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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
CAMPUS DE VIDEIRA
MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA E BIOTECNOLOGIA
ELIS REGINA DANA SCHUTZ
POTENCIAL DE SACARIFICAÇÃO E DESPOLIMERIZAÇÃO DE BIOMASSA DE
LEMNA MINUTA, POR HIDRÓLISE QUÍMICA E ENZIMÁTICA PARA PRODUÇÃO
DE BIOETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO
VIDEIRA – SC
2015
2
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
CAMPUS DE VIDEIRA
MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA E BIOTECNOLOGIA
POTENCIAL DE SACARIFICAÇÃO E DESPOLIMERIZAÇÃO DE BIOMASSA DE
LEMNA MINUTA, POR HIDRÓLISE QUÍMICA E ENZIMÁTICA PARA PRODUÇÃO
DE BIOETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO
Mestranda: Elis Regina Dana Schutz
Orientadora: Prof. Dra. Sabrina Pinto Salomoni
Coorientador: Prof. Dr. Jean Carlo S.S. Menezes
Área: Biotecnologia Ambiental
Linha de Pesquisa: Otimização e Escalonamento de Bioprodutos
VIDEIRA – SC
2015
3
ELIS REGINA DANA SCHUTZ
POTENCIAL DE SACARIFICAÇÃO E DESPOLIMERIZAÇÃO DE BIOMASSA DE
LEMNA MINUTA, POR HIDRÓLISE QUÍMICA E ENZIMÁTICA NA PRODUÇÃO DE
BIOETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Mestrado Acadêmico em Ciência e
Biotecnologia da Universidade do Oeste de Santa
Catarina como requisito para obtenção do grau de
Mestre.
Aprovado em ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Prof. Dra. Sabrina Pinto Salamoni
Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC
_______________________________________________________________
Prof.Dra. Estela de Oliveira Nunes
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Soja
_______________________________________________________________
Prof. Dra. Maria Rita Chaves Nogueira
Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC
______________________________________________________________
Prof. Dr. Dirceu Scaratti
Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC
_______________________________________________________________
Prof. Dra. Jane Mary Lafayette Neves Gelinski
Coordenadora PPGC&B da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC
5
AGRADECIMENTOS
“Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam!”
(Sabedoria Oriental)
No entanto, existem caminhos árduos de percorrer por serem
desconhecidos, pelas suas barreiras de hercúleos esforços, pelas encruzilhadas e
desvios que nos levam a dilemas e indecisões, pelos densos rios que temos de
superar. Mas, é tão bom chegar a esta fase da gesta e poder dizer que não explorei
sozinha o desconhecido, que não superei os obstáculos sem uma mão amiga, que
nas minhas dúvidas sempre surgiu o bom conselho a boa sugestão, que nas águas
a transpor me foi lançada a ponte salvadora.
Assim, aprendi que um caminho de tão difícil necessita sempre de apoio,
de conselhos, de ensinamentos diversos, por vezes de carinhos e porque não, de
reprimendas e censuras.
Por tudo, e especialmente pelo rumo certo, desejo expressar o meu
sincero e reconhecido agradecimento a todos os que contribuíram para a
concretização deste estudo, deste sonho.
Agradeço a Deus, por me conceder a fé que habita em meu coração. Por
guiar e iluminar o meu caminho. Pelas grandes graças que me concede nesta vida,
todos os dias, como oportunidades de convivência com pessoas especiais, pelos
momentos inesquecíveis e vivências extraordinárias.
“É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das
horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que
a tua ausência trescale sutilmente, no ar, a trevo
machucado, as folhas de alecrim desde há muito
guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade
para eu sentir como sinto - em mim - a presença
misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e
múltipla e imprevista que nunca te pareces com o teu
retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.” –
Mário Quintana
Ao meu marido e ao meu filho, um agradecimento especial pelo seu
apoio permanente,expresso ou silencioso, materializado em longos meses de
6
paciência, de sacrifício e pela minha ausência quase real, pelo tempo que não
viveram para não me deixar sozinha, pelas más disposições e nervosismos e pelo
carinho com que sempre me esperaram . Por tudo o que esse apoio representa e
que eu não consigo traduzir em palavras…
Quero deixar um agradecimento profundo aos melhores pais do mundo,
por sempre me iluminarem os caminhos obscuros com afeto e dedicação para que
os pudesse trilhar sem medo e cheia de esperança!
“Não pode haver felicidade genuína longe do lar. Nele
encontramos as melhores influências e os
relacionamentos mais doces que a vida pode nos
oferecer.” – Ezra Taft Benson
A Doutora Estela de Oliveira Nunes, pela amizade, pela preocupação e
compreensão, pelo empenhamento e presença ao longo destes meses e, por ter
aberto a primeira porta para o mundo apaixonante das macrófitas e da pesquisa .
“Àquele que injetou mais vida em nossas vidas. Pois o
saber é um patrimônio que jamais nos será subtraído...
Àquele, cujo saber jorra como água que surge do nada,
mas com estrutura de brisa que satisfaz... Àquele que,
pela busca incessante do bem comum, renunciou parte
de sua vida passando-nos sua sabedoria.” – Autor
desconhecido
A minha doce colega Marta Veronica Buss, pela incrível lição de vida, por
encher meu coração com pequenas alegrias e grandes atitudes, pelos melhores
sorrisos, por ter deixado sua marca na vida de tantas pessoas, por ter feito a
diferença na minha vida. Pela amizade sincera! A sua força foi primordial para a
realização deste trabalho.
“Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha,
é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a
outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa
sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si
e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela
responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas
não se encontram por acaso.” – Charles Chaplin
A minha orientadora, Prof. Dra. Sabrina Pinto Salamoni, pelos
ensinamentos, confiança e apoio. Por mostrar que mesmo quando estamos em
condições adversas em um ambiente de trabalho, ainda podemos, com empenho,
inteligência e inconformismo, realizar trabalhos com qualidade. Pela compreensão
7
manifestada em relação a minha situação de necessidade de conciliação das
atividades acadêmica e profissionais.
"O mais importante para o homem é crer em si mesmo.
Sem esta confiança em seus recursos, em sua
inteligência, em sua energia, ninguém alcança o triunfo a
que aspira." – Thomas Wittlam Atkinson
Ao meu co-orientador Prof. Dr. Jean Carlo Salomé dos Santos Menezes
pelas construtivas trocas de ideias, grande dedicação e colaboração inestimável
com o trabalho.Por todo o apoio,confiança e incentivo.
“São eles que me fizeram entender que nada é tão difícil,
e que a vida pode ser fácil quando se tem planos para
sonhar. Fazem-me enxergar caminhos, pra eu buscar e
me entender. É só olhar com outros olhos o que temos
de melhor e viver um dia após o outro. Mostraram-me
que não existe amor se existir medo. Eu, hoje, vejo o
mundo com mais esperanças. Fui criada para ser livre,
porém, sem esquecer daqueles que fazem parte da
minha história! Que são minha essência!” – Autor
desconhecido.
Aos membros da banca de qualificação, pelas valiosas correções e
sugestões que propiciaram o enriquecimento desde trabalho. Aos professor Cesar
Milton Baratto e Dirce Scaratti pelo auxílio estatístico .
“A atenção de alguém é realmente o sol que dá vida e
produz transformações nas pessoas. Melhor ainda se a
atenção é recíproca, porque aí entramos numa dança de
criação conjunta – para mim, um dos sonhos da
educação e da vida.” – José Ângelo Gaiarça.
À Universidade do Universidade do Oeste de Santa Catarina ( UNOESC ),
minha segunda casa e minha escola de vida. O meu lugar de trabalho , onde passo
mais de 12 horas do meu dia , pela oportunidade de realizar um grande sonho .Foi
uma experiência muito enriquecedora e gratificante.
“O valor das coisas não está no tempo em que elas
duram, mas na intensidade com que acontecem. Por
isso existem momentos inesquecíveis, coisas
inexplicáveis e pessoas incomparáveis." – Fernando
Pessoa
8
Por fim, à todos que de alguma forma contribuíram com este trabalho,
acreditaram em meu potencial e torceram pelo meu sucesso. Muito obrigada!
“A suprema felicidade consiste em termos a certeza de
que somos amados. Amados pelo que somos, ou
melhor: amados apesar do que somos!” – Victor Hugo
9
EPÍGRAFE
“Ando devagar porque já tive pressa e levo
esse sorriso,porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
eu só levo a certeza de que muito pouco eu
sei, que nada sei.
Conhecer as manhas e as manhãs,
o sabor das massas e das maçãs.
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder seguir,
É preciso a chuva para florir.
Sinto que seguir a vida seja simplesmente
conhecer a marcha, e ir tocando em frente
como um velho boiadeiro levando a boiada,
eu vou tocando os dias pela longa estrada eu
vou, de estrada eu sou
Cada um de nós compõe a sua própria história,
e cada ser em si, carrega o dom de ser
capaz, de ser feliz”.
(ALMIR SATER e RENATO TEIXEIRA)
10
RESUMO
A grande dependência de fontes de energia não renováveis e altamente poluentes,
como o petróleo e seus derivados, tem levado a sociedade a buscar alternativas
para a utilização de matrizes energéticas renováveis. As pesquisas atuais sinalizam
como tecnologia emergente a produção de etanol de biomassas alternativas. Dentre
as várias matérias-primas disponíveis, as macrófitas aquáticas flutuantes, surgem
como uma alternativa sustentável, devido à elevada produtividade e à possibilidade
de cultivo ou obtenção a partir de ambientes eutrofizados. Para realização deste
trabalho inicialmente foi caracterizado o teor de carboidrato da biomassa seca de
Lemna minuta. A biomassa vegetal foi submetida ao pré-tratamento químico, com
ácido sulfúrico e clorídrico adicionado nas concentrações de 5, 10 e 15% e, em
diferentes temperaturas (100; 130 e 150°C) e tempos (20’; 40’ e 60’) de
incubação.No pré-tratamento enzimático, avaliou-se diferentes temperaturas (40; 55
e 70°C), pH (4,00; 5,00; 6,00 e 7,00) e tempos (60'; 120' e 240'). O melhor pré-
tratamento foi repetido e, o hidrolisado foi fermentado com Saccharomyces
cerevisiae chardonay por 48h a 30ºC, sendo determinada a quantidade de bioetanol
produzida. Como resultados desta pesquisa evidencia-se que a biomassa possui
36,46% de carboidratos. A hidrólise ácida foi o melhor pré-tratamento (5% de HCl, a
150ºC por 60') .
PALAVRAS-CHAVE: Macrófitas, Lemna minuta, Hidrólise, Fermentação, Bioetanol.
11
ABSTRACT
The high reliance on non-renewable energy sources and highly polluting, such as oil
and its derivatives, has led the companies to seek for alternatives to the use of
renewable energy matrices. Current research signal emerging technology as the
production of biomass ethanol for alternatives. Among the various available raw
materials, the floating aquatic weeds emerge as a sustainable alternative because of
the high productivity and the possibility of cultivation or obtain from eutrophic
environments. In this work it was initially characterized the carbohydrate content of
dry biomass Lemna minuta. The biomass was subjected to chemical pre-treatment
with sulfuric and hydrochloric acid added at concentrations of 5, 10 and 15% and at
different temperatures (100, 130 and 150°C) and incubation time (20 ', 40' and 60 ').
In the enzymatic pretreatment, different temperatures were evaluated (40, 55 and
70°C), pH (4,00; 5,00; 6,00 and 7,00) and times (60'; 120 'and 240'). The best pre-
treatment was repeated, and the hydrolyzate was fermented with Saccharomyces
cerevisiae chardonay 30°C for 48h and determined the amount of produced
bioethanol. As a result of this research it is clear that biomass has 36.46%
carbohydrates. Acid hydrolysis was the best pre-treatment (5% HCl at 150 °C for
60').
KEYWORDS: Macrophyte, Lemna minuta, Hydrolysis, Fermentation, Bioethanol.
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
AIE - Agência Internacional de Energia
ANP - Agência Nacional de Petróleo
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
BEN - Balanço Energético Nacional
CH4 - Metano
CO2 - Dióxido de Carbono
GEF - Gases do Efeito Estufa
ITQB - Instituto de Tecnologia Química e Biológica
LEMA - Laboratório de Experimentação em Microbiologia Ambiental
MS - Massa Seca
MTEP - Milhões de Toneladas Equivalente de Petróleo
N2O - Oxido Nitroso pH - potencial hidrogeniônico
SC - Santa Catarina
SSF - Sacarificação e Fermentação Simultâneas
UFC - Unidade Formadora de Colônia
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UNOESC - Universidade do Oeste de Santa Catarina
US$ - United States (dollar)
13
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Classificação das macrofitas .................................................................... 21
Figura 2 - Diferenciação dos gêneros das macrofitas. (a)Wolffia sp.; (b)Lemna sp. 24
Figura 3 - Ciclo do CO2 no meio ambiente ............................................................... 26
Figura 4 - Custo da produção de Etanol, em função da matéria prima em distintos
países ........................................................................................................................ 28
Figura 5 - Fluxograma da produção de biocombustíveis de segunda geração ........ 30
Figura 6 - Fluxograma da produção de biocombustíveis de terceira geração .......... 32
Figura 7 - Fluxograma da produção de biocombustíveis de quarta geração ............ 33
Figura 8 - Fluxograma com as rotas tecnológicas para produção de etanol várias
biomassas ................................................................................................................. 42
Figura 9 - Fluxograma dos fundamentos do processos de hidrólise para conversão
e produção de etanol a partir de materiais celulósicos .............................................. 46
Figura 10 - (a) Lagoa natural com biomassa vegetal; (b) Coleta de Lemna minuta . 51
Figura 11 - Fluxograma das etapas realizadas para quantificação do teor de
carboidratos ............................................................................................................... 52
Figura 12 - Fluxograma do pré-tratamento e da quantificação dos açúcares
redutores ................................................................................................................... 53
Figura 13 - Curva padrão de açúcares redutores ..................................................... 56
Figura 14 - Fluxograma das etapas da fermentação ................................................ 57
Figura 15 - Curva padrão da densidade do crescimento microbiano ....................... 58
Figura 16 - Gráfico de superfície de resposta para a concentração de glicose após
hidrólise ácida, em função da concentração do ácido e da temperatura: (a) Ácido
clorídrico; (b) Ácido sulfúrico ..................................................................................... 64
Figura 17 - Gráfico de superfície de resposta para a concentração de glicose após
hidrólise ácida, em função da concentração do ácido e de tempo: (a) Ácido
clorídrico; (b) Ácido sulfúrico ..................................................................................... 65
Figura 18 - Perfil dos valores previstos/otimizados e da desejabilidade em relação
aos ácidos: (a) clorídrico; (b) sulfúrico ...................................................................... 66
Figura 19 - Gráfico de superfície de resposta para a eficiência na produção de
glicose após hidrólise enzimática, em função: (a) Temperatura e pH; (b) Tempo e pH
.................................................................................................................................. 69
14
Figura 20 - Perfil dos valores da desejabilidade em relação ao tempo, temperatura
e pH ........................................................................................................................... 70
Figura 21 - Produção de etanol de Lemna minuta versus consumo de açúcar redutor
total ........................................................................................................................... 71
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação dos biocombustíveis com base em suas tecnologias de
geração ..................................................................................................................... 34
Tabela 2 - Produção de biocombustíveis (2008) nos principais centros mundiais .... 35
Tabela 3 - Produção mundial de etanol, em bilhões de litros por ano ...................... 40
Tabela 4 - Planejamento experimental das hidrólises ácidas: fatorial 23 .................. 54
Tabela 5 - Hidrólises Enzimáticas: 40º, 50°C e 60°C ................................................ 55
Tabela 6 - Teor de Carboidratos na biomassa de Lemna minuta ............................. 60
Tabela 7 - Teor de açúcar redutor disponível na Lemna minuta após hidrólise com
HCL, e eficiência de Sacarificação ............................................................................ 62
Tabela 8 - Teor de açúcar disponível da Lemna minuta a partir da hidrólise com
Ácido Sulfúrico, e eficiência (%) do método .............................................................. 63
Tabela 9 - Teor de açúcar disponível da Lemna minuta a partir da hidrólise
enzimática com temperatura de 40°C, e eficiência (%) do método ........................... 67
Tabela 10 - Teor de açúcar disponível da Lemna minuta a partir da hidrólise
enzimática com temperatura de 55°C, e eficiência (%) do método ........................... 67
Tabela 11 - Teor de açúcar disponível da Lemna minuta a partir da hidrólise
enzimática com temperatura de 70°C, e eficiência (%) do método ........................... 68
Tabela 12 - Concentração de substrato, consumo e produção de etanol a partir da
fermentação alcoólica á 30ºC .................................................................................... 71
Tabela 13 - Potencial de produção de bioetanol proveniente de biomassas vegetais
.................................................................................................................................. 73
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 17
1.2 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 19
1.2.1 Objetivos Específicos ............................................................................. 19
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 20
2.1 MACRÓFITAS AQUÁTICAS .................................................................... 20
2.3 BIOCOMBUSTÍVEL: ALTERNATIVA, INOVAÇÃO E CONCORRÊNCIA . 25
2.3.1 Biocombustíveis de Primeira Geração.................................................. 28
2.3.2 Biocombustíveis de Segunda Geração ................................................. 29
2.3.3 Biocombustíveis de Terceira Geração .................................................. 30
2.3.4 Biocombustíveis de Quarta Geração .................................................. 32
2.3.5 O Mercado de Biocombustíveis ............................................................. 34
2.3.6 Tipos de biocombustíveis ...................................................................... 36
2.3.6.1 Biodiesel ................................................................................................... 37
2.3.6.2 Biogás ...................................................................................................... 38
2.3.6.3 Bio-óleo .................................................................................................... 39
2.3.6.4 Biobutanol ................................................................................................ 39
2.3.6.5 Bioálcool / Bioetanol ................................................................................. 39
2.4 BIOETANOL PRODUZIDO DE BIOMASSA DE MACRÓFITAS............... 43
2.4.1 Hidrólise ................................................................................................... 44
2.4.1.1 Hidrólise enzimática .................................................................................. 46
2.4.1.2 Hidrólise ácida ........................................................................................... 47
2.4.2 Fermentação alcoólica ........................................................................... 49
3 METODOLOGIA ...................................................................................... 51
3.1 AMOSTRAS ............................................................................................. 51
3.2 TEOR DE CARBOIBRATO DA BIOMASSA ............................................. 52
3.3 HIDRÓLISES ............................................................................................ 53
3.3.1 Pré-tratamento da biomassa .................................................................. 53
3.3.1.1 Hidrólise Ácida.......................................................................................... 53
3.3.1.2 Hidrólise Enzimática ................................................................................. 54
3.3.2 Quantificação de açúcares redutores ................................................... 55
3.4 ENSAIOS FERMENTATIVOS .................................................................. 57
3.5 QUANTIFICAÇÃO DO ETANOL .............................................................. 59
16
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS ........................................ 59
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 60
4.1 TEOR DE CARBOIDRATO ...................................................................... 60
4.2 PRÉ-TRATAMENTO DA BIOMASSA ....................................................... 61
4.2.1 Hidrólise ácida ........................................................................................ 61
4.2.1.1 Ácido Clorídrico ........................................................................................ 61
4.2.1.2 Ácida Sulfúrico......................................................................................... 63
4.2.3 Comparativo entre as hidrólises ácidas ............................................... 64
4.2.4 Hidrólise enzimática ............................................................................... 67
4.3 ENSAIOS DE FERMENTAÇÃO ............................................................... 70
4.4 BIOETANOL DE LEMNA MINUTA VERSUS FONTES ALTERNATIVAS 72
5 CONCLUSÕES ........................................................................................ 74
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75
17
1 INTRODUÇÃO
A demanda por energia cresce em ritmo acelerado, e os grandes
responsáveis pelo salto na demanda de energia são os países em desenvolvimento.
