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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL
SAILON NOERNBERG
AVALIAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA REGENERAÇÃO DE Hovenia dulcis EM UM REMANESCENTE DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA
CANOINHAS 2009
1
SAILON NOERNBERG
AVALIAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA REGENERAÇÃO DE Hovenia dulcis EM UM REMANESCENTE DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada como exigência para a obtenção do título de Engenheiro Florestal, ministrado pela Universidade do Contestado - UnC Canoinhas, sob orientação do professor Ataídes Marinheski Filho.
CANOINHAS 2009
2
AVALIAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA REGENERAÇÃO DE Hovenia dulcis EM UM REMANESCENTE DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA
SAILON NOERNBERG
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi submetido ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para obtenção do Título de:
ENGENHEIRO FLORESTAL
E aprovada em sua versão final em _________, atendendo a normas de legislação vigente da Universidade do Contestado e Coordenação do Curso de Engenharia Florestal.
_____________________________________ Marcos dos Santos Weiss (MSc.)
Coordenador
BANCA EXAMINADORA: _________________________
Orientador: Ataídes Marinheski Filho
_________________________
_________________________
3
AGRADECIMENTOS
À Deus
Com muito amor, declaro minha gratidão à Deus pelo pulsar de minha
existência e pela possibilidade de aprender, contribuir e evoluir. Agradeço a Ele pela
força de superação e pela harmonia dos caminhos que me leva às pessoas que amo
e nos ensinam a crescer. Homenageio, através Dele, a perfeição da natureza, suas
essências, ciclos, desequilíbrios que equilibram, exceções às regras e, enfim, tudo
aquilo que a vida nos dá.
Aos Meus Pais
O momento é de conquista. Cheguei até aqui: minha GRADUAÇÂO. Aos
meus pais, Ildo Noernberg, Leoni de Fátima Leite Noernberg (in memória) e minha
boadrasta Zélia Maria Rosa, o meu muito obrigado! Vocês, que me deram a vida e
me ensinaram a vivê-la com dignidade, não basta um obrigado. De vocês recebi o
dom mais precioso do universo: a vida. Revestiram minha existência de amor,
carinho e dedicação. Vocês me mostraram o caminho certo, me aconselhando e
tiveram paciência. Trabalharam dobrado, sacrificaram seus sonhos em favor do
meu, e não foram apenas pais, mas amigos e companheiros. Foram anos de quase
tortura, em que fui amparado pela ternura de meus pais tão queridos, cujo esforço
jamais será medido; sempre me dando amparo e carinho, conduzindo-me por este
árduo caminho. Hoje, quando concluo este trabalho, procuro entre as palavras
aquela que gostaria que seus corações ouvissem. E só encontro uma simples e
sincera: obrigado! Obrigado por serem o maior exemplo de luta, de amor, de
confiança e de carinho. Amo muito vocês!
4
Às Pessoas que Amo
Nos momentos mais difíceis, lá estavam, e nos momentos de alegria também.
Quando fraquejei e pensei em desistir de tudo aquilo que estava lutando e
buscando, me davam apoio, força e ânimo para continuar. Com as derrotas aprendi
e cresci. Com o tempo, criei calos e hoje sou mais forte. Se posso comemorar uma
nova conquista, devo a seu amor e dedicação incondicional, pois sem eles não
estaria realizando o meu sonho. Se hoje comemoro, é porque sei que foi uma
grande batalha, uma longa jornada e que não conseguiria sozinho.
Em especial agradeço todo o apoio e compreensão nestes anos de
graduação aos meus irmãos, Maiara Leoni Noernberg e Wilson Carlos Guerra,
agradeço a todos os meus familiares que de alguma forma participaram na
conquista deste sonho. Agradeço a minha tia Dóris Noernberg e minha prima Priscila
Noernberg, que souberam ser pacientes e estiveram do meu lado durante esta
caminhada.
Vocês ficarão para sempre marcados em minhas memórias. Muito obrigado!
Aos Mestres
Ser mestre não se resume apenas em lecionar. É também orientar, ser amigo,
companheiro, guiar e caminhar com o aluno a cada novo passo. É ensinar muito
mais que teorias. É preparar seus alunos com dedicação e ética e ser exemplo de
pessoa e profissional. Demonstrar lições de saber, explicitar que uma carreira de
sucesso é possível, e que mudaremos o mundo se, de fato, formos portadores de
um elemento mágico: o conhecimento. Obrigado por fazerem da minha jornada um
grande aprendizado, indagando meus erros e incentivando-me a alcançar o meu
melhor a cada dia.
Agradeço em especial ao professor Luiz Claudio Fossati e ao meu orientador
Ataídes Marinheski Filho, que além de um ótimo profissional, foi um grande
professor que me ajudou pacientemente, dando apoio e suporte para a realização
deste trabalho.
5
Aos Amigos
Amizade nem sempre é pensar do mesmo jeito, mais abrir mão, de vez em
quando! Amizade é como ter um irmão, que não mora na mesma casa. É
compartilhar segredos e emoções! É festa, é diversão. É contar com alguém sempre
que precisar. É saber que se tem mais em comum do que se imagina! Amigo é
aquele que compartilha as alegrias e minimiza as tristezas. São tão necessários que
nossas vitórias não teriam valor sem eles. Por isso e muito mais: obrigado!
Gil Marcel Cordeiro, Rogerio Antonio Bussolin Curtolo, Charlene Neitzel,
Fláviana Friedrich, Ana Paula Souza, Adriano Grein, Felipe Amaral de Almeida,
Ricardo Mantovani, Jéssica Vieira de Lima e demais colegas de classe o meu
agradecimento!
À AFFUnC
Agradeço a oportunidade de pesquisa à todos os diretores da Associação dos
Funcionários da Fundação Universidade do Contestado de Canoinhas, em especial
a Presidente Elizete Langer do Nascimento.
Novos conhecimentos só são possíveis quando há o apoio de pessoas como
vocês! Obrigado!
6
"O segredo do sucesso é saber algo
que ninguém mais sabe."
(Aristóteles)
7
RESUMO
Este estudo abrange medidas de contribuição de estudos das florestas naturais, relacionando a espécie exótica invasora Hovenia dulcis. O presente trabalho foi realizado na Associação dos Funcionários da Fundação Universidade do Contestado de Canoinhas – AFFUnC, entre os meses de agosto a novembro do ano de 2009. A metodologia do trabalho baseou-se no levantamento fitossociológico e levantamento da regeneração natural. No levantamento fitossociológico, obteve-se um total de 919 árvores distribuídas em 11 parcelas de igual tamanho (300 m²). Para o levantamento da regeneração natural utilizaram-se parcelas menores (5m²), obtendo-se 24 espécies. A presença da espécie Hovenia dulcis dentro da trilha ecológica Professor José Hilário Koehler, apresentou-se constante e sua regeneração encontra-se agressiva, pois causa grande competição entre as espécies nativas, que necessitam de luz nos primeiros estágios de desenvolvimento. A Hovenia dulcis no local pode vir a prejudicar a heterogeneidade da floresta e conseqüentemente diminuir a diversidade ecológica.
Palavras-chave: Hovenia dulcis, Regeneração natural e levantamento Fitossociológico.
8
ABSTRACT
This research covers contribution measures on the natural forest studies, considering the exotic invading species Hovenia dulcis. The present work was taken at Associação Associação dos Funcionários da Fundação Universidade do Contestado de Canoinhas – AFFUnC, within the months of august and november, 2009. The applied methodology concerns on the phytosociological survey and natural regeneration survey. On the phytosociological survey there were 919 trees distributed in 11 same sized quota (300m²). On the natural regeneration survey smaller quota were applied (5m²), resulting in 24 species. The presence of the Hovenia dulcis species in the ecological path Professor José Hilário Koehler showed itself constant and its regeneration aggressive, because it causes a considerable competition among the native species, which depend on sunlight at the first stages of growth. The presence of the Hovenia dulcis species at the path may impair the forest heterogeneity and, consequently, reduction of the ecological diversity.
Key-words: Hovenia dulcis, Natural Regeneration and Phytosociological Survey.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01- Floresta em Estágio Inicial de Regeneração ............................................ 22 Figura 02 - Floresta em Estágio Médio de Regeneração .......................................... 23 Figura 03 - Floresta em Estágio Avançado de Regeneração .................................... 24 Figura 04 - Uva-Japão (Hovenia dulcis) .................................................................... 28 Figura 05 - Floração da Hovenia dulcis ..................................................................... 29 Figura 06 - Adensamento da espécie Hovenia dulcis ............................................... 30 Figura 07 - Distribuição da reprodução acelerada da uva-japão ............................... 30 Figura 08 - Folhas (Hovenia dulcis) ........................................................................... 31 Figura 09 - Fruto da uva-japão (Hovenia dulcis) ....................................................... 32 Figura 10 - Madeira (Hovenia dulcis) ........................................................................ 33 Figura 11 - Tronco (Hovenia dulcis) .......................................................................... 34 Figura 12 - Erva-mate (Ilex paraguariensis) .............................................................. 35 Figura 13 - Pinheiro (Araucaria angustifolia) ............................................................. 36 Figura 14 - Cedro (Cedrela fissilis Vell) ..................................................................... 37 Figura 15 - Leiteiro (Sebastiania brasiliensis)............................................................ 38 Figura 16 - Jerivá (Syagrus romanzoffiana) .............................................................. 39 Figura 17 - Visualização aérea da AFFUnC (altitude do ponto de visão: 144 Km).... 40 Figura 18 - Representação da parcela empregada no inventário da vegetação nativa e regeneração ........................................................................................................... 42 Figura 19 - Método utilizado para determinar os estratos da floresta ........................ 43
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Comportamento químico da madeira de Hovenia dulcis. ....................... 33 Tabela 02 - Dados das tensões da madeira de Hovenia dulcis. ............................... 33 Tabela 03 - Representação da qualificação dos indivíduos ...................................... 41 Tabela 04 - Parâmetros fitossosiológicos analisados na composição da floresta ..... 53 Tabela 05 - Classes de Freqüência ........................................................................... 57 Tabela 06 - Índice de valor de cobertura (IVC), índice de valor de importância por espécie (IVI) e posição sociológica absoluta e relativa das espécies por estrato ....................................................................................................................... 59 Tabela 07 - Análise estatística dos resultados .......................................................... 62 Tabela 08 - Parâmetros fitossosiológicos da regeneração natural analisados na composição da floresta ............................................................................................. 65
11
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 - Distribuição do número de espécies por classes de freqüência ............ 58 Gráfico 02 - Representação das espécies por estrato .............................................. 61 Gráfico 03 - Representação da curva espécie-área .................................................. 63 Gráfico 04 - Porcentagem de Indivíduos de Hovenia dulcis por parcela ................... 68 Gráfico 05 - Representação da espécie Hovenia dulcis por estrato .......................... 68
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA .............................................................................. 13 1.2 PROBLEMA ....................................................................................................... 14 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 14 1.4 OBJETIVOS ........................................................................................................ 15 1.4.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 15 1.4.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 15 2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 17 2.1 Referencial Teórico ............................................................................................. 17 2.1.1 As Florestas da Região do Contestado ............................................................ 17 2.1.2 Características da Floresta Ombrófila Mista ..................................................... 18 2.1.3 Regeneração das Florestas ............................................................................. 19 2.1.4 Classes Tipológicas de Regeneração .............................................................. 21 2.1.4.1 Florestas em estágio inicial de regeneração ................................................. 21 2.1.4.2 Florestas em estágio médio de regeneração natural .................................... 22 2.1.4.3 Florestas em estágio avançado de regeneração natural ............................... 23 2.1.5 Diversidade Biológica ....................................................................................... 25 2.1.6 Trilhas Ecológicas ............................................................................................ 25 2.1.7 Espécies Invasoras .......................................................................................... 26 2.1.8 Hovenia dulcis (Uva-do-Japão) ........................................................................ 28 2.1.9 Algumas Espécies de Árvores Nativas Existentes na Trilha Ecológica Professor José Hilário Koehler .................................................................................................. 34 2.1.9.1 Ilex paraguariensis – Erva Mate .................................................................... 34 2.1.9.2 Araucaria angustifolia – Pinheiro ................................................................... 35 2.1.9.3 Cedrela fissilis Vell. – Cedro .......................................................................... 37 2.1.9.4 Sapium glandulatum – Leiteiro ...................................................................... 38 2.1.9.5 Syagrus romanzoffiana – Jerivá .................................................................... 39 2.2 Materiais e Métodos ............................................................................................ 40 2.2.1 Localização da área ......................................................................................... 40 2.2.2 Amostragem e coleta de dados ........................................................................ 41 2.2.3 Estrutura Horizontal .......................................................................................... 43 2.2.4 Estatística do Inventário Florestal .................................................................... 48 2.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................................... 51 2.3.1 Grau de Homogeneidade da Floresta .............................................................. 57 2.3.1.1 Diagramas de freqüência .............................................................................. 57 2.3.1.2 Quociente de mistura de Jentsch (QM) ......................................................... 58 2.3.2 Estrutura Vertical da Composição Florística.....................................................61 2.3.3 Análise Estatística do Inventário Florestal ........................................................ 62 2.3.4 Curva de Espécie-área. .................................................................................... 63 2.3.5 Regeneração Natural por Espécie ................................................................... 63 2.3.6 Análise do desenvolvimento de Hovenia dulcis ................................................ 67 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 72 ANEXOS ................................................................................................................... 74
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA
Muito que se pensa das alterações do ambiente sobre influências da própria
natureza é considerado redundante. É o homem que vem alterando o planeta,
acidental ou intencionalmente, e isso se torna mais evidente no século XVII, com o
início da revolução industrial e o auge do consumismo, perpetuando até os dias de
hoje. As mudanças climáticas que o planeta vem sofrendo desde o surgimento
desta revolução, onde os produtos industrializados necessitaram de mais matéria-
prima para sua fabricação, é de uma escala impressionante, comparada com toda a
história de vida do homem na terra. O homem é hoje o agente individual que causa
maiores alterações na superfície terrestre.
