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CD DE RESUMOS Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

Universidade do Estado do Amazonas Escola Superior de ... · Em nome da Comissão Organizadora, apresentamos os trabalhos a todos os participantes e desejamos pleno êxito no enriquecimento

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Universidade do Estado do Amazonas

Escola Superior de Tecnologia

Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara

CD DE RESUMOS

Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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Educação, Desenvolvimento e Meio Ambiente

Coordenação Geral:

DEOLINDA LUCIANNE FERREIRA GARCIA

Coordenação Editorial:

FABÍOLA DA SILVA RODRIGUES

MELISSA CHALCO FERNANDEZ

SECTSecretaria de Estado de Ciência e Tecnologia

CESI/UEACENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE ITACOATIARA

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Educação, Desenvolvimento e Meio Ambiente

Comissão Organizadora:

DEOLINDA LUCIANNE FERREIRA GARCIA

REJANE GOMES FERREIRA

FABÍOLA DA SILVA RODRIGUES

MELISSA CHALCO FERNANDEZ

THANA ESASHIKA BEZERRA

RENATA BRAGA SOUZA LIMA

JUAN DANIEL VILLACIS FAJARDO

LUÍS ANTÔNIO DE ARAÚJO PINTO

RODRIGO AUGUSTO F. SOUZA

FÁBIO BASSINI

IANE BARRONCAS GOMES

JAMILE DEHAINI

JUAN ANTONIO ALEJO DIAZ

GILSON ROBERTO V. DOS SANTOS

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Educação, Desenvolvimento e Meio Ambiente

Comitê Científico:

FABÍOLA DA SILVA RODRIGUES

GILSON ROBERTO V. DOS SANTOS

MELISSA CHALCO FERNANDEZ

RENATA BRAGA SOUZA LIMA

RODRIGO AUGUSTO F. SOUZA

THANA ESASHIKA BEZERRA

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Educação, Desenvolvimento e Meio Ambiente

NOTA

Os artigos contidos neste CD são de inteira responsabilidade dos respectivos autores.

As afirmações técnicas e cientificas, bem como opiniões e menções de qualquer metodologia,

não implicam sua aceitação e recomendação por parte da Comissão Organizadora ou da

Universidade do Estado do Amazonas. Os editores não se responsabilizam pela revisão

ortográfica e gramatical ou eventual erro de classificação dos resumos nas áreas temáticas

contempladas no evento.

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Educação, Desenvolvimento e Meio Ambiente

APRESENTAÇÃO

Este CD contém os resumos expandidos dos trabalhos selecionados para apresentação

Florestal. Os trabalhos estão divididos por três áreas temáticas:

1. Educação, desenvolvimento e meio ambiente;

2. Tecnologia, Silvicultura e Manejo Florestal;

3. Gestão Ambiental.

Além da publicação em CD, os trabalhos estão incluídos na agenda técnica do evento, na forma de sessões de painéis.

Em nome da Comissão Organizadora, apresentamos os trabalhos a todos os participantes e desejamos pleno êxito no enriquecimento sobre as Perspectivas do Conhecimento na Região do Médio Amazonas.

Itacoatiara, AM, Agosto de 2009

na primeira Semana de Engenharia Florestal do CESIT / UEA.

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Educação, Desenvolvimento e Meio Ambiente

SUMÁRIO

EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE ......... .................................. 9

O CARVÃO VEGETAL, IMPACTOS AMBIENTAIS E O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO DE COMUNIDADE SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (LAGO DO SERPA)¹ ......................................... 10

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA NECESSÁRIA RELAÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA. ................................................................................................ 14

PIBIC JR, O DESPERTAR DO ESPÍRITO CIENTÍFICO.............................................................................. 19

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA COMUNIDADE DO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA (AM): AÇÃO PARA APLICAÇÃO DE ATIVIDADES AMBIENTAIS INFANTIS ............................................... 23

O PAPEL DA ESCOLA ITINERANTE DE MEIO AMBIENTE NA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL .......................................................................................................................................................................... 28

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO CONJUNTO CIDADÃO EM ITACOATIARA (AM) .......................................................................................................................................................................... 31

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO COTIDIANO ESCOLAR: LEVANTAMENTO PARTICIPATIVO DO USO DA ÁGUA EM UMA ESCOLA DO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA1 ............................................. 37

AÇÃO DE REUTILIZAÇÃO DO LIXO INORGÂNICO PARA ELABORAÇÃO ARTESANAL DE BRINQUEDOS, JOGOS E ARTES A CRIANÇAS DE SETE A TREZE ANOS1 ......................................... 41

COMPORTAMENTO DE Saguinus bicolor EM FRAGMENTOS FLORESTAIS URBANOS DA CIDADE DE MANAUS .................................................................................................................................................. 46

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA COMUNIDADE DO BAIRRO DA PAZ: ATIVIDADES PRÁTICAS DE REFLORESTAMENTO¹ ................................................................................................................................. 50

TECNOLOGIA, SILVICULTURA E MANEJO FLORESTAL ....... ............................... 53

ALGUNS ASPECTOS DO PERFIL DAS MOVELARIAS NO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA, AM .... 54

SISTEMA DE PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL EM UMA ÁREA RURAL NO LAGO DE SERPA, MUNICÍPIO DE ITACOATIARA .................................................................................................................. 60

O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL E A EXTENSÃO FLORESTAL ......................................................... 65

DETECÇÃO DE CONTAMINAÇÃO EM SUBSUPERFÍCIE POR MÉTODOS GEOFÍSICOS NO ENTORNO DO LIXÃO DE ITACOATIARA, AM 1...................................................................................... 70

DIAGNOSTICO DA VEGETAÇÃO SUPERFICIAL NA REGIÃO DO MÉDIO AMAZONAS PRÓXIMO AO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA. ........................................................................................................... 74

DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS HIDROGEOLÓGICOS ATRAVÉS DO MÉTODO GEOFÍSICO NO ENTORNO DO LAGO SERPA EM ITACOATIARA, AM1 .......................................................................... 79

EFEITO DA ADUBAÇÃO EM MUDAS DE PARKIA PENDULA (WILLD.) WALP EM VIVEIRO¹ ....... 82

AVALIAÇÃO MORFOLOGICA E MORFOMÉTRICA DE Oenocarpus bacaba, OCORRENTES EM UMA COMUNIDADE DO LAGO DE SERPA-ITACOATIARA, AM ................................................................... 85

APROVEITAMENTO COMERCIAL DO ESTIPE de Bactris gasipaes H.B.K., ARECACEAE, NA FABRICAÇÃO ARTESANAL DE PLACA PARA REVESTIMENTO INTERNO DE PAREDES ............. 88

ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA DO ESTRATO ARBÓREO DE UMA ÁREA DE CAMPINARANA NO ALTO RIO PRETO DA EVA, AMAZONAS ................................................................................................. 93

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AVALIAÇÃO DA INFESTAÇÃO POR ERVAS-DE-PASSARINHO E DE PARÂMETROS DENDROMÉTRICOS DAS ESPÉCIES UTILIZADAS NA ARBORIZAÇÃO DA CIDADE DE ITACOATIARA/AM. ...................................................................................................................................... 98

CONSTRUÇÃO DE PEQUENAS EMBARCAÇÕES EM MADEIRA NO AMAZONAS: UMA PROPOSTA DE MELHORIA ............................................................................................................................................ 103

POTENCIAL OLEAGINOSO DA ANDIROBA NO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA – AM. ................ 108

GESTÃO AMBIENTAL ..................................................................................................... 111

ESTIMATIVA DA QUANTIDADE DE RESÍDUOS DE MADEIRA GERADOS NAS MOVELARIAS DA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA (AM) .................................................................. 112

QUANTIFICAÇÃO DO DESPERDÍCIO DE FRUTAS E HORTALIÇAS NA FEIRA DO PRODUTOR RURAL NO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA ........................................................................................... 118

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO LIXO NO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA (AM) 1 ........................ 121

PERFIL DAS EMPRESAS E DOS TRABALHADORES DO SETOR MOVELEIRO EM ITACOATIARA-AM ................................................................................................................................................................. 126

ESTUDO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO POLO MOVELEIRO DE ITACOATIARA-AM ...... 129

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EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E

MEIO AMBIENTE

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O CARVÃO VEGETAL, IMPACTOS AMBIENTAIS E O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO DE COMUNIDADE

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (LAGO DO SERPA)¹

Carlos Sérgio Pessoa Nogueira2; Juan Daniel Villacis Fajardo3; Edifran Nascimento Andrade4, Rosimere Braga Lira5

¹Projeto financiado pela FAPEAM; 2,4,5Bolsistas da FAPEAM, Curso de Engenharia Florestal do Programa de

Apoio a Iniciação Científica PAIC da UEA/CESI; 3Professor UEA/EST/CESI.

Resumo

A produção de carvão vegetal na comunidade Sagrado Coração de Jesus (Lago do Serpa), nos fornos chamados “rabo quente”, acontece há mais de 50 anos, sendo uma das formas de obtenção de renda de algumas famílias e complemento de outras, acompanhada de outras atividades como a plantação de mandioca pra a produção de farinha. O objetivo do presente trabalho foi verificar a influência financeira da produção do carvão vegetal na vida das pessoas que vivem dessa prática e o impacto ambiental na comunidade. Foi acompanhado o processo de fabricação de carvão vegetal, a forma de armazenamento, a quantidade produzida (saca), transporte e negociação. A renda dos produtores de carvão vegetal caiu em 2009 devido à perda na produção do carvão vegetal.

Palavras – chave: carvão vegetal; renda; comunidade.

Introdução

Por ser uma forma de energia barata, abundante e acessível, o carvão vegetal é bastante utilizado nas áreas urbanas e rurais na Amazônia em geral e no Amazonas em particular, tanto para uso doméstico quanto comercial. (LIMA e SOUZA, 2003).

É importante avaliar as condições de trabalho e saúde dos trabalhadores das carvoarias, uma vez que o Brasil é o maior produtor de carvão vegetal do mundo, com estimativas de 350.000 trabalhadores envolvidos na produção e transporte deste insumo (KATO et al, 2004).

É cada vez mais crescente a importância de estudos junto aos pequenos produtores, envolvendo as questões sócio-ambientais, principalmente por ações de ocupação e exploração inadequada da área rural que, direta ou indiretamente, comprometem a sobrevivência da espécie humana e vegetal, e influenciam na qualidade de vida do homem e do meio ambiente. (SILVA, 2006).

É importante que fique evidente que mesmo não havendo grandes consumidores em Manaus ou no interior do Estado, os pequenos consumidores fazem com que a atividade carvoeira se intensifique. (LIMA e SOUZA, 2000)

A produção artesanal de carvão vegetal em algumas cidades do Brasil é responsável pelo sustento de pessoas, que trabalham em condições precárias. Eles não utilizam equipamentos de proteção e tampouco usufruem das conquistas trabalhistas garantidas pela Legislação.

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A produção de carvão na comunidade Sagrado Coração de Jesus (Lago do Serpa) acontece há mais de 50 anos, sendo uma das formas de obtenção de renda de algumas famílias e complemento de outras, acompanhada de outras atividades como a plantação de mandioca pra a produção de farinha. O carvão vegetal é produzido pelas próprias famílias que dividem o lucro da produção. Os fornos, construídos por pelo menos dois homens com o barro da própria região conhecidos como “rabo quente”. Os buracos existentes nos fornos possuem denominações diferentes. Os buracos superiores são identificados como “baianas”, os situados na altura média são denominados de “filas” e os buracos inferiores são chamados de “tatus”, são usados para transformar a madeira em carvão, quando não, se utilizam as chamadas “CAIEIRAS” que são pilhas de madeiras em forma de triângulo. As espécies mais usadas na fabricação de carvão vegetal são: Para-pará (Jacaranda copaia), Sapateiro (Miconia cinnamommifolia), Pau da folha fina (Striphnodendron icrostachyum poepp), Lacre (Vismia brasiliensis).

A 50 anos a lenha usada nas carvoarias era oriunda da própria comunidade, em uma propriedade de aproximadamente 24 hectares de floresta foram perdidos nesse processo, mas devido à liberação do produto ser apenas sob plano de manejo os produtores passaram a comprar resíduos de exploração em áreas liberadas. A lenha é comprada a R$ 10,00 (dez reais) o metro cúbico de uma fazenda com licença do IBAMA para o desmatamento. No entanto, os comunitários não têm um documento de origem florestal para provar a proveniência da madeira. Até 2008, a produção de carvão era de 60 a 80 sacos por fornada (684 kg de carvão vegetal por fornada) e cada saco vendido a R$ 6,00 reais. O carvão é colocado em sacos de fibra, estocados em uma pequena construção provisória, que serve também como fábrica de farinha, até a venda.

Acredita-se que somente através da ação eficaz do diferentes órgãos que compõe o poder público em diferentes níveis é que esses problemas possam ser superados. (LIMA e SOUZA, 2000)

Metodologia

O trabalho foi realizado na comunidade Sagrado Coração de Jesus (Lago do Serpa), na AM-010 no km 8 no município de Itacoatiara. Foi acompanhado o processo de fabricação de carvão vegetal até o destino final que consiste em:

• A forma de armazenamento; • A quantidade produzida (saca); • Transporte; • E forma de negociação.

Resultados e Discussão

O carvão é produzido de forma ilegal em grande parte do Estado, e na comunidade do Serpa não é diferente. Entre o mês de novembro de 2008 a fevereiro de 2009 a fiscalização do IBAMA na comunidade os forçou a parar totalmente a produção de carvão vegetal, ficando apenas com o pequeno apoio financeiro que a produção de farinha, mas o retorno financeiro é insuficiente, devido à dificuldade de mercado, retomando assim a produção do carvão vegetal, mas em menor escala, no mês de março de 2009, em que foram produzidos 11 sacos por fornada e no mês de maio já se pode notar um aumento na produção, representando 30 % da antiga produção, como mostra o gráfico 1. De três fornos em pé apenas um está ainda funcionado produzindo mais ou menos 24 sacos de carvão por fornada caindo de 684 Kg para aproximadamente 180 Kg de carvão vegetal. A renda que era de R$ 480,00 por fornada

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passou para R$ 144 por fornada sem levar em consideração a compra do metro cúbico da madeira, como mostra no gráfico 2.

Por ser a principal fonte de renda da comunidade, após o estado estacionário da

produção e a queda na renda dos comunitários produtores de carvão vegetal, o retorno da produção trouxe de volta a remuneração da venda do carvão vegetal.

O transporte do carvão era feito por caminhões, por causa do rigor da fiscalização o produto (carvão vegetal) foi impedido de passar pela guarita da policia militar na entrada da cidade de Itacoatiara, os produtores traçam uma rota alternativa pelo rio para fazerem o carvão chegar até os compradores. A negociação é feita no momento da entrega do carvão, sem anotações ou cálculos, que já se tornou algo sistematizado mentalmente.

Gráfico 2: Renda por fornada 08/09

Gráfico 1: Produção em sacos por fornada 08/09

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Conclusões

É evidente a insuficiência das ações do poder público no objetivo de promover ações de desenvolvimento sócio-econômico no meio rural para pequenos produtores.

Portanto, devido à falta de apoio governamental como projetos de manejo das áreas de exploração, a ilegalidade do ramo faz com que os produtores de carvão vegetal tenham uma queda na renda familiar da comunidade sem resolver o problema da queima de madeira.

Agradecimento

Nossos agradecimentos à comunidade Sagrado coração de Jesus pela colaboração e disposição. À FAPEAM pela bolsa de Iniciação Científica e auxílio à pesquisa.

Referências Bibliográficas

FERREIRA, F. C. M. Sistema de Produção de Carvão Vegetal em uma área rural no Lago de Serpa, Município de Itacoatiara. Itacoatiara: 2008.

HESS, S. Riscos à Saúde do Trabalhador, na Produção de Carvão Vegetal em Carvoarias, no Brasil.

MONTEIRO, M. A. Em busca de carvão vegetal barato: o deslocamento de siderúrgicas para a Amazônia. Novos Cadernos NAEA. V. 9, n. 2, p. 55-97, dez. 2006.

LIMA, R. F. de. e Souza, R. C. R de. Produção de carvão vegetal em pequena escala no Amazonas: Aspectos Legais e Sócio- Ambientais. Manaus: 2000.

SILVA, A. R. E. SISTEMA DE PRODUÇÃO DO CARVÃO VEGETAL EM DUAS ÁREAS DA ESTRADA AM-010, AMAZONAS. Manaus 2006

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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA NECESSÁRIA RELAÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO DA

CIDADANIA.

Dayane Feitosa Lima¹; Maria Eliane Feitosa Lima.¹

¹Professora da Universidade Estadual do Amazonas – CEST

Resumo

Esta pesquisa nasceu do interesse pela análise das concepções e abordagens de como é tratada a educação ambiental no Projeto Político Pedagógico da Escola Estadual Aderson de Menezes, localizada no Município de Manaus, e quais as concepções dos professores. A educação Ambiental se apresenta como um importante desafio para o homem. Por isso, requer um adequado tratamento para a sobrevivência da vida no planeta. Como metodologia, considerou-se a princípio o estudo teórico e, em seguida, a pesquisa de campo. Constatamos que, de uma forma geral, o ensino de educação ambiental é dado de forma tímida, lenta, sem planejamento consistente e não articulado com os demais temas. Os professores embora considerem de fundamental importância a Educação Ambiental sentem-se despreparados para trabalhar o tema. Os alunos, portanto, são frutos desse despreparo acadêmico, sendo vítimas das não práticas pedagógicas do ensino.

Palavras-Chave: educação; prática pedagógica; sustentabilidade.

Introdução

A problemática ambiental está entrelaçada na história da humanidade. Anteriormente, por observações fragmentadas e desconexas; hoje, por postulados científicos, sociais, políticos e econômicos.

A educação tem um papel fundamental na construção da cidadania, porém sua eficácia carece da participação do envolvimento dos pais e da comunidade em relação à escola. Com a possibilidade de reconstrução de uma nova concepção de sociedade e natureza é que a educação pode exercer seu papel questionando e apontando caminhos, promovendo a consciência ambiental e a justiça social como requisitos para o exercício da cidadania aguçando o senso crítico dos educadores e educandos, de tal forma que a escola seja uma promotora fundamental de valores sócio-ambientais e culturais.

A educação deve ser convidada a tornar-se “ciência viva”, encarando seu percurso dentro de uma totalidade (SILVA, 1992). Enquanto ciência viva, a educação será ciência da significação, porque recuperará o já dado produzindo novos dados construindo e reconstruindo visões de mundo.

Considerando que a educação ambiental tem como fim contribuir com a sustentabilidade do planeta e da vida, um processo de aprendizagem permanente (SATO, 2002), enfatiza a necessidade de um convívio respeitoso e articulado com todas as formas de vida no cosmos, pois tal educação reafirma valores e ações que contribuem para a transformação humana. A pesquisa teve como objetivo geral, Ampliar as concepções de

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Educação, Educação Ambiental, Sustentabilidade e suas implicações na educação pública através do Projeto Político Pedagógico.

Metodologia

A vertente que assume a presente pesquisa é a de estudo de caso (LÜDKE e ANDRÉ, 1986), e o âmbito de abrangência é a Escola Estadual Aderson de Menezes, com sua ação no Estado do Amazonas e, para o âmbito deste estudo, limitada para a cidade de Manaus.

Foram escolhidos 9 professores, do turno matutino, variando entre as séries do ensino fundamental, 1ª a 5ª séries de áreas diferenciadas para observarmos como estão sendo desenvolvidos os trabalhos relacionados à Educação Ambiental, um diretor e um pedagogo. As etapas da investigação seguiram basicamente os seguintes passos:

a) Visita semanal à escola para um maior contato com os professores, e os mesmos sentirem segurança em realizar suas atividades com a presença do pesquisador como observador.

b) Aplicação de questionário com o diretor e pedagogo para saber como estão orientando seus professores a trabalhar a Educação Ambiental.

c) foi aplicado um questionário aberto, dirigido aos professores, que consistiu no levantamento da concepção de Educação Ambiental e dos trabalhos desenvolvidos com essa modalidade.

d) No quarto passo, foi feita a análise documental que se realizou ao longo do processo de investigação: os planos de aula o projeto político pedagógico e os textos usados foram analisados, detectando neles que a intencionalidade educativa foi transmitida.

e) No quinto momento, o investigador voltou a fazer contato com os professores para aplicar um questionário aberto, parcialmente estruturado para garantir, de todos os participantes, respostas às questões consideradas essenciais.

Este segundo questionário, bem como os dados emergentes do primeiro, permitiu triangular determinadas informações relacionadas aos resultados da pesquisa. Esse foi aplicado para os professores após oito meses da aplicação do primeiro, para permitir a análise de mudanças conceituais e de comportamento, o mesmo foi aplicado em uma reunião onde o pesquisador estava presente para discutir os resultados.

Resultados e Discussão

A investigação busca entender a educação, educação ambiental e sustentabilidade por parte dos sujeitos: nove professores, um pedagogo e um diretor. Conforme explicitação feita na metodologia, às indagações contidas no questionário, permitem que uma mesma questão proporcione mais de uma resposta, por vezes contraditória e carregada de elementos de senso comum. No entanto, apresenta elementos que se aproximam de nossas categorias, demonstrando certa incoerência, mas sinalizando pelas variantes o acesso a uma concepção coerente.

No Projeto Político Pedagógico também foram analisadas as concepções existentes de Educação, Educação Ambiental e Sustentabilidade. De acordo com os depoimentos ligados à concepção de educação, emergiram 17 respostas distribuídas seguindo os seguintes parâmetros:

a) A vinculação com os valores abrange 3 das indicações caracterizando a educação como um conjunto de valores morais, respeito aos direitos e deveres que os indivíduos têm uns com os outros. Exemplos: “Educação está voltada para valores”;

b) O segundo grupo com 3 respostas considera a educação como um processo de evolução e desenvolvimento do aprendizado. Exemplos: “Educação é um processo de evolução, mas

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também de aprendizado”; c) Registrou-se que 11 respostas se aproximaram da categoria de educação estabelecida,

indicando que a concepção dos professores não está totalmente desvinculada de uma educação que torna os sujeitos promotores de valores sócio-ambientais, éticos e culturais. Observou-se que o conceito de Educação é traçado em diversos pontos do Projeto Político Pedagógico; essa é entendida como um caminho que integra o aluno com o meio social, e que ocorre dentro de um processo coletivo e participativo, devendo colaborar no sentido de reconstruir uma escola democrática para que a sociedade se torne justa, igualitária, humana, sendo um ato ético cuja conseqüência de sua ação pode formar um bom ou um mau cidadão. A educação tem um papel fundamental na construção da cidadania, porém sua eficácia carece da participação e envolvimento dos pais e da comunidade (Santos, 2007). As concepções existentes no Projeto Político Pedagógico apresentam traços relacionados às categorias de educação estabelecida no nosso parâmetro de análise, porém, no Projeto Político Pedagógico existe uma concepção ampla e que não é trabalhada fora do documento, sendo apenas visto como elemento teórico e não prático. Sabemos que a realidade da Educação está atrelada à Educação Ambiental e Sustentabilidade.

Os pontos de vista dos 11 sujeitos originaram um total de 8 respostas acerca da concepção de sustentabilidade, agrupadas da seguinte maneira:

a) O desenvolvimento e a preservação representaram 7 respostas, caracterizando a sustentabilidade como um processo viabilizado através de diversas atividades voltadas para a preservação da natureza. Exemplo: “Sustentabilidade e o melhoramento dos produtos da natureza que contribuem para a sua preservação”;

b) A sustentabilidade como um conceito sistêmico que encontra explicações que integrem os múltiplos aspectos da problemática ambiental aparece em apenas uma das respostas: “Sustentabilidade é um conceito sistêmico relacionado à continuidade dos aspectos ambientais”;

c) o restante das 3 posições admite não possuir conhecimento suficiente para responder sobre o assunto.

Percebe-se com clareza nas respostas apresentadas que nenhuma se aproxima da categoria de sustentabilidade estabelecida como parâmetro de análise. A amplitude que oferecemos ao conceito de sustentabilidade estimula as responsabilidades éticas dos indivíduos, não estando voltada somente para uma sustentabilidade ecológica de preservação: apresenta também uma dimensão ambiental, social, política e econômica.

Na análise documental feita no P.P.P. e nos Planos de aula procurou-se relacionar concepção de Sustentabilidade. No entanto, o que se percebe com clareza é a inexistência do assunto. De acordo com Gadotti (2000), a sustentabilidade econômica e a preservação do meio ambiente dependem de uma consciência ecológica.

Através do Projeto Político Pedagógico e dos Planos de aula, em sua maioria a vinculação e a de preservação do meio ambiente, tornando algo distante da realidade educativa, que deve formar cidadãos críticos relacionados ao meio ambiente (JACOBI, 1997). Avançando em suas contribuições para a pesquisa, os sujeitos confirmam a seguinte concepção de educação ambiental, totalizando 13 respostas:

a) um total de 4 das respostas reconhece que a educação ambiental é caracterizada como uma prática diária a partir da organização e planejamento do professor. Exemplo: “A Educação Ambiental deve ser desenvolvida através da organização e planejamento do professor”;

b) Um segundo grupo de 4 respostas considera que a Educação Ambiental é um processo de desenvolvimento que deve ser organizado em forma de treinamento específico para os professores, criando parcerias com instituições como o Instituto Nacional de

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Pesquisas da Amazônia (INPA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA), que desenvolvem atividades voltadas para a temática ambiental. Exemplo: “Deve-se oferecer treinamento para os professores”;

c) Percebeu-se com clareza que 5 respostas se aproximam da categoria de Educação Ambiental estabelecida como parâmetro de análise, que caracteriza a educação ambiental como uma educação desenvolvida permanentemente, através de práticas diárias, devendo estar presente de forma articulada em todos os níveis, através da organização e planejamento dos professores. Exemplo: “A Educação Ambiental deve ser desenvolvida através de práticas diárias dos professores”.

No que diz respeito à Educação Ambiental é inexistente a sua concepção no Projeto Político Pedagógico. Nos Planos de aula o que se encontram são alguns traços de que a escola trabalha a Educação Ambiental através de temas transversais interdisciplinares, enfocando os valores éticos, sócio-políticos e morais que são indispensáveis ao desenvolvimento do cidadão em sua plenitude. Outro ponto encontrado é o de que a escola promove ações que favorecem a preservação do patrimônio escolar através de palestras, hora cívica, conversas informais, temas transversais abordados em sala de aula, campanha educativa e aplicação dos 5s.

A temática da Educação Ambiental mereceu mais três questionamentos feitos aos professores. Em primeiro lugar, perguntamos quais os benefícios que a educação ambiental traz na aprendizagem do aluno;

a) O primeiro grupo, de 6 respostas, afirma que a educação ambiental proporciona ao aluno conhecer direitos e deveres de uma realidade atual, sabendo a importância de preservar o meio ambiente. Exemplo: “O aluno passa a conhecer através da educação ambiental direito e dever que ele tem com a natureza.”;

b) A educação ambiental vista de uma maneira que desperta o interesse do aluno aparece em 5 respostas. Exemplo: “A educação ambiental na escola desperta o interesse na pesquisa para novas descobertas”.

Perguntados sobre como a educação ambiental é desenvolvida na escola, todos os sujeitos afirmam que tem sido desenvolvida através de feira de ciências, trabalhos interdisciplinares na sala de aula, atividades semanais tomando uma maior freqüência nas datas comemorativas relacionadas ao tema como: dia da ecologia, semana do meio ambiente, dia da árvore, dia mundial da água, entre outros. A educação ambiental para ser trabalhada como tema transversal destaca 5 das respostas, caracterizando que deve ser assim trabalhada, desde que se tenha uma orientação adequada envolvendo as disciplinas. Exemplo: “Que a educação ambiental seja trabalhada como tema transversal, mas que o professor seja orientado por alguém envolvido na área”.

Um segundo grupo de 4 respostas afirma que não deve ser trabalhada como tema transversal, mas sim como uma prática diária e permanente, tendo um compromisso maior com a consciência ambiental promovendo as transformações necessárias. Exemplo: “Trabalhar a educação ambiental diariamente na prática faz com que o compromisso dos professores e dos alunos aumente com as questões”.

Após oito meses da aplicação do primeiro questionário, realizou-se uma reunião para expor aos sujeitos o resultado da pesquisa na qual foram esclarecidos alguns conceitos que abordamos em nosso trabalho, principalmente, o de Sustentabilidade. Na oportunidade, foi aplicado um questionário para se observar se as concepções iniciais dos sujeitos haviam sofrido modificações, durante o período de oito meses que se passaram. É válido ressaltar que em se tratando das concepções de Educação e Sustentabilidade houve alterações, fato esse acontecido pelo empenho dos sujeitos na busca de informações e estudos relacionados ao tema envolvido.

Na questão de operacionalizar a Educação Ambiental, as modificações foram visíveis:

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muitos acrescentaram novas atividades em sua prática no período ocorrido. Concomitantemente, aconteceu por conseqüência dos benefícios que a educação ambiental proporciona a aprendizagem do aluno, uma vez que essas práticas foram inovadas com as atividades, implantada pelos professores. As concepções de educação ambiental existentes na escola transformam-se em um reducionismo de ações de algumas idéias e temas, e da não ação permanente e crescimento da cidadania. Quando nos voltamos para a realidade de novos valores e atitudes durante a aprendizagem a educação ambiental pode ser vista como uma educação crítica e um processo de aprendizagem permanente baseado na ética.

A educação ambiental como tema transversal na escola aponta uma educação ambiental voltada para temas relacionados ao lixo, coleta seletiva, reciclagem e preservação do ambiente escolar. Os planos apontam uma educação ambiental relacionada somente às disciplinas de ciências, com assuntos voltados à reciclagem, coleta seletiva e campanhas contra doenças atuais.

Conclusões

A pesquisa buscou responder de que forma a Escola Estadual Aderson de Menezes trabalha a Educação Ambiental, em seu Projeto Político Pedagógico, cuja inexistência de relações teórica metodológico, de uma concepção crítica de Educação Ambiental, não permite o desenvolvimento de uma consciência crítica e emancipatória. Constatou-se que a escola, partindo dos professores, possui conhecimentos prévios, mas não desenvolve e não apresenta projetos de Educação Ambiental. Além disso, os planos de aula não estão voltados para uma intencionalidade relacionada à Educação Ambiental.

Os objetivos de compreender/caracterizar a Educação Ambiental com suas tendências históricas e teóricas tornou-se possível pelo estudo realizado. Procurou-se analisar como a escola utiliza programas e textos relacionados ao meio ambiente e classificar as metodologias que a escola utiliza no desenvolvimento da Educação Ambiental. A proposta de construir categorias com novos conceitos de Educação, Educação Ambiental e Sustentabilidade, foi alcançada. A perspectiva que emerge do estudo é a articulação de uma equipe multidisciplinar que contribua na construção de um P.P.P. que promova interações possíveis entre homem/natureza e entre desenvolvimento/equidade.

Acredita-se, enfim, que os resultados obtidos sinalizam para novas perspectivas e abordagem da Educação Ambiental na escola, conclamando os educadores a repensar históricas relações mantidas pelo homem com a natureza, transformada pela mente crítica.

Referências Bibliográficas

GADOTTI, M. Pedagogia da Terra. São Paulo: Petrópolis. 2000. JACOBI, P. Educação Ambiental. Cidadania e Sustentabilidade. São Paulo: Cadernos de

Pesquisa n°118. 1997. LÜDKE, M. & ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São

Paulo: EPU, 1986. SANTOS, E. Incorporação da Educação Ambiental nos cursos de graduação das

universidades amazônicas. In: PAVAN, Arodowaldo(coord.). Uma estratégia latino-americana para a Amazônia.V.1., Brasília: IBAMA: SP, Memorial. 2007.

SATO, M. Educação ambiental. São Carlos, SP: RIMA 2002. SILVA, D.F. da. Considerações epistemológicas sobre o conceito de interdisciplinaridade

– implicações para a educação. Revista de Educação AEC. Ano 21, n. 83, abr/jun, p. 16-27. 1992.

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PIBIC JR, O DESPERTAR DO ESPÍRITO CIENTÍFICO

Fabricia Galvão da Silva1; Melquizedequi Ramos Quintino1; Suely Maquine Cruz1; Jorge Emanoel Ferreira Passos2; Adriano Gomes Medeiros; Antônio Marcos de Oliveira Siqueira3

1Estudante de Ensino Médio – E.E. Dep. Vital de Mendonça, Itacoatiara, AM; 2Estudante de Ensino Médio –

E.E. Dep. João Valério de Oliveira, Itacoatiara, AM; 3UFAM/ICET - Curso de Engenharia de Produção, Itacoatiara, AM

Resumo

Este trabalho foi realizado no município de Itacoatiara no Estado do Amazonas e teve como objetivo possibilitar a integração de alunos do ensino médio em pesquisas na área de desenvolvimento sustentável, educação ambiental e energias alternativas. O trabalho fez parte do projeto Materiais de Baixo Custo e o Desenvolvimento Sustentável: água e energia, que foi estruturado com os seguintes sub-projetos: a) Energia solar: o fogão solar de baixo custo – FSBC; b) Identificação do consumidor: energia elétrica em Itacoatiara; c) Identificação do consumidor: água para abastecimento em Itacoatiara; d) A bomba hidráulica de baixo custo – BHBC. Para o desenvolvimento das atividades foram realizados encontros, discussões, atividades de campo, disseminação da Educação Ambiental, levantamento de dados e entrevistas. Os principais resultados remetem aos ganhos em termos de conhecimento adquiridos pelos estudantes, bem como o despertar do espírito cientifico.

Palavras-chave: iniciação científica; ensino médio; desenvolvimento sustentável; educação ambiental.

Introdução

O presente trabalho é resultado das atividades desenvolvidas no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior PIBIC JR 2008/2009, que foi conduzido no Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da UFAM, no município de Itacoatiara, AM. O projeto teve como objetivo geral o despertar da vocação científica e incentivo a talentos potenciais no ensino fundamental, médio ou de educação profissional, mediante o desenvolvimento de atividades de pesquisa científica, tecnológica ou de inovação.

Ao longo do período de seis meses, quatro estudantes do ensino médio de escolas públicas do município, que foram selecionados por meio de avaliação de conhecimento e entrevista, realizaram diversas atividades técnico-científicas relacionadas aos temas: desenvolvimento sustentável e educação ambiental e energias alternativas.

Considerando os objetivos gerais do PIBIC JR, o Projeto Materiais de Baixo Custo e o Desenvolvimento Sustentável: água e energia, teve, entre outros, os seguintes objetivos específicos: a) Formar multiplicadores em Educação Ambiental; b) Estimular a interdisciplinaridade; c) Favorecer maior aproximação entre teoria e prática e a descoberta de novos métodos e o despertar de novos talentos. d) Conscientizar os bolsistas e a comunidade a respeito dos impactos ambientais ocasionados pelo emprego de combustíveis fósseis; e) Conscientizar os bolsistas e a comunidade a respeito dos impactos ambientais decorrentes da produção desordenada de resíduos sólidos.

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Neste artigo pretende-se apresentar as principais contribuições do projeto em questão, bem como discutir os resultados obtidos nos 4 eixos de trabalho: água, energia elétrica, energia solar e bombeamento de água. As ações tiveram como base os trabalhos de Cavalcanti (1997), Jacobi et al. (1998), Leff (2001) e Rusheinsky (2002).

Metodologia

Nos subprojetos “Identificação do consumidor: energia elétrica em Itacoatiara” e “Identificação do consumidor: água para abastecimento em Itacoatiara”, os bolsistas realizaram diversas atividades a fim de caracterizar o consumidor. Para tal, visitaram diversos domicílios em todos os bairros da cidade e aplicaram questionários semi-estruturados. Na oportunidade, aproveitou-se para dialogar com o responsável pela residência, a respeito da necessidade de se utilizar, de maneira sustentável, os recursos água potável e energia elétrica. Outros temas também foram discutidos, como lixo doméstico, saneamento básico, direitos e deveres do consumidor. Cabe destacar que anteriormente às atividades de campo, os bolsistas foram orientados pelo Coordenador, por meio de estudo dirigido, leitura e discussão.

Por sua vez, no subprojeto “A bomba hidráulica de baixo custo – BHBC” teve como objetivo a compilação de tecnologias de fornos solares e apresentação de propostas de soluções de gestão de aproveitamento da energia solar para construção de equipamentos de baixo custo para o cozimento de alimentos, que pode ser utilizado pelos ribeirinhos e a comunidade local priorizando a utilização e o desenvolvimento de equipamentos limpos do ponto de vista ambiental.

Finalmente, no subprojeto “Energia solar: o fogão solar de baixo custo – FSBC”, o foco foi a construção dos protótipos de fogões solares, priorizando o emprego de materiais reciclados ou de baixo custo, como papelão, pedaços de espelhos, papelão, embalagens de bala e de leite.

Para o desenvolvimento das atividades foram realizados encontros, discussões, atividades de campo, disseminação da educação ambiental, levantamento de dados e entrevistas. Assim, o presente projeto envolveu, de um modo geral, a seguintes metas/etapas: 1. Introdução do Projeto pelos coordenadores; 2. Reunião com os parceiros e demais interessados na proposta; 3. Confecção dos formulários para a pesquisa de campo. 4. Construção de modelos, quando foi o caso; 5. Planejamento do levantamento de campo; 6. Execução dos levantamentos; 7. Digitação dos formulários; 8. Análise critica dos resultados; 9. Confecção de relatório de resultados da pesquisa; 10. Realização de encontro com a comunidade para divulgação dos resultados; 11. Confecção do Relatório final da atividade.

