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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA DCV CAMPUS I TÍTULO: MONITORAMENTO DA TOXICIDADE DO METOTREXATO EM ESQUEMAS DE ALTAS DOSES NO TRATAMENTO DE OSTEOSSARCOMA AUTORA: MILENA DA MOTTA XAVIER SALVADOR BAHIA 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DCV – CAMPUS I

TÍTULO:

MONITORAMENTO DA TOXICIDADE DO METOTREXATO EM ESQUEMAS DE ALTAS DOSES

NO TRATAMENTO DE OSTEOSSARCOMA

AUTORA: MILENA DA MOTTA XAVIER

SALVADOR – BAHIA

2010

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MILENA DA MOTTA XAVIER

ORIENTADORA: PROF.ª Msc. MAIANA DE ARAÚJO TEIXEIRA

CO-ORIENTADOR: PROF. Msc. MARCO ANTÔNIO ARAÚJO SILVANY

TÍTULO:

MONITORAMENTO DA TOXICIDADE DO METOTREXATO EM ESQUEMAS DE ALTAS DOSES

NO TRATAMENTO DE OSTEOSSARCOMA

SALVADOR - BAHIA

2010

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em

Farmácia.

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LISTA DE SIGLAS

7-OH-MTX: Metabólito 7-OH-metotrexato

AINES: Antiinflamatórios não-esteróides

ALT: Alanina Aminotransferase

AST: Aspartato Aminotransferase

BHE: Barreira hemato-encefálica

CLAE: Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

Clcr: Clearance de creatinina

COX: Enzima Ciclooxigenase

DHFR: Enzima Diidrofolato Redutase

G6PD: Enzima Glicose-6-fosfato desidrogenase

GBTO: Grupo Brasileiro de Tratamento de Osteossarcoma

HDMTX: Metotrexato em altas doses

INR: Índice internacional normalizado. Tempo de protrombina corrigido a

valores mundiais.

LCR: Líquido cefalorraquidiano

LIQ: Limite Inferior de Quantificação

MTX: Metotrexato

MTX-PG: Poliglutamatos de MTX

NAD: Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo

NADH: Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Reduzida

TGF: Taxa de Filtração Glomerular

TGI: Trato Gastrintestinal

TNM: Classification of Malignant Tumours

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1: ESTADIAMENTO TNM.............................................................................9

TABELA 2: PROTOCOLO GBTO OSTEOSSARCOMA METASTÁTICO..................10

TABELA 3: CLEARANCE DE CREATININA (Clcr) E AJUSTES DE DOSE..............25

TABELA 4: PRINCIPAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS.................................26

TABELA 5: COMPARATIVO DE MÉTODOS – EMIT versus CLAE..........................36

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................6

2. OBJETIVOS ..............................................................................................................12

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. METOTREXATO.................................................................................................13

3.1.1. FARMACOCINÉTICA ...............................................................................15

3.1.2. METOTREXATO EM ALTAS DOSES COM LEUCOVORINA DE

RESGATE.....................................................................................................17

3.2. TOXICIDADE DO METOTREXATO....................................................................19

3.2.1. EFEITOS SOBRE O TGI...........................................................................20

3.2.2. TOXICIDADE PULMONAR.......................................................................20

3.2.3. MIELOTOXICIDADE ................................................................................21

3.2.4. HEPATOTOXICIDADE .............................................................................21

3.2.5. EFEITOS NEUROLÓGICOS ....................................................................22

3.2.6. TOXICIDADE RENAL...............................................................................23

3.2.7. TERATOGENICIDADE..............................................................................24

3.2.8. PARÂMETROS FISIÓLOGICOS E AJUSTES DE DOSE........................24

3.3. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS .................................................................26

3.4. MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA ...................................................................28

3.4.1. FÓRMULA DE SCHWARTZ.....................................................................28

3.4.2. ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO..................................................................29

3.4.3. CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA.............................31

4. DISCUSSÃO..............................................................................................................34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................37

REFERÊNCIAS................................................................................................................41

5

RESUMO

O tratamento do osteossarcoma compreende um conjunto de estratégias para o

controle do tamanho do tumor e do avanço da doença, e a quimioterapia está

presente nos protocolos adotados, seja como neoadjuvante ou adjuvante. Um

dos principais quimioterápicos que compõem o tratamento é o metotrexato em

altas doses, com leucovorina de resgate. Verifica-se, no entanto, que a utilização

deste esquema não é consenso na prática clínica, diante dos inúmeros efeitos

tóxicos causados pelo fármaco e seus metabólitos. Assim, este trabalho aborda

os principais aspectos relativos à toxicidade, as interações medicamentosas e os

métodos de monitorização terapêutica, como a cromatografia líquida de alta

eficiência.

Palavras-chave: Osteossarcoma; Metotrexato; Toxicidade; Monitorização

terapêutica; Cromatografia; Uso racional; Farmacovigilância.

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1. INTRODUÇÃO

Os tumores ósseos primários correspondem a 2% de todos os tumores

clínicos e a 0,6% dos tumores malignos. Apesar da relativa raridade, constituem um

sério problema clínico, principalmente pela incidência de metástases ósseas e

pulmonares (ALIMENA, et al, 2008).

Segundo dados do Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo,

dentre os tumores ósseos, o osteossarcoma é o mais freqüente, representando

43,1% do total de casos (FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO, 2005).

O osteossarcoma ou sarcoma osteogênico é o tumor maligno ósseo mais

frequente e caracteriza-se por células mesenquimais neoplásicas formadoras de

tecido ósseo imaturo e/ou matriz osteóide. Tem origem a partir do tecido conjuntivo

indiferenciado, podendo apresentar elementos cartilaginosos e fibrosos (KOWALSKI,

2006).

Do total de cânceres diagnosticados anualmente nos Estados Unidos,

representa apenas 1% e, portanto, constitui um tipo raro de tumor. Esse número

corresponde à média de 800 novos casos diagnosticados a cada ano, dos quais 400

são crianças e jovens com idade inferior a 20 anos (JANEWAY, et al, 2009).

A incidência de osteossarcoma aumenta de 2 a 3 casos/milhão de pessoas

por ano para 8 a 11 casos/milhão de pessoas quando se considera jovens de 15 a

19 anos, representando mais de 10% dos tumores sólidos (PETRILLI, et al, 2007).

Tumores sólidos são tumores encontrados na forma de nódulo ou massa palpável e,

quando malignos, podem invadir tecidos e órgãos vizinhos ou disseminar para

órgãos distantes – metastização (FLECK, 2006).

7

Alguns autores associam o início de desenvolvimento da doença com o surto

de crescimento na adolescência, visto que, em jovens, o pico de incidência situa-se

entre 13 e 16 anos, conforme demonstrado no gráfico 1. Além disso, é

aproximadamente 1,4 vezes mais comum no sexo masculino e parece acometer

principalmente indivíduos da raça negra (WANG, et al, 2009).

