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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE NEUROCIÊNCIAS E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
Pós-Graduação em Saúde Mental
CRIANÇAS QUE CONVIVEM COM A DEPRESSÃO MATERNA: INDICADORES
COGNITIVOS, COMPORTAMENTAIS E DE PSICOPATOLOGIA INFANTIL
Ana Vilela Mendes
Ribeirão Preto – SP
2012
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE NEUROCIÊNCIAS E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
Pós-Graduação em Saúde Mental
CRIANÇAS QUE CONVIVEM COM A DEPRESSÃO MATERNA: INDICADORES
COGNITIVOS, COMPORTAMENTAIS E DE PSICOPATOLOGIA INFANTIL
Ana Vilela Mendes
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo para a obtenção do
título de Doutor em Ciências Médicas.
Área de concentração: Saúde Mental
Orientadora: Profa. Dr
a. Sonia Regina Loureiro
Co-orientador: Prof. Dr. José Alexandre de Souza Crippa
Ribeirão Preto – SP
2012
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA
Mendes, Ana Vilela
Crianças que convivem com a depressão materna: indicadores cognitivos,
comportamentais e de psicopatologia infantil, 2012.
235p
Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo, 2012. Área de concentração: Saúde
Mental. Orientadora: Sonia Regina Loureiro. Co-orientador: José Alexandre de
Souza Crippa
1. Depressão. 2. Psicopatologia. 3. Comportamento. 4. Fatores de risco. 5.Criança.
Nome: MENDES, Ana Vilela
Título: Crianças que convivem com a depressão materna: indicadores cognitivos,
comportamentais e de psicopatologia infantil.
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo para a obtenção do
título de Doutor em Ciências Médicas.
Área de concentração: Saúde Mental
Aprovado em: ___/___/____.
Banca examinadora
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: _____________________________ Assinatura: ___________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: _____________________________ Assinatura: ___________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: _____________________________ Assinatura: ___________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: _____________________________ Assinatura: ___________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: _____________________________ Assinatura: ___________________
Nome: MENDES, Ana Vilela
Título: Crianças que convivem com a depressão materna: indicadores cognitivos,
comportamentais e de psicopatologia infantil.
Este trabalho foi subvencionado pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo –
FAPESP, mediante a concessão de bolsa de
Doutorado (N° 2009/05089-4), no período de
setembro de 2009 a setembro de 2012.
Ribeirão Preto – SP
2012
Dedico este trabalho, com todo meu amor,
À minha mãe Ana Lúcia (in memoriam), por ser minha
constante fonte de inspiração, coragem e determinação. Meu
eterno agradecimento pelo tempo que passamos juntas e por
cada palavra de amor que sempre me confortou, me fortaleceu
e me incentivou a ir além.
E ao meu filho, Joaquim, por me proporcionar a incrível
experiência da maternidade, e por me inspirar ser uma pessoa
melhor a cada dia.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora Prof.ª Dra. Sonia Regina Loureiro, meu carinho e reconhecimento pelos ensinamentos profissionais e humanos que me dedicou, pela disponibilidade, compreensão e apoio decisivo para a minha formação profissional e concretização deste estudo. Obrigada pelo acolhimento, pela oportunidade e principalmente por ter acreditado em mim.
Ao meu co-orientador Prof. Dr. José Alexandre de Souza Crippa, por compartilhar
conhecimentos, pelo incentivo e apoio.
Aos professores do meu Exame de Qualificação, Profa. Dra Maria Beatriz Linhares, Prof. Dr Jair Lício e Profa. Dra. Ana Maria Pimenta, que me nortearam com excelência para a melhoria do meu trabalho, oferecendo seus conhecimentos com dedicação.
Às psicólogas auxiliares desta pesquisa, Maria Isabela Cartafina e Thaysa Brinck,
que, com muita dedicação, não mediram esforços para me ajudar em todo o processo.
Aos funcionários da Pós-Graduação em Saúde Mental, em especial à Ivana Geraldo Cintra Faria que, com paciência e eficiência, me apoiaram tempo integral.
A todos os professores das disciplinas do Doutorado que se dedicaram para o meu crescimento.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo auxílio financeiro que possibilitou a realização deste trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo auxílio financeiro no Programa de Doutorado com Estágio no Exterior-PDEE, experiência fundamental ao aprimoramento da minha formação profissional e pessoal.
À Profa. Dra. Rocio Martín-Santos, pela receptividade, amizade e apoio oferecidos.
À equipe e todos os integrantes da Unidade Básica de Saúde George Chirré
Jardim, pelo suporte essencial para a realização desta pesquisa.
Às mães e crianças que concordaram em colaborar com a pesquisa e tornaram-na
viável, por seu tempo, disponibilidade e confiança.
Ao Grupo de Transtornos de Humor - GRUDA do Instituto de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em especial ao Prof. Dr. Ricardo Alberto Moreno e à psicóloga Danielle Soares Bio, por terem
me acolhido e me dado a preciosa oportunidade de participar das discussões semanais do grupo.
Às minhas queridas amigas Carolina de Meneses Gaya e Tatiana Iuriko Nakabayashi, com quem compartilho a vida, os bons e maus momentos, ajudando-
me na superação e comemorando as vitórias.
Às minhas amigas e parceiras de trabalho Rosana, Ana Cristina, Laura, Marina e Karen, pela amizade, incentivo e apoio diário.
Ao meu marido Germano, pela dedicação, paciência e carinho que aquece
diariamente meu coração.
À minha irmã Camilla, pelo carinho e pela torcida ao longo de toda a minha vida.
A toda minha família, cada um à sua maneira, pela força e presença nos momentos difíceis.
E aos meus pais, Eduardo e Ana Lúcia, pelo eterno exemplo de amor, de união e de força, especialmente nos momentos em que as dificuldades superavam as expectativas, meus sinceros agradecimentos.
RESUMO
MENDES, A.V. Crianças que convivem com a depressão materna: indicadores
cognitivos, comportamentais e de psicopatologia infantil. 2012. 235p. Tese
(Doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São
Paulo, Ribeirão Preto, 2012.
O interesse pelos problemas de saúde mental na infância é crescente em função da
dimensão epidemiológica dos transtornos e do reconhecimento de uma diversidade
de condições de riscos associadas ao impacto para o desenvolvimento infantil.
Dentre essas condições de risco se insere a convivência com a depressão materna.
Objetiva-se caracterizar as condições de saúde mental de crianças que convivem
com mães com depressão, identificadas na atenção primária, focalizando fatores de
riscos biológicos, sociais e familiares e o seu valor preditivo para problemas
cognitivos, comportamentais e de psicopatologia infantil. Participaram do estudo
uma amostra de conveniência, de 120 mães e seus respectivos filhos biológicos,
com idade entre seis e 12 anos, de ambos os sexos. As mulheres foram
identificadas ao buscarem atendimento clínico para si, em uma Unidade Básica de
Saúde de Uberaba-MG, sendo sistematicamente diagnosticadas por meio do
Questionário Sobre a Saúde do Paciente (PHQ-9) e da Entrevista Clínica
Estruturada (SCID). Com base no diagnóstico psiquiátrico das mães, as crianças
foram distribuídas em dois grupos: Grupo 1 (G1): 60 crianças filhas de mães com
transtorno depressivo, e Grupo 2 (G2): 60 crianças filhas de mães sem história
psiquiátrica. Procedeu-se a avaliação com as mães quanto ao comportamento das
crianças (Questionário de Capacidades e Dificuldades-SDQ), aos indicadores de
psicopatologia infantil (DAWBA) e aos fatores de riscos biológicos, sociais e
familiares, por meio de um Questionário Complementar. Com as crianças procedeu-
se a avaliação cognitiva (Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven). Os
dados foram tratados por procedimentos estatísticos (p≤0,05). Na amostra total,
foram identificadas as seguintes taxas: 67,5% de crianças com problemas
internalizantes; 62,5% com problemas externalizantes; 45,8% com diagnóstico de
pelo menos um transtorno mental, sendo o Transtorno de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) o mais frequente, seguido dos Transtorno de Ansiedade Generalizada
(TAG), Transtorno Depressivo (TD) e Transtorno de Conduta (TC). Na comparação
dos grupos, verificou-se com significância estatística: a presença para G1 de mais
problemas comportamentais internalizantes, dos diagnósticos de TD, TAG e dos
fatores de riscos antecedentes médicos e conflito conjugal. Os grupos não diferiram
quanto aos indicadores cognitivos. Nas análises de predição, verificou-se que: a) a
depressão materna foi preditora de problemas comportamentais internalizantes e de
TD; b) a depressão materna, a presença de conflito conjugal e de antecedentes
obstétricos foram preditores de TD; c ) a depressão materna, o nível socioeconômico
e os antecedentes médicos foram as preditores de TAG; e) o gênero masculino,
família monoparental, antecedentes médicos e problemas econômicos foram
preditores de TDAH. O rebaixamento cognitivo, a capacidade pró-social e o
diagnóstico de TC não se associaram a nenhuma variável preditora. Quanto aos
riscos acumulados verificou-se que quanto maior número de riscos mais chance de
problemas cognitivos, comportamentais e de psicopatologia. Constatou-se que a
depressão materna e variáveis contextuais se combinaram, configurando-se como
condições de riscos aos desfechos das crianças, o que tem implicações para as
práticas de saúde mental e para a pesquisa.
Palavras Chaves: Depressão. Psicopatologia. Comportamento. Fatores de risco.
Criança.
ABSTRACT
MENDES, A.V. Children that live with maternal depression: cognitive,
behavioural and child psychopathology indicators. 2012. 235p. Thesis
(Doctorate) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo,
Ribeirão Preto, 2012.
There is a growth in the interest in mental health problems during childhood due to
the epidemiological dimension of the disorders and recognition of a diversity of
hazardous conditions associated to the impact on child development. Amongst these
hazardous conditions is the interaction with maternal depression. The aim is to
distinguish the mental health conditions in children that live with mothers with
depression, identified in primary care, focusing on biological, social and family risk
factors and their predictive value in cognitive, behavioural and child psychopathology
problems. A convenience sample of 120 mothers and their biological children with
ages between 6 and 12 years from both sexes took part in this study. The women
were identified when seeking clinical care for themselves in a Basic Health Care Unit
in Uberaba-MG, being systematically diagnosed through a Questionnaire on the
Patient’s Health (PHQ-9) and the Structured Clinical Interview (SCID). Based on the
mothers’ diagnosis, the children were separated into two groups: Group 1 (G1): 60
children with mothers with depressive disorder, and Group 2 (G2): 60 children with
mothers with no psychiatric history. The evaluation with the mothers proceeded
regarding the children’s behaviour (Questionnaire on Abilities and Difficulties-SDQ),
the child psychopathology indicators (DAWBA) and the biological, social and family
risk factors through a Complementary Questionnaire. A cognitive evaluation was
carried out with the children (Raven’s Coloured Progressive Matrices Test). The data
was treated statistically (p≤0,05). The following rates were identified in the total
sample: 67,5% of children with internalizing disorders; 62,5% with externalizing
disorders; 45,8% with a diagnosis of at least a mental disorder, where the Attention
Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) was the most frequent, followed by the
Generalized Anxiety Disorder (GAD), Depressive Disorder (DD) and Conduct
Disorder (CD). A statistical significance was seen when comparing the groups: there
were more internalizing disorders in G1, as well as the diagnoses for DD, GAD and
risk factors for medical history and marital conflict. The groups did not differ regarding
the cognitive indicators. It was confirmed in the prediction analysis that: a) maternal
depression was a predictor for internalizing behaviour and DD; b) maternal
depression, the presence of marital conflict and obstetric history were predictors for
DD; c) maternal depression, social-economic level and medical history were
predictors for GAD; e) the male gender, single parent family, medical history and
financial problems were predictors for ADHD. A lower mental ability, pro-social ability
and the diagnosis of CD were not associated to any predictive variables. Regarding
the accumulated risk, it was confirmed that the bigger the number of risks, the bigger
chance of cognitive, behavioural and psychopathological disorders. It was also
verified that maternal depression and contextual variables combined, becoming risk
conditions for the children’s outcomes, which leads to implications for the mental
health practices and research.
Key words: Depression. Psychopathology. Behaviour. Risk Factors. Child.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APA American Psychiatric Association
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABIPEME Associação Brasileira de Pesquisa de Mercado
AUC Área sob a curva
CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à
Saúde, 10ª revisão
DAWBA Development and Well-Being Assessment
DP Desvio padrão
DSM-IV Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4a edição
DSM-IV-TR Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4a edição, texto
revisado
E Especificidade
HCFMRP-USP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
MINI Mini International Neuropsychiatric Interview
OR Odds Ratio
OMS Organização Mundial da Saúde
PCE Problemas Comportamentais Externalizantes
PCI Problemas Comportamentais Internalizantes
PHQ-9 Questionário sobre a saúde do Paciente
PRIME-MD Primary Care Evaluation of Mental Disorders
PSF Programa de Saúde da Família
S Sensibilidade
SCID Structured Clinical Interview for DSM-IV Disorders - Entrevista Clínica
Estruturada para o DSM-IV
SDQ Questionário de Capacidades e Dificuldades
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
SUS Sistema Único de Saúde
TAG Transtorno de Ansiedade Generalizada
TDAH Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
T1 Análises Univariadas
T2 Análises de Regressão
USP Universidade de São Paulo
VD Variáveis Preditoras
VIF Variance Inflation Factor
VPN Valor Preditivo Negativo
LISTA DE QUADROS E FIGURAS
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificação da pontuação das escalas do SDQ 84
Quadro 2 Caracterização e classificação dos fatores de risco biológicos, sociais e familiares 87
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Percurso Amostral Mães 74
Figura 2 Percurso Amostral Crianças 76
Figura 3 Esquema dos delineamentos adotados no estudo 90
Figura 4 Conjuntos de regressões para os Modelos 1, 2 e 3 realizados para os
desfechos cognitivo, comportamentais e de psicopatologia das crianças 93
Figura 5 Modelo esquemático das variáveis preditoras de riscos para os desfechos cognitivo (Raven), comportamental (SDQ) e de psicopatologia infantil (DAWBA)
135
Figura 6 Nível cognitivo associado ao número de fatores de riscos identificado na amostra de crianças avaliadas (N=120) 136
Figura 7 Problemas comportamentais, capacidade pró-social e total de dificulda-
des em associação ao número de fatores de riscos identificados na a-mostra de crianças avaliadas (N=120)
137
Figura 8 Categorias diagnósticas Transtorno Depressivo, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Conduta e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em associação ao número de fatores de riscos identif i-cados na amostra de crianças avaliadas (N=120)
138
LISTA DE TABELAS Tabela 1 Características sociodemográficas e comparação entre grupos de crian-
ças filhas de mães com depressão (N=60) e crianças filhas de mães sem transtorno psiquiátrico (N=60)
99
Tabela 2 Classificação diagnóstica da depressão, segundo a Classificação Esta-tística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde, 10ª revisão, CID-10, apresentado pelas mulheres-mães de G1 (N=60)
100
Tabela 3 Classificação do grupo de mulheres-mães com depressão segundo o tempo de doença a partir do primeiro episódio depressivo (G1,N=60) 101
Tabela 4 Caracterização do tempo de doença a partir do primeiro episódio de-
pressivo, apresentado pelas mulheres-mães de G1 (N=60) 102
Tabela 5 Caracterização das classificações dos níveis cognitivos (RAVEN) apre-sentadas pelo grupo das crianças filhas de mães com depressão (N=60) e pelo grupo de crianças filhas de mães sem transtornos psiquiátricos (N=60)
104
Tabela 6 Comparações entre grupos de crianças quanto às classificações dos níveis cognitivos agrupados (Raven), tendo por referencia o nível médio, para o grupo das crianças filhas de mães com depressão (N=60) e pelo grupo de crianças filhas de mães sem transtornos psiquiátricos (N=60)
105
Tabela 7 Comparações dos indicadores comportamentais apresentados pelo
grupo das crianças filhas de mães com depressão (N=60) e pelo grupo de crianças filhas de mães sem transtornos psiquiátricos (N=60) quanto aos problemas, capacidade e escore total do SDQ
106
Tabela 8 Comparações dos indicadores de psicopatologia infantil apresentados pelo grupo de crianças filhas de mães com depressão (N=60) e pelo grupo de crianças filhas de mães sem transtornos psiquiátricos (N=60), quanto aos indicadores de psicopatologia avaliados pelas escalas diag-nósticas do DAWBA
107
Tabela 9 Comparações entre os grupos quanto aos fatores de riscos biológicos, sociais e familiares das crianças que convivem com a depressão mater-na (N=60), e das que convivem com mães sem transtorno psiquiátrico (N=60)
109
Tabela 10 Características sociodemográficas da amostra de crianças estudadas (N=120) tendo por referência a classificação dos indicadores cogniti-vos na média
111
Tabela 11 Fatores de riscos biológicos, sociais e familiares apresentados pela amostra de crianças estudadas tendo por referência os indicadores cognitivos na média: análises univariadas
112
Tabela 12 Análise de regressão logística binária para a Depressão Materna (Mo-delo 1) na predição de baixo nível cognitivo das crianças estudadas (N=120)
113
Tabela 13 Análise de regressão logística binária para a Depressão Materna e variáveis sociodemográficas (Modelo 2) na predição de baixo nível cognitivo das crianças estudadas (N = 120)
114
Tabela 14 Análise de regressão logística binária para o conjunto de variáveis incluídas (Modelo 3) na predição de baixo nível cognitivo das crianças estudadas (N = 120)
115
Tabela 15 Características sociodemográficas da amostra das crianças estudadas
(N=120) tendo por referência a presença ou ausência dos problemas comportamentais internalizantes (PCI) e problemas comportamentais externalizantes (PCE): análises univariadas
116
Tabela 16 Características sociodemográficas da amostra de crianças estudadas (N=120) tendo por referência a presença ou ausência de recursos (ca-pacidade pró-social - SDQ) e dificuldades (escore total - SDQ): análi-ses univariadas
117
Tabela 17 Depressão Materna e fatores de riscos biológicos, sociais e familiares apresentados pela amostra de crianças estudadas (N=120) tendo por referência a presença ou ausência de problemas comportamentais internalizantes (PCI) e problemas comportamentais externalizantes (PCE): análises univariadas
118
Tabela 18 Depressão Materna e fatores de riscos biológicos, sociais e familiares apresentados pela amostra de crianças estudadas (N=120) tendo por referência a presença ou ausência de indicadores de recurso pró-social e de dificuldades (Escore Total do SDQ)
120
Tabela 19 Análise de regressão logística para a Depressão Materna (Modelo 1) na predição de problemas comportamentais, capacidade pró-social e total de dificuldades das crianças estudadas (N=120)
121
Tabela 20 Análise de regressão logística binária para a Depressão Materna e variáveis sociodemográficas (Modelo 2) na predição de problemas de comportamento, capacidade pró-social e do total de dificuldades das crianças estudadas (N = 120)
122
Tabela 21 Análise de regressão logística binária para o conjunto de variáveis incluídas (Modelo 3) na predição de problemas de comportamento, capacidade pró-social e do total de dificuldades das crianças estuda-das (N = 120)
124
Tabela 22 Características sociodemográficas apresentados pela amostra de cri-
anças estudadas (N=120) tendo por referência a presença ou ausên-cia as categorias diagnósticas de Transtorno Depressivo e de Trans-torno de Ansiedade Generalizada: análises univariadas
126
Tabela 23 Características sociodemográficas apresentados pela amostra de cri-anças estudadas (N=120) tendo por referência a presença ou ausên-cia de categorias diagnósticas de Transtorno de Conduta e de Trans-torno de Déficit de Atenção e Hiperatividade por meio do DAWBA
127
Tabela 24 Fatores de riscos biológicos, sociais e familiares apresentados pela amostra de crianças estudadas (N=120) tendo por referência a pre-sença ou ausência de categorias diagnósticas de Transtorno Depres-sivo e de Transtorno de Ansiedade Generalizada
128
Tabela 25 Depressão materna e fatores de riscos biológicos, sociais e familiares apresentados pela amostra de crianças estudadas (N=120) tendo por referência a presença ou ausência de categorias diagnósticas de Transtorno de Conduta e de Transtorno de Déficit de Atenção e Hipe-ratividade
130
Tabela 26 Análise de regressão logística para a Depressão Materna (Modelo 1) na predição de psicopatologia das crianças estudadas (N=120) 131
Tabela 27 Análise de regressão logística binária para a Depressão Materna e variáveis sociodemográficas (Modelo 2) na predição de psicopatolo-gia das crianças estudadas (N = 120)
132
Tabela 28 Análise de regressão logística binária para as variáveis significativas (Modelo 3) na predição de psicopatologia na amostra de crianças avaliadas (N = 120)
133
LISTA DE ANEXOS Anexo A Documento de Aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade de Uberaba-MG 220
Anexo B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 221
Anexo C Questionário Sobre a Saúde do Paciente-9 (PHQ-9) 223
LISTA DE APÊNDICES Apêndice A Questionário Complementar 211
Apêndice B Ficha de Diagnóstico do Transtorno Depressivo Materno 215
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 26
1.1. Vulnerabilidade e proteção ao desenvolvimento infantil sob a perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento
27
1.2. Depressão materna como condição de vulnerabilidade ao desenvolvimento na idade escolar
33
1.3. O Impacto da depressão materna e a associação a outras variáveis ambien-tais e clínicas
37
1.4. Depressão materna e indicadores cognitivos, comportamentais e de psicopa-tologia em crianças na idade escolar
42
1.5. Saúde mental materno – infantil: identificação e impacto das dificuldades 57
2. OBJETIVOS 65
2.1. Geral 66
2.2. Específicos 66
3. MÉTODO 68
3.1. Aspectos Éticos 69
3.2. Participantes 70
3.2.1. Processo de Seleção dos Participantes 70
3.3. Instrumentos 76
3.3.1. Questionário Sobre a Saúde do Paciente-9 (PHQ-9) 76
3.3.2. Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV (SCID-I / Versão Clínica) 78
3.3.3. Questionário Complementar 78
3.3.4. Questionário de Capacidades e Dificuldades da Criança (SDQ) 79
3.3.5. Questionário Complementar 80
3.3.6. Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de RAVEN – Escala Especial 80
3.4. Procedimento 81
3.4.1. Coleta de Dados 81
3.4.2. Tratamento dos Dados 83
3.4.2.1. Codificação dos Dados e Instrumentos 83
3.4.2.2. Análise Estatística dos Dados 89
4. RESULTADOS 96
4.1. Caracterizações sociodemográficas e clínicas de mães e crianças avaliadas 98
4.1.1. Caracterização sociodemográfica da amostra 98
4.1.2. Caracterização Clínica das mulheres-mães com depressão 100
4.2. Prevalência de problemas comportamentais e de psicopatologia das crianças avaliadas
101
4.3. Comparações entre grupos quanto aos indicadores cognitivos, comportamen-tais, de psicopatologia infantil e aos fatores de risco
103
4.3.1. Indicadores Cognitivos 103
4.3.2. Indicadores Comportamentais 105
4.3.3. Indicadores de Psicopatologia Infantil 106
4.3.4. Fatores de riscos relativos aos domínios biológico, social e familiar 108
4.4. Valor preditivo dos fatores de riscos quanto aos indicadores cognitivos, com-portamentais e de psicopatologia infantil
110
4.4.1. Indicadores Cognitivos 110
4.4.1.1. Análises Univariadas (T1) 110
4.4.1.2. Análises de Regressão (T2) 113
4.4.2. Indicadores Comportamentais 115
4.4.2.1. Análises Univariadas (T1) 115
4.4.2.2. Análises de Regressão (T2) 121
4.4.3. Indicadores de Psicopatologia Infantil 125
4.4.3.1. Análises Univariadas (T1) 125
4.4.3.2. Análises de Regressão (T2) 131
4.5. Indicadores de riscos cumulativos em associação aos indicadores cognitivos, comportamentais e de psicopatologia infantil
136
4.5.1. Indicadores Cognitivos 136
4.5.2. Indicadores Comportamentais 137
4.5.3. Indicadores de Psicopatologia Infantil 138
5. DISCUSSÃO 140
5.1. Perfil sociodemográfico e clínico da amostra estudada e a prevalência de problemas comportamentais e psicopatologia das crianças avaliadas
141
5.2. Comparações entre grupos quanto aos indicadores cognitivos, comportamen-tais, de psicopatologia infantil e indicadores diversos de riscos
153
5.3. Depressão Materna e os fatores de risco biológicos, sociais e familiares: valor preditivo para os desfechos das crianças
168
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 184
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 188
8. APÊNDICES 210
9. ANEXOS 219
10. ARTIGO PUBLICADO 224
1. INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
27
1.1. Vulnerabilidade e proteção ao desenvolvimento infantil sob a perspectiva
da psicopatologia do desenvolvimento
A infância constitui-se em um período primordial do desenvolvimento
humano, no qual ocorrem inúmeras aquisições. Nesse período as interações
favorecem condições e direções para o desenvolvimento futuro, permitindo a
inserção da criança em contextos diversos e possibilitando trocas de experiências
que fornecem elementos para a constituição de suas concepções relativas às suas
capacidades, habilidades e posicionamentos frente à vida (POLETTO et al., 2004).
Na medida em que a criança se desenvolve, ela passa por mudanças para as quais
o organismo deve estar preparado para se reorganizar, promovendo um novo
padrão de estabilidade (SIFUENTES et al., 2007).
Para as crianças no período escolar, que compreende a faixa etária dos
seis aos 12 anos, as experiências acadêmicas e de socialização se configuram
como as principais tarefas e demandas do desenvolvimento. Nesse período, as
crianças almejam mostrarem-se competentes e possuidoras da capacidade de
produção e realização (MARTURANO; LOUREIRO, 2003). Nessa etapa, espera-se
que algumas tarefas de desenvolvimento já tenham sido cumpridas, dentre as quais:
o estabelecimento de vínculo seguro com as figuras de apego e o estabelecimento
de base para um sistema eficaz de autorregulação. Quando as tarefas não são
cumpridas de uma forma satisfatória, as chances destas crianças desenvolverem
problemas emocionais são bem maiores (PRICE; ZWOLINSKI, 2010). Dessa forma,
a psicopatologia pode ser vista como um resultado de uma adaptação prejudicada
da criança, como um desvio pessoal às normas próprias da etapa do
desenvolvimento em questão (PRICE; ZWOLINSKI, 2010).
INTRODUÇÃO
28
Considerando as demandas próprias do desenvolvimento infantil, sob a
perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento, tem-se um crescente interesse
pelos fatores que podem contribuir ou dificultar tal processo, caracterizando-se como
mecanismos de risco ou de proteção ao desenvolvimento inantil. Tal abordagem
teórica metodológica enfatiza as condições que favorecem a competência e/ou a
disfunção nos diferentes estágios do desenvolvimento humano (MASTEN;
GEWIRTZ, 2006) e tem suporte em conceitos básicos como risco, proteção,
vulnerabilidade e resiliência.
Fatores de risco foram conceituados por Yunes e Szymanski (2001) como
eventos que dificultam o desenvolvimento, favorecendo o aparecimento de
problemas físicos, emocionais e sociais. Os eventos considerados como risco,
segundo Noronha et al. (2009), são como obstáculos individuais ou ambientais que
aumentam a vulnerabilidade dos indivíduos ou da família. Tais eventos não podem
ser considerados de forma isolada, pois implicam em uma série de outras variáveis,
internas e externas, que influenciam no impacto dos eventos para as pessoas. Os
fatores de risco são condições transitórias, como os estressores atuais que podem
ter um impacto negativo, dependendo do desenvolvimento e contexto social em que
eles ocorrem (BERGERON et al., 2007).
A vulnerabilidade pode ser definida como uma predisposição ou
susceptibilidade ao estresse relacionada ao indivíduo e ao ambiente, bem como às
experiências vividas previamente, as quais podem potencializar os efeitos dos
estressores e das adversidades, mostrando-se associada a uma probabilidade
elevada de resultado negativo no futuro, ou seja, a uma condição de risco ao
desenvolvimento (YUNES; SZYMANSKI, 2001).
De acordo com Price e Zwolinski (2010), todos aqueles elementos que
INTRODUÇÃO
29
potencializam situações de risco ou impossibilitam que os indivíduos respondam de
forma satisfatória ao estresse, favorecendo o desenvolvimento da psicopatologia,
podem remeter à vulnerabilidade. Os referidos autores consideram como
vulnerabilidades, condições individuais relacionadas às bases genéticas e
ambientais, como os traços de personalidade, o temperamento, a baixa autoestima,
o desenvolvimento em ambientes adversos, a falta de apoio familiar, as práticas
educativas ineficazes, entre outros. Verifica-se assim que os riscos incidem em
diferentes domínios. Neste sentido, alguns enquadramentos teóricos vêem
enfatizando a necessidade de se considerar a diversidade de fatores de risco e de
vulnerabilidade que agem nos diferentes períodos do desenvolvimento infantil, a fim
de se compreender o caráter multifatorial da etiologia da psicopatologia infantil
(ESSEX et al., 2006; SAMEROFF; FIESE, 2005; GOODMAN; GOTLIB, 1999).
As pessoas enfrentam as adversidades de diferentes modos, pois cada
indivíduo possui um conjunto próprio de características e experiências que resultam
em uma variedade de respostas e interpretações dadas às situações adversas.
Crianças que estão verdadeiramente em grande risco, geralmente estão expostas a
múltiplas adversidades, durante muito tempo e algumas vezes por longos períodos
de suas vidas (WRIGHT; MASTEN, 2006). Sob a perspectiva da psicopatologia do
desenvolvimento, ao se avaliar o desenvolvimento de competência e adaptação de
uma criança, faz-se necessário considerar o acúmulo de riscos biológicos e
ambientais aos quais ela está exposta e não apenas um fator isolado (SAMEROFF;
FIESE, 2005), já que a exposição a fatores de risco pode se configurar como uma
condição de vulnerabilidade ao desenvolvimento.
Ressalta-se que, em períodos específicos, no decorrer do
desenvolvimento, os indivíduos são mais vulneráveis às condições adversas
INTRODUÇÃO
30
específicas, ou seja, em determinados períodos verifica-se uma maior probabilidade
da ocorrência de determinados problemas e riscos, como por exemplo, para as
crianças em idade escolar, as experiências de fracasso escolar configuram-se nesse
período como uma condição de vulnerabilidade (MARTURANO; LOUREIRO, 2003).
Em contraposição às condições de vulnerabilidade, situam-se os fatores
de proteção os quais podem ser identificados e ativados frente às situações de risco,
tendo a função de modificar ou atenuar a resposta do indivíduo frente às situações
adversas (GREENBERG et al., 2001). Os fatores de proteção podem atuar
favorecendo o desenvolvimento humano, quando este está sendo ameaçado pela
exposição ao risco. Podem ser identificados e ativados na situação de risco,
podendo não ter efeito na ausência de um estressor, pois sua função é modificar a
resposta do indivíduo em situações adversas, mais do que favorecer diretamente o
desenvolvimento (GREENBERG et al., 2001; MONDIM, 2005). Enquanto a
vulnerabilidade coloca em risco a adaptação do indivíduo, os fatores de proteção
contribuem para que a pessoa responda de forma mais adaptada à adversidade.
Os fatores de proteção foram classificados por Eckenrode e Gore (1996)
em dois grupos, os pessoais e os ambientais. Os fatores pessoais se evidenciam
pelas condições biológicas, expressas pela saúde física e temperamento, e se
relacionam às experiências com o ambiente social, por meio da autoestima e das
relações de confiança. Os fatores ambientais se evidenciam pelo apoio social
oferecido pela comunidade, pela afetividade disponibilizada por família, amigos e
pessoas significativas e ainda pelos recursos do ambiente familiar. Outra
classificação dos fatores de proteção é apresentada por Pinheiro (2004) propondo
três classes de fatores de proteção: atributos disposicionais da criança (atividade,
autonomia, orientação social positiva, autoestima); coesão familiar (ausência de
INTRODUÇÃO
31
conflitos e negligência, presença de pelo menos um adulto que tenha grande
interesse pela criança); e uma rede social bem definida (sentido de determinação
individual e um sistema de crenças para a vida oferecida pelas instituições sociais).
Ressalta-se que as características constitucionais e ambientais que
permeiam o desenvolvimento infantil podem favorecer a ação tanto de fatores de
risco como de proteção (MORAIS; KOLLER, 2004). Ao longo do desenvolvimento
infantil, múltiplas características da criança (por exemplo, genéticas, neurobiológicas
e psicológicas), características da família (por exemplo, a psicopatologia parental,
relações pai-filho), e as características socioeconômicas podem atuar como fatores
de vulnerabilidade que promovem desadaptação, ou como fatores de proteção que
promovem a adaptação (BERGERON et al., 2007).
Destaca-se que, mesmo na presença de adversidades, algumas crianças
conseguem se adaptar e se desenvolver de forma adequada. Tal processo é
denominado de resiliência, chamando atenção para o potencial de recuperação e
superação das dificuldades (POLETTO et al., 2004). Segundo De Antoni e Koller
(2000, p.43), “se, diante de eventos de risco, um indivíduo desencadeia uma
doença, pode ser identificado como vulnerável, porém se consegue dominar a
situação através de um comportamento adaptativo positivo, é resiliente”. Ingram e
Price (2010) destacam que a resiliência não deve ser considerada como o oposto de
vulnerabilidade, ela implica em uma maior resistência ao desenvolvimento de
psicopatologia e não em uma imunidade. Crianças vulneráveis necessitam de uma
dose menor de estresse para desenvolverem psicopatologia quando comparadas às
crianças resilientes (INGRAM; PRICE, 2010).
Para que um indivíduo possa ser considerado como resiliente duas
evidências são necessárias, em primeiro lugar, deve ocorrer uma significativa ameaça
INTRODUÇÃO
32
ao desenvolvimento ou à adaptação e, em segundo lugar, ele deve apresentar uma
adaptação satisfatória. Para avaliar a qualidade da adaptação têm-se considerado
alguns critérios, como: a ausência de patologia, a realização de tarefas próprias da
fase de desenvolvimento em que o indivíduo se encontra e o bem-estar subjetivo
(WRIGHT; MASTEN, 2006). Neste contexto, a resiliência deve ser considerada como
um processo multidimensional e multideterminado, uma vez que é produto de
múltiplos níveis sistêmicos construídos ao longo do tempo (ARAÚJO et al., 2005).
Em estudo comparando crianças expostas a fatores de risco biológicos
(complicações obstétricas da mãe) e crianças expostas a fatores de risco
psicossociais (ambiente familiar desfavorável – pais portadores de doença mental,
com problemas conjugais e dificuldades crônicas) desde o nascimento até a idade
escolar, Lauch et al. (2002) observaram que muitas crianças expostas a potentes
fatores de risco desenvolveram sérios problemas e persistentes desordens, porém
algumas não apresentaram tal resultado negativo e, surpreendentemente,
apresentaram um desenvolvimento favorável, o que pode ser relacionado à resiliência.
Yunes e Szymanski (2001) destacaram a necessidade de uma análise
criteriosa dos processos ou mecanismos de risco, proteção e resiliência como
condição imprescindível para que se possa ter a dimensão da diversidade de
respostas que podem ocorrer frente às adversidades, sobretudo quando se trata de
riscos psicossociais ou riscos socioculturais, o que permitirá a identificação precoce
de recursos e dificuldades, instrumentalizando práticas de saúde mental. Nesse
estudo abordar-se-á o impacto do fator de risco associado à convivência com a
depressão materna e sua associação a outros fatores de risco, na predição de
problemas de saúde mental das crianças.
INTRODUÇÃO
33
1.2. Depressão materna como condição de vulnerabilidade ao
desenvolvimento na idade escolar
Dentre os riscos reconhecidos para o desenvolvimento da criança, destaca-
se a psicopatologia dos pais, em especial a convivência com a depressão materna
(MENDES et al., 2012; LOPES; LOUREIRO, 2007). Os efeitos adversos da depressão
materna podem ser verificados pelo impacto de tal condição para os indicadores de
adaptação da criança, dentre os quais se destaca o baixo desempenho frente a tarefas
típicas do período escolar, influenciando negativamente o desenvolvimento infantil
(WRIGHT; MASTEN, 2006).
Para as crianças no período escolar, os estudos têm apontado que
aquelas que convivem com a depressão materna em comparação a crianças que
convivem com mães sem história psiquiátrica apresentam prejuízos nos domínios
emocional, comportamental e cognitivo (BARKER et al., 2012; GOODMAN et al.,
2010; ELGAR et al., 2004), quanto ao desempenho acadêmico e de baixa
autoestima (LUOMA et al., 2001), além de problemas de relacionamento com os
colegas e de baixa competência social (JOORMANN et al., 2007).
Em geral, estudos de prevalência em amostras da comunidade, têm
mostrado que 40 a 45% das crianças que convivem com a depressão materna
recorrente apresentam indicadores diagnósticos de pelo menos um transtorno
psiquiátrico, o que corresponde a uma taxa três ou quatro vezes maior do que a
apresentada por crianças filhas de mães sem história psiquiátrica (HAMMEN;
BRENNAN, 2003; LIEB et al., 2002). Pilowsky et al. (2006), em estudo norte americano
com amostra clínica, ao verificarem a prevalência de desordens psiquiátricas em
crianças em idade escolar, filhas de mães com depressão, constataram que 34%
INTRODUÇÃO
34
destas apresentavam indicadores de transtorno psiquiátrico atual, estando à depressão
infantil presente em 10% desta amostra. Dentre as crianças com diagnóstico de
depressão, 50% apresentavam como comorbidade transtorno de ansiedade, e 31%
apresentavam comorbidade com problemas de conduta.
Com relação à competência social de escolares, Essex et al. (2006)
verificaram maior prejuízo quando da convivência com a depressão materna.
Ressaltaram que as mães com depressão têm poucos recursos de competência social,
não tendo condições de ensinar ou incentivar seus filhos quanto ao contato social.
Nesse sentido, Lopes e Loureiro (2007) verificaram que escolares que convivem com a
depressão materna apresentaram dificuldades em regular as próprias emoções frente a
tarefas de socialização. Além disso, a exposição crônica ao estresse e a conflitos pode
sensibilizar os sistemas de estimulação das crianças, comprometendo o seu senso de
segurança emocional, o que é fundamental para um bom desempenho nas tarefas de
socialização características da etapa escolar (SILK et al., 2006).
Baseando-se no fato de que as crianças são afetadas adversamente pela
depressão materna e que os efeitos negativos podem aparecer em idades variadas,
desde a infância até a adolescência, variáveis demográficas como a idade e sexo
das crianças devem ser considerados ao se avaliar os aspectos relativos à saúde
mental infantil.
Ao avaliarem famílias com alto e baixo risco para depressão, Weissman et
al. (2005) verificaram que os transtornos psiquiátricos das crianças que convivem
com a depressão materna tiveram apresentação diversa, na dependência da fase do
desenvolvimento da criança. Na idade escolar, foram mais comuns os problemas de
comportamento e os transtornos de ansiedade enquanto que na adolescência e fase
adulta os mais comuns foram os transtornos depressivos e o abuso de substâncias.
INTRODUÇÃO
35
Em estudo semelhante, Bergeron et al. (2007) avaliaram o
comportamento de crianças filhas de mães depressivas em diferentes faixas etárias,
considerando respectivamente o relato materno e o relato da criança. Na faixa etária
de cinco a 12 anos, encontraram associação significativa entre a depressão materna
e hiperatividade. Na faixa etária de 12 a 16 anos, a depressão materna associou-se
significativamente com desordens de conduta. Verificaram mudanças no perfil
comportamental das crianças, de acordo com a faixa etária, e ainda que os efeitos
da depressão materna foram mais proeminentes na infância. Embora a depressão
materna tenha exercido um impacto negativo em todas as idades avaliadas,
ressaltaram que quanto maior a idade da criança, por ocasião da exposição, mais
recurso ela possui para enfrentar as adversidades associadas à depressão materna,
enquanto que as crianças expostas com menos idade estão mais vulneráveis, pois
ainda não desenvolveram recursos de enfretamento suficientes.
O impacto da depressão materna para os filhos na fase adulta foi
estudado por Ensminger et al. (2003) que verificaram que a convivência com a
depressão materna, ao longo da vida, exerceu um impacto negativo na fase adulta,
favorecendo a presença de depressão em mulheres e menores índices de
realização profissional em homens, sendo tais prejuízos acentuados na presença
das variáveis: pobreza, baixo grau de instrução da mãe e alta mobilidade residencial
durante a infância e a adolescência.
