Upload
others
View
4
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
EFEITO DA VELOCIDADE DE EXECUÇÃO E TEMPO DE DURAÇÃO DAS REPETIÇÕES
E SÉRIES NO TREINO RESISTIDO NA HIPERTROFIA MUSCULAR EM INDIVÍDUOS DO
SEXO MASCULINO: REVISÃO SISTEMÁTICA
MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO
BRUNO ALEXANDRE AZEVEDO DA SILVA
Orientadores:
PROFESSOR DOUTOR JOSÉ MANUEL VILAÇA MAIO ALVES
PROFESSOR MESTRE RUI JORGE CANÁRIO ÁLVARES DE LEMOS
VILA REAL, 2020
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
EFEITO DA VELOCIDADE DE EXECUÇÃO E TEMPO DE DURAÇÃO DAS REPETIÇÕES
E SÉRIES NO TREINO RESISTIDO NA HIPERTROFIA MUSCULAR EM INDIVÍDUOS DO
SEXO MASCULINO: REVISÃO SISTEMÁTICA
Bruno Alexandre Azevedo da Silva
VILA REAL, 2020
ii
Este projeto de dissertação foi expressamente
elaborado como dissertação original para o efeito
de obtenção do grau de Mestre em Ciências do
Desporto.
iii
The growth of knowledge depends entirely upon disagreement – Karl Popper
iv
Agradecimentos
Quero agradecer em primeiro lugar à minha família, pois foram um apoio fundamental para
que esta etapa da minha vida se concretizasse, concretamente ao meu tio Rui Silva, ao meu
pai Mário Silva, à minha mãe Deolinda Sousa, e aos meus avos Mário Silva e Antonieta Silva.
Várias foram as vezes que devido ao meu trabalho não tinha mais autocarros disponíveis para
Vila Real aos Domingos, pois eu saía às 21-22h do mesmo e o meu tio e pais me levavam de
carro para Vila Real, de forma que pudesse não faltar às aulas de Segunda-Feira de manhã,
o que era um enorme sacrifício para os mesmos, pois só faziam muito quilómetros e
chegavam muito tarde a casa.
Outra pessoa a quem quero agradecer é à Cátia Fernandes, uma pessoa incrível que conheci
no primeiro ano de mestrado e me deu imenso suporte e apoio emocional ao longo destes
dois anos, foi um pilar. Foi sem dúvida, uma peça fundamental nesta importantíssima jornada,
que foi o Mestrado em Ciências do Desporto.
Alguém que também teve um papel de destaque ao longo destes foi anos, que contribuiu para
esta tese e para o meu desenvolvimento enquanto profissional, com a discussão de ideias e
partilha de conhecimento, foi a minha colega de profissão, amiga e agora parceira de negócio,
Júlia Silva.
Quero agradecer também a um grande amigo e mentor, Pedro Asseiceira, que indiretamente
me ajudou imenso nesta jornada, pois incutiu e apurou em mim, através das nossas conversas
informais, um alicerce fundamental no ensino e na ciência, o pensamento crítico, que me fez
olhar com outros olhos para todos os artigos analisados e consequentemente, desenvolver
esta tese da forma como foi desenvolvida.
Agradecer também ao José Vilaça, Rui Lemos, Rafael Peixoto, Bruno Nobre, João José e
José Leitão por toda a disponibilidade e prontidão para esclarecer todas as minhas dúvidas
que foram surgindo durante a redação desta tese, pois sem eles ela não se apresentaria da
mesma forma, um grande obrigado a todos.
v
INDÍCE GERAL
Índice de Figuras .......................................................................................................... vi
Lista de Tabelas .......................................................................................................... vii
Lista de Abreviaturas .................................................................................................. viii
Resumo ........................................................................................................................ ix
Introdução .................................................................................................................... 1
Materiais e Métodos ..................................................................................................... 6
Questão e Protocolo ................................................................................................. 6
Critérios de Elegibilidade e Estratégia de Pesquisa .................................................. 6
Seleção, Extração de Dados, Síntese de Dados, Avaliação da Qualidade ............... 7
Inclusão .................................................................................................................... 9
Triagem .................................................................................................................... 9
Identificação ............................................................................................................. 9
Revisão Sistemática ................................................................................................... 10
Resultados .............................................................................................................. 10
Análise dos Resultados ....................................................................................... 14
Discussão ............................................................................................................... 18
Conclusões ............................................................................................................. 27
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 28
vi
Índice de Figuras
Figura 1: PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses)
Fluxograma da Pesquisa da Literatura ......................................................................... 9
vii
Lista de Tabelas
Tabela 1: Síntese da Qualidade de Evidência dos Artigos Selecionados na Revisão
Sistemática ...........................................................................................................................10
Tabela 2: Avaliação da Hipertrofia Muscular em Indivíduos do Sexo Masculino ...................11
viii
Lista de Abreviaturas
TR – Treino Resistido
AC – Ação Concêntrica
AE – Ação Excêntrica
AI – Ação Isométrica
AST – Área de Secção Transversa
CBV – Cadência de Baixa Velocidade
CAV – Cadência de Alta Velocidade
FC – Flexores do Cotovelo
FM – Força Muscular
FMM- Falha Muscular Momentânea
EJ- Extensores do Joelho
HM – Hipertrofia Muscular
MM – Massa Muscular
TST – Tempo Sob Tensão
RM – Repetição Máxima
VT – Volume de Treino
PCQT - Tomografia Computadorizada Quantitativa Periférica de Alta Resolução
DEXA - Absorciometria de Raio-X de Dupla Energia
IRM – Imagem Ressonância Magnética
IUS - Imagem Ultrassom
ix
Resumo
O objetivo desta dissertação foi efetuar uma revisão sistemática sobre o impacto da
velocidade de execução e do tempo de duração das repetições, nos exercícios resistidos, na
hipertrofia muscular (HM) em indivíduos do sexo masculino. Para o efeito foram utilizados
ensaios clínicos randomizados, apenas na língua anglo-saxónica, até 15 de março de 2020,
onde a procura dos mesmos foi realizada em 3 bases de dados: Pubmed, Scopus e Web of
Science, utilizando as seguintes palavras-chave isoladamente e combinadas: “Resistance
Training” or “Resistance Exercise” and “Slow Movement” or “Fast Movement” or “Velocity” or
“Cadence” and “Muscle Size” or “Muscle Hypertrophy” or “Cross Sectional Area” and
“Repetition”. Após a pesquisa e tendo em conta os critérios de inclusão e exclusão foram
obtidos 6 estudos. Nos estudos selecionados os participantes (n=149) não possuíam
experiência no treino com exercícios contra resistência, em que em cinco desses estudos os
participantes eram jovens e em idosos. Em relação aos métodos de avaliação da HM, (33,3%)
dos estudos utilizaram a Imagem de Ressonância Magnética; (50%) Imagem de Ultrassom;
(16,6%) DEXA; e apenas um estudo (16,6%) utilizou Tomografia Computadorizada
Quantitativa Periférica de Alta Resolução (PCQT). A qualidade metodológica dos estudos foi
analisada através da escala Downs and Black. Os resultados desta revisão sistemática
demonstraram que parecem não existir diferenças significativas entre executar as repetições
com baixa ou alta velocidade de execução. Tendo em conta os estudos observados nesta
revisão sistemática, parecem não existir diferenças significativas da implementação de
diferentes velocidades de execução e diferentes tempo sob tensão (TST) por repetição e
série, na HM em indivíduos do sexo masculino sem experiência. Contudo, deverá ser realçado
que a qualidade metodológica dos estudos existentes e analisados foi fraca-média, como tal,
é necessária a realização de estudos com maior qualidade metodológica e em outras
populações, até que se possam criar recomendações sólidas sobre esta temática.
x
Abstract
The objective of this dissertation was to provide a systematic review on the impact of execution
speed and repetition duration of resistance exercise on male individual’s Muscular Hypertrophy
(HM). In order to do that, randomized clinical trials were used, exclusively in the English
language, up until March 15, 2020, with no time skip, having the research been performed on
3 databases: “Pubmed”, “Scopus” and “Web of Science”, using the following key-words both
separately and together: “Resistance Training” or “Resistance Exercise” and “Slow Movement”
or “Fast Movement” or “Velocity” or “Cadence” and “Muscle Size” or “Muscle Hypertrophy” or
“Cross Sectional Area” and “Repetition”. After research, and considering the inclusion and
exclusion criteria, 6 studies were selected. In the selected studies, participants (n=149) did not
possess prior resistance training experience. Of all the studies, the sample of five of them were
composed of young participants and the participants of the remaining study were all elderly.
Relatively to evaluation methods of MH, 33,3% of the studies used Magnetic Resonance
Imaging; 50% Ultrasound Imaging; 16,6% DEXA; e only one study used High-Resolution
Peripheric Computerized Quantitative Tomography (PCQT). The studies’ methodologic quality
was analyzed through the Downs and Black scale. The results of this systematic review have
shown that there appear to exist no significative changes between executing repetitions with
a higher or lower cadence. Considering the studies included in this systematic review, there
appear to be no significative differences between varying execution speed nor time under
stress (TST) both per repetition and set, on inexperienced males’ HM. However, both the
existing and analyzed studies’ methodological quality was weak/average and, as such, higher
methodological quality studies need be performed and in more diverse populations until solid
recommendations can be built on this matter.
1
Introdução
A prática de exercício físico para a obtenção de força muscular (FM) e hipertrofia muscular
(HM) tem sido popular em pessoas de ambos os sexos, quer sejam jovens ou idosos (Ivey et
al., 2000; Kosek et al., 2006). Por definição, a HM consiste no aumento do tamanho do tecido
muscular. Durante o processo de HM, os elementos contráteis aumentam e a matriz
extracelular expande-se de forma a acompanhar e apoiar esse crescimento (Schoenfeld,
2010). Esse crescimento ocorre pela adição e/ou aumento de sarcómeros e miofilamentos em
paralelo (Paul & Rosenthal, 2002; Tesch & Larsson, 1982), aumentando os elementos não
contráteis e/ou líquido sarcoplasmático e aumento do número de núcleos, fornecido pelas
células satélites, ao tecido muscular (Vierck et al., 2000). Nesse contexto, a evidência
científica parece indiciar que a manipulação adequada das variáveis do treino com o objetivo
de obtenção de FM e HM, tais como, seleção dos exercícios, número de repetições, número
de séries, carga, frequência semana, descanso entre séries e exercícios, entre outras, é um
fator fundamental na maximização dessas adaptações musculares. (Ratamess et al., 2009).
No entanto, uma variável de treino comumente negligenciada é a velocidade de execução
com que as repetições são realizadas (cadência).
A cadência trata-se da velocidade a que é realizada o movimento ou o tempo que o segmento
corporal, ou conjunto de segmentos, se mantêm na mesma posição durante a execução do
exercício, sendo divididas em 3 fases: ação concêntrica (AC), ação excêntrica (AE) e ação
isométrica (AI). A cadência em termos de referência na planificação do treino é expressa em
3 dígitos, onde o primeiro, por norma, trata-se do tempo em segundos da AC foi executada, o
segundo refere-se ao tempo da AI, que corresponde ao tempo de transição entre a fase final
da AC e o inicio AE, onde não existe movimento externo do corpo e objeto e por último temos
a AE (Wilk et al., 2018). Em alguns casos, na planificação do treino, pode-se referir 4 dígitos,
sendo o 4º uma nova AI, nova fase de transição, mas desta vez entre a AE e AC. Uma
cadência de 3:0:3 refere-se a uma cadência em que a velocidade de execução da AC teve a
duração de 3 segundos, 0 segundos de AI e 3 segundos de AE (Schoenfeld et al., 2015).
Duas recentes meta-analises parecem sugerir que não existem diferenças significativas entre
a execução no treino de HM os exercícios a uma cadência de baixa velocidade (CBV) ou a
uma cadência de alta velocidade (CAV) (Hackett et al., 2018; Schoenfeld et al., 2015).
Contudo, algumas considerações metodológicas, dos estudos incluídos nas revisões referidas
anteriormente, podem ter influenciado o resultado dos mesmos, nomeadamente o método de
avaliação da HM, o sexo e a idade cronológica dos participantes nos estudos.
Existem dois métodos para se realizar a avaliação da HM, macroscópicos e microscópios
(Haun et al., 2019). Dentro dos métodos macroscópicos temos a Imagem de Ultrassom (IUS),
que avalia a espessura muscular, a Tomografia Computadorizada Quantitativa Periférica de
2
Alta Resolução (TCQP) e Imagem de Ressonância Magnética (IRM) para a avaliação da Área
de Secção Transversa (AST) e também a Absorciometria de Raio-X de Dupla Energia (DEXA)
para a avaliação da massa corporal magra. A HM também pode ser avaliada usando um
método de avaliação microscópica que envolve a recolha de amostras de biópsia muscular.
