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Universidade do Extremo Sul Catarinense Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO BENTO COM BASE NOS CONCEITOS DA ECOLOGIA DE PAISAGEM Patrícia Medeiros Scarpato Criciúma, SC 2008 1

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Universidade do Extremo Sul CatarinensePrograma de Pós-Graduação em Ciências Ambientais

CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO BENTO COM BASE NOS CONCEITOS DA ECOLOGIA DE PAISAGEM

Patrícia Medeiros Scarpato

Criciúma, SC2008

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Patrícia Medeiros Scarpato

CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO BENTO COM BASE NOS CONCEITOS DA ECOLOGIA DE PAISAGEM

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.

Área de Concentração:Ecologia e Gestão de Ambientes Alterados

Orientador: Prof. Dr. Jairo Jose Zocche

Criciúma, SC2008

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AGRADECIMENTO

A Deus pela proteção e força em todos os momentos para a realização deste

trabalho.

Aos meus pais, pela tolerância, apoio e compreensão durante todo o Mestrado, bem

como meu noivo Fabio pela paciência por minha ausência em muitos momentos.

Ao professor Dr. Jairo Jose Zocche, pela orientação segura e objetiva, pela atenção,

tolerância e ensinamentos dedicados no desenvolvimento do trabalho.

A todo corpo docente da universidade por suas contribuições durante todo o curso.

A UNESC pela oportunidade de desenvolvimento deste trabalho.

Ao IPAT pela contribuição nas fotografias aéreas utilizadas neste trabalho.

Aos colegas de mestrado pelo compartilhamento de informações e aprendizados e

pelos momentos maravilhosos divididos durante o curso.

Aos convidados da banca, professores Álvaro Back e Fátima Elizabeti Marcomin,

pelo aceite na participação deste processo. Em especial à professora Fátima pelo apoio e

amizade durante a realização deste trabalho.

A todos aqueles que de certa forma contribuíram para a realização deste trabalho,

meu muito obrigado.

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RESUMO

A bacia hidrográfica do rio São Bento situa-se no sul do estado de Santa Catarina, abrangendo os municípios de Bom Jardim da Serra, Treviso, Siderópolis, Nova Veneza e Forquilhinha com área aproximada de 160Km2. Esta bacia, a exemplo de outras tem sido alvo de constantes alterações ambientais, decorrentes de atividades antrópicas como o desmatamento, a agricultura em encostas íngremes e a agricultura irrigada. A última e mais intensa alteração, diz respeito à construção da Barragem do Rio São Bento (BRSB), cujo barramento do rio gerou o alagamento de aproximadamente 4,5 km2. O presente estudo buscou caracterizar a bacia hidrográfica do rio São Bento com base nos conceitos da Ecologia de Paisagem, com vistas a subsidiar o plano de manejo ambiental da Área de Preservação Permanente (APP) da Barragem do Rio São Bento (BRSB) e o seu entorno imediato, utilizando-se técnicas de fotointerpretação e geoprocessamento com o auxílio do software IDRISI 32.. Para tal elaborou-se mapas temáticos de hidrografia, hipsometria, clinografia e uso da terra, sendo este último cruzado com os demais mapas, para a definição de áreas de Preservação Permanente de acordo com a legislação vigente. A partir dos dados levantados, pôde-se perceber que a bacia em questão apresenta em sua maior parte vegetação arbórea (69,55%) o que representa um ponto positivo em termos de qualidade ambiental. As áreas consideradas como APPs também apresentaram vegetação arbórea em sua maior parte, no entanto, observou-se que à jusante da Barragem a cobertura vegetal da área se apresenta muito fragmentada, com pouca vegetação ciliar no entorno dos rios e uma extensa área de cultivo de arroz irrigado. A montante da Barragem, a matriz paisagística pode ser caracterizada como de floresta e a jusante, como matriz agrícola com a ocorrência disseminada de manchas de vegetação arbustivo-arbórea, de plantio de Eucaliptos spp. e de campo antrópico. Os corredores presentes na paisagem estão representados pelas matas ciliares, e por conjuntos de pequenos fragmentos, dispostos na forma de stepping stones. A reduzida cobertura vegetal observada a jusante da Barragem, resultante de desmatamentos antigos e atuais, juntamente com a extensa área ocupada pelo cultivo de arroz irrigado, são os principais fatores responsáveis pela degradação ambiental da bacia, comprometendo a qualidade dos cursos de água bem como as potencialidades ambientais do solo.

Palavras – chave: Ecologia de Paisagem, Uso da Terra, Geoprocessamento, Área de Preservação Permanente

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ABSTRACT

The basin of the Rio São Bento is located in the southern state of Santa Catarina, covering the municipalities of Bom Jardim da Serra, Treviso, Siderópolis, Nova Veneza and Forquilhinha with approximate area of 160Km2. This basin, like other has been subject to constant environmental changes caused by human activities such as deforestation, agriculture on steep slopes and irrigated agriculture. The last and most intense change, concerns the construction of a Barragem Rio São Bento (BRSB), which barring the river has led to flooding of approximately 4,5 km2. This study sought to characterize the basin of the river São Bento based on concepts of Landscape Ecology, in order to subsidize the plan for environmental management of the Permanent Preservation Area (APP) Barragem Rio São Bento (BRSB) and its surroundings immediately, using techniques of photointerpretation and geoprocessing with the aid of software IDRISI 32. To this end has prepared itself thematic maps of hydrography, hipsometria, clinografia and use of land, the latter being crossed with other maps, for the definition of areas for permanent preservation under the existing legislation. From the data collected, was able to see that the seat in question presents in its most trees (69.55%) which represents a positive point in terms of environmental quality. The areas considered to APP also provided trees for the most part, however, observed that the downstream of the dam area of the plant cover is very much fragmented, with little riparian vegetation around the rivers and a vast area of cultivation of rice. The amount Dam, the matrix can be characterized as a landscape of forest and downstream, such as agricultural matrix with the widespread occurrence of patches of vegetation arbustivo-tree, planting of Eucalyptus spp. And field man. The corridors in the landscape are represented by the gallery forests, and by clusters of small fragments, arranged in the form of stepping stones. The low vegetation cover observed downstream of the dam, deforestation resulting from current and former, together with the large area occupied by the cultivation of rice, are the main factors responsible for environmental degradation of the basin, compromising the quality of watercourses and the environmental potential of the soil.

Key – words: Landscape Ecology, Soil User, Geoprocessing, Permanent Preservation Area

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Localização geográfica da Bacia Hidrográfica do Rio São Bento..........23

Figura 02. Rede hidrográfica da bacia do rio São Bento...........................................34

Figura 03. Hipsometria da bacia do rio São Bento.....................................................35

Figura 04. Clinografia da bacia do rio São Bento......................................................38

Figura 05. Uso da terra na bacia do rio São Bento.....................................................39

Figura 06. Mapa da zona de amortecimento (buffer) no entorno dos rios e da Barragem.........................................................................................................................................43

Figura 07. Mapa temático resultante do cruzamento do mapa de uso e cobertura da terra com o mapa dos buffers.......................................................................................44

Figura 08. Mapa temático resultante do cruzamento do mapa de uso e cobertura da terra com o mapa das zonas de amortecimento (buffers)..........................................47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Área ocupada por cada uma das classes hipsométricas da bacia do rio São Bento...............................................................................................................................36

Tabela 02. Área ocupada pelas classes clinográficas da bacia do rio São Bento.....37

Tabela 03. Área ocupada pelas diferentes classes de uso da terra da bacia do rio São Bento...............................................................................................................................40

Tabela 04. Área ocupada pelas diferentes classes de uso da terra na zona de amortecimento (buffer) de entorno dos rios................................................................45

Tabela 05. Área ocupada pelas diferentes classes de uso da terra na zona de amortecimento ( buffer) de entorno da barragem......................................................46

Tabela 06. Área ocupada pelas respectivas classes de uso da terra nas diferentes classes de declividade.................................................................................................................48

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................09

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................10

3 METODOLOGIA.......................................................................................................23

3.1 Localização e descrição da área de estudo............................................................23

3.2 Descrição da área de estudo....................................................................................24

3.2.1 Geologia.................................................................................................................24

3.2.2 Geomorfologia.......................................................................................................24

3.2.3 Solo.........................................................................................................................25

3.2.4 Hidrografia............................................................................................................27

3.2.5 Clima......................................................................................................................28

3.2.6 Vegetação...............................................................................................................29

3.3 Procedimentos Metodológicos................................................................................31

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES..............................................................................33

CONCLUSÃO................................................................................................................51

REFERÊNCIAS.............................................................................................................53

ANEXOS.........................................................................................................................58

Anexo 01 Modelo de Elevação Digital do Terreno.....................................................59

Anexo 02 Cruzamento entre o mapa de uso da terra com o mapa de declividade nas

classes entre 0 e 10º .......................................................................................................60

Anexo 03 Cruzamento entre o mapa de uso da terra com o mapa de declividade nas

classes entre 10 e 25º......................................................................................................61

Anexo 04 Cruzamento entre o mapa de uso da terra com o mapa de declividade nas

classes entre 25 e 45º......................................................................................................62

Anexo 05 Cruzamento entre o mapa de uso da terra com o mapa de declividade nas

classes superiores a 45º..................................................................................................63

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1 INTRODUÇÃO

Desde tempos muito remotos, o ser humano, além de lutar pela sobrevivência,

busca novos horizontes. E na ânsia de dominar, de ocupar todo o planeta, devastou-o. Em

busca de melhores condições de vida, transformaram o ambiente, com a exploração

desordenada de recursos naturais para a utilização como alimentos, combustíveis ou matéria-

prima para a indústria. Toda essa busca por recursos levou à modificações na topografia, na

paisagem, perda de solo e contaminação das águas, assim como a alteração do fluxo natural

da matéria e energia nos ecossistemas, o que têm gerado desequilíbrios ambientais.

Segundo Burin (1999), no Brasil o aumento da produção levou o homem a intensa

exploração da terra. A ocupação populacional diversificada em certas áreas levou à

intensificação do uso do solo pelo emprego de novas tecnologias. Em outras, a ocupação se

fez de maneira precária e sem estudos prévios, causando sérios problemas ao ambiente.

A crescente industrialização concentrada em cidades, a mecanização da agricultura e

sua transformação em sistemas de monocultura, a generalizada implantação de pastagens, a

intensa exploração de recursos energéticos e matérias-primas como o carvão mineral,

petróleo, recursos hídricos, minérios, têm alterado, de modo irreversível, o cenário ambiental

e levado a natureza a processos degenerativos profundos (CUNHA; GUERRA, 1996).

Ainda segundo os autores supracitados, a ocupação desordenada do solo em certas

bacias hidrográficas, como resultado por exemplo, das rápidas mudanças decorrentes das

políticas de incentivos governamentais, têm agravado os desequilíbrios no ambiente.

O entendimento das relações espaciais, das interações e das mudanças estruturais de

um ambiente provocada pela ação antrópica, nas mais diferentes escalas, tem sido o objeto de

estudo de uma relativamente nova linha da Ecologia, a Ecologia de Paisagem. O aumento dos

estudos em Ecologia de Paisagem deve-se a capacidade dessa ciência de quantificar a

estrutura da paisagem, que é um pré-requisito para compreensão das funções e mudanças que

ocorrem em uma paisagem (VALENTE, 2001).

Segundo Metzger (2001) a Ecologia de Paisagem pode contribuir para a solução dos

problemas ambientais, pois se propõe a lidar com paisagens antropizadas, em escala na qual o

homem está modificando o seu ambiente. O tratamento de tais problemas pode se dar sob dua

formas de abordagem: a geográfica e a ecológica. Na “abordagem geográfica”, mais do que

uma análise detalhada de impactos locais, a Ecologia de Paisagem procura entender as

modificações estruturais e, portanto funcionais, trazidas pelo homem à paisagem como um

todo, incorporando de forma explícita toda a complexidade das inter-relações espaciais de

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seus componentes, tanto naturais quanto culturais. Já na “abordagem ecológica”, apesar de

focar mais as unidades “naturais”, mais uma vez a Ecologia de Paisagem situa-se na escala

correta para responder aos principais problemas ambientais, tanto relacionados à

fragmentação de hábitats quanto ao uso inadequado dos solos e da água. Para compatibilizar

uso das terras e sustentabilidade ambiental, social e econômica, é necessário planejar a

ocupação e a conservação da paisagem como um todo.