Com relação ao gênero, os meninos e meninas são vulneráveis de
maneiras diferentes aos estilos de interação associados com a depressão materna
(NAJMAN, 2001), as meninas pareceram mais suscetíveis aos efeitos negativos da
convivência com a depressão materna, tanto na etapa escolar quanto na
adolescência, enquanto os meninos apresentaram-se mais vulneráveis às variáveis
INTRODUÇÃO
36
do ambiente familiar, como conflitos familiares e conjugais (CORTES et al., 2006;
LEVE et al., 2005). McNaughton et al. (2004) descreveram a relação entre saúde
mental materno e infantil e funcionamento familiar apontando para a distinção entre
gênero. Os autores observaram que 31% das crianças avaliadas tinham indicadores
para depressão e 51% destas crianças tinham mães com transtorno depressivo.
Verificaram ainda que a depressão materna foi preditora de depressão apenas para
as meninas, enquanto o funcionamento familiar prejudicado foi preditor de sintomas
depressivos para os meninos.
Com base em recente revisão bibliográfica, Loosli e Loureiro (2010),
constataram o impacto negativo da depressão materna sobre as variáveis das
crianças, apontando a presença de diferenças entre os gêneros na idade escolar,
sendo os problemas externalizantes e de conduta mais frequentes para os meninos e
os internalizantes e depressivos predominantes para as meninas. Sugeriram a
necessidade da utilização de estratégias de intervenção diferenciadas para meninos
e meninas expostos à depressão materna, focalizando as tarefas típicas de
desenvolvimento. Neste contexto, o entendimento dos diversos problemas de saúde
mental infantil requer consideração não apenas sobre fatores individuais, sejam eles
neurobiológicos ou psicológicos, mas também a compreensão do ambiente em que a
criança se desenvolve e como este pode contribuir para a manutenção e/ou
agravamento dos transtornos, incluindo o estudo de variáveis contextuais como
aspectos sociais e familiares (LÓPEZ-SOLER et al., 2009; GUILHERME et al., 2007).
INTRODUÇÃO
37
1.3. O Impacto da depressão materna e a associação a outras variáveis
ambientais e clínicas
Para o desenvolvimento infantil em geral, fatores externos como a
organização do ambiente familiar, as práticas educativas, o nível socioeconômico e
a rede de suporte social oferecida à mãe e à família são destacados como
importantes indicadores de recursos ou de dificuldades. Tais fatores quando da
convivência com a depressão materna, podem funcionar como mecanismo de risco
ou proteção frente a essa situação de adversidade, dependendo da maneira pela
qual estes se fazem presentes, podendo potencializar os recursos ou as dificuldades
do ambiente familiar (LOPES; LOUREIRO, 2007; MURRAY et al., 2006; HERWIG et
al., 2004; MCCARTY; MCMAHON , 2003).
Sendo a mãe a figura de apego e suporte mais importante para a criança
no início do seu desenvolvimento (BOWLBY,1990), os filhos de mães deprimidas
estão sujeitos a riscos também por estarem expostas a ambientes desorganizados,
hostis ou com pouca responsividade (OPPENHEIM, KOREN, SAGI, 2001). Em
função das manifestações clínicas da depressão, quase sempre a mãe se afasta da
rotina diária da família, faltando suporte e apoio adequado à criança, e ainda,
manifestações de afeto suficientes para o desenvolvimento pleno das capacidades e
habilidades esperadas das crianças em diversos domínios (GOODMAN; GOTLIB,
1999; LANGROCK et al., 2002). Em estudos que abordaram o ambiente familiar de
crianças que convivem com a depressão materna foi verificada uma maior média de
situações relacionadas a dificuldades contextuais e pessoais, além de uma maior
média de exposição a situações negativas, de uma maneira geral (LOPES;
LOUREIRO, 2007; LANGROCK et al., 2002).
INTRODUÇÃO
38
Estudando famílias que convivem com a depressão materna, Silk et al.
(2009) relataram que a expressão emocional materna, tende a ser baseada em atitudes
críticas o que prejudica a interação mãe-criança, mostrando-se relacionadas ao início, a
manutenção e a recorrência da depressão para as crianças e adolescentes. Com
sentido semelhante, Hipwell et al. (2008) e Tompson et al. (2007) verificaram que pouco
afeto na interação mãe-criança e práticas punitivas foram preditoras do aumento de
sintomas depressivos para as crianças em idade escolar e essa relação foi recíproca,
ou seja, a presença de depressão e transtorno de conduta por parte das crianças foram
preditores de mais práticas punitivas e de menos afeto na interação. Tais dados põe em
evidência a importância da orientação e de um envolvimento emocional positivo como
recursos preventivos para a saúde mental infantil.
Em estudo com amostra da comunidade, Elgar et al. (2007) verificaram
que os comportamentos parentais de cuidados, rejeição e monitoramento, foram
mediadores entre os sintomas depressivos maternos e os problemas internalizantes
das crianças, sendo a depressão materna diretamente associada com o prejuízo nos
cuidados, na maior rejeição da mãe em relação à criança e no menor monitoramento
das rotinas diárias. Tais achados são consistentes com os relatados por Shelton e
Harold et al. (2008) e Riley et al. (2009) que verificaram que os sintomas
depressivos maternos podem favorecer prejuízo nos cuidados parentais e problemas
emocionais das crianças, evidenciando a importância dos processos familiares para
o desenvolvimento da criança.
Com base em medidas observacionais, Dietz et al. (2008) ao investigaram
a interação entre mães e crianças, verificando que as mães do grupo de crianças
com depressão demonstraram mais desinteresse pela resolução dos problemas,
mais comportamentos negativos e mais conflito na interação que o grupo controle.
INTRODUÇÃO
39
Os autores identificaram que altos níveis de sintomas depressivos das mães foram
preditores para a depressão das crianças, favorecendo episódios futuros, e ainda
relataram uma piora na qualidade da interação mãe-criança nos momentos dos
episódios depressivos maternos.
Em revisão de literatura sobre os fatores de risco demográficos que se
relacionam com a presença de transtornos emocionais e de conduta em crianças,
Kohn et al. (2001), apontaram que vários fatores advindos do ambiente familiar
podem aumentar o risco de uma criança apresentar problemas emocionais, tais
como a presença de conflitos entre os pais e a falta de interação entre pais e filhos.
Os autores destacaram, ainda, que a presença de um transtorno psiquiátrico em um
dos pais interfere significativamente no desenvolvimento emocional dos filhos.
Ferriolli et al. (2007) realizaram um estudo transversal com 100 crianças
e suas mães assistidas pelo Programa de Saúde da Família (PSF) de uma cidade
de médio porte do estado de São Paulo. Avaliaram problemas emocionais das
crianças e variáveis do contexto familiar, a saber, nível socioeconômico, eventos de
vida, estresse materno, depressão materna e recursos do ambiente familiar, tendo
verificado associações entre o estresse materno e problemas de saúde mental das
crianças, tais como ansiedade e depressão.
Dados semelhantes foram relatados por Weissman et al. (2004) ao
verificarem que mães com depressão referiram mais problemas emocionais sérios
com relação às suas crianças e mais discórdia na interação familiar, e por Tan e Rey
(2005) ao constatarem uma relação direta e indireta entre depressão materna,
depressão infantil e estresse nos cuidados com os filhos. Estes últimos autores
referiram que as mães com depressão tendem a ver seus filhos como mais difíceis
que as mães do grupo controle, e por outro lado, as crianças com depressão
INTRODUÇÃO
40
exercem um efeito negativo para os cuidados parentais, principalmente, quando da
presença de problemas comportamentais, como comorbidade.
A convivência da criança com a depressão materna tem sido relacionada
a prejuízos nas interações afetivas entre mães e crianças, destacando-se a
influência de uma diversidade de estressores e condições clínicas como a
gravidade, a presença de comorbidades e a cronicidade da sintomatologia
apresentada pelas mães, como elementos que parecem potencializar os efeitos
negativos da depressão sobre o desenvolvimento infantil.
O impacto da cronicidade e da gravidade da depressão materna para
crianças que convivem com tal condição foi relatado por Hammen e Brennan (2003)
que concluíram que a gravidade da depressão materna contribuiu mais para a
presença de problemas psiquiátricos das crianças que a cronicidade do transtorno.
Pilowsky et al. (2006), por outro lado, apontaram que tanto a gravidade como a
cronicidade da depressão materna aumentaram o risco de transtornos psiquiátricos
para as crianças.
Outro aspecto clínico relatado diz respeito à presença de comorbidades,
tanto para as mães como para as crianças, como efeito potencializador de
problemas psiquiátricos. Kim-Cohen et al. (2006) compararam a saúde mental e os
cuidados ambientais oferecidos a crianças filhas de mães com depressão com e
sem transtorno de personalidade antissocial. Verificaram que as mães com
depressão e outras comorbidades tinham características clínicas distintas, tais como
sintomas mais persistentes e crônicos, risco de suicídio mais elevado e menor
resposta ao tratamento. Observaram assim, em concordância ao estudo de Leech et
al. (2006), que a depressão materna associada à comorbidades configurou-se como
uma condição que aumentou o risco para o desenvolvimento de psicopatologia e
INTRODUÇÃO
41
problemas comportamentais das crianças, potencializando os prejuízos ao
desenvolvimento infantil.
Quanto à presença de comorbidades psiquiátricas como fator de risco
potencial, Dietz et al. (2008) verificaram que mães e crianças depressivas com
comorbidades tiveram maior prejuízo na interação mãe-criança. As comorbidades
mais frequentes ligadas à depressão infantil, observadas nos estudos, foram os
transtornos de conduta e ansiedade e para a depressão materna, os transtornos
ansiosos e de estresse. Pilowsky et al. (2006) e Weissman et al. (2004) verificaram
que filhos de mães com depressão com comorbidades psiquiátricas, em especial
pânico e agorafobia, tiveram o risco aumentado para transtornos mentais.
O impacto da depressão materna tem sido considerado maior quando
associado a elevado risco econômico, sendo as crianças que convivem com tal
situação mais propensas a exibirem sintomatologia depressiva e problemas de
comportamento do que crianças com baixo risco econômico (GRAHAM;
EASTERBROOKS, 2000; MENDES et al., 2012). Foram também relatadas
associações positivas entre disfunção familiar, humor deprimido materno e desordens
de oposição desafiante e desordem de ansiedade em crianças (HARVEY et al., 2011).
Neste cenário, outro ponto a ser considerado é a consequência
econômica da depressão materna para a família. Weissman e Jensen (2002)
verificaram que um histórico de depressão materna aumenta o risco das crianças
desenvolverem problemas médicos gerais, assim como mais hospitalizações, maior
uso de medicamentos, aumentando assim o custo familiar com conseqüente
instabilidade financeira para a família.
Segundo Barker et al. (2012) e Garber (2010), reveste-se de importância
considerar os inúmeros fatores de risco e proteção associados à duração, a
INTRODUÇÃO
42
gravidade e a recorrência de transtornos mentais na infância. Os autores
destacaram que fatores sociodemográficos, biológicos, psicossociais e
principalmente os fatores familiares, são preditores em potencial de problemas
psiquiátricos mais graves e recorrentes das crianças. Em concordância com os
apontamentos dos referidos autores, ressalta-se que o contexto familiar, pode ser
considerado tanto como uma fonte de proteção como uma fonte de risco para o
desenvolvimento infantil, contribuindo assim para a adaptação ou para a presença
de problemas em diversos domínios.
1.4. Depressão materna e indicadores cognitivos, comportamentais e de
psicopatologia em crianças na idade escolar
Em cada fase do desenvolvimento, as crianças são confrontadas com o
desafio da utilização dos seus recursos internos e externos para se adaptarem às
demandas específicas do período (PRICE; ZWOLINSKI, 2010). Na etapa escolar, as
demandas específicas exigem que a criança seja capaz de regular as emoções,
desenvolver habilidades sociais com os colegas e ter um bom desempenho
acadêmico (MARTURANO; LOUREIRO, 2003). Tais demandas ou tarefas de
desenvolvimento envolvem os domínios físico, emocional, cognitivo e comportamental
e são referentes às expectativas de realização e desempenho, próprias de cada
sociedade (WRIGHT; MASTEN, 2006). Nesse sentido, quando as crianças são
capazes de se adaptarem com sucesso a essas demandas, seu desenvolvimento é
orientado para uma trajetória típica, por outro lado, quando ocorre alguma dificuldade
ou falha, as chances de desenvolverem psicopatologia e problemas diversos são bem
maiores (PRICE; ZWOLINSKI, 2010). Sob esta perspectiva, analisar-se-á a seguir, de
INTRODUÇÃO
43
modo não exaustivo, estudos que abordaram o impacto da depressão materna para
as tarefas de desenvolvimento próprias da etapa escolar, e suas associações com os
aspectos cognitivos, comportamentais e de psicopatologia infantil.
Indicadores Cognitivos
Os recursos cognitivos, enquanto inteligência geral envolvem habilidades
de raciocínio, planejamento e de aprendizagem com a experiência, sendo
considerados diretamente relacionados às conquistas acadêmicas, pessoais e
profissionais (MURRAY et al., 2006).
Sob a perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento, os recursos
cognitivos têm sido considerados fatores que favorecem a superação das
adversidades e a promoção da resiliência (ANDRADE et al., 2005). Nesse sentido,
os déficits nas habilidades cognitivas, ou seja, o retardo mental tem sido
considerado uma condição que prejudica o desenvolvimento e a adaptação
(HAGGERTY et al., 2000).
Segundo classificação do CID-10, nível cognitivo deficiente ou o retardo
mental é definido como uma parada do desenvolvimento ou desenvolvimento
incompleto do funcionamento intelectual, caracterizados essencialmente por um
comprometimento, durante o período de desenvolvimento, das faculdades que
determinam o nível global de inteligência, isto é, das funções cognitivas, de
linguagem, da motricidade e do comportamento social. O retardo mental pode
acompanhar outro transtorno mental ou físico, ou ocorrer de modo
independentemente, de acordo com o grau de comprometimento comportamental, e
pode ser classificado em leve, moderado, grave e profundo (APA, 2000).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2001), 10% da população em
INTRODUÇÃO
44
países em desenvolvimento, são portadores de algum tipo de deficiência, sendo que
metade destes são portadores de deficiência mental, propriamente dita. Calcula-se
que o número de pessoas com retardo mental guarda relação com o grau de
desenvolvimento do país e, segundo estimativas, a porcentagem de jovens de 18
anos e menos que sofrem retardo mental grave se situa em torno de 4,6%, nos
países em desenvolvimento, e entre 0,5 e o 2,5% nos países desenvolvidos (OMS,
2001). Esta grande diferença entre países desenvolvidos e em desenvolvimento
demonstra que certas ações preventivas, como por exemplo, a melhora da atenção
materno-infantil e algumas intervenções sociais específicas, permitiria um
decréscimo geral dos casos de nascimentos de crianças com deficiência mental.
O nível cognitivo e o desempenho escolar têm sido considerados como
fatores individuais que moderam os efeitos negativos do estresse e se associam a
uma menor vulnerabilidade frente ao mesmo (DELL’AGLIO; HUTZ, 2004).
A influência da depressão materna para o desenvolvimento cognitivo da
criança tem sido apontada por diversos estudos. Joormann et al. (2007) e Arsenio et
al. (2004) constataram em seus estudos, a presença do impacto negativo da
depressão materna para o funcionamento cognitivo das crianças, o que pode
potencializar as dificuldades acadêmicas. Em contraposição a esses dados, o
estudo de Murray et al. (2006), com mães com depressão e seus filhos, identificou
que as crianças e os adolescentes com bom desempenho acadêmico, altos níveis
intelectuais e desempenho satisfatório nas tarefas próprias do desenvolvimento,
foram favorecidos por características parentais de suporte afetivo, cuidados
regulares com oferecimento de regras, de forma não-coercitiva e de incentivo à
autonomia na resolução de problemas acadêmicos.
INTRODUÇÃO
45
Indicadores Comportamentais
Os problemas comportamentais, segundo Achenbach et al. (2008), são as
dificuldades adaptativas mais prevalentes na idade escolar e podem ser
classificados em duas categorias amplas: comportamentos externalizantes, que
aqueles que geram conflitos com o ambiente e geralmente são marcados por
características de desafio, impulsividade, agressão, hiperatividade e ajustamento
pobre; e os comportamentos internalizantes, como aqueles relacionados a distúrbios
pessoais, como ansiedade, retraimento, depressão e sentimento de inferioridade.
Estudos recentes têm dado maior ênfase aos problemas de
comportamento externalizantes em crianças na etapa escolar (FERRIOLLI et al.,
2007). Tal tipo de comportamento caracteriza as manifestações mais comuns e
persistentes deste período, apresentando curso e prognóstico pouco favoráveis,
sendo ainda o precursor de muitas dificuldades relativas à produtividade na
realização das tarefas de socialização e de desempenho acadêmico (BANDEIRA et
al., 2008; BUCHANAN; FLOURI, 2001). Crianças com problemas de comportamento
externalizantes são consideradas em risco para dificuldades como falhas
acadêmicas, rejeição pelos companheiros, conflitos com a família e com o professor
e uma série de manifestações não adaptativas, sendo tais prejuízos potencializados
na presença da depressão materna (BARKER, et al., 2012; BANDEIRA et al., 2008;
JOHNSTON; MASH, 2001).
Ao examinarem a associação entre depressão materna e problemas de
comportamento de crianças, Barker et al. (2012) e Najman (2001) verificaram que os
filhos de mães depressivas apresentaram graus significativamente mais altos de
problemas de comportamento internalizantes e externalizantes em comparação a
crianças filhas de mães sem depressão. Destacaram assim, a presença de uma
INTRODUÇÃO
46
maior probabilidade das crianças filhas de mães depressivas apresentarem mais
problemas de comportamento, mais desordens de conduta, de atenção, de
ansiedade e relativas ao uso de substâncias.
Foster et al. (2008) por meio de relato materno e de medidas
observacionais de interação, encontraram para escolares, a associação entre
depressão materna, interação mãe-criança e sintomas externalizantes. Altos níveis
de sintomas depressivos das mães foram associados a baixos níveis de afeto e
comportamentos negativos na interação mãe-criança, sendo preditores para os
problemas externalizantes das crianças, destacando a ausência de associação com
comportamentos internalizantes.
Mian et al. (2009), em estudo desenvolvido no Brasil, comparou o perfil
comportamental, as autopercepções e os eventos de vida experimentados por
escolares que convivem com a depressão materna ao de crianças que convivem
com mães sem história psiquiátrica, tendo como fonte de informações as
percepções das mães e das crianças. Constatou que as mães com história de
depressão relataram mais problemas comportamentais para seus filhos e que as
crianças que convivem com a depressão materna relataram um autoconceito mais
negativo, na área relacionada ao comportamento, quando comparadas às crianças
que convivem com mães sem história de depressão, demonstrando a semelhança
de percepções das mães e crianças quanto às dificuldades.
Em um estudo realizado com mães identificadas em serviços de cuidado
primário, Weissman et al.(2004) compararam um grupo de mães com diagnóstico de
depressão maior com um grupo de mães sem história psiquiátrica, em relação ao
comportamento de seus filhos e a presença de conflitos no ambiente familiar.
Verificaram que as mães depressivas relataram significativamente mais problemas
INTRODUÇÃO
47
comportamentais para os seus filhos, além de experimentarem mais conflitos e
discórdia na interação com estes. Destacaram que a dificuldade de interação entre a
mãe depressiva e a criança foi expressa principalmente pelo relacionamento
conflituoso.
No Brasil, com amostra de baixo status socioeconômico, sobre a associação
entre problemas comportamentais de escolares e práticas punitivas dos pais, Bordin et
al. (2009) verificaram que as práticas punitivas severas foram preditoras de problemas
internalizantes e externalizantes das crianças e potencializaram o impacto negativo da
depressão materna para a saúde mental das crianças.
Quanto à convivência com mães com problemas de saúde mental, Mendes
(2009) em estudo de comparação entre grupos desenvolvida em uma amostra da
comunidade brasileira, verificou que as crianças filhas de mães com depressão
apresentaram 1,9 vezes mais de chances de apresentarem problemas de conduta
quando comparadas às crianças que convivem com mães sem história psiquiátrica.
Outro aspecto a ser considerado como uma dimensão do ajustamento
psicológico, que é inversamente correlacionada a problemas comportamentais e
emocionais, diz respeito ao comportamento pró-social, definido por Hay e Pawlby
(2003) como um comportamento cooperativo onde se verificam as habilidades das
crianças em responderem positivamente às necessidades dos outros. Os referidos
autores, com base em estudo longitudinal, avaliaram este tipo de comportamento em
escolares que conviveram com a depressão materna ao longo da vida. Verificaram
que, aos quatro anos de idade, não ocorreu associação entre depressão materna e
habilidades cooperativas das crianças de ambos os sexos, por outro lado, aos 11
anos, observaram uma variação de resultado de acordo com o informante utilizado,
a saber: as mães com depressão relataram menos habilidades pró-sociais em seus
INTRODUÇÃO
48
filhos, enquanto tais crianças relataram ter mais habilidades cooperativas, quando
comparadas às crianças que não conviveram com a depressão materna.
O funcionamento psicossocial das crianças que convivem com a
depressão materna foi avaliado por Feder et al. (2008) em uma amostra da
comunidade de imigrantes hispânicos nos EUA. Verificaram que as crianças filhas
de mães com depressão apresentaram significativamente maiores taxas de
transtornos depressivos, menor funcionamento psicossocial, com uma pior qualidade
na interação com os pais e colegas, em comparação às crianças do grupo controle.
Ressaltaram que a depressão materna pode ser considerada um fator de risco em
famílias pertencentes às classes sociais menos favorecidas e com pouco
conhecimento sobre riscos e prevenção.
Indicadores de Psicopatologia Infantil
Para se compreender a etiologia da psicopatologia na infância deve-se
integrar uma série de fatores individuais e contextuais dentro de um complexo
multifatorial (PRICE; ZWOLINSKI, 2010). Goodman e Gotlib (1999) apontam quatro
mecanismos importantes para a compreensão da transmissão da psicopatologia na
criança: a hereditariedade, a disfunção de mecanismos neuroreguladores, os
comportamentos e afetos negativos da mãe e as condições do ambiente estressante
onde a criança vive. Cada um desses mecanismos potenciais altera o clima afetivo
familiar e as demandas exigidas das crianças. Nesta perspectiva, apresentar-se-á
uma breve descrição de alguns dos principais transtornos mentais infantis, tais como
o Transtorno Depressivo, Transtorno de Ansiedade, Transtorno de Conduta e
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, os quais serão abordados nesse
estudo.
INTRODUÇÃO
49
Transtorno Depressivo
A depressão infantil, embora tenha sido descrita desde o século XVIII,
somente a partir da década de 1970 passou a despertar maior interesse em
pesquisas. Atualmente, embora se tenha ainda muitas discussões quanto aos
critérios diagnósticos, não se têm mais dúvidas de que as crianças são passíveis de
depressão. Apesar da tamanha importância da depressão na infância e
adolescência em relação à qualidade de vida, às dificuldades na escola e no ajuste
pessoal, esse transtorno não tem sido devidamente valorizado por familiares e
pediatras, e nem adequadamente diagnosticado (PEREIRA; AMARAL, 2007).
O método diagnóstico mostra-se como principal desafio, já que a infância
e adolescência são fases da vida que envolvem diversos aspectos do
desenvolvimento humano com ganhos quantitativos de aquisições e qualitativos de
complexidade de respostas. Neste contexto, os sintomas que são encontrados no
adulto, na maioria das vezes, aparecem de maneira diferenciada na criança e no
adolescente, devido à inconstância de humor inerente a essas fases, tão
caracterizadas por descobertas e conflitos (GOMES et al., 2009).
Embora para a maioria das crianças a sintomatologia da depressão seja
atípica, caracterizada por irritabilidade, hiperatividade e agressividade, algumas
podem apresentar os sintomas clássicos de depressão, tais como: tristeza,
ansiedade, expectativa pessimista, mudanças no hábito alimentar e no sono ou,
mesmo, problemas físicos, como dores inespecíficas, fraqueza, tonturas, mal estar
geral, que não respondem ao tratamento médico habitual (FONSECA et al., 2005;
BAHLS, 2002; APA, 2000).
Diversos fatores devem ser considerados no diagnóstico da depressão
infantil, como as diversas classes de depressão existentes, a variação do quadro
INTRODUÇÃO
50
clínico em diferentes contextos culturais, as variáveis funcionais, as comorbidades e
a sobreposição de sintomas com outras psicopatologias da infância (PEREIRA;
AMARAL, 2007). A depressão na criança pode ter início com perda de interesse
pelas atividades que habitualmente eram interessantes, manifestando-se como uma
espécie de aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, esportes, sair
com os amigos, além de apatia e redução significativa da atividade. De forma
adicional aparece a diminuição da atenção e da concentração, a perda de confiança
em si mesmo, os sentimentos de inferioridade e a baixa autoestima, idéias de culpa
e inutilidade, tendência ao pessimismo, transtornos do sono e da alimentação e,
dependendo da gravidade, inclusive ideação suicida (BAHLS, 2002; LIMA, 2004;
CRUVINEL; BORUCHOVITCH, 2008).
Tendo por base estudo realizado com amostras procedentes de centros
de saúde dos EUA, Miller (2003) relata que entre as crianças de sete a 12 anos
encaminhadas para serviços de saúde mental, aproximadamente 10% a 20%
sofriam de depressão. Tendo por referência amostras aleatórias de crianças não
encaminhadas para atendimento em saúde mental, a depressão foi identificada em
até 2,5% destas. Para as crianças que experenciam os primeiros episódios
depressivos muito cedo, a probabilidade de sofrerem outros episódios é alta, assim,
considera-se necessário detectar precocemente os sintomas da depressão e
oferecer tratamento imediato, dado o impacto negativo que este transtorno pode
exercer nas suas vidas, afetando o seu comportamento em casa, na escola e com
os amigos (CRUVINEL; BORUCHOVITCH, 2008).
Fatores genéticos, sociológicos, antecedentes psicológicos, problemas
familiares ou de personalidade, entre outros têm sido associados à depressão
infantil (LIMA, 2004; BAHLS, 2002). Dentre os fatores, destaca-se a convivência com
INTRODUÇÃO
51
a depressão materna como um fator de risco em potencial associado à depressão
infantil (FRITSCH et al., 2007; BAHLS, 2002). Neste contexto, Hammen (2003)
identificou um número duas vezes maior de crianças em idade escolar, filhas de
mães com depressão, com diagnósticos de transtornos depressivos quando
comparadas com crianças filhas de mães sem história de depressão. Destaca ainda,
que esse transtorno é um desafio estressante para as mães, tornando a interação
mãe-criança, para ambas, um círculo vicioso de risco e estresse.
Bahls (2002), estudando uma amostra clínica, observou que o diagnóstico
de depressão em um dos pais é um dos principais fatores de risco para depressão
em crianças e adolescentes, sendo que a existência de história familiar para
depressão aumentou em pelo menos três vezes o risco de depressão infantil,
seguidos por estressores ambientais, como abuso físico e sexual e perda de um dos
pais, irmão ou amigo íntimo. Verificou ainda que, no início da adolescência, o
ambiente familiar é um preditor de sintomas depressivos mais importante do que os
eventos estressores de vida.
Estudos epidemiológicos sobre a depressão infantil são ainda escassos
na maioria dos países, e poucos são os instrumentos adaptados para diagnosticá-la.
No Brasil, observa-se uma carência de estudos epidemiológicos mais amplos com
crianças e a ausência de políticas estabelecidas de saúde mental infantil
(CRUVINEL; BORUCHOVITCH, 2008; FONSECA et al., 2005; FLEITICH;
GOODMAN, 2004). Conhecer a prevalência da depressão em crianças e
adolescentes pode contribuir para avaliar a dimensão da doença e propor medidas
diagnósticas e terapêuticas (FONSECA et al., 2005).
INTRODUÇÃO
52
Transtorno de Ansiedade
Os transtornos de ansiedade representam uma das formas mais comuns
de psicopatologia infantil (SCHNIERING; RAPEE, 2002; SPENCE; RAPEE, 2001).
Estão associados a várias consequências negativas em termos social, escolar e
ajustamento pessoal. Sua manifestação nem sempre é passageira e seus sintomas
e efeitos podem persistir até a adolescência e na fase adulta se não forem tratados
(SILVA; FIGUEIREDO, 2005). Os referidos autores mostram com base em estudo de
revisão que os problemas de ansiedade na infância são fatores de risco para outras
formas de psicopatologia, como os transtornos de conduta, transtornos de humor,
depressão e para as tentativas e efetivação do suicídio.
Os Transtornos de Ansiedade são reconhecidos como um dos transtornos
mentais mais prevalentes em crianças e adolescentes, situando-se atrás do
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e do Transtorno de Conduta
(VIANNA et al., 2009). No Brasil, um estudo populacional desenvolvido em escolas
públicas, encontrou índices de prevalência de 4,6% em crianças e 5,8% entre os
adolescentes (FLEITLICH; GOODMAN, 2004).
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) caracteriza-se pela
presença de preocupações excessivas e incontroláveis sobre diferentes aspectos da
vida (VIANNA et al., 2009). Apesar de preocupações serem uma manifestação de
ansiedade bastante comum e fazerem parte da experiência humana, pacientes
diagnosticados com TAG referem experimentar uma intensificação e prolongamento
deste estado ansioso, sem que haja a interrupção deste processo (FLANNERY-
SCHROEDER, 2004).
Os critérios diagnósticos apontados na DSM-IV-TR (APA, 2000) incluem:
ansiedade e preocupação excessiva e de difícil controle com diversos eventos, na
INTRODUÇÃO
53
maioria dos dias e com duração mínima de seis meses, com prejuízos para o
funcionamento na vida diária. O quadro deve ser acompanhado ainda por pelo
menos três de seis sintomas físicos tais como: inquietação; fatigabilidade;
dificuldade de concentração; irritabilidade; tensão muscular ou perturbações do
sono. Finalmente, o distúrbio não deve decorrer de ingestão de drogas ou de abuso,
de uma condição médica geral ou ocorrer exclusivamente durante o curso de
transtorno de humor, transtorno psicótico ou transtorno global do desenvolvimento.
O diagnóstico em crianças e adolescentes difere dos adultos no que diz
respeito aos sintomas físicos, sendo necessária a presença de apenas um sintoma
somático para que o diagnóstico seja confirmado em crianças e adolescentes (APA,
2000). Crianças e adolescentes com TAG podem ter preocupações consigo ou com
os outros sobre diferentes domínios, como por exemplo: perfeccionismo;
pontualidade; saúde e segurança; eventos catastróficos mundiais; situação
financeira familiar e com o futuro (LAYNE et al., 2008).
Outras características referidas como associadas ao Transtorno de
Ansiedade apontadas foram a necessidade constante de reasseguramento, e o
excesso de autoconsciência, com preocupação com comportamentos que ocorreram
no passado (FLANNERY-SCHROEDER, 2004). Rigidez com relação ao
cumprimento de regras ou evitação de situações nas quais poderia haver a
exposição ao julgamento dos outros são consideradas as principais consequências
destes comportamentos (LAYNE et al., 2008).
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um transtorno
do desenvolvimento, com forte influência neurobiológica, que atinge cerca de 4% a
INTRODUÇÃO
54
6% das crianças em idade escolar (ROHDE et al., 2004; VASCONCELOS et al.,
2005), sendo um dos distúrbios mais comuns na infância e uma das principais causas
de procura por atendimento em ambulatórios de saúde mental. O TDAH é
caracterizado por um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade e
impulsividade, que devem se manifestar em, no mínimo, dois ambientes (APA, 2000).
É mais frequente no sexo masculino sendo que as razões masculino - feminino variam
entre 9:1 para as amostras clínicas entre 4:1 para as amostras epidemiológicas e
pode favorecer mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades
com regras e limites (LÓPEZ-SOLER et al., 2009; ELIA et al., 1999).
O diagnóstico de TDAH baseia-se em critérios clínicos, com o predomínio
em diversos estudos da utilização do questionário de 18 sintomas do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4a edição (APA, 2000). Os
requisitos essenciais são: o início dos sintomas antes de sete anos de idade,
manifestação dos sintomas em dois ou mais ambientes, evidências claras de
comprometimento funcional e ausência de outro transtorno que justifique os
sintomas (VASCONCELOS et al., 2005). Alguns destes sintomas devem estar
presentes antes dos sete anos de idade, embora a maioria seja diagnosticada após
a manifestação destes por alguns anos, podendo observá-los em diversas situações
como em casa, no ambiente social, acadêmico, profissional e interpessoal em casos
de persistência até a vida adulta (AMARAL; GUERREIRO, 2001; BARKLEY, 2002).
O impacto desse transtorno para a sociedade é enorme, considerando-se
seu alto custo financeiro, o estresse para as famílias, o prejuízo nas atividades
acadêmicas e vocacionais, as dificuldades nos relacionamentos, a propensão a
acidentes e ao uso de drogas, bem como os efeitos negativos para a autoestima das
crianças e adolescentes (BIEDERMAN et al., 2006). Estudos têm demonstrado que
INTRODUÇÃO
55
crianças com esse transtorno apresentam um risco aumentado de desenvolverem
outras doenças psiquiátricas na infância, adolescência e idade adulta (ROHDE et al.,
2000).
Embora fatores familiares não sejam apontados como causa do TDAH,
diversas pesquisas indicam a importância do contexto familiar para tais
manifestações. A disfunção familiar pode constituir fator de risco que, ao interagir
com a predisposição neurobiológica da criança, exacerba a expressão dos sintomas
e modifica o curso do transtorno (MIRANDA et al., 2002; GUILHERME et al., 2007).
Neste sentido, os achados de Low e Stocker (2005) sugerem que o humor
depressivo dos pais e a hostilidade marital em mães estão diretamente associados
ao diagnóstico de TDAH dos filhos.
Transtorno de Conduta
O Transtorno de Conduta é um dos transtornos psiquiátricos mais
frequentes na infância e um dos maiores motivos de encaminhamento ao psiquiatra
infantil (HARVEY et al., 2011; BORDIN; OFFORD, 2000).
As manifestações clínicas do transtorno da conduta são caracterizadas por
comportamento antissocial persistente com violação de normas sociais ou direitos
individuais (APA, 2000). Os critérios diagnósticos do DSM-IV para transtorno da
conduta incluem 15 possibilidades de comportamento antissocial: (1) frequentemente
persegue, atormenta, ameaça ou intimida os outros; (2) frequentemente inicia lutas
corporais; (3) uso de armas que podem causar ferimentos graves (pau, pedra, caco de
vidro, faca, revólver); (4) crueldade com as pessoas, ferindo-as fisicamente; (5)
crueldade com os animais, ferindo-os fisicamente; (6) roubo ou assalto, confrontando
a vítima; (7) submissão de alguém a atividade sexual forçada; (8) iniciar incêndio,
INTRODUÇÃO
56
deliberadamente com a intenção de provocar sérios danos; (9) destruir propriedade
alheia, deliberadamente (não pelo fogo); (10) arrombar e invadir casa, prédio ou carro;
(11) mentir e enganar para obter ganhos materiais ou favores ou para fugir de
obrigações; (12) furtar objetos de valor; (13) frequentemente passa a noite fora,
apesar da proibição dos pais (início antes dos 13 anos); (14) fugir de casa pelo menos
duas vezes, passando a noite fora, enquanto morava com os pais ou pais substitutos
(ou fugir de casa uma vez, ausentando-se por um longo período); e (15) faltar na
escola sem motivo, matando aulas frequentemente (início antes dos 15 anos). Os
critérios diagnósticos do DSM-IV para transtorno da conduta aplicam-se a indivíduos
com idade inferior a 18 anos e requerem a presença de pelo menos três desses
comportamentos nos últimos 12 meses e de pelo menos um comportamento
antissocial nos últimos seis meses, trazendo limitações importantes do ponto de vista
acadêmico, social ou ocupacional (APA, 2000).
Os sintomas do transtorno da conduta surgem no período compreendido
entre o início da infância e a puberdade e podem persistir até a idade adulta
(SOUZA; INGBERMAN, 2000). Quando do início antes dos 10 anos, observa-se com
maior frequência a presença de transtorno com déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH), comportamento agressivo, déficit intelectual, convulsões e
comprometimento do sistema nervoso central devido a exposição a álcool/drogas no
período pré-natal, infecções, uso de medicamentos, traumas cranianos, entre outros,
além de antecedentes familiares positivos para hiperatividade e comportamento
antissocial (AACAP, 1997). O início precoce indica maior gravidade do transtorno
com maior tendência a persistir ao longo da vida (SOUZA; INGBERMAN, 2000).
O comportamento antissocial de crianças e adolescentes tem sido
atribuído a fatores constitucionais e ambientais (HARVEY et al., 2011; BORDIN;
INTRODUÇÃO
57
OFFORD, 2000). São fatores associados a comportamento antissocial na infância:
ser do sexo masculino, receber cuidados maternos e paternos inadequados, viver
em meio à discórdia conjugal, ser criado por pais agressivos e violentos, ter mãe
com problemas de saúde mental, residir em áreas urbanas e ter nível
socioeconômico baixo (LÓPEZ-SOLER et al., 2009; BANDEIRA et al., 2006;
PACHECO et al., 2005).
Johnston e Mash (2001) com base em uma revisão da literatura relataram
que a psicopatologia dos pais, em especial a depressão materna, tem sido apontada
como preditora para problemas de conduta em escolares. Segundo os referidos
autores, a literatura tem demonstrado que são comuns estes problemas
externalizantes antecederem as dificuldades escolares e serem exarcebadas por
estas, principalmente quando as dificuldades interpessoais já estão presentes nessa
fase, tornando-se maior o risco de persistência dos problemas.
Verifica-se com base na análise da literatura o reconhecimento do
impacto da depressão materna para o desfecho cognitivo, comportamental e para a
presença de psicopatologia em crianças, sob tal perspectiva configuram-se as
questões relativas à magnitude de tal problema e como ele pode ser precocemente
identificado.
1.5. Saúde mental materno – infantil: identificação e impacto das dificuldades
O interesse pelo impacto dos problemas de saúde mental na vida humana
é crescente, em função da dimensão epidemiológica dos transtornos e pelo tipo de
prejuízos associados, envolvendo o indivíduo, a família e a comunidade. Dentre os
transtornos mentais, a depressão no mundo todo, tem sido objeto de estudos e
INTRODUÇÃO
58
inclusive de campanhas educativas que visam aumentar o conhecimento da
população em relação à doença, diminuindo o preconceito, favorecendo o
diagnóstico precoce e o tratamento adequado.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2009), com base em
dados divulgados durante a primeira Cúpula Global de Saúde Mental em Atenas -
Grécia, atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas diretamente por
transtornos mentais. Nos próximos 20 anos a depressão deve se tornar uma das
doenças mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro
problema de saúde, incluindo o câncer e doenças cardíacas. Nesse sentido, a
depressão será também o transtorno que mais gerará custos econômicos e sociais
para os governos, sendo os países em desenvolvimento os que mais devem sofrer
com o problema, em função da prevalência mais alta em comparação à observada
nos países desenvolvidos.
Os transtornos depressivos constituem os mais frequentes na população
latina americana (ANDRADE et al., 2012; ARAYA et al., 2001) e são considerados
de alta prevalência, especialmente em mulheres em idade fértil, mães e de baixa
renda (ALMEIDA-FILHO et al., 2004; ROJAS et al., 2002). A depressão atinge de 10
a 20% das mulheres pelo menos uma vez na vida e aproximadamente em um terço
destas mulheres os sintomas depressivos são recorrentes e persistem por toda a
vida (PILOWSKY et al., 2008; KRINGLEN et al., 2001).
Considerando-se que cerca de 25% da população padece de algum
transtorno mental, numa prevalência de 13 a 22,5% para crianças e adolescentes
(OMS, 2001), a necessidade de tratamento especializado é premente. Contudo,
segundo Swartz et al. (2005), menos da metade de todas as mulheres e crianças
que mostram sinais de depressão recebem o tratamento especializado, sendo que a
INTRODUÇÃO
59
maioria dos casos que têm o contato com profissionais da saúde são mal
diagnosticadas e mal monitoradas.