Este método microscópico poderá providenciar informações sobre os efeitos de uma
determinada intervenção em diferentes tipos de fibras musculares. A principal vantagem dos
métodos macroscópicos é sua alta confiabilidade (Haun et al., 2019). Nenhuma avaliação está
livre de limitações. A IUS depende da habilidade do avaliador, a TCQP expõem os
participantes a radiação e a avaliação através da IRM é extremamente dispendiosa (Haun et
al., 2019). A avaliação microscópica é uma avaliação muito sensível. A principal dificuldade
ao realizar uma biópsia, é que esta deverá ser feita no mesmo local do músculo, sendo esta
exatidão, algo extremamente difícil de ser alcançável (Haun et al., 2019).
Tendo em conta o método macroscópico de avaliação da HM, a IRM e a TCQP, são
consideradas como os métodos Gold Standard (Ahtiainen et al., 2009), seguidos dos métodos
DEXA (Kim, Wang et al., 2018) e IUS (Ahtiainen et al., 2009). Na revisão de (Schoenfeld et
al., 2015) foram incluídos trabalhos que avaliam a HM através de biopsia muscular e não do
músculo todo em si, podendo variar tendo em conta o local de recolha entre momentos. Desta
forma, a biópsia possui problemas de confiabilidade na avaliação da HM (Haun et al., 2019),
de modo que nesta revisão sistemática apenas foram considerados os trabalhos que
utilizassem métodos macroscópicos.
Em relação ao sexo dos participantes dos estudos incluídos nas revisões de literatura de
Hackett et al., (2018) e Schoenfeld et al., (2015), ambas incluíam estudos que possuíam
participantes de ambos os sexos, o que poderá comprometer os resultados finais (Ivey et al.,
2000) e consequentemente levar a que sejam retiradas conclusões enviesadas.
Por fim, em relação à idade cronológica dos estudos incluídos nas revisões de literatura de
Hackett et al., (2018) e Schoenfeld et al., (2015), em ambas foram incluídas populações muito
dispares, desde jovens (>18-65 anos) e idosas (>65 anos), o que pode, tal como os sexo,
interferir com os resultados e criar conclusões e recomendações enviesadas (Ivey et al., 2000;
Welle et al., 1996).
A capacidade de executar as repetições com uma CBV ou CAV poderá ser intencional ou não
intencional. Isto é, o indivíduo poderá escolher realizar o exercício a uma CBV de forma
intencional, ou seja, escolhendo mover a carga externa a uma determinada velocidade pré-
estabelecida, mesmo sendo capaz de a mover a uma maior ou menor velocidade. No entanto,
a velocidade de execução do movimento também poderá ser não intencional, caso o indivíduo
execute o exercício com uma quantidade elevada da carga externa (Pareja-Blanco et al.,
3
2017) ou este encontrar-se perto da falha muscular momentânea (FMM) (Ratamess et al.,
2009).
Parecem existir 3 fatores primários para que a resposta hipertrófica se inicie: Tensão
Mecânica, Stress Metabólico e Danos Musculares (Schoenfeld, 2010).
A evidência científica parece indicar que os mecanossensores são sensíveis à aplicação de
carga e duração do estímulo e esses estímulos parecem ativar a sinalização intracelular que
cronicamente poderá causa HM (Schoenfeld, 2016).
Consequentemente, vários investigadores propõem que a tensão mecânica é um dos
mecanismos que parece induzir a sinalização intracelular da resposta hipertrófica ao TR (Fry,
2004; Goldberg et al., 1975).
Num trabalho de (Schoenfeld et al., 2014), foram recrutados 20 jovens, do sexo masculino,
com experiência no TR , e divididos em 2 grupos de treino, Strength Training (ST) e
Hypertrophy Training (HT), onde o VT (repetições x carga, neste trabalho em específico) era
equalizado. Os exercícios realizados eram os mesmos em ambos os grupos (Incline Barbell
Press, Flat Barbell Press, Hammer Strength Chest Press, Wide-Grip Lat Pulldown, Close-Grip
Lat Pulldown, Seated Cable Row, Barbell Back Squat, Machine Leg Press e Machine Leg
Extension), realizavam as suas séries até à FMM e treinaram 3 vezes por semana (em dias
não consecutivos) durante 8 semanas consecutivas. As variáveis distinguiam-se em: na %
1RM utilizada; no número de repetições (2-4RM vs 8-12RM, ST e HT, respetivamente); no
tempo de descanso entre séries (180 segundos vs 90 segundos, ST e HT, respetivamente);
e no número de séries (7 vs 3 séries, ST e HT, respetivamente). Foi avaliada a HM do músculo
Bicípite Braquial com recurso à IUS (Bodymetrix Pro System; Intelametrix Inc., Livermore, CA,
USA). Após 8 semanas não foram encontradas diferenças significativas entre grupos (12,6%
vs 12,7%, grupo HT e ST, respetivamente). O grupo ST, apesar de ter obtido menores tempos
sob tensão (TST), induziu uma HM semelhante no músculo bicípite braquial (Schoenfeld et
al., 2014). Este trabalho parece sustentar que tensão mecânica poderá ter um papel
importante na HM.
Outro fator proposto que parece ter alguma relevância na indução do anabolismo é o stress
metabólico (Mccully et al., 2015; Schott et al., 1995; Smith & Rutherford, 1995). O stress
metabólico é definido como pelo acumulo de metabólitos induzidos pelo exercício físico, tais
como lactato, fosfatos inorgânicos, catiões hidrogénio e radicais livres de oxigénio (Suga et
al., 2009; P. Tesch, 1986). Parece que o acúmulo do conjunto de metabólitos, anteriormente
referidos, poderá ter um impacto superior na HM comparativamente ao seu impacto no
desenvolvimento de FM (Shinohara et al., 1998), embora o tema não seja consensual (Follan
et al., 2002). Este mecanismo parece ser maximizado em exercícios que envolvam em grande
magnitude o sistema anaeróbio lático na produção de energia. Este sistema é predominante
4
em atividades com duração entre os 15 a 120 segundos, causando um acúmulo dos tais
metabólitos que poderão causar uma fadiga periférica (Robbins et al,, 2010). A realização de
AI dos extensores do joelho com uma intensidade de 70% da contração voluntária máxima,
num equipamento isocinético, parece indicar que esforços contínuos promovem níveis mais
elevados de stress metabólico comparativamente a esforços intermitentes, com o TST e
volumes totais (VT) equalizados (Schott et al., 1995), podendo indicar que níveis superiores
de stress metabólico poderão levar a uma resposta hipertrófica superior nos músculos
extensores dos joelhos (EJ) (Schott et al., 1995).
A realização da extensão do joelho no equipamento knee extension (Galaxy Sport, Germany)
a uma baixa intensidade (30% 1RM), por idosos do sexo masculino e feminino sem
experiência no treino contra resistência (TR), duas vezes por semana, durante 12 semanas,
a uma CBV de execução e durante TST elevados, parece induzir níveis superiores de stress
metabólico comparativamente à execução do mesmo exercício à mesma intensidade, mas a
CRV e durante TST menores, no qual parece induzir uma resposta hipertrófica
significativamente superior, avaliada através de IRM (AIRIS mate; Hitachi Medical, Tokyo,
Japan) nos músculos extensores de joelho (Watanabe et al., 2013), mesmo com o VT sendo
equalizado (Watanabe et al., 2013). No entanto, estes resultados parecem não se manifestar
em jovens do sexo masculino sem experiência no TR, na HM dos músculos extensores de
joelho (avaliada através de imagem de ressonância magnética, (AIRIS mate; Hitachi Medical,
Tokyo, Japan), quando comparadas a utilização de intensidades de carga de 50% versus 80%
1RM e com cadências de execução de 3:1:3:0 e 1:0:1:0, respetivamente, mesmo com o VT
equalizado (séries x repetições) na realização do movimento articular de extensão de joelho
em aparelho de musculação (Tanimoto & Ishii, 2006).
A prática de exercício físico que provoque alterações na homeostasia do corpo do praticante
poderá provocar danos no sistema musculoesquelético (Ebbeling & Clarkson, 1989, 2002).
Esse dano, é definido como “Dano Muscular” ou “Micro-Traumas”, e estes podem ser
específicos para algumas macromoléculas do tecido ou causar grandes danos no sarcolema,
na lamina basal, no tecido conjuntivo e nos elementos contráteis do citoesqueleto (Vierck et
al., 2000). A magnitude dos danos musculares depende de diversos fatores, sendo
influenciada por variáveis como o tipo de treino, a intensidade, o nível de treino do indivíduo,
o tempo de duração total da atividade (Malm, 2001).
Parece que a magnitude do dano muscular é influenciada pelo tipo de ação articular realizada.
Todas as ações articulares poderão causar dano muscular, no entanto, a evidência parece
apontar que as AE são as causadoras de maior quantidade de danos musculares (Gibala et
al., 1995). A realização de AE dos flexores do cotovelo por parte de indivíduos do sexo
masculino sem experiência no TR na máquina isocinética (Cybex 6000, Ronkonkoma, NY,
5
U.S.A.), a CAV de execução (210º·s-1), parece induzir valores de dano muscular superiores
(Newton & Sacco, 2006) comparativamente a realizar o mesmo movimento a uma CBV (30º·s-
1), com o TST equalizado, o que poderá levar a uma resposta hipertrófica superior
(Schoenfeld, 2016).
Uma variável que tem vindo a ganhar notoriedade é o TST. Ainda não parece haver um
consenso na literatura científica sobre o efeito desta variável na HM. (Burd et al., 2012)
comparou a realização do movimento de extensão do joelho num equipamento de musculação
Leg extension por parte de indivíduos do sexo masculino com experiência no TR. Os
participantes realizaram 3 séries do exercício de forma unilateral com 30% 1RM até à falha
muscular momentânea, um membro realizou o exercício a uma cadência 6:0:6:0 (6 segundos
de AC, 0 segundos de AI, 6 segundos de AE, 0 segundos de AI) e o outro com a cadência
1:0:1:0 (1 segundos de AC, 0 segundos de AI, 1 segundos de AAE, 0 segundos de AI) (Burd
et al., 2012). Foi verificado que a resposta da síntese proteica miofibrilar do músculo Vasto
Lateral, 24 e 36 horas após sessão de exercícios foi superior na perna com CBV e maiores
TST, e hipoteticamente poderá cronicamente levar a maiores adaptações a nível da HM
(Tipton & Wolfe, 2001). De realçar que, não sabemos se os indivíduos de facto atingiram a
falha muscular momentânea, ou se devido à acidose muscular promovida pelos altos TST
interromperam a execução do exercício antes que a falha muscular momentânea fosse
alcançada. No entanto, estes resultados não vão de encontro aos resultados encontrados por
(Mitchell et al., 2014), que realizou uma intervenção de 16 semanas de TR em indivíduos do
sexo masculino sem experiência no TR (Mitchell et al., 2014), onde não foi verificada uma
relação entre maiores níveis de síntese proteica miofibrilar agudas (até 6h pós treino) e
maiores ganhos de hipertrofia muscular. De realçar que no trabalho de (Mitchell et al., 2014)
foram utilizados dois padrões de avaliação da HM gold standard, IRM (Mitsiopoulos et al.,
2018) para avaliar a AST do Quadricipite Femoral e a DEXA (Kim et al., 2018) para avaliar a
massa gorda e massa magra do corpo total e que em ambas as pesquisas foi fornecido aos
participantes um suplemento proteico.
Após esta breve reflexão, é possível afirmar que ainda não existe uma evidência científica
robusta e sustentada sobre qual o efeito que diferentes cadências de execução das repetições
e se o TST por repetição e série têm na HM. Como tal, torna-se pertinente efetuar uma revisão
sistemática que tente esclarecer o efeito destas variáveis na HM de indivíduos do sexo
masculino.
6
Materiais e Métodos
Questão e Protocolo
Foi realizado um estudo de revisão sistemática com o objetivo de abordar a seguinte questão:
Será que a velocidade de execução e o tempo de duração das repetições no TR tem influência
na resposta hipertrófica muscular em indivíduos do sexo masculino.
Para a construção do presente estudo, foi utilizado como modelo as diretrizes dos principais
itens para relatar Revisões Sistemáticas e Meta-análises, o sistema PRISMA (Liberati et al.,
2009).