Metzger (2001) assinala ainda que o homem está na origem dos problemas

ambientais, mas é parte também das soluções. Resolver o problema da perda da

biodiversidade excluindo o homem da paisagem é apenas um paliativo, e não uma solução.

Portanto, a Ecologia de Paisagem visa entender o funcionamento e as relações existentes na

natureza da qual o homem é integrante, para planejar a preservação da imensa bio e

geodiversidade geradas em milhões de anos, a sobrevivência da própria espécie humana e, o

equilíbrio da “Gaia”, ser dinâmico e único pertencente ao imenso universo hoje conhecido

(TROPPMAIR, 2002).

Dia após dia, a demanda por recursos naturais nos obriga cada vez mais a

explorarmos o ambiente e nos dirigirmos às áreas mais conservadas, movimento perigoso,

pois se corre o risco de ultrapassar a capacidade homeostática dos sistemas biológicos. A

utilização dos conceitos e teorias da Ecologia de Paisagem para o manejo de ecossistemas,

elaboração de planos de manejo, planos diretores, ou para restaurar ecossistemas degradados,

é uma prática que vem tomando corpo, que está saindo dos laboratórios científicos das

Universidades e ganhando espaço na sociedade.

A bacia hidrográfica do rio São Bento, a exemplo de outras bacias hidrográficas

brasileiras, vem sofrendo, ao longo de várias décadas alterações ambientais. É uma área que

vem sendo submetida a grandes influencias antrópicas, sobretudo o desmatamento para

exploração madeireira e agropecuária. Grande parte das margens do rio São Bento e seus

tributários encontram-se com pouca vegetação ciliar. As partes mais preservadas estão

restritas as áreas de difícil acesso, localizadas junto aos cumes dos morros e aos aparados da

serra.

Uma das últimas e mais expressivas alterações está representada pela construção da

Barragem do Rio São Bento (BRSB), cujo lago formado pelo barramento do rio ocupa uma

área de aproximadamente 450 hectares e armazena 53,2 hm³ de água. A implantação dessa

barragem teve como objetivo principal o abastecimento público e a regularização da vazão do

rio, a fim de diminuir o conflito pelo uso da água que é utilizada para a cultura do arroz

irrigado e para o abastecimento público. A escolha do rio São Bento para a implantação da

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barragem deveu-se ao fato de que este rio, em termos de manancial era o que apresentava

condições satisfatórias de preservação natural, além da topografia favorável (CASAN, 2004).

No entanto, tal obra, modificou radicalmente a paisagem da área, alterando os

ecossistemas aquáticos e terrestres, comprometendo as relações ecológicas naturais em função

da inundação das áreas. É importante que se faça, portanto, um estudo detalhado da dinâmica

da paisagem atual, para que se possam criar planos de manejo adequados para a área, que

venham gerir seus recursos naturais e que possam permitir o retorno de sua qualidade

ambiental.

Assim sendo, o presente estudo buscou caracterizar a microbacia do rio São Bento

com base nos conceitos da Ecologia de Paisagem, com vistas a subsidiar o plano de manejo

ambiental da Área de Preservação Permanente (APP) da Barragem do Rio São Bento (BRSB)

e o seu entorno imediato, tendo como objetivos específicos: descrever a paisagem da

microbacia; quantificar as categorias de uso e cobertura da terra; gerar mapas temáticos da

hidrografia, hipsometria, clinografia, uso da terra, cobertura vegetal e das áreas de

preservação permanente; além de contribuir para a formação do banco de dados ambientais da

Barragem e seu entorno imediato.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Antes de nos propormos a utilizar os conceitos e teorias da Ecologia de Paisagem,

para planejar o manejo da microbacia do rio São Bento e da Barragem do Rio São Bento

propriamente dita, faz-se necessário entender a origem, o significado e a evolução do conceito

de “Paisagem”.

Para as línguas de origem romana, o termo paisagem deriva da palavra Pagus, que

significa país, território. Já para os povos germânicos a origem do termo paisagem (landscape,

landschaft), associa-se à palavra land, relativa a um espaço territorial delimitado. Em ambas

as formas de origem, o conceito surge fortemente ligado à questão espacial, ao conjunto do

território (FIGUEIRÓ, 1997).

Durante a Renascença, a paisagem passou a ser muito utilizada nas expressões

artísticas do séc. XVI influenciando a arquitetura, a literatura e principalmente a pintura além

de outras formas de expressões artísticas. O termo paisagem somente foi introduzido como

científico-geográfico no séc. XIX por Alexander Von Humboldt, o pioneiro da geobotânica e

geografia física moderna, que a definiu como “as características totais de uma região da

Terra” (POLLETE, 1997).

Para Naveh (1987 apud VALENTE, 2001) a paisagem totaliza as entidades físicas,

ecológicas e geográficas, integrando os processos naturais e humanos. Numa conceituação

mais abrangente, Sanchez e Silva (1995) definem a paisagem como uma porção da superfície

terrestre, na qual existe um certo nível de organização de um conjunto de componentes

específicos, sendo que a tipologia, dinâmica e inter-relações da diversidade biológica, física e

cultural desse sistema podem ser, individual ou integradamente, mapeadas com diferentes

graus de abstração.

A paisagem, na concepção de Forman e Godron (1986) e Turner (1989), também

pode ser definida como uma unidade distinta, definida de acordo com seu tamanho e por suas

interações ecossistêmicas através de agrupamentos repetitivos, geomorfologia e regime de

distúrbios.

Polette (1997; 1999) define a paisagem como um sistema territorial composto por

componentes e complexos de diferentes amplitudes formados a partir da influência dos

processos naturais e da atividade modificadora da sociedade humana, as quais se encontram

em permanente interação e se desenvolvendo historicamente.

A paisagem, ao longo da história da humanidade, é tida como uma entidade

complexa para ser analisada, pois esta ultrapassa questões ligadas à percepção, ao sentimento,

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a estética, a cultura, e até mesmo a política. Deve ser continuamente analisada e discutida pelo

homem, que é, ao mesmo tempo, um observador e um agente das mudanças que nela se

evidenciam (POLETTE, 1999).

Numa conceituação mais abrangente em relação às definições anteriores, Metzger

(2001) propõe que a paisagem seja definida como um mosaico heterogêneo formado por

unidades interativas, sendo esta heterogeneidade existente para pelo menos um fator segundo

um observador e numa determinada escala de observação. Neste sentido, o estudo da

heterogeneidade da paisagem é importante, pois se pode compreender o quanto à ação

antrópica está afetando a estrutura de uma determinada paisagem.

Segundo Polette (1997; 1999) o termo paisagem tem sido utilizado sob vários

aspectos, mas é na Ecologia de Paisagem que este atinge sua dimensão mais ampla,

contribuindo, assim, para o seu real entendimento quanto a estruturas, funcionamento e

mudanças que ocorrem ao longo do tempo na paisagem. Para este autor, estudos nesta linha

implicam na: identificação dos principais tipos de uso do solo que caracterizam a paisagem;

identificação dos principais impactos ambientais gerados pelos diferentes tipos de uso do

solo; análise espacial do padrão do ecótopo com atenção especial para os ecótopos naturais;

análise da intensidade, duração e distribuição do impacto, com especial atenção à hierarquia

das esferas espaciais; análise das conexões espaciais (conectividade) entre todos os tipos de

ecótopos ou conjunto de ecótopos de uma região com especial atenção para sua

interdependência.

O conceito inicial de Ecologia de Paisagem foi concebido por Troll em 1935, sendo o

mesmo aprimorado mais adiante por Bunce et al. (1993). Troll, em 1939, definiu a Ecologia

de Paisagem como o estudo dos relacionamentos físico-biológicos que governam as diferentes

unidades espaciais de uma região (LORINI e PERSON, 2001). Muito do amplo campo da

Ecologia, no entanto, particularmente nas décadas passadas, focava-se na concepção vertical,

que é a relação entre plantas, animais, ar, água e solo, vendo a paisagem como uma unidade

espacial relativamente homogênea. Em contraste, o que toma a Ecologia de Paisagem única é

o foco no plano horizontal, que é a relação entre as unidades espaciais (FORMAN e

GODRON, 1986). Troll considerava o nascimento da Ecologia de Paisagem como sendo o

resultado do casamento entre Geografia e Biologia (CHRISTOFOLETTI, 1999).

Farina (1998) cita conceitos de alguns autores como Green, que considera a Ecologia

de Paisagem como uma configuração particular da topografia, cobertura vegetal, uso do solo e

modelo instalado, o qual delimita algumas coerências dos processos naturais, culturais e

atividades humanas, e Haber que afirma que a Ecologia de Paisagem surge como uma parte

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da terra na qual distingui-se ao nosso redor, sem fixar-se num único componente, sendo um

olhar familiar.

De acordo com O’Neil et al. (1988), a Ecologia de Paisagem é o estudo dos padrões

espaciais do ecossistema. Segundo Zonneveld (1990) a Ecologia de Paisagem é uma ciência

emergente com um caráter complexo e conteúdo heterogêneo, mas com um fundo claramente

epistemológico. Para Naveh e Lieberman (1994) a Ecologia de Paisagem trata das inter-

relações entre o homem e a ampla paisagem que ele ocupa.

Os conceitos da Ecologia de Paisagem são empregados no intuito de mitigar os

efeitos negativos do uso antropogênico do solo e desenvolver uma estratégia ecológica para

um desenvolvimento cultural harmônico para o futuro. Objetivos básicos, como por exemplo

o uso sustentável ou desenvolvimento, controle do aumento populacional, regulação da

intensidade do uso do solo, redução da expansão urbana, diminuição do lixo e a preservação

dos elementos naturais, para serem alcançados requerem um “input”, que pode ser guiado

através da Ecologia de Paisagem (HABER, 1990, apud POLETTE, 1997).

Farina (1998) apud Haber (1990) op. cit., considera ainda que estudos em Ecologia

de Paisagem implicam na: identificação dos principais tipos de uso da terra que caracterizam

a paisagem; identificação dos principais impactos ambientais gerados pelos diferentes tipos de

uso da terra; análise espacial do padrão do ecótopo com atenção especial aos ecótopos

naturais; análise da intensidade, duração e distribuição do impacto, com especial atenção à

hierarquia das esferas espaciais e; análise das conexões espaciais (conectividade) entre todos

os tipos de ecótopos ou conjunto de ecótopos de uma região com especial atenção para sua

interdependência.

Segundo Formam e Godron (1986) e Turner (1989), a Ecologia de Paisagem leva em

consideração três características da paisagem: estrutura; função e; mudanças. A estrutura

refere-se a relação espacial entre diferentes ecossistemas ou elementos presentes na paisagem,

ou seja, é a distribuição da energia, matéria e espécies em relação ao tamanho, forma, número,

tipo e configuração dos ecossistemas; a função refere-se à interação entre os elementos

espaciais, que são o fluxo de energia, materiais e espécies e entre os componentes dos

ecossistemas; e as mudanças, referem-se a alterações na estrutura e função de mosaicos

ecológicos ao longo do tempo.

A paisagem possui uma estrutura bastante particular, inerente aos seus

componentes. Esta estrutura pode ser dividida em vertical e horizontal. A estrutura vertical

consiste na organização de seus componentes em estratos que podem ser agrupados em quatro

níveis: nível aéreo, nível de cobertura do solo, nível do solo e da água e, finalmente, nível da

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rocha. Já a estrutura horizontal consiste da sucessão de paisagens formadas basicamente pela

variação espacial e temporal dos estratos (REFOSCO, 1995).

A estrutura da paisagem trata dos padrões e relações de distribuição entre

elementos espaciais (SANTOS, 2004). Segundo Turner (1989) a estrutura da paisagem pode

ser identificada e quantificada de diversas maneiras de acordo com a interação entre os

elementos da paisagem e os processos ecológicos. Os elementos espaciais observados na

paisagem são resultados de complexas interações entre forças físicas, biológicas e sociais da

natureza.

De acordo com Forman e Godron (1986) a paisagem possui uma estrutura

fundamental composta por fragmento, corredor e matriz. O fragmento é o elemento básico

que forma a paisagem e pode ser definido como uma superfície não-linear que difere

aparentemente de outras ao seu redor. Estas variam grandemente quanto ao seu tamanho,

forma, tipo, heterogeneidade e características de borda. É importante ressaltar que estas estão

sempre dentro da matriz, uma área de entorno que possui uma estrutura e composição de

espécies diferentes. Normalmente os fragmentos na paisagem são comunidades de plantas e

animais, no entanto, muitos fragmentos não possuem vida, ou ainda contém apenas

microorganismos.