O Brasil, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE) vai crescer até o ano de
2035, cerca de 2,2% ao ano, devendo chegar a uma demanda de 421 milhões de
toneladas equivalentes de petróleo (BIOENERGIA, 2004; HOSSAIN et al., 2008).
A atual matriz energética brasileira, segundo o Balanço Energético
Nacional (BEN, 2015), é composta por 45,52% de energia renovável. A matriz
energética mundial, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), possui
apenas 10% de contribuição renovável em sua matriz energética.
Apesar da grande vantagem brasileira no consumo de combustíveis
renováveis, deve-se levar em consideração a dependência por derivados do
petróleo, pois se trata de uma fonte não renovável, com reservas limitadas e
localizadas em regiões predominantemente com conflitos político-econômicos,
gerando assim distúrbios no equilíbrio de oferta e demanda, por causa da flutuação
do preço, fornecimento e distribuição.
Sendo que, os derivados do petróleo também são responsáveis pela
elevada liberação à atmosfera de gases causadores do efeito estufa, fenômeno que
resulta no aquecimento global e em alterações climáticas.
A preocupação e a exigência desta situação, tem levado a um aumento
da investigação por fontes de energia alternativas renováveis, eficientes, de baixo
custo e capazes de contribuir para a sustentabilidade econômica e ambiental
(CHISTI, 2007; JOHN et al., 2011), como é o caso da energia solar, da energia
eólica e, claro, dos biocombustíveis, dentre eles o bioetanol.
O bioetanol, etanol lignocelulósico ou etanol de segunda geração é obtido
por meio da hidrólise de polissacarídeos presentes na parede celular de biomassas.
Esses polissacarídeos são continuamente renovados na natureza mediante a
biotransformação de energia solar e CO2 através da fotossíntese (LYND et al.,
2005). A biomassa lignocelulósica (gramíneas, palha de trigo, bagaço e palha de
milho, madeira) é geograficamente distribuída e a sua conversão em bioetanol
favorece a redução das emissões dos gases do efeito estufa (GEF) em comparação
com as emissões da combustão de gasolina (DOE, 2006; RUBIN, 2008; SLADE et
al., 2009). Os processos mais empregados na conversão de biomassa em açúcares
18
fermentescíveis são a hidrólise enzimática ou hidrólise por meios ácidos (SHELLEY,
2009; SLADE et al., 2009).
Nesta pesquisa, foi avaliado o potencial da biomassa de macrófitas
aquáticas flutuantes, para produção de bioetanol de segunda geração, onde esta
foi submetida à hidrólise enzimática e hidrólise ácida, transformando unidades
celulósicas em glicosídicas que posteriormente foram fermentadas para obtenção de
álcool etílico (KARIMI et al., 2006; OGEDA et al., 2010).
Podem ser consideradas macrófitas aquáticas todas as espécies
herbáceas (Charophyta, Anthocerotophyta, Hepatophyta, Briophyta, Psilotophyta,
Lycophyta, Pteridophyta, Arthrophyta e Magnoliophyta) visíveis a olho nu, que em
condições normais podem se desenvolver em ambientes aquáticos e que possuem
suas partes fotossinteticamente ativas permanentemente, ou por diversos meses,
todos os anos, total ou parcialmente submersas em água doce ou salobra, podendo
ainda ser flutuantes (COOK, 1974; FASSET, 1957; IRGANG; GASTAL JR., 1996).
As macrófitas aquáticas incluem um conjunto diversificado de plantas que
se tenham adaptado a partir de espécies terrestres à vida integralmente, ou
parcialmente em água doce (CALOW; PETTS, 1996). Em consequência,
apresentam ainda várias características de vegetais terrestres, como a presença de
cutícula, embora fina e de estômatos, na maioria das espécies não funcionais .Com
relação à distribuição geográfica, pode-se considerar que as macrófitas aquáticas de
um modo geral apresentam distribuição cosmopolita. Tal cosmopolitismo se deve
fundamentalmente a maior homogeneidade térmica que os ambientes aquáticos
apresentam em relação aos terrestres, estes, sempre com maior endemismo
(ESTEVES, 1998).
Ainda assim, estudos sobre ecologia de macrófitas aquáticas no Brasil
são relativamente escassos. As justificativas para a necessidade atual do aumento
de número de estudos podem ser resumidas considerando-se os seguintes
aspectos: (I) existe uma grande quantidade de ecossistemas que abrigam espécies
de macrófitas aquáticas; (II) as macrófitas aquáticas desempenham diferentes
funções ecológicas; (III) as macrófitas aquáticas constituem um grupo de
organismos especialmente adequado, devido à alta biodiversidade e ao rápido
crescimento para o teste de hipóteses ecológicas e para estudos experimentais
(THOMAZ; BINI, 2003)
19
A macrófita selecionada para esse estudo pertence à família lemnaceae,
da espécie Lemna minuta (LANDOLT, 1986), tal opção adveio pela localização
geográfica (Meio Oeste de Santa Catarina) da mesma e, a facilidade da angaria e
do preparo da biomassa.
O estudo aqui apresentado assume a necessidade da busca pela
diversificação de biomassas para a produção de bioetanol de segunda geração,
devido a grande importância que o tema de bioenergia representa sob a ótica
econômica e ambiental neste novo milênio. Sendo o Brasil um país-continente rico
em recursos aquáticos, é totalmente oportuno e já estão em prática, iniciativas
envolvendo o cultivo de macrófitas para fins energéticos. O constante crescimento
econômico do Brasil acelera o desenvolvimento das indústrias, que
consequentemente aumentam o consumo de combustível (SOARES, 2010). E além
disto, mostra que estudos desta natureza devem ser desenvolvidos na busca pela
diversificação da matriz energética através de energia renovável.
Neste trabalho, a escolha recaiu sobre as macrófitas, da família
Lemnaceae, cujo gênero Lemna minuta, com o intuito de atingir um rendimento
considerável de bioetanol de segunda geração, apontando para uma proposta de
biomassa ainda não explorada no Brasil.
1.2 OBJETIVO GERAL
Avaliar potencial de sacarificação e despolimerização de biomassa de
lemna minuta, por hidrólise química e enzimática para produção de bioetanol de
segunda geração.
1.2.1 Objetivos Específicos
a) Quantificar os carboidratos presentes na biomassa da macrófita e testar
metodologias de hidrólise ácida e enzimática quanto à capacidade de sacarificação;
b) Submeter o caldo hidrolisado de macrófitas á ensaios de fermentação para
produção de bioetanol;
c) Quantificar a produção de etanol , bem como o consumo do substrato;
d) Realizar estudo cinético quanto a velocidade de produção de etanol e de
consumo de ART.
20
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo aborda aspectos relevantes ao uso da biomassa para fins
energéticos, destacando assuntos referentes às suas características físico-químicas,
aos métodos utilizados na extração de celulose e às aplicações deste subproduto
como biocombustível.
2.1 MACRÓFITAS AQUÁTICAS
As macrófitas aquáticas compreendem as formas macroscópicas de
vegetação aquática, incluindo: macroalgas, musgos, espécies de pteridófitas
adaptadas ao ambiente aquático e as verdadeiras angiospermas, originárias do
ambiente terrestre com adaptações para a vida na água (SPENCER; BOWES,
1993; SCREMIN-DIAS et al., 1999). Podem ser consideradas plantas que vivem na
água ou sobre a água, ou ainda, plantas de margem que têm relação com água em
abundância (POTT; POTT, 2000). Outra definição considera estes organismos como
vegetais visíveis a olho nu, cujas partes fotossinteticamente ativas estão
permanentemente (ou por diversos meses) total ou parcialmente submersas em
água doce ou salobra ou ainda flutuantes (IRGANG; GASTAL JR., 1996).
Os autores que citaram o termo “Macrófitas aquáticas” pela primeira
vez foram Weaver e Clement em 1938, como “plantas herbáceas que crescem na
água e em solos cobertos ou saturados com água”. Em 1967, Sculthorpe o
modificou, incluindo sob a denominação de Macrófitas aquáticas, diversos grupos
taxonômicos, como liquens, algas macroscópicas, plantas vasculares, musgos e
vegetais que habitam desde brejos até ambientes verdadeiramente aquáticos. Na
literatura existem vários outros termos que denominam estas plantas como,
hidrófilas, helófitas, limnófilas, plantas aquáticas e macrófitas (VIDOTTI;
ROLLEMBERG, 2004). Desta forma, o termo macrofitas foi utilizado neste estudo.
Por incluírem diversos tipos de vegetais a composição química das
macrofitas aquáticas é variada, pois, dependendo da estratégia de sobrevivência há
a necessidade diferenciada da produção de estruturas de sustentação (POTT et al.,
1999).
Distinguem-se, geralmente, três tipos principais de plantas aquáticas
quanto à posição na superfície da água (Figura 1).
21
I) submersas: plantas que ocupam áreas marginais de rios, lagos e reservatórios e
até as zonas mais profundas; porém, não superiores a 10m, devido à pressão
hidrostática e à limitação de luz. Podem estar fixas aos sedimentos por meio de
raízes, como Potamogeton, Egeria, Hydrilla e Mayaca; ou livres, acumulando-se nos
estratos próximos à superfície, tais como a Utricularia e Ceratophyllum. Ao
realizarem a fotossíntese, o oxigênio desprendido se dissolve na água auxiliando a
aeração do ambiente. Esse processo, todavia, pode não compensar os déficits de
oxigênio originados pelo acúmulo de detritos produzidos por esses vegetais;
II) emergentes: vegetais enraizados, suas folhas e flores, porém, são flutuantes
(Nymphaea, Nymphoides, Vitoria amazonica) ou emergem eretas (por exemplo:
Typha, Pontederia, Cyperus, Juncus, Eleocharis). As espécies emergentes, além de
sombrear o meio,impedem o desenvolvimento de outros vegetais e liberam o
oxigênio, gerado na fotossíntese, para fora da água;
III) flutuantes: as espécies flutuantes podem cobrir extensas áreas de lagos e
reservatórios, impedindo a penetração de luz e, por conseguinte, o desenvolvimento
de algas e da vegetação submersa. Entre os gêneros mais comuns de plantas
aquáticas flutuantes destacam-se Salvinia, Lemna, Azolla, Eichhornia e Pistia
(THOMAZ; BINI; 2003).
Fonte: Pedralli (1990)
Macrófitas aquáticas podem colonizar diversos ambientes entre os quais
se destacam: fontes termais, cachoeiras, lagos, brejos, rios, corredeiras, ambientes
salobros e salgados. Essas plantas possuem excelente capacidade de adaptação
em ambientes diversificados, o que possibilita que uma mesma espécie faça parte
Figura 1 - Classificação das macrofitas
22
de diferentes ecossistemas (POTT et al., 1999).
De acordo com Dennis (1984) as macrofitas aquáticas têm habilidade de
converter energia e nutrientes minerais em matéria orgânica , sendo utilizadas como
fonte de alimentos para muitas espécies de organismos. As macrófitas são
considerados macro e micro habitats para diversos grupos de plantas e animais
macroscópicos e microscópicos; são utilizadas como substrato para postura e áreas
berçários por vertebrados e invertebrados aquáticos, absorção e ciclagem de
nutrientes e a habilidade para construir e estabilizar substratos (ESTEVES, 1998).
As macrófitas aquáticas possuem uma ampla faixa de tolerância à
temperatura, podendo ocorrer em abundância em regiões de climas tropical e
temperado. Esses vegetais podem estar submetidos a temperaturas que vão de
próximo a zero até mais de 40 °C (BOWES et al., 1979). Embora temperaturas
elevadas favoreçam o desenvolvimento de macrófitas aquáticas de diferentes
grupos ecológicos (THOMAZ; BINI; 2003).
A região do Meio Oeste de Santa Catarina, possui seus municípios
situados na Zona Agroecológica 3A segundo a classificação do Zoneamento
Agroecológico e Socioeconômico do Estado de Santa Catarina. Nesta zona o clima
é classificado como Cfb, ou seja, clima temperado constantemente úmido, com
verão fresco, sem estação seca. As média anuais da temperatura variam de 10,8°C
à 25,8° (EPAGRI; CIRAM, 2008). Tais valores sustentam aqueles citados como
pertencentes ao intervalo térmico propicio ao desenvolvimento das macrófitas.
A movimentação da água é outro fator importante que pode limitar o
crescimento e até mesmo a ocorrência de macrófitas aquáticas. Essa variável pode
atuar diretamente sobre o vegetal ou indiretamente, interferindo na estabilidade do
sedimento. Embora a correnteza e a turbulência intensa impeçam o crescimento de
macrófitas, a movimentação moderada da água pode ser um fator positivo,
favorecendo a dispersão, o crescimento e o aumento da produtividade . O seu
crescimento excessivo no ambiente pode causar efeitos prejudiciais, pois, sob
condições ótimas crescem em média 5% ao dia. As principais consequências desse
crescimento excessivo são a eliminação de habitat de desova para peixes, a
alteração na estruturação do ambiente, a cobertura do espelho d’água, o
impedimento da navegação e irrigação (ESTEVES, 1998).
