDTA180– SRP + EDTA application for 180 seconds; EDTA90– SRP +
EDTA application for 90 seconds; ACT180– SRP + citric acid associated to
tetracycline (ACT) for 180 seconds; ACT90– SRP + ACT for 90 seconds; AC180–
SRP + citric acid (CA) for 180 seconds; AC90– SRP + CA for 90 seconds; T180–
SRP + acid tetracycline (T) for 180 seconds, T90– SRP + T for 90 seconds; Control –
SRP. Fragments were analysed by scanning electron microscopy to determine the
degree of root surface decontamination, according to surface rugosity index (SRI),
residual calculus index (RCI), loss of tooth substance index (LTSI), presence of
tissue remnants index (PTRI) and removal of smear layer index (RSLI). The results
obtained were statistically analysed according to Kruskal Wallis method. At the
randomized clinical trial, 27 patients aged 23-60 years (39,9 ± 13,22 years), both
genders, presenting Miller’s class I or II recessions, were randomly allocated into one
of the following groups to investigate the effects of acid conditioning in root coverage:
G180- application of citric acid associated to tetracycline (ACT) for 3 minutes after
SRP(n= 20 sites); G90- application of ACT for 90 seconds after SRP (n= 20 sites);
G0- RAR (n= 20 sites).All sites were treated by subepithelial connective tissue graft.
Probing depth (PD), clinical attachment level (CAL), recession heigth (RH), width of
keratinized gingiva (KGW), sulcular bleeding index and plaque index were
investigated at baseline and at 1, 3, 6 and 12 months postoperative. Patients have
answered a questionnaire to determine the intensity of hypersensitivity according to a
pain scale varying from 0 (absent) to 10 (highest pain) at baseline and 7 and 14
days, 1, 3, 6 and 12 months postoperative. Control group showed the highest RSI
(2.0 ± 1.02) and RSLI (3.83 ± 1.19), while EDTA180 showed the lowest RCI (1.33 ±
0.63), LTSI (1.0 ± 0.0), PTRI (1.08 ± 0.28) and RSLI (1.08 ± 0.28). No significant
differences (p> 0.05) were observed among EDTA180, EDTA90, AC90, AC180,
ACT90 and ACT180 at all investigated indexes. At randomized clinical trial, a
significant (p< 0.0001) gain of attachment level, reduction of recession height and
increase in keratinized gingiva width in all groups, along with no significant alteration
in PD (p> 0.05).The mean percentage of root coverage was greater at G180 (59.58%
± 34.76%), but with no significant differences (p= 0.31) when compared to G90
(52.12% ± 30.98%) and G0 (40.87% ± 36.96%). A higher mean reduction of
recession height was observed at G90 (1.95 ± 1.27) than at control group (0.95 ±
1.05), but with no significant differences (p> 0.05) when compared to G180 (1.20 ±
0.69). A wider keratinized gingiva was observed at G90 (3.50 ± 1.90) and G180 (4.05
± 0.44) after 12 months, with significant differences (p=0.0018) when compared to
G0 (2.0 ± 1.41). A significant reduction of hypersensitivity was observed at all groups
(p< 0.0001), with no differences among groups (p> 0.05). These findings suggest
that root conditioning favors an increase in keratinized gingiva width and reduction of
recession height, along with reduction of hypersensitivity. Among the different types
of conditioning agents, the best results were observed with 24% EDTA, CA pH 1.0
and ACT applied for 90 seconds or 3 minutes.
Keywords: acid conditioning; root surface; decontamination; hypersensitivity; root
coverage
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
- FIGURAS
Figura 1 - Esquema do seccionamento da coroa do dente extraído com broca diamantada tronco-cônica..................................... 61
Figura 2 - Esquema do seccionamento da raiz no sentido do longo-eixo com broca diamantada tronco-cônica ................................. 61
Figura 3 - Esquema do corte horizontal da raiz, localizado de 5 a 7mm apicalmente à área cervical, resultando na obtenção do corpo de prova de formato trapezoidal ............................ 61
Figura 4 - Diagrama de fluxo da seleção e alocação da amostra ......................... 68
Figura 5 - Fotografia frontal de canino apresentando recessão marginal, ilustrando a medida da altura da recessão (AR) e comprimento da faixa de gengiva ceratinizada (GC) ..................................................................................................... 71
Figura 6 - Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares tratados com ácido fosfórico a 37% durante 90 segundos (A e B) e 180 segundos (C e D) após a raspagem .............................................. 79
Figura 7 - Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares tratados com solução de EDTA a 24% durante 90 segundos (A e B) e 180 segundos (C e D) após a raspagem .............................................. 81
Figura 8 - Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares tratados com solução de ácido cítrico pH 1.0 e tetraciclina a 50% durante 90 segundos (A e B) e 180 segundos (C e D) após a raspagem .................................................................................. 83
Figura 9 - Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares tratados com solução de ácido cítrico 50%pH 1.0 durante 90 segundos (A e B) e 180 segundos (C e D) após a raspagem ............................................................................................. 85
Figura 10 - Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares tratados com tetraciclina acida 50% durante 90 segundos (A e B) e 180 segundos (C e D) após a raspagem .............................................. 87
Figura 11 - Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares do grupo controle, tratados por meio de raspagem e alisamento radicular (Figuras A a D) ..................................................................................... 89
Figura 12 - Porcentagem média ± desvio-padrão de recobrimento radicular após 12 meses de acompanhamento nos grupos G0, G90 e G180 ..................................................................... 104
Figura 13 - Variação da recessão (recessão inicial – recessão final) observada nos grupos G0, G90 e G180 ............................................. 104
- GRÁFICOS
Gráfico 1 - Índice de Rugosidade Superficial (IRS) observado nos diferentes grupos experimentais .......................................................... 92
Gráfico 2 - Índice de Cálculo Residual (ICR) observado nos diferentes grupos experimentais .......................................................... 94
Gráfico 3 - Índice de Perda de Substância Dentária (IPSD) observado nos diferentes grupos experimentais .................................. 96
Gráfico 4 - Índice da Presença de Restos Teciduais (IPRT) observado nos diferentes grupos experimentais .................................. 98
Gráfico 5 - Índice de Remoção da smear layer (IRSL) observado nos diferentes grupos experimentais .................................................. 100
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Parâmetros periodontais clínicos investigados no exame inicial (baseline) e nos diferentes períodos pós-operatórios ......................................................................................... 103
Tabela 2 - Escala de dor relatada pelos pacientes no exame inicial e nos diferentes períodos pós-operatórios para os grupos G0, G90 e G180 ..................................................................... 105
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 25
2 REVISTA DE LITERATURA .......................... .............................................. 31
2.1 Condicionamento ácido das superfícies radiculares: bases
científicas ...................................................................................................... 33
2.2 Ácido cítrico .................................................................................................. 37
2.3 Tetraciclina HCl ............................................................................................ 42
2.4 Solução de EDTA ......................................................................................... 45
2.5 Ácido fosfórico a 37% ................................................................................... 48
2.6 Ácido cítrico associado à tetraciclina ............................................................ 48
2.7 Efeitos adversos da biomodificação das superfícies
radiculares com agentes condicionadores ácidos ou
quelantes ...................................................................................................... 49
2.8 Efeitos clínicos da aplicação de diferentes agentes
condicionadores da superfície radicular ....................................................... 50
3 PROPOSIÇÃO ............................................................................................. 53
4 MATERIAL E MÉTODOS ............................. ................................................ 57
4.1 Efeitos do condicionamento ácido na descontaminação da
superfície radicular: análise em microscopia eletrônica de
varredura (MEV) ........................................................................................... 59
4.1.1 Obtenção das amostras ................................................................................ 59
4.1.2 Grupos de tratamento ................................................................................... 62
4.1.3 Preparo dos fragmentos para microscopia eletrônica de
varredura (MEV) ........................................................................................... 62
4.1.4 Avaliação das fotomicrografias de MEV ....................................................... 63
4.1.5 Parâmetros de análise da descontaminação radicular ................................. 63
4.1.5.1 Índice de rugosidade superficial ................................................................... 64
4.1.5.2 Índice de cálculo residual.............................................................................. 64
4.1.5.3 Índice da perda de substância dentária ........................................................ 65
4.1.5.4 Índice da presença de restos teciduais ......................................................... 65
4.1.5.5 Índice de remoção da ‘smear layer’ .............................................................. 66
4.1.6 Análise estatística ......................................................................................... 66
4.2 Efeitos do condicionamento ácido no recobrimento radicular:
estudo clínico randomizado .......................................................................... 67
4.2.1 Alocação e seleção da amostra .................................................................... 67
4.2.2 Preparo inicial ............................................................................................... 67
4.2.3 Braços do estudo .......................................................................................... 68
4.2.4 Recobrimento radicular por meio da técnica de enxerto de
tecido conjuntivo subepitelial ........................................................................ 69
4.2.5 Parâmetros de avaliação clínica ................................................................... 70
4.3 Avaliação qualitativa da hipersensibilidade dentinária .................................. 71
4.3.1 Análise estatística ......................................................................................... 71
5 RESULTADOS ..................................... ........................................................ 73
5.1 Estudo em MEV ............................................................................................ 75
5.1.1 Análise descritiva das fotomicrografias ......................................................... 75
5.1.2 Análise comparativa dos efeitos dos diferentes agentes
condicionantes aplicados por 90 e 180 segundos na
descontaminação radicular ........................................................................... 91
5.2 Estudo clínico randomizado ........................................................................ 101
6 DISCUSSÃO .............................................................................................. 107
6.1 Estudo em MEV .......................................................................................... 110
6.2 Estudo clínico randomizado ........................................................................ 116
7 CONCLUSÕES .......................................................................................... 123
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 127
ANEXOS..................................................................................................... 147
Introdução
Introdução 27
1 INTRODUÇÃO
O tratamento mecânico das superfícies radiculares periodontalmente
comprometidas por meio de raspagem e alisamento radicular é considerado como o
método fundamental para a eliminação de placa e cálculo e obtenção de superfície
lisa e dura (RYLANDER; LINDHE, 1999), compatível com a adesão de células e
fibras de tecido conjuntivo, resultando em nova inserção periodontal (PITARU;
MELCHER, 1987).
No entanto, nenhum procedimento mecânico das superfícies radiculares, seja
por meio do emprego de curetas Gracey seja por meio de ultrassom,é 100% eficaz
na remoção dos depósitos de placa, cálculo e cemento contaminado da superfície
radicular (ADRIAENS; ADRIAENS, 2004; WAERHAUG, 1978; RABBANIET al.,
1981; GELLIN et al., 1986), especialmente em áreas de bolsas >5 mm.
A raspagem e alisamento radicular deixa sobre a superfície radicular restos
teciduais calcificados ou não, formando uma camada denominada ‘smear layer’ ou
camada de indutos. Esta camada é composta por pequenas partículas de matriz
colágena mineralizada (PASHLEY, 1984) cuja presença pode ser um barreira física
ao desenvolvimento de nova inserção conjuntiva à superfície radicular (POLSON;
FREDERICK; LADENHEIM; HANES, 1984).
Sendo assim, a biomodificação da superfície radicular por meio do emprego
de métodos químicos foi proposta como complemento ao tratamento mecânico,
visando maior descontaminação da superfície radicular comprometida pelo processo
de doença periodontal (REGISTER, 1973; REGISTER; BURDICK, 1975).
Dentre os benefícios do condicionamento químico das superfícies radiculares,
destacam-se a remoção da camada de indutos, desobliteração dos túbulos
dentinários, exposição de colágeno, estímulo à cementogênese e osteogênese,
descontaminação radicular, atividade antimicrobiana, adesão de células
mesenquimais e inibição da migração apical do epitélio juncional (DALY, 1982; FINE
et al., 1980; GARRET et al., 1980; POLSON; PROYER, 1982; POLSON; CATON,
1982; POLSON et al., 1984; REGISTER; BURDICK, 1976; BOYKO et al., 1980).
Esses efeitos benéficos foram descritos inicialmente para o ácido cítrico, mas
podem também ser observados com outros agentes condicionadores, como solução
28 Introdução
de EDTA a 24% (BLOMLOF; LINDSKOG, 1995a,b,c; BLOMLOF, 1996; BLOMLOF et
al., 1996a,b; MAYFELD et al., 1998; BLOMLOF et al., 2000a,b; SCELZA et al., 2004) e
tetraciclina hidroclorídrica (BAKER, 1983; GOLUB et al., 1984; CIARLONE et al.,
1989; WIKESJO et al., 1986; TERRANOVA et al., 1986; TERRANOVA; WIKESJO,
1988; LAFFERTY et al., 1993; STERRET, 1997; ISIK et al., 2000; SHETTY et al.,
2008).
A eficácia desses agentes depende de uma série de variáveis, incluindo tipo
de ácido, pH, forma e tempo de aplicação. Register e Bürdick (1975) demonstraram
que atividade ótima de desmineralização, com indução da cementogênese, depende
do tempo de aplicação do ácido em função do pH.
Alguns efeitos negativos têm sido descritos com o uso de agentes
condicionantes da superfície radicular, incluindo desmineralização da superfície
dentária com remoção de matriz orgânica, modificando a ultraestrutura do cemento e
da dentina (BLOMLOF; LINDSKOG, 1995), necrose tecidual retardando o processo
de cura das feridas (BLOMLOF; LINDSKOG, 1995), necrose pulpar e formação de
abscesso em animais (RYAN et al., 1984) e reabsorção externa em seres humanos
(CIZZA; MIGUES, 2010; NE et al., 1999; BEM-YEHOUDA, 1997; CURY et al., 2005;
CARNIO et al., 2002).
Adicionalmente, algumas controvérsias quanto ao benefício do uso do ácido
na terapia periodontal são observadas na literatura. Estudos in vitro sugeriram que a
desmineralização das superfícies radiculares favorece a adesão do coágulo
(WIKESJO et al., 1992; BAKER et al., 2000), favorecendo a nova inserção conjuntiva
e a diferenciação de células mesenquimais (REGISTER; BURDICK, 1975; SELVIG
et al., 1981; FARDAL; LOWENBERG, 1990; POLSON; PROYE, 1982; POLSON et
al., 1984; ZAMAN et al., 2000) em estudos realizados em animais e seres humanos.
Porém, outros estudos sugeriram que o condicionamento ácido não tem efeito
benéfico ou adicional no desenvolvimento de regeneração periodontal ou nova
inserção conjuntiva (THEODORO et al., 2010; ZANDIM et al., 2012), podendo ainda
retardar a cicatrização da ferida e a formação de cemento (AUKHIL et al., 1986).
Frente à importância do condicionamento das superfícies radiculares na
descontaminação da superfície radicular, o atraso na migração apical das células
epiteliais e o favorecimento da adesão do coágulo na regeneração dos tecidos
periodontais (POLSON; CATON, 1982; POLSON et al., 1984), bem como as atuais
controvérsias quanto ao benefício do uso do ácido na regeneração periodontal e
Introdução 29
reparação de defeitos de deiscência, tipo de ácido a ser empregado, tempo e forma
de aplicação e possíveis complicações, é necessário investigar os efeitos dos ácidos
e agentes quelantes atualmente disponíveis comercialmente na descontaminação
radicular e seu papel adjunto à terapia periodontal cirúrgica em diferentes tempos de
aplicação, visando reduzir possíveis efeitos indesejáveis, como necrose tecidual,
retardo na cicatrização, necrose pulpar e hipersensibilidade dentinária.
Revista de Literatura
Revista de Literatura 33
2 REVISTA DE LITERATURA
2.1 Condicionamento ácido das superfícies radicular es: bases científicas
Hatfield & Baumhammers (1971) observaram que a superfície radicular de
dentes periodontalmente comprometidos é biologicamente incompatível. A camada
de indutos formada durante a instrumentação mecânica das superfícies radiculares
pode agir como barreira física ao desenvolvimento de inserção de células e fibras à
superfície radicular (NALBADIAN; COTE, 1982; HANES; POLSON, 1989;
ANDERSON et al., 1996).
Aleo et al. (1974, 1975), utilizando ensaio do lisado de limulus, demonstraram
que as superfícies radiculares periodontalmente comprometidas continham
endotoxinas bacterianas capazes de suprimir o crescimento de fibroblastos in vitro.
As endotoxinas foram removidas das superfícies radiculares com solução de fenol e
água e foram resistentes ao processo de autoclavagem, sendo responsáveis pela
incompatibilidade biológica das superfícies radiculares. Dentes não irrompidos não
apresentam quantidade significativa de endotoxinas bacterianas e são compatíveis
com a adesão e crescimento de células in vitro, ao passo que dentes extraídos por
razões periodontais não mostraram adesão e crescimento celular sobre a superfície
radicular in vitro. Dentes periodontal comprometidos extraídos e submetidos a
processo de remoção de remoção das endotoxinas bacterianas da superfície
radicular mostraram adesão e crescimento de células sobre sua superfície, de forma
semelhante aos dentes não contaminados.
A camada de cemento exposta ao biofilme bacteriano pode sofrer um
processo de desmineralização por enzimas ácidas secretadas pelas bactérias e pelo
próprio hospedeiro. A superfície de dentes expostos ao biofilme bacteriano pode
apresentar lacunas de reabsorção, as quais contêm em seu interior grande
quantidade de bactérias capazes de invadir a estrutura dentária (ADRIAENS;
ADRIAENS, 2004). Essa camada pode posteriormente se tornar hipermineralizada
pela deposição de íons existentes na saliva e no fluido gengival (WIRTHLLIN et al.,
1979). Tanto a camada hipermineralizada quanto a superfície de cemento
contaminada são biologicamente incompatíveis. Adicionalmente, a superfície de
34 Revista de Literatura
cemento contaminada mostra a presença de bactérias em seu interior, penetrando
através dos túbulos dentinários (ADRIAENS; ADRIAENS, 2004) e podendo chegar
até a polpa dentária (ADRIAENS et al., 1988).
As endotoxinas bacterianas parecem ser responsáveis pela citotoxicidade da
superfície radicular, observando-se a formação de grânulos de lipídeos no interior do
cemento exposto ao biofilme bacteriano, embora áreas de cemento não exposto ao
biofilme bacteriano do mesmo dente não apresentassem a formação desses
grânulos, conforme proposto por Daly (1982), justificando a necessidade da
realização de raspagem e alisamento radicular mais rigorosa.