Farina (1998) destaca que a estrutura da paisagem é considerada primeiramente

como uma série de fragmentos, circundados por uma matriz com composição diferente. Os

fragmentos podem ser naturais de uma paisagem ou terem surgido como resultado de ações

antrópicas. Quando o processo de fragmentação dos ecossistemas naturais é decorrente de

ação antrópica, torna-se uma ameaça á sua biodiversidade.

Quanto à matriz, Pollete (1997) salienta que é o mais extenso e conectivo tipo de

elemento da paisagem, e que possui o papel predominante da dinâmica da mesma. A matriz

difere do fragmento, pois é muito maior na área total. Para Metzger (2001) essa unidade pode

ser reconhecida por recobrir a maior parte da paisagem, ou por ter maior grau de conexão de

sua área. Numa outra definição, muito utilizada em estudos de fragmentos, a matriz é

entendida como um conjunto de unidades de não-hábitat para uma determinada comunidade

ou espécie estudada.

A matriz é o elemento que tem domínio ou controle sobre a dinâmica da paisagem.

Em geral é reconhecida pelo predomínio de área ocupada no espaço, com menor grau de

fragmentação (SANTOS, 2004). Podemos ter como exemplo de matriz, uma paisagem

dominada por pastagem. Neste caso, a pastagem é considerada a matriz desta paisagem por

ser o elemento mais abundante.

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Numa paisagem é necessário que se analise a importância da conectividade de

fragmentos numa matriz. A conectividade tem um efeito significante. De acordo com Forman

e Godron (1986) quando um elemento da paisagem é perfeitamente conectado com outro, ele

pode ser considerado a matriz. No entanto, geralmente a matriz não é completamente

conectada, mas, “quebrada” por diversos fragmentos. Portanto, é importante começar a

análise de uma paisagem identificando cada elemento presente antes de decidir qual elemento

é a matriz e que tipo de elemento são os fragmentos e corredores.

Os autores op. cit. salientam ainda que, antes de determinar qual elemento é a matriz

numa paisagem não familiar, deve-se, primeiramente, calcular a área relativa e o nível de

conectividade de todos os elementos da paisagem. As matrizes que permitem a maior

conectividade entre os fragmentos florestais são consideradas as de maior porosidade, fator

que terá influência direta na conservação e preservação dos remanescentes florestais

(VALENTE, 2001).

Os corredores, por sua vez, são pequenas faixas de terra as quais diferem da matriz

em ambos os lados, podendo ser isolados em faixas ou ligados à fragmentos (FORMAN e

GODRON, 1981, 1986). Podem ser definidos segundo Farina (1998) como estreitas faixas de

hábitats, envolvidas por outros tipos de hábitats. Plantas e animais se movem facilmente

através de um corredor, mas, a grande variabilidade de espécies encontra-se no interior dos

corredores.

Segundo Forman (1995) os corredores podem servir como abrigo para espécies

herbívoras que se alimentam nas plantações, predadores que controlam as espécies infestantes

das culturas, animais que dispersam semente, e aves que caçam na matriz. Os corredores

variam no comprimento e na função. Os que assumem a forma linear são resultantes de

atividade humana, geralmente são estreitos e têm como função o movimento de espécies

características do interior de um fragmento florestal e, na maioria dos casos, são grandes o

bastante para apresentarem um efeito de borda e um microambiente em seu interior.

Atualmente, as paisagens que observamos resultam das interações de processos

geológicos, geomorfológicos, climáticos, biológicos e antrópicos que ocorreram

anteriormente. A estrutura da paisagem está submetida a processos contínuos de troca de

energia e matéria entre seus compartimentos, os quais definem seu funcionamento e resultam

em uma dinâmica que pode ser representada por processos distintos como a estruturação da

cadeia alimentar e a formação de solos.

As mudanças que ocorrem na estrutura da paisagem modificam o seu funcionamento.

Portanto, a estrutura presente é resultado do funcionamento anterior, mas também determina o

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funcionamento futuro da paisagem (FORMAN e GODRON, 1986). Uma paisagem, como

qualquer outro sistema natural, pode comportar-se de modo diferente quando afetada por

estresse natural ou humano. Estímulos internos ou externos podem produzir mudanças no

sistema e na dinâmica da paisagem (FARINA, 1998).

A dinâmica da paisagem depende de quatro fatores principais, segundo o autor

supracitado: freqüência da perturbação; taxa de recuperação da perturbação; a extensão da

área da perturbação; a extensão da área da paisagem.

As perturbações podem ser definidas como qualquer evento relativamente distinto no

tempo que rompe a estrutura dos ecossistemas, comunidades ou populações e altera os

recursos, substratos ou ambiente físico (TURNER, 1989). As perturbações humanas, como

desmatamentos, poluição, contaminaçao de rios, entre outros, são as que provocam grande

efeito na estrutura e dinâmica da paisagem. Segundo Pires et al (2004) as perturbações,

realizadas para satisfazer as necessidades econômicas, culturais, intelectuais, estéticas e

espirituais estão determinando mudanças ambientais e ecológicas de significado global. Por

intermédio de uma variedade de mecanismos, essas mudanças globais relacionadas,

principalmente, às alterações nos ciclos biogeoquímicos e aos tipos e intensidade no uso da

terra tem alterado a biodiversidade, a qual interfere na sustentabilidade do ambiente, no que se

refere à invasão de espécies.

Para o autor, paisagens com baixa integridade ecológica perdem a capacidade de

realizar plenamente os processos ecológicos básicos e de absorver os impactos resultantes das

atividades humanas, tornando-se economicamente fragilizadas. Com base nessas evidências, o

grau de degradação torna a recuperação dos ecossistemas naturais um processo extremamente

lento ou economicamente dispendioso.

Neste sentido, Santos (2004) salienta que a observação das interações entre a

estrutura da paisagem e seus processos ecológicos permite que vários fenômenos sejam

averiguados, como: a capacidade do meio em recuperar-se e continuar em equilíbrio apesar de

uma mudança; o tempo de sobrevivência de um sistema ou de alguns de seus componentes; a

resistência às mudanças, aos efeitos de barreira; as conseqüências das mudanças dos

movimentos e transporte de agentes entre os elementos da paisagem; a medida de facilidade

de ocorrência de fluxos biológicos; a permeabilidade da matriz; a evolução da fragmentação

relacionada aos tipos de perturbação; os efeitos de borda dos fragmentos; os pontos de

ligação, que facilitam os fluxos entre fragmentos e; a variação da diversidade na paisagem.

Além disso, a observação da mudança ao longo do tempo também permite deduções a

respeito dos efeitos ou impactos cumulativos no meio.

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De acordo com Farina (1998) um entendimento da dinâmica da paisagem tem grande

implicação no gerenciamento da mesma e no planejamento ambiental. Segundo Santos e

Paese (2004) questões decorrentes das alterações ambientais relativas à fragmentação de

hábitat, à seleção de áreas para conservação, ao manejo dos recursos naturais, ao

desenvolvimento sustentável à manutenção da diversidade biológica, cujas respostas deveriam

guiar os tomadores de decisão, não são facilmente respondidas, sendo muitas vezes envoltas

em incertezas.

O entendimento da dinâmica da paisagem permite a compreensão do grau de

fragilidade da mesma e oferece subsídio para o planejamento adequado do uso e ocupação do

solo, bem como uma gestão eficiente na busca pela qualidade ambiental. No entanto, para que

ações de manejo sejam efetivamente realizadas é importante que estejam fundamentadas nas

leis ambientais brasileiras vigentes. Neste sentido, têm-se como principais legislações para

áreas de proteção ambiental o Código Florestal Brasileiro e as Resoluções do CONAMA que

se complementam nas suas definições.

De acordo com a resolução CONAMA 303/2002 (BRASIL, 2002) e com o Código

Florestal Brasileiro - Lei Nº 4.771, de 15 de Setembro de 1965 - (BRASIL, 1965),

consideram-se como Áreas de Preservação Permanente:

I - faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, com

largura mínima, de:

a) trinta metros, para o curso d’água com menos de dez metros de largura;

b) cinqüenta metros, para o curso d’água com dez a cinqüenta metros de largura;

c) cem metros, para o curso d’água com cinqüenta a duzentos metros de largura;

d) duzentos metros, para o curso d’água com duzentos a seiscentos metros de

largura;

e) quinhentos metros, para o curso d’água com mais de seiscentos metros de largura;

II – faixa marginal ao redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitente, com

raio mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica

contribuinte;

III – faixa marginal ao redor de lagos e lagoas naturais, com metragem mínima de: a)

trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas;

b) cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d`água com até

vinte hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta metros;

IV – faixa marginal em vereda em projeção horizontal, com largura mínima de

cinqüenta metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado;

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V - topo de morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de nível

correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em relação à base;

VI - linhas de cumeada, em área delimitada a partir da curva de nível correspondente

a dois terços da altura, em relação à base, do pico mais baixo da cumeada, fixando-se a curva

de nível para cada segmento da linha de cumeada equivalente a mil metros;

VII - encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou quarenta e

cinco graus na linha de maior declive;

VIII – escarpas, bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de ruptura em

faixa nunca inferior a cem metros em projeção horizontal no sentido do reverso da escarpa;

IX - restingas:

a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir da linha de preamar

máxima;

b) em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com função

fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues;

X - manguezal, em toda a sua extensão;

XI - duna;

XII - altitude superior a mil e oitocentos metros, ou, em Estados que não tenham tais

elevações, a critério do órgão ambiental competente;

XIII - locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias;

XIV - locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçados de

extinção que constem de lista elaborada pelo Poder Público Federal, Estadual ou Municipal;

XV - praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre.

A resolução CONAMA 302/2002 (Brasil, 2002) também faz considerações sobre os

reservatórios artificiais. Em seus artigos segundo e terceiros assim se manifestando:

Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:

I - Reservatório artificial: acumulação não natural de água destinada a quaisquer de

seus múltiplos usos;

II - Área de Preservação Permanente: a área marginal ao redor do reservatório

artificial e suas ilhas, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a

estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e

assegurar o bem estar das populações humanas;

III - Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial:

conjunto de diretrizes e proposições com o objetivo de disciplinar a conservação, recuperação,

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o uso e ocupação do entorno do reservatório artificial, respeitados os parâmetros estabelecidos

nesta Resolução e em outras normas aplicáveis;

IV - Nível Máximo Normal: é a cota máxima normal de operação do reservatório;

V - Área Urbana Consolidada: aquela que atende aos seguintes critérios:

a) definição legal pelo poder público;

b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-estrutura

urbana:

1. malha viária com canalização de águas pluviais,

2. rede de abastecimento de água;

3. rede de esgoto;

4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública;

5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;

6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e

c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km2.

Art 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área com largura mínima, em

projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir do nível máximo

normal de:

I - trinta metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas

consolidadas e cem metros para áreas rurais;

II - quinze metros, no mínimo, para os reservatórios artificiais de geração de energia

elétrica com até dez hectares, sem prejuízo da compensação ambiental;

III - quinze metros, no mínimo, para reservatórios artificiais não utilizados em

abastecimento público ou geração de energia elétrica, com até vinte hectares de superfície e

localizados em área rural.

§ 1º Os limites da Área de Preservação Permanente, previstos no inciso I, poderão ser

ampliados ou reduzidos, observando-se o patamar mínimo de trinta metros, conforme

estabelecido no licenciamento ambiental e no plano de recursos hídricos da bacia onde o

reservatório se insere, se houver.

Como exposto, tais conhecimentos levam a um melhor entendimento das relações

espaciais da paisagem e vem contribuir de maneira efetiva na busca pela qualidade ambiental.

Com este intuito, no Brasil, diversos grupos de pesquisadores vem trabalhando na linha da

Ecologia de Paisagem utilizando-a como ferramenta para o manejo dos recursos naturais, para

a ordenação do uso do solo, para o planejamento da restauração de áreas degradadas e

sobretudo, fornecendo subsídios para auxiliar o poder público na tomada de decisões. Dentre

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esses grupos, destacam-se os da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o

Laboratório de Análise e Planejamento Ambiental da Universidade Federal de São Carlos

(LAPA – UFSCAR), o Laboratório de Ecologia da Paisagem e Conservação da Universidade

de São Paulo (LEPaC - USP), o departamento de Ecologia da Paisagem da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os grupos de pesquisa do CNPq e WWF, entre outros.