Apenas na década de 1960 as preocupações com as perdas da qualidade
ambiental foram vistas como uma preocupação mundial. Neste novo conceito de que
todos deveriam se envolver para buscar soluções aos impactos ambientais, tentou-
se explicar por fontes ou estudos os padrões de vegetação natural, considerado
como ambiente físico. Neste momento, o ambiente passou a ser mencionado como
algo natural e o homem o grande impactante.
A fauna e flora sofreram grandes mudanças nesse período em que o homem
explorou de todas as formas os recursos naturais. Para tentar diminuir estes
impactos surgem os planos de recomposição de áreas degradadas, e nesta idéia,
bastava recompor as áreas com novas espécies. Nestas recomposições, buscaram-
se variar ao máximo as espécies do local, como conseqüência, exóticas foram
inseridas nas novas florestas. No Brasil, várias espécies exóticas que foram
introduzidas causam grandes problemas de regeneração. Estes problemas
registrados hoje são oriundos da pressa em tentar diminuir os impactos minutados
até hoje pelo homem.
Uma dessas espécies exóticas invasora encontrada no planalto norte
catarinense é a Hovenia dulcis, conhecida como uva-do-japão, que possui um
crescimento elevado e causa grandes danos ao solo e a reprodução das espécies
nativas da região. Essa espécie é muito encontrada na trilha ecológica Professor
14
José Hilário Koehler, localizada na Associação dos Funcionários da Fundação
Universidade do Contestado de Canoinhas (AFFUnC), porém, não se leva em
consideração o seu controle o que pode ocasionar uma diminuição da variedade de
espécies nativas na área, conseqüência da perda do nicho ecológico.
1.2 PROBLEMA
Com a introdução de espécies exóticas nas florestas nativas, originam-se
grandes problemas voltados ao meio ambiente. Estas árvores, como a Hovenia
dulcis se proliferam rapidamente dentro da floresta, criando competição de
regeneração com as espécies nativas. Esta competição prejudica a regeneração e o
desenvolvimento, pois o crescimento desta espécie exótica comparada às nativas é
muito acelerado, não dando chance de sobrevivência às nativas por necessitar de
luz, calor e outros fatores necessários nos seus primeiros momentos de crescimento.
O quanto à espécie Hovenia dulcis pode influenciar na regeneração dentro da
trilha ecológica Professor José Hilário Koehler?
1.3 JUSTIFICATIVA
Existem poucos estudos a respeito de espécies em regeneração comparando
a competição entre as exóticas e nativas. Este estudo vem para ampliar informações
com respeito à espécie exótica Hovenia dulcis.
As espécies em regeneração necessitam de exposição ao sol, por isso seu
crescimento torna-se acelerado e suas chances de sobrevivência aumentam. No
entanto, existe a competição entre as espécies em regeneração na busca pela luz, e
algumas exóticas, como a Hovenia dulcis, que apresentam um rápido crescimento e
se sobressai sobre as demais nativas em competição, como as nativas apresentam
um lento desenvolvimento comparado com esta espécie, as suas chances de
sobrevivência tornam-se escassas.
15
A maioria das espécies nativas demoram meses ou até anos para começar a
se desenvolver. Suas sementes muitas vezes necessitam de quebra de dormência,
ou seja, condições adequadas para que as sementes comecem a germinar. Isso não
acontece com a Hovenia dulcis, que exige poucas adversidades do meio para
germinação, assim, a agressividade entre as nativas e exóticas é um extremo
decisório para o equilíbrio de uma floresta.
A floresta não se resume apenas em plantas e animais, mais sim, em
diversidade e equilíbrio desse meio. O ciclo que envolve toda a cadeia de vida de
uma floresta pode ser interrompido ou ameaçado quando o meio é alterado. Nestes
termos, há necessidade de pesquisas envolvendo o impacto que espécies exóticas
causam na regeneração das florestas, sendo que muitas vezes, o risco de
homogeneidade só é notado quando essas espécies já dominaram o local.
A implementação desta pesquisa busca uma importante contribuição
ecológica, pois os dados gerados podem servir futuramente para um enriquecimento
arbóreo do local. Desta forma, serão ampliadas as informações dos impactos
ambientais, condições arbóreas da trilha, além do seu estado de regeneração.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo Geral
Contribuir para estudo das florestas naturais, relacionando a espécie exótica
invasora Hovenia dulcis.
1.4.2 Objetivos Específicos
Avaliar a composição florística da trilha ecológica Professor José Hilário
Koehler;
16
Coletar informações relacionadas à regeneração da trilha ecológica Professor
José Hilário Koehler ;
Avaliar o impacto que a espécie Hovenia dulcis pode causar ao local;
Determinar os índices fitossociológicos da trilha ecológica Professor José
Hilário Koehler.
17
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.1 As Florestas da Região do Contestado
Até pouco tempo, antes dos reflorestamentos - na região do Contestado - a
exploração da madeira era voltada principalmente para a mata nativa. A floresta
desta região pode ser classificada como:
Floresta Ombrófila Mista ou Floresta de araucária, cobrindo ¾ da região, onde predomina a árvore em forma de cálice – pinheiro brasileiro – entre as imbuias, erva-mate, cedro, canela e cambota, difere da Mata Atlântica e da Mata Caducifólia; a “Araucalândia” tem características próprias e invade as formações periféricas com o porte gigantesco das suas espécies. A associação do pinheiro e imbuia (Ocotea porosa) é observada na parte setentrional da Região do Contestado, em Santa Catarina, e no centro do Estado do Paraná, formando agrupamentos muito característicos com a cobertura fechada (THOMÉ, 1995, p.24).
Quando se fala em florestas, surge a percepção de inúmeras espécies com
sua fauna rica em diversidade, trilhas ecológicas e reservas d’água. Também pode
nascer a idéia de áreas que precisam de maior atenção de preservação, ou mesmo
uma recuperação para tornar suas características as mais próximas visivelmente da
natural. Este pensamento não está errado, porém não é simples assim pensar em
florestas.
As florestas da região foram tragicamente exploradas e quase extintas em
poucas décadas. Em 1906 começaram as obras da Ferrovia da empresa America
Brazil Railway Company, que mais tarde junto com a subsidiária Southern Brazil
Lumber & Colonization Company – esta instalada na cidade de Três Barras/SC,
montou uma serraria destinada a servir à sua colonização. Instalada ao lado da
estrada de ferro, a serraria consumia diariamente milhares de toras obtidas da mata
nativa. Para construir a estrada, o governo cedeu 15 km de cada lado no decorrer de
toda a ferrovia, além de conceder o direito de exploração das terras pela empresa.
Este colosso, que passou a empregar cerca de 800 trabalhadores, era movido por um motor de 1.600 cavalos, o que dava à indústria a capacidade máxima de 1.200 dúzias de tábuas por dia. Antes mesmo da ferrovia entre União da Vitória e o porto de São Francisco entrar em funcionamento, a
18
Lumber já dispunha em Três Barras do enorme estoque de 8 milhões de pés cúbicos de madeira serrada, pronta para exploração. (WACHOWICZ apud THOMÉ, 1995, p.54)
Assim, a região de Canoinhas foi explorada de forma arrasadora, retirando a
riqueza das florestas, diminuindo sua variedade de árvores e animais. “A devastação
da Floresta de Araucária para retirada de madeira, para o avanço da agricultura, e a
ação predatória do homem, fez rarear e exterminar muitas espécies, o que dificulta a
identificação da fauna regional” (THOMÉ, 1995, p.47).
Hoje, grande parte das florestas da região encontra-se em estado de
regeneração, conseqüência da exploração do homem durante décadas sem pensar
no impacto que a retirada de toda a mata causaria.
2.1.2 Características da Floresta Ombrófila Mista
A Floresta Ombrófila mista ou floresta de araucária é um dos mais
exuberantes ecossistemas do Brasil. Localizada no Sul do país, estende-se pelos
estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e abriga uma das poucas
coníferas1 de ocorrência subtropical no hemisfério Sul do continente americano: a
Araucária Brasileira, conhecida como pinheiro-brasileiro ou pinheiro-do-Paraná
(Araucaria angustifolia).
[...] A região das araucárias principia no primeiro planalto, imediatamente a oeste da Serra do Mar, e estende-se pelos segundo e terceiro planaltos do Estado do Paraná e Laranjeiras do Sul, com associação florística da araucária. A região da araucária insere-se às partes mais altas das montanhas do Sul, nos planaltos, onde ocorrem até altitudes médias de 600 a 800 m, e em alguns poucos lugares em que ultrapassam 1.000m (KLEIN, 1985, p.198).
A floresta de araucária não abriga apenas a sua espécie típica, mas muitas
outras que formam comunidades interativas e diferenciadas em florística, estrutura e
organização ecológica. Segundo Da Croce (1991) descrito por Thomé (1995), no
total deste território-testemunho preservado, existem doze espécies com maior
expressividade, com destaque para o pinheiro, com 26,42%; seguido em ordem
1 Espécime das plantas que, como o pinheiro, produzem sementes não abrigadas em frutos.
19
decrescente por: camboatá-vermelho, 8,12%; pimenteira, 7,72%; imbuia, 6,65%;
miguel-pintado, 5,72%; erva-mate, 4,40%; vassourão, 2,73%; pessegueiro-bravo,
2,65%; canela-lageana, 2,50%; caúna, 1,85%; guaraperê, 1,75% e cedro, 0,85%.
Existe considerável riqueza na floresta de araucária, seja nos seus
componentes arbóreos, no sub-dossel ou nas copas que formam dosséis
irregulares. Ali a biodiversidade2 atinge níveis elevados, apesar de sua aparente
simplicidade estrutural. Entretanto, a floresta Ombrófila Mista encontra-se, no
presente, praticamente no limiar do seu desaparecimento. Nos raros e diminutos
restos remanescentes ainda existentes no sul do país, muitos deles encontram-se
profundamente alterados, enquanto outros passam por estágios variados de
regeneração.
2.1.3 Regeneração das Florestas
A regeneração das espécies necessita de inúmeras pré-condições, que são
freqüentemente variadas entre cada espécie. Essas pré-condições podem se dar
devido ao um pequeno número de sementes produzidas e/ou dispersas, ou um
processo pós-dispersão, afetando o sucesso do estabelecimento de plântulas. São
indispensáveis as seguintes condições para que ocorra a germinação: Presença em
quantidade suficiente de sementes viáveis, condições edafo-climáticas3 à altura das
exigências de germinação e crescimento (LAMPRECHT, 1986).
A abundância de plântulas e espécies jovens de plantas nas florestas
depende (além da dispersão das sementes), de disponibilidade de luz, ação de
predadores e incidência de danos físicos (clima, animais etc.). Muitas das sementes,
após alguns dias de dispersão, perdem o seu poder de germinação, o que afeta a
dinâmica e a composição da comunidade.
Diferenças no sucesso de estabelecimento pós-dispersão ocorrem basicamente devido a mudanças nas taxas de germinação, competição,
2 Biodiversidade ou diversidade biológica é a diversidade da natureza viva. Como flora, fauna, fungos
macroscópicos e microrganismos. 3 Referente a condições do solo e clima. Termo geralmente empregado a plantas que têm fácil
adaptação a diferentes tipos de solo e clima. Outro significado: modelo de clímax ecológico resultante de fato.
20
herbivoria e estresse hídrico e microclimático, que alteram a sobrevivência e o crescimento das plântulas (ALVES; METZGER, 2004, p. 3).
A produção de sementes deve ocorrer em um modo equilibrado para manter a
disponibilidade suficiente apta à germinação e regeneração da espécie. A
regeneração florestal após um distúrbio natural, como a abertura de clareiras pela
queda de árvores, ocorre através da contribuição das árvores remanescentes, via
produção de sementes ou rebrota, pelo recrutamento das plântulas sobreviventes à
perturbação (regeneração avançada), e pelo recrutamento de sementes presentes
no banco de sementes do solo e/ou provenientes da chuva de sementes. (ALVES;
METZGER, 2004).
