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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro Biomédico Faculdade de Odontologia Lucilei Lopes Bonato Ação de dois agentes clareadores sobre o esmalte dentário humano, quanto à variação de massa após escovação dental simulada Rio de Janeiro 2009

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro Biomédico

Faculdade de Odontologia

Lucilei Lopes Bonato

Ação de dois agentes clareadores sobre o esmalte dentário humano,

quanto à variação de massa após escovação dental simulada

Rio de Janeiro

2009

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Lucilei Lopes Bonato

Ação de dois agentes clareadores sobre o esmalte dentário humano, quanto à variação

de massa após escovação dental simulada

Tese apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor, ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Dentística.

Orientadores: Profª. Drª. Katia Regina Hostilio Cervantes Dias

Prof. Dr. Lauro Cardoso Villela

Rio de Janeiro

2009

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CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/CBB

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou

parcial desta tese.

_________________________________ __________________________

Assinatura Data

B699 Bonato, Lucilei Lopes. Ação de dois agentes clareadores sobre o esmalte dentário

humano, quanto à variação de massa após escovação dental simulada / Lucilei Lopes Bonato. – 2009.

103 f. Orientadores: Katia Regina Hostílio Cervantes Dias, Lauro

Cardoso Villela. Tese (doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro,

Faculdade de Odontologia. 1. Dentes - Clareamento. 2. Esmalte dentário. 3. Massa (Física).

4. Escovação dentária. I. Dias, Katia Regina Hostilio Cervantes. II. Villela, Lauro Cardoso. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Odontologia. IV. Título.

CDU

616.314

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Lucilei Lopes Bonato

Ação de dois agentes clareadores sobre o esmalte dentário humano, quanto à

variação de massa após escovação dental simulada

Tese apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor, ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Dentística.

Aprovada em 06 de fevereiro de 2009. Orientadores:

_____________________________________________ Profª. Drª.Katia Regina Hostilio Cervantes Dias Faculdade de Odontologia da UERJ

_____________________________________________ Prof. Dr. Lauro Cardoso Villela Departamento de Odontologia da UNITAU

Banca Examinadora: __________________________________________ Prof. Dr. Mauro Sayão de Miranda Faculdade de Odontologia da UERJ

_____________________________________________ Profª. Drª. Hilda Maria Montes Ribeiro de Souza Faculdade de Odontologia da UERJ

_____________________________________________ Prof. Dr. Estevão Tomomutsu Kimpara Faculdade de Odontologia da UNESP, São José dos Campos

_____________________________________________ Profª. Drª. Sheila Cavalca Cortelli Departamento de Odontologia da UNITAU

_____________________________________________ Prof. Dr. Marcos de Oliveira Barceleiro Universidade Federal Fluminense

Rio de Janeiro - RJ

2009

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DEDICATÓRIA

Aos Profs Drs

Kátia Regina Hostilio Cervantes Dias

Lauro Cardoso Villela

Maria Auxiliadora Junho de Araújo

Mais do que incentivadores na carreira acadêmica, amigos verdadeiros são

orientadores para a vida.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Erasmo e Nazareth, pelo exemplo de vida e dedicação

incondicional aos filhos.

Aos meus filhos, Amanda e Danilo, pelo imenso amor que me fazem sentir.

Aos professores do Programa de Pós-graduação da Universidade do Estado do

Rio de Janeiro, pela acolhida, pelo conhecimento e experiência que me proporcionaram.

Aos colegas do curso de pós-graduação, em especial aos de turma, Anna Paula

Kalix, Carlos Antonio Freire Sampaio, César dos Reis Peres, Glauco Botelho, João

Duarte e Raphael Monte Alto, amigos que fiz.

À Universidade de Taubaté, pelo incentivo.

Ao Prof Dr Evandro Luiz Nohara, Laboratório de Ensaios de Materiais do

Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté, pelo auxílio na

parte experimental e atenção dispensada.

Ao Senhor José Arauto Ribeiro, técnico dos laboratórios do Departamento de

Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté, pela disponibilidade e atenção na

execução dos testes.

À Profª Drª Ana Paula Rosifini Alves, Engenharia de Materiais, Faculdade de

Engenharia de Guaratinguetá – UNESP, pela concessão da máquina de escovação.

Às Senhoras Maria Teresa Buono Osório e Eliana Kalil Kobaz, bibliotecárias do

Centro de Pesquisas Bibliográficas, Departamento de Odontologia da Universidade de

Taubaté, pelo constante auxílio.

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À amiga Profª Drª Mônica Cristina Camargo Antoniazzi, pela revisão do Abstrat.

Às amigas Profª Drª Maria Teresa F. Soares D‟Azevedo, das disciplinas de

Dentística e Profª Drª Sheila Cavalca Cortelli da disciplina de Odontologia Preventiva e

Cariologia, Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté, pela

demonstração de amizade e essencial colaboração na minha ausência.

Às empresas FGM e Oral-B, pela disponibilização dos materiais clareadores e

escovas dentais utilizados no experimento.

Aos meus irmãos Carlos Aurélio, Erasmo e Marilei, pelo incentivo constante e pela

“equipe de apoio” em minha ausência.

A todos os amigos cariocas que fizeram a minha estada no Rio de Janeiro tão

agradável, em especial às meninas de casa, Cida, Márcia e Aurora.

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RESUMO

BONATO, Lucilei Lopes. Ação de dois agentes clareadores sobre o esmalte dentário humano, quanto à variação de massa após escovação dental simulada. 2009. 103f. Tese (Doutorado em Odontologia) – Faculdade de Odontologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

Ter dentes brancos é cada vez mais uma exigência estética. A indicação do tratamento clareador dental, bem como da técnica empregada, deve ser criteriosa. Os agentes clareadores mais utilizados para dentes vitalizados são peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida, em diferentes concentrações. Duas técnicas são mais utilizadas, clareamento em consultório e clareamento caseiro, cujas indicações devem estar embasadas na segurança do paciente, no que diz respeito à manutenção da integridade de seus órgãos dentais, bem como de sua saúde bucal e geral. A finalidade deste estudo, a cerca do tratamento clareador dental é trazer resultados que permitam ao profissional de Odontologia, indicar o melhor tratamento visando segurança. Avaliando quanto à facilitação do desgaste de dentes humanos, submetidos in vitro às duas técnicas e aos dois principais agentes clareadores, ambulatorial e caseira, peróxido de hidrogênio, 35% (Whiteness HP MAXX – FGM) e peróxido de carbamida a 10% (Whiteness Perfect - FGM), respectivamente, e à ação mecânica de um ensaio de escovação simulada. Ambos os tratamentos foram realizados sob a técnica recomendada pelo fabricante. A escovação simulada foi realizada diariamente (10 dias, 500 ciclos). Corpos-de-prova (cp) foram divididos em 5 grupos (N=8) sendo um controle (sem clareamento) e 4 experimentais (um grupo recebeu a técnica ambulatorial e três a técnica caseira). Ainda foi avaliado o tempo de espera para a realização da escovação após o tratamento clareador caseiro (15, 30 e 60 minutos). A variação de massa foi aferida por peso, inicial e final dos cp (antes e depois do clareamento e escovação), em balança analítica, após a desidratação destes em sílica gel. Análise estatística (ANOVA Oneway e Student-Newman-Keuls) foi realizada e os resultados permitiram concluir que: 1- Ocorreu perda de massa nos dentes humanos após serem submetidos a ambos os tratamentos clareadores propostos e no grupo controle (sem clareamento), seguido de ensaio de escovação; 2- Peróxido de hidrogênio a 35%, técnica ambulatorial, ocasionou a menor perda de massa do esmalte dentário após o ensaio de escovação, embora sem diferença estatística; 3- Os grupos submetidos ao clareamento com peróxido de carbamida apresentaram a maior perda de massa, mas não houve diferença entre os tempos de espera para a realização do ensaio de escovação. Palavras-chave: Clareamento dental. Escovação simulada. Variação de massa. Esmalte dentário.

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ABSTRACT

White teeth are more and more the aesthetic demand. The indication makes whitening teeth and the employed technique being of criterious use. Hydrogen peroxide and Carbamide peroxide are the whitening agents more used to vitalized teeth in different concentrations. There are two whitening teeth‟s techniques: in office and at home, whose indications should be based on patient‟s safety, concerning to the maintenance of the teeth‟s integrity, as well as oral and general health. The aim of this study is to bring results to allow the professional of Dentistry to indicate the best treatment in order to give safety, evaluating facilitation to wear and tear in humans' teeth, submitted in vitro to the two techniques and the two main whitening agents, Hydrogen peroxide, 35% (Whiteness HP MAXX - FGM) and Carbamide peroxide, 10% (Whiteness Perfect - FGM), respectively, and to a mechanical action of a simulated brushing essay. Both whitening teeth‟s treatments were accomplished by a technique recommended by the manufacturer. Simulated brushing was accomplished daily, 500 cycles, for 10 days. The specimens were divided in 5 groups (N=8), one control (without whitening teeth) and 4 experimental (one group received in office technique and the others received at home technique). It was still evaluated the waiting time in accomplishing the simulated brushing after the treatment at home (15, 30 and 60 minutes). The mass variation among the specimens was checked by initial and final weight (after and before the whitening teeth and the simulated brushing), in analytical scale and after the dehydration in silica gel of them. The statistical analysis (ANOVA Oneway and Student-Newman-Keuls) was accomplished and the results allowed concluding that: 1- It occurred loss of mass in the human teeth after they were submitted to both whitening treatments proposed, followed by simulated brushing essay, and on control group (without whitening teeth treatment); 2- Hydrogen peroxide 35% caused the smallest loss of mass in the enamel, after simulated brushing essay, with statistical difference; 3- There was no significant difference in the weight loss occurred with any waiting times proposed between the whitening teeth treatment with carbamide peroxide 16% and the simulated brushing essay, maybe this treatment caused the biggest loss of mass in enamel. Keywords: Whitening teeth. Simulated brushing. Mass variation. Dental enamel.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Terceiros molares humanos com risogênese incompleta ............... 54

Quadro 1 - Distribuição dos segmentos de coroas dentárias nos grupos

controle e experimentais .................................................................

55

Figura 2 - A e B - Corpos-de-prova, hemicoroas incluídas em resina acrílica 56

Figura 3 - Sílica gel .......................................................................................... 57

Figura 4 - Sílica gel no “Desiccator” ................................................................ 57

Figura 5 - Cp em desidratação ........................................................................ 57

Quadro 2 - Tratamentos clareadores ................................................................ 58

Quadro 3 - Tempos de espera para escovação simulada após cada sessão

de clareamento com gel de peróxido de carbamida .......................

60

Figura 6 - A e B - Máquina de escovação simulada ........................................ 61

Figura 7 - Conta giros ...................................................................................... 61

Figura 8 - Cilindro de 200gr ............................................................................. 61

Figura 9 - A e B - Escovação simulada dos cp ................................................ 62

Figuras 10 - A e B - Balança analítica digital ....................................................... 63

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Média e desvio padrão dos pesos dos cp, em gramas, considerando o

tratamento de desidratação dos cp .........................................................

65

Tabela 2 - Média e desvio padrão dos pesos dos cp, em gramas, considerando o

tempo de espera para escovação, pós-clareamento caseiro ..................

66

Tabela 3 - Média e desvio padrão dos pesos dos cp, em gramas, considerando o

tipo de clareamento .................................................................................

67

Tabela 4 - Média e desvio padrão dos pesos dos cp, em gramas, causada pelo

clareamento, escovação e desidratação final .............................................

67

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADA Ameriacan Dental Assiciation

ANOVA Análise de Variância

cp Corpos-de-prova

DNA Ácido desoxirribonucleico

hp Horsepower mecânico

LED Emissão de Luz Diodo

MEV Microscópio Eletrônico de Varredura

OMS Organização Mundial de Saúde

pH Potencial de hidrogênio

Ra Medida de rugosidade total

SCCP Scientific Committee on Consumer Products

SNK Student Newman-Keuls

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 14

1 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................. 18

1.1 Clareamento dental ........................................................................... 18

1.1.1 Clareamento dental – Considerações/Técnica/Eficácia ..................... 18

1.1.2 Clareamento dental – Segurança ....................................................... 25

1.1.2.1 Segurança – Ação sobre os tecidos dentários duros ......................... 26

1.1.2.1.1 Segurança – Agente peróxido de carbamida ...................................... 26

1.1.2.1.2 Segurança – Agente peróxido de hidrogênio ...................................... 33

1.1.2.1.3 Segurança – Dois agentes: peróxidos de carbamida e de hidrogênio 41

1.2 Escovação dental .............................................................................. 46

1.2.1 Escovação dental – Ação sobre a estrutura dentária.......................... 46

1.2.2 Escovação dental – Ação sobre materiais restauradores ................... 50

2 PROPOSIÇÃO .................................................................................... 52

3 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 53

3.1 Seleção e preparo dos dentes ......................................................... 53

3.2 Composição dos grupos .................................................................. 54

3.3 Confecção dos corpos-de-prova ..................................................... 55

3.4 Desidratação dos corpos-de-prova ................................................. 56

3.5 Tratamento clareador ....................................................................... 57

3.6 Tratamento de escovação ................................................................ 60

3.7 Aferição de massa dos corpos-de-prova ....................................... 63

3.8 Análise estatística ............................................................................. 64

4 RESULTADOS ................................................................................... 65

4.1 Substrato – Desidratação ................................................................ 65

4.2 Tempo de espera para escovação .................................................. 66

4.3 Tipo de clareamento ......................................................................... 66

4.4 Alteração de peso – Após clareamento e escovação ................. 67

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5 DISCUSSÃO ....................................................................................... 69

5.1 Clareamento dental ........................................................................... 70

5.1.1 Clareamento dental – Mecanismo de ação ........................................ 71

5.1.2 Clareamento dental – Técnicas .......................................................... 72

5.1.3 Clareamento dental – Segurança ....................................................... 74

5.1.3.1 Clareamento dental - Segurança: tecidos dentários duros ................ 75

5.1.3.2 Clareamento dental - Segurança: outros tecidos bucais .................... 82

5.1.4 Clareamento dental – Métodos de pesquisa ...................................... 83

5.2 Escovação dental .............................................................................. 85

5.2.1 Escovação e clareamento dental - Ação sobre esmalte e dentina ..... 85

5.2.2 Escovação dental simulada - Ação sobre materiais restauradores .... 87

5.3 Hipóteses iniciais do experimento .................................................. 88

6 CONCLUSÕES ................................................................................... 91

7 CONSIDERAÇÕES ALÉM DAS CONCLUSÕES DO

EXPERIMENTO .................................................................................

92

REFERÊNCIAS ................................................................................. 93

ANEXO A - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade de Taubaté....................................................................

102

ANEXO B - Procedência dos dentes: Banco de Dentes do

Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté..............

103

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INTRODUÇÃO

A história das civilizações apresenta a preocupação com os dentes desde os

tempos mais remotos. O anseio de tê-los ornamentados ou mais brancos aparece na

linha do tempo como parte da busca pela estética.

O clareamento dental é uma das alternativas terapêuticas para se alcançar dentes

brancos, o que do ponto de vista cosmético, tornou-se essencial para a integração do

indivíduo na sociedade (SYDNEY, G. B.; BARLETTA; SYDNEY, R. B., 2002), uma vez

que a estética interfere no campo profissional, afetivo e na auto-estima do indivíduo.

A desarmonia de cor dos dentes constitui o fator de desequilíbrio estético do

sorriso mais imediato e rapidamente percebido (BARATIERI, 2001).

A cor dos dentes pode ser melhorada por inúmeros métodos como dentifrícios

branqueadores, limpeza profissional, clareamento interno de dentes não vitais,

clareamento externo de dentes vitais, microabrasão do esmalte, tratamentos

restauradores como facetas e coroas estéticas (JOINER, 2006). Sempre que indicado, o

clareamento dental deve ser a primeira alternativa, pois é uma técnica segura,

minimamente invasiva e de custo reduzido, quando comparado a procedimentos

restauradores estéticos (NUNES; CONCEIÇÃO, 2005), oferece um meio não invasivo de

promover aparência saudável aos dentes anteriores (BRUNTON; ELLWOOD; DAVIES,

2004) e seguro, uma vez que o tratamento foi aplicado a milhões de pacientes, por

muitos dentistas, o que leva a crer que esta técnica, quando controlada por profissional,

serve o bem público (FLOYD, 1997).

A terapia de clareamento dental é definida como um tratamento farmacológico

dose-dependente de uso tópico na superfície do esmalte de dentes com vitalidade

pulpar, e também para uso diretamente em contato com a dentina coronária no caso de

dentes despolpados (RIEHI et al., 2008).

A indicação do tratamento clareador deve ser criteriosa e baseada na etiologia da

descoloração dentária, a qual deve ser compreendida e analisada (BARATIERI et al.,

2004), visto que a principal limitação do processo clareador dental é a imprevisibilidade

do seu resultado (BARATIERI, 2001).

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Joiner (2006) afirma que a cor dos dentes é influenciada pela combinação de sua

cor intrínseca e a presença de manchas extrínsecas. Baratieri et al. (2004) classificam as

descolorações dentárias também em intrínsecas e extrínsecas. O primeiro tipo é

subdividido em manchas pré-eruptivas e pós-eruptivas, e incluem agentes causais como

trauma, infecções, material odontológico, terapia medicamentosa e alterações na gênese

dos tecidos dentários. O segundo tipo, as manchas extrínsecas, inclui pigmentação por

alimentos, bactérias cromogênicas, tabaco e produtos químicos em contato com os

dentes.

Outros fatores para a indicação criteriosa do tratamento clareador devem ser

considerados, uma vez que os pacientes podem apresentar limitações que o contra

indique, apresentadas por Nunes e Conceição (2005): dentes com hipersensibilidade;

presença de cárie ou doença periodontal; alergia aos materiais clareadores; dentes com

descolorações severas; pacientes não colaborativos; mulheres grávidas ou no período de

amamentação e pacientes com expectativa não realista.

Inúmeras são as marcas comerciais, apresentação e concentrações dos produtos

clareadores dentais encontrados no mercado hoje, cuja indicação variará com a técnica

empregada, mas o agente clareador efetivo é sempre o oxigênio, pois se trata do produto

final de dissociação dos clareadores (BARATIERI et al., 2004). Os agentes clareadores

mais utilizados são peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida, em diferentes

concentrações (NUNES; CONCEIÇÃO, 2005).

"Produtos branqueadores de dentes" e "produtos clareadores de dentes" na

opinião do Scientific Committee on Consumer Products (SCCP, 2005) definem o mesmo

tipo de produtos cosméticos.

Duas técnicas são usualmente utilizadas no processo clareador de dentes

vitalizados: clareamento em consultório, ou ambulatorial e clareamento caseiro assistido,

primeiramente chamado de clareamento noturno.

Os agentes clareadores têm sido usados sem observação de critérios de

indicação e os possíveis efeitos colaterais desses produtos sobre os tecidos bucais vêm

sendo estudados, ainda com algumas reservas quanto aos resultados encontrados até

então.

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Na técnica chamada clareamento caseiro pode ocorrer superdosagem e abuso em

relação ao tempo de tratamento, perigos estes que também podem ser extrapolados

para os produtos clareadores dentais vendidos para uso auto-administrado. A grande

vantagem da técnica de clareamento dental ambulatorial, sobre a técnica caseira é o

controle absoluto profissional, contrapondo-se à dependência de colaboração do

paciente que ocorre na técnica de auto-uso (BARATIERI et al., 2004).

Deve ser uma preocupação do profissional, quando da instituição do tratamento

clareador dental, não apenas o sucesso estético obtido. A indicação de uma ou outra

técnica (mediata ou imediata, caseira ou em consultório), deve estar embasada em

conhecimento científico dos efeitos do tratamento clareador, não apenas na necessidade

e disponibilidade de tempo ou do conforto do paciente, mas principalmente na segurança

deste paciente exposto aos agentes clareadores, no que diz respeito à manutenção da

integridade de seus órgãos dentais, bem como de sua saúde bucal e geral.

Quanto ao uso de peróxido de hidrogênio nos produtos clareadores de dentes,

com base nos dossiês já submetidos ao SCCP (2005), este é partidário de que, sendo

conhecido que o uso de tabaco e abuso de álcool causam aumento do risco de câncer

bucal, o peróxido de hidrogênio pode aumentar este risco, embora esse efeito não possa

ser quantificado. E declara que os produtos clareadores dentais só deveriam ser usados

sob a vigilância de um profissional de Odontologia, e não deveriam estar livremente

disponíveis aos consumidores.

Cabe ao Cirurgião-dentista orientar sobre produtos que prometem, mas não tem

ação clareadora, encontrados sob a forma de cremes dentais, gomas de mascar e

outros. São os chamados falsos clareadores, ou tingidores. A presença de dióxido de

titânio na composição, um pó branco que fica impregnado nas porosidades dos dentes

aumentando a reflexão da luz, o que dá um aspecto de dente clareado, é um indício

desses produtos. A descontinuidade do uso causa o escurecimento dos dentes em curto

espaço de tempo, pela diminuição do dióxido de titânio impregnado (RIEHI et al., 2008).

Apesar das controvérsias da literatura a respeito, a segurança dos peróxidos é

corroborada pela inclusão do clareamento caseiro de dentes vitais no currículo da

maioria de escolas odontológicas nos Estados Unidos (PERDIGÃO; BARATIERI;

ARCARI, 2004).