Os estudos na linha da Ecologia da Paisagem têm a contribuição de ferramentas

importantes para o desenvolvimento de pesquisas de análise, caracterização e diagnóstico

ambientais. Os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs), Geoprocessamento e

Sensoriamento Remoto, são muito utilizados em estudos em Ecologia de Paisagem

fornecendo auxílio e banco de dados ambientais permitindo uma qualidade na análise de

dados.

O geoprocessamento é o processamento informatizado de dados georeferenciados.

Utiliza programas de computador que permitem o uso de informações cartográficas (mapas e

plantas) e informações a que se possa associar coordenadas desses mapas ou plantas (VAZ,

1997).

Segundo o autor, na ecologia, o geoprocessamento é útil para monitorar áreas com

maior necessidade de proteção ambiental, acompanhar a evolução da poluição da água, do ar,

e os níveis de erosão do solo, a disposição irregular de resíduos e para o gerenciamento dos

serviços de limpeza pública (acompanhando, por área da cidade, o volume de resíduos

coletado e análise de roteiros de coleta).

O Sensoriamento Remoto pode ser definido como sendo a utilização conjunta de

modernos sensores, equipamentos de processamento de dados, além de outras, com o objetivo

de estudar o ambiente terrestre através de registro e análise das interações entre a radiação

eletromagnética e as substâncias que compõem a superfície terrestre (NOVO, 1989, 1992).

As imagens digitais de sensoriamento remoto que podem ser obtidas por satélites ou

aeronaves representam a forma de captura indireta de informação espacial. As informações

são armazenadas como matrizes, sendo que cada elemento da imagem, denominado pixel, tem

um valor proporcional a energia eletromagnética refletida ou emitida pela área da superfície

terrestre correspondente (CÂMARA e MEDEIROS, 1998 apud VALENTE, 2001).

Segundo Cavalli (1999), a grande massa de informações proporcionadas pelas

técnicas de sensoriamento remoto, bem como aquelas produzidas por outros tipos de

documentação, têm levado os pesquisadores, da área de recursos naturais, a utilizar programas

computacionais que possibilitem o armazenamento e manuseio daqueles dados. Tais

programas para análise integrada de dados são chamados Sistemas de Informações

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Geográficas (SIG). Os SIGs apresentam um conjunto de funções de amplas aplicações

espaciais, voltadas para a integração de dados, que agrupam idéias desenvolvidas em

diferentes áreas, tais como agricultura, botânica, computação, economia, matemática,

fotogrametria, cartografia e, principalmente na geografia.

Na Ecologia de Paisagem os SIGs são uma ferramenta fundamental, especialmente

se usados na manipulação de modelos e dados reais e transferência de informações implícitas

para análises explícitas (Farina, 1998). É ferramenta importante também na identificação e

quantificação da heterogeneidade da paisagem, permitindo que se possa inferir os impactos

sobre os ambientes e que mapas-síntese possam ser produzidos para expressar esses

resultados (MARCOMIN, 1996).

Farina (1998) ainda destaca que os SIGs são indispensáveis para a maioria das

investigações da paisagem, por permitirem avaliar: mudanças de uso de solo; padronagem de

vegetação; distribuição de animais ao longo da paisagem; relação do sensoriamento remoto

com topografia; modelagem de processos ao longo da paisagem.

Um software muito utilizado em SIGs é o IDRJSI, que reúne ferramentas nas áreas

de processamento de imagens, sensoriamento remoto, SIG, geoestatística, apoio a tomada de

decisão e análise de imagens geográficas (IDRISI, 2004).

No Brasil, diversos trabalhos vêm sendo desenvolvidos com a utilização dos

conceitos em Ecologia de Paiagem com autilizaçao de SIGs e o software IDRISI. Marcomin

(2002) fez uma análise ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Pinheiros, caracterizando e

diagnosticando os elementos da paisagem e da perda de solo por erosão laminar, onde as

perdas de solo, os fatores componentes da mesma e os elementos estruturais da paisagem

foram gerados no SIG — IDRISI v. 2.0.

Este recurso também foi utilizado por Tonial (2003) para realizar a classificação dos

usos da terra servindo como ferramenta para o tratamento, interpretação e análise das imagens

LANDSAT TM 5 e produção de mapas temáticos para análise da dinâmica da paisagem da

região noroeste do estado do Rio Grande do Sul.

Cemin, Perico e Rempel (2005), utilizaram os Sistemas de Informações Geográficas

para a análise da estrutura da paisagem no município de Arvorezinha – RS, analisando e

quantificando as mudanças estruturais da paisagem, durante os períodos de 1995 e 2002, por

meio de índices da Ecologia de Paisagem.

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3 METODOLOGIA

3.1 Localização e descrição da área de estudo

A bacia do rio São Bento localiza-se entre as coordenadas 28°29’/28°44’ Norte e

49°20’/49°30’ Oeste (Figura 01), abrangendo parte dos municípios de Bom Jardim da Serra,

Treviso, Siderópolis, Nova Veneza e Forquilhinha, região do extremo sul do estado de Santa

Catarina, com uma área aproximada de 160km² (CASAN, 2004).

Figura 01 – Localização geográfica da Bacia Hidrográfica do Rio São Bento (Fonte: CASAN, 2004)

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3.2 Descrição da área de estudo.

3.2.1 Geologia

A formação geológica encontrada na bacia hidrográfica do rio São Bento inclui-se no

grupo São Bento. Segundo Epagri (2005) este grupo é representado pelas intrusões de

diabásio e pelas seguintes formações: Formação Botucatu - de idade Jura-Cretáceo, esta

unidade é constituída por arenitos eólicos, finos a médios, avermelhados, com estratificação

cruzada. Esta formação assenta discordantemente sobre as da Formação Rio do Rasto, e são

recobertas, também discordantemente, pelas lavas da Formação Serra Geral; Formação Serra

Geral - pouco mais de 50% da área do território catarinense acha-se recoberta por rochas

desta unidade, constituída por uma seqüência vulcânica, compreendendo desde rochas de

composição básica até rochas com elevado teor de sílica e baixos teores de ferro e magnésio.

A seqüência básica ocupa a maior parte do planalto catarinense, sendo constituída

predominantemente por basaltos e andesitos. Em praticamente todo o estado, recortando as

rochas mais antigas, ocorrem diques e “sills” de diabásio, alguns deles com área superior a

100km2, como é o caso do “sill” do Montanhão, entre Siderópolis e Urussanga.

3.2.2 Geomorfologia

A bacia hidrográfica do rio São Bento assentada em sua maior parte sobre a Unidade

Geomorfológica Patamares da Serra Geral, encontra-se localizada entre as Unidades

geomorfológicas da Depressão da Zona Carbonífera Catarinense e Serra Geral (EPAGRI,

1999).

A unidade geomorfológica Patamares da Serra Geral desenvolve-se como uma faixa

estreita e descontínua, associada à dissecação das redes de drenagem dos rios Araranguá e

Mampituba. Os patamares representam testemunhos do recuo da linha de escarpa, conhecida

como Serra Geral, a qual se desenvolveu nas seqüências vulcânicas e sedimentares da Bacia

do Paraná. A leste, as formas de relevo alongadas e dissecadas ultrapassam a Unidade

Geomorfológica Depressão da Zona Carbonífera Catarinense e avançam sobre a Unidade

Geomorfológica Planícies Litorâneas como verdadeiros esporões interfluviais (JUSTUS et al

1986; KAUL, 1990).

De acordo com CASAN (2004) a unidade Serra Geral, caracteriza-se por encostas de

alta declividade com interflúvios estreitos de topo anguloso, em forma de cristas ou tabular,

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apresentando vales bem fechados em “V”, que atingem profundidades superiores a 500m e

com forte controle estrutural. Predominam as classes de relevo escarpados e montanhosos,

com declividades que variam de 45 a mais de 100%.

Esta Unidade constitui-se nos terminais escarpados do planalto dos Campos Gerais,

desenvolvida sobre rochas efusivas básicas, intermediárias e ácidas com desníveis acentuados

de até 1.000m. As formas de relevo bastante abruptas apresentam vales fluviais com

aprofundamentos superiores a 500m em suas nascentes desenvolvendo verdadeiros

"canyons", a exemplo do Itambezinho, na divisa do Estado do Rio Grande do Sul. As

características do relevo desta unidade geomorfológica são propícias ao desenvolvimento e

preservação de uma vegetação do tipo florestal (SANTA CATARINA, 1991).

A Unidade Depressão da Zona Carbonífera Catarinense mostra duas feições bem

marcantes de relevo. Da cidade de Siderópolis para o norte, o relevo apresenta-se colinoso,

com vales encaixados, as vertentes são íngremes, com espesso manto de intemperismo que

favorece a ocorrência de processos de solifluxão e ocasionalmente movimentos de massa

rápidos. Da cidade de Siderópolis para o sul, as formas são côncavo-convexas com vales

abertos, sendo os processos fluviais os responsáveis pela dissecação. Altimetricamente este

relevo se posiciona entre 500 a 600m; cotas mais elevadas verificam-se nos relevos residuais,

de topos planos, mantidos por rochas mais resistentes, remanescentes de antiga superfície de

aplanamento (SANTA CATARINA, 1991).

3.2.3 Solo

Os solos derivados do arenito Botucatu ocorrem segundo uma estreita faixa

contornando a escarpa da Serra Geral. Os mais comuns são o Argissolos e os Cambissolos. As

rochas efusivas básicas são responsáveis pela formação de extensas áreas de solos argilosos,

arroxeados, avermelhados ou brunados, com altos teores de Fe2O3. Já as rochas efusivas

intermediárias e ácidas deram origem a solos argilosos ou de textura média, alguns com

gradiente textural bem acentuado, com teores variáveis de Fe2O3, em geral inferior a 18%

(EPAGRI, 2005).

Os solos presentes na área, segundo Epagri (2005) são representados, em sua maior

parte, pelos Argissolos/Alissolos, Cambissolos, Neossolos litólicos e Gleissolos.

Os Argissolos compreende solos constituídos por material mineral, que têm como

características diferenciais argila de atividade baixa e horizonte B textural (Bt),

imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte superficial, exceto o hístico.

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Os Alissolos são solos minerais e tem como características diferenciais argila de

atividade >20 cmolc/kg de argila, baixa saturação por bases, alto conteúdo de alumínio

extraível (Al3+ > 4 cmolc/kg de solo), conjugado com saturação por alumínio > 50% e/ou

saturação por bases <50%. Podem apresentar horizonte A moderado, proeminente ou húmico

e/ou horizonte E sobrejacente a um horizonte B textural ou B nítico.

Os Cambissolos são constituídos por material mineral, que apresentam horizonte A

ou horizonte hístico com espessura inferior a 40 cm seguido de horizonte B incipiente e que

satisfaça demais requisitos especificados quanto a sua ocorrência e constituição. Estes solos

ocorrem tanto em relevo praticamente plano a relevo montanhoso, apesar de predominarem os

cambissolos em relevo forte ondulado, ondulado e suave ondulado.

Os Neossolos Litólicos são solos com horizontes A ou O hístico com menos de 40

cm de espessura, assentado diretamente sobre a rocha ou sobre um horizonte C ou Cr ou

ainda, sobre material com 90% (por volume), ou mais de sua massa constituída por

fragmentos de rochas com diâmetro maior que 2 mm (cascalho, calhaus e matacões) e que

apresentam um contato lítico dentro de 50cm da superfície do solo. Admitindo ainda um

horizonte B. Por serem solos que ocorrem em sua maioria em locais de topografia acidentada,

normalmente em relevo forte ondulado, montanhoso e ondulado, e devido à pequena

espessura dos perfis, são muito suscetíveis a erosão. (EPAGRI,1999).

Os Gleissolos por sua vez, são solos constituídos por material mineral com horizonte

glei imediatamente abaixo do horizonte A, ou de horizonte hístico com menos de 40 cm de

espessura; ou horizonte glei começando dentro de 50 cm da superfície do solo. Anteriormente

estes solos eram denominados Solos Glei Húmico e Glei Pouco Húmico. Em condições

naturais estes solos apresentam condições mínimas de utilização, não só pela deficiência

química e teores elevados de alumínio trocável, como também, e principalmente, pelas

restrições impostas pelo excesso de água no solo, impedindo ou limitando o uso de máquinas

e implementos agrícolas (EPAGRI, 1999).