De modo geral, o fator para êxito na regeneração está nas condições de
luminosidade, calor e umidade. Deste modo, as espécies de composição de uma
floresta são classificadas como: heliófilas, que necessita de luz no inicio e ao final da
vida; esciófilas, que se regenera na sombra do povoamento; e parcialmente
esciófilas, capazes de regenerar-se na sombra ou sobre luz, mais que no período
juvenil necessita de luz plena (LAMPRECHT, 1986).
As espécies esciófilas sobrevivem na sombra durante anos sem crescer
praticamente nunca, enquanto as pioneiras necessitam de luz para desenvolver-se.
Essas plantas preservam sua capacidade de reagir com maior crescimento a
qualquer melhora nas condições de luminosidade. Lamprecht (1986) diz que
espécies esciófilas são características de numerosas espécies de floresta em
clímax.
As condições bióticas e abióticas de uma floresta de regeneração manifestam
condições de comportamento de mortalidade de plantas diferentes se comparado
com as florestas naturais, devido à abundância de espécies e diversidade da
comunidade.
A par da água, calor e luz, há uma série de outros fatores bióticos e abióticos a exercer uma influência não raro decisiva sobre o desenvolvimento de todos os tipos de regeneração. É este o caso de animais que danificam sementes (tais como insetos e outros) ou que consomem (como exemplo pássaros, morcegos e macacos) (LAMPRECHT, 1986, p. 72).
Numa floresta, a chance de uma plântula sobreviver é pequena, pois ela está
sujeita a todo o tipo de ataque, seja por animais, insetos, ou pragas. Nesse longo
processo de regeneração, que envolve condições adequadas e fatores favoráveis, a
sobrevivência é muito importante para manter a diversidade de plantas na área.
21
Doenças causadas por fungos podem causar a morte de plantas em fase juvenil, ameaçando particularmente as plântulas recém germinadas. Mas o fator mais importante é, em geral, a concorrência oferecida pelo resto da vegetação que encobre o solo (LAMPRECHT, 1986, p. 72).
Além da luz, uma série de fatores bióticos e abióticos são fontes importantes
para incidir uma regeneração. O conjunto destes métodos é o que define o sucesso
ou insucesso do processo. A presença abundante de sementes não significa que a
regeneração tenha se estabelecido. Ao contrário, ela é muitas vezes o que retrata
uma deficiência de regeneração, mais ou menos (ou completamente), devido à falta
de luz como provável fator principal (LAMPRECHT, 1986).
2.1.4 Classes Tipológicas de Regeneração
2.1.4.1 Florestas em estágio inicial de regeneração
Formação originada pelo processo de colonização e sucessão que se
processa após o corte raso da vegetação. Consiste de um desenvolvimento florestal
jovem, chamado vulgarmente de capoeira ou capoeira baixa.
Sucessão que se forma logo após o corte raso formando um processo de
formação e colonização da vegetação. São estruturas florestais totalmente
rompidas, isto é, com densidade máxima de 100 árvores com DAP (diâmetro da
altura do peito) de 10 cm por hectare. São plantas pequenas que buscam espaço
para seu desenvolvimento. A formação do dossel é composta principalmente por
heliófitas pioneiras. Nesta formação é evidente a ausência de espécies pioneiras no
sub-bosque. Também nota-se a ausência da regeneração de outras espécies no
estágio mais avançado, na forma de varas ou plântulas. Além disso, pode-se incluir
nesta classe a regeneração que se desenvolve a partir das regenerações avançadas
(DURAN; PEIXE, 2002).
As espécies arbóreas predominantes deste estágio sucessional são as
pioneiras heliófitas que colonizam o local de forma rápida pela abundância de luz e
pouca competição; são típicas do bioma: Mimosa scabrella, Vernonia discolor,
22
Piptocarpha angustifolia, Myrsine ferruginea, Schinus terebinthifolius, Clethra scabra,
Sapium glandulatum e Ocotea puberula (DURAN; PEIXE 2002).
No entanto, outras espécies podem ser encontradas no estágio inicial de
sucessão, seja pela presença de disseminação atípica, animais silvestres ou
remanescentes da sucessão ou regeneração avançada.
Figura 01: Floresta em Estágio Inicial de Regeneração Fonte: (Universidade Federal do Paraná, 2003).
Esta vegetação pode ser encontrada em áreas que após a exploração
permanecem abandonadas por um longo período, seja por agricultura, pecuária ou
outra forma de exploração.
2.1.4.2 Florestas em estágio médio de regeneração natural
Período de regeneração que se encontra entre as fases iniciais e avançadas
de uma floresta em regeneração, a qual possui uma mistura de vegetação de ambos
os estágios, em franco processo de substituição uma pela outra.
23
Figura 02: Floresta em Estágio Médio de Regeneração Fonte: (Universidade Federal do Paraná, 2003).
É uma formação de espécies arbóreas tardias, ou seja, de sucessão
secundária. São heliófitas longevas ou facultativas. O sub-bosque é composto
principalmente por espécies de estágios sucessionais mais avançados, na forma de
varas ou plântulas. Por isso, a formação florestal pode encontrar valores
equivalentes ao estágio avançado. Estas espécies heliófitas longevas misturam-se
com as espécies heliófitas pioneiras, que já estão em declínio ou substituição por
espécies de estágios mais avançados (DURAN; PEIXE, 2002).
As espécies arbóreas típicas deste estágio sucessional que evidencia maior
densidade total (número de árvores acima de 10 cm de DAP) em comparação aos
demais são as seguintes: Matayba elaegnoides, Prunus spp., Campomanesia spp.,
Capsicodendron dinisii, Cedrela fissilis, Jacaranda puberula, Zanthoxylum spp., Ilex
paraguariensis, diversas espécies de Lauráceas e Mirtáceas (DURAN; PEIXE 2002).
2.1.4.3 Florestas em estágio avançado de regeneração natural
Formação original nativa, uma vasta sucessão ecológica com seu processo
de regeneração natural avançado, composta por espécies sucessionais de vida
longa e clímax. Chamada vulgarmente de mata ou simplesmente floresta.
24
Figura 03: Floresta em Estágio Avançado de Regeneração Fonte: (Universidade Federal do Paraná, 2003).
São incluídas neste estágio a formação provinda da sucessão secundária em
estágio avançado. O dossel é encontrado exclusivamente em clareiras composto por
espécies clímax ciófitas, heliófitas longevas ou facultativas, com rara presença de
espécies heliófitas de vida efêmera. Compõe dois ou mais estratos, com ocorrência
de espécies de estágios sucessionais avançados em seu sub-bosque, na forma de
varas ou plântulas (DURAN; PEIXE, 2002).
As espécies arbóreas típicas incluídas como primárias, indistinguíveis
daquelas advindas de sucessão secundária em estágio avançado predominantes
nesta formação são: Araucaria angustifolia, Ocotea porosa e Podocarpus lambertii.
Todavia, com o enriquecimento faunístico e florístico da floresta e sua complexidade
de vida, o surgimento de novas espécies é inevitável (DURAN; PEIXE 2002).
Os parâmetros biométricos para a Formação Florestal de Estágio Avançado
são: “Área basal das árvores com DAP acima de 10 cm: >30 m²/ha; número de
árvores com DAP acima de 40 cm: geralmente >30; altura média do dossel:
geralmente acima de 20 m” (DURAN; PEIXE, 2002 p. 436).
25
2.1.5 Diversidade Biológica
No decorrer da história, principalmente no último século, a competição das
espécies e a destruição do habitat pelo ser humano têm gerado grandes desastres
ecológicos, como o da biodiversidade e extinção de espécies.
A diversidade biológica é a fonte de recursos naturais mais importante
existente da Terra. Certamente, quando falamos em diversidade, pensamos em
espécies vegetais, animais, ou outro ser, com inúmeras variedades, ou seja, a
heterogeneidade entre os indivíduos. “Os seres humanos dependem de uma vasta
variedade de espécies vivendo em ecossistemas saudáveis, para o ar que respira, a
água que bebe, e para manter a produtividade do solo nas plantações” (CORSON,
1996, p. 103).
Além de todos os motivos ecológicos e razões práticas para assegurar a
sobrevivência do ecossistema, razões sociais e filosóficas podem ser citadas, como
por exemplo, lazer, ar puro, contato com a natureza, admirar e fotografar paisagens
e seres, etc. Esses motivos fazem necessário manter a biodiversidade para as
próximas gerações.
Estabelecer parques e reservas ecológicas livres da interferência humana é a
melhor forma de conservar a diversidade de plantas e animais. Mas vale lembrar
que, criar parques e reservas, não é o suficiente para a crise global de extinção.
“Uma estratégia de preservação acompanhada por uma reabilitação das terras
degradadas e restauração dos ecossistemas são necessárias para evitar extinção
em massa das plantas e animais” (CORSON, 1996, p. 105).
2.1.6 Trilhas Ecológicas
As trilhas possibilitam uma grande variedade de eixos temáticos e abordagem
ecológica, seja por lazer, pesquisa ou educação ambiental. É um instrumento de
investigação ambiental ou sócio-cultural que fornece conhecimentos lúdicos para a
comunidade em geral. A interpretação nas trilhas inclui atividades dinâmicas e
participativas, ou seja, que envolva o participante ao máximo possível com a
26
natureza, exploração racional dos recursos naturais, preservação e conservação dos
aspectos sociais, culturais, históricos etc.
Para conhecer melhor uma trilha, o auxílio de mapas, placas de indicação,
intérprete como guia, entre outros recursos que servem de complemento para uma
melhor elocução de todas as informações e localizações de acessos e
conhecimento. Uma trilha de interpretação tem aproximadamente 1,5 a 2,0 Km de
extensão em circulo fechado, uma largura média de 1,20 m e passagem por
diversas estações de informações ecológicas bem sinalizadas, onde podem ser
usados folhetos ou letreiros com imagens e legendas interpretativas.
A maneira mais adequada para que cada visitante conheça e aprenda a
respeito de ambientes específicos, dos ciclos naturais, do solo e condições
climáticas, assim como plantas e animais que lá se encontram, é através de uma
caminhada que passa no miolo destes recursos com algum meio de auxilio durante
o percurso (EMBRAPA, 1982).
As vantagens das trilhas residem no vínculo de relativamente baixo custo
para sua instalação, abordagem, observação, reflexão e sensibilização por
instrumentos pedagógicos sobre a escassez dos recursos naturais, proporcionando
uma aproximação da realidade de conservação dos ecossistemas e
complementando o conhecimento por meios de atividades educativas. Seu
inconveniente é que exige manutenção e fiscalização permanente, principalmente
em áreas onde há ocupação urbana nas adjacências.
2.1.7 Espécies Invasoras
Inicialmente são apenas árvores, aos poucos elas se multiplicam e, de
repente, tomam conta do ambiente. Vagarosamente, vão se tornando uma invasão
biológica de espécies exóticas, considerada uma das principais causas da extinção
de muitas nativas. “A invasão pode ser causada por fatores físicos, interações
biológicas e características peculiares das espécies invasoras, que são únicas para
cada situação espacial e temporal” (SMITH, 1999, p.246).
Quando uma espécie é levada para outra situação climática, seu
comportamento pode variar muito durante seu crescimento, e muitas não
27
conseguem se desenvolver, permanecendo pequenas; outras sofrem alterações em
sua cadeia genética, e algumas se desenvolvem e multiplicam-se de uma forma
muito rápida, alterando consequentemente, todo o processo biológico da região.
A intensidade e freqüência dos distúrbios naturais (ex. seca, inundação, fogo) e antrópicos (ex. uso do fogo, taxa de lotação animal, métodos de controle/limpeza) podem causar modificações no ecossistema e produzir também ambientes favoráveis para a disseminação de plantas não desejáveis, consideradas invasoras. Estas mudanças na estrutura da vegetação são indesejáveis por causa dos impactos econômicos e ecológicos aos ecossistemas [...] (EMBRAPA, 2006, p.11)
Eventualmente, as plantas e animais sempre foram carregados de um
ambiente para o outro pela natureza, com ou sem a influência do homem ou de
outros animais. E, na maioria das vezes, essa troca de espécies é inofensiva, como
a macieira, proveniente da China, que se adaptou perfeitamente às condições do
Brasil sem provocar danos.
Os diversos tipos de ecossistemas não alterados pelo homem são
sustentáveis quando conseguem manter sua organização (estrutura e diversidade),
sua autonomia ao longo do tempo, e sua resiliência (capacidade de recuperação)
diante dos distúrbios naturais.
