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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE ARTES - CEART BACHARELADO EM MODA - HABILITAÇÃO EM DESIGN DE MODA ISABELLA JESUS DO CARMO SOUVENIR: EXPRESSÃO DOS NÔMADES MODERNOS CORPORIZADA EM UMA COLEÇÃO DE MODA FLORIANÓPOLIS, SC 2015

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE ARTES - CEART

BACHARELADO EM MODA - HABILITAÇÃO EM DESIGN DE MODA

ISABELLA JESUS DO CARMO

SOUVENIR: EXPRESSÃO DOS NÔMADES MODERNOS CORPORIZADA EM UMA

COLEÇÃO DE MODA

FLORIANÓPOLIS, SC

2015

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ISABELLA JESUS DO CARMO

SOUVENIR: EXPRESSÃO DOS NÔMADES MODERNOS CORPORIZADA EM UMA

COLEÇÃO DE MODA

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso

de Bacharelado em Moda – Habilitação: Design

de Moda do Centro de Artes, da Universidade

do Estado de Santa Catarina, como requisito

parcial para a obtenção do grau de Bacharel em

Moda.

Orientador: José Alfredo Beirão Filho

FLORIANÓPOLIS, SC

2015

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ISABELLA JESUS DO CARMO

SOUVENIR: EXPRESSÃO DOS NÔMADES MODERNOS CORPORIZADA EM UMA

COLEÇÃO DE MODA

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Bacharelado em Moda – Habilitação em Design de Moda do Centro de Artes, Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Moda.

Banca examinadora:

Orientador: _______________________________________________ Prof. José Alfredo Beirão Filho Universidade do Estado de Santa Catarina

Membro: _________________________________________________ Profa. Eliana Gonçalves Universidade do Estado de Santa Catarina

Membro: _________________________________________________ Prof. Lucas da Rosa Universidade do Estado de Santa Catarina

Florianópolis – SC, 25/11/2015

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Dedico este a meus pais e aqueles especiais que nunca deixaram de

acreditar em mim. Para meus “nós”, que do meu lado estão e assim ficarão.

Sendo minha fonte de amor e inspiração.

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RESUMO

CARMO, Isabella Jesus, SOUVENIR: EXPRESSÃO DOS NÔMADES

MODERNOS CORPORIZADA EM UMA COLEÇÃO DE MODA. Projeto de TCC do

curso de Bacharelado em Moda – Habilitação em Design de Moda – Moda/UDESC,

Florianópolis, 2015.

Este estudo objetiva desenvolver uma coleção de moda feminina, inspirada nos

ciganos nômades modernos. Estes ciganos são vistos de uma nova maneira dentro do

seu nomadismo, eles são denominados modernos e são chamados de ciganos como

sinônimo de uma tribo nômade diferenciada na atualidade. Serão aqui analisadas e

discutidas as suas formas de vivências grupais que se interligam em questões

tradicionais, exploratórias, ecológicas, nômades, ciganas, tecnológicas, de

expressividade, artística, sabedoria e autoconhecimento, atribuindo a esse estudo um

melhor entendimento desta tribo e uma reflexão com os costumes e tendências ao

nomadismo que vem se apresentando no cotidiano das pessoas que não fazem parte

de tribos nômades da atualidade.

Tendo como foco o livro The New Gypsies (2011), de Iain Mckell, onde se obtém

um melhor entendimento sobre esses novos nômades pelas experiências de Iain a

partir de sua vivência que por dez anos viajou junto a esses curiosos ciganos, surgiram

as ideias que por fim inspiram o conceito de souvenir da coleção, relacionando a roupa

à mistura de culturas que os envolve, como um emaranhado de souvenirs que fazem

parte da sua bagagem de memórias, viagens, aprendizagem e sua relação intercultural,

além de ser um mosaico vestível e caricato de suas passagens. Será também feita uma

reflexão teórica sobre esses novos nômades que se uniram em grupos pelos mais

variados motivos e foram se moldando e sendo dinâmicos a mudanças, em uma

mistura de velho e novo, tradição e adaptação, do natural e artificial em contato com um

mundo globalizado e curioso, suscetível a novas experiências e novos signos. Também

se apresenta a ideia de esses nômades conviverem com o mundo a seu modo, mesmo

podendo se estabilizar e se homogeneizar, escolhem viver com o pé na estrada em

suas viagens, liberdades e divagações, o que lhes promovem um maior tempo livre

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para o autoconhecimento e para explorar a natureza de modo até mesmo selvagem.

Observa-se um povo que se mutou, mas não deixou seus ideais e costumes de lado,

mantendo-se atualizados e utilizando o que achavam necessário aderir a sua

subcultura para uma melhor sobrevivência.

Os ciganos têm neles uma poesia natural, é um povo étnico, místico, ideológico,

muito interessante que circunda o mundo e em sua maioria está em constante

movimentação em nomadismo. Ninguém sabe dizer ao certo as raízes de onde vieram,

como se formaram, mas têm-se diversos relatos de suas aparições, principalmente na

Europa. Os ciganos são um povo ramificado pelo mundo, fortes em expressão e

visivelmente reconhecíveis, mas por causa de suas passagens a margem social,

nomadismos e histórias mundo afora criou-se uma má visão deste grupo. Eles são

vistos por muitos como vagabundos, errantes, ladrões, sujos, passando uma grande

impressão de desconfiança, mas ainda assim esses adjetivos não passam de apelos a

preconceitos, cada um tem sua interpretação, seu modo de vivenciar e ver o mundo, e

sem conhecer a fundo um povo tão rico em cultura, histórias e diversidades, não se

pode os julgar negativamente com generalidades sem correr risco de passar vergonha

pelas grosserias apontadas. Aqui é mostrado também o lado instigador dessa

subcultura repleta de multiplicidades, ao contrário de como são relacionados à

desconfiança, que os torna muito cabíveis a virem a ser vítimas de um ódio popular

conservador, são um povo motivado a aperfeiçoar seu lado poético e romântico, para

tentar fazer um contra ponto à esferas decadentes que são criadas ao seu redor.

Logo, nesse corpo textual serão apresentados esse povo extraordinário, chamados

ciganos nômades modernos, com todas suas peculiaridades, diferenciações, riquezas

culturais, ideologias, costumes, expressividades e adornos, trazendo consigo vários

símbolos e souvenirs que vão sendo adquiridos e passados adiante no caminho que

traçam, símbolos e souvenirs que são usados como mosaico vestível e cultural de suas

misturas inspirando assim essa coleção de moda e criando um sentimentalismo

vestível.

Palavras-chave: Ciganos. Nômades. Moderno. Cultura. Souvenir. Vestuário.

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ABSTRACT

This study aims to develop a womenswear collection, inspired by modern

nomadic gypsies. These Gypsies are seen in a new way within their nomadism, they are

called modern and are called Gypsies as synonymous with a distinctive nomadic tribe

today. We are here analyzed and discussed forms of group experiences that are

interconnected in traditional issues, exploratory, ecological, nomads, gypsies,

technological, expressiveness, artistic, wisdom and self-knowledge, assigning this study

a better understanding of this tribe and a reflection with customs and trends nomadism

that has been performing in daily life that are not part of today's nomadic tribes.

Focusing on the book The New Gypsies (2011), Iain McKell where you get a

better understanding of these new nomads by the experiences of Iain from his

experience that for ten years he traveled along these curious Gypsies came the ideas

that Finally inspire the concept of collection of souvenir, relating to clothing to the mix of

cultures that surrounds them, as a souvenir tangle that are part of your luggage

memories, travel, learning and their intercultural relationship, besides being a wearable

mosaic and caricature of his passes. Will also be made a theoretical reflection about

these new nomads who have come together in groups for various reasons and were

shaping and being dynamic to change, in a mix of old and new, tradition and adaptation,

natural and artificial in touch with a world globalized and curious, open to new

experiences and new signs. Also presents the idea of these nomads live with the world

in his own way, even being able to stabilize and homogenize, choose to live with the

road on your travels, freedoms and ramblings, which promote them greater free time to

the self-knowledge and to explore the nature so even wild. There has been a people that

has mutated, but did not leave their ideals and next to customs, keeping up to date and

using what they thought necessary to adhere to their sub-culture for better survival.

Gypsies have in them a natural poetry, is an ethnic, mystical, ideological, very

interesting people going around the world and mostly are in constant movement in

nomadism. No one can say for sure the roots where they came from, how they formed,

but several reports of their appearances we have, especially in Europe. Gypsies are a

branched people around the world, strong in expression and clearly recognizable, but

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because of his passes social margin, nomadisms and stories around the world created a

bad view of this group. They are seen by many as vagrants, wandering, thieves, dirty,

passing a great impression of mistrust, but still these adjectives are only appeals to pre-

concepts, each has their interpretation, their way of live and see the world, and without

knowing the background as people rich in culture, history and diversity, one can not

judge negatively with generalities without risk of embarrassment by pointed rudeness.

Here it is also shown the side instigator of this subculture full of multiplicities, as

opposed to how they are related to mistrust, which makes them very appropriate to

becoming victims of a conservative popular hatred are a motivated people to improve

their poetic side and romantic, try to make a point against the decadent balls that are

created around them.

Therefore, this textual body will be presented this extra-ordinary people, so-called

modern nomadic gypsies, with all its peculiarities, differentiation, cultural wealth,

ideologies, customs, expressivity and decorations, bringing with various symbols and

souvenirs that are acquired and passed on in path mapping, symbols and souvenirs that

are used as wearable and cultural mosaic mixtures thus inspiring this fashion collection

and creating a wearable sentimentality.

Keywords: Gypsies. Nomads. Modern. Culture. Souvenir. Custume.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Carruagem 1.............................................................................................23

Figura 2 – Carruagem 2.............................................................................................24

Figura 3 – Painel conceito..........................................................................................49

Figura 4 – Painel lifestyle...........................................................................................51

Figura 5 – Painel Parâmetros de moda………………................................................54

Figura 6 – Cartela Cromática……………………........................................................56

Figura 7 – Harmonia de cores....................................................................................57

Figura 8 – Look 1........................................................................................................59

Figura 9 – Look 2........................................................................................................60

Figura 10 – Look 3......................................................................................................61

Figura 11 – Look 4......................................................................................................62

Figura 12 – Look 5......................................................................................................63

Figura 13 – Look 6......................................................................................................64

Figura 14 – Look 7 ………..........................................................................................65

Figura 15 – Look 8......................................................................................................66

Figura 16 – Look 9......................................................................................................67

Figura 17 – Look 10....................................................................................................68

Figura 18 – Look 11....................................................................................................69

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Figura 19 – Look 12.................................................................................................70

Figura 20 – Look 13..................................................................................................71

Figura 21 – Look 14 .................................................................................................72

Figura 22 – Look 15..................................................................................................73

Figura 23 – Look 16..................................................................................................74

Figura 24– Look 17……………….............................................................................75

Figura 25 – Look 18..................................................................................................76

Figura 26 – Look 19..................................................................................................77

Figura 27 – Look 20..................................................................................................78

Figura 28 – Look 21..................................................................................................79

Figura 29 – Look 22..................................................................................................80

Figura 30 – Look 23..................................................................................................81

Figura 31 – Look 24..................................................................................................82

Figura 32 – Look 25..................................................................................................83

Figura 33 – Mapa da coleção....................................................................................84

Figura 34 – Mapa do desfile......................................................................................85

Figura 35 – Produção de desfile................................................................................86

Figura 36 – Press kit...................................................................................................87

Figura 37 – Ficha técnica look 1................................................................................88

Figura 38 – Ficha técnica look 2.................................................................................89

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Figura 39 – Ficha técnica look 3.............................................................................91

Figura 40 – Etapas look 1.......................................................................................93

Figura 41 – Etapas look 2.......................................................................................95

Figura 42 – Etapas look 3.......................................................................................97

Figura 43 – Editorial ...............................................................................................98

Figura 44 – Editorial 1.............................................................................................98

Figura 45 – Editorial 2.............................................................................................99

Figura 46 – Desfile 1...............................................................................................100

Figura 44 – Desfile 2...............................................................................................100

Figura 45 – Desfile 3...............................................................................................101

Figura 46 – Desfile 4...............................................................................................10

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................15

1.1Justificativa e relevância.......................................................................................18

1.2 Definição da problemática e do problema da pesquisa....................................20

1.3 Objetivos................................................................................................................22