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17

De acordo com a metodologia proposta neste trabalho, os resultados encontrados

permitirão ao profissional avaliar a ação sobre os tecidos dentais dos principais agentes

e técnicas clareadoras para dentes vitais utilizadas hoje, avaliando a possível facilitação

de desgaste do esmalte pela escovação, auxiliando por mais este prisma na indicação e

cuidados relacionados ao tratamento clareador dental.

Respostas às dúvidas clínicas e a possibilidade de aprimoramento de materiais e

técnicas para que o objetivo estético clareador dos dentes, tão procurado na

Odontologia hoje, possa ser alcançado sem prejuízo ao paciente é a finalidade de

experimentos como este, em continuidade a outros já constantes da literatura

específica, somados aos que ainda estão por vir.

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18

1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Clareamento dental

1.1.1 Clareamento dental – Considerações/Técnica/Eficácia

Niederman et al. (2000) partindo de que a experiência clínica comum sugere que

os agentes clareadores de dentes são 100% efetivos, este estudo usou meta-análise de

dados de trabalhos clínicos controlados e publicados entre 1989-1999, para determinar

a eficácia desses agentes. Trabalhos com o método caseiro, usando peróxido de

carbamida a 10%, indicaram que: 93% dos pacientes submetidos ao clareamento

exibiram mudança nos seus dentes de duas unidades no guia de cores, enquanto 20%

do grupo controle de placebo também exibiram esta mudança; a marca comercial do

agente clareador teve efeito significante no clareamento dos dentes, mas o tempo de

aplicação diário e a duração do tratamento não fez diferença; o efeito do clareamento foi

mantido durante seis meses para a metade das pessoas tratadas; nem índices

gengivais, nem de placa foram adversamente ou favoravelmente afetados pelo

clareamento.

Hintz et al. (2001) com o objetivo de determinar se existem diferenças na

obtenção dos resultados de clareamento dental com peróxido de carbamida a 10%,

entre dentes que tiveram aplicações adesivas ortodônticas e foram removidas, e que

não as tiveram, avaliaram vinte pares de primeiros e segundos premolares extraídos por

razões ortodônticas e suas superfícies opostas, divididas em grupos experimental e

controle, sendo o experimental formado pelas faces dentais que tiveram aparatos

ortodônticos aderidos. Ambos os grupos foram sujeitos a sessões de quatro horas de

clareamento e vinte horas de hidratação por trinta dias. O sistema de cores L* a* b* foi

escolhido para avaliar alguma mudança de cor e calcular a média dos valores usando

um colorímetro. Foi encontrada diferença de cor clinicamente significante pós-

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clareamento relativos às áreas experimental e de controle, ao fim do período ativo, a

qual tornou-se insignificante ao fim dos trinta dias de observação. A relevância clínica

encontrada foi a necessidade de modificação do protocolo de clareamento em dentes

previamente sujeitos à adesão/remoção de aparatos ortodônticos. Deve-se, portanto

considerar, que testes in vitro podem não refletir a real situação clínica e assim,

experimentos clínicos são necessários para verificar tais resultados in vivo.

Date et al. (2003) descreveram um novo sistema de clareamento noturno

contendo percarbonato de sódio a 19% e agentes em filme de silicone, “paint-on” (Crest

Night Effects), quanto à eficácia de clareamento e aderência sobre os dentes. Nove

voluntários adultos participaram do estudo. Para avaliação da retenção sobre a superfície

dental, foi adicionado ao produto um pigmento azul não reativo. Os participantes

aplicaram o produto nos dentes anteriores à noite e foram realizadas imagens digitais

antes e depois de oito horas de sono, usadas para o cálculo da aderência. A eficácia do

clareamento foi avaliada em duas semanas em outros 16 voluntários. Usando imagem

digital e escala L* a* b*, os resultados quanto à aderência foram que 84,7% das

superfícies dentais foram cobertas com o pigmento contido no filme imediatamente após

a aplicação e após o uso noturno havia 77,4% da cobertura inicial, logo excelente

retenção. Quanto à eficácia clínica houve significância na alteração de cor após duas

semanas em comparação à inicial. O produto foi bem tolerado quanto ao efeito adverso

de irritação gengival (13%) e sensibilidade dentária (6%), sendo que nenhum dos

participantes descontinuou o uso do produto relatando tais efeitos adversos.

Sulieman, Addy e Rees (2003) com o objetivo de desenvolver um modelo

intrínseco de descoloração in vitro para avaliar a efetividade do clareamento,

seccionaram coroas de terceiros molares e para as aferições de cor foram usados escala

de cor, colorímetro clínico, e cromômetro de reflectância. O manchamento interno

empregou uma solução de chá padrão na qual os espécimes foram imersos pelo período

de um a seis dias, mas o máximo de manchamento ocorreu em um dia. Os espécimes

manchados formaram os seguintes grupos: expostos à água (controle); esmalte polido;

esmalte polido + clareado externamente; esmalte clareado através do esmalte; clareado

através da dentina; clareado através do esmalte e da dentina. O polimento teve nenhum

ou pouco efeito na cor do dente, mas todos os tratamentos clareadores produziram

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efeitos estatisticamente significantes e com magnitude semelhante. Em conclusão, o

modelo in vitro para o estudo do clareamento de dentes proposto promove padronização

de manchamento; poderá ser usado para estudar agentes, variáveis, protocolos e efeitos

colaterais dos procedimentos de clareamento de dentes. Para parâmetro de resultado

clínico, estudos paralelos in vivo ou in situ são necessários.

Sulieman et al. (2004b) estudaram in vitro o efeito de várias concentrações de

peróxido de hidrogênio (5%, 10%, 15%, 25% e 35%) sobre o clareamento de dentes.

Terceiros molares extraídos foram seccionados e as superfícies de dentina expostas

receberam condicionamento ácido (remoção do “smear layer”), e foram manchados em

solução de chá até obterem a cor C4, o que foi monitorado pelos métodos: visual (escala

de cor Vita), mapeamento de imagem (“Shade Vision System”) e cromômetro eletrônico

(Minolta). O gel foi aplicado por dez minutos e ativado por luz de arco de plasma (Apolite

II) por seis segundos, quando era este retirado da superfície do espécime e avaliada a

cor atingida. O processo foi repetido até a obtenção da cor B1. O número de aplicações

das várias concentrações de gel clareador variou de doze aplicações para o gel a 5%

para uma única aplicação para o gel a 35%. Os autores ponderaram que as mudanças

nos valores de cor precisam ser interpretadas com certa precaução na aplicação clínica

em dentes vitais, pois o movimento contínuo de fluido pelos túbulos de dentina e

porosidade do esmalte deve alterar tais resultados. O uso de dentes que estavam

destituídos de fluido dentinário permitiu que o agente clareador penetrasse nos tecidos

dentários mais depressa.

Wetter, Barroso e Pelino (2004) considerando os significantes avanços nas

técnicas de clareamento de dentes (bovino) com a utilização de fontes de radiação para

ativar o agente clareador, analisam neste estudo, por comparação espectrofotométrica, a

eficácia de laser de diodo e LED (Emissão de Luz Diodo), utilizados nos dois agentes

clareadores: Whiteness HP (FGM Produtos Odontológicos) e Opalescence X-tra

(Ultradent Products), ambos contendo peróxido de hidrogênio a 35%. Os resultados das

irradiações foram caracterizados usando o sistema CIEL* a* b*, dispositivo eletrônico de

medida de cor por avaliação em três dimensões: a* representa o contraste vermelho-

verde, b* o contraste amarelo-azul e L* corresponde à luminosidade ou brancura. Para o

olho humano, intensidade de cor (croma) aparece como intensidade clara (brancura).

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Todos os dentes tiveram os valores de cor medidos inicialmente e imersos em soluções

corantes por sete dias à temperatura de 37°C e realizada nova aferição. Diferenças

significantes no valor de croma foram obtidas para os dois agentes clareadores e para as

diferentes fontes luminosas, a ação de ambas as fontes luminosas alcançaram o

clareamento dental; o laser mostrou-se mais efetivo que LED; foram obtidos melhores

resultados globais com Whiteness HP e associação de Laser.

Perdigão, Baratieri e Arcari (2004) revisando a literatura quanto às tendências

contemporâneas e técnicas de clareamento dental, pontuam que os peróxidos são

considerados eficazes e seguros quando usados sob a supervisão profissional. Os

métodos de clareamento incluem os prescritos pelo profissional de Odontologia para uso

caseiro, aqueles aplicados pelo profissional em consultório, a combinação de ambos, ou

métodos de auto-uso disponíveis no comércio, suas indicações e variações. O

profissional deve distinguir a diferença entre as técnicas de clareamento e seus

resultados, e identificar os efeitos dos agentes clareadores sobre os tecidos dentários e

moles. Quanto às alterações químicas nos tecidos dentários duros, os efeitos do

peróxido de hidrogênio a 30% e do peróxido de carbamida a 10% são diferentes, mas

efeitos nocivos irreversíveis ainda não foram determinados. O uso de clareamento dental

caseiro, monitorado pelo profissional, com gel que contém peróxido da carbamida a 10%

não traz nenhum risco carcinogênico e não causa dano irreversível ao esmalte. Para

alguns produtos o uso da luz é opcional, os resultados do clareamento ambulatorial são

muito similares com e sem irradiação com uma fonte luminosa, a qual apenas acelera o

processo clareador. A vantagem primária da técnica de clareamento rápido em

consultório comparada à técnica caseira de uso noturno é que na primeira o resultado

não é dependente da colaboração do paciente, e ainda na segunda o resultado não pode

ser apreciado pelo paciente de forma imediata. A segurança dos peróxidos é corroborada

pela inclusão de clareamento caseiro de dentes vitais no currículo da maioria de escolas

odontológicas nos Estados Unidos. Além de ser o método mais comum, muito eficaz,

durável e seguro para melhorar o aspecto estético dos dentes.

Joiner (2006) revisa a literatura a respeito dos métodos de clareamento externo. A

cor dos dentes é influenciada pela combinação de sua cor intrínseca e a presença de

manchas extrínsecas, e pode ser melhorada por inúmeros métodos como dentifrícios

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branqueadores, limpeza profissional, clareamento interno de dentes não vitais,

clareamento externo de dentes vitais, microabrasão do esmalte (com abrasivo e ácido),

tratamentos restauradores como facetas e coroas estéticas. O autor explana sobre o

mecanismo de ação, métodos de mensuração in vivo e in vitro, e fatores que influenciam

a eficácia do processo de clareamento externo dos dentes. Apresenta três técnicas

fundamentais: Clareamento caseiro, com uso noturno do agente em moldeiras, em baixa

concentração, sob supervisão profissional (duração aproximada de duas semanas);

técnica ambulatorial realizada em consultório, com altas concentrações do agente

clareador (por curto período de tempo), exige proteção de tecidos moles e pode ser

ativado por calor ou luz; e outros produtos em baixíssimas concentrações do agente para

auto-uso sem supervisão profissional, sob a forma de gomas, tiras adesivas ou aplicação

com pincel (em geral recomendado por duas semanas com duas aplicações diárias).

Quanto ao mecanismo de ação, os dentes são clareados através de materiais oxidantes

como peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida e não é atualmente

completamente entendido. Como o peróxido difunde-se no dente, pode reagir com

materiais orgânicos que se encontram no interior das estruturas dentárias e modificar sua

cor. Isto é particularmente evidente no interior da dentina. A mensuração da cor dos

dentes, logo do resultado do tratamento clareador, inclui método visual, que exige

treinamento clínico, e instrumentos como espectrofotômetro e cromômetro, e análise de

imagem digital. Os fatores chaves que afetam a eficácia do clareamento dental são

produtos contendo peróxido, sua concentração e o tempo. Em geral, altas concentrações

promovem o resultado mais rápido. Porém, baixas concentrações podem aumentar a

eficácia e a longevidade do resultado.

Attin et al. (2006) avaliaram a influência do peróxido de carbamida sobre a

captação de fluoreto pelo esmalte, comparando a aplicação de gel de 1% de flúor amino,

com o agente peróxido de carbamida a 10% suplementado com 1% de flúor amino.

Foram preparados de cada superfície vestibular de sessenta incisivos bovinos, três

cilindros de esmalte com 4mm de diâmetro (um controle para determinar o fluoreto

contido no respectivo dente e outros dois espécimes que diferiam com respeito à

extensão do período de tratamento clareador). Os autores concluíram que o tratamento

com um gel de peróxido de carbamida suplementado com flúor amino promove menos

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captação de fluoretos pelo esmalte do que um gel de flúor amino puro. Sob as condições

deste estudo, o peróxido de carbamida parece influenciar a captação de fluoretos pelo

esmalte. Assim, a aplicação de flúor no esmalte clareado seria melhor realizada por um

gel de fluoreto aplicado depois do clareamento, do que pela adição de fluoreto ao

peróxido de carbamida como agente clareador.

Braun, Jepsen e Krause (2007) avaliaram a hipótese de que a eficiência do

clareamento de dentes vitais depende da concentração do agente peróxido de

carbamida. Os dentes anteriores de trinta indivíduos foram clareados com peróxido de

carbamida (Perfect Bleach - Voco) a 10%, 17% ou 0% (grupo controle), num estudo

duplo cego. A cor dos dentes foi determinada pelo método de comparação visual (escala

de cor, Vitapan 3D, Vita Zahnfabrik) e análise espectrofotopométrica (SpectroshadeTM,

MHT). O estudo indicou que a concentração mais elevada do agente clareador obteve

resultado mais rápido, com maiores mudanças em luminosidade e croma. Efeito similar

pode ser obtido com ambas as concentrações do agente clareador pelo uso diário em

uma semana. E que após o tratamento, uma regressão no resultado pode ser esperada.

Mas devem-se levar em consideração os aspectos biológicos do uso de baixa

concentração do agente sobre a sensibilidade dos dentes.

Buchalla e Attin (2007) em revisão sistemática sobre terapia de clareamento

dental externo com ativação através de calor, luz ou laser utilizados, segundo a literatura,

para acelerar o processo, objetivaram resumir e discutir as informações disponíveis

relativas à eficácia e efeitos colaterais da prática de ativar o procedimento clareador. A

literatura existente revela que tais ativações dos agentes clareadores podem ter efeitos

adversos nos tecidos pulpares devido ao aumento da temperatura intrapulpar,

excedendo o aumento crítico de 5,5ºC. Os estudos disponíveis não permitem um

julgamento final de que o processo de clareamento dental pode ser aumentado ou

acelerado por ativação adicional. Concluindo que, se a utilização de calor e luz pode

potencialmente causar irritação da polpa, e se ainda é discutível sua eficácia no processo

clareador, comparada à técnica não ativada, a ativação nos procedimentos de terapia de

clareamento deveria ser criticamente avaliada considerando as implicações físicas,

fisiológicas e fisiopatológicas nos tecidos dentários. Se a ativação por calor ou luz for

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aplicada, é fortemente aconselhado seguir as recomendações do fabricante quanto ao

tempo limitado de ativação, a fim de se evitar respostas pulpares indesejadas.

Marson et al. (2008) avaliaram clinicamente alteração e estabilidade de cor,

sensibilidade dentária, e irritação gengival em pacientes sob clareamento dental

ambulatorial de dentes vitais, ativados por luz ou não. Quarenta pacientes foram

selecionados e randomizadamente divididos em quatro grupos: G1- Peróxido de

hidrogênio a 35% (Whiteness HP MAXX, FGM-Produtos Odontológicos); G2- Peróxido

de hidrogênio a 35% + ativação por luz halógena (XL 3000, 3M/ESPE); G3- Peróxido de

hidrogênio a 35% + ativação por LED (Demetron LED, Kerr Dental); G4- Peróxido de

hidrogênio a 35% + ativação por LED/Laser (Biolux, Bio-art). Todos os grupos foram

submetidos a duas sessões de clareamento, com uma semana de intervalo e três

aplicações do gel clareador por sessão. Aferições de cor foram feitas após uma e duas

semanas, um e seis meses do tratamento clareador: Vita Easyshade – Vident

(espectofotômetro clínico) e Vita Clássica – Vita, Zahnfabrik (escala de cor).

Sensibilidade dentária ocorreu em 63% dos pacientes, dos quais 92% classificada como

leve ou moderada e sem diferença estatística entre os grupos, mas em todos os

pacientes esta foi sanada após 24 horas. Conclusões: O tratamento clareador em

consultório com peróxido de hidrogênio a 35% foi efetivo para dentes vitais; Não ficou

provado que o clareamento é mais efetivo com ativação luminosa (halógena, LED e

LED/laser); Não houve diferença na estabilidade de cor entre os grupos após seis meses

de avaliação.

Gursoy et al. (2008) com o objetivo de avaliar os efeitos clínicos do clareamento,

medindo-se o acúmulo de placa dentária no esmalte humano após descoloração in vivo,

quarenta e quatro dentes, em onze pacientes, não apresentando quaisquer problemas

periodontais ou restaurações, foram submetidos ao clareamento com agente peróxido de

hidrogênio a 35% em gel comercial. A cor foi avaliada por comparação por escala de

cores (Vita-Zahnfabrik). A placa dentária e a cor dos dentes foram medidas no final dos

períodos de três e cinco dias de não-escovação, antes e após o clareamento, usando

dois diferentes índices de placa. Os resultados mostraram que, depois de três dias de

não-escovação, o escore de acúmulo de placa nas superfícies clareadas foi inferior ao

das superfícies não-clareadas. No entanto, no final de um período mais duradouro não

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escovando (cinco dias), a medição de cor no período pós-clareamento foi menor do que

a do pré-clareamento, já as medições do índice de placa mostraram maior acúmulo no

grupo clareado. Concluindo: Clareamento com peróxido de hidrogênio 35% parece

favorecer o acúmulo de placa em dentes não escovados por um período de cinco dias;

clareamento não tem correlação com a quantidade de acúmulo de placa.

1.1.2 Clareamento dental – Segurança

Li (1997) revisa a literatura quanto aos aspectos toxicológicos dos tratamentos

clareadores dentais usando peróxidos como agentes e faz considerações a respeito.

Apesar dos peróxidos serem usados a mais de cem anos, e de seu uso odontológico ter

se tornado popular com o clareamento caseiro supervisionado, dados a respeito de

efeitos adversos desses produtos têm sido publicados, embora peróxido de hidrogênio e

peróxido de carbamida serem utilizados com segurança em produtos clareadores

dentais, e tal uso não apresentar efeitos colaterais significantes. Peróxidos são

conhecidos por produzir radicais livres, os quais têm sido extensivamente investigados

por apresentarem conseqüências fisiológicas e patológicas, o que pode implicar no risco

potencial de agentes clareadores dentais. Investiga-se o valor citotóxico e genotóxico,

além de efeitos sobre a mucosa, polpa dentária e tecidos duros bucais. A American

Dental Association (ADA) aceita a eficácia e segurança dos produtos clareadores e

considera os riscos potenciais de efeitos tóxicos e adversos destes, particularmente

associados a abusos, uso inadequado, uso sem supervisão profissional e produtos sem

aceitação da ADA.

Floyd (1997) considerando que uma vez que radicais livres de oxigênio

associados com peróxidos são importantes agentes etiológicos do desenvolvimento de

várias condições patológicas, é possível que os peróxidos usados para clarear dentes

causem danos, se usados impropriamente, provê neste relatório informações básicas

sobre a ação de peróxidos em tecidos do corpo humano e informações para o dentista

usar peróxido para executar clareamento dental com segurança. Elucida pontos

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importantes a serem considerados pelos profissionais sobre o potencial dano oxidativo

da aplicação odontológica dos peróxidos: todos os tecidos são sujeitos ao estresse

oxidativo simplesmente porque espécies livres de oxigênio são produzidas durante o

metabolismo aeróbico; os danos dependem da suscetibilidade do tecido ao estresse

oxidativo, não só da magnitude do estresse aplicado, mas também do estado do tecido

por si só e, possivelmente, da idade do indivíduo; aplicação externa de estresse oxidativo

ao tecido apresentando reações inflamatórias é provavelmente imprudente, a ação

fagocítica de leucócitos pode produzir altos níveis de radicais livres de oxigênio e,

portanto, expor os tecidos circundantes a grande estresse oxidativo pelo simples fato

desta atividade. E conclui que ao que parece, o profissional de odontologia tem usado de

forma prudente os peróxidos. Recentemente a utilização de peróxido de carbamida foi

considerada não danosa, uma vez que o tratamento foi aplicado a milhões de pacientes,

por muitos dentistas, o que leva a crer que esta técnica, quando controlada pelo

profissional, serve o bem público.

1.1.2.1 Segurança - Ação sobre tecidos dentários duros

1.1.2.1.1 Segurança - Agente peróxido de carbamida

McCracken e Haywood (1996) com o propósito de quantificar in vitro o cálcio

perdido do esmalte exposto a uma solução de peróxido de carbamida a 10%,

seccionaram nove dentes para servir como teste pareado. Os espécimes experimentais

foram expostos a peróxido de carbamida a 10% por seis horas e os controles expostos

apenas à água. A concentração de cálcio nas soluções foi medida usando um

espectrofotômetro de absorção atômica (Perkin-Elmer 5100). Os dentes expostos ao

peróxido de carbamida perderam significativamente mais cálcio que o grupo controle.