Diversos estudos mostram a efetividade da raspagem e alisamento radicular
através de diferentes métodos (LIE; MEYER, 1977; MEYER; LIE, 1977; JONES;
O`LEARY, 1978; NAGY; OTOMO-CORGEL; STAMBAUGH, 1992; RABBANI; ASH;
CAFFESSE’1981; POLSON; CATON, 1982) Em 1989, Brayer et al. investigaram a
importância da raspagem e alisamento radicular demonstrando diferenças
significativas entre grupos com ou sem esse procedimento. Já, Breininger, O`leary e
Blumenshire (1987) e Nishimine e O`Leary (1979) em estudos com a comparação da
raspagem e alisamento com ou sem o ultrassom, concluíram que o ultrassom
remove Smear Layer e ajuda a descontaminação radicular; porém não é tão eficaz
como realizar este procedimento com curetas de Gracey, confirmando os achados
de Jones, Lozdan e Boyde em 1972. Justo (2003) demonstrou em microscopia
eletrônica de varredura que superfícies radiculares periodontalmente comprometidas
apresentaram menor rugosidade superficial e quantidade de cálculo remanescente
quando foi realizada instrumentação manual, seguida de condicionamento ácido e
instrumentação manual novamente, sugerindo maior efetividade destes
procedimentos na descontaminação da superfície radicular.
Fontanari et al., em 2011, realizaram estudo in vitro comparando, com
microscopia eletrônica de varredura (SEM), o efeito da descontaminação da
superfície de raiz com condicionadores diferentes (1% e 25% de ácido cítrico, EDTA
24% e 50mg/mL de cloridrato de tetraciclina) em dentes impactados e em dentes
que tiveram suas raízes expostas ao meio bucal. Um examinador treinado avaliou as
micrografias usando um índice de modificação da superfície. Houve uma tendência
de maior modificação da superfície da raiz no grupo de dentes inclusos, sugerindo
que o grau de mineralização de raiz influencia a sua desmineralização química.
Revista de Literatura 35
A doença periodontal produz mudanças substanciais na superfície radicular,
que passa a ser chamada de “patologicamente exposta”.
A raiz normal é rica em colágeno, com fibras extrínsecas e intrínsecas que
foram uma conexão renovável ao osso alveolar adjacente. A inflamação mediada
pela presença da placa ou biofilme bacteriano destrói as fibras de Sharpey,
permitindo a migração apical do epitélio juncional ou do epitélio da bolsa. Assim, a
superfície radicular se torna exposta ao ambiente oral e da bolsa periodontal. Com a
perda de colágeno, a superfície se torna hipermineralizada. A placa e o cálculo
podem penetrar na dentina ou cemento das raízes (POLSON; CATON, 1982;
POLSON et al., 1984). Também pode acontecer processo de cárie e
descalcificação. Desta forma, a superfície radicular se torna inadequada à inserção
de fibras de tecido conjuntivo necessárias à regeneração periodontal.
Para avaliar quais fatores dificultam ou impedem a regeneração periodontal,
Polson e Caton (1982) investigaram se o suporte periodontal remanescente
influenciaria o processo regenerativo por diminuir a quantidade de células
progenitoras viáveis para a regeneração dos tecidos periodontais. Para tanto,
criaram defeitos periodontais em incisivos superiores de macacos até que metade do
suporte periodontal tivesse sido perdido.Em seguida, realizaram extração cuidadosa
do incisivo com doença periodontal induzida e do incisivo contíguo e realizaram o
transplante deste para o alvéolo reduzido e do dente doente para o alvéolo normal.
A análise histológica demonstrou que, quando o dente doente foi transplantado ao
alvéolo saudável houve migração apical do epitélio juncional, sem adesão de fibras
de tecido conjuntivo ou do ligamento periodontal à superfície radicular. Quando o
dente saudável foi transplantado ao alvéolo reduzido, houve reinserção de fibras à
superfície do cemento, evidenciando que a contaminação da superfície radicular é o
fator preponderante para o insucesso da terapia periodontal regenerativa.
Sendo assim, Proye e Polson (1982) passaram a investigar os efeitos da
biomodificação da superfície radicular na regeneração dos tecidos periodontais. Em
três diferentes grupos, 12 dentes foram extraídos e reimplantados, em seguida, no
seu próprio alvéolo (Grupo 1), 12 dentes foram extraídos e reimplantados após
raspagem e alisamento do terço coronal com curetas (Grupo 2) e outros 12 dentes
foram extraídos e reimplantados após raspagem e alisamento do terço coronal,
seguida de condicionamento com ácido cítrico pH 1.0. O tempo total decorrido entre
a extração e reimplantação dos dentes foi de 18 minutos para todos os grupos. A
36 Revista de Literatura
análise histológica realizada 1, 3, 7 e 21 dias após o tratamento demonstrou
inicialmente, para todos os grupos, a formação de coágulo aposto à superfície
radicular. Ao longo do experimento, os grupos 1 e 3 mostraram gradativa
substituição do colágeno por fibras de tecido conjuntivo aderidas à superfície
radicular, enquanto que o grupo 2, tratado apenas por raspagem do terço coronal e,
portanto, sem ligamento periodontal, mostrou degeneração do coágulo e invasão de
células epiteliais, sugerindo que a presença do ligamento periodontal na superfície
radicular possibilita a reinserção de fibras. A desnudação cirúrgica (remoção do
ligamento periodontal por meio de raspagem) resulta em migração apical do epitélio
juncional e ausência de reinserção, enquanto que a desmineralização ácida da
superfície radicular muda completamente o padrão de cura da ferida e resulta em
nova inserção conjuntiva.
Pitaru et al., em 1984, analisaram in vitro a adesão, migração e proliferação
de fibroblastos de gengiva humana em amostras de cemento, cemento
desmineralizado, dentina e dentina desmineralizada de suínos. Os resultados
obtidos mostraram que as células migraram e se aderiram à superfície dos
espécimes imediatamente após a semeadura, formando-se pontes celulares entre a
placa de Petri e os fragmentos nas primeiras 24 horas, aumentando nos demais
períodos de acompanhamento. As superfícies desmineralizadas foram
significativamente mais efetivas em estimular a adesão, migração e proliferação
celular, especialmente a dentina.
Wikesjö et al (1991) criaram defeitos tipo cavidade no rebordo desdentado de
cães beagle e implantaram nos mesmos fragmentos de dentina. Os resultados
mostraram que, 10 minutos após a colocação dos fragmentos, observou-se
precipitado granular de proteínas plasmáticas sobre as superfícies dentinárias.
Depois de 1 a 6 horas, houve formação de coágulo de fibrina ao redor de agregados
de células vermelhas na interface de dentina. Os espécimes obtidos após 3 dias
mostraram maior maturação do coágulo, com a presença de macrófagos e
fibroblastos. Aos 7 dias, os espécimes exibiam áreas de tecido conjuntivo em
substituição ao coágulo aderidos ou superpostos à superfície radicular, juntamente
com áreas de coágulo em decomposição. Esses estudos sugeriram, portanto, que o
coágulo nas fases iniciais da cicatrização é um evento crítico ao desenvolvimento de
regeneração periodontal.
Revista de Literatura 37
Também em 1991, Wikesjö et al. avaliaram novamente o papel do coágulo na
regeneração periodontal tratando espécimes de dentina com heparina diluída em
soro fisiológico. Os espécimes lavados com soro fisiológico apenas mostraram
reinserção de fibras de tecido conjuntivo à superfície radicular (95%) em defeitos
cirurgicamente criados (tipo deiscência) em pré-molares de cães beagle, enquanto
que áreas irrigadas com solução heparinizada mostraram menor reinserção de fibras
(50%), localizadas mais apicalmente, enquanto que a metade coronal mostrou
recessão tecidual marginal de aproximadamente 25% e formação de EJL em 25%.
Não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos em relação à
quantidade de neoformação óssea e de cemento. Esses estudos sugeriram que a
migração apical do epitélio juncional nas feridas cirúrgicas pode não ser espontânea,
mas decorrente da degradação da interface coágulo-superfície radicular, permitindo
a migração apical do EJ.
2.2 Ácido cítrico
Em 1973, Register avaliou se ocorria nova inserção, cementogênese e
osteogênese induzida por raízes desmineralizadas in vivo. Nas raízes de 21 dentes
de vários animais, a dentina foi cirurgicamente exposta. Utilizando o modelo de boca
dividida, a dentina em metade dos dentes foi tratada com HCl durante 15 minutos
enquanto que os dentes contralateriais receberam tratamento com solução de soro
fisiológico. A análise histológica demonstrou que os dentes tratados com ácido
mostraram reinserção de tecido conjuntivo à superfície radicular, com
cementogênese e osteogênese aceleradas. Os espécimes controles não mostraram
reinserção de tecido conjuntivo, cementogênese incompleta e pouca ou nenhuma
osteogênese.
Register e Burdick em 1975 avaliaram a capacidade de vários ácidos em
promover a formação de nova inserção conjuntiva, incluindo os ácidos
hidroclorídrico, láctico, fosfórico, tricloroacético e fórmico, observando melhores
resultados com o uso de ácido cítrico pH 1.0 por 2-3 minutos, produzindo reinserção
do retalho com cementogênese.
Posteriormente, em 1976, por meio de avaliação histológica para avaliar a
reinserção periodontal em cães após a utilização de ácido cítrico pH 1.0, observaram
38 Revista de Literatura
que os melhores resultados são obtidos com a aplicação por 2 minutos, com a
produção de pinos de cemento no interior dos túbulos dentinários alargados pela
desmineralização, reinserção de fibras e cementogênese.
Stahl, em 1977, foi um dos pioneros a publicar sobre a possibilidade da
utilização do condicionamento ácido sobre a raiz objetivando maior inserção e reparo
tecidual. Citou que este tratamento removeria endotoxinas bacterianas aderidas a
superfície radicular. Demonstraram também em diversas séries de cortes
histológicos de espécimes animais e humanos que, quando utilizado o ácido fenol e
HCl, escolhidos para esta pesquisa, houve a formação de epitélio juncional longo,
além de reinserção de fibras, que foi denominado de adesão conjuntiva.
Muitos estudos defendem o uso do ácido cítrico para descontaminação das
superfícies radiculares (LARJAVA et al.,1988; NALBADIAN; COTE, 1982; NILVEUS,
et al., 1980; PETTERSON; AUKHIL, 1986; POLSON; HANES, 1989; RIRIE;
CRIGGER; SELVIG, 1980; SELVIG et al., 1981). Segundo Garret, Crigger e
Egelberg, em 1978, a aplicação tópica de ácido cítrico à dentina produz uma zona
de desmineralização de 4µm de espessura, expondo fibras colágenas da dentina e
promovendo a abertura dos túbulos dentinários. Em estudo feito em cães com
defeitos de furca utilizando ácido cítrico para o tratamento destes defeitos, mostrou
resultados mais satisfatórios para os grupos que utilizaram este agente
condicionador (CRIGGER et al., 1978; HERITIER, 1982).
Posteriormente, Garret, et al. (1980) sugeriram que o condicionamento de
superfícies radiculares periodontalmente comprometidas com ácido cítrico pH 1.0
após a raspagem favorece a inserção de fibras à superfície radicular por meio de
fusão do novo colágeno formado às fibrilas dentinárias expostas.
Vários estudos clínicos são importantes para determinar o papel do ácido
cítrico no processo de cura das feridas periodontais. Um deles foi conduzido por
Renvert e Egelberg (1981), que encontraram ganho de inserção de 2.0mm nos sítios
condicionados contra 1.2mm nos sítios não condicionados.
Ririe, Crigger e Selvig (1987) descreveram a interface entre superfícies
radiculares denudas e o tecido conjuntivo por meio de microscopia eletrônica de
transmissão, após a criação de defeitos de deiscência tratados por meio da
aplicação de ácido cítrico. Depois de 2 semanas, a adesão das fibras à superfície
radicular foi descrita como interdigitação de fibrilas expostas na dentina
Revista de Literatura 39
desmineralizada com as fibras de tecido conjuntivo gengival e formação de novo
cemento após 42 dias.
Em 1980, Boyko, Brunette e Melcher examinaram a adesão de fibroblastos de
ligamento periodontal de porcos a superfícies radiculares obtidas do mesmo animal
parcialmente desmineralizadas com EDTA 0.5m, HCl 0.6n e ácido cítrico pH 1.0 por
3 e 60 minutos. A adesão das células a várias superfícies desmineralizadas e não
desmineralizadas foi determinada depois de 2 horas removendo as células com
tripsina e contando-as em hemocitômetro. Os resultados mostraram mais células
aderidas às superfícies desmineralizadas, sem diferenças entre os diferentes tipos
de ácidos utilizados.
Em 1982, Daly avaliou o efeito antibacteriano do ácido cítrico pH 1.0 aplicado
a superfícies radiculares com depósitos de placa. Após a exodontia, os dentes
foram lavados em solução salina e, em seguida, imersos em solução de ácido cítrico
por 3 minutos no grupo teste, enquanto que no grupo controle os dentes não
receberam tratamento ácido. Os dentes foram então incubados em meio de cultura
para bactérias anaeróbias e aeróbias. Os resultados obtidos demonstraram que o
ácido cítrico inibiu o crescimento de bactérias anaeróbias ou aeróbias,
provavelmente relacionado ao baixo pH, considerando-se que a alta concentração
de hidrogênio pode desnaturar componentes protéicos bacterianos. Esses achados
sugeriram que a aplicação clínica de solução de ácido cítrico pH 1.0 em dentes
periodontalmente envolvidos tratados cirurgicamente tem efeitos antimicrobianos
além daqueles anteriormente descritos.
No mesmo ano, Nalbandian e Cote realizaram comparações histológicas
diretas da cicatrização em cães beagle com e sem condicionamento de ácido cítrico
aplicado em defeitos de deiscência cirurgicamente criados. Os espécimes tratados
mostraram superior cementogênese ao controle, aumento em espessura do cemento
e tecido conjuntivo, com pouca separação artefactual entre o espécime e o tecido,
sugerindo os efeitos benéficos do tratamento com ácido na superfície radicular.
Frank, Fiore-Donno e Cimasoni (1983) utilizaram microscopia eletrônica de
transmissão para avaliar dentes com gengivite e bolsas falsas tratadas ou não com
ácido cítrico conjuntamente com o procedimento cirúrgico. Obteve-se ganho de
inserção conjuntiva em 2 dos 3 dentes tratados com ácido, não se observando o
mesmo para o grupo controle. Também não se observou migração apical do epitélio
juncional nos grupos tratados e a inserção conjuntiva se processou com ou sem a
40 Revista de Literatura
neoformação de cemento. Quando não ocorreu cementogênese, a adesão à
dentina se caracterizou por mineralização do colágeno dentário descalcificado que
se misturou ao colágeno neoformado. Quando ocorreu, a adesão se caracterizou
pela presença de bandas de fibras de Sharpey se inserindo no interior do cemento
calcificado.
Hanes, Polson e Ladenheim (1985, 1986) testaram a resposta do tecido
epitelial em espécimes de dentina após desmineralização superficial e implantação
no dorso de ratos, com a extremidade protruindo através da pele. Os espécimes
condicionados com ácido cítrico por 3 minutos apresentaram grande número de
células aderidas, inserção de fibras e inibição da migração apical do epitélio.
Miller, em 1985, relatou altas taxas de sucesso no recobrimento radicular de
raízes expostas tratadas mecanicamente e quimicamente pela aplicação de ácido
cítrico durante 5 minutos antes da realização de enxerto gengival livre.
Hanes et al. detalharam algumas observações preliminares com relação à
morfologia e comportamento celular durante as fases iniciais de adesão in vivo às
superfícies desmineralizadas em 1987. Para tanto, fragmentos retangulares de
espécimes dentinários preparados de áreas recobertas com cálculo (dentina externa
e dentina pulpar) foram tratadas com ácido cítrico pH 1,0 durante 3 minutos e
implantadas verticalmente na pele de ratos de tal forma que uma das extremidades
não ficasse submersa. Os fragmentos foram removidos após 1 dia de implantação e
a interface dentina-tecido conjuntivo examinada através de microscopia eletrônica de
varredura. Os resultados demonstraram que várias células se aderiram à superfície
dentinária, exibindo processos celulares que se estendiam por longas distâncias na
superfície radicular e nos túbulos dentinários. Dando continuidade ao estudo, ainda
no mesmo ano a equipe publicou novo artigo mostrando os resultados obtidos com
esta metodologia após 1, 3, 5 e 10 dias de implantação. Os resultados
demonstraram que não houve diferenças entre os parâmetros observados para
espécimes derivados de dentina externa e de dentina pulpar. Relativamente ao
tratamento mostraram que nas superfícies desmineralizadas havia maior número de
células, inserção de fibras e inibição da migração apical de células epiteliais.
Em 1991, Codelli, Fry e Davis utilizaram o ácido cítrico pH 1.0 fazendo ora
esfregaço passivo ora vigoroso por 3 e 5 minutos em raízes humanas doentes após
a raspagem in vitro. Por sua vez, o grupo controle foi tratado de forma semelhante
com solução salina. Em seguida, os dentes foram fixados em glutaraldeído,
Revista de Literatura 41
desidratados, congelados e recobertos com ouro para visualização em microscopia
eletrônica de varredura. Os resultados obtidos sugeriram que houve uma exposição
ótima de colágeno e desmineralização nas superfícies dentárias com aplicação de
ácido cítrico durante 3 minutos, enquanto que o mesmo procedimento por 5 minutos
resultou em desmineralização em excesso, levando a desnaturação protéica.
A aplicação de ácido cítrico pH 1.0 por 4 minutos em amostras de raízes
periodontalmente comprometidas de acordo com as técnicas de imersão, bolinhas
de algodão com e sem esfregaço ou pincel de pelo de camelo foi avaliada por Wen
et al. em 1992. As características da superfície radicular foram analisadas de acordo
com o grau de exposição das fibras colágenas, número de túbulos dentinários
expostos e área superficial ocupada pelos orifícios abertos. Os fragmentos do grupo
controle (sem tratamento) mostraram superfície amorfa e irregular, correspondendo
à smear layer. O tratamento com ácido cítrico proporcionou abertura dos túbulos
dentinários e exposição de colágeno intertubular, com exceção dos fragmentos
tratados por meio de esfregaço, que não apresentaram superfície homogênea.
Chaves et al., em 1993, analisaram os efeitos do ácido cítrico em 50 dentes
unirradiculares periodontalmente comprometidos, extraídos e divididos em 5 grupos:
(1) dentes periodontalmente saudáveis (n=10); (2) dentes periodontalmente
comprometidos não tratados (n=10); (3) dentes periodontalmente comprometidos
tratados com ácido cítrico (n=10); (4) dentes periodontalmente comprometidos
tratados por meio de raspagem e alisamento radicular (n=10) e (5) dentes
periodontalmente comprometidos tratados por meio de raspagem seguida de
condicionamento com ácido cítrico por 3 minutos. Os espécimes obtidos foram
analisados em microscopia eletrônica de varredura. No grupo 1, observou-se
estrutura normal de cemento, enquanto que no grupo 2 a superfície de cemento
estava recoberta por camada de cálculo e bactérias. Os espécimes tratados apenas
por ácido cítrico mostraram grandes remanescentes de cálculo sobre a superfície de
cemento, enquanto que os espécimes tratados por raspagem mostraram superfícies
lisas e regulares, com a presença de estrias paralelas causadas pelos golpes do
instrumento. Em maior aumento, pode-se observar a smear layer recobrindo os
túbulos dentinários. Nos espécimes raspados e condicionados com ácido cítrico,
observou-se a existência de camada lisa, livre de remanescentes de cálculo ou
smear layer, com desobliteração dos túbulos dentinários e exposição das fibras
colágenas.