1.3.1 Objetivo geral..........................................................................................22

1.3.2 Objetivos especifico..................................................................................22

1.4 Procedimentos metodológicos............................................................................22

1.4.1 Metodologia de pesquisa..........................................................................22

1.4.2 Metodologia de projeto de produto de moda............................................23

1.5 Resultados esperados..........................................................................................24

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................25

2.1 Os New Gypsies, pela visão de Iain McKell.........................................................25

2.1.1 O cigano.....................................................................................................32

2.2 Cultura.....................................................................................................................38

2.2.1 Grupalização...............................................................................................40

2.3 Os nomadismos atuais..........................................................................................41

3 BOOK DE COLEÇÃO.........................................................................................44

3.1 Conceito e tema......................................................................................................44

3.1.2 Conceito: SOUVENIR ..................................................................................45

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3.1.3 Público-alvo ................................................................................................46

3.1.4 Release Revista ..........................................................................................47

3.1.5 Painel Conceito e texto argumento..............................................................48

3.2 Lifestyle...................................................................................................................49

3.2.1 Painel Lifestyle............................................................................................50

3.3 Parâmetros de moda..............................................................................................51

3.3.1 Painel Parâmetros de Moda........................................................................52

3.4 Cores.......................................................................................................................53

3.4.1 Cartela Cromática ......................................................................................54

3.4.2 Harmonia de Cores ....................................................................................55

3.5 Coleção...................................................................................................................56

3.6 Mapa da coleção....................................................................................................82

3.7 Mapa do desfile......................................................................................................84

3.8 Produção de desfile...............................................................................................84

3.9 Trilha sonora do desfile.........................................................................................86

3.10 Press kit.................................................................................................................86

4 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO................................................................87

4.1 Ficha técnica...........................................................................................................87

4.1.1 Ficha Técnica dos Produtos Referentes ao Look1 ......................................87

4.1.2 Ficha Técnica dos Produtos Referentes ao Look2 ......................................89

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4.1.3 Ficha Técnica dos Produtos Referentes ao Look3 .......................................91

4.2 Relatório e etapas da produção.............................................................................93

4.2.1 Look 1 ...........................................................................................................93

4.2.2 Look 2 ...........................................................................................................95

4.2.3 Look 3 ...........................................................................................................97

4.2.4 Prototipagem.................................................................................................99

4.2.5 Confecção.....................................................................................................99

4.3 Imagens de produção de moda e desfile.............................................................99

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................106

6 REFERÊNCIAS..................................................................................................107

6.1 Bibliográficas.......................................................................................................107

6.2 Sites......................................................................................................................109

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho de conclusão de curso na graduação de Moda da Universidade

Estadual de Santa Catarina (UDESC) possui um tema em conjunto para todos os

formandos, e um subtema escolhido pelo aluno. O tema conjunto proposto é Trânsitos

Vestíveis, que aborda por si só a junção de variados fatores: O espaço para o diálogo

entre diversas categorias, o hibridismo e a junção da moda com outros variados tipos

de conhecimentos.

O mundo de hoje encontra-se em constante procura de inspiração, referência,

informações, somatização, coisas que nos toquem, em diversos locais, obras e

pessoas. O gosto pessoal nos faz selecionar essas inspirações e vivências e assim,

guardamos e acumulamos essas informações. Criamos um arquivo pessoal interno de

signos e costumes, que são associados livremente com as diversas coisas que nos

chamam atenção e nos ficam em memória, que podem ser expressas, ou não, de

diversas formas.

A junção de memórias, gostos, referências, criatividade e ideais é o que faz o

designer de moda demonstrar seu interior em um produto real e externo, fazendo dele

também um produto mais complexo e elevado. Essa combinação, inspiração e

associação são percebidas das mais variadas e inusitadas formas em todas as áreas

criativas e, desta maneira, tudo se recria de uma forma nova.

A correlação entre o motivo inspirador e o criador é íntima e pessoal, pois cada

pessoa reage de forma diferente a cada coisa. São infinitas as possibilidades de

associação, pois a todo o momento sentimos algo, e a vivência desta informação nos

permite valorizar, estimular, ser curioso e aprender, gerando novos conhecimentos e

ideias e assim instigando a união de diversos assuntos. Tudo é transitável, é visto

produzido e pensado de uma forma diferente ao olhar o mundo de cada indivíduo.

Desta forma o tema Trânsitos Vestíveis é um estímulo para a capacidade de

associação e criação, visando o olhar atrativo de cada um para a elaboração de uma

coleção de moda.

Sendo assim, a cultura pode ser dita como um aglomerado de signos e símbolos

teóricos e visuais que transmitem toda uma história. Ela pode ser interpretada como

busca de significados para explicar ou entender os indivíduos de um local,

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caracterizando a união e a mistura de costumes, crenças, sentimentos, práticas,

princípios e ideologias que compõe e formam o modo de vida de um grupo específico.

Entretanto a denominação de subcultura segundo CARDOSO (1975) diz que:

“A sub-cultura indica a particularidade de um grupo, porém sem uma

oposição radical com seus vizinhos imediatos que, frequentemente, falam a

mesma língua e têm muitas coisas em comum. Seria, então, apenas uma

distinção de grau, em que o isolamento de uma cultura em relação a outra é

maior do que o existente entre sub-culturas de uma mesma sociedade [...]”.

(CARDOSO, 1975, p. 4).

CARDOSO (1975) fala que a subcultura é o conjunto de particularidades

culturais de um grupo, que se distancia do modo de vida dominante sem se desprender

dele.

Ao pesquisar os ciganos modernos compreende-se que eles fazem parte de uma

subcultura que se encontra em constante mutação, em grande parte devido ao seu

estilo de vida nômade. Eles são vistos de uma nova maneira, dentro do seu

nomadismo, são chamados de modernos, ditos ciganos como sinônimo de uma tribo

nômade diferenciada atual. Nessa tribo observa-se uma vivência de ciganos com não

ciganos, que cria uma hibridização redesenhando um novo grupo denominado ciganos

modernos.

Através dos ciganos nômades modernos é ampliado o repertório de

possibilidades de inspiração, que ao misturar-se com a criação estética chegou ao

conceito da coleção de moda, intitulado “Souvenir”. Onde se aborda o emaranhado de

souvenirs, que são pedaços, resquícios, lembranças, aprendizados, vivências, espaços

e memórias vividas pelos ciganos nômades modernos. A coleção é composta de

símbolos vestíveis que é formada por um complexo mosaico de souvenir.

Ainda sobre o tema principal, faz-se uma correlação entre o novo e o velho,

abordado no subtema ciganos nômades modernos, apresentando um novo grupo que

vivencia novas representações do ser nômade. Onde estes se dispersam pelo mundo,

agregando culturas, coletando dados, dividindo e misturando conhecimentos.

Agregações essas as quais são denominadas também de souvenirs. Sejam elas

culturais ou de assuntos diversos, onde se abre um grande leque de diferenciadas

informações, das quais eles decidem o que armazenar em sua vivência (lida diária), e

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formam mais uma nova distinção, e se aproximam (maior observação e entendimento)

e distanciam (pelo fato de terem uma ideologia anarquista e nômade) do globalizado.

Sua nova visão aberta à experimentação desencadeia uma mistura de culturas,

onde ao mesmo tempo, é possível fazer uso de redes sociais e internet, viver em

grandes carroças vagando pelo mundo, ter cuidado com o meio ambiente, curtir

festivais, ter um vínculo social com diferentes grupos, ser observador, nômade e pensar

no coletivo.

Esta ideia ocorreu após a análise do livro “The New Gypsies” de Iain Mckell,

cuja temática central é semelhante ao do presente projeto, inspirado pelas subculturas,

nômades, Iain foi a UK, Reino Unido, atrás de grupos formados por jovens de diferentes

classes sociais batizados de “New Age Travellers” (“viajantes da nova era”), que

sempre chamaram muito a sua atenção. Ele havia fotografado estes grupos em 1986,

eles eram influenciados pelo espírito punk, pela filosofia anarquista e pelas crenças

hippies, subiam a bordo de ônibus velhos, rumo a uma vida de liberdade nômade, de

maneira que pudessem transitar pelo mundo. Quinze anos depois, em 2001, McKell vai

ao Stonehenge Summer Solstice, no monumento histórico, onde acontecia um festival

anual que reunia milhares de pessoas, ele vai à procura dos tais viajantes denominados

“Peace Convoy” (“comboio da paz”), os viajantes que havia fotografado anteriormente.

E se surpreendeu quando os encontrou, pois tinham trocado suas vans e ônibus velhos

por carroças puxadas por cavalos, e apresentavam um estilo cigano típico, além de

partilharem informações de sua visão nômade de mundo. Assim Iain decidiu viajar com

esses curiosos nômades, e acabou os seguindo durante dez anos, registrando seus

estilos de vida e por fim criando o livro “The New Gypsies”. Foi através dessa leitura

que surgiu a inspiração para o subtema, a ideia do velho e do novo juntos, de uma

inovadora subcultura em transformação em uma estrada aberta e cheia de souvenirs

para incorporar ao grupo. Podendo inspirar também uma parte da atualidade que tem

uma nova tendência nômade de fuga do cotidiano, de navegação na internet, conceitos

diferenciados ou sendo um viajante literal.

“Escrever uma história dos ciganos é escrever a história dos que a

rejeitaram. Lidando com esta escrita, perpassamos por muitas duplicidades:

sedentarismo e nomadismo, tradição e renovação, fascínio e repulsa, unidade e

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fragmentação. Mas o universo cigano mais que de duplicidades, é repleto de

multiplicidades, entre as quais estão as relações com os não ciganos, as

identidades dos grupos e as imagens que se formaram dos ciganos”.

(TEIXEIRA, 2008, p. 76).

1.1 Justificativa e relevância

Há muito tempo vem se dissipando o estudo de tendências baseadas em

pequenos grupos ao redor do mundo, etnias, culturas diferenciadas e novos costumes a

serem estudados. A partir da pesquisa e descrição da vivência de Iain Mckell com o

grupo de novos ciganos britânicos, abre-se o leque para o entendimento deste pequeno

grupo nômade tão interessante.

Os nômades modernos, indivíduos em trânsito, são curiosos e mantém além de

suas ideologias uma aparência característica e marcante. Eles levam consigo uma

bagagem de memórias e souvenirs que servem como meio de recordação, de uma

mistura de culturas e passagens ao longo da vida, em forma de vestuário.

Assim é possível relacionar seus modos de se vestir e expressão, pois os

ciganos do estudo observados, tem um estilo próprio, agregam, combinam, fundem,

mixam, envolvem o velho e o novo e materiais diversos em suas composições,

apresentando peças naturais, artificiais e artesanais. Eles estão coexistindo em meio a

um mundo globalizado expansivo e praticamente sedentário, diferente dos seus

costumes nômades e ideológicos. No entanto vivenciam este mundo à sua maneira e

se adaptam de modo peculiar, estão usufruindo da internet e rede sociais nas suas

“carroças casa” e utilizam energia solar e eólica para o uso desses eletrônicos.

Esses grupos não fazem parte diretamente do sistema de moda atual, e tem

orgulho disso por suas ideologias nômades, de viver “deslocados” da sociedade, viver

em carroças, ter o mundo como caminho ilimitado, viver em anarquia e ser um grupo

contra cultura.

Segundo SARMENTO (2006, p. 36) o movimento contra cultura é “[...] contra as

bases do capitalismo e contra as sociedades de consumo”.

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Segundo MCKELL (2011, p. 57) “Essas pessoas vivem uma vida independente

da sociedade e são muito felizes e realizadas, viajando, trabalhando e cuidando de

seus cavalos”.

Os indivíduos retratados no livro The New Gypsies fazem o uso de tecnologias,

smartphones e até redes sociais como o facebook. Pode-se dizer que eles estão ali

observando. Estão em um nível diferente do que a maioria das pessoas pensa sobre

grupos ciganos, fato esse importante para a discussão, pois os nômades são alvo fácil

de preconceitos e diminuição na sociedade. E este grupo em específico consegue

manifestar essa demonstração de mutação do tempo, vivendo do seu jeito, com os

seus pensamentos, ideologias e ao mesmo tempo usufruindo da tecnologia.

Conseguem unir dois mundos até então afastados e nos faz pensar na sociedade atual

que busca cada vez mais uma fuga do cotidiano, um maior autoconhecimento, vivência

com a natureza, sustentabilidade, experimentação de culturas, novas filosofias de vida,

novos locais e aproximação seu ser natural.