Para comparação, os dentes foram expostos a um refrigerante de cola por 2,5 minutos, o

tempo equivalente de se beber um copo, e o cálcio perdido por estes dentes foi

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semelhante e ambas podem não ser clinicamente significante. Adicionalmente, o

potencial para remineralização in vivo existe. Os riscos que envolvem o uso de agente

clareador prescrito pelo dentista, solução de peróxido de carbamida a 10% devem ser

comparados a seu benefício, ao serem tomadas decisões de tratamento.

Oltu e Gürgan (2000) avaliam os efeitos de três concentrações de peróxido de

carbamida (10%, 16% e 35%) sobre o esmalte. Quarenta fragmentos de esmalte de

terceiros molares humanos foram preparados e divididos em quatro grupos: controle

(mantido em saliva artificial), e os outros sob ação dos agentes clareadores nas

diferentes concentrações. Os efeitos adversos na estrutura do esmalte foram avaliados

no espectrofotômetro e difração de raio-X. Os espécimes que receberam tratamento com

peróxido de carbamida a 35%, tiveram a estrutura do esmalte afetada. O uso do peróxido

de carbamida em concentração mais baixa por período mais prolongado é recomendado

em relação à concentração 35%. Ainda enfatizaram que este estudo foi executado in

vitro, na cavidade bucal existem outros fatores importantes que concorrem para os

efeitos do clareamento. A recomendação do tratamento com base nestes resultados

deve considerar a relação risco-benefício.

Potocnik, Kosec e Gaspersic (2000) examinaram o efeito do clareamento com

peróxido de carbamida a 10% sobre a microestrutura (MEV, microscopia eletrônica de

varredura), microdureza (Vickers) e conteúdo mineral (análise química de cálcio e

fosfato) da camada superficial do esmalte humano de dentes permanentes recém

extraídos. Seccionando longitudinalmente os dentes, cada espécie experimental tinha

seu controle correspondente. A concentração de cálcio no gel clareador foi medida

espectrofotopometricamente e de fosfato fotopometricamente. Os resultados mostraram

que o produto clareador analisado não afeta significativamente a microdureza do

esmalte; as trocas na estrutura do esmalte são semelhantes às de uma cárie inicial; as

concentrações de cálcio e fosfato no gel foram baixas. De onde se concluiu que o gel

clareador de peróxido de carbamida a 10% causa alterações microestruturais e trocas

químicas no esmalte dentário, porém, provavelmente insignificantes clinicamente.

Leonard Junior et al. (2001) partindo dos relatos da literatura de que o tratamento

clareador noturno (peróxido de carbamida a 10%) causa trocas mínimas no esmalte, as

quais parecem ser mais severas logo após o tratamento. Foram realizadas impressões

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dos incisivos superiores dos participantes previamente, após 14 dias e seis meses de

iniciado o tratamento, as quais foram avaliadas no MEV e feitas tomadas fotográficas. As

mudanças na morfologia da superfície do esmalte foram observadas por seis

examinadores. Foi confirmado que o processo clareador dental afeta minimamente a

superfície dos dentes e que este efeito não aumenta com o passar do tempo pós-

tratamento.

Oliveira et al. (2003) avaliaram in vitro a microdureza Knoop do esmalte tratado

com peróxido de carbamida seguido de dois dentifrícios dessensibilizantes em diferentes

tempos de clareamento, comparados a um placebo. Durante o tempo restante os

espécimes foram imersos em saliva artificial. A microdureza foi aferida antes e depois de

8 horas, 7, 14, 21, 28, 35, e 42 dias do tratamento clareador. O uso do peróxido de

carbamida a 10% e um dentifrício dessensibilizante aumentou significativamente a

microdureza do esmalte durante o tratamento clareador e depois de 14 dias. Após o

tratamento, os espécimes que receberam placebo e peróxido de carbamida 10% +

dentifrício fluoretado mantiveram os valores iniciais.

Bastin, Rodrigues Junior e Serra (2003) estudaram o efeito de sete agentes

clareadores de peróxido de carbamida em diferentes concentrações (10% a 22%) sobre

a microdureza do esmalte com o passar do tempo, os quais foram aplicados sobre a

superfície de fragmentos de esmalte humano e este mantido em saliva artificial. A

microdureza foi medida em 8 horas, 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias depois do final do

tratamento, e comparados aos dados de um grupo controle exposto a um placebo. Os

autores concluíram que: diferentes concentrações de peróxido de carbamida resultam

em diminuições na microdureza do esmalte; A permanência em saliva artificial após o

tratamento resulta na recuperação da microdureza, embora não tenham sido alcançados

os valores iniciais; Concentrações mais altas de peróxido de carbamida, contendo íon

flúor, podem clarear dentes dentro de um período mais curto e com menos risco ao

conteúdo mineral do esmalte.

Browning et al. (2004) a partir da ocorrência de sensibilidade dentária durante o

tratamento clareador, de que algumas pessoas toleram e outras acham impossível a

continuidade do tratamento, avaliaram segurança e eficácia de um agente clareador para

uso noturno contendo peróxido de carbamida a 10% e nitrato de potássio em 22

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pacientes durante duas semanas. Como conclusão, o produto experimental mostrou-se

seguro e efetivo como agente clareador. Os participantes experimentaram sensibilidade

leve e apenas durante a fase ativa do clareamento.

Brunton, Ellwood e Davies (2004) partindo do princípio que o clareamento oferece

um meio não invasivo de promover aparência saudável aos dentes anteriores, os autores

verificaram a eficácia de dois produtos para clareamento dental contendo peróxido de

carbamida (18% ou 16,4%) de auto-aplicação, em um acompanhamento de seis meses.

Noventa e cinco indivíduos, entre 18 e 70 anos, com dentes anteriores cor A3 ou mais

escuros participaram do estudo. As diferentes concentrações do agente clareador

avaliadas foram consideradas eficazes na efetividade em promover clareamento dental

no período de duas semanas, bem como na manutenção do benefício de 60%, ao final

de seis meses. Os autores concluíram que, ambas as concentrações foram seguras

quanto à sensibilidade dos dentes e gengival; e algum benefício clareador permanece

por seis meses.

Cavalli, Giannini e Carvalho (2004) com o objetivo de analisar a evolução dos

efeitos de baixas concentrações do agente clareador peróxido de carbamida sobre a

elasticidade do esmalte. Espécimes de fragmentos de terceiros molares foram divididos

para receber os diferentes tratamentos: Controle (sem tratamento); Opalescence 10%;

Opalescence 15%; Opalescence 20% (Ultradent Products); Whiteness 10% e Whiteness

16% (FGM Produtos Odontológicos), por seis horas por dia, a 37ºC, durante 14 dias e

foram estocados em saliva artificial entre as aplicações. Testados quanto à

microelasticidade não foram encontradas diferenças significantes entre os tipos e

concentrações dos agentes clareadores. Os resultados sugeriram que o esmalte

clareado pode ter seu limite de elasticidade significantemente reduzido em 14 dias de

tratamento.

Cavalli et al. (2004) estudando os efeitos sobre o esmalte humano de altas

concentrações do peróxido de carbamida de agentes clareadores (35% e 37%), este foi

examinado antes e depois de um protocolo de clareamento dental em consultório.

Comparado ao controle por análise espectrofométrica, ao MEV, e por um perfilômetro.

Os grupos apresentaram semelhante topografia superficial antes e depois, porém o

peróxido de carbamida a 35% produziu maior rugosidade da superfície. Os resultados

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sugeriram que altas concentrações de peróxido de carbamida podem promover

alterações sobre a superfície de esmalte.

Çobankara et al. (2004) estudaram os efeitos de peróxido de carbamida a 10% e

15%, contidos em produtos clareadores, sobre a rugosidade e morfologia da superfície

do esmalte e dentina humanos in vitro. Ambos os substratos foram expostos a um dos

tratamentos: peróxido de carbamida a 10%, a 15% e somente água destilada. A

rugosidade de superfície foi analisada antes e depois do clareamento, por rugosímetro. A

morfologia das superfícies dos espécimes teste e controle foram ainda examinados ao

MEV. Não houve diferença estatística na rugosidade de superfície entre os grupos

tratados e controle, para esmalte e dentina. Os autores concluíram que, o clareamento

caseiro sob supervisão profissional é um tratamento seguro para esmalte e dentina.

Freitas et al. (2004) monitoraram a desmineralização da dentina durante e depois

do clareamento, avaliando o efeito de seis agentes clareadores (Nite White 10%; Nite

White Excel 2Z 22%; Rembrandt 10% e 22%; Opalescence 10% e 20%, e um placebo).

Fragmentos de dentina submetidos a desafios cariogênicos, ciclos de des-

remineralização e mantidos em saliva artificial. Foi avaliada a dureza de superfície

inicialmente, depois de oito horas, 14, 21, 28, 35 e 42 dias durante o tratamento, e ainda

aos sete e 14 dias após a finalização deste. A análise estatística mostrou significante

efeito na interação entre agente clareador e tempo. Não houve diferença significante na

microdureza da dentina desmineralizada exposta ao agente clareador até o sétimo dia.

Mas houve comportamentos diferentes quanto à perda mineral entre os agentes

clareadores. Concluiu-se que o conteúdo mineral da dentina desmineralizada pode ser

alterado por diferentes concentrações e marcas comerciais dos agentes clareadores,

mas durante e logo após o tratamento a saliva pode prover efeito remineralizador desta.

Ünlü et al. (2004) avaliaram os efeitos do clareamento de dentes caseiro, com

agentes que contém peróxido de carbamida em concentrações diferentes (10% e 15%)

na superfície de esmalte e dentina humanos (microdureza Vickers). Foi concluído que

peróxido de carbamida de forma caseira supervisionado pelo profissional para

clareamento em dentes vitais, em curto prazo, não afeta a dureza de superfícies de

esmalte e de dentina significativamente, em quaisquer das concentrações avaliadas.

Portanto, trata-se de um tratamento seguro para esmalte.

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Leonard Junior et al. (2004) preocupados em solucionar o efeito colateral de

sensibilidade dentária e irritação gengival considerável estatisticamente no consagrado

método de clareamento dental noturno, peróxido de carbamida a 10% (Opalescence,

Ultradent Products), realizaram este estudo com o objetivo de determinar se o uso de um

dessensibilizante ativo (Ultra EZ, Ultradent), contendo nitrato de potássio a 3% e 0,11%

de íon flúor em peso, durante o tratamento clareador poderia minimizar a sensibilidade

dentária em uma população de risco a tal efeito, quando comparado a um placebo. O

estudo sugere que o uso, por trinta minutos, do agente dessensibilizante prévio a

aplicação do agente clareador, pode minimizar a sensibilidade dentária comparada ao

uso de um placebo, com diferença estatísticamente significante entre os grupos.

N. Efeoglu, Wood e C. Efeoglu (2005), a partir de controvérsias na literatura, a

respeito da técnica de clareamento dental com peróxido de carbamida, causar

desmineralização dos dentes, sendo uma das razões disto a não existência de um

método seguro in vitro para avaliar a perda de mineral do dente clareado, investigam o

possível efeito de desmineralização não destrutiva do agente clareador peróxido de

carbamida a 10% sobre o esmalte e a dentina, utilizando tomografia

microcomputadorizada. Um “scanner” (µ-CT 80, Scanco) avaliou o conteúdo mineral

através da obtenção de imagens e esquadrinhamento de imagens de 12 secções de

molares humanos, antes e depois da aplicação de peróxido de carbamida a 10% por oito

horas ao dia, por um período de 15 dias. Em um total de 144 regiões avaliadas foi

encontrado desmineralização extendida até 50µm abaixo da superfície do esmalte. O

estudo confirmou que o método é altamente satisfatório para a avaliação e que este

substrato é altamente suscetível à perda de mineral após tal tratamento. Os autores

concluíram que a utilização de agente clareador deve ser cuidadosamente recomendada

em pacientes com suscetibilidade à cárie.

Rodrigues et al. (2005) avaliaram a microdureza do esmalte dentário após

clareamento em consultório, caseiro e associação de ambos com peróxido de carbamida

in vivo, utilizando nova metodologia in situ. Segmentos de esmalte dentário humano

foram fixados à superfície vestibular de primeiros molares superiores em 44 voluntários.

Estes foram divididos em quatro grupos que receberam tratamentos sob diferentes

técnicas, e ainda um grupo controle somente com placebo diferentes (peróxido de

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carbamida a 37%, Whiteness Super – FGM; peróxido de carbamida a 10%, Whiteness

Perfect - FGM; agente placebo, Carbopol - 934P, FGM). Não houve diferença significante

entre os valores de microdureza Knoop nos grupos experimentais com relação ao

placebo, porém houve diferenças significantes entre os valores iniciais e finais em cada

grupo. Os autores concluíram que as técnicas de clareamento ambulatorial com peróxido

de carbamida a 37%, caseiro com peróxido de carbamida a 10% e a combinação de

ambas reduzem a microdureza do esmalte, bem como o grupo controle, porém com

baixa perda de mineral, considerada sem significância clínica.

Yeh et al. (2005) avaliaram os efeitos do clareamento caseiro sobre a superfície

do esmalte e o grau de dissolução ácida desta superfície. Premolares humanos foram

seccionados separando as faces vestibular e lingual, obtendo 15 pares de espécimes

(experimental e controle). Todos os espécimes receberam profilaxia com pasta não

fluoretada, e foram avaliados ao MEV. Um dos grupos experimentais recebeu tratamento

clareador com peróxido de carbamida a 10% por oito horas diárias, por um período de

dez dias, e o outro os espécimes foram condicionados com ácido fosfórico a 37%, além

do grupo controle que não recebeu nenhum tratamento. Os resultados microscópicos

mostraram que a porosidade da superfície aumentou e que a dissolução superficial pelo

ácido fosfórico foi semelhante ao clareamento, quando comparados ao esmalte não

clareado.

Basting, Rodrigues Junior e Serra (2005) avaliaram os efeitos de peróxido de

carbamida a 10%, carbopol e glicerina, e de combinações entre eles sobre a microdureza

do esmalte e da dentina, desmineralizados ou não. A microdureza knoop foi aferida

inicialmente e depois de 8 horas, 7, 14, 21, 28 35 e 42 dias do tratamento clareador, em

regime de clareamento caseiro e mantidos em saliva artificial. Houve diferenças

significantes entre os agentes e entre cada intervalo de tempo, na dureza dos tecidos

dentários sãos, e desmineralizados. A conclusão foi que peróxido de carbamida a 10%,

carbopol, glicerina e suas associações podem promover mudanças na microdureza de

tecidos dentários sãos e desmineralizados, inclusive na presença de saliva artificial.

Moraes et al. (2006) examinaram o efeito de agentes clareadores peróxido de

carbamida a 10% e 35% na aspereza de superfície de esmalte humano, porcelana e

resinas compostas. Foram feitas medidas de aspereza em 24 horas, 7, 14 e 21 dias de

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exposição. Amostras do grupo controle não mostraram nenhuma alteração significante

durante todos os períodos de teste; o produto a 35%, usado sozinho, promoveu aspereza

significante no esmalte, aumentando significativamente durante a primeira e a segunda

semana. Os autores comentam que o presente estudo vem ao encontro de uma questão

sobre efeitos potenciais na integridade da superfície dos substratos expostos ao

tratamento clareador, especialmente com respeito à aplicação de solução altamente

concentrada, e ponderam que embora efeitos clínicos dependam das condições in vivo,

procedimentos clareadores não deveriam ser realizados indiscriminadamente quando

restaurações estiverem presentes.

N. Efeoglu, Wood e C. Efeoglu (2007) investigaram in vitro se o tratamento

clareador (peróxido de carbamida a 35%), técnica ambulatorial, com alta concentração

do agente afeta o conteúdo mineral do esmalte e da dentina. E os espécimes foram

imersos em saliva artificial para simular o ambiente bucal. Houve redução significante no

conteúdo mineral dos espécimes de esmalte pós-clareamento, a qual foi maior na região

mais interna da superfície do dente. Porém, não houve nenhuma diferença significante

no conteúdo mineral da dentina. Assim, tais resultados recomendam uma criteriosa

indicação desse procedimento clínico com altas concentrações do agente clareador.

1.1.2.1.2 Segurança - Agente peróxido de hidrogênio

G.B. Sydney, Barletta e R.B. Sydney (2002) declarando ser o clareamento dental

uma das alternativas terapêuticas para se alcançar dentes brancos, o que do ponto de

vista cosmético tornou-se essencial para a integração do indivíduo na sociedade, e

observando que dentre as técnicas propostas para o clareamento dental, o calor é

freqüentemente utilizado, analisaram as possíveis injúrias ao esmalte dentário com o uso

do calor. Em incisivos humanos hígidos (após verificação de trincas na face vestibular e

possíveis comunicações entre a superfície externa e a cavidade coronária), foi realizado

clareamento dental interno e externo (peróxido de hidrogênio a 30%), na face vestibular

com uma gaze saturada pelo agente clareador, a qual recebia guta percha aquecida.

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Concluiu-se que apesar da temperatura utilizada esmalte e dentina foram bons isolantes

térmicos; quanto aos danos no esmalte; os dentes classificados como saudáveis não

sofreram qualquer tipo de alteração visível; no grupo de dentes com trincas pré-

existentes não comunicantes, só em um dente a trinca tornou-se comunicante com

aplicação de calor.

Hosoya et al. (2003) com o objetivo de avaliar in vitro a influência do clareamento

vital em mudanças na rugosidade da superfície do esmalte e na adesão de

Streptococcus mutans, utilizando as faces vestibular e lingual (experimento e controle) de

terceiros molares, as quais foram clareadas uma, três ou cinco vezes, usando solução de

peróxido de hidrogênio a 35%, com ou sem condicionamento ácido; ou condicionamento

ácido sem clareamento. A rugosidade superficial do esmalte foi medida em Ra.

Colocados em caldo de cultura com 3% de glicose contendo Streptococcus mutans, as

colônias foram contadas. Comparado aos controles, o esmalte clareado exibiu aumento

de colônias em todos os tratamentos e repetido o clareamento a adesão bacteriana

também aumentou. A aspereza também aumentou depois de todos os tratamentos,

comparado aos controles.

Garcia-Godoy et al. (2004) avaliaram os efeitos de um novo dentifrício com poder

clareador, indicado especificamente para remoção de manchas extrínsecas (Crest Cavity

Protection, Protecter & Gamble) escovação duas vezes ao dia por dois minutos cada

escovação, comparado à aplicação de um gel “paint-on” (Colgate Simple White Night,

Colgate-Palmolive) com peróxido de hidrogênio a 8,7%, como controle. O estudo incluiu

análise de imagens digitais (L* a* b*) e exame de tecidos moles, antes e depois de duas,

e quatro semanas do início do experimento. Um estudo piloto utilizando o dentifrício

clareador em uma população de manchas induzidas pelo uso de bochecho com chá por

uma semana foi realizado. Concluindo, houve benefício clareador do dentifrício

analisado; o benefício pode ser mensurado por imagens digitais e análise de cor em três

dimensões; e esta variação foi tão grande em magnitude quanto o controle “paint-on”

com peróxido de hidrogênio a 8,7%, sem diferença significante.

Suliemam et al. (2004a) realizaram um estudo in vitro quanto à segurança do

clareamento ambulatorial sobre a integridade do esmalte e da dentina, avaliando a perda

mineral, por abrasão, erosão e dureza, além de observações de alterações na morfologia

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superficial (MEV). Os espécimes foram submetidos a tratamentos diferentes envolvendo

peróxido de hidrogênio a 35%, ácido cítrico a 0,3%; somente água; seguido de

escovação ou não; e só escovação; além de imersão em suco de laranja. Nenhuma

erosão no esmalte pós-clareamento foi mensurável, ou alterações significativas de

dureza ou topográficas foram encontradas; suco de laranja produziu considerável erosão

e significativamente maior do que os outros tratamentos. Em conclusão, uma das mais

elevadas concentrações de peróxido de hiodrogênio para clareamento de dentes em

máxima exposição e nenhuma evidência de efeitos deletérios ao esmalte ou dentina

foram observados. Estudos que relataram tais efeitos não dizem respeito ao clareador

em si, mas o pH da formulação utilizada.

Joiner, Thakker e Cooper (2004) com o objetivo de avaliar in vitro os efeitos sobre

esmalte e dentina de um clareador contendo como agente peróxido de hidrogênio a 6%,

quanto a variações na microdureza, os espécimes tiveram aferida sua microdureza

inicial, foram expostos ao agente clareador, ou refrigerante Sprite Light, a apenas água,

exposição adicional a dentifrício contendo fluoreto, além de saliva. Totalizando exposição

a 28 tratamentos para simular o uso do produto durante duas semanas. Foram aferidas a

microdureza final e a cor. Os resultados mostraram que peróxido de hidrogênio e água

não resultaram em mudanças estatisticamente significantes na microdureza do esmalte e

da dentina, mas Sprite Light promoveu redução significante na microdureza do esmalte.