Critérios de Elegibilidade e Estratégia de Pesquisa
De forma que os critérios fossem de encontro da declaração do PRISMA, 3 avaliadores
realizaram, de forma independente, a leitura e análise de artigos publicados, apenas na língua
anglo-saxónica, até 15 de Março de 2020. A procura artigos foi realizada nas bases de dados
Web of Science, Scopus e Pubmed. Os revisores utilizaram as seguintes palavras chave na
seguinte sequência: “Resistance Training” OR “Resistance Exercise” AND “Slow Movement”
OR “Fast Movement” OR “Velocity” OR “Cadence” AND “Muscle Size” OR “Muscle
Hypertrophy” OR “Cross Sectional Area” AND “Repetition”.
No Pubmed após a pesquisa avançada desta específica combinação de palavras chave, foi
utilizado um filtro de procura avançado: “Ages: adult (19+years)” + “Species: humans” + “Sex:
male” + “Language: “english”.
Já na base de dados Scopus após a pesquisa avançada das palavras chave foram incluídas
apenas as áreas de estudo “Medicine (735)” e “Health Professions (577)”, sendo excluídas as
restantes áreas disponibilizadas: “Physics and Astronomy (1)” + “Materials Science (1)” +
“Materials Science (1)” + “Dentistry (1)” + “Business, Management and Accounting (1)” + “Arts
and Humanities (1)” + “Computer Science (2)” + “Chemistry (2)” + “Pharmacology, Toxicology
and Pharmaceutics (3)” + “Immunology and Microbiology (3)” + “Environmental Science (3)” +
“Chemical Engineering (4)” + “Phychology (10)” + “Engineering (10” + “Multidisciplinary (14)”
+ “Social Sciences (25)” + Agricultural and Biological Sciences (26)” + “Neuroscience (35)” +
“Nursing (55)” + Biochemistry, Genetics and Molecular Biology (271)”. De seguida, foi utilizado
um filtro de procura avançado: “Document type: article” + “Publication Stage: Final” +
“Language: English” + “Source Type: Journals”.
Na base Web of Science, após a pesquisa avançada das palavras chave foi realizado um filtro
de procura avançado: “Type Docu: Article” + “Language: English” + “Category: Sports
Science”.
7
Seleção, Extração de Dados, Síntese de Dados, Avaliação da Qualidade
O processo de seleção dos artigos deu-se a partir de uma sequência de passos:
1. Análise baseada nos títulos e resumos dos artigos nas bases de dados mencionadas;
2. Importação dos estudos identificados para o software ZOTERO;
3. Eliminação dos estudos duplicados intra e inter bases de dados;
4. Identificação das pesquisas que possivelmente cumpram com os critérios do objeto de
estudo, através da leitura dos títulos e resumos, o que levou à exclusão dos trabalhos
que não se encaixavam com o objetivo da pesquisa;
5. No final, foi realizada a leitura na integra dos artigos por 2 autores de forma a reduzir
o viés de análise, e caso tivesse sido necessário, teria sido recorrido a outro autor,
medida que não foi necessária. Esta leitura e análise permitiu a aplicação dos critérios
de inclusão, exclusão e elegibilidade, atendendo os critérios da escala Downs and
Black (Downs & Black, 1998).
Foram adotadas como critérios de inclusão e exclusão as seguintes condicionantes:
A pesquisa necessitava de ter um delineamento de estudo com característica das pesquisas
como ensaios clínicos randomizados, de forma longitudinal, com os seus resultados
publicados na língua anglo-saxónica, sem qualquer tipo de corte temporal, em indivíduos do
sexo masculino, com idade ≥18 anos, onde não pudessem ter sofrido qualquer tipo de
intervenção cirúrgica ou possuir qualquer tipo de lesão musculoesquelética, com intervenções
com duração de pelo menos 4 semanas e em que fossem medida a EM e/ou área de secção
transversa do músculo (AST) e/ou Massa Magra Isente de Gordura (MMIG) fosse medida de
forma direta.
De realçar que foram excluídos da amostra final os arquivos de literatura cinzenta como:
(1) arquivos indisponíveis nas bases de dados utilizadas; (2) capítulos de livros, dissertações
e teses; (3) palestras e resumos de congressos (Hopewell et al., 2007). As buscas foram
realizadas entre os meses março e abril de 2020.
O fluxograma (ver fig.1), apresenta os processos de inclusão dos estudos na revisão
sistemática, da identificação nas bases de dados até à seleção final dos estudos.
Após aplicadas as estratégias iniciais de procura foram encontrados inicialmente 2926
estudos com potencial de inclusão. Após o processo de triagem dos duplicados e elegibilidade
através do título e resumo dos estudos inicial foram obtidos 2662 estudos elegíveis para a
análise e após a leitura integral dos estudos foram selecionados 14, 8 foram excluídos nesta
8
fase devido ao facto de não atenderem aos critérios de elegibilidade. Para a realização desta
revisão foram incluídos no final 6 estudos (Figura 1).
9
Artigos identificados por meio da
busca nos bancos de dados
(N=2,926)
PUBMED (N=600), SCOPUS
(N=593), WEB OF SCIENCE
(N=1733)
Tri
ag
em
In
clu
sã
o
Iden
tifi
cação
Artigos adicionais
identificados através de
outras fontes
(n = 0)
Artigos após duplicação removida
(n = 2,662)
Artigos selecionados
(n = 2,662)
Artigos excluídos pelo título e
resumo porque não atendem
aos critérios de elegibilidade
(N=2,648)
Artigos de texto completo
avaliados para elegibilidade
(n = 14)
Artigos de texto completo
excluídos por incluírem
mulheres
(n = 8)
Estudos incluídos na síntese
qualitativa
(n = 6)
Estudos incluídos na síntese
quantitativa (metanálise)
(n = 6)
Figura 1: PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) Fluxograma da Pesquisa da Literatura
10
A qualidade metodológica dos estudos revistos foi avaliada de forma independente por três
revisores, utilizando uma lista de verificação com vários 28 critérios (onde foram apenas
considerados 27) de acordo com a escala Downs and Black (Downs & Black, 1998).
Tabela 1: Síntese da Qualidade de Evidência dos Artigos Selecionados na Revisão
Sistemática
PONTUAÇÃO DO ESTUDOS
Tim N. Shepstone et
al. (2005)
20
Michiya Tanimoto et
al. (2006)
20
Michiya Tanimoto et
al. (2008)
19
W. Nogueira et al.
(2008)
12
S. Usui et al. (2015) 18
Ünlü Gürcan et al.
(2019)
17
Revisão Sistemática
Resultados
Ao longo da próxima secção será apresentada uma análise minuciosa dos 6 estudos que
responderão de forma positiva a todos os parâmetros de inclusão para a realização desta
Revisão Sistemática e posteriormente as conclusões que os mesmos oferecem sobre o efeito
da velocidade de execução na HM em indivíduos do sexo masculino sem experiência no TR.
11
Tabela 2: Avaliação da Hipertrofia Muscular em Indivíduos do Sexo Masculino
ESTUDOS Grupos Sexo Idade
(anos)
Experiência
de Treino
Intervenção de
treino
Duração
(sm)
Frequência
(d/sm)
Cadência Método e
Músculo
Avaliado
Ünlü Gürcan
et al. (2019)
FE
(n=6)
FC
(n=7)
SE
(n=7)
SC
(n=7)
CE
(n=7)
CON
(n=7)
H
20.5±1.9
20,1±1,4
21,6±0,5
22,4±1,5
20,9±2,3
21,3±2,4
Não
treinados
3ss de 8-10r,
100-115%1RM,
até FMM, EJ
(Matrix, G3-
S71, Italy)
3ss de 8-10r,
80-85%1RM,
até FMM, EJ
(Matrix, G3-
S71, Italy)
3ss de 6-8r, 80-
85%1RM, até
FMM, EJ
(Matrix, G3-
S71, Italy)
3ss de 6-8r, 50-
60%1RM, até
FMM, EJ
(Matrix, G3-
S71, Italy)
3ss de 8-10r,
65-70%1RM,
até FMM, EJ
(Matrix, G3-
S71, Italy)
12
3
180º s-1 AE
180º s-1 AC
30º s-1 AE
30º s-1 AC
180º s-1
AC+AE
Sem
Intervenção
IRM: QF
RAV1
(n=8)
19,5±0,5
3ss de 8RM,
60s de
descanso,
80%1RM,
EJ (não
específica a
marca)
1AC,
1AE
12
Michiya
Tanimoto et
al. (2006)
RBV
(n=8)
RAV2
(n=8)
H
19,0±0,6
19,8±0,7
Não
treinados
3ss de 8RM,
60s de
descanso,
50%1RM, EJ
(não específica
a marca)
50%1RM
3ss de 8RM,
60s de
descanso, EJ
(não específica
a marca)
12
3
3AC,
1AI,
3AE
1AC,
1AE
IRM: QF
W. Nogueira
et al. (2008)
RAV
(n=11)
RBV
(n=9)
H
66,64±5,68
66,33±4,53
Não
treinados
3ss de 8-10r,
90s descanso
1-2 sessões:
40%1RM
3-4 sessões:
50%1RM
5-20 sessões:
60%1RM
HLP, EJ, FJ,
CP, RS, EC, FC
(Technogym ® ,
Biomedical line,
Gambettola,
Italy)
10
2
AC
explosiva,
2-3AE
2-3AC,
2-3AE
IUS: EJ
Michiya
Tanimoto et
al. (2008)
RAV
(n=12)
RBV
(n=12)
H
19,5±0,5
19,0±0,6
Não
treinados
3ss de 8RM,
60s descanso e
180s descanso
entre exs, ~80-
90%1RM
AGA (Cybex
Corp. USA),
CP, FT, ET
(Nautilus Corp.
USA), LP
(Senoh Corp.
Japan)
13
2
1AC,
1AE
IUS:
PM, PAB,
PPB, ABD,
SEC, PAC,
PPC
e
13
CON
(n=12)
19,8±0,7
3ss de 8RM,
60s descanso e
180s descanso
entre exs, ~55-
60%1RM,
AGA (Cybex
Corp. USA),
CP, FT, ET
(Nautilus Corp.
USA), LP
(Senoh Corp.
Japan)
3AC,
1AI,
3AE
Sem
intervenção
DEXA
S. Usui et al.
(2015)
RAV
(n=7)
RBV
(n=9)
H
22,5±0,5
22,2±2,1
Não
treinados
3ss de 10r,
50%1RM,
AGAL
8
3
1AC,
1AE
3AC,
1AI,
3AE
IUS
RF, VI, VL e
VM
Tim N.
Shepstone
et al. (2005)
RAV
(n=12)
RBV
(n=12)
H
23,8±3,4
Não
treinados
1ª semana: 1 ss
de 10r
2ª semana: 2ss
de 10r
3ª semana: 3ss
de 10r
4ª-8ª semana:
4ss de 10r
180s descanso
FC (Biodex-
System 3,
Biodex Medical
Systems,
Shirley, NY)
8
3
3,66 rad/s
AE
0,35 rad/s
AE
pCQT
scans: FCX
RAV: Repetições a Alta Velocidade; RBV: Repetições a Baixa Velocidade; CON: Controlo; H: Homens; SS: Séries; RM: Repetição Máxima; R:
Repetições; S: Segundos; SM: Semanas; D/MS: Dias por Semana; AC: Ação Concêntrica; AE: Ação Excêntrica; AI: Ação Isométrica; IRM:
Imagem de Ressonância Magnética; IUS: Imagem de Ultrassom; pCQP: Tomografia Computadorizada Quantitativa Periférica de Alta
Resolução; DEXA: Absorciometria de Raio-X de Dupla Energia; CP: Chest Press; LP: Lat Pulldown; LP: Leg Press; RS: Remada Sentado; EJ:
Extensão de Joelho; FJ: Flexão de Joelho; FC: Flexão do Cotovelo; ET: Extensão do Tronco; FT: Flexão do Tronco; AGAL: Agachamento Livre:
HLP: Horizontal Leg Press; RF: Reto Femoral; VI: Vasto Intermédio; VL: Vasto Lateral; VM: Vasto Medial; PM: Peitoral Maior; PAB: Parte
Anterior do Braço; PPB: Parte Posterior do Braço; ABD: Abdominal; SEC: Subescapular; PAC: Parte Anterior da Coxa; PPC: Parte Posterior da
Coxa; BB: Bicipite Braquial; FCX: Flexores do Cotovelo; QF: Quadricipite Femoral; FMM: Falha Muscular Momentânea.