“Eles são apaixonados pela comunidade em que vivem, não deixam

nenhum rastro de carbono pelo caminho e levam um estilo de vida sustentável

onde o dinheiro não é o principal objetivo para a existência. É preciso muita

coragem e sabedoria.” (MCKELL, 2011, p.58).

Sendo assim este estudo é de notável importância para a sociedade por estamos

presenciando uma preocupação maior com o meio ambiente e sustentabilidade, tem-se

uma maior fuga das cidades para locais arborizados, tranquilos, com ar puro e ideais

diferenciados.

Com igual importância a um resgate da cultura, através do conhecimento sobre

essas novas tribos ciganas nômades. O entendimento sobre seus modos de vida,

ideologias, costumes, expressões artísticas, jeito de se vestir (marcante), fazem com

que estes pequenos grupos sejam muito julgados, e associados a uma ideia de

vagabundagem alheia, como também uma vulgarização da roupa e estilo e vida, esses

são alguns motivos que remetem a esses grupos uma atribuição pejorativa, de sujeira

insignificante, que passam despercebidos, ou sejam ignorados. No entanto se mostram

tão notáveis e parte de uma cultura rica, instigadora e interessante. E dentro dessa

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pesquisa consegue se provar o contrário, pelo fato de possuírem diversas qualidades e

particularidades inspiradoras.

A adaptação e a corporização de diversas culturas no mundo atual também afeta

a visão do cigano e do nômade no mundo contemporâneo, dando a esses povos maior

notoriedade, por serem grupos instigadores e ricos culturalmente. E também pela nossa

essência humana nômade, assim não se pode deixar essa questão tão importante de

lado. Também por que muitos comparam o nomadismo com a vida sedentária e

estagnada à um local fixo, dizendo ser o sedentarismo o modo mais evoluído de viver,

e assim sem compreender os motivos de uma cultura diferenciada, sem um estudo

mais abrangente, talvez o fato de superioridade seja por não enxergar o outro e se

submeter a uma visão de pedaço de mundo muito pequeno.

Para a academia, a pesquisa possibilita o acesso ao conhecimento deste grupo e

suas particularidades, relevâncias, cultura, modo diferenciado de visualizá-los,

principalmente pelo fato de existir um pré-conceito, pela falta de entendimento desta

cultura, dita, muitas vezes, como errônea.

O nomadismo foi e continua sendo uma parte muito importante da vida destes

ciganos nômades, que com o passar do tempo, embora muitos já estejam estalados de

maneira permanente, o afã de viajar é tão prazeroso e frequentemente tão intenso que

eles não resistem e voltam à vida nômade, se não submetidos a tal nomadismo pela

própria pobreza.

Os ciganos nômades tem muito que acrescentar na sociedade, pois são fonte de

inspiração e entendimento culturais importantes. Esse grupo de nômades tem acesso à

tecnologia, uma busca de modernização misturada ao tradicional, cultural e estilo de

vida selvagem, levando em consideração o vestir como expressão e parte de uma

ideologia de liberdade sentimentalismo e diferencial poético, se caracterizando com

seus souvenirs.

1.2 Definições da problemática e do problema da pesquisa

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Mostra-se outra forma de assistir a indumentária do individuo nômade moderno,

a que ele aparece vivendo simultaneamente “moda”, essência e o simbólico. Usando a

roupa como ilustração do seu ser cultural e amplo.

Visualiza-se o desenvolvimento conceitual do vestuário cigano nômade moderno

retratado no livro de MCKELL (2011) com a mistura do velho e novo, visando o lado

artístico, expressivo e levando em conta sua diferenciação, somatização de culturas,

corpo viajante, essência e representação. A moda aqui aparece como relação do

indivíduo e o mundo, como simbolismo cultural e peculiar em uma dinâmica social entre

pessoas, além de aparecer como construção de identidade e expressão do indivíduo.

Com a mistura do natural e do o artificial, o velho e o novo, em um mundo

globalizado. Propõe-se uma moda vista por outro ângulo, mais caricata, étnica,

marcada, transformadora, íntima e artística, com objetos de construção deste ser

étnico. O souvenir é um objeto que recorda algo, seja algo vivido, um lugar, um

sentimento, um novo aprendizado, ele trás ao corpo vestido uma recordação, portanto

veste o corpo de signos, de maneira sensível e expressiva. Levando em conta a

questão de sobrevivência, as formas, as misticidades, os sentidos, os trabalhos

manuais, o exclusivo, as experiências, as vivências, a expressividade, os sentimentos,

as emoções, os desejos, o vestir como arte e composição de si, como um quebra

cabeças ou um mosaico, que se compõem de pequenas partes.

Esta coleção é Inspirada nos diferentes aspectos dos ciganos nômades

modernos, demonstrada a partir da exposição deles e suas marcas no mundo em uma

visão particular. O tribal étnico, não só no que se observa em estilo, mais em suas

ideologias, o ser nômade como ser complexo e com as suas diferenças mistas de

cultura e demonstração de vivenciar o mundo, ou de uma forma poética, sendo

expressa de diferentes maneiras, até mesmo românticas, como suas carruagens bem

cuidadas.

Romantizações estas que os permitem passar o tempo de modo diferente,

prezando pelo autoconhecimento, a estrada aberta, o sentimento de liberdade, as

viagens, a luta pela sobrevivência, a preocupação com a natureza, a mistura de signos

e culturas, o uso de internet, a maneira grupal de viver, as marcas deixadas, as

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sabedorias adquiridas, as memórias, símbolos e misticidades, os souvenirs, fazem

parte se uma história completamente inspiradora que esses nômades proporcionam.

A questão levantada na pesquisa é: Como elaborar uma coleção de moda que

dialogue com os nômades modernos e o público feminino, dentro de um

sentimentalismo vestível, simbólico, cultural, étnico e ideológico a partir do conceito

souvenir?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

A partir da análise dos ciganos nômades modernos retratados no livro The new

Gypsies de Iain McKell, desenvolver uma coleção de moda que os expresse,

relacionando o vestuário, ao conceito souvenir.

1.3.2 Objetivos específicos

● Desenvolver uma coleção de roupas femininas.

● Demonstrar o conceito, relacionando um estilo que caracteriza e compõe

souvenirs vestíveis, mostrando o peculiar, étnico e cultural dos grupos nômades,

coexistindo com um mundo globalizado;

● Aplicar e elaborar a expressividade dos ciganos nômades à coleção,

demonstrando também as mutações entre o antigo e novo, (tradicional cigano

com o hibridismo de culturas).

1.4 Procedimentos metodológicos

1.4.1 Metodologia de pesquisa

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A metodologia de pesquisa do projeto foi formada por quatro processos:

Inicialmente, ler o livro The New Gypsies¸ e fazer uma análise minuciosa das imagens,

conteúdos, relatos e festivais. Buscando novas fontes e informações sobre os ciganos e

os nômades estudados. O segundo processo foi a leitura de livros e artigos

relacionados direta ou indiretamente ao tema, com a finalidade de aumentar os

conhecimentos acerca dele. A terceira etapa iniciou a escrita do projeto de TCC, do

artigo para o TCC e do TCC. E por fim, após todos estes processos, foi feito o

desenvolvimento da coleção, contendo três looks femininos. Tendo em vista

desenvolver uma coleção inspirada nos nômades modernos, relacionando roupa, arte e

expressão. E assim, apresentar a nova visão de estilo proposto e unir as belezas do

artificial e artesanal.

1.4.2 Metodologia de projeto de produto de moda

A metodologia projetual foi desenvolvida com base na metodologia de Rozenfeld e Tim Brown, utilizando o “Design Thinking”. Focando em uma forma circular de trabalhar, onde se pode começar ou continuar a partir de qualquer parte do projeto, dando atenção ao feedback e na flexibilidade e também fazer do design uma ferramenta de solução de problemas.

Fundindo os benefícios de ambos os autores, desenvolveu-se a seguinte metodologia e seguintes etapas:

1. Pesquisa geral e aprofundamento no tema proposto

2. Definição do subtema e conceito

3. Pesquisa em livros, documentos, imagens relacionados ao conceito

4. Busca por informação e imagens de inspiração

5. Escrita de projeto, artigo e TCC

6. Execução de painéis para a coleção, elaboração de um banco de imagens de

referências estéticas através de diferentes mídias.

7. Geração de alternativas de looks para a coleção

8. Estudo de cores e materiais para a confecção da coleção.

9. Definição e execução dos looks finais para o book de coleção

10. Definição dos materiais utilizados nas peças

11. Execução dos desenhos técnicos dos looks

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12. Execução do book de coleção e press kit

13. Confecção dos protótipos e seus respectivos feedbacks e correção de erros

14. Definição de detalhes do desfile (modelos, música, maquiagem e cabelo,

produção fotográfica, prova de roupas)

15. Banca pública

16. Ajustes finais

17. Finalização do processo em forma de desfile

1.5 Resultados esperados

Atingir, por meio da coleção, o público feminino que tem apreços pelo estilo

étnico e cultural, expressar isso a partir da subcultura cigana nômade moderna, e

conceber um valor sentimental de souvenir às peças que compõem os looks

apresentados. Mostrar a expressividade e complexidade da subcultura dos nômades

modernos.

Além disso, apresentar a coleção no evento OCTA FASHION, organizado pela

UDESC no mês de novembro de 2015.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Os New Gypsies, pela visão de Iain Mckell

Iain McKell cresceu em Weymouth em Dorset, Londres. Estudou design gráfico

na Faculdade Exeter de Arte e Design, e ao mesmo tempo começou a trabalhar como

fotógrafo. Com 19 anos começou seu primeiro projeto de documentar sua própria vida,

incluindo ambientes que ele cresceu, família, amigos, namoradas, pessoas que

trabalhavam ou viviam em Weymouth e turistas. Foi para Londres em 1979 para

trabalhar como designer gráfico aos 22 anos onde deixou seu emprego, para seguir

uma carreira na fotografia.

Publicou seu primeiro livro intitulado Subcultura, tema esse que sempre foi

apaixonado e muito visível em seus trabalhos. Aos 23 anos foi à Nova York para

fotografar e buscar novas cenas subterrâneas de Londres dos anos 80 a procura de

novas culturas e as encontrou. Isso o levou a ficar conhecido e até fotografar a estrela

em ascensão na época Madonna para sua primeira capa de revista, para a revista Pop

One. Aos 27 anos, ele realizou uma exposição em seu próprio estúdio recém-adquirido

em 1984 , na 15 Westland Place, em Shoreditch, leste de Londres intitulada "Iain

McKell LIVE”.

McKell trabalhou em campanhas publicitárias para diversas marcas famosas . E

também fez vários projetos em território estrangeiro. McKell tem fotografado várias

subculturas desde os anos 1980, e documentado várias outras culturas, incluindo o

Trance psicodélico na Tailândia, Fetiches, Druidas, pagãos, em noite de carnavais de

inverno em Summerset, Londres, até mesmo americanos Rockabilly. Em 2004 publicou

o seu segundo livro, sempre com foco na fixação da cultura jovem e no estilo.

E assim também passou mais de dez anos fazendo amizade e fotografando um

grupo da nova era de ciganos, os quais foram a inspiração para este trabalho. O

resultado deste projeto foi à publicação do livro The New Gypsies em 2011 e várias

exposições, em Nova York, Londres, Paris e Milão. Ele também passou a colaborar

com Kate Moss para V Magazine. Kate Moss também viajou com McKell com os

viajantes gypsies, vivendo, dormindo com eles e tirando fotos, entre outras coisas. Iain

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trabalhou muito com moda, principalmente por seu trabalho ter foco em estilo,

fotografou para diversas revistas famosas, entre elas a Vogue.

Em 2012 McKell lançou seu terceiro livro, Beautiful Britain, com uma coleção de

suas fotografias, entre 1970 e 2012. Ele também iniciou um blog com o olhar projetado

em fotografia de rua, se espelhando no seu primeiro trabalho em sua cidade natal

Weymouth. Projeto que mapeia o mundo emocional de McKell e seus sentimentos do

momento capturado. Na maior parte são fotos na área urbana, mas algumas vezes são

de viagens ao exterior ou viagens na estrada para outros diversos países.

No momento ele está trabalhando como produtor executivo em parceria com um

produtor americano no desenvolvimento de um roteiro para um projeto de filme

baseado no livro The New Gypsies para ser mostrado na TV ou no cinema.