O manejo e controle do crescimento excessivo de macrófitas aquáticas
pode ser agrupado em três categorias, que poderão ser aplicadas isoladamente ou
23
em conjunto conforme a necessidade do ambiente. Podendo ser o controle
mecânico, feito através de equipamentos que podem colher, dragar, empurrar,
rebocar, picar, cortar ou realizar duas ou mais dessas funções conjuntamente tem se
tornado mais efetivo com o desenvolvimento de novos equipamentos
(MARCONDES et al., 2003). As duas principais desvantagens do emprego destes
equipamentos são os seus altos custos e o fato de que a retirada é geralmente
imperfeita . Por outro lado, não apresenta os inconvenientes do uso de agentes
químicos e biológicos (ESTEVES, 1998).
O controle químico que envolve o uso de herbicidas em meio aquático, é
uma ferramenta poderosa, mas requerem conhecimento para que sejam utilizados
de forma segura e eficaz (MURPHY; BARRETT, 1990). Este método, embora muito
empregado, traz grandes prejuízos ao meio ambiente, decorrentes de sua pouca
seletividade. Assim, sua atuação restringe-se não somente a uma macrófita aquática
específica, mas sobre toda a biota aquática e, em muitos casos, até sobre a
terrestre. No aspecto ambiental o controle biológico é o mais recomendável, pois
está inserido dentro da dinâmica natural dos ecossistemas. Além disto, possibilita a
transformação da biomassa de macrófitas aquáticas em biomassa animal através da
cadeia alimentar, podendo subsequentemente ser aproveitada pelo homem
(ESTEVES, 1998).
Dentre os diferentes animais capazes de serem utilizados no controle
biológico de macrófitas aquáticas, os peixes e mamíferos herbívoros são os mais
eficientes. Dentre estes, destacam-se, entre os peixes, a carpa (Ctenopharyngodon
idella), a tilápia (Tilapia rendali e T. zilii) e entre os mamíferos, o peixe-boi
(Trichechus inunguis) (ESTEVES, 1998).
As regiões litorâneas de ambientes lênticos como lagos e os reservatórios
podem ser consideradas importantes ecótonos (PIECZYŃSKA, 1990) e constituem
ambientes onde as taxas de produtividade primária são excepcionalmente altas,
sendo frequentemente incluídas entres as regiões mais produtivas do planeta (
WETZEL, 2000) pela presença de macrófitas aquáticas.
As macrófitas aquáticas também ocupam um papel central da dinâmica
dos ciclos biogeoquímicos das regiões litorâneas dos ecossistemas aquáticos
continentais (PIECZYŃSKA, 1990). Tais vegetais apresentam uma grande
capacidade de assimilação e estocagem de nutrientes e de carbono sendo assim,
24
responsáveis pela maior parte da produção de detritos de origem autóctone
(PIEDADE et al., 1997).
2.2 CARACTERSÍTICAS DAS LEMNÁCEAS UTILIZADAS NO ESTUDO
As macrofitas aquáticas, são frequentemente confundidas com algas, mas
pertencem às angiospermas que compreendem a divisão Anthophyta. São
monocotiledôneas aquáticas flutuantes, consideradas as menores plantas
vasculares com flores do mundo (RAVEN, 1996).
No mundo todo os estudos com macrofitas aquáticas são bastante
difundidos, porém no Brasil ainda são pioneiros e de extrema relevância, uma vez
que é um país com grandiosa riqueza de recursos hídricos ameaçada pelo
crescimento desordenado da população (MOHEDANO, 2004).
As macrofitas aquáticas popularmente conhecidas como lentilhas d´água,
duckweed ou lemnas, referenciando aqui as Lemnaceae, são as menores plantas
vasculares do mundo, espécies vegetais que se adaptaram ao ambiente aquático ao
longo de seu processo evolutivo (VIDOTTI; ROLLEMBERG, 2004).
A família Lemnaceae é composta por quatro gêneros: Wolfiella, Spirodela,
Wolfia e Lemna, representadas por 36 espécies, sendo o gênero Wolfia, o maior
com cerca de 14 espécies (JOLY, 2002). No Brasil, principalmente na região do
Pantanal do Mato Grosso existem espécies pertencentes a todos os gêneros de
Lemnáceas conhecidos. Das treze espécies existentes no Brasil, oito ocorrem no
Pantanal (POTT et al., 1999).
Nomes científicos: Lemna valdiviana, Spirodela sp., Wolffia brasiliensis,
Wolffiella sp. No Brasil os estudos relacionados à Lemna sp. e Wolffia sp. (Figura 2)
são raros quando comparados com outras famílias. Estas plantas são muito
pequenas, mas podem ser utilizadas para diversas finalidades.
Figura 2 - Diferenciação dos gêneros das macrofitas. (a)Wolffia sp.; (b)Lemna sp.
Fonte: Thomaz; Bini, 1999.
(b) (a)
25
Estas macrófitas não apresentam diferenciação de caule. São reduzidas a
um pequeno corpo talóide vegetativo, que recebe a denominação de fronde. As
espécies são andróginas, monóicas, aquáticas anuais. Elas vivem em água doce,
levemente submersa, ou flutuantes livres na superfície. Pequena parte da fronde fica
exposta ao ar ou permanece completamente submersa, aparecendo no período de
floração. A propagação é feita na maioria das vezes por processo vegetativo a partir
do tecido meristemático. Esse processo inicia-se através da formação de uma ou
duas cavidades vegetativas ou reprodutivas que dão origem a frondes filhas e essas
por sua vez a outras frondes filhas e assim por diante (LANDOLT, 1987).
Estudos mostram que algumas espécies funcionam como excelente fonte
de proteína para alimentação animal e humano (RUSSOF, et al., 1978). Alguns
autores sugerem que estas plantas apresentam alto valor nutricional, os que as
tornam boas substitutas da soja na alimentação (HAUSTEIN, et al., 1990).
Neste viés, a família Lemnaceae em estudo nesta pesquisa possui
grande potencial para ser utilizada em processos biotecnológicos (LANDOLT,1987),
incluindo remoção de nutrientes ou metais pesados da água (FUJITA et al., 1999) e
o uso em tratamentos de água. Estudo demonstraram que as espécies dos gêneros
Lemna e Spirodela, são consideradas ótimos filtros biológicos, absorvendo 97% de
retenção de coliformes, metais pesados e excesso de nutrientes (BERGMANN et al.,
2000).
Estudos relatam a capacidade de acumulação de açúcares desta
biomassa , que poderão ser utilizados como substrato para a produção de bioetanol
e que possuem uma grande capacidade de ligação com metais, devido à presença
de polissacarídeos e proteínas na superfície da parede celular, onde grupos
hidroxilo, amino, carboxilo e alquilo, marcam presença e funcionam como locais de
adsorção dos metais (LEE; LAVOIE, 2013).
2.3 BIOCOMBUSTÍVEL: ALTERNATIVA, INOVAÇÃO E CONCORRÊNCIA
A procura de recursos limpos que permitam assegurar as necessidades
energéticas futuras constitui um dos maiores desafios da atualidade. A utilização de
biomassa como fonte alternativa à energia primária, de origem fóssil revelou-se uma
excelente alternativa, pois pode permitir uma melhoria da qualidade de vida,
particularmente em países sem reservas de combustíveis fósseis, como é o caso do
Brasil, diminuindo a sua dependência econômico-energética do exterior e, reduzindo
26
os impactos negativos resultantes da sua queima (BIOENERGIA, 2004; HOSSAIN et
al., 2008).
A queima de combustíveis fósseis , assim como os demais combustíveis,
libera gás carbônico, principal responsável pelo efeito estufa. Porém, esse gás
gerado é consumido na fotossíntese por sua matéria-prima ao longo do seu
desenvolvimento, fechando assim um ciclo no qual a concentração de CO2 no meio
ambiente permanece constante, conforme ilustrado na Figura 3.
Figura 3 - Ciclo do CO2 no meio ambiente
Fonte: Mata et al. (2010)
Os biocombustíveis permitem o desenvolvimento de novas oportunidades
como a diversificação das fontes de abastecimento de combustível, desenvolvimento
da agricultura tradicional, melhoramento das condições econômicas das populações
do meio rural e, redução da dependência energética dos combustíveis fósseis
(MATA et al., 2010).
Neste esguelha, os biocombustíveis se inserem mediante a obtenção de
vantagens competitivas entre agentes, que procuram diferenciarem-se uns dos
outros nas mais variadas dimensões do processo competitivo, tanto tecnológico
quanto os de mercado. O escopo de opções da matriz energética para investimentos
diretos é muito extenso, e em algumas dessas opções o mercado precisa ser
induzido à exploração econômica, lucrativa e, portanto o Estado tem a competência
27
de ser indutor da criação de mercado e da capacidade de atrair investimentos para
alguns produtos e insumos como o biodiesel, que possui base na indústria de
agronegócio.
Existe um potencial grande a ser explorado, tanto em relação ao
aproveitamento energético de culturas temporárias e perenes, quanto ao
aproveitamento energético do óleo residual proveniente da alimentação. A
implementação de um programa energético de biocombustível abre oportunidades
para o crescimento e desenvolvimento decorrentes do alto índice de geração de
emprego por capital investido.
A ideia da produção surge com a aliança de alternativas de energia
renovável, por conta da limitação dos recursos minerais produtores de energia, a
exemplo o petróleo, com o desenvolvimento e geração de emprego e renda. A
agricultura é alternativa viável, do ponto de vista econômico, social e ambiental, para
a geração de energia renovável. A produção de álcool, a partir da cana-de-açúcar, é
um exemplo mundial de sucesso, por substituir parte substancial de gasolina no
transporte (JOHN et al., 2011; NIGAM; SINGH, 2011).
Existem grandes desafios pela frente, entre eles o desenvolvimento de
tecnologia, com a definição de plantas mais aptas, sistemas de produção eficientes
e definição de regiões com potencial para a produção. Há necessidade de novas
tecnologias industriais, que transformem biomassas em biocombustíveis.
Os principais biocombustíveis que podem substituir os tradicionais
combustíveis (diesel e gasolina) nos veículos atuais, sem que sejam necessárias
alterações significativas na sua engenharia, são o biodiesel e o bioetanol,
respectivamente (MATA et al., 2010; NAIK et al., 2010). Um outro biocombustível
que atualmente é visto como versátil e, com valia para o futuro é o bio-hidrogénio
que, pode ser utilizado como combustível num motor de combustão interna e trata-
se do único combustível verdadeiramente livre de emissões de carbono, já que da
sua oxidação resultam apenas moléculas de água (KOTAY; DAS, 2008).
Com base no tipo de matéria-prima utilizada e, na tecnologia de
conversão envolvida, os biocombustíveis são essencialmente classificados como
biocombustíveis de primeira ou segunda geração (ESCOBAR et al., 2009; NAIK et
al., 2010), embora alguns autores preconizem já uma terceira geração a partir de
matérias-primas totalmente diferentes e que se encontram fora do Reino das Plantas
(JOHN et al., 2011; NIGAM; SINGH, 2011).
28
2.3.1 Biocombustíveis de Primeira Geração
Os biocombustíveis de primeira geração (Figura 4), dominam atualmente
o mercado dos biocombustíveis com uma produção anual de 50.000 milhões de
litros (NAIK et al., 2010). Conforme Biocombustíveis (2011), estes, são
principalmente derivados de culturas alimentares ricas em sacarose (beterraba
sacarina e cana-de-açúcar), amido (batata, milho e trigo) e/ou óleos vegetais
(girassol, soja e colza), utilizando tecnologias simples e já implementadas
industrialmente (hidrólise/fermentação).
Figura 4 - Custo da produção de Etanol, em função da matéria prima em distintos países
Fonte: Adaptado de Henniges; Zeddies (2005)
As vantagens que estes combustíveis oferecem, prendem-se com baixas
emissões de CO2 , em alguns casos o balanço pode ser zero se, as emissões de
CO2 globais corresponderem à quantidade sequestrada através da fotossíntese
durante o crescimento da biomassa, resultando num ciclo fechado de carbono e,
com a ocorrência de proporcionarem uma melhoria na segurança energética
(HOSSAIN et al., 2008).
Todavia, às vantagens que caracterizam esta geração estão ligadas
algumas preocupações. A mais comum é que, à medida que aumenta a procura (e a
capacidade de produção), aumenta a competição com a agricultura por terras
aráveis para a plantação de culturas para fins alimentares. Esta pressão pode ter
consequências ao nível do preço dos bens alimentares, da biodiversidade (NAIK et
al., 2010) e, numa situação mais extrema, pode levar à escassez de alimentos, em
29
especial nos países em desenvolvimento, onde já são mais de 800 milhões de
pessoas a sofrer de fome e subnutrição (SCHENK et al., 2008).
As grandes quantidades de água que são necessárias e a sazonalidade
das culturas, são outros aspectos negativos. Estudos recentes mostraram ainda que
as grandes quantidades de N2O (Óxido Nitroso) que entram na atmosfera são
resultado da aplicação de fertilizantes azotados nas culturas. Esta situação contribui
tanto ou mais para o aquecimento global que o CO2 emitido pelos combustíveis
fósseis, porque o N2O tem 310 vezes o potencial de aquecimento global do CO2
(FERNANDO et al., 2006; LI et al., 2008). Além disso, a esta utilização pode estar
associada a poluição dos terrenos agrícolas e das fontes de água, com
consequências na segurança alimentar (BLOTTNITZ; CURRAN, 2007; JOHN et al.,
2011). Para se tornarem uma alternativa viável, os biocombustíveis devem garantir
ganho energético, benefícios ambientais (sequestração de CO2 e redução de
emissões), competitividade econômica e potencial de produção em grandes
quantidades, mas sem ameaçar a produção de bens alimentares (HILL et al., 2006).
2.3.2 Biocombustíveis de Segunda Geração
A segunda geração de biocombustíveis difere da primeira, na medida em
que propõe outras fontes de matéria-prima. Segundo Escobar et al. (2009),
nomeadamente este combustível é obtido a partir de uma biomassa que não é
tradicionalmente usada na alimentação humana ou animal como: resíduos
lenhocelulósicos de vegetais e agroindustriais.
Estes resíduos correspondem a mais de 50 % da biomassa produzida
mundialmente, sendo por isso, uma alternativa de baixo custo que, não concorrendo
com a produção de alimentos, ainda tem o potencial de poder ser utilizada para a
subsequente produção de biocombustíveis (ESCOBAR et al., 2009; JOHN et al.,
2011).
A biomassa lenhocelulósica apresenta na sua constituição celulose,
hemicelulose e legnina . A celulose é um homopolímero composto por moléculas de
glucose unidas por ligações glicosídicas do tipo β(1-4) que tornam a estrutura
compacta. A hemicelulose é um heteropolímero, cuja cadeia principal é constituída
por moléculas de xilose unidas por ligações glicosídicas do tipo β(1-4) e as
ramificações podem conter manose, arabinose, ramnose e galactose. Por fim, a
legnina diz respeito a uma associação de várias moléculas, nomeadamente, os
30
álcoois coniferílico, cumarílico, e sinapílico. Este polímero pode encontrar-se
covalentemente ligado à hemicelulose por ligações do tipo éster com ácido ferúlico
(GRAY et al., 2006). A Figura 5, apresenta as etapas da produção de bioetanol de
segunda geração.
Figura 5 - Fluxograma da produção de biocombustíveis de segunda geração
Fonte: adaptado de: <biossistemas.wordpress.com>
A compactação e complexidade destas matérias, fazem com que a
disponibilidade dos açúcares fique comprometida e, por essa razão têm de ser
submetidas a pré tratamentos muito rigorosos e a tecnologias de
hidrólise/fermentação, gaseificação ou pirólise. A maior parte destes processos, que
para além de serem difíceis ainda não atingiram padronização mínima e
características de tecnologias plenamente desenvolvidas, acarreta custos elevados,
o que faz com que a sua produção ainda não esteja implementada em larga escala
(HARUN et al., 2010b; NAIK et al., 2010).