Com base em estudo desenvolvido em amostra da comunidade, Swartz et
al. (2005), relataram que uma grande proporção de mães com depressão não
recebe tratamento especializado, tendo por base os indicadores de transtornos
psiquiátricos identificados em mães que levaram seus filhos para atendimento em
uma clínica de saúde mental infantil. Verificaram nesta amostra que 79% de mães
preenchiam critérios para, pelo menos, um transtorno psiquiátrico ao longo da vida,
e 61% apresentaram diagnóstico de depressão maior atual. Dentre todas as mães
com depressão avaliadas, apenas 33% recebiam algum tipo de tratamento. Taxas
semelhantes foram também relatadas por Rishel et al. (2006) em uma amostra de
mães identificadas quando da procura de ajuda para os problemas das crianças,
verificando a presença de 64% de mães com transtornos mentais, sendo 34% com
depressão maior e apenas um terço em tratamento.
Weissman et al. (2004) estudaram uma amostra de mães,
predominantemente de baixo status socioeconômico, pertencente às minorias
populacionais e que frequentavam serviços de cuidado primário, tendo identificado
uma taxa de depressão de 25%. Outras desordens psiquiátricas corresponderam a
19% e 56% da amostra não apresentaram nenhuma desordem psiquiátrica.
Relataram que as mães depressivas, em comparação às mães com outras
desordens psiquiátricas e mães sem história psiquiátrica, apresentaram um maior
prejuízo em seu funcionamento e que a maioria não estava recebendo tratamento.
Ao compararem os três grupos, em relação à presença de problemas
comportamentais com os filhos, verificaram que as mães depressivas relataram
significativamente mais problemas emocionais sérios em seus filhos e que estavam
INTRODUÇÃO
60
experimentando conflitos frequentes com estes. Baseado em uma análise de riscos
atribuídos, os resultados do estudo sugeriram que, para o grupo de mães
depressivas, a prevenção e tratamento da doença podem diminuir o risco de efeitos
negativos para as crianças em 55%. Tais dados confirmam o valor potencial de se
identificar sintomas de depressão em serviços de cuidado primário, o que pode ser
útil também para detectar precocemente problemas das crianças, especialmente em
população que vive em situação econômica baixa, e que tem acesso limitado a
serviços de saúde mental.
Em outro estudo também conduzido em serviços de atenção primária à
saúde, Weissman et al. (2006) verificaram que o tratamento efetivo das mães com
depressão maior foi associado à redução dos sintomas e diagnósticos das crianças,
ao controlar variáveis demográficas, características clínicas da depressão materna e
status de tratamento das crianças. Verificaram que a presença de psicopatologia da
criança, em especial, o comportamento disruptivo, a depressão e ansiedade,
mostrou-se diretamente relacionada ao grau de remissão e melhora da mãe, assim
como a melhora das crianças também surtiu efeito positivo para as mães,
destacando assim a importância de se considerar a influência mútua entre a saúde
mental materna e a da criança.
A identificação de crianças em risco para problemas de saúde mental é
relevante pelas consequências para o desenvolvimento e também pelas
peculiaridades das características psicossociais envolvidas. Nesse sentido, faz-se
necessário destacar estudos epidemiológicos recentes desenvolvidos no Brasil, a
saber, Fleitlich e Goodman (2001), Fleitlich e Goodman (2004), Cury e Golfeto
(2003), Paula et al. (2007) e Anselmi et al. (2009) com escolares provenientes de
amostras da comunidade.
INTRODUÇÃO
61
Estimativa da prevalência de problemas de saúde mental de crianças e
adolescentes na faixa etária de sete a 14 anos, residentes no município de Campos
do Jordão, São Paulo, foi estudada por Fleitlich e Goodman (2001). Estudaram
crianças provenientes de três áreas distintas: uma favela com casas improvisadas,
sem saneamento e instaladas ilegalmente; uma comunidade urbana bem estabelecida
e uma comunidade rural. Nestas três áreas, todos os estudantes de sete a 14 anos
foram identificados a partir das escolas. Foram avaliados 898 estudantes, sendo 488
da favela, 346 da comunidade urbana estável e 64 da comunidade rural. Por meio do
Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ), verificaram que 15% dos
estudantes apresentaram problemas de saúde mental sendo observada maior taxa de
problemas entre crianças e adolescentes da favela (22%) que entre crianças e
adolescentes das comunidades urbana (12%) e rural (12%).
Cury e Golfeto (2003) realizaram um estudo transversal em uma escola
pública da cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, com o objetivo de verificar a
prevalência de problemas de saúde mental em 108 estudantes das quatro primeiras
séries do ensino fundamental. Os pais e professores dessas crianças responderam
ao Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ) e foram identificadas taxas
de prevalência de problemas de saúde mental infantil de 18,7% na avaliação
realizado pelos pais e de 8,3% na avaliação feita pelos professores.
A avaliação da saúde mental de uma amostra probabilística de 1.251
escolares das oito séries do ensino fundamental do município de Taubaté, São
Paulo, foi realizada por Fleitlich e Goodman (2004). Utilizaram como fonte de dados
pais/responsáveis, adolescentes de 11 a 14 anos e professores que responderam ao
instrumento Levantamento sobre o Desenvolvimento e Bem Estar de Crianças e
Adolescentes (DAWBA) que fornece diagnósticos psiquiátricos com base nos
INTRODUÇÃO
62
critérios do DSM-IV e CID-10 (OMS, 1992). Verificaram uma prevalência de 12,7%
de transtornos mentais nessa população.
A taxa de prevalência de problemas de saúde mental em adolescentes
que frequentam a 6ª série do ensino fundamental de todas as escolas do município
de Barretos, São Paulo, foi estudada por Paula et al. (2008) que também analisaram
os fatores de risco envolvidos na saúde mental dos participantes. O estudo foi de
corte transversal e teve uma amostra probabilística de 327 estudantes entre 11 e 15
anos de idade. Os adolescentes responderam a versão autoaplicável do
Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ). Os autores identificaram uma
taxa de prevalência de 12,5% de problemas de saúde mental nessa amostra de
estudantes. No que se refere aos fatores de risco e proteção, os autores
encontraram que a exposição à violência familiar e urbana esteve associada à
presença de problemas de saúde mental, sendo importantes fatores de risco para o
desenvolvimento emocional.
Em um estudo conduzido em Pelotas, Rio Grande do Sul, Anselmi et al.
(2009) avaliaram uma amostra de 4.452 pré-adolescentes de onze e doze anos de
idade, em duas fases. Na primeira, todos os adolescentes e seus pais responderam
ao SDQ e na segunda fase, todos os adolescentes avaliados com problemas de
saúde mental no SDQ (122 adolescentes) e uma parte daqueles avaliados como não
apresentando tais problemas (158 adolescentes) passaram por uma nova avaliação
a partir do DAWBA (Development and Well-Being Assessment), combinando as
respostas dos pais e dos adolescentes, os autores identificaram uma taxa de 10,8%
de transtornos psiquiátricos nos pré-adolescentes.
Analisando tais estudos, chama a atenção o predomínio de estudos na
região sudeste e sul e a inclusão de variáveis psicossociais relativas a aspectos
INTRODUÇÃO
63
socioeconômicos, condições de moradia, e verifica-se que nenhum desses estudos
abordou a saúde mental materna como condição de risco.
Paralelamente, verifica-se em estudos desenvolvidos no Brasil que
crianças na faixa etária dos seis aos 12 anos têm mostrado altos índices de
solicitação para atendimento psicológico na rede pública de saúde (NEVES;
ARAÚJO, 2006). Segundo Bernardes-da-Rosa et al. (2000), a alta demanda para
atendimento psicológico de crianças pode estar relacionada às condições de vida
desfavoráveis às quais a clientela de camadas populares se encontra submetida,
bem como à sua desproteção diante delas. Os autores observaram que as queixas
mais frequentes entre os escolares estavam associadas aos aspectos familiares,
como família monoparental, separação dos genitores e convivência com a
depressão materna.
Estudos epidemiológicos têm demonstrado que os transtornos mentais na
infância, em especial, na idade escolar, afetam o desempenho acadêmico e a
interação social, geralmente não são diagnosticados e tratados adequadamente,
persistem por anos, e são associados a sérios problemas na fase adulta como
desemprego, abuso de drogas e criminalidade (FLEITLICH; GOODMAN, 2000).
Contudo, pouco se sabe, sobre os preditores de prejuízos a saúde mental infantil em
países de baixa e média renda (HACKETT; HACKETT, 1999; REMSCHMIDT;
BELFER, 2005) e em amostras da comunidade, usuárias da atenção primária à
saúde (TANAKA; RIBEIRO, 2006). Conhecer os fatores de riscos para os
transtornos psiquiátricos é importante para a compreensão da etiologia da
psicopatologia na infância e para a identificação de potenciais metas para a
prevenção e intervenção (GOODMAN et al., 2007).
Neste sentido, o contexto da atenção primária, constitui um cenário
INTRODUÇÃO
64
favorecedor da identificação precoce dos problemas de saúde mental materno-
infantil, tendo em conta a epidemiologia dos transtornos, o seu impacto para a vida
das pessoas e as características das populações afetadas. Neste contexto, se insere
as peculiaridades do presente estudo que se propõe a identificar a prevalência de
transtornos mentais de crianças em idade escolar provenientes de uma amostra da
comunidade atendidas na atenção primária, comparando grupos diferenciados pela
depressão materna, tendo como foco a identificação de variáveis preditoras para os
desfechos cognitivos, comportamentais e de psicopatologia das crianças.
Têm-se como hipóteses norteadoras: 1-crianças que convivem com a
depressão materna apresentam mais problemas cognitivos, comportamentais e
indicadores de psicopatologia que crianças filhas de mães sem história psiquiátrica;
2-crianças que convivem com a depressão materna estão expostas a mais fatores
de riscos biológicos, sociais e familiares que crianças filhas de mães sem história
psiquiátrica; 3- As variáveis depressão materna e condições de riscos biológicos,
sociais e familiares são preditores de problemas comportamentais, cognitivos e de
transtornos psiquiátricos das crianças. 4- crianças expostas a um maior número de
riscos biológicos, sociais e familiares apresentam mais chances de terem problemas
cognitivos, comportamentais e transtornos psiquiátricos que crianças expostas a
menor número de riscos.
2. OBJETIVOS
OBJETIVOS 66
Com base nas considerações apresentadas, o presente estudo teve como
objetivos:
2.1. GERAL
Caracterizar as condições de saúde mental de crianças que convivem
com mães com depressão, identificadas na atenção primária, focalizando fatores de
riscos biológicos, sociais e familiares e o seu valor preditivo para problemas
cognitivos, comportamentais e de psicopatologia infantil.
2.2. ESPECÍFICOS
1- Caracterizar o perfil sócio-demográfico e clínico de crianças que
convivem com mães com depressão, em comparação ao perfil de crianças que
convivem com mães sem transtornos psiquiátricos.
2- Verificar a prevalência de problemas comportamentais e de
psicopatologia infantil para as crianças avaliadas.
3- Comparar os indicadores cognitivos, comportamentais e de
psicopatologia infantil apresentados por crianças em idade escolar, que convivem
com mães com depressão, em comparação ao perfil de crianças que convivem com
mães sem transtornos psiquiátricos.
4- Verificar os valores preditivos da depressão materna, das variáveis
sociodemográficas e dos fatores de riscos biológicos, sociais e familiares para os
OBJETIVOS 67
desfechos cognitivos, comportamentais e de psicopatologia infantil de crianças em
idade escolar.
5- Verificar as associações entre o número de indicadores de riscos
diversos e a presença de problemas cognitivos, comportamentais e de psicopatologia
infantil.
3. MÉTODO
MÉTODO 69
Trata-se de um estudo correlacional preditivo, com delineamento
quantitativo de corte transversal. Adotou-se uma metodologia de comparação entre
grupos, por meio da utilização de medidas sistemáticas de avaliação. Para tal,
considerou-se como fontes de informações as mães e as crianças.
3.1. ASPECTOS ÉTICOS
Os projetos que originaram a coleta desta pesquisa foram encaminhados,
apreciados e aprovados pelo Comitê de Ética da Universidade de Uberaba -
UNIUBE, (CAAE: 0030.0.227.000-06), conforme protocolo em anexo (ANEXO A). O
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO B) foi apresentado às mães
de forma verbal, por escrito, e por meio da leitura em conjunto.
As mães foram informadas a respeito dos objetivos do estudo, da
ausência de prejuízos ou danos decorrentes da participação e do compromisso de
sigilo em relação às informações obtidas na pesquisa. Foi esclarecido que a
participação era voluntária, sendo ressaltado que a desistência seria admitida em
qualquer momento do estudo, sem que isso acarretasse prejuízos a elas e a seus
filhos. O consentimento foi solicitado mediante autorização por escrito para a própria
participação e a de seus filhos.
Foi garantida às participantes a devolutiva dos dados na medida do
interesse das mesmas, e quando constatada a necessidade, mães e crianças foram
cuidadosamente orientadas e nos casos em que demonstraram interesse e
necessidade, foram encaminhadas para atendimento junto à rede de saúde.
MÉTODO 70
3.2. PARTICIPANTES
Foram avaliadas 120 mães, de uma amostra de conveniência,
identificadas na atenção primária, e seus respectivos filhos, de ambos os gêneros,
com idade entre seis e 12 anos, residentes com suas mães biológicas, distribuídos
em dois grupos, a saber:
G1: 60 crianças, cujas mães apresentaram diagnóstico de depressão,
sistematicamente avaliadas por instrumento diagnóstico;
G2: 60 crianças, cujas mães não apresentaram diagnóstico de depressão e de
outros transtornos psiquiátricos, sistematicamente avaliadas por instrumento
diagnóstico.
3.2.1. PROCESSO DE SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES
Caracterização da situação
O presente estudo foi desenvolvido nos anos 2006 e 2007 e teve como
fonte de identificação das mulheres/mães uma Unidade Básica de Saúde da cidade
de Uberaba, uma cidade brasileira de médio porte do estado de Minas Gerais. A
referida unidade básica oferece atendimentos ambulatoriais e realiza em média
41.883 atendimentos por ano, contando com profissionais das áreas de biomedicina,
ginecologia, clínica geral, enfermagem, fisioterapia, nutrição, odontologia, pediatria,
psicologia, serviço social e terapia ocupacional.
Uberaba é uma das cidades do estado brasileiro de Minas Gerais,
pertencente ao Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Com a população aproximada de
300.724 habitantes segundo o IBGE de 2010, possui uma área total de 9 360,856
MÉTODO 71
km² e IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) igual a 0.834, 4º maior
IDH-M e economia do estado de Minas Gerais, tendo uma taxa de alfabetização de
97,8% da população. 2
O bairro em que está localizado a Unidade Básica de Saúde onde ocorreu
o presente estudo é afastado do centro da cidade, tendo o trânsito de moradores
limitado pela distância. Dada tal condição, o bairro precisa abrigar e acolher as
necessidades dos moradores, que são na maioria de baixa renda e com pouco
acesso a transportes. Nesse sentido, os serviços de saúde são centralizados na
unidade básica, responsável inclusive pelos encaminhamentos para outras unidades
ou instituições de saúde pública da cidade.
Nesta unidade básica de saúde não há serviço de pronto atendimento. As
consultas são agendadas de acordo com a demanda espontânea, encaminhamento
da rede ou o surgimento de vagas. A unidade recebe encaminhamentos de outras
instituições e realiza seus próprios encaminhamentos a partir de uma triagem
realizada pelos médicos ou por profissionais do serviço social.
Nos serviços de ginecologia e clínica médica, onde se procedeu à seleção
das participantes, são atendidas em média 20 mulheres por dia, por médicos
especialistas e graduandos de medicina. As consultas são agendadas por turnos e
os atendimentos ocorrem por ordem de chegada. Dessa forma, todas as mulheres
chegam às sete horas da manhã ou às 13 horas, dependendo do horário agendado
e aguardam na sala de espera o momento de serem chamadas.
Enquanto aguardavam por consultas de rotina estas foram abordadas
pela pesquisadora e convidadas a participarem do estudo. Procurou-se dar
preferência na abordagem às mulheres que seriam atendidas em consulta médica a
2 Dados disponíveis no site oficial da prefeitura da cidade de Uberaba: http://www.uberaba.mg.gov.br/portal.
Acesso dia 01 de fevereiro de 2012.
MÉTODO 72
partir do terceiro lugar, deixando para o final do período as que haviam sido
agendadas em primeiro e segundo lugar, visando assim não interferir na rotina do
serviço.
A partir da identificação das mulheres/mães selecionou-se as crianças
priorizando-se as que frequentavam as escolas do bairro. A educação fundamental
no bairro conta com duas escolas públicas que acolhem quase a totalidade de
usuários da região, que atendem em conjunto uma média de 750 alunos por ano na
idade de seis a 12 anos.
Seleção dos participantes
O estudo foi desenvolvido com mulheres-mães e seus respectivos filhos
quando estas procuraram ou foram encaminhadas para atendimento de rotina nas
áreas de ginecologia e clínica médica da Unidade Básica de Saúde no período de
novembro de 2006 a março de 2007.
Durante o período da coleta, segundo documentação da instituição, 680
mulheres foram atendidas pelos serviços de ginecologia e clínica médica, sendo que
destas, 205 mulheres (30,1%) apresentavam o perfil definido como de inclusão para o
estudo, a saber: mulheres/ mães, não grávidas, com filhos biológicos em idade escolar
(na faixa etária de seis a 12 anos), sem deficiências físicas e/ou sensoriais aparentes e
que não estivessem recebendo tratamento psicológico e/ou psiquiátrico. Destas, 20
(10,8 %) não aceitaram participar do estudo alegando principalmente falta de tempo
e/ou interesse pelo projeto. Dessa forma, 185 mães foram avaliadas, correspondendo
a 27,2% da população geral de mulheres atendidas nos serviços e 90,2% da população
de mulheres com características definidas para a inclusão no estudo.
MÉTODO 73
O processo de seleção das participantes foi realizado conjuntamente pela
pesquisadora e por auxiliares de pesquisa, previamente treinados. Descrever-se-á
inicialmente o processo de seleção das mães e em seguida o das crianças.
O primeiro passo para a identificação de mulheres/mães com depressão
deu-se através da abordagem de todas as mulheres que procuraram ou foram
encaminhadas para atendimento nos serviços de ginecologia e clínica médica na
Unidade Básica de Saúde. Neste primeiro contato, os pesquisadores investigaram a
presença de características pertinentes ao perfil do estudo por meio de perguntas
como: “Possui filhos biológicos em idade escolar sem deficiências físicas e/ou
sensoriais aparentes?”; “Está grávida ou com suspeita de gravidez?”; “Está fazendo
tratamento psicológico e/ou psiquiátrico?”. Dessa forma, mulheres/mães biológicas
de crianças em idade escolar sem deficiências físicas e/ou sensoriais aparentes, não
grávidas e que não estavam recebendo tratamento psicológico e/ou psiquiátrico
foram convidadas a participarem do estudo, recebendo as explicações sobre os
objetivos do mesmo. As que aceitaram participar assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
O segundo passo foi à avaliação das mães quanto à presença de
depressão por meio do questionário de rastreamento PHQ-9 (Questionário sobre a
saúde do Paciente) aplicado por um auxiliar de pesquisa e a avaliação por meio da
SCID (Entrevista Clínica Estruturada para DSM-IV), visando à confirmação
diagnóstica de depressão e exclusão de outros transtornos psiquiátricos, realizada
pela pesquisadora.
Foram excluídas do estudo mulheres que apresentavam diagnóstico de
outros transtornos psiquiátricos do eixo I e/ou comorbidades orgânicas, de modo a
assegurar a não interferência de outras variáveis, além da depressão. Com base
MÉTODO 74
nestes critérios foram excluídas oito mães, ou seja, 4,3% das mães avaliadas,
constituindo assim uma amostra total de 177 mães participantes do estudo,
conforme está ilustrado na Figura 1 abaixo:
Mulheres atendidas na GO e CM no período de 4 meses680
205 Mulheres/mães, não grávidas, com filhos biológicos na idade
escolar, sem deficiências físicas e/ou sensoriais aparentes e que não
estivessem recebendo tratamento psicológico e/ou psiquiátrico
30,1%
10,8% Mães avaliadas (TCLE)20 185 27,2%
90,2%Não aceitaram
participar
8 177
Excluídas Incluídas
Figura 1 – Percurso Amostral - Mães
Quanto às crianças, os critérios de inclusão foram à idade entre seis e
doze anos, ambos os gêneros e residência com a mãe biológica. Foram excluídas do
estudo crianças órfãs ou com história de adoção, com história de doenças orgânicas
ou com deficiências sensoriais aparentes, objetivando evitar variáveis de
confundimento que pudessem interferir no comportamento da criança.
Quando a mãe convidada tinha mais de uma criança na faixa etária
indicada, apenas uma delas foi incluída na pesquisa, tendo como critério o gênero e
MÉTODO 75
a idade das crianças já incluídas nos grupos, de modo a balancear estas variáveis
na amostra constituída.
Após as avaliações com as mães, as crianças foram contatadas na escola
onde estudavam ou em sua residência, no caso da criança não estudar em
nenhuma das duas escolas públicas do bairro. Para tal, contou-se com a anuência
das escolas.
Considerando o objetivo de comparação entre grupos de crianças que
convivem com mães com depressão e crianças que convivem com mães sem
transtornos, decidiu-se por conveniência, que seriam avaliadas 120 crianças das 177
possíveis a serem avaliadas, com base na inclusão das mães. Para tal seleção
tomou-se por referência a inclusão de todas as 60 crianças, filhas de mães com
depressão, as quais passaram a constituir o grupo de crianças que convivem com a
depressão materna (G1). Do conjunto das 117 mulheres sem transtornos
psiquiátricos, selecionou-se o grupo de comparação constituído por 60 crianças,
filhas de mães sem história pregressa e atual de transtorno psiquiátrico (G2).
Para a seleção das crianças que convivem com mães sem transtornos
psiquiátricos (G2), tomou-se como critérios as características sócio demográficas
das crianças do G1, a equivalência quanto ao gênero e o emparelhamento de maior
proximidade quanto à idade das crianças. Quando nessas condições contava-se
com mais de uma criança, priorizou-se a maior proximidade quanto à escolaridade
materna. Dessa forma, os grupos foram constituídos, tendo a seguinte distribuição:
G1 – 60 crianças que convivem com a depressão materna, e G2 – 60 crianças que
convivem com mães sem história psiquiátrica, como ilustrado na Figura 2 .
MÉTODO 76
Figura 2 – Percurso Amostral - Crianças
3.3. INSTRUMENTOS
Com as mães:
3.3.1. Questionário Sobre a Saúde do Paciente-9 (PHQ-9)
O PHQ é uma adaptação do PRIME-MD (SPITZER et al. 1994), um
instrumento de diagnóstico para transtornos mentais, desenvolvido para serviços de
cuidados primários à saúde. O PHQ-9 é um módulo baseado diretamente nos
critérios diagnósticos para Desordem de Depressão Maior do DSM-IV, validado por
Spitzer et al. (1999) e por Kroenke et al. (2001), que possibilita tanto o rastreamento
de sinais e sintomas da Depressão Maior atual assim como a classificação de níveis
de gravidade. É constituído por nove itens, sendo cada item composto por uma
escala ordinal que mede a frequência dos sinais e sintomas da depressão nas
últimas duas semanas (0= nenhuma vez; 1= vários dias; 2= mais da metade dos
MÉTODO 77
dias; 3= quase todos os dias). O escore total é obtido pela somatória dos itens que
pode variar de zero a 27, sendo considerado indicador positivo de sinais e sintomas
da Depressão Maior valores maiores ou iguais a 10 (SPITZER et al.,1999;
KROENKE et al., 2001). Quanto à gravidade, o escore é classificado da seguinte
forma: de zero a cinco - ausência de indicadores de Depressão Maior; de seis a
nove- indicadores de Depressão Maior leve; de 10 a 14- indicadores de Depressão
Maior moderada; de 15 a 19 - indicadores de Depressão Maior moderada-severa e
escores maiores de 20 indicadores de Depressão Maior severa. No presente estudo,
considerou-se como presença de depressão os indicadores correspondentes à
classificação de gravidade moderado e severa.
Em estudo psicométrico realizado no Brasil os resultados relativos ao PHQ-
9 evidenciaram em comparação com Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV,
considerada padrão ouro, uma excelente validade, com uma área sob a curva ROC
(AUC) de 0,998 (p<0,001). A nota de corte maior ou igual a 10 mostrou-se a mais
adequada para rastreamento da depressão, com sensibilidade (S) de 1,00,
especificidade (E) de 0,98, valor preditivo positivo de 0,97, valor preditivo negativo de
1,00 e eficácia diagnóstica de 0,999 (OSÓRIO et al., 2009). A versão em português
utilizada no presente estudo foi traduzida pela Pfizer3 (ANEXO C).
Os dados desse instrumento foram utilizados no estudo para o
rastreamento de depressão, sendo o escore ≥ 10, uma das condições para a
inclusão no G1, e para inclusão no G2, considerou-se como uma das condições a
ausência de indicadores de depressão no PHQ-9 (escore <10). Destaca-se que a
inclusão nos grupos teve também por critério indicadores obtidos por entrevista
diagnóstica como relatado a seguir.
3 Copyright © 2005 Pfizer Inc; Todos os direitos reservados. Reproduzido sob permissão.
MÉTODO 78
3.3.2. Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV (SCID-I / Versão Clínica)
Entrevista traduzida e adaptada por Del Ben et al. (2001), utilizada neste
estudo para o estabelecimento do diagnóstico de depressão das mulheres incluídas no
G1, e para a exclusão de depressão e outros transtornos psiquiátricos das mulheres
incluídas no G2. A SCID, conduzida por um profissional experiente, inicia-se por uma
seção de revisão geral, que segue o roteiro de uma entrevista clínica não estruturada,
seguida, por módulos que correspondem às categorias diagnósticas maiores. Os
critérios diagnósticos estão presentes no próprio corpo do instrumento, facilitando a
elaboração do diagnóstico conforme a entrevista progride. Foram aplicados os módulos
A e B referentes aos transtornos do eixo I do DSM-IV. A referida entrevista permite
também a coleta de informações sobre a caracterização do transtorno depressivo.
Considerou-se como critério para inclusão no G1 a presença dos
diagnósticos de depressão relativos às categorias: F33.0 Transtorno depressivo
recorrente, episódio atual leve; F33.1 Transtorno depressivo Recorrente - Episódio
atual moderado; F33.2 Transtorno Depressivo Recorrente - Episódio atual severo,
F33.4 Transtorno Depressivo Recorrente em Remissão. Para a exclusão de
transtornos psiquiátricos e para a inclusão no G2 considerou-se como condição a
ausência de qualquer indicador de transtorno psiquiátrico na revisão geral.
3.3.3. Questionário Complementar
Trata-se de um questionário de sondagem relativo às seguintes
informações: a) sociodemográficas das mães, crianças e famílias: idade, gênero,
escolaridade, tipo de família, número de membros na família, nível sócio econômico;
b) fatores de riscos biológicos (antecedentes obstétricos e médicos), sociais (apoio
MÉTODO 79
social, problemas no contexto escolar, problemas econômicos) e familiares (conflito
conjugal, conflito familiar e presença de psicopatologia paterna). (APÊNDICE A).
3.3.4. SDQ - Questionário de Capacidades e Dificuldades da Criança
Questionário que avalia indicadores comportamentais das crianças,
proposto por Goodman (1997), traduzido e adaptado para o português por Fleitlich-
Bilyk e Goodman (2001). Trata-se de um instrumento breve, utilizado para o
rastreamento de problemas comportamentais, nos últimos seis meses, de crianças e
jovens de quatro a 16 anos, composto por 25 itens distribuídos em cinco escalas
com cinco itens cada. As escalas são: sintomas emocionais; problemas de conduta;
hiperatividade; problemas de relacionamento com os colegas; comportamento pró-
social, sendo que esta última não está relacionada a problemas, já que a ausência
de comportamentos pró-sociais é conceitualmente diferente da presença de
dificuldades psicológicas, podendo-se considerar que a presença de
comportamentos pró-sociais refere-se a capacidades e recursos de socialização.
Para cada uma das cinco escalas a pontuação pode variar de zero a 10
se todos os cinco itens forem completados e a pontuação total das dificuldades é
fornecida pela soma dos resultados das quatro primeiras escalas, caracterizando o
escore total. Cada um dos 25 itens pode ser respondido como “falso”, “mais ou
menos verdadeiro” ou “verdadeiro”. Os escores de cada uma das escalas e da
pontuação total são classificados em três categorias: normal, limítrofe e anormal. Os
valores de classificação variam de acordo com as escalas. Apresenta versões para
pais, professores e crianças. No estudo, foi utilizada a versão do instrumento
aplicada com pais, disponível no endereço www.sdqinfo.com.
MÉTODO 80
3.3.5. DAWBA - Levantamento sobre o Desenvolvimento e Bem-Estar de
Crianças e Adolescentes
Trata-se de um instrumento de diagnóstico de transtornos mentais na
infância e na adolescência, que fornece diagnósticos compatíveis ao DSM-IV-TR e
CID-10, proposto por Goodman et al. (2000) e traduzido e adaptado para o
português por Fleitlich-Bilyk (2004). Possui três versões: para pais, professores e
jovens a partir de 11 anos. No estudo foi utilizada a versão destinada aos pais, que
envolvem 14 seções de perguntas com alternativas de respostas e uma seção
adicional de perguntas abertas. Cada seção diz respeito a uma classe de problemas
de saúde mental: desenvolvimento, ansiedade de separação, fobia específica, fobia
social, pânico e agorafobia, estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-
compulsivo, ansiedade generalizada, depressão, transtorno de atenção e
hiperatividade, transtorno desafiador de oposição, transtorno de conduta, transtornos
alimentares, transtornos de tiques e outras preocupações. No presente estudo foram
aplicadas apenas as seções correspondentes aos diagnósticos de Transtorno
Depressivo, Transtorno de Ansiedade, Transtorno de Conduta e Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade. O instrumento na íntegra está disponível no
endereço www.dawba.com.
Com as crianças:
3.3.6. Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de RAVEN – Escala Especial
Instrumento utilizado para avaliar as características cognitivas das
crianças, adaptado para avaliação do nível intelectual de crianças brasileiras por
Angelini et al. (1999). Apresentado na forma de caderno, este teste é constituído por
três séries: A, Ab e B, cada uma com 12 problemas, impressos com fundo colorido
MÉTODO 81
vivo, de modo a torná-los mais atraentes. Cada série começa com um problema auto
evidente, que se torna progressivamente mais difícil com o objetivo de introduzir o
examinando em um novo tipo de raciocínio, que vai sendo exigido para os itens
seguintes. Os itens consistem em um desenho ou matriz com uma parte faltando,
abaixo do qual são apresentadas seis alternativas, uma das quais completa a matriz
corretamente. A criança deve escolher a resposta correta entre as alternativas de
respostas apresentadas, por meio do estabelecimento de comparações e de
inferências. Os resultados são expressos em termos de percentil, sendo que quanto
maior o valor, melhor o desempenho cognitivo da criança no teste. Sua aplicação
pode ser individual ou coletiva (indicado apenas para crianças acima de oito anos).
No estudo adotou-se a aplicação individual.
3.4. PROCEDIMENTO
3.4.1. COLETA DE DADOS
Avaliação com as mães:
A coleta de dados foi realizada por meio da avaliação individual dos
participantes, pela pesquisadora e por duas psicólogas, auxiliares de pesquisa,
previamente treinadas. As etapas da coleta de dados são especificadas a seguir:
1ª Etapa: Na Unidade Básica, enquanto aguardavam consulta na sala de
espera, as mulheres foram abordadas pelos pesquisadores que investigavam a
presença das características definidas como condições de inclusão no estudo. As
que respondiam positivamente aos critérios eram convidadas a participarem do
MÉTODO 82
estudo, recebendo as explicações sobre os objetivos do mesmo e caso aceitassem
assinavam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e iniciava-se a avaliação.
2ª Etapa: Nessa etapa de avaliação, em situação face a face, um auxiliar
de pesquisa aplicava com as mulheres/mães o Questionário Complementar, o SDQ
e o PHQ-9, de acordo com as instruções específicas de aplicação dos instrumentos,
na própria sala de espera, em um local isolado das demais usuárias, com relativa
privacidade. As instruções foram dadas verbalmente, sendo os itens dos
instrumentos lidos pausadamente pela aplicadora, e as respostas dadas pelas
participantes foram assinaladas pela aplicadora no protocolo. Durante a aplicação,
as mulheres podiam acompanhar a leitura e o preenchimento dos protocolos com
apoio de cópias dos instrumentos e protocolos.
3ª Etapa: Na medida em que as mães terminavam de responder o PHQ-9
e o SDQ, eram encaminhadas, individualmente para uma sala, com boas condições
de privacidade, onde eram entrevistadas pela pesquisadora, seguindo o roteiro da
SCID e do DAWBA. Quando necessário, em função do tempo de atividade exceder
uma hora, essa etapa foi feita em duas sessões.
A pesquisadora ao realizar a SCID e DAWBA com as participantes
desconhecia o escore das mesmas no PHQ-9 e as informações fornecidas no SDQ,
não tendo participado da aplicação de tais instrumentos.
Avaliação com as crianças:
4ª Etapa: As crianças foram avaliadas individualmente, na escola onde
estudavam ou em sua residência, buscando-se manter boas condições de
privacidade e conforto. Tentou-se favorecer o local e horário que melhor atendesse a
disponibilidade das crianças e da escola.
MÉTODO 83
As avaliações por meio do RAVEN foram realizadas pela pesquisadora e
colaboradores de pesquisa, previamente treinados. As instruções foram dadas
verbalmente pela aplicadora, instruindo as crianças a apontarem as respostas, para
que a aplicadora registrasse as mesmas nos protocolos.
3.4.2. TRATAMENTO DOS DADOS
3.4.2.1. Codificação dos Dados e Instrumentos
Os dados coletados foram organizados e codificados de acordo com as
proposições de cada técnica. Os escores de cada instrumento assim como as
características sociodemográficas e clínicas do G1, e os dados obtidos por meio do
Questionário Complementar foram digitados em planilhas do Excel, validadas por
digitadores independentes, e tratadas estatisticamente por meio do programa SPSS
(Statistical Package for the Social Sciences), versão 19.0.
Descrever-se-á a seguir, para cada instrumento, o modo como os dados
foram codificados e como foram categorizados ou agrupados como as variáveis do
estudo.
PHQ-9 - Questionário Sobre a Saúde do Paciente-9
Os dados do PHQ-9 foram codificados seguindo as normas propostas por
Spitzer et al. (1999) e por Kroenke et al. (2001). O escore total é obtido pela
somatória total dos itens que pode variar de zero a 27, sendo cada item composto
por uma escala ordinal com valores de 0 a 3. Os resultados quanto à classificação
diagnóstica, são codificados dicotomicamente da seguinte forma: “positivo” para
valores maiores ou iguais a 10, indicando a presença de sinais e sintomas de
MÉTODO 84
depressão e “negativo” para valores menores que 10, indicando ausência de sinais e
sintomas de depressão na situação atual, nas duas últimas semanas.
SDQ - Questionário de Capacidades e Dificuldades da Criança
Os dados do SDQ foram codificados seguindo as normas propostas por
Goodman (1997). O resultado de uma dada escala pode ser avaliado como
problema se ao menos três itens forem completados. Os itens devem ser somados
dentro de cada Escala para a classificação parcial, e a pontuação Total de
Dificuldades é a soma das pontuações das quatro Escalas, exceto a Escala de
Comportamento pró-social. Para a classificação da pontuação Total e das Escalas,
utilizaram-se os indicadores apresentados no Quadro 1.
NORMAL LIMÍTROFE ANORMAL
Pontuação total das dificuldades 0 - 13 14 - 16 17 - 40
Pontuação dos sintomas emocionais 0 - 3 4 5 - 10
Pontuação de problemas de conduta 0 - 2 3 4 - 10
Pontuação para hiperatividade 0 - 5 6 7 - 10
Pontuação para problemas com colegas 0 - 2 3 4 - 10
Pontuação para comportamento pró-social 6 - 10 5 0 - 4
Quadro 1 – Classificação da pontuação das escalas do SDQ
Em relação ao escore total, a pontuação acima de 16 foi considerada como
indicativa de dificuldades comportamentais, em concordância com os pontos de corte
para problemas de comportamento sugeridos pelo estudo de Fleitlich e Cortázar (2000).
Para a análise dos dados foram agrupadas as classificações limítrofe e
normal, consideradas como ausência de problemas, e a classificação anormal como
MÉTODO 85
indicadora da presença de problemas de comportamento das crianças. Considerou-se
também para a análise como problemas comportamentais internalizantes, os escores
relativos à escala emocional e como problemas comportamentais externalizantes, o
agrupamento das escalas problema de conduta, hiperatividade e problemas de
relacionamento com os colegas. Neste caso, para ser indicativo de problema
externalizante, seguiu-se o seguinte critério de pontuação: Pontuação de problemas de
conduta de 4 a 10 ou Pontuação para hiperatividade de 7 a 10 ou Pontuação para
problemas de relacionamento com colegas de 4 a 10.
No estudo utilizar-se-á para qualificar os problemas comportamentais, as
seguintes categorias: Ausente para os agrupamentos normal e limítrofe e Presente
para a classificação anormal.
Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV (SCID-I / Versão
Clínica)
Os critérios diagnósticos da SCID foram considerados como condição
essencial para a diferenciação dos grupos com depressão (G1) x sem transtorno
psiquiátrico (G2). Todos os diagnósticos de depressão incluídos no estudo são
compatíveis com a categoria Transtorno Depressivo Maior Recorrente.
Para sistematizar as informações coletadas durante a entrevista adotou-
se o uso de uma ficha na qual o entrevistador preenchia as informações obtidas
relativas a caracterização da história de depressão quanto ao início, recorrência,
gravidade, histórico de internação, tratamentos realizados, presença de depressão
no período pós parto e durante a gravidez e outras observações pessoais
(APENDICE B). No estudo, os dados relativos ao perfil clínico das mães de G1
foram tratados quanto aos diagnósticos com base no CID-10 e categorizados quanto
ao tempo de doença a partir do primeiro episódio.
MÉTODO 86
DAWBA - Levantamento sobre o Desenvolvimento e Bem-Estar
de Crianças e Adolescentes
Os critérios diagnósticos do DAWBA compatíveis ao DSM-IV-TR e CID-
10, foram estabelecidos conforme as instruções presentes no próprio corpo do
instrumento para cada categoria diagnóstica de acordo com registro realizado na
ficha de correção, a saber: Transtorno depressivo, Transtorno de Ansiedade,
Transtorno de Conduta e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
No estudo quanto ao diagnóstico de psicopatologia infantil adotou-se a
classificação Ausente, quando do não preenchimento dos critérios diagnósticos para
os transtornos específicos e Presente quando do preenchimento de tais critérios.
Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de RAVEN – Escala
Especial
A avaliação do Raven é feita através de um crivo ou chave de correção,
constituídos pelas séries A, AB e B. Os totais parciais de cada série permitem
determinar a consistência da pontuação, que indica a validade do resultado. O total
de acertos é convertido em percentil e recebe uma classificação (ANGELINI et
al.,1999), sendo que quanto maior a pontuação, maior o percentil.
No presente estudo esta classificação quanto ao nível cognitivo foi
dicotomizada da seguinte forma: na média ou acima da média, incluindo as
classificações de percentil ≥ 26 a percentil 95 e, abaixo da média, correspondendo
ao percentil ≤ 25.
MÉTODO 87
Questionário Complementar
Para a caracterização do perfil sociodemográfico (G1 e G2) e clínico das
mães de G1 considerou-se as frequências e proporções relativas a idade,
escolaridade (mães e crianças) e gênero das crianças. Para a classificação de nível
socioeconômico considerou-se os critérios da ABIPEME (Associação Brasileira de
Pesquisa de Mercado), por meio de cinco classes, denominadas A, B, C, D e E, as
quais correspondem uma pontuação determinada pela atribuição de pesos a um
conjunto de itens de conforto doméstico, além do nível de escolaridade do chefe de
família. Para o estudo, o nível socioeconômico foi agrupado em Médio (composto
pelas mulheres incluídas nas classes A, B e C) e Baixo (composto pelas mulheres
incluídas nas classes D e E). As informações relativas aos tipos de famílias foram
agrupadas de acordo com estado civil da mãe, sendo considerada família
monoparental quando a mãe biológica não coabita com o pai biológico da criança ou
com outro companheiro, sendo a única cuidadora da criança e família biparental
quando a mãe biológica coabita com o pai biológico ou outro parceiro, assumindo
ambos os cuidados com a criança.