Definição de Nomenclaturas envolvidas sobre invasão biológica segundo
Richardson et al. (1996, p.93):
Espécie nativa: espécie que evoluiu no ambiente em questão ou que lá chegou desde épocas remotas, sem a interferência humana. Espécie exótica: espécie que está em ambiente diferente de seu local de origem, por ação do homem (intencional ou acidental). Exótica casual: espécie fora de seu ambiente de origem, sem a capacidade de formar população persistente. Exótica naturalizada: espécie fora de seu ambiente de origem, capaz de formar população persistente e de conviver com a comunidade nativa sem invadir ecossistema natural ou antrópico. Invasora: espécie exótica em ecossistema natural ou antrópico, que desenvolve altas taxas de crescimento, reprodução e dispersão. Praga: espécie exótica ou não, indesejável no local por razões geralmente econômicas. Superdominante: espécie nativa que se comporta como invasora, mediante desequilíbrio ambiental.
Com os transportes mais intensos usados hoje pelo homem, como aviões,
navios e carros, uma pequena porcentagem de espécies exóticas se tornaram um
grande problema de invasão biológica. São também freqüentes os casos envolvendo
fertilização do solo, alterações microclimáticas, ou ainda, a eliminação de espécies
indesejáveis, deixando oportunidades de nicho a outras. As semelhanças entre o
local de origem, o novo ambiente, e o número de introduções deste novo indivíduo,
28
são fatores que determinam o sucesso destas espécies e as tornam invasoras. Além
disso, Smith (1999, p.246) comenta que:
Plantas que se tornam invasoras geralmente apresentam características que as tornam melhores competidoras, tais como: alta eficiência fotossintética e no uso dos nutrientes (muitas são heliófilas e têm metabolismo C4), altas taxas de crescimento, tolerância ao desfolhamento e herbivoria, alta capacidade de rebrotamento e regeneração, alta capacidade de reprodução (sexuada e vegetativa), ciclo reprodutivo rápido, intensa produção de sementes de fácil dispersão, alta capacidade de germinação.
2.1.8 Hovenia dulcis (Uva-do-Japão)
Sinonímias: Hovenia dulcis var. glabra Makino, Hovenia dulcis var. latifolia
Nakai ex Kimura.
Nomes Populares: Uva-do-japão, banana-do-japão, bananinha-do-japão,
caju-do-japão, caju-japonês, chico-magro, gomari, mata-fome, passa-do-
japão, passa-japonesa, macaquinho, pau-doce, pé-de-galinha, tripa-de-
galinha, uva-da-china, uva-paraguaia, cajueiro-japonês, uva-japão, uva-
japonesa. A Figura 04 demonstra a espécie Hovenia dulcis adulta.
Figura 04: Uva-Japão (Hovenia dulcis) Fonte: (Viveiro Jacarandá, 2003).
29
A espécie é largamente cultivada no Sul do Brasil, de forma isolada ou em
pequenos talhões. Apresenta uma altura de 15 m, diâmetro em torno de 7 cm e
folhas caduca. É da família das Rhamnaceae e desenvolve-se em ambiente de
pleno sol, meia-sombra e com boas condições de fertilidade do solo. É de clima
tropical de altitude e subtropical com sua floração na primavera. Tem origem na
China, Japão e Himalaia. Sua propagação se dá através de sementes dispersas por
animais, durante os meses que compreendem o verão. Na figura 05 mostra a
floração da Hovenia dulcis.
Figura 05: Floração da Hovenia dulcis Fonte: (Backes, P. 2002).
Espécie cultivada como frutífera e de sombra, tornou-se problemática ao se
expandir de maneira agressiva sobre as florestas nativas. A uva-do-japão é
uma planta útil por seus “frutos”, que, na realidade, são os pedúnculos
carnosos e inchados, que contêm até 30% de açúcar e são consumidos por
humanos e pássaros. Suas folhas são excelente forrageira para o gado e
sua madeira, assemelhada ao louro nativo e é utilizada em serrarias – além
de servir como lenha (BACKES et al., 2004, p.170).
30
Figura 06: Adensamento da espécie Hovenia dulcis Fonte: (Brakes P. 2002).
A uva-japão é inflexível ao sombreamento das árvores como “pioneiras”. A
espécie apresenta regeneração natural hostil por sementes, encontrando-se em
muitas matas do Brasil, como nas Florestas com Araucária. Pode ser encontrada em
clareiras de florestas exploradas, proximidades de habitação e em algumas áreas
públicas como praças e parques, sendo que se desenvolve independente do terreno.
Forma agrupamentos em quantidades preocupantes, tentando predominar sobre
outras espécies. Por apresentar hostilidade no seu desenvolvimento, é considerada
invasora em muitas regiões. Na figura 07 observa-se a reprodução acelerada da
espécie Hovenia dulcia.
Figura 07: Distribuição da reprodução acelerada da uva-japão Fonte: (Brakes P. 2002).
31
A EMBRAPA Florestas (2001, p.1), em resposta técnica diz:
[..] o tronco geralmente é reto e cilíndrico, com ramificação dicotômica; a copa é globosa e ampla, e a casca é lisa e levemente fissurada com espessura total de até 15 mm; as folhas são simples, alternadas, curto-pecioladas, ovadas, acuminadas, um pouco oblíquas na base; as flores são hermafroditas, pequenas, branco-esverdeada a creme, dispostas em cimeiras axilares de até 10 cm de comprimento; o fruto é uma pequena cápsula globosa de 6 mm a 7 mm de diâmetro, contendo 2 a 4 sementes; as sementes têm forma mais ou menos circular, com diâmetro de 4 mm a 8 mm de diâmetro.
Pequenos plantios de Hovenia dulcis estão sendo formados em pequenas
propriedades implantadas em pequenos talhões, por mudas ou semeadura a lanço
nos estados de Santa Catarina e Paraná. “Na Argentina, a uva-do-japão apresenta
produção volumétrica de até 20 m³/ha.ano, em sítios com boa fertilidade química,
aos 10 anos. No Brasil, seu crescimento é bastante variável, atingindo 30 m³/ha.ano”
(EMBRAPA, 2001, p.1).
Figura 08: Folhas (Hovenia dulcis) Fonte: (Brakes P. 2002).
Além de apresentar uma frutificação abundante e atrair muitos animais, esta
espécie pode ser usada em recuperação de áreas degradadas. Entretanto, ela é
considerada uma perigosa espécie invasora, pois diminui a diversidade das matas e
se multiplicada rapidamente com a ajuda de animais. “O sucesso da espécie
invasora está relacionado com seu hábito generalista, alta resistência à variáveis
32
ambientais e o elevado potencial reprodutivo favorecendo a proliferação nos pontos
de introdução” (RAUT & BARKER apud FISCHER, 2005, p.128). A figura 09
demonstra a frutificação da espécie Hovenia dulcis.
Figura 09: Fruto da uva-japão (Hovenia dulcis) Fonte: (Brakes P. 2002).
Por apresentar rápido incremento, pode ser utilizada na construção civil,
marcenaria, vigas, caibros, forros, assoalhos, geração de energia, artesanato,
produtos beneficiados e na produção de laminados e compensados para a indústria
moveleira. No entando, seu uso não é recomendado para fins paisagísticos e
sombreamento, pois substitui rapidamente as espécies nativas e apresenta rápida
progressão em disseminar-se em matas ciliares, o que torna a vegetação
homogênea.
A espécie invade a floresta, causando competição por espaço, luz e
nutrientes com as espécies nativas, causando redução dos recursos para a
regeneração destas últimas. Em longo prazo, esta árvore tende a diminuir a
quantidade de espécies nativas da floresta, podendo causar a homogeneidade da
flora e fauna.
“Sua madeira, moderadamente pesada (0,50 a 0,72 g/cm3), apresenta
alburno amarelo e cerne amarelo a castanho-escuro ou vermelho; brilho opaco a
mediano, sem cheiro; textura fina a homogênea; grã direita” (EMBRAPA, 2001, p.2).
A figura 10 retrata as características da madeira da espécie Hovenia dulcis.
33
Figura 10: Madeira (Hovenia dulcis) Fonte: (Brakes P. 2002).
A EMBRAPA Florestas (2001, p.3), em estudos comparativos referentes às
características Físicas, Químicas e Anatômicas da madeira de Hovenia dulcis, com
dez amostras da espécie da propriedade rural de Erechim/RS, chegou aos seguintes
resultados:
Densidade básica da madeira - 0,549 g/cm³
Volumétrica - 11,9 %
Anisotropia de contração - 1,5
Poder calorífico superior - 4534 kcal/kg
TABELA 01 – Comportamento químico da madeira de Hovenia dulcis
Composição química da madeira
Teor de extrativos totais 7,00%
Teor de lignina 24,10%
Teor de holocelulose 68,90%
Comprimento de fibra 1,2 mm
Fonte: EMBRAPA (2001, p.3).
TABELA 02 – Dados das tensões da madeira de Hovenia dulcis
Retratibilidade
Longitudinal 0,3%
Radial 4,2%
Tangencial 6,5%
Fonte: (EMBRAPA 2001, p.3).
34
O estudo ainda concluiu que, de uma forma geral, os resultados obtidos determinam que a Hovenia dulcis produz madeira moderadamente pesada, com baixos coeficientes de retratibilidade e alta estabilidade, mostrando-se adequada para o processamento mecânico e para a movelaria. Os valores obtidos para a densidade e para o poder calorífico superior permitem, também, recomendá-la para a produção de energia. (EMBRAPA, 2001, p.3).
Figura 11: Tronco (Hovenia dulcis) Fonte: (Brakes P. 2002).
2.1.9 Algumas Espécies de Árvores Nativas Existentes na Trilha Ecológica Professor
José Hilário Koehler
2.1.9.1 Ilex paraguariensis – Erva Mate
Características morfológicas: Altura de 4-8 m, com tronco curto de 30-40 cm de
diâmetro. Folhas coriáceas, de 8-10 cm de comprimento por 3-4 de largura. Os
frutos são bagas globosas lisas com sementes duras.
Utilidade: A madeira pode ser empregada para caixotaria e para lenha. Suas folhas
preparadas segundo método apropriado fornece o mate4, o mais popular dos chás
4 Suas folhas, secas e pisadas. A difusão dessas folhas.
35
consumidos no país, e exportado para todo mundo. Por esta razão, é muito cultivada
no sul do Brasil. Entretanto, a maior parte da produção ainda provém de ervais
nativos. A árvore é ornamental e ainda pode ser empregada no paisagismo. Seus
frutos são avidamente consumidos por várias espécies de pássaros. Pode ser
utilizada no plantio de áreas degradadas à recomposição da vegetação.
Informações ecológicas: Planta perenifólia, esciófita, seletiva higrófita, característica
e preferentes das matas dos pinhais. Geralmente chega a formar capões
homogêneos. É naturalmente disseminada por pássaros.
Fenologia: Floresce durante os meses de outubro – dezembro. Os frutos
amadurecem em janeiro-março (LORENZI, 2002, p.47).
Figura 12: Erva-mate (Ilex paraguariensis) Fonte: (Lorenzi H. 2002).
2.1.9.2 Araucaria angustifolia – Pinheiro
Características morfológicas: Planta de 20-50 m de altura, com tronco retilíneo, de
90-180 cm de diâmetro. Folhas coriáceas, glabras, agudíssimo-pungentes, de 3-6
cm de comprimento. A árvore jovem tem forma piramidal.
Utilidade: A madeira é própria para forros, molduras, ripas, para confecção de cabos
de vassouras, caixotaria, brinquedos, estruturas de móveis, palitos de fósforo, pás
36
de sorvete, lápis, carretéis, utensílios domésticos, etc. É amplamente cultivada no
sul do país para produção de madeira e pasta celulósica. Seu fruto, o pinhão, é
comestível e muito apreciado no sul do país. A árvore é extremamente ornamental,
podendo ser empregada no paisagismo. Os frutos são avidamente consumidos por
várias espécies da fauna (uma ave - a gralha azul, ao esconder os frutos no solo
para posterior consumo, acaba involuntariamente plantando-a).
Informações ecológicas: Planta perenifólia, heliófita, pioneira, características de
regiões de altitude onde forma as chamadas “matas de pinhais”. Ocorre geralmente
de agrupamentos quase homogêneos, dominando completamente o dossel superior.
Em seu sub bosque ocorrem espécies arbóreas de menor porte.
Fenologia: Floresce nos meses de setembro-outubro. Na verdade estes são os
meses em que ocorre a produção de pólen nas flores masculinas e polinização das
flores femininas já formadas muitos meses antes. A maturação dos frutos verifica-se
nos meses de abril-maio, vinte meses após o início da formação das flores femininas
(LORENZI, 2002, p.51).
Figura 13: Pinheiro (Araucaria angustifolia) Fonte: (Lorenzi H. 2002).
37
2.1.9.3 Cedrela fissilis Vell. – Cedro
Características morfológicas: Altura de 20-35 m, com tronco de 60-90 cm de
diâmetro. Folhas compostas de 60-100 cm de comprimento, com folíolos de 8-14 cm
de comprimento. Fruto cápsula deiscente.
