89
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides NA COLITE ULCERATIVA INDUZIDA POR DEXTRANO SULFATO DE SÓDIO (DSS) EM CAMUNDONGOS. Itajaí 2016

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS

ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

NA COLITE ULCERATIVA INDUZIDA POR DEXTRANO SULFATO DE

SÓDIO (DSS) EM CAMUNDONGOS.

Itajaí

2016

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS

ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

NA COLITE ULCERATIVA INDUZIDA POR DEXTRANO SULFATO DE

SÓDIO (DSS) EM CAMUNDONGOS.

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Prof. Dr. Sérgio Faloni de Andrade

Itajaí, Julho 2016

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

FICHA CATALOGRÁFICA

F226

Farias, Jaime Antônio Machado, 1991- Estudo do potencial protetor de Achyrocline stureioides na colite ulcerativa induzida por dextrano sulfato de sódio (DSS) em camundongos / Jaime AntônioMachado Farias, 2016. 87f. ; il., tab. ; fig. Cópia de computador (Printout(s)). Dissertação (Mestrado) Universidade do Vale do Itajaí, Mestrado em Ciências Farmacêuticas. “Orientador : Prof. Dr. Sérgio Faloni de Andrade” Bibliografia : p. 65-87 1. Doenças Inflamatórias Intestinas. 2. Colite Ulcerativa. 3. Colite. 4. Achyrocline stureioides. 5. Marcela. 6. Química Farmacêutica. 6. Produtos Naturais. I. Título. CDU: 615.32

Josete de Almeida Burg – CRB 14.ª 293

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

NA COLITE ULCERATIVA INDUZIDA POR DEXTRANO SULFATO DE

SÓDIO (DSS) EM CAMUNDONGOS.

JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS

Julho/2016

Orientador: Dr. Sérgio Faloni de Andrade Área de concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas Número de Páginas: 87.

Resumo

Marcela ou Macela (Achyrocline satureioides) é uma planta nativa da América do

Sul e distribuída na Europa e na África. É popularmente usada para tratar doenças

inflamatórias e gastrointestinais. Neste trabalho, foram estudados os efeitos do extrato

hidroalcoólico de Achyrocline satureioides (EHAS), na colite induzida por dextrano sulfato

de sódio (DSS) em camundongos. A colite foi desenvolvida nas cobaias pela administração de

DSS (3%) em água potável. Simultaneamente, os animais foram tratados oralmente com

veículo ou com o extrato (100 mg/kg). Ao final do período de tratamento, os sinais clínicos da

colite foram avaliados, assim como, os aspectos histopatológicos do tecido colônico. Os

níveis de glutationa reduzida e lipoperóxidos (LOOH), a atividade do superóxido dismutase

(SOD) e da mieloperoxidase (MPO) no cólon e no fígado, além dos níveis plasmáticos da

aspartato aminotransferase plasmática (AST) e alanina aminotransferase (ALT) também

foram avaliados, e acrescidos da determinação dos efeitos do extrato no trânsito intestinal de

camundongos. O EHAS apresentou melhora do tecido do cólon nos aspectos macro e

microscópicos. A atividade da SOD, bem como, o acúmulo dos níveis de LOOH e MPO no

cólon também foram normalizados pelo extrato. O grupo tratado com EHAS apresentou

aumento da atividade da SOD no fígado e níveis normalizados de AST no plasma. O extrato

não alterou o trânsito intestinal de camundongos. Juntos, estes resultados sugerem que a

Achyrocline satureioides é uma promissora fonte de fitocompostos que podem ser utilizados

no tratamento de doenças inflamatórias intestinais.

Palavras-chave: Achyrocline satureioides, marcela, fitocompostos, colite.

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

STUDY OF THE PROTECTIVE POTENTIAL OF Achyrocline

satureioides IN ULCERATIVE CHOLITIS INDUCED BY DEXTRAN

SULPHATE SODIUM (DSS) IN MICE.

JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS

July, 2016

Supervisor: Dr. Sérgio Faloni de Andrade Area of concentration: National Products and Bioactive Synthetic Substances Number of pages: 87.

Abstract

Marcela or Macela (Achyrocline satureioides) is a South American plant that is

distributed in Europe and Africa and is used to treat inflammatory and gastrointestinal

diseases. This work studied the effects of a hydroalcoholic extract of A. satureoides on colitis

induced by dextran sulfate sodium (DSS) in mice. Colitis was induced in the mice by DSS

(3%) in drinking water. Simultaneously, the animals were treated orally with vehicle or the

extract (100 mg/kg). At the end of the treatment period, the clinical signs of colitis were

evaluated, as well as the histopathological parameters of the colonic tissue. Levels of reduced

glutathione and lipoperoxides (LOOH) and superoxide dismutase (SOD) and

myeloperoxidase (MPO) activity in the colon and liver were determined. Plasma aspartate

aminotransferase (AST) and alanine aminotransferase (ALT) were also measured.

Additionally, the effects of the extract on intestinal transit in mice were determined. The A.

satureoides extract improved the colonic tissue at both macroscopic and histological levels.

SOD activity, as well as the accumulation of LOOH and MPO in the colon was also

normalized by the extract. The group treated with A. satureoides showed increased SOD

activity in the liver and a normalized AST levels in the plasma. The extract did not alter the

intestinal transit in mice. Together, these results show that Achyrocline satureioides is a

promising source of metabolites that could be used in the treatment of inflammatory bowel

disease.

Keywords: Achyrocline satureioides, inflammatory bowel disease, colitis

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

LISTA DE ABREVIATURAS 5-ASA ̶ Ácido 5-aminossalicílico

6-MP ̶ 6-mercaptopurina

6-TGN ̶ 6-tioguanina

ASA ̶ Aminossalicilato

AZA ̶ Tiopurinasazatriopina

CMI ̶ Imunidade mediada por células

COX-2 ̶ Ciclo-oxigenase 2

DC ̶ Doença de Crohn

DSS ̶ Dextrano sulfato de sódio

DTNB ̶ 5'5-ditiobis-2-ácido nitro benzoico

EHAS ̶ Extrato hidro alcoólico de Achyrocline satureioides

ERO ̶ espécies reativas de oxigênio

GSH ̶ Glutationa

H2O2 ̶ Peróxido de hidrogênio

IAD ̶ Índice de atividade da doença

IFN-y ̶ Interferon gama

IFX – Infliximab

iNOS ̶ Óxido nítrico sintetase induzida

IL-1β ̶ Interleucina 1β

IL-2 ̶ Interleucina 2

IL-4 ̶ Interleucina 4

IL-5 ̶ Interleucina 5

IL-6 ̶ Interleucina 6

IL-9 ̶ Interleucina 9

Il-10 ̶ Interleucina 10

IL-11 ̶ Interleucina 11

IL-12 ̶ Interleucina 12

IL-13 ̶ Interleucina 13

IL-23 ̶ Interleucina 23

LAP ̶ Peptídeo associado a latência

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

LOOH ̶ Hidroperoxidos lipídicos

LPS ̶ Lipopolissacrídeo

MAPK ̶ Proteína ativada por mitógeno quinase

MDP ̶ Muramil dipeptídeo

MHC II ̶ Molécula de hitocompatibilidade de classe II

MPO ̶ mieloperoxidase

MTX ̶ Metotrexato

NF-κB ̶ Fator nuclear κB

NO ̶ Óxido nítrico

NOD2 ̶ Oligomerização nucleotídica 2

O2 ̶ Oxigênio molecular

O2- ̶ Radical superóxido

PGE2 ̶ Prostaglandina E2

SOD ̶ Superóxido dismutase

TGF-B ̶ Fator de transformação do crescimento B

TNBS ̶ Ácido 2,4,6-trinitrobenzenico

TNF ̶ Fator de necrose tumoral

Th1 ̶ Célula T helper 1

Th2 ̶ Célula T helper 2

Treg ̶ Células T reguladoras

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Inflorescências de Achyrocline satureioides em habitat natural. Fonte:

Retta, 2012 ................................................................................................................ 17

Figura 2: Estruturas moleculares dos compostos encontrados em Achyrocline

satureioides. (1): ácido clorogênico; (2): ácido cafeico; (3): quercetina ; (4): éter 3-

metil-quercetina; (5): luteolina; (6) α-pineno; (7): β-cariofileno; (8): aquirofurano.

Fonte: Retta, 2012. .................................................................................................... 19

Figura 3: Fisiopatologia da colite ulcerativa - adaptado de Ordás (2012) ................. 27

Figura 4: Representação esquemática da colite ulcerativa induzida por DSS -

adaptado de Chassaing et al (2015) ......................................................................... 37

Figura 5: Modelo de colite ulcerativa induzida por DSS .......................................... 43

Figura 6: Efeito do EHAS no IAD e na perda de peso de camundongos com colite

induzida por DSS. ..................................................................................................... 49

Figura 7: Efeito do EHAS na presença de sangue oculto nas fezes de camundongos

com colite induzida por DSS. .................................................................................... 52

Figura 8: Efeito do EHAS (100 mg/kg) nas alterações histológicas no cólon de

camundongos com colite induzida por DSS. ............................................................. 53

Figura 10: Níveis mucina pelo método de PAS no cólon de camundongos com colite

induzida por DSS. ..................................................................................................... 54

Figura 12: Quantificação do efeito do EHAS nos níveis séricos de AST (TGO) e ALT

(TGP) de camundongos com colite induzida por DSS. ............................................. 58

Figura 13: Efeito do EHAS sobre o trânsito intestinal dos camundongos. ............... 59

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Sinais e sintomas clínicos, endoscópicos e histológicos apresentados em

quadros de colite ulcerativa. ...................................................................................... 30

Tabela 2: Classificação da extensão e gravidade da colite ulcerativa. ..................... 31

Tabela 3: Parâmetros utilizados no IAD. .................................................................. 44

Tabela 4: Critérios para avaliação microscópica. ..................................................... 45

Tabela 5: Efeito do EHAS no comprimento e peso colônico e no peso do baço e

fígado de camundongos com colite induzida por DSS. ............................................. 51

Tabela 6: Efeito do EHAS na atividade da MPO e SOD e nos níveis de GSH e

LOOH no cólon de camundongos com colite induzida por DSS. .............................. 55

Tabela 7: Efeito do EHAS na atividade da SOD e nos níveis de GSH no fígado de

camundongos com colite induzida por DSS. ............................................................. 56

Tabela 8: Atividade da MPO no tecido colônico e hepático de camundongos com

colite induzida por DSS. ............................................................................................ 57

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 15

2.1 Objetivo Geral: ......................................................................................... 15

3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 16

3.1 Plantas medicinais .................................................................................. 16

3.2 Achyrocline satureioides (Asteraceae) ................................................. 17

3.2.1 Potencial terapêutico da Achyrocline satureioides .......................... 20

3.3 Colite ulcerativa ....................................................................................... 21

3.3.1 Epidemiologia ....................................................................................... 22

3.3.2 Fatores genéticos ................................................................................. 23

3.3.3 Fatores Ambientais .............................................................................. 24

3.3.4 Fisiopatologia ....................................................................................... 25

3.3.6 Tratamento ............................................................................................ 31

3.3.7 Potencial terapêutico de produtos naturais para o tratamento da

colite ulcerativa .............................................................................................. 34

3.4 Modelos experimentais da colite ulcerativa ......................................... 36

3.4.1 Modelo de colite induzida por dextrano sulfato de sódio (DSS) ..... 36

3.4.2 Modelo de colite induzida pelo ácido trinitrobenzeno sulfônico

(TNBS) ............................................................................................................. 38

3.4.3 Modelo de colite ulcerativa induzida por oxazolona ......................... 39

3.4.4 Modelo de colite ulcerativa induzida por transferência adotiva de

células ............................................................................................................. 40

3.4.5 Modelo de colite ulcerativa em camundongos knockout para

interleucina- 10 (IL-10) ................................................................................... 40

4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 42

4.1 Material vegetal ........................................................................................ 42

4.1.1 Preparação do extrato hidroalcoólico das inflorescências ............. 42

4.2 Animais ..................................................................................................... 42

4.2.1 Grupos experimentais .......................................................................... 43

4.3 Modelo de Indução de Colite Ulcerativa ................................................ 43

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

4.4 Avaliação do índice de atividade da doença ........................................ 44

4.5 Avaliação Microscópica .......................................................................... 44

4.6 Avaliação do conteúdo de mucinas ...................................................... 45

4.7 Avaliação bioquímica .............................................................................. 46

4.7.1 Quantificação de grupos sulfidrílicos não proteicos (GSH) ............ 46

4.7.2 Determinação de hidroperóxidos lipídicos (LOOH) .......................... 46

4.7.3 Quantificação dos níveis enzimáticos de mieloperoxidase (MPO) . 47

4.7.4 Quantificação dos níveis de superóxido dismutase (SOD) ............. 47

4.8.Quantificação de proteínas..................................................................... 47

4.9 Sangue oculto nas fezes ......................................................................... 48

4.10 AVALIAÇÃO DO TRANSITO INTESTINAL ..................................................... 48

4.11 Análise estatística ................................................................................. 48

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 49

5.1 Efeito do EHAS sobre os sinais clínicos da colite ulcerativa induzida

por DSS ........................................................................................................... 49

5.2 Efeito do EHAS nas alterações histopatológicas induzidas pelo DSS

no cólon .......................................................................................................... 52

5.3 Efeito do EHAS nas alterações induzidas pelo DSS nos níveis de

mucina no cólon ............................................................................................ 53

5.4 Efeito do EHAS no estresse oxidativo no cólon e fígado de

camundongos com colite induzida por DSS .............................................. 54

5.5 Efeito do EHAS na atividade da MPO no cólon e fígado de

camundongos com colite induzida por DSS .............................................. 56

5.6 Efeito do EHAS nos níveis plasmáticos de AST (TGO) e ALT (TGP) de

camundongos com colite induzida por DSS. ............................................. 57

5.7 Efeito do EHAS no transito intestinal de camundongos. .................... 59

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 60

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 65

8 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 66

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

12

1. INTRODUÇÃO

A colite ulcerativa é uma inflamação difusa e crônica que afeta as membranas

que compõem o intestino, sendo assim definida como uma doença intestinal

inflamatória juntamente com a doença de Crohn (DC). Apesar desta definição,

apenas a DC se classifica como doença inflamatória transmural, ou seja, lesiona

todas as camadas em praticamente toda a extensão do intestino, diferente da colite

ulcerativa, cuja lesão se restringe a algumas regiões do cólon e ocorre apenas na

camada mais superficial denominada mucosa. Os sintomas da colite ulcerativa

consistem em diarreia sanguinolenta, dor abdominal e eliminação de pus e/ou muco

durante as evacuações (VITOR, 2009; WEYLANDT, 2007).

A colite ulcerativa é uma doença global cuja incidência encontra-se em

diferentes frequências que dependem da idade, grupo étnico e localização

geográfica. As taxas de prevalência são de 90 a 505 a cada 100.000 pessoas no

norte da Europa e na América do Norte, respectivamente, sendo que os caucasianos

compreendem a maior parte de casos anuais da colite ulcerativa (PONDER, 2013).

Conrad et al (2014) cita que a incidência é um pouco menor em outras regiões da

Europa e cerca de dez vezes menor na população asiática, africana e oriental,

embora estes grupos estejam apresentando um aumento gradual de incidência e

prevalência da colite ulcerativa, bem como no Brasil, onde a região sudeste

apresentou incidência maior sugerindo fatores patogênicos adicionais relacionados a

efeitos ambientais e ao estilo de vida (DA SILVA et al, 2014).

A relação da doença entre indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino

não possui uma diferença considerável, o que indica que a colite ulcerativa não é

especifica para determinado sexo. Qualquer faixa etária pode ser afetada, desde

crianças até idosos, porém, há um pico de idade para o surgimento da doença que

varia entre 15 e 30 anos, tendo um segundo pico menor que varia entre 50 e 70

anos (CONRAD, 2014; HANAUER, 2006).

Embora os fatores etiológicos da colite ulcerativa ainda sejam

desconhecidos, vários fatores imunológicos, genéticos e ambientais contribuem para

sua instalação. A inflamação causada pela doença está relacionada a disfunções na

resposta imune, especialmente das células T presentes na mucosa intestinal, além

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

13

do desequilíbrio entre as citocinas pró-inflamatórias, tais como o fator de necrose

tumoral (TNF), interleucina-1 beta (IL-1β), IL-6 e IL-12, e citocinas anti-inflamatórias,

tais como IL -4, IL-10, IL-11 e de expressão de proteínas inflamatórias que incluem

ciclo-oxigenase 2 (COX-2) e óxido nítrico sintetase induzida (iNOS), os quais

desempenham um papel importante na inflamação patológica (SAKTHIVEL E

GURUVAYOORAPPAN , 2014).

O principal objetivo do tratamento da colite ulcerativa consiste em uma

indução rápida do grau remissivo, livre de esteroides, e na prevenção das

complicações que a própria doença e o tratamento podem acarretar. Levando em

consideração que a colite ulcerativa é uma doença curável, a abordagem terapêutica

mais favorável é a terapia piramidal, na qual é utilizado como base o ácido 5-

aminossalicílico (5-ASA) e posteriormente, se necessário, esteroides e imuno-

moduladores, que intensificam a eficácia do tratamento, tais como o infliximab (IFX),

inibidores da calcineurina (ciclosporina A, tacrolimus) ou procedimentos cirúrgicos,

dependendo o grau da doença (KORNBLUTH E SACHAR, 2010). Visto os

problemas existentes com o atual tratamento, podendo-se citar o baixo índice de

remissão quando utilizado aminossalicilatos, efeitos lesivos apresentados pelo uso

ou dependência de esteróides, é evidente a necessidade de pesquisa por novos

tratamentos que atuem no alvo terapêutico, sendo mais efetivos e apresentando

menos efeitos colaterais (AWAADI et al, 2013).

Desde os primórdios, o homem vem utilizando plantas medicinais em busca

de cura ou de uma melhora em diversas doenças, baseado na medicina popular de

vários grupos étnicos e em dados etnofarmacológicos. Além de seu uso na medicina

popular para tais finalidades terapêuticas, as plantas medicinais vêm contribuindo

para a obtenção de diversas compostos que são utilizadas na produção de novos

fármacos (CESTARI, 2008; FOGLIO et al, 2006).

O gênero Achyrocline é composto por cerca de 40 espécies, onde a grande

maioria se encontra nas Américas tropical e subtropical (25 espécies foram descritas

no Brasil). A espécie Achyrocline satureioides, pertencente à família Asteraceae,

popularmente conhecida como marcela ou macela é utilizada como anti-inflamatória,

antiespasmódica, hipoglicemiante e em outras diversas doenças, incluindo distúrbios

gastrointestinais (RETTA, 2012). Em relação ao seu perfil fitoquímico, foram

identificados diversos constituintes, tais como, polifenóis e flavonoides (DELLACASA

et al, 1993), aquirofurano (CARNEY et al, 2002), chalconas (HOLZSCHUH et al,

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

14

2010), cumarinas (REINECKE et al, 1995), poliacetilenos (DEMBISTSKY et al, 2003)

e polissacarídeos (PUHLMANN et al, 1992).

Com base nesta necessidade de pesquisa de métodos alternativos e menos

lesivos para o tratamento da colite ulcerativa, assim como a falta de elucidação do

potencial da A. satureioides como fonte terapêutica para a doença, o presente

trabalho teve como objetivo avaliar o potencial anti-inflamatório intestinal do extrato

de A. satureioides no modelo de colite ulcerativa induzida com dextrano sulfato de

sódio (DSS) em camundongos.

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

15

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

Avaliar, pré-clinicamente, o efeito anti-inflamatório intestinal do extrato de A.

satureioides, utilizando o modelo de colite ulcerativa induzida por DSS em

camundongos.

2.2 Objetivos Específicos:

a) Avaliar o atividade anti-inflamatória do extrato hidoalcoólico.

b) Avaliar a atividade do extrato sobre o índice de atividade da doença.

c) Avaliar o potencial antioxidante do extrato in vitro.

d) Avaliar os efeitos do extrato a nível histológico.

e) Avaliar o efeito do extrato sobre o conteúdo de mucinas.

f) Avaliar o efeito do extrato sobre o trânsito intestinal.