Segundo os autores op. cit, ocorrem na área da microbacia do rio São Bento, às

seguintes variações dos grandes grupos de solos acima descritos:

• Re3 (associação de Solos Litólicos Eutróficos + Cambissolo Eutrófico +

Afloramentos Rochosos em relevo escarpado) que ocupam maior parte da

microbacia, estando associados às encostas e cristas de morros;

• HGPd5 (associação Glei Pouco Húmico Distrófico + Cambonissolo

Eutrófico) restritos as áreas de inundação das planícies dos rios) e; Ra9

(associação de Solos Litólicos Alico + Cambissolo Álico + Afloramentos

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rochosos) que ocorre em pequenas porções restritas à zona de contato

entre os campos de Cima da Serra e os Aparados da Serra;

• PVa6 (Podzólico Vermelho-Amarelo Álico e Distrófico Tb A moderado

textura média/argilosa fase floresta tropical perenifólia relevo suave

ondulado);

• Ca13 (Associação Cambissolo Álico e Distrófico Tb A moderado textura

argilosa fase pedregosa relevo forte ondulado + Terra Bruna/Roxa

Estruturada Álica e Distrófica A moderado textura argilosa relevo

ondulado e forte ondulado ambos floresta tropical perenifólia);

• Cd4 (Associação Cambissolo Distrófico Tb A moderado textura argilosa

fase floresta tropical perúmida relevo praticamente plano e suave

ondulado + Glei Pouco Húmico Distrófico Ta textura argilosa fase

floresta tropical perenifólia de várzea relevo plano).

Essas três últimas variações ocorrem nas encostas dos divisores de água, localizados

na margem esquerda da bacia hidrográfica do rio São Bento (EPAGRI, 1999).

3.2.4 Hidrografia

As bacias hidrográficas que desembocam para o Oceano Atlântico formam o sistema

sul brasileiro de vertentes do Atlântico. Por serem nascentes encravadas nos Aparados da

Serra e acompanharem o sistema de falhamentos são classificados como rios encaixados

(JUSTUS et al., 1986; Kaul, 1990).

O rio São Bento, pertencente à bacia do rio Araranguá, nasce nos contrafortes da

Serra Geral, desenvolvendo-se por cerca de 40km até a confluência com o rio Mãe Luzia, do

qual é o principal afluente. Seus principais formadores são os rios da Serra e da Mina,

recebendo ainda contribuição dos rios Guarapari e Serrinha. Sua bacia hidrográfica totaliza

uma área de aproximadamente 160 km2 (sendo a área de drenagem na seção de barramento de

112,2 km2), com vazões médias de 3,12 m3/s e mínima de 0,83 m3/s, apresentando altas

declividades, principalmente em seu trecho superior, bastante montanhoso (CASAN, 2004).

A área de entorno imediato da Barragem do Rio São Bento situa-se adjacente às

escarpas da Serra Geral, região onde a cobertura basáltica já foi totalmente removida pelos

efeitos da erosão, deixando exposta quase que a totalidade da coluna de rochas sedimentares

gonduânicas, em forma de morros com vertentes ainda bastante íngremes. Dentro deste pacote

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de rochas sedimentares, intrudiu um espesso corpo de lavas basálticas, com o formato de um

sill de composição diabásica, que hoje em dia, por força de processos erosivos, aflora em

ampla área (EPAGRI, 1999), inclusive nas adjacências da área em estudo.

Nos vales dos rios São Bento, Serrinha, Serra e da Mina, pode-se observar que ocorre

uma deposição de seixos e cascalhos rolados de basalto. Este aspecto mostra que as calhas dos

dois rios e parte da planície de inundação são revestidas por este tipo de sedimento aluvionar,

imersos em uma matriz argilo arenosa. A deposição de material aluvionar e coluvionar se

estende na região à jusante do barramento, no trecho compreendido entre a barragem do rio

São Bento e a comunidade de São Bento Alto.

Em função das suas características, o rio São Bento era o manancial utilizado para

abastecimento da cidade de Criciúma, antes da instalação da Barragem do Rio São Bento

(BRSB), através de uma derivação em seu baixo vale, que suplementava a capacidade hídrica

do ponto de captação da CASAN, situado junto à barragem reguladora de nível do rio

Guarapari. Nos dias de hoje, a água é captada na BRSB e conduzida até a ETA de São

Defende e distribuída para as cidades de Criciúma, Içara, Nova Veneza, Forquilhinha e

Maracajá. Além do abastecimento público, o rio São Bento fornecia ainda água para a cultura

do arroz irrigado, o que gerava conflitos pelo uso.

O rio São Bento no local de captação, antes da implantação da Barragem do Rio São

Bento, apresentava cobertura vegetal abundante, que contribuía para uma boa qualidade das

águas (COTESA, 2001). Com a formação do lago foi inundada uma área de 450 hectares (4,5

Km2), totalizando um volume útil acumulado de 53,2 hm3. Este armazenamento de água no

reservatório possibilita, além do abastecimento público à população alvo do projeto, a

irrigação de uma área de 2.000 hectares, com uma vazão firme de 1,01 m3/s durante sete

meses do ano (CASAN, 2004).

3.2.5 Clima

Segundo a classificação de Koeppen (1948), de acordo com EPAGRI (1999) o clima

na região é classificado como Cf, (subtropical úmido). A bacia hidrográfica do rio São Bento

encontra-se em uma área de transição entre a variedade específica Cfa (junto à área de

ocorrência da Floresta Ombrófila Densa Submontana) e a variedade específica Cfb (junto às

altitudes mais elevadas da Floresta Ombrófila Densa Montana, nos Campos de Cima da Serra

e na Floresta Ombrófila Mista).

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Na variedade Cfa, a temperatura média normal anual para a área oscila de 17,0 a 19,3

ºC. A temperatura média normal das máximas varia de 23,4 a 25,9 ºC e das mínimas de 12,0 a

15,1 ºC. A precipitação pluviométrica total normal anual pode oscilar de 1.220 a 1.660 mm,

com o total anual de dias de chuva entre 102 e 150 dias (EPAGRI, 1999).

Nos locais de ocorrência da variedade específica Cfb, a temperatura média normal

anual varia de 11,4 a 17,9 ºC, sendo que a temperatura média normal das máximas oscila de

16,9 a 25,8 ºC e a mínima de 7,6 a 12,9 ºC. A precipitação pluviométrica total anual pode

variar de 1.360 a 1.820 mm, com o total anual de dias de chuva oscilando entre 123 e 144 dias

(EPAGRI, 1999).

3.2.6 Vegetação

A cobertura vegetal original da bacia hidrográfica do rio São Bento pertence à

formação Floresta Ombrófila Densa (Domínio Mata Atlântica) que se estende ao longo da

costa atlântica, dentro do espaço subtropical, por 10.062 km2, ocupando desde as planícies

cenozóicas até as áreas de relevo bem dissecado das encostas e escarpas da Serra do Leste

Catarinense da Serra Geral (TEIXEIRA et al., 1986).

De acordo com Santa Catarina (1986) a área representa as formações de Floresta

Ombrofila Densa que compreende as planícies e serras da costa catarinense, com ambientes

marcados intensamente pela influência oceânica, traduzida em elevado índice de umidade e

baixa amplitude térmica.

Segundo o autor op. cit., a Floresta Ombrófila Densa no sul de Santa Catarina,

apresenta-se formada por agrupamentos vegetais de composição florística distinta, que varia

de acordo com a altitude. Observa-se a ocorrência de três formações distintas de acordo com a

variação da altitude: Floresta de Terras Baixas (do nível do mar até 30 m); Floresta

Submontana (de 30 a 400 m); Floresta Montana (em altitudes superiores a 400 m): Floresta

Ombrófila Mista (campos de cima da Serra). Na área em estudos, pelo fato de estar localizada

acima da cota altimétrica 30 m, não ocorre a formação vegetal Floresta Ombrófila Densa de

Terras Baixas.

As excepcionais condições ambientais da região permitiram o desenvolvimento de

uma floresta com fisionomia e estrutura peculiar grande variedade de formas de vida e

elevado contingente de espécies endêmicas. De acordo com Veloso e Góes Filho (1982), a

Floresta Ombrofila Densa apresenta-se bem desenvolvida, com formações densas e vistosas e

copas largas na qual forma um microclima bem característico. Na Floresta Ombrofila Densa

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Submontana observa-se à presença de agrupamentos vegetais bem desenvolvidos, formados

por árvores altas e com copas densas e largas, dando à vegetação o aspecto da floresta

climáxica ombrofila. O elevado nível de epifitismo, principalmente de bromélias dos gêneros

Vriesia e Tillandsia, bem como as aráceas dos gêneros Philodendron e Athurium são uma

particularidade desta floresta. Entre as espécies arbóreas latifoliadas ocorrentes nesta

formação têm-se Ocotea catharinenseis (canela-preta), Sloanea guianensis (laranjeira-do-

mato), Aspidosperma olivaceum [parvifolia] (peroba-vermelha), Talauma ovata (baguaçu),

Schizolobium parahyba (guarapuvu) e Didymopanaz angustissimum (pau mandioca), entre

outras (TEIXEIRA et al., 1986).

Segundo o autor acima citado, o estrato das arvoretas é bastante homogêneo e

caracterizado pelas espécies: Actinostemon concolor (laranjeira-do-mato), Pera glabrata

(seca-ligeiro), Sorocea bonplandii (carapicica), Esenbeckia grandiflora (cutia) e de Euterpe

edulis (palmito), que muito contribuem para o aspecto fisionômico desta floresta. Estas

formações sofreram grandes influencias antropicas, restando apenas formações primárias em

áreas íngremes.

No âmbito da Floesta Ombrofila Densa Montana, observa-se que a composição

florestal é bastante diversificada destacando-se as espécies: Ocotea catharinenseis (canela-

preta), Alchornea sidifolia (tanheiro), Capaifera trapezifolia (pau-óleo), Coccoloba

warmingii (racha-ligeiro), Ocotea pretiosa (canela-sassafrás) e um grande número de

mirtáceas dos gêneros: Eugenia, Myrceugenia e Calyptranthes, que caracterizam

principalmente o estrato médio da floresta. Nota-se a gradativa diminuição de Euterpe edulis

(palmito), bem como epífitas e lianas (TEIXEIRA et al., 1986).

A inexpressiva ação antrópica nas áreas dessa é representada pela ocorrência de áreas

de vegetação secundária em diversos estágios de desenvolvimento, como capoeirinha,

capoeira e capoeirão, e de uma reduzida agricultura cíclica em rotação com a pecuária

ocorrente nas áreas mais planas. Ao longo da crista da Serra Geral, segundo Rambo (1994),

ocorre um filete de vegetação Auto-Montana denominada “matinha nebular”, uma vez que

durante grande parte do ano se encontra entre densa neblina.

A vegetação florestal primária hoje existente na bacia hidrográfica do rio São Bento

restringe-se quase que exclusivamente às encostas da serra geral, em locais de difícil acesso,

ou impróprias à agricultura. Nas partes mais baixas e aplainadas, é intenso o uso do solo para

práticas agrícolas, onde a vegetação resultante apresenta-se em diversos estádios de

conservação.

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3.2 Procedimentos Metodológicos

Para a caracterização ambiental da bacia hidrográfica do rio São Bento foram

utilizadas as folhas SH – 22 – X – A – III – 4 (Bom Jardim da Serra), SH – 22 – X – A – IV –

2 (São Bento Baixo), SH – 22 – X – B – IV – 1 (Criciúma) da Secretaria de Planejamento da

Presidência da República – Superintendência de Cartografia do IBGE (BRASIL, 1976), na

escala de 1:50000.

A partir das folhas topográficas foi gerado o polígono da microbacia, que foi

digitalizado em tela, com o auxilio do software CARTALINX v.2.0 (CLARK LABS, 1999).

Os arquivos vetoriais da rede hidrográfica e curvas de nível foram obtidos on-line dos

arquivos digitais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (www.ibge.gov.br)

(2007), sendo estes, os primeiros parâmetros necessários para a caracterização da bacia. Os

arquivos vetoriais obtidos foram exportados para o software IDRISI 32 (CLARK

UNIVERITY, 1999) para a geração de mapas temáticos dos referidos parâmetros, assim como

do MDT (modelo digital do terreno).