As metáfises de ossos longos são o local mais comum de desenvolvimento da

doença, principalmente na região distal do fêmur e proximal da tíbia e do úmero. O

prognóstico de osteossarcoma não tratado é de aumento do tumor e metástases à

distância, principalmente em outros ossos e no pulmão, sendo a sobrevida de 10 a

40% nos pacientes que apresentam metástases ao diagnóstico (KOWALSKI, et al,

2006).

Antes do modelo de tratamento multidisciplinar, os pacientes eram tratados

apenas com cirurgia e o prognóstico era bastante negativo. Aproximadamente 90%

evoluíam para óbito, geralmente por metástase pulmonar (JANEWAY, et al, 2009).

Gráfico 1: Incidência por faixa etária e sexo

10 a 19

0

50

100

150

200

250

0a9 20a29 40a49 60a69

Masculino

Feminino

10 a 19

Fonte: Adaptado de FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO, 2005.

8

Nos últimos 30 anos, com a introdução da quimioterapia neoadjuvante e

adjuvante nos protocolos clínicos, houve melhoria no prognóstico dos pacientes que

apresentavam osteossarcoma não-metastático. A quimioterapia adjuvante é

considerada componente padrão do tratamento, tanto em crianças como em adultos

(JANEWAY, et al, 2009).

Atualmente, o tratamento multidisciplinar permite a cura em cerca de 60 a

70% dos pacientes, sem recidivas (KOWALSKI, et al, 2006). Segundo o Instituto

Nacional de Câncer (2002), as bases para o tratamento são a classificação

histológica e o estadiamento TNM. Quanto ao estadiamento, o American Joint

Committee on Cancer (AJCC) estabelece que:

T: tamanho do tumor. T1: Tumor até 8 cm; T2: Tumor com mais de

8cm; T3: tumor descontínuo no sítio ósseo primário.

N: linfonodos acometidos. N0: sem metástases em linfonodos; N1: com

metástases regionais em linfonodos.

M: metástases à distância. M0: sem metástases; M1: com metástases

à distância. M1a: pulmão; M1b: outros sítios.

G: grau histológico. G0: bem diferenciado (baixo grau); G1:

moderadamento diferenciado (baixo grau); G2: pouco diferenciado (alto

grau); G3-4: indiferenciado (alto grau).

Assim, a partir de exames como tomografia óssea computadorizada de tórax,

cintilografia óssea e tomografia ou ressonância magnética nuclear do tumor primário,

é possível agrupar por estádios, conforme tabela 1:

9

Tabela 1: Estadiamento TNM - American Joint Committee on

Cancer (AJCC)

GRAU

IA T1 N0 M0 G1-2 BAIXO GRAU

IB T2 N0 M0 G1-2 BAIXO GRAU

IIA T1 N0 M0 G3-4 ALTO GRAU

IIB T2 N0 M0 G3-4 ALTO GRAU

III T3 N0 M0

IVA N0 M1a

IVB N1 M1b

Fonte: Adaptado de KOWALSKI, L. P. et al. Manual de Condutas Diagnósticas e Terapêuticas em Oncologia. Centro de Tratamento e Pesquisa Hospital A.C. Camargo: São Paulo. 3 ed. 2006

O controle local com cirurgia assegura a preservação do membro em 90 a

95% dos casos. Sabe-se, no entanto, que, se nenhum tratamento sistêmico

adicional for iniciado, a maioria desses casos evolui para óbito por metástases

pulmonares (PETRILLI, et al, 2007).

Assim, segundo Petrilli (2007), o objetivo do tratamento multidisciplinar, no

qual adiciona-se a quimioterapia com drogas eficazes, é erradicar a doença

micrometastática, aumentado a segurança da cirurgia. A eficácia do tratamento

envolve a escolha do esquema a ser utilizado e o momento correto para iniciar o

tratamento, que pode ser antes (neo-adjuvante ou indutória) ou depois (adjuvante)

da realização da cirurgia.

No Brasil, um dos protocolos seguidos para o tratamento de pacientes

metastáticos e não-metastáticos é o elaborado pelo Grupo Brasileiro de Tratamento

de Osteossarcoma (GBTO), parte do Comitê de Tumores Ósseos da Sociedade

Brasileira de Oncologia Pediátrica.

10

Segundo esse protocolo, as drogas consideradas mais ativas são a

doxorrubicina (ADR), a cisplatina (DDP), a ifosfamida (IFOS) e o metotrexato (MTX).

Para osteossarcoma metastático, conforme tabela 2, o protocolo sugere o seguinte

esquema:

Tabela 2: Protocolo GBTO Osteossarcoma Metastático

DDP ADR CTX MTX HDMTX

D1

D2

D3

D4

D5

D6

D7

D8

D9

D10

D11 CIRURGIA

D12 INTERVALO

D13 INTERVALO

D14 REPETE O CICLO

LEGENDA: DDP: Cisplatina IV 60 mg/m

2/dia CTX: ciclofosfamida VO 25 mg/m

2/dia

ADR: doxorrubicina IV 37,5 mg/m2/dia HDMTX: metotrexato IV 12 mg/m

2/dia

MTX: metotrexato VO 15,5 mg/m2/2Xdia

Fonte: PETRILLI, A. S. et al. Protocolo do Grupo Brasileiro de Tratamento de Osteossarcoma (GBTO). 2006.

11

Seja como terapia adjuvante ou neo-adjuvante, é comum a utilização do

metotrexato no tratamento de pacientes com osteossarcoma metastático e não

metastático. A atuação desse fármaco na fase S do ciclo celular, através do bloqueio

de enzimas importantes à replicação do DNA, é o que justifica a sua utilização no

tratamento de cânceres com rápida proliferação celular. Na fase S ocorre a

duplicação do DNA, além da síntese de histonas, proteínas que compõem a

cromatina e atuam como matriz para o enrolamento do DNA (MARQUES, 2009).

Apesar da eficácia observada no controle do tamanho do tumor e na

minimização de metástases, o metotrexato é um fármaco associado à incidência de

efeitos tóxicos, muitos desses limitantes da qualidade de vida dos pacientes. A

compreensão dos mecanismos de toxicidade e dos fatores que potencializam os

efeitos tóxicos são aspectos importantes a serem considerados durante o

tratamento.

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas

(SINITOX, 2008), da Fundação Oswaldo Cruz, os medicamentos estão associados a

30,71% dos casos de intoxicação e 19,73% dos óbitos registrados pela mesma

causa. Do total de óbitos, aproximadamente 6% são decorrentes da utilização em

doses consideradas terapêuticas.