2.3.3 Biocombustíveis de Terceira Geração
Na busca de alternativas para fornecer energia mais “verde” a custos
suportáveis, um forte entusiasmo tem vindo a ser gerado em torno do potencial
oferecido pelas algas como fonte energética. As algas desempenham um papel
essencial na biosfera, já que são as responsáveis pela produção da maior parte do
oxigênio existente na atmosfera, para além de ser uma importante fonte de alimento
31
para outros organismos aquáticos, podem ainda ser utilizadas como suplementos
alimentares e alimentos funcionais (GOUVEIA et al., 2011).
São um grupo morfologicamente diversificado de organismos
fotossintéticos, com mais de 40.000 espécies identificadas e muitas outras por
identificar. Com base em características como motilidade, tipo de pigmentos
fotossintéticos e natureza dos materiais de reserva produzidos, modo de reprodução
e composição química da parede celular (se presente), as algas podem ser
classificadas nas divisões sumarizadas (HU et al., 2008).
Alguns autores defendem, contudo, a inserção de mais divisões,
nomeadamente da divisão Cyanochloronta, onde estão contidas as cianobactérias.
O termo “algas” engloba assim uma grande variedade de organismos – as
microalgas (organismos unicelulares eucariotas produto de 3 000 milhões de anos
de evolução), as macroalgas (que representam o extenso grupo de organismos
marinhos) e as cianobactérias (organismos procariotas também designados por
algas azuis) (CANO; COLOMÉ, 1986; ROSENBERG et al., 2008; SIALVE et al.,
2009; FERREL; SARISKY-REED, 2010).
A grande maioria das microalgas apresenta um metabolismo autotrófico
fotossintético que se caracteriza pela sua capacidade de sintetizar matéria orgânica
de reserva a partir de carbono inorgânico (nomeadamente CO2 atmosférico), através
do processo de fotossíntese (RICHMOND, 2004; TSUKAHARA; SAWAYAMA, 2005;
ESHAQ et al., 2010).
O conceito de utilização de algas como matéria-prima energética remonta
ao final dos anos 50, mas o esforço concertado começou com a crise do petróleo na
década de 70. Atualmente sabe-se que as microalgas apresentam diversas
características que lhes permitem tornar-se uma alternativa auspiciosa para a
produção de biocombustíveis (CHISTI, 2007; DISMUKES et al., 2008; LI et al., 2008;
BEER et al., 2009; LARDON et al., 2009; ESHAQ et al., 2010; HARUN et al., 2010a;
PITTMAN et al., 2011). A Figura 6 apresenta as etapas da produção dos
biocombustíveis de terceira geração.
32
Figura 6 - Fluxograma da produção de biocombustíveis de terceira geração
Fonte: adaptado de: <biossistemas.wordpress.com>
Para otimizar o processo , deve-se fazer a escolha prévia do tipo e
espécie de microalga mais apropriada para o efeito que se pretende (FERREL;
SARISKY-REED, 2010). Por exemplo, para a produção de bioetanol, microalgas
como a Spirogyra sp., Dunaliella, Scenedesmus, Prymnesium e Porphyridium são
conhecidas por acumularem grandes teores de amido e glicogénio (> 50 % da
biomassa seca) no seu interior (ESHAQ et al., 2010).
2.3.4 Biocombustíveis de Quarta Geração
As células fotossintéticas em crescimento, manipuladas geneticamente,
quando expostas à luz solar e ao dióxido de carbono são capazes de produzir e
secretar gorduras ricas em energia, que podem ser refinadas diretamente em
biodiesel (ANTOLÍN; 2002). Estes são os denominados biocombustíveis de quarta
geração (Figura 7).
33
Figura 7 - Fluxograma da produção de biocombustíveis de quarta geração
Fonte: adaptado de: <biossistemas.wordpress.com>
O óleo vegetal é usado em vários motores a diesel antigos, que têm
sistemas de injeção indireta. Este óleo é também utilizado para criar o biodiesel, o
qual, quando misturado com o combustível de diesel convencional é compatível com
a maioria dos motores diesel. Óleo vegetal usado é transformado em biodiesel. Por
vezes, a água e as partículas são separadas do óleo vegetal usado e, em seguida,
este é utilizado como um combustível (BALAT, 2008).
Alguns, ônibus de São Paulo circularam em teste com mistura de 10%
deste biodiesel e 90% de óleo diesel fóssil, com comparativo com ônibus operando
apenas com diesel fóssil. A mistura apresentou em testes internos 9% de redução
nas emissões de materiais particulados à atmosfera quando comparado ao diesel
derivado do petróleo e manteve sem alteração os parâmetros de desempenho do
motor (ANTOLÍN, 2002).
O processo pode ser adaptado e complementado para a produção de
gasolina e querosene de aviação. No caso do querosene de aviação necessita-se de
moléculas mais compactas e que não formem sólidos e gelo pelos gases de
exaustão em grandes altitudes e baixas temperaturas. Neste contexto , apresenta-se
a Tabela 1, que elucida os biocombustíveis de primeira, segunda , terceira e quarta
geração.
34
Tabela 1 - Classificação dos biocombustíveis com base em suas tecnologias de geração
Geração Matéria-prima Exemplos
Primeira geração Açúcar, amido, óleos vegetais ou de
gorduras animais
Bioalcoois, óleo vegetal,
biodiesel, biogás
Segunda geração
Culturas não alimentares, palha de
trigo, milho, madeira, resíduos
sólidos, culturas energéticas
Bioalcoois, bio-óleo,
bio-hidrogênio
Terceira geração Algas Óleo vegetal, biodiesel,
Bioetanol
Quarta geração Óleo vegetal, biodiesel Biogasolina
Fonte: DEMIRBAS (2010)
2.3.5 O Mercado de Biocombustíveis
Por definição mais ampla, um biocombustível é qualquer produto usado
como fonte de energia produzido partindo-se de biomassa renovável, como o
aproveitamento de lixo residencial e comercial ou resíduos de processos industriais,
como a serragem, o bagaço e a palha da cana-de-açúcar e as cascas de árvores ou
de arroz, a grama e capins cortados e a palha e talos de milho. Nesta definição,
inclui-se o gás metano proveniente de decomposições anaeróbicas (BRAUN, 2006).
As crises de energia, juntamente com a carência de alimento e a ameaça
à ecologia, constituem os principais problemas que afligem o homem moderno. É
fácil compreender que o desenvolvimento socioeconômico e o aumento populacional
determinam acréscimos à demanda de alimento e de bens de consumo que, por sua
vez, exigem para sua produção, um correspondente aumento na quantidade de
energia e no despejo no ambiente de grandes volumes de resíduos poluentes
inaproveitáveis (MENEZES, 1980).
Esta é uma preocupação mundial , principalmente ao analisarmos até
que ponto, num horizonte próximo, os biocombustíveis podem deslocar os
combustíveis fósseis líquidos, em particular, a gasolina e o óleo diesel. Para rebater
esta problemática, é necessário primeiro comparar a dimensão do mercado destes
derivados de petróleo versus a base e os limites práticos de produção de
biocombustíveis. Dos 3.816 milhões de toneladas de petróleo processados em 2006,
33,1% foi convertido em 16 destilados médios (que incluem o óleo diesel),
representando 1263 Mtep (milhões de toneladas equivalente de petróleo), ao passo
35
que a produção de gasolina representou 23,5% do total – equivalente a 897 Mtep
(IEA, 2009).
A Tabela 2, indica os principais produtores de biocombustíveis, com o
volume de produção mundial de etanol e biodiesel em 2007.
Tabela 2 - Produção de biocombustíveis (2008) nos principais centros mundiais
Legenda: *L: litros; **MTET: Milhões de toneladas equivalentes de petróleo Fonte: FAO (2008)
Comparando com as cifras acima, nota-se que a produção combinada
destes biocombustíveis ainda representa, em termos energéticos, menos de 2% do
total da produção de gasolina e diesel, muito aquém, portanto, de seu potencial
energético. Os EUA e Brasil são os principais produtores de etanol, produzindo em
conjunto cerca de 88% do total mundial, ao passo que a União Europeia (com
destaque para a Alemanha) é a líder na produção de biodiesel, responsável pela
produção de aproximadamente 60% do total.
Além das já mencionadas vantagens ambientais e de aumento da
segurança energética, outra motivação ao fomento na produção de biocombustíveis
tem sido a possibilidade de proporcionar oportunidades para o setor agrícola, que
tem sofrido, nas últimas décadas, uma tendência declinante no preço de alimentos
em quase todo o mundo. Este fenômeno (que foi revertido no último ano) tem
causado uma depressão na produção de alimentos em boa parte das nações em
desenvolvimento, menos capazes de proteger seus produtores agrícolas com
subsídios e barreiras tarifárias, ao contrário do que ocorre em países desenvolvidos.
Assim, esta nova fonte de demanda por commodities agrícolas tem sido também
avaliada por nações do mundo em desenvolvimento, onde 75% dos pobres vivem e
que dependem da agricultura para sua subsistência (FAO, 2008b).
36
Por conta destas forças econômicas, sociais e ambientais, projeções de
demanda global de combustíveis, efetuadas por diversas agências de energia
apontam para um aumento significativo dos mesmos.
Por outro lado, de acordo com projeções da agência internacional de
energia - EIA (2008), a produção de biocombustíveis em 2030 será de 2,7 milhões
de barris de petróleo equivalentes/dia, o que corresponde a 154 MTEP (Milhões de
Toneladas Equivalente Petróleo). Esta projeção está bastante alinhada ao “cenário
de política alternativa,” de demanda de biocombustíveis elaborada pelo IEA (2006),
que estima um salto de 19 MTEP em 2005 para 164 MTEP em 2030 (aumento de
763%), quando então os biocombustíveis deverão ter uma participação de 5,9% do
total da energia usada no referido setor (FAO, 2008).
Projeções do IEA (2005) estimam que a expansão na produção de
biocombustíveis líquidos para a realização do cenário de política alternativa
(deslocamento de 10% da gasolina e diesel em 2020) irá requerer 43% da área
cultivada.
Logo, à parte a viabilidade econômica de se produzir biocombustíveis nos
territórios destes que são os principais mercados mundiais de combustíveis líquidos,
onde é possível a expansão do plantio de agroenergéticos de forma a atender o
expressivo aumento na demanda projetada de biocombustíveis, sem afetar as áreas
agrícolas hoje voltadas para a alimentação humana e animal.
Fatores como geografia, área disponível para cultivo e tecnologia são
chave para o desenvolvimento de biocombustíveis como alternativas
economicamente viáveis a gasolina e ao diesel. Enquanto a tecnologia continuará a
evoluir ao longo do tempo, tornando possível a produção de biocombustíveis a
custos decrescentes, a geografia dos países é, essencialmente, imutável e mesmo a
área disponível para cultivo não poderá mudar substancialmente, sem impactar
ecossistemas ora preservados (MARQUES, 2008).
2.3.6 Tipos de biocombustíveis
As fontes energéticas são extremamente importantes no cotidiano dos
seres humanos atuais, pois originam eletricidade e combustíveis que movimentam
as indústrias e os meios de transportes, viabilizam as atividades comerciais,
domésticas e de serviços. No entanto, a energia encontrada na natureza precisa ser
37
transformada nas refinarias de petróleo, nas usinas hidrelétricas, nas termelétricas,
nas termonucleares; entre outras (TOLMASQUIM et al., 2007).
As necessidades energéticas existentes no mundo são supridas, na sua
maioria, por fontes petroquímicas, carvão e gás natural. No entanto, em uma época
em que o aquecimento global e a poluição ambiental são fatos incontestáveis, a
necessidade de alteração da matriz energética tornou-se prioritária. Há consenso de
que a solução desta questão ambiental e o controle sobre os riscos do mau uso das
fontes energéticas presentes na natureza estão no desenvolvimento e na maior
utilização de fontes energéticas limpas e renováveis (MOLINA-GRIMA et al., 2003).
Isso excitou a busca de alternativas aos derivados de petróleo. Um bom
combustível alternativo deverá ser viável tecnicamente, economicamente
competitivo, ambientalmente seguro e prontamente disponível. Neste contexto
surgem, os combustíveis obtidos a partir de óleos vegetais e gorduras, os chamados
de biodiesel. Um combustível dessa natureza permite um bom equilíbrio entre os
desenvolvimentos agrícola, econômico e ambiental (PIGHINELLI, 2007).
A biomassa pode ser convertida em energia por métodos biológicos ou
termoquímicos. Conversão biológica inclui a fermentação dos componentes
biodegradáveis para produzir portadores de energia, como o bioetanol, o biobutanol,
biohidrogênio e biogás, ou extração de óleos para produção de biodiesel. Conversão
termoquímica inclui combustão direta de calor e eletricidade, bem como os
processos indiretos, como pirólise e gaseificação (SKJÅNES; LINDBLAD; MULLER,
2007).
A recolha da biomassa do meio de cultura é uma das etapas mais
problemáticas. Por um lado, devido ao reduzido tamanho das células e, por outro,
devido ao grande teor de água envolvido, que deve ser removido para que as etapas
seguintes sejam exequíveis. Esta etapa apresenta um custo que pode rondar os 20
a 30 % de todo o custo de produção (MOLINA-GRIMA et al., 2003). Os
biocombustíveis podem ser classificados com base em suas tecnologias de
produção conforme já descrito neste estudo em combustível de primeira, segunda,
terceira e de quarta geração.
2.3.6.1 Biodiesel
O biodiesel é um combustível feito com óleos vegetais (soja, amendoim,
mamona, dendê, etc.) que pode ser obtido em processos como esterificação . A
38
molécula de um óleo vegetal é um triglicídio com moléculas de ácidos graxos e
glicerina. O processo que consiste na mudança do óleo vegetal para biodiesel
recebe o nome de transesterificação (processo onde a glicerina se separa do óleo
vegetal) e trata-se do método mais usado atualmente para produzir esse
biocombustível. Com a transesterificação, ou seja, sem a glicerina, o óleo fica mais
fino e menos viscoso. A cor do produto se aproxima do amarelo podendo chegar a
tons mais alaranjados. O cheiro adquirido vai depender da matéria-prima utilizada
(SUAREZ, 2009).
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) define o biodiesel como um
combustível composto de alquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivados
de óleos vegetais ou de gorduras animais. O Biodiesel é um líquido amarelo-âmbar
claro, com uma viscosidade semelhante ao diesel de petróleo. No entanto, o
biodiesel é melhor do que o diesel em termos de teor de enxofre, ponto de fulgor,
teor de aromáticos e biodegradabilidade (GOUVEIA et al., 2011).
O biodiesel é um substituto natural do diesel de petróleo, por ser oriundo
de fontes renováveis é considerado um combustível “ecologicamente correto”, pois
reduz de maneira significativa a emissão de poluentes tais como os hidrocarbonetos
não queimados e é praticamente isento de enxofre e substâncias aromáticas
cancerígenas comuns aos derivados de petróleo (SUAREZ, 2009)
2.3.6.2 Biogás
O biogás, produzido a partir da digestão anaeróbia da matéria orgânica
presente em efluentes e resíduos domésticos, industriais e agropecuários,
representa uma fonte alternativa e renovável de energia cada vez mais utilizada em
todo o mundo. No Brasil, a elevada população e sua concentração em grandes
centros urbanos e a expressiva produção agropecuária e agroindustrial indicam um
potencial significativo de produção de biogás (KAPDI, 2005).
A fração orgânica de qualquer forma de biomassa incluindo lodo de
esgoto, resíduos animais e efluentes industriais, pode ser decomposta através da
digestão anaeróbia majoritariamente na mistura de metano (CH4) e CO2, chamado
de “biogás’. O biogás é um combustível favorável ao meio ambiente e versátil
(KAPDI, 2005).
39
2.3.6.3 Bio-óleo
O bio-óleo, conhecido também como óleo de pirólise, bio-óleo bruto,
alcatrão pirolítico, alcatrão pirolenhoso, licor pirolenhoso, líquido de madeira, óleo de
madeira, condensado da fumaça, destilado da madeira, é um líquido de coloração
marrom escura, quase negra, e odor característico de fumaça com composição
elementar próxima a da biomassa. O bio-óleo é uma mistura complexa de
compostos oxigenados com uma quantidade significativa de água, originada da
umidade da biomassa e das reações, podendo conter ainda pequenas partículas de
carvão e metais alcalinos dissolvidos oriundos das cinzas. A sua composição
depende do tipo de biomassa, das condições de processo, do equipamento e da
eficiência na separação do carvão e na condensação (TAVARES, 2009).