Resultados e Discussão

Subprojetos: “Identificação do consumidor: energia elétrica em Itacoatiara” e “Identificação do consumidor: água para abastecimento em Itacoatiara”

Procurou-se avaliar o comportamento dos consumidores de água e energia elétrica no município de Itacoatiara, seja ele de “baixa renda” ou não, bem como se buscou a sensibilização do consumidor quanto à economia obtida na fatura de água e de energia elétrica, com a substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas. O projeto contemplou ainda a verificação da do grau de satisfação do consumidor em relação aos serviços prestados pelas concessionárias de energia elétrica e água potável. Os resultados mostraram que os consumidores estão muito insatisfeitos com o fornecimento de energia elétrica no município, que vem sofrendo constantes quedas ao longo dos dias, ocasionando danos aos equipamentos elétricos, a perda de alimentos e o desconforto do usuário.

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Os resultados do levantamento mostraram ainda que embora ocorram interrupções diárias (em algumas regiões da cidade) no fornecimento de água, a população está satisfeita. Com relação à qualidade da água, que é submetida apenas a cloração, não existindo uma Estação de Tratamento de Água – ETA no município, o que é uma realidade em grande parte dos municípios brasileiros (PNSB, 2007), o consumidor não demonstrou nenhuma preocupação. Uma parcela muito pequena consome água mineral.

Subprojeto “A bomba hidráulica de baixo custo – BHBC”

A engenharia hidráulica evoluiu muito no último século, porém para algumas necessidades básicas como um simples bombeamento de água em circunstâncias criticas ou sem recursos elétricos não temos uma ferramenta de fácil acesso. Para puxar água de poço com mais de 6 m pode-se usar a "Bomba de Roda" ou “Bomba de Corda". Uma bomba manual, leve, adaptável em inúmeras situações, de fácil construção e de baixo custo. Assim, a idéia foi que através da construção de equipamentos de bombeamento hidráulico com materiais alternativos, os alunos se conscientizassem de seu papel como cidadãos e como responsáveis pelos dados ambientais.

Subprojeto “Energia solar: o fogão solar de baixo custo – FSBC”

Esta atividade constou de atividades em sala de aula, no laboratório e na comunidade. Iniciou-se com a introdução pelo docente dos conceitos básicos sobre fontes alternativas e renováveis de energia. Foram abordados alguns temas como efeito estufa e resíduos sólidos, entre outros. No entanto, coube ao aluno-bolsista um grande esforço de leitura e discussão em grupo a cerca dos temas. Por outro lado, foram realizadas atividades em laboratório que consistiram na confecção, por conta própria, com materiais não convencionais de equipamentos modelos para cozimento de alimentos (fogões solares) para fins domésticos. Foram construídos alguns modelos, cujos testes de desempenho ainda não foram finalizados.

Conclusões

Este estudo busca apresentar os resultados das atividades desenvolvidas no âmbito do Projeto PIBIC JR “Materiais de Baixo Custo e o Desenvolvimento Sustentável: água e energia”, no município de Itacoatiara, AM. Trata-se de um Projeto embrionário em Educação Ambiental, que buscou criar multiplicadores dos conceitos e práticas relacionadas à sustentabilidade da utilização da água potável, da energia elétrica e dos recursos naturais no dia-a-dia do cidadão comum. O projeto favoreceu maior aproximação entre teoria e prática e a descoberta de novos métodos e o despertar de novos talentos entre os alunos do ensino médio.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – PROPESP/UFAM, bem como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento deste trabalho.

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Referências Bibliográficas

CAVALCANTI, C. (org.). Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. São Paulo: Cortez. p.384-390.1997.

LEFF, E. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2001.

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB. Rio de Janeiro: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2000.

JACOBI, P. et al. (orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: SMA. p.43-50. 1998.

RUSHEINSKY, A. (org.). Educação ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre: Artmed. p.169-173. 2002.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA COMUNIDADE DO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA (AM): AÇÃO PARA APLICAÇÃO DE

ATIVIDADES AMBIENTAIS INFANTIS

Joelma Keith Rodrigues1; Deolinda Lucianne Ferreira Rodrigues2; Rejane Gomes Ferreira3

1Bolsista do PAIC/UEA. Escola Superior de Tecnologia, Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara, Av. Mário

Andreazza s/n.º, CEP: 69100-000, Itacoatiara-Amazonas; 2, 3Professora do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara CESI/UEA; E-mails: [email protected], [email protected], [email protected].

Resumo

A sensibilização para a causa ambiental é o principal objetivo da educação ambiental. Desta forma foram aplicadas atividades com esta finalidade para crianças de 7 a 12 anos, moradoras da comunidade do Bairro da Paz, localizado no município de Itacoatiara, Amazonas. As atividades consistiram em dinâmicas de apresentação, oficinas de capacitação, exposição de palestras e técnicas de sensibilização. Foram cadastradas 35 crianças, as quais mostraram aptidão às atividades, avaliadas através da assiduidade, participação e evolução na aprendizagem. Do total de crianças 54 % possuem idade de 7 a 8 anos, 17 % de 9 a 10 anos, e 29 % de 11 a 12 anos. No geral, as visitas à comunidade contaram com 100 % de presença das crianças. Os resultados foram satisfatórios, pois todas as crianças envolvidas desenvolveram satisfatoriamente todas as atividades, desde os mapas mentais e maquetes até o mutirão de idéias. Foi realizada uma trilha de socialização, por meio de uma saída pelo bairro para a coleta do lixo. Para consolidar o estímulo à preservação e recuperação da natureza, foram plantadas 30 mudas pelo bairro com a participação de todas as crianças.

Palavras-chave: sensibilização; conservação ambiental; agentes multiplicadores.

Introdução

A temática ambiental está sendo discutida a cada dia de maneira mais freqüente no contexto da sociedade. Isto é de suma importância no que se refere a inserir as questões ambientais aos princípios de cada cidadão, num desafio de buscar a preservação do meio ambiente e da boa qualidade de vida.

A Educação Ambiental constitui uma forma abrangente de educação. Não assume uma postura conformista, surge como estratégia para contestar a crise ambiental, através de um processo pedagógico participativo que procura introduzir no educando uma consciência ecológica (CARVALHO, 2006). Assim como qualquer processo educativo, no seu sentido mais amplo, tem como fim a aprendizagem, ou seja, a percepção e adaptação mental de impressões, informações e experiências no sentido de ampliar, aprofundar e transformar os conhecimentos, conceitos, atitudes e comportamentos tanto individuais como grupais. Ensinar e aprender são processos formativos verdadeiros que permitem uma interação permanente do indivíduo com a realidade circundante e obriga a inclusão da dimensão ambiental, desde sua concreção espaço-temporal, nos diversos processos formativos, como possibilidade de um conhecimento real das dinâmicas culturais, sociais e naturais (SANTOS, 2007).

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Problemas ambientais se manifestam em nível local, assim, a educação firma compromisso com as questões do nosso tempo, devendo estar atenta às questões ambientais, sem perder de vista os elementos que compõem as estruturas política, econômica e educacional, nas quais os seres convivem (SANTOS, 2007).

Nesse contexto, o Projeto de Educação Ambiental para as crianças da Comunidade do Bairro da Paz, do município de Itacoatiara visa, por meio de atividades educativas voltadas para as questões ambientais, identificar a base de conhecimento e estimular a consciência ambiental, demonstrar atitudes no grupo que construam alicerce para abrigar e multiplicar a formação de uma filosofia ambiental, e por fim, incutir a importância da preservação e recuperação da natureza.

Metodologia

Localização

O referido trabalho foi desenvolvido no município de Itacoatiara, localizado à margem direita do rio Amazonas, a 266 km de Manaus pela Rodovia AM-010, na região leste do Estado do Amazonas, com uma população de 98.674 habitantes e com acessos via terrestre e fluvial. O bairro onde o trabalho foi realizado localiza-se na Zona Leste do Município de Itacoatiara e teve origem na invasão na Zona de Expansão Urbana do Município, formando uma comunidade com o nome de Comunidade da Paz, chegando à condição de Bairro da Paz, de maneira legal, somente quatro anos depois.

Participantes

Os participantes envolvidos no presente estudo foram 35 crianças de ambos os sexos residentes da Comunidade do Bairro da Paz, com idades de 7 a 12 anos, devidamente matriculadas em escola estadual ou municipal de Itacoatiara e autorizadas pelos responsáveis.

Tipo de Pesquisa

Para a obtenção das informações necessárias para a composição do projeto o tipo de estudo foi definido pela Pesquisa de Campo e pela Pesquisa-Ação com auxilio de técnica qualitativa por meio da observação participativa.

Apresentação do Projeto

A primeira fase do projeto consistiu na exposição multimídia do mesmo aos comunitários para que eles tomem conhecimento da proposta de execução do trabalho a ser realizado, sua importância, os benefícios que seriam acrescidos na educação de seus filhos e que o apoio de todos é relevante para a obtenção de bons resultados.

Levantamento dos Problemas Ambientais da Comunidade

Foram entrevistados através de questionário de diagnóstico rápido 31 chefes de família.

Atividades de início do relacionamento

O primeiro contato com as crianças consistiu na formação de um círculo de apresentação através de um bate-papo informal em que foram abordados os temas acerca dos conceitos de educação ambiental, poluição do meio ambiente, degradação dos recursos

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naturais renováveis e não-renováveis, flora, fauna e relação do homem com o meio ambiente, através de leituras participativas da bibliografia abordada. Foi incluída a realização de mapas mentais.

Estimulando a consciência ambiental

Seguida a fase anterior aconteceu uma capacitação através de palestras, descrição do meio ambiente e dos problemas ambientais por meio de ilustrações multimídia e exibição de cartazes incluindo fotos dos problemas ambientais do próprio bairro.

Foi realizada uma trilha de socialização com uma exploração do ambiente local e aplicada uma técnica de sensibilização através da utilização de garrafas de plástico como sementeiras com o nome colado de cada uma das crianças nas quais foram distribuídas sementes de plantas regionais.

Formação de agentes multiplicadores

Foram realizadas brincadeiras, montagens de maquetes esquemáticas, montagens de ilustrações, mutirão de idéias, dinâmicas que integram o homem ao meio ambiente, através de imitações e leituras participativas em que a criança leitora era o próprio ator da leitura.

Colaborando na preservação do ambiente local

Contou com a realização de uma caminhada pelo ambiente local para o processo de coleta do lixo sólido poluidor do ambiente.

Resultados e Discussão

Dos 31 chefes de família entrevistados, 26 % eram homens e 74 % mulheres, com idades entre 19 a 63 anos. Das crianças cadastradas 54 % possuem idade entre 7 a 8 anos, 17 % entre 9 a 10 anos e 29 % entre 11 a 12 anos, totalizando 35 crianças participantes (Figura 1). As famílias são compostas em número de 1 a 5 membros, representando 48 %, 39 % são formadas por 6 a 10 membros, e 13 % de 11 a 15 membros. Dentre os problemas mencionados estão a necessidade de escolarização para os filhos (16 %).

Figura 1: Percentual da faixa etária das crianças participantes.

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Em relação à situação social econômica constatou-se que 16 % dos moradores estão empregados, 29 % são autônomos e 55 % estão desempregados e fazem “bicos” para garantir o sustento da família. Diante dessa dificuldade financeira, os mesmos responderam ser ajudados por parentes, 29 % recebem ajuda e 71 % não recebem, em quanto outros dependem apenas de benefícios públicos, chegando a uma renda familiar bastante diversificada: 52 % recebem menos de um salário, 26 % recebem um salário e 22 % recebem mais de um salário. Os maiores problemas existentes no bairro foram classificados da seguinte maneira: 3 % nenhum, 3 % infra-estrutura, 6 % segurança, 88 % energia elétrica/água, conforme Figura 2.

MAIORES PROBLEMAS ENFRENTADOS

3% 6%

91%

NENHUM

INFRA-ESTRUTURA

ENERGIAELÉTRICA/ÁGUA

Figura 2: Percentual dos maiores problemas enfrentados pelas famílias entrevistadas. Em termos de escolaridade 3 % são analfabetos, 80 % estão cursando o ensino fundamental, 13 % tem o ensino médio completo e 3 % desistiram de estudar (Figura 3).

Figura 3: Levantamento em percentual do grau de escolaridade dos pais de família das crianças participantes. A primeira visita para execução das atividades contou com 63 % de presença das crianças e 37 % de ausência. Nas demais visitas a assiduidade das crianças apresentou-se a 100 %. Algumas crianças inicialmente demonstraram-se retraídas. Porém, no decorrer das atividades o relacionamento evoluiu positivamente. As atividades iniciais, que foram de apresentação e aproximação entre os atores sociais, foram de real importância e satisfação, pois o primeiro contato com o público alvo contou muito para a reciprocidade posterior.

GRAU DE ESCOLARIDADE DOS CHEFES DE FAMÍLIA ENTREVISTADOS DO BAIRRO

3%

81%

13% 3%

ANALFABETOS

ENSINO FUDAMENTALENSINO MÉDIO

DESISTIRAM DE ESTUDAR

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Nas palestras de temática ambiental, as crianças foram atenciosas e participativas. As primeiras oficinas de capacitação ajudaram na identificação do nível de conhecimento das mesmas, como o mapa mental, e questionamentos pós-palestras, como também no relacionamento entre os atores sociais envolvidos que foi estreitado a fim de conquistar a confiança e o interesse das crianças pelas atividades e melhorar a comunicação entre as mesmas. Todas as atividades foram desenvolvidas satisfatoriamente, desde os mapas mentais e maquetes até o mutirão de idéias. Durante as leituras participativas constatou-se o interesse e aptidão das crianças, apesar de algumas apresentarem um pouco de dificuldade na leitura, as mesmas foram bem instruídas. Os murais feitos pelas crianças enfatizaram os elementos da natureza, formando um ambiente adequado ao convívio de todos. Na trilha de socialização todas as crianças estavam entusiasmadas e semearam suas sementes, levando para suas casas seus vasos de garrafas plásticas. A atividade de coleta do lixo pelo bairro foi vital para a conscientização das crianças na importância da sua participação na melhoria do ambiente.

Foto: Andrade, 2008 Foto: Andrade, 2009 Foto: Andrade, 2009 Foto: Andrade,2009

Conclusões

Com a realização deste projeto foi possível promover às crianças envolvidas a compreensão e integração das mesmas ao meio ambiente. O que não era uma realidade em suas vidas, evidenciada pela carência de trabalhos deste gênero, principalmente em áreas com famílias de baixa renda.

A inserção de valores e conhecimentos envoltos na temática ambiental, contribuiu para a formação de agentes multiplicadores e na concepção de vida de cada criança.

Agradecimentos

Nossos agradecimentos a FAPEAM - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas pelo incentivo financeiro para a realização do projeto, ao apoio das orientadoras, ao Padre Raimundo que nos concedeu o espaço da Igreja Rainha da Paz e a todas as crianças participantes deste trabalho e seus familiares.

Referências Bibliográficas

CARVALHO, V. S. Educação Ambiental e desenvolvimento comunitário / Vilson Sérgio de Carvalho – Rio de Janeiro: Wak Ed. 2006.

SANTOS, E. C. Universidade do Estado do Amazonas: PROFORMAR. Educação Ambiental / Coordenador: Elizabeth da Conceição Santos. – Manaus: UEA Edições. 2007.

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O PAPEL DA ESCOLA ITINERANTE DE MEIO AMBIENTE NA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL

Neuzilena Prata de Azevedo1

1 Graduada em Engenharia Florestal pela Universidade do Estado do Amazonas - Escola Superior de Tecnologia, Especializada em Gestão Ambiental pela mesma Universidade – CESI.

Resumo

Visando minimizar os impactos ambientais, vários projetos ambientais têm sido desenvolvidos com o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância da conservação do meio ambiente; dentre eles temos o da Escola Itinerante de Meio Ambiente (EIMA), que consiste na realização de roteiros que exploram ambientes considerados importantes do ponto de vista ambiental, tais como: Aterro Controlado, Bosque da Ciência, Estação de Tratamento Águas do Amazonas, Horto Municipal de Manaus, Jardim Botânico Adolpho Ducke, Parque Municipal do Mindu, Reserva Soka Gakkai, S.O.S Igarapés e Teatro do Amazonas. Para este trabalho ser realizado foi escolhido três visitas aos roteiros: Horto Municipal de Manaus, Jardim Botânico Adolpho Ducke e Parque Municipal do Mindu, com alunos de escolas do nível fundamental com aplicação de atividades que abrangeram: palestras, visitação às trilhas interpretativas e avaliação por meio de questionários sócio-ambientais, onde no final os alunos desenharam o meio ambiente que os cercam. Os resultados mostraram que a Escola Itinerante de Meio Ambiente (EIMA), tem contribuído para o conhecimento acerca do meio ambiente, bem como na identificação dos problemas ambientais. Entretanto os jovens na faixa etária entre 8 a 17 anos não demonstraram a devida preocupação com a conservação ambiental, mesmo já tendo participado de projetos de educação ambiental em suas respectivas escolas.

Palavras–chave: percepção ambiental; mapas mentais; unidades de conservação; trilhas interpretativas e educação ambiental.

Introdução

A questão ecológica encontra-se cada vez mais presente no cotidiano da sociedade em geral, através da divulgação pela mídia e devido a nítidas alterações nas mudanças climáticas a nível local e mundial da qual se tem notícia da paisagem nos diversos ambientes. É nesse contexto que se insere a Educação Ambiental, que se constitui de uma importante ferramenta para subsidiar o debate ecológico e expandir o número de pessoas sensibilizadas ambientalmente. Os indivíduos envolvidos e comprometidos com a prática da conservação do meio ambiente no qual estão inseridos e da conscientização ambiental, tem fundamental relevância para a formação de cidadãos plenos e multiplicadores. São necessários diversos componentes para se atingir todas as dimensões abrangidas pela educação ambiental: amor e respeito à vida, interesse e conhecimento acerca do meio ambiente, postura crítica e consciente diante dos seus próprios hábitos. Uma questão crucial para o sucesso dos

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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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programas de educação ambiental é a adoção de ferramentas adequadas para que cada grupo atinja o nível esperado de percepção ambiental. Por isso, emergiu o interesse de um levantamento sócio-ambiental do projeto pioneiro da Escola Itinerante de Meio Ambiente (EIMA), com o intuito de minimizar esses impactos ambientais e com a finalidade de sensibilizar a população sobre a importância da conservação do meio ambiente. O objetivo geral deste trabalho foi compreender a natureza complexa do tema abordado, resultante de suas interações frente à problemática das invasões desordenadas na cidade de Manaus, como: o desmatamento, a degradação da floresta urbana e rural, a erosão do solo e a contaminação dos recursos hídricos. Para que este objetivo seja alcançado, torna-se necessário à realização dos seguintes procedimentos: acompanhamento dos roteiros da Escola Itinerante de Meio Ambiente (EIMA), no perímetro urbano e rural do município de Manaus e a organização de palestras educativas sobre o meio ambiente, cidadania, educação e qualidade de vida nas escolas visitadas pelo projeto.

Metodologia

Quando pensamos em trilhas interpretativas e vivências na natureza, necessitamos ampliar nossos horizontes sobre as possibilidades de percepção e interpretação do meio ambiente, destacando procedimentos criativos e envolventes, considerando a natureza transdisciplinar destas atividades. As trilhas são locais estratégicos determinados pela a ação do homem para que possa ser realizada a interação do grupo comunitário com o meio ambiente através de atividades ludo-pedagógicas em que possibilitam direcionar a educação ambiental. O Projeto está equipado com dois ônibus climatizados, que estão adaptados para suas atividades e para o conforto e segurança do público-alvo, sendo estes os alunos de ensino fundamental, ensino médio, educação infantil e colaboradores de empresas particulares. Com o número de pessoas inscritas no mínimo 20 e no máximo 40 e que devem ter no mínimo 05 anos de idade, realizando roteiros temáticos pertinentes aos diversos assuntos de relevante interesse ambiental. Enfim, conta com monitores especializados e capacitados que desenvolvem atividades educativas relacionadas com os temas referentes a cada roteiro. Os roteiros são os seguintes: Aterro Controlado, Bosque da Ciência, Estação de Tratamento Águas do Amazonas, Horto Municipal de Manaus, Jardim Botânico Adolpho Ducke, Parque Municipal do Mindu, Reserva Soka Gakkai, S.O.S Igarapés e Teatro do Amazonas.

Resultados e Discussão

Os resultados de percepção ambiental deste trabalho consistem nas visitas realizadas nos seguintes locais: Horto Municipal de Manaus, Jardim Botânico Adolpho Ducke e Parque Municipal do Mindu. Essas visitas foram realizadas com crianças do ensino fundamental. Observou-se que apesar dos alunos participarem de projetos nas suas respectivas escolas, os mesmos tiveram dificuldades ao preencher os questionários, porém obtiveram êxito em expressar suas idéias a respeito do meio ambiente através dos seus desenhos. A percepção a respeito do ambiente em que vivem foi bem expressa pelos alunos de maior faixa etária, já que seus desenhos apresentaram maior nível de detalhes. Verificou-se que as trilhas interpretativas se apresentam como notáveis recursos didáticos, sendo capazes de incentivar a capacidade de observação e reflexão, viabilizando assim a informação biológica, a sensibilização e conscientização ambiental. A interpretação ambiental é uma oportunidade de desenvolvimento humano que estimula a capacidade investigadora, levando o homem a repensar seu modo de ver e sentir o ambiente que o cerca, a partir da leitura e da percepção da realidade ambiental.

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Os resultados em longo prazo deste trabalho, torna-se necessário principalmente a conscientização ambiental dos moradores que habitam o entorno dos igarapés e de todos os cursos d’água da cidade de Manaus, visando a mudança de hábitos e atitudes da comunidade. Infelizmente, mesmo com a retirada do lixo, o que se vê constantemente é o aparecimento de mais lixo, constituído especialmente de objetos plásticos (garrafas “pets”) e metálicos (latas de cerveja e de refrigerantes). Isso tudo gera conseqüências ao meio ambiente já que o polui com objetos que levam cerca de anos para se decompor, além do fato de ocasionar inundações de casas, contaminação dos recursos hídricos e o aparecimento de inúmeras patologias tais como: leptospirose, malária, dengue, cólera, verminoses, entre outras.

A caracterização da amostra exemplifica o número total de alunos que participaram das visitas em 160 alunos, tendo sido composta a amostra por cerca de 58 alunos, sendo 31 meninas e 27 meninos. Os alunos do sexo feminino apresentavam idades que variavam de 8 a 17 anos, cursando da 2ª à 7ª séries. Os alunos do sexo masculino possuíam idades que variavam de 8 a 13 anos, cursando também entre a 2ª e 7ª série (Figura 1).

54,24%

45,76%

40%

45%

50%

55%

Número de alunos

Qua

ntid

ade

de a

luno

s po

r se

xo Feminino

Masculino

Figura 1. Quantidade de alunos (%) por sexo que participaram da EIMA.

Foram realizadas duas visitas ao roteiro do Horto Municipal de Manaus, em dias

alternados, enquanto que aos roteiros do Jardim Botânico Adolpho Ducke e Parque Municipal do Mindu, foram feitas apenas uma visita. Cada visita era composta por cerca de 40 alunos, que se constitui na capacidade máxima de passageiros do ônibus da EIMA. Todos os alunos que participaram da visita aos roteiros da EIMA, já participam de Projetos de Educação Ambiental desenvolvidos em suas respectivas Escolas. Os participantes foram agrupados em três grupos, conforme os locais visitados, sendo: grupo 1 – Parque Municipal do Mindu; grupo 2 - Jardim Botânico Adolpho Ducke; grupo 3 – Horto Municipal de Manaus.

Referências Bibliográficas

GUIMARÃES, S.T. de L. Dimensões da Percepção e Interpretação do Meio Ambiente: vislumbres e sensibilidades das vivências na natureza, Percepção e Conservação Ambiental: a interdisciplinaridade no estudo da paisagem. OLAM – Ciência & Tecnologia. Rio Claro: Aleph Engenharia & Consultoria Ambiental Ltda., vol.4, n. 1. pp. 46-64. 2004.

GUIMARÃES, S.T. de L. Trilhas Interpretativas: a aventura de conhecer a paisagem. Cadernos Paisagem. Paisagens 3, Rio Claro, UNESP, n.3, pp.39-44. 1998a.

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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO CONJUNTO CIDADÃO EM ITACOATIARA (AM)

Daniel Ferreira Campos¹; Rejane Gomes Ferreira²

¹ Chefe do Setor de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Itacoatiara – SEMMA; ² Coordenadora do Curso de Engenharia Florestal da Escola Superior de Tecnologia – EST/UEA

Resumo

O presente trabalho visa apresentar a percepção ambiental dos moradores do Conjunto Cidadão, localizado no município de Itacoatiara (AM). Para apropriação de dados, aplicou-se um questionário no qual se obteve informações para a caracterização do entrevistado, a caracterização da trajetória do entrevistado, bem como dados para a análise da percepção ambiental dos moradores. Para processamento dos dados, utilizou-se o programa Microsoft Excel 2007, onde também foram gerados todos os gráficos. Após a análise, obteve-se que a população do conjunto é jovem, com 67% dos moradores na faixa etária de 20 a 39 anos. A escolaridade concentra-se entre o 1º grau incompleto e o 2º grau completo. A maioria dos moradores procede dos bairros Santo Antônio e Colônia. Na análise da percepção ambiental, os moradores aliaram o conceito de meio ambiente estritamente ao meio natural. O maior problema ambiental é o excesso de lixo ocasionado pela falta de consciência. Mas, mesmo apresentando estes problemas, 87% dos moradores se dizem satisfeitos com o local e destacam a tranqüilidade como o fator social de maior destaque, classificando como boa a qualidade de vida que lhes é proporcionada. Na opinião dos entrevistados, há a necessidade de áreas de lazer no conjunto. Concluiu-se que os moradores têm boa percepção ambiental, apesar do analfabetismo ambiental que os atinge.

Palavras-Chave: Meio Ambiente; Educação Ambiental.

Introdução

A vivência humana no ambiente em que está inserido é orientada por sua percepção e pela atribuição de valores, dão sentido ao termo Percepção Ambiental. Segundo o mesmo autor, percepção ambiental é fundamentada pelo entendimento de que a vivência humana e seu entorno próximo são orientados por essa percepção (CASTELLO, 2001; apud TOURAINE, 2006).

As percepções sobre o ambiente externo (the landscape) são sempre modificadas pelos ambientes internos (the inscape), isto é, faz-se a leitura da natureza (mindscape) de acordo com as necessidades, memórias e experiências humanas. As duas percepções e as respostas para elas são selecionadas e interpretadas sob as suas influências (SMYTH, 1995 apud. SOARES, 2005). A percepção ocorre no momento em que a atividades dos órgãos dos sentidos estão associados com atividades cerebrais. (MELAZO, 2005). Ela pode, portanto, ser desenvolvida através da funcionalidade dos sentidos, tornando assim diferente em cada indivíduo, pois, o

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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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significado que os estímulos sensoriais despertam é o que distingue a forma como cada indivíduo compreende a realidade em que está imerso (RIBEIRO, 2003). Estes significados estimulados nos indivíduos representam valores que são atribuídos de acordo com a cultura, história, idade, sexo, educação, erudição, classe social, economia, política, religião, individualidade, preferências, atitudes e atribuições do meio ambiente (MELAZO, 2005; TOURAINE, 2006; ADDISON, 2003; RIBEIRO, 2003). A construção dos valores estaria sujeita às relações entre os meios que o indivíduo é capaz de receber. Os meios aqui podem ser exemplificados pela família, o trabalho, os meios de comunicação, a escola ou Universidade (RIBEIRO, 2003). Dessa forma estas informações acabam justificando a necessidade de uma exploração e análise dos valores, que a sociedade passa a construir dentro das instituições de ensino e outras entidades que atuam e discutem as questões ambientais.

A percepção ambiental utiliza o termo Topofilia para descrever o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente físico (TUAN, 1972). Recentemente o termo Biofilia expressa a “idéia da necessidade intrínseca humana do contato com a natureza” (WILSON, 1984, apud. STRUMINSKI, 2003). O termo topofilia em 1957 foi introduzido na edição original da obra A poética do espaço, com os seguintes dizeres: “...precisamos examinar imagens bem simples, as imagens do espaço feliz...”. Nessa perspectiva, nossas investigações mereceriam o nome de topofilia (BACHELARD, 1993). Uma das partes mais importantes para o desenvolvimento de uma relação ambiental é o senso de lugar caracterizado. Saber localizar-se dentro do espaço é de suma importância. Os aspectos mais relevantes são decorrentes da localização dentro da cidade, fazendo com que as pessoas tenham uma sensação espacial de localização e locomoção. A individualidade também predomina na concepção do espaço e senso de lugar nos centros urbanos, uma vez que permeia a consciência individual na inter-relação ambiental. Pode aparecer um espaço virtual que não é concebido geograficamente, mas que na realidade o é, pois é concebido por aspectos subjetivos de classificação da percepção.

Para os residentes o sentido de lugar não é incentivado somente pela circunscrição física no espaço do povoado. O conhecimento de outros elementos ou outro bairro e rivalidade entre os mesmos é que aumenta o significado de identidade (TUAN, 1982).

Uma cidade torna-se histórica não porque durante determinado tempo ocupou o mesmo sitio urbano, mas porque foi feita de emoções, sentimentos e história. O ser humano usa seus sentidos para apreender e dimensionar seus espaços, bem como para defendê-los, uma vez que tem, na sua natureza, os traços do comportamento territorialista (OKAMOTO, 2002).

A percepção é função da individualidade do observador na percepção, cada homem tem uma imagem do mundo de acordo com suas preferências, sendo que existe uma conexão entre o meio, comportamento espacial e experiências passadas. Mais recentemente, este autor tem usado o termo ação espacial para a percepção humana imediata ao meio (MAYFIELD, 1972 apud. OKAMOTO, 2002).

Neste sentido o termo Percepção Ambiental torna-se extremamente relevante se estabelecermos o conceito de ambiente como uma representação social, isto é, uma visão que evolui no tempo e que depende do grupo social em que é utilizada. São essas representações, bem como as suas modificações ao longo do tempo que importam: é nelas que se busca intervir quando se trabalha o tema ambiente (REIGOTA, 1995).

A percepção ambiental exercida pelo ser humano, de forma contínua, propicia uma conscientização de preservação e relação harmônica com a natureza fortalecendo o processo de implementação de programas de educação ambiental. Portanto, o perfil ambiental, resultante dessa pesquisa de percepção ambiental, fornece subsídios importantes para um

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planejamento seguro, abordando aspectos sociais, culturais, econômicos e outros, revelando as prioridades da comunidade, o que deve dar origem aos objetivos e a nomeação de estratégias. E, ainda, na elaboração de um perfil ambiental, sob uma ótica da ecologia humana que se chega mais próximo das carências reais da comunidade para o tema ambiental enfocado.

O homem é um ser com necessidades múltiplas, interdependentes e, que o ambiente onde vive é o meio onde encontra as possibilidades de satisfazê-las ou não numa qualidade de vida saudável (COLOMBO, 1996). Assim, os termos “qualidade de vida” e “qualidade ambiental” estão intimamente ligados porque o indivíduo é o ambiente, porém, diferenciado dos demais aspectos que o compõe, especialmente porque é capaz de interferir profundamente na organização e funcionamento deste ambiente (PASCHOAL, 2000).

O espaço social é obra do ser humano, a produção do espaço passa pela relação homem-natureza, toda atividade produtiva do homem implica uma ação sobre a superfície terrestre, numa criação de novas formas, de tal modo que produzir é produzir espaço (SANTOS et al., 1996 apud. GOMES, 2006).

O aspecto mais importante a respeito da qualidade ambiental não é em relação à percepção ou ao comportamento e seus significado, mas sim, à tomada de consciência. Desta forma, entende-se que cada indivíduo traz informações diferentes sobre o ambiente e a qualidade ambiental.

O presente trabalho visou verificar a percepção ambiental dos moradores do Conjunto Cidadão em Itacoatiara (AM).

Metodologia

A pesquisa foi realizada no Conjunto Cidadão, construído no município de Itacoatiara (AM), localizado na margem esquerda do rio Amazonas, com uma área de 8.600 Km2, de coordenadas geográficas 3º8’54’’ de Latitude sul e a 58º25’ de Longitude oeste (RIBEIRO, 2005).

O cálculo do tamanho da amostra foi realizado utilizando-se a metodologia para dimensionamento da amostra proposta por Fonseca (1996).

Nesta pesquisa foram utilizados cento e sessenta (160) formulários para obtenção dos dados.

Os dados foram obtidos por meio de aplicação de formulários que continham três tipos de informações:

� Caracterização dos Entrevistados; � Trajetória; � Percepção.

Os formulários foram aplicados a um morador por unidade habitacional escolhida por

amostragem aleatória simples. A amostragem aleatória simples é o processo mais elementar e freqüentemente

utilizado. Atribui-se a cada elemento da população um número distinto. Se a população for numerada, utilizam-se esses “rótulos”. Efetuam-se sucessivos sorteios até completar-se o tamanho da amostra (FONSECA, 1996).

No caso desta pesquisa, o rótulo foi a própria numeração da residência. Os dados foram tabulados em software específico, sendo divididos em três planilhas,

sendo: planilha de caracterização dos entrevistados, planilha da trajetória do morador e planilha dos dados de percepção ambiental. A partir da tabulação e organização dos mesmos, foram gerados gráficos em setores para a melhor análise.

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Um gráfico em setor é a representação gráfica de uma série estatística em um círculo, por meio de setores. É utilizado principalmente quando se pretende comparar cada valor da série com um total. Para construí-lo, divide-se o círculo em setores cujas áreas serão proporcionais aos valores das séries (FONSECA, 1996).

Resultados e Discussão

Os resultados mostraram que 67% dos entrevistados estão na faixa de 20 a 39 anos, enquanto 7% situa-se na faixa de 50 a 69 anos, dando a entender que grande parte da população do Conjunto é jovem, sendo que, do total dos entrevistados 67% eram mulheres, o que se reflete na caracterização profissional do conjunto com 39% sendo donas de casa.

A maioria (60%) reside entre 21 a 40 anos no município, portanto uma população jovem que passou a maior parte da vida em Itacoatiara. Ao que se percebe, é possível existir um elo afetivo entre o morador e o lugar, o que Tuan (1972) chama de topofilia.

Nesta pesquisa buscou-se avaliar a compreensão dos moradores a respeito de temas e conceitos simples dentro da questão ambiental e como o indivíduo enxerga a situação do lugar onde vive, pois os moradores locais têm uma complexa e derivada percepção do meio por estar inserido nele (TUAN, 1982).

Na presente pesquisa investigou-se o conhecimento dos moradores sobre três fatores importantes dentro do conceito ambiental. Todos os participantes manifestaram sua opinião sobre o que entendem ser meio ambiente, educação ambiental e qualidade de vida. Os conceitos formados pelos indivíduos são basicamente, atribuídos de acordo com a cultura, história, idade, sexo, educação, erudição, classe social, economia, política, religião, individualidade, preferências, atitudes e atribuições do meio ambiente (MELAZO, 2005; TOURAINE, 2006; ADDISON, 2003; RIBEIRO, 2003). A pesquisa revelou que 49% dos moradores entenderem “meio ambiente” como conservação da natureza, 45% dos moradores disseram que “educação ambiental” é conscientizar a conservação. Desta forma os moradores excluem os meios antropizados do conceito deste termo, incluindo o próprio lugar onde vivem. Há a necessidade de se fazer com que estes moradores se percebam como um componente do meio e não apenas como manipulador. O indivíduo é o ambiente, porém diferenciado dos demais aspectos que o compõe, especialmente porque é capaz de inferir profundamente na organização e funcionamento deste ambiente (PASCHOAL, 2000). Falando sobre qualidade de vida, 77% dos moradores aliam-na a uma vida saudável. Entretanto, para que se tenha uma vida saudável é necessário que se viva em um ambiente urbano saudável não apenas do ponto de vista sanitário, mas de infra-estrutura e ambiental, pois as satisfações das necessidades em todas as suas dimensões é essencial à existência da vida e ao bem viver (PATRÍCIO, 1995). Através da pesquisa verificou-se haver interesse dos moradores por temas ambientais já que 61% afirmam debaterem sobre estes temas com seus vizinhos e familiares e 49% informam que o tema ambiental mais debatido é o problema do lixo urbano, sendo que, 48% reconhecem que a origem do problema é a falta de consciência dos próprios moradores. Mas, apesar destes dados, 70% dos moradores informam que contribuem para a solução dos problemas ambientais conservando a natureza. Comparando os dados, pode-se verificar o relevante grau de analfabetismo ambiental dos moradores, que é definido como a falta de informações sobre problemas ambientais incluindo pessoas de todos os níveis de escolaridade (LATORRE; MIYAZAKI, 2005).

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Conclusões

A maioria dos moradores do Conjunto Cidadão restringe o conceito de meio ambiente somente ao fator natural. O principal problema ambiental do bairro identificado pelos moradores é o lixo urbano, e a maioria reconhece que a falta de consciência ambiental é o grande causador do problema. Verifica-se também uma antítese nas afirmações dos moradores, pois os mesmos reconhecem que são os causadores dos problemas ambientais, mas informam que procuram solucioná-lo conservando a natureza. Este fato só reforça a informação de que, para os moradores, meio ambiente é o meio natural, excluindo os meios urbanos do conceito de meio ambiente e revela um relevante grau de analfabetismo ambiental. Sugere-se ao poder público a elaboração e execução de programas de educação ambiental a nível escolar e comunitário a fim de reverter este quadro.

Referências Bibliográficas

ADDISON, E. E. A Percepção Ambiental da População do Município de Florianópolis em Relação á Cidade. Dissertação de Mestrado, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis, 2003.

BACHELARD, G. A poética do espaço. São Paulo. Ed. Martins Fontes, 1993.

COLOMBO, C. R. A Qualidade de vida de trabalhadores da construção civil numa perspectiva holístico-ecológica. 1996. 132p. Dissertação (Mestrado) - Pós-Graduação em Engenharia de Produção/CETD, Florianópolis, 1996.