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

16

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Plantas medicinais

As plantas medicinais e seus compostos ativos são utilizados na

prevenção ou no tratamento de diversas doenças crônicas. Este conhecimento

está fundamentado na medicina tradicional de diferentes grupos étnicos. Nas

últimas décadas, o interesse por estudos etnofarmacológicos com o objetivo de

identificar produtos naturais com propriedades terapêuticas é crescente (SILVA

et al, 1997). De fato, inúmeros compostos obtidas de plantas e microorganismos

proporcionam importantíssimas fontes para a pesquisa e o desenvolvimento de

novos medicamentos.

De acordo com Aziz et al, (2014) e a Organização Mundial de Saúde (OMS),

cerca de 80% da população mundial faz uso de plantas medicinais como única

forma de acesso para suas necessidades básicas de saúde. Em paralelo à

descoberta de novos fármacos ou mesmo de novos alvos terapêuticos, a pesquisa

fundamentada no conhecimento da medicina popular também contribui para a

validação de eficácia e segurança no uso das plantas medicinais.

As plantas são importantes matérias-primas para a obtenção de novos

medicamentos, seja como um fitoterápico padronizado ou como fonte de novos

fármacos. Muitas classes de medicamentos incluem um protótipo de produto natural,

como por exemplo, a aspirina e a atropina (GILANI et al, 1992). Segundo Barnes

(2005), as plantas possuem diversos compostos bioativos, sendo a maioria oriunda

do metabolismo secundário, incluindo fitoesteróis, fitoestrógenos, polifenóis e ácidos

graxos poliinsaturados. Esses compostos ativos podem interferir direta ou

indiretamente com vários mediadores inflamatórios, na produção e ação de

segundos mensageiros, na expressão de fatores de transcrição e protooncongenes

e na expressão de mediadores proinflamatórios (CALIXTO et al, 2003; MECHANICK,

2005).

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

17

3.2 Achyrocline satureioides (Asteraceae)

A família Asteraceae foi descrita por Teofrasto em 300 a.C. e inicialmente

denominada de Compositae por Giseke em 1792. No entanto, o código internacional

de nomenclatura botânica empregou o nome Asteraceae em 1822 (SANTIN et al,

2010). Compreende aproximadamente 1535 gêneros e cerca de 23000 espécies,

dividida em três subfamílias e é considerada a maior família das dicotiledôneas.

Essa família encontra-se distribuída nas regiões de clima tropical, subtropical e

temperado, frequentemente em habitat de campo aberto e matas nebulares. As

plantas que compõe a família podem ser de pequeno ou de grande porte, podendo,

inclusive, atingir 30 metros (BARATA et al, 2013).

A A. satureioides (Figura 1), popularmente conhecida como “macela” ou

“marcela’ é um subarbusto aromático e perene que pode crescer até 80 cm de

altura. A palavra Achyrocline vem das palavras gregas achyros que significa mato e

kline que significa cama, provavelmente devido a seu receptáculo fimbriado. É nativa

do sudeste da América do sul e cresce em solos pedregosos ou arenosos em

terreno montanhoso ou planície. É comum no Brasil (a partir de Minas Gerais até o

Rio Grande do Sul), Uruguai e nas regiões centrais e nordeste da Argentina

(LORENZO et al, 2000; DE SOUZA et al, 2007). Também é encontrada na

Venezuela, Colômbia, Paraguai, Peru e nas regiões centrais e ao sul da Bolívia,

onde pode crescer em altitudes de 3.900 m acima do nível do mar (GIRAULT, 1984;

VELASCO-NEGUERUELA et al, 1995).

Figura 1: Inflorescências de Achyrocline satureioides em habitat natural. Fonte: Retta, 2012

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

18

Suas folhas são simples, alternas e sésseis, podendo ser lineares ou linear-

lanceoladas, apresentando borda lisa e chegando a medir 5 cm de comprimento e

até 4mm de largura, possuindo uma nervura pinada e felpuda. Suas flores são

pequenas e numerosas com capítulos cilíndricos, formando densos glomérulos

terminais com coloração amarelada, amarelo-cinzenta ou dourada. Flores marginais

femininas são menos frequentes, com corola filiforme e denteada e divisão no ápice.

As flores centrais, em menor número, possuem uma corola tubular estreita, com

borda denteada. Os frutos são aquênios e ligam-se à planta por um papilho

(DAVIES, 2004).

As inflorescências e partes aéreas de A. satureioides são tradicionalmente

utilizadas graças ao seu efeito digestivo, anti-inflamatório, antiespasmódico,

antidiabético e antiasmático (RATERA e RATERA, 1980; HEINZEN e DAJAS, 2002),

estimulante, emenagogo, (ALONSO PAZ et al, 2008) e antipiréticas (DIMITRI, 2004).

Também possui propriedades anti-helmínticas e é utilizada no tratamento de

distúrbios digestivos e intestinais, cólicas, diarreia, irregularidades menstruais e o

estudo realizado por Joray et al, (2015) demonstrou seu potencial antibacteriano

(LORENZI E MATOS, 2002; RETTA et al, 2012). Também foi relatado seu potencial

sedativo, ansiolítico além de seus efeitos no tratamento de asma brônquica

(WANNMACHER et al, 1990).

Na Venezuela a infusão de A. satureioides é utilizada como antidiabético,

antiartrítico e antipirético (HIDALGO BAEZ et al, 1999). Na Bolívia é utilizada como

expectorante, sudorífico, antipirético e o resíduo das flores cozidas são usadas para

aliviar a tosse, principalmente em crianças (IBISCH, 2001), e na Colômbia o material

vegetal tem sido utilizado no tratamento de tumores (VAN WYK E WINK, 2015).

Vários compostos pertencentes a diversos grupos fitoquímicos foram

isolados a partir das partes aéreas e inflorescências de A. satureioides. Além dos

principais compostos indicados na figura 2, foram indentificados outros grupos

fitoquímicos como polifenóis e flavonoides, incluindo ácido clorogênico, ácido

cafeico, dois ésteres de calerianina com ácido cafeico e ácido protocatecuico,

respectivamente, galangina, éter 3-metil-galangina, quercetina, éter 3-metil-

quercetina (DELLACASSA et al, 1993; UPADHYAY E MOHAN RAO, 2013),

gnafalina, isognafalina, 3-metil-7-éter díglicosídeo, tamarixetina, tamarixetina-7-

glicosídeo, ácido 3-cafeiolquinico, ácido 4-cafeolquinico, ácido 3,5-dicafeoilquínico,

ácido 4,5-dicafeoilquínico (UPADHYAY E MOHAN RAO, 2013), luteolina, escorparol

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

19

(SEVERIN, et al, 2008), 5,8-dihidroxi-3,7-dimetoxiflavona, 3-metoxiquercetina,

3,5,7,8-tetrametoxi-flavona, 5,7,8-metoxiquercetina, 3,5,7,8-tetrametoxi-flavona,

5,7,8-trimetoxiflavona, 7-hidroxi-3-5-8-trimetoxiflavona e uma nova chalcona:

achyrobichalcona (CARINI et al, 2014).

Figura 2: Estruturas moleculares dos compostos encontrados em Achyrocline satureioides. (1): ácido

clorogênico; (2): ácido cafeico; (3): quercetina ; (4): éter 3-metil-quercetina; (5): luteolina; (6) α-pineno;

(7): β-cariofileno; (8): aquirofurano. Fonte: Retta, 2012.

Outros compostos verificados incluem cumarinas (REINECKE et al, 1995),

polissacarídeos (PUHLMANN et al, 1992), aquirofurano (CARNEY et al, 2002),

lactonas (SCHMEDA HIRSCHMANN) e poliacetilenos (DEMBITSKY, 2003), além de

cinco possíveis glicolipideos (MENDES et al, 2006). O α-pineno e o β-cariofileno são

os compostos mais abundantes, com base na composição de outros compostos,

podendo haver variação da concentração destes compostos dependendo a região e

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

20

método de extração (LABUCKAS et al, 1999; LAMATY et al, 1991; LORENZO et al,

2000).

3.2.1 Potencial terapêutico da Achyrocline satureioides A grande concentração de flavonoides presentes na composição da A.

satureioides e seu efeito antioxidante, foi descrito por Zorzi et al (2015),

principalmente devido a capacidade de neutralizar os radicais superóxido, hidróxido

e peróxido, além de inibir a ação de enzimas chave na atividade da mitocôndria e de

impedir a oxidação de proteínas de baixa densidade. Um dos principais flavonoides

presentes é a quercetina que impede a lipo-peroxidação neutralizando as espécies

reativas de oxigênio (EROs) e agindo como um quelante em íons metálicos

responsáveis pela formação de radicais livres (BIDONE et al, 2015). Desmarchelier

et al (1998) demonstraram que extratos aquosos e metanólicos de A. satureioides

apresentaram uma significante ação neutralizadora de radicais livre e atividade

antioxidante in vivo quando submetidos a diferentes bioensaios para determinar o

seu efeito de neutrlizador de (EROs) e sua capacidade de reduzir a peroxidação

lipídica e o dano ao DNA dependente de ferro (II) (VOGT et al, 2015).

A ação hepatoprotetora apresentada pelo extrato aquoso da A. satureioides

provavelmente está associada à atividade antioxidante, atuando na neutralização de

radicais livres mesmo quando os níveis de glutationa reduzida estão baixos. A

melhora das funções do fígado e lesões hepáticas previamente descritas por

Kadarian et al (2002), após o tratamento com A. satureioides deve-se à presença de

flavonoides, que protegem tal órgão contra alterações de sua membrana plasmática,

confirmando seu uso popular como um agente digestivo e hepatoprotetor (QADRIE

et al, 2015).

Um estudo realizado por Baldissera et al (2014), investigou os efeitos do

óleo essencial da A. satureioides como tratamento para tripanossomíase. A infecção

pelo Typanosoma evansi leva a formação de infiltrados inflamatórios e necrose dos

hepatócitos, efeitos que não foram observados em animais tratados com o óleo

essencial da A. satureioides. O fígado e os rins dos animais infectados

apresentaram um aumento dos níveis de peroxidação lipídica ocasionado pela

afinidade do T. evansi aos tecidos levando a inflamação. Apesar de não eliminar os

parasitas da circulação sanguínea, o tratamento com o óleo essencial da A.

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

21

satureioides reduziu a parasitemia e não foi demonstrado aumento nos níveis de

peroxidação lipídica no fígado ou nos rins dos animais que receberam o tratamento,

além de apresentarem menos dano em uma avaliação histológica, indicando o

envolvimento da ação antioxidante dos constituintes da A. satureioides.

O potencial gastroprotetor do extrato de Achyrocline satureioides foi

comprovado após experimentos realizados utilizando os modelos de úlcera induzida

por etanol e indometacina. Ambos os modelos provocam alterações na circulação do

estômago e solubilizam os componentes da camada de muco, induzindo o estresse

oxidativo e lesionando o tecido. Entretanto, o tratamento com o extrato de A.

satureioides reduziu significativamente o grau das lesões, indicando que o efeito

gastroprotetor do extrato está relacionado a atividade citoprotetora, além de atuar no

mecanismo que leva a produção de muco (SANTIN, et al, 2010).

O estudo realizado por Joray et al (2013), demonstrou o potencial

antimicrobiano de metabólitos isolados através do fracionamento biomonitorado do

extrato etanólico de A. satureioides. O efeito combinado da 23-metil-6-O-desmetil

auricepirona, quercetina e 3-O-metilquercetina foi avaliado contra Staphylococcus

aureus e Escherichia coli, onde foi demonstrado um efeito maior da quercetina e da

3-O-metilquercetina quando associadas contra S. aureus. Porém a combinação dos

três compostos testados demonstrou uma interação mais ativa contra E. coli. Os

resultados obtidos indicam interações sinérgicas entre os componentes do extrato

da A. satureioides para o controle de bactérias patogênicas (CESPEDES et al,

2015).

3.3 Colite ulcerativa

A colite ulcerativa, juntamente com a DC, faz parte de um grupo de doenças

conhecidas com doenças intestinais inflamatórias que se caracterizam por uma

inflamação crônica intestinal. Conforme Ordás et al (2012) apesar de compartilharem

algumas características, as doenças intestinais inflamatórias são distinguidas pelas

diferenças na predisposição genética, fatores de risco, além de aspectos clínicos,

endoscópicos e histológicos. Também é marcada por períodos de aumento seguido

de um período prolongado de diminuição nos sintomas, marcados por ulceração,

infiltração de neutrófilos na mucosa, desconforto ou dor abdominal com hábitos

intestinais alterados (GITNICK, 1996; SINGH et al, 2003).

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

22

Segundo Collins e Croitoru (2005), a inflamação presente na colite ulcerativa

é caracterizada por encontrar-se restrita à camada mucosa do cólon, onde são

encontrados infiltrados de linfócitos e granulócitos, apresentando também, abcessos

com infiltração de neutrófilos nas criptas, iniciando no reto se estendendo de

maneira contínua por todo o órgão. A DC diferencia-se da colite ulcerativa, pela

agregação de macrófagos, que frequentemente formam granulomas e a inflamação

pode localizar-se em qualquer parte do trato gastrointestinal, no entanto, a lesão do

íleo terminal é a lesão mais frequente (XAVIER e PODOLSKY, 2007).

A colite ulcerativa pode ser classificada em três padrões distributivos –

proctite, colite distal e pancolite – que caracterizam os quatro graus de atividade da

doença, classificados como: remissiva, leve, moderada e severa. Esta classificação

tem como objetivo a melhor abordagem terapêutica a ser adotada dependendo do

grau, a atividade da doença e a adaptação do paciente com o tratamento escolhido

(MEIER e STURM, 2011).

Apesar de sua etiologia ainda não ser totalmente elucidada, trata-se de uma

doença multifatorial, onde a alteração da função epitelial e microbiota intestinal,

assim como fatores genéticos, ambientais e uma desregulação do sistema imune

refletem o seu desenvolvimento (MAYER, 2010; SU et al, 2009).

3.3.1 Epidemiologia

A colite ulcerativa apresenta uma prevalência maior que a DC. O norte da

Europa e a América do norte apresentam as maiores taxas de incidência e

prevalência de colite ulcerativa, com uma incidência que varia de 9 a 20 casos a

cada 100.000 pessoas ao ano e as taxas de prevalência apresentam 90 a 505 a

cada 100.000 casos. Estas taxas apresentam-se menores no hemisfério sul e países

orientais. A incidência aumentou em países que adotaram um estilo de vida

industrializado, o que sugere que os fatores ambientais sejam cruciais para o início

da doença (ORDÁS et al, 2012; PONDER e LONG, 2013).

A relação da doença entre indivíduos do sexo masculino e feminino não

possui uma diferença considerável, o que indica que a colite ulcerativa não é

especifica para determinado sexo. Qualquer faixa etária pode ser afetada, desde

crianças até idosos, porém, há um pico de idade para o surgimento da doença que

varia entre 15 e 30 anos; e um segundo pico menor que varia entre 50 e 70 anos.

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

23

20% a 30% dos pacientes acometidos pela colite ulcerativa e pela DC apresentam

os sintomas com idade inferior a 18 anos, embora seu diagnóstico seja, muitas

vezes, tardio (CONRAD et al, 2014; HANAUER, 2006).

3.3.2 Fatores genéticos

A colite ulcerativa possui uma heritabilidade baixa se comparada a DC (10-

15% para a ocorrência em familiares para colite ulcerativa e 20-35% para DC).

Avanços em testes genéticos permitiram a conclusão de diversos estudos de

associação do genoma. Um meta-análise envolvendo 75.000 indivíduos identificou

163 loci associados as doenças intestinais inflamatórias, os quais 110 são

associados à ambas as doenças, sendo 30 específicos para a DC e 23 para colite

ulcerativa (JOSTINS et al, 2012).

Para a colite ulcerativa, estes dados apontam que estes genes estão

principalmente relacionados com a integridade epitelial (HNF4A, CDH1, LAMB1,

ECM1), imunidade inata (PLA2G2E, CARD9), função da regulação imunológica

(região HLA, IL-10, BTNL2, IFNγ-IL25, NKX2-3) e homeostase celular em resposta

ao stress do retículo endoplasmático (ORMDL3). Associações na principal região do

complexo de histocompatibilidade classe II (MHC II) próximo a HLA-DRA (cadeia α)

são os que apresentaram maior significância. A susceptibilidade de sobreposição

com genes relacionados a DC é notavelmente nos genes da via de sinalização da

IL-23 (IL23R, I12B, JAK2 E STAT3), que estão envolvidos na via de sinalização da

IL-23/Th17, cujo papel na patogênese das doenças intestinais inflamatórias já está

consolidado. (HO et al, 2015).

Um mapeamento detalhado do cromossomo 16 identificou polimorfismos no

gene NOD2 (também denominado CARD15 ou IBD1) que é principalmente expresso

por macrófagos (INOHARA E NUNEZ, 2003). Este gene codifica uma proteína

citoplasmática, contendo uma ligação a um domínio de oligomerização de

nucleotídeos. Seu papel essencial é iniciar a resposta imune inata através da

exposição intracelular ao muramil dipeptídeo (MDP), um produto da degradação dos

peptidoglicanos presentes na parede celular de bactérias gram positivas e gram

negativas, levando a ativação das vias de sinalização do NF-kB e MAPK (PHILPOTT

et al, 2014).

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

24

Análises genéticas demonstraram que polimorfismos nos genes ATG16L1 e

IRGM, cujas funções estão envolvidas nas vias de autofagia, estão intimamente

ligadas às doenças intestinais inflamatórias (HAMPE, 2007; RIOUX et al, 2007).

Autofagia é um processo celular que envolve a degradação lisossomal das bactérias

ingeridas e também da auto digestão das organelas. A ativação da sinalização do

NOD2 é capaz de iniciar o processo de autofagia. Para o pleno funcionamento da

digestão intracelular e a remoção das bactérias, tanto as funções do NOD2 como as

do ATG16L1 são necessárias (CORRIDONI et al, 2014).

3.3.3 Fatores Ambientais

A inflamação ocasionada pela colite ulcerativa também pode ser decorrente

de diversos fatores ambientais que enfraquecem as respostas imunes presentes na

mucosa, tais como: tabagismo, drogas para emagrecimento, stress social e fatores

microbianos. Ainda não há total concordância quanto as implicações da dieta como

causa das doenças intestinais inflamatórias, apesar de dados terem sugerido que o

estilo “ocidental” de alimentação estar relacionado ao aumento da incidência de

ambas as doenças, assim como o consumo de carne vermelha e processada, álcool,

e poucas fibras também possa estar associado com o aumento de risco (ROGLER E

VAVRICKA, 2015).

Uma comparação feita nas áreas rurais e urbanas de países desenvolvidos e

em desenvolvimento demostrou uma incidência maior de colite ulcerativa em países

desenvolvidos. Isso se dá por conta da facilidade no acesso a assistência médica e

aos registros médicos, além da sanitização disponível nestes países onde há a

industrialização. Isso reduz a exposição a infecções entéricas durante a infância e,

com isso, suprime a maturação do sistema imune da mucosa, resultando em uma

resposta imune inapropriada quando houver uma exposição a estes micro-

organismos na idade adulta (BERNSTEIN et al, 2006; LÓPEZ-SERRANO et al,

2010).

Diversos fatores atuam como protetores para a colite ulcerativa e o mais

consistente dentre eles é o tabagismo. A colite ulcerativa vem sendo associada a

não fumantes e ex-fumantes, assim como o menor risco de desenvolver a doença

em fumantes longevos comparado aos não-fumantes. Apesar disso, ex-fumantes

têm aproximadamente 1,7 vezes mais chances de desenvolver a colite ulcerativa do

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

25

que aquele que nunca fumaram (BRANDT et al, 2015). Uma meta-análise realizada

por Mahid et al (2006) comprovou que o ato de fumar é protetor, em comparação

àqueles que não fumam. Pacientes fumantes com colite ulcerativa tendem a

apresentar os sinais da doença de uma maneira mais leve do que nos pacientes não

fumantes. A atividade da doença aumentou naqueles que pararam de fumar (DE

BIE, et al 2015; KARCZEWSKI et al, 2015).