Algum de seus trabalho incluem a iD, The Face, The Observer, Sunday Times,

Independent, Telegraph, Vogue Inglesa, Vogue francesa, Vogue italiana, Vogue

L'uomo, Casa Vogue, The Face, revista V , Levis, Wranglers, Bonobo, Philips, Jigsaw,

Max & Co, Red Stripe, Vladivar, Mercedes Benz, Pepsi Cola, Sony Playstation. Ele

também foi Fotografo de numerosas personalidades famosas, como Brad Pitt, Will I Am,

Gilbert e George, Grayson Perry, Kate Moss, Vivian Westwood e outros.

MCKELL (2011, p.16), fala de um contexto de guerras políticas na Inglaterra,

onde Margaret Thatcher promoveu diversos ataques fascistas contra as classes

trabalhadoras, como mineiros e outras culturas marginais querendo se proteger de um

suposto comunismo. Aumentou o salário das tropas da polícia para sua proteção

fascista e brutal e deixou grande parte da população indignada e sem um local

adequado para viver. Um dos ataques aconteceu no festival de solstício Stonehenge

Summer, onde quebraram os meios de transporte de diversas tribos que lá estavam

alegando falsas coisas, como que estes povos estavam deteriorando o local. Margaret

Thatcher achou que quebrando tudo esses povos marginais iriam embora, mas o que

ela não contava é que eles eram nômades, não tinham um lar pra onde voltar, e por lá

ficaram. Nesta época foi quando Iain Mckell teve o primeiro contato com esses viajantes

nômades, os quais tinha grande apreço.

Quinze anos depois MCKELL (2011, p.17), Inspirado pelas subculturas, nômades

foi a UK, Reino Unido, atrás de grupos formados por jovens de diferentes classes

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sociais, batizados de “New Age Travellers” (“viajantes da nova era”), que sempre

chamaram muito a sua atenção. Ele havia fotografado estes grupos em 1986 no

contexto citado a cima, quando eles eram alimentados pelo espírito punk, pela filosofia

anarquista e pelas crenças hippies, subiam a bordo de ônibus velhos rumo a uma vida

de liberdade nômade, de maneira que pudessem transitar pelo mundo. Então em 2001,

McKell segue a procura para fotografar esses viajantes e vai ao festival anual

Stonehenge Summer Solstice, no próprio monumento histórico, que reunia milhares de

pessoas de todos os tipos. Procurando os denominados “Peace Convoy” (“comboio da

paz”) os viajantes que ele havia fotografado anteriormente acaba se surpreendendo

quando encontra um certo grupo destes jovens que haviam trocado suas vans e ônibus

velhos por carroças puxadas por cavalos, e apresentavam um estilo cigano típico, além

de partilharem informações de sua visão nômade de mundo, orientando que as suas

carruagens eram meios de transporte muito menos poluentes, demonstrando grande

preocupação com o meio ambiente em uma época em que mal se falava sobre os maus

causados ao meio ambiente. Assim, após a partida da maioria das subculturas que

ainda andavam de ônibus ele notou que os grupos que estavam de carroça não foram

embora, e assim entendeu que eles simplesmente não iriam embora rápido, pois eles já

estavam lá, em algum lugar, eles eram nômades e viviam no mundo, não tinham um

lugar certo para ir, nem trabalho, eles estavam vivendo lá e se dando muito bem. Para

Iain era como visualizar algo novo, como se estivesse em paz e que o ritmo da vida

tivesse de repente diminuído. MCKELL (2011, p.18), se percebe em êxtase e curioso

pela descoberta de um conjunto mental no qual era completamente diferente do que ele

esperava ou já havia visto e achou aquilo tudo inspirador, foi quando decide viajar e

vivenciar um pouco daquilo para compreender melhor essa nova subcultura que havia

encontrado. Com esses curiosos nômades, sua empolgação foi tamanha que acabou

viajando durante 10 anos com eles, registrando seus estilos de vida e criando o livro

“The New Gypsies” o qual é um livro de fotografias e alguns relatos. Ele fala de sua

descoberta de algo ainda não visto, como um novo meio puro emergindo. Na época,

mais precisamente em 2001, estavam começando a se tornar maiores os debates sobre

poluição, ecologia, aquecimento global, e antes mesmo de virar algo realmente

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comentado e importante esses nômades já tinham um estilo de vida verde e se

preocupavam com isso.

“[...] Aqui estava um pequeno grupo de várias famílias, que, por quinze

anos foram se arrastando para longe e sendo mais verdes do que qualquer

outro elemento na sociedade. Ironicamente, eu cresci com a ciência-ficção com

o filme de Stanley Kubrick 2001: Uma Odisséia no Espaço, situado em um

futuro próximo em que a humanidade iria achar o seu destino nas estrelas. E na

realidade, para mim, em 2001 foi quando eu encontrei o futuro. Meu destino não

estava em uma nave espacial pairando sobre state-of-the-art, mas sobre o

Stonehenge, em um trem de vagões ciganos rústicos. Foi também o verão

antes de 9/11 que Pete, um dos homens dos cavalos, disse: "É o Vietnam tudo

de novo.” Os Fashions ECTS refletindo cultura e as seguintes coleções de

passarela das estações eram todas hippies e com influência cigana. Enquanto o

mundo ocidental entrou em um momento de reflexão com a guerra iminente no

horizonte, a cultura popular olhou para a estrada aberta.” (MCKELL, 2011 p.

17,18).

Esses novos nômades não são completamente isolados em termos de

tecnologia, eles a utilizam. Por exemplo, sem os seus celulares eles não seriam uma

comunidade, pois eles estão sempre se contatando com outros grupos sobre bons

lugares para estacionar as carroças, promover encontros e saber de festivais. O autor

conta que eles utilizavam energia solar e energia eólica que é completamente útil pelo

estilo de vida que levam e também por ser energia limpa e gratuita. Para a época Iain

visualizava esses novos nômades como futuristas por utilizarem desses meios

alternativos e pensarem no planeta de forma tão decidida como filosofia de vida.

MCKELL (2011, p.18), descreve que muitos dos novos ciganos são pessoas que

praticam trabalhos manuais como carpinteiros e ferreiros, e fala que em algum ponto o

passado se conectou ao futuro e eles estão ali no meio, mais avançados do que as

cidades na forma de energias alternativas e preocupação com o ecológico. Diz também

que os nômades são como um espelho, que reflete nossa cultura e que a forma de eles

pensarem é oposta a nossa. O jeito de eles pensarem o inspirou a convergir uma ideia

de como as pessoas conseguem olhar para o mundo e pensar o quão romântico isso é,

pois eles não compartilham dos mesmos confortos, nem dos simples e eles não olham

para vida da forma que nós olhamos, mas mesmo assim, tem algo muito sedutor nessa

imagem que eles passam e enxergam.

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Iain comenta que somos felizes em ignorar o que estamos fazendo a nós

mesmos em tentar não pensar no futuro, e como vamos deixar o mundo para nossas

próximas gerações. E também que vivemos em conforto, mas talvez no fundo

percebamos o quanto é importante estar alerta para as coisas que nos rodeiam, por

mais sutis que sejam. Pensamos nesse tipo de subcultura como inferior ou intocável,

hippies, sujos, errantes e é perceptível o preconceito com eles nas localidades. No

entanto eles parecem estar com pensamentos muito mais além do que os nossos sobre

o ecológico e o pensar no futuro. E como superação desse ressentimento social gerado

pelas pessoas de fora das tribos, com seus preconceitos, existe uma paixão tão

profunda pelo seu jeito de viver que os faz ignorar isso.

MCKELL (2011, p. 19), diz que a vida cigana tem uma conotação bem romântica,

principalmente se pensar em seus longos dias pelos verdes gramados no verão com

suas carroças, dormindo sobre o luar em um céu cheio de estrelas, mas não se pensa

na dificuldade que eles enfrentam no inverno ou em outras situações, atuando sobre

climas terríveis em puro extinto de sobrevivência. Eles têm como viver bem em seus

vagões, mais os próprios nômades diz que é uma vida muito difícil e dura, que os

meses do inverno são muito longos. Porém falam que também não conseguem viver de

outra forma, pois eles não conseguem ver-se operando nas cidades, ou encontrar uma

função na sociedade que lhe sirva do jeito que eles planejam viver.

O autor fala que o cigano mantém viva uma tradição valiosa e forma alternativa

de vida. Os novos ciganos fazem seus próprios vagões ou carroças, e segundo Mckell,

elas são lindas. E que essa visão tranquila que temos de comprar pronto não funciona

lá, eles precisam saber construir e reparar os vagões precisam ser engenhosos e

precisos e também cuidar bem dos cavalos. Eles cuidam muito bem dos seus animais.

Nos festivais alguns dos nômades dão aula de carroças e ajudam a quem quiser

saber sobre como manusear os vagões e sobreviver. E é preciso de muita atenção a

cada detalhe de manutenção, pois cada local é diferente e os cuidados são especiais

tanto com a carroça quanto com o cavalo. É também preciso talento artístico para pintar

os ornamentos nas carroças.

Existem músicos na comunidade, que tocam em festivais e são as grandes

atrações das noites ao redor da fogueira. Durante a sua jornada com os cavaleiros

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nômades Iain foi introduzido e apresentado a variadas comunidades diferentes com

muitos integrantes e muitas pessoas incríveis as quais Iain pode dividir e conversar

sobre diferenciados estilos de vida e ideologias.

MCKELL (2011, p. 20), diz que descobriu que o conceito maior ou estilo de vida

que eles representam pode ser forçado ainda mais em um documentário de fotos, ou

seção de fotos, podendo transparecer algo além do que parece ser quando se está

inserido em seu meio. Nas fotografias eles parecem mais ciganos segundo ele.

Mas nada é tão interessante quanto as conexão que acontecem em festivais.

Onde Kate Moss era presença firme todos os anos, visto assim o ambiente do festival é

como um lugar onde os mundos se cruzam, a cigana global Kate Moss e o outro

extremo de uma tribo de nômades, que se encontraram pela música e estilo de vida,

ocorrendo assim uma grande mistura de culturas. Onde todos se tratam de forma muito

amigável, segundo Iain “é tanto que transcende”.

Segundo o autor os ciganos modernos são vistos como astutos para a

comunidade e talvez até sejam, mas na verdade é uma necessidade desses viajantes

que tem uma visão popular ruim nas costas. Problemas com a polícia e com as pessoas

em geral, devido aos seus preconceitos, fora de um ambiente amigável acontecem

bastante, mesmo sem pretexto.

Porém os cavalos, os campos e as carroças adornadas continuam a ser uma

imagem romântica, e bela, que serve como uma fachada para os donos se iludirem,

com o objetivo de que eles podem ser vistos de uma forma diferente. Pois só pelo fato

de viajarem em carroças são percebidos e tratados diferentemente dos que viajam

motorizados. O que decepciona Iain que tem uma visão do estilo de vida dos novos

ciganos como futuro e não passado.

Os participantes deste grupo de viajantes provêm de comunidades marginais,

como ciganos, mas muitos também são pessoas modernas, que moravam nas cidades

e que se mudaram de uma grande comunidade de classe trabalhadora e urbana pobre

para escaparem das coisas ruins que os rodeava, em busca de uma vida melhor.

Sendo assim, temos a convivência do cigano, não cigano, sendo ambos chamados de

ciganos pela sua disposição nômade de vida, gerando outra mistura cultural.

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Em suas fugas das cidades pegaram as carroças e a estrada e encontraram a

liberdade. Sua liberdade não se encontra no país, ou em nacionalidades, mas em suas

cabeças, onde a liberdade está na jornada de uma estrada aberta. As imagens a seguir,

figura 1 e 2, mostram um pouco destes veículos-moradias que são as carroças ciganas,

cheias de signos e histórias.

Figura 1 – Carruagem 1

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Fonte: Disponível em: <https://www.pinterest.com/pin/331929435010463627> Acesso: 29 out. 2015.

Figura 2 – Carruagem 2

Fonte: Disponível em: <https://www.pinterest.com/pin/331929435010463654> Acesso: 29 out. 2015.

2.1.1 O cigano

“Cada cigano tem uma forte identificação com seu grupo familiar ou com

as famílias que têm o mesmo ofício. Mas não existe uma identidade única entre

todos os ciganos. No domínio dos ciganos, não existem senão múltiplas

identidades. Daí que o termo cigano não designa as comunidades por nomes

que elas próprias dão para si. Ele designa, isto sim, uma abstrata imbricação de

comunidades ciganas. A diferença é muito grande, pois na realidade não

existem ciganos, mas sim diversas comunidades (historicamente diferenciadas)

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chamadas de ciganas, mantendo relações de semelhança e/ou dessemelhança

umas com as outras.” ( HILKNER, 2012, p.15).