O conjunto desses dados responde pela crescente preocupação com o uso

racional de medicamentos, visando compreender os mecanismos responsáveis

pelos problemas relacionados à terapia medicamentosa e minimizar os efeitos

adversos indesejáveis.

12

2. OBJETIVOS

Apresentar os principais aspectos do tratamento do osteossarcoma com

metotrexato em altas doses, considerando os efeitos tóxicos do fármaco e seus

metabólitos e as principais interações medicamentosas que potencializam a

toxicidade.

Discutir sobre as formas de monitorização terapêutica adotadas na prática

clínica, avaliando as vantagens e as limitações.

13

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. METOTREXATO

O ácido fólico (2-amino-4-hidroxi-metilenoaminobenzoil-glutâmico), também

conhecido como ácido pteroilglutâmico, vitamina B9 ou vitamina M, é fator essencial

na dieta. Nos alimentos, é encontrado na forma reduzida como derivados de

poliglutamatos, com 2 a 7 resíduos de ácido glutâmico, conhecidos como folatos

(LIMA, et al, 2003).

Os folatos atuam como co-fatores em reações de transferência de carbono

(LIMA, et al, 2003). Após a absorção, são reduzidos a ácido tetraidrofólico (ou

tetraidrofolato) que age como aceptor de unidades de carbono, originando

coenzimas necessárias à síntese de timidilato e purinas (GUIMARÃES, 2003). O

derivado N-5,10-metilenotetraidrofolato é essencial na síntese de timidilato ao passo

que os derivados N-5,10-metenotetrahidrofolato e N-10-formiltetrahidrofolato são

doadores de átomos de carbono para o crescimento do anel de purina. (BRUNTON,

LAZO, PARKER, 2006).

Diante da importância do folato na síntese de DNA, os antagonistas do

ácido fólico foram os primeiros agentes antimetabólitos a serem utilizados no

tratamento do câncer, sendo o metotrexato o primeiro fármaco utilizado em

monoterapia (LACASCE, 2009).

Como pode ser verificado na figura 1, o ácido fólico e o metotrexato são

compostos estruturalmente semelhantes, diferindo apenas na substituição de um

grupo amino por um grupo hidroxila e na adição de um grupo metila entre os grupos

pteroila e benzoila.

14

O metotrexato ou ametopterina (C2OH22N8O5), representado estruturalmente

pela figura 1, caracteriza-se por uma mistura de ácido-4-amino-10-metil-fólico e

compostos relacionados. Este é utilizado no tratamento de algumas neoplasias,

como leucemias, osteossarcomas, linfomas não-Hodgkin, coriocarcinomas e

tumores de cabeça e pescoço (LEKE, 2005). É um agente específico da fase S do

ciclo celular, atuando sobre células que se encontram em crescimento exponencial.

O principal alvo do metotrexato é a enzima diidrofolato redutase (DHFR),

responsável pela redução do folato à tetraidrofolato. Por apresentar maior afinidade

pela enzima que os folatos naturais, é capaz de inibir competitivamente, resultando

em depleção dos co-fatores de tetraidrofolato (BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006).

O esgotamento dos folatos reduzidos (tetraidrofolatos) interfere nos

mecanismos de síntese e reparo do DNA e replicação celular. O efeito imediato é

uma interrupção abrupta na síntese de DNA, com conseqüente morte celular

(LACASCE, 2009).

Figura 1: Fórmulas estruturais do ácido fólico e do metotrexato

Fonte:

http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0708/g9_metotrexato/sem

elhancas.html

15

3.1.1. FARMACOCINÉTICA

Após administração oral, doses baixas apresentam rápida absorção no trato

gastrintestinal, ao passo que doses mais elevadas apresentam absorção irregular.

Na circulação sistêmica, qualquer que seja a via de administração, o metotrexato

difunde-se e se acumula nos glóbulos vermelhos e no soro, evidenciando cerca de

50% de capacidade de ligação à albumina (PIOTO, 2007).

Alguns medicamentos apresentam maior afinidade pela albumina e são

capazes de deslocá-lo do sítio de ligação, aumentando a atividade do fármaco. Esse

deslocamento é um dos responsáveis pelo aumento dos efeitos tóxicos (PIOTO,

2007).

Ademais, apresenta ampla distribuição nos tecidos corpóreos, encontrado em

maiores concentrações nos rins, no fígado, na vesícula biliar, no baço e na pele.

Após 3 horas de administração, a relação entre a concentração sérica e a

encontrada no fígado é na razão 4:1; após 24 horas, obedece a relação 8:1

(BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006).

A concentração plasmática é reduzida de forma trifásica: a primeira fase é de

distribuição, a qual é imediatamente seguida da fase de depuração renal, com meia-

vida de 2 a 3 horas; em seguida, inicia-se a terceira fase, que apresenta meia-vida

de 10 a 27 horas. (BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006). Por apresentar excreção

predominantemente renal, principalmente por filtração glomerular, a terceira fase é

prolongada em casos de insuficiência renal, além de ascite e derrame pleural

(PIOTO, 2007).

A taxa de depuração renal é de 90-200 ng/mL e, após a administração, 80 –

90% da dose são excretados de forma inalterada na urina dentro de 24 horas

16

(KLASCO, [19-]). Em baixas doses, o metotrexato apresenta baixa taxa de

metabolização. Por outro lado, após a administração de altas doses, o metotrexato

sofre conversão em poliglutamatos (MTX-PG) pela ação da enzima folilpoliglutamato

sintetase, que adiciona resíduos de glutamil à molécula do metotrexato (BRUNTON,

LAZO, PARKER, 2006).

Segundo LaCasce (2009), quando a cauda poliglutamada tem mais do que

cinco resíduos de ácido glutâmico, existe uma maior afinidade pelas enzimas DHRF

e timidilato sintase, além de apresentar retardo no tempo de difusão para fora da

célula. Concentrações plasmáticas mais elevadas e maior tempo de exposição

ampliam a formação de poliglutamatos.

Os compostos formados apresentam uma intensa carga e não conseguem

atravessar facilmente a membrana plasmática, permanecendo no interior das células

e exercendo maior efeito inibitório sobre a DHFR e timidilato sintase (LACASCE,

2009). Assim, sob a forma de poliglutamatos, o metotrexato pode ser retido por

várias semanas nos rins e vários meses no fígado (BRUNTON, LAZO, PARKER,

2006).

Dessa forma, ao passo que a síntese de poliglutamatos responde pela

citotoxidade do metotrexato, levando à destruição de células cancerosas, essa forma

de armazenamento também resulta em toxicidade clínica do fármaco, através da

retenção no tecido hepático (CEDEÑO, 1993).

LaCasce (2009) admite ainda que outro metabólito tóxico, o 7-hidroxi-

metotrexato (7-OH-MTX), também é formado em esquemas de altas doses pela

ação da enzima aldeído oxidase hepática. Esse metabólito, devido à sua baixa

solubilidade em água, contribui para a toxicidade renal.

