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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Nome: Romário Vieira Nelvo/ 201410164911 Professor: José Augusto/ Sociologia II Trabalho: Resenha, A Ética Protestante e o “espírito” do Capitalismo Resenha

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Nome: Romrio Vieira Nelvo/ 201410164911

Professor: Jos Augusto/ Sociologia II

Trabalho: Resenha, A tica Protestante e o esprito do Capitalismo

Resenha

Rio de Janeiro

2014

Para melhor entender o pensamento de Max Weber, um breve resumo do seu pensamento em forma de tpicos, para que, quando se inicie uma resenha mais extensa fique bem claro o seu trabalho sociolgico.

O capitalismo ocidental moderno:

a) Capitalismo ocidental moderno como singularidade histrica: para Weber, o capitalismo como busca pelo lucro (lgica que visa maximiz-lo sempre que possvel, busca incessante e ilimitada pelo lucro) sempre existiu. Porm, o que difere seu objeto de estudo enquanto uma singularidade histrica a racionalizao da rentabilidade, o lucro calculado e obtido de maneira legal e pacfica. Seu objeto de estudo no , portanto, o capitalismo em geral, mas especificamente o capitalismo ocidental moderno, onde o lucro racionalmente orientado.

b) Relao entre capitalismo ocidental moderno e ethos protestante: caractersticas da tica protestante como justificativas e afirmativas que impulsionam a prtica econmica: protestantismo como qualificao do mundo secular (glorificao de Deus na vida cotidiana: o trabalho uma ddiva, forma de glorificar Deus; trabalho sistemtico aceito como vocao; riqueza material relacionada s vontades divinas (questo da predestinao: indivduo rico foi escolhido por Deus); condenao do cio e do proveito dos frutos do trabalho)

c) Ao capitalista: movida por elementos irracionais (elementos religiosos). Com a observao da relao entre capitalismo ocidental moderno e o ethos protestante, Weber conclui que, entre uma pluralidade de causas, o ethos protestante constitui a causa adequada para o desenvolvimento da ao capitalista moderna, de forma que o capitalismo ocidental moderno no ocorreria ou ocorreria de maneira distinta se no houvesse influncia da tica protestante. Sendo assim, pode-se considerar a possibilidade de que, havendo em determinado lugar o protestantismo e o ethos protestante, tambm l ocorra o desenvolvimento do capitalismo ocidental moderno.

d) Causa adequada: o sentido subjetivamente visado no necessariamente consciente. A partir da compreenso da ao social, o cientista avalia suas causas e extrai delas a causa sem a qual a ao no ocorreria ou ocorreria de maneira diferente: esta a causa adequada. Uma ao social pode ter uma variedade de causas secundrias e causas adequadas. Assim como Weber determina ser a tica protestante a causa adequada ao desenvolvimento do capitalismo ocidental moderno, conclui que esta no a sua causa exclusiva, uma vez que a realidade constituda em vrios aspectos (porque plural).

Esta Obra (A tica Protestante e o esprito do Capitalismo) fornece dentre tantas outras explicaes, principalmente o que o capitalismo e como o capitalismo surge da base de pensamento Sociolgico de Weber. O Capitalismo para Weber no busca de lucro da classe dominante sobre a dominada como acreditava Marx, para ele o Capitalismo est na Racionalizao do mundo; que seria uma racionalizao da sociedade: uma racionalizao da administrao para a busca de lucro. Com um pensamento categorizado pelo idealismo, Weber utiliza a sua explicao de surgimento do capitalismo atravs do que seria o pensamento capitalista. Para Weber as idias transformam o mundo. Ento o Capitalismo surge do esprito capitalista, do pensamento capitalista. Resumidamente falando, da tica capitalista.

Para explicar o surgimento do Capitalismo, Weber utiliza em sua obra o texto de Benjamin Franklin, Time Is Money, onde ele d evidencia para: o tempo ocioso em que poderia se estar produzindo mesmo no gastando, questes do crdito como dinheiro, ser um bom pagador...nesse texto, Benjamin Franklin nos mostra uma tica utilitria que visa a acumulao do dinheiro, que com isso busca o lucro. Esse pensamento seria ento o esprito do capitalismo. Para dar a nfase de quando e onde surgiu esse esprito, Weber diz que os primeiros pases de base capitalista eram predominantemente Protestantes Calvinistas; resumidamente falando, o Calvinismo para Weber gera o esprito do Capitalismo que ento por sua vez gera o Capitalismo. Ou seja, como foi dito acima, uma idia bem idealista do que seria ento o Capitalismo Weberiano. Ele recusa a idia de que a classe dominante teria sido a matriz do esprito capitalista e d nfase em estruturas sociais, como por exemplo, Igrejas e Seitas que estariam ligadas a origem de tal esprito.