Joiner e Thakker (2004) avaliaram in vitro um produto clareador dental a base de

peróxido de hidrogênio a 6% (Xtra White, Unilever Oral Care) em mancha extrínseca e

descoloração intrínseca, quanto aos efeitos no esmalte, na microdureza da dentina, além

de determinarem os níveis de peróxido encontrados na câmara pulpar depois do

tratamento clareador. O produto era comparado à ação de um gel de placebo e de

Colgate Simply White (Colgate Palmolive). Os resultados mostraram que o agente

clareador obteve, para a remoção de manchas extrínsecas e no clareamento da cor

intrínseca, resultados melhores que os encontrados com o gel placebo, mas não foi

significativamente diferente que os obtidos com o uso de Colgate Simply White. Não

houve diferenças significantes na microdureza do esmalte e da dentina sob ação do

placebo e do agente clareador. A concentração média de peróxido encontrado nas

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câmaras pulpares foi mais de 3000 vezes abaixo da concentração considerada

causadora de dano às enzimas da polpa.

Eldeniz et al. (2005) mediram in vitro a elevação da temperatura intrapulpar

induzida por dois tipos de géis clareadores dentais contendo peróxido de hidrogênio a

35%, quando o dente foi exposto a diferentes unidades de luz ativadoras halógena

convencional, halógena de alta-intensidade, LED e um laser de diodo, e a elevação de

temperatura foi medida na câmara pulpar com um arame thermopar J-tipo, conectado a

um processador de dados. A elevação de temperatura variou, e dependeu

significativamente da unidade de luz ativadora e do laser de diodo utilizados. O laser de

diodo induziu à temperatura significativamente mais alta, maior que qualquer outra

unidade ativadora (11,7°C). A unidade de luz diodo produziu as mais baixas mudanças

de temperatura; porém, sem nenhuma diferença estatisticamente significante entre as

unidades ativadoras, ou entre os agentes clareadores. A elevação de temperatura foi

vista como crítica para a saúde de pulpar.

Sulieman et al. (2005) objetivaram neste estudo quantificar a penetração de

peróxido de hidrogênio no esmalte e na dentina, e relacionar este resultado com as

mudanças de cor ocorridas nos dentes. Para tal, 24 coroas de incisivos superiores

humanos livres de cáries e defeitos de desenvolvimento foram manchados internamente

com uma solução de chá padronizada, e divididos aleatoriamente em quatro grupos de

seis coroas, dois grupos foram clareados de maneira imediata com gel de peróxido de

hidrogênio a 35% ativado por luz de arco de protoplasma. Os outros dois grupos foram

apenas imersos em água destilada. Três diferentes métodos de avaliação de cor: “Vita

Shade Guide” – SG (escala Vita, Zahnfabrik, Alemanha), “Shade Vision System”- SVS

(X-rite, 3100) e Cromômetro eletrônico (Minolta CR 221), foram empregados após a

imersão no chá e depois do tratamento clareador. Tais aferições relativas à cor também

foram realizadas nos grupos controle (sem tratamento clareador). Doze coroas que

receberam clareamento e doze coroas dos grupos controle foram seccionadas no sentido

vestíbulo-lingual e as outras seccionadas no sentido mésio-distal, gerando os espécimes.

Em conclusão, o clareamento dental ambulatorial com gel de peróxido de hidrogênio

demonstrou clareamento no interior da dentina em profundidade uniforme.

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Hairul Nizam et al. (2005) considerando que embora o clareamento dental tenha

se tornado popular, seus efeitos sobre os dentes ainda são amplamente desconhecidos,

avaliaram os efeitos do agente peróxido de hidrogênio a 30% sobre as propriedades

nanomecânicas da dentina e do esmalte usando a técnica da nanoidentação,

compararam o módulo de Yang e a dureza obtida antes e depois do clareamento. Cinco

premolares humanos jovens foram extraídos e de cada dente foram obtidos dois

espécimes de cortes paralelos à superfície oclusal, expondo dentina e sem exposição da

câmara pulpar. Nanoidentações foram feitas inicialmente na superfície do esmalte e da

dentina para determinar suas propriedades mecânicas. O grupo controle foi mantido em

solução salina e o outro foi clareado com peróxido de hidrogênio a 30%. E novas

nanoidentações foram realizadas. Não foi encontrada diferença significante no módulo de

Yang ou dureza da dentina e do esmalte no grupo controle. Por outro lado, as

propriedades mecânicas dos espécimes clareados tiveram significante decréscimo. O

mecanismo exato pelo qual o peróxido de hidrogênio afeta a dentina e o esmalte tem

ainda que ser completamente elucidado. Porém, foi observado ter o clareamento um

efeito negativo sobre as propriedades nanomecânicas dos dentes.

Silva Gottardi, Brackett e Haywood (2006) considerando que o tratamento

clareador ambulatorial (peróxido de hidrogênio a 35%) tem se tornado mais popular por

promover resultados imediatos, discutiram a eficácia do tratamento, usando ativação por

luz halógena de alta intensidade. Caso os pacientes não estivessem satisfeitos com o

clareamento obtido, foi utilizado método caseiro adicional (peróxido de carbamida).

Concluído o tratamento, foram considerados a mudança de cor alcançada, o número de

aplicações requeridas, o tempo de tratamento, o tratamento coadjuvante e a satisfação

do paciente. Dos 73 pacientes, os quais receberam de um a quatro procedimentos em

consultório, 58 estavam satisfeitos; 27 pacientes requereram complementação com

clareamento caseiro. A reincidência de cor foi mais notável em duas semanas do que em

seis meses. Concluiu-se que, o clareamento ambulatorial pode ser uma alternativa

quando os pacientes não querem fazer o tratamento caseiro. O tratamento ambulatorial

traz resultados satisfatórios, embora mais de uma visita possa ser necessária para a

satisfação do paciente.

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Ferreira et al. (2006) com o objetivo de examinar o efeito de agentes de

clareamento caseiro contendo peróxido de hidrogênio encontrados no comércio sobre a

microdureza do esmalte, conduziram um estudo in vitro no qual quinze molares humanos

foram seccionados mesio-distalmente, as superfícies bucal e lingual foram incluídas em

resina acrílica. Após a realização de entalhes (Vickers) os procedimentos clareadores

foram executados com gel de peróxido de hidrogênio nas concentrações de 4,5%, 5,5%

e 7,5%; peróxido de hidrogênio a 5,3% apresentado em tira de polietileno; e peróxido de

carbamida a 10%. Depois do tempo de clareamento, os espécimes foram mantidos em

saliva artificial. Os resultados mostraram que nenhum dos cinco produtos comerciais de

clareamento caseiro reduziu a microdureza do esmalte. Os autores ainda discutem a

possível ação positiva da saliva no processo, e acreditam que a presença de uréia, que é

resultado da decomposição do peróxido de carbamida, seja responsável pelo aumento

do pH, não acontecendo a desmineralização e, por conseguinte não havendo alteração

na microdureza do esmalte.

Bistey et al. (2006) com o objetivo de determinar alterações no esmalte humano

depois de tratado com peróxido de hidrogênio usando espectroscópio de infravermelho

(Perkin-Elmer Inc.), sob a hipótese de que esta análise é capaz de exibir alterações no

esmalte e que tais alterações são proporcionais à concentração do agente clareador,

avaliaram os efeitos de soluções de peróxido de hidrogênio a 10%, 20% e 30% no

esmalte humano. Os dados foram obtidos antes do tratamento clareador, trinta, sessenta

e 120 minutos depois deste, além de após uma semana. Concentração mais alta e

tempo de tratamento mais longo resultaram em alterações mais severas. Os autores

concluíram que agentes clareadores contendo peróxido de hidrogênio, nas técnicas

caseira ou ambulatorial são capazes de causar alteração no esmalte em baixas e altas

concentrações. De acordo com os resultados deste estudo é recomendado para

clareamento de dentes utilizar-se baixa concentração de peróxido hidrogênio e/ou

peróxido de carbamida, em curto tempo de tratamento, a fim de reduzir possível

destruição e alcançar a mudança de cor pretendida.

Alonso de la Peña e Balboa Cabrita (2006) compararam a eficácia clínica e

segurança do peróxido de carbamida e peróxido de hidrogênio nos géis de clareamento

caseiro, quanto aos efeitos adversos deste uso. Um gel de peróxido de hidrogênio a

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3,5% com nitrato de potássio a 5% (FKD, Kin Lab) foi comparado ao gel de peróxido de

carbamida a 10% (Opalescence, Ultradent Products). Pacientes utilizaram ambos os

produtos em maxilares diferentes. Os resultados mostraram que: o grau de clareamento

foi similar para ambos os produtos; peróxido de hidrogênio com nitrato de potássio

provocou menos sensibilidade dentária, embora a diferença entre os dois produtos não

tenha sido significante; alguma irritação gengival ocorrida não foi relacionada ao uso do

produto. Logo, não houve diferença estatística significante entre os dois produtos com

relação a nenhum dos parâmetros analisados.

Ribeiro, Marques e Salvadori (2006) considerando que alguns estudos têm

demonstrado que os agentes clareadores dentais apresentam riscos à integridade da

mucosa bucal, estudaram o potencial genotóxico de agentes clareadores a base de

peróxido de hidrogênio disponíveis comercialmente (Clarigel Gold – Dentsply;

Whitespeed – Discus Dental; Nite White Excel 2 – Discus Dental; Magic Bleaching –

Vigodent; Whiteness HP – FGM; Lase Peroxide – DMC, sendo os quatro primeiros a

16%, e os últimos a 35%) associados ao contato com a mucosa bucal. A avaliação foi in

vitro através do teste de células individualizadas em gel (teste do cometa). Células de

ovário de hamster chinês foram expostas aos seis agentes clareadores dentais. Todos os

agentes avaliados contribuíram para os danos no DNA, o efeito mais danoso foi

observado quando da exposição ao agente de peróxido de hidrogênio em dose mais alta

(Whiteness HP e Lase Peroxide). Em resumo, os resultados deste único estudo sugerem

que os agentes clareadores podem ser um fator que aumente o nível de danos no DNA.

Foi detectado que a concentração mais elevada de peróxido de hidrogênio produziu

atividades nocivas mais severas no genoma.

Camargo et al. (2007) avaliaram a penetração de peróxido de hidrogênio (38%) do

agente clareador na câmara pulpar de dentes humanos e bovinos depois de submetidos

à técnica ambulatorial e restaurados com diferentes materiais (resina composta, cimento

de ionômero de vidro e cimento de ionômero de vidro modificado por resina). Em

conclusão, os autores sugerem que: 1- Independente da presença de restauração todos

os dentes apresentaram penetração de peróxido de hidrogênio do agente clareador na

câmara pulpar; 2- Os dentes humanos apresentaram penetração de peróxido mais alta

do que os dentes bovinos em todas as situações experimentais; 3- A penetração de

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peróxido na câmara pulpar de dentes restaurados depende do tipo de material

restaurador e foi mais alta em dentes restaurados com cimento de ionômero de vidro

modificado por resina.

Götz et al. (2007) analisaram neste estudo in vitro os efeitos da elevada

concentração de peróxido de hidrogênio no clareamento dentário quanto à integridade

superficial e subsuperficial do esmalte (microdureza, alterações microquímicas e

micromorfológicas) de molares humanos íntegros. O clareamento foi realizado com tiras

adesivas contendo gel de peróxido de hidrogênio a 13% e 16%, com duração total de 28

horas, além de um grupo controle sem clareamento e os dentes armazenados em saliva

humana. Tomadas de cor foram feitas antes e depois da exposição ao clareador. Em

conclusão: Esses resultados confirmam que tiras para clareamento dental de peróxido de

hidrogênio não produzem alterações histomorfológicas na superfície e subsuperfície,

microdureza superficial e composição microquímica dos dentes. Efeitos do clareamento

sobre a luminescência dos dentes verificados em micro-espectroscopia Raman pode

servir como um sinal de possíveis efeitos dos clareadores, mas que exigem estudos mais

aprofundados.

Jiang et al. (2008) buscando efeitos benéficos do peróxido de hidrogênio sobre o

esmalte submetido ao clareamento, avaliaram o efeito da combinação de hidroxiapatita

sintética (HA) e peróxido de hidrogênio 30% (HP) sobre cor, microdureza e morfologia do

esmalte dentário humano. Blocos dentários humanos foram submetidos a: água

destilada, peróxido de hidrogênio a 30% e à combinação entre eles. A cor de cada

espécime foi mensurada por espectrofotômetro, sistema L*, a*, b* (Spectrascan PR650,

Photo Research). A variação da morfologia (MEV) obviamente só foi observada em

superfícies de esmalte no grupo HP, quando comparada aos outros grupos. Este estudo

sugere que a combinação de HA e HP foi eficaz no clareamento de dentes, porém não

poderia trazer um melhor efeito de clareamento do que HP sozinho. HA poderia reduzir

significativamente a perda de microdureza de esmalte causada por HP a 30% e manter a

morfologia da superfície do esmalte praticamente inalterada. Assim, hidroxiapatita

sintética pode ser um biomaterial com potencial para utilização no clareamento de

dentes.

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1.1.2.1.3 Segurança – Dois agentes: peróxidos de carbamida e de hidrogênio

Hegedüs et al. (1999) com o objetivo de avaliar, usando Microscópio de Força

Atômica, o efeito de agentes clareadores contendo peróxido de carbamida (Opalescence

– Ultradent Products e Nite White – Discus Dental) e solução de peróxido de hidrogênio a

30% sobre superfícies de esmalte de incisivos humanos não cariados, tiveram as

superfícies vestibulares mapeadas antes e depois do tratamento clareador. Alterações na

superfície foram observadas com os três agentes clareadores. O aumento dos defeitos

foi mais pronunciado no caso da solução de peróxido de hidrogênio a 30%. Sob a

hipótese de que o agente clareador que contém peróxido afeta a fase orgânica do

esmalte, peróxidos podem afetar não só a superfície, pois seu baixo peso molecular

permite ao peróxido de hidrogênio penetrar no interior do esmalte. Assim, efeitos

oxidantes internos são mais prováveis de acontecer do que na superfície do esmalte,

pois é onde está presente mais material orgânico, logo, a oxidação é capaz de alterar o

interior e a superfície.

Mokhlis et al. (2000) realizaram a avaliação clínica de produtos clareadores de uso

diurno num estudo duplo-cego, quanto ao grau de mudança de cor, retorno da cor, e

sensibilidade gengival ou dentária causada por peróxido de carbamida a 20%, e peróxido

de hidrogênio a 7,5%. Vinte e quatro pacientes utilizaram ambos os géis clareadores, os

quais foram aplicados aleatoriamente nos dentes anteriores superiores dos lados direito

e esquerdo, em moldeiras por uma hora, duas vezes ao dia, durante duas semanas. Os

pacientes retornaram em uma, duas, três, seis e doze semanas para avaliação de cor

com colorímetro e guias de cor, além da realização de tomadas fotográficas. O uso de

peróxido de carbamida a 20% resultou significativamente mais clareamento que o de

peróxido de hidrogênio a 7,5% durante os primeiros 14 dias do estudo, mas ao término

deste não havia nenhuma diferença significante com respeito ao grau de clareamento.

Também não foi encontrada nenhuma diferença estatisticamente significante entre os

produtos com respeito à sensibilidade dentária ou gengival.

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Spalding, Taveira e Assis (2003) reportaram-se ao fato de que vários sistemas

clareadores dentais têm sido introduzidos no mercado em resposta à demanda da

Odontologia estética. Os agentes ativos são comumente peróxido de hidrogênio ou

peróxido de carbamida, usados nas técnicas ambulatorial e caseira, e com resultados

positivos na habilidade em clarear dentes. Assim, o objetivo foi avaliar os efeitos desses

agentes clareadores sobre a morfologia superficial do esmalte. Espécimes de esmalte

foram submetidos a três diferentes protocolos de tratamento clareador: peróxido de

hidrogênio a 35%; peróxido de hidrogênio a 35% + imersão em saliva natural por uma

semana; peróxido de hidrogênio a 35% + peróxido de carbamida a 10%; apenas imersão

em saliva; além de um grupo controle, sem tratamento. Análise ao MEV revelou que

peróxido de hidrogênio a 35% teve tendência a promover aumento na rugosidade,

conferindo aspecto poroso ao esmalte dentário. Precipitados foram observados na

superfície dos espécimes imersos em saliva natural, o que pode advir do efeito

remineralizador desta. Superfície brilhante e polida foi observada nos espécimes

submetidos ao tratamento misto, com peróxidos de hidrogênio e carbamida.

Lewinstein et al. (2004) considerando as técnicas de clareamento mais utilizadas,

ambulatorial e caseira, e que tais métodos podem reduzir a dureza de superfície de

esmalte e dentina, estudaram o efeito da imersão em baixa concentração de flúor,

subseqüente aos tratamentos clareadores, na dureza destes substratos. Espécimes de

esmalte e dentina de dentes humanos foram clareados pelas técnicas distintas usando

diferentes agentes e diferentes tempos, ambulatorial (peróxido de hidrogênio a 35% e

peróxido de carbamida a 35%) pelos tempos de 5, 15, ou 35 minutos; caseira (peróxido

de carbamida a 10% e peróxido de carbamida a 15%) em aplicações de 14 horas com

intervalos de 24 horas. Os espécimes foram imersos em solução de fluoreto a 0,05% por

cinco minutos. Os valores de dureza Knoop foram aferidos inicialmente, pós-clareamento

e pós-imersão em fluoreto. Estatisticamente foi encontrado que: as duas técnicas

clareadoras reduzem a dureza dos tecidos dentários; a técnica ambulatorial reduziu

significantemente mais do que a caseira; ambas as técnicas demonstraram efeito tempo-

dependente na dureza de tecidos dentários; a presença de fluoreto no material clareador

melhorou a média de dureza dos tecidos quando comparado ao agente não fluoretado.

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Pinto et al. (2004) avaliaram rugosidade, microdureza e morfologia superficial do

esmalte dentário humano, tratado com seis agentes clareadores. Amostras de esmalte

de terceiros molares receberam os diferentes tratamentos: Whiteness Perfect - FGM

(peróxido de carbamida a 10%); Colgate Platinum - Colgate Oral Pharmaceutical

(peróxido de carbamida a 10%); Day White 2Z – Discus Dental (peróxido de hidrogênio a

7,5%); Whiteness Super - FGM (peróxido de carbamida a 37%); Opalescence Quick -

Ultradent Products (peróxido de carbamida a 35%); e Whiteness HP - FGM (peróxido de

hidrogênio a 35%), além de um grupo controle, armazenado em saliva artificial. Avaliados

por identador Knoop, rugosímetro e MEV, os dados foram analisados estatisticamente e

pode-se concluir que: todos os agentes clareadores promoveram redução na

microdureza do esmalte e aumento na aspereza da superfície, comparado ao controle; a

exposição ao peróxido de hidrogênio a 35% aumentou a aspereza e significantemente

alterou a morfologia superficial do esmalte.

Esberard (2004) avaliou ao MEV a morfologia do esmalte, da dentina, do cemento

e da junção cemento-esmalte humanos após o processo de clareamento dos dentes

quanto à ação agressiva das diferentes técnicas, e agentes clareadores sobre os tecidos

dentários. Espécimes de dentes humanos foram submetidos às seguintes técnicas de

clareamento: clareamento externo com peróxido de carbamida a 10% (Opalescence,

Ultradent Products); externo com peróxido de hidrogênio a 35% (Lase Peroxide, DMC

Equipamentos); externo com peróxido de hidrogênio a 35% (Opalescence Xtra, Ultradent

Products); clareamento interno e externo com peróxido de hidrogênio a 35% (Lase

Peroxide, DMC Equipamentos); interno e externo com peróxido de hidrogênio a 35%

(Opalescence Xtra, Ultradent Products) e interno com pasta de perborato de sódio +

peróxido de hidrogênio 30 volumes, enquanto seus pares serviram de controle.

Alterações no esmalte, no cemento e na dentina de todos os espécimes clareados

estavam presentes na análise microscópica, sendo a junção cemento-esmalte a região

mais afetada pelos agentes clareadores, independente do agente clareador e técnica

empregados.

Deliperi, Bardwell e Papathanasiou (2004) considerando o clareamento de dentes

uma das áreas crescentes mais rapidamente em cosmética em Odontologia

Restauradora, e que um crescente número de pacientes está exigindo técnicas mais

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rápidas para clarear os seus dentes, enfatizam que os profissionais estão sendo forçados

a buscar tais recursos em rapidez e facilidade, enquanto mantém a segurança nos

procedimentos clareadores. Assim, os autores avaliaram clinicamente o sistema

ambulatorial de clareamento combinado ao sistema caseiro. Para cada sujeito, um

hemiarco recebeu peróxido de hidrogênio a 35% e o outro a 38%, e ambos o agente

clareador peróxido de carbamida a 10%, técnica caseira, durante sessenta minutos por

três dias consecutivos. A mudança de cor média para ambos os sistemas de tratamento,

não teve diferença estatisticamente significante e nenhuma sensibilidade foi informada

durante ou depois do tratamento clareador. A técnica clínica apresentada pode reduzir o

tempo exigido para completar o tratamento clareador dental.

Miranda et al. (2005) avaliaram ao MEV, em análise quantitativa, a ação de

agentes clareadores para uso em consultório sob os tecidos duros de terceiros molares

humanos hígidos sob diferentes protocolos: grupo controle - imersão em saliva artificial;

peróxido de carbamida a 35% por 30 minutos, em quatro aplicações (tempo total de

aplicação: duas horas); peróxido de carbamida a 35% por duas horas, em quatro

aplicações (total de quatro horas); peróxido de hidrogênio a 35%, foto-ativado com luz

halógena, em duas aplicações. Pode-se concluir que a morfologia do esmalte é afetada

por ação do tratamento clareador e esses efeitos aparecem aleatoriamente pela

superfície do esmalte, e em diferentes intensidades, em todos os métodos avaliados.