Para a caracterização dos fatores de riscos biológicos, sociais e familiares
procedeu-se a classificação das informações obtidas, tal como apresentado no
Quadro 2.
DOMÍNIOS RISCOS DESCRIÇÃO CLASSIFICAÇÃO
Presente Ausente
Biológico Antecedentes Obstétricos: crianças cujas mães
apresentaram traumas ou doenças infecciosas
durante a gravidez
1 0
MÉTODO 88
Antecedentes Médicos: crianças com histórico de
problemas de saúde recorrentes, crônicos, com ou
sem internações.
1 0
Social Problemas no contexto escolar: crianças que
apresentam ou apresentaram, nos últimos dois anos,
problemas na escola como repetência escolar,
suspensão e/ou expulsão da escola.
1 0
Problemas Econômicos: crianças cujas famílias
enfrentam ou enfrentaram graves problemas
econômicos nos últimos dois anos
1 0
Apoio Social: crianças cujas mães informam receber
apoio social da família e/ou amigos e comunidade
1 0
Familiar Conflito Conjugal: crianças cujas mães enfrentam
ou enfrentaram, nos últimos dois anos, problemas
conjugais, com ou sem separação.
1 0
Conflito Familiar: crianças cujas famílias enfrentam
ou enfrentaram, nos últimos dois anos, conflitos
familiares, com brigas e discussões frequentes entre
familiares.
1 0
Dependência de substância do pai: crianças cujos
pais apresentam ou apresentaram ao longo da vida
problemas com uso nocivo e/ou abuso de álcool e
drogas
1 0
Quadro 2 – Caracterização e classificação dos fatores de risco biológicos, sociais e familiares
MÉTODO 89
Para atender ao objetivo 5, relativo a verificação da associação entre o
número de indicadores de riscos e a presença de problemas comportamentais e de
psicopatologia infantil, foram somados esses oito fatores de riscos e a depressão
materna, totalizando um número máximo de 9 fatores de riscos possíveis para a
análise de risco acumulado.
3.4.2.2. Análise Estatística dos Dados
A análise estatística foi processada no programa SPSS (Statistical
Package for The Social Sciences), versão 19.0. Em todos os testes aplicados
adotou-se o nível se significância de se p≤ 0.05. Por se tratar de variáveis
dicotômicas de desfecho, não se aplica o teste da normalidade da amostra.
De modo a facilitar a compreensão do tratamento dos dados apresenta-
se na Figura 3 uma síntese dos delineamentos adotados no estudo, especificando
os objetivos, amostras e variáveis.
MÉTODO 90
CRIANÇAS ESTUDADAS (N=120)
Prevalência
DEPRESSÃO MATERNA
G1(N=60)
G2(N=60)
Fatores de Risco
Domínio Biológico(Antecedentes Obstétricos e
Antecedentes Médicos)
Domínio Social(Problemas no Contexto
Escolar, ProblemasEconômicos, Apoio Social)
Domínio familiar(Problemas no Contexto
Escolar, ProblemasEconômicos, Apoio Social)
Número de Fatores de Risco
OBJETIVO 1
OBJETIVO 2
OBJETIVO 3
OBJETIVO 4
Indicadores Cognitivos – RAVEN
Indicadores Comportamentais: Problemas Comportamentais
Internalizantes (PCI) Problemas Comportamentais
Externalizantes (PCE) Recurso Pro Social Total de Dificuldades
Indicadores Psicopatologia: Transtorno Depressivo Transtorno de Ansiedade
Generalizada Transtorno de Conduta Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
SDQ
DAWBA
DESFECHOS
Figura 3 – Síntese dos delineamentos adotados no estudo
A análise será apresentada de forma distinta, destacando-se os
procedimentos adotados para cada um dos objetivos específicos do estudo, como
apresentado a seguir.
Para o objetivo 1, referente à caracterização do perfil sociodemográfico e
clínico da amostra, procedeu-se a uma análise descritiva, por meio do cálculo de
percentagens, médias e desvio padrão.
Com relação ao objetivo 2, relativo à prevalência de problemas
comportamentais e de psicopatologia infantil, procedeu-se a uma análise descritiva
por meio do cálculo de frequências e percentagens relativas a prevalência de
problemas comportamentais, indicadores de depressão infantil e psicopatologia
infantil.
MÉTODO 91
Quanto ao objetivo 3, tendo como proposta a comparação entre os grupos
de crianças que convivem com a depressão materna ao grupo de crianças que
convivem com mães sem história psiquiátrica, procedeu-se a análise inferencial com
o objetivo de explorar as diferenças entre os grupos no que se referem às variáveis
sócio demográficas, clínicas e aos fatores de riscos. Para a comparação entre as
variáveis categóricas entre os grupos foi utilizado o teste Qui-Quadrado e quando
necessário, o teste exato de Fisher (presença de valores esperados menores que
cinco) e para as variáveis escalares utilizou-se o Teste t de Student.
Para o objetivo 4, relativo à identificação dos valores dos preditores de
risco para os desfechos expressos por problemas cognitivos, comportamentais e de
psicopatologia infantil (VD), consideradas variáveis preditas, procedeu-se a dois
conjuntos de análises (T1 e T2).
No primeiro (T1) foram realizadas análises univariadas com o objetivo de
verificar a significância estatística entre as variáveis preditoras (VI): depressão
materna, variáveis sociodemográficas, e fatores de riscos relativos aos domínios
biológico, social e familiares, por meio do Test t de Student, para variáveis escalares
e teste Qui-quadrado para as categóricas.
As variáveis referentes aos fatores de risco, com associações
significativas, foram testadas no segundo conjunto de análises (T2), por meio de
modelos de regressão logística binária, pelo método de entrada simultânea das
variáveis preditoras (método Enter), sendo então realizadas as análises de predição
para os desfechos das crianças, sendo incluídas nessa análise a variável depressão
materna e as variáveis sociodemográficas.
As análises do T2 foram testadas com três modelos de regressão em
separado para cada variável dependente (VD). O primeiro modelo (Modelo 1) teve
MÉTODO 92
como variável independente (VI) apenas a depressão materna. O segundo modelo
(Modelo 2) de regressão teve como variáveis preditoras a depressão materna e as
variáveis sociodemográficas: gênero da criança, escolaridade e idade da mãe e da
criança, nível socioeconômico e tipo de família. O terceiro modelo (Modelo 3) de
regressão teve como variáveis independentes (VI) a depressão materna, as
variáveis sócio demográficas significativas no Modelo 2 e os fatores de riscos
biológicos, sociais e familiares significativos no primeiro conjunto de análises
univariadas (T1). Na Figura 4 são apresentados esses passos.
MÉTODO 93
Figura 4 – Conjuntos de regressões para os Modelos 1, 2 e 3 realizados para os desfechos cognitivo, comportamentais e de psicopatologia das crianças.
Indicadores Cognitivos
Indicadores Comportamentais
PCI, PCE, Recurso Pro Social, Total de Dificuldades
Indicadores de Psicopatologia
TD, TAG, TC, TDAH
Modelo 1: Depressão Materna
Modelo 2: Depressão Materna +
Variáveis sociodemográficas
Modelo 3: Depressão Materna +
Variáveis sociodemográficas
significativas no Modelo 2 +
Fatores de risco biológicos,
sociais e familiares
Modelo 1: Depressão Materna
Modelo 1: Depressão Materna
Modelo 2: Depressão Materna +
Variáveis sociodemográficas
Modelo 2: Depressão Materna +
Variáveis sociodemográficas
Modelo 3: Depressão Materna +
Variáveis sociodemográficas
significativas no Modelo 2 +
Fatores de risco biológicos,
sociais e familiares
Modelo 3: Depressão Materna +
Variáveis sociodemográficas
significativas no Modelo 2 +
Fatores de risco biológicos,
sociais e familiares
PCI – Problemas Comportamentais Internalizantes; PCE – Problemas Comportamentais Externalizantes; TD- Transtorno Depressivo; TAG – Transtorno de
Ansiedade Generalizada; TC – Transtorno de Conduta; TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
MÉTODO 94
Para verificar as chances de um evento ocorrer em um grupo e graduar o
risco para que se possa programar atenção priorizando o grupo dentro da população
de maior necessidade, foi utilizada a medida referente à razão de chances (Odds
ratio= OR). A razão de chances (OR) é definida como a probabilidade de que um
evento ocorra dividido pela probabilidade de que ele não ocorra em um determinado
grupo (VIEIRA, 1991), e pode ser agrupada em 3 categorias de classificação: OR=1;
OR<1; OR>1. Um OR “igual a 1” indica incidência do agravo à saúde mental igual
nos dois grupos comparados, ou seja, a exposição não tem efeito detectável e não
há associação entre fator de risco e doença. Um OR “maior que 1” revela que a
exposição constitui-se em “fator de risco” para a saúde mental e quanto mais se
afasta do 1 maior é o risco e a chance da associação ser causal. Um risco relativo
“menor que 1” informa que a exposição é benéfica, ela constitui-se em “fator de
proteção” para a saúde mental (VIEIRA, 1991).
Foi realizado também o teste de multicolinearidade por meio do cálculo do
valor de VIF (Variance Inflation Factor), para verificar se as variáveis explicativas
eram independentes (MAROCO, 2007). Considera-se os valores próximos de zero
até 5 como o nível de tolerância aceitável, ou seja, o grau em que uma variável
preditora não é explicada pelas demais variáveis independentes. E considera-se que
valores de VIF superiores a 5 indicam problemas de multicolinearidade quanto às
variáveis independentes (MAROCO, 2007).
Com relação ao objetivo 5, referente à verificação da associação entre o
número de indicadores de riscos e a presença de problemas comportamentais e de
psicopatologia infantil, foi realizada uma análise descritiva por meio do cálculo de
percentagens, médias e desvio padrão e procedeu-se a análise por meio do Teste t
de Student para a verificação das associações. Para verificar a associação entre o
MÉTODO 95
número de fatores de riscos e o número de diagnósticos psiquiátricos, foi realizada a
análise por meio da correlação de Pearson (r).
4. RESULTADOS
RESULTADOS 97
Os resultados serão apresentados em cinco tópicos. Primeiramente serão
apresentados os dados relativos às caracterizações sociodemográficas e clínicas
das mães e das crianças avaliadas. Em um segundo tópico, será apresentada a
prevalência dos problemas comportamentais e de psicopatologia infantil, destacando
as comparações entre os grupos de crianças filhas de mulheres-mães com
diagnóstico de depressão (G1) e o de crianças filhas de mulheres-mães sem
diagnóstico de depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos (G2).
Em um terceiro tópico serão apresentados os dados relativos às
comparações entre os grupos de crianças filhas de mulheres-mães com diagnóstico
de depressão (G1) e o de crianças filhas de mulheres-mães sem diagnóstico de
depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos (G2), quanto aos indicadores
cognitivos, comportamentais (problemas internalizantes e externalizantes, escore
total de dificuldades e escala pró-social relativa a recursos), indicadores de
psicopatologia infantil (Transtorno Depressivo, Transtorno de Ansiedade
Generalizada, Problemas de Conduta e Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade) e de riscos nos domínios biológico, social e familiar.
No quarto tópico serão apresentados os dados relativos à análise
preditiva especificando a depressão materna, as variáveis sociodemográficas, os
fatores de riscos biológicos, sociais e familiares e o impacto para os indicadores
cognitivos, comportamentais e de psicopatologia infantil, tendo por referência
análises univariadas e múltiplas.
No quinto tópico serão apresentados os dados relativos ao número total
de fatores de riscos e a associação com problemas cognitivos, comportamentais e
de psicopatologia infantil.
RESULTADOS 98
4.1. Caracterizações sociodemográficas e clínicas de mães
e crianças avaliadas
4.1.1. Caracterização sociodemográfica da amostra
Foram avaliadas 120 mulheres-mães identificadas na atenção primária, e
seus respectivos filhos, distribuídos em dois grupos, a saber: G1: 60 crianças filhas
de mulheres-mães com diagnóstico de Depressão Maior; G2: 60 crianças filhas de
mulheres-mães sem diagnóstico de depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos.
A caracterização do perfil sócio demográfico das mães e crianças e as
comparações entre os grupos de crianças filhas de mães com diagnóstico de
depressão (G1) e o de crianças filhas de mães sem diagnóstico de depressão e/ou
outros transtornos psiquiátricos (G2) quanto às variáveis demográficas estão
apresentadas na Tabela 1.
RESULTADOS 99
G1
(N=60)
G2
(N=60)
Total
(N=120)Teste (p )*
Idade média (DP) 32,77 (5,12) 34,43 (6,58) 33,6 (5,92) t= 1,55 (.12)
Escolaridade média (DP) 7,90 (3,07) 7,68 (3,08) 7,79 (3,06) t= -0,39 (.70)
Idade média (DP) 9,53 (1,58) 9,68 (1,86) 9,61 (1,72) t= 0,22 (.83)
Escolaridade média (DP) 4,27 (1,58) 4,33 (1,77) 4,30 (1,67) t= 0,48 (.63)
Feminino 29 (48,3) 31 (51,7) 60 (50,0)
Masculino 31 (51,7) 29 (48,3) 60 (50,0)
Classe C 31 (55,4) 25 (44,6) 56 (46,7)
Classe D-E 29 (45,3) 35 (54,7) 64 (53,3)
Biparental 39 (45,9) 46 (54,1) 85 (70,8)
Monoparental 21 (60,0) 14 (40,0) 35 (29,2)
TIPO DE FAMÍLIA [F(%)]
x2= 1,97 (.16)
Teste qui-quadrado e Test t de student
G1= crianças f ilhas de mães com diagnóstico de depressão
G2= crianças f ilhas de mães sem diagnóstico de depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos
DP: Desvio padrão; sig. = * p≤0.05.
Tabela 1 - Características sociodemográficas e comparação entre grupos de
crianças filhas de mães com depressão (N=60) e crianças filhas de mães
sem transtorno psiquiátrico (N=60)
GÊNERO DAS CRIANÇAS[F(%)]
x2= 0,13 (.71)
NÍVEL SOCIOECONÔMICO [F(%)]
x2= 1,20 (.27)
VARIÁVEIS
MÃES
CRIANÇAS
Foram avaliadas 120 crianças com idade média de 9,6 anos (DP.±1,72).
No que se refere ao gênero e escolaridade, observou-se uma distribuição
semelhante.
As mães apresentaram uma idade média de 33,6 anos (DP.±5,92),
variando de 20 a 50 anos. Quanto à escolaridade materna, verificou-se uma
distribuição próxima, com aproximadamente 52,5% das mães com baixa
escolaridade, ou seja, que cursaram apenas até o nível fundamental e nenhuma
participante relatou escolaridade de nível superior.
A média de escolaridade foi de 7,79 anos, sendo este índice um pouco
acima da média nacional para escolaridade de mulheres, que é 6,4 anos segundo o
RESULTADOS 100
Mapa do Analfabetismo no Brasil (www.inep.gov.br).
Em relação ao tipo de família, observou-se o predomínio de famílias
biparentais, com mulheres casadas e/ou em união consensual (70,8%), seguidas de
aproximadamente 29% de mulheres que são as cuidadoras exclusivas das suas
famílias, classificadas como monoparentais. Com relação à classe socioeconômica
observou-se que todas as participantes foram incluídas nas classes C, D e E,
consideradas de baixo nível sócio econômico.
4.1.2. Caracterização Clínica das mulheres-mães com depressão
Inicialmente serão apresentados os dados relativos ao perfil clínico
exclusivamente das mulheres-mães com depressão (G1), já que as participantes do
G2, como critério de inclusão, não apresentavam indicadores clínicos.
Na Tabela 2 apresenta-se a classificação diagnóstica das mulheres com
depressão segundo a Classificação Internacional das Doenças (CID) 10ª revisão.
F (%)
F33.1 - Episódio atual moderado 30 (50,0)
F33.2 - Episódio atual grave sem sintomas psicóticos 19 (31,7)
F33.4 - Atualmente em remissão 11 (18,3)
60 (100)
G1= crianças f ilhas de mães com diagnóstico de depressão
Tabela 2 - Classificação diagnóstica da depressão, segundo a
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
relacionados à Saúde, 10ª revisão, CID-10,apresentado pelas
mulheres-mães de G1 (N=60)
VARIÁVEIS
F33 - Transtorno depressivo recorrente
TOTAL
Observou-se que todas as mulheres avaliadas do G1 apresentaram a
RESULTADOS 101
classificação diagnóstica para Transtorno Depressivo recorrente, sendo que 50%
com episódio atual moderado, 31,7% com episódio atual grave sem sintomas
psicóticos e 18,3% estavam no momento da avaliação em remissão. Não foram
identificadas mulheres com sintomas psicóticos.
A caracterização do grupo de mulheres com depressão (G1, N=60)
segundo o tempo de doença a partir do primeiro episódio depressivo é apresentada
na Tabela 3.
F (%)
Até 3 anos 9 (15,0)
De 4 a 7 anos 12 (20,0)
Mais de 7 anos 39 (65,0)
60 (100)
Tabela 3 - Caracterização do tempo de doença a
partir do primeiro episódio depressivo, apresentado
pelas mulheres-mães de G1 (N=60)
VARIÁVEIS
Tempo de doença das mães (G1)
TOTAL
G1= crianças f ilhas de mães com diagnóstico de depressão
Observou-se que a maioria das mulheres do G1 (65%) relatou ter tido o
primeiro episódio depressivo há mais de sete anos, sendo que apenas 15%
relataram o primeiro episódio nos últimos três anos.
4.2. Prevalência de problemas comportamentais e de psicopatologia
das crianças avaliadas
A prevalência de problemas comportamentais e de psicopatologia infantil
apresentada pelas crianças que convivem com a depressão materna (G1), e pelas
RESULTADOS 102
que convivem com mães sem história psiquiátrica (G2) e pela amostra total está
detalhada na Tabela 4.
G1 G2 Total
F (%) F (%) F (%)
Presente 47 (78,3) 34 (56,7) 81 (67,5)
Ausente 13 (21,7) 26 (43,3) 39 (32,5)
Presente 39 (65,0) 36 (60,0) 75 (62,5)
Ausente 21 (35,0) 24 (40,0) 45 (37,5)
Presente 18 (30,0) 1 (1,7) 19 (15,8)
Ausente 42 (70,0) 59 (48,3) 101 (84,2)
Presente 19 (31,7) 5 (8,3) 24 (20,0)
Ausente 41 (68,3) 55 (91,7) 96 (80,0)
Presente 7 (11,7) 3 (5,0) 10 (8,3)
Ausente 53 (88,3) 57 (95,0) 110 (91,7)
Presente 14 (23,3) 19 (31,7) 33 (27,5)
Ausente 46 (76,7) 41 (68,3) 87 (72,5)
G1= crianças f ilhas de mães com diagnóstico de depressão
Tabela 4 - Prevalência de problemas comportamentais e de psicopatologia
infantil das crianças que convivem com a depressão materna (N=60), das
que convivem com mães sem transtorno psiquiátrico (N=60) e da amostra
total (N=120)
SDQ - COMPORTAMENTO
DAWBA - PSICOPATOLOGIA INFANTIL
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
Transtorno de conduta
Transtorno de ansiedade generalizada
Transtorno depressivo
Problemas comportamentais externalizantes
Problemas comportamentais internalizantes
ESCALAS
G2= crianças f ilhas de mães sem diagnóstico de depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos
Do conjunto das 120 crianças avaliadas, 55 (45,8%) apresentaram
diagnóstico de pelo o menos um transtorno mental. Quanto à identificação por
transtorno, foram diagnosticadas 33 (27,5%) crianças com Transtorno de Atenção e
Hiperatividade (TDAH); 24 (20,0%) com Transtorno de Ansiedade Generalizada; 19
RESULTADOS 103
(15,8%) com Transtorno Depressivo e 10 (8,3%) com Transtorno de Conduta. Destas,
27(22,5%) apresentaram diagnóstico de dois ou mais transtornos, sendo a
combinação mais frequente a do Transtorno Depressivo e Transtorno de Ansiedade
(F=14; 25,4%), seguido pelo diagnóstico de Transtorno de Ansiedade e TDAH (F=8;
14,5%). Quanto aos problemas comportamentais, 81 crianças (67,5%) apresentaram
indicadores de problemas internalizantes e 75 (62,5%) de problemas externalizantes.
Ao se comparar os grupos, observou-se que para a maioria dos problemas
avaliados, as crianças do G1 apresentaram uma maior taxa em relação às crianças do
G2, a saber, problemas comportamentais internalizantes (78,3% x 56,7%), problemas
comportamentais externalizantes (65,0% x 60,0%), Transtorno Depressivo (30,0% x
1,7%), Transtorno de Ansiedade (31,7% x 8,3%) e Transtorno de Conduta (11,7% x
5,0%). Por outro lado, a taxa de crianças com diagnóstico de Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade foi maior para o G2 (31,7% x 23,3%).
4.3. Comparações entre grupos quanto aos indicadores cognitivos,
comportamentais, de psicopatologia infantil e aos fatores de riscos
4.3.1. Indicadores Cognitivos
A distribuição dos grupos quanto às classificações relativas ao nível
cognitivo está apresentada na Tabela 5 quanto à frequência e porcentagem das
classificações dos níveis cognitivos.
RESULTADOS 104
G1 G2 Total
F (%) F (%) F (%)
I- Intelectualmente Superior 6 (66,7) 3 (33,3) 9 (100)
II- Acima da Média 21 (56,8) 16 (43,2) 37 (100)
III- Média 23 (41,1) 33 (58,9) 56 (100)
IV- Abaixo da Média 5 (45,5) 6 (54,5) 11 (100)
V- Deficiente 5 (71,4) 2 (28,6) 7 (100)
G1= crianças f ilhas de mães com diagnóstico de depressão
G2= crianças f ilhas de mães sem diagnóstico de depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos
Tabela 5 - Caracterização das classificações dos níveis cognitivos
(RAVEN) apresentadas pelo grupo das crianças filhas de mães com
depressão (N=60) e pelo grupo de crianças filhas de mães sem
transtornos psiquiátricos (N=60)
RAVEN
No geral verificou-se o predomínio de crianças com nível cognitivo na
média e acima da média, com valores próximos para G1 e G2, assim como para a
classificação Abaixo da média. Para a classificação intelectualmente superior e
deficiente verificou-se uma maior taxa de crianças do G1 incluídas nessas categorias.
Visando a comparação estatística entre os grupos, os níveis cognitivos
foram agrupados de acordo com a seguinte classificação: Abaixo da média (níveis IV
e V) versus Média ou Acima da média (níveis I, II e III), tal como apresentado na
Tabela 6.
RESULTADOS 105
G1 G2 p*
F (%) F (%)
Abaixo da Média 10 (16,7) 8 (13,3)
Média ou Acima da Média 50 (83,3) 52 (86,7)
* Teste qui-quadrado ou Teste Exato de Fischer; p≤0.05
0,61
Tabela 6 - Comparações entre grupos de crianças quanto às
classificações dos níveis cognitivos agrupados (RAVEN), tendo por
referencia o nível médio, para o grupo das crianças filhas de mães com
depressão (N=60) e pelo grupo de crianças filhas de mães sem
transtornos psiquiátricos (N=60)
CLASSIFICAÇÃO RAVEN
G1= crianças f ilhas de mães com diagnóstico de depressão
G2= crianças f ilhas de mães sem diagnóstico de depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos
Com relação à classificação do nível cognitivo, tendo por referência à
média, verificou-se a ausência de diferenças estatisticamente significativas na
comparação entre os grupos de crianças que convivem com a depressão materna
com o de mães sem transtorno psiquiátrico.
4.3.2. Indicadores Comportamentais
Os indicadores comportamentais serão apresentados destacando-se os
problemas comportamentais internalizantes, problemas comportamentais
externalizantes, escala de capacidade pró-social e escore total do SDQ, tendo por
referência a classificação relativa à nota de corte, específica de cada escala para a
presença de problemas.
A Tabela 7 apresenta as comparações entre os grupos quanto problemas
internalizantes, externalizantes, capacidade pró-social e o escore total de
dificuldades do SDQ.
RESULTADOS 106
G1 G2
F (%) F (%)
Presente 47 (58,0) 34 (42,0)
Ausente 13 (33,3) 26 (66,7)
Presente 39 (65,0) 36 (60,0)
Ausente 21 (35,0) 24 (40,0)
Presente 8 (44,4) 10 (55,6)
Ausente 52 (51,0) 50 (49,0)
Presente 31 (53,4) 27 (46,6)
Ausente 29 (46,8) 33 (53,2)
* Teste qui-quadrado ou Teste Exato de Fischer; p≤0.05
Problemas emocionais
PROBLEMAS EXTERNALIZANTES
Problemas de conduta, hiperatividade, problemas
de relacionamento com os colegas
ESCORE TOTAL
Pró-social
Total geral
G1= crianças f ilhas de mães com diagnóstico de depressão
G2= crianças f ilhas de mães sem diagnóstico de depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos
0,61
0,46
Tabela 7 - Comparações dos indicadores comportamentais apresentados pelo
grupo das crianças filhas de mães com depressão (N=60) e pelo grupo de
crianças filhas de mães sem transtornos psiquiátricos (N=60) quanto aos
problemas, capacidade e escore total do SDQ
PROBLEMAS INTERNALIZANTES
CAPACIDADE PRÓ-SOCIAL
SDQ ESCALAS p*
0,01
0,57
Verificou-se que crianças que convivem com mães com depressão
apresentaram significativamente mais problemas internalizantes, que as crianças do
grupo de mães sem transtorno psiquiátrico. Para as demais escalas e para o escore
total não foram observadas diferenças estatisticamente significativas.
4.3.3. Indicadores de Psicopatologia Infantil
Os indicadores de psicopatologia infantil serão apresentados destacando-
se as classificações diagnósticas relativas ao Transtorno Depressivo, Transtornos de
RESULTADOS 107
Ansiedade Generalizada, Transtorno de Conduta e Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade avaliadas por meio do instrumento DAWBA.
A Tabela 8 apresenta as comparações entre os grupos quanto aos
indicadores de psicopatologia infantil.
G1 G2
F (%) F (%)
Presente 18 (30,0) 1 (1,7)
Ausente 42 (70,0) 59 (48,3)
Presente 19 (31,7) 5 (8,3)
Ausente 41 (68,3) 55 (91,7)
Presente 7 (11,7) 3 (5,0)
Ausente 53 (88,3) 57 (95,0)
Presente 14 (23,3) 19 (31,7)
Ausente 46 (76,7) 41 (68,3)
Transtorno de ansiedade generalizada
<0,01
Transtorno de conduta
0,19
Tabela 8 - Comparações dos indicadores de psicopatologia infantil apresentados
pelo grupo de crianças filhas de mães com depressão (N=60) e pelo grupo de
crianças filhas de mães sem transtornos psiquiátricos (N=60), quanto aos
indicadores de psicopatologia avaliados pelas escalas diagnósticas do DAWBA
DAWBA p*
Transtorno depressivo
<0,01
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
0,31
G1= crianças f ilhas de mães com diagnóstico de depressão
G2= crianças f ilhas de mães sem diagnóstico de depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos
* Teste qui-quadrado ou Teste Exato de Fischer; p≤0.05
Verificou-se que as crianças que convivem com mães com depressão
apresentaram significativamente mais diagnóstico de Transtorno Depressivo e de
Transtorno de Ansiedade Generalizada, que as crianças do grupo de comparação.
Não foram verificadas diferenças significativas nas demais comparações realizadas
quanto às demais categorias diagnósticas.
RESULTADOS 108
4.3.4. Fatores de riscos relativos aos domínios biológico, social e familiar
Em relação aos fatores de riscos incluídos nos domínios biológico, social
e familiar, destacam-se na Tabela 9 as comparações entre os grupos de crianças
cujas mães têm diagnóstico de depressão (G1) e o de crianças de mães sem
diagnóstico de depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos (G2).
RESULTADOS 109
G1 G2
F (%) F (%)
Presentes 19 (31,7) 12 (20,0)
Ausentes 41 (68,3) 48 (80,0)
Presentes 10 (16,7) 3 (5,0)
Ausentes 50 (83,3) 57(95,0)
Presentes 17 (28,3) 9 (15,0)
Ausentes 43 (71,7) 51 (85,0)
Presentes 31 (51,7) 25 (41,7)
Ausentes 29 (48,3) 35 (58,3)
Presente 39 (65,0) 47 (78,3)
Ausente 21 (35,0) 13 (21,7)
Presente 23 (38,3) 11 (18,3)
Ausente 37 (61,7) 49 (81,7)
Presente 25 (41,7) 26 (43,3)
Ausente 35 (58,3) 34 (56,7)
Presente 21 (35,0) 12 (20,0)
Ausente 39 (65,0) 48 (80,0)
0,14
Tabela 9 - Comparações entre os grupos quanto aos fatores de riscos
biológicos, sociais e familiares das crianças que convivem com a
depressão materna (N=60), e das que convivem com mães sem
transtorno psiquiátrico (N=60)
RISCOS p*
DOMÍNIO BIOLÓGICO
Antecedentes obstétricos
G1= crianças f ilhas de mães com diagnóstico de depressão
G2= crianças f ilhas de mães sem diagnóstico de depressão e/ou outros transtornos psiquiátricos
* Teste qui-quadrado ou Teste Exato de Fischer; p≤0.05
Dependência de substância - pai
0,07
0,85
0,01
0,10
0,27
Antecedentes médicos
Problemas econômicos
Apoio social
0,04
0,08
Conflito familiar
DOMÍNIO SOCIAL
Problemas no contexto escolar
DOMÍNIO FAMILIAR
Conflito conjugal
Ao se realizar as comparações entre os grupos quanto aos fatores de riscos,
verificou-se que antecedentes médicos e conflitos conjugais foram as variáveis
RESULTADOS 110
diferenciadoras entre os grupos com significância estatística. Mães com diagnóstico
de depressão relataram mais conflitos conjugais e mais antecedentes médicos em
relação aos seus filhos que as mães sem transtorno psiquiátrico.
4.4. Valor preditivo dos fatores de riscos quanto aos indicadores cognitivos,
comportamentais e de psicopatologia infantil
4.4.1. Indicadores Cognitivos
4.4.1.1. Análises Univariadas (T1)
As associações entre as variáveis demográficas e o nível cognitivo da
amostra de crianças avaliadas tendo por referencia a classificação do nível cognitivo
médio, estão destacadas na Tabela 10.
RESULTADOS 111
Abaixo da
média
Na média ou
acima da média
Média (DP) 9,50 (2,01) 9,63 (1,67) t= -0,29 (.77)
Média (DP) 3,06 (1,59) 3,34 (1,69) t= -0,67 (.50)
Feminino 10 (55,6) 50 (49,0)
Masculino 8 (44,4) 52 (51,0)
Média (DP) 32,89 (5,49) 33,73 (6,02) t= -0,55 (.58)
Média (DP) 2,28 (1,32) 2,53 (1,33) t= -0,74 (.46)
Médio 8 (44,4) 48 (47,1)
Baixo 10 (55,6) 54 (52,9)
Biparental 14 (77,8) 71 (69,6)
Monoparental 4 (22,2) 31 (30,4)
Tabela 10 - Características sociodemográficas da amostra de crianças
estudadas (N=120) tendo por referência a classificação dos indicadores
cognitivos na média
CARACTERÍSTICAS Teste (p )*
Idade das crianças, anos
DP= Desvio padrão
* Teste qui-quadrado ou Teste t de student; p≤0.05.
NÍVEL COGNITIVO
Escolaridade das crianças, anos
x2= 0,26 (.61)
Escolaridade das mães, anos
Nível socioeconômico [F(%)]
x2= 0,04 (.83)
Tipo de família [F(%)]
x2= 0,49 (.48)
Gênero da criança [F(%)]
Idade das mães, anos
Verificou-se que as classificações dos níveis cognitivos das crianças não se
associaram significativamente a nenhuma das variáveis sociodemográficas estudadas.
As associações entre os fatores de riscos biológicos, sociais e familiares
em relação às classificações do nível cognitivo das crianças, agrupado tendo por
referencia à média, estão destacadas na Tabela 11.
RESULTADOS 112
Abaixo da
média
Na média ou
acima da média
Presente 10 (16,7) 50 (83,3)
Ausente 8 (13,3) 52 (86,7)
Presentes 4 (22,4) 27 (26,5)
Ausentes 14 (77,8) 75 (73,5)
Presentes 2 (11,1) 11 (10,8)
Ausentes 16 (88,9) 91 (89,2)
Presentes 8 (44,4) 18 (17,6)
Ausentes 10 (55,6) 84 (82,4)
Presentes 13 (72,2) 43 (42,2)
Ausentes 5 (27,8) 59 (57,8)
Presente 14 (77,8) 72 (70,6)
Ausente 4 (22,4) 30 (29,4)
Presente 8 (44,4) 26 (25,5)
Ausente 10 (55,6) 76 (74,5)
Presente 7 (38,9) 44 (43,1)
Ausente 11 (61,1) 58 (56,9)
Presente 6 (33,3) 27 (26,5)
Ausente 12 (66,7) 75 (73,5)
Tabela 11 - Fatores de riscos biológicos, sociais e familiares
apresentados pela amostra de crianças estudadas tendo por referência
os indicadores cognitivos na média: análises univariadas
p*
DOMÍNIO BIOLÓGICO
Antecedentes obstétricos
NÍVEL COGNITIVO
DEPRESSÃO MATERNA
0,61
DOMÍNIO FAMILIAR
Conflito conjugal
Conflito familiar
Antecedentes médicos
DOMÍNIO SOCIAL
Problemas no contexto escolar
Problemas econômicos
0,70
0,29
Apoio social
0,09
0,04
1,00
0,56
0,36
0,17
Dependência de substância - pai
* Teste qui-quadrado; p≤0.05.
RESULTADOS 113
As crianças com nível cognitivo abaixo da média apresentaram, com
significância estatística, mais indicadores de problemas no contexto escolar em
comparação com as crianças com um nível cognitivo na média ou acima.
4.4.1.2. Análises de Regressão (T2)
A Tabela 12 apresenta os resultados das análises de regressão logística
binaria (Enter) para a predição de baixo nível cognitivo das crianças, segundo o
Modelo 1 que incluiu a variável depressão materna como variável independente.
p OR (IC 95%)
Depressão materna 0,61 0,77 (0,28-2,11)
Regressão logística binária
OR= Odds Ratio; IC= intervalo de confiança; p≤0.05.
Tabela 12 - Análise de regressão logística binária para a
Depressão Materna (Modelo 1) na predição de baixo nível
cognitivo das crianças estudadas (N=120)
VARIÁVELNÍVEL COGNITIVO
Verificou-se que a convivência com a depressão materna não foi preditora
do baixo nível cognitivo no modelo apresentado.
As análises estatísticas de multicolinearidade permitiram verificar que as
variáveis explicativas são independentes para o Modelo 2. O valor de VIF foi
próximo de zero para todas as variáveis sociodemográficas e depressão materna.
A Tabela 13 apresenta os resultados das análises de regressão logística
binária (Enter) relativas à predição de baixo nível cognitivo das crianças, segundo o
Modelo 2 que incluiu as variáveis sociodemográficas e a depressão materna.
RESULTADOS 114
p OR (IC 95%)
Depressão materna NS
Gênero da criança NS
Idade da criança NS
Escolaridade da criança NS
Idade da mãe NS
Escolaridade da mãe NS
Nível socioeconômico 0,05 0,60 (0,19-1,82)
Tipo de família NS
OR= Odds Ratio; IC= intervalo de confiança; p≤0.05.
NS=variável não signif icativa
Tabela 13 - Análise de regressão logística binária para a
Depressão Materna e variáveis sociodemográficas (Modelo
2) na predição de baixo nível cognitivo das crianças
estudadas (N = 120)
VARIÁVEISNÍVEL COGNITIVO
Regressão logística binária
Observou-se que a convivência com a depressão materna se manteve
não preditora do baixo nível cognitivo das crianças mesmo na presença das
variáveis sociodemográficas. Dentre as variáveis sociodemográficas avaliadas, a
única que se apresentou como preditora do baixo nível cognitivo das crianças foi o
nível socioeconômico.
As análises das estatísticas de multicolinearidade permitiram verificar que
as variáveis explicativas são independentes para o Modelo 3. O valor de VIF foi
próximo de zero (depressão materna: 1,51; Nível socioeconômico: 1,20; Problemas
no contexto escolar: 1,64).
A Tabela 14 apresenta os resultados da análise de regressão logística
binária utilizando as variáveis independentes que apresentaram valor significativo no
Modelo 2, juntamente com os fatores de risco biológicos, sociais e familiares que
apresentaram valor significativo nas análises univariadas (Modelo 3).
RESULTADOS 115
p OR (IC 95%)
Depressão materna NS
Nível socioeconômico NS
Antecedentes obstétricos EX
Antecedentes médicos EX
Problemas no contexto escolar 0,05 0,34 (0,11-1,04)
Problemas econômicos EX
Apoio social EX
Conflito conjugal EX
Conflito familiar EX
Dependência de substância - pai EX
OR= Odds Ratio; IC= intervalo de confiança; p≤0.05.
EX= variável excluída do modelo f inal
Tabela 14 - Análise de regressão logística binária para o
conjunto de variáveis incluídas (Modelo 3) na predição de
baixo nível cognitivo das crianças estudadas (N = 120)
VARIÁVEISNÍVEL COGNITIVO
Regressão logística binária
NS=variável não signif icativa
Verificou-se que no modelo final, os problemas no contexto escolar se
mantiveram associados ao nível cognitivo das crianças mesmo na presença da
depressão materna e do baixo nível sócio econômico. A ausência de problemas no
contexto escolar se configurou como uma variável protetora ao rebaixamento
cognitivo das crianças.
4.4.2. Indicadores Comportamentais
4.4.2.1. Análises Univariadas (T1)
Os indicadores comportamentais serão apresentados da seguinte forma:
problemas comportamentais internalizantes (PCI); problemas comportamentais
RESULTADOS 116
externalizantes (PCE), escala de capacidade pró-social e escore total das dificuldades.
A Tabela 15 apresenta os indicadores de problemas comportamentais
internalizantes e externalizantes e as associações às variáveis sociodemográficas.
Presente Ausente Teste (p )* Presente Ausente Teste (p )*
Média (DP) 9,56 (1,61) 9,72 (1,95) t= 0,48 (.63) 9,52 (1,73) 9,76 (1,71) t= 0,73 (.47)
Média (DP) 4,20 (1,52) 4,51 (1,96) t= 0,88 (.38) 4,17 (1,65) 4,51 (1,70) t= 1,07 (.28)
Feminino 39 (48,1) 21 (53,8) 38 (50,7) 22 (48,9)
Masculino 42 (51,9) 18 (46,2) 37 (49,3) 23 (51,1)
Média (DP) 32,98 (5,20) 34,90 (7,11) t= 1,67 (.09) 33,28 (5,97) 34,13 (5,88) t= 0,76 (.45)
Média (DP) 7,85 (3,01) 7,67 (3,21) t= -0,31 (.76) 7,77 (3,09) 7,82 (3,05) t= 0,84 (.93)
Médio 38 (46,9) 18 (46,2) 37 (49,3) 19 (42,2)
Baixo 43 (53,1) 21 (53,8) 38 (50,7) 26 (57,8)
Biparental 56 (69,1) 29 (74,4) 55 (73,3) 30 (66,7)
Monoparental 25 (30,9) 10 (25,6) 20 (26,7) 15 (33,3)
Tabela 15 - Características sociodemográficas da amostra das crianças estudadas (N=120)
tendo por referência a presença ou ausência dos problemas comportamentais internalizantes
(PCI) e problemas comportamentais externalizantes (PCE): análises univariadas
Gênero da criança [F(%)]
Idade das mães, anos
Escolaridade das mães, anos
Nível socioeconômico [F(%)]
x2= 0,04 (.50)
CARACTERÍSTICAS
Idade das crianças, anos
Escolaridade das crianças, anos
x2= 0,57 (.70)
x2= 0,60 (.66)
PCI PCE
x2= 0,06 (.94)
x2= 0,34 (.56)
PCI= problemas comportamentais internalizantes
DP= Desvio padrão
PCE= problemas comportamentais externalizantes
Tipo de família [F(%)]
x2= 0,35 (.55)
* Teste qui-quadrado ou Teste t de student; *p≤0.05.