Os principais problemas do uso de bio-óleo como combustível são a baixa
volatilidade, a alta viscosidade, formação de coque e corrosividade. Esses
problemas limitam o uso de bio-óleo a aplicações estáticas. Para queima em
motores a diesel as principais dificuldades são a difícil ignição e a corrosividade. O
bio-óleo tem sido usado com sucesso em caldeiras e tem mostrado potencial para
uso em motores a diesel e turbinas (CZERNICK; BRIDGWATER, 2004).
2.3.6.4 Biobutanol
Também pode ser produzido a partir de biomassa algal. Butanol contém
mais energia e é menos corrosivo e solúvel em água (SAVAGE, 2011) fazendo
deste composto, bem adaptado para uso com o armazenamento e a infraestrutura
de transporte de distribuição de combustíveis à base de petróleo. Butanol também
tem várias vantagens sobre o etanol como um combustível, devido ao seu teor
energético mais elevado e menor volatilidade, sendo menos higroscópico e, melhor
mistura com gasolina em qualquer proporção. Biobutanol e outros alcoóis superiores
produzidos a partir de matérias-primas de biomassa são assim conhecidos como
biocombustíveis avançados, e espera-se que, eventualmente, substituir o bioetanol
(ZHANG; RODRIGUEZ; KEASLING, 2011).
2.3.6.5 Bioálcool / Bioetanol
Os bioalcoóis mais comumente produzidos são o etanol, propanol e
butanol. Entre estes, o etanol é o mais utilizado, o butanol é utilizado
40
comparativamente menos e o propanol é usado raramente. Os combustíveis de
álcool são geralmente de natureza biológica, em vez de fontes de petróleo. Quando
obtida a partir de fontes biológicas, eles são algumas vezes conhecidos como
bioalcoóis. O etanol produzido biologicamente contém cerca de 5% de água. Esta
mistura não pode também ser purificada por destilação simples, já que forma uma
mistura azeotrópica (DEMIRBAS, 2009).
Bioetanol, um biocombustível líquido renovável, pode ser produzido a
partir de diversas fontes de biomassa diferentes, tais como de açúcar ou amido
culturas (como cana-de-açúcar, beterraba, milho e trigo) e de biomassa
lignocelulósica. A cana de açúcar é a principal matéria-prima para a produção de
bioetanol no Brasil, enquanto o milho e beterraba são os principais recursos de
Estados Unidos e União Europeia, respectivamente (CHIARAMONTI, 2007). A
produção de etanol está em ascensão em nível mundial, conforme pode ser
observado na Tabela 3.
Tabela 3 - Produção mundial de etanol, em bilhões de litros por ano
País Ano 2004 Ano 2008 Quota anual 2008(%)
E.U.A 12.88 33.85 43.8
Brasil 14.67 26.15 33.82
China 3.49 3.87 5.00
Índia 1.21 2.31 2.98
França 0,83 1,52 1,97
Canadá 0.23 0.99 1.28
Alemanha 0.23 0.83 1.10
Tailândia 2.46 0.57 0.74
Rússia 0.76 0.57 0.74
Espanha 0.34 0.49 0.63
África do Sul 0,38 0,42 0,54
Reino Unido 0,3 0,42 0,54
Outros países 5,2 5,3 6,86
Mundo 42.98 77.29 100
Fonte: Agranet FO (2009)
De acordo com a Tabela 3, a produção mundial de etanol aumentou de 43
bilhões de litros em 2004, para 77 bilhões de litros em 2008. A produção de etanol
dos EUA ultrapassou a do Brasil, sendo assim, se faz extremamente necessário a
pesquisa e desenvolvimento biotecnológico para continuar à impulsionando a
produção Brasileira.
E nesta pesquisa, o bioetanol de segunda geração será quantificado a
partir da biomassa de macrofitas aquáticas, especificamente Lemna minuta, estudo
41
este realizado em alguns países como na Turquia, cujo artigo "Second-generation
bioethanol production from water hyacinth and duckweed in Izmir: A case study "
(BAYARAKCI; KOÇAR, 2013) alavancou a referida investigação. Visto que, não
existe estudos com essa biomassa no Brasil, sendo esta pioneira.
A demanda de etanol deve mais do que dobrar nos próximos 10 anos.
Para o fornecimento estar disponível para atender a essa demanda, novas
tecnologias devem ser criadas em laboratórios para a realidade comercial. A
produção mundial de etanol é de cerca de 60% da matéria-prima a partir de culturas
de açúcar (DEMIRBAS, 2009). A Figura apresenta as rotas tecnológicas para
produção de etanol à partir de diversas biomassa.
O etanol ou álcool etílico produzido por hidrólise seguido dos processos
de fermentação a partir da biomassa é denominado bioetanol. É o biocombustível
mais utilizado no mundo, particularmente no Brasil. É utilizado em motores como um
substituto para a gasolina. Mas, principalmente, de uma mistura de etanol com
gasolina em qualquer proporção. Uma mistura de gasolina e etanol consistindo de
15% de etanol pode ser utilizado em qualquer motor a gasolina (CHIARAMONTI,
2007).
42
Figura 8 - Fluxograma com as rotas tecnológicas para produção de etanol várias biomassas
Fonte: CGEE, 2008
Materiais amiláceos (milho, trigo) produzem bioetanol a partir da
separação, limpeza e moagem do grão. A etapa de moagem pode ser úmida ou
seca, na primeira, o grão é embebido e fracionado antes da reação de conversão de
sacarificação (conversão do amido em açúcares menores). Na segunda, moagem
seca, a reação é feita durante o processo de moagem. A sacarificação é realizada
em ambos os processos por enzimas a altas temperaturas. A fermentação dos
açúcares por leveduras deve ser destilada para purificar o bioetanol (CGEE, 2008).
A utilização de resíduos agrícolas lignocelulósicos que não concorrem
com a alimentação humana, conforme os citados acima, poderia atingir a produção
491 bilhões de litros de bioetanol por ano. Esta quantidade é cerca de 16 vezes a
produção mundial de 2004 (KIM, 2004).
As maiores variedades de biomassa disponíveis são: palha de arroz (EL-
TAYEB, 2012), palha de trigo (SAHA, 2013) e bagaço de cana-de-açúcar (ROCHA,
2011). Alguns estudos apresentam fontes alternativas como o caule da planta do
café (TRIANA, 2011), serragem (KIM, 2013), resíduos de jornal (PARK, 2010), entre
outros. A composição de cada biomassa varia entre os diversos estudos, em função
de origens de cada matéria-prima, composição e estrutura. As matérias-primas
lignocelulósicas são complexos polímeros de carboidratos de celulose, hemicelulose
43
e lignina, onde a celulose e a hemicelulose compreendem aproximadamente 60% da
sua composição (LIMAYEM, 2012).
2.4 BIOETANOL PRODUZIDO DE BIOMASSA DE MACRÓFITAS
Biomassa é definida como qualquer matéria orgânica de origem vegetal,
seja esta cultivada em terra ou em água, proveniente de produtos animais e seus
resíduos, subprodutos de processamentos agrícolas e industriais, plantas aquáticas,
resíduos agrícolas e agroindustriais, resíduos de papel e madeira, entre outros,
incluindo os resíduos urbanos (NREL, 2011).
A produção de biomassa, como resultado da reação de fotossíntese,
depende essencialmente da energia solar e da presença de água e dióxido de
carbono (CO2), além de outros requisitos importantes associados à incorporação de
nutrientes, como a fertilidade do solo, por exemplo. A energia, denominada de
bioenergia, é então armazenada nas ligações químicas dos componentes estruturais
da biomassa mediante processos fotossintéticos (BNDES, 2008).
Segundo o Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) da
Universidade Nova de Lisboa, os tradicionais combustíveis fósseis devem ser
excluídos do conceito de biomassa, pois apesar de serem derivados da vida vegetal
e animal, como o carvão mineral, o petróleo e o gás natural, são também resultado
de várias transformações que requerem milhões de anos para acontecerem. A
biomassa pode considerar-se um recurso natural renovável, enquanto que os
combustíveis fósseis não se renovam a curto prazo (ANEEL, 2003).
A produção de bioetanol envolve as seguintes etapas do processo: pré-
tratamento da biomassa, sacarificação, fermentação e recuperação do produto.
Sacarificação é um dos passos mais importantes, em que os açúcares fermentáveis
tais como glicose, são liberados e metabolizados na presença de levedura para
produzir bioetanol. Diferentes enzimas e ácidos, são usadas na fase de hidrólise e o
processo é influenciado por vários fatores incluindo a cristalinidade de celulose, a
área de superfície do substrato, a espessura da parede da célula, a porosidade, a
transferência de massa e hemicelulose (ALVIRA et al., 2009).
A produção de etanol pode ser obtida principalmente por meio de
fermentação do amido, açúcar e celulose contida na biomassa (KIM; LEE , 2006). O
44
princípio da produção de etanol por macrófitas consiste na colheita, preparo da
bimassa (pré-tratamento) para a fermentação e processo de extração do etanol.
As macrófitas são uma fonte potencial de substrato fermentável uma vez
que, de acordo com as condições de crescimento, eles podem ter altos níveis de
compostos de carbono em sua composição, diretamente disponível para a
fermentação ou após pré-tratamento (COSTA; MORAIS, 2011).
Pode-se destacar neste processo o amido que é conhecido por ser um
dos polímeros de armazenagem de energia natural mais abundante em todo o
mundo. Ele é composto, principalmente, de dois polímeros de unidades de
anidroglicose, conhecida como amilose e amilopectina. A amilose é conhecida por
constituir até 25% da massa da molécula de amido (KIM; LEE , 2006).
Uma vez que o amido intracelular é extraído, o mesmo pode ser
fermentado em etanol utilizando a tecnologia semelhante à de outras biomassas à
base de amido, que envolve dois processos, sacarificação e fermentação. A
fermentação do amido para o etanol pode ser considerada em um único passo ou
dois. Antes da fermentação, o amido precisa ser hidrolisado à açúcares simples e
este processo é chamado de sacarificação. A hidrólise pode ser ácida ou enzimática
(alfa e glucoamilase), a qual é utilizada para a conversão do amido em açúcares
simples. Os açúcares são fermentados em etanol por uma linhagem de levedura
adequada (MATSUMOTO et al., 2003; RUBIN, 2008).
Neste esguelha , a produção de bioetanol de segunda geração a partir de
macrófitas é um processo extenso que envolve as etapas recolha (para constituir
uma reserva de biomassa), secagem , ruptura celular (para quebra das paredes
celulares e libertação dos polissacáridos), sacarificação (para transformação dos
polissacáridos em açúcares fermentescíveis), fermentação e recuperação do
produto final (ANTUNES; SILVA, 2010; HARUN; DANQUAH, 2011a).
2.4.1 Hidrólise
A preparação da biomassa pode ser realizada por meio de equipamento
mecânico ou enzimas que hidrolisam as paredes das células, tornando mais
disponíveis os hidratos de carbono, bem como quebrar as grandes moléculas de
carboidratos. Quando as células são quebradas, a levedura mais adequada para
cada biomassa é adicionada e, a fermentação começa. Desta forma, o açúcar é
convertido em etanol por leveduras (COSTA; MORAIS, 2011). A sacarificação é
45
geralmente o passo limitante da velocidade na produção de biocombustíveis
utilizando materiais lignocelulósicos ou biomassa de microalgas, que contém uma
fonte de celulose (HARUN e DANQUAH, 2010).
O pré-tratamento da biomassa é um passo essencial uma vez que rompe
a estrutura cristalina da celulose , liberando os açúcares fermentáveis, de modo que
a hidrólise de hidratos de carbono pode ser obtida mais rapidamente e com maior
rendimento (MOSIER et al., 2005). Um processo de pré-tratamento adequado
também pode prevenir a formação de inibidores para a hidrólise e posterior
fermentação (CHENG e SUN, 2002).
Os principais métodos incluem o tratamento físico, tal como moagem e
trituração e, o pré-tratamento termoquímico. Hidrólise e fermentação podem ser
executadas simultaneamente em um processo conhecido como sacarificação e
fermentação simultâneas (SFS). SFS utiliza enzimas em detrimento de produtos
químicos (ácidos ou bases), para hidrolisar os carboidratos estruturais celulose e
hemicelulose em açucares fermentáveis. A SSF reduz custos do processo, em
relação aos equipamentos, por realizar a hidrólise e a fermentação em um único
reator e eliminar a necessidade de materiais dispendiosos capazes de resistir a
ácidos fortes ou outros produtos químicos (ALVIRA et al., 2009).
A SFS aumenta a taxa de hidrólise por redução do efeito de inibição do
produto, pois os açúcares são rapidamente consumidos pela levedura durante o
processo. Contudo, o fator limitante da SFS é a temperatura. Porem não existe uma
temperaturas ideal para a hidrólise enzimática ,pois cada enzima responde a uma
temperatura e um ph específico (SURYAWATI et al., 2008).
A bioconversão em monômeros de glicose necessita da ação de
celulases, que são um complexo enzimático capaz de hidrolisar celulose até
moléculas de glicose. A classificação das celulases divide-se em três grandes
grupos: endoglucanases (EnG), que clivam ligações internas da fibra celulósica,
exoglucanases (ExG), que atuam na região externa e ß-glicosidases (BG), que
hidrolisam oligossacarídeos solúveis em glicose (CASTRO, 2010).
Dois métodos de hidrólise principais são amplamente utilizados para
produzir açúcares. Estes incluem a hidrólise ácida diluída e hidrólise enzimática
(SAHA et al., 2005). Os fundamentos do processo de conversão dos materiais
lignocelulósicos em etanol através da hidrólise são apresentados na Figura 9.
46
Figura 9 - Fluxograma dos fundamentos do processos de hidrólise para conversão e produção de etanol a partir de materiais celulósicos
Fonte: CGEE, 2008
Todas as tecnologias de hidrólise requerem um tratamento físico
preliminar de eliminação de impurezas e preparo do material lignocelulósico por
redução do tamanho das partículas a tratar. Esta redução de tamanho, traz como
vantagem o aumento da superfície específica do material, acelerando assim, a
reação de hidrólise (ALVIRA et al., 2009).
Os processos em desenvolvimento para conversão da biomassa de
natureza lignocelulósica, em açúcares redutores e produção final de etanol, podem
ser agrupados em três categorias de processos principais: enzimáticos; com ácidos
concentrados e catalisados por ácidos diluídos.
2.4.1.1 Hidrólise enzimática
Processos de sacarificação enzimática, envolvendo a utilização de
celulases, amilases e glucoamilases, são amplamente utilizados para hidrolisar
macrófitas e microalgas para obtenção de açúcares (LIBESSART et al., 1995). A
hidrólise enzimática é a utilização de enzimas para liberar os açúcares fermentáveis
da biomassa (ANCHEZ et al., 2004).
O obstáculo principal da hidrólise enzimática é que os grânulos de amido
estão ligados intercelulares dentro das paredes celulares rígidas assim, uma etapa
de pré-tratamento da bimassa é necessária para hidrolisar a parede celular para
libertar polissacarídeos tais como amido, hidratos de carbono estruturais, e outros
nutrientes (LIBESSART et al., 1995).
47
Outras dificuldades encontradas na realização do processo enzimático
se relacionam com a disponibilidade e custos das enzimas utilizadas. Enzimas tais
com celulases, xilanases e pectinases são necessárias para a solubilização
completa da biomassa lignocelulósica, sendo esta etapa identificada como o passo
de mais alto custo no processo hidrolítico (CASTRO; PEREIRA JÚNIOR, 2010).
Os processos enzimáticos empregam celulase como biocatalisador de
hidrólise, que requer condições brandas, temperaturas com especificidade da
enzima, pH na faixa 4,5 à 6,0 e operação nas pressões atmosféricas, permitindo
ainda, conversões superiores às obtidas pela hidrólise química. Menor destruição de
açúcares e menor acúmulo de inibidores de fermentação, são outras das vantagens
deste processo.As principais barreiras aos processos enzimáticos são: o custo muito
elevado da enzima celulase e o longo tempo para se obter altos rendimentos; um
provável alto consumo energético para manter os grandes volumes agitados e
aquecidos por muitas horas (ALVIRA et al., 2009).
A hidrólise enzimática é mais lenta do que a hidrólise ácida, porém é um
processo ambientalmente seguro e pode obter maiores rendimentos de glicose sem
a produção de produtos de inibição.