Attin et al. (2005) avaliaram a influência de vários sistemas de clareamento

externo sobre a microdureza superficial (Knoop) do esmalte e da dentina. Espécimes de

coroas de dentes bovinos foram tratados com diferentes agentes e técnicas (peróxido de

hidrogênio a 35%, pH=5,5; peróxido de carbamida a 35%, pH=7,0; agente sem peróxido,

pH=3,7; peróxido de hidrogênio a 6%, pH=6,4 - Whitestrips; peróxido de carbamida a

10%, pH=7,8; peróxido de carbamida a 15%, pH=7,9). A dureza das superfícies foi

aferida antes e depois dos tratamentos e os espécimes foram mantidos em saliva

artificial (embora esta possa reparar a perda de características estruturais, o período do

estudo não foi suficiente para que isto ocorresse). Verificou-se que apenas no grupo no

qual o pH do agente era muito baixo a dureza foi significantemente reduzida no esmalte

e na dentina, nos demais grupos só a dureza do esmalte apresentou significante

redução.

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Schiavoni et al. (2006) para avaliar a permeabilidade do esmalte após

procedimentos clareadores, trabalharam com coroas de caninos humanos as quais foram

cobertas com verniz ácido resistente, exceto uma janela circular padronizada, e foram

tratados com peróxido de carbamida a 10%, 16% e 37% ou peróxido de hidrogênio a

35%, enquanto o grupo controle apenas foi exposto à saliva artificial. O uso de peróxido

de carbamida a 10% e peróxido de hidrogênio a 35% causou significativamente maior

permeabilidade do esmalte que o grupo controle (análise microscópica). Não houve

diferença significante na penetração de íons entre os grupos experimentais. Assim, o

estudo mostrou que o aumento da permeabilidade do esmalte pelo tratamento clareador

depende do agente utilizado. Os autores ainda discutem o papel da saliva artificial na

remineralização dos substratos dentários, considerando que há diferenças no grau de

remineralização clinicamente, e que fatores como a presença de película salivar

adquirida, a qual tem um papel de membrana seletiva, pode prover papel protetor contra

a desmineralização.

Joiner (2007) faz uma revisão de literatura dos efeitos de produtos a base de

peróxidos sobre as propriedades do esmalte e da dentina. Concluindo que: A maioria dos

estudos indica que os produtos e soluções contendo peróxido de hidrogênio ou peróxido

de carbamida não têm efeitos deletérios significativos sobre o esmalte e a dentina quanto

à morfologia de superfície, microdureza de superfície e subsuperficial, e ultraestrutura

química do esmalte e da dentina, mesmo quando as mais altas concentrações são

utilizadas. Além disso, estudos in vitro indicam que eles não têm significativos efeitos

clinicamente relevantes quanto à subseqüente perda erosiva causada por desafios

ácidos, abrasão por dentífricos ou formação de lesão de cárie. É também interessante

notar que mesmo o clareamento dental ocorrendo largamente nos dias de hoje, não tem

sido considerados os estudos de segurança dos tecidos duros descritos na literatura.

Maia et al. (2008) avaliaram in situ a influência de dois agentes para clareamento

dental caseiro (peróxido de carbamida a 10% e peróxido de hidrogênio a 7,5%) sobre a

microdureza Knoop do esmalte (terceiros molares humanos). Os espécimes foram

associados a dispositivos intra-orais usados por voluntários 24h/dia. O protocolo de

branqueamento foi de 1h/dia durante 21 dias consecutivos. A análise da microdureza não

revelou diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, os espécimes tratados

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com 7,5% peróxido de hidrogênio demonstraram uma tendência para diminuir a

microdureza. Os resultados sugerem que os agentes clareadores dentais avaliados não

alteram a microdureza superficial do esmalte dentário.

Attin et al. (2008) revisaram a literatura a respeito do método de estudo sobre o

impacto dos agentes clareadores sobre a microdureza do esmalte dentário em estudos

sobre terapias de clareamento externo que usavam testes de microdureza e avaliavam

seus possíveis efeitos ao esmalte, considerando o grande número investigações e seus

resultados incoerentes. Um total de 55 estudos, 166 com medições de dureza

diretamente depois do clareamento, 69 realizadas após um episódio de pós-tratamento.

A avalição de microdureza logo após o clareamento mostrou em 51% dos trabalhos,

redução desta com relação à linha base e que 29% não apresentaram. E após o episódio

de pós-tratamento 29% apresentaram redução de dureza e 71% não. Quando o

armazenamento das amostras de esmalte entre as medições era em saliva artificial, e

não em saliva humana, uma significativa elevação da microdureza foi observada, bem

como quando fluoretação foi aplicada durante e após a fase de clareamento. A análise

mostra que nos estudos em que se simulam as condições bucais o mais próximo da

realidade possível, o risco da microdureza de esmalte diminuir devido aos tratamentos de

clareamento parece ser reduzido.

1.2 Escovação dental

1.2.1 Escovação dental – Ação sobre estrutura dentária

Meyers et al. (2000) com o objetivo de avaliar clinicamente três dentifrícios

comercializados, ditos com ação clareadora e determinar os efeitos destes sobre a

superfície dentária e a gengiva, os participantes em grupos distintos usaram escovação

com: água; Colgate - Banking Soda & Peróxide (Colgate Oral Care); Macleans Whitening

(Smith Kline Beecham); Colgate - Sensation Whitening (Colgate Oral Care), pela manhã

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e à noite, durante quatro semanas. E réplicas (impressão em silicona e resina epóxica)

foram realizadas inicialmente e após quatro semanas, para avaliação em microscopia

óptica, e eletrônica. As análises microscópicas indicaram que as mudanças que

ocorreram nos dentes e gengiva, com qualquer um dos dentifrícios foram similares e sem

diferença significante do uso apenas de água.

Salami e Luz (2003) avaliaram os efeitos de três técnicas de profilaxia (jato de

bicarbonato de sódio, pasta de pedra-pomes e pasta de branco de espanha) sobre a

rugosidade da superfície de dois materiais restauradores, resina composta (Z 100 - 3M) e

compômero (Dyract, - Dentsply), e de duas superfícies dentárias (esmalte e junção

cemento/dentina) através da análise rugosimétrica e de microscopia eletrônica de

varredura. Concluiu-se que: as técnicas profiláticas estudadas não aumentaram a

aspereza das superfícies; os dados rugosimétricos mostraram que a profilaxia com

pedra-pomes produziu sobre o esmalte uma superfície estatisticamente mais lisa do que

a natural; comparando os efeitos das três técnicas, a pasta de pedra-pomes produziu

uma superfície mais áspera que os outros tratamentos nos tecidos dentais; em resina

composta esta produziu uma superfície mais áspera do que a pasta de branco de

espanha; no compômero, os tratamentos aplicados não produziram efeitos

estatisticamente diferentes em aspereza de superfície.

Worschech et al. (2003) avaliaram in vitro a rugosidade superficial do esmalte

dentário humano clareado com peróxido de carbamida a 35% e submetido a diferentes

tratamentos superficiais de limpeza (não escovado; escovado com dentifrício fluoretado

abrasivo; escovado com dentifrício não fluoretado abrasivo; escovado sem dentifrício) em

diferentes tempos. A partir de um perfilômetro, foram determinados os valores da média

de rugosidade em Ra (“roughness average”) iniciais e a cada intervalo de sete dias após

o início do tratamento clareador, durante os quais os espécimes foram armazenados em

saliva artificial. Houve diferenças estatísticas significantes na rugosidade superficial em

função do tempo, somente nos grupos tratados com dentifrícios abrasivos houve

aumento nos valores de rugosidade. Diante dos resultados concluiu-se que peróxido de

carbamida a 35% não altera a aspereza de superfície do esmalte, mas quando o

tratamento clareador é associado à escovação com dentifrícios abrasivos, foi observado

um aumento significante nos valores de aspereza.

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Worschech (2004) sob a mesma metodologia repetiu o experimento anterior

incluindo o peróxido de carbamida à concentração de 10% e a avaliação de dureza

Knoop. Os resultados mostraram que o peróxido de carbamida a 10% isoladamente não

alterou a dureza ou a rugosidade do esmalte dentário; já a 35% promoveu redução nos

valores de microdureza superficial do esmalte sem alterar a rugosidade superficial deste;

quando associado à escovação sem dentifrício, não alterou os valores de rugosidade do

esmalte, mas reduziu sua microdureza superficial; o uso de dentifrícios abrasivos

fluoretado e não fluoretado aumentou os valores de microdureza e de rugosidade do

esmalte dentário clareado em ambas as concentrações do agente.

Wiegand, Otto e Attin (2004) avaliaram o efeito de diferentes agentes de

clareamento dental externo (técnicas caseira e ambulatorial) sobre a suscetibilidade de

abrasão do esmalte (dentes bovinos) após escovação. Os espécimes foram escovados

quarenta vezes em uma máquina automática imersos em saliva artificial e dentifrício

fluoretado. O grupo controle não foi clareado, mas também recebeu a escovação padrão.

Determinada por perfilômetro, a análise estatística revelou não haver diferença

significante na perda de esmalte entre os grupos que receberam os clareamentos

ambulatoriais e o grupo controle, já para os agentes da técnica de clareamento caseiro,

houve diferença significante comparados ao grupo controle. Ficou comprovado que a

abrasão por escovação do esmalte clareado pode ser aumentada dependendo do agente

clareador e forma de aplicação usada.

Azevedo (2005) avaliou o desgaste e a alteração da rugosidade superficial de

esmalte bovino submetido a três diferentes técnicas de clareamento, e escovação

simulada. Fragmentos de esmalte receberam os seguintes tratamentos: saliva artificial

(controle); peróxido de hidrogênio 35% (Lase Peróxide – DMC) ativado por LED;

peróxido de hidrogênio 35% ativado por luz halógena; peróxido de carbamida 16%

(Whiteness Perfect - FGM). Os tratamentos com peróxido de hidrogênio foram realizados

em três aplicações consecutivas, já o uso de peróxido de carbamida foi por duas horas

diárias, durante 14 dias. Não houve diferenças significantes entre os grupos com respeito

à rugosidade inicial e pós-clareamento, mas sim entre o controle e os demais grupos

após a escovação. Concluiu-se que as técnicas de clareamento empregadas, sob as

condições deste estudo, proporcionaram aumento na rugosidade e desgaste superficial

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do esmalte quando submetido à escovação simulada; o peróxido de carbamida a 16%

promoveu a maior alteração na superfície do esmalte bovino, e o peróxido de hidrogênio

a 35%, ativado por luz híbrida a menor.

Tachibana, Braga e Sobral (2006) tendo em vista a perda de estrutura dentária

causada à dentina (bovina) pela ingestão de bebidas ácidas seguida de escovação,

avaliaram o poder abrasivo de diferentes dentifrícios, e água destilada como controle,

após imersão da dentina em suco de laranja. Os espécimes foram submetidos a 7.000

ciclos de escovação simulada, intercalada com imersão em suco de laranja. Os dados de

peso, inicial e final (balança analítica), de perfil (projetor de perfil) foram analisados

estatisticamente. E pode-se concluir que: a imersão em suco de laranja seguida de esco-

vação conduz à perda de estrutura dentinária; as variações na composição do dentifrício

podem determinar o desgaste da dentina em diferentes intensidades, embora neste

estudo, as diferenças não tenham sido estatisticamente significantes.

Vieira et al. (2006) tendo em vista que o uso tópico de fluoretos tem sido proposto

para a prevenção de erosão dentária, avaliaram neste estudo o efeito in vitro de uma

única aplicação profissional de tetrafluoreto de titânio a 4% (TiF 4), amino fluoreto a 1%

(AmF) e difluorosilane verniz a 0,1% (FV) na prevenção de erosão combinada a abrasão

por escovação em dentes bovinos. Cada grupo experimental foi pré-tratado com um dos

produtos testados e submetidos a um dos regimes seguintes: erosão/remineralização;

abrasão/remineralização ou erosão/abrasão/remineralização. A erosão foi simulada por

imersão em ácido cítrico (pH=3); a abrasão por um dispositivo de simulação de

escovação (200 ciclos, sob pressão de 150 g); a remineralização por duas horas em

saliva artificial. Foi concluído que uma única aplicação de FV e solução de AmF a 1%

protegeram o esmalte bovino contra erosão seguida de abrasão por escovação sob as

condições in vitro. FV também mostrou significante efeito protetor quando o esmalte foi

exposto somente a desafios de erosão.

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1.2.2 Escovação dental – Ação sobre materiais restauradores

Correr Sobrinho et al. (2001) realizaram um estudo para investigar a influência da

escovação mecânica na rugosidade de superfície dos materiais restauradores Artglass

(Heraeus Kulzer), Targis (Ivoclar Vivadent) e Sculpture (Jeneric/Pentron), com

acabamento e polimento, ou não. Todos foram submetidos a 30.000 ciclos numa

máquina de escovação, usando dentifrício. Foi verificada a rugosidade superficial com

perfilômetro, antes e depois do teste de escovação. Para todos os materiais estudados,

os resultados indicaram que a escovação promoveu aumento na rugosidade de

superfície para as amostras sem polimento e redução nas amostras com polimento, com

diferença estatisticamente significante, exceto para o material Artglass com polimento.

Antoniazzi e Nagem Filho (2003) com o objetivo de verificar a resistência ao

desgaste de três resinas compostas, polimerizadas de duas maneiras diferentes: integral

(por quarenta segundos à distância de 0mm da fonte de luz) e gradual (por dez segundos

à 0mm de distância, seguida de trinta segundos a 2mm de distância). Usaram corpos-de-

prova dos materiais restauradores e um simulador de escovação. Os cp foram

submetidos a 100.000 ciclos de escovação, com escova sob pressão de 200gr e solução

de creme dental e água destilada (proporção 1:2). Foram registrados os pesos dos

corpos-de-prova antes e depois do teste de escovação, calculado o desgaste dos

materiais a partir da diferença entre os valores inicial e final. Concluiu-se que o desgaste

das resinas compostas está relacionado com a composição do material restaurador e

que ambos os tipos de polimerização foram adequados para a completa polimerização

destes materiais.

Mondelli et al. (2005) com o objetivo de avaliar a resistência ao desgaste de

materiais restauradores e sob a hipótese nula de que não haveria diferenças em perda

de massa e alterações de rugosidade superficial entre os compômeros após o teste,

espécimes de diferentes compômeros foram submetidos à escovação simulada e

comparados a duas resinas compostas. Em uma máquina simuladora de escovação, os

espécimes foram submetidos a 100.000 ciclos de escovação, com cada escova sobre

presão de 200 gramas e solução de creme dental e água destilada na proporção de 1:2.

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A diferença em porcentagem entre a massa inicial (antes da escovação) e massa final

(após a escovação) permitiu a verificação da perda de massa (balança analítica,

Sartorius). A rugosidade superficial foi aferida por rugosímetro (Hummel Tester T1000).

Concluíram que: todos os materiais avaliados mostraram perda de peso e aumento de

aspereza de superfície estatisticamente significante após o teste de abrasão; todos os

compômeros apresentaram perda de peso mais elevada do que as resinas compostas

depois do teste de abrasão por escovação simulada.

Silva (2005) avaliou a rugosidade, a perda de massa e a adesão de

microrganismos sobre a superfície de cimentos de ionômero de vidro utilizados no

Tratamento Restaurador Atraumático, submetidos a ensaio de escovação de 30.000

ciclos. A rugosidade superficial dos corpos-de-prova foi aferida em rugosímetro antes e

depois da escovação. Para a análise da adesão de Streptococcus mutans e

Streptococcus sobrinus outros espécimes foram contaminados e obtido o número de

microrganismos em UFC/mL (unidades formadoras de colônias), e então submetidos ao

ensaio de escovação, e ao procedimento microbiológico. Todos os materiais

demonstraram aumento na rugosidade superficial e perda de massa após o ensaio de

escovação; houve adesão dos microrganismos sobre a superfície dos materiais

estudados antes e depois do ensaio de escovação, em diferente grau entre eles.

Attin, Buchalla e Hellwig (2006) avaliaram in vitro a abrasão por escovação dental

de resinas compostas microparticulada e híbrida, depois de aplicação de dois agentes

fluoretados acidulados. Amostras de todos os materiais foram divididas em três grupos:

G1- as amostras foram tratadas com verniz fluoretado Bifluorid 12 - Voco (5,5% F, pH

5,6); G2- com Elmex Fluid - GABA (1,25% F, pH 4,3); G3- controle, amostras não

fluoretadas e sujeitas a abrasão por escovação (2000 ciclos, carga: 250g). A adição de

flúor à água e a escovação foram repetidas duas vezes, então a abrasão dos materiais

foi determinada quantitativamente com um perfilômetro a laser. Houve diferença

significante na abrasão entre os dois materiais restauradores, a abrasão foi maior na

resina composta microparticulada comparada à híbrida com ou sem fluoretação. Não foi

encontrada diferença significante entre os dois agentes de fluoretação, em ambos os

tratamentos com fluoretos acidulados houve aumento significante na abrasão por

escovação, comparado ao grupo controle.

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2 PROPOSIÇÃO

Avaliar experimentalmente a variação de massa de dentes humanos submetidos a

tratamentos clareadores dentais, peróxido de carbamida a 16% e peróxido de hidrogênio

a 35%, e à escovação simulada. E, ainda, variando-se o tempo de espera para a

escovação após a ação do agente clareador caseiro.

Inicialmente sob três hipóteses:

o grupo controle, submetido apenas ao ensaio de escovação, não

apresentaria perda de massa;

os dentes tratados com o agente clareador de maior concentração,

peróxido de hidrogênio a 35%, teriam maior perda de massa, pós-

clareamento e escovação simulada;

tempo maior de espera para escovação diária após cada sessão de

clareamento caseiro, peróxido de carbamida a 16%, determinaria

menor perda de massa.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade de Taubaté (Anexo A).

3.1 Seleção e preparo dos dentes

Foram selecionados vinte e cinco terceiros molares humanos (CAVALLI;

GIANNINI; CARVALHO, 2004; PINTO et al., 2004; MIRANDA et al., 2005; MAIA et al.,

2008) com coroas íntegras, rizogênese incompleta e sem sinais visíveis de terem

permanecido no meio bucal, provenientes do Banco de Dentes do Departamento de

Odontologia da Universidade de Taubaté, Taubaté – SP (Figura 1, folha seguinte).

Os dentes foram igualmente limpos, hidratados e mantidos em água destilada, por

sete dias em geladeira, antes do preparo dos corpos-de-prova (cp) para o experimento.

As raízes foram removidas por secção transversal, 1mm aquém do colo anatômico

dos dentes. Cada coroa dentária foi seccionada longitudinalmente, no sentido mésio-

distal, preservando intactas as faces vestibular e lingual, na Máquina de Corte de

Materiais (Accutom-5 - Struers) no Laboratório de Ensaios de Materiais do Departamento

de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté, obtendo-se um total de cinqüenta

hemicoroas (HOSOYA et al., 2003; YEH et al., 2005; FERREIRA et al., 2006).

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Figura 1 - Terceiros molares humanos com rizogênese incompleta.

3.2 Composição dos grupos

Os segmentos dentários foram distribuídos em cinco grupos (um grupo controle e

quatro grupos experimentais) para a confecção dos cp, que são em número de oito em

cada grupo. O grupo controle teve seus cp confeccionados pelos segmentos dentários

provenientes do corte de quatro coroas (faces vestibular e lingual destas coroas), e os

quatro grupos experimentais foram compostos pareados dois a dois e assim os

respectivos cp foram confeccionados por segmentos dentais provenientes das mesmas

coroas, ou seja, cada dois grupos foram formados por espécimes dentários homólogos

(MCCRACKEN; HAYWOOD, 1996; HINTZ et al., 2001; HOSOYA et al., 2003; YEH et al.,

2005), embora tenham sido distribuídos aleatoriamente com respeito às metades

vestibular e lingual nos grupos em questão (Quadro 1, folha seguinte).

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GRUPO CLASSIFICAÇÃO PAREAMENTO

A Controle __

B Experimental Hemicoroas

C Experimental homólogas

D Experimental Hemicoroas

E Experimental homólogas

Quadro 1 - Distribuição dos segmentos de coroas dentárias nos grupos controle e experimentais.

3.3 Confecção dos corpos-de-prova

Anéis obtidos a partir de segmentos de tubo de pvc de meia polegada de diâmetro

foram preparados com 10mm de altura para a inclusão dos segmentos dentários em

resina acrílica incolor, Jet–Clássico (FERREIRA et al., 2006). Antes da inclusão as

hemicoroas dentárias foram imersas em saliva artificial por 24 horas.

A inclusão em resina acrílica foi realizada de forma que ficassem livres as faces

vestibular ou lingual de esmalte e que a abertura da câmara pulpar, exposta no corte dos

dentes, também fosse incluída na resina acrílica. A parte inferior da base de resina

acrílica foi lixada em lixadeira elétrica (Pamambra–Struer DP-10, SP-Brasil), no

Laboratório de Ensaios de Materiais do Departamento de Engenharia Mecânica da

Universidade de Taubaté, devidamente refrigerada, usando discos de lixa d‟água 250,

até a obtenção de superfície regular e padronização da altura do conjunto (dimensão

correspondente à distância entre a face inferior da base de resina acrílica à superfície do

esmalte dental) em 10mm, a qual foi aferida por paquímetro (Digimess, China) a fim de

que a escovação simulada ocorresse de forma homogênia em todas as unidades.