Utilidade: A madeira é largamente empregada em compensados, contraplacados,
esculturas e obras de talha, modelos e molduras, esquadrias, móveis em geral,
marcenaria, na construção civil, naval e aeronáutica, na confecção de pequenas
caixas, lápis e instrumentos musicais. A árvore é largamente empregada no
paisagismo. Não deve faltar na composição de reflorestamentos heterogêneos de
áreas degradadas para preservação e nunca deve ser plantada em agrupamentos
homogêneos devido ao ataque da broca.
Informações ecológicas: Planta decídua, heliófita ou esciófita, característica das
florestas semidecíduas e menos freqüente na floresta ombrófila densa com a pluvial
da costa atlântica. Ocorre nos vales e planícies. Desenvolve-se no interior de
florestas primárias, podendo também ser encontrada com espécies pioneiras em
capoeiras.
Fenologia: Floresce entre agosto e setembro. Seus frutos amadurecem com a árvore
totalmente desfolhada em junho-agosto (LORENZI, 2002, p.257).
Figura 14: Cedro (Cedrela fissilis Vell) Fonte: (Lorenzi H. 2002).
38
2.1.9.4 Sapium glandulatum – Leiteiro
Características morfológicas: Planta lactescente de 5-20 m de altura, com tronco de
30-50 cm de diâmetro. Folhas glabras, que se adensam em direção à ponta dos
ramos e possuem no ápice do pecíolo duas glândulas alongadas, de 6-13 cm de
comprimento. Os frutos são cápsulas globosas deiscentes com sementes com arilo
vermelho.
Utilidade: A madeira não tem aplicação alguma para construção, servindo,
entretanto, para caixotaria leve e para lenha e carvão. Seu látex, além de ser
altamente cáustica quando em contato com os olhos, produz borracha de qualidade
inferior. A árvore apresenta boas características ornamentais, podendo ser
empregada no paisagismo em geral. É também útil para reflorestamentos
heterogêneos.
Informações ecológicas: Espécie decidual, heliófita ou de luz difusa e seletiva
higrófita. É encontrada com freqüência em sub-bosques de pinheiros parcialmente
devastados, em capões e, principalmente, nos capoeirões localizados em zonas de
altitudes. Raramente é encontrada no interior de florestas latifoliadas densas, exceto
em florestas primárias localizadas em planícies aluviais e beira de rios.
Fenologia: Floresce durante os meses de outubro e janeiro. Os frutos amadurecem
entre os meses de janeiro a março (LORENZI, 2002, p.126).
Figura 15: Leiteiro (Sebastiania brasiliensis) Fonte: (Lorenzi H. 2002).
39
2.1.9.5 Syagrus romanzoffiana – Jerivá
Características morfológicas: Altura de 10-15 m, com estipe (tronco) único de 30-
50 cm de diâmetro. Folhas compostas pinadas de 3-4 m de comprimento.
Inflorescência em cacho pendente, ramificado, de 80-120 cm de comprimento,
com centenas de ráquilas. Frutos globosos, com polpa fibrosa e carnosa de cor
amarela.
Utilidade: A madeira é empregada localmente no preparo de estivados sobre
solos brejosos, pinguelas e trapiches em água salgada. A planta é altamente
decorativa, que aliada à facilidade de transplante quando adulta, a transformam
na palmeira mais empregada na arborização de ruas e avenidas de todo o país.
Os frutos são avidamente procurados por várias espécies de animais, o que se
torna recomendável para o plantio em agrupamentos mistos de áreas de
preservação.
Informações ecológicas: Planta perenifólia, heliófita e seletiva higrófita,
particularmente abundante nos agrupamentos vegetais primários localizados em
solos muito úmidos, brejosos ou inundáveis. É rara na mata primária da encosta
atlântica e, descontínua nas matas de bacia do Paraná. É também muito
encontrada nas capoeiras (LORENZI 2002, p.305).
Figura 16: Jerivá (Syagrus romanzoffiana) Fonte: (Lorenzi H. 2002).
40
2.2 Materiais e Métodos
2.2.1 Localização da área
A Associação dos Funcionários da Fundação Universidade do Contestado -
Campus Canoinhas (AFFUnC) está localizada na Rua Maria Olsen 927/983, no
Distrito de Marcílio Dias, município de Canoinhas/SC. Sua história se inícia no dia 31
de julho de 1989, com a aprovação em setembro de 1989.
Figura 17: Visualização aérea da AFFUnC (altitude do ponto de visão: 144 Km) Fonte: (INAV GEOSISTEMAS SR - Google Earth, 2005).
É uma associação civil sem fins lucrativos, destinada aos seus sócios.
Trabalha com projetos sociais, culturais e desportivos. Os sócios são professores e
41
funcionários em exercício na Fundação Universidade do Contestado - Campus de
Canoinhas/Porto União. Possui inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
sob número 79.376.554/0001-48, e está localizada a 26º07’34.82’’ Sul e
50º23’42.90’’ Oeste a uma elevação de 787 metros ao nível do mar.
Sua sede conta com uma trilha ecológica, que atualmente passa por
adaptações, como plaquetas identificando algumas espécies arbóreas e de boas-
vindas, corrimão em percursos de maior dificuldade, entre outros ajustes. A trilha
ecológica passou a se chamar “Trilha Ecológica Professor José Hilário Koehler,” em
homenagem ao então professor que deu início a construção da mesma. No decorrer
da trilha pode ser encontrada uma rica biodiversidade de fauna e flora.
2.2.2 Amostragem e coleta de dados
A amostragem e coleta de dados para estudos florísticos e fitossociológicos
foram divididas em dois níveis de abordagem. No primeiro nível foram geradas
estimativas dos parâmetros dendrométricos à vegetação arbórea, com uso de 11
parcelas retangulares fixas, com 300 m² (10 m x 30 m) de área. Essas parcelas
foram adotadas para quantificar os indivíduos arbóreos com mais de 10 cm de CAP
(circunferência da altura do peito). No segundo nível de abordagem, fez-se o estudo
da regeneração natural, utilizando subunidades de tamanho menor: Parcela de 1 m
x 5 m (5 m²), que engloba a regeneração com tamanho inferior a 10cm de CAP e
altura total maior ou igual a 0,30m.
Tabela 03: Representação da qualificação dos indivíduos
Tamanho da Parcela Classificação
1m x 5m Altura maior que 0,30 m
e CAP menor que 10 cm
10m x 30m CAP maior ou igual que 10 cm
Fonte: (NOERNBERG, 2009).
42
Figura 18: Representação da parcela empregada no inventário da vegetação nativa e regeneração Fonte: (NOERNBERG, 2009).
Em todos os níveis de abordagem, as parcelas foram distribuídas visando
cobrir todas as variações fisionômicas e estruturais de cada fragmento da trilha. É
importante ressaltar que o inventário foi planejado e executado conforme as
informações do mapeamento (ANEXO I) gerado através de um GPS5, modelo
Aschtec, fornecido pela Universidade do Contestado. O levantamento dos pontos
através do GPS foi realizado em modo cinemático6.
Os dados de campo foram anotados em formulários próprios (ANEXO II),
desenvolvidos especificamente para este fim. Realizaram-se as seguintes
avaliações em todas as árvores nos dois níveis de abordagem:
nome vulgar e regional das espécies;
circunferência a 1,30 m do solo (CAP), em cm;
altura comercial, em metros.
As circunferências (CAP) foram medidas com fita métrica, enquanto as alturas
foram estimadas visualmente.
Para o estudo da estrutura vertical da floresta foram selecionadas as árvores
dominantes (D), co-dominantes (C), intermediárias (I) e suprimidas (S), conforme
modelo proposto por Husch, Beers e Kershaw (2003, p.176).
5 GPS singnifica Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global). É um sistema de
navegação com base em satélites artificiais que emitem sinais rádio com informação sobre uma posição tridimensional, velocidade e tempo numa base de 24 horas. 6 Relativo ao movimento constante.
43
Figura 19: Método utilizado para determinar os estratos da floresta Fonte: (Husch, 2003).
2.2.3 Estrutura Horizontal
a) Densidade: “número de indivíduos de cada espécie ou conjunto de espécies que
integram uma comunidade vegetal por unidade de área, geralmente hectare.”
(UNICENTRO, 2006, p.35). A densidade mede a participação das diferentes
espécies na floresta.
Densidade absoluta indicará o número total de indivíduos de uma
determinada espécie por unidade de área.
𝐴𝐵 𝐴𝑏𝑠 =
𝑁
Densidade relativa indicará o número de indivíduos de uma determinada
espécie em relação ao total de indivíduos de todas as espécies identificadas no
levantamento.
44
𝐴𝐵 𝑅𝑒𝑙 = 𝑛/𝑎
𝑁/𝑎. 100
onde:
𝑛/𝑎 = número de indivíduos de cada espécie por hectare;
𝑁/𝑎 = número total de indivíduos por hectare
b) Dominância: “originalmente definida como a área de projeção da copa por
espécie e por unidade de área. É calculada pela soma das áreas transversais dos
indivíduos de uma mesma espécie por hectare.” (UNICENTRO, 2006, p.35).
Dominância absoluta é calculada pela soma das áreas basais dos indivíduos
pertencentes a determinadas espécies.
𝐷 𝐴𝑏𝑠 = 𝑔
𝑎
Dominância relativa se calcula em percentagem da soma total das
dominâncias absolutas (área basal/ha) e seu valor correspondente a
participação em percentagem de cada espécie na expansão horizontal total.
𝐷 𝑅𝑒𝑙 = 𝑔/𝑎
𝐺/𝑎. 100
onde:
𝑔/𝑎 = área transversal de cada espécie por hectare (m2/ha);
𝐺/𝑎 = área basal por hectare (m2/ha).
c) Freqüência: “relacionada com a uniformidade de distribuição das espécies e
expressa o número de ocorrências de uma dada espécie nas diversas parcelas
alocadas.” (UNICENTRO, 2006, p.35).
45
A freqüência absoluta de uma espécie se expressa em % das sub-parcelas
em que ocorre sobre o número total de sub-parcelas. Se ocorrer em todas as
sub-parcelas a freqüência é igual a 100%.
𝑓𝑟 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 = 𝑛𝑖
𝑛. 100 (%)
onde :
𝑛𝑖 = número de sub-parcelas em que ocorreu a espécie,
𝑛 = número total de sub-parcelas.
A freqüência relativa se calcula com base na soma total das freqüências
absolutas de uma parcela, que se considera igual a 100%.
𝑓𝑟 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 = 𝑓𝑟𝑒𝑞 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 /𝑒𝑠𝑝é𝑐𝑖𝑒
𝑓𝑟𝑒𝑞 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑝é𝑐𝑖𝑒𝑠 .100 (%)
d) Índice de valor de importância (IVI): revela sua posição sociológica na
comunidade analisada.“Informações que dão idéia sobre a densidade, distribuição
espacial e a dimensão alcançada pela população de uma espécie em relação às
demais. Seu valor máximo é 300.” (UNICENTRO, 2006, p.35).
𝐼𝑉𝐼 = 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐴𝐵 𝑅𝑒𝑙 + 𝐷𝑜𝑚𝑖𝑛â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝐷 𝑅𝑒𝑙 + 𝐹𝑟𝑒𝑞üê𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝐹𝑅 𝑅𝑒𝑙)
Teoricamente a espécie mais importante em termos de IVI é aquela que
apresenta o maior sucesso em explorar os recursos de seu habitat.
e) Índice de valor de cobertura (IVC): “medida que também fornece informações a
respeito da importância de cada espécie no local estudado. Seu valor máximo é
200.” (UNICENTRO, 2006, p.36).
𝐼𝑉𝐶 = 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐴𝐵 𝑅𝑒𝑙 + 𝐷𝑜𝑚𝑖𝑛â𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝐷 𝑅𝑒𝑙)
46
“O valor do índice de importância e o valor do índice de cobertura devem ser
divididos respectivamente por 3 e 2, resultando em percentagem de importância e
percentagem de cobertura.” (UNICENTRO, 2006, p.36).
f) Índice de Shannon (H’): “considera que os indivíduos são amostrados ao acaso a
partir de uma população efetivamente infinita, assumindo também que todas as
espécies presentes estejam representadas na amostra” (MAGURRAN apud
DURIGAN, 1999), ou seja, considera a proporção com que os indivíduos de cada
espécie aparecem na área amostrada, podendo ser encontrado um maior número de
espécies ao mesmo tempo mais igualmente abundantes.
𝐻′ = 𝑛𝑖
𝑁 × log
𝑛𝑖
𝑁 𝑜𝑢 𝑃𝑖 × log 𝑃𝑖
onde:
𝑛𝑖 = valor de importância de cada espécie;
𝑁 = soma total dos valores de importância;
𝑃𝑖 = probabilidade de importância de cada espécie (𝑛𝑖/𝑁).
g) Índice de diversidade de Simpson (D): “reflete a probabilidade de dois indivíduos
quaisquer extraídos ao acaso de uma comunidade infinitamente grande pertencer a
diferentes espécies” (MAGURRAN apud DURIGAN, 1999). O maior índice
encontrado indica uma maior probabilidade dos indivíduos serem de espécies
diferentes.