17

Além disso, acredita-se que o metotrexato pode se acumular nos espaços

pleurais, como nos casos de ascite e derrame pleural, retornando à circulação

sistêmica muito tempo depois da administração da dose. Isso pode levar a uma

superdosagem de metotrexato e, caso a função renal esteja prejudicada, resultar em

severa toxicidade retardada. É necessário, portanto, drenagem dos líquidos pleurais

antes da administração do metotrexato (LACASCE, 2009).

Concentrações que variam de 3 a 10% da dose sérica podem ser

encontradas no líquido cefalorraquidiano (LCR), visto que o fármaco é capaz de

atravessar a barreira hematoencefálica (BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006).

3.1.2. METOTREXATO EM ALTAS DOSES COM LEUCOVORINA DE

RESGATE

As células tumorais têm capacidade reduzida ou insignificante de transportar

o metotrexato para o interior das células e, portanto, necessitam de uma elevada

concentração extracelular de metotrexato para que este entre por difusão passiva.

Além disso, sabe-se que a síntese de tetraidrofolatos é bloqueada apenas quando é

atingido um mínimo de 95% de inibição da DHFR (LACASCE, 2009).

Assim, para que seja possível atingir máxima concentração plasmática e

potencializar o efeito citotóxico desejado no tratamento do osteossarcoma, vários

autores argumentam a favor dos esquemas de altas doses de metotrexato (HDMTX).

Para tanto, classificam-se como altas doses aquelas superiores a 500 mg/m2 de

superfície corpórea (KLASCO, [19-]).

O esquema inicial adotado em vários consensos é de 8 – 12 g/m2 de

superfície corpórea, com leucovorina de resgate, para obtenção de um pico de

18

concentração sérica de 1 X 10 -3 mol/L, podendo ser aumentada para 15g/m2 caso a

concentração não tenha sido obtida (KLASCO, [19-]).

Segundo o protocolo do Grupo Brasileiro de Tratamento de Osteossarcoma

(GBTO), a utilização de metotrexato em altas doses baseia-se na maior capacidade

de resgate que as células normais apresentam em detrimento das células tumorais.

A leucovorina ou ácido folínico é uma forma reduzida dos folatos utilizada

para reverter o bloqueio metabólico induzido pelo metotrexato em células normais.

Apresenta-se na forma de uma mistura racêmica e o resgate das células expostas

às altas doses de MTX é feito pelo isômero L. (ACKLAND, SCHILSKY, 1987).

Após a administração, a leucovorina é rapidamente convertida a N5-metil-

FH4, o folato fisiológico normalmente existente no plasma (PETRILLI, et al, 2007). O

motivo pelo qual essa reversão ocorre apenas nas células normais ainda não é

totalmente compreendido, mas está associado à deficiência do transporte de folatos

evidenciada nas células tumorais (LACASCE, 2009).

Assim, para se obter resposta satisfatória, o resgate com leucovorina deve ser

iniciado dentro de 24 horas após a administração de HDMTX. Por via endovenosa, a

dose habitual de leucovorina é 10 mg/m2 de superfície corpórea ou 15 mg/m2

quando por via oral (LACASCE, 2009). A administração deve ser continuada até que

a concentração sérica do metotrexato atinja níveis inferiores a 0,05-0,1 micromol/litro

(KLASCO, [19-]).

Contraditoriamente, apesar de ser indicado para reverter os efeitos tóxicos do

metotrexato sobre células normais, o resgate com leucovorina pode levar à

precipitação do fármaco nos túbulos renais, evidenciando potencial de toxicidade

renal. Acredita-se que a acidez urinária e a depleção do volume aumentam o risco

19

de insuficiência renal, devido à insolubilidade do fármaco e maior concentração no

líquido tubular, respectivamente (BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006).

Dessa forma, para reduzir o risco de insuficiência renal, recomenda-se

hidratação antes da infusão de metotrexato e alcalinização da urina. A hidratação

mantém o fluxo urinário elevado e concentrações reduzidas nos túbulos renais, ao

passo que a alcalinização deve elevar o pH para acima de 7,0, aumentando

significativamente a solubilidade do fármaco (ROSE, 2008). Acredita-se que uma

dose de 3000 mL/m2/dia com 44-88 mEq de bicarbonato de sódio é suficiente para

manter o pH urinário de 7 a 8 (KLASCO, [19-]).

3.2. TOXICIDADE DO MTX

A terapia com metotrexato em altas doses (HDMTX) é defendida por muitos

especialistas, visto que há evidências de resultados mais satisfatórios no tratamento

de algumas neoplasias, como o osteossarcoma. Observa-se, no entanto, que o uso

de HDMTX ainda é bastante contraditório, diante dos inúmeros efeitos tóxicos

identificados durante o tratamento.

Os tecidos que apresentam células com grande potencial de divisão possuem

maior probabilidade de desenvolver toxicidade, visto que o bloqueio metabólico

exercido pelo fármaco ocorre na fase S do ciclo celular (BRUNTON, LAZO,

PARKER, 2006).

20

3.2.1. EFEITOS SOBRE O TGI

Os efeitos sobre o trato gastrintestinal (TGI) frequentemente relatados após a

administração de metotrexato são náuseas, vômitos, anorexia, estomatite,

ulcerações e hemorragia gastrintestinal grave. Esses efeitos são observados

principalmente em esquemas de altas doses. Há, no entanto, relatos da ocorrência

de ulceração oral também em esquemas de baixa dose, com regime semanal

(KALANTZIS, et al, 2005).

3.2.2. TOXICIDADE PULMONAR

A toxicidade pulmonar é um dos efeitos bem descritos associados ao uso de

metotrexato, podendo ser evidenciada em qualquer momento no curso do

tratamento. Os principais sintomas são tosse não-produtiva, febre e dispnéia

(IMOKAWA, et al. 2000).

Imokawa (2000) e Lateef (2005) descrevem que exames realizados em

pacientes com suspeita de toxicidade pulmonar evidenciaram eosinofilia, inflamação

intersticial, infiltrado intersticial e alveolar e redução da função pulmonar. Após a

cessação da terapia com MTX, a maioria dos pacientes obteve melhora da função

pulmonar, mas há relatos de mortes. Dos 16 pacientes que recomeçaram a terapia,

4 apresentaram pneumonite recorrente.

Um estudo de caso-controle multicêntrico, realizado por Alarcón (1997),

traçou os fatores de risco para lesão pulmonar de 29 pacientes em uso de

metotrexato para o tratamento de artrite reumatóide. Os principais são: idade

21

superior a 60 anos, doenças pleuropulmonares, baixos níveis séricos de albumina,

tabagismo e diabetes mellitus.