Todos os cp (conjunto de uma hemicoroa dentária incluída em resina acrílica e

anel de pvc) foram devidamente identificados na sua lateral, superfície externa do anel

de pvc, pela letra que identifica o grupo ao qual pertence e o número que identifica cada

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cp individualmente, por desgaste com ponta diamantada em alta rotação (Figura 2 - A e

B).

Figura 2 – A e B - Corpos-de-prova, hemicoroas dentárias incluídas em resina acrílica.

3.4 Desidratação dos corpos-de-prova

Os cp foram desidratados por exposição à sílica gel (Saguaragi Ind. e Com. Ltda.

– Santo Amaro, SP; B‟ Herzog – Produtos químicos, Rio de Janeiro-RJ), (figuras 3 e 4,

na folha seguinte) em recipiente apropriado “Desiccator”, recomendado pela Organização

Internacional de Normatização 4049:1988 - E, (figuras 4 e 5, em sequência), por trinta

horas, antes de serem realizadas as respectivas aferições de peso.

A sílica gel foi mantida em estufa a temperatura de 40ºC durante 24 horas antes

de ser colocada no referido recipiente (Organização Internacional de Normatização,

1988).

O tempo de desidratação foi previamente determinado após a realização de

pesagens dos cp em balança analítica digital (Quimis-AS 210, Diadema-SP-Brasil),

inicialmente dos cp hidratados em saliva artificial por 24 horas, lavados em água corrente

e o excesso de água removido por toalha de papel absorvente, e pesagens

subsequentes a cada 6 horas de exposição à sílica até 24 horas, e a cada 2 horas até

que o peso destes fosse estabilizado, indicando completa desidratação, o que se deu no

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tempo de trinta horas. As pesagens foram realizadas no Laboratório de Ensaios de

Materiais do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté.

Figura 3 - Sílica gel. Figura 4 - Sílica gel no “Desiccator”. Figura 5 - Cp em desidratação.

3.5 Tratamento clareador

Os grupos, controle e experimentais, as respectivas siglas que os identificam, as

técnicas de tratamento clareador utilizadas, os agentes clareadores, suas características

e dados técnicos estão dispostos no quadro 2, folha 58.

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58

Grupo /

Sigla

Número

de cp

Agente

clareador

Concen-

tração

Nome

comercial

Lote

Fabricante

Número

sessões

Intervalo

entre

sessões

Tempo de

aplicação

Controle

G A

08

--

--

--

--

--

--

--

--

Experim.

G B

08

Peróxido de

Hidrogênio

35%

Whiteness

HP Maxx

051205

FGM

02

07 dias

02 aplicações

de 15 minutos

Experim.

G C

08

Peróxido de

carbamida

16%

Whiteness

Perfect

280607

FGM

10

24 horas

6 horas

Experim.

G D

08

Peróxido de

carbamida

16%

Whiteness

Perfect

280607

FGM

10

24 horas

6 horas

Experim.

G E

08

Peróxido de

carbamida

16%

Whiteness

Perfect

280607

FGM

10

24 horas

6 horas

Quadro 2 - Tratamentos clareadores.

Os produtos clareadores utilizados foram peróxido de hidrogênio (técnica

ambulatorial) e peróxido de carbamida (técnica caseira), ambos de fabricação FGM,

respectivamente Whiteness HP Maxx e Whiteness Perfect (WETTER; BARROSO;

PELINO, 2004; RODRIGUES et al., 2005; RIBEIRO; MARQUES; SALVADORI, 2006;

MARSON et al., 2008).

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Os tratamentos clareadores de cada grupo estão descritos a seguir:

G A: Trata-se do grupo controle para avaliação da perda de massa do espécime

dental. Este grupo foi composto de oito cp, que não recebendo nenhum tratamento

clareador, apenas foram submetidos ao dispositivo simulador de escovação e pesagens

para a avaliação de alteração de massa do esmalte dental. A escovação simulada, que

está descrita posteriormente, foi realizada neste grupo sob a mesma técnica, freqüência

e intervalos que nos outros grupos, experimentais.

G-B: Os espécimes deste grupo foram submetidos a duas sessões de

clareamento com peróxido de hidrogênio gel a 35% (Whiteness HP Maxx, FGM),

aplicado às superfícies de esmalte (vestibular ou lingual) e ativado por ação de luz

halógena conforme técnica recomendada pelo fabricante. O aparelho fotoiniciador

utilizado, Ultralux Eletronic (Dabi Atlante, Ribeirão Preto-SP), foi devidamente aferido

quanto à sua potência por radiômetro (Demetron-100). Foram realizadas duas aplicações

do gel clareador em cada sessão. Entre as aplicações e ao final de cada sessão, o gel

clareador foi removido da superfície de esmalte dos cp com auxílio de uma compressa

de gaze e em seguida estes foram submetidos à escovação simulada. A escovação foi

realizada a cada 24 horas durante dez dias, sendo que no sétimo dia uma nova sessão

de clareamento com duas aplicações foi realizada conforme a técnica citada, antes de

serem submetidos, os cp deste grupo, à nova escovação.

G C, G D e G E: O esmalte dental dos cp destes grupos receberam tratamento

clareador com peróxido de carbamida a 16% (Whiteness Perfect, FGM), o qual foi

aplicado sobre a superfície de esmalte (vestibular ou lingual) e o agente clareador

permaneceu em contato com a superfície do esmalte dental pelo período de seis horas

diárias, protegido por filme de pvc de uso em consultório odontológico (Rolofácil –

Losafilm, Guarulhos-SP), o tratamento clareador foi realizado durante dez dias. Depois

de cada período de ação do agente clareador, este foi removido da superfície dos

segmentos dentais dos cp destes grupos com auxílio de uma compressa de gaze e os cp

foram submetidos à escovação simulada. O tempo de espera entre o término da ação

clareadora, em cada sessão e a escovação simulada foi diferente nos três grupos, GC,

GD e GE (Quadro 3, na próxima folha).

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Quadro 3 - Tempos de espera para escovação simulada após cada sessão de clareamento com gel de peróxido de carbamida.

3.6 Tratamento de escovação

Um dispositivo simulador de escovação foi utilizado, o qual simulou a escovação

dental diária para posterior avaliação da ocorrência de alteração de massa nos

espécimes dentários (WIEGAND; OTTO; ATTIN, 2004; AZEVEDO, 2005; TACHIBANA;

BRAGA; SOBRAL, 2006; VIEIRA et al., 2006).

A máquina é constituída de uma base metálica sobre a qual são parafusadas duas

matrizes e a cada uma delas são acoplados quatro dos cp, assim, oito cp receberam a

escovação simulada simultaneamente. Sob essa base existe um motor elétrico de ¼ de

HP, que é ligado à rede comercial de energia com tensão de 110 volts. Um sistema de

correias e polias coloca em movimento um virabrequim fixado sobre a base por mancais

de rolamento. Em cada lado do virabrequim, existe um braço suporte, que por estar

fixado a um sistema deslizante, é dotado de movimento em uma única direção e dois

sentidos. Uma das extremidades destes braços possui um sistema para fixação da

escova dental, por meio de parafusos. O movimento circular do virabrequim aciona os

braços e as escovas em uma única direção e dois sentidos, de ida e volta. As matrizes

onde se encontram os cp são dotadas de movimento circular, cuja rotação é de ¼ da

rotação do virabrequim. A composição dos dois movimentos, o retilíneo dos braços e o

circular das matrizes, simulam uma escovação manual circular (Figura 6 - A e B, folha.

61).

GRUPO

TEMPO DE ESPERA

C 15 minutos

D 30 minutos

E 60 minutos

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Para registro do número de movimentos, o dispositivo simulador de escovação

conta com conta-giros fixado sobre a base, e o mesmo é ativado por uma haste ligada ao

suporte da escova (Figura 7).

Figura 6 - A e B - Máquina de escovação simulada.

Figura 7 - Conta giros. Figura 8 - Cilindro de 200g.

A escovação foi realizada sobre pressão de cilindros pesando 200 gramas sobre

cada uma das escovas dentais (CORRER SOBRINHO et al., 2001; ANTONIAZZI;

NAGEN FILHO, 2003; MONDELLI et al., 2005) (Figura 8, acima).

Escovas dentais macias de mesmas características e marca comercial, Oral-B

Indicator Plus (Gillette do Brasil Ltda., Manaus-AM-Brasil), foram preparadas para fixação

na máquina de escovação simulada pelo desgaste de seus cabos. Cada grupo de cp

teve o seu próprio conjunto de escovas, as quais foram trocadas no simulador a cada

escovação de seu respectivo grupo.

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Foi utilizado gel dental sem flúor Malvatri Kids Baby (Daudt – Odontis, Rio de

Janeiro-RJ-Brasil), o qual foi diluído na proporção de 1:2 por peso (ANTONIAZZI;

NAGEN FILHO, 2003; MONDELLI et al., 2005). A cada escovação diária era renovada a

solução de gel dental, 5ml desta solução era colocado no interior das matrizes que

continham os cp no simulador de escovação (Figuras 9 - A e B).

A velocidade de escovação da máquina foi de 340 ciclos por minuto. Entende-se

por um ciclo o movimento de vai e vem da escova dental. Os espécimes foram

submetidos a 500 ciclos de escovação com intervalos de 24 horas, simulando

aproximadamente três escovações diárias, totalizando um tempo aproximado de um

minuto e dez segundos de atividade mecânica (Figura 9 - A e B).

Após cada escovação diária os espécimes foram lavados em água corrente sob

agitação para completa remoção do gel dental, removido o excesso de água com papel

absorvente (Dualette, Dama-Pel, Guarulhos-SP) e armazenados em saliva artificial

(Byofórmula - farmácia de manipulação - São José dos Campos, SP-Brasil) durante os

dez dias de duração dos tratamentos clareadores, tendo sido a saliva artificial trocada

após o quinto dia (SCHIAVONI et al., 2006; VIEIRA et al., 2006; EFEOGLU, N.; WOOD;

EFEOGLU, C., 2007; GÖTZ et al., 2007; MAIA et al., 2008; ATTIN et al., 2008).

Figura 9 – A e B - Escovação simulada dos cp.

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63

3.7 Aferição de massa dos corpos-de-prova

A pesagem dos espécimes foi realizada em dois tempos: para aferição do peso

inicial (Pi), que foi realizada antes do clareamento dental, e para a determinação do peso

final (Pf), após os espécimes serem submetidos aos respectivos tratamentos clareadores

ou não (grupo controle) e aos ciclos de escovação simulada.

A balança analítica digital (Quimis-SA 210) com precisão de 0,0001 fornece os

valores expressos em gramas (Figura 10 - A e B).

Ao término dos dez dias os cp de todos os grupos foram submetidos a novo

processo de desidratação para aferição do peso final (Pf). Para tal, o mesmo protocolo

em relação à sílica gel e a determinação do tempo de desidratação dos cp foi realizado.

Figura 10 - A e B - Balança analítica digital

Aferido o peso final dos cp, os dados foram então tratados estatisticamente.

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3.8 Análise estatística

Os dados das aferições de peso inicial e final foram tabulados e analisados

estatisticamente, para a comparação dos resultados depois de cada tratamento clareador

(G B e G C) e escovação simulada (SULIEMAN et al., 2004a; WIEGAND; OTTO; ATTIN,

2004; WORSCHECH, 2004; AZEVEDO, 2005; WONGKHANTEE et al., 2006) em

comparação com o grupo controle (G A), além da comparação entre os diferentes

tempos de espera para que fosse realizada a escovação, após cada sessão do

tratamento clareador com peróxido de carbamida, técnica de clareamento caseiro

supervisionado (G C, G D e G E) com grupo controle (G A).

Considerando a natureza do experimento o teste paramétrico foi utilizado para a

análise estatística.

Os resultados foram tratados por ANOVA Oneway e pelo teste de contraste

Student-Newman-Keuls (SNK) com nível de significância de 0,05.

O softer utilizado foi SPSS.

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4 RESULTADOS

Os cp de cada grupo experimental e controle foram pesados antes e depois da

desidratação destes, e após terem sido submetidos ao tratamento clareador, e ensaio de

escovação, para avaliação da variação de massa após os tratamentos, conforme já foi

descrito anteriormente.

Os dados foram tratados com testes ANOVA Oneway e Student-Newman-Keuls

(nível de significância 5%) e foram obtidos os seguintes resultados.

4.1 Substrato – Desidratação

Foram comparados os pesos das amostras nos três tratamentos, pré-

desidratação, pós-desidratação e pós-clareamento + escovação simulada + nova

desidratação.

Tabela 1 - Média e desvio padrão dos pesos dos cp, em gramas, considerando o tratamento de desidratação dos cp.

Tratamento Média Desvio padrão

Pré-desidrat. 3,366288 0,2346593

Pós-desidrat. 3,326649 0,2235900

Pós-

claream.+escov.+desidrat.

3,323980 0,2239449

Os dados tratados por ANOVA Oneway e teste SNK (p≤0,05) não evidenciaram

diferença estatisticamente significante entre os grupos.

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4.2 Tempo de espera para escovação

No tratamento clareador com o agente peróxido de carbamida a 16%, técnica

caseira, três tempos diferentes de espera para a realização do ensaio de escovação

simulada foram avaliados.

Tabela 2 - Média e desvio padrão dos pesos dos cp, em gramas, considerando o tempo de espera para escovação, pós-clareamento caseiro.

Tempos de espera –escov. Média Desvio padrão

1 (controle, sem claream.) 3,381012 0,2039416

2 (15 minutos) 3,253974 0,2692608

3 (30 minutos) 3,262817 0,489685

4 (60 minutos) 3,283663 0,1367251

Tratamento estatístico por ANOVA Oneway e teste SNK (p≤0,05) mostrou que o

grupo controle (sem tratamento clareador) foi diferente dos demais.

Já entre os grupos tratados com peróxido de carbamida, não houve diferença

estatísticamente significante na alteração de massa com os diferentes tempos de espera.

4.3 Tipo de clareamento

Foram determinados a média e o desvio padrão dos pesos dos cp pós-

clareamento e ensaio de escovação simulada, com relação ao tipo de tratamento

clareador.

Para o tratamento clareador caseiro com peróxido de carbamida, o grupo

considerado foi o de tempo de espera de 15 minutos para realização da escovação pós-

clareamento.

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Tabela 3 - Média e desvio padrão dos pesos dos cp, em gramas, considerando o tipo de clareamento.

Tipo de clareamento Média Desvio padrão

1 (controle, sem claream.) 3,381012 0,2039416

2 (Peróxido de Hidrogênio) 3,524021 0,1297485

3 (Peróxido de Carbamida) 3,266304 0,2220889

Os dados foram submetidos a ANOVA Oneway e teste SNK (p≤0,05) e foi

determinada diferença estatisticamente significante entre os três tipos de tratamento.

O teste SNK (p≤0,05) dividiu os grupos em três grupos distintos: grupo no qual o

agente clareador foi peróxido de hidrogênio, grupo do agente peróxido de carbamida e

grupo controle (sem clareamento). O grupo 2 (peróxido de hidrogênio) apresentou maior

peso, seguido do grupo 1 (controle, sem clareamento). O menor peso ocorreu no grupo

3 (clareamento com peróxido de carbamida).

4.4 Alteração de peso - Após clareamento e escovação

Tabela 4 - Média e desvio padrão da alteração de peso, em gramas, causada pelo clareamento, escovação e desidratação final.

Grupo Média Desvio padrão

A - Controle 0,001375 0,0011336

B - Peróxido Hidrogênio 0,002163 0,0024623

C - Peroxido Carbamida 15 min 0,003111 0,0026165

D - Peroxido Carbamida 30 min 0,002987 0,0026074

E - Peroxido Carbamida 60 min 0,003650 0,0028561

Ao observarmos os resultados da tabela 4, verificamos que a menor alteração de

peso ocorreu no grupo controle, seguido do grupo submetido ao clareador peróxido de

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hidrogênio. Os grupos submetidos ao clareador peróxido de carbamida apresentaram a

maior alteração de peso.

Submetidos à ANOVA Oneway e teste SNK (p≤0,05), os resultados mostram que

não há diferença estatisticamente significante entre os grupos.

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5 DISCUSSÃO

A popularização do clareamento dental como um tratamento estético em

Odontologia trouxe a necessidade de pesquisas científicas nas áreas de materiais,

técnicas e segurança do tratamento, visando alcançar o objetivo estético de dentes mais

claros, sem prejuízo da manutenção da saúde bucal.

Partindo de uma visão ampla do conceito de saúde, sugerido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), definido por „um estado de bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de enfermidade‟, pode-se concluir que as terapias de clareamento dental melhoram significativamente a auto-estima das pessoas, aumentam o bem-estar e social, bem como complementam beneficamente outros procedimentos estéticos. (RIEHI et al., 2008).

Este trabalho vem ao encontro dessa busca científica, uma vez que sua

proposição é avaliar o possível desgaste superficial do esmalte humano sob ação de

duas técnicas de clareamento dental, ambulatorial e caseira, realizadas com dois

diferentes agentes, peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida, respectivamente,

seguidos de escovação simulada. Sob hipóteses de que o agente clareador facilite o

desgaste superficial do esmalte que ocorre na escovação dentária.

Embora haja grande controvérsia quanto aos efeitos do tratamento clareador

dental, conclui-se que desde que respeitados os protocolos, os tratamentos clareadores

para dentes vitais são seguros à estrutura dentária, quanto a alterações químicas (RIEHI

et al., 2008).

Quanto à ação da escovação sobre o esmalte dentário, trabalhos científicos

apontam que ela própria, bem como outros meios de profilaxia alteram a superfície

dentária (SALAMI; LUZ, 2003; VIEIRA et al., 2006), independente de tratamentos

químicos desta superfície.

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5.1 Clareamento dental

O clareamento dental representa a base da Odontologia estética, sendo

geralmente indicado no início de um tratamento estético mais amplo como um

procedimento menos invasivo (PERDIGÃO; BARATIERI; ARCARI, 2004; RIEHI et al.,

2008).

Além de largamente realizado pelos profissionais e solicitado pelos pacientes, o

tratamento clareador dental está amplamente aprovado na literatura odontológica quanto

a sua eficácia, como se vê nos trabalhos de Mokhlis et al. (2000), Niederman et al.

(2000), Hintz, Bradley e Eliades (2001), Date et al. (2003), Spalding, Taveira e Assis

(2003), Brunton, Ellwood e Davies (2004), Garcia-Godoy et al. (2004), Joiner e Thakker

(2004), Joiner, Thakker e Cooper (2004), Wetter, Barroso e Pelino (2004), Suliemam et

al. (2004a; 2004b), Deliperi, Bardwell e Papathanasiou (2004), Joiner (2006), Alonso de

la Peña e Balboa Cabrita (2006), Silva Gottardi, Brackett e Haywood (2006), Braun,

Jepsen e Krause (2007), Marson et al. (2008), e segurança em Potocnik, Kosec e

Gaspersic (2000), Mokhlis et al. (2000), Oltu e Gürgan (2000), Leonard Junior et al.

(2001), Sydney, G. B., Barletta e Sydney, R. B. (2002), Worschech et al. (2003), Date et

al. (2003), Joiner, Thakker e Cooper (2004), Joiner e Thakker (2004), Deliperi, Bardwell e

Papathanasiou (2004), Wiegand, Otto e Attin (2004), Worschech (2004), Ünlü et al.

(2004), Çobankara et al. (2004), Browning et al. (2004), Collins (2004), Hairul Nizam et al.

(2005), Yeh et al. (2005), Alonso de la Peña e Balboa Cabrita (2006), Ferreira et al.

(2006), Wongkhantee et al. (2006), Marson et al. (2008).

Após o tratamento clareador dos dentes, uma regressão no resultado pode ser

esperada (BRAUN; JEPSEN; KRAUSE, 2007), o que não representa insucesso, pois na

literatura consultada nenhum relato de retorno à cor original dos dentes foi encontrado, e

sim que o efeito clareador é mantido durante seis meses (NIEDERMAN et al., 2000;

BRUNTON; ELLWOOD; DAVIES, 2004), ou ainda que a reincidência de cor foi mais

notável em duas semanas do que em seis meses (SILVA GOTTARDI; BRACKETT;

HAYWOOD, 2006).

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Este trabalho tem como objetivo a segurança do tratamento clareador, avaliando a

integridade do esmalte dentário pós-clareamento. Porém considerações à cerca do

mecanismo de ação e técnicas serão previamente discutidos à luz da literatura.

5.1.1 Clareamento dental – Mecanismo de ação

Os dentes são clareados através de materiais oxidantes e o processo ainda não

está completamente entendido (HAIRUL NIZAN et al., 2005; JOINER, 2006). O

mecanismo de ação dos agentes clareadores mais utilizados, peróxido de hidrogênio e

peróxido de carbamida, é o mesmo, pois ambos em contato com a saliva e a estrutura

dentária, decompõem-se, entre outras substâncias, em oxigênio livre, que é responsável

pelo efeito de clareamento dos dentes (NUNES; CONCEIÇÃO, 2005). O peróxido de

hidrogênio se dissocia em oxigênio e água, e o peróxido de carbamida primeiramente em

uréia e peróxido de hidrogênio. A uréia, além de ter a função de neutralizar o pH do meio

(FERREIRA et al., 2006), dissocia-se em dióxido de carbono e amônia, e esta última

facilita a penetração do oxigênio, aumentando a permeabilidade da estrutura dentária

(NUNES; CONCEIÇÃO, 2005).