Infecções intestinais prévias por Salmonella spp, Shigella spp e

Campylobacter spp dobram o risco do desenvolvimento subsequente da colite

ulcerativa, sugerindo que a infecção aguda possa levar a alterações na microbiota

intestinal, levando à ativação de um processo inflamatório crônico em indivíduos

geneticamente predispostos (GARCÍA RODRIGUEZ et al, 2006; PORTER et al,

2006).

3.3.4 Fisiopatologia

Uma combinação complexa de antígenos originados da dieta, da microbiota

normal e de seus produtos, circunda a mucosa intestinal, podendo, então,

representar potenciais patógenos. Portanto, é essencial que o sistema imune da

mucosa seja capaz de discriminar estímulos prejudiciais dos inofensivos, prevenindo

assim a entrada maciça de patógenos e não produzindo a resposta imune frente aos

agentes inofensivos (DI STASI et al, 2015).

A maior e mais importante barreira do organismo com o meio externo é o

epitélio intestinal, cuja função é oferecer ao organismo uma barreira eficaz contra

toxinas, antígenos e bactérias, assim como macromoléculas nocivas e outros micro-

organismos. Por outro lado, precisa ser permeável aos nutrientes, eletrólitos e a

água. Chiclowski (2008) descreve que a funcionalidade desta barreira seletiva é

mantida pela formação de complexos denominados desmossomos - que ligam as

células umas às outras - junções de aderência e zônulas oclusivas. É essencial

haver a integridade do epitélio intestinal para o perfeito funcionamento do trato

gastrointestinal (GROSCHWITZ E HOGAN, 2009).

A barreira epitelial é recoberta por uma camada mucosa, que confere defesa

física entre as células imunes e a microbiota intestinal, além de sintetizar peptídeos

antimicrobianos. Na colite ulcerativa, a síntese e a alteração na sulfatação de alguns

tipos de mucinas intestinais são diminuídas (GERSEMANN et al, 2012). O aumento

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

26

da permeabilidade do epitélio intestinal é consequência dos danos sofridos pela

mucosa, o que acaba levando a diminuição na função desta barreira. Esta disfunção

na barreira epitelial, junto com a inflamação, são fatores que contribuem com a

patogênese das doenças intestinais inflamatórias, permitindo uma maior exposição

aos antígenos, consequentemente, ativando o sistema imune e liberando as

citocinas pró-inflamatórias (TNF, IL-12, IL-23, IL-6 e IL-1β), que induzem a disfunção

na barreira epitelial, por exemplo, o TNF, que age desregulando as zônulas

oclusivas. O aumento da permeabilidade do epitélio intestinal pode ser o fator

etiológico mais importante no desenvolvimento, progressão e recidiva destas

doenças (HYUN E MAYER, 2006; LIU, et al, 2014; VAN SCHAIK et al, 2013;

TURNER, 2006).

Como demonstra a figura 3, após o rompimento das zônulas oclusivas e da

camada mucosa, a permeabilidade do epitélio intestinal aumenta e resulta no

aumento de antígenos luminais. Macrófagos e células dendríticas reconhecem

bactérias comensais (não patogênicas) através dos receptores tipo toll, que são

responsáveis pelo reconhecimento de várias vias de padrões de reconhecimento de

antígenos, alterando seu estado funcional tolerogênico para um fenótipo ativado,

que, por sua vez, ativa vias de NF-kB, estimulando a transcrição de genes pró-

inflamatórios, resultando no aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias

(ORDÁS et al, 2012).

Após o processamento de antígenos, os macrófagos e as células dendríticas

apresentá-los a células T CD4 + ativando-as, sendo agora denominadas de células

T-helper (Th) que desempenham um papel importante na mediação e regulação dos

mecanismos da resposta imune. As células Th1 ativadas produzem IL-2, interferon

gama (IFN-γ) e linfotoxina-α e atuam primariamente na imunidade mediada por

células (CMI), que está relacionado com a neutralização de alguns agentes

patogênicos. Já as células Th2 produzem IL-4, IL-5, IL-6, IL-9, IL-10 e IL-13 e atuam

controlando ou diminuindo a ação dos mediadores inflamatórios. Há também as

células natural killer, que são a principal fonte de IL-13 e estão associadas ao

rompimento da barreira epitelial (STROBER et al, 2010).

Este mecanismo imunitário não só envolve a ativação de células T e

consequentemente a liberação de citocinas pró-inflamatórias, como também envolve

a ativação de macrófagos intersticiais e outros leucócitos fagocíticos, que também

liberam citocinas pró-inflamatórias, tais como (TNF), IL-1β, IL-6, IL-8 e IL-12 e,

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

27

consequentemente, radicais livres como (ROS) e óxido nítrico (NO). O resultado da

ativação das células Th1 e do CMI é o recrutamento de leucócitos fagocíticos para o

interstício intestinal onde absorvem e neutralizam micro-organismos invasores. Este

é o principal mecanismo de defesa do intestino contra agentes patogênicos e a

incapacidade de regular esta resposta protetora pode ser a chave envolvida na

patogênese da colite ulcerativa (FIOCCHI, 1998; HUANG et al, 2013).

Figura 3: Fisiopatologia da colite ulcerativa - adaptado de Ordás (2012)

O rompimento das zônulas oclusivas da camada mucosa ocasiona o aumento da permeabilidade do

epitélio intestinal, aumentando a absorção de antígenos presentes na luz intestinal. Macrófagos e

células dendríticas fazem o reconhecimento de bactérias comensais através de receptores dotipo

Toll, alterando seu estado funcional. A ativação das vias do NF-kB estimula a transcrição de genes

pró-inflamatórios, resultando no aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias. Após o

processamento dos antígenos, os macrófagos e as células dendtríticas os apresentam às células T

CD4 que se diferenciam em células efetoras Th2, caracterizada pela produção de IL-14. As células

NK são a principal fonte de IL-13, que é associada aorompimento da barreira epitelial. Células T

circulantes, ligam-se a integrina-α4β7 através da molécula de adesão intercelular-1 presente nas

células endoteliais da microvasculatura do cólon, cuja expressão é aumentada no tecido colônico

inflamado, ocasionando a entrada de células T específicas do intestino para a lâmina própria. Com

isso, ocorre a regulação positiva de quimiocinas inflamatórias como CXCL1, CXCL3 e CXCL8,

levando ao recrutamento de leucócitos circulantes e assim perpetuando o ciclo da inflamação.

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

28

Sabe-se que ainda há outro grupo de células-T CD4+ imunorreguladoras

denominadas células-T reguladoras (Treg), que são capazes de inibir diversos

estímulos de doenças auto-imunes, incluindo a colite ulcerativa. As Treg necessitam

de IL-10 e TGF-β para o funcionamento de sua atividade reguladora e ambas as

citocinas desempenham um papel importante na regulação da inflamação e lesão

nas doenças intestinais inflamatórias. Porém estas citocinas suprimem a síntese de

citocinas derivadas de macrófagos e células Th1, diminuindo a ação das células de

defesa, levando a inflamação crônica (ELSON et al, 1995; PAVLICK et al, 2002).

Células T circulantes ligam-se a integrina-α4β7 das células endoteliais dos

vasos intestinais através da molécula de adesão celular adressina da mucosa do

tipo 1 (MAdCAM-1), cuja expressão se encontra aumentada no intestino inflamado,

facilitando a entrada das células T na mucosa através da lâmina própria. A

regulação aumentada de quimiocinas inflamatórias como CXCL1, CXCL3 e CXCL8

levam ao recrutamento de leucócitos circulantes e assim perpetuando o ciclo da

inflamação (ORDÁS et al, 2012).

O mecanismo de perpetuação do ciclo da inflamação desregula a resposta

imune e, apesar de seu mecanismo não ser completamente elucidado, sabe-se que

a inflamação crônica é associada com o aumento da produção de metabólitos

reativos de oxigênio e nitrogênio, que em conjunto às citocinas pró-inflamatórias

implicam tanto na etiologia como na progressão da colite ulcerativa em longo prazo

(SERIL et al, 2003). A infiltração de leucócitos eleva os níveis da enzima MPO

conforme foi observado por Kruidenier et al (2003), na mucosa de pacientes com

colite ulcerativa. Também foi observada uma atenuação significativa dos efeitos da

doença em camundongos que não possuíam o gene NOS2 (KRINGLSTEIN et al,

2001). Na colite ulcerativa, a iNOS é considerada a responsável pelo aumento na

produção de NO no epitélio e no foco da inflamação associada à nitrotirosina. O NO

derivado da iNOS estimula a produção do TNF nas regiões medial e distal do cólon,

promovendo a infiltração de neutrófilos através do estímulo da síntese de moléculas

de adesão intracelular ICAM e P-selectina, lesando o tecido (PIECHOTA-

POLANCZYK E FICHNA, 2014; YASUKAWA et al, 2012). O recrutamento de

leucócitos e a ativação de vias de sinalização como o NF-κB aumentam a resposta

inflamatória no tecido lesionado; sendo que o inibidor do NF-kB, quando positivo,

serve como controle. O NF-κB quando ativado, transloca-se para o núcleo, liga-se

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

29

ao DNA e subsequentemente ativa a expressão de genes envolvidos na inflamação

da mucosa responsáveis pela produção de citocinas, tais como IL-6, IL-8, IL-1β,

IL10, TNF e ICAM (YASUKAWA et al, 2012).

Uma característica histológica da colite ulcerativa é a severa infiltração

leucocitária na mucosa intestinal. Linfócitos, plasmócitos, granulócitos e macrófagos

produzem concentrações altas de EROs (GRISHAM, 1991). Por outro lado, os

mecanismos de defesa antioxidantes encontram-se debilitados nas doenças

intestinais inflamatórias. Lih-Brody et al (1996) relatou uma redução nos níveis

superóxido dismutase (SOD) em pacientes com doenças intestinais inflamatórias.

Buffington e Doe (1995) também observaram a diminuição da glutationa total na

mucosa inflamada de pacientes com colite ulcerativa e, consequentemente os níveis

de glutationa oxidada apresentaram-se aumentados (HOLMES et al, 1998). Com

isso, é possível concluir que as EROs causam um considerável estresse oxidativo na

inflamação crônica da mucosa intestinal (ROESSNER et al, 2008).

Junto a este desequilíbrio, o epitélio intestinal contribui com células

hospedeiras produzindo peptídeos antimicrobianos denominados defensinas que

atuam controlando a invasão bacteriana. Porém, não se sabe se a produção das

defensinas é induzida pelos micro-organismos ou citocinas inflamatórias (RAHMAN

et al, 2011).

O diagnóstico da colite ulcerativa é baseado em alguns sinais e sintomas

clínicos, endoscópicos e histológicos como previamente descritos por Ordás et al

(2012).

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

30

Tabela 1: Sinais e sintomas clínicos, endoscópicos e histológicos apresentados em quadros de colite ulcerativa.

Sinais clínicos Sangramento retal

Diarreia

Urgência ao evacuar

Tenesmo

Dor Abdominal

Febre

Manisfestações extraintestinais

Aspectos endoscópicos Perda do padrão vascular

Eritema

Granularidade

Erosões

Ulcerações

Sangramentos espontâneos

Aspectos patológicos Distorções na arquitetura das criptas

Abcessos nas criptas

Infiltrado celular na lamina própria

Encurtamento das criptas

Depleção de mucina

Erosões

Ulcerações

Diarreias infecciosas e não infecciosas devem ser contidas antes do

diagnóstico ser realizado. O processo inflamatório inicia-se no reto e estende-se

proximalmente em um padrão ininterrupto envolvendo partes ou o todo o intestino.

Dependendo da região acometida pela doença e sua extensão, a colite ulcerativa

pode ser classificada como proctite, colite do lado esquerdo ou pancolite. A extensão

deve ser avaliada no diagnóstico, pois a avaliação da extensão da inflamação na

mucosa é essencial para a seleção de tratamentos apropriados administrados pela

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

31

via tópica, tendo implicações no prognóstico de curto e longo prazo (D’HAENS et al,

1997; ORDÁS et al, 2012).

A classificação da gravidade da doença é baseada no número de evacuações

diárias e à presença (ou ausência) de sinais sistêmicos de inflamação, tais como

febre e taquicardia, como mostra o quadro. Pacientes com pancolite podem, por

vezes, mostram inflamação difusa em poucos centímetros da porção terminal do íleo

(ORDÁS et al, 2012)

3.3.6 Tratamento

Os objetivos do tratamento farmacológico ou biológico das doenças

inflamatórias intestinais consistem na diminuição do processo inflamatório durante

os processos de reincidência e aumentando o período em que o paciente apresenta

a remissão dos sinais clínicos das doenças. O tratamento depende do equilíbrio

entre a eficácia e os efeitos colaterais das drogas utilizadas e resposta do paciente

em tratamentos anteriores. A terapia ainda é influenciada por outros fatores como a

área lesionada, atividade da doença e o quadro clínico geral apresentado por cada

paciente (LEE, 2012).

Tabela 2: Classificação da extensão e gravidade da colite ulcerativa.

E1: Proctite: inflamação limitada ao reto;

E2: Colite do lado esquerdo: inflamação limitada ao ângulo esplênico;

E3: Pancolite: inflamação estende-se além do ângulo esplênico;

E0: Remissão: não há sintomas;

G1: Leve: quatro evacuações diárias (com ou sem sangue) ou menos, ausência de

sintomas sistêmicos, marcadores inflamatórios normais;

G2: Moderado: quatro evacuações diárias, sinais e sintomas sistêmicos mínimos;

G3: Severo: seis evacuações diárias ou mais com presença de sangue, batimentos

cardíacos >90, temperatura corporal > 37,5, concentração de hemoglobina < 105

g/L, velocidade de hemossedimentação > 30mm/h

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

32

As terapias farmacológicas para as doenças intestinais inflamatórias

geralmente incluem drogas conhecidas e reconhecidas como tratamento

convencional que compreendem cinco classe de medicamentos distintas:

aminossalicilatos, antibióticos, corticoides, tiopurinas e antagonistas do ácido fólico

como o metotrexato (SALES-CAMPOS et al, 2015; TAYLOR E IRVING, 2011).

Aminossalicilatos (ASA) são um grupo de drogas que possuem, como

princípio ativo, o ácido 5-aminossalicilico (5-ASA). Os efeitos benéficos relatados

incluem a inibição da quimiotaxia de macrófagos e o aumento da proliferação das

células epiteliais da parede intestinal devido a inibição dos efeitos do TNF e na

diminuição da regulação das vias de sinalização da proteína ativada por mitógeno

(MAP) quinase e do NF-κB (O’CONNOR et al, 2015).

Os aminossalicilatos prescritos com maior frequência são a messalazina,

sulfassalazina, olsalazina e balsalazida, porem estes tratamentos apresentam

alguns efeitos colaterais, bem como os efeitos secundários podem variar em cada

indivíduo (LOFTUS et al, 2004).

Sabe-se que pacientes com doenças intestinais inflamatórias possuem uma

contagem elevada de bactérias intestinais em relação a indivíduos saudáveis, essa

carga microbiana possivelmente está relacionada a um aumento na gravidade da

doença (THORKILDSEN et al, 2013). Antibióticos como o metronidazol e

ciprofloxacino têm sido utilizados no tratamento adjuvante do crescimento excessivo

de bactérias, com o intuito de reduzir a translocação bacteriana e com isso reduzir o

grau de gravidade da doença (SALES-CAMPOS et al, 2015).

Corticoides são uma das melhores opções para o tratamento da colite

ulcerativa, já que eles atuam diminuindo a transcrição de genes pro-inflamatórios

envolvidos na produção de citocinas, inibindo o recrutamento de leucócitos e a

expressão de moléculas de adesão no tecido inflamado. Porém, o uso a longo-prazo

de corticoides, mesmo que em doses baixas, aumenta a ocorrência e diversos

efeitos como osteoporose, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares,

infecções, osteonecrose e catarata (FORD et al, 2011).

Os imunossupressores da classe das tiopurinas azatriopina (AZA) e 6-

mercaptopurina (6-MP) são drogas fundamentais no tratamento das doenças

intestinais inflamatórias e vêm sendo utilizados na indução e manutenção há cerca

de 40 anos (THOMAS et al, 2005). Estes compostos são utilizados em casos de

abuso de corticoides (PEYRIN-BIROULET et al. 2015; SALES-CAMPOS et al, 2015).

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

33

O mecanismo de ação das tiopurinas não está completamente elucidado no

tratamento das doenças intestinais inflamatórias, seus efeitos estão relacionados

com a inibição da síntese de nucleotídeos ou proteínas e na proliferação de

leucócitos. As tiopurinas podem agir induzindo a apoptose de linfócitos-T ativos,

podendo reduzir o processo inflamatório devido ao bloqueio de moléculas como o

ligante indutor de apoptose relacionado ao TNF (TRAIL) e o membro 7 (TNFRS7) e

α4-integrina que pertencem à superfamília de receptores de TNF através de um

metabólito comum do AZA e da 6MP conhecido como nucleotídeo 6-tioguanina (6-

TGN) (THOMAS et al, 2005, SALES-CAMPOS et al, 2015).

O metotrexato (MTX) é o principal antagonista de ácido fólico utilizado no

tratamento de doenças autoimunes. É utilizado em casos de refração ou intolerância

ao tratamento com tiopurinas, porém, possui pouca eficácia no tratamento em longo

prazo (SUARES, 2011). Seu mecanismo de ação consiste na inibição de algumas

enzimas relacionadas ao metabolismo do folato e está envolvida na síntese de

purinas e pirimidinas, esta inibição aumenta os níveis intracelulares de adenosina,

relacionado ao efeito anti-inflamatório do MTX (CRONSTEIN et al, 1993).

A administração de citocinas anti-inflamatórias e a indução da morte celular

podem contribuir na prevenção da ativação, proliferação e recrutamento de células

T. Apesar de ser muito eficaz, a terapia biológica ainda está sendo investigada, além

de ser um tratamento que possui custo elevado se comparado a outros métodos

utilizados em casos de doenças inflamatórias intestinais (VALATAS et al, 2015).

Os anticorpos monoclonais específicos de TNF foram desenvolvidos como

novo método para o tratamento da doença em casos de ausência de resposta ou

contraindicação a outros tratamentos. Os principais anticorpos anti-TNF utilizados no

tratamento da colite ulcerativa são o infliximab, cujo mecanismo de ação consiste na

ligação com TNF solúvel com a membrana do TNF, consequentemente inibindo a

atividade biológica da citocina; adalimubab, utilizado no tratamento de pacientes

intolerantes ao infliximab (DIGNASS et al, 2011); certolimubabpegol e golimubab

(SALES-CAMPOS et al, 2015).

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

34

3.3.7 Potencial terapêutico de produtos naturais para o tratamento da colite ulcerativa

Devido aos efeitos colaterais proporcionados pelos medicamentos utilizados

na terapêutica, a obtenção de novos compostos para o tratamento da colite

ulcerativa, baseados na atividade antioxidante, representa uma grande estratégia na

pesquisa de novos fármacos. Inúmeros estudos demonstram os efeitos benéficos de

vários compostos com propriedades antioxidantes em modelos experimentais de

colite, incluindo flavonoides como a quercetina, rutosídeo, silimarina, morina,

diosmina, hesperidina, além do tempol e da vitamina E (SANCHEZ DE MEDINA et

al, 2002; GÁLVEZ et al, 2001; CRESPO et al, 1999; GONZÁLEZ et al, 2001).

Diversas plantas já foram testadas e apresentaram efeito no tratamento

alternativo da colite ulcerativa, como por exemplo, o extrato de Ginko biloba, que é

um antioxidante cujos estudos demonstraram uma supressão da ativação dos

macrófagos, além de modular os mediadores inflamatórios (KOTAKADI et al, 2008).

Dos Reis et al (2009) citam que o extrato de Garcinia cambogia trouxe efeitos

gastroprotetores. A atividade anti-inflamatória do extrato alcoólico foi investigada,

revelando uma melhora significativa ao dano macroscópico causado e a uma

redução considerável na atividade das enzimas MPO, COX-2 e na expressão de

iNOS. O tratamento com o extrato ainda demonstrou ação na diminuição dos níveis

de PGE2 e IL-1β no intestino grosso.