FONSECA, J.S. da; MARTINS, G. de A. Curso de Estatística. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 1996.

GOMES, L.N. Percepção Ambiental da População da Área de Entorno no Parque Estadual do Bacangá, São Luis, Maranhão. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais. Manaus: UFAM, 2006.

LATORRE, D. C. P.; MIYAZAKI, S. L. O Analfabetismo Ambiental como Agravante para o tráfico de Animais Silvestres. Integração. Ano XI, n. 43, p. 319-323, 2005.

MELLAZO, G.C. A percepção ambiental e educação ambiental: uma reflexão sobre as relações interpessoais e ambientais no espaço urbano. Olhares & Trilhas . Uberlândia,Ano VI, n. 6, p. 45-51, 2005.

OKAMOTO, J. Percepção ambiental e comportamento: visão holística da percepção ambiental na arquitetura e na comunicação. São Paulo: Ed. Mackenzie, 2002.

PASCHOAL, S. M. P. Qualidade de vida do idoso: elaboração de um instrumento que previlegia sua opinião. Dissertação (Mestrado). Pos-Graduação em Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2000.

PATRÍCIO, M.Z. A dimensão felicidade-prazer no processo de viver saudável individual e coletivo: uma questão biótica numa abordagem holístico-ecológica. Tese (Doutorado) - Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 1995.

REIGOTA, M. Meio Ambiente e Representação Social. São Paulo: Questões da Nossa Época, n. 41, Cortez, 1995.

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RIBEIRO, L. M. O papel das representações sociais na educação ambiental. Dissertação de Mestrado, pela Pontifícia Universidade Católica. Departamento de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Rio de Janeiro, 2003.

RIBEIRO, R. C. Amazonas Meu Grande Amor. 4. Ed. Manaus: Editora Silva, 2005.

SOARES, S. M. V. A Percepção Ambiental da População Noronhense em Relação à Área de Preservação Ambiental. Monografia de Especialização. Recife: UFRPE, 2005.

STRUMINSKI, E. A Ética no Montanhismo. Desenvolvimento e Meio Ambiente. Curitiba, n. 7, p. 121-130, Ed.UFPR. jan./jun. 2003.

TOURAINE, A. Crítica da modernidade. 6ª ed., Petrópolis: Vozes, 1999.

TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL, 1982.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO COTIDIANO ESCOLAR: LEVANTAMENTO PARTICIPATIVO DO USO DA ÁGUA EM UMA

ESCOLA DO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA 1 Diegler Coimbra de Matos1; Rejane Gomes Ferreira2; Deolinda Luciane Rodrigues Ferreira2

1 Graduando do Curso de Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Amazonas, bolsista iniciação

científica PAIC; 2 Professora do curso de Engenharia Florestal em Itacoatiara da Universidade do Estado do Amazonas.

Resumo

Desenvolver um projeto interdisciplinar que promova a integração entre a universidade, escola e comunidade que possibilite a discussão de um recurso natural essencial para a vida, a água foi uma das metas deste trabalho, que teve como objetivo realizar um levantamento participativo do uso da água em uma escola de Itacoatiara-AM. Participaram das atividades 27 alunos com idade entre 10 e 13 anos da Escola adventista de Itacoatiara. Foram feitas varias atividades: excursões (visita ao SAAE local), criação de painéis, folders, experiências cientificas com a água, palestra e aplicação de formulário. Verificou-se que as crianças se tornaram mais criativas, conscientes e capazes de trabalhar em equipe. Além disso, na escola não existia nenhum tipo de projeto referente ao tema abordado.

Palavras-chave: água; educação ambiental; levantamento participativo.

Introdução

A exploração dos recursos naturais tornou-se cada vez mais intensa, principalmente do século XX, quando o país alcançou elevadas taxas de crescimento econômico e industrial. Esse crescimento acelerado, que provocou migrações do campo para a cidade, causou deterioração da qualidade de vida. Dessa forma, agravam-se diversos problemas, como: o da poluição do ar e dos recursos hídricos; o das enchentes; o da falta de saneamento básico (LUCCI, 2007).

Em nível mundial é provável que a água, um dos recursos naturais mais importantes para a sobrevivência humana, tenha se tornado a questão mais debatida em fóruns de discussão sobre o meio ambiente. Os rios e lagos formam os ecossistemas de água doce e são considerados o meio de vida natural mais ameaçado do planeta. Embora ocupem apenas 1% da superfície terrestre os ecossistemas de água doce abrigam cerca de 40% das espécies de peixe 12% dos demais animais. Só o rio amazonas possui mais de três mil espécies de peixe (VESENTINI, 2008).

A educação é, na verdade, o caminho fundamental, o meio único de conduzir a população ao imprescindível grau de sensibilidade e responsável tomada de consciência, aliada ao firme propósito, por meio de ação efetiva de explorar ou utilizar racionalmente a propriedade (própria ou alheia) e os recursos naturais, para proteger e preservar o ambiente saudável e cultural, como condição essencial à vida e à sobrevivência da própria humanidade (CUSTÓDIO, 1995).

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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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O presente trabalho foi realizado em uma escola do município de Itacoatiara (AM), a partir da proposta de promoção da interação entre universidade, escola e comunidade, tendo como linha condutora o uso de recursos hídricos e o objetivo de realizar um levantamento participativo do uso da água.

Metodologia

O município de Itacoatiara fica localizado à margem direita do rio Amazonas, 175,5 km distante da Capital do Estado (Manaus), possuindo uma área de unidade territorial de 8.892 km², com uma população de 84.676 habitantes.

O projeto iniciado em 2008 foi desenvolvido em uma escola particular e participaram do projeto 27 estudantes do ensino fundamental de ambos os sexos, com idade entre 9 a 12 anos e cursando o 6º ano do ensino fundamental, com troca de turmas de um ano para outro após as férias anuais. No ano de 2009 deu-se continuidade com a mesma turma de alunos, agora com idades entre 10 e 13 anos e cursando o 7º ano do ensino fundamental.

Os dados obtidos foram interpretados qualitativamente a partir da observação de cada participante envolvido no projeto e na descrição dos materiais produzidos, várias foram as atividades desenvolvidas: elaboração de maquetes, elaboração de folders, experiências com a água, murais informativos e aplicação de formulário pelos alunos a 25 (vinte cinco) famílias residentes em área próxima a escola.

Dentre as atividades foi promovida uma palestra pelo bolsista, cujo tema abordado foi à importância da água para os seres vivos. Os pontos abordados foram a distribuição da água no mundo e no Brasil, a importâncias da água para o corpo humano, importância para mata ciliar, desperdício, escassez, enchente, contaminação e sensibilização. Durante as atividades buscou-se, por meio da observação, identificar a participação individual e do grupo para a realização das atividades.

Resultados e Discussão

Nas atividades houve a participação dos 27 alunos que compõem a turma, sendo que 52% eram do sexo feminino e 48% do sexo masculino, com idade entre 9 (nove) e 12 (anos). Na preparação dos painéis, participaram 33,3% dos alunos ao total de 9 alunos. Verificou-se que os mesmos se mostraram criativos, produzindo um painel informativo contendo informações sobre as forma de uso da água e o uso racional. O trabalho produzido foi disponibilizado em mural na escola.

Na apresentação de experiências com a água também participaram 9 alunos. As experiências realizadas despertaram o interesse dos alunos pelo tema sugerido (água). Os mesmos se mostraram capazes de elaborar maquetes e experiências, explanando com segurança sobre o trabalho para os alunos de outras turmas da escola. Este projeto foi apresentado em uma Feira de Ciências local, onde a equipe conquistou o 2º lugar. Verificou-se que após essa atividade os alunos se mostraram mais participativos e empenhados para a realização das outras etapas.

Na visita ao Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto, participaram 9 (nove) estudantes. Os alunos se mostraram curiosos. Várias perguntas sobre o tratamento de água foram feitas ao técnico responsável, onde se verificou o desconhecimento dos alunos sobre o serviço. Sobre o levantamento do uso da água verificou-se que maioria acredita que a qualidade da água seja boa. Dentre as crianças entrevistadas 70% das crianças acreditam que a água seja de boa qualidade e 30% a acreditam que não seja.

Segundo Selborne (2001), em 1997 33% de todas as mortes foram devidas doenças infecciosas e parasitárias. As diarréias provocaram 2,5 milhões de mortes, a febre tifóide

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600.000, a dengue e a dengue hemorrágica, outras 130.000 mortes. Em 2025 haverá cinco milhões de mortes entre as crianças com menos de cinco anos de idade, sendo que 97% desses óbitos deverão ocorrer nos países em desenvolvimento, a maioria deles devido às doenças infecciosas combinadas com a desnutrição.

Os entrevistados reconhecem que a água é um direito de todos e relatam possuir água potável em suas residências. A maioria possui o hábito de deixar a torneira ligada enquanto escova os dentes, sendo que entre os alunos 35% dizem que deixam a torneira ligada, 34% dizem que não e 31% deixam a torneira ligada às vezes.

Marodin (2004) realizou uma pesquisa com crianças do programa PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) na cidade de na cidade de Naviraí, no estado de Minas Gerais, obteve os seguintes dados: desligar a torneira enquanto escovamos os dentes - 19,6% das crianças afirmaram ter esse hábito, mas 80,4% deixam a torneira aberta enquanto escovam seus dentes. “Não deixar a torneira aberta durante todo o tempo decorrente da lavagem da louça: este é outro hábito responsável pela economia de água, dos alunos entrevistados 98% afirmaram ter esse hábito, 2% não desligam a torneira quando estão lavando louça; desligar o chuveiro quando estiver se ensaboando: 68,6% das crianças e adolescentes entrevistados têm esse hábito, 31,4% deixam o chuveiro ligado durante todo o tempo em que estão tomando banho. Os dados mostram a necessidade de atenção especial com as crianças e sensibilização constante, pois é grande o percentual de crianças que deixa a torneira aberta.

Sobre o uso de água para limpeza de calçadas verificou-se que 62% dos alunos não usam água com freqüência para limpar a calçada, 20% às vezes limpam a calçada com água e 18% limpam a calçada usando água. No entanto este trabalho é executado pelo país. A maioria (91%) acredita que a água pode se esgotar e 9% que não vai se esgotar. Isso pode estar revelando o conhecimento sobre as conseqüências do mau uso da água. Sobre o desperdício quanto ao vazamento de água pelas torneiras verificou-se que 42% não reparam, 35% reparam e 23% dos alunos às vezes reparam. A atitude quanto ao ambiente durante viagens revelou que 87% não joga lixo nos rios, 8% às vezes e 5% joga lixo nos rios. Entende-se que a maioria das crianças tem um cuidado com os rios. A água potável assume grande importância para as crianças, visto que 100% dizem economizar.

Quanto aos dados dos adultos, verificou-se que: 72% acreditam que a água é de boa qualidade e 28% acham que não; possuem hábito de deixar a torneira ligada - 92% das pessoas não deixam a torneira ligada enquanto escovam os dentes e 4% não têm habito de deixar a torneira ligada; freqüentemente limpam a calçada com água - 84% admitiram que não limpam a calçada usando água, 8% admitem que limpam a calçada com água e 8% limpam as vezes; acreditam que a água pode se esgotar - 82% das pessoas acreditam que a água pode se esgotar e as pessoas que acreditam que não somam 26%. Os dados revelam que as pessoas compreendem a importância de economizar água potável e preservá-la.

Conforme Selborne (2001), “se a população aumentar em 65% nos próximos cinqüenta anos, como é virtualmente certo, cerca de 70% dos habitantes deste planeta enfrentará deficiências no suprimento de água, e 16% deles não terão água bastante para produzir sua alimentação básica”. Sobre o desperdício, identificou-se que 60% verificam se há vazamento ou torneira pingando, 28% não tem habito de ver se há vazamento e 12% às vezes vem se há algum tipo de vazamento. Quanto à contaminação dos recursos durante viagens 92% não joga lixo nos rios, 4 % joga e 4% eventualmente joga. A maioria (92%) acredita que a economia de água é uma das formas de que o recurso não se esgote, enquanto 8% relatam não estar “fazendo nada”.

Dentre as atividades realizadas, a pesquisa de campo mostrou-se ser a atividade de maior dificuldade para realização, o que se atribui à falta de experiências externas a escola, que envolvam a comunidade.

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Conclusões

Em todas as atividades realizadas, os alunos se mostraram aptos ao trabalho em equipe. O interesse pelas questões ambientais e de preservação dos recursos hídricos da água cresceu entre os participantes. Os temas trabalhados puderam ser reproduzidos com criatividade durante atividade em Feira de Ciências a consciência ambiental sobre o uso, desperdício e preservação dos recursos hídricos foram reproduzidos em maquetes e experiências que envolviam o uso da água. O projeto foi uma experiência nova para escola, que possibilitou a agregação durante as atividades da universidade e da comunidade circunvizinha. Essa aproximação com o ambiente local e de pessoas despertou atitudes pro ambientais traduzidas pelo interesse dos alunos.

Agradecimentos

Ao meu Deus por toda força interior. A todas as crianças, pais e a Escola Adventista de Itacoatiara-AM, pela compreensão da realização de todas as atividades.

À FAPEAM pela bolsa de Iniciação Científica e auxílio à pesquisa.

Referências Bibliográficas

VESENTINI, W. Geografia Critica: o espaço natural e a ação humana. 3ªed. São Paulo. 2008.

LUCCI, A.E. Geografia Geral e do Brasil. 3ª ed. Ed. Saraiva. São Paulo. 2007.

MARODIN, V. S. Educação Ambiental com os Temas Geradores Lixo e Água e a Confecção de Papel Reciclável Artesanal. In: Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2004, Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte: UEMS. p 5. 2004.

CUSTÓDIO, Helita Barreira. Legislação Brasileira do Estudo de Impacto Ambiental. In: TAUK, Sâmia Maria (org.). Análise Ambiental: Uma visão multidisciplinar. São Paulo: UNESP. 1995.

SELBORNE, Lord. A Ética do Uso da Água Doce: um levantamento. Brasília : UNESCO. 80p. 2001.

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AÇÃO DE REUTILIZAÇÃO DO LIXO INORGÂNICO PARA ELABORAÇÃO ARTESANAL DE BRINQUEDOS, JOGOS E ARTES A

CRIANÇAS DE SETE A TREZE ANOS1

Hellen Fernanda Viana Cunha2; Deolinda Lucianne Rodrigues Ferreira3; Rejane Gomes Ferreira4

1 Projeto financiado pela FAPEAM; 2 Graduanda do Curso de Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Amazonas, bolsista iniciação científica PAIC; 3,4 Professoras do curso de Engenharia Florestal em Itacoatiara

da Universidade do Estado do Amazonas.

Resumo

A proposta justifica-se pelo fato de promover a interação da pesquisa com os atores sociais, permitindo que os mesmos recebam informações necessárias sobre os temas ambientais abordados e desenvolvam ainda uma conscientização sobre a problemática, estendendo as boas práticas ao convívio da família. Portanto o que se pretende com este trabalho é justamente desenvolver as ferramentas da Educação Ambiental, capacitando-as a fazer brinquedos, peças de decoração e artes com materiais recicláveis contribuindo para a redução do lixo e para melhoria da qualidade de vida dos moradores do local. A atividade utilizada para caracterização do perfil ambiental das crianças, foi a sensibilização utilizando-se as seguintes ferramentas: mapas mentais, palestras, aplicação de formulário e coleta de lixo na comunidade. A oficina de brinquedo é uma técnica de reutilização do lixo, na qual as crianças fabricavam seus próprios objetos de entretenimento com o auxílio de orientadores. Foi observado que as crianças demonstraram interesse e empenho em tal atividade, desta forma as mesmas tornaram-se agentes multiplicadores dessa prática de reciclagem, construindo os objetos em casa e apresentando-os aos pais. Bem como contribuíram para a redução do lixo na comunidade, tornando tal atividade em mais uma opção de diversão para os participantes que não possuíam brinquedos, por falta de recursos financeiros dos pais, além de estimular a criatividade, desenvolver a coordenação motora, sensibilidade e socialização. Foram elaborados quatro quebra-cabeças, um jogo de dominó, um jogo de dama, três brinquedos chamados usualmente de “vai e vêm”, cinco “bulboquês” e três televisões de caixa de papelão.

Palavras - chave: Educação ambiental; materiais recicláveis; oficina de brinquedo.

Introdução

Para se alcançar uma transformação de hábitos na sociedade, a fim de conscientizar as pessoas dos problemas ambientais, a Educação Ambiental tem sido apontada como a melhor estratégia. (DACACHE, 2004)

A problemática do lixo abrange uma série de questões de ordem política, econômica, cultural, social e não apenas de ordem ecológica. A reciclagem no seu aspecto artístico, utilizando-se materiais recicláveis para a elaboração de artesanato, tem sido vista como um benefício e possível solução ao problema do lixo.

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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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A intenção é justamente adaptar esse material para fabricar brinquedos artesanais, uma atividade recreativa que ajuda no desenvolvimento da criança. Daí a importância de oferecer-lhe materiais que despertem sua curiosidade, que provoquem sua atividade e solicitem a sua criatividade. (BORGES, 1987).

Este trabalho foi realizado em uma comunidade do município de Itacoatiara com crianças moradoras do local. A proposta justifica-se pelo fato de promover a interação da pesquisa com os atores sociais, permitindo que os mesmos recebam informações necessárias sobre os temas ambientais abordados e desenvolvam ainda uma conscientização sobre a problemática, estendendo as boas práticas ao convívio da família. Portanto o que se pretende com este trabalho é justamente desenvolver as ferramentas da Educação Ambiental, capacitando-as a fazer brinquedos, peças de decoração e artes com materiais recicláveis contribuindo para a redução do lixo e para melhoria da qualidade de vida dos moradores do local.

Metodologia

O município de Itacoatiara fica localizado à margem direita do rio Amazonas, 175,5 km distante da Capital do Estado (Manaus), possuindo uma área de unidade territorial de 8.892 km², com uma população de 84.676 habitantes (IBGE, 2007). O trabalho foi realizado em um bairro na Zona Leste do município de Itacoatiara – AM, que teve suas origens a partir de uma invasão surgida em 2003.

Participaram das atividades desenvolvidas vinte crianças com faixa etária de sete a doze anos, todas as crianças foram devidamente autorizadas a participar da pesquisa por seus pais ou responsáveis mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O projeto abrange a Pesquisa de Campo e a Pesquisa - Ação com o auxílio de um componente quantitativo por meio da Estatística.

A atividade utilizada para caracterização do perfil ambiental das crianças, foi a sensibilização utilizando-se as seguintes ferramentas: mapas mentais, palestras, aplicação de formulário e coleta de lixo na comunidade. A oficina de brinquedo é uma técnica de reutilização do lixo, na qual as crianças fabricavam seus próprios objetos de entretenimento com o auxílio de orientadores. Eram selecionados brinquedos fáceis e rápidos de realizar, que chamassem de imediato à atenção das crianças e que, sobretudo agradassem a ambos os sexos, foram utilizados materiais de fácil acesso, principalmente embalagens de produtos tais como garrafas plásticas e caixas de sapato, para que as crianças pudessem refazer o brinquedo na sua moradia e que não causassem perigo de intoxicar, cortar ou machucar os participantes.

Resultados e Discussão

A sensibilização iniciou-se com a aceitação da proposta de trabalho pelos responsáveis das crianças autorizando-os na participação da pesquisa, mediante um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, essa etapa foi realizada em cada residência para obter a confiança dos moradores da comunidade, esclarecendo-os de quais atividades seriam realizados no projeto.

No início as crianças mostraram-se tímidas tanto com os pesquisadores quanto com o próprio grupo embora morassem na mesma comunidade, no entanto, com o transcorrer das dinâmicas, pode-se observar que houve uma significativa aproximação entre educador e educando e gradualmente foram conseguindo trabalhar em grupo.

Quanto às características gerais da população, pode-se verificar que: as atividades de elaboração de brinquedos agradaram a ambos os sexos, a maioria dos participantes possuíam de 9 a 10 anos e estavam cursando da 3º a 4º série (Tabela 1).

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Foram realizadas palestras sobre assuntos ambientais abordando diversos aspectos, tais

como: ambiente, flora, fauna, prejuízos que o lixo pode causar na comunidade e dicas para combatê-los, nas quais observou-se que durante os temas abordados apenas alguns participantes sabiam ler e interpretar um texto.

Quando foi utilizada a ferramenta dos mapas mentais, constatou-se que o objetivo não foi plenamente atingido, uma vez, que os participantes não conseguiam se inserir no ambiente, limitando-se a desenhar os recursos físicos e biológicos separadamente, como casas, pessoas, ruas, nuvens, pássaros, sol, rios poluídos e pontes por estarem no período do ano em que as enchentes eram predominantes.

A codificação e análise dos formulários mostraram que, as atividades de lazer mais praticadas foram brincar de boneca com 45% e tomar banho no lago com 30%. As demais foram jogar bola e ficar na rua com 15% e 10%, respectivamente. Isso demonstra que a fabricação de brinquedos destinada ao entretenimento nos lares seria conveniente para a redução do número de crianças vulneráveis a violência, prostituição e drogas que por ventura poderão encontrar na rua. Quando perguntados acerca do meio de comunicação que mais utilizam para obter informação, 60% respondeu que utiliza televisão, 20% obtêm através da leitura de livros, 15% ouve rádio e 5% não faz nada para manter-se atualizado, demonstrando um resultado positivo, apesar das dificuldades impostas pelo bairro. A assiduidade durante as atividades do projeto ratifica os fatos relatados anteriormente.

Em relação às questões ambientais, 75% do lixo é recolhido pelo Poder Público, 15% é queimado e o restante é jogado a céu aberto ou amontoado no quintal com 5% cada. Quanto ao conhecimento sobre reciclagem, 50% afirmou conhecer e 50% confirmou não conhecer o tema. Quando indagados se jogavam lixo no chão e nos rios, 50% disseram que não, 15% afirmaram que sim e 35% às vezes, indicando que a coleta de lixo realizada pelos comunitários surtiu efeito, contribuindo para a limpeza do bairro.

As definições de lixo mais comumente citadas foram: lixo é “Tudo o que não presta”, “Coisa que não precisamos mais”, “ É porcaria, coisa podre”, “ É uma coisa que usa e fica na rua”, “ É uma coisa que não pode jogar na rua”, “ Casca de bombom, milhitos, chiclete, fralda descartável, garrafas, etc.”

Características unidade % Gênero Masculino Feminino

9 11

45 55

Idade 7 a 8 anos 9 a 10 anos 11 a 12 anos

6 9 5

30 45 25

Grau de escolaridade 1º a 2º série 3º a 4º série 5º a 6º série

3 11 6

15 55 30

Tabela 01: Características gerais da população participante

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Quanto à percepção da limpeza do bairro e análise das pessoas que mais jogam lixo no ambiente, pode-se verificar que 40% disseram ser péssima a limpeza do bairro e 40% afirmaram ser os vizinhos quem mais jogam lixo no ambiente, conforme (gráficos 1 e 2).

10%

35%

15%0%

40%Otima

Boa

Regular

Péssima

Na oficina de brinquedos, foi observado que as crianças demonstraram interesse e

empenho em tal atividade (figura 1), desta forma as mesmas tornaram-se agentes multiplicadores dessa prática de reciclagem, construindo os objetos em casa e apresentando-os aos pais. Bem como contribuíram para a redução do lixo na comunidade, tornando tal atividade em mais uma opção de diversão para os participantes que não possuíam brinquedos, por falta de recursos financeiros dos pais, além de estimular a criatividade, desenvolver a coordenação motora, sensibilidade e socialização. Foram elaborados quatro quebra-cabeças, um jogo de dominó, um jogo de dama, três brinquedos chamados usualmente de “vai e vêm”, cinco “bulboquês” e três televisões de caixa de papelão (figura 2).

20%

5%

25%10%

40% Amigos

Pais Colegas O próprio

Viizinhos

Gráfico 01: Distribuição da análise da limpeza do bairro

Gráfico 02: Distribuição das pessoas que mais jogam lixo no bairro

Figura 1: Construção do brinquedo Figura 2: Televisão de papelão

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Conclusões

Através dos trabalhos manuais, as crianças desenvolveram a coordenação motora, o raciocínio, a sensibilidade e a socialização.

Estimulou-se a criatividade das crianças com a elaboração dos jogos e brinquedos, tornando-as multiplicadoras dessa prática.

As crianças se conscientizaram da Educação ambiental, não jogando lixo na sua comunidade, contribuindo para a limpeza da mesma.

Agradecimentos

Nossos agradecimentos às crianças participantes deste trabalho e seus familiares. À comunidade do Bairro da Paz e à Catequese pelo acolhimento. Ao PAIC pela concessão da bolsa de Iniciação Científica e auxílio à pesquisa A FAPEAM pelo apoio financeiro

Referências Bibliográficas

BORGES, Célio José. Educação Física para o Pré-Escolar. 4º edição. Rio de Janeiro: 1987

DACACHE, Fabiana Modesto. Uma proposta de Educação Ambiental utilizando o lixo como tema interdisciplinar. Niterói: 2004.

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COMPORTAMENTO DE Saguinus bicolor EM FRAGMENTOS FLORESTAIS URBANOS DA CIDADE DE MANAUS

Nelson Felipe de Albuquerque Lins Neto1; Rosana Junqueira Subirá 2; Bruno Rafael Simões

Machado3; Álefe Lopes Viana1; Thyago Wesley Serejo Monteiro4.

1Acadêmico de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Amazonas – UFAM , Manaus, AM, Brasil; 2Bióloga, M.Sc. Coordenadora do Programa de Proteção do Sauim-de-Manaus – SAPECA, Manaus, AM, Brasil;

3Biólogo, Sub-Coordenador do Programa de Proteção do Sauim-de-Manaus – SAPECA, Manaus, AM, Brasil; 4Acadêmico de Gestão Ambiental e Sanitária – CIESA, Manaus, AM, Brasil.

Resumo

Fragmentos florestais urbanos da cidade de Manaus foram visitados pela equipe de monitoramento da ONG Sociedade Civil para Pesquisa e Conservação da Amazônia (SAPECA) onde se observou o comportamento dos bandos de sauins-de-manaus (Saguinus bicolor) com o objetivo de verificar suas atividades diárias e sua distribuição ao longo do dia, dieta, relação com outros animais, além de comportamentos sociais. Os itens avaliados foram: agredindo, brincando, catando, comendo fruta, comendo inseto, descansando e hostilidade. Constatou-se que os sauins passam a maior parte do tempo deslocando-se em busca de insetos e frutas, respectivamente, que constitui sua dieta preferencial, seguido de intervalos de repouso geralmente realizados após o forrageamento. Foram observados ainda, comportamentos como brincadeiras no solo e “vocalizações de alerta” quando aves do mesmo porte ou maiores que urubus pairavam sobre as árvores em que se encontrava o grupo. Outro comportamento observado foi a agressão sofrida pelos macacos por pássaros, fortalecendo relatos de populares, quanto os sagüis alimentarem-se de ovos e filhotes destes.

Palavras-chave: sauim-de-manaus; dieta; forrageamento.

Introdução

Visando um melhor entendimento do comportamento da espécie Saguinus bicolor, em fragmentos florestais urbanos, com um foco na atividade diária do animal, iniciou-se no mês de agosto de 2008, o acompanhamento de um bando de sauins (Figura 01) no Parque Municipal do Mindu, Manaus. A escolha do parque como área inicial de estudo deu-se ao fato de que os sauins que vivem no local são facilmente avistados na maior parte do dia e os bandos são numerosos, com indivíduos adultos, jovens e filhotes. O objetivo inicial comparou os dados obtidos com o estudo dos indivíduos do parque com dados de um fragmento florestal menor, para verificar possíveis diferenças comportamentais entre bandos em fragmentos de tamanho e situação de riscos diferentes. Porém, foram encontradas dificuldades como o não avistar do bando nos fragmentos menores e também, em algumas destas visitas in loco, ocorreram chuvas, e, por isso, neste relatório, abordaremos somente os resultados obtidos durante as observações no Parque Municipal do Mindu.

Educação, Desenvolvimento e Meio Ambiente Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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Figura 01. Sauim-de-manaus, presente na área do Parque. Fonte: (Lins Neto, 2008)

O Parque Municipal do Mindu (Fig.02) possui uma área de 330.000m2 e é considerada uma das principais áreas de lazer e turismo da cidade de Manaus possuindo trilhas para caminhada, anfiteatro, chapéu de palha para exposições além de abrigar em sua área verde uma variedade de espécies animais e vegetais, incluindo o sauim-de-manaus, espécie ameaçada de extinção.

Figura 02. Parque Municipal do Mindu. Fonte: Google Earth, 2008.

Metodologia

O trabalho iniciava logo ao amanhecer com a busca pelo bando para início à coleta de dados. Ao encontrá-los, registrava-se a atividade que estava sendo realizada pelos indivíduos em intervalos de 15 min durante 1 min. Por exemplo, se o bando era avistado pela primeira vez ás 8:00 h, eram registradas as atividades e qualquer comportamento até 8:01 min, sendo o próximo registro iniciando às 8:16 min e assim sucessivamente até o momento de não mais avistar o bando. Foram utilizadas fichas de campo com 12 atividades que o bando realiza, sendo: acordar, comer frutas, comer insetos, descansar, deslocar, brincar, vocalizar, agredir, copular, encontro entre grupos, hostilidade e dormir. Durante o período de um minuto de observação, que era feito a cada quinze minutos, todos os indivíduos do bando eram observados, onde

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desta forma mais de uma atividade poderia estar sendo realizada por diferentes indivíduos e consequentemente registrado pela equipe de pesquisa. Todas as atividades e ou comportamentos realizados pelos indivíduos do grupo durante o minuto de observação eram registradas.

Resultados e Discussão Foram realizados quatro dias de observação no Parque Municipal do Mindu, do período que foi do final do mês de agosto até o início do mês de outubro de 2008. O bando apresentava aproximadamente 14 indivíduos, incluindo dois filhotes. Das doze atividades presentes na ficha de campo, quatro não apresentaram nenhum registro durante as observações; são elas copular, encontro entre grupos, dormir e acordar. Em nenhum dos dias de observações foi encontrado o local de dormida do bando, pois perdia-se de vista, e assim não foi possível encontrar o bando acordando, o que resultaria em um dia inteiro de observações. A maior dificuldade encontrada no trabalho foi a demora em encontrar o bando logo nas primeiras horas do dia, pois deslocavam-se para áreas de difícil acesso no parque, onde não haviam trilhas nestas regiões.

Gráfico 01: Atividades realizadas ao longo do dia (%). A análise dos gráficos permite afirmar que os indivíduos do bando passam a maior parte do tempo se deslocando procurando por alimento, principalmente frutas e insetos, esses resultados confirmam dados de estudos anteriores, como o de Egler (1986), Vidal (2003) e Gordo (com.pess. a Vidal), que mostram que os sauins são bastante ativos durante seu período de forrageamento e passam a maior parte do tempo deslocando-se em busca de alimento. É interessante notar que o número de registros no que diz respeito “comer insetos” foi superior ao registro “comer frutas”, evidenciando a importância dos insetos na dieta do sauim. Entre os insetos predados estavam gafanhotos e besouros. Por mais de uma vez foi observado os sauins escavacando buracos em troncos de árvores e removendo matéria orgânica acumulada em pecíolos de palmeiras, principalmente açaí, possivelmente à procura de insetos. Observou-se o bando abandonando as árvores e descendo ao solo para “brincar” e por mais de uma hora permaneceram nesta atividade. Acredita-se que, ao fazer essas incursões ao solo, os animais também aproveitam para buscar por insetos na serrapilheira, como registrado por Egler (1986). Durante as observações, os sauins foram vistos se alimentando das seguintes espécies de frutíferas: Ingá (Inga edulis), visgueiro (Parkia pendula) e goiaba (Psidium guajava). Em

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uma ocasião alguns indivíduos foram observados alimentando-se de seiva da espécie Vismia guianensis, conhecida vulgarmente como lacre. Durante o trabalho foi possível verificar que existe uma relação entre algumas aves e os sauins. Por mais de três ocasiões, observou-se o sauim sendo atacado por aves (bem-te-vis, por exemplo) enquanto o grupo emitia forte vocalização de alerta. Acredita-se que isso possa ser um indício de que sauins também possam estar se alimentando de ovos e/ou filhotes de pássaros, respaldando o relato de funcionários e visitantes do parque que afirmam ter observado este comportamento. Quando aves de igual ou maior porte que um urubu eram avistadas por um dos animais passando sobre as árvores em que o bando se encontrava, um dos indivíduos emitia uma vocalização diferente, fazendo com que todos os outros ficassem em estado de alerta e olhassem para cima, como se fossem comunicados de onde viria o suposto perigo.

Conclusões Os animais passam a maior parte do tempo deslocando-se, com 42 % do tempo ativo gasto por dia, seguido da alimentação, com 31 %, totalizando 73 %. Curiosamente, a dieta dos sauins do Parque do Mindu possui preferencialmente insetos a frutas, sendo 18% e 13%, respectivamente, do tempo gasto de procura por dia. Estes primatas passam a maior parte do tempo nas árvores, mas, eventualmente, descem ao solo. Dentre as relações com outros animais, foi possível verificar que pequenos pássaros costumam atacá-los, fortalecendo o relato de populares quanto à predação dos ovos e filhotes de pássaros pelos macacos. Uma “vocalização de alerta” é emitida pelo grupo quando aves de portes iguais ou maiores que urubus sobrevoam a árvore em que o grupo se encontra o que demonstra coesão e estruturação social.

Referências Bibliográficas

EGLER S. G. 1986. Estudos Bionômicos de Saguinus bicolor (Spix,1823) (Callitrichidae, Primates) em uma mata alterada em Manaus. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. SP.

ROHE, F., VENTICINQUE, E. & GORDO, M. 2000. Modelagem das Distribuições Geográficas de Saguinus midas e Saguinus bicolor enfocando a relação com o peripátrico S. midas. Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA, Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Manaus. AM.

VIDAL, M. D. 2003. Influência de componentes da estrutura da floresta no uso do hábitat, tamanho de grupos e densidades de grupos do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor – Callitrichidae) em floresta de terra firme na Amazônia Central. Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Manaus, AM.

GORDO, M. 2005. Projeto Sauim-de-coleira: Conservação do primata Saguinus bicolor. In: Feira de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Amazonas. Manaus, AM. p.134.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA COMUNIDADE DO BAIRRO DA PAZ: ATIVIDADES PRÁTICAS DE REFLORESTAMENTO¹

Victor Hugo Ferreira Andrade2; Deolinda Lucianne Ferreira Garcia3; Rejane Ferreira Gomes4

¹Projeto financiado pela FAPEAM; Graduando do Curso de Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Amazonas, bolsista de iniciação científica PAIC; 3,4 Professoras do curso de Engenharia Florestal em Itacoatiara

da Universidade do Estado do Amazonas.

Resumo

O objetivo deste trabalho foi realizar como prática da Educação Ambiental, atividades de reflorestamento, como forma de estimular crianças com idades entre 7 e 12 anos moradoras do bairro, a conservação de meio ambiente. Foram realizadas atividades de sensibilização dos participantes para as oficinas de capacitação e seminários abordando vários temas como caracterização do ambiente em que vivem e tipos de florestas. Para a realização do reflorestamento foram feitos levantamentos das espécies vegetais de importância para os comunitários e que existiam antes da ocupação, foram utilizadas Myrciaria dubia H. B. K (Camu-camu), Eugenia stipitata Mc Vaugh (Araçá-boi), Carapa guianensis Aubl (Andiroba), Mauritia flexuosa L (Buriti) e Euterpe oleracea Mart (Açaí), adquiridas por doações. Concluiu-se que a revegetação de um pequeno trecho da mata ciliar mostrou-se como um importante instrumento de conscientização e mobilização de moradores, a partir do uso e da importância destas espécies.

Palavras Chaves: Educação Ambiental; Reflorestamento; Mata Ciliar

Introdução

A ocupação humana acarreta grandes transformações no meio ambiente, devido à utilização dos recursos naturais de forma predatória. As grandes invasões bem visíveis nas grandes cidades causam grandes impactos ambientais. Um bom exemplo é o desmatamento das florestas. Determinadas ações desenvolvidas no meio ambiente podem acarretar problemas maiores, como por exemplo, a produção de resíduos e esgotos, que contaminam rios e mananciais, e a retirada de árvores que se encontram nessas áreas, diminuindo assim, a infiltração da água no solo e, conseqüentemente, afetando as reservas de água doce nos lençóis freáticos. O reflorestamento tem sido utilizado como meio de recuperar áreas degradadas na busca pela recomposição da vegetação. O sucesso de um projeto de restauração e conservação de matas ciliares deve levar em conta o conhecimento do ambiente físico, biológico e humano (KAGEYAMA e GANDARA, 2000). Recuperar o meio ambiente e mantê–lo deve ser tarefa de todos, pois ninguém melhor que os próprios moradores de uma localidade podem avaliar e fiscalizar a situação em que se encontram. Neste trabalho foram realizadas atividades de reflorestamento, dando ênfase à educação ambiental no bairro, através das crianças, onde se utilizou espécies nativas presentes no bairro antes da ocupação e de grande interesse econômico para a comunidade.

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Objetivou-se neste trabalho realizar, como prática da Educação Ambiental, atividades de reflorestamento e conservação do meio ambiente, como forma de estimular crianças com idade entre 7 a 12 anos, moradoras do bairro.

Metodologia

O município de Itacoatiara fica localizado à margem direita do rio Amazonas, 175,5 km distante da capital do Estado (Manaus), com coordenadas geográficas de 3º 09’ S, 58º 22’ W e 26 m de altitude.