O clareamento dental é viável devido à característica de permeabilidade da

estrutura dentária. O oxigênio, por possuir baixo peso molecular, penetra profundamente

no esmalte e na dentina, alcançando os pigmentos, os quais possuem alto peso

molecular (BARATIERI et al., 2004). A reação química que promove o clareamento

dentário se resume em uma reação de oxidação-redução, ou redox. O agente oxidante

(peróxido de hidrogênio) libera radicais livres de oxigênio os quais irão atuar sobre as

moléculas de pigmento, reduzindo-as em moléculas mais simples e hidrossolúveis, e

uma vez menores são eliminadas da estrutura dentária também por difusão, tornando o

dente mais claro (BARATIERI et al., 2004; JOINER, 2006; RIEHI et al., 2008).

Há fatores que influenciam o processo clareador: a concentração e a natureza do

agente clareador, o tempo de contato, o coeficiente de difusão, o calor, a luz e o pH

(JOINER, 2006; RIEHI et al., 2008).

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O ponto máximo de clareamento atingido pelo processo clareador é chamado

“ponto de saturação”, que uma vez atingido, o processo não pode mais evoluir clareando

o dente, a partir daí haverá perda do material clareador e este passa a degradar a matriz

orgânica do esmalte (BARATIERI et al., 2004). Quanto aos riscos do clareamento nos

tecidos duros dentários, Riehi et al. (2008) consideram a primeira preocupação, a de não

ultrapassar o ponto de saturação.

Os mesmos autores consideram que quanto maior o tempo de contato do agente

com a estrutura dentária, maior será a eficiência do tratamento clareador, o que é

elucidado entendendo-se o coeficiente de difusão, o qual em clareamento é dependente

da quantidade de peróxido disponível, da espessura a ser penetrada por este e do tempo

para tal. Mas não está claro no processo clareador qual é a melhor relação concentração

de peróxido de hidrogênio/tempo de contato com o esmalte, para que haja difusão

suficiente do composto ativo no esmalte e na dentina, dissociando-se e liberando radicais

livres sem chegar à polpa, causando alterações inflamatórias severas nesta

5.1.2 Clareamento dental – Técnicas

Três técnicas são utilizadas para o clareamento dental de dentes vitais hoje:

clareamento caseiro, em geral com uso noturno do agente, em baixa concentração e em

moldeiras, sob supervisão profissional, e com duração aproximada de duas semanas;

técnica ambulatorial, ou assistida, realizada em consultório, com altas concentrações do

agente clareador, o que exige proteção de tecidos moles e pode ser ativado por calor ou

luz, e com menor tempo de duração (uma ou duas sessões); e outros produtos que

possuem o agente em baixíssimas concentrações e estão no mercado para auto-uso,

sem supervisão profissional, sob a forma de gomas, tiras adesivas ou aplicação com

pincel, os quais em geral são recomendados por duas semanas com duas aplicações

diárias (JOINER, 2006).

O peróxido de hidrogênio, agente clareador na forma mais simples, apresenta-se

nas concentrações entre 4% e 9,5% para auto-aplicação e entre 15% e 38% apenas para

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uso em consultório. O peróxido de hidrogênio, chamado popularmente de água

oxigenada, é mais comercializado na concentração de 10 volumes, que equivale a

2,75%. Logo, o peróxido de hidrogênio a 35%, chega a aproximadamente 130 volumes, o

porquê da preocupação com a proteção dos tecidos moles bucais, pois seu contato

poderia resultar em forte agressão a estes (RIEHI et al., 2008).

Para a obtenção da comprovada eficácia do tratamento clareador dos dentes,

apenas se faz necessário que o profissional domine a técnica a ser empregada e

principalmente a indicação de cada uma delas. Essas técnicas apresentam indicações

distintas, calcadas nas vantagens e desvantagens que cada uma delas apresenta, as

quais envolvem tempo total de tratamento, tempo de atendimento clínico, custo, conforto,

facilidade de manipulação, alterações nos tecidos moles e sensibilidade dentária

(BARATIERI et al., 2004). Nunes e Conceição (2005) fazem considerações sobre a

indicação de uma ou outra das técnicas mais utilizadas: clareamento caseiro, é o método

mais barato e seguro de melhorar a aparência do sorriso, e com peróxido de carbamida a

10% trata-se do método, e a concentração mais usados, e avaliados por mais tempo por

experiências clínicas até então; o tratamento clareador em consultório apresenta a

mesma eficiência no clareamento, a indicação fica a cargo da maior rapidez de

resultados para pacientes não dispostos ou indiciplinados para o uso do método caseiro

e para casos de escurecimento severo. O tratamento clareador ambulatorial tem se

tornado mais popular por promover resultados imediatos (SILVA GOTTARDI;

BRACKETT; HAYWOOD, 2006). Na indicação das técnicas de clareamento, quanto à

concentração e natureza do clareador, Riehi et al. (2008) consideram que: se o agente

ativo é o peróxido de hidrogênio, quando se busca clareamento rápido, deve-se utilizá-lo;

perborato de sódio e peróxido de carbamida são precursores do peróxido de hidrogênio,

liberando-o de forma gradativa e contínua, logo se o objetivo clínico é a maior eficácia

em clarear áreas mais profundas, deve ser usado o peróxido de carbamida, pois o

peróxido de hidrogênio será liberado em menor concentração (10% de peróxido de

carbamida libera aproximadamente 3,6% de peróxido de hidrogênio), mas de forma

contínua. Do ponto de vista clínico, a literatura mostra que em eficiência são similares em

esmalte, o que não acontece em dentina, o motivo pode ser a diferença de

permeabilidade dos substratos.

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A associação das duas técnicas, ambulatorial e caseira, é sugerida para se obter

resultados mais rápidos em clarear os dentes (DELIPERI; BARDWELL;

PAPATHANASIOU, 2004).

Como o ideal de difusão seria que os radicais livres fossem liberados o mais

próximo possível dos pigmentos, em quantidade suficiente para clareá-los sem, contudo

causar danos, acelerar a decomposição do peróxido (fontes de energia) libera os radicais

livres, mas provavelmente longe dos pigmentos, sobretudo os presentes na dentina. O

power bleaching (clareamento rápido) é eficiente em quantidade, mas não em

tempo/difusão, o que talvez explique o seu fraco desempenho em sessão única (RIEHI et

al., 2008).

Este experimento comparou as técnicas de clareamento dental: ambulatorial,

usando peróxido de hidrogênio a 35%, e a caseira, com peróxido de carbamida a 10%,

por serem essas as técnicas mais executadas pelos profissionais e avaliadas na

literatura.

5.1.3 Clareamento dental – Segurança

Os peróxidos são usados em Odontologia há mais de cem anos (LI, 1997).

Embora o clareamento dental tenha se tornado popular, os seus efeitos sobre os tecidos

dentários ainda são desconhecidos (LI, 1997; HAIRUL NIZAM et al., 2005; JOINER,

2006).

Lee et al. (2005) em relação ao uso de agentes clareadores em crianças e

adolescentes quanto às condições de segurança, incluindo efeitos adversos e

considerações toxicológicas, concluem que, como um tratamento conservador, o

clareamento de dentes é para todos.

SCCP (2005) considerou o auto-uso de produtos que clareiam dentes contendo

peróxido de hidrogênio de 0,1% a 6,0% (ou equivalente para substâncias que liberam

peróxido de hidrogênio) seguro, depois de consulta e aprovação do dentista. Mas não

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apoiam a segurança de peróxido de hidrogênio até 6% em produtos clareadores

diretamente disponíveis ao consumidor em várias formas de aplicação.

Efeitos adversos dos produtos clareadores dentais têm sido publicados, mas os

riscos potenciais são particularmente associados com abusos, uso inapropriado,

produtos sem aceitação da ADA e sem supervisão profissional (LI, 1997). O uso

profissional de peróxidos em Odontologia tem sido feito de forma prudente (FLOYD,

1997).

Ainda há ausência de bons dados clínicos e estudos epidemiológicos de longo

prazo que avaliem os possíveis efeitos adversos dos produtos clareadores dentro da

cavidade bucal SCCP (2005). Mas é possível constatar que a literatura científica

esclarece os aspectos de segurança do clareamento dental muito bem, inclusive

prescrevendo seu uso.

5.1.3.1 Clareamento dental - Segurança: tecidos dentários duros

Possíveis alterações nos tecidos dentários mineralizados em conseqüência do

tratamento clareador fazem parte da questão segurança deste tratamento e têm sido

amplamente estudados.

Estudos medindo indiretamente a ação do clareamento nos tecidos duros

dentários, como avaliando a microdureza, e estudos medindo diretamente tais efeitos,

como através da queda do conteúdo de carbono sob a ação de agentes mais

concentrados (o que provavelmente ocorra pela perda de carbonato de cálcio dos dentes

clareados, substância esta que retorna facilmente ao dente). Vale lembrar que o

consumo de refrigerante também promove (pela queda do pH) perda de carbonato de

cálcio, assim tal alteração trata-se de fato corriqueiro (RIEHI et al., 2008).

Embora afirmações como “A utilização de agente clareador deve ser

cuidadosamente recomendada em pacientes com suscetibilidade à cárie” (EFEOGLU,

N.; WOOD; EFEOGLU, C., 2005), o peróxido de carbamida apresenta resultados

favoráveis com relação à sua ação sobre os tecidos dentários, em baixas concentrações,

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pois trabalhos científicos concluem que as alterações promovidas nos substratos

dentários não apresentam significância clínica (MCCRACKEN; HAYWOOD, 1996;

POTOCNIK; KOSEC; GASPERSIC, 2000; BASTING; RODRIGUES JUNIOR; SERRA;

2003; ÜNLÜ et al., 2004; ÇOBANKARA et al., 2004; RODRIGUES, 2005). Leonard Junior

et al. (2001) avaliando a morfologia da superfície do esmalte verificaram efeito mínimo, e

não agravado com o passar do tempo, pós-clareamento noturno. Yeh et al. (2005)

encontraram ação semelhante sobre a superfície de esmalte tratado com peróxido de

carbamida a 10% e do ácido fosfórico a 37%. Oliveira et al. (2003) avaliaram a

microdureza do esmalte humano associando peróxido de carbamida a 10% e dentifrícios

dessensibilizante ou fluoretado, e encontraram aumento significativo desta. Ferreira et al.

(2006) discutem a acidez dos agentes clareadores sobre o conteúdo mineral dos dentes

e encontram que ocorre redução do pH da saliva inicialmente, mas que este é

recuperado em 15 minutos, possivelmente pela presença de uréia, não havendo

desmineralização ou qualquer alteração na microdureza do esmalte. Na

desmineralização da dentina sob a ação de agentes clareadores e desafios de des-

remineralização, concluiram por Freitas et al. (2004) que o conteúdo mineral pode ser

alterado por diferentes concentrações de agentes clareadores, mas que a saliva pode

prover efeito remineralizador.

Resultados desfavoráveis com respeito às alterações estruturais no esmalte, com

o uso do peróxido de carbamida, são vistos nos trabalhos de N. Efeoglu, Wood, e C.

Efeoglu (2005) que confirmam que o esmalte é altamente suscetível à perda de mineral

após o tratamento com peróxido de carbamida a 10%, e Basting, Rodrigues Junior e

Serra (2005) encontrando que peróxido de carbamida a 10% pode promover mudanças

na microdureza de tecidos dentários sãos e desmineralizados. Enquanto Cavalli, Giannini

e Carvalho (2004) avaliaram a elasticidade do esmalte sob efeito de baixas

concentrações do peróxido de carbamida, sugerindo que pode ser esta significantemente

reduzida. Mas principalmente em relação ao agente usado em alta concentração, como

Oltu e Gürgan (2000), que estudaram os efeitos de três concentrações (10%, 16% e

35%) sobre o esmalte humano, verificando que a maior concentração afetou a estrutura

do esmalte, Cavalli et al. (2004) sugerem que altas concentrações podem promover

alterações na topografia da superfície de esmalte. Moraes et al. (2006) examinaram o

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efeito do peróxido de carbamida a 10% e 35%, quanto à aspereza do esmalte, e

materiais restauradores, concluiram que procedimentos clareadores não deveriam ser

realizados indiscriminadamente quando restaurações estiverem presentes, ressaltando

que efeitos clínicos dependem das condições in vivo.

Os resultados do presente estudo vêm corroborar com os achados desfavoráveis

ao uso de peróxido de carbamida para clareamento dental, uma vez que na comparação

com peróxido de hidrogênio a 35%, o peróxido de carbamida a 16% foi o que determinou

maior alteração no esmalte dentário.

O agente clareador peróxido de hidrogênio pode ser utilizado em baixas

concentrações na técnica de clareamento caseiro, mas seu maior uso é na técnica

ambulatorial, sob rigoroso e absoluto controle profissional e em alta concentração (em

geral de 35%), forma como foi utilizado neste experimento.

Apesar da afirmação “clarear em ambulatório é um procedimento cosmético não

destrutivo” (EFEOGLU, N.; WOOD; EFEOGLU, C., 2007), a literatura apresenta

resultados negativos para a indicação do peróxido de hidrogênio em alta concentração

como agente clareador dental, causando mudanças na rugosidade e aumento na adesão

de microrganismos à superfície do esmalte dentário (HOSOYA et al., 2003; GURSOY et

al., 2008); significante decréscimo nas propriedades nanomecânicas da dentina clareada

(HAIRUL NIZAM et al., 2005); redução significante do conteúdo mineral do esmalte e da

dentina (EFEOGLU, N.; WOOD; EFEOGLU, C., 2007); ou alterações na morfologia do

esmalte dentário humano (JIANG et al., 2008) também são conclusões a respeito da

utilização desse agente clareador.

Achados positivos em relação ao uso de peróxido de hidrogênio também estão

presentes na literatura, como nos resultados de Hairul Nizam et al. (2005), que não

encontraram diferença significante na dureza dos substratos dentários sob ação do

peróxido de hidrogênio a 30% e Joiner e Thakker (2004) que também estudando a

microdureza sob ação do peróxido de hidrogênio a 6% concluem ser este seguro quanto

aos possíveis efeitos deletérios aos tecidos duros dentários.

Ainda se ve na literatura experimentos avaliando agentes que reduzem esses

efeitos deletérios do peróxido de hidrogênio em alta concentração, como a combinação

de hidroxiapatita (JIANG et al., 2008), com significante menor perda de microdureza do

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esmalte e a morfologia da superfície mantida inalterada; e Bistey et al. (2006) que

encontraram alterações em esmalte e dentina sob altas e baixas concentrações de

peróxido de hidrogênio, nas técnicas ambulatorial e caseira.

Os resultados deste experimento mostram que o uso de peróxido de hidrogênio

em comparação ao peróxido de carbamida promoveu menor efeito sobre o esmalte

dentário. Considerando que o peróxido de hidrogênio foi utilizado em alta concentração,

enquanto o peróxido de carbamida em baixa, usando as respectivas técnicas de

clareamento: ambulatorial e caseira.

A literatura apresenta experimentos comparando a ação dos dois agentes

clareadores dentais, os peróxidos de carbamida e de hidrogênio. Comparação esta que

também foi realizada neste experimento.

Resultados semelhantes na ação dos dois agentes foram encontrados com o uso

de concentrações semelhantes: Miranda et al. (2005) avaliando clareamento ambulatorial

com ambos os peróxidos em alta concentração, encontraram que todos causam

alterações no esmalte em várias intensidades; enquanto Maia et al. (2008) avaliando os

dois agentes para clareamento dental caseiro sobre a microdureza do esmalte não

encontraram diferença estatisticamente significante entre os grupos.

Ainda trabalhos avaliando diferentes concentrações de ambos os agentes e em

ambas as técnicas clareadoras, quanto a alterações causadas nos tecidos dentários,

como os de Pinto et al. (2004) e Esberard (2004) encontraram que todos promovem

alterações nestes tecidos. Attin et al. (2005) que avaliaram a influência do clareamento

externo com peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida em diferentes

concentrações e pH, sobre a microdureza superficial do esmalte e da dentina,

encontraram que apenas a dureza foi significantemente reduzida nos substratos em que

o pH era muito inferior ao comumente usado.

Utilizando peróxido de carbamida em baixa concentração (técnica caseira) e

peróxido de hidrogênio em alta concentração (técnica ambulatorial), como no presente

experimento, Hegedüs et al. (1999) e Spalding, Taveira e Assis (2003) avaliaram o efeito

destes sobre alterações em dentes humanos, encontrando respectivamente que com o

uso de peróxido de hidrogênio o aumento dos defeitos foi mais pronunciado, e a

morfologia da superfície do esmalte de dentes não erupcionados apresentou maior

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rugosidade, e porosidade. Schiavoni et al. (2006) avaliaram a permeabilidade do esmalte

após procedimentos clareadores (peróxido de carbamida a 10%, 16% e 37% ou peróxido

de hidrogênio a 35%) encontrando diferença significante nos valores de permeabilidade

entre os grupos e que o peróxido de carbamida a 10%, e o peróxido de hidrogênio a 35%

causaram significativamente maior permeabilidade do esmalte do que o grupo controle

(mantido em saliva artificial).

Embora sem diferença estatística, foram verificadas neste estudo alterações

diferentes nos tecidos dentários: a maior perda de massa, depois de clareamento e

ensaio de escovação ocorreu com o agente clareador peróxido de carbamida a 16%,

seguida pelo uso de peróxido de hidrogênio a 35%; e a menor perda de massa ocorreu

nos corpos-de-prova do grupo controle.

Não devemos, contudo esquecer que a saliva tem importante papel na

recuperação do esmalte após desafio bioquímico (MCCRACKER; HAYWOOD, 1996;

FREITAS et al., 2004; BASTIN; RODRIGUES JUNIOR; SERRA, 2003; RIEHI et al.,

2008). Como já visto, o uso de saliva artificial aparece com freqüência nos trabalhos in

vitro na literatura envolvendo os tratamentos clareadores dentais, e mesmo com opiniões

diversas a respeito de sua eficácia, Freitas et al. (2004), Azevedo (2005), Bastin,

Rodrigues Junior e Serra (2003) afirmam que a saliva promove remineralização após

clareamento dental; Attin et al. (2005) consideram seu poder de reparação, mas também

que o período do experimento não é suficiente para tal; enquanto Bastin, Rodrigues

Junior e Serra (2005) dizem que os agentes clareadores são capazes de promover

alterações nos tecidos dentários mesmo na presença de saliva artificial; Schiavoni et al.

(2006) o papel da saliva artificial na remineralização dos substratos dentários é

discutível, considerando as diferenças clínicas.

A restauração das características do esmalte tem sido uma preocupação após os

tratamentos clareadores. Assim, a ação do flúor sobre os tecidos dentários pré e pós-

clareamento também está presente na literatura, seja na avaliação da ação de dentifrício

fluoretado durante o clareamento (OLIVEIRA et al., 2003), seja avaliando a inclusão de

ions flúor no gel clareador ou a aplicação de fluoretos pós-clareamento (BASTIN;

RODRIGUES JUNIOR; SERRA, 2003; LEWINSTEIN et al., 2004; ATTIN et al., 2006). E,

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ainda, no experimento de Vieira et al. (2006), avaliando o uso tópico de fluoretos na

prevenção de erosão dentária e abrasão por escovação.

Este trabalho utilizou saliva artificial nos intervalos entre as sessões de

clareamento, mas não o fez para avaliar a ação desta no processo clareador, ou

alterações no tecido dentário, e sim com o objetivo já mensionado de aproximar a

metodologia estabelecida da situação clínica. E foi utilizado dentifrício sem flúor,

eliminando qualquer alteração que este elemento químico pudesse causar nos

resultados, uma vez que se avaliou a ação dos agentes clareadores sobre o esmalte

dentário e estes são sabidamente desmineralizantes.

A possível ação negativa aos tecidos dentários da aplicação de luz e calor

também é tida como uma questão que envolve a segurança das técnicas clareadoras. A

eficácia da ativação por luz versus o controle não fotoativado em estudos clínicos de

procedimentos clareadores é limitada e conflitante na literatura (JOINER, 2006). Se a

utilização de calor e luz pode causar irritação da polpa, e se ainda é discutível a eficácia

da ativação no processo clareador, esta manobra deveria ser criticamente avaliada

considerando as implicações físicas, fisiológicas e patofisiológicas aos tecidos dentários

(BUCHALLA; ATTIN, 2007). Trabalhos analisam a eficácia de diferentes fontes de luz

como ativadores de agentes clareadores (WETTER; BARROSO; PELINO, 2004); medem

a elevação da temperatura intrapulpar induzida quando o clareador dental é ativado

(ELDENIZ et al., 2005); analisam as possíveis injúrias ao esmalte dentário com o uso do

calor no processo de clareamento, concluindo que esmalte e dentina foram bons

isolantes térmicos (SYDNEY, G. B.; BARLETTA; SYDNEY, R. B., 2002). Segundo Riehi

et al. (2008) o uso de calor melhoraria a liberação de radicais livres, mas não é o que se

vê na literatura com relação aos resultados clínicos, talvez porque o aumento de

temperatura suportável pelo dente (5,5ºC) não seja o suficiente para que isso ocorra.