O papel potencial demonstrado nas pesquisas com o extrato de Zingiber

Officinale Roscoe, onde foi avaliada a modulação da extensão e a gravidade da

colite ulcerativa, revelou que o extrato de gengibre foi eficaz contra a colite ulcerativa

induzida por ácido acético, provavelmente por suas atividades antioxidante e anti-

inflamatória (EL-ABHAR et al, 2008).

Os efeitos protetores dos polissacarídeos de Angelica sinensis foram

parcialmente elucidados pelo stress oxidativo e pela depleção da (GSH), que estão

diretamente ligados à fisiopatologia da colite ulcerativa. Os polissacarídeos de A.

sinensis estão relacionados com a prevenção do stress oxidativo, o qual ocorre

durante a infiltração de neutrófilos decorrente do processo patológico da colite

ulcerativa (WONG et al, 2008).

O chá verde (Camelia sinensis) demonstrou efetividade no tratamento da

colite ulcerativa, atenuando sintomas como diarreia e perda de peso. O mecanismo

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

35

de ação foi associado a uma notável melhoria no rompimento da arquitetura

colônica, diminuição significativa na redução de MPO intestinal e na produção do

TNF (MAZZON et al, 2005).

Um estudo realizado com a Arctium lappa demonstrou que graças a uma

porção lactona sesquiterpeno, presente em sua composição, houve uma diminuição

na gravidade e extensão nos danos causados ao intestino no modelo de colite

induzida por TNBS. Além disso, ainda houve uma diminuição na incidência de

diarreia e na perda de peso dos animais (DE ALMEIDA et al, 2013).

O extrato das folhas da Folium syringae demonstrou uma melhora significativa

na gravidade da colite ulcerativa. O provável efeito protetor desta planta é atribuído

à glicosídeos iridoides presentes em sua composição que atuam capturando os

radicais livres, diminuindo o recrutamento de leucócitos e regulando uma série de

citocinas pro inflamatórias, bloqueando a ativação do NF-kB no processo

inflamatório (LIU E WANG, 2011).

Mishra et al (2012) demonstraram a eficácia da administração do extrato

aquoso dos corpos de frutificação dos cogumelos Lonotus obliquus. Foi observada a

redução da inflamação intestinal, erosão na mucosa, distorções e perda das criptas

no modelo de colite aguda induzida por DSS. Os resultados demonstraram uma

melhora nos resultados histológicos, além da diminuição de níveis de iNOS e na

expressão de citocinas pro inflamatórias como o TNF, IL-1β, IL-6 e IFN-γ.

A Phellinus linteus demonstrou uma melhora nas características patológicas

da colite, como o encurtamento do intestino e uma melhora na da doença. A planta

tem como efeito reduzir a expressão do NF-kB, iNOS e proteínas da COX-2 no

modelos de colite induzida por DSS (SONG E PARK, 2014).

Resultados obtidos no estudo da administração do extrato metanólico da

Patrinias cabiosaefolia demonstraram uma atenuação nos sinais clínicos da doença

e no acumulo da MPO no tecido, que implica na supressão da perda de peso,

diarreia, sangramentos e infiltração leucocitária. Também foi demonstrado que o

encurtamento do intestino e aumento do baço foram menores em comparação aos

grupos controle. Avaliações histológicas indicaram a diminuição de edemas, danos

na mucosa e perda das criptas, além disso, o extrato de P. cabiosaefolia ainda

diminuiu a expressão de TNF, IL-1β e IL-6 (CHO et al, 2010).

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

36

3.4 Modelos experimentais da colite ulcerativa

Durante as últimas décadas, um significativo número de modelos

experimentais para doenças inflamatórias intestinais foram criados. Isto, para que

haja um melhor entendimento do mecanismo da manutenção da homeostase da

mucosa e funções imunológicas envolvidas na melhora da capacidade de interpretar

as respostas complexas que desencadeiam a inflamação (VALATAS et al, 2015).

Os principais métodos de indução baseiam-se nas alterações genéticas, onde

se origina um número de vias comuns de imunopatogênese; na microbiota que,

quando desequilibrada, pode induzir uma inflamação intestinal; na perda da

tolerância oral e o rompimento da barreira epitelial, contribuindo para o

desenvolvimento da inflamação, além de modelos baseados na resposta de células

T auxiliares polarizadas ou nas deficiências na resposta imune inata (GEEM, et al,

2015).

Apesar disso, nenhum modelo enquadra a complexidade das doenças

inflamatórias intestinais em humanos, mas cada modelo fornece informações sobre

um ou outro aspecto das doenças que, juntas levam à definição dos princípios da

patogênese das doenças inflamatórias intestinais (KIESLER et al, 2015).

3.4.1 Modelo de colite induzida por dextrano sulfato de sódio (DSS)

O rompimento da barreira epitelial no cólon e a consequente exposição de

bactérias ou antígenos bacterianos presentes na luz intestinal à mucosa é

estabelecido como um dos principais mecanismos para a instalação da colite

ulcerativa, pois acaba facilitando a indução da inflamação intestinal ou ocorre

espontaneamente em outros modelos experimentais devidos a anormalidades

moleculares que causam a perda de camada mucosa (CARLSSON et al, 2013).

A importância da integridade do epitélio para prevenir a inflamação intestinal

foi inicialmente descrita por Herminston e Gordon (1995), onde os resultados

demonstraram que a inflamação ocorreu na lâmina própria dos animais, mas

somente em áreas subjacentes ao epitélio previamente lesionado, sugerindo que a

entrada de micro-organismos comensais na lamina própria pode induzir a resposta

inflamatória de outra maneira.

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

37

Um fenômeno similar ocorre na colite ulcerativa induzida pelo DSS, embora

que neste caso, a lesão epitelial seja causada pelo polissacarídeo tóxico à mucosa

que resulta na resposta imune que altera a função da barreira ao longo do epitélio

intestinal conforme mostra a figura 4. A administração do DSS na água de beber dos

animais por determinado período de tempo resulta na indução que reproduz a

inflamação aguda restrita ao cólon e caracterizada por ulcerações, erosões,

diminuição da criptas e infiltração de leucócitos (ALGIERI et al, 2015).

Figura 4: Representação esquemática da colite ulcerativa induzida por DSS - adaptado de Chassaing et al (2015)

A inflamação ocasionada pelo DSS se desenvolve na ausência de células T

mediadas pela imunidade adaptativa. Com isso, a colite induzida por DSS se torna

um modelo proveitoso para o estudo dos mecanismos envolvidos no

desenvolvimento da inflamação intestinal (CHAMI et al, 2014). De fato, estudos

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

38

salientam o papel de células como macrófagos, que são importantes fontes de

citocinas que regulam a função da barreira epitelial e proliferação de neutrófilos, que

contribuem para o dano tecidual (KIESLER et al, 2015).

Embora a colite induzida pelo DSS seja causada principalmente pelo

rompimento do epitélio e pela ativação de macrófagos e neutrófilos, a ação das

células T pode agravar a resposta inflamatória quando a imunidade inata e a

adaptativa estão íntegras. A resposta das células Th1 polarizadas foi observada na

fase aguda da doença e uma resposta conjunta de células Th1 e Th2 foi descrita por

Jones-Hall e Grisham (2014) no estágio crônico da colite induzida pelo DSS,

alcançada após vários ciclos de administração de DSS. Esta resposta das células T

resulta numa produção de citocinas efetoras que contribuem para o aumento dos

níveis de TNF e IL-6 produzidos por macrófagos nas duas formas da colite induzida

por DSS (TSANG et al, 2015).

3.4.2 Modelo de colite induzida pelo ácido trinitrobenzeno sulfônico (TNBS)

A administração do agente haptenizante ácido TNBS torna as proteínas

imunogênicas do sistema imune do animal iniciando assim a resposta imune na

mucosa que induz a colite em animais susceptíveis. A administração intra-retal de

TNBS em camundongos SJL/J ou C57BL/10 leva a colite transmural, principalmente

induzida pela resposta imune mediada por células Th1 e caracterizada pela

infiltração de células T CD4+, macrófagos e neutrófilos na lamina propria, além do

surgimento de diarreia severa, perda de peso e prolapso retal (ZUNDLER E

NEURATH, 2015). Algumas destas características assemelham-se à DC, portanto, o

modelo de colite ulcerativa induzida pelo TNBS tem sido utilizado no estudo de

aspectos imunológicos relevantes à doença, incluindo padrões de produção de

citocinas, mecanismos de tolerância oral e efeitos do potencial da imunoterapia

(KIESLER et al, 2015).

O modelo de colite ulcerativa induzida pelo TNBS tem sido amplamente

utilizada para a elucidação dos mecanismos de homeostase da mucosa junto ao

papel da proteína de domínio de oligomerização nucleotídica 2 (NOD2), que é um

sensor bacteriano intracelular que reconhece o peptidoglicano muramil dispeptidase.

O NOD2 controla as células Treg com peptídeo associada a latência (LAP) na

lamina própria que é uma molécula que se liga ao fator de transformação do

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

39

crescimento β (TGF-β), com isso, as células T reguladoras proliferam em resposta à

entrada das bactérias luminais e seus produtos na lâmina própria, gerando assim o

processo inflamatório (AMENDOLA et al, 2014).

As respostas às citocinas são elementos chave no controle dos mecanismos

fundamentais da inflamação intestinal. De fato, foi observada a síntese de interferon-

γ (IFN-γ), que é uma característica da doença de Crohn. Porém, altos níveis de IFN-

γ, em conjunto a prevenção da produção de IFN pelo tratamento com anti-IL-12p40,

anulou os efeitos da colite ulcerativa (TERAI et al, 2014).

O modelo de colite ulcerativa induzido pelo TNBS demonstrou que os padrões

de expressão das citocinas são dinâmicos e alteram a evolução da doença. Assim, o

processo inflamatório é caracteriza por uma resposta sequencial, onde a resposta

inicial das células Th1 acompanhada de altos níveis de IL-12 e IFN-γ que é

subsequentemente substituída por uma resposta persistente das células Th17 junto

a IL-13 e a secreção de TGF-β. Alguns destes processos também são evidentes nas

doenças inflamatórias intestinais em humanos (FICHTNER-FEIGL et al, 2014).

3.4.3 Modelo de colite ulcerativa induzida por oxazolona

Era esperado que a administração intra-retal de outros agentes

haptenizantes ocasionaria um quadro de colite ulcerativa semelhante à indução com

TNBS, porém a administração com a oxazolona (4-etoximetileno-2-fenil-2-oxazoli-5-

ona) ocasionou uma reação tardia na mucosa provocando a inflamação no cólon

diferenciando-se muito dos efeitos ocasionados pelo TNBS tendo mais

características relacionadas à colite ulcerativa. Uma única dose de oxazolona leva a

uma inflamação superficial da mucosa no cólon distal que caracteriza-se pela

infiltração de linfócitos e neutrófilos, edema submucoso e ulcerações (STROBER et

al, 2014).

As respostas celulares e das citocinas referentes a colite ulcerativa induzida

pela oxazolona diferencia-se da colite induzida pelo TNBS, principalmente pela alta

produção de IL-13 originária das células T CD4+ natural killer (NKT) presentes na

lamina própria ao invés de produzirem IFN-γ, conforme o convencional. Apesar

disso, tanto a IL-13 quanto as NKT estão envolvidas na colite ulcerativa induzida

pela oxazolona (KIESLER et al, 2015).

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

40

3.4.4 Modelo de colite ulcerativa induzida por transferência adotiva de células

Um grande avanço no desenvolvimento de modelos de inflamação intestinal

surgiu com a descoberta de que a doação de células T CD4+ naive (células T

CD4+CD4RB high) para camundongos singênicos imunodeficientes SCID ou Rag-/-

provoca uma doença debilitante e uma inflamação intestinal que se desenvolve de

cinco a dez semanas de pós-tratamento. Por outro lado, a transferência de células T

CD4+CD45RB low ou a cotransferência de células T maduras em um camundongo

receptor não apresentou o quadro de colite ulcerativa (SHALE et al, 2013).

As célulasTreg suprimem e antagonizam as células T efetoras na mucosa

intestinal através da produção de IL-10, TGF-β, e IL-35. O papel imuno-regulador da

IL-10 foi demonstrado com a administração de anticorpos anti-receptor de IL-10 e

com a transferência de células T CD4+ em hospedeiros deficientes em IL-10, que

não geraram um quadro infalamatório (ZIGMOND et al, 2014). Apesar disso, o papel

da IL-10 no funcionamento das células Treg não suprime o papel do TGF-β, porém

as células Treg não proporcionaram proteção quando células T CD4+CD25+

deficientes em TGF-β foram co-transferidas em camundongos receptores. Ainda foi

observado que a administração sistêmica de anticorpos anti-TGF-β bloqueou a ação

das células T CD4+25+ em atenuar a colite (CANAVAN et al, 2015).

. Devido ao papel crucial das células T reguladores neste modelo

experimental e a importância do entendimento dos mecanismos que controlam a

homeostase intestinal, o modelo de transferência adotiva de células é um dos

modelos mais utilizados atualmente (GOYAL et al, 2014)

3.4.5 Modelo de colite ulcerativa em camundongos knockout para interleucina- 10 (IL-10)

Camundongos com um poliformismo no locus da IL-10 (Il10-/-) desenvolvem

a inflamação intestinal espontaneamente, caracterizada pela presença de infiltrado

inflamatório formado por linfócitos, macrófagos e neutrófilos (TAKAGI et al, 2015). A

inflamação é acionada pela resposta pró-inflamatória das células Th1, que

apresentou melhora após a administração sistêmica do anticorpo anti-IL-12p40.

Também apresentou melhora após a administração do anticorpo anti-IFN-γ, porém,

em menor escala após a administração do anticorpo anti-IFN-γ. Por razões

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

41

desconhecidas, a produção de IL-12 e IFN-γ diminui ao longo do tempo e as células

Th2 aumentam progressivamente a produção de IL-4 e IL-13 (VALATAS et al, 2015).

A supressão de IL-10 em todas as células T ou especificamente em células

T reguladoras Foxp3 + também resulta na colite espontânea, indicando que a IL-10

derivada destas células é importante para a manutenção da homeostase do

intestino. Este modelo demonstrou a relevância da função da IL-10 na patogênese

da colite ulcerativa, além do conhecimento que polimorfismos genéticos no locus da

IL-10 trazem um aumento de risco tanto pra colite ulcerativa quanto para a doença

de Crohn (RAY et al, 2015).

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

42

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material vegetal

As inflorescências de A. satureioides foram coletadas no município de Bom

Retiro (Latitude: 27° 48' 29'' S e Longitude: 49° 32' 1'' W), estado de Santa Catarina,

Brasil, localizado na região da Serra Catarinense, onde a planta é encontrada em

abundância, pois faz parte da vegetação nativa da região.

As inflorescências foram identificadas por comparação com uma exsicata

depositada no herbário Barbosa Rodrigues (Itajaí/SC), sob o número 50130.

O material vegetal foi seco em estufa de ar circulante a 40° C, as amostras

foram submetidas à moagem em triturador após a secagem, resultando em 2 kg de

material seco.

4.1.1 Preparação do extrato hidroalcoólico das inflorescências

O extrato vegetal foi produzido e disponibilizado pelo professor Rivaldo Niero,

no laboratório de fitoquímica da UNIVALI.

As inflorescências de A. satureioides (2 kg) foram maceradas em solução

hidroalcoólica a 70% durante sete dias. Após filtração, a solução obtida foi

submetida à redução e evaporação dos solventes utilizados em evaporador à

pressão reduzida, rendendo 192,6 g (9,6%) de extrato hidroalcoólico das

inflorescências de A. satureioides (EHAS).

4.2 Animais

Foram utilizados camundongos da linhagem Swiss Webster (30 - 40g), provenientes do biotério da UNIVALI, aclimatados às condições do mesmo por pelo

menos sete dias antes da manipulação experimental, sob a temperatura de

aproximadamente 23°C e ciclo claro escuro de 12 horas controlado. Os animais

foram alimentados com ração e água ad libitum. Todos os experimentos

obedeceram aos protocolos experimentais previamente aprovados pela Comissão

de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí com o número de parecer

035/15.

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

43

4.2.1 Grupos experimentais

Foi utilizado um total de dezoito camundongos, distribuídos aleatoriamente

em três grupos contendo seis animais, divididos dessa forma, para a melhor

avaliação do experimento:

Controle não-colítico: formado por animais que não receberam tratamento

com DSS 3%;

Controle colítico: formado por animais que receberam solução contendo

DSS 3% e foram tratados oralmente com veículo (água + Tween 80 1%, 10 ml/kg);

Colítico tratado com EHAS: formado por animais que receberam o

tratamento com solução contendo DSS 3% e sucessivas administrações de uma

solução contendo o EHAS (100 mg/kg, v.o.).

4.3 Modelo de Indução de Colite Ulcerativa

O modelo selecionado consiste na diluição do dextrano sulfato de sódio (DSS,

de peso molecular: 40.000, obtida da Alfa Aesar, Ward Hill, MA, EUA em uma

concentração de 3% na água de beber. Conforme mostra a figura 5,os animais

receberam a solução contendo DSS 3% ad libitum num período de cinco dias,

seguido por um período de dois dias recendo apenas água filtrada. Durante os sete

dias, os animais receberam o tratamento designado conforme a divisão dos grupos

uma vez ao dia. Após este período os animais foram sacrificados, tiveram seus

fígados e intestinos removidos e lavados em solução salina (0,9%).

Figura 5: Modelo de colite ulcerativa induzida por DSS

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

44

4.4 Avaliação do índice de atividade da doença

Foram avaliados diariamente diferentes parâmetros de caráter geral

individualmente, tais como peso corporal, aparecimento de fezes diarreicas e

sangramentos. Cada parâmetro foi atribuído a um escore de acordo adaptado de

Utrilla (2015) que foram utilizados para calcular uma média diária do índice da

atividade da doença (IAD) conforme mostra a tabela 1. Ao final, os animais foram

sacrificados, uma amostra de sangue foi coletada, os intestinos foram removidos,

tiveram seus comprimentos medidos e foram pesados com e sem fezes, que foram

coletadas para análise de sangue oculto nas fezes. O fígado e o baço dos animais

também foram removidos e pesados.

Tabela 3: Parâmetros utilizados no IAD.

Escore Perda de peso Consistência das fezes Sangramento

0 Não significativa Normal Ausente

1 1-5%

2 5-10% Fezes moles

3 10-20%

4 >20% Diarreia Severo

4.5 Avaliação Microscópica

Após a avaliação macroscópica do processo inflamatório, amostras de tecido

(0,5 mm) adjacentes à área de lesão foram coletadas para processamento

histológico e fixadas em solução ALFAC (85% etanol 80%; 10% formol e 5% ácido

acético) por 24 horas sendo, depois desidratadas em séries alcoólicas crescentes,

diafanizadas em xilol, para posteriormente serem incluídas em parafina e

preparadas para a microtomia. Os cortes, com aproximadamente 6 µm de

espessura, foram desparafinizados e reidratados utilizando série alcoólica etílica

decrescente. O dano tecidual foi analisado por um patologista que avaliou a

presença de ulceração, infiltração, edema e a condição das criptas. O tecido foi

avaliado conforme os critérios citados por Utrilla (2015) que variam de 0 (tecido

saudável) a 3 ou 4 (lesão grave), conforme demonstrado na tabela a seguir:

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

45

Tabela 4: Critérios para avaliação microscópica. Mucosa e lamina propria

Ulceração: ausente (0); leve (1); moderada (2); severa (3); extensa (4);

Infiltrado de células polimorfonucleares;

Infiltrado de células mononucleares e fibrose;

Edema;

Criptas

Atividade mitótica: terço inferior (0); leve no terço médio (1); moderada no terço médio (2); terço

superior (3)

Dilatação;

Depleção de goblet cells;

Submucosa

Infiltração de células polimorfonucleares;

Infiltração de células monucleares;

Edema;

Vascularização;

Camada muscular

Infiltração de células polimorfonucleares

Infiltração de células mononucleares

Edema

Infiltração na camada serosa

4.6 Avaliação do conteúdo de mucinas

O material foi preparado conforme descrito no item 5.6, porém, as lâminas

foram oxidadas em água com ácido periódico a 0,5% em temperatura ambiente por

5 minutos, lavadas em água corrente e imersas no reagente se Schiff por 20

minutos, lavados em água corrente por cinco minutos e mergulhadas três vezes em

meta-bissulfito de sódio a 0,5% antes da última lavagem em água. Para revelação

das glicoproteínas, as amostras foram contra coradas com hematoxilina por 20

segundos, desidratadas, limpas e as lâminas foram confeccionadas.