14
Análise dos Resultados
(Nogueira et al., 2008) recrutou 24 indivíduos (onde apenas 20 terminaram a intervenção e
foram considerados e incluídos na análise estatística) idosos (onde o espectro de idades
variava entre os 60 e 76 anos) do sexo masculino sem experiência no TR (Nogueira et al.,
2008). Os indivíduos foram divididos de forma randomizada em 2 grupos de treino. A
intervenção teve uma duração de 10 semanas, onde as duas primeiras foram usadas para
que cada grupo ficasse familiarizado com as respetivas rotinas de treino, tendo cada grupo
realizado 20 sessões de treino. O grupo TRT era constituído por 11 participantes (66,64±5,68
anos) e o TRT por 9 (66,33±4,53 anos), todas as sessões de treino foram supervisionadas
por um técnico qualificado. O grupo PT realizou as suas repetições com uma CAV e o grupo
TRT com CBV, com as seguintes cadências: AC o mais rápido possível e 2-3 segundos de
AE vs 2-3 segundos de AC e 2-3 segundos de AE, respetivamente. Foram avaliados os
músculos Bicipite Braquial e Reto Femoral, do membro dominante, com recurso à IUS (HDI
5000, Philips, New York, NY, USA), não sendo especificado em que regiões dos mesmos
músculos. Após 8 semanas de intervenção, o grupo PT (11,3%, p<0,05) obteve aumentos
significativos na EM do Reto Femoral pós intervenção, ao contrário do grupo TRT, que obteve
aumentos pós intervenção (5,5%, p<0,05), mas não significativos. No entanto, não existiram
diferenças significativas entre grupos (ANCOVA, p>0,05). Ambos os grupos obtiveram
aumentos significativos na AST pós intervenção nos músculos flexores do cotovelo (FC)
(14,3%, p<0,05 vs 6,7%, p<0,05, PT e TRT, respetivamente), sendo obtidas diferenças
significativas entre grupos (ANCOVA, p>0,05), onde a resposta favoreceu o grupo PT.
(Nogueira et al., 2008), observou que a realização de CAV de execução (AC o mais rápido
possível e 2-3 segundos de AE) e menores TST nas repetições (~2-4 segundos) e séries (~16-
24 segundos) favoreceu o aumento EM, avaliada com recurso à IUS, em maior magnitude
nos músculos Reto Femoral e Bicípite Braquial, em indivíduos idosos do sexo masculino, sem
experiência no TR, em relação ao mesmo programa de exercícios realizado com CBV (2-3
segundos de AC e 2-3 segundos de AE) e menores TST das repetições (4-6 segundos) e
séries (32-60 segundos).
Tanimoto et al., 2008 procurou investigar os efeitos de diferentes cadências (3:1:3:0 vs
1:0:1:0) durante o TR nas adaptações musculares crónicas, entre as quais a EM e MMIG, em
36 indivíduos jovens, do sexo masculino, sem experiência no TR. Não é explicitamente
mencionado se as sessões de treino foram supervisionadas por um profissional de exercício
físico ou não, no entanto, ao consultarmos o anexo “Resistance Training Regimens”, é nos
dado a entender que as mesmas eram supervisionadas, uma vez que é mencionado que a
15
intensidade de treino era ajustada em todas as sessões de forma a que correspondesse ao
8RM real. Foi utilizado método IUS (SSD-500; Aloka, Japan) para avaliar a EM e a espessura
da gordura subcutânea, onde foram avaliados 6 partes corporais: Peitoral Maior (a 8,
diretamente acima do mamilo), Porção Anterior (60% distalmente entre a zona lateral do
epicôndilo do úmero e o processo acromial da omoplata) e Posterior do Braço (60%
distalmente entre a zona lateral do epicôndilo do úmero e o processo acromial da omoplata),
Reto Abdominal (a 2-3cm do lado direito do umbigo), Parte Subescapular (a 5cm diretamente
abaixo do ângulo inferior da omoplata), Porção Anterior (na zona medial entre o a parte lateral
do côndilo do fémur e o grande trocânter) e Posterior da Coxa (na zona medial entre o a parte
lateral do côndilo do fémur e o grande trocânter). Também foi utilizado o método avaliativo
DEXA (Hologic QDR-4500A scanner; Hologic, USA) para avaliar a massa magra isenta de
gordura (MMIG) (massa corporal – massa óssea – massa gorda). Após as 13 semanas de
intervenção a avaliação através do recurso à IUS demostrou que o grupo LST (+6,8±3.4%, p
<0.05) e HN (+9.1±4.2%, p <0.05), obtiveram aumentos significativos na espessura muscular
(somando todas as medidas). O grupo CON (+1.3±2.2%, p <0.05) não obteve aumentos
significativos no pós-intervenção na espessura muscular. Não foram identificadas diferenças
significativas entre os grupos de treino (LST vs HN, p <0.05) na espessura muscular, mas
foram identificadas diferenças significativas entre o LST vs CON (p <0.05) e HN vs CON (p
<0.05). Foi verificado que ambos os grupos de treino aumentaram significativamente a
espessura muscular em todos os pontos medidos (p <0.05), exceto na porção anterior do
braço após a intervenção. Não existiram aumentos significativos da espessura muscular em
nenhum dos pontos medidos no grupo CON (p <0.05). Os aumentos da espessura muscular
em todas os pontos medidos (exceto na porção anterior do braço) nos grupos LST e HN foram
significativamente superiores comparativamente ao grupo CON (p <0.05), no entanto, não
existiram diferenças significativas entre os grupos de treino (p <0.05), LST vs HN em nenhuma
dos pontos medidos. Nas medições da MMIG realizadas com recurso à DEXA foram
identificados aumentos da significativos em todos os grupos, LST (1.4±1.4 kg, p <0.05), HN
(1.8±1.3 kg, p <0.05) e CON (0.6±0.7kg, p <0.05). As alterações nos grupos LST e HN foram
significativamente superiores às do grupo CON (p <0.05), não sendo encontradas diferenças
significativas entre os grupos LST vs HN (p <0.05). Segundo o trabalho de (Tanimoto et al.,
2008), em jovens do sexo masculino sem experiência no TR, nesta rotina de treino específica,
com estes métodos de avaliação (IUS e DEXA), com estas intensidades (~55-60% 1RM vs
~80-90% 1RM), mesmo esforço (FMM), velocidades de execução distintas (3:1:3:0 vs 1:0:1:0),
TST por repetição distintos (7 segundos vs 2 segundos) e TST por séries distintos (56
segundos vs 16 segundos) parecem não existir diferenças significativas na EM após 13
semanas de intervenção.
16
Shepstone et al., 2005 recrutaram 12 indivíduos jovens (23.8±2.4 anos) do sexo masculino
que não estivessem estado envolvidos em qualquer tipo de TR nos 6 meses anteriores, com
o objetivo de comparar o efeito de diferentes cadências (RBV: 0,35 rad/s, n=12 vs RAV: 3,66
rad/s, n=12) na AE, no aumento da AST dos músculos FC, medido da linha média do Bicipite
Braquial, das áreas antecubital até à axila. Os 12 jovens realizaram as duas intervenções,
sendo que um membro, executada as repetições com CAV e o membro contralateral realizava
as repetições com CBV. A seleção do membro que executava as RAV e RBV foi sorteada de
forma randomizada. Uma semana antes do início do programa de treino foi realizada uma
sessão de familiarização do mesmo. O programa de treino consistia na execução da AE de
Flexão do Cotovelo numa máquina isocinética, duas vezes por semana, durante um período
total de 8 semanas, em que todas as sessões de treino eram supervisionadas por um
profissional qualificado. No total foram realizadas 24 sessões de treino, com uma participação
de 100% de todos os sujeitos. Ambas as intervenções de treino obtiveram aumentos
significativos na AST dos FC pós intervenção (p <0,01), não sendo encontradas diferenças
significativas entre intervenções, no entanto, existiu uma forte tendência (P = 0,06) em relação
ao membro que executou a AE com maior velocidade (RAV, 3,66 rad/s) comparativamente ao
membro que executou as AE a uma menor velocidade (RBV: 0,35 rad/s). O trabalho de
(Shepstone et al., 2005) parece indicar que a realização AE a uma velocidade elevada, 3,66
rad/s, após 8 semanas de intervenção, parecem induzir aumentos na AST dos músculos FC
superiores, em jovens do sexo masculino que não estiveram envolvidos em qualquer tipo de
TR nos 6 meses anteriores, comparativamente à execução do mesmo protocolo de treino, em
que a AE da FC, nesta máquina isocinética em específico, realizada a 0,35 rad/s.
Tanimoto & Ishii, 2006 investigaram o efeito de diferentes cadências (3:1:3:0 vs 1:0:1:0), no
aumento da AST dos músculos EJ da coxa esquerda, avaliado com recurso a IRM (AIRIS
mate; Hitachi Medical), onde as imagens foram tiradas com um intervalo de 0 mm, da
articulação do joelho até à cabeça do fémur, após 12 semanas de um programa de TR em
jovens do sexo masculino sem experiência no TR. Para esse efeito foram recrutados 24
sujeitos, que foram submetidos posteriormente a um programa de treino que consistia na
execução da EJ bilateral numa máquina de EJ (não é referido a marca), da angulação de 90º
na articulação femoro-tibial (posição inicial) até 0º de flexão (posição final), não sendo, no
entanto, referida a angulação a que a articulação da articulação coxo-femoral se encontrava.
Os grupos LST (5,4+3,7%, P <0,05) e HN (4,3+2,1%, P <0,05) aumentaram significativamente
a AST dos EJ da coxa esquerda comparativamente à avaliação pré-intervenção, não sendo
encontradas diferenças significativas no grupo LN. Os resultados dos grupos LST e HN foram
significativamente superiores comparativamente com o grupo LN, não sendo encontradas
diferenças significativas na AST dos EJ da coxa esquerda entre os grupos LST e HN (p <0,05).
17
De acordo com o trabalho de (Tanimoto & Ishii, 2006), em jovens do sexo masculino sem
experiência no TR, nesta rotina de treino específica, parecem não existir diferenças
significativas na AST dos EJ da coxa esquerda, avaliado com recurso à IRM, entre a execução
das CBV (3:1:3:0) vs CAV (1:0:1:0), e consequentemente maiores TST por repetição (7
segundos) e séries (56 segundos) vs menores TST por repetição (2 segundos) e séries (16
segundos), quando as séries são levadas até ao ponto da FMM.
(Usui et al., 2016) investigaram o efeito da execução de diferentes cadências (3:0:3:0 vs
1:0:1:0) do exercício agachamento livre com barra na EM dos 4 músculos que compõe o grupo
muscular Quadricípite Femoral da coxa direita, com recurso a IUS (Prosound α6; Aloka,
Tokyo, Japan), onde as medidas foram realizadas a 30, 50 e 70% do Fémur (a distância entre
o Grande Trocânter até à fenda articular entre os côndilos do fêmur e da tíbia) para o músculo
Reto Femoral e Vasto Intermédio, e a 50% para o Vasto Lateral e Vasto Medial. Os 16 sujeitos
foram divididos de forma randomizada em dois grupos: LST (n=9, 22,2±2,1 anos, cadência
3:0:3:0 (3 segundos de AE, 0 segundos de AI, 3 segundos de AC, 0 segundos de AC) e 50%
1RM) e LN (n=7, 22,5±0,5 anos, cadência 1:0:1:0 (1 segundos de AE, 0 segundos de AI, 1
segundos de AC, 0 segundos de AC) e 50% 1RM). Após as 8 semanas o grupo LST obteve
aumentos significativos nos músculos Reto Femoral a 70% (+10%, p= 0,026) e Vasto
Intermédio a 50% (+6%, p=0,01) e 70% (+9%, p=0,002). No grupo LN não foram encontradas
diferenças significativas na avaliação pós intervenção em qualquer grupo muscular. Segundo
os resultados do trabalho de (Usui et al., 2016), a execução do exercício agachamento livre
com barra, por jovens do sexo masculino sem experiência no TR, nestas condições de treino
específicas, com a execução das RBV (3:0:3:0, (3 segundos de AE, 0 segundos de AI, 3
segundos de AC, 0 segundos de AI)) e consequentemente, maiores TST por repetição e por
série, parecem induzir maiores aumentos na AST dos músculos Reto Femoral e Vasto
Intermédio, comparativamente a realizar as CAV (1:0:1:0, (1 segundos de AE, 0 segundos de
AI, 1 segundos de AC, 0 segundos de AC)).