Perdigão, Baratieri e Arcari (2004), Marson et al. (2008), e Riehi et al. (2008) afirmam

que o tratamento clareador ambulatorial não é mais efetivo sob ativação luminosa.

Na metodologia deste trabalho, a técnica de clareamento ambulatorial com

peróxido de hidrogênio a 35% ativado por luz halógena, seguiu as recomendações do

fabricante, o que justifica a ativação luminosa mesmo depois das opiniões da literatura a

respeito.

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A literatura aponta para que os agentes clareadores em alta concentração

promovam alterações nos tecidos dentários em maior grau que os de baixa concentração

(RIEHI et al., 2008). Como os resultados de Oltu e Gürgan (2000), Bastin, Rodrigues

Junior e Serra (2003) avaliando concentrações diferentes do agente peróxido de

carbamida, e Asfora et al. (2005), Ribeiro, Marques e Salvadori (2006), Bistey et al.

(2006) do agente peróxido de hidrogênio sobre os tecidos dentários, ou ainda sobre os

diferentes agentes (HEGEDÜS et al., 1999; SPALDIN; TAVEIRA; ASSIS, 2003;

LEWINSTEIN et al., 2004; MIRANDA et al., 2005). Mas há que se considerar que a

maioria dessas citações conclui que todas as concentrações de agentes clareadores

alteram os tecidos dentários (HEGEDÜS et al., 1999; OLTU; GÜRGAN, 2000; SPALDIN;

TAVEIRA; ASSIS, 2003; BASTIN; RODRIGUES JUNIOR; SERRA, 2003; LEWINSTEIN

et al., 2004; BISTEY et al., 2006).

O presente experimento na comparação entre os dois agentes e técnicas de

clareamento mais utilizados traz como resultado que o agente peróxido de hidrogênio na

concentração de 35% causou menor perda de massa pós-clareamento e escovação em

comparação ao peróxido de carbamida utilizado a 16%.

Quanto à segurança da utilização de luz e calor no processo clareador dental

Perdigão, Baratieri e Arcari (2004), Joiner (2007) revisam a literatura sobre efeitos de

produtos a base de peróxidos sobre as propriedades do esmalte e da dentina, e também

McCraken e Haywood (1996), Potocnik, Kosec e Gaspersic (2000), Leonard Junior et al.

(2001), Basting, Rodrigues Junior e Serra (2003), Freitas et al. (2004), Çobankara et al.

(2004), Ünlü et al. (2004), Joiner e Thakker (2004), Joiner, Thakker e Kooper (2004),

Rodrigues et al. (2005), Attin et al. (2005), Hairul Nizam et al. (2005), Ferreira et al.

(2006), Götz et al. (2007), Maia et al. (2008), todos concluindo em seus experimentos

que estes produtos não têm efeitos deletérios significativos sobre os tecidos dentários

duros. Li (1997), Perdigão, Baratieri e Arcari (2004), SCCP (2005), Riehi et al. (2008)

consideram os tratamentos clareadores dentais seguros sob supervisão profissional.

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5.1.3.2 Clareamento dental - Segurança: outros tecidos bucais

Além de segurança quanto aos tecidos dentários duros, vê-se na literatura a

preocupação com a ocorrência de sensibilidade dentária e gengival com o tratamento

clareador.

Browning et al. (2004) relatam que algumas pessoas toleram e outras acham

impossível a continuidade do tratamento clareador pela ocorrência de sensibilidade

dentária, já Date et al. (2003), Brunton, Ellwood e Davies (2004) consideraram os efeitos

adversos, bem tolerados e seguros, uma vez que nenhum dos participantes

descontinuou o tratamento; Deliperi, Bardwell e Papathanasiou (2004) nenhuma

sensibilidade foi informada durante ou depois do tratamento clareador combinado

sistema ambulatorial e caseiro; Nathanson (1997), SCCP (2005) recomendam tratamento

cuidadoso quando os pacientes têm grandes restaurações, erosões ou fissuras no

esmalte cervical e doenças periodontais. Ainda trabalhos sobre a minimização da

sensibilidade dentária associando agentes clareadores e nitrato de potássio (BROWING

et al., 2004; ALONSO de la PEÑA; BALBOA CABRITA, 2006), e nitrato de potássio e

íons flúor (LEONARD JUNIOR et al., 2004). Braun, Jepsen e Krause (2006) consideram

os aspectos biológicos do uso de baixa concentração do agente clareador sobre a

sensibilidade dos dentes. Técnicas ambulatoriais de clareamento podem causar

desconforto mais pronunciado do que a técnica caseira, mas raramente com duração

além de 24 a 48 horas (NATHANSON, 1997; MARSON et al., 2008), ou que

desaparecem ao término do tratamento (PERDIGÃO; BARATIERI; ARCARI, 2004).

Ribeiro, Marques e Salvadori (2006) estudaram o potencial genotóxico de agentes

clareadores em contato com a mucosa bucal in vitro e, foi detectado que a concentração

mais elevada de peróxido de hidrogênio produziu atividades nocivas mais severas no

genoma. Enquanto alterações e irritação gengival ao contato com diferentes agentes

clareadores em diferentes concentrações não apresentaram nenhuma evidência

relacionada ou não foram significantes (MOKHLIS et al., 2000; NIEDERMAN et al., 2000;

DELIPERI; BARDWELL; PAPATHANASIOU, 2004; ALONSO de la PEÑA; BALBOA

CABRITA, 2006). Nem mesmo no uso exagerado de agentes clareadores nenhuma

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evidência de que os produtos causassem irritação aos tecidos moles ocorreu (COLLINS,

2004), ou dentifrícios contendo peróxido, quanto à ação sobre tecidos gengivais,

causaram alterações clinicamente significantes (MEYERS et al., 2000).

Também representam um fator de segurança dos tratamentos clareadores, sua

ação sobre o tecido pulpar.

Está provada a penetração do produto no interior da dentina em profundidade

uniforme (SULIEMAN et al., 2005), o que é positivo com relação à eficácia clareadora do

tratamento. Mas Asfora et al. (2005), avaliando a biocompatibilidade dos materiais

clareadores com relação à polpa dentária, concluíram que há danos celulares

irreversíveis, ao contrário dos resultados de Joiner e Thakker (2004), Gökay, Müjedeci e

Algin (2005) e Joiner (2006), que afirmam que a concentração média de peróxido de

hidrogênio encontrada nas câmaras pulpares é mais de 3000 vezes abaixo da

considerada causadora de dano às enzimas da polpa; logo em grau que não afeta o

tratamento negativamente.

Há uma tendência em se estudar produtos menos concentrados e de pH alcalino,

visando menor agressão à polpa, sem prejuízo da efetividade, pois produtos clareadores

com pH neutro ou alcalino geram radicais livres de per-hidroxil, mais eficientes (RIEHI et

al., 2008).

A literatura nos apresenta divergências quanto aos efeitos nocivos à segurança

dos agentes clareadores, mas com resultados que não contraindicam sua utilização.

5.1.4 Clareamento dental – Métodos de pesquisa

Métodos de pesquisa para avaliação dos procedimentos de clareamento dental

também têm sido propostos, testados e discutidos na literatura.

N. Efeoglu, Wood e C. Efeoglu (2005) consideram uma das razões de

controvérsias sobre o clareamento dental causar desmineralização dos dentes a não

existência de um método seguro, não destrutivo in vitro para avaliar a perda de mineral

do dente clareado. Sulieman, Addy e Rees (2003) descrevem um modelo in vitro para o

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estudo do clareamento de dentes, cujos espécimes manchados podem ser reproduzidos

e padronizados, concluindo ser eficaz para estudar agentes, variáveis, protocolos e

efeitos colaterais dos procedimentos.

Os efeitos clínicos dos agentes clareadores dependem das condições in vivo

(MORAES et al., 2006). Oltu e Gürgan (2000), Hintz, Bradley e Eliades (2001), Sulieman,

Addy e Rees (2003), Lambrechts et al. (2006) alertam que testes in vitro podem não

refletir a real situação clínica. Attin et al. (2008) revisando a literatura a respeito de

métodos de estudo encontram que nos quais são simuladas as condições bucais o mais

próximo da realidade, o risco da microdureza de esmalte diminuir devido aos tratamentos

de clareamento parece ser reduzido. Lambrechts et al. (2006) analisam criticamente o

uso de simuladores em Odontologia concluindo não ser o grau de sofisticação, mas a

mistura de variáveis controláveis que fará a prerrogativa do uso de um simulador em

Odontologia. Sulieman et al. (2004b) quanto às mudanças nos valores de cor obtidas por

tratamento clareador in vitro devem ser interpretadas com certa precaução na aplicação

clínica em dentes vitais, pois o movimento de fluido pelos túbulos de dentina e

porosidade do esmalte deve alterar tais resultados.

Observou-se na literatura o cuidado ao se extrapolar resultados de experimentos

in vitro para conclusões in vivo. Tratando-se de um estudo laboratorial, a metodologia do

presente experimento foi traçada, preocupando-se em estabelecer proximidade dos

tratamentos clareadores e ensaio de escovação realizados, com a realidade clínica a

qual é exposto o esmalte dentário humano nestes procedimentos.

O cuidado em se eleminar variáveis que pudessem por em dúvida os resultados

obtidos neste trabalho aparece ainda na seleção dos dentes, ao se optar pela utilização

de dentes humanos sem sinais de permanência no meio bucal, bem como na paridade

das hemicoroas na composição dos grupos a serem tratados pelos agentes clareadores

e técnicas diferentes avaliadas.

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5.2 Escovação dental

No presente estudo foi realizado o ensaio de escovação pós-tratamentos

clareadores com a finalidade de esclarecer as hipóteses iniciais deste estudo.

5.2.1 Escovação e clareamento dental - Ação sobre esmalte e dentina

A literatura nos mostra experimentos envolvendo escovação e clareamento dental.

Worschech et al. (2003) avaliaram a rugosidade superficial do esmalte humano

submetido ao clareamento (peróxido de carbamida a 35%) e diferentes tratamentos

superficiais (escovação com dentifrício fluoretado abrasivo; escovação com dentifrício

não fluoretado abrasivo; escovação sem dentifrício e não escovado), concluindo que o

peróxido de carbamida não altera a aspereza de superfície do esmalte, mas quando

associado à escovação com dentifrícios abrasivos, foi observado um aumento

significante em valores de aspereza. Worschech (2004) avaliou rugosidade e dureza do

esmalte dentário humano introduzindo outra concentração do peróxido de carbamida

(10% e 35%), o agente clareador a 10% isoladamente, não alterou a dureza ou a

rugosidade do esmalte; associado à escovação sem dentifrício, não alterou a rugosidade,

mas reduziu microdureza superficial; o uso de dentifrícios abrasivos fluoretado e não

fluoretado aumentou a microdureza e rugosidade do esmalte clareado, mas somente o

grupo escovado com flúor apresentou valores de dureza similares aos iniciais. Já o

peróxido de Carbamida a 35% de forma isolada, promoveu redução na microdureza

superficial do esmalte dentário, porém não alterando sua rugosidade; associado à

escovação com dentifrícios abrasivos fluoretado e não fluoretado aumentou os valores

de microdureza e de rugosidade do esmalte dentário.

O presente estudo obteve resultados discordantes, uma vez que embora tenha

ocorrido perda de massa nos corpos-de-prova depois de submetidos aos diferentes

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clareamentos e à escovação, tal perda não apresentou diferença significante entre os

grupos.

Wiegand, Otto e Attin (2004) estudaram o efeito de diferentes técnicas de

clareamento dental externo, técnica caseira (moldeira e white strips) e ambulatorial,

sobre a suscetibilidade de abrasão do esmalte após escovação usando dentifrício

fluoretado e imersão em saliva artificial. Os resultados mostraram diferença significante

quando comparado ao grupo controle (não clareado) nos dentes tratados com ambos os

clareamentos caseiros, e não significante quando foi usada a técnica ambulatorial.

Os resultados do presente experimento, embora sem diferença estatística

significante no desgaste do esmalte dentário submetido aos diferentes tratamentos

clareadores, assemelhan-se aos do trabalho acima, já que a menor perda de massa

também ocorreu com o tratamento ambulatorial.

Azevedo (2005) em um experimento utilizando diferentes técnicas de clareamento

(peróxido de hidrogênio 35% ativado por LED; peróxido de hidrogênio 35% ativado por

luz halógena; peróxido de carbamida 16% e controle sem tratamento) e escovação

simulada, avaliou o desgaste, e a alteração de rugosidade superficial de esmalte bovino,

concluindo que todas as técnicas de clareamento seguidas por escovação aumentaram a

rugosidade e o desgaste superficial do esmalte, sendo que o peróxido de carbamida a

16% promoveu a maior alteração na superfície do esmalte bovino e o peróxido de

hidrogênio a 35%, a menor.

Apesar do uso de dentes bovinos, as avaliações e metodologia são muito

semelhantes as do presente trabalho, e há concordância nos resultados, uma vez que a

maior alteração do esmalte, avaliada também pela perda de massa dos corpos-de-prova,

ocorreu com o uso de peróxido de carbamida a 16%.

Meyers et al. (2000) avaliaram em um estudo clínico, dentifrícios clareadores e

não, comparados ao uso de apenas água, quanto aos efeitos da escovação sobre a

superfície dentária e a gengiva. As análises microscópicas de réplicas das superfícies

mostraram não haver diferença significante entre os grupos, assim, nenhum dos

dentifrícios avaliados foi danoso para os dentes e o tecido gengival.

Nesse caso, o agente clareador encontrava-se sob a forma de dentrifrício, ou seja,

em concentração inferior à utilizada nas técnicas de clareamento avaliadas neste

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trabalho, mesmo assim, há correlação de resultados, considerando que também não

houve diferença significante entre os grupos expostos ou não ao agente clareador, no

que diz respeito ao desgaste do esmalte dentário promovido por escovação.

E ainda trabalhos que avaliam alterações dentárias por ação da escovação e

exposição a outras substâncias ácidas, como suco de laranja e diferentes dentifrícios,

concluindo que as variações na composição do dentifrício podem determinar o desgaste

da dentina em diferentes intensidades (TACHIBANA; BRAGA; SOBRAL, 2006), e Vieira

et al. (2006) que concluiram após simulação de escovação e erosão ácida que uma única

aplicação de fluoretos protegeu o esmalte bovino contra erosão seguida de abrasão por

escovação.

5.2.2 Escovação dental simulada - Ação sobre materiais restauradores

A literatura ainda apresenta trabalhos sobre os efeitos da escovação simulada

sobre materiais restauradores, citados aqui uma vez que elucidam o desgaste promovido

pela escovação dentária, principalmente a escovação simulada. Desgaste esse que

aparece também nos resultados deste experimento, quando o grupo controle, apenas

submetido ao ensaio de escovação (nenhum tratamento clareador) apresentou perda de

massa.

Correr Sobrinho et al. (2001), Antoniazzi e Nagen Filho (2003), Mondelli et al.

(2005), Silva (2005), Attin, Buchalla e Hellwig (2006) usaram escovação simulada para

avaliar o desgaste de diferentes resinas compostas, resultando sempre em aumento na

abrasão, rugosidade, desgaste ou perda de peso dos materiais restauradores.

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5.3 Hipóteses iniciais do experimento

Controvérsias a respeito da segurança do tratamento clareador ainda perduram na

literatura odontológica, como já foi mencionado. E entre os fatores atribuídos à

segurança desses tratamentos está a integridade do órgão dental.

A proposição deste trabalho, considerando as técnicas de clareamento e os

agentes mais indicados, avaliou a possível agressão ao esmalte dentário, favorecendo o

desgaste desta estrutura pela escovação diária realizada pelo paciente.

Responder a dúvidas clínicas para a indicação do tratamento clareador foi o

objetivo deste experimento. Como exemplos dessas dúvidas: Os agentes clareadores

dentais, de característica ácida, favorecem o desgaste do esmalte por escovação? A

concentração do agente é diretamente proporcional a esse degaste do esmalte dentário?

Indicar ao paciente que não escove seus dentes imediatamente após a ação do agente

clareador atenuaria a alteração do esmalte por escovação?

Assim, com base na metodologia desenvolvida e nas limitações deste estudo,

quanto às hipóteses da proposição, os resultados mostram que:

A primeira hipótese, na qual não era esperado que ocorresse perda de massa

nos cp do grupo controle, submetidos apenas ao ensaio de escovação, foi rejeitada.

Embora considerado pelos testes estatísticos, diferente dos demais grupos

(tabela 2, folha 66), o grupo controle também apresentou perda de massa (tabela 4,

folha 67).

A segunda hipótese, na qual se esperava que ocorresse maior perda de massa

pós-clareamento e escovação simulada nos cp sob ação do agente clareador de maior

concentração (peróxido de hidrogênio a 35%, usado na técnica ambulatorial), também

foi rejeitada.

A tabela 4 dos resultados (folha 67) mostra que a menor alteração de peso dos

cp ocorreu no grupo controle, seguido do grupo submetido ao clareador peróxido de

hidrogênio (35%). E a maior alteração de massa ocorreu nos grupos submetidos ao

tratamento clareador realizado com peróxido de carbamida a 16%.

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A avaliação de diferentes tempos de espera pós-clareamento caseiro para a

realização da escovação (15, 30 e 60 minutos), sob a terceira hipótese de que o maior

tempo de espera promovesse menor desgaste do esmalte, foi rejeitada.

Os testes estatísticos mostraram não haver diferença significante entre os grupos

clareados com o agente peróxido de carbamida a 16%, com os diferentes tempos de

espera para a escovação, avaliados (tabela 2, folha 66 e tabela 4, folha 67).

Logo, os resultados deste experimento sugerem que clinicamente é indiferente

que o paciente faça a escovação dos dentes logo após a remoção da moldeira contendo

o gel clareador na técnica caseira ou não, com relação ao desgaste promovido no

esmalte dentário.

Os resultados obtidos neste experimento, somados a apresentação, comparação

e discussão com os demais resultados, e conclusões da literatura, a respeito do

tratamento clareador dos dentes, e sua implicação nos tecidos dentários, pretende

trazer mais uma colaboração para os profissionais na discutida indicação do

clareamento dental. Vê-se que nesse aspecto os mais diversos tratamentos dados às

superfícies dentárias (inclusive os clareadores e escovação) não trazem prejuízos

clinicamente consideráveis, vindo a corroborar com os resultados favoráveis

encontrados em resposta à proposição do presente experimento, uma vez que não se

encontrou favorecimento ao desgaste da superfície do esmalte por ação da escovação,

depois de submetido ao clareamento dental por quaisquer das técnicas analisadas. Vale

ressaltar que embora tenha ocorrido perda de massa dos cp, não houve diferença entre

os grupos, e esta ocorreu também no grupo controle não submetido a tratamento

clareador.

Tudo o que foi visto traz ao profissional de Odontologia a necessidade de

avaliação do risco-benefício da prescrição do uso de agentes clareadores dentais, sem

deixar de considerar os riscos semelhantes aos quais os elementos dentários estão

expostos no dia a dia (inclusive pela dieta comum a muitos indivíduos), e que desde que

observados os princípios de manutenção da saúde bucal, todos esses produtos podem

ser usados com segurança dos tecidos dentários, no caso de agentes clareadores, sob o

rigor do protocolo de uso e supervisão profissional.

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Assim, à luz da literatura consultada e das conclusões deste experimento, o

tratamento clareador dental, pelas técnicas analisadas é seguro quanto ao favorecimento

de desgaste do esmalte humano.

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6 CONCLUSÕES

Sob a metodologia desenvolvida e limitações deste experimento, pode-se concluir

que:

ocorreu perda de massa nos dentes humanos após o ensaio de

escovação em todos os grupos, submetidos ou não a tratamento

clareador;

entre os dois tratamentos clareadores avaliados, a menor perda de

massa pós-clareamento e escovação simulada ocorreu com o agente

clareador peróxido de hidrogênio a 35% e técnica ambulatorial,

embora sem diferença entre os grupos;

os grupos submetidos ao clareamento com peróxido de carbamida

apresentaram a maior perda de massa, mas não houve diferença

entre os tempos de espera para a realização do ensaio de escovação.

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7 CONSIDERAÇÕES ALÉM DAS CONCLUSÕES DO EXPERIMENTO

À luz da literatura consultada, a respeito dos agentes e tratamentos clareadores

dentais, e suas conseqüências, vale pontuar que:

o tratamento clareador dental, independente do agente clareador e da

técnica utilizada, é eficaz no que se propõe;

os tratamentos clareadores são seguros aos tecidos dentários e

bucais, e à saúde do paciente, desde que realizados sob controle

profissional. Qualquer efeito negativo é reversível clinicamente;

o mecanismo de ação dos diferentes agentes clareadores é o mesmo,

uma vez que a ação clareadora se dá pelo produto comum a todos:

radicais livres de oxigênio;

a escolha da técnica ambulatorial ou caseira, mediata ou imediata,

além de aspectos como rapidez, conforto e colaboração do paciente,

deve considerar a penetração nos substratos dentários dos diferentes

agentes e a severidade da descoloração;

a escovação dental por si só promove alterações na superfície

dentária, embora quando realizada em condições ideais, tais

alterações não tenham significância clínica.

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ANEXO A - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Taubaté

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ANEXO B - Procedência dos dentes: Banco de dentes do Departamento de Odontologia

da Universidade de Taubaté

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