As lâminas foram lidas em microscópio óptico e fotografadas para serem

analisadas com o programa Image J® que quantificou as glicoproteínas. Os

resultados foram expressos em pixels/campo.

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

46

4.7 Avaliação bioquímica

Amostras de fígado e intestino dos diferentes grupos experimentais foram

homogeneizadas em tampão fosfato 200 mM pH, 6,5. O homogenato obtido foi

imediatamente utilizado para a quantificação dos níveis de GSH e LOOH, depois foi

submetido à centrifugação por 20 minutos a 9.000 g a 4º C e no sobrenadante

quantificou-se a atividade da enzima SOD enquanto que a atividade da enzima MPO

foi quantificada no precipitado resultante.

Toda a preparação do homogenato e de todos os procedimentos indicados

neste item foram realizados a 4º C.

4.7.1 Quantificação de grupos sulfidrílicos não proteicos (GSH)

Em tubos de plástico foram adicionados 50 µL do homogenato e 40 µL de

ATC 12%, agitados em homogeneizador de tubos e centrifugados por 15 minutos a

4.000 rpm a 4ºC.

Em uma placa de 96 poços foram adicionados 10 µL do sobrenadante

(preparado como descrito anteriormente), 290 µL de tampão TRIS 0,4 M (pH 8,9) e 5

µL de solução 3,96 mg/mL de DTNB (5,5’-ditiobis 2-ácido nitrobenzoico) em metanol.

Após 15 minutos foi realizada a leitura em espectrofotômetro com

comprimento de onda de 420 nm. Os valores individuais foram interpolados numa

curva padrão de GSH (1,25-10 µg/ml) expressos em µg GSH/g tecido.

4.7.2 Determinação de hidroperóxidos lipídicos (LOOH)

Em tubos de plástico foram adicionados 10 µL de metanol e 100 µL do

homogenato, em seguida foram agitados em homogeneizador e centrifugados a

9.000 g por 20 minutos a 4º C em ultracentrifuga.

Em uma placa de 96 poços foram colocados 30 µL do sobrenadante e 140 µL

de meio reacional (Xilenol laranja, ferro II, hidroxitolueno butilado solubilizados em

metanol) incubados por 30 minutos a temperatura ambiente. A leitura foi realizada

em espectrofotômetro com comprimento de onda a 560 nm e a concentração de

LOOH foi determinada para cada 1 mg de proteína presente no homogenato. Os

resultados foram expressos em mmol/mg de tecido.

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

47

4.7.3 Quantificação dos níveis enzimáticos de mieloperoxidase (MPO)

O precipitado proveniente das diferentes amostras, obtido como descrito

anteriormente, foi ressuspendido com 1 mL de tampão fosfato de potássio 0,08 M

junto a 0,5% de hexadeciltrimetilamônio (HTAB). Depois de agitadas em

homogeneizador de tubos, as amostras foram centrifugadas a 11.000 g por 20

minutos a 4º C. Em placas de 96 poços foram adicionados em duplicatas 30 µL do

sobrenadante de cada amostra, junto a 200 µL de solução reacional (100 µL de

tampão fosfato 0,08 M, 85 µL de tampão fosfato 0,22 M e 15 µL de H2O2 0,017%).

4.7.4 Quantificação dos níveis de superóxido dismutase (SOD)

Em tubos de plástico foram adicionados 20 µL da amostra com 442 µL de

tampão TRIS HCl 1 mM com EDTA 5 mM com pH 8,5 e agitado em

homogeneizador. Em seguida, foram adicionados 25 µL de Pirogalol 1 mM e

incubados por 20 minutos. A reação foi interrompida com 12,5 µL de HCl 1 N.

Os tubos foram centrifugados por 4 minutos a 14.000 rpm e 200 µL do

sobrenadante foram pipetados para uma placa de 96 poços e lidos em

espectrofotômetro com o comprimento de onda de 205 nm.

Os controles utilizados foram o tampão TRIS-EDTA + amostra e tampão

TRIS-EDTA + pirogalol em triplicata. A média dos dois controles foi calculada e

somada, sendo o valor encontrado igual a 100% - 2 unidades de SOD e a média das

absorbâncias da amostra 50% 1 unidade de SOD. Os resultados foram expressos

em U de SOD/mg de proteína.

4.8.Quantificação de proteínas

A concentração de proteína foi determinada em placa de 96 poços onde foi

adicionado 5 µL de amostra e 200 µL de reagente de Bradford a 25%, realizando a

leitura da absorbância em espectrofotômetro com o comprimento de onda 540nm. A

curva de albumina bovina sérica (0,1 µL – 0,0125 µg/mL) foi utilizada para interpolar

as médias de cada amostra.

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

48

4.9 Sangue oculto nas fezes As amostras foram coletadas durante a remoção do intestino para a pesagem e em

seguida foram diluídas em 5 ml de água; posteriormente, foram transferidas para um

tubo de ensaio e foi adicionado 0,5 ml do reativo de Meyer-Johannessen e duas

gotas de água oxigenada. As diferentes variações da coloração avermelhada são

classificadas em positivas de uma a quatro cruzes para a presença de sangue oculto

nas fezes. O número de amostras positivas por grupo foi verificada em três

experimentos.

4.10 Avaliação do transito intestinal

Para avaliar os efeitos do EHAS na motilidade intestinal, os animais foram tratados

com água (1 mL/kg), atropina (3 mg/kg) ou EHAS (100 mg/kg) 30 minutos antes da

administração de 0,5 mL de uma solução marcadora semissólida contendo 0,05% de

vermelho de fenol e 1,5% de carboximetilcelulose. Depois de 20 minutos, os animais

foram sacrificados e o intestino delgado foi dissecado do piloro até a junção ileocecal

para a determinação do trânsito intestinal. O comprimento total do intestino e o

comprimento da área marcada com o vermelho fenol foram medidas. O transito

intestinal foi expresso em porcentagem calculada por: TI=X/Yx100, onde X=distância

percorrida pelo vermelho de fenol e Y=comprimento total do intestino delgado.

4.11 Análise estatística

Os resultados expressos foram apresentados média ± erro padrão das médias de

n=6. A análise estatística foi efetuada utilizando análise de uma ou duas vias da

variância (ANOVA), quando aplicável, seguida pelo método de Bonferroni. O teste

de Mann-whitney foi utilizado para avaliação dos testes não-paramétricos. As

análises foram realizadas utilizando o programa GraphPad Prism 5.0 (San Diego,

EUA). Valores p <0,05 foram considerados significativos.

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

49

5 RESULTADOS

5.1 Efeito do EHAS sobre os sinais clínicos da colite ulcerativa induzida por DSS

Para avaliar o efeito anti-inflamatório intestinal do EHAS, foi utilizado o

modelo de colite ulcerativa induzida por DSS conforme Utrilla et al (2015), que

mimetiza a fase aguda da colite ulcerativa em humanos. Neste modelo, diversos

sinais clínicos foram analisados e em conjunto quantificados conforme o sistema

de escore denominado índice de atividade da doença (IAD). Como demonstrado

na figura 4A, no oitavo dia experimental, os animais do grupo colítico tratados

somente com veículo alcançaram um escore de IAD de 8 ± 0,6 (correspondente

à diarreia grave com intenso sangramento anal) e 6,3% de perda de peso em

relação ao primeiro dia experimental (figura 6B). Por outro lado, os animais

tratados com 100 mg/kg de EHAS, uma vez ao dia, durante sete dias,

demonstraram escore IAD significativamente menor do que o classificado no

grupo colítico tratado com veículo alcançando um valor aproximado de 3 ± 0,9

(figura 6A) e 1,4% de perda de peso em relação ao primeiro dia experimental

(figura 6B).

Figura 6: Efeito do EHAS no IAD e na perda de peso de camundongos com colite induzida por DSS.

0 2 4 6 8 10

0

2

4

6

8

10

Veículo não-colíticoVeículo colíticoEHAS (100 mg/kg)

Tempo (dias)

###

###

#

***

###

***

A

Índ

ice

de

ativ

idad

e d

a d

oen

ça (

IAD

)

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

50

Os animais foram divididos em grupos não-colítico tratado com veículo (água), colítico tratado

com veículo e colítico tratado com EHAS (100 mg/kg). A análise estatística foi realizada utilizando

ANOVA de duas vias, seguido do teste de Bonferroni. ### p<0.001 quando comparado ao grupo

veículo não colítico. ** p<0.01 e *** p<0.001 quando comparado ao grupo colítico tratado com veículo.

Em termos gerais, no modelo de colite experimentalmente induzida por

DSS, o encurtamento do cólon indica a extensão do dano tecidual nos animais

experimentais (HENDRICKSON et al, 2002). De fato, o grupo não-colítico

demonstrou um comprimento médio de cólon de 102 ± 3,7 mm e o grupo colítico

tratado com veículo apresentou uma redução do comprimento do cólon para 63 ±

4,0 mm, como demonstrado na tabela 3.

Adicionalmente, como observado na tabela 3, o peso colônico também foi

47% menor no grupo colítico tratado com veículo quando comparado ao grupo

não-colítico (1,7± 0,07mg/100 g de peso). Confirmando que o tratamento com o

extrato reduziu a gravidade da colite ulcerativa induzida por DSS, de forma

similar ao observado no comprimento colônico, o tratamento com EHAS também

diminuiu a extensão da perda de peso do cólon vazio para valores com média de

1,4 ± 0,14 mg/100 g de peso.

2 4 6 8 10

-10

-5

0

5

Veículo não-colíticoVeículo colíticoEHAS (100 mg/kg, v.o)

Tempo (dias)

***

######

######**

BPe

rda

de p

eso

( %

)

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

51

Similarmente ao descrito por Zhang et al (2015), o baço dos camundongos

pertencentes ao grupo colítico tratado com veículo apresentou um aumento de

peso, caracterizando a presença de esplenomegalia, alcançando um peso 50%

maior comparado ao grupo não-colítico (0,4 ± 0,02 mg/100 g de peso); esta

alteração não foi observada nos animais colíticos tratados com EHAS (tabela 3).

Não foi observada diferença significativa entre o peso dos fígados entre os

grupos experimentais (tabela 5). O tratamento com EHAS também reduziu

significativamente a presença de sangue oculto nas fezes dos camundongos

colíticos (figura 7).

Tabela 5: Efeito do EHAS no comprimento e peso colônico e no peso do baço e fígado de camundongos com colite induzida por DSS.

Tratamento

Comprimento do

cólon(mm)

Peso do cólon

(g/100g)

Peso do baço (g/100g)

Peso do fígado (g/100g)

Não-colítico Veículo 102 ± 3.7 1.7 ± 0.07 0.4 ± 0.02 4.3 ± 0.29

Colítico Veículo 63 ± 4.0a 0.9 ± 0.14a 0.6 ± 0.06a 3.6 ± 0.08

EHAS (100 mg/kg) 84 ± 3.1b 1.4 ± 0.14b 0.4 ± 0.01b 4.0 ± 0.38

a. p< 0,05 vs. grupo não colitico b. p< 0,05 vs. grupo colitico tratado com veículo

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

52

Figura 7: Efeito do EHAS na presença de sangue oculto nas fezes de camundongos com colite induzida por DSS.

Veículo EHAS0

2

4

6

*

San

gu

e o

cult

o n

as f

ezes

(sc

ore

)

As amostras coletadas foram submetidas ao teste de Meyer-Johannessen, sendo então

classificadas. O resultado foi expresso conforme análise de um escore padrão e submetido ao teste

de Mann-Whitney. * p<0,05 quando comparado ao grupo colítico tratado com veículo.

5.2 Efeito do EHAS nas alterações histopatológicas induzidas pelo DSS no cólon

A arquitetura do cólon dos camundongos dos diferentes grupos experimentais

foram analisados após coloração com H/E. Nos animais não colíticos, como

esperado, as estruturas da parede instestinal, submucosa e criptas estavam

normais, como representado na figura 8A. Em contrapartida, o cólon dos animais do

grupo colítico tratado com veículo exibiram alterações patológicas como perda da

barreira epitelial, redução do número de criptas e a presença de edema submucoso,

como indicado na figura 8B. Estas alterações patológicas foram atenuadas com o

tratamento com o EHAS, como é possível verificar na figura 8C.

As alterações histológicas foram determinadas utilizando um sistema de

escore padrão, onde a classificação do grupo colítico tratado com EHAS

demonstrou-se significativamente menor comparadas ao grupo colítico tratado com

veículo, conforme observado na figura 9.

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

53

Figura 8: Efeito do EHAS (100 mg/kg) nas alterações histológicas no cólon de camundongos com

colite induzida por DSS.

Vei EHAS0

5

10

15

**

Alt

eraç

ões

his

toló

gica

s (S

core

)

A - grupo não-colítico tratado com veículo; B – grupo colítico tratado com veículo; C – grupo

colítico tratado com EHAS (100mg/kg). Os animais foram divididos em grupos não-colítico tratado

com veículo (água), colítico tratado com veículo e colítico tratado com EHAS (100 mg/kg). O resultado

foi expresso conforme análise de um escore padrão expresso como mediana e intervalo de

interquartis e submetido ao teste de Mann-Whitney. ** p<0,01 quando comparado ao grupo colítico

tratado com veículo.

5.3 Efeito do EHAS nas alterações induzidas pelo DSS nos níveis de mucina no cólon

A coloração histoquímica PAS é uma técnica clássica utilizada na detecção

da presença de glicoproteínas, principalmente a mucina, que possui papel protetor

na mucosa intestinal. Conforme observado na figura 10, a coloração PAS no cólon

dos animais pertencentes ao grupo colítico tratados com veículo apresentou 59% de

diminuição quando comparada ao grupo colítico tratado com veículo (Vei: 7,6 ± 0,5 x

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

54

105 pixels/campo). O grupo colítico tratado com EHAS (100 mg/kg) demonstrou

índice 313% maior quando comparado ao grupo colítico tratado com veículo e 68%

maior quando comparado ao grupo não colítico tratado com veículo.

Figura 9: Níveis mucina pelo método de PAS no cólon de camundongos com colite induzida por DSS.

Naive Vei EHAS

0

5

10

15

3% DSS

###

***##

Pix

els

X 1

05 /

cam

po

A - grupo não-colítico tratado com veículo; B – grupo colítico tratado com veículo; C – grupo colítico

tratado com EHAS (100mg/kg). Os animais foram divididos em grupos não-colítico tratado com

veículo, colítico tratado com veículo e colítico tratado com EHAS (100 mg/kg). As imagens capturadas

em microscópio óptico foram analisadas com o auxílio do programa Image J®. O resultado foi

expresso em pixels/campo. ### p<0,001 quando comparado ao grupo não colítico.*** p<0,01 quando

comparado ao grupo colítico tratado com veículo.

5.4 Efeito do EHAS no estresse oxidativo no cólon e fígado de camundongos com colite induzida por DSS

Conforme descrito na tabela 6, a disponibilidade do antioxidante GSH e da

atividade da enzima SOD apresentou-se diminuída no tecido colônico dos animais

colíticos tratados com veículo em 66% e 85% quando comparado ao grupo não-

colítico (808 ± 193 µg de GSH/mg de tecido e 1,3 ± 0,2 U SOD/mg de proteína,

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

55

respectivamente). Além disso, os níveis de LOOH apresentaram-se 160% maiores

no grupo colítico tratado com veículo, quando comparados ao grupo não-colítico (0,5

± 0,2 mmol de LOOH/mg de tecido). O tratamento com EHAS não aumentou os

níveis de GSH no tecido do cólon dos animais do grupo colítico, mas reduziu o

conteúdo de LOOH e a atividade da SOD a níveis basais.

Tabela 6: Efeito do EHAS na atividade da MPO e SOD e nos níveis de GSH e LOOH no cólon de camundongos com colite induzida por DSS.

a. p<0.001 vs. grupo não-colítico tratado com veículo. b. p<0.01 vs. grupo colítico tratado com veículo. c. p<0.05 vs. grupo colítico tratado com veículo.

O tratamento com DSS também promoveu o dano oxidativo no tecido

hepático reduzindo os níveis de GSH de 4337 ± 125 para 3552 ± 234 µg de GSH/mg

de tecido. Contudo, os níveis de atividade da enzima SOD não foram alterados pela

administração de DSS. De forma não esperada, o tratamento com EHAS aumentou

a atividade da SOD no fígado de 0,2 ± 0,05 para 0,6 ± 0,18 U SOD/mg de proteína.

Por outro lado, a diminuição dos níveis da GSH no tecido hepático não foi revertida

com a administração do EHAS, como observado na tabela 7.

Tratamento

Dose (mg/kg)

SOD (U/mg de tecido)

GSH (µg/mg de tecido)

LOOH (mmol/mg de tecido)

Não-colítico Veículo

- 1.3 ± 0.21 808 ± 193 0.5 ± 0.2

Colítico Veículo

- 0.2 ± 0.02a 268 ± 29a 1.3 ± 0.3a

EHAS

100 1.3 ± 0.64b 368 ± 55 a 0.3 ± 0.1 b

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

56

Tabela 7: Efeito do EHAS na atividade da SOD e nos níveis de GSH no fígado de camundongos com colite induzida por DSS.

a. p<0.001 vs. grupo não-colítico tratado com veículo.

5.5 Efeito do EHAS na atividade da MPO no cólon e fígado de camundongos com colite induzida por DSS

A atividade da MPO é utilizada como marcador de inflamação aguda devido a

sua relação com a infiltração de neutrófilos. A atividade da MPO no tecido colônico e

hepático de animais do grupo colítico tratado com veículo apresentou-se 282% e

172% maiores, se comparados ao grupo não-colítico (1,1 ± 0,5 D.O/mg de proteína e

0,1 ± 0,02 D.O/mg de proteína, respectivamente). Por outro lado, este aumento da

atividade da MPO no intestino e no fígado foi suprimido no grupo colítico tratado com

EHAS, como demonstrado na tabela 8.

Tratamento Dose (mg/kg)

SOD (U/mg de tecido)

GSH (µg/mg de tecido)

Não-colítico Veículo - 0.19 ± 0.06 4337 ± 125

Colítico Veículo - 0.12 ± 0.06 3552 ± 234a

EHAS 100 0.60 ± 0.18a 3922 ± 133

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

57

Tabela 8: Atividade da MPO no tecido colônico e hepático de camundongos com colite induzida por DSS.

a. p<0.05 vs. grupo não-colítico tratado com veículo. b. p<0.05 vs. grupo colítico tratado com veículo.

5.6 Efeito do EHAS nos níveis plasmáticos de AST (TGO) e ALT (TGP) de camundongos com colite induzida por DSS.

Os níveis séricos das enzimas AST (TGO) e ALT (TGP) são utilizados

como marcador de dano hepático. Os níveis de ambas as enzimas foram

aumentados no grupo colítico tratado com veículo em 75% e 245%,

respectivamente, se comparados ao grupo não-colítico (43,9 ± 3,2 U/L e 38,4 ± 6,3

U/L, respectivamente). Somente o aumento dos níveis séricos de TGP foi suprimido

no grupo colítico tratado com EHAS, como demonstrado na figura 12.

Tratamento

Dose (mg/kg)

Atividade da MPO no tecido colônico (mD.O/mg de

proteína)

Atividade da MPO no tecido hepático (mD.O/mg de

proteína)

Não-colítico Veículo - 1,1 ± 0,5 0.11 ± 0.02

Colítico Veículo - 4,2 ± 0,7ᵃ 0.30 ± 0.03a

EHAS 100 1,2 ± 0,4 ᵇ 0.09 ± 0.02b

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

58

Figura 10: Quantificação do efeito do EHAS nos níveis séricos de AST (TGO) e ALT (TGP) de camundongos com colite induzida por DSS.