O Bairro da Paz localiza-se na zona leste de Itacoatiara e teve origem a partir de uma invasão na zona rural do município no ano de 2002. É constituído por aproximadamente 234 famílias que ocupam uma área de 251, 854 m² e um perímetro de 2.061m. Chegou à condição de bairro em 2006, recebendo o nome atual.

Esse trabalho foi destinado a crianças de 7 a 12 anos, participantes em grande maioria da catequese da igreja do bairro, onde foram devidamente autorizadas por seus responsáveis através da assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A atividade iniciou com a sensibilização dos participantes para as oficinas de capacitação e seminários onde foram abordados temas como a caracterização do ambiente em que vivem, tipos de florestas, a importância da higiene pessoal e do lixo, buscando-se enfocar os males causados ao ambiente e a saúde dos moradores da comunidade e a importância da manutenção da flora e da fauna abordada, quando buscou-se explorar com caminhadas do grupo pelo local. Para realização das atividades de reflorestamento foram feitos levantamentos das espécies vegetais de importância para os comunitários, existentes antes do início da ocupação da área. Foram utilizadas 31 mudas de 5 espécies, Myrciaria dubia H. B. K (Camu-camu), Eugenia stipitata Mc Vaugh (Araçá-boi), Carapa guianensis Aubl (Andiroba), Mauritia flexuosa L (Buriti) e Euterpe oleracea Mart (Açaí), adquiridas por doações do empresário Ademar e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Resultados e Discussão

Através das palestras e questionários aplicados obtivemos bons resultados referentes à educação ambiental, onde frisamos a importância que cada morador possui na preservação do meio em que vive, cuidando e fiscalizando o bairro e sua cidade. Com o passeio pelo bairro as crianças identificaram os principais problemas como a grande quantidade de lixo e o impacto nas moradias. Para as atividades de reflorestamento foram utilizadas mudas de espécies de importância econômica, em que podem ser utilizadas pelos próprios moradores para obterem uma renda complementar ou mesmo de subsistência. Com as crianças foram realizadas palestras que enfatizaram a importância da recomposição florística e pequenas técnicas de como repicar e cuidados com as mudas. No campo com o auxílio de um orientador cada criança recebeu uma muda na qual realizaram o plantio assumindo a responsabilidade pela sua manutenção e fiscalização.

Conclusões

No trabalho realizado no Bairro da Paz, verificou-se a grande carência de conhecimento no que diz respeito à educação ambiental, que muitos ainda não acreditam que

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todos os recursos naturais estão passando por um processo conturbado devido à devastação causado pela implantação de moradias, e bom exemplo esta no lago que circunda todo o bairro em que se verifica grande quantidade de lixo e falta de consciência. O reflorestamento foi utilizado com uma forma de conscientizar e mobilizar os moradores da manutenção da mata ciliar presente no bairro, e como uma forma de obtenção de renda com a comercialização de frutos e óleos essenciais.

Agradecimentos

Nossos agradecimentos às crianças participantes deste trabalho e seus familiares. À comunidade do Bairro da Paz e à Catequese pelo acolhimento. À FAPEAM pela bolsa de Iniciação Científica e auxílio à pesquisa.

Referências Bibliográficas

KAGEYAMA, P. & GANDARA, F.B. Recuperação de áreas degradadas. Em Matas ciliares: Conservação e recuperação (R.R. Rodrigues & H.F. Leitão Filho eds). EDUSP/FAPESP, São Paulo, p. 249-270. 2000.

MARCATTO, Celso. Educação Ambiental: conceitos e Princípios. Belo Horizonte: FEAM, 2002.

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ALGUNS ASPECTOS DO PERFIL DAS MOVELARIAS NO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA, AM

Adriano Gomes Medeiros1; Antônio Marcos de Oliveira Siqueira1

1UFAM/ICET - Curso de Engenharia de Produção, Itacoatiara, AM

Resumo

O setor de base florestal/madeireiro/moveleiro assume importante papel no contexto socioeconômico do município de Itacoatiara e região, como resultado do seu índice de empregabilidade e pela característica de distribuir renda (mesmo que de maneira desigual) ao longo de toda a cadeia produtiva, tanto na atividade formal, quanto na informal. No entanto, observa-se significativo decaimento no crescimento do setor nos últimos anos, em decorrência de uma série de fatores, que envolvem desde questões ambientais, falta de incentivos fiscais e de capacitação técnica. Em vista disso, foi desenvolvido o projeto acadêmico PIBEX 2008/2009, intitulado “Qualificação dos trabalhadores do Pólo Moveleiro de Itacoatiara”, desenvolvido no Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas. O projeto tem como objetivos: 1.Fornecer aos empresários e trabalhadores do Pólo Moveleiro de Itacoatiara uma oportunidade de adquirir conhecimentos teóricos, contribuindo para o desenvolvimento das empresas locais e dos setores econômicos relacionados; 2.Possibilitar uma melhoria dos indicadores de desempenho operacionais e logísticos das empresas; 3.Possibilitar ao ICET a oferta à sociedade local uma efetiva oportunidade de integração com o setor produtivo que caracteriza a vocação natural do município; e 4.Possibilitar aos discentes de graduação do ICET/UFAM o complemento da sua formação, por meio de atividades de extensão. Neste trabalho, apresenta-se uma síntese do diagnóstico da atual situação das empresas moveleiras do município.

Palavras-Chave: marcenarias, processo produtivo, qualidade, perfil das empresas.

Introdução

Este trabalho é resultado do projeto acadêmico PIBEX 2008/2009, intitulado “Qualificação dos Trabalhadores do Pólo Moveleiro de Itacoatiara”, desenvolvido no Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas. O projeto apresentava 2 vertentes, uma como trabalho de extensão e outra como pesquisa, que se complementavam e possibilitaram o êxito na execução da proposta. Cabe destacar-se que as visitas in loco, as entrevistas por meio de questionários e mesmo as discussões informais com os agentes do Pólo Moveleiro, possibilitaram estabelecer o que fica evidente: a baixa capacidade empreendedora dos moveleiros; a defasagem da infra-estrutura produtiva e a baixa qualidade da mão-de-obra.

Desta forma, este trabalho tem como objetivo caracterizar e apontar o setor moveleiro como importante segmento socioeconômico do município de Itacoatiara e região, com enfoque na gestão dos processos produtivos, na qualidade dos processos, serviços e produtos, bem como na qualidade de vida do trabalhador. Espera-se que as informações

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disponibilizadas, além de servirem como ferramenta para o planejamento governamental em prol dos marceneiros e do desenvolvimento regional, possam ser utilizadas pelos próprios empresários na busca de soluções ou alternativas para qualificar seus produtos e serviços, contribuindo para o estímulo do desenvolvimento no setor produtivo local e fornecendo os empresários e trabalhadores do Pólo Moveleiro de Itacoatiara.

Metodologia

Considerando as informações obtidas no levantamento preliminar (dados primários), junto à Associação dos Moveleiros de Itacoatiara (ASMOVITA), o SEBRAE local, bem como a Cooperativa de Produção de Móveis e Artefatos de Origem Florestal da Amazônia (COOPEFLORA DA AMAZÔNIA) identificando um total de 60 empresas na atividade de marcenaria no município de Itacoatiara, os pesquisadores percorreram todas as ruas na sede do município e realizaram o recenseamento de todas as empresas de marcenaria do município e constataram o que ora se apresenta.

O estudo foi realizado por meio de entrevistas junto aos empresários e trabalhadores, utilizando-se formulários estruturados e semi-estruturados. Os dados do recenseamento foram digitalizados e inseridos em um banco de dados relacional e posteriormente foram realizadas consultas no intuito de caracterizar o agrupamento das marcenarias no município. Os resultados obtidos foram apresentados aos representantes de classe, bem como as instituições parceiras do Projeto.

Resultados e Discussão

Empresas em operação De acordo com os levantamentos realizados junto às empresas e documentos técnicos,

em 2003, existiam cerca de 60 empresas operando no setor de marcenaria no município de Itacoatiara. No recenseamento realizado, foram identificadas que, somente 43 delas se encontram em operação, no presente, ou seja, 86% dessas. As demais, por motivos diversos, se encontram com as portas fechadas e/ou os seus “empresários” mudaram de atividade (mesmo que temporariamente ou não). Observou-se ainda, que o processo produtivo que é realizado por estas empresas é ainda bastante artesanal. A maioria dessas empresas não faz projetos, orçamentos, previsões de gastos ou inova seus produtos. Nesse sentido, a produção que se faz na maioria delas não é seriada, ou seja, se dá em decorrência das encomendas esporádicas.

Localização das empresas Os resultados do levantamento mostram que a maior parte das empresas ativas está

concentrada nos bairros de São Francisco, Jauary e Santa Luzia, totalizando cerca de 40 %. No entanto, percebe-se que a atividade é praticada em todos os bairros da cidade, embora, o Pólo Moveleiro tenha sido projetado para receber as empresas no bairro São Francisco.

Tempo de operação das empresas A Tabela 1 apresenta a distribuição de freqüências das empresas por tempo de

operação no mercado de Itacoatiara. Observa-se que apenas 27 % das empresas têm mais de 20 anos de funcionamento. A grande maioria das empresas é jovem, com idade entre 10 e 20 anos.

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Tabela 1 – Distribuição de Freqüências – Tempo de Operação das Movelarias

Legalização das empresas Observa-se que quase 40 % das empresas em operação encontram-se irregulares

quanto ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Isso não implica que as demais 60 % das empresas estejam rigorosamente legalizadas do ponto de vista fiscal. Indica apenas que pouco mais de 60 % dos empresários possui CNPJ. As entrevistas mostraram que os empresários, de um modo geral não possuem alvará de funcionamento e raramente a licença ambiental para operar na atividade moveleira.

Tamanho das empresas O levantamento de dados mostra que atualmente, encontram-se efetivamente

envolvidos na atividade de moveleira 144 pessoas, incluindo-se neste número os próprios empresários, que na maior parte das vezes, atuam como marceneiros. Cabe ressaltar que no trabalho de Araújo (2008), foram contabilizados cerca de 270 marceneiros, que receberam capacitação técnica no âmbito do Projeto Oficina Escola no ano de 2003. Verifica-se, portanto, independentemente da capacitação ou não, que o número de marceneiros inseridos no Pólo Moveleiro do Município reduziu significativamente nos últimos anos. O que mais uma vez, atesta o decaimento da atividade no município de Itacoatiara.

No trabalho citado foram identificadas 60 empresas e atualmente neste trabalho 43 empresas, conforme discutido anteriormente. Das 43 empresas em atividade, 22 % destas apresentam 2 funcionários inseridos no processo produtivo. Por outro lado, em outros 12 % das empresas, o próprio proprietário desenvolve seu produto, não tendo nenhum funcionário além dele mesmo. Os dados mostram, ainda, que a maior empresa local possui 10 funcionários em atividade.

Acesso a tecnologia da informação Observa-se que aproximadamente 80 % das empresas em operação não fazem uso do

computador como ferramenta de gestão administrativa. Este número é corroborado pelas observações durante as visitas de campo, onde se constatou que grande parte destas organizações (que se caracterizam como empresas de cunho familiar) não apresenta uma infra-estrutura administrativa mínima, ou seja, não conta, ao menos, com um escritório de vendas, com serviços de secretária (o), telefone, fax, e muito menos tem acesso ao computador. Desta forma, as solicitações de peças e móveis pelos clientes destas movelarias são realizadas diretamente no “chão de fábrica”, ou seja, dentro do próprio espaço destinado à atividade fabril, diretamente com o proprietário da movelaria. Não existe, em geral, uma separação física do ambiente de atendimento ao cliente/fornecedor e do ambiente fabril.

Além disso, em plena era do Conhecimento e da Informação, onde estes são cruciais para o desempenho de uma empresa, uma parcela significativa das movelarias de Itacoatiara não utiliza os recursos da internet para divulgar seus produtos e serviços (80 % das empresas não têm acesso à Internet). Isto já era esperado, tendo em vista, que o acesso ao computador já

Classe Frp (%) Fap (%) 0----10 35 33 10---20 38 73 20---30 20 93 30---40 8 100

∑ 100

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é reduzido. Ressalta-se ainda, o fato de que o município de Itacoatiara se encontrar ainda defasado com relação à conexão a internet. Não existe fibra ótica no município, e o acesso a internet é realizado via rádio, a um custo muito elevado, se comparado aos demais municípios na região sul/sudeste do país.

Cooperativismo/Associativismo Segundo os empresários, aproximadamente 80 % das empresas estão associadas à

ASMOVITA. No entanto, estes mesmos empresários, desconhecem o papel da associação, bem como o que significa os conceitos de associativismo e cooperativismo. Estes termos estão ainda distantes do vocabulário destes indivíduos, que “comandam” suas “empresas” (em geral, de “pequenas marcenarias de fundo de quintal”) de maneira pouco profissional, com uma filosofia totalmente individualista, não existindo uma sinergia em prol do coletivo do Pólo Moveleiro. O discurso conduz a um pensamento do tipo “cada um por si”.

Matéria prima Conforme apresentado na Figura 1, observa-se que aproximadamente 50 % das

movelarias assumem que adquirem madeira de forma ilegal. Outras 28 % afirmam adquirir a matéria prima de maneira legal, ou seja, adquirem a madeira de empresas com certificação ambiental, dentre elas a Mil Madeireira Itacoatiara Ltda., Braspor Madeiras Ltda. e MW Florestal do Brasil. Por outro lado, cerca de 21 % dos empresários relatam adquirir a madeira tanto de maneira legal e como ilegal, dependendo do preço que as madeireiras locais oferecem. Um problema que ocorre rotineiramente com o uso de madeira não certificada, dentro dessas empresas, está relacionado à secagem da madeira, que chega até as marcenarias com um índice elevado de umidade, de fornecedores locais sem habilitação para venda, possibilitando a ocorrência de empenos futuros e um mau acabamento no processo final de produção destes móveis, por ser esse acabamento realizado manualmente, de modo que a qualidade final depende bastante da habilidade do operador.

Figura 1 – Forma de aquisição de matéria prima – Itacoatiara (AM)

Segurança no trabalho O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) constitui em fator fundamental

para a segurança do trabalhador. Sem eles, o risco de acidentes aumenta consideravelmente, atentando contra a saúde do próprio trabalhador Pode-se observar neste trabalho que praticamente 100 % das empresas afirmam não utilizar equipamentos de segurança no

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trabalho, por considerá-los pouco acessíveis pelas condições financeiras da empresa e mesmo pela ausência de lojas especializadas no município.

A maioria dos funcionários das marcenarias relata não se sentir a vontade usando alguns equipamentos de proteção individual, preferindo a grosso modo, trabalhar de forma arriscada dentro da empresa. Este é um dado preocupante, pois, nos casos mais graves de sinistros com vítimas, os gastos poderão ser muito altos. Conforme trabalho semelhante realizado por Santos (2008), em cerca de metade das movelarias visitadas, os trabalhadores relataram a ocorrência de algum acidente de trabalho com mutilação permanente, sofrido pelos operadores de máquinas. Junto a isso, segue-se então, várias situações observadas pela equipe de pesquisadores neste trabalho como: a falta de sinalização dentro da empresa quanto a locais, a máquinas e materiais de risco, por meio de placas, cartazes, faixas, etc. Em nenhuma empresa, se encontrou, ao menos, uma caixa de primeiros socorros. Nenhuma empresa adota ferramentas de qualidade e/ou programas de organização dentro da empresa (como, por exemplo, o programa 5S). E, a maior das empresas, apresenta fiação elétrica aparente, e totalmente inadequada, sujeitando o trabalhador a acidentes de trabalho.

O uso de todo EPI é fundamental para operação de máquinas que apresentam grande risco. Conforme destacado anteriormente, um número bastante elevado de movelarias não faz uso de equipamentos de segurança no trabalho. Dentro daquelas que utilizam algum EPI, observou-se com freqüência o uso de óculos nas atividades, sendo que 28 % dos funcionários relata fazer uso deste item, principalmente em decorrência dos resíduos da madeira (pó de serragem) que podem ser prejudicial à visão. Conforme Benezar (2008) das principais máquinas utilizadas nas movelarias, as que mais provocam acidentes são a tupia com 37 % das citações, a serra circular em torno de 32 % e a plaina com 11 %. Esta autora afirma ainda que os sintomas relatados foram diversos, no entanto, os que mais se destacaram foram: irritação na pele (27 %), irritação na garganta (16 %), irritação nasal (15 %) e 9% com irritação nos olhos devido ao pó da madeira liberado durante o lixamento e o desdobro da madeira.

Algumas dificuldades do setor Nota-se que cerca de 72 % das empresas afirmam enfrentar dificuldade com a falta de

matéria prima (madeira), que se encontra cada vez escassa no município e com elevado custo para se adquirir de forma legal. O que torna mais onerosa a produção de móveis, levando os empresários a procurar por este insumo de maneira ilegal, que de fato, ocasiona maiores danos ao meio ambiente. Outra alternativa é a procura por um outro ramo empresarial e até mesmo a total paralisação de toda a atividade produtiva.

Observou-se que os empresários não vêm nenhuma vantagem na associação à ASMOVITA. Além disso, não apresentam maior interesse em buscar conhecimento sobre melhorias no processo produtivo e desenvolvimento profissional, pois, segundo estes, as poucas oportunidades que surgem não evidenciam diretamente os ganhos financeiros e operacionais.

Cerca de 19 % dos empresários do setor reclamam com da falta de mercado consumidor, mesmo o produto não atendendo aos padrões de qualidade. Outros 16 % ressalta a falta de mão de obra qualificada no município, como um dos gargalos para o desenvolvimento do setor. Alguns empresários, cerca de 7 % evidenciam que a produção e a manutenção dos equipamentos é muito prejudicada pelas constantes quedas no fornecimento de energia elétrica, bem como as altas taxas cobradas. Uma parcela pequena, cerca 2 %, reclama que do aluguel cobrado pelos proprietários dos imóveis alugados para a marcenaria. Para minimizar estes gastos, alguns dos empresários mantêm suas vendas no próprio ambiente fabril da empresa, situação já citada anteriormente.

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Conclusões

Embora este trabalho apresente uma síntese do perfil das marcenarias instaladas no município de Itacoatiara, este serve de base para o planejamento de programas para o desenvolvimento do setor, bem como para apoiar a real implantação do Projeto Pólo Moveleiro de Itacoatiara, que conforme apresentado, configura-se como um agrupamento de empresas de marcenarias (em sua maior parte, “de fundo de quintal”), sem nem relacionamento comercial e/ou ações coletivas de interesse comum. Neste levantamento constatou-se a evidente desqualificação da mão da obra local, a falta de incentivos fiscais, a dificuldade para se adquirir madeira de forma legal e a um preço acessível. Outra constatação diz respeito à necessidade de se promover cursos de capacitação para os empresários, enfocando os temas de cooperativismo, associativismo, empreendedorismo, higiene, saúde e segurança no trabalho, além de ferramentas de qualidade. Constatações semelhantes foram evidenciadas nos trabalhos de Santos (2008) e Carléo (2008).

Agradecimentos

Os autores agradecem a Pró-Reitoria de Extensão e Interiorização – PROEXTI/UFAM, que possibilitou a realização deste trabalho, por meio de bolsa de extensão. Agradecem também as contribuições dos parceiros locais CETAM, UEA e SEBRAE.

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, K.P. A importância da governança no processo de implantação do Projeto Oficina Escola em Itacoatiara. Manaus:T&C Amazônia. Ano VI, número 15. 2008.

BENEZAR, E.P. Levantamento das causas de doenças ocupacionais e acidentes no manuseio e processamento da madeira na indústria moveleira do município de Itacoatiara-AM . Monografia. Itacoatiara, AM: UEA. 47 p. 2008.

CARLÉO, A.O. Análise da implantação do Pólo Moveleiro de Itacoatiara. Monografia. Itacoatiara, AM: UEA. 43 p. 2008.

SANTOS, G.C. Avaliação do perfil de trabalhadores e das condições de trabalho no setor moveleiro de Itacoatiara - AM. Monografia. Itacoatiara, AM: UEA. 50 p. 2008.

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SISTEMA DE PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL EM UMA ÁREA RURAL NO LAGO DE SERPA, MUNICÍPIO DE ITACOATIARA

FERREIRA, F. C. M.1; BANANEIRA, M. M.2

1Especialista em Gestão Ambiental; 2Professora Mestre - Universidade do Estado do Amazonas - Centro de

Estudo Superiores de Itacoatiara

Resumo

O carvão vegetal é produzido a partir da lenha pelo processo de carbonização ou pirólise. Por ser uma forma de energia barata, abundante e acessível, o carvão vegetal é bastante utilizado em larga escala no Brasil na produção de ferro-gusa e nas áreas rurais como uma alternativa de renda. A produção de carvão representa uma importante atividade econômica para boa parte da população rural da região amazônica. Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo descrever o processo produtivo do carvão vegetal em uma área rural do Lago de Serpa localizada no município de Itacoatiara, estado do Amazonas. Este estudo mostra que a produção do carvão vegetal ainda continua sendo realizada de forma primitiva, e a operação de forma inadequada. Esta atividade apresenta vários entraves sócio-econômicos, sendo talvez o principal problema à falta de políticas públicas que a viabilizem de forma sustentável.

Palavras-Chave: lenha; processo produtivo; sócio-econômico; ambiental.

Introdução

A madeira pode apresentar diferentes usos como produto final, neste contexto, cita-se a sua utilização na produção de carvão vegetal. A produção de carvão vegetal é uma atividade econômica encontrada nas áreas rurais do Estado do Amazonas. Essa atividade é para muitos pequenos produtores uma oportunidade única para complementação de renda, e a preocupação com a subsistência geralmente é prioritária em relação às questões ambientais.

O processo produtivo do carvão vegetal segue várias etapas até se obter o produto final. É produzido a partir da lenha pelo processo de carbonização ou pirólise. De modo geral, a carbonização da lenha é praticada de forma tradicional em fornos de alvenaria com ciclos de aquecimento e resfriamento que duram até vários dias. Visando contribuir com informações sobre esta atividade praticada no município de Itacoatiara, o presente estudo teve como objetivo principal acompanhar a produção de carvão vegetal (carbonização da madeira) em uma área rural do município, conhecida como Lago do Serpa, onde se produz carvão vegetal utilizando fornos de alvenaria do tipo rabo quente, e realizar levantamento sobre os aspectos técnicos e socioeconômicos relacionados com a produção de carvão vegetal nesta área.

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Metodologia

Local de Estudo

Para a realização deste trabalho foram acompanhadas as etapas do processo de fabricação de carvão em fornos na comunidade situada no km 07 da Rodovia AM-010 ramal do Lago do Serpa, município de Itacoatiara, estado do Amazonas (IBGE, 2007).

Coleta de dados

1a Etapa: Contato com os moradores da área rural para a exposição do objetivo do trabalho.

2a Etapa: Obtenção de amostras das espécies madeireiras utilizadas na produção de carvão.

3a Etapa: Acompanhamento do processo de carbonização. 4a Etapa: Análise dos resultados obtidos e redação final do trabalho.

Resultados e Discussão

Descrição do Processo Produtivo de Carvão Vegetal

Empilhamento das Toras

Geração do Fogo

Figura 2. Carregamento do forno. Figura 3. Fechando a porta principal com tijolos.

Figura 4. Fogo sendo transferido para cima do forno com o auxílio de uma pá.

Figura 5. Acendimento do forno com pedaços de lenha em processo de combustão.

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Acompanhamento da Carbonização

Fases da Carbonização

Almeida (1982) divide a carbonização em quatro fases que são:

� Secagem: eliminação de água existente na madeira (até 200ºC); � Pré-carbonização: na qual uma fração de licor pirolenhoso e pequena quantidade de

gás nãocondensável são produzidos (200ºC a 280ºC);

� Carbonização: ocorre a produção de maior parte de alcatrão e ácido pirolenhoso (280ºC a 380ºC);

� Fase final: segue após 380ºC, período caracterizado por um aumento no teor de carbono fixo e decréscimo no teor de materiais voláteis no carvão.

Banho de Forno

Figura 6. Forno em processo de carbonização. Figura 7. Fumaça azulada a baiana pode ser fechada.

Figura 8. Banho de forno.

Porta barrelada fila

tatu

baiana

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Abertura e Retirada do Carvão

Fechamento dos Sacos com folhas de Mameleiro

Correções dos Fornos

Tabela 1 - Conversão da madeira para carvão vegetal

Madeira (%) Carvão vegetal (%)

Carbono 50 75

Oxigênio 43 24

Hidrogênio 0.2 -

Cinza 0.5 1

Fonte: Brito (1990)

Figura 12. Correção de tijolos. Figura 13. Forno totalmente barrelado.

Figura 9. Abertura da porta do forno para retirada do carvão

Figura 10. Embalagem do carvão em sacos de ráfia.

Figura 11. Fechamento dos sacos com folhas de mameleiro.

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Tabela 2 - Espécies utilizadas na produção de carvão vegetal

Nome Comum Nome científico PARÁ-PARÁ Jacaranda copaia SAPATEIRO Miconia cinnamommifolia PAU DA FOLHA FINA Stryphnodendron icrostachyum Poepp MURICI Byesonima basiloba LACRE Vismia brasiliensis URUÁ Cordia tetranda Aubl

Fonte: (LORENZI, 1949) e (CASTRO E SILVA, 2002).

Conclusões

Do ponto de vista: � Social: As condições de trabalho são precárias e insalubres; esta atividade bem

orientada poderia promover maior fixação do homem ao seu habitat, dando-lhe condições de se desenvolver em seu próprio meio e provocando menos alterações nos valores culturais e ambientais.

� Econômico: Por falta de orientação, a matéria-prima não é bem utilizada no processo de carbonização da madeira, acarretando baixa qualidade e perda de produto, bem como baixo retorno econômico.

� Ambiental: Preservação negligenciada, não sustentável. Para que a atividade da produção e uso do carvão vegetal seja sustentável na área rural do Lago do Serpa é necessário buscar garantir estoque florestal para atender a demanda, quer seja por meio de manejo sustentável da vegetação nativa ou com plantio de espécies arbóreas adaptadas às condições climáticas em áreas adequadas

Agradecimentos

Universidade do Estado do Amazonas - Centro de Estudo Superiores de Itacoatiara (UEA -CESI) Comunidade Lago de Serpa no município de Itacoatiara

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, M.R. de e REZENDE, M.E. A de. O processo de carbonização contínua da madeira. In: PENEDO, W.R. ed. Produção e utilização de carvão vegetal. Belo Horizonte, CETEC. p. 141-156. 1982.

BRITO, J. O. Princípios da produção e utilização de carvão vegetal de madeira. Documentos Florestais. Piracicaba: ESALQ/USP. 1990.

CASTRO E SILVA, A. Madeiras da Amazônia: Características Gerais, Nome Vulgar e Usos. Manaus: Edição SEBRAE/AM. 2002.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras. Manual de Identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. vol. 2, 2.ed. Nona Odessa, SP: Instituto Plantarum. 2002.

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O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL E A EXTENSÃO FLORESTAL

Gilson Roberto Vasconcelos dos Santos1; Elcione do Socorro Barbosa Pamplona2; Mauro

Roberto Antony Jansen2; Sergio Luiz Ferreira Gonçalves3

1 Eng. Florestal,MSc, Professor CESI/UEA; 2 Eng. Florestal, MSc, Analista Ambiental IPAAM; 3 Eng. Florestal,

MSc, Professor, DCF/UFAM

Resumo

Uma das barreiras, das comunidades rurais no interior do Amazonas, para melhorarem seu desempenho no processo de desenvolvimento de projetos, é a falta de pessoas de visão ampla e integrada para sensibilizar comunitários para a importância do uso racional dos recursos florestais. Neste trabalho, foi realizado uma avaliação de cursos de capacitação, para o fortalecimento de arranjo produtivo local, madeira móveis no Município de Tonantis –AM. As capacitações abrangeram demandas dos próprios beneficiários, com maior possibilidade de geração de renda, para os manejadores e moveleiros do município, contando com um público com mais de 20 pessoas por curso. A segmentação da cadeia caracteriza-se no plano longitudinal, com pouca diversificação da madeira bruta. A satisfação por parte dos participantes foi acima de 50%, cumprindo os objetivos das capacitações. As ações potencializadas com as atividades de capacitações foram: mobilização dos envolvidos, com os primeiros passos de transição da forma individual de trabalho para o coletivo, tanto para manejadores como moveleiros; criação de grupo de trabalho com pequenos objetos de madeira, formada por mulheres, como alternativa para geração de renda e aproveitamento dos resíduos provenientes do processamento da madeira de áreas de manejo e das movelarias; a extensão florestal tem um amplo campo de atuação e responsabilidade, apoiando o processo de inovação e de aprendizado no desenvolvimento regional, nas suas formas mais ou menos complexas.

Palavras-chaves: Assistência técnica florestal; madeira; Tonantins.

Introdução

O desenvolvimento do interior do Estado do Amazonas tem sido nos últimos anos baseado nas potencialidades locais, considerada esta a melhor alternativa para o problema do desenvolvimento regional.

Apesar de novo, Barros e Cunha (2007) comentam que esse olhar diferenciado sobre os Arranjos Produtivos Locais – APLs, trazem em seu arcabouço um projeto de modernização, na medida que propõe uma mudança de comportamento que afeta as estruturas sociais e produtivas locais. Cabendo ao serviço de extensão valorizar o comunitário, considerando como alternativa para melhora da qualidade de vida e desenvolvimento locais.

Para Silva, et al. (2007), a extensão é, sobretudo um processo educacional e cooperativo, que não pode estar dissociado da pesquisa, pois estas são interdependentes e se complementam.

Diante desse quadro, verifica-se que a extensão surge com uma ferramenta fundamental para promover uma interação mais fluida entre as instituições de pesquisa e o

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setor industrial. A partir do pressuposto de que a transferência de tecnologia não ocorre linearmente das universidades ou centros de pesquisa para beneficiários, mas, também, a partir da convivência e da cooperação entre os atores.

O presente trabalho foi desenvolvido no município de Tonantins, Região do Alto Solimões no Amazonas, em 2006. Resultado de um convênio do órgão de Assistência Técnica Florestal – ATEF do Estado do Amazonas, a época, e o Ministério da Integração, que possibilitou a realização de um projeto de APL da madeira no município, tendo como foco as vocações produtivas do município enquanto alternativas de sobrevivência e permanência do homem no interior.

Além de pessoas da sede do município, que trabalhavam de alguma forma com madeira, foram envolvidas também nas atividades de capacitação as comunidades que tinham histórico com a atividade madeireira. Partindo do consenso de trabalhar com toda cadeia produtiva, não apenas com atores isolados.

O objetivo desde trabalho foi trabalhar os atores da cadeia produtiva da madeira do município de Tonantins, através de atividades a fins a área de cada grupo, bem como os impactos das capacitações realizadas em empreendimento futuros, com potencial de desenvolvimento local, e a sua relação com a extensão florestal.

Metodologia

O município de Tonantins esta localizado na micro região do Alto Solimões, estando distante da capital 867 km em linha reta e 1.109 km em via fluvial. De coordenadas cartesianas 3o 49’56’’ de latitude sul e a 67o 53’58’’ de longitude a oeste de Greenwich. Limta-se com os municípios de Santo Antonio do Iça, Japurá, Fonte Boa e Jutaí.

A atividade de extrativista florestal é destaque na economia local, principalmente a extração madeireira, pois há localidades com potencial de empreendimentos de cunho empresarial, como as comunidades: Caité a 51 km da sede, São Jose do Amparo, 23 km da sede, Barro Alto, 13 km da sede, todas com acesso via fluvial, com histórico na atividade, bem como a quantidade de matéria prima ainda disponível.

Os dados para este estudo foram retirados a partir das informações constantes nos questionários aplicados aos participantes e as avaliações após as atividades de capacitação, os impactos destes nos atores da cadeia produtiva da madeira do município foram avaliadas após a realização das capacitações.

Após analisados, os dados foram organizados e trabalhados em planilha, formando um banco de dados que em seguida foi interpretado e complementado com os dados quantitativos.

Resultados e Discussão

Os cursos de capacitações desenvolvidas contribuíram para o aprimoramento da capacidade empreendedora dos grupos existentes no município, os grupos podem ser visualizados na tabela 01, despertando nesses grupos a necessidade da auto-gestão e planejamento das atividades produtivas.

Tabela 01 – Atividade apoiada por grupo e os produtos esperados

Atividade Produtiva APL relacionado ao empreendimento

Produtos

Manejo Florestal (comunidade e sede) Madeira Madeira Beneficiada Movelaria (sede) Madeira Móveis Artesanato (sede) Madeira Pequenos Objetos Madeira

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Os atores constantes na tabela 1 fazem um fluxograma de produção característico, embora o trabalho não seja sistematizado, já que cada um trabalha isoladamente. O processo de produção é mostrado na figura 1. Devido a esse encadeamento de atividades optou-se por trabalha os cursos de capacitação procurando envolver os vários participantes em uma atividade comum, para verificarem que apesar de desempenharem funções distintas, todos dependem de um material em comum, a madeira.

Figura 1 - Fluxograma da cadeia de produção para extrator de madeira e moveleiro.

Segundo Polsl, et al. (2003), a cadeia da madeira organiza-se em duas direções: uma longitudinal e outra transversal. Do ponto de vista transversal, distinguem-se os processos sucessivos de transformação que levam a madeira de um estado bruto a um estado considerado como final. Essa sucessão compreende as seguintes atividades: Silvicultura; Colheita florestal; Primeira transformação; Segunda transformação; Terceira transformação; e Consumidor Final.

No caso de Tonantins a segmentação da cadeia caracteriza-se no plano longitudinal, com pouca diversificação da utilização da madeira bruta.

Os cursos de capacitação procuraram esclarecer aos participantes duvidas sobre as atividades que desenvolvem, relacionando com outros atores, como forma de aproximar os elos dessa corrente, que embora pareçam tão próximo, se encontram distantes quando o assunto e buscar soluções para dificuldades comuns. Os cursos realizados por grupo são mostrados na figura 2, com os respectivos números de participantes. Vale ressaltar que os cursos implementados resultaram de demandas propostas previamente pelos participantes, com maior possibilidade de geração de renda posterior.

Barros e Cunha (2007) ressaltam a valorização da vertente do agrobusines aplicado dentro de uma ação coletiva, comunitária, culminando numa organização associativa de um negócio gerido por um grupo de pessoas pertencentes a uma mesma localidade com um sistema produtivo comum.

Nesse contexto a extensão florestal deve valorizar o associativismo comunitário, percebida como alternativa para melhoria da qualidade de vida e da dinâmica econômica das localidades assistidas, como forma mais adequada de gerir um projeto de desenvolvimento local.

As capacitações procuraram transmitir uma serie de conhecimento, de certa forma acadêmica, mas sob um aspecto multidisciplinar, com conteúdo acessível a todos os participantes. Os conhecimentos tinham que ser úteis para aplicação no planejamento e implantação de futuros empreendimentos.

INDÚSTRIA MOVELEIRA

MANEJADOR/EXTRATOR DE MADEIRA

Madeira passa em serra circular, desengrossadeira, esquadrejadeira, tupia, para fabricação de móveis e esquadrias e posterior venda ao consumidor na sede município.

Matéria prima beneficiada para movelarias

Madeira beneficiada para outros compradores

Abate e beneficiamento

Árvore em pé na Floresta

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20 20 20 20

29

20 20 2020 20 20 20

49

60

40 40

20 20 20

0

10

20

30

40

50

60

70

IMF COOP SM PCFTC ACM GCE ARM

Núm

ero

parti

cipa

ntes

/cur

so

Manejo comunidade Manejo sede Movelaria sede Total

Avaliação das capacitações

0

10

20

30

40

50

60

70

1EXCELENTE BOM REGULAR RUIM OU PÉSSIMO

Figura 2 – Número de participantes por curso. Legenda: ACM=Acabamento de Móveis; IMF=Introdução ao Manejo Florestal; GCE=Gabarito da Carteira Escolar; PCFTC=Planejamento da Colheita Florestal e Técnicas de Corte; ARM=Artesanato em Madeira;SM= Serraria Móvel.

À medida que é proposta a racionalização de estruturas produtivas, com internalização

de conceitos, o resultado é um projeto de modernização e de mudança de comportamento. Ao longo do período das capacitações não foi constatado a existência de uma

representação única dos participantes, essa constatação e geral em municípios do interior, pois onde há representação formal existente é devido a interesses do poder publico, das agencia de financiamento, mostrando a ineficiência de uma ação, não considerando as peculiaridades locais, o que pode culminar ao fracasso muitos projetos decididos de cima para baixo, quando o ideal e justamente ao contrário.

Após a conclusão dos cursos, foram realizadas avaliações para verificar o grau de satisfação dos participantes em relação as atividades realizadas, cujo resultado é visualizado na figura 3, 60% dos participantes consideraram excelente a programação, somada a mais de 20% dos que avaliaram como bom, pode-se dizer que o programa cumpriu os objetivos iniciais, que é de mobilização dos envolvidos, dando os primeiros passos na transição da forma individual de trabalho para o coletivo.

Figura 6 – Avaliação dos cursos de capacitações pelos participantes, em porcentagem.

De acordo com os dados verificou-se que as atividades trouxeram benefícios para os empreendimentos existentes e para comunidade. As capacitações potencializaram fortemente seguintes ações: - Setor primário, Manejo zona rural, trabalhando inicialmente de forma individual, tem mais opções de conseguir investimento na forma mais coletiva;

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-Setor secundário, as movelarias caracterizadas também por atuarem de forma individualizada, vislumbraram a necessidade de necessidade de organização para alcança maior qualidade, mais qualificação, modernização dos equipamentos existentes, definir linha de produtos e atingir novos compradores, novos mercados, formalização através de associação com estatuto, CNPJ, para poder trabalhar junto a instituições que apóiam este tipo de iniciativa; -Criação de um grupo de artesanato, com trabalhos em pequenos objetos de madeira, como alternativa para de geração de renda e aproveitamento dos resíduos provenientes do processamento da madeira de áreas de manejo e das movelarias.