A vetorização das diferentes formas de uso e cobertura da terra, também foram

digitalizadas em tela, com o auxílio do software CARTALINX (CLARK LABS, 1999) a

partir de fotografias aéreas datadas de novembro de 2006 (AEROFOTO CRUZEIRO, 2006),

utilizadas como imagem de fundo (backdrop). Os arquivos vetoriais foram exportados para o

software IDRISI 32 (CLARK UNIVERSITY, 1999), onde foi obtido o parâmetro de uso da

terra, assim como as respectivas cartas temáticas, conforme sugestões de Easteman (1999).

Tais cartas foram importantes para a obtenção de dados ambientais detalhados da

bacia no que se refere ao uso e cobertura da terra, permitindo uma analise clara das ocupações

em áreas de APP, imprescindíveis à sua caracterização. O Modelo de Elevação do Terreno

obtido por meio da rotina ORTHO, permitiu analisar com maior detalhamento a estrutura do

relevo da área, auxiliando na identificação de áreas consideradas de Preservação Ambiental de

acordo com a legislação vigente, em função da declividade.

Num segundo momento, o mapa de declividade foi reclassificado a partir da

ferramenta RECLASS em função da legislação ambiental vigente, sendo destacadas as áreas

com declividades superiores a 45°. De acordo com a Resolução CONAMA 303/2002

(BRASIL, 2002), estas áreas devem ser consideradas como de Preservação Permanente,

merecendo especial atenção.

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Visando o estudo mais detalhado da paisagem foi efetuado o cruzamento do mapa de

uso da terra com o mapa de declividades, por meio do módulo CROSSTAB, fornecendo

subsídios adequados para descrever a paisagem e identificar os possíveis riscos ambientais em

função de seu uso inadequado.

Assim, com as informações obtidas em tais cruzamentos foram determinadas as áreas

de Preservação Permanente para a bacia hidrográfica e para a Barragem do Rio São Bento em

função da legislação (Código Florestal Brasileiro e Resolução CONAMA 303/2002), assim

como, foi estabelecida uma zona tampão (buffer) para a rede hidrográfica da bacia,

considerando a distância mínima das margens de 30 metros para os rios e de 100 metros para

o entorno do lago. Em seguida, o mapa de uso da terra foi cruzado como o mapa de áreas de

preservação permanente, com o objetivo de verificar os tipos de usos na área de abrangência

legal destas APP’s.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A bacia do Rio São Bento ocupa uma área de, aproximadamente, 160Km2, apresenta

padrão de drenagem dendrítica que, segundo Christofoletti (1980), os ramos formados pelas

correntes tributárias distribuem-se em todas as direções do terreno e se unem formando

ângulos agudos de graduações variadas (Figura 02). As nascentes localizam-se nos

contrafortes da Serra Geral a noroeste da bacia, tendo algumas origem nos campos de cima da

serra, ocorrem em classes hipsométricas superiores a 1000 m e em declividades superiores a

25º. O rio São Bento desenvolve-se por cerca de 40km das nascentes até a confluência com o

rio Mãe Luzia (CASAN, 2004) que está localizado a sudeste da bacia ocorrendo em classes

hipsométricas inferiores a 80m e em declividades inferiores a 10º.

Nas nascentes predomina vegetação arbórea típica de Floreta Ombrófila Densa

Montana (TEIXEIRA et al., 1986) em função das cotas em que se encontram. Já em sua foz

há a predominância de áreas de cultivo e campo antrópico (Figura 05). A predominância de

vegetação nas nascentes é de extrema importância para a bacia uma vez que atenua processos

erosivos, reduz o assoreamento e, como conseqüência, impede o desaparecimento dos corpos

d’água. No entanto, observa-se que alguns corpos d’água acima da barragem apresentam

cultivo agrícola e campo antrópico em seu entorno, o que poderá representar problemas

futuros para a bacia, podendo levar à extinção destes corpos d’água caso não sejam tomadas

medidas que visem o manejo de tais áreas.

O lago da Barragem do Rio São Bento localiza-se ao centro da bacia com uma área

de aproximadamente 4,5Km², tendo como principais formadores o rio Serrinha e rio São

Bento. Encontra-se em classe hipsométricas em torno de 160m e declividade inferior a 25º.

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Figura 02. Rede hidrográfica da bacia do rio São Bento

As classes hipsométricas foram distribuídas pela área da bacia com intervalos de de

10m até as altitudes de 100m e com intervalos de 100m para as altitudes superiores a 100m.

De acordo com os dados obtidos, verifica-se que a bacia apresenta todas as classes

hipsométricas, incluindo desde áreas com altitudes inferiores a 80m, localizadas na porção sul

da bacia, até áreas com altitudes superiores a 1200m (Figura 03), localizados nos campos de

cima da Serra.

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Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

LEGENDA

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Figura 03. Mapa hipsométrico da bacia do rio São Bento

A maior parte da área total a bacia encontra-se nas classes inferiores a 30m, cerca de

11% (Tabela 01), sendo as maiores freqüências observadas nas altitudes entre 100 e 1000m.

Tabela 01. Área ocupada por cada uma das classes hipsométricas da bacia do rio São Bento

Classes (m) Área (Km2) Área (%)1 0 - 30 18,57 11,632 30 - 40 0,13 0,083 40 - 50 4,43 2,774 50 – 60 4,95 3,105 60 – 70 8,52 5,346 70 – 80 7,33 4,597 80 – 90 6,58 4,128 90 – 100 2,50 1,569 100 - 200 2,04 1,2710 200 – 300 9,74 6,1011 300 – 400 10,78 6,7512 400 – 500 12,58 7,8813 500 – 600 11,85 7,4214 600 – 700 12,67 7,9515 700 – 800 13,25 8,3016 800 – 900 11,18 7,0017 900 – 1000 6,84 4,3018 1000 – 1100 5,16 3,2319 1100 – 1200 4,00 2,5020 1200 – 1300 5,00 3,1321 1300 – 1400 1,29 0,8022 1400 – 1500 0,19 0,12TOTAL 159,55 100,0

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LEGENDA

Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

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Com base no proposto por Teixeira et al. (1986), em função das cotas altimétricas

que se apresentam na bacia, a vegetação presente pode ser representada pela Floresta

Ombrófila Densa Submontana (cota entre 30 e 400m) e Floresta Ombrófila Densa Montana

(cotas superiores a 400m), sendo a máxima cota registrada de 1500m.

De acordo com Rosa e Brito (2003), os dados hipsométricos possibilitam conhecer o

relevo, que por sua vez interfere decisivamente no processo erosivo, principalmente por meio

do escoamento superficial da água. A configuração topográfica de uma área de drenagem está

estritamente relacionada com os fenômenos de erosão que se processam em sua superfície.

Dentro da Ecologia de Paisagem, a hipsometria nos oferece dados estruturais do

ambiente que servirão, em conjunto com os dados de ocupação da terra, para caracterizar a

bacia e elencar suas fragilidades. Juntamente com os estudos hipsométricos da bacia, os dados

de declividade também são fundamentalmente importantes nas análises ambientais em razão

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de sua relação com o grau de comprometimento da qualidade do solo, devido sua má

utilização. Neste sentido, a legislação brasileira estabelece as devidas utilizações do solo em

função da declividade que uma área apresenta.

De acordo com os dados observados, cerca de 6% da área encontra-se em

declividades superiores a 45º. A maior percentagem da área encontra-se nas classes entre 0º e

10º (37,69%) (Tabela 02).

Tabela 02. Área ocupada pelas classes clinográficas da bacia do rio São Bento.Classes (graus ) Área (Km2) Área (%)

1 0 – 10 60,15 37,702 10 – 25 38,80 24,303 25 – 45 50,49 31,654 > 45 10,10 6,25TOTAL 159,55 100,0

De acordo com o estabelecido pela legislação vigente (Resolução 302 do CONAMA

e Código Florestal Brasileiro), exposto anteriormente, as áreas com declividades superiores a

45º devem ser consideradas como áreas de Preservação Permanente e, portanto, impróprias

para utilização antrópica, pois aumentam o risco de erosão e perda de solo. Esta perda de solo

pode vir seguida por lixiviação de material particulado e contaminantes para os rios,

comprometendo a qualidade ambiental da área.

Como observado na Figura 04, a bacia apresenta uma parte de sua área enquadrada

na categoria de APP (>45º), merecendo especial atenção. Contudo, mesmo declividades

inferiores à estabelecida pela legislação devem ser protegidas face ao tipo do solo, a formação

vegetal e a proximidade dos corpos d’água, dentre outros fatores. Porém, é oportuno enfatizar

que não se deve estabelecer um parâmetro apenas para análise e gestão da paisagem, mas a

integração de vários parâmetros.

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Figura 04. Mapa de clinográfia da bacia do rio São Bento

O uso da terra da bacia foi categorizado de acordo com o que foi possível ser

identificado nas fotografias aéreas. Tais categorias podem não representar fielmente o

ocorrido de fato no campo, apesar das fotografias estarem em uma escala apropriada para este

tipo de análise. Pelo fato da maior parte da bacia estar localizada nas encostas da Serra Geral,

onde a declividade é muito acentuada, as faces internas dos vales sofrem interferências de luz

e sombra que, de certa maneira podem comprometer as interpretações. Nestas condições, foi

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LEGENDA

Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

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possível identificar e diferenciar 11 categorias de uso para a área, conforme apresentado na

Figura 05.

Figura 05. Mapa de uso da terra na bacia do rio São Bento

Como é possível observar na Tabela 03, a área da bacia apresenta, em sua maior

parte, vegetação arbórea, representado 69,55%. Tal vegetação encontra-se, quase que em sua

totalidade na porção norte-noroeste da bacia onde se encontram as cotas mais elevadas. Isto

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LEGENDA

Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

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representa um ponto positivo para a área, o que significa maior proteção ao solo e aos corpos

d’água no sentido de que a vegetação evita escoamento superficial do solo, mantendo a

fertilidade do mesmo pelas relações ecológicas ali presentes. Além disso, oferece abrigo e

alimento à fauna local, sendo esta essencial para a manutenção de espécies.

Tabela 03. Área ocupada pelas diferentes classes de uso da terra da bacia do rio São Bento.

Classes Área (Km2) Área (%)1 Vegetação de entorno de rio 0,80 0,502 Cultivo irrigado 21,56 13,513 Cultivo de sequeiro 2,06 1,294 Corpos de água 5,28 3,305 Vegetação arbórea 110,98 69,556 Solo exposto 0,84 0,527 Estradas e caminhos 0,09 0,058 Ocupação urbana 0,39 0,249 Campos de Cima da Serra 3,28 2,0510 Campo antrópico 14,87 9,3211 Plantio de Eucalyptus spp. 0,19 0,12TOTAL 159,55 100,0

No entanto, em observações em campo anteriores ao desenvolvimento do estudo,

percebeu-se que, no entorno da barragem e à sua jusante, a vegetação presente é de caráter

secundário e com intenso uso pela população das proximidades. Isto representa efeitos

negativos na estrutura e dinâmica da paisagem. Como salientou Turner (1989), estas

perturbações humanas rompem a estrutura dos ecossistemas e alteram os recursos, diminuindo

a integridade ecológica da paisagem. Neste caso, Pires (2004) coloca que estas paisagens

perdem a capacidade de realizar suas funções básicas tornando-se fragilizadas, o que dificulta

sua recuperação. Portanto, como lembra Farina (1998), o entendimento da dinâmica da

paisagem tem grande implicação no gerenciamento e planejamento ambiental de áreas.