Os animais foram divididos em grupos e após receberem o tratamento, o soro foi coletado para quantificação das enzimas. Os resultados foram expressos em U/L. ### p<0,001 quando comparado ao grupo veículo não colítico. * p<0,05 e *** p<0,01 quando comparado ao grupo colítico tratado com veículo.

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

59

5.7 Efeito do EHAS no transito intestinal de camundongos.

O trânsito intestinal foi quantificado 15 minutos após a administração do

marcador. O grupo controle apresentou taxa de transito intestinal com média de 62,3

± 3,5%; enquanto que o grupo tratado com EHAS (100 mg/kg) apresentou taxa de

transito intestinal com média de 68,7 ± 2,5%. Como esperado, o grupo tratado com

atropina (controle positivo) reduziu o transito intestinal em 66% quando comparado

ao grupo veículo, alcançando taxa de transito intestinal com média de 21,0 ± 5,2%

(figura 13).

Figura 11: Efeito do EHAS sobre o trânsito intestinal dos camundongos.

Vei Atro EHAS

0

20

40

60

80

***

Tra

nsi

to in

test

inal

(%

)

Os animais foram tratados por via oral com veículo (água 1 mL/kg) ou EHAS (100 mg/kg) e

por via subcutânea com atropina (3 mg/kg) 30 minutos antes da administração da solução marcadora

contendo vermelho de fenol (0,05%) e carboximetilcelulose (1,5 %). Os resultados foram expressos

em porcentagem calculada por: TI=X/Yx100, onde X=distância percorrida pelo vermelho de fenol e

Y=comprimento total do intestino delgado. *** p<0,01 quando comparado ao grupo tratado com água.

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

60

6 DISCUSSÃO

Nos estudos anteriores de nosso grupo de pesquisa com o EHAS,

verificaram-se os efeitos gastroprotetores desse extrato contra diversos agentes

nocivos no modelo de úlcera induzida por etanol em ratos (SANTIN et al, 2010).

Segundo Barioni et al (2013), foi demonstrado que o extrato possui a capacidade de

inibir a migração de neutrófilos e a secreção de mediadores quimiotáticos, estando

relacionado com a resposta imune inata. Estas evidências corroboram com o uso

popular da A. satureioides em doenças do trato gastrointestinal e em condições

inflamatórias.

A colite ulcerativa é uma doença inflamatória intestinal crônica caracterizada

por uma inflamação difusa que afeta a camada mucosa do cólon. Sua etiologia ainda

é desconhecida, porém, acredita-se que a inflamação seja decorrente de uma

complexa interação entre os componentes do sistema imune inato, fatores

ambientais e da microbiota que regula a homeostase intestinal, que se encontra

desequilibrada na colite ulcerativa (HO et al, 2009).

O tratamento convencional para a colite ulcerativa inclui drogas anti-

inflamatórias (aminossalicilatos e esteroides), imunossupressores, antibióticos e

agentes biológicos (FEUERSTEIN E CHEIFETZ, 2014). A terapia é realizada de

acordo com a gravidade dos sintomas e visam induzir e manter a remissão da

doença, bem como, a melhora da qualidade de vida do paciente (KORNBLUTH E

SACHAR, 2010). No entanto, a refratariedade e intolerância de drogas, além dos

efeitos adversos e respostas fracas ao tratamento estão relacionadas com a terapia

atual da colite ulcerativa. Devido a tais motivos, tratamentos que diminuam a

inflamação causada pela Colite Ulcerativa efetivamente e que possuam menos

efeitos colaterais são necessários. Por isso a utilização de plantas medicinais para

as doenças inflamatórias intestinais está sendo adotada mundialmente como terapia

alternativa ou complementar, pois são uma fonte para a descoberta de novas drogas

mais eficazes e seguras para o tratamento da colite ulcerativa (SALES-CAMPOS et

al, 2015).

Os efeitos benéficos do EHAS foram confirmados no modelo de colite

ulcerativa induzida por DSS em camundongos. Como esperado, a administração do

DSS em camundongos induziu sinais clínicos semelhantes aos da colite ulcerativa

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

61

em humanos, tais como fezes sanguinolentas, diarreia, perda de peso e

encurtamento do cólon. Em contrapartida, o tratamento com o EHAS demonstrou

melhora no quadro de colite ulcerativa induzida por DSS impedindo o encurtamento

do cólon, a perda de peso, reduzindo o IAD e os escores histopatológicos

associados à colite ulcerativa.

Em nosso estudo poderíamos utilizar como controle positivo drogas da

classe dos salicilatos tais como a sulfassalazina e a messalazina ou anti-

inflamatórios esteroidais, principalmente a betametasona. Contudo, alguns autores

observaram que estas drogas não possuem plena eficácia no modelos de colite

ulcerativa induzida por DSS (CHOI, et al, 2015), por este motivo não é usual utilizar

controle positivo neste modelo (DU et al, 2014; HUANG et al, 2013; KIESLER et al,

2015).

Além do tradicional uso popular, diversos estudos comprovam muitas atividades

biológicas para extratos de A. satureioides, incluindo seu potencial antioxidante

(RETTA et al, 2012), antimicrobiano (JORAY et al, 2013), anti-inflamatório (BARIONI

et al, 2013), gastroprotetor (SANTIN et al, 2014), inseticida (GONZALEZ et al, 2015),

anti-herpético (BIDONE et al, 2015) e tripanossomicida (BALDISERRA et al, 2014).

As propriedades funcionais de agentes naturais estão associadas a sua composição

fitoquímica, e o perfil fitoquímico do EHAS, foi anteriormente caracterizado e descrito

por SANTIN et al (2010) e BARIONI et al (2013). Nestes estudos, foi verificada a

presença dos flavonoides luteolina e quercetina, que foram confirmados em análises

em HPLC (BARIONI et al, 2013, SANTIN et al, 2014). Uma análise realizada em CG-

MS ainda demonstrou que o EHAS possui diversos esteroides e ácidos graxos

(BARIONI et al, 2013).

Um estudo realizado por Sotnikova et al (2013) demonstrou que derivados da

quercetina reduziram o processo inflamatório no tecido intestinal no modelo de colite

ulcerativa induzida por ácido acético, reduzindo os escores, bem como, a extensão

da lesão. Tais efeitos foram ocasionados pelas condições demonstradas in vitro,

onde a quercetina diminuiu a resposta inflamatória, pois inibiu a produção das

enzimas ciclo-oxigenase e lipo-oxigenase, além de seu potencial em inibir a

produção do TNF, óxido nítrico e a expressão de óxido nítrico sintetase (CHUANG et

al, 2010; ORTEGA et al, 2010).

Baseado nessas observações, a hipótese de que o EHAS pode representar uma

fonte de novos produtos vegetais para o tratamento das doenças inflamatórias

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

62

intestinais foi testada. Em paralelo às observações macroscópicas e achados

presentes na análise histopatológica, verificou-se que o DSS causou diversas

alterações como perda da barreira epitelial, redução do número de criptas, redução

das células de Goblet e a presença de edema submucoso. De fato, o tratamento

com o EHAS reduz significativamente tais alterações, conforme (UTRILLA et al,

2015).

O baço é um órgão imune periférico que possui uma grande variedade de

células imunes. Sabe-se que diversas infecções e doenças contribuem para o

aumento do baço (PILLARISETY et al, 2004). Zhang et al (2015) descreveram um

aumento considerável no baço de animais que sofreram a indução da Colite

Ulcerativa pelo DSS. Similarmente, no presente estudo, também foi detectado um

aumento no peso do baço e o tratamento com o EHAS preveniu tal alteração. Com

isso, pode-se sugerir que o EHAS possui efeitos benéficos sobre a resposta imune.

As principais células imunes relacionadas à inflamação são os neutrófilos, que

possuem dois tipos de granulações em seu citoplasma, sendo formados em estágios

de maturação diferentes. Os grânulos principais, denominados azurófilos, possuem

enzimas proteolíticas e proteínas bactericidas incluindo catepdina G, elastase,

mieloperoxidase (MPO) e lisozima. Os grânulos secundários, denominados

específicos, contêm lactoferrina, lisozima, colagenase e lipocalinas. Quando

ativados, os neutrófilos geram radicais livres chamados espécies reativas de

oxigênio (EROs), como o radical superóxido (O2-˙) que é convertido em peróxido de

hidrogênio (H2O2) por dismutação espontânea ou pela enzima superóxido dismutase

(SOD) e radicais hidroxilo (OH) que são formados por reações secundárias. As

EROs são extremamente reativas e quando geradas próximas às membranas

celulares, induzem o stress oxidativo e a peroxidação lipídica, que são importantes

causas de dano e destruição da membrana celular. Estes processos podem

continuar em reação em cadeia (TAKAGI et al, 2014).

O estresse oxidativo desencadeia um papel importante na patogênese das

doenças inflamatórias intestinais e ocorre quando a produção de espécies reativas

de oxigênio excede as reservas dos antioxidantes presentes no tecido (PIECHOTA-

POLANCZYK E FICHNA, 2014). No tecido inflamado, as espécies reativas de

oxigênio são produzidas pela ativação de neutrófilos e macrófagos e pode ser

estimada pela dosagem dos níveis de lipoperoxidação (LOOH). A lipoperoxidação

ocorre quando uma cadeia de ácidos graxos polinsaturados dos fosfolipídeos da

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

63

membrana celular é agredida por uma espécie química que possua reatividade

suficiente, como as EROs, levando a degradação da membrana. A fosfolipase

ativada pelas espécies tóxicas desintegra os fosfolipídeos, liberando ácidos graxos

não saturados resultando diversos fatores lesivos (RAJENDRAN et al, 2014).

De fato, os animais colíticos tratados com veículo exibiram uma elevação dos

níveis de LOOH e esta alteração foi acompanhada pela redução dos níveis de GSH,

uma defesa antioxidante não enzimática. Além disso, os níveis de atividade da

superóxido dismutase (SOD) foram reduzidos no cólon dos animais pertencentes ao

grupo colítico tratado com veículo. A SOD é uma enzima que catalisa a dismutação

do radical superóxido (O2-) em ambos os radicais de oxigênio normal molecular (O2)

ou peróxido de hidrogênio (H2O2). O superóxido é produzido como um subproduto

do metabolismo do oxigênio e, se não regulado, faz com que ocorram muitos tipos

de danos celulares (PIECHOTA-POLANCZYK E FICHNA, 2014).

Estes achados caracterizam uma dano oxidativo intenso no tecido colônico

provocado pela administração do DSS. Por outro lado, o tratamento com o EHAS

promoveu efeitos benéficos nos níveis de atividade da SOD e da LOOH em

amostras coletadas do grupo colítico. O tratamento com EHAS não demonstrou

nenhum efeito sobre os níveis de GSH. Porém, a redução do dano oxidativo no

tecido colônico promovida pelo EHAS foi evidenciada pela diminuição nos níveis de

LOOH.

O tratamento com o EHAS promoveu uma diminuição da infiltração de

neutrófilos no tecido colônico. Esse efeito foi indiretamente mensurado através da

uma diminuição dos níveis da atividade da MPO. Classicamente, a atividade da

MPO, é um marcador para o recrutamento de neutrófilos em condições inflamatórias.

Como esperado, a administração de DSS promoveu um considerável aumento nos

níveis de ativação da MPO no cólon, e esse aumento foi significativamente revertido

pelo tratamento com o extrato. Estes resultados reforçam o estudo de Barioni et al

(2013), que descreve que o extrato de A. satureioides reduz o influxo de neutrófilos

in vivo em exsudato coletado no modelo de bolsa de ar e no número de leucócitos

em rolamento e aderidos no mesentério estimulado pelo LPS. Por outro lado, os

autores confirmaram que o tratamento in vivo com o extrato de A. satureioides

modifica as propriedades aderentes dos neutrófilos no endotélio, o que prejudica sua

migração para o tecido. Assim, o EHAS reduziu a infiltração leucocitária no tecido

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

64

lesionado, podendo-se confirmar, que os efeitos observados por Barioni et al. (2013)

também estão envolvidos nas ações anti-inflamatórias ocasionadas pelo EHAS.

Os parâmetros de estresse oxidativo no fígado foram similares aos observados

na mucosa intestinal. Conforme descrito por Toblli et al. (2015), indicativos de dano

oxidativo também podem ser encontrado no tecido hepático de animais submetidos

ao modelo de colite induzida por DSS. Corroborando esse achado, neste estudo foi

constatado um aumento nos níveis hepáticos de LOOH e uma diminuição nos níveis

de GSH no fígado de animais do grupo colítico tratado com veículo. Como

observado no cólon, o tratamento oral com EHAS reverteu o aumento nos níveis da

LOOH, porém não evitou a depleção do antioxidante GSH no fígado. Diferentemente

do cólon, a administração de DSS não promoveu alterações na atividade da SOD no

tecido hepático. Entretanto, o EHAS aumentou significativamente os níveis da

atividade da SOD no fígado e promoveu efeitos benéficos nos hepatócitos dos

animais pertencentes ao grupo colítico, o que foi confirmado pela normalização dos

níveis plasmáticos de TGO.

No que se refere à experiência de motilidade intestinal, administração do EHAS

na mesma dose que reduziu a inflamação induzida pelo DSS, que é de 100 mg/kg,

não demonstrou alteração na taxa de trânsito intestinal. Este resultado torna-se

peculiar, pois indica que os efeitos ocasionados pelo tratamento com EHAS, por

exemplo, a redução de diarreia, não está relacionada com uma redução da

motilidade intestinal.

O tratamento com EHAS demonstrou atividade anti-inflamatória intestinal no

modelo de colite induzida por DSS, através da redução da migração de neutrófilos e,

consequentemente, do dano oxidativo. Juntos, estes resultados colocam Achyrocline

satureioides como uma promissora fonte de metabolitos que podem ser utilizados no

tratamento das doenças inflamatórias intestinais.

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

65

7 CONCLUSÃO

Conforme anteriormente descrito nos resultados obtidos, para avaliar o efeito

anti-inflamatório intestinal do EHAS, foi utilizado o modelo de Colite Ulcerativa

induzida por DSS conforme descrito por Utrilla (2015), que mimetiza a fase

aguda desta doença em humanos.

Com base neste modelo, diversos sinais clínicos foram analisados e, em

conjunto, quantificados conforme o sistema de escore denominado Índice de

Atividade da Doença (IAD), com o índice 6 (correspondente à diarreia grave com

intenso sangramento anal) e 6,3% de perda de peso em relação ao primeiro dia

do experimento. Paralelamente, os animais tratados com 100 mg/kg de EHAS,

uma vez ao dia, durante sete dias, demonstraram escore de IAD

significativamente menor do que o classificado no grupo colítico tratado com

veículo, alcançando um valor aproximado de 3 ± 0,9 e 1,4% de perda de peso

em relação ao primeiro dia experimental.

Assim, pode-se afirmar que o EHAS apresentou atividade anti-inflamatória no

modelo de colite ulcerativa induzida por DSS em camundongos na dose de

100mg/kg. Além disso, conforme observado, a A. satureioides reduziu

significativamente os efeitos causados pelo DSS, tais como, perda de peso, fezes

diarreicas e o encurtamento de cólon, além de ter demonstrado melhora nos índices

de avaliação de doença. Os parâmetros histopatológicos observados na Colite

Ulcerativa também demostraram melhora no grupo tratado com o EHAS. As

atividades antioxidantes do extrato em conjunto com a ação anti-inflamatória, em

especial na redução da migração leucocitária, estão envolvidas nos efeitos

observados.

Em conjunto, os dados demonstrados no presente trabalho, sem a pretensão

de esgotar as pesquisas sobre o tema, respondem aos objetivos gerais propostos

inicialmente, sugerindo que a Achyrocline satureioides é uma promissora fonte de

fitocompostos que podem ser utilizados no tratamento de doenças inflamatórias

intestinais.

Page 66: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

66

8 REFERÊNCIAS

ALGIERI, F. et al. Botanical Drugs as an Emerging Strategy in Inflammatory Bowel

Disease: A Review. Mediators of inflammation, v. 2015, 2015.

ALONSO PAZ, E.; BASSAGODA, M. J.; FERREIRA, F. Y. Uso racional de las

plantas medicinales. Montevideo: Fin de Siglo, 2008.

AMENDOLA, A. et al. Nod2 deficiency is associated with an increased mucosal

immunoregulatory response to commensal microorganisms. Mucosal immunology,

v. 7, n. 2, p. 391-404, 2014.

AWAADI, A S.; EL-MELIGY, R. M.; SOLIMAN, G. A. Natural products in treatment of

ulcerative colitis and peptic ulcer. Journal of Saudi chemical society, v. 17, n. 1, p.

101-124, 2013.

AZIZ, M. M. et al. Medicinal values of Herbs and Plants, Importance of

Phytochemical evaluation and Ethnopharmacological Screening: An Illustrated

review essay. Journal of Pharmaceutical and Cosmetic Sciences Vol, v. 2, n. 1,

p. 6-10, 2014.

BALDISSERA, M. D. et al. In vitro Trypanocidal activity of macela (Achyrocline

satureioides) extracts against Trypanosoma evansi. The Korean journal of

parasitology, v. 52, n. 3, p. 311, 2014.

BANKS, C. et al. Chemokine expression in IBD. Mucosal chemokine expression is

unselectively increased in both ulcerative colitis and Crohn's disease. The Journal of

pathology, v. 199, n. 1, p. 28-35, 2003.

BARATA, L. E. S. et al. Plantas Medicinais Brasileiras. I. Achyrocline satureioides

(Lam.) DC.(Macela). Revista Fitos Eletrônica, v. 4, n. 01, p. 120-125, 2013.

Page 67: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

67

BARIONI, E. D. et al. Achyrocline satureioides (Lam.) DC hydroalcoholic extract

inhibits neutrophil functions related to innate host defense. Evidence-based

Complementary and Alternative Medicine, v. 2013, 2013.

BARNES, S.; PRASAIN, J. Current progress in the use of traditional medicines

and nutraceuticals. Current Opinion in Plant Biology, v.8, n.33, p.324-328, 2005.

BELL, CAMERON J.; GALL, D. GRANT; WALLACE, JOHN L. Disruption of colonic

electrolyte transport in experimental colitis. American Journal of Physiology-

Gastrointestinal and Liver Physiology, v. 268, n. 4, p. G622-G630, 1995.

BELLO, C.A. (Ed.). 270 plantas medicinales iberoamericanas. Santa Fe de

Bogotá: CYTED, 1995.

BENTO, A. F. et al. Mediadores químicos e resposta celular na colite induzida pelo

DSS: papel dos mediadores lipídicos derivados do omega-3 na resolução da colite

experimental. 2012.

BERNSTEIN, C. N. et al. A population-based case control study of potential risk

factors for IBD. The American journal of gastroenterology, v. 101, n. 5, p. 993-

1002, 2006.

BIDONE, J. et al. Antiherpes activity and skin/mucosa distribution of flavonoids from

Achyrocline satureioides extract incorporated into topical nanoemulsions. BioMed

research international, v. 2015, 2015.

BIRKENFELD, S.; ZVIDI, I.; HAZAZI, R.; NIV, Y. The prevalence of ulcerative colitis

in Israel: a twenty-year survey. Journal of clinical gastroenterology, v. 43, n. 8, p.

743-746, 2009.

BIRRENBACH, T.; BÖCKER, U. Inflammatory bowel disease and smoking. A review

of epidemiology, pathophysiology, and therapeutic implications. Inflammatory bowel

diseases, v. 10, n. 6, p. 848-859, 2004.

Page 68: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

68

BITSKY, V. M.; TOLSTIKOV, GENRICH A.; TOLSTIKOV, ALEXANDER G. Natural

halogenated polyacetylenides. Chemistry of Sustainable Development (Russia),

v. 11, p. 341-348, 2003.

BRANDT, L. J. et al. ACG Clinical Guideline: Epidemiology, Risk Factors, Patterns of

Presentation, Diagnosis, and Management of Colon Ischemia (CI). The American

journal of gastroenterology, 2015.

BUFFINTON, G.; DOE, W. F. Depleted mucosal antioxidant defences in inflammatory

bowel disease. Free Radical Biology and Medicine, v. 19, n. 6, p. 911-918, 1995.