42 Revista de Literatura
O tratamento das superfícies radiculares com ácido cítrico favorece adesão
do coágulo às superfícies radiculares, como demonstrado por Baker et al. (2000) e
por Caffesse et al. (2000), favorecendo o desenvolvimento de regeneração
periodontal.
Leite et al. (2010) compararam a adesão e maturação de componentes
sanguíneos em superfícies radiculares condicionadas com soro fisiológico (controle),
gel de EDTA a 24%, solução de ácido cítrico a 25%, solução de tetraciclina (50
mg/ml) e solução de citrato de sódio a 30%. O grupo controle e os fragmentos
tratados com citrato de sódio não mostraram presença de elementos sanguíneos
sobre sua superfície após o tratamento. Os melhores resultados foram observados
com o ácido cítrico (p<0.05; comparação com o controle), que mostraram presença
de rede de fibrina densa aderida às superfícies, seguida pelo EDTA (p>0.05; vs.
controle) e tetraciclina (p>0.05; vs. controle), o que sugere que a biomodificação
radicular com ácido cítrico possibilita a adesão do coágulo à superfície radicular,
atuando como matriz para o desenvolvimento de células de tecido conjuntivo.
2.3 Tetraciclina HCl
Além do ácido cítrico, também são propostos como agentes condicionantes o
EDTA e a tetraciclina ácida. Outras propriedades da tetraciclina tornaram-na
atraente como agente de condicionamento radicular. Estudos in vitro conduzidos por
Baker et al. (1983) demonstraram a capacidade da tetraciclina ácida se aderir à
superfície radicular e ser posteriormente liberada, propriedade conhecida como
substantividade.
A tetraciclina, particularmente, tem a vantagem de se aderir à superfície
radicular, especialmente na concentração mínima de 50mg/ml, de onde é lentamente
liberada por até 14 dias (WIKESJO et al.,1986; DEMIREL et al., 1991). Estudos in
vitro também demonstraram que ocorre união da tetraciclina à fibronectina, proteína
de adesão celular que media a inserção e migração de células mesenquimais. A
presença de fibronectina permite maior adesão e colonização celular. Por outro
lado, a tetraciclina reverte a adesão de laminina, proteína de adesão de células
epiteliais (TERRANOVA et al, 1986). Esses dados são sugestivos de que a
tetraciclina favorece a adesão de células fibroblásticas. Alger et al., em 1990, não
Revista de Literatura 43
demonstraram a existência de nova inserção conjuntiva em sítios tratados por meio
de fricção de tetraciclina HCl durante 3 minutos associada ou não à fibronectina.
Wikesjo et al., em 1986, quantificaram a concentração e avaliaram a
capacidade antimicrobiana da tetraciclina. Demonstraram com isso que era liberada
em concentrações que possuíam atividade anti-microbiana em um período de 48
horas, podendo servir como um reservatório de liberação lenta de tetraciclina.
Trombelli et al. (1995)avaliaram o tratamento de superfícies de cemento e
dentina derivados de dentes humanos não afetados pela periodontite com
tetraciclina ácida. Os resultados mostraram remoção da camada de smear layer e
exposição de substrato de colágeno fibrilar. Nos espécimes de cemento, a
quantidade de exposição da matriz orgânica aparentemente estava mais relacionada
a estrutura morfológica do cemento e a instrumentação mecânica da superfície
radicular do que ao tempo ou concentração da aplicação da solução de tetraciclina.
A exposição de matriz orgânica intertubular estava evidente apenas nos espécimes
condicionados por 4 minutos.
A ação desmineralizante da tetraciclina foi testada por Claffey et al. (1987).
Após a criação cirúrgica de defeitos periodontais, as superfícies radiculares foram
expostas à cavidade bucal durante 3 meses sem controle de placa. Após este
período, os sítios expostos foram tratados com tetraciclina HCl a 1%. Após 6 meses
de acompanhamento, os espécimes obtidos mostraram adesão de tecido conjuntivo
e maior ganho de inserção do que espécimes tratados com ácido cítrico, como
também demonstrado por Ririe, Crigger e Selvig (1987).
Em 1992, Labahn et al. avaliaram os efeitos do ácido cítrico e da tetraciclina
em solução aplicados passivamente ou na forma de brunimento sobre a superfície
dentária. Foram utilizados blocos de dentina de terceiros molares impactados,
extraídos, raspados e divididos aleatoriamente em dois grupos, de acordo com o tipo
de ácido utilizado – ácido cítrico ou tetraciclina. Os resultados obtidos
demonstraram que ambos os tratamentos foram capazes de remover a smear layer,
porém o ácido cítrico ampliou mais a abertura dos túbulos dentinários,
independentemente da forma de aplicação.
Lafferty et al. em 1993 demonstraram, por meio de microscopia eletrônica de
varredura, que a raspagem de raízes humanas expostas ao ambiente da bolsa
periodontal com curetas ou brocas finas de acabamento resulta em grande
quantidade de “sujeira” depositada sobre a superfície. A aplicação de ácido cítrico ou
44 Revista de Literatura
tetraciclina hidroclorídrica após a raspagem resultou em remoção da camada de
indutos (smear layer), abertura dos túbulos dentinários e exposição de fibras
colágenas, inclusive inter-tubulares.
Madison e Hockett (1997) trataram 82 amostras de dentina com tetraciclina
HCl, doxiciclina, minociclina, sumicina e solução de soro fisiológico durante 0.5, 1, 3,
5 e 10 minutos. A solução mais efetiva na remoção da smear layer e
descontaminação da superfície radicular foi a tetraciclina HCl, inclusive para o menor
tempo avaliado.
Sterret et al. em 1997 demonstraram que a aplicação de tetraciclina
hidroclorídrica na concentração mínima de 75 mg/ml durante 3 minutos teve efeitos
similares a concentrações mais elevadas da substância na desmineralização da
dentina.
Rompen, Goffinet e Nusgens (1999) compararam os efeitos do tratamento
radicular com tetraciclina ácida ou ácido cítrico na adesão e proliferação celular e
síntese de matriz protéica por fibroblastos humanos in vitro. Os resultados obtidos
demonstraram que as duas soluções favoreceram a adesão e proliferação celular,
mas a tetraciclina ácida foi três vezes mais efetiva do que o ácido cítrico no estímulo
à síntese protéica.
Isik et al. em 2000 obtiveram 48 amostras de dentina de 20 terceiros molares
inclusos extraídos. As amostras foram tratadas por meio da aplicação de tetraciclina
hidroclorídrica a 0%, 10%, 25%, 50%, 75%, 100%, 125% e 150% durante 1, 3 ou 5
minutos. Os resultados obtidos foram observados em fotomicrografias em aumentos
de 1500x e 2500x. Os dados obtidos sugeriram que não existem diferenças
morfológicas entre os diferentes tempos de aplicação. As substâncias utilizadas em
baixas concentrações são efetivas apenas quando o tempo de aplicação é
aumentado para 3 e 5 minutos. Não houve diferenças estatisticamente significantes
entre os grupos em relação à remoção da smear layer e o grau de abertura dos
túbulos dentinários.
Shetty, Dinesh e Seshan em 2008 avaliaram o tratamento de 80 espécimes
de dentina tratadas por condicionamento com tetraciclina hidroclorídrica, minociclina,
doxiciclina e ácido cítrico aplicados por 5 minutos, por meio de microscopia
eletrônica de varredura. Observaram que, independentemente do agente
condicionador, houve remoção quase completa da smear layer, porém a tetraciclina
hidroclorídrica resultou em maior abertura dos túbulos dentinários.
Revista de Literatura 45
2.4 Solução de EDTA
De acordo com Blomlöf e Lindskog (1995), ao comparar a textura de
superfícies dentinárias após o condicionamento com ácido cítrico e fosfórico em
relação ao tempo e modo de aplicação, o EDTA é capaz de remover maior conteúdo
mineral e expor mais matriz colágena, ao contrário dos demais que, além de
remover conteúdo mineral também removem matriz orgânica.
Blomlöf, Blomlöf e Lindskog, em 1996, investigaram a eficácia da aplicação
subgengival de gel de EDTA na remoção da smear layer e exposição de fibras
colágenas de superfícies radiculares após terapia periodontal não cirúrgica. Os
resultados obtidos demonstraram que as superfícies tratadas mecanicamente não
apresentaram túbulos dentinários ou fibras colágenas expostas, o que foi observado
após o tratamento das superfícies com EDTA.
Neste ano ainda, investigaram se o condicionamento com EDTA em pH
neutro favoreceria a cicatrização quando comparado aos efeitos do ácido cítrico
(baixo pH) aplicados em defeitos de deiscência cirurgicamente criados em 32 dentes
de 4 macacos. Os resultados obtidos após 8 semanas de acompanhamento
mostraram diferenças estatisticamente significantes entre as superfícies tratadas
com EDTA (n=15) e controle sem condicionamento (n=11). Houve menos falha pós-
operatória (recessão gengival e aumento da profundidade de sondagem) –
aproximadamente 10% - nas superfícies tratadas com EDTA e histologicamente se
observou maior área de inserção (epitélio, tecido conjuntivo e cemento reparativo;
10-15%), menor comprimento do epitélio juncional (20%) e maior inserção de tecido
conjuntivo à superfície radicular (20%). Dentes tratados com ácido cítrico (n=14)
mostraram aproximadamente 10% maior área de tecido conjuntivo e epitélio
juncional 15% mais curto. Esses achados sugeriram que o tratamento de superfícies
radiculares com EDTA melhora a cicatrização, impedindo o efeito necrosante
superficial em tecidos periodontais expostos ao ácido cítrico.
Segundo Blomlöf et al., em estudo realizado em macacos e em seres
humanos, o tratamento de superfícies radiculares com EDTA apresenta uma
capacidade significativamente mais elevada de expor seletivamente fibras colágenas
em superfícies de cemento saudável e dentina exposta à doença periodontal
comparativamente ao ácido cítrico e ácido fosfórico (baixo pH), os quais parecem
46 Revista de Literatura
promover erosão das superfícies em vários graus. Resultados variáveis foram
observados em dentes expostos ao ambiente da bolsa ou à cavidade bucal.
Blomlöf, Blomlöf e Lindskog, em 1997, examinaram, por meio de microscopia
eletrônica de varredura, a formação de smear layer após diferentes formas de
instrumentação das superfícies radiculares e avaliaram sua remoção e exposição de
colágeno após o tratamento das superfícies de 24 dentes humanos
periodontalmente comprometidos com gel de EDTA. Os resultados obtidos
demonstraram que a raspagem e alisamento radicular, a despeito do instrumento
utilizado, deixam uma smear layer sobre a superfície, a qual foi eficientemente
removida pelo tratamento com EDTA, o qual foi capaz de expor fibras colágenas em
graus variáveis.
Neste ano ainda, avaliaram o efeito do EDTA nas concentrações de 1.5%,
5%, 15% e 24% no tratamento de dentes periodontalmente comprometidos. Os
resultados demonstraram que a aplicação durante 2 minutos das soluções nas
concentrações de 1.5% e 5% não remove a smear layer, enquanto que nas
concentrações de 15% e 24% observaram remoção da smear layer e exposição de
fibras colágenas da dentina, maior para a concentração de 24%, sugerindo que a
concentração ótima do EDTA deve ficar entre 15% e 24%.
Blomlöf et al., em 2000, realizaram estudo para investigar se administração
subgengival de gel de EDTA favoreceria a raspagem sub e supragengival em 91
pacientes. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos tratados
com EDTA e o grupo controle relativamente ao ganho de inserção e redução na
profundidade de sondagem.
No mesmo ano, realizaram estudo clínico para avaliar os efeitos da aplicação
de gel de EDTA durante terapia periodontal cirúrgica na redução da profundidade de
sondagem e ganho de inserção clínica, investigando seus efeitos na cicatrização em
pacientes fumantes e de acordo com o padrão de higiene oral. O grupo controle
positivo foi tratado com ácido cítrico, enquanto que o grupo controle negativo não
recebeu qualquer forma de condicionamento radicular. Foram incluídos no estudo
68 pacientes em um único centro de tratamento. Os resultados obtidos não
demonstraram diferenças significantes entre os grupos relativamente ao ganho de
inserção ou redução da profundidade de sondagem depois de 3 e 6 meses de
acompanhamento. No entanto, em um subgrupo de 21 pacientes não fumantes sem
sangramento à sondagem nas avaliações de 3 e 6 meses, houve maior redução da
Revista de Literatura 47
profundidade de sondagem e maior ganho de inserção após o controle para outras
variáveis, como idade, sexo e índice de placa no exame inicial para todos os grupos
avaliados.
Bastos Neto (2003) demonstrou que o tratamento com solução de EDTA em
forma de gel apresenta as mesmas características de remoção da smear layer,
desobliteração dos túbulos dentinários e exposição de fibras colágenas
demonstrados nos espécimes tratados com ácido cítrico, enquanto que os
espécimes tratados apenas por raspagem mostraram a presença de smear layer
sobre os fragmentos.
Scelza et al. em 2004 demonstraram em 90 dentes extraídos irrigados por
solução de ácido cítrico, EDTA e EDTA-T por períodos de tempo de 3, 10 e 15
minutos que as soluções de ácido cítrico e EDTA quando aplicadas por 3 minutos
foram mais efetivas na abertura de maior número de túbulos dentinários, embora
nenhuma substância fosse capaz de remover completamente a smear layer. A
irrigação de canais por períodos de tempo superiores a 3 minutos aumenta o risco
de saturação da solução no interior dos túbulos dentinários, levando à precipitação
de componentes orgânicos que poderiam obliterar as aberturas dos túbulos
dentinários.
De acordo com Gamal e Mailhot em 2007 o condicionamento de superfícies
radiculares com gel de EDTA a 24% foi efetivo na remoção da smear layer,
comparável àquele observado quando substâncias de baixo pH foram utilizadas,
sendo mais eficaz na exposição das fibras colágenas.
Batista et al. (2005) sugeriram, após testar soluções de EDTA nas
concentrações de 5%, 10%, 15%, 20% e 24% aplicados por períodos de tempo
variáveis de 1, 2 e 3 minutos passivamente ou ativamente, além de aplicação por 3
minutos interposto com aplicação de spray de água, que todas as formas de
aplicação e concentração foram efetivas na remoção da smear layer
comparativamente ao controle, embora não houvesse diferenças em relação às
concentrações usadas, com maior eficácia de aplicação pelo método ativo.
48 Revista de Literatura
2.5 Ácido fosfórico a 37%
Héritier et al. (1984) avaliaram os efeitos da aplicação de solução de ácido
fosfórico a 50% por 1, 2 e 3 minutos na morfologia da superfície dentinária, por meio
de análise em microscopia eletrônica de varredura e de transmissão. A aplicação do
ácido por 1 minuto produziu camada desmineralizada de 4.5 µm, com exposição das
fibrilas colágenas, enquanto que a aplicação por 2 e 3 minutos ampliaram a área
desmineralizada, com desaparecimento da estrutura de colágeno, sugerindo que o
tempo de 1 minuto é considerado ideal quando se almeja regeneração dos tecidos
periodontais.
Para casos de tratamento de recessões gengivais através de cirurgias de
recobrimento radicular também se faz necessária uma superfície dura, lisa e
descontaminada. Em 1979, Passanezi e colaboradores (PASSANEZI et al., 1979)
introduziram o tratamento químico radicular com agentes desmineralizadores (ácido
fosfórico a 37% aplicado durante 3 minutos) com a proposta de melhor adequar a
superfície que seria cirurgicamente recoberta e, assim, aumentar as taxas de
sucesso do recobrimento.
2.6 Ácido cítrico associado à tetraciclina
Atualmente, o agente químico mais utilizado na Faculdade de Odontologia de
Bauru é um resultado da combinação entre ácido cítrico e tetraciclina ácida,
demonstrando resultados muito satisfatórios em cirurgias de recobrimento radicular
quando comparado a outros agentes como o ácido fosfórico ou nenhum tratamento
químico de superfície. Esse agente, em forma gel, é mantido sobre a raiz a ser
tratada durante 3 minutos. Estudos in vitro (SANT’ANA et al., 2007; AMARAL et al.,
2011) demonstraram que a aplicação do ácido cítrico associado à tetraciclina após a
raspagem e alisamento radicular de fragmentos radiculares obtidos de dentes
extraídos por razões periodontais favoreceu a adesão e o crescimento de
fibroblastos de ligamento periodontal em cultura.
Justo (2003) demonstrou que o condicionamento ácido de superfícies
radiculares com a solução de ácido cítrico e tetraciclina descontamina mais a
superfície radicular, removendo maior quantidade de remanescentes teciduais
Revista de Literatura 49
(smear layer). Quando aplicado antes e depois da raspagem com instrumentos
manuais, o ácido melhorou ainda mais o grau de descontaminação da superfície
radicular, como identificado pelos índices de cálculo residual, rugosidade superficial
e perda de substância dentária.
Ferraz (2008) tratou defeitos de recessão classes I ou II de Miller com enxerto
de conjuntivo subepitelial ou enxerto de granulação óssea após a modificação
mecânica e química da superfície radicular com associação entre ácido cítrico e
tetraciclina, observando em ambos os grupos redução significativa da recessão
gengival e formação de sulco gengival raso após 9 meses de acompanhamento.
Theodoro et al. em 2010, ao investigar em microscopia eletrônica de
varredura a ação do laser de erbium:yttrium-alumínio-garnet aplicados a 5.8J e 10.3J
para descontaminação da superfície radicular comparativamente ao tratamento com
soro fisiológico (controle negativo) ou ácido cítrico, EDTA a 24% e ácido cítrico
associado à tetraciclina (AC+TTC), observaram que o ácido cítrico, quando aplicado
por 2 minutos após a raspagem, seguido de irrigação com soro fisiológico, resultou
em remoção completa da smear layer em 3/5 espécimes investigados e moderada
em 2/5 espécimes, acompanhado por abertura dos túbulos dentinários. A aplicação
de solução de EDTA a 24% foi capaz de remover a smear layer (n=5/5) e abrir
parcial (n=3/5) ou completamente (n=2/5) os túbulos dentinários, enquanto que a
solução de AC+TTC removeu a camada de smear layer (n=5/5) e abriu parcialmente
(n=4/5) ou completamente (n=1/5) os túbulos dentinários. O tratamento com
soluções ácidas produziu superfície radicular mais uniforme do que aquelas tratadas
com o laser, sem diferenças significativas entre os agentes condicionadores
testados.