2.4.1.2 Hidrólise ácida
Os processos por ácido concentrado empregam ácido sulfúrico ou ácido
clorídrico como agente de pré-tratamento, seguido pelo estágio de hidrólise com
ácido diluído. Assim que a estrutura da celulose passa ao estado amorfo, torna-se
possível a sua transformação completa e rápida em açúcares redutores,
empregando condições não muito severas de reação. O rendimento obtido é alto,
porém o processo exige um investimento elevado em equipamentos (SUALI;
SARBATLY, 2012).
A etapa de hidrólise gera subprodutos de reação indesejáveis, tais como:
ácidos orgânicos de baixo peso molecular e compostos furânicos e fenólicos, que
inibem a fermentação alcoólica.
Os processos que empregam ácidos diluídos, em geral, utilizam como
catalisador o ácido sulfúrico diluído a 0,1 - 0,7% ou o ácido clorídrico. A hidrólise,
acontece em dois estágios para maximizar os rendimentos em açúcares redutores
provenientes da hemicelulose e da celulose. O primeiro estágio é realizado em
condições intermediárias para hidrolisar a hemicelulose, enquanto que o segundo,
48
operando em condições mais severas, converte a celulose (COSTA; MORAIS,
2011).
O processo de sacarificação química é caracterizado pela sua rápida
reação, mas normalmente são necessárias condições de reação violentas (maior
temperatura, pressão e a adição de ácido), o que resulta na produção de inibidores
tais como o hidroximetilfurfural, o que potencialmente pode reprimir a produção de
biocombustíveis fermentáveis e também um tratamento dos resíduos custoso
(MUSSATTO; DRAGONE, 2010).
O pré-tratamento com ácido é o mais recomendado, uma vez que
proporciona uma maior eficiência na conversão de materiais celulósicos. Durante o
processo de pré-tratamento ácido, vários fatores influenciam significativamente a
quantidade total de açúcares fermentáveis liberados. Estes incluem o tempo de
processo, a temperatura, a quantidade de carregamento do substrato e da
concentração de ácido (RABELO; COSTA, 2010).
O processo de sacarificação (conversão de polissacarídeo em
monossacarídeos) por hidrólise inclui um ácido diluído, ácido concentrado (WARD;
YOUNG, 1989). O uso de ácido concentrado é limitado devido ao custo mais
elevado, a corrosão do material de contenção, e a formação de compostos que
inibem o crescimento dos microrganismos (CHENG; SUN, 2002).
No entanto, o potencial para o desenvolvimento tem sido expresso sobre
o uso do processo de hidrólise ácida por causa da rápida e fácil reação
(GROHMANN; BOTHAST, 1997). O pré-tratamento de celulose por hidrólise de
ácido diluído antes da hidrólise enzimática resulta em um rendimento mais elevado
de glicose em até 1,38% de biomassa fresca (SUALI; SARBATLY, 2012).
O processo de hidrólise que emprega ácido sulfúrico ou ácido clorídrico
tem desvantagens como baixo rendimento de álcool devido a parcial degradação
dos açucares pelo acido formando compostos que, além de não serem
fermentescíveis, podem inibir a atividade da levedura; ademais o uso frequente do
ácido ocasiona corrosões nos equipamentos e aumenta os riscos de acidentes pelo
seu manuseio (CAMACHO, 2009). Contudo, o pré-tratamento usando um catalisador
enzimático pode resultar em mais material fermentável degradado em comparação
com catalisadores ácidos e alcalinos (NAHAK; NAHAK, 2011).
49
2.4.2 Fermentação alcoólica
A fermentação de carboidratos em álcool é um dos mais antigos
processos bioquímicos conhecidos. A fermentação alcoólica é a conversão de
materiais de biomassa que contêm açúcares, amido ou celulose em etanol
(MCKENDRY, 2002).
O valor de um determinado tipo de biomassa, tal como matéria-prima para
a fermentação depende da facilidade com que ele pode ser convertido em açúcares
(DEMIRBAS, 2008). Portanto, a eficiência do processo de fermentação depende de
vários fatores tais como, escolha do microrganismo, matéria-prima, o método de pré-
tratamento, o método de hidrólise e fatores ambientais, concentração de pH,
temperatura, substrato e etanol.
Microrganismos normalmente aplicados para a produção de bioetanol não
podem utilizar todas as fontes de açúcares derivados da hidrólise. Por exemplo, a
cepa de Saccharomyces cerevisiae, é possível utilizar pentose, o que representa
uma perda de biomassa e reduz o rendimento de bioetanol. Para superar este
problema, recombinam-se diferentes coquetéis de leveduras produtoras de enzimas
celulósicas, que são introduzidas durante a fermentação para converter uma grande
variedade de ambas as hexoses e pentoses (WYMAN, 1996).
De acordo com Lima et al (2001), existem quatro reações principais
envolvidas na fermentação do bioetanol. O primeiro passo é um processo de
glicólise, em que uma molécula de açúcar, especialmente glicose (C6H12O6), divide-
se em duas moléculas de piruvato (CHCOCOO-). A glicólise provoca a redução das
coenzimas: duas moléculas de adenosina difosfato (ADP) são reduzidas a duas
moléculas de ATP e duas moléculas de nicotinamida adenina dinucleótido (NAD+)
são reduzidos a duas moléculas de NADH. Este processo também produz água e
íons de hidrogênio (H+).
O segundo passo é a conversão do CHCOCOO- em acetaldeído
(CH3CHO), catalisada pela piruvato descarboxilase, que produz emissões de CO2 e
de H+. O terceiro passo é a conversão do CH3CHO produzido no segundo passo em
íon etanol (C2H5O-) com o auxílio da coenzima NADH que foi produzida durante o
processo de glicólise. Finalmente, o ânion de etanol, que tem propriedades
semelhantes ao etanol convencional, é protonado pelo hidrogênio para produzir
etanol (C2H5OH).
50
O processo de fermentação é iniciado por uma mistura de uma fonte de
açúcar, água e levedura, permitindo que a levedura atue num ambiente livre de
oxigênio. Este ambiente anaeróbio força a mesma à encerrar a "queima" do açúcar e
permite-lhes, ao contrário, fermentar álcool. Durante o processo fermentativo, as
dificuldades relativas a uma fermentação preliminar e fermentação secundária
completa são encontradas. A razão destes distúrbios é a crescente concentração de
álcool que inibe o crescimento de leveduras e tem um efeito sobre a quantidade de
metabólitos de fermentação, o qual, por sua vez, tem um efeito sobre a qualidade do
produto final da fermentação, ou seja, do bioetanol (SAHA, 2005).
Os produtos finais da fermentação de biomassa podem surgir como
resultado dos componentes de proteínas, lipídios e hidratos de carbono. A
fermentação anaeróbia não só produz o biogás e bioetanol, mas também reduz a
quantidade de sólidos voláteis nos resíduos de cerca de 70% (HORAN, 1991).
A fermentação por si só não produz combustível com teor alcoólico
superior de 12 a 15%, porque a levedura da fermentação é destruída em altas
concentrações de álcool. Para produzir um composto como maior concentração de
álcool, a solução aquosa deve ser destilada.
51
3 METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado nos laboratórios do Núcleo
Biotecnológico, da Universidade do Oeste de Santa Catarina campus Videira. Para
tanto, foram realizados ensaios de quantificação do teor de carboidratos das
amostras de macrófitas aquáticas flutuantes, pré-tratamento da biomassa vegetal
por métodos distintos (hidrólise ácida e enzimática), seguida de processo de
fermentativo para produção de bioetanol. Os rendimentos das hidrólises em termos
de sacarificação, a assimilação dos açúcares e produção de bioetanol pela levedura
Saccharomyces cerevisiae chardonay foram avaliados de forma quantitativa.
3.1 AMOSTRAS
A biomassa utilizada neste estudo foi obtida a partir da macrófita Lemna
minuta (Figura 10), coletada em lagoa de águas naturais, localizada aos
26°56'13.90" de latitude Sul e 51°15'45.07" de longitude Oeste, em uma propriedade
rural no interior do município de Videira, Santa Catarina.
Figura 10 - (a) Lagoa natural com biomassa vegetal; (b) Coleta de Lemna minuta
Fonte: A autora (2015)
Foram colhidas amostras nas 4 estações do ano (primavera/2013,
verão/2014, outono/2014 e inverno/2014), seguindo a metodologia para a realização
de colheita e acondicionamento de biomassa de macrófitas aquáticas flutuantes
adaptada de Rodrigues e Preston (1996). Após a colheita cada subamostra (25,00
Kg de massa fresca) foi seca ao sol, peneirada para a remoção de corpos estranhos,
resultando em 4 amostras simples de 2,15 kg ± 0,20 de massa seca de macrófita,
após as amostras secas foram acondicionadas em embalagens de polietileno de
baixa densidade (PEBD), e embalada à vácuo para garantir a sua preservação até a
execução dos ensaios posteriores.
(a) (b)
52
Para a composição da amostra as 4 subamostras da macrófita totalizaram
8 kg de biomassa seca, foram homogeneizadas e maceradas em cadinho de
porcelana. Posteriormente dividida em 3 partes para a execução dos experimentos:
caracterização bioquímica, hidrólises e fermentação.
3.2 TEOR DE CARBOIBRATO DA BIOMASSA
Foram realizados ensaios de caracterização bioquímica da biomassa
seca, através da metodologia clássica adaptada do Instituto Adolfo Lutz (1985). Foi
quantificado o teor de carboidratos (%) em ensaios conduzidos em triplicata
conforme a Figura 11.
Figura 11 - Fluxograma das etapas realizadas para quantificação do teor de carboidratos
Fonte: A autora (2015)
A concentração de carboidratos presentes nas amostras foi determinada
pelo método de Fehling, o qual baseia-se na hidrólise ácida com posterior titulação
(INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985). Para tanto, 2 g de cada amostra foi pesada e
adicionada em balões de fundo chato contendo 200 mL de água destilada e 5 mL de
HCl. A digestão térmica ocorre durante 3 horas, em sistema de refluxo.
As amostras digeridas, após resfriadas por 30 minutos à temperatura
ambiente, foram neutralizadas com solução de NaOH 40% para pH ±7,0.O
hidrolisado obtido foi filtrado.A fração líquida do filtrado foi titulada, com solução de
53
Fehling aquecida em ebulição até o ponto de viragem da solução por redução (de
azul para incolor com formação de precipitado vermelho de Cu2O).
3.3 HIDRÓLISES
3.3.1 Pré-tratamento da biomassa
A biomassa seca de Lemna minuta, previamente macerada foi submetida
a ensaio de pré-tratamento, com objetivo de realizar a hidrólise dos açúcares para
utilização do mesmo como substrato para a fermentação alcoólica. Para tanto,
foram testadas as metodologias de hidrólise ácida e a enzimática (Figura 12).
Figura 12 - Fluxograma do pré-tratamento e da quantificação dos açúcares redutores
Fonte: A autora (2015)
3.3.1.1 Hidrólise Ácida
Os ensaios de pré-tratamento com hidrólise ácida da biomassa de Lemna
minuta, foram realizados segundo o método de Harun e Danquah (2010), utilizando
concentração inicial de macrófitas de 60 g.L-1.
Adicionou-se 3 g de amostra, pesada em Balança analítica (Denver
Instrument Modelo APX-200), a 50 mL de água destilada. A esta mistura
54
acrescentou-se ácido (HCl / H2SO4) nas concentrações de 5, 10 e 15% (v/v),
incubadas em estufa ( Deleo Equipamentos modelo A3C) por intervalos de tempo de
15’, 30’ e 60’, sob temperaturas de 100, 130 e 150°C. A Tabela 4 apresenta o
delineamento experimental das hidrólises ácidas realizadas.
Tabela 4 - Planejamento experimental das hidrólises ácidas: fatorial 23
Níveis Axiais Tratamentos
Ácidos Temperaturas Tempos
A B C HCl / H2SO4 °C Minutos
-1 -1 -1 1 5 100 20
-1 -1 1 2 5 100 60
-1 1 -1 3 5 150 20
-1 1 1 4 5 150 60
1 -1 -1 5 15 100 20
1 -1 1 6 15 100 60
1 1 -1 7 15 150 20
1 1 1 8 15 150 60
0 0 0 9 10 125 40
0 0 0 10 10 125 40
0 0 0 11 10 125 40 Fonte: A autora (2015)
Após a incubação as soluções hidrolisadas foram resfriadas em banho de
gelo por 15’, o pH foi corrigido para 6,0 com solução de NaOH 2N aferido (phmetro
de bancada da marca Gehaka modelo PG1800). A fração líquida (contendo os
açúcares liberados) foi separada da biomassa por centrifugação à 10.800 r.p.m
durante 21’. Por fim foi realizada a quantificação dos açúcares redutores pelo
método DNS (Protocolo para determinação de açúcares totais).
3.3.1.2 Hidrólise Enzimática
Os ensaios de hidrólise enzimática foram realizados com a enzima
Rohalase/Barley, seguindo as condições de incubação fornecidas pelo fabricante da
enzima. A enzima é composta por celulases, xilanases e pectinases. Testou-se
diferentes concentrações de enzima sobdiferentes pHs e temperaturas para otimizar
a hidrólise. A Tabela 5, apresenta os 36 tratamentos enzimáticos realizados.
55
Tabela 5 - Hidrólises Enzimáticas: 40º, 50°C e 60°C
Trat
Temp Tempo
pH Trat
Temp Tempo
pH Trat
Temp Tempo
pH °C min °C min °C min
1 40 60 4 13 55 60 4 25 70 60 4
2 40 60 5 14 55 60 5 26 70 60 5
3 40 60 6 15 55 60 6 27 70 60 6
4 40 60 7 16 55 60 7 28 70 60 7
5 40 120 4 17 55 120 4 29 70 120 4
6 40 120 5 18 55 120 5 30 70 120 5
7 40 120 6 19 55 120 6 31 70 120 6
8 40 120 7 20 55 120 7 32 70 120 7
9 40 240 7 21 55 240 7 33 70 240 7
10 40 240 5 22 55 240 5 34 70 240 5
11 40 240 6 23 55 240 6 35 70 240 6
12 40 240 7 24 55 240 7 36 70 240 7 Legenda: Trat = Tratamentos; Temp = Temperatura; min = minutos Fonte: A autora (2015)
Os ensaios de hidrólise enzimática foram realizados em frascos do tipo
erlenmeyer de 250 mL ,contendo um volume de 50 mL de água destilada.
Inicialmente foram preparadas soluções tamponadas (Na2PO4 e Ácido cítrico) em
pH: 4,0 ; 5,0; 6,0 e 7,0. Após, foi adicionado a cada frasco 3g de macrófita, as
amostras foram homogeneizadas e uma alíquota retirada para a quantificação de
açúcares inicias (antes da hidrólise enzimática).
Após, a cada frasco foi adicionado 1 mL da solução enzimática e os
mesmos foram incubados a temperatura de 40, 55 e 70 Cº, mantidos sob agitação
constante. Em intervalo de 1 hora e 2 horas, determinando a concentração de
açúcares a partir do ensaio de DNS em triplicata.
3.3.2 Quantificação de açúcares redutores
O teste de DNS (ácido dinitrosalicílico) baseia-se na reação entre o
açúcar redutor e o ácido 3,5-dinitrosalicílico (cor amarelo), que é reduzido a um
composto colorido avermelhado, o ácido 3-amino- 5-nitrosalicílico, oxidando o
monossacarídeo redutor (MALDONE et al., 2013).
Sendo assim, o teor de açúcares redutores livres (AR) foi quantificado
calorimetricamente pelo método dinitrosalicílico conhecido como DNS (MILLER ,
1959). Construiu-se uma curva de calibração (Figura 13), com uma solução de
56
glicose, lendo-se a absorbância em espectrofotômetro ( Digimed DME- 21) com
comprimento de onda de 540 nm.
Figura 13 - Curva padrão de açúcares redutores
Fonte: A autora (2015)
Este foi o método utilizado como protocolo padrão para determinar a
quantidade de açúcar redutor. Onde, os grupos aldeído e grupos cetona dos
açúcares de redução reduzem o amarelo (ácido 3,5-dinitrossalicílico) à laranja (
ácido 3-amino-5-nitro salicílico). Para elaboração da curva padrão foi utilizado
glicose nas concentrações de 0,1 a 1,0 g.L-1.