CALIXTO, J. B.; OTUKI, M. F.; SANTOS, A.R.S. Anti-inflammatory compounds of

plant origin. Part I. Action on arachidonic acid pathway, nitric oxide and nuclear factor

kB (NF-kB). Planta Medica, v.69, n.11, p.973-983, 2003.

CAMUESCO, D. et al. The intestinal anti-inflammatory effect of dersalazine sodium is

related to a down-regulation in IL-17 production in experimental models of rodent

colitis. Br J Pharmacol., v. 3, n. 165, p.729-740, 2012.

CANAVAN, J. B. et al. Developing in vitro expanded CD45RA+ regulatory T cells as

an adoptive cell therapy for Crohn's disease. Gut, p. gutjnl-2014-306919, 2015.

CARINI, J. P.; KLAMT, F.; BASSANI, V. L. Flavonoids from Achyrocline satureioides:

promising biomolecules for anticancer therapy. RSC Advances, v. 4, n. 7, p. 3131-

3144, 2014.

CARLSSON, A. H. et al. Faecalibacterium prausnitzii supernatant improves intestinal

barrier function in mice DSS colitis. Scandinavian journal of gastroenterology, v.

48, n. 10, p. 1136-1144, 2013.

CARNEY, J. R. et al. Achyrofuran, a New Antihyperglycemic Dibenzofuran from the

South American Medicinal Plant Achyrocline s atureioides. Journalof natural

products, v. 65, n. 2, p. 203-205, 2002.

Page 69: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

69

CASERO, C. et al. Structure and antimicrobial activity of phloroglucinol derivatives

from achyrocline satureioides. Journal of natural products, v. 78, n. 1, p. 93-102,

2014.

CHAMI, B. et al. The role of CXCR3 in DSS-induced colitis. 2014.

CHUANG, C. et al. Quercetin is equally or more effective than resveratrol in

attenuating tumor necrosis factor-α–mediated inflammation and insulin resistance in

primary human adipocytes. The American journal of clinical nutrition, v. 92, n. 6,

p. 1511-1521, 2010.

CECHINEL-FILHO, V.; YUNES, R. A. Estratégias para obtenção de compostos

farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais: Conceitos sobre

modificação estrutural para otimização da atividade. Química Nova, v. 21, n. 1, p

99-105, 1997.

CESTARI, S. H. Avaliação dos efeitos de Baccharis dracunculifolia DC na

prevenção e tratamento de colite induzida por ácido trinitrobenzenosulfônico

em ratos. 81 f. Tese (Doutorado) - Curso de Farmacologia, Ciências Biológicas

(farmacologia) - IBB, UNESP, Botucatu, 2008.

CESPEDES, C.L. et al. New environmentally-friendly antimicrobials and biocides

from Andean and Mexican biodiversity. Environmental research, v. 142, p. 549-562,

2015.

CHEN, L.; HONG, Z.F.; ZHOU, J.H. Polysaccharide from polysaccharide effects on

acute liver damage of tumor necrosis factor. Journal of Fujian College of TCM, v.

16, p.38–39, 2006.

CHICHLOWSKI, M. et al. Helicobacter typhlonius and Helicobacter rodentium

differentially affect the severity of colon inflammation and inflammation-associated

neoplasia in IL10-deficient mice. Comparative medicine, v. 58, n. 6, p. 534-541,

2008.

Page 70: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

70

CHO, E. et al. Anti-inflammatory effects of methanol extract of Patrinia scabiosaefolia

in mice with ulcerative colitis. Journal of ethnopharmacology, v. 136, n. 3, p. 428-

435, 2011.

CHOI, K. et al. Intestinal anti-inflammatory activity of the seeds of Raphanus sativus

L. in experimental ulcerative colitis models. Journal of ethnopharmacology, v. 179,

p. 55-65, 2016.

COLLINS, S.M.; CROITORU, K. Pathophysiology of inflammatory bowel disease: the

effect of inflammation on intestinal function. In: Inflammatory Bowel Disease: From

Bench to Bedside. Springer US, p. 223-234, 2005.

CONRAD, K.; ROGGENBUCK, D.; LAASS, M. W. Diagnosis and classification of

ulcerative colitis. Autoimmunity reviews, v. 13, n. 4, p. 463-466, 2014.

COSNES, J. et al. Epidemiology and natural history of inflammatory bowel

diseases. Gastroenterology, v. 140, n. 6, p. 1785-1794. e4, 2011.

CORRIDONI, D.; ARSENEAU, K. O.; COMINELLI, F. Functional defects in NOD2

signaling in experimental and human Crohn disease. Gut microbes, v. 5, n. 3, p.

340-344, 2014.

CRESPO, M. E. et al. Anti-inflammatory activity of diosmin and hesperidin in rat

colitis induced by TNBS. Planta medica, v. 65, n. 7, p. 651-653, 1999.

CRONSTEIN, B. N.; NAIME, D.; OSTAD, E. The antiinflammatory mechanism of

methotrexate. Increased adenosine release at inflamed sites diminishes leukocyte

accumulation in an in vivo model of inflammation. Journal of Clinical Investigation,

v. 92, n. 6, p. 2675, 1993.

DA SILVA, B.C. et al. Epidemiology, demographic characteristics and prognostic

predictors of ulcerative colitis. World journal of gastroenterology: WJG, v. 20, n.

28, p. 9458, 2014.

Page 71: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

71

DAVIES, P. Estudios en domesticación y cultivos de especies medicinales y

aromáticas nativas. Serie FPTA-INIA, 2004.

DE ALMEIDA, A. B. et al. Anti-inflammatory intestinal activity of Arctium lappa L.

(Asteraceae) in TNBS colitis model. Journal of ethnopharmacology, v. 146, n. 1, p.

300-310, 2013.

DE BIE, C. et al. Smoking behaviour and knowledge of the health effects of smoking

in patients with inflammatory bowel disease. Alimentary pharmacology &

therapeutics, v. 42, n. 11-12, p. 1294-1302, 2015.

DELLACASSA, E. et al. Diferencias varietales em los flavonoides de

Achyroclinesatureioides (Lam.) DC. In: II Congreso de Ciências Farmacêuticas del

ConoSur, Montevideo, Uruguay. 1993.

DEMBITSKY, V. M.; TOLSTIKOV, GENRICH A.; TOLSTIKOV, ALEXANDER G.

Natural halogenated polyacetylenides. Chemistry of Sustainable Development

(Russia), v. 11, p. 341-348, 2003.

DE SOUZA, K. C. B.; BASSANI, V. L.; SCHAPOVAL, E. E. S. Influence of excipients

and technological process on anti-inflammatory activity of quercetin and

Achyroclinesatureioides (Lam.) DC extracts by oralroute.Phytomedicine, v. 14, n. 2,

p. 102-108, 2007.

D'HAENS, G. et al. Patchy cecal inflammation associated with distal ulcerative colitis:

a prospective endoscopic study. The American journal of gastroenterology, v. 92,

n. 8, p. 1275-1279, 1997.

DIGNASS, A. et al. The second European evidence-based Consensus on the

diagnosis and management of Crohn's disease: Current management. Journal Of

Crohn's And Colitis, v. 4, n. 1, p.28-62, 2010.

Page 72: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

72

DIMITRI, M. J. Enciclopedia Argentina de Agricultura y Jardinería. Tomo I. 2004.

DI STASI, L. C.; COSTA, C. ARA; WITAICENIS, A. Products for the treatment of

inflammatory bowel disease: a patent review (2013–2014).Expert opinion on

therapeutic patents, v. 25, n. 6, p. 629-642, 2015.

DOS REIS, S. B. et al. Attenuation of colitis injury in rats using Garcinia cambogia

extract. Phytotherapy Research, v. 23, n. 3, p. 324-329, 2009.

DU, C. et al. Gadolinium chloride improves the course of TNBS and DSS-induced

colitis through protecting against colonic mucosal inflammation.Scientific reports, v.

4, 2014.

EL-ABHAR, H. S.; HAMMAD, L.N.; GAWAD, H.S.. Modulating effect of ginger extract

on rats with ulcerative colitis. Journal of ethnopharmacology, v. 118, n. 3, p. 367-

372, 2008.

ELSON, C. O. et al. Experimental models of inflammatory bowel

disease. Gastroenterology, v. 109, n. 4, p. 1344-1367, 1995.

FARMER, R. G.; MICHENER, W. M.; MORTIMER, E. A. Studies of family history

among patients with inflammatory bowel disease. Clinics in gastroenterology, v. 9,

n. 2, p. 271-277, 1980.

FEUERSTEIN, J. D.; CHEIFETZ, A. S. Ulcerative colitis: epidemiology, diagnosis,

and management. In: Mayo Clinic Proceedings. Elsevier, 2014. p. 1553-1563.

FIGUEROA, C. et al. Enfermedades inflamatórias intestinales: Experiencia de los

centros chilenos. Revista médica do Chile, v. 133, n. 11, p. 1295-1304, 2005.

FIOCCHI, C. Inflammatory bowel disease: etiology and pathogenesis.

Gastroenterology, v. 115, n. 1, p. 182-205, 1998.

Page 73: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

73

FOGLIO, M. A. et al. Plantas Medicinais como Fonte de Recursos Terapêuticos: Um

Modelo Multidisciplinar. Construindo A História Dos Produtos Naturais,

Campinas, SP, n. 7, p.1-8, out. 2006.

FORD, A. C. et al. Glucocorticosteroid therapy in inflammatory bowel disease:

systematic review and meta-analysis. The American journal of gastroenterology,

v. 106, n. 4, p. 590-599, 2011.

FOSTER, B. C. et al. Natural health products and drug disposition. Annual Review

of Pharmacology and Toxicology, v.45, p.203-226, 2005

FICHTNER-FEIGL, S. et al. IL-13 Orchestrates Resolution of Chronic Intestinal

Inflammation via Phosphorylation of Glycogen Synthase Kinase-3β.The Journal of

Immunology, v. 192, n. 8, p. 3969-3980, 2014.

GÁLVEZ, J. et al. Effects of flavonoids on gastrointestinal disorders. Studies in

natural products chemistry, v. 25, p. 607-649, 2001.

GARCÍA RODRÍGUEZ, L.A.; RUIGÓMEZ, A.; PANÉS, J. Acute gastroenteritis is

followed by an increased risk of inflammatory bowel disease. Gastroenterology, v.

130, n. 6, p. 1588-1594, 2006.

GEEM, D. et al. Harnessing Regulatory T Cells for the Treatment of Inflammatory

Bowel Disease. Inflammatory bowel diseases, v. 21, n. 6, p. 1409-1418, 2015.

GERSEMANN, M.; WEHKAMP, J.; STANGE, E. F. Innate immune dysfunction in

inflammatory bowel disease. Journal of internal medicine, v. 271, n. 5, p. 421-428,

2012.

GILANI, A.H.; MOLLA, N.; ATTA-UR-RAHMAN; SHAH, B.H. Role of natural products

in modern medicine. Journal of Pharmaceutical Medicine, v.2, p.111-118, 1992.

Page 74: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

74

GITNICK, G. Inflammatory bowel disease: a new assessment. Scandinavian

Journal of Gastroenterology, v. 31, n. S220, p. 83-86, 1996.

GIRAULT, L. Kallawaya, guérisseursitinérants des Andes: recherchessur les

pratiquesmédicinalesetmagiques. IRD Editions, 1984.

GONZÁLEZ, R. et al. Dietary vitamin E supplementation protects the rat large

intestine from experimental inflammation. International journal for vitamin and

nutrition research, v. 71, n. 4, p. 243-250, 2001.

GONZÁLEZ, M. J. et al. Purification of Substances from Achyrocline satureioides

with Inhibitory Activity against Paenibacillus larvae, the Causal Agent of American

Foulbrood in Honeybees’ Larvae. Applied biochemistry and biotechnology, v.

175, n. 7, p. 3349-3359, 2015.

GOYAL, N. et al. Animal models of inflammatory bowel disease: a

review.Inflammopharmacology, v. 22, n. 4, p. 219-233, 2014.

GRISHAM, M. B. Oxidants and free radicals in inflammatory bowel disease. The

Lancet, v. 344, n. 8926, p. 859-861, 1994.

GROSCHWITZ, K R.; HOGAN, S.P. Intestinal barrier function: molecular regulation

and disease pathogenesis. Journal of Allergy and Clinical Immunology, v. 124, n.

1, p. 3-20, 2009.

HAGER, A.; HOWARD, L. R.; PRIOR, R. L.; BROWNMILLER, C. Processing and

storage effects on monomeric anthocyanins, percent polymeric color, and antioxidant

capacity of processed black raspberry products. Journal of Food Science, v.73,

p.134-140, 2008.

HAMPE, J. A genome-wide association scan of nonsynonymous SNPs identifies a

susceptibility variant for Crohn disease in ATG16L1.Nature genetics, v. 39, n. 2, p.

207-211, 2007.

Page 75: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

75

HANAUER, S. Inflammatory Bowel Disease: Epidemiology, Pathogenesis, and

Therapeutic Opportunities. Inflamm Bowel Dis, Chicago, Illinois, v. 12, n. 1, p.S3-

S9, jan. 2006.

HEINZEN, H; DAJAS, F. Utilization of achyroclines atureoides ("Marcela")

extracts and liposomal preparations of natural and semi-synthetic flavonoids

for the prevention and treatment of the consequences of stroke and

neurodegenerative diseases. U.S. Patent Application, 10/190,440, 3 jul. 2002.

HIDALGO-BÁEZ, D. et al. Aportes a la etnofarmacología de los páramos

venezolanos. Ciencia, v. 7, n. 1, p. 23-32, 1999.

HIRSCHMANN, G. S. The constituents of Achyrocline satureioides.DC, Rev

Latinoamer Quim, v. 15, p. 134-135, 1984.

HO, V.W.H.; SLY, L. M. Derivation and characterization of murine alternatively

activated (M2) macrophages. In: Macrophages and Dendritic Cells. Humana

Press, 2009. p. 173-185.

HOLMES, E. W. et al. Glutathione content of colonic mucosa (Evidence for oxidative

damage in active ulcerative colitis). Digestive diseases and sciences, v. 43, n. 5, p.

1088-1095, 1998.

HOLZSCHUH, M. H. et al. Identification and stability of a new bichalcone in

Achyrocline satureioides spray dried powder. Die Pharmazie-An International

Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 65, n. 9, p. 650-656, 2010.

HENDRICKSON, B. A.; GOKHALE, R.; CHO, Judy H. Clinical aspects and

pathophysiology of inflammatory bowel disease. Clinical microbiology reviews, v.

15, n. 1, p. 79-94, 2002.

HERMISTON, M. L.; GORDON, J. I. Inflammatory bowel disease and adenomas in

mice expressing a dominant negative N-cadherin. Science, v. 270, n. 5239, p. 1203-

1207, 1995.

Page 76: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

76

HUANG, Y. et al. Dietary uptake of Wedelia chinensis extract attenuates dextran

sulfate sodium-induced colitis in mice. 2013.

HYUN, J. G.; MAYER, L. Mechanisms underlying inflammatory bowel disease. Drug

Discovery Today: Disease Mechanisms, v. 3, n. 4, p. 457-462, 2007.

IBISCH, P. L. Bolivia is a megadiversity country and a developing country.

In: Biodiversity. Springer Berlin Heidelberg, 2001. p. 213-241.

INOHARA, N.; NUNEZ, G. NODs: intracellular proteins involved in inflammation and

apoptosis. Nature Reviews Immunology, v. 3, n. 5, p. 371-382, 2003.

JOLY, A. B. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 10 ed. São Paulo:

Companhia Nacional, 1991.

JONES-HALL, Y. L.; GRISHAM, M. B. Immunopathological characterization of

selected mouse models of inflammatory bowel disease: Comparison to human

disease. Pathophysiology, v. 21, n. 4, p. 267-288, 2014.

JORAY, M. B.; PALACIOS, S. M.; CARPINELLA, M. C.. Understanding the

interactions between metabolites isolated from Achyrocline satureioides in relation to

its antibacterial activity.Phytomedicine, v. 20, n. 3, p. 258-261, 2013.

JORGE L. I. F., MARKMAN B. E. O., Rev. Inst. Adolfo. Lutz., v.53, p.1-4,1993.

JOSTINS, L. et al. Host-microbe interactions have shaped the genetic architecture of

inflammatory bowel disease. Nature, v. 491, n. 7422, p. 119-124, 2012.

KAISER, G. C.; YAN, F.; POLK, D. B. Mesalamine blocks tumor necrosis factor

growth inhibition and nuclear factor κB activation in mouse

colonocytes. Gastroenterology, v. 116, n. 3, p. 602-609, 1999.

KADARIAN, C. et al. Hepatoprotective activity of Achyrocline satureioides (Lam)

DC. Pharmacological Research, v. 45, n. 1, p. 57-61, 2002.

Page 77: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

77

KARCZEWSKI, J. et al. Selected biologic markers of inflammation and activity of

Crohn’s disease. Autoimmunity, v. 48, n. 5, p. 318-327, 2015.

KHOR, B.; GARDET, A. XAVIER, R. J. Genetics and pathogenesis of inflammatory

bowel disease. Nature, v. 474, n. 7351, p. 307-317, 2011.

KIESLER, P.; FUSS, Ivan J.; STROBER, Warren. Experimental Models of

Inflammatory Bowel Diseases. CMGH Cellular and Molecular Gastroenterology

and Hepatology, v. 1, n. 2, p. 154-170, 2015.

KOUTROUBAKIS, I. E. et al. Decreased total and corrected antioxidant capacity in

patients with inflammatory bowel disease. Digestive diseases and sciences, v. 49,

n. 9, p. 1433-1437, 2004.

KORNBLUTH, A.; SACHAR, D. B. Ulcerative colitis practice guidelines in adults:

American college of gastroenterology, practice parameters committee. The

American journal of gastroenterology, v. 105, n. 3, p. 501-523, 2010.

KOTAKADI, V. S. et al. Ginkgo biloba extract EGb 761 has anti-inflammatory

properties and ameliorates colitis in mice by driving effector T cell

apoptosis. Carcinogenesis, v. 29, n. 9, p. 1799-1806, 2008.

KRIEGLSTEIN, C. F. et al. Regulation of Murine Intestinal Inflammation by Reactive

Metabolites of Oxygen and Nitrogen Divergent Roles of Superoxide and Nitric

Oxide. The Journal of experimental medicine, v. 194, n. 9, p. 1207-1218, 2001.

KRUIDENIER, L. et al Intestinal oxidative damage in inflammatory bowel disease:

semi-quantification, localization, and association with mucosal antioxidants. The

Journal of pathology, v. 201, n. 1, p. 28-36, 2003.

LABUCKAS, D. O. et al. Essential oils of Achyrocline satureioides, Achyrocline alata

and Achyrocline tomentosa. Planta medica, v. 65, n. 2, p. 184-186, 1999.

Page 78: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

78

LAMATY, G. et al. The chemical composition of some Achyrocline satureioides and

Achyrocline alata oils from Brazil. Journal of Essential Oil Research, v. 3, n. 5, p.

317-321, 1991.

LEE, J. C. Predicting the Course of IBD: Light at the End of the Tunnel?. Digestive

Diseases, v. 30, n. Suppl. 1, p. 95-99, 2012.

LEMUS, I.; GARCÍA, R.; DELVILLAR, E.; KNOP G. Hypoglycaemic activity of four

plants used in Chilean popular medicine. Phytotherapy Research, v. 13, n. 2, p. 91-

94, 1999.

LIH-BRODY, L. et al. Increased oxidative stress and decreased antioxidant defenses

in mucosa of inflammatory bowel disease. Digestive diseases and sciences, v. 41,

n. 10, p. 2078-2086, 1996.

LIU, X.; WANG, J. Anti-inflammatory effects of iridoid glycosides fraction of Folium

syringae leaves on TNBS-induced colitis in rats.Journal of ethnopharmacology, v.

133, n. 2, p. 780-787, 2011.

LIU, H. et al. Heat shock proteins: intestinal gatekeepers that are influenced by

dietary components and the gut microbiota. Pathogens, v. 3, n. 1, p. 187-210, 2014.

LOFTUS, E. V. Clinical epidemiology of inflammatory bowel disease: incidence,

prevalence, and environmental influences. Gastroenterology, v. 126, n. 6, p. 1504-

1517, 2004.