As variáveis sociodemográficas não se associaram significativamente à
presença de indicadores de problemas comportamentais internalizantes e
externalizantes.
A capacidade pró-social, enquanto recurso avaliado pela Escala Pró-
Social, o escore total de dificuldades avaliado pelo Escore Total do SDQ e as
RESULTADOS 117
associações às variáveis demográficas estão apresentadas na Tabela 16.
Presente Ausente Teste (p )* Presente Ausente Teste (p )*
Média (DP) 9,63 (1,74) 9,50 (1,65) t= 0,29 (.76) 9,66 (1,65) 9,56 (1,79) t= -0,28 (.77)
Média (DP) 4,31 (1,72) 4,22 (1,39) t= -0,21 (.80) 4,24 (1,49) 4,35 (1,84) t= 0,37 (.71)
Feminino 50 (49,0) 10 (55,6) 28 (48,3) 32 (51,6)
Masculino 52 (51,0) 8 (44,4) 30 (51,7) 30 (48,4)
Média (DP) 33,77 (5,78) 32,61 (6,79) t= -0,76 (.44) 33,38 (5,12) 33,81 (6,63) t= 0,39 (.69)
Média (DP) 7,85 (3,07) 7,44 (3,11) t= 0,52 (.60) 8,09 (2,98) 7,52 (3,13) t= -1,01 (.31)
Médio 44 (43,1) 12 (66,7) 26 (44,8) 30 (48,4)
Baixo 58 (56,9) 6 (33,3) 32 (55,2) 32 (51,6)
Biparental 73 (71,6) 12 (66,7) 41 (70,7) 44 (71,0)
Monoparental 29 (28,4) 6 (33,3) 17 (29,3) 18 (29,9)
Nível socioeconômico [F(%)]
Tabela 16 - Características sociodemográficas da amostra de crianças estudadas (N=120) tendo
por referência a presença ou ausência de recursos (capacidade pró-social - SDQ) e dificuldades
(escore total - SDQ): análises univariadas
CARACTERÍSTICASCAPACIDADE PRÓ-SOCIAL TOTAL DAS DIFICULDADES
Idade das crianças, anos
Escolaridade das crianças, anos
Gênero da criança [F(%)]
x2= 0,26 (.71) x
2= 0,13 (.71)
Idade das mães, anos
Escolaridade das mães, anos
DP= Desvio padrão
x2= 3,40 (.06) x
2= 0,15 (.70)
Tipo de família [F(%)]
x2= 0,18 (.67) x
2= 0,01 (.97)
* Teste qui-quadrado ou Teste t de student; *p≤0.05.
As variáveis sociodemográficas não se associaram significativamente à
capacidade pró-social e ao escore total de dificuldades nas análises realizadas.
Na Tabela 17 são apresentadas as associações entre problemas
comportamentais internalizantes, problemas comportamentais externalizantes e os
fatores de riscos biológicos, sociais e familiares.
RESULTADOS 118
Presente Ausente p * Presente Ausente p *
Presente 47 (58,0) 13 (33,3) 39 (52,0) 21 (46,7)
Ausente 34 (42,0) 26 (66,7) 36 (48,0) 24 (53,3)
Presentes 56 (69,1) 33 (84,6) 18 (24,0) 13 (28,9)
Ausentes 25 (30,9) 6 (15,4) 57 (76,0) 32 (71,1)
Presentes 71 (87,7) 36 (92,3) 11 (14,7) 2 (4,4)
Ausentes 10 (12,3) 3 (7,7) 64 (85,3) 43 (95,6)
Presentes 71 (87,7) 36 (92,3) 22 (29,3) 4 (8,9)
Ausentes 10 (12,3) 3 (7,7) 53 (70,7) 41 (91,1)
Presentes 56 (69,1) 33 (84,6) 39 (52,0) 17 (37,8)
Ausentes 25 (30,9) 6 (15,4) 36 (48,0) 28 (62,2)
Presente 56 (69,1) 33 (84,6) 55 (73,3) 31 (68,9)
Ausente 25 (30,9) 6 (15,4) 20 (26,7) 14 (31,1)
Presente 53 (65,4) 33 (84,6) 23 (30,7) 11 (24,4)
Ausente 28 ( 34,6) 6 (15,4) 52 (69,3) 34 (75,6)
Presente 46 (56,8) 23 (59,0) 31 (41,3) 20 (44,4)
Ausente 35 (43,2) 16 (41,0) 44 (58,7) 25 (55,6)
Presente 60 (74,1) 34 (87,2) 21 (28,0) 12 (26,7)
Ausente 21 (25,9) 5 (12,8) 54 (72,0) 33 (73,3)
DOMÍNIO SOCIAL
DEPRESSÃO MATERNA
0,01
DOMÍNIO BIOLÓGICO
Antecedentes obstétricos
0,07
Antecedentes médicos
0,44
Problemas no contexto escolar
0,10
Problemas econômicos
0,39
Apoio social
Tabela 17 - Depressão materna e fatores de riscos biológicos, sociais e familiares
apresentados pela amostra de crianças estudadas (N=120) tendo por referência a
presença ou ausência de problemas comportamentais internalizantes (PCI) e
problemas comportamentais externalizantes (PCE): análises univariadas
PCI= problemas comportamentais internalizantes
0,10
* Teste qui-quadrado ou Teste Exato de Fischer; p ≤0.05
PCI PCE
Dependência de substância - pai
0,57
0,55
0,08
<0,01
0,13
DOMÍNIO FAMILIAR
Conflito conjugal
0,03
Conflito familiar
PCE= problemas comportamentais externalizantes
0,60
0,46
0,74
0,87
0,82
0,40
RESULTADOS 119
Dentre os fatores de riscos avaliados, verificou-se a associação dos
problemas comportamentais internalizantes à presença de indicadores de conflito
conjugal e a convivência com a depressão materna. Observou-se que a presença de
indicadores de problemas comportamentais externalizantes associou-se aos
problemas no contexto escolar.
Na Tabela 18 são apresentadas as associações entre a capacidade pró-
social, o escore total de dificuldades comportamentais e os fatores de riscos
biológicos, sociais e familiares.
RESULTADOS 120
Presente Ausente p * Presente Ausente p *
Presente 8 (44,4) 52 (51,0) 31 (53,4) 29 (46,8)
Ausente 10 (55,6) 50 (49,0) 27 (46,6) 33 (53,2)
Presentes 12(66,7) 77 (75,5) 42 (72,4) 47 (75,8)
Ausentes 6 (33,3) 25 (24,5) 16 (27,6) 15 (24,2)
Presentes 16 (88,9) 91 (89,2) 40 (69,0) 54 (87,1)
Ausentes 2 (11,1) 11 (10,8) 18 (31,0) 8 (12,9)
Presentes 16 (88,9) 78 (76,5) 40 (69,0) 54 (87,1)
Ausentes 2 (11,1) 24 (23,5) 18 (31,0) 8 (12,9)
Presentes 9 (50,0) 55 (53,9) 27 (46,6) 37 (59,7)
Ausentes 9 (50,0) 47 (46,1) 31 (53,4) 25 (40,3)
Presente 5 (27,8) 29 (28,4) 13 (22,4) 21 (33,9)
Ausente 13 (72,2) 73 (71,3) 45 (77,6) 41 (66,1)
Presente 15 (83,3) 71 (69,6) 38 (65,5) 48 (77,4)
Ausente 3 (16,7) 31 (30,4) 20 (34,5) 14 (22,6)
Presente 10 (55,6) 59 (57,8) 33 (56,9) 36 (58,1)
Ausente 8 (44,4) 43 (42,2) 25 (43,1) 26 (41,9)
Presente 16 (88,9) 74 (72,5) 45 (77,6) 49 (79,0)
Ausente 2 (11,1) 24 (27,5) 13 (22,4) 13 (21,0)
0,97 <0,01
Tabela 18 - Depressão materna e fatores de riscos biológicos, sociais e familiares
apresentados pela amostra de crianças estudadas (N=120) tendo por referência a
presença ou ausência de indicadores de recurso pró-social e de dificuldades
(Escore Total do SDQ)
CAPACIDADE PRÓ-SOCIALESCORE TOTAL DE
DIFICULDADE
DEPRESSÃO MATERNA
0,61 0,46
DOMÍNIO BIOLÓGICO
Antecedentes obstétricos
0,43 0,67
Antecedentes médicos
0,23 0,15
DOMÍNIO SOCIAL
Problemas no contexto escolar
0,24 0,02
Problemas econômicos
0,76 0,15
Apoio social
0,95 0,05
DOMÍNIO FAMILIAR
Conflito conjugal
* Teste qui-quadrado ou Teste Exato de Fischer; p ≤0.05
Conflito familiar
0,86 0,89
Dependência de substância - pai
0,24 0,85
RESULTADOS 121
Observou-se que nenhum dos fatores de riscos avaliados associou-se à
escala pró-social. Os indicadores de problemas comportamentais, segundo o escore
total das dificuldades, se mostraram associados a mais problemas no contexto
escolar, a maior ocorrência de dificuldades prévias de saúde e à ausência de apoio
social.
4.4.2.2. Análises de Regressão (T2)
A Tabela 19 apresenta os resultados das análises de regressão logística
binaria (Enter) para a predição de problemas comportamentais e a capacidade pró-
social das crianças, segundo o Modelo 1 que incluiu a variável depressão materna
como variável independente.
p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%)
0,01 2,76 (1,24-6,14) 0,57 1,24 (0,59-2,60) 0,61 0,77 (0,28-2,11) 0,46 1,31 (0,64-2,68)
ESCORE TOTAL DE
DIFICULDADES
Tabela 19 - Análise de regressão logística para a depressão materna (Modelo 1) na predição de
problemas comportamentais, capacidade pró-social e total de dificuldades das crianças estudadas
(N=120)
PCI= problemas comportamentais internalizantes
OR= Odds Ratio; IC= intervalo de confiança; p≤0.05.
Depressão materna
PCE= problemas comportamentais externalizantes
PCI
Regressão logística binária
PCECAPACIDADE
PRÓ-SOCIAL
Dentre as variáveis de desfecho avaliadas, a única que se associou
significativamente à depressão materna foi à relativa aos problemas
comportamentais internalizantes (p = 0,01).
A Tabela 19 indica que a convivência com a depressão materna foi
preditora de problemas comportamentais internalizantes das crianças no Modelo 1.
As crianças que convivem com a depressão materna apresentaram 2.7 vezes mais
RESULTADOS 122
chances de apresentarem problemas comportamentais internalizantes que as
crianças que convivem com mães sem história psiquiátrica.
As análises estatísticas de multicolinearidade permitiram verificar que as
variáveis explicativas são independentes para o Modelo 2. O valor de VIF foi
próximo de zero para todas as variáveis sociodemográficas e depressão materna.
A Tabela 20 apresenta os resultados das análises de regressão logística
binária (Enter) para a predição de problemas comportamentais e a capacidade pró-
social das crianças, segundo o Modelo 2 que incluiu as variáveis sociodemográficas
e a depressão materna.
p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%)
Depressão materna 0,02 2,71 (1,17-6,28) NS NS NS
Idade da criança NS NS NS NS
Escolaridade da criança NS NS NS NS
Gênero da criança NS NS NS NS
Idade da mãe NS NS NS NS
Escolaridade da mãe NS NS NS NS
Nível socioeconômico NS NS NS NS
Tipo de família NS NS NS NS
Tabela 20 - Análise de regressão logística binária para a depressão materna e variáveis
sociodemográficas (Modelo 2) na predição de problemas de comportamento, capacidade pró-
social e do total de dificuldades das crianças estudadas (N = 120)
VARIÁVEISPCI PCE
CAPACIDADE
PRÓ-SOCIAL
ESCORE TOTAL DE
DIFICULDADES
PCI= problemas comportamentais internalizantes
PCE= problemas comportamentais externalizantes
Regressão logística binária
OR= Odds Ratio; IC= intervalo de confiança; p≤0.05.
NS=variável não signif icativa
A Tabela 20 indica que a convivência com a depressão materna se
manteve preditora de problemas comportamentais internalizantes das crianças
mesmo na presença das variáveis sociodemográficas. Nenhuma variável
RESULTADOS 123
sociodemográfica se associou significativamente aos problemas comportamentais, à
capacidade pró-social e ao total de dificuldades no modelo adotado.
As análises das estatísticas relativas à multicolinearidade permitiram
verificar que as variáveis explicativas são independentes para o Modelo 3. O valor
de VIF foi próximo de zero para as variáveis independentes associadas aos
problemas comportamentais internalizantes (depressão materna = 1,01; conflito
conjugal = 1,00), aos problemas comportamentais externalizantes (depressão
materna = 1,26; problemas no contexto escolar= 1,65) e ao escore total de
dificuldades (depressão materna =1,23; antecedentes médicos=1,54; problemas no
contexto escolar=1,08; apoio social=1,76).
A Tabela 21 apresenta os resultados da análise de regressão logística
utilizando as variáveis independentes que apresentaram valor significativo no
Modelo 2, juntamente com os fatores de risco biológicos, sociais e familiares que
apresentaram valor significativo nas análises univariadas (Modelo 3).
p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%)
Depressão materna 0,03 2,42 (1,06-5,46) NS NS NS
Antecedentes obstétricos EX EX EX EX
Antecedentes médicos EX EX EX 0,01 20,9 (2,46-178,8)
Problemas no contexto escolar EX 0,03 3,65 (1,13-11,75) EX 0,02 3,40 (1,26-9,21)
Problemas econômicos EX EX EX EX
Apoio social EX EX EX NS
Conflito conjugal 0,05 2,41 (0,88-6,62) EX EX EX
Conflito familiar EX EX EX EX
Dependência de substância - pai EX EX EX EX
Tabela 21 - Análise de regressão logística binária para o conjunto de variáveis incluídas (Modelo 3) na predição de
problemas de comportamento, capacidade pró-social e do total de dificuldades das crianças estudadas (N = 120)
VARIÁVEISPCI
EX= variável excluída do modelo f inal
OR= Odds Ratio; IC= intervalo de confiança; p≤0.05.
PCECAPACIDADE
PRÓ-SOCIALESCORE TOTAL
Regressão logística binária
NS=variável não signif icativa
PCE= problemas comportamentais externalizantes
PCI= problemas comportamentais internalizantes
RESULTADOS 124
Observou-se que o modelo final apontou como variáveis preditoras dos
problemas comportamentais internalizantes das crianças, a convivência com a
depressão materna e a presença de conflito conjugal. Crianças que convivem com
mães com depressão e em famílias com conflito conjugal apresentaram 2.4 vezes
mais chances de apresentarem problemas comportamentais internalizantes que as
crianças filhas de mães sem transtornos psiquiátricos, e que não relataram conflitos
conjugais.
A variável referente a problemas no contexto escolar foi a única preditora
de problemas comportamentais externalizantes. Comparando as crianças com e sem
problemas no contexto escolar, quando as outras variáveis foram mantidas
constantes, o valor da razão de chances indica que a criança com problemas no
contexto escolar tem aproximadamente 3.6 vezes mais chances de terem problemas
comportamentais externalizantes que as crianças sem problemas no contexto escolar.
O escore total de dificuldades teve como variáveis preditoras os
antecedentes médicos e problemas no contexto escolar. As crianças com problemas
no contexto escolar e com antecedentes médicos apresentam de 3.4 a 20.9 vezes
mais chances de terem mais dificuldades comportamentais que as crianças sem
problemas escolares e sem antecedentes médicos. Nenhuma variável se associou à
capacidade pró-social no modelo adotado.
4.4.3. Indicadores de Psicopatologia Infantil
Os indicadores diagnósticos de psicopatologia infantil serão apresentados da
seguinte forma: Transtorno Depressivo, Transtornos de ansiedade, Transtorno de
Conduta e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, avaliadas por meio de
RESULTADOS 125
instrumento diagnóstico (DAWBA).
4.4.3.1. Análises Univariadas (T1)
Na Tabela 22 está apresentada a descrição das características das
amostras e comparações segundo os diagnósticos de Transtorno Depressivo e de
Transtorno de Ansiedade Generalizada avaliados por meio do DAWBA.
Presente Ausente Teste (p )* Presente Ausente Teste (p )*
Média (DP) 10,47 (0,96) 9,45 (1,78) t= -3,62 (.02*) 9,75 (1,57) 9,57 (1,76) t= -0,45 (.65)
Média (DP) 4,89 (0,94) 4,19 (1,76) t= -2,55 (.07) 4,25 (1,45) 4,31 (1,73) t= 0,16 (.87)
Feminino 9 (47,4) 51 (50,5) 10 (41,7) 50 (52,1)
Masculino 10 (52,6) 50 (49,5) 14 (58,3) 46 (47,9)
Média (DP) 32,79 (3,79) 33,75 (6,25) t= 0,65 (.52) 33,29 (5,03) 33,68 (6,15) t= 0,28 (.77)
Média (DP) 8,68 (2,63) 7,62 (3,12) t= -1,56 (.13) 7,71 (3,07) 7,81 (3,08) t= 0,15 (.88)
Médio 13 (68,4) 43 (42,6) 17 (70,8) 39 (40,6)
Baixo 6 (31,6) 58 (57,4) 7 (29,2) 57 (59,4)
Biparental 12 (63,2) 73 (72,3) 16 (66,7) 69 (71,9)
Monoparental 7 (36,8) 28 (27,7) 8 (33,3) 27 (28,1)
Nível socioeconômico [F(%)]
Tabela 22 - Características sociodemográficas apresentados pela amostra de crianças estudadas
(N=120) tendo por referência a presença ou ausência as categorias diagnósticas de Transtorno
Depressivo e de Transtorno de Ansiedade Generalizada : análises univariadas
CARACTERÍSTICASTRANSTORNO DEPRESSIVO
TRANSTORNO DE ANSIEDADE
GENERALIZADA
Idade das crianças, anos
Escolaridade das crianças, anos
Gênero da criança [F(%)]
x2= 0,63 (.80) x
2= 0,83 (.36)
Idade das mães, anos
Escolaridade das mães, anos
DP= Desvio padrão
x2= 4,29 (.04*) x
2= 7,04(<.01*)
Tipo de família [F(%)]
x2= 0,64 (.42) x
2= 0,25 (.62)
* Teste qui-quadrado ou Teste t de student; p≤0.05.
Dentre as variáveis sociodemográficas avaliadas, observou significância
quanto à idade das crianças e o nível sócio econômico familiar. Crianças com
diagnóstico de Transtorno Depressivo apresentaram maior idade que as crianças
RESULTADOS 126
sem Transtorno Depressivo. Crianças pertencentes a famílias de classe
socioeconômica C apresentaram mais diagnóstico de Transtorno Depressivo e
Transtorno de Ansiedade Generalizada que as crianças pertencentes a famílias de
classe socioeconômica D e E.
Na Tabela 23 está apresentada a descrição das características
sociodemográficas das amostras segundo o diagnóstico de Transtorno de Conduta e
de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade do DAWBA.
Presente Ausente Teste (p )* Presente Ausente Teste (p )*
Média (DP) 9,70 (1,49) 9,60 (1,74) t= -0,17 (.86) 9,36 (1,83) 9,70 (1,68) t= 0,96 (.34)
Média (DP) 4,30 (1,70) 4,30 (1,68) t= 0,00(1.00) 3,96 (1,68) 4,43 (1,66) t= 1,33 (.18)
Feminino 4 (40,0) 56 (50,9) 13 (39,4) 47 (54,0)
Masculino 6 (60,0) 54 (49,1) 20 (60,0) 40 (46,0)
Média (DP) 33,40 (5,17) 33,62 (6,01) t= 0,11 (.91) 34,48 (5,91) 33,26 (5,93) t= -1,01 (.32)
Média (DP) 8,20 (3,26) 7,75 (3,06) t= -0,44 (.66) 7,88 (3,10) 7,76 (3,07) t= -0,19 (.85)
Médio 6 (60,0) 50 (45,5) 19 (57,6) 37 (42,5)
Baixo 4 (40,0) 60 (54,5) 14 (42,4) 50 (57,5)
Biparental 8 (80,0) 77 (70,0) 21 (63,6) 64 (73,6)
Monoparental 2 (20,0) 33 (30,0) 12 (36,4) 23 (26,4)
Nível socioeconômico [F(%)]
Tabela 23 - Características sociodemográficas apresentados pela amostra de crianças
estudadas (N=120) tendo por referência a presença ou ausência de categorias diagnósticas de
Transtorno de Conduta e de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade por meio do
DAWBA
CARACTERÍSTICASTRANSTORNO DE CONDUTA
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO
E HIPERATIVIDADE
Idade das crianças, anos
Escolaridade das crianças, anos
Gênero da criança [F(%)]
x2= 0,44 (.51) x
2= 2,04 (.07)
Idade das mães, anos
Escolaridade das mães, anos
DP= Desvio padrão
x2= 0,30 (.58) x
2= 2,17 (.14)
Tipo de família [F(%)]
x2= 0,44 (.50) x
2= 1,14 (.28)
* Teste qui-quadrado ou Teste t de student; p≤0.05.
As variáveis sociodemográficas não se associaram à presença das
RESULTADOS 127
categorias diagnósticas Transtorno de Conduta e Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade das crianças.
Na Tabela 24 estão apresentadas as associações entre Transtorno
Depressivo, Transtorno de Ansiedade Generalizada, depressão materna e os fatores
de riscos biológicos, sociais e familiares.
RESULTADOS 128
Presente Ausente p * Presente Ausente p *
Presente 18 (94,7) 42 (41,6) 19 (79,2) 41 (42,7)
Ausente 1 (5,3) 59 (58,4) 5 (20,8) 55 (57,3)
Presentes 11 (57,9) 20 (19,8) 12 (50,0) 19 (19,8)
Ausentes 8 (42,1) 81 (80,2) 12 (50,0) 77 (80,2)
Presentes 5 (26,3) 8 (7,9) 7 (29,2) 6 (6,2)
Ausentes 14 (73,7) 93 (92,1) 17 (70,8) 90 (93,8)
Presentes 5 (26,3) 21 (20,8) 5 (20,8) 21 (21,9)
Ausentes 14 (73,7) 80 (79,2) 19 (79,2) 75 (78,1)
Presentes 10 (52,6) 46 (45,5) 10 (41,7) 46(47,9)
Ausentes 9 (47,4) 55 (54,5) 14(58,3) 50(52,1)
Presente 14 (73,7) 72 (71,3) 17 (70,8) 69 (71,9)
Ausente 5 (26,3) 29 (28,7) 7 (29,2) 27 (28,1)
Presente 11 (57,9) 23 (22,8) 10 (41,7) 24 (25,0)
Ausente 8 (42,1) 78 (77,2) 14 (58,3) 72 (75,0)
Presente 8 (42,1) 43 (42,6) 7 (29,2) 44 (45,8)
Ausente 11 (57,9) 58 (57,4) 17 (70,8) 52 (54,2)
Presente 6 (31,6) 27 (26,7) 8 (33,3) 25 (26,0)
Ausente 13 (68,4) 74 (73,3) 16 (66,7) 71 (74,0)
0,10 <0,01
Tabela 24 - Fatores de riscos biológicos, sociais e familiares apresentados
pela amostra de crianças estudadas (N=120) tendo por referência a presença
ou ausência de categorias diagnósticas de Transtorno Depressivo e de
Transtorno de Ansiedade Generalizada
VARIÁVEISTRANSTORNO DEPRESSIVO
TRANSTORNO DE
ANSIEDADE GENERALIZADA
DEPRESSÃO MATERNA
<0,01 <0,01
DOMÍNIO BIOLÓGICO
Antecedentes obstétricos
<0,01 0,10
Antecedentes médicos
<0,01 0,10
DOMÍNIO SOCIAL
Problemas no contexto escolar
0,56 0,91
Problemas econômicos
0,57 0,58
Apoio social
0,83 0,92
DOMÍNIO FAMILIAR
Conflito conjugal
* Teste qui-quadrado ou Teste t de student; p≤0.05.
Conflito familiar
0,97 0,14
Dependência de substância - pai
0,66 0,47
RESULTADOS 129
Verificou-se que crianças filhas de mães depressivas, que tiveram
problemas obstétricos e que relataram conflitos conjugais apresentaram mais
diagnóstico de Transtorno Depressivo em comparação às outras crianças.
Observou-se ainda que as variáveis antecedentes médicos e convivência com a
depressão materna foram diretamente associadas ao diagnóstico de Transtorno de
Ansiedade Generalizada.
Na Tabela 25 estão apresentadas as associações entre Transtorno de
Conduta, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e os fatores de riscos
biológicos, sociais e familiares.
RESULTADOS 130
Presente Ausente p * Presente Ausente p *
Presente 7 (70,0) 53 (48,2) 14 (42,4) 46 (52,9)
Ausente 3 (30,0) 57 (51,8) 19 (57,6) 41 (47,1)
Presentes 4 (40,0) 27 (24,5) 12 (36,4) 19 (21,8)
Ausentes 6 (60,0) 83 (75,5) 21 (63,6) 68 (78,2)
Presentes 2 (20,0) 11 (10,0) 7 (21,2) 6 (6,9)
Ausentes 8 (80,0) 99 (90,0) 26 (78,8) 81 (93,1)
Presentes 5 (50,0) 21 (19,1) 12 (36,4) 14(16,1)
Ausentes 5 (50,0) 89 (80,9) 21 (63,6) 73 (83,9)
Presentes 7 (70,0) 49 (44,5) 21(63,6) 35(40,2)
Ausentes 3 (30,0) 61 (55,5) 12(36,4) 52(59,8)
Presente 6 (60,0) 80 (72,7) 22 (66,7) 64 (73,6)
Ausente 4 (40,0) 30 (27,3) 11 (33,3) 23 (26,4)
Presente 3 (30,0) 31 (28,2) 11 (33,3) 23 (26,4)
Ausente 7 (70,0) 79 (71,8) 22 (66,7) 64 (73,6)
Presente 5 (50,0) 46 (41,8) 12 (36,4) 39 (44,8)
Ausente 5 (50,0) 64 (58,2) 21 (63,6) 48 (55,2)
Presente 3 (30,0) 30 (27,3) 11 (33,3) 23 (26,4)
Ausente 7 (70,0) 80 (72,7) 22 (66,7) 64 (73,6)
0,30 0,04
Tabela 25 - Depressão materna e fatores de riscos biológicos, sociais e
familiares apresentados pela amostra de crianças estudadas (N=120) tendo
por referência a presença ou ausência de categorias diagnósticas de
Transtorno de Conduta e de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
VARIÁVEIS
TRANSTORNO DE
CONDUTA
TRANSTORNO DE DÉFICIT
DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE
DEPRESSÃO MATERNA
0,19 0,06
DOMÍNIO BIOLÓGICO
Antecedentes obstétricos
0,28 0,10
Antecedentes médicos
1,00 0,45
DOMÍNIO SOCIAL
Problemas no contexto escolar
0,04 0,02
Problemas econômicos
0,12 0,02
Apoio social
0,47 0,45
DOMÍNIO FAMILIAR
Conflito conjugal
* Teste qui-quadrado ou Teste t de student; p≤0.05.
Conflito familiar
0,74 0,40
Dependência de substância - pai
1,00 0,45
RESULTADOS 131
Observou-se que dentre os fatores de riscos avaliados o único que se
associou significativamente à presença de Transtorno de Conduta das crianças foi a
presença de problemas no contexto escolar. Verificou-se que as variáveis
antecedentes médicos, problemas no contexto escolar, problemas econômicos e
convivência com a depressão materna se associaram significativamente ao
diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
4.4.3.2. Análises de Regressão (T2)
A Tabela 26 apresenta os resultados das análises de regressão logística
binaria (Enter) para a predição de psicopatologia na amostra das crianças avaliadas
(N=120), segundo o Modelo 1 que incluiu a variável depressão materna como
variável independente.
p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%)
Depressão materna <0,01 25,29 (3,25-196,8) <0,01 5,09 (1,76-14,79) 0,19 2,51 (0,62-10,21) 0,31 0,66 (0,29-1,47)
Regressão logística binária
OR= Odds Ratio; IC= intervalo de confiança; p≤0.05.
Tabela 26 - Análise de regressão logística para a Depressão Materna (Modelo 1) na predição de psicopatologia
das crianças estudadas (N=120)
VARIÁVEIS
TRANSTORNO
DEPRESSIVO
TRANSTORNO DE
ANSIEDADE
GENERALIZADA
TRANSTORNO DE
CONDUTA
TRANSTORNO DE
DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE
Verificou-se que a depressão materna foi preditora de Transtorno
Depressivo e Transtorno de Ansiedade Generalizada na amostra de crianças
avaliadas.
As análises estatísticas de multicolinearidade permitiram verificar que as
variáveis explicativas são independentes para o Modelo 2. O valor de VIF foi
próximo de zero para todas as variáveis sociodemográficas e depressão materna
RESULTADOS 132
A Tabela 27 apresenta os resultados das análises de regressão logística
binária (Enter) para a predição de psicopatologia na amostra das crianças avaliadas
(N=120), segundo o Modelo 2 que incluiu as variáveis sociodemográficas e a
depressão materna.
p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%)
Depressão materna <0,01 37,6 (4,21-336,4) <0,01 4,79 (1,57-14,63) NS NS
Idade da criança <0,01 2,04 (1,19-3,49) NS NS NS
Escolaridade da criança NS NS NS NS
Gênero da criança NS NS NS 0,05 2,36 (0,97-5,70)
Idade da mãe NS NS NS NS
Escolaridade da mãe NS NS NS NS
Nível socioeconômico NS 0,01 0,28 (0,10-0,81) NS 0,04 0,41 (0,17-0,98)
Tipo de família NS NS NS 0,05 0,39 (0,15-1,03)
OR= Odds Ratio; IC= intervalo de confiança; p≤0.05.
Regressão logística binária
NS=variável não signif icativa
Tabela 27 - Análise de regressão logística binária para a Depressão Materna e variáveis sociodemográficas
(Modelo 2) na predição de psicopatologia das crianças estudadas (N = 120)
VARIÁVEIS
TRANSTORNO
DEPRESSIVO
TRANSTORNO DE
ANSIEDADE
GENERALIZADA
TRANSTORNO DE
CONDUTA
TRANSTORNO DE
DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE
Nota-se que a convivência com a depressão materna se manteve
associada ao diagnóstico de Transtorno Depressivo e Transtorno de Ansiedade
Generalizada mesmo na presença das variáveis sociodemográficas. Dentre as
variáveis sociodemográficas verificou-se que a idade das crianças foi preditora de
Transtorno Depressivo; o nível socioeconômico foi preditor de Transtorno de
Ansiedade Generalizada e o gênero, o nível socioeconômico e o tipo de família
foram preditores de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
As análises de multicolinearidade permitiram verificar que as variáveis
explicativas são independentes para o Modelo 3. O valor de VIF foi próximo de zero
e menor que 5 para as variáveis independentes associadas ao Transtorno
RESULTADOS 133
Depressivo (depressão materna = 1,01; idade = 1,21; antecedentes obstétricos
=1,76; antecedentes médicos = 1,87; conflito conjugal=1,56), ao Transtorno de
Ansiedade Generalizada (depressão materna = 1,26; nível socioeconômico= 1,65;
antecedentes médicos=1,76; problemas no contexto escolar=1,43; conflito
conjugal=0,98), ao Transtorno de Conduta (depressão materna = 1,27; problemas no
contexto escolar=1,74) e associadas ao Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (depressão materna =1,23; gênero=1,54; tipo de família=1,08;
antecedentes médicos=1,76, problemas no contexto escolar=1,35; problemas
econômicos=0,98; apoio social= 0,77).
A Tabela 28 apresenta os resultados da análise de regressão logística
binária utilizando as variáveis independentes que apresentaram valor significativo no
Modelo 2, juntamente com os fatores de riscos biológicos, sociais e familiares que
apresentaram valor significativo nas análises univariadas (Modelo 3).
p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%) p OR (IC 95%)
Depressão materna <0,01 24,98 (2,82-221,1) 0,01 4,57 (1,43-14,59) NS NS
Idade da criança <0,01 2,55 (1,36-4,77) EX EX EX
Gênero da criança EX EX EX 0,05 2,44 (0,97-6,15)
Nível socioeconômico EX 0,02 0,29 (0,10-0,83) EX NS
Tipo de família EX EX EX 0,04 0,36 (0,13-0,99)
Antecedentes obstétricos 0,03 4.76 (1,57-20,10) EX EX EX
Antecedentes médicos NS 0,01 5,64 (1,47-21,69) EX 0,01 6,26 (1,13-21,44)
Problemas no contexto escolar EX NS NS NS
Problemas econômicos EX EX EX 0,03 2,76 (1,05-9,29)
Apoio social EX EX EX NS
Conflito conjugal <0,01 7,82 (1,68-36,32) EX EX EX
Conflito familiar EX NS EX EX
Dependência de substância - pai EX EX EX EX
Regressão Logística Binária
NS=variável não signif icativa
EX= variável excluída do modelo f inal
OR= Odds Ratio; IC= intervalo de confiança; p≤0.05.
Tabela 28 - Análise de regressão logística binária para as variáveis significativas (Modelo 3) na predição de
psicopatologia na amostra de crianças avaliadas (N = 120)
VARIÁVEIS
TRANSTORNO
DEPRESSIVO
TRANSTORNO DE
ANSIEDADE
GENERALIZADA
TRANSTORNO DE
CONDUTA
TRANSTORNO DE
DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE
RESULTADOS 134
Verificou-se que a convivência com a depressão materna, a idade da
criança, a presença de conflitos conjugais e antecedentes obstétricos foram
variáveis preditoras para o Transtorno Depressivo infantil. Crianças mais velhas (10
a 12 anos), que convivem com mães com depressão, com conflito conjugal e que
cujas mães relataram antecedentes obstétricos apresentaram de 2.5 a 24 vezes
mais chances de apresentarem depressão que as crianças dos grupos de
comparação.
A convivência com a depressão materna, o nível socioeconômico e o fator
de risco biológico referente à presença de antecedentes médicos foram variáveis
preditoras para o Transtorno de Ansiedade Generalizada. As crianças que convivem
com a depressão materna e com antecedentes médicos apresentaram de 4 a 6
vezes mais chances de terem diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada
que as crianças filhas de mães sem transtornos psiquiátricos, e sem antecedentes
médicos. Um melhor nível socioeconômico apresentou-se como fator de proteção
para o diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada.
O gênero masculino, tipo de família monoparental, antecedentes médicos
e a presença de problemas econômicos foram variáveis preditoras de Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade para as crianças avaliadas. As crianças do
gênero masculino, com antecedentes médicos e com famílias com problemas
econômicos, apresentam de 2.4 a 6.2 vezes mais chances de apresentarem
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade que as crianças do gênero
feminino, sem problemas no contexto escolar, sem antecedentes médicos e
problemas econômicos. O tipo de família biparental se configurou como um fator de
proteção para o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
No modelo adotado, o diagnóstico de Transtorno de Conduta não se
RESULTADOS 135
associou significativamente a nenhuma variável preditora.
Na Figura 5 está apresentado um modelo esquemático de predição dos
riscos para desfechos cognitivo (Raven), comportamentais (SDQ) e de
psicopatologia infantil (DAWBA), tendo por referências as variáveis preditoras:
depressão materna, características sociodemográficas e fatores de riscos biológicos,
sociais e familiares.
VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS
Gênero (meninos)
Idade (crianças mais velhas)
Tipo de Família (monoparental)
DEPRESSÃO MATERNA
PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS
- Internalizantes
- Externalizantes
- Geral
PSICOPATOLOGIA INFANTIL
- Transtorno Depressivo
- Transtorno de Ansiedade
Generalizada
-Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade
DOMÍNIO BIOLÓGICO
Antecedentes Médicos
Antecedentes Obstétricos
DOMÍNIO SOCIAL
Problemas no Contexto Escolar
Problemas Econômicos
DOMÍNIO FAMILIAR
Conflito Conjugal
VARIÁVEIS PREDITORAS DESFECHOS
REBAIXAMENTO COGNITIVO
Figura 5 – Modelo esquemático das variáveis preditoras de riscos para os desfechos
cognitivo (Raven), comportamental (SDQ) e de psicopatologia infantil (DAWBA)
RESULTADOS 136
4.5. Indicadores de riscos cumulativos em associação aos indicadores
cognitivos, comportamentais e de psicopatologia infantil
4.5.1. Indicadores Cognitivos
A associação entre o nível cognitivo e o número total de fatores de riscos
identificados, relativos à depressão materna, fatores biológicos, sociais e familiares,
encontra-se apresentado na Figura 6.
Figura 6 – Nível cognitivo associado ao número de fatores
de riscos identificado na amostra de crianças avaliadas (N=120)
As crianças com baixo nível cognitivo (p<0.01) apresentaram
significativamente maior exposição a fatores de riscos que as crianças com nível
cognitivo na média ou acima da média.
RESULTADOS 137
05
101520253035404550
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
%
Problemas Comportamentais Internalizantes
Presente
Ausente
Média: 3.59Desvio padrao: 1.74
Sig. (Teste t): < 0.01
Número de Fatores de Risco
0
5
10
15
20
25
30
35
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
%
Número de Fatores de Risco
Problemas Comportamentais Externalizantes
Presente
Ausente
Média: 3.44Desvio padrao: 1.76
Sig. (Teste t): 0.09
4.5.2. Indicadores Comportamentais
A associação entre problemas comportamentais, capacidade pró-social e
o número total de fatores de riscos identificados, relativos à depressão materna,
fatores biológicos, sociais e familiares, encontra-se apresentado na Figura 7.
Figura 7 – Problemas comportamentais, capacidade pró-social e total de dificuldades em
associação ao número de fatores de riscos identificados na amostra de crianças avaliadas (N=120)
As crianças com problemas comportamentais internalizantes (p<0.01) e
com baixa capacidade pró-social (p = 0.03) apresentaram significativamente maior
exposição a fatores de riscos que as crianças sem problemas comportamentais. A
RESULTADOS 138
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 2 3 4 5 6 7 8 9
%
Número de Fatores de Risco
Transtorno Depressivo
PresenteAusente
Média: 4.63Desvio Padrao: 1.862
Sig. (Teste t): 0.001
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
%
Número de fatores de risco
Transtorno de Ansiedade Generalizada
Presente
Ausente
Média: 3.92Desvio padrao: 1.863
Sig. (Teste t): 0.02
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
%
Número de Fatores de Risco
Transtorno de Conduta
PresenteAusente
Média: 4.20Desvio Padrao: 2.300
Sig. (Teste t): 0.06
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 2 3 4 5 6 7 8 9
%
Número de Fatores de Risco
Transtorno de Déficit de Atençao e Hiperatividade
Presente
Ausente
Média: 3.64Desvio padrao: 1.970
Sig. (Teste t): 0.15
associação não foi significativa para os problemas comportamentais externalizantes
e para o escore total de dificuldades.
4.5.3. Indicadores de Psicopatologia Infantil
A associação entre os diagnósticos de transtornos mentais das crianças e
o número total de fatores de riscos identificados, relativos à depressão materna,
fatores biológicos, sociais e familiares, encontra-se apresentado na Figura 8.
Figura 8 – Categorias diagnósticas Transtorno Depressivo, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Conduta e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em associação ao número de fatores de riscos identificados na amostra de crianças avaliadas (N=120)
RESULTADOS 139
As crianças com diagnósticos de Transtorno Depressivo (p<0.01) e
Transtorno de Ansiedade Generalizada (p≤0.05) apresentaram significativamente
maior exposição a fatores de riscos que as crianças sem diagnósticos psiquiátricos.
A associação não foi significativa para os Transtornos de Conduta e Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade.
A associação entre o número de fatores de riscos acumulados e o número
de diagnósticos psiquiátricos apresentou uma relação direta e moderada, sendo que
as crianças com mais fatores de riscos ao longo da vida apresentaram mais
comorbidades que as crianças expostas a um menor número de fatores de riscos (r =
0.29; p<0.01). Ao se associar o numero de diagnósticos psiquiátricos das crianças e
as variáveis sócio demográficas, não se observou diferenças estatisticamente
significativas (r =0.34; p=0.74).