3.2.3. MIELOTOXICIDADE

Anemia, leucopenia, pancitopenia, neutropenia e trombocitopenia são

decorrentes da mielossupressão provocada pelo metotrexato. Esses efeitos são

observados em cerca de 25% dos pacientes em terapia com metotrexato

(SWEETMAN, [19-]). Além disso, surgem 6 a 9 dias após a administração da droga e

duram cerca de 2 semanas (HANSEN, SELAWRY, HOLLAND, 1971).

Anemia megaloblástica também foi evidenciada durante a terapia, decorrente

da depleção de folato. O volume corpuscular médio dos pacientes que

desenvolveram toxicidade foi maior que o dos pacientes não expostos à toxicidade

(SWEETMAN, [19-]).

Segundo Morgan ([19-]), três indivíduos com história de doença renal

terminal, tratados com hemodiálise secundária a diabetes, apresentaram toxicidade

após pequenas doses de metotrexato. Um óbito foi relatado após dose de 7,5 mg,

com curso de sepse mesmo após recuperação gradual da medula óssea.

3.2.4. HEPATOTOXICIDADE

Durante o tratamento com metotrexato é comum a elevação da aspartato

aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina e

bilirrubina, reversível na maioria dos casos. Em uma análise retrospectiva realizada

com pacientes portadores de artrite reumatóide, 42% e 48% dos pacientes

22

apresentaram elevação de AST e ALT, respectivamente, em comparação com 19%

e 28% em pacientes que realizaram outro tratamento (KLASCO, [19-]).

Com o uso prolongado, é comum o aparecimento de alterações histológicas,

como fibrose e cirrose, potencializadas pelo o abuso de álcool, obesidade, idade

avançada e diabetes mellitus (JANEWAY, GOORIN, MAKI, [19-]).

3.2.5. EFEITOS NEUROLÓGICOS

Síndromes neurológicas agudas foram observadas seis dias após o

tratamento com metotrexato em pacientes recebendo altas doses, seguido de

leucovorina (KLASCO, [19-]).

Em pacientes com osteossarcoma tratados com altas doses de metotrexato,

foram observados déficits neurológicos. Alguns autores sugerem que esta condição

pode ser resultado de desmielinização transitória ou acidente vascular cerebral

embólico (PACKER, GROSSMAN, BELASCO, 1983).

Segundo o UpToDate, as principais reações evidenciadas são:

Aracnoidite: reação aguda manifestada por cefaléia intensa, rigidez na

nuca, vômitos e febre. Os sintomas são dose dependente.

Toxicidade subaguda: presente em 10% dos pacientes tratados com

esquemas de 12 – 15 g de metotrexato. Consiste em paralisia motora

das extremidades, paralisia dos nervos cranianos, convulsões,

podendo levar a coma.

Encefalopatia desmielinizante: presente em associação com irradiação

craniana ou quimioterapia sistêmica com outros fármacos.

23

Caracterizada por demência, ataxia, convulsões (generalizadas ou

focais) e coma.

3.2.6. TOXICIDADE RENAL

Nefrotoxicidade é um dos principais efeitos adversos decorrentes do uso do

metotrexato em altas doses. Segundo LaCasce (2009), essa toxicidade está

relacionada a dois mecanismos:

Precipitação nos túbulos renais: risco de lesão tubular, potencializado

pelas altas concentrações plasmáticas, depleção do volume e acidez

urinária, visto que o MTX e seus metabólitos são pouco solúveis em pH

ácido;

Redução da taxa de filtração glomerular: insuficiência renal funcional

que envolve a constrição arteriolar aferente. O efeito é potencializado

na presença de outras drogas nefrotóxicas.

Alterações na função renal interferem nos níveis plasmáticos do metotrexato,

que é eliminado por filtração glomerular e secreção tubular ativa, predispondo o

paciente a maiores riscos de toxicidade sistêmica. Assim, a insuficiência renal

obstrutiva é o mecanismo mais aceito para a nefrotoxicidade. Ocorre quando a

concentração da droga excretada excede a solubilidade nos túbulos renais

(KLASCO, [19-]).

Pacientes que apresentam atraso na eliminação podem desenvolver

insuficiência renal aguda irreversível (KLASCO, [19-]).

24

Alguns autores sugerem que os níveis séricos de creatinina traduzem a

nefrotoxicidade induzida pelo MTX. Para níveis de creatinina sérica superiores a

50%, sugere-se a administração de 15 mg de leucovorina; quando os níveis de

creatinina aumentam em 100%, a dose de leucovorina deve ser 150 mg a cada 3

horas (GOLDBERG, GARNICK , BLOOMER, 1984).

3.2.7. TERATOGENICIDADE

A administração de antagonistas do ácido fólico no primeiro trimestre da

gravidez está associada à teratogenicidade e risco elevado de aborto espontâneo.

Malformações semelhantes às evidenciadas com outros antagonistas de ácido fólico

são observadas na exposição fetal ao MTX, incluindo malformações da orelha, fenda

palatina e hidrocefalia (MILUNSKY, GRAEF, GAYNOR, 1968). A gravidez deve ser

evitada pelo menos por três meses após a terapia com metotrexato (KLASCO, [19-]).

Restrições à administração durante a amamentação também são relatadas. O

metotrexato difunde-se no leite materno em pequenas quantidades, correspondendo

a aproximadamente 8% da concentração do plasma materno (KLASCO, [19-]).

3.2.8. PARÂMETROS FISIOLÓGICOS E AJUSTES DE DOSE

Durante o tratamento com HDMTX, é necessário o monitoramento dos níveis

séricos e do clearance, a fim de avaliar a função renal e minimizar os efeitos tóxicos.

Segundo LaCasce (2009), a creatinina sérica medida isoladamente é insuficiente,

pois existem grandes variações individuais e há baixa correlação entre esta e o

clearance do metotrexato.

25

Os níveis séricos são monitorados geralmente às 24, 48 e 72 horas após a

administração da droga, tomando por base estudos realizados na década de 70.

Assim, considera-se que níveis superiores a 5 – 10 micromol nas 24 horas, a 0,9 – 1

micromol nas 48 horas e a 0,1 micromol nas 72 horas respondem por alto risco de

toxicidade sobre a mucosa do trato gastrintestinal e sobre a medula óssea

(LACASCE, 2009).