Conclusões

A abordagem mostrou-se eficaz como indicativo de metodologia de instrumento para desenvolvimento econômico local.

Houve uma interação dos diversos atores da cadeia produtiva, com relação a formação e capacitação profissional.

As concepções acadêmicas e teóricas abrem um enorme espaço de atuação e responsabilidade para o extensionista florestal, seja de instituições ou organizações não governamentais, pois podem apoiar processos de inovação ou modernização e de aprendizado no desenvolvimento regional, nas suas formas mais ou menos avançadas.

Referências Bibliográficas

BARROS, A. de S.; Cunha, L. H. H. Empreendedorismo comunitário na promoção do desenvolvimento local. In : XII Congresso Brasileiro de Sociologia. 2007.

BARREIRO, J. H. C. D.; TURRA, F. A. Um Estudo Exploratório sobre Extensão Tecnológica: Suas Bases e Fundamentos para a Gestão de Políticas Públicas. In: XI SEMINARIO DE GESTIÓN TECNOLÓGICA - ALTEC 2005, Resúmenes y Ponencias 2005, Salvador-BA. v. 1. p. 13-13. 2005.

SILVA, R.R. et al. A extensão rural na agricultura familiar no município de Tefé-Amazonas. In: VII Congresso da Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção, Agricultura Familiar e Inclusão Social, Fortaleza. 2007.

POLZL, W. B.et al. Cadeia produtiva do processamento mecânico da madeira – segmento da madeira serrada no Estado do Paraná. Revista Florestal. V 33(2), p 127-134. 2003.

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DETECÇÃO DE CONTAMINAÇÃO EM SUBSUPERFÍCIE POR MÉTODOS GEOFÍSICOS NO ENTORNO DO LIXÃO DE

ITACOATIARA, AM 1

Márcio Lima de Abreu2; Jamile Dehaini3 2 Projeto financiado pela FAPEAM; 2 Graduando do Curso de Engenharia Florestal da Universidade do Estado

do Amazonas, bolsista iniciação científica PAIC; 3 Professora Doutora do curso de Engenharia Florestal do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara da Universidade do Estado do Amazonas.

Resumo

Os métodos geofísicos são utilizados como uma das formas de pesquisa para caracterização geológica e hidrogeológica de uma área com problemas de contaminação subterrânes, sendo que, no caso proposto para pesquisa neste trabalho que utilizou o método geofísico da eletrorresistividade, buscou-se através de critérios técnicos, obter resultados que pudessem otimizar o reconhecimento prévio da profundidade do nível d'água, direção e velocidade das águas subterrâneas, espessura de camadas aquíferas e confinantes e também detecção da pluma de contaminação, no espaço e no tempo, visando um programa econômico de perfuração de sondagens mecânicas e/ou instalação de poços de monitoramento. Os levantamentos foram realizados em 3 pontos no entorno do Lixão de Itacoatiara, respectivamente entre a latitude 03°08’51” Sul e a longitude 58°25’44” Oeste e entre a latitude 03°08’36” Sul e a longitude 58°25’33” Oeste , Amazônia Central. O “software” utilizado para inversão dos dados é de domínio público e foi desenvolvido pela Universidade Estadual de Moscou (IPI2win, 2001) O erro admissível para o ajuste é de até 5%. As camadas geoelétricas indicaram um sistema de aquíferos, onde a diferença de resistividade elétrica pode estar relacionada à maior conteúdo de argila na camada ou água com carga iônica maior, típico de contaminação do aquífero.

Palavras-chave: detecção de contaminação; subsuperfície; métodos geofísicos; lixão.

Introdução

Na avaliação da poluição das águas subterrâneas dois fatores devem ser considerados. O primeiro é o conhecimento geológico e hidrogeológico do local, e o outro está relacionado com as características dos poluentes. O reconhecimento desses fatores possibilita determinar o comportamento dos poluentes no meio físico. Uma dos métodos de pesquisa utilizados para caracterização geológica e hidrogeológica de uma área com problemas de contaminação subterrânea são os geofísicos. Quando executados com critérios técnicos, os seus resultados podem otimizar o reconhecimento prévio da profundidade do nível d'água, direção e velocidade das águas subterrâneas, espessura de camadas aquíferas e confinantes e também detecção da pluma de poluição, no espaço e no tempo, visando um programa econômico de perfuração de sondagens mecânicas e/ou instalação de poços de monitoramento. Métodos geoelétricos têm sido utilizados extensivamente em estudos de contaminação de águas subterrâneas (CARTWRIGHT & MCCOMAS 1968; KELLY 1976; URISH 1983; GREENHOUSE & HARRIS 1983; MENDES 1987; DEHAINI 1995).

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Geralmente o líquido produzido pelo lixo enterrado, conhecido como chorume, contém alta e variada quantidade dessas substâncias inorgânicas, com alto conteúdo de cargas iônicas. É óbvio que a caracterização geológica e hidrogeológica da área de estudo e entorno é de fundamental importância. Do mesmo modo são importantes os resultados das análises físico-químicas dos produtos das fontes poluentes.

Os estudos geofísicos devem ainda ser complementados com as análises das águas coletadas nos poços de monitoramento locados com base em seus resultados.

Atualmente, no Estado do Amazonas estão sendo implementadas grandes obras como a do gasoduto, complexo viário na cidade de Manaus, o saneamento e urbanização dos igarapés, etc. Em contraste, municípios como Itacoatiara apresentam uma urbanização crescente a qual vem acompanhada de produção de lixo por parte dos setores econômicos e populacionais, sendo que a disposição do resíduo sólido é inadequada. A disposição inadequada de resíduos sólidos compromete a qualidade do solo e águas subterrâneas, as quais são protegidas por lei, tornando-se fundamental, que se faça o mapeamento em subsuperfície da extensão da pluma de contaminação para assim tomar as providências necessárias com o objetivo de ações mitigadoras.

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de mapear as propriedades geoelétricas naturais e alteradas, devido à contaminação produzida pelo chorume em subsuperfície, no entorno do Lixão de Itacoatiara, por meio do método geofísico da Eletroressistividade, delineando o comportamento geológico em subsuperfície como: geometria do embasamento, profundidade do nível d’água, profundidade do embasamento cristalino, mudança de camadas geológicas e provável direção do fluxo d’água subterrâneo, e mapear a pluma de contaminação no solo e águas subterrâneas.

Metodologia

Itacoatiara localiza-se na margem esquerda do rio Amazonas, a 266 km de Manaus pela Rodovia AM-010, na região leste do Estado do Amazonas, possuindo uma área de unidade territorial de 8.892 km², com uma população 84.676 habitantes.

O projeto iniciado em 2008 teve seus trabalhos de campo conduzidos no entorno do Lixão de Itacoatiara entre os de meses janeiro a Abril de 2009, sendo que, os levantamentos (sondagens elétricas) foram realizados em 3 pontos localizados entre a latitude 03°08’51” Sul e a longitude 58°25’44” Oeste e entre a latitude 03°08’36” Sul e a longitude 58°25’33” Oeste , Amazônia Central.

No caso proposto para pesquisa neste trabalho o método geofísico utilizado foi o da eletrorresistividade. A técnica de medidas é a da sondagem elétrica (SE), ou sondagem elétrica vertical (SEV), pela qual se procura conhecer, por meio de um modelo de camadas onde temos resistividade elétrica e espessura, a estrutura geológica da área estudada, além de indicações sobre características hidrogeológicas dos estratos e a técnica do caminhamento elétrico (CE), o qual nos indica as áreas anomalamente condutoras que podem estar relacionadas à poluição.

O “software” utilizado para inversão dos dados é de domínio público e foi desenvolvido pela Universidade Estadual de Moscou (IPI2win, 2001). O erro admissível para o ajuste é de até 5%.

A técnica de campo (Sondagem elétrica com arranjo Schulumberger) consistiu em introduzir uma corrente elétrica no subsolo possibilitando determinar as resistividades à várias profundidades (ORELLANA 1982; DEHAINI 1995). Em linhas gerais o equipamento, um resistivímetro, é constituído de uma fonte de corrente, um miliamperímetro, um milivoltímetro e acessórios.

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Para o trabalho de campo foram também utilizados 4 eletrodos que foram cravados no solo. Dois eletrodos (AB ou eletrodos de corrente) tiveram a função de introduzir corrente elétrica no subsolo, enquanto através dos outros dois (MN ou eletrodos de potencial) mediu-se a diferença de potencial devido à corrente elétrica gerada. Foram executadas três sondagens elétricas (SE-1, SE-2 e SE-3) no entorno do Lixão.

Resultados e Discussão

As curvas abaixo representam a variação de resistividade elétrica (ordenada) conforme a abertura dos eletrodos de corrente (abscissa) para cada sondagem elétrica. Os dados de campo são ajustados e modelados como pode ser observado pela linha de cor vermelha. O modelo resultante indica nas curvas que a profundidade atingida foi entre 22 e 30 metros. Os valores de resistividade elétrica são relativamente altos e, em geral, devem corresponder às camadas geológicas com predominância de sedimentos arenosos, característico da Formação Alter do Chão, aflorante em Itacoatiara e sedimentos quaternários. A profundidade do topo da camada saturada (nível d´água) varia entre 2m (SE-1), 4.7m na SE-2 e 2.2m na SE-3.

Onde: r –resistividade elétrica aparente; h –espessura da camada geoelétrica; d –profundidade da camada geoelétrica

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Conclusões

As camadas geoelétricas indicaram um sistema de aquíferos, onde a diferença de resistividade elétrica pode estar relacionada a um maior conteúdo de argila na camada ou água com carga iônica maior, típico de contaminação do aquífero. Neste caso, os valores de resistividade se apresentam menores, ou de modo inverso, os valores de condutividade elétrica são maiores, como observado na terceira e sexta camada da SE-1, terceira e quarta camada da SE-2 e terceira e quinta camada da SE-3.

Agradecimentos

Aos colegas do Curso de Engenharia Florestal que contribuíram para a realização deste trabalho.

Aos meus familiares que sempre me apoiaram. À FAPEAM pela bolsa de Iniciação Científica e auxílio à pesquisa. E finalmente a Deus por sempre iluminar e guiar meu caminho.

Referências Bibliográficas

CARTWRIGHT, K. & McCOMAS, M.R. Geophysical surveys in the vicinity of sanitary landfills in northcastern Illinois . Ground Water. Ohio-USA. v. 6, n 5, p 23-30, 1968

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DIAGNOSTICO DA VEGETAÇÃO SUPERFICIAL NA REGIÃO DO MÉDIO AMAZONAS PRÓXIMO AO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA.

Pablo Roberto da Silva Ozorio1 ; Deolinda Lucianne Ferreira2

1Escola Superior de Tecnologia-EST/UEA. Aluno IC, email: [email protected]; 2Escola

Superior de Tecnologia-EST/UEA. Professora, email: [email protected].

Resumo

O trabalho foi realizado em dois sítios na região do médio Amazonas, no Lago do Siripá ambos ambientes no município de Itacoatiara, AM. Cada sítio onde ocorreram os levantamentos tem um tamanho de 100 m² (10x10). A comunidade foi amostrada por meio de três transectos em cada sítio com auxílio de trena e bóia. Cada transecto de 10 metros foi demarcado em torno do banco de macrófitas aquáticas, dividido em cinco quadrados flutuantes de 1m², perfazendo uma área total de cinco metros quadrados para cada transecto. Foram contadas todas as plantas que ficaram dentro do limite dos quadrados. O levantamento florístico no Lago do Siripá evidenciou 6 famílias, 6 gêneros e 7 espécies. A família de maior ocorrência foi Poaceae seguida por Pontederiaceae e Araceae. As espécies que mais ocorrem na estrutura florística é a Brachiaria arrecta seguida da Brachiaria mutica e Eichhornia crassipes, onde estas apresentaram maiores valores de frequência relativa de 15,8; 10.2; e 6,1%. No levantamento florístico no Canal do Assacú foram identificados 6 espécies pertencentes a 6 famílias, sendo Poaceae, Pontederiaceae e Haloragacceae de maior ocorrência, as espécies de maior destaque na estrutura florística do local foram Brachiaria mutica, Eichhornia crassipes e Myriophyllum aquaticum, são estas que apresentam maiores valores de frequência relativa de 10,3; 7,4 e 5,1%.

Palavras-chave: macrófitas aquáticas; composição florística; importância ecológica.

Introdução

A bacia Amazônica abriga o sistema fluvial mais extenso e de maior massa líquida, sendo rodeada pela maior floresta pluvial tropical da Terra (SIOLI, 1983). As macrófitas aquáticas são originalmente vegetais terrestres que sofreram modificações adaptativas para colonizar ambientes aquáticos, sendo classificadas em submersas, emergentes, com folhas flutuantes e flutuantes livres (BIANCHINI JR. et al., 2002; CAMARGO et al., 2003). Os aerênquimas das plantas flutuantes formam um micro clima muito mais rico em oxigênio, que atrai peixes e outros animais, servindo também de hospedeiras para perifíton (POTT & POTT, 2002). As macrófitas também atuam como armazenadoras de nutrientes, influenciando as características físico-químicas dos corpos d’água, estes vegetais atuam como fornecedores de matéria orgânica para a cadeia detritívora, sendo responsáveis muitas vezes por mais de 50%

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do material orgânico dos ambientes aquáticos através dos processos de decomposição e ciclagem de nutrientes (BIANCHINI JR. et al., 2002). A produtividade primária das macrófitas aquáticas está diretamente relacionada à temperatura, à luminosidade e à disponibilidade de nutrientes, incluindo carbono, nitrogênio, fósforo e oxigênio dissolvido (CAMARGO et al., 2003). A disponibilidade de luz e a temperatura são duas variáveis que influenciam diretamente o crescimento de macrófitas aquáticas. Esses vegetais possuem uma ampla tolerância à temperatura, ocorrendo desde ambientes tropicais até temperados, sendo que temperaturas altas geralmente favorecem o desenvolvimento de diversas espécies (PASTORE et al., 1995). Águas brancas são ricas em nutrientes devido ao aporte de sedimentos constantemente erodidos das encostas andinas (SIOLI, 1983). Sendo assim, o presente estúdio foi desenvolvido com o objetivo de identificar as espécies de macrófitas aquáticas em dois sítios na região do médio Amazonas próximo ao município de Itacoatiara.

Metodologia

O trabalho foi realizado em dois sítios na região do médio Amazonas, no Lago do Siripá e no Canal do Assacú no município de Itacoatiara, AM. O Lago do Sripá localiza-se entre os meridianos de 58°28’27,1” de longitude W e os paralelos de 03°10”57,21’’ de latitude S. Já o Canal do Assacú localiza-se entre os meridianos de 58°23’31,3’’ de longitude W e os paralelos 03°08’39,7’’ de latitude S. As coletas foram realizadas no período de seca e cheia (setembro a dezembro de 2008 e março a junho de 2009). Cada sítio onde ocorreram os levantamentos tem um tamanho de 100 m² (10x10). A locomoção no rio foi realizada através de um bote de 6 m de comprimento, movido a motor de popa de quatro tempos com potência de 4,0 HP, a uma velocidade média de 20 km/h entre os pontos avaliados. A comunidade foi amostrada por transecção com intervalos de um metro (THOMAZ et al., 2004), por meio de três transectos em cada sítio com auxílio de trena e bóia. Cada transecto de 10 metros foi demarcado em torno do banco de macrófitas aquáticas, dividido em cinco quadrados flutuantes de 1m², perfazendo uma área total de cinco metros quadrados para cada transecto. Foram contadas todas as plantas que ficaram dentro do limite dos quadrados. Para identificação das espécies foram coletadas no mínimo um e no máximo cinco exemplares. As espécies de menor frequência foram quantificadas como porcentagem do número total de espécies (MARTINS, 1979). Utilizando-se a expressão: ER%= ni/Nx100, onde: ER= espécies de menor freqüência, ni = número de espécies que apresentam apenas um indivíduo na amostragem e N= número total de espécies encontradas na amostragem. O material coletado foi levado para o laboratório do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara colocadas para secar. A identificação foi realizada utilizando-se bibliografia especializada (CASPARY, 1878; HOEHNE, 1948; KRAL & SMITH, 1980; 1982; FROMM-TRINTA, 1985; 1989; WIERSEMA, 1987). Em estudos de comunidades herbáceas, observa-se que a estimativa da densidade e cobertura pode ser de difícil interpretação devido a problemas de distinção entre as plantas individualmente (PIELOU, 1974). O habitat dos bancos de macrófitas aquáticas foi analisado, determinando o pH e a temperatura da água em cada parcela, para determinar qual a influencia destes fatores no crescimento, desenvolvimento e na propagação dos espécimes.

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Resultados e Discussão

O levantamento florístico no Lago do Siripá evidenciou 6 famílias, 6 gêneros e 7 espécies. A família mais representativa devido ao maior número de espécies foi Poaceae seguida por Pontederiaceae e Araceae. Na tabela 1, apresentam-se as espécies de maior ocorrência identificadas na composição florística, classificadas em nível de família, nome cientifico, nome vulgar e numero de indivíduos identificados. Tabela 1: Macrófitas aquáticas observadas no Lago do Siripá.

Família Espécie Nome comum N° de Ind.

Poaceae Brachiaria arrecta Capim-bengo 293

Poaceae Brachiaria mutica Capim-de-angola 153

Pontederiaceae Eichhornia crassipes Aguapé 55

Haloragacceae Myriophyllum aquaticum Pinheirinho-d' água 21

Menyanthaceae Nymphoides indica Coração-flutuante 39

Araceae Pistia stratiotes Alface-d’água 46

Salviniáceae Salvinia auriculata Carrapatinho 19

Total 626

As espécies que mais ocorrem na estrutura florística é a Brachiaria arrecta seguida da Brachiaria mutica e Eichhornia crassipes, onde estas apresentaram maiores valores de frequência relativa de 15,8; 10.2; e 6,1% (Fig. 1). Já a espécie com maior índice de valor de importância (IVI) foi Brachiaria arrecta, pois é a espécie que predomina na paisagem na paisagem da lagoa.

Figura 1: Frequencia relativa das espécies amostradas no lago do Siripá.

Foi analisado o habitat do banco de macrófitas aquáticas no lago do Siripá para

determinar as influências dos fatores pH e temperatura no crescimento e propagação dos espécimes. A temperatura média do ambiente foi de 31,3°C, medido nas três parcelas de três em três metros às 12 horas do dia. Temperatura ideal para o desenvolvimento das macrófitas aquáticas, influente na produção de matéria orgânica e no controle das reações químicas. O

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pH médio do habitat foi de 6,67. O valor do pH é relativamente neutro devido á alta concentração de íons dissolvidos, propiciando um ambiente adequado para o desenvolvimento das espécies vegetais aquáticas. No levantamento florístico no Canal do Assacú foram identificados 267 indivíduos, sendo um total de 6 espécies pertencentes a 6 famílias, sendo Poaceae, Pontederiaceae e Haloragacceae de maior ocorrência. A tabela 2 demonstra as espécies que foram identificadas na composição florística no Canal do Assacú. Tabela 2: Macrófitas aquáticas observadas no Canal do Assacú.

Família Espécie Nome comum N° de Ind.

Poaceae Brachiaria mutica Capim-de-angola 121

Pontederiaceae Eichhornia crassipes Aguapé 41

Haloragacceae Myriophyllum aquaticum Pinheirinho-d' água 36

Menyanthaceae Nymphoides indica Coração-flutuante 27

Araceae Pistia stratiotes Alface-d’água 18

Salviniáceae Salvinia auriculata Carrapatinho 24

Total 267

As espécies de maior destaque na estrutura floristica do local foram Brachiaria

mutica, Eichhornia crassipes e Myriophyllum aquaticum, também são estas que apresentam maiores valores de frequência relativa de 10,3; 7,4 e 5,1 (Fig. 2). A espécie de maior importância na composição florística é a Brachiaria mutica devido apresentar o maior IVI (Índice de valor de importância) dentre as demais.

Figura 2: Frequência relativa das espécies amostradas no Camal do Assacú.

O habitat do banco de macrofitas do Canal do Assacú foi analisado, onde a

temperatura média do ambiente foi de 30,4°C, medido nas três parcelas às 12 horas do dia. O pH médio do ambiente foi de 6,02. Os valores de temperatura e do pH foram diferentes do outro ambiente, devido o banco de macrófitas estar próximo da margem do rio onde tem a predominância da mata ciliar que sempre esta depositando matéria orgânica rica em ácido húmicos e fúlvicos, onde essas substancias orgânicas tendem a influenciar nas condições do ambiente no crescimento e colonização dos espécimes. Porem os valores ainda são considerados ideais para o desenvolvimento e propagação das espécies de macrófitas aquáticas.

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Conclusões

A amostragem utilizada foi significativa pois nos demais ambientes na região do médio amazonas ocorrem as mesmas espécies vegetais aquáticas onde a temperatura quase não varia e o pH é relativa neutro devido a grande quantidade de nutrientes depositados, os valores das variáveis dos habitats são essências para o desenvolvimento a reprodução e a propagação dos espécimes vegetais. Nos bancos de macrófitas foram observados outros seres vivos como camarões, caranguejos, peixes e aranhas.

Agradecimentos

Nossos agradecimentos a FAPEAM - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas por tornar possível através do incentivo financeiro a realização da presente pesquisa e também aos amigos Luiz Kleber, Dejanildes Maciel e Messias Macedo ao apoio na realização das atividades.

Referências Bibliográficas

BIANCHINI Jr., I.; Cunha, M. B. Mineralização Aeróbia de Cabomba piauhyensis e Scirpus cubensis. Acta Limnol. Brasílica v. 10, n. 1, p. 81-91. 1998.

CAMARGO, A. F. M. et al. Fatores limitantes à produção primária de macrófitas aquáticas. In: Ecologia e manejo de macrófitas. Maringá: UEM. p. 59-83. 2003.

PASTORE, P. M.; Tur, N. M.; Marrone, M. T. Biomassa y productividad primaria de macrofitos no emergentes de una laguna y su afluente. Revista Brasileira Biologia, Rio de Janeiro. v. 55, n. 2, p. 267-281. 1995.

POTT, V. J.; Pott, A. Plantas aquáticas do Pantanal. Embrapa, Brasília. 404 p. 2000.

SIOLI, H. Amazônia: fundamentos da ecologia da maior região de florestas tropicais. Editora Vozes, Petrópolis, 1983.

THOMAZ, S. M. et al. Métodos em limnologia: macrófitas aquáticas. In: BICUDO, C. E. de M.; BICUDO, D. de C. (Org.). Amostragem em limnologia. São Paulo: RIMA, p 193–212. 2004.

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DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS HIDROGEOLÓGICOS ATRAVÉS DO MÉTODO GEOFÍSICO NO ENTORNO DO LAGO SERPA EM

ITACOATIARA, AM 1

Antonio Robério Souza de Castro2; Jamile Dehaini3 3 Projeto financiado pela FAPEAM; 2 Graduando do Curso de Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Amazonas, bolsista iniciação científica PAIC; 3 Professora do curso de Engenharia Florestal em Itacoatiara

da Universidade do Estado do Amazonas.

Resumo

A necessidade da realização desse estudo é obter um conhecimento sobre as águas subterrâneas do entorno do lago de Serpa, a fim de se mapear as propriedades geoelétricas em sub-superfície através de métodos geofísicos. Foram realizadas 2 medidas no entorno do lago de Serpa para se delinear a geometria do embasamento, profundidade do nível d´água, profundidade do embasamento cristalino, mudança de camadas geológicas, provável direção do fluxo d´água subterrâneo e possível fonte de contaminação. Nos modelos obtidos nas curvas indicam que a profundidade atingida foi de 30 metros. As curvas apresentaram morfologia similares o que significa que ocorre uma certa homogeneidade do ponto de vista litológico. Os valores de resistividade elétrica são relativamente altos.

Palavras-chave: águas subterrâneas; métodos geofísicos; lago de Serpa; resistividade elétrica; geofísica.

Introdução

Atualmente o estudo do solo e águas subterrâneas é de fundamental importância em vários setores da economia como também para o meio ambiente. Os métodos indiretos como os geofísicos são amplamente utilizados para aquisição de valores orientadores sobre os parâmetros físicos em subsuperfície, sendo que a partir deste a locação de sondagens mecânicas e poços de investigação e monitoramento fica otimizada do ponto de vista técnico-financeiro (DEHAINI, 1995). A geofísica é a ciência que estuda o comportamento dos materiais do subsolo a partir de medidas indiretas de suas propriedades físicas. Conforme as características de cada caso utilizam-se os métodos que medem a grandeza física que melhor refletem as condições dos materiais a serem estudados. No estudo de águas subterrâneas, os métodos geoelétricos são comprovadamente os mais eficientes e economicamente viáveis. Estes métodos se baseiam no estudo de propriedades eletromagnéticas das rochas, sendo geralmente, a magnitude mais significante a resistividade elétrica (ou sua inversa, a condutividade elétrica) (KELLER e FRISCHKNECHT, 1966; ORELLANA , 1982; TELFORD et al. 1990).

A resistividade elétrica das rochas, considerando apenas seus minerais constituintes, e da água, pura, é muito elevada, ou seja, elas são praticamente isolantes elétricos. No entanto, os tipos de águas presentes na natureza apresentam condutividade elétrica apreciável, pois sempre tem algum sal dissolvido, sendo que a quantidade e classe destes sais depende da natureza das rochas com que as águas tiveram contato em seu movimento subterrâneo ou na

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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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superfície do terreno, ou ainda dos gases em contato durante a precipitação. No caso das rochas, todas possuem poros e/ou fissuras em proporção maior ou menor, as quais podem estar ocupados total ou parcialmente por eletrólitos, do que resulta no conjunto, as rochas se comportarem como condutores iônicos, de resistividade muito variável conforme os casos (ORELLANA, 1982).

O trabalho foi realizado com o objetivo de mapear as propriedades geoelétricas em sub-superfície, no entorno do Lago de Serpa, por meio do método geofísico da eletroressistividade.

Metodologia

Os trabalhos de campo foram realizados durante os meses de janeiro e maio de 2009, no entorno da região do Lago de Serpa latitude -03º 04' 47” e longitude -58º 29' 07” no município de Itacoatiara no Km 266 da rodovia Am-010 de Manaus-Itacoatiara, Amazônia Central.

Para a realização da pesquisa utilizou-se o método geofísico (eletrorresistividade), através da técnica de medida de sondagem elétrica (SE), ou sondagem elétrica vertical (SEV), com arranjo Schlumberger. A técnica de campo consiste em introduzir uma corrente elétrica no subsolo possibilitando determinar as resistividades a várias profundidades. Para isso o equipamento usado é um resistivímetro, uma fonte de corrente (bateria), um milivoltímetro e acessórios (eletrodos de metais e fios). Necessita-se de 4 eletrodos que são cravados no solo pelos quais são mandadas as correntes elétricas através de AB (eletrodos de corrente) e MN (eletrodos de potencial), para se realizar as medidas de diferença de potencial. Por fim, para as interpretações das medidas foi utilizado o “software” IPI2win (2001), de domínio público desenvolvido pela Universidade Estadual de Moscou.

No decorrer das atividades de campo ficou decidido a identificação de principalmente o nível d’água e do sistema de aqüíferos.

Resultados e Discussão

As curvas abaixo representam a variação de resistividade elétrica (ordenada) conforme a abertura dos eletrodos de corrente (abscissa) para cada sondagem elétrica. Os dados de campo são ajustados e modelados como pode ser observado pela linha de cor vermelha.O “software” utilizado para inversão dos dados é de domínio público e foi desenvolvido pela Universidade Estadual de Moscou (IPI2win, 2001). O erro admissível para o ajuste é de até 5%. O modelo resultante indica nas curvas que a profundidade atingida foi de 30 metros. As curvas apresentaram morfologia similares o que significa que ocorre uma certa homogeneidade do ponto de vista litológico. Os valores de resistividade elétrica são relativamente altos e, em geral, devem corresponder à camadas geológicas com predominância de sedimentos arenosos, característico da Formação Alter do Chão, aflorante em Itacoatiara e sedimentos quaternários. A profundidade do topo da camada saturada (nível d´água) varia entre 2.1m (SE-1) e 1.8m na SE-2, esta localizada mais próxima do corpo d´água superficial e, portanto, com o nível d´água mais próximo da superfície. Na realidade as camadas geoelétricas indicam um sistema de aquíferos, onde a diferença de resistividade elétrica pode estar relacionada a maior conteúdo de argila na camada, como pode ser observado na quinta camada da SE-2, a qual apresentou valor de resistividade relativamente baixo (76ohm.m) e espessura de 15 metros. Neste caso, os valores de resistividade se apresentam menores, ou de modo inverso, os valores de condutividade elétrica são maiores, como a segunda, quarta e quinta camada da SE-1, terceira e quinta camada da SE-2. A

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primeira camada da SE-1 e a primeira e segunda camada da SE-2 apresentam valores de resistividade maiores devido ao fato destas camadas possuírem menor quantidade de água.

Conclusões

O trabalho desenvolvido nos mostra que diante da grande extensão do lago de Serpa a mínima quantidade de medidas não reflete bem os resultados. Mas que nas duas medidas realizadas pôde se notar que no local existe um grande sistema de aqüíferos, que estes por estarem próximos do corpo d’água superficial (lago de Serpa), possuem pouca profundidade.

Agradecimentos

À Deus, pelo dom da vida e pelas graças concedidas em meu favor. A minha orientadora Jamile Dehaini Dra., por ter acreditado em minha pessoa e ter compartilhado comigo sua experiência e conhecimento adquiridos ao longo de sua carreira. À toda equipe que me deu apoio nas atividades de campo.

À FAPEAM pela bolsa de Iniciação Científica e auxílio à pesquisa.

Referências Bibliográficas

ASTIER, J.L. Geofisica Aplicada a la Hidrogeologia. Madrid, Editora Paraninfo. 344p. 1975.

DEHAINI, J. “Avaliação da Aplicabilidade de Métodos Geofísicos em Estudos de Casos de Contaminação de Águas Subterrâneas por Diferentes Fontes. Dissertação de Mestrado. IGc/USP, São Paulo. 100p. 1995.

KELLER, G.V. & FRISCHKNECHT, F.C. Electrical methods in geophysical prospecting. Pergamon Press Inc. N.Y. 519p. 1996.

ORELLANA, E. Prospeccion geoelectrica en corriente continua. Madrid, Editora Paraninfo. 578p. 1982.

PARASNIS, D.S. (1986) Principles of Applied Geophysics. New York, Chapman and Hall. 402p. 1986.

TELFORD, W.M.; GELDART, L.P.; SHERRIF, R.E. Applied geophysics. Cambridge, Cambridge University Press. 770p. 1990.

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EFEITO DA ADUBAÇÃO EM MUDAS DE PARKIA PENDULA (WILLD.) WALP EM VIVEIRO¹

Victor Hugo Ferreira Andrade2 ; Fábio Bassini 3; Rejane Gomes Ferreira 4

¹Projeto financiado pela FAPEAM; Graduando do Curso de Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Amazonas, bolsista de iniciação científica PAIC; 3,4 Professores do curso de Engenharia Florestal em Itacoatiara

da Universidade do Estado do Amazonas.

Resumo

A necessidade de recomposição de áreas degradas requerer um alto desenvolvimento de tecnologia de mudas nativas, e as espécies leguminosas estimulam o aumento da atividade biológica sendo muito utilizadas para esse fim. A qualidade das mudas sofrem grande influência do substrato utilizado decorrente de suas característica. A presente proposta justifica-se pelo objetivo geral de avaliar o efeito da adubação em mudas de Parkia pendula (Willd.) Walp em condições de viveiro. Os tratamentos foram definidos em tratamento com desponte, tratamento com desponte e adubo químico NPK 4-14-8 e testemunha, as variáveis analisadas foram taxa de germinação, altura e número de folhas. Na avaliação da germinação houve diferença apenas entre os tratamentos tendo o tratamento com desponte e sem adubo químico apresentado a melhor taxa de germinação com 69%. Na análise de desenvolvimento não houve diferença significativa.

Palavras–chave: Parkia pendula; efeito da adubação química; recuperação de área degradada.

Introdução

A necessidade de recomposição de ecossistemas degradados demanda o desenvolvimento de tecnologias de produção de mudas nativas, envolvendo a identificação botânica das espécies, métodos de colheita, beneficiamento e armazenamento de sementes, mecanismos de dormência e germinação de sementes, embalagens, substrato e manejo de mudas (ZAMITH, 2004).

Espécies florestais leguminosas são pioneiras, ocorrendo espontaneamente, na revegetação de áreas desmatadas ou degradadas, possibilitando o posterior estabelecimento de outras espécies mais exigentes e, ainda, estimulam o aumento da atividade biológica do solo (PRALON, 1999).

A Parkia pendula (Willd.) Walp. pertence à família Leguminosae, subfamília Mimosoideae é uma árvore de grande porte com copa larga, aplainada, perenifólia, mesófila ou heliófila, que ocorre na mata alta de terra-firme, em solo argiloso na região amazônica (SILVA et al. 1977) . Segundo Lamont (apud OLIVEIRA et al, 2006) classifica a P. pendula como espécie serotinosa, ou seja, que mantêm todas as sementes ou partes delas mesmo após a maturação presas ao fruto formando assim um banco aéreo, por no mínimo três meses.

A qualidade das mudas sofre influência de diversos fatores, entre eles, a qualidade do substrato. A influência do substrato na germinação é decorrente de suas características, como estrutura, grau de aeração, capacidade de retenção de água e grau de infestação de patógenos,

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dentre outras, que podem variar de acordo com o tipo de material utilizado (POPINIGIS, 1977).

Portanto, objetivou-se neste trabalho avaliar o efeito da adubação em mudas de Parkia pendula (Willd.) Walp. em condições de viveiro.

Metodologia

O Experimento foi realizado no viveiro do Horto Florestal do município de Itacoatiara. A coleta das sementes se deu no km 212 da rodovia AM-10 na Comunidade Fortunato.

Posteriormente realizou-se a separação e secagem das sementes no laboratório manejo florestal do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara, e definiu-se o desponte como método para quebra de dormência.

O delineamento utilizado foi bloco ao acaso com três tratamentos contendo quatro repetições de 25 mudas por tratamento totalizando 300 mudas. As parcelas foram sorteadas para a melhor avaliação dos parâmetros: germinação, altura e número de folhas. Utilizou-se como substrato base areia, terra e substrato orgânico de açaí na proporção de 1:1:1, os tratamentos foram divididos em: controle, com desponte e sem adubo químico e tratamento com desponte e adubo químico. O substrato químico adotado foi o NPK 4-14-8 na proporção de 1 kg para 100 kg de substrato base.

A coleta de dados para a germinação das sementes foi realizada diariamente até a redução da taxa de germinação, 60 dias após a semeadura e a mensuração das plântulas realizada quinzenalmente até 132 dias após a semeadura.

Resultados e Discussão

Avaliação da germinação

A Tabela 1 mostra a análise de variância da taxa de germinação entre os tratamentos e os blocos (repetições) calculados através da amostragem de 300 mudas.

Houve diferença significativa na taxa de germinação apenas entre os tratamentos testados (F=13,60, P=0,01 pelo teste de Tukey), tendo o tratamento de desponte da semente semeada em substrato sem adição de adubação química, apresentado a melhor taxa de germinação, de 69%. O tratamento controle continuou a germinar até o fim das análises.

Análise do desenvolvimento

A análise do crescimento foi realizada apenas com plantas germinaram no mesmo período e que se mantiveram vivas até o fim das análises, sendo desprezadas as que morreram

Tabela 1 - Análise de variância da taxa de germinação entre os tratamento e blocos. Fonte de Variação GL QM

Blocos 3 0,02540 Tratamentos 2 0,17915**

Resíduos 6 0,01346 Total 11

Analisados pelo teste de F. **Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

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no decorrer do experimento, o que proporcionou uma uniformidade, pois as plantas tinham a mesma idade.

Observou-se que não houve diferença no desenvolvimento das plântulas em termos de altura e número de folhas apresentando médias de 21,28 e 17,18 com variâncias de 2,27 e 17,8 respectivamente, submetidas aos diferentes tratamentos ao longo de 132 dias de acompanhamento.

Conclusões

O substrato sem a adição de adubação química foi o melhor para a produção de mudas de Parkia pendula.

Os diferentes substratos não apresentaram diferença no desenvolvimento das mudas.

Agradecimento

Nossos agradecimentos Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

À FAPEAM pela bolsa de Iniciação Científica e auxílio à pesquisa.

Referências Bibliográficas

PRALON, A.Z. Produção de mudas de Mimosa caesalpiniaefolia, inoculadas com fungos icorrízicos arbusculares e rizóbio, em estéril de argila misturado com o resíduo Ferkal. 70p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal). Universidade Estadual Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, 1999.

ZAMITH, L. R. Produção de Mudas de Espécies das Restingas do Município do Rio de Janeiro. Acta bot. bras. 18(1): 161-176. 2004

SILVA, M.F, et al. Nomes vulgares de plantas da Amazônia. MCT/INPA-CPPF.

POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. Ministério da Agricultura, AGIPLAN, Brasília. 1977.

OLIVEIRA, M. C. P et al. Dispersão e superação da dormência de sementes de Parkia pendula (Willd.) Walp. (visgueiro) na Amazônia Central, AM, Brasil. Hoehnea 33(4): 485-493. 2006.

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AVALIAÇÃO MORFOLOGICA E MORFOMÉTRICA DE Oenocarpus bacaba, OCORRENTES EM UMA COMUNIDADE DO LAGO DE

SERPA-ITACOATIARA, AM

Edfran Nascimento Andrade1; Juan Daniel Villacis Fajardo1; Carlos Sergio Pessoa Nogueira2; Rosimere Braga Lira3.