5. DISCUSSÃO
DISCUSSÃO
141
5.1. Perfil sociodemográfico e clínico da amostra estudada e a prevalência
de problemas comportamentais e de psicopatologia das crianças avaliadas
O primeiro objetivo deste estudo foi caracterizar o perfil sociodemográfico
de crianças que convivem com mães com depressão (G1), em comparação ao perfil
de crianças que convivem com mães sem transtornos psiquiátricos (G2). Ao se
comparar os grupos, no que se refere aos aspectos sociodemográficos, observou-se
uma distribuição semelhante, ou seja, nenhuma variável foi diferenciadora entre os
grupos, o que favoreceu a comparação quanto a variável em estudo, a convivência
com a depressão materna. Dessa forma, variáveis sociodemográficas não se
mostraram associadas à incidência de depressão materna na amostra estudada,
constituída, portanto, em ambos os grupos, por mães predominantemente de baixa
escolaridade, casadas ou em união consensual, de baixo status socioeconômico e
com médias de idades semelhantes. Esse perfil sem especificidades
sociodemográficas é concordante com o relatado na revisão sistemática de Mendes
et al. (2012), que verificaram que a maioria dos estudos revisados não identificou
uma associação estatisticamente significativa entre as variáveis sociodemográficas e
o transtorno depressivo em mães e crianças.
Por outro lado, a presença de características relativas ao baixo status
econômico e cultural, como da amostra estudada, foram também apontadas por Elgar
et al. (2004), com base em uma revisão bibliográfica sobre a depressão materna e
problemas comportamentais de crianças, relatando tal perfil como predominante nos
estudos com amostras da comunidade, não identificadas em serviços de saúde
mental. Em concordância com os referidos autores, ressalta-se a importância de se
realizar estudos em contextos culturais diversos e com amostras de diferentes perfis
DISCUSSÃO
142
socioeconômicos, visando uma maior generalização dos dados, já que a maioria dos
estudos identificados na literatura foram realizados com amostras pertencentes à
população de baixo status socioeconômico.
Verificou-se que a amostra do presente estudo apresentou várias
características que remetem a condições de vulnerabilidade, dado estar exposta a
riscos inerentes ao contexto social, em que vivem tal como relatado por Bergeron et
al. (2007). A amostra foi constituída predominantemente de famílias de baixo status
socioeconômico e baixa escolaridade das mães, condições estas, que
independentemente da presença da depressão materna, são consideradas pouco
favorecedoras para o desenvolvimento infantil. Nesse sentido, verificou-se para
ambos os grupos a presença de condições combinadas de dificuldades, o que nos
remete ao exposto por Noronha et al (2009) e Yunes e Szymanski (2001) ao
considerarem que os fatores de risco não agem de forma isolada, implicando em
condições múltiplas, que influenciam no impacto dos eventos para o indivíduo.
Sob a perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento, o ambiente
familiar, pode ser visto tanto como fonte de proteção como fonte de risco,
contribuindo ou dificultando o desempenho das crianças frente às tarefas típicas do
período escolar (MORAIS; KOLLER, 2004). Nesse contexto, destaca-se a
convivência com a depressão materna e suas características clínicas como
gravidade, cronicidade e recorrência como condições potencializadoras de risco ao
desenvolvimento infantil, as quais podem impossibilitar que os indivíduos respondam
de forma satisfatória ao estresse, favorecendo o desenvolvimento de psicopatologia
(PRICE; ZWOLINSKI, 2010).
Quanto aos dados relativos ao perfil clínico, exclusivamente das mães
com depressão (G1), observou-se que todas apresentavam classificação diagnóstica
DISCUSSÃO
143
para Transtorno Depressivo recorrente, sendo 50% com episódio atual moderado,
31,7% com episódio atual grave sem sintomas psicóticos e 18,3% estavam no
momento da avaliação em remissão. Além disso, a maioria das mulheres do G1
(65%) relatou ter tido o primeiro episódio depressivo há mais de sete anos, sendo
que apenas 15% relataram o primeiro episódio nos últimos três anos, ou seja, a
maioria das crianças, filhas de mães com depressão, foi exposta a tal condição de
adversidade a maior parte de suas vidas.
Verificou-se assim que as crianças que convivem com a depressão
materna (G1), pelo caráter recorrente e de gravidade do quadro depressivo materno
e por pertencerem a famílias de baixo status socioeconômico, possivelmente foram
expostas a uma diversidade de estressores crônicos, desde o seu nascimento. Tal
como relatado por Essex et al.(2006), a exposição a fatores de risco é mais precoce
e mais grave para os filhos de mães com depressão recorrente, por sofrerem maior
exposição ao estresse familiar crônico, o que favorece a desregulação emocional da
criança na pré-escola, com subsequentes dificuldades sociais e acadêmicas durante
o início da fase escolar, aumentando os riscos do desenvolvimento de sintomas
mais graves aos nove anos de idade.
Ao verificarem as dificuldades de regulação emocional das crianças que
conviveram com a depressão materna ao longo da vida, Joormann et al.(2007)
relataram que essas crianças, quando comparadas ao grupo controle, apresentaram
maiores taxas de indicadores de depressão e de reconhecimento
predominantemente dos estímulos negativos do ambiente. Os autores apontaram
que a recorrência da depressão materna e a gravidade dos episódios, funcionam
como catalisadores dos prejuízos das crianças quanto aos aspectos cognitivos e à
presença de psicopatologia.
DISCUSSÃO
144
As implicações para o desenvolvimento infantil da recorrência e gravidade
da sintomatologia apresentadas pelas mães, segundo Foster et al. (2008) e Kopp et
al. (2007) são relacionadas à potencialização dos efeitos da depressão sobre o
desenvolvimento infantil. Com sentido semelhante, Petterson e Albers (2001)
verificaram que mães em que o episódio depressivo passou de seis meses de
duração tendiam a ser menos responsivas nas interações com seus filhos que
aquelas cujo episódio durou menos tempo.
O impacto da cronicidade e da gravidade da depressão materna para
crianças que convivem com tal condição também foi relatado por Pilowsky et al.
(2006), em estudo longitudinal com amostra clínica, que verificaram que tais
condições clínicas aumentaram o risco de transtornos psiquiátricos para as crianças.
Por outro lado, Hammen e Brennan (2003), constataram que a gravidade da
depressão materna contribuiu mais para a presença de problemas psiquiátricos das
crianças que a cronicidade do transtorno. Verifica-se assim, que a diversidade de
condições clínicas da sintomatologia apresentada pelas mães pode potencializar os
efeitos negativos da depressão sobre o desenvolvimento infantil.
Destaca-se ainda os achados de estudos populacionais que sugerem que
uma maior atenção deve ser dada a transtornos depressivos de menor gravidade e
duração, já que essas condições também se associam à incapacidade e prejuízo
social, além de se constituírem como riscos para o desenvolvimento de transtornos
depressivos mais graves (LIMA, 1999).
A fonte de identificação das amostras também constitui-se em um ponto a
ser analisado. Estudos empíricos, conduzidos com amostras de serviços psiquiátricos,
têm mostrado que a depressão materna está intimamente ligada à presença de
dificuldades comportamentais e de psicopatologia das crianças em idade escolar.
DISCUSSÃO
145
Contudo, poucos estudos têm sido conduzidos no contexto de cuidados primários à
saúde, destacando-se como tal, o estudo de Weissman et al. (2004) que detectou a
associação entre depressão materna e problemas de comportamento dos filhos.
O presente estudo se insere nesse contexto, tendo como segundo objetivo
verificar a prevalência de problemas comportamentais e transtornos psiquiátricos em
crianças, identificadas no contexto da atenção primária à saúde, com uma amostra
da comunidade, não identificada como portadora de transtorno mental.
Para tal avaliação utilizou-se um instrumento de rastreamento de
problemas comportamentais (SDQ) e uma entrevista clínica estruturada (DAWBA)
para o diagnóstico de transtornos psiquiátricos na infância. Constatou-se uma
elevada taxa de problemas, pois 45,8% das crianças apresentaram diagnóstico de
pelo menos um transtorno mental, sendo o Transtorno de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) o mais frequente, seguido do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG),
do Transtorno Depressivo (TD) e do Transtorno de Conduta (TC). Destas, 22,5%
apresentaram diagnóstico de dois ou mais transtornos mentais, o que chama a
atenção para as peculiaridades dessas taxas em países em desenvolvimento como
o Brasil. Quanto ao tipo de problemas comportamentais, mais de 60% das crianças
apresentaram indicadores de problemas internalizantes ou externalizantes.
Verificou-se, que o presente estudo encontrou uma taxa superior de
prevalência em comparação ao identificado em outros estudos brasileiros, a partir do
mesmo instrumento (FLEITLICH, GOODMAN, 2001, CURY, GOLFETO, 2003,
FERRIOLLI ET AL., 2007). Este resultado suscita algumas hipóteses, tais como a
condição das crianças participantes do presente estudo serem provenientes,
exclusivamente, de famílias de baixo status socioeconômico, residentes em bairro
de periferia da cidade, identificadas por meio de suas mães que buscavam ajuda
DISCUSSÃO
146
clínica para si junto a uma Unidade Básica de Saúde, e ainda, a metade delas eram
filhas de mães com depressão. Destaca-se que tais condições como peculiaridades,
dado que nos estudos de prevalência, relatados, em sua maioria, foi avaliada a
população geral de crianças e adolescentes, abarcando regiões diferentes de uma
mesma cidade, a partir de escolas públicas e particulares e pertencentes a
populações de menor e maior renda (FLEITLICH; GOODMAN, 2001, CURY;
GOLFETO, 2003, PAULA et al., 2008).
Analisando-se o estudo de Fleitlich e Goodman (2001), que utilizou o
mesmo instrumento de avaliação do estudo em questão, o SDQ, para avaliar a
saúde mental de crianças e adolescentes, verifica-se que estimou a prevalência
dessa problemática fazendo análises distintas de acordo com a situação
socioeconômica dos participantes. O estudo foi o desenvolvido com crianças e
adolescentes provenientes de três áreas distintas da cidade, uma favela, uma
comunidade urbana bem estabelecida e uma comunidade rural. Os autores
analisaram as taxas encontradas abarcando todos os grupos e também de forma
separada e identificaram que as crianças e adolescentes residentes em favela
apresentaram mais problemas relativos à saúde mental que aqueles residentes nas
outras áreas. Ou seja, a situação socioeconômica, especificamente a renda e o local
de moradia mais desfavorecido, mostraram-se variáveis relacionadas à saúde
mental das crianças. Tais indicadores tem sido apontados pelos estudos como um
importante fator de risco.
Outro estudo de prevalência de problemas de saúde mental em crianças
e adolescentes de uma comunidade urbana de baixa renda brasileira, a ser
analisado é o de Paula et al. (2007). Os autores utilizaram amostra probabilística de
conglomerados incluindo todos os domicílios elegíveis, verificaram uma taxa de
DISCUSSÃO
147
24,6%, desconsiderando o prejuízo funcional global, e identificaram 7,3% com
prejuízo funcional global caracterizado como casos que necessitam tratamento.
Destaca-se que, embora a amostra seja probabilística, não foram consideradas as
diferentes fases do desenvolvimento infantil, já que as crianças avaliadas tinham de
seis a 17 anos, englobando a infância e adolescência em um mesmo grupo.
Em países em desenvolvimento (América Latina e Caribe), Duarte et al.
(2003) com base em uma revisão da literatura sobre estudos epidemiológicos com
crianças e adolescentes, relaram taxas de prevalência entre 15 e 21%.
A taxa de problemas mentais de crianças em estudos epidemiológicos
desenvolvidos em países desenvolvidos, variou entre 8.8 % e 16% (GLEASON et
al., 2011; PILOWSKY et al., 2006, MELTZER et al., 2000), e sabe-se que em países
em desenvolvimento essa taxa tende a ser maior, como mostraram os estudos
brasileiros sobre a prevalência de transtornos mentais na infância em amostras da
comunidade (PAULA et al., 2007; CRUVINEL; BORUCHOVITCH, 2008; ANSELMI et
al., 2009).
No entanto, embora os dados referentes à epidemiologia dos problemas
de saúde mental infantil identificados pelos estudos internacionais e nacionais levem
à conclusão de que eles são semelhantes e dessa forma possibilitem estimativas
mundiais referentes a essa problemática (CID, 2011), é interessante apontar
algumas questões envolvidas na realização desses estudos, no sentido de sinalizar
possíveis lacunas existentes que podem estar relacionadas a esses dados, bem
como podem apontar questões importantes para futuras investigações.
Nessa direção, observou-se que a grande parte dos estudos de
prevalência internacionais e nacionais trataram tanto da saúde mental infantil quanto
do adolescente, ou seja, consideraram estas duas fases, infância e adolescência,
DISCUSSÃO
148
como parte de um mesmo grupo, o que limita análises mais focadas nas
especificidades de cada período do desenvolvimento. Outro aspecto se refere à
diversidade de instrumentos utilizados para avaliar a saúde mental da criança, e
ainda, verificou-se que muitos se propuseram a rastrear demandas, sintomas e a
identificar a existência de problemas de saúde mental, e poucos diagnosticaram
transtornos mentais específicos das crianças (FLEITLICH; GOODMAN, 2004;
ANSELMI et al., 2009), tal como foi feito no presente estudo. E ainda, nos estudos
brasileiros referentes à epidemiologia dos problemas de saúde mental infantil,
verificou-se que não realizaram uma avaliação sistemática da saúde mental das
mães, quando essa era tomada como variável, utilizando apenas instrumentos
rastreadores.
Reforçando tais considerações e a despeito do resultado da prevalência
de problemas de saúde mental infantil obtido neste estudo ser superior ao que tem
sido identificado na literatura, as taxas de prevalência relatadas nos estudos de
prevalência, no geral, são altas. Tal constatação aponta-se para a necessidade de
reflexão a respeito das implicações para o desenvolvimento infantil e para as
políticas que atendem crianças e famílias nas diferentes esferas de atenção à saúde
(CRUVINEL; BORUCHOVITCH, 2008; CID, 2011). As dificuldades de saúde mental
infantil, em estudos prévios, já foram referidas como fontes de: dificuldades no
decorrer do seu desenvolvimento (PRICE; ZWOLINSKI, 2010), de prejuízos no
desempenho de atividades e habilidades relativas às fases posteriores do ciclo de
vida (REYNO et al., 2006; ENSMINGER et al., 2003), e ainda relacionadas a maior
probabilidade de dificuldades escolares, relacionais e de socialização (ASSIS, et al.,
2009, MARTURANO; LOUREIRO, 2003).
DISCUSSÃO
149
Retomando o enfoque teórico desse estudo, a perspectiva da
psicopatologia do desenvolvimento, considera-se que o desenvolvimento infantil é
determinado por características pessoais, físicas e mentais do indivíduo e pelo
ambiente social em que ele vive, segundo Halpern e Figueiras (2004) e nesse
sentido, identificar condições de adversidades tais como a depressão materna e
outras variáveis ambientais se reveste de importância. No presente estudo verificou-
se uma alta prevalência de problemas mentais na amostra total avaliada,
caracterizando-se como uma amostra de alto risco, dada a exposição a inúmeros
estressores.
No estudo em questão verificou-se maiores taxas de problemas para o
grupo de crianças que convivem com a depressão materna (G1), em relação às
crianças do G2, o que é concordante com os estudos de Cortes et al. (2006) e
Pilowsky et al. (2006) que estimaram uma taxa de 30 a 47% de problemas
psiquiátricos, e os estudos de Rishel et al (2006) e Fritsch et al. (2007) uma taxa de
40 a 71% de problemas comportamentais em estudos com crianças que convivem
com a depressão materna. Essas elevadas taxas de problemas comportamentais e
psiquiátricos das crianças estão também em concordância com as relatadas em uma
extensa revisão bibliográfica realizada por Elgar et al. (2004), apontando uma
estimativa de 41 a 77% de problemas comportamentais e de psicopatologia para
crianças que convivem com a depressão materna.
No Brasil, estudos desenvolvidos na atenção primária com amostras da
comunidade, apontaram também para taxas elevadas de problemas
comportamentais, a saber, Mendes (2009) verificaram que 46,3% das crianças
avaliadas apresentaram problemas comportamentais, sendo que o grupo de
crianças que conviviam com a depressão materna, apresentou 2,8 vezes mais de
DISCUSSÃO
150
chance de terem problemas comportamentais que as crianças do grupo de mães
sem história psiquiátrica, confirmando a hipótese da depressão materna como
condição de adversidade, favorecedora de problemas comportamentais para as
crianças em idade escolar. Taxa semelhante foi relatada por Ferrioli et al. (2007), em
estudo desenvolvido em contexto primário de saúde, identificando 31% de crianças
com dificuldades comportamentais.
Ao se analisar os dados do presente estudo quanto a essa elevada taxa
de crianças com problemas, pode-se pensar que tais crianças estão sendo vistas
por suas mães como apresentando dificuldades adaptativas que refletem
dificuldades de socialização o que se configura como uma das tarefas típicas de
desenvolvimento dessa etapa da vida das crianças. Verificou-se que muitas crianças
também apresentaram problemas no contexto escolar (21,6%), refletindo
dificuldades comportamentais e acadêmicas, o que embora não tenha sido avaliado
de modo específico quanto ao desempenho acadêmico, é sugestivo de dificuldade
na outra tarefa típica desse período do desenvolvimento, a saber, a aprendizagem
escolar (MARTURANO; LOUREIRO, 2003). Destaca-se que o bom desempenho
acadêmico pode ainda ser visto como suporte à saúde mental da criança, na medida
em que favorece uma melhor relação afetiva com os pais e menor utilização de
práticas punitivas (MURRAY et al., 2006)
A identificação precoce dessas dificuldades constitui-se no primeiro passo
para as medidas de saúde mental. Nesse contexto, destaca-se que estudos
recentes de revisão têm apontado que os transtornos mentais na infância e
adolescência têm baixo reconhecimento por parte de pediatras e/ou outros
profissionais da atenção básica, o que pode estar diretamente associado à condição
de muitos casos não serem identificados (MENEZES; MELO, 2010; TANAKA;
DISCUSSÃO
151
RIBEIRO; 2009). Verificou-se que no momento da coleta de dados desse estudo,
nenhuma criança avaliada, segundo suas mães, estava requerendo atendimento
para algum transtorno psiquiátrico ou dificuldade psicológica, ou havia sido
identificada com essa necessidade, por algum profissional de saúde. E ainda, as
mães referiram que 13 crianças (23,6%) já haviam recebido algum tipo de
tratamento psicológico, psiquiátrico e/ou neurológico anteriormente, quase sempre
por dificuldades comportamentais e ou escolares, mas nenhuma delas por
problemas mais graves, identificados como transtornos psiquiátricos.
Com base em levantamento realizado em serviços públicos de saúde
infantil, em uma cidade brasileira de médio porte, Delvan et al. (2010) verificaram
que os transtornos mentais mais relatados como queixa por parte da população que
procurava atendimento foram o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(28,7%), e Transtornos de Ansiedade (9,6%), destacando a importância de repensar
o planejamento de políticas públicas para que haja a promoção e, sobretudo, a
prevenção dos transtornos mentais que acometem a população infantil.
Ao se analisar o perfil das crianças identificadas nesse estudo, verifica-se
em concordância com o relatado por Neves e Araújo (2006) e Bernardes-da-Rosa et
al. (2000) que muitos são os casos identificados, sendo crescente a demanda para
atendimento psicológico em serviços públicos de saúde, abrangendo crianças com
queixa de dificuldade de aprendizagem escolar, na faixa etária de sete a doze anos.
Ao se deter no aumento da procura por atendimento psicológico para esses casos
constata-se a necessidade de um aprofundamento no estudo da natureza e das
características dos problemas apresentados por essas crianças, de modo a planejar
e fundamentar os procedimentos de prevenção e intervenção.
DISCUSSÃO
152
O perfil de dificuldades identificado, remete a afirmativa de Couto et al.
(2008), apontando que no contexto de diferentes países, é evidente uma marcada
defasagem entre a necessidade de atenção em saúde mental para crianças e
adolescentes e a oferta de uma rede de serviços capaz de responder por ela,
principalmente nos países em desenvolvimento. A constatação desse déficit
assistencial contrasta com a magnitude dos problemas de saúde mental em crianças
e adolescentes e das consequências a eles associadas.
A análise dos dados do presente estudo, tendo por fonte a atenção
primária à saúde, referindo uma amostra de mães e crianças que não estavam
buscando ajuda para problemas de saúde mental, chama a atenção para a
necessidade de práticas preventivas, sustentadas pela aplicação de procedimentos
sistemáticos de identificação de indicadores comportamentais de risco e de
psicopatologia para amostras da comunidade e para amostras identificadas como
grupos reconhecidos como mais expostos a dificuldades, tais como as famílias que
convivem com a depressão materna. Neste sentido, outros estudos vêm enfatizando
a necessidade de se considerar práticas preventivas não apenas para crianças filhas
de mães com depressão, mas para todas as crianças expostas a diversos riscos
sociais e ambientais (DIETZ et al., 2008; BEARSDSLEE et al., 2003), principalmente
pela evidência de que problemas não tratados na fase escolar aumentam o risco
para os problemas de saúde mental na adolescência e fase adulta, incluindo o
abuso de drogas e os transtornos psiquiátricos (REYNO; McGRATH, 2006).
Em concordância com as hipóteses do presente estudo, as crianças que
convivem com a depressão materna apresentaram taxas mais altas de problemas
comportamentais e psicopatologia que as crianças filhas de mães sem depressão, o
que sugere uma maior vulnerabilidade. Porém, observou-se que a taxa de
DISCUSSÃO
153
problemas no grupo de crianças filhas de mães sem depressão também foi alta em
comparação, inclusive a outros estudos epidemiológicos brasileiros, com amostras
da comunidade, ressaltando a importância de se considerar outros fatores de risco
como o baixo nível socioeconômico e baixa escolaridade das mães. Assim, sob a
perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento e em concordância com Wright e
Masten (2006), pode-se pensar que tais crianças podem ter sido expostas a
múltiplas adversidades no decorrer de suas vidas, e que o acúmulo de riscos
biológicos e ambientais e não apenas um fator isolado, como proposto por Sameroff
e Fiese (2005), pode estar influenciando as suas respostas adaptativas, em
diferentes domínios do desenvolvimento, tal como será abordado no próximo tópico.
5.2. Comparações entre grupos quanto aos indicadores cognitivos,
comportamentais, de psicopatologia infantil e
indicadores diversos de riscos
Para as crianças, o contexto familiar constitui-se em uma condição
fundamental para o desenvolvimento, podendo ser visto tanto como fonte de
proteção para lidar com as dificuldades adaptativas, quanto como um importante
fator de risco, que pode influenciar negativamente o desenvolvimento das crianças,
favorecendo a presença de dificuldades diversas (MORAIS; KOLLER, 2004).
Tendo em conta o reconhecimento da influencia da depressão materna
para o ambiente familiar (BARKER et al., 2012; GOODMAN et al., 2010 ), o terceiro
objetivo do presente estudo foi comparar os indicadores cognitivos,
comportamentais e de psicopatologia infantil apresentados por crianças em idade
DISCUSSÃO
154
escolar, que convivem com mães com depressão, em comparação ao perfil de
crianças que convivem com mães sem transtornos psiquiátricos.
Como hipótese do estudo, partiu-se da afirmativa que as crianças que
convivem com a depressão materna apresentariam mais indicadores de dificuldades
cognitivas, comportamentais e de psicopatologia infantil que o grupo de crianças
filhas de mães sem história psiquiátrica. Tal hipótese não foi confirmada com relação
a diversos indicadores, tal como detalhado a seguir. Observou-se que os grupos não
se diferenciaram significativamente quanto aos indicadores cognitivos, ao recurso
pró-social, ao total de dificuldades comportamentais, aos problemas
comportamentais externalizantes, e aos Transtornos de Déficit de Atenção e
Hiperatividade e de Conduta.
Em relação ao nível cognitivo, a ausência de diferenças estatisticamente
significativas pode ser considerada como sugestiva de um recurso potencial das
crianças de ambos os grupos, o que é fundamental para o desenvolvimento. Tal
dado está em concordância com outros estudos realizados com amostras não
clínicas, com instrumentos de avaliação semelhante, em que a avaliação cognitiva
não foi diferenciadora entre os grupos (FEDER et al., 2008 ; TOMPSON et al. 2007).
Por outro lado, em estudos que constataram impacto negativo da
depressão materna para o funcionamento cognitivo, verificou-se que utilizaram
outras metodologias para aferir a cognição (ARSENIO et al., 2004; JOORMAN et al.,
2007). Os estudos de Arsenio et al. (2004) e Joorman et al. (2007) avaliaram as
habilidades no processamento cognitivo e emocional por meio de tarefas de
regulação emocional e o processo de reconhecimento e a produção de expressões
emocionais das crianças, utilizando gravações realizadas em laboratório, e não
DISCUSSÃO
155
medidas de inteligência mais formais, como os testes psicológicos, consideradas
mais estáveis ,como a utilizada no estudo em questão .
O desempenho cognitivo também foi associado por Murray et al. (2006) a
comunicação pais-criança durante a realização e tarefas de casa, verificando que o
desempenho cognitivo e a autoestima se associaram a boa comunicação entre os
pais e a criança, baseada em um discurso de encorajamento, que se mostraram
como variáveis protetoras ao desenvolvimento cognitivo de crianças filhas de mães
com depressão. Tal dado aponta para a relevância de se considerar outras variáveis
além da depressão materna ao se avaliar o nível cognitivo de escolares.
Pode-se pensar que o prejuízo no desempenho cognitivo seja uma
consequência não só dos problemas de saúde mental das mães, mas de uma
conjunção de fatores que, quando associados, prejudicam o desempenho escolar tal
como assinalado por Andrade et al. (2005). Nesse sentido, verificou-se que as
crianças do presente estudo vivenciam uma situação de vulnerabilidade, na medida
em que vivem, em sua maioria, em famílias com condições socioeconômicas
desfavoráveis e contam com mães de baixa escolaridade, apesar dessas condições
manterem recursos cognitivos, o que pode funcionar como proteção para outras
dificuldades.
Em relação à capacidade pró-social, verificou-se que a grande maioria
das crianças avaliadas, segundo as suas mães, possuíam a habilidade de se
comportar de forma socialmente adequada. Esse achado relativo ao comportamento
pró-social pode ser visto também como recurso das crianças, tendo em conta que
estando em idade escolar, estão vivenciando novos desafios relacionados
principalmente à escolarização e à socialização (MARTURANO; LOUREIRO, 2003),
sendo as habilidades sociais testadas e cobradas em diferentes contextos de
DISCUSSÃO
156
vivência das crianças. Tal indicador pode indicar um potencial das crianças para o
desenvolvimento saudável, bem como das famílias em promover tal
desenvolvimento, o que pode maximizar a efetividade das intervenções e políticas
direcionadas a essas famílias.
Ainda no que se refere ao comportamento pró-social, Hay e Pawlby
(2003) com base em estudo longitudinal, avaliaram este tipo de comportamento em
escolares que conviveram com a depressão materna ao longo da vida. Verificaram
que, aos quatro anos de idade, não ocorreu associação entre depressão materna e
habilidades cooperativas das crianças de ambos os sexos, por outro lado, aos 11
anos, observaram uma variação de resultado de acordo com o informante utilizado,
a saber: as mães com depressão relataram menos habilidades pró-sociais para os
seus filhos, enquanto tais crianças relataram ter mais habilidades cooperativas,
quando comparadas às crianças que não conviveram com a depressão materna.
Destacaram ainda, que os problemas emocionais apontados na etapa pré-escolar e
escolar podem colocar em risco esse comportamento cooperativo nas fases
posteriores do desenvolvimento. No estudo em questão as informantes foram as
mães e a avaliação que fizeram foi positiva, o que sugere o significado de recurso.
Outro aspecto a ser discutido, diz respeito aos problemas
comportamentais externalizantes, que embora tenham sido os mais prevalentes na
amostra estudada, não se associaram significativamente à depressão materna,
apresentando altas taxas nos dois grupos avaliados. Especial atenção deve ser
dada a tal dado, visto que, segundo Bandeira et al. (2006), os problemas
externalizantes são as manifestações mais comuns e persistentes do período
escolar, sendo os precursores de muitas dificuldades relativas à produtividade na
realização das tarefas de socialização e de desempenho acadêmico. Neste
DISCUSSÃO
157
contexto, crianças com problemas de comportamento externalizantes são
consideradas em risco para dificuldades, como falhas acadêmicas, rejeição pelos
companheiros, conflitos com a família e com o professor e uma série de
manifestações não adaptativas, sendo tais prejuízos potencializados na presença da
depressão materna (BARKER, et al., 2012; JOHNSTON E MASH, 2001).
Analisando a literatura prévia é possível identificar estudos com
resultados divergentes em relação a esta variável. Vários estudos transversais e
longitudinais encontraram a associação entre depressão materna e problemas
comportamentais internalizantes e externalizantes (ELGAR et al., 2004b; LEVE et
al., 2005; FORBES et al., 2006; BURT et al., 2005) ; e outros encontraram
associação apenas com problemas internalizantes (LEECH et al., 2006; SWATZ et
al., 2005; WHIFFEN et al., 2005) ou apenas externalizantes (HENDERSON et al.,
2003; CHANG et al., 2007; LOW; STOCKER, 2005). Visando verificar as
peculiaridades dos estudos relativos aos problemas externalizantes destaca-se a
seguir cada um deles. Henderson et al (2003) constataram o impacto negativo da
depressão materna apenas em relação aos problemas de externalização de crianças
do sexo masculino com queixa escolar, não tendo avaliado meninas. Chang et al
(2007), em estudo longitudinal, sobre o efeito adverso dos sintomas depressivos das
mães na trajetória dos problemas comportamentais das crianças de quatro a 14
anos, verificaram que a depressão materna foi positivamente associada com a
trajetória de problemas externalizantes durante todo o tempo, mas não com relação
aos problemas internalizantes, sendo este resultado significativamente associado à
presença do envolvimento positivo do pai nos cuidados da criança. Low e Stocker
(2005) verificaram a associação entre problemas externalizantes e depressão
materna apenas na presença de conflito conjugal.
DISCUSSÃO
158
Vale ressaltar ainda o estudo de Burt et al. (2008), com delineamento
longitudinal, que acompanharam uma amostra de 205 crianças em três momentos
de suas vidas: na idade escolar, dez anos e vinte anos depois, a fim de investigar o
efeito cascata relativo à continuidade de problemas socioemocionais na infância,
adolescência e início da idade adulta, bem como as relações entre esses problemas
e o desempenho escolar. Os resultados encontrados indicaram o seguinte efeito:
problemas externalizantes identificados na idade escolar (até 12 anos) prejudicaram
o desempenho escolar na adolescência o que, por sua vez, mostrou-se associado a
problemas internalizantes no início da vida adulta. Além disso, o estudo também
encontrou relações entre problemas de comportamento e desempenho escolar nas
fases estudadas. Os autores apontaram que os problemas externalizantes tem um
impacto maior nas tarefas relativas ao desempenho e competência dos indivíduos
nas atividades esperadas para sua faixa etária, e que os problemas internalizantes
parecem estar mais relacionados a consequências no âmbito das relações sociais.
Sugerem que estudos futuros avaliem o efeito cascata a partir das tarefas de
desenvolvimento socialmente esperadas para cada fase.
A análise desses estudos com resultados divergentes quanto aos
problemas externalizantes, coloca em foco as peculiaridades das amostras e dos
contextos de coleta. No estudo em questão, a homogeneidade dos grupos quanto às
condições sociodemográficas das famílias e crianças coloca em evidência que tais
comportamentos são frequentes em ambos os grupos, não guardando relação com
a saúde mental materna.
Assim como os comportamentos externalizantes, as crianças com
diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e Transtorno de
Conduta são caracterizadas por comportamentos voltados para o ambiente,
DISCUSSÃO
159
marcados por características de desafio, impulsividade, agressão, e ajustamento
pobre (ACHENBACH et al., 2008), o que pode influenciar diretamente a tarefa de
socialização, fundamental na etapa escolar (POLETO et al., 2004). Neste cenário, a
alta identificação de crianças com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade nos dois grupos avaliados, novamente, sinaliza a vulnerabilidade da
amostra estudada, quanto aos processos adaptativos essenciais para as tarefas
típicas dessa etapa do desenvolvimento.
Ainda que contrariando a hipótese inicial, o diagnóstico de Transtorno de
Conduta não se associou significativamente à depressão materna. Uma possível
justificativa pode estar no pequeno número de crianças identificadas e nas questões
inerentes à idade da amostra. Neste sentido, Souza e Ingberman (2000) apontaram
que tal transtorno é mais comum após os 10 anos de idade, e quando os sintomas
iniciam antes desta idade, geralmente são diagnosticados com TDAH, o que foi
bastante frequente na amostra estudada.
As variáveis para as quais foram observadas diferenças significativas
serão avaliadas a seguir.
Ao se comparar o grupo de crianças filhas de mães com depressão (G1)
com o grupo de crianças filhas de mães sem história psiquiátrica (G2), verificou-se
que as crianças do G1 foram identificadas como tendo mais dificuldades
comportamentais internalizantes, maior prevalência de Transtorno Depressivo e de
Transtorno de Ansiedade Generalizada do que as crianças do grupo de
comparação, que convivem com mães sem transtorno psiquiátrico.
Tais dados são concordantes com o relatado em outros estudos com
diferentes configurações. Goodman et al. (2010) , por meio de uma metanálise, e
Mendes et al. (2012), com base em uma revisão sistemática, verificaram que as
DISCUSSÃO
160
crianças filhas de mães com depressão apresentaram significativamente mais
diagnósticos de problemas internalizantes e de transtornos do humor em
comparação as crianças que convivem com mães sem história psiquiátrica. Estudos
empíricos transversais (WEISSMAN et al., 2004; KISS et al., 2007) e estudos
longitudinais (SHELTON; HAROLD, 2008; CAMPBELL et al., 2009), realizados com
amostras da comunidade, identificaram a presença de mais sintomas depressivos e
ansiedade em crianças filhas de mães com depressão, bem como a presença de
déficits importantes em relação à competência social e acadêmica, com prejuízo em
diversos níveis de funcionamento e de altas taxas de busca por tratamento para
problemas somáticos e psiquiátricos. Tais associações ainda foram confirmadas em
estudos transversais e longitudinais, realizados com amostras clínicas como os
estudos de Tan e Rey (2005) e Pilowsky et al. (2008).
Destaca-se que a análise e comparação desses estudos coloca em foco
uma questão que tem sido extenso objeto de reflexão na área, no que diz respeito
aos diferentes critérios metodológicos adotados nos estudos. Sobre esta questão,
Elgar et al., (2004) e Mendes et al. (2012), como base na revisão da literatura, já
argumentaram sobre a dificuldade de comparação entre os estudos devido à
verificação de uma marcada variabilidade metodológica, tais como diferentes
fontes de informação, diferentes critérios de inclusão das mães e crianças nas
amostras, diversos critérios de recrutamento e seleção da amostra, o tamanho
diverso das amostras, além da utilização de diferentes instrumentos de avaliação
dos problemas apresentados pelas crianças, dificultando a estimativa da real
associação da depressão materna. Mendes et al. (2012) relataram que os artigos
que não confirmaram a associação direta da depressão materna com a
psicopatologia infantil (FERRIOLLI et al., 2007; HERWIG et al., 2004; FOSTER et al.,
DISCUSSÃO
161
2008), utilizaram apenas uma fonte de informação e não utilizaram instrumentos de
confirmação diagnóstica. Ao analisar tal quesito, reforça-se a importância da
confirmação diagnóstica e da utilização de múltiplas fontes ao se avaliar variáveis da
criança, considerando, inclusive, a perspectiva da criança sobre o seu próprio
comportamento e os acontecimentos de sua vida (CHI; HINSHAW, 2002).
Contrastando alguns estudos, Elgar et al. (2004) verificaram, com
amostras diversas, taxas mais elevadas de sintomas depressivos em populações de
baixa renda, demonstrando que o tipo da população estudada, quanto às condições
socioeconômicas, também pode favorecer a identificação de uma maior relação
entre sintomas maternos e da criança. Mowbray et al. (2005), por exemplo, ao
avaliarem a associação da depressão materna a problemas de comportamento da
criança, com base no relato das mães, afirmaram que os resultados podem ser
generalizados apenas para amostras de alto risco e de baixo nível econômico,
alertando para a importância de se controlar as variáveis demográficas em estudos
com diversidades culturais e socioeconômicas. Tais reflexões sugerem a
necessidade de atenção ao se comparar os resultados do presente estudo obtidos
com uma amostra da comunidade exposta a múltiplos riscos, com os dados
apresentados pela literatura.
Em relação à utilização de múltiplos informantes, Riley et al. (2009), ao
verificarem a associação entre depressão materna e estressores familiares em um
grupo de escolares por meio do relato das mães, pais e professores, verificaram que
mães e pais relataram que crianças filhas de mães com depressão tinham
significativamente mais problemas emocionais e comportamentais em comparação
ao grupo controle, enquanto os professores não relataram diferença significativa
entre os grupos. Todos os informantes concordaram no relato de que crianças filhas
DISCUSSÃO
162
de mães com depressão apresentavam menos habilidades adaptativas que as
crianças do grupo de comparação, apontando para a importância de se considerar
múltiplos informantes.
Outro ponto a ser analisado refere-se à influência mútua da depressão
materna e os problemas comportamentais e de psicopatologia das crianças.
Tomando por base o estudo de Weissman et al. (2006), verifica-se que o tratamento
medicamentoso e psicoterápico efetivo das mães com depressão surtiu efeito direto
na melhora de sintomas das crianças. Os autores verificaram que a melhora dos
sintomas depressivos maternos mostrou-se significativamente associada com a
redução dos sintomas da criança. Por outro lado, ao controlarem as variáveis das
mães, verificaram que a melhora das crianças também surtiu efeito positivo para as
mães, concluindo que a diminuição dos sintomas comportamentais das crianças
mostrou-se diretamente relacionada ao grau de remissão dos sintomas e melhora da
mãe, e vice versa.
A influência mútua das dificuldades comportamentais de crianças e mães
foi também relatada por Ferreira (2000) que verificou que crianças com problemas
comportamentais e psiquiátricos podem ser consideradas uma fonte de estresse
para as famílias. Referiu uma tendência das mães dessas crianças a relatarem mais
problemas comportamentais, provavelmente devido ao temperamento difícil da
criança, o que acabaria por mobilizar a família para suas dificuldades; ou ainda por
estas mães estarem sob condição de estresse maior, o que afetaria o seu estado
emocional e, consequentemente, a sua percepção sobre o comportamento do filho.
Frente a esses apontamentos, sugere-se que a depressão materna pode
ter um impacto negativo para o desenvolvimento infantil e de modo semelhante os
problemas de comportamento e psicopatologia das crianças podem também serem
DISCUSSÃO
163
considerados uma fonte de estresse para a mãe e para a família, tornando a
interação mãe-criança, para ambas, um círculo vicioso de risco e estresse.
Constatou-se assim, em concordância com estudos prévios, que as crianças que
convivem com a depressão materna em comparação a crianças que convivem com
mães sem história psiquiátrica apresentaram maiores prejuízos emocionais e
comportamentais na idade escolar, com problemas adaptativos frente às demandas
típicas desta etapa do desenvolvimento, enfrentando também, no seu ambiente de
desenvolvimento, condições favorecedoras de dificuldades.
Quanto à associação entre fatores de riscos biológicos, sociais e
familiares e a depressão materna, como hipótese do estudo, partiu-se da afirmativa
que as crianças que convivem com a depressão materna apresentariam mais
exposição a fatores de riscos, nos diversos domínios, em comparação ao grupo de
crianças filhas de mães sem história psiquiátrica. Tal hipótese não foi confirmada
com relação a antecedentes obstétricos, problemas no contexto escolar, problemas
econômicos, apoio social, conflito familiar e dependência química dos pais, que
apresentaram taxas semelhantes em ambos os grupos. Ressalta-se que os
problemas econômicos e o conflito familiar foram variáveis que apresentaram uma
alta taxa na amostra total, condições estas que independentemente da presença da
depressão materna, são consideradas pouco favorecedoras para o desenvolvimento
infantil. Tal dado aponta para uma amostra exposta a múltiplos fatores de riscos.
Ao se verificar as variáveis diferenciadoras do grupo de crianças que
convivem com a depressão materna em comparação ao grupo de crianças filhas de
mães sem história psiquiátrica, verificou-se que mães com diagnóstico de depressão
relataram significativamente mais antecedentes médicos e conflitos conjugais que as
mães sem transtorno psiquiátrico.