2.7 Efeitos adversos da biomodificação das superfíc ies radiculares com
agentes condicionadores ácidos ou quelantes
A resposta pulpar ao tratamento ácido de dentes foi investigada em 1983 por
Nilvéus e Selvig em seis cães beagle, em defeitos de deiscência criados
cirurgicamente. Os resultados obtidos não mostraram reação pulpar ou na camada
de odontoblastos. Houve formação de quantidades variáveis de dentina reparativa
após15 semanas, que foi maior nos espécimes submetidos à raspagem vigorosa,
50 Revista de Literatura
sem diferença entre os grupos tratados e não tratados com ácido, sugerindo que a
aplicação de ácido cítrico não exerce efeito pulpar negativo do ponto de vista
histológico.
Ryan et al. investigaram em 1984 a resposta pulpar ao condicionamento
dentário com ácido cítrico em defeitos de deiscência criados cirurgicamente em 9
gatos, que foram posteriormente acompanhados por 4, 21 e 30 dias. Dos sítios
tratados com ácido, 28% mostraram necrose total da polpa ou formação de
abscesso nos períodos de observação intermediário e longo, sendo a resposta
pulpar negativa significativamente após os 21 dias de acompanhamento. Houve
formação de dentina reacional e penetração de bactérias no interior dos túbulos
dentinários abertos. Por outro lado, os espécimes do grupo controle (sem
tratamento com ácido) mostraram reações pulpares de intensidade leve a moderada
apenas nos períodos pós-operatórios inicial e intermediário.
Segundo Blomlöf e Lindskog (1995), o tratamento de superfícies radiculares
com substâncias de baixo pH, como o ácido cítrico e ácido fosfórico, resulta em
efeitos necrosantes imediatos (em até 20 segundos) nos retalhos mucosos e tecidos
periodontais. A profundidade da penetração aumentou com o tempo em até ¼ da
circunferência radicular depois de 3 minutos, o que parece não ocorrer com o EDTA.
Por outro lado, quando o condicionamento é efeito em períodos de tempo
inferiores a 3mm, observa-se formação de tecido conjuntivo conseqüente à inibição
da proliferação e migração apical do epitélio, de acordo com estudo realizado por
Blomlöf et al. em 1995.
De acordo com Van Meerbeek et al., em 1993, o condicionamento das
superfícies radiculares com substâncias de pH baixo, como o ácido cítrico ou
fosfórico, dissolveu ou alterou a estrutura das fibras colágenas associadas a dentina,
resultando em superfícies mais granulosas do que fibrosas.
2.8 Efeitos clínicos da aplicação de diferentes age ntes condicionadores da
superfície radicular
Embora os estudos realizados in vitro e in vivo tenham, em sua maioria,
encontrado vantagens importantes na desmineralização das superfícies radiculares,
outros estudos clínicos randomizados não demonstraram diferenças estatisticamente
Revista de Literatura 51
significantes entre os grupos tratados e não tratados com ácido na regeneração
periodontal de defeitos intra-ósseos.
Poucos estudos investigaram os resultados do recobrimento radicular por
meio de diferentes técnicas cirúrgicas associadas ou não ao condicionamento ácido
das superfícies radiculares. Estudos in vitro e in vivo realizados pela equipe da
disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru demonstraram que
o uso do condicionamento ácido das superfícies radiculares favorece a regeneração
periodontal (PASSANEZI et al. 1989) e o recobrimento radicular obtido por meio de
retalho osteoperióstico ativado, protegendo as raízes contra reabsorção clástica
(PASSANEZI et al., 1979). Além disso, o condicionamento das superfícies
radiculares com gel de EDTA permitiu a realização de movimento de intrusão de
dentes com envolvimento periodontal grave, sem resultar em reabsorção radicular
ou aprofundamento do defeito periodontal (PASSANEZI et al. 1989).
Porém, outros estudos encontraram resultados divergentes. Bittencourt et al.,
em 2007, investigaram o tratamento de recessões bilaterais classe I de Miller
(<4.0mm) com retalho semilunar associado ao não à aplicação de gel de EDTA a
24% durante 2 minutos. Os resultados obtidos sugeriram que os dois tratamentos
resultaram em diminuição da recessão e ganho de inserção, maior para o grupo
tratado sem ácido. Após 6 meses de acompanhamento, houve maior
hipersensibilidade nos dentes tratados com condicionamento ácido, levando aos
autores sugeriram que a biomodificação das superfícies radiculares com gel de
EDTA afeta negativamente o recobrimento radicular conseguido por meio de retalho
semilunar.
Cheng et al. (2007) apresentaram revisão sistemática para investigar os
efeitos do tratamento de recessões classes I e II de Miller com posicionamento
coronal do retalho sozinho ou combinado com condicionamento químico da
superfície radicular ou ainda com matriz derivada de esmalte. Os grupos tratados
com matriz derivada de esmalte apresentaram maior ganho de inserção e
recobrimento da recessão do que os grupos tratados com posicionamento coronal
do retalho associado ou não com condicionamento ácido radicular. No entanto, não
houve diferenças entre os grupos tratados ou não com ácido.
Horning et al. (2008) apresentaram os resultados de 103 cirurgias para
recobrimento radicular, incluindo enxertos gengivais livres, enxertos livres de tecido
conjuntivo, enxertos pediculados e técnicas combinadas em 82 pacientes, realizando
52 Revista de Literatura
condicionamento radicular com solução em gel de EDTA a 24% durante 30
segundos. Houve maior previsibilidade de ganho de gengiva ceratinizada nos casos
tratados por meio de enxerto gengival livre, enquanto que o recobrimento radicular é
mais previsivelmente obtido pela técnica combinada.
Recentemente, McGuire e Scheyer avaliaram o papel de matriz colágena
xenogênica no recobrimento de raízes desnudas comparativamente ao enxerto de
tecido conjuntivo subepitelial, o qual é considerado como padrão de ouro neste tipo
de tratamento. Para tanto, selecionaram 25 pacientes com defeitos de deiscência
em sítios contralaterais, sendo um deles tratado por meio de enxerto de tecido
conjuntivo e o outro por meio da matriz colágena xenogênica. Em ambos os grupos,
os dentes foram condicionados com gel de EDTA a 24% durante 2 minutos. Os dois
grupos mostraram diminuição da recessão e ganho de inserção clínica, maior para o
grupo controle, e igual aumento da faixa de gengiva ceratinizada.
Proposição
Proposição 55
3 PROPOSIÇÃO
Os objetivos primários deste estudo foram:
• Analisar in vitro os efeitos do tratamento superficial de dentes extraídos por
razões periodontais com diferentes agentes condicionadores aplicados por
diferentes períodos de tempo na descontaminação da superfície radicular;
• Analisar a efetividade da biomodificação química da superfície radicular no
recobrimento de raízes desnudas de seres humanos por meio da técnica de
enxerto de tecido conjuntivo subepitelial.
Os objetivos secundários do estudo foram:
• Avaliar, por meio de microscopia eletrônica de varredura,qual dos agentes
químicos empregados apresenta maior efetividade na descontaminação da
superfície radicular após aplicação por 90 e 180 segundos;
• Avaliar in vitro se a redução no tempo de aplicação do agente químico
compromete a capacidade de descontaminação da superfície radicular;
• Avaliar, em seres humanos, se a utilização de condicionamento das
superfícies radiculares em diferentes tempos de aplicação favorece o
recobrimento de raízes;
• Avaliar, em seres humanos, a ocorrência de hipersensibilidade dentinária
e/ou necrose pulpar consequente ao uso de agentes desmineralizantes.
Material e Métodos
Material e Métodos 59
4 MATERIAL E MÉTODOS
A coleta dos dentes extraídos e os procedimentos cirúrgicos para
recobrimento radicular foram realizados na Clínica II (Periodontia e Cirurgia) da
Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, no período de
agosto de 2011 a dezembro de 2012, após aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa da FOB-USP (Processo n° 018/2010– Anexo I) .
Previamente à coleta dos dentes e à realização dos procedimentos cirúrgicos
para recobrimento radicular, todos os pacientes foram informados quanto aos
objetivos da pesquisa, seus riscos e benefícios e assinaram um termo de
consentimento e de doação do dente extraído, tendo garantido seu direito ao
tratamento mesmo se não concordar livremente em participar da pesquisa, de
desistir de participar da pesquisa a qualquer momento e de ter seus dados pessoais
e identificação preservados integralmente.
4.1 Efeitos do condicionamento ácido na descontamin ação da superfície
radicular: análise em microscopia eletrônica de var redura (MEV)
4.1.1 Obtenção das amostras
Foram coletados 66 dentes unirradiculares extraídos por razões periodontais
nas clínicas de Periodontia, Cirurgia e Integrada Reabilitadora (Clínica II) da
Faculdade de Odontologia de Bauru- USP, após consentimento livre e esclarecido
dos doadores. Os dentes removidos foram armazenados em solução de soro
fisiológico e mantidos refrigerados até a realização dos experimentos.
Após a coleta, todos os dentes foram submetidos a procedimento de
raspagem e alisamento radicular com curetas Gracey nº 5/6 previamente aos
diferentes tratamentos químicos. Para tanto, os dentes foram apreendidos pela
coroa e submetidos a raspagem e alisamento radicular com 20 golpes de cureta
para remoção dos remanescentes teciduais, de placa e cálculo. As curetas foram
60 Material e Métodos
afiadas com pedra de Arkansas após o tratamento de cada um dos dentes da
amostra, preservando-se corte adequado do instrumento (Justo 2003).
Procedeu-se então a separação da coroa e da raiz com broca diamantada
tronco-cônica, em alta rotação, sob refrigeração constante e abundante, na altura da
junção cemento-esmalte (Figura 1).
Posteriormente, a raiz foi seccionada em seu longo eixo (Figura 2), separando
a raiz em duas metades (mesial e distal).Finalmente, foi realizado corte horizontal
localizado de5 a7mmapicalmente à borda cervical dos fragmentos (Figura 3),
obtendo-se 132 fragmentos trapezoidais, cujas superfícies correspondem à porção
da raiz previamente exposta à bolsa periodontal ou ambiente bucal.
Material e Métodos 61
Figura 1 - Esquema do seccionamento da coroa do dente extraído com broca diamantada tronco-cônica
Figura 2 - Esquema do seccionamento da raiz no sentido do longo-eixo com broca diamantada tronco-cônica
Figura 3- Esquema do corte horizontal da raiz, localizado de 5 a7mmapicalmente à área cervical, resultando na obtenção do corpo de prova de formato trapezoidal
62 Material e Métodos
4.1.2- Grupos de tratamento
Os fragmentos obtidos foram divididos em 11 grupos de acordo com o
tratamento químico das superfícies:
AF90– aplicação de ácido fosfórico a 37% por 90 segundos, seguido de lavagem
abundante com soro fisiológico (n=12);
AF180– aplicação de ácido fosfórico a 37% por 180 segundos, seguido de lavagem
abundante com soro fisiológico (n=12);
EDTA90 – aplicação de solução de EDTA a 24% por 90 segundos, seguido de
lavagem abundante com soro fisiológico (n=12);
EDTA180 – aplicação de solução de EDTA a 24% por 180 segundos, seguido de
lavagem abundante com soro fisiológico (n=12);
ACT90 – aplicação de solução de ácido cítrico pH 1.0 a 50% associado à tetraciclina
a 50% por 90 segundos, seguido de lavagem abundante com soro fisiológico
(n=12);
ACT180– aplicação de ácido cítrico 50% pH1 (AC) por 180 segundos; seguido de
lavagem abundante com soro fisiológico (n=12);
AC90 – AC por 90 segundos; seguido de lavagem abundante com soro fisiológico
(n=12);
AC180 – aplicação de solução de ácido cítrico pH 1.0 a 50% associado à tetraciclina
a 50% por 180 segundos, seguido de lavagem abundante com soro fisiológico
(n=12);
T90 – T por 90 segundos; seguido de lavagem abundante com soro fisiológico
(n=12);
T180 – Tetraciclina ácida 50% (T) por 180 segundos; seguido de lavagem
abundante com soro fisiológico (n=12);
Controle – lavagem abundante com soro fisiológico (n=12).
4.1.3 Preparo dos fragmentos para microscopia eletr ônica de varredura
(MEV)
As amostras foram acondicionadas em frascos contendo solução de soro
fisiológico até o processamento para MEV. Os fragmentos a serem analisados em
Material e Métodos 63
MEV foram preparados na University of Southern California (USC, Los Angeles,
California, EUA), sob a supervisão do Prof. Dr. Homma Zadeh.
As amostras foram inicialmente secas com papel absorvente e, a seguir, em
ar condicionado overnight. Após desidratação em álcool absoluto por 2 minutos e
nova secagem com papel absorvente, os fragmentos foram colados com esmalte de
unha em base metálica circular de aproximadamente 1cm de diâmetro. Após a
colagem, os fragmentos foram colocados em aparelho “Sputer-Coatering” para
impregnação superficial com fina camada de ouro necessária à leitura em MEV.
Os fragmentos preparados foram levados ao microscópio eletrônico (JEOL
JSM-6610 SEM) para leituras em aumentos de 500x e 1000x, utilizando-se as
porções centrais dos fragmentos para leitura principal. Após a seleção dos campos
para leitura, os fragmentos foram fotografados e revelados em cópia branca e preta
no tamanho 9x12, possibilitando a avaliação dos resultados.
4.1.4 Avaliação das fotomicrografias de MEV
As fotomicrografias impressas foram acondicionadas em pasta catálogo,
omitindo-se sua identificação. Um examinador independente, experiente e cego em
relação aos tratamentos avaliou as imagens radiográficas em quatro momentos
diferentes, com intervalos de 7 dias entre os mesmos. Para calibração do
examinador, 3 fotomicrografias de cada grupo foram aleatoriamente escolhidas e
analisadas em quatro períodos de tempo, com intervalo de 7 dias entre os mesmos.
A concordância intra-examinador foi investigada por meio do teste Kappa, onde
concordância substancial foi verificada para os índices de rugosidade superficial (k=
0.768; p<0.001), índice da presença de restos teciduais (k= 0.782; p<0.001) e índice
de remoção da camada de smear layer (k= 0.638; p<0.001) e moderada para os
índices de cálculo residual (k= 0.54; p<0.001) e perda de substância dentária (k=
0.562; p<0.001), conforme observado no Anexo II.
4.1.5 Parâmetros de análise da descontaminação radi cular
Os efeitos do tratamento mecânico e químico da superfície radicular foram
avaliados por meio dos seguintes índices:
64 Material e Métodos
4.1.5.1 Índice de rugosidade superficial
A rugosidade superficial dos fragmentos após os diferentes tratamentos foi
analisada nas fotomicrografias em aumentos de 500x e 1000x de acordo com o
índice de rugosidade superficial (IRS) proposto por Lie e Meyer (LIE; MEYER,1977;
MEYER; LIE, 1977):
Escore Parâmetros de avaliação
1 Superfícies lisas e uniformes ou ligeiramente rugosas, sem sinais de
instrumentação
2 Maioria das áreas ligeiramente rugosas, com algumas regiões onduladas,
mas sem marcas óbvias do instrumento usado
3 Áreas definitivamente onduladas e algumas marcas do instrumento
intermeadas a áreas relativamente uniformes
4 Superfícies definitivamente onduladas e com marcas da instrumentação
abrangendo a maioria da área
4.1.5.2 Índice de cálculo residual
A presença de cálculo residual foi identificada nas fotomicrografias em
aumentos de 500x e 1000x de acordo com o índice de cálculo residual (ICR)
proposto por Lie e Meyer (LIE; MEYER,1977; MEYER; LIE, 1977), conforme descrito
por Justo (2003):
Escore Parâmetros de Avaliação
1 Nenhum cálculo remanescente na superfície radicular
2 Pequenas manchas de material estranho, provavelmente consistindo de
cálculo
3 Manchas definidas de cálculo confinadas a áreas menores
4 Quantidades consideráveis de cálculo remanescente, aparecendo como
uma ou mais manchas volumosas ou como várias manchas menores
distribuídas sobre a superfície tratada
Material e Métodos 65
4.1.5.3 Índice da perda de substância dentária
A perda de substância dentária foi avaliada pelo índice de perda de
substância dental(IPSD) proposto por Lie e Meyer (LIE; MEYER,1977; MEYER; LIE,
1977), conforme descrito por Justo (2003), nas fotomicrografias em aumentos de
500x e 1000x:
Escore Parâmetros de Avaliação
1 Nenhuma perda detectável de substância dental
2 Ligeira perda de substância dental limitada a áreas localizadas, estando a
maioria do cemento intacta
3 Perda definida de substância dental na maior parte da superfície tratada,
porém sem marcas profundas do instrumento na dentina, podendo
ocorrer ausência de cemento em algumas áreas
4 Perda considerável de substância dental, com marcas profundas do
instrumento na dentina, com remoção da maioria do cemento
4.1.5.4 Índice da presença de restos teciduais
A capacidade de descontaminação das superfícies radiculares foi investigada
de acordo com o índice da presença de restos teciduais (IPRT), observado nas
fotomicrografias em aumento de 500x, conforme adaptado da proposta de Hülsmann
et al. (1997):
Escore Parâmetros de Avaliação
1 Superfície radicular limpa, contendo poucas e pequenas partículas de
remanescentes teciduais
2 Superfície radicular contendo várias pequenas partículas de
remanescentes teciduais
3 Superfície radicular contendo várias partículas de remanescentes teciduais
cobrindo menos de 50% da área
4 Mais de 50% da superfície radicular coberta com remanescentes teciduais
5 Superfície radicular completamente ou quase completamente coberta com
remanescentes teciduais
66 Material e Métodos
4.1.5.5 Índice de remoção da ‘smear layer’
A capacidade de descontaminação das superfícies radiculares foi investigada
de acordo com o índice de remoção da smear layer (IRSL), observado nas
fotomicrografias em aumento de 1000x, conforme adaptado da proposta de
Hülsmann et al. (1997):
Escore Parâmetros de avaliação
1 Ausência de smear layer, com desobliteração dos túbulos dentinários
2 Pequena quantidade de smear layer, com desobliteração de alguns
túbulos dentinários
3 Camada homogênea de smear layer cobrindo a superfície, com poucos
túbulos desobliterados
4 Camada homogênea de smear layer, sem desobliteração dos túbulos
5 Camada homogênea e densa de smear layer cobrindo a superfície
dentinária
Os escores atribuídos a cada item de cada espécime investigado foram
anotados em ficha identificada pelo código da fotomicrografia. Após o término da
avaliação pelo examinador, as fotomicrografias foram identificadas de acordo com o
grupo para tabulação dos dados e análise estatística (Anexo III).