(Ünlü et al., 2019) compararam o efeito da realização do movimento articular de EJ, a
diferentes cadências (180º s-1 vs 30º s-1), na execução de AC, AE e AC+AE, numa máquina
de musculação de EJ (Matrix, G3-S71, Johnson Health Tech, Cottage Grove, WI), após 12
semanas na AST dos EJ, com recurso à IRM (1.5-Tesla MRI System, Siemens Avanto,
Erlangen, Germany), onde as imagens foram obtidas desde do Grande Trocânter até à
extremidade proximal da rótula (não sendo especificado em que membro). Os jovens foram
divididos em 6 grupos de forma randomizada, onde inicialmente ficaram 7 sujeitos em cada
grupo, mas no grupo FE (correspondente à realização da AE a maior velocidade), 1 sujeito
abandonou a intervenção. Os sujeitos foram posicionados na máquina (Matrix, G3-S71,
Johnson Health Tech, Cottage Grove, WI), com a articulação coxo-femoral a 85° de flexão e
18
com a articulação tibio-femoral a 45° de flexão, sendo que esta também corresponde à
posição inicial, sendo que a final a articulação coxo-femoral não sofreu qualquer alteração e
a femoro-tibial a 0º flexão, e em que o braço de entrada da máquina foi colocado na zona
proximal aos maléolos laterais de ambas as pernas. Para os grupos SE e FE, a AE era
realizada pelos sujeitos e a AC era realizada por 2 assistentes, de forma que os sujeitos
realizassem puramente a AE. Já os grupos SC e FC, a AC era realizada pelos sujeitos e a
carga era baixada pelos 2 assistentes (sendo que todas as sessões foram supervisionadas),
de forma a que os sujeitos realizassem puramente a AC. Após 12 semanas de intervenção,
não existiram diferenças significativas na AST dos EJ de nenhum grupo (p <0,05), FE (n=6,
aumento de 4,14%, pré 2175+477 vs pós 2,265+418 cm3), FC (n=7, aumento de 7,98%, pré
2094+462 vs pós 2261+523 cm3), SE (n=7, aumento de 10,04%, pré 2081+353 vs pós
2290+251 cm3), SC (n=7, aumento de 6,14%, pré 2166+219 vs pós 2299+241 cm3), CE (n=7,
aumento de 6,82%, pré 2244+313 vs pós 2397+306 cm3), CG (n=7, aumento de 3,75%, pré
1971+295 vs pós 2046+311 cm3), nem qualquer diferença significativa entre grupos, sendo
que, a resposta favoreceu o grupo SE. Parece existir um maior efeito no aumento da AST dos
EJ quando as repetições são executadas meramente com a AE, a baixa velocidade e com
maiores TST por repetição e série comparativamente a realizar as repetições a alta velocidade
e em menores TST e com outro tipo de ação articular (SE (10.04%), FC (7.98%), CE (6.82%),
SC (6.14%), FE (4.14%), and CG (3.75%)) em jovens do sexo masculino sem experiência no
TR.
Discussão
Parecem não existir diferenças significativas no aumento da AST, EM e MMIG, em jovens do
sexo masculino sem experiência no TR, utilizando velocidades de execução elevadas e
maiores TST por repetição e série vs velocidades de execução baixas e menores TST por
repetição e série, quando as séries são realizadas até ao ponto da FMM (Shepstone et al.,
2005; Tanimoto & Ishii, 2006; Tanimoto et al., 2008; Ünlü et al., 2019).
Os resultados de (Tanimoto et al., 2008) contrastam com os de (Nogueira et al., 2008) que
encontrou diferenças significativas na espessura do músculo Bicípite Braquial (avaliado com
IUS) em idosos do sexo masculino não treinados após uma intervenção de 13 semanas de
TR com um programa de corpo inteiro (Nogueira et al., 2008). Devemos ter em conta que no
trabalho de (Nogueira et al., 2008) foi utilizado um exercício focalizado/isolado/monoarticular
para os FC, ao contrário do presente trabalho de (Tanimoto et al., 2008), o que poderá
justificar as diferenças nos trabalhos, pois parece que a realização de exercícios
focalizados/isolados/monoarticulares parece promover maiores aumentos na EM dos EC e
19
FC, comparativamente com a realização de exercícios integrados/globais/multiarticulares em
jovens do sexo masculino sem experiência no TR (Brandão et al., 2020; Mannarino et al.,
2019). Apesar deste trabalho possuir uma amostra total ligeiramente superior (n=36), a
quantidade de sujeitos por grupo continua a ser baixa (n=12 nos grupos LST, LN e controlo)
o que pode influenciar os resultados (Taherdoost, 2017). Neste trabalho apenas duas
variáveis de treino foram diferenciadas, a cadência e a intensidade. Neste trabalho a
intensidade foi ajustada à velocidade de execução, isto é, o grupo LST realizou todos os
exercícios com uma cadência de 3:1:3:0 (RBV) e como tal, a intensidade da carga utilizada
nos seus exercícios terá de ser menor (~55-60% 1RM). Já o grupo HN realizou os exercícios
a uma cadência de 1:0:1:0 (RAV), como tal, faz sentido que a intensidade seja aumentada
(~80-90% 1RM). Ao contrário do trabalho de (Nogueira et al., 2008), as séries de treino no
trabalho de (Tanimoto et al., 2008) foram todas realizadas até que a FMM fosse atingida, o
que também poderá justificar a não existência de diferenças significativas entre grupos
(Lasevicius et al., 2019; Tanimoto & Ishii, 2006). Também poderá existir o efeito de as
populações nos dois estudos serem distintas, pois parece existir uma diferença significativa
entre as adaptações musculares, a nível da EM, em jovens do sexo masculino e idosos (Welle
et al., 1996). Num trabalho (Lasevicius et al., 2018) não existiram diferenças significativas na
EM dos músculos FC e EJ, avaliada com IUS (SonoAce R3, SamsungMedison, Gangwon-do,
South Korea), em jovens do sexo masculino sem experiência no TR, após 12 semanas de
intervenção, de uma rotina que consistiu em realizar 2 vezes por semana LP 45º unilateral
(não especifica a marca) e FC unilateral (não especifica se foi realizada com pesos livres ou
numa máquina), com volume equalizado (séries x repetições) e com diferentes intensidade
(20% 1RM vs 40% 1RM vs 60% 1RM vs 80% 1RM), onde todas as séries eram realizadas até
que a FMM fosse alcançada, demonstrando que o trabalho com cargas baixas poderá ter um
efeito semelhante no aumento de EM ao da utilização de cargas elevadas, desde que a FMM
presente (Lasevicius et al., 2018). No entanto, deverá ser realçado que no trabalho (Lasevicius
et al., 2018) a velocidade de execução era a mesma em todos os grupos. No entanto, parece
que caso a FMM seja atingida, tal como no trabalho de (Tanimoto et al., 2008) o foi, mesmo
usando diferentes cadências, a resposta da EM entre grupos não parece ter uma diferença
significativa, mas serão necessários futuros trabalhos com grupos a executarem diferentes
cadências e em que uns atinjam a FMM e outros não para podermos tirar melhores conclusões
sobre este tema. Deve ser realçado que os resultados poderiam ter sido distintos, caso a
intervenção tivesse uma maior duração. Devemos ter em consideração que não sabemos se
as velocidades de execução fossem outras (em ambos os grupos) se os resultados seriam os
mesmos.
20
No trabalho de (Shepstone et al., 2005) os autores mencionam que é provável que tenha
existido um erro estatístico do Tipo II para que não fossem reportadas diferenças significativas
entre grupos na AST dos FC avaliada com PCQT em jovens do sexo masculino sem qualquer
tipo de TR nos 6 meses anteriores. Apesar da utilização de um método gold standard para
avaliar a HM, a pCQT, o número da amostra total era bastante reduzido (n=12), o que pode
ter afetado os resultados (Taherdoost, 2017). Também deverá ser realçado que esta
intervenção foi realizada numa máquina isocinética, logo estes resultados não poderão ser
extrapolados para o TR convencional, seja com pesos livres ou máquinas convencionais,
sendo que, terão pouca praticabilidade para o comum atleta recreativo e mesmo não
recreativo, devido ao difícil acesso a estes tipos de equipamentos. Além disso, não foram
criados 2 grupos de intervenção, pois os 12 indivíduos recrutados realizaram ambas as
intervenções, uma em cada membro, oque poderá ter despontado o fenómeno de Cross-
Education, podendo também ter influenciado os resultados, sendo que teria sido interessante
terem sido criado 2 grupos, com pessoas distintas, de forma a diminuir este “ruído”. Também
poderemos especular se os resultados não teriam sido distintos se a intervenção tivesse tido
uma maior duração. Apenas foram realizadas AE, logo, não é possível aferir se caso tivessem
sido executadas apenas AC ou AI, ou AE+AC, ou AC+AI, ou AE+AI se os resultados seriam
sido os mesmos.
Os resultados verificados no trabalho de Tanimoto & Ishii, 2006 vão de encontro aos de
(Tanimoto et al., 2008), em que jovens do sexo masculino sem experiência no TR que
realizaram um programa de treino de corpo inteiro, onde dois grupos utilizaram a mesma
cadência e intensidades semelhantes ao do trabalho de (Tanimoto & Ishii, 2006), sendo que
no trabalho de (Tanimoto et al., 2008), o grupo que utilizou a cadência 3:1:3:0 utilizou
intensidades ligeiramente superiores (~55-60% 1RM vs 50% 1RM). Teria sido interessante
para uma melhor análise dos resultados, devido ao desvio padrão se aproximar do valor da
média de ambos os grupos, entender o valor intra individual dos sujeitos, de forma que
melhores conclusões possam ser retiradas. Não é explicitamente mencionado se as sessões
de treino foram supervisionadas por um profissional de exercício físico ou não, no entanto, ao
consultarmos o anexo “Resistance Training Regimens”, é nos dado a entender que as
mesmas eram supervisionadas, uma vez que é mencionado que a intensidade de treino era
ajustada em todas as sessões de forma a que correspondesse ao 8RM real. Mais uma vez, a
amostra total do estudo (n=24), e dos grupos é reduzida (n=8 nos grupos LST, HN e LN), o
que poderá ter comprometido os resultados (Taherdoost, 2017). Não é mencionada a marca
e modelo da máquina de musculação utilizada, o que não permite a replicação do trabalho,
de forma a se verificar se estes resultados se repetem noutro tipo de população. Este trabalho
parece ir de encontro à hipótese de não existem diferenças significativas na HM usando baixas
21
intensidades e CBV vs altas intensidade e CAV, caso a FMM seja atingida em indivíduos do
sexo masculino sem experiência no TR (Lasevicius et al., 2018), pois o grupo LN utilizou a
mesma cadência que o grupo HN (1:0:1:0), mas a mesma intensidade do grupo LST (50%
1RM) e não realizou as suas séries até à FMM, sendo o único que não obteve aumentos
significativos na AST dos EJ. No entanto, estes resultados contrastam com os resultados
encontrados por (Pereira et al., 2016), em indivíduos jovens do sexo masculino e com
experiência no TR que encontrou diferenças significativas na EM dos FC, avaliado com
recurso a IUS (Toshiba Xario (Toshiba, Tokyo, Japan)). 12 jovens realizaram um programa de
TR duas vezes por semana, com 3 séries de 8RM do exercício “Scott Curl”, durante 12
semanas consecutivas, onde um grupo realizou o exercício com cadência 1:0:1:0 (1 segundos
de AC, 0 segundos de AI, 1 segundos de AE e 0 segundos de AI) e outro 1:0:4:0 (1 segundos
de AC, 0 segundos de AI, 4 segundos de AE e 0 segundos de AI), no qual deverá ser realçado
que o grupo muscular era distinto, tal como a população e as velocidades de execução. No
entanto, neste trabalho, a execução de CBV e maiores TST durante a série demonstraram
aumentos significativos pós intervenção comparativamente ao grupo que executou as CAB e
com menores TST durante a série. Estes resultados também vão de encontro aos
encontrados por (Nogueira et al., 2008), que não encontrou diferenças significativas na EM
dos FC entre a execução das CAV vs CBV, em idosos do sexo masculino sem experiência no
TR, no entanto, a população de (Nogueira et al., 2008) era distinta de (Tanimoto & Ishii, 2006),
bem como o seu método de avaliação e o programa de treino.