Sabe-se, no entanto, que, além dos níveis séricos, é necessário o

monitoramento do clearance, a fim de avaliar a função renal. Aronoff (2007) propôs

ajustes de dose, de acordo com os valores encontrados para o clearance de

creatinina, como pode ser observados na tabela 3:

Tabela 3: Clearance de Creatinina (Clcr) e Ajustes de Dose

Parâmetros

Adultos

Crianças

Clcr 10-50 mL/min

Administrar 50% da dose

Administrar 50% da dose

Clcr <10 mL/min

Evitar o uso

Administrar 30% da dose

Hemodiálise

Administrar 50% da

dose

Administrar 30% da dose

Fonte: ARONOFF, G. R. et al. Disponível em: http://www.uptodate.com/online/content/topic.do?topicKey=drug_l_z/162031&selectedTitle=4%7E25&source=search_result#F194561

26

3.3. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

As interações medicamentosas constituem um fator importante a ser

considerado na terapia com altas doses de metotrexato. Muitas classes de

medicamentos potencializam a toxicidade do fármaco, necessitando muitas vezes de

redução de dose ou suspensão da terapia. A tabela 4 demonstra o grau do risco de

interação, o nível de documentação, os principais efeitos e a conduta a ser seguida

em evidências de toxicidade.

Tabela 4: Principais interações medicamentosas

DROGA

RISCO

DOCUM.

RESUMO

CONDUTA

Vacinas Contra-indicado

Excelente ↑ risco de infecção

pela vacina

Intervalo mínimo de 3 meses

Sulfametoxazol/Trimetoprima

Grave Excelente

↑ risco de toxicidade

(mielotoxicidade, pancitopenia e anemia megaloblástica)

Evitar o uso. Monitorar toxicidade hematológica.

AINES (Aspirina, Dipirona,

Cetoprofeno, Diclofenaco,

Indometacina)

Grave Boa

↑ níveis séricos do

metotrexato (mielotoxicidade, nefrotoxicidade e lesão da mucosa)

Intervalo mínimo de 10 dias após HDMTX. Monitorar toxicidade

Fenitoína Grave Boa

Aumento do risco de toxicidade (mielotoxicidade, pancitopenia e anemia megaloblástica)

Reduzir a dose da fenitoína. Monitorar toxicidade

Amoxicilina Grave Boa Toxicidade do metotrexato.

Evitar o uso. Reduzir dose.

Piperacilina Grave Boa Toxicidade do metotrexato

Evitar o uso. Monitorar.

Warfarina Grave Boa ↑ risco de

hemorragias

Monitorar hemorragia. Reduzir dose.

27

Tabela 4: Principais interações medicamentosas

DROGA

RISCO DOCUM. RESUMO CONDUTA

Tamoxifeno Grave Boa ↑ risco de

tromboembolismo

Análise risco-benefício.

Penicilina Grave Boa ↑ risco de

toxicidade

Evitar o uso. Monitorar.

Pantoprazol Moderado Boa ↑ concentração

plasmática do 7-OH-metotrexato

Monitorar principalmente mialgia e dor óssea.

Ciprofloxacino Moderado Rara

↑ concentrações

plasmáticas do metotrexato pela redução da excreção tubular renal.

Monitorar toxicidade.

Retinóides Moderado Rara ↑ hepatotoxicidade

Monitorar toxicidade hepática.

HCTZ Moderado Rara Mielossupressão (granulocitopenia)

Monitorar.

Fonte: Adaptado de http://www.thomsonhc.com/hcs/librarian/PFDefaultActionId/hcs.Interactions.WordWheel.

Dentre as interações clinicamente significativas, destacam-se as observadas

entre o metotrexato e antiinflamatórios não-esteróides (AINES). Um estudo realizado

com 7 crianças com artrite reumatóide evidenciou aumento da meia-vida de

eliminação do metotrexato (DUPUIS, SHORE, SILVERMAN, et al.1990).

Outro estudo realizado com 36 pacientes evidenciou toxicidade severa

decorrente da administração concomitante de metotrexato e cetoprofeno, com três

casos fatais (THYSS, MILANO, KUBAR, et al. [19-]). Os principais efeitos relatados

são toxicidade hematológica e gastrintestinal (KLASCO, [19-]).

Segundo Maeda (2008), os principais mecanismos que justificam essa

interação são: competição pelo sítio de ligação das proteínas plasmáticas, inibição

28

da secreção tubular de metotrexato e inibição da síntese de prostaglandinas renais,

reduzindo o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular do metotrexato.

3.4. MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA

A Política Nacional de Medicamentos do Brasil direciona as ações

relacionadas a medicamentos no país e apresenta a promoção do uso racional como

uma das diretrizes prioritárias.

Nesse contexto, a terapia medicamentosa tem como objetivo principal

oferecer benefícios à saúde dos indivíduos, minimizando os danos eventualmente

existentes ou prevenindo novos danos. A adoção de mecanismos de monitorização

terapêutica visa possibilitar maior segurança na terapia, minimizando os efeitos

adversos indesejáveis (ARONSON, 2005).

Durante o tratamento do osteossarcoma com metotrexato, algumas

estratégias são propostas para monitorização, conforme descrito a seguir.

3.4.1. FÓRMULA DE SCHWARTZ

Um dos protocolos clínicos adotados para o tratamento do osteossarcoma é o

do Grupo Brasileiro de Tratamento de Osteossarcoma – GBTO. Esse protocolo

estabelece como parâmetros de monitorização a dosagem dos níveis séricos de

metotrexato nas 24, 48 e 72 horas após o fim da infusão, com o objetivo de

identificar os pacientes que não estão eliminando a droga completamente.

29

Além disso, o protocolo preconiza a avaliação renal em crianças pela

estimativa do clearance de creatinina, a partir da creatinina sérica, baseado na

fórmula de Schwartz:

TGF = [k x estatura da criança em cm]/ [creatinina sérica]

TGF = Taxa de Filtração Glomerular

k = 0,55 para meninas de todas as idades e meninos até 13 anos; e 0,70 para

meninos maiores que 13 anos.

A precisão da fórmula de Schwartz para avaliação da função renal, estimando

a taxa de filtração glomerular a partir da altura e da creatinina sérica, é bastante

discutida por vários autores, sendo considerada por muitos como um método

impreciso. Um estudo realizado com 32 crianças nigerianas pelo University College

Hospital avaliou a concordância entre a depuração da creatinina endógena e a

estimativa da TGF pela fórmula de Schwartz. Os resultados do estudo

demonstraram que a fórmula superestimou a TGF em mais de dois terços das

crianças, sendo imprecisa para avaliar a função renal (GBADEGESIN, et al. 1997).

3.4.2. ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO

Os métodos imunoenzimáticos são amplamente usados na análise de

fármacos em fluidos biológicos e podem envolver equipamentos automatizados que

realizam centenas de análises por dia. O princípio da técnica baseia-se na interação

30

entre antígenos, alvos da determinação, e anticorpos específicos para as

substâncias a serem analisadas. (FOTOOHI, et al. [20-])

No monitoramento de medicamentos, é comum a utilização do imunoensaio

tipo EMIT (Imunoensaio Enzimático de Multiplicação ou de Competição). Este

método é baseado na competição entre a droga presente na amostra e a droga

marcada com a enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (FUKUSHIMA, BARRETO,

et al. 2009).