𝐷 = 𝑛𝑖 (𝑛𝑖−𝑙)𝑠𝑖−𝑙
𝑁(𝑁−𝑙) ; 𝐶 = 1 − 𝑙
onde:
𝑙 = é a medida de dominância;
𝐶 = probabilidade de importância de cada espécie (𝑛𝑖/𝑁);
𝑛𝑖 = número total de indivíduos amostrados da i-ésima espécie;
𝑁 = número total de indivíduos amostrados;
𝑆 = número de espécies amostradas.
47
h) Grau de homogeneidade da floresta: é um índice fitossociológico utilizado para
exprimir a homogeneidade de uma associação vegetal, calculado através da
freqüência das espécies florestais. Quanto mais próximo de 1 (um) for o grau de
homogeneidade, mais homogênea a floresta.
𝐻 = ( 𝑥 − 𝑦).𝑛
𝑁
onde:
𝐻 = grau de homogeneidade;
𝑥 = número de espécies com 80 a 100% de freqüência absoluta;
𝑦 = número de espécies com 0 a 20% de freqüência absoluta;
𝑛 = número de classes de freqüência;
𝑁 = número total de espécies.
i) Composição florística: é fornecida pelo Quociente de Mistura, que indica quantas
árvores de cada espécie são encontradas em média em um povoamento,
determinando as condições de mistura. Indica, ainda, quais as dificuldades que
deverão ser enfrentadas por quem desejar transformar agrupamentos florestais
muito heterogêneos em povoamentos que permitem um manejo eficiente. Também
conhecido como coeficiente de mistura de Jentsch (QM).
𝑄𝑀 = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑠𝑝é𝑐𝑖𝑒𝑠
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑣í𝑑𝑢𝑜𝑠
j) Regeneração natural das espécies: é considerada como regeneração natural
todos os descendentes das plantas arbóreas que se encontram entre o DAP e altura
estabelecidos no levantamento estrutural e, constitui o apoio ecológico da
sobrevivência do ecossistema florestal.
𝑅𝑛 = 𝐹 𝑅𝑒𝑙 + 𝐷 𝐴𝑏𝑠 + 𝐷 𝑅𝑒𝑙
48
2.2.4 Estatística do Inventário Florestal
Para ser determinada a precisão do levantamento, procedeu-se a elaboração
da análise estatística do inventário florestal expedido. Foi considerado um nível de
significância de 90% de probabilidade (∝= 0,90;𝑛 − 1) com um erro de amostragem
relativo admissível de 20%.
Para proceder às estimativas estatísticas utilizou-se o processo aleatório. As
principais estimativas da amostragem são as seguintes:
Intensidade amostral:
Este cálculo pode ser realizado em função da variância ou do coeficiente de
variação.
Em Função da Variância: “é uma medida que expressa a variação de uma
determinada característica de interesse dentro da população”. (SANQUETTA et al.,
2006, p.83).
Populações finitas:
𝑛 = 𝑁𝑡2 .𝑆𝑥
2
𝑁𝐸2 + 𝑡2 . 𝑆𝑥2
onde:
𝐸 = (𝐿𝐸. 𝑥 );
𝐿𝐸 = limite de erro admitido no inventário.
Para a realização dos cálculos das estimativas é necessário conhecer
algumas notações.
𝑁 = número total de unidades da população;
𝑛 = número de unidades amostradas;
𝑓 = fração de amostragem;
49
× = variável de interesse.
Desvio padrão dos volumes: “é uma medida de tendência central, sendo o valor que
melhor representa a característica de interesse dentro da população” (SANQUETTA
et al., 2006, p.83).
𝑠𝑥 = 𝑠𝑥 2 = 𝑠𝑥
Coeficiente de variação: “é uma medida de variabilidade relativa, que compara a
variabilidade de duas ou mais populações em relação a suas médias em termos
percentuais” (SANQUETTA et al., 2006, p.84).
𝑐𝑣 = 𝑠𝑥𝑥
.100
Valor de E:
𝐸 = (𝐿𝐸 . 𝑥 )
Número total de unidades amostrais da população (N):
𝑁 = á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜
á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎𝑠
População é finita ou infinita: “o fator de correção (1 – f) para populações finitas tem
que ser menor que 0,98” (SANQUETTA et al., 2006, p.91).
𝑓 = 𝑛
𝑁
Com esses valores é possível calcular a intensidade amostral ideal, usando a
expressão em função da variância, para população finita. “O valor de t é obtido em
função do grau de liberdade (n – 1) e do nível de probabilidade admitido, na tabela
de distribuição de Student” (SANQUETTA et al., 2006, p.91).
50
𝑛 = 𝑁. (𝑡)2. 𝑠𝑥
𝑁. (𝐸)2 + (𝑡)2. 𝑠𝑥
“A fórmula acima irá indicar o número de parcelas que amostram bem a
população. Se a intensidade amostral for maior, deve-se acrescentar mais parcelas,
para a realização do inventário definitivo” (SANQUETTA et al., 2006, p.91).
A seguir seguem os demais cálculos para obter todas as estimativas do
inventário definitivo.
Variância da média: “determina a precisão da média estimada e representa a
variação teórica das diversas amostras que hipoteticamente poderiam ser tomadas
na população” (SANQUETTA et al., 2006, p.84).
𝑠𝑥 2 =
𝑠𝑥2
𝑛 .
𝑁 –𝑛)
𝑁
Erro padrão: “o erro padrão da média expressa a precisão do inventário de forma
análoga à variância da média, porém em termos lineares, na mesma medida da
média. É o erro existente devido à variação das médias” (SAQUETTA et al., 2006,
p.84).
𝑠𝑥 = ± 𝑠𝑥
𝑛 . 1 − 𝑓
Erro de amostragem absoluto: diferença na unidade da média.
𝐸𝑎 = ±𝑡 . 𝑠𝑥
Erro da amostragem relativo: expressa a diferença da unidade da média em termos
percentuais da média.
𝐸𝑟 = ±𝑡 . 𝑠𝑥
𝑥 .100
51
Intervalo de confiança para a média: “determina os limites inferior e superior, dentro
do qual se espera encontrar, probabilisticamente, o valor real da variável de
interesse em termos de sua média” (SANQUETTA et al., 2006, p.85).
𝐼𝐶 𝑥 − 𝑡. 𝑠𝑥 ≤ 𝑋 ≤ 𝑥 + (𝑡. 𝑠𝑥 ) = 𝑃
Intervalo de confiança total: “explica o quanto o total pode oscilar para mais ou para
menos, considerando as variações identificadas no inventário em termos de variável
de interesse” (SANQUETTA et al., 2006, p.85).
𝐼𝐶 𝑋 − 𝑁 . 𝑡. 𝑠𝑥 ≤ 𝑋 ≤ 𝑋 + 𝑁 . 𝑡. 𝑠𝑥 = 𝑃
Total da população: “é o montante total existente da viável de interesse na
população. Para o caso da variável volume é o quanto que existe de madeira em
toda a área alvo do inventário” (SANQUETTA et al., 2006, p.84).
𝑋 = 𝑁. 𝑥
2.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Com a execução do trabalho foram encontradas um total de 52 (cinqüenta e
duas) espécies, sendo duas delas exóticas, a Hovenia dulcis e Eriobotrya japônica
(uva-do-japão e a ameixa-do-japão). Pela pequena área de 2,720 ha, o número de
indivíduos contidos no local tem resultado positivo, favorecendo o seu uso para
trabalhos acadêmicos, assim como servindo de subsídios para enriquecimento
faunístico natural, proporcionando alimentos e condições ecológicas atrativas para
diversas espécies de animais.
A caracterização fitossociológica de uma floresta é auxiliada pela avaliação de
diversos parâmetros numéricos que expressam a estrutura horizontal e vertical da
mesma. Além de informações exclusivamente qualitativas, como a composição
52
florística da comunidade, os parâmetros quantitativos assumem uma posição
importante no estudo de um ecossistema florestal.
Na descrição da estrutura horizontal de uma comunidade florestal, faz-se
necessária à apresentação dos seguintes parâmetros fitossociológicos, conforme
tabela a seguir.
53
Tabela 04: Parâmetros fitossosiológicos analisados na composição da floresta (continua)
Especificação das Espécies N F Parcela F Abs F Rel De Abs De Rel Do Abs Do Rel
Nome Científico Família Nome comum indivíduos % % u/ha % m²/há %
Allophylus edulis SAPINDACEAE Vacúm 72 11 100,00 4,98 264,71 7,83 2,78 4,91
Anadenanthera colubrina FABACEAE Farinha-seca 25 4 36,36 1,81 91,91 2,72 0,81 1,43
Araucaria angustifolia ARAUCARIACEAE Araucária 10 3 27,27 1,36 36,76 1,09 3,36 5,94
Bastardiopsis densiflora MALVACEAE Vassoura 22 2 18,18 0,90 80,88 2,39 0,54 0,95
Calyptranthes concinna MYRTACEAE Guamirim 44 7 63,64 3,17 161,76 4,79 1,81 3,20
Campomanesia xanthocarpa MYRTACEAE Guavirova 18 5 45,45 2,26 66,18 1,96 0,90 1,59
Casearia decandra SALICACEAE Guaçatunga 99 10 90,91 4,52 363,97 10,77 6,61 11,69
Casearia sylvestris SALICACEAE Cafezeiro-do-mato 19 7 63,64 3,17 69,85 2,07 0,55 0,96
Cedrela fissilis MELIACEAE Cedro 28 9 81,82 4,07 102,94 3,05 2,42 4,29
Citharexylum myrianthum VERBENACEAE Tucano 1 1 9,09 0,45 3,68 0,11 0,00 0,01
Cordyline dracaenoides AGAVACEAE Varaneira 64 8 72,73 3,62 235,29 6,96 2,25 3,98
Cryptocarya aschersoniana LAURACEAE Canela-porca 2 1 9,09 0,45 7,35 0,22 0,47 0,82
Cupania vernalis SAPINDACEAE Miguel-pintado 89 10 90,91 4,52 327,21 9,68 4,65 8,22
Dalbergia brasiliensis LEGUMINOSAE Marmeleiro 10 2 18,18 0,90 36,76 1,09 0,99 1,75
Drimys winteri WINTERACEAE Cataia 38 7 63,64 3,17 139,71 4,13 1,98 3,50
Eriobotrya japônica ROSACEAE Ameixa Amarela 1 1 9,09 0,45 3,68 0,11 0,00 0,01
Eugenia involucrata MYRTACEAE Cerejeira 4 3 27,27 1,36 14,71 0,44 0,52 0,91
Eugenia uniflora MYRTACEAE Pitanga 1 1 9,09 0,45 3,68 0,11 0,03 0,06
Gochnatia polymorpha ASTERACEAE Cambará 7 2 18,18 0,90 25,74 0,76 0,51 0,90
Hovenia dulcis RHAMNACEAE Uva-do-Japão 35 10 90,91 4,52 128,68 3,81 2,20 3,88 Fonte: (NOERNBERG, 2009).
54
Tabela 04: Parâmetros fitossosiológicos analisados na composição da floresta (continua)
Especificação das Espécies N F Parcela F Abs F Rel De Abs De Rel Do Abs Do Rel
Nome Científico Família Nome comum indivíduos % % u/ha % m²/há %
Ilex dumosa AQUIFOLIACEAE Congonha 1 1 9,09 0,45 3,68 0,11 0,06 0,11
Ilex paraguariensis AQUIFOLIACEAE Erva-mate 9 4 36,36 1,81 33,09 0,98 0,19 0,33
Jacaranda puberula BIGNONIACEAE Carobinha 4 3 27,27 1,36 14,71 0,44 0,14 0,26
Leucochloron incuriale MIMOSACEAE Corticeira 9 4 36,36 1,81 33,09 0,98 0,33 0,58
Lithraea brasiliensis ANACARDIACEAE Bugreiro 3 3 27,27 1,36 11,03 0,33 0,47 0,83
Lonchocarpha subglaucescens FABACEAE Timbó 19 5 45,45 2,26 69,85 2,07 0,49 0,87
Luehea divaricata MALVACEAE Açoita-cavalo 18 4 36,36 1,81 66,18 1,96 0,78 1,38
Mimosa scabrella Benth MIMOSACEAE Bracatinga 5 2 18,18 0,90 18,38 0,54 0,16 0,28
Myrcia guianensis MYRTACEAE Guamirim-vermelho 2 1 9,09 0,45 7,35 0,22 0,01 0,02
Myrcia obtecta MYRTACEAE Guamirim-branco 4 1 9,09 0,45 14,71 0,44 0,18 0,32
Myroxylon peruiferum LEGUMINOSAE Cabreuva 1 1 9,09 0,45 3,68 0,11 0,03 0,06
Myroxylon peruiferum LEGUMINOSAE Gabreuva 3 2 18,18 0,90 11,03 0,33 0,16 0,28
Myrsine umbellata MYRSINACEAE Capororoca 31 9 81,82 4,07 113,97 3,37 3,09 5,46
Myrsine umbellata MYRSINACEAE Capororoca-vermelha 3 2 18,18 0,90 11,03 0,33 0,12 0,22
Nectandra grandiflora LAURACEAE Canela-amarela 47 10 90,91 4,52 172,79 5,11 3,88 6,86
Nectandra lanceolata LAURACEAE Canela-branca 1 1 9,09 0,45 3,68 0,11 0,05 0,08
Ocotea catharinensis LAURACEAE Canela-preta 1 1 9,09 0,45 3,68 0,11 0,02 0,04
Ocotea porosa LAURACEAE Imbuia 2 2 18,18 0,90 7,35 0,22 0,10 0,19
Ocotea puberula LAURACEAE Canela-guaicá 34 6 54,55 2,71 125,00 3,70 4,87 8,60
Ocotea pulchella SAPINDACEAE Cuvatã 26 7 63,64 3,17 95,59 2,83 1,55 2,75 Fonte: (NOERNBERG, 2009).