A investigação de Usui et al., 2016 parece sugerir que a escolha dos exercícios terá um
impacto na região muscular que obterá maiores adaptações hipertróficas, tal como foi
verificado no trabalho de (Ema et al., 2013), que após 12 semanas da realização de um
programa de treino (3 vezes por semana, 5 séries de 8 repetições, com 80% 1RM, até ao
ponto da FMM, cadência de 2:0:2:0 (2 segundos de AC, 0 segundos de AI, 2 segundos de AE
e 0 segundos de AI) e 90 segundos de descanso entre séries), executado por 11 jovens (26±4
anos) do sexo masculino e que não tinham realizado qualquer tipo de TR da extremidade
inferior no último ano, em que foi realizado o movimento articular de EJ de forma unilateral
numa máquina EJ (Nitro S3LE, Nautilus, USA), onde a amplitude de movimento ativo durante
a execução do exercício variava entre os 110º a 20º de flexão do joelho. Foram encontradas
diferenças significativas no aumento da AST dos EJ da coxa treinada, avaliada com recurso
a IRM (Signa EXCITE 1.5T, GE Medical Systems, USA) e na EM dos EJ da coxa treinada,
avaliada com recurso a IUS (SSD-6500, ALOKA, Japan), em diferentes regiões (Proximal e
Distal) do grupo muscular Quadricípite Femoral. O músculo Reto Femoral, obteve aumentos
significativamente superiores na AST (p <0,01) e na EM (p <0,05), comparativamente aos
músculos Vasto Lateral, Vasto Medial e Vasto Intermédio. Nos músculos Vasto Lateral e Reto
22
Femoral, existiram aumentos na AST significativamente superiores nos músculos Vasto
Lateral (p <0,05) e Reto Femoral (p <0,01), na região distal vs região proximal. No músculo
Vasto Medial, não existiram diferenças significativas regionais na AST e EM. No músculo
Vasto Intermédio, existiram aumentos significativamente superiores na EM (p <0,05) na região
medial vs região lateral. Uma explicação para estes resultados poderá ser o facto de que o
grupo que executou as RAV (1:0:1:0), não teve a intensidade do exercício ajustada à maior
velocidade de execução, não tendo um estímulo suficiente para que o princípio da sobrecarga
ocorresse. Também não é mencionado em momento algum se as séries foram levadas até
ao ponto da FMM, que parece ser necessária ser atingida em jovens do sexo masculino sem
experiência no TR, nos músculos FC, quando são utilizadas baixas intensidades e o objetivo
é o aumento da AST (Lasevicius et al., 2019). Deve ser realçado que não sabemos se os
resultados seriam os mesmos se outras cadências tivessem sido implementadas. Um erro
crasso neste trabalho, é que não é apresentado o desvio padrão da média de cada variável
analisada, apenas a média, logo não sabemos o quão dispersos foram os resultados, sendo
que também teria sido interessante uma avaliação intra-individual, de forma a se tivesse uma
análise mais profunda das adaptações. Maiores TST parecem estar associados a menores
níveis de oxigenação muscular periférico e aumentos dos níveis de lactato sanguíneo
(Tanimoto & Ishii, 2006), condições associadas a maiores níveis de stress metabólico, que
parece ser um mecanismo importante para que a resposta hipertrófica aconteça (Schoenfeld,
2010, 2013). Deverá ser realçado que o número de participantes total no estudo (n=16) e em
cada grupo era baixo (n=9 e n=7, LST e LN, respetivamente), o que poderá ter comprometido
os resultados (Taherdoost, 2017).
O trabalho de (Ünlü et al., 2019) possui uma metodologia confusa, uma vez que afirma que o
exercício EJ foi feito de forma convencional, mas foram atribuídas velocidades características
de equipamentos isocinéticos (180º s-1 vs 30º s-1), o que dificulta a replicação deste trabalho
noutras populações. Estes resultados contrastam com os de (Shepstone et al., 2005), que
verificou em jovens do sexo masculino sem experiência do sexo masculino, que a realização
da AE a velocidades de execução mais elevadas (3,66 rad/s vs 0,35 rad/s), em máquina
isocinética, induziam aumentos superiores na AST dos FC, o que nos pode indicar, que o
treino de membros inferiores e membros superiores, poderá de ter distinções, caso o objetivo
seja o aumento da AST. Existiu um grupo que realizou AC+AE a alta velocidade, não sabemos
se a realização das mesmas ações a baixas velocidades não teriam gerado maiores
adaptações. O grupo SE, que teve maiores aumentos na AST dos EJ, utilizou uma intensidade
elevada, velocidade lenta obteve um TST elevado, comparativamente aos restantes grupos,
o que poderá ter induzido maiores níveis de tensão mecânica e stress metabólico, dois dos
três mecânicos que parecem ser responsáveis pela indução da resposta hipertrófica
23
(Schoenfeld, 2010). Apesar da amostra total (n=41) ter um número razoável, a amostra de
cada grupo era muito baixa (6 sujeitos no grupo FE e 7 sujeitos nos restantes grupos), o que
poderá ter influenciado os resultados (Taherdoost, 2017). No trabalho de (Tanimoto & Ishii,
2006) verificaram que após 13 semanas de um programa de treino que consistiu na realização
da EJ numa máquina de musculação (não sendo indicada a marca), com AE+AC, verificou
aumentos significativos na AST dos EJ da coxa esquerda, com a realização de cadências
lentas e baixa intensidade (3:1:3:0 e 50% 1RM) e cadências rápidas e elevada intensidade
(1:0:1:0 e 50% 1RM), em jovens do sexo masculino sem experiência no TR (Tanimoto & Ishii,
2006). No entanto, no trabalho de (Tanimoto & Ishii, 2006) os sujeitos realizaram uma maior
amplitude de movimento articular comparativamente ao trabalho de (Ünlü et al., 2019), sendo
que no trabalho de (Tanimoto & Ishii, 2006) os sujeitos realizaram a EJ dos 90º de flexão da
articulação femoro-tibial até 0º de flexão e no trabalho de (Ünlü et al., 2019) os sujeitos
realizaram a EJ dos 45º de flexão da articulação femoro-tibial até 0º de flexão, o que poderá
sugerir que maiores amplitudes de movimentos são necessárias para gerar aumentos
significativos na AST dos EJ. No entanto, é desconhecida a máquina de EJ utilizada por
(Tanimoto & Ishii, 2006), sendo que a forma como a máquina varia a sua resistência também
poderá influenciar os resultados finais. Deverá ser realçado que apenas foram indicados os
valores da média, sendo que teria sido interessante verificar os valores do desvio padrão da
mesma.
O único trabalho que estudou os efeitos de diferentes velocidades de execução na EM do
Reto Femoral e Bicipite Braquial, apenas encontrou diferenças significativas na avaliação do
Reto Femoral, onde a resposta favoreceu o grupo que realizou as RAV, no entanto, a
intervenção utilizou intensidade baixas e a FMM não foi atingida e a sua metodologia não
mostrava precisão nas velocidades implementadas, sendo sugeridas 2-3 segundos e não uma
cadência exata de execução (Nogueira et al., 2008). Neste trabalho não é afirmado se as
séries foram realizadas até à FMM ou perto da mesma. (Lasevicius et al., 2019) recrutaram
25 jovens do sexo masculino sem experiência no TR, onde comparou 4 rotinas de treino (80%
1RM até FMM vs 80% 1RM não atingindo a FMM vs 30% 1RM até FMM vs 30% não atingindo
a FMM), em que todas as variáveis, inclusive o VT, foram equalizadas, e todos os grupos,
exceto o grupo que treinou com “30% 1RM e não atingiu a FMM”, obtiveram aumentos
significativos na AST, avaliada nos músculos EJ com recurso à IRM ((Signa LX 9.1; GE
Healthcare, Milwaukee, WI)), sugerindo que, quando utilizadas baixas intensidades e o
objetivo é a HM (Lasevicius et al., 2019), a FMM deverá estar presente. No entanto, estes
resultados poderão ser distintos em idosos, sendo necessários mais estudos sobre esta
temática. A pequena amostra (n=20) do estudo e em ambos os grupos (n=11 e n=9, grupos
TRT e PT, respetivamente), poderá ter influenciado os resultados (Taherdoost, 2017). De
24
realçar que se fosse utilizado outro método mais válido, como a IRM, o gold standard da
avaliação da HM, talvez os resultados fossem distintos. Não especificada as zonas onde a
EM foi medida nos diferentes músculos (Proximal vs Medial vs Distal), o que tem especial
importância, devido ao facto, da evidência parecer suportar que o aumento da EM é regional,
nos EJ, em jovens do sexo masculino sem experiência no TR (Mcmahon & Onambélé-
Pearson, 2013; Usui et al., 2016) e que parece que a escolha e ordem dos exercícios
realizados poderá influenciar as zonas musculares que terão maiores aumentos de EM, nos
EC, em indivíduos jovens do sexo masculino sem experiência no TR (Brandão et al., 2020),
sendo que são necessários mais trabalhos, até que o mesmo se comprove nos FC e extensão
do joelho (EJ). A amplitude de idades usadas neste estudo (60-76 anos) pode ter influenciado
os resultados. Nestas idades o processo de envelhecimento é diferenciado entre indivíduos,
sendo difícil juntar uma amostra com o mesmo nível de resposta ao exercício físico (Ivey et
al., 2000; Welle et al., 1996). Desta forma seria pertinente que os autores tivessem colocado
o valor da mediana ou uma figura onde fosse exposto as respostas individuais de cada sujeito,
pré vs pós intervenção.
Todos os estudos incluídos nesta revisão possuíam o VT equalizado, o que poderá justificar
a não existência de diferenças significativas entre diferentes velocidades de execução, uma
vez que VT parece ser uma das principais variáveis de treino a ter em conta, em diversas
populações, quando o objetivo é a HM (Krieger, 2010; Schoenfeld et al., 2018) e parece que,
quando o volume é equalizado não existem diferenças significativas na HM, em jovens do
sexo masculino com experiência no TR (Schoenfeld et al., 2014) e em jovens do sexo
masculino sem experiência no TR (Lasevicius et al., 2018), quando as séries são levadas até
ao ponto da FMM, pois quando isto não acontece, parecem existir diferenças significativas
quando são utilizadas baixas intensidades em jovens do sexo masculino sem experiência no
TR (Lasevicius et al., 2019). Com elevadas intensidades, parece já não ser necessário chegar
até ao ponto da FMM em jovens do sexo masculino sem experiência no TR (Lasevicius et al.,
2019; Nobrega et al., 2016). O que também poderá justificar a não existência de diferenças
significativas entre velocidades de execução elevadas e baixas, poderá ser o facto de que a
utilização de velocidades de execução mais elevadas voluntárias, poderão permitir a utilização
de intensidades mais elevadas, promovendo assim maiores níveis de tensão mecânica,
enquanto que menores intensidades e velocidades de execução mais baixas,
consequentemente promoverão maiores TST, o que promoverá maiores níveis de stress
metabólico, dois dos três supostos mecânicos necessários que ocorram, para que a HM
ocorre a longo prazo (Schoenfeld, 2010). (Schoenfeld et al., 2014) recrutou 20 jovens
(23,2±2,7 anos) do sexo masculino com experiência no TR (4,2±2,4 anos) onde comparou um
programa de treino com elevada intensidade (2-4RM) e baixos TST durante as repetições e
25
séries vs o mesmo programa de treino, mas com intensidade moderada e moderados TST,
onde o VT era equalizado, nas adaptações hipertróficas e médio prazo (8 semanas) dos FC,
e demonstrou que parecem não existir diferenças significativas na HM dos FC, caso a FMM
seja alcançada e o VT equalizado, levantando a questão se o stress metabólico é de facto um
mecanismo necessário, para que a resposta hipertrófica muscular seja iniciada. Em outras
palavras, os elevados níveis de tensão mecânica alcançados com o treino de alta intensidade
(2-4RM) poderão compensar a menor magnitude de acumulação de metabólitos, quando o
VT é equalizado, no entanto, não sabemos se a combinação de elevados níveis de tensão
mecânica e stress metabólico, não poderiam produzir uma resposta hipertrófica superior,
sendo então, necessárias futuras pesquisas para confirmar esta hipótese, de forma a entender
melhor os mecanismos da HM. Este trabalho parece indicar que ambas as estratégias podem
ser implementadas num programa de treino, com o objetivo de aumento da MM,
demonstrando que parece existir mais do que um caminho para o mesmo objetivo. A maioria
dos estudos possuía uma amostra reduzida, o que dificulta a extrapolação dos resultados para
a população. Deverá ser realçado que os 6 estudos analisados, em 4 deles foi realizado
apenas 1 exercício por sessão, o que não corresponde ao contexto prático real das academias
e ginásios (Hackett et al., 2012). Como tal, estes resultados deverão ser olhados com
cuidados, pois não sabemos se numa rotina típica de ginásio, onde são realizados em média
4-5 exercícios por grupos muscular (Hackett et al., 2012), os resultados seriam os mesmos.