4.1.6 Análise estatística
Os dados obtidos foram analisados estatisticamente no software
GraphPadPrism 5.0 para Windows XP. Para análise comparativa dos efeitos do uso
dos diferentes tipos de ácido e tempos de aplicação, nas fotomicrografias em
aumento de 500x e 1000x, foi utilizado o teste estatístico não paramétrico de
Kruskal-Wallis, com nível de significância de 5% (α= 0.05). Quando houve
significância estatística (p<0.05), a definição das diferenças entre os grupos foi
realizada por meio do método de Dunn.
Material e Métodos 67
4.2 Efeitos do condicionamento ácido no recobriment o radicular: estudo
clínico randomizado
4.2.1 Alocação e seleção da amostra
A seleção dos pacientes incluídos no estudo clínico randomizado foi realizada
nas clínicas de Periodontia, Integrada Reabilitadora e Cirurgia (Clínica II) da
Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, no período de
agosto a setembro de 2011. Foram convidados a participar deste estudo pacientes
com idade variável entre 20-60 anos, de ambos os sexos, apresentando recessões
de classe I ou II de Miller, estendendo-se de 2 a 5mmapicalmente a partir da junção
cemento-esmalte em pelos menos dois dentes diferentes, com indicação de
recobrimento radicular devido a envolvimento estético, progressão da recessão ou
hipersensibilidade dentinária.
Foram excluídos do estudo fumantes, mulheres grávidas, pacientes que
fizerem uso de medicamentos anti-convulsivantes, anti-hipertensivos ou ciclosporina
ou que apresentassem doenças sistêmicas que oferecessem risco à realização de
procedimentos cirúrgicos, como, por exemplo, câncer ou diabetes mellitus não
controlado (>180 mg/dL).
4.2.2 Preparo inicial
Todos os pacientes foram submetidos à raspagem e alisamento radicular com
curetas Gracey visando a remoção de placa e cálculo e redução da inflamação
previamente à cirurgia, seguido de polimento dental com pasta profilática e taças de
borracha, e receberam medidas de instrução de higiene bucal, visando o controle de
placa pessoal. Nesta fase, foram ainda investigados os fatores provavelmente
relacionados à etiologia da recessão, os quais foram controlados antes da realização
da cirurgia. Os pacientes que apresentavam evidências clínicas de trauma oclusal
possivelmente contribuindo para o desenvolvimento da recessão foram submetidos a
procedimentos de ajuste oclusal e/ou confecção de placa miorrelaxante previamente
à cirurgia para recobrimento radicular. A remoção adequada de placa e cálculo foi
investigada por meio do índice de placa visível e do índice de sangramento do sulco.
68 Material e Métodos
4.2.3 Braços do estudo
Os sítios selecionados foram aleatoriamente alocados em 3 diferentes grupos
de tratamento (Figura 4):
� G180: raspagem e alisamento radicular + aplicação de solução de ácido
cítrico + tetraciclina por 180 segundos + recobrimento radicular pela técnica
do enxerto de conjuntivo subepitelial (n=20);
� G90: raspagem e alisamento radicular + aplicação da solução de ácido cítrico
+ tetraciclina durante 90 segundos + recobrimento radicular por meio de
enxerto de tecido conjuntivo subepitelial (n=20).
� G0: raspagem e alisamento radicular + recobrimento radicular por meio de
enxerto de tecido conjuntivo subepitelial (n=20).
A seleção do ácido cítrico associado à tetraciclina se baseou em dados
obtidos em pesquisas previamente realizadas na Disciplina de Periodontia,
Departamento de Prótese, da Faculdade de Odontologia de Bauru- USP (Franco
2002; Justo 2003; Sant’Ana et al. 2007).
Figura 4 - Diagrama de fluxo da seleção e alocação da amostra
Seleção inicial da amostra (n= 80)
G0(n=12 pacientes; 20
sítios)
G90(n= 12 pacientes; 20
sítios)
G180(n= 12 pacientes; 20
sítios)
Excluídos (n=52)Fumantes = 35
Uso de medicamentos = 8
Gravidez= 3
Diabetes não controlada =6
Material e Métodos 69
4.2.4 Recobrimento radicular por meio da técnica de enxerto de tecido
conjuntivo subepitelial
Os sítios selecionados foram tratados por meio de cirurgia de enxerto de
tecido conjuntivo subepitelial visando o recobrimento radicular, de acordo com os
princípios descritos inicialmente por Langer e Langer (1985). Os procedimentos
cirúrgicos foram realizados no período compreendido entre setembro e novembro de
2011.
Brevemente, após a anestesia infiltrativa, foi confeccionada incisão horizontal
tangenciando a junção cemento-esmalte do dente a ser tratado unindo duas incisões
oblíquas divergentes para apical, de forma a preservar as papilas interproximais. O
retalho foi dividido próximo ao periósteo, deixando um leito fino de tecido conjuntivo
e periósteo sobre o tecido ósseo no leito receptor, o qual apresentou dimensões
compatíveis com o posicionamento do enxerto sobre área de tecido ósseo
correspondente à 75% da dimensão total do leito receptor. Foi realizada remoção do
tecido de granulação com auxílio de curetas Goldman-Fox n° 2, 3 e 4, raspagem e
alisamento radicular com curetas Gracey, seguido do tratamento indicado para cada
grupo de estudo.
Após o preparo do leito receptor, o palato foi anestesiado na região
compreendida entre a face mesial do primeiro pré-molar e face distal do primeiro
molar para remoção de tecido conjuntivo com dimensões equivalentes ao leito
receptor. O enxerto obtido foi devidamente posicionado no leito receptor,
suavemente comprimido com compressa de gaze embebida em soro fisiológico de
forma a garantir contato íntimo do mesmo com o leito e então suturado com fio Vycril
5.0 (Ethicon, Johnson & Johnson, São Paulo, SP, Brasil). O retalho foi posicionado
coronalmente de maneira a recobrir totalmente o material interposto e suturado sem
tensão no nível da junção cemento-esmalte, também com fio Vycril 5.0.A área foi
protegida com cimento cirúrgico, o qual permaneceu em posição durante 7 dias,
sendo removido e substituído, quando necessário, permanecendo por mais 7 dias.
Foram prescritos aos pacientes medicação anti-inflamatória não esteroidal
(nimesulide, 100mg, 2x/dia, 3 dias por via oral) e analgésica, quando necessário
(paracetamol 750mg, 8/8 hs). Os pacientes foram orientados a realizar a
higienização das áreas operadas com escova unitufilada, de cerdas macias, com
movimentos suaves e circulares durante os primeiros 30 dias de pós-operatório.
70 Material e Métodos
Nesse período, os pacientes foram orientados a não realizar a escovação dos
dentes com pasta de dentes dessensibilizante, para não atrapalhar a investigação
da hipersensibilidade radicular.
4.2.5 Parâmetros de avaliação clínica
Os sítios tratados foram avaliados no exame inicial, no momento da cirurgia e
nos períodos pós-operatórios de 1, 3, 6 e 12 meses após a cirurgia (Anexo IV).
Nestes períodos, foi realizado controle de placa supragengival (30 dias) e
subgengival (3, 6 e 12 meses), quando necessário. Os sítios tratados foram
examinados por cirurgião-dentista previamente treinado e calibrado, diferente do
operador, sem conhecimento a qual grupo pertence o paciente examinado. Os
parâmetros clínicos investigados foram:
� Profundidade de sondagem (PS): distância da margem gengival ao fundo do
sulco, medida com sonda periodontal milimetrada convencional (Hu-Friedy,
Chicago, Il, EUA);
� Nível de inserção clínica (NIC): distância da junção cemento-esmalte ao fundo
do sulco ou bolsa. Corresponde à medida da PS somada à AR;
� Altura da recessão (AR): medida com auxílio de sonda periodontal
milimetrada (Hu-Friedy, Chicago, IL, EUA) correspondendo à distância da
margem gengival à junção cemento-esmalte (Figura 5);
� Largura da faixa de gengiva ceratinizada (GC): medida por meio de sonda
periodontal milimetrada (Hu-Friedy, Chicago, Il, EUA) como a medida da
margem gengival à junção cemento-esmalte;
� Índice de sangramento do sulco (ISS): presença (1) ou ausência (0) de
sangramento à sondagem até 10 segundos após a remoção da sonda
periodontal do sulco gengival(Ainamo&Bay, 1975);
� Índice de placa (IPl): presença (1) ou ausência (0) de placa visualmente
detectável nos sítios de tratamento (O’Leary et al. 1972);
� Porcentagem de recobrimento radicular (%REC): determinado pelo emprego
da fórmula matemática descrita por Harris (2003):
%REC = [Ra inicial – Ra final] x100/Ra inicial
Material e Métodos 71
Figura 5- Fotografia frontal de canino apresentando recessão marginal, ilustrando a medida da altura da recessão (AR) e comprimento da faixa de gengiva ceratinizada (GC)
4.3 Avaliação qualitativa da hipersensibilidade den tinária
Todos os pacientes incluídos no estudo classificaram a intensidade dolorosa
no dente tratado em escala variável de 0 (correspondente à ausência de
sintomatologia dolorosa) a 10 (correspondente à maior intensidade de dor
suportada) previamente à cirurgia e nos períodos pós-operatórios de 7 e 14 dias, 1,
3, 6 e 12 meses (Anexo IV).
4.3.1 Análise estatística
Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente no programa
GraphPadPrism 5.0 para Windows (GraphPad Software, San Diego, California,
EUA). A análise intra-grupos foi realizada por meio de análise de variância múltipla
para medidas repetidas, adotando-se nível de significância de 5%, para as medidas
de PS, NIC, GC e AR. Uma vez detectada a presença de diferenças estatisticamente
significantes, a análise complementar foi realizada pelo método de Tukey. A análise
intra-grupos para os índices de sangramento à sondagem, de placa,
hipersensibilidade e porcentagem de recobrimento radicular foi realizada por meio do
Ra
Rl
GC
72 Material e Métodos
teste de Friedman, complementado pelo método de Dunn, com nível de significância
de 5%. A análise comparativa entre os grupos nos diferentes períodos de tempo foi
realizada por meio de análise de variância múltipla complementada pelo teste de
Tukey para as medidas de PS, NIC, GC e RA e pelo método não paramétrico de
Kruskal-Wallis, complementado pelo método de Dunn, para os índices de
sangramento do sulco, de placa, hipersensibilidade e porcentagem de recobrimento
radicular, com nível de significância de 5%.
Resultados
Resultados 75
5 RESULTADOS
5.1 Estudo em MEV
5.1.1 Análise descritiva das fotomicrografias
Grupo AF90
A análise das fotomicrografias do grupo AF90 (Figuras 6A e 6B) revelou que
as superfícies apresentavam-se lisas, sem marcas remanescentes da
instrumentação e com pequena perda de substância dentária. Os espécimes
apresentavam maior quantidade de cálculo residual (ICR), de remanescentes
teciduais (IPRT) e menor descontaminação da superfície radicular (IRSL), sem
desobliteração dos túbulos dentinários.
Grupo AF180
A análise das fotomicrografias do grupo AF180 (Figuras 6C e 6D) revelou que
as superfícies radiculares apresentavam-se um pouco mais rugosas do que os
espécimes do grupo AF90, com algumas marcas decorrentes da instrumentação
com curetas Gracey previamente ao tratamento químico. Os espécimes
apresentavam remanescentes de cálculo residual (ICR) e remanescentes teciduais
(IPRT), além de se observar presença da smear layer(IRSL), embora em menor
quantidade do que os espécimes do grupo AF90, com desobliteração de poucos
túbulos dentinários.
Grupo EDTA90
A análise das fotomicrografias dos espécimes deste grupo (Figuras 7A e 7B)
demonstrou rugosidade superficial maior do que os grupos tratados por ácido
fosfórico a 37%, evidenciando-se as marcas do instrumento sobre a superfície
tratada. Os espécimes apresentavam-se com a superfície radicular mais “limpa”,
76 Resultados
embora se observasse a presença de remanescentes de cálculo (ICR), restos
teciduais (ICRT) e smear layer em alguns dos fragmentos investigados, com
desobliteração completa dos túbulos dentinários.
Grupo EDTA180
A análise das fotomicrografias dos espécimes deste grupo (Figuras 7C e 7D)
demonstrou que o tratamento empregado reduziu a quantidade de cálculo residual
(ICR), restos teciduais (IPRT) e smear layer (IRSL), sem resultar em aumento da
rugosidade superficial (IRS) ou perda de substância dentária (IPSD). As imagens
demonstraram ainda que o tratamento com solução de EDTA a 24% por 180
segundos resultou em completa desobliteração dos túbulos dentinários, produzindo
área superficial descontaminada.
Grupo ACT90
A análise das fotomicrografias dos espécimes deste grupo (Figuras 8A e 8B)
demonstrou que alguns espécimes apresentavam marcas evidentes da
instrumentação sobre a superfície radicular, alguns de forma esparsa e outros com
maiores ondulações e exposição de dentina. Os fragmentos deste grupo
apresentavam superfície mais descontaminada, porém com remanescentes de
cálculo (ICR), restos teciduais (ICRT) e smear layer em alguns dos fragmentos
investigados, com desobliteração parcial dos túbulos dentinários, na avaliação visual
dos espécimes.
Grupo ACT180
A análise das fotomicrografias dos espécimes deste grupo (Figuras 8C e 8D)
demonstrou marcas evidentes da instrumentação sobre a superfície radicular,
observando-se perda de cemento em alguns dos espécimes avaliados.
Semelhantemente aos espécimes pertencentes ao grupo AC90, os fragmentos deste
grupo apresentavam superfície poucos remanescentes de cálculo (ICR), restos
teciduais (ICRT) e smear layer em alguns dos fragmentos investigados. Houve
desobliteração parcial dos túbulos dentinários.
Resultados 77
Grupo AC90
A análise das fotomicrografias dos espécimes deste grupo (Figuras 9A e 9B)
permitiu observar, em alguns espécimes, marcas de instrumentação e túbulos
dentinários parcialmente desobstruídos. Observou-se, nos espécimes investigados,
remanescentes de cálculo, restos teciduais e smear layer, com ligeira perda de
substância dental em alguns espécimes investigados.
Grupo AC180
Comparativamente aos espécimes do grupo AC90, os fragmentos deste
grupo apresentavam superfície mais “limpa”, porém com remanescentes de cálculo
(ICR), restos teciduais (ICRT) e smear layer em alguns dos fragmentos investigados,
com desobliteração parcial dos túbulos dentinários.
Grupo T90
A análise das fotomicrografias dos espécimes deste grupo (Figuras 10A e
10B) não mostrou resultados satisfatórios para a descontaminação e limpeza da
superfície radicular. Nota-se, quase na totalidade dos espécimes analisados,
presença de restos teciduais calcificados ou não, smear layer e túbulos dentinários
obliterados. Cristais hexagonais foram observados em todos os espécimes deste
grupo, provavelmente remanescentes do sal de tetraciclina utilizado para confecção
do agente químico.
Grupo T180
A análise das fotomicrografias dos espécimes deste grupo (Figuras 10C e
10D) demonstrou maior descontaminação da superfície dentária, porém com maior
rugosidade superficial. A quantidade de remanescentes de cálculo, restos teciduais
e smear layer foi menor do que aquelas observadas no grupo T90, na análise visual.
Houve ainda maior perda de substância dental nos espécimes deste grupo.
78 Resultados
Grupo controle
Os espécimes do grupo controle (Figuras 11A, 11B, 11C, 11D) apresentavam
marcas evidentes da instrumentação sobre a superfície radicular, com grande
quantidade de restos teciduais, incluindo remanescentes do biofilme microbiano,
cálculo residual e espessa smear layer sobre os fragmentos, sem desobliteração dos
túbulos dentinários.
Resultados 79
Figura 6 -Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares tratados com ácido fosfórico a 37% durante 90 segundos (A e B) e 180 segundos (C e D) após a raspagem
Legenda: Em (A), observa-se espécime tratado por ácido fosfórico a 37% durante 90 segundos após
a raspagem (aumento de 500x). Nas pontas das setas pretas, nota-se a presença de remanescentes
de cálculo e restos teciduais. Observa-se ainda áreas de perda de substância dentária. Em aumento
de 1000x (B), se observam esparsos remanescentes da smear layer (setas pretas) com
desobliteração parcial de alguns túbulos dentinários. Em (C), observa-se espécime tratado por ácido
fosfórico a 37% durante 3 minutos após a raspagem (aumento de 500x). Observa-se na imagem
remanescentes teciduais calcificados ou não (setas pretas), com poucos orifícios desobliterados (área
destacada com quadrado branco). Em maior aumento (D), observa-se a presença de restos teciduais
(setas pretas) recobrindo parcialmente o espécime, com poucos túbulos desobliterados (quadrado
branco).
Resultados 81
Figura 7 - Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares tratados com solução de EDTA a 24% durante 90 segundos (A e B) e 180 segundos (C e D) após a raspagem
Legenda: Em (A), observa-se espécime tratado por solução em gel de EDTA a 24% durante 90
segundos após a raspagem (aumento de 500x). Nas pontas das setas pretas, nota-se a presença de
alguns remanescentes de cálculo. A superfície radicular, de forma geral, apresentou-se
descontaminada, com desobliteração dos túbulos dentinários evidente. Em aumento de 1000x (B),
observa-se a descontaminação da superfície com os túbulos desobliterados. Em (C), observa-se
espécime tratado por solução em gel de EDTA a 24% durante 3 minutos após a raspagem (aumento
de 500x). Observa-se superfície lisa, uniforme, sem sinais de remanescentes de cálculo, com túbulos
dentinários desobliterados. Em maior aumento (D), nota-se a descontaminação da superfície e
desobliteração dos túbulos.
Resultados 83
Figura 8 -Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares tratados com solução de ácido cítrico pH 1.0 e tetraciclina a 50% durante 90 segundos (A e B) e 180 segundos (C e D) após a raspagem
Legenda: Em (A), observa-se espécime tratado por solução em gel de ácido cítrico pH 1.0 e
tetraciclina a 50% durante 90 segundos após a raspagem (aumento de 500x). Na ponta da seta
preta, nota-se a presença de alguns remanescentes de restos teciduais. Observa-se ainda algumas
marcas dos golpes das curetas e alguns orifícios desobliterados. Em aumento de 1000x (B), observa-
se descontaminação parcial da superfície dentária, com presença de restos teciduais calcificados
(seta preta), além de alguns orifícios parcialmente desobliterados. Em (C), observa-se espécime
tratado por solução em gel de ácido cítrico pH 1.0 e tetraciclina a 50% durante 3 minutos após a
raspagem (aumento de 500x). Observa-se algumas marcas produzidas pelos golpes da cureta na
superfície do fragmento, além de restos teciduais provavelmente constituídos de cálculo (setas
pretas). Em maior aumento (D), nota-se a descontaminação parcial da superfície, com presença de
remanescentes de cálculo e restos teciduais (setas pretas) e desobliteração de alguns túbulos.