As amostras previamente hidrolisadas conforme descrito nos itens 3.3.1.1
e 3.3.1.2, foram centrifugadas e, uma alíquota de 1,0 mL da amostra (sobrenadante
) foi adicionada em um tubo de ensaio ,seguido a adição de 1,0 mL do reagente
DNS. Os tubos foram agitados e aquecidos em banho-maria à 100°C (em ebulição)
por 5 minutos. Após, os tubos foram resfriados em banho de gelo por 5 minutos.
Então foram adicionados 16 mL da solução de tartarato duplo de sódio e potássio.
A leitura da absorbância foi realizada em espectrofotômetro (UV-300, Pró-análise) á
um comprimento de onda de 540 nm, o branco constitui-se da substituição da
amostra por água destilada.
57
3.4 ENSAIOS FERMENTATIVOS
Foram realizados ensaios de fermentação alcoólica em três repetições,
com a linhagem de levedura comercial Saccharomyces cerevisiae chardonay
(Proenol®), utilizada para a fermentação da biomassa seca e macerada da Lemna
minuta previamente hidrolisada (Figura 14).
Figura 14 - Fluxograma das etapas da fermentação
Fonte: A autora (2015)
A levedura foi pré-inoculada, em frasco Schott® de vidro borosilicato
tampa rosca com volume de 100mL . Contendo previamente esterilizado com 50mL
de água destilada), onde 1g de Saccharomyces cerevisiae chardonay e, 1g de
nutriente, foram adicionados e diluídos no frasco, em água destilada de diluição
previamente aquecida à 30°C. A solução foi mantida em repouso por 1 hora para
ativação em temperatura ambiente, esta foi denominada: solução de suspensão de
levedura.
Um volume de dois litros da amostra foi previamente hidrolisada, filtrada
em bomba com sistema à vácuo, após, o pH do filtrado foi corrigido para 4,5 com
solução de NaOH 2N. O volume foi fracionado e transferidos 250 mL do hidrolisado
para sete erlenmeyers de 500 mL. Na sequência os erlenmeyers foram
autoclavados por 15', resfriados à temperatura ambiente, onde foram adicionados
assepticamente 5mL da suspensão de levedura em cada erlenmeyers.
A fermentação foi realizada em incubação à 30˚C durante 48 horas . Em
intervalos regulares à cada 3 horas, foram coletadas amostras de: 4 mL para
58
determinar o consumo de açucares redutores; 2 mL para verificar a densidade
microbiana (crescimento da levedura). Para quantificar a produção de bioetanol
foram coletados 50 mL nos seguintes tempos de fermentação: 0'; 360'; 720';
1440';2880'.
Para o estabelecimento da cinética microbiana , foi realizada leitura da
absorbância da suspensão de levedura em espectrofotômetro (UV-300, Pró-análise)
a um comprimento de onda de 600 nm. O branco feito com substituição da amostra
por água destilada. Os valores das absorbâncias obtidos, foram substituídos na
equação da reta obtida com a curva de calibração (Figura 15).
Figura 15 - Curva padrão da densidade do crescimento microbiano
Fonte: A autora (2015)
Para calcular a concentração de levedura (células.mL-1) a contagem das
células viáveis Saccharomyces cerevisiae chardonay, foi realizada em câmera de
neubauer (Improved Bringt-line de 0,025 m2), com adição de 0,05 mL da amostra
da solução de levedura diluída (0,1g.L-1), foi adicionada uma gota do corante azul de
metileno (1% m.v-1) para a identificar apenas as células viáveis, após, foi realizada a
visualização em microscópio óptico (Nikon Eclipse E100) com objetiva em aumento
de 40 vezes, cuja a suspensão de levedura apresentou a concentração inicial de
células viáveis de 42.400 células.mL-1.
59
3.5 QUANTIFICAÇÃO DO ETANOL
As amostras foram encaminhadas ao Laboratório da Tecnologia de
Bebidas (LATEB), no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de
Pinheiro Preto, Santa Catarina. A quantificação do bioetanol foi realizada em
método CG/MS, equipamento Agilent composto de Cromatógrafo Gasoso (modelo
7890 A) acoplado a um detector de massas “single” quadrupolo (modelo 5975).
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS
Os resultados dos experimentos foram apresentados como média ±
desvio padrão da média (EPM). Os dados obtidos foram organizados em gráficos e
tabelas usando os programas Microsoft Office Excel 2007® e Statistica 12®.
60
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 TEOR DE CARBOIDRATO
O teor de carboidratos da Lemna minuta, utilizada no presente estudo é
apresentado na Tabela 6.
Tabela 6 - Teor de Carboidratos na biomassa de Lemna minuta
Identificação da Amostra
Peso (g)
Titulação (mL)
Teor Carboidratos (%)
01 2,002 49,6 35,67 02 2,006 50,0 35,31 03 2,005 46,0 38,39
Média± Desvio Padrão 36,46 ± 1,69 Fonte: A autora (2015)
Através da análise verificou-se que a amostra de Lemna minuta
apresentou cerca de 36% de carboidratos.
Para Zhool (2014) as biomassas de macrófitas aquáticas, constituem uma
matéria-prima promissora para a produção de biocombustíveis, principalmente
devido ao seu alto teor de celulose, amido e, baixo teor de lignina. Ao analisar a
biomassa seca dos quatro gêneros (Spirodela, Lemna, Wolffiella e Wolffia) da família
Lemnaceae, o autor afirma que estas macrófitas aquáticas podem possuir até
51,2% de carboidratos. No entanto, esse percentual menor, observado neste
trabalho pode ser explicado devido as condições de cultivo e pelo fato da análise
ter sido realizada especificamente com Lemna minuta ao passo que Zhaol (2014)
avaliou a biomassa de um pool de espécies de lemnáceas.
Graeff et al. (2008) estudaram o potencial nutritivo da macrófita aquática
Lemna minor e determinaram 6,3% de carboidratos totais. Portanto, um teor de
carboidrato 30,1% inferior à quantificação realizada neste estudo.
Silva e Camargo (2006) relatavam que a biomassa vegetal seca de E.
crassipes (aguapé) e P. stratiotes (alface d’água) apresentam 14,47% e 12,39% de
carboidrato, respectivamente. Nesta apreciação, a biomassa vegetal caracterizada
possui teor de carboidratos 21,99% superior para E. crassipes e 24,07% para P.
stratiotes. Esta maior concentração justifica-se pela espécie estudada ser da
família Lemnaceae e não Pontederiaceae.
Quando os resultados são comparados, observa-se que há coerência
entre eles, o que reafirma a descrição de Esteves (1998): "existe uma perceptível
61
diferença em relação à concentração de nutrientes na biomassa de macrófitas de
regiões distintas". Esses valores de composição bioquímica, tão variáveis, estão
associados às condições tróficas do ambiente aquático e às estações climáticas.
Salienta-se, que as mesmas demonstraram boa produtividade vegetal
quando comparada à outras culturas energéticas (cana-de açúcar e sorgo
sacarino), portanto, a somatória destas características apresentadas as tornam uma
biomassa com extraordinária promessa de substrato para produção de bioetanol de
segunda geração (ZHAO et al., 2014).
Entretanto, além da possibilidade de obter a biomassa com coleta e
remoção de lagoas naturais eutrofizadas, estas plantas diminutas, também podem
ser facilmente cultivadas em lagoas abertas de tratamento de águas residuárias
(MOHEDANO et al., 2012; BUSS, 2015).
4.2 PRÉ-TRATAMENTO DA BIOMASSA
4.2.1 Hidrólise ácida
4.2.1.1 Ácido Clorídrico
Agentes químicos, como ácidos, bases e solventes orgânicos têm sido
descritos como responsáveis por um efeito representativo na hidrólise da estrutura
nativa da biomassas. Contudo, o pré-tratamento com um agente ácido é o mais
utilizado, pois permite maior conversão de materiais celulósicos (Harun et al., 2011).
A eficiência das hidrólises ácidas foi calculada a partir do teor médio de
carboidrato (364,6 g.kg-1) disponível na biomassa de L. minuta. Os resultados
obtidos no pré-tratamento pelo método de hidrólise com Ácido clorídrico estão
apresentados na Tabela 7.
62
Tabela 7 - Teor de açúcar redutor disponível na Lemna minuta após hidrólise com HCL, e eficiência de Sacarificação
Tratamento Açúcar Redutor Total Eficiência
Hidrolisado (g.L-1± DP* ) Massa Seca (g.g-1± DP*) (%± DP*)
1 16,26 ± 0,08 0,32 ± 0,01 89,20 ± 1,31
2 16,05 ± 0,04 0,32 ± 0,00 88,05 ± 0,69
3 16,44 ± 0,01 0,33 ± 0,00 89,97 ± 0,21
4 18,09± 0,01 0,36 ± 0,00 99,20 ± 0,24
5 13,08 ± 0,06 0,26 ± 0,00 71,80 ± 0,92
6 11,67± 0,08 0,23 ± 0,01 64,06 ± 1,35
7 15,78 ± 0,03 0,31 ± 0,00 86,51 ± 0,54
8 12,03 ± 0,18 0,24 ± 0,01 65,99 ± 2,98
9 10,89 ± 0,08 0,22 ± 0,01 59,77 ± 1,27
10 9,09 ± 0,05 0,24 ± 0,00 64,69 ± 0,85
11 10,29 ± 0,26 0,21 ± 0,02 56,53 ± 4,25 Legenda: *DP = Desvio Padrão Fonte: A autora (2015 )
Dentre os 11 tratamentos com adição de HCl, o tratamento 4 (5% HCl,
150°C por 60’) foi o mais eficiente e disponibilizou 360,00g de açúcar redutor total
por kg de macrófita. Não sendo capaz de hidrolisar apenas 0,8% do carboidrato
disponível na biomassa inicial.
Enquanto, o tratamento 11 (10% HCl, 125ºC por 40’) foi o menos
eficiente, disponibilizando apenas 210,00 ± 0,60g de açúcar redutor total por kg de
macrófita. Ou seja, uma concentração 42,4% inferior ao teor de carboidrato presente
na biomassa.
Woiciechowsk et al. (2002), estudou a hidrólise acida do bagaço de
mandioca, relacionando a eficiência de recuperação de açúcar redutor com os
custos de operação, o rendimento da hidrólise ácida foi de 62,35g de açúcar redutor
a partir de 100g de bagaço, o melhor rendimento neste estudo foi de 36g de açúcar
redutor a partir de 100g de biomassa de macrófita. Apresentando este um
rendimento de 42,26% superior ao da Lemna minuta avaliada neste estudo.
Ribeiro (2009) obtiveram a sacarificação a partir do amido de batata-doce
por hidrólise ácida, utilizando ácido clorídrico concentrado, sob diferentes
quantidades de ácido. A metodologia utilizada sob altas temperaturas apresentou
resultados expressivos, mostrando que a combinação dos fatores catalisa a reação,
corroborando com o observado no presente trabalho, onde as maiores temperaturas
combinadas com menor concentração de ácido apresentaram os melhores
rendimentos.
63
4.2.1.2 Ácida Sulfúrico
Dentre os resultados obtidos no pré-tratamento pelo método de hidrólise
com Ácido Sulfúrico (Tabela 8), o tratamento 4 (5% H2SO4, 150°C por 60’), foi o mais
eficiente e disponibilizou 350,00 ± 1,26g de açúcar redutor total por kg de macrófita.
Sendo assim, este tratamento disponibilizou um teor de açúcares 7,44% inferior ao
teor de carboidrato, que fora obtido nos ensaios bioquímicos anteriores com HCL>
O tratamento 8 (15% H2SO4, 150°C por 60’) foi o menos eficiente para
estas condições, hidrolisando apenas 240,00 ± 1,05g de açúcar redutor total por kg
de macrófita. O rendimento foi 33,02% inferior ao teor de carboidrato presente na
biomassa. A diferença entre o tratamento de menor eficiência (8) e o mais eficiente
(4) está relacionada somente à concentração do ácido H2SO4, uma vez que,
ocorreram sob as mesmas condições nas variáveis tempo e temperatura.
Tabela 8 - Teor de açúcar disponível da Lemna minuta a partir da hidrólise com Ácido Sulfúrico, e eficiência (%) do método
Tratamento Açúcar Redutor Total Eficiência
Hidrolisado (g.L-1± DP* ) Massa Seca (g.g-1± DP*) (%± DP*)
1 15,48 ± 0,03 0,31 ± 0,00 84,90 ± 0,46
2 15,51 ± 0,04 0,31 ± 0,00 85,08 ± 0,74
3 16,86 ± 0,13 0,34 ± 0,01 92,56± 2,12
4 17,55± 0,25 0,35 ± 0,02 96,34 ± 2,09
5 13,92 ± 0,15 0,28 ± 0,01 76,33 ± 2,49
6 15,45 ± 0,02 0,31 ± 0,00 84,69 ± 0,41
7 15,30 ± 0,01 0,31 ± 0,00 83,96 ± 0,16
8 12,21 ± 0,17 0,24 ± 0,01 66,98 ± 2,84
9 15,87± 0,06 0,32 ± 0,00 87,00 ± 0,92
10 16,35 ± 0,02 0,33 ± 0,00 89,70 ± 0,31
11 15,51 ± 0,05 0,31 ± 0,00 85,05 ± 0,76 Legenda: *DP = Desvio Padrão Fonte: A autora (2015)
De acordo com Freitas et al. (2011), que analisaram a hidrólise do farelo
de mandioca por tratamento com ácido sulfúrico, com tempo de reação 30 e 60
minutos, as conversões em açúcares apresentaram resultados acima de 60%.
Estes valores estão de acordo com o previsto, dado que Harun et al.
(2010b) descrevem rendimentos entre 70 a 95 % em pré-tratamentos com ácido
diluído, o que demonstra o forte potencial deste método como pré-tratamento para a
biomassa microalgal, anteriormente confirmado por Nguyen et al., 2009. Sendo este
um fator também observado neste estudo.
64
Rodomski et al., (2012) ao avaliarem o tratamento da biomassa
lignocelulósica da cadeia produtiva de dendê (Elaeis guineensis) para produção de
glicose por hidrólise ácida, verificaram que a concentração do ácido teve influencia
significativa sobre o tratamento enzimático.
De acordo com experimento em bagaço de cana desenvolvido por Jasko
et al. (2011), os melhores resultados de despolimerização, ocorreram durante a
hidrólise com ácido sulfúrico por 1 hora em autoclave a 121°C, que apresentou um
rendimento de 52% de açúcar redutor solúvel.
4.2.3 Comparativo entre as hidrólises ácidas
O efeito das variáveis independentes: temperatura e concentração de
ácido, podem ser observados na superfície de resposta ilustrada na Figura 16.
Figura 16 - Gráfico de superfície de resposta para a concentração de glicose após hidrólise ácida, em função da concentração do ácido e da temperatura: (a) Ácido clorídrico; (b) Ácido sulfúrico
Fonte: A autora (2015)
O gráfico de superfície de resposta destaca que os melhores tratamentos
são os pontos localizados nas áreas de cores mais intensas e quentes, ou seja,
pontos de maior temperatura e concentração de ácido.
Observa-se que, para a concentração de HCl e H2SO4 ambos
respondem da mesmo forma, ou seja, quanto menor a concentração de ácido maior
o rendimento. E o mesmo, acontece com a temperatura para ambos os tratamentos.
O comparativo entre os resultados obtidos entre as hidrólises ácidas, considerando
as variáveis tempo e concentração do ácido são apresentadas na Figura 17.
(a) (b)
65
Figura 17 - Gráfico de superfície de resposta para a concentração de glicose após hidrólise ácida, em função da concentração do ácido e de tempo: (a) Ácido clorídrico; (b) Ácido sulfúrico
Fonte: A autora (2015)
Considera-se o efeito das variáveis independentes: tempo e
concentração de ácido. Observa-se que, para a concentração dos ácidos HCl e
HSO4 ambos respondem da mesmo forma, ou seja quanto menor a quantidade de
ácido melhor. Porém, o mesmo não acontece com o tempo, pois para o ácido
sulfúrico quanto menor o tempo maior liberação de açúcar redutor . Sendo este,
inversamente proporcional.
Enquanto que, para o tratamento com ácido clorídrico quanto menor o
tempo, menos significativo será o resultado. Sendo assim, verificou-se que as três
variáveis são estatisticamente significativos no modelo estatístico avaliado, assim
como a interação entre eles.