Os ciganos possuem uma poesia natural, são um povo étnico, místico,

ideológico, muito interessante, que circunda o mundo, são povos ramificados em

diversas subculturas, mas levam sempre o mesmo nome místico do cigano. Estes em

sua maioria estão em constante movimentação, sendo nômade. Não se sabe ao certo

de onde vieram, como se formaram, mas têm-se diversos relatos de suas aparições. Os

ciganos são um povo forte em expressão e visivelmente reconhecíveis. Por conta de

suas passagens, nomadismos e histórias pelo mundo, criou-se uma má visão deste

imenso e ramificado grupo, eles são vistos por muitos como vagabundos e errantes,

mas cada um tem sua interpretação sobre fatos e sem conhecer esses povos tão ricos

em cultura, histórias e diversidades, não se pode julgar a totalidade.

A respeito da origem dos ciganos e dos estudos sobre suas primitivas migrações

na Europa, se da ênfase para a construção de um ódio popular e desconfiança dos

demais povos para com esses ciganos. Algumas das peculiaridades destes povos que

se destacaram, foi a beleza e sedução das mulheres ciganas, os seus adornos, os

metais e pedrarias, seus conhecimentos sobre manuseio dos metais, suas misticidades,

previsões, como a buena- dicha, lendo a sorte e futuro nas cidades onde passavam.

Todas essas qualidades também serviram num exato momento de cruz para esse

grupo diferente, que chamava demasiadamente a atenção por onde quer que passasse.

“De onde vinham os doze penitentes, que em 1427 chegaram a Paris,

com um séquito de mais de cento e vinte pessoas? Que clima deixaram esses

homens estranhos e de cabelos crespos, essas mulheres trigueiras, e em cujas

orelhas reluziam brincos de prata e de pedraria? Domicilianos nas proximidades

de Saint-Dénis, o povo corria para ouvir delas a buena-dicha, enquanto que a

pilhagem e o roubo estendiam-se pela cidade. O arcebispo de paris,

amedrontado pelas superstições de que eram portadores esses forasteiros, que

se diziam cristãos do baixo egito, os fez evacuar La Chapelle e fulminou de

excomunhão a todos que os procurassem no intuito de saberem a sina. Desde

então o ódio popular caiu sobre eles, e o terror, quando eles passavam,

murmurava apontando: - Aí vão os corvos do Egito.” (MORAES, 1981, p.21).

O questionamento que ronda esses povos acentua ainda mais seu caráter

especial, de raça, migrações, linguagem, ausência de uma ideia de pátria e de história

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nacional, sem uma comprovação definitiva de sua origem e filiação étnica. O que se

têm são histórias e datas de seus primeiros aparecimentos em variados locais.

MORAES (1919) diz se acreditar que os povos elementos da formação da raça

dos ciganos Anthingans, são os Paulicianos ou Maniqueus, encontrados na Bulgária.

Na Turquia as tribos ciganas se auto denominam de Romitschel, palavra essa que

decomposta fica romi ou rom, significando homem e chal significando Egito, formando

assim a palavra homem do Egito. Supõe-se que suas primeiras aparições datam o ano

de 1417 na Europa.

MORAES (1919) também fala as diferentes visões de autores que retratam os

ciganos. Na perspectiva de Joaquim José Caetano Ferreira diz que o nome cigano vem

do italiano Ingari, geração vinda do Egito que depois da conquista do local por um

sultão em 1517 apareceu na Alemanha e se espalhou por toda Europa. Já os franceses

chamaram esse povo de Bohemiens, que se uniram com fugitivos da Boêmia no tempo

da guerra dos Hussitas. E pelos Ingleses foram chamados de Gyspsies, ou seja, quase

Egípcios. Há também relatos que os ciganos vieram da Índia.

Tantas são as teorias de onde vieram, onde apareceram, onde se formaram, e

também tantas eram as imagens retratadas destes povos, como ladrões, dignos de

desconfiança, dançarinos, tocadores, que possuíam metais e pedrarias, ex-escravos,

excluídos, místicos, sem pátria, povo errante, vagabundos, fingidos, teatrais entre

outras.

Pelo seu grande uso de adornos de metais, os povos ciganos acreditam ter

introduzido a prática do uso do bronze na Europa. E pode se provar essa intimidade

com os metais pelas suas especialidades em mexer com eles, normalmente arranjando

trabalhos de caldeireiros, ferreiros, ourives, latoeiros. O que também possibilitou a má

fama por serem embusteiros, e enganar com a venda destes metais.

“Sem que a ciência tenha, até o presente, podido esclarecer o enigma

através do qual se esconde este povo, que tira do desprezo a que há sido

votado as armas que maneja contra as civilizações, mas robustas, não

passando de meras hipóteses, as induções científicas relativas à sua

nacionalidade primitiva, não acontece o mesmo com referência às suas

migrações na Europa. A aparição dos primeiros bandos no continente europeu,

nos demonstra a história ter sido na Hungria no século XIV. Daí partiram nas

direções de leste e oeste. Grandes levas derramaram-se pela Rússia,

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Alemanha, Inglaterra, Itália, França e Espanha, etc. Parecendo seus países

prediletos a Rússia e a Espanha, principalmente as matas desertas da

Andaluzia, Córdoba, o Monte sacro, Sevilha e Madri.” (MORAES, 1919, p.24).

As antigas histórias nos levam a perceber quanto esse povo lutou e sofreu por

não ter um lar definido, até ser conhecido verdadeiramente nômade e querer viver sem

pátria. Quantas foram as lutas por não poder simplesmente passar despercebido pelas

localidades no mundo sem ter um preconceito e uma visão manchada entre os lugares

que vagavam.

“[...] Começando na Espanha a sua existência ativa, o seu despertar na

sociedade, no reinado de Carlos III, que os utilizou em proveito das artes. Essa

reabilitação moral foi transitória e enganadora; novos governos desencadearam

contra [...] Perseguições, despojando-os de seus empregos e profissões,

destituindo-os da naturalização e privilégios a que tinham direito. Aos azares

da má sorte, no combate braço a braço contra o destino adverso, numerosas

avançadas emigraram para Portugal, indo mais tarde alimentar as chamas das

fogueiras inquisitoriais de D. João II, que aumentara dos códigos portugueses

as leis expressamente promulgadas para puni-los.”(MORAES Filho, 1919; p.

25).

Esses grupos começaram a fazer de tudo para serem reconhecidos, conseguir

ganhar sua vida, sobreviver, comer ou ter um lugar para dormir, mesmo que isso lhes

custasse a escravidão e sofrimento, o que lhes aconteceram muitas vezes. As suas

artes, danças, cantos, sapateados, instrumentos e poemas expressavam o que

sentiam, sendo estas características muito marcantes dos ciganos pelo mundo.

Eles possuíam e praticavam diversos costumes, ritos, superstições,

musicalidades, danças e misticidades em sua vida. Viviam com suas crenças,

normalmente muito diferentes da dos locais que habitavam, então muitas delas eram

vistas como macabras ou bizarras. Os ciganos têm como costume o caracterizar, eles

se enfeitavam e adornavam as suas coisas com pinturas, ornamentos étnicos, fitas, etc.

A visível diferenciação e peculiaridade dos ciganos, principalmente pelos

costumes dos locais diferentes de onde vieram e para os lugares onde foram, era vista

como estranha e diferente, gerando assim por si só uma estranheza e desconfiança

visual.

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Suas belezas exóticas, e diferentes também chocavam. Muitas ciganas eram

vistas como muito belas e de alto poder de sedução, e normalmente usavam jóias,

metais, pedrarias. MORAES (1919, p. 38, 39) ressalta “A formosura das jovens

fascina;[...] A profundeza do olhar, a graciosidade do semblante, os corais e diamantes

limitando-lhes o busto de bronze... [...]”.

As danças para a cultura cigana são de grande importância, desse modo é que

eles se mostram, se exteriorizam, expressam e conseguem ser ouvidos, notados e

prendem a atenção de um público quando querem. É em sua poesia que muitos caem

na tentação de pesquisar e de entender mais a cultura e a individualidade cigana, onde

também é observado um fetichismo africano.

“As danças fervem no rodopio, o sapateado é mais célere e doces

cantigas cantam à porfia.[...] Aos clamores destes recresce o entusiasmo, os

violeiros tocam mais ativos e o coro repete o estribilho[...]Os figurinistas

quebram duas vezes, param, comtemplam-se; as castanholas troam, as violas

plangem acompanhadas as trovas, as moças dançam juntas e depois os seus

vis-a-vis.[...] Se cansam, substituem-se, naturalmente pelos que dentre eles

mais amam alauso, a dança e a mulher.[...] Os ciganos possuem outros

dançados, todos porém obrigados a poesia. Nas suas danças, completamente

profanas, o caráter espanhol é sensível; o Rola-mendengo, o Caboclo do sul, o

Guabiroba e o Candieiro, são danças pareadas, lascivas, sapateadas, diferindo

pouco entre si.[...] Há sempre expressão no gesto, atitude, mímica regular,

inspirados pelo sentimento comum.”(MORAES, 1919; p.41).

Normalmente essas danças são inspiradas em assuntos religiosos, e tudo é

muito caracterizado e expressivo. Seus lados místicos são muito fortes, os ciganos têm

suas superstições, deuses, fetiches, mitos, oráculos, pragas e malefícios místicos,

rezas de quebranto (para a obtenção de coisas difíceis), poções e ervas de curas.

Acreditam na espiritualidade, são cartomantes, fazem previsões, se entregam à danças,

cantos, poemas, sapateados, teatro entre outras coisas, como condições de vida

tendendo ao cósmico. Acredita-se que o pensamento fisiológico que baseiam as suas

crenças foram os mesmos que serviram de berço às religiões asiáticas.

Em suas vidas de aventuras, sobrevivência e riscos, independente do local, seja

em cidades, florestas ou desertos, outras culturas e sociedades jamais os fizeram

querer desistir de suas tradições e ideologias.

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Os ciganos, sem esquecer todas suas passagens, histórias e conhecimentos

tradicionais, antigos e liturgia primitivas, continuam cada vez mais se abrindo e sendo

tema de diversos estudos, com vários horizontes. Não importa o local que os encontre,

a desconfiança permanece, os costumes e ideologias costumam ser pouco diferentes e

suas poesias continuam retratando seus momentos, principalmente de melancolia. O

cigano costuma passar uma aparência melancólica e forte, motivo este também de

preconceitos. Muitos são caracterizados como bohemians pelo estilo de vida,

significando a despreocupação com relação a bens materiais e às normas. Levam uma

vida à margem da sociedade e cultivam novas formas de liberdade de pensamento,

tendo também uma preocupação de aparência excêntrica.

“Não é de estranhar que os indivíduos pertencentes a este grupo

apresentem uma inserção relativamente problemática e controversa na

sociedade envolve, largamente amplificada pelas imagens pouco positivas

veiculadas pelos media. Acresce, que este grupo é dotado de uma identidade

étnico-cultural e modos de vida, relativamente distanciados, incompreendidos e

não reconhecidos pela sociedade dominante. Obviamente, não estamos

perante um grupo propriamente impermeável aos valores, estilos de vida,

recursos e potencialidades provenientes da sociedade em geral. A sua

identidade e modos de vida assentam em grande medida na filiação étnica,

estruturada em torno de um quadro de valores comum, peculiar, estruturador

das suas vivências e relativamente diferente do que prevalece na sociedade

envolvente.” (MENDES, 1997, p.208).

Hoje o mundo social está em mudança, as pessoas estão mais abertas, e

indiferentemente esses grupos também se encontram mais abertos e expostos a novas

contaminações e mutações do tempo, espaço, convivência e sociedade. Eles estão

inseridos em um novo quadro, onde podem e fazem diferença, são mais levados em

conta, nem que seja um pouco, eles lutam pelos seus direitos de liberdade. O mundo

esta mudando e junto com ele as pessoas.