Resultados 85
Figura 9- Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares tratados com solução de ácido cítrico 50%pH 1.0 durante 90 segundos (A e B) e 180 segundos (C e D) após a raspagem
Legenda: Em (A), observa-se espécime tratado por solução em gel de ácido cítrico 50% pH 1.0
durante 90 segundos após a raspagem (aumento de 500x). Nas pontas das setas pretas, nota-se a
presença de algumas marcas dos golpes das curetas e alguns orifícios desobliterados. Em aumento
de 1000x (B), observa-se descontaminação parcial da superfície dentária, com presença de restos
teciduais calcificados (seta preta), além de alguns orifícios desobliterados. Em (C), observa-se
espécime tratado por solução em gel de ácido cítrico 50% pH 1.0 durante 3 minutos após a
raspagem (aumento de 500x). Observa-se algumas marcas produzidas pelos golpes da cureta na
superfície do fragmento (setas brancas). Em maior aumento (D), nota-se a descontaminação parcial
da superfície, com presença de restos teciduais e marcas da instrumentação (setas brancas) e
desobliteração de alguns túbulos.
Resultados 87
Figura 10 -Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares tratados com tetraciclina acida 50% durante 90 segundos (A e B) e 180 segundos (C e D) após a raspagem
Legenda: Em (A), observa-se espécime tratado por tetraciclina ácida 50% durante 90 segundos após
a raspagem (aumento de 500x). Nas pontas das setas pretas, nota-se a presença de remanescentes
de cálculo e restos teciduais. Em aumento de 1000x (B), observa-se a presença de smear layer,
remanescentes de cálculo e restos teciduais (setas pretas) sem desobliteração completa dos túbulos
dentinários. Nota-se também marcas da instrumentação. Em (C), observa-se espécime tratado
tetraciclina ácida 50%durante 3 minutos após a raspagem (aumento de 500x). Observa-se superfície
mais limpa, sem marcas de estriações causadas pelos golpes das curetas. O espécime apresenta-se
coberto por remanescentes teciduais com poucos orifícios desobliterados (área destacada com
quadrado branco). Em maior aumento (D), observa-se a presença de alguns túbulos desobliterados
(setas pretas).
Resultados 89
Figura 11 - Fotomicrografias de microscopia eletrônica de varredura de fragmentos radiculares do grupo controle, tratados por meio de raspagem e alisamento radicular (Figuras A a D)
Legenda: Em (A), observa-se espécime do grupo controle, tratado por raspagem e alisamento
radicular (aumento de 500x). Nas pontas das setas pretas, nota-se a presença de remanescentes de
cálculo (setas pretas). Em aumento de 1000x (B), observa-se a presença de smear layer, sem
desobliteração dos túbulos. Em (C), observa-se outro espécime tratado apenas por raspagem e
alisamento radicular (aumento de 500x). Observa-se na imagem pequenas áreas de perda de
substância dentária (quadrado branco) e estriações causadas pelos golpes das curetas. O espécime
apresenta-se coberto por remanescentes teciduais calcificados (setas pretas), sem desobliteração
dos orifícios. Em maior aumento (D), nota-se uma superfície contaminada e sem abertura dos
túbulos dentinários.
Resultados 91
5.1.2 Análise comparativa dos efeitos dos diferente s agentes
condicionantes aplicados por 90 e 180 segundos na d escontaminação
radicular
Nos Gráficos 1 a 5 são apresentados os resultados obtidos nos diferentes
grupos experimentais relativamente a IRS (aumentos de 500x e 1000x), ICR
(aumentos de 500x e 1000x), IPSD (aumentos de 500x e 1000x), IPRT (aumento de
500x) e IRSL (aumento de 1000x).
Índice de rugosidade superficial
O menor índice de rugosidade superficial foi observado no grupo AF90, onde
não foram observadas marcas da instrumentação, com diferenças estatisticamente
significantes em comparação aos grupos T180 (p< 0.05) e controle (p< 0.0001). No
grupo EDTA90 também não foram observadas marcas profundas da instrumentação
mecânica dos espécimes investigados, com diferença estatisticamente significante
do grupo T90 (p< 0.05). O grupo controle foi aquele que apresentou o maior índice
de rugosidade, com maior evidência das marcas produzidas pelos golpes da cureta
sobre os espécimes tratados, com diferenças estatisticamente significantes em
relação aos grupos AF90 e T90, os quais demonstraram as menores rugosidades
superficiais. Esses resultados estão ilustrados no Gráfico 1.
92 Resultados
Gráfico 1- Índice de Rugosidade Superficial (IRS) observado nos diferentes grupos experimentais
Legenda: Média ± desvio-padrão dos escores relativos à rugosidade superficial obtida para os
diferentes grupos experimentais (aumentos de 500x e 1000x). Análise comparativa pelo método de
Kruskal Wallis: p< 0.0001. Comparação múltipla entre os grupos realizadas pelo método de Dunn:
*Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo AF90 e os grupos T180 (p< 0.05) e controle
(p< 0.0001); ♦ Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo T90 e os grupos EDTA90 (p<
0.05) e controle (p< 0.05)
IRS
AF90
AF180
EDTA90
EDTA180
ACT90
ACT180AC90
AC180
T90T18
0
CONTROLE
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
Grupos
Esc
ores
∗
♦
Resultados 93
Índice de cálculo residual
Os maiores ICR foram observados com os grupos T90 e controle (Gráfico 2).
O grupo T90 apresentou, em seus espécimes, grande quantidade de indutos sobre a
superfície radicular, de formato quadrado ou hexagonal, que podem ser decorrentes
do sal de tetraciclina. Houve diferenças estatisticamente entre este grupo e os
grupos EDTA90, EDTA180, ACT90, ACT180, AC90, AC180 e T180 (p< 0.05), porém
sem diferenças estatisticamente significantes (p> 0.05) em relação aos grupos
controle, AF90 e AF180. Os menores ICR foram observados no grupo EDTA180,
entretanto sem diferenças estatisticamente comparativamente aos grupos EDTA90,
AC90, AC180, ACT90 e ACT180 (p> 0.05).
94 Resultados
Gráfico 2- Índice de Cálculo Residual (ICR) observado nos diferentes grupos experimentais
Legenda: Média ± desvio-padrão dos escores relativos ao índice de cálculo residual obtida para os
diferentes grupos experimentais (aumentos de 500x e 1000x). Análise comparativa pelo método de
Kruskal Wallis: p< 0.0001. Comparação múltipla entre os grupos realizadas pelo método de Dunn:
●Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo AF90 e os grupos EDTA90, EDTA180 e
AC180; ▪Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo AF180 e os grupos EDTA90,
EDTA180, AC90, AC180; *Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo controle e os
grupos EDTA90, EDTA180, AC90, AC180 e ACT90 (p< 0.05); ♦Diferenças estatisticamente
significantes entre o grupo T90 e os grupos EDTA90, EDTA180, ACT90, ACT180, AC90, AC180,
T180 (p< 0.05).
* ♦
● ▪
Resultados 95
Índice de perda de substância dentária
Os maiores IPSD foram observados nos grupos AF180 (1,75 ± 0,94) e T180
(1,33 ± 0,48), sugerindo maior desmineralização (Gráfico 3). Houve diferenças
estatisticamente significantes entre o grupo T180 e os grupos AF90, AC180,
EDTA90, EDTA180, ACT90, ACT180 e T90 (p< 0.05) e entre o grupo AF180 e os
grupos AF90, EDTA90, EDTA180, ACT90, ACT180, AC90, AC180, T90 e controle
(p< 0.05). Não houve diferença significante entre os AF180 e T180 (p> 0.05).
96 Resultados
Gráfico 3- Índice de Perda de Substância Dentária (IPSD) observado nos diferentes grupos experimentais
Legenda: Média ± desvio-padrão dos escores relativos ao índice de perda de substância dentária
obtida para os diferentes grupos experimentais (aumentos de 500x e 1000x). Análise comparativa
pelo método de Kruskal Wallis: p< 0.0001. Comparação múltipla entre os grupos realizada pelo
método de Dunn: *Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo AF180 e os demais (p<
0.05), com exceção do grupo T180 (p> 0.05); ♦ Diferenças estatisticamente significantes entre o
grupo T180 e os demais (p< 0.05), com exceção dos grupos AF180 e controle (p> 0.05).
IPSD
AF90
AF180
EDTA90
EDTA180
ACT90
ACT180AC90
AC180
T90T18
0
CONTROLE
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
Grupos
Esc
ores
*
♦
Resultados 97
Índice da presença de restos teciduais
Os maiores IPRT foram observados nos grupos T90 (3,50 ± 1,67), AF90 (3,41
± 1,67), AF180 (3,41 ± 1,44) e controle (3,41 ± 1,16). Os menores índices foram
observados para os grupos EDTA180 (1,08 ± 0,28) e AC180 (1,08 ± 0,28). Houve
diferenças estatisticamente significantes entre os grupos AF180 e controle e os
grupos EDTA90, EDTA180, AC90 e AC180 (p< 0.05), entre o grupo T90 e os grupos
EDTA90, EDTA180, AC90 e AC180 (p <0.05), AF90 e os grupos EDTA180 e AC180
(p< 0.05). Não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos
EDTA90, EDTA180, AC90, AC180, ACT90 e ACT180 (Gráfico 4).
98 Resultados
Gráfico 4- Índice da Presença de Restos Teciduais (IPRT) observado nos diferentes grupos experimentais
Legenda: Média ± desvio-padrão dos escores relativos ao índice de presença de restos teciduais
obtida para os diferentes grupos experimentais (aumento de 500x). Análise comparativa pelo método
de Kruskal Wallis: p< 0.0001. Comparação múltipla entre os grupos realizada pelo método de Dunn:
*Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo AF90 e os grupos EDTA180 e AC180 (p<
0.05); **Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo AF180 e os grupos EDTA90,
EDTA180, AC90 e AC180; ♦Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo T90 e os grupos
EDTA90, EDTA180, AC90 e AC180 (p< 0.05); † Diferenças estatisticamente significantes entre o
grupo controle e os grupos EDTA90, EDTA180, AC90 e AC180.
* ** ♦ †
Resultados 99
Índice de remoção da ‘smear layer’ (IRSL)
Os maiores IRSL foram observados no grupo controle (3,83 ± 1,19), com
diferenças estatisticamente significantes em relação os grupos EDTA90, EDTA180,
AC90, AC180, ACT90 e ACT180 (p< 0.05), AF90 (3,50 ± 1,44), com diferenças
estatisticamente significantes (p< 0.05) em relação aos grupos EDTA90, EDTA180,
ACT90, ACT180, AC90 e AC180, e T90 (3,50 ±1,67), com diferenças
estatisticamente significantes (p< 0.05) em relação aos grupos EDTA90, EDTA180,
AC180, ACT90 e ACT180. Não houve diferenças estatisticamente significantes (p>
0.05) entre os grupos EDTA90, EDTA180, AC90, AC180, ACT90 e ACT180
(Gráfico 5).
100 Resultados
Gráfico 5- Índice de Remoção da smear layer (IRSL) observado nos diferentes grupos experimentais
Legenda: Média ± desvio-padrão dos escores relativos ao índice de presença de restos teciduais
obtida para os diferentes grupos experimentais (aumento de 1000x). Análise comparativa pelo
método de Kruskal Wallis: p< 0.0001. Comparação múltipla entre os grupos realizada pelo método de
Dunn: *Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo AF90 e os grupos EDTA90, EDTA180,
ACT90, ACT180, AC90 e AC180 (p< 0.05); **Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo
AF180 e os grupos EDTA90, EDTA180, ACT90, ACT180, AC90 e AC180; ♦ Diferenças
estatisticamente significantes entre o grupo T90 e os grupos EDTA90, EDTA180, ACT90, ACT180 e
AC180 (p< 0.05); ● Diferenças estatisticamente significantes entre os grupos T180 e EDTA180 (p<
0.05); † Diferenças estatisticamente significantes entre o grupo controle e os grupos EDTA90,
EDTA180, ACT90, ACT180, AC90 e AC180.
* **
♦ †
●
Resultados 101
5.2 Estudo clínico randomizado
Foram incluídos no estudo 27 pacientes, sendo 8 homens e 19 mulheres, com
idade variável entre 23 e 60 anos (média de 39,70 ± 13,28 anos), os quais
contribuíram com o total de 60 sítios para tratamento. Cada grupo foi constituído por
20 sítios de tratamento. Não houve diferença entre a idade média dos três grupos
(G0: 39,64 ± 13,03; G90: 37,92 ± 11,22; G180: 38,67 ± 10,67; p= 0.93).
Profundidade de sondagem (PS)
Não houve diferença estatisticamente significante nos diferentes grupos após
o tratamento (p> 0.05; ANOVA para medidas repetidas). Não houve diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos G0, G90 e G180 (p> 0.05; ANOVA)
nos exames inicial e diferentes períodos pós-operatórios, conforme observado na
Tabela 1.
Altura da recessão (AR)
Todos os grupos mostraram diminuição da altura da recessão após o
tratamento (p< 0.0001; ANOVA para medidas repetidas), sem diferenças
significantes entre os grupos (p> 0.05; ANOVA) nos diferentes períodos de tempo
avaliados (Tabela 1).
Nível de inserção clínica (NIC)
Observou-se ganho de inserção clínica estatisticamente significante após o
tratamento em todos os grupos (p< 0.0001; ANOVA para medidas repetidas), sem
diferenças significantes (p> 0.05; ANOVA) entre os grupos nos diferentes períodos
de avaliação (Tabela 1).
Quantidade de gengiva ceratinizada (GC)
Houve aumento significante da faixa de gengiva ceratinizada nos grupos
GC90 (baseline: 2,10 ± 1,02; 12 meses: 3,5 ± 1,90; p< 0.05) e GC180 (baseline: 2,40
± 1,18; 4,05 ± 0,44; p< 0.05) após 12 meses de acompanhamento . No grupo G0,
houve, aos 30 dias (2,75 ± 0,85), aumento significativo (p< 0.05) da faixa de gengiva
ceratinizada em relação ao exame inicial (2,1 ± 1,16). No entanto, após 12 meses de
acompanhamento, houve diminuição da faixa de gengiva ceratinizada (2,00 ± 1,41),
102 Resultados
com diferenças estatisticamente significantes entre os períodos de avaliação de 12
meses e 30 dias (p< 0.05) e sem diferenças estatisticamente significantes em
relação ao exame inicial e pós-operatórios de 3 e 6 meses de acompanhamento
(Tabela 1).
Índice de sangramento do sulco (ISS)
Os grupos G0 e G90 mostraram variação significativa do sangramento à
sondagem durante o período de acompanhamento. Houve aumento significante do
ISS nos períodos de acompanhamento de 3 (0,55 ± 0,60; p< 0.05) e 6 (0,55 ± 0,51;
p< 0.05) meses em relação ao exame inicial (0,15 ± 0,36) e redução do ISS aos 12
meses pós-operatório (0,25 ± 0,44), sem diferença estatisticamente em relação ao
exame inicial (p> 0.05), conforme observado na Tabela 1, no Grupo G0. No grupo
G90, houve aumento significativo (p<0.05) do ISS aos 6 meses (0,60 ± 0,59) em
relação ao exame inicial (0,10 ± 0,30). Não houve variação significativa do ISS no
grupo G180 (p< 0.05).
Índice de placa (IPl)
Não houve variação significativa do IPl nos grupos G0 e G180 (p> 0.05;
Kruskal Wallis). No grupo G90, houve aumento significativo (p< 0.05) do IPl no
exame aos 12 meses (0,45 ± 0,60) em relação ao exame inicial (0,05 ± 0,22),
conforme demonstrado na Tabela 1.
Porcentagem de recobrimento radicular (%REC)
O percentual médio de recobrimento foi de 40,83% ± 36,96% no grupo G0, de
52,12% ± 30,98% no grupo G90 e de 59,58% ± 34,76% no grupo G180 (Figura 12),
sem diferenças estatisticamente significantes entre os grupos (p= 0.31). Houve
maior redução média da recessão (recessão inicial – recessão final) no grupo G90
(1,95 ± 1,27mm), com diferenças estatisticamente significantes (p= 0.0095)
comparado ao grupo controle (0,95 ± 1,05), mas sem diferenças significantes em
relação ao G180 (1,20 ± 0,69), conforme visualizado na Figura 13.
No total, 12 sítios mostraram recobrimento radicular completo (20%), sendo 3
(15%) no grupo G0, 2 (10%) no grupo G90 e 7 (35%) no grupo G180.
Resultados 103
Tabela 1- Parâmetros periodontais clínicos investigados no exame inicial (baseline) e nos diferentes períodos pós-operatórios Grupos Baseline 1 mês 3 meses 6 meses 12 meses
PS
(em
mm)
G0 1.85±0.74a 1.90±0.85a 1.90±0.71a 1.90±0.78a 1.80±0.69a
G90 1.85±0.98a 1.95±0.60a 2.10±0.64a 1.95±0.60a 1.90±0.55a
G180 1.85±0.81a 1.90±0.55a 1.90±0.78a 2.20±0.83a 2.25±0.78a
p* 1.00 0.96 0.59 0.40 0.10
NIC
(em
mm)
G0 4.25±1.16a 2.90±1.07b 3.15±0.87b 3.35±1.22b 3.25±1.18b
G90 4.70±1.80a 2.95±0.94b 3.40±0.82b 3.15±0.98b 2.80±0.89b
G180 4.05±1.14a 2.80±0.76b 3.00±0.91b 3.25±1.37b 3.15±0.27b
p* 0.33 0.87 0.34 0.87 0.39
AR
(em
mm)
G0 2.40±0.88a 0.95±0.68b 1.25±0.71b,c 1.45±0.72c 1.45±0.88c
G90 2.85±1.30a 1.00±0.79b 1.30±0.57b 1.20±0.76b 0.90±0.71b
G180 2.20±0.89a 0.90±0.55b 1.10±0.64b 1.10±0.71b 1.00±0.91b
p* 0.14 0.89 0.59 0.34 0.09
GC
(em
mm)
G0 2.10±1.16a 2.75±0.85a,b 2.05±0.88a,c 2.00±0.79a,c 2.00±1.41a,b,c
G90 2.10±1.02c 2.90±0.71a,c 2.65±0.81a,c 2.20±0.69b,c 3.5±1.90a
G180 2.40±1.18a 2.90±0.85a 2.55±0.88a 2.15±0.87a 4.05±0.44b
p* 0.62 0.79 0.07 0.70 0.0018
ISS*** G0 0.15±036a 0.05±0.22a,b 0.55±0.60a,c 0.55±0.51a,c 0.25±0.44a,c
G90 0.10±0.30a 0.10±0.30a 0.20±0.41a 0.60±0.59a 0.30±0.47a
G180 0.20±0.41a 0.15±0.36a 0.45±0.51a 0.35±0.48a 0.40±0.50a
p** 0.68 0.57 0.10 0.32 0.58
IPl*** G0 0.25±0.44a 0.15±0.36a 0.20±0.41a 0.15±0.36a 0.45±0.60a
G90 0.05±0.22a 0.15±0.36a 0.20±0.41a 0.15±0.36a 0.45±0.60a
G180 0.20±0.41a 0.35±0.48a 0.25±0.44a 0.40±0.50a 0.45±0.51a
p** 0.21 0.21 0.90 0.15 0.60
p*- Análise comparativa entre os grupos por meio de ANOVA a um critério; p**- Análise comparativa entre os grupos por meio do teste de Kruskal Wallis, complementado pelo método de Dunn; *** Análise intra-grupos realizada pelo método não paramétrico de Friedman complementado pelo teste de Dunn, com nível de significância de 5%; letras iguais nas colunas em cada linha representam ausência de diferenças estatisticamente significantes (p>0.05) na análise intra-grupos por meio de análise de variância múltipla para medidas repetidas, complementada pelo teste de Tukey; letras diferentes nas colunas em cada linha representam diferenças estatisticamente significantes (p≤0.05)
104 Resultados
Figura 12 - Porcentagem média ± desvio-padrão de recobrimento radicular após 12 meses de acompanhamento nos grupos G0, G90 e G180
Legenda: Média ± desvio-padrão (%). Análise estatística pelo método de Kruskal Wallis não mostrou diferenças significantes entre os grupos (p= 0.31).