A ligação da droga marcada com o anticorpo reduz a atividade enzimática,

indicando a ausência da droga de interesse na amostra analisada. Por outro lado,

caso o fármaco esteja presente na amostra em concentrações detectáveis pelo

método, a enzima permanece ativa e reduz o NAD a NADH + H+, resultando em

alteração da absorbância, a qual é medida no espectrofotômetro (FUKUSHIMA,

BARRETO, et al. 2009).

Na figura 2 pode ser observado o princípio da técnica:

Figura 2: Esquema do Imunoensaio tipo EMIT

Fonte: Fotoohi et al. Disponível em:http://www.sciencedirect.com/science

31

Os imunoensaios tipo EMIT são métodos de determinação simples e que

exigem pouco tratamento da amostra, além de produzirem resultados rápidos

(FOTOOHI, et al. [20-]). Por outro lado, sofrem interferência de alguns compostos

endógenos, como hemoglobina, bilirrubina e triglicérides, de modo a provocar

desvios de aproximadamente 10% da concentração real do fármaco (OELLERICH,

ENGELHARDT, DIEHL, 1980).

Na análise do metotrexato, o método não permite a distinção entre o fármaco

e seus metabólitos, apresentando reatividade cruzada. (OELLERICH,

ENGELHARDT, DIEHL, 1980).

Dessa forma, como a dosagem sérica de metotrexato define a dose de

leucovorina a ser usada como resgate, a quantificação realizada por esses métodos

pode superestimar os níveis de MTX, visto que ocorre a detecção do metotrexato e

do 7-OH-metotrexato, principalmente.

Esses desvios na quantificação do metotrexato podem conduzir à utilização

de doses de leucovorina superiores às necessárias para o tratamento. Essa

exposição a doses elevadas de leucovorina aumenta o risco de precipitação do

metotrexato nos túbulos renais, com potencial de nefrotoxicidade.

3.4.3. CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA (CLAE)

A cromatografia é um método físico-químico de separação fundamentado na

migração diferencial dos componentes de uma mistura, devido a diferentes

interações entre duas fases imiscíveis: a fase móvel e a fase estacionária (DEGANI,

CASS, VIEIRA, 1998).

32

Para determinações quantitativas mais acuradas e com elevada sensibilidade,

utiliza-se a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), que permite a análise de

amostras complexas, como a urina humana (SKOOG, HOLLER, NIEMAN, 2002).

A técnica emprega colunas recheadas e uma fase móvel, eluída sob altas

pressões. Tem a capacidade de realizar, em minutos, separações e análises

quantitativas de uma grande variedade de compostos presentes em vários tipos de

amostras, com alta resolução, eficiência e detectabilidade (COLLINS, et al, 2006).

Na CLAE, sistemas automatizados injetam a amostra – composta pela fração

a ser identificada, previamente obtida por extração –, realizam a separação, exibem

as áreas dos picos e os tempos de retenção. A identificação das espécies é possível

através da comparação dos tempos de retenção encontrados com os de padrões, ao

passo que a concentração é calculada pela área dos picos (COLLINS, et al, 2006). A

figura 3 demonstra a ilustração da aparelhagem, como pode ser verificado a seguir.

A melhor resolução da CLAE está relacionada à utilização de fases

estacionárias de partículas menores, aumentando a interação entre a coluna e os

Figura 3: Esquema da CLAE

Fonte: DEGANI, A. L. G. et al. http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc07/atual.pdf

33

componentes da amostra, que são separados de acordo com o grau de interação

com a fase estacionária. Essa maior interação confere uma grande resistência à

vazão da fase móvel.

Assim, diferentemente da cromatografia líquida clássica, na qual a fase

móvel é eluída apenas pela força da gravidade, na CLAE emprega-se uma bomba

de alta pressão que elui a fase móvel em velocidade controlada, o que facilita a

separação (DEGANI, CASS, VIEIRA, 1998).

Ainda segundo Degani et al (1998), as fases móveis utilizadas devem possuir

alto grau de pureza; a bomba deve proporcionar vazão contínua, sem pulsos, com

alta reprodutibilidade, possibilitando a eluição da fase móvel num fluxo adequado à

separação; e as colunas geralmente são reaproveitáveis, feitas de aço inoxidável e

empacotadas com suporte de alta resolução.

Assim, baseando-se na necessidade de doseamento mais preciso do

metotrexato, Pioto (2007) realizou um estudo de biodisponibilidade com 25

voluntários sadios, o qual teve como objetivo desenvolver um método sensível,

preciso e reprodutível para determinar quantitativamente o metotrexato em plasma

humano. Para tanto, foi empregada a Cromatografia Líquida Acoplada a

Espectrômetro de Massas.

A leucovorina foi utilizada como padrão interno, escolha baseada na presença

de grupos funcionais e propriedades físico-químicas similares. Amostras de plasma

branco foram analisadas e verificou-se que não há interferentes tanto para o analito

quanto para o padrão interno. O método permitiu, portanto, a quantificação do

metotrexato de forma rápida, sensível e seletiva, apresentando um tempo de corrida

analítica de 3,5 minutos e limite de quantificação de 10 ng.mL-1.

34

4. DISCUSSÃO

O tratamento do osteossarcoma com altas doses de metotrexato requer uma

correta monitorização, a fim de minimizar a incidência de efeitos tóxicos. Os métodos

convencionais utilizados pela prática clínica para monitorização baseiam-se na

concentração sérica do fármaco e na creatinina sérica, estimando a taxa de

depuração através da fórmula de Schwartz.

O caráter generalista da fórmula, considerando a idade e a altura das crianças

frente à concentração sérica para estabelecer a taxa de filtração glomerular, conduz

a distorções dos reais valores de eliminação do metotrexato e de seus metabólitos.

Sabe-se que, em altas concentrações, há formação de 7-OH-metotrexato –

um metabólito pouco solúvel em água que pode sofrer precipitação nos túbulos

renais – e de formas poliglutamadas, que constituem um mecanismo de

aprisionamento do fármaco dentro das células.

Esses poliglutamatos possuem a propriedade de, a qualquer momento, serem

convertidos à forma ativa de metotrexato livre na circulação sanguínea. Apesar de o

mecanismo ainda não ser totalmente compreendido, acredita-se que essa conversão

pode originar picos de concentração sérica do fármaco, potencializando os efeitos

tóxicos.

Na prática clínica, a dosagem do metotrexato sérico é feita principalmente por

ensaios imunoenzimáticos, como o tipo EMIT. Apesar de apresentarem vantagens,

como praticidade e rápida determinação, esses ensaios apresentam reduzida

sensibilidade e especificidade, sofrendo interferências de outros compostos

endógenos e reatividade cruzada, não distinguindo o metotrexato de seus

metabólitos.