Weber ento ao longe de sua obra busca compreender como essa tica propiciou condies para que o capitalismo, ou melhor, seu esprito, viesse a se desenvolver em pases protestantes. Weber recorre aos estudos das Seitas como uma forma de identificar as caractersticas que levam os seus ento seguidores a desenvolverem conduta de desenvolvimento econmico. O objeto de estudo de Weber a Ao Social. Ento ao estudar a tica Protestante buscou os sentidos das aes dos protestantes e de que forma isso os levavam a trabalhar mais, logo, para que no fossem estigmatizados de vagabundos e consequentemente pudessem economicamente se desenvolver. Weber definia as aes sociais como: Ao Social Tradicional, Ao Social afetiva, Ao Social Racional movida por fins e Ao Social movida por valores. Com leitura da obra e as definies das aes sociais pra Weber (Que no vem ao caso defini-las aqui, visto que no essa a funo do trabalho) percebe-se que o mesmo se baseia na Ao Social Racional movida por fins e Ao Social movida por valores para redigir a obra.

Com tudo isso que foi dito acima, a inteno de Weber, diferente de vrios economistas e historiadores da poca, que ressaltavam a importncia do desenvolvimento econmico em, por exemplo, inovaes tecnolgicas, convencimento de ganncia nos interesses econmicos e o desejo de acumular. Para Weber, existia um ethos econmico, que sustentava a organizao do trabalho e a busca pelo lucro. Era pautada numa idia de dever do indivduo de aumentar sua riqueza, que vinda de um interesse autodefinido; uma noo de que o trabalho deve ser executado como um fim absoluto. Essas e todas as caractersticas ditas acima, Weber trata em seu objeto de estudo (A tica Protestante e o esprito do Capitalismo) como tentativa de desvendar as origens causais desse que era para ele um novo valor de organizao da vida.

Depois de observar a atrao dos protestantes em atividades ligadas ao mundo dos negcios, Weber ento comear a dar foco em seu estudo para as doutrinas protestantes.

Segundo Weber trata em sua obra, para fundar a tica protestante, Richard Baxter (1615-1691) e os ministros puritanos fizeram modificaes que para o autor foi fundamental para surgimento da tica. Visto que pela Doutrina da Predestinao, se o problema da salvao era a questo urgente dos crentes, se o indivduo j estava predestinado desde o incio, condio de eleito pela ento graa divina e se ainda com toda essa predestinao s alguns poucos crentes Deus havia escolhido para serem salvos, restava a grande parte dos fiis o desespero e a angstia. Baxter reconhece as teses de Calvino, que o devoto fraco no tem como conhecer a natureza da deciso divina.

No entanto Baxter ressalta que o mundo existe para servir a glria de Deus, e que Deus ento deseja que seu Reino seja de igualdade, riqueza e prosperidade. Ento entendido como criao da comunidade de Deus na terra, o trabalho regular e dedicado, ou melhor, vocacional, adquiri a partir da um significado religioso entre os devotos; os crentes passaram a entender a atividade econmica mundana como um servio exigente e que eles meros mortais teriam que adotar essa atitude nobre: agora comea ento a se trabalhar pela graa de Deus. Estar entre os capacitados ao trabalho em prol do plano Divino, passa a ser vocao do crente. Para reforar mais ainda essa tese era dito pelos lderes puritanos que Deus somente favorecia aqueles que, estivesse escolhido estar entre os predestinados.