1,2,3, Bolsistas da FAPEAM, Curso de Engenharia Florestal da UEA/CESI. 1Professor UEA/EST/CESI

Resumo

As espécies do gênero Oenocarpus estão distribuídas no norte da América do Sul, alcançando a Costa Rica na América Central. No Brasil encontra-se à maioria no norte da Amazônia. As espécies de O. bacaba, possuem importância econômica, a qual está relacionada a seus frutos, pois eles produzem bebidas ricas em óleo. Foi estudado Oenocarpus bacaba, nas diferentes fases de vida, onde foram marcados e acompanhados 25 indivíduos em uma comunidade do lago de Serpa-Itacoatiara. Registrou-se na primeira marcação dos 25 indivíduos, uma media para a altura total de 15,74m, DAP 26,43 cm. O percentual de germinação da espécie foi 60 % de um total 100% das sementes manejada, considerado um alto índice de germinação de O. bacaba, é considerado do tipo remoto tubular. Concluindo que as palmeiras superiores têm velocidade de crescimento rápido em altura e, em diâmetro diminui com a idade conseqüentemente as palmeiras menores à velocidade de crescimento é mais lento. A espécie é recomendada para enriquecimento de áreas degradadas.

Palavras-chave: Morfologia, plântula, Palmeira, germinação.

Introdução

As palmeiras (Arecaceae = Palmae) constituem um dos mais importantes grupos de plantas, não só pela abundância das espécies, mas pelas numerosas interações com outros organismos, além do fato de serem utilizadas sob vários aspectos pelo homem da região amazônica (MENDONÇA, 1996). Plantas como Oenocarpus bacaba, podem ser utilizadas no enriquecimento de áreas degradadas, em sistemas agro-florestais, como também na arborização, principalmente devido a seus frutos serem consumidos por roedores e aves (CRUZ, 2001).

Metodologia

No trabalho de pesquisa com Oenocarpus bacaba, foi realizada levantamento dendrometrico dos 25 indivíduos para verificar altura total, e diâmetro, (DAP). Foi marcada com numeração e data. Coletamos cerca de 200 frutos, desses foram separados100 sementes para se fazer a quebra da dormência, em imersão a água a temperatura de 50°C, por 30 minutos, em seguida foram despolpados e retirados todos seus resíduos que por ventura permaneciam na semente, em seguida Realizou-se a caracterização morfológica e avaliação

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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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morfométrica de O. bacaba. Após esta operação as sementes foram instaladas em sementeiras, onde as mesmas foram postas em substrato de terra preta, estrume de gado, matéria orgânica vegetal, serragem de madeira, irrigada diariamente. O inicio da germinação ocorreu após um mês da semeadura. Na etapa das medições das plântulas se procedeu da seguinte forma, após 15 dias do transplante para os sacos de polietileno, ocorreu o processo de crescimento da primeira fase das plântulas, onde as mesmas foram submetidas à mensuração das suas referidas partes vegetativas, e na seqüência para se obter o peso da matéria seca e peso da matéria fresca das plântulas, conseqüentemente foi aplicada a média aritmética da referida espécie. Com o restante das 100 sementes foram realizadas à mensuração do diâmetro e do comprimento, com auxílio de paquímetro, e para a obtenção do peso da matéria fresca, utilizou-se balança digital eletrônica, em seguida foi levada à estufa em 70°C para obter o peso constante. Realizou-se a caracterização da espécie observando suas principais particularidades.

Resultados e Discussão

Dos 25 indivíduos, na primeira marcação, registrou-se a media para a altura total em 15,74m, DAP 26,43 cm conforme gráfico 1 e 2.

À germinação da O.bacaba considerou-se um alto índice de germinação da espécie 60 %. O tipo de germinação é considerado do tipo remoto tubular, este tipo de germinação é caracterizado pelo alongamento do pecíolo e a bainha cotiledonar. Na etapa da medição das plântulas, aplicamos as media aritméticas aos dados da partes das plântulas quantitativos (tamanho e peso), foram descritos levando em consideração as medias e os valores mínimos e máximos obtido em planilha eletrônica. As referidas medidas das plântulas obedeceram ao seguinte critério de seleção, observados na (tabela1).

PMF:Plântula Fresca, PMS: Plântula Matéria Seca, CMP: Comprimento, DM: Diâmetro, LRG: Largura,

DP: Desvio Padrão

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Obtiveram-se as médias do diâmetro, comprimento e o peso das sementes de Oenocarpus bacaba representado na tabela 2.

CMP- Comprimento; LRG- Largura; PMF- Peso da matéria fresca; PMS- Peso da matéria seca.

O desenvolvimento de cada fase ficou caracterizado da seguinte maneira plântula

dependência da semente dois meses e meio; jovem I estabelecimento; reserva de semente exauridas dois meses; jovem II estabelecimento quarta folha parcialmente pinada 45 dias; jovem III estabelecimento totalmente pinada dois meses e quinze dias; jovem IV estabelecimento sétima totalmente pinada, pinas agrupadas sessenta dias; jovem V inicio da formação do estipe aéreo em torno de cinco meses.

Conclusões

Verificou-se um alto índice de germinação e rápido desenvolvimento vegetativo, recomendado para o enriquecimento de áreas degradadas.

Em relação às diferentes fases de vida de Oenocarpus bacaba, o desenvolvimento de uma fase para outra, ou seja, de semente para plântula foi de um mês e meio e as outras fases subseqüentes obtiveram variações diferentes.

Observou-se que as palmeiras superiores têm velocidade de crescimento rápido, como também o crescimento em diâmetro que diminui com a idade conseqüentemente as palmeiras menores à velocidade de crescimento é mais lento, em razão de não terem alcançado o seu diâmetro máximo, estas variações morfológicas também são influenciadas pela intensidade de luminosidade.

Referências Bibliográficas

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APROVEITAMENTO COMERCIAL DO ESTIPE de Bactris gasipaes H.B.K., ARECACEAE, NA FABRICAÇÃO ARTESANAL DE PLACA

PARA REVESTIMENTO INTERNO DE PAREDES

Francisco Tarcísio Moraes Mady 1; Alessandra Souza Fonseca 2; Álefe Lopes Viana 2.

1Professor de Tecnologia de Produtos Florestais – Departamento de Ciências Florestais / Laboratório de Física

da Madeira / UFAM; 2Acadêmicos de Engenharia Florestal – UFAM.

Resumo

Com o objetivo de identificar novas formas de aproveitamento comercial do estipe, bem como testar a viabilidade da porção rígida do estipe para confecção de placas de revestimento de paredes internas, o presente trabalho foi realizado a partir da coleta de seis estipes de pupunha sem espinho em um plantio localizado na área de produção do Curso de Agronomia da Universidade Federal do Amazonas. Os estipes foram seccionados em pedaços de 2,0m de comprimento. O processo montagem do revestimento consistiu em serrar o estipe com serra circular, aplainar o lado interno, lixar as tábuas e cortar em pedaços de 3x3cm. Os pedaços foram postos com a face côncava para baixo, em seguida colou-se lateralmente com cola branca e deixou-se em repouso por 48 horas. O revestimento produzido com a madeira de pupunha apresentou padrão estético refinado, com boa aceitabilidade aos processos de acabamento e colagem, de forma que a face exposta mostrou-se estável, lustrosa e sem soltar “farpas” quando submetidas ao toque. Quanto à resistência, a porção fibrosa do estipe, de coloração enegrecida sendo altamente durável às intempéries e, aplicado internamente, deve ter uma vida útil mais longa. O revestimento pode ser aplicado em paredes com fins estéticos e funcionais. As potenciais formas de uso do estipe de B. gasipaes mostram que esta matéria-prima alternativa pode vir a tornar-se uma excelente fonte de renda para os produtores rurais. Desta forma, pode constituir uma fonte renovável aplicada para diversos propósitos, entre os quais o uso para revestimento de ambientes internos.

Palavras-chave: palmeiras; pupunha; acabamento interno.

Introdução

As palmeiras são uma das maiores famílias de plantas no mundo e, pela forma e aspecto, a mais característica da flora tropical (RIBEIRO et al, 1999). Tais indivíduos constituem a família botânica mais importante de plantas nativas exploradas pelo homem na Amazônia (GOULDING & SMITH, 2007). Tradicionalmente, entre as categorias de usos, a alimentação, construção e artesanato são as mais comuns entre ribeirinhos e caboclos. Porém, entre os indígenas, as categorias de usos mais importantes são: pequenos objetos artesanais, construção e uso ritual. Seringueiros e ribeirinhos aproveitam as palmeiras na construção de casas (AGÊNCIA AMAZÔNIA, 2006). Seu centro de distribuição está situado nos trópicos, no entanto, há poucas espécies que chegam até áreas subtropicais; ocorrem em quase todas as vegetações tropicais e podem dominar grandes áreas, formando populações homogêneas (RIBEIRO et al, 1999).

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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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Diferentemente das espécies florestais madeireiras, as palmeiras não apresentam câmbio vascular (monocotiledôneas) e devido a isso, não produzem madeira na forma como a conceituamos. Sua estrutura de sustentação é chamada de estipe, sendo formada, basicamente, por feixes vasculares, fibras e parênquima, cuja zona periférica apresenta grande resistência e dureza (TOMLINSON, 1990). A pupunha (Bactris gasipaes H.B.K.) é uma palmeira que apresenta crescimento rápido podendo atingir altura de até 20 metros, geralmente formando uma pequena touceira. Por ser uma espécie domesticada (CLEMENT, 1988, 1991), somente ocorre onde o homem a tem plantado. Atualmente, é cultivada de duas formas muito distintas: para fruto (400 ou menos pés por ha que se desenvolvem até a fase madura, frutificam e podem até chegar à altura máxima indicada anteriormente) e para palmito - 5 a 10.000 ind./ha. (ARANHA, 2008). Segundo MMA et al. (1998), o aproveitamento da pupunheira pode ser total. Sua palmeira é empregada em paisagismo; sua raiz, como vermicida; seu estipe como madeira, para construção de casas, fortificações, arcos, flechas, arpões e varas de pescar; suas flores masculinas, depois de caírem, como tempero; suas folhas, na cobertura para habitações, tecedura de cestas e outros objetos; seus frutos podem ser consumidos in natura, após cozimento, bem como gerar subprodutos depois de industrializados. Os caules secundários podem ser consumidos como palmito. O estipe de B. gasipaes é composto, de fora para dentro, pela epiderme (ausência de casca), córtex e pelo cilindro central (Figura 01). Este se caracteriza pela distribuição desuniforme de feixes vasculares que separam-se uns dos outros por estreitas faixas de parênquima esclerificado. Uma faixa congestionada de feixes vasculares, com cerca de 1- 3 cm de espessura, circunda o cilindro central, é porção mais rígida do estipe e que se estende, nessa espesssura, até cerca de 1,5 m do solo, quando daí para cima começa gradativamente a ficar mais estreito (Mady, com. pessoal) A esta porção fibrosa e rígida denominaremos neste trabalho, daqui por diante, de madeira, devido à similaridade deste tecido com a madeira proveniente do caule de árvores (Figura 02).

Figura 02. Madeira de pupunha.

Figura 01. Seção transversal do estipe de pupunha

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Devido à franca expansão urbana que Manaus vem passando, o mercado da construção civil demanda a busca por novos materiais de construção visando não só a redução de custos e adequação aos princípios ambientais, como também, a criação de produtos diferenciados e exclusivos para o mercado, o que pode resultar em excelentes oportunidades para o uso de produtos florestais alternativos.

Metodologia

Foram coletados seis estipes de pupunha sem espinho em um plantio localizado na área de produção do Curso de Agronomia da Universidade Federal do Amazonas, Campus Universitário/Setor Sul. Os estipes foram seccionados em pedaços de 2,0 m de comprimento para posterior execução de duas etapas: 1) cortes longitudinais a fim de separar o estipe em “tábuas”, de dimensões de 100x5x1cm visando à produção de revestimento e 2) retirada da epiderme com auxílio de facão, para posterior lixamento. Em seguida, o processo de montagem do revestimento consistiu em serrar o estipe em serra circular, aplainar o lado interno, lixar as tábuas (lixa de gramatura 220 e 600) e cortar em pedaços de 3x3 cm (denominados pastilhas). Os pedaços postos sobre uma base de fórmica, com a face côncava para baixo (face em que havia a epiderme), em seguida foram colados lateralmente com cola branca e deixados em repouso por 48 horas, tempo de cura do adesivo. Ao fim deste processo, foram feitas as aparas nas bordas, a fim de obter uma amostra de dimensões de 10x7,5 cm. Por último foi aplicada cera de carnaúba visando conferir acabamento à peça.

Resultados e Discussão

O revestimento produzido com a madeira de pupunha apresentou padrão estético refinado, com boa aceitabilidade aos processos de acabamento e colagem, de forma que a face exposta mostrou-se estável, lustrosa e sem soltar “farpas” quando submetidas ao toque (Figura 03). As dimensões das pastilhas do revestimento apresentaram tamanho satisfatório, similar ao padrão comercializado com outros substratos, valorizando a aplicação. É muito provável que, devido à constituição celulósica do material, o revestimento proporcione uma boa distribuição acústica, entretanto não foram realizados testes nesse sentido.

Além disso, as pastilhas são uma alternativa versátil para variadas combinações de padrões, possibilitando diversas opções de criação e modelos para aplicação. Constitui-se ainda de um produto ecologicamente correto, conferindo responsabilidade ambiental para quem fabrica e consome. Assim, demonstra-se como um potencial sustentável ao agregar

Figura 03. Placa de revestimento confeccionada a partir do estipe de pupunha.

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valor ao produto final, gerando renda a quem venha fabricá-los, melhorando as condições de vida desses produtores, além de reduzir a pressão sobre as espécies florestais madeireiras que tradicionalmente são destinadas à fabricação de revestimentos. Segundo Rocha (2002), a madeira de pupunha apresenta características mecânicas e físicas que garantem uma estabilidade física que viabilizam o uso do material como revestimento, tais como: alta densidade, resistência e estabilidade dimensional. Quanto à resistência, a porção fibrosa do estipe, de coloração enegrecida é altamente durável às intempéries e, aplicado internamente, deve ter uma vida útil mais longa ainda. O revestimento pode ser aplicado em paredes com fins estéticos e funcionais. Conclusões As potenciais formas de uso do estipe de B. gasipaes mostram que esta matéria-prima alternativa pode vir a tornar-se uma excelente fonte de renda para os produtores rurais, perdendo inclusive este caráter de “alternativo”, visto que, atualmente, o estipe da pupunheira somente é aproveitado de maneira artesanal no cotidiano rural, demonstrando ser uma possível atividade sustentável a ser desenvolvida por comunidades rurais. Considerando a abundância e a diversidade de palmeiras amazônicas, é necessário averiguar a possibilidade de novos usos que contemplem mais espécies como matéria-prima visando aplicações industriais. As palmeiras podem ser plantadas ou manejadas e seu ciclo é relativamente mais curto comparado ao das árvores, tornando-se adulta mais precocemente, isso constitui grande vantagem frente às espécies florestais madeireiras. Desta forma, pode constituir uma fonte renovável aplicada para diversos propósitos, entre os quais o uso para revestimento de ambientes internos. O pouco estudo dedicado à busca de conhecimento das potencialidades desse estipe desfavorece o seu uso como substituto na geração de produtos e subprodutos oriundos de espécies florestais madeireiras, tais como a madeira.

Referências Bibliográficas

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TOMLINSON, P.B. The Structural Biology of Palms. Oxford University Press, USA. 492 p., Ilustr. 1990.

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ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA DO ESTRATO ARBÓREO DE UMA ÁREA DE CAMPINARANA NO ALTO RIO PRETO DA EVA,

AMAZONAS

Iane Barroncas Gomes2; Luís Antônio de Araújo Pinto2

1 Engenheira Florestal - Universidade do Estado do Amazonas/Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara; 2

Engenheiro Florestal M.Sc. (orientador)–Universidade do Estado do Amazonas/Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara.

Resumo

Este trabalho apresenta resultados da análise florística e fitossociológica do estrato arbóreo de uma área de campinarana no Alto Rio Preto da Eva, através da realização de inventário florístico, caracterização fisionômica, análise dos aspectos estruturais horizontais e verticais e cálculo de índices de diversidade. Foram alocados sistematicamente três transectos de 10m x 100m distantes cerca de 30° entre si, divididos em 10 parcelas de 10m x 10m, totalizando 0,3 ha, onde foram amostrados todos os indivíduos com DAP ≥ 5,0cm. Foram identificados 296 indivíduos distribuídos em 12 espécies, 12 gêneros e 10 famílias. As famílias Sapotaceae e Fabaceae foram as únicas representadas por duas espécies e compreendem juntas 44% do número de indivíduos. As espécies mais importantes segundo o Índice de Valor de Importância (IVI) são Aldina heterophylla (82,81), Andira sp. (63,48), Ternstroemia dentata (35,13), Ouratea discophora (26,99) e Endlicheria arunciflora (26,87). Os valores para os Índices de diversidade de Shannon e de Simpson foram de 2,04 e 6,16, respectivamente, indicando baixa diversidade para o estrato arbóreo. A distribuição diamétrica dos indivíduos apresentou o padrão "J" invertido característico de florestas tropicais. No entanto, grande parte destes indivíduos provavelmente não pertence à regeneração natural, são indivíduos de espécies que não alcançam grandes diâmetros. A área basal estimada para a população arbórea em estudo foi de 24,2 m²/ha. O diâmetro médio encontrado foi 9,8 cm. A área estudada apresenta tendência pronunciada de dominância por poucas espécies. Neste caso as espécies dominantes são Aldina heterophylla e Andira sp., ambas pertencentes à família Fabaceae.

Palavras-chave: inventário florístico; fitossociologia; campinaranas; Rio Preto da Eva.

Introdução

Estudos de caracterização da vegetação são de fundamental importância para o entendimento do ecossistema e como referência para outros estudos (OLIVEIRA, 1997). O conhecimento do maior número possível de características de uma floresta ou de uma determinada tipologia florestal permite a descoberta de novos potenciais de utilização destas áreas ou a constatação do fato de que a proteção da floresta é a melhor alternativa, seja devido à sua fragilidade, importância ecológica, importância na manutenção do equilíbrio climático terrestre ou raridade (PINTO, 2003).

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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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Vicentini (2004) chama atenção para o pouco conhecimento sobre a composição florística da maioria das campinas e campinaranas, termos utilizados para designar um tipo de vegetação que cresce sobre areia branca lixiviada, e que se diferencia basicamente pela estrutura, sendo as campinaranas ambientes caracterizados pela presença de árvores finas, com dossel de até 15 m, às vezes com estratos bem definidos (LEITÃO, 1994; RIBEIRO et al., 1999; SILVEIRA, 2003). O conhecimento florístico de campinaranas é escasso principalmente na Amazônia Central, em função da distribuição insular e do elevado nível de endemismos, esperando-se que novas espécies sejam encontradas nesse sistema. Além disso, no que diz respeito à fitogeografia, a maioria das espécies de plantas está mal elimitada, sendo necessários coletas adicionais e estudos taxonômicos detalhados (BARBOSA; FERREIRA, 2004).

Como forma de contribuir técnica e cientificamente para o uso responsável das florestas do município em questão, este trabalho objetivou conhecer a composição florística, a diversidade e os aspectos fitossociológicos do estrato arbóreo de uma área de campinarana no Alto Rio Preto da Eva, através da realização de inventário florístico, caracterização fisionômica, análise dos aspectos estruturais horizontais (densidade, freqüência e dominância) e verticais (posição sociológica) da vegetação da área e quantificação da variedade de espécies vegetais utilizando índices de diversidade. Metodologia

Localização - O local de estudo é uma área de campinarana com pouco mais de 3 ha, de coordenadas 2°32’47’’ S e 59°46’11’’ W, e 21 m de altitude, clima do tipo Af, segundo a classificação de Köppen (NORONHA, 2003), localizada uma área de floresta pertencente à SUFRAMA, no entorno da Comunidade Cristo Redentor, ao final do Ramal do Alto Rio, no sentido norte do Rio Preto da Eva. A localidade dista 19,8 km da sede do município, sendo o acesso possível pelo próprio Rio Preto da Eva até uma encosta onde existe uma picada aberta na floresta que dá acesso à área.

Coleta de dados - A coleta dos dados foi realizada entre junho e julho de 2008, através de inventário florístico, utilizando o sistema de amostragem sistemática com parcelas alocadas em transecto conforme metodologia utilizada por Carim et al. (2007), Oliveira e Amaral (2005) e Santos et al. (2004) em estudos florísticos do componente arbóreo em florestas da região amazônica. Foram amostrados três transectos com abertura em torno de 30° entre sim (Figura 1), cada um com 10m de largura por 100m de comprimento, divididos em 10 parcelas de 10m x 10m, totalizando 30 parcelas e 0,3 ha de área amostrada.

Figura 1: Sistema de alocação das parcelas.

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A primeira parcela de cada transecto foi alocada intencionalmente na área de transição da floresta densa para a campinarana, com o objetivo de identificar possíveis espécies exclusivas da transição. Foram considerados e medidos com fita métrica todos os indivíduos com CAP mínimo de 16 cm (equivalente a 5 cm de DAP). As espécies foram identificadas no campo com o auxílio de um parataxônomo e para cada espécie foram coletadas 3 amostras de material botânico, estéreis ou férteis, as quais foram prensadas in loco. Posteriormente estas amostras foram secas em estufa (por aproximadamente 72 horas) e em seguida foram encaminhadas ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) para identificação.

Para a análise estrutural foi calculada a área da seção transversal para cada indivíduo e a área basal para cada parcela. O dimensionamento da amostra (n) foi feito utilizando a metodologia proposta por Queiroz (1998), através da estatística descritiva e limite de erro de 20%. Os parâmetros fitossociológicos estimados foram: Densidade, Freqüência e Dominância, absolutas e relativas, bem como o Índice de Valor de Importância (IVI), de acordo com Felfilli (2000). E os índices de diversidade calculados foram os de Shannon e Simpson.

Resultados e Discussão

Fisionomicamente a campinarana do Alto Rio Preto da Eva pode ser descrita como um ambiente com vegetação sempre verde, alta densidade de herbáceas e varas, presença de bromélias terrestres e grande quantidade de epífitas (Orquidáceas, predominantemente), principalmente sobre indivíduos de Aldina heterophylla. De acordo com a classificação elaborada por Silveira (2003), trata-se de uma área de campinarana arbórea aberta.

Foram inventariadas 12 espécies, pertencentes a 12 gêneros e 10 famílias diferentes (Figura 2). Destas 75% foram identificadas até o nível de espécie e 25% até ao nível de gênero, em função da ausência de elementos reprodutivos nas amostras. Apenas as famílias Sapotaceae e Fabaceae foram representadas por 2 espécies cada uma, totalizando 44% dos indivíduos amostrados (Tabela 1).

O valor calculado para o Índice de Shannon foi de 2,04. A diversidade calculada através deste índice, segundo alguns estudos realizados na região Amazônica, é considerada alta quando os valores são maiores que 4,0. O valor calculado para o índice de Simpson foi de 6,16. Assim, ambos sugerem baixa diversidade para o estrato arbóreo.

Figura 2: Composição do Índice de Valor de Importância (IVI) para as espécies arbóreas da campinarana do Alto Rio Preto da Eva.

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Com relação à estrutura da vegetação, 76% dos indivíduos amostrados se inserem nas

menores classes de DAP, com valores entre 5,1 cm e 15,0 cm, 19% estão incluídos nas classes intermediárias, com valores de DAP entre 15,1 e 35,0 cm (Figura 3). Nas classes com valores acima de 35,0 cm estão incluídos apenas 5% dos indivíduos e todos são de A. heterophylla que responde sozinha por 59% do total da área basal da amostra. A área basal total encontrada para a população arbórea em estudo foi de 24, 2 m²/ha.

Figura 3: Distribuição por classes diamétricas de todos os indivíduos amostrados. Os valores do eixo das

coordenadas representam o valor limite das classes.

Tabela 1 - Lista de espécies e famílias inventariadas e número de indivíduos encontrados. FAMÍLIAS E ESPÉCIES NOME VULGAR N° DE INDIV.

Annonaceae Oxandra xylopioides Diels Envira 21 Burseraceae Protium aracouchini (Aubl.) March Breu 15 Caesalpinaceae Macrolobium campestre Huber ripeira-amarela 6 Fabaceae Aldina heterophylla Spruce ex Benth Macucu 32 Andira sp. Ripeira 91 Lauraceae Endlicheria arunciflora (Meisn.) Mez louro-mamuri 31 Moraceae Brosimum sp. Amapá 6 Myrtaceae Eugenia sp. araçá-da-campina 9 Ochnaceae Ouratea discophora Ducke macucu-torrado 34 Sapotaceae Chrysophyllum sanguinolentum (Pierr.) Bahni Balateira 3 Pradosia schomburgkiana (A. D.C) Cronquist pau-doce 1 Theaceae Ternstroemia dentata Spreng ex DC macucu-da-folha-grossa 47

Conclusões

O estudo fitossociológico demonstrou tendência pronunciada de dominância por poucas espécies, A. heterophylla, que ocupa 59% da área basal total e Andira sp., a mais abundante e mais freqüente, com 15% da área basal total. A. heterophylla possui função

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ecológica fundamental no ambiente estudado. A área de campinarana e seu entorno devem ser preservados em função da existência de espécies arbóreas com poucos indivíduos que só ocorrem neste tipo de ambiente e daquelas espécies de epífitas e herbáceas que não foram coletadas para identificação. O local também é fonte de alimentação para pássaros e alguns mamíferos. Referências Bibliográficas

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AVALIAÇÃO DA INFESTAÇÃO POR ERVAS-DE-PASSARINHO E D E PARÂMETROS DENDROMÉTRICOS DAS ESPÉCIES UTILIZADAS

NA ARBORIZAÇÃO DA CIDADE DE ITACOATIARA/AM.

Murilo Leite Maciel3; Ananias Alves Cruz2; Angela Maria da Silva Mendes3

1Engenheiro Florestal: Av. Armindo Auzier, 2012 – Araújo Costa, CEP: 69.100-000; 2,3Centro de Estudos

Superiores de Itacoatiara/Universidade do Estado do Amazonas: Av. Mário Andreazza, s/no, CEP: 69.100-000. E-mails: 1 [email protected], [email protected], [email protected]

Resumo

Este trabalho teve como objetivo avaliar as infestações por ervas-de-passarinho e os parâmetros dendrométricos das espécies utilizadas na arborização da cidade de Itacoatiara/AM, a fim de identificar as espécies com potencial para arborização urbana. O estudo foi desenvolvido em dez logradouros públicos selecionados aleatoriamente. O índice de parasitismo por ervas-de-passarinho foi utilizado para obter as frequências percentuais de cada espécie, em relação ao total de indivíduos analisados e parasitados. Foram identificadas 13 espécies, distribuídas em 10 famílias, num total de 351 indivíduos analisados. O oitizeiro foi a espécie mais frequente, com 173 indivíduos, representando 49,29% do total, seguida por fícus, com 117 indivíduos (33,33%). A altura média entre os indivíduos foi de 4,8 m e o diâmetro médio foi de 0,5165 m. As espécies com maiores frequências de infestação por ervas-de-passarinho foram o oitizeiro, o fícus e o ingá, representando 42,22%, 24,44% e 22,22% do total, respectivamente. As espécies de ervas-de-passarinho encontradas durante o levantamento foram: Phthirusa adunca, Oryctanthus spicatus e Oryctanthus alveolatus.Todas as espécies pertencem à família Loranthaceae. O estudo demonstra haver diversidade bastante acentuada em relação às espécies utilizadas na arborização da cidade de Itacoatiara/AM, porém, não existe um critério para seleção dessas espécies.

Palavras-chave: arborização urbana; dendrometria; parasitismo; ervas-de-passarinho.

Introdução

A arborização urbana é entendida como as árvores que compõem as ruas, parques, praças, lotes e propriedades particulares. A árvore é o vegetal mais presente na vida e no ciclo histórico do homem. No início, era usada como combustível para alimentar as fogueiras dentro das cavernas, passando, posteriormente, a ser usada como arma de caça, implemento agrícola, componente das casas e, hoje, está inserida no cotidiano do homem em vários momentos e nas mais diversas formas. Porém, a inserção da árvore no contexto urbano é muito recente na história dos povos (SANTOS; TEIXEIRA, 2001).

As árvores desempenham, simultaneamente, várias funções essenciais à vida humana, melhorando notavelmente as condições do meio urbano. Se por um lado, é inegável o valor acrescentado à qualidade de vida quando se arboriza uma cidade, levando-se em conta fatores como a ornamentação, a melhoria microclimática e a diminuição da poluição, por outro lado,

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a inserção desses vegetais no meio urbano não é tão simples, já que esse meio não é o habitat mais apropriado para as plantas de grande porte (MACIEL, 2008).

Os problemas decorrentes da seleção e manutenção de espécies impróprias para arborização urbana podem comprometer a qualidade de vida dos munícipes e o próprio meio ambiente.

Na cidade de Itacoatiara/AM são utilizadas várias espécies botânicas na arborização de vias e logradouros públicos. Algumas dessas são espécies frutíferas de grande porte, como mangueira (Mangifera indica) e jambeiro (Eugenia malaccensis), entre outras que, do ponto de vista dendrológico e fitossanitário, apresentam restrições para arborização urbana.

A escolha de espécies botânicas adequadas à arborização urbana é um problema enfrentado pela administração pública da maioria das cidades brasileiras. Problemas decorrentes do porte, produção de frutos, ataque de parasitas, levantamento de calçadas e outros, levam geralmente a um alto custo de manutenção dessas espécies no espaço urbano dos logradouros (mão-de-obra com poda e recuperação de meios-fios e calçadas).

Um dos maiores problemas fitossanitários que ocorrem nas espécies utilizadas na arborização urbana é o ataque por parasita superior, muito conhecido como ervas-de-passarinho. Cada espécie apresenta um grau de suscetibilidade diferenciado (tolerantes ou não).

Este trabalho teve como objetivo avaliar as infestações por ervas-de-passarinho e parâmetros dendrométricos das espécies utilizadas na arborização da cidade de Itacoatiara/AM, a fim de identificar as espécies com potencial para arborização urbana.

Metodologia

O estudo foi desenvolvido no Município de Itacoatiara/AM, na área urbana, localizado à margem direita do rio Amazonas, a 175,5 km da capital do Estado (Manaus), com coordenadas geográficas de 3º 09’ S, 58º 22’ W e 26 m de altitude. Itacoatiara possui uma densidade demográfica de 8.0 hab/km², com uma população de 72.105 habitantes (IBGE, 2007).

Foi feita uma amostragem aleatória representativa de 10 logradouros arborizados, apresentando canteiros laterais, nos quais foram realizadas avaliações em todas as espécies botânicas utilizadas na arborização urbana da cidade.

Para avaliar as infestações por ervas-de-passarinho e parâmetros dendrométricos foi utilizada uma ficha de campo (MESQUITA; MENDONÇA, 2004 com modificações).

Foram coletadas e prensadas 5 (cinco) amostras de material botânico (FIDALGO; BONONI, 1989) de cada espécie de ervas-de-passarinho encontrada, e a seguir enviadas para identificação no Herbário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA.

As condições dendrométricas avaliadas para cada espécie foram: altura das plantas, circunferência do fuste (centímetros), posteriormente transformada em diâmetro (metros) e forma da copa (MESQUITA; MENDONÇA, 2004). Foram obtidas as médias das alturas e dos diâmetros e as frequências dos indivíduos. A altura das plantas analisadas, foi a partir de dois metros. Nas avaliações foram utilizados os seguintes equipamentos: hipsômetro, fita métrica e máquina fotográfica digital.

O Índice de Infestação (RIBEIRO DO VALE et al. 2004), ou Parasitismo por ervas-de-passarinho (ID) foi utilizado para obter as frequências percentuais de cada espécie, em relação ao total de indivíduos analisados e parasitados.

Foi feita a análise da intensidade de infestação por ervas-de-passarinho nas copas das árvores, dividindo-se a copa de cada indivíduo em quatro partes.

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Resultados e Discussão

Conforme o levantamento nos logradouros públicos selecionados, foram encontradas 13 espécies distribuídas em 10 famílias. Foram analisados 351 indivíduos (Quadro 1), com variação de 14 a 67 indivíduos por logradouro. O oitizeiro (Licania tomentosa) foi a espécie mais frequente, com 173 indivíduos, representando 49,29% do total, seguida por fícus (Ficus benjamina), com 117 indivíduos (33,33% do total), a Palheteira (Clitoria racemosa), com 11 indivíduos (7,12), o ingá (Inga edulis), com 10 indivíduos (2,85% do total) e o jambeiro (Eugenia malaccensis), com 9 indivíduos (2,56% do total) (Figura 1).

Quadro 1 – Relação das espécies encontradas nos logradouros públicos da cidade de Itacoatiara/AM.

NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA Nº DE INDIVÍDUOS Acerola Malphigia glabra Malphigiaceae 1 Caju Annacardium ocidentale Anacardiaceae 1 Castanholeira Terminalia sp. Combretaceae 2 Castanha-da-índia Thevetia peruviana Apocynaceae 2 Fícus Ficus benjamina Moraceae 117 Goiaba Psidium guajava Myrtaceae 2 Ingá Inga edulis Leguminosae – Mimosoidae 10 Jambeiro Eugenia malaccensis Myrtaceae 9 Mangueira Mangifera indica Anacardiaceae 3 Oitizeiro Licania tomentosa Chrysobalanaceae 173 Palheteira Clitoria racemosa Leguminosae – Papilionoidae 25 Palmeira imperial Roystonea oleraceae Arecaceae 3 Tento Ormosia sp. Leguminosae – Mimosoidae 3

O presente estudo demonstra que há uma diversidade bastante acentuada em relação à

diversidade de espécies utilizadas na arborização urbana das cidades brasileiras, sem contudo haver uma preocupação com a seleção de espécies adequada para essa finalidade.

Os resultados obtidos no presente levantamento demonstram que as espécies L. tomentosa (49,29%) e F. benjamina (33,33%), ultrapassou o índice de 15% tolerável pela International Society of Arboriculture (ISA), conforme recomenda Damasceno (2007).

Verificou-se que a altura média entre os indivíduos foi de 4,8m e o diâmetro médio foi de 0,5165m (Figura 3). No presente trabalho, a variável altura das árvores foi muito prejudicada, em função das seguidas operações de poda realizadas pelo Poder Público Municipal, durante os estudos dendrométricos. Com relação ao diâmetro do fuste, os menores e maiores diâmetros encontrados foram para I. edulis e C. racemosa, com 0,3976m e 0,6669m, respectivamente. A média de diâmetro do fuste das espécies analisadas aponta para árvores de idade avançada na composição média da paisagem florística da cidade. Árvores mais velhas sugerem a necessidade de substituição, em função da própria senescência fisiológica.

Figura 2 – Média de altura e diâmetro dos indivíduos analisados nos logradouros públicos da cidade de Itacoatiara/AM.

Figura 1 – Frequência das espécies analisadas nos logradouros públicos da cidade de Itacoatiara/AM.

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Quanto à forma da copa, as espécies que apresentaram muita ramificação foram: a Terminalia sp., a I. edulis, a E. malaccensiso e a M. indica, por não serem podadas. As demais espécies passam por podas frequentemente, justificando a presença de poucos ramos. A arquitetura original da C. racemosa foi totalmente descaracterizada, devido à forma de condução de poda (poda drástica) realizada pelo Poder Público Municipal.

Constatou-se entre a maioria das espécies a presença de ervas-de-passarinho. As espécies encontradas no presente estudo foram: Phthirusa adunca (G. Mey.) Maguire, Oryctanthus spicatus (Jacq.) Eichler e Oryctanthus alveolatus (Kunth) Kuijt. Todas essas espécies pertencem à família Loranthaceae.

Dos 351 indivíduos analisados, 45 foram infestados por ervas-de-passarinho, representando 12,82 % do total parasitado. Rota (2004) estima que 30% das árvores utilizadas na arborização urbana da cidade de Curitiba são infestadas por ervas-de-passarinho. No presente estudo, os resultados encontrados, demonstram um percentual bastante inferior ao percentual por Rota (2004).

Os resultados obtidos demonstram que, a espécie que apresentou maior frequência de infestação foi a L. tomentosa, num total de 19 indivíduos infestados, representando 42,22%. A F. benjamina, a I. edulis, a M. indica, a E. malaccensis e a Terminalia sp. Apresentaram 24,44%, 22,22%, 6,67%, 2,22% e 2,22% respectivamente, sendo que as espécies Malphigia glabra, Annacardium ocidentale, Thevetia peruviana, Psidium guajava, C. racemosa, R. oleraceae e Ormosia sp. não apresentaram infestação por ervas-de-passarinho (Figura 3).

Apesar da L. tomentosa e da F. benjamina pontificarem como os indivíduos mais infestados, isso se deve, possivelmente, ao grande número destas espécies encontradas nos logradouros analisados, apresentaram condições dendrométricas favoráveis à arborização urbana. A espécie C. racemosa, aparentemente é tolerante ao parasitismo por ervas-de-passarinho, porém, quando plantada em alta densidade, pode atrair lagartas desfolhadoras, criando um problema à gestão do espaço público. A espécie Roystonea oleraceae também aparentou ser tolerante ao parasitismo por ervas-de-passarinho, porém, devido ao seu porte, não são indicadas para arborização de canteiros laterais de logradouros públicos.

Com relação à intensidade de infestação por ervas-de-passarinho, os resultados mostram que as espécies I. edulis e Terminalia sp. encontram-se muito parasitadas, com índices superiores a 50% de infestação da copa. A F. benjamina, a E. malaccensis, a M. indica, e a L. tomentosa apresentaram pouca intensidade de parasitismo, com menos de 25% de infestação.

