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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental PROPOSTA DE ZONEAMENTO PARA O PARQUE NATURAL MUNICIPAL RAIMUNDO GONÇALEZ MALTA, BALNEÁRIO CAMBORIÚ, SC: SUBSÍDIO AO PLANO DE MANEJO Ac: Marcio Della Costa Júnior Orientadora: Rosemeri Carvalho Marenzi, Dra. Coorientadora: Helia Del Carmen Farias Espinoza, Dra. Itajaí, 2013

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U NI V ER S ID AD E D O VAL E D O IT AJ AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

PROPOSTA DE ZONEAMENTO PARA O PARQUE NATURAL

MUNICIPAL RAIMUNDO GONÇALEZ MALTA, BALNEÁRIO

CAMBORIÚ, SC: SUBSÍDIO AO PLANO DE MANEJO

Ac: Marcio Della Costa Júnior

Orientadora: Rosemeri Carvalho Marenzi, Dra.

Coorientadora: Helia Del Carmen Farias Espinoza, Dra.

Itajaí, 2013

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U NI V ER S ID AD E D O VAL E D O IT AJ AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROPOSTA DE ZONEAMENTO PARA O PARQUE NATURAL

MUNICIPAL RAIMUNDO GONÇALEZ MALTA, BALNEÁRIO

CAMBORIÚ, SC: SUBSÍDIO AO PLANO DE MANEJO

Marcio Della Costa Júnior

Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Ambiental como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental.

Itajaí, 2013

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ii

DEDICATÓRIA

Em sinal da minha gratidão dedico este trabalho a meus

pais, Marcio e Rosangela, que sempre me apoiaram e

incentivaram em todos os momentos de minha vida, que

estiveram sempre ao meu lado de forma sábia, ensinando

e mostrando os verdadeiros valores e a importância do

caráter na busca de meus sonhos.

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iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em primeiro lugar por mais esta etapa concluída em minha vida, agradeço

meus pais, irmão e irmã por todo apoio e compreensão nos momentos de minha ausência

durante este período dedicado ao ensino superior, por possibilitarem e ajudarem a tornar

realidade este sonho que esta só começando.

Agradeço a minhas orientadoras, Rosemeri e Helia, por todo conhecimento passado, por

toda ajuda e paciência que tiveram ao me acompanhar na elaboração deste trabalho.

Agradeço a todas as pessoas que estiveram junto comigo durante esta etapa de minha vida,

e de alguma forma me apoiaram, ajudaram, tiveram paciência e compreensão para entender

os momentos difíceis, como também compartilharam comigo tantos momentos bons e

inesquecíveis que estarão guardados comigo para sempre.

São palavras simples que tentam mostrar a minha enorme gratidão. Muito obrigado!

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iv

RESUMO

Uma forma de limitar o acelerado desenvolvimento econômico e a prioridade do retorno

financeiro imediato, negligenciando as consequências socioambientais, é a destinação de

áreas naturais para criação de Parques Naturais. É o caso do Parque Municipal Raimundo

Gonçalez Malta, em Balneário Camboriú, SC. Este trabalho vem subsidiar a futura

elaboração do plano de manejo com a proposta de seu zoneamento, visto que, o mesmo

não possui tal documento de grande importância, que serve de base para tomadas de

decisões e uma gestão adequada. Foram utilizados critérios para definição do zoneamento

com base nos anseios dos gestores, as características físicas e vocação de uso da área.

Como ferramentas para a caracterização da área, foram utilizadas imagens de satélite

devidamente georreferenciadas, pontos coletados com auxilio de GPS, mapeamento da

ocupação e cobertura do solo, classificando a vegetação, urbanização e demais usos.

Também a coleta de dados contou com pesquisa de dados secundários e entrevista com os

atores envolvidos sobre o conhecimento e anseios em relação ao Parque. Com base no

critério de grau de intervenção, dados das entrevistas realizadas e mapas gerados foram

estabelecidas sete (7) zonas de manejo, incluindo desde a zona intangível com a área de

vegetação a ser conservada até a zona de uso conflitante com áreas que possuem o

objetivo de uso diferente do estabelecido para UCs. É esperado que este trabalho possa

subsidiar a gestão do Parque de forma a atender os objetivos desta categoria de unidade de

conservação.

Palavras-chaves: Unidade de conservação; Caracterização Ambiental; Parque Natural

Municipal Raimundo Gonçalez Malta.

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v

ABSTRACT

One way to limit the rapid economic development and the priority of immediate financial

returns, neglecting the social and environmental consequences, is the allocation of natural

areas for creation of National Parks. This is the case of the Municipal Park Raimundo

Gonçalez Malta in Balneario Camboriu, SC. This work has been subsidizing the further

elaboration of the management plan with the proposed zoning, given that it does not have

such a document of great importance, which serves as the basis for decision making and

proper management. Criteria were used to define the zoning based on the wishes of the

managers, the physical characteristics and type of use of the area. As tools for the

characterization of the area were used satellite images properly georeferenced points

collected with the aid of GPS, mapping of occupation and land cover, classifying vegetation,

urbanization and other uses. Also the data collection included research of secondary data

and interviews with the actors involved on the knowledge and aspirations in relation to the

Park. Based on the criterion of degree of intervention, data from interviews and generated

maps were established seven (7) management zones, including from the intangible zone

with an area of vegetation to be retained until the area use conflicts with areas that have the

purpose of use other than established for UCs. It is expected that this work can support the

management of the park to meet the objectives of this category of conservation unit

Keywords: Conservation Unit; Environmental Characterization; Municipal Natural Park

Raimundo Gonçalez Malta

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vi

SUMÁRIO

Dedicatória ................................................................................................................................... i

Agradecimentos ......................................................................................................................... iii

Resumo...................................................................................................................................... iv

Abstract ....................................................................................................................................... v

Sumário...................................................................................................................................... vi

Lista de Figuras ......................................................................................................................... ix

Lista de Tabelas ........................................................................................................................ xi

Lista de Abreviaturas ................................................................................................................ xii

1 Introdução............................................................................................................................ 1

1.1 Objetivos ...................................................................................................................... 2

1.1.1 Geral ..................................................................................................................... 2

1.1.2 Específicos ........................................................................................................... 2

2 Fundamentação Teórica ..................................................................................................... 3

2.1 Unidades de Conservação (UCs) ................................................................................ 3

2.1.1 Histórico ................................................................................................................ 3

2.1.2 Categoria de Parques........................................................................................... 5

2.2 Ecologia da Paisagem ................................................................................................. 7

2.2.2 Fragmentação e Conectividade ........................................................................... 9

2.3 Zoneamento ............................................................................................................... 11

2.3.1 Critérios para definição de zoneamento ............................................................ 11

2.3.2 Zoneamento de parques .................................................................................... 14

2.4 Sistema de Informação Geográfica (SIG) ................................................................. 16

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vii

3 Metodologia ....................................................................................................................... 18

3.1 Área de estudo ........................................................................................................... 18

3.1.1 Localização Geográfica ...................................................................................... 18

3.1.2 Características e acesso .................................................................................... 18

3.2 Natureza da pesquisa ................................................................................................ 20

3.3 Procedimentos Metodológicos .................................................................................. 21

3.3.1 Caracterização do Meio Físico ........................................................................... 21

3.3.2 Levantamento do conhecimento e anseios sobre o Parque ............................. 22

3.4 Elaboração do Mapeamento ..................................................................................... 22

3.4.1 Elaboração da Delimitação da Área do Parque................................................. 23

3.4.2 Obtenção das imagens de satélite ..................................................................... 23

3.4.3 Mosaicagem ....................................................................................................... 23

3.4.4 Georreferenciamento.......................................................................................... 23

3.4.5 Classificação manual da imagem ...................................................................... 24

3.4.6 Mapa de Uso e Cobertura do Solo..................................................................... 24

3.4.7 Mapa de Zoneamento ........................................................................................ 24

4 Resultados e Discussão.................................................................................................... 25

4.1 Meio físico .................................................................................................................. 25

4.1.1 Clima ................................................................................................................... 25

4.1.2 Geomorfologia e geologia .................................................................................. 26

4.1.3 Edafologia ........................................................................................................... 26

4.1.4 Hidrologia ............................................................................................................ 27

4.2 Conhecimento e Anseio sobre o Parque................................................................... 29

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4.2.1 Gestores e Funcionários .................................................................................... 29

4.2.2 Visitantes potenciais ........................................................................................... 31

4.3 Delimitação da área do parque ................................................................................. 32

4.4 Uso e cobertura do solo ............................................................................................. 34

4.5 Proposta de Zoneamento .......................................................................................... 39

4.5.1 Zonas de Manejo ................................................................................................ 39

4.5.2 Zona de Amortecimento ..................................................................................... 42

5 Considerações Finais ........................................................................................................ 45

6 Referências ....................................................................................................................... 47

Apendice 1 Roteiro Semi Estruturado de Pesquisa Qualitativa .............................................. 52

Apendice 2 Mapa de Delimitação de APP e da Área do Parque Natural Municipal Raimundo

Gonçalez Malta ......................................................................................................................... 54

Apendice 3 Mapa de Área Inundável do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta

.................................................................................................................................................. 56

Apendice 4 Mapa de trilhas do parque natural municipal raimundo gonçalez malta.............. 58

Apendice 5 Mapa de Zona de Amortecimento do Parque Natural Municipal Raimundo

Gonçalez Malta ......................................................................................................................... 60

Apendice 6 Mapa de Uso e Cobertura do Solo do Parque Natural Municipal Raimundo

Gonçalez Malta ......................................................................................................................... 62

Apendice 7 Mapa de Zoneamento do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta 64

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ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Enquadramento das zonas por nível de intervenção. Fonte: ICMBio, 2002. ......... 13

Figura 2 - Localização do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta de estudo no

município de Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor. .............................................................. 18

Figura 3 – Localização do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta no município

de Balneário Camboriú, SC com destaque para as principais vias de acesso. Fonte: Autor 20

Figura 4 - Fluxograma das etapas realizadas. Fonte: Autor. .................................................. 21

Figura 5 - Dados climatológicas, na estação meteorológica de Camboriú, SC. Fonte: Araujo

et al 2006. ................................................................................................................................. 25

Figura 6 - Mapa Planialtimétrico e delimitação da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú, com a

área do Parque indicada pelo polígono verde. Fonte: CIRAM, 1999 Modificado. .................. 27

Figura 7 - Mapa de área inundável do parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta,

Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor. ................................................................................... 29

Figura 8 – Representação gráfica com importância da existência do Parque Natural

Municipal Raimundo Gonçalez Malta no município de Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

.................................................................................................................................................. 31

Figura 9 - Mapa de delimitação de APP e da área do Parque Natural Municipal Raimundo

Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor. ........................................................ 33

Figura 10 - Classes de uso e cobertura do solo no Parque Natural Municipal Ramindo

Gonçalez Malta - Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor. ....................................................... 35

Figura 11 - Mapa de uso e cobertura do solo do Parque Natural Municipal Raimundo

Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor. ........................................................ 36

Figura 12 – Representação gráfica de proporção das áreas de uso e cobertura do solo do

Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

.................................................................................................................................................. 36

Figura 13 - Mapa de Trilhas do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta,

Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor. ................................................................................... 38

Figura 14 - Mapa de proposta de zoneamento do Parque Natural Municipal Raimundo

Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor. ........................................................ 39

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x

Figura 15 – Representação gráfica com as proporções de Áreas da proposta de

zoneamento para o Parque Natural Municial Raimundo Gonçalez Malta, Balneário

Camboriú, SC. Fonte: Autor. .................................................................................................... 42

Figura 16 - Mapa com proposta de Zona de Amortecimento e Área de Interesse para o

Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

.................................................................................................................................................. 43

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xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comprimento das trilhas do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta

– Balneário Camboriú, SC. ....................................................................................................... 38

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xii

LISTA DE ABREVIATURAS

APP – Área de Preservação Permanente;

IBGE – Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística;

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade;

MAC – Macrozona de Ambiente Construído;

SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente de Balneário Camboriú;

SIG – Sistema de Informação Geográfica;

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza;

UCs – Unidades de Conservação;

UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí;

ZA – Zona de Amortecimento;

ZOR-1 - Zona de Ocupação Restrita.

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1

1 INTRODUÇÃO

Diante a situação do acelerado desenvolvimento econômico, onde é priorizado o retorno

financeiro imediato, negligenciando as consequências de diversos investimentos e ações,

como o avanço do setor imobiliário e agrícola, pode-se dizer que em quase todos os casos o

alvo mais frequente de impactos negativos é a natureza. Estes fatores, associados ao

desordenado crescimento urbano, ocasionaram a crescente degradação dos ecossistemas.

Uma maneira de frear esta degradação é a destinação de áreas naturais para a criação de

Unidades de conservação (UCs). Entre as categorias de UCs os parques são criados em

áreas que possuem significativa importância para biodiversidade e beleza cênica,

proporcionam a pesquisa cientifica, educação e interpretação ambiental, recreação em

contato com a natureza e ecoturismo, conforme Brasil (2000). Em consequência das

diversas atividades a serem realizadas em um parque, é fundamental que se tenha um

adequado plano de manejo (MATOS, 2004).

O conceito de plano de manejo é encontrado na Lei 9.985, de 18 de julho de 2000. Esta lei

estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. De acordo com o

Capitulo I, Artigo 2º, plano de manejo é “um documento técnico mediante o qual, com

fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu

zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos

naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade”.

(BRASIL, 2000)

O Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta esta localizado na cidade de

Balneário Camboriú, possui ecossistemas importantes para a manutenção do bioma, como

o mangue e a floresta atlântica, que estão cercados pela urbanização. Atualmente é

administrado pela Secretaria do Meio Ambiente (SEMAM), que possui sede no local, a Casa

do Pensamento.

Contudo, apesar de tamanha importância, o parque ainda não possui plano de manejo,

agravado pelo fato que os seus limites são incertos e estão atualmente sob revisão. Sendo

assim, este trabalho tem como objetivo propor um zoneamento para subsidiar a elaboração

do plano de manejo para o Parque Municipal Natural Raimundo Gonçalez Malta, localizado

em Balneário Camboriú - SC. Este trabalho poderá contribuir para o uso adequado da área

de acordo com os objetivos propostos para esta categoria.

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2

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Propor um zoneamento para o Parque Municipal Natural Raimundo Gonçalez Malta como

subsídio a elaboração do plano de manejo com base na ecologia da paisagem da área.

1.1.2 Específicos

• Caracterizar o meio físico na área do parque, como base para os critérios de

zoneamento;

• Definir a delimitação espacial da área do parque, como requisito ao zoneamento;

• Levantar e mapear o uso e cobertura do solo na área do parque, como base para os

critérios de zoneamento;

• Levantar o conhecimento e anseios sobre o parque pelos atores envolvidos, como

base para os critérios de zoneamento;

• Elaborar mapa de zoneamento do parque, incluindo a ecologia da paisagem no

entorno;

• Subsidiar a elaboração do futuro plano de manejo do parque, apresentando a

proposta aos gestores da UC.

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3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (UCS)

2.1.1 Histórico

No fim do século XIX iniciou o movimento a favor dos parques nos países já industrializados,

tendo um aumento significativo no decorrer do século XX, firmando-se nos países em

desenvolvimento após a Segunda Guerra Mundial (SCHAIK et al., 2002).

Na Índia surgiram as primeiras diretrizes com sentidos de conservação da vida silvestre que

se tem registro, datadas do século quatro antes de Cristo, onde todas as formas de uso ou

atividade extrativista foram proibidas nas florestas sagradas. A segunda evidência foi

constatada no ano 700 a.C. onde os nobres assírios conceberam reservas para caça, cujo

único fim eram treinar técnicas de corrida e caça. Após, existiram áreas de caça

semelhantes criadas pelo Império Persa entre os anos 550 e 350 a.C.. Diversas intenções

semelhantes foram surgindo como as leis de proteção de áreas úmidas no nordeste da

China durante o sexto século depois de Cristo, a criação de reservas de javalis e veados no

ano 726 pela cidade estado de Veneza, e as florestas e bosques sagrados criados na

Rússia (DAVENPORT & RAO, 2002).

As primeiras discussões sobre a áreas protegidas nos Estados Unidos tiveram repercussão

em diversos outros países, servindo de incentivo para criação de parques. Em agosto de

1912 ficava criada a Lei sobre o Serviço de Parques Nacionais (National Park Service Act)

ou Lei Orgânica (Organic Act) que dava atribuição de manejar parques nacionais para uso

público e manter seus recursos intocados. Nos EUA, em 1872, foi criado o primeiro parque

nacional, o Parque Nacional de Yellowstone, que foi muito bem visto e preencheu uma

lacuna para o país, se tornando uma referência para as unidades de conservação modernas

(DAVENPORT & RAO, 2002) e servindo de inspiração para diversos países criarem parques

nacionais, como o Canadá em 1885; a Nova Zelândia em 1894; a África do Sul e México em

1898 e Argentina em 1903 (ARAUJO, 2007).

Alguns historiadores afirmam que a origem da ideia de criação do parque Yellowstone foi

inspirada na intenção de abrir mão de um território em favor de todas as gerações,

impedindo que as experiências devastadoras da colonização do oeste norte americano

viessem a ocorrer naquela região, enquanto outros afirmavam que a ideia foi influenciada

por interesses comerciais das empresas ferroviárias que reconheciam a área como grande

potencial de turismo, tentando criar um monopólio no transporte de turistas. Porém,

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4

independente da forma que tenha sido criada, a ideia de parque nacional se fixou

(ARAUJO, 2007).

Seguindo a preocupação com a destruição das florestas, na Austrália o primeiro parque a

ser criado foi o River Fish Caves, em 1866, seguido do Jamieson Creek em 1872, porém,

eram modestas se comparadas com Yellowstone, principalmente por serem próximas a área

urbana de Sidney. Quase dez anos depois, em 1880, foi criado um parque realmente

extenso, abrangendo 14 mil hectares, chamado de Parque Nacional Real (National Royal

Park) (DAVENPORT & RAO, 2002). Para os autores, após a criação do Parque Nacional de

Yellowstone viu-se a possibilidade da destinação de áreas para proteção também no Brasil,

sendo que o primeiro a propor a criação de parques, em 1876, foi o engenheiro André

Rebouças (1838-1898) que sugeriu dois locais para implantação, a Ilha do Bananal, no rio

Araguaia, e as Sete Quedas, no Rio Paraná. Porém, até a concretização de seu ideal, o

mesmo ideal compartilhado pelas outras pessoas que também estavam à frente nesta

causa, tiveram resistência do cenário politico, econômico e social por cerca de cinco

décadas.

Em 1921 foi criado o Serviço Florestal Brasileiro através do Decreto Legislativo nº 4.421,

que passa a ter as delegações de estudar e propor ao governo as melhores situações para

o estabelecimento de parques nacionais, surgindo ai, as primeiras referências legais desta

categoria. Além de propor que seriam criados em locais com notável e bela topografia,

contendo florestas virgens típicas. Em 1934 é realizada a Primeira Conferência Brasileira de

Proteção a Natureza, no Rio de Janeiro, que tinha os objetivos de pressionar o governo a

cumprir as medidas do recém Código Florestal aprovado no mesmo ano, além de criar o

Sistema de Parques Nacionais.

Somente em 1937 foi criado o primeiro parque no país, o Parque Nacional do Itatiaia. No

inicio do século XX uma nova geração de intelectuais estavam comprometidos com a

conservação da natureza, o jornalista Euclides da Cunha (1866-1909) apresentou

publicações descrevendo os problemas gerados pelo abandono das terras esgotadas pelo

cultivo do café e as pilhas de lenha estocadas ao longo de ferrovias, atraindo a atenção da

classe média urbana. Junto a isto, o governo passou a modernizar suas instituições, visando

o melhor aproveitamento dos recursos naturais (ARAUJO, 2007).

Conforme a legislação entende-se unidade de conservação sendo espaços territoriais com

seus recursos ambientais, que possuam características naturais relevantes, estando

legalmente instituídos pelo Poder Público. Devem possuir objetivo de conservação e ter

limites definidos, com regime administrativo destinado a proteção (BRASIL, 2000).

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Conforme o trabalho realizado por Marenzi et al (2005) durante o ano 2002, no Estado de

Santa Catarina foram levantadas 92 UCs, destas, 14 são unidades federais, 9 unidades

estaduais, 46 unidades municipais e 23 Reservas Particulares do Patrimônio Natural.

Totalizando uma área de 594.307,77 ha. Atualmente, no Estado de Santa Catarina existem

10 Unidades de Conservação Estaduais que são administradas pela Fundação do Meio

Ambiente de Santa Catarina (FATMA) (SANTA CATARINA, 2012).

Em Balneário Camboriú, além da criação do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçaçez

Malta em 1993 pelo decreto no 2.351, existe mais duas Unidades de Conservação. Através

do decreto 057/99 foi criado a RPPN Morro da Aguada (Normando Tedesco) com uma área

de 3,82 ha (BALNEÁRIO CAMBORIÚ, 1999) e da Lei 1.985 de 2000 foi criada a Área de

Proteção Ambiental Costa Brava abrangendo as praias de Taquarinhas, Taquaras, do Pinho

e do Estaleiro (BALNEÁRIO CAMBORIÚ, 2000). Desde 2009 esta em discussão o Projeto

de Lei no 612/09 que estabelece a criação do Parque Estadual da Praia de Taquarinhas

ocupando uma área total de 304.830 m² (BALNEÁRIO CAMBORIÚ, 2009).

De certa forma, sabe-se que a sociedade tende a estabelecer sistemas de parques somente

depois de passar por perdas importantes de espécies ou paisagens, além do apoio dos

moradores locais, que demora a ser manifestado após a criação das áreas de proteção

(DAVENPORT & RAO, 2002).

2.1.2 Categoria de Parques

Atendendo a demanda do Congresso de Parques de 1972, a Comissão de Parques e Áreas

Protegidas – Commission on National Parks and Protected Areas / The World Conservation

Union CNPPA/ IUCN iniciou seus trabalhos, em 1975, para estabelecer um sistema

internacional de classificação para as áreas protegidas. O trabalho foi publicado em 1978

trazendo de forma clara a terminologia para as categorias de manejo, se tornando um guia

da IUNC. Foram propostas as dez seguintes categorias de manejo: Reserva Cientifica /

Reserva Natural Restrita; Parque Nacional; Monumento Natural / Monumento Nacional;

Reserva de Conservação da Natureza / Reserva Natural Manejada / Santuário de Vida

Silvestre; Paisagem Protegida; Reserva Antropológica; Área Natural Manejada com

Finalidade de Utilização Múltipla; Reserva da Biosfera e Sítio Natural do Patrimônio Mundial.

Alguns anos depois foi criado forças tarefa para aprimoramento do sistema de classificação

e encaminhado a proposta diversas vezes, mais de uma década depois da criação, o novo

sistema de classificação foi sancionado em Buenos Aires ficando resumido com as seis

primeiras classes contendo nomenclatura mais objetiva (ARAUJO, 2007).

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Na Legislação nacional as categorias das UCs estão divididas em dois grupos com

características especificas. O grupo das Unidades de Proteção Integral cujo objetivo básico

é preservar a natureza, sendo permitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais e

o grupo das Unidades de Uso Sustentável com objetivo básico a compatibilização da

conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais

(BRASIL, 2000).

O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias: Estação

Ecológica com objetivo de preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas;

Reserva Biológica com objetivo de preservação integral da biota e demais atributos naturais

existente, sem interferência humana direta; Parque Nacional com objetivo básico a

preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica,

possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de

educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo

ecológico; Monumento Natural como objetivo básico preservar sítios naturais raros,

singulares ou de grande beleza cênica, podendo ser constituído por áreas particulares,

desde que seja possível compatibilizar os objetivos da UC com a utilização da terra; e

Refúgio de Vida Silvestre com objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram

condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da

fauna. Quando um Parque é criado pelo município, de Parque Nacional passa a ser

denominado de Parque Natural Municipal (BRASIL, 2000).

O grupo das Unidades de Uso Sustentável é composto pelas seguintes categorias de

Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental com objetivos básicos de proteger a

diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do

uso dos recursos naturais; Área de Relevante Interesse Ecológico com objetivo de manter

os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas

áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza; Floresta

Nacional com objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa

científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas;

Reserva Extrativista com objetivos básicos de proteger os meios de vida e a cultura dessas

populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade; Reserva de

Fauna uma área natural com populações animais de espécies nativas, adequadas para

estudos técnico científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos;

Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações

tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos

naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e

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que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da

diversidade biológica; e Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada,

gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica (BRASIL,

2000).

Conforme determinado pelo SNUC em seu artigo 27, as UCs devem dispor de um Plano de

Manejo sendo definido como “documento técnico mediante o qual se estabelece o

zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos

naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade”

(BRASIL, 2000).

De acordo com o Roteiro Metodológico de Planejamento, o zoneamento se trata de uma

ferramenta de ordenamento territorial, que é utilizada como recurso para se atingir melhores

resultados no manejo da unidade de conservação, estabelecendo diferentes usos para cada

zona, segundo seus objetivos (ICMBIO, 2002).

Para Araujo (2007), a utilização de um Sistema de Informações Geográficas permite apoiar

a tomada de decisões de manejo do parque, gerando maior aproveitamento dos recursos

humanos, financeiros e materiais, promovendo melhorias na efetividade da gestão do

parque.

2.2 ECOLOGIA DA PAISAGEM

Conforme Primack & Rodrigues (2001), a biologia da conservação é uma ciência

multidisciplinar destinada para conservação da diversidade biológica, podendo seguir duas

etapas, a primeira que seria compreender o efeito da atividade antrópica nas espécies,

comunidades e ecossistemas, e a segunda etapa que trataria de reintegrar as espécies

ameaçadas ao seu ecossistema funcional.

Um dos instrumentos de estudo da biologia da conservação é a ecologia da paisagem.

Considerada ao homem uma parte constituinte dos ecossistemas que formam a biosfera,

sendo um grande colaborador na integração das ciências naturais e sociais (BAUDRY &

BUREL, 2002). Para Forman & Gordon (1986), a paisagem é uma área heterogênea que

esta composta por um conjunto de ecossistemas interagindo e se repetindo de forma

semelhante, ou seja, possui uma estrutura comum e fundamental, composta pelos

elementos: fragmento, matriz e corredor.

De acordo com Crawshaw et al. (2007) ecologia da paisagem é um progresso da biologia na

concepção das relações estabelecidas entre o meio ambiente com a alteração da

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sociedade, portanto é capaz de combinar aspectos socioeconômicos e processos

ecológicos. A ecologia da paisagem é uma ferramenta de grande utilidade para o estudo dos

remanescentes de vegetação nativa existentes. Recentemente ela tem sido utilizada para

integralizar diferentes disciplinas relacionadas com a análise ambiental (LEITE et al., 2004).

Conforme Odum (2002) as paisagens são constituídas por um mosaico, sendo uma área

heterogênea composta por uma diversidade de comunidades, ou até mesmo de um conjunto

de ecossistemas de diferentes tipos, composto por três elementos principais: as matrizes, os

corredores ecológicos e as manchas.

Marenzi (2004) utilizou o estudo de estrutura espacial da paisagem para analisar a Ecologia

da Paisagem da Morraria da Praia Vermelha, em Penha, Santa Catarina. Enquanto

Ziembowicz (2012) também atuou com este método na Morraria da Praia Vermelha, mas

incluiu também o Morro de Cabeçudas, em Itajaí, e a Costa Brava, em Balneário Camboriú.

2.2.1.1 Matriz

Baudry & Burel (2002) definem a matriz como uma área que engloba todos os elementos de

uma paisagem. É o elemento dominante em uma paisagem, sendo uma vasta área com

paisagens semelhantes, na qual estão introduzidas as manchas e corredores (ODUM,

2002). Em uma paisagem composta predominantemente por floresta, com distintos tipos de

fragmentos, o elemento matriz será a floresta, porém dependerá da escala da investigação e

do manejo necessário (FORMAN & GODRON, 1986).

2.2.1.2 Corredores

O corredor é uma faixa natural ou planejada que une duas ou mais manchas de habitat

parecidos, é um ambiente que se diferencia da matriz. Sua função na maioria das vezes é a

conectividade entre as manchas, porém sua funcionalidade não se restringe apenas em ligar

fragmentos, sendo que existem espécies que habitam estes locais. Os corredores podem

ser classificados em cinco tipos básicos: os corredores de perturbação, corredores

plantados, corredores regenerados, corredores de recurso (natural) e corredores

remanescentes. Uma de suas funções é que fornecem um meio que possibilita a troca

genética entre as manchas com a dispersão de espécies, porém alguns corredores podem

ter efeitos negativos como a transmissão de doenças contagiosas (ODUM, 2002).

Os corredores podem ser classificados para Forman & Godron (1986) como corredor tipo

linha, que seguem forma linear, normalmente são compostos por trilhas, estradas, cercas e

outros; o corredor tipo faixa que são mais largos que o tipo linha, compostos por linhas de

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transmissão de energia, autoestradas; e o corredor tipo curso d’água. Estes corredores

diferem entre si pela sua conectividade e largura.

No entanto, alguns corredores, diferentemente da função de conectividade, acabam

fragmentando habitats. Marenzi (2004) lista as diferentes funções ecológicas dos

corredores, sendo: Sumidouro, fonte, filtro, habitat e condutor.

De acordo com Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) os

corredores ecológicos são “porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando

unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da

biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem

como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com

extensão maior do que aquela das unidades individuais” (BRASIL, 2000).

2.2.1.3 Manchas

As manchas são áreas semelhantes que se diferem consideravelmente da matriz. No

contexto de uma paisagem, as manchas contêm elementos que podem induzir a sua

utilidade, como o distanciamento, a forma e o tamanho. Quanto mais distantes forem duas

manchas, maior é o obstáculo existente, dificultando a movimentação da fauna, pode ser

considerado esse um dos principais fatores na ocorrência da extinção. A forma e o tamanho

estão diretamente relacionados com o efeito de borda. As manchas podem ser referidas

como uma mancha de baixa qualidade ou de alta qualidade, isso depende da cobertura

vegetal, da qualidade das plantas e também da composição específica (ODUM, 2002).

2.2.2 Fragmentação e Conectividade

Foi estudando ilhas que os cientistas conseguiram constatar um dos padrões mais sólidos

da ecologia e da biogeografia. Independente do grupo de plantas ou animais que estiver

estudando, as ilhas possuirão consideravelmente menos espécies que o continente.

Décadas após a constatação deste padrão, foi formulada uma teoria com uma explicação

para tal fenômeno, a teoria de biogeografia de ilhas, que foi criada por Robert MacArthur e

Edward O. Wilson na década de 60 (FERNANDEZ, 2004).

De acordo com Wilcove et al (1986) a fragmentação é o processo em que grandes áreas

são divididas em duas ou mais áreas menores. Conforme a ocupação pelo homem, este

avança sob os habitats naturais, deixando no rastro uma paisagem altamente modificada ou

degradada. Na paisagem alterada geralmente ficam fragmentos isolados de vegetação que

podem estar separados por extensas áreas de solo exposto, pastagens, urbanização ou por

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corredores, como estradas, linhas de transmissão e oleodutos, sendo descritos pelo

modelo de biogeografia de ilhas, comparando os fragmentos com ilhas isoladas pelo mar.

Segundo Fahrig (2003) a palavra fragmentação é utilizada para descrever as alterações que

ocorrem quando um grande bloco de hábitat é incompletamente removido, tendo como

resultados pequenas parcelas de vegetação natural isoladas umas das outras, cercadas por

uma matriz composta de pastagens, agricultura, cidades ou outros usos.

Atualmente em diversos pontos do globo é possível identificar ‘’ilhas’’ de mata cercadas por

áreas abertas, cada vez mais fragmentadas, menores e mais isoladas. O Projeto Dinâmica

Biológica de Fragmentos Florestais, que vem sendo realizado há décadas, ao norte de

Manaus, estudando fragmentos de diversos tamanhos da floresta Amazônica, constatou que

a fragmentação altera drasticamente as características originais da mata (FERNANDEZ,

2004). Conforme o autor, alterações de microclima, conhecidas como efeitos de borda, se

iniciam em cadeia na periferia do fragmento, ocorrendo maior exposição de luz, aumento da

temperatura, redução da umidade do ar, maior exposição ao vento entre outras, afetando

diretamente a vegetação e os animais.

Segundo Araujo (2007) as consequências do efeito de borda no remanescente são diversas,

envolvendo desde alterações nas condições ambientais, mudanças biológicas diretas que

levam a alterações na abundância e na distribuição das espécies até mudanças biológicas

indiretas, envolvendo os processos ecológicos, como predação, competição e polinização.

Metade das espécies de árvores da Mata Atlântica é endêmica desta área, possuindo

elevado número de espécies de animais raros e ameaçados de extinção. De sua área total,

foi devastada para produção de café, cana de açúcar e cacau, restando apenas 5% da mata

original. As áreas remanescentes estão divididas em fragmentos isolados, que muitas vezes

não tem condições de sustentar populações de muitas espécies (PRIMACK & RODRIGUES,

2001).

Conforme Fernandez (2004), perdas de espécies certamente acontecerão, porém para

minimizar a redução da biodiversidade nos fragmentos é ideal que se tente preservar a

maior área possível de floresta para cada fragmento, de forma que não sejam consumidos

pelo efeito de borda. Também sendo interessante aumentar o fluxo de indivíduos entre os

fragmentos por corredores de habitats, que são extensões de habitat natural ligando

fragmentos, possibilitando a migração e colonização de espécies para diferentes áreas.

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2.3 ZONEAMENTO

2.3.1 Critérios para definição de zoneamento

No Brasil começou a se falar em critérios para estabelecer as áreas que teriam potencial

para criação de parques na década de 1950, com o técnico do Serviço Florestal, Wanderbild

Barros, que estabelecia como critério principal o excepcionalismo existente na área a ser

protegida (ARAUJO, 2007).

O zoneamento é utilizado como recurso para obtenção de melhores resultados no manejo

de UCs, um instrumento de ordenamento territorial que estabelece diferentes usos para

cada zona, seguindo seus objetivos. Portanto, cada zona será manejada seguindo normas

para elas estabelecidas, proporcionando maior proteção (ICMBIO, 2002).

De acordo com SNUC, zoneamento é definido como setores ou zonas localizados em uma

unidade de conservação, tendo objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito

de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam

ser alcançados de forma harmônica e eficaz (BRASIL, 2002).

Os critérios para zoneamento estão definidos no Roteiro Metodológico de Planejamento do

ICMBio. Entre os critérios que podem ser utilizados estão os físicos mensuráveis ou

espacializáveis, os indicativos de singularidades da UC, os utilizados para definição da zona

de amortecimento, os utilizados para classificação de zonas por grau de intervenção e de

ajuste para localização e limites das zonas (ICMBIO, 2002).

Critérios Físicos Mensuráveis ou Espacializáveis

Estabelece que as zonas possam ser estabelecidas de acordo com o grau de conservação

da vegetação, quanto mais degradada estiver à vegetação de uma área, maiores

interferências já teriam ocorrido na fauna local e no solo. Portanto, as áreas que estiverem

mais conservadas deverão conter zonas de maior grau de proteção.

Além do grau de conservação da vegetação, pode-se utilizar o critério de variabilidade

ambiental, onde através da compreensão da organização das formas do relevo, declividade

e drenagem, levam a compreensão dos fatores que atuam na distribuição do solo e

diferentes fisionomias. As áreas que apresentam relevo recortado com diferentes cotas

tendem a conter diferentes ambientes, com mudanças na fauna, portanto, recebendo zonas

com maior grau de proteção.

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Critérios Indicativos das Singularidades da UC

São os critérios variáveis e que dizem respeito às áreas temáticas da UC. Utilizando a

representatividade, deve-se considerar as zonas de maior grau de proteção as amostras de

recursos naturais mais representativos da unidade, como espécies em extinção, que

requerem manejo, e atributos que condicionaram a criação da UC, Esses devem na medida

do possível também estar presentes em áreas de acesso ao público. Desta forma, áreas

com maior riqueza ou diversidade de espécies, áreas de transição, suscetibilidade ambiental

ou com presença de sítios arqueológicos devem contemplar zonas de maior grau de

proteção.

Do mesmo modo as áreas com vocação de uso, condicionados aos usos permitidos por sua

categoria de manejo, como áreas que tenham potencial de visitação como beleza cênica,

potencial para conscientização ambiental com trilhas interpretativas ou processos de

educação ambiental, presença de infraestrutura como estradas, centros administrativos ou

residências devem contemplar zonas com grau de proteção adequado conciliando com a

sua vocação de uso.

Critérios para Identificação da Zona de Amortecimento

Conforme descrito na Resolução CONAMA 13/90, o limite de 10 km ao redor da UC é

considerado ponto de partida para definição da zona de amortecimento, porém, conforme a

Resolução CONAMA 428/10 que a revogou, em seu segundo paragrafo determina que as

UCs que não possuem zona de amortecimento definidas, podem até o ano 2015 autorizar

ou não o licenciamento de empreendimento potencialmente poluidores num raio de 3 Km da

UC. Deste limite, pode-se utilizar critérios de inclusão e exclusão para ajustar a área

aproximando-a ou não da UC. Como critérios de inclusão podem ser estabelecidos as

microbacias dos rios que fluem para a UC, áreas de recarga de aquíferos, remanescentes

de ambientes naturais próximos à UC que possam funcionar ou não como corredores

ecológicos, sítios arqueológicos, entre outros. Para exclusão, os critérios estabelecidos são

áreas urbanas já estabelecidas e áreas estabelecidas como expansões urbanas pelos

Planos Diretores Municipais ou equivalentes legalmente instituídos. Os critérios de ajuste

podem ser limites identificáveis no campo como rios, estradas e outros que tenham

visibilidade semelhante, ou influência do espaço aéreo e do subsolo.

Critérios por Grau de Intervenção

Tem base na utilização conjunta de dois dos critérios já mencionados, os físicos

mensuráveis ou especializáveis e os critérios indicativos das singularidades da UC. Desta

forma, é possível identificar a vocação da zona classificando em três níveis de intervenção,

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a zona de nenhuma ou baixa intervenção, zona de média intervenção e zona de alto grau

de intervenção tendo as zonas definidas no Roteiro Metodológico agrupadas dentro destes

três graus de intervenção, conforme Figura 1.

Figura 1 - Enquadramento das zonas por nível de intervenção. Fonte: ICMBio, 2002.

Critérios de Ajuste para a Localização e os Limites das Zonas

Estes critérios servem para ajustar a localização e os limites das zonas, considerando a

pressão antrópica, a acessibilidade das áreas com possibilidade de uso púbico, a de

gradação de uso, tendo as zonas de maior grau de proteção envolvidas por zonas de grau

de proteção menor, percentual de área ocupada maior para zonas de grau mais elevado de

proteção e na medida do possível os limites das zonas devem seguir marcos possíveis de

visualização em campo, como rios, estradas e pontos destacados do relevo.

Outros modelos de zoneamentos existem e foram utilizados para outros parques. Belém

(2008) utilizou outro critério para zoneamento do parque estadual de MG, o mapeamento de

Biótopos. Para o autor, biótopos são zonas com regularidade nas populações animais e

vegetais, como também nas condições ambientais.

No Parque Estadual da Cantareira, o zoneamento seguiu critérios definidos pelo Roteiro

Metodológico do Planejamento. Os critérios adotados como indicadores de valores para

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conservação foram: representatividade, riqueza e diversidades de espécies, áreas de

transição, susceptibilidade ambiental, presença de sítios históricos culturais. E os critérios

indicativos para vocação de uso foram: potencial para visitação, potencial para

conscientização ambiental, presença de infraestrutura, uso conflitante e presença de

população (SÃO PAULO, 2009).

2.3.2 Zoneamento de parques

No Brasil a referência utilizada para definição das zonas internas de UCs é dada pelo

Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Com a criação do SNUC foi

possível a inserção de novas zonas que não eram previstas no Decreto nº 84.017 de 1979,

Regulamento de Parques Nacionais, além da zona complementar contida no entorno da UC,

a Zona de Amortecimento (ICMBIO, 2002).

Conforme recomendado no Decreto nº 84.017 (BRASIL, 1979) se tem as seguintes zonas:

I. Zona Intangível - Esta zona é dedicada à proteção integral de ecossistemas, dos

recursos genéticos e ao monitoramento ambiental. O objetivo básico do manejo é

a preservação, garantindo a evolução natural.

II. Zona Primitiva – Local com mínima intervenção humana. O objetivo geral do

manejo é a preservação do ambiente natural e ao mesmo tempo facilitar as

atividades de pesquisa científica e educação ambiental permitindo-se formas

primitivas de recreação.

III. Zona de Uso Extensivo - É aquela constituída em sua maior parte por áreas

naturais, podendo apresentar algumas alterações humanas. O objetivo do

manejo é a manutenção de um ambiente natural com mínimo impacto humano,

apesar de oferecer acesso aos públicos com facilidade, para fins educativos e

recreativos.

IV. Zona de Uso Intensivo - É aquela constituída por áreas naturais ou alteradas pelo

homem. O objetivo geral do manejo é o de facilitar a recreação intensiva e

educação ambiental em harmonia com o meio.

V. Zona Histórico-cultural - É aquela onde são encontradas amostras do patrimônio

histórico cultural. O objetivo geral do manejo é o de proteger sítios históricos ou

arqueológicos, em harmonia com o meio ambiente.

VI. Zona de Recuperação - É aquela que contêm áreas consideravelmente

antropizadas. O objetivo geral de manejo é deter a degradação dos recursos ou

restaurar a área. Zona provisória, uma vez restaurada, será incorporada

novamente a uma das zonas permanentes.

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VII. Zona de Uso Especial - É aquela que contêm as áreas necessárias à

administração, manutenção e serviços da Unidade de Conservação. O objetivo

geral de manejo é minimizar o impacto da implantação das estruturas ou os

efeitos das obras no ambiente natural ou cultural da Unidade.

Portanto, as novas Zonas incluídas pelo Roteiro Metodológico de Projeto (ICMBIO,2002),

são as seguintes:

VIII. Zona de Uso Conflitante - Constituem-se em espaços localizados dentro de uma

Unidade de Conservação, cujos usos e finalidades, estabelecidos antes da

criação da Unidade, conflitam com os objetivos de conservação da área

protegida. Seu objetivo de manejo é contemporizar a situação existente,

estabelecendo procedimentos que minimizem os impactos sobre as Unidades de

Conservação.

IX. Zona de Ocupação Temporária - São áreas dentro das Unidades de

Conservação onde ocorrem concentrações de populações humanas residentes e

as respectivas áreas de uso. Zona provisória, uma vez realocada a população,

será incorporada a uma das zonas permanentes.

X. Zona de Superposição Indígena - É aquela que contém áreas ocupadas por uma

ou mais etnias indígenas, superpondo partes da UC. Zona provisória, uma vez

regularizadas as eventuais superposições, será incorporada a uma das zonas

permanentes.

XI. Zona de Interferência Experimental - Específica para as estações ecológicas, é

constituída por áreas naturais ou alteradas pelo homem. O seu objetivo é o

desenvolvimento de pesquisas comparativas em áreas preservadas.

XII. Zona de Amortecimento - O entorno de uma unidade de conservação, onde as

atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o

propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade.

Belém (2008) dividiu o Parque Estadual Mata Seca, em Minas Gerais, em zona intangível,

zona primitiva e zona de recuperação. Enquanto o Parque Estadual da Cantareira foi

dividido em oito zonas, as zonas intangível, primitiva, de recuperação, de uso conflitante, de

uso externo, de uso interno, de uso especial e histórico-cultural (SÃO PAULO, 2009). O

Parque Natural Municipal Atalaia, localizado na cidade de Itajaí próximo ao Parque Natural

Municipal Raimundo Gonçalez Malta, contemplou seis zonas de uso estabelecendo a zona

primitiva, de uso extensivo, de uso intensivo, de recuperação, de uso especial e de

amortecimento (MARENZI, 2007).

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Existem trabalhos que propõem uma simplificação na terminologia utilizada no

zoneamento ambiental, como Mello et. al. (2011) que alegam que entre os roteiros

elaborados pelo ICMBio existem zonas com mesmo ou semelhante objetivo recebendo

nomenclaturas distintas, dificultando a comunicação entre os gestores de UCs. Estes

autores propuseram reduzir de dezessete para nove zonas possíveis de existirem nas cinco

categorias de manejo estudadas.

2.4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)

Rocha (2000, p.93) define Sistema de informações Geográficas “como um sistema com

capacidade para aquisição, armazenamento, processamento, análise e exibição de

informações digitais georreferenciadas, topologicamente estruturadas, associadas ou não a

um banco de dados alfanumérico”.

ArcGIS® é considerado um SIG, produzido pela Empresa ESRI® (Environmental Systems

Research Institute), que possibilita profissionais compilar, usar e gerenciar informações

geográficas. O ArcGIS® 9.3 inclui um conjunto de aplicativos integrados que permitem a

execução desde tarefas mais simples a mais avançadas como mapeamento, análise

geográfica, edição de dados e compilação, gerenciamento de dados, visualização e

geoprocessamento. Entre os aplicativos incluídos do pacote do ArcGIS® estão:

ArcCatalog™, ArcGlobe™, ArcMap™, ArcReader™ e ArcScene™ (ESRI, 2008).

Adobe® Photoshop® é um software desenvolvido pela Adobe Systems considerado como

editor de imagens bidimensionais do tipo raster, sendo que possui ainda algumas

capacidades de edição típicas dos editores vectoriais. Destaca-se no ramo da edição

profissional de imagem por fornecer diversas ferramentas de elevada qualidade, é bastante

utilizado por designers gráficos, webdesigners, entre outros. Para o SIG, entre outras

funções, serve como ferramenta para elaboração de mosaicos com elevada qualidade

(ADOBE, 2010).

Recentemente o levantamento de dados de campo baseava-se no emprego de medidas de

ângulos e distâncias terrestres com componentes verticais e horizontais, exigindo

intervisibilidade entre os pontos medidos. O sistema de Posicionamento Global inovou a

aquisição destes dados, auxiliando na elaboração ou atualização da base cartográfica,

tornando possível obter as coordenadas geodésicas de forma independente em cada ponto,

de maneira ágil, com boa precisão e sem acumulo de erros. (ROCHA, 2000)

O sistema GPS é composto por 24 satélites espalhados em seis órbitas planas, sendo

possível observar pelo menos quatro deles em qualquer lugar da terra a qualquer momento

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(ESPINOZA, 2008). Os satélites estão a cerca de 20.200 km acima da superfície da

Terra, onde cada plano tem inclinação de 55º em relação ao equador, fazendo que cada um

complete uma revolução em torno do globo a cada 11 horas e 58 minutos (ROCHA, 2000).

Lançado em outubro de 2001, o satélite Quickbird II esta numa órbita heliossíncrona de 98º

do equador com uma altitude, considerada baixa ou média, de 450 km, com tempo de

revista de 1 a 3,5 dias de acordo com a latitude. As imagens geradas são de alta resolução

espacial tendo 61 cm no modo PAN e 2,44 m no modo MS (azul, verde, vermelho e

infravermelho), possibilitando georreferenciamento com precisão menor que 23 m. A largura

da faixa das imagens é de 16,5 km e são comercializadas pela Digital Globe (ROCHA,

2000). De acordo com Espinoza (2008), as imagens de satélite com esta apurada resolução

espacial possibilitam uma melhor interpretação das informações, além da possibilidade de

conferir no campo de forma mais detalhada a composição vegetal.

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3 METODOLOGIA

3.1 ÁREA DE ESTUDO

3.1.1 Localização Geográfica

O Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta está situado na cidade de Balneário

Camboriú (Figura 2), localizada no litoral centro norte catarinense a uma distância de 90 km

da capital Florianópolis ao sul, e 85 km da cidade mais populosa do estado, Joinville ao

norte. É uma cidade predominantemente urbana com área territorial de 46,8 km²,

considerada um dos principais focos turísticos do estado; possui população fixa de 108.089

habitantes chegando a um milhão na alta temporada, meses de dezembro e janeiro (IBGE,

2010).

Figura 2 - Localização do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta de estudo no município de Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

3.1.2 Características e acesso

O Parque foi criado através do Decreto nº 2.351 de 1993, inicialmente com o nome “Parque

Ecológico Municipal Rio Camboriú”, e passou a ser chamado em julho de 2006 pelo atual

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nome “Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta” pelo Decreto nº 2.611, em

homenagem a um de seus fundadores e ex Secretário Municipal de Meio Ambiente, bem

como fins de padronização da categoria segundo o SNUC (BALNEÁRIO CAMBORIÚ, 1993;

BALNEÁRIO CAMBORIÚ, 2006).

Esta UC é administrada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMAM), que possui

sede no local, e tem sido utilizado para diversas atividades como a recepção da

comunidade, turistas e estudantes, como também para a produção de plantas com

propriedades medicinais destinadas ao Programa Plantas que Curam. Entre seus atrativos

estão o Jardim das Bromélias com cerca de 40 espécies em exposição, o Viveiro Mata

Atlântica onde são produzidas e distribuídas mudas de árvores nativas, o Complexo

fitoterápico Municipal com o Laboratório Fitoterápico e Centro de Atendimento e Distribuição

onde são distribuídos a comunidade chás e produtos naturais, além das trilhas, parquinhos,

sanitários e estacionamento. (SEMAM, 2012).

Está localizado no Bairro dos Municípios, sob as coordenadas 27º00’41” de latitude sul e

48º38’20” de longitude oeste ocupando uma área total de 172.675,00m² (BALNEÁRIO

CAMBORIÚ, 1993). Fica na bacia hidrográfica do Rio Camboriú, a margem do Rio

Camboriú, junto à confluência deste com o Rio Gamboa, com o Rio Braço Direito e Rio

Largo do Balaio. Possui ecossistemas importantes para a manutenção da biodiversidade,

como a Formação Pioneira com Influência Fluvio Marinha (Manguezal) e a Floresta

Ombrófila Densa Aluvial, pertencentes ao bioma Mata Atlântica, mas fragmentados pela

urbanização.

O acesso ao parque é feito por via terrestre pela Quinta Avenida seguindo pela Rua

Angelina (Figura 3). Está situado a 1,2Km da UNIVALI campus de Balneário Camboriú,

1,7Km da BR101, 3,5Km do terminal Rodoviário de Balneário Camboriú, 13Km da UNIVALI

campus Itajaí e 20Km do Aeroporto Internacional Ministro Victor Konder, em Navegantes.

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Figura 3 – Localização do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta no município de Balneário Camboriú, SC com destaque para as principais vias de acesso. Fonte: Autor

3.2 NATUREZA DA PESQUISA

O foco das pesquisas que abordam problemáticas socioambientais, com certa

predominância, priorizava o ambiente físico, dando pouca importância ao espaço social, de

certa forma desconsiderando os grupos ponderados as margens da sociedade, tornando-os

pouco efetivos na análise das questões sociais, além de desprezarem os conhecimentos

técnicos e ecológicos locais (SEIXAS, 2005).

A abordagem de pesquisa participativa vem sendo usada em projetos de conservação

ambiental, em pesquisas de sistemas produtivos, manejo de recursos naturais, gestão de

saneamento básico e outros (MIKKELSEN1; UNDO2 apud. SEIXAS, 2005).

1 MIKKELSEN. B. 1995 Methods for development work and research: A guide for practitioner.

New Delhi: Sage. 1995

2 UNDO. 1998. Empowering people: A guide to participation or UNDP guidebook on

participation. Civil society organization and participation program, UNDP. 1998.

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A técnica da observação participante pode contribuir para investigar os usos que são

feitos do recurso, e pode gerar tanto informações quantitativas como qualitativas. A técnica

baseia-se mais na escuta e na observação das pessoas do que no questionamento,

exigindo certo tempo de permanência em campo (SEIXAS, 2005). Portanto, considerando

que o autor desta pesquisa teve a oportunidade de estagiar na área de estudo, observando

situações que contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho, considerou-se o caráter

de pesquisa participativa (GIL, 1996) por meio de observação participante, além do caráter

de pesquisa qualitativa, considerando também o uso de entrevistas.

3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

As etapas realizadas na elaboração deste trabalho são esquematizadas através de um

fluxograma na figura a seguir (Figura 4), com cada etapa explicada posteriormente.

Figura 4 - Fluxograma das etapas realizadas. Fonte: Autor.

3.3.1 Caracterização do Meio Físico

A caracterização do meio físico buscou dados secundários por meio de pesquisa

bibliográfica e documental sobre informações de clima, geologia, solos, relevo e hidrografia.

Foram realizadas quatro saídas de campo com a finalidade de obter pontos de alagamento

dentro do parque por meio da utilização do GPS. Também foram feitas entrevistas aos

gestores do parque para marcar as áreas conhecidas de inundação. No resgate dos pontos

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foi utilizado o GPS da TRIMBLE Juno SB, que possui correção diferencial dos dados a

partir da utilização de dados de base (neste caso, utilizado os dados da CELESC).

No campo também foram levantadas as trilhas e foram marcados pontos característicos de

cobertura e uso do solo, obtendo diversas fotografias da área.

3.3.2 Levantamento do conhecimento e anseios sobre o Parque

Este levantamento foi realizado por meio de entrevistas. São variadas as maneiras de se

conduzir uma entrevista. Na pesquisa participativa a entrevista estruturada, com

questionários, é usada somente se for realmente necessário, porém de forma curta e de

rápida aplicação. Outro tipo de método que fundamenta este tipo de pesquisa é a entrevista

semiestruturada, onde o pesquisador com base em um roteiro mental ou escrito com

perguntas sobre tópicos definidos e para quem pergunta, realiza o questionário guiando os

entrevistados para que abordem tais temas de forma aberta. Trata-se de um método flexível,

onde as respostas podem guiar para novas perguntas e temas inesperados, sem

necessidade de responder todas as questões, lembrando que as não respondidas podem

estar sendo registradas pela técnica da observação participante. Portanto, para este

trabalho foi elaborado um roteiro semiestruturado, conforme Seixas (2005), aplicado aos

gestores e funcionários do Parque (Apêndice 1).

Estes participantes podem ser definidos como Stakeholders, que são grupos, organizações

ou pessoas afetados ou que afetam de alguma forma a gestão e o funcionamento de um

sistema de gestão de recursos naturais. A Análise de Stakeholders é um complemento dos

métodos convencionais, sendo útil, pois permitem tomadas de decisões baseadas num

entendimento real com diferentes atores que podem se beneficiar ou acabarem prejudicados

pela gestão.

Também para análise dos anseios em relação ao Parque, especialmente infraestrutura,

foram considerados os dados levantados por Gomes (2013), na mesma área de estudo.

3.4 ELABORAÇÃO DO MAPEAMENTO

Foram elaborados três mapas: delimitação da área, de uso e cobertura do solo e de

Zoneamento. Para o segundo e terceiro foi necessário à delimitação da área de estudo,

sendo realizado por meio de dados cedidos pela gestão do Parque Natural Municipal

Raimundo Gonçalez Malta e das imagens de satélite obtidas.

Os mapeamentos foram elaborados a partir de etapas, as quais:

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3.4.1 Elaboração da Delimitação da Área do Parque

A delimitação foi determinada utilizando como ponto de partida o levantamento topográfico

gerado pela Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú datado de 1993. Porém, como o

documento dispõe de poucas informações, como coordenadas, gerando incerteza, foi

necessário auxilio do Secretario do Meio Ambiente e seus colaboradores, que foram

apontando os limites do parque com base na imagem de satélite. Estes limites foram

mapeados utilizando o SIG ArcGIS (ArcMap 9.3).

3.4.2 Obtenção das imagens de satélite

Foram obtidas imagens do satélite Quickbird através do software Google Eart Pro v.6.0 com

data de passagem do dia 07 de abril de 2011. Para obter uma resolução espacial adequada

para este trabalho, se utilizou um conjunto de imagens (em torno de 25 cenas), com uma

altitude do ponto de visão de 511 m, possibilitando elevado detalhamento da ocupação do

solo (RAMOS, 2007).

3.4.3 Mosaicagem

Quando uma imagem não possui a cobertura suficiente para cobrir uma área de interesse,

pode ser realizado um mosaico de duas ou mais imagens até que se consiga a cobertura de

toda a área. Recentemente os mosaicos passaram a ser feitos de forma digital e não mais

manualmente com fotografias impressas, facilitando o processo. Independente da forma que

são feitos, os mosaicos são elaborados a partir de um conjunto de fotografias com

superposição, com devido aparamento e união, gerando uma cena que abrange maior área

(ARRUDA JUNIOR, 2002).

Neste trabalho, após a obtenção das imagens, foi realizado mosaicagem no software Adobe

Photoshop CS5 v.12, com o auxilio da ferramenta Photomerg, unindo as 25 cenas obtidas

do satélite Quickbird, em uma única imagem abrangendo toda área de estudo.

3.4.4 Georreferenciamento

No dia 08 de abril de 2013 foi realizada uma saída de campo com a finalidade de coletar

dados de referência com auxilio de GPS. Foram coletados pontos e trilhas nas ruas e

avenidas em torno do parque, e dentro dele, em locais de fácil localização na imagem

Quickbird. Posteriormente, foi realizada correção diferencial dos dados de GPS utilizando

para tal processo, a base de dados da Celesc. O georreferenciamento da imagem de estudo

foi realizado no software ArcMap 9.3 com a utilização da ferramenta Georeferencing, sendo

utilizados 8 pontos e transformação polinomial de segunda ordem; a precisão do GPS

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utilizado associada ao procedimento de recorreção realizado e os pontos escolhidos

permitiram um erro estimado no georreferenciamento acumulado entorno de 3,5 metros.

3.4.5 Classificação manual da imagem

Entre os diversos métodos de classificação de imagens existentes, como a classificação

supervisionada, a não supervisionada, a orientada a objeto, foi escolhido a técnica da

classificação manual por se tratar de uma área pequena, cerca de 17 hectares, tendo

disponibilidade de imagens com alta resolução e bom conhecimento da área pelo

interpretador. No software ArcMap 9.3 foram criados polígonos caracterizando as áreas que

representam classes de ocupação ou cobertura do solo, obtidas de acordo com trabalho de

campo realizado da área de estudo conforme indicam Cazes et al (2007) Pinto et al (2007).

3.4.6 Mapa de Uso e Cobertura do Solo

O shape criado na etapa de classificação manual da imagem, caracterizado por meio da

definição de classes, considerando a ocupação do solo (edificações, trilhas, etc) e cobertura

(tipologia vegetal) classificados de acordo com Ziembowicz (2012), recebeu uma

caracterização através de cores diferenciando cada feição dentro das 8 classes escolhidas,

sendo finalizado em Mapa de Uso e Cobertura do Solo do Parque Raimundo Gonçalez

Malta. Por meio deste mapa foi analisada a paisagem subsidiando o zoneamento, incluindo

a Zona de Amortecimento.

3.4.7 Mapa de Zoneamento

Com base na observação participante, na caracterização do meio físico, na análise das

entrevistas e na interpretação do uso e cobertura do solo existente no Parque, foi definido o

Zoneamento, conforme Roteiro Metodológico de Parques segundo ICMBIO (2012). Foi

utilizado para o zoneamento o critério por Grau de Intervenção, que se baseia na utilização

conjunta de dois dos critérios, os físicos mensuráveis ou especializáveis e os critérios

indicativos das singularidades da UC. Por se tratar de uma área relativamente pequena que

de alguma forma já recebeu intervenção, este método se mostrou mais apropriado, além de

ser possível adequar as áreas com vocação de uso, como áreas que tenham potencial de

visitação como beleza cênica, trilhas ou estruturas já estabelecidas.

Para inclusão da Zona de Amortecimento, considerando o entorno da UC, foi analisada a

ecologia da paisagem de forma a entender a situação do Parque frente ao contexto do

processo de urbanização existente.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 MEIO FÍSICO

4.1.1 Clima

O Estado de Santa Catarina está situado em região subtropical, com o clima classificado

como Mesotérmico Úmido sofrendo influência de frentes frias durante o ano (Araujo et al.,

2006). Conforme metodologia adotada por Köeppen, o clima em Balneário Camboriú é

classificado como Cfa (Clima Subtropical Úmido), tendo temperatura média anual de 19,5ºC

(CIRAM, 1999).

De acordo com Araujo (2006), utilizando dados da estação meteorológica do município de

Camboriú, cidade vizinha ao parque, coletados por 71 anos (1912 a 1983), neste período a

precipitação média mensal foi de 128,8 mm, o mês mais chuvoso foi Janeiro e o menos

Junho com respectivas médias de 204,6 mm e 89,1 mm. A temperatura média mensal deste

mesmo período foi de 20,3ºC com temperaturas médias máxima de 25,2ºC e mínima de

16,5ºC, conforme Figura 5. A velocidade média mensal dos ventos foi de 5,5 km/h, com

média máxima de 48,5 km/h e predominância na maior parte do ano de vento nordeste

principalmente no verão, e vento sudoeste nas estações intermediárias e principalmente

inverno.

Figura 5 - Dados climatológicas, na estação meteorológica de Camboriú, SC. Fonte: Araujo et al 2006.

No ano de 2008 com a forte enchente que atingiu o Vale do Itajaí, o parque também foi

afetado, tendo parte de suas instalações afetadas. A enchente afetou de forma significativa

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o fitoterápico que precisou interromper a distribuição dos produtos fitoterápicos, e

replantar as ervas medicinais destruídas pela força da água.

4.1.2 Geomorfologia e geologia

Conforme o Mapa Geomorfológico do Estado de Santa Catarina (IBGE, 2004), o parque

esta inserido em uma área de domínio morfoestrutural denominado depósitos sedimentares

quaternário, em uma unidade geomorfológica de planície marinha. O Período quaternário é

a ultima divisão do tempo geológico, tendo seu inicio considerado há 2 milhões de anos

atrás seguindo até hoje.

A unidade geomorfológica planície marinha ou litorânea corresponde uma estreita faixa a

leste do estado, junto ao Oceano Atlântico, se acumularam de forma plana, com leve

declividade para o oceano, apresentando rompimento de declive em relação à planície

marinha mais recente com resultado a variação do nível do mar, ou processos erosivos. Os

depósitos sedimentares são constituídos por sedimentos sílico argilosos inconsolidado e

areias quartzosas, originados pela combinação dos processos relacionados à dinâmica

fluvial e litorânea. A altitude média da planície litorânea está em torno de 10 metros próximo

ao oceano, chegando a uma média de 30 metros em alguns locais mais ao interior do

continente (CIRAM, 1999).

Conforme Carta Geológica de Florianópolis (IBGE, 2004a) o parque esta sob uma área de

sedimentos aluvionares holocênicos do período quaternário e da era cenozoica. Através da

sobreposição da base cartográfica da CIRAM/EPAGRI, utilizando o shape de topografia de

Balneário Camboriú sobre a delimitação da área do Parque, foi possível constatar que o

Parque está inserido em uma área plana, situada entre as cotas 0 e 20 metros, verificando

em campo que existem variações de 1 a 2 metros em vários setores da área.

4.1.3 Edafologia

A macro região onde o parque está inserido tem predomínio de solo do tipo Podzólico

vermelho-amarelo álico, que são solos minerais, não-hidromórficos, com horizonte B

textural, com clara diferenciação entre horizontes e derivados de rochas do período Pré-

cambriano superior. A identificação dos horizontes A, Bt e C é relativamente fácil pois

possuem profundidade e cores bastante variáveis, além de possuírem características

morfológicas heterogêneas (CIRAM, 1999).

Os solos álicos são de textura argilosa e média/argilosa, com baixa fertilidade e altos teores

de alumínio, estão mais presentes nas áreas onduladas do município. Nas áreas mais

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montanhosas é possível encontrar solo do tipo Cambissolo álico, também caracterizado

pela baixa fertilidade, textura argilosa e presença de minerais primários de fácil

decomposição. Os Cambissolos Gleicos, restritos aos terraços, tem como característica a

drenagem imperfeita, além da grande parte de características pertinente aos cambissolos,

ocorrendo em relevo plano, margens de rios, ou locais sujeitos a inundação (CIRAM, 1999).

O solo da região do Parque possui textura arenosa, Podzol (Pa1) de horizonte moderado e

proeminente, tendo 60 centímetros ou menos para rocha ou camada de impedimento, tem

característica ser mal drenado, composto por Espodosolo Carbico (IBGE, 2004).

4.1.4 Hidrologia

A área do parque esta inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú (Figura 6), que em

âmbito nacional, está contida na Região Hidrográfica Atlântico Sul. É uma bacia

intermunicipal, pertencente aos dois municípios Balneário Camboriú e Camboriú. É

constituída pelas sub bacias Macacos, Braço e Rio Pequeno, sua malha de drenagem é

composta pelos principais rios Gavião, Braço, Canoas, Ribeirão dos Macacos, Pequeno e

Rio Camboriú que desemboca no Oceano Atlântico (URBAN, 2008).

Figura 6 - Mapa Planialtimétrico e delimitação da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú, com a área do Parque indicada pelo polígono verde. Fonte: CIRAM, 1999 Modificado.

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Segundo Ciram (1999), a bacia drena uma área de 200Km², com uma extensão de 40km,

declividade média de 25,45%, altitudes média e máxima, respectivamente, de 735 e 163

metros, sendo que o tempo de concentração é de 10 horas, e o coeficiente de capacidade

(Kc) é 1,797, indicando que é uma bacia propensa a enchentes casuais, pois o valor de Kc

esta afastado de 1,00.

Além de margear limitando toda área ao sul do Parque Raimundo Gonçalez Malta, o Rio

Camboriú é o principal integrante da bacia. Possui 40 km de extensão de sua nascente a

foz, e importância estratégica para os municípios de Balneário Camboriú e Camboriú, pois é

dele a água coletada que abastece a população das duas cidades (CIRAM, 1999). Ao longo

do trecho que margeia o parque, a largura do Rio Camboriú varia entre 33 a 48 metros.

É considerada boa a disponibilidade de água no Rio Camboriú para irrigação, mesmo

contendo conflitos por causa da rizicultura. Estes conflitos podem se agravar com a

degradação ambiental gerada pelo corte de vegetação e pontos de extração de granito e

mármore que modificam o tempo de permanência na água da bacia diminuindo a

permeabilidade do solo e acelerando o processo erosivo. Metade da bacia esta entre as

cotas 40 a 720 metros, sendo a região mais critica devido à declividade média e alta

indicando forte susceptibilidade ao escoamento superficial e consequentes erosões e

deslizamentos de terra. Enquanto 20% da bacia estão em cotas abaixo de 20 metros e

declividade de 3%, sendo áreas que requerem atenção quanto a drenagem (CIRAM, 1999).

Urban (2003) classificou como razoável a qualidade ambiental da bacia, levando em conta

diversos parâmetros como estado da mata ciliar, condições hidrológicas e morfológicas,

análise sensorial e parâmetros físico químicos. Já foi constatada a falta de mata ciliar em

diferentes locais da bacia, o que pode contribuir para o assoreamento dos corpos hídricos e

também tendo efeito direto na qualidade das águas.

No dia 10 de abril de 2013 foi realizada saída de campo com intuito de identificar áreas com

potencial a inundações frequentes dentro do Parque, sendo que tal característica ficou bem

evidenciada devido as fortes chuvas que atingiram a região no fim do dia anterior e se

estendendo pela madrugada do dia da saída de campo, chovendo em apenas 6 horas o

equivalente a 100 milímetros e afetando 80% do município de Camboriú, como relataram os

jornais da região (PAGLIARINI, 2013). Com os dados obtidos em campo e informações

cedidas pelos gestores nas entrevistas realizadas, foi possível elaborar um mapa com áreas

suscetíveis a inundações e identificação das trilhas (Figura 7). As áreas identificadas como

suscetíveis a inundações têm como característica comum estarem em cotas mais baixas e

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próximas ao Rio Camboriú, costumam ter solo úmido, sofrendo saturação com as cheias

da maré e com chuvas mais intensas, que consequentemente elevam a cota do Rio.

Figura 7 - Mapa de área inundável do parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

As áreas suscetíveis a inundações correspondem a 20,4% da área total do parque. Devido o

Parque estar inserido em uma área plana e relativamente baixa que o parque está inserido,

em eventos climáticos extremos, como a enchente ocorrida em 2008, toda sua extensão é

tomada pela água afetando diretamente a fauna local, como mencionado em entrevista com

gestores.

4.2 CONHECIMENTO E ANSEIO SOBRE O PARQUE

4.2.1 Gestores e Funcionários

No dia 23 de abril de 2013 foi realizada pesquisa de campo com os stakeholders, ou seja, os

gestores e funcionários do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta.

Foram entrevistados cinco stakeholders com papéis importantes e funções variadas na

gestão do Parque. A formação profissional entre os entrevistados é: dois biólogos, técnico

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em agropecuária, licenciado em geografia e engenheiro ambiental. As funções dos

entrevistados no parque são: dois biólogos, monitor florestal, educador ambiental e diretor.

As perguntas foram direcionadas inicialmente para os mapas preliminares de uso e

cobertura do solo, delimitação e área inundável, a fim de incorporar novas informações aos

mesmos e corrigi-los, caso necessário. Nesta etapa da entrevista foi possível atualizar a

abrangência das áreas alagadas no parque como também a coleta de informações

referentes a enchentes ocorridas no local.

Verificou-se que todos os entrevistados possuem o conhecimento do que é um Plano de

Manejo, da mesma forma que o zoneamento é uma das etapas indispensáveis em tal

documento. Quando solicitado à percepção de cada um sobre possíveis problemas na

gestão do Parque, todos responderam que a falta de mão de obra capacitada para exercer

atividades na conservação e manutenção da vegetação, como a equipe de manutenção, é o

principal problema encontrado. Foram citados também problemas gerados por decisões

influenciadas pela política ou questões financeiras, que acabam intervindo diretamente no

parque, não considerando suas características e objetivos, como a instalação de estruturas

responsáveis pela manutenção do município na área do parque, estes problemas em

unidades de conservação podem ser minimizados com a implantação de Plano de Manejo,

que definiria o uso adequado de cada área, conforme estabelece o SNUC (Brasil, 2000).

Quando solicitados que indicassem usos adequados para o Parque, todos os gestores

afirmaram que a principal medida que deveria ser tomada é a preservação da vegetação

restante da maneira que está, não permitindo supressão destas áreas e possível

recuperação de outras áreas. Foram destacados alguns usos inadequados como ceder

áreas do parque para realizar eventos sem ligação com a Unidade de Conservação, falta de

equipamentos adequados como as lixeiras plásticas espalhadas pelas trilhas, que atraem os

gambás que vão se alimentar nos resíduos jogados e acabam ficando presos, além da falta

de direcionamento da ocupação dentro da área.

A prefeitura prevê a ampliação de algumas instalações, como o fitoterápico que será

ampliado verticalmente, e a construção de uma sede para a educação ambiental, que é

prevista ser referência em construção sustentável, instalada em local já desprovido de

vegetação.

Com as entrevistas realizadas, foi possível direcionar o zoneamento do parque tendo como

referência os anseios dos principais stakeholders na sua manutenção e gestão.

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4.2.2 Visitantes potenciais

Na pesquisa realizada visando levantar os anseios da população residente da cidade de

Balneário Camboriú quanto ao Parque Natural Municipal Raimundo Malta, Gomes (2012)

entrevistou 94 pessoas em 3 pontos diferentes: no entorno ao parque, próximo as margens

da BR-101 e na Avenida Atlântica de Balneário Camboriú. Os entrevistados tinham entre 17

e 83 anos de idade, revelando diferentes possibilidades de vivência em relação ao tema da

pesquisa. Em seus resultados foi possível observar que 91% dos entrevistados na área

entorno sabem da existência do parque, enquanto apenas 53% dos entrevistados na

avenida atlântica o conhecem, sendo que do numero total de entrevistados, 32% nunca

visitaram o parque.

Gomes (2012) destaca que os motivos que mais trazem visitantes ao parque são à procura

pelos produtos fitoterápicos, as visitas com colégio e o lazer para as crianças. Quando

questionado saber a importância de se ter o Parque no município, os entrevistados

afirmaram que o lazer e a possibilidade de levar as crianças para brincar tem grande

importância, apesar de não ser o motivo de maior visitação (Figura 8), como também se

tratar de uma área de preservação da natureza, destacando como possíveis melhorias a

divulgação e ampliação dos horários de funcionamento.

Figura 8 – Representação gráfica com importância da existência do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta no município de Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

Este anseio de maior horário de visitação possivelmente decorre do fato de que o Parque

abre apenas em um período vespertino. Portanto, somado a necessidade de divulgação do

27%

22%

20%

15%

13%

3% 1%

Fitoterapia

Trazer crianças para brincar

Lazer

Visita com o colégio

Contemplar a natureza

Prática de Exercicios Físicos

Outro

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Parque, já que parte dos entrevistados não o conhece (32%), verifica-se que há

pertinência destes anseios com uma das funções da categoria Parque, que é de propiciar

uso público, conforme SNUC (BRASIL, 2000).

A maioria das atividades apontadas são compatíveis com os objetivos da categoria Parque.

Contudo, a procura de fitoterápicos não se aplica, já que a produção ocorre na área do

Parque. Também não foi observado o desenvolvimento do potencial desta atividade como

educação ambiental, o que poderia ser feito realizando palestras ou imprimir informações

sobre a importância das plantas medicinais da Mata Atlântica junto ao rotulo das

embalagens, fato que possivelmente minimizaria a incompatibilidade desta distribuição nas

dependências desta UC. No entanto, se realiza outras atividades de educação ambiental no

Parque, sem relaciona-la a distribuição e produção dos fitoterápicos.

4.3 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DO PARQUE

O mapa de delimitação da área do parque (Figura 9) serviu como base para elaboração do

mapa de uso e cobertura do solo e o mapa de zoneamento. A Área total de ocupação da UC

obtida com a utilização de ferramentas SIG, foi igual a 244.080 m², cerca de 40% (71.400

m²) a mais que a área delimitada pela Prefeitura Municipal em 1993.

Além das etapas utilizadas na metodologia para elaboração do mapa, foi consultado o

Termo de Permissão de Uso Especial de Bem Imóvel Público autorizado através da Lei

Municipal 2.293/2003, que possibilita o uso de área do Parque pelo “Grupo de Escoteiro

Leão do Mar”. Conforme destacado pelos gestores, pode ser necessário efetuar correções

na delimitação elaborada, pois os limites do Parque são incertos e estão atualmente sob

revisão, realizado pelo topógrafo responsável da Prefeitura sem prazo determinado para

conclusão.

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Figura 9 - Mapa de delimitação de APP e da área do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

Fica evidente a pressão exercida sobre o Parque pela expansão urbana que vem se

aproximando gradativamente, evidenciando a importância da regularização de sua situação

para que, amparado pelo SNUC, possa se manter indiferente a tal pressão e resistir ao

crescimento urbano. Portanto, é imprescindível a definição de limites do Parque, mesmo por

que será necessário na elaboração do Plano de Manejo e consequente estabelecimento da

Zona de Amortecimento, conforme SNUC (BRASIL, 2000).

Importante destacar, ainda, que o processo de fragmentação leva a perda de espécies,

conforme indicam Primack e Rodrigues (2001), este processo de fragmentação evidencia

ainda mais a importância de manter áreas continua de vegetação, reduzindo o efeito de

borda e mantendo a diversidades de espécies que habitam o fragmento, atendendo um

objetivos da categoria Parque que é a preservação de ecossistemas naturais de grande

relevância (BRASIL, 2000).

Aproveitando a oportunidade da delimitação da área do Parque, delimitou-se a Área de

Preservação Permanente (APP) segundo o que estabelece a lei 12.615 de 25 de maio de

2012 (Novo Código Florestal, BRASIL, 2012). Portanto o Rio Camboriú, que margeia o

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Parque tendo em média 33 a 48 metros de largura, considerou-se como APP 30 metros

as margens deste curso d’água, totalizando uma área de 69.864 m².

4.4 USO E COBERTURA DO SOLO

Para elaboração do mapa de uso e cobertura do solo (Figura 11), foram escolhidas, ao todo,

8 classes de uso e ocupação que mais se evidenciaram no estudo realizado, sendo áreas

predominantes tanto no parque como na região adjacente. As classes foram:

Solo Exposto:

Floresta Ombrófila Densa:

Urbanização:

Vegetação de Transição:

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Corpo Hídrico: Vegetação Exótica / Bambuzal:

Vegetação Rasteira / Gramíneas: Banhado (meramente ilustrativa):

Figura 10 - Classes de uso e cobertura do solo no Parque Natural Municipal Ramindo Gonçalez Malta - Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

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Figura 11 - Mapa de uso e cobertura do solo do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

Com base no mapa de uso e cobertura do solo foi possível realizar uma análise dos

elementos que o compõem, estabelecendo as feições predominantes e de maior

importância. Os resultados permitiram elaborar a Figura 12 com as proporções de área

facilitando a compreensão e entendimento dos mesmos.

Figura 12 – Representação gráfica de proporção das áreas de uso e cobertura do solo do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

72%

11%

8% 3% 2% 2% 1% Floresta Ombrófila Densa

Vegetação de Transição

Vegetação Rasteira /Gramíneas

Solo Exposto

Banhado

Vegetação Exótica / Bambuzal

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De toda área do Parque, a feição predominante, ocupando 72% de seu território, é

representada pela Floresta Ombrófila Densa Aluvial, que faz parte do bioma Mata Atlântica.

Posteriormente a área com maior ocupação foi representada por Vegetação de Transição,

ocupando 11% do território. Esta classe se refere a porção de manguezal alterada e

associada a Hibiscus pernambucensis (hibisco) difícil de ser discriminada na imagem

utilizada, por isto, classificada como vegetação de transição.

As feições menos predominantes foram: solo exposto com 3%, os banhados e bambuzais

com 2% e a urbanização com apenas 1% da área ocupada. Tais resultados são compatíveis

com a categoria Parque, que é uma unidade de proteção integral e de uso público. Portanto,

a área urbanizada se refere às infraestruturas de uso público presente no parque, como o

Centro de Produção Florestal, o Complexo Fitoterápico Municipal, sede da coordenação do

parque, o Projeto Ambiarte, Setor paisagístico, guarita de entrada e sanitários.

A área gramada compreende a área de maior acesso dos visitantes, onde estão à sede da

SEMAM, o parquinho e a entrada do parque, tendo como objetivo facilitar o pisoteio, já que

se situa nos locais de visitação, compatibilizando com o objetivo de oferecer acesso aos

visitantes com facilidade, para fins educativos e recreativos (ICMBIO, 2002).

O solo exposto está presente nas regiões com fluxo intenso de veículos, compreendida pelo

estacionamento e pelas estradas de acesso ao mesmo, ao setor de paisagismo. As estradas

são compostas por cobertura de pedras, o que minimiza o problema de impermeabilização,

já que o Parque esta sujeito a inundações.

O bambuzal, composto por espécie exótica presente no Parque, principalmente às margens

do rio em área de Área de Preservação Permanente, possivelmente foram implantados para

minimizar problema de erosão das margens. Tais exóticas devem ser erradicadas, já que

um dos objetivos da categoria é preservação do ecossistema, eliminando o impacto causado

pela sua presença, tendo a área recuperada com vegetação nativa, conforme indica ICMBIO

(2002) para as categorias de Proteção Integral.

As trilhas (Figura 13) somam uma distância total de 1831 metros dentro do parque, ficando

destacado o comprimento de cada trilha na Tabela 1.

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Figura 13 - Mapa de Trilhas do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

Tabela 1 – Comprimento das trilhas do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta – Balneário Camboriú, SC.

Trilha Comprimento (m)

São Francisco 128

Bambuzal 203

Caranguejo 392

Graxaim 259

Contorno da praça 56

Figueira 315

Trapiche 15

Gamboa 463

TOTAL 1831

Levando em consideração a função das trilhas e o tamanho reduzido da área da UC frente

ao propósito e objetivos da categoria Parque, sendo recreação em contato com a natureza,

educação e interpretação e turismo ecológico, segundo ICMBio (2002), e a quantidade de

trilhas existentes, acaba existindo contato humano direto em toda sua extensão. Desta

forma se recomenda o fechamento e restauração de duas das seis trilhas existentes,

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conforme sugestão de dois dos cinco entrevistados. As trilhas recomendadas para o

fechamento são a Trilha da Figueira e a Trilha Graxaim (destacadas na Figura 13), devido

estarem cortando o centro do parque de forma paralela a outras trilhas. Portanto, a

inutilização destas trilhas não prejudicaria o acesso de visitantes, nem a realização de

atividades de educação ambiental, pois com 04 trilhas ainda em funcionamento seria

possível visitar a mesma extensão do parque mantendo uma área maior sem o contato

humano, reduzindo apenas 31% das trilhas, cerca de 570 metros, além de estar atendendo

o objetivo de conservação de UCs, reduzindo a fragmentação da área, e também facilitando

o aninhamento e refugio de animais.

4.5 PROPOSTA DE ZONEAMENTO

4.5.1 Zonas de Manejo

Utilizando-se como critério o Grau de Intervenção, bem como resultados de entrevistas,

informações sobre o meio físico e mapas gerados em etapas anteriores, foi possível

elaborar o mapa com a proposta de zoneamento para o parque (Figura 14).

Figura 14 - Mapa de proposta de zoneamento do Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

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Para a proposta de zoneamento foram estipuladas sete zonas no Parque Natural

Municipal Raimundo Gonçalez Malta, entre estas zonas, duas regiões do parque estão

classificadas como Zona Intangivel, sendo a mais restritiva das zonas, e caracterizadas por

uma área ao norte na área do Parque, com contato humano menos frequente e vegetação

bem desenvolvida, enquanto outra localizada ao sul, também possui a característica do

contato humano pouco frequente além de se tratar de uma área propicia a alagamentos.

Como finalidade desta Zona, se prevê a preservação e evolução natural.

A Zona Primitiva foi estabelecida em toda área restante do parque que possuía cobertura

vegetal arbórea e arbustiva. A finalidade desta zona é que não ocorra supressão vegetal,

sendo preservada, mas permitindo atividades primitivas de recreação e educação ambiental,

como a observação de aves e exemplares da flora da Mata Atlântica. Isto resulta em uma

maior área continua a ser mantida, sem a interferência de corredores a fragmentando,

sendo eliminadas as duas trilhas (Graxaim e Figueira), possibilitando que a área se

desenvolva com menos interferência de efeitos de bordas (PRIMACK E RODRIGUES,

2001).

Para a determinação da Zona de Uso Extensivo, se estabeleceu uma distância de 10 metros

em torno de cada trilha, gerando a área representada por esta Zona. Esta Zona tem a

finalidade de oferecer acesso ao público para fins educativos e recreativos, porém

exercendo o mínimo impacto humano na manutenção do ambiente. Atenta-se que mesmo

que esta Zona atinja porção de área de preservação permanente (APP) por localizar-se as

margens do rio Camboriú, a trilha já se encontra aberta. Portanto, o uso da mesma diminui o

impacto de abertura de novos trechos e por outro lado, propicia atividades de recreação em

contato com a natureza, educação e interpretação ambiental, bem como o turismo ecológico

são objetivos da categoria Parque, conforme Brasil (2000).

A Zona de Uso Intensivo foi demarcada em toda área com a presença de gramíneas no

parque caracterizada por receber e concentrar o maior número de visitantes, se

estabelecendo desde a portaria, incluindo o parquinho, orquidário até a Casa do

Pensamento e o labirinto. Está área prevê o uso intensivo e facilitado, em harmonia com o

meio. É importante considerar que estas estruturas já estão implantadas no Parque e sua

manutenção além de compatibilizar com as atividades de usos públicos desta categoria de

UC, são atrativos aos visitantes, conforme Gomes (2012).

A Zona de Uso Especial contêm as áreas necessárias à administração, manutenção e

serviços do Parque, tendo o objetivo como mínimo impacto da implantação das estruturas,

dos efeitos das obras e da manutenção no ambiente natural da UC. Com base nesta

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definição, foi identificado o conflito na localização da sede da Secretaria do Meio

Ambiente, sendo um setor da Prefeitura em uma Unidade de Conservação, e estando

localizada na área com maior contato dos visitantes. Portanto, recomenda-se que a atual

edificação da Secretaria do Meio Ambiente, chamada de casa do pensamento, seja

convertida em um local para recepção dos visitantes e eventual realização de educação

ambiental, transferindo-a para próximo às outras estruturas responsáveis pela manutenção

e gestão do parque existentes na área denominada como Zona de Uso Especial. Foi

constatado que assim como sede da SEMAN, o setor de paisagismo está em conflito com

os objetivos de uma Unidade de Conservação, visto que se trata de gestão e manutenção

das praças e canteiros do município de Balneário Camboriú, não estando relacionado com

as atividades estabelecidas numa UC de proteção integral. Portanto, o ideal seria que na

Zona de Uso Especial somente ficassem as edificações para gestão e manutenção do

Parque, sendo a SEMAM e o Setor de Paisagismo transferidos da área do Parque.

Foram identificadas duas regiões caracterizadas como Zona de Uso Conflitante, sendo

composta pela área do pomar e horta do parque. Estes espaços localizados dentro do

Parque conflitam com os objetivos de conservação da área protegida, cujos usos e

finalidades, podem ter sido estabelecidos antes da sua criação. É necessário um manejo

estabelecendo procedimentos que minimizem os impactos sobre a Unidade de

Conservação, ou que seja interrompido tal uso, recuperando a área e passando a integrá-la

no futuro em sua zona vizinha de maior predominância, no caso, a Zona de Uso Primitivo.

No Parque foram encontradas algumas áreas que precisam ser restauradas, classificadas

como Zona de Recuperação. Estas áreas estão consideravelmente antropizadas ou

alteradas, tendo como finalidade deter a degradação dos recursos e restaurar a área. É uma

zona provisória, sendo uma vez restaurada, deve ser incorporada novamente a uma das

zonas vizinhas predominantes e permanentes. Ao norte do Parque foi identificada uma

mancha resultado da movimentação de terra exercida pela atividade do setor do paisagismo

do município, que deve ser recuperada e incluída novamente na Zona Primitiva. Ao sul do

Parque existem algumas áreas a serem recuperadas, que contêm vegetação exótica

(bambuzal). Os bambus poderiam servir para a criação de poleiros artificiais nas áreas

recuperadas, atraindo aves e colaborando com a dispersão de sementes, além da

realização de educação ambiental e utilização na personalização do centro de visitantes e

educação ambiental.

Conforme a Figura 15, é possível notar que as maiores porções de área do Parque (75%)

compreendem áreas com objetivo de preservação, sendo 44% de Zona Primitiva e 31% de

Zona Intangível. As áreas com maior contato de visitantes correspondem 13% da UC, sendo

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composta por 9% de Zona de Uso Extensivo e 4% de Zona de Uso Intensivo. 3% da área

do parque deve ser recuperada e incorporada a outra zona, enquanto apenas 2% tem uso

considerado conflitante, podendo ou não ser recuperada e enquadrada em outra zona.

Figura 15 – Representação gráfica com as proporções de Áreas da proposta de zoneamento para o Parque Natural Municial Raimundo Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte:

Autor.

Portanto, quanto ao enquadramento da Zona por nível de intervenção (ICMBIO, 2002)

verifica-se duas zonas com nenhuma ou baixa intervenção, correspondente a Zona

Intangível e a Zona Primitiva, uma Zona de média intervenção, correspondente a Zona de

Uso extensivo e quatro Zonas de alto grau de intervenção, correspondente a Zona de Uso

Especial, Uso Intensivo, de Recuperação e de Uso Conflitante, conforme página 13.

4.5.2 Zona de Amortecimento

Para entendimento da situação do Parque em relação a seu entorno, foi necessário ampliar

a visão da análise. Neste sentido, percebe-se que o Parque passa a constituir uma das

manchas de floresta na paisagem, já que esta classe predomina no uso e cobertura da área

de estudo (Figura 16).

Portanto, a paisagem é composta por um conjunto de manchas de três diferentes unidades

homogêneas: floresta, Incluindo o parque, urbanização e solo exposto. Quanto aos

corredores, conforme Marenzi (2004), é possível observar: estradas do tipo faixa (rodovias)

e linhas (ruas mais estreitas), e cursos d’água, com destaque ao Rio Camboriú.

Como matriz da paisagem se estabeleceu a mancha de urbanização, pois conforme Baudry

& Burel (2002), é o elemento dominante na paisagem analisada.

44%

31%

9%

8% 4% 3% 2% Zona Primitiva

Zona Intangivel

Zona de Uso Extensivo

Zona de Uso Especial

Zona de Uso Intensivo

Zona de Recuperação

Zona de Uso Conflitante

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Desta forma, para o Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta, foi

estabelecida uma zona de amortecimento (ZA), com cerca de duas vezes seu território,

compreendendo as manchas remanescentes de vegetação, mesmo que sob intervenção

humana, delimitadas pela matriz urbana, conforme Figura 16.

Figura 16 - Mapa com proposta de Zona de Amortecimento e Área de Interesse para o Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalez Malta, Balneário Camboriú, SC. Fonte: Autor.

Ao norte, esta zona se estende em torno de 150 metros, sendo limitada pela Rua Angelina e

pelos limites do Hospital Municipal Ruth Cardoso. A leste se estende por 400 metros, sendo

limitada pelo canal adjacente as residências da Rua Agrolândia. No sentido sul, é limitada

pelo Rio Camboriú e limite do município de Balneário Camboriú. A oeste do Parque, a zona

de amortecimento se estende por 200 metros, sendo limitada pelos terrenos da Avenida

Santa Catarina, da Rua Leopoldo Leite e Rua B Três.

Apesar de recomendado a exclusão de áreas urbanas na definição de ZA (ICMBIO, 2000),

esta proposta inclui parte das estruturas públicas existentes no entorno, como o Hospital

Municipal Ruth Cardoso, o Núcleo de Educação Infantil Sementes do Amanhã, o CAIC

Airton Senna, SENAI, o Posto de Atenção Infantil, a sede da Federação Catarinense de

Futebol e parte de terrenos em processo de ocupação, por tratar-se de um Parque em área

urbana, não se tem alternativa. Desta forma, mesmo que estabelecida pelo Plano Diretor do

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Município (BALNEÁRIO CAMBORIÚ, 2008) como Zona de Ocupação Controlada,

Vocacionada e de Baixa Densidade (ZOR-1) estando na Macrozona de Ambiente

Construído (MAC), o fato de estabelecimento de ZA do Parque poderá, por meio de normas,

limitar a urbanização, sendo mais restritiva ou detalhista, e minimizando o impacto no

interior do Parque.

Ainda, nesta região na face sul do Parque, foi delimitada Área de Interesse de Corredor

Ecológico. Esta área poderia compor a Zona de Amortecimento, mas por tratar-se de

território no município de Camboriú não é possível estabelecer normas, já que o Parque é

municipal. Ao norte a área é limitada pelo Rio Camboriú e limite do município de Camboriú.

A leste é limitada pela Rua Santo Estevão e Rua Santo Amaro. No sentido sul, se estende

por cerca de 1.300 metros pelo o município de Camboriú, sendo limitada pela Rua Coronel

Benjamim Vieira. No sentido oeste a área é delimitada pelo limite dos terrenos da Rua João

Morais, da Avenida Santa Caterina e pelo Rio Camboriú.

Contudo, esta Área de Interesse de Corredor Ecológico deverá ser preservada ou

recuperada considerando que compõe a mata ciliar em demais porções do Rio Camboriú ou

meandros do mesmo, estabelecida como Área de Preservação Permanente (APP),

conforme Lei 12.651 de 25 de maio de 2012 (BRASIL, 2012). Esta área, atuando como

corredor ecológico poderá atenuar o problema de fragmentação do Parque e demais

manchas de remanescentes vegetais na região pela matriz urbana e corredores de

estradas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi determinada a área de delimitação espacial do Parque Natural Municipal Raimundo

Gonçalez Malta, que serviu como base para realização das etapas seguintes, como o

levantamento e mapeamento do uso e ocupação do solo juntamente com a pesquisa

bibliográfica do meio físico, permitindo analisar a área da UC, e servindo como subsídio para

a realização e elaboração da proposta do zoneamento, guiado pelos anseios dos atores

envolvidos com o Parque. O zoneamento proposto poderá subsidiar a elaboração do plano

de manejo com base na paisagem da área estudada, uma vez que este ainda não foi

desenvolvido para esta unidade de conservação e é um importante instrumento de gestão.

O uso e cobertura do solo se mostrou compatível com a categoria Parque, pois apresentou

a maior fração de seu território ocupado por Floresta Ombrófila Densa, as áreas de solo

exposto e urbanização foram pequenas comparadas com as outras feições, tendo mais de

83% de sua área total ocupada por vegetação. Parte do Parque (29%) é área de

Preservação Permanente por localizar-se as margens do Rio Camboriú, inclusive sendo

uma de suas divisas.

Foi necessário utilizar o critério por Grau de Intervenção para chegar ao zoneamento, que

teve como base a utilização conjunta de dois dos critérios, os físicos mensuráveis ou

especializáveis e os critérios indicativos das singularidades da UC. Como critério físico

identificou-se as áreas mais passíveis a inundações, prevendo uma menor interferência

humana nestas. No critério indicativo das singularidades da UC, buscou-se associar as

zonas em harmonia com as estruturas já existentes e os usos já estabelecidos no Parque.

O uso do SIG e das imagens de satélite se mostrou de grande utilidade para profissionais e

gestores das UCs, proporcionando agilidade e eficiência na obtenção de dados e

elaboração do mapeamento. A utilização do SIG associado ao estudo dos elementos da

paisagem, analisando corredores, manchas e matrizes se mostrou eficaz na obtenção de

informações para determinação do Zoneamento de UCs, bem como a Zona de

Amortecimento.

Como recomendação para os gestores do parque se tem: maior divulgação do Parque e das

atividades desenvolvidas na UC. Quanto ao anseio identificado através das entrevistas

verificou-se o fechamento de duas das sete trilhas existentes, gerando menos fragmentação

das manchas de vegetação; a implantação de uma espécie de arca de noé, em um ou mais

espaços estratégicos do parque, onde se elevaria a cota do terreno em uma pequena área

servindo de refúgio para os animais que habitam o parque em cotas de inundação, tais

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áreas precisariam ser escolhidas com estudo direcionado identificando também a cota

apropriada; transformação da atual sede da Secretaria do Meio Ambiente em sede para

visitantes e educação ambiental; transferência da Secretaria do Meio Ambiente e do Setor

de Paisagismo para fora do Parque ou para, em últimos casos, localidade próximo das

estruturas gestoras já existentes; e a recuperação das áreas do pomar e horta, local de

movimentação de terra do setor do paisagismo e os bambuzais, incluindo-as em outras

zonas após restauração. Em relação ao setor fitoterápico, por se tratar de um importante

atrativo, é recomendado a realização de educação ambiental associada a produção das

ervas medicinais, podendo ser impresso informações sobre as ervas nas embalagens dos

produtos, passando a tornar a atividade compatível com os objetivos de uma Unidade de

Conservação.

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APENDICE 1

ROTEIRO SEMI ESTRUTURADO DE PESQUISA QUALITATIVA

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Nome: Idade:

Formação:

Função No Parque:

Tempo de Trabalho no Parque

Com base no mapa preliminar de uso e ocupação do solo, tem mais alguma informação a acrecentar?

Com base no mapa preliminar de áreas alagadas, tem mais alguma informação a acrecentar?

Você sabe o que é um Plano de Manejo?

Voce sabe que uma das etapas do Plano de Manejo é o zoneamento?

Com base na área do Parque, o que voce percebe como problema na gestão?

Com base na área do Parque, o que voce indica como uso adequado? (que ainda falta, ou está prejudicando)

OBS:

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APENDICE 2

MAPA DE DELIMITAÇÃO DE APP E DA ÁREA DO PARQUE

NATURAL MUNICIPAL RAIMUNDO GONÇALEZ MALTA

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APENDICE 3

MAPA DE ÁREA INUNDÁVEL DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL

RAIMUNDO GONÇALEZ MALTA

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APENDICE 4

MAPA DE TRILHAS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL RAIMUNDO

GONÇALEZ MALTA

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APENDICE 5

MAPA DE ZONA DE AMORTECIMENTO DO PARQUE NATURAL

MUNICIPAL RAIMUNDO GONÇALEZ MALTA

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APENDICE 6

MAPA DE USO E COBERTURA DO SOLO DO PARQUE NATURAL

MUNICIPAL RAIMUNDO GONÇALEZ MALTA

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APENDICE 7

MAPA DE ZONEAMENTO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL

RAIMUNDO GONÇALEZ MALTA

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