Figura 13- Variação da recessão (recessão inicial – recessão final) observada nos grupos G0, G90 e G180
Legenda: Média ± desvio-padrão (em milímetros). Análise estatística pelo método de Kruskal Wallis mostrou diferenças significantes entre os grupos (p= 0.0095); * Diferenças estatisticamente significantes (p< 0.05) entre os grupos G90 e G0, conforme análise estatística complementar pelo método de Dunn, sem diferenças significantes (p> 0.05) em relação ao G180.
Hipersensibilidade
Observou-se diminuição significativa dos sintomas de dor em todos os grupos
após o tratamento, sem diferenças estatisticamente significantes entre os grupos em
nenhum dos períodos avaliados (Tabela 2).
*
Resultados 105
Tabela 2- Escala de dor relatada pelos pacientes no exame inicial e nos diferentes períodos pós-operatórios para os grupos G0, G90 e G180 Exameinicial 7 dias 15 dias 1 mês 3 meses 6 meses 12 meses
G0 5.6±2.34a
0.25±1.18b
0.20±0.61b
1.70±1.30a,c
1.5±1.10a,c
1.30±1.03a,b,c
1.35±1.18a,c
G90 4.04±2.8a
0.2±0.89b
0.35±0.93b
1.45±0.82a,c
1.2±0.95a,b,c
1.35±0.93a,c
1.25±1.11a,b,c
G180 5.55±2.11a
0.9±2.31b
1.1±2.31b
1.45±1.27b
1.6±1.14b
1.6±1.18b
1.5±1.43b
P 0.17 0.19 0.25 0.85 0.56 0.58 0.92
P- Análise comparativa entre os grupos por meio do método Kruskal Wallis (significante se p< 0.05); Análise intra-grupospor meio do teste de Friedman, complementado pelo método de Dunn, onde letras iguais nas colunas em cada linha representam ausência de diferenças estatisticamente significantes (p>0.05) e letras diferentes nas colunas em cada linha representam diferenças estatisticamente significantes (p≤0.05)
Discussão
Discussão 109
6 DISCUSSÃO
Este estudo foi realizado com dois objetivos principais: investigar as
propriedades de diferentes agentes condicionantes aplicados por 90 e 180 segundos
na descontaminação da superfície radicular in vitro e avaliar se o condicionamento
ácido das superfícies radiculares favorece o recobrimento radicular em seres
humanos. Os resultados desse estudo demonstraram que as soluções de EDTA a
24%, ácido cítrico a 50% e ácido cítrico associado à tetraciclina a 50% são eficientes
para remoção de cálculo residual e smearlayer deixada sobre a superfície dentária
após a raspagem e alisamento radicular, produzindo ainda desobliteração dos
orifícios dos túbulos dentinários. O estudo clínico randomizado demonstrou que o
condicionamento das superfícies radiculares com solução em gel de ácido cítrico
associado à tetraciclina favoreceu o recobrimento radicular e o aumento na faixa de
gengiva ceratinizada.
A superfície radicular exposta à cavidade bucal torna-se contaminada, com
alterações da superfície do cemento, que pode se tornar hipermineralizado
(WIRTHLIN ET AL., 1979) e contaminado (ADRIAENS; ADRIAENS, 2004) tornando-
o incompatível à adesão de células e fibras de tecido conjuntivo (ALEO; DE RENZIS;
FARBER, 1975).
A camada de indutos formada durante a instrumentação mecânica das
superfícies radiculares pode agir como barreira física ao desenvolvimento de
inserção de células e fibras à superfície radicular (NALBADIAN; COTE, 1982;
;HANES; POLSON, 1989).
O uso de agentes condicionantes ou biomodificadores da superfície radicular
foi proposto para descontaminar as superfícies radiculares, removendo a camada de
indutos deixada sobre a superfície radicular, desobliterando os túbulos dentinários
(REGISTER; BURDICK, 1975, 1976; CHAVES et al., 1993; HANES; POLSON, 1989;
POLSON; HANES, 1989; WIKESJO et al., 1991); , expondo colágeno tipo I
(REGISTER; BURDICK, 1975, 1976; CHAVES et al., 1993; HANES; POLSON;
LADENHEIN, 1985;RIRIE; CRIGGER; SELVIG, 1980; ROMPEN; GOFFINET;
NUSGENS, 1999; SELVIG et al., 1981; TERRANOVA et al., 1986) e induzindo a
formação de pinos de cemento (HANES; POLSON; FREDRICK,1988; POLSON;
110 Discussão
FREDRICK, 1985; REGISTER; BURDICK, 1976), impedir a migração apical do
epitélio juncional (COLE et al., 1985; HANES; POLSON; LADENHEIN, 1985;
LARJAVA et al., 1988; POLSON; PROYE, 1982) e estimular osteogênese e
cementogênese (REGISTER; BURDICK, 1976). Como resultado, o condicionamento
das superfícies radiculares poderia favorecer a regeneração dos tecidos periodontais
(POLSON; CATOON, 1982; LOWENGUTH; BLEIDEN, 1993; POLSON; PROYE,
1982; PROYE; POLSON, 1982) e a nova inserção conjuntiva (CRIGGER et al.,
1978;COLE et al., 1980; NILVEUS, 1980).
Para fins didáticos, essa discussão será dividida em dois tópicos,
contemplando os aspectos relativos ao estudo em MEV e ao estudo clínico
randomizado.
6.1 Estudo em MEV
O condicionamento ácido das superfícies radiculares resulta em zona
desmineralizada de 4µm de espessura, expondo fibrilas colágenas da dentina e
abertura dos túbulos dentinários (GARRET; CRIGGER; EGELBERG, 1978; RIRIE;
CRIGGER; SELVIG, 1980).Estudos in vitro demonstraram que a desmineralização
das superfícies radiculares favorece a adesão do coágulo (POLSON; PROYER,
1983; BAKER et al., 1983; WILKESJO et al., 1992) e a inserção de células e fibras à
superfície radicular (REGISTER; BURDICK, 1975; SELVIG et al., 1981; POLSON;
PROYE, 1982, 1983; FARDAL; LOWENBERG, 1990; ZAMAN et al., 2000).
Os índices de rugosidade superficial, cálculo residual e perda de substância
dentária utilizados para investigação dos efeitos dos diferentes ácidos nos dois
períodos de aplicação foram baseados nas propostas de Lie e Meyer (LIE; MEYER,
1977; MEYER; LIE, 1977), empregada por Justo (2003).
O IRS mede a rugosidade superficial provocada pela ação do instrumento
sobre a superfície radicular, existindo concordância entre o índice proposto e os
resultados de microrrugosidade superficial obtidos por perfilometria (LIE; MEYER,
1977; MEYER; LIE, 1977). A maior rugosidade superficial, de acordo com os critérios
propostos pelo índice, é observada quando as marcas provocadas pelo uso do
instrumento manual forem mais profundas e mais evidentes. Assim, existe
correlação positiva entre o IRS e o índice de perda dentária (JUSTO, 2003), que
Discussão 111
mede o quanto o instrumento removeu de superfície dentária (LIE; MEYER, 1977;
MEYER; LIE, 1977), usados inicialmente para avaliar os efeitos de diferentes
instrumentos na instrumentação mecânica das superfícies radiculares. No presente
estudo, os maiores índices de rugosidade superficial foram observados no grupo
controle, onde a instrumentação mecânica das superfícies dentárias produziu
marcas nítidas dos golpes da cureta que não foram revertidos pelo uso dos agentes
condicionantes. O grupo AF90 foi aquele que apresentou o menor índice de
rugosidade superficial, possivelmente decorrente da presença de smear layer(a qual
pode mascarar as marcas da instrumentação), o que seria compatível com a
migração apical do epitélio juncional (STAHL, 1977).
O índice de cálculo residual mede a quantidade de cálculo remanescente
após o tratamento da raiz. Vários estudos in vitro demonstraram que a
instrumentação mecânica da raiz com curetas, ultrassom e até mesmo instrumentos
rotatórios deixa quantidades variáveis de remanescentes de cálculo sobre a
superfície radicular (ANDERSON et al., 1996; BRAYER et al., 1989; BREININGER;
O`LEARY; BLUMENSHINE, 1987; JONES; LOZDAN; BOYDE, 1972; JONES;
O`LEARY, 1978; NAGY; OTOMO-CORGEL; STAMBAUGH, 1992; NISHIMINE;
O`LEARY, 1979; RABBANI; ASH; CAFFESSE, 1981). No presente estudo, os
maiores índices de cálculo residual foram observados no grupo controle e nos
grupos tratados com ácido fosfórico (90 e 180 segundos de aplicação) e tetraciclina
ácida (90 segundos de aplicação).
O IPSD mede a quantidade de estrutura dentária removida com a
instrumentação e, usualmente, é proporcional ao aumento da rugosidade superficial
e inversamente proporcional ao ICR (JUSTO, 2003). Neste estudo, os maiores
índices de perda de substância dentária foram observados nos grupos AF180 e
T180, diferentemente dos resultados relatados por Bergenholtz e Babay (1998), os
quais indicaram que o esfregaço de superfícies radiculares com EDTA 8% e
tetraciclina hidroclorídrica por 40 segundos produziu superfícies mais homogêneas e
regulares do que o ácido cítrico, estando mais relacionados com desmineralização
excessiva provocada pelo ácido, causando alteração morfológica da estrutura de
cemento (REGISTER; BURDICK, 1975).A quantidade de cemento removida pode
variar de acordo com o número de golpes de cureta (ADRIAENS; ADRIAENS, 2004),
o que neste estudo foi padronizado, com a espessura do cemento e com a
capacidade de desmineralização dos agentes condicionantes. O cemento fino pode
112 Discussão
ser completamente removido durante a raspagem e alisamento radicular ou quando
o ácido é aplicado com esfregaço (BERGENHOLTZ; BABAY, 1998).
Como originalmente estes índices foram propostos para se avaliar
quantitativamente a instrumentação mecânica das superfícies radiculares, foi
proposta neste estudo a análise da presença de restos teciduais (IPRT) deixados
pela raspagem e não removidos pelo tratamento ácido, bem como o índice de
remoção da smear layer (IRSL), o qual considera a presença ou ausência de smear
layer, a homogeneidade e volume da mesma e a abertura parcial ou total dos
túbulos dentinários, adaptados a partir do estudo de Hulsmann et al. (1997), visando
avaliar quantitativamente os efeitos do tratamento ácido das superfícies radiculares.
O índice proposto foi usado como parâmetro de comparação de método digital de
contagem dos túbulos dentinários abertos após o uso de substâncias ácidas
(GEORGE; RUTLEY; WALSH, 2008), observando-se alto grau de concordância
entre os índices IPRT e IRSL determinados por três examinadores e o método digital
de contagem dos túbulos proposto por Ciocca et al. (CIOCCA et al., 2007),
sugerindo que a avaliação empregada neste estudo é metodologicamente
adequada.
Nestes índices, os melhores resultados foram observados para os grupos
EDTA90, EDTA180, AC90 e AC180, sem diferenças estatisticamente significantes
entre os grupos. Resultados um pouco inferiores foram observados nos grupos
ACT90 e ACT180, embora ainda sem diferenças significantes em relação aos
grupos anteriormente citados. Embora não fosse objetivo desse estudo quantificar
os túbulos dentinários abertos após o tratamento com as diferentes substâncias, o
IRSL mede também a abertura dos túbulos dentinários, podendo se verificar maior
quantidade de túbulos abertos nos grupos tratados com EDTA e AC. Esses achados
são diferentes daqueles obtidos em estudo anterior realizado na Disciplina de
Periodontia, o qual verificou que a maior abertura dos túbulos dentinários (em
número e área) foi produzida pelo uso do ácido cítrico a 50%, pH 1.0, aplicado por 3
minutos, enquanto que o EDTA em forma de gel não foi capaz de produzir abertura
dos túbulos dentinários (AMARAL et al., 2011). As diferenças nos resultados
poderiam ser atribuídas ao tipo de ácido empregado em cada estudo, já que o ácido
cítrico foi manipulado sob a forma de gel, o ácido fosfórico a 37% foi formulado sob
fórmula líquida, a tetraciclina hidroclorídrica foi dissolvida em solução salina e
aplicada com fricção na concentração de 50mg/mL e o EDTA a 24% foi adquirido
Discussão 113
comercialmente naquele estudo, enquanto que no presente estudo todas as
substâncias utilizadas foram manipuladas sob a forma de gel e aplicadas sem
fricção.
O ácido fosfórico atua através do baixo pH, dissolvendo ou causando erosão
na superfície mineralizada, resultando em necrose dos tecidos periodontais em
contato direto com a solução (BLOMLOF et al., 1997; BLOMLOF et al., 1995).
Apresenta ação desmineralizante da superfície dentinária, observando-se que a
aplicação por 1 minuto resulta em desmineralização superficial de 4.5 µm de
profundidade (HÉRITIER et al., 1984), compatível com aquela sugerida por Garret et
al. (1978) e Ririe et al. (1980) após o uso de ácido cítrico pH 1.0 durante 3 minutos.
Neste tempo de aplicação, o ácido fosfórico a 50% produziu exposição de fibrilas
colágenas, compatíveis com a inserção de fibrilas colágenas do ligamento
periodontal, o que poderia favorecer a regeneração periodontal (POLSON; PROYE,
1982; HÉRITIER et al., 1982; HÉRITIER et al., 1984). Por outro lado, o aumento no
tempo de aplicação do ácido resultou em ampliação da zona desmineralizada, mas
com modificação estrutural da superfície, o que não seria adequado (REGISTER;
BURDICK, 1976; BABAY; BERGENHOLTZ, 1996).
No presente estudo, a solução de ácido fosfórico a 37% não foi eficaz na
remoção da smear layer quando aplicados por 90 ou 180 segundos, produzindo
resultados ligeiramente superiores ao controle. Altas concentrações de ácido
fosfórico podem resultar em precipitação de hidroxiapatita a partir das soluções de
fosfato de cálcio formadas pela dissolução inicial da dentina (MARSHALL et al.,
1993), o que poderia resultar em diminuição da extração de íons cálcio quando a
aplicação do ácido se estendesse por períodos de tempo mais prolongados (PÉREZ-
HEREDIA et al,, 2008). A precipitação de hidroxiapatita sobre a superfície radicular
se apresentaria como smear layer (PÉREZ-HEREDIA et al,, 2008), conforme
observado neste estudo.
O EDTA a 24% foi a substância que demonstrou a melhor eficácia na
descontaminação da superfície radicular in vitro, nos tempos de aplicação de 90
segundos e 3 minutos, apresentando os menores ICR, IPRT e IRSL, embora sem
diferenças significantes dos grupos AC90, AC180, ACT90 e ACT180. O EDTA age
por quelação, desmineralizado a superfície dentária por meio de remoção do
conteúdo inorgânico da smear layer (BAUMGARTNER; MADER, 1987). A
dissolução da dentina, nestes casos, é prevenida pela sua própria matriz orgânica
114 Discussão
(ASTOPOULOS; BUONOCORE, 1966), garantindo remoção da smear layer sem
descalcificação (GWINNETT, 1984). Outros estudos demonstraram que o EDTA
apresenta além da propriedade de remoção da smear layer, a capacidade de expor
colágeno de forma mais eficaz do que as soluções que agem por meio do baixo pH
(BLOMLOF; LINDSKOG, 1995; BLOMLOF et al., 1997; VAN MEERBEEK et al.,
1993). Alguns estudos sugeriram que o condicionamento das superfícies com
substâncias químicas de baixo pH podem resultar em necrose dos tecidos
circundantes, o que não ocorreria com o uso do EDTA (BLOMLOF; LINDSKOG,
1995; BLOMLOF et al., 1995, 1996).
Neste estudo, foi utilizado solução em gel de EDTA a 24%, baseado nos
resultados obtidos em estudos prévios (BLOMLOF, 1996; BLOMLOF; BLOMLOF;
LINDSKOG, 1996, 1997). Outras concentrações foram propostas na literatura para
tratamento de superfícies radiculares periodontalmente comprometidas (BATISTA et
al., 2005; BERGENHOLTZ; BABAY, 1998; BLOMLOF; LINDSKOG, 1995) e para
irrigação de canais radiculares durante tratamento endodôntico (ÇALT; SERPER,
2002). Na concentração de 17% como solução irrigadora durante o tratamento
endodôntico, a aplicação da solução por 1 minuto foi eficaz para remoção da smear
layer, enquanto que a aplicação por 10 minutos resultou em erosão peritubular e
intertubular (ÇALT; SERPER, 2002). Batista et al. (2005) sugeriram, após testar
soluções de EDTA nas concentrações de 5%, 10%, 15%, 20% e 24% aplicados por
períodos de tempo variáveis de 1, 2 e 3 minutos passivamente ou ativamente, além
de aplicação por 3 minutos interposto com aplicação de spray de água, que todas as
formas de aplicação e concentração foram efetivas na remoção da smear layer
comparativamente ao controle, embora não houvesse diferenças em relação às
concentrações usadas, com maior eficácia de aplicação pelo método ativo.
Um dos eventos essenciais à regeneração dos tecidos periodontais é a
adesão e estabilidade do coágulo à superfície radicular desnuda. O condicionamento
de blocos de dentina por meio de submersão dos mesmos em solução de ácido
cítrico por 5 minutos resultou em remoção da smear layer deixada pela
instrumentação mecânica, favorecendo a adsorção e adesão de células sanguíneas,
enquanto que superfícies de dentina não condicionadas com ácido cítrico mostraram
células sanguíneas esparsas depositadas sobre a raiz (BAKER et al., 2000),
confirmando achados de estudos anteriores (PROYE; POLSON, 1982) que
Discussão 115
demonstraram que a natureza da superfície radicular determina o desenvolvimento
de reparo ou regeneração dos tecidos periodontais.