35

Em esquemas de altas doses, nos quais há formação de metabólitos tóxicos

como o 7-OH-metotrexato, a dosagem sérica de metotrexato por esse método

poderá, portanto, superestimar a real concentração sérica do fármaco, implicando

em doses equivocadas de leucovorina de resgate. A leucovorina, por sua vez,

apesar de ser utilizada para reverter o bloqueio metabólito das células normais, pode

induzir à precipitação do fármaco nos túbulos renais, aumentando o risco de

nefrotoxicidade.

Sabe-se também que a leucovorina não é capaz de reverter todos os efeitos

tóxicos. Segundo LaCasce (2009), dados in vitro sugerem que a recuperação por

leucovorina não é total quando as células são expostas a concentrações superiores

a 100 micromols.

Um estudo retrospectivo realizado com 13 pacientes, com níveis de MTX

superiores a 100 micromols nas 24 horas e a 10 micromols nas 48 horas, evidenciou

a reversão do bloqueio metabólico com leucovorina, associado à alcalinização e

hidratação. Esses pacientes, no entanto, apresentaram morbidade a curto prazo,

principalmente mielossupressão, mucosite e diarréia (LACASCE, A. S. 2009).

Assim, diante de um conjunto de fatores que podem potencializar a toxicidade

do metotrexato, torna-se imprescindível o doseamento dos níveis séricos e do

clearance dessa droga. Os métodos atualmente adotados na prática clínica podem

não traduzir as concentrações reais, expondo os pacientes a um elevado risco de

toxicidade.

A tabela 5 demonstra uma comparação entre o ensaio imunoenzimático do

tipo EMIT, usado na prática clínica para monitorização, e a cromatografia líquida de

alta eficiência, que apresenta grandes vantagens sobre o outro método, como pode

ser verificado a seguir:

36

Tabela 5: Comparativo de métodos – EMIT versus CLAE

Critérios

EMIT

CLAE

Tempo de análise

15 segundos

3,5 minutos

Especificidade

Determina a concentração total do metotrexato (conjugado a proteínas ou livre), mas não diferencia compostos estruturalmente relacionados, como metabólitos.

Capaz de distinguir, através dos tempos de retenção, compostos estruturalmente relacionados, como o metotrexato e o 7-OH-metotrexato

LIQ

0,3 µmol.L -1

10 ng.mL-1

Vantangens

Determinação simples. Pouco tratamento da amostra. Resultados rápidos.

Alta resolução. Boa análise qualitativa. Resultados quantitativos com grande precisão, com desvios inferiores a 0,5%.

Desvantagens

Interferência de compostos endógenos. Reatividade cruzada.

Alto custo da instrumentação. Necessidade de experiência no manuseio.

Fonte: Adaptado de COLLINS, C. H. et al. Fundamentos de cromatografia. Unicamp: Campinas, São Paulo. 2006; SYVA COMPANY. . Emit: Methotrexate Assay. São Paulo, SP. 1996

Assim, diante das vantagens da CLAE apresentadas na tabela 5, apesar do

alto custo da instrumentação, é possível adaptar a utilização dessa técnica à

necessidade do Sistema Único de Saúde.

A terceirização dos exames para laboratórios de análises toxicológicas

conveniados, que possuem equipamentos avançados, muitas vezes em regime de

comodato, pode viabilizar a monitorização por essa técnica. Essa parceria já é

observada em alguns estados para outras análises, como doseamento de drogas de

baixo índice terapêutico ou exposição ocupacional a metais pesados e outros

contaminantes.

37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A oncologia compreende um vasto campo de estudo, no qual muitos aspectos

ainda precisam ser compreendidos.

O tratamento quimioterápico realizado em esquemas de politerapia visa

assegurar maior controle do curso da doença, conjugando mecanismos de ação

farmacológica distintos. Verifica-se, no entanto, que esses esquemas podem

responder por maior incidência de efeitos adversos secundários, muitos desses

limitantes da qualidade de vida dos pacientes.

No tratamento do osteossarcoma, os esquemas adotados incluem o

metotrexato em altas doses com leucovorina de resgate. Contudo, o metotrexato

está associado a reações adversas importantes que podem ser minimizadas ou

ainda prevenidas pela correta monitorização.

Diante dos efeitos tóxicos, a terapia do osteossarcoma com esquemas de

altas doses de metotrexato não é consenso na prática clínica. Apesar de alguns

autores acreditarem nos efeitos benéficos desse fármaco no controle do tumor e na

redução da incidência de metástases à distância, ainda não há real comprovação

desse benefício.

Uma revisão sistemática realizada por Van Dalen e Camargo (2009)

comparou esquemas com metotrexato e sem metotrexato no tratamento de

osteossarcoma de alto grau em crianças e jovens (até 21 anos). Os critérios de

seleção da revisão incluíram ensaios controlados randomizados ou ensaios clínicos

controlados.

Segundo a revisão, os principais protocolos clínicos são baseados na

combinação de duas ou mais drogas, como doxorrubicina, cisplatina, ifosfamida e

38

metotrexato. As análises da taxa de resposta (número de pacientes com uma

resposta completa ou parcial) não demonstraram nenhuma evidência de uma

diferença significativa entre os grupos de tratamento.

Em todos os estudos analisados, não há como assegurar que os resultados

diferem apenas pela presença ou ausência do metotrexato, visto que os esquemas

apresentam combinação de drogas. Na comparação das doses de metotrexato,

percebeu-se que uma maior dose apresenta melhor eficácia antitumoral, mas

também conduz à maior freqüência de toxicidade.

Assim, segundo Van Dalen e Camargo (2009) não há como concluir sobre a

eficácia no controle do tumor e sobre os efeitos na qualidade de vida dos pacientes.

Enfim, ainda há muito a ser descoberto e compreendido sobre a terapia

oncológica, seja com a inserção de novos tratamentos ou com o aperfeiçoamento

dos atuais. Enquanto isso, estratégias de otimização do tratamento podem ser

adotadas e a monitorização terapêutica constitui uma ferramenta válida para a

prevenção ou minimização dos problemas relacionados aos medicamentos,

contribuindo com a implementação da política de uso racional.

Sob o contexto de vigilância em saúde, essas estratégias de monitorização

enquadram-se no âmbito da farmacovigilância, que visa à detecção, prevenção e

controle das reações adversas aos medicamentos. Atualmente, o fortalecimento da

farmacovigilância é um dos maiores desafios da Assistência Farmacêutica do Brasil,

permitindo a redução dos custos para reversão dos danos causados e assegurando

maior qualidade de vida aos pacientes.

39

REFERÊNCIAS

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