LOFTUS, E. V.; KANE, S. V.; BJORKMAN, D. Short-term adverse effects of

5-aminosalicylic acid agents in the treatment of ulcerative colitis. Alimentary

pharmacology & therapeutics, v. 19, n. 2, p. 179-189, 2004.

LORENZI, H.; MATOS, A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas.

2nda. Edición. Sao Paulo: Nova Odessa, Instituto Plantarum, 2002.

Page 79: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

79

LORENZO, D. et al. Achyrocline satureioides essential oils from southern Brazil and

Uruguay. Planta medica, v. 66, n. 5, p. 476-477, 2000.

LÓPEZ-SERRANO, P. et al. Environmental risk factors in inflammatory bowel

diseases. Investigating the hygiene hypothesis: a Spanish case–control

study. Scandinavian journal of gastroenterology, v. 45, n. 12, p. 1464-1471, 2010.

MAHID, S. et al. Smoking and inflammatory bowel disease: a meta-analysis.

In: Mayo Clinic Proceedings. Elsevier, 2006. p. 1462-1471.

MAYER, L. Evolving paradigms in the pathogenesis of IBD. Journal of

gastroenterology, v. 45, n. 1, p. 9-16, 2010.

MAZZON, E. et al. Green tea polyphenol extract attenuates colon injury induced by

experimental colitis. Free radical research, v. 39, n. 9, p. 1017-1025, 2005.

MECHANICK, J. I. The rational use of dietary supplements and nutraceuticals in

clinical medicine. The Mount Sinai journal of medicine, New York, v. 72, n. 3, p.

161-165, 2005.

MEIER, J.; STURM, A. Current treatment of ulcerative colitis.World journal of

gastroenterology: WJG, v. 17, n. 27, p. 3204, 2011.

MENDES, B. G.; MACHADO, M. J.; FALKENBERG, M. Triagem de glicolipídios em

plantas medicinais. Rev Bras Farmacogn, v. 16, n. 4, p. 568-575, 2006.

MISHRA, S. K. et al. Orally administered aqueous extract of Inonotus obliquus

ameliorates acute inflammation in dextran sulfate sodium (DSS)-induced colitis in

mice. Journal of ethnopharmacology, v. 143, n. 2, p. 524-532, 2012.

MEDINA, C.; RADOMSKI, M.W. Role of matrix metalloproteinases in intestinal

inflammation. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 318,

n. 3, p. 933-938, 2006.

Page 80: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

80

MONSÉN, U.; Broström, O.; Nordenvall, B. Prevalence of inflammatory bowel

disease among relatives of patients with ulcerative colitis. Scandinavian journal of

gastroenterology, v. 22, n. 2, p. 214-218, 1987.

MORRISON, G.; HEADON, B.; GIBSON, P. Update in inflammatory bowel

disease. Australian family physician, v. 38, n. 12, p. 956, 2009.

MOWAT, A. M. Anatomical basis of tolerance and immunity to intestinal

antigens. Nature Reviews Immunology, v. 3, n. 4, p. 331-341, 2003.

NABAVI, S. F. et al. Luteolin as an anti-inflammatory and neuroprotective agent: A

brief review. Brain research bulletin, v. 119, p. 1-11, 2015.

NEUMAN, M. G. Immune dysfunction in inflammatory bowel disease.Translational

Research, v. 149, n. 4, p. 173-186, 2007.

O'CONNOR, A. et al. Mesalamine, but Not Sulfasalazine, Reduces the Risk of

Colorectal Neoplasia in Patients with Inflammatory Bowel Disease: An Agent-specific

Systematic Review and Meta-analysis. Inflammatory bowel diseases, v. 21, n. 11,

p. 2562-2569, 2015.

ORDÁS, I. et al. Ulcerative colitis. The Lancet, v. 380, n. 9853, p.1606-1619, nov.

2012.

ORTEGA, M. G. et al. Quercetin tetraacetyl derivative inhibits LPS-induced nitric

oxide synthase (iNOS) expression in J774A. 1 cells. Archives of biochemistry and

biophysics, v. 498, n. 2, p. 105-110, 2010.

ORHOLM, M.; LANGHOLZ, E.; NIELSEN, O. Familial occurrence of inflammatory

bowel disease. New England journal of medicine, v. 324, n. 2, p. 84-88, 1991.

ORHOLM, M.; BINDER, V.; SØRENSEN, T.; RASMUSSEN, L.; KYVIK, K.

Concordance of inflammatory bowel disease among Danish twins: results of a

Page 81: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

81

nationwide study. Scandinavian journal of gastroenterology, v. 35, n. 10, p. 1075-

1081, 2000.

PARKS, W.C.; WILSON, C.L.; LÓPEZ-BOADO, Y.S. Matrix metalloproteinases as

modulators of inflammation and innate immunity. Nature reviews immunology, v. 4,

n. 8, p. 617-629, 2004.

PAVLICK, K. P. et al. Role of reactive metabolites of oxygen and nitrogen in

inflammatory bowel disease 1, 2. Free Radical Biology and Medicine, v. 33, n. 3, p.

311-322, 2002.

PEDERSEN, J. et al. Inflammatory pathways of importance for management of

inflammatory bowel disease. World J Gastroenterol, v. 20, n. 1, p. 64-77, 2014.

PEYRIN-BIROULET, L. et al. Selecting therapeutic targets in inflammatory bowel

disease (STRIDE): determining therapeutic goals for treat-to-target. The american

journal of gastroenterology, v. 110, n. 9, p. 1324-1338, 2015.

PHILPOTT, D. J. et al. NOD proteins: regulators of inflammation in health and

disease. Nature reviews immunology, v. 14, n. 1, p. 9-23, 2014.

PIECHOTA-POLANCZYK, A.; FICHNA, J. Review article: the role of oxidative stress

in pathogenesis and treatment of inflammatory bowel diseases. Naunyn-

Schmiedeberg's archives of pharmacology, v. 387, n. 7, p. 605-620, 2014.

PILLARISETTY, Venu G. et al. Liver dendritic cells are less immunogenic than

spleen dendritic cells because of differences in subtype composition.The Journal of

Immunology, v. 172, n. 2, p. 1009-1017, 2004.

PODOLSKY, D.K. Inflammatory bowel disease. N Engl J Med, v.347, n.6, Aug 8,

p.417-29. 2002.

PONDER, A.; LONG, M. D. A clinical review of recent findings in the epidemiology of

inflammatory bowel disease. Clinical epidemiology, v. 5, p. 237, 2013.

Page 82: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

82

PORTER, C. K. et al. Infectious gastroenteritis and risk of developing inflammatory

bowel disease. Gastroenterology, v. 135, n. 3, p. 781-786, 2008.

PUHLMANN, J. et al. Immunologically active metallic ion-containing polysaccharides

of Achyrocline satureioides. Phytochemistry, v. 31, n. 8, p. 2617-2621, 1992.

QADRIE, Z. L.; RAJKAPOOR, B.; KAVIMANI, S. Antioxidant Activity of Ethanolic

Extracts of Callicarpa Linata Leaf. International Journal of Pharmacological

Research, v. 5, n. 6, p. 129-132, 2015.

RAHMAN, A. et al. β-Defensin production by human colonic plasma cells: A new look

at plasma cells in ulcerative colitis. Inflammatory bowel diseases, v. 13, n. 7, p.

847-855, 2007.

RAHMAN, A. et al. Chronic colitis induces expression of β-defensins in murine

intestinal epithelial cells. Clinical & Experimental Immunology, v. 163, n. 1, p. 123-

130, 2011.

RAJENDRAN, P. et al. Antioxidants and human diseases. Clinica Chimica Acta, v.

436, p. 332-347, 2014.

RATERA, E. L.; RATERA, M. O. Plantas de la flora argentina empleadasen medicina

popular. 1980.

RAY, A. et al. Gut microbial dysbiosis due to helicobacter drives an increase in

marginal zone B cells in the absence of IL-10 signaling in macrophages. The Journal

of Immunology, v. 195, n. 7, p. 3071-3085, 2015.

REINECKE, M. G.; MINTER, D. E.; JIA, Q. Carbon and proton NMR assignments for

6, 7-dimethoxycoumarin. Magnetic Resonance in Chemistry, v. 33, n. 9, p. 757-

758, 1995.

Page 83: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

83

RETTA, D. et al. Marcela, a promising medicinal and aromatic plant from Latin

America: A review. Industrial Crops and Products, v. 38, p. 27-38, 2012.

RIOUX, J. D. et al. Genome-wide association study identifies new susceptibility loci

for Crohn disease and implicates autophagy in disease pathogenesis. Nature

genetics, v. 39, n. 5, p. 596-604, 2007.

ROESSNER, A. et al. Oxidative stress in ulcerative colitis-associated

carcinogenesis. Pathology-Research and practice, v. 204, n. 7, p. 511-524, 2008.

ROGLER, G.; ANDUS, T. Cytokines in inflammatory bowel disease.World journal of

surgery, v. 22, n. 4, p. 382-389, 1998.

ROGLER, G; VAVRICKA, S. Exposome in IBD: recent insights in environmental

factors that influence the onset and course of IBD.Inflammatory bowel diseases, v.

21, n. 2, p. 400-408, 2015.

RUIZ, Pedro A. et al. Quercetin inhibits TNF-induced NF-κB transcription factor

recruitment to proinflammatory gene promoters in murine intestinal epithelial

cells. The Journal of nutrition, v. 137, n. 5, p. 1208-1215, 2007.

SABINI, M. C. et al. Evaluation of the cytotoxicity, genotoxicity and apoptotic

induction of an aqueous extract of Achyrocline satureioides (Lam.) DC. Food and

chemical toxicology, v. 60, p. 463-470, 2013.

SAKTHIVEL, K. M.; GURUVAYOORAPPAN, C. Modulating effect of

Biophytumsensitivum extract on rats with acetic acid-induced ulcerative

colitis. Pharmaceutical biology, v. 52, n. 12, p. 1570-1580, 2014.

SALES-CAMPOS, H. et al. Classical and recent advances in the treatment of

inflammatory bowel diseases. Brazilian Journal of Medical and Biological

Research, v. 48, n. 2, p. 96-107, 2015.

Page 84: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

84

SANCHEZ DE MEDINA, F. et al. Effect of quercitrin on the early stages of hapten

induced colonic inflammation in the rat. Life sciences, v. 70, n. 26, p. 3097-3108,

2002.

SANTIN, J. R. et al. Antiulcer effects of Achyrocline satureoides (Lam.) DC

(Asteraceae)(Marcela), a folk medicine plant, in different experimental

models. Journal of ethnopharmacology, v. 130, n. 2, p. 334-339, 2010.

SANTIN, J. R. et al Gastroprotective and anti-helicobacter pylori effects of a flavonoid

rich fraction obtained from Achyrocline satureoides (Lam.) DC. International Journal

of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences, v. 6, n. 7, 2014.

SCHMEDA HIRSCHMANN, G. The constituents of Achyrocline satureioides

DC. Rev. Latinoam. Quim, v. 15, p. 134-135, 1984.

SERIL, D. N. et al. Oxidative stress and ulcerative colitis-associated carcinogenesis:

studies in humans and animal models. Carcinogenesis, v. 24, n. 3, p. 353-362,

2003.

SEVERIN, C. et al. Efecto de algunos fitorreguladores y estudio histológico sobre la

regeneración in vitro de Achyrocline satureioides (Lam.) DC. Boletín

latinoamericano y del Caribe de plantas medicinales y aromáticas, v. 7, n. 1, p.

18-24, 2008.

SILVA, I. D.; RODRIGUES, A. S.; GASPAR, J.; MAIA, R.; LAIRES, A.; RUEFF, J.

Involvement of rat cytochrome 1A1 in the biotransformation of kaempferol to

quercetin: relevance to the genotoxicity of kaempferol. Mutagenesis, v.12,

n.5,p.383-390, 1997.

SHALE, M.; SCHIERING, C.; POWRIE, F. CD4+ T-cell subsets in intestinal

inflammation. Immunological reviews, v. 252, n. 1, p. 164-182, 2013.

Page 85: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

85

SINGH, V.P. et al. Effect of nimesulide on acetic acid-and leukotriene-induced

inflammatory bowel disease in rats. Prostaglandins & other lipid mediators, v. 71,

n. 3, p. 163-175, 2003.

SONG, M.; PARK, H. Anti-inflammatory effect of Phellinus linteus grown on

germinated brown rice on dextran sodium sulfate-induced acute colitis in mice and

LPS-activated macrophages. Journal of ethnopharmacology, v. 154, n. 2, p. 311-

318, 2014.

SOTNIKOVA, R.; NOSALOVA, V.; NAVAROVA, J. Efficacy of quercetin derivatives in

prevention of ulcerative colitis in rats.Interdisciplinary toxicology, v. 6, n. 1, p. 9-12,

2013.

STROBER, W. et al. Pro-inflammatory cytokines underlying the inflammation of

Crohn’s disease. Current opinion in gastroenterology, v. 26, n. 4, p. 310, 2010.

STROBER, W. et al. Methods of treating and preventing colitis involving IL-13

and NK-T cells. U.S. Patent n. 8,821,866, 2 set. 2014.

SU, L. et al. Targeted epithelial tight junction dysfunction causes immune activation

and contributes to development of experimental colitis. Gastroenterology, v. 136, n.

2, p. 551-563, 2009.

STROBER, W. et al. Pro-inflammatory cytokines underlying the inflammation of

Crohn’s disease. Current opinion in gastroenterology, v. 26, n. 4, p. 310, 2010. ŠVENTORAITYTĖ, J. et al. Immune system alterations in patients with inflammatory

bowel disease during remission. Medicina (Kaunas), v. 44, n. 1, p. 1, 2008.

TAKAGI, H. et al. Efficacy of transgenic rice containing human interleukin-10 in

experimental mouse models of colitis and pollen allergy.Plant Biotechnology, v. 32,

n. 4, p. 329-332, 2015.

TAKAGI, T.; UCHIYAMA, K.; NAITO, Y.. Oxidative Stress in Inflammatory Bowel

Disease. In: Studies on Pediatric Disorders. Springer New York, 2014. p. 301-314.

Page 86: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

86

TAYLOR, K.M.; IRVING, P.M. Optimization of conventional therapy in patients with

IBD. Nature Reviews Gastroenterology and Hepatology, v. 8, n. 11, p. 646-656,

2011.

TERAI, T. et al. Induction of murine TNBS colitis is strictly controlled by a modified

method using continuous inhalation anesthesia with sevoflurane. Digestive diseases

and sciences, v. 59, n. 7, p. 1415-1427, 2014.

THOMAS, C. W. et al. Selective inhibition of inflammatory gene expression in

activated T lymphocytes: a mechanism of immune suppression by

thiopurines. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 312, n.

2, p. 537-545, 2005.

THORKILDSEN, L. T. et al. Dominant fecal microbiota in newly diagnosed untreated

inflammatory bowel disease patients. Gastroenterology research and practice, v.

2013, 2013.

TOBLLI, J. E.; CAO, G.; ANGEROSA, M. Ferrous sulfate, but not iron polymaltose

complex, aggravates local and systemic inflammation and oxidative stress in dextran

sodium sulfate-induced colitis in rats. Drug design, development and therapy, v. 9,

p. 2585, 2015.

TSANG, S. W. et al. A Chinese medicinal formulation ameliorates dextran sulfate

sodium-induced experimental colitis by suppressing the activity of nuclear factor-

kappaB signaling. Journal of ethnopharmacology, v. 162, p. 20-30, 2015.

TURNER, J.R. Molecular basis of epithelial barrier regulation: from basic

mechanisms to clinical application. The American journal of pathology, v. 169, n.

6, p. 1901-1909, 2006.

TYSK, C.; LINDBERG, E.; JÄRNEROT, G.; FLODERUS-MYRHED, B. Ulcerative

colitis and Crohn's disease in an unselected population of monozygotic and dizygotic

Page 87: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

87

twins. A study of heritability and the influence of smoking. Gut, v. 29, n. 7, p. 990-

996, 1988.

UCHIYAMA, K. et al. Serpin B1 protects colonic epithelial cell via blockage of

neutrophil elastase activity and its expression is enhanced in patients with ulcerative

colitis. American Journal of Physiology-Gastrointestinal and Liver Physiology,

v. 302, n. 10, p. G1163-G1170, 2012.

UPADHYAY, R.; MOHAN RAO, L. Jagan. An outlook on chlorogenic acids—

occurrence, chemistry, technology, and biological activities. Critical reviews in food

science and nutrition, v. 53, n. 9, p. 968-984, 2013.

UTRILLA, M. et al. Pea (Pisum sativum L.) seed albumin extracts show

anti-inflammatory effect in the DSS model of mouse colitis. Molecular nutrition &

food research, v. 59, n. 4, p. 807-819, 2015.

VALATAS, V.; BAMIAS, G.; KOLIOS, G. Experimental colitis models: Insights into the

pathogenesis of inflammatory bowel disease and translational issues. European

journal of pharmacology, v. 759, p. 253-264, 2015.

VAN SCHAIK, F. D. et al. Serological markers predict inflammatory bowel disease

years before the diagnosis. Gut, v. 62, n. 5, p. 683-688, 2013.

VAN WYK, B.; WINK, M. Phytomedicines, herbal drugs, and poisons. University

of Chicago Press, 2015.

VELASCO-NEGUERUELA, A.; PÉREZ-ALONSO, M. J.; ESENARRO ABARCA, G.

Medicinal plants from Pampallakta: an Andean community in Cuzco

(Peru). Fitoterapia, v. 66, n. 5, p. 447-461, 1995.

VITOR, C. E. et al. Therapeutic action and underlying mechanisms of a combination

of two pentacyclic triterpenes, α-and β-amyrin, in a mouse model of colitis. British

journal of pharmacology, v. 157, n. 6, p. 1034-1044, 2009.

Page 88: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

88

VOGT, V. et al. Biocontrol Activity of Medicinal Plants from Argentina. In: Plant-

Growth-Promoting Rhizobacteria (PGPR) and Medicinal Plants. Springer

International Publishing, 2015. p. 413-430.

WANNMACHER, L. et al. Plants employed in the treatment of anxiety and insomnia:

I. An ethnopharmacological survey in Porto Alegre, Brazil.Fitoterapia, v. 61, n. 5, p.

445-448, 1990.

WEYLANDT, K. H. et al. Lipoxins and resolvins in inflammatory bowel

disease. Inflammatory bowel diseases, v. 13, n. 6, p. 797-799, 2007.

WONG, V. K. C.; YU, L.; CHO, C. H. Protective effect of polysaccharides from

Angelica sinensis on ulcerative colitis in rats. Inflammopharmacology, v. 16, n. 4, p.

162-167, 2008.

XAVIER, R. J.; PODOLSKY, D. K. Unravelling the pathogenesis of inflammatory

bowel disease. Nature, v. 448, n. 7152, p. 427-434, 2007.

YASUKAWA, K. et al. The detrimental effect of nitric oxide on tissue is associated

with inflammatory events in the vascular endothelium and neutrophils in mice with

dextran sodium sulfate-induced colitis. Free radical research, v. 46, n. 12, p. 1427-

1436, 2012.

ZHANG, D. et al. Interleukin-10 gene-carrying bifidobacteria ameliorate murine

ulcerative colitis by regulating regulatory T cell/T helper 17 cell

pathway. Experimental Biology and Medicine, p. 1535370215584901, 2015.

ZIGMOND, E. et al. Macrophage-restricted interleukin-10 receptor deficiency, but not

IL-10 deficiency, causes severe spontaneous colitis.Immunity, v. 40, n. 5, p. 720-

733, 2014.

Page 89: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Jaime Antonio Machado Farias.pdf · JAIME ANTÔNIO MACHADO FARIAS ESTUDO DO POTENCIAL PROTETOR DE Achyrocline satureioides

89

ZORZI, G.K. et al. Antioxidant Effect of Nanoemulsions Containing Extract of

Achyrocline satureioides (Lam) DC—Asteraceae.AAPS PharmSciTech, p. 1-7,

2015.

ZUNDLER, S.; NEURATH, M. F. Interleukin-12: Functional activities and implications

for disease. Cytokine & growth factor reviews, v. 26, n. 5, p. 559-568, 2015.