55
Tabela 04: Parâmetros fitossosiológicos analisados na composição da floresta (conclusão)
Especificação das Espécies N F Parcela F Abs F Rel De Abs De Rel Do Abs Do Rel
Nome Científico Família Nome comum indivíduos % % u/ha % m²/ha %
Prunus brasiliensis ROSACEAE Pessegueiro-bravo 2 2 18,18 0,90 7,35 0,22 0,16 0,28
Rudgea jasminoides RUBIACEAE Pimenteira 10 3 27,27 1,36 36,76 1,09 0,49 0,87
Schinus terebinthifolius ANACARDIACEAE Aroeira 12 6 54,55 2,71 44,12 1,31 0,43 0,76
Sebastiania brasiliensis EUPHORBIACEAE Leiteiro 13 8 72,73 3,62 47,79 1,41 0,44 0,78
Sebastiania commersoniana EUPHORBIACEAE Branquilho 4 3 27,27 1,36 14,71 0,44 0,16 0,29
Styrax leprosus STYRACACEAE Carne-de-vaca 4 1 9,09 0,45 14,71 0,44 0,19 0,33
Syagrus romanzoffiana PALMAE Jerivá 4 3 27,27 1,36 14,71 0,44 0,33 0,58
Vernonia discolor ASTERACEAE Vassourão-preto 4 1 9,09 0,45 14,71 0,44 0,47 0,83
Vitex megapotamica VERBENACEAE Tarumã 9 2 18,18 0,90 33,09 0,98 0,49 0,87
Zanthoxyllum rhoifolia RUTACEAE Mamica-de-porca 8 4 36,36 1,81 29,41 0,87 0,37 0,66
Zanthoxylum rhoifolium RUTACEAE Mamica-de-cadela 23 10 90,91 4,52 84,56 2,50 1,08 1,91
Morta 14 5 45,45 2,26 51,47 1,52 1,88 3,32
TOTAL 919 2009,09 100,00 4595,00 100,00 56,56 100,00
Fonte: (NOERNBERG, 2009).
Grau de Homogeneidade: 𝐻 = 0,07073
Índice de Shannon-weaner: 𝐷 = 3,3406
Índice de Simpson: 𝐻′ = 0,0463
56
Em relação à freqüência absoluta, podemos observar que a Hovenia
dulcis obteve 90,91%, mostrando que foram encontrados representantes da
espécie em quase todas as parcelas medidas e com números significativos
dentro das mesmas, chegando a uma média de 3,5 árvores por parcela.
Allophylus edulis (vacúm) obteve 100%, ou seja, esta espécie é encontrada em
grande parte da floresta com uma distribuição constante. As espécies de
Nectandra grandiflora (canela amarela), Casearia decandra (guaçatunga),
Zanthoxylum rhoifolium (mamica-de-cadela) e Cupania vernalis (miguel-
pintado) apresentam o mesmo valor que a Hovenia dulcis. A grande maioria
das espécies apresentou índices razoáveis, mostrando um número de
representantes estáveis.
A avaliação dos dados acima apresentados, no geral, demonstra os
baixos valores de densidade absoluta e relativa, onde podemos observar os
maiores índices nas espécies de Casearia decandra (guaçatunga), Cupania
vernalis (miguel-pintado), Allophylus edulis (vacúm), Cordyline dracaenoides
(varaneira), Nectandra grandiflora (canela amarela), Calyptranthes concinna
(guamirim), Drimys winteri (cataia) e Hovenia dulcis (uva-do-japão).
Conforme a tabela pode-se observar também que, com a soma das
áreas basais de cada espécie, obtém-se a dominância absoluta. As espécies
que apresentaram o maior valor foram, Casearia decandra (guaçatunga),
Ocotea puberula (canela-guaicá), Cupania vernalis (miguel-pintado), Araucaria
angustifolia (araucária) e Allophylus edulis (vacúm), estas se demonstram bem
superior aos demais, ficando claro que a presença das mesmas é bastante
intensa na área de estudo e com indivíduos de alto DAP. A Hovenia dulcis
(uva-do-japão) demonstrou valores não tão altos, porém, são representativos
quando comparada com outras espécies contidas na floresta.
57
2.3.1 Grau de Homogeneidade da Floresta
2.3.1.1 Diagramas de freqüência
Diagramas de freqüência em forma de histogramas simples fornecem
informações preliminares sobre a heterogeneidade florística da área estudada.
Para tal, os dados de freqüência absoluta são divididos em 5 classes (quadro
abaixo):
Tabela 05: Classes de Freqüência
Fonte: (NOERNBERG, 2009).
Classe Freqüência Absoluta (%)
A = I 0 - 20
B = II 21 - 40
C = III 41 - 60
D = IV 61 - 80
E = V 81 - 100
Povoamentos com forte representatividade nas classes de freqüência
mais altas (IV ou V, freqüência absoluta acima de 60%) indicam um alto grau
de homogeneidade florística. De modo análogo, povoamentos mais
representados pelas classes I e II (até 40% de FA) podem ser considerados
bastante heterogêneos. Lamprecht (1986), porém, chama a atenção para o fato
de que os valores de freqüência são influenciados pelo tamanho das
subparcelas, de modo que se devem comparar apenas os diagramas que
seguem as mesmas condições de amostragem. Através do número de
espécies por classe de freqüência é possível determinar o grau de
homogeneidade (H) da floresta.
58
Gráfico 01 - Distribuição do número de espécies por classes de freqüência Fonte: (NOERNBERG, 2009).
Observamos no gráfico acima que o maior número de espécies ficou
pertencente às classes I e II. Portanto, esta floresta pode ser considerada
heterogênea. Porém, ela apresentou números significativos na classe V que
indica uma homogeneidade florística.
2.3.1.2 Quociente de mistura de Jentsch (QM)
Nesta trilha onde foram realizadas as amostras, a quantidade de
espécies medidas foi de 52 espécies para 919 árvores. Este é considerado um
valor admissível quando comparado com outras áreas.
𝑄𝑀 = 0,056583243
0
5
10
15
20
25
I II III IV V
Nú
me
ro d
e e
spé
cie
Classes de frequência
59
Tabela 06: Índice de valor de cobertura (IVC), índice de valor de importância por espécie (IVI) e posição sociológica absoluta e relativa das espécies por estrato
(continua)
Nome Científico Nome comum IVC IVI P Abs P Rel
0-200 %
0-300 % % %
Allophylus edulis Vacúm 9,89 17,72 247 9,717
Anadenanthera colubrina Farinha-seca 3,24 5,96 75 2,950
Araucaria angustifolia Araucária 7,30 8,39 17 0,669
Bastardiopsis densiflora Vassoura 1,86 4,25 81 3,186
Calyptranthes concinna Guamirim 6,37 11,15 135 5,311
Campomanesia xanthocarpa Guavirova 3,85 5,81 62 2,439
Casearia decandra Guaçatunga 16,22 26,99 292 11,487
Casearia sylvestris Cafezeiro-do-mato 4,13 6,20 58 2,282
Cedrela fissilis Cedro 8,36 11,41 68 2,675
Citharexylum myrianthum Tucano 0,46 0,57 3 0,118
Cordyline dracaenoides Varaneira 7,60 14,56 226 8,891
Cryptocarya aschersoniana Canela-porca 1,28 1,49 2 0,079
Cupania vernalis Miguel-pintado 12,74 22,42 89 3,501
Dalbergia brasiliensis Marmeleiro 2,66 3,74 25 0,983
Drimys winteri Cataia 6,66 10,80 109 4,288
Eriobotrya japônica Ameixa Amarela 0,46 0,57 4 0,157
Eugenia involucrata Cerejeira 2,27 2,71 6 0,236
Eugenia uniflora Pitanga 0,51 0,62 2 0,079
Gochnatia polymorpha Cambará 1,81 2,57 17 0,669
Hovenia dulcis Uva-do-Japão 8,41 12,21 99 3,895
Ilex dumosa Congonha 0,57 0,68 4 0,157
Ilex paraguariensis Erva-mate 2,14 3,12 30 1,180
Jacaranda puberula Carobinha 1,61 2,05 10 0,393
Leucochloron incuriale Corticeira 2,39 3,37 26 1,023
Lithraea brasiliensis Bugreiro 2,19 2,52 6 0,236 Lonchocarpha
subglaucescens Timbó 3,13 5,20 65 2,557
Luehea divaricata Açoita-cavalo 3,19 5,15 48 1,888
Mimosa scabrella Benth Bracatinga 1,18 1,73 17 0,669
Myrcia guianensis Guamirim-vermelho 0,47 0,69 7 0,275
Myrcia obtecta Guamirim-branco 0,77 1,21 10 0,393
Myroxylon peruiferum Cabreuva 0,51 0,62 3 0,118
Myroxylon peruiferum Gabreuva 1,19 1,51 9 0,354
Myrsine umbellata Capororoca 9,53 12,90 77 3,029
Myrsine umbellata Capororoca-
vermelha 1,12 1,45 8 0,315
Nectandra grandiflora Canela-amarela 11,39 16,50 131 5,153
Nectandra lanceolata Canela-branca 0,54 0,64 3 0,118
Fonte: (NOERNBERG, 2009).
60
Tabela 06: Índice de valor de cobertura (IVC), índice de valor de importância por espécie (IVI) e posição sociológica absoluta e relativa das espécies por estrato
(conclusão)
Nome Científico Nome comum IVC IVI P Abs P Rel
0-200 %
0-300 % % %
Ocotea catharinensis Canela-preta 0,49 0,60 4 0,157
Ocotea porosa Imbuia 1,09 1,31 5 0,197
Ocotea puberula Canela-guaicá 11,32 15,02 79 3,108
Ocotea pulchella Cuvatã 5,92 8,74 71 2,793
Prunus brasiliensis Pessegueiro-bravo 1,19 1,40 1 0,039
Rudgea jasminoides Pimenteira 2,23 3,32 24 0,944
Schinus terebinthifolius Aroeira 3,47 4,78 44 1,731
Sebastiania brasiliensis Leiteiro 4,40 5,82 36 1,416
Sebastiania commersoniana Branquilho 1,65 2,08 14 0,551
Styrax leprosus Carne-de-vaca 0,78 1,22 14 0,551
Syagrus romanzoffiana Jerivá 1,94 2,37 10 0,393
Vernonia discolor Vassourão-preto 1,28 1,72 8 0,315
Vitex megapotamica Tarumã 1,77 2,75 26 1,023
Zanthoxyllum rhoifolia Mamica-de-porca 2,47 3,34 19 0,747
Zanthoxylum rhoifolium Mamica-de-cadela 6,43 8,94 68 2,675
Morta 5,59 7,11 48 1,888
TOTAL 200,00 300,00 2542 100,00
Fonte: (NOERNBERG, 2009).
O IVC é calculado pela soma da densidade relativa com a dominância
relativa de determinada espécie, sendo seu valor máximo possível igual a
200% (no caso da floresta ser composta por apenas uma espécie). Observa-se
que os maiores índices encontrados foram os das espécies Casearia decandra
(guaçatunga), Cupania vernalis (miguel-pintado), Allophylus edulis (vacúm),
Cordyline dracaenoides (varaneira), Nectandra grandiflora (canela amarela) e
Ocotea puberula (canela-guaicá). Sendo que a Hovenia dulcis (uva-do-japão)
apresentou índice relativamente alto de 8,41% comparado com as outras
espécies, mantendo-se em destaque.
O IVI, além destes dois parâmetros, considera ainda a freqüência
relativa, e seu valor máximo, portanto, corresponde a 300%. Estes estimadores
consideram que os parâmetros utilizados para seu cálculo retratam de certa
forma, a importância ecológica de certa espécie na comunidade, quando
61
comparado às outras espécies nela existentes, uma vez que são utilizados
valores relativos. Mostrando que nesta área da floresta onde foram aplicadas
as parcelas, a Hovenia dulcis (uva-do-japão) apresentou valor de 43,41%,
considerado bastante representativo.
2.3.2 Estrutura Vertical da Composição Florística
Gráfico 02 - Representação da estrutura vertical Fonte: (NOERNBERG, 2009).