“Erroneamente quando caracterizam os ciganos, é trazido à mente um

cigano típico, um estereótipo, mas que necessita ser desconstruído pelas

evidências de grupos ciganos na diversidade de situações em que se

encontram. Uma história de ciganos deve ser feita de muitas exceções,

impossibilidades, contradições, incongruências, contra-sensos. A história dos

ciganos é a história de um mosaico étnico. Para a compreensão deste grande

mosaico, faz-se necessário, portanto, conhecimento da principal distinção

cigana: suas tribos e as linguagens do corpo. As marcas corporais ciganas

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funcionam como uma veste. Em seus corpos incontestavelmente, estão

registradas marcas visuais que, por vezes, usando a fantasia e o simbolismo,

buscam espelhar a sua história e a sua ancestralidade.. O corpo cigano é uma

representação forte que não cessa de encontrar novos meios para exprimirem-

se, novas linguagens, novos valores e idéias, de tal modo que, quanto mais

parece ser outra coisa, tanto mais é a repetição de si mesmo.” (HILKNER, 2012,

p.18).

Os ciganos, mesmo pertencendo a uma única etnia, ao longo dos séculos de

diversas migrações, pararam de ser um povo unido e homogêneo e se dividiram em

grupos e subgrupos. Ao mesmo tempo em que algumas tribos têm forte vocação ao

nomadismo, outras cederam à sedentarização, gerando contrastes que marcaram

significativamente esses grupos.

2.2 Cultura

É possível explicar a cultura como um aglomerado de signos e símbolos teóricos

e visuais que transmitem toda sua história. Ela pode ser interpretada como busca de

significados para explicar ou entender os indivíduos de um local, caracterizando a união

e a mistura de costumes, crenças, sentimentos, práticas, princípios e ideologias que

compõem e formam o modo de vida de um grupo específico.

TYLOR, em 1871, sintetiza dois significados, vistos em uma visão abrangente de

cultura, na qual, concebe todas as possibilidades de realização humana como cultura, e

não apenas os processos intelectuais e artísticos. Além disso, ressalta que não se trata

de um fenômeno natural, mas de algo que se adquire na sociedade, cultura ou

civilização. Em seu sentido etnográfico amplo, é aquele complexo que compreende

conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e todas as demais capacidades e

hábitos adquiridos pelo ser humano enquanto membro de uma sociedade.

Já RABUSKE (2008) fala que:

“A cultura permite ao ser humano encontrar-se no mundo,

interpretando-se a si mesmo e interpretando o mundo, no nível das

representações e no nível dos sinais vividos. Também é mediante a cultura, que

o ser humano c8onfere finalidade e sentido às realidades [...]”. (RABUSKE,

2008, p.41).

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LAYOLA (2001, p. 27), expõe que os sentidos e os valores estão subjacentes

aos fenômenos de ação e de comunicação. Toda cultura é, então, formada por

elementos explícitos e implícitos: os primeiros são a linguagem, os símbolos e rituais,

os objetos, os gestos, o modo de trabalhar, de descansar etc.; e, os últimos são os

sentidos, as crenças, os valores, os medos, a visão de mundo, a concepção ética da

vida, etc. Os dois planos não são independentes entre si, ao contrário, formam um

sistema que constitui e traduz a identidade cultural de um grupo humano, seja ele

étnico, nacional, institucional ou associativo.

Como resultado de uma maior globalização, temos um mundo cada vez mais

global e dividido, porém completamente interligado. Onde é possível uma maior

tendência à padronização e mistura de culturas. Porém pode também acontecer um

pré-julgamento de algumas diferentes culturas, que são subjugadas pela cultura

ocidental europeia, em decorrência do contexto sócio histórico de relações de domínio,

de sistemas colonialistas e imperialistas e que se auto avaliam culturalmente mais ricos

e evoluídos, julgando as culturas e subculturas diferenciadas existentes.

“Compreende-se facilmente a dificuldade do antropólogo para utilizar a

noção de cultura, utilíssima para descrever as populações primitivas isoladas,

porém quase inútil no estudo de sociedades complexas e, em particular, em

áreas de intensa urbanização, onde os limites espaciais que definem a cidade

incluem grande diversidade de modos de vida. Diante dessas dificuldades, os

antropólogos, quando se voltaram para nossa sociedade orientaram-se para o

estudo de minorias, de grupos religiosos, ou estudos de comunidade onde

fronteiras mais ou menos nítidas definiam alguma espécie de isolamento e onde

cabiam os conhecimentos adquiridos no estudo dos povos primitivos.[...]”

(CARDOSO, 1975 p.1).

A subcultura, cultura que surge em forma de ramificações de outras culturas, se

trata também de minorias. Os New Gypsies de Iain Mckell aqui, são expostos como

uma subcultura de nova era de ciganos, compõem-se de não ciganos em mistura com

ciganos, de carroças que possuem armazenador de energia solar, de nomadismos,

entre outras coisas, mutações culturais diversas.

Os New Gypsies são tanto culturalmente isolados , quanto não, pois alguns deles

vieram de cidades ou outras localidades as quais são se encaixaram. Compreende-se

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então neste estudo que, como eles fazem parte da cultura cigana e nômade e ao

mesmo tempo em mistura com variadas outras culturas e subculturas de diversos locais

do mundo, consequentemente se transformam em uma subcultura vinda de uma

diversidade de locais e costumes se tornando uma só, uma grande mutante, de ciganos

nômades modernos.

“[...] Parece mais fácil trabalhar com o conceito de subcultura, se

admitirmos que, mesmo para as sociedades primitivas, as diferenças existem e

a cultura é uma recriação permanente onde a posição e o reconhecimento entre

os vários grupos se refaz de modo contínuo. Para o estudo das sociedades

complexas constituídas pela articulação de grupos e camadas diversas, é muito

importante como ponto de partida este caráter conflitivo e dinâmico dos

fenômenos culturais. Para poder entender o isolamento relativo de que certos

grupos podem desfrutar, é preciso, ao mesmo tempo, levar em conta as

relações de dependência que os fazem partes de um todo. [...]” (CARDOSO,

1975 p.2)

2.2.1 Grupalização

O pertencimento de um grupo ou de uma sociedade é dado desde a maternidade

quando se é parte de alguém, e os envolvidos estão em um laço de agrupamento,

geralmente já se nasce fazendo parte de uma família, tribo, grupo ou de uma

sociedade. E esse pertencimento normalmente é passado pelos ensinamentos dos pais

à criança, assim como os costumes que descrevem a tal família.

Primordialmente segundo GOMES (2014, p.1), no período pré-histórico

paleolítico, a mais ou menos dez mil anos atrás, quando se vivia uma vida nômade,

essa era feita por necessidade, como busca de melhores condições de sobrevivência.

Com essa busca, demonstra-se também uma preocupação, pela procura de melhores

condições de sobrevivência também para manter e certificar a continuidade do grupo, e

com essa preocupação se moldou até a intenção e percepção de uma nova forma de

se manter, que foi possível por meio de um cultivo, a agricultura. Assim, se enraizando

e criando seus próprios meios em um local adequado, onde era percebida uma certa

estabilidade e segurança, até virar algo permanente e possibilitar o crescimento e

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aprimoramento do local e de vida, que ao longo do tempo foi se tornando cada vez mais

complexa, permanente e sedentária, até os dias de hoje.

Porém esta ação nômade hoje é novamente vista e incorporada, mas sob

diferentes perspectivas, com novas intenções e especificidades, pois não é mais

necessário ser nômade, não se apresentam as mesmas necessidades que

anteriormente eram desafiadoras ao homem primitivo. Outras novas variações conotam

e traçam um novo nomadismo, em busca de melhoras em suas condições de vida,

variações, como a vivenciação de novas culturas, condições de trabalho, mudanças no

cotidiano, sede do novo, procura de desafios e aprimoramento pessoal, novos saberes

e pluralidades.

Os novos nômades, agora modernos são observados como uma grande mistura

de culturas e são reconhecidos como cidadãos do mundo muitas vezes sem pátria ou

anarquistas. A capacidade do homem de se expor a novas variáveis, renovação,

crescimento e capacidade de se adequar ao novo, as novas realidades, costumes,

culturas e diferentes sociedades geram consequentemente a possibilidade de vivenciar

outras culturas, como o uso de tecnologias e novos locais no mundo.

Da mesma forma que esta aberto a possibilidades, há um certo sentimento de

perda de referencial, de tradição, onde a noção de pertencimento de uma determinada

identidade cultural é abalada e pode até ser perdida, ocorrendo assim variadas

mutações. E assim continuam esses nômades por opção e preferência a descobrir e

desbravar o mundo e suas diversidades, em constante deslocação e assimilação, em

uma mistura de novos aprendizados e saberes, além de desfrutar um maior tempo para

aperfeiçoamento humano como a filosofia devido ao estilo de vida que levam, já não

mais tradicionais. Formando assim um aglomerado de signos, símbolos e cultural de

souvenirs.

2.3 Os Nomadismos atuais

“O nômade conserva um segredo de felicidade que o cidadão perdeu, e

por este segredo sacrifica a comodidade e a segurança. Múltiplos são os êxitos,

os álibis e as sensações da viagem, mas um só é o profundo e verdadeiro

motivo interior que a determina: perseguir o segredo daquela remota felicidade.”

(MASI, 2013, p.102).

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MAFESSOLI (2001), exprime a ideia de que a pós-modernidade está se

constituindo em torno de um pensamento de enraizamento dinâmico. Assim como o dos

grupos nômades, ele fala da “sede do infinito” do desejo de outros lugares e do

nomadismo como essa manifestação, vista por ele também como uma errância e

vagabundagem existencial que se desenrola a partir do oco desta sede social. Apesar

de MAFESSOLI (2001), estar bem à frente do seu tempo, isso mostra uma tendência ao

nomadismo na atualidade, pela busca incessante do novo, do efêmero, construído a

partir de vertentes diferente da vontade desses ciganos de se locomover, mas se

encontrando de um modo muito especial, que com o passar do tempo, convivências,

interações, adaptações, passagens nos faz refletir que estamos seguindo a passos

curtos um mesmo caminho.

Assim com o passar do tempo são reinscritas novas histórias e novos modos de

se expressar e se colocar no mundo. MAFESSOLI (2001, p. 28) diz que "trata-se de

uma tendência geral de uma época que, por uma volta cíclica dos valores esquecidos

se liga a uma contemplação daquilo que é".

SOUZA e SILVA (2004, p.283) falam sobre tecnologias nômades de

comunicação, que reinventam espaços urbanos como ambientes multiusuários,

significando que é agora possível se comunicar com indivíduos que não estão

presentes fisicamente, ao mesmo tempo em que se move pelo espaço físico, que é

também habitado por outras pessoas. É a implicação de contextos que cria a

experiência de multiusuários, diversos indivíduos em rede, estando interligados e

podendo viajar nos espaços virtuais da internet quando e onde quiser.

Os novos tipos de nomadismos e suas respectivas aparições se tornam cada vez

mais fortes, principalmente em meio a grandes cidades, a busca pela natureza, pelo

ecológico, ou até mesmo a busca de autoconhecimento, de cultura, de peculiaridades,

viagens e fascínio por misturas, estão cada vez mais comuns. Hoje se tem uma

facilidade muito grande para viajar, muitos preferem o luxo nas viagens e outros

simplesmente pegam suas mochilas e colocam os pés na estrada.

Estes também chamados de mochileiros chegam bem perto do conceito nômade

por um período de tempo, muitos até aderiram a esta prática e vivem a rodear o mundo

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sem se estabelecer, de diversas formas, tanto a trabalho, como por estilo de vida. Esse

estilo de vida também pode ser observado e serve de inspiração para filmes, literatura e

para diversos públicos pela simples curiosidade, estudo e vontade de conhecer o

mundo.

Essa comunicação e interação de atuais e verdadeiros nômades com indivíduos

sedentários também é feita a partir de festivais, o que possibilita mais trocas de

experiências culturais, local este que possibilita fazer diversos estudos onde os dois

lados apresentam as suas formas de viver e observar o mundo, o que para muitos se

torna fascinante, e assim novamente motivo de inspiração para a vida, adequando a

sua maneira e surgindo novas visões e modos de vivenciar o mundo, podendo até gerar

um novo tipo de subcultura se for feito algum tipo de grupalização.

O estilo alternativo de viver está em ascensão, Há diversos tipos de

comunidades de passagem que já são observadas pelo mundo todo, o que também

tem sido um outro tipo de comunicação, de troca e meio de comparação com esse

estilo livre e nômade.