Para melhor explicitar a superfície de resposta, buscou-se uma técnica
que se adaptasse a essas condições de otimização, sendo utilizada a função de
desejabilidade do programa Statistica 12, que permite obter os valores ótimos dos
parâmetros investigados.
Desta forma, a Figura 18 mostra a interação entre as três variáveis
independentes (tempo, temperatura e concentração de ácidos) que tiveram
influência no processo de sacarificação durante a hidrólise. A Figura 18a apresenta
o perfil de desejabilidade da hidrólise com ácido clorídrico e, a Figura 18b com o
ácido clorídrico.
(a) (b)
66
Figura 18 - Perfil dos valores previstos/otimizados e da desejabilidade em relação aos ácidos: (a) clorídrico; (b) sulfúrico
Fonte: A autora (2015)
Através dessa função, foi possível encontrar os valores ótimos das
variáveis independentes, que satisfizessem a variável dependente. Os 3 últimos
perfis mostram a desejabilidade individual para cada fator e a desejabilidade global
igual a 0,93 para o HCl (Figura 18a) e 0,99 para H2SO4 (Figura 18b). As linhas
verticais em vermelho presentes nos gráficos correspondem aos valores ótimos dos
parâmetros estudados e estão localizados, exatamente, nos pontos centrais.
(a)
(b)
67
4.2.4 Hidrólise enzimática
Os resultados obtidos no pré-tratamento pelo método de hidrólise
enzimática, estão apresentados nas Tabelas 9, 10 e 11.
Tabela 9 - Teor de açúcar disponível da Lemna minuta a partir da hidrólise enzimática com temperatura de 40°C, e eficiência (%) do método
Tratamento Açúcar Redutor Total Açúcar Redutor Total Eficiência
Hidrolisado (g.L-1± DP* ) Massa Seca (g.g-1± DP*) (%± DP*)
1 0,285 ± 0,105 0,017 ± 0,008 4,693 ± 1,733
2 0,543 ± 0,059 0,033 ± 0,004 8,943 ± 0,972
3 0,520 ± 0,024 0,031 ± 0,002 8,558 ± 0,388
4 0,533 ± 0,025 0,032 ± 0,002 8,764 ± 0,414
5 0,374 ± 0,128 0,022 ± 0,009 6,151 ± 2,111
6 0,460 ± 0,008 0,028 ± 0,001 7,567 ± 0,135
7 0,514 ± 0,023 0,031 ± 0,002 8,461 ± 0,376
8 0,457 ± 0,033 0,027 ± 0,002 7,512 ± 0,548
9 0,287 ± 0,011 0,017 ± 0,001 4,721 ± 0,178
10 0,170 ± 0,009 0,010 ± 0,001 2,795 ± 0,140
11 0,320 ± 0,103 0,019 ± 0,008 5,271 ± 1,703
12 0,507 ± 0,169 0,030 ± 0,012 8,351 ± 2,77 Legenda: *DP = Desvio Padrão Fonte: A autora (2015)
Tabela 10 - Teor de açúcar disponível da Lemna minuta a partir da hidrólise enzimática com temperatura de 55°C, e eficiência (%) do método
Tratamento Açúcar Redutor Total Açúcar Redutor Total Eficiência
Hidrolisado (g.L-1± DP* ) Massa Seca (g.g-1± DP*) (%± DP*)
13 0,500 ± 0,057 0,030 ± 0,004 8,228 ± 0,939
14 0,240 ± 0,010 0,014 ± 0,001 3,351 ± 0,166
15 0,206 ± 0,061 0,012 ± 0,004 3,387 ± 1,005
16 0,307 ± 0,019 0,018 ± 0,001 5,051 ± 0,309
17 0,103 ± 0,040 0,006 ± 0,003 1,695 ± 0,665
18 0,196 ± 0,010 0,012 ± 0,001 3,222 ± 0,159
19 0,174 ± 0,040 0,010 ± 0,003 2,864 ± 0,658
20 0,319 ± 0,178 0,019 ± 0,013 5,243 ± 2,936
21 0,260 ± 0,031 0,016 ± 0,002 4,281 ± 0,505
22 0,242 ± 0,012 0,015 ± 0,001 3,978 ± 0,202
23 0,411 ± 0,291 0,025 ± 0,021 6,756 ± 4781
24 0,376 ± 0,113 0,023 ± 0,008 6,192 ± 1,80 Legenda: *DP = Desvio Padrão Fonte: A autora (2015)
68
Tabela 11 - Teor de açúcar disponível da Lemna minuta a partir da hidrólise enzimática com temperatura de 70°C, e eficiência (%) do método
Tratamento Açúcar Redutor Total Açúcar Redutor Total Eficiência
Hidrolisado (g.L-1± DP* ) Massa Seca (g.g-1± DP*) (%± DP*)
25 0,140 ± 0,027 8,387 ± 1,963 2,300 ± 0,440
26 0,098± 0,011 5,879 ± 0,828 1,613 ± 0,186
27 0,098 ± 0,010 5,879 ± 0,711 1,613 ± 0,159
28 0,272 ± 0,039 16,309 ± 2,866 4,473 ± 0,642
29 0,124 ± 0,018 7,434 ± 1,303 2,039 ± 0,292
30 0,357 ± 0,043 21,424 ± 3,159 5,876 ± 0,707
31 0,271 ± 0,013 16,259 ± 0,919 4,459 ± 0,206
32 0,384 ± 0,139 23,028 ± 10,182 6,316 ± 2,280
33 0,159 ± 0,011 9,540 ± 0,838 2,617 ± 0,188
34 0,083 ± 0,019 4,977 ± 1,430 1,365 ±0,320
35 0,154 ± 0,009 9,239 ± 0,689 2,534 ± 0,154
36 0,093 ± 0,010 5,579± 0,711 1,530 ± 0,159 Legenda: *DP = Desvio Padrão Fonte: A autora (2015)
Conforme as Tabelas 9, 10 e 11, dentre os 36 tratamentos realizados, o
tratamento 1 (40°C; 60' e pH 5,00) foi o mais eficiente e disponibilizou 32,61 ± 1,34g
de açúcar redutor total por kg de macrófita. Sendo assim, este tratamento
disponibilizou um teor de açúcares 91,06% inferior ao teor de carboidrato presente
na biomassa de Lemna minuta.
Sendo que o tratamento 26 (70 °C; 60' e pH 5,00) disponibilizou 5,88 ±
0,83g ATR.kg-1 e, o 27 (70 °C; 60' e pH 6,00) disponibilizou 5,88 ± 0,71g ATR.kg-1 de
macrófita. Respectivamente ambos obtiveram os menores rendimentos. A diferença
entre os tratamentos de menor eficiência (26 e 27) está relacionada somente ao pH,
uma vez que, ocorreram sob as mesmas condições nas variáveis tempo e
temperatura de incubação.
Para uma melhor visualização da interação dos efeitos estimados entre a
combinação das variáveis, foi gerado o gráfico de superfície de resposta para
análise da eficiência (Figura 19). É possível observar que apenas a variável
temperatura apresentou influência significante, no nível de confiança adotado
(p<0,05). Embora a hidrólise enzimática tenha vantagens sobre a conversão química
de alto rendimento de açúcar como o baixo consumo de energia, condições de
operação brandas (pressão e temperaturas baixas), biorreatores de baixo custo e
formação mínima de subprodutos (SUN; CHENG, 2005), o custo e a baixa
produtividade da hidrólise enzimática da biomassa lignocelulósica é uma das
69
principais barreiras da comercialização do etanol de segunda geração (ZHENG,
2009).
Figura 19 - Gráfico de superfície de resposta para a eficiência na produção de glicose após hidrólise enzimática, em função: (a) Temperatura e pH; (b) Tempo e pH
Fonte: A autora (2015).
No referido estudo, ainda destaca-se a inexpressiva produtividade da
hidrólise enzimática, comparando-a com a hidrólise química (HCl 5% a 150ºC por 60
minutos), apresentando esta uma superioridade em liberação de açúcares redutores
totais de 90,94% sob a enzimática. Esta explicação pode estar pautada na enzima
utilizada, pois esta é industrializada e não específica para a sacarificação da
biomassa de lemna minuta (celulase). Todavia, estas enzimas são altamente
específicas, isto é, afetam apenas a celulose, ficando a hemicelulose contida na
biomassa intacta (HARUN et al., 2010b).
A Figura 20 mostra a interação entre as três variáveis independentes
(tempo, temperatura e ph) que tiveram influência no processo de sacarificação
durante a hidrólise. Apresenta o perfil de desejabilidade da hidrólise enzimática.
(a) (b)
70
Figura 20 - Perfil dos valores da desejabilidade em relação ao tempo, temperatura e pH
Fonte: A autora (2015).
A desejabilidade, aponta para os valores ótimos das variáveis
independentes, mostrando temperatura, tempo e pH mais significativo em 40°, 60' e
6,00 respectivamente.
Alvira et al. (2010) descrevem que complexos enzimáticos contribuem
eficazmente para a degradação da estrutura complexa da celulose e da pectina,
permitindo maiores rendimentos em açúcares. Estas irão atuar em características
específicas, tais como temperatura, tempo e pH.
4.3 ENSAIOS DE FERMENTAÇÃO
Após a definição do melhor pré-tratamento (HCl 5% a 150ºC por 60'), o
mesmo foi repetido, o hidrolisado obtido foi submetido à fermentação, cujos
resultados provenientes da cinética da produção de bioetanol são apresentados na
Tabela 12.
71
Tabela 12 - Concentração de substrato, consumo e produção de etanol a partir da fermentação alcoólica á 30ºC
Tempo Fermentação
ART Disponível
ART Consumido
Produção Etanol
Suspensão de Levedura Levedura
(hora) (g.L-1
± DP) (g.L-1
± DP) (g.L-1
± DP) [g.L-1
± DP] [células.mL-1
]
0 7,29 ± 0,07 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,01 0,19± 0,01 79.208 ± 2.526
3 6,46 ± 0,01 0,83 ± 0,02 0,42 ± 0,01 0,18 ± 0,02 77.796 ± 7.610
6 5,35 ± 0,01 1,94 ± 0,01 0,98 ± 0,01 0,16 ± 0,01 66.497 ± 1.926
12 5,25 ± 0,01 2,04 ± 0,01 1,04 ± 0,00 0,15 ± 0,00 52.501 ± 222
24 5,21 ± 0,02 2,08 ± 0,02 1,06 ± 0,05 0,12 ± 0,01 52.501 ± 4.816
48 4,84 ± 0,03 2,45 ± 0,02 1,27 ± 0,05 0,11 ± 0,00 44.925 ± 1.334
Legenda: ART: Açúcar Redutor Total; DP= Desvio Padrão; [ ] = Concentração; NA= Não Analisado Fonte: A autora (2015)
A produção de etanol de segunda geração apresenta a cinética de
produção ilustrada na Figura 21.
Figura 21 - Produção de etanol de Lemna minuta versus consumo de açúcar redutor total
Fonte: A autora (2015)
Portanto, conforme a Figura 20, verifica-se que apenas 33,7% do total de
açúcar redutor disponível no hidrolisado foi consumido durante a fermentação,
evidencia-se o pico de maior consumo aferido nas sexta hora do processo. Onde,
houve o consumo de 79,18% do açúcar total consumido pelas leveduras. A partir
dos resultados obtidos foi possível calcular o açúcar inicial, o consumo de ART e a
velocidade da produção de etanol, conforme cálculos apresentados a seguir:
72
Açúcares Total Inicial:
1 % = − ∗ 100 / ∗ 0,538 (1)
127/3,92 = 32,39%
Açúcares consumidos:
2 % = − ∗ 100 / − ∗ 0,538 (2)
127 /1,32 = 96,21 %
Produtividade:
/ % = − ∗ 100 /( − )
127/2,45= 51,84 %
Destaca-se nesta análise que a produção máxima desta biomassa
corresponde a 53,8%, e após o pré tratamento obteve-se 51,84%. Desta forma, a
produtividade chegou a 96,35%, sendo este um resultado de grande
expressividades.
Avaliando estes dados, pode-se inferir que em uma condição de
regimento de operação, utilizando reator de fluxo contínuo ou de batelada
alimentada, a melhor alimentação do sistema seria na sexta hora, onde se obtém a
melhor taxa de conversão em g.L-1.h-1.
4.4 BIOETANOL DE LEMNA MINUTA VERSUS FONTES ALTERNATIVAS
Atualmente, os combustíveis de segunda geração já podem ser obtidos a
partir de biomassas diversas, dentre as mais utilizadas, evidencia-se a possibilidade
de aproveitamento dos resíduos agroindustriais vegetais (ESCOBAR et al., 2009).
Entretanto, as pesquisas iniciais sobre esta temática trabalhavam normalmente com
biomassas advindas de culturas vegetais altamente energéticas (BALATA et al.,
2008; MUSSATTO et al., 2010).
A Tabela 13 apresenta o potencial de produção de etanol das principias
biomassas vegetais estudadas e a produção obtida com o rendimento calculado
neste estudo.
73
Tabela 13 - Potencial de produção de bioetanol proveniente de biomassas vegetais
Cultura Potencial de produção de etanol (L.t-1)*
Produtividade em etanol (L.ha-1)***
Cana-de-açúcar 70 6190 – 7500 Beterraba 110 5010 – 6680 Batata-doce 125 NA Batata 110 NA Milho 360 3460 – 4020 Arroz 430 NA Centeio 250 NA Trigo 340 2590 Sorgo sacarino 60 3050 – 4070 Biomassa celulósica 280 NA Mandioca NA 3310 Microalgas NA 46760 – 140290 Lemna minuta*** 41,61 4000 - 8000
Legenda: NA = Não avaliado Fonte: * adaptado de Balata et al. (2008); **Mussatto et al. (2010), *** Calculado pela autora
Ao compararmos o potencial de produção de etanol obtido no presente
estudo com outras culturas vegetais (Tabela 13), verifica-se que a Lemna minuta
apresentou o rendimento mais equiparado ao etanol gerado à partir de sorgo
sacarino, entretanto nas condições experimentais realizadas neste estudo a
macrófita apresentou potencial de produção inferior em 30,65%.
BNDES/CGEE, (2008), em estudo sobre produção de bioetanol,
reportaram um valor de 460 litros de bioetanol anidro por tonelada de milho. Tasic et
al., (2009) investigou a hidrólise ácida do amido de tubérculos de batata doce
utilizando ácido clorídrico e sulfúrico em diferentes proporções de material vegetal e
reportou um valor de 31 g/l de produção de etanol obtido no processo de
fermentação. Já Hashem & Darwish (2010), utilizaram no seu estudo o fluxo de
resíduos de amido de batata produzidos durante a fabricação de chips, como fonte
econômica para a biomassa e produção de bioetanol, e verificaram no final do
processo produção de 5,52 g.L-1 de etanol.
De acordo com Bastos (2007) “no futuro, por razões econômicas, a
alcoolquímica poderá vir a substituir à petroquímica e o etanol poderá assumir o
lugar do petróleo como fonte de matérias primas”. Este setor vêm recebendo
investimentos pesados em R&D (Research & Development) principalmente no etanol
lignocelulósico em vários países da União Européia e EUA. Muitos consideram a
conversão desses materiais um dos maiores desafios dos próximos cinquenta anos,
em que os líderes serão as firmas e economias que conseguirem desenvolver
tecnologias alternativas à economia do petróleo (BASTOS, 2007).
74
5 CONCLUSÕES
Foi determinado o teor de carboidratos da biomassa de Lemna minuta,
originária da região Meio Oeste ( sendo este um valor relevante);
Dentre os pré-tratamentos, o tratamento com HCl (menor
concentração,temperatura e tempo), apresentou maior potencial de sacarificação,
disponibilizou 360,00g de açúcar redutor total por kg de Macrófitas;
Saccharomyces cerevisiae chardonay foi hábil na produção de etanol,
utilizando somente o caldo hidrolisado da biomassa, onde a maior velocidade de
produção de etanol e de consumo de ART foi na sexta hora;
Lemna minuta matéria-prima promissora para a produção de bioetanol.
Sugestões para Trabalhos Futuros
Ensilagem : pré digestão durante a armazenagem;
Transferência de escala para produção em reatores (nutrientes, fatores
inibitórios e temperatura).
75
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