DISCUSSÃO
164
A associação entre Transtorno Depressivo e problemas médicos de
saúde é bastante discutida na literatura, principalmente, como um dos principais
fatores de risco para o aparecimento de problemas crônicos de saúde e maior taxa
de mortalidade das mães e crianças. Estudos anteriores apontaram que as mulheres
com depressão, em comparação às mães sem história psiquiátrica, tendem a
procurar mais serviços médicos, não psiquiátricos, tanto para elas próprias quanto
para os filhos por problemas de saúde diversos (WEISSMAN et al., 2006; FLECK et
al. 2002). Weissman et al. (2006), em estudo longitudinal, realizado com mães com
depressão e seus filhos ao longo de 20 anos, verificaram que tanto na fase escolar
quanto na fase adulta, filhos de mães com depressão relataram mais doenças,
principalmente problemas cardiovasculares e neuromusculares, com uma maior taxa
de mortalidade, quando comparados a filhos de pais não depressivos.
No Brasil, Fleck et al. (2002) observaram, em estudo realizado em
contexto primário à saúde, que os pacientes com mais sintomas depressivos eram
os mais reincidentes nos serviços de saúde e que permaneciam por mais tempo
internados. No presente estudo, de forma assistemática, observou-se uma grande
recorrência das pacientes avaliadas na Unidade Básica de Saúde, buscando
atendimentos para dificuldades clínicas diversas. O contato com a procura
reincidente foi observado também pelo extenso número de retornos médicos
agendados na unidade em comparação ao número de casos novos. Neste cenário,
em concordância com Lima (1999), ressalta-se que a alta taxa de utilização de
serviços de saúde pelas pessoas que sofrem de depressão, sugere a necessidade
de uma atenção especial no planejamento de uma política de saúde que considere
tais condições.
DISCUSSÃO
165
Essa associação pode ser interpretada em várias direções, inclusive do
ponto de vista da prevenção da depressão materna e dos problemas crônicos de
saúde materno e infantil. Por um lado, constata-se uma alta taxa de mulheres com
depressão sem acesso a tratamento especializado e com pouco acesso ao
conhecimento sobre riscos e prevenção, e por outro, verifica-se uma outra parcela
de mulheres com depressão, que embora tenham a possibilidade de acesso ao
tratamento, não são identificadas corretamente. Tais constatações são concordantes
com a afirmativa de Mari et al. (1993), relativa aos usuários de serviços primários,
como as Unidades Básicas de Saúde, que possuem pouco acesso ao conhecimento
sobre riscos e prevenção e na maioria dos casos no contato com profissionais da
saúde são mal diagnosticados e pouco monitorados. Os referidos autores relataram,
com base em estudo de prevalência realizado no Brasil, que apenas um em 20
casos psiquiátricos, presentes na atenção primária, é encaminhado para serviços
especializados. De forma semelhante, com base em estudos conduzidos em outros
países, tem-se que até 50% dos casos de depressão não são clinicamente
identificados na atenção primária, e quando se realiza o diagnóstico, é frequente a
realização de tratamentos inadequados, tanto na atenção primária quanto em
serviços especializados (KELLER, 2001; SIMON, 2002).
Uma dificuldade possivelmente encontrada pela equipe de saúde é que
pacientes com transtornos depressivos geralmente apresentam além das queixas
emocionais, várias queixas somáticas, o que pode desviar o foco das manifestações
de humor, colocando como central as manifestações orgânicas, por vezes vagas e
recorrentes.
Ao se analisar esse conjunto de variáveis constata-se em anuência com
Vázquez e Torres (2005), que a prevenção da depressão constitui-se em uma
DISCUSSÃO
166
estratégia sanitária prioritária, considerando a magnitude epidemiológica dessa
patologia, sua especial tendência à cronicidade, o alto custo pessoal, social e
econômico que implica e principalmente o impacto negativo para a saúde mental dos
filhos, como verificado no estudo em questão. Tais dados evidenciam que no
contexto da vida das crianças que convivem com a depressão materna, múltiplos
fatores do ambiente familiar além da psicopatologia da mãe, precisam ser
considerados, em concordância com Goodman e Gotlib (1999), chamando a atenção
para a complexidade de tais associações.
Analisando-se a outra variável diferenciadora dos grupos, constatou-se
que as mães com depressão apresentaram 2.5 mais chances de enfrentarem
conflito conjugal que as do grupo controle, sem história psiquiátrica. Com relação as
associações entre conflito conjugal e depressão materna verificou-se que tais
variáveis foram relatadas como correlacionados nos estudos de Low e Stocker
(2005) e Shelton e Harold (2008). Segundo Low e Stocker (2005), as mulheres com
depressão são mais propensas a atribuírem hostilidade a outros membros da família
e a terem problemas conjugais marcados pela baixa capacidade de enfrentamento e
dificuldades de comunicação que as mulheres sem depressão (LOW; STOCKER,
2005). No entanto, O'Leary (2002) sugerem que a direção das associações entre
conflito conjugal e humor deprimido pode ser recíproca.
Por outro lado, vale destacar que as mulheres/mães solteiras são mais
vulneráveis à depressão que as mulheres casadas (TALATI et al.,2007; RILEY et al.
2009), favorecendo consequentemente o aumento do risco para a saúde mental da
criança. Talati et al. (2007) verificaram que mães solteiras quando comparadas com
as casadas apresentaram um status socioeconômico mais baixo, menor
escolaridade e episódios depressivos mais graves, além de apresentarem mais
DISCUSSÃO
167
comorbidades e responderem menos ao tratamento. Em relação às crianças, em
concordância com Riley et al. (2009) verificaram que as crianças filhas de mães
solteiras, de famílias monoparentais, apresentaram um menor desenvolvimento
global, mais sintomas depressivos e menor capacidade adaptativa que as crianças
filhas de mães casadas em famílias biparentais. Tal dado remete à reflexão de que
práticas preventivas focadas nos conflitos conjugais e dificuldades adaptativas do
casal podem favorecer a proteção ao desenvolvimento saudável da criança, atuando
na diminuição do estresse ambiental cotidiano das famílias.
Em concordância com as hipóteses do presente estudo, as crianças que
convivem com a depressão materna apresentaram significativamente mais
problemas comportamentais internalizantes, diagnósticos de Transtorno Depressivo
e Transtorno de Ansiedade Generalizada, em comparação às crianças de mães sem
transtornos psiquiátricos. Além disso, as mães do G1 relataram mais antecedentes
médicos e mais conflitos conjugais, que as mães do G2, o que sugere uma maior
vulnerabilidade do grupo que convive com a depressão materna. Vale destacar,
embora sem significância estatística, a alta taxa de crianças, em ambos os grupos,
com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, problemas
econômicos e conflitos familiares nos dois grupos. De modo a compreender melhor
tais associações entre as variáveis, será analisado no próximo tópico o valor
preditivo de múltiplas condições que concorrem para os desfechos de problemas,
por parte das crianças.
DISCUSSÃO
168
5.3. Depressão Materna e os fatores de risco biológicos, sociais e familiares:
valor preditivo para os desfechos das crianças.
Segundo Price e Zwolinski (2010), fatores individuais e contextuais devem
ser considerados para se compreender a etiologia da psicopatologia na infância. Na
identificação dos fatores de riscos associados à saúde mental infantil, a avaliação
dos contextos múltiplos em que a criança vive se reveste de importância, visto que
os transtornos não só têm impacto imediato para as crianças e suas famílias, mas
podem ser precursores de problemas psiquiátricos e sociais ao longo da vida
(HALPERN; FIGUEIRAS, 2004; BERGERON et al., 2007). Neste contexto, se insere
o quarto objetivo deste estudo que se propõe a identificar o valor preditivo da
depressão materna, das variáveis sociodemográficas e dos fatores de riscos
biológicos, sociais e familiares para os desfechos cognitivos, comportamentais e de
psicopatologia infantil de crianças em idade escolar.
Nesse tópico serão analisadas as variáveis preditoras para os desfechos
cognitivos, comportamentais e de psicopatologia das crianças, lembrando que todas
as variáveis significativas foram incluídas na análise, sendo introduzidas
separadamente e de modo combinado nos modelos. Inicialmente, serão abordadas
questões relativas ao impacto da depressão materna e sua influência direta e
indireta para os desfechos. Em seguida será analisada a combinação da depressão
materna às demais variáveis. Prosseguindo na análise, serão destacadas na
sequencia, as variáveis sociodemográficas e os fatores de riscos relativos aos
domínios biológico, social e familiar.
No presente estudo, confirmando as hipóteses iniciais, a presença da
depressão materna pôde predizer, por meio de uma associação direta, a ocorrência
DISCUSSÃO
169
para as crianças estudadas de problemas comportamentais internalizantes,
Transtornos Depressivo e de Transtorno de Ansiedade Generalizada. Tal dado
aponta a relevância de programas de saúde mental que visem o tratamento das
mães com depressão como prática preventiva para a saúde mental infantil, conforme
o exposto por Weissman et al. (2006), que verificaram que o tratamento
medicamentoso e psicoterápico efetivo das mães com depressão surtiu efeito direto
na melhora de sintomas das crianças. Destaca-se ainda a importância de programas
interventivos focados em crianças com comportamentos internalizantes, pouco
identificados pelos pais, professores e pediatras (TANAKA; RIBEIRO, 2006;
PEREIRA; AMARAL, 2007).
Por meio de uma relação indireta, a depressão materna também se
manteve associada aos problemas comportamentais internalizantes e aos
diagnósticos de Transtorno Depressivo e Transtorno de Ansiedade Generalizada
das crianças, potencializada pela presença de variáveis familiares e biológicas,
como conflito conjugal, antecedentes médicos e obstétricos.
Verificou-se assim, que a depressão materna se associou tanto de forma
direta aos problemas comportamentais e psicopatologia das crianças, quanto
indiretamente por meio de variáveis contextuais. Ao analisar a literatura sobre a
associação entre a depressão materna e saúde mental da criança, observou-se a
presença de resultados controversos em alguns estudos transversais. Alguns
estudos relataram a presença da associação direta entre a depressão materna e
saúde mental infantil (RILEY et al., 2009; FEDER et al., 2008; FRITSCH et al.,2007;
KISS et al., 2007, PILOWSKY et al., 2006). Outros estudos comprovaram a
associação da depressão materna apenas na presença de outras variáveis
moderadoras, como no estudo de Low e Stocker (2005) que verificaram a
DISCUSSÃO
170
associação negativa da depressão materna apenas na presença de conflitos
conjugais e problemas na interação mãe-criança, e no estudo de McNaughton et al.
(2004) que constataram associação apenas na presença de cuidados negativos e
pouco apoio social. E ainda, outros estudos não observaram a associação entre a
depressão materna e problemas comportamentais e psicopatologia das crianças,
demonstrando a capacidade de superação de determinadas crianças, mesmo diante
de condições adversas (FOSTER et al., 2008; FERRIOLLI et al., 2007).
Neste sentido, como observado em estudos prévios e em concordância
com os achados do estudo em questão, as crianças filhas de mães com depressão
por vezes são expostas a outros estressores, os quais são comumente associados
às peculiaridades ou consequências da sintomatologia depressiva, tais como: a
discórdia familiar e problemas ocupacionais (MIAN et al., 2009; BURT et al., 2005),
um menor nível de apoio e de coesão familiar (LANGROCK et al., 2002), conflitos
familiares e conjugais (WHIFFEN et al., 2005; LEVE et al., 2005) e complicações
obstétricas (HIPWELL et al., 2000; HACKETT; HACKETT, 1999) condições estas
que podem potencializar o impacto negativo da depressão materna e a presença
da depressão infantil. Tais estressores intervêm na qualidade da interação e na
organização do ambiente familiar, expondo a criança ao estresse familiar crônico
(ESSEX et al., 2006).
Destaca-se assim que ao se avaliar o impacto da depressão materna para
a saúde mental das crianças, as variáveis contextuais, se revestem de importância
podendo funcionar como condições adversas e estressoras ou como recursos e
condições protetoras, mediando ou moderando o impacto da depressão no
desenvolvimento infantil.
DISCUSSÃO
171
Por outro lado, contrariando as hipóteses do estudo, tanto por meio de
uma associação direta quanto indireta, a presença da depressão materna não foi
preditora de problemas cognitivos, comportamentos externalizantes e gerais,
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e Transtorno de Conduta,
desfechos estes que se mostraram associados a outras condições como será
analisado nos próximos tópicos.
Quanto às variáveis sociodemográficas, verificou-se que as mesmas não
foram preditoras de problemas cognitivos e comportamentais das crianças ,
mostrando-se associadas apenas aos diagnósticos de Transtorno Depressivo
(idade) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (gênero e tipo de
família).
As crianças mais velhas, de 10 a 12 anos, apresentaram mais chances de
terem o diagnóstico de Transtorno Depressivo que as crianças de seis a nove anos.
Uma possível justificativa para tal associação pode estar nas características típicas
dessa idade e da fase do desenvolvimento em que se insere, caracterizada por ser
uma etapa de transição para o ingresso na adolescência. Do ponto de vista da
psicopatologia do desenvolvimento, Sameroff e Fiese (2005) apontaram a
importância de se investigar as mudanças e as estabilidades que ocorrem no
desenvolvimento do indivíduo ao longo do curso de vida, e sublinha a relevância de
se considerar o momento do desenvolvimento para a compreensão dos processos
de ajustamento da pessoa frente às transições. Com sentido semelhante, Foster et
al. (2008) apontaram que o início da depressão nas crianças é mais comum a partir
dos 11 anos, sugerindo que os problemas externalizantes da etapa escolar podem
ser vistos como preditores de tal patologia na adolescência.
DISCUSSÃO
172
Quanto ao gênero, verificam-se relatos do predomínio de meninos com
TDAH, com uma proporção de menino e menina que varia de 2:1 a 6:1 em amostras
da comunidade e de 6:1 a 9:1 em amostras clínicas (LÓPEZ-SOLER et al., 2009;
AMADOR et al., 2006). No presente estudo não se observou relação entre gênero e
idade, assim como em outros estudos brasileiros (ROHDE et al., 2001). Mas
verificou-se a associação como o gênero, o que é concordante com o observado
por Bordin e Offord (2000), que verificaram que o TDAH era mais frequente em
crianças do sexo masculino, estando geralmente associado a baixo rendimento
escolar, a problemas de relacionamento com colegas e a dificuldades econômicas, o
que se relaciona a dificuldades acadêmicas e sociais.
Um dado que chamou a atenção foi que as crianças que convivem em
famílias monoparentais, apresentaram um risco aumentado para TDAH em
comparação às crianças de famílias biparentaissugerindo que a presença paterna se
configurou como um fator de proteção ao desenvolvimento da criança. Tal
associação está de acordo com o observado por Talati et al. (2007) e Chang et al.
(2007), em estudos sequenciais, que confirmaram a hipótese de que a presença de
um segundo familiar, o pai, serviu como um importante fator protetor para o
funcionamento das mães e crianças, principalmente na etapa escolar.
Uma possível explicação para esses dados poderia estar no potencial
desestabilizador do comportamento da criança com TDAH sobre o ambiente
(RAYAS et al., 2008; BIEDERMAN et al., 2006; BARKLEY, 2002), sendo a presença
de um segundo familiar, o pai ou cuidador, uma possível fonte de apoio e de reforço
nas práticas educativas. A hipótese da influência da criança sobre o ambiente se
aplicaria à associação entre os sintomas de TDAH e os indicadores de estabilidade
ambiental, com dificuldade no enquadramento da criança quanto a horários, regras e
DISCUSSÃO
173
rotinas, ainda que os pais consigam estabelecer tais limites para os outros filhos
(VASCONCELOS et al., 2005).
Analisando os fatores de riscos, quanto ao domínio biológico, verificou-se
que a variável antecedentes médicos que tratou das condições gerais de saúde das
crianças, como presença de doenças crônicas e internações recorrentes, foi
preditora de problemas comportamentais diversos e dos Transtornos de Ansiedade
Generalizada e de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Uma justificativa para a predição de Transtorno de Ansiedade
Generalizada em associação às condições crônicas de saúde da criança pode ser
relacionada às características inerentes ao próprio transtorno, visto que comumente
são típicas a presença de preocupações e insegurança quanto ao adoecimento, que
poderão se tornar com o decorrer do tempo, preocupações excessivas e
incontroláveis (VIANNA et al., 2009), favorecendo a necessidade constante de
reasseguramento (FLANNERY-SCHROEDER, 2004).
Outro ponto a ser comentado diz respeito à presença de antecedentes
médicos em associação ao diagnóstico de TDAH das crianças avaliadas, tal dado se
mostrou concordante com os estudos de Goodman et al. (2007) e Ford et al. (2004)
que também observaram que problemas de saúde física estavam associados a
problemas de saúde mental dos escolares com TDAH. Goodman et al. (2007)
verificaram a associação entre TDAH, baixo nível cognitivo e saúde física
prejudicada para as crianças em idade escolar.Com base em uma análise de
predição, os autores constataram que o estado físico geral deficitário da criança foi
um forte e significativo preditor de problemas de saúde mental das crianças aos
sete anos de idade, porém essa associação não se manteve no decorrer do tempo,
DISCUSSÃO
174
hipotetizando assim que problemas de saúde geral é predominantemente um
resultado e não a causa do sofrimento associado com a psicopatologia da criança.
Verificou-se que os antecedentes obstétricos foram preditores de
Transtorno Depressivo das crianças. Em estudos prévios, Hipwell et al. (2000) e
Motta et al. (2005) evidenciaram que problemas gestacionais, assim como falhas no
cuidado inicial devido a negligência, abuso físico e/ou psicológico foram associadas
a alterações no padrão de apego e no desenvolvimento motor e mental dos bebês e
à ocorrência de depressão, ansiedade e abuso de drogas nas criança em idades
posteriores até a fase adulta . No entanto, a maioria destes estudos demonstrou que
a relação entre fatores de risco perinatal e problemas posteriores de
desenvolvimento não foi direta e que os fatores de risco psicossociais
desempenham um papel decisivo para tais desfechos (HACKETT; HACKETT, 1999).
Nesse sentido, a análise dos dados do estudo em questão precisa ser
vista com cuidado, visto que a coleta das informações relativas aos antecedentes
médicos e obstétricos teve um caráter retrospectivo, e apenas baseado no relato
materno. Tal dado não foi confirmado por outra fonte, além de não se ter
conhecimento a respeito da especificidade dos problemas como gravidade, tipo de
doenças e a natureza dos problemas.
Quanto às variáveis do domínio social, destacam-se os problemas no
contexto escolar como preditores de problemas comportamentais diversos e
externalizantes. Comparando as crianças com e sem problemas no contexto escolar,
quando as outras variáveis são mantidas constantes, verificou-se que as crianças
com problemas no contexto escolar apresentaram aproximadamente 3.6 vezes mais
chances de terem problemas comportamentais externalizantes em comparação com
as crianças sem problemas no contexto escolar. Tais dados são concordantes com o
DISCUSSÃO
175
relato de Johnston e Mash (2001), que afirmaram que os problemas externalizantes
são os mais frequentes na idade escolar e comumente antecedem as dificuldades
escolares e são exacerbadas por estas, principalmente quando dificuldades
interpessoais já estão presentes nessa fase, tornando-se maior o risco de
persistência dos problemas. Com sentido semelhante, verifica-se que os problemas
externalizantes são os mais identificados no contexto escolar, e configuram-se como
principal causa de encaminhamento das crianças aos serviços de saúde, por não se
ajustarem aos padrões estabelecidos (BERNARDES-DA-ROSA et al., 2000).
Vale destacar que a associação entre problemas comportamentais
externalizantes e problemas no contexto escolar pode ter implicações maiores para
o desenvolvimento infantil, dada a possibilidade de tal condição dificultar o
aproveitamento das oportunidades oferecidas pela escola como contexto de
desenvolvimento. Tal dado é especialmente crítico para grupos carentes
economicamente e procedentes de países em desenvolvimento, como no caso do
estudo, onde as janelas de oportunidades providas pela escola podem favorecer
melhores condições de vida, de desenvolvimento e de ajuste social ao longo do
tempo. Pois, segundo Masten et al. (2005), com base em estudo longitudinal
abrangendo um período de 20 anos e iniciado com crianças entre oito e 12 anos, o
diagnóstico de problemas externalizantes identificado na infância mostrou-se
associado a prejuízos no desempenho escolar na adolescência, o que por sua vez
contribuiu para a emergência de problemas internalizantes no início da idade adulta.
Assim, ressalta-se a importância de práticas preventivas para as crianças
com problemas no contexto escolar, visto que os comportamentos externalizantes
são precursores de dificuldades relativas à produtividade na realização das tarefas
de socialização e de desempenho acadêmico (BANDEIRA et al., 2008; BUCHANAN;
DISCUSSÃO
176
FLOURI, 2001), configurando-se como uma condição favorecedora de falhas
acadêmicas, de rejeição pelos companheiros, de conflitos com a família e com o
professor e de uma série de manifestações não adaptativas (BARKER, et al., 2012;
BANDEIRA et al., 2008).
A variável relativa aos problemas no contexto escolar se manteve ainda
associada aos indicadores cognitivos, como uma variável protetora, mesmo na
presença da depressão materna e do baixo nível socioeconômico, ou seja, a
ausência de problemas no contexto escolar se configurou como um fator de
proteção ao rebaixamento cognitivo das crianças. Tal dado evidencia a relevância do
contexto escolar para a capacidade cognitiva da criança, tal como foi assinalada por
Dusi et al. (2005) ao relatarem que a escola fornece as competências necessárias
para o relacionamento com o mundo subjetivo, com o mundo dos objetos e social,
tornando o acesso à cultura escrita e simbólica elementos fundamentais para o
desenvolvimento cognitivo dos indivíduos. Segundo Carvalho (2000) a influência das
condições sociais anteriores à escolarização e os níveis de trocas simbólicas no
ambiente familiar, desempenham um papel importante nesta construção,
favorecendo, portanto, as capacidades de conhecer, organizar e estruturar
experiências vividas. Sob tal perspectiva destaca-se a interface do contexto escolar
e do ambiente familiar como elemento favorecedor do desempenho cognitivo.
Por outro lado, as dificuldades cognitivas das crianças podem estar
vinculadas ao insucesso em aprender, identificadas no modo como a criança busca,
armazena, processa e utiliza informações para resolver questões específicas e
problemas relativos à aprendizagem (CABANAS, 2005). Do ponto de vista da
psicopatologia do desenvolvimento, Medeiros et al.(2000) destacaram que o nível
cognitivo pode estar diretamente associado ao sucesso acadêmico e favorecer
DISCUSSÃO
177
sentimentos de competência para o desempenho de tarefas escolares, enquanto
que o insucesso pode promover um sentimento de não cumprimento da tarefa
esperada para esse estágio do desenvolvimento. Segundo Santa Maria e Linhares
(1999), a oportunidade de sucesso na realização das tarefas escolares precisa ser
proporcionada na fase dos seis aos 12 anos, pois quando o fracasso escolar passa
a fazer parte da vida da criança, pode criar um círculo vicioso do fracasso, expondo-
a a condições de risco no tocante ao seu desenvolvimento mental sadio.
Ao se analisar o baixo status econômico faz-se necessário lembrar que
tal característica foi marcada na amostra estudada, sendo os problemas econômicos
graves altamente relatados e se apresentaram como preditores do Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade das crianças. Tal associação possivelmente
deve-se ao fato de famílias que vivem em condições de extrema pobreza podem ter
maiores dificuldades de manterem padrões de organização do cotidiano, além de
apresentarem maiores dificuldades com a manutenção consistente das práticas
educativas (ENSMINGER et al., 2003).
Com relação ao domínio familiar, como já assinalado verificou-se a
associação da convivência com a depressão materna e a presença de conflito
conjugal, na predição de problemas comportamentais internalizantes e Transtorno
Depressivo das crianças avaliadas. Crianças que conviveram com mães com
depressão e em famílias com conflito conjugal apresentaram 2.4 vezes mais
chances de apresentarem problemas comportamentais internalizantes que as
crianças filhas de mães sem transtornos psiquiátricos, e que não relataram conflitos
conjugais.
A associação entre convivência com a depressão materna e conflito
conjugal na predição de problemas internalizantes foi relatada também em outros
DISCUSSÃO
178
estudos. Vasey e Ollendick (2000) verificaram que além da presença da depressão
materna, os sintomas internalizantes das crianças também foram associados a
outros fatores como a exposição precoce a ambientes com acúmulo de eventos de
vida adversos, e a outras condições do cotidiano das famílias como o conflito
conjugal. Whiffen et al. (2005) verificaram que o humor depressivo materno
mostrou-se frequentemente associado à hostilidade marital. A ligação entre conflito
conjugal, depressão materna e problemas comportamentais internalizantes em
crianças de cinco a 17 anos foi verificada por Leve et al. (2005) que constataram
que a depressão materna e os conflitos conjugais foram preditores de problemas
internalizantes para as crianças durante todos os períodos estudados.
Muito tem sido discutido a respeito dos efeitos do conflito conjugal nas
famílias que convivem com a depressão materna e como tal condição prejudica as
crianças do ponto de vista adaptativo (SHELTON; HAROLD, 2008). Embora alguns
estudos demonstrem uma associação significativa entre as dificuldades no
relacionamento marital e o desenvolvimento das crianças, em geral, o modo como
estas variáveis se relacionam é pouco claro. Uma possível hipótese seria que as
interações conjugais conflituosas influenciariam a criança tanto diretamente, por
meio de um processo de modelação, aprendizagem de comportamentos pela
observação de modelos, quanto indiretamente, por favorecer práticas parentais
inconsistentes e discordantes (JOHNSTON; MASH, 2001). Por outro lado, também é
provável que os sintomas depressivos maternos influenciem a dinâmica familiar
tanto do ponto de vista conjugal quanto nos processos adaptativos das crianças
(LOW; STOCKER, 2005). Tais achados evidenciam a relevância de se considerar
além da convivência com a depressão materna, a presença de outros fatores de
DISCUSSÃO
179
riscos familiares que podem funcionar como dificuldades ambientais, associados ao
aparecimento de problemas diversos das crianças.
No estudo em questão as outras variáveis do domínio familiar incluídas,
relativas ao conflito familiar e a dependência química do pai, não mantiveram
relação com as variáveis das crianças nos modelos estudados ,possivelmente em
função de peculiaridades da amostra que não foram abordadas.
Quanto ao desfecho cognitivo, verificou-se que, independentemente das
condições que as crianças estavam expostas, ele não foi predito pelas variáveis
estudadas. Tal achado pode ser explicado pela amostra ter sido constituída por
poucas crianças com rebaixamento cognitivo (N=18), classificação esperada pelos
critérios de inclusão do estudo, baseados na seleção de mães, usuárias de uma
Unidade Básica de Saúde, que não estavam buscando ajuda especializada para os
filhos, ou seja, nenhuma das crianças incluída frequentava escola especial, ou
algum programa de inclusão escolar, o que possivelmente aconteceria, caso
tivessem inteligência muito abaixo da média.
Assim, confirmando as hipóteses iniciais, verificou-se que os problemas
internalizantes foram preditos pelas variáveis depressão materna e do domínio
familiar, como conflito conjugal, os problemas externalizantes e comportamentais
gerais foram preditos pelas variáveis biológicas e sociais, antecedentes médicos e
problemas no contexto escolar. Quanto aos diagnósticos, variados domínios foram
apontados como preditores, a saber, o diagnóstico de Transtorno Depressivo foi
predito pela depressão materna e pelas variáveis biológicas (antecedentes
obstétricos), sociodemográficas (idade) e familiares (conflito conjugal); o diagnóstico
de Transtorno de Ansiedade Generalizada foi predito pela depressão materna e pela
variável biológica, antecedentes médicos; e o diagnóstico de Transtorno de Déficit
DISCUSSÃO
180
de Atenção e Hiperatividade foi predito pelo gênero, tipo de família, pelos
antecedentes médicos e pela variável social relativa aos problemas econômicos.
Ao se analisar as variáveis preditoras de problemas comportamentais e
de psicopatologia das crianças, verifica-se que a exposição a diversos fatores de
risco tem sido associada a uma grande variedade de distúrbios físicos e mentais das
crianças. Tal como relatado por Reppold et al. (2002) os eventos estressantes da
vida, por induzirem um alto grau de tensão e interferirem nos padrões normais de
resposta do indivíduo, podem favorecer as dificuldades de adaptação da criança,
aumentando a vulnerabilidade para problemas comportamentais e de psicopatologia.
De forma semelhante, Bordin e Paula (2007) verificaram que há uma complexa
interação entre fatores de riscos biológicos, sociais e familiares com impacto
negativo sobre a saúde mental e o desenvolvimento infantil, o que compromete a
saúde, o bem estar e o desempenho social das crianças, o que é fundamental para
os processos adaptativos da etapa escolar.
Destaque deve ser dado ao impacto da saúde mental materna na
determinação do desenvolvimento infantil, configurando-se como um fator de risco
importante para o desenvolvimento de prejuízos emocionais nos filhos (KOHN et al.,
2001; SAMEROFF et al., 2005). Nesse sentido, pode-se considerar que a depressão
materna pode prejudicar o bom desenvolvimento das crianças em função de pouca
sensibilidade das mães às solicitações dos filhos, da baixa responsividade às
necessidades do desenvolvimento infantil quanto à resolução de problemas, a
incapacidade para lidar com as adversidades e as situações estressantes e também
pela dificuldade de utilização de técnicas de disciplina consistentes (CHRONIS et al.,
2007; BURT et al., 2005; CHI; HINSHAW, 2002). As dificuldades de aprendizagem
de normas sociais por parte dos filhos de mães depressivas, têm sido atribuídas a
DISCUSSÃO
181
essas serem menos responsivas aos estados emocionais e ao afeto de seus filhos
(SILK et al., 2006) e também por apresentarem pouca energia para a colocação de
limites para os filhos (GROSS, 2004).
O ambiente familiar como fonte de risco foi também relatado por Mian et
al. (2010), em estudo sobre transtorno de humor na infância, verificando a
associação entre o ambiente familiar, temperamento e problemas de saúde mental
das crianças principalmente na idade escolar. Eley et al. (2003) verificaram que
filhos de pais com transtorno mental apresentaram sete vezes mais chances de
desenvolverem Transtorno de Humor e Transtorno de Ansiedade, que os filhos de
pais sem história psiquiátrica. Uma possível justificativa para a associação entre
depressão materna e psicopatologia das crianças, segundo Pelaez et al. (2008), é
que as mães depressivas tendem a serem comumente menos engajadas e menos
autoritárias, o que afeta a sua responsividade e sensibilidade às demandas das
crianças.
Sob esta perspectiva, faz-se necessário destacar que no Brasil, a
exemplo do identificado no estudo em questão, uma parte significativa da população
de crianças e adolescentes vive em condições adversas e expostas a diversas
situações de estresse, o que aumenta o risco de desenvolverem problemas de
saúde mental (RAMIRES et al., 2009), de apresentarem problemas nos
relacionamentos interpessoais, o que por sua vez aumenta o risco de fracasso
escolar (BORDIN; PAULA, 2007). Nesse cenário, atendendo ao quinto objetivo do
estudo, relativo à associação entre o número de indicadores de riscos diversos e a
presença de problemas cognitivos, comportamentais e de psicopatologia infantil,
verificou-se uma correlação direta e positiva entre o número de fatores de riscos
acumulados e o número de diagnósticos psiquiátricos, sendo que as crianças com
DISCUSSÃO
182
mais fatores de riscos ao longo da vida apresentaram mais comorbidades que as
crianças expostas a um menor número de fatores de riscos.
Confirmando as hipóteses iniciais, as crianças expostas a um maior
número de fatores de riscos apresentaram mais chances de terem problemas
cognitivos, comportamentais e psicopatologia, ou seja, as crianças com baixo nível
cognitivo, com problemas comportamentais internalizantes, com baixa capacidade
pró-social, com diagnósticos de Transtorno Depressivo e Transtorno de Ansiedade
Generalizada apresentaram significativamente maior exposição a fatores de riscos
que as crianças expostas a menor número de riscos. Além disso, verificou-se uma
correlação direta e positiva entre o número de fatores de riscos acumulados e o
número de diagnósticos psiquiátricos. Tais achados são concordantes com estudos
desenvolvidos por Freitag et al. (2011) na Alemanha, Essex et al. (2006) nos EUA e
Goodman et al. (2007) no Brasil, e reforçam a importância de se considerar os
riscos múltiplos, cujo efeito cumulativo demonstrou ter maior impacto para os
desempenhos cognitivo, comportamental e psicopatologia dos escolares avaliados.
A importância de se considerar múltiplos fatores de risco na identificação
do grupo de crianças com alto risco para problemas emocionais e comportamentais
também foi abordada em estudo conduzido por Harland et al. (2002) sobre o papel
do meio ambiente na determinação da saúde mental da criança. Comparado com
cada variável isoladamente, verificaram que o efeito múltiplo de risco mostrou que as
crianças consideradas de alto risco tinham 24 vezes mais chances de apresentarem
uma dificuldade quando comparadas com as de menor risco.
A análise dos dados do presente estudo, tendo por fonte a atenção
primária à saúde, e uma amostra de mães e crianças que não estavam buscando
ajuda para problemas de saúde mental, chama a atenção para o acúmulo de riscos
DISCUSSÃO
183
biológicos, sociais e familiares aos quais tal amostra estava exposta, o que remete
ao assinalado por Hinshaw (2002) e Sameroff et al. (2005), sobre a relevância ao se
avaliar a competência e adaptação de uma criança, de se considerar não apenas o
impacto de um fator de risco isolado, mais do conjunto de condições a que está
exposta.
Atendendo à etiologia multifatorial da psicopatologia do desenvolvimento,
destaca-se a contribuição do presente estudo ao avaliar além da depressão materna
vários domínios de fatores de riscos e de proteção na etapa escolar de modo a
identificar as condições múltiplas envolvidas nas manifestações de problemas de
saúde mental das crianças. Considera-se desse modo, que a identificação
sistemática de escolares com indicadores de problemas de saúde mental,
principalmente aqueles com problemas internalizantes, pouco identificados na idade
escolar, expostos a múltiplos riscos, pode ser essencial para o planejamento de
práticas preventivas e de identificação precoce no atendimento primário à saúde
mental, dado o impacto negativo de tal condição ao longo do desenvolvimento.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
185
Considerando o objetivo geral do estudo de caracterizar as condições de
saúde mental de crianças que convivem com a depressão materna e identificar as
variáveis preditoras de problemas cognitivos, comportamentais e de psicopatologia
infantil, verificou-se os principais resultados destacados a seguir.
Foi identificada uma elevada taxa de crianças com dificuldades
comportamentais e transtornos mentais, principalmente no grupo de crianças que
convivem com a depressão materna. No estudo de predição verificou-se que: a)
depressão materna apresentou um impacto negativo direto para a saúde mental das
crianças avaliadas, mostrando associação com problemas comportamentais
internalizantes, Transtorno Depressivo e Transtorno de Ansiedade Generalizada; b)
a depressão materna apresentou uma associação indireta com fatores de riscos
biológicos, como antecedentes médicos e obstétricos; com riscos familiares, como
conflitos conjugais e o baixo nível socioeconômico, sendo tais variáveis preditoras
de desfechos negativos por parte das crianças, e c) a exposição a um maior numero
de fatores riscos mostrou-se associada a presença de mais problemas.
Ao se analisar os aspectos metodológicos, alguns limites do estudo
precisam ser apontados, tais como o delineamento transversal e a fonte de dados. A
utilização de delineamento de pesquisa transversal não permitiu verificar,
empiricamente, a sequencia temporal da associação entre as variáveis investigadas.
Nesse sentido, considera-se que um delineamento longitudinal poderia elucidar
melhor o peso das variáveis, em momentos diversos da vida das crianças. Com
relação a fonte de dados, estes foram coletados apenas em uma Unidade Básica de
Saúde, limitando a generalização dos resultados para outros centros de atenção
primária, e foram obtidos junto às mães e seus filhos, não abordando informações
advindas de outras fontes, tais como a escola e outros familiares, o que poderia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
186
fornecer outros indicadores sobre a saúde mental das crianças e sobre a
organização familiar. Além disso, a avaliação das condições de riscos biológicos,
sociais e familiares não foi exaustiva e teve por fonte um questionário envolvendo o
relato de dados retrospectivos e as mães como informantes exclusivas.
Por outro lado, alguns cuidados metodológicos positivos precisam
também ser destacados, tais como a avaliação sistemática de mães e crianças por
instrumentos diagnósticos, aferidos para o Brasil, além da coleta de dados realizada
por avaliadores treinados e que desconheciam as condições clínicas das mães. Tais
condições aplicadas a uma amostra da comunidade trazem um diferencial na
comparação com a literatura.
Destacam-se como principais contribuições do estudo: a) a demonstração
da necessidade e da possibilidade de uso de instrumentos de rastreamento e de
diagnóstico no contexto de atenção primária à saúde; b) a comparação de grupos
diferenciados pela presença da depressão materna, que não estavam buscando
ajuda especializada, mas expostos a múltiplos estressores, o que reflete uma
condição comum em países em desenvolvimento; c) a inclusão da depressão
materna e de variáveis de riscos biológicos, sociais e familiares na análise de
predição, o que ampliou a compreensão sobre o peso das variáveis quando do
estudo de grupos vulneráveis, expostos a riscos entrelaçados; d) a identificação de
um modelo preditor em que a depressão materna se associou a outras variáveis
com impacto diferenciado, o que pode subsidiar práticas de saúde mental.
Como desdobramentos para a prática, com base nos dados do estudo,
pode-se destacar a relevância da implementação de atividades de educação
permanente, dirigidas às equipes multiprofissionais da atenção primária com o
objetivo de instrumentá-las para a identificação de fatores de riscos e proteção
CONSIDERAÇÕES FINAIS
187
relacionados à saúde mental infantil. Tais práticas podem favorecer intervenções
precoces pertinentes neste nível de atenção, visto que o conhecimento dos recursos
e dos riscos relativos a condições biológicas, do ambiente familiar e do contexto
sociocultural, configura- se como condição necessária para o enfrentamento de
questões inerentes à saúde mental infantil, especialmente em países em
desenvolvimento, que carecem de práticas de prevenção e detecção precoce dos
problemas.
Dada a relevância e atualidade da temática depressão materna e saúde
mental de crianças em idade escolar, evidencia-se a necessidade de novos estudos
epidemiológicos que investiguem a prevalência de problemas de saúde mental em
crianças expostas a múltiplos riscos, nas diferentes fases do desenvolvimento, em
diferentes contextos e que considerem diferentes informantes, buscando
compreender a realidade dessa população, no que se refere a essa condição
especial. Considera-se que tais estratégias de estudo podem fornecer novas
hipóteses sobre a etiologia dos transtornos psiquiátricos, e da depressão em
particular, favorecendo a identificação de condições de proteção à saúde mental
infantil.
Conclui-se que os objetivos foram atingidos e os resultados deste estudo,
dentro dos seus limites, contribuíram para uma melhor compreensão da realidade da
situação da saúde mental de crianças em idade escolar e de suas famílias, usuárias
da atenção primária à saúde.
4
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4 Elaboradas de acordo com a ABNT NBR 6023 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2002)
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York: John Wiley & Sons Inc, 2006.