Figura 3 – Frequência dos indivíduos infestados por ervas-de-passarinho nos logradouros públicos da cidade de Itacoatiara/AM.

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Conclusões

De acordo com os parâmetros utilizados e as espécies estudadas, entre as menos indicadas para arborização de logradouros públicos estão as frutíferas, por atraírem aves e vândalos, acarretando sérios problemas para a gestão do espaço público.

Recomenda-se, ao Poder Público Municipal: instruir os moradores quanto às espécies mais indicadas e suas características, locais apropriados para adquirir as mudas, locais e forma de plantio, tutoramento, cuidados necessários e, principalmente, quanto à importância da arborização das cidades; garantir o bem estar da comunidade, por meio da execução de planos diretores e executar políticas de desenvolvimento urbano e das funções sociais; e, formar parcerias com as Universidades e Institutos de Pesquisa, com o objetivo de melhorar as condições da arborização urbana, não só de Itacoatiara, mas também das demais cidades brasileiras.

Referências Bibliográficas

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FIDALGO, O.; BONONI, V.L.R. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica. p. 34 (Série Documentos). 1989.

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CONSTRUÇÃO DE PEQUENAS EMBARCAÇÕES EM MADEIRA NO AMAZONAS: UMA PROPOSTA DE MELHORIA

Reinaldo Jose Tonete; Francisco Ferreira Castro Filho; Antonio Marcos de Oliveira Siqueira1

1Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia – ICET, Av. N. S. do Rosário, 3863 B. Tiradentes, 69100-000 - Itacoatiara, Amazonas, Brasil

Resumo

O objeto de análise deste trabalho é a atual condição da construção naval no Estado, com foco voltado à construção de barcos de até seis metros de comprimentos. Este artigo foi elaborado, observando às necessidades dos povos ribeirinhos, somado com a práxis do autor. Verificou-se que qualidade da mão-de-obra dos carpinteiros navais é indiscutível, cujo ensinamento é passado de pai para filho, mas o estado da técnica para a construção não acompanhou a necessidade dos moradores. Os processos de fabricação existentes aumentam substancialmente o custo final do produto, portanto se faz necessário adotar novas técnicas quer seja de projeto, processo ou equipamento para reduzir o tempo de fabricação. Na avaliação das dificuldades, dos procedimentos, dos processos, da qualidade da mão-de-obra empregada e da organização dos construtores de pequenas embarcações também ficaram evidentes o descaso com a introdução das novas tecnologias.

Palavras-chave: Processos de fabricação, Embarcação de pequeno porte, Navegação interior.

Introdução

É conhecida a importância que a navegação teve na aproximação dos povos num passado não muito distante. No estado do Amazonas essa importância não é diferente, inserido na maior bacia hidrográfica do planeta, em um labirinto de rios, lagos e igarapés somando uma área de 1,57 milhões de km2 (IBGE, 2008), seus moradores são dependentes da navegação interior. Os habitantes da região (comumente, chamados de ribeirinhos) fazem destes canais navegáveis, uma via de acesso em busca de seu sustento e para o translado de uma comunidade ou cidade a outra (TONETE, 2008).

Daí surge o questionamento: qual é o estado da construção naval no Estado do Amazonas? Os estaleiros locais são organizados? Para tentar responder a estas questões, este artigo visa avaliar as dificuldades, os procedimentos, os processos, a qualidade da mão-de-obra empregada e a organização dos construtores de pequenas embarcações no Estado do Amazonas.

Finalmente, este artigo propõe mudanças no comportamento fabril dos estaleiros da região, em prol da qualificação da produção e dos serviços.

Metodologia

O trabalho foi desenvolvido por meio de uma pesquisa exploratória com objetivo clássico de tornar explícitos e familiares os referidos processos de fabricação. Pesquisa

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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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descritiva foi aplicada nos estaleiros e com os usuários, objetivando-se conhecer as diferenças e a possibilidade de padronização da forma e facilitar o processo de construção. A pesquisa descritiva não esclareceria a necessidade de as embarcações de pequeno porte com formas geométricas diferenciadas; logo, foi também necessária uma pesquisa explicativa, cujos resultados forma obtidos através das questões apresentadas.

Resultados e Discussão

Os continentes se ajustam para serem mais competitivos na construção naval enquanto que o estado do Amazonas é principiante na utilização de novas tecnologias e recursos para fabricação de pequenas embarcações para atender as necessidades regionais. Segundo pesquisa elaborada pela ANTAQ (2003), sobre “Transporte Fluvial de Passageiros na Amazônia” o retrato da construção naval na região é o seguinte:

� O mercado regional é, atendido por serviços mistos de cargas e passageiros, � Apenas 10% das embarcações têm capacidade acima de 300 passageiros, � A principal carga transportada; são os gêneros alimentícios, � Mais de 50% das embarcações foram construídas em pequenos estaleiros, � Quase 95% da frota foram adquiridas com recursos próprios,

Um dos resultados da pesquisa apresentada pela ANTAQ (2003), é que o mercado é

atendido por serviço misto de carga e passageiro. Apresenta-se um conflito neste tipo de serviço, pois a carga não perecível tem uma tolerância maior do tempo de navegação enquanto que passageiros tendem a chegar o mais rápido possível. Portanto a definição do tipo de embarcação é importante para o armador.

Existem duas classes fundamentais de embarcação na região. Uma que atende os municípios, partindo da capital Manaus, fazendo a ligação entre duas ou mais cidades do interior do estado. São embarcações de médio porte vista na figura 1 que navegam até 5 dias para alcançarem seus destinos.

A outra classe é das embarcações de pequeno porte que são os cascos, canoas e as voadeiras, pelos moradores das cidades do interior, cujo objetivo é as viagens curtas bem como para caça e pesca. O casco é a de fabricação mais simples, construída em madeira de corpo único, ou seja, de um único tronco de arvore conforme pode ser observado na figura 2. Figura 1 - Embarcação de passageiros e cargas Figura 2 - Casco de um tronco de árvore. FONTE: Tonete, 2008 FONTE: Tonete, 2008

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A Canoa é construída com 3 tábuas e a “Voadeira”, com característica de navegar mais rapidamente, suportam motorização, e são fabricadas em madeira ou alumínio, sendo o aço neste caso não aconselhável em função do peso e a baixa resistência a corrosão. Um forte agravante na utilização do casco é a instabilidade durante a navegação. Dado a geometria do casco, ou seja, fundo arredondado apresenta instabilidade quando em movimento, e podem provocar naufrágios. As figuras 3 e 4 mostram o pequeno poder de flutuação dos cascos e canoas Figura 3 - Canoa de 3 tábuas Figura 4 – Casco em primeiro plano FONTE:Tonete, 2008 FONTE:Tonete, 2008

A voadeira tem um desenho mais elaborado, geometria que permite navegabilidade

são mais segura, porém são pesadas, de fabricação totalmente artesanal e mais baratas se comparado ao alumínio A segunda opção de construção é em alumínio, com grandes vantagens sobre as demais, mas com preço proibitivo para a grande maioria dos usuários. Pesquisa realizada junto aos usuários de pequena embarcação constatou que não existem duas embarcações construídas em madeira com as mesmas dimensões. O quadro 1 apresenta as diferenças verificadas.

Quadro 1 – dimensão das embarcações dos pescadores entrevistados FONTE: Tonete, 2008

É interessante notar que as embarcações, são formadas pela combinação das dimensões apontadas nas colunas acima, e as colunas são formadas por grupos de dimensões, portanto é pequena a possibilidade de se encontrar duas embarcações com igual dimensão. Outra pesquisa realizada agora junto aos construtores observou-se um grande desperdício de matéria prima, conforme pode ser visto nas figuras 5 e 6.

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Figura 5 – Desperdício de matéria prima FONTE: Tonete, 2008

Figura 6 – Desperdício de matéria prima FONTE: Tonete, 2008

O baixo nível de aproveitamento da madeira, e a impossibilidade de utilizar

dispositivos de montagem como pode ser visto na figura 7, motivado pela falta de padronização das dimensões, é outro elemento que contribui para o alto custo final do produto.

Figura 7 - Dispositivo de fabricação que permite rotacionar a embarcação em 360 graus FONTE: http://www.yachtdesign.com.br/01_portugues/construcao.htm

Conclusões

Em visitas aos estaleiros da região e entrevistas com os proprietários dos estaleiros e usuários, percebe-se que há muito por fazer. As figuras 8 e 9 mostram que a limpeza e arrumação devem ser estimuladas, não somente no sentido de oferecer maior segurança aos funcionários como também oferecer aos compradores e visitantes, maior confiabilidade no tocante a qualidade de fabricação. Não é possível gerar e manter qualidade num ambiente de trabalho desorganizado e inseguro. Portanto é necessário criar nova filosofia de organização fabril.

Figura 8 – Falta de limpeza FONTE: Tonete, 2008

Figura 9 – Falta de organização FONTE: Tonete, 2008

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A construção artesanal não contempla custos baixos, e para que ocorram alterações no processo é imperativo que os construtores tenham dimensões previamente definidas para embarcações de pequeno porte, permitindo então o uso racional de dispositivos para fabricação. É necessário fabricar cavernas em laminados de madeira, cuja forma se daria por moldes, com redução sensível no consumo da matéria prima e utilização de madeira não tão nobre como ocorre nos dias atuais.

O alumínio tem maior desempenho na construção de voadeiras, mas é interessante destacar, que existem procedimentos que permitem que a madeira seja muito mais competitiva em termos de desempenho, se comparada ao alumínio. O sistema Strip Plank é uma boa opção para redução de custos e melhor qualidade de fabricação e do produto final. Não se pode deixar de assinalar a qualidade estética da madeira. Mudando procedimentos, design e adotando os conhecimentos da produção seriada, o tempo de fabricação desta voadeira, seria consideravelmente menor, levando a uma forte redução nos preços de venda, sem contar com uma sensível melhoria na qualidade do produto final.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção /UFAM e ao Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia/UFAM que possibilitaram a execução deste trabalho.

Referências Bibliográficas

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POTENCIAL OLEAGINOSO DA ANDIROBA NO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA – AM.

Rosimere Braga Lira1; Juan Daniel Villacis Fajardo1; Edfran Nascimento Andrade2, Carlos Sérgio Pessoa Nogueira3

1,2,3Bolsistas da FAPEAM, Curso de Engenharia Florestal do Programa de Apoio a Iniciação Científica

PAIC da UEA/CESI; 1Professor UEA/EST/CESI

Resumo

No Município de Itacoatiara-Am, a produção e o uso do óleo das espécies de Andiroba (Carapa sp.) e Copaíba (Copaífera sp.), e em todo país, tem-se observado uma tendência cada vez maior do uso e procura pelos óleos vegetais da Amazônia, que é caso da Andiroba e da Copaíba, devido à múltipla utilização do óleo dessas espécies, tais como em produtos farmacêuticos e cosméticos. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o potencial oleaginoso, identificar áreas de maior ocorrência da Andiroba e Copaíba no município. O projeto foi realizada na Comunidade do Batista, localizada no Rio Arari município de Itacoatiara. As atividades foram realizadas em duas etapas, na primeira foram coletadas informações sobre as propriedades onde há ocorrência da espécie de Andiroba e Copaíba, identificando em 12 propriedades ocorrências de árvores da Andirobeira. Nos resultados obtidos observamos pouca existência da espécie da Copaíba e o pouco interesse dos agricultores-extrativista para trabalhar com a espécie. No entanto, a Andiroba mostrou-se mais significativo na produção e extração do óleo, estimando uma produção máxima de 224L e mínima de 36L de óleo respectivamente. Concluindo que essas áreas têm um alto índice de produção do óleo, no entanto faltam incentivos, políticas públicas e valorização do óleo da Andiroba.

Palavras-chave: Andiroba; extração; óleo; produção.

Introdução

O Estado do Amazonas é o que tem, de um lado, a maior área florestal da Amazônia e, de outro, a menor taxa anual de desmatamento da região, com uma área remanescente de floresta primária da ordem de 150 milhões de hectares (HIGUCHI et al., 1998). Estes autores alertam o fato de que a abundância nem sempre foi uma referência para o adequado aproveitamento dos recursos florestais e que o Estado necessita estar preparado para recuperar as áreas já desmatadas e ter conhecimento suficiente para propor planos de utilização, conservação e preservação de seus recursos florestais. Tonini (2006) sugere que práticas adequadas no manejo dos recursos florestais, constituem-se em alternativas para diminuir o desmatamento e servir como opção de renda, emprego e proteção a biodiversidade, sendo possível explorar dentro de uma mesma área, a atividade florestal madeireira e não madeireira, o chamado uso múltiplo das florestas. E assim como, em todo o Amazonas,

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acrescente demando da utilização desses óleos têm sido cada vez maior, dai a importância de um estudo para avaliar o potencial oleaginoso da Andiroba e Copaíba neste município.

Metodologia

O Município de Itacoatiara, localiza-se, no Km 266 na rodovia Am010 de Manaus-Itacoatiara, Amazônia Central, coordenada Geográfica S 03° 08’ 43.1” e W 58° 25’ 25.8”, com uma de área 8.949,2 Km2, possui um clima, quente, chuvoso e úmido. A pesquisa foi desenvolvida na Comunidade Batista, no rio Arari localizada à margem direita do Rio Amazonas (Figura1).

Figura 1. Mapa da Localização da Comunidade Batista-Rio Arari.

Fonte: Secretaria Municipal Setor de Terras - Itacoatiara

A pesquisa realizou-se em duas etapas: na primeira etapa foi pesquisar informações

sobre propriedades onde há ocorrência da espécie da Andiroba e da Copaíba, sendo identificado um total de 12 propriedades, em seguida foi feito a compilação de dados como: quantidade de árvores em cada uma dessas propriedades, época e quantidade extraída por cada agricultor anualmente, número de agricultores que trabalham na extração do óleo da Andiroba. Foram realizadas visitas aos locais de coleta das sementes de andiroba e identificada à espécie a partir das características morfológicas das sementes conforme (PENNINGTON et al. 1981 E FERRAZ et al. 2002). Na segunda etapa da pesquisa seguiu-se com o método de extração que cada agricultor utiliza para extrair o óleo da Andiroba. Após a coleta,as sementes passa por um processo de cozimento, e passar por um período de 30 a 40 dias dentro de uma saca ou lata de 20L, após esse período as sementes são quebradas e retirada a polpa, em seguida são feitos pequenos bolos da polpa e colocados em cima de uma estrutura de alumínios, que fica numa posição de declínio, o tempo de destilação é de aproximadamente 15 dias e acontece de duas maneiras, feito através do aquecimento do sol, onde o óleo fica com um cor amarelada, e na sombra onde o óleo fica com uma cor bem cristalina.

Resultados e Discussão

Como podemos observar as árvores de Andirobeira estão localizadas no entorno do lago da Comunidade onde realiza-se a coleta dos frutos para a extração do óleo esta distribuída conforme tabela 1.

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Tabela 1. Distribuição, Produção de Óleo de Andiroba na Comunidade do Batista

Os maiores valores de produção de óleo foram às propriedades 03, 04 e 07 que

produzem em média 195 Litros do óleo anualmente, de uma média de 2440 frutos coletados. Os menores valores de produção de óleo foram às propriedades 05,06 e 09 que produzem em média 52 Litros do óleo anualmente, de uma média de 646 frutos coletados. Apesar de a produção mostrar um alto índice, os agricultores não chegam a produzir esses valores devido a falta de incentivos e valorização do preço do óleo da Andiroba.

Conclusões

Os dados mostrados indicam um alto índice para produção de óleos. Porem a falta de incentivos a produção de óleos de Andiroba e Copaíba demonstram pouco interesse na coleta, produção e extração do óleo dessas espécies.

A falta de recursos não garantiu um melhor desempenho das atividades prevista no projeto. No entanto a pesquisa nos levo a entender a problemática do agricultor-extrativista na área rural, da necessidade de ter uma melhoria na qualidade de vida.

Referências Bibliográficas

HIGUCHI, N; SANTOS, J.; VIEIRA, G; RALFH, J.R.; SAKURAI, S.; ISHIZUKA, M.; SAKAI, T.; TANAKA, N.; SAITO, S. Análise Estrutural da floresta primária da Bacia do rio Cuieiras, ZF-2, Manaus-Am, Brazil. 1998.

HIGUCHI, N.; CAMPOS, M. A. A.; SAMPAIO, P. T. B.; SANTOS, J. (Eds), Pesquisas Florestais para a Conservação da Floresta e Reabilitação de áreas Degradadas da Amazônia. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Manaus, Amazonas. p. 52-81

TONINI. Kamukaia: Pesquisa da Embrapa em Manejo de Produtos Florestais Não Madeireiros na Amazônia. 2006.

SILVA, M.A.R. Biodiversidade Amazônica – As possibilidades da andiroba. 2004.

BOUFLEVER, N. T. Subsídios Técnicos para Elaboração do Plano de Manejo da Andiroba no Estado do Acre. Rio Branco: Sec.Exec. de Florestas e Extrativismo. 2001.

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GESTÃO AMBIENTAL

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ESTIMATIVA DA QUANTIDADE DE RESÍDUOS DE MADEIRA GERADOS NAS MOVELARIAS DA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO

DE ITACOATIARA (AM)

Daniel Ferreira Campos¹; Rejane Gomes Ferreira²

¹ Chefe do Setor de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Itacoatiara - SEMMA ² Coordenadora do Curso de Engenharia Florestal da Escola Superior de Tecnologia – EST/UEA

Resumo

O presente trabalho visa apresentar o cálculo quantitativo dos resíduos de madeira gerados nas movelarias do município de Itacoatiara (AM). Para se obter os resultados, utilizou-se uma metodologia baseada em informações obtidas por questionário sobre configurações de corte de madeira em máquinas de movelaria, onde calculou-se, através de métodos de cubagem, a perda total mensal específica para cada máquina baseada no consumo mensal de madeira das movelarias estimado em metro cúbico. Para processamento dos dados, utilizou-se o programa Microsoft Excel 2007, onde também foram gerados todos os gráficos. Com base nestes cálculos, obteve-se que a serra circular e a plaina desempenadeira são máquinas responsáveis por setenta por cento dos resíduos gerados nas movelarias da zona urbana do município de Itacoatiara. Estas também estão presentes em maior quantidade nas movelarias. A estimativa global de resíduos gerados no município ficou em cinqüenta e nove por cento. Sessenta e três por cento das movelarias destinam seus resíduos para reutilização em empresas como olarias e padarias. Concluiu-se ainda que fatores extra-técnicos podem influir diretamente na geração de resíduos, como, por exemplo, a falta de qualificação técnica dos trabalhadores e o trabalho em linha de produção por encomenda.

Palavras-Chave: Resíduos; madeira; marcenaria; móveis.

Introdução

A indústria de móveis caracteriza-se pela reunião de diversos processos de produção, envolvendo diferentes matérias-primas e uma diversidade de produtos finais, e pode ser segmentada principalmente em função dos materiais com que os móveis são confeccionados, assim como de acordo com os usos a que são destinados (GORINI, 2000).

A indústria moveleira do Brasil tem apresentado crescimento da estrutura produtiva, quando se mede pelo número de estabelecimentos e número de empregados (HENKIN, 2006). Em 2006 o setor moveleiro atingiu a marca de 16.104 estabelecimentos com 206.352 empregados (ABIMÓVEL, 2006). Já a indústria amazonense apresenta uma produção geograficamente dispersa em todo o estado. Segundo dados da AIMAZON (Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Amazonas) o estado possui em torno de 770 microempresas e 30 pequenas empresas. Geralmente, são empresas familiares de capital inteiramente nacional (ALECRIM, 2006).

A indústria de móveis, particularmente na cadeia de madeira e seus derivados, também utiliza plástico, vidro, ferro, poliuretano, laminado plástico, tecido, espuma, entre outros, que

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eventualmente surgem como inovação de design ou interesse comercial. No Brasil, porém, a madeira (sob qualquer estágio de processamento) é a principal fonte de matéria-prima na produção industrial de móveis (IBQP-PR, 2003, apud. CASSILHAS et al., 2004).

Estima-se que, somente nos primeiros processos (laminação, chapas, painéis e serraria), 50,71% do volume e toras de madeira (cerca de 19.255.000m³) são transformados em resíduos. No setor moveleiro, a maior perda se dá no beneficiamento da madeira, chegando, em alguns casos, ao extremo de até 80% de uma árvore desperdiçada entre o corte na floresta e a fabricação do móvel (IBQP-PR, 2003, apud. CASSILHAS et al., 2004).

Todo processo de transformação da madeira gera resíduos, em menor ou maior quantidade, sendo que somente 40 a 60% do volume total da tora é aproveitado (FONTES, 1994; OLANDOSKI, 2001). Os resíduos de madeira podem ser classificados em cinco tipos: pó (<0,5mm), serragem (0,5 a 2,5mm), cepilho (>2,5mm), cavacos (20 a 50mm) e lenha (DOBROVOLSKI, 1999; BRITO, 1995; CASSILHAS et al., 2004). Atualmente, 52,8% dos resíduos gerados no país são gerenciados de forma inadequada, incluindo nesta percentagem os resíduos de madeira (BORGES, 1993). Apesar de serem considerados como de baixo nível poluidor, a estocagem de resíduos de madeira ocupa espaço, o que gera problemas. Se forem queimados a céu aberto, ou em queimadores sem fins energéticos, vão liberar gases para o ambiente, tornando-se potenciais poluidores (LIMA; SILVA, 2005). Os impactos causados ao meio ambiente por esses resíduos provenientes de serrarias estão diretamente ligados à exploração madeireira e na quantidade de serragem desperdiçada ou queimada (NASCIMENTO et al., 2006).

A carbonização e a combustão da madeira são alternativas para a redução dos resíduos de indústrias madeireiras. Entretanto, tal processo, apesar de reduzí-los, geram impactos ao meio ambiente através da liberação de gases e derivados (FONTES, 1994). Além de prejudicar o meio ambiente, a queima da madeira também é nociva à saúde. A fumaça resultante da queima da madeira pode ser responsável pelo surgimento de doenças ou complicações de algumas já existentes (QUELEM, 2003).

O destino dos resíduos do setor moveleiro, ainda tão segmentado e diversificado, é tratado sem a devida preocupação. O aproveitamento de resíduos de madeira pode contribuir para a racionalização dos recursos florestais, proporcionando uma nova alternativa socioeconômica às empresas ambientalmente adequadas ao gerenciamento de resíduos sólidos industriais (GOMES; SAMPAIO, 2004). Atualmente, existem alternativas economicamente viáveis e ambientalmente corretas para os resíduos de madeira.

Este trabalho teve como objetivo estimar a quantidade de resíduos de madeira gerados nas movelarias da sede do município de Itacoatiara (AM).

Metodologia

A pesquisa foi realizada na zona urbana do município de Itacoatiara (AM), localizado na margem esquerda do rio Amazonas, com uma área de 8.600 Km2, de coordenadas geográficas 3º8’54” de Latitude sul e a 58º25’ de Longitude oeste (RIBEIRO, 2005).

A amostragem utilizada foi a amostragem intencional (FONSECA; MARTINS, 1996). Os dados foram coletados através de questionário aplicado aos proprietários das

movelarias e a quantificação dos resíduos gerados nas movelarias foi calculada com base nas seguintes informações:

• Consumo Mensal de Madeira Estimado em m³; • Maquinário Utilizado nas Movelarias para o Corte da Madeira; • Dados adicionais.

As máquinas analisadas, pelo fato de serem as mais comuns nas movelarias do município, foram:

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• Plaina desempenadeira; • Plaina desengrossadeira; • Serra de fita; e • Serra circular (incluindo as destopadeiras).

Os dados foram analisados utilizando o programa Microsoft Excel 2007 através de 07 planilhas, sendo 01 para a tabulação e análise dos dados de consumo e o restante para a quantificação dos resíduos através da tabulação e análise dos dados de perda nas máquinas.

Para cálculo dos dados de consumo, foi utilizada a seguinte fórmula:

Para o cálculo das perdas na plaina desempenadeira a estimativa foi baseada na altura

de desbaste regulada na máquina e na bitola da prancha utilizada na sua movelaria. O cálculo foi realizado utilizando as seguintes fórmulas:

a. Cálculo para passagem de face (sentido tangencial das fibras):

b. Cálculo para passagem de canto (sentido longitudinal das fibras):

c. Cálculo para passagem de topo (sentido radial das fibras):

d. Cálculo da perda total:

Para a plaina desengrossadeira a estimativa foi calculada da seguinte forma:

Para a serra de fita a estimativa foi calculada através da seguinte fórmula:

A estimativa da serra circular foi feita com a seguinte fórmula:

Ainda Calculou-se a estimativa de perda no destopamento, através da seguinte

fórmula:

Os cálculos foram realizados para cada máquina por movelaria. Após isto, foi

realizado um somatório geral das perdas totais em cada tipo de máquina, somando-se a perda para aquela máquina em cada movelaria. Em seguida, realizou-se a soma das perdas totais de cada máquina, gerando assim a estimativa da quantidade de resíduos de madeira gerados nas movelarias da zona urbana do município de Itacoatiara.

A estimativa calculada foi comparada com o volume real adquirido pelos moveleiros para se verificar o quanto estes resíduos representam em valores de porcentagem.

O gráfico por setores foi escolhido pelo fato deste tipo de gráfico exibir a contribuição de cada valor em relação ao total.

As variáveis das fórmulas são as seguintes: • VR é o volume real adquirido pelo moveleiro; • Vp é o volume estimado de uma prancha; • np é o número de pranchas consumidas pela movelaria; • PDPface é a perda na desempenadeira na passagem da face da prancha no eixo

de corte da máquina; • é o comprimento da prancha; • L é a largura da prancha;

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• h é a altura de desbaste da máquina; • m é o número de máquinas na movelaria; • n é o número de passadas da prancha na máquina; • PDPcanto é a perda na desempenadeira na passagem do canto da prancha no

eixo de corte da máquina; • e é a espessura da prancha; • PDPtopo é a perda na desempenadeira na passagem do topo da prancha no eixo

de corte da máquina; • PDP é a perda total na desempenadeira; • PDG é a perda na desengrossadeira na passagem das faces da prancha no eixo

de corte da máquina; • PSF é a perda na serra de fita em aparas; • i é a porcentagem de perda de uma prancha em aparas; • PSC é a perda estimada na serra circular; • ed é a espessura do dente da serra; • np é o número total de pranchas consumidas mensalmente na movelaria; • PDT é a perda estimada no destopamento; • pt é a perda em comprimento do topo medida em metros; • ed é a espessura do dente da serra destopadeira (serra circular).

Resultados e Discussão

O consumo total das movelarias encontra-se na tabela 1:

Tabela 1 - Resultado da Análise dos dados de consumo das movelarias Volume comprado

(m³/mês) Volume real

(m³/mês) Consumo de pranchas/mês

Total da Amostra 88 81,789 1283 Média/ movelaria 4,63 4,30 67,52

Entre o volume comprado e o volume real há uma diferença de 6,211 m³, o que demonstra que a cubagem não é feita corretamente durante a venda da madeira. No ato da compra da madeira já há uma perda em torno de 7,057954545%. Verificou-se também que 58% dos moveleiros utiliza bitola de 3m x 0,2m x 0,1m. Abaixo tem-se a tabela 2 que apresenta a geração de resíduos por máquina, incluindo o processo de destopamento.

Tabela 2 - Geração de resíduos de madeira por máquina a cada mês Desempenadeira Desengrossadeira Serra

fita Serra

Circular Destopamento Total

Perda em volume (m³)

12,84 5,82 7,15 21,48 1,29 48,58

Comparando-se o volume real comprado pelos moveleiros com o volume de resíduos

gerados, tem-se uma perda de 59% da madeira adquirida. Esta perda explica-se pelo fato de muitas destas máquinas serem artesanais, ou seja, fabricadas pelos próprios moveleiros, principalmente a serra circular, que foi a que mais gerou resíduos.

Vale ressaltar que alguns fatores humanos podem contribuir para o aumento ou redução de resíduos nas movelarias. Utilizando-se de mão-de-obra qualificada, o moveleiro

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poderá ter um aproveitamento maior da madeira utilizada no processo de fabricação de móveis.

Sobre a destinação dos resíduos, a maioria das empresas (42%) destina os resíduos para uma empresa de cerâmica local para fins energéticos.

Conclusões

A bitola mais utilizada pelos moveleiros é a de 3m x 0,3m x 0,1m. A perda total de madeira na forma de resíduos ficou estimada em 59%. A máquina que mais gera resíduos de madeira é a serra circular. 42% das movelarias destinam seus resíduos para reutilização em uma empresa de cerâmica. Fatores humanos, como a qualificação profissional dos trabalhadores, podem influir na geração de resíduos.

Referências Bibliográficas

ABIMÓVEL. Panorama do Setor Moveleiro no Brasil: Informações Gerais. São Paulo, 17 p, Ago 2006.

ALECRIM, V. D. Setor Moveleiro no Amazonas. Manaus, AM, 2006.

BORGES, A.S.; CINIGLIO, G.; BRITO, J.O. Considerações Energéticas Econômicas Sobre Resíduos de Madeira Processada em Serraria. Curitiba, PR, v. 3. p. 603-606, 1993

BRITO, E. O. Estimativa da produção de resíduos na indústria brasileira de serraria e laminação de madeira. Revista da Madeira, Curitiba, ano IV, n. 26, p. 34-39, 1995.

CASSILHA, A.C. et al. Indústria Moveleira e Resíduos Sólidos: Considerações para o Equilíbrio Ambiental. Curitiba, PR, [200-].COMBUSTÍVEIS fósseis. Disponível em:<http://www.bioclimatico.com.br/document.aspx?IDDocument=188>. Acesso em: 19 set. 2007.

DOBROVOLSKI, E. G. Problemas, destinação e volume dos resíduos da madeira na indústria de serrarias e laminadoras da região de Irati-Pr. Ponta Grossa. Monografia (Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho) – Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. 1999.

FONSECA, J.S. da; MARTINS, G. de A. Curso de Estatística. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 1996.

FONTES, P. J. P. de. Auto-suficiência energética em serraria de Pinus e aproveitamento dos resíduos. Curitiba. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) – Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. 1994.

GOMES, J.I.; SAMPAIO, S.S. Aproveitamento de Resíduos de Madeira em Três Empresas Madeireiras do Estado do Pará. Belém, PA, EMBRAPA: dez 2004.

GORINI, A. P. F. Panorama Do Setor Moveleiro No Brasil, Com Ênfase Na Competitividade Externa A Partir Do Desenvolvimento Da Cadeia Industrial De Produtos Sólidos De Madeira. São Paulo, 2000.

HENKIN, H. Cenário Moveleiro: Análise Econômica e Suporte para as Decisões Empresariais. Porto Alegre, RS, n. 5, p. 1-8, Mai 2006.

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Educação, Desenvolvimento e Meio Ambiente

LIMA, E.G. de; SILVA, D.A. da. Resíduos Gerados em Indústrias de Móveis de Madeira Situadas no Pólo Moveleiro de Arapongas – PR. Curitiba, PR, v. 35, n. 1, p. 105-116, jan/abr 2005.

OLANDOSKI, D. P. Rendimento, resíduos e considerações sobre melhorias no processo em indústria de chapas compensadas. Curitiba. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) – Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. 2001.

NASCIMENTO, S.M.; et al. Resíduos de Indústria Madeireira: Caracterização, Conseqüências sobre o Meio Ambiente e Opções de Uso, Belém, PA, v. 6, n. 1, p. 8-21, jun. 2006.

QUELEM, N. Queima de Madeira Incomoda a Vizinhança. Correio Braziliense. Brasília, 17 fev. 2003, Grita Geral. Disponível em: <http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20030217/gui_gri_170203_70.htm>. Acesso em: 31 jul. 2007.

RIBEIRO, R. C. Amazonas Meu Grande Amor. 4. Ed. Manaus: Editora Silva, 2005.

Gestão Ambiental

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QUANTIFICAÇÃO DO DESPERDÍCIO DE FRUTAS E HORTALIÇAS NA FEIRA DO PRODUTOR RURAL NO MUNICÍPIO DE

ITACOATIARA

FERREIRA, F.C.M.1; FERREIRA, R.G.2

1 Especialista em Gestão Ambiental - 2 Professora Mestre - Universidade do Estado do Amazonas - Centro de

Estudo Superiores de Itacoatiara

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo quantificar as perdas de frutas e hortaliças na feira do produtor rural, assim como identificar suas causas durante o processo de comercialização, fornecendo parâmetros e subsídios às ações de melhoria do setor. Para isso, foram realizadas visitas a feira para a realização da quantificação das perdas de frutas e hortaliças. Os resultados demonstraram que os maiores índices de perdas foram aos domingos. Os feirantes citaram o armazenamento inadequado (falta de refrigeração), más condições de transporte (rodovias sob condições ruins de conservação, atraso dos barcos para transportar os alimentos até a cidade), horário de funcionamento (domingo até 12:00 horas) e o manuseio excessivo dos alimentos como as principais causas das perdas de frutas e hortaliças durante a comercialização. Conclui-se que a feira precisa desenvolver ações mais enérgicas e apresentar atitudes a fim de diminuir as perdas destes alimentos comercializados no local em estudo.

Palavras-Chave: Perdas; Alimentos; Educação Ambiental.

Introdução

A escassez de alimentos em várias partes do planeta seria menos preocupante se os excessivos índices de desperdício fossem diminuídos. Conforme Fagundes e Yamanishi (2002), o Ministério da Agricultura do Abastecimento e Reforma Agrária considera que o Brasil perde, anualmente, mais de 1 bilhão de dólares de frutas e hortaliças.As frutas e hortaliças são desperdiçadas diariamente por todos os setores (indústria, comércios, residências, feiras livres etc), o que não necessariamente significa que tenham a sua disposição final efetuada de maneira correta. Ao término do expediente das feiras muitos produtos sobram e o destino final é o lixo (REVISTA ECO 21, 2004). O desperdício se dá em todas as fases da produção destes alimentos, desde o seu plantio e colheita, até o consumidor final. Reportagens na mídia brasileira têm reclamado das altas taxas de desperdício de alimentos principalmente nas feiras, sem jamais fornecer números precisos. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo quantificar as perdas de frutas e hortaliças comercializadas na feira do Produtor Rural localizada no município de Itacoatiara, levantando possíveis potencialidades de mercado reutilização.

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Metodologia

Localização da Pesquisa

O trabalho foi desenvolvido na Feira do Produtor Rural localizado no município de Itacoatiara-Amazonas – Brasil. O município apresenta coordenadas geográficas, latitude 3º 8’ 54” e longitude 58º25’00’’ a oeste de Greenwich. A cidade de Itacoatiara está localizado na margem esquerda do rio Amazonas, possui uma área de 8.949,2 km2, fazendo limites com os municípios de Silves, Itapiranga, Nova Olinda do Norte, Autazes, Urucurituba, Boa Vista do Ramos, Maués, Manaus e Rio Preto da Eva. Está distante de Manaus a 177 km por via terrestre e por via fluvial a 204 km. Sua economia está baseada na agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e pesca (IBGE, 2007).

Período da Pesquisa

O presente trabalho foi desenvolvido no período de agosto a dezembro de 2008 tendo uma feira como objeto de estudo. Nesta etapa foram analisados os dados coletados na feira frente às observações diretas. As frutas e hortaliças que seriam desperdiçadas e jogadas no lixo eram depositadas em uma sacola plástica de 50 litros pelos feirantes ao término do expediente durante os quatro dias de funcionamento da feira, iniciando na quinta-feira e terminando no domingo. Em seguida esses alimentos eram pesados em uma balança própria para pesar alimentos. Os resultados obtidos foram tabulados e organizados em planilhas do excel e a exposição dos resultados estão representados por meio de gráficos.

Resultados e Discussão

O índice de perdas se atribui ao setor de venda de frutas e hortaliças na maioria dos casos em feiras livres como descreve este estudo, e que foram maltratados durante o expediente de venda (machucados ou deteriorados), ou a má qualidade de armazenamento dos alimentos (ECODEBATE, 2007). Geralmente por não apresentarem uma aparência atraente, as frutas e hortaliças não são vendidas e por isso acabam indo para o lixo, e isso é um grande desperdício frente à situação econômica do país (BUENO et al., 1999). A feira em estudo mostrou que o desperdício desses produtos acontece em maior proporção no último dia (domigo). Os feirantes citaram que os alimentos não vendidos são destinados ao lixo devido ao alto volume comercializado, isso acontece porque na feira não há um programa ou projeto que indique a destinação correta das sobras desses alimentos. Uma solução para a diminuição de perdas seria a doação destes para instituições carentes, famílias carentes, escolas, creches, presídios e etc. Outra medida seria através de incentivos públicos municipais, como a implementação de novos equipamentos para o armazenamento dos alimentos no qual aumentariam a qualidade e a resistência das frutas e hortaliças.

Conclusões

Esta pesquisa detalhou as perdas de frutas e hortaliças em uma feira até um nível anteriormente não disponível na literatura. As causas desse desperdício puderam ser identificadas a partir das observações quantitativas nos processos de comercialização e do ciclo de vida dos produtos. Portanto, conclui-se que os feirantes precisam desenvolver ações mais enérgicas e apresentar atitudes a fim de diminuir as perdas destes alimentos comercializados no local em estudo como, por exemplo, a implementação de um programa de educação ambiental no setor, pois é um instrumento fundamental na sensibilização da população para qualquer trabalho ou projeto voltado para o meio ambiente, neste caso o

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enfoque seria melhorias no processo de produção, armazenamento e comercialização de frutas e hortaliças.

Agradecimentos

Universidade do Estado do Amazonas - Centro de Estudo Superiores de Itacoatiara (UEA -CESI)

Secretaria de Infra-Estrutura do município de Itacoatiara Secretaria de Meio Ambiente e Turismo do município de Itacoatiara

Referências Bibliográficas

BUENO, C.R; REIS, R. P.; SOUZA, M. de. Estudo mercadológico da sazonalidade de frutos cítricos ofertados no município de Lavras - MG. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.23, n.4, p.813-824. 1999.