Além disso, foi possível observar também na área, uma intensa fragmentação

destas matas, embora não tenha sido possível identificar tal fato nas fotografias aéreas. Esta

fragmentação resulta da influência antrópica nos mosaicos da paisagem, podendo contribuir

para a modificação destas paisagens, o que acarreta problemas na dinâmica e funcionamento

das mesmas. Kurasz et al (2005) apud Silva e Martins (2001) salientam que Os fragmentos

remanescentes, às vezes pequenos e muito alterados, estão normalmente ilhados em meio a

grandes áreas agrícolas e sofrem assim forte pressão antrópica, onde as principais formas de

distúrbios referem-se a extração de lenha, de plantas medicinais e ornamentais, fogo, invasão

de espécies animais e vegetais exóticas e isolamento de outras florestas. Como conseqüência

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disso, têm-se alterações profundas nas funções ecológicas destas florestas, como extinção

local de espécies, desequilíbrio nas taxas de reprodução e crescimento, o que afeta populações

de espécies arbustivo-arbóreas; problemas na estrutura genética das populações arbóreas,

como conseqüência do baixo fluxo gênico entre fragmentos, retardamento do processo

sucessional pela ausência de fontes naturais de propágulos de espécies tardias e prejuízos nas

interações planta-animal, com o desaparecimento de dispersores e polinizadores. Estes

distúrbios tendem a ser mais drásticos quanto menor o fragmento e quanto maior o seu

isolamento e são mais intensos nas suas bordas. Portanto, é necessário um trabalho intenso de

educação ambiental com as comunidades próximas e o manejo das áreas visando a

conservação das mesmas, além de um planejamento ambiental da região que envolva tanto

entidades governamentais e privadas quanto a população.

A jusante da barragem encontra-se a maior heterogeneidade da paisagem (figura

05). Observa-se uma elevada quantidade de manchas de vegetação esparsa entre as áreas

agrícolas, sendo a matriz da paisagem caracterizada pelo cultivo irrigado. Algumas das

manchas de vegetação presentes na área são totalmente isoladas o que conduz a uma baixa

conectividade entre os fragmentos, influenciando nas relações ecológicas dos seres ali

presentes. Segundo Muchailh (2007) apud Campos (2006), A fragmentação da cobertura

vegetal, especialmente nas áreas de preservação permanente, reduz a conectividade, pois

divide o ambiente em numerosas ilhas, provocando a interrupção de corredores, rompendo

fluxos gênicos, acarretando no empobrecimento da cadeia alimentar e na extinção de espécies.

E, como ressalta Farina (1998), sendo esta fragmentação de origem antrópica, torna-se uma

ameaça à biodiversidade da área.

Muchailh (2007) relaciona ainda que a fragmentação tem relação direta com a

sobrevivência das populações, intensificação das competições, isolamento dos fragmentos,

efeitos de borda e perda de biodiversidade. O que se percebe nesta parte da bacia é que os

fragmentos de vegetação ainda presentes encontram-se em áreas elevadas, o que dificulta o

acesso às mesmas. No entanto, com a ocupação desenfreada atual é possível que estas áreas

sejam ocupadas futuramente. Portanto, torna-se urgente ações de gestão ambiental da área,

evitando a perda completa destes habitats remanescentes. Nesse sentido, a introdução de

corredores entre estes fragmentos seria importante para enriquecer biologicamente a

paisagem. Isto aumentaria a conectividade entre os mesmos, permitindo as trocas ecológicas

entre populações. Este aspecto é fundamentalmente importante em paisagens fragmentadas,

pois promovem dispersão das espécies pela matriz aumentando as chances de sobrevivência

das mesmas.

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Medina e Vieira (2007), salientam que a diminuição da conectividade ao limitar a

dispersão dos organismos, pode ter conseqüências negativas nas populações já que reduz o

fluxo genético entre elas podendo levar a endocruzamentos e perda de diversidade genética.

É importante destacar, também, com relação aos fragmentos da paisagem, a

estrutura da matriz para analisar se as mesmas oferecem algum grau de conectividade para os

fragmentos.

Muchail (2007) salienta que é importante avaliar a influência da matriz e formas

de minimizar os efeitos negativos. A intensidade das atividades desenvolvidas na matriz afeta

a sobrevivência das populações, tanto de espécies de plantas como de animais. Atividades

agrícolas intensivas podem ser altamente nocivas, pois envolvem o uso indiscriminado de

fertilizantes e, principalmente, de agrotóxicos. Além de afetar diretamente os organismos, os

agrotóxicos podem ser transportados pelo vento e pela água, afetando os organismos dentro

dos fragmentos e também contaminando mananciais de água, levando perigo às populações,

inclusive, às humanas.

Com relação à bacia é possível observar, também, nesta parte da bacia, que

13,50% da área apresenta cultivo irrigado, predominantemente rizicultura. À jusante da

barragem onde há maior fragmentação, esta rizicultura representa a matriz da paisagem.

Portanto, como lembrado anteriormente, representa uma matriz com baixa permeabilidade,

dificultando a conectividade entre os fragmentos. Alem disso, a rizicultura representa ainda,

uma série de problemas em termos de qualidade ambiental como: monocultura - a rizicultura

representa a monocultura onde o risco se torna grande quando em caso de alterações

climáticas ou qualquer outro fator ambiental que possa prejudicar a atividade; compactação

do solo - com o aplainamento do relevo e compactação do solo, a água não infiltra, sendo

transportada para os rios, levando parte dos sedimentos e materiais nutritivos, deixando o solo

infértil; contaminação da água - a utilização de fertilizantes e agrotóxicos na rizicultura faz

com que o excesso destes poluentes chegue aos rios e penetrem no subsolo contaminando o

lençol freático. A mudança do padrão de drenagem e morfologia do terreno, pela construção

de canchas o que facilita o transporte de agentes químicos (JACQUES et al, 2008).

Portanto, é fundamental uma atenção especial a estas áreas e um planejamento

adequado da utilização da terra na bacia. Nestes tipos de análise é importante estabelecer uma

relação entre as áreas consideradas de Preservação Permanente e suas possíveis ocupações.

Portanto, para um estudo mais detalhado destas áreas estabeleceu-se um buffer no entorno dos

rios e da Barragem como mostra a Figura 06. No entorno dos rios, estabeleceu-se uma

distancia de 30 m para cada lado das margens, enquanto para o entorno da barragem o buffer

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foi de 100m, conforme a exigência mínima da legislação vigente (Resolução CONAMA e

Código Florestal Brasileiro).

Figura 06. Mapa da zona de amortecimento (buffer) no entorno dos rios e da Barragem.

E para melhor descrição da situação destas APP’s, realizou-se o cruzamento dos

buffers com o mapa de uso da terra, no intuito de averiguar a utilização destas áreas (Figura

07).

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LEGENDA

Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

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Figura 07. Mapa temático resultante do cruzamento do mapa de uso e cobertura da terra

com o mapa das zonas de amortecimento (buffers).

Segundo os dados apresentados para a área (Tabela 04), verifica-se que a maior

porcentagem da área ocupada pela zona de amortecimento (buffers) (74,24%), apresenta

vegetação arbustiva arbórea. Sendo estas áreas de Preservação Permanente, esta situação é de

extrema importância no que se refere á qualidade ambiental destas áreas, uma vez que esta

vegetação desempenha papel importante de retenção de encostas, de escoamento de áreas de

entorno, mantém o ciclo de nutrientes entre os ecossistemas aquático e terrestre, servem de

alimento para diversos seres e retém energia solar controlando a temperatura do ambiente.

Além disso, como ressalta Dutra (2005) também é importante avaliar a influência da matriz e

formas de minimizar os efeitos negativos. A intensidade das atividades desenvolvidas na

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Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

LEGENDA

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matriz afeta a sobrevivência das populações, tanto de espécies de plantas como de animais.

Atividades agrícolas intensivas podem ser altamente nocivas, pois envolvem o uso

indiscriminado de fertilizantes e, principalmente, de agrotóxicos. Além de afetar diretamente

os organismos, os agrotóxicos podem ser transportados pelo vento e pela água, afetando os

organismos dentro dos fragmentos e também contaminando mananciais de água, levando

perigo às populações, inclusive, às humanas. Nesse sentido, o fato de maior parte da área

possuir esta vegetação constitui uma boa qualidade ambiental.

Tabela 04. Área ocupada pelas diferentes classes de uso da terra na zona de amortecimento (buffer) de entorno dos rios

Classes de uso da terra Área (Km2) Área (%)1 Vegetação de entorno de rio 0,01 0,032 Cultivo irrigado 2,53 9,843 Cultivo de sequeiro 0,32 1,245 Vegetação arbórea 19,08 74,246 Solo exposto 0,06 0,237 Estradas e caminhos 0,007 0,028 Ocupação urbana 0,06 0,239 Campos de Cima da Serra 0,28 1,1010 Campo antrópico 2,05 8,0011 Plantio de Eucalyptus spp. 0,08 0,01TOTAL 25,70 100,0

No entanto, cabe ressaltar que, aproximadamente 10% destas APP’s estão ocupadas

por cultivo irrigado e cerca de 8% por campo antrópico. De acordo com a legislação

brasileira, estas áreas não deveriam ter qualquer tipo de ocupação. Isto representa um risco

para o rio, estando este, sujeito a contaminação por agentes químicos provenientes da

rizicultura, bem como possível desmoronamento de suas margens ocasionando assoreamento

nestes locais, o que pode prejudicar o curso do rio. Observa-se na figura 07, que esta

percentagem refere-se à área jusante à barragem onde é possível perceber praticamente a

inexistência de vegetação no entorno dos rios, devendo ser intensificado os trabalhos de

conservação nesta parte da microbacia representando sua área mais crítica. Os únicos trechos

de APP da jusante que possuem vegetação referem-se as áreas mais elevadas e que, portanto,

ainda não foram ocupadas pela dificuldade de cultivo.

Quanto as APP’s de 100m no entorno da barragem (Figura 08), observa-se, também,

o predomínio de vegetação arbustivo arbórea, cerca de 47% da área. Uma porcentagem

considerável de 29% apresenta campo antrópico, podendo representar riscos de infiltração e

escoamento superficial do solo para o lago. Chama atenção, também, que 11% da área

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apresentam solo exposto, o que pode ocasionar escoamento para os rios e assoreamento do

lago.

Tabela 05. Área ocupada pelas diferentes classes de uso da terra na zona de amortecimento ( buffer) de entorno da barragem

Classes de uso do solo Área (Km2) Área (%)4 Corpos d’água 0,01 0,785 Vegetação arbórea 0,60 47,246 Solo exposto 0,14 11,027 Estradas e caminhos 0,02 1,5710 Campo antrópico 0,50 39,46TOTAL 1,27 100,0

Figura 08. Mapa de uso e cobertura do solo da zona de amortecimento (buffer) no entorno da Barragem do Rio São Bento

Numa área de grandeza da BRSB é importante a conservação da vegetação ciliar do

lago, tendo estas contribuições importantes como: proteção dos cursos d`água contra o

assoreamento e a contaminação por defensivos agrícolas, poluentes e sedimentos que seriam

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Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

LEGENDA

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transportados, além de afetar diretamente a qualidade da água; conservação da fauna, sendo

também importantes como corredores ecológicos, ligando fragmentos florestais.

Como mencionado anteriormente, considera-se APP as áreas com declividade

superior a 45º. De acordo com os dados obtidos pelo cruzamento dos mapas de uso do solo e

declividade (Anexo 02) (Tabela 06), observa-se um percentual insignificante de áreas de

cultivo nestas declividades. Dos 6% da área com declividade superior a 45º, cerca de 96%

apresenta vegetação arbórea.