Para ficar mais claro essa mudana de pensamento tico protestante, nas palavras do prprio Weber na obra que est sendo objeto de estudo:

S o poder dos movimentos religiosos- no somente ele, mas ele em primeiro lugar- criou as diferenas que sentimos hoje. Se portanto, para a anlise das relaes entre a tica do antigo protestantismo e o desenvolvimento do esprito capitalista partimos das criaes de Calvino, do calvinismo e das demais seitas puritanas, isso entretanto no deve ser compreendido como se esperssemos que algum dos fundadores ou representantes dessas comunidades religiosas tivesse como objetivo de seu trabalho na vida, seja em que sentido for o despertar daquilo que aqui chamamos de esprito capitalista (Pg.81)

A salvao da alma, e somente ela, foi o eixo de sua vida e ao. Seus objetivos ticos e os efeitos prticos de sua de sua doutrina estavam ancorados aqui e eram, to-s, conseqncias de motivos puramente religiosos. Por isso temos que admitir que os efeitos culturais da Reforma, foram e boa parte - talvez at principalmente para nossos especficos pontos de vista- consequncias imprevistas e mesmo indesejadas do trabalho dos reformadores, o mais das vezes bem longe, ou mesmo ao contrrio, de tudo o que eles prprios tinham em mente (Pg.81).

Na viso de mundo puritana tratada por Weber, os homens de negcios que hoje estavam voltados para o lucro no eram mais diminudos como pessoas gananciosas ou mesmo egostas. Ao contrrio, estes passaram a ser vistos como pessoas honestas e dedicadas a realizarem a tarefa designada por Deus. A cada hora que no era gasta no trabalho uma hora perdida na tarefa de Deus. No modo de vida puritano tambm vale levar em considerao que os gastos deviam ser com o estilo de vida no irracional. Uma vida no consumista e sim acumular riqueza para fins produtivos. O pensamento puritano de um trabalho rduo e disciplinado em uma vocao e a riqueza que viria como consequncia era fundamentais valores para indicar a pessoa escolhida. Basicamente o que Weber nos mostra que o esprito estava na tica do puritano em acumular riquezas e trabalhar em prol de ter sido eleito. interessante pensar que existia uma presso grande das seitas para um comportamento adequado sobre influncia tica dos seus membros. Com isso, Weber est querendo dizer que as Seitas so fundamentais para formao moral dos indivduos.

Para ilustrar melhor as Seitas formando carter moral:

O trabalho social do calvinista no mundo exclusivamente trabalho in majorem Dei gloriam (para aumentar a glria de Deus). Da por que o trabalho numa profisso que est a servio da vida intramundana da coletividade tambm apresenta esse carter. (Pg. 99).

Os ensaios sobre as seitas so muito importantes para que se entenda as origens causais do esprito do capitalismo para Weber. Para o autor, esse esprito do capitalismo decisivo no desenvolvimento do capitalismo moderno. J se aproximando do final da obra, Weber diz que aps de estabelecer como forma econmica e se consolidar como modo de produo, esse esprito do capitalismo passa a ser entendido como basicamente, o puritano ter tentado racionalizar o lucro atravs de uma vocao profissional no trabalho e hoje no capitalismo moderno todos iro reproduzir o trabalho rduo e disciplinado, focado e profissional desenvolvido com as Seitas e o pensamento puritano como consequncia desses valores que se originaram de um esprito de pensamento e modo de vida puritano.

Consideraes finais:

A tica Protestante e o esprito do Capitalismo, um clssico escrito por um dos maiores pensadores da Sociologia. A partir da sua leitura o autor, Max Weber, deixa de herana da sua anlise sociolgica, diversos mtodos para a disciplina. interessante pensar aps o trmino da leitura da tica Protestante, que Weber nos deixa uma viso de capitalismo diferente da de outros autores clssicos. Apesar de relatar e dar uma importncia significante para as Seitas o foco da anlise de Weber no em fazer um trabalho histrico, ele recorre as Seitas para reforar o seu objetivo. O que Weber demonstra na tica Protestante um poderoso conjunto de diversas maneiras de ao social. O autor deixa claro que no deve existir um foco exclusivo nos interesses materiais, formas econmicas, poder...e esquecer das foras culturais e a tica econmica. Com isso para se entender o capitalismo moderno necessrio realizar uma srie de pesquisas. Para reforar o que foi dito ao longo da anlise da tica Protestante, Weber explica o surgimento do capitalismo com o surgimento do seu esprito capitalista, este que se desenvolve atravs de uma tica econmica. Dando nfase no protestantismo, analisando a base do pensamento puritano em trabalhar para acumular riqueza para ser o eleito por estar realizando os mandamentos divinos.

Fonte de Pesquisa:

Weber, Max. A tica Protestante e o Esprito do Capitalismo. In: _____. A tica Protestante e o Esprito do Capitalismo: Europa 1904-1905. So Paulo: Companhia das Letras, 2004