Os 2 trabalhos que realizaram uma rotina de treino de corpo inteiro, com 7 exercícios
(Nogueira et al., 2008) vs 5 exercícios (Tanimoto et al., 2008), obtiveram resultados dispares,
sendo que apenas em (Nogueira et al., 2008) foram utilizados exercícios
focalizados/isolados/monoarticulares para treinar os músculos (Reto Femoral e Bicipes
Braquial) que posteriormente seriam avaliados e em (Nogueira et al., 2008) a população
examinada eram idosos do sexo masculino sem experiência no TR e no de (Tanimoto et al.,
2008) jovens do sexo masculino sem experiência no TR. Os métodos de avaliação da HM
também eram distintos nos estudos, o que poderá justificar a diferença de resultados
encontrados entre estudos. Mesmo em contexto de treino com equipamentos isocinéticos,
parece não existir diferenças significativas no aumento da AST dos FC, em jovens do sexo
masculino sem experiência no TR, quando implementadas diferentes cadências na AE
(Shepstone et al., 2005). Deverá ser levado em consideração que todos os equipamentos de
musculação utilizados são distintos, como é verificado em (Nogueira et al., 2008; Tanimoto &
Ishii, 2006; Ünlü et al., 2019), onde todas as máquinas EJ são de marcas distintas, e se o
perfil de resistência das mesmas for distinto, o recrutamento muscular de um determinado
músculo, ao longo da amplitude articular, poderá ser distinto em cada uma delas (Purvis &
Malucelli, 2017), e isto poderá ter algum impacto nos resultados e na capacidade de
26
replicabilidade dos mesmos noutras populações. O tempo das intervenções dos estudos
incluídos variava entre as 8 e 13 semanas, logo, fica a dúvida se em intervenções de maior
magnitude de tempo, os resultados obtidos seriam os mesmos ou não, pois estes poderão
variar a longo prazo (Mccartney et al., 1996). Apesar dos indivíduos não terem experiência no
TR, o seu histórico de exercício físico e/ou desportivo, não pode ser negligenciado. A parte
nutricional parece ser outro fator importante nas adaptações crónicas a nível das adaptações
musculares (Morton et al., 2015) e nenhum dos trabalhos incluídos nesta revisão levou esta
variável em consideração. Também não é mencionado em momento algum se os indivíduos
treinavam todos no mesmo horário, a sua rotina diária, isto é, se um sujeito trabalhasse de
noite e não tivesse um sono/descanso adequado e realizasse a intervenção de manhã, o seu
rendimento seria comprometido, e consequentemente poderá afetar as adaptações a longo
prazo (Fullagar et al., 2015), apesar da literatura ainda não ser unanime nesta temática. A
variabilidade intra-individual, do comprimento da tíbia dos sujeitos também é uma variável a
ter em consideração, isto porque, apesar do braço de entrada, local onde a magnitude da
máquina interage com o sujeito, ser colocado em todos os sujeitos, “teoricamente” no mesmo
local, de forma absoluta isso não acontecerá, sendo que sujeitos com tíbia maiores (no caso
de uma máquina de EJ), terão o seu braço de entrada aplicado mais longe do eixo de rotação,
e como tal, a resistência final oferecida ao sujeito será superior (Leal, Martínez, & Sieso,
2014), comparativamente a um sujeito com uma tíbia de menores dimensões, e se a
resistência é maior, a demanda muscular, consequentemente também será maior, o que pode
influenciar os resultados (Purvis & Malucelli, 2017). A realização do exercício a uma elevada
velocidade de execução, poderá aumentar a magnitude da carga externa abruptamente (2ª
Lei de Newton, Força = massa x aceleração), principalmente nos extremos articulares, nos
momentos em que é necessário impor acelerações positivas e negativas nessa mesma carga,
o que poderá levar a que existe um maior recrutamento das unidades motoras de maior
tamanho, uma vez que estas parecem ser recrutadas em situações em que a carga externa
é elevada e/ou quando executamos movimentos a uma elevada velocidade e perto do ponto
da FMM (Macaluso et al., 2012; Milner-Brown et al., 1973). O recrutamento destas fibras
durante o exercício poderá explicar o porquê de movimentos realizados a elevadas
velocidades de execução gerarem adaptações musculares hipertróficas positivas (Shepstone
et al., 2005), uma vez que, as fibras musculares tipo rápido parecem ser as que têm maior
potencial hipertrófico (Folland & Williams, 2007), pois parece que estas fibras musculares têm
uma maior expressão de p70S6K (Folland & Williams, 2007) e mTORC1 (Edman et al., 2019)
após a sessão de TR , apesar deste tema ainda não ser totalmente claro (Grgic & Schoenfeld,
2018).
27
Conclusões
Tendo em conta os estudos observados nesta revisão sistemática, podemos concluir que
parece não existir diferenças significativas da implementação de diferentes velocidades de
execução e diferentes TST por repetição e série, na HM em indivíduos do sexo masculino
sem experiência. Contudo, deverá ser realçado que a qualidade metodológica dos estudos
existentes e analisados foi fraca-média.
Desta forma, é necessária a realização de estudos com maior qualidade metodológica e em
outras populações, até que se possam criar recomendações sólidas sobre esta temática.
28
Referências Bibliográficas
Ahtiainen, J. P., Hoffren, M., Hulmi, J. J., Pietikainen, M., Mero, A. A., Avela, J., & Hakkine, K.
(2009). Panoramic Ultrasonography is a Valid Method to Measure Changes in Skeletal
Muscle Cross-Sectional Area. European Journal of Applied Physiology, 273–279.
https://doi.org/10.1007/s00421-009-1211-6
Brandão, L., Painelli, V. D. S., Silva-Batista, T. L. C., Brendon, H., Schoenfeld, B. J., Aihara,
A., … Teixeira, E. (2020). Varying the Order of Combinations of Single- and Multi-Joint
Exercises Differentially Affects Resistance Training Adaptations. The Journal of Strength
and Conditioning Research. https://doi.org/10.1519/JSC.0000000000003550
Burd, N. A., Andrews, R. J., West, D. W. D., Little, J. P., Cochran, A. J. R., Hector, A. J., …
Phillips, S. M. (2012). Muscle Time Under Tension During Resistance Exercise Stimulates
Differential Muscle Protein Sub-Fractional Synthetic Responses in Men. Journal of
Phsiology, 2, 351–362. https://doi.org/10.1113/jphysiol.2011.221200
Downs, S. H., & Black, N. (1998). The Feasibility of Creating a Checklist for the Assessment
of the Methodological Quality Both of Randomised and Non-Randomised Studies of
Health Care Interventions. Journal of Epidemiology and Community Health, 52(6), 377–
384. https://doi.org/10.1136/jech.52.6.377
Ebbeling, C. B., & Clarkson, P. M. (1989). Exercise-Induced Muscle Damage and Adaptation.
Sports Medicine. https://doi.org/10.2165/00007256-198907040-00001
Ebbeling, C. B., & Clarkson, P. M. (2002). Exercise-Induced Muscle Damage in Humans.
American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation.
https://doi.org/10.1097/00002060-200211001-00007
Edman, S., Söderlund, K., Moberg, M., Apró, W., & Blomstrand, E. (2019). mTORC1 Signaling
in Individual Human Muscle Fibers Following Resistance Exercise in Combination With
Intake of Essential Amino Acids. Frontiers in Nutrition.
https://doi.org/10.3389/fnut.2019.00096
Ema, R., Wakahara, T., Miyamoto, N., Kanehisa, H., & Kawakami, Y. (2013). Inhomogeneous
Architectural Changes of the Quadriceps Femoris Induced by Resistance Training.
Arbeitsphysiologie. https://doi.org/10.1007/s00421-013-2700-1
Folland, J. P., Irish, C. S., Roberts, J. C., Tarr, J. E., & Jones, D. A. (2002). Fatigue is Not a
Necessary Stimulus for Strength Hains During Resistance Training. British Journal of
Sports Medicine, 36(5), 370–373.
Folland, J. P., & Williams, A. G. (2007). The Adaptations to Strength Training: Morphological
and Neurological Contributions to Increased Strength. Sports Medicine.
https://doi.org/10.2165/00007256-200737020-00004
Fry, A. C. (2004). The Role of Resistance Exercise Intensity on Muscle Fibre Adaptations.
29
Sports Medicine, 34, 10. https://doi.org/10.2165/00007256-200434100-00004
Fullagar, H. H. K., Skorski, S., Duffield, R., Hammes, D., Coutts, A. J., & Meyer, T. (2015).
Sleep and Athletic Performance: The Effects of Sleep Loss on Exercise Performance,
and Physiological and Cognitive Responses to Exercise. Sports Medicine.
https://doi.org/10.1007/s40279-014-0260-0
Gibala, M. J., MacDougall, J. D., Tarnopolsky, M. A., Stauber, W. T., & Elorriaga, A. (1995).
Changes in Human Skeletal Muscle Ultrastructure and Force Production After Acute
Resistance Exercise. Journal of Applied Phsiology.
https://doi.org/10.1152/jappl.1995.78.2.702
Goldberg, A. L., Etlinger, J. D., Goldspink, D. F., & Jablecki, C. (1975). Mechanism of Work-
Induced Hypertrophy of Skeletal Muscle. Medicine and Science in Sports, 7(185–98), 3.
https://doi.org/10.1249/00005768-197500740-00003
Grgic, J., & Schoenfeld, B. J. (2018). Are the Hypertrophic Adaptations to High and Low-Load
Resistance Training Muscle Fiber Type Specific? Frontiers in Physiology.
https://doi.org/10.3389/fphys.2018.00402
Hackett, D., Davies, T. B., Orr, R., Kuang, K., & Halaki, M. (2018). Effect of Movement Velocity
During Resistance Training on Muscle-Specific Hypertrophy: A Systematic Review.
European Journal of Sport Science, 18(3), 1–10.
https://doi.org/10.1080/17461391.2018.1434563
Hackett, D., Johnson, N. A., & Chow, C.-M. (2012). Training Practices and Ergogenic Aids
Used by Male Bodybuilders. The Journal of Strength and Conditioning Research, 27(6).
https://doi.org/10.1519/JSC.0b013e318271272a
Haun, C. T., Vann, C., Roberts, B. M., Vigotsky, A., Schoenfeld, B. J., & Roberts, M. D. (2019).
A Critical Evaluation of the Biological Construct Skeletal Muscle Hypertrophy: Size
Matters but So Does the Measurement. Frontiers in Physiology.
https://doi.org/10.3389/fphys.2019.00247
Hopewell, S., McDonald, S., Clarke, M., & Egger, M. (2007). Grey Literature in Meta-Analyses
of Randomized Trials of Health Care Interventions. The Cochrane Database of
Systematic Review. https://doi.org/10.1002/14651858.MR000010.pub3
Ivey, F. M., Roth, S. M., Ferrell, R. E., Tracy, B. L., Lemmer, J. T., Hurlbut, D. E., … Hurley, B.
F. (2000). Effects of Age , Gender , and Myostatin Genotype on the Hypertrophic
Response to Heavy Resistance Strength Training. Journals of Gerontology, 55(11), 20–
23. https://doi.org/10.1093/gerona/55.11.m641
Kim, J., Wang, Z., Heymsfield, S. B., Baumgartner, R. N., & Gallagher, D. (2018). Total-Body
Skeletal Muscle Mass: Estimation by a New Dual-Energy. American Journal of Clinical
Nutrition, 378–383. https://doi.org/10.1093/ajcn/76.2.378
30
Kosek, D. J., Kim, J., Petrella, J. K., Cross, J. M., Bamman, M. M., David, J., … Bamman, M.
M. (2006). Efficacy of 3 Days / wk Resistance Training on Myofiber Hypertrophy and
Myogenic Mechanisms in Young vs Older Adults. Journal of Applied Physiology, 531–
544. https://doi.org/10.1152/japplphysiol.01474.2005.
Krieger, J. (2010). Single vs. Multiple Sets of Resistance Exercise for Muscle Hypertrophy: A
Meta-Analysis. The Journal of Strength and Conditioning Research, 24(4).
https://doi.org/10.1519/JSC.0b013e3181d4d436
Lasevicius, T., Schoenfeld, B. J., Silva-Batista, C., Barros, T. de S., Aihara, A., Brendon, H.,
… Teixeira, E. (2019). Muscle Failure Promotes Greater Muscle Hypertrophy in Low-Load
but Not in High-Load Resistance Training. The Journal of Strength and Conditioning
Research. https://doi.org/10.1519/JSC.0000000000003454
Lasevicius, T., Ugrinowitsch, C., Schoenfeld, B. J., Tavares, L. D., Souza, E. O. De, & Tricoli,
V. (2018). Effects of Different Intensities of Resistance Training with Equated Volume
Load on Muscle Strength and Hypertrophy. European Journal of Sport Science, 1–9.
https://doi.org/10.1080/17461391.2018.1450898
Leal, L., Martínez, D., & Sieso, E. (2014). Fundamentos de la Mecánica Del Ejercicio.