Tabela 06. Área ocupada pelas respectivas classes de uso do solo nas diferentes classes de classes de declividade

Relação uso | clinografia Área

(Km2)

Área (%)

1 | 1 Vegetação entorno de rio | 0 a 10º 0,08 0,052 | 1 Cultivo irrigado | 0 a 10º 21,17 13,253 | 1 Cultivo sequeiro | 0 a 10º 2,02 1,264 | 1 Corpos d’água | 0 a 10º 4,74 2,975 | 1 Vegetação arbórea | 0 a 10º 16,70 10,466 | 1 Solo exposto | 0 a 10º 0,48 0,307 | 1 Estradas e caminhos | 0 a 10º 0,07 0,048 | 1 Ocupação urbana | 0 a 10º 0,39 0,249 | 1 Campos de Cima da Serra | 0 a 10º 0,74 0,4610 | 1 Pasto Antrópico | 0 a 10º 13,56 8,4911 | 1 Plantio de Eucalyptus spp | 0 a 10º 0,15 0,092 | 2 Cultivo irrigado | 10 a 25º 0,36 0,223 | 2 Cultivo sequeiro | 10 a 25º 0,03 0,014 | 2 Corpos d’água | 10 a 25º 0,46 0,285 | 2 Vegetação arbórea | 10 a 25º 35,56 22,286 | 2 Solo exposto | 10 a 25º 0,18 0,117 | 2 Estradas e caminhos | 10 a 25º 0,02 0,019 | 2 Campos de Cima da Serra | 10 a 25º 1,25 0,7810 | 2 Pasto Antrópico | 10 a 25º 0,90 0,5611 | 2 Plantio de Eucalyptus spp | 10 a 25º 0,03 0,012 | 3 Cultivo irrigado | 25 a 45º 0,02 0,014 | 3 Corpos d’água | 25 a 45º 0,08 0,055 | 3 Vegetação arbórea | 25 a 45º 48,82 30,596 | 3 Solo exposto | 25 a 45º 0,16 0,107 | 3 Estradas e caminhos | 25 a 45º 0,008 < 0,019 | 3 Campos de Cima da Serra | 25 a 45º 1,01 0,6310 | 3 Pasto Antrópico | 25 a 45º 0,36 0,2211 | 3 Plantio de Eucalyptus spp | 25 a 45º 0,005 < 0,012 | 4 Cultivo irrigado | > 45º 0,001 < 0,014 | 4 Corpos d’água | > 45º 0,01 < 0,015 | 4 Vegetação arbórea | > 45º 9,78 6,12

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6 | 4 Solo exposto | > 45º 0,01 < 0,019 | 4 Campos de Cima da Serra | > 45º 0,26 0,1610 | 4 Pasto Antrópico | > 45º 0,04 0,02TOTAL 159,55 100,0

De acordo com Ramalho-Filho e Beeck (1995 apud PERICO; SEMIN, 2006), as

classes de declividade de 0 a 9° são áreas em que a suscetibilidade à erosão varia desde áreas

não suscetíveis, em locais planos, à suscetibilidade forte nas áreas com relevo ondulado, onde

a declividade está próxima a 9°. As terras de relevo plano a suave ondulado, apresentam

declividade variando de 0° a 3°, sendo representadas por áreas com baixos riscos de erosão

quando utilizadas práticas conservacionistas simples. Já as áreas com as classes de

declividade entre 9° a 20°, compreendem as áreas em relevo forte ondulado e com alta

suscetibilidade à erosão.

O que se observa na bacia é que sua maior ocupação antrópica encontra-se nas

categorias inferiores a 10º, podendo ser consideradas aptas as práticas agrícolas, mas com

ressalvas as práticas conservacionistas, podendo estas mesmas áreas apresentar perdas de solo

por escoamento superficial.

Rosa e Brito (2003), também relacionam a declividade com as aptidões de uso do

solo e estabelecem a seguinte classificação: categoria Menor do que 6º - são as áreas de relevo

plano ou quase plano onde o escoamento superficial é lento ou muito lento. O declive do

terreno não oferece dificuldades aos implementos e máquinas agrícolas; categoria 6 a 18º -

são as áreas de relevo suave ondulado, com interflúvios extensos e aplainados e vales abertos.

O declive por si só não impede o uso de implementos e máquinas agrícolas, porém exigem

práticas agrícolas para a conservação dos solos; categoria 18 a 26º - são também áreas de

relevo medianamente ondulado, com as mesmas características da categoria 6 a 8º. No

entanto, este tipo de declive pode oferecer restrições a algum tipo de implemento agrícola,

além de exigir práticas agrícolas complexas de conservação; categoria 26 a 45º - são áreas de

relevo ondulado dissecado, vales abertos a fechados. O escoamento superficial é rápido.

Exigem práticas agrícolas complexas;. categoria maior 45º - são áreas de relevo fortemente

ondulado, topografia movimentada, formada por morros, com declives fortes. Impróprias para

o uso agrícola.

Com relação a classificação adotada pelos autores acima citados, observa-se que na

categoria entre 10 e 25º estabelecida para a bacia estudada, tem-se uma quantidade

numericamente insignificante de cultivo agrícola, mas, que qualitativamente pode representar

perdas de solo significativas e comprometimento da paisagem. Neste sentido é

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fundamentalmente importante um manejo adequado destas áreas no intuito de minimizar os

riscos de perda de solo por erosão laminar o que pode comprometer a qualidade ambiental da

área.

CONCLUSÃO

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A bacia do rio São Bento, apresenta, em termos gerais boas condições ambientais,

principalmente em sua porção à montante da Barragem do Rio São Bento. No entanto, à sua

jusante o comprometimento da paisagem se acentua, sendo necessária atenção especial e

planejamento.

A maior porcentagem da área encontra-se em declividades inferiores a 10º , enquanto

as declividades superiores a 45º que são consideradas de preservação permanente pela

legislação vigente, apresentam-se em 10% da área. Observa-se, portanto, que a maior parte da

bacia está enquadrada nas declividades consideradas aptas ao cultivo agrícola. No entanto, é

necessário relacionar a declividade com os demais parâmetros da paisagem para que se possa

avaliar o nível de comprometimento, quando do manejo inadequado dessas áreas. Além disso,

mesmo declividades inferiores a estabelecidas pela legislação, devem ser protegidas face ao

tipo de solo ou proximidade dos corpos d’água.

Com o auxílio do software IDRISI 32, pôde-se analisar a estrutura da bacia com

maiores detalhes no que se refere aos parâmetros da paisagem. Como observado, a região

apresenta uma área considerável de cultivo, inclusive no entorno de rios. Desta forma,

percebe-se a necessidade de um planejamento racional do uso do solo, pois a tendência deste

é sofrer um desgaste intenso, com perdas tanto ambientais quanto sociais, no sentido de trazer

prejuízos futuros às comunidades que ali se estabelecem.

Pelas observações realizadas, cerca de 25% das áreas consideradas de Preservação

Permanente estão ocupadas irregularmente por alguma ação antrópica (cultivo, pastagem, solo

exposto, dentre outros). Em termos qualitativos isto representa um comprometimento

ambiental de grandes proporções podendo acarretar problemas futuros para a área. A

proximidade do cultivo aos corpos d’água representa possíveis contaminações e aumentam a

instabilidade do solo fazendo com que as áreas de entorno dos rios possam sofrer erosões

intensas o que pode levar ao assoreamento dos cursos de água. O mesmo se aplica ao entorno

da barragem que ainda apresenta uma percentagem considerável de ocupação.

As análises evidenciaram que a bacia do Rio São Bento apresenta uma boa qualidade

ambiental em sua porção superior, onde se encontram as declividades mais altas, cuja área é

legalmente considerada de Preservação Permanente. No entanto, em sua porção inferior à

jusante da Barragem do rio São Bento a bacia encontra-se completamente fragmentada,

apresentando o cultivo irrigado como matriz da paisagem.

Para tal, é importante desenvolver um trabalho intenso de Educação Ambiental com

a população local para que se possa melhorar as condições deste ambiente. Sabe-se que há

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uma nítida relação entre os aspectos físicos e humanos na dinâmica do uso da terra, portanto,

é essencial este tipo de trabalho com os agricultores; promovendo-se a proteção da vegetação

ao longo dos corpos d’água, encostas, topos de morro bem como a utilização de práticas

agrícolas que viabilizem a sustentabilidade da área.

Por apresentar um grande potencial hídrico e ser detentora de uma Barragem de

grande importância para o local, sugere-se que se realize um Planejamento Ambiental para a

área no intuito de reorganizar a paisagem na sua porção mais antropizada recuperando áreas

consideradas mais críticas ambientalmente, bem como a conservação dos remanescentes

florestais ali presentes.

Além disso, no intuito de se obter um maior detalhamento da área, estudos futuros

em séries temporais visando subsidiar ações na direção da Gestão Ambiental, devem

contemplar um novo mapeamento da área com a utilização de fotografias aéreas recentes ou

imagens de satélite de alta resolução a fim de avaliar a evolução da qualidade ambiental da

bacia. Trabalhos de levantamento fitossociológico para a área também podem contribuir

significativamente para um detalhamento da qualidade ambiental juntamente com análises de

água dos principais formadores da barragem e o Rio São Bento à sua jusante.

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39. PIRES, J.S.R et al. Gestão biorregional: uma abordagem conceitual para o manejo de paisagens. In: SANTOS, et al (org.). Faces da polissemia da paisagem: ecologia, planejamento e percepção. São Carlos: RIMA, 2004.

40. POLETTE, Marcus. Gerenciamento costeiro integrado: proposta metodológica para a paisagem litorânea da microbacia de Mariscal – Município de Bombinhas. São Carlos: UFSCar, 1997. 408p. Tese de doutorado. Programa de Pós Graduação em Ecologia e Recursos Naturais.

41. ______. Paisagem: uma reflexão sobre um amplo conceito. Revista Turismo: visão e ação, n. 3, p. 38-94, abr/set 1999.

54

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42. PROGRAMAS AMBIENTAIS PREVISTOS NO PROJETO BASICO AMBIENTAL DA BARRAGEM DO RIO SÃO BENTO. Plano diretor: disciplinamento do uso e ocupação do solo e da água – programa 2. CASAN. Agosto, 2004.

43. RAMBO. A Flora de Cambará. Anais Botânicos do Herbário “Barbosa Rodrigues”, Itajaí, 1949.

44. REFOSCO, Julio César. Ecologia da paisagem e sistema de informações geográficas no estudo de interferências da paisagem na concentração de sólidos totais no reservatório da usina de Barra Bonita – SP. São Carlos: UFSCar, 1995. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia.

45. ROSA, Roberto. BRITO, Jorge Luiz S. mapa hipsometrico e de declividade do terreno da bacia hidrográfica do Rio Araguari – MG. II Simpósio Regional de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2003

46. SANCHEZ, Roberto O.; SILVA, Tereza C. Zoneamento ambiental: uma estratégia de ordenamento da paisagem. Cadernos de Geociência, n. 14, abr/jun 1995. IBGE.

47. SANTA CATARINA. Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral. Atlas de Santa Catarina. Aerofoto Cruzeiro. Rio de Janeiro. 173 p. 1986.

48. SANTOS, Rozeli F. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: oficina de textos, 2004. 184 p.

49. TEIXEIRA, M.B., et al. Vegetação. As regiões fitoecológicas, sua natureza e seus recursos econômicos. Estudo fitogeográfico. In Levantamento de recursos naturais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 1986.

50.TONIAL, Tania Maria. Dinâmica da paisagem na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. São Carlos: UFSCar, 2003. 97 p. Tese de Doutorado. Programa de pós Graduação em Ecologia e Recursos Naturais.

51. TROPPMAIR, Helmut. Ecologia da paisagem: da geografia para a ciência interdisciplinar. Revista de estudos ambientais – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, v.12, n. 3, p. 80 - 85, 2002.

52. TURNER, Mônica G. Landscape ecology: the effect of pattern on process. Readings in Ecology, n. 20, p. 171-197, 1989.

53. VALENTE, Roberta O. A. Análise da estrutura da paisagem na bacia do Rio Corumbataí – SP. Piracicaba: USP, 2001. Dissertação de Mestrado. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.

54. VELOSO, H. P.; GOES FILHO, L. Fitogeografia brasileira, classificação fisionômica ecológica da vegetação neotropical. Projeto RADAMBRASIL, Sér. Vegetação, Salvador: 1982, 80 p.

55. VAZ, José Carlos. Geoprocessamento. n. 94, 1997.

55

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56. ZONNEVELD, I. S. Scope and concepts of Landscape Ecology as an emerging science. In: ZONNEVELD, I, S.; FORMAN, R. T. T. (ed). Changing Landscapes: as ecological perspective. New York: Springer, 1990. 286 p.

56

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ANEXOS

Anexo 01 – Modelo de Elevação Digital do Terreno

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ANEXO 2 – Cruzamento entre o mapa de uso do solo com o mapa de declividade nas classes entre 0 e 10º

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Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

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Anexo 03 Cruzamento entre o mapa de uso do solo com o mapa de declividade nas classes entre 10 e 25º

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LEGENDA

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Anexo 04 Cruzamento entre o mapa de uso do solo com o mapa de declividade nas classes entre 25 e 45º

60

Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

LEGENDA

LEGENDA

Projeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

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Anexo 05 Cruzamento entre o mapa de uso do solo com o mapa de declividade nas classes superiores a 45º

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LEGENDAProjeção Universal Transversa de MercatorDatum horizontal: Córrego Alegre - MGOrigem da quilometragem UTM: Equador e meridiano 51o W. GrAcrescidas as constantes 10.000 km e 500 km respectivamente

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