Há muitas pessoas saindo de seus lugares de conforto e buscando algo

diferente, se observa um interesse cada vez maior por isso, principalmente entre

jovens, mas não se limita a eles.

Essa ligação de diferentes mundos foi possível também por meio da tecnologia,

redes sociais, e outros. Os novos meios de comunicação possibilitam uma observação,

e interação à distância que deixa o mundo cada vez mais conectado, informado e

global. E a fuga deste global, que também é um motivo do deslumbre e orgulho de

subculturas como está retratada de nômades modernos encontrada em UK por Iain

McKell, mostra uma dicotomia. É divulgada as suas existências para inspiração por

meios globais de comunicação, então é mostrado que é possível uma união antes muito

evitada. Como de dois mundos completamente diferentes, sendo nômade e fazer o uso

da internet, e pesquisar sem corromper um modo de vida ou um estilo de vida único,

mas se adequar de tal modo que tudo hoje parece ser adequável e mutável. E que

continua seguindo, expandindo, se adequando até virar um mosaico e emaranhado de

diversidade, que pode ser expresso pelo vestir de diferentes símbolos e hibridismos que

compõe e são retratados na coleção souvenir.

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3. BOOK DE COLEÇÃO

O book de coleção é a representação visual e imagética dos elementos da

coleção, como público alvo, parâmetros de moda, conceito, cartela de cores e materiais,

mapa da coleção que contém 25 croquis e o mapa do desfile com os três croquis que

foram para o desfile no OCTA FASHION 2015.

No curso de moda da UDESC, previamente é apresentado um Book manual, que

possui os croquis e outras partes feitas à mão, sendo assim mais artesanal.

Posteriormente este book Manuel é transformando em forma digital, estando disponível

em uma plataforma online onde os croquis e os outros complementos recebem

tratamento digital. Anexado a este trabalho também é feito um vídeo individual da

coleção e um cartão de apresentação com Qr code.

3.1 Conceito e tema

A coleção relaciona as vestes com a mistura cultural e informativa que envolve

os ciganos nômades modernos, formando um conjunto complexo de Souvenirs que

fazem parte de suas bagagens de viagens, tornando- se parte de suas memórias e

complementando suas aprendizagens e relações interculturais e plurais, assim é

apresentado um mosaico vestível e caricato, moldados por suas passagens em

variadas rotas sem perder a marcante identidade grupal. O grupo convive com o mundo

ao seu modo, mesmo podendo se estabilizar e se homogeneizar, escolhe viver com o

pé na estrada em suas viagens focadas em suas liberdades e divagações a esmo. O

que lhes promove um maior tempo livre para desenvolver autoconhecimento,

aprendizados diversos e para explorar a natureza de modo até mesmo selvagem. Estes

novos ciganos têm em sua vivência uma poesia natural, são bastante motivados a

aperfeiçoar seus lados artísticos e poéticos de forma romântica para contrastar com a

imagem decadente que é criada ao seu redor, logo trazem consigo peculiaridades

impares, diferenciações que os tornam ricos culturalmente e ideologicamente que são

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externalizadas em seus costumes, expressividades e adornos. Levam consigo em suas

caravanas símbolos e Souvenirs colhidos em diversas localidades pelas quais fizeram

caminho, tais símbolos e Souvenirs são adaptados e readaptados tornando-se uma

miscelânea de possibilidades a serem vestidas refletindo diversas culturas em suas

misturas, que singularmente inspiram de forma tenra e eficiente a coleção de moda

criada em volta dessa vertigem de sentimentos vestíveis. Souvenir é uma coleção

conceitual experimental e foi apresentada no evento OCTA FASHION 2015.

3.1.2 Conceito: SOUVENIR

Em francês o termo souvenir se refere a memórias, como um objeto que resgata

a cultura, relacionando-o a localidades, viagens, momentos, aprendizagens. Podemos

dizer então que o souvenir é algo que recorda momentos especiais e resgata a cultura

do local. Os souvenirs são fragmentos que ao longo da caminhada podem ser

encontrados e incorporação a uma nova cultura formando novos signos. Podendo

também fazer parte de algo maior, como uma coleção, onde podem ser encontrados

fragmentos de diversas localidades, que podem ser misturadas e utilizadas de variadas

formas, formando novos signos.

O souvenir é algo que soma para o indivíduo assim como uma lembrança, ele é

guardado com um sentimento para depois ser resgatado, ou utilizado, revivendo sua

significação, como uma forma de peça, que ao todo pode formar um grande quebra-

cabeça de informações ou um mosaico étnico. Segundo HORODYSKI (2014 p. 80)

Souvenir é também um termo universal usado em qualquer destino turístico do mundo.

Não se pode definir o que o souvenir é, ele pode ser qualquer coisa palpável, porém

continua sempre a resgatar algo. Segundo REIS (2008, p. 2), “O consumo de souvenirs

é uma das formas mais difundidas de troca cultural e aproximação com a cultura

desconhecida”.

Relacionando o souvenir com a vestimenta podemos falar de signo, pois quando

se veste certa peça você quer passar uma imagem, assim demonstrando signos. O

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signo da roupa pode ser expresso também como um souvenir, que ao colocar certa

peça feita com certas simbologias e peculiaridades, como algo da tribo de nômades

modernos, traz a memória, fazendo um resgate cultural, trazendo lembranças que

agora podem ser revividas e mutadas com a combinação de novos signos e outros

souvenirs gerando um sentimentalismo vestível.

O souvenir segundo HORODYSKI (2014 p. 80,86), “Não deve ser analisado pelo

que parece ser, mas por aquilo que ele representa às pessoas”. Fala também que “O

consumo de souvenirs tem o papel simbólico de representar a cultura do outro, mas

também de comprovar que foi feita uma viagem, validando o status do viajante.”.

A definição extraída do Dicionário Aurélio sobre souvenir diz que: Substantivo

masculino. 1.Objeto característico de um lugar, vendido como lembrança a viajantes,

especialmente a turistas. Miniaturas de estátuas, monumentos, embarcações, obras de

artes, em alusão à determinados lugares.

Com essas significações o souvenir traz uma conotação sentimental e especial à

peça, que retrata a memória dos seres que nos tornamos, dos locais que passamos, do

que levamos conosco. São simplesmente símbolos vestíveis que podem se transformar

em grandes mosaicos de souvenir e compor a coleção proposta. Cada fragmento de

souvenir que compões as vestes é como pedaços de um quebra cabeça que monta um

corpo, um corpo vestido como pele, que se incorpora e se transforma em algo caricato,

cada pedaço é um souvenir. Compreende-se então segundo MACHADO E SIQUEIRA

(2008 p. 6) que: “Um souvenir é um signo/e ou um símbolo”.

Símbolo esse que trás uma marca especial a cada vestimenta, onde esta retrata

passagens. A veste é como uma recordação de diversificados locais que estes

nômades passam e que vão se moldando, juntando novos símbolos, souvenirs,

aprendizados, culturas, formando seres complexos. Adquirir um souvenir é uma prática

realizada em praticamente todas as culturas e o souvenir vestimenta está relacionada a

um quebra cabeça de mosaicos que vão expressar o local de passagem através de

uma peça vestível como um souvenir.

3.1.3 Público-alvo

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A coleção souvenir é direcionada: À mulheres, com idade entre 25 a 35 anos,

viajantes, colecionadoras de peças étnicas que gostam de se envolver com diferentes

culturas. Apreciam o estilo gypsie e boho chic, curtem a natureza, gostam e apreciam o

estilo caricato e forte, se envolvem com dança, acreditam em ligações e energias,

seguindo para um lado mais místico. Curtem literatura e artes em geral, gostam de ter

seu tempo para filosofar, tem apreço por uma vivência mais calma, tranquila e

expressiva. Porém gostam de se arrumar e de manter padrões estéticos altos,

utilizando o cultural e procurando novas alternativas de consumo, como peças

garimpadas em diferentes locais que possam virar um look, visto que a proposta do

subtema é a mistura, de achar seus próprios souvenirs e se montar.

O segmento de mercado é feminino, étnico e boho abrangem dês de pequenas

lojas artesanais com peças únicas, brechós, lojas culturais, ou com roupas que seguem

um estilo boho ou étnico até lojas tradicionais. Essas roupas trazem signos

impregnados, que atraem o público alvo e se encontram em diferentes locais e culturas,

essas peças são como uma coleção pessoal de souvenir cultural, como que uma

caracterização do local visitado. Esse público busca signos para se expressarem e se

comunicarem visualmente, e em suas caminhadas levam e trazem energia em cada

local que passam. Esse público também compra em lojas como, Animale, Cantão, Gaia,

Farm, entre outras.

Assim essas roupas são feitas para um público que tem apresso por

caracterização, que gosta de explorar e procurar por peças como se achasse tesouros

e que leva consigo a bagagem cultural dos lugares por onde transitam, e com elas se

inspiram, moldando personalidades, recriam estilos e em um emaranhado de mosaico

vestível de souvenirs se encontra esse novo cigano moderno.

3.1.4 Release Revista

A partir do livro The New Gypsies ( 2011 ) de lain Mckell, apresenta-se os

nômades ciganos, inspiradores da coleção Souvenir. O conceito relaciona a vestimenta

com as mesclagens culturais interativas que envolve tal grupo, como uma rede

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informativa culturalmente riquíssima que são construídas a partir de suas memórias ou

mesmo aleatoriamente.

3.1.5 Painel Conceito e texto argumento

A coleção Souvenir é conceitual e experimental. É apresentado um grupo de

ciganos nômades, que somam, sendo um emaranhado de informações e conexões

feitas e adquiridas com o mundo de diversas maneiras, este grande emaranhado de

Souvenirs conversa e converge em misticidade, étnico, cultura, modernidade,

peculiaridades, caminhos, marcas, expressividade e beleza. Mostrando o lúdico cigano

e a bagagem nômade do mundo casa a ser explorado e expresso em souvenirs

psicológicos e vestíveis. A coleção chama atenção para o modo de ser destes ciganos

nômades, com novas cargas adquiridas, evoluídos e mutáveis. Continuamente em

trânsito e constantemente em contato com novos signos e em adequação, gerando um

mosaico de informações a serem expressas e montadas em si. O Souvenir são estas

expressões que se mostram de diversas maneiras, conceito inspirado em um grupo

chamado pelo autor Iain Mckell de “New gypsies”, ciganos nômades que vivem pelo

mundo em suas carroças puxadas por cavalos, lutando pela sobrevivência e utilizando

tecnologias como: Energia solar, smarthphones e notebooks. Porém se mantendo em

sua vida nômade tradicional nas margens de uma sociedade, observando, eles se

interessam também pelo que é deixado de lado, fazendo destes uma nova parte de si.

O Souvenir é qualquer coisa que pode ser adequada e armazenada em seu mundo

particular, pode ser abstrato ou não, pois é algo que se somatiza e assim se faz parte.

Este grupo conceitualmente dito como seres plurais e sinestésicos assim como a

coleção são uma memória corpo.

Figura 3 - Painel conceito

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Fonte: Produção da autora (2015).

3.2 Lifestyle

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Íntimo, místico, conectado, plural, belo, forte, andarilho, cigano. Podemos

observar um público diferenciado e peculiar, que gosta de coisas mais artesanais e

profundas, que cuida da saúde do corpo e da mente. Se importa com os seres vivos em

geral e é uma pessoa livre de espírito. Gosta do místico, de sentir o mundo e conhecê-

lo, se expressar quando sente vontade, adora viagens, explorar as culturas, adquirir

novos conhecimentos, é uma pessoa interativa e também marcante, passa mas deixa

rastros, simplesmente uma pessoa familiar e amorosa com os seus.

Em sua tenda a noite de mansinho vem cantar, para as flores que a aguardam

ansiosamente por chegar. Mãos, pés e o íntimo desnudo como simbólico recíproco de

liberdade, ela vaga entre as pedras desviando sorrateiramente em forma de dança e vai

cantando de mansinho uma ou duas coisas repetidas, encontra suas mão lá no alto e

agradece a vida que tem, por si e por todos os outros que a cercam. Encontra-se então

dentro da tenda, pega o celular e põe uma música para tocar, e ao som das flautas,

flutua, sente sua respiração de leve e depois nota-se pesar e logo sua leveza aparece

novamente. Paciência, coração bate, mente forte e conectada, ela sabe, ela vê, ela

para e sorri. De tudo que já passou em sua vida, do acordar até o se alimentar, tudo

tem uma motivação, uma escolha, uma sensação, sensação essa de ser presente em

um mundo onipotente cheio de gente e concentração de coisas que ela adora mas que

também odeia. Ela agora se cobre com um pedaço de pano manso, vermelho, ela o

acaricia levemente na face e solta um suspiro devagar: -“ Âmago”. Ela diz em seu

devaneio de experimentações. Ela é tão plural, cheia, mas não é completa e jamais

poderia ser, pois suas viagens a enchem, ela precisa sair, conhecer, somar e se

encontrar, diversas e diversas vezes. Lá fora onde o mundo é cheio, cheio de coisas

pra levar, onde são todos souvenirs, prontos para a próxima hora de ser novamente,

outro ou o mesmo. Agora ao se sentar em devaneio sofre a metamorfose de flor que ela

mesma encontrou ao provar do outro, aquilo que muitas vezes já não o satisfaz mais.