Resistance Institute.
Macaluso, F., Isaacs, A. W., & Myburgh, K. H. (2012). Preferential Type II Muscle Fiber
Damage From Plyometric Exercise. Journal Of Athletic Training.
https://doi.org/10.4085/1062-6050-47.4.13
Malm, C. (2001). Exercise-Induced Muscle Damage and Inflammation: Fact or Fiction? Acta
Physiologica Scandinavica. https://doi.org/10.1046/j.1365-201x.2001.00825.x
Mannarino, P., Lima, J., Matta, T., Simão, R., & Salles, B. F. de. (2019). Single-Joint Exercise
Results in Higher Hypertrophy of Elbow Flexors Than Multijoint Exercise. The Journal of
Strength and Conditioning Research. https://doi.org/10.1519/JSC.0000000000003234
Mccartney, N., Hicks, A., Martin, J., & Webber, C. E. (1996). A Longitudinal Trial of Weight
Training in the Elderly: Continued Improvements in Year 2. The Journals of Gerontology
Series A Biological Sciences and Medical Sciences.
https://doi.org/10.1093/gerona/51A.6.B425
Mccully, K. K., Schott, J., & Rutherford, O. M. (2015). The Role of Metabolites in Strength
Training . II . Short Versus Long Isometric Contractions. European Journal of Applied
Physiology and Occupational Physiology, (November).
https://doi.org/10.1007/BF00240414
Mcmahon, G., & Onambélé-Pearson, G. L. (2013). Impact of Range of Motion During
Ecologically Valid Resistance Training Protocols on Muscle Size, Subcutaneous Fat, and
Strength. The Journal of Strength and Conditioning Research.
31
https://doi.org/10.1519/JSC.0b013e318297143a
Milner-Brown, H. S., Stein, R. B., & Yemm, R. (1973). The Orderly Recruitment of Human
Motor Units During Voluntary Isometric Contractions. The Journal of Physiology.
https://doi.org/10.1113/jphysiol.1973.sp010192
Mitchell, C. J., Churchward-Venne, T. A., Parise, G., Bellamy, L., Baker, S. K., Smith, K., …
Phillips, S. M. (2014). Acute Post-Exercise Myofibrillar Protein Synthesis Is Not Correlated
with Resistance Training-Induced Muscle Hypertrophy in Young Men. PLoS One, 9(2).
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0089431
Mitsiopoulos, N., Baumgartner, R. N., Heymsfield, S. B., Lyons, W., Gallagher, D., Ross, R.,
… Cadaver, R. R. (2018). Cadaver Validation of Skeletal Muscle Measurement by
Magnetic Resonance Imaging and Computerized Tomography. Journal of Applied
Phsiology, 115–122. https://doi.org/10.1152/jappl.1998.85.1.115
Morton, R., Mcglory, C., & Phillips, S. M. (2015). Nutritional Interventions to Augment
Resistance Training-Induced Skeletal Muscle Hypertrophy. Frontiers in Physiology.
https://doi.org/10.3389/fphys.2015.00245
Newton, M., & Sacco, P. (2006). Greater Muscle Damage Induced by Fast Versus Slow
Velocity Eccentric Exercise. International Journal of Sports Medicine, 591–598.
https://doi.org/10.1055/s-2005-865920
Nobrega, S., Ugrinowitsch, C., Pintanel, L., Barcelos, C., & Libardi, C. A. (2016). Effect Of
Resistance Training To Muscle Failure Versus Volitional Interruption At High- And Low-
Intensities On Muscle Mass And Strength. The Journal of Strength and Conditioning
Research. https://doi.org/10.1519/JSC.0000000000001787
Nogueira, W., Gentil, P., Mello, S. N. M., Oliveira, R. J., Bezerra, A. J. C., & Bottaro, M. (2008).
Effects of Power Training on Muscle Thickness of Older Men. Yearbook of Sports
Medicine, 200–204. https://doi.org/10.1055/s-0028-1104584
Pareja-Blanco, F., Mora-Custodio, R., Performance, A., & Olavide, P. De. (2017). Movement
Velocity as Indicator of Relative Intensity and Level of Effort Attained During the Set in
Pull-Up Exercise. International Journal of Sports Physiology and Performance.
https://doi.org/10.1123/ijspp.2016-0791
Paul, A. C., & Rosenthal, N. (2002). Different Modes of Hypertrophy in Skeletal Muscle Fibers.
The Journal of Cell Biology, 156(751–60), 4. https://doi.org/10.1083/jcb.200105147
Pereira, P. E., Motoyama, Y., Esteves, G., Quinelato, W. C., Botter, L., Tanaka, K., & Azevedo,
P. (2016). Resistance Training With Slow Speed of Movement is Better for Hypertrophy
and Muscle strength Gains Than Fast Speed of Movement. International Journal of
Applied Exercise Physiology. Retrieved from
https://www.researchgate.net/publication/305676699_Resistance_training_with_slow_s
32
peed_of_movement_is_better_for_hypertrophy_and_muscle_strength_gains_than_fast
_speed_of_movement
Purvis, T. C., & Malucelli, M. F. (2017). A Evolução da Prescrição Clínica do Exercício: A
Identidade da Fisioterapia (1a Edição). Curitiba.
Ratamess, N., Alvar, B. A., Evetoch, T. K., Housh, T. J., Kibler, W. B., Kraemer, W. J., &
Triplett, N. T. (2009). American College of Sports Medicine Position Strand. Progression
Models in Resistance Training for Healthy Adults. Medicine and Science in Sports and
Exercise. https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e3181915670
Robbins, D. W., Goodale, T. L., Docherty, D., Behm, D. G., & Tran, Q. T. (2010). The Effects
of Load and Training Pattern on Acute Neuromuscular Responses in the Upper Body.
Journal of Strength and Conditioning Research, 2996–3007.
https://doi.org/10.1519/JSC.0b013e3181f67474
Schoenfeld, B. J. (2010). The Mechanisms of Muscle Hypertrophy and Their Application to
Resistance Training. Journal of Strength and Conditioning Research, 24(10), 2857–2872.
https://doi.org/10.1519/JSC.0b013e3181e840f3
Schoenfeld, B. J. (2013). Potential Mechanisms for a Role of Metabolic Stress in Hypertrophic
Adaptations to Resistance Training. Sports Medicine, 179–194.
https://doi.org/10.1007/s40279-013-0017-1
Schoenfeld, B. J. (2016). Science Development Muscle Hypertrophy. Human Kinetics.
Schoenfeld, B. J., Contreras, B., Krieger, J., Grgic, J., DelCastillo, K., Belliard, R., & Alto, A.
(2018). Resistance Training Volume Enhances Muscle Hypertrophy but Not Strength in
Trained Men. Medicine and Science in Sports and Exercise.
https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001764
Schoenfeld, B. J., Krieger, J. W., & Ogborn, D. I. (2015). Effect of Repetition Duration During
Resistance Training on Muscle Hypertrophy: A Systematic Review and Meta-Analysis.
Sports Medicine, 45(4). https://doi.org/10.1007/s40279-015-0304-0
Schoenfeld, B. J., Ratamess, N., Peterson, M. D., Contreras, B., Sonmez, G. T., & Alvar, B. A.
(2014). Effects of Different Volume-Equated Resistance Training Loading Strategies on
Muscular Adaptations in Well-Trained Men. Journal of Strength and Conditioning
Research. https://doi.org/10.1519/JSC.0000000000000480
Schott, J., Mccully, K. K., & Rutherford, O. M. (1995). The Role of Metabolites in Strength
Training. II. Short Versus Long Isometric Contractions. European Journal of Applied
Physiology and Occupational Physiology, 71(4), 337–341.
https://doi.org/10.1007/BF00240414
Shepstone, T. N., Tang, J. E., Dallaire, S., Schuenke, M. D., Robert, S., Phillips, S. M., …
Short-, S. M. P. (2005). Short-Term High- vs. Low-Velocity Isokinetic Lengthening
33
Training Results in Greater Hypertrophy of the Elbow Flexors in Young Men. Journal of
Applied Phsiology, 1768–1776. https://doi.org/10.1152/japplphysiol.01027.2004
Shinohara, M., Kouzaki, M., Yoshihisa, T., & Fukunaga, T. (1998). Efficacy of Tourniquet
Ischemia For Strength Training With Low Resistance. European Journal of Applied
Physiology, 189–191. Retrieved from
https://www.researchgate.net/publication/13770398_Efficacy_of_tourniquet_ischemia_f
or_strength_training_with_low_resistance
Smith, R. C., & Rutherford, O. M. (1995). The Role of Metabolites in Strength Training. I. A
Comparison of Eccentric and Concentric Contractions. European Journal of Applied
Physiology and Occupational Physiology, 71(4), 332–336.
Suga, T., Okita, K., Morita, N., Yokota, T., Horiuchi, M., Takada, S., … Kinugawa, S. (2009).
Intramuscular Metabolism During Low-Intensity Resistance Exercise With Blood Flow
Restriction Intramuscular Metabolism During Low-Intensity Resistance Exercise With
Blood Flow Restriction. Journal of Applied Physiology, 1119–1124.
https://doi.org/10.1152/japplphysiol.90368.2008
Taherdoost, H. (2017). Determining Sample Size: How to Calculate Survey Sample Size.
International Journal of Economics and Management Systems. Retrieved from
https://www.researchgate.net/publication/322887480_Determining_Sample_Size_How_
to_Calculate_Survey_Sample_Size
Tanimoto, M., & Ishii, N. (2006). Effect of Low-Intensity Resistance Exercise with Slow
Movement and Tonic Force Generation on Muscular Function in Young Men. Journal of
Applied Physiology. https://doi.org/10.1152/japplphysiol.00741.2005
Tanimoto, M., Sanada, K., Yamamoto, K., Kawano, H., Gando, Y., Tabata, I., … Miyachi, M.
(2008). Effects of Whole-Body Low-Intensity Resistance Training With Slow Movement
and Tonic Force Generation on Muscular Size and Strength in Young Men. The Journal
of Strength and Conditioning Research, 1926–1938.
https://doi.org/10.1519/JSC.0b013e318185f2b0
Tesch, P. (1986). Skeletal Muscle Adaptations Consequent to Long-Term Heavy Resistance
Exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise.
Tesch, P. A., & Larsson, L. (1982). Muscle Hypertrophy in Bodybuilders. Eur J Appl Physiol
Occup Physiol, 49, 301–306.
Tipton, K., & Wolfe, R. (2001). Exercise, Protein Metabolism, and Muscle Growth. International
Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism.
https://doi.org/10.1123/ijsnem.11.1.109
Ünlü, G., Cevikol, C., & Melekoglu, T. (2019). Comparison of the Effects of Eccentric ,
Concentric , and Eccentric-Concentric Isotonic Resistance Training at Two Velocities on
34
Strength and Muscle Hypertrophy. The Journal of Strength and Conditioning Research,
(38). https://doi.org/10.1519/JSC.0000000000003086
Usui, S., Maeo, S., Tayashiki, K., Nakatani, M., & Kanehisa, H. (2016). Low-load Slow
Movement Squat Training Increases Muscle Size and Strength but Not Power.
International Journal of Sports Medicine, 37(4), 305–312. https://doi.org/10.1055/s-0035-
1564255
Vierck, J., O’Reilly, B., Hossner, K., Antonio, J., Byrne, K., Bucci, L., & Dodson, M. (2000).
Satellite Cell Regulation Following Myotrauma Caused by Resistance Exercise. Cell
Biology International, 24(5), 263–272. https://doi.org/10.1006/cbir.2000.0499
Watanabe, Y., Madarame, H., Ogasawara, R., Nakazato, K., & Ishii, N. (2013). Effect of Very
Low-Intensity Resistance Training With Slow Movement on Muscle Size and Strength in
Healthy Older Adults. Clinical Physiology and Functional Imaging, 34(6), 463–470.
https://doi.org/10.1111/cpf.12117
Welle, S., Totterman, S., & Thornton, C. (1996). Effect of Age on Muscle Hypertrophy Induced
by Resistance Training. The Journals of Gerontology Series A Biological Sciences and
Medical Sciences, 51(6), 270–275. https://doi.org/10.1093/gerona/51A.6.M270
Wilk, M., Golas, A., Stastny, P., Nawrocka, M., Krzysztofik, M., & Zajac, A. (2018). Does Tempo
of Resistance Exercise Impact Training Volume ? by. 62(June), 241–250.
https://doi.org/10.2478/hukin-2018-0034