8. APÊNDICES
APÊNDICES
211
APÊNDICE A – Questionário complementar Entrevista n° __________ Data: _____/_____/_____
QUESTIONÁRIO COMPLEMENTAR 2 - MÃES
1) Nome: _________________________________________________________________________________
2) Estado civil: ________________________ 3) Data de Nascimento/ Idade: ___________________________
4) Grau de instrução: Mãe:______________________ Chefe Família:_________________________________
5) Cor (família): _____________________________________________________________________________
6) Profissão:____________________7) Nacionalidade (família): ______________________________________
8) Endereço residencial: ______________________________________________________________________
Telefone(s): Res: _____________ Cel:_______________Recado:_______________Trab:__________________
9) Composição familiar:______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
10) Você está fazendo algum tratamento psicológico/psiquiátrico e/ou neurológico? ( ) sim ( ) não
Qual? ____________________________________________________________________________________
11) Tem apresentado algum problema de saúde crônico? ( ) sim ( ) não
Qual? ____________________________________________________________________________________
12) Usa algum medicamento de uso contínuo? ( ) sim ( ) não
Qual? ____________________________________________________________________________________
13) Já usou algum tipo de drogas/álcool ao longo da vida? ( ) sim ( ) não
Qual? ____________________________________________________________________________________
14) Teve alguma doença e/ou trauma durante a gravidez? ( ) sim ( ) não
Qual? ____________________________________________________________________________________
Usou algum medicamento neste período? ( ) sim ( ) não
Qual? ____________________________________________________________________________________
APÊNDICES
212
15) Na sua família, há casos atuais e/ou histórico de depressão? (familiares 1° grau)
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Com relação à criança (nome): ______________________________________________________________
Data de Nascimento: ___________________________ Idade: ___________________________________
16) Escolaridade atual: ________________________ Turno: ___________________________________
Escola : ______________________________________________________________________________
17) Teve repetência na escola? ( ) sim ( ) não
E suspensão? ( ) sim ( ) não
Mudou de escola? ( ) sim ( ) não
18) Seu filho(a) já fez tratamentos psicológicos/psiquiátricos/neurológicos? ( ) sim ( ) não
__________________________________________________________________________________________
19) Seu filho(a) está em uso de algum medicamento de uso contínuo? ( ) sim ( ) não
Qual? ____________________________________________________________________________________
20) Já usou em algum momento da vida? ( ) sim ( ) não
Qual? ____________________________________________________________________________________
21) Tem alguma doença crônica? ( ) sim ( ) não
Qual? ____________________________________________________________________________________
22) Já foi hospitalizado? ( ) sim ( ) não
Quantas vezes? _____________________________________________________________________________
Fez cirurgia? _____________________________________________________________________________
23) Já sofreu algum acidente? ( ) sim ( ) não
Com relação ao ambiente familiar:
24) Ocorreu alguma situação de perda na família? ( ) ocorreu nos últimos 12 meses
( ) ocorreu anteriormente
Quem? (causa) _________________________________________ ( ) Nunca ocorreu
APÊNDICES
213
25) Ocorreu algum acidente grave? ( ) ocorreu nos últimos 12 meses
( ) ocorreu anteriormente
Quem? (causa) _________________________________________ ( ) Nunca ocorreu
Alguém ficou hospitalizado? ( ) sim ( ) não
26) Ocorreu alguma situação de perda de emprego do pai/mãe? ( ) ocorreu nos últimos 12 meses
( ) ocorreu anteriormente
( ) Nunca ocorreu
27) Ocorreram momentos difíceis do ponto de vista financeiro? ( ) ocorreu nos últimos 12 meses
( ) ocorreu anteriormente
( ) Nunca ocorreu
28) Ocorreu alguma situação de separação ou recasamento na família? ( ) ocorreu nos últimos 12 meses
( ) ocorreu anteriormente
( ) Nunca ocorreu
29) Ocorreram momentos de conflitos e brigas conjugais entre os pais? ( ) ocorreu nos últimos 12 meses
( ) ocorreu anteriormente
Recorrentes e crônicos? ( ) sim ( ) não ( ) Nunca ocorreu
30) Ocorreram momentos de conflitos e brigas entre os familiares? ( ) ocorreu nos últimos 12 meses
( ) ocorreu anteriormente
Recorrentes e crônicos? ( ) sim ( ) não ( ) Nunca ocorreu
31) Um dos pais abandonou a família? ( ) ocorreu nos últimos 12 meses
( ) ocorreu anteriormente
Qual? Quando?______________________________________________ ( ) Nunca ocorreu
32) Os pais estão em litígio pela guarda e/ou pensão? ( ) sim ( ) não
33) Os pais já tiveram ou têm algum problema com a polícia/justiça? ( ) sim ( ) não
Motivo____________________________________________________________________________________
34) O pai da criança apresenta algum transtorno mental? ( ) sim ( ) não
Qual? ____________________________________________________________________________________
Sintomatologia: ____________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
Dependência de drogas e/ou álcool? ( ) sim ( ) não
__________________________________________________________________________________________
35) Ocorreram outros acidentes graves (incêndios, roubo, violência...) ? ( ) sim ( ) não
__________________________________________________________________________________________
APÊNDICES
214
Quanto ao Suporte Social:
36) Nos momentos de dificuldade você recebe ajuda? de quem?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
As pessoas percebem que você precisa de ajuda? De que modo?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
37) Conhece os serviços na comunidade que podem ajudá-la ou à sua família? ( ) sim ( ) não
Quais? (escola, igreja, rede de saúde, clubes e etc) ____________________________________________________
38) Já usou algum desses serviços? ( ) sim ( ) não
Quais? Quando? Quem sugeriu?_______________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
39) Você ou sua família segue uma religião, tem uma crença? ( ) sim ( ) não
De que atividades religiosas vocês participam?____________________________________________________
40) Qual o melhor horário para eu voltar a falar com você?___________________________________________
_________________________________ Assinatura Avaliador
APÊNDICES
215
APÊNDICE B – Ficha do Diagnóstico do Transtorno Depressivo Materno
APÊNDICES
216
Entrevista n° __________ Data: _____/_____/_____
PROTOCOLO DEPRESSÃO MATERNA
Nome: ___________________________________________________________________________________
Todas as Mães
1) Ao longo da sua vida teve algum período em que se sentiu deprimida ou sem interesse pela maioria das
coisas, durante a maior parte do dia, quase todos os dias? ( ) sim ( ) não
2) E nas últimas duas semanas? (aplicar PHQ-9)
Escore: __________ Status: ( ) positiva ( ) negativa Classificação:________________________
Apenas Mães que responderam SIM à primeira questão e/ou com PHQ-9 positivo na coleta anterior ou atual
3) Quando os sintomas depressivos começaram?
1° episódio:
Idade mãe ______________________________ Idade da criança ____________________________
Sintomatologia _____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Fez tratamento psicológico/psiquiátrico e/ou neurológico? ( ) sim ( ) não
Qual? Medicamentoso: ( ) Antidepressivo__________________________
( ) Ansiolítico _____________________________
( ) Antipsicótico___________________________
( ) Outros________________________________
Psicoterapêutico : ( ) individual ( ) grupal
Internação: ( ) sim ( ) não
APÊNDICES
217
Recorrências:
N° episódios/período ________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Sintomatologia _____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Fez tratamento psicológico/psiquiátrico e/ou neurológico? ( ) sim ( ) não
Qual? Medicamentoso: ( ) Antidepressivo __________________________
( ) Ansiolítico _____________________________
( ) Antipsicótico ___________________________
( ) Outros_________________________________
Psicoterapêutico : ( ) individual ( ) grupal
Internação: ( ) sim ( ) não
Episódio Atual:
Sintomatologia _____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Faz tratamento psicológico/psiquiátrico e/ou neurológico? ( ) sim ( ) não
Qual? Medicamentoso: ( ) Antidepressivo ____________________________
( ) Ansiolítico _______________________________
( ) Antipsicótico_____________________________
( ) Outros__________________________________
Psicoterapêutico : ( ) individual ( ) grupal
Internação: ( ) sim ( ) não
4) Como os sintomas evoluíram nos últimos 12 meses? Houve prejuízos em alguma área?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
APÊNDICES
218
5) Alguma coisa lhe ajudou ou prejudicou nesse período?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
6) Teve depressão na gravidez? ( ) sim ( ) não
E no pós parto? ( ) sim ( ) não
Caso responda SIM
Sintomatologia _____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Fez tratamento psicológico/psiquiátrico e/ou neurológico? ( ) sim ( ) não
Qual? Medicamentoso: ( ) Antidepressivo __________________________
( ) Ansiolítico _____________________________
( ) Antipsicótico___________________________
( ) Outros_________________________________
Psicoterapêutico : ( ) individual ( ) grupal
Internação: ( ) sim ( ) não
20) Classificação CID 10 : _________________________________________
_________________________________ Assinatura Avaliador
9. ANEXOS
ANEXOS
220
ANEXO A - Documento de Aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Uberaba-MG
ANEXOS
221
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você, usuária da Unidade Básica de Saúde George Chireé Jardim, do bairro Alfredo
Freire, Uberaba-MG e está sendo convidada, juntamente com seu filho(a) a participar do
estudo Cuidados Primários à Saúde: Depressão materna e aspectos comportamentais de
crianças em idade escolar. O objetivo deste estudo é verificar no contexto do sistema
primário de saúde, as associações entre saúde mental materna e os aspectos emocionais,
cognitivos e comportamentais dos filhos em idade escolar visando à identificação precoce de
crianças que precisam de ajuda psicológica. A participação é voluntária e você poderá retirar
seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo ao seu atendimento. Caso vocês
participem, serão convidados a responderem algumas avaliações em forma de questionários e
entrevista em uma única sessão de aproximadamente uma hora. Quanto ao seu filho,
solicitamos a autorização para avaliá-lo na escola em que estuda, para tal já contamos com a
concordância dos diretores das escolas: Escola Estadual Henrique Kruger e Escola Municipal
Profa. Stella Chaves. Caso ele não estude nestas escolas, podemos avaliá-lo em sua casa. A
participação de cada criança é voluntária e consistirá de uma sessão individual de avaliações
de aproximadamente 40 minutos, onde a criança responderá a um teste psicológico de
avaliação de inteligência e a um questionário que avalia aspectos emocionais. Não será feito,
com você ou com seu filho, nenhum procedimento que lhes traga qualquer desconforto ou
risco à vida.
Pela participação no estudo, vocês não receberão qualquer valor em dinheiro, mas
terão a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão
de sua responsabilidade. Seu nome e o do seu filho(a) não aparecerá em qualquer momento do
estudo, pois serão identificados apenas com um número. Você poderá ter todas as
informações que quiser, inclusive poderá ter a devolutiva dos dados na medida do seu
interesse.
Nas situações em que parecer necessário o encaminhamento para a rede de saúde,
oferecer-se-á orientação para tal, e na medida do seu interesse estamos disponíveis para
apresentar-lhe os dados da sua avaliação e do seu filho.
ANEXO B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
ANEXOS
222
Comprometemo-nos com a divulgação científica das informações colhidas e
assumimos a responsabilidade por qualquer ônus que a participação no estudo possa acarretar.
Qualquer dúvida que você tenha poderá entrar em contato conosco.
Ana Vilela Mendes Dra. Sonia Regina Loureiro
Psicóloga – CRP 23551 Psicóloga – CRP 06/0347
Telefone: (34) 9196-6622 Telefone: (016) 3602-2416
_______________________________ _______________________________
Ana Vilela Mendes Dra. Sonia Regina Loureiro
Pesquisadora responsável- CRP 23551 Pesquisadora orientadora-CRP 06/0347
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, _______________________________________________________________________,
RG________________________________ li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi
para que serve o estudo e quais procedimentos meu filho(a) e eu seremos submetidos. A
explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Entendi que sou livre para
interromper minha participação e de meu filho (a) a qualquer momento, sem justificar minha
decisão e que isso não nos afetará. Sei que nosso nome não será divulgado, que não teremos
despesas e não receberemos dinheiro por participarmos do estudo. Eu concordo em
participar do estudo e autorizo a participação de meu filho (a)__________________________
________________________________. Autorizo e estou ciente de que as avaliações com
meu filho (a) serão realizadas na escola em que ele (a) estuda, sem que tenha prejuízos na sua
rotina escolar, ou em nossa residência dependendo da nossa disponibilidade de horário.
Uberaba, ............./ ................../................
________________________________
Assinatura da voluntária
ANEXOS
223
ANEXO C - Questionário Sobre a Saúde do Paciente-9 (PHQ-9)
Q U E S T I O N Á R I O S O B R E A S A Ú D E D O / A P A C I E N T E - 9 72883
(Portuguese for Brazil version of the PHQ-9)
Durante as últimas 2 semanas, com que freqüência você foi incomodado/a por qualquer um dos problemas abaixo?
Nenhuma vez Vários dias
Mais da metade dos dias
Quase todos
os dias
1. Pouco interesse ou pouco prazer em fazer as coisas 0 1 2 3
2. Se sentir “para baixo”, deprimido/a ou sem perspectiva 0 1 2 3
3. Dificuldade para pegar no sono ou permanecer dormindo, ou dormir mais do que de costume 0 1 2 3
4. Se sentir cansado/a ou com pouca energia 0 1 2 3
5. Falta de apetite ou comendo demais 0 1 2 3
6. Se sentir mal consigo mesmo/a — ou achar que você é um fracasso ou que decepcionou sua família ou você mesmo/a
0 1 2 3
7. Dificuldade para se concentrar nas coisas, como ler o jornal ou ver televisão
0 1 2 3
8. Lentidão para se movimentar ou falar, a ponto das outras pessoas perceberem? Ou o oposto – estar tão agitado/a ou irrequieto/a que você fica andando de um lado para o outro muito mais do que de costume
0 1 2 3
9. Pensar em se ferir de alguma maneira ou que seria melhor estar morto/a
0 1 2 3
SCORING FOR USE BY STUDY PERSONNEL ONLY
0 + ______ + ______ + ______
=Total Score: ______
Se você assinalou qualquer um dos problemas, indique o grau de dificuldade que os mesmos lhe causaram para realizar seu trabalho, tomar conta das coisas em casa ou para se relacionar com as pessoas?
Nenhuma dificuldade
Alguma dificuldade
Muita dificuldade
Extrema dificuldade
Copyright © 2005 Pfizer Inc. Todos os direitos reservados. Reproduzido sob permissão. EPI0905.PHQ9P
Declaro que as informações contidas neste questionário são verdadeiras.
Iniciais do/a paciente: Data:
10. ARTIGO PUBLICADO
Mothers with Depression, School-Age Children withDepression? A Systematic Reviewppc_318 1..11
Ana Vilela Mendes, MD, PhD fellow, Sonia Regina Loureiro, MD, PhD, José Alexandre Crippa, MD, PhD,Carolina de Meneses Gaya, MD, PhD fellow, Lluisa García-Esteve, MD, PhD, andRocio Martín-Santos, MD, PhD
Ana Vilela Mendes, is a Psychologist and PhD Fellow, Department of Neurosciences and Behavior, Division of Psychiatry, Ribeirão Preto School ofMedicine, University of São Paulo (FMRP-USP), Brazil, and a Visiting Researcher, Department of Psychiatry, Institute of Neuroscience, HospitalUniversitario Clinic, IDIBAPS, Barcelona, Spain, and is a member of the National Institute for Translational Medicine (INCT-TM), CNPq, Brazil; SoniaRegina Loureiro, PhD, is an Assistant Professor from the Department of Neurosciences and Behavior, Division of Psychiatry, Ribeirão Preto School ofMedicine, University of São Paulo (FMRP-USP), Brazil, and from the National Institute for Translational Medicine (INCT-TM), CNPq, Brazil; JoséAlexandre Crippa, MD, PhD, is a Consultant in Psychiatry and Assistant Professor from the Department of Neurosciences and Behavior, Division ofPsychiatry, Ribeirão Preto School of Medicine, University of São Paulo (FMRP-USP), Brazil, and Vice-Rector of the National Institute for TranslationalMedicine (INCT-TM), CNPq, Brazil; Carolina de Meneses Gaya, is a Psychologist and PhD Fellow, Department of Neurosciences and Behavior, Division ofPsychiatry, Ribeirão Preto School of Medicine, University of São Paulo (FMRP-USP), Brazil; Lluisa García-Esteve, MD, PhD, is a Consultant at the PerinatalUnit, Department of Psychiatry, Institute of Neuroscience, Hospital Universitario Clinic, IDIBAPS, Barcelona, Spain; and Rocio Martín-Santos, MD, PhD,is a Consultant in Psychiatry, Head of Section, Department of Psychiatry, Institute of Neuroscience, Hospital Universitario Clinic, IDIBAPS, Barcelona,Spain, a Researcher at the National Institute for Translational Medicine (INCT-TM), CNPq, Brazil, and Centro de Investigación Biomèdica en Red deSalud Mental (CIBERSAM), Barcelona, Spain.
Search terms:Children, maternal depression, mental health,school age
Author contact:[email protected]; [email protected], witha copy to the Editor: [email protected]
First Received November 15, 2010; FinalRevision received April 20, 2011; Accepted forpublication June 7, 2011.
doi: 10.1111/j.1744-6163.2011.00318.x
PURPOSE: To carry out a systematic review of the association between maternaland school-age children depression and covariate factors.DESIGN AND METHODS: The key words maternal depression, depressed children,and school-age key words were searched in Medline, Lilacs, Scielo, IndexPsi, andPsycInfo (2004–2010). Clinical and community cross-sectional and longitudinalstudies were included. A qualitative checklist was used.FINDINGS: Thirty studies were included (21.926 dyads). The results supported theassociation, showing several modulators: family environment, marital adjustment,social support, depression symptoms, and children-related variables. Limitationswere nonrandom samples, single informants, and nondepression diagnosis.PRACTICE IMPLICATIONS: Identifying mothers with depression may be usefulfor prevention and early detection of school-age children’s depression.
Mental disorders have been regarded as a relevant publichealth problem in the world population. Among these condi-tions, depressive disorders, especially in mothers, have beenassociated with impaired child development. Depressionaffects 10–20% of women at least once in their lifetime, and inapproximately one third of women depressive symptoms arerecurrent and persist throughout life (Kringlen, Torgersen, &Cramer, 2001; Souery et al., 2007). The incidence of depres-sion is considered especially high in women of childbearingage, mothers, and with low income (Almeida-Filho et al.,2004; Rojas, Fritsch, & Araya, 2002; Weissman et al., 2004).The presence of this condition in mothers may affect themother–child interaction, with negative effects for childdevelopment. Mothers with depression were shown to be lessresponsive to emotional and affective states of their childrenand tend to express more anger, criticism, and sadness thanpositive affects when compared with mothers without
depression (Silk et al., 2009; Toth, Rogosch, Manly, & Cic-chetti, 2006).
Maternal depression has been the most consistent andwell-replicated risk factor for major depressive disorders inchildren. The offspring of depressed mothers have a 2- to3-fold risk compared with controls (Weissman et al., 2006).This happens especially when children are at school age, aperiod when problems become evident in relation to aca-demic performance, low self-esteem (Luoma et al., 2001),relationships with peers, and low social competence (Joor-mann, Talbot, & Gotlib, 2007; McCarty & McMahon, 2003).Among school-age children referred for mental health ser-vices, around 10–20% suffered from depression, comparedwith random samples of children not referred for mentalhealth care, in which these rates are around 2.5% (Miller,2003). Moreover, children with a first depressive episode earlyin life have an increased likelihood of having other episodes
Perspectives in Psychiatric Care ISSN 0031-5990
1Perspectives in Psychiatric Care •• (2011) ••–•• © 2011 Wiley Periodicals, Inc.
later in life (Miller, 2003), thus making it important to detectearly symptoms of depression and to provide immediatetreatment.
Furthermore, the relationship between maternal depres-sion and psychiatric problems in children is complex andmultifactorial (Bergeron et al., 2007; Swartz et al., 2005),including biological (genetic vulnerability, obstetric compli-cations, temperament), environmental (family functioning,care and mother–child interaction, adverse life events, copingwith parental psychopathology), and social (poverty, socialsupport, access to health services) aspects that togethermediate the relationship between maternal depression andchild psychopathology (Essex et al., 2006; Goodman &Gotlib, 1999).
The purpose of this paper was to carry out a systematicreview of studies published in the last 5 years on the associa-tion between maternal depression and depression in school-age children. The paper’s interest was to focus on familyenvironmental and social covariates that may modulate thisassociation, specifically in the school-age period, a critical agein children’s development, and a period of time in whichchildren could be more accessible for prevention and earlydetection of psychopathology. Strengths and weaknesses ofliterature and providing implications for clinical work andrecommendations for future research were highlighted.
Method
Search Strategy and Inclusion and Exclusion Criteria
Search strategy methods and inclusion and exclusion criteriawere specified in advance in a documented protocol. A sys-tematic search was conducted to identify articles reporting onthe relationship between maternal depression and depressionin school-age children. The following computerized data-bases were reviewed for papers published between 2004 andMay 2010: Medline, Lilacs, Scielo, Index Psi, and PsycInfo.After an initial broad search term to ensure the identificationof as many articles as possible, the phrases maternal depres-sion, depressed children, and school-age and their equivalentsin Portuguese and Spanish were used as keywords. This searchreturned a large number of citations, and the titles andabstracts of each article were inspected for relevance. Thisapproach yielded a preliminary database of 134 studies. Onehundred twenty-three records were screened after duplicateswere withdrawn (11 studies). All cross-sectional and longitu-dinal studies performed in community and clinical settingsinvolving mothers with depression and children aged 6–12years were included. Unpublished material or abstracts werenot included. Ninety-three studies focusing specifically onpostpartum and pregnancy depression and those involvingsamples with other psychiatric and general medical condi-tions as well as investigations related to genetics and other
biological factors were excluded. Finally, 30 studies wereincluded in qualitative analysis. Two researchers carried outthe search independently (AM and SR). The revisers did aprior pilot study with 10 papers. Test–retest reliability showeda good level of concordance (kappa 0.80). In case there was noagreement, a third independent researcher decided upon theinclusion or exclusion of the paper. In this study, the reviewershad no contact with study authors to identify additionalstudies or missing information. Figure 1 shows the searchstrategy used in this review.
Variables Recorded From Each Study Included
The following information was recorded for each selectedarticle: year of publication, country, study setting, type ofallocation, number of participants, study design, type and ageof sample, time of assessment, depression rating scales anddiagnostic criteria used, structured interviews used formothers and children, number of informants, use of observa-tional measures (videos or co-observers for interaction andemotional regulation tasks), presence or not of a direct asso-ciation, indirect association and covariates, main findings forunderstanding the association between maternal and child-hood depression.
Quality Assessment
Assessment of the methodological quality of the studies wasbased on a modification of the checklist developed by Mirzaand Jenkins (2004). The 12 criteria assessed were as follows:(a) clear study aims and hypotheses, (b) adequate sample size,
134
Identified Studies
11 Repeated
93 Excluded*
123
Selected Studies
30
Included Studies
14 Cross-sectional 16 Longitudinal
Figure 1. Flowchart of the search strategy of the systematicreview. *Reasons for exclusion: Postpartum and pregnant depression(n = 15); other psychiatric disorders (n = 12); medical and psychologytherapeutic (n = 12); review (n = 10); genereal medical diseases (n = 8);depression in adolescence and adulthood (n = 8); genetic andneurologic studies (n = 5); others (n = 13)
Mothers with Depression, School-Age Children with Depression? A Systematic Review
2 Perspectives in Psychiatric Care •• (2011) ••–•• © 2011 Wiley Periodicals, Inc.
(c) random sample identification, (d) clear inclusion andexclusion criteria, (e) use of multiple sources of information,(f) clear description of the data collection procedure, (g) validmental health assessment, (h) utilization of evaluation andobservational measures, (i) diagnostic confirmation formaternal and childhood depression, (j) good response rate,(k) appropriate statistical analysis, and (l) adequate descrip-tion of data. Each of these items was scored 0 (no), 1 (in part),or 2 (yes), with the highest possible total score being 24.
Results
General Characteristics of the Studies
Thirty studies were included in the review, with a total of21.926 participating dyads. Sample sizes ranged from 9 dyadsto 6.552 dyads, with a mean of 729.9 (�1420.3) and medianof 157.5. Tables 1 and 2 show the individual characteristics ofthe cross-sectional and longitudinal studies included. All thestudies used adapted and validated instruments. With regardto evaluation methods, all the articles adopted individualevaluation by means of instruments applied to mothers, chil-dren, parents, teachers, or healthcare professionals, frequentlyincluding a combination of two or three informants. Of theselected articles, 20 (66.6%) assessed both the direct and indi-rect association between maternal depression and childhooddepression, two (6.6%) examined only the direct association,and eight (26.6%) only the indirect association.
Direct Association Between Maternal andChildhood Depression
Maternal depression was consistently related to childhooddepression in 17 of the cross-sectional and longitudinalstudies reviewed. However, three cross-sectional studies iden-tified this association only in regard to the externalization ofproblems (Foster, Garber, & Durlak, 2008; Herwig, Wirtz, &Bengel, 2004; Low & Stocker, 2005) and one longitudinalstudy only identified this association when covariant factorswere present (Chang, Halpern, & Kaufman, 2007). Finally,Ferriolli, Marturano, and Puntel (2007) found that onlymaternal stress, but not maternal depression, was associatedwith depression in childhood.
Covariates Related to the Association Between Maternaland Childhood Depression
The covariate factors examined were grouped into sociode-mographic variables, family environment, marital adjust-ment, social support, depression clinical factors, andchildren-related variables. There were no differences acrossthe studies in regard to the design used.
Sociodemographic Variables. Most of the studies reviewedshowed that sociodemographic variables were not associated
with maternal and childhood depression, with some excep-tions. Six studies reported that older girls tend to be morevulnerable to the negative impact of maternal depression(Cortes, Fleming, Catalano, & Brown, 2006; Kiss et al., 2007;Leve, Kim, & Pears, 2005; McNaughton, Cowell, Gross, Fogg,& Ailey, 2004; Silk, Shaw, Forbes, Lane, & Kovacs, 2006; Silket al., 2009). Three studies identified that single women weremore likely to be depressed than married women. Moreover,being single and having a low level of education was found tobe associated with maternal depressive episodes and chil-dren’s emotional problems. (Campbell et al., 2009; Rileyet al., 2009; Talati et al., 2007). One study (Chang et al., 2007)showed a positive role of the father in the association.
Family Environmental Variables. These variables were themost explored as mediators of the association between mater-nal and childhood depression in the studies reviewed. Mater-nal depression can affect the mother–child interactionbecause of the poor functioning of the family’s daily life.Negative parenting was found to be significantly related to theonset, maintenance, and severity of depression in childrenand adolescents (Dietz et al., 2008; Elgar, Mills, McGrath,Waschbusch, & Brownridge, 2007; Riley et al., 2009; Shelton& Harold, 2008; Silk et al., 2009). Two longitudinal studiesidentified the mutual influence of family environment andchildhood depression. Depression in children appeared topredict more punitive practices, less affection in the mother–child interaction, and negative parenting (Hipwell et al.,2008; Tompson et al., 2007), especially in the presence of con-current conditions problematic behaviors. Two cross-sectional studies reported that factors mediating maternaldepression were not significantly related to childhood depres-sion. Foster et al. (2008) found an association only for exter-nalized problems, and Fritsch, Montt, Solís, Pilowsky, andRojas (2007) found that maternal depression associated withfamily discord was not significant for childhood depressionaccording to different informants.
Marital Conflict. Studies that assessed the variable “maritaladjustment” suggested that this is an important factor in theassociation between maternal and childhood depression.Marital conflicts consistently related to maternal depressionand, indirectly, to childhood depression (Leve et al., 2005;Low & Stocker, 2005; Shelton & Harold, 2008).
Social Support. Social support was linked both to protectiveand risk factors for maternal and children’s mental health.Mothers and children with depression were more likely toreport the lack of social support from their family (Herwiget al., 2004), partner (Chang et al., 2007; Low & Stocker,2005), and from the public health service (Hipwell et al.,2008; Pilowsky et al., 2008; Weissman et al., 2006).
Mothers with Depression, School-Age Children with Depression? A Systematic Review
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Mothers with Depression, School-Age Children with Depression? A Systematic Review
5Perspectives in Psychiatric Care •• (2011) ••–•• © 2011 Wiley Periodicals, Inc.
Depression Clinical Variables. Severity, chronicity, andconcurrent conditions. Overall, the severity, but not thechronicity, of maternal depression was associated with child-hood depression. However, a longitudinal study suggestedthat severity and chronicity can be associated with a numberof depressive symptoms in children (Campbell, Morgan-Lopez, Cox, & McLoyd, 2009). Higher levels of current mater-nal depressive symptoms were associated with less positiveand more negative maternal behaviors, including lower levelsof laughter, praise, and support of their children’s efforts,fewer constructive and useful suggestions during the task, andmore negative affect, criticism, and controlling behaviors(Foster et al., 2008). The results demonstrated that severalmental health problems in mothers were related to a variety ofmental health problems in their offspring. Some studies iden-tified the presence of a concurrent anxiety condition andpanic disorder among mothers with depression (Weissmanet al., 2004), a condition significantly relating to the severityof children’s depressive disorders (Loeber, Hipwel, Battista,Sembower, & Stouthamer-Loeber, 2009; Pilowsky et al.,2006). These studies demonstrated that children of depressedmothers with concurrent Axis I disorder conditions (general-ized anxiety and panic disorder with agoraphobia) had ahigher prevalence of psychiatric disorders as compared withchildren of depressed mothers without concurrent condi-tions, and that current concurrent anxiety disorder condi-tions in depressed mothers increased the odds for mooddisorders in children (Pilowsky et al., 2006; Weissman et al.,2004). One study identified an association between maternaldepression, presence of comorbidity, and damage in themother–child interaction (Dietz et al., 2008).
Treatment. Of five longitudinal studies that assessed theimpact of maternal depression on children’s mental healthbefore and after treatment, three belong to the North Ameri-can group STAR*D (Sequenced Treatment Alternatives toRelieve Depression) and show that a drug-based treatment ofmothers with major depression was associated with a directreduction of psychiatric symptoms in children (Pilowskyet al., 2008; Talati et al., 2007; Weissman et al., 2006). In agree-ment with Markowitz (2008), this revision noted that chil-dren of mothers who remitted from major depressionreported significantly decreased psychopathology andimproved functioning, whereas children whose mothers didnot remit showed no such change. The reverse relationshipwas not significant; that is, change in children’s psychopa-thology did not mediate subsequent maternal depressivestatus.
Children-Related Variables. Children of depressed mothers,compared with those of nondepressed mothers, have moreproblems in emotional regulation, with a pronouncedimpairment in recognizing positive bases, a greater focus on
negative stimuli of the environment, and less flexibility tochange the focus of their attention (Joormann et al., 2007;Silk et al., 2006). The studies reviewed show that maternaldepression affects the family and may bring as a consequenceemotional insecurity in children, as well as difficulties in regu-lating their own emotions, favoring the emergence of depres-sive symptoms (Joormann et al., 2007; Silk et al., 2006).Moreover, children of depressed mothers with low verbalcompetence (Corapci, Smith, & Lozoff, 2006) and tempera-ment characterized predominantly by fear and shyness hadmore depressive symptoms than children in control groups(Leve et al., 2005).
Methodological Issues of the Studies Included in the Review
Table 3 displays the quality scores of the modified checklistdeveloped by Mirza and Jenkins (2004) for each individualstudy. Quality scores ranged from 16 to 22. Most studies wereof reasonable quality, with over 80% having a score of 18 ormore. However, there was the risk for bias in some of thestudies reviewed. For instance, very few studies (Elgar et al.,2007; Fritsch et al., 2007; Hipwell et al., 2008; Loeber et al.,2009; Weissman et al., 2004) have used random sample iden-tification, which implies that the results had a selection bias.Moreover, not all studies use multiple sources of information(Feder et al., 2008; Ferriolli et al., 2007; Foster et al., 2008;Herwig et al., 2004; Weissman et al., 2004), or used observa-tional measures (Dietz et al., 2008; Feder et al., 2008; Fosteret al., 2008; Joormann et al., 2007; Low & Stocker, 2005; Silket al., 2006, 2009; Tompson et al., 2007). Finally, only some ofthe studies carried out a diagnostic confirmation of both themothers’ and children’s depression (Dietz et al., 2008; Federet al., 2008; Fritsch et al., 2007; Joormann et al., 2007;Pilowsky et al., 2006, 2008; Rishel et al., 2006; Silk et al., 2006,2009; Talati et al., 2007; Weissman et al., 2006). In this sense,those cross-sectional and longitudinal studies reviewed thatdid not find a direct association between depressed mothersand school-age children’s depression (Ferriolli et al., 2007;Foster et al., 2008; Herwig et al., 2004; Low & Stocker, 2005)and (Chang et al., 2007), respectively, showed some method-ological problems (use of a single source of information onthe children’s mental health—the depressed mother, lack ofclear inclusion and exclusion criteria, and clinical diagnosticconfirmation of mothers’ and children’s depression).
Discussion
This review supports the idea that depression in mothers ofschool-age children is associated with childhood depression.Children of depressed mothers, as compared with children ofmothers without a psychiatric history, were shown to havehigher levels of depressive symptoms and clinical depressionduring school years. Most of the studies reviewed observed
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6 Perspectives in Psychiatric Care •• (2011) ••–•• © 2011 Wiley Periodicals, Inc.
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Mothers with Depression, School-Age Children with Depression? A Systematic Review
7Perspectives in Psychiatric Care •• (2011) ••–•• © 2011 Wiley Periodicals, Inc.
that the association between maternal depression and child-hood depression was mediated by several covariate factorslike family environment, marital adjustment, social support,depression clinical factors, and children-related variables.Overall, maternal depression appeared to increase a child’sgeneral risk for psychiatric disorders and specific risk fordepression.
The results of the review suggested that maternal depres-sive symptoms have a pervasive influence on family function-ing, with deleterious effects for the psychological health ofchildren. In this case, parenting difficulties among depressedmothers, including increased hostility and higher rates ofnegative interactions, were the most common covariatefactors discussed in the studies evaluated. One possible expla-nation may be related to the mothers’ depression symptoma-tology that interferes with the way mothers set limits andrules, which can hinder educational practices and more effec-tive parenting. Studies using observational assessments ofmother–child interactions reported that they are less respon-sive to their children’s behavior, communicate less effectively,demonstrate lower synchrony with their infants, and havefewer positive interactions with their children (Dietz et al.,2008; Joormann et al., 2007; Silk et al., 2009; Tompson et al.,2007). Children of depressed mothers may have difficulty dis-engaging attention from a distressing stimulus and may beless flexible in their ability to shift and refocus their attention(Joormann et al., 2007; Silk et al., 2006). These difficulties inemotional regulation likely develop as a result of the exposureto several interrelated risk factors, such as chronic stress,marital conflict, and inherited or acquired biological vulner-ability to emotional dysregulation (Dawson et al., 2001).
Maternal depression was also likely to be indirectly associ-ated with school-age children’s depression through difficul-ties in marital relationships. Depressed mothers were morelikely to attribute hostility to other family members and tohave marriages marked by poor coping skills and more com-munication difficulties than nondepressed women (Low &Stocker, 2005). The effects of the mothers’ depressed moodon children’s internalizing problems could be attenuated oreradicated once marital conflict is taken into account(Shelton & Harold, 2008). It is likely that depressive symp-toms may be so severe that they attenuate the role of otherfamily dynamics in shaping children’s adjustment (Low &Stocker, 2005). These findings point to the need to considerboth levels of individuals (e.g., depressed mood) and dyadicdistress (e.g., marital hostility) in families when interpretinglinks between family functioning and children’s adjustment(Low & Stocker, 2005). Nevertheless, some authors suggestedthat the direction of the associations between marital conflictand depressed mood may be reciprocal (O’Leary, 2002).
Another important point is how mothers and children per-ceive social support. Maternal depressive symptoms com-bined with a perception of lower social support may be
directly associated with major difficulties related to maternalcare, resulting in children with excessive and inappropriatecare (Herwig et al., 2004), exposing them to a higher risk ofinternalizing disorders (Pilowsky et al., 2008). Depressedmothers interact with friends and other social partners withinterpersonal difficulties. Children witness such relationshipsand might take their mother’s behavior as a model for theirown social reactions toward peers and adults (Hammen &Brennan, 2003). The availability of adult contact persons andof perceived social support within and outside the family isdeemed to be a protective factor for children (Herwig et al.,2004; Pilowsky et al., 2008).
The nature of the chronic, severe, and concurrent condi-tions of maternal symptoms may also be relevant when exam-ining adjustment among children of mothers with a history ofmajor depression. The severity of maternal depression con-tributed more to children’s depression than chronicity, butboth made a contribution (Hammen & Brennan, 2003).However, it has been suggested that children of parents withchronic pathologies could develop adaptive mechanisms andresilience to this vital situation (Ingram & Price, 2010;Poletto, Wagner, & Koller, 2004). It should be noted that theresearch on the relationship between maternal and childhooddepression should exercise caution in assuming a unidirec-tional effect of maternal depression on children’s depression.In the few studies that have considered the bidirectionaleffects of maternal and childhood depression, results suggestthat maternal depression appears to be a risk factor for child-hood depression, while the evidence for childhood depres-sion as a risk factor for maternal depression is less clear(Cortes et al., 2006). For example, according to Fritsch et al.(2007), it is possible that the association between the severityof the mother’s illness and children’s symptoms feedback toeach other in a vicious circle—mothers are more severelydepressed because they have children with mental disorders,whereas the mother’s depression worsens the children’ssymptoms. It is necessary to investigate the mutual influencebetween depressed children and mothers.
This study has several limitations. Results cannot be gener-alized because we have reviewed only studies involvingmothers with school-age children. Studies on maternaldepression in other periods of their children’s lives and addi-tional biological factors that may play a different role in thisassociation were not considered in this review. The cross-sectional design of half of the studies included in the reviewdoes not allow for the establishment of a causal pathwaybetween maternal and childhood depression. But, prospec-tive studies showed that current maternal depression is a riskfactor for depression in school-age children.
Although the revised articles have a certain degree of het-erogeneity, their quality was reasonably good. The power ofthe sample was adequate in all but one of the revised articles.However, the issue of other biases that may limit findings
Mothers with Depression, School-Age Children with Depression? A Systematic Review
8 Perspectives in Psychiatric Care •• (2011) ••–•• © 2011 Wiley Periodicals, Inc.
should be addressed, such as that few studies randomizedsample identification, there was no data relating to the blind-ness of the clinical assessment of mothers and school-agechildren of each study, nor the lost on follow-up of the longi-tudinal studies, and especially the issue of publication biasesthat we did not explore.
Moreover, the majority of the studies used validateddepression screening instruments to assess mothers and chil-dren, but few studies used a diagnostic tool for both mothersand children in their design. The use of multiple sources ofinformation was not a general practice in the studies includedin this review. Many of the investigations relied on maternalreports about their children’s mood. Maternal psychiatricdisorders have been shown to affect mothers’ reports of theirchildren’s symptomatology (Grills & Ollendick, 2002). Forthis reason, it is important to enroll more than one informant.Studies analyzing the presence of marital conflict in associa-tion with maternal depression did not consider the presenceof intimate partner violence. The current literature indicatesthat intimate partner violence is strongly related to depres-sion (Renner, 2009), particularly for low-income women(Connelly, Baker-Ericzen, Hazen, Landsverk, & Horwitz,2010), in addition to being indirectly associated with depres-sion in school-age children (Graham-Bermann, Gruber,Howell, & Girz, 2009). Furthermore, not all studies consid-ered several modulating factors that might be important,such as concomitant father psychiatric disorders, life events,and social support. Therefore, future prospective researchshould take into account several aspects that this review high-lights, such as the use of random samples, multiple sources ofinformation, blindness of assessments, clinical diagnosis, lostto follow-up, observational methods to study the interactionof mothers–school-age children, and to assess a wider rangeof other potential risk factors to better understand the riskmodels and to ensure that effective prevention and interven-tion strategies can be developed.
Implications for Nursing Practice
The findings of the review have several implications for clini-cal work and nursing practice. Poor maternal mental healthhas serious implications for the health of women and theirchildren. Increased recognition and treatment of maternaldepression are needed and early detection and screening ofthe offspring of mothers with multiple forms of psychiatricdisorders are still uncommon. Loeber et al. (2009) proposethat such early screening is warranted and would facilitate theearly identification and possible participation of children instrategies to prevent mental disorder development. In thecontext of intervention and in regard to nursing practices,several studies (Dietz et al., 2008; Herwig et al., 2004;McNaughton et al., 2004; Weissman et al., 2004) have pointedto the need for interventive practices focusing on information
and training for parents regarding educational practices,forms of parental care, family functioning, and quality ofmarital and family relationships, which are accessible to themajority of the population. Moreover, that highlights theimportance of early screening for maternal depression andcollaborating with nurses and other providers in vast practicesettings, such as primary care, baby clinics, and publicschools, to identify women and school-age children at risk forthe long-term sequels of untreated depression.
Role of Funding
AVM and CMG are fellowship recipients from Fundacão deAmparo à Pesquisa do Estado de Sao Paulo (FAPESP, Brazil).SRL and JAC are productivity fellowship recipient awardeesfrom the Conselho Nacional de Desenvolvimiento Científicoe Tecnológico (CNPq, Brazil). RMS, LGE, and JASC arerecipients of SGR2009/1435 (Catalunya, Spain). The studywas partially supported by a grant from the Fundação deApoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência do Hospital das Clíni-cas da Faculdades de medicina de Ribeirão Preto da Univer-sidade de São Paulo (FAEPA, Brazil).
Conflict of Interest
The authors report no actual or potential conflicts of interest.
Acknowledgment
We thank all mothers and children that participated in thestudy.
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