3.2.1 Painel Lifestyle

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Figura 4 - Painel lifestyle

Fonte: Produção da autora (2015).

3.3 Parâmetros de moda

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A coleção Souvenir expressa o cigano nômade com sua variedade de

referências e pluralidade visual, desta forma os parâmetros são bem diversificados.

Inspirado na variedade de culturas e estilos do mundo trazem imagens fortes, formas

marcantes, vestidos longos, roupas dançantes, étnicas, com grande quantidade de

informações, cores e estilos diferenciados, que juntos formam o mosaico de souvenirs,

conceito da coleção.

Gera-se uma mistura refinada que resulta nos looks, apresentam-se então como

parâmetros de moda para a coleção Souvenir desde os ciganos modernos retratados

por Iain Mckell, que mostra os nômades fonte de inspiração do conceito, até um look de

Jakarta no fashion week Indonésia de 2013. Outras referências apresentadas são; A

coleção de 2014, verão de Valentino, que expressa o étnico, a coleção de inverno de

John Galliano em 2009, com sua inspiração no folclore cultural Russo e também

seguindo essa identidade étnica o editorial da Grand Bazaar Antiques. As inspirações

demonstradas, seguem o ritmo diversificado, forte e marcante explorado pela cultura

cigana nômade conceitual, em caminhos incessantes de encontro com seus Souvenirs.

3.3.1 Painel Parâmetros de Moda

Figura 5 - Painel Parâmetros de moda

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Fonte: Produção da autora (2015).

3.4 Cores

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Em meio ao crepúsculo, lembra-se da vida, Imensidão , pequeno Devaneio...

Dos dias, passagens , caminhos, estradas, vivências, do frio, em seus dias de Gelo, de

céus limpos e calorosos como verão, de noites de Tempestade ou de um momento

escuro no qual muitas vezes imerso no Breu nem se sente presente, onde a escolha de

uma vida nômade em liberdade o faz ser escondido, tão único e pequeno. Mas o faz ser

pois sabe estar ali, se fazer presente, vivenciar e sobreviver. Sente sede e vontade,

para assim ser e fazer parte, sentindo e observando, se colocando aos poucos em um

espaço abstrato tão cheio de diversidade que faz lembrar um mosaico, um ser tão plural

onde cada pequeno espaço é preenchido com um souvenir, se tornando rico mesmo

que pobre. E no seu Âmago vê-se desabrochar a flor que é a multiplicidade de seres,

de expressão, de diversas peles, de prazeres, sentires, sentidos e olhares. Cada um

observa de uma maneira, e o romântico nômade vê o âmago, montado em seu lugar de

dormir cigano imerso sobre um céu ao observar as Cores do crepúsculo que já se fora

para depois voltar, assim como ele.

3.4.1 Cartela Cromática

Figura 6: Cartela cromática

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Fonte: Produção da autora (2015).

3.4.2 Harmonia de Cores

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Figura 7 - Harmonia de cores

Fonte: Produção da autora (2015).

3.5 Coleção

A coleção relaciona as vestes com a mistura cultural e informativa, formando

uma coleção complexa de Souvenirs que fazem parte de uma bagagem de viagens,

tornando- se parte de memórias e complementando as aprendizagens e relações

interculturais e plurais. Assim é apresentado um mosaico vestível e caricato moldado

por passagens em variadas rotas, sem perder a marcante identidade grupal.

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O grupo de ciganos nômades convive com o mundo ao seu modo, mesmo

podendo se estabilizar e se homogeneizar, escolhe viver com o pé na estrada em suas

viagens focadas em liberdade e divagações a esmo, o que lhes promove um maior

tempo livre para desenvolver autoconhecimento, aprendizados diversos e para explorar

a natureza de modo até mesmo selvagem. Estes novos ciganos tem em sua vivência

uma poesia natural, são bastante motivados a aperfeiçoar seus lados artísticos e

poéticos de forma romântica para contrastar com a imagem decadente que é criada ao

seu redor, logo trazem consigo peculiaridades impares, diferenciações que os tornam

ricos culturalmente e ideologicamente, que são externalizadas em seus costumes,

expressividades e adornos. Carregam em si e nas suas caravanas símbolos

e Souvenirs colhidos em diversas localidades pelas quais trilharam, tais símbolos

e Souvenirs são adaptados e readaptados tornando-se uma miscelânea de

possibilidades a serem vestidas, refletindo diversas culturas e suas misturas, que

singularmente inspiram de forma tenra e eficiente a coleção de moda criada em volta

dessa vertigem de sentimentos vestíveis.

Souvenir é uma coleção conceitual experimental e foi apresentada no evento

OCTA FASHION 2015. As figuras seguintes apresentam a coleção, representando a

ilustração e os desenhos técnicos, contendo 25 looks no total.

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Figura 8 - Look 1

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 9 - Look 2

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 10 - Look 3

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 11 - Look 4

Fonte: Produção da autora (2015).

.

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Figura 12 - Look 5

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 13 - Look 6

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 14 - Look 7

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 15 - Look 8

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 16 - Look 9

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 17 - Look 10

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 18 - Look 11

Fonte: Produção da autora(2015).

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Figura 19 - Look 12

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 20 - Look 13

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 21 - Look 14

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 22 - Look 15

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 23 - Look 16

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 24 - Look 17

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 25 - Look 18

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 26 - Look 19

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 27 - Look 20

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 28 - Look 21

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 29 - Look 22

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 30 - Look 23

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 31 - Look 24

Fonte: Produção da autora (2015).

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Figura 32 - Look 25

Fonte: Produção da autora (2015).

3.6 Mapa da coleção

Figura 33 - Mapa da coleção

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Fonte: Produção da autora (2015).

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3.7 Mapa do desfile

Figura 34 - Mapa do desfile

Fonte: Produção da autora (2015).

3.8 Produção de desfile

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Figura 35 - Produção de desfile

Fonte: Produção da autora (2015).

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3.9 Trilha sonora do desfile

Música: Jig of Life.

Interprete: Kate Bush.

3.10 Press kit

Figura 36 - Press Kit

Fonte: Disponível em: <http://www.tendaindie.com.br/colar-jaspe-vermelho-> Acesso: 6 junho. 2015.

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4. DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

Mostra os detalhamentos de produção dos três looks desenvolvidos para desfilar

na passarela no evento OCTA Fashion 2015. Os processos foram feitos com o

planejamento das peças, após foi feita a modelagem, teste de modelagem,

confecção de protótipos e confecção dos looks desfilados.

4.1 Ficha técnica

A Ficha técnica é um documento fundamental para a produção das peças,

principalmente na indústria. Nela contém o desenho técnico, o plano de corte e a

sequencia operacional de cada peça facilitando deste modo, o processo de montagem

e produção das peças. Nela também estão contidos detalhes técnicos dos materiais

usados, como composição dos tecidos, fornecedor e preço. Ou seja, a ficha técnica

contém características de cada peça, desde os materiais até a montagem da peça. A

ficha deve acompanhar a respectiva peça durante toda a produção, sendo que a cada

etapa acrescentam-se informações necessárias.

4.1.1 Ficha Técnica dos Produtos Referentes ao Look1

Figura 37 - Ficha técnica look 1

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Fonte: Produção da autora (2015).

4.1.2 Ficha Técnica dos Produtos Referentes ao Look2

Figura 38 - Ficha técnica look 2

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Fonte: Produção da autora (2015).

4.1.3 Ficha Técnica dos Produtos Referentes ao Look3

Figura 39 - Ficha técnica look 3

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Fonte: Produção da autora (2015).

4.2 Relatório e etapas da produção

4.2.1 Look 1

Figura 40 - Etapas look 1

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Fonte: Produção da autora (2015).

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4.2.2 Look 2

Figura 41 - Etapas look 2

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Fonte: Produção da autora (2015).

4.2.3 Look 3

Figura 42 - Etapas look 3

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99

Fonte: Produção da autora (2015).

4.2.4 Prototipagem

Todas as peças menos o drapeado do look 2 que foi produzido com Musseline

(100% PES), foram feitos com Failete (100% PES). Após confeccionadas, notou-se

necessário rever para as peças do desfile:

1- Look 1: Diminuir a pence do vestido na parte da frente, aprofundando 2cm, diminuir a

saia do vestido em 7 cm para encurtar e medir as costas da modelo para a colocação

das correntes do decote das costas (Duas correntes).

2- Look 2: Prender pares de colchetes (4) 1 cm acima na cropped, aprofundar o busto em

1,5 cm e a pence das costas em 1,5 cm.

3- Look 3: Diminuir a pence do busto em 2 cm, diminuir 3 cm da cropped para ficar mais

curta, colocar colchetes (4) entre os transpasses da saia para que não abrisse na hora

de caminhar.

4.2.5 Confecção

Os looks foram um pouco executado no atelier de confecção da UDESC, nos

períodos de aula e em sua maioria em casa, utilizando uma máquina de costura

caseira, além da execução das etapas manuais. A confecção foi feita minuciosamente

para ter um bom resultado, foram tomados todos os cuidados, principalmente pelo

tecido de Cetim ser muito sensível. Todas as peças foram alinhavadas e feitas

cautelosamente para obter um excelente resultado.

4.3 Imagens de produção de moda e desfile

Figura 43 - Editorial

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Fonte: Fotógrafo Guilherme Dimatos (2015).

Figura 44 - Editorial1

Fonte: Fotógrafo Guilherme Dimatos (2015).

Figura 45 - editorial2

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Fonte: Fotógrafo Guilherme Dimatos (2015).

Figura 46 - Desfile1

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Fonte: Fotógrafo Cristiano Prim (2015).

Figura 47 - Desfile2

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Fonte: Fotógrafo Adriano Debortoli (2015).

Figura 48 - Desfile3

Fonte: Fotógrafo Adriano Debortoli (2015).

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Figura 49 - Desfile4

Fonte: Fotógrafo Adriano Debortoli (2015).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dessa pesquisa desenvolvi um olhar diferenciado onde apresento e

relaciono os nômades modernos introduzindo o conceito souvenir, como parte de um

mosaico que os compõe e fazendo disto inspiração para a coleção. Por meio dos

ciganos nômades modernos é ampliado o repertório de possibilidades de inspiração,

que ao misturar-se com a criação estética chega ao conceito da coleção de moda,

intitulado “Souvenir”, que aborda o emaranhado de souvenirs, que são pedaços,

resquícios, lembranças, aprendizados, vivências, espaços e memórias vividas pelos

ciganos nômades modernos.

Esse novo olhar compõe uma perspectiva de grupalização e misturas de culturas

bastante diferenciada, como ciganos nômades que vivem em carroças, normalmente

em meio à natureza utilizando energia solar e/ou eólica para fazer seus objetos

eletrônicos funcionarem, utilizando também a internet, notebooks, redes sociais e smart

phones, formando assim uma ligação desta subcultura com o mundo global. O estudo

feito acerca desses novos nômades unidos em grupos pelos mais variados motivos e

sendo dinâmicos a mudanças, em uma mistura de velho e novo, tradição e adaptação,

do natural e artificial, em contato com um mundo globalizado e curioso, suscetível a

novas experiências e novos signos, representam a ligação multicultural e em trânsito

que pode ser gerada nessas experiências nômade grupal, a diferenciação e ao mesmo

tempo interação com o mundo destas subculturas que estão na marginal geram a

beleza ímpar e peculiar, instigante e inspiradora, muitas vezes ignorada, explorada pela

coleção Souvenir.

A coleção é inovadora e composta por uma diversidade de signos, que vão

compor o mosaico roupa, demonstrando a abrangência e a variação de carga cultural

deste grupo.

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