Estudos realizados em pacientes confirmaram esses achados, sugerindo que
o condicionamento radicular com solução em gel de EDTA a 24% aplicada por 2
minutos favoreceu a adesão do coágulo misturado a β-TCP (GAMAL, 2011). Desta
forma, o condicionamento das superfícies radiculares com substâncias
desmineralizantes favorece a descontaminação radicular e também modifica a
resposta dos tecidos moles periodontais, levando à regeneração ou reparação dos
tecidos perdidos.
Outros estudos in vitro demonstraram que o tratamento de superfícies
radiculares com gel de EDTA a 24% antes da aplicação de PDGF-BB favoreceu a
adesão de células derivadas de ligamento periodontal (BELAL et al., 2012). Da
mesma forma, o tratamento de superfícies radiculares comprometidas
periodontalmente com ácido cítrico associado à tetraciclina antes da aplicação de
diferentes fatores de crescimento favoreceu a adesão de células de ligamento
periodontal à superfície da raiz (SANT’ANA et al., 2007). Similarmente, o
condicionamento de superfícies radiculares com EDTA a 24% aumenta a
substantividade da clorexidina (GAMAL; MAILHOT, 2007) e o condicionamento com
tetraciclina favorece a adsorção de fatores de crescimento (TERRANOVA;
WIKESJO, 1988). Esses achados sugerem que o condicionamento de superfícies
radiculares favorece a adesão de células, aumenta a taxa de proliferação celular,
atividade de síntese de colágeno e a nova inserção de fibras a raízes previamente
doentes (ROMPEN; GOFFINET; NUSGENS, 1999).
Outro importante aspecto deste estudo está relacionado ao uso de dentes
extraídos por razões periodontais. Resultados variáveis após a aplicação de
diferentes tipos de ácido podem ser vistos em dentes doentes periodontalmente,
comparativamente aos resultados obtidos em dentes saudáveis. Dentes saudáveis
apresentam camada de indutos homogênea, sem desobliteração dos túbulos
dentinários, enquanto que dentes comprometidos periodontalmente mostraram, após
o condicionamento, superfície variável de lisa a densamente granulosa, com
melhores resultados observados para o EDTA foi capaz de reverter essa condição
(BLOMLOF, 1996; BLOMLOF et al. 1996). Assim, o grau de mineralização das
superfícies dentinárias influencia a desmineralização química (FONTANARI et al.,
116 Discussão
2011), o que poderia explicar a existência de resultados variáveis, especialmente em
estudos clínicos envolvendo pacientes periodontalmente comprometidos.
Os resultados do estudo em MEV permitiram observar que a redução do
tempo de aplicação das soluções de EDTA, ácido cítrico e ácido cítrico associado à
tetraciclina não prejudica de forma significativa a descontaminação da superfície
radicular. Por outro lado, o uso de ácido fosfórico por 90 e 180 segundos não foi
eficiente na descontaminação da superfície radicular, enquanto que a formulação em
gel de tetraciclina hidroclorídrica produziu a precipitação de substâncias químicas
sobre a superfície radicular, formando uma densa camada de indutos, não sendo
recomendada sua utilização nesta forma de apresentação.
6.2 Estudo clínico randomizado
A realização deste estudo foi motivada por achados clínicos de necrose
pulpar após o tratamento das raízes com substâncias ácidas por 3 minutos para a
realização de cirurgias regenerativas (dados não demonstrados). De acordo com a
literatura, os efeitos deletérios de substâncias de baixo pH podem incluir prejuízo ao
processo de cura das feridas periodontais (PETTERSON; AUKHIL, 1986),aos
tecidos pulpares (RYAN et al., 1984) e induzir anquilose e reabsorção externa de
cemento e dentina (CIZZA; MIGUES, 2010; NAGATA et al., 2005; CAFFESSE et al.,
2000; NE; WITHERSPOON; GUTMANN, 1999; BEN-YEHOUDA, 1997; CURY et al.,
2005; CARNIO et al., 2002).
No presente estudo, não foram encontradas reações pulpares negativas ou
casos de anquilose e reabsorção após um ano de acompanhamento. Esses achados
são suportados por estudos anteriores (BOSCO, 1986; PASSANEZI et al., 1989;
PASSANEZI et al., 2007), os quais demonstraram que a aplicação dos agentes
quelantes ou desmineralizantes protegeu a superfície dentária contra a reabsorção
externa. A maioria dos casos de reabsorção decorrente do uso de agentes
desmineralizantes ocorreu com o uso da tetraciclina ácida (BEN-YOHOUDA, 1997;
CURY et al., 2005; NAGATA et al., 2005; NE et al., 1999) e ácido cítrico (BRUNO;
BOWERS, 2000; CARNIO et al., 2002), em períodos variáveis de 6 meses a 3 anos
de acompanhamento.Segundo Register e Bürdick (1975), os casos de reabsorção
Discussão 117
externa estariam relacionados à remoção de cemento, não ocorrendo em áreas
apropriadamente desmineralizadas.
Também não se observou, no presente estudo, reações pulpares negativas
ou prejuízo à cura dos tecidos, a partir de achados clínicos, com o uso do ácido por
90 segundos ou 3 minutos, diferentemente dos resultados observados por Blomlöf et
al. (1995), os quais notaram que o contato de substâncias de baixo pH com tecidos
periodontais vitais prejudica a cura das feridas periodontais, enquanto que períodos
mais curtos de aplicação, mesmo em baixo pH, poderia promover formação de
tecido conjuntivo por impedir a epitelização da ferida. Register e Bürdick (1976)
relataram não existir reações pulpares acentuadas após aplicação de soluções
ácidas em lesões rasas após 6 semanas de acompanhamento, embora alguns
estudos (RYAN et al., 1984) tenham demonstrado ocorrência de abscesso pulpar ou
necrose total em períodos de acompanhamento médios ou longos em gatos.
Todos os casos tratados mostraram redução da hipersensibilidade
apresentada no exame inicial, associada ao recobrimento das recessões conseguido
com o tratamento, sem diferença entre os grupos, sugerindo que o condicionamento
ácido das superfícies radiculares não tem efeitos negativos sobre a sensibilidade
radicular. Não foram notadas diferenças estatisticamente significativas entre os
grupos com condicionamento com relação à sensibilidade como também às outras
análises. Desta forma, a utilização por 180 segundos, como é sugerido por muitos
autores (REGISTER, 1973; REGISTER; BURDICK, 1975; HANES, 1987; CODELLI;
FRY; DAVIS, 1991), pode ser mantida. Somente em casos que o paciente já relate
sensibilidade dentária ou algum problema pulpar seria mais pertinente a utilização
do agente ácido por somente 90 segundos, favorecendo o ganho de inserção clinica,
já que não houve diferenças estatísticas, e consequentemente não causaria
problemas possíveis de sensibilidade.
Poucos estudos investigaram o papel do condicionamento das superfícies
radiculares com soluções ácidas ou quelantes no recobrimento radicular.
Estudopioneiropublicadoem1982 por Miller (MILLER, 1982) indicou que o
recobrimento radicular completo em raízes tratadas com ácido cítrico ocorre quando
não houver perda de tecido mole ou duro interproximal significativo.
Diversos outros estudos não mostraram efeitos benéficos ou adicionais do
uso da biomodificação das superfícies no recobrimento radicular (BERTRAND;
DUNLAP, 1988; BOUCHARD et al., 1994; WEN et al., 1992; CAFFESSE et al., 2000;
118 Discussão
BITTENCOURT et al., 2007; KASSAB et al., 2006). Da mesma forma, o tratamento
das superfícies radiculares com laser Nd:YAG não influenciou e até mesmo afetou
negativamente o recobrimento radicular (DILSIZ et al., 2010; DILSIZ; AYDIN;
YAVUZ, 2010). Nestes estudos, houve variação dos tipos de ácidos empregados,
bem como do tempo e forma de aplicação, o que poderia justificar as diferenças
encontradas em relação aos resultados obtidos no presente estudo.
Assim, é necessário investigar melhor o papel do condicionamento das
superfícies radiculares no recobrimento radicular, bem como estabelecer o tempo
ótimo de aplicação das soluções desmineralizantes ou quelantes atualmente
disponíveis no mercado. Esta foi uma proposta secundária deste estudo e, com base
nos resultados obtidos in vitro, pode-se concluir que a redução do tempo de
aplicação do ácido para 90 segundos não prejudica significativamente a
descontaminação das superfícies radiculares. Portanto, é possível reduzir o tempo
de aplicação das soluções para 90 segundos, embora resultados ligeiramente
melhores tenham sido observados com a aplicação por 3 minutos. As diferenças de
resultados observados entre o presente estudo e aqueles anteriormente
mencionados podem ser, ao menos parcialmente, creditados a diferenças no tempo
de acompanhamento dos casos clínicos.
Esses achados ficam claros especialmente quando se avalia o aumento da
faixa de gengiva ceratinizada, que foi significativamente maior nos grupos G180 e
G90 do que no grupo controle, sem diferenças entre os grupos tratados com ácido.
Relatos prévios de literatura também demonstraram ganho significativo na faixa de
gengiva ceratinizada após recobrimento radicular com enxerto gengival livre
(MILLER, 1982) ou com enxerto de tecido conjuntivo subepitelial (HARRIS, 2002).
Estudo in vitro realizado previamente demonstrou que o condicionamento de dentina
liofilizada com ácido cítrico ou minociclina HCl aumentou a adesão de ceratinócitos
de forma significativa após aproximadamente 6 horas, sem diferenças entre as
substâncias avaliadas, comparativamente ao grupo controle não tratado com ácido
(VANHEUSDEN et al., 1999). Esses achados podem sugerir que o aumento na faixa
de gengiva ceratinizada observada neste estudo ocorra em função do estímulo
proliferativo e sintético exercidos sobre ceratinócitos gengivais.
O enxerto gengival livre colocado sobre leito receptor de tecido conjuntivo
(MILLER, 1985), pode facilitar a migração coronária pós-operatória do tecido
gengival marginal sobre superfícies radiculares anteriormente desnudas,
Discussão 119
particularmente, mas não exclusivamente, no segmento anterior inferior,
proporcionando recobrimento radicular tardio. Este fenômeno foi denominado
“creeping attachment” (HALL, 1989; SULLIVAN; ATKINS, 1969; BELL, 1978). Matter
e Cimasoni (1980) sugeriram que o creeping attachment apesar de imprevisível,
ocorre mais freqüentemente em pacientes jovens, com bom controle de placa
bacteriana, em dentes bem posicionados no arco, que apresentem defeitos estreitos
e altura normal do osso alveolar interproximal. No presente estudo, foram incluídos
pacientes de 23 a 60 anos. Todos apresentavam bom controle de placa e receberam
tratamento periodontal básico por meio de raspagem e alisamento radicular,
polimento dental e instrução de higiene oral antes da realização da cirurgia, como
forma de padronização da amostra. Assim, a condição clínica dos pacientes poderia
favorecer a ocorrência de creeping attachment.
O creeping attachment ocorre de forma significativa após os seis meses de
acompanhamento (AGUDIO et al. 2008, 2009; BARROSO, 2001). De fato,
alterações significativas no comprimento da faixa de gengiva ceratinizada e
diminuição da recessão somente foram observadas no presente estudo após os 6
meses pós-operatórios.Otero-Cagide e Otero-Cagide(2003)descreveram um caso
clínico de creeping attachmentsurpreendente, queocorreu como resultadode um
enxertogengivalautógeno. Esta migração ocorreu em recessãoampla (3mm) e
profunda(2 mm) localizada noprimeiro molar superior, resultando em recobrimento
radicular completo, com aumento da faixa de gengiva ceratinizada, ganho de
inserção e preservação de profundidade de sondagem rasa 5 anos após a cirurgia.
Pode-se também sugerir que o ganho de gengiva ceratinizada nos grupos
com a utilização de ácido cítrico associado com tetraciclina ocorreu devido à
estabilização do recobrimento radicular juntamente com o creeping attachment, já
que houve diminuição da recessão concomitantemente ao aumento na faixa de
gengiva ceratinizada. O condicionamento ácido possivelmente ajudou na exposição
das fibras colágenas, estabilização do coágulo e do enxerto (PROYE; POLSON,
1982; WIJKESJÖet al., 1991; BAKER et al.,2000), que consequentemente
favoreceu a estabilidade do recobrimento radicular, não havendo migração apical da
margem gengival.
Não houve diminuição significativa da profundidade de sondagem neste
estudo, com diminuição da recessão maior nos grupos tratados com ácido do que no
grupo controle, embora sem diferenças estatisticamente significantes entre os
120 Discussão
grupos (p=0.09). Como houve diminuição significante da recessão após o tratamento
nos grupos tratados com ácido e aumento significante da faixa de gengiva
ceratinizada, pode-se estimar que o recobrimento observado resultasse do ganho de
inserção clínica (CAFFESSE et al., 2000). Por outro lado, o grupo controle (G0)
mostrou diminuição média da recessão significativamente menor do que o grupo
G90, sem aumento da faixa de gengiva ceratinizada (inicial: 2,1 ± 1,16 vs. final: 2,0 ±
1,41; p> 0.05). Dessa forma, pode-se sugerir que o condicionamento das
superfícies radiculares resulte em estímulo à diferenciação celular (REGISTER;
BURDICK, 1976), resultando em redução da recessão associada ao aumento da
faixa de gengiva ceratinizada, com formação de regeneração periodontal ou nova
inserção conjuntiva (BAKER et al., 2000; BERGENHOLTZ; BABAY, 1998;
BLOMLOF et al., 1997; HIGASHI; OKAMOTO, 1995; LAFFERTY et al., 1993;
PASSANEZI et al., 1979; LÓPEZ, 1984) nos grupos tratados com ácido.
Por outro lado, no grupo controle, não condicionado, houve menor diminuição
da recessão, especialmente em relação ao grupo G90, com ligeira diminuição da
faixa de gengiva ceratinizada, reforçando o papel benéfico do condicionamento
ácido no recobrimento radicular.
A escolha do ácido cítrico associado à tetraciclina se baseou em estudos
anteriores (SANT’ANA et al., 2007; JUSTO et al., 2003; FRANCO et al., 2002), os
quais demonstraram a efetividade dessa substância na descontaminação da
superfície radicular e na adesão de células de ligamento periodontal e fibras de
tecido conjuntivo à superfície radicular tratada.
O percentual médio de recobrimento radicular neste estudo foi inferior a
outros relatos de literatura (HARRIS, 2002), mas maior que a média encontrada em
revisões sistemáticas (AL-HAMDAN et al. 2003). Alguns fatores podem estar
significativamente associados ao aumento do percentual de sítios apresentando
recobrimento radicular completo, incluindo o condicionamento ácido radicular, além
de recessões rasas e uso de membranas absorvíveis (AL-HAMDAN et al. 2003).
Neste estudo, 20% dos sítios tratados (12/60) apresentaram recobrimento radicular
completo, sendo 3/20 (15%) no grupo G0, 2/20 (10%) no grupo G90 e 7/20 (35%) no
grupo G90.
Embora o uso de desmineralização radicular por meio de soluções ácidas ou
quelantes seja bastante controverso na literatura, são necessários outros estudos
para se estabelecer o tempo ideal de aplicação das soluções atualmente disponíveis
Discussão 121
comercialmente. Além disso, embora os efeitos do condicionamento ácido radicular
na descontaminação radicular in vitro sejam bem estabelecidos, a maioria dos
estudos clínicos publicados não mostra efeitos benéficos do uso de condicionamento
ácido em cirurgias de recobrimento radicular. Dentro da metodologia deste estudo,
pode-se observar que o condicionamento ácido radicular favoreceu o recobrimento
radicular e o ganho na faixa de gengiva ceratinizada no tratamento de recessões
classe I ou II de Miller por meio de enxerto de conjuntivo subepitelial. Diante disso,
outros estudos devem ser realizados para investigar melhor o benefício do uso de
condicionamento radicular no recobrimento de raízes desnudas.
Conclusões
Conclusões 125
7 CONCLUSÕES
De acordo com a metodologia empregada neste estudo, pode-se concluir que:
• O uso de agentes químicos para o condicionamento de superfícies
radiculares de dentes previamente expostos à bolsa periodontal resulta
em descontaminação da superfície radicular, com remoção da camada de
indutos, remanescentes de cálculo e desobliteração dos túbulos
dentinários in vitro, nos períodos de aplicação de 90 e 180 segundos para
os seguintes agentes: solução em gel de EDTA a 24%, solução de ácido
cítrico a 50% pH 1.0 e solução em gel de ácido cítrico pH 1.0 a 50%
associado à tetraciclina;
• A biomodificação química da superfície radicular favorece o recobrimento
radicular especialmente quando aplicado por 90 segundos e o aumento
na faixa de gengiva ceratinizada quando aplicado por 90 e 180 segundos.
• Dentre os agentes químicos avaliados, a solução em gel de EDTA a 24%
apresenta maior efetividade na descontaminação da superfície radicular
após aplicação por 90 e 180 segundos, conforme avaliado pelos índices
de cálculo residual, presença de restos teciduais e remoção da smear
layer.
• A redução do tempo de aplicação não compromete de forma significativa
a capacidade de descontaminação da superfície radicular, de acordo com
os índices de cálculo residual, presença de restos teciduais e remoção da
smear layer, quando se considera os agentes EDTA a 24%, ácido cítrico
pH 1.0 e ácido cítrico associado à tetraciclina;
• A utilização de agentes condicionantes da superfície radicular resulta em
diminuição da hipersensibilidade, de maneira semelhante ao que se
observa nos pacientes tratados com instrumentação mecânica da
superfície radicular apenas, sem ocorrência de outros efeitos adversos,
tais como necrose pulpar ou reabsorção dentinária.
Referências
Referências 129
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Anexos
Anexos 149
Anexo I: Aprovação do Comitê de Ética
150 Anexos
Anexo II: Valores de Kappa geral obtidos em estudo piloto prévio para os índices de rugosidade superficial, cálculo residual, perda de substância dentária, presença de restos teciduais e remoção da camada de smear layer IRS ICR IPSD IPRT IRSL
Kappa geral 0.768 0.540 0.562 0.782 0.638
P- valor geral <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001
Intervalo de
confiança de 95%
0.621-0.915 0.672-0.892 0.408-0.715 0.672-0.892 0.517-0.759
Anexos 151
Anexo III: Ficha de avaliação das fotomicrografias de MEV
Data:___________________
Código IRS ICR IPSD IPRT IRSL
500x 1000x 500x 1000x 500x 1000x 500x 1000x
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152 Anexos
Anexo IV: Ficha de avaliação da intensidade dolorosa e dos parâmetros clínicos de
avaliação