De acordo com as tabelas e o gráfico acima representado, observa-se
que a porcentagem de espécies suprimidas é considerada relativamente alta
por ter maior número de indivíduos; já as intermediárias demonstram alto nível
de espécies; as codominantes têm valor consideravelmente médio entre as
florestas e as dominantes apresentam um nível aceitável de espécies. Como as
suprimidas contêm mais espécies, dessa forma é possível afirmar a
sobrevivência e a sucessão natural da floresta, garantindo a sua continuidade,
e não levar a extinção de espécies em determinadas áreas.
15%
16%
27%
42%Dominantes
Codominantes
Intermediárias
Suprimidas
62
2.3.3 Análise Estatística do Inventário Florestal
Com a Análise Estatística pode-se ter mais confiança nos resultados
obtidos. A seguir, é apresentada a análise realizada para este inventário.
Tabela 07: Análise estatística dos resultados
Análise Estatística
Student 1,812461102
Média Aritmética 197,2678369
Variância 14479,95442
Desvio Padrão 120,3326823
Coeficiente Variação 60,99964604
LE (20%) 39,45356738
N 90,66666667
f 0,121323529
1-f 0,878676471
n (nº ideal de parcelas) 22,85529803
Variância da Média 4,872632154
Erro Padrão 34,00961796
Erro de Amostragem Absoluto 61,64110964
Erro de Amostragem Relativo 42,57%
Intervalo de Confiança para Média (IC) 135,6267273 ≤ X ≤ 258,9089466
Intervalo de Confiança para o Total (IC) 368,9046982 ≤ X ≤ 704,2323347
Total da População 571285,8576
Fonte: (NOERNBERG, 2009).
Conforme visto, a população se classifica como sendo finita, pois, 1-f é
menor que 0,98. A variância da média foi de 4,87 m³ por parcela e o erro
padrão apresentou valor de 34,01 m³ por parcela.
Os cálculos realizados acima indicam que 11 parcelas não amostram
bem a população. Recomenda-se então, 23 parcelas para representação total
da população. No entanto, foi realizada a curva de espécie/área, demonstrada
a seguir.
63
2.3.4 Curva de Espécie-área
Representado por um gráfico, mostra o número de espécies encontradas
numa área definida de um determinado habitat de diferentes áreas. É muito
utilizada para realizar comparações de riqueza entre ilhas de diferentes
tamanhos.
Gráfico 03 – Representação da curva espécie-área Fonte: (NOERNBERG, 2009).
O gráfico apresentado mostra que a curva se estabiliza entre as parcelas
10 e 11. Entretanto, pode haver árvores com um número pequeno de
indivíduos que não foram representados dentro das parcelas, podendo ser
necessária a realização de mais parcelas dentro da floresta, para estimar com
maior precisão a verdadeira riqueza da comunidade.
2.3.5 Regeneração Natural por Espécie
A regeneração natural da floresta é o que vai garantir a sobrevivência
das espécies dentro do ecossistema, portanto, sem banco de sementes não há
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12
Esp
éci
es
Parcelas
64
regeneração natural. A floresta apresenta grande regeneração natural, isto
pode ser conseqüência de impactos que ela pode ter sofrido, como a
exploração inadequada. A seguir, é apresentado na Tabela 08 os parâmetros
fitossosiológicos da regeneração natural analisados na composição da floresta.
65
Tabela 08: Parâmetros fitossosiológicos da regeneração natural analisados na composição da floresta
(continua)
Especificação das Espécies N F Parcela F Abs F Rel De Abs De Rel Reg Natural
Nome Científico Família Nome comum indivíduos % % u/há %
Eriobotrya japônica ROSACEAE Ameixa-do-Japão 4 2 18,18 2,22 7,35 2,22 11,80
Allophylus edulis SAPINDACEAE Vacúm 48 9 81,82 10,00 33,09 10,00 53,09
Anadenanthera colubrina FABACEAE Farinha-seca 3 1 9,09 1,11 3,68 1,11 5,90
Calyptranthes concinna MYRTACEAE Guamirim 51 8 72,73 8,89 29,41 8,89 47,19
Campomanesia xanthocarpa MYRTACEAE Guavirova 6 1 9,09 1,11 3,68 1,11 5,90
Casearia decandra SALICACEAE Guaçatunga 30 5 45,45 5,56 18,38 5,56 29,49
Cedrela fissilis MELIACEAE Cedro 1 1 9,09 1,11 3,68 1,11 5,90
Cordyline dracaenoides AGAVACEAE Varaneira 27 5 45,45 5,56 18,38 5,56 29,49
Cupania vernalis SAPINDACEAE Miguel-pintado 84 10 90,91 11,11 36,76 11,11 58,99
Drimys winteri WINTERACEAE Cataia 18 4 36,36 4,44 14,71 4,44 23,59
Eugenia involucrata MYRTACEAE Cerejeira 1 1 9,09 1,11 3,68 1,11 5,90
Hovenia dulcis RHAMNACEAE Uva-do-Japão 68 10 90,91 11,11 36,76 11,11 58,99
Ilex paraguariensis AQUIFOLIACEAE Erva-mate 1 1 9,09 1,11 3,68 1,11 5,90
Jacaranda puberula BIGNONIACEAE Carobinha 6 2 18,18 2,22 7,35 2,22 11,80
Lonchocarpha subglaucescens FABACEAE Timbó 25 4 36,36 4,44 14,71 4,44 23,59
Nectandra grandiflora LAURACEAE Canela-amarela 9 2 18,18 2,22 7,35 2,22 11,80
Ocotea porosa LAURACEAE Imbuia 1 1 9,09 1,11 3,68 1,11 5,90
Ocotea puberula LAURACEAE Canela-guaicá 9 3 27,27 3,33 11,03 3,33 17,70
Ocotea pulchella SAPINDACEAE Cuvatã 14 4 36,36 4,44 14,71 4,44 23,59
Schinus terebinthifolius ANACARDIACEAE Aroeira 13 4 36,36 4,44 14,71 4,44 23,59 Fonte: (NOERNBERG, 2009).
66
Tabela 08: Parâmetros fitossosiológicos da regeneração natural analisados na composição da floresta
(conclusão)
Especificação das Espécies N F Parcela F Abs F Rel De Abs De Rel Reg Natural
Nome Científico Família Nome comum indivíduos % % u/há %
Sebastiania brasiliensis EUPHORBIACEAE Leiteiro 5 2 18,18 2,22 7,35 2,22 11,80
Sebastiania commersoniana EUPHORBIACEAE Branquilho 1 1 9,09 1,11 3,68 1,11 5,90
Syagrus romanzoffiana PALMAE Jerivá 6 3 27,27 3,33 11,03 3,33 17,70
Samambaia 136 6 54,55 6,67 22,06 6,67 35,39
TOTAL
818,182
330,88 100,00 530,88
Fonte: (NOERNBERG, 2009).
Índice de Shannon-weaner: 𝐷 = 2,5210
Índice de Simpson: 𝐻′ = 0,1069
67
É possível notar que na tabela acima as espécies como a Cupania
vernalis (miguel-pintado), Hovenia dulcis (uva-do-japão), Allophylus edulis
(vacúm), Calyptranthes concinna (guamirim), Casearia decandra (guaçatunga),
Cordyline dracaenoides (varaneira), Schinus terebinthifolius (aroeira), Drimys
winteri (cataia), Ocotea pulchella (cuvatã), Ocotea puberula (canela-guaicá) e
Syagrus romanzoffiana (jerivá), apresentam os maiores índices de regeneração
natural. Dados os valores, sabe-se que a regeneração natural do local consiste
de um equilíbrio de espécies que vem se formando. Entre as espécies em
regeneração, as samambaias (pertencente ao filo das Pteridófitas)
apresentaram valores relevantes. Pode-se dizer que as duas espécies exóticas
(ameixa-do-japão e uva-do-japão) têm grande significância, podendo vir a
causar problemas relacionados ao desenvolvimento, formação e sobrevivência
de espécies nativas que necessitam de luz nas primeiras etapas de formação.
2.3.6 Análise do desenvolvimento de Hovenia dulcis
A Hovenia dulcis se mostrou presente em quase todas as parcelas e
amostras de regeneração. Apesar de seus valores se mostrarem menores
comparados com as espécies nativas, seu grau de importância dentro da
floresta se destaca, pois, é possível encontrar uma variedade de plantas em
formação distribuídas em vários pontos no decorrer da trilha, ou seja, sua
freqüência está em grande parte da vegetação. A seguir, é apresentada a
porcentagem de indivíduos de Hovenia dulcis distribuídos por parcelas.
68
Gráfico 04: Porcentagem de Indivíduos de Hovenia dulcis por parcela Fonte: (NOERNBERG, 2009).
Com a demonstração do gráfico acima, podemos observar que, a
Hovenia dulcis se mostrou presente em quase todas as parcelas, exceto na
parcela cinco. Sua maior porcentagem foi nas parcelas quatro e oito. A média
de árvores encontradas por parcela é de 3,5. O gráfico também evidencia a
distribuição constante em que a espécie se encontra dentro da floresta.
Gráfico 05: Representação da espécie Hovenia dulcis por estrato Fonte: (NOERNBERG, 2009).
6%
9%
12%
14%
0%11%
3%
14%
11%
9%
11%
Parcela 1
Parcela 2
Parcela 3
Parcela 4
Parcela 5
Parcela 6
Parcela 7
Parcela 8
Parcela 9
Parcela 10
Parcela 11
20%
14%
29%
37% Dominantes
Codominantes
Intermediárias
Suprimidas
69
Na representação de espécies por estrato, a porcentagem de
suprimidas, que é de 37%, reflete o sucesso da regeneração natural de
Hovenia dulcis, podendo vir a causar problemas como perda da biodiversidade
do local.
70
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos índices fitossociológicos decorrente das 11 (onze) parcelas
determinou-se a presença de 52 (cinqüenta e duas) espécies diferentes em
uma área de 2,7 hectares. Sendo, duas exóticas, a Hovenia dulcis e Eriobotrya
japônica (uva-do-japão e ameixa-do-japão), que apresentaram grande
importância na vegetação nativa e na regeneração natural da floresta.
Através do grau de homogeneidade ficou claro que se tratar de uma
floresta heterogênea. Com a análise da estrutura vertical, mostrou que a
porcentagem de espécie no estrato inferior, foi extremamente alta, quando esta
é que garante a reposição da floresta. Com análise na composição florística
verificou-se que as espécies mais abundantes no local são: Allophylus edulis
(vacúm), Nectandra grandiflora (canela amarela), Casearia decandra
(guaçatunga), Zanthoxylum rhoifolium (mamica-de-cadela) e Cupania vernalis
(miguel-pintado).
A regeneração natural apresentou índices relevantes da espécie exótica
Hovenia dulcis. Para que a floresta não seja comprometida futuramente, deve
haver cuidados de controle, como a roçada, pois em uma área de preservação
permanente não é permitido o corte ou outra forma de manejo de qualquer
espécie sem licenciamento.
Hoje, registram-se poucas espécies exóticas adultas nessa área, mas
futuramente, com o grande avanço que a regeneração vem apresentando,
outras espécies podem ser comprometidas, uma invasão que vem se formando
através, principalmente, da Hovenia dulcis que têm grande agressividade de
avanço.
Na floresta, animais se alimentam destas espécies exóticas. Ou seja, se
de alguma maneira elas prejudicam o ambiente com sua agressividade, de
outra, elas estão servindo de subsídios alimentícios para os animais.
Erradicar estas espécies exóticas não é possível. Entretanto, ter seu
controle pode equilibrar o ambiente, além servir de alimento para animais. O
mesmo não será prejudicado quando existir um controle correto.
71
Muitos especialistas da área dizem que espécies exóticas se tornam
parte do ambiente, e que eliminá-las geraria um impacto ambiental que
prejudicaria o equilíbrio silvestre. No entanto, do ponto de vista ambiental, a
Hovenia dulcis poderá influenciar definitivamente na heterogeneidade da
floresta.
72
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BRASIL, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA Florestas; Características físicas, químicas e anatômicas da madeiras de Hovenia dulcis. Comunicado Técnico n. 66. Colombo, 2001.
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73
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74
ANEXOS
75
ANEXO 1 – MAPA DA AFFUnC
76
77
ANEXO 2 – FORMULÁRIO PARA O INVENTÁRIO FLORESTAL
78
Nº parcela: Data: Tipo de plantio: N° Parcela:
Nº parcela: Data: Tipo de plantio: N° Parcela:
Nº Arv
Nome Comum CAP (cm)
Altura (m)
Nº Arv
Nome Comum CAP (cm)
Altura(m)
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 8
9 9
10 10
11 11
12 12
13 13
14 14
15 15
16 16
17 17
18 18
19 19
20 20
21 21
22 22
23 23
24 24
25 25
26 26
27 27
28 28
29 29
30 30
31 31
32 32
33 33
34 34
35 35
36 36
37 37
38 38
39 39
40 40