ECODEBATE. Desperdício de Alimentos e as Crises Ambientais. Disponível em <http://www.ecodebate.com.br/2007/11/12/desperdicio-de-alimentos-e-as-crises-ambientais-por-henrique-cortez/.> Acesso em: 12 Nov. de 2008.

FAGUNDES, G. R.; YAMANISHI, O. K. Quantidade e preços da banana-’prata’ comercializada nas Ceasas do Distrito Federal, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, no período de 1995 a 1999. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n., p.593-596, dez. 2001

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA . Contagem de População 2007. Disponível em: http//www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm. Acesso em 01 Nov. 2008.

REVISTA ECO 21. Os vilões do desperdício. ed. 96. ANO XIV, EDIÇÃO 96, NOVEMBRO 2004.

Gestão Ambiental

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO LIXO NO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA (AM) 1

Giselle Larissa Rebouças Couto Silva2; Rejane Gomes Ferreira3; Deolinda Lucianne Ferreira

Garcia4. 1Projeto de Pesquisa financiado pela FAPEAM; 2 Bolsista do PAIC/UEA. EST/CESI; 3 Orientadora do bolsista

PAIC/UEA. EST/CESI; 4 Co-orientadora do bolsista PAIC/UEA.

Resumo

Apesar de das pessoas produzirem grande quantidade de resíduos, a maioria acha que basta colocar lixo na porta de casa e os problemas acabam-se. Grande engano, os problemas estão só começando, apesar de se afastarem do alcance de sua vista. O projeto foi desenvolvido no município de Itacoatiara que está à 175,5 Km distante da Capital do Estado (Manaus). Os participantes atribuem ao lixo características negativas, como algo que traz muitos malefícios à saúde, do qual não acreditam precisar de forma útil. Isso foi descrito como algo que não serve, está estragado e que não pode ser aproveitado. Foram vários os materiais identificados como lixo. O reaproveitamento e a reciclagem surgem como possibilidades para outras pessoas, deixando de ser uma alternativa para melhoria da renda e da qualidade ambiental. A situação do que é chamado de aterro sanitário da cidade é um tanto quanto desastrosa, ele fica próximo ao leito do rio e não se sabe se há realmente alguma espécie de tratamento desse lixo. Centro e trinta entrevistados disseram não reconhecer o destino do lixo. Percebeu-se que algumas pessoas apontam que o destino do lixo é o aterro, mas essas pessoas não têm informação sobre o que é aterro sanitário e o que lixão, e algumas pessoas apontaram que esse lixo vai para uma área distante da cidade, mas na verdade esse lixo é depositado dentro da própria cidade e já há bairros formados ao seu redor. Torna-se necessário um investimento de campanhas de sensibilização das pessoas sobre o lixo e um trabalho de Educação ambiental concomitante a programa de melhoria da qualidade ambiental.

Palavras chave: Problemas; malefício; reciclagem; aterro; lixão.

Introdução

Cada pessoa gera, durante toda a vida, uma média de 25 toneladas de lixo (UNICEF, 1995). Uma montanha de restos de comida, papel, plástico, vidro. Apesar de produzir essa quantidade de resíduos, a maioria das pessoas acha que basta colocar lixo na porta de casa e os problemas acabam-se. Grande engano, os problemas estão só começando, apesar de se afastarem do alcance da vista das pessoas. A teoria das representações sociais é fundamentada na idéia de que os indivíduos têm, em sua concepção, uma realidade inteira, tanto do ponto de vista psíquico quanto do social (NOAL et al, 2000). Essa representação irá transparecer nas atitudes e na comunicação entre os indivíduos como sendo de senso comum, a partir de então cada indivíduo terá seus próprios pensamentos e conhecimentos e poderá repassá-los através de sua comunicação. O objetivo desde projeto foi fazer o levantamento do que a população pensa sobre o lixo, se ela reconhece seu destino final e alguma forma de reutilização.

Gestão Ambiental Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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Metodologia

O projeto foi desenvolvido no município de Itacoatiara que está à 175,5 Km distante da Capital do Estado (Manaus), tem uma uma população de 84.676 habitantes (IBGE, 2007). O trabalho foi realizado em seis bairros do município: Jauary I, Tiradentes, Multirão, Iracy I e Eduardo Braga I e II. Participaram da pesquisa 230 pessoas de ambos os sexos, com idades variadas, de diferentes condições sócio-econômica, estado civil e escolaridade diversas. Foi utilizado como critério de inclusão na pesquisa a concordância em participar na pesquisa e a disponibilidade em responder aos questionamentos propostos. As idades variaram de 18 a 82 anos sendo que a faixa etária que mais prevaleceu foi a de entre 28 e 37 anos com 28% da população entrevistada. Sessenta e seis por cento das pessoas entrevistadas foram do sexo feminino, 91% declararam que a casa era própria da família e, 41% declararam ter apenas o ensino fundamental incompleto. Neste estudo optou-se por uma abordagem quali-quantitativa dos dados e o emprego da técnica de entrevista individual semi-estruturada, com auxílio de um roteiro com perguntas norteadoras abertas e fechadas. A metodologia de pesquisa qualitativa foi empregada neste trabalho, uma vez que a temática ambiental não pode ser analisada com neutralidade no processo de investigação, opondo-se “conhecedor e conhecido”, pois permeia múltiplas realidades (ALVES, 1991; p.55, in Cadernos de Pesquisa). Para a análise dos dados foram criadas categorias de acordo com as respostas que foram obtidas na fase de investigação focalizada na coleta sistemática dos dados. Para os dados quantitativos calculou-se a freqüência de respostas. Em cumprimento à Resolução número 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, antes de sua execução, o Projeto de Pesquisa deste trabalho foi submetido e aprovado em Comitê de Ética.

Resultados e Discussão

Os dados foram analisados a partir das questões levantadas e das informações obtidas e elaboradas categorias para os critérios: aspectos cognitivos e comportamentais e a relação com o ambiente.

O que você entende por lixo?

• Aspectos cognitivos e comportamentais Os participantes atribuem ao lixo características negativas, como algo que traz muitos malefícios à saúde, do qual não acreditam precisar de forma útil. Isso foi descrito como algo que não serve, está estragado e que não pode ser aproveitado. - Coisa velha que não se usa mais; O que é estragado; O que não é bom; O que não tem utilidade; O que não precisamos; O que não tem valor; O que transmite doenças e atrai insetos; È nojento; sujeira; O que se acumula; O que é jogado na rua; Todos os resíduos jogados. Nos trechos acima observou-se que os participantes definem o lixo como desagradável, danoso ao ambiente e à saúde humana. O que os participantes consideram como lixo se acumula dentro dos quintais e áreas abandonadas no bairro, reforçando comportamentos que excluem o morador de sua responsabilidade para com o lixo e de outras possibilidades para o manejo adequado destes materiais, o que inclui a prevenção de doenças. O que relatam ser velho e que é lixo, está armazenado em algum lugar ou ainda, é visto no ambiente. Essa situação qualifica um ambiente desagradável que passa a fazer parte do cotidiano dos moradores e é assumido por estes, onde o destino do lixo deve ser dado por outra pessoa ou autoridade, por se tratar de algo que não é necessário, mas compõe a paisagem local. Reveste-se o pensamento sobre o lixo como algo que não tem valor.

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• Relação com o ambiente - Todos os resíduos jogados; Tudo aquilo que sai da casa; O que contamina; É para fazer limpeza.

A forma como esses materiais são reconhecidos e descritos pelos moradores traz a necessidade de um trabalho de sensibilização sobre a questão do lixo nos bairros onde a pesquisa foi realizada. Lixo e ambiente se mostram relacionados, mas não como algo produzido pelo indivíduo e sim como algo que é colocado para fora. O ambiente que se externaliza à casa é outro e nos relatos se apresenta como não valorizado, onde deixa de ser importante a inter-relação do indivíduo com o ambiente, onde ele ver-se como parte dele deixa de existir. Isso reforça a necessidade de trabalhos em Educação Ambiental concomitante a programas de melhoria da qualidade ambiental.

Você acha que o lixo produzido diariamente em sua casa pode ser reaproveitado? - Sacolas restos de materiais; Sobra de comida; Sacolas velhas; Papelão; Resíduos

sólidos Papéis; Garrafas; Vidros; Adubo; Artesanato Foram vários os materiais identificados como lixo. Esses materiais diferem quanto a sua origem e possibilidades de reaproveitamento. São reconhecidos pelos participantes quanto ao uso. As transformações de materiais identificadas por estes são: a comida se transforma em adubo, garrafas, vidros e papéis servem para o artesanato, calçados e roupas velhas podem ser reutilizados em artesanato ou por outras pessoas. A possibilidade de ser reaproveitado predomina nas respostas, entretanto é contraditória ao que compreendem como lixo. O reaproveitamento e a reciclagem surgem como possibilidades para outras pessoas, deixando de ser uma alternativa para melhoria da renda e da qualidade ambiental.

Quando você adquire um produto (ou objeto) novo?

Apenas 3 não responderam as outras 227 estão agrupadas da seguinte maneira: 141 responderam ter um tempo certo de compra, agrupados da seguinte maneira: 76 mensalmente, 28 diariamente, 23 semanalmente e 14 quinzenalmente. As outras 86 deram respostas muito diversa, mas todas voltadas a algum tipo de necessidade. Têm idéia de quanto lixo produz diariamente? Duzentas e vinte e cinco responderam e estão agrupadas da seguinte maneira: 92 disseram produzir 4 litros; 46 oito litros; 22 doze litros; 10 menos de 4 litros; 12 uma média de 18 litros; as outras 43 deram respostas muito diversas. O serviço de coleta de lixo, ao qual todos temos direito, muitas vezes deixa de atender algumas pessoas, geralmente aquelas menos favorecidas que, em sua maioria, residem em locais afastados do centro da cidade e são as que mais sofrem com os problemas causados pelo lixo por isso a coleta e tratamento dos resíduos sólidos são serviços essenciais à comunidade (MARODIN, 2009). Em Itacoatiara essa situação não é muito diferente em bairros como Eduardo Braga I e II o lixo acaba se acumulando em quintais ou até mesmo no meio fio. A própria situação do que é chamado de aterro sanitário da cidade é um tanto quanto desastrosa, ele fica próximo ao leito do rio e não se sabe se há realmente alguma espécie de tratamento desse lixo.

Você sabe o que é feito com o lixo recolhido?

Centro e trinta entrevistados disseram não reconhecer o destino do lixo. As outras 100 pessoas estão agrupadas da seguinte maneira: 70 responderam que o destino é o lixão; 8 disseram que o destino é o aterro sanitário; 7 disseram que o lixo é queimado; 4 disseram que é reciclado ou queimado (2 para cada); 11 deram respostas diversas mas todas dando a entender que o lixo fica em um local longe de suas residências. O aterro sanitário é um aterro adequado para acomodar resíduos de origem doméstica e comercial e de varrição de ruas (...).

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Um aterro sanitário obedece critérios de engenharia e normas de operação particulares, priorizando o controle da poluição e da saúde pública, evitando riscos e minimizando impactos ambientais nocivos. Já o lixão é informal, com mera descarga de resíduos sobre o solo sem medidas de proteção ao ambiente ou à saúde pública. É descarregamento de resíduos a céu aberto sem levar em conta as condições da área. Há descontrole total dos tipos de resíduos recebidos (AIPAN, 2009). Percebeu-se que algumas pessoas apontam que o destino do lixo é o aterro, mas essas pessoas não tem informação sobre o que é aterro sanitário e o que lixão, e algumas pessoas apontaram que esse lixo vai para uma área distante da cidade, mas na verdade esse lixo é depositado dentro da própria cidade e já há bairros formados ao seu redor. Segundo o relatório Ciclosoft 2008, 405 municípios operam programas de coleta seletiva de lixo no país, equivalentes a 7% do total. Juntos, eles somam 26 milhões de habitantes, ou seja 14% da população brasileira. Tais cidades se concentram (83%) nas duas regiões mais ricas do país, 48% no Sudeste, 35% no Sul, 11% no Nordeste, 4% no Centro Oeste e apenas 2% no Norte.

O que você pensa sobre as campanhas educativas sobre o destino do lixo no seu bairro ou cidade?Participaria de uma? Quarenta e cinco entrevistados não viram campanha alguma, 21 não responderam e os 164 restantes foram agrupados da seguinte maneira: 68 disseram que as campanhas são boas, 25 disseram que elas educam, 20 disseram que elas trazem alguma forma de benefício, as 51 restantes deram respostas diversificadas. Cento e noventa e dois responderam que participariam de uma campanha e 38 disseram que não. Essa resposta negativa está associada mais com a falta de tempo disponível do que por falta de vontade.

Conclusões

Pode-se verificar que os participantes da pesquisa atribuem ao lixo aspectos negativos e desconhecem as diferenças entre as formas mais adequadas de tratamento do lixo. O reaproveitamento e a reciclagem surgem como possibilidades para outras pessoas, deixando de ser uma alternativa para melhoria da renda e da qualidade ambiental. Torna-se necessário um investimento de campanhas de sensibilização das pessoas sobre o lixo e um trabalho de Educação ambiental concomitante a programa de melhoria da qualidade ambiental.

Agradecimentos

A Deus, pela força e coragem me cedida nos momentos de dificuldades e impaciência. A FAPEAM, aos participantes da pesquisa e professores pela oportunidade de exercer tão valioso projeto. A meu pai, minha tia Socorro e minha irmã Jackline pelo apoio moral, incentivo e troca de experiência. Aos amigos de turma Filipe Santos e Daniel Carta pela grande ajuda nas entrevistas e Ester Freitas pela ajuda nos trabalhos de aula quando me ausentei.

Referências Bibliográficas

ALVES, A.J. O planejamento de pesquisas qualitativas em Educação. In: Cadernos de pesquisa. São Paulo: 1991.

AIPAN. Sociedade & Ambiente: Aterros sanitários e lixões – são a mesma coisa?. Disponível em: <http://www.aipan.org.br> Acesso em: 11 Jul de 2009.

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CICLOSOFT. Disponível em: <http://www.cempre.org.br/ciclosoft_2008.php> Acesso em: 11 Jul de 2009.

MARODIN, Viviane Schenato; BARBA, Inês de Souza; MORAIS, Gláucia Almeida de. Educação Ambiental com os Temas Geradores Lixo e Água e a Confecção de Papel Reciclável Artesanal. Disponível em: <http://www.ufmg.br/congrext/Educa/Educa62.pdf> Acesso em: 9 de Jul de 2009.

NOAL, Fernando Oliveira; REIGOTA, Marcos; BARCELOS, Valdo Hermes de Lima. Tendências da Educação Ambiental Brasileira. Santa Cruz do Sul: 2000.

UNICEF. O Município em defesa da infância e da adolescência. Brasília:1995.40p. CNM. Confederação Nacional dos Municípios. Disponível em: <http:\\www.cnm.org.br/ infra/uf_onfra_lixo>. Acesso em 5 jun. 2008.

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PERFIL DAS EMPRESAS E DOS TRABALHADORES DO SETOR MOVELEIRO EM ITACOATIARA-AM

Elioneia Pereira Benezar1; Adriano Gomes Medeiros2; Antônio Marcos de Oliveira Siqueira2

1Engenheira Florestal–UEA/Itacoatiara, AM; 2UFAM/ICET - Curso de Engenharia de Produção, Itacoatiara, AM

Resumo

Este trabalho foi realizado no município de Itacoatiara no Estado do Amazonas e teve como objetivo investigar o perfil das empresas bem como dos trabalhadores nas movelarias locais. Para obtenção dos resultados foram realizadas entrevistas por meio de questionário no próprio local de trabalho dos marceneiros, durante o expediente de trabalho. Neste estudo inicial foi analisado o perfil das empresas, bem como a identificação do trabalhador As movelarias pesquisadas são do tipo microempresas, os entrevistados estão na faixa de 14 a 74 anos, as mulheres possuem níveis de escolaridade mais elevados que os homens, 48% dos entrevistados estão nesta profissão no máximo 5 anos.

Palavras-chaves: Movelarias; Trabalhadores; Arranjo Produtivo Local (APL).

Introdução

A preocupação com a saúde e segurança dos trabalhadores cresce à proporção que crescem os acidentes de trabalho e os afastamentos por doenças ocupacionais. Estudos realizados caracterizam as doenças ocupacionais como sendo as mais difíceis de serem identificadas devido às dificuldades em notificá-las. Também contribuem para estas ocorrências a falta de orientação e até mesmo a falta e o mau uso de equipamentos de proteção individual e/ou mesmo equipamentos de proteção coletiva (FRANCO, 2003). O acidente é muito mais fácil de ser observado porque se vê e se constata fisicamente, o que não acontece com as doenças ocupacionais, que surgem lentamente e nem sempre são diretamente relacionadas ao trabalho.

A maioria das doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho ocorridos nas microempresas do ramo de movelarias se da por conta da baixa qualificação do profissional que atua neste setor e à falta de equipamentos de proteção individual e o manuseio direto da matéria-prima.

Doenças ocupacionais e acidentes de trabalho são questões que cada vez mais preocupam as entidades trabalhistas. O Brasil tem índices alarmantes de mortes e invalidez causadas pelas más condições de trabalho nas empresas, pela falta de cuidado e, principalmente, pela falta de conhecimento sobre o assunto (BARROS, 2004). O setor moveleiro é um dos que lideram as estatísticas de problemas relacionados com a saúde ocupacional, essa situação traz prejuízos para todos (BARROS, 2004). As atividades na Indústria Moveleira acabam expondo muitas vezes os trabalhadores aos índices de ruídos altos, contatos com produtos químicos, excesso de poeiras, máquinas perigosas quanto ao uso no manuseio e processamento da madeira (BARRETO, 2002).

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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 1, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2009. ISSN 2595-7821

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O presente trabalho tem como objetivo identificar dos tipos de doenças e dos acidentes de trabalho com o manuseio e processamento das espécies de madeiras nas movelarias do município de Itacoatiara-AM, listar as espécies causadoras de doenças ocupacionais, relacionar os maquinários de maior risco de acidentes do setor moveleiro.

Metodologia

Este trabalho foi realizado em 18 micros e pequenas empresas do setor moveleiro do município de Itacoatiara, Estado do Amazonas, no período de junho a agosto de 2008. As empresas para este estudo foram escolhidas aleatoriamente com base em uma lista fornecida pela ASMOVITA (Associação dos Moveleiros de Itacoatiara). A coleta dos dados para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada com trabalhadores de movelarias localizadas no Município de Itacoatiara-AM. Foi realizada uma pesquisa qualitativa e quantitativa de cunho exploratório. Esta coleta foi realizada em 18 movelarias de uma lista fornecida pela ASMOVITA, perfazendo um total de 55 trabalhadores entrevistados. Foram realizadas visitas as empresas, onde se coletaram dados mediante a aplicação de questionário em forma de entrevista no próprio local de trabalho dos marceneiros, constituindo-se das seguintes questões, Perfil das empresas, Identificação do entrevistado, Registro de acidentes, Equipamentos, Condições gerais de segurança.

Resultados e Discussão

Perfil das Empresas

As movelarias pesquisadas são do tipo microempresas. A maioria das indústrias moveleiras de Itacoatiara está nesta atividade a mais de 10 anos, nas quais se percebeu que os filhos ajudavam na produção, caracterizando, portanto, uma empresa familiar passada de pai para filho, como citado por Souza (2008) que confirma essa posição e consequentemente, os maus hábitos são passados também, exemplo dessa condição é o descaso com a higiene e segurança do trabalho. No decorrer da pesquisa foi possível detectar a presença de menores trabalhando nesses ambientes, ficando os mesmos expostos a produtos químicos, poeiras e ruídos das máquinas. Das movelarias pesquisadas a maioria delas é tida como estabelecimentos mistos, ou seja, áreas reservadas para as atividades da movelaria e a outra é tido como residência do proprietário. Por outro lado alguns destes moveleiros possuem locais específicos para o serviço de marcenaria em uma área destinada para este fim, o chamado Pólo Moveleiro (SILVA et al, 2002 e SOUZA, 2008).

O Trabalhador

Durante esta pesquisa observou-se que os entrevistados estão na faixa de 14 a 74 anos de idade, sendo que 28% destes estão na faixa de 14 a 24 anos e os menores índices estão entre as faixas de 55 a 64 e 65 a 74 anos que representam uma proporção de 5%, respectivamente. Constata-se que apenas 20% dos trabalhadores então na faixa etária de 45 a 54 anos, enquanto que 22% encontram-se na faixa etária de 35 a 44 anos e 20% destes encontram-se nas faixas etária de 25 a 34 e 35 a 44 anos.

Escolaridade

Na questão da escolaridade 16% dos entrevistados possuem o Ensino Fundamental Completo, sendo 8 homens e uma mulher e 31% possuem o Ensino Médio Completo, totalizando 13 homens e 4 mulheres para este grau de escolaridade. Como o número de mulheres nesta profissão é reduzido, percebeu-se que a maioria possui nível de escolaridade

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mais elevado que os homens. Observa-se também que 29% possuem Ensino Médio incompleto, enquanto 24% destes possuem Ensino Fundamental incompleto.

Tempo de serviço na empresa

Quanto ao tempo de serviço na empresa foi constatado que 29 entrevistados estão a no máximo 5 anos na empresa, o que corresponde a 53% e apenas 4% estão trabalhando na mesma empresa há no máximo 25 anos. Estes resultados demonstram a alta rotatividade existente nas movelarias conforme relatos feitos por Gaspar (2004).

Função exercida por sexo

Durante esta pesquisa observou-se que todos os marceneiros são do sexo masculino. As mulheres exercem a função de ajudante e ou auxiliar de acabamento e de marceneiro, gerente e técnico em acabamento, no entanto, o número de mulheres nestas funções é bem reduzido. Observa-se, portanto que as questões de gênero são significativas. Mesmo havendo diferenças quanto ao nível de escolaridade dos trabalhadores, estes exercem a mesma função, não existindo distinção quanto ao nível de cargo exercido.

Tempo de profissão

Quanto ao tempo de profissão, 26 funcionários estão nesta atividade no máximo a 5 anos, o que corresponde em 48% da pesquisa, também pode-se observar que o maior tempo nesta profissão está na faixa de 35 anos, correspondendo a 7%.

Jornada de trabalho

Em relação ao número de horas trabalhadas, observou-se que 49 pessoas trabalham 8 horas por dia, correspondendo a 89% dos trabalhadores entrevistados e o menor número de horas trabalhadas é quatro horas/ dia.

Conclusões

Este estudo buscou identificar o perfil das empresas e dos trabalhadores a fim de contribuir para a melhoria deste setor, pois através do conhecimento adquirido podem ser desenvolvidas políticas públicas voltadas para alavancar o setor, bem ações para o treinamento e capacitação dos trabalhadores.

Referências Bibliográficas

BARRETO, M.M.R. Saúde e problemas no trabalho. Ubá, [s.d.]. Disponível em: http: www.portalubamoveis.com.br/saude%20no%20trabalho. Acesso em: mar. 2008.

BARROS, S.S. de. Acidentes de trabalho matam. Revista Brasil, [s.l.], 17 nov. 2004. Disponível em: <http://www.fetecpr.org.br/home/saude/saudeverasp?arid= 14> Acesso em: 05 mar. 2008.

FRANCO, A. A saúde e a segurança do trabalhador brasileiro. Observatório Social em Revista. São Paulo. nº.11, out. 2003. Disponível em: http: www.observ atoriosocial.org.br/ portal/ images/stories/publicacoes/er11_01. Acesso em: fev 2008.

GASPAR, L. S. dos S. Aspectos do setor madeireiro do município de Borba/AM. Manaus: UTAM, 2004. Monografia (Tecnologia de Nível Superior em industria da Madeira) Instituto de Tecnologia da Amazônia. 2004.

SOUZA, E.B. Diagnóstico Moveleiro da Sede do Município de Itacoatiara - AM. Itacoatiara: UEA/EST, 2008. Monografia. Universidade do Estado do Amazonas/ Escola Superior de Tecnologia. 2008.

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ESTUDO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO POLO MOVELEIRO DE ITACOATIARA-AM

Gina da Costa Santos1, Adriano Gomes Medeiros2; Antônio Marcos de Oliveira Siqueira2

1Engenheira Florestal–UEA/Itacoatiara, AM; 2UFAM/ICET - Curso de Engenharia de Produção, Itacoatiara, AM

Resumo

Esta pesquisa foi desenvolvida nos ambientes de trabalho de movelarias localizadas no município de Itacoatiara-AM, para realizar o levantamento das condições de trabalho relacionadas às atividades exercidas em movelarias, visando a melhoria da saúde, do bem-estar, da segurança, do conforto e da produtividade dos trabalhadores. O levantamento das condições de trabalho foi realizado por intermédio da aplicação de questionários aos trabalhadores das movelarias avaliadas e das observações e anotações realizadas durante a coleta dos dados.

Palavras–chave: Movelarias; segurança do trabalho; qualidade de vida.

Introdução

A busca pela melhoria da qualidade de vida dos seres humanos esta diretamente relacionada com as melhorias das condições de trabalho, das condições ambientais, ergonômicas e a valorização do ser humano é o primeiro passo para um ambiente de satisfação, qualidade e desenvolvimento produtivo. Dentro desta visão, a segurança e saúde ocupacional têm sido abordada de forma crescente, baseando-se nas exigências da sociedade e apoio legal que visa garantir a segurança e a saúde do trabalhador no ambiente em que está inserido (LEITE,1997).

A preocupação com a segurança de trabalhadores dos diversos segmentos do setor industrial deixou de ser utopia e atualmente é fato. Hoje, normas elaboradas visando proporcionar maior segurança e conforto aos trabalhadores são indispensáveis para uma empresa que deseja ampliar sua fração de mercado.

As condições de trabalho a que estão sujeitos os trabalhadores nas movelarias constituem um fator importante e influenciador no desempenho eficiente de suas funções. Entretanto, somente pequena parte dos proprietários de movelarias se permitiu adotar essas novas práticas voltadas aos funcionários. Contudo, quanto mais se evolui a tecnologia de produção de móveis, mais se percebem a necessidade de proporcionar aos empregados e/ou colaboradores, condições adequadas para que estes possam ter conforto e segurança em suas atividades laborativas.

É de suma importância que se identifiquem os pontos falhos de segurança dentro do processo de produção do setor moveleiro para que se possa, dentro das possibilidades, corrigi-las e proporcionar melhores condições de trabalho para os empregados. Por estes motivos, se identifica à necessidade de diagnosticar o setor, quanto às condições de trabalho proporcionadas pelos proprietários das movelarias do município de Itacoatiara aos seus

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empregados. Este trabalho tem como objetivo fazer um estudo das condições de trabalho relacionadas a este setor no município de Itacoatiara-AM.

Metodologia

Local de Estudo

O presente estudo foi realizado em 18 micros e pequenas empresas do setor moveleiro do município de Itacoatiara, Estado do Amazonas. As movelarias foram escolhidas aleatoriamente, baseadas em uma lista fornecida pela ASMOVITA (Associação dos Moveleiros de Itacoatiara), as movelarias estão localizadas nos seguintes bairros: Araújo Costa, Centro, Colônia, Iracy, Jauary, Mamoud Ahmed, Mutirão, Novo Horizonte, Pedreiras, Santa Luzia, Santo Antônio, São Francisco e São Raimundo.

Coleta de Dados

A coleta de dados para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada com um universo de cerca de 55 trabalhadores do setor moveleiro de Itacoatiara, no período de junho a agosto de 2008. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa de cunho exploratório. As empresas participantes foram selecionadas aleatoriamente a partir de uma lista fornecida pela (ASMOVITA), não sendo levados em consideração critérios como idade, sexo ou escolaridade. Os dados foram obtidos por meio da aplicação de formulário estruturado em: Caracterização da empresa, Identificação do entrevistado, Condições gerais de segurança:

Resultados e Discussão

Em média as empresas apresentaram tempo de funcionamento de 10 anos, das 18 movelarias pesquisadas a maioria da área construída é própria em forma de galpões. Freqüentemente, dividem o terreno com a residência. Por outro lado poucos possuem área específica para o serviço de marcenaria, o chamado pólo moveleiro. A produção é praticamente empírica, utilizando-se máquinas obsoletas para processar a madeira e realizar o processo de fabricação dos móveis, que são fabricados na sua maior parte por encomenda e destina-se ao consumo doméstico no próprio município e pequeníssima parte é destinado à capital do Estado.

Através de observações feitas in loco foi possível constatar que as movelarias visitadas não fizeram estudo de layout de seus maquinários e do processo produtivo. Alguns empresários até desconhecem essa palavra, a maioria declararam que fez os arranjos dos equipamentos à medida que iam adquirindo os mesmo. Constata-se, portanto, que os micros empresários não se preocuparam com o fluxo de produção, podendo comprometer o processo produtivo, e obrigando o trabalhador realizar esforço físico maior e às vezes até desnecessário, podendo com isso comprometer sua saúde.

Um dos fatores influentes na organização das movelarias é a existência de um depósito apropriado para o armazenamento dos insumos (vernizes, thinner, selador, lixas, etc) e da matéria-prima (madeira) utilizados na produção. Alguns destes insumos são produtos químicos e tóxicos que podem causar males à saúde do trabalhador, principalmente quando do manuseio destes no setor de acabamento e pinturas. Portanto, é importante que haja o manuseio correto destes produtos e seu armazenamento em local apropriado.

Os estabelecimentos são, em sua maioria, dependentes de uma melhor organização da matéria-prima e dos resíduos, os quais muitas vezes congestionam o ambiente de trabalho, tornando-se necessária mudança organizacional na área fabril para que a produtividade não seja ainda mais comprometida.

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Foi observado que as condições de ventilação no setor de trabalho apresentam-se de forma inadequada em algumas empresas, o que pode acarretar prejuízos à saúde dos funcionários não só pela falta de climatização, causada pelas altas temperaturas, mas principalmente, pela falta de circulação de ar, que possibilita maior estagnação do pó de serra em suspensão, levando o trabalhador respirar ar poluído. Resultados semelhantes foram encontrados por (SOUZA, 2008; LEITE, 1997).

Dos 55 moveleiros entrevistados, 73% consideram as condições ambientais do local de trabalho como normal e 27% consideram-no inadequado, com extremo calor.

Um dos fatores importantes para o conforto do trabalhador são as condições ambientais do local de trabalho. Dentro destes fatores está à temperatura, como causa mais incômoda aos trabalhadores. Por isso, é importante ouvir os trabalhadores sobre o que eles estão sentindo a respeito deste fator ambiental, extremamente influente no desenvolvimento das atividades profissionais, principalmente em uma região quente e úmida, com calores extremos durante o verão, condições verificadas no município de Itacoatiara.

Uma pequena parcela dos trabalhadores do setor moveleiro tem noção de que as condições climáticas têm grande efeito sobre o eficiente desempenho de suas funções, pois em dia de muito calor ocorrem indisposição e fadiga, extenuações física e nervosa, reduzindo os níveis de concentração e aumentando a probabilidade de erros e riscos de acidentes, além de expor o organismo a diversas doenças. Minetti et al. (1998) encontraram resultados similares, em estudos sobre as condições de trabalhadores moveleiros no Município de Viçosa Minas Gerais.

A maioria dos trabalhadores entrevistados classifica as condições de temperatura como normais. Isto se deve ao fato de que a maioria das movelarias serem construídas em forma de galpão, sem paredes laterais, facilitando com isto a circulação do ar e permitindo ambiente arejado o suficiente para o trabalhador desenvolver suas atividades dentro da normalidade. Mas vale ressaltar que algumas movelarias adotam estruturas totalmente fechadas, comprometendo, assim, o conforto do trabalhador no item temperatura no ambiente de trabalho, conforme pode ser observado na Figura 1.

A produção de móveis, por ser uma atividade familiar passada de pai para filho,

reproduz toda uma tradição de indiferença e maus hábitos em relação à segurança do trabalho. A conseqüência é que os jovens também seguem os mesmos padrões de descaso em relação às normas de segurança no trabalho. Um exemplo dessa condição é a falta de higiene no local trabalho, onde o piso de algumas movelaria nem tem pavimentação.

Figura 1: Trabalhador em ambiente fechado- Elisangela Souza 2008

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Foi observado grande acúmulo de resíduos, não somente madeireiros, mas também de lixo doméstico dentro da área produtiva, chegando inclusive a dificultar o trânsito dos trabalhadores durante o serviço, trazendo sérios riscos de incêndio, principalmente quando se considera o fato de 35% dos moveleiros fazerem uso do fumo, inclusive durante o trabalho. O fumo é um fator de risco à segurança dos trabalhadores e de toda vizinhança das movelarias (Figuras 2 e 3).

Com relação às condições sanitárias, a pesquisa mostra que cerca de 89% dos estabelecimentos moveleiros disponibilizam banheiros para atender as necessidades fisiológicas de seus funcionários. Porém, as condições sanitárias destes banheiros são precárias, com assentos sanitários sem as condições mínimas de higiene, totalmente inadequados para o uso humano. A falta de banheiros higienizados contraria a Norma Regulamentadora NR-24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho, que regula as condições dos banheiros sanitários destinados ao trabalhador, prescrevendo que essas instalações sanitárias devem ser submetidas a processo permanente de higienização, a fim de que sejam mantidas limpas e desprovidas de quaisquer odores durante toda a jornada de trabalho (REIS,2006).

A pesquisa revela ainda a inexistência de reclamações por parte da maioria dos trabalhadores das movelarias entrevistados, em relação a banheiros e instalações sanitárias, com cerca de 76% dos funcionários considerando as condições sanitárias adequadas às suas necessidades, evidenciando falta de consciência sobre higiene pessoal por parte dos trabalhadores do setor.

Cerca de 94% das movelarias que participaram da pesquisa disponibilizam água potável para seus trabalhadores. Percebe-se, porém, que algumas das movelarias que afirmam disponibilizar água potável para seus trabalhadores são as chamadas “movelarias de fundo de quintal”, ou seja, localizam-se na parte dos fundos do terreno da própria residência do marceneiro. Assim, parte significativa dos trabalhadores das pequenas movelarias bebe água em suas próprias residências. As movelarias de maior porte disponibilizam bebedouros que atendem à demanda de todos os trabalhadores.

A água potável é um fator importante no trabalho realizado em marcenarias, pois o tipo de serviço demanda grande esforço físico. O trabalho físico aliado a altas temperaturas e umidade do ar elevado prevalentes no ambiente de trabalho condiciona a perda de água através da sudorese, água que precisa ser reposta através da ingestão do líquido de boa qualidade.

Para serviços de limpeza, não possuem funcionários exclusivos na maioria das movelarias a limpeza é realizada pelos próprios marceneiros e/ou pelos ajudantes. Em nenhum dos lugares visitados foi detectada a presença de menores operando máquinas, mas sim exercendo outras atividades onde os mesmos estão correndo riscos. Neste caso não está

Figura 2: Lixo doméstico- Elisangela Souza- 2008

Figura 3: Resíduo madeireiro- Elisangela Souza- 2008

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sendo levado em consideração o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA pelos proprietários das movelarias no município de Itacoatiara.

Conclusões

A segurança no trabalho é algo de vital importância para as empresas, principalmente no setor moveleiro. Entretanto, nas movelarias do município de Itacoatiara esta não vem sendo a realidade, como mostraram os resultados. O trabalho é realizado sob condições adversas à segurança e à saúde dos trabalhadores. Poucas são as movelarias que possuem uma estrutura adequada para a segurança do trabalhador, a total falta de organização dentro dos galpões de trabalho, que são as oficinas contribuem para o aumento do risco de acidentes e desconforto durante a realização das atividades. Do lado do trabalhador, apesar de alguns resultados terem se apresentado de forma satisfatória, ainda existe o mau hábito dos trabalhadores, na utilização de roupas impróprias para o ambiente de trabalho de uma marcenaria o que acarreta riscos à sua própria saúde, ou, também, o não-uso de peças de roupa como blusas e o costume de trabalhar descalço. Outro fator a ser observado é o fato de ter menores em um ambiente insalubre como é o caso de uma movelaria. Deve-se realizar um trabalho de conscientização entre estes trabalhadores, principalmente os donos das movelarias para que os mesmos proporcionem aos seus empregados um ambiente seguro e com condições dos mesmos desenvolverem suas atividades de maneira confortável. Espera-se que estes resultados sirvam de parâmetro para que políticas públicas voltadas ao setor sejam desenvolvidas bem como treinamento e capacitação aos trabalhadores das movelaria locais.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) pelo apoio a realização deste trabalho.

Referências Bibliográficas

LEITE, P.F. NR 10 - Instalações e Serviços em eletricidade. In: ____.Segurança e Medicina do Trabalho. 38ª. Ed. São Paulo: Clabs assessoria gráfica editorial, cap.5. 1997.

MINETTI, L. J. et al. Avaliação dos efeitos do ruído e da vibração no corte florestal com motosserra. Revista Árvore, Viçosa, n.3, 1998. Disponível em: <http://.scielo.br/ pdf/r arv/v 26n6/a13v26n6.pdf> Acesso em 22 fev. 2008.

REIS, R.S. Segurança e Medicina do Trabalho: Normas Regulamentadora. [s.ed.]. São Caetano do Sul: Yendis Ltda. 2006.

SILVA, K.R. et al. Avaliação do perfil de trabalhadores e das condições de trabalho em marcenarias no município de Viçosa-MG. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.26, n.6, 3 dez. 2002 p.769-775. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf/rarv/v26n6/a13v26 n6.pdf> Acesso em: 4 abr. 2008.

SOUZA, E.B. Diagnóstico Moveleiro do Município de Itacoatiara-AM . Itacoatiara, Am. Monografia. UEA, Universidade do Estado do Amazonas. 29 p. 2008.

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