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Universidade do Vale do Itajaí Campus São José Curso de Relações Internacionais A FORMAÇÃO DE UMA MULTINACIONAL BRASILEIRA: A Internacionalização da Companhia Vale do Rio Doce DAIANA RAFAELA TESTA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a banca examinadora do curso de Relações Internacionais como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais, pela Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Prof. Dra. Ana Paula Menezes Pereira UNIVALI - São José Novembro 2008

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Universidade do Vale do ItajaíCampus São JoséCurso de Relações Internacionais

A FORMAÇÃO DE UMA MULTINACIONAL BRASILEIRA:A Internacionalização da Companhia Vale do Rio Doce

DAIANA RAFAELA TESTA

Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado a banca examinadora do cursode Relações Internacionais como partedas exigências para a obtenção do título debacharel em Relações Internacionais,pela Universidade do Vale do Itajaí

Orientador: Prof. Dra. Ana Paula Menezes Pereira

UNIVALI - São José

Novembro 2008

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RESUMO

A globalização atual faz com que empresas participem mais do mercado internacional e seadaptem às exigências deste grande mercado. O campo de internacionalização de empresastem se ajustado às mudanças dos últimos anos, bem como as empresas engajadas na prática deconduzir negócios internacionais. Assim sendo, a internacionalização de empresas fornece, deforma indireta, suporte à própria inserção das economias nacionais no comércio mundial. Paratanto, esta pesquisa foi realizada no aporte da empresa Companhia Vale do Rio Doce, a fimde analisar o modelo de internacionalização da uma das maiores multinacionais brasileiras;descrevendo a sua atuação e inserção global, a partir dos investimentos externos recebidos eefetuados pela empresa. Inicialmente, foi realizada uma revisão teórica sobre a conceituaçãode globalização e de internacionalização produtiva. A seguir são destacados alguns aspectosrelevantes do contexto econômico brasileiro e mundial, a partir da década de 1990, queafetaram e evidenciaram a integração das economias e mercados nacionais. Dentro docontexto mundial, no Brasil destaca-se a influência da competitividade global acirrada e ainserção recente das empresas brasileiras no mercado global como fruto da aberturaeconômica dos anos 1990. Sobre a Companhia Vale do Rio Doce apresenta-se, inicialmente,um histórico de sua criação, e então as transformações estruturais enfrentadas pela mesma noprocesso de internacionalização e adaptação ao mercado mundial. Um processo precedido poraltos investimentos externos, atuação eficaz da empresa no exterior, além de uma amplavantagem setorial com a alta nos preços das commodities comercializados. Para este trabalho,foram realizadas pesquisas bibliográficas e utilização de dados secundários, no qual serviramde suporte para a análise da internacionalização atual da empresa e, dentro do contexto daglobalização e formação de multinacionais brasileiras.

Palavras-chave: Globalização. Internacionalização de Empresas. Multinacionais.Investimento Externo Direto. Companhia Vale do Rio Doce.

Abstract

The current globalization force companies to get enrolled into the international market with a

lot of efforts.The field of internationalization of companies has been adjusted to the changes

of recent years, and companies got engaged in the practice of conducting business

internationally. Therefore, the internationalization of companies, so indirectly, support

integration of national economies in world trade. With this claim, this research was done in

the input of the Vale do Rio Doce company, to analyze the pattern of internationalization of

one of the biggest Brazilian multinationals. Previously, a serch for concepts of globalization,

internationalization and foreign investments. Exposing afterwards the Brazilian and world

economic context from the 1990s. As a result, we observed the influence of global

competition, the recent inclusion of Brazilian companies in the global market and the

importance of this process to the country's economic development. About Vale do Rio Doce,

the history of its creation, and later the structural changes the company faced in the process

of internationalization and adaptation to the world market. A process preceded by foreign

investments, effective performance in addition to the advantages in the sector of commodities

trade. For this work, a bibliographic search was conducted using secondary data, which

served as a support for the analysis of the current internationalization of the company, within

the context of globalization and the formation of Brazilian multinationals.

Key Words: Globalization, Multinational, Foreign Investments, Vale do Rio Doce.

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A FORMAÇÃO DE UMA MULTINACIONAL BRASILEIRA:A Internacionalização da Companhia Vale do Rio Doce

Daiana Rafaela Testa1

Sumário: Introdução; 1 A Globalização e a Internacionalização de Empresas; 1.1Internacionalização e o surgimento das Multinacionais; 1.2 Investimento Externo Direto; 2Abertura Econômica Brasileira; 2.1 A Economia Mundial na década de 1990; 2.2 AEconomia Brasileira a partir da década de 1990; 3 O Brasil no Mercado Global; 3.1 EmpresasBrasileiras no Mercado Global; 3.2 A Formação de Multinacionais Brasileiras; 4 AInternacionalização da Companhia Vale do Rio Doce; 4.1 Nascimento e Caracterização; 4.2 OProcesso de Internacionalização; 4.2.1 Evolução da Produção e Receita; 4.3 O InvestimentoExterno Direto direcionado à Vale; 4.4 O Investimento Externo Direto da Vale no Exterior;Considerações Finais e Referências.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho descreve a internacionalização de empresas dentro do contexto da

globalização e formação de multinacionais; analisando o processo de internacionalização da

empresa Companhia Vale do Rio Doce e seu desenvolvimento atual, após a privatização até o

decorrer do último ano (1998 - 2007). A escolha do tema insere-se na importância estratégica

das empresas que fazem parte da inserção no crescente comércio mundial, no crescimento e

desenvolvimento econômico, bem como, fazem parte do processo de internacionalização das

economias nacionais.

Ao final do século passado, precisamente na última década, observa-se um grandioso

avanço da globalização e da integração dos mercados. Esta rápida evolução acelerou e

intensificou propostas de inserções estratégicas de empresas nos potenciais mercados

internacionais. Em meio aos profissionais de Relações Internacionais, a “Internacionalização

de Empresas e formação de Multinacionais” passou de um papel meramente funcional, para

ser uma responsabilidade de entender a figura de novos atores internacionais que

desempenham importantes papéis no âmbito político, econômico e social; a fim de descrever

as relações e transformações no atual cenário internacional. É eminente o papel das empresas

multinacionais como ator não-governamental das Relações Internacionais, entidades estas que

são objetos de vários estudos, discussões e desenvolvem um papel significativo na sociedade

em que se encontram. É oportuno pesquisar em que parâmetros históricos e teóricos as

empresas multinacionais estabeleceram seu processo de internacionalização, e identificar os

1 Aluna graduanda em Relações Internacionais, sob orientação da Prof. Dra. Ana Paula Menezes Pereira.

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fatores essenciais que favoreceram, ou influenciaram, a formação de multinacionais

brasileiras

Especificamente, os objetivos deste trabalho são apresentar as definições de Globalização,

Multinacionais, Internacionalização de Empresas e Investimento Externo Direto; descrever a

abertura econômica brasileira e a inserção das empresas brasileiras no mercado global, através

da formação de multinacionais brasileiras; e descrever o processo de internacionalização da

empresa Companhia Vale do Rio Doce. A empresa Vale2 foi escolhida, por ser uma líder

mundial no setor de mineração e uma das maiores multinacionais brasileiras.

Em face ao exposto, o estudo apresenta a caracterização proposta através da análise

dos objetivos anteriormente descritos e a pesquisa exploratória que fundamentam os

propósitos. Conforme Selltiz et al (apud GIL, 2002, p.41) “Na maioria dos casos, essa

pesquisa envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram

experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos”. A coleta e

análise de dados envolverão as técnicas de pesquisa bibliográfica, pesquisa exploratória e

examinação dos dados. Na pesquisa bibliográfica se dará prioridade a materiais relacionados

às Empresas Multinacionais, à empresa Vale e seu desenvolvimento histórico, à Globalização,

Internacionalização e outros temas econômico-financeiros. A pesquisa, previamente

caracterizada acima, ainda levará em consideração materiais coletados, a respeito do tema

visado, tais como: matérias jornalísticas em pauta, relatórios da empresa, artigos, entrevistas,

entre outros. Uma vez desenvolvidas estas etapas do processo de coleta destes dados, será

efetuada uma análise do conteúdo recolhido.

Na primeira parte do trabalho serão revisados teoricamente os conceitos de

globalização, internacionalização de empresas e Investimento Externo Direto. Na segunda

parte, são destacados alguns aspectos relevantes ao processo de abertura econômica e

integração produtiva das economias nacionais e mundiais no período recente. Na terceira, é

descrita a entrada de empresas brasileiras no mercado global e, na quarta e última parte,

estuda-se a empresa Vale e seu processo de internacionalização.

1. A GLOBALIZAÇÃO E A INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

2 Em 2007, a até então Companhia Vale do Rio Doce, unificou sua marca e passou a ser chamada “VALE” noscinco continentes onde atua. A estratégia de identidade única adotada, que teve custo estimado de US$ 59milhões, tem o objetivo de unificar e potencializar os esforços realizados na gestão da imagem da empresa[VALE, 2008?a]. Apesar dos esforços quanto à marca, a razão social da empresa continua sendo “CompanhiaVale do Rio Doce”.

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A globalização evoluiu através de um processo histórico, constituindo-se em

convergência de fatores políticos, econômicos e sociais definidos pelos consensos nacionais e

mundiais. Os antecedentes da globalização são descritos por Baumann:

Historicamente, o desenho das políticas econômicas foi afetado de distintas maneiras, pelarelação entre as economias nacionais e o resto do mundo. Num primeiro momento, aintensificação desse vínculo a partir das facilidades de transporte (sobretudo desde oséculo XVI) envolveu uma série de considerações relativas à ampliação do acesso einsumos mais baratos, mercados ampliados, e contato com novas tecnologias, entre outrosefeitos. É a chamada internacionalização das economias. (...) Uma das peculiaridades quedistinguem o processo de globalização de toda a experiência anterior é que, comoconseqüência de sua forma e intensidade, seus efeitos são mais intensos e se superpõe aosanteriores; sua tendência é de constante ampliação, afetando, embora de forma variada, atodos os países. (BAUMANN, 1996, p. 37).

Identificar claramente a globalização nos processos internacionais, ou conceituar sua

caracterização têm sido um esforço com demanda crescente. Rodrik (1997, p.01) diz que

“uma análise sumária do tema globalização mostra rapidamente que não há um conceito

generalizamente aceito e partilhado. Bem pelo contrário, predomina uma certa confusão

conceptual”. Se buscar a definição epistemológica, globalizar significa “ver ou considerar o

todo, sem ter em conta as partes; apreciar em conjunto” (GLOBALIZAÇÃO, 2008). Este

aspecto pode facilitar a compreensão do que pode ser entendido como um processo de

agrupamento, uma ligação de atores internacionais em sua economia, política, cultura e vida

social que envolve e afeta diretamente diversos aspectos das relações sociais; por isso sua

caracterização pode ser feita sob diversas óticas.

Em 1992, o Grupo de Lisboa3 publicou um trabalho que aborda a globalização no que se

refere às ligações e interconexões entre os Estados e as Sociedades do sistema mundial; onde

os acontecimentos em uma parte do mundo acarretam conseqüências significativas para a

sociedade em zonas distintas do globo (GRUPO DE LISBOA, 1994). Isso significa que ações,

ascensões e crises econômicas, por exemplo, afetam não mais um local definido, mas um

maior número de indivíduos e comunidades.

Do ponto de vista financeiro e comercial, a globalização pode ser vista como um

processo ainda em curso de integração de economias e mercados nacionais. Baumann (1996,

p.34) aborda o conceito sob diferentes perspectivas:

[...]de uma perspectiva estritamente financeira, a globalização é responsável (a)pelo aumento no volume de recurso, (b) pela velocidade de circulação dos recursos,(c) a interação dos efeitos de a e b sobre as diversas economias. De umaperspectiva comercial, o processo de globalização se traduz em semelhança

3 O Grupo de Lisboa foi uma proposta de criação do Grupo da Universidade Católica de Lovaina (Bélgica) comRicardo Petrella, o diretor do programa Forecast and Assessment in Science and Technology (FAST) daComissão Européia. O grupo foi integrado por 19 personalidades de 7 países diferentes.

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crescente das estruturas de demanda, e na crescente homogeneidade da estrutura deoferta nos diversos países, o que permite ganhos de escala, uniformização detécnicas produtivas e administração, redução do ciclo do produto e um diferentefoco de competição – de concorrência em termos de produto para competição emtecnologia de processos.

A globalização produtiva é também uma importante perspectiva. Baumann (1996, p.44)

defende que o processo produtivo internacionalizado adquire novas formas: “diversas

unidades nacionais passam a ser componentes da mesma estrutura integrada de geração de

valor, ao mesmo tempo que aumenta a fluidez de transmissão de normas, valores e rotinas

operativas, condição necessária para a crescente homogeneização produtiva”. Há um sentido à

globalização segundo o qual empresas buscam um sistema de transações, produção em escala

e comercialização a nível internacional. A estratégia é convergir os mercados, tendendo-os a

um ponto comum.

1.1. INTERNACIONALIZAÇÃO E O SURGIMENTO DAS MULTINACIONAIS

A noção de internacionalização faz referências ao conjunto de processos que tecem

relações de interdependência entre as economias nacionais. Estes processos incluem as

importações e exportações de bens e serviços; as entradas e saídas de investimento direto e de

capital financeiro; as entradas e saídas de tecnologias; os movimentos internacionais de mão

de obra qualificada e os fluxos inter-fronteiras de informações. Conforme Gonçalves:

Há três formas básicas de internacionalização da produção: comércio, investimentoexterno direto e relações contratuais. O comércio significa que a mercadoria (bemou serviço) é produzida no país de origem e exportada (cruza a fronteira nacional).O investimento externo direto (IED) representa o deslocamento da pessoa jurídica(empresa) – a presença comercial. Há IED sempre que um não-residente realiza uminvestimento externo com o intuito de controlar efetivamente a empresa receptorado capital (filial, subsidiária ou joint venture). As relações contratuais (franquias,assistência técnica, licenças, royalties, etc.) regulam a transferência de ativos. Osnão-residentes são proprietários desses ativos, que são transferidos para não-residentes, sob a proteção de contratos. (GONÇALVES, 2005, p.47)

A internacionalização de empresas torna-se, cada vez mais, uma importante estratégia

de crescimento econômico e desenvolvimento com melhorias extensas. A internacionalização

é compreendida no envolvimento de uma determinada empresa, nas operações com outros

países fora de sua base de origem, através de um processo crescente e continuado

(GOULART, CARVALHO, 1996). O fomento da internacionalização das empresas e das

economias mundiais tem aprofundado cada vez mais a globalização. Na internacionalização

através de Investimento Externo Direto (IED) e comércio, os países em desenvolvimento vêm

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recebendo notoriedade e crescente importância, com investimentos qualitativos em diversos

setores.

As economias globalizadas fazem com que corporações busquem a redução de custos com

o objetivo de se tornarem mais competitivas e de dominarem o amplo percentual do mercado

a que se destinam seus produtos e/ou serviços. As empresas multinacionais fixam suas

estratégias e organização em bases internacionais para melhor dominar o mercado

internacional. Neste cenário, onde empresas com produtos similares competem umas com as

outras; é imprescindível reduzir os custos unitários de produção com a economia de escala

(KRUGMAN, OBSTFELD, 1997). Bens e serviços passam a ser produzidos em série, com

eficiência e economia em gastos com energia, maquinário, funcionários, etc.

O processo de internacionalização da produção tem provocado transformações em vários

planos; seja organizacional, tecnológico ou financeiro; além de acirrar a concorrência e as

trocas entre os países. A globalização, sob ponto de vista produtivo, está ligada ao aumento

dos fluxos de IEDs e ao processo de reestruturação empresarial para fazer frente a este

mercado cada vez mais disputado e competitivo, incrementando o desenvolvimento da

produção com novas técnicas e informações, voltadas ao comércio global.

A internacionalização de empresas é diretamente envolvida pelos fenômenos de

investimento externo, tecnologia, estrutura de mercado e organização da produção. A

indústria altera seu perfil para adequar-se às normas e competições globais, e os IEDs

impulsionam o comércio externo do produto; a indústria ganha nova dimensão e uma nova

função de gerar riqueza. A determinação dos fluxos de comércio internacional, bem como na

localização industrial da regionalização da produção e da concentração de mão-de-obra e

tecnologia avançada, fazem com que as multinacionais tenham importância crescente na

economia mundial.

Segundo Grieco (1997, p.149), “uma organização será chamada “internacional” ao invés

de “nacional” somente se o controle da organização é explicitamente dividido pelos

representantes de duas ou mais nações”. E quando, nas operações de uma corporação,

participam significativamente duas ou mais nações, emanam-se novas alianças, trocas além de

crescimento econômico das empresas e economias locais.

Em relação à conotação, podemos dizer que empresas transnacionais são igualmente

denominadas de empresas multinacionais. Nesse sentido, Fernandes (1998) observa que a

empresa multinacional reparte seus recursos sem preocupações de fronteiras nacionais e

considera as suas operações no exterior tão importantes como as que realiza no mercado

nacional, mas ainda sofre influência do Estado de origem com a propriedade e a direção

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continuam ainda uninacionais; a empresa transnacional, por sua vez, pertence e é gerida por

pessoas de origens nacionais diferentes, e as suas decisões escapam totalmente à ótica

nacional; a empresa intermacional reagrupa suas operações à estratégias de penetração nos

mercados internacionais até o investimento direto; e, finalmente, há empresas supranacionais

- juridicamente desnacionalizadas e registradas junto a um organismo internacional, quem

possui seu controle e cobra os devidos impostos.

Entre os atores internacionais não-estatais (Organizações Internacionais, ONGs e

Empresas Transnacionais), as transnacionais destacam-se como grandes atores da sociedade

nacional; conforme Pimentel (1999), as chamadas mega-empresas manifestam tendência à

internacionalização na economia moderna e seu protagonismo consolida-se nas relações

sócio-econômicas mundiais atuais. Há um conjunto de fenômenos, processos e tendências

atuais que fazem com que a participação de atores não-governamentais cresça na esfera

global; o aumento no comércio internacional e nos fluxos financeiros é um deles. Há uma

integração crescente no mercado internacional, o que incrementa a interação entre atores não-

governamentais - tais como as empresas transnacionais ou multinacionais – diminuindo as

fronteiras nacionais existente entre estes. Oliveira (2003, p. 249) caracteriza as transnacionais:

[...] são organizações que se envolvem com fins lucrativos, geralmente em forma desociedades mercantis ou de corporações comerciais; um fenômeno sui generis aoadotar a nacionalidade e a legislação de um ou de outros Estados onde se filiam,caracterizando-se pela plurinacionalidade, ou até a multinacionalidade em razão deseu capital social e pela transnacionalidade de seu raio de ação, por isso, se dizerque esses atores internacionais desconhecem fronteiras e nacionalidades.

Com o deslocamento das fronteiras transnacionais, há uma grande oportunidade de

crescimento econômico. Há inclusive, autores tais como Rossetti (1990), que observam a

existência de uma correlação direta entre o incremento das exportações e a melhora no

crescimento econômico das nações. Segundo o autor, a partir dos anos 80, países em

desenvolvimento que possuíram as maiores taxas de expansão do PNB foram também os

que obtiveram melhores desempenhos nas suas exportações. Para vincular essa correlação, o

autor releva três razões fundamentais: “os ganhos de escala resultantes da intensificação do

comércio externo; o aumento da capacidade de importação dos bens de capital e dos

insumos básicos necessários à promoção do crescimento acelerado e à diversificação

industrial interna e; além dos efeitos multiplicadores das exportações sobre o emprego, a

produção e a renda da economia” (ROSETTI, 1990, p.722).

1.2. INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO

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Há três razões principais pelas quais as empresas realizam investimentos externos,

segundo o autor Hymer (1976): vantagens competitivas perante empresas locais através da

redução de impostos, conhecimento de modelos de produção que muitas vezes não utilizados

no mercado local entre outros incentivos; diversificação de mercado e antecipação da

competição. Ao introduzir capital em empresas estrangeiras, o investidor está antecipando-se

no conhecimento de um possível mercado consumidor para seus produtos e ao mesmo tempo

diversificando os riscos de produção e de capital.

Hymer (1976) ainda salienta que os investimentos externos não devem ser apenas

tratados em termos de diferenças de atributos entre países, mas sim, principalmente entre as

diferenças existentes entre as próprias empresas em situações econômicas diferentes.

Empresas multinacionais possuem muitas vezes capital excedente de suas unidades; esses

recursos extras, tornam-se investimentos em novas regiões do globo, fazendo assim com que

as empresas ampliem sua atuação no mercado externo e a possibilidade de um aumento de

mercado consumidor.

Existem duas classificações de investimentos externos: Investimentos de Portfólio e

Investimentos Externos Diretos (IED). O primeiro referencia-se aos fluxos de capitais não

orientados ao gerenciamento operacional da empresa aonde ocorreu o investimento. Já o IED

refere-se a um investimento com intenção de controle acionário de no mínimo 10% da mesma

e ao mesmo tempo operacional. Os IEDs são concebidos para projetos à longo prazo, pois

requerem um investimento maior e possuem uma irreversibilidade altíssima (AMAL,

SEABRA, 2007). O conceito de IED, segundo as leis brasileiras:

O conceito de investimento externo direto, segundo as próprias leis brasileiras, érepresentado por participações permanentes em empresas receptoras no país, ousegundo práticas usuais de mercado, com ânimo de permanentes, detidas porinvestidor não permanente, pessoas física ou jurídica, residente e domiciliada, ouainda, com sede no exterior, mediante a propriedade de ações ou quotasrepresentativas de seu capital social, bem como o capital destacado de empresasautorizadas a funcionar no país (KRAFT, 2007, p.1).

Nos últimos anos, o estímulo ao fluxo de investimento externo estrangeiro aos países

em desenvolvimento tem sido intenso. Com isso, os fluxos IED em direção aos países

periféricos cresceram significativamente, saltando de uma média de U$20 bilhões anuais no

período de 1983 a 1988 para uma média de U$150 bilhões em 1997 (UNCTAD, 2005).

Há intensa discussão a respeito dos tipos de IEDs e a necessidade de regulamentação

desses investimentos, já que tanto o IED quanto o comércio estão implicados em um forte

caráter estratégico para o desenvolvimento econômico e a inserção internacional das

corporações ou mesmo de um país; pois é uma das formas de internacionalização da produção

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que permite aos agentes econômicos produzir bens ou serviços originários de qualquer lugar

no globo. As empresas multinacionais, por sua vez, são o principal agente de Investimento

Externo Direto (IED), possuindo enorme capacidade de mobilização de recursos em escala

global. Pode-se deduzir que IED e o comércio internacional são, portanto, mecanismos que

permitem a inserção produtiva dos países na economia mundial, isto é, são formas de

internacionalização da produção.

2. ABERTURA ECONÔMICA BRASILEIRA

No Brasil, o processo de globalização das empresas no século XX constituiu-se na venda

de ações de empresas estatais, com o Estado perdendo grande parte do controle acionário.

Essa perda aumentou o interesse do capital estrangeiro em investimentos diretos no país,

principalmente com a estabilização da moeda e o declínio da inflação interna. Conforme

destaca Furtado (2000, p. 245) “as empresas nacionais, privadas e estatais, constituíram-se

com as empresas estrangeiras, multinacionais ou transacionais no tripé sobre o qual se ergueu

a economia nacional, principalmente a partir do período pós-guerra”.

A globalização produtiva trouxe ao nosso país a renovação radical dos

comportamentos ético e social tradicionais. Na crescente internacionalização da indústria

brasileira, as empresas incorporam à sua prática e teoria os novos princípios e tendências das

normas globais de produção e comercialização, com necessidade de renovação contínua do

parque industrial brasileiro (FURTADO, 2000).

A importância do comércio global, como fator primordial da expansão da produção

global, pode ser comprovada segundo Grieco (1997, p.146): “o assunto pode mencionar a

grosso modo três aspectos gerais relativos à globalização dos processos internacionais (ou

nacionais) de produção; ao financiamento (investimento) e crédito (empréstimos) e à livre

circulação de mercadorias e serviços”. A inserção do Brasil na comunidade global teve sua

raiz no desenvolvimento econômico, através de diferentes momentos e mutações políticas e

sociais, quando passa a receber investimentos externos, crédito e a comercializar mercadorias

no comércio internacional: seja importando ou exportando-as.

2.1. A ECONOMIA MUNDIAL A PARTIR DA DÉCADA DE 1990

Os países em desenvolvimento adotavam muitas medidas protecionistas de mercado

até que, na década de 1980, passaram a sofrer uma pressão crescente para a liberalização dos

sistemas financeiros e para a adesão ao princípio da livre mobilidade dos capitais, como parte

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do processo de globalização financeira. Conforme é analisado a seguir, o protecionismo

diminuiu:

[...] entre 1988 e 1993, realizou-se amplo processo de liberalização comercial noqual se concedeu maior transparência à estrutura de proteção, eliminaram-se asprincipais barreiras não-tarifárias e reduziram-se gradativamente o nível e o grau deproteção da indústria local. (GIAMBIAGI, MOREIRA, 1999, p.46).

A partir da segunda metade dos anos 1980 e, de forma mais intensa, ao longo dos anos

1990, os países em desenvolvimento passaram por um conjunto de reformas econômicas e

políticas.

O modelo antigo de desenvolvimento, centrado no mercado doméstico e com forte

participação do Estado, deu lugar a um sistema baseado na desregulamentação dos mercados

internacionais, e na liberalização comercial e financeira (BENITO, 2007). Houve uma

aceleração na entrada de IDE nos países emergentes, de modo que o estoque de IDE, em

relação ao PIB, aumentou constantemente nos anos 1980 e 1990 (CHEVARRIA, 2007). As

exportações também cresceram, aumentando exponencialmente as trocas de mercadorias,

serviços e capital. A intensa abertura veio acompanhada de alterações nos regimes aduaneiros

e proliferação de acordos de comércio bilaterais, multilaterais e regionais.

A abertura da economia brasileira de forma significativa acontece na década de 1990,

quando são reduzidas as barreiras comerciais até então existentes, e são liberalizados os

movimentos entre os capitais nacionais e estrangeiros. Isso representou uma mudança

significativa na política comercial brasileira, que passa a ser moldada no “Novo

Regionalismo”, caracterizado principalmente pelo fomento de acordos bilaterais e

multilaterais – mercados comuns, uniões aduaneiras e livre comércio (GIAMBIAGI,

MOREIRA, 1999). Os principais pontos da abertura financeira de 1990 foram a flexibilização

na entrada de IED no mercado brasileiro (aumentando a entrada desses recursos) e a

adequação doméstica ao modelo contemporâneo de financiamento internacional – uma

espécie de modernização que afetou indústrias, modelos corporativos, sistema financeiro,

entre outros.

A adaptação dos países em desenvolvimento às reformas e à globalização não foi um

processo estável. A estabilidade econômica nesses países era constantemente prejudicada por

crises financeiras nos mercados das potências mundiais, o que comprometeu o desempenho

geral das economias (BENITO, 2007).

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Em 2001, a crise nos Estados Unidos4 tiveram proporcionais no mundo todo e

assustaram os mercados. A tendência e expectativa eram de queda do crescimento global, o

que bloqueou ainda mais o acesso dos países periféricos ao mercado internacional, mesmo em

momentos de estabilidade nesses países (MATHIESON, SCHINASI, 2001).

Já no ano seguinte, em 2002, houve enfraquecimento dos processos que causaram o

desaquecimento mundial anteriormente, contribuindo para a retomada do crescimento da

economia mundial em 2003. O crescimento na produtividade influenciou todas as economias

nacionais. Nesse contexto, as economias cresceram a um ritmo mais acelerado, acima do que

vinha sendo registrado pelos PIBs anuais; o emprego crescia, assim como o consumo. O livre

comércio também foi um forte pressuposto para o crescimento, impulsionado cada vez mais

pelos países em desenvolvimento – especialmente os asiáticos.

Aproveitando o momento de aquecimento econômico, empresas passaram a ser peça

estratégica no processo de crescimento da produtividade e da globalização. Instituições

globais também defenderam e incentivaram a cooperação econômica e o desenvolvimento

através da industrialização e internacionalização. A exemplo, a Comissão Econômica para a

América Latina e o Caribe (CEPAL), quem defendia o processo de integração e requeria,

além da liberalização ampla dos mercados, acordos setoriais flexíveis a serviço das empresas

que desejem aproveitar os benefícios potenciais da integração.

2.2. A ECONOMIA BRASILEIRA A PARTIR DA DÉCADA DE 1990

A partir da segunda metade da década de 1990, o Brasil desenvolve novas perspectivas

com relação a sua inserção no mercado internacional. O processo de industrialização por

substituição das importações fez com que o país sofresse com uma industrialização fechada,

com o desenvolvimento voltado para “dentro” através do fim da competitividade externa

(SANTOS, 2004).

O primeiro presidente a promover a abertura econômica foi Fernando Collor de Melo;

sua idéia para o combate desses problemas era passar de um capitalismos tutelado pelo Estado

a um capitalismo liberal e moderno, baseando-se na eficiência e na competitividade, que

deveriam ser regidas pelo setor privado, tanto nacional como internacional (BRUM, 1999). A

principal forma de promoção desse novo capitalismo seria a maior liberação da entrada de

4 Em 2001, empresas norte-americanas aproveitavam-se das especulações de ações, para fazer investimentos edívidas. As cotações na bolsa subiam sem grande ligação com a rentabilidade real das firmas. O governo Clintonentregou o seu posto a Bush e instalou-se a recessão. Além disso, o 11 de Setembro marcou o lançamento deuma era militarista.

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capitais estrangeiros no país. Em pouco tempo, promoveu a redução das tarifas de importação

de 51% em 1987 a menos de 15%. Como conseqüência, conseguiu aumentar as importações.

O país, por sua vez, não possuía salvaguardas anti-dumping ou contra à concorrência desleal

dos competidores internacionais. O governo de Itamar Franco, a partir de 1992, começou a

preparar a economia para uma nova política monetária: lançam o PAI5, tirando o governo do

imobilismo e sinalizando a orientação governamental a curto, médio e longo prazos (BRUM,

1999). O novo plano de ação propunha o combate rigoroso da inflação e aprofundamento da

abertura econômica brasileira.

O início do plano ocorreu em 1994; primeiramente, era realizada uma conversão da

moeda corrente (Cruzeiros Reais) para a URV (Unidade Real de Valor), taxa medida pela

paridade com o dólar americano (taxas diárias). O regime de bandas cambiais, para controlar

a inflação e disciplinar a política monetária no sentido de controlar a taxa de câmbio, foi

instaurado. Conforme Seabra (1998, p.2): “o regime de bandas cambiais estabelece limites

prefixados entre os quais a taxa de câmbio pode variar livremente. [...] O qual tem obtido

significativos resultados no sentido de redução da instabilidade e de convergência das taxas de

inflação”. O plano foi bem aceito bem sucedido no controle à inflação, e o país começou a

conquistar credibilidade no mercado internacional – fruto do controle inflacionário, da

responsabilidade fiscal e da política monetária.

Houve uma supervalorização do real, o que trouxe tanto conseqüências positivas como

negativas; o Brasil importou mais, a inflação diminuiu e as empresas modernizaram-se mais

rapidamente. Houve deterioração nos saldos da Balança Comercial, o que fez com que o país

perdesse mercado mediante a valorização do dólar (GIAMBIAGI, MOREIRA, 1999). Abaixo

podemos verificar a evolução do PIB que cresce mais rapidamente até 1995, comparado aos

anos anteriores; a inflação, que é reduzida a 14,8% a partir do mesmo ano; e, por outro lado, a

Balança Comercial, que fica negativa a partir de 1995 até 1998.

Tabela 1 – Crescimento do PIB e Inflação, 1993 – 1998.

Exportação Importação

Ano

Crescimento do PIB(% ano)

InflaçãoIGP - DI(% ano) ( em bilhões de dólares) Saldo

1993 4,9 2.708,60 38,6 25,3 13,31994 5,8 1093,8 43,5 33,1 10,41995 4,2 14,8 46,5 49,9 -3,4

5 O Programa de Ação Imediata (PAI) foi elaborado em 1993, coordenado do Ministro da Fazenda do GovernoItamar Franco, Fernando Henrique Cardoso. O PAI continha as primeiras medidas econômicas destinadas aenfrentar a ameaça da hiperinflação, antes do lançamento do Plano Real. (FURTADO, 2000).

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1996 2,8 9,3 47,7 53,3 -5,51997 3,7 7,5 53 61,3 -8,31998 0,2 1,7 51,1 57,5 -6,4Fontes: Banco Central do Brasil, Fundação Getúlio Vargas e IBGE.

O regime de câmbio fixo, com a exaustão das reservas do Banco Central, entrou em

colapso. A tensão cambial nos outros países também afetou o Brasil; crises como a do

Sistema Monetário Europeu, em 1992; a do México, em 1994; a asiática em 1997, e ainda a

russa, em 1998. As crises dos mercados emergentes tiveram impactos estruturais sobre os

investimentos externos e sua base (os investidores) – que criaram desconfiança sobre os

rendimentos e solidez destes mercados (MATHIESON; SCHINASI, 2001). Os países

emergentes passaram a sofrer ainda mais com a vulnerabilidade em suas condições

econômicas e volatilidade dos fluxos de capitais estrangeiros; já que os investidores optaram

por diminuir suas atividades nesses mercados emergentes após perdas nas suas aplicações.

Em janeiro de 1999, o Brasil adota a livre flutuação de câmbio, isso incorreu numa

grande redução nas reservas internacionais. O Brasil pediu auxílio ao FMI e a governos de

países ricos, através do BIS6 (Bank for International Settlements). Paralelamente ao controle

inflacionário, houve a adoção de novas políticas econômicas, como as privatizações. Esse

processo toma impulso a partir do governo Collor, com a criação do Programa Nacional de

Desestatização (PND). As privatizações iniciam com a venda de empresas dos setores

siderúrgicos, petroquímico e de fertilizantes, sendo continuado com empresas de transportes,

mineração (como a Companhia Vale do Rio Doce) e sistema financeiro (BRUM, 1999).

Entre vários outros motivos que levam o governo a privatizar empresas, estão a

possibilidade de participação de capitais estrangeiros nessas privatizações, além do

abatimento de parte das dívidas externas e internas, com diminuição de atribuições ao Estado.

Contratos de renegociação de dívidas continham cláusulas de abatimento que implicavam a

necessidade de privatização. A exemplo, o caso da privatização da Companhia Vale do Rio

Doce:

Em 6 de maio de 1997, efetivou-se o maior negócio de privatização, até essa data,no Brasil, com a venda do controle da Companhia Vale do Rio Doce ( 41,73% dasações ordinárias, sendo 1,7% delas de acionistas minoritários), pelo valor de R$3.338.178.240,00 ( cerca de R$ 3,2 bilhões para o governo), sendo todo opagamento à vista e em moeda corrente. Da parte do governo, metade serádestinada ao abatimento da dívida interna e a outra metade irá financiar, através do

6 O Banco de Compensações Internacionais (Bank for International Settlements) é uma organizaçãointernacional responsável pela supervisão bancária. Promove a cooperação entre os bancos centrais e outrasagências na busca de estabilidade monetária e financeira. É sediado em Basiléia, na Suíça.

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Fundo de Reestruturação Econômica (FRE), projetos de expansão do setorprodutivo, projetos de modernização da infra-estrutura econômica e programas deaumento da competitividade industrial. (BRUM, 1999, p. 534-535).

3. O BRASIL NO MERCADO GLOBAL

A criação da OMC em 1995 propôs mudanças importantes, resultado de uma

negociação ao fim da Guerra Fria marcada por um cenário global em transição

(GONÇALVES, 2005). Há uma reorganização econômica dos países com a diminuição das

fronteiras devido à globalização e cresce o papel das empresas transnacionais ou

multinacionais no comércio internacional. Nesse contexto, acordos comerciais passaram a

integrar com mais freqüência países de diferentes níveis de desenvolvimento, além de

abranger novos temas e disciplinas (serviços, investimentos, propriedade intelectual, entre

outros). Segundo a própria OMC, dos 330 acordos comerciais notificados aos órgãos

multilaterais de comércio, 206 o foram após a criação da OMC em janeiro de 1995.

Ampliar a associação de empresas brasileiras ao comércio global significa eliminar

barreiras e aproveitar vantagens, ampliando movimentações de capital e mercadorias, e

potencializando a participação das corporações nacionais nos mercados estrangeiros. Grieco

(1997, p.275) destaca: “em longo prazo e no contexto da evolução da globalização, a

formação de empresas transnacionais brasileiras será, contudo, veículo de inter-relações

fundamentais para o intercâmbio de tecnologias e, amplo modo, para a captação de recursos

financeiros através de vinculações permanentes com mercados globais. A partir dos anos 90, o

Brasil intensifica sua participação em acordos comerciais com vários países. Esses acordos

ampliam o acesso ao mercado externo, mediante a diversificação do potencial exportador e

negociações de preferências7. Nesse contexto, a internacionalização de empresas é uma forma

essencial de minorar as barreiras comerciais e expandir a globalização produtiva.

Consolidando a nova tendência de eliminação da maior parte das restrições não-

tarifárias e o estabelecimento de um cronograma de redução das alíquotas com o lançamento

do Plano Real (BRUM, 1999), algumas empresas seguiram o caminho, aproveitando a

abertura que ocorria no país para expandir seus negócios em outras nações.

3.1. EMPRESAS BRASILEIRAS NO MERCADO GLOBAL

A expansão global fez com que empresas brasileiras buscassem sua excelência para

competir no mercado exterior – que requer empresas fortes e competitivas. Há um

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crescimento no desenvolvimento de empresas brasileiras em seu processo de

internacionalização, o que cria importantes estratégias de atuação interna e internacional.

O capital é um importante instrumento no processo de internacionalização, mas não o

único. Como forma de expansão, empresas nacionais passaram a investir diretamente no

exterior. De acordo com dados do Banco Central, os investimentos brasileiros diretos no

comércio internacional totalizaram US$ 3,234 bilhões em 2000, subindo para US$ 11,094

bilhões em 2004. Atualmente, as maiores empresas responsáveis pelo crescimento de IED

brasileiro no exterior, são a VALE e a Friboi. A compra da empresa canadense Inco pela

Vale, somou US$ 17 bilhões em IED em 2006. A Friboi, por sua vez, investiu mais de US$ 1

bilhão na compra da Swift Armour no mesmo ano (CHEVARRIA, 2007).

Ente outros cases brasileiros de sucesso no mercado internacional estão a Petrobras, a

Gerdau, a Alpargatas e a Marcopolo, as líderes de vendas no exterior até o ano 2005. Todas

atuam em patamares internacionais de qualidade e de produtividade, de acordo com as

exigências do mercado global. Para tornarem-se empresas internacionais de classe mundial,

não basta estar presentes em uma ampla geografia; elas pensam e atuam como global player

em todos os níveis (CHEVARRIA, 2007); e apresentam desempenhos diferenciados, que

atendam aos mais exigentes padrões de qualidade.

Tabela 2 - Maiores Multinacionais Brasileiras - Setor Industrial

Fonte: UNCTAD (2005)

7 Desde 1970, a UNCTAD – aprovada por um conjunto de países em desenvolvimento – criou um sistema geralde preferências; onde buscam redução de tarifas sobre diversos produtos procedente desses países emdesenvolvimento. O sistema global de preferências comerciais, no Brasil, é exercido pela SECEX.

EMPRESA INDÚSTRIA VENDAS NO EXTERIOR EM US$MILHÕES – 2005

Petróleo Brasileiro – Petrobrás Petróleo 25.459

Grupo Gerdau Metal 2.657

Companhia Vale do Rio Doce Mineração 2.630

Marcopólo Veículos Automotivos 310

Tigre Tubos e Conexões Plástico 281

São Paulo Alpargatas Têxtil 252

Latasa Metal 220

IBF – Indústria Brasileira de Filmes Equipamentos de precisão 61

Forjas Taurus Maquinaria e equipamentos 48

Renner Herrman Químico 20

Sisalana – Indústria e Comércio Têxtil 11

Convex Indústria da Amazônia Eletro-eletrônico 11

Tupy Maquinaria e Equipamentos 1

Nemofeffer Papel -

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3.2. A FORMAÇÃO DE MULTINACIONAIS BRASILEIRAS

Há um grande estímulo no fomento dos negócios internacionais – seja por

iniciativa estatal ou privada – ambas buscando a promoção comercial. Para estas

empresas, “a internacionalização deve ser vista como um instrumento fundamental para o

fortalecimento e aumento da competitividade, em um ambiente de acirrada concorrência

internacional.” (ALEM; CAVALCANTI, 2005, p.2).

Nesse contexto, ganham espaço as empresas multinacionais de países em

desenvolvimento, que aumentaram expressivamente sua participação na economia

internacional, com destaque para as asiáticas. O crescimento econômico global não mais

depende de modo exclusivo, das nações mais ricas; as BRIC8, por exemplo já são

responsáveis por 26,6% do PIB mundial, enquanto as economias emergentes totalizam

48% (VALE, 2007). Esses dados denotam menor dependência aos países mais

desenvolvidos e maior dinamismo dos mercados internacionais. Em 2003 foi realizada

uma classificação das 50 maiores multinacionais de países em desenvolvimento com base

na propriedade de ativos estrangeiros (UNCTAD, 2005). O Brasil aparece 3 vezes na lista,

com a Petrobrás em 8ºlugar com cerca de U$8 bilhões em ativos estrangeiros, a Vale em

23º com U$3 e a Gerdau em 31º com U$2 bilhões.

É importante rever o enfoque de que a Internacionalização é uma forma de

sobrevivência das empresas e um instrumento de aumento da competitividade entre os

países. Essa dispersão comercial e geográfica traz a possibilidade de maior acesso à

tecnologia, mercados e produtividade em escala, com importante redução de custos. Sobre

o assunto, é argumentado:

Em segundo lugar, em uma economia globalizada, a competitividade das firmasnacionais em mercados estrangeiros torna-se crescentemente importante para aperformance do país como um todo. A internacionalização deve ser vista como ummeio essencial para o aumento da competitividade internacional das empresas,promovendo o desenvolvimento dos países e facilitando: i) o acesso a recursos e amercados; e ii) a reestruturação econômica. Na economia internacional observam-se importantes associações entre IED, comércio e fluxos de tecnologia. Sem firmascompetitivas internacionalmente, um país não pode melhorar a sua performance

econômica. (ALEM; CAVALCANTI, 2005, p.56)

4. A INTERNACIONALIZAÇÃO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE

O crescimento na produtividade global de indústrias como as de eletro-eletrônicos,

automóveis e construção civil entre 2003 e 2007, aqueceram a demanda por diversas

8 O acróstico BRIC designa os países Brasil, Rússia, Índia e China.

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matérias-primas, entre elas, os minérios e seus produtos finais. Os elevados níveis de preço de

commodities favoreceram altos investimentos e aumento nas vendas e possibilitaram a Vale

um grande crescimento. A Vale, empresa nacional privada com sede no Rio de Janeiro, tem

como atividade chave a mineração e a transformação de recursos minerais. Entre os recursos

comercializados pela empresa, estão o minério de ferro e pelotas, níquel, carvão, alumínio,

potássio, bauxita, caulim, cobre, manganês e ferroligas. O portfólio da empresa ainda abrange

a siderurgia, energia, logística (portos e terminais, ferrovias, negócios e informações logística)

e investimentos em pesquisa mineral, diversificação e tecnologia. Os recursos são aplicados

em diversos produtos essenciais de consumo, como aparelhos eletroeletrônicos, automóveis,

computadores, materiais de construção civil e insumos agrícolas [VALE, 2008?a].

A Vale está entre as 50 maiores empresas do mundo e, 64 anos após sua fundação em

1942, já ganhou o “título” de maior empresa de mineração das Américas e a segunda maior

do mundo. A Vale é uma das maiores multinacionais que operam no país. Tornou-se um dos

líderes mundiais no seu setor, após vários processos que a conduziram à privatização,

incorporação, à aquisição de outras mineradoras e à internacionalização da empresa. Em

contato a empresa, a colaboradora responsável pelas relações com investidores, apresenta o

processo atual de expansão da empresa:

A Vale é uma empresa global sediada no Brasil, com mais de 100 mil empregados,entre próprios e terceirizados. Atua nos cinco continentes, com operações, pesquisamineral e escritórios comerciais. Entre suas atividades globais, está a Vale Incocom sede em Toronto, no Estado canadense de Ontário, que além de suas funçõescorporativas, conta com significativa participação local. Além do níquel, a ValeInco também é um importante produtora de cobre, cobalto e metais preciosos. Háoutros escritórios centrais na Austrália, África do Sul, Angola, China eMoçambique (PONS, 2008).

FIGURA 1 – Localidades em que a Vale está presente.

Fonte: VALE [2008?c]

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4.1. NASCIMENTO E CARACTERIZAÇÃO

A história da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) inicia em 1942, quando foi

criada no governo Getúlio Vargas com o intuito de explorar jazidas de ferro. No início, a Vale

fornecia matéria prima somente para siderúrgicas brasileiras. Nos anos 50, era uma empresa

alcançava um faturamento baixo vendendo o mineral bruto. O Brasil sempre deteve grandes

reservas do mineral, mas a demanda era pouca perante o que poderia fornecer (FARO, 2005).

Nos anos 1960, a empresa inaugurou o Porto de Tubarão e criou a Docenave (empresa

de navegação). A partir daí, o crescimento na produção passa de 10 milhões de toneladas/ano

em 1966 para 18 milhões em 1970 - atingindo a marca de 56 milhões de toneladas/ano em

1974, ano em que a CVRD passa a assumir a liderança mundial na exportação (FARO, 2005).

A partir dos anos 70, a CVRD expandiu sua atuação desenvolvendo a província mineral dos

carajás, uma das maiores reservas mundiais de minério de ferro, manganês, cobre, ouro e

outros; além de criar infra-estrutura para escoar a produção da região (a Usina hidrelétrica de

Tucuruí, a Estrada de Ferro Carajás e o Porto de Ponta da Madeira).

Em 1997 o Ministro do Planejamento, Antônio Kandir, anuncia o leilão de venda do

controle acionário da Vale. Em maio do mesmo ano, a Vale é privatizada em leilão realizado

na Bolsa de Valores do RJ. Participaram do leilão o Consórcio Valecom (grupo Votorantim) e

o Consórcio Brasil (grupo CSN). O Consórcio Brasil da Companhia Siderúrgica Nacional

arremata 41,73% das ações ordinárias da Vale por R$ 3.338 milhões e logo passam a presidir

o Conselho de Administração [VALE, 2008?b].

4.2. O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

A internacionalização da CVRD inicia em 1961, quando perceberam a necessidade

dos japoneses de expandir seu parque siderúrgico depois da II Guerra Mundial e iniciaram o

processo de exportação de minério de ferro ao Japão. O presidente da empresa na época,

Eliezer Batista explica o interesse: “Abrimos o mercado para um produto que podia valer

pouco, mas a idéia era ganhar dinheiro com a logística, transformando uma distância física (a

rota Brasil-Japão-Brasil) numa distância econômica”. (FARO, 2005, p.10).

A produção da Vale dobrou para comportar e atender os pedidos de exportação das

siderúrgicas japonesas, num total de 8 milhões de toneladas por ano. Desde 1962, a então

estatal assumiu a liderança mundial na exportação de minério de ferro. A Docenave foi a peça

chave para levar parte do minério ao Japão, e chegou a ser a terceira maior empresa de

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navegação graneleira do mundo. O projeto Grande Carajás entrou em operação em 1985 e

permitiu à CVRD bater recordes na extração de minério de ferro, em 1989, com 108 milhões

de toneladas. Quando adquirida - em 1997 no governo do presidente Fernando Henrique

Cardoso - pela CSN através do controle acionário, a CVRD produzia 114 milhões de

toneladas/ano e devido a outras incorporações a partir do ano 2000 os lucros da empresa

aumentaram consideravelmente. Uma notícia de 2007 demonstra o crescimento:

A alta nas ações da mineradora fez com que o valor de mercado da empresa atingisse US$167,3 bilhões, uma alta de 140% de seu valor registrado em 2006. Nos últimos 12 meses,valor das ações da empresa dobrou. O resultado coloca a empresa à frente de grandescorporações, como a IBM, cravando o 31º lugar das maiores empresas do mundo. NoBrasil, o valor da Vale superou o da Petrobras. [...] O crescimento exponencial dos lucrosda Vale são impulsionados pela alta demanda de minério de ferro pela China. O paísasiático necessita de matérias-primas para sua indústria voltada à exportação, sobretudoaos EUA. Em 1997, ano em que foi vendida, a Vale lucrou R$ 760 milhões. Em 2006, oslucros chegaram a R$ 13,43 bilhões. Desta forma, o mercado externo favorável, a alta nospreços do minério, o aumento da exploração, entre outros fatores, multiplicaram os lucrosda empresa e seu valor de mercado. (CRUZ, 1997, p.1)

Um grande aumento no preço do minério de ferro - que subiu 123,5% entre 2005 e

2006 - graças ao aumento demanda mundial puxado pela China - permitiu à Vale um enorme

ganho de lucratividade (CHEVARRIA, 2007). A comercialização de commodities é ainda a

principal atividade da empresa. Apesar das incertezas sobre a economia internacional, as

commodities bateram recordes de preços em 2006 e 2007, e seguem a tendência desde 2000,

em grande parte, devido à atual escassez de oferta e alta na demanda. O Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada (IPEA) define o índice de preço para as commodities de Exportação do

Brasil: “A literatura caracteriza como commodities as mercadorias cuja oferta e demanda são

praticamente inelásticas no curto prazo e cujas transações são efetuadas nas principais bolsas

de mercadoria internacionais. [...] A inelasticidade da demanda justifica-se pela

essencialidade da maioria dessas. (IPEA, 1999, p. 1)

O processo recente de internacionalização da Vale inicia com ganhos em IEDs e segue

a outro nível, quando a empresa torna-se ela própria uma investidora no exterior. A Vale

optou por se internacionalizar não apenas exportando, mas ampliando suas operações e

relações em outros países. Conforme declarações dos executivos da Vale:

Se definiu uma visão de longo prazo para a companhia, de seus investimentos, eessa visão foi: a companhia tem que se colocar como uma mineradora global e agente saiu pelo mundo. [...] Em metais, a atividade de mineração é uma atividadeglobal, é um mercado globalizado. Esta questão foi o primeiro “gen estratégico” danecessidade de se internacionalizar. E de se internacionalizar não apenas na venda –porque é o que a Vale fazia: produção no Brasil, venda para o exterior, e ser boa emter e manter clientes lá fora – porque isso não se caracteriza um empresa global. Aempresa global significa ter atividades no exterior, operações no exterior. [...] Nósestamos estabelecidos em outros países com uma visão de longo prazo. Procuramos

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proceder como uma empresa estabelecida. Afinal, não é uma questão deexportação, e sim uma estratégia de globalização. (CHEVARRIA, 2007, p. 92-94)

Como podemos ver, a exportação é apenas uma das possibilidades na

internacionalização. A iniciativa de tornar global as ações de uma empresa deve partir de

todas as áreas em todos os escalões, a produção e gestão não podem continuar locais,

quando a concorrência já é global. A internacionalização deve ser vista como condição de

sobrevivência e sucesso a longo prazo, onde a empresa amplia seu “leque” de

possibilidades e ganhos.

Dentro desse contexto, a Vale percebeu a necessidade da área em que atua, de

ampliar as suas discussões e análises e passar a incluir temas relacionados a concorrência

e tendências mundiais. Chevarria (2007, p. 92) analisa: “a CVRD passou, portanto, a

considerar necessária a atuação no mercado internacional, através de operações de

mineração controladas diretamente pela empresa, no exterior”. A Vale passa a adquirir o

controle de empresas estrangeiras em diversos países. Em 2007 – com base nos informes

sistematizados dos relatórios anuais – a Vale já havia adquirido 22 corporações em 16

países diferentes, além de participação acionária em 4 corporações na China e EUA.

Tabela 3 – Principais Empresas do Grupo Vale no Exterior.

Principais Empresas do grupo Vale no Exterior - 2007

Empresa Localização Atividade Capital total%

RD South Africa África do Sul Exploração Mineral 100

RD Argentina Argentina Exploração Mineral 100

RD Australia Austrália Exploração Mineral 100

Vale Austrália Austrália Exploração Mineral 100

Itaco Bahamas Controladas no Exterior 100

Vale Inco Canadá Níquel 100

Rio Doce Holdings Canadá Controladas no Exterior 100

CMAB Chile Exploração Mineral 99,99

CMLA Chile Exploração Mineral 99,99

Zuhai China Pelotas 25

Shandong China Coque 25

Henan China Carvão 25

Vale Colombia Colômbia Exploração Mineral 100

RD Coréia Coréia do Sul Exploração Mineral 100

CSI EUA Siderurgia 50

Vale Overseas EUA Controladas no Exterior 100

RDA EUA Controladas no Exterior 100

RDME França Ferro Ligas 100

CMTR Gabão Manganês 100

Rio Doce Private Índia Controladas no Exterior 100

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RDAsia Japão Controladas no Exterior 100

RD Moçambique Moçambique Exploração Mineral 100

Thetys Mining Mongólia Exploração Mineral 100

RDMN Noruega Ferro Ligas 100

Miski Mayo Peru Exploração Mineral 100

RD Venezuela Venezuela Exploração Mineral 100

Fonte: Elaborado pela autora, com base em VALE [2007?]

4.2.1. EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO E RECEITA

Acompanhando o aumento na demanda mundial, a produção de minério de ferro,

desde 1997 cresce exponencialmente; bem como a receita bruta da empresa. Em 1998, por

exemplo, a receita da Vale não ultrapassava os 4 bilhões de dólares. Quase uma década

depois, em 2007, a receita bruta saltou para mais de 16 bilhões de dólares, 4 vezes o ganho

anterior; enquanto a produção de minério de ferro saltou de cerca de 100 toneladas mtpa

(Million Tons Per Annum), para 300 toneladas anuais em 2007.

Fonte: CHEVARRIA, 2007

FIGURA 2 – Evolução da produção de minério de ferro e receita bruta 1997 – 2007.

A observação da Figura 2 deixa clara a tendência mostrada no período de crescimento

da produção de minério de ferro na última década. Além disso, é possível inferir que o

crescimento da receita bruta a partir de 2003 tornou-se mais acelerado, o que pode ser

atribuído ao aumento dos preços do minério de ferro no mercado internacional. A atuação da

Vale no exterior é uma conseqüência do crescimento da demanda mundial por seus produtos e

da necessidade de ampliação de mercados consumidores, fornecedores e ganhos de escala. A

internacionalização faz parte da estratégia de expansão e conquista de vantagens da Vale. Um

processo recente, mas, ao mesmo tempo, uma etapa positiva ao desenvolvimento do país, que

se movimenta cada vez mais em direção ao exterior.

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4.3. O INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO DIRECIONADO A VALE

A disponibilidade de capital para investimento a qual dispõe a Vale a coloca em

condições vantajosas. Esses recursos são o reflexo dos investimentos que a companhia

recebeu ao longo dos anos 1990 e 2000. A captação de grande aconteceu no mercado

financeiro norte-americano e canadense, e se constituiu numa vantagem específica da empresa

em recursos e competências.

Fonte: VALE, 2007

FIGURA 3 – Composição Acionária da Vale.

Segundo a distribuição da distribuição do capital da Vale em 2007, descrita na Figura

3, observa-se que mais de 37% da composição acionária da Vale está na mãos estrangeiras;

enquanto os investidores brasileiros – ainda que somados à parcela de 5,4% pertencente ao

governo – não ultrapassam os 30% dos totais dos investidores. Isso representa uma

importante fatia de investimentos externos na companhia.

4.4. O INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO DA VALE NO EXTERIOR

O Relatório de administração, divulgado anualmente pela Vale, relata os investimentos

externos da empresa e o agressivo programa de exploração mineral no mundo: “estamos

comprometidos em um programa de exploração de ativos minerais, com presença em vários

países e regiões do mundo. [...] Buscamos principalmente novos depósitos de cobre, ouro,

minérios, carvão e metais. A prospecção mineral é uma parte importante de nossa estratégia

de crescimento.” (VALE, 2006, p. 23).

Os primeiros Investimentos Externos Diretos realizados pela Vale tiveram como

destino a América do Sul e África, a partir de 2003. Já em 2005, 2006 e 2007 os

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investimentos abrangeram novas regiões como a Oceania, Ásia e América do Norte – com o

objetivo de realizar pesquisas minerais, operações e projetos.

Tabela 4 – Investimentos Externos Diretos realizados pela Vale no Exterior.

Ano País Atividade

2003 Chile Pesquisa Mineral, Operações e Projetos

2004 Peru Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosMoçambique Pesquisa Mineral, Operações e Projetos

2005 Angola Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosGabão Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosArgentina Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosMongólia Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosAustrália Pesquisa Mineral, Operações e Projetos

2006 China Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosÍndia Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosKazaquistão Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosGuinea Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosColômbia Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosCanadá Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosÁfrica do Sul Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosRússia Pesquisa Mineral, Operações e Projetos

2007 Nova Caledônia Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosCanadá Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosIndonésia Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosChina Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosAustrália Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosMoçambique Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosPeru Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosChile Pesquisa Mineral, Operações e ProjetosReino Unido Pesquisa Mineral, Operações e Projetos

Fonte: Elaborado pela autora, com base em VALE (2005,2006, 2007)

A partir do contato feito com Samanta Pons, funcionária responsável pelas relações

com os investidores, nos foi relatado que os investimentos da Vale em 2007 totalizaram US$

7,454 bilhões. O Brasil representou 70% dos investimentos totais, a Nova Caledônia 15%,

Canadá, 9%, Austrália 2%, Indonésia 1,3% e outros (Moçambique, Chile, China, entre outros)

2,7%. Para efeito comparativo, somente na primeira metade de 2008, os investimentos da

Vale já foram de US$ 4 bilhões. O Brasil representou 68,6% dos investimentos totais, a Nova

Caledônia 13,6%, Canadá, 10,2%, Austrália 1,7%, Indonésia 2% e outros (Moçambique,

Chile, China, entre outros) 3,9%.

Até 2007 a Vale é a empresa privada que mais investe no país. Ainda observando as

tabelas 3 e 4, a Vale apresentou e desenvolveu uma enorme capacidade de empreendimento e

ganho em vantagens competitivas, resultado dos investimentos captados desde a privatização

em 1997. Na aquisição da Canadense Inco em 2006 – a segunda maior produtora de níquel do

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mundo – por exemplo, houve uma atuação bastante agressiva por parte da Vale. Aquela foi a

maior aquisição no exterior já efetuada por uma empresa brasileira.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise da abertura econômica brasileira, foi observado que empresas

tiveram que passar por diversas transformações e mudanças, a fim de sobreviver à

mundialização acelerada. O Brasil teve o seu processo de desenvolvimento industrial

tradicionalmente fechado à concorrência externa. Após a abertura econômica, com a

liberalização acelerada do comércio no início da década de 1990, as empresas brasileiras

tiveram que competir de forma desigual com empresas estrangeiras já inseridas no disputado

mercado mundial. Nesse contexto, as corporações buscaram a redução de custos e

desenvolvimento estratégico com o objetivo de dominarem o amplo percentual do mercado a

que se destinam seus produtos e/ou serviços. A excelência em competitividade fez-se

necessária na competição com os grandes conglomerados econômicos multinacionais dos

países desenvolvidos.

Observou-se que a inserção das empresas brasileiras no mercado mundial e a formação

de multinacionais brasileiras é um processo recente, e ainda assim imprescindível ao

desenvolvimento econômico do país dentro do contexto atual de globalização. A economia

brasileira é internacionalizada na medida em que possui um grande fluxo de investimentos,

comércio e relações com outras economias de diversos países. Desta forma, as empresas estão

contidas na inserção global das próprias economias nacionais.

A fragilidade das empresas diante a flutuação financeira do mercado de capitais, por

sua vez, demonstra a vulnerabilidade das empresas aos mercados externos e à volatilidade da

economia. É uma realidade árdua, mas é necessária a conscientização de que o atual sistema

econômico mundial não reserva um futuro promissor àquelas empresas que se mantiverem

fechadas dentro do mercado doméstico, enquanto a competição já é global.

A inserção internacional bem sucedida precisa de investimentos, atuação eficaz e

empreendedorismo. A Vale, não sem dificuldades, foi capaz de orientar seu processo de

internacionalização de forma consciente e bem estruturada; com objetivos de longo prazo e

visão de melhor inserção internacional. O processo de internacionalização da Vale foi

influenciado por diferentes variáveis: os aportes de investimento externo que a empresa

dispõe; o aumento no preço internacional do minério de ferro e outras commodities e a

capacidade de investimentos em projetos, pesquisas e aquisições no Brasil e exterior, que têm

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tornado a Vale uma empresa de relevância internacional em sua área. As principais vantagens

comparativas da mineradora estão diretamente relacionadas ao seu alto padrão de

investimentos externos diretos realizados e no extenso desenvolvimento de sua gestão com

visão global dos negócios.

Neste trabalho, o estudo do processo de internacionalização da Vale foi delimitado ao

objetivo de descrever o processo de internacionalização da Vale e avaliar o perfil atual da

internacionalização do capital da Vale. A internacionalização de empresas e a formação de

multinacionais brasileiras é um processo ainda muito recente; permitindo o estudo de

internacionalização da Vale, ou de outras empresas brasileiras, com enfoques diversos, e mais

abrangentes, seja em seus aspectos econômicos ou através de uma análise internacionalista do

processo de internacionalização produtiva. O tema, portanto, não se apresenta esgotado e

entre as sugestões para possíveis estudos cita-se: a análise detalhada da formação das

multinacionais brasileiras no contexto histórico; a contribuição do Estado e da sociedade no

processo da internacionalização ou ainda, as dificuldades que as empresas brasileiras